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a transição da tela de TV para a tela de computador, ou com a emergência de uma nova
cultura das comunicações, entendida como cibercultura. Carvalho; Matta (Ibid., p. 9)
esclarecem que a interatividade
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de que tratam para a EaD não é a abordada na maior parte
da literatura atual mecânica e linear ainda que procurando a demonstração de não-linearidade
de categorias como hipertexto, hipermídias
e outras
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. Esclarecem que a interatividade no
Campo da Comunicação é “um conjunto de relações complexas de emissão e recepção de
mensagens”, mas eles, na perspectiva em que tratam a interatividade, consideram as
características técnicas do meio digital para afirmarem que “a tecnologia digital criou as
condições para esta interatividade reflexiva”, pois permite um maior número de interações e
uma maior riqueza e variedade delas, “possibilitando a imersão, navegação, exploração e
conversação presentes nos suportes de comunicação em rede.” Comparando os suportes de
comunicação em rede - TV e computador – Carvalho; Matta (Ibid., p. 10) esclarecem que,
enquanto a tela da TV é um plano de irradiação com as duas dimensões, altura e largura, a tela
do computador permite imersão, pois além de altura e largura tem profundidade, que permite
ao usuário interagir e não meramente assistir. Permite adentrar, operar, agregar, modificar,
compartilhar e co-criar. Com a pedagogia da transmissão, os professores estão no mesmo
paradigma da TV. Eles são transmissores iluminados, que editam e distribuem os conteúdos
de aprendizagem para os alunos receptores sem luz. Estes, por sua vez, migram da tela da TV
para a tela do computador, conectado à internet, em busca de interatividade que, desse modo,
aproxima-se do conceito de construção do conhecimento em que os alunos, professores ou
outros, como sujeitos envolvidos em uma determinada construção social, ficam sempre
imersos em uma realidade concreta e na criação de soluções que validem suas demandas
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Um sistema interativo deveria dar total autonomia ao espectador enquanto os sistemas reativos trabalhariam
com uma gama pré-determinada de escolhas. Há assim, interatividade mútua (criativa, aberta, em que todos os
agentes possam experimentar uma evolução histórica de si na relação, e da relação propriamente dita),
verdadeiras trocas, e há a interação reativa. A primeira deveria abarcar a possibilidade de resposta autônoma,
criativa e não-prevista da audiência. Dessa forma se poderia chegar a um novo estágio onde as figuras dos pólos
emissor e receptor seriam substituídas pela “idéia mais estimulante” de agentes intercomunicadores, pois os
envolvidos na relação interativa são agentes, isto é, ativos enquanto se comunicam, o que pressupõe troca,
comunhão, com possibilidade de verdadeiro diálogo, não restrito a uma pequena gama de possibilidades reativas
planejadas a priori. A relação reativa seria, pois, por demasiado determinística, de pouca liberdade criativa, um
tipo fraco de interação, pelas limitações que impõe à relação, segundo Primo (2007, p. 68).
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O hipertexto é um sistema de escrita e leitura não linear aplicado à informática, principalmente à multimídia e
às home pages na World Wide Web. Nele, as informações estão organizadas de forma não hierarquizada e
espalhadas em uma rede com inúmeras conexões (os links ou hiperlinks) sobre o que vê e quando a informação
será visível. O termo hipermídia designa um tipo de escritura complexa, na qual diferentes blocos de
informações estão interconectados.