138
SERAPIÃO
130
afirma que nessa época o modelo moderno
131
[de arquitetura]
serviu como uma luva, aproveitando a eficiência das tipologias em “I” e “H”, e
do ponto de vista arquitetônico, poucos foram os projetos bem sucedidos.
Percebe-se claramente que nesse período até 1971, consolida-se a
incorporação imobiliária
132
, abarcada também pela abundante mão-de-obra
existente nesse grande centro urbano
133
, e pela ascensão da classe média.
Para se precisar a classificação sócio-econômica, e delimitar o termo “a classe
média”
134
, pesquisamos o método de avaliação do “Critério Econômico
Brasil”
135
, da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP). Esse
130
SERAPIÃO, Fernando. “O Edifício Invisível e a Cidade Inexistente” In Revista Projeto
Design mar. 2000, nº 241. São Paulo, 2001, p.65.
131
Id., 2001, p. 65. O autor refere-se aos conceitos racionalistas impostos no modelo moderno
de edifícios.
132
RIBEIRO, Luiz Cesar de Queiroz. Dos Cortiços aos Condomínios Fechados: As Formas de
Produção da Moradia na Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro,: Civilização Brasileira,
1997.
133
Ver PLAMBEL: O Processo do Desenvolvimento de Belo Horizonte: 1897-1970. Belo
Horizonte: Superintendência de Desenvolvimento da Região Metropolitana – PLAMBEL, 1979,
p. 311.
134
O termo classe média é citado em textos que descrevem a composição das camadas
financeiras das famílias que compõem a sociedade de uma cidade. “No “Dicionário de
Sociologia Guia Prático da Linguagem Sociológica”, deparamo-nos com a definição de
JOHNSON onde classe média é um conceito que tem permanecido esquivo à definição
precisa“. Diante dessa imprecisão, vimos a necessidade de estabelecer parâmetros de
contorno da família nuclear de classe média. Para tal, delimitaremos o recorte social dessa
família urbana que emergiu nas primeiras décadas e consolidou-se no decorrer do século XX,
na Cidade do Rio de Janeiro, baseando-nos nos dados contidos das planilhas informativas de
cálculo de financiamento, que consta na carta de crédito para aquisição de imóvel de classe
média aprovado pela Caixa Econômica Federal em abril de 2001, é de R$ 3777,77 a R$
8500,00, podendo adquirir um imóvel entre R$ 120000,00 a R$ 300000,00. Cabe lembrar que
essas famílias, em geral, residem em determinados bairros da Cidade do Rio de Janeiro, que
não se encontram no patamar da pobreza, têm uma similaridade quanto ao consumo de
espaços de cultura e lazer da cidade, e o nível de instrução do chefe de casa encontra-se entre
o superior incompleto e completo.
135
O Critério de Classificação Econômica Brasil enfatiza sua função de estimar o poder de
compra das pessoas e famílias urbanas, abandonando a pretensão de classificar a população
em termos de “classes sociais”. A divisão de mercado (definida abaixo) é, exclusivamente de
classes econômicas. Este critério foi construído para definir grandes classes que atendam às
necessidades de segmentação (por poder aquisitivo) da grande maioria das empresas. Não
pode, entretanto, como qualquer outro critério, satisfazer todos os usuários em todas as
circunstâncias. Certamente há muitos casos em que o universo a ser pesquisado é de
pessoas, digamos, com renda pessoal mensal acima de US$ 30.000. Em casos como esse, o
pesquisador deve procurar outros critérios de seleção que não o CCEB. A outra observação é
que o CCEB, como os seus antecessores, foi construído com a utilização de técnicas
estatísticas que, como se sabe, sempre se baseiam em coletivos. Em uma determinada
amostra, de determinado tamanho, temos uma determinada probabilidade de classificação
correta, (que, esperamos, seja alta) e uma probabilidade de erro de classificação (que,
esperamos, seja baixa). O que esperamos é que os casos incorretamente classificados sejam