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A ARQUITETURA NA ANARQUITETURA: OS CONCEITOS DE
FLEXIBILIDADES ESPACIAIS NA PRODUÇÃO IMOBILIÁRIA NA CIDADE
DO RIO DE JANEIRO
Mário de Oliveira Saleiro Filho
PROARQ/FAU/UFRJ
Doutorado em Arquitetura
Orientador
Mauro César de Oliveira Santos
Doutor
Rio de Janeiro
2009
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II
A ARQUITETURA NA ANARQUITETURA: OS CONCEITOS DE
FLEXIBILIDADES ESPACIAIS NA PRODUÇÃO IMOBILIÁRIA NA CIDADE
DO RIO DE JANEIRO
Mário de Oliveira Saleiro Filho
Tese de Doutorado submetida ao Corpo Docente do Programa de Pós-
Graduação em Arquitetura da Faculdade de e Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.) da Arquitetura.
Aprovada por:
Mauro César de Oliveira Santos
Arquiteto, Prof. Dr. – FAU/PROARQ/UFRJ – (orientador)
Prof.a. Cristiane Rose de Siqueira Duarte
Arquiteta, Prof.a Dr.a – FAU/PROARQ/UFRJ
Prof. Luiz Manoel Cavalcanti Gazzaneo
Arquiteto, Prof. Dr. – FAU/PROARQ/UFRJ
Prof.a Ana Lucia Vieira dos Santos
Arquiteta, Prof. Dr.a
Prof.a Rosemary Compans
Arquiteta, Prof.a Dr.a - IMB
Rio de Janeiro
2009
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III
Capa: fonte: http://dvice.com/pics/Momabottlebricks.jpg, acessado em mar.09.
SALEIRO FILHO, Mário de Oliveira
A Arquitetura na Anarquitetura: Os Conceitos de Flexibilidades Espaciais na
Produção Imobiliária na Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:
UFRJ/FAU/PROARQ, 2009.
XIV, 266 p. Il; 30cm.
Tese de Doutorado em Arquitetura – FAU/UFRJ/PROARQ
1. Habitação: História 2. Habitação: Projeto 3. Flexibilidades Espaciais – Rio
de Janeiro (Cidade). I. Título
IV
Aos meus pais, Mário (in memorian) e Elizabeth Saleiro,
e a Marcelo Mariz, todo o meu amor.
V
AGRADECIMENTOS
À FAPERJ - Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio
de Janeiro por ter acreditado em mim e ter financiado o nosso trabalho.
Ao professor Mauro César de Oliveira Santos, orientador e amigo, que,
generosamente, me acolheu, dividindo o seu saber. Com a sua luz norteou à
minha estrada e com todo o seu brilhantismo, atraquei a minha nau. “Zum Wohl
Mauro”.
À professora Elizabete Martins, pela atenção dispensada, enriquecendo o meu
repertório, realizando tertúlias arquitetônicas e filosóficas, e indicando-nos
referências bibliográficas, sobre o campo da arquitetura e o universo das
flexibilidades espaciais, tanto no Brasil quanto nas digressões à Espanha e
Portugal.
À professora Ana Lucia Vieira dos Santos, pela significativa contribuição no
balizamento da nossa investigação, quando membro da banca do nosso exame
de qualificação.
Ao Curso de Doutorado em Arquitetura do PROARQ/FAU/UFRJ,
especialmente a sua coordenadora Cêça de Guimaraens, e os professores:
Ângela Martins, Cláudia Barroso-Krause, Cristiane Duarte, Fernanda
Magalhães, Guilherme Lassance, Gustavo Rocha-Peixoto, Ivany Bursztyn, Luiz
Manoel Gazzaneo, Lygia Niemeyer e Rosina Trevisan que trouxeram valiosos
elementos de reflexão e enriqueceram, com talentos, minha vida acadêmica.
À professora Dirce Eleonora Nigro Solis, chefe do Departamento de Filosofia
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e coordenadora do Curso de
História da Bennett Centro Universitário Metodista, pelo apoio dado na esfera
de seu entendimento.
Ao professor Alberto Oliva, coordenador do Centro de Epistemologia e História
da Ciência do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Filosofia do
IFCS da UFRJ pelas perplexidades apresentadas em suas aulas.
Ao professor Jorge Cruz Pinto, do Departamento de Arquitetura da Faculdade
de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa, tanto as suas reflexões
VI
sobre o espaço, quanto o oferecimento dos seus livros, sublinharam o meu
pensamento.
Ao arquiteto Paulo Vieira da Silva, em nome do escritório de arquitetura
ROCCO ASSOCIADOS de São Paulo, pela gentileza e simpatia em me
atender nos inúmeros favores que solicitei àquela firma.
A arquiteta Suellen Farias, da Construtora Gafisa, que me ajudou a acessar os
arquivos dessa empresa, para poder saber o universo de edifícios com essa
especificidade.
Aos meus colegas do Curso de Doutorado em Arquitetura, que muito
contribuíram para o sucesso do nosso trabalho, Helga Santos Silva, Ubiratan
de Souza, especialmente a minha cúmplice e amiga Maria lia Santos, que
não mediu esforços em apoiar-me.
Às funcionárias da secretaria do PROARQ: a arquiteta Maria da Guia Monteiro,
Rita Frazão e Antonia Reis, pelo carinho com que trataram a parte burocrática
do curso.
Ao Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Gama
Filho, pelo apoio nos mais diferentes e precisos momentos: Coordenadora
Cristina Malafaia; Professores Dely Bentes, Liane Flemming, Luiz Augusto
Reis-Alves, Regina Pimenta, Siva Bianchi, Tanja Argentina, Virgínia Marcelo;
Wilson Ribeiro; secretária Cristina Matias, monitores Tayza Ortiz e Victor Felipe
Monteiro.
Ao Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Bennett Centro
Universitário Metodista, pela contribuição substancial para a construção do
meu trabalho: Coordenadora Viviane Corner; Professores Adriana Sansão,
Dionísio Augusto, Francisco Veríssimo, Leonardo Mesentier, Rosemary
Compans; em especial a Glaucia Augusto, por ter segurado a coordenação de
TFG com maestria.
Aos amigos [correspondentes] residentes na Europa: Barcelona, Maria Regina
Saraiva Mendes; Berlim, Kristian Ceppas; Lisboa, Aldora Amaral, Ana Maria
Martins e João Paulo Rodrigues; Londres, Ana Beatriz Rocha, Milão, Alfredo
Monteiro que prontamente se dirigiam aos centros de pesquisas daquelas
VII
cidades para poder enviar as referências bibliográficas para assuntarmos o
nosso trabalho.
Aos amigos da vida luso-brasileira: Alice Brandão, Ana Maria Campos, Antonio
Torres, Beatriz Santos, Cecília Castro, Cristina Passos, Deiva Villenave, Edna
Mariz, Eurico Calvente, Evelise Borges, Ilma Santos, Isabel Pessanha, Jaime
Conde, Janete Mendes, João Ulrich, Joaquim Passos, José Estrela, Jo
Pedro Batista, Liane Simões, Lourdes Luz, Luis Pessanha, Luiz Neves, Maria
Helena Freire, Maria João Ulrich, Maria Margareth Ribas, Paulo Santos, Pierre
Villenave, Sandra Radesca, lvia Ferreira da Rocha, Sonia Vasconcellos,
Tânia Junqueira, Teresa Faísca, Vilma Azevedo, Vitor Duarte e Yara Costa
Lima.
Ao meu instrutor de natação Ney Souza, pelas práticas específicas onde estou
podendo aprimorar a técnica no esporte, e, fazer disso, uma ferramenta capaz
de me relaxar, e encarar mais facilmente a execução dessa obra.
Às pessoas e, em especial a Ademir Rodrigo Figueiredo nas charges nas
aberturas dos capítulos, que, carinhosamente, me ajudaram a cumprir
diretamente e indiretamente o percurso dessa longa estrada.
VIII
RESUMO
SALEIRO FILHO, Mário de Oliveira. A Arquitetura na Anarquitetura: Os Conceitos
de Flexibilidades Espaciais na Produção Imobiliária na Cidade do Rio de
Janeiro.
Orientador: Prof. Dr. Mauro César de Oliveira Santos. Rio de Janeiro:
UFRJ/FAU/PROARQ, 2009. Tese
A hipótese de nosso trabalho de doutorado é de que a flexibilidade inicial no
momento da escolha diversificada, apresentada nas plantas dos materiais de
campanha publicitária das habitações multifamiliares, suas variações
tipológicas (reversibilidade, permeabilidade e contigüidade) e seus atributos
espaciais (em termos da forma e da função). Apesar de ser um projeto elaborado
pela produção imobiliária contemporânea (anarquitetura), fundamenta-se em
conceitos de arquitetura, qualificando o espaço da moradia, podendo
contemplar uma maior variabilidade de estruturas familiares com necessidades
funcionais distintas, permitindo arranjos espaciais específicos. O objeto deste
estudo é a flexibilidade espacial nas unidades habitacionais dos lançamentos
imobiliários de habitação multifamiliar na Cidade do Rio de Janeiro numa periodização
entre 1996 a 2008. Para podermos compreender e analisar a flexibilidade inicial e suas
variações tipológicas no marketing desses lançamentos imobiliários contemporâneos,
a metodologia foi desenvolvida em duas etapas: a primeira, uma revisão de casos
caracterizados pelo conceito de flexibilidade espacial em diferentes contextos
históricos; e a segunda foi subdividida em duas partes, ambas tendo como suporte
analítico os materiais de campanha publicitária da produção imobiliária contemporânea
na Cidade do Rio de Janeiro: na primeira parte, fundamentamos pelos princípios da
análise de conteúdo; e na segunda, realizamos uma investigação para confirmar as
variações tipológicas nas plantas dos apartamentos. Com esta tese, procuraremos
entender como funcionam essas transformações tipológicas, e propomos inventariar
essas tipologias como instrumento arquitetônico para futuras análises em projetos
dessa especificidade.
IX
ABSTRACT
SALEIRO FILHO, Mário de Oliveira. A Arquitetura na Anarquitetura: Os Conceitos
de Flexibilidades Espaciais na Produção Imobiliária na Cidade do Rio de
Janeiro.
Orientador: Prof. Dr. Mauro César de Oliveira Santos. Rio de Janeiro:
UFRJ/FAU/PROARQ, 2009. Tese
The hypothesis of this work understates that the concept of “initial flexibility”,
consisting of typological variations (reversibility, permeability and contiguity)
and spatial attributes (in terms of form and function) characterized by multiple
and possible choices of architectural plans that illustrate the promotional
material of multi-familiar blocks of flats is, although elaborated by contemporary
real estate’s marketing strategy (anarchitecture). Underpinned by architectural
concepts which qualify the dwelling and which could contemplate a larger
variability of familiar structures with particular functional necessities, permitting,
therefore, specific spatial arrangements. The object of this study is the spatial
flexibility of the residential unity of the multi-familiar blocks of flats launched between
1996 and 2008, in the city of Rio de Janeiro. To understand and analyse the initial
flexibility and its typological variations seen on contemporary real state’s promotional
material produced within this period, the methodology was divided in two stages: one
which revises the cases characterized by the concept of spatial flexibility in different
historical contexts; and the other, which was subdivided into two parts, both having
such promotional material as reference: the first part is the analysis of the contents,
and the second part is an investigation to confirm the typological variations of the
architectural plans. With this thesis, presented as part of the requirements for a
doctoral degree, we aim to understand how these typological transformations operate,
and we propose to list these typologies as an architectural instrument, which could be
employed in further analysis of projects of similar specificity.
X
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
apud - citado por, segundo
ed. - editor / edição
fig. - figura
ibid. - na mesma obra
id. - igual a anterior
Il. - ilustração
m - metro
m
2
- metro quadrado
n. - número de fascículo
n.º - número
op. cit. - na obra citada, na obra editada
org. - organizador
p. - página
RJ - Estado do Rio de Janeiro
s.d. - sem data
v. - volume
XI
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1 Relação dos Prospectos de Lançamentos Imobiliários na Cidade do
Rio de Janeiro (1996-2008);
Anexo 2 Plantas Matrizes e suas Variações Tipológicas dos Catálogos e
Manuais de Plantas das Campanhas Publicitárias
XII
A CASA
“A casa é o personalíssimo abrigo
construído na argamassa do inefável
entre cornijas evanescentes
para os andaimes do sonho.
E nesse caso
o sonho – de tão especial –
não se discute o gosto:
Cada um
no seu qual.
A casa
é o sobretudo da alma
de figurino único
talhada no corpo
por alfaiate exclusivo.
Mesmo àquelas sem grife,
(padronizadas em série)
dos conjuntos populares
apenas com um toque
um simples vaso de açucenas
debruado na janela
um rendilhado
uma cor mais forte e
pronto:
a magia se completa.
E há quem diga:
- É a cara dos donos!
Mas há uma arquitetura
(que não se põe à mostra)
tecida em suas nervuras:
pequeno talhe de luz
de quem as habita.
É o detalhe vivaz
como último ramo
que os pássaros
- esses engenheiros do ar –
depositam nos ninhos
para o calor das horas.
Aquilo
de quem se põe na vida
e para ela se constrói
num cotidiano de partilha.
Bem assim
é esta casa
onde não se precisa
licença para entrar.
Só uma exigência se impõe:
Traga consigo
carinho paz e ternura
Tudo mais é serventia da casa.
Poema de Aníbal Beça sobre a residência projetada por Severiano Mário Porto em Manaus.
16/05/2008
XIII
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 1
I. ANÁLISE FUNCIONAL DAS “FLEXIBILIDADES ESPACIAIS” 10
I.1 Considerações sobre o Habitante, o Habitar e a Habitação 13
I.2 Flexibilidades - Seus Conceitos e Pontos de Vista 19
I.3 Delimitações sobre Tipo e Tipologia 25
I.4 Flexibilidades Iniciais - Suas Variações nas Plantas 29
I.4.1 A Reversibilidade 29
I.4.2 A Permeabilidade 31
I.4.3 A Contigüidade 31
I.4.4 A Adaptabilidade 33
I.5 Resumo da “Análise Funcional das Flexibilidades Espaciais” 36
II. O PROCESSO DE FORMAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DAS
“FLEXIBILIDADES ESPACIAIS” NA HABITAÇÃO 38
II.1 Os Exemplos no Decorrer do Tempo no Mundo. 41
II.1.1 A Habitação Japonesa e os Primeiros Sinais de Flexibilidade no Ocidente
42
II.1.2 Do Modernismo ao Final da Década de 80 57
II.1.3 A Contemporaneidade 86
II.2 Os Exemplos no Decorrer do Século XX e Século XXI no Brasil. 98
II.3 Resumo “O Processo de Formação e Transformação das Flexibilidades
Espaciais na Habitação” 130
III. A PRODUÇÃO IMOBILIÁRIA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO 134
III.1 Considerações sobre a Anarquitetura 136
III.2 Considerações sobre o Marketing 148
III.3 Palavras Chave no Campo do Marketing 154
III.3.1 Denominação no Desenho 160
III.3.2 Mobiliário e Equipamento Sugerido como Decoração 170
III.4 Resumo “A Produção Imobiliária na Cidade do Rio de Janeiro” 176
IV. AS FLEXIBILIDADES INICIAIS NAS PLANTAS DOS CATÁLOGOS,
MANUAIS E PROSPECTOS IMOBILIÁRIOS RESIDENCIAIS 178
IV.1 Relação Flexibilidade Inicial x Número de Quartos na Planta 182
IV.2 Flexibilidade Inicial e suas Variações Tipológicas 184
XIV
IV.2.1 A Planta Matriz 190
IV.2.2 A Reversibilidade do Quarto de Empregado para o Setor Social 193
IV.2.3 A Reversibilidade do Quarto de Empregado para o Setor Íntimo 197
IV.2.4 A Permeabilidade da Cozinha para a Sala 199
IV.2.5 A Contigüidade entre Cozinha e Sala 201
IV.2.6 A Contigüidade entre Sala e Quarto 203
IV.2.7 A Contigüidade entre Quartos 206
IV.2.8 A Contigüidade entre Cozinha, Sala e Quartos 209
IV.3 Resumo “As Flexibilidades Iniciais nas Plantas dos Catálogos, Manuais e
Prospectos Imobiliários Residenciais” 212
CONSIDERAÇÕES FINAIS 216
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 224
ANEXOS 247
Anexo 1
Relação dos Prospectos de Lançamentos Imobiliários na Cidade
do Rio de Janeiro (1996 – 2008) 249
Anexo 2 Plantas Matrizes e suas Variações Tipológicas dos Catálogos e
Manuais de Plantas das Campanhas Publicitárias 262
INTRODUÇÃO
2
INTRODUÇÃO
Pretendemos investigar nessa pesquisa o conceito de flexibilidade na
habitação, vinculando exemplos na esfera teórica e prática da habitação
flexível, esclarecendo e aprofundando o seu conteúdo. Reconhecemos que
esse conceito, de uma maneira concisa, sublinha como um espaço pode ser
modificado fisicamente, no âmbito da polivalência e versatilidade, ou até
mesmo pela sua neutralidade, corroborando pontualmente no processo do
desenvolvimento dos atributos funcionais ao longo dos tempos.
Estudaremos os conceitos de flexibilidade espacial, mais especificamente de
flexibilidade inicial no campo arquitetural residencial, tanto sob o viés da
neutralidade e multifuncionalidade do espaço, não implicando alterações físicas
espaciais, quanto na modificação da habitação, promovendo um movimento de
partições e vedações.
Um dos problemas fundamentais, na contemporaneidade, concentra na ordem
da projetação e da produção habitacional multifamiliar, por não responder
eficientemente aos ideais de necessidades dos usuários, não estabelecendo
laços de identidade pessoal, apontando um déficit sentimental do habitat para
com os seus residentes.
Reconhecemos que flexibilidade é um conceito antigo por encontrar-se nas
origens da habitação, por ser muito ancestral a idéia de que um habitat se
adeque com facilidade às transformações da vida humana.
Os períodos que antecedem ao culo XIX, a conformação da habitação tanto
era idealizada pelos próprios usuários quanto, muitas vezes, construída,
ressaltando a personalização daquela arquitetura, que poderia ser adaptável e
evolutiva. Havia equilíbrio entre aquilo que necessitavam e os meios que
dispunham para erigi-la.
A partir do século XIX, com a implementação da Revolução Industrial, houve
uma incitação, em grandes escalas, de migração das pessoas, e atrelado, o
crescimento da população urbana, estimulando a habitação massificada com o
advento de novas tecnologias e materiais construtivos. Em decorrência desses
3
fatos, verticalizam-se os edifícios de apartamentos, e, conseqüentemente,
distanciam o habitante do processo de concepção e construção de seu habitat.
Recorremos ao pensamento de Lucio Costa sobre o edifício de apartamentos,
quando o caracteriza como edifício-tipo da nossa época, a morada do homem
1
,
pois sua concepção e produção imobiliária representam um problema basal
para o arquiteto. Por não responder, eficientemente, às necessidades dos seus
usuários, no âmbito particular, consolida um quadro de insatisfações, por não
individualizar as afinidades e, sobretudo, a identidade pessoal dos seus
habitantes.
“O edifício constitui o produto mais característico da arquitetura. É através
dele que a arquitetura se relaciona com a vida dos homens em suas
diversas manifestações. Do nascimento à morte, da maternidade ao
túmulo, o homem atravessa o tempo da sua existência trabalhando,
repousando, cultivando divindades e memórias, brincando e sofrendo, no
abrigo dos edifícios construídos para proteger e favorecer o exercício que a
vida requer.”
No Brasil, nas primeiras décadas do século XX, a eclosão industrial nascente,
mais especificamente nas cidades importantes como Rio de Janeiro e São
Paulo, em suas zonas centrais passaram a conhecer o edifício de
apartamentos. Agentes imobiliários criaram o apartamento para a classe média
– “classe de hábitos modestos e de passadio frugal
2
.
De fato, o fator para que as normas, os programas e os partidos desses
edifícios fossem determinados foram os hábitos e desejos dessa classe social.
Os agentes imobiliários procuraram trabalhar uma planta de apartamento,
baseado na organização social do espaço de uma residência confortável, pois
era isso que a classe média considerava o mais importante.
“...o apartamento familiar divide-se em três zonas funcionalmente
independentes: área social, área íntima e a área de serviço...essa planta
tornou-se o padrão nacional durante o período entreguerras, quando os
1
Ver Carta de Lucio Costa dirigida à Edgar Graeff In: GRAEFF, E. Cadernos Brasileiros de
Arquitetura nº 7 – Edifício. São Paulo: Projeto Editores Associados Ltda, 1976, p.5.
2
A classe média quase sempre ostenta, da porta da rua para fora, costumes na verdade o
condizentes com as posses de sua camada social. Classe de gente vinda das antigas
propriedades, que ainda se agarra ao nome de família com certa vaidade ou então,
modernamente, oriunda das fábricas ou do comércio onde já entra o elemento estrangeiro
In:LEMOS, Carlos A. C. Cozinhas, etc
. São Paulo: Editora Perspectiva, 1978, p.157.
4
edifícios de apartamentos residenciais floresceram nos principais centros
urbanos do Brasil”.
3
Posterior ao lançamento do edifício de apartamentos, com o advento do
Movimento Moderno na Arquitetura nos anos 20 do século XX, houve uma
tentativa de aproximação entre o habitante e a sua residência, introduzindo o
conceito de flexibilidade no âmbito da construção, através da independência da
estrutura da alvenaria, permitindo através da planta livre, uma melhor
distribuição espacial interior e grandes dimensões.
Nas cadas de 60 e 70, em decorrência da velocidade das alterações
tecnológicas no campo da construção civil, da cultura e da mobilidade urbana,
surgem novos pontos de vista sobre mutação, para serem colocados em
prática, e serem problematizados na arquitetura residencial multifamiliar,
inserindo propostas tanto sob viés utópico quanto o experimental, adotados por
alguns movimentos arquitetônicos daquela época.
Os anos 80 foram abalizados por um investimento intelectual no processo de
desenvolvimento dos conceitos e da prática na esfera da flexibilidade, onde
podemos destacar as reflexões em Paris sobre a habitação no culo XXI,
concentrando todas as instalações hidro-sanitárias das unidades habitacionais
na fachada. Na virada dessa década para a subseqüente, anos 90, até a
presente data, vários exemplares sob o viés da flexibilidade espacial na
habitação foram materializados tanto no campo teórico, através de literatura
especializada quanto na esfera prática, com o surgimento, no campo projetual
de novos modelos.
Diante do exposto, reconhecemos que a flexibilidade espacial também é um
conceito atual, pois galgou um posto de preocupação no universo arquitetônico
contemporâneo, sendo expressa, sobretudo, como uma palavra de ordem nos
questionamentos no campo da habitação.
3
Todos os arquitetos que James Holston entrevistou, e todos os apartamentos de classe média
que estudou em várias cidades brasileiras, confirmaram essa organização convencional do
espaço residencial In HOLSTON, James. A Cidade Modernista: Uma Crítica de Brasília e sua
Utopia. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p.329.
5
Nesse sentido, acreditamos que o nosso tema “flexibilidade espacial” e sua
aplicabilidade na habitação contemporânea estão diretamente relacionados
tanto com os aspectos sócio-culturais quanto econômicos e técnicos.
Sob a ótica sócio-cultural, o que enfatiza substancialmente o desenho e a
conformação da habitação, é tanto a diminuição do número de filhos,
ocasionando um decréscimo na família tradicional, quanto o aumento do
número de longevos, qualificando um aumento no ciclo de vida,
consubstanciando modos de vida muito variados.
Cabe ressaltar, que além destas transformações, originam-se novos grupos
sociais, tais como: pessoas sozinhas (solteiras ou divorciadas), adultos que
coabitam com ou sem filhos, casais sem filhos, casais com filhos de vários
casamentos, pessoas idosas (sós ou casadas), etc.
Atualmente, a conquista dos direitos e da individualidade é um dos motes que
os moradores solicitam para que haja qualidade espacial na residência,
surgindo especificamente novas soluções que contemplem pontualmente as
suas necessidades de posse e livre-arbítrio.
Sob o ponto de vista econômico-técnico, a indústria imobiliária desencadeia um
processo, estandardizando os apartamentos, desconsiderando o futuro
morador.
Em conseqüência disso, as cidades incham-se sob o viés da especulação
imobiliária, objetivando interesses para dos seus agentes, e esquecendo,
quase sempre, o usuário.
Assim, em decorrência das alterações tecnológicas e da mobilidade urbana é
pertinente destacar, que a valorização de conceitos que grifam a flexibilidade,
tais como possibilidade de transformação e adaptabilidade, fazem parte de um
vocabulário contemporâneo na arquitetura habitacional, contribuindo
positivamente na multifuncionalidade do espaço habitado, e resgatando e
promovendo a relação do habitante no processo de idealização e construção
do seu habitat.
Nosso objeto de estudo é a flexibilidade espacial nas unidades habitacionais
dos lançamentos imobiliários de habitação multifamiliar, que procura encantar o
futuro comprador, sublinhando o conforto espacial, antes da execução da obra.
6
Atualmente, em se tratando dos edifícios erigidos em nossa urbe, quando
contemplamos as plantas dos pavimentos-tipo dos catálogos, manuais de
plantas e prospectos de propaganda imobiliárias das unidades habitacionais
multifamiliares na Cidade do Rio de Janeiro, nos desperta uma curiosidade.
Esses apartamentos, muitas vezes, permitem alterações em suas
conformações espaciais em várias escalas de intervenção, possibilitando haver
uma flexibilidade espacial, adequando-se ao gosto do proprietário, e
expressando suas necessidades materiais e simbólicas.
Essas observações, por sua vez, desencadeiam questões que nos conduzem
a teorizar essas transformações tipológicas adotadas pelos empreendedores. A
realização do “congelamento espacial”, mantendo o convencional
perímetro da unidade habitacional, publicizando apenas as
transformações programáticas que agora possibilitam arranjos, tal como
a incorporação da cozinha e dos quartos à sala, bem como a modificação
dos quartos em outros com dimensões maiores anunciando uma nova
concepção projetual, não indicaria um “artifício imobiliário”? Ou melhor:
Será que este artifício imobiliário é uma opção verdadeiramente nova ou
tem suas raízes num passado que investigaremos? Como as
flexibilidades espaciais têm sido conceituadas no campo da arquitetura?
Assim, lançamos a hipótese de que a flexibilidade inicial no momento da
escolha diversificada apresentada nas plantas dos materiais de
campanha publicitária das habitações multifamiliares, suas variações
tipológicas (reversibilidade, permeabilidade e contigüidade) e seus
atributos espaciais (em termos da forma e da função). Apesar de ser um
projeto elaborado pela produção imobiliária contemporânea
(anarquitetura
4
), fundamenta-se em conceitos de arquitetura, qualificando
o espaço da moradia, podendo contemplar uma maior variabilidade de
estruturas familiares com necessidades funcionais distintas, permitindo
arranjos espaciais específicos.
Recorremos, inicialmente, pelas definições de “habitante”, habitar” e
“habitação” e sublinhamos o habitar no conceito de HEIDEGGER, pois para ele
4
O conceito de anarquitetura será explanado no subcapítulo III.1 “Considerações sobre a
Anarquitetura”.
7
construir e pensar são, cada um ao seu modo, indispensáveis para habitar,
tornando-se uma abordagem pertinente por estarmos tratando de espaços
flexíveis onde há ação do homem.
Posteriormente, debruçamos sobre os conceitos de flexibilidades espaciais, e
apresentamos como teórico principal o arquiteto GUSTAU GILI GALFETTI, por
classificar, mais especificamente, a flexibilidade em categorias paradigmáticas
no campo arquitetural. Esse autor enfoca mais especificamente, a interação do
futuro usuário com o incorporador, no momento da escolha diversificada
através das plantas propostas, e suas variações tipológicas, nos materiais de
campanhas publicitárias dos lançamentos imobiliários.
Para o estudo de tipo e tipologia, recorremos às investigações de EDSON
MAHFUZ, no âmbito do estudo da arquitetura enquanto fenômeno autônomo,
no procedimento sob o viés da classificação dos tipos formais, para
consubstanciar as variações tipológicas identificadas nessas plantas, grifadas
pelo viés da adaptabilidade nos ensinamentos de KEVIN LYNCH e TEODORO
ROSSO.
Para podermos compreender e analisar a flexibilidade inicial e suas variações
tipológicas no marketing dos lançamentos imobiliários contemporâneos, na
Cidade do Rio de Janeiro, a nossa metodologia foi desenvolvida em duas
etapas. A primeira etapa, uma revisão de casos caracterizados pelo conceito
de flexibilidade espacial, nessa aproximação, referenciamos o seu uso no
Oriente, sublinhando o Japão, e o Ocidente abarcando a Europa, Estados
Unidos da América e Brasil em diferentes contextos históricos, baseada em
pesquisa bibliográfica e arquivística.
No que compete ao levantamento arquitetônico das habitações, ao longo do
nosso recorte temporal no Mundo, foram feitas pesquisas nas bibliotecas:
Nacional; dos cursos de arquitetura e urbanismo (PROARQ e PROURB) da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, do curso de arquitetura e urbanismo
da Pontifícia Universidade Católica; do Instituto de Arquitetos do Brasil – Rio de
Janeiro; Faculdade de Arquitectura da Universidade cnica de Lisboa;
Fundación Caja de Arquitectos de Barcelona, bem como sites destinados ao
mercado imobiliário residencial.
8
A segunda etapa foi subdividida em duas partes, ambas tendo como suporte
analítico os materiais de campanha publicitária (prospectos) da produção
imobiliária contemporânea (1996 2008) na Cidade do Rio de Janeiro, como
veículo de comercialização que foram obtidos tanto nos principais corredores
viários das Zonas Centro, Norte e Sul, quanto os manuais de plantas e
catálogos conseguidos nos stands de venda.
Na primeira parte, fundamentamos pelos princípios da análise de conteúdo de
LAURENCE BARDIN
5
. Para tal, concentramos nossas atenções nas palavras-
chave no campo do marketing que qualificam o imóvel, abarcando os seguintes
atributos: o status, a vizinhança, ao edifício e a planta, e cruzando estes com
os bairros onde foram lançados. Apontamos também a nomenclatura e
decoração sugerida, bem como os respectivos número de lançamentos
imobiliários por zonas e bairros, especificamente, além de descrever a
quantidade de flexibilidade inicial em relação ao número de quartos oficiais,
balizando as variações tipológicas, nos permitindo uma leitura das aspirações e
do apelo ao imaginário do comprador.
Na segunda parte, realizamos uma investigação para confirmar as variações
tipológicas nas plantas dos apartamentos, buscamos entender os seus
significados no marketing nos lançamentos imobiliários residenciais. Para tal,
foram analisadas noventa e cinco plantas que contemplam variações
tipológicas, sob o viés da flexibilidade espacial tais como: reversibilidade,
permeabilidade e contigüidade.
Para tanto, procuramos organizar essa pesquisa de forma a abranger o
processo de transformação e formação das “flexibilidades espaciais” na
habitação, em diversas etapas correlacionadas com as características
tecnológicas, elegendo, como recorte espacial, as habitações destinadas a
classe média na Cidade do Rio de Janeiro.
No CAPÍTULO 1 será centralizada a fundamentação conceitual que embasa as
duas fases de análise do processo de formação das flexibilidades espaciais (a
planta matriz e as descrições das opções de plantas). Vale lembrar que se
5
Descrevemos o método de Bardin no subcapítulo III.3 “Palavras-Chave no Campo do
Marketing”.
9
privilegiou a análise desses momentos de maneira que possibilitassem
cruzamentos a fim de promover discursos não fragmentados no levantamento
bibliográfico, mapeando as flexibilidades espaciais, apontando uma análise
pontual sobre essa transformação tipológica, abarcando reflexões sobre esse
tema.
No CAPÍTULO 2 elencaremos edifícios concebidos sob a ótica das
flexibilidades espaciais de acordo com as proposições projetuais identificadas,
no decorrer do tempo, tanto no Japão, Europa e Estados Unidos, quanto no
Brasil, em nosso levantamento bibliográfico a fim de que demonstremos uma
análise dos processos de formação e transformação de acordo com as
alterações tecnológicas implementadas.
No CAPÍTULO 3 convergiremos nossas preocupações sobre a produção
imobiliária na Cidade do Rio de Janeiro, por se tratar de um local de
importância singular por ser considerada uma das grandes cidades
contemporâneas desse país, tecendo considerações sobre anarquitetura e
marketing, implementados nessa urbe. Através das análises do material de
campanha publicitárias dos lançamentos imobiliários, avaliaremos tanto as
palavras-chave que congregam o slogan principal, quanto às mensagens
secundárias expressadas através de fotos e desenhos ilustrativos.
No CAPÍTULO 4, nos deteremos na análise das flexibilidades iniciais nas
plantas dos catálogos, manuais de plantas e prospectos de propaganda
imobiliária dos edifícios todos projetados no final do século XX e no início do
século XXI. Elegemos esses edifícios por tratarem a proposição das
flexibilidades iniciais com uma abrangência em todos os setores que compõem
a residência, configurando uma diversidade de opções, tanto pela ótica da
reversibilidade e permeabilidade como da contigüidade espacial.
Assim, chegamos à parte conclusiva de nossa pesquisa onde avaliamos essas
transformações tipológicas - flexibilidades iniciais no momento da escolha
diversificada. Averiguaremos a pertinência da hipótese proposta onde
procuraremos entender o seu funcionamento, e propomos inventariar essas
tipologias como instrumento arquitetônico para futuras análises em projetos
dessa especificidade.
ANÁLISE FUNCIONAL DAS “FLEXIBILIDADES
ESPACIAIS”
11
CAPÍTULO I – ANÁLISE FUNCIONAL DAS FLEXIBILIDADES ESPACIAIS
“A ponte permite ao rio o seu curso ao mesmo tempo em que preserva,
para os mortais,
um caminho para a sua trajetória e caminhada de terra em terra
1
”.
Heidegger
Entendemos que é no seu habitat, o lócus onde o homem se estabelece na sua
vida, se diferenciando um do outro, dotando de significados, que se expressam
mais evidentemente no campo da psicologia, psicanálise e da sociologia, do
que integralmente como a arquitetura.
Por se tratar de um objeto arquitetônico individualizado, a habitação anuncia
tanto a personalidade do seu usuário, quanto o seu modo de vida, refletindo as
suas aspirações, as memórias e até mesmo os medos. É o lugar que ele se
apropria, quer através dos seus pertences, quer através de uma permanência,
e que nos remete ao pensamento de Galfetti quando afirma que habitar implica
psique e alma, para além das qualidades formais e quantificáveis
2
- para o
morador, o que importa é dotar um domicílio com significado, na medida do
mundo – “habitabilidade”.
Ao determinarmos os nossos estudos sobre “A Arquitetura na Anarquitetura
3
:
Os Conceitos de Flexibilidades Espaciais Presentes na Produção Imobiliária na
Cidade do Rio de Janeiro”, neste subcapítulo consideramos que é recorrente
tecermos considerações sobre habitar e o habitante, em torno das dimensões
expressivas da arquitetura, na ordem de seu espaço pessoal, enquanto teoria e
prática arquitetônica.
Torna-se importante apresentar um elenco de conceitos e pontos de vista
sobre flexibilidade, desde o significado etimológico, perpassando pelo seu
rebatimento arquitetônico, mais especificamente, na análise da planta e suas
1
HEIDEGGER, Martin. Construir, Habitar e Pensar in Pensamento Humano: Ensaios e
Conferências. Petrópolis: Editora Vozes, 2006, p.132.
2
GALFETTI, Gustau Gili. Minha Casa, Meu Paraíso: A Construção do Universo Doméstico
Ideal. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1999, p.7.
3
A respeito de anarquitetura, externaremos nossas impressões no subcapítulo III.1.
“Considerações sobre a Anarquitetura”.
12
aplicabilidades, perante a diversidade de conceitos delineados por cada autor
segundo a sua abordagem.
O conceito de flexibilidade espacial desempenha um papel muito importante na
arquitetura. Falar de flexibilidade implica aceitar o feito de que sempre partimos
de algo pré-existente, de algo que ao se transformar, mantém algumas
variantes como elemento de continuidade. Para entendermos esses conceitos,
e como são gerados no âmbito arquitetônico, pressupomos que todo projeto é
materializado supondo que uma atividade humana para um espaço, e deva
ser concebido para tal. Além de incluir as dimensões cio-cultural, histórica e
individual, elegemos como precedente nessa análise da composição
arquitetônica, o método de geração tipológica, mencionando os seus conceitos,
para consubstanciarmos e delimitarmos os nossos estudos.
Explanaremos os conceitos segundo as variações tipológicas funcionais que
conformam os processos projetuais das flexibilidades espaciais no âmbito
residencial.
Estamos acostumados a viver e trabalhar em espaços construídos estáticos, na
maioria das vezes, em ambientes estandardizados a que são atribuídas
funções. Não há dúvida que decisões econômicas, de eficiência e
sustentabilidade são importantes na determinação do desenvolvimento
arquitetural, entretanto o mais importante é fazer com que o homem reconheça
ao estabelecer o senso de lugar, tal como a ponte de Heidegger na epígrafe
acima citada, onde para o filósofo alemão não existia lugar antes da construção
da ponte. Compreendemos que a ponte define o lugar através das ligações
espirituais, além do material. O espaço recebe sua essência não do espaço, e
sim do lugar. Os espaços onde se desenvolve a vida são antes de tudo
lugares.
13
I.1 Considerações sobre o Habitante, o Habitar e a Habitação
“Se a habitação se transformou com a chegada da água
e anos depois com a eletricidade,
a chegada massificada da informação
produzirá uma transformação em uma escala similar”
Vicente Guallart
4
Habitar advém da palavra latina habitare. Para FERREIRA
5
, esse vocábulo
como verbo transitivo direto é primeiramente ocupar como residência; residir,
morar, viver em. Uma segunda acepção é tornar habitado; ocupar, povoar.
Num terceiro significado é ter habitat em. Como verbo transitivo circunstancial é
estar domiciliado; residir, morar, viver; estar ou permanecer. Como transitivo
indireto morar, residir; coabitar.
Para melhor compreensão de nosso trabalho, abarcaremos tanto as acepções
do verbo transitivo direto, quanto indireto, bem como o transitivo circunstancial
por entendermos que compreendem a definição de ocupação de um habitat.
Habitar para HEIDEGGER
6
é o traço essencial do ser de acordo com o qual os
mortais o. Ao habitar pertence um construir, e que dele recebe a sua
essência. Ele reitera que construir e pensar são, cada um ao seu modo,
indispensáveis para habitar. Quem habita a casa é aquele que domina a
linguagem, e que constrói seu pensamento através dela.
Concordamos com esse pensamento heideggeriano, por estarmos tratando de
espaços flexíveis que possibilitam a ação do homem (pensando no seu
hábitat), materializando (construindo, personalizando seu hábitat) e morando
(habitando).
GUSTAU GILI GALFETTI
7
argumenta que independente do habitante, ser são
ou louco é que de definir a sua própria vida dentro da habitação. Ressalta
que independente das contratações de uma equipe de diferentes profissionais
4
GUALLART, Vicente In: GAUSA, Manuel et al. Diccionario Metápolis de Arquitectura
Avanzada. Ciudad y Tecnologia en la Sociedad de la Información. Barcelona: Edictora Actar,
2000, p. 266.
5
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 2
ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, p. 880.
6
HEIDEGGER, op. cit, p. 140.
7
GALFETTI, op. cit., p.8.
14
[do incorporador ao arquiteto, ou do decorador ao construtor, passando por
pedreiros, carpinteiros, canalizadores, pintores ou agentes imobiliários] na
concepção e construção de um espaço doméstico, é o habitante o destinatário
final. Esse usuário é que tomará posse da casa, manipulando-a e utilizando-a,
por forma a adequá-la ao seu modo de vida e a dotar de significado.
Julgamos que esse argumento vai de encontro ao pensamento heideggeriano,
consolidando ainda mais as nossas impressões sobre o habitar e o habitante
na construção do seu próprio habitat.
ROBERT SOMMER
8
alega que com a construção dos arranha-céus, é possível
garantir a todos um espaço próprio, bem como o domínio sobre um espaço
fechado. Justifica que o homem passa o período cada vez maior de sua vida
em espaço que não possui e nem controla. Finaliza que o habitante precisa
compreender como pode conservar sentimentos de intimidade, e
individualidade em espaço que não possui.
Reiteramos com SOMMER por reforçar o pensamento galfettiano, afirmando
que o projeto de áreas funcionais ou espaços com objetivos múltiplos não
completa a tarefa do arquiteto, citando que é importante, mostrar aos
moradores, como usar produtivamente o espaço, e criar programas eficientes
para distribuição e localização de espaço.
Habitação para LIMA e ALBERNAZ
9
é o espaço construído destinado à
moradia, podendo ser unifamiliar e multifamiliar. E habitação coletiva, para
essas autoras, é destinada ao uso residencial de um grupo de pessoas,
usualmente não unidas por laços familiares, ligadas por interesses adversos.
Acordamos com essas autoras, pois em nosso trabalho restringiremos o tema
habitação apenas com as moradias multifamiliares, por melhor exemplificar
uma tipologia capaz de ser adequada a um conjunto de famílias, diante da
diversidade que a flexibilidade espacial propõe em seus projetos diferenciados.
8
SOMMER, Roberto. Espaço Pessoal. São Paulo: Coleção Ciências do Comportamento:
Editora Pedagógica e Universitária Ltda, 1973, p.11.
9
LIMA, Cecília Modesto & ALBERNAZ, Maria Paula. Dicionário Ilustrado de Arquitetura Volume
I – A a I. São Paulo: ProEditores, 1997-8, p. 305.
15
MANUEL GAUSA
10
refere-se ao habitar como uma enganosa falácia de uma
aceitável unidade e uniformidade coletiva, quando se caracteriza o habitar
estandardizado.
Esse autor confirma que estamos assistindo ao colapso do mítico “estereótipo”
residencial do esquema “salão – jantar – cozinha – área de serviço – banheiro”.
Ainda reitera que a concepção da célula residencial se vem limitando a uma
definição de paredes ideais entre planos, havendo distribuições-tipo
fundamentadas na idéia de tipologia plantadas habitualmente a partir das
propostas sistematizadoras entendidas como unidades elementares
suscetíveis de serem repetidas em planta ad infinitum. Diante do exposto,
GAUSA sustenta a importância da personalização, na organização dos
espaços da habitação.
Por estar intrínseco a características físicas, e também por não existir uma
estatística correta que permita uma compreensão sobre os aspectos
qualitativos da habitação nitidamente, RODERICK LAWRENCE
11
afirma que a
habitação abarca uma complexidade de fatores sócio-culturais, econômicos e
psicológicos, permitindo uma variação de habitante para habitante, coincidindo
com o pensamento de AMOS RAPOPORT
12
. Este último ancora sua hipótese
de base, que a forma da habitação não deriva de nenhum fator único, mas de
uma série de fatores sócio-culturais considerados como forças primárias.
Acordamos com LAWRENCE, porque entendemos que todo ser humano é
diferenciado, e que os anseios na modelação dos seus habitats também são
individualizados, embasados nas relações sócio-culturais, reiterando o
pensamento de GAUSA.
ANTONIO REIS CABRITA
13
justifica que no mundo contemporâneo
inúmeras sociedades agrárias e primitivas, que fazem-nos perceber a
conceituação do habitar mais ampla, sob o ponto de vista cultural. No âmbito
10
GAUSA, op. cit., p. 263.
11
LAWRENCE, Roderick. What Makes a House Home? In: Environmental and Behavior.v.19,
p. 154-168, mar. 1987.
12
RAPOPORT, Amos. Pour Une Anthropologie de la Maison. Paris: Dunod, 1972.
13
CABRITA, António M. Reis. O Homem e a Casa: Definição Individual e Social da Qualidade
da Habitação. Coleção Edifícios. Lisboa: LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil,
Departamento de Edifícios, 1995.
16
histórico reporta que o habitar está diretamente relacionado na Pré-História,
com o abrigo defensivo até o surgimento das primeiras aglomerações urbanas;
também o habitar no período das relações sociais [do grupo, perpassando
pela vizinhança compreendendo a produção e trocas]; e no período
contemporâneo, o habitar abrangendo a atividade humana como imperativo
área residencial, como sinônimo de proteção numa cidade opressora, local
onde se estabelecem laços sociais em equipamentos indutores planejados.
Concordamos com a reflexão de CABRITA sobre o habitar, estabelecendo uma
contextualização com os aspectos culturais, históricos e sócio-geográficos, indo
ao encontro do pensamento lawrenciano, e, sublinhando o habitar como
atividade humana imperativa.
GUSTAVE-N FISCHER
14
assegura que todo o ser humano vive num espaço
privilegiado que constitui a “sua casa”, e, que se designa como habitat, por ter
uma forte ressonância emocional e social, evocando o seu lugar de vida seu
alojamento.
Julgamos pertinente a reflexão de FISCHER sobre o habitat, pois, a psicologia
social, permite revelar processos espaciais que organizam a vida privada,
através das relações interpessoais, familiares no caso, materializando
características culturais de um grupo, e da história pessoal que vai se
apropriando desses espaços, desdobrando uma dinâmica adequada a cada
situação. Essa situação, ainda sob o ponto de vista psicossocial demarca
funções essenciais: de intimidade, de segurança psicológica, e, finalmente, de
socialização.
CHARLES MOORE, GERALD ALLEN e DONLYN LYNDON
15
estabelecem o
habitar como uma combinação de bens e adornos de sua vida com os sonhos
[para fazer um lugar e uno], e, para fazê-lo, constrói uma imagem do mundo
que conhecem. Ainda confirmam, que as habitações indesejáveis o aquelas
que controlam a imagética, tornando-se impossível qualquer mudança
introduzido pelo seu habitante, resultando num espaço habitat fracassado.
14
FISCHER, Gustave-N. Psicologia Social do Ambiente. Perspectivas Ecológicas. Lisboa:
Editora Piaget, 1994, p. 119 a 133.
15
MOORE, Charles; ALLEN, Gerald & LYNDON, Donlyn. La Casa: Forma y Diseño. Barcelona:
Editorial Gustavo Gili, 2002, p.134.
17
Concordamos com o pensamento de MOORE, ALLEN e LLYNDON por
sublinhar que todos os espaços têm que dar impressão de pertencer a alguém
ou a algo – sugestionando nossos sonhos, confirmando o pensamento de
FISCHER.
BIANCA LLEÓ
16
e CHRISTIAN NORBERG SCHULZ
17
admitem que para haver
o sonho do habitar, devamos assegurar um percurso pela habitação, por ser
um espaço vital ligado às aspirações humanas. Ressaltam que a habitação
desempenha ser o agente transmissor ou detector, sensível às variações de
cada período do século, tanto no âmbito da tecnologia, quanto nas mudanças
sociais. Afirmam também, que o tema “habitação” é o protagonista da
arquitetura, pela primeira vez, nos tempos modernos.
Iteramos a reflexão de LLEÓ, por remeter à epígrafe de GUALLART na
abertura desse subcapítulo. A autora ainda reforça que habitar o moderno é um
sonho, uma aspiração dificilmente alcançável, por habitar remeter a imagem
ancestral da cabana [heideggeriana] o refúgio [a estabilidade], e o moderno
[na imagem da máquina corbusiana] são tempos novos [o dinamismo] de
contínua transformação.
ALLAIN DE BOTTON
18
certifica que o amor que temos pela habitação, tanto no
sentido psicológico quanto no físico, é porque precisamos de um refúgio para
proteger os nossos estados mentais, pois tornamo-nos vulneráveis, porque o
mundo em grande parte se opõe às nossas convicções.
Reiteramos a abordagem de BOTTON por ratificar o pensamento da cabana
refúgio de HEIDEGGER, lugar de nossa estabilidade.
GASTON BACHELARD
19
ratifica o pensamento de BOTTON, quando assinala
os valores da intimidade do espaço interior, a habitação é, evidentemente, um
ser privilegiado, por abarcar os valores particulares do seu morador. Explica
que o habitat é o canto do nosso mundo – o nosso universo.
16
LLEÓ, Bianca. Sueño de Habitar. Barcelona: Caja de Arquitectos, 1998, p. 12 e 15.
17
NORBERG-SCHULZ, Christian. Los Principios de la Arquitectura Moderna: Sobre La Nueva
Tradición del Siglo XX. Barcelona: Editorial Reverte, p. 97-8.
18
BOTTON, Allain de. A Arquitetura da Felicidade. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2007, p. 107.
19
BACHELARD, Gaston. A Poética do Espaço. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 23-4.
18
Concordamos com BACHELARD, porque todo espaço realmente habitado traz
a essência da noção da casa, pois além de abrigar o devaneio, protege o
sonhador, permite sonhar em paz e afasta contingências.
19
I.2 Flexibilidades - Seus Conceitos e Pontos de Vista
“Faça de cada coisa um lugar,
faça de cada casa e de cada cidade uma porção de lugares,
pois uma casa é uma cidade minúscula e uma cidade é uma casa enorme.
Herman Hertzberger
20
FERREIRA
21
esclarece que flexibilidade é um substantivo feminino, que
provém do latim flexibilitate, e consubstancia a qualidade de flexível.
Para viabilizar o entendimento de nossa pesquisa sobre flexibilidades
espaciais, consideraremos que esse termo conforma um objeto a ser
manuseado.
Segundo o arquiteto MANUEL GAUSA
22
, o conceito de flexibilidade de uma
maneira geral encontra-se em flexibilizar certas situações abrí-las ao
indeterminado implica sempre dispor tramar, pautar [entendido como traçar
linhas], ritmar, que se adaptam as circunstâncias, e que não é rígido.
Nesse caso, interpretamos flexibilidade, rebatido arquitetonicamente no campo
da habitação, como um significado centrado na atuação do usuário, que se
dedica a transformar continuamente o interior de sua residência, devendo hoje
melhor se associar a uma maior polivalência e versatilidade do espaço.
LIMA & ALBERNAZ
23
discorrem que essa flexibilidade, no que compete à
extensão espacial, é quando a planta oferece condições de variação nos seus
elementos de vedação, ou de arranjos variados no seu mobiliário.
Concordamos com a definição de flexibilidade de LIMA & ALBERNAZ, por
abarcar ainda mais a compreensão da conformação no âmbito espacial
arquitetônico.
A flexibilidade para LE CORBUSIER
24
encontrava-se no esqueleto de
estruturação das casas “Dom-ino”.
20
HERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 193.
21
FERREIRA, op. cit., p. 787.
22
GAUSA, op. cit., p. 234.
23
ALBERNAZ,
op. cit., p. 263.
24
LE CORBUSIER. Precisões: Sobre um Estado Presente da Arquitetura e do Urbanismo. São
Paulo: Cosac Naify, 2004, p. 100.
20
Aderimos à reflexão corbusiana sobre a casas “Dom-inopor permitir inúmeras
combinações de plantas em seu interior, onde [tudo] era possível.
Em contraponto a LE CORBUSIER, ALDO VAN EYCK
25
propõe nos espaços
de transição a porta não mais como limite do dentro e fora e / ou divisão do
individual do coletivo, mas como “noção de lugar”, e encontra eco à epígrafe de
HERTZBERGER
26
, no início desse subcapítulo, reiterando os pensamentos de
ALBERTI & PALLADIO
27
. Este último argumenta que é preciso conceber
habitações iguais de um modo específico, de tal forma que todos possam
concretizar sua própria interpretação.
Julgamos pertinente esse contraponto de VAN EYCK e HERTZBERGER, por
definir que a flexibilidade é um conjunto de todas as soluções inadequadas [por
não ser a original] para um problema, em função da contínua mudança que
sofre o homem ao longo do tempo.
A definição de flexibilidade para JOEDICKE
28
é onde há possibilidade de
modificar a função, embora não alterando as partes construídas, denomina
variação, quando há inserção de partições internas.
Dos dois conceitos apontados por JOEDICKE, restringiremos a aquele que
aponta a flexibilidade no lugar que é capaz de abarcar a multifuncionalidade,
sem intervenções físico-estruturais, para consubstanciar parte dos nossos
estudos.
25
Arquiteto crítico ao funcionalismo imposto pela Arquitetura Moderna, a partir da afirmação de
que o homem se organiza em comunidades, e que necessidade de se diferenciar, e de se
identificar com o local que habita, criando vínculos sociais e apreendendo o espaço a partir dos
seus próprios valores culturais, baseia-se na observação da espacialidade do local e da noção
de cluster (lugar de pertencimento), consubstanciando o Estruturalismo Holandês. Ver
BARONE, Ana Cláudia Castilho. Team 10: Arquitetura como Crítica. São Paulo, Anablume e
FAPESP, 2002, p. 81-82.
26
Arquiteto que teve como referência Aldo van Eyck se deixando influenciar pelo o seu
pensamento e prática, que corroborou na conceituação de “espaço polivalente” como metáfora
para os protótipos de interpretação individual no campo da habitação. Ver FRAMPTON,
Kenneth. História Crítica da Arquitetura Moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 362.
27
Com Alberti aprendemos que “a cidade é uma grande casa e inversamente a casa uma
pequena cidade”, com Andréa Palladio que: “A cidade não é outro que uma certa casa grande
e pelo contrário, a casa, uma pequena cidade”. In: Civitas [“...] maxima quaedam est domus
minima quaedam est civitas”. Apud Françoise Choay, La Règle et le Modele. Sur la théorie de
l’Architecture et de l’Urbanisme. Paris: Éditions du Seuil, 1980, p.96. tradução nossa.
28
JOERDICKE, Jürgen. El Problema de la Variabilidad y Flexibilidad in la Construcción In:
OTTO, Frei et al. Arquitectura Adaptable. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1979, p.112 – 113.
21
Ao pensar nas incessantes trocas que deve sofrer o projeto, KEVIN LYNCH
29
postula que sejam flexíveis, e, portanto, continuem sendo usadas. Ele aponta
que a flexibilidade é um slogan freqüente na planificação, por ser uma forma de
manejar a insegurança, e uma forma de tranqüilizar as gerações futuras. Ainda
reitera que se desejamos sobreviver em um mundo cambiante, devemos
reparar nossos freqüentes erros, e acomodar as nossas próprias trocas de
opinião.
Encontramos pertinência na conceituação do arquiteto, por revelar que o
mundo [habitação] flexível está aberto ao desenvolvimento sócio-cultural do
homem, facilitando as suas mudanças.
CHRISTIAN NORBERG-SCHULZ
30
afirma que a adoção de espaços flexíveis
como marco funcional contempla a família moderna, onde se pode trocar à
vontade o número e o tamanho dos espaços. Lembra que a família troca, se
funda, cresce e decresce, quando finalmente os filhos se tornam
independentes.
Estamos de acordo com SCHULZ, pois argumenta que antigamente isto era
pouco importante, porque viviam juntas rias gerações, criando condições
funcionais relativamente constantes. Ainda ressalta que hoje as gerações
vivem separadas, e as necessidades funcionais da família isolada variam.
Tanto o arquiteto REM KOOLHAAS
31
, quanto JOHN NICOLAS HABRAKEN
32
tecem críticas sobre a arquitetura funcionalista, tratando a questão da
flexibilidade na arquitetura. O primeiro autor teoriza que não há programa
arquitetônico, pois era construído sem finalidade, e afirma que o homem use o
espaço para o seu próprio fim, conquistando sistematicamente o seu uso
33
.
o segundo, ratifica que um espaço físico pode ser modificável, mantendo-se
29
LYNCH, Kevin. La Buena Forma de La Ciudad. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1985, p.
125.
30
NORBERG-SCHULZ, Christian. Intenciones em Arquitectura. Barcelona: Editorial Gustavo
Gili, 2001, p. 75.
31
Ver KOOLHAAS, Rem. Nova York Delirante. São Paulo: Editora Cosac Naify, 2008, p.339.
32
JOHN HABRAKEN, é um arquiteto holandês que elaborou a Teoria dos Suportes na década
de sessenta através do Stiching Architecten Research. Ver LAGUEX, Maurice. A Cabeça do
Arquiteto (Parte IV) in http://www.vivercidades.org.br/publique222/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm,
acessado em março de 2008.
33
KOOLHAAS, Rem; MAU, Bruce et al. S, M, L, XL. New York:Monacelli Press, 1997, p. 240.
22
adequado ao seu usuário. Ambos sublinham, onde qualidade espacial
modelada pelo habitante no âmbito do uso, há flexibilidade.
Concordamos tanto com KOOLHAAS, porque conceitua que a flexibilidade na
arquitetura não é a antecipação exaustiva de todas as modificações possíveis,
[ele amplia o conceito] assegurando que é uma capacidade de ampla margem
que permita diferentes e mesmo opostas interpretações e usos, quanto com
HABRAKEN por revogar o formalismo da arquitetura funcionalista.
RICHARD ROGERS
34
em sua teoria sobre flexibilidade afirma que os edifícios,
de hoje são mais propícios à transformação das plantas, tornando-a mais
maleável, fluida e com estruturas adaptáveis, oferecendo uma longa vida e
uma variedade possível de usos. Esse pensamento coincide com o de
BALKRISHNA DOSHI
35
, que tem como princípio norteador em seu trabalho
promover a harmonia entre comunidade e natureza, e entende que a
flexibilidade espacial é conseguida em decorrência de um processo natural de
desenvolvimento, onde haja a promoção de uma estrutura que deseje
facilmente às trocas de uso e expansão.
Tal como KOOLHAAS e HABRAKEN, as reflexões de ROGERS e DOSHI
encontram eco, ratificando a promoção da flexibilidade em espaços que
permitem essa intervenção.
SEBESTYEN
36
, investigando correlações sobre o conceito de flexibilidade no
continente europeu, apontou que a definição francesa (que sublinha o conceito
como extensibilidade, evolutibilidade e elasticidade), se aproximava mais do
termo, em função das oriundas dos demais países (Áustria, Alemanha,
Holanda, Hungria e Tchecoslováquia) que consideravam a variabilidade como
subcaso da flexibilidade
37
.
34
Ver RICHARD ROGERS. Flexibility em http://www.richardrogers.co.uk/render.aspx, acessado
em março de 2008.
35
BALKRISHNA DOSHI é arquiteto, urbanista, educador e juntamente com Stein e Bhalla
fundaram a Fundação Vastu-Shilpa, em Ahmedabad, na Índia, que se encarrega de estudar e
pesquisar projetos ambientais com ênfase em Desenho do Habitat, Desenvolvimento
Sustentável, Tecnologias Apropriadas e Conservação e Patrimônio. Ver Contemporary Asian
Architects. Colônia: Taschen, 1995, p.147.
36
Professor e editor de glossário de termos técnicos, que dirigiu o Instituto de Ciência da
Edificação na Hungria no final da década de 70,
37
Ver SEBESTYEN, Gyula. What do We Mean by Flexibility and Variability of Sistems? In:
23
Delimitando ainda mais esse termo, esse pesquisador, e posteriormente o
arquiteto catalão GALFETTI
38
, classificou duas categorias paradigmáticas de
flexibilidade no campo arquitetural: a “flexibilidade inicial” e a “flexibilidade
contínua ou permanente”.
A “flexibilidade inicial” permite um planejamento participativo tanto do usuário
quanto do incorporador, ou até mesmo ambos, na elaboração da formação e
transformação tipológica da unidade habitacional (nos materiais das
campanhas publicitárias), antes da ocupação da habitação. Nesse tipo de
flexibilidade podem ser compreendidos três momentos:
1. Na concepção através de estratégias de flexibilidade e de participação
do usuário no processo do projeto. [O usuário participa
fundamentalmente na criação da habitação. A organização dos
elementos primários (estrutura, compartimentação pesada e envolventes
pesadas) é elaborada pelo arquiteto, previamente, com o olhar da
participação do usuário no passo seguinte, sublinhando a definição dos
elementos secundários e de equipamento];
2. Na construção, sob o viés da participação da autoconstrução. (O usuário
escolhe os materiais de acabamentos e revestimentos, em sentido
estrito);
3. Na escolha através de oferta diversificada. adaptada a várias
situações sociais distintas, como por exemplo: solteiros, casais novos,
coabitantes, aposentados, estudantes, etc.).
para ELEB-VIDAL
39
a “flexibilidade inicial” torna-se mais complexa por
subdividi-la em: a flexibilidade total no interior de um perímetro fixo; a
flexibilidade parcial no interior de um perímetro fixo.
SEBESTYEN conceitua que a “flexibilidade contínua ou permanente” pode ser
mensurada através do número de adaptações, mantendo a integridade
estrutural do projeto dentro da unidade habitacional, possibilitando alterar a
Building Research and Practice, nov./dez. 1978, p.370-374.
38
GALFETTI, op. cit., p.13.
39
ELEB-VIDAL, Monique; CHÂTELET, A. M. & MANDOUL, T. Penser l’Habiter. Paris: 1988.
24
disposição do mobiliário e dos equipamentos, e até mesmo aumentar o
tamanho da edificação.
Aprofundando ainda mais, GALFETTI subdivide esse conceito, recorrendo às
definições francesas norteadas por SEBESTYEN, balizando de acordo com o
tempo empregado nessas alterações formais, por exemplo em transformações
de caráter aditivo de um ou mais compartimentos delineando uma área de
habitabilidade maior denominando-a de elasticidade; quando mudanças na
composição familiar, no decorrer de um prazo mais longo, nomeando-a de
evolução; e de acordo com uma rotina sistemática diária, compatibilizando com
as atividades, compreendendo que haverá uma resposta fácil e veloz,
apelidando-a de mobilidade.
25
I.3 Delimitações sobre Tipo e Tipologia
Etimologicamente, a palavra tipo
40
segundo FERREIRA vem do grego typos,
cunho, molde, sinal
41
. Em sua primeira acepção “aquilo que inspira fé como
modelo”. Na segunda acepção, como “coisa que reúne em si os caracteres
distintivos de uma classe”. Entre as duas acepções, tipo se anuncia como
modelo e exemplar, sendo o vocábulo “tipologia” como uma derivação de um
dos caracteres de classe da palavra tipo.
A definição de tipo de QUATREMÈRE DE QUINCY
42
decorre no clima da
Revolução Industrial no século XIX. Considera que o emprego da palavra “tipo”
em francês é também sinônimo de modelo, ainda que haja entre eles uma
diferença bastante fácil de compreender. A palavra tipo apresenta menos
imagem de uma coisa a copiar ou a imitar completamente, que a idéia de um
elemento que deve a ele mesmo servir de regra ao modelo.
Assim, o modelo entendido na prática da arte é um objeto que se deve repetir
tal como ele é; o tipo, ao contrário, é um objeto a partir do qual cada um
pode conceber as obras que não se parecerão entre si. Tudo é preciso e feito
dentro do modelo; tudo é mais ou menos vago dentro do tipo.
MARTÍ ARÍS
43
delimita a noção de tipo, o qual entranha o reconhecimento de
que a arquitetura tem suas próprias leis, que se regem segundo uma lógica
interna baseada em princípios de construção formal. Ainda salienta que não
quer dizer que a forma que constitui o tipo seja uma forma abstrata, asséptica,
alheia aos problemas práticos, ou livres de contágio com a realidade. Ao
contrário, a tipologia estuda as formas recorrentes da arquitetura, considerando
essas formas como manifestação dos modos de vida da relação do homem
com seu meio.
40
No Dicionário Le Grand Robert de la Langue Française, a aparição da palavra tipo data do
século XV.
41
FERREIRA, op. cit., p. 1679.
42
QUATREMÈRE DE QUINCY, Antoine Chrysontôme. De l’imitation, 1823. Bruxelas: Editions
Archives de l’Architecture Moderne, 1980, Apêndice p. LVIII-LX.
43
MARTÍ ARÍS, Carlos. Las Variaciones de la Identidad: Ensayo sobre el Tipo en Arquitectura.
Barcelona: Demarcación de Barcelona del Colégio de Arquitectos de Cataluña y Ediciones del
Serbal, 1993, p.81.
26
Portanto, ARÍS analisa a forma arquitetônica em sua autonomia, porém,
tratando de compreender os vínculos que estabelece com a sociedade, e com
a cultura, amplamente entendida.
CANIGGIA & MAFFEI
44
reiteram o pensamento de MARTÍ ARÍS, conceituando
que tipo está estreitamente relacionado com os definidos anteriormente. Num
momento maior de continuidade cultural, o atuante, guiado pela consciência
espontânea, tem a possibilidade de fazer um objeto “sem pensar nele”,
condicionado pelo substrato inconsciente da cultura herdada, transmitida e
evoluída ao momento temporal correspondente a sua atuação. Esse objeto
estará determinado pelas anteriores experiências realizadas em seu entorno
cultural, traduzidas num sistema de conhecimentos integrados, assumidos
globalmente, para satisfazer a necessidade especial a que esse objeto deve
responder. Um edifício especializado está condicionado por um tipo,
pertencente a um processo tipológico específico, que não é senão uma
derivação de um processo tipológico geral, um tronco tipológico quanto mais
especializado seja o edifício, mais personalizado estará por mediações
interpostas entre a edificação e o uso. Estas se realizam superpondo o tipo de
“intenções” derivadas da consciência crítica, atribuindo trocas intencionais
segundo a época e o lugar, legível um processo, que afirmam como “processo
tipológico da intencionalidade” nos produtos especializados.
De fato, CANIGGIA & MAFFEI entendem que o tipo na edificação é uma
espécie de projeto não desenhado, conceitualmente, síntese da cultura da
edificação de um lugar e de uma época, orientada na mente de cada construtor
individual na configuração do edifício que se dispõe a fazer.
CORONA MARTINEZ
45
baliza que a questão do tipo em arquitetura pode ser
vista de dois ângulos diferentes: o especificamente projetual, de dentro da
arquitetura, como forma de conhecimento aplicável ao trabalho de projeto, e,
por outro lado, o tipo a tipologia como um território de encontro entre
arquitetos e habitantes.
44
CANIGGIA, Gianfranco & MAFFEI, Gian Luigi. Tipologia de la Edificacion: Estructura del
Espacio Antropico. Madrid: Celeste Ediciones, 1995, p.28.
45
CORONA MARTINEZ, Alfonso. Ensaio sobre o Projeto. Brasília: Editora UNB, 2000, p. 105.
27
pertinência no discurso de MARTINEZ sobre tipologia, pela razão de
estarmos nos debruçando sobre uma investigação que abarca a atuação de
arquitetos e clientes (futuros habitantes).
LE CORBUSIER
46
descreve que o tipo equivale “ao standard (ao padrão), ele
não remete mais às propriedades de uma família de objetos de edifícios e,
menos ainda, reflete um acordo entre construtores e habitantes: como nas
nomenclaturas de catálogos, ele designa um modelo particular proposto para a
reprodução ou para a aquisição.
Encontramos nas palavras do arquiteto franco-suíço, uma reiteração do
pensamento de MARTINEZ sobre tipologia, onde interface na atuação
arquiteto e usuário.
ARGAN
47
ancora o pensamento de tipo, onde se configura assim como um
esquema deduzido através de um processo de redução de um conjunto de
variantes formais, a uma forma-base comum estrutura interna da forma, ou
como princípio que implica em si a possibilidade de infinitas variantes formais,
e até da ulterior modificação estrutural do tipo mesmo. ROSSI
48
, discorrendo
sobre tipo, afirma que a forma é independente da função e, embora a forma
não mais possua um significado histórico preciso, ela preserva um traço da
personalidade.
Como salientam esses dois autores, cremos que tipo está ligado ao modus
vivendi, por responder às aspirações e necessidades de uma determinada
sociedade, em decorrência de um contexto histórico, corroborado por
exigências ideológicas, práticas ou religiosas, materializando uma solução
formal.
MONTANER
49
confirma que pensar a arquitetura usando os conceitos de tipo,
nos permite estabelecer comparações sincrônicas, enfatizando os
pensamentos de ARGAN e ROSSI.
46
LE CORBUSIER & JEANNERET, Pierre. Oeuvre Complète. Paris: Editions Dr. H. Girsberger,
1937.
47
ARGAN, Giulio Carlo. Projeto e Destino. São Paulo: Editora Ática, 2004, p. 66-7.
48
ROSSI, Aldo. A Arquitetura da Cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 29.
49
MONTANER, Josep Maria. A Modernidade Superada: Arquitetura, Arte e Pensamento no
Século XX. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1997, p. 116.
28
MAHFUZ
50
no âmbito do estudo da arquitetura, tanto como fenômeno
autônomo quanto fenômeno urbano, discorre sobre dois procedimentos no
campo dos tipos: a) Classificação por tipos formais, como tipologia
independente que consubstancia um método crítico para a análise e
comparação dos fenômenos arquitetônicos; b) Classificação por tipos
funcionais, como tipologia aplicada que corrobora na análise dos fenômenos
que compõe o todo, estabelecendo num sentido dialético, uma relação entre
edifício e forma urbana.
Elegemos o primeiro procedimento para debruçarmos sobre a nossa
investigação, por referir diretamente aos aspectos formais da arquitetura,
consubstanciado pelo pensamento de MUKAROWSKY
51
, atribuindo as funções
do homem sob o viés que todas as atividades humanas são polifuncionais.
Esse autor afirma que uma coisa não está ligada apenas a uma função. Reitera
que praticamente não existe um objeto que não sirva a uma série de funções.
50
MAHFUZ, Edson da Cunha. Ensaio sobre a Razão Compositiva. Belo Horizonte: UFV / AP
Cultural, 1995, p. 77-80.
51
MUKAROWSKY, Jan. Structure, Sign and Function. Yale University Press: Jan and John
Burbank & Peter Steiner, 1977, p. 237.
29
I.4 Flexibilidades Iniciais- Suas Variações nas Plantas
“O comportamento humano, essência da arquitetura, não se compõe de medidas senão de
cerimônias, que ocupam um espaço físico e um espaço psicológico, e dessas cerimônias está
feita a vida.”
Rodolfo Livingston
52
Discorreremos sobre os conceitos das flexibilidades iniciais que incidem nos
processos projetuais de acordo com as seguintes variações tipológicas formais
nas plantas (reversibilidade, permeabilidade e contigüidade).
I.4.1 A Reversibilidade
“Cada corredor possui diversas portas
cada porta dá para um quarto
cada quarto se comunica com o outro
cada outro é ele mesmo sem fim
cada fim recria seu próprio começo
cada começo traz consigo a esperança
cada esperança em si é a ilusão
cada ilusão é aproximadamente uma mentira
cada mentira cria uma realidade
cada realidade some como poeira
cada poeira é um grão
cada grão é soprado pelo vento
cada vento vem de um lugar
cada lugar ocupa um espaço
cada espaço é a própria ocupação
cada ocupação delimita um tempo
cada tempo provoca uma espera
cada espera procura uma solução
cada solução não é mais nada em si mesma
cada corredor possui diversas portas.
Luiz Alphonsus
53
Iniciaremos pelo significado de espaço reversível, que FERREIRA
54
assinala
como uma terminologia adotada para um cômodo projetado de modo que,
mediante adaptação, possa vir a ser usado para quaisquer dos fins para o qual
foi concebido. A reversibilidade é qualidade ou caráter de reversível.
52
LIVINGSTON, Rodolfo. Cirugia de Casas. Buenos Aires: Editorial CP67, 1996, p. 13.
53
Tela de fundo da Obra de Arte “História da Arte” Coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de
Janeiro: Museu de Arte Moderna, 1995.
54
FERREIRA, op. cit., p. 1505.
30
KEVIN LYNCH
55
afirma que a reversibilidade é uma medida de grau de
adaptabilidade do sistema espacial da forma, e da atividade para as funções
futuras possíveis. Reitera que se o passado se desloca ao futuro através de
uma possibilidade divergente, então podemos retroceder a um estado anterior,
e assim teremos outra oportunidade de reparar os erros, ou inclusive repeti-los,
se desejarmos, como trata a poesia de Luiz Alphonsus na epígrafe acima
citada.
Encontramos eco do pensamento de LYNCH em MANUEL GAUSA
56
, onde
reversível denota aquela ação capaz de trocar o sentido de seu próprio
movimento, e / ou restituir as coisas a um estado sensivelmente similar ao que
apresentava previamente.
Julgamos pertinente citar, sob o viés da filosofia no dicionário de ANDRÉ
LALANDE
57
, o termo reversível quando sublinha: “é o que pode ou deve voltar
para outra pessoa, que não o possuidor atual, sob certas condições; que pode
incidir sobre outra pessoa”.
Encontramos em ambos os autores (LYNCH e LALANDE), significados que nos
remetem a propriedade de uma cultura da mobilidade, onde se mantém a
integridade formal do compartimento a ser revertido, permitindo que ele tenha
acesso por outro setor funcional da residência, destinando-o a um segundo
usuário.
Esse processo é grifado por WALTER BEHRENDT
58
, “como aquele em que o
espaço se tornou móvel, seus limites esvaem-se explodindo para todos os
lados...os cômodos se entrelaçam e penetram-se e juntam-se num só plano”.
55
LYNCH, Kevin. La Buena Forma de la Ciudad . Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1981, p.
127 a 129.
56
GAUSA, op. cit., p. 518.
57
LALANDE, André. Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes,
1996, p.964.
58
Ver BADRA Jr., Miguel. Notas à Teoria da Arquitetura. São Paulo: Editora Anhambi, 1957,
p.65.
31
I.4.2 A Permeabilidade
Para boa compreensão da acepção permeabilidade, recorreremos a
FERREIRA, quando afirma que uma das qualidades de permeável, se
expressa com clareza como “que se pode permear, que pode ser repassado”.
FERNANDO PORRAS
59
contribui com o significado de permeável no campo da
arquitetura, como um instrumento permeável transbordando de interferências,
e, ainda afirma que uma arquitetura permeável é capaz de absorver, e também
emitir, constantemente de dentro para fora.
Inserindo permeabilidade num contexto arquitetônico, e o relacionando mais
especificamente em agrupamentos geométricos contíguos, no âmbito da
morfologia da planta, entendemos que se permite passar, ou melhor,
transpassar. Como tratamos de flexibilidades espaciais, espaços que interagem
relacionando-se. Essa permeabilidade conforma numa abertura, que não é
materializada por um vão fluido de acesso de pessoas, tal como uma porta.
Nossas preocupações se deterão, mais especificamente, em vãos que
permitam cruzamentos de objetos, como suporte num viés de funcionalidade,
contemplando e complementando os usos e funções de dois espaços
adjacentes.
I.4.3 A Contigüidade
Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de contínuo,
e tudo fica na mesma água.
Machado de Assis
60
Recorrendo a FERREIRA
61
, contigüidade refere-se ao estado de contíguo,
proximidade, vizinhança e adjacência, onde contíguo é o que está em contato.
59
GAUSA, op. cit., p.466.
60
ASSIS, Machado. Quincas Borba. São Paulo: Editora Melhoramentos, 1973, p.13.
61
FERREIRA, op. cit., p. 464.
32
IÑAKI ABALOS
62
ancora a contigüidade como uma horizontalidade radical,
suprimindo de qualquer vínculo vertical, reportando a MIES VAN DER ROHE,
onde o sujeito atua como protagonista, devendo este expandir-se pela casa,
definindo seu ambiente a ponto de apoderar-se do todo.
o filósofo SIMON BLACKBURN
63
afirma que contíguo é literalmente o que
está a seguir ou em contato, onde confirma que a contigüidade dos
acontecimentos é um fator importante na interpretação causal, que fazemos da
sua conjunção.
Esses significados imprimem uma relação de convívio, e / ou que mantém
convivência, e rebatendo arquitetonicamente, são espaços que se relacionam
tanto morfologicamente, sob o viés geométrico, quanto funcionalmente,
estabelecendo até mesmo uma continuidade.
Para melhor consubstanciarmos a contigüidade reforçada por uma
continuidade, recorreremos à acepção descrita por FERREIRA
64
, que ressalta
que é uma qualidade ou caráter do que é contínuo. Por conseguinte, contínuo,
como adjetivo e substantivo, é o que não interrupção, portanto, para nós é
aquilo que dá seguimento, sucede.
VITTORIO GREGOTTI
65
descreve [e considera muito importante], que com um
simples gesto de abrir a porta, provocou uma nova organização - a
continuidade espacial. Ainda reflete na possibilidade de deixar o vão sempre
aberto, ou quem sabe substituí-lo por uma cortina, ou ampliá-lo, ou quem sabe
eliminá-lo até mesmo toda a parede, convertendo as duas salas em uma só.
“E eis que, havendo-me apoderado do copo, me dirijo de novo à porta para voltar à
sala onde antes estava sentado, atento à leitura; a porta, que permaneceu aberta
às minhas costas, põe em comunicação as duas salas. Imediatamente percebo a
modificação arquitetônica provocada pelo ato de abrir a porta: a nova dimensão
(soma das duas salas) que agora sou capaz de observar, a continuidade dos dois
pavimentos através do vão da porta, a relação entre as cores das duas salas, entre
62
ÁBALOS, Iñaki. A Boa Vida: Visita Guiada às Casas da Modernidade. Barcelona: Editorial
Gustavo Gili, 2003, p.31.
63
BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores,
1994, p.75.
64
FERREIRA, op. cit., p. 464.
65
GREGOTTI, Vittorio. Território da Arquitetura. São Paulo: Editora Perspectiva, 2004, p. 115-
6.
33
os diversos objetos que contém, etc. Logo me dou conta de que minha visão não é
a soma das visões das duas salas, senão algo completamente diverso que se
organiza, segundo um novo modo de estruturação espacial, tipológica e
dimensional.
JOSÉ RICARDO MORALES
66
ancora o pensamento de GREGOTTI nas
demarcações redutoras, que o homem estabelece ante a vastidão, fazem que à
frente do contínuo apareça o contíguo na compartimentação, e que isso a
princípio, pode manifestar-se culturalmente, pois está configurado pelas
diversas análises que o homem constrói ante ao indeterminado do aberto.
Para compreensão de nossa pesquisa, contigüidade está atrelada com a
significação de continuidade, sustentado tanto pelos pilares adjetivais como
substantivais de contínuo, indo de encontro ao pensamento de Machado de
Assis na epígrafe citada na abertura desse item tanto forma como função
definem-se singularmente nesse espaço.
I.4.4. A Adaptabilidade
Achamos consistente a inserção do significado de adaptabilidade para
compreendermos as materializações que provém da reversibilidade,
permeabilidade e contigüidade.
Para FERREIRA, adaptabilidade é a qualidade de adaptável, e que tem
capacidade de se adaptar. Para melhor compreensão recorremos à acepção
adaptar [em arquitetura], onde o mesmo autor delineia como acomodação de
um complexo arquitetônico para novo uso ou programa, mediante intervenções
necessárias à nova função
67
.
Importante destacar, quando os ambientes o de estrutura regular, formas
simples, ambíguos e com relações genéricas entre si RABENECK, SHEPPARD
e TOWN
68
aplicam o conceito de adaptável.
66
MORALES, José Ricardo. Arquitectonica. Santiago de Chile: Universidad del Biobio, 1984,
p.193.
67
FERREIRA, op. cit., p. 43.
68
RABENECK, Andrew; SHEPPARD, David; TOWN, Peter. Housing Flexibility/ Adaptability? In:
Architectural Design, V.XLIX, 1974, p.76-90.
34
Julgamos pertinente os conceitos de BAPTISTA COELHO
69
, quando sublinha
flexibilidade expressada como adaptabilidade, como um fator de avaliação de
participação e regulação na qualidade residencial, tanto por apresentar uma
continuidade espacial funcional [contigüidade] e simbólica interativa, quanto
uma exigência de uso personalizando o espaço.
KEVIN LYNCH
70
qualifica adaptabilidade, como um dos itens da “adequação”
que compõem as cinco dimensões de rendimento dentro da teoria da boa
forma urbana. Sustenta que é um fenômeno atual, que permeia na maioria dos
edifícios urbanos, onde concebem uma forma que permite a troca pelo usuário,
e o contexto físico persiste. Sublinha que a família humana troca em muitas
formas, posto que a família não seja a família original, ou se há multiplicado, ou
pelo menos envelhecido. Aponta que gastamos nossas energias remodelando
a estrutura [do espaço] que nos foi entregue, ou remodelamos as nossas
ações. Confirma que um lugar bem adaptado é aquele em que a função e a
forma estão bem adequadas entre si, e que isto pode ser alcançado mediante
uma adaptação de um lugar a uma atividade, e vice-versa, e até mesmo
mediante uma adaptação mútua.
O autor se preocupa com a adequação futura, fala principalmente da
capacidade que tem um lugar de ser adaptado facilmente a alguma troca futura
em sua função. Admite que a adaptabilidade no sentido mais geral, também se
consegue através da presença de pessoas adaptáveis, e, freqüentemente, de
modo mais facial e efetivo. Encerra afirmando que a adaptabilidade é uma
preocupação de todas as culturas, que para efetivá-la depende dos valores
culturais e dos conhecimentos.
ROSSO
71
, tal como LYNCH expõe adaptabilidade como uma característica que
assegura a polivalência, descaracterizando funcionalmente as peças de uma
edificação, e dando-lhes opções de uso, atribuídas pelos usuários.
Concordamos com a denominação de habitação adaptável
72
, definição que
JUAN MASCARÓ, SUELLEN GIACOMIN e SIMONE QUADROS encontraram
69
COELHO, António Baptista. Análise e Avaliação da Qualidade Arquitectonica Residencial.
Volume II, 1993, p. 17.
70
LYNCH, op. cit., p. 123 a 126.
71
ROSSO, Teodoro. Racionalização da Construção. 1.ed. São Paulo: USP/FAU, 1980.
35
para basearem-se em outra forma de interpretar os tempos na obra de
arquitetura, quando a diferencia transformando da visão estática apresentada
no projeto convencional.
Encontramos pertinência em MANUEL GAUSA, na conceituação de
adaptabilidade, quando recorre ao viés da acepção de aderência de WILLY
MÜLLER
73
, afirmando que é uma estratégia de ocupação, sobre territórios
consolidados, alterando radicalmente seu sentido.
Assim, no capítulo IV analisaremos as variações tipológicas (reversibilidade,
permeabilidade e contigüidade) encontradas nas plantas dos lançamentos
habitacionais impresso nos materiais de campanha de publicidade imobiliária.
72
MASCARÓ, Juan José; GIACOMIN, Suelen Debona & QUADROS, Simone. Adaptabilidade e
Flexibilidade como Critérios de Projeto Habitacional. In: Anais VIII Encuentro ULACAV e V
Jornada Internacional de Vivienda Social. Valparaíso, Chile, 2007, p.3.
73
GAUSA, op. cit., p. 32.
36
I. 5 Resumo “Análise Funcional das Flexibilidades Espaciais”
Apresentamos nesse Capítulo I “Análises Funcionais das Flexibilidades
Espaciais”, as fundamentações teóricas e seus respectivos autores, que
ancoram a nossa pesquisa sobre “A Arquitetura na Anarquitetura: Os Conceitos
de Flexibilidades Espaciais na Produção Imobiliária na Cidade do Rio de
Janeiro”.
Subdividimos o quadro teórico em quatro partes, apontando, especificamente,
os autores que serão os pilares dessa pesquisa, sistematizando nos seguintes
campos: “O Habitante, o Habitar e a Habitação”; “Flexibilidades”; “Tipo e
Tipologia” e Flexibilidades e suas Variações nas Plantas” viabilizando a
compreensão da estrutura investigativa de nosso trabalho.
Desse elenco de teorias, elegeremos por assunto, os autores que
consideramos pontuais para a construção de nossa reflexão.
No subcapítulo I.1 “Considerações sobre o Habitante, o Habitar e a Habitação”,
ressaltamos as reflexões de HEIDEGGER, por assuntarmos a flexibilidade
espacial, e associarmos a essência de sua conferência “Construir, Habitar e
Pensar”. Nesse sentido, esse autor consubstancia a ação do homem que
pensa e constrói uma ponte para estabelecer a definição de lugar, e de acordo
com as suas necessidades, moldando os espaços e os rebatendo
arquitetonicamente.
No subcapítulo I.2 “Flexibilidades – Seus Conceitos e Ponto de Vista”, julgamos
pertinente adotar os conceitos de GALFETTI, sobre a “flexibilidade inicial no
âmbito da escolha da oferta diversificada”, por possibilitar analisar as tipologias
propostas nas plantas dos apartamentos nos catálogos, manuais e prospectos
de propaganda imobiliária, como veremos no capítulo IV.
No subcapítulo I.3 “Delimitações sobre Tipo e Tipologia” apontamos os estudos
de MAHFUZ, no domínio da arquitetura como fenômeno autônomo, quando
sublinha a classificação por tipos formais, nos permitindo adotar uma
metodologia de análise crítica, quando o fato arquitetônico é materializado nas
flexibilidades, e suas variações tipológicas formais, sob a ótica da
reversibilidade, permeabilidade e contigüidade espacial.
37
No subcapítulo I.4 “Flexibilidades - Suas Variações nas Plantas”, subdividimos
em três conceitos (“reversibilidade”, “permeabilidade” e “contigüidade”), todos
ancorados nos pensamentos de LYNCH e ROSSO sobre “adaptabilidade”,
como uma das características que afirma a polivalência, permitindo arranjos
espaciais de acordo com as necessidades dos usuários.
Assim, para compreendermos melhor as flexibilidades espaciais na arquitetura
habitacional na contemporaneidade, que é o objeto de nossa pesquisa,
apelaremos para os ensinamentos de MARC BLOCH, quando afirma que
nunca um fenômeno histórico se explica plenamente fora do estudo do seu
momento.
De fato, a história é um reforço para um melhor conhecer, trazendo a
legitimidade, esquadrinhando as origens das formações e transformações
dessas flexibilidades, como veremos a seguir no capítulo II, intitulado “O
Processo de Formação e Transformação das Flexibilidades Espaciais na
Habitação”.
O PROCESSO DA FORMAÇÃO E
TRANSFORMAÇÃO DAS “FLEXIBILIDADES
ESPACIAIS” NA HABITAÇÃO
39
CAPÍTULO II O PROCESSO DE FORMAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DAS
“FLEXIBILIDADES ESPACIAIS” NA HABITAÇÃO
“Em arquitetura, há dois modos necessários de ser autêntico. Pode-se ser autêntico de acordo
com o programa e autêntico com os métodos de construção. Ser autêntico de acordo com o
programa é cumprir exata e simplesmente as condições impostas pela necessidade;Ser
verdadeiro de acordo com os métodos de construção é empregar os materiais de acordo com
as suas qualidades e propriedades.
Viollet-Le-Duc
74
A gênese da residência flexível no âmbito da morfologia, no que compete a
arranjos espaciais, não remete ao século XX. Flexibilidade é um conceito
antigo, pois se encontra nas origens da habitação a idéia de um habitat que se
amolde facilmente às mudanças da vida humana. A habitação era idealizada e
construída pelas próprias pessoas, o que acarretava numa materialização do
espaço personalizado, muitas vezes adaptável e evolutivo, havendo um
equilíbrio entre aquilo que necessitavam com os meios que dispunham para
construir.
Vale lembrar que remete aos nossos ancestrais o costume de nomadizar, onde
os povos moviam-se de acordo com as quatro estações sazonais anuais,
transportando levemente móveis multiusos, incluindo edifícios habitat. Um
edifício flexível pode ser uma arquitetura como instalação.
A arquitetura Tipi (Il. 01) é uma resposta à necessidade de uma provisão rápida
de abrigo quando da introdução do cavalo na cultura nômade das tribos nativas
norte-americanas, indo de encontro à epígrafe citada por Viollet-le-Duc – sendo
autêntico com o programa cumprindo as necessidades impostas pelo
nomadismo. Varas de madeiras, estacas, pinos estabelecem uma forma cônica
proveniente de um drapeado de uma membrana não estrutural, através de uma
cobertura de couro.
74
Viollet-Le-Duc, Eugene-Emmanuel. Entretiens sur l’Architecture 1863-1876. Paris: Mardaga,
1995.
40
GEERTZ
75
afirma que a circularidade de um tipi proporciona-lhe um significado
vagamente concebido, mas intensamente sentido. De fato, os Oglala
76
além de
fazer seus tipis circulares, fazem seu círculo de campo circular e se sentam em
círculo em todas as cerimônias. Para eles, o círculo deve-se compreendê-lo
como o símbolo do mundo e do tempo.
Il. 01 Tipi.
Fonte: KRONENBURG, Robert. Flexible: Architecture that Responds to Change. Londres:
Laurence King, 2007, p.12.
75
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos
Editora S.A., 1989, p. 145.
76
A tribo Oglala está localizada na Região do Rio Missouri, Dakota do Sul, Estados Unidos da
América. In: NEIHARDT, Hilda. Black Elk Flaming Rainbow: Personal Memories of the Lakota
Holy Man and John Neihardt. Nebraska: University of Nebraska Press, 1995.
41
II.1 Os Exemplos no decorrer do Tempo no Mundo
“A habilidade na análise dos documentos do passado, por quem os manipulava para escrever
no viés das filigranas do passado, a exibição da compreensão o presente e estes faziam jus ao
titulo de historiados.”
Marc Bloch
77
Nesse subcapítulo, para elaboramos uma reflexão, recorreremos a um discurso
diacrônico sobre a flexibilidade espacial, fazendo jus à epígrafe de Marc Bloch,
pois entendemos que aqueles que exercitam o entendimento contido nas
“entrelinhas” de seus anseios, melhor se expressarão.
Discorreremos sobre o processo de transformação do processo de formação e
transformação das flexibilidades espaciais na habitação, de acordo com o
modus vivendi e as alterações tecnológicas em três momentos:
1. Traçando um panorama da habitação japonesa e dos primeiros sinais de
flexibilidade no ocidente;
2. Tecendo considerações sobre esse desenvolvimento no movimento
moderno ao longo do século XX;
3. Descrevendo essa concepção na contemporaneidade.
77
BLOCH, Marc, Introdução à História. Tradução Maria Manuel Miguel e Rui Grácio. Lisboa:
Publicações Europa-América, 1965.
42
II.1.1 A Habitação Japonesa aos Primeiros Sinais de Flexibilidade no Ocidente
Vamos nos remeter ao Oriente, inicialmente à construção japonesa. Os
estudos de JÖRG WERNER
78
reforçam o delineamento desse habitat edificado
tanto sob os pilares do clima e da geografia, quanto sob o viés da
adaptabilidade dos usos cotidianos. Esse autor afirma que desde os séculos VII
e VIII, encontram-se exemplos de uma clara divisão entre os elementos ligeiros
de compartimentação espacial e de revestimento e a estrutura portante de
madeira naquela arquitetura, apontando a sua flexibilidade. Ressalta que os
fenômenos das naturezas, como terremotos e tufões, quanto o verão quente,
longo e úmido, foram fatores que corroboram na conformação dessas
residências, fundamentando além da tradição construtiva no Japão, a
concepção de adaptabilidade nos usos cotidianos. Essa adaptabilidade é
impetrada na casa tradicional, nas casas de chá (Il. 02) e nos palácios
japoneses, mantendo-os com uma qualidade de aeração, através dos
elementos fixos, que são a estrutura resistente e a cobertura, quanto nos
elementos móveis (as divisórias finas), que foram concebidas sob a égide
modular das dimensões do tatame
79
(Il. 03), a partir do século XV.
Il 02 – Plantas Esquemáticas de Casa de Chá Tipo. Onde “a>” é reservado para a pintura; “b>”
entrada de convidados; “c>” entrada para servir o chá; “d>” entrada para servir a comida.
Fonte: Revista “A+T, Vivienda y Flexibilidad, nº 12, 1998.
78
WERNER, Jörg. “Adaptaciones Quotidianas” in Quaderns 102. Barcelona: COAC, 1993,
p.90-97.
79
É o piso mais tradicional do Japão. É feito de igusa (palha de junco) com bordas de um
tecido forte. (Cada tapete mede aproximadamente 5 cm de espessura, 90 cm de largura e 180
cm de comprimento) – menor medida ocupada por uma pessoa deitada. Eles são considerados
uma unidade de medida, para determinar o tamanho de um cômodo. De acordo com o site
http://www.acbj.com.br/, acessado em 11 nov.2008.
43
Importante ressaltar que as flexibilidades espaciais foram registradas, pois
suas divisões foram idealizadas como portas de correr [executadas em
materiais leves como o papel emoldurado em réguas de madeira] (Il. 04),
facilitando a flexibilidade tanto na montagem como no desmonte das mesmas,
viabilizando sua contínua reposição.
É evidente que o processo de transformação desse tipo de espacialidade,
sublinha uma neutralidade, pois, através de pidos manuseios, o ambiente
muda em função da alternância do mobiliário·, permitindo que seu usuário use
o espaço à noite para dormir e para outras atividades ao longo do dia.
Il. 03 O Sistema Modular do Tatame e as Partições
Fonte: www.acjb.com.br
Il. 04 Interior de uma Residência Japonesa e a Modulação das Esquadrias
Fonte: www.acjb.com.br
44
o mobiliário da residência ocidental, consolidado por funcionalidades
específicas e pesado, na maioria das vezes, faz com que interpretemos que os
espaços habitacionais no Japão, sejam descompromissados de função por não
atribuir usos determinados (Il.05)
Il. 05 Organograma Comparativo entre Espaços e Funções na Habitação Japonesa e a
Ocidental.
Fonte: WERNER, Jörg. “Adaptaciones Cotidianas” in Revista Quaderns, nº 202, 1995, p. 90.
De acordo com o organograma acima, constatamos que somente zonas de
uso neutro na residência japonesa, com delimitações flutuantes, reforçando o
partido de contínuo espacial, expressando a não indicação do uso específico,
não consolidando uma disposição prévia, propiciando arranjos diferenciados,
destacando o ambiente criado e não se importando com a função.
Na Europa, os primeiros sinais de flexibilidade encontramos em CORNELIUS
MEYER
80
, engenheiro hidráulico e inventor de origem holandesa, que no
século XVII desenhou duas gravuras onde configurava um exemplo de
habitação de uma divisão, num livro destinado a novas invenções intitulado
Nuovi Ritrovamenti. As imagens retratam em perspectiva, (Il. 06) uma
residência com uma divisão, com armários com portas inferiores e
superiores, e, distribuídos pelo perímetro desse espaço, um oratório e uma
cadeira.
80
WERNER, op. cit, p.92.
45
Il. 06 – Duas Gravuras de Nuovi Ritrovamenti– Engenheiro Hidráulico Cornelius Meyer – 1689.
Fonte: WERNER, Jörg. “Adaptaciones Cotidianas” in Revista Quaderns, nº 202, 1993, p.92.
A flexibilidade é imposta no campo do urbanismo, em função do Terremoto de
1785 que arrasou a cidade de Lisboa, no planejamento da reconstrução da
Baixa Pombalina (Il. 07) (Il. 08), onde os novos usos, tais como os serviços,
que eram impetrados na maioria das habitações, intervindo com modificações
mínimas, contemplando usos diferenciados em épocas consecutivas. Hoje,
esse centro histórico lisboeta contempla comércio e habitação em grande
escala.
Il. 07 - Baixa Pombalina: Rua Augusta
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rua_Augusta_Lisboa
46
Il. 08 – Baixa Pombalina. Vista Geral – Século XVIII
Fonte: http://baixapombalina.blogspot.com/
MOUTINHO
81
nos revela também, que no período compreendido entre os
séculos XVIII e XIX, que antecedeu a Revolução Industrial na Inglaterra,
havia habitações populares [vernaculares] conformadas, em Portugal, sob a
égide da flexibilidade espacial. O autor subdividiu a Região Norte Portuguesa, e
classificou a sua arquitetura respectivamente. As habitações do Norte Litoral
são denominadas “casas minhotas” e as do Norte Interior, “casas serranas”. O
conteúdo programático de ambas concentra-se o comércio
82
no rés-do-chão e
a habitação no piso superior. As tipologias formal e volumétrica dessas
residências são conformadas em dois pavimentos. Ambas, além de apresentar
planta retangular, o acesso à moradia, faz-se através de uma escada de pedra
(Il. 09 e Il. 10).
81
MOUTINHO, Mário. A Arquitectura Popular Portuguesa: Lisboa, Editorial Estampa, 1979, p.
43.
82
O autor descreve que naquela época a expressão correta para determinar o comércio seria
tarefas de produção, como: cortes, currais, pocilga, adega, lagar e arrumações.
47
Il. 09 Casa Minhota.
Fonte: MOUTINHO, Mário. A Arquitectura Popular Portuguesa. Lisboa: Imprensa Universitária,
Editorial Estampa, 1979, p. 53.
Il. 10 Casa Minhota
Fonte: MOUTINHO, Mário. A Arquitectura Popular Portuguesa. Lisboa: Imprensa Universitária,
Editorial Estampa, 1979, p. 55.
Na casa minhota o que nos faz contemplar a flexibilidade é revelada tanto pela
baixa hierarquia
83
espacial dos compartimentos, quanto por serem
intercomunicantes, apresentando duas entradas cada (Il. 11), facilitando os
arranjos no que compete aos atributos funcionais. Os espaços destinados à
sala e varanda do linho são equivalentes espacialmente, o mesmo
acontecendo com o quarto e sala alta, podendo alterar a sua função,
respectivamente. Por outro lado, na casa serrana, a flexibilidade é norteada
pelo emprego dos materiais construtivos (Il. 12). No térreo, a adoção de
83
Hierarquia é um dos conceitos empregues por CLARK e PAUSE, em seu livro Arquitectura
Temas de Composición, para analisar o ambiente construído, revelando o espaço
predominante dentro do edifício (dimensões do espaço, direito, ou por posição em relação
aos corpos principais da residência). In: CLARK, Roger H & PAUSE, Michael. Arquitectura:
Temas de Composición. México: Gustavo Gili, 1997, p. 7.
48
granitos e xistos, que se justapõem no segundo pavimento, porém a divisão
espacial é materializada por partições leves de madeiras caiadas de branco (Il.
13), que se adaptavam mais facilmente aos novos usos.
Il. 11 “Baixa Hierarquia Espacial” (em vermelho) na Planta 1º Pavimento – Casa Minhota
Fonte: MOUTINHO, Mário. A Arquitectura Popular Portuguesa. Lisboa: Imprensa Universitária,
Editorial Estampa, 1979, p.54.
Il. 12 Planta Térreo e “Partição Leve” (indicada em vermelho) no 1º Pavimento – Casa Serrana
Fonte: MOUTINHO, Mário. A Arquitectura Popular Portuguesa. Lisboa: Imprensa Universitária,
Editorial Estampa, 1979, p.60.
49
Il. 13 Partições Leves de Madeira – Casa Serrana
Fonte: MOUTINHO, Mário. A Arquitectura Popular Portuguesa. Lisboa: Imprensa Universitária,
Editorial Estampa, 1979, p.65.
Nos Estados Unidos da América, CLIFFORD EDWARD CLARK
84
aborda a
flexibilidade sob o viés da versatilidade dos espaços, que era uma
característica de residência burguesa americana do século XIX.
Sua planta era admirada pelos seus ocupantes, em função de sua
conformação das circulações e dos ambientes, bem como a implantação dos
seus respectivos vãos de acesso portas que eram estrategicamente
posicionados permitindo que o usuário adequasse os espaços conforme as
suas necessidades, ao longo do dia (Il. 14). Essa tipologia de planta
estandardizou pela América do Norte, sendo bem aceito pelas diferentes
estruturas familiares, como cita SHERRY AHRENTZEN
85
, em função da
facilidade de dispor um hall social distribuidor, circulações e possibilitar que as
84
CLARK, Clifford Edward. The American Family Home, 1800 1960. Chapel Hill: University of
North Carolina Press; 1986.
85
Ver SHERRY AHRENTZEN. Housing and Community In Harvard Design Magazine Number 8
em http://www.gsd.harvard.edu/research/publications/hdm/back/8ahrentzen.html, acessado em
março de 2008.
50
flexibilidades espaciais acontecessem permitindo que os compartimentos
fossem agregados ou separados.
Vale ressaltar, que tanto uma semelhança de área entre quartos e salas na
planta, evidenciando-se uma baixa hierarquia entre os compartimentos, quanto
a localização das portas de acesso destes espaços, facilitando impor novos
usos em diferentes arranjos.
Il. 14. Planta Esquemática Residência Urbana, Estados Unidos da América. (Baixa Hierarquia e
amarelo, e Circulações em vermelho).
Fonte: DIGIACOMO, Mariuzza Carla. Estratégias para Projeto de Habitação Social Flexível.
Dissertação, POSARQ / UFSC, 2004, p. 23.
No século XIX, em Zurique, foram concebidos apartamentos que permitiam
haver flexibilidades espaciais em função dos diversos usos possíveis
assinalados pelos usuários. Nesse projeto, o hall de entrada está ligado
diretamente com a circulação interna, onde vãos de acessos aos diferentes
compartimentos, e estes, também se comunicavam entre si, e se denominam
tipologia de arranjos “enfilade
86
(Il. 15).
86
A distribuição do apartamento se “em fileira”, onde existem vãos de acesso aos
ambientes em adição às portas unindo-os a uma circulação interna, que por sua vez é ligada à
porta de entrada.
51
Il. 15. Weibes Schloss – Zurique – séc. XIX (Circulação enfilade indicada em vermelho).
Fonte: http://www.afewthoughts.co.uk/flexiblehousing/about.php.
Esse tipo de layout possibilita que se implementem diversas funções possíveis
aos espaços de acordo com os gostos dos moradores, havendo flexibilidade
espacial na planta.
Entre 1882 e 1889, em Chicago, foram projetadas por COLTON & SONS
Arquitetos, as habitações Mc Cormick Row Houses (Il. 16), implantadas em
quarteirões privados. Elas conformavam um conjunto de residências
unifamiliares, que por apresentar um partido onde a estrutura era
independente, admitia inserções de elementos flexíveis (divisórias), garantindo
uma flexibilidade espacial, atendendo às exigências do usuário em poder
interferir na conformação da planta de sua casa.
Il. 16 The Mc Cormick Row Houses District – Chicago 1882 / 1889
Arquiteto Colton & Sons
http://www.essential-architecture.com
Na mesma cidade de Chicago, outros modelos tipológicos formais flexíveis
começam a ser desenvolvidos, grifando a redução do espaço útil da habitação,
como uma necessidade social e cultural, naquele século XIX, ainda sob a
influência da Revolução Industrial, concebendo uma zona comum de
sobreposições de atividades diferentes cotidianas, com o mínimo necessário.
52
Em função dessa exigência, GIEDION
87
afirma que nesse mesmo século,
começam a serem estudadas tanto a espacialidade dos camarotes dos barcos
transatlânticos, quanto às carruagens-cama Pullman (Il. 17).
Nesse último exemplo, os volumes habitáveis de dimensões mínimas, se
convertem em habitáculos que se manejam de diversas maneiras, segundo as
necessidades. A economia do espaço se converte assim na razão fundamental
para a convertibilidade, destacando a sobreposição de funções, que se
evidencia no layout dessa carruagem.
Il. 17 Carruagem-Dormitório Pullman
Fonte: WERNER, Jörg. “Adaptaciones Cotidianas” in Revista Quaderns, nº 202, 1995, p. 92.
Enquanto isso na Alemanha, em 1896, são planejados blocos de apartamentos
para aluguel, consolidando como uma tipologia específica para esse segmento,
em Berlim. Consistem em edificações implantadas nas divisas, desenvolvida
em torno de um pátio central, com 4 escadas de acessos, que poderia
contemplar desde 10 unidades habitacionais, como apresenta em planta (Il.
18), ou poderia ser bipartida em 2 grandes apartamentos.
87
Ver GIEDION, Sigfried. Mechanization Takes Command. New York: Paperback, 1969.
53
Il. 18 Mietsblock Muskauer Str. 33, 1896.
Fonte: GEIST, J. F. Das Berliner Mietshaus 1862-1945,. Munchen: Prestel-Verlag, 1984.
Foi extremamente procedente a adoção da flexibilidade espacial nessa
tipologia, permitindo que contemplasse um leque de locatários com uma
diversidade de componentes na família, podendo variar as dimensões das
unidades habitacionais.
Em Bruxelas, em 1898, VICTOR HORTA, torna-se o precursor do uso do ferro
nesse continente, quando concebe sua residência [térreo mais três pavimentos]
(Il. 19), implantada entre outras edificações, e com frente para a rua, e o jardim
na parte posterior. Esse arquiteto insere o ferro aparente, materializado como
se fosse um filamento orgânico, na arquitetura doméstica. A promoção de um
diálogo estreito com a flexibilidade espacial consolidou um projeto, onde em
seu interior, a transparência quase vertical (Il. 20) combinava com a
transparência horizontal
88
(Il. 21). A residência não apresenta circulações, ela
se desenvolve em torno de seu eixo vertical e seus espaços comunicam uns
com os outros.
88
SEMBACH, Klaus-Jürgen. Arte Nova. Lisboa: Taschen, 1993, p.62.
54
Il.19 Corte da Residência Victor Horta
Fonte: http://www.hortamuseum.be
Il. 20 Escada da Residência Victor Horta - Transparência Vertical
Fonte: http://www.visitbelgium.com
Il. 21 Sala de Jantar da Residência Victor Horta - Transparência Horizontal
Fonte: http://www.hortamuseum.be
55
AUGUSTE PERRET, no ano de 1903, concebe o edifício residencial
multifamiliar, situado à Rua Franklin (Il. 22), em Paris, implantado nas divisas
do terreno, entre duas edificações existentes. O programa arquitetônico para a
morfologia daquele terreno (largo e pouco profundo) era espaçoso, e a
intenção projetual era dispor de cinco compartimentos para habitação, em
semicírculo, ao redor de um prisma central, com vista para a rua (Il. 23),
inserindo cozinha e sanitário na parte posterior da planta. Para consolidar sua
idéia, foi adotada a estrutura de concreto armado, garantindo uma polivalência
no uso dos espaços, expressando uma flexibilidade.
Il. 22 Edifício Rua Franklin, Paris – Arquiteto Auguste Perret, 1903.
Fonte: La Vivienda Contemporânea, ITeC, 1998.
56
Il. 23 Planta do Edificio Rua Franklin, Paris – Arquiteto Auguste Perret, 1903.
Fonte:
La Vivienda Contemporánea, ITeC, 1998.
No ano de 1908, LLUIS DOMÉNECH E MONTANER realiza o projeto da Casa
Fuster (Il. 24), dispondo em planta, a concentração de cozinhas e sanitários
nas fachadas das unidades habitacionais, divididas em pequenos cubículos,
possibilitando que os demais espaços [salas e quartos] desse programa
arquitetônico, se tornarem flexíveis.
Il. 24 Casa Fuster, Arquiteto Lluis Doménech e Montaner, Barcelona, 1908.
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Image
57
II.1.2 Do Modernismo ao Final da Década de 80
Em 1914, LE CORBUSIER idealiza o sistema Dom-Ino (Il. 25). Esse sistema é
conformado por uma ossatura de pilares e vigas em concreto armado, para
serem concebidos pré-fabricados
89
, e, completamente independente das
partições externas e internas. A idéia corbusiana desse modelo permitia que a
estrutura fosse construída, porém essas partições galgavam diferentes formas
[apropriações internas e independentes do uso], personalizando-as ao gosto
dos moradores.
Podemos constatar que nessa época o mote era a industrialização dos
edifícios, sob o viés da normalização, e a flexibilidade atuava como solução
tecnológica. Vale ressaltar que LE CORBUSIER além de enaltecer as
qualidades das máquinas (automóveis, aviões, transatlânticos), colabora
pontualmente com a produção e consumo de residências em série,
fundamentando a “habitação para todos” intituladas “máquinas para viver”.
Il. 25 Sistema Dom-Ino
Fonte: BESSET, Maurice. Le Corbusier. Genève: Edtions d’Art Albert Skira S.A., 1968, p. 69.
Enquanto isso na mesma década, na Europa, ERICH MENDELSOHN em
1923, influenciado pelos cenários teatrais rotativos concebidos por Max
Reinhardt, projeta uma plataforma circular e giratória, dividida em três gomos,
89
Le Corbusier encanta-se com os atributos da produção em série dos automóveis, aviões,
locomotivas (vagões Pullman) e transatlânticos, expressando através de seu livro “Por uma
Arquitetura”, uma ode à era das máquinas, fundamentando também uma produção em série de
habitações para todos a máquina de viver. In: LE CORBUSIER. Por Uma Arquitetura
. São
Paulo: Editora Perspectiva, 2004, p.57 a 87.
58
onde propõe como mobiliário: uma mesa de refeições, um piano e um sofá
respectivamente, dentro do espaço de uma sala de estar, que pode rotacionar
de acordo com a necessidade, em uma residência sob a égide da habitação
econômica em Berlim-Zehlendorf (Il. 26). Essa flexibilidade permite que um
arranjo maior nas organizações espaciais do salão contíguo.
Il. 26 Residência Unifamiliar – Arquiteto Erich Mendelsohn – Berlim Zehlendorf – 1923. Onde
“1” Cozinha; “2”. Estúdio; “3”. Salão; “4”. Mesa de Comer; “5”. Sofá; “6”. Piano.
Fonte: WERNER, Jörg. “Adaptaciones Cotidianas” in Revista Quaderns nº 202, 1995, P.95.
No ano de 1924, em Utrecht, GERRIT RITVELD, sob o viés da habitação
elementar, econômica e funcional, começou a detalhar a Casa Schröder (Il.
27), concebendo dois pavimentos em torno de uma escada central,
implementada por uma construção em alvenaria e madeira, embora suas
paredes não fossem autoportantes. Designou-se ao andar superior, seu
principal nível habitacional, uma planta com o caráter de flexibilidade,
expressado através de divisórias móveis, como representa a ilustração abaixo,
evidenciando o movimento das divisórias abertas e fechadas (Il. 28)
expressando um espaço contínuo (Il. 29). No primeiro pavimento a planta foi
subdividida em compartimentos separados (Il. 30)
59
Il. 27 Residência Schröder – Utrecht – Arquiteto Gerrit Ritveld, 1924.
Fonte: GOSSEL, P; LEUTHÄUSER, G. .Architecture in the Twentieth Century. Colônia:
Taschen, 2001.
Il. 28 Planta 2º Pavimento – Residência Schröder – Utrecht – Arquiteto
Gerrit Ritveld, 1924.
Fonte:
FRAMPTON, K. História Crítica da Arquitetura Moderna. São Paulo: Martins Fontes,
1997, p. 176.
Il. 29 Interiores 2º Pavimento – Residência Schröder – Utrecht – Arquiteto
Gerrit Ritveld, 1924.
Fonte: GOSSEL, P; LEUTHÄUSER, G. .Architecture in the Twentieth Century. Colônia:
Taschen, 2001.
60
Il. 30 Planta 1º Pavimento – Residência Schröder – Utrecht – Arquiteto
Gerrit Ritveld, 1924.
Fonte:
FRAMPTON, K. História Crítica da Arquitetura Moderna. São Paulo: Martins Fontes,
1997, p. 176.
Em 1927, MIES VAN DER ROHE, liderando uma equipe de arquitetos, entre os
quais Le Corbusier e Walter Gropius, projetou um bairro cognominado
Weisenhofsiedlung, objetivando uma exposição, com foco na habitação na
cidade de Stutgart.
Tratava-se de um conjunto de edifícios unifamiliares e multifamiliares (Il. 31)
destinados à habitação, cabendo a Mies delinear esse último programa.
Inspirado na possibilidade do habitante arranjar o seu próprio espaço [conforme
as suas necessidades] foram desenhados 4 blocos geminados em planta
retangular (Il. 32), onde o eixo vertical (escada) ficava centralizado, permitindo
o acesso às unidades habitacionais (Il. 33).
Il. 31 Habitação Multifamiliar – Arquiteto Mies Van der Rohe – Weisenhofsiedlung – Stutgart,
1927.
Fonte: http://www.afewthoughts.co.uk
61
Il. 32 Planta Livre – Arquiteto Mies Van der Rohe Weisenhofsiedlung – Stutgart, 1927.
Fonte: http://www.afewthoughts.co.uk
Il. 33 Plantas com Flexibilidades Espaciais – Arquiteto Mies Van der Rohe – Weisenhofsiedlung
– Stutgart, 1927.
Fonte: http://www.afewthoughts.co.uk
As partições internas foram materializadas em painéis de madeira, quando
móveis (fixados junto às vigas no teto), e de gesso, quando fixas (Il. 34). Esse
projeto tornou-se paradigmático, tanto sob o viés da flexibilidade espacial no
campo da habitação de baixo custo, quanto no âmbito da pré-fabricação,
servindo como modelo para os países europeus.
62
Il. 34 Interiores do Apartamento Weisenhofsiedlung - Arquiteto Mies Van der Rohe– Stutgart,
1927.
Fonte:
http://www.afewthoughts.co.uk
O Eendracht Project de 1934, em Vroesenlaan, Havanderstraat em Roterdam,
do arquiteto holandês JOHANNES HENDRIK VAN DEN BROEK, tornou-se o
precursor do projeto com flexibilidades espaciais, integrando divisórias móveis
com camas dobráveis em espaços pequenos sem sacrificar o conforto. Em sua
planta é evidenciada a habilidade de manipulação nas sobreposições de
portas, que antecipam, mas não determinam a divisão e posterior ocupação
dos usos. É importante ressaltar que no exíguo hall de entrada há possibilidade
de se adentrar em três espaços independentes: cozinha, espaço de refeições e
num ambiente onde se estuda de manhã, e à noite dorme-se. Esses dois
últimos espaços têm a possibilidade de se converter numa área contínua. Essa
área, além de se conectar continuamente com outros dois quartos, e com a
cozinha através de uma bancada, permite acessar uma segunda circulação
onde há quatro portas, onde se pode tanto entrar nas cabines de vaso sanitário
e lavatório com chuveiro, quanto nos dois quartos, tudo independentemente. (Il.
35).
63
Il. 35 Plantas Transformações Dia e Noite Vroesenlaan, Holanda, Arquiteto Johannes Hendrik
Van den Broek, 1934.
Fonte: LEUPEN, Bernard. A New Way of Looking at Flexibility in: Open House International,
vol. 30 nº 1, 2005, p.56.
Nos Estados Unidos da América, em 1945, a revista Arts & Architecture de Los
Angeles, inicia um programa de residências na Califórnia, denominado Case
Study Houses. Planejados por arquitetos do movimento moderno, tais como:
Richard Neutra, Charles e Ray Eames, Eero Saarinen, Craig Ellwood, Pierre
Koenig e Raphael Soriano em conjunto com o setor da construção civil, esses
projetos, segundo ELIZABETH SMITH
90
, evidenciavam a aspiração de uma
nova geração da arquitetura norte-americana, em função da escassez de
habitações pós a grande depressão econômica de 1929 e da guerra de 1945. A
Case Study House (CSH) nº.1 foi projetada na Toluca Lake Avenue em North
Hollywood, pelo arquiteto JULIUS RALPH DAVIDSON, que buscou um
aproveitamento espacial máximo dotando de flexibilidade, para permitir
possíveis ampliações e trocas de uso, (Il. 36) tudo conformado numa estrutura
de madeira sobre concreto armado.
90
SMITH, Elizabeth A. T. Case Study Houses. Colônia: Taschen, 2006, p.6.
64
Il. 36 Planta Esquemática Case Study House Nº.1, North Hollywood, Arquiteto Julius Ralph
Davidson.
1. Quarto de Hóspedes, 2. Terraço, 3. Jantar; 4. Estar, 5. Quartos, 6. Banheiro, 7. Cozinha, 8.
Área de Serviço e 9 Garagem.
Fonte: SMITH, Elizabeth A. T. Case Study Houses. Colônia: Taschen, 2006, p. 8.
Em 1947, no Continente Europeu, LE CORBUSIER projeta a Unidade de
Habitação de Marselha na França, propondo uma nova idéia arquitetônica para
o campo da habitação. Agrega unidades residenciais, conformadas em dois
pisos (duplex), através de uma circulação central; Essas unidades
contemplavam as duas fachadas da edificação. Em detrimento do
dimensionamento mínimo desses apartamento, especialmente nos quartos,
foram propostos painéis de correr, para poder uni-los, consentindo expandir o
espaço visualmente (Il. 37).
65
Il. 37 Cortes e Plantas da Unidade de Habitação, Marselha, Arquiteto Le Corbusier, 1947.
Fonte: Norberg-Schulz, Christian. Los Princípios de la Arquitectura Moderna. Barcelona:
Editorial Reverte, 2005, p. 170.
Mais tarde, em 1948, MIES VAN DER ROHE, abordando a questão da
economia como ponto imperativo, contempla a complexidade crescente das
exigências do mundo daquela época [pós-guerra], que requeria a flexibilidade
nos espaços
91
, projeta o Lake Shore Drive Apartments, em Chicago, com 26
pavimentos. Construído em estrutura de aço, com pilares espaçados de 7 em
7m, e revestido em vidro por todos os lados, sua fachada revela uma grelha
[fruto do desenho dos pilares e vigas que se situam no mesmo plano dos
vidros] (Il. 38). A planta das unidades é inteiramente livre, com exceção das
áreas molhadas (banheiro e cozinha), que em função da parede hidráulica
mantêm-se fixas (Il. 39).
91
A construção em esqueleto é o sistema mais adequado, pois os métodos de construção
racionalizados permite a criação de interiores divididos com liberdade...isso deve satisfazer
todas as exigências normais. In: FRAMPTON, Kenneth. História Crítica da Arquitetura
Moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p.196.
66
I
l. 38 Lake Shore Drive Apartments, Chicago, Arquiteto Mies Van der Rohe, 1948.
Fonte: http://members.aol.com
Il. 39 Planta dos Apartamentos de Espaço Único do Lake Shore Drive Apartments, Chicago,
Arquiteto Mies Van der Rohe, 1948.
Fonte: http://members.aol.com
Em 1952, FRANK LLOYD WRIGHT, idealizou o H. C. Price Company Tower,
em Oklahoma, Estados Unidos da América, conformando em sua tipologia
volumétrica, uma construção de concreto com andares em balanço (Il. 40). A
planta dos pavimentos tipo, modulada a partir de uma base hexagonal, foi
concebida em quatro quadrantes, em forma de um cata-vento, onde em um
desses um apartamento de direito duplo, e, nos demais, escritórios com
pés direito simples, todos em executados em divisórias veis independentes
da estrutura, possibilitando arranjos diferenciados nas unidades habitacionais e
de escritório (Il. 41).
67
Il. 40 Edifício H. C. Company Price Tower, Oklahoma, Arquiteto Frank Lloyd Wright, 1952.
Fonte: http://www.delmars.com
Il. 41 Plantas do Edifício H. C. Company Price Tower, Oklahoma, Arquiteto Frank Lloyd Wright,
1952.
Fonte: http://www.delmars.com
68
Nessa mesma década, o arquiteto holandês ALDO VAN EYCK propõe a
revisão dos conceitos dos espaços públicos, juntamente com seu conterrâneo
JACOB BAKEMA, e revisam a idéia de núcleo de cidade, com o objetivo de
humanizar os espaços, encontrando eco, no pensamento do grupo inglês
MARS, externando essas inquietudes no 8º e 9º CIAM. Neste último congresso,
os arquitetos ingleses ALISSON e PETER SMITHSON, aliam-se às essas
propostas, e ratificam a posição de que o conteúdo da Carta de Atenas produz
cidades anti-humanas, referindo-se a grade do funcionalismo proposta ao
urbanismo e à arquitetura.
“...o homem se organiza em comunidades, que desenvolve a necessidade de se
diferenciar, se identificar com o local que habita, criar vínculos sociais e apreender
o espaço a partir de seus próprios valores culturais.”
92
ALISSON E PETER SMITHSON, entre 1956 e 1958, na Inglaterra, idealizaram
sob o viés de uma produção em massa, residências para serem agrupadas de
várias maneiras denominadas Appliance Houses. Essas habitações consistiam
numa série de cubículos aplicáveis em forma de cozinha, banheiro, com suas
respectivas instalações hidro-sanitárias e armários, que desempenhavam as
partes constituintes fixas do projeto (Il. 42). As outras partes que eram
consideradas de crescimento sofriam constantes modificações em decorrência
da contínua troca de função (Il. 43).
Il. 42 Appliance House, Inglaterra, Arquiteto Alison Smithson, 1956-8.
Fonte: SMITHSON, A. e SMITHSON, P. “The Appliance House”, Design, 113, 1958, p-43.
92
BARONE, Ana Cláudia Castilho. Team 10: Arquitetura como Crítica. o Paulo: Annablume e Fapesp,
2002, p.61.
69
Il. 43 Appliance House - equipada, Inglaterra, Arquiteto Alison Smithson, 1956-8.
Fonte: SMITHSON, A.e SMITHSON, P. “The Appliance House”, Design, 113, 1958, p-43.
No primeiro ano da década de 60, ERIK FRIBERGER, em Gotenburgo na
Suécia, a partir da teoria de Nicholas Habraken
93
, projetou um edifício sob o
conceito dos suportes estruturais e das unidades destacáveis. O Kallebäck
Experimental Housing consistia em lajes de piso e teto, e os pilares de
concreto, pré-fabricados, montados em sobreposição como se fossem
prateleiras, que juntamente com as alvenarias conformavam as sacadas do
edifício (Il. 44) (Il. 45). As circulações verticais (escadas) e os espaços que
abarcavam as instalações hidro-sanitárias, cozinhas e banheiros, eram
dispostos na proximidade do eixo central da edificação, corroborando para que
os demais espaços residenciais pudessem ser dimensionados e adequados ao
gosto do usuário (Il. 46).
93
Nicholas Habraken, arquiteto holandês, desenvolveu um sistema projetual embasado na
teoria dos suportes estruturais, para contemplar a construção de moradias em massa, levando
em consideração a necessidades dos usuários e sua satisfação. Esse projeto concebido em
módulos permitia uma variabilidade no âmbito funcional dos espaços, em função da estrutura
portante proposta, bem como nas flexibilidades impostas nas instalações complementares. In:
PERIAÑEZ, M. L’Habitat Évolutif: Du Mithe aux Réalités
. Paris: PCA, 1993, cap.3, p-8.
70
Il. 44 Corte Esquemático, Kallebäck Experimental Housing, Gotenburgo, Arquiteto Erik
Friberger, 1960.
Fonte: PERIAÑEZ, M. L’Habitat Évolutif: Du Mithe aux Réalités. Paris: PCA, 1993, cap. 3, p-8.
Il. 45 Fachada, Kallebäck Experimental Housing, Gotenburgo, Arquiteto Erik Friberger, 1960.
Fonte: http://www.afewthoughts.co.uk
Il. 46 Planta, Kallebäck Experimental Housing, Gotenburgo, Arquiteto Erik Friberger, 1960.
Fonte: PERIAÑEZ, M. L’Habitat Évolutif: Du Mithe aux Réalités. Paris: PCA, 1993, cap.3,p-8.
71
No ano de 1966, CHRISTOPHER ALEXANDER, foi um dos arquitetos, das 13
equipes convidadas a participar, com uma proposta, para um concurso de 1500
habitações Previ (Projeto Experimental de Vivendas), em Lima, estimulado pelo
Governo do Peru, em parceria com o PNUD (Programa Nacional das Nações
Unidas de Desenvolvimento). Entre os conceitos propostos para esse
concurso, além da racionalização, modulação, tipificação e crescimento
progressivo, havia ênfase na “flexibilidade” e função, objetivando a concepção
de diversas tipologias, que pudessem agregar diferentes tipos familiares,
promovendo o crescimento das unidades habitacionais. Esse arquiteto
estabelece uma teoria no campo habitacional, vinculando-a ao campo do
urbanismo, linguagem dos padrões
94
, compatibilizando pesquisas no âmbito da
antropologia, ecologia, psicologia e sociologia, para consubstanciar tanto
teoricamente, quanto empiricamente essa linguagem. Partindo do pressuposto
que os espaços são controlados pelo indivíduo, e, por conseguinte, variando as
escalas, a construção dos edifícios e a cidade, o autor explica, que cada
usuário pode realizar a sua arquitetura, pois, o capazes de inventar os seus
próprios padrões, dentro do seu meio ambiente.
Foram propostas praças com seus respectivos núcleos de vizinhança de
vivendas, interconectadas por passagens para pedestres, que permitiam
arranjar os diversos grupamentos de edificações, organizando-se em pequenos
bairros. Nas ruas destinadas aos veículos concentrava-se também o comércio
(Il. 47).
Il. 47 Isométrica PREVI, Lima, Peru, 1966.
Fonte: http://redalyc.uaemex.mx
94
Trata-se de uma série de trabalhos com o objetivo de quantificar cientificamente, e constituir
modelos, que abarquem os processos funcionais que conduzem a forma arquitetônica e se
relacionando com o contexto, variando especificamente de cultura para cultura, e de época
para época, no ato da conceber um espaço residencial.
72
As residências funcionam como umas plataformas de transformações
espaciais, que vão se desenvolvendo de acordo com o crescimento familiar,
permitindo que cada família construa a sua própria imagem (Il. 48).
Il. 48 Residência PREVI – Plantas 1º e 2º Pavimento, Arquiteto Christoper Alexander, Peru,
1966.
Fonte: MONTANER, Josep Maria. Después del Movimiento Moderno. Barcelona: Gustavo Gili,
1993, p. 132.
Em 1967, o grupo ARCHIGRAM participou de uma exposição em Londres
promovida pelo jornal londrino The Weekend Telegraph, encarregando-se de
projetar uma residência para o ano 1990 Living 1990. Influenciados tanto
pelas tecnologias daquela época, quanto pela sistematização das atividades de
uma família ao longo do dia (Il. 49) (Il. 50) (Il. 51), esse grupo concebeu uma
habitação em um pavimento, embasada no princípio de um aerodeslizador
95
,
sem rigores perimétricos. Esse projeto promovia as sensações espaciais,
através de uma máquina programável, que transformava e controlava a
95
Esse veículo conduzia a residência à Cidade-Megaestrutura, conceituada pelo Grupo
Archigram como a Cidade que Anda, que embasava seus trabalhos sob a égide da conversão
dos espaços residenciais.In: GALFETTI, Gustau Gili. Pisos Piloto: Células Domésticas
Experimentales. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1997, p. 58.
73
imagem, luz, som e temperatura, telecomandados por gestos tão delicados
como o ato de pestanejar
96
. O mobiliário de dormir era inflável, e havia a
cadeira de viagem (Il. 52). No que compete às tarefas domésticas, o todas
realizadas por robôs, que além de possuírem monitores de televisor, e rádio
acoplado em seu corpo, se dirigiam à área de serviço, conectada as redes de
água, ar e esgoto no intuito de repor esses serviços, quanto eliminar resíduos à
Cidade-Megaestrutura (Il. 53).
Il. 49 Esquema de um Ciclo de 24 horas: 3am to 6:30 pm, Living 1990, Exposição The
Weekend Telegraph, Londres, 1967.
Fonte: GALFETTI, Gustau Gili. Pisos Piloto: Células Domésticas Experimentales. Barcelona:
Editorial Gustavo Gili, 1997, p. 60.
Il. 50 Esquema de um Ciclo de 24 horas: 6:30 pm to 3 am., Living 1990, Exposição The
Weekend Telegraph, Archigram, Londres, 1967.
Fonte: GALFETTI, Gustau Gili. Pisos Piloto: Células Domésticas Experimentales. Barcelona:
Editorial Gustavo Gili, 1997, p. 60.
96
Ibid., p.58.
74
Il. 51 Perspectiva, Living 1990, Exposição The Weekend Telegraph, Archigram, Londres, 1967.
Fonte: GALFETTI, Gustau Gili. Pisos Piloto: Células Domésticas Experimentales. Barcelona:
Editorial Gustavo Gili, 1997, p. 60.
Il. 52 Living 1990: Cama Inflável e Cadeira de Viagem, Exposição The Weekend Telegraph,
Archigram, Londres, 1967.
Fonte: archigram.net
Il. 53 A Cidade-Megaestrutura. A Cidade que Anda.
Fonte: archigram.net
75
Entre 1967 e 1970, HERMAN HERTZBERGER projeta as Residências
Experimentais Diagoon (Il. 54), em Delft, Holanda, a partir de 8 carcaças
[esqueletos habitacionais], que deveriam ser conformadas pelos seus próprios
habitantes. A residência externamente é definida por duas cores, e
internamente havia diferentes pisos intermediários, constituindo unidades
espaciais, que poderiam acomodar várias funções como: estar, jantar, dormir,
estudar, divertir, relaxar, etc (Il. 55). Cada unidade por nível poderia ser
dividida, gerando uma área remanescente, que é compreendida numa sacada-
galeria, apropriadas como áreas de permanência dos diversos usuários, que se
permeia pelo grande vazio vertical da residência (Il. 56). Não existe divisão
estrita entre área social e de dormir, a não ser pela imposição das escadas.
Il. 54 Residências Diagoon, Arquiteto Herman Hertzberger, Delft, Holanda, 1967-70.
Fonte: www.hertzberger.nl
Il. 55 Residências Diagoon, Arquiteto Herman Hertzberger, Delft, Holanda, 1967-70.
Fonte: www.hertzberger.nl
76
Il. 56 Residências Diagoon, Arquiteto Herman Hertzberger, Delft, Holanda, 1967-70.
Fonte: www.hertzberger.nl
RALPH ERSKINE, arquiteto sueco, em conjunto com os usuários, sob o viés da
diversidade e a imaginação, propôs para um meio-ambiente que
morfologicamente estava homogêneo, vários estudos preliminares,
contemplando a futura ocupação desses futuros habitantes, no ano de 1969. O
Conjunto Byker Wall em Newcastle, na Inglaterra, aproxima sua morfologia
com a versatilidade da arquitetura espontânea (Il. 57), em decorrência da
estreita ligação que havia entre o arquiteto e os usuários, no processo de
planejamento participativo, compreendendo o entendimento dos sentidos e
códigos desses habitantes.
Il. 57 Byker Wall – Fachadas, Arquiteto Ralph Erskine, New Castle, Inglaterra, 1969.
Fonte: MONTANER, Josep Maria. Después del Movimiento Moderno
. Barcelona: Gustavo Gili,
1993, p. 137.
77
Em 1970, KISHO KUROKAWA, elabora a Nakagin Capsule Tower, sob
influência das teorias metabolistas
97
daquela cada, um edifício composto de
144 cápsulas, destinados tanto a executivos quanto profissionais liberais que
vivem na periferia de Tóquio (Il. 58). Essas cápsulas
98
, entendidas como
pequenos espaços que desempenham um uso temporário, são independentes,
e, cada uma é fixa ao núcleo central, por quatro pontos de ancoragem,
possibilitando um jogo formal, viabilizando a sua remoção e reposição com
facilidade (Il. 59). O mobiliário, em geral fixo, é composto por cama, armários,
mesa para trabalhar, um sanitário, telefone e equipamento de áudio (Il. 60). O
usuário poderia escolher os acabamentos internos, como as cores bem como
as diferentes posições dos acessos de entrada, janelas, bem como a
disposição do local de trabalho (Il. 61).
Il. 58 Nakagin Capsule Tower, Arquiteto Kisho Kurokawa, Tóquio, 1970.
Fonte: www.kisho.co.jp
97
Segundo Montaner, os metabolistas eram uma denominação de uma arquitetura brutalista
que copilava tanto valores modernos quanto nas suas tradições bem como no próprio
Movimento Moderno, buscavam novas intervenções urbanas, entrelaçados pela tecnologia
como resposta a vida urbana caótica, na esperança que a população acompanhasse isso como
modelo de avanço social. Ver MONTANER, Josep M. Despues del Movimiento Moderno.
Barcelona: Gustavo Gili, 1993, p. 116.
98
As cápsulas foram construídas nas oficinas de montagem e chegam a obra completamente
terminadas.
78
Il. 59 Cápsulas - Fachada, Arquiteto Kisho Kurokawa, Tóquio, 1970.
Fonte: www.kisho.co.jp
Il. 60 Interiores, Arquiteto Kisho Kurokawa, Tóquio, 1970.
Fonte: www.kisho.co.jp
Il. 61 Cápsulas - Plantas, Arquiteto Kisho Kurokawa, Tóquio, 1970.
Fonte: GALFETTI, Gustau Gili. Pisos Pilotos: Células Experimentales Domésticas. Barcelona:
Gustavo Gili, 1997, p. 118.
79
Os Irmãos ARSÈNE-HENRY, em 1971 conceberam um edifício de 9
pavimentos (Il. 62), em estrutura de concreto armado, tornando-se pioneiro em
esquemas de participação, onde o usuário poderia programar a flexibilidade
espacial, conformando os espaços da habitação de acordo com as suas
necessidades, na cidade de Montereau-Surville. A planta do pavimento tipo
consiste num núcleo central composto de elevadores, escada, e quatro
apartamentos dispostos em forma retangular, inscritos numa coordenação
modular de 90 cm por 90 cm, com varandas em torno do edifício, moldando um
quadrado de 22 metros de largura (Il. 63). Cada unidade habitacional mede 13
x 6,5m, e sua conformação permite, que se agregue uma ou mais unidades,
para conformar um apartamento maior. Contíguo à entrada da unidade um
duto de exaustão mecânica e de instalações hidro-sanitárias, que possibilita os
arranjos espaciais diferenciados, adequando as necessidades, promovendo a
flexibilização dos ambientes (Il. 64).
Il. 62 Edifício Montereau, Arquitetos Irmãos Arsène-Henry, Surville, 1971.
Fonte: PERIAÑEZ, M. L’Habitat Evolutif: Du Mythes aux Réalités. Paris: PCA, 1993.
80
Il. 63 Planta do Pavimento Tipo do Edifício Montereau, Arquitetos Irmãos Arsène-Henry,
Surville, 1971.
Fonte: PERIAÑEZ, M. L’Habitat Évolutif: Du Mithe aux Réalités. Paris: PCA, 1993.
Il. 64 Planta dos Arranjos Espaciais das Unidades Habitacionais do Edifício Montereau,
Arquitetos Irmãos Arsène-Henry, Surville, 1971.
Fonte: PERIAÑEZ, M. L’Habitat Évolutif: Du Mithe aux Réalités
. Paris: PCA, 1993.
81
RENZO PIANO, em 1978, concebeu um projeto habitacional popular intitulado
Sistema de Construção Industrializada “Unidades-Casa”, em Perugia, na Itália.
A tecnologia empregada nesse trabalho foi o cimento-vibrado, solicitada pelo
fabricante, e o autor concebeu um sistema construtivo, capaz de permitir uma
liberdade na criação da planta, fazendo com que os habitantes as criassem. O
protótipo admitia vários layouts, em um ou dois pavimentos (Il. 65), e a tipologia
espacial, consistia em duas peças em forma de “U” com 6 m de largura por 12
m de profundidade. As partições internas dessa habitação eram conformadas
por armações metálicas tanto horizontais, quanto verticais, e painéis móveis
para esquadrias e paredes (Il. 66).
Il. 65 Sistema de Construção Industrializada “Unidades-Casas”, Arquiteto Renzo Piano,
Perugia, Itália, 1978.
Fonte: Renzo Piano Building Workshop 1964-1988. Tóquio: A + U Publishing. Co. Ltd, 1989.
Il. 66 Sistema de Construção Industrializada “Unidades-Casas” - Isométrica, Arquiteto Renzo
Piano, Perugia, Itália, 1978.
Fonte: Renzo Piano Building Workshop 1964-1988. Tóquio: A + U Publishing. Co. Ltd, 1989.
82
YVES LION e FRANÇOIS LECLERG fizeram um trabalho de reflexão sobre a
habitação denominado Domus Demain Investigação sobre um Habitat para
Princípios do Século XXI (Il. 67), em Paris, no ano de 1984. O edifício proposto
tem como ponto de destaque, nas plantas das unidades habitacionais junto às
fachadas, uma banda servente ativa, que segundo GALFETTI
99
, reúne todas as
instalações hidro-sanitárias (Il. 68) da residência, reduzidas a mínima
expressão, junto com os dispositivos de iluminação dos espaços restantes.
Essa banda além de facilitar toda a sua instalação e manutenção, corrobora na
distribuição dos espaços internos da residência, favorecendo uma liberdade
projetual na concepção nos demais ambientes, permitindo-os que sejam
adequados ao perfil do usuário (Il. 69).
Il. 67 Domus Demain Investigação sobre um Habitat para Princípios do Século XXI – Corte
Longitudinal e Transversal Geral, Arquitetos Yves Lion e François Leclerg, Paris, 1984.
Fonte: GALFETTI, Gustau Gili. Pisos Piloto: Células Domésticas Experimentales. Barcelona:
Editorial Gustavo Gili, 1997, p. 47.
99
GALFETTI, op. cit., p. 46.
83
Il. 68
Domus Demain Investigação sobre um Habitat para Princípios do Século XXI – Planta da
Unidade Habitacional, Arquitetos Yves Lion e François Leclerg, Paris, 1984.
Fonte: GALFETTI, Gustau Gili. Pisos Piloto: Células Domésticas Experimentales. Barcelona:
Editorial Gustavo Gili, 1997, p. 50.
Il. 69 Domus Demain Investigação sobre um Habitat para Princípios do Século XXI –
Perspectivas dos Interiores das Unidades Habitacionais – Banda Ativa, Arquitetos Yves Lion e
François Leclerg, Paris, 1984.
Fonte: GALFETTI, Gustau Gili. Pisos Piloto: Células Domésticas Experimentales. Barcelona:
Editorial Gustavo Gili, 1997, p. 49.
As unidades habitacionais do Hinged Space Building
100
(Il.70), projetado por
STEVEN HOLL em 1989, em Fukuoka no Japão, permite que nos seus 28
apartamentos (Il. 71) os ambientes funcionais conformem-se através de painéis
e armários articuláveis, fazendo uma alusão ao conceito multiuso do
fusuma
101
(Il.72), numa linguagem contemporânea. Esses ambientes podem ser
adicionados ou subtraídos, de acordo com o crescimento da família.
100
Hinged Space Building [tradução nossa] Edifício do Espaço Articulado.
101
Fusuma trata-se de uma porta deslizante usada como divisão de espaços como tatame ou
como porta de aposentos particulares, podendo ser removida para formar um único e espaço
ambiente, segundo o site “www.acbj.com.br” de verbetes da Aliança Cultural Brasil e Japão.
84
Il. 70 Hinged Space Housing, Arquiteto Steven Holl, Fukuoka, Japão, 1989.
Fonte: http://www.stevenholl.com.
Il. 71 Plantas Esquemáticas Hinged Space Housing, Arquiteto Steven Holl, Fukuoka, Japão,
1989.
Fonte: Steven Holl
. New York: Universe, 2003, p.82.
85
Il. 72 Interiores, Hinged Space Housing, Arquiteto Steven Holl, Fukuoka, Japão, 1989.
Fonte: Steven Holl. New York: Universe, 2003, p.82.
86
II. 1.3 A Contemporaneidade
Em 1999, na Holanda, o arquiteto e professor KAS OOSTERHUIS desenvolveu
um novo conceito para uma casa elástica em todas as direções (largura,
profundidade e altura), denominada Variomatic Casa Programável (Il.73). O
programa computadorizado foi aprimorado para que o cliente pudesse atuar
como co-autor na concepção espacial do projeto, desenhando a própria casa.
Também poderia eleger o material de construção a ser empregado (Il. 74). As
tipologias volumétricas apresentam-se em dois tipos: “S” Clássico (dois
pavimentos com cobertura) e Cabrio “L” (térreo com cobertura retrátil) (Il.75).
Somente a implantação das escadas, e espaços cnicos como sanitários e
cozinha são fixos, permitindo que a habitação seja dividida de acordo com as
necessidades do proprietário.
Il. 73. Variomatic – Casa Programável, Arquiteto Kas Oosterhuis, Holanda, 1999.
Fonte: www.oosterhuis.nl
Il. 74. Variomatic – Casa Programável – Programa Computadorizado, Arquiteto Kas Oosterhuis,
Holanda, 1999.
Fonte: www.oosterhuis.nl
87
Il. 75. Variomatic – Casa Programável – Volumetrias, Arquiteto Kas Oosterhuis, Holanda, 1999.
Fonte: www.oosterhuis.nl
Em 2000 na cidade de Kawagoe no Japão foi concebida pelo arquiteto
SHIGERU BAN a Naked House (Il. 76). Ela consiste numa planta livre
acomodada num prisma retangular (Il. 77), sem janelas e portas, e, os únicos
pontos fixos são a cozinha e os banheiros (Il. 78). As unidades cúbicas móveis
transformam-se em espaços pessoais (Il. 79), que podem ser viradas em
várias posições, de acordo com os modos de vida e os desejos climáticos dos
seus habitantes.
Il. 76. Naked House – Fachada, Arquiteto Shigeru Ban, Japão, 2000.
Fonte: www.designboom.com
88
Il. 77. Naked House – Planta, Arquiteto Shigeru Ban, Japão, 2000.
Fonte: KRONENBURG, Robert. Flexible: Architecture tha Responds to Change. Londres:
Laurence King, 2007, p. 170.
Il. 78. Naked House – Perspectiva Isométrica, Arquiteto Shigeru Ban, Japão, 2000.
Fonte:KRONENBURG, Robert. Flexible: Architecture tha Responds to Change. Londres:
Laurence King, 2007, p. 171.
89
Il. 79. Naked House – Unidades Móveis, Arquiteto Shigeru Ban, Japão, 2000.
Fonte: www.designboom.com
Na Áustria, em Insbruch em 2000, CARLO BAUMSCHLAGER e DIETMAR
EBERLE, recorrem à flexibilidade espacial em um novo projeto, Residencial
Lohbach
102
, um conjunto de seis blocos de apartamentos de um a quarto
quartos. A planta do tipo em forma retangular consiste num núcleo central
(elevadores, escadas e prismas em formas circulares) (Il. 80), e as unidades
habitacionais estão dispostas ao seu redor. Os sanitários e cozinhas estão
concentrados em um anel interno, e os espaços que permitem ser flexíveis,
num segundo anel. Perifericamente, uma segunda pele (elementos de
proteção solar) que podem ser movimentados conforme a necessidade (Il. 81).
Il. 80 Lohbach Residences – Plantas Tipo 1, Tipo 2 e Tipo 3, Arquitetos Baumschlager e
Eberle, Áustria, 2000.
Fonte: WAECHTER-BÖHM, Liesbeth. Über Wohnbau House-ing. Viena: Springer Wien New
York, 2000, p.32.
102
WAECHTER-BÖHM, Liesbeth. Über Wohnbau House-ing. Viena: Springer Wien New York,
2000, p.32.
90
Il. 81 Lohbach Residences – Balcão Articulável, Arquitetos Baumschlager e Eberle, Áustria,
2000.
Fonte: www.baumschlager-eberle.com
Entre 2000 e 2004 o Escritório de Arquitetura NOX da Holanda, encabeçado
pelo arquiteto LARS SPUYBROEK concebeu um projeto artístico denominado
Son-O-House
103
. Trata-se de um habitat onde os sons vivem, e o observador
permitir vivenciar a flexibilidade sonora, através dos seus próprios movimentos
corporais, que são balizados por sensores que ativam padrões melodiosos e
faz mobilizar a instalação. Essa estrutura arquitetônica sonora admite que as
pessoas tanto escutem o som quanto participem da sua composição (Il. 82).
Il. 82 Son –O-House, NOX, Holanda, 2000-04.
Fonte: www.arcspace.com
103
KRONENBURG, Robert. Flexible: Architecture that Responds to Change. Londres: Laurence
King, 2007, p.220.
91
Instalada num parque industrial implantado na estrada entre Son na cidade de
Breugel e Eindhoven, ela tem o desempenho funcional social de poder abrigar
uma sala de estar informal, ou lugar de relaxamento, ou simplesmente de
contemplação (Il. 83).
Il. 83 Son-O-House – Montagem, NOX
Fonte: www.arcspace.com
O jogo cenográfico dos corpos em movimento materializa efeitos “arabesque”
oriundos das várias leituras dos usuários que estimulam o corpo desse habitat
constituído em faixas de papel, permitindo acontecer à flexibilidade espacial (Il.
84).
Il. 84 Son-O-House – Montagem, NOX
Fonte: www.arcspace.com
Os designers STEPHANIE FORSYTHE e TODD MAC ALLEN venceram First
Step Open International Housing Competition 2003” em Nova Iorque, que
consistia em instalar habitações individuais expansíveis em edifícios vazios,
92
como solução experimental ao problema de carências de vivendas.
Conceberam um sistema têxtil, reciclável e translúcido, que tem o desempenho
de uma parede divisória, promovendo conexões entre espaços privados e
comuns, denominado “Soft” (Il. 85)
104
. O material dessa divisória, inspirado na
arte de dobrar papéis, trata-se de um muro expansível com 30 cm de
espessura (Il. 86), com alturas diversificando entre 1,20 m e, quando fechado
mede 5 cm, podendo galgar fechamentos de 2,50 m à 6 m lineares (300 vezes
seu tamanho original). Tem o poder também, de tanto absorver o som e a luz
quanto transmiti-la.
Il. 85 Soft House, Espaços Privados e Espaços Comuns, Arquitetos Stephanie Forsythe e Todd
Mac Allen, Nova Iorque, 2003.
Fonte: MOSTAEDI, Arian. Viviendas Flexibles. Barcelona: Links, 2006, p.185.
104
MOSTAEDI, Arian. Viviendas Flexibles. Barcelona: Links, 2006, p. 180.
93
Il. 86 Soft House, Arte de Dobrar Papel, Arquitetos Stephanie Forsythe e Todd Mac Allen, Nova
Iorque, 2003.
Fonte: MOSTAEDI, Arian. Viviendas Flexibles. Barcelona: Links, 2006, p.185.
Denominada como arquitetura pret-a-porter
105
, as Residências Industriais:
Organização Variável de Projeto Domino 21, foi um projeto coordenado pelo
Arquiteto e Professor JOSÉ MIGUEL REYES e os alunos do Departamento de
Projeto Arquitetônico da Escola Técnica Superior de Arquitetura de Madrid
(ETSAM), em 2004. Essa arquitetura, embasada sob o contexto da
estandardização industrial e em módulos (Il. 87), consegue propor residências
multifamiliares adaptáveis, as necessidades dos habitantes, graças a uma
flexibilidade espacial desmedida, em se tratando de uma concepção mecânico-
aberta
106
. variações nas conformações espaciais desse projeto. Uma delas
trata-se de uma residências que têm 85m
2
, idealizada para três estudantes
com sanitário, espaço para refeições e estudo, cozinha e um mirante externo
(Il. 88).
105
A jornalista Alicia Aragon Martin intitulou com esse nome, uma reportagem sobre esse
conjunto habitacional, por se tratar de edificação pronta para serem usadas, estabelecendo
uma analogia com o vestuário pret-a-porter (pronta entrega) idealizado para o mundo da moda
nos anos 60. Ver http://www.expocasa.com/reportajes/construccion/index.
106
Ibid.
94
Il. 87 Domino.21 – Colocação dos Módulos, Arquiteto José Miguel Reyes e Estudantes da
ESTAM, Madrid, 2004.
Fonte: La Experiencia “Domino 21” Involucró a la Madera. Boletim de Informacion Técnica,
2005, p. 14-20.
Il. 88 Domino.21 – Planta, Arquiteto José Miguel Reyes e Estudantes da ESTAM, Madrid, 2004.
Fonte: La Experiencia “Domino 21” Involucró a la Madera. Boletim de Informacion Técnica,
2005, p. 14-20.
Em 2005, em Hamburgo, na Alemanha, BLAURAUM Architekten, converteu um
edifício comercial construído em 1974 (Il. 89), num edifício residencial
95
Wohnen [+]
107
, concebendo uma nova fachada, adicionando volumes (Il. 90),
proporcionando novos espaços dentro das unidades habitacionais (Il. 91).
Il. 89 Edifício Comercial, Arquiteto Jahre Büro, Hamburgo, 1974.
Fonte: Apartments Hamburg. The Second Project by Blauraum is the Conversion of an Office
Building into a Residential Complex. A 10: 2005, p.40.
Il. 90 Wohnen [+], Arquiteto Blaunraum Arquitetos, Hamburgo, 2004.
Fonte: www.blauraum.de
107
Apartments Hamburg. The Second Project by Blauraum is the Conversion of an Office
Building into a Residential Complex. A 10: 2005, p.40.
96
Il. 91 Wohnen [+], Adição (Quarto), Blaunraum Arquitetos, Hamburgo, 2004.
Fonte: www.blaunraum.de
WALTER MENTETH Arquitetos, em Pechman, Inglaterra, 2007, idealizou um
edifício multifuncional denominado Consort Road (Il. 92)
108
. Trata-se de um
conjunto de três blocos que são compostos por um edifício de seis pavimentos,
com embasamento comercial, e, sobre estes, 49 desenhos de apartamentos
estandardizados (Il. 93). A conformação dessas unidades habitacionais e os
serviços são moduladas estruturalmente, para que sejam permitidas uma futura
flexibilidade, adaptação e trocas de atributos funcionais (Il. 94).
Il. 92 Edifício Consort Road - Vista da Esquina, Walter Menteth Arquitetos, Pechman,
Inglaterra, 2007.
Fonte: www.waltermenteth.co.uk.
108
In: http://www.waltermenteth.co.uk/CONSORT01.html.
97
Il. 93 Edifício Consort Road – Fachada Lateral e Planta do Tipo,Walter Menteth Arquitetos,
Pechman, Inglaterra, 2007.
Fonte: www.waltermenteth.co.uk
Il. 94 Edifício Consort Road – Planta da Unidade (2 camas, 3 pessoas),Walter Menteth
Arquitetos, Pechman, Inglaterra, 2007.
Fonte: www.users.globalnet.co.uk
98
II.2 Os Exemplos no Decorrer do Século XX e Início do culo XXI no
Brasil
"Nas arquiteturas renascença gálica;
Na música Verdi; na escultura Fídias;
Corot na pintura: nos versos Leonte;
Na prosa Macedo, D’Annunzio e Bourget
109
”.
Mário de Andrade
Vimos no subcapítulo anterior, que o desenvolvimento das flexibilidades
espaciais, especialmente na Europa é desenvolvido em grande escala após a
implantação das teorias corbusianas no campo da arquitetura em 1914, com o
Sistema Dom-Ino, que tinha como apoio a produção industrial voltada para o
novo modelo de residência.
Enquanto isso, no Brasil, o ecletismo acadêmico perdurava na Arquitetura
Brasileira. A vanguarda européia e seus movimentos que aquietaram o campo
das letras e das artes, ainda não tinham encontrado eco em nosso país, como
explica a epígrafe de Mário de Andrade.
A organização da Semana de Arte Moderna em 1922, também não influenciou
objetivamente na consolidação da Arquitetura influenciada por LE
CORBUSIER, mas abriu perspectivas, pois corroborou para que os
indispensáveis recursos de ordem material agenciassem esse movimento.
GREGORI WARCHAVCHIK, russo naturalizado brasileiro, entusiasmado pelas
idéias corbusianas, desempenhou o papel de arquiteto-introdutor, da
Arquitetura Moderna no Brasil. Em 1925, noticia um manifesto denominado
“Acerca da Arquitetura Moderna”, bombardeando o estilo arquitetônico que era
materializado pelos profissionais do projeto. Em decorrência disso, em 1927,
concebeu e construiu, para ele mesmo, a primeira residência moderna no
Brasil (Il. 95), apenas utilizando [e mesmo assim parcialmente] um dos cinco
109
Ver Crônica “Mário de Andrade” in BANDEIRA, Manuel. Crônicas Inéditas I 1920 1931.
São Paulo: Cosac Naify, p. 23.
99
pontos
110
da arquitetura proposta por Le Corbusier a janela horizontal.
Independente disso, o mestre franco-suíço da arquitetura, indica Warchavchik
delegado junto aos Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna (CIAMs)
de toda a América Latina
111
.
Il. 95 Casa do Arquiteto, Arquiteto Gregori Warchavchik, São Paulo, 1927-28.
Fonte: WARCHAVCHIK, G. Arquitetura do Século XX e Outros Escritos. São Paulo: Cosac
Naify, 2006.
Em 1929, o inventor do Sistema Dom-Ino programa uma série de palestras na
América do Sul, no intuito de difundir a arquitetura que acreditava,
arrebanhando discípulos, corroborando ainda mais na consolidação de um
pensamento modernista cunhado na Era da Máquina, principalmente no Brasil.
MANUEL BANDEIRA noticiou a palestra desse arquiteto:
“A sala de conferências da Escola de Belas-Artes estava cheia. No centro a
máquina de projeções. No quadro-negro algumas folhas de papel de
desenho. O arquiteto Le Corbusier tomou de um pedaço de fusain e riscou o
esquema de uma casa construída com pedra: um número com aberturas de
janelas. Depois traçou ao lado vários planos superpostos de cimento armado
sustentados por alguns poucos cilindros [Sistema Dom-Ino]. Virou-se para o
auditório e explicou:
- O progresso das técnicas, o aproveitamento do ferro e do cimento alterou
profundamente o sistema de construção. Na construção antiga de pedra e
tijolo as paredes desempenham a dupla função de sustentar (pelos cheios) e
de iluminar (pelos vãos). Como essas duas funções de certo modo se
110
Os demais pontos da arquitetura como o pilotis e o terraço jardim não foram projetados em
função de baixos investimentos econômicos, já a planta e à fachada livre, ficaram ameaçadas
em função do engessamento no emprego dos tradicionais materiais na execução das
alvenarias.
111
CAVALCANTI, Lauro. Quando o Brasil era Moderno: Guia da Arquitetura 1928-1960. Rio de
Janeiro: Aeroplano, 2001, p. 108-109.
100
destroem, a arquitetura tinha sempre diante de si o problema de conciliá-las,
de estabelecer o equilíbrio entre aqueles dois princípios opostos. Nos
edifícios de cimento armado tal problema desaparece inteiramente. É que a
sustentação não se apóia nas paredes, mas em postes, de sorte que toda a
área das paredes externas descontada apenas a espessura dos pisos, pode
ser afeta à iluminação. Em outras palavras não parede, mas janela
contínua. Assim, a arquitetura moderna de cimento armado pode ser definida
como a arte de construir pisos horizontais
112
.”
A partir de 1936, as flexibilidades espaciais são incorporadas no projeto
arquitetônico, sob a influência dos cinco pontos da Arquitetura Moderna,
através de um concurso público, onde os arquitetos ÁLVARO VITAL BRAZIL e
ADHEMAR MARINHO projetaram o primeiro edifício sob esse princípio o
Edifício Esther (Il. 96), consolidando um caráter multifuncional (apartamentos,
escritório e lojas), em função da imprecisão do programa
113
.
Il. 96 Edifício Esther - Cartão Postal da Década de 40, Arquiteto Álvaro Vital Brazil.
Fonte: www.eesc.usp.br
O partido adotado propunha uma grande flexibilidade em seus diversos
pavimentos, graças à tecnologia do concreto armado, por apresentar uma
112
Ibid, p. 278.
113
Álvaro Vital Brazil – 50 Anos de Arquitetura. São Paulo: Nobel, 1986, p.21.
101
estrutura que viabilizava o embutimento das canalizações e uma maior
liberdade de posicionamento no que se refere às construções das alvenarias.
Nessa primeira série de plantas (Il. 97), no pavimento térreo encontram-se as
lojas, no e 3º pavimento, os escritórios. Já, a partir do até o 7º pavimento,
os apartamentos com sua conformação baseada na planta livre.
Il. 97 Plantas dos Pavimentos: Térreo; 2º e 3º, 4º; 5º e 6º e 7º do Edifício Esther, São Paulo,
Arquiteto Álvaro Vital Brazil.
Fonte: Álvaro Vital Brazil – 50 Anos de Arquitetura. São Paulo: Editora Nobel, 1986, p. 22.
102
Na segunda série de plantas (Il. 98), apontamos o 9º, 10º e 11º pavimentos, as
unidades habitacionais, e no subsolo o estacionamento juntamente com o
restaurante.
Il. 98 Plantas dos Pavimentos: 9º, 10º, 11º e Subsolo do Edifício Esther, São Paulo.
Arquiteto Álvaro Vital Brazil.
Fonte: Álvaro Vital Brazil – 50 Anos de Arquitetura. São Paulo: Editora Nobel, 1986, p. 23.
Observamos que a flexibilidade imposta no projeto permitiu que no 4º
pavimento, unidades conformadas em “quarto/ sala”; no e 6º, em “sala/ dois
quartos”; no 7º, “sala/ quarto”, e “sala/ três quartos”; no 9º, “sala/ 3 quartos”,
tanto conformado nesse pavimento, como na tipologia “duplex” (ocupando
parcialmente o 10º pavimento), e neste último, também a tipologia
kitchenette”. No 11º uma cobertura composta de “2 salas/ três quartos” com
um terraço contornando seu perímetro.
Em 1944, o processo de desenvolvimento da indústria no Brasil, bem como a
consolidação generalizada do emprego da tecnologia do concreto armado,
103
corrobora na qualificação dos espaços na arquitetura sob inspiração
corbusiana. RINO LEVI projeta o edifício Prudência em Higienópolis (Il. 99),
considerado um dos melhores bairros residenciais daquela época. O projeto é
composto por 12 pavimentos, o subsolo destinado à garagem, um nível em
pilotis com jardins e playground, 9 com quatro apartamentos por andar e na
cobertura duas unidades habitacionais com terraços jardins. Na planta dos
andares tipo, um diferencial,: os setores social e íntimo foram concebidos
dentro dos princípios da planta inteiramente livre, possibilitando os proprietários
organizar [flexibilizar] suas conformações internas por meio de divisórias ou
armários, permitindo a personalização da casa.
Il. 99 Ed. Prudência na Av. Higienópolis, São Paulo, Arquiteto Rino Levi.
Fonte: Rino Levi. Milão: Edizioni di Comunità, 1974, p.71.
É importante ressaltar as condições especiais de conforto tanto no que
compete ao espaço como nos acabamentos. Somado a isso, o edifício ainda
104
contempla uma “sofisticada” instalação central de ar condicionado [para aquela
época] com controle individualizado de temperatura por apartamento
114
.
Na ilustração abaixo podemos contemplar a planta do andar tipo, evidenciando
toda a parte fixa do setor de serviço e os sanitários, e as partes livres
pertinentes ao setor íntimo e social (Il. 100).
Il. 100 Planta Tipo do Edifico Prudência. Arquiteto Rino Levi.
Fonte: Rino Levi. Milão: Edizioni di Comunità, 1974, p.70.
O arquiteto sugere nas plantas abaixo (Il. 101), possíveis arranjos tanto nas
conformações espaciais como no layout do mobiliário. No primeiro desenho: a
planta tipo; no segundo e no terceiro desenho: no primeiro e segundo
intercolúnio a sala de estar e a sala de jantar, nos demais arranjos evidenciam-
se a possibilidade de acrescer ou diminuir os quartos; no quarto desenho, a
ampliação do setor social nos três primeiros intercolúnios e o restante em
quartos, podendo ou não subdividi-los. Vale destacar a proposição generosa na
espacialidade dessa unidade, tanto através da inserção de uma mesa de jantar
para doze pessoas no setor social, como na distribuição do mobiliário
destinado ao setor íntimo.
114
Rino Levi. Milano: Edizione di Comunità, 1974, p.70.
105
Il. 101 Plantas com as Possibilidades de Arranjos das Partes Livres. Arquiteto Rino Levi.
Fonte: Rino Levi. Milão: Edizioni di Comunità, 1974, p.70.
Entre 1947 e 1952, AFFONSO EDUARDO REIDY, concebeu o Conjunto
Residencial Pedregulho, no antigo Distrito Federal (atual Cidade do Rio de
Janeiro) quando arquiteto do Departamento de Habitação Popular, criado pela
engenheira CARMEN PORTINHO. Esse trabalho notabilizou o arquiteto como
referência da Arquitetura Moderna Brasileira, nacionalmente e
internacionalmente, tornando-se um dos projetos mais noticiados no exterior,
em decorrência de ter agregado teor social e concepção plástica arrojada
115
.
Destinado à população de baixa renda, esse projeto abarcava um programa
115
Affonso Eduardo Reidy. São Paulo: Instituto Bardi / Blau, 2000, p.87.
106
que incluía escola, área de lazer, posto de saúde, mercado, lavanderia, além
dos três blocos habitacionais (Il. 102). O Bloco A Habitacional, composto de 7
pavimentos sobre pilotis (Il. 103), em forma de serpente (Il. 104) com 272
unidades e 260 m de comprimento, acompanha a topografia do terreno, foi
implantado numa encosta (Il. 105), onde o terceiro andar é considerado piso
intermediário abrigando a área de recreação coletiva. As demais unidades
(Escola, Posto de Saúde, Lavanderia e Mercado e Blocos Habitacionais B1 e
B2) foram distribuídas em terreno mais plano.
Il. 102 Conjunto Residencial Pedregulho – Implantação: 1) Bloco A – Habitação; 2) Escola; 3)
Posto de Saúde; 4) Bloco B1 e B2 – Habitação e 5) Lavanderia e Mercado. Arquiteto Affonso
Eduardo Reidy, 1947-52.
Fonte: http://br.geocities.com/reidy_web/imagens/implantacao.jpg
Il. 103 Conjunto Residencial Pedregulho, Bloco A – Corte e Seção da Fachada, Arquiteto
Affonso Eduardo Reidy, Rio de Janeiro, 1947-52.
Fonte: www.vitruvius.com.br
107
Il. 104 Conjunto Residencial Pedregulho, Bloco A, Arquiteto Affonso Eduardo Reidy, Rio de
Janeiro, 1947-52.
Fonte: www.vitruvius.com.br
Il. 105 Conjunto Residencial Pedregulho, Bloco A – Plantas, Arquiteto Affonso Eduardo Reidy,
Rio de Janeiro, 1947-52.
Fonte: Affonso Eduardo Reidy. São Paulo: Instituto Bardi / Blau, 2000, p.90.
108
Esse projeto visava abrigar 478 famílias, em unidades habitacionais de
tipologias variáveis. No Bloco A conjugados nos e pavimentos, com
flexibilidade impressa através de divisórias leves e armários demarcam o
espaço de dormir (Il. 106), e apartamentos duplex (sala, 2 quartos) nos 4º, 5º,
6º e 7º pavimentos.
Il. 106 Conjunto Residencial Pedregulho, Bloco A – Plantas do Conjugado, Arquiteto Affonso
Eduardo Reidy, Rio de Janeiro, 1947-52.
Fonte: Affonso Eduardo Reidy. São Paulo: Instituto Bardi / Blau, 2000, p.91.
Os Blocos B1 e B2, igualmente sobre pilotis (Il. 107), têm quatro andares com
apartamento duplex (Il. 108) onde suas plantas propiciam arranjos de dois, três
e até mesmo de quatro quartos, conquistando no segundo pavimento, o quarto
contíguo do apartamento do vizinho que permite ser negociado (Il. 109) e
incorporado à unidade habitacional.
Il. 107 Conjunto Residencial Pedregulho, Blocos B1 e B2 – Plantas do Conjugado, Arquiteto
Affonso Eduardo Reidy, Rio de Janeiro, 1947-52.
Fonte: Affonso Eduardo Reidy
. São Paulo: Instituto Bardi / Blau, 2000, p.95.
109
Il. 108 Conjunto Residencial Pedregulho, Bloco B1 e B2 – Plantas, Arquiteto Affonso Eduardo
Reidy, Rio de Janeiro, 1947-52.
Fonte: Affonso Eduardo Reidy. São Paulo: Instituto Bardi / Blau, 2000, p.94.
Il. 109 Conjunto Residencial Pedregulho, Bloco B1 e B2 – Plantas dos Apartamentos Duplex,
Arquiteto Affonso Eduardo Reidy, Rio de Janeiro, 1947-52.
Fonte: Affonso Eduardo Reidy. São Paulo: Instituto Bardi / Blau, 2000, p.94.
Na mesma década, no período compreendido entre 1955 e 1956, o arquiteto
OSWALDO ARTHUR BRATKE, participou da concorrência para desenvolver o
plano urbanístico, a convite da ICOMI (Indústria e Comércio de Minérios), para
a criação da Vila Serra do Navio no então Território do Amapá. Os serviços
compreendiam planos de arruamento, plano de redes de água potável, de
águas pluviais e de água para extinção de incêndios, de esgotos, de
110
eletricidade pública e domiciliar, além do centro cívico, complexo educacional,
hospital, centro esportivo (Il. 110).
Il. 110 Vila Serra do Navio, Arquiteto Oswaldo Bratke, Amapá, 1955.
Fonte: SEGAWA, Hugo. Oswaldo Arthur Bratke. São Paulo: ProEditores, 1997, p. 237.
O lugar para implantação desse assentamento era distante de qualquer centro
urbano, isolado na mata
116
. Baseando-se nas características físicas e
climáticas da região, alto índice pluviométrico na época das chuvas, e sob a
premissa da racionalização dos processos construtivos, BRATKE propôs na
estação das secas, executar as fundações, estruturas e coberturas das casas,
e no período das chuvas levantavam a alvenaria e os acabamentos sob o
telhado (Il. 111).
Il. 111 Racionalização dos Processos Construtivos.
Fonte: SEGAWA, Hugo. Oswaldo Arthur Bratke. São Paulo: ProEditores, 1997, p. 253.
116
Bratke afirmava que era perdido no mapa. Ver SEGAWA, Hugo. Oswaldo Arthur Bratke. São
Paulo: ProEditores, 1997, p. 251.
111
O assentamento da Serra do Navio foi concebido em habitações isoladas ou
geminadas, implantadas com desalinhamento dos volumes, quebrando a
monotonia, evitando a simetria (Il. 112).
Il. 112 Vila Serra do Navio - Implantação das Residências, Arquiteto Oswaldo Arthur Bratke,
Amapá, 1955.
Fonte: SEGAWA, Hugo. Oswaldo Arthur Bratke. São Paulo: ProEditores, 1997, p. 256.
Havia os padrões de casa para operários e funcionários graduados com
diferentes estruturas familiares. O dimensionamento das partições internas
estava de acordo com as medidas da cama.
“...em todos os lugares diziam que o sujeito que dormiu uma vez na cama
não quer mais a rede.Não só pelo conforto, mas pela importância que se dá à
cama na escala de valores das pessoas. Isso é muito importante e se deve
levar em consideração. Acabamos convencendo o governador que a cama
seria a melhor solução”
117
.
Na planta das unidades habitacionais, tinham dois acessos ao banheiro, um
dentro e outro externo à edificação, contemplando os usuários que não
tivessem hábito desse espaço nas partes internas da habitação. Mediante a
assimilação do uso do sanitário, este poderia se reverter para a parte interna
da residência. Um dos modelos das plantas mantinha o mesmo perímetro,
117
Ibid. p. 256.
112
porém permitia flexibilidades espaciais em vários arranjos nos compartimentos
habitáveis, mantendo como espaços fixos as áreas molhadas, mas mesmo
assim, admitindo mudança na distribuição das locações das louças sanitárias
(Il. 113)(Il. 114).
Il. 113 Vila Serra do Navio - Moradia dos Operários: 1) Sala; 2) Dormitórios; 3) Cozinha; 4) Área
de Serviço; 5) Sanitário, Arquiteto Oswaldo Arthur Bratke, Amapá, 1995.
Fonte: SEGAWA, Hugo. Oswaldo Arthur Bratke. São Paulo: ProEditores, 1997, p. 258.
Il. 114 Vila Serra do Navio - Moradia dos Operários - Fachada, Arquiteto Oswaldo Arthur
Bratke, Amapá, 1995.
Fonte: SEGAWA, Hugo. Oswaldo Arthur Bratke. São Paulo: ProEditores, 1997, p. 258.
113
Outras diferenciavam pelo tamanho, permitindo até mesmo expansões (Il. 115),
entretanto, o termo comum permeava na ventilação, higiene, e as melhores
condições de habitabilidade (Il. 116).
Il. 115 Vila Serra do Navio - Moradia dos Operários: 1) Sala; 2) Dormitórios; 3) Cozinha; 4) Área
de Serviço; 5) Sanitário, Arquiteto Oswaldo Arthur Bratke, Amapá, 1995.
Fonte: SEGAWA, Hugo. Oswaldo Arthur Bratke. São Paulo: ProEditores, 1997, p. 259
Il. 116 Vila Serra do Navio – Esquemas de Ventilação e Insolação nas Residências, Arquiteto
Oswaldo Arthur Bratke, Amapá, 1995.
Fonte: SEGAWA, Hugo. Oswaldo Arthur Bratke
. São Paulo: ProEditores, 1997, p. 289.
114
No bairro de Botafogo Rio de Janeiro (Il. 117), em 1959, o “Condomínio
Residencial Casa Alta”
118
fora projetado como um loteamento vertical, pelo
arquiteto SÉRGIO BERNARDES. Esse conjunto é composto por três blocos
residenciais implantados em terreno em declive (Il. 118).
Il. 117 Enseada de Botafogo – Década de 50.
Fonte: http://br.geocities.com/zostratus19/botafogo-1950.jpg
Il. 118 Condomínio Residencial Casa Alta - Perspectiva, Arquiteto Sérgio Bernardes, Rio de
Janeiro, 1959.
Fonte: www.vitruvius.com.br
A planta dos apartamentos foi concebida para privilegiar as características
individuais de cada morador permitindo a liberdade organizacional dos
espaços. inserção de lajes duplas desempenhando o papel de plataformas
118
XAVIER, Alberto; BRITTO, Alfredo & NOBRE, Ana Luiza. Arquitetura Moderna no Rio de
Janeiro. São Paulo: Editora Pini, Fundação Vilanova Artigas, R.J., Rioarte, 1991, p.117.
115
autônomas, corroborando para que cada unidade habitacional seja totalmente
flexível (Il. 119).
Il. 119 Planta Esquemática do Pavimento Tipo do Condomínio Residencial Casa Alta. 1) Sala;
2) Dormitórios; 3) Cozinha; 4) Área de Serviço; 5) Dormitório de Empregada; 6) WC de
Empregada; 7) Varanda; 8) Hall Social; 9) Hall de Serviço.
Arquiteto Sérgio Bernardes, Rio de Janeiro, 1959.
Fonte: Desenho do Autor sobre XAVIER, Alberto; BRITTO, Alfredo & NOBRE, Ana Luiza.
Arquitetura Moderna no Rio de Janeiro. São Paulo: Editora Pini, Fundação Vilanova Artigas,
R.J., Rioarte, 1991, p.117.
Para elaboração do Conjunto Habitacional CECAP “Zezinho Magalhães Prado”,
em Guarulhos, VILANOVA ARTIGAS coordenou uma equipe em 1967, onde os
arquitetos PAULO MENDES DA ROCHA e FÁBIO PENTEADO faziam parte. A
concepção desse projeto estava embasada na possibilidade de solucionar a
custos muito baixos, espaços atraentes e confortáveis. A equipe idealizou um
partido onde o conjunto se conformava em uma cidadela: com habitação capaz
de abrigar 60000 habitantes (12000 famílias)
119
, escola e comércio local (Il.
120).
119
Ver ARTIGAS, Rosa. Paulo Mendes da Rocha: Projetos 1957-1999. São Paulo: Editora
Cosac Naify, 2006, p. 184.
116
Il. 120 Conjunto Habitacional CECAP – Maquete de Implantação, Arquitetos Vilanova Artigas,
Paulo Mendes da Rocha e Fábio Penteado, Guarulhos, 1967.
Fonte: ARTIGAS, Rosa. Paulo Mendes da Rocha: Projetos 1957-1999. São Paulo: Editora
Cosac Naify, 2006, p. 184.
Através da pré-fabricação, projetaram edifícios limitando o gabarito em 3
pavimentos (Il. 121), corroborando para que a circulação vertical fosse
realizada, unicamente, através de escadas, desconsiderando os elevadores,
atendendo 4 apartamentos por andar (Il. 122).
Il. 121
Conjunto Habitacional CECAP – Vista da Rua Interna entre os Blocos de Apartamentos,
Arquitetos Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha e Fábio Penteado, Guarulhos, 1967.
Fonte: ARTIGAS, Rosa. Paulo Mendes da Rocha: Projetos 1957-1999. São Paulo: Editora
Cosac Naify, 2006, p. 185.
117
Il. 122 Conjunto Habitacional CECAP – Planta do Pavimento Padrão do Bloco de
Apartamentos, Arquitetos Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha e Fábio Penteado,
Guarulhos, 1967.
Fonte: ARTIGAS, Rosa. Paulo Mendes da Rocha: Projetos 1957-1999. São Paulo: Editora
Cosac Naify, 2006, p. 186.
As unidades habitacionais eram conformadas em sala, três quartos, banheiro,
cozinha e área de serviço (Il. 123), sendo as vedações externas compostas por
painéis divisórios leves e módulos pré-fabricados de armários (Il. 124), onde
entendemos que seja uma flexibilidade aplicada a superfícies das fachadas.
Il. 123 Conjunto Habitacional CECAP – Planta Padrão das Unidades de Habitação: 1) Sala, 2)
Dormitório, 3) Cozinha, 4) Sanitário, 5) Serviços 6) Acesso, Arquitetos Vilanova Artigas, Paulo
Mendes da Rocha e Fábio Penteado, Guarulhos, 1967.
Fonte: ARTIGAS, Rosa. Paulo Mendes da Rocha: Projetos 1957-1999
. São Paulo: Editora
Cosac Naify, 2006, p. 187.
118
Il. 124 Conjunto Habitacional CECAP – Corte Transversal do Bloco de Apartamentos,
Arquitetos Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha e Fábio Penteado, Guarulhos, 1967.
Fonte: ARTIGAS, Rosa. Paulo Mendes da Rocha: Projetos 1957-1999. São Paulo: Editora
Cosac Naify, 2006, p. 186.
O Edifício Estrela de Ipanema (Il. 125), premiado pelo Instituto de Arquitetos do
Brasil (IAB) em 1968 como um dos projetos realizados e construídos pelo
arquiteto PAULO CASÉ permeou os conceitos de habitação e flexibilidade. O
edifício foi implantado afastado das divisas, e seu sistema estrutural foi
concebido perifericamente, respeitando um módulo de 1,05m
120
. O pavimento
tipo composto por quatro apartamentos, além de garantir a organização
tripartite da residência, demarcou um núcleo central rebaixado, onde se acessa
com facilidade as instalações de cozinha e banheiro de cada unidade
habitacional, contribuindo para que não se restringisse a liberdade do usuário
quanto à disposição das paredes e divisórias, sugerindo três tipos diferentes de
plantas (Il. 126).
120
XAVIER, Alberto; BRITTO, Alfredo & NOBRE, Ana Luiza, op. cit., p.131.
119
Il. 125 Edifício Estrela de Ipanema – Fachada, Arquiteto Paulo Casé, Rio de Janeiro, 1967.
Fonte: XAVIER, Alberto; BRITTO, Alfredo & NOBRE, Ana Luiza. Arquitetura Moderna no Rio de
Janeiro. São Paulo: Editora Pini, Fundação Vilanova Artigas, R.J., Rioarte, 1991, p.131.
Il. 126 Edifício Estrela de Ipanema – Planta Esquemática do Pavimento Tipo: 1) Sala; 2)
Dormitório; 3) Sanitários; 4) Cozinha ; 5) Serviço, Arquiteto Paulo Casé, Rio de Janeiro, 1967.
Fonte: XAVIER, Alberto; BRITTO, Alfredo & NOBRE, Ana Luiza. Arquitetura Moderna no Rio de
Janeiro. São Paulo: Editora Pini, Fundação Vilanova Artigas, R.J., Rioarte, 1991, p.131.
No antigo espaço onde estava implantada a Favela da Praia do Pinto, surgiu
um núcleo residencial denominado “Selva de Pedra” (Il. 127), no Leblon Rio
de Janeiro, em função da remoção de favelas imposta nas décadas de 60 e 70
pelo Governo Estadual
121
.
121
Ibid., p.63.
120
Il. 127 Reurbanização da Praia do Pinto “A Selva de Pedra” – Década de 70.
Fonte: CARDEMAN, David & CADERMAN, Rogério Goldfeld. O Rio de Janeiro nas Alturas. Rio
de Janeiro: Editora Mauad, 2004, p.63.
Dos quarenta edifícios erigidos naquele espaço, dois (Il. 128) se destacam pelo
desempenho que o arquiteto MÁRIO BEZERRA, em 1971 teve na condução do
programa arquitetônico e a legislação edilícia. Nos apartamentos em função da
alvenaria ser composta por placas pré-moldadas de gesso que possibilitam a
flexibilidade, podendo haver uma subdivisão de três ou quarto quartos (Il. 129).
Il. 128 Edifício Aquarius - Fachada, Arquiteto Mário Bezerra, Rio de Janeiro, 1971.
Fonte: XAVIER, Alberto; BRITTO, Alfredo & NOBRE, Ana Luiza. Arquitetura Moderna no Rio de
Janeiro. São Paulo: Editora Pini, Fundação Vilanova Artigas, R.J., Rioarte, 1991, p.155.
121
Il. 129 Edifício Aquarius - Planta Esquemática do Pavimento Tipo: 1) Sala; 2) Dormitório; 3)
Cozinha; 4) Área de Serviço; 5) Quarto de Empregada, Arquiteto Mário Bezerra, Rio de
Janeiro, 1971.
Fonte: XAVIER, Alberto; BRITTO, Alfredo & NOBRE, Ana Luiza. Arquitetura Moderna no Rio de
Janeiro. São Paulo: Editora Pini, Fundação Vilanova Artigas, R.J., Rioarte, 1991, p.155.
Os arquitetos JORGE KÖNIGSBERGER e GIANFRANCO VANNUCCHI em
1993 projetam um conjunto residencial denominado Condominium Club
Ibirapuera” (Il. 130), em Moema, na cidade de São Paulo. A arquitetura desse
“condomínio-clube”, que preza segurança e lazer aos moradores,
estabelecendo uma analogia aos clubes fechados, é tanto materializada pela
montagem e relação permitindo uma interrelação entre forma e volume, onde
se apóiam e comunicam
122
, quanto por tecnologias racionais, na imposição de
painéis de placas de concreto pré-fabricadas “Stamp” de diversas dimensões
nas fachadas (Il. 131).
Il. 130 Condominium Club Ibirapuera, Arquitetos Königsberger e Vannucchi, São Paulo, 1993.
Fonte: MOURA, Éride e SOUSA, Marcos de. Condominium Club Ibirapuera, São Paulo: Arte,
Técnica e Marketing In Revista AU n.º 69, São Paulo: Pini Editora, dez/jan. 1997, p. 42.
122
Königsberger e Vannucchi atribuem o nome de “lego” residencial por possibilitar projetar e
coordenar execução e montagem, peça por peça, dessas quatro torres residenciais. Ver
MOURA, Éride e SOUSA, Marcos de. Condominium Club Ibirapuera, São Paulo: Arte, Técnica
e Marketing In Revista AU n.º 69, São Paulo: Pini Editora, dez/jan. 1997, p. 36-46.
122
Il. 131 Condominium Club Ibirapuera – Detalhe do Painel Stamp, Arquitetos Königsberger e
Vannucchi, São Paulo, 1993.
Fonte: MOURA, Éride e SOUSA, Marcos de. Condominium Club Ibirapuera, São Paulo: Arte,
Técnica e Marketing In Revista AU n.º 69, São Paulo: Pini Editora, dez/jan. 1997, p. 41.
Esse conjunto residencial destinado a famílias de classe média é composto por
quatro torres de 18 pavimentos com quatro apartamentos por andar, e em seu
coroamento, quatro coberturas duplex, implantado em um terreno com área de
lazer (Il. 132). A planta do pavimento tipo, com 125m2 de área privativa, foi
concebida em forma retangular e ortogonalmente. As fenestrações ficaram
voltadas para as diagonais, facilitando a implantação dos quatro edifícios, em
função da proteção mútua das empenas cegas, garantindo a privacidade dos
usuários, em decorrência da implantação dos quartos não estarem dispostos
com relação aos lotes vizinhos, com exceção da área de serviço e sala, que
têm afastamentos maiores (Il. 133).
Observamos com esse projeto, o interesse dos arquitetos-projetistas por
tecnologias racionais de construção, tais como: estruturas, fundações,
vedações, acabamentos e instalações, para reduzir os custos e tornar os
apartamentos acessíveis aos potenciais compradores, famílias de classe
média, com até cinco pessoas.
123
Il. 132 Condominium Club Ibirapuera – Implantação – Torres e Área de Lazer, Arquitetos
Königsberger e Vannucchi, São Paulo, 1993.
Fonte: MOURA, Éride e SOUSA, Marcos de. Condominium Club Ibirapuera, São Paulo: Arte,
Técnica e Marketing In Revista AU n.º 69, São Paulo: Pini Editora, dez/jan. 1997, p. 45.
Il. 133 Condominium Club Ibirapuera – Planta do Tipo, Arquitetos Königsberger e Vannucchi,
São Paulo, 1993.
Fonte: MOURA, Éride e SOUSA, Marcos de. Condominium Club Ibirapuera, São Paulo: Arte,
Técnica e Marketing In Revista AU n.º 69, São Paulo: Pini Editora, dez/jan. 1997, p. 44.
124
A adoção do sistema de Drywall
123
na maior parte das divisões internas (Il. 134)
garantiu a flexibilidade espacial ao projeto, possibilitando as configurações das
plantas do pavimento tipo, que em sua concepção matriz é idealizada em
quatro quartos, permitindo arranjos de duas suítes mais dois dormitórios (Il.
135) bem como sala ampliada mais três suítes (Il. 136).
Il. 134 Condominium Club Ibirapuera – Sistema Drywall, Arquitetos Königsberger e Vannucchi,
São Paulo, 1993.
Fonte: MOURA, Éride e SOUSA, Marcos de. Condominium Club Ibirapuera, São Paulo: Arte,
Técnica e Marketing In Revista AU n.º 69, São Paulo: Pini Editora, dez/jan. 1997, p. 41.
Il. 135 Condominium Club Ibirapuera – Apartamento Tipo Opção 1 (2 Suites + 2 Quartos),
Arquitetos Königsberger e Vannucchi, São Paulo, 1993.
Fonte: MOURA, Éride e SOUSA, Marcos de. Condominium Club Ibirapuera, São Paulo: Arte,
Técnica e Marketing In Revista AU n.º 69, São Paulo: Pini Editora, dez/jan. 1997, p. 44.
123
Placa de gesso acartonado estruturado sobre perfis de aço galvanizado, montados
rapidamente por equipes especializadas. No oco entre painéis circulam todos os dutos de
instalações (energia, água, comunicações e gás) e alojam-se as caixas de descarga. O sistema
reduz o peso de paredes, permitindo economias na estrutura e fundações.
125
Il. 136 Condominium Club Ibirapuera – Apartamento Tipo Opção 2 (Sala Ampliada + 3
Quartos), Arquitetos Königsberger e Vannucchi, São Paulo, 1993.
Fonte: MOURA, Éride e SOUSA, Marcos de. Condominium Club Ibirapuera, São Paulo: Arte,
Técnica e Marketing In Revista AU n.º 69, São Paulo: Pini Editora, dez/jan. 1997, p. 44.
Para contribuir ainda mais com o processo de flexibilidade das plantas, nos
sanitários foram adotados um sistema de esgoto com saídas horizontais (Il.
137), evitando a “invasão” de dutos no andar inferior, além do “pisobox”, uma
peça de fibra de vidro estruturada, assentada sobre a laje dotada de ralo e duto
de saída de água.
Il. 137 Condominium Club Ibirapuera – Sistemas de Esgotos nos Sanitários, Arquitetos
Königsberger e Vannucchi, São Paulo, 1993.
Fonte: MOURA, Éride e SOUSA, Marcos de. Condominium Club Ibirapuera, São Paulo: Arte,
Técnica e Marketing In Revista AU n.º 69, São Paulo: Pini Editora, dez/jan. 1997, p. 38.
126
O Edifício Fidalga foi concebido em 2006 para o bairro de Vila Mariana em São
Paulo, pelos arquitetos da Triptyque, GREG BOUSQUET, CAROLINA BUENO,
GUILLAUME SIBAUD e OLIVIER RAFFAELLI, que buscaram um partido
conceitual sobre o edifício-casa vertical
124
. Idealizado em dois blocos,
interligados por um terceiro volume onde se encontra os eixos verticais
(escadas e elevadores) (Il.138).
Il. 138 Edifício Fidalga, Triptyque, São Paulo, 2006.
Fonte: www.arcoweb.com.br
Um dos blocos é apoiado sobre pilotis em formato de “X”, onde se encontra um
jardim, e o segundo bloco é apoiado sobre o solo, onde está inserido um
apartamento térreo (Il. 139).
124
TRIPTYQUE. Assimetria de Layouts Individualiza Unidades In Revista Projeto Design
336. São Paulo: Arco Editorial, 2008, p. 112-115.
127
Il. 139 Edifício Fidalga – Corte, Triptyque, São Paulo, 2006.
Fonte: www.arcoweb.com.br
As unidades habitacionais ocupam a por inteiro as lajes, totalizando 11
apartamentos com 7 variações tipológicas (de simples a duplex, do loft à
unidade com 3 suítes) (Il. 140) (Il. 141) (Il. 142).
Il. 140 Edifício Fidalga – Planta Pavimento Tipo: 1) Eixos Verticais; 2)Unidade Duplex; 3)
Unidade Simples, Triptyque, São Paulo, 2006.
Fonte: www.arcoweb.com.br
Il. 141 Edifício Fidalga – Planta Pavimento Tipo: Unidade Simples e Duplex, Triptyque, São
Paulo, 2006.
Fonte: www.arcoweb.com.br
128
Il. 142 Edifício Fidalga – Planta Pavimento Tipo-Mezanino: 1) Eixos Verticais; 2) Unidade
Duplex; 3) Unidade Simples, Triptyque, São Paulo, 2006.
Fonte: www.arcoweb.com.br
Todas as moradias serão entregues em formato de contêineres, a fim de
atender cada necessidade específica do usuário, e admitirá diversos arranjos
nos layouts, evidenciando a flexibilidade espacial (Il. 143).
Il. 143 Edifício Fidalga – Unidades Contêineres, Triptyque, São Paulo, 2006.
Fonte: www.arcoweb.com.br
MaxHaus é o nome do edifício que foi idealizado em 2008 pelo arquiteto LUIZ
FERNANDO ROCCO e Associados, simultaneamente em três bairros
(Morumbi, Jardim Anália Franco e Mooca) da Cidade de São Paulo, intitulado
como “customização” onde o morador elabora uma planta personalizada
125
.
Essa firma de arquitetura embasou o conceito sob o viés “Seu mundo do jeito
que é Seu”, denominando de arquitetura aberta, ressaltando a importância
de uma solução simples e inteligente, para que o espaço esteja à altura do seu
tempo, permitindo que altere a conformação desse apartamento no decorrer
dos anos.
125
CALAZA, Luciana. Planta Personalizada: Comprador Desenha o Interior de seu
Apartamento em Prédios Lançados em São Paulo In O Globo, Rio de Janeiro, 25 de Maio
de 2008. Caderno Morar Bem, p.1.
129
Projetaram uma área de 70m2, onde banheiro e bancada de cozinha tem
pontos fixos e é capaz de abrigar uma unidade habitacional de a 3
dormitórios (Il. 144, Il. 145 e Il. 146), área de serviço, terraço e banheiro de
empregada.
Il. 144 Edifício MaxHaus Mooca – Unidade 70m2 – Planta Livre, Rocco Associados, São Paulo,
2008.
Fonte: www.roccoassociados.com.br
Il. 145 Edifício MaxHaus Mooca – Unidade 70m2 – Sala/ 2 Quartos, Rocco Associados, São
Paulo, 2008.
Fonte: www.roccoassociados.com.br
Il. 146 Edifício MaxHaus Mooca – Unidade 70m2 – Sala/ 3 Quartos, Rocco Associados, São
Paulo, 2008.
Fonte: www.roccoassociados.com.br
130
II.3 Resumo “O Processo da Formação e Transformação das Flexibilidades
Espaciais na Habitação”
Delineamos nesse Capítulo II “O Processo de Formação e Transformação das
Flexibilidades Espaciais na Habitação”, uma revisão de casos caracterizados
pelo conceito de flexibilidades espaciais, em diferentes contextos históricos, por
reconhecermos que flexibilidade é um conceito antigo, por encontrar-se nas
origens da habitação e por ser remota a idéia de que um habitat deva se
adequar as transformações da vida humana.
Decompomos essa pesquisa histórica em quatro momentos: “A Habitação
Japonesa e os Primeiros Sinais de Flexibilidade no Ocidente”; “Do Modernismo
ao Final da Década de 80”; “A Contemporaneidade”, “Os Exemplos no Século
XX e XXI no Brasil” trata de expor uma série de exemplos no qual o modelo
funcional baseia-se nas flexibilidades espaciais, entrecruzando informações de
acordo com o modus vivendi e as alterações tecnológicas implementadas ao
longo do tempo, objetivando o entendimento desse feito arquitetônico.
Constatamos no subcapítulo II.1.1 “A Habitação Japonesa e os Primeiros
Sinais de Flexibilidade no Ocidente”, que a tradição construtiva japonesa no
âmbito residencial é balizado tanto pelos fatores climáticos e geográficos
quanto cultural, no que compete a adaptabilidade dos usos cotidianos. Nesse
sentido, a residência é conformada tanto por paredes fixas quanto móveis,
permitindo que haja ventilação e iluminação suficiente, contemplando as
necessidades de conforto ambiente de acordo com as quatro estações do ano.
Cabe destacar que a polivalência de usos no espaço doméstico japonês,
contemplando sua utilização noturna e diurna num mesmo compartimento,
sublinhando uma não atribuição de funções específicas, e que essa
adaptabilidade é impetrada na casa tradicional a partir do século XV, que foram
concebidas sob a égide modular das dimensões do tatame. Averiguamos que
no Ocidente, mais especificamente na Europa, os primeiros sinais de
flexibilidade são apontados num livro de invenções do século XVII, juntamente
com outros achados no campo da engenharia, concebendo um único
compartimento. Verificamos que no século XVIII em Portugal, a flexibilidade é
impressa tanto no campo do urbanismo com a reconstrução da Baixa
131
Pombalina em Lisboa, impondo usos diferenciados, tais como serviços nas
unidades habitacionais, quanto na arquitetura [vernacular] da região norte,
daquele país - Minho, conformando espaços através de partições leves e
concebendo residências onde primam uma mesma hierarquia espacial. Essa
mesma hierarquia espacial foi encontrada, nas plantas residenciais
[estandardizadas] que permeou pelos Estados Unidos da América quanto no
exemplar de Zurique, facilitando a flexibilidade espacial através da agregação
ou separação de compartimentos conferindo novos usos, em decorrência da
implantação do núcleo distributivo de halls e circulações centralizados na
planta. Com o advento da Revolução Industrial, a implementação tecnológica
viabilizou a estrutura da construção habitacional, quer metálica quer no
concreto armado, permitindo que se galgassem grandes vãos, afiançando uma
polivalência nos espaços, expressando uma flexibilidade.
No subcapítulo II.1.2 “Do Modernismo ao Final da Década de 80”, é importante
grifar as propostas corbusianas, a partir de 1914, procurando um fundamento
intelectual no que compete a concepção, produção e na construção das
residência modernas em rie, sob a égide da planta livre (flexibilidade
espacial). Em decorrência de o mundo ter passado por duas guerras mundiais,
a flexibilidade tornou-se uma palavra de ordem para poder adequar famílias,
muitas delas numerosas, testemunhas desse ocorrido, num quadro de
escassez de habitações. Vimos que arquitetos europeus como Ritveld,
Gropius, Mies Van der Rohe, Van den Broek, debruçaram sobre a questão da
flexibilidade, desenhando novas sugestões, tanto no campo da arquitetura,
quanto do mobiliário, sob o viés da troca de uso noturno e diurno. Profissionais
norte-americanos como Neutra, Ray e Charles Eames, Frank Lloyd entre
outros, passaram a incorporar em suas preocupações arquitetônicas, a
flexibilidade espacial, de maneira que otimizasse possíveis ampliações e trocas
de usos no espaço doméstico. Examinamos que os anos sessenta, foram
marcados pelas proposições futuristas do grupo Archigram, embasando as
habitações sob a égide da conversão espacial e controle totalmente
robotizados. Na década de 70 podemos sublinhar os feitos arquitetônicos,
ainda influenciados realizados pelos metabolistas japoneses, como por
exemplo, Kurokawa e as suas cápsulas móveis para uso temporário,
132
agregando várias funções, e, capaz de criar jogos formais na composição
arquitetônica. As reflexões do Domus Demain na Europa da década dos anos
80 são relevantes, por concentrar nas unidades habitacionais uma banda ativa
junto às fachadas, concentrando os espaços com instalações hidro-sanitárias,
corroborando na distribuição dos espaços internos, favorecendo uma liberdade
projetual na conformação dos ambientes, e os adequando as necessidades do
usuário. Cabe destacar também, a proposição de Steven Holl no Japão,
embasada na releitura contemporânea do conceito de fusuma, onde idealiza
um edifício residencial, admitindo que os ambientes funcionais sejam moldados
através de painéis e armários articuláveis.
No subcapítulo II.1.3 “A Contemporaneidade” tem como destaques, um
trabalho acadêmico e quatro projetos, sendo dois arquitetônicos, um artístico e
outro no campo do design: No primeiro caso, o professor holandês Oosterhuis,
foi elaborou uma casa elástica, que poderia se expandir para todas as
direções, denominada Variomatic, que através de um programa
computadorizado, poderia ser manuseada pelo cliente, desempenhando o
papel de co-autor. No âmbito projetual, um dos trabalhos foi a concepção de
uma planta livre retangular para uma residência unifamiliar, Naked House, no
Japão, onde transitavam unidades cúbicas móveis, destinadas a espaços
pessoais, e os únicos pontos fixos eram os locais destinados a cozinha e
sanitários. Por outro lado, o segundo projeto arquitetônico, Domino.21,
idealizado na Espanha pela equipe do mestre Reyes, foi contextualizado na
estandardização industrial, e propõe módulos residenciais adaptáveis,
permitindo flexibilidade espacial desmedidas. O experimento holandês de
cunho artístico Son-O-House, arquitetado pelo escritório Nox admite que a
flexibilidade espacial aconteça através de movimentos “arabesque” estimulados
pelo corpo das pessoas que acessam essa instalação. Na esfera do design, a
dupla Forsythe e Mac Allen, inventaram uma divisória têxtil, reciclável, que tem
o desempenho de uma parede divisória, promovendo conexões conformando
espaços.
No subcapítulo I.1.4 “Os Exemplos no decorrer do Século XX e Início do Século
XXI no Brasil” tem como enfoque principal a influência do Movimento Moderno
semeado por Le Corbusier. Desde a construção dos edifícios Esther de Álvaro
133
Vital Brazil e Prudência de Rino Levi em São Paulo, perpassando pelo
Pedregulho de Reidy, Casa Alta de Sérgio Bernardes e Estrela de Ipanema de
Casé, no Rio de Janeiro, todos os projetos permeiam a flexibilidade espacial
conseguida através da planta livre. Distinguimos também, a favor dessa
flexibilidade, tanto a racionalização dos processos construtivos desenvolvidos
por Bratke no Amapá, através da pré-fabricação, de Artigas, Mendes da Rocha
e Penteado em São Paulo. A partir da década de 70, as paredes pré-moldadas
de gesso, entram em evidência no campo habitacional, e se aprimora
tecnologicamente, tornando-se mais leve a sua montagem, viabilizando a
construção, através do sistema dry-wall, estimulando projetos com potencial de
flexibilidade. Projetos de ponta sob esse viés foram desenvolvidos na década
de 90, como o Condominium Club Ibirapuera” de Königsberger e Vannucchi, e
na primeira década do século XXI o Max Haus concebido pelo Rocco
Arquitetos Associados, este último intitula sua planta grifando como uma
arquitetura aberta, permitindo que altere a conformação desse apartamento no
decorrer dos anos. Vale lembrar que o Edifício Fidalga idealizado pelo
Triptyque, sublinha as conformações espaciais dos apartamentos no formato
de contêineres, admitindo também vários arranjos nos layouts.
Deste modo, para aprofundarmos as nossas questões no campo da
flexibilidade espacial, nos concentraremos na produção edilícia residencial
multifamiliar na Cidade do Rio de Janeiro, do final do culo XX ao início do
século XXI. Para tal, recorreremos às considerações de anarquitetura,
campanhas publicitárias e elaboração de programas de marketing, como
descreveremos a seguir, no capítulo III, denominado “A Produção Imobiliária na
Cidade do Rio de Janeiro”.
A PRODUÇÃO IMOBILIÁRIA NA CIDADE DO RIO
DE JANEIRO
135
CAPÍTULO III - A PRODUÇÃO IMOBILIÁRIA NA CIDADE DO RIO DE
JANEIRO
Pretendemos neste capítulo, tecer algumas considerações sobre a
anarquitetura
126
, campanhas publicitárias e elaboração de programas de
marketing para lançamentos habitacionais. Elegemos a capital carioca como
recorte temporal no período entre 1996 até os primeiros anos do século XXI
(2008), através do destaque que é dado a esses lançamentos.
Reconhecemos que a propaganda é um dos fatores decisórios que estabelece
novos padrões de uso do espaço para quem o apropria. Em decorrência disso,
assentaremos frontalmente, os enfoques da propaganda e da arquitetura em
função da estratégia de sensibilizar o futuro comprador, dentro do mercado
imobiliário.
Além disso, abordaremos tanto as palavras-chave no campo do marketing,
quanto à denominação no desenho e o mobiliário sugerido como decoração na
planta dessas campanhas publicitárias, permitindo fazer uma leitura das
aspirações e do apelo ao imaginário do futuro usuário.
126
Entendemos que a aplicação desse conceito atualmente está expressa na produção
imobiliária na Cidade do Rio de Janeiro, como veremos no subcapítulo III.1 “Considerações
sobre a Anarquitetura”.
136
III.1 Considerações sobre a Anarquitetura
“Desde o primeiro governo civil de Getúlio Vargas,
as empreiteiras são donas do Brasil.
Com a construção de Brasília isso piorou.”
Roberto Romano
127
O termo “anarquitetura” foi proposto nos anos 70 por Gordon Matta-Clark,
arquiteto norte-americano, através da soma do radical combinatório “anarquia”
com o vocábulo “arquitetura”, pois queria expressar [um novo conceito sobre a
privação e negação à arquitetura] através de uma criativa tensão entre palavras
com acepções opostas
128
.
Portanto o que entendemos como anarquitetura, é a negação ou privação de
comando projetual no ato arquitetônico.
Recorreremos a um discurso diacrônico sobre a gênese da inserção da
“anarquitetura” nos edifícios da capital carioca, ressaltando seu processo de
formação e transformação, no que competem as suas materializações
tipológicas formais, volumétricas e espaciais desencadeadas nas últimas cinco
décadas.
No início dos anos 60, a cidade do Rio de Janeiro deixara de ser a capital
federal do país, com a criação de Brasília desempenhando a função de centro
político-administrativo. Os investimentos através dos benefícios da União foram
canalizados para a atual capital brasileira, acarretando para a capital carioca
além do título de cidade-estado [Estado da Guanabara], ao longo de 15 anos,
de pendências institucionais, carências administrativas e econômicas.
Ao longo da década de 60, na Cidade do Rio de Janeiro [e não só, em grandes
metrópoles como São Paulo], ocorrem várias transformações tanto da
sociedade quanto da paisagem urbana. Delineou-se um quadro de
127
BOOS, Marita. Entrevista Filósofo Roberto Romano in “Impunidade O Brasil Vive o Crime
sem Castigo: É Preciso Prestar Contas à Sociedade” In Globo, 23 jun., Rio de Janeiro: 2007.
128
NONAS, Richard. “Letter to the IVAM, Agosto de 1992.” Valencia: Catálogo de Exibição de
Matta-Clark, Instituto Valenciano de Arte Moderna Centro Julio Gonzalez, 1993, p.374
[tradução nossa]. 1. Ato ou efeito do meramente construído; 2. Ausência de intenção ideológica
no ato arquitetônico; 3. Denota privação ou negação do ato arquitetônico. Anarquitetura In NOZ
Revista de Estudantes de Arquitetura da PUC-Rio. Rio de Janeiro: Editora Goal, agosto 2007,
p.12.
137
verticalização dos edifícios (Il. 147), horizontalização da cidade com alta
densidade edificada, materializando uma ocupação em torno do Centro, de
maneira especial na Zona Sul, bem como áreas urbanas mais distantes, em
decorrência da migração da população do interior do Estado e da Região
Nordeste.
Il. 147 Edifício Apolo XI – Botafogo- Um dos Ícones da Verticalização da Cidade nos Anos 60.
Fonte:CARDEMAN, David & CARDEMAN, Rogério Goldfeld. O Rio de Janeiro nas Alturas. Rio
de Janeiro: Mauad Editora, 2004, p.58.
Nesse mesmo período, que antecedia o Golpe Militar de 1964, havia uma
estagnação do crescimento econômico nacional, e em decorrência disso, o
setor habitacional ficou engessado em função de um período de recessão na
indústria da construção civil, grifada por acentuada aceleração do processo
inflacionário. Nesse mesmo ano, o governo prioriza entre as suas metas, o
crescimento contínuo da economia e o combate desse processo inflacionário.
Em agosto de 1964, é criado o Sistema Financeiro de Habitação (SFH), tendo
o Banco Nacional da Habitação (BNH), como seu órgão central. A partir de
1967, a abertura dos financiamentos para a construção e comercialização
dos imóveis, com o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)
129
,
através da organização de empresas do mercado imobiliário, que compunham
o capital comercial representado pelas incorporadoras, e, pelo capital bancário
proveniente destes fundos.
129
BNH: PROJETOS SOCIAIS. Rio de Janeiro: BNH, 1979, p.6-7.
138
SERAPIÃO
130
afirma que nessa época o modelo moderno
131
[de arquitetura]
serviu como uma luva, aproveitando a eficiência das tipologias em “I” e “H”, e
do ponto de vista arquitetônico, poucos foram os projetos bem sucedidos.
Percebe-se claramente que nesse período até 1971, consolida-se a
incorporação imobiliária
132
, abarcada também pela abundante mão-de-obra
existente nesse grande centro urbano
133
, e pela ascensão da classe média.
Para se precisar a classificação sócio-econômica, e delimitar o termo “a classe
média”
134
, pesquisamos o método de avaliação do “Critério Econômico
Brasil”
135
, da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP). Esse
130
SERAPIÃO, Fernando. “O Edifício Invisível e a Cidade Inexistente” In Revista Projeto
Design mar. 2000, nº 241. São Paulo, 2001, p.65.
131
Id., 2001, p. 65. O autor refere-se aos conceitos racionalistas impostos no modelo moderno
de edifícios.
132
RIBEIRO, Luiz Cesar de Queiroz. Dos Cortiços aos Condomínios Fechados: As Formas de
Produção da Moradia na Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro,: Civilização Brasileira,
1997.
133
Ver PLAMBEL: O Processo do Desenvolvimento de Belo Horizonte: 1897-1970. Belo
Horizonte: Superintendência de Desenvolvimento da Região Metropolitana PLAMBEL, 1979,
p. 311.
134
O termo classe média é citado em textos que descrevem a composição das camadas
financeiras das famílias que compõem a sociedade de uma cidade. “No “Dicionário de
Sociologia Guia Prático da Linguagem Sociológica”, deparamo-nos com a definição de
JOHNSON onde classe média é um conceito que tem permanecido esquivo à definição
precisa“. Diante dessa imprecisão, vimos a necessidade de estabelecer parâmetros de
contorno da família nuclear de classe média. Para tal, delimitaremos o recorte social dessa
família urbana que emergiu nas primeiras décadas e consolidou-se no decorrer do século XX,
na Cidade do Rio de Janeiro, baseando-nos nos dados contidos das planilhas informativas de
cálculo de financiamento, que consta na carta de crédito para aquisição de imóvel de classe
média aprovado pela Caixa Econômica Federal em abril de 2001, é de R$ 3777,77 a R$
8500,00, podendo adquirir um imóvel entre R$ 120000,00 a R$ 300000,00. Cabe lembrar que
essas famílias, em geral, residem em determinados bairros da Cidade do Rio de Janeiro, que
não se encontram no patamar da pobreza, têm uma similaridade quanto ao consumo de
espaços de cultura e lazer da cidade, e o nível de instrução do chefe de casa encontra-se entre
o superior incompleto e completo.
135
O Critério de Classificação Econômica Brasil enfatiza sua função de estimar o poder de
compra das pessoas e famílias urbanas, abandonando a pretensão de classificar a população
em termos de “classes sociais”. A divisão de mercado (definida abaixo) é, exclusivamente de
classes econômicas. Este critério foi construído para definir grandes classes que atendam às
necessidades de segmentação (por poder aquisitivo) da grande maioria das empresas. Não
pode, entretanto, como qualquer outro critério, satisfazer todos os usuários em todas as
circunstâncias. Certamente muitos casos em que o universo a ser pesquisado é de
pessoas, digamos, com renda pessoal mensal acima de US$ 30.000. Em casos como esse, o
pesquisador deve procurar outros critérios de seleção que não o CCEB. A outra observação é
que o CCEB, como os seus antecessores, foi construído com a utilização de técnicas
estatísticas que, como se sabe, sempre se baseiam em coletivos. Em uma determinada
amostra, de determinado tamanho, temos uma determinada probabilidade de classificação
correta, (que, esperamos, seja alta) e uma probabilidade de erro de classificação (que,
esperamos, seja baixa). O que esperamos é que os casos incorretamente classificados sejam
139
método utiliza um sistema de pontuações, no qual se avalia o poder aquisitivo
da população brasileira. Após a aplicação desse sistema baseado na posse de
itens determinados, do qual se configura, foi possível reconhecer dois tipos de
classes divididas entre a classificação “A1” e “E”, na qual o nível “A1” refere-se
à renda média mensal de R$ 7793,00 e o “E” de R$ 207,00. De acordo com os
itens que compõem os dados estatísticos da pesquisa Critério Brasil, essa
família de classe média (Il. 148) é possuidora de no mínimo, uma televisão a
cores, um rádio, um automóvel, um aspirador de pó, uma máquina de lavar, um
vídeo cassete, uma geladeira duplex. Seus apartamentos têm pelo menos dois
banheiros, e posses para contratar um trabalhador doméstico (empregado e/
ou diarista) que colabora nos afazeres do lar.
Il. 148 “Quem é a Nova Classe Média do Brasil” por Ziraldo In Revista Época, agosto de 2008,
nº 534, São Paulo: Editora Globo, 2008, capa.
pouco numerosos, de modo a não distorcer significativamente os resultados de nossa
investigação. Nenhum critério, entretanto, tem validade sob uma análise individual. Afirmações
freqüentes do tipo “... conheço um sujeito que é obviamente classe D, mas pelo critério é
classe B...” não invalidam o critério que é feito para funcionar estatisticamente. Servem, porém,
para nos alertar, quando trabalhamos na análise individual, ou quase individual, de
comportamentos e atitudes (entrevistas em profundidade e discussões em grupo
respectivamente). Numa discussão em grupo um único caso de má classificação pode pôr a
perder todo o grupo. No caso de entrevista em profundidade os prejuízos são ainda mais
óbvios. Além disso, numa pesquisa qualitativa, raramente uma definição de classe
exclusivamente econômica será satisfatória. Portanto, é de fundamental importância que todo o
mercado tenha ciência de que o CCEB, ou qualquer outro critério econômico, não é suficiente
para uma boa classificação em pesquisas qualitativas. Nesses casos deve-se obter além do
CCEB, o máximo de informações (possível, viável, razoável) sobre os respondentes, incluindo
então seus comportamentos de compra, preferências e interesses, lazer e hobbies e até
características de personalidade. Uma comprovação adicional da conveniência do Critério de
Classificação Econômica Brasil é sua discriminação efetiva do poder de compra entre as
diversas regiões brasileiras, revelando importantes diferenças entre elas.
140
Entre 1971 a 1978, acontece o período de expansão da produção, e a
paisagem da cidade é pulverizada por edifícios de apartamentos, em larga
escala, caracterizados por dimensões colossais, a organização dos seus
espaços é racionalmente distribuídas, e na implementação da técnica
construtiva consolidando o seu ambiente construído
136
.
Esse processo desencadeou na Cidade do Rio de Janeiro, um crescimento
desordenado, sublinhado pelo adensamento populacional [e
conseqüentemente pelos contrastes sociais], tudo isso inscrito numa caótica
malha urbana, ratificando a epígrafe na abertura desse capítulo.
“...as iniciais SD
137
surgiam em letras brancas sobre um fundo verde
bandeira. A presença desta marca bastava para sinalizar mais uma casa
estava condenada à demolição para dar lugar ao progresso da cidade”
138
.
Vale ressaltar que nessa época, as residências em bairros localizados na zona
sul da cidade davam lugar aos edifícios. Esses eram constituídos por
embasamentos que compreendiam os pavimentos de acesso (Il. 149), garagem
e de uso comum, e as áreas das unidades habitacionais ficam comprimidas
entre a diminuição das áreas úteis e a redução dos pés direitos, em troca de
fachadas em mármore compostas por esquadrias de alumínio, como o
marketing daquela época divulgava.
“A legislação urbanística pouco se preocupava com as condições de vida
nos centros urbanos. Os canais de representação política da sociedade
estavam fechados, poucas vezes puderam fazer-se ouvir na defesa de
um patrimônio arquitetônico, histórico e artístico que sofreu, então, severa
mutilação.”
139
136
PASSOS, Luiz Mauro do Carmo. Edifícios de Apartamentos: Belo Horizonte, 1939-1976.
Formações e Transformações Tipológicas na Arquitetura da Cidade. Belo Horizonte: AP
Cultural, 1998, p.119.
137
Sérgio Dourado foi uma das maiores empresas imobiliárias do Rio de Janeiro entre a
década de 70 e 80.
138
RODRIGUES, Verônica. Alguma Coisa está fora da Ordem.” In Noz Revista de
Arquitetura da PUC-Rio. Rio de Janeiro: Editora Goal, agosto 2007, p.5.
139
WALCACER, Fernando. A Indústria Imobiliária e a Abertura Política” In Chão Revista de
Arquitetura, nº 6. Rio de Janeiro: Editora Tridimensional Ltda., jun/jul/ago.1979, p.18.
141
Il. 149 Edifício em Copacabana: Com Embasamento para Estacionamento, Pavimento de Uso
Comum.
Fonte:CARDEMAN, David & CARDEMAN, Rogério Goldfeld. O Rio de Janeiro nas Alturas. Rio
de Janeiro: Mauad Editora, 2004, p.65.
A legislação daquela época tão pouco contemplou a paisagem natural e
espaços para recreação e lazer, somente foi implementado ampliações a rede
de infra-estrutura, visando garantir novos usuários aos bairros aquilatados.
Os edifícios foram implantados baseados na padronização dos elementos
construtivos, estabelecendo modelos de configurações de forma arquitetônica e
de padrões de acabamentos, que favoreciam a repetição de formas
economicamente viáveis, atendendo a alta demanda de habitações,
principalmente para a classe média, que se encontrava em ascensão.
Cabe lembrar quando um projeto de arquitetura é desenvolvido em série
(repetido), os atributos edilícios primários, tais como a insolação são
descuidados.
Depois do boom imobiliário de 1976, no período compreendido entre 1979 a
1982, a Barra da Tijuca alavanca seu momento de expansão, sendo
considerada área nobre” para investimento imobiliário, concentrando 73,3%
140
de investimentos nesse setor.
140
Fontes de Financiamento dos Lançamentos da Cidade do Rio de Janeiro in IDEG (Instituto
do Desenvolvimento Econômico Gerencial) / ADEMI (Associação de Dirigentes de Empresas
do Mercado Imobiliário.
142
Dentre 1983 e 1985 a crise na incorporação imobiliária, desencadeada pelo
fenômeno da hiper-inflação. Cabe destacar, que em 1986, foi lançado pelo
Governo Brasileiro, um Plano econômico intitulado “Plano Cruzado”,
suspendendo a correção monetária e congelamento dos preços, contribuindo
positivamente, na consolidação da incorporação imobiliária. Até o final dessa
década, na cidade do Rio de Janeiro, destaca-se o aumento na oferta de
moradias em condomínios fechados (Il.150), e ratificam a Barra da Tijuca com
essa singularidade projetual.
Il. 150 Complexo Urbanístico Alfabarra – Barra da Tijuca.
Fonte: Luiz Paulo Conde Un Arquitecto Carioca. Facultad de Arquitectura, Universidade de Los
Andes – Colômbia / Escala Colômbia, Santafé de Bogotá, 1994, p.87.
Muitos desses condomínios estão configurados intramuros, e são publicizados
pelas incorporadoras imobiliárias com uma rede de serviços (lojas, clubes,
farmácias, etc.), além de sublinhar sistemas de segurança permanente, no que
compete a insegurança pública nas grandes cidades, delineando novos abrigos
para a classe média [e alta], assegurando um status, através da cultura da
defesa do luxo
141
.
141
SANTOS, Ana Cristina Gomes dos Santos & DEL RIO, Vicente. “A Construção da Cidade
Pós-Moderna e o Caso da Barra da Tijuca” In Arquitetura: Pesquisa e Projeto. Rio de Janeiro:
FAU/UFRJ, 1998, p.112.
143
No âmbito da unidade habitacional desse período, o mercado imobiliário
oferece uma configuração espacial cada vez menor, e constata-se o processo
de transformação e formação do quarto de empregado em quarto reversível,
possibilitando desempenhar outras funções (Il. 151).
“Assim, vemos a situação do quarto de empregado evoluir,
desencaixando da implantação do território de serviço, onde se
encontrava incorporado, tradicionalmente, deslizando pela planta e
desembarcando numa situação onde passa a possuir uma ou mais
paredes comuns ao território do patrão.
142
Il. 151 Planta Esquemática do Apartamento 1007 do Edifício localizado à Rua Professor Alfredo
Gomes, nº 1 – Botafogo [s.d.].
Fonte: SALEIRO FILHO, Mário de Oliveira. A Dependência da Dependência de Empregado: De
Espaço Segregado a Espaço Revertido? Dissertação, PROARQ/FAU/UFRJ, 2001, p.71.
O início dos anos 90 é distinguido por uma expressiva instabilidade na
economia, rebatendo pontualmente sobre a construção habitacional. Em 1993,
alavanca-se o setor imobiliário, com o maior lançamento de edifícios de
apartamentos da década, decaindo posteriormente nesse mesmo decênio. É
notável o incremento do setor de serviços nos edifícios habitacionais, [bem
como a sua publicização nos materiais de campanha publicitária catálogos,
manuais e prospectos dessa época], para contemplar a classe média, com
comodidades tais como áreas de lazer, piscinas, saunas, academias de
ginásticas com spa fitness center”, salas de jogos, etc. [apresentados em
desenhos perspectivados].
142
Ver SALEIRO FILHO, Mário de Oliveira. A Dependência da Dependência de Empregado: De
Espaço Segregado a Espaço Revertido? Dissertação, PROARQ/FAU/UFRJ, 2001, p.39.
144
Em 2000 o setor imobiliário é aquecido, especialmente nos lançamentos de
empreendimentos residenciais multifamiliares. A distribuição interna dos
apartamentos, tanto na Zona Sul quanto na Zona Oeste, evidenciam no setor
social, o acréscimo da varanda [algumas vezes maior do que a sala de estar], e
o home theater corrobora na migração da TV do setor íntimo para a sala. Na
parte íntima, a inserção do closet dentro da suíte é relevante. Quanto ao setor
de serviço, a cozinha em geral está conformada num retângulo bem longilíneo.
Tanto os equipamentos como geladeira e fogão, quanto a bancada com a pia
estão dispostos em linha, e, em seqüência, encontra-se a área de serviço,
posterior a um elemento divisório [que pode ser tanto uma meia parede quanto
uma divisória de pedra mármore ou de granito].
Destacamos também o surgimento do den
143
, nomenclatura dada pelos
construtores e profissionais do marketing, que designa o espaço de refeições
contíguo à varanda, substituindo a copa, e, consequentemente, aproximando
ainda mais, o setor de serviço do setor social (Il. 152).
Il. 152 Planta do Apartamento do Condomínio Le Parc Residential Resort, Barra da Tijuca.
Fonte: http://www.cyrela.com.br/Web/ficha/leparc/#plantas
No exemplo abaixo, constatamos a aproximação do setor de serviço,
protagonizado pela cozinha e área de serviço, coligadas tanto com a varanda
quanto com a sala (Il. 153).
143
Segundo o Dicionário Webster’s de autoria de Antonio Houaiss den significa recanto:
cubículo, gabinete de estudo e leitura In HOUAISS, Antônio. Webster’s Dicionário Inglês
Português. Rio de Janeiro: Editora Record, p.201.
145
Il. 153 Planta do Apartamento do Edifício Giardino Residence Service, Jardim Botânico.
Fonte: http://www.mg500.com.br/docs/giardino/giardino.htm
Em pesquisa realizada no ano de 2005, sobre o percentual das áreas dos
setores funcionais, em apartamentos que apresentam a tipologia, onde a
varanda interage com todos esses setores, CEPPAS
144
aponta que 60% dos
edifícios apresentam 36% da área da unidade destinada ao setor íntimo, 43%
para o setor social, 25% para o serviço.
Dando prosseguimento a esse processo, não podemos furtar em comentar,
sobre o aparecimento de uma tipologia denominada loft
145
. O mercado
imobiliário idealizou uma planta caracterizada por uma tipologia volumétrica,
cujo direito é duplo com mezanino, propiciando uma maior integração dos
ambientes nos dois pavimentos, minimizando sua compartimentação, criando
maior flexibilidade e apropriando-se do nome loft (Il. 154). No primeiro
pavimento há o setor social, compreendendo sala de estar e jantar, juntamente
com o setor de serviço, onde há a cozinha americana e área de serviço. No
144
CEPPAS, Kristian Polborn. Análise dos Setores Funcionais de uma Residência. Disciplina
Planejamento Multifamiliar Residencial, Centro de Arquitetura e Artes, Curso de Graduação em
Arquitetura e Urbanismo, Bennett Metodista do Rio, 2005.
145
Segundo ÁBALOS, loft originalmente é uma porção de solo, dentro de uma estrutura de
pisos, seguindo o modelo tipológico industrial característico do século XIX (Il. 48), [com pés
direitos altos] consolidando uma casa-oficina, com uma grande superfície e um grande espaço
interno [sem divisões] (Il. 49). Vale lembrar, que esse tipo de espaço generoso foi adotado para
ser um misto de habitação e trabalho tanto pelo famoso pinto impressionista francês Claude
Monet (Il. 50), entre 1916 e 1922 quando pintava as Ninféias em seu estúdio de Giverny,
próximo a Paris na França; bem como nos anos 60 se transformou na The Factory
145
, pelo
artista pop Andy Warhol (Il. 51) em Nova Iorque nos Estados Unidos da América, onde
popularizou esse modelo de habitação. O autor afirma também que o loft é o espaço dos
elegantes, um modelo único a ser exportado para todas as grandes cidades, uma forma de
vida idealizada pelo século XX, reduzindo ao máximo o âmbito da privacidade. Ver ÁBALOS,
Iñaki. A Boa Vida: Visita Guiada às Casas da Modernidade
. Barcelona: Editorial Gustavo Gili,
2003, p.124.
146
pavimento superior, encontramos no setor íntimo, o quarto com banheiro (suíte)
e escritório.
Il. 154 Perspectiva 3D, Loft do Edifício The One, Barra da Tijuca.
Fonte: Prospecto de Lançamento Imobiliário da Comasa Construtora, Arte Final: Agência 3.
Assinalamos um crescimento expressivo dessa tipologia, evitando assim
minimizar a compartimentação dos ambientes, tornando-se mais fluido os
espaços.
Nessa mesma época, inicia-se o processo de flexibilização das plantas, como
veremos no subcapítulo a seguir, em decorrência da dificuldade do comprador
[futuro usuário] em obter um imóvel que espelhe o seu perfil, e, em muitos
casos, da própria insatisfação destes, negociarem com a incorporadora a
possível alteração dos espaços de seu apartamento, ainda ao longo da obra.
Através de uma análise de demandas e tendências no mercado imobiliário, a
Construtora Gafisa, tornou-se a precursora na flexibilização dos espaços,
solicitando aos arquitetos Sérgio Gattáss e Edmundo Musa, elaborarem um
projeto onde o adquirente do imóvel recebe uma sugestão de vinte a trinta
plantas diferentes [denominado programa “Personal Line”], podendo eleger
uma de sua preferência, sem custo adicional.
147
Cabe ressaltar, que a tecnologia do drywall
146
empregada nesses
apartamentos, possibilitou esta facilidade [eleger a sua planta ideal] ao
morador. A utilização da parede de gesso acartonado, segundo Sérgio Gattáss,
permitiu flexibilizar ainda mais o projeto, viabilizando também a estrutura por
não alterar o diagrama de carga dos edifícios. O autor ainda confirma, que
muitos apartamentos com três dormitórios tinham seu layout completamente
alterado, com a exclusão das dependências de empregado e lavabo,
aumentando substancialmente a área da cozinha ou da sala de estar, e que
muitos viraram lofts, tamanha a possibilidade de redefinição de espaços no
apartamento.
O adquirente pode optar entre as cinco opções de materiais, dentro das
especificações do “Gafisa Personal Line”, tanto na parte de revestimento de
pisos, quanto nos acabamentos metálicos e detalhamentos extras, com
variações nos preços finais, entre as linhas decorativas do apartamento. Em
pesquisa junto à construtora Gafisa, 70% dos clientes alteraram a planta do
apartamento e 60% elegeram novas especificações nos materiais decorativos.
De acordo com Pedro Cortes, gerente de incorporação da Gafisa, os
apartamentos foram vendidos numa velocidade impressionante
147
.A resposta
positiva desse empreendimento desencadeou tanto a essa construtora, quanto
nas demais concorrentes, uma repetição de outros empreendimentos sob a
égide do “Personal Line”, como veremos no capítulo IV “As Flexibilidades
Iniciais nas Plantas dos Catálogos, Manuais de Plantas e Prospectos
Imobiliários Residenciais”.
146
Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapa para Drywall são chapas
fabricadas industrialmente mediante um processo de laminação contínua de uma mistura de
gesso, água e aditivos entre duas lâminas de cartão, onde uma é virada nas bordas
longitudinais e colada sobre a outra. três tipos de chapas: Standard (ST) (Chapa Branca),
para aplicação em áreas secas; Resistente a Umidade (RU) (Chapa Verde) para áreas sujeitas
à umidade por tempo limitado de forma intermitente; Resistente ao Fogo (RF) (Chapa Rosa)
para aplicação em áreas secas necessitando de um maior desempenho em relação ao fogo.
Para maiores detalhes acessar http://www.drywall.org.br/interna. php?pagina=/site.php/3.
147
As vendas funcionam em geral: 50% das unidades são vendidas no lançamento (onde é
considerado seis meses), 30% durante a construção e os 20% restantes na entrega do edifício.
No caso do Mundo Novo, as vendas foram feitas durante o lançamento. Ver
http://www.flexeventos.com.br/cases_mundo_novo.asp.
148
III.2 Considerações sobre o Marketing
“Representar a construção ou construir a representação?
Ilya Prigogine e Isabelle Stengers
148
Sabemos que as construtoras de imóveis residenciais multifamiliares
destinados à classe média na cidade do Rio de Janeiro, com o objetivo de
atrair compradores para os seus lançamentos imobiliários, requisitam serviços
de agências e profissionais autônomos da área de propaganda. Esses agentes
promovem campanhas publicitárias, com ênfase nos aspectos importantes de
arquitetura na elaboração desses produtos, mais especificamente em novos
padrões de uso do espaço para quem os apropria.
Esse pensamento vai ao encontro de MARK GOTTDIENER
149
, quando afirma
que a propaganda imobiliária hoje, cria, codifica e recodifica os hábitos e
preferências do consumo do espaço, e o homem as define, caracterizando-as,
atribuindo funções, nomeando-as, como sublinha HENRI LEFEBVRE
150
.
Reconhecemos que a propaganda imobiliária, por estar presente na vida do
homem, induz a formação deste, estabelecendo significados que corrobora nas
suas relações sociais, tal como o status.
No âmbito das incorporadoras imobiliárias, entendemos que as ferramentas do
marketing, buscam ampliar a maior gama de significados que possam
sensibilizar o consumidor [futuro habitante]. Esses significados não se
restringem apenas a forma [desenho], mas também a uma imagem simbólica,
através de um modelo, que induzem uma camada da sociedade [considerada
privilegiada] ao seu consumo.
148
PRIGOGINE, Ilya & STENGERS, Isabelle. A Nova Aliança: Metamorfose da Ciência.
Brasília, Universidade de Brasília, 1991.
149
GOTTDIENER, Mark. A Produção Social do Espaço Urbano. São Paulo: Edusp, 1997,
p.125.
150
LEFEBVRE, Henri. Le Materialisme Dialectique. Paris: Press Universitaire de France, 1957,
p.103-104.
149
BAUDRILLARD
151
afirma que numa sociedade de informação e da
comunicação em massa, como da atualidade, sobretudo na difusão de tais
modelos, perpassa não somente uma circulação de objetos, mas sublinham
uma circulação psicológica no que compete a promoção social [status].
A respeito disso, a habitação pode ser considerada um bem de consumo, e
está inserida na cultura do consumidor, e a reboque disso, pode estar sujeita a
uma re-organização no programa arquitetônico residencial, caracterizando
espaços que outrora tinham atributos monofuncionais em multifuncionais
[espaços flexíveis].
O mesmo autor relembra que objeto algum é oferecido ao consumo em um
único tipo, e ressalta que a escolha [como liberdade formal] grifa a
personalização.
De fato, se a casa tem vocação para ser residida, a personalização promove a
participação [satisfação] do usuário, garantindo seu bom desempenho funcional
e emocional, como destaca DONINI
152
a respeito de nossa fase quando
criança:
“Em geral, cada um de nós guarda desde a infância importantes
referências de moradia. A noção de ocupação e percepção de espaço
começa cedo, e a necessidade de intervir no entorno é sempre mais livre
nessa idade. Nem é preciso vasculhar muito a memória para pinçar dela
a imagem primitiva de cabanas construídas entre o sofá e a mesa de
centro.”
Vale ressaltar, que a combinação de informações pesquisadas em revistas de
decoração e arquitetura, baralhadas com o discernimento de seus moradores,
corrobora na materialização da personalização de uma residência.
A personalização pode ser contentada, por exemplo, através da flexibilidade,
que além da satisfação pessoal, estabelece uma tensão de influência mútua,
quando os usuários podem instrumentar os espaços domésticos. Importante
comentar que o desenvolvimento tecnológico pontuado no processo do projeto,
e o gosto da novidade atrelado a uma expressão individual, grifa a diversidade
151
BAUDRILLARD, Jean. O Sistema dos Objetos. São Paulo: Perspectiva, 2006, p.147.
152
DONINI, Marco. “À sua Imagem e Semelhança” In Revista da Folha Morar, 27 de outubro de
2006, São Paulo: Plural Editora e Gráfica, 2006, p.20.
150
habitacional. Relembremos das palavras de MARONI
153
“Casa é como
cachorro, parece com o dono. É o retrato psíquico do seu morador, o seu
território simbólico e afetivo.”
Diante do exposto, elegemos o argumento da importância da flexibilização
espacial, em sua condição de reversibilidade, contigüidade e permeabilidade.
Com isso, procuraremos discorrer sobre a possibilidade de flexibilizar o espaço
do apartamento, valorizando a qualidade espacial do imóvel para o seu
habitante. Este estudo foi feito, como comentamos anteriormente, através da
análise de catálogos, manuais de plantas e prospectos de propaganda
imobiliária residencial.
A campanha publicitária consiste num conjunto de estudos e medidas que
provê estrategicamente o lançamento e a sustentação de um produto ou
serviço no mercado consumidor, garantindo o bom êxito comercial na iniciativa
marketing
154
.
O marketing de um lançamento imobiliário é iniciado quando a construtora faz
uma requisição de trabalho ao contratado, onde descreve o edifício a ser
vendido com suas características, que segundo PESSOA, NEDER & JACOB
155
também são conhecidas como argumentos de venda.
Achamos oportuna a reflexão de VELHO
156
que diz: “a propaganda nada cria e
sim explora esses argumentos de venda”. Acreditamos que esses argumentos
são frutos de uma cultura em determinada situação sócio-histórica.
Os pontos-chave que ancoram esses argumentos de venda das construtoras
são: o bairro onde está inserido o edifício; o programa arquitetônico dos
apartamentos ou unidades habitacionais; a distribuição físico-espacial dos
ambientes desses apartamentos; as condições de compra e venda.
153
Amnéris Maroni, é terapeuta de base analítica, doutora em ciências sociais pela PUC-SP e
professora de psicanálise e antropologia da Unicamp entrevista à Heloísa Helvécia no artigo
Nossa Casa é 10 op.cit, p.36.
154
SALDANHA, Fernando. sic
155
PESSOA, Ana; NEDER, Temer & JACOB, “Theresa. Propaganda Imobiliária”. In Chão, Rio
de Janeiro, n
º.5, p6-9, mar/abr/mai. 1979.
156
VELHO, Gilberto. A Utopia Urbana Um Estudo de Antropologia Social. 5e. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1989, p. 24.
151
RODRIGUES
157
afirma: “...que os corretores costumam dizer que, para resultar
numa venda rápida, o imóvel precisa ter três Ps: preço, ponto e planta.”
De fato, além de ter valor dentro de certos limites e boa localização, o
apartamento tem que apresentar uma disposição dos compartimentos que
responda às necessidades e às expectativas da classe a que está destinada o
imóvel, como reitera a epígrafe de abertura desse subcapítulo.
PESSOA, NEDER & JACOB
158
ressaltam:
“Cada segmento de mercado é suscetível a determinado argumento. Um
apartamento construído em Vila Isabel e outro, igualzinho, em Ipanema
terão argumentos diferentes. Uma piscina vai ser forte argumento em Vila
Isabel, bairro distante da praia, onde não muitos clubes etc., enquanto
que em Ipanema a piscina não será um bom argumento.”
Cremos que a definição de argumento de vendas para uma habitação
multifamiliar, dependerá de onde o bairro está inscrito e de suas respectivas
áreas de lazer e encontro. Assim, o programa arquitetônico de um edifício
residencial irá variar de acordo com o local a ser implantado.
A campanha publicitária pode ser divulgada através de veículos, tais como:
filme, anúncio na imprensa escrita, falada, televisiva e internet, em out-door e
prospecto de propaganda imobiliária residencial (Il. 155).
Il. 155 Slogan do Lançamento Imobiliário Residencial da Construtora B. Rochlin Engenharia
Ltda., Edifício Spazio Verde, Botafogo.
Arte Final: Agência 3.
157
RODRIGUES, Luciana. “Quem Cara Coração. As Manias do Carioca na Hora de
Escolher o Imóvel”. In Caderno Morar Bem, 27 de junho de 1999. Rio de Janeiro: O Globo, Rio
de Janeiro,p.1.
158
PESSOA, NEDER & JACOB, op. cit, p.6.
152
O prospecto de propaganda imobiliária residencial busca encantar a classe
média, que segundo PESSOA, NEDER & JACOB
159
“...geralmente compra por
narcisismo, se impressiona com o nome do edifício, com vidro fume, esquadria
de alumínio, tipo de cerâmica. (Il. 156)”
Il. 156 Prospecto do Lançamento Imobiliário Residencial da Construtora Santa Isabel, Edifício
Home Ways Residence, Recreio dos Bandeirantes.
Arte Final: Agência 3
Acreditamos que tanto o nome dos edifícios quanto os materiais de
acabamento para construção citados por PESSOA, NEDER & JACOB, são
elementos que simbolizam status social. Ao desejar comprar imóveis, contendo
essas características, a classe média está, na verdade, desejando inserir-se,
em novo contexto social.
Apelaremos para os slogans e mensagens secundárias publicizados nos
materiais dos lançamentos imobiliários por entendermos que as propagandas
freqüentemente representam para RYBCZYNSKI
160
um mundo estilizado não
de todo real, que reflete como a sociedade imagina que as coisas deveriam
ser.
Queremos dizer, que esses materiais são de certo modo indutores da
imaginação social quando da possibilidade da realização de um desejo.
159
PESSOA, NEDER & JACOB, op. cit, p.9.
160
RYBCZYNSKI, Witold. Casa: Pequena História de uma Idéia. Rio de Janeiro: Editora
Record, 1996, p. 25.
153
Assim como as pesquisas que embasam campanhas publicitárias procuram
“falar” direto com as expectativas do comprador em potencial, apresentaremos
de que forma esses motes aparecem citados nas campanhas publicitárias
(catálogos, manuais de plantas e prospectos) para venda de apartamentos,
evidenciando o papel que esse fenômeno pode vir a desempenhar para o
futuro morador; segundo os seguintes indicadores:
- “palavras-chave no campo do marketing”: a fim de averiguar esse viés de
abordagem somando as qualidades ao imóvel;
- “denominação no desenho”: a fim de verificar se o futuro morador de classe
média estaria sendo induzindo pelo anunciante a requalificar o seu
apartamento através de sua nomenclatura, que geralmente está associada à
busca de maior status social;
- “mobiliário e equipamento sugerido como decoração nos materiais de
propaganda”: com o objetivo de compreender o apelo de venda do produto no
intuito de visualizar a ocupação físico-espacial do cômodo, de acordo com as
aspirações do comprador em potencial.
154
III.3 Palavras-Chave no Campo do Marketing
“A imagem fotografada, nos persuade de que o mundo é mais acessível do que em verdade é.
Moholy-Nagy, László
161
No subcapítulo anterior assinalamos que a propaganda induz o homem a um
consumo. Vinculado a isso, a arquitetura pode se materializada através de
material e simbolismo, onde denotam caracteres funcionais e emocionais,
através de atributos imobiliários, tal como se refere a epígrafe acima citada.
Vimos que as campanhas publicitárias podem ser consolidadas através de
catálogos, manuais de plantas e prospectos que contemplam os lançamentos
imobiliários.
Recorremos à base teórica-metodológica impetrada por Laurence Bardin. Esse
método trata de um conjunto de técnicas de análise de comunicações, que
utilizam procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição das mensagens,
objetivando quais as conseqüências que um determinado enunciado vai
provavelmente provocar, em nosso caso, no âmbito de uma campanha
publicitária, expressas através da representação gráfica.
Selecionamos as palavras-chave que incorporam o slogan principal e as
mensagens secundárias conferidas às fotos e desenhos ilustrativos nesses
materiais de propaganda imobiliária. Essas palavras-chave, somando a
qualidade ao imóvel, foram divididas em quatro itens: 1. Atributos ao Status; 2.
Atributos à Vizinhança; 3. Atributos ao Edifício e 4. Atributos à Planta.
Dos setenta e sete edifícios divulgados nos materiais de propaganda
imobiliários residenciais eleitos para essa pesquisa, norteados pelos quatro
itens de palavras-chave do campo do marketing, 61 distinguem atributos ao
edifício; 57 abalizam atributos a planta; 31 apontam atributos de status; e 14,
assinalam atributos de vizinhança.
Dos 65 “atributos ao edifício”: 29 marcam a “garagem”; 26 a “área de lazer” e
10 a “segurança” (Il. 157). Já as 61 qualidades na “planta do imóvel”: 31
161
MOHOLY-NAGY, Lázsló. Peinture, Photographie, Film: et autres Écrits sur la Photographie.
Paris: Gallimard, 1993, p.59.
155
indicam que “varandas”; 14 “quartos reversíveis”; 11 “plantas flexíveis”, 2
“terraço com piscina e sauna” (Il. 158); e 1 “acréscimo de área social”, smart-
room e “cozinha americana”. Com relação aos 31 “atributos de status”: 26
qualificam “o morador“ (Il. 159), 3 “apartamento decorado por arquiteto” (Il. 160)
e 2 “proximidade de bairro vizinho com maior status (Il. 161). Às 14
“atribuições de vizinhança”: 08 remetem à praia; 5 ao transporte (Il. 162); 1 com
o comércio.
Il. 157 Palavras-Chave do Marketing Qualificando o Imóvel “Atributos do Edifício – Área de
Lazer e Segurança” do Prospecto de Propaganda Imobiliária da CHL, Arquiteto Inácio Obadia,
Quartier Carioca, Catete.
Arte Final: Agência 3.
Il. 158 Palavras-Chave do Marketing Qualificando o Imóvel “Atributos a Planta” - “Terraço com
Piscina e Sauna” do Prospecto de Propaganda Imobiliária da Construtora Gafisa, Sundeck
Residence Service, Barra da Tijuca.
Arte Final: LaxmiMais.
156
Il. 159 Palavras-Chave do Marketing Qualificando o Imóvel “Atributos de Status” – “Qualificando
o Morador” do Prospecto de Propaganda Imobiliária da Construtora Bulhões de Carvalho da
Fonseca, Edifício Wilma Nascimento Silva, Botafogo.
Arte Final: Óbvio.
Il. 160 Palavras-Chave do Marketing Qualificando o Imóvel “Atributo de Status” – “Apartamento
Decorado por Arquiteto” do Prospecto de Propaganda Imobiliária da Construtora RJZ
Engenharia, Edifício Jardins do Palácio, Catete.
Arte Final: Associados à Ademi.
157
Il. 161 Palavras-Chave do Marketing Qualificando o Imóvel “Atributo de Status” – “Proximidade
de Bairro Vizinho com maior Status” do Prospecto de Propaganda Imobiliária da Construtora
Decta Edifício Villa Laguna, Humaitá.
Arte Final: Script.
Il. 162 Palavras-Chave do Marketing Qualificando o Imóvel “Atributos a Vizinhança” –
“Proximidade de Transporte e Praia” do Prospecto de Propaganda Imobiliária da Construtora
Bulhões de Carvalho da Fonseca, Edifício Fellice, Catete.
Arte Final: Óbvio.
158
Frases-Chave no
Campo do Marketing,
Qualificando o
Imóvel
Catete
Laranjeiras
Botafogo
Copacabana
Humaitá
Gávea/ Jardim Botânico
Lagoa / Leblon
Jacarepaguá
Barra da Tijuca
Recreio dos
Bandeirantes
Status
Simbólico ao
Morador
(berço,
celebridade,
charme,
encanto,
gostoso,
ilustre
morador,
nobreza,
tranqüilidade)
04 07 03 02 02 03 01 - 04 -
Proximidade
de Bairro
Vizinho com
maior Status
02
Atributos a Status
Apartamento
Decorado por
Arquiteto
- - 01 - - 01 01 - - -
Proximidade
com o
Transporte
03 - - 02 - - - - - -
Proximidade
do Comércio
- - - 01 - - - - - -
Atributos a
Vizinhança
Proximidade
da Praia
01 - - 01 - - - - 02 04
Garagem
04 04 08 04 02 - 01 02 03 01
Área de
Lazer
01 02 09 02 - - - - 08 04
Atributos
ao Edifício
Segurança - - 02 - - - - 01 07
Acréscimo na
Área Social
- 01 - - - - - - - -
Planta
Flexível
- 01 04 01 - - - 01 - -
Quarto
Reversível
01 02 05 01 - 02 01 - 02 -
Smart Room
- - 01 - - - - - - -
Cozinha
Americana
- - - - - - - - 01 -
Varanda 04 06 10 01 02 03 - 02 02 01
Atributos a Planta
Terraço com
piscina e
sauna
- - - - - - - - 02 -
Quadro 1 – Frases-Chave no Campo do Marketing / Bairros
159
Observamos no Quadro 1, que as palavras-chave dos materiais de propaganda
dos lançamentos imobiliários residenciais, os bairros que recorrem a esse
recurso com mais pontualidade são: Botafogo com 43 itens compreendendo 20
com atributos “a planta”; 19 “ao edifício” e 4 a status”; Laranjeiras com 23, 10
“a planta”, 7 “a status”, 6 “ao edifício”, Catete com 18 itens, sendo 5 “a planta” e
“edifício” e 4 “a status” e “vizinhança” e Copacabana com 15 itens, sendo 6 “ao
edifício”, 4 “a vizinhança”, 3 “a planta” e 2 “a status”. Todos em bairros
consolidados na Cidade do Rio de Janeiro.
Lembramos que as palavras-chave, que atribuem qualificação a planta do
imóvel no âmbito das varandas é expressiva, em 65% dos imóveis lançados
em todos os bairros com exceção da Lagoa e do Leblon. Além disso, vale
destacar que em Botafogo, Laranjeiras e Catete tanto as varandas quanto a
garagem são interpretadas como espaços importantes na qualificação do
imóvel. Já os bairros circunvizinhos a Lagoa Rodrigo de Freitas (Humaitá,
Gávea, Jardim Botânico) apontam qualificação da varanda em suas unidades
habitacionais.
Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes, não apresentam atributos ao status,
concentrando as palavras-chave nos atributos ao edifício. De maneira
diferenciada, a Barra da Tijuca, embora seja vizinho desses bairros e ainda
esteja em crescimento, apresenta 34 atributos sendo 18 “ao edifício”, 10 “a
planta”, 4 “a status” e 2 “a vizinhança”.
160
III.3.1 Denominação no Desenho
APARTAMENTOS
2Q 3Q 4Q
NOMENCLATURA
08 11 03 Quarto de Empregado
08 06 - Quarto Reversível
05 04 - Quarto
01 - 01 Quarto Escritório
- 01 - Quarto Estúdio
02 - - Dep.
02 01 - Home-Office
01 - - Sala Maior
01 - - 3º Quarto
01 01 - Home-Theater
01 - - Work Station
- 01 - Sala Múltiplo Uso
02 01 - Ateliê
- 01 - Banho Suíte Sauna
- 01 - Salão
- 01 - Family Room
01 - - Escritório
- 01 - Sala Íntima
- 01 - Suite
01 01 - Suíte Master
02 - - Loft
02 03 - Cozinha Americana
01 - - Sala Integrada à Copa-Cozinha
01 - - Sala Integrada à Copa-Cozinha com Espaço Gourmet
Quadro 2 – Apartamentos / Nomenclatura das Flexibilidades Iniciais
Quanto à nomenclatura dos espaços que possibilitam ser flexibilizados
espacialmente, no âmbito da reversibilidade do quarto de empregado, da
contigüidade de sala e quarto e / ou entre quartos e da permeabilidade da
cozinha com a sala nas plantas dos prospectos de publicidade dos
lançamentos imobiliários residenciais, nos apartamentos de dois quartos: 8 se
intitulam “quarto de empregado” (Il. 163) e “quarto reversível” (Il. 164); 5
“quarto” (Il. 165); 2 “cozinha americana”, “loft”, “dep.” (Il. 166) e “home-office” (Il.
167); e 1 “escritório”, “suíte master”, “smart-room
162
(Il. 168), work station(Il.
169), “sala integrada à copa-cozinha” e “sala integrada à copa-cozinha com
espaço gourmet”. nos apartamentos de três quartos: 11 se “intitulam “quarto
de empregado”; 6 “quarto reversível”; 4 “quarto”; 3 “cozinha americana” (Il.
162
Smart-room denominação adotada no marketing para poder exemplificar a potencialidade de uso
atribuída a um espaço, acrescendo-o a um compartimento maior ou permitindo que se planeje um home-
office, ou um 3º quarto ou um home-theater.
161
170), 1 “quarto estúdio” (Il. 171), home-office”, “home-theater”, “sala múltiplo
uso” (Il. 172), “ateliê” (Il. 173) e “family room” (Il. 174), “sala íntima”, “suíte”,
“suíte master”. No apartamento de quatro quartos 3 se intitulam “quarto de
empregado” e 1 “quarto escritório”, como apontamos no Quadro 2.
Il. 163 Planta do Apartamento com Nomenclatura “Quarto de Empregado” do Prospecto de
Lançamento Imobiliário Residencial da Construtora Decta Engenharia, Edifício Palazzo Delle
Palme, Catete.
Arte Final: LaxmiMais.
Il. 164 Planta do Apartamento com Nomenclatura “Quarto Reversível” no Quarto de Empregado
do Prospecto de Lançamento Imobiliário Residencial da Construtora Lajota, Edifício Sem
Nome, Laranjeiras.
Arte Final: Ação.
162
I
l. 165 Planta do Apartamento com Nomenclatura “Quarto” no Quarto de Empregado do
Prospecto de Lançamento Imobiliário Residencial da Construtora Wrobel, Giovanni Gabrieli
Residências, Gávea.
Arte Final: Escritório de Idéias.
Il. 166 Planta do Apartamento com Nomenclatura “Dep.” No Quarto de Empregado do
Prospecto de Lançamento Imobiliário Residencial da Construtora Compax, Arquitetura Arq &
Urb Projetos, Edifício Botafogo Oggi, Botafogo.
Arte Final: Agência 3.
163
Il. 167 Planta do Apartamento com Nomenclatura “Home Office” no Quarto de Empregado do
Prospecto de Lançamento Imobiliário Residencial da Construtora Agenco, Edifício Splendido
Botafogo, Botafogo.
Arte Final: Contemporânea.
Il. 168 Planta do Apartamento com Nomenclatura “Smart Room” (Sala Maior, Home Office, 3º
Quarto e Home-Theater) no Quarto de Empregado do Prospecto de Lançamento Imobiliário
Residencial da Villa Construções e Empreendimentos, Smart Ville Residencial, Botafogo.
Arte Final: Perceptiva/SIACOM.
164
Il. 169 Planta do Apartamento com Nomenclatura “Work Station” no Quarto de Empregado do
Catálogo de Lançamento Imobiliário Residencial da Construtora Cohani, Edifício Up Leblon,
Leblon.
Arte Final: LaxmiMais.
Il. 170 Planta do Apartamento com Nomenclatura “Cozinha Americana” na Cozinha do
Prospecto de Lançamento Imobiliário Residencial da Construtora Carmo e Calçada, Arquiteto
Sérgio Alexandre Mascarenhas, Edifício La Vista Residencial, Recreio dos Bandeirantes.
Arte Final: Agência 3.
165
Il. 171 Planta do Apartamento com Nomenclatura “Quarto Escritório” no Quarto de Empregado
do Prospecto de Lançamento Imobiliário Residencial da Construtora Cope Engenharia,
Arquitetura Goldenstein, Residencial Bougainville, Laranjeiras.
Arte Final: Escritório de Idéias.
Il. 172 Planta do Apartamento com Nomenclatura “Sala Múltiplo Uso” no Quarto de Empregado
do Prospecto de Lançamento Imobiliário Residencial da Construtora Santa Cecília, Arq e Urb
Projetos, Edifício Recreio Top Duplex, Recreio dos Bandeirantes.
166
Il. 173 Planta do Apartamento com Nomenclatura “Atelier” no Quarto de Empregado do Manual
de Plantas da Propaganda Imobiliária da Construtora Gafisa, Bittar Arquitetos Associados e
Mayerhofer e Toledo, Edifício Blue One, Barra da Tijuca.
Arte Final: LaxmiMais
Il. 174 Planta do Apartamento com Nomenclatura “Family Room” no Quarto do Prospecto de
Lançamento Imobiliário Residencial da Construtora Santa Cecília, Edifício Viva Viver, Barra da
Tijuca.
Arte Final: Contemporânea.
167
Observamos com o indicador (denominação no desenho) no Quadro 2, que
existe uma nomenclatura variável de quarto nas plantas de apartamentos de
dois quartos, possibilitando, qualificar mais, o espaço para o comprador em
potencial. Essa incidência de requalificação, através de nome, diminui
conforme vai aumentando o número de quartos “oficiais”.
A denominação dada pelo anunciante, nos prospectos imobiliários, possibilita-
nos identificar que em 67% dos apartamentos de dois quartos, e 56% nos de
três quartos, uma revalorização do quarto de empregado [quando revertido],
e encontramos as seguintes designações para esse espaço: “quarto reversível”
em 14 unidades habitacionais, “quarto em 9, home-office” e “ateliê” em 3,
“quarto escritório”, “quarto estúdio”, “sala maior”, “terceiro quarto”, work station,
“sala múltiplo uso” e “sem denominação” em uma unidade cada.
Cabe lembrar, que para efeito de aprovação de projeto de arquitetura junto à
Secretaria de Planejamento da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, nas
plantas, o quarto ainda é denominado “quarto de empregado”. Entretanto, nas
plantas de publicidade, esse mesmo compartimento é intitulado home-office,
nome que ajuda e explicitar a busca de status social.
Como vimos no caso do apartamento de dois quartos, o quarto de empregado
reversível desempenha um papel importante para suprir as necessidades
espaciais da família de classe média. Cientes desse fato, os publicitários
responsáveis pelas campanhas de lançamento imobiliário residencial utilizam-
se de nomenclaturas diferentes de “quarto de empregado” para ressaltar a
possibilidade de reversão. Assim, endossam o quarto de empregado reversível
como um grande chamariz para aquisição de um apartamento.
Por outro lado, no caso de unidade habitacional de quatro quartos, a
importância simbólica para o potencial comprador está em ter um número
maior de quartos de empregados. O patamar salarial em que esse comprador
de classe média se encontra, permite que ele adquira um apartamento com
essa especificidade. Isso talvez explique o porquê nesse imóvel não apareça
escrito “quarto reversível” nas plantas, uma vez que o adquirente, tendo em
vista a busca de status, precisa mostrar que tem mesmo um alojamento para
acomodar o empregado doméstico, ou seja, mostrar que ele pode contratar um,
ou mais de um empregado para trabalhar em sua casa.
168
A contigüidade entre “sala e quarto” intitula o espaço como “salão” e family
room” no apartamento de três quartos, e como “quarto-escritório” no
apartamento de quatro quartos. a contigüidade “entre quartos” é
denominado “suíte” e “suíte master” na unidade habitacional de três quartos;
como “sala íntima” e “escritório”, na de dois quartos, e “suíte master” em ambas
as tipologias. Houve dois exemplos de contigüidade “entre cozinha e sala” que
designaram como “sala integrada à copa-cozinha com espaço gourmet
163
” e no
outro caso, “sala integrada à copa-cozinha”. Vale ressaltar que foi encontrada
uma contigüidade entre quartos, com sala e cozinha em dois apartamentos de
dois quartos que nomearam como loft”. Deparamos também com uma
contigüidade entre banheiro da suíte e o quarto da suíte (Il. 175), permitindo ter
dois acessos independentes, um pelo quarto para acessar o lavatório e o vaso
sanitário, e outro propiciando inserir uma sauna e acessá-la pela varanda,
tendo como espaço comum o chuveiro-ducha, numa unidade de três quartos,
cuja denominação é “banho suíte sauna” (Il. 176).
Il. 175 Planta do Apartamento “Antes da Contigüidade entre Quarto da Suíte e Banheiro” do
Manual de Plantas do Lançamento Imobiliário da Construtora Gafisa, Sérgio Gattáss
Arquitetos, Edifício SunDeck Residence Service, Barra da Tijuca.
Arte Final: Associados à Ademi.
163
Veremos como se compõe o “Espaço Gourmet” no “Mobiliários e Equipamentos Sugeridos
Como Decoração nos Catálogos Manuais e Prospectos”
169
Il. 176 Planta do Apartamento “Depois da Contigüidade entre Quarto da Suíte e Banheiro” com
Nomenclatura “Banho Suíte Sauna” do Manual de Plantas do Lançamento Imobiliário da
Construtora Gafisa, Sérgio Gattáss Arquitetos, Edifício SunDeck Residence Service, Barra da
Tijuca.
Arte Final: Associados à Ademi.
Quanto à permeabilidade da sala para a cozinha, manifestam-se em cinco
exemplos nas duas tipologias habitacionais (dois e três quartos), qualificando-
as como “cozinha americana”.
170
III.3.2 Mobiliário e Equipamento Sugerido como Decoração
Quanto à sugestão de mobiliário para ocupação dos espaços que apontam
flexibilidades espaciais nos prospectos publicitários, no âmbito da
reversibilidade, vimos que 22 apartamentos de dois quartos e três quartos,
respectivamente, são sugeridos “camas” e é complementada a decoração com
“armários embutidos”, “armários baixos “e “TV” no quarto reversível (Il. 177).
Il. 177 Mobiliário Sugerido como Decoração – “Cama, Armários Alto e Baixo, Televisor” do
Prospecto de Propaganda Imobiliária da Construtora SIG, Edifício Locanda Apeninos,
Copacabana.
Arte Final: LaxmiMais
Nessa mesma variação tipológica observamos a presença de “bancadas de
trabalho com computador” (Il. 178), quando qualificado como home-office,
“ateliê”, work station. Vale destacar a presença também de “sofás” nesse
ambiente em algumas unidades.
171
Il. 178 Mobiliário Sugerido como Decoração – Planta da “Bancada de Trabalho com
Computador” do Prospecto de Propaganda Imobiliária da Construtora Agenco, Edifício
Splendido Botafogo, Botafogo.
Arte Final: Contemporânea.
No campo da contigüidade entre sala e quarto (Il. 179), ressaltamos em 8
apartamentos, a implantação de mais um “jogo de sofá e poltronas” (Il. 180).
Il. 179 Mobiliário Sugerido como Decoração “Antecedendo a Contigüidade entre Sala e Quarto”
com Sugestão de Mobiliário do Manual de Plantas de Propaganda Imobiliária da Construtora
Gafisa, Sérgio Gattáss Arquitetos, Ed. Green Lake e Green Garden, Barra da Tijuca.
172
Il. 180 Mobiliário Sugerido como Decoração, “Jogo de Sofá e Poltronas”, Acréscimo de Sala de
Estar – “Planta com Contigüidade entre Sala e Quarto” do Manual de Plantas de Propaganda
Imobiliária da Construtora Gafisa, Sérgio Gattáss Arquitetos, Ed. Green Lake e Green Garden,
Barra da Tijuca.
Na esfera da contigüidade entre quartos (Il. 181), a inserção de “armários e
bancadas de trabalho com computador” (Il. 182).
Il. 181 Mobiliário Sugerido como Decoração “Antecedendo a Contigüidade entre Quartos” com
Sugestão de Mobiliário do Manual de Plantas de Propaganda Imobiliária da Construtora Gafisa,
Sérgio Gattáss Arquitetos, Ed. Green Lake e Green Garden, Barra da Tijuca.
173
Il. 182 Mobiliário Sugerido como Decoração, “Bancada de Trabalho com Computador” – “Planta
com Contigüidade entre Quartos” do Manual de Plantas de Propaganda Imobiliária da
Construtora Gafisa, Sérgio Gattáss Arquitetos, Ed. Green Lake e Green Garden, Barra da
Tijuca.
Descobrimos na contigüidade entre cozinha e sala a presença de “fogão em
ilha com bancada de refeições” em duas unidades (Il. 183).
Il. 183 Mobiliário Sugerido como Decoração – Perspectiva do “Fogão em Ilha com Bancada de
Refeições” na Contigüidade da Cozinha com a Sala do Manual de Plantas da Propaganda
Imobiliária da Construtora Gafisa, Bittar Arquitetos Associados e Mayerhofer e Toledo, Edifício
Blue One, Barra da Tijuca.
Arte Final: LaxmiMais
174
No campo da permeabilidade entre cozinha e sala, constatamos em 6 unidades
habitacionais bancadas de “cozinha americana” (Il. 184).
Il. 184 Mobiliário Sugerido como Decoração – Planta da Bancada de Cozinha Americana do
Prospecto de Propaganda Imobiliária da Construtora Carmo e Calçada, Arquiteto Sérgio
Alexandre Mascarenhas, Edifício La Vista Residencial, Recreio dos Bandeirantes.
Arte Final: Agência 3.
Apartamentos Mobiliário e Equipamentos nas
Flexibilidades Iniciais
Variação Tipológica
2Q 3Q 4Q
Reversibilidade 22 22 02 Cama
Contigüidade 01 - -
Reversibilidade 20 21 02 Armário Embutido
Contigüidade 02 03 -
Armário Baixo Reversibilidade 08 08 -
Reversibilidade 18 08 01 Bancada de Trabalho
Contigüidade 04 03 -
Reversibilidade 03 02 01 Sofá
Contigüidade 02 03
Poltrona Reversibilidade 01 - -
Estante Reversibilidade 01 - -
Reversibilidade - 01 - Jogo de Sofá e Poltronas
Contigüidade 06 02 -
Mesa de Jantar Reversibilidade 01 - -
Bancada de Cozinha Americana Permeabilidade 04 02 -
Fogão em Ilha Contigüidade 02 - -
Reversibilidade 07 02 - Computador
Contigüidade 03 03 -
Reversibilidade 13 11 11 TV
Contigüidade 01 01 -
Quadro 3 – Sugestão de Decoração / Variação Tipológica / Apartamento
175
Como vimos no Quadro 3, além da inserção da “cama” e do “armário embutido”
nos quartos de empregado reversíveis, dos apartamentos com dois e três
quartos, observamos uma expressiva inclusão do “televisor” aliado à “bancada
de trabalho e “armários baixos”. Acreditamos que a configuração desses
mobiliários e equipamentos será corroborada na visualização físico-espacial
desse compartimento, sugerindo a ocupação desse aposento como escritório,
para o futuro comprador e enviando claramente para o usuário a mensagem de
reversibilidade do compartimento.
No campo da contigüidade entre sala e quarto, o mobiliário sugerido observa-
se a ampliação do ambiente de estar, com a inserção de um jogo de sofá com
poltronas, re-qualificando a área do espaço social em 6 unidades habitacionais.
Também nessa variação tipológica, porém, entre quartos, no que compete ao
mobiliário proposto, bancada de trabalho com computador e sofá, assinalamos
a conformação de um escritório, acrescendo o espaço íntimo.
Cabe destacar uma variação tipológica com pequena freqüência, a
contigüidade entre cozinha e sala decorrendo num espaço fluido onde se
integra a sala com a cozinha através da projetação de um fogão em ilha,
acrescendo a área de social de convivência.
Ratificamos a importância de representar graficamente a decoração dessas
flexibilidades espaciais nas plantas de dois quartos, para fortalecer a compra,
visto que, dificilmente, esse apartamento se adequaria às necessidades de
uma família de classe média, como vimos na análise do indicador
“nomenclatura”.
Por outro lado, vemos que nas unidades habitacionais de quatro quartos, o
quarto de empregado reversível não necessita desse tipo de apelo de venda,
porque o patamar onde se encontra o potencial comprador desse imóvel é,
muitas vezes, desnecessário reverter de função o aposento destinado ao
trabalhador doméstico.
176
III.4 Resumo “A Produção Imobiliária na Cidade do Rio de Janeiro”
Descrevemos nesse Capítulo III “A Produção Imobiliária na Cidade do Rio de
Janeiro”, fundamentados pelos conceitos de anarquitetura e marketing, que
fundearam a nossa investigação com enfoque nos lançamentos imobiliários
residenciais.
Nesse sentido, subdividimos essa parte da pesquisa em três subcapítulos:
“Considerações sobre a Anarquitetura”; “Considerações sobre o Marketing e
“Palavras-Chave no Campo do Marketing”, de maneira que procurássemos
entrecruzar informações objetivando fazer uma leitura das aspirações e do
apelo ao imaginário do futuro morador.
No subcapítulo III.1 “Considerações sobre a Anarquitetura” discorremos como
se desenvolveu esse termo no processo dos lançamentos imobiliários na
Cidade do Rio de Janeiro, desde a década de sessenta até a
contemporaneidade. Assinalamos nessa periodização, as condições históricas,
sociais e econômicas que corroboraram no conceito de anarquitetura, através
de uma legislação urbanística cúmplice de um marketing que alicia a conquista
do status.
No subcapítulo III.2 “Considerações sobre o Marketing apresentamos as
estratégias que as campanhas publicitárias atreladas aos aspectos importantes
de arquitetura, sensibilizam os futuros compradores que ambicionam uma
promoção social, através da aquisição de um imóvel.
No subcapítulo III.3 “Palavras-Chave no Campo do Marketing”, adotamos a
metodologia de Bardin para podermos obtermos essas análises, e
subdividimos em três partes: “Frases-Chave no Campo do Marketing”;
“Denominação do Desenho” e Mobiliário e Equipamento Sugerido como
Decoração”. Na primeira análise decompomos as frases-chaves em quatro
tipos de atributos: a status; à vizinhança; ao edifício e à planta. Vale ressaltar,
que do universo de slogans avaliados, 90% conferem atributos ao edifício e a
planta [com destaques para os lançamentos da Barra da Tijuca e Botafogo
respectivamente] e 50% a status [em todos os bairros pesquisados com
exceção de Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes]. Com relação a
177
nomenclatura dos espaços que possibilitam ser flexibilizados, verificamos uma
maior concentração e diversidade de nomes, em apartamentos de 2 e 3
quartos, sublinhando essas tipologias com potencial de requalificação espacial,
grifando o status. Quanto a decoração sugerida na variação tipológica da
reversibilidade do quarto de empregado é notória a alusão a mais um quarto,
que pode desempenhar a função de escritório e sala de TV. Na permeabilidade
a presença de bancadas de cozinha americana. Na contigüidade entre sala e
quarto, o acréscimo do espaço de estar com a proposições de sofás.
Desse modo, falta-nos compreender as variações tipológicas (reversibilidade,
permeabilidade e contigüidade) na esfera da funcionalidade, dirigiremos ao
capítulo final “As Flexibilidades Iniciais nas Plantas dos Catálogos, Manuais e
Prospectos Imobiliários Residenciais”, tendo como suportes teóricos: no
domínio da flexibilidade inicial no âmbito da oferta diversificada, Galfetti; no
domínio da arquitetura como fenômeno autônomo classificada como tipologia
formal por Mahfuz, na esfera das variações tipológicas sob o viés da
polivalência Lynch e Rosso, e seus atributos espaciais (em termos da forma e
da função), como um atrativo a mais para a venda de apartamentos, como
veremos a seguir.
AS “FLEXIBILIDADES INICIAIS” NAS PLANTAS
DOS CATÁLOGOS, MANUAIS E PROSPECTOS
IMOBILIÁRIOS RESIDENCIAIS
179
CAPÍTULO IV - AS FLEXIBILIDADES INICIAIS NAS PLANTAS DOS
CATÁLOGOS, MANUAIS E PROSPECTOS IMOBILIÁRIOS RESIDENCIAIS
“O projeto é o modo através do qual intentamos transformar em ato
a satisfação de um desejo nosso.
Vittorio Gregotti
164
Vimos no subcapítulo I.2 que as flexibilidades iniciais, tal como conceitua
Galfetti, permitem um planejamento participativo tanto do usuário como do
incorporador, ou até mesmo - ambos, na elaboração da formação e
transformação tipológica da unidade habitacional nos materiais das campanhas
publicitárias, antes da ocupação da habitação.
Consubstanciamos no subcapítulo III.1 que através de uma análise de
demandas e tendências no mercado imobiliário, as construtoras passaram a
investir em projetos que o usuário possibilitasse personalizar os espaços.
Dentro desse subcapítulo, julgamos pertinente adotar os conceitos sobre a
“flexibilidade inicial” no âmbito da escolha da oferta diversificada
165
, apontada
nas plantas impressas nos materiais dessas campanhas. Entendemos que não
existe família padrão, nem necessidades tipo, portanto o desenho
organizacional da habitação se expressa como uma tipologia formal advinda de
um fenômeno autônomo na arquitetura, como salienta Mahfuz, materializando
em variações tipológicas, descritas no subcapítulo I.4 reversibilidade,
permeabilidade e contigüidade, ancorados no fundamento de adaptabilidade de
Lynch e Rosso e seus atributos espaciais (em termos da forma e da função),
como um atrativo a mais na venda de apartamentos. Esse desenho pode ser
alcançado, como havíamos dito anteriormente, antes da concretização na obra,
estabelecendo uma parceria com o incorporador, possibilitando intervir no
projeto, para satisfazer o futuro usuário, indo de encontro à epígrafe acima
citada.
164
GREGOTTI, op. cit., p.11.
165
Vimos no subcapítulo 1.1 que a flexibilidade inicial no tipo da oferta diversificada possibilita
adequar a várias situações sociais distintas, como por exemplo: solteiros, casais novos,
coabitantes, aposentados, estudantes, etc.
180
Diante do exposto, buscamos apreender o significado dessa flexibilidade inicial,
no marketing dos lançamentos imobiliários numa periodização compreendida
entre 1996 a 2008 (inclusive), visando quantificar essas flexibilidades.
Esses lançamentos são feitos através de materiais de propagandas de venda
de apartamentos, como havíamos dito, que foram obtidos nos principais
corredores viários das Zonas
166
Centro, Norte, Sul e Oeste da cidade do Rio de
Janeiro quanto os manuais de plantas e catálogos conseguidos nos stands de
venda (vide Quadro 4).
Zona Centro Zona Norte Zona Sul Zona Oeste
Centro Tijuca Catete/Glória/
Santa Teresa
São Conrado/
Barra da Tijuca/
Recreio dos
Bandeirantes
Lapa/
Bairro de
Fátima/
Cidade Nova
Maracanã/Vila
Isabel
Flamengo/Laranjeiras/
Cosme Velho
Grumari/Guaratiba/
Sepetiba
Gamboa/Saúde/
Santo Cristo
Grajaú/Andaraí Botafogo/Urca Jacarepaguá
São Cristóvão/
Benfica/Cajú
Leme/Copacabana
Méier/Lins Ipanema/Leblon
Cascadura/Madureir
a
Jardim Botânico/
Lagoa/Gávea
Vila Valqueire
Bangu/
Campo Grande/
Santa Cruz
Penha/Vila da
Penha/
Bonsucesso
Maria da Graça/
Del
Castilho/Inhaúma
Irajá/Vista Alegre
Quadro 4 – Zonas/Bairros
Das 95 plantas dos materiais de propagandas imobiliárias residenciais eleitas
para essa pesquisa, 29 são de lançamentos habitacionais em Botafogo; 24 na
Barra da Tijuca; 11 em Laranjeiras; 6 no Recreio dos Bandeirantes; 5 em
Copacabana e Jacarepaguá; 4 no Catete, Gávea e Humaitá e 1 no Jardim
166
No caso, a ordem de bairros segue classificação estabelecida pelas imobiliárias que
negociam aluguéis e compra e venda de imóveis na cidade.
181
Botânico, Lagoa e Leblon, todos localizados em bairros da Zona Sul e Oeste da
cidade do Rio de Janeiro, como apontamos no Quadro 5.
Barra da
Tijuca
Botafogo
Catete
Copacabana
Gávea
Humaitá
Jacarepaguá
Jardim
Botânico
Lagoa
Laranjeiras
Leblon
Recreio dos
Bandeirantes
24 29 04 05 04 04 05 01 01 11 01 06
Quadro 5 – Relações de Plantas nos Lançamentos Imobiliários/ Bairros
Lembramos que o critério de escolha da amostragem não selecionou por
bairro, mas sim pela existência de flexibilidades iniciais, explicitado no veículo
de propaganda imobiliária.
Assim, podemos concluir que o fenômeno de valorização das flexibilidades
iniciais, como atrativo a mais, para venda de apartamentos, existe em todos os
bairros de classe média da cidade do Rio de Janeiro, sendo a variação
geográfica apenas responsável pela maior ou menor número de lançamentos,
dependendo das características dos bairros. (A Barra da Tijuca é um bairro em
expansão. Jardim Botânico, Lagoa e Leblon são bairros consolidados com
poucos lançamentos, embora tenha a mesma característica, Botafogo,
desponta em primeiro lugar).
Ressaltamos que, apesar de nossa pesquisa considerar apenas um
determinado segmento da população, não se pode negligenciar as diferenças
sócio-culturais das populações que habitam bairros o distantes,
culturalmente, entre si como Jacarepaguá e Copacabana, por exemplo. Ainda
assim, vemos que as flexibilidades iniciais se fazem presentes em todos eles.
182
IV.1 Relação Flexibilidade Inicial X Número de Quartos na Planta
No que diz respeito à existência de variações tipológicas de flexibilidades
iniciais (reversibilidade, contigüidade e permeabilidade) com relação ao número
de quartos “oficiais” nos lançamentos imobiliários residenciais: 45 são em
apartamentos de “dois quartos” [12 em Botafogo, 10 na Barra da Tijuca, 6 em
Laranjeiras, 4 no Catete e Copacabana, 2 na Gávea, Jacarepaguá e Recreio
dos Bandeirantes (Il. 185), 1 no Humaitá e no Leblon]; 43 são em apartamentos
de “três quartos” (13 em Botafogo, 11 na Barra da Tijuca, 5 em Laranjeiras, 3
no Humaitá, em Jacarepaguá e no Recreio dos Bandeirantes, 2 na Gávea e 1
em Copacabana, Jardim Botânico e Lagoa) (Il. 186); e 7 são em apartamentos
de “quatro quartos” (4 em Botafogo e 3 na Barra da Tijuca) (Il. 187).
Barra da Tijuca
Botafogo
Catete
Copacabana
Gávea
Humaitá
Jacarepaguá
Jardim Botânico
Lagoa
Laranjeiras
Leblon
Recreio dos
Bandeirantes
2 Quartos 10 12 04 04 02 01 02 - - 06 01 03
3 Quartos 11 13 - 01 02 03 03 01 01 05 - 03
4 Quartos 03 04 - - - - - - - - -
Quadro 6 – Existência de Flexibilidade Inicial em Relação ao Número de Quartos Oficiais.
Il. 185 Planta do Apartamento com “2 Quartos” do Prospecto de Lançamento Imobiliário
Residencial da Construtora Terminal, Edifício Chateau de la Montagne, Laranjeiras.
Arte Final: Plantabaixa.com
183
Il. 186 Planta do Apartamento com “3 Quartos” do Prospecto de Lançamento Imobiliário
Residencial da Construtora Atlântica, Edifício Lac Premier, Barra da Tijuca.
Arte Final: Associados à Ademi
Il. 187 Planta do Apartamento com “4 Quartos” do Prospecto de Lançamento Imobiliário
Residencial da Construtora Decta, Edifício Palazzo Olinda, Botafogo.
Arte Final: Agência 3
Os números apresentados no Quadro 6 descrevem que a presença da
flexibilidade inicial é mais freqüente configurar nas unidades habitacionais de
dois e três quartos, do que na de quatro quartos. Esse dado nos fez levantar a
possibilidade dessa categoria de apartamentos estarem atendendo a um
segmento de comprador de classe média com poder aquisitivo, relativamente
inferior a outras camadas da mesma faixa salarial, que habitam a mesma zona
residencial.
184
IV.2 Flexibilidade Inicial e suas Variações Tipológicas
Discorremos no subcapítulo I.3 “Delimitações sobre Tipo e Tipologia” que
elegemos os estudos do método tipológico de MAHFUZ, mais especificamente
no procedimento de classificação de “tipos formais”, como tipologia
independente que consubstancia um método crítico para a análise e
comparação dos fenômenos arquitetônicos.
Foi explicitado também o conceito de que “tipo” é um objeto a partir do qual
cada um pode conceber as obras que não se parecerão entre si, consentindo
uma classificação.
MAHFUZ ainda afirma que no âmbito dos “tipos formais”, os princípios da
organização espacial, incluem seis possibilidades de organização das partes
de um edifício
167
, em qualquer cultura, tempo ou lugar, e que o mero de
combinações, estimula o desenvolvimento da capacidade de escolha,
combinação, transformação e materialização dos tipos apropriados a uma série
de circunstâncias
168
.
Para compreendermos a potencialidade de flexibilidade inicial e suas variações
tipológicas, balizaremos os nossos estudos na esfera das relações funcionais,
onde procuraremos analisar o conceito de função aplicado à arquitetura,
embasado na tipologia das funções de MUKAROVSKY
169
, onde as atividades
humanas não podem ser limitadas a uma única função, pois a vida humana é
heteroforma. Optamos pela tipologia das funções práticas, pois é norteada
diretamente na busca em modificar a realidade [a planta matriz
170
] sob o viés
da flexibilidade inicial.
167
As possibilidades de organização espacial das partes de um edifício são através das
relações funcionais; relações morfológicas tanto no campo topológico e quanto geométrico;
composição aditiva e composição substrativa; unidade e na complexidade dos artefatos
arquitetônicos. Ver MAHFUZ, Edson da Cunha. Ensaio sobre a Razão Compositiva. Belo
Horizonte: UFV / AP Cultural, 1995, p. 115-139.
168
MAHFUZ, op. cit., p. 79.
169
A tipologia das funções de Mukarovsky é calcada na hipótese de que as atividades
humanas são desencadeadas em interações entre um sujeito e um ou mais objetos. Nessa
interação o objeto pode adotar o papel dominante nas funções práticas e simbólicas, ou pelo
sujeito nas funções teórica e estéticas. Ver MUKAROVSKY, op. cit., p. 28.
170
Falaremos da planta matriz no próximo subcapítulo.
185
Avaliaremos a flexibilidade inicial do apartamento, segundo a implantação dos
compartimentos do setor social, íntimo e serviço, dispostos com possibilidade
de “reversibilidade do quarto de empregado” tanto para o “setor social” (Il. 188)
quanto o “íntimo” (Il. 189); de “permeabilidade entre cozinha e sala” (Il. 190), e
das “contigüidades” entre: “cozinha e sala” (Il. 191), “sala e quarto” (Il. 192),
“quartos” (Il. 193), “cozinha, sala e quartos” (Il. 194).
Il. 188 Planta do Apartamento com “Reversibilidade do Quarto de Empregado para o Setor
Social” do Prospecto de Lançamento Imobiliário Residencial da Construtora RJZ Engenharia,
Arquitetura: CEPRO, Edifício Solar dos Viscondes, Botafogo.
Arte Final: Associados à Ademi.
Il. 189 Planta do Apartamento com “Reversibilidade do Quarto de Empregado para o Setor
Íntimo” do Catálogo de Lançamento Imobiliário Residencial da Construtora João Fortes
Engenharia S.A., Arquiteto Afonso Kuenerz, Edifício Nova Barra, Recreio dos Bandeirantes.
Arte Final: Associados à Ademi.
186
Il. 190 Planta do Apartamento com “Permeabilidade entre Cozinha e Sala” do Prospecto de
Lançamento Imobiliário Residencial da Construtora Bulhões de Carvalho da Fonseca, Edifício
Fellice, Catete.
Arte Final: Óbvio
Il. 191 Planta do Apartamento com “Contigüidade entre Cozinha e Sala” do Manual de Plantas
do Lançamento Imobiliário Residencial da Construtora Gafisa, Bittar Arquitetos Associados e
Mayerhofer e Toledo, Edifício Blue One, Barra da Tijuca.
Arte Final: LaxmiMais
187
Il. 192 Planta do Apartamento com “Contigüidade entre Sala e Quarto” do Prospecto de
Lançamento Imobiliário Residencial da Construtora Decta, Arquiteto Inácio Obadia, Edifício
Varandas de Olinda, Botafogo.
Arte Final: Associados à Ademi.
Il. 193 Planta do Apartamento com “Contigüidade entre Quartos” do Prospecto de Lançamento
Imobiliário Residencial da Construtora CHL, Arquiteto Adel Alvim, Edifício Canto Maior,
Copacabana.
Arte Final: Gênesis.
188
Il. 194 Planta do Apartamento com “Contigüidade entre Cozinha, Sala e Quartos” do Manual de
Plantas do Lançamento Imobiliário Residencial da Construtora Gafisa, Bittar Arquitetos
Associados e Mayerhofer e Toledo, Edifício Blue One, Barra da Tijuca.
Arte Final: LaxmiMais
Apartamentos Flexibilidade Inicial
Reversibilidade do
Quarto de Empregado
Permea
bilidade
Contigüidade Total
Para o
Setor
Social
Para o
Setor
Íntimo
Da
Cozinha
para a
Sala
Entre
Cozinha
e Sala
Entre
Sala e
Quarto
Entre
Quartos
Entre
Cozinha
Sala e
Quartos
2Q 45 14 15 10 18 37 28 02
3Q 43 10 16 05 11 35 41 -
4Q 07 02 01 - 01 07 07 -
Quadro 7 – Apartamentos / Potencialidade de Flexibilidades Iniciais
No Quadro 7, podemos notar que a flexibilidade inicial no âmbito da
“reversibilidade” do quarto de empregado, materializando em mais um
compartimento no setor íntimo, nos apartamentos de dois quartos e três
quartos, é bem mais expressiva. Dentro dessas tipologias, conforme vai
189
aumentando o número de quartos ”oficiais”, essa reversão acresce também o
espaço social da unidade habitacional, justificando uma necessidade funcional.
No que se refere à permeabilidade entre cozinha e sala, essa flexibilidade
ratifica e consolida as tipologias de dois e três quartos, na aproximação do
espaço de cocção junto ao espaço social, através da implantação de um
passa-prato, sendo a mais expressiva, a tipologia de dois quartos, acrescendo
o setor de serviço.
Com relação à “contigüidade
171
verificamos que as tipologias apresentam
efetivamente materializações significativas tanto entre “sala e quarto quanto
entre “quartos”. Cabe ressaltar que todos os apartamentos de quatro quartos
conformam essa flexibilidade, acarretando uma possibilidade de acrescer as
áreas ao setor social ou ao íntimo. Todos os apartamentos de três quartos
tornam-se contíguos os “quartos”, seguido da “sala com o quarto”. A
“contigüidade” entre “sala e cozinha” é bem significativa nas unidades
habitacionais de dois e três quartos permitindo que a família de classe média
agregue as funções inerentes da cozinha juntamente com a sala. Observamos
em dois apartamentos de dois quartos, uma contigüidade intra-setorial (serviço,
social e íntimo), expressando um continuum espacial.
171
Queremos ressaltar que para efeito das nossas análises na esfera da contigüidade entre
sala e quarto, entre quartos, consideraremos apenas os quartos oficiais, (desconsiderando
assim os quartos de empregado).
190
IV.2.1 A Planta Matriz
A tecnologia construtiva implementada ao longo do século XX quer no campo
estrutural, quer na idealização de equipamentos, instalações e mobiliário,
corroboram na materialização da habitação com um espaço aberto.
“Habitação pode resumir-se a um plano horizontal, formado por um
pavimento flutuante que facilita a passagem das redes, ou apoiado em
paredes concebidas como espaços técnicos, onde se podem concentrar
os serviços e as instalações.
172
Em decorrência de presumir os futuros usos das habitações e grifando o
campo da flexibilidade espacial, é significante atribuir aos compartimentos
habitacionais uma maior capacidade de adotarem a polivalência de usos,
através de espaços neutros, evitando assim dotá-los de uma única função. O
meio para alcançar esses espaços neutros e polivalência, pode ser através do
superdimensionamento espacial e determinando as regras geométricas
adequadas em termo de forma, sublinhando certas funções específicas e seu
rebatimento arquitetônico formal.
Para estabelecer essa flexibilidade espacial, existem duas estratégias: “a
planta livre” cuja característica é a liberdade de generalizar o espaço interior; e
a “compartimentação ambígua”, assinalada por uma modulação de
compartimentação espacial, dimensional ou de distribuição, livre de um
funcionalismo imposto pelo uso específico.
“As divisões parietais internas, que já não respondem a funções estáticas,
podem tornar-se mais finas, curvar-se, mover-se livremente, e isso cria a
possibilidade de conjugar os ambientes, de unir entre si os múltiplos
cubos do século XIX, de passar do plano estático da casa antiga para o
livre e elástico do edifício moderno: na casa média, a sala de visitas
funde-se com a sala de jantar e o escritório, o vestíbulo reduz-se, em
benefício da grande sala de estar, o quarto de dormir torna-se menor, os
172
PAIVA, Alexandra Luísa Severino de Almeida e. Habitação Flexível: Análise de Conceitos e
Soluções. Dissertação, FA/UTL, 2002, p.188.
191
serviços especializam-se, e sempre visando conceder maior amplitude a
esse grande ambiente articulado onde a família vive, o living room.”
173
Apreenderemo-nos com “a planta livre” de uma habitação tanto pode ser
concebida “suprimindo as vedações [partições internas] descompartimentando
o espaço”; ou através da “definição de uma periferia equipada com zonas fixas
(cozinha e sanitários) e formada por um espaço disponível”, livre para ser
apropriado; quanto por uma “planta matriz” (Il. 195) que consente numa mesma
residência várias organizações admissíveis, tendo o usuário à possibilidade de
propor a solução que melhor lhe convier de acordo com o seu modo de vida (Il.
196).
Il. 195 “Planta Matriz Apartamento Sala 3 Quartos (Suite), Banheiro Social, Lavabo, Cozinha,
Área de Serviço, Quarto e WC de Empregado” do Manual de Plantas de Propaganda
Imobiliária da Construtora Gafisa, Sérgio Gattáss Arquitetos, Ed. Green Lake e Green Garden,
Barra da Tijuca.
Arte Final: Archigraph.
173
ZEVI, Bruno. Saber Ver a Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 2002, p.123.
192
Il. 196 “Planta Sugerida sobre Planta Matriz: 2 Salas, 1 Suite, Lavabo, Cozinha Permeável a
Sala, Área de Serviço e WC de Empregado” do Manual de Plantas de Propaganda Imobiliária
da Construtora Gafisa, Sérgio Gattáss Arquitetos, Ed. Green Lake e Green Garden, Barra da
Tijuca.
Arte Final: Archigraph.
Para as nossas análises, compararemos a “planta matriz”, pois contempla a
flexibilidade inicial no âmbito da oferta diversificada, para que os habitantes
deliberem a distribuição e subdivisão interior, conferindo funções a cada
espaço, com a “planta flexibilizada”. Portanto, o desenvolvimento desse
processo tipológico inicia-se a partir de uma planta matriz, que pode ser
transformada através de arranjos espaciais, formando os diversos tipos
(variações tipológicas), e seus atributos espaciais (em termos da forma e da
função), como veremos nos subcapítulos a seguir.
193
IV.2.2 A Reversibilidade do Quarto de Empregado para o Setor Social
Como vimos na abertura do subcapítulo IV.2 “Flexibilidade Inicial e suas
Variações Tipológicas”, um dos arranjos tipológicos possíveis é a
“reversibilidade do quarto de empregado (ou de serviço) para o setor social”, a
fim de que possamos contemplar e analisar a flexibilidade inicial no âmbito da
oferta diversificada, e seus atributos espaciais (em termos da forma e da
função).
Para realizarmos esse passo, e compreendermos a consolidação dessa
tipologia, tomaremos como base, uma planta-matriz de um manual de plantas
de um lançamento habitacional.
Elegemos como exemplar tipológico, a planta de um apartamento duplex, que
em seu pavimento inferior, é composto por vestíbulo, sala, varanda, lavabo,
cozinha, área de serviço, dependência
174
e WC. Para compreendermos o todo
dessa unidade habitacional, no pavimento superior, que pode ser acessado por
uma escada, encontramos duas suítes, sendo uma com varanda (Il. 197).
Il. 197 “Planta Matriz Apartamento Duplex Sala, Varanda, 2 Quartos (Suite), Lavabo, Cozinha,
Área de Serviço, Dependência e WC” do Manual de Plantas de Propaganda Imobiliária da
Construtora Santa Cecília, Arq & Urb Projetos, Recreio Top Duplex Residence Service, Recreio
dos Bandeirantes.
Arte Final: Contemporânea.
174
Vimos no subcapítulo III.3.1 que há variações de nomenclatura nos espaços que
possibilitam ser flexibilizados. Vale ressaltar que “Dependência” pode ser uma das
nomenclaturas adotadas para identificar o quarto de empregado.
194
O acesso a esse apartamento é realizado através de uma única entrada
localizada no setor social, obrigando os usuários cruzar a sala para atingir o
setor de serviço. Sua organização espacial, a partir do acesso, é realizada
através de um vestíbulo, contíguo a sala de jantar, composta por uma mesa
para seis pessoas e aparador, esta área faz tanto interface com o lavabo,
escada de acesso ao pavimento superior, quanto a entrada da cozinha,
obrigando o usuário adentrar o espaço social. A sala de estar foi mobiliada por
uma estante com TV, e dispostos em “L”, sofá e poltrona, contemplando quatro
pessoas, e na varanda, duas cadeiras.
Constatamos que a área ocupada pela sala de jantar é bem maior que a da
sala de estar, revelando uma desproporção funcional nesse espaço social. Em
geral, quando estamos em nossa casa, usufruímos mais o nosso tempo,
acomodados num móvel, como por exemplo, num sofá lendo um livro, ou
conversando, ou até mesmo, assistindo uma televisão, do que sentados ao
longo das refeições numa sala de jantar.
No setor de serviço, a conformação espacial da cozinha e área de serviço é
retangular, onde se concentram freezer, geladeira, bancada com pia, fogão,
máquina de lavar e tanque, todos dispostos em linha, facilitando a circulação e
os acessos tanto à dependência e WC, que m paredes limítrofes à sala e a
varanda respectivamente.
Observamos que a dependência recebeu essa nomenclatura, tanto em
decorrência de uma de suas metragens lineares, 1.55m, e quadrada,
4.32m
2175
, inferior a exigida por lei
176
, quanto da iluminação e ventilação
insuficientes, impossibilitando de receber o nome de “quarto de empregado”,
para fins de aprovação, bem como abrigar o trabalhador doméstico.
175
Em 19 de junho de 1984, o Prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Marcelo Alencar, decreta e
sanciona a Lei Nº 550, de autoria do vereador Jorge Ligeiro, ressaltando em seu Art. 1º: que os
quartos de empregados domésticos, em edificações sociais permanentes a serem construídas
no Município do Rio de Janeiro, terão área mínima de 6m2, na qual se possa inscrever um
círculo com diâmetro de 2m, além de iluminação e ventilação adequadas. Cabe ressaltar que
essa lei vigora até os dias de hoje.
176
Publicada no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, parte IV de 22 de Junho de 1984.
195
Diante desse fato, a sugestão de mobiliário é expressa graficamente por uma
tábua de passar roupa, armário alto e baixo, consolidando um espaço de apoio
à área de serviço. Por outro lado, a dependência por estar implantada contígua
ao setor social, permite que seja revertida espacialmente, em duas opções:
1ª. Deslocando a porta de acesso para a sala de estar, transformando a
dependência em um escritório (Il. 198);
Il. 198 “Planta com Escritório e sem Dependência” Sugerida sobre Planta Matriz do Manual de
Plantas de Propaganda Imobiliária da Construtora Santa Cecília, Arq & Urb Projetos, Recreio
Top Duplex Residence Service, Recreio dos Bandeirantes.
Arte Final: Contemporânea.
Eliminando as duas paredes limítrofes a esse espaço, ampliando
efetivamente a área da sala de estar (Il. 199).
Il. 199 “Planta com Sala Maior e sem Dependência” Sugerida sobre Planta Matriz do Manual de
Plantas de Propaganda Imobiliária da Construtora Santa Cecília, Arq & Urb Projetos, Recreio
Top Duplex Residence Service, Recreio dos Bandeirantes.
Arte Final: Contemporânea.
196
Na primeira opção, notamos o acréscimo da área do setor social, com a
inserção de um escritório, composto por cadeira, bancada com computador e
poltrona para leitura. Tendo em vista que nesse apartamento, em sua planta
matriz, o sugestão de local nos dois pavimentos para desenvolver as
atividades de estudo e trabalho, esse espaço permite ocorrer esses afazeres,
embora não haja iluminação e ventilação adequadas.
Na segunda opção, assinalamos a ampliação da sala de estar, apresentando
uma sugestão de decoração com estante para televisão, prateleiras, e,
distribuídas em “L”, um sofá, duas poltronas, admitindo acomodar cinco
pessoas, e mesa de centro com dimensões maiores, consolidando um espaço
mais generoso, no que compete ao conforto espacial, e mais proporcional a
sala de jantar.
197
IV.2.3 A Reversibilidade do Quarto de Empregado para o Setor Íntimo
Escolhemos como exemplo tipológico a ser analisado, uma planta de um
apartamento
177
organizada em hall, sala, varanda, três quartos, sendo um
suíte, banheiro social, cozinha, área de serviço, quarto reversível
178
e WC (Il.
200).
Il. 200 “Planta Matriz Apartamento Sala, Varanda, 3 Quartos (Suite), Banheiro Social, Cozinha,
Área de Serviço, Quarto Reversível e WC” do Prospecto de Propaganda Imobiliária da
Formanova Construtora, Goldenstein Arquitetura, Residencial Burle, Humaitá.
Arte Final: Escritório de Idéias.
O acesso a essa unidade habitacional é realizado através duas entradas: social
e de serviço, facilitando a organização espacial dos setores, e,
consequentemente, em sua funcionalidade.
A partir da entrada social, o arranjo espacial é realizado através de um hall, que
além de estar contíguo a sala de jantar, composta por uma mesa para seis
pessoas, permite que adentremos a cozinha, estabelecendo também, uma
177
No caso dessa unidade habitacional, na própria planta matriz uma sugestão de
reversibilidade de quarto de empregado.
178
Constatamos também no subcapítulo III.3.1 que “Quarto Reversível” pode ser uma
nomenclatura para identificar o “quarto de empregado”.
198
relação próxima com o espaço de refeições. A sala de estar foi decorada por
uma estante com TV, e dispostos em “L”, dois jogos de sofás e um pufe, com a
finalidade de acomodar seis pessoas. Na varanda foi prevista uma mesa
redonda com três cadeiras e uma espreguiçadeira.
Averiguamos que a área ocupada pela sala de jantar é superior que a de estar.
Não consideramos esse dado como uma desproporção funcional, porque
nesse mesmo setor social, podemos incorporar a área efetiva da varanda.
O setor de serviço, mais especificamente a cozinha e a área de serviço,
desenvolvem o seu fluxo de pedestres num eixo central. A disposição dos
equipamentos e mobiliários, geladeira, freezer e bancada de refeições de um
lado, e do outro, bancada com pia, fogão, máquina de lavar e tanque, todos em
linha, objetivam facilitar os acessos tanto ao WC e ao quarto reversível, que
têm paredes limítrofes à circulação íntima.
Examinamos que o “quarto reversível”, recebeu essa nomenclatura, em função
de ter uma área útil de 6,35m
2
, superior ao mínimo previsto para aprovação na
Prefeitura, bem como uma vão (janela) para ventilação e iluminação foram
contempladas, podendo abrigar, mais dignamente a mão de obra doméstica.
Diante do exposto, a decoração proposta para esse quarto é composta por
armário embutido, cama, mesa de cabeceira e móvel para TV.
Através de uma circulação que nasce na sala, penetramos no setor íntimo,
onde estão implantados, banheiro social, uma suíte e dois quartos: um tendo
como sugestão decorativa, cama de solteiro e bancada de trabalho, e outro,
duas camas e estante para TV; todos com mesa de cabeceira, armários
embutidos, e podem acessar a varanda.
Cabe ressaltar que nessa circulação, abrindo-se uma porta de acesso ao
quarto destinado ao empregado doméstico, há a possibilidade de revertê-lo,
transformando-o em “quarto reversível”. Essa possibilidade gera um ganho de
área à zona íntima, podendo ter a função de abrigar mais um membro da
família, ou ter o desempenho de uma sala de TV ou até mesmo um escritório.
199
IV.2.4 A Permeabilidade entre Cozinha e Sala
Selecionamos como exemplar tipológico, um apartamento
179
formado por hall,
sala, varanda, três quartos (sendo uma suíte), banheiro social, cozinha, área de
serviço, quarto de empregado e WC (Il. 201).
Il. 201 “Planta Matriz Apartamento Sala, Varanda, 3 Quartos (Suite), Banheiro Social, Cozinha,
Área de Serviço, Quarto de Empregado e WC com Permeabilidade da Cozinha para a Sala” do
Manual de Plantas de Propaganda Imobiliária da RJZ Engenharia, Feu Arquitetura – Arquitetos
Associados, Edifício Flamboyant e Ipê, Cidade Jardim, Barra da Tijuca.
Arte Final: Eugenio.
O acesso a essa unidade habitacional é realizado através de uma única
entrada localizada no setor social, obrigando os usuários a cruzar a sala de
jantar para atingir o setor de serviço. Sua organização espacial, a partir do
acesso, é realizado através de um hall, contíguo a sala de jantar, composta por
uma mesa para seis pessoas, aparador e uma bancada de cozinha americana.
179
No caso dessa unidade habitacional, na própria planta matriz uma sugestão de
permeabilidade entre a cozinha e a sala.
200
No setor de serviço, a conformação da cozinha e da área de serviço é
retangular, onde se concentram armários baixos, freezer, geladeira, bancada
com pia, fogão, máquina de lavar e tanque, todos dispostos em linha,
facilitando a circulação e os acessos ao quarto e WC de empregado.
Vale ressaltar que a substituição de uma parede limítrofe, por uma bancada de
cozinha americana, fazendo interface do espaço de preparo e cocção para o
espaço social, acarretou numa aproximação intra-setorial, possibilitando somar
áreas e dignificando espacialmente à cozinha.
O quarto de empregado tem dimensões que possibilita ser aprovado junto à
Prefeitura, com vão de iluminação e ventilação para o exterior da edificação, e
a decoração sugerida, é composta por cama, com mesa de cabeceira acoplada
e armário embutido.
A sala de estar é próxima a de refeições, e mobiliada por um móvel baixo para
TV, com dois pufes embutidos, e, dispostos em “L”, sofá e poltrona
contemplando na totalidade, uma sala de convivência para seis pessoas. Na
varanda, uma mesa com quatro cadeiras e um sofá destinado a duas pessoas.
Notamos que a área designada à sala de estar é maior que a da sala de jantar,
revelando uma proporção funcional nesse espaço social. Essa proporção torna-
se mais relevante na medida em que somarmos o número de assentos
destinado aos usuários na varanda.
A circulação “íntima”, parte da sala, e nela podemos acessar o banheiro social,
três quartos, sendo um deles, uma suíte com closet.
Averiguamos que os quartos estão compostos por armários, camas, móvel de
apoio a TV de plasma e um misto de bancada para estudo e mesa de
cabeceira; a suíte, com mesas de cabeceira, individualizadas e uma bancada
que abarca o computador e TV. Somente um desses dormitórios tem acesso
direto à varanda.
201
IV.2.5 A Contigüidade entre Cozinha e Sala
Elegemos como exemplo tipológico, uma unidade habitacional
180
composta por
sala, varanda, dois quartos, sendo uma suíte, banheiro social, área de serviço,
WC, copa-cozinha e atelier (Il. 202).
Il. 202 “Planta Matriz Apartamento Sala, Lavabo, Varanda, 2 Quartos (Suite), Banheiro Social,
Área de Serviço, WC, Copa-Cozinha (Espaço Gourmet), Ateliê” do Manual de Plantas de
Propaganda Imobiliária da Construtora Gafisa, Bittar Arquitetos Associados e Mayerhofer e
Toledo, Edifício Blue One, Barra da Tijuca.
Arte Final: LaxmiMais.
O acesso a esse apartamento é conseguido através de duas entradas: social e
de serviço, corroborando na organização espacial dos setores, e,
consequentemente, em sua funcionalidade.
A entrada social acontece [literalmente] numa primeira sala de estar, que
através de uma distribuição em “L”, duas poltronas e um pufe, onde pode
acomodar três pessoas, seguido de uma segunda sala de estar, também
arranjada em “L”, que abarca cinco pessoas distribuídas num sofá de três
lugares, um pufe de duplo assento, uma mesa lateral e uma mesa de centro.
180
No caso dessa unidade habitacional, na própria planta matriz uma sugestão de
contigüidade entre cozinha e sala (demais variações tipológicas dessa mesma planta matriz
encontram-se no anexo 2.1).
202
Diante dessa área de convívio, um espaço gourmet, “fogão em ilha com
bancada de refeições”, que possibilita sete usuários sentarem, em decorrência
da contigüidade intra-setorial (social e serviço), a partir da inexistência de uma
partição dividindo essas duas zonas domiciliares.
Ressalvamos que com essa opção tipológica na parte social dessa habitação,
não foram expressas propostas de estantes de TV na decoração, nem tão
pouco um espaço destinado apenas à sala de jantar. A sugestão dos
mobiliários e equipamentos sublinha os atributos funcionais dessa interação
intra-setorial, no ato de conviver, ora cozinhando para a família e/ou para os
amigos, estreitando os laços espaciais entre cozinha e sala, embora os pisos
propostos no layout tanto para sala quanto para a copa-cozinha sejam
diferenciados.
Vale destacar também tanto a implantação [estratégica] da entrada de serviço,
que permite concentrar a área de serviço e o WC em um pequeno hall, quanto
à denominação da nomenclatura do quarto de serviço em atelier
181
,
conformados através de fechamentos sugeridos por portas de correr. De fato,
esses artifícios contribuem positivamente para que o espaço remanescente
tenha um continuum espacial com a sala e fazendo interface com a varanda. A
representação gráfica do atelier é desenhada por uma bancada em “L” que
contempla o computador, e por um local destinado a abrigar as garrafas de
vinho. Grifando ainda mais o caráter “social”, na varanda, que é acessada pela
sala, foi sugerida como decoração, uma mesa redonda com duas cadeiras, e
um terceiro assento para leitura, ao lado de uma mesa lateral.
Da sala, nasce uma circulação íntima, onde estão distribuídos a suíte, um
banheiro social e um quarto, que pode ser destinado a abrigar um filho ou até
mesmo um escritório, pois armário embutido, sofá e bancada para
computador.
181
Acreditamos que a nomenclatura “atelier” para o quarto de empregado está em função deste
não possuir metragem quadrada de 6m
2
, mínimo suficiente para ser aprovado junto à
Prefeitura, embora tenha ventilação e iluminação direta representada pela janela no plano da
fachada.
203
IV.2.6 A Contigüidade entre Sala e Quarto
Escolhemos como exemplar tipológico
182
, um apartamento conformado em hall,
sala de jantar e de estar, varanda, dois quartos, sendo uma suíte com closet,
banheiro social, cozinha, área de serviço, quarto de empregado e WC (Il. 203).
Il. 203 “Planta Matriz Apartamento Hall, Sala, Varanda, 2 Quartos (Suite), Banheiro Social,
Cozinha, Área de Serviço, Quarto e WC de Empregado” do Manual de Plantas de Propaganda
Imobiliária da Construtora Gafisa, Sérgio Gattáss Arquitetos, Ed. Green Lake e Green Garden,
Barra da Tijuca.
Arte Final: Archigraph.
O acesso a esse apartamento é conseguido através de duas entradas: social e
de serviço, consubstanciando a conformação espacial dos setores, e
consequentemente em sua funcionalidade.
A partir da entrada social, o arranjo espacial é realizado através de um hall, que
além de estar adjacente a sala de jantar, esta tem decoração sugerida por uma
mesa para seis pessoas e aparador, ao lado, na sala de estar, uma estante
de TV, e, numa distribuição em “L”, um sofá e uma poltrona onde acomodam
quatro pessoas.
182
Demais variações tipológicas dessa mesma planta matriz encontram-se no anexo 2.2.
204
Constatamos que a área ocupada pela sala de jantar é bem maior que a da
sala de estar. Não consideramos esse dado como uma desproporção funcional,
porque nesse mesmo setor social, podemos incorporar a área efetiva da
varanda, que está equipada por uma mesa redonda que acolhe mais quatro
pessoas.
A circulação íntima parte do setor social e permite acessar a suíte com closet, o
banheiro social e um segundo quarto que contempla duas camas de solteiro,
armário embutido e uma pequena bancada com computador. Cabe ressaltar
que essa bancada está subdimensionada, pois além de comportar o
computador, admite que seja uma mesa de cabeceira, além de não permitir um
acesso direto desse espaço para a varanda. Verificamos que os dois banheiros
(suíte e social) m a mesma área efetiva não privilegiando uma área mais
generosa para o sanitário destinado ao quarto do casal.
A entrada de serviço acontece através de um hall, que admite acessar a
cozinha e área de serviço, cuja conformação é retangular, onde em linha
concentram-se freezer, geladeira, bancada com pia, fogão, máquina de lavar e
tanque. Essa disposição facilita a circulação e os acessos tanto ao quarto de
empregado e WC, quanto a uma pequena circulação que se comunica à sala
de jantar, grifando a proximidade entre o serviço e o local de refeições.
O quarto de empregado tem 6m
2
, e em seu arranjo está proposto, mesa de
cabeceira, cama, armário embutido, e em sua área remanescente, consente
acessar o WC, consolidando uma suíte de empregado, com janela voltada para
o plano da fachada, garantindo boas condições de ventilação e iluminação.
Quando a “contigüidade entre sala e quarto” é efetivada sobre a planta matriz,
a proposta compatibiliza essa unidade habitacional para um quarto oficial
(suíte). Há a inserção de mais uma poltrona, na disposição do mobiliário em “L”
na sala de estar, abarcando em sua totalidade 5 pessoas. Quando da
supressão da parede que faz interface da sala com o quarto, propuseram um
móvel, que além de desempenhar a função de uma divisória baixa, admitiu
conformar um ambiente de TV, com sofá de dois lugares e uma poltrona,
consolidando um espaço social para três usuários. Esse vel divisório por ter
uma TV colocada sobre prato giratório, em eventuais ocasiões, aceita ser
rotacionado, contemplando os usuários da sala de estar, consentindo uma
205
flexibilidade em seu uso, para ambas as salas, acrescendo o setor social. É
cabível citar, que nesse exemplo ainda houve uma contigüidade entre
sanitários, pois, o banheiro social foi transformado em lavabo, tendo em vista
que o espaço destinado ao box, foi acoplado ao chuveiro do banheiro da suíte,
aumentando-o espacialmente, o vaso sanitário foi deslocado para a parede
lateral, e a bancada foi acrescida em mais um lavatório. Com essas
transformações, esse sanitário conformou um pequeno hall de entrada para a
suíte, garantindo mais privacidade em seu acesso para o setor social. O setor
de serviço não sofreu alteração em seu arranjo espacial (Il. 204).
Il. 204 “Planta Sugerida sobre Planta Matriz Apartamento Hall, Sala, Sala de TV, Varanda,
Suite, Lavabo, Cozinha, Área de Serviço, Quarto e WC de Empregado” do Manual de Plantas
de Propaganda Imobiliária da Construtora Gafisa, Sérgio Gattáss Arquitetos, Ed. Green Lake e
Green Garden, Barra da Tijuca.
Arte Final: Archigraph.
206
IV.2.7 A Contigüidade entre Quartos
Selecionamos como exemplo tipológico
183
a ser averiguado, uma unidade
habitacional conformada em sala, varanda, banheiro social, dois quartos
(sendo uma suíte), cozinha, área de serviço, quarto e WC de empregado (Il.
205).
Il. 205 “Planta Matriz Sala, Varanda, Dois Quartos (Suíte), Banheiro Social, Cozinha, Área de
Serviço, Quarto de Empregado e WC” do Manual de Plantas de Propaganda Imobiliária da
Construtora Gafisa, Sérgio Gattáss Arquitetos Associados, Sun Deck Residence Service, Barra
da Tijuca.
Arte Final: Archigraph.
O acesso a essa unidade habitacional é realizado através de uma única
entrada localizada no setor social. Sua organização espacial, a partir do
acesso, é realizada por um hall, que tanto se pode acessar diretamente o setor
de serviço, quanto através de uma circulação, alcança-se o setor social.
No setor de serviço a cozinha e a área de serviço tem a conformação espacial
retangular, onde se concentram freezer, geladeira, bancada com pia, fogão,
183
Demais variações tipológicas dessa mesma planta matriz encontram-se no anexo 2.3.
207
máquina de lavar e tanque, todos dispostos em linha, facilitando a circulação e
os acessos tanto ao quarto como ao WC de empregado.
Examinamos que o quarto de empregado tem dimensões superiores a 6m
2
, e a
decoração sugerida é armário embutido, cama e móvel baixo para TV, e sua
área remanescente admite acessar o WC, conformando uma suíte de
empregado, com janela voltada para o plano da fachada, garantindo boas
condições de ventilação e iluminação.
A sala é composta por mesa para quatro pessoas [que está próxima ao acesso
à cozinha], uma estante com TV, e, dispostos em “U”, o sofá, a poltrona e o
pufe, que acomodam o mesmo número de pessoas.
Verificamos que no setor social, a sala tem dimensões exíguas, aproximando
[praticamente] o espaço de refeições com o de estar. Cabe destacar a inclusão
da varanda com piscina nesse contexto social, onde três pessoas são
acomodadas em cadeiras em torno de uma mesa, aumentando efetivamente o
número de assentos na esfera do estar.
Através de uma circulação que nasce na sala, penetramos no setor íntimo,
onde estão implantados, banheiro social, dois quartos, sendo um deles uma
suíte. O quarto tem como sugestão decorativa, armário embutido, duas camas
de solteiro e bancada de trabalho com computador que desempenha também o
papel de mesa de cabeceira, obstruindo a passagem para acessar a varanda.
Na suíte, além da inserção da cama de casal e armário embutido, propuseram
uma bancada para TV.
Observamos que tanto o banheiro social quanto o da suíte tem dimensões
equivalentes, porém esse último tem vão de ventilação e iluminação orientados
para a fachada.
Quando a “contigüidade entre quartos” é realizada sobre a planta matriz, a
sugestão adéqua esse apartamento para um quarto oficial [suíte]. A parede
limítrofe entre a suíte e o quarto é demolida, objetivando acrescer o espaço
destinado ao casal. A área de repouso e do escritório é subdividida por uma
bancada em “L” com TV sobre prato giratório, que pode contemplar ambos os
espaços. As roupas são guardadas num closet em formato em “U”. Em função
do deslocamento da porta de acesso a essa suíte, e consequentemente, do
208
armário, o banheiro pode ser majorado, ampliando o seu perímetro, deslocando
o vaso sanitário para a parede oposta, inserindo uma bancada com dois
lavatórios, e permitindo que o box tenha dois chuveiros, requalificando
espacialmente todo o setor íntimo.
Cabe sublinhar que o banheiro social se transformou em lavabo, e na área
suprimida, projetaram um armário embutido, que foi incorporado ao quarto de
empregado, que foi revertido em mais um compartimento para o setor íntimo,
desempenhando as funções de sala de TV ou acomodando mais uma pessoa
(Il. 206).
Il. 206 “Planta Sugerida sobre Planta Matriz Sala, Varanda, Suíte, Closet, Escritório, Lavabo,
Cozinha, Área de Serviço, Quarto Reversível e WC” do Manual de Plantas de Propaganda
Imobiliária da Construtora Gafisa, Sérgio Gattáss Arquitetos Associados, Sun Deck Residence
Service, Barra da Tijuca.
Arte Final: Archigraph
209
IV.2.8 A Contigüidade entre Cozinha, Sala e Quartos
Elegemos como exemplar tipológico
184
, um apartamento composto por sala,
lavabo, varanda, dois quartos, sendo uma suíte, banheiro social, área de
serviço, WC, copa-cozinha e atelier (Il. 207).
Il. 207“Planta Matriz Apartamento Sala, Varanda, 2 Quartos (Suite), Banheiro Social, Área de
Serviço, WC, Copa-Cozinha, Despensa” do Manual de Plantas de Propaganda Imobiliária da
Construtora Gafisa, Bittar Arquitetos Associados e Mayerhofer e Toledo, Edifício Blue One,
Barra da Tijuca.
Arte Final: LaxmiMais.
O acesso a esse apartamento é conseguido através de duas entradas: social e
de serviço, confirmando a organização espacial dos setores, e
consequentemente em sua funcionalidade.
A entrada social acontece [literalmente] na sala de jantar, onde há um aparador
e mesa para seis pessoas, e fazendo interface está a sala de estar, composta
por uma estante com TV, e dispostos em “L”, sofá e duas poltronas, onde cinco
pessoas podem se acomodar. Ao lado desse espaço, encontra-se a varanda
decorada por três cadeiras e uma mesa.
184
Demais variações tipológicas dessa mesma planta matriz encontram-se no anexo 2.4.
210
Averiguamos que a área destinada ao espaço de refeições é menor que a da
sala de estar, revelando uma proporção funcional. Embora a sala de estar
tenha um número de assentos inferior ao de jantar, as três cadeiras que se
encontram na varanda permitem abarcar um número maior de assentos para
essa zona.
A circulação íntima nasce da sala, e admite acessar o banheiro social e dois
quartos, sendo um deles uma suíte. O quarto tem como sugestão decorativa
armário embutido, mesa lateral (que pode desempenhar o papel de mesa de
cabeceira), sofá-cama e bancada de trabalho com computador e TV, e
observamos que estes, não obstruem a passagem para acessar a varanda. Na
suíte, além da inserção da cama de casal e um armário embutido em formato
em “L”, propuseram uma bancada para TV.
Observamos que tanto o banheiro social quanto o da suíte tem dimensões
equivalentes, ambos com os vãos de ventilação e iluminação orientados para a
fachada.
A entrada ao setor de serviço dá-se através da área de serviço, que tem o
tanque e a quina de lavar implantados em linha, permitindo tanto acessar o
WC quanto a copa-cozinha. Esse espaço tem a bancada com pia, freezer e
geladeira, dispostos em linha, com um eixo de circulação no centro, e do lado
oposto está localizado o fogão e mesa de refeições. Fazendo interface com
esse espaço encontramos a despensa
185
e a varanda.
No momento que a “contigüidade entre cozinha, sala e quartos” é alcançada
sobre a planta matriz, a unidade habitacional é adaptada para um quarto oficial.
A parede limítrofe entre a cozinha e a sala é demolida parcialmente,
estreitando os laços espaciais entre o espaço de preparo de refeições com a
sala de estar, bem como a reclusão da área de serviço e anunciando a
transformação de uso da despensa em atelier, todos conformados através de
portas de correr, sublinhando a proposição do continuum intra-setorial.
185
Acreditamos que esse espaço seria designado para o quarto de empregado, porém as suas
dimensões são inferiores àquelas exigidas para aprovação junto à Prefeitura, daí a
denominação de “despensa”.
211
Tanto as partições entre sala, quarto e suíte foram retiradas, quanto à
eliminação da área do banheiro social onde estava compreendido o lavatório e
o vaso sanitário, acrescendo o setor íntimo, conformando um espaço com
dimensões mais generosas espacialmente.
A sala de jantar passou a ter uma mesa de refeições para oito pessoas, além
de um aparador e carrinho de bebidas. Na sala de estar dispostos em forma de
“U”, enquadrados entre duas mesas laterais e uma de centro, um sofá, duas
poltronas, e dois pufes destinados a sete usuários. Foi projetado um vel
divisório baixo, onde uma TV colocada sobre prato giratório, e em eventuais
ocasiões, aceita ser rotacionado, contemplando tanto os usuários da sala de
estar como os do quarto, consentindo uma flexibilidade em seu uso, para
ambos os setores. Apontamos no quarto o acréscimo do armário, e a inserção
do computador sobre o móvel divisório.
Cabe destacar que os sanitários dessa unidade habitacional sofreram
alterações espaciais substanciais. O WC reverteu num lavabo com entrada
pela sala, em decorrência da mudança dos pontos hidráulicos e sanitários para
a parede contígua a área de serviço. O sanitário da suíte foi aumentado, com a
incorporação da área do box do banheiro social, possibilitando deslocar o vaso
sanitário e projetar uma bancada com duas pias (Il. 208).
Il. 208“Planta Sugerida sobre Planta Matriz Apartamento Loft com Atelier e Lavabo” do Manual
de Plantas de Propaganda Imobiliária da Construtora Gafisa, Bittar Arquitetos Associados e
Mayerhofer e Toledo, Edifício Blue One, Barra da Tijuca.
Arte Final: LaxmiMais.
212
IV.3 Resumo “As Flexibilidades Iniciais nas Plantas dos Catálogos, Manuais e
Prospectos Imobiliários Residenciais”
Narramos nesse capítulo IV “As Flexibilidades Iniciais nas Plantas dos
Catálogos, Manuais e Prospectos Imobiliários Residenciais”, abalizados pelos
conceitos “flexibilidade inicial” no âmbito da escolha da oferta diversificada,
como salienta Mahfuz, apontada nas plantas impressas nos materiais de
campanhas publicitárias. Entendemos que não existe família padrão, nem
necessidades tipo, portanto o desenho organizacional da habitação se
expressa como uma tipologia formal advinda de um fenômeno autônomo na
arquitetura, materializando em variações tipológicas, como a reversibilidade, a
permeabilidade e a contigüidade, ancorados no fundamento de adaptabilidade
de Lynch e Rosso e seus atributos espaciais (em termos da forma e da
função). Diante do exposto, nessa pesquisa, buscamos apreender o significado
dessa flexibilidade inicial, no marketing dos lançamentos imobiliários, numa
periodização compreendida entre 1996 a 2008 (inclusive), visando quantificar
essas flexibilidades.
Esses materiais de propagandas de venda de apartamentos foram obtidos
tanto nos principais corredores viários das Zonas Centro, Norte, Sul e Oeste da
cidade do Rio de Janeiro, quanto os manuais de plantas e catálogos
conseguidos nos stands de venda.
Das 95 plantas dos materiais de propagandas imobiliárias residenciais eleitas
para essa pesquisa, 29 são de lançamentos habitacionais em Botafogo, 24 na
Barra da Tijuca, 11 em Laranjeiras, 6 no Recreio dos Bandeirantes, 5 em
Copacabana e Jacarepaguá, 4 no Catete, Gávea e Humaitá e 1 no Jardim
Botânico, Lagoa e Leblon, todos localizados em bairros da Zona Sul e Oeste da
cidade do Rio de Janeiro.
Lembramos que esse critério de escolha da amostragem não selecionou por
bairro, mas sim pela existência de flexibilidades iniciais, apontando como
atrativo a mais, para venda de apartamentos, sublinhando todos os bairros de
classe média da cidade do Rio de Janeiro, sendo a variação geográfica apenas
213
responsável pela maior ou menor número de lançamentos, dependendo das
características dos bairro.
Dividimos essa fase investigativa em dois subcapítulos “Relação Flexibilidade
Inicial x Número de Quartos na Planta” e “Flexibilidade Inicial e suas Variações
Tipológicas”, subdividindo esse último em oito partes: “A Planta Matriz”; “A
Reversibilidade do Quarto para o Setor Social”; “A Reversibilidade do Quarto
para o Setor Íntimo”; “A Permeabilidade da Cozinha para a Sala”; “A
Contigüidade entre Cozinha e Sala”; “A Contigüidade entre Sala e Quarto”; “A
Contigüidade entre Quartos” e “A Contigüidade entre Cozinha, Sala e Quartos”.
No subcapítulo IV.1 “Relação Flexibilidade Inicial x mero de Quartos na
Planta” apontamos que a presença da flexibilidade inicial é mais freqüente
configurar nas unidades habitacionais de dois e três quartos, do que na de
quatro quartos, provavelmente atendendo a um segmento de comprador de
classe média com poder aquisitivo, relativamente inferior a outras camadas da
mesma faixa salarial, que habitam a mesma zona residencial.
No subcapítulo IV.2 “Flexibilidade Inicial e suas Variações Tipológicas”
assinalamos que no âmbito da “reversibilidade” do quarto de empregado, tanto
para o setor íntimo quanto para o social, nos apartamentos de dois quartos e
três quartos, acrescem esses setores, conforme vai aumentando o número de
quartos ”oficiais”. Balizamos que na esfera da “permeabilidade” essa variação
tipológica é mais expressiva nas unidades habitacionais de dois e três quartos,
admitindo acrescer o setor de serviço. Distinguimos no campo da
“contigüidade” que todos os apartamentos de três e quatro quartos conformam
essa flexibilidade por meio da “contigüidade entre sala e quarto” e “entre
quartos”, acarretando uma possibilidade de acrescer as áreas ao setor social
ou ao íntimo. A “contigüidade” entre “sala e cozinha” é bem significativa nas
unidades habitacionais de três e dois quartos, agregando as funções inerentes
da cozinha juntamente com a sala. Encontramos um continuum espacial em
dois apartamentos de dois quartos, materializados através de uma
contigüidade intra-setorial (serviço, social e íntimo).
Recorremos à planta matriz, especificamente, para fazer uma análise
comparando os arranjos espaciais formados através dos diversos tipos
214
(variações tipológicas), e seus atributos espaciais (em termos da forma e da
função).
No item “A Reversibilidade do Quarto de Empregado para o Setor Social”,
analisamos essa tipologia sob dois arranjos, em função da dependência
186
estar implantada contígua ao setor social, e permitindo que seja revertida
espacialmente: Num primeiro arranjo, deslocando a porta de acesso para a
sala de estar, transformando a dependência em um escritório, e num segundo,
eliminando as duas paredes limítrofes a esse espaço, ampliando efetivamente
a área da sala de estar. Constatamos que ambas alternativas acrescem a área
social, onde a primeira opção sublinha um espaço destinado ao escritório, pois
na unidade habitacional exemplificada, não sugestão de local para se
desenvolver as atividades de estudo e trabalho, embora não haja condições de
conforto lumínico e térmico adequados. a segunda opção, grifa um espaço
mais generoso na sala de estar, no que compete ao conforto espacial, e mais
proporcional a sala de jantar.
Com relação “A Reversibilidade do Quarto de Empregado para o Setor Íntimo”,
no modelo exemplificado, averiguamos que o “quarto reversível”, recebeu essa
nomenclatura, em função de ter uma área útil de 6,35m
2
, superior ao mínimo
previsto para aprovação na Prefeitura, bem como apresentam boas condições
de conforto ambiental. Verificamos que é propício essa reversibilidade, pois
propicia um ganho de área à zona íntima, podendo abrigar várias funções para
esse setor.
No que se diz respeito “A Permeabilidade entre a Cozinha e a Sala” na unidade
averiguada, ressaltamos que a substituição de uma parede limítrofe, por uma
bancada de cozinha americana, fazendo interface do espaço de preparo e
cocção para o espaço social, acarretou numa aproximação intra-setorial,
possibilitando somar áreas e dignificando espacialmente à cozinha.
Sobre “A Contigüidade entre a Cozinha e Sala” sublinhamos a inserção de um
espaço gourmet, “fogão em ilha com bancada de refeições” em substituição a
186
Lembramos que a dependência recebeu essa nomenclatura, tanto em decorrência de uma
de suas metragens lineares, 1.55m, e quadrada, 4.32m
2
, inferior a exigida por lei, quanto da
iluminação e ventilação insuficientes, impossibilitando de receber o nome de “quarto de
empregado”, para fins de aprovação, bem como abrigar o trabalhador doméstico, como
descrevemos no início do item IV.2.2.
215
uma partição dividindo essas duas zonas domiciliares, não havendo propostas
de estantes de TV na decoração, nem tão pouco um espaço destinado apenas
à sala de jantar.
Em alusão “A Contigüidade entre Sala e Quarto” no exemplo tipológico
avaliado, a proposta compatibiliza essa unidade habitacional para um “quarto
oficial”. Em decorrência disso, acresceu a área social, contemplando um
número maior de assentos, em substituição a uma planta matriz que
evidenciava uma sala de jantar é bem maior que a da sala de estar. No setor
íntimo a inclusão de uma bancada de trabalho no quarto, e uma contigüidade
entre sanitários, admitiu acrescer o sanitário do quarto oficial, conformando-o
espacialmente, tornando o acesso mais privatizado em relação ao setor social.
Quanto “A Contigüidade entre Quartos” no modelo exemplificado, o arranjo
sugerido contempla essa unidade em um “quarto oficial”. Em conseqüência
disso, a área íntima desse compartimento acresceu sendo subdivida, em
closet, repouso e escritório, sendo esses últimos conformados, por sua vez por
uma bancada em “L” com TV, que pode contemplar ambos os espaços.
Destacamos a majoração do banheiro da suíte, em função do deslocamento da
porta de acesso, requalificando espacialmente todo o setor íntimo, e que o
banheiro social se transformou em lavabo.
Em referência “A Contigüidade entre Cozinha, Sala e Quartos” na tipologia
averiguada, é conformado em um “quarto oficial”. Com a supressão parcial da
parede limítrofe entre a cozinha e a sala, e, consequentemente, das partições
entre sala, quarto e suíte, estabelece-se um estreitamento de laços espaciais
entre o espaço de preparo de refeições com a sala de estar, e esta com a área
de repouso, dignificando essas áreas com dimensões mais generosas. Cabe
ressaltar que a reversão do WC em lavabo para a parte social, facilitou a
eliminação de parte da área do banheiro social, acrescendo o espaço íntimo, e,
moldando um espaço com dimensão mais compatível, proporcionais as
conformações especiais conseguidas no todo da unidade habitacional. A
conseqüente reclusão da área de serviço, e, a transformação de uso da
despensa em atelier, todos conformados através de portas de correr sublinham
essa proposição num continuum intra-setorial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
217
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A hipótese de nosso trabalho de doutorado é de que a flexibilidade inicial no
momento da escolha diversificada, apresentada nas plantas dos materiais
de campanha publicitária das habitações multifamiliares, suas variações
tipológicas (reversibilidade, permeabilidade e contigüidade) e seus
atributos espaciais (em termos da forma e da função). Apesar de ser um
projeto elaborado pela produção imobiliária contemporânea
(anarquitetura
184
), fundamenta-se em conceitos de arquitetura,
qualificando o espaço da moradia, podendo contemplar uma maior
variabilidade de estruturas familiares com necessidades funcionais
distintas, permitindo arranjos espaciais específicos.
Essa hipótese foi analisada através dos aspectos fundamentais definidos tanto
por uma revisão de casos caracterizados pelo conceito de flexibilidade
espacial sublinhando a flexibilidade inicial no momento da escolha
diversificada
185
; quanto perpassando pela visão de tipo e tipologia, no
âmbito do estudo da arquitetura enquanto fenômeno autônomo para a
classificação dos tipos formais
186
, grifando as variações tipológicas
187
encontradas nessas plantas, consubstanciadas pelo viés da adaptabilidade
e seus atributos espaciais (em termos da forma, e da função).
Vimos na revisão de casos contextualizada historicamente, que a
flexibilidade é um conceito antigo, destacando a polivalência de usos no
espaço doméstico japonês, contemplando sua utilização noturna e diurna num
mesmo compartimento, sublinhando uma não atribuição de funções
específicas, pois se encontra nas origens da habitação, a idéia de um habitat
que se amolde facilmente às mudanças da vida humana. Posteriormente, os
184
Quanto à anarquitetura, ver o subcapítulo III.1”Considerações sobre a Anarquitetura”
185
Sobre a flexibilidade inicial no momento da escolha diversificada, ver a “Introdução” e o
subcapítulo I.2 “Flexibilidades – Seus Conceitos e Pontos de Vista”.
186
A propósito de flexibilidade inicial no momento da escolha diversificada, além da
“Introdução” ver o subcapítulo I.3 “Delimitações sobre Tipo e Tipologia”
187
Com relação às variações tipológicas, ver a “Introdução” o subcapítulo I.4 “Flexibilidades
Iniciais – Suas Variações nas Plantas”.
218
primeiros sinais de flexibilidade são apontados num livro de invenções do
século XVII, juntamente com outros achados no campo da engenharia,
concebendo um único compartimento. A seguir, vimos que em Portugal do
século XVIII, a flexibilidade é impressa tanto no campo do urbanismo, com a
reconstrução da Baixa Pombalina em Lisboa, impondo usos diferenciados, tais
como serviços nas unidades habitacionais, quanto na arquitetura [vernacular]
da região norte, daquele país - Minho, conformando espaços através de
partições leves e concebendo residências onde prima uma mesma hierarquia
espacial. Essa mesma hierarquia foi encontrada tanto nas plantas residenciais
[estandardizadas] que permearam pelos Estados Unidos da América, quanto
no Edifício Weibes Schloss de Zurique. Com o advento da Revolução
Industrial, a implementação tecnológica viabilizou a estrutura da construção
habitacional, quer metálica quer no concreto armado, permitindo que se
galgassem grandes vãos, afiançando uma polivalência nos espaços,
expressando uma flexibilidade, como vimos no exemplar belga Residência
Victor Horta.
Ao adentrarmos no Modernismo cunhado na segunda década do século XX, foi
possível ratificar os conceitos arquiteturais no campo da flexibilidade
espacial, ao constatarmos que a gênese da flexibilidade inicial encontra-se
na raiz da arquitetura moderna. A idéia corbusiana de procurar um
fundamento intelectual, no que compete a concepção, produção e a construção
de residência modernas em série, possibilitou acomodar a estrutura [concebida
pré-fabricada e completamente independente das partições externas e
internas], conformações espaciais [apropriações internas e independentes do
uso], personalizando-as [flexibilizando-as] ao gosto dos moradores. Esse mote
influenciou e foi adotado por vários arquitetos da Europa, dos Estados Unidos
da América e do Brasil
188
ao longo desse século, levando a teste esse
princípio.
188
Diferenciada da atuação brasileira no domínio da flexibilidade espacial, observamos que
tanto nos anos 60, as proposições futuristas pautadas pelos arquitetos ingleses do grupo
Archigram, quanto na década de 70, através das tipologias formais materializadas para uso
temporário pelos metabolistas japoneses foram expressivas dentro desse contexto. Já nos
anos 80, as reflexões francesas do Domus Demain, aviando a banda ativa favorecendo a
liberdade projetual, e o projeto de Steven Holl, fazendo uma releitura do fusuma, destacam-se
nesse âmbito. Na contemporaneidade, os esforços mais significativos no campo da flexibilidade
espacial, ficaram concentrados no meio acadêmico arquitetônico (através de propostas
219
Ratificamos que a flexibilidade inicial no momento da escolha diversificada
em nosso país tem a sua implementação de fato a partir de 1936, com a
construção do edifício Esther em São Paulo. Foi preciso transcorrer quatro
décadas para que implementassem nas edificações as paredes pré-moldadas
de gesso no Rio de Janeiro, viabilizando essa flexibilidade, subdividindo os
espaços das unidades habitacionais, propostos por rio Bezerra, no edifício
Aquarius no Rio de Janeiro. No final dacada de 90, na cidade de São Paulo,
os arquitetos Königsberger e Vannucchi adotaram o sistema Drywall,
189
nas
partições internas dos apartamentos do conjunto residencial “Condominium
Club Ibirapuera”, juntamente com um sistema de esgoto com saídas
horizontais, contribuindo ainda mais no processo dessa flexibilidade, permitindo
arranjos espaciais diferenciados. O Max Haus ,concebido pelo Rocco
Arquitetos Associados, grifa em sua planta, como uma arquitetura aberta,
permitindo que altere a conformação desse apartamento, no decorrer dos anos,
ratificando a inspiração nos modelos da planta-livre. O Edifício Fidalga
idealizado pelo Triptyque sublinha as conformações espaciais dos
apartamentos no formato de contêineres, admitindo também vários arranjos
nos layouts.
A flexibilidade inicial no momento da escolha diversificada foi examinada
por permitir um planejamento participativo tanto do usuário como do
incorporador, ou até mesmo ambos, na elaboração da formação e
transformação tipológica formal enquanto fenômeno autônomo no
apartamento, antes de sua ocupação pelo habitante. Recorremos a essa
transformação tipológica, por referir diretamente aos aspectos formais da
arquitetura, atribuindo às funções do homem o viés que todas as atividades
humanas são polifuncionais.
moldadas tanto por programas computadorizados quanto pela estandardização industrial) e
nos experimentos de cunho artístico, todos europeus; no campo do design desenvolvido nos
Estados Unidos da América e na arquitetura implementada no Japão resgatando a planta livre.
Em referência a esse recorte temporal ver subcapítulo II.1.2 “Do Modernismo ao Final da
Década de 80” e II.1.3 “A Contemporaneidade”.
189
A respeito de Dry-wall ver subcapítulo II.2 “Os Exemplos no decorrer do Século XX e Início
do Século XXI no Brasil”.
220
Vale destacar que o planejamento participativo enfatiza a participação do
usuário [habitante], indo ao encontro do pensamento de Heidegger
190
, quando
se refere à ação do homem que pensa e constrói uma ponte para estabelecer a
definição de lugar, de acordo com as suas necessidades, moldando os
espaços e os rebatendo arquitetonicamente.
É notório que a propaganda é um dos fatores decisórios que estabelecem
novos padrões de uso do espaço para quem o apropria. Em decorrência disso,
os enfoques da propaganda e da arquitetura em função da estratégia de
sensibilizar o futuro comprador, dentro do mercado imobiliário foram
averiguados.
Para verificar a veracidade dessas abordagens, elegemos os materiais das
campanhas publicitárias (catálogos, manuais de plantas e prospectos) dos
lançamentos imobiliários, expresso tanto pelas palavras-chave no campo do
marketing e a denominação no desenho e o mobiliário sugerido como
decoração, quanto às variações tipológicas na planta dessas campanhas
publicitárias, permitindo fazer uma leitura das aspirações e do apelo ao
imaginário do futuro usuário.
Quanto às palavras-chave no campo do marketing decompomos em quatro
tipos de atributos: ao status; à vizinhança; ao edifício e à planta. Vale ressaltar
que do universo de slogans avaliados, 90% conferem atributos ao edifício e à
planta [com destaques para os lançamentos da Barra da Tijuca e Botafogo
respectivamente], e, 50% ao status [em todos os bairros pesquisados com
exceção de Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes]. Com relação à
nomenclatura dos espaços que possibilitam ser flexibilizados, verificamos uma
maior concentração e diversidade de nomes, em apartamentos de 2 e 3
quartos, sublinhando essas tipologias com potencial de requalificação espacial,
grifando o status.
Com relação à decoração sugerida na variação tipológica da “reversibilidade”
é notória a alusão a mais um quarto, que pode desempenhar a função de
escritório e sala de TV; na “permeabilidade” a bancada de cozinha americana;
190
Acerca do pensamento de Heidegger sobre o habitante ver subcapítulo II.1 “Considerações
sobre o Habitante, o Habitar e a Habitação”.
221
na “contigüidade”, entre sala e quarto, um número maior de assentos através
de sofás, poltronas e pufes, “entre quartos”, a inserção de armários e bancadas
de trabalho com computador com dimensões maiores; e na “cozinha e sala”, o
fogão em ilha com bancada de refeições, denominado como espaço gourmet.
No que diz respeito às variações tipológicas (reversibilidade,
permeabilidade, contigüidade), podem ser adaptadas a várias situações
sociais distintas, como por exemplo: solteiros, casais novos, coabitantes,
aposentados, estudantes, etc. Este aspecto encontrou eco nos elementos
analisados dos atributos espaciais, no que se refere às configurações espaciais
(forma) e suas relações funcionais
191
, como um atrativo a mais para a venda
dos apartamentos.
Na “reversibilidade do quarto de empregado tanto para o setor social
quanto para o setor íntimo”, ambos acrescem formalmente os setores aos
quais passam a ser incorporados, podendo abarcar várias funções. Através da
denominação do compartimento e da sugestão do mobiliário, o marketing das
campanhas publicitárias, confere ao espaço um maior status.
Reconhecemos que o quarto de empregado (apesar da produção imobiliária
incorporá-lo aos programas arquitetônicos destinados à classe média, como
item de valorização da unidade habitacional), não tem sido utilizado para
acolher o seu destino original, em decorrência dos serviços domésticos
estarem sendo realizados por diaristas ou pelos próprios moradores, admitindo
outros atributos funcionais para esse compartimento.
A “permeabilidade entre cozinha e sala” atribui à cozinha mais conforto
espacial em conseqüência a uma coligação funcional junto ao espaço de
refeições no setor social, porque em geral esses espaços são projetados nas
dimensões mínimas aprováveis junto à Prefeitura.
Nas contigüidades[“entre cozinha e sala”, “sala e quarto”, “entre quartos” e
“cozinha, sala e quarto”], vale destacar que essa variação tipológica permite
conformar tanto o continuum entre partes quanto no todo [de uma unidade
habitacional], em espaços mais bem dimensionados e possíveis de serem
191
Embora as plantas analisadas tenham como sugestão de decoração no quarto considerado
principal, uma cama de casal, cabe ressaltar que esse mobiliário pode ser adequado a
situações sociais distintas.
222
adaptados às necessidades funcionais diferenciadas, de acordo com o
habitante.
Objetivos e Resultados
Ao começarmos essa investigação, objetivamos estudar o significado da
flexibilidade inicial no momento da escolha diversificada, apresentada nas
plantas dos materiais de campanha publicitária das habitações multifamiliares,
suas variações tipológicas (reversibilidade, permeabilidade e contigüidade) e
seus atributos espaciais (em termos da forma e da função). Apesar de ser um
projeto elaborado pela produção imobiliária contemporânea (anarquitetura),
fundamenta-se em conceitos de arquitetura, qualificando o espaço da
moradia, podendo contemplar um número maior de estruturas familiares com
necessidades funcionais distintas, permitindo arranjos espaciais específicos
não prejudicando o espaço para o residente, influenciando como atrativo a
mais para a venda de apartamentos. Conseguimos o resultado através de
instrumentos e métodos diversos empregados nas plantas das unidades
habitacionais onde enfocamos a propaganda e a arquitetura na estratégia de
sensibilizar o futuro comprador, dentro do mercado imobiliário.
Interrogamo-nos também sobre a conceituação da flexibilidade espacial no
âmbito da flexibilidade inicial no momento da escolha diversificada, suas
variações tipológicas, e seus atributos espaciais nas plantas das habitações
multifamiliares na produção imobiliária contemporânea na Cidade do Rio de
Janeiro. Consideramos que o homem ao longo da história do mundo presencia
processos contínuos de mudanças do seu habitat, em decorrência dos avanços
tecnológicos e sócio-culturais, e é o agente principal na caracterização do seu
espaço para que nele exerça as suas atividades.
Recorremos ao conceito de habitar, e lembramos que desde que fomos
concebidos [nesse caso, entendidos como habitantes], que a nossa primeira
habitação é o útero materno, primeiro lugar que nos sublinha como agente na
esfera da flexibilidade espacial desde a nossa gênese, moldando esse
223
espaço de acordo com as necessidades no processo do nosso
desenvolvimento.
Rebatendo esse conceito arquitetonicamente, a definição de espaços na
arquitetura é advinda das relações humanas e seus mundos próprios no campo
do afeto, ideológico, produtivo e etc.
Consubstanciar os conceitos de arquitetura, sob o viés da flexibilidade inicial no
momento da escolha diversificada, na anarquitetura, traduzimos como a
construção de uma ponte que almeja de um lado conferir uma habitação de
qualidade para uma diversidade de estruturas familiares, e de outro,
materializando as características específicas de cada grupo social sublinhando
um arranjo espacial específico.
Assim, prevemos que as conformações espaciais oriundas das variações
tipológicas proclamadas no momento da escolha diversificada, assumirão um
lugar de posto na cultura consumista da compra de apartamentos, dando novas
interpretações para o homem contemporâneo.
Sugestões de Trabalhos Futuros
Essa investigação poderá nos conduzir a uma continuidade no futuro,
contemplando alguns pontos que não foram aprofundados nesse trabalho, tais
como:
Analisar o desempenho do arquiteto e sua interface com o incorporador
na gênese projetual de uma produção imobiliária com essa estirpe;
Avaliar o usuário como parte integrante do processo de elaboração e
construção da sua habitação objetivando entender se a flexibilidade
inicial no momento da escolha diversificada propiciou de fato na compra
do seu imóvel;
Verificar quais e como foram as tipologias mais substancialmente
alteradas pelos seus usuários.
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ANEXOS
248
ANEXOS
ANEXO 1 Relação dos Prospectos de Lançamentos Imobiliários na Cidade
do Rio de Janeiro (1996-2008);
ANEXO 2 Plantas Matrizes e suas Variações Tipológicas dos Catálogos e
Manuais de Plantas das Campanhas Publicitárias.
249
ANEXO 1 - RELAÇÃO DOS PROSPECTOS DE LANÇAMENTOS IMOBILIÁRIOS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO (1996 – 2008)
PLANTA
BAIRRO EDIFÍCIOS /
ENDEREÇO /
ANO
CONSTRUTORA /
ARQUITETO
1Q 2Q 3Q QE
NOMEN
CLATU
RA
MARKETING ÁREA DECOR POTENCIALIDADE
DE FLEXIBILIDADE
Catete 1 Palácio de
Fátima / Rua
Bento Lisboa, 40
/ 2000.
Construção Mário
Ribenboim
Engenharia. Civil;
Pontal Construtora
X NQE N Flamengo - As boas coisas da
vida estão por todos os lados. Até
mesmo a estação do metrô.
2 qtos (1 suíte), varanda e
garagem.
N N Suíte contígua à sala;
Cozinha contígua à
sala.
Catete 2 Palazzo Delle
Palme / Rua
Artur Bernardes,
30 / 2002.
Construção Decta
Engenharia
X QER QE Venha viver numa rua tranqüila,
junto à estação do metrô do Largo
do Machado, e perto de tudo que
você precisa.
Venha viver numa rua tranqüila e
residencial.
2 qtos com deps. completas (com
o reversível), sala em dois
ambientes, varanda, copa-
cozinha e vaga na garagem.
S N Suíte contígua à sala;
QER p/ circ. Íntima.
Catete 3 Fellice / Rua
Correa Dutra 33
/ 2003.
Construtora
Bulhões Carvalho
da Fonseca
X NQE N Se por um lado é a velocidade do
Metrô por outro é a tranqüilidade
do Aterro.
A planta que oferece uma suíte
inteiramente independente ou o
charme de um apartamento
duplex. 2 suítes de altíssimo luxo
com salão, varanda e cozinha
pronta para receber todos os
eletrodomésticos modernos.
Salão de festas, play e garagem.
N N Duplex e Linear -
Cozinha permeável a
sala; Quartos
contíguos;
Catete 4
San Remo
Residencial/ Rua
Bento Lisboa,
101 / 2004.
Construção
SERTENGE /
Arquiteto Marco
Barboza
X NQE N Quem nunca sonhou morar no
prédio mais bonito da rua?
Tranqüilidade A família escolhe
morar bem. 2 qtos, suíte,
varanda, garagem, 2 banheiros.
S N Cozinha contígua a
sala; Sala contígua a
quarto; Quarto
contíguo a Suíte.
Laranjeiras 1 Botanique
Residencial /
Rua Gal.
Construção
Cavalcante
Construtora /
X NQE N O apartamento dos seus sonhos
coladinho à montanha, num lugar
arborizado, indevassável e muito
N N Não plantas do
duplex.
perspectivas do
250
Cristóvão
Barcelos, 239 /
2005.
tranqüilo. 2 quartos, duplex ou
lineares, com até 2 suítes.
apartamento por
inteiro, da piscina com
raia e piscina infantil
com SPA.
Planta linear com sala
contígua a cozinha e a
suíte 01.
Laranjeiras 2 Residencial
Marc Chagall /
Rua Prof. Ortiz
Monteiro, 132 /
2003.
Construção LFZ X
WC
N Laranjeiras é muito gostoso de se
viver. 2 suites, varandas e lazer
completo.
S N Sala contígua a suíte,
e cozinha contígua a
sala.
Laranjeiras 3 Chateau de la
Montagne / Rua
Belisário Távora,
275 / 2005.
Construção
Terminal /
X QER QER Venha ver o sol nascer todos os
dias! 2 suites com 3º QER.
N N Sala contígua a suíte 2
Sala contígua a quarto
e quarto a suíte. QER
para circulação íntima.
Laranjeiras 4 Vivenda das
Laranjeiras / Rua
Belisário Távora,
302 / 1997
Incasa Construções
Ltda. / Arquiteto
Inácio Obadia
X QE QE Aqui você junta a tranqüilidade de
morar com o conforto de ter tudo
por perto. 2 e 3 qtos (1 suite) e
varandão.
N N QER para circulação
íntima, sala contígua a
quarto. Cozinha
contígua a sala.
Laranjeiras 5 Ed. Cervínia / R.
Belisário Távora,
221 / 2004.
Construção M2
Empreendimentos
Imobiliários Ltda. /
2005
X
WC
N Sua vida está bem perto de
mudar. 2 suites com varandão, 1
ou 2 vagas na escritura, wc de
empregada, boxes individuais.
N N Sala contígua a quarto
e suíte.
Laranjeiras 6 Sem nome / Rua
Prof. Luís
Cantanhede,
107 / 2003
Incorporadora e
Construtora Lajota /
X QER QER Em Laranjeiras tudo para
encantar você. Varanda, sala, 2
qtos (1 suite) com o reversível,
1 ou 2 vagas.
S S QER para circulação
íntima, sala contígua a
quarto e quarto
contíguo a suíte.
Laranjeiras 7 Residencial
Bougainville /
Rua Presidente
Carlos de
Campos, 125 /
2004.
Cope Engenharia e
Formanova
Construtora /
Goldenstein
Arquitetura
X QES
TUDI
O
QUART
O
ESTUDI
O
Imagine o apartamento dos seus
sonhos numa rua cheia de
charme. É ou não é um charme
morar aqui? 3 qtos (suíte com
closet e hidromassagem) e
varandão com churrasqueira.
N S Quarto estúdio,
cozinha contígua a
sala, sala com quarto,
quartos com quartos e
suítes.
Laranjeiras 8 Palazzo de Carli
/ Rua Paissandu,
323 / 2004
Cope Engenharia e
Formanova
Construtora /
Goldenstein
Arquitetura
X QER QER A Rua Paissandu não via tanta
nobreza, desde os tempos do
Império. Morar no Flamengo é
viver com a sensação de que o
mundo gira em torno de você. 3
quartos, 1 suite, diversas opções
N S QER para íntimo, suíte
contígua a quarto e
quarto a outro quarto.
Cozinha contígua a
sala.
251
de plantas.
Laranjeiras 9 Imperial Palms /
R. Paissandu,
343 / 1999
Cope Engenharia /
Incorporação Costa
Azul / Arquitetos
Pedro Mayall e
Guilherme
Goldenstein
X QE N Mais nobreza que isso no
tempo do Império. 3 qtos (1 suite).
N N Sala contígua a quarto;
suíte contíguo a
quarto. Cozinha
contígua a sala.
Laranjeiras 10 Residências de
Pinedo / Rua
Marques de
Pinedo, 33 /
1999
Incorporação e
Construção Brunet
e Marsiq /
Arquitetos Gilberto
Sant’anna e J.
Luciano Fernandes
X QE QE Venha morar na rua mais gostosa
da Zona Sul. 3 qtos (1 suite com
closet), sala em dois ambientes, 2
vagas.
N N Quarto de empregado
reversível a sala. Sala
contígua a quarto,
quarto a outro quarto,
quarto a suíte.
Laranjeiras 11
Grand Place / R.
Soares Cabral,
70 / 2004
Construção CHL X QE N Querendo uma area social que
acomode melhor seus móveis e
uma área de serviço mais ampla?
3 suites com 152m2 e esta vista
maravilhosa.
Salão, varandão, copa-cozinha,
deps. Completas e duas vagas.
S N Sala contígua a suíte
01, suíte 01 contígua a
suíte 02, suíte
reversivel a quarto de
empregada.
Botafogo 1 Buena Vista
Residencial /
Rua Pinheiro
Machado, 301 /
2004
Construção Klacon
Engenharia /
X NQE N O melhor 2 quartos com suíte sob
todos os pontos de vista. Lazer e
segurança.
S N Cozinha contígua a
sala, sala contigua
qto1, qto1 contiguo a
suíte.
Botafogo 2 e 3 Palazzo Olinda /
R. Marques de
Olinda, 19 /
2004
Construção Decta
Engenharia/
X
E
4Q
QE QE 3 ou 4 qtos, 1 suite, sala em dois
ambientes e varandão.
S N 3Q. qto1 contiguo a
qto2, qto2 contiguo a
suíte.
4Q. QE contíguo a
sala, sala contíguo a
qto 4, qto 4, contíguo a
qto3, qto3 contiguo a
qto2, qto 2 contiguo a
suíte.
Botafogo 4 Varandas de
Olinda / R.
Marques de
Olinda, 25 /
1996
Construtora Decta
Engenharia /
Arquitetura Inácio
Obadia e Chico
Gouvêa (fachada)
4Q QE QTO-
ESCRIT
ÓRIO;
QE
Varandão, 3 ou 4 qtos (1 suite), 2
bhos sociais, lavabo, 2 vagas na
garagem, piscina e play.
N S – Qto
N - QE
QER contíguo a sala,
sala contíguo a qto
escritório, qto contíguo
a qto 2, qto 2 contiguo
a qto 3.
Botafogo 5 Vivendas do Construtora RJZ X QER QER 2 qtos (3º reversível). N S Sala contígua a suite.
252
Parque / R. Min.
Raul Fernandes,
43 / 1999
Engenharia / QER na circ. Íntima.
Botafogo 6 Smart Ville
Residencial / R.
Assunção, 135 /
2007.
Construção Villa
Construções /
X QE
SMA
RT
S Smart Ville é vc montando sua
vida de forma inteligente. 2 qtos
(1 suite), varanda, sala,
cozinha,m área de serviço com
we de empregada e um exclusivo
smart room. Sala maior, ou home
office, ou qto ou home theater.
Ou seja: o que encaixar melho r
com seu estilo de vida.
S S QE pode ser sala
maior, home office,
qto ou home theater.
Botafogo 7 e 8 Ed. Wilma
Nascimento
Silva / R. da
Matriz, 85 / 2000
Construtora
Bulhões Carvalho
da Fonseca /
X X 2Q -
QER
3Q -
QE
2Q – Q
3Q - QE
Agarre esta oportunidade e seja
mais um ilustre morador de
Botafogo. 2 ou 3 qtos, com a
melhor planta do momento.
N 2Q S
3Q N
QER (Q) na circulação
entre sala e cozinha e
contígua a sala. Sala
contígua a qto1 e qto1
contiguo a suíte.
Botafogo 9 Residências
Dona Mariana /
R. Dona
Mariana, 56 /
2000.
Construção B.
Rochlin / Sergio
Alexandre
Arquitetos / Adel
Alvim
X QE QE Botafogo avec charme.3 qtos (1
suite) e 2 vagas, lazer e
segurança.
S N Cozinha contígua a
sala, sala contígua a
qto1, qto1, contíguo
qto2, qto 2 contiguo a
suíte, QE na circ.
Íntima.
Botafogo 10 Guinle Place / R.
Eduardo Guinle,
28 / 1999.
Construção Pinto
de Almeida /
X QE QE Alguns endereços são como
algumas pessoas: têm berço. 3
qtos (1 suite com closet),
varanda, sala em 2 ambientes,
copa-cozinha, deps. Completas.
Ampla área de lazer.
N N QE contíguo a sala,
sala contíguo a qto1,
qto 1 contiguo a qto2,
qto2 contiguo a suíte.
Botafogo 11 Topázio / R.
Conde de Irajá,
420 / 2005.
Construtora Decta
Engenharia /
X QE QE 3 e 4 qtos, varandão, deps
completas e 2 vagas. Apto
decorado pela Arquiteta Débora
Aguiar.
S N Suíte contíguo a qto2,
qto2 contiguo a qto1.
Botafogo 12 Golden Guinle /
R. Eduardo
Guinle, 55/
1999.
Construção Agenco
/ Bittar Arquitetos
Associados
X QE QE 3 qtos (1 suite), salão, varandas,
banheiro social, cozinha, área de
serviço,deps. Completas, 2 vagas
na garagem.
S N Cozinha contígua a
sala, sala contígua a
qto1, qto 1 contiguo a
qto2, qto2 contiguo a
suíte.
Botafogo 13 Botafogo Ville
Residencial / R.
Construção Villa
Construções /
X QE QE 3 qtos (1 ou 2 suites), varandão e
duas vagas na garagem.
S N Sala contígua a suíte
2, qto contigo a suíte 1.
253
Sorocaba, 507 /
2004
Botafogo 14 Maison Louvre /
R. Conde de
Irajá, 279 / 2006
Construção Cope
Engenharia /
Goldenstein
Arquietura
4Q QE DEP Sua família vai morar no melhjor 3
ou 4 qtos.
Planta flexível com acabamento
diferenciado.
S N Sala contígua a qto,
qto contiguo a suite,
qto2 contiguo a
escritório.
Botafogo 15 Solar dos
Viscondes / R.
Visconde de
Silva, 108/ 2001.
Construção RJZ /
Cepro Projeto de
Arquitetura
X QER QER Mude sua vida de lugar. 3 ou 2
qtos acima do comum. Sala de
estar ejantar, 3º ou quarto
reversível e deps. completas.
S S QER para o vestíbulo,
sala contígua a qto1,
qto1 contíguo a qto2.
Botafogo 16 Varandas de
Botafogo / R.
Visconde de
Silva, 33 / 2002
Construção Decta
Engenharia/
X QE QE 3 qtos, sala com lavabo,
varandão, 2 vagas.
S N Sala contígua a suíte 3
e suíte 2 contígua a
suite1.
Botafogo 17 Botafogo Oggi /
R. Mena Barreto
,103 / 2005.
Construção
Compax /
Arquitetura Arq &
Urb Projetos
X QE DEP 2 e 3 qtos com suíte e deps
completas (reversíveis). Diversas
opções de plantas, através do
sistema de plantas flexíveis.
S N Dep contígua a sala,
sala contígua a qto.
Botafogo 18 Visconde Silva
41 / R. Visconde
Silva, 41 / 2004.
Construção
Balassiano
Engenharia /
X QE QE 3 qtos, com suíte, lavabo e deps
completas. Lazer.
S N Cozinha contígua a
sala, sala contígua a
qto2, qto2 contiguo a
qto1.
Botafogo 19 Duo Residências
Duplex / R.
Mena Barreto,
151 / 2003.
Construção RJZ
Engenharia /
X QE QE Aptos duplex de 2 qtos com suíte.
Home Option. O seu apto com
várias opções de planta.
S N Sala contígua a QE.
Na perspectiva o qe é
sala de jantar.
Botafogo 20 Palazzo dei
Visconti / R.
Visconde Silva,
49 / 2004.
Construção
Balassiano
Engenharia /
X QE QE 3 qtos ( 1 suite), 2 vagas de
garagem. Lazer
S N Cozinha contígua a
sala, sala contígua a
qto1, qto1 contiguo a
qto2, qto2 contiguo a
suíte.
Botafogo 21 Splendido
Botafogo / R.
Voluntários da
Pátria, 48 / 2002.
Construtora Agenco
/
X QE HOME
OFFICE
Um residencial com serviços, em
centro de terreno. Salão com
varanda, 2 qtos (1 suite) e home
fofice que pode ser revertido em
terceiro quarto.
S S Home Office revertido
para circulação entre
cozinha e sala, sala
contígua a qto1, qto1
contiguo a suíte.
Botafogo 22 São Clemente,
159 / R. o
Clemente 159 /
2004.
Construção
Balassiano
Engenharia /
X N N 2 qtos, área de lazer. N N Cozinha contígua a
sala, sala contígua a
qto1, qto1 contiguo a
qto2.
254
Botafogo 23 Botafogo Green
Space / R. da
Passagem, 75 /
2002.
Construção CHL /
Sérgio Gatáss
Arquitetos
Associados
X QE QE 2 e 3 qtos em Botafogo com uma
área de lazer que vc na
Barra. Water Garden, Kid’s
Garden, Garden Club.
N N Sala contígua a qto1,
suíte contígua a qe.
Botafogo 24 e
25
Conde de
Portobello / R.
Gal. Polidoro,
104 / 2002
Construção Concal
/ Arquiteto Sérgio
Conde Caldas
X e
4Q
QE N 4 e 3 qtos com deps. completas e
2 vagas na garagem
N N 4Q. cozinha contígua a
sala / sala contígua a
qto1, qto1 contíguo a
qto2, qtos2 contiguo a
qto3, qto3 contiguo a
suíte.
3Q. Sala contíguo a
suíte, suíte contígua a
qto1, qto1 contiguo a
qto2.
Botafogo 26 e
27
Residencial
Letícia / R. da
Passagem, 95 /
2005.
Construção
Balassiano
Engenharia /
X X QE 2Q DEP
3Q QE
Sala, 2 qtos, dep. Reversível; sala
3 qtos mais 1 reversível. Lazer
S N 2Q. dep contíguo a
sala, sala contíguo a
qto1.
3Q. qe contíguo a sala,
sala contíguo a qto 1,
qto1 contiguo a qto2.
Botafogo 28 Residencial Julia
/ R. Fernandes
Guimarães, 12 /
2005.
Construção
Balassiano
Engenharia /
X QE QE Você vai amar viver nesse 3 qtos
(1 suite), com varanda, lavabo,
copa-cozinha, deps e 2 vagas.
S N Sala contígua a qto1,
qto1 contiguo a qto2,
qto2 contíguo a suíte.
Botafogo 29
Flex Home / R.
Ramon Castilla,
199 e 237 / 2002
Construção RJZ
Engenharia /
Arquiteto Inácio
Obadia / Interiores
Anastassiadis
Arquitetos.
X QE 2Q –
NQE;
2Q –
QE;
DUPLE
X –QE.
2 qtos na Urca,você além do
convencional. O flex home
oferece várias opções de planta
para você escolher, sem custo,. A
que melhor reflete seu jeito de
viver.
S N QE como quarto de
empregada mesmo.
Sala contígua a qto e a
cozinha./ sala contígua
a qto e qto a suíte e qe
reversívelp/ intimo / qe
reversível a sala e
suíte contigua a qto.
Copacabana 1 Reserva
Copacabana /
Rua Santa
Clara, 357 /
2006
Cavalcante
Construtora /
X Som
ente
WC.
N Lazer único na Zona Sul. 2
quartos com dependência, 2 ou 3
vagas na garagem e um projeto
exclusivo: plantas especiais.
N N Cozinha contígua a
sala, sala contígua a
quarto e quarto a suíte.
Copacabana 2 e Locanda Construção SIG / X X 2Q – 2Q - QE Apartamentos de 2 qtos, com N S 3Q - Cozinha
255
3 Apeninos / R.
Marechal
Mascarenhas de
Moraes, 196 /
2006
QER;
3Q -
QE
3Q - QE escritório ou o 3º reversível. Você
vai morar perto do metrô, da
praia, de amplo comércio e de
tudo que Copacabana tem de
melhor.
permeável a sala
(passa-prato), sala
contígua a quarto
(virando sala), quarto2
contiguo a suíte.
2Q QER para circ.
entre sala e cozinha,
sala contígua a quarto,
e quarto contiguo a
suíte.
Copacabana 4 Canto Maior / R.
Santa Clara, 272
/ 2000
Construção CHL/
Adel Alvim
Arquitetura
X QE QE Venha viver com muito espaço,
perto do Metrô e de tudo que
Copacabana tem de melhor. Na
área de lazer uma piscina com
raia de 25 m, espaço como você
nunca viu e 2 vagas na garagem.
S S Suíte subdividida
evidenciando um
segundo quarto; suítes
contíguas a sala.
Copacabana 5
Saint Claire
Residences / R.
Henrique
Oswald, 140 /
2001
Construção W3
Engenharia e SIG
X QE QE A vida boa de Copacabana es
de volta no Bairro Peixoto.
Apartamentos de 100m2 com 2
quartos amplos (1 suite),
escritório, varanda, deps.
Completas e 2 vagas de
garagem.
N N Suíte contígua a sala,
cozinha contígua a
sala.
Humaitá 1 Ed. Chateau
D’La Pricesse /
R. Mário
Pederneiras, 21 /
2006
Construtora
Terminal/
X QE QE Venha morar na melhor rua do
Humaitá. Varanda, 2 ou 3 qtos,
suíte, vagas na garagem, deps
completas.
N N Sala contígua a quarto,
quarto a quarto, quarto
a suíte.
Humaitá 2 Residencial
Burle / R.
Desembargador
Burle, 92 / 2004
Cope Engenharia /
Construtora
Formanova /
Goldenstein
Arquitetura
X QR QR O Endereço e o Apartamento dos
seus sonhos. 2 e 3 qtos, na
melhor rua do Humaitá.
S S Quarto reversível
desenhado e decorado
p/ íntimo. Sala contigua
a qtos, qto a qto
contíguo, e qto a suíte.
Humaitá 3 Ed. Portal da
Lagoa / Rua
Humaitá, 422 /
2006
Construção
Schipper
Engenharia / Villela
Arquitetura
X QER QER A Lagoa ao seu alcance.
Finalmente um apartamento que
você pode comprar. A melhor
localização e a melhor planta pelo
melhor preço.
N S QER voltado para a
circulação social. Sala
contígua a qto.
Humaitá 4
Residencial San
Felicce / R. Pio
Construção RJZ
Engenharia /
X QE QE 3 qtos (1 suite), varandão, 2
vagas pertinho da Lagoa. Você
S N Sala contígua a qto,
qto contíguo a suíte.
256
Correa, 98 /
2006
não tem mais desculpas para
começar a levar uma vida
saudável.
Lagoa 1
Regina / R.
Bogari, 127 /
2005
Construção Gercon
/
X QE QE Apartamentos de 3 suites, 2
vagas na tranqüilidade da Fonte
da Saudade a poucos passos da
Lagoa.
N N Sala contígua a qto,
qto contíguo a suíte,
cozinha contígua a
sala.
Jardim
Botânico 1
Palazzo
Botânico / R
Oliveira Rocha,
47 / 2002
Construção Decta
Engenharia /
X QER QE Nasce uma planta rara na rua
mais residencial do Jardim
Botânico. Salão, varandão,
lavabo, 3 quartos (1 suite) com
124m2 de área privativa.
N S QE decorado com
reversibilidade para
íntimo. Sala contígua a
quarto e quarto
contíguo a suíte.
Gávea 1 Ed. Chateau du
Marquis / R.
Marques de São
Vicente, 176 /
2002
Construção
Terminal /
X QE QE Uma raridade! Luxo e sofisticação
no melhor espaço da Gávea entre
a PUC e o verde. 3 suites
N N Quarto de empregada
contíguo a sala, suíte
contígua a sala, suíte
contígua a suíte 2
Gávea 2 Palazzo da
Gávea / R.
Marques de São
Vicente, 95 /
1999
Construção RJZ
Engenharia /
Arquiteto Bertoldo
Pogrebinschi
X QER QR Sala, 2 qtos (1 suite) com o 3º
reversível. Você vai morar perto
de tudo que conhece, gosta ou
precisa.
N S QER e com porta
indicada para íntimo.
Sala contíguo a quarto
e quartos com quartos.
Gávea 3 Gávea Village –
Village Soho
Penthouse / R.
Marques de São
Vicente, 17 /
2001
Construtora RJZ
Engenharia /
Arquiteto Inácio
Obadia
X N N Não existe outra pessoal igual a
você. Não existe outro espaço
igual a este. 3 qtos, 3 banheiros,
terraço panorâmico, sala de estar
e jantar, lavabo, cozinha e área
de serviço. Projeto de arquitetura
sugerido por Márcia Muller.
S N Suíte 1 e 2 contíguas.
Gávea 4
Giovanni
Gabrieli
Residências / R.
Marques de São
Vicente, 37 /
2003
Construtora Wrobel
/
X QE Q No coração da Gávea e, em
breve, no seu. 2 qtos com o
reversível. Opção de escolhas de
acabamento através do e-choice.
S S QER denominado
como quarto reversível
para íntimo. Sala
contígua a quarto, e
suíte contígua a qer.
Leblon 1
Up Leblon / R.
Adalberto
Ferreira, 18 /
2005
Construtora Cohani
/
X QER WS 2 qtos com workstation. Você tem
tudo a mão e faz tudo a .
Projeto de Decoração Janete
Costa.
S S Workstation é
desenhado no jornal
(no prospecto não)
para o social..
Jacarepaguá 1 Matisse Construção X X QE No O apartamento sob medida para S S 2Q. Sala contígua a
257
e 2 Residência /
Estrada dos Três
Rios, 762 / 2005
Montserrat / apartam
ento de
2 e 3
qtos o
qe é qe,
no 4
qtos o
4º qto é
qer
os seus sonhos. Qualquer que
seja o tamanho deles. Você
escolhe: 2, 3 ou 4 qtos, todos
com 1 vaga para 2 automoveis.
(soment
e no 4
qtos).
cozinha e a qto Qto
contíguo a suíte. QE
como reversível para
íntimo.
3Q COMPLETOS. Sala
contígua a qto e qto a
suíte. qto contíguo a
qe, e QE.
Jacarepaguá 3 Emerald Coast /
R. Geminiano
Góis, 956 / 2004
Construção Ecope
Engenharia /
X QE QE O melhor para a sua família está
no condomínio. Varandão , salão,
3 qtos, suítes, lavabo, copa,
cozinha e dep completa de emp.
N N Sala contígua a suíte,
suíte 2 contígua a suíte
3.
Jacarepaguá 4
e 5
Del Giardino
Residencial / R.
Araguaia, 394 /
2005
Construção Soma
Rio / Ronaldo
Fontainha
Arquitetos
X X QE QR O lugar para você construir uma
vida com muita classe e
segurança. 3 e 2 qtos, suíte,
varandão, deps. Completas
reversíveis, 2 vagas
S S 2Q. Sala contígua a
cozinha e a qtos, qto
contíguo a suíte, qr.p/i
3Q. Sala contígua a
coz e a qto1, qto1
contiguo a qto 2, qto 2
contiguo a suíte, qer p/i
Barra da Tijuca
1
Via Bella
Península /
Península / 2004
Construção Via e
Carvalho Hosken
S.A. Engenharia e
Construções /
Arquiteto Carlos
Alberto Bittar.
X QE QE A infra-estrutura da Barra com a
exclusividade da Península.
Ampla varanda, sala em dois
ambientes, cozinha americana,
área de serviço, 1 ou 2 vagas,
vaga de segurança.
N S
(soment
e na
cozinha)
.
Sala contíguo com o
qto e com a cozinha
permeável
(americana). Quarto de
empregado reversível
porém QE p/ íntimo.
Barra da Tijuca
2 e 3
Lac Premier /
Av. Ga. Olyntho
Pillar, 355 / 2001
Construção
Atlântica
X e
4Q
QE 3Q – Q
4Q - QE
Daqui a pouco você vai
conseguir privacidade assim. 3 e
4 qtos em edifícios de apenas 5 e
6 andares.
N N 4Q. Sala contígua a
qto 1, qto1 contiguo a
qto2, qto2 contiguo a
qto3, qto3 contiguo a
suíte, suíte contíguo a
qe.
3Q. sala contígua a
coz e qto 1, qto 1
contiguo a qto2, qto2
contiguo a suíte, qer p/
íntimo.
Barra da Tijuca
4 e 5
Península Green
Green Lake e
Green Garden /
Construtora Gafisa /
S&W Arquitetos
Associados /
X X QE 2Q e 3Q
- QE
O Condomínio mais exclusivo da
Barra. Todos os apartamentos
para o verde e a lagoa. Tudo
S S 2q QE Acréscimo de
Sala; Banheiro de
Serviço desloca-se.
258
Av. das Acácias,
Península /
2003.
Paisagismo
Fernando Chacel.
projetado para ser especial como
você.
Sala contgua a qto1
contíguo a suíte.
3q QE Acréscimo de
Cozinha e Suíte.
Toilete desaparece,
Sanitários acrescem-se
e contigüidade de
sanitários., qto1
contiguo a sala e a
suíte. Contigüidade
Suíte, qto1 e sala.
Permeabilidade da
cozinha para a sala.
Barra da Tijuca
6
Lês Residences
Saint Tropez
Ed. La Barbiere
e Ed. Le
Rousidou / Av.
Sernambetiba,
4000 / 2000
Construção
Servenco /
Arquitetura: S& W
X QE QE Nenhum outro lugar é assim.
Aptos de 3 qtos com 1 ou 3
suites, 2 ou 3 vagas na garagem.
N N Sala contígua a
cozinha e a qto1, qto1
contiguo a suíte, suíte
contíguo a qto2, e qto2
contiguo a qe.
Barra da Tijuca
7 e 8
Varandas do
Mar / Av. Canal
de Marapendi /
1998
Construção Decta
Engenharia
X X QE Q 2 e 3 qtos (1 suite) com deps
completas. Na quadríssima da
Praia da Barra.
S 3Q S
2Q N
3Q. Sala contígua a
cozinha e a qto 3, qto 3
contiguo a qto2 e qto 2,
contíguo a suíte, qer p/
íntimo.
2Q. Sala contíguo a
qe. Qto contíguo a
suíte..
Barra da Tijuca
9 e 10
Al Mare / Av.
Sernambetiba,
6200 / 1999.
Construção Decta
Engenharia /
Arquiteto Inácio
Obadia e Chico
Gouvêa
X X X Q 2 qtos (1 suite) completo. 3 qtos
(1 suite) completo. Todos de
frente para o mar.
S S 2Q. Sala permeável
para cozinha e
contígua a QER, e
qto1. Qto 1 contiguo a
suíte.
3Q. Sala contíguo a
qto1, qto1 contiguo a
qto2, qto2 contiguo a
suíte, qer para circ.
Íntima.
Barra da Tijuca
11
Condomínio Vila
Firenze / Av.
Construtora Calper /
Casé Lima
X QE QE 2 qtos. Elegância, bom gosto e o
melhor da arquitetura
S N 2Q. Sala contíguo a
cozinha e qto1, qto1
259
Abelardo Bueno,
3250 / 2003
Arquitetura contemporânea. Apartamentos de
2 qtos e 2 qtos com 3 º reversível.
contiguo a suíte.
uma opção com o qe
com reversibilidade p/
íntimo.
Barra da Tijuca
12 e 13
Rio 2
Residencial
Sardenha Ed.
Porto Cervo / Av.
Abelardo Bueno,
2000 / 2004.
Construção
Cycohrp
Engenharia /
Isabela Paiva
Arquitetura /
Paisagismo
Benedito Abbud /
Apto. decorado por
Stella de Orleans e
Bragança
X
e
4Q
QE QE É melhor estacionar o carro. Você
pode se distrair com o que vai ver
agora. 3 qtos (1 suite), e 4 qtos (2
suites), deps completas, 2 vagas.
S N 3Q. QE Contíguo a
sala, sala contíguo a
qto 1, qto 2 contiguo a
suíte máster.
4Q sala contíguo a
qto1, qto1 contiguo a
qto2, qto2 contiguo a
suite1, suíte 1 contiguo
a suíte máster.
Barra da Tijuca
14
Barra Quality /
Av. Abelardo
Bueno, 3250 /
2003
Construtora Calper /
Casé Lima
Arquitetura
X QE QR Morar aqui vai ser um grande
evento! 2 quartos (3º reversível).
S S Sala contígua a
cozinha e qto1, qto1
contiguo a suite, qe
revertido direto para a
circulação intima.
Barra da Tijuca
15
Viva Viver / Av.
Salvador Allende
/ 2004
Construtora Santa
Cecília /
X NQE N Se você acha chato passar o fim
de semana em casa, deve estar
morando no lugar errado. Viva
Viver. Você vai adorar ficar em
casa. Segurança total e mais
lazer, 2 e 3 qtos.
S S Qto transformado em
family room. Cozinha
permeável a sala,
Family room contíguo
ao qto2.
Barra da Tijuca
16 e 17
Cidade Jardim /
Av. Abelardo
Bueno / 2007.
Construção RJZ /
Feu Arquitetura
Arquitetos
Associados. /
Paisagismo
Benedito Abbud.
X
4Q
2Q.
N;
2,5Q;
3Q.Q
ER/
QE;
4Q.
QE.
2Q N;
2,5Q S;
3Q,QER
;
4Q n.
Evolução Urbana, Humana e
Residencial.
2, 3 e 4 qtos com varandas. Áreas
de lazer.
S N 3Q cozinha
permeável a sala, sala
contíguo a qto2, qto2
contíguo a suíte, qer p/
circ. Intima ou sala;
4Q (2) cozinha
permeável a sala, sala
contiguo a qto1, qto1
contíguo a qto2, qto2
contiguo a qto 3, qto3
contiguo a suíte.
Barra da Tijuca
18, 19 e 20.
Sundeck / Av.
das Américas,
km. 8 / 2003.
Construtora Gafisa /
Sérgio Gattáss
Arquitetos
X X 2Q.
QR e
NQE;
2Q QR;
Não existe nada igual em lugar
nenhum. Apartamentos com
terraço, piscina e sauna.
S S 2Q c/ QE QR para a
circulação.
Contigüidade da suíte
260
Associados. 3Q
NQE.
para qto.1 e qto1 para
a sala.
2Q s/ QE
Permeabilidade da
Cozinha para a Sala.
Contigüidade da Suíte
para qto1 e qto1 para a
sala.
3Q s/ QE QR e
acréscimo de Suíte.
Banheiro Suíte reverte
para a Varanda. Qto2.
contiguo a Suíte, suíte
contíguo a qto1 e qto1
contíguo a sala.
Barra da Tijuca
21, 22, 23 e 24
Blue One
Condomínio das
Américas Blue
One Residence
Service / Av. das
Américas, 12600
/ 2003.
Construtora Gafisa /
Bittar Arquitetos
Associados e
Mayerhofer &
Toledo Arquitetura,
Planejamento e
Consultoria Ltda /
Paisagismo DW
Santana.
X X QE 2 e 3Q
ATELIER
Não existe cor que defina melhor
o Rio do que o azul. Ser Blue é
ter um estilo próprio, só seu. 2
Estilos diferentes para pessoas
diferentes. Para os mais
modernos o Blue Atelier, com
opções incríveis para montar a
sua casa. Mas se o seu hobby é
cozinhar para os amigos, então
de Blue Gourmet. Ainda tem o
Blue Fashion, prático, charmoso e
bonito e o Blue Family onde a sua
família vai viver com todo o
conforto.
2 e 3 quartos com vista para o
mar ou para as montanhas. Além
de pegar uma praia você pode
pegar uma piscina, uma sauna,
uma hidromassagem.
S S 2Q com WC serviço
junto a entrada de
serviço Cozinha
contigüidade para a
sala e atelier, sala
contiguo ao qto1 e qto1
contíguo a suite;
2Q com WC serviço
junto a fachada,
permeabilidade da
cozinha para a sala,
atelier contiguo a sala;
3Q com WC serviço
junto a entrada de
serviço - Cozinha
contigüidade para a
sala e atelier, sala
contiguo a qto1, qto 1
contiguo a qto2 e qto2
contiguo a suite;
3Q com WC de serviço
junto a fachada - QE
reverte para a sala
com nome de atelier,
acréscimo de sala,
261
permeabilidade da
cozinha para a sala;
suíte 1 contígua com
qto 1; suíte 2
contigüidade com sala.
Recreio dos
Bandeirantes 1
Maison du Jardin
/ Estrada
Vereador Alceu
de Carvalho /
2005
Construção Ciprol
Engenharia /
X NQE NQE Pertinho da Praia do Recreio e do
seu alcance. 2 quartos, área de
lazer completa, com piscina,
sauna, salão de festas e
playground.
N N Cozinha permeável a
sala. Sala para íntimo
e quarto com quarto.
Recreio dos
Bandeirantes 2
e 3
Nova Barra
Ed. Bougainville
e Edifício Tulipa
/ Av. das
Américas 16300
/ 1999
João Fortes
Engenharia /
X X QE Q João Fortes está construindo no
Recreio a Barra do próximo
milênio. 2 e 3 qtos.
S S Apresentam o
desdobramento do qe
em qer (q).
3Q. cozinha contígua a
sala. Qto1 contiguo a
qto2, qer para íntimo.
2Q. qto contíguo a
suíte. Qer para íntimo
Recreio dos
Bandeirantes 4
La Vista
Residencial / Av.
das Américas
Km./ 19 / 2006.
Construção Carmo
e Calçada/
Arquiteto Sérgio
Alexandre
Mascarenhas.
X QE HO 2, 3 e 4 qtos (1 suite), com até 2
estacionamentos cobertos por
unidade e vista par o mar.
Armários nos quartos e cozinhas.
Venha morar juntinho desse
paraíso. Lazer.
S S Plantas evidenciando a
permeabilidade da
cozinha (3Q)
3Q. Sala contígua a
qto 1, qto 1 contiguo a
qto2 e qto2 contiguo a
suíte.
Recreio dos
Bandeirantes 5
e 6
Recreio Top
Duplex
Residence
Service/ Av.
José Luiz
Ferraz, 200 /
2002.
Construtora Santa
Cecília / Arq e Urb
Projetos /
Paisagismo
DW/Santana /
Interiores Sylvia
Zobaran.
X X QE 2Q e 3Q
DEP.
É uma ótima opção para viver
com personalidade. Morar com
personalidade é morar onde você
encontra tudo que corresponde
ao seu estilo. Você vai viver
próximo da praia e de tudo que o
Recreio oferece de melhor.
S S Planta evidenciando a
reversibilidade do QE.
2Q (Escritório,
Acréscimo de Sala)
3Q (Sala Múltiplo Uso,
Acréscimo de Sala);
2Q e 3Q Sala contigua
à DEP.
2Q qto 1 contíguo a
suíte.
3Q qto 1 contíguo a
qto2 e qto2 contíguo a
suíte.
262
ANEXO 2 - PLANTAS MATRIZES E SUAS VARIAÇÕES TIPOLÓGICAS DOS CATÁLOGOS E MANUAIS DE PLANTAS DAS CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS
Anexo 2.1 - Duas Variações de Planta sobre
Planta Matriz Apartamento Sala, Lavabo, Varanda, 2 Quartos (Suite), Banheiro Social, Área de Serviço, WC, Copa-
Cozinha (Espaço Gourmet), Ateliê” do Manual de Plantas de Propaganda Imobiliária da Construtora Gafisa, Bittar Arquitetos Associados e
Mayerhofer e Toledo, Edifício Blue One, Barra da Tijuca.Arte Final: LaxmiMais.
1. Contigüidades entre Cozinha e Sala e Sala e Quarto;
2. Contigüidade entre Cozinha, Sala e Quarto.
1 2
263
Anexo 2.2 - Cinco Variações de Planta sobre p
lanta Matriz Apartamento Hall, Sala, Varanda, 2 Quartos (Suite), Banheiro Social, Cozinha, Área de Serviço,
Quarto e WC de Empregado do Manual de Plantas de Propaganda Imobiliária da Construtora Gafisa, Sérgio Gattáss Arquitetos, Ed. Green Lake
e Green Garden, Barra da
Tijuca.Arte Final: Archigraph.
1. Suite Ampliada / Escritório;
2. Quarto de Empregado Revertido para o Social;
3. Quarto de Empregado Revertido para o Social / Suite Ampliada / Escritório;
1 2 3
264
4. Quarto de Empregado Revertido para o Social / Contigüidade entre Sala e Quarto / Suite Ampliada;
5. Quarto de Empregado Revertido para o Social / Contigüidade entre Quartos.
4 5
265
Anexo 2.3 - Duas Variações de Planta sobre P
lanta Matriz Planta Matriz Sala, Varanda, Dois Quartos (Suíte), Banheiro Social, Cozinha, Área de Serviço, Quarto
de Empregado e WC” do Manual de Plantas de Propaganda Imobiliária da Construtora Gafisa, Sérgio Gattáss Arquitetos Associados, Sun Deck
Residence Service, Barra da Tijuca.Arte Final: Archigraph.
1. Contigüidade entre Sala e Quarto / Quarto Reversível;
2. Contigüidades entre Sala Quarto e Entre Quartos / Quarto Reversível.
1 2
266
Anexo 2.4 - Duas Variações de Planta sobre
. Planta Matriz Apartamento Sala, Varanda, 2 Quartos (Suite), Banheiro Social, Área de Serviço, WC, Copa-Cozinha,
Despensa” do Manual de Plantas de Propaganda Imobiliária da Construtora Gafisa, Bittar Arquitetos Associados e Mayerhofer e Toledo, Edifício
Blue One, Barra da Tijuca. Arte Final: LaxmiMais.
1. Contigüidade entre Cozinha e Sala;
2. Contigüidades entre Cozinha e Sala e entre Sala e Quarto / Suite Ampliada.
1 2
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