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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Patrícia Paula de Oliveira
Alexandre Rodrigues Ferreira e seus estudos das
plantas do norte e centro-oeste do Brasil
MESTRADO EM HISTÓRIA DA CIÊNCIA
SÃO PAULO
2008
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Patrícia Paula de Oliveira
Alexandre Rodrigues Ferreira e seus estudos das
plantas do norte e centro-oeste do Brasil
MESTRADO EM HISTÓRIA DA CIÊNCIA
Dissertação apresentada à Banca
Examinadora da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, como exigência
parcial para obtenção do título de
MESTRE em História da Ciência, sob a
orientação da Profa. Dra. Lilian Al-Chueyr
Pereira Martins e co-orientação da Profa.
Dra. Maria Elice Brzezinski Prestes.
SÃO PAULO
2008
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OLIVEIRA, Patrícia Paula de.
“Alexandre Rodrigues Ferreira e seus estudos das plantas do norte e
centro-oeste do Brasil”.
São Paulo, 2008
108 p.
Dissertação (Mestrado) – PUC – SP
Programa: História da Ciência
Orientação de Lilian Al- Chueyr Pereira Martins e Co-orientação de
Maria Elice Brzezinski Prestes
Banca Examinadora
_________________________________
_________________________________
_________________________________
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução
total ou parcial desta dissertação pro processos fotocopiadores ou eletrônicos.
Ass.: _____________________________________________
Local e data: _______________________________________
Este trabalho é dedicado ao Ademir, meu grande
incentivador e companheiro que muito me ajudou nos
momentos mais difíceis. Agradeço a minha família
pelo apoio dado durante a realização do trabalho.
Agradecimento especial à professora Maria Elice B.
Prestes pelo qual serei sempre grata pelo seu
estímulo e dedicação que orientou por muito tempo
esta pesquisa.
Agradecimentos
A professora Lilian Al-Chueyr Pereira Martins pela ajuda e pelas excelentes
aulas que muito me auxiliaram neste trabalho.
Aos professores Paulo José Carvalho da Silva e Ana Maria Haddad Baptista
do Programa de Pós-Graduação em História da Ciência.
Aos colegas do Programa Pós-Graduação em História da Ciência.
Aos colegas de trabalho da E.E. Roldão Lopes de Barros, em especial a Rosa,
grande incentivadora.
RESUMO
O objeto desta dissertação é o estudo das plantas realizado por Alexandre
Rodrigues Ferreira (1756-1815) durante viagem realizada ao Rio Negro entre os anos
1783 e 1786. Os objetivos foram os de realizar um levantamento das menções a
plantas presentes dos diários dessa viagem, bem como em memórias botânicas
escritas pelo autor, procurando estabelecer por quais registros disciplinares guiava-se
o olhar do naturalista.
O primeiro capítulo aborda aspectos biográficos de Alexandre Rodrigues
Ferreira, a sua formação em Coimbra, o planejamento da “viagem filosófica” no
contexto da introdução das ciências modernas em Portugal, bem como o destino dos
trabalhos realizados pelo naturalista. O segundo capítulo apresenta um panorama da
História da Botânica com a intenção de situar o leitor no contexto científico em que
estava inserido o naturalista, principalmente em Portugal no século XVIII. Nesse
mesmo capítulo é feita uma análise dos conteúdos de pequeninas Memórias de
Botânica deixadas pelo naturalista. O terceiro capítulo traz uma discussão, alimentada
e permeada pelo levantamento que realizamos das menções a plantas feitas por
Alexandre em seu Diário da Viagem Filosófica ao Rio Negro. Ao final, nas
Considerações Finais, indicamos as conclusões derivadas dos resultados alcançados
ao longo de nossa análise.
Em nossa pesquisa, identificamos os aspectos utilizados pelo naturalista para
descrever as plantas de acordo com diversos registros disciplinares. A nossa
metodologia consistiu em marcar todas as menções feitas por Alexandre Rodrigues
Ferreira sobre plantas e identificar uma esfera atual do conhecimento à qual
acreditamos pertencerem. Encontramos menções de Alexandre Rodrigues Ferreira às
plantas segundo as seguintes áreas e subáreas: Botânica (morfologia, fisiologia,
identificação), Agricultura (alimentação, plantação, economia/produtividade,
comentários gerais), Medicina (plantas medicinais) e Geral (alimentação, bebidas,
construção, móveis, objetos, adornos/vestimentas, têxteis, tintura, plantas não
cultivadas, conservação e comentários gerais). O nosso levantamento permitiu
identificar essa mescla de abordagens, destacando-se, quantitativamente, o enfoque
agrícola. A nosso ver, os relatos de Alexandre mostram que seu trabalho estava de
acordo com a formação que ele recebeu na Universidade de Coimbra, bem como em
consonância com a produção botânica de sua época.
Palavras chaves: Alexandre Rodrigues Ferreira, Viagem Filosófica, História da
Ciência, História da Botânica.
ABSTRACT
The subject of this dissertation is the study of plants carried on by Alexandre
Rodrigues Ferreira (1756-1815) during his journey to Rio Negro between 1783 and
1786. The objectives were to gather plants references contained in the trip diaries, as
well as in botanic memories written by the author, in the attempt to establish the
disciplinary record that guided the naturalist’s look.
The first chapter brings the biographical aspects of Alexandre Rodrigues
Ferreira, his graduation at Coimbra, his planning for the “philosophical journey” in the
context of the introduction of modern science in Portugal, as well as the destination
given to the naturalist´s work. The second chapter discourses upon the History of
Botany with the purpose of situating the reader in the scientific context in which the
naturalist was in, namely the XVIII
th
Century’s Portugal. In this same chapter is made
an analysis of the minor botany memories left by the naturalist. The third chapter brings
a discussion supported by information we gathered from plants references made by
Alexandre Ferreira in his Diary of the Philosophical Journey to Rio Negro. At the end,
in our Final Considerations, we present the conclusions based on the results achieved
in our analysis.
Along our research we identified the aspects referred by the naturalist to
describe the plants according to several disciplinary records. The methodology used
consisted in marking all Alexandre Rodrigues Ferreira references about plants and
indicate which current knowledge context we believe they fit in. We found Alexandre
Rodrigues Ferreira references to plants according to the following areas and subareas:
Botany (morphology, physiology, and identification), Agriculture (food, planting,
economy/production, and general comments), Medicine (medicinal plants) and General
(food, drinks, construction, furniture, objects, clothing, textile, dye, no cultivated plants,
conservation and general comments). Our research allowed us to identify this mix of
approaches, bringing into attention, quantitatively, the agricultural focus. In our
opinion, Alexandre´s records were according to his background at
Coimbra University, as well as in tune with the botanical production of the period.
Key words: Alexandre Rodrigues Ferreira, Philosophical Journey, History of Science,
History of Botany.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................... 1
CAPÍTULO 1 - Alexandre Rodrigues Ferreira e sua “Viagem Filosófica”........... 4
1.1 Formação.................................................................................................. 4
1.2 Disciplinas oferecidas em Coimbra no Curso de Ciências Naturais e
Filosóficas....................................................................................................... 5
1.3 A botânica ensinada por Domingos Vandelli ............................................ 8
1.4 A viagem naturalística pelo Norte e Centro-Oeste do Brasil................... 11
1.5 Retorno à Portugal.................................................................................. 14
1.6 O legado de Alexandre Rodrigues Ferreira ............................................ 15
CAPÍTULO 2 - As Memórias Botânicas de Alexandre Rodrigues Ferreira ...... 18
2.1 Os estudos das Plantas.......................................................................... 19
2.2 A Botânica em Portugal.......................................................................... 28
2.3 Memórias Botânicas ............................................................................... 30
2.2.1 Memória sobre madeiras usadas na fabricação de canoas ............. 31
2.2.2 Memória sobre madeiras para construção de casas e para
marcenaria................................................................................................ 33
2.2.3 Memória sobre cascas de árvores usadas na curtição de couro ..... 34
2.2.4 Mémoria sobre palmeiras usadas para cobrirem casas................... 35
2.3.5 Memória sobre palmeiras................................................................. 37
CAPÍTULO 3 - Alexandre Rodrigues Ferreira e seus estudos sobre plantas no
Diário da Viagem Filosófica ao Rio Negro.................................................... 42
3.1 Metodologia de coleta e tabulação dos dados........................................ 43
3.2 Análise quantitativa dos resultados obtidos............................................ 47
3.3 Análise contextual dos resultados obtidos.............................................. 50
3.3.1 Área da Medicina ............................................................................. 50
3.3.2 Área da Botânica.............................................................................. 51
3.3.3 Área da Agricultura........................................................................... 54
3.3.4 Área Geral........................................................................................ 58
3.4 Outros autores........................................................................................ 61
3.5 Considerações sobre o Diário................................................................. 63
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 65
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 67
ANEXOS.......................................................................................................... 71
1
INTRODUÇÃO
Inicialmente vou comentar sobre a escolha do tema desta dissertação. A
motivação para o desenvolvimento do trabalho na área de botânica teve como
ponto inicial o interesse por estudos em taxonomia botânica, interesse esse já
iniciado em trabalho realizado na graduação. Estudar a Botânica de Alexandre
Rodrigues Ferreira (1756 – 1815) foi uma sugestão de minha primeira
orientadora, Profa. Dra. Maria Elice Brzezinski Prestes. Esse autor já havia sido
estudado por ela em sua pesquisa de mestrado acerca da investigação da
natureza do Brasil Colônia, mas apenas no que se referia à Zoologia.
O naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira foi escolhido como autor para
estudo deste trabalho por se tratar de um naturalista cuja importância mostra-
se na quantidade e qualidade do material coletado e descrito por ele no período
em que esteve no Brasil (1783-1792).
Ferreira foi um dos luso-brasileiros de uma geração de naturalistas
formados na Universidade de Coimbra, após a reforma universitária que
introduziu as ciências modernas em Portugal. Uma pequena parte de seus
escritos foram publicados apenas quase cinqüenta anos após a sua morte e
muito de sua obra só foi recuperada muitos anos depois.
Além do estudo de suas memórias em Zoologia, realizado por Prestes e
outros comentadores, a obra de Alexandre também já foi analisada em suas
componentes sociológicas e históricas, particularizando os seus estudos sobre
os diferentes grupos indígenas com que teve contato, assim como sua relação
com a Coroa portuguesa. Faltava, até o presente, uma análise mais detida de
seus trabalhos de Botânica.
2
Isto foi possível porque uma parte dos diários e memórias de Alexandre
Rodrigues Ferreira foi publicada no século XX, e estão disponíveis em
Bibliotecas de São Paulo. Assim, decidimos utilizar como fonte primária de
nossa pesquisa o Diário da Viagem Filosófica ao Rio Negro e as pequeninas
Memórias de Botânica publicadas em Viagem Filosófica pelas Capitanias do
Grão Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá.
Nesta pesquisa, inserida na linha de pesquisa em História e Teoria da
Ciência, nos guiamos por dois objetivos principais. O primeiro foi o de realizar
um levantamento de todas as menções a plantas encontradas nos textos acima
mencionados de Alexandre. Para isso, usamos uma metodologia que será
descrita no capítulo 3. O segundo objetivo foi o de analisar essas menções com
o intuito de promover uma classificação das abordagens que Alexandre
Rodrigues Ferreira fez das plantas, de modo a identificar o tipo de
conhecimento que está produzindo. Para isso, nos pautamos no contexto do
saber botânico da época em que Alexandre estava inserido, e que é
apresentado em maior detalhe no primeiro capítulo. Ali também são
apresentados elementos biográficos de Alexandre Rodrigues Ferreira, sua
chegada a Portugal e formação na Universidade de Coimbra. É relatado o
contexto do planejamento da Viagem Filosófica feita por Ferreira em território
brasileiro e é indicado o destino dos trabalhos realizados por ele.
No capítulo 2, há um panorama da História da Botânica com a intenção
de situar o leitor no contexto científico em que estava inserido o naturalista,
principalmente em Portugal. Além desse panorama, nesse capítulo, são
analisadas as memórias botânicas deixadas por Ferreira.
3
No capítulo 3, a nossa discussão é permeada pelas menções de plantas
feitas pelo autor em seu Diário.
Nas Considerações Finais, procuraremos responder as seguintes
questões: Como e com quais objetivos Alexandre Rodrigues Ferreira
descreveu as plantas das regiões que visitou? O tratamento que conferiu às
plantas encaixava-se no fazer botânico da época? Ou, como querem alguns
comentadores, seu trabalho não passou de mera prestação de serviços à
Coroa, sem qualquer valor científico?
4
CAPÍTULO 1
ALEXANDRE RODRIGUES FERREIRA E SUA “VIAGEM FILOSÓFICA”
1.1 Formação
Alexandre Rodrigues Ferreira nasceu na Bahia em 1756. Em 1770, foi
encaminhado pelo pai para Portugal para obter formação eclesiástica. Em
outubro desse mesmo ano, iniciou seus estudos no curso jurídico da
Universidade de Coimbra
1
.
Dois anos após sua chegada, deparou-se com a Reforma Pombalina na
Universidade e, em 1774, decidiu matricular-se na Faculdade de Filosofia onde
cursou Leis, Filosofia Natural e Matemática
2
.
A conhecida reforma da Universidade foi idealizada durante diversos
anos e foi posta em execução por Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-
1782), o Marquês de Pombal. Primeiro como Ministro de Negócios
Estrangeiros, depois Secretário de Estado (primeiro-ministro), Pombal exerceu
o controle do Estado português entre os anos de 1750 e 1777, durante o
reinado de D. José I.
A Reforma da Universidade de Coimbra implicou na reformulação dos
cursos existentes, bem como na introdução de novos programas de estudos.
Anteriormente à reforma, havia apenas os cursos destinados à Teologia,
Leis, Medicina e Artes. O foco essencial da reforma foi introduzir as ciências
modernas em Portugal. Para tanto, o curso de Artes cedeu lugar ao Curso das
Ciências Naturais e Filosóficas. Os cursos de Teologia, Leis e Medicina foram
1
Candido de Mello-Leitão, A biologia no Brasil, 98.
2
Osvaldo Rodrigues Cunha, O naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira, 17.
5
mantidos, embora obedecendo a uma nova configuração, além de terem sido
feitas reformulações no curso médico.
1.2 Disciplinas oferecidas em Coimbra no Curso de Ciências Naturais e
Filosóficas
Os novos Estatutos da Universidade de Coimbra, publicados em 1772,
passaram a dividir os cursos ofertados em três grupos: a) Curso Teológico, b)
Cursos Jurídicos da Faculdade de Cânones e de Leis e c) Curso das Ciências
Naturais e Filosóficas.
O Curso das Ciências Naturais e Filosóficas, ou mais simplesmente,
Curso Filosófico, incorporava ao antigo curso de Medicina os novos cursos de
Matemática, Física, Química e História Natural, de modo a estabelecer a
seguinte divisão profissional entre os seus egressos: “será a mesma Filosofia
dividida em tres profissões: a saber: Na de Naturalistas: Na de Médicos: E na
de Mathematicos”
3
.
Os estatutos também estabelecem as disciplinas e seus conteúdos a
partir da indicação dos autores que deviam ser escolhidos para o Curso
Filosófico, conforme encontra-se no Livro III, Título II, Capítulo II:
Hei por bem ordenar, que o Curso Filosofico da Universidade
comprehenda as referidas tres Partes, com os differentes Ramos das
Sciencias, que nellas se contém [...].
Na Filosofia Racional se entenderá comprehendida a Lógica [...].
Na Moral se comprehendera tudo o que pertence a Ethica [...].
Na Natural finalmente se comprehendráõ todos os Ramos das Sciencias,
que tem por objecto a comtemplação da Natureza
4
.
3
Estatutos da Universidade de Coimbra, Livro III, 4.
4
Estatutos da Universidade de Coimbra, Livro III, 228.
6
Assim, no que diz respeito à Filosofia Natural, os Estatutos de 1772
introduziram na Universidade as novas disciplinas de História Natural, Física
Experimental e Química, sem abandonar as disciplinas da Filosofia Racional e
Moral. Os conteúdos eram definidos mediante a seleção dos autores que
seriam estudados em cada curso. Além disso, os estatutos também definem a
seqüência em que as disciplinas deviam ser estudadas, bem como as
justificativas dessa estruturação, conforme se lê a seguir:
Não havendo outros meios de chegar ao conhecimento da Natureza
senão a Observação, e a Experiência; começará o Curso da Fysica pela
Historia Natural, em que se ensinam verdades de facto pertencentes aos
tres Reinos da Natureza, havidas pela Observação
5
.
O aluno matriculado para freqüentar o Curso Filosófico integral, em
quatro anos, teria a sua formação iniciada por um primeiro ano voltado à
Filosofia Racional e Moral, ou seja, às disciplinas de Ética, Lógica e Metafísica.
No segundo ano, cursaria História Natural e Geometria (esta na Faculdade de
Matemática). Nesse momento teria a possibilidade de desenvolver suas
atividades em alguns dos novos espaços criados na Universidade, como o
Gabinete de História Natural (destinado à observação e estudo de uma coleção
dos três reinos da natureza, ou seja, minerais, plantas e animais), e o Jardim
Botânico (destinado ao cultivo de “plantas úteis às Artes em geral e à Medicina
em particular”)
6
.
No terceiro ano, estudaria Física Experimental, quando tinha acesso à
Casa das Máquinas (laboratório de física). Assim encontram-se expressas
essas ordenações nos Estatutos: “No Segundo estudaráõ a Historia Natural; e
5
Ibid., 229.
6
Estatutos da Universidade de Coimbra, Livro III, 264, 266.
7
juntamente ouvirão a Geometria na Aula de Mathematica, para com ella se
prepararem para as Lições do Anno seguinte. No Terceiro, estudaráõ a Fysica
Experimental”.
7
Finalmente, no quarto ano, faria os estudos de Química, também
desenvolvidos em laboratório experimental. A finalidade deste ano do curso
também é estabelecida nos estatutos conforme se lê:
Examinando os Elementos, de que se compõem: E descubrindo os
effeitos, e propriedades relativas, que resultam da mistura, e applicação
íntima de huns aos outros. Isto he o que constituo o objecto da Filosofia
Chymica
8
.
Nosso autor em questão, Alexandre Rodrigues Ferreira, passou então na
Universidade por esses cursos, destacando-se como aluno dedicado aos
estudos, o que o fez ser reconhecido e escolhido como demonstrador de
História Natural, nos dois últimos anos do Curso
9
. Podemos dizer então que ele
foi um naturalista bem preparado nas disciplinas modernas de Física, Química
e História Natural. Além disso, sabia Latim, já que para ingresso na
Universidade de Coimbra era necessário bom conhecimento dessa língua
10
.
Do exposto acima, podemos perceber que foi efetiva a introdução das
ciências modernas no ensino universitário português do período. Portanto,
discordamos de Emilio Goeldi quando, sobre Alexandre, disse que em
“Coimbra ele não poderia munir-se de uma preparação suficiente para uma
empresa tão complicada”
11
.
7
Ibid., 231.
8
Ibid., 230.
9
Cunha, 17.
10
Estatutos da Universidade de Coimbra, Livro III, 225.
11
Goeldi apud Ronald Raminelli, Ciência e Colonização.
8
1.3 A botânica ensinada por Domingos Vandelli
Na Universidade de Coimbra, Alexandre Rodrigues Ferreira teve contato
com mestres das Universidades que vinham de outras regiões da Europa com
idéias contemporâneas como Domingos Vandelli (Domenico Agostino Vandelli,
1735-1816), de Pádua. Chamado pelo Marques de Pombal em 1772 para ser
professor de Química e História Natural na Universidade de Coimbra, Vandelli
somou aos encargos com o ensino, as atividades de pesquisa já
desempenhadas na sua universidade de origem, em Pádua, na Itália, onde
havia se formado em Medicina. Vandelli escreveu epístolas médicas sobre
anatomia de nervos e sobre a sensibilidade nervosa proposta por Haller (1756;
1758) bem como memórias de História Natural, como, por exemplo, sobre
insetos terrestres e zoófitos, reprodução de vermes intestinais de cães (1758),
sobre equinodermas e moluscos (1761) e outros.
12
Em Pádua, realizou estudos
e publicou algumas memórias sobre águas minerais, além de ter organizado,
em 1763, um Museu de História Natural reunindo espécimes coletadas em
diferentes regiões da Itália e enviadas por diferentes colaboradores viajantes
de outros países europeus.
No âmbito de seus interesses pelo estudo dos diferentes reinos da
natureza, estabeleceu-se o contato de Vandelli com o naturalista sueco Carlos
Lineu (1707 –1778). A troca de correspondências entre ambos, iniciada em
1761, manteve-se no período em que se transferiu definitivamente para
Portugal. Foi Lineu quem lhe sugeriu em carta, uma viagem ao Brasil
13
. Ao
ministrar a disciplina de História Natural, Vandelli introduziu o sistema de
12
Oswaldo Munteal Filho, Domenico Vandelli no anfiteatro da natureza, 24.
13
Maria Elice B. Prestes, A investigação da natureza no Brasil Colônia, 72.
9
classificação lineana no ensino português. A sua aceitação da proposta lineana
pode ser vista também em alguns de seus trabalhos posteriores, como na obra
Diccionario dos termos técnicos de história natural extraídos das obras de
Linneo, de 1788, que passou a ser utilizada por alunos da Universidade como
livro de texto
14
. A importância do sistema de Lineu para os naturalistas do
período foi realçada por Vandelli na Introdução do Diccionario de termos
técnicos:
Pelo que sendo este estudo taõ util e necessario e digno de que muitas
pessoas se appliquem a elle e consistindo huma das suas maiores
difficuldade na intelligencia dos termos, de que os Naturalistas e
principalmente o Cel. Linnéo fazem uso; por isso me determinei com a
maior clareza possível, a traduzilos na nossa lingua.
15
Também em obra sobre a flora portuguesa e brasileira, de 1788, Vandelli
classificou as espécies de acordo com o sistema sexual de Lineu
16
. Assim, é
importante lembrar, repetindo as palavras de Abílio Fernandes sobre a História
da Botânica em Portugal, que “apesar da enorme importância dos trabalhos de
Lineu, estes não tiveram qualquer repercussão na Universidade portuguesa
durante a época em que foram publicados”
17
, com a reforma, foi possível a
Vandelli introduzir no ensino português as obras de Lineu
18
.
Domingos Vandelli também foi responsável pela criação do Jardim
Botânico de Coimbra e do Museu do Palácio Real da Ajuda em Lisboa.
Preparou seus alunos naturalistas para “se dedicarem à busca, à colheita e à
14
Abílio Fernandes, Historia da Botânica em Portugal até finais do século XIX, 882.
15
Domingos Vandelli, Diccionario dos termos technicos de Historia Natural, IV – V.
16
Fernandes, 881-882.
17
Fernandes, 879.
18
Ibid., 881.
10
classificação de plantas no território português, insular e ultramarino”
19
. Assim
estariam preparados para enviar material coletado em viagens diversas para tal
Museu e Jardim Botânico. Para o seu auxílio, Vandelli escreveu Dissertação
sobre as importantes regras que o filósofo naturalista, nas suas peregrinações,
deve principalmente observar, em 1779.
Como observamos, a obra de Lineu foi transmitida aos alunos de História
Natural, como Alexandre Rodrigues Ferreira, por Vandelli. Fernandes diz:
“Vandelli foi um lineano puro, seguindo integralmente nos seus trabalhos o
Sistema Sexual do Professor de Upsala e preparando os seus alunos dentro da
mesma escola”
20
.
Segundo alguns comentadores, Alexandre Rodrigues Ferreira foi além
das instruções fornecidas por Vandelli, as quais enriqueceu de anotações
decorrentes de seus próprios estudos. Segundo essa perspectiva, encontramos
o comentário de Correa Filho:
De suas páginas resalta a meticuosidade previdente do colecionador, a
quem não bastariam os ensinamentos e instrucções dadas a preceito por
Vandelli, ampliadas por attentas consultas a outras fontes e reflexões
pessoaes.
21
Alexandre terminou o Curso das Ciências Naturais e Filosóficas, em
1778, quando foi indicado para ser professor da Universidade de Coimbra, o
que não chegou a cumprir uma vez que foi escolhido para uma “Viagem
Filosófica”
22
, conforme descreveremos a seguir.
19
Rómulo de Carvalho, A história natural em Portugal no Século XVIII, 67.
20
Fernandes, 882.
21
V. Correa Filho, Alexandre Rodrigues Ferreira: vida e obra do grande naturalista brasileiro,
25.
22
Correa Filho, 16.
11
1.4 A viagem naturalística pelo Norte e Centro-Oeste do Brasil
A viagem de Ferreira está inserida no contexto mais amplo das iniciativas
de Portugal de fomentar sua economia por meio da exploração de recursos
naturais, em resposta a uma certa crise do mercantilismo e sua substituição por
idéias fisiocratas. A fisiocracia era uma proposta econômica, que surgiu na
França por volta de 1750, que promulgava a o aumento da riqueza das nações
por meio do desenvolvimento agrícola, o que exigia aumento de conhecimentos
sobre cultivo, variedades úteis de plantas etc. Com tais propósitos, em 1778,
Martinho de Melo e Castro, Ministro da Secretaria de Negócios da Marinha do
Reinado de D. Maria I, determinou que se empreendessem esforços para o
levantamento de recursos florísticos, faunísticos e minerais dos diferentes
domínios do Reino. Na época, estudos dessa natureza eram acompanhados de
recenseamento etnográfico e geográfico. O empreendimento realizado na
colônia brasileira deveria ainda colaborar com as comissões de fronteiras na
delimitação das possessões portuguesas e espanholas
23
. Além do registro do
que fosse observado na expedição, deveriam ser feitas coletas de plantas,
animais e minerais para serem remetidos ao Real Museu de Lisboa.
Ferreira dirigiu-se em Lisboa, em julho de 1778, para dar início aos
preparativos de sua viagem ao Pará. No entanto, só partiu para o Brasil em
1783. Durante esses cinco anos em Lisboa, realizou alguns estudos sobre
minas de carvão de pedra de Buarcos e sobre os produtos naturais da região
de Setúbal.
24
Assim, podemos perceber que não foi apenas com todo aquele
aprendizado obtido durante o período de formação em Coimbra, mas também
23
Cunha, 17.
24
Carvalho, 92.
12
com o que pôde desenvolver na estada em Lisboa que Alexandre Ferreira
embarcou para a Viagem Filosófica.
Ferreira partiu para o Brasil com os desenhistas Joaquim José Codina e
José Joaquim Freire e um jardineiro botânico, Agostinho Joaquim do Cabo
25
.
Ficava então a cargo de Alexandre e seus auxiliares uma série de tarefas como
a de observar e fazer registros de cunho zoológico, botânico, mineralógico e
antropológico, coletar espécimes, armazená-las e remetê-las a Portugal,
preparar mapas e registros populacionais e de produção agrícola, bem como
desempenhar tarefas de caráter político-administrativo, mantendo
correspondências com as autoridades da colônia e de Lisboa. Também caberia
ao naturalista verificar as condições materiais das vilas e fortalezas destinadas
a suportar as possíveis invasões estrangeiras. Essa viagem deveria ainda
incorporar-se às Comissões de Demarcação das Fronteiras da América
Portuguesa. A incorporação ocorreu de modo parcial no ano seguinte a
chegada de Ferreira no Brasil
26
.
Em função de sua formação em Coimbra e das atividades de cunho
profissional é considerado um dos primeiros naturalistas brasileiros.
27
Chegou em Belém do Pará em 1783, ponto de partida para uma longa
viagem (ver figura 1). Durante os nove anos de sua estada no Brasil, a serviço
da Coroa Portuguesa, percorreu as Capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato
Grosso e Cuiabá (atuais estados do Pará, Amazonas, Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul).
25
Corrêa Filho, 31.
26
Cunha, 18.
27
José Seixas Lourenço, “Apresentação.” in: Ferreira, Alexandre Rodrigues. Viagem Filosófica
ao Rio Negro.
13
FIGURA 1. Roteiro da Viagem Filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira
Fonte: Costa, Maria de Fátima. “Alexandre Rodrigues Ferreira e a capitania de Mato
Grosso: imagens do interior”, p. 1000.
Numa primeira etapa da viagem, Alexandre percorreu a região do Rio
Negro e Grão-Pará finalizando em Barcelos (no atual Amazonas) onde ficou
aguardando instruções de Portugal para a sua próxima partida. Apenas quatro
anos depois, Ferreira recebeu ordens, expedidas de Lisboa, para prosseguir
pelo Rio Madeira e percorrer a região do Mato Grosso e Cuiabá, onde chegou
em outubro de 1789, permanecendo nessa região por 13 meses. Em 1992,
Alexandre e sua comitiva voltam ao Pará, embarcando para Portugal nesse
mesmo ano.
A primeira etapa da viagem foi mais documentada do que a segunda.
Alexandre Ferreira deixou uma quantidade bem maior de manuscritos e
14
documentos da região do Grão-Pará do que da região do Mato Grosso, onde a
viagem tinha como interesse principal à descrição de riquezas mineralógicas
28
.
Alexandre encontrou diversos problemas na segunda parte da viagem, uma
região de difícil exploração. Muitos de seus companheiros de viagem estavam
doentes como declarou Lima:
O q~ pela miha parte tenho pallicado de esforço, e de zelo em me não
poupar ao trabalho, de viajar, observar, e escrever, he o q~ pela sua tem
feito os Desenhadores, e o Jardineiro Botanico. Eu, e os ditos
Desenhadores, como S.Ex.ª tem visto, e reparado, temos padecido muito,
depois da viagem do Rio Branco: mas q~Joseph Joaquim Freire, tem
padecido Joachim Codina, q~ desde qã chegou, tem custado a
restabelecer das febres, dores de estomado, e de ventre, q~ally
adquirio.
29
1.5 Retorno à Portugal
Em 1792, retornou a Belém e, no ano seguinte, partiu para Lisboa
levando dois índios, Cipriano de Souza e José da Silva, que eram os
preparadores das remessas de materiais enviados à Coroa.
De volta a Portugal, foi nomeado “Oficial da Secretaria de Estado dos
Negócios da Marinha e dos Domínios Ultramarinos”. Uma de suas funções era
verificar o que havia no Real Gabinete de História Natural em Lisboa, local para
onde enviava o material. Em setembro de 1795, tornou-se Vice-Diretor desse
mesmo gabinete e de seus anexos como o Jardim Botânico de Lisboa.
30
Nessa
28
Maria de Fátima Costa, Alexandre Rodrigues Ferreira e a capitania do Mato Grosso: imagens
do interior; 996-997; 1000.
29
Alexandre Rodrigues Ferreira apud Américo Pires de Lima, Doutor Alexandre Rodrigues
Ferreira: documentos coligidos e prefaciados, 191.
30
Correa Filho, 154.
15
época, Alexandre encontrou seus desenhos e manuscritos feitos no Brasil
deteriorados e as espécimes coletadas com problemas de identificação.
Em 1808, durante a invasão napoleônica na Península Ibérica, boa parte
dos trabalhos de Alexandre foi saqueada e entregue ao naturalista francês
Étienne Geoffroy Saint-Hilaire para o Museu de História Natural de Paris
31
.
Estudos atuais mostram que não foi somente Saint Hilaire que teve acesso aos
trabalhos de Alexandre Ferreira, mas também estudiosos ingleses e
espanhóis
32
.
1.6 O legado de Alexandre Rodrigues Ferreira
Durante a sua permanência nas capitanias do Grão-Pará e Rio Negro,
Alexandre Rodrigues Ferreira relatou toda a sua viagem, escrevendo um diário
minucioso contando o que viu. Também escreveu vários ofícios e cartas para
os representantes da Coroa, como para os governadores do Grão-Pará e Mato
Grosso relatando informações sobre o cotidiano da viagem e das populações
com que travava contato
33
. Uma terceira categoria de material escrito eram as
memórias sobre História Natural. Elas contêm observações pessoais somadas
a informações recolhidas junto às comunidades locais, reunidas à sua
bagagem de conhecimento de História Natural, como veremos em maior
detalhe no próximo capítulo. Nada desse material foi publicado na época.
31
Costa, 996.
32
Ibid., 996.
33
Ronald Raminelli, Ciência e colonização: Viagem Filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira.
16
Entre o que foi saqueado pelos franceses, consta o principal relato de
Alexandre Rodrigues Ferreira sobre os vegetais, intitulado “Plantas do Pará”,
que foi confiscado por Saint Hilaire e não foi mais encontrado.
34
Com o Acordo de Paz entre França e Portugal, algumas memórias e
desenhos da Viagem Filosófica de Ferreira foram devolvidos aos portugueses.
Após o falecimento do naturalista, em 1815, seus papéis e manuscritos
relativos à viagem foram entregues a Félix de Avelar Brotero (1744-1828)
35
.
Listados por Antonio de Azevedo Coutinho, em 18 folhas numeradas, os
manuscritos foram mantidos no Real Museu da Ajuda até 1838
36
, quando foram
transferidos para a Real Academia de Ciências, juntamente com os desenhos,
plantas e demais documentos da viagem. Mais tarde, esse acervo foi
transferido à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Segundo o inventário de Azevedo Coutinho, o acervo de Alexandre
continha um total de 57 obras, compreendendo “Memórias, Notícias, Diários de
Viagem, Prospectos, Relações, Observações Gerais, Descrições etc.”, 17
obras não pertencentes à viagem e 29 outras de autoria não definida, mas
atribuída a Alexandre
37
.
Em 1838, Manoel José Maria da Costa e Sá se encarregou de nova
organização dos trabalhos do naturalista, indicando um total de 103 obras, 86
das quais relacionadas à viagem
38
. Almejando publicações, Costa e Sá
34
Luiz Emigdio de Mello Filho, Alexandre Rodrigues Ferreira – Botânico, 11.
35
Brotero foi nomeado professor de Botânica e Agricultura da Universidade de Coimbra em
1791, passando para o cargo de diretor do Real Museu e Jardim Botânico da Ajuda em
1811. Em todo esse período produziu importantes trabalhos sobre a flora portuguesa.
Fernando Reis, Félix da Silva Avelar Brotero (1744-1828). Disponível em
http://www.instituto-camoes.pt/cvc/ciencia/p6.html
Acesso em novembro de 2008.
36
Edgard de Cerqueira Falcão, A má estrela de Alexandre Rodrigues Ferreira, 2.
37
José Cândido de Melo Carvalho, “Introdução”, in Ferreira, Alexandre Rodrigues. Viagem
Filosófica pelas capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá. (Memórias:
Zoologia e Botânica), 9.
38
Ibid.
17
organizou um dos trabalhos de Alexandre, Diário da viagem filosófica pela
Capitania de São José do Rio Negro. Contudo, esse material só foi publicado
pela primeira vez no final do século XIX, na Revista do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro
39
.
Em 1952, no âmbito de novas iniciativas para a publicação das obras de
Alexandre, um outro inventário do acervo mantido no Brasil foi realizado por
José Honório Rodrigues. Desta vez, foi registrado um total de 211 trabalhos
referindo-se à viagem, compreendendo “89 obras atribuídas a Alexandre
Rodrigues Ferreira, além de 44 cartas, requerimentos, ofícios, representações,
solicitações, memórias etc. e mais 69 documentos sobre as obras de Alexandre
Rodrigues Ferreira e 9 documentos em manuscrito”
40
.
Uma nova publicação dos Diários foi feita em 1983, pelo Museu Emílio
Goeldi, da qual nos servimos nesta pesquisa e abordamos no capítulo 3
41
.
As memórias de botânica de Alexandre, focadas no capítulo 2 desta
dissertação, foram publicadas pela primeira vez em 1972, em edição do
Conselho Federal de Cultura, juntamente a memórias de Zoologia e, em outro
volume, de Antropologia
42
.
Ambos trabalhos contém as informações publicadas, e, portanto, mais
acessíveis, sobre os estudos botânicos de Alexandre, razão de sua escolha
para a presente pesquisa.
39
Mello-Leitão, 102.
40
Ibid., 102.
41
Alexandre Rodrigues Ferreira. Viagem filosófica ao Rio Negro. Belém, Museu Paraense
Emílio Goeldi, 1983.
42
Alexandre Rodrigues Ferreira. Viagem Filosófica pelas capitanias do Grão Pará, Rio Negro,
Mato Grosso e Cuiabá: Memórias Zoologia e Botânica. [Rio de Janeiro], Conselho Federal
de Cultura, 1972; Memórias Antropologia,1974.
18
Quando se recolhia, finda a exploração planeada, a
Barcellos, a colheita optima de especimens para o
Museu e observações omnimodas, lhe ensejava lance
de reduzilas a escripto mais concatenado do que as
simples notas avulsas.
Dali se causaram as “Participações”, com que fazia o
Capitão General sciente da marcha das suas
pesquizas, constitutivas do Diario da sua viagem, bem
assim as monographias destinadas a acompanhar as
remessas, que não cessava de despachar para
Lisboa
43
.
CAPÍTULO 2
AS MEMÓRIAS BOTÂNICAS DE ALEXANDRE RODRIGUES FERREIRA
Como vimos no capítulo anterior, durante a sua permanência nas
capitanias do Grão-Pará e Rio Negro, entre 1783 e 1792, Alexandre Rodrigues
Ferreira retratou toda a sua viagem sob a forma de diários, documentando
sobre o cotidiano da viagem e do contato com as populações locais, além de
redigir documentos e ofícios aos governantes no Brasil e em Portugal. Outra
das tarefas solicitadas ao naturalista era a de redigir as “monografias
destinadas a acompanhar as remessas”, às quais deviam ser somados os
desenhos dos “artistas-riscadores”
44
.
Neste capítulo, vamos examinar cinco pequenas memórias escritas pelo
naturalista no domínio da Botânica. Como também mencionado no final do
capítulo anterior, os manuscritos de Alexandre permaneceram inéditos por
quase dois séculos. As memórias de Botânica de que trataremos neste
segundo capítulo foram preparadas para publicação em 1972, por Emilia Albina
Alves dos Santos e Elza Fromm Trinta, da Divisão de Botânica do Museu
43
Virgílio Correa Filho, Alexandre Rodrigues Ferreira: vida e obra do grande naturalista
brasileiro, 53.
44
Rômulo de Carvalho, A História Natural em Portugal no século XVIII, 94.
19
Nacional
45
. Embora preserve a grafia dos nomes das plantas usada por
Alexandre, o texto passou por atualização ortográfica e de redação. Além
disso, as duas editoras do texto acrescentaram, ao final de cada memória, um
“Pequeno glossário dos nomes científicos correspondentes a alguns nomes
indígenas citados por Alexandre Rodrigues Ferreira”
46
.
Antes de examinarmos as memórias de Alexandre sobre os vegetais
(seção 2.3), e para podermos propor alguma avaliação acerca da pertinência
acadêmica dos estudos que realizou das plantas da região amazônica, faz-se
necessário, primeiro, traçarmos alguns dos aspectos que caracterizam a
Botânica do século XVIII (seção 2.1). Em seguida, também faremos algumas
considerações sobre a Botânica em Portugal (seção 2.2).
2.1 Os estudos das Plantas
A humanidade sempre utilizou as plantas como alimento, medicamento,
venenos ou fornecimento de matéria prima para elaboração de diversos tipos
de objetos úteis ou construção de casas e embarcações. As práticas derivadas
dessa exploração de plantas nem sempre foram acompanhadas de
conhecimentos sobre aspectos propriamente biológicos dos vegetais. Na
Antiguidade, Aristóteles (384 – 322 a.C.) dedicou-se ao estudo das
propriedades específicas dos seres vivos, como a nutrição, crescimento,
movimento (inclui desenvolvimento e deslocamento) e sensibilidade, esta
45
Ao final dessa publicação, João Cândido de Melo Carvalho acrescenta uma nota listando
outras 8 memórias botânicas atribuídas a Alexandre Rodrigues Ferreira que não foram
localizadas na Biblioteca Nacional.
46
José Cândido de Melo Carvalho, “Introdução”, 5; Emilia Santos e Elza Trinta, Viagem
Filosófica pelas capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá. Memórias:
Zoologia e Botânica, 225.
20
última a única que não se manifesta entre as plantas, definindo assim o vegetal
como um ser vivo.
Para Aristóteles, o estudo das plantas era feito por analogia das partes
que as compõem com as partes dos animais. Tratava-se de conhecer a
estrutura, destacando primeiro as partes particulares (diferenças) de cada
organismo e, em seguida, as partes comuns (semelhanças) a diversos
organismos, identificando por essa via estruturas como raiz, caule, broto e
ramos. Além disso, Aristóteles identificou as partes periódicas como folhas,
flores, gravetos e frutos. Há questões que são exclusivas às plantas e que
também deviam ser consideradas como as relativas ao local onde a planta
cresce, a forma de plantio, seiva, odor, goma, qualidade dos frutos e efeitos no
homem
47
.
Teofrasto (371 - 278 a. C.) foi discípulo e colaborador de Aristóteles e
dedicou-se especialmente ao estudo das plantas, como em sua obra De causis
plantarum. Foi Teofrasto, sobretudo, quem “elevou a botânica ao nível de
ciência com seus conceitos próprios, seu campo de investigação e ensino
particular”
48
.
Para Teofrasto, ao contrário de Aristóteles, era impossível fazer uma
analogia entre as partes das plantas e dos animais, considerando os dois
reinos de modo bastante independente um do outro. Por essa razão, apesar de
conhecer os modos de fecundação de certas palmeiras, Teofrasto não
reconhecia, como Aristóteles, que os dois sexos fossem combinados nas
plantas.
47
Yma de Souza Abreu, O método Aristóteles para o estudo dos seres vivos, 38.
48
Joëlle Magnin-Gonze, Histoire de la botanique, 11.
21
Teofrasto preocupou-se principalmente com as características externas
das plantas, dividindo-as em quatro grandes grupos de acordo com o seu
crescimento: árvores, arbustos, subarbustos e ervas. Além disso, criou um
vocabulário técnico para a descrição das diferentes partes das plantas, dividido
em partes persistentes (raiz, caule, galhos e ramos) e partes periódicas (folhas,
flores, pedúnculos e frutos).
Um outro autor importante da Antigüidade que escreveu sobre plantas foi
Dióscorides (cerca de 60 d. C.), um médico que desenvolveu conhecimentos
farmacológicos sobre cerca de 500 a 600 espécies de plantas em um tratado
intitulado Materia Médica, descrevendo também as plantas que produzem
temperos, óleos e resinas. Diferentemente de Aristóteles e Teofrasto, o estudo
de Dioscórides era centrado na utilidade das plantas e não em sua estrutura.
De todo modo, esses três autores foram retomados no Renascimento europeu.
Andrea Cesalpino (1519 – 1603), em sua obra De Plantis assim se expressou
acerca dos estudos de plantas de Dióscórides: “reuniu-as e dividiu-as de
acordo com as semelhanças das virtudes medicinais”
49
. Outros autores da
Antigüidade que também escreveram sobre plantas e foram retomados pelos
sábios renascentistas foram Galeno e Plínio.
Durante o período que separa os antigos do Renascimento, pouco se
alterou no conhecimento sobre plantas. No século XIII, apareceram algumas
publicações sobre ervas baseadas em uma retomada da observação da
natureza, motivando a publicação de herbários. No século XVI, com o
melhoramento das técnicas de gravura, os herbários se multiplicaram e
passaram a representar uma retomada da botânica teórica. Há três autores
49
Andrea Cesalpino, apud Yma Souza de Abreu, De Plantis,123.
22
alemães representativos dessa fase, Otto Brunfels (1488-1534), Jerome Bock
(1498-1554) e Leonardo Fuchs (1501-1566). Brunfels publicou Herbarum vivae
eicones (1530-1536), três volumes com texto inspirado em Discórides,
contendo 260 ilustrações de plantas cuja acuidade e detalhe no desenho
permite observar que boa parte foi feita a partir de plantas vivas. Fuchs
publicou um livro, em 1542, com 550 plantas minuciosamente descritas por sua
aparência externa, ordenando-as segundo o sistema alfabético. Bock em seu
livro Kraütterbuch (Livro de ervas), de 1551, fez descrições originais
despregadas dos textos antigos e desprezando a ordem alfabética
50
. Nem
Fuchs, nem Bock utilizaram fruto ou flor para classificação
51
.
Até o século XVI, eram comuns as divisões utilitaristas. Neste mesmo
século houve um maior interesse em descobrir plantas que pudessem
proporcionar novas drogas, já que grande parte das plantas descritas por
Dióscorides não se encontrava no norte da Europa
52
. O conhecimento sobre
plantas também foi impulsionado por grandes navegações que possibilitavam
chegar na Europa espécies de plantas desconhecidas por Aristóteles,
Teofrastos e Dioscórides. Tudo isso levou ao surgimento de cátedras de
Botânica nas universidades européias, como a de Pádua, em 1533. Além das
cátedras, jardins e museus foram construídos para alimentar esse novo
interesse. Tratava-se de cultivar e colecionar plantas que servissem aos
estudos botânicos e às aulas da universidade. Os jardins permitiam o estudo
das plantas vivas e seu cultivo voltado para a produção de fármacos utilizados
nos cursos de Medicina. Os museus e gabinetes abrigavam herbários de
50
Magnin-Gonze, 60-65.
51
Allen G. Debus, El hombre y la natureza en el Renacimiento, 90-92.
52
Ibid., 88.
23
plantas secas, permitindo a manutenção de coleções que fomentavam estudos
de identificação e classificação.
A grande quantidade de novas plantas recolhidas em diversas partes do
mundo trouxe a preocupação entre os herbalistas de dispor de um método
eficiente para classificar os vegetais, o que motivou o desenvolvimento da
Botânica.
Em Methodi herbariae (1592), Adam Zaluziansky von Zaluzian (1588-
1613) propôs uma classificação de vegetais organizando-os a partir dos que
possuíam vida mais simples aos que apresentavam formas mais complexas.
Além disso, esse autor sugeriu a separação da botânica da medicina,
discutindo a separação entre a “arte da teoria” da “arte da prática”, de modo
que cada uma deve ser tratada individualmente, em sua própria ordem, antes
de unir-se. Adam von Zaluzian assim complementou:
Com objetivo de que a botânica (que é, por assim dizer, um ramo especial
da medicina) possa formar uma unidade em si mesma antes de que se
relacione com outras ciências, deve dissociar-se e emancipar-se da
medicina
53
.
Andrea Cesalpino em De Plantis Libri XVI (1583) analisou 1500 plantas e
foi baseado na obra aristotélica. Elaborou um sistema de classificação racional
e natural, baseado em caracteres botânicos, não utilizando os aspectos
utilitários, portanto artificiais, para classificar as plantas. Os atributos das
plantas consideradas por ele para a classificação foram nutrição e reprodução.
Focalizou as flores, os frutos e as características particulares da semente.
53
Adam von Zaluzian apud Allen Debus, 101.
24
Plantas mais aperfeiçoadas geravam sementes e as sem sementes eram
geradas por geração espontânea.
No século XVII, com o desenvolvimento da microscopia, apareceram
trabalhos importantes sobre anatomia vegetal. Nehemiah Grew (1628-1711),
na Inglaterra, e Marcello Malpighi (1628-1694), na Itália, de modo independente
publicaram simultaneamente em 1671 seus trabalhos sobre anatomia das
plantas. Os naturalistas do século seguinte farão referência a esses estudos, e
outras de suas obras publicadas subseqüentemente, como tendo
fundamentado o desenvolvimento da disciplina de Anatomia Botânica. Grew e
Malpighi acreditavam que os órgãos das plantas deviam ser definidos por sua
estrutura, incluindo a sua anatomia interna, a sua origem e o seu
desenvolvimento. Assim, a estrutura interna de uma semente, dormente ou em
desenvolvimento, revelaria que ela é o ponto de partida da nova planta,
considerando que a semente já continha todos os elementos da planta que se
formaria
54
.
Além da anatomia, a Botânica expandiu-se em outros domínios.
Desenvolveu-se nesse século o estudo experimental da fisiologia das plantas,
notadamente da nutrição e da reprodução, embora ainda não representasse a
atividade da maioria dos naturalistas. Um representante dos estudos calçados
na observação empírica e em experimentos com plantas foi o inglês John Ray
(1623-1705). Além dele, a fisiologia vegetal também foi estudada por Stephen
Hale (1677-1761) que fez experimentos sobre o fluxo de água nas plantas em
diferentes condições, indicando as folhas como sede da transpiração.
54
Magnin-Gonze, 97.
25
John Ray tinha ciência do momento de transição porque passava sua
época, como podemos perceber no trecho a seguir:
Esta é uma era de descobertas nobres, [...] demais para mencionar. Os
segredos da Natureza têm sido desvendados e explorados. Uma nova
Fisiologia iniciou-se. É uma era de progresso diário em todas as
ciências, especialmente no estudo das plantas: [...] explorando os quatro
cantos da terra, e trazendo à luz e às nossas vistas tudo o que está
escondido.
55
Outro aspecto importante do trabalho de Ray era o de promover estudos
das plantas na própria natureza. Como resultado de seus estudos de campo,
publicou um livro sobre a flora de Cambridge, em 1660, e, dez anos depois,
reunindo plantas coletadas em suas viagens pelo país e cultivadas em seu
jardim experimental de Cambridge, iniciou a publicação do Catalogus
plantarum Angliae et insularum Adjacentium (Catálogo de plantas da Inglaterra
e Ilhas Adjacentes). Esse é um dos primeiros trabalhos voltados ao
recenseamento de plantas de uma região ou país, e que será seguido por
diversas outras floras locais publicadas nos séculos XVII e XVIII. Ray também
viajou estudando plantas de diversas regiões da Europa, além de receber
exemplares dos naturalistas viajantes pela América, África, Índias Orientais,
China e Japão. Reunindo todas essas informações, pôde publicar uma flora
mundial pioneira, sua Historia plantarum generallis (História geral das plantas),
em 3 volumes, entre 1686 e 1704.
Contemporâneo de Ray, Joseph Pitton de Tournefort (1656-1708)
também ocupou-se com a publicação de floras locais, viajando por diversas
regiões da França, além de outros países europeus (Espanha, Portugal,
55
John Ray apud Raven, John Ray naturalist: his life and works, 251, sem grifos no original.
26
Holanda, Inglaterra e Grécia). Motivado pela necessidade de organizar a
diversidade de plantas Tournefort publicou em 1700 o Institutiones rei herbaria.
Essa obra apresenta um sistema de classificação baseado nas características
da flor, em particular da corola. Tal sistema tornou-se rapidamente popular não
apenas na França, mas passou a ser usado por naturalistas de diversos países
europeus, que à época serviam-se de aproximadamente quinze sistemas
diferentes de classificação, o que gerava muitas dificuldades.
Além disso, no prefácio dessa obra, Tournefort chama a atenção para a
importância de distinguir entre duas faces do conhecimento botânico: o
conhecimento das plantas em si mesmas e o dos seus usos
56
.
O sexo das plantas foi tema de grande discussão entre o final do século
XVII e século XVIII. Muitos experimentos foram feitos por naturalistas e
jardineiros para constatar a veracidade desse fato.
O sistema sexual das plantas já havia sido estudado por outros botânicos
como John Ray, Nehemiah Grew e Marcelo Malpighi. Estes dois últimos
notaram a presença de estames nas flores, o que corresponderia ao fluído
espermático em animais. Rudolph Jakob Camerarius (1665-1721) em Epistola
ad. D. Mich. Bern. Valentini de sexu plantarum forneceu evidências
experimentais da existência do sexo entre plantas e também percebeu que
muitas flores possuíam estames e pistilos podendo ocorrer autofecundação.
Hermann Boerhaave (1668-1738), médico e professor da Universidade de
Leiden, parece ter reconhecido e aceitado a existência do sexo em plantas logo
depois dos trabalhos de Camerarius terem se tornado conhecidos. Sébastien
Vaillant (1669-1722) em 1717, na abertura do novo endereço do Jardim do Rei
56
Edward L. Greene, Landmarks of botanical history, 95.
27
em Paris fez um discurso sobre a função sexual das flores. Esse discurso foi
publicado em 1718 e contribuiu para a divulgação das idéias de Camerarius.
Como se sabe, o sistema de classificação de Carl Linné (1707-1778), ou
Lineu, integrou a reprodução sexual das plantas e tomou a flor como órgão
para fornecer os critérios de classificação. A simplicidade e praticidade desse
sistema contribuíram para que fosse aceito e difundido entre os botânicos, o
que ocorreu gradativamente ao longo do século. A sua proposta apareceu na
primeira edição de Systema Naturae, publicada em 1735, e foi assimilando
outros aspectos teóricos, relativos à nomenclatura e definição das espécies,
bem como aumentando o número de espécies descritas atém a 12ª edição
publicada entre 1766 e 1768, em três volumes.
Com Lineu vemos também a consolidação da ambição de tornar a
Botânica uma ciência independente da medicina. Lineu, propôs que a Botânica
fosse exclusivamente voltada ao estudo do vegetal em si mesmo, de suas
partes, pois na época, ela era ainda bastante marcada pela herança de
Teofrasto e Dioscórides, mas especialmente pelo utilitarismo característico do
Renascimento. Em 1736, no livro Fundamenta botanica, Lineu propõe a
Botânica como “ciência natural que fornece o conhecimento dos vegetais”.
Para ele, a medicina não era o objeto próprio dos botânicos. Seguindo
Tournefort, no aforismo 4 Lineu apresenta uma definição para a ciências das
plantas como lemos a seguir:
A Botânica ou a ciência que trata das plantas possui duas partes que é
preciso distinguir com cuidado: o conhecimento das plantas e o das suas
virtudes. Conhecer as plantas é precisamente saber os nomes que lhes
são dados com relação à estrutura de algumas de suas partes
57
.
57
Thierry Hoquet, Fonder la botanique in: Les fondements de la botanique, 159.
28
2.2 A Botânica em Portugal
Em Portugal, no início do século XVIII, o interesse em estudar as plantas
foi impulsionado pelo aumento das viagens de exploração das colônias na
África, Ásia e Brasil. Esse interesse era particularmente econômico e comercial
com destaque para a produção de canela e pimenta.
58
Além do caráter
comercial, a utilização de novas plantas para fins medicinais, mantinha o
interesse de médicos.
As novas plantas e produtos que chegaram em território português
promoveram a ida de naturalistas estrangeiros para conhecer a flora local e a
das colônias. A herborização, em Portugal, por exemplo, foi impulsionada pela
visita de Antonie de Jussieu (1686-1758). Jean Vigier, médico francês que
viveu cinqüenta anos em Portugal, publicou uma edição, em 1718, em
português, de sua obra História das Plantas da Europa e das mais usadas que
vêm da Ásia, da África e da América, onde vê-se suas figuras, seus nomes em
que tempo florescem e o lugar onde nascem, com o objetivo de “instruir os
leitores, e a muitos até talvez iniciá-los, na atitude científica de introduzir
normas classificativas na arrumação das diversas espécies vegetais”
59
.
Contudo, pouco se produziu sobre História Natural em Portugal até a
Reforma Pombalina na Universidade de Coimbra. Em 1746, Luís Antônio
Verney publica Verdadeiro Método de Estudar, onde dedica poucas páginas
para História Natural. Já Ribeiro Sanches, em 1763, em Método para aprender
e estudar a Medicina mostra a utilidade do conhecimento Botânico para os
médicos. O Padre Teodoro de Almeida, em Recreação Filosófica, com dez
58
Carvalho, 9 e 10.
59
Ibid., 13, 15.
29
volumes publicados entre 1751 e 1800, escreveu sobre a anatomia das
plantas, nutrição, origem, formação de sementes e cultura dos vegetais
60
.
Como visto no capítulo um desta dissertação, o naturalista Domingos
Vandelli foi o professor de toda uma geração de filósofos naturais. Em um
manuscrito intitulado Memória sobre a utilidade dos museus de História
Natural, Vandelli expressa seu interesse em promover as ciências modernas
em Portugal, conforme podemos acompanhar em suas palavras:
Que utilidade o Estado pode, e o Principe, tirar de homens que nunca
examinaram as produções da Natureza, e que somente instruídos em
ciências especulativas e de legislação, se ocupam em presidir as minas,
casas de moedas, Agricultura e Manufacturas?
61
Vandelli defende a promoção de conhecimentos amplos sobre os seres
vivos, estudados em si mesmos e também por seus aspectos utilitários, como
notamos no trecho abaixo:
O estudo de história natural – pondera Vandelli –, não se resume a
conhecer apenas nomes de animais, de plantas e de minerais, mas
também a conhecer, para os animais, a sua anatomia, maneira de viver e
o modo de se multiplicarem e de se alimentarem; para as plantas, o seu
interesse económico e virtudes medicinais; para os minerais, as suas
propriedades
62
.
Em Memória sobre a utilidade dos Jardins Botânicos, publicada em 1788,
Vandelli propõe também que os estudos das plantas tenham mais do que esse
caráter utilitário:
60
Carvalho, 28, 31, 37.
61
Vandelli apud Rômulo de Carvalho, A história natural em Portugal no século XVIII, 55.
62
Carvalho, 55-56.
30
O saber pois somente o nome das plantas naõ he ser Botanico, o
verdadeiro Botanico deve saber álem disto a parte mais difficultoza, e
interessante, que he conhecer as suas propriedades, usos economicos,
e medicinais; saber a sua vegetaçaõ, modo de multiplicar as mais uteis,
os terrenos mais convenientes para isso, e o modo de os fertilizar
63
.
2.3 Memórias Botânicas
Como vimos na seção anterior, ocorria entre os estudiosos de plantas do
século XVIII um vínculo ainda estreito com aspectos utilitários, seja pela via da
medicina (propriedades terapêuticas das plantas), seja da agricultura e da
economia (cultivo de plantas rentáveis, do ponto de vista da alimentação ou da
produção de bens diversos). Também vimos que Lineu propunha, desde as
primeiras décadas do século, que a Botânica se tornasse uma ciência
independente da medicina e que se restringisse ao estudo da planta nela
mesma (estudos anatômicos, morfológicos, fisiológicos e taxonômicos) e por si
mesma (estudar todas as plantas, independentemente de sua utilidade).
Apesar disso, cabe ressaltar que o ideal de Lineu não se concretizou
imediatamente, como podemos lembrar retomando aqui as palavras de Lilian
Martins:
Até o final do século XVIII era muito difícil encontrar uma obra que
tratasse da Botânica propriamente dita, cujo interesse fosse puramente
acadêmico
64
.
Assim, o nosso interesse com a leitura das memórias de Alexandre sobre
plantas foi exatamente o de verificar com qual desses registros ele ocupou-se:
63
Domingos Vandelli, Memória sobre a utilidade dos Jardins Botânicos, 3.
64
Lilian Al-Chueyr Pereira Martins, As publicações portuguesas sobre Botânica e suas
interfaces durante o século XVIII, 278.
31
com aspectos botânicos (anatômicos, morfológicos, fisiológicos e taxonômicos)
e/ou utilitários (médicos, agrícolas e gerais)?
Para respondermos a essa questão, vamos passar a um detalhamento
dos conteúdos das cinco pequeninas memórias de botânica, escritas por
Alexandre Rodrigues Ferreira durante sua Viagem Filosófica (1783-1792).
2.2.1 Memória sobre madeiras usadas na fabricação de canoas
Como o título indica, “Memória sobre as madeiras mais usuais de que
costumam fazer canoas, tanto os índios, como os mazombos do estado do
Grão-Pará”, a primeira memória, de duas páginas, está estruturada conforme o
aspecto utilitário. Destina-se a apresentar uma lista das madeiras que eram
utilizadas na fabricação de canoas, distinguindo suas particularidades em
função de três propriedades distintas: durabilidade, dureza e peso. As
propriedades foram descritas de forma inter-relacionada e numa escala cujas
variáveis indicadas foram: mais ou menos duráveis; mais ou menos duras;
leves ou pesadas. Em alguns casos, o naturalista indica o período da
durabilidade da madeira, como no exemplo abaixo:
As madeiras do pequeá-râna, da cupiúba, dos angelins preto, vermelho e
de pedra são pesadas, sendo a duração da primeira de três a quatro anos
e dentre os angelins a do preto é mais durável
65
.
65
Alexandre Rodrigues Ferreira, Viagem Filosófica pelas capitanias do Grão-Pará, Rio Negro,
Mato Grosso e Cuiabá. (Memórias: Zoologia e Botânica), 225.
32
Também faz menções a transformações porque passam as madeiras
com o tempo, bem como a adequação a embarcações de maior ou menor
porte, conforme o uso a que se destinam, como nas passagens abaixo:
As do pequeá-verdadeiro são muito pesadas e afundam enquanto novas,
porém, vão se tornando leves com o tempo e podem durar até seis anos
ou mais. [...]
Jacaré-yúa, leve e porosa servindo apenas para canoas de pesca e com
duração semelhante à do louro comum [...]; tauá, leve e de pouca
duração, servindo apenas para canoas de pouco porte”
66
.
A dureza das madeiras é também relacionada a ação de um verme (Puru)
que fura apenas as duras como angelim, cupiúba, pequeá, cumaru, pequeá-
rana e yandiroiarúa, não agindo sobre madeiras leves como o louro e a
guariúba.
Algumas vezes distingue o local onde são encontradas, se em terra firme
ou igapós. Indicou um caso em que a planta, assacú, secreta um leite
venenoso deixando os rios, como o Rio Jupará, “doentio”. Outras vezes,
menciona madeiras utilizadas para outros usos, como “fabricação dos coxos
das garapas nos engenhos”, da resina usada para “vidrar louças” e de
propriedades medicinais, como neste caso:
Leves, também, as da faveira cumandá-guassu ou fava-grande, que são
utilizadas para curar impingens
67
.
O naturalista mencionou também casos em que a casca da árvore é que
era usada na construção de canoas, como era o caso de jutáy, árvore que
também fornecia uma resina utilizada pelos gentios na própria construção das
66
Ferreira, 225.
67
Ibid., 225.
33
canoas. Alexandre relacionou demais elementos usados pelos índios nessa
fabricação, todos produtos retirados da mata, “sem que seja preciso gasto
algum”. Assim, mencionou o uso de diferentes tipos de cipós; de resina ou breu
para calafetagem, descrevendo como era preparado a partir de sua mistura
com “manteiga de tartaruga, ou o azeite do peixe boi ou o azeite de jandiróba”;
de estopa usada na calafetagem, a partir de entrecasca de algumas espécies;
e dos troncos usados para o mastro e para os remos.
No total, são 29 as espécies mencionadas ao longo da memória,
permitindo concluir que Alexandre procurou fazer uma listagem ampla das
espécies utilizadas pelos indígenas e pelos mazombos (indivíduos nascidos no
Brasil, filhos de estrangeiros, em geral portugueses). Trata-se, certamente, de
uma memória escrita segundo a perspectiva utilitarista, sem nenhuma das
vertentes de estudo propriamente botânico, seja anatômica, morfológica ou
fisiológica, nem mesmo contendo qualquer tipo de descrição que permita
identificação e classificação das árvores mencionadas.
2.2.2 Memória sobre madeiras para construção de casas e para
marcenaria
Em “Madeiras, que servem, para casa, e para obras de marcenaria”, de
apenas uma página, o naturalista também se detém apenas em relacionar uma
lista das madeiras que são comumente usadas na região para os fins
mencionados. Como na memória anterior, as madeiras são citadas apenas
pelo nome vulgar usado pelos habitantes locais da época, não havendo
qualquer descrição morfológica das plantas visando a sua identificação e
34
classificação
68
. As madeiras que menciona como sendo usadas para “esteios
de casas”, e uma delas também para a construção de engenhos, são
relacionadas, novamente, à sua durabilidade.
As madeiras mais usadas na marcenaria, a principal delas, o pau
vermelho, são indicadas em função de sua espessura, durabilidade, dureza,
cor, dos locais e da abundância com que são encontradas e do tipo de artefato
para que são mais adequadas, como é possível acompanhar no trecho a
seguir:
A madeira que tem mais aplicação na marcenaria é a do pau vermelho,
em virtude da sua espessura que permite o fabrico de mostradores de
cômodas, aparadores e cadeiras; a mais espessa se encontra nas
Cachoeiras do Rio Negro, embora a encontremos também no Rio Branco
fronteiro ao Lugar de Carvoeiro, cuja aceitação seria maior se as suas
mesclas entre vermelho e amarelo não se desvanecessem
69
.
2.2.3 Memória sobre cascas de árvores usadas na curtição de couro
No pequeno texto de meia página, intitulado “Memórias sobre as cascas
de paus que se aplicam para curtir couros”, o naturalista apontou a casca
considerada pelos curtidores como sendo a de melhor qualidade para curtir
essencialmente solas, o paricá-verdadeiro, comparando-a com outras seis
espécies também utilizadas, mas menos adequadas devido a produzirem cor
(branca ou vermelha) e durabilidade indesejáveis. Alexandre também
discrimina quais são mais adequadas para os chamados “couros miúdos” como
68
Como não há informação suficiente na publicação do Conselho Federal da Cultura de 1972,
não é possível conhecermos que outros critérios, além dos nomes comuns referidos por
Alexandre, foram utilizados pelas editoras das memórias para o estabelecimento do
glossário com os nomes vulgares e científicos do século XX.
69
Alexandre Rodrigues Ferreira, Viagem Filosófica pelas capitanias do Grão-Pará, Rio Negro,
Mato Grosso e Cuiabá. (Memórias: Zoologia e Botânica), 229.
35
“camurças de peles de cabras, veados e cutias”, não servindo para solas
devido à qualidade de sua tinta ser fraca.
2.2.4 Mémoria sobre palmeiras usadas para cobrirem casas
Em “Memórias sobre as palmeiras do Estado do Grão-Pará cujas folhas
servem para se cobrirem as casas e para outros usos”, de duas páginas e
meia, como nas anteriores, o autor listou as espécies de palmeiras utilizadas
na construção das casas de “índios e brancos pobres”. As folhas tinham muitos
usos. Conforme sua durabilidade, as folhas de diferentes palmeiras, cortadas
na largura e comprimento desejado, eram trançadas para formar o tecido de
cobertura, sendo “o trançado miúdo mais durável que o largo”. Das folhas
também eram produzidas cordas usadas “para sustentar redes, linhas para
pesca e cordéis para lancear peixes e tartarugas”, assim como para tecer “uma
espécie de porta para as casas, esteiras e toldos da canoas chamados tupés”.
As folhas de algumas palmeiras, por serem facilmente moldáveis dentro dos
“paneiros”, eram utilizadas também para “peneirar farinha, arroz, sal etc.
70
Alexandre Rodrigues Ferreira deu ênfase na durabilidade dessas plantas,
associando essa característica a sua serventia:
As folhas de ubim, pela sua duração de cinco a seis anos, são preferidas
para coberturas de casas e toldos de canoa [...]. As coberturas feitas com
as folhas do yuá-uassú duram de quatro a cinco anos e são empregadas
nas casas da região de Solimões [...].
A duração das folhas do caraná é de dois anos ou pouco mais
71
.
70
Ferreira, 233-234.
71
Ferreira, 234.
36
Alexandre parece interessado em mostrar que boa parte das palmeiras
era aproveitada pela população local, não apenas as já mencionadas folhas,
mas também os frutos, empregados na fabricação de vinho e, com algumas
sementes, utilizados como alimento, cru ou cozido. Ainda o tronco era útil, do
qual se retiravam ripas para usos diversos e, ressalta Alexandre, seguindo as
mesmas aplicações que as ripas tinham em Portugal
72
:
Do tronco [do assahy] são tiradas as ripas que os indígenas denominam
de yuçáras, empregadas na construção de casas, forros e frontais,
cercados de quintais, varais onde é seco o peixe ou a carne e jiraus de
canoas onde se coloca a carga protegendo-a assim da umidade do
casco
73
.
De algumas espécies, como o murity e o jupaty, eram aproveitados ainda
os “pecíolos” e a casca que os recobre para a confecção de “velas para
canoas, bastidores, forros de casas, rolhas para frascos”, e as cascas, das
quais eram feitos “paneiros” para guarda de alimento
74
.
Diferentemente das anteriores, esta memória contém uma diferenciação
mais detalhada entre as espécies de palmeiras, seus usos e características
morfológicas, como lemos na seguinte passagem:
As do patauá têm também pouca duração, porém seu tronco, quando
jovem, não é utilizado por ser todo coberto de grandes espinhos dos quais
são fabricadas as flechas usadas nas zarabatanas e, quando adultos,
embora sem espinhos, também não é aproveitável pela dificuldade de se
tirar ripas retas e que não rachem.
75
72
Curioso notar que nesta memória não é mencionado o palmito usado como alimento, embora
o seja na última memória botânica, como veremos a seguir.
73
Ferreira, 233.
74
Palmeiras não usadas para casas possuíam muitas outras aplicações listadas por Alexandre:
confecção de chapéus, baús, tabuleiros, salvas; extração de bebida e de uma espécie de
mostarda; confecção de canos de zarabatanas, varetas de espingardas, cabos de fusos e
de bilros, currais ou cacuris, troncos inteiros desbastados e usados em encanamento de
água. Ferreira, 234-235.
75
Ferreira, 233.
37
Ainda ressalta nesta memória o emprego por Alexandre do termo pecíolo,
que remete ao conhecimento botânico específico dessa parte da planta.
2.3.5 Memória sobre palmeiras
A última memória, de cinco páginas, é intitulada “Memória sobre as
palmeiras, são as palmeiras que eu vi, e me informaram os práticos, que havia,
nas matas do Estado do Grão-Pará”
76
. Ela difere das anteriores não apenas no
tamanho, mas em sua estrutura e conteúdos abordados. Desta vez, trata-se de
uma descrição pormenorizada de dezessete espécies diferentes de palmeiras,
mencionadas, como nas memórias anteriores, por seus nomes vulgares.
Estão presentes no texto as habituais informações sobre os usos das
diversas partes das palmeiras, assim como são descritos os procedimentos de
preparação de óleos, vinhos e pratos típicos, como, por exemplo, como se
procedia com o palmito extraído da palmeira Uassahy-uaçú:
Da bainha das folhas é extraído o palmito, do qual se faz uma salada
chamada salada de uassahy que é temperada com azeite, vinagre e
principalmente pimenta em pó; é aproveitado também para pastéis, tortas
e como hortaliça, sendo cozido com a carne; seu gosto é de erva, um
pouco adocicado e admite toda a qualidade de temperos.
77
Em meio a essas informações, outro registro de dados particulariza esta
memória em relação às anteriores. Ferreira acrescentou aqui mais informações
do âmbito botânico. Sobre o mesmo Uassahy-uaçú, por exemplo, mencionou
76
O texto dessa memória está acrescido de comentários de Emilia Albina Alves dos Santos e
Elza Fromm Trinta, da Divisão de Botânica do Museu Nacional.
77
Ferreira, 237.
38
os ambientes em são encontradas (nas várzeas e em lugares úmidos nas
margens dos rios), a altura e diâmetro que alcançam, o formato das folhas.
Além disso, no trecho citado acima, encontramos outro termo botânico
específico referente a uma parte da planta, a bainha das folhas, assim como o
pecíolo, mencionado antes.
Ao tratar da segunda espécie, Uassahy-mirim, retoma as propriedades já
descritas, indicando apenas em que diferem, segundo aspectos botânicos:
tamanho da planta e do fruto. A terceira espécie, bacába ou yucána, também é
descrita por comparação, desta vez, segundo o solo em que cresce (terra
firme), a disposição e tamanho das folhas, época de frutificação, além de
utilidades específicas (óleo e vinho).
O padrão de descrição segue sendo o mesmo para as demais espécies,
guiando-se Alexandre tanto por aspectos utilitários como botânicos:
Há três espécies variedades de tucumã: tucumã-uaçú ou grande, mirim ou
pequeno e tucumã-hy, que nascem nas matas de terra firme, diferindo
entre si pela altura que atingem e tamanho dos frutos, que são amarelos
quando maduros
78
.
Em alguns casos, a descrição é ainda mais minuciosa, e com uso de
diversos outros termos técnicos estabelecidos pelos botânicos para a descrição
das diferentes partes das plantas, aos quais demos ênfase no trecho a seguir:
Suas folhas [do murutim] nascem no ápice do tronco, são grandes,
redondas, fendidas até o meio e dispostas em forma de auréola; [...]
seus pecíolos têm 3 a 4 m e às vezes mais; [...] seu tronco é liso e oco.
Frutifica de fevereiro a abril. Seus frutos têm o aspecto e consistência dos
frutos do pinheiro europeu, sendo porém menores e vermelhos quando
perfeitamente maduros.
78
Ferreira, 239.
39
Um aspecto importante a ser mencionado diz respeito à metodologia
utilizada por Alexandre Ferreira quanto à origem das informações que relata
sobre as plantas. Parece-nos que a mistura de elementos utilitários e botânicos
utilizados nas descrições autoriza a conclusão de que ele executou uma boa
dose de observações pessoais, às quais associava o que recolhia junto aos
indígenas e brancos que habitavam as regiões por que passava. O título
mesmo dessa última memória o havia explicitado, “Memórias sobre as
palmeiras, são as palmeiras que eu vi e me informaram os práticos”.
Por fim, resta mencionar um problema acerca da análise desta memória e
que só poderia ser resolvido com a confrontação dos originais manuscritos,
depositados na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e que não foi possível
realizar no período desta pesquisa. Infelizmente, do ponto de vista da
publicação de originais manuscritos, as editoras do texto publicado aqui
analisado passaram a introduzir no meio das descrições das palmeiras, frases
como “com este nome Alexandre Rodrigues Ferreira se refere a duas
qualidades de palmeiras”; “sob esse nome o autor descreve”. Não nos parece
que o restante do texto não seja original de Alexandre, pesando a esse favor
alguns aspectos como o estilo geral da escrita, a repetição de informações
contidas nas memórias anteriores, o uso de termos da época, valores
mencionados etc. De todo modo, julgamos relevante chamar a atenção de
nosso leitor para a necessidade de uma aferição mais exata do texto original de
Alexandre Rodrigues Ferreira.
Vimos, no capítulo primeiro, que Alexandre Rodrigues Ferreira teve
formação acadêmica em Coimbra na qual obteve contato com a produção
40
botânica de diversos pesquisadores como Vandelli, Brotero e Lineu. Na
primeira seção deste capítulo, procuramos também indicar o que caracterizava
os estudos de plantas no século XVIII. Nas memórias aqui analisadas, vimos
que Alexandre Rodrigues Ferreira fez uso, ainda que parcial, de termos
específicos da botânica, adotou o modo geral de referência às principais partes
das plantas (raiz, caule, folha e fruto) e procurou elaborar uma descrição de
espécies com base nas propriedades que as assemelham e as diferenciam.
Por outro lado, Alexandre não empregou em nenhum momento os nomes
científicos estabelecidos pela classificação Lineana, utilizando apenas os
nomes vulgares com que as plantas eram conhecidas e sem preocupar-se em
estabelecer sinonímias. Ao mesmo tempo, fez longas descrições sobre os
diferentes usos das plantas, o que está perfeitamente de acordo com o trabalho
dos botânicos naquele século. Como lembra Lilian Martins:
Na época, não bastava saber apenas o nome das plantas. Era necessário
conhecer suas propriedades, uso econômico e médico, como elas
cresciam e reproduziam, qual era o terreno adequado para isso e como
tornar os terrenos férteis
79
.
Assim sendo, discordando de certa interpretação historiográfica, “Em
poucas ocasiões, Alexandre Rodrigues Ferreira observou a natureza e as
comunidades indígenas como um naturalista setecentista, mas antes como um
leal funcionário da coroa lusitana”
80
, podemos afirmar que Alexandre não
apenas foi preparado na História Natural da época como fez uso de recursos
advindos dessa formação nos relatos que produziu sobre plantas. Já muito se
cobrou deste que é considerado o primeiro naturalista luso-brasileiro pela
79
Martins, 279.
80
Ronald Raminelli, Ciência e colonização – Viagem Filosófica de Alexandre Rodrigues
Ferreira.
41
pequena produção científica. Queremos ao menos livrá-lo de mais essa crítica
que nos parece injusta. Basta deter-se sobre alguns textos chaves da botânica
do século XVIII para podermos assegurar que a sua produção é devedora
desse contexto científico. São razões de outra ordem, especialmente
econômica e política, que explicam melhor o status de sua contribuição ao
estudo da natureza brasileira.
No próximo capítulo, veremos que essa mesma tensão entre o enfoque
botânico e utilitário, característico da produção acadêmica dos naturalistas do
século XVIII, está presente também no diário de sua Viagem Filosófica ao Rio
Negro.
42
CAPÍTULO 3
ALEXANDRE RODRIGUES FERREIRA E SEUS ESTUDOS SOBRE
PLANTAS NO DIÁRIO DA VIAGEM FILOSÓFICA AO RIO NEGRO
Alexandre Rodrigues Ferreira realizou uma grande viagem pelo Rio
Negro entre os anos de 1783 e 1786, deixando-a registrada em um diário
publicado, em 1983, com o título Diário da Viagem Filosófica ao Rio Negro,
fonte bibliográfica que serviu para a análise que será apresentada neste
capítulo. Após aquele período, ele realizou viagens pelo Rio Madeira e pelas
cercanias de Vila Bela e Cuiabá, entre 1788 e 1792
81
, da qual há poucos
registros e não será objeto de análise nesta dissertação.
O diário é dividido em duas Partes, cobrindo a viagem pelo Alto do Rio
Negro e pelo Baixo do Rio Negro. Tanto a Primeira Parte quanto a Segunda é
composta de sete “participações” (capítulos). As participações documentam
áreas por onde Alexandre e sua comitiva passaram. De um modo geral,
retratam tudo o que o naturalista observou nesses locais, como a
caracterização da população indígena, dos moradores das vilas, dos artefatos
produzidos, da agricultura local, das contas das produções obtidas com a
lavoura, da criação de gado, da fauna e da flora, dos perigos enfrentados. Tudo
sobre o cotidiano vivido por Alexandre e membros de sua comitiva foi
registrado. O próprio Alexandre nos relaciona esses assuntos no início da
Participação Primeira, escrita em Barcelos, em 17 de janeiro de 1786:
Ordenou-me Vossa Excellencia, no § 6 do officio, que me dirigio n’esta
Villa, datada de 12 de Agosto do anno próximo passado, que do estado
81
Osvaldo Rodrigues da Cunha, O naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira, 22-23.
43
presente da agricultura, e do commercio, população, e manufacturas
das povoações, que eu vizitasse e informasse a Vossa Excellencia
segundo o que eu visse e entendesse, que devia participar, para
tambem Vossa Excellencia o participar ao ministerio.
82
Rompendo com a estrutura em forma de diário que todo o livro vinha
mantendo, ao final da segunda Parte do Diário a “Participação geral do Rio
Negro” aborda também diversos temas: as denominações antigas e modernas
do rio, as observações naturais, econômicas, médicas e químicas das suas
águas, o histórico de sua navegação por portugueses e pelos “intrusos”
espanhóis, diversos aspectos de sua geografia, dos rios que nele deságuam,
dos índios e das povoações que abriga, da diversidade racial de seus
habitantes (classificados em brancos, índios e pretos), das esferas de governo
ali instituídas, da agricultura, comércio, manufaturas, clima, dietética e
enfermidades da região.
3.1 Metodologia de coleta e tabulação dos dados
Foi feita uma leitura minuciosa das 14 participações e seus anexos a
procura de anotações de Alexandre sobre as plantas. Primeiro foram marcadas
todas as menções sobre plantas e suas utilizações; em seguida, as menções
foram transcritas e tabuladas (ver Anexo), com o objetivo de serem analisadas
quanto ao tipo de enfoque empregado pelo naturalista ao falar de plantas. Na
transcrição, foi mantida a grafia e a sintaxe do texto original, conforme estão na
publicação da obra, de 1983.
82
Alexandre Rodrigues Ferreira, Viagem Filosófica ao Rio Negro, 53.
44
Ao todo foram transcritas 917 menções a plantas feitas por Alexandre
Rodrigues Ferreira ao longo do livro, que contém 774 páginas. Além dessas,
foram também transcritas 209 menções a plantas escritas por autores
diversos
83
, em documentos que estão publicados junto às participações. Estas
últimas menções servem como referência do contexto de produções da época
para comparação com o escrito por Alexandre.
Para cumprir o objetivo de analisar o enfoque empregado por Alexandre
Ferreira ao falar das plantas, procuramos identificar, para cada citação, a área
do conhecimento atual a que poderia ser afiliada. Esse agrupamento não foi
feito a priori, mas foi sendo estabelecido por nós na medida em que os dados
coletados (as transcrições de trechos sobre plantas) foram sendo analisados.
Em seguida, para cada área procuramos estabelecer subáreas que
especificassem ainda mais o domínio de conhecimento em foco.
Como em toda classificação, muitas vezes, nos deparamos com
dificuldades para estabelecer as áreas e subáreas. Assim, por exemplo,
quando Alexandre referia-se a partes das plantas, era possível classificar a
citação como pertencente à Botânica propriamente dita. Contudo, o contexto,
algumas vezes, indicava tratar-se de uma abordagem agrícola, levando-nos a
escolher essa segunda opção. Desse modo, nossa classificação procurou
sempre levar em conta o contexto, o que, nem sempre, estará representado na
tabulação completa, apresentada no Anexo, porque levaria à transcrição de
trechos muito longos.
83
São documentos escritos por: Antonio José Landi, Antonio Villela do Amaral, José Vaz de
Carvalho, Luiz José Duarte Ferreira, Marcos Joseph Monteiro de Carvalho, Joseph Ferreira
de Souza, Ifigênio da Costa, Marcelino Joseph Cordeiro, João Pereira Caldas, Frei Joseph
da Conceição e Antonio Joseph de Araújo Braga.
45
Ao longo da própria coleta de dados, outras decisões tiveram que ser
tomadas, como a de incluir menções relativas a produtos extraídos de plantas,
como, por exemplo, “pano de linho”, “pano de algodão”, “farinha de mandioca”,
“anil” etc. Novamente, para classificar essas citações, nos servimos do
contexto em que foram apresentadas.
Ao final da análise, chegamos à seguinte classificação:
Área: Botânica propriamente dita
Subáreas: Morfologia, Fisiologia e Identificação.
Área: Agricultura
Subáreas: Alimentação, Bebida, Plantação, Economia/Produtividade e
Comentários Gerais.
Área Medicina
Subárea: Plantas medicinais.
Área Geral
Subáreas: Alimentação, Bebidas, Construção, Móveis, Objetos,
Adornos/vestimentas, Têxteis, Tintura, Plantas não cultivadas,
Conservação e Comentários Gerais.
A tabulação completa está no Anexo da dissertação e a Tabela 1
apresenta uma pequena amostra:
46
TABELA 1. Menções de Alexandre Rodrigues Ferreira relativas a plantas no
Diário da Viagem Filosófica ao Rio Negro.
Planta Páginas Área Sub-área
PARTICIPAÇÃO PRIMEIRA
51-66
Erão duas horas da tarde quando passei
pela boca do rio Baruri, aoudo os
moradores d’esta villa cultivão
particularmente o café.
54 Agricultura Plantação
Das duas alvas pertencentes á fazenda
real, um de panno de linho ainda serve.
59 Geral Têxtil
A casa da residência do Reverendo
vigário [...], tem cobertura de palha, consta
de duas salas com seus dous camarins.
60 Geral Construção
Toda a semente disposta. 97 Botânica Fisiologia
Trabalho da cultura e fabrica do anil. 195 Agricultura Economia/
Produtividade
As sombras das arvores. 255 Geral Comentários
gerais
Nenhum planta mais do que a maniba
preciza para o seu sustento.
472 Geral Alimentação
O chá de ipadu. 700 Medicina Planta
medicinal
47
3.2 Análise quantitativa dos resultados obtidos
Do total de 917 menções a plantas feitas por Alexandre Rodrigues
Ferreira, encontramos 18 da área de Botânica propriamente dita, 509 da área
de Agricultura, 6 da área de Medicina e 384 que classificamos como de uma
área Geral, englobando as variadas utilidades pelas quais as plantas foram
mencionadas. Os números mostram claramente que o enfoque dado por
Alexandre ao falar de plantas é preponderantemente de caráter utilitário, tanto
relacionado à preocupações agrícolas quanto comerciais, conforme fica
bastante evidente na representação gráfica (Gráfico 1).
GRÁFICO 1. Classificação das menções a plantas por Alexandre
Rodrigues Ferreira segundo as áreas do conhecimento.
0
100
200
300
400
500
600
Agricultura Geral Botânica Medicina
Dentro de cada área, Área Botânica (AB), Área Medicina (AM), Área
Agricultura (AA) e Área Geral (AG), encontramos, os seguintes valores
48
numéricos de menções sobre plantas para cada uma das subáreas, listadas
abaixo conforme a ordem decrescente em que ocorreram:
Plantação (AA): 243
Economia/Produtividade (AA): 203
Comentários Gerais (AG): 86
Plantas não cultivadas (AG): 79
Construção (AG): 77
Objetos (AG): 49
Comentários Gerais (AA): 48
Alimentação (AG): 47
Têxteis (AG): 20
Fisiologia (AB): 15
Bebidas (AG): 8
Conservação (AG): 8
Tintura (AG): 7
Plantas medicinais (AM): 6
Alimentação (AA): 4
Adornos/vestimentas (AG): 3
Identificação (AB): 2
Morfologia (AB): 1
Móveis (AG): 1
Correspondendo à preponderância do enfoque utilitário das áreas,
marcado pela abordagem agrícola e comercial, nas subáreas destaca-se mais
49
0
50
100
150
200
250
300
Ador
n
o/V
es
ti
men
t
a
Alimentaç
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B
e
bida
Co
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n
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Fisiologia
I
de
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M
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M
ó
v
eis
Ob
jet
o
P
lan
t
a
çã
o
P
lan
t
a
Medic
in
al
Plantas Não Cultivadas
xtil
Tintura
nitidamente a preocupação com as plantas cultiváveis utilizadas nas plantações
dos indígenas e mazombos, seguidas de menções a aspectos puramente
econômicos. Também aparece claramente dos dados levantados que outros
pontos de interesse de Alexandre concentraram-se nas plantas não cultivadas,
construção, alimentação e objetos (além de comentários gerais). Todas as
demais subáreas foram tratadas de forma bem menos expressiva pelo
naturalista. Essa distribuição pode ser visualizada facilmente no Gráfico 2.
GRÁFICO 2 Classificação das menções a plantas por Alexandre
Rodrigues Ferreira segundo as subáreas do conhecimento.
Em suma, em todas as participações encontramos menções a plantas e,
como mostra a análise quantitativa, a área sobre a qual mais recaiu o interesse
de Alexandre Rodrigues Ferreira ao tratar das plantas foi a Agricultura, com
destaque para a subárea de Plantação. Ao final deste capítulo, procuraremos
50
dimensionar alguns aspectos que dão significado a essa prioridade em relação
às demais áreas e subáreas.
Por ora, adiantamos nosso entendimento de que se trata, de fato, de um
olhar sobre as plantas que privilegia a temática agrícola, sem que isso implique
que as demais dimensões do estudo das plantas não fossem importantes para
o naturalista luso-brasileiro que estudou em Coimbra. Justamente, a sua
formação em Coimbra habilitou-o a realizar estudos diversos, tanto é verdade
que eles aparecem em nossa tabulação. Assim sendo, julgamos essencial
retratar em maior detalhe em que consistiu o tratamento dado por Alexandre
dentro dos diversos enfoques, como passaremos a descrever na próxima
seção.
3.3 Análise contextual dos resultados obtidos
3.3.1 Área da Medicina
Como vimos no levantamento de dados, foram poucas as menções de
Alexandre quanto ao uso medicinal das plantas. Apesar de ainda estar
associado aos estudos dos vegetais, a atenção ao uso particular de uma planta
ou de suas partes para a preparação de drogas medicinais foi deixando de ser
de interesse dos botânicos, ao longo do século XVIII. Vimos no capítulo 1, que
foi questão advogada por naturalistas como Lineu, que o estudo da morfologia,
da anatomia, da fisiologia e da taxonomia das plantas ganhasse independência
dos estudos médicos. Essa esperada autonomia da Botânica não ocorreu
repentinamente, como sabemos. Em Coimbra, vimos que foi criado um Jardim
51
Botânico ao lado da Universidade para atender ao curso de Medicina. Mas,
também vimos que o professor da disciplina de História Natural, Vandelli,
adotou a cartilha lineana o que torna bastante legítimo supor que suas aulas
sobre os vegetais focaram aspectos botânicos propriamente ditos, e não a
temática da farmacopéia médica. Assim, não é de estranhar a menção sobre
plantas medicinais que ocorre na quarta participação da primeira parte do
Diário, onde Alexandre faz uma alerta sobre o:
Abuzo do negocio das drogas do certão em prejuízo da agricultura
84
.
Mais a frente, Alexandre cita a “aiapana”, usada como antídoto contra
cobras
85
. Ferreira chama a atenção para um óleo produzido pela planta “umiri”
em relação a sua propriedade medicinal:
A’ medicina particularmente interessa n’estas substâncias, e a V. Ex.
não resulta menos honra de proteger a esta do que ás outras
faculdades naturaes
86
.
3.3.2 Área da Botânica
As abordagens de Alexandre que classificamos como propriamente
botânica variaram segundo as três especializações cujo desenvolvimento, ao
longo do século XVIII, contribuiu para a emancipação da disciplina: as
descrições morfológicas e a identificação, os dois ramos derivados da
botânica renascentista e que constituíram núcleo central da taxonomia
84
Ferreira, 125.
85
Ibid., 129.
86
Ibid., 147.
52
lineana, e a fisiologia, cujos estudos se desenvolveram no próprio século
XVIII. Preponderantes na terceira participação da parte primeira, assim
encontramos as falas de Alexandre na área da Botânica:
Ora, ainda que a chuva demasiada e intempestiva não obrasse
emmediatamente sobre as raízes das plantas, como deve obrar nas
terras alagadiças, e como provão que obrára as poucas raízes de
maniba, de outros modos diminue a fructificação; apodrecendo os
rudimentos dos fructos germinados quebrando os pedúnculos das
flores, e lavando o pollen que vivifica o fructo
87
.
Em sua maioria, as abordagens fisiológicas estão relacionadas ao
crescimento da planta, às condições do terreno em que ela se encontra
(especialmente quanto a ser seco ou alagadiço), época de floração e
frutificação. Como ocorreu nas Memórias analisadas no capítulo 2, na
passagem acima, testemunhamos o uso que Alexandre faz de termos técnicos
que já eram usados no século XVIII para a descrição das partes das plantas,
como “frutificação”, “pedúnculo” e “pólen”. O mesmo pode ser observado na
passagem que se segue:
Plantas, cujas raizes, troncos, ramos, folhas, flôres, fructos, gomas
88
.
Ainda na área da Botânica, classificamos como subárea Identificação
passagens em que o naturalista indica o critério pelo qual pode distinguir entre
espécies próximas, como a que o naturalista distingue tipos diferentes de
maniba:
87
Ferreira, 62. (sem grifos no original)
88
Ibid., 594.
53
Distinguem umas das outras pela grossura das suas raízes, or durarem
mais ou menos debaixo da terra, por esgalharem muito ou pouco, por
fazerem a farinha branca, ou amarella, e assim dizem que a Urumahy
chega a durar quatro annos, que passados dous, ainda se conserva
verde; que de nove mezes já póde comer
89
.
Já é conhecido o fato de que Alexandre Rodrigues Ferreira fez pouco
uso da nomeação e classificação lineana em seus escritos, não só de Botânica,
como também de Zoologia
90
. Nas memórias e nos diários analisados nesta
pesquisa, notamos que ele não se preocupou em utilizar a nomenclatura
lineana, referindo-se às plantas unicamente pelos nomes indígenas ou os que
foram atribuídos pelos portugueses na região. Entendemos que isso não
significa, contudo, que ele não conhecesse a taxonomia proposta pelo
naturalista sueco. Acreditamos, como outros comentadores já argumentaram
antes de nós, que ele não o fez, talvez, devido a não possuir literatura
suficiente à mão, talvez, por não ter tido tempo para mais essa tarefa entre as
tantas que lhe cabiam durante o período no Brasil, talvez, simplesmente por
não ter interesse nessa área. Neste último aspecto, não estaria sozinho. É bem
conhecido o fato de que os naturalistas do século XVIII que voltavam suas
atenções para a fisiologia dos seres vivos e chegavam a desprezar o trabalho
dos “nomencladores” e classificadores. Dentre alguns dos mais famosos da
época, o italiano Lazzaro Spallanzani encarnou de forma radical a sua aversão
à taxonomia, especialmente a proposta por Lineu
91
.
De qualquer forma, encontramos nos diários uma citação a Lineu em
“Advertências”, da participação quinta da primeira parte, em que descreve os
minerais:
89
Ferreira, 377.
90
Maria Elice Brzezinski Prestes, A investigação da natureza no Brasil Colônia, 84-86.
91
Maria Elice Brzezinski Prestes, A biologia experimental de Lazzaro Spallanzani (1729-1799),
21.
54
Si estas pedras do Tiquié, que, depois de fundidas e examinadas
mostrarão ser de prata... que umas e outras devem ser reduzidas à
natureza das pirites, que é o gênero, que lhes compete na Mineralogia
de Líneo
92
.
3.3.3 Área da Agricultura
Vimos na análise quantitativa que, acima de tudo, Alexandre Rodrigues
Ferreira observou as plantas sob a ótica de sua importância para a Agricultura.
Nesse aspecto, Alexandre não poderia ter seguido mais de perto as instruções
de seu tutor Vandelli sobre a necessidade de “viagens filosóficas” no Reino e
suas conquistas:
Que esta viagem há-de contribuir muito para o aumento da agricultura,
e perfeição das artes não se pode negar; pois só desta sorte se pode
conhecer o que o nosso país tem, e o de que é capaz. Ora se são úteis
as viagens feitas nos reinos estranhos, como todos os dias
observamos, e se nós mesmos temos mandado a eles alguns filósofos
nossos, quanto não será mais interessante uma viagem feita no nosso
país
93
.
Seu olhar nessa área procurou discriminar as plantas usadas na
alimentação, bem como as que serviam à preparação de bebidas,
essencialmente alcoólicas, mas também para infusões de chás, sucos de frutas
ou “garapas da cana, dos beijus-guaçus, do cação, do café
94
”. Alexandre
menciona também o guaraná, consumido como bebida após ser torrado e
moído é misturado a água. Essa bebida poderia provocar em alguns “vigília”
95
.
92
Ferreira, 206.
93
Vandelli apud Prestes, M.B. A investigação da natureza no Brasil Colônia, 77.
94
Ferreira, 701.
95
Ibid., 700
55
Na participação quinta da primeira parte do Diário foi encontrado o maior
número de menções a plantas cultivadas, como a salsa, arroz, café, cacau,
milho, feijão, maniba, algodão, piassaba, anil e outras. Na primeira
participação, lemos:
Os moradores brancos avanção a algum cacáo, arroz, algodão, milho,
feijão, etc; o consumo, porém de suas lavouras consiste igualmente na
maniba e no café
96
.
Sobre as culturas, Alexandre retrata vários aspectos relacionados às
práticas de cultivo, problemas como pragas e animais que destroem a
plantação, a importância da lavoura para a região e para subsistência dos
moradores, cultivo de espécies ao longo de rios. Em relação ao tipo de cultura
Rodrigues observou na Primeira Participação:
Erão duas horas da tarde, quando passei pela boca do rio Baruri,
aonde os moradores d’esta Villa cultivão particularmente o café
97
.
O café é sem dúvida, na participação primeira o gênero que parece
indicar a maior importância econômica para a região, mas não o único produto
de interesse. Na citação a seguir lemos a menção ao café indicando a
importância de seu cultivo:
Vêem, que o café é gênero lucrativo para os brancos e elles que já hoje
estimão a camisa de Bretanha com seus punhos, o calção de tafetá
encarnado, o chapèo á nossa moda, sob pena de não irem á missa nos
dias do preceito, quando se envergonhão de não terem a tal farça,
elles, digo eu, não deixão de trabalhar o que pódem, e o que se lhes
permite, para a adquirirem
98
.
96
Ferreira, 62.
97
Ibid., 54.
98
Ibid., 62.
56
A última participação do Diário teve a alimentação destacada por
Alexandre com um número maior de citações, onde aparecem as variedades
de mandioca, e as diversas formas pelas quais são utilizada na cozinha local, o
milho, vários tipos de pimentas, cravo, além de muitas frutas como limão,
jambo, tamarindo, figo, laranja, coco, ata, ananás, entre outras.
Alexandre Rodrigues Ferreira indicou também problemas enfrentados
pelos agricultores com a lavoura ocasionados por excesso ou falta de chuva,
pragas e animais que destroem a plantação, como no trecho abaixo:
O arroz por outra parte padece o inconveniente de ser devorado pelas
araúnas, que são certos pássaros como os melros do reino
99
.
Algumas vezes, o naturalista escreveu sobre as práticas de cultivo dos
habitantes locais, que permitem entrever o que hoje denominamos técnicas
tradicionais de manejo:
Para evitarem o demasiado calor, costumão abrigar os cafezeiros á
sombra dos ingazeiros
100
.
Vimos também que grande parte da atenção de Alexandre concentrou-
se nos aspectos econômicos relativos à exploração tanto de plantas cultivadas
quanto de plantas silvestres que poderiam ser coletadas. Assim, fez alusão a
dezenas de plantas que serviriam economicamente, como, entre outras, o
cação e o café, paus e cipós diversos e bálsamos, anil, tabaco, palmeiras,
castanhas, gergelim, o cânhamo e o algodão. Além disso, discutiu aspectos
99
Ferreira, 63.
100
Ibid.
57
relacionados à sua produtividade e, com regularidade ao longo do diário,
inventariou a produtividade obtida em culturas de diferentes espécies em
diversas regiões e “terrenos”. Mencionava as arrobas obtidas de tabaco, de
milho, de café, as libras de anil, os pés de cação, muitas vezes relacionando
com a extensão da terra em que eram cultivadas, como nas menções a seguir:
Vi um cacoal seu, aonde haviam bons 16.000 pés de cacau
101
.
De café tinha chegado a colher 175 arrobas
102
.
60 arrobas de cacau; porém no anno de 1785 não tirou mais do que 22
de café
103
.
Por fim, deixamos também na área da Agricultura, entre os Comentários
Gerais, todas as demais menções respectivas a diversos tratamentos que não
os anteriores. Destaca-se, por exemplo, a menção a espécies introduzidas
pelos europeus, ou transplantadas de outras regiões da colônia, como se lê
abaixo:
Couves que haviam introduzido os Missionarios, eram a murciana,
lombarda, trochuda, e galega
104
.
Das sementes, que do Mato-Grosso foram remetidas
105
Outras vezes, mostrou-se ciente do que era espécie exótica, como na
passagem:
Caroços de mangas e das mais frutas do Oriente
106
.
101
Ferreira, 533.
102
Ibid., 533.
103
Ibid., 535.
104
Ibid., 383.
105
Ibid., 384.
58
Ao fim da participação quarta da primeira parte há um anexo: “Memória
sobre a Introdução do Arroz Branco no Estado do Grão-Pará”, em que o
naturalista trata da introdução do arroz branco, já que na região só havia um
“arroz vermelho”. Nessa memória Alexandre trata do início do cultivo de
sementes de arroz branco, trazidas da Europa, e da introdução de máquinas
para os moinhos para limpar e descascar o arroz.
3.3.4 Área Geral
Como última área, agrupamos todas as menções de caráter certamente
econômico, não relacionadas diretamente à Agricultura, mas a um amplo leque
de utilidades a que as plantas eram referidas. Reaparecem aqui as sub-áreas
Alimentação e Bebidas, assim como um grupo misto que também chamamos
de Comentários Gerais. Fora esses, reunimos as plantas conforme seus usos
fossem relacionados à Construção (de habitações e outras edificações, de
pontes, de barcos); à fabricação de Móveis e de Objetos; à produção de
Adornos e vestimentas; à utilização da produção de matérias Têxteis e de
Tinturas. Também deixamos nesta área as menções a Plantas não cultivadas e
questões relativas à Conservação das espécies.
As Plantas não cultivadas foram mencionadas com bastante relevância
com exceção da participação sexta da segunda parte, sem menções para esse
assunto. Termos como “mato” e “capim” foram bastante usados por Alexandre,
deixando transparecer que os tomava como desafios à civilização dos
106
Ferreira, 385.
59
povoados. Há situações em que o naturalista conta sobre o incômodo do
excesso de capim e sobre o mato que aumentavam os riscos de se deparar
com animais perigosos como onças, como nos trechos abaixo:
A povoação e em geral póde-se assim dizer, que está capinada, porque
o capim ainda não impede a passagem
107
.
O mato está tão longe da povoação, e as onças tão pouco atrevidas,
que não á tempo, que os rapazez derão fé de uma, que estava de noite
á porta do director.
108
Também mencionou diversas plantas nativas como “piassaba”, “salsa”,
“puxeri”, guaraná, pau-vermelho, o anil bravo, o “ubim”, além das nativas
adotadas na agricultura local:
O que erão o algodão, o urucu, o cacáo, etc, serião arbustos silvestres
antes de os cultivarem! Apenas tratamos d’elles e os chamamos para
os nossos quintaes e para as nossas roças, immediatamente vimos os
algodoaes, cacoaes, etc. que dentro das nossas casas estamos
desfrutando, mas estas são plantas indegenas, que nenhuma
admiração cauzão, si vivem dentro do mesmo paiz
109
.
Em alguns momentos Ferreira citou as plantas sem determinar um uso,
mas simplesmente mostrando sua presença numa região ou outra, indicando
uma certa atenção quanto à distribuição das plantas, e que foi muito explorado
no século XVIII na publicação de herbários com floras locais.
Ao final das participações primeira, segunda e terceira, da primeira
parte, e participações segunda, quarta e sexta, da segunda parte do Diário,
Ferreira relacionou um “mapa” que quantifica a população de moradores e a
107
Ferreira, 61.
108
Ibid., 63.
109
Ibid., 129.
60
produção de farinha, café, cacau, arroz, salsa, puxeri e milho, além das
cabeças de gado existentes.
Quanto à utilização de plantas em moradias, temos a “palha”
mencionada diversas vezes como cobertura de casas. O termo “madeira” foi
usado também quando mencionado a utilização de plantas em moradias para
teto de armazém e para portas
110
, mas somente na participação sexta Ferreira
escreveu sobre o tipo de madeira utilizada:
Construio os dous baluartes da frente, a cortina d’elle e as dos lados,
de estacaria das madeiras de imbirarema, guaruba, massaranduba,
paricarana, umirizeiro, etc., supposto que não fôrão de dura as que
empregou, exceptuando a massaranduba e a paricarana, fôrão
comtudo as que mais perto acharão.
111
Das menções sobre a confecção de tecidos, tratou do “linho de
cânhamo” e do algodão. Das tinturas, tratou especial e abundantemente do
anil.
Quanto à conservação, a participação quarta apresenta a maior
concentração de menções. Alexandre associa a conservação com as
proibições feitas pela Corte para a exploração de algumas espécies cuja
destruição já se fazia sentir, como era o caso da salsa, do cravo e da
copaúba
112
. Trata-se de uma genuína preocupação conservacionista, mas
calçada na perspectiva econômica, sem qualquer relação, com o enfoque
ecológico desenvolvido no século XX que toma o desaparecimento de uma
espécie como nocivo ao ecossistema em que está inserida
113
.
110
Ferreira, 60.
111
Ibid, 264.
112
Ferreira,127.
113
Conforme discussão já apresentada em Prestes, M.E.B., A investigação da natureza no
Brasil Colônia, 129-138.
61
3.4 Outros autores
Na publicação do Diário, há diversos documentos inseridos na
publicação que não foram escritos por Alexandre Rodrigues Ferreira. Tratam-
se, de cartas enviadas ao naturalista durante sua viagem. Dentre essas,
destaca-se a carta enviada por Antonio Villela do Amaral que faz parte do
Suplemento a Participação do Rio Negro presente na última participação do
Diário. Neste documento, Amaral envia a Ferreira, um “pequeno tratado da
agricultura particular do Rio-Negro, segundo a minha experiencia tem podido
descansar, desde que sou morador estabelecido n’esta vila”
114
. Villela do
Amaral relata plantas cultivadas na região onde residia para fins econômicos,
como maniba, arroz, milho, feijão, café, cacau, cana, tabaco, algodão e anil, e
também hortaliças, raízes que se comem (batata, cara, tamatarana, uareha,
taioba), frutas mansas e silvestres (mamão banana, pupunhas, cocos, abio,
caju cultivado, ingá, biriba, ata, araticun, laranja doce e azeda, limão doce e
azedo, cobios, sorvas e umaris).
Sobre as menções de plantas feitas por Amaral, há trechos dissertativos
sobre as plantas citadas anteriormente. De forma geral, esses trechos fazem
comentários gerais sobre as plantas, descrevendo a forma, o sabor e em
algumas vezes comparando-se o vegetal a outra planta conhecida. Sobre a
Agricultura, encontramos comentários sobre a presença ou não de cultivo de
determinado gênero e presença de pragas.
114
Ferreira, 720.
62
Nesse mesmo suplemento, Alexandre Rodrigues Ferreira escreveu ao
médico Antonio Joseph de Araujo Braga onde pediu auxílio para ajudar os
enfermos que encontrava em sua viagem. Por esse motivo, no documento
escrito por Braga, então, encontramos o maior número de menções de plantas
referindo-se a Medicina, num total de 37 menções. Os documentos feitos por
Alexandre apresentaram somente 6 menções em todo se diário.
Na tabela a seguir, observamos os resultados das Áreas usadas por
diferentes autores para mencionar plantas.
GRÁFICO 3 - Classificação das menções a plantas por diversos autores
segundo as áreas do conhecimento.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Agricultura Medicina Botânica Geral
Observamos que a área Agricultura, apesar de estar em número menor
de menções que a área Geral, apresenta-se bastante expressiva, o que ocorre
com as menções feitas por Alexandre em seu diário.
63
3.5 Considerações sobre o Diário
Mesmo como naturalista a serviço da Coroa, Alexandre Rodrigues
Ferreira apresentou um relato condizente com o saber científico da época.
Como seria de se esperar, considerando o contexto da produção botânica do
período, Alexandre descreveu as várias utilidades das plantas e a inserção
dessas na vida dos habitantes da região por onde passou e não somente um
interesse de caráter meramente administrativo e econômico na qual os mapas
presentes no final de cada participação se fariam suficientes, já que resumiam
as produções, lucros e prejuízos obtidos com as lavouras. As menções mais
freqüentes às plantas são as referentes as que aqui foram classificadas como
da Área Agricultura, sub-área Plantação, envolvendo colheita, efeitos
climáticos, terreno, plantio e problemas com pragas. Podemos então afirmar
que o naturalista mostrou aí sua preocupação com a agricultura exatamente
como aprendeu de seu professor Vandelli. Descreveu como a cultura agrícola
era feita nas regiões por onde passou: os tipos de agricultura desenvolvidos
pelos colonos e pelos índios. As descrições também revelaram o interesse de
Ferreira em mostrar a utilidade das plantas para os habitantes das regiões do
Alto Rio Negro.
Encerramos este capítulo, pontuando, mais uma vez, nossa
discordância em relação a certa historiografia que reduz os relatos de
Alexandre a “principalmente questões agrícolas e administrativas.”
115
. O que
encontramos no levantamento minucioso das menções aos vegetais ao longo
do Diário da Viagem pelo Rio Negro, análise essa pautada pelo contexto
115
Américo Pires Lima, O Dr. Alexandre Rodrigues Ferreira, 11.
64
científico da época, conforme exposto no capítulo 1, é que as menções de
Ferreira sobre plantas vão muito além de descrições voltadas aos interesses
administrativos. Podemos encontrar no texto de Alexandre, o olhar e análise de
um naturalista formado segundo a escola fisiocrática que propunha a
Agricultura, e não o comércio (mercantilismo), como mola propulsora do
crescimento do Reino português.
65
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O diário e as memórias deixadas por Alexandre Rodrigues Ferreira nos
forneceram um rico material para realizarmos nossa análise do tipo da
produção científica empreendida pelo naturalista no domínio dos estudos das
plantas. A nossa opção por um trabalho “empírico”, calçado no levantamento
sistemático de dados obtidos junto ao texto original de Alexandre, forneceu
evidências suficientes para servirem de guia a nossas conclusões.
Os relatos de Alexandre nos mostram que seu trabalho estava de acordo
com a formação que ele recebeu na Universidade de Coimbra, conforme visto
no capítulo 1, e com o contexto científico da época, como vimos no capítulo 2,
ao analisarmos as suas memórias sobre Botânica.
Apesar das transformações porque passava naquele século, o saber
científico sobre as plantas era pautado por suas utilidades – e, especialmente,
os usos agrícolas, em certa medida, devido à propaganda das idéias
econômicas relacionadas à Fisiocracia. As descrições de plantas envolvendo
sua utilidade eram comuns na época. A maioria das obras sobre plantas
abordavam seus usos médico e agrícola. Apesar dos clamores de Lineu e de
outros naturalistas pela autonomia da Botânica, isso só ocorreu timidamente ao
longo do século. Até mesmo a adoção da taxonomia lineana demorou a ser de
uso universal.
Desse modo, pontuamos em passagens do capítulo 2 e do capítulo 3 a
nossa discordância com relação a interpretações historiográficas que reduzem
a importância do trabalho científico de Alexandre. Conforme o exposto em
nossa análise, tais comentários, nos parece, ignoram por completo o contexto
66
científico da época, ou seja, ignoram como se caracteriza a Botânica do século
XVIII.
Esperamos ter indicado ao longo desta dissertação que o modo e os
objetivos perseguidos por Alexandre Rodrigues Ferreira ao falar das plantas da
Amazônia estavam bastante relacionados à formação botânica obtida em
Coimbra. Também procuramos indicar que essa orientação estava
relativamente bem sintonizada com a produção contemporânea em outros
países europeus, de modo que seu fazer botânico não se distanciava
significativamente da Botânica da época.
67
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70
Utilidade dos Jardins Botancicos: que offerece a Raynha D. Maria I. Nossa
Senhora. Coimbra: Real Officina da Universidade, 1788.
71
ANEXOS
72
Anexo 1 - Menções de plantas por Alexandre Rodrigues Ferreira
Planta Página Área Subárea
1ª PARTE: ALTO DO RIO NEGRO 43-295
Participação primeira 51-66
Moradores d’esta villa cultivão
particularmente o café.
54 Agricultura Plantação
A maniba, e o café, são os dous gêneros
que principalmente constituem o fundo
das suas lavouras.
54 Agricultura Plantação
Aos que tem plantado e cultivado o cacáo
não tem até agora correspondido a
colheita: as terras...
55 Agricultura Plantação
Das duas alvas pertencentes á fazenda
real, um de panno de linho ainda serve;
59 Geral Têxtil
Tem cobertura de palha, consta de duas
salas com seus dous camarins;
60 Geral Construção
Do estrago, que nas madeiras faz o
cupim.
60 Geral Construção
Nem ordinariamente casa, que tenha
portas de madeira.
60 Geral Construção
Porque o capim ainda não impede a
passagem.
61 Geral
Plantas não
cultivadas
A agricultura dos indios consiste em
maniba e algum café;...
62 Agricultura Plantação
Vêem, que o café é genero lucrativo para
os brancos.
62 Agricultura
Economia /
Produtividade
Os moradores brancos avanção a algum
cacáo, arroz, algodão, milho, feijão, etc.
62 Agricultura Plantação
O consumo porém de suas lavouras
consiste igualmente na maniba e no café.
62 Agricultura Alimentação
Nas terras da costa fronteira é, que
cultivão o cacáo, porque n’ellas também é,
que se dá melhor.
62 Agricultura
Economia /
Produtividade
Com tudo, passados dous annos,
sobrevèm o lagartão, que o mata: a
maniba, o arroz, e o milho dão-se bem; o
café nasce, cresce e fructifica, mas não
tanto como em outras partes;
62 Agricultura Plantação
Donde se seguio, que não só o café, mas
tambem a maniba do anno passado.
62 Agricultura
Economia /
Produtividade
Porque João do Rosário, que no outro
anno havia colhido 52 arrobas de café.
62 Agricultura
Economia /
Produtividade
Sobre as raízes das plantas, como deve
obrar nas terras alagadiças, e como
provão que obrára as poucas raizes de
maniba, de outros modos diminue a
fructificação;
62 Botânica Fisiologia
73
... Apodrecendo os rudimentos dos fructos
germinados, quebrando os pedunculos
das flores, e lavando o pollen que vivifica
o fructo.
63 Botânica Fisiologia
Para evitarem o demasiado calor,
costumão abrigar os cafezeiros á sombra
dos ingazeiros.
63 Agricultura Plantação
O arroz por outra parte padece o
inconveniente de ser devorado pelas
araúnas, que são certos passaros como
os melros do reino.
63 Agricultura Plantação
Occasiões tem havido, em que as
mesmas roças de maniba tem sido
destruídas a final por uma innumeravel
multidão de porcos, que ali chamão
taiaçus.
63 Agricultura Plantação
O mato está tão longe da povoação. 63 Geral
Plantas não
cultivadas
Produzir de maniba, arroz, feijão e milho,
e ainda de algodão e café,
63 Agricultura
Economia /
Produtividade
Manufactura do anil; 63 Agricultura
Economia /
Produtividade
De anil a 700 réis até 1 100 réis, dizião até
agora, que absolutamente nada, não
temos gente (erão as suas escuzas) e
ainda que a tivéssemos, emquanto
ganhamos de uma libra de anil.
64 Agricultura
Economia /
Produtividade
Havendo produzido:
Farinha .......... 2359 alqueires.
Café ........... 56 arrobas e 7 libras.
Cacáo .......... 49 arrobas e 15 libras.
Arroz ........... 26 alqueires.
Milho ............60 alqueires.
65 Agricultura
Economia /
Produtividade
Participação segunda 67-86
Interrompidos por capoeiras de mato. 71 Geral
Plantas não
cultivadas
Pés das frondes da palmeira muriti. 72 Geral Móveis
Uma caixa de madeira. 72 Geral Objeto
Alvas de panno de linho. 72 Geral Têxtil
É terrea e coberta de palha. 72 Geral Construção
Com seu forro de ripas de Jussara. 72 Geral Construção
É térrea e coberta de palha. 73 Geral Construção
Tanto o madeiramento superior. 73 Geral Construção
Como a cobertura de palha estão
arruinadas.
73 Geral Construção
Madeiramento da que propriamente é
casa.
73 Geral Construção
Sustenta o peso da cobertura de palha. 73 Geral Construção
Pão de farinha de trigo, mas de farinha de
mandioca.
76 Geral Alimentação
E corte das madeiras para a carga das
xarruas
78 Geral Objeto
Arrobas de algodão. 79 Agricultura
Economia /
Produtividade
74
Todos os mais não fazem pouco, si
plantão a maniba
79 Agricultura Plantação
Os moradores brancos cultivão
igualmente o café, pouco cacáo, pouco
milho, e pouco feijão;
79 Geral Alimentação
Cacáo; cocoáes; cacoeiro. 79 Agricultura Plantação
Que havião disposto bons cocoáes. 79 Agricultura Plantação
Virão sim crescer cada caoeiro. 79 Agricultura Plantação
O café produz bem. 79 Agricultura
Economia /
Produtividade
O arroz não o colhem. 79 Agricultura Plantação
Terras adjacentes para a maniba. 79 Agricultura Plantação
Quanto ao anil. 80 Agricultura Plantação
Cobrindo de anil todo o roçado. 81 Agricultura Plantação
Se faz bom anil. 81 Agricultura Plantação
Distinguir em anil. 81 Agricultura Plantação
A maniba do seu sustento. 81 Agricultura Plantação
Tirar no anil para o comprar. 81 Agricultura
Economia /
Produtividade
Se faz da piassaba. 81 Agricultura
Economia /
Produtividade
Fiados no uambé e no timbó-tiririca. 82 Geral
Plantas não
cultivadas
Mas internar-se pelo mato a piassaba. 82 Geral
Plantas não
cultivadas
Em se internando igualmente o timbó. 82 Geral
Plantas não
cultivadas
Nem a piassaba haverá. 82 Geral
Plantas não
cultivadas
Cultura do arroz e maniba. 82 Agricultura
Economia /
Produtividade
14 arrobas de cacáo. 82 Agricultura
Economia /
Produtividade
2 arrateis de salsa. 82 Agricultura
Economia /
Produtividade
Nem de panno nem de redes de algodão 82 Geral Têxtil
Farinha
Café
Anil
Cacáo
Salsa
puxeri
84 Agricultura
Economia /
Produtividade
Participação terceira 87-99
Campina interceptada por capoeiras de
mato.
90 Geral
Plantas não
cultivadas
Constava de infinitas goiabeiras. 90 Geral
Plantas não
cultivadas
Motivo de estar coberta de palha. 91 Geral Construção
Também é de muriti pintado. 91 Geral Objeto
Uma caixa de madeira. 91 Geral Objeto
Umas de panno de linho. 91 Geral Têxtil
Cafezal para a povoação. 93 Agricultura Plantação
Cacoal, o arrozal. 93 Agricultura Plantação
75
Maniba, o café, e o cacáo. 93 Agricultura Plantação
Tinha um soffrivel cafezal. 94 Agricultura Plantação
Cultivão a maniba. 94 Agricultura Plantação
Alguns pés de café. 94 Agricultura Plantação
O milho, o feijão e outros legumes. 94 Agricultura Plantação
Desprezo de piassaba 94 Agricultura Plantação
Propagação d'esta palmeira. 94 Agricultura Plantação
Uma arroba de salsa. 95 Agricultura
Economia /
Produtividade
Cestos de palhinha. 95 Geral Objeto
Cultivar o anil. 95 Agricultura Plantação
Cobertos de pés de anil. 95 Agricultura Plantação
Estava nascido o anil. 96 Agricultura Plantação
Abrigada a semente. 96 Agricultura Plantação
Não erão amostras de anil. 96 Agricultura
Economia /
Produtividade
Bastante pés de anil inculto. 96 Agricultura Plantação
Cultivar boa planta. 96 Agricultura Plantação
Manufacturar o melhor anil. 96 Agricultura
Economia /
Produtividade
Recolher as sementes. 96 Agricultura Plantação
Descasca o arroz. 97 Agricultura Plantação
As raízes entrelaçadas. 97 Botânica Fisiologia
Toda a semente disposta. 97 Botânica Fisiologia
Semente descoberta. 97 Botânica Fisiologia
Com que esta planta suspira. 97 Botânica Fisiologia
Planta de podridão. 97 Botânica Fisiologia
Pallidez das folhas. 97 Botânica Fisiologia
Apoderasse das raízes. 97 Botânica Fisiologia
Córte da planta. 97 Botânica Fisiologia
Acido do limão. 98 Geral
Comentários
gerais
Cobertos de palha. 99 Geral Construção
Respeito do anil. 99 Agricultura Plantação
Semente de linho de canhamo. 99 Agricultura Plantação
Participação quarta
103-
131
Tem boas casas e mais um cafesal. 105 Agricultura Plantação
A cobertura é de palha. 108 Geral Construção
As portas são de madeira. 108 Geral Objeto
Balaustrada de madeira. 108 Geral Objeto
Cobertos de palha. 108 Geral Construção
Esteiras de taboca. 108 Geral Objeto
Das suas terra serem estereis para a
maniba.
109 Agricultura Plantação
Extracção das madeiras . 109 Agricultura Plantação
Promptificação das madeiras. 109 Agricultura Plantação
Por mais milho que se lhes deite. 111 Geral
Comentários
gerais
Si a maniba não fôsse o seu pão. 111 Agricultura Alimentação
Alguns pés de algodão. 111 Agricultura Plantação
Produzir o café, o arroz, o milho o feijão, o
anil, etc.
115 Agricultura Plantação
76
Cultivar o anil. 115 Agricultura Plantação
Fabricar o anil. 115 Agricultura
Economia /
Produtividade
Factura do dito anil. 115 Agricultura
Economia /
Produtividade
Fabrique anil. 115 Agricultura
Economia /
Produtividade
Uma arroba de anil. 115 Agricultura
Economia /
Produtividade
Escorrer o anil. 116 Agricultura
Economia /
Produtividade
Plantado o anil dizia elle, que por não ter
tido semente.
116 Agricultura Plantação
A arroba de anil. 116 Agricultura
Economia /
Produtividade
Factura do anil. 116 Agricultura
Economia /
Produtividade
Remetter-me algum anil. 116 Agricultura
Comentários
gerais
Outro encargo do anil. 117 Agricultura
Comentários
gerais
Semente de linho canhamo. 117 Agricultura Plantação
D'ella está a salsa. 117 Geral
Plantas não
cultivadas
Margem austral ha o puxeri 117 Geral
Plantas não
cultivadas
Tirar salsa dez indios 117 Agricultura Plantação
Extracção da salsa e do cacáo 117 Agricultura Plantação
O arroz, o anil o algodão, e o café 117 Agricultura Plantação
Colher a salsa, o cravo, a capaúba 119 Agricultura Plantação
Roçado do mato. 119 Geral
Plantas não
cultivadas
Se vendeu o cravo. 120 Agricultura
Economia /
Produtividade
Produzir o cacáo. 121 Agricultura Plantação
Dão os cacoaes. 121 Agricultura
Economia /
Produtividade
Menos cacáo. 121 Agricultura
Economia /
Produtividade
Recolhendo dos cacoaes plantados. 121 Agricultura Plantação
Colher o cacáo. 122 Agricultura Plantação
Plantarem cacoaes. 122 Agricultura Plantação
Colheita do cacáo. 122 Agricultura
Economia /
Produtividade
Sendo então o cacáo. 122 Agricultura Plantação
Cacáo de natureza, que só de cinco para
seis annos se colhe das arvores.
123 Agricultura Plantação
Café e do anil. 123 Agricultura Plantação
Café da capitania. 123 Agricultura
Comentários
gerais
Era fructo, que se não produzia
incultamente no mato do certão.
123 Geral
Plantas não
cultivadas
Cultura do café, mas também para a do
anil.
123 Agricultura Plantação
77
Proporcionassem as sementes. 123 Agricultura
Economia /
Produtividade
Davão a salsa, o cravo, a cupaúba. 126 Agricultura
Economia /
Produtividade
Cacáo, que não deve ser escolhido em
quanto verdes ou inxados os fructos.
126 Agricultura Plantação
Tirado dos cacaos. 126 Agricultura Plantação
De as sementes em quanto verdes. 126 Agricultura Plantação
De não ficar nos cacoeiros. 126 Agricultura Plantação
A salsa, que facilmente se reproduz,
quando as suas raizes.
126 Agricultura Plantação
E a chamada mamaiapoca. 126 Agricultura Plantação
A salsa, digo eu, é violentamente
arrancada.
126 Agricultura Plantação
Dependurados as arvores, ou queimarem
as partes da planta.
126 Agricultura Plantação
O cravo, que não deve ser tirado das
arvores.
127 Agricultura Plantação
Com o louro da vargem. 127 Geral
Comentários
gerais
A tirar casca do páu cravo. 127 Geral Conservação
Tirado das arvores. 127 Geral Conservação
Arvores novas. 127 Geral Conservação
Sob pena de perderem o cravo. 127 Agricultura Plantação
O mesmo digo da copaúba. 127 Geral Conservação
O cravo já fica visto. 127 Geral
Comentários
gerais
Da salsa vejo eu no jardim. 127 Geral
Comentários
gerais
Tiravão a salsa. 128 Agricultura Plantação
Cultivar as plantas uteis do paiz. 128 Agricultura Plantação
O cuidado de tratar dos pés da salsa,
como também da piassaba.
128 Agricultura Plantação
Do guaraná, que tantos indios distrai das
povoações para o tirarem do mato
observei infinitos pés fructificados.
129 Geral
Plantas não
cultivadas
A planta aiapana. 129 Medicina Planta Medicinal
O que erão o algodão, o urucú, o cacáo,
etc serião arbustos.
129 Geral
Plantas não
cultivadas
Vimos os algodoaes, cacoaes, etc. 129 Agricultura Plantação
Estas são plantas indígenas. 129 Geral
Plantas não
cultivadas
D'elle não era o café. 129 Agricultura Plantação
Trouxe a semente. 129 Agricultura Plantação
Primeiras sementes, que colheu, dispondo
os fructos que vendia.
129 Agricultura
Economia /
Produtividade
Se dispoem as cerejas. 129 Agricultura
Economia /
Produtividade
Antes da introdução do arroz branco. 129 Agricultura Plantação
Só havia no Estado o arroz vermelho. 129 Geral
Plantas não
cultivadas
Uma amostra do arroz branco. 130 Agricultura Plantação
Dito arroz, e banir-se o arroz vermelho. 130 Agricultura Plantação
78
Exportar o arroz. 130 Agricultura
Economia /
Produtividade
30 sacas de arroz. 130 Agricultura
Economia /
Produtividade
Que eu sabe as plantas. 130 Agricultura Plantação
Memória sobre a introdução do arroz
branco no estado do grão-pará
132-
137
Arroz branco. 132 Agricultura Plantação
Arroz vermelho . 132 Agricultura Plantação
Compravão o branco. 132 Agricultura Alimentação
Fôsse vermelho o arroz da terra. 132 Agricultura Plantação
Cultura do arroz branco. 132 Agricultura Plantação
Para se exportar o arroz. 133 Agricultura
Economia /
Produtividade
Capazes de exportar o arroz. 133 Agricultura
Economia /
Produtividade
Amostra de arroz branco. 133 Agricultura
Comentários
gerais
Dito arroz. 133 Agricultura Alimentação
Banio-se a do arroz vermelho. 133 Agricultura
Comentários
gerais
Sobredita semente. 133 Agricultura
Comentários
gerais
80 arrobas de arroz. 133 Agricultura
Economia /
Produtividade
Cultura do arroz. 134 Agricultura Plantação
Joeirar o arroz. 135 Agricultura Plantação
30 sacas de arroz. 135 Agricultura
Economia /
Produtividade
Moinhos de madeira. 135 Geral Objeto
Descasque do arroz. 135 Agricultura Plantação
Branquear o arroz. 136 Agricultura
Comentários
gerais
Uso das cortiças. 136 Geral
Comentários
gerais
Descarcar-se o arroz. 136 Agricultura
Comentários
gerais
Limpar o arroz da casca. 137 Agricultura
Comentários
gerais
Branquear o arroz. 137 Agricultura
Comentários
gerais
Cultura do arroz. 137 Agricultura Plantação
Participação quinta
141-
177
Salsa e cacau nas vizinhanças das serras
superiores.
142 Agricultura Plantação
O cacau, que se tira de dentro do Rio
Arapirapi.
142 Agricultura Plantação
Menos salsa tem o outro rio Juambú. 142 Geral
Comentários
gerais
Em todos estes rios há bastante puxuri. 143 Geral
Comentários
gerais
E para todo o genero de lavouras, não
pódem fazer um arrozal.
143 Agricultura Plantação
2, 3 e mais arrozáes. 144 Agricultura Plantação
79
De que mais café se recolho. 144 Agricultura Plantação
Não tem um só cafezal. 144 Agricultura Plantação
As terras proprias para a maniba. 145 Agricultura Plantação
Roças de maniba. 145 Agricultura Plantação
Fabricar o anil. 145 Agricultura
Economia /
Produtividade
Cultivão a maniba. 146 Agricultura Plantação
Plantar e cultivar o anil. 146 Agricultura Plantação
Nasce a arvore da casca preciosa, que na
lingua bare se chama inidáo.
146 Geral
Plantas não
cultivadas
Cortem as arvores. 146 Geral Conservação
Descasquem as árvores novas. 146 Geral Conservação
A respeito do pau cravo. 147 Geral
Comentários
gerais
Com a nova madeira de côr alaranjada. 147 Geral Conservação
Seus frutos fazem os pássaros. 147 Geral
Comentários
gerais
Parece com o puxuri. 147 Geral
Comentários
gerais
Puxumirim lhe chamão os indios. 147 Geral
Comentários
gerais
Da casca sómente pude recolher. 147 Geral
Comentários
gerais
Nem flor, nem fructo tinhão as arvores. 147 Botânica Identificação
A porção do oleo do umiri 147 Medicina Planta medicinal
Povoação as arvores que o dão. 147 Geral
Comentários
gerais
Desertarem para o mato. 148 Geral
Plantas não
cultivadas
Cultivava a maniba e o anil. 149 Agricultura Plantação
Não plantava mais do que a maniba,
podendo cultivar o arroz, o milho, o
algodão, o café, e o anil.
149 Agricultura Plantação
Dirigia os roçados para farinha e para o
anil.
150 Agricultura Plantação
Mel ao mato. 151 Geral
Plantas não
cultivadas
Matarão em um tabacal. 151 Geral
Comentários
gerais
Coberta de palha. 152 Geral Construção
Portas de madeira. 152 Geral Construção
Cultivão a maniba e o anil. 152 Agricultura Plantação
Abunda de piassava. 152 Geral
Plantas não
cultivadas
Alguma salsa. 152 Geral
Plantas não
cultivadas
Abunda de piassaba e pau vermelho. 153 Geral
Plantas não
cultivadas
Abundante de salsa. 153 Geral
Plantas não
cultivadas
Amostras de anil. 154 Agricultura
Economia /
Produtividade
Porque o mato naturalmente lhes
subministra tudo.
154 Geral
Plantas não
cultivadas
80
Os embrenha nos matos. 155 Geral
Plantas não
cultivadas
Costume em que vivem no mato. 155 Geral
Plantas não
cultivadas
Descêrão do mato. 155 Geral
Plantas não
cultivadas
São commummente de timbótitica. 157 Geral Objeto
Supprem as de piassaba. 157 Geral Objeto
Linho breado e não breado. 157 Geral Objeto
Cultivava a maniba e o anil. 157 Agricultura Plantação
Muita falta de palha. 157 Geral Construção
Fazer roçar o mato. 158 Geral
Plantas não
cultivadas
Escada de madeira. 158 Geral Objeto
Coberto de palha. 158 Geral Construção
Portas de madeira. 158 Geral Construção
Coberta de palha. 158 Geral Construção
Janelas de madeira. 158 Geral Construção
Barraca de madeira. 159 Geral Construção
Coberta de palha. 159 Geral Construção
Assoalhada de madeira. 159 Geral Construção
Caixas de madeira. 159 Geral Objeto
Coberto de palha. 160 Geral Construção
Fabrica do anil. 160 Agricultura
Economia /
Produtividade
Cobertas de palha. 160 Geral Construção
Construiu o de pau. 161 Agricultura
Economia /
Produtividade
Roças de maniba. 163 Agricultura Plantação
A plantar-se nas terras do seu distrito o
arroz branco.
164 Agricultura Plantação
Remettendo-lhe a semente. 164 Agricultura Plantação
O café e o algodão. 164 Agricultura Plantação
Farinha de mandioca. 164 Agricultura
Economia /
Produtividade
Plantações de arvores do café. 165 Agricultura Plantação
Sementeiras e algodão. 165 Agricultura Plantação
Preciso ás farinha de mandioca. 165 Agricultura
Economia /
Produtividade
Plantação e sementeira de dous referidos
e recommendados generos do café e
algodão.
165 Agricultura Plantação
Cultura e fabrica do anil. 165 Agricultura Plantação
Cultura e manufactura do anil. 166 Agricultura Plantação
Ser o anil por todas estas terras tão trivial
como em Portugal a malva.
166 Geral
Comentários
gerais
Anil bravo. 166 Geral
Plantas não
cultivadas
Compravão com tudo o anil. 166 Agricultura
Economia /
Produtividade
Fabrica do anil. 166 Agricultura
Economia /
Produtividade
Plantar, cultivar e fabricar. 166 Agricultura Plantação
81
Colher o anil. 167 Agricultura Plantação
Que do anil. 167 Agricultura Plantação
Manufacção da fabrica do anil. 168 Agricultura
Economia /
Produtividade
Isto é, de anil. 168 Agricultura
Economia /
Produtividade
Tantas libras de anil. 168 Agricultura
Economia /
Produtividade
Anil putrefacto. 170 Agricultura Plantação
Variedades da planta. 171 Geral
Comentários
gerais
Infuzão não só as folhas e os pimpolhos,
mas tambem os ramos duros e lignosos.
171 Geral Bebida
Direitos do anil. 171 Agricultura
Economia /
Produtividade
Extrahir o anil. 172 Agricultura
Economia /
Produtividade
Quanto ao anil. 172 Agricultura
Economia /
Produtividade
As amostras do anil. 172 Agricultura
Economia /
Produtividade
Não só a receita do anil, mas também do
urucú.
172 Geral
Comentários
gerais
Factura do anil. 173 Agricultura
Economia /
Produtividade
Anil, que se fabricar. 173 Agricultura
Economia /
Produtividade
Tanques de madeira. 173 Geral Objeto
Carpinteiros para o mato. 173 Geral
Plantas não
cultivadas
O anil sahia denegrido. 173 Agricultura
Comentários
gerais
Feixes de planta e tanto anil junto . 174 Agricultura
Economia /
Produtividade
Madeira acaiácarâna. 174 Geral Objeto
Factura do anil. 174 Agricultura
Economia /
Produtividade
Falta do anil. 175 Agricultura Plantação
Falta de semente. 175 Agricultura Plantação
Eixo de madeira. 175 Geral Objeto
Batêrão o anil. 175 Agricultura
Economia /
Produtividade
Banqueta de madeira. 175 Geral Objeto
O anil, de que se. 176 Agricultura
Economia /
Produtividade
Arroba de anil. 176 Agricultura
Economia /
Produtividade
Advertência (participação quinta)
177-
214
Roças, sementeiras, anil. 178 Agricultura
Economia /
Produtividade
Córtes da sua produzido planta. 179 Agricultura
Economia /
Produtividade
Cultura e manufactura do anil. 179 Agricultura Plantação
82
128 libras de anil. 180 Agricultura
Economia /
Produtividade
Quantidade de anil. 180 Agricultura
Economia /
Produtividade
Feixes de anil por dia. 181 Agricultura
Economia /
Produtividade
E conduzir o anil. 181 Agricultura
Economia /
Produtividade
Cortar e conduzir o anil, de encher. 181 Agricultura
Economia /
Produtividade
Não haverá anil. 182 Agricultura
Economia /
Produtividade
Plantar-se o anil para elle nascer. 182 Agricultura Plantação
Nem a cultura do anil. 182 Agricultura
Economia /
Produtividade
8 libras de anil. 183 Agricultura
Economia /
Produtividade
Disposição da planta, cultura e
manufactura do anil.
185 Agricultura Plantação
De anil. 186 Agricultura
Economia /
Produtividade
Sempre o anil. 187 Agricultura
Economia /
Produtividade
4 de arroz. 187 Agricultura
Economia /
Produtividade
29 libras de anil. 187 Agricultura
Economia /
Produtividade
Porção de anil. 188 Agricultura
Economia /
Produtividade
Libra de anil. 188 Agricultura
Economia /
Produtividade
Anil remetido. 188 Agricultura
Economia /
Produtividade
Estabelecimento do anil. 188 Agricultura
Economia /
Produtividade
Progresso do anil. 188 Agricultura
Economia /
Produtividade
Promptificado anil. 190 Agricultura
Economia /
Produtividade
5 caixões de anil [...] Espuma do anil. 191 Agricultura
Economia /
Produtividade
Arroz e o anil. 191 Agricultura
Economia /
Produtividade
Fabricar o anil. 192 Agricultura
Economia /
Produtividade
Amostras de anil. 192 Agricultura
Economia /
Produtividade
Fabrica do anil. 192 Agricultura
Economia /
Produtividade
Roçados para o anil. 193 Agricultura Plantação
Fabrica do anil. 194 Agricultura
Economia /
Produtividade
83
Arrobas de anil. 194 Agricultura
Economia /
Produtividade
Fabrica do anil. 194 Agricultura
Economia /
Produtividade
Trabalho da cultura e fabrica do anil. 195 Agricultura
Economia /
Produtividade
Fabrica do anil. 195 Agricultura
Economia /
Produtividade
Trez fabricas do anil. 196 Agricultura
Economia /
Produtividade
As porções de anil. 197 Agricultura
Economia /
Produtividade
Libra de anil. 197 Agricultura
Economia /
Produtividade
Preços do anil. 197 Agricultura
Economia /
Produtividade
Em redemoinho as palhas. 199 Geral
Comentários
gerais
Maniba e de anil. 199 Agricultura Plantação
Tomárão gosto ao mato. 199 Geral
Plantas não
cultivadas
Amostras de anil. 201 Agricultura
Economia /
Produtividade
Embrenhado no mato. 204 Geral
Plantas não
cultivadas
São elles no mato. 204 Geral
Plantas não
cultivadas
Tudo são páus atravessados. 205 Geral
Comentários
gerais
Exames de animaes, plantas e mineraes. 212 Geral
Comentários
gerais
Riscos de plantas. 213 Geral
Comentários
gerais
Salvas de palhinha. 213 Geral
Comentários
gerais
Tomar o tabaco paricá. 213 Geral
Comentários
gerais
Supplemento a participação quinta
215-
218
Que é a fruta que produz a arvore de
casca preciosa, para que, avizando-me
Vossas Mercês, si merece estimação, se
possa promover a sua colheita e cultura.
215 Agricultura Plantação
Denominação de puxuri. 215 Geral
Comentários
gerais
Remessa do puxuri e baunilha. 215 Agricultura
Economia /
Produtividade
O cravo fino e grosso. 215 Agricultura
Economia /
Produtividade
Salsa porém. 215 Agricultura
Economia /
Produtividade
Recomendado genero de anil. 238 Agricultura
Economia /
Produtividade
5 libras de anil. 238 Agricultura
Economia /
Produtividade
84
Grande roça de anil. 238 Agricultura
Economia /
Produtividade
Libras de anil. 239 Agricultura
Economia /
Produtividade
Todo o anil. 239 Agricultura
Economia /
Produtividade
Semente de anil. 239 Agricultura
Economia /
Produtividade
Libras de anil. 239 Agricultura
Economia /
Produtividade
Ou meias fabricas de anil. 240 Agricultura
Economia /
Produtividade
Empregadas na fabrica de anil. 241 Agricultura
Economia /
Produtividade
Remessa de anil. 241 Agricultura
Economia /
Produtividade
Participação sexta
245-
275
Ausentarào-se para o mato. 245 Geral
Plantas não
cultivadas
Avultavão as amostras de anil, em que
elle trabalhava.
246 Agricultura
Economia /
Produtividade
Há bastante ibirapiranga, ou pau
vermelho.
246 Geral Construção
As madeiras de estima. 246 Geral Conservação
Plantas d'este rio. 247 Geral
Comentários
gerais
Troncos de árvores. 247 Geral
Comentários
gerais
Árvores de embirapiranga, de umiri, de
puxuri.
247 Geral
Plantas não
cultivadas
Tirarem a salsa internada por elle. 249 Agricultura
Comentários
gerais
Introduzirem molhos de palha. 249 Geral
Comentários
gerais
Quando para o mato. 250 Geral
Plantas não
cultivadas
Tóros de imbirapiranga. 250 Agricultura Plantação
Raiz da mania. 250 Agricultura
Economia /
Produtividade
O anil ainda não estava plantado. 250 Agricultura Plantação
Cultura e manufactura do anil. 252 Agricultura
Economia /
Produtividade
Libras de anil. 252 Agricultura
Economia /
Produtividade
Desenhando vossa mercê as plantas. 252 Geral
Comentários
gerais
N'elle as plantas. 253 Geral
Comentários
gerais
Plantadas de maniba. 253 Agricultura Plantação
D'ella para cima há bastante piassaba. 254 Geral
Plantas não
cultivadas
As sombras das arvores. 255 Geral
Comentários
gerais
85
As arvores que bordão as margens, e de
que vimos mais abundancia no primeiro e
segundo dia, são o molongo verdadeiro, a
castanha macama, o macauú-guaçú, a
mongúba, o ingápiranga, imbirarema, o
apecúitaibua, o arapari, o muturirana, o
paracutaca, bastante.
255 Geral
Plantas não
cultivadas
Centro do mato. 255 Geral
Plantas não
cultivadas
Junto a um tabocal. 255 Agricultura Plantação
Arvores sahidas e os ramos de outras. 256 Geral
Plantas não
cultivadas
Cortar os ramos das arvores. 256 Geral
Plantas não
cultivadas
Porque 3 grandes arvores e outros páos. 256 Geral
Plantas não
cultivadas
Ameaçavão as arvores da beirada. 256 Geral
Plantas não
cultivadas
Cobertura de palha. 260 Geral Construção
Caixas de madeira. 261 Geral Objeto
Maçanetas de madeira. 261 Geral Objeto
Era coberta de palha. 261 Geral Construção
Forrada de jussara. 261 Geral Construção
Madeiras de imbirarema, guariúba,
massaramduba, paricarana, umirizeiro,
etc.
264 Geral Construção
Massaranduba e a paricarana. 264 Geral Construção
Aguçada de madeira paricarana. 264 Geral Construção
Qualidade de madeiras para a dita obra. 265 Geral Construção
Erigio-se de madeira nova a frente
sómente.
266 Geral Construção
Servindo a madeira de sua construcção. 267 Geral Construção
É de madeira xapeada de ferro. 267 Geral Construção
Cobertas de palha. 267 Geral Construção
Quantidades de anil. 268 Agricultura
Economia /
Produtividade
Participação sétima
277-
295
Sementes de linho de canhamo. 279 Agricultura
Comentários
gerais
Uma capoeira de mato. 280 Geral
Plantas não
cultivadas
Roçados de maniba. 282 Agricultura Plantação
Amostras de anil. 282 Agricultura
Economia /
Produtividade
Semente de linho de canhamo. 282 Agricultura
Comentários
gerais
A semente de linho de canhamo. 283 Agricultura
Comentários
gerais
Tem salsa nas cabeceiras. 284 Geral
Plantas não
cultivadas
Desenho das plantas. 284 Geral
Comentários
gerais
Desenhos das plantas. 285 Geral
Comentários
gerais
86
Pés de salsa. 285 Agricultura
Comentários
gerais
Negocio da salsa, e da nossa com o
tabaco, etc.
285 Agricultura
Comentários
gerais
Mato a dentro. 285 Geral
Plantas não
cultivadas
Aceitou o tabaco. 285 Agricultura
Comentários
gerais
Infinitas arvores. 286 Geral
Plantas não
cultivadas
E o mato das abas. 286 Geral
Plantas não
cultivadas
Cafesal, roça de maniba, algum tabaco e
ainda então muito pouco anil.
287 Agricultura Plantação
Café, maniba e algum tabaco. Veja-se o
que d'elle tenho informado a respeito dos
seus roçados de anil.
288 Agricultura Plantação
Maior parte do anil. 288 Agricultura Plantação
Não perder o anil. 288 Agricultura Plantação
Plantação do linho canhamo. 288 Agricultura Plantação
Disposto a semente na conformidade. 288 Agricultura Plantação
Pés de café e algodão, e não deixava de
plantar o anil; mas a cultura principal era a
maniba.
288 Agricultura Plantação
Pés de café e raros de algodão.
288-
289
Agricultura Plantação
Roçado de anil, informando-me que não
havia acabado de o plantar por falta de
semente.
289 Agricultura Plantação
Libras de bom anil. 289 Agricultura
Economia /
Produtividade
A formiga lhe destroe a maniba. 289 Agricultura Plantação
Palmeiras murití, jauarí, e assahi. 289 Geral
Plantas não
cultivadas
A piassaba é mais rara. 289 Geral
Plantas não
cultivadas
Caapiranga é muito vulgar. 289 Geral
Plantas não
cultivadas
Em qualquer parte se encontra o ubim. 289 Geral
Plantas não
cultivadas
Só da caxoeira para cima há ubussú. 289 Geral Construção
Salsa e cupaúba. 289 Geral
Plantas não
cultivadas
Consta de maniba, cacáo, café e algum
tabaco, algodão, milho e feijão.
291 Agricultura Plantação
Alguma canna. 291 Agricultura Plantação
O cacáo, que tinha pegado bem. 291 Agricultura Plantação
Café e maniba. 291 Agricultura Plantação
Que em ter maniba. 291 Agricultura Plantação
Abundante de ubim. 292 Geral
Plantas não
cultivadas
Canna, e um cafesal e varias arvores de
fruto.
292 Agricultura Plantação
Coqueiros e as andirobeiras. 292 Agricultura Plantação
87
Maniba e alguns pés de algodão, cacao e
cana.
292 Agricultura Plantação
Roçando o mato. 292 Geral
Plantas não
cultivadas
2ª PARTE: BAIXO DO RIO NEGRO
297-
714
Participação primeira
Mediante uma ponte de madeira. 307 Geral Construção
Para o centro do mato. 309 Geral
Plantas não
cultivadas
Mandou cortar as madeiras precisas. 311 Geral
Comentários
gerais
Applicou as madeiras para outras obras
Regias.
311 Geral
Comentários
gerais
Erigio o dito de madeira. 311 Geral Construção
Cercar de pau a pique. 311 Geral
Comentários
gerais
Pequenas pontes de madeira. 314 Geral
Comentários
gerais
Frontispício de madeira. 314 Geral
Comentários
gerais
Madeira simples de pau vermelho. 315 Geral Objeto
Panno de linho uzadas são duas. 316 Geral Têxtil
Casta de madeira servio para ella. 327 Geral
Comentários
gerais
Foi precizo cobrir de palha o edifício, e
sobre a palha arrumar a telha.
327 Geral Construção
Canos de madeira em roda. 327 Geral Objeto
Cortou-se a madeira para ellas. 329 Geral
Comentários
gerais
Cobertos de palha. 351 Geral Construção
Portas de madeira. 351 Geral Construção
Paredes de madeira intijucada. 351 Geral Construção
Construída de madeira. 352 Geral Construção
Coberta de palha. 352 Geral Construção
Panno grosso de algodão. 352 Geral Têxtil
Paredes de madeira . 353 Geral Construção
Sobre plataformas de madeira. 353 Geral
Comentários
gerais
Tecto forrado de madeira pintada. 354 Geral Construção
Córte de madeiras, e emprego da obra. 354 Geral
Comentários
gerais
Tabaco do Paricá. 358 Geral
Comentários
gerais
Esteios das madeiras. 361 Geral Objeto
Cipós do Uambé, e do timbó-titica. 361 Geral Objeto
Cobrem de palha de Obim. 361 Geral Construção
Casta de palha. 361 Geral Construção
Tecido de palha tão miudo. 361 Geral Têxtil
Se retiraram para o mato. 368 Geral
Plantas não
cultivadas
Cultivam a maniba, o café, algum cacáo,
canna, tabaco, milho, arroz, etc.
375 Agricultura Plantação
Para a maniba não serve. 375 Agricultura Plantação
Fecundas para a maniba. 376 Agricultura Plantação
88
As raizes por aqui todas. 376 Botânica Fisiologia
Raizes creadas nos roçados. 376 Botânica Fisiologia
Roças das matas virgens. 376 Geral
Plantas não
cultivadas
Fecundidade das matas. 376 Geral
Plantas não
cultivadas
Castas de maniba. 376 Agricultura Plantação
Bôa raiz, a maniba-mirim esgalha tanto. 377 Agricultura Plantação
Maniba bacuri. 377 Agricultura
Economia /
Produtividade
Tucamã. 377 Geral
Comentários
gerais
Manibas - Miacabé - Aduaky - Maianaé -
Liaboky - Ucaraxibé – Uakily.
377 Geral
Comentários
gerais
Distinguem umas outras pela grossura
das suas raizes.
377 Botânica Identificação
Urumahy chega a durar quatro annos. 377 Geral
Comentários
gerais
Castas de maniba. 377 Geral
Comentários
gerais
Muito tempo as raizes. 377 Botânica Fisiologia
Decotam a maniba. 377 Agricultura Plantação
E das matas virgens. 378 Geral
Plantas não
cultivadas
Tiradas de manibas de roças velhas. 378 Agricultura Plantação
Mesma espécie de maniba. 378 Agricultura Plantação
Remettido maniba dos Solimões. 378 Geral
Comentários
gerais
Se renovam os grãos. 378 Agricultura Plantação
Muito raras sobrevém o capim. 378 Geral
Plantas não
cultivadas
As matas virgens. 378 Geral
Plantas não
cultivadas
Ou menos raizes. 378 Botânica Fisiologia
Ralar a mandioca. 379 Geral
Comentários
gerais
Ser do anil. 379 Geral
Comentários
gerais
D'escorrer o Anil. 379 Geral
Comentários
gerais
Factura do anil. 380 Agricultura
Economia /
Produtividade
Disposta a semente. 380 Agricultura Plantação
Caffé, a Canna, e o Tabaco. 380 Agricultura Plantação
Cafezzaes. 380 Agricultura Plantação
Renderia o Caffé couza alguma. 380 Agricultura
Economia /
Produtividade
Caffezeiros, plantados. 380 Agricultura Plantação
Colherem os fructos maduros. 380 Agricultura Plantação
Sacudirem os fructos. 380 Agricultura Plantação
Em estudar as plantas do Paiz. 380 Geral
Comentários
gerais
89
Arvores do Puxury, casca precioza, a
yandirobeira, o Tamarindus, o Jambeiro, o
Limoeiro doce, e azedo do Reino, as
Palmeiras Mucajá, Tucumá-merim, e esta
para transplantar a Piassaba.
380-
381
Agricultura Plantação
Dão á Piassaba. 381 Agricultura
Economia /
Produtividade
Sobre os de Piassaba em poderem
laborar em gornes.
381 Agricultura
Economia /
Produtividade
Cortando as Arvores para lhes tirarem os
fructos?
381 Agricultura Plantação
Outros excellentes fructos. 381 Agricultura Plantação
Abios, as Laranjas, os Ananazes, as
Limas, os Umaris de muitas variedades.
381 Agricultura Plantação
Caffé, o Anil, e o Tabaco. 381 Agricultura Plantação
Anil, Caffé, e o Tabaco. 381 Agricultura Plantação
Do cacáo já se sabe. 381 Agricultura Plantação
O Caffé desta é prestante. 382 Agricultura Plantação
E o Anil é bom. 382 Agricultura Plantação
Porém o Anil, e o Caffé são generos ricos. 382 Agricultura
Economia /
Produtividade
Então o Anil e o Caffé. 382 Agricultura
Economia /
Produtividade
Caffé, de Anil, de Tabaco. 382 Agricultura
Economia /
Produtividade
Introductores das hortaliças, e de alguns
fructos da Europa.
383 Agricultura
Comentários
gerais
Comer a alface em saladas? 383 Geral Alimentação
Appelidaram o Alfacinha. 383 Geral Alimentação
Couves que haviam introduzido os
Missionarios, eram a murciana, lombarda,
trochuda, e galega.
383 Agricultura
Comentários
gerais
Cultura dos repolhos. 383 Agricultura Plantação
O qual das sementes de Portugal, que
dispôz, conseguio vêr alguns repolhos.
383 Agricultura
Comentários
gerais
Primeiras Sementes haviam sido das
chamadas couves pyramidaes de
Hespanha.
384 Agricultura
Comentários
gerais
Das sementes, que do Mato-Grosso foram
remetidas.
384 Agricultura
Comentários
gerais
Os maiores pepinos que n'elle se criam. 384 Agricultura
Comentários
gerais
Pequenos fructos. 384 Agricultura
Comentários
gerais
A Salsa procede da semente, 384 Agricultura
Comentários
gerais
Plantas de fructos uteis e exquizitos. 384 Agricultura
Comentários
gerais
O limão doce . 384 Agricultura Plantação
Toda a semente plantada produzia os
limões azedos.
384 Agricultura Plantação
E muitos fructos da Asia. 384 Agricultura
Comentários
gerais
Obras d'algodão. 385 Geral Têxtil
90
Raiz de ruinaz. 385 Geral Tintura
Se transportassem as arvores da Canella. 385 Agricultura
Comentários
gerais
E caroços de mangas e das mais frutas do
Oriente,
385 Agricultura
Comentários
gerais
Sementes de Manga, e de Jacca. 385 Agricultura
Comentários
gerais
Passaram quatro annos florescêo e
fructificou a Manga, porém o seu fructo
não passou da grandeza de uma balla de
espingarda, e deste tamanho cahio da
arvore.
385 Botânica Fisiologia
A semente de Jacca, que o primeiro
dispôz, não nascêo; [...] Mas chegou a dar
um só fructo.
385 Geral
Comentários
gerais
De umas Tamaras que comprou na Botica
o sobredito Capitão Landi, plantou cinco
sementes.
385 Geral
Comentários
gerais
A semente do Jambeiro. 385 Geral
Comentários
gerais
Anno deu fructo. Geral
Comentários
gerais
Tambem nasceo o Tamarino. 385 Geral
Comentários
gerais
Toldas de palha, é de factura Portugueza. 440 Geral Objeto
Tolda de palha, é factura Castelhana. 440 Geral Objeto
Tolda de palha. 440 Geral Objeto
Caza de palha. 441 Geral Construção
Farinha de mandioca. 441 Geral Alimentação
Seis raizes de macacheira, qualidade de
mandioca que não é venenoza, e se come
assada.
441 Geral Alimentação
Uma libra de legumes. 441 Geral Alimentação
Raizes de macacheira. 442 Geral Alimentação
Direita ao mato, e voltando para outra
seguio o caminho do mesmo mato,
452 Geral
Plantas não
cultivadas
Embaraçado em humas hervas. 452 Geral
Comentários
gerais
Generos de lavoura: arrobas de Caffé,
Arrobas de Cacáo, Arrobas de Algodão,
Arrobas de Tabaco, Alqueires de Arroz,
Alqueires de Milho.
462 Agricultura
Economia /
Produtividade
Quanto ao tabaco. 464 Agricultura Plantação
Plantações do Algodão considerou Sua
Magestade nas Lavouras do Tabaco.
465 Agricultura Plantação
Fabricar o Tabaco. 466 Agricultura
Comentários
gerais
Nasce espontaneamente o Cacáo, e em
alguns Rios, que n'elle dezagoam, nasce
da Salsa.
467 Geral
Plantas não
cultivadas
Participação segunda
469-
491
Nenhum planta mais do que a maniba
preciza para o seu sutento;
472 Geral Alimentação
Cultiva alguns pés de café 472 Agricultura Plantação
91
Raras são as frutas que elles procuram
multiplicar, apenas a pacova, a laranja, o
ananaz, o abio.
472 Agricultura Plantação
Como hajam no mato o ingá, o umarí as
sôrvas grandes, e pequenas, o tapiribá, e
acuritiribá, o bacurí, o piquiá, a
maçaranduba, e outras.
472 Geral
Plantas não
cultivadas
Coberta de palha. 473 Geral Construção
5 patacas em tabaco. 474 Agricultura
Economia /
Produtividade
Caixa de madeira. 474 Geral Objeto
Panno de linho. 474 Geral Têxtil
Coberta de palha. 475 Geral Construção
Portas de madeira. 475 Geral Construção
Coberta de palha. 475 Geral Construção
Portas de madeira. 475 Geral Construção
Ainda salvou 80 arrobas de café. 477 Agricultura
Economia /
Produtividade
Grande arvore. 478 Geral
Comentários
gerais
Cultivar a maniba, e alguns pes de café e
de cacáu.
480 Agricultura Plantação
5 arrobas de café. 480 Agricultura
Economia /
Produtividade
Dam de café a india Florencia de Souza,
que tambem colhe 2 até 3 arrobas de
cacáu; o indio Joseph de Matos,... Tira as
mesmas 3 de cacau.
480 Agricultura
Economia /
Produtividade
Cafesal do commum, que, quando
principiou a fructificar, rendeo 10 arrobas.
481 Agricultura
Economia /
Produtividade
Cultivar o café. 481 Agricultura Plantação
Que deviam ter do cafezal do commun. 481 Agricultura Plantação
Maniba e o cafe sam dois generos
communs, o cacau, o tabaco, a cana, o
milho e o arroz não tanto.
481 Agricultura Plantação
40.000 pés de café. 481 Agricultura
Economia /
Produtividade
30,000 pés de cacau, que agora
principiam a fructificar.
482 Agricultura Plantação
Roça de maniba não rende. 482 Agricultura
Economia /
Produtividade
Plantar o café e o cacau. 482 Agricultura Plantação
O cacau todo morreu, o café ainda existe. 482 Agricultura Plantação
Arrobas de tabaco, meu pouco de arroz. 482 Agricultura
Economia /
Produtividade
Do café antigo haverão 5.000 pés. 482 Agricultura
Economia /
Produtividade
35 arrobas de café, e de cacau nada. 483 Agricultura
Economia /
Produtividade
Succedeu com o café. 483 Agricultura
Economia /
Produtividade
Novos cafezaes, com avultado numero de
plantas, sem d'ellas receber fructo.
483 Agricultura Plantação
92
Cada vez tem dado menos fructo. 483 Agricultura Plantação
As suas madeiras. 484 Geral Construção
Plantei maniba, 484 Agricultura Plantação
Roçado, café. 484 Agricultura Plantação
Roçado café e cacau, que já quer
principiar a dar fructo.
484 Agricultura Plantação
Planta sómente de cacau, por entre a
maniba.
484 Agricultura Plantação
Depender o arroz. 485 Agricultura Plantação
Bom canavial. 485 Agricultura Plantação
Aguardente de cana. 485 Geral Bebida
500 pés de café e alguns de cacau.
485-
486
Agricultura
Economia /
Produtividade
Que o dito café. 486 Agricultura Plantação
3.000 pés de café. 486 Agricultura
Economia /
Produtividade
Fabricar bem anil. 486 Agricultura
Economia /
Produtividade
A respeito do anil. 486 Geral
Comentários
gerais
Plantar sómente anil. 486 Agricultura Plantação
Artigo do anil. 487 Agricultura
Comentários
gerais
Roça do anil. 487 Agricultura Plantação
O anil, que tem fabricado. 487 Agricultura
Economia /
Produtividade
Não ter mais anil plantado. 488 Agricultura Plantação
Café, maniba, cana, e tabaco. 488 Agricultura Plantação
Cultura e manufactura do anil. 489 Agricultura Plantação
Uma arroba de anil. 489 Agricultura
Economia /
Produtividade
Assistir ao roçado, que para a fabrica do
anil.
490 Agricultura
Economia /
Produtividade
Colheram o seguinte: ditos de arrôz, ditos
de milho, arrobas de cacau, ditas de café,
ditas de tabaco.
491 Agricultura
Economia /
Produtividade
Participação terceira
493-
521
Caixa de madeira. 496 Geral Objeto
Panno de linho. 497 Geral Têxtil
Coberta de palha. 497 Geral Construção
Cortar madeira. 497 Geral
Comentários
gerais
Não mandava capinar, para não privar o
gado da herva.
498 Geral
Plantas não
cultivadas
Cultiva um cafesal. 499 Agricultura Plantação
Colher 3 arrobas de café. 499 Agricultura
Economia /
Produtividade
Do cacau. 499 Agricultura Plantação
Nenhum pé chegou a fructificar. 499 Agricultura Plantação
Cultura do café. 499 Agricultura Plantação
Cafezaes dos outros moradores sam
ainda novos.
500 Agricultura Plantação
Rêdes de algodão. 500 Geral Têxtil
93
Ás sementes. 501 Agricultura Plantação
Longe as madeiras. 514 Geral Construção
E os maiores córtes de madeira. 516 Agricultura
Comentários
gerais
Remessas de madeira. 516 Agricultura
Economia /
Produtividade
Chegando só de exportação do arroz. 517 Agricultura
Economia /
Produtividade
Lavrador de mandioca e arroz, ter fabrica
de o descascar, ter cafezaes, cacoaes.
518 Agricultura
Comentários
gerais
Tão preciosas madeiras. 521 Agricultura
Comentários
gerais
Córtes de madeira. 521 Agricultura
Comentários
gerais
Participação quarta
523-
542
Oleo de cupahiba. 527 Medicina Planta medicinal
Seus matos fazem alguns mocambos. 528 Geral
Plantas não
cultivadas
Chamalote de flores. 529 Geral Adorno/Vestimenta
Panno de linho. 529 Geral Têxtil
Porém panno de linho. 529 Geral Têxtil
Portas de madeira. 530 Geral Construção
Coberta de palha. 530 Geral Construção
Consistem na maniba, que plantam. 532 Agricultura Plantação
10 até 12 arrobas de café. 533 Agricultura
Economia /
Produtividade
A maniba, o café, e o cacáu, sam as
lavouras.
533 Agricultura Plantação
Cultivam o tabaco e o milho e Joseph
Gonçalves principiava então com o anil.
533 Agricultura Plantação
Vi um cacoal seu, aonde haviam bons
16.000 pés de cacau.
533 Agricultura
Economia /
Produtividade
E os seus fructos denegridos. 533 Agricultura Plantação
Observaria sempre nos cacoaes d'este rio. 533 Agricultura
Comentários
gerais
Roças de maniba. 533 Agricultura Plantação
Que mandioca para 2.000 alqueires de
farinha.
533 Agricultura
Economia /
Produtividade
De café tinha chegado a colher 175
arrobas.
533 Agricultura
Economia /
Produtividade
E que a respeito de cacau. 533 Agricultura
Comentários
gerais
Visse sobre o anil lhe desse parte. 533 Agricultura
Comentários
gerais
Fabrica do anil. 534 Agricultura
Economia /
Produtividade
Então de segurar a semente. 534 Agricultura Plantação
Semente disposta. 534 Agricultura Plantação
3 cochos, os quaes eram de madeira de
piquiá.
534 Geral Objeto
Parte da semente que de dispoz. 534 Agricultura Plantação
Libras de bom anil. 534 Agricultura
Economia /
Produtividade
94
Encarregar do anil. 534 Agricultura Plantação
104 arrobas de cacau, e até 40 de café. 535 Agricultura
Economia /
Produtividade
60 arrobas de cacau; porém no anno de
1785 não tirou mais do que 22 de café.
535 Agricultura
Economia /
Produtividade
Já não tem cacoal. 535 Agricultura
Economia /
Produtividade
34 arrobas de café. 535 Agricultura Plantação
Colhe as suas 30 arrobas de cacau, e
outras tantas de café.
535 Agricultura
Economia /
Produtividade
Respeito do café. 535 Agricultura
Economia /
Produtividade
Sam o anil e o café. 535 Agricultura
Economia /
Produtividade
Devorarem nos matos com notavel. 536 Geral
Plantas não
cultivadas
Extracto: ditos de arroz, ditos de feijão,
arrobas de café arrobas de cacau, mãos
.de milho
542 Agricultura
Economia /
Produtividade
Supplemento da participação quarta
543-
554
Ficarem no campo e pelos matos. 548 Geral
Plantas não
cultivadas
Ficaram pelos matos. 550 Geral
Plantas não
cultivadas
Voltar para o mato. 550 Geral
Plantas não
cultivadas
E há n'ellas muitas frutas. 552 Geral
Comentários
gerais
Participação quinta
555-
572
Coberta de palha. 559 Geral Construção
Caixa de madeira. 559 Geral Objeto
4 maiores de madeira. 559 Geral Objeto
Panno de linho. 559 Geral Têxtil
Coberta de palha. 560 Geral Construção
Roçado o mato da retaguarda. 560 Geral
Plantas não
cultivadas
E de um cafezal. 562 Agricultura Plantação
8 arrobas de café. 562 Agricultura
Economia /
Produtividade
Cacoal na boca do Jaú. 562 Agricultura Plantação
3 a 4 arrobas de café, e vai tratando de
augmentar o seu cafezal.
562 Agricultura Plantação
Cafezal para o commun dos indios. 563 Agricultura Plantação
Panno de algodão. 563 Geral Têxtil
Cobrir de mato. 563 Geral
Plantas não
cultivadas
Aquelle cafezal. 563 Agricultura Plantação
Estimavel madeira que por aqui se chama
muirá-coatiara
563 Geral
Comentários
gerais
Sumaumeiras, que dam a sumaúma
branca, os quaes cortam as arvores para
lhes tirarem a sumaúma.
563 Geral
Comentários
gerais
95
Participação sexta
573-
586
Cortarem as madeiras. 577 Geral Construção
O resto é de palha. 577 Geral Construção
Caixa de madeira. 577 Geral Objeto
20 castiçaes de madeira. 577 Geral Objeto
Cobertura de palha. 578 Geral Construção
Janellas de madeira. 578 Geral Construção
Coberta de palha. 578 Geral Construção
1 balança com braço de madeira. 578 Geral Objeto
Coberta de palha. 581 Geral Construção
Maniba, tabaco, cacau e milho. 582 Agricultura Plantação
Duas arrobas de café. 582 Agricultura
Economia /
Produtividade
Cacoal nas margens do rio. 582 Agricultura Plantação
Além da maniba, do milho e do algodão. 582 Agricultura Plantação
5.000 mãos de milho. 582 Agricultura
Economia /
Produtividade
Plantando cacoaes. 582 Agricultura Plantação
20 arrobas de tabaco. 582 Agricultura
Economia /
Produtividade
Possuia um bom cafezal 582 Agricultura Plantação
500 mãos de milho e 25 arrobas de
tabaco.
582 Agricultura
Economia /
Produtividade
Cacoal novo de mil e tantos pés. 582 Agricultura Plantação
Cacoal e cafezal novo. 582 Agricultura Plantação
75 arrobas de tabaco. 582 Agricultura
Economia /
Produtividade
Ahi se dá bem o tabaco. 582 Agricultura Plantação
Extracto: arrobas de café, ditas de tabaco,
ditas de algodão e ditos de milho.
586 Agricultura
Economia /
Produtividade
Participação sétima
587-
713
Provenha das arvores que inunda. 593 Geral
Comentários
gerais
Plantas, cujas raizes, troncos, ramos,
folhas, flôres, fructos, gomas.
594 Botânica Morfologia
Infinitos troncos e ramos das arvores
mineralizadas de ferro.
596 Geral
Comentários
gerais
O linho, e algodão. 596 Geral
Comentários
gerais
Porque o adstringente da casca[...]
Communicar o cozimento das plantas.
596 Geral
Comentários
gerais
Ora, em um páo graduado, que pela
vazante do rio.
603 Geral
Comentários
gerais
Resolvem os troncos e as flôres. 604 Geral
Comentários
gerais
Cobertas de espesso mato. 605 Geral
Plantas não
cultivadas
Entrecasca de alguma arvore. 620 Geral
Comentários
gerais
Fizeram de folhas, e depois das
entrecascas das arvores;
621 Geral
Comentários
gerais
Linho, o algodão. 621 Geral Têxtil
96
De cristaes, de palhas. 621 Geral Objeto
Tintos de urucú ou carajurú. 621 Geral Tintura
Bolos chatos de mandioca. 625 Geral Alimentação
Lanças de madeira simples. 626 Geral Objeto
Ponta de madeira aguçada ou de taquára,
ou são hervadas.
626 Geral Objeto
Usurpação dos fructos. 626 Geral
Comentários
gerais
Penetrar matas horrives. 627 Geral
Plantas não
cultivadas
Farinha de mandioca. 627 Geral Alimentação
Ou de beijú, ou de milho. 627 Geral Alimentação
Mato, e se equivocarem com as folhas e
com os troncos da arvores.
627 Geral
Comentários
gerais
Folhas de palmeira muriti. 628 Geral Objeto
Farinhas de mandioca. 628 Geral Alimentação
Entrecascas das arvores. 629 Geral Objeto
Fio das folhas das palmeiras. 628 Geral Adorno/Vestimenta
Plataformas de madeira 630 Geral Construção
Construido de madeira. 631 Geral Construção
Cortes de madeira. 638 Geral
Comentários
gerais
Cultura do anil, do café e do tabaco. 649 Agricultura Plantação
Café: todo elle é prestante. 651 Agricultura Plantação
Tabaco: supposto que a maior parte do
que se exporta em folha.
651 Agricultura
Economia /
Produtividade
Aos lavradores como a do algodão. 652 Agricultura Plantação
As manufacturas do assucar e do tabaco. 652 Agricultura
Economia /
Produtividade
Os generos do tabaco e do assucar. 652 Agricultura
Economia /
Produtividade
A capitania fabricar tabaco 652 Agricultura
Economia /
Produtividade
Algodão: que se não cultive. 652 Agricultura Plantação
Sua riqueza devem pagar o algodão 652 Agricultura
Economia /
Produtividade
E manufacture o algodão. 653 Agricultura
Economia /
Produtividade
Arrobas de algodão. 653 Agricultura
Economia /
Produtividade
Por outra parte o algodão. 653 Agricultura Plantação
Umas das bôas sementes 653 Agricultura Plantação
Lhe communicou as sementes de
algodão.
653 Agricultura Plantação
Arroba d'elle em caroço. 653 Agricultura
Economia /
Produtividade
E das sementes. 653 Agricultura Plantação
Arroba d'elle em caroço 24 libras em
rama.
653 Agricultura
Economia /
Produtividade
Uns dous cilindros de madeira. 653 Agricultura Objeto
Se quebrava a semente. 653 Geral
Comentários
gerais
Bater o algodão um mehodo tão ruidoso. 654 Geral
Comentários
gerais
97
Permitido fiar algodão. 654 Agricultura
Economia /
Produtividade
Entre o aldodão ensacado alguns paus. 654 Agricultura
Comentários
gerais
Novellos falsos de algodão 654 Agricultura
Comentários
gerais
Descaroçar o algodão. 655 Agricultura
Comentários
gerais
Os páos, os trapos. 655 Agricultura
Comentários
gerais
Antes fazer conhecer o algodão. 655 Agricultura
Comentários
gerais
Quem tivesse sacado o algodão. 655 Agricultura
Comentários
gerais
Cacao: algum tempo mais se conserva
nas terras.
655 Agricultura
Comentários
gerais
O que se colhe dos cacoaes. 655 Agricultura Plantação
O cacáo como as do Rio-Negro para o anil
e para o café.
655 Agricultura Plantação
O mesmo digo do arroz. 656 Agricultura
Comentários
gerais
Arroba de anil. 656 Agricultura
Economia /
Produtividade
A maniba requer escolha e trabalho. 656 Agricultura
Economia /
Produtividade
O milho e o feijão são generos. 656 Agricultura Plantação
Anil, do café e do tabaco. 657 Agricultura Plantação
Precaria do mato. 657 Geral
Plantas não
cultivadas
Extrahem do mato. 657 Geral
Plantas não
cultivadas
A salsa dos rios. 657 Agricultura
Economia /
Produtividade
O cacáo da foz. 657 Agricultura
Economia /
Produtividade
O puxuri-mirim, ou fructo da arvore da
casca preciosa.
658 Agricultura
Economia /
Produtividade
O balsamo de umeri. 658 Agricultura
Economia /
Produtividade
A piassaba dos rios[...] Além de algumas
cascas de madeira.
658 Agricultura
Economia /
Produtividade
Á de muirá-pinima. 658 Agricultura
Economia /
Produtividade
Muirá piranga e páo-rôxo. 658 Agricultura
Economia /
Produtividade
Páo amarello. 658 Agricultura
Economia /
Produtividade
Cipó chamado entre os indios uambécima,
de cuja casca.
658 Geral Objeto
Gomos das tabocas mais grossas. 658 Geral Objeto
Fructos no estado do Grão-Pará. 658 Agricultura
Economia /
Produtividade
Commercio o curso dos fructos 658 Agricultura
Economia /
Produtividade
98
O cacáo, e no Maranhão o algodão. 658 Agricultura
Economia /
Produtividade
Panno de algodão, a sola, o arroz, o
azeite de jandiroba.
659 Agricultura
Economia /
Produtividade
O cacao, o café, a salsa, o cravo, o
assucar, o tabaco, o algodão, a mandioca.
659 Agricultura
Economia /
Produtividade
Colheita de castanha. 659 Agricultura
Economia /
Produtividade
Alqueires de castanha. 659 Agricultura
Economia /
Produtividade
Aseites de jandiroba e jutahi. 659 Agricultura
Economia /
Produtividade
Bacaba, patauá, castanha, carrapato e
gerzelim.
659 Agricultura
Economia /
Produtividade
Tijupares de lenha ou antes cascas de
páos.
669 Geral Objeto
Cascas da arvore caraipê. 669 Geral Objeto
Resina de jutaicica. 669 Geral Objeto
Folhas de palmeira muriti. 670 Geral Objeto
Chapéos de palhinha pintada 670 Geral Adorno/Vestimenta
Ralarem á mão a mandioca. 670 Geral
Comentários
gerais
Anil: Feculas vegetaes para a tinturaria do
anil.
670 Geral Tintura
O urucú dando-se ahi bem. 671 Agricultura
Economia /
Produtividade
As folhas de umas arvores chamadas caá-
pirangas se tingem.
671 Geral Tintura
Tecidos de algodão. 671 Geral Têxtil
Ditas folhas algum deposito de tipioca. 671 Geral Tintura
Tinta a que chama carajurú. 672 Geral Tintura
Conseguinte o carajurú. 672 Geral
Comentários
gerais
Guaraná: emquanto se não reconheceo a
differença.
672 Agricultura
Economia /
Produtividade
Molinete de cana. 673 Geral
Comentários
gerais
Roças de maniba, cujas raízes. 674 Agricultura Plantação
Exclusão da de canna. 674 Geral
Comentários
gerais
Anil, o café, o algodão, o tabaco. 675 Agricultura
Economia /
Produtividade
Sómente da canna. 675 Agricultura
Economia /
Produtividade
Tecidos de algodão. 676 Geral Têxtil
Comprando-lhes o algodão. 676 Geral Têxtil
No preço o custo do algodão. 676 Agricultura
Economia /
Produtividade
Panno de algodão. 676 Geral Têxtil
Drogas de algodão. 677 Geral Objeto
Raiz de ruinaz. 677 Geral Tintura
Anil e o urucu. 677 Agricultura
Economia /
Produtividade
99
Transportar o algodão. 677 Agricultura
Economia /
Produtividade
Altissimos arvoredos 678 Geral
Comentários
gerais
São de madeiras mais fortes e duraveis. 680 Geral Construção
Os cipós ou do uambé, ou do timbó-titica. 680 Geral Construção
Palha de obim. 680 Geral Construção
Tecido de palha 680 Geral Construção
Algumas das palhas. 683 Geral Construção
Que era de madeira. 683 Geral Objeto
Por aqueles campos. 690 Geral
Plantas não
cultivadas
Da mandioca. 692 Geral Alimentação
Darem maior ou menor raiz. 693 Geral Alimentação
Melhor qualidade de mandioca. 693 Agricultura Plantação
Uiriky, dauaray, uguigy, acaiuy, adauky,
manacuhi.
693 Agricultura Plantação
Comtudo da mandioca se preparam. 693 Geral Alimentação
Massa da mandioca ralada. 693 Geral Alimentação
Adita mandioca. 693 Geral Alimentação
Casca do talo de guaruman ou de
jassitara.
693 Geral Alimentação
Porções da massa da mandioca. 694 Geral Alimentação
Para se fazer da massa da mandioca 695 Geral Alimentação
Poem-se de molho a mandioca. 695 Geral Alimentação
Massa da mandioca por peneiras mais
finas.
695 Geral Alimentação
A casca da mandioca. 696 Geral Alimentação
Quando são feitos da mandioca de água. 696 Geral Alimentação
Da massa da mandioca seca. 697 Geral Alimentação
Beijú de mandioca. 697 Geral Alimentação
O limão azedo, e demasiada pimenta da
terra.
698 Geral Alimentação
Principalmente a malagueta. 698 Geral Alimentação
Pimenta de cheiro e a amurupi. 698 Medicina Planta Medicinal
Pisadas que sejam as pimentas. 698 Geral Alimentação
Folhas de pacova e de outras plantas. 698 Geral
Comentários
gerais
Massa da mandioca seca. 698 Geral Alimentação
Cravo e da pimenta da terra 698 Geral Alimentação
Mandioca de água. 698 Geral Alimentação
Suco da mandioca 698 Geral Alimentação
Pimenta e alguns fructos da terra. 698 Geral Alimentação
Folhas da maniba. 698 Geral Alimentação
Com a pimenta. 698 Geral Alimentação
Maniba chamada mandioca-caua, fervido
juntamente com alguns grãos de arroz e
de milho.
698 Geral Alimentação
Fragmentos da raiz de outra espécie de
maniba chamada macaxeira.
698 Geral Alimentação
Mandiocana, nem da macaxeira 698 Geral Alimentação
Sucos das plantas venenosas. 699 Geral
Comentários
gerais
100
Frescas a plantas. 699 Geral
Comentários
gerais
Expremem os fructos do cipó. 699 Geral Alimentação
Prepararem o guaraná. 699 Geral Alimentação
O chá do ipadu 700 Medicina Planta medicinal
Suas folhas, depois de torradas ao fogo,
incorporando-lhe um pouco de tipioca e
cinza das folhas de ambauba.
700 Medicina Planta medicinal
Fazem de mandioca. 700 Geral Bebida
Fazem da mandioca, das batatas e das
macaxeira.
700 Geral
Bebida
Expremido do frutos. 700 Geral Bebida
Expremidos dos coquilhos das palmeiras
do assahi de ibacaba.
700 Geral
Bebida
Garrapas da cana, dos beijus guaçus, do
cacáo, do café.
701 Geral
Bebida
Frutas exóticas cultivadas[...[ O jambo e o
tamarindo. O figo, a laranja..
701 Geral Alimentação
A taqueira, ou gerumun de machado e o
calombro... O coco, e a ata.
701 Geral
Comentários
gerais
Ananá, a pacova, as sorvas grandes.
701-
702
Geral Alimentação
Ananá bravo, o açarana, a tataperirica. 702 Geral Alimentação
Coquilhos das palmeiras uapahi. 702 Geral Bebida
Sememtes: castanha da terra. 702 Geral Alimentação
Raizes: são a batata e o cará. 702 Geral Alimentação
101
Anexo 2 - Menções de plantas por outros autores.
Planta Páginas Área Subárea
Meio alqueire de linho de canhamo. 99 Agricultura Plantação
Os roçados de anil. 100 Agricultura Plantação
Semente do linho canhamo. 131 Agricultura Plantação
Como de outras arvores. 216 Geral
Comentários
gerais
Conservação e propagação das palmeiras
de piassaba. 216 Geral
Conservação
Fruta das arvores chamadas de casca
preciosa, e do puxuri e a extrahir o oleo
do umiri. 216 Agricultura Plantação
Das ditas arvores. 216 Agricultura Plantação
Palmeiras de piassaba. 216 Geral
Objeto
Fina madeira do pau vermelho. 216 Geral
Conservação
Centro do mato. 216 Geral
Plantas não
cultivadas
Conservação das palmeiras de piassaba. 217 Geral
Conservação
Arvores de casca preciosa, do puxuri, do
oleo do umiri, e do pau vermelho. 217 Geral
Conservação
Palmeiras de piassaba. 217 Geral
Conservação
EXTRACTO DO DIARIO DE VIAGEM AO
RIO NEGRO
220-
241
Presenteou-me com frutas. 221 Geral
Comentários
gerais
Comprar frutas e farinha. 221 Geral
Comentários
gerais
Arvores frutíferas. 222 Geral
Comentários
gerais
Observamos uma planta. 222 Geral
Comentários
gerais
Não tinha ramos, nem folhas. 222 Geral
Comentários
gerais
Descobri raizes. 222 Geral
Comentários
gerais
Nasce certa herva da altura de um palmo. 223 Geral
Comentários
gerais
Belissimas flôres. 224 Geral
Comentários
gerais
Fechadas com golhas. 224 Geral
Comentários
gerais
102
Folhas de carajurú. 224 Geral
Comentários
gerais
Feita de casca de madeira. 224 Geral Construção
Derrubado o mato. 225 Geral
Plantas não
cultivadas
Folhagem de uma árvore. 228 Geral
Plantas não
cultivadas
Despacho a todo anil. 230 Agricultura
Economia /
Produtividade
Sementeiras e plantações. 231 Agricultura
Economia /
Produtividade
Agricultura, que as sementeiras e
plantações. 231 Agricultura
Economia /
Produtividade
Quarta de anil. 233 Agricultura
Economia /
Produtividade
Semente de anil. 233 Agricultura
Economia /
Produtividade
Cortes de madeira. 234 Agricultura
Economia /
Produtividade
Fabricas do anil. 236 Agricultura
Economia /
Produtividade
Roçado de anil. 236 Agricultura
Economia /
Produtividade
Porções de bom anil. 236 Agricultura
Economia /
Produtividade
Bom anil e bem plantado. 236 Agricultura
Economia /
Produtividade
Libras de anil. 236 Agricultura
Economia /
Produtividade
Pois o anizal. 236 Agricultura
Economia /
Produtividade
Bom anil e bem plantado. 237 Agricultura
Economia /
Produtividade
Porção de anil. 237 Agricultura
Economia /
Produtividade
Tem o anizal. 237 Agricultura
Economia /
Produtividade
Tem bom anil. 237 Agricultura
Economia /
Produtividade
Largura do anizal. 237 Agricultura
Economia /
Produtividade
Fazer do anil. 237 Agricultura
Economia /
Produtividade
Maior porção de anil. 237 Agricultura
Economia /
Produtividade
Quarta de anil. 237 Agricultura
Economia /
Produtividade
Semente de anil. 237 Agricultura
Economia /
Produtividade
Semente de linho de canhamo. 293 Agricultura Plantação
Semente de linho de canhamo. 293 Agricultura Plantação
Semente de linho de canhamo. 293 Agricultura Plantação
Para reconhecer o seu fructo. 294 Botânica Identificação
103
Palmeiras da piassaba. 294 Agricultura Plantação
Frutas das arvores chamadas da casca
preciosa e do puxuri. 294 Agricultura Plantação
Extração do oleo de umiri. 295 Geral
Economia /
Produtividade
Madeira de páo vermelho. 295 Agricultura Plantação
2ª PARTE: BAIXO DO RIO NEGRO
PARTICIPAÇÃO QUINTA
Centro do mato. 567 Geral Plantas não
cultivadas
Desceo do mato. 568 Geral Plantas não
cultivadas
PARTICIPAÇÃO SÉTIMA
Participação a Participação do Rio Negro
Sendo a farinha de mandioca. 720 Agricultura
Economia /
Produtividade
Alguns frutos ou manços ou silvestres. 720 Geral Alimentação
Mandarem fazer roças de mandioca. 721 Agricultura Plantação
Não só na agricultura da mandioca, mas
tambem do tabaco, do café, e do cacau.
722 Agricultura Plantação
Em que hoje está o café. 722 Agricultura Plantação
Entre elles o café havido dos quintaes. 722 Agricultura Plantação
Si por aqui só se usasse de uma tal
qualidade de mandioca.
723 Agricultura
Comentários
gerais
E si a maniba é de bôa casta dura n'ella
dois e tres annos.
723 Agricultura Plantação
Deve-se conservar limpa de mato. 723 Geral
Plantas não
cultivadas
Sendo certo que os matos. 723 Geral
Plantas não
cultivadas
Todo o genero de herva. 723 Geral
Plantas não
cultivadas
E nunca o seu proveito corresponde ao
das matas virgens.
723 Geral
Plantas não
cultivadas
A mandioca tem várias applicações. 723 Agricultura
Economia /
Produtividade
Entre as qualidades de mandioca há uma
que se come cozida e assada.
724 Geral Alimentação
Muita parte das lavouras da mandioca se
estraga com este uso.
724 Agricultura Bebida
Muita parte das lavouras da mandioca[...]
exceptuado algum frasco d'ella para
algum medicamento receitado por
cirurgião.
724 Medicina Planta Medicinal
Onde se produz o vermelho. 725 Agricultura Plantação
A semente da melhor 725 Agricultura Plantação
E para segurarem a semente. 725 Agricultura Alimentação
A mesma semente tem afilhado muito. 726 Agricultura Plantação
Roçados da mandioca 726 Agricultura Plantação
Do algodão, da melancia, do feijão. 726 Agricultura Plantação
104
Haveria d'este legume. 727 Agricultura Alimentação
O feijão branco por aqui. 728 Agricultura
Comentários
gerais
E outros muitos legumes. 728 Agricultura
Comentários
gerais
E languidos e ainda os troncos e as suas
ramificações cobertas de uma lanugem
branca.
728 Agricultura Plantação
É onde se dão melhor e se carregam de
fructo.
729 Agricultura
Comentários
gerais
Os grandes cafesaes. 729 Agricultura Plantação
Conservam os cafesaes. 729 Agricultura Plantação
Das sombras dos ingazeiros. 729 Geral
Comentários
gerais
As sementes dos seus fructos. 729 Agricultura Plantação
Por entre os arvoredos sombrios. 729 Geral
Comentários
gerais
Pelas extremidades de seus ramos uns
grelos nodosos e crespos.
729 Geral
Comentários
gerais
Enxertar uma herva, a que os naturaes
dão o nome de uirarissutí[...] e nós outros
hervas de passarinho.
729 Geral
Plantas não
cultivadas
Muitas arvores. 729 Geral
Comentários
gerais
Limpando as arvores. 729 Geral
Comentários
gerais
Não succede aos ditos cacoeiros. 730 Agricultura Plantação
Á somvra de outras arvores. 730 Geral
Comentários
gerais
Há cacoeiros. 730 Agricultura Plantação
Lhes dissipa o fruto 730 Agricultura Plantação
É dos cacoeiros plantados. 730 Agricultura Plantação
O café e d'elle fazem as suas conservas. 730 Geral
Comentários
gerais
Aguardente de canna. 730 Agricultura Bebida
Pois a canna que se reduz a mel. 730 Geral
Comentários
gerais
Vizinhanças de mandioca. 731 Agricultura Bebida
O pouco tabaco que se fabrica. 731 Agricultura
Economia /
Produtividade
Se tiram até quatro folhas. 731 Agricultura Plantação
Cordas de cipó, ou de folha de muriti
torcida.
731 Geral Objeto
As suas folhas têm muitas virtudes
medicinaes.
731 Medicina Planta Medicinal
Não só o algodão pega bem, mas tambem
o café, o cacáo.
732 Agricultura Plantação
Se internam para os matos. 732 Geral
Plantas não
cultivadas
Quando o mato não chega a crescer. 733 Geral
Plantas não
cultivadas
Nunca se perde a semente. 733 Agricultura Plantação
O mais bem aceito anil de todo o estado. 733 Agricultura
Economia /
Produtividade
Não haverá tambem arvore de urucú. 734 Geral Comentários
105
gerais
Achada ella entre o matto. 734 Geral
Comentários
gerais
Já fabricou urucú. 734 Agricultura Plantação
Couves como os repolhos. 735 Agricultura Plantação
Ella tambem dá pepinos, alfaces, xicoria
do reino [.../ Brazis lhe chamam coentro
da India.
735 Agricultura Plantação
Tambem já se cultivou almeirão. 735 Agricultura Plantação
A cebola é muito usual. 735 Geral
Comentários
gerais
Os alhos não dão sinão folha. 735 Geral
Comentários
gerais
Se lhe chamam alhos mazombos. 735 Geral
Comentários
gerais
Como sejam bringelas e tomates. 735 Geral
Comentários
gerais
Quanto ás uvas e figos. 735 Agricultura Plantação
Só tem havido uvas brancas. 735 Agricultura Plantação
Tanto de flôres como dos mais. 735 Agricultura Plantação
Houveram amoreiras. 735 Geral
Comentários
gerais
Já há tamarindos. 735 Geral
Comentários
gerais
Os cravos do reino não floresceram. 736 Geral
Comentários
gerais
E de uma só semente se fazia uma mata. 736 Geral
Comentários
gerais
Dá bem losna, arruda, mangerona,
mangericão [...] ortelan, e coentro.
736 Agricultura Plantação
E dos fructos conservados. 736 Geral
Comentários
gerais
Pimentas grandes e pequenas [..]:
malagueta, cumari, e murupi.
736 Geral
Comentários
gerais
A malagueta é compridinha e delgada. 736 Medicina Planta Medicinal
Cumari silvestre, e se dá o mato. 736 Geral Alimentação
Batata, planta universal. 736 Geral Alimentação
Cara, há brancos, roxos, grandes e
pequenos.
736 Geral Alimentação
Raiz pequena bem similhante na folha ao
gengibre.
737 Geral
Comentários
gerais
Similhante a tamararana [...] pequenas
raizes que nascem da fruta.
737 Geral
Comentários
gerais
Come-se a folha e também a raiz [...]só se
come a raiz cozida.
737 Geral Alimentação
Mais raizes: umiriri e tajuassú 737 Geral
Comentários
gerais
Mamão banana ou Pacova na lingua
geral: colhem-se em abundancia.
737 Agricultura Plantação
Palma vistosa, e muito mais quando tem
fruto.
737 Geral
Comentários
gerais
Sua arvore é povoada de espinhos e por
todos os talos.
737 Geral
Comentários
gerais
Cocos: são poucos os que há, porem
carregam bem de caxos.
737 Geral
Comentários
gerais
106
Sua semente foi dade de um coqueiro. 738 Geral
Comentários
gerais
Abio: fruta estimavel e de bom gosto. 738 Geral
Comentários
gerais
Caju cultivado: uns são amarellos tirante a
brancos.
738 Geral
Comentários
gerais
Inga: doce, mas de pouca conservação. 738 Geral
Comentários
gerais
Cultivam sejam o de sipo e o pêua, tanto
para comer.
738 Geral
Comentários
gerais
Como para as sombras de café. 738 Geral
Comentários
gerais
O de sipó tem uma vara de comprido. 738 Geral
Comentários
gerais
Os pêuas são xatos. 738 Geral
Comentários
gerais
Biriba: de polpa mole e doce [...] tem
muito caroço [...] as mesmas frutas do
conde.
738 Geral
Comentários
gerais
Ata: saborosa e muito similhante ao biribá
[...] uns bicos pela casca.
738 Geral
Comentários
gerais
Araticun: é grande molle e agro-doce. 738 Geral
Comentários
gerais
Laranja doce e azeda. 738 Geral
Comentários
gerais
Limão doce e azedo. 739 Geral
Comentários
gerais
Cobios: uns são lisos. 739 Geral
Comentários
gerais
A sua folha e mais larga que a da
bringela.
739 Geral
Comentários
gerais
Alguns são espinhosos os talos e tronco. 739 Geral
Comentários
gerais
Sorvas: há duas qualidades d'ellas [...]
colherem os frutos, deitem abaixo as
arvores.
739 Geral
Comentários
gerais
Umaris: há de muitas variedades. 739 Geral
Comentários
gerais
Podem-se ajuntar muitas folhas [...] e as
folhas de taioba, ou em salada, como os
olhos das palmeiras de assahi [...]
palmeiras do ananjá.
739 Geral Alimentação
Arvoredos. 745 Geral Comentários
gerais
Plantas e árvores tão venenosas... São o
assacú, a herva de rato, e o timbó.
745 Geral Comentários
gerais
Plantas venenosas. 746 Geral Comentários
gerais
Plantas se criam sómente pelo centro do
mato... Dito assacú.
746 Geral Comentários
gerais
Respeito da mandioca. 746 Agricultura Plantação
Suco da mandioca. 747 Geral Alimentação
107
As árvores do país, como são as do cravo
finigrosso, as do puxi, puxiriassú e mirim,
e a do umiri [...] Muitos bálsamos naturais.
748 Geral Comentários
gerais
Cultiva o arroz. 752 Agricultura Plantação
Onde apodrece a sua palha. 752 Geral Comentários
gerais
Casas tanto a palha, como a moinha do
arroz.
753 Geral Comentários
gerais
Espessos matos. 754 Geral Plantas não
cultivadas
Sementos do algodão que se descarossa,
e as cascas e a moinha do arroz.
755 Geral Comentários
gerais
Tem uma herva occulta 756 Medicina
Planta Medicinal
Sal de losna[...] O gengibre, a pimenta,
malagueta em pó[...] Jalapa, rui barbo.
756 Medicina
Planta Medicinal
Feitos da pimenta e do gengibre. 756-
757
Medicina
Planta Medicinal
Folhas de laranja, do limão. 759 Medicina
Planta Medicinal
Folhas de genipapo e do pau-tamanca, e
no sumo do gengibre.
759 Medicina
Planta Medicinal
Barrete de algodão. 759 Medicina
Planta Medicinal
Raiz de cipó, chamado gapuhi, da água
que destila a palmeira do caraná-açu.
759 Medicina
Planta Medicinal
Raiz do cipó chamado ambouarembó. 759 Medicina
Planta Medicinal
Oleo do umeriem. 759 Medicina
Planta Medicinal
Flôres das perpetuas vermelhas ou de
mamão macho, ou do urucú, como o da
raiz do malvaisco.
759 Medicina
Planta Medicinal
Gengibre ralado. 759 Medicina
Planta Medicinal
Plantas medicinais. 760 Medicina
Planta Medicinal
Puxuri, e as frutas da árvore da casca
preciosa.
760 Medicina
Planta Medicinal
Oleo de umeri. 760 Medicina
Planta Medicinal
Semente da cupahiba ralada. 760 Medicina
Planta Medicinal
Quatro grãos de pinhão. 760 Medicina
Planta Medicinal
Folhas de herva mucura-caha. 761 Medicina
Planta Medicinal
Herva aiapana. 761 Medicina
Planta Medicinal
Oleo de umeri. 761 Medicina
Planta Medicinal
Manjericão bravo, a casca. 761 Medicina
Planta Medicinal
108
Onde se infunde a arruda. 762 Medicina
Planta Medicinal
Panos de algodão. 762 Geral Têxtil
Casca da raiz do limão azedo[...] Summo
de limão, encorporado com outras de
cupaúba.
762 Medicina
Planta Medicinal
Pinhão, e outras tomam em clisteres os
pós do paricá.
762 Medicina
Planta Medicinal
Folhas da herva chamada caábepa. 762 Medicina
Planta Medicinal
Malvaisco, e da caámenbeca... Herva
babosa... Manteiga de cacao.
762 Medicina
Planta Medicinal
Folhas dos oleos do matapasto e da
entrecasca da raiz[...] Das sementes
pisadas]...] Árvore chamada
comandáassu.
762 Medicina
Planta Medicinal
Azeite de jandiroba. 763 Medicina
Planta Medicinal
Raiz de timbó. 763 Medicina
Planta Medicinal
Limão azedo assado. 763 Medicina
Planta Medicinal
Raiz da planta manacá, e como purgante
o pinhão... Cozimento da ubutua; e do
pau-moquem e das folha de ipadú.
763 Medicina
Planta Medicinal
Purgante de maná. 769 Medicina
Planta Medicinal
Chá de canela. 771 Medicina
Planta Medicinal
Duas oitavas de rui barbo, 30 grãos de
calomelanos, 12 grãos de diagrideo, uma
oitava de canela, 12 grãos de açafrão.
772 Medicina
Planta Medicinal
Summo de grama. 772 Medicina
Planta Medicinal
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