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[...] trabalho docente envolve o planejamento, a atuação da gente em sala
de aula, direto com o aluno, e ainda exige a avaliação, porque aí todo
trabalho que tu faz tu tem que revisar, tu tem que voltar com o aluno, fazer a
correção, mostrar para ele que ele errou, então, saindo da escola eu ainda
tenho serviço em casa. Porque só o tempo de escola também não dá para,
para fazer as correções e as avaliações. [...] A gente se esforça para dar
conta, por quê? Eu cheguei na escola depois do início do ano letivo, eu
cheguei bem depois. Então eu que me adaptei ao ritmo da escola e ao que
as colegas tinham determinado. [...] mesmo que às vezes eu ache que
tenha projetos demais, eu não estive presente na hora de, de determinar, de
escolher isso. Então eu acredito assim, pela experiência das colegas, se
elas escolheram todos esses projetos é porque a gente deveria dar conta.
Mas às vezes eu não dou conta de tudo isso. (P1).
Eu fico pensando, já pensei muito. Será que sou eu que sou
desorganizada? Será que sou eu que não consigo? Já tentei muito, sabe?
Até melhorei em vários aspectos, mas, assim, a jornada de trabalho, ela não
dá conta do trabalho que nós temos realmente que fazer. Fixo, não dá. Por
ser um professor que pesquisa, que elabora materiais alternativos, eu tenho
que estar pensando em um planejamento para minha turma em geral, eu
tenho que estar pensando em material diferenciado para um aluno, material
diferenciado para outro aluno, no atendimento que ele vai ter naquela sala,
naquele momento, trabalho mais independente para uns para eu poder dar
mais atenção para os outros, um trabalho individualizado que atenda a
todos também. [...] Para você cuidar, ler, preparar, buscar alternativas,
estudar um caso de um aluno, como eu posso atender especificamente
esse, para você atender seu aluno no horário inverso, para você analisar os
projetos, organizar o planejamento, pesquisar material, gente, não tem, não
tem espaço, dentro desse horário. [...] Não, a jornada não dá conta. Esses
horários que a gente têm, não dá. (P2).
Não, eu precisaria ainda de mais tempo para coordenar atividade, para
preparar, com certeza. Eu precisaria de mais tempo. Agora, como, se o dia
só tem 24 horas? É complicado. A nossa jornada é de 40 horas e o tempo
que a gente não está em sala de aula, a gente está tentando coordenar ou
estamos nas oficinas [...]. É:::, então eu ainda precisaria de mais tempo.
(P3).
É difícil você dar conta. Pelo menos eu não estou conseguindo dar conta,
(1), de terminar esse trabalho aqui. Porque, são várias, são várias coisas
que você faz. Pela parte da manhã você está com os alunos, cinco horas
[...]. Eu agora estou fazendo um curso [...] nós temos um cronograma, então
temos ou reunião durante a semana, já tem dias marcados, reuniões em
outros dias, agora com a escola integral, são dois dias com a escola
integral, que nós estamos envolvidos e na verdade fica muito complicado,
porque demanda muito mais. (P4).
Não. Se você deixar única e exclusivamente para o horário que você tem
aqui dentro da escola, não dá conta. [...] A gente tinha aquele pensamento,
os alunos iam acompanhando e a coisa ia conforme dava. Nós fomos
ganhando tempo para coordenar e ficamos com uma turma apenas,
ganhamos mais uma hora com os meninos, então de fato passou a ser
cinco [horas] com as crianças, as exigências, elas não dobraram, elas
triplicaram. (P5).
A jornada, ela é insuficiente, porque realmente assim, é uma correria, a
gente tem sempre muito trabalho. E assim, a gente trabalha com vários
projetos, a gente tem que desenvolver esses projetos, e aqui a dinâmica é
muito grande, e assim, o tempo é curto mesmo e acaba que a gente tem
que levar [trabalho] para casa. (P6).