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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Tecnologia
Departamento de Engenharia Química
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS MICRO E
NANOESTRUTURADOS DE QUITOSANA/MDI PARA
APLICAÇÕES COSMÉTICAS
Bento Pereira da Costa Neto
Orientadora: Profª Drª Ana Lúcia de Medeiros Lula da Mata PPGEQ/UFRN
Co-orientadora: Drª Maria Inês Ré – IPT/SP
Natal / RN
Março / 2009
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Bento Pereira da Costa Neto
DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS MICRO E
NANOESTRUTURADOS DE QUITOSANA/MDI PARA
APLICAÇÕES COSMÉTICAS
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-graduação em Engenharia
Química da Universidade Federal do Rio
Grande de Norte, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em
Engenharia Química.
Natal/RN
Março/2009
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Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte.
UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Costa Neto, Bento Pereira da.
Desenvolvimento de sistemas micro e nanoestruturados de
quitosana/MDI para aplicações cosméticas / Bento Pereira da Costa Neto.
– Natal, RN, 2009.
124 f.
Orientadora: Ana Lúcia de Medeiros Lula da Mata.
Coorientadora: Maria Inês Ré.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Engenharia Química.
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química.
1. Microencapsulação Dissertação. 2. Policondensação interfacial
Dissertação. 3. Emulfisificação espontânea Dissertação. 4. Liberação
controlada. I. Mata, Ana Lúcia de Medeiros Lula da. II. Ré, Maria Inês.
III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.
RN/UF/BCZM CDU 66.08(043.3)
COSTA NETO, Bento Pereira - Desenvolvimento de sistemas micro e
nanoestruturados de quitosana/MDI para aplicações cosméticas. Dissertação de
Mestrado, UFRN, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, Área de
Concentração: Engenharia de Processos – Subárea de concentração: Encapsulação.
Orientadora: Profª Drª Ana Lúcia de Medeiros Lula da Mata – PPGEQ/UFRN
Co-orientadora: Drª Maria Inês Ré – IPT/SP
Resumo: O presente trabalho visou o estudo e desenvolvimento de um sistema micro e
nanoestruturado de quitosana reticulada por diisocianato, pela técnica de
policondensação interfacial combinada com emulsificação espontânea, para
encapsulação de benzofenona-3 (BZ-3), um filtro solar químico. Foi elaborado
primeiramente um planejamento experimental de 2
3
para desenvolvimento da
formulação de
partículas de quitosana e MDI (4,4’-difenil metano diisocianato), onde as
variáveis foram às concentrações de MDI, de quitosana e do solvente. A partir dos
dados fornecidos pelo planejamento experimental, optou-se pelas condições de processo
e formulação capazes de gerar o menor diâmetro de partícula. O estudo prosseguiu com
a incorporação de BZ-3 e Miglyol (núcleo das cápsulas formadas). Suspensões de
nanocápsulas com concentrações de 6,25 mg/mL, 12,5 mg/mL, 18,75 mg/mL e 25
mg/mL de BZ-3 foram preparadas, porém durante o período de armazenamento ocorreu
o aparecimento de precipitados cristalinos, nas suspensões de 18,75 mg/mL e 25 mg/mL
de BZ-3. Este aparecimento de precipitados cristalinos foi atribuído à difusão da BZ-3
para a fase aquosa não ocorrendo sua encapsulação. A suspensão contendo 6,25 mg/mL
de BZ-3 apresentou diâmetro médio de 1,47µm, potencial zeta de 61 mV, pH de 5,64 e
teor de encapsulação próximos a 100 %. A suspensão contendo 12,5mg/mL de BZ-3
apresentou diâmetro médio de 1,76µm, potencial zeta de 47,4mV, pH 5,71 e teor de
encapsulação próximos a 100 % e foi selecionada juntamente com a de 6,25 mg/mL
para a continuidade do estudo. Estas formulações foram caracterizadas também pela
morfologia, turbidimetria, espectroscopia de absorção na região do infravermelho, DSC
e foi elaborado um estudo de liberação controlada do fármaco em diferentes meios
receptores. Em conclusão, o conjunto dos resultados obtidos demonstra que estas
formulações são sistemas promissores para a aplicação cutânea de filtros solares.
Palavras-chaves: Microencapsulação; Policondensação interfacial; Emulsificação
espontânea; Reticulação cruzada; Liberação controlada.
Abstract
Currently, studies in the area of polymeric microcapsules and nanocapsules and
controlled release are considerably advanced. This work aims the study and
development of microcapsules and nanocapsules from Chitosan/MDI, using a new
technique of interfacial polycondensation combined to spontaneous emulsification, for
encapsulation of BZ-3. It was firstly elaborated an experimental design of 2
3
of the
particle in white without the presence of BZ-3 and Miglyol, where the variables were
the concentrations of MDI, chitosan and solvent. Starting from the data supplied by the
experimental design was chosen the experiment with smaller particle diameter and only
added like this BZ-3 and Miglyol.
The suspension containing concentrations of 6.25 mg/mL, 12.5 mg/mL, 18.75
mg/mL, 25 mg/mL of BZ-3 were prepared, nevertheless, during the storage time, these
formulations presented drug precipitates in the suspensions of 18.75 mg/mL and 25
mg/mL of BZ-3. This apparition of precipitate was attributed to the diffusion of BZ-3
for the aqueous phase without any encapsulation, suggesting so the use of the smaller
concentrations of the BZ-3. The suspension containing 6.25mg/mL of BZ3 presented
average size of 1.47µm, zeta potential of 61 mV, pH 5.64 and this sample showed an
amount of BZ-3 and drug entrapment of 100 %. The suspension containing 12.5mg/mL
of BZ-3 presented average size of 1.76µm, zeta potential of 47.4 mV, pH 5.71 and this
sample showed an amount of BZ-3 and drug entrapment of 100 %. Then, showing such
important characteristics, these two formulations were chosen for futher continuity to
the study. These formulations were also characterized by the morphology, FTIR,
stability for Turbiscan, DSC and a study of controlled release of the BZ-3 was
elaborated in different receiving means.
Keywords: Microencapsulation; Interfacial polycondensation; Spontaneous
emulsification; Cross-linking; Controlled release.
Dedicatória
A Deus, em quem deposito toda a minha fé e esperança.
Obrigado por permanecer constante em minha vida e não me
abandonar nos momentos mais difíceis;
Aos meus pais Antonio e Neta, os quais sempre me apoiaram
nas realizações dos meus projetos. Agradeço por todo carinho
e amor que sempre me dedicaram e, principalmente, por
acreditarem em mim;
As minhas irmãs Marjorie, Maarâni e Lúcia, por toda
amizade. Agradeço por sempre estarem ao meu lado e pelos
conselhos que me deram;
A minha Noiva, Gidyonne, por sempre me apoiar e acreditar
em mim. Agradeço por toda paciência nos momentos difíceis,
por me fazer rir mesmo estando longe. Obrigado por tornar a
minha vida mais bela;
Por último, mas não menos importante, ao Doutor Adriano
Marim de Oliveira, a Autarquia do Saber. Agradeço pela
dedicação, esforço e paciência. Obrigado pelas palavras
amigas e pelos ensinamentos constantes. Essa dissertação o
teria sido finalizada se não contasse com sua ajuda.
Agradecimentos
Ás Professoras, Dra. Ana Lúcia de Medeiros e Dra Maria Inês pela oportunidade
oferecida, por ter confiado em minha capacidade de trabalho, pelas orientações e correções
e por me proporcionar muitas oportunidades que contribuíram para a minha vida
profissional.
Aos amigos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, Ana
Letícia, Vivianne Buono, Shirley, Suca, David, Kleber, Maria Helena, Priscila, Luciana
e Marcio pela amizade, incentivo e apoio. Obrigado pelas contribuições de cada um
tanto para a minha dissertação quanto para a minha vida. Entendo que amigos vão e
vem, mas que um punhado deles, preciosos, eu tenho que guardar com carinho. Esses
amigos preciosos são vocês.
Aos amigos da UFRN, Luiz, Ricardo Henrique e Iara pela amizade,
companheirismo e dedicação durante a graduação e mestrado.
Ao meu grande amigo Pierre, o Anhangüera, por toda disposição que teve para
me ajudar nos ensaios, pela grande amizade que nasceu entre nós, pelas longas e
valiosas conversas que sempre tivemos e pelas risadas e mais risadas que demos ao
longo dessa jornada.
Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química pela oportunidade de
melhorar minha qualificação profissional.
Ao IPT pela oportunidade de realizar os ensaios experimentais no Laboratório de
Processos Químicos e Tecnologia de Partículas.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq , pelo
apoio financeiro concedido para a realização deste trabalho.
Sumário
1. INTRODUÇÃO GERAL.................................................................................................
02
2. ASPECTOS TEÓRICOS.................................................................................................
06
2.1. NANOTECNOLOGIA................................................................................................
06
2.2. MICRO/NANOENCAPSULAÇÃO.............................................................................
09
2.3. MÉTODOS DE ENCAPSULAÇÃO...........................................................................
12
2.4. TÉCNICA DE EMULSIFICAÇÃO ESPONTÂNEA...................................................
13
2.5. TÉCNICA DE POLICONDENSAÇÃO INTERFACIAL............................................
14
2.6. TÉCNICA DE POLICONDENSAÇÃO INTERFACIAL COMBINADA COM
EMULSIFICAÇÃO ESPONTÂNEA............................................................................
15
2.7. REAÇÃO DE RETICULAÇÃO CRUZADA...............................................................
16
2.8. MECANISMOS DE LIBERAÇÃO CONTROLADA DE ATIVOS..............................
18
2.9. MATÉRIAS – PRIMAS............................................................................................
20
2.9.1. Quitosana.....................................................................................................
20
2.9.2. Diisocianato – MDI.....................................................................................
22
2.9.3. Benzofenona-3.............................................................................................
23
2.9.4. Miglyol.........................................................................................................
25
2.9.5. Tensoativos..................................................................................................
27
2.9.5.1 Tween 80............................................................................................
27
2.9.5.2 Span 80..............................................................................................
28
3. ESTADO DA ARTE.........................................................................................................
30
4. METODOLOGIA EXPERIMENTAL...........................................................................
41
4.1. MATERIAIS..............................................................................................................
41
4.1.1. Equipamentos....................................................................................................
41
4.1.2 Reagentes............................................................................................................
42
4.2. ENSAIOS PRELIMINARES.......................................................................................
42
4.3. PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL........................................................................
43
4.4. METODOLOGIA PARA OBTENÇÃO DAS PARTÍCULAS DE QUITOSANA/MDI.
44
4.5. CARACTERIZAÇÃO DAS SUSPENSÕES DE PARTÍCULA DE
QUITOSANA/MDI......................................................................................................
46
4.5.1. Granulometria e índice de polidispersão..........................................................
46
4.5.2. Microscopia e morfologia..................................................................................
46
4.5.3. Potencial zeta....................................................................................................
47
4.5.4. Eficiência de encapsulação da BZ-3 por CLAE................................................
47
4.5.5. Turbidimetria......................................................................................................
49
4.5.6. Estudo da liberação controlada.......................................................................
50
4.5.6.1. Estudo da liberação controlada livre de membranas.......................
50
4.5.6.2. Estudo da liberação controlada com membranas de diálise..............
51
4.5.7. pH.......................................................................................................................
52
4.5.8. Espectroscopia de absorção na região do infravermelho...............................
52
4.5.9. Análises térmicas..............................................................................................
52
4.5.9. 1. Análise Termogravimétrica (TG) e Análise térmica diferencial
(DTA)....................................................................................................
52
4.5.9.2. Análise de calorimetria diferencial de varredura – DSC..................
53
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................................................
56
5.1. ENSAIOS PRELIMINARES...................................................................................
56
5.1.1. Introdução do miglyol no sistema........................................................
56
5.1.2. Concentração do miglyol no sistema............................................................
56
5.1.3. Escolha do solvente.......................................................................................
57
5.2. PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL......................................................................
58
5.3. ENCAPSULAÇÃO DA BZ-3....................................................................................
66
5.4. ANÁLISE DA ESTABILIDADE FÍSICA DAS SUSPENSÕES (TURBIDIMETRIA
DINÂMICA)..............................................................................................................
67
5.5. GRANULOMETRIA E ÍNDICE DE POLIDISPERSÃO..........................................
69
5.6. MICROSCOPIA E MORFOLOGIA DAS PARTÍCULAS........................................
72
5.7. ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO.......
73
5.8. ANÁLISES TÉRMICAS............................................................................................
75
5.8.1. Análise Termogravimétrica (TG) e análise térmica diferencial (DTA) da
quitosana.................................................................................................................
75
5.8.2. Análise de calorimetria diferencial de varredura – DSC...........................
76
5.9. EFICIÊNCIA DE ENCAPSULAÇÃO......................................................................
77
5.10. POTENCIAL ZETA.................................................................................................
78
5.11. DETERMINAÇÃO DO PH......................................................................................
78
5.12. LIBERAÇÃO CONTROLADA.................................................................................
79
5.12.1. Estudo livre de membrana...........................................................................
79
5.12.2. Estudo de liberação incorporando membrana............................................
80
6. DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÃO......................................................................
83
SUGESTÕES DE CONTINUIDADE....................................................................................
86
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................
88
ANEXOS................................................................................................................................
104
Lista de Figuras
Figura 2.1.. Diferentes áreas de aplicação da nanotecnologia............................
08
Figura 2.2. Representação de cápsulas e esferas.................................................
10
Figura 2.3. Esquema da emulsificação espontânea..............................................
13
Figura 2.4. Mecanismo de preparação de partículas usando a técnica de
policondensação interfacial combinada com emulsificação
espontânea..............................................................................................................
15
Figura 2.5. Fórmula estrutural do MDI................................................................
22
Figura 2.6. Fórmula estrutural da BZ-3...............................................................
23
Figura 2.7. Estruturas de ressonância das benzofenonas...................................
24
Figura 2.8. Triglicerídeos de ácido caprílico.....................................................
26
Figura 2.9. Triglicerídeos de ácido cáprico.......................................................
26
Figura 2.10. Estrutura molecular do Tween 80....................................................
27
Figura 2.11. Estrutura molecular do Span 80......................................................
28
Figura 3.1. Principais fatos históricos em nanotecnologia..................................
30
Figura 4.1. Fluxograma das etapas de obtenção das partículas...........................
45
Figura 4.2.. Representação esquemática do princípio de funcionamento do
Turbiscan...............................................................................................................
50
Figura 5.1. Cristais de BZ-3 na fase aquosa (Microscopia óptica; 200X)........
56
Figura 5.2. Suspensões preparadas com diferentes concentrações de miglyol,
microscopia óptica 200X: (a) 2000mg; (b) 2500 mg............................................
57
Figura 5.3. Diâmetros de partículas com diferentes tipos de solventes..............
58
Figura 5.4. Gráfico de Pareto...............................................................................
60
Figura 5.5. Relação entre os valores preditos pelo tratamento matemático e os
valores observados................................................................................................
61
Figura 5.6. Valor residual versus valores observados.........................................
62
Figura 5.7. Valor residual versus valores preditos...............................................
62
Figura 5.8. Superfície de resposta........................................................................
64
Figura 5.9. Gráficos de variação de transmissão e backscattering da
formulação de 6,25mg/mL....................................................................................
68
Figura 5.10. Gráficos de variação de transmissão e backscattering da
formulação de 12,5mg/mL.....................................................................................
68
Figura 5.11. Gráfico de diâmetro de partícula COULTER ® granulometer
para solução de 6,25mg/mL de BZ-3...................................................................
70
Figura 5.12. Gráfico de diâmetro de partícula Zetamaster S para solução de
6,25mg/mL de BZ-3...............................................................................................
70
Figura 5.13. Gráfico de diâmetro de partícula COULTER ® granulometer
para solução de 12,5mg/mL de BZ-3....................................................................
71
Figura 5.14. Gráfico de diâmetro de partícula Zetamaster S para solução de
12,5mg/mL de BZ-3...............................................................................................
71
Figura 5.15. Microscopia eletrônica de transmissão das partículas de
Quitosana/MDI......................................................................................................
72
Figura 5.16. Microscopia eletrônica de varredura das partículas.......................
72
Figura 5.17. Microscopia óptica de uma cápsula.................................................
73
Figura 5.18. Comparação entre os FT-IR............................................................
74
Figura 5.19. FT-IR das cápsulas de quitosana/MDI............................................
75
Figura 5.20. Curvas de TG e SDTA da amostra de quitosana de baixo peso
molecular...............................................................................................................
76
Figura 5.21. Curvas DSC das partículas contendo 6,25 e 12,5 mg/mL de BZ-3,
da quitosana e da BZ-3 pura................................................................................
77
Figura 5.22. Potencial zeta das partículas: (a) 12mg/mL; (b) 6,25mg/mL..........
78
Figura 5.23. Perfis cinéticos de liberação de Bz3 de formulações de partículas
quitosana/MDI: a) 6,25 mg/mL; b) 12,5 mg/mL livre de membrana...................
79
Figura 5.24. Curva de liberação das formulações 6,25 e 12,5 mg/mL em
etanol......................................................................................................................
80
Lista de Tabelas
Tabela 2.1. Métodos de obtenção de microencapsulação. (Adaptada de BENITA,
1996)................................................................................................................................
12
Tabela 4.1. Planejamento experimental para obtenção de partículas quitosana/MDI..
43
Tabela 5.1. Variáveis do planejamento experimental.....................................................
58
Tabela 5.2. Planejamento experimental..........................................................................
59
Tabela 5.3. Efeitos calculados no Statística 7.0 para Planejamento Fatorial 2
3
...........
59
Tabela 5.4. Análise de
variância......................................................................................
65
Tabela 5.4. Composição da suspensão de partículas contendo 6,25 mg/mL de BZ-3...
66
Tabela 5.5. Composição da suspensão de partículas contendo 12,5 mg/mL de BZ-3...
66
Tabela 5.6. Composição da suspensão de partículas contendo 18,75 mg/mL de BZ-3.
67
Tabela 5.7. Composição da suspensão de partículas contendo 25 mg/mL de BZ-3......
67
Tabela 5.9. Porcentagem de BZ-3 encapsulada.............................................................
77
Lista de Abreviaturas e Siglas
BZ-3: Benzofenona-3;
CLAE: Cromatografia Líquida de Alta Eficiência;
CTFA: Cosmetic, Toiletry and Fragrance Association;
DSC:
Análise de Calorimetria Diferencial de Varredura;
MEV: Microscopia Eletrônica de Varredura;
MET: Microscopia Eletrônica de Transmissão;
DTA: Análise térmica diferencial;
DP: Desvio padrão.
EPIs: Equipamentos de proteção individual;
FPS: Fator de Proteção Solar;
HLB: Hidrofilic-Lipofilic Balance (Balanço hidrófilo-lipófilo);
MCO: Metoxicinamato de octila;
MDI: 4,4’-difenil metano diisocianato;
TG: Análise Termogravimétrica;
UV: Ultravioleta
UVA: Ultravioleta A
UVB: Ultravioleta B
µg/mL: Microgramas por mililitro;
mg/mL: Miligramas por mililitro;
µm: Micrômetro(s)
nm: Nanômetro(s)
µL: Microlitro(s)
mL: Mililitro(s)
min.: Minuto(s)
h: Hora(s)
λ: Comprimento de onda
“Os emergentes campos da Nanociência e Nanotecnologia lideram níveis sem
precedentes de compreensão e de controle das unidades estruturais de tudo o que é
físico. Isto irá mudar sobremaneira como tudo será desenvolvido e fabricado.”
National Nanotechnology Initiative.
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Capítulo 1. Introdução geral Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
2
Introdução geral
No atual contexto mundial em que a competitividade industrial é crescente, o
domínio da tecnologia, ou seja, a aplicação de princípios, métodos, instrumentos ou
processos elaborados a partir da pesquisa científica para desenvolver e aperfeiçoar
produtos, é essencial para qualquer país. Algumas tecnologias podem ser utilizadas em
variados setores e permitem um controle mais sofisticado das propriedades de diferentes
produtos que vem alcançando hoje maior valor estratégico. Uma destas tecnologias que
apresenta um enorme potencial, é a encapsulação. Ainda pouco conhecida no Brasil,
essa tecnologia envolve processos complexos que permitem incorporar a um material
ativo novas propriedades funcionais e inteligentes, tornando mais eficaz o produto final
do qual esse material fará parte (Filho & Oliveira, 1999).
A encapsulação é uma tecnologia que permite o revestimento fino a partículas
sólidas, gotas de líquidos, dispersões, como um filme protetor. Os sistemas coloidais
incluem as emulsões, esferas, cápsulas, lipossomas e complexos lipídicos e são capazes
de atuar como veículos para fármacos lipofílicos e hidrofílicos. Os sistemas micros e
nanoestruturados podem ser administrados pelas vias intravenosas, subcutâneas, oral,
tópica, ocular e intramuscular. A principal vantagem destes sistemas é a capacidade de
modificar consideravelmente a penetração intracelular das substâncias a eles associados
(Alvarez-Román et al., 2001). A utilização dos sistemas coloidais como carreadores de
substâncias de uso dermatológico tem sido alvo de inúmeras pesquisas, contribuindo
para a introdução gradual destes sistemas no mercado farmacêutico e de cosméticos
(Dingler et al., 1999; Umbach, 1995).
O termo partícula refere-se à esferas e cápsulas e esta tecnologia de produção de
partículas é utilizada para transporte de fármacos hidrofóbicos. As partículas podem ser
projetadas e produzidas com características específicas, permitindo maior eficiência de
encapsulação e liberação controlada quando comparadas aos sistemas de encapsulação
convencional. Elas são ainda atrativas por serem pequenas o suficiente para serem
injetadas diretamente no sistema circulatório, além de poderem ser administradas por
outras vias como pulmonar, nasal, transcultânea, transdérmica e oral (Picos et al,. 2000).
Capítulo 1. Introdução geral Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
3
Os componentes estruturais das partículas compreendem polímeros sintéticos ou
naturais, onde os naturais são normalmente utilizados em aplicações de curta duração,
enquanto os sintéticos podem apresentar liberação controlada por períodos prolongados.
As esferas têm um tipo de estrutura matricial. A droga pode ser absorvida na superfície
da esfera ou encapsulada dentro da partícula. No caso das cápsulas encontra-se um
sistema vesicular onde o fármaco é confinado em uma cavidade (núcleo) dentro da
partícula, recoberta por uma membrana polimérica (Couvrer, 1995).
As cápsulas são constituídas por um invólucro polimérico disposto ao redor de
um núcleo oleoso, podendo o fármaco estar dissolvido neste núcleo e/ou adsorvido à
parede polimérica (Weiss, 2001). Assim, um micro - nanocosmético pode ser definido
como sendo uma formulação cosmética que veicula ativos ou outros ingredientes micro
e nanoestruturados e que apresenta propriedades superiores quanto ao seu desempenho
em comparação com produtos convencionais (Fronza et al., 2007). Logo, as micro e
nanopartículas estão sendo propostas como veículos tópicos, especialmente para
bloqueadores UV, com o propósito de prolongar o tempo de resistência dos filtros
solares no estrato córneo (Alvarez-Román et al., 2004).
Tendo como base os conceitos de nanotecnologia, micro e nanoencapsulação o
presente trabalho enquadra-se no âmbito das atividades da Rede de Pesquisas de
Nanocosméticos financiada pelo CNP. Foi realizado em parceria com o Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT-SP) e o Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Química (PPGEQ/UFRN), tendo como alvo uma
concentração de competências e esforços interinstitucionais para a obtenção e
desenvolvimento de micro e nanopartículas poliméricas de Quitosana/MDI com o
intuito de encapsular a Benzofenona-3, um ativo lipofílico aplicado em filtros solares. O
presente trabalho se mostra inovador, trazendo para o âmbito do PPGEQ/UFRN uma
nova linha de pesquisa: a micro e nanoencapsulação, podendo ser utilizada em parceria
com projetos já elaborados com o uso da quitosana nos laboratórios da UFRN.
Acompanhando essa linha de raciocínio os objetivos específicos desse trabalho
foram: desenvolver e aperfeiçoar o processo de obtenção das micro e nanocápsulas,
obter os menores diâmetros de partícula sem a presença de MDI residual, obter a maior
eficiência de encapsulação e elaborar um estudo de liberação do ativo em diferentes
meios.
Capítulo 1. Introdução geral Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
4
Esta dissertação apresenta, portanto, os resultados destes estudos e está dividida
em seis capítulos. No Capítulo 1 foi feita uma breve introdução sobre o assunto em tela,
abordando-se alguns trabalhos da literatura e ressaltando-se a importância da parceria
realizada entre o PPGEQ/UFRN e o IPT-SP. No Capítulo 2 são abordados os aspectos
teóricos referentes aos conceitos de nanotecnologia, micro e nanoencapsulação, os
métodos de encapsulação, as técnicas de emulsificação espontânea e policondensação
interfacial, a reação de reticulação cruzada, os mecanismos de liberação controlada e as
matérias-primas utilizadas neste trabalho (quitosana, MDI, miglyol, BZ-3 e os
tensoativos). O Estado da Arte está contemplado no Capítulo 3 onde é apresentado um
“histórico” da nanotecnologia aplicada na área cosmética: como e quando teve início,
metodologias e técnicas, quais rumos tomou e como se encontra hoje no cenário
científico-tecnológico. O Capítulo 4 descreve a Metodologia Experimental utilizada
para a realização desta pesquisa, os materiais utilizados, o planejamento experimental
realizado, a metodologia para obtenção das partículas de quitosana/MDI e as
caracterizações das suspensões de partículas de quitosana/MDI (granulometria, índice
de polidispersão, morfologia, carga superficial, teor de ativo encapsulado, estabilidade
física das suspensões e caracterizações térmicas). Os Resultados e Discussões são
apresentados no Capítulo 5 analisando-os e discutindo-se as caracterizações realizadas
nas suspensões de partículas de quitosana/MDI. Fechando esta Dissertação o Capítulo 6
apresenta uma breve discussão geral sobre os resultados e as conclusões obtidas no
trabalho, propondo-se inclusive sugestões para trabalhos futuros.
CAPÍTULO 2
ASPECTOS TEÓRICOS
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
6
Aspectos teóricos
2.1. Nanotecnologia
Muito se tem discutido sobre a tendência de miniaturização que abrange desde
computadores e periféricos a máquinas responsáveis pela produção dos mais diversos
itens. Entretanto, um aspecto que tem inquietado o meio acadêmico nos últimos anos,
relaciona-se a miniaturização de uma forma surpreendentemente diferente, não mais se
restringindo a miniaturizar máquinas e equipamentos, mas em fabricá-los em escala
atômica, ou melhor, dizendo, em escala nanométrica.
A nanotecnologia é o estudo e manipulação dos materiais quando reduzidos a
partículas cujos tamanhos encontram-se na casa do nanômetro ou milionésimo do
milímetro número cem mil vezes menor do que o diâmetro de um fio de cabelo. Em
média, um átomo mede de 0,2 a 0,4 nanômetro, logo outra definição pode ser dada para
a ciência, por se, tratar-se da capacidade de manipular átomos e moléculas de forma a
dar aos materiais propriedades diferentes das que eles apresentam em seu estado natural
(Sant’anna, 2007).
Dois procedimentos de produção são utilizados atualmente em nanotecnologia,
são eles: bottom up (de baixo para cima) e top down (de cima para baixo). O método top
down refere-se à diminuição do material de sua forma volumosa (bulk) para dimensões
nanométricas por técnicas de litografia. Esse método, no entanto, tem encontrado
limitações sendo pouco utilizado. O método bottom up”, refere-se à construção de
dispositivos a partir de átomos ou moléculas ligados quimicamente. Nesse caso, as
estruturas são vistas como versáteis “blocos de construção” para a obtenção de
dispositivos nanométricos, por exemplo, a funcionalização de um substrato com
moléculas de propriedades e funções específicas (Moraru; Panchapakesan; Huang,
2003).
Na escala nanométrica surgem novos fenômenos que não aparecem em escala
macroscópica. As mudanças mais importantes de comportamento são causadas não
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
7
apenas pela ordem de magnitude da redução de tamanho, mas por novos fenômenos
intrínsecos observados que se tornam predominantes em nanoescalas (Nicolau et al.,
2000; Rieth, 2003; Galembeck, 2003). À medida que os corpos diminuem de tamanho,
as forças gravitacionais, o atrito e a combustão diminuem sua influência, enquanto
novas forças, como forças eletrostática ganham destaque. Na escala nanométrica a força
de atração eletrostática entre dois prótons é cerca de 10
36
vezes maior que a força
gravitacional (Fishbine, 2002; Rocco, 1995; Rocco; Bainbridge, 2001; Rocco et al.,
1999; Seeman, 2003).
Existe hoje uma produção científica significativa no Brasil, nos temas de
manipulação de nano-objetos, nanoeletrônica, nanomagnetismo, nanoquímica e
nanobiotecnologia, incluindo os nanofármacos, a nanocatálise e as estruturas
nanopoliméricas. Também uma produção tecnológica representada por patentes e
projetos sendo executados por empresas, isoladamente ou em cooperação com
universidades ou institutos de pesquisa. Isto mostra que a nanotecnologia é
multidisciplinar, unindo diversas áreas de conhecimento, tais como: química, física,
biologia e engenharias. Apesar de estar relacionada a estruturas muito pequenas, a
nanotecnologia traz benefícios enormes, permitindo atingir o que em alguns anos atrás
era apenas ficção. Por esta razão, é agora um dos campos mais importantes
mundialmente. Observando a relevância da nanotecnologia, a Figura 2.1 apresenta
algumas possibilidades de aplicação dos nanomateriais em diferentes áreas da ciência.
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
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8
Figura 2.1. Diferentes áreas de aplicação da nanotecnologia (Adaptado do INOVABRASIL, 2007).
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
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9
2.2. Micro/Nanoencapsulação
Define-se microencapsulação como uma tecnologia de empacotamento de
sólidos, gotículas de líquido ou materiais gasosos em finas camadas poliméricas que
podem liberar seu conteúdo a taxas controladas e condições específicas (Sparks, 1981).
O material encapsulado é conhecido como ativo e o material de cobertura pode ser
chamado de membrana, carregador ou parede (Gibbs et al., 1999).
As principais nanoestruturas utilizadas para encapsulação de ativos são as
nanopartículas poliméricas, as nanopartículas lipídicas, os lipossomas e as
ciclodextrinas. As vantagens desses sistemas são a melhoria da estabilidade química e
física dos ativos, melhoria da biodisponibilidade, manutenção do ativo no tecido alvo,
muitas vezes, possibilitando a penetração deste em zonas corpóreas de difícil acesso,
solubilização de ativos hidrofóbicos, redução de efeitos colaterais e da toxicidade, assim
como do número de doses e freqüência de administração, proporcionando maior
conforto ao paciente e, conseqüentemente, a maior adesão ao tratamento (Lasic, 1993;
Szejtli, 1988).
Estes sistemas possuem características vantajosas que fazem deles promissores
veículos para aplicações cosméticas, dentre as quais se destacam a capacidade de
proteção a compostos lábeis contra degradação química, a possibilidade de controlar a
liberação dos componentes ativos, a atuação como agentes oclusivos, permitindo um
aumento no conteúdo de água na pele, e a potencial ação como bloqueadores das
radiações UV, atuando como filtros físicos, podendo ser combinados a filtros químicos
melhorando a fotoproteção (Wissing & Müller, 2003). Nanocarreadores apresentam
tamanho reduzido possibilitando um aumento do contato de moléculas ativas com o
estrato córneo, além de facilitar sua formulação em produtos dermatológicos e propiciar
confortável aplicação cutânea (Alves et al., 2007; Guterres et al., 2007).
A obtenção de partículas é condicionada a vários fatores como: concentração do
polímero e ativo, quantidade de tensoativo, concentração de óleo na fase orgânica e
velocidade de difusão da fase orgânica na aquosa (Couvrer et al., 2002). Algumas
características físico-químicas são essenciais para o equilíbrio dos sistemas, tendo como
exemplo o diâmetro de partícula. Este é um parâmetro importante utilizado no controle
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
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10
de qualidade, pois a estabilidade física das dispersões depende do tamanho da partícula
e do índice de polidispersão (Müller-Goymann,2004). O pH também é uma
característica físico-química importante a ser analisada, pois mudanças em seus valores
podem estar associados à degradação do polímero ou de outros elementos pertencentes à
formulação, sendo sua determinação também útil no monitoramento da estabilidade de
suspensões coloidais poliméricas (Schaffazic et al., 2003; Guterres et al., 2007).
A microcápsula consiste, em geral, de uma camada de polímero que atua como
um filme protetor, isolando a substância ativa e evitando os efeitos de sua exposição
inadequada. Essa membrana desfaz-se sob estímulos específicos, liberando a substância
em locais específicos ou na taxa mais adequada ao tratamento. Outra possibilidade de
encapsulação, além das cápsulas, é a formação de microesferas. Neste segundo caso, o
material ativo encontra-se disperso em uma matriz sólida de polímero (Ré, 2000). A
Figura 2.2 representa bem essa diferença entre as cápsulas e esferas.
Figura 2.2. Representação de cápsulas e esferas: a) fármaco dissolvido no núcleo oleoso; b) fármaco
adsorvido à parede polimérica; c) fármaco retido na matriz polimérica; d) fármaco adsorvido ou
disperso molecularmente na matriz polimérica (Adaptado do INFARMA, 2005).
As microcápsulas são usadas principalmente para aumentar a estabilidade de
uma droga, para modificar ou retardar sua liberação em locais específicos de ão,
substâncias antiinflamatórias, por exemplo, podem ter seu tempo de atuação no plasma
sanguíneo aumentado pela microencapsulação, prolongando seu efeito no organismo
(Ré, 2000). As nanocápsulas apresentam uma série de vantagens em relação a outros
sistemas e emulsões, pois conferem proteção do ativo nela incorporada frente à
Parede polim
é
rica
N
ú
cleo oleosos
a)
b)
c)
d)
C
á
psulas
E
sferas
F
á
rmaco
Matriz
polim
é
rica
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
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11
degradação química, uma vez que o ativo fica retido no interior de uma matriz
polimérica sólida ou de um invólucro polimérico que também tem a função de controlar
a liberação do ativo no meio de dispersão (Dingler et al., 1999).
Um grande número de fármacos apresenta pouca solubilidade ou instabilidade
em meio aquoso, fatores que podem originar problemas no desenvolvimento de
formulações. Neste sentido, as nanopartículas poliméricas podem proteger moléculas
lábeis e moléculas com problemas de solubilidade (Legrand et al., 1999).
Aplicando-se a micro e nanoencapsulação de fármacos na área cosmética obtem-
se uma série de vantagens (Natura, 2007) tais como:
Aumenta a penetração do ativo no substrato (pele ou cabelo);
Liberação mais efetiva do ativo para o substrato (área de superfície);
Possibilidade de distribuição de ativos mais uniformes no substrato (pele ou
cabelo);
Maior possibilidade de penetração através da pele causando melhora de eficácia
biológica dos ativos;
Aumenta a solubilidade dos ativos, permitindo maior flexibilidade na
formulação;
Aumento da estabilidade físico-química.
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
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12
2.3. Métodos de Encapsulação
Vários métodos de encapsulação são aplicados atualmente, inclusive em escala
industrial, como o Spray-drying”, policondensação interfacial, entre outros. Estes
métodos também podem ser divididos em duas classes, sendo a primeira aquela em que,
durante o processo de formação das nanopartículas ocorre uma reação de polimerização;
a segunda classe, a nanopartícula é formada por um processo físico-químico,
empregando um polímero pré-formado (Reis et al., 2006). O processo de encapsulação
polimérica envolve uma larga área de aplicações, as quais se podem citar: as
formulações de produtos farmacêuticos e agrícolas, na indústria de cosméticos e em
revestimentos. Este processo é muitas vezes utilizado por razões de toxicidade do
produto à ser encapsulado, para mascarar gosto e odor, ou para facilitar a estocagem e o
transporte do produto encapsulado (Janssen, 1995). A Tabela 2.1 mostra os rios
métodos de encapsulação que são aplicados atualmente.
Tabela 2.1. Métodos de obtenção de microencapsulação. (Adaptada de BENITA, 1996).
Métodos Físicos Métodos Físico-Químicos Métodos Químicos
“Spray-drying” Coacervação Simples Polimerização interfacial
“Spray-chilling” Coacervação Complexa Polimerização in-situ”
Leito fluidizado
Emulsificação e evaporação de
solvente
Deposição eletrostática Gelificação iônica/térmica
Extrusão centrífuga
Incompatibilidade polímero -
polímero
Separação rotacional de
suspensões
Centrifugação multiorifício
Revestimento em turbinas
Dessolvatação em meio líquido
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
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13
2.4. Técnica de emulsificação espontânea
Na emulsificação clássica preparam-se duas fases, uma lipofílica e outra
hidrofílica, que são aquecidas separadamente e vertidas, uma sobre a outra, sob
agitação, seguida da redução do diâmetro médio das gotículas realizado através de
métodos físicos (Kessler, 2001; Fronza; Campos; Teixeira, 2004). A preparação de
formulações por esta técnica foi descrita para diversos fármacos por Sznitowska et al
(2001), assim como para o diazepam (Levy & Benita, 1989) e mais recentemente,
para a nalbufina (Wang et al., 2006).
A emulsificação espontânea é uma alternativa interessante para estudos de
desenvolvimento, uma vez que permite a preparação de pequenos volumes de
formulação. Outra vantagem desta técnica é que a preparação das nanoemulsões é
realizada sem necessidade de aquecimento das fases, o que é interessante para fármacos
termos-sensíveis. Por esse método, o fármaco lipofílico é dissolvido em um solvente
orgânico miscível em água juntamente com o óleo que constitui a fase interna da
nanoemulsão e com um tensoativo lipofílico. A fase aquosa é composta, além de água,
de um tensoativo hidrofílico. Após a preparação das duas fases, verte-se a fase orgânica
sobre a aquosa sob agitação moderada, e o solvente orgânico é retirado por evaporação
à pressão reduzida (Yu et al., 1993; Pouton, 1997; Bouchemal et al., 2004, b). A
Figura 2.4 representa bem o esquema da emulsificação espontânea.
Fase
orgânica
Fase aquosa
Difusão
rápida do
solvente
miscível
em água
Nanopartículas
Fase
orgânica
Fase
orgânica
Fase aquosa
Difusão
rápida do
solvente
miscível
em água
Nanopartículas
Figura 2.3. Esquema da emulsificação espontânea.
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2.5. Técnica de policondensação interfacial
O método de policondensação interfacial foi descrito por Chang para a
preparação de células artificial em 1960 (Chang & Granato, 1992). Ela envolve dois
monômeros complementares na interface de duas fases imiscíveis. Na prática, se os dois
monômeros têm valores de coeficientes de partição relativamente elevados e opostos,
que pode ser assumido de forma a satisfazer os critérios de solubilidade implícita na
definição de policondensação interfacial. Em um sistema, o local inicial da
policondensação pode estar em um lado ou no outro lado da interface, em função dos
coeficientes de partição dos dois monômeros no sistema de duas fases. Em outras
palavras, a reação policondensação começa quando o produto das concentrações dos
dois monômeros tem o valor mais elevado.
A técnica de policondensação interfacial envolve duas etapas (Bouchemal et al.,
2002):
Emulsificação: formação de emulsão O/A utilizando uma agitação mecânica durante
alguns minutos. O monômero está delimitado nas gotas da emulsão.
Polimerização: Um segundo monômero é adicionado à fase externa da emulsão e a
etapa de policondensação ocorre na interface líquido-líquido da emulsão.
A etapa de emulsão é a de maior importância no processo clássico de
policondensação interfacial, pois ela determina o tamanho e índice de polidispersão das
partículas. Uma quantidade de energia mecânica é mantida durante alguns minutos para
conseguir a etapa de emulsificação e uma distribuição de tamanho estável. Além disso,
o agente ativo poderia difundir juntamente com o solvente para a fase aquosa, enquanto
o rendimento do encapsulamento decresceria (Frère; Danicher; Gramain, 1998).
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
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2.6. Técnica de policondensação interfacial combinada com
emulsificação espontânea
A técnica de policondensação interfacial combinada com emulsificação
espontânea trata-se de uma etapa do processo, onde uma fase orgânica (S
1
) é composta
por um solvente miscível em água, monômero, óleo, ativo e um surfactante lipofílico,
onde essa fase orgânica é injetada em uma fase aquosa contendo o polímero e o
emulsificante hidrofílico. O solvente miscível em água deve difundir-se para a fase
aquosa (S
2
), o óleo precipita como nano-gotas, o polímero e o monômero reagem na
interface, formando uma membrana ao redor da nano-emulsão levando a formação da
nanocápsulas (Montasser et al., 2001). A Figura 2.4 apresenta as etapas da técnica de
policondensação interfacial combinado com a emulsificação instantânea.
Figura 2.4. Mecanismo de preparação de partículas usando a técnica de policondensação interfacial
combinada com emulsificação espontânea (Montasser et al., 2001).
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2.7. Reação de Reticulação Cruzada
A reticulação cruzada é uma reação química que une duas ou mais moléculas por
ligações covalentes. Reagentes reticulantes contêm extremidades reativas para grupos
funcionais específicos. O processo de reticulação introduz ligações cruzadas, ou seja,
ligações entre moléculas lineares produzindo polímeros tridimensionais com alta massa
molar. Com o aumento da reticulação, a estrutura se torna mais rígida (Clegg & Collyer,
1991).
A quitosana possui grupos funcionais amina e hidroxilas que fornecem
excelentes sítios para reação da reticulação cruzada. Diversos reagentes, incluindo epóxi
de glutaraldeído, goma de dialdeído, diisocianatos e compostos de natureza não-tóxicas
têm sido utilizados como agentes reticuladores de quitosana. Entre estes estão os
diisocianatos, uma das importantes classes de reticuladores de quitosana, pois os
isocianatos possuem alta reatividade para com o grupo funcional amina, bem como para
grupo de hidroxila (Santosh et al., 2007).
No caso do uso da técnica de policondensação interfacial os grupos de isocianato
podem reagir com a água pela difusão do diisocianato para a fase aquosa formando um
grupo de ácido âmico, que é instável e se dissocia em uma cadeia com grupo aminas e
dióxido de carbono (Jabbari & Khakpour., 2000). Esta reação encontra-se representado
na Equação (1). A reação de reticulação cruzada esperada entre a quitosana e o MDI
(4,4’-difenil metano diisocianato), encontra-se representado na Equação (2).
-N=C=O + H
2
O -NH-COOH -NH
2
+ CO
2
(1)
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Equação (2) Reação de reticulação entre quitosana e MDI.
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
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18
2.8. Mecanismos de liberação controlada de ativos
A tecnologia de liberação controlada caracteriza o sistema capaz de prover
algum controle terapêutico, seja de natureza temporal, espacial ou ambos. Quando o
veículo empregado promove apenas uma liberação em tempo prolongado podemos
denominar como liberação sustentada. Tal tecnologia envolve diferentes aspectos
multidisciplinares e pode contribuir muito para o avanço da saúde humana. Os sistemas
de liberação oferecem inúmeras vantagens quando comparados a outros de dosagem
convencionais (Duran; Marcato; Teixeira, 2007), tais como:
Maior eficácia terapêutica, com liberação progressiva e controlada do fármaco;
Diminuição significativa da toxicidade e maior tempo de permanência na
circulação;
Natureza e composição dos veículos, além de proteção contra mecanismos de
instabilidade e decomposição do fármaco (inativação prematura);
Administração segura, sem reações inflamatórias locais;
Diminuição do número de doses devido à liberação progressiva;
Possibilidade de direcionamento a alvos específicos.
Ensaios para avaliar a liberação de um ativo na pele são de difícil interpretação,
devido à natureza do estrato córneo e a interação com o veículo (Cross et al., 2001).
Fármacos, quando encapsulados no interior de matrizes poliméricas, não estão
prontamente disponíveis para o sistema biológico como quando em solução. Assim, o
polímero tem que dissolver ou desintegrar para que o fármaco possa ser liberado, ou
então o fármaco tem que dissolver e/ou difundir do interior da matriz. De qualquer
modo, a liberação do fármaco para o meio fisiológico é estendida a um tempo muito
maior comparado ao fármaco na sua forma livre, sendo esta características um dos
principais fatores para a pesquisa e desenvolvimento de sistemas microparticulados
(Filho & Oliveira,1999).
Os sistemas de liberação controlada podem ser classificados em diferentes
classes, destacando-se: sistemas controlados por difusão, sistemas ativados por solvente,
sistemas controlados quimicamente. Nos sistemas difusivos, o ativo pode estar
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
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19
armazenado de duas formas diferentes: em reservatório (micro/nanocápsulas) ou em
uma matriz (micro/nanoesferas). Neste tipo de sistema de liberação o ativo idifundir
do interior da partícula e as características físico-químicas do ativo e do polímero irão
governar o perfil de liberação controlada. O controle difusivo pode ser otimizado com a
utilização de materiais estímulos-resposta, que por meio de estímulos de temperatura,
pH, força nica, força elétrica, compostos químicos, enzimas e ultrasom aumentam ou
diminuem a difusão do ativo pela matriz polimérica (Benita, 1996).
Polímeros biodegradáveis são aqueles em que a quebra das cadeias resulta em
unidades monoméricas que podem ser eliminadas pelas vias metabólicas normais e essa
quebra das cadeias pode ocorrer por ação de hidrólise (degradação hidrolítica) ou de
enzimas (degradação enzimática). Sistemas erosivos ou degradáveis e, mais
particularmente, aqueles que se degradam em meio biológico têm encontrado grande
utilidade no desenvolvimento de sistemas de liberação controlada (Lima & Rodrigues-
Júnior, 1999).
A eliminação natural de um polímero após liberação total do ativo tem a
vantagem de dispensar o inconveniente de acúmulo de polímero no organismo. Sendo
assim, sistemas micro e nanoestruturados biodegradáveis e biocompatíveis
(microesferas, microcápsulas, nanoesferas e nanocápsulas) têm sido desenvolvidos para
liberação controlada de drogas (Soppimath et al., 2001; Benoit, 1996). O papel do
polímero na formulação desses sistemas de liberação controlada é muito diferente do
papel de um excipiente inerte em formulações farmacêuticas. O polímero influencia não
apenas na cinética de liberação do agente ativo como esperado, mas também na
estabilidade da droga, na toxidade e na compatibilidade com o organismo vivo
(Anderson & Shive, 1997).
A utilização destes sistemas em liberação controlada de fármacos envolve um
amplo campo de estudos e tem reunido muitos esforços, atualmente, na área de
nanopartículas. Estes esforços estão representados pelas novas estratégias para a
veiculação de ingredientes ativos, os quais incluem aplicações importantes das ciências
de polímeros, de surfactantes e de colóides.
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
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20
2.9. Matérias - primas
2.9.1. Quitosana
A quitosana é um biopolímero do tipo polissacarídeo amino. Constitui a maior
parte dos exoesqueletos dos insetos, crustáceos e parede celular de fungos. Por se tratar
de um polímero natural biodegradável extremamente abundante e atóxico a quitosana
tem sido proposta como um material potencialmente atraente para usos diversos. É
solúvel em meio ácido diluído, formando um polímero catiônico, com a protonação
(adição de prótons) do grupo amino (NH
3
+
), que confere propriedades especiais
diferenciadas em relação às fibras vegetais (Goosen, 1996; Roberts, 1992).
A quitosana é geralmente obtida pela desacetilação da quitina, uma reação que
pode ser executada em diferentes condições empregando diferentes álcalis. Entretanto, a
execução da reação de desacetilação de quitina em temperaturas elevadas e empregando
soluções concentradas de NaOH é o método mais usual para obtenção da quitosana
(Campana & Desbrières, 2000).
Adicionalmente, a quitosana possui atividade bacteriostática, que reduz o
crescimento de bactérias e outros tipos de microrganismos que entram em contato com a
mesma. Outra propriedade importante é a reconhecida propriedade homeostática da
quitosana que auxilia a cicatrização e estanca sangramentos em lesões cutâneas. Essa
propriedade permite a criação de bandagens para estancar sangramentos, e hemorragias
em ferimentos e incisões, protegendo de forma simultaneamente a área afetada de
infecções. Devido a sua habilidade em formar filmes hidrofílicos (que absorvem água)
sobre a pele, os cientistas estão investigando o uso da quitosana para o tratamento de
queimaduras.
A quitosana possui várias características que a tornam atraente para a utilização
em cosméticos. Ela se destaca por apresentar carga global positiva em pH biológico, ou
seja, apresenta-se como um polímero policatiônico, enquanto a maioria dos
biopolímeros apresentam-se negativamente carregados nas mesmas condições. As
cargas positivas da quitosana interagem com tecidos negativamente carregados, tais
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
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21
como pele e cabelo. Essa capacidade bioadesiva da quitosana é o principal fator para o
seu uso em cosméticos (Polymar, 2007).
Nos produtos para a pele, a quitosana encontra aplicação, principalmente por
conta da sua capacidade de formar camadas protetoras transparentes que apresentam a
propriedade de reter a umidade, sem causar reações alérgicas. A quitosana apresenta-se
ainda como uma matriz apropriada para outros ingredientes ativos, como pigmentos e
fragrâncias em diversos tipos de cosméticos. O caráter hidrofílico e hidrofóbico da
quitosana faz deste polímero um potente estabilizador de emulsões, o qual tem
aplicação direta em produtos com baixo pH.
Em composições de produtos para tratamento da pele, a adição da quitosana
aumenta a capacidade de retenção de umidade. Devido à presença de grupos amino, a
quitosana reage quimicamente com facilidade com produtos oxidantes protegendo
efetivamente as células epiteliais desses compostos. Outro aspecto muito importante é
que substâncias que absorvem radiação ultravioleta e corantes podem ser facilmente
ligadas de forma covalente aos grupos amino da quitosana (Polymar, 2008).
Em protetores solares, a quitosana reduz a perda dos filtros UV decorrente da
ação da água ou suor. Essa propriedade melhora a tolerância da pele ao protetor e
protege contra o ressecamento da mesma. A quitosana forma um filme sobre a pele que
reduz a quantidade de luz ultravioleta absorvida pela pele, aumentando o fator de
proteção solar. Em batons, a quitosana (utilizada nas concentrações de 0,05% a 1%)
aumenta a resistência dos filtros UV e de substâncias lipofílicas ativas, protegendo a
pele contra o ressecamento (Polymar, 2007).
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
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22
2.9.2. Diisocianato – MDI
Os isocianatos são substâncias altamente reativas e que apresentam muitas
aplicações em transformações sintéticas e processos industriais. Os isocianatos são
altamente insaturados e reagem rapidamente com substâncias que possuem prótons
ativos, como álcool e fenol. A aplicação de diisocianatos no campo da química de
polímero tem tomado a dianteira para a preparação de rios tipos de polímeros de
condensação como poliamidas, poliuretano e poliuréias (Tamami & Koohmareh, 2007).
Os isocianatos possuem o grupo NCO que reage com compostos que possuam átomos
de hidrogênio ativo, como os polióis, a água, os extensores de cadeia, etc. Todos os
isocianatos usados comercialmente possuem no mínimo dois grupos funcionais. Deles,
mais de 95% são aromáticos à base do TDI (31%) e dos diferentes tipos de MDI (66%).
Temos ainda os isocianatos especiais como: 1,5-naftaleno diisocianato (NDI) usado em
elastômeros sólidos e microcelulares de alto desempenho; bitolileno diisocianato
(TODI) com propriedades superiores em altas temperaturas; e p-fenileno diisocianto
(PPDI) com propriedades dinâmicas e termomecânicas superiores (Poliuretanos, 2008).
O 4,4’-difenil metano diisocianato, CH
2
(C
6
H
4
NCO)
2
, também conhecido
como MDI é uma molécula simétrica possuindo grupos NCO com reatividades iguais
como mostra a Figura 2.5. Os diisocianatos são classes importante de reagentes para a
reticulação cruzada da quitosana porque os isocianatos possuem reatividade elevada
para o grupo amina assim como para grupos de hidroxilas. Mas, o maior problema é que
a maioria dos diisocianatos disponíveis no mercado tem reatividade elevada com água e
é insolúvel em soluções aquosas ácidas (Jin; Song; Hourston, 2004).
Figura 2.5. Fórmula estrutural do MDI.
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
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23
2.9.3. Benzofenona-3
A benzofenona-3 também conhecida como oxibenzona, metanona e
difenilcetona, é um derivado benzofenônico utilizado em aplicações tópicas como filtro
solar químico, que necessita ser adequadamente solubilizada nas emulsões de forma a se
evitar a recristalização e conseqüente perda e/ou diminuição da sua efetividade. Embora
tipicamente as benzofenonas sejam absorvedores UVB (290 a 320 nm), a benzofenona-
3 também absorve radiação UVA (320 a 360 nm), podendo ser considerado um filtro de
largo espectro. É utilizada como co-absorvedor, em associação a filtros específicos de
UVB (Martindale, 1999; Flor; Davolos; Correa, 2007). Sua fórmula estrutural está
representada na Figura 2.6.
O
OH
O
-
Figura 2.6. Fórmula estrutural da BZ-3.
As benzofenonas são as únicas classes de filtros solares formada por cetonas
aromáticas. A deslocalização por ressonância é acrescida pela presença de um
grupamento doador de elétrons nas posições orto e/ou para. O grupamento carbonila
participa deste processo, sendo o grupamento receptor de elétrons (Shaath, 1997). A
BZ-3 possui dois picos de absorção com λ máximos em 288 nm e 325nm, é fotolábil e
pode ser oxidada rapidamente (Kullavanijaya & Lim, 2005).
Quando comparadas a outros filtros, as benzofenonas fazem ressonância mais
facilmente requerendo menor energia quântica para a transição eletrônica como
apresenta a Figura 2.7 e como a energia é inversamente proporcional ao comprimento
de onda (E = hc/λ), os compostos desta classe absorverão a energia com valores
correspondentes de comprimento de onda acima de 320 nm (Skoog & Leary, 1992;
Shaath, 1997).
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
24
Figura 2.7. Estruturas de ressonância das benzofenonas (Shaath, 1997).
Embora seja um filtro amplamente utilizado, a BZ-3 pode causar reações
adversas. A BZ-3 pode causar eritemas faciais em pessoas alérgicas a este composto
(Nedorost, 2003), podendo causar também urticária logo após aplicação e uma
dermatite tardia (Collins & Ferguson, 1994).
A ANVISA aprova o uso da BZ-3 como filtro solar em produtos para higiene
pessoal, cosméticos e perfumes na concentração máxima de 10% e ressalta que para
concentrações maiores que 0,5% deve-se incluir a seguinte advertência na rotulagem:
contém oxibenzona (ANVISA, 2002), mas sua concentração de uso varia normalmente
entre 2 a 6%. Possui fórmula molecular C
14
H
12
O
3
, massa molar de 228,2 g/mol, ponto
de fusão entre 62 e 64 ºC, dose letal (oral) menor que 5 g/kg (Yesudian, 2002; Flor;
Davolos; Correa, 2007). Sua solubilidade de acordo com a comissão européia é de:
Água: 0.0037 g/l (20°C);
Glicerina: < 0,01%;
Etanol: 6,0%;
Isopropanol: 10,0%;
Butanol: 10,0%;
Miglyol® 812: 14,0%;
Acetona: > 20,0%;
Clorofórmio: > 20,0%.
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
25
2.9.4. Miglyol
O Miglyol é um óleo neutro de aparência clara, ligeiramente amarelada
praticamente incolor e de odor e sabor neutro, constituído de uma mistura de
triglicerídeos dos ácidos cáprico e caprílico. É um bom solvente, como outros óleos
éster e possui baixa viscosidade. Não é sensível ao calor, mesmo em climas quentes,
refrigeração não é necessária, têm um baixo teor de água, e, portanto, não é sensível a
divisão hidrolítica e microbiana. O miglyol é solúvel a 20 ° C, nos seguintes solventes:
Hexano, tolueno, éter etílico, acetato de etila, acetona, isopropanol, etanol a 96% (Sasol,
2008).
O miglyol possui as seguintes vantagens em comparação com óleos naturais:
Alta estabilidade contra a oxidação;
Permanece líquido a 0 ° C;
Excelente espalhabilidade sobre a pele e boa absorção cutânea;
Não inibe a respiração da pele;
Promove excelente penetração;
É emoliente (hidrata a pele e restaura a oleosidade perdida devido ao
ressecamento);
Boas características de solubilidade.
O ácido caprílico é o nome usual dado ao ácido graxo de cadeia normal aberta
homogênea formada por oito carbonos, também conhecido como ácido octanóico. É
encontrado em sua forma natural nos coqueiros e no leite materno. Consiste num
líquido oleoso, de gosto desagradável e rançoso, e que é pouco solúvel em água. Possui
a fórmula química CH
3
(CH
2
)
6
COOH. A Figura 2.8 ilustra os triglicerídeos de ácido
caprílico.
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
26
H
2
C
HC
H
2
C
O
O
O
O
O
O
Figura 2.8. Triglicerídeos de ácido caprílico.
O ácido cáprico, também conhecido como ácido decanóico, é um ácido
carboxílico de fórmula CH
3
(CH
2
)
8
COOH. Sintetizado a partir de células da pele de
caprinos, é responsável pelo odor característico da espécie, a Figura 2.9 ilustra o
triglicerídeo de ácido cáprico.
H
2
C
HC
H
2
C
O
O
O
O
O
O
Figura 2.9. Triglicerídeos de ácido cáprico.
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
27
2.9.5. Tensoativos
2.9.5.1 Tween 80
O tween é composto por ésteres de sorbitan etoxilados. Conforme o tipo de
ácido graxo de origem e grau de etoxilação pode ser obtido produtos com diferentes
balanços hidrofílico-lipofilico (HLB), que se adaptam as diversas aplicações, mas no
caso do tween 80 seu HLB é de 15,5. Sua estrutura se encontra representada na Figura
2.10.
HO(CH
2
CH
2
O)
w
O
(OCH
2
CH
2
)
x
OH
CH(OCH
2
CH
2
)
y
OH
CH
2
O (CH
2
CH
2
O)
Z-1
CH
2
CH
2
O C
CH
2
(CH
2
)
5
CH
2
CH=CHCH
2
(CH
2
)
6
CH
3
O
Somatório de w+x+y+z=20
Figura 2.10. Estrutura molecular do Tween 80.
A característica hidrofílica da cadeia de polioxietileno faz do tween, tensoativos
hidrofílicos (alto HLB), geralmente solúveis ou dispersíveis em água e empregados para
obter emulsões do tipo óleo em água (O/A), como dispersantes ou solubilizantes de
óleos e como cotensoativos em xampus. Estas características do tween são
determinantes para suas aplicações em cosméticos, por exemplo, em cremes e loções.
Nestes tipos de produtos a presença de grupos hidrofílicos e lipofílicos nas moléculas
promove uma redução da tensão interfacial entre os componentes da formulação,
permitindo a obtenção de emulsões estáveis (Mapric, 2008). O Tween 80 é praticamente
não irritante possuindo uma toxidade potencialmente muito baixa. A ingestão diária em
decigramas por quilograma de peso corpóreo, correspondente a um adulto pesando 70
kg consumindo cerca de 1,75 mg de tween 80 diariamente sem qualquer risco de
toxicidade potencial (Epic, 2008).
Capítulo 2. Aspectos teóricos Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
28
2.9.5.2 Span 80
O Span 80 ou Sorbitana monooleato é éster de sorbitana amplamente usado em
produtos alimentícios e farmacêuticos. É um tensoativo não iônico (Epic, 2008). Sua
estrutura molecular é representada pela Figura 2.11.
Figura 2.11. Estrutura molecular do Span 80.
O Span é tensoativo lipofílico, ou seja, exibem baixos valores de HLB. O caráter
lipofílico faz com que este produto seja solúvel ou dispersível em óleo, favorecendo sua
aplicação em emulsões do tipo água em óleo (A/O).
O Span e o Tween 80 têm uso previsto no Cosmetic Ingredient Handbook” da
CTFA
e na Farmacopéia Americana (USP). O relatório sobre segurança dos produtos do
Cosmetic Ingredient Review” conclui que estes produtos são seguros para uso em
formulações cosméticas. O Span e o Tween não são irritantes aos olhos e à pele,
conforme testes realizados em coelhos e em seres humanos, porém em se tratando de
produtos químicos puros recomenda-se, quando de seu manuseio, a utilização de EPIs
como luvas de PVC, óculos de segurança e avental (Oxiteno, 2008).
CAPÍTULO 3
ESTADO DA ARTE
Capítulo 3. Estado da arte Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
30
Estado da arte
Durante uma palestra para a Sociedade Americana de Física em 1959, o físico
americano Richard Feynman (1918-1988) apresentou seu projeto para uma nova
pesquisa. Em sua apresentação intitulada There is plenty of room at the bottom”, ou
em português: “Há muito espaço em baixo”, Feymann sugeriu meios para
desenvolver a habilidade de manipular átomos e moléculas. Segundo o autor, "Os
princípios da física não falam contra a possibilidade de se manipular as coisas átomo
por átomo". Feymann afirmou que tanto lugar nessa pequena escala que, dominada a
manipulação dos átomos individualmente, seria possível registrar tudo o que a
humanidade escreveu até a presente data em um cubo de um décimo de milímetro de
lado: ou seja, em um grão de poeira.
O termo Nanotechnology foi criado em 1974, na Universidade de Ciências de
Tókio pelo professor Norio Taniguchi para descrever a manufatura precisa de materiais
com tolerâncias nanométricas. Na década de 80, o termo foi reinventado e sua definição
expandida pelo professor K. Eric Dexler do Massachusetts Institute of Technology -
MIT, mais especificamente em seu livro “Engines of Creation The Coming Era of
Nanotechnology”, de 1986. Sua tese de doutorado “Nanosystems: Molecular
Machinery, Manufacturing and Computation”, publicado em 1992 reacendeu o
interesse pela tecnologia no meio cientifico mundial. Na Figura 3.1. estão listados
eventos importantes em nanotecnologia.
1974
1981
1985
1986
1989 1992 2001
199719911959
•Palestra de
Richard
Feynman
•Termo
Nanotecnologia é
criado por Norio
Taniguchi
•Invenção
Microscópio de
Tunelamento
•Descoberta a
molécula de
fullereno
•Eric Dexier lança
o livro “Engines
of creation- The
Coming Era of
Nanotechnology
•IBM manipula
35 átomos de
Xenônio e
escreve com eles
sua marca numa
placa de níquel
•Descoberta
dos
nanotubos
•Descoberta
dos
nanocones
•IBM desenvolve
método para
crescimento de
nanotubos de
carbono
•Criada a primeira
empresa de
nanotecnologia – a
Zyvex
1931
•Invenção do
Microscópio
Eletrônico
1974
1981
1985
1986
1989 1992 2001
199719911959
•Palestra de
Richard
Feynman
•Termo
Nanotecnologia é
criado por Norio
Taniguchi
•Invenção
Microscópio de
Tunelamento
•Descoberta a
molécula de
fullereno
•Eric Dexier lança
o livro “Engines
of creation- The
Coming Era of
Nanotechnology
•IBM manipula
35 átomos de
Xenônio e
escreve com eles
sua marca numa
placa de níquel
•Descoberta
dos
nanotubos
•Descoberta
dos
nanocones
•IBM desenvolve
método para
crescimento de
nanotubos de
carbono
•Criada a primeira
empresa de
nanotecnologia – a
Zyvex
1974
1981
1985
1986
1989 1992 2001
199719911959
•Palestra de
Richard
Feynman
•Termo
Nanotecnologia é
criado por Norio
Taniguchi
•Invenção
Microscópio de
Tunelamento
•Descoberta a
molécula de
fullereno
•Eric Dexier lança
o livro “Engines
of creation- The
Coming Era of
Nanotechnology
•IBM manipula
35 átomos de
Xenônio e
escreve com eles
sua marca numa
placa de níquel
•Descoberta
dos
nanotubos
•Descoberta
dos
nanocones
•IBM desenvolve
método para
crescimento de
nanotubos de
carbono
•Criada a primeira
empresa de
nanotecnologia – a
Zyvex
19741974
19811981
19851985
19861986
19891989 19921992 20012001
19971997199119911959
•Palestra de
Richard
Feynman
1959
•Palestra de
Richard
Feynman
•Termo
Nanotecnologia é
criado por Norio
Taniguchi
•Invenção
Microscópio de
Tunelamento
•Descoberta a
molécula de
fullereno
•Eric Dexier lança
o livro “Engines
of creation- The
Coming Era of
Nanotechnology
•IBM manipula
35 átomos de
Xenônio e
escreve com eles
sua marca numa
placa de níquel
•Descoberta
dos
nanotubos
•Descoberta
dos
nanocones
•IBM desenvolve
método para
crescimento de
nanotubos de
carbono
•Criada a primeira
empresa de
nanotecnologia – a
Zyvex
1931
•Invenção do
Microscópio
Eletrônico
Figura 3.1. Principais fatos históricos em nanotecnologia.
Tempo
Capítulo 3. Estado da arte Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
31
A nanotecnologia farmacêutica teve início em meados da década de 1970 com
os lipossomas como carregadores de fármacos hidrofílicos ou lipofílicos. Em 1980
surgiram as nanopartículas poliméricas carreadoras de fármacos lipofílicos,
principalmente empregando polímeros biodegradáveis. Na década de 1990 surgiram as
nanopartículas lipídicas sólidas. Cada um desses sistemas apresenta peculiaridades que
devem ser consideradas na escolha do sistema de liberação. Mas foram as emulsões os
primeiros sistemas de liberação de ativos cosméticos na pele, e constituem uma
dispersão composta por gotículas de um líquido, distribuídas em um veículo no qual é
imiscível, a fase dispersante, por intermédio de um tensoativo (Ansel; Popovich; Allen,
2000). Deve-se destacar que o desenvolvimento de novos sistemas de liberação em
cosméticos foi influenciado principalmente pelo estudo de novos tensoativos sintéticos
e pela maior compreensão da estrutura e função da pele em relação à absorção
percutânea, tendo sido intensamente estudados, ao longo dos anos (Nacht,1995;
Magdassi, 1997).
A área de cosméticos vem empregando nanotecnologia nos mais diversos
produtos, como: partículas metálicas para aumento de brilho em maquiagens;
nanoemulsões para cabelos que são hidratantes mais promissores; proteção de ativos
contra a degradação, por exemplo no encapsulamento da vitamina C; liberação em
camadas mais profundas da pele de ativos anti-rugas; melhoria da textura do creme e
formação de um filme mais eficiente de protetores solar, como exemplo, o emprego de
nanopartículas de dióxido de zinco. Tais produtos, no entanto, devem ser
cuidadosamente investigados anteriormente à introdução no mercado, uma vez que tais
sistemas nanoparticulados apresentam inúmeros benefícios, mas também podem ter
algum efeito danoso. As nanopartículas de dióxido de zinco em proteção solar, por
exemplo, não devem penetrar até camadas mais profundas da pele, uma vez que poderia
ocasionar reações inclusive de danos ao DNA (Nanobiotecnologia, 2008).
Em 1891, Hammer publicou uma revisão em que ele descrevia a influência da
luz sobre a pele. Ele reuniu diversas evidências de que a queimadura solar era devida à
radiação UV e foi o primeiro a recomendar o uso de filtros solares químicos: “Materiais
que impedem a radiação UV de atingir a pele protegendo-a contra os eritemas solares”
(Urbach, 2001).
Capítulo 3. Estado da arte Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
32
Os filtros solares têm seu uso relatado no cenário mundial a partir de 1928,
quando foi lançada nos Estados Unidos uma emulsão contendo dois filtros solares
químicos, o salicilato de benzila e o cinamato de benzila. Durante a II Guerra Mundial o
exército americano fez uso derios produtos de natureza física e química, o que
acabou resultando em uma relação de produtos aprovados e suas concentrações de uso,
entre estas substâncias destacam-se: ácido paminobenzóico PABA (3 %), salicilato de
etilhexila (5 %), salicilato de homometila (8 %) e salicilato de dipropilenoglicol (4 %)
(Shaath, 1997).
Alvarez-Román et al., (2001) elaboraram o primeiro estudo de encapsulação de
um filtro solar. Eles estudaram nanocápsulas contendo metoxicinamato de octila
(MCO), um filtro solar lipofílico e avaliaram o perfil de liberação das mesmas
incorporadas em um gel, bem como sua habilidade em proteger a pele de porco contra a
radiação UVB. As nanocápsulas proporcionaram uma liberação contínua da substância
no modelo utilizando a pele de porco. A finalidade do estudo foi constatar o efeito das
nanocápsulas na fotoproteção. Foi observado que a proteção contra eritema induzido por
radiação ultravioleta foi expressivamente maior (p < 0.05) a partir do gel contendo
nanocápsulas, as quais foram produzidas utilizando poli (epsilon-caprolactona) pelo
método de deposição interfacial. A taxa de encapsulação foi alta (99 ± 1% da
concentração inicial de MCO), sendo obtidas nanocápsulas com um diâmetro médio de
300 nm. Segundo os autores, os resultados apresentados sugerem que as nanopartículas,
devido à sua alta área superficial específica, o capazes de cobrir eficientemente a
superfície da pele e melhorar a habilidade do protetor solar em inibir o eritema. Os
pesquisadores destacaram que os resultados deste estudo enfatizam o potencial de
nanocápsulas como novos sistemas de distribuição de substâncias ativas na pele.
Em outro estudo desenvolvido por Alvarez-Román et al., (2004) avaliou-se a
retenção do MCO no estrato córneo de pele suína através da técnica de tape stripping
in vitro”. A quantidade de filtro solar químico retida no estrato córneo foi 3,4 vezes
maior quando vinculado a nanocápsulas de poli(ε-caprolactona) do que na forma livre.
Após 6 horas de experimento o filtro solar não foi detectado no compartimento receptor.
Neste mesmo estudo avaliou-se, através de microscopia confocal, a distribuição de uma
sonda fluorescente nanoencapsulada e livre. Observou-se uma melhora na distribuição
da sonda quando liberada a partir das nanopartículas, porém os autores afirmam que as
Capítulo 3. Estado da arte Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
33
imagens não possibilitam definir se a sonda, melhor distribuída, é originalmente
nanoencapsulada ou livre.
Em outro estudo sobre nanocápsulas contendo MCO, Jiménez et al., (2004)
compararam o desempenho do ativo na forma livre e na forma encapsulada, sendo
preparadas quatro emulsões A/O e O/A contendo MCO. A técnica utilizada para
preparar as nanocápsulas foi à de deposição interfacial, utilizando poli (epsilon-
caprolactona), e as formulações foram aplicadas em pele de porco num estudo in vitro.
As nanocápsulas obtidas apresentaram um diâmetro médio de 374 nm e uma alta
percentagem de encapsulação (97,52%). Os autores verificaram que as nanocápsulas
diminuíram a penetração cutânea do MCO, retendo esta substância na superfície da
pele, o que é fundamental para uma efetiva fotoproteção. Além disso, proporcionaram
uma liberação contínua aumentando, conseqüentemente, o tempo de contato do ativo
com a superfície da pele. Diante dos resultados, os pesquisadores salientaram que
emulsões contendo nanocápsulas podem ser utilizadas como carreadores de moléculas
ativas, sendo novos tipos de sistemas de aplicação de substâncias na pele. Os dados
demonstram que a aplicabilidade das nanocápsulas em produtos destinados à
fotoproteção representa um vasto potencial de mercado.
O método de obtenção de nanocápsulas e sua penetração cutânea foram
avaliados por Olvera-Martínez et al., (2005). Neste estudo os autores obtiveram
nanocápsulas de MCO através do método de emulsificação-difusão com diâmetros entre
400 e 615 nm e nanoemulsão com aproximadamente 160 nm. Após caracterização dos
nanocarreadores a penetração cutânea do filtro solar foi avaliada, a partir das
nanocápsulas, nanoemulsão e emulsão convencional, através da técnica de tape
stripping in vivo”, determinando a quantidade de MCO retida no estrato córneo. A
incorporação do MCO em nanoemulsão aumentou sua penetração quando comparada ao
ativo incorporado em nanocápsulas ou na emulsão convencional. Os autores atribuem o
aumento da penetração do ativo incorporado na nanoemulsão ao tamanho das gotículas
e a flexibilidade das mesmas quando comparadas às nanocápsulas, que apresentaram
diâmetro médio maior além de serem estruturas mais rígidas.
Para avaliar o local de liberação do MCO a partir de nanocápsulas poliméricas
incorporadas em um gel de hidroxietilcelulose e sua penetração cutânea, Weiss-Angeli
(2007), desenvolveu um novo sistema de extração do ativo retido na pele nos
Capítulo 3. Estado da arte Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
34
experimentos de penetração cutânea utilizando célula de difusão de Franz. Neste
trabalho dois protocolos foram empregados, no primeiro o MCO foi extraído das
diferentes camadas da pele em estudo utilizando um solvente de extração convencional,
acetonitrila, possibilitando o doseamento do ativo livre e encapsulado, pois este solvente
dissolve as nanocápsulas. O segundo protocolo empregado utilizou como solvente de
extração o miristato de isopropila, que não solubiliza o polímero, mas solubiliza o filtro
solar livre, e posterior ultracentrifugação, separando as nanocápsulas presentes no
sistema e possibilitando o doseamento do ativo livre. Os resultados demonstram não
haver diferença entre as quantidades doseadas através dos dois protocolos nas camadas
mais profundas da pele. Entretanto, na superfície cutânea houve uma diferença
significativa entre a quantidade de filtro livre e total, indicando haver liberação do ativo
a partir das nanocápsulas acumuladas nesta camada da pele. Os autores concluem que
esse efeito pode ser explicado pelo reduzido tamanho das nanocápsulas e pela
hidrofobicidade do polímero, poli(ε- caprolactona), ambos fatores que contribuem para
o acúmulo de nanocápsulas na superfície da pele.
Os mecanismos de permeação de nanopartículas poliméricas preparadas com
poli(ε-caprolactona)-b-poli(etilenoglicol) contendo minoxidil e o efeito do tamanho das
nanopartículas sobre a taxa de permeação do fármaco foram avaliados por Shim et al.,
(2004). Foram preparadas nanopartículas com diâmetros médios de 40 e 130 nm, que
foram avaliadas através de célula de difusão de Franz utilizando-se como membrana de
estudo a pele de “porcos da índia” com e sem pêlos. Os resultados sugeriram que, para
as membranas com pêlos, as partículas de menor tamanho facilitaram amplamente a
permeação do minoxidil para o compartimento receptor, aumentando 1,5 vezes a
quantidade permeada até a epiderme e 1,7 vezes a quantidade no fluido receptor,
quando comparadas às partículas maiores. No entanto, para as membranas sem pêlos, a
permeação do fármaco não foi dependente do tamanho de partícula, sugerindo que a
liberação do minoxidil a partir das nanopartículas pode acontecer, principalmente, nos
folículos pilosos.
Nanocápsulas contendo o antisséptico clorexidina aumentam o tempo de contato
desta substância com a pele, como verificaram Lboutounne et al., (2002) utilizando pele
de porco. As nanoestruturas foram preparadas utilizando poli(epsilon-caprolactona),
através do método de deposição interfacial, e proporcionaram uma liberação contínua da
Capítulo 3. Estado da arte Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
35
substância por pelo menos 8 horas. Houve uma alta taxa de encapsulação do
antisséptico, corroborando com Jiménez et al., (2004). A concentração residual de
clorexidina no estrato córneo foi três vezes maior utilizando a suspensão de
nanocápsulas em hidrogel em relação à formulação contendo a substância ativa não-
encapsulada, proporcionando uma atividade antimicrobiana tópica prolongada contra
Staphylococcus epidermidis.
Perioli et al., (2006) utilizaram a TG e DSC para caracterizar a inclusão do filtro
solar, ácido sulfônico fenibenzilimidazol, em argila aniônica e concluíram que as
hidrotalcitas (hidróxidos duplos lamelares com elevada capacidade de troca aniônica)
foram boas matrizes para a incorporação de o filtro solar. Scalia; Villani; Casolari
(1999) utilizaram a análise térmica, DTA e TGA, além de outros métodos analíticos
para a comprovação da inclusão de filtro solar, 2-etil-hexil-p-dimetilaminobezoato, na
cavidade de ciclodextrina.
Pérez et al., (2004) realizaram estudo termoanalítico de substâncias que atuam
como filtros solares, isoladas e na forma de misturas, com objetivo de avaliar o
comportamento térmico por TG e por DSC. A partir dos resultados obtidos, os autores
concluíram que a decomposição térmica dos filtros solar despertou o interesse para
posterior estudo por TG isotérmica, visando à determinação da meia-vida destes
materiais. A técnica forneceu informações importantes quanto ao comportamento
térmico dos filtros solares.
A análise térmica, juntamente com outros parâmetros analíticos, reologia,
espectrofotometria no ultravioleta (UV) e cromatografia líquida de alta eficiência, foram
utilizados no estudo de estabilidade de emulsões contendo filtros solares que
absorveram nas regiões do UV e infravermelho. No trabalho realizado por Pérez et al.,
(2004), a DSC, TG e DTG foram utilizadas para verificar o comportamento térmico dos
filtros solares, benzofenona-3 e p-metoxinamato de octila (Santoro et al., 2000).
Com relação à estabilidade das emulsões, Silva; Nacco; Matos (1994)
propuseram a aplicação da análise rmica na avaliação de emulsões O/A, sendo
abordada a liberação de água a partir da elaboração de curvas TG, uma vez que a
temperatura de liberação da água é uma primeira característica representativa da força
de ligação da água. Foi sugerida a técnica para o desenvolvimento de formas de
Capítulo 3. Estado da arte Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
36
liberação controlada de água e a investigação de transição de fase e estabilidade de
formulações.
os estudos com a quitosana se destacam os publicados por Tharanathan &
Prashanth (2007) que realizaram uma extensa pesquisa sobre a quitina e a quitosana,
pesquisando suas modificações e aplicações. Neste estudo ficou comprovado que as
áreas de aplicações da quitina/quitosana e seus derivados são ilimitados, uma vez que
estes podem ser obtidos na forma de fibras, microesferas e nanopartículas. São
mencionadas aplicações na área de alimentos e nutrição, ciência dos materiais, ciências
médicas e farmacêuticas, microbiologia, imunologia, dentre outras.
Moura; Aouada; Mattoso (2008) desenvolveram nanopartículas através da
polimerização do ácido metacrílico na presença da quitosana, neste estudo foram
analisados o diâmetro da partícula que ficou entre 99 a 218nm, potencial zeta que
diminui com o aumento do pH, infravermelho, ressonância magnética nuclear e
microscopia eletrônica de transmissão. As nanopartículas obtidas apresentaram uma
morfologia bem homogênea além de um índice de polidispersão baixo. Foi observado
também que o diâmetro da partícula dependia da concentração da quitosana durante o
método de preparação: quanto maior a concentração de quitosana menor seria a
partícula.
Jiang et al., (2006) estudaram a aplicação de um sistema de dispersão de
nanopartículas de quitosana em queimaduras da pele. Eles evidenciaram que o sistema
de dispersão de nanopartículas de quitosana possuía efeitos curativos e reduzia o tempo
de cura e cicatrização, sugerindo que este sistema poderia ser desenvolvido para uma
nova perspectiva médica. O filme protetor de quitosana permite a passagem de oxigênio
permitindo uma rápida cicatrização. Além disso, após a cicatrização do ferimento, não
havia necessidade de remover a quitosana, pois as enzimas presentes nos tecidos
epiteliais degradam o polímero permitindo a sua absorção pelo organismo. Como
benefício adicional, evita-se danos na área cicatrizada causados pela remoção da
bandagem.
As benzofenonas começaram a ser utilizadas como filtros solares no final da
década de 50. A benzofenona-3 (BZ-3) (2-hidroxi-4-metoxibenzofenona) ou
oxibenzona, um composto lipofílico, é o mais utilizado dessa categoria nos Estados
Capítulo 3. Estado da arte Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
37
Unidos (Nedorost, 2003). Além dos problemas dermatológicos associados à BZ-3,
algumas pesquisas têm levantado a possibilidade de ações adversas sistêmicas da BZ-3.
Hayden et al., (1997) quantificaram a absorção sistêmica da BZ-3 em voluntários
humanos. Após 12 horas de ensaio, 1% a 2%, da quantidade de BZ-3 aplicada na pele,
foi detectado na urina. Nesta pesquisa foram utilizadas quantidades de filtro seis vezes
maiores que as utilizadas para determinação do fator de proteção solar (Hayden et al.,
1997).
Luppi et al., (2003) estudaram a permeação, através de célula de difusão de
Franz, da BZ3 nanoencapsulada, utilizando como polímero o álcool polivinílico ligado a
diferentes ácidos graxos com dois graus de substituição (40 e 80 %), visando
aperfeiçoar uma formulação que limite a permeação do ativo através da pele até a
circulação sistêmica. A natureza dos substituintes e o grau de substituição influenciaram
no tamanho de partícula e na habilidade de interação do ativo com a pele. As
nanopartículas obtidas com baixo grau de substituição apresentaram melhor localização
do ativo na epiderme, entretanto às obtidas com alto grau de substituição preveniram a
absorção percutânea da BZ3.
Simeoni et al., (2006) estudaram a influência da complexação da BZ3 com
hidropropil-α-ciclodextrina (HP-α-CD) e sulfobutileter-β- ciclodextrina (SBE-β-CD) na
penetração cutânea do filtro químico. Os estudos de penetração foram conduzidos em
células de difusão de Franz. Os resultados demonstram que a complexação da BZ3 em
HP-α-CD não alterou seu perfil de penetração, porém a complexação com SBE-β-CD
reduziu significativamente a penetração percutânea (quantidade detectada tanto no
estrato córneo, quanto epiderme e derme), minimizando assim o contato do filtro solar
com a pele e os riscos toxicológicos associados a ele. Segundo os autores este aspecto é
particularmente importante em preparações comerciais contendo BZ3, visto que estas
contêm elevadas concentrações do filtro solar e são aplicadas repetidas vezes em
grandes extensões de pele permanecendo por um longo período de tempo.
Em um estudo de segurança da BZ-3, após administração dérmica em ratos, a
BZ-3 formulada em uma base oleosa foi aplicada na dose de 100 mg/Kg de peso
corpóreo, duas vezes ao dia, por quatro semanas. Baseando-se nos seus resultados
bioquímicos, hematológicos e patológicos sugeriu-se que a BZ-3 não é tóxica nas
condições da pesquisa (Okereke et al., 1995).
Capítulo 3. Estado da arte Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
38
As nanopartículas poliméricas têm sido extensivamente estudas como
carreadores de fármacos nos campos farmacêuticos e médicos, porque eles mostram-se
promissores como sistemas de entrega de droga e de liberação controlada ou sustentada.
Foram desenvolvidos vários métodos para obtenção de nanopartículas durante as
últimas duas décadas, classificadas de acordo com a formação da partícula: se envolve
uma reação de polimerização, surge de uma macromolécula ou de um polímero pré-
formado. Reis et al., (2006) fez uma revisão destes métodos onde foram descritos os
métodos de preparação mais importantes para a obtenção de nanopartículas,
especialmente os que fazem uso de polímeros naturais. As vantagens e desvantagens
foram apresentadas facilitando a seleção do método de encapsulação apropriado, de
acordo com a aplicação específica.
Segundo Bouchemal et al., (2004) (a), o alfa-tocoferol (vitamina E) é largamente
utilizado como antioxidante em muitos cosméticos, mas apresenta uma rápida
degradabilidade, devido à sua sensibilidade à luz, ao calor e ao oxigênio. Os
pesquisadores relatam que carreadores capazes de encapsular substâncias ativas, tais
como nanocápsulas, são uma oportunidade atraente para proteger moléculas contra a
degradação. Este grupo de pesquisa produziu nanocápsulas de 150 a 500 nm
encapsulando o alfatocoferol, utilizando o polímero poliuretano e poli (éter uretano),
através de uma nova técnica que engloba a policondensação interfacial (Montasser et
al., 2001) combinada com emulsificação espontânea. Os autores verificaram que o
método oferece numerosas vantagens, quando comparado à cnica clássica de
policondensação interfacial. Eles destacam que uma das vantagens destes sistemas
nanométricos está em apresentar uma enorme área superficial, o que torna tais
dispositivos convenientes para importantes aplicações cosméticas e farmacêuticas, bem
como formulações tópicas de substâncias lipofílicas encapsuladas para uma liberação
homogênea.
As nanoemulsões consistem em dispersões de óleo/água, obtendo gotículas de
diâmetro entre 100-600 nm. No trabalho elaborado por Bouchemal et al., (2004) (b), as
nanoemulsões foram preparadas pelo mecanismo de emulsificação espontânea, que se
inicia quando uma fase orgânica e uma fase aquosa são misturadas. A fase orgânica é
uma solução homogênea de óleo, surfactante lipofílico solvente miscível em água, a
fase aquosa consiste de um surfactante hidrófilo e água. Um estudo experimental de
Capítulo 3. Estado da arte Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
39
otimização do processo de obtenção da nanoemulsão baseado na distribuição de
tamanho foi executado. Os resultados mostraram que a composição da fase orgânica
inicial era de grande importância no processo de emulsificação espontânea, e também
para as propriedades físico-químicas das emulsões obtidas. Primeiramente, o HBL da
nanoemulsão foi superior a 8, obtendo gotas de diâmetro de 171 nm. Segundo, a
concentração do solvente miscível em água (acetona) e seu efeito no processo de
emulsificação foram estudados, verificando que quanto mais polar o solvente menor
será o diâmetro da partícula. A etapa de emulsificação representa um importante passo
na obtenção de partículas poliméricas usando nanoprecipitação ou policondensação
interfacial combinado com emulsificação espontânea.
Bouchemal et al., (2006) em um outro estudo, obtiveram partículas nanométricas
que possuíam um núcleo oleoso e uma parede polimérica ( nanocápsulas), combinando
em uma única fase o processo de emulsificação e uma reação de polimerização de
interfacial. A emulsificação espontânea produziu uma dispersão de gotículas de óleo
entre 100-400 nm de diâmetro, onde, logo em seguida, a reação de policondensação
interfacial aconteceu. O processo foi aperfeiçoado considerando à escolha do α-
tocoferol como óleo e fez destaque à presença de monômeros dentro da fase aquosa e da
fase orgânica e a conversão deles em polímero. A causa principal de dificuldades era a
grande concentração de monômeros de diamina na fase aquosa que fez as gotículas de
óleo imediatamente instável ocorrendo agregação depois da formação. Foi observado
que, uma vez que o emulsificante tenha sido adsorvido e a polimerização completada, as
suspensões finais de nanocápsulas permaneceram estáveis por longos períodos. Uma
população secundária de partículas micrométricas que coexistiram com as nanocápsulas
estava presente em rios casos onde era desfavorável sua presença, considerando a
aplicação delas como um sistema de entrega de droga para aplicações cosméticas.
Na busca por material científico indexado em bancos de dados, foram
encontrados poucos trabalhos direcionados especificamente a nanocápsulas em
cosméticos. A escassez de informações técnico-científicas talvez possa ser explicada
pelo fato de que a utilização de nanocápsulas em cosméticos é bem mais recente que o
uso das mesmas em fármacos, para os quais um número bem maior de estudos
publicados.
CAPÍTULO 4
METODOLOGIA EXPERIMENTAL
Capítulo 4.
Metodologia experimental Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
41
4. Metodologia experimental
4.1. Materiais
4.1.1. Equipamentos
Reator mecanicamente agitado de 200ml;
Condensador de allihn tipo bola;
Termômetro digital portátil tipo espeto, modelo TM879, Marca Equitherm, faixa
de temperatura -50 ºC a 300 ºC, com precisão de + 1 ºC;
Centrífuga Selecta, Modelo Medifriger-BL;
Banho termostático Haake DC 30;
CLAE Shimadzu, Modelo CBM-20A;
Espectrofotômetro Cintra, Modelo Cintra 10E;
Zetamaster (Medidor de potencial Zeta) - Marca Malvern, Modelo Zetamaster S;
Incubadora Nova Ética, Modelo 430;
DSC- Marca Mettler Toledo, Modelo DSC822;
TG - Marca Mettler Toledo, Modelo SDTA851;
Balança de precisão Marca Mettler Toledo, Modelo XS205;
Espectrômetro Perkin Elmer, Modelo Spectrum One;
Turbiscan Lab - Versão Expert;
Beckman Coulter - LS230 Laser Diffration Particle Size Analyzer;
Microscópio óptico Nikon Eclipse, Modelo E400 POL;
Microscópio Eletrônico de Varredura Jeol, Modelo JSM-6360LV;
Microscópio Eletrônico de Transmissão Philips, Modelo CM120;
pHmetro DIGIMED, Modelo DM 21;
Ultrassom Elma, Modelo T460;
Balança analítica Ohaus, Modelo E12140
Capítulo 4.
Metodologia experimental Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
42
4.1.2 Reagentes
Quitosana de baixo peso molecular - Sigma-Aldrich;
Diisocianato - Sigma-Aldrich;
Span 80 - Oxiteno;
Tween 80 - Sigma-Aldrich;
Benzofenona-3 - Delaware;
Água ultrapura.
Acetona - Quimex;
Ácido acético glacial - Sigma-Aldrich;
Miglyol cedido gentilmente pela Dhaymers Química Fina;
Óleo mineral NP-35 ANIDROL;
Etanol - Quimex;
Isopropanol - Quimex;
Metanol grau CLAE-Merck;
4.2. Ensaios preliminares
Nos ensaios preliminares foram estudadas, de forma randômica, as
concentrações das matérias primas e algumas variáveis de processo, variando seus
valores dentro do sistema. Obteve-se assim uma série de informações importantes para
o estudo de obtenção das micro/nanopartículas, tais como: tipo de solvente utilizado, os
limites máximos e mínimos para um planejamento experimental das variáveis
estudadas, temperatura de execução dos ensaios, intensidade de agitação mecânica do
sistema e a solubilidades da BZ-3 em Miglyol.
Capítulo 4.
Metodologia experimental Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
43
4.3. Planejamento experimental
Os ensaios para obtenção de partículas quitosana/MDI, conforme o
planejamento experimental, foram realizados em um reator mecanicamente agitado
acoplado a um banho termostático com controle de temperatura e a um condensador.
O sistema estudado consistiu de uma fase orgânica e uma fase aquosa, com as
seguintes composições:
1. Fase orgânica: monômero (MDI), solvente (acetona) e tensoativo (Span 80).
2. Fase aquosa: quitosana, tensoativo (Tween 80) e ácido acético.
Os intervalos deste estudo de sensibilidade paramétrica foram escolhidos de
modo a abranger grande parte dos estudos apresentados na literatura. Para determinação
das condições experimentais que encontrassem o menor diâmetro de partículas com
máximo consumo de monômero, um planejamento experimental do tipo 2
3
resultando
em 8 experimentos mais a tréplica do ponto central em cada caso, totalizando 11
experimentos foi elaborado (Tabela 4.1). As variáveis independentes analisadas foram
às seguintes:
A. concentração de quitosana (0,1 a 0,5% m:m)
B. concentração do diisocianato (0,1 a 0,25% m:m)
C. razão mássica entre fases orgânica e aquosa (1:2 e 1:5).
Parâmetros fixados : tipo de solvente (acetona) e tempo de reação (4h).
Tabela 4.1. Planejamento experimental para obtenção de partículas quitosana/MDI.
A= MDI; B = quitosana; C = razão de fases orgânica: aquosa
Ensaio A B C
1 -1 -1 -1
2 -1 -1 1
3 -1 1 -1
4 -1 1 1
5 1 -1 -1
6 1 -1 1
7 1 1 -1
8 1 1 1
9 0 0 0
10 0 0 0
11 0 0 0
Capítulo 4.
Metodologia experimental Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
44
A análise do planejamento experimental foi realizada através do software
STATISTICA. Visando obter uma comparação direta do efeito de cada variável, as
variáveis independentes foram normalizadas no intervalo de -1 a +1. O nível -1
representa o limite inferior e o nível +1 representa o limite superior de cada variável.
Do planejamento experimental, determinou-se as condições de formulação para
a etapa seguinte do trabalho que consistiu na incorporação da substância ativa a
encapsular, a benzofenona (BZ-3) e um outro componente destinado a formar um
núcleo oleoso para retenção da BZ-3 no interior das partículas.
4.4. Metodologia para obtenção das partículas de quitosana/MDI
As suspensões de partículas contendo BZ-3 e Miglyol foram preparadas segundo
método de polimerização interfacial combinado com emulsificação espontânea descrito
anteriormente na literatura (Montasser et al., 2001). A Figura 4.1 apresenta o
fluxograma das etapas de obtenção das partículas.
1. A solução orgânica (S
1
) é composta pelo MDI, a Benzofenona-3, o tensoativo
(Span 80), e o solvente miscível em água (acetona) e Miglyol. Primeiramente o
MDI é solubilizado sob agitação mecânica na acetona; a seguir, adiciona-se BZ-
3, Span 80 e Miglyol no sistema.
2. A fase aquosa (S
2
) é formada por água ultrapura, quitosana de baixo peso
molecular e tensoativo Tween 80. A quitosana é solubilizada por 24h em água
ultrapura sob agitação mecânica com pH ajustado para 4,0 com ácido acético
glacial. Após as 24 h a solução aquosa de quitosana é filtrada em uma peneira
de 400 mesh.
3. Injeção da fase orgânica (S
1
) na fase aquosa (S
2
) sob agitação mecânica de 2400
rpm, a partícula precipita instantaneamente, e a membrana principal é formada
imediatamente. Nessa etapa ocorre a difusão do solvente da fase orgânica para
fase aquosa.
4. A agitação mecânica é mantida durante 4 h à temperatura de 50ºC, a fim de
assegurar o crescimento da parede polimérica (etapa de maturação).
Capítulo 4.
Metodologia experimental Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
45
5. A totalidade do solvente (acetona), bem como uma parte da água é removida
por evaporação durante 10 min sob ação de vácuo.
Figura 4.1. Fluxograma das etapas de obtenção das partículas.
Capítulo 4.
Metodologia experimental Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
46
4.5. Caracterização das suspensões de partículas de quitosana/MDI
Cada suspensão de partículas de quitosana/MDI foi caracterizada quanto a sua
granulometria, índice de polidispersão, morfologia, carga superficial, teor de ativo
encapsulado, estabilidade física das suspensões e caracterizações térmicas.
4.5.1. Granulometria e índice de polidispersão
A granulometria das partículas é medida em uma suspensão aquosa estática por
espalhamento de luz laser em uma LS 230 COULTER ® granulometer. O LS 230 mede
a granulometria das partículas usando o princípio da difração laser. Uma amostra é
colocada no fluido do módulo onde é distribuída através de uma célula a velocidade
constante. Um feixe de luz laser brilha através da célula onde é difratada pelas
partículas no interior da amostra. A luz é dispersa e recolhida por um conjunto de
detectores. As informações sobre as partículas menores que 0,04 µm são limitadas pela
difração padrão do equipamento. Nesse caso, quando o diâmetro da partícula é menor
que 0,04 µm, é usado outro equipamento. Esse equipamento é o Malvern, Modelo
Zetamaster S, que trabalha por espalhamento de luz de ângulo fixo de 90º e obtém
medições de 1 a 1000 nm.
As determinações do diâmetro e do índice polidispersão das micro e
nanopartículas em suspensão foram realizadas através de espalhamento de luz dinâmico.
As amostras foram diluídas 500 vezes (v:v) em água ultrapura à temperatura ambiente e
os resultados determinados através da média de três repetições.
4.5.2. Microscopia e morfologia
A morfologia das nanopartículas foi investigada pela microscopia eletrônica de
transmissão (TEM) Philips ® CM120, 80 kV. Geralmente, as amostras são preparadas
pela colocação de uma gota em um apoio de grades collodion cooper (Malaiya e Vyas,
1988). No caso das micropartículas foi utilizado um Microscópio Eletrônico de
Varredura Jeol, Modelo JSM-6360LV onde uma pequena quantidade de micropartículas
Capítulo 4.
Metodologia experimental Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
47
é adicionada a uma fita de cobre fixada em um porta-amostra de latão. Em seguida, as
amostras foram metalizadas com Au pelo processo de Sputtering (evaporação do metal
e deposição de uma fina camada 10nm - sobre a amostra) utilizando-se um
metalizador BAL-TEC. Foi utilizado também um microscópio óptico Nikon Eclipse,
Modelo E400 POL para observar se nos ensaios ocorria a difusão da BZ-3 da fase
orgânica para a fase aquosa.
4.5.3. Potencial zeta
Os tensoativos estabilizam a interface da emulsão não apenas com a formação de
uma barreira mecânica, mas também através da produção de uma carga elétrica de
superfície, denominada potencial zeta, que tem a habilidade de produzir forças
repulsivas entre as gotículas de óleo evitando a coalescência (Benita & Levy, 1993;
Floyd, 1999).
A carga superficial das partículas foi verificada por um Malvern Zetasizer. As
partículas foram diluídas 500 vezes (v:v) em solução de 1 mmol.L
-1
de NaCl à
temperatura ambiente e os resultados determinados através da média de quinze
repetições (Maia; Santana; Ré, 2004).
4.5.4. Eficiência de encapsulação da BZ-3 por CLAE
A quantificação por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) ou HPLC
tem sido adotada para diversas análises por ser uma metodologia bastante versátil e
prática, pois pode ser totalmente automatizada. Ela tem a capacidade de realizar
separações e análises quantitativas de uma grande quantidade de compostos presentes
em diversos tipos de amostras, em escala de tempo de poucos minutos, com alta
resolução, eficiência e sensibilidade (Guimarães & Collins, 1997).
Além disso, existem ensaios descritos por CLAE com a separação e
determinação de filtros solares (Vanquerp; Rodriguez; Coiffard, 1999; Ikeda; Suzuki;
Watanabe, 1989; Gagliardi; Cavazzutti; Montanarella, 1989; Rastogi & Jensen, 1998;
Capítulo 4.
Metodologia experimental Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
48
Salvador et. al., 2003; Chisvert & Salvador, 2002; Dinunzio & Gadde, 1990; Scalia,
2000; Smyrniotakis & Archontaki, 2003).
Para separar as partículas do meio aquoso para uma futura análise de eficiência
foi utilizado o método de centrifugação proposto por Cheng; Liang; Li, (2005), pois
para a centrifugação de nanopartículas é necessário a utilização de uma ultracentrífuga.
Pelo método proposto por Cheng; Liang; Li, (2005) não se faz necessário essa
utilização. O método consiste em: um grama da suspensão é dispersa em 25 ml de uma
solução aquosa de sacarose a 20% (ρ = 1.0584 g/mL) em tubos de centrífuga e, em
seguida, segue para centrifugação por 1h a 13400 rpm em temperatura ambiente. O
equipamento utilizado foi uma centrífuga Selecta e o modelo é Medifriger-BL. O uso de
uma solução concentrada de sacarose, como em muitos casos de separações biológicas,
contribui para manter a separação entre diferentes tipos de nanopartículas por causa da
diferença de densidade entre elas ao término da centrifugação (Cheng; Liang; Li, 2005).
As amostras foram centrifugadas pelo método proposto por Cheng; Liang; Li,
(2005), re-suspensas e outras vez centrifugadas. Em seguida foram colocadas para secar
em um dessecador protegido da luz por 24 h, para que não ocorresse a degradação da
BZ-3. Após a secagem, as amostras foram pesadas de acordo com a curva de calibração
do CLAE em um
erlenmeyer de 50 ml e diluídas em 25 ml de isopropanol. As amostras
foram submetidas ao ultrassom por 30 min para que ocorresse a ruptura da parede
polimérica e a BZ-3 difundi-se para o isopropanol. Em seguida foram transferidas para
balões volumétricos de 50 ml e completados com isopropanol.
O doseamento da BZ-3 foi feitos em triplicata e realizado através de
cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) segundo metodologia descrita por
Sarveiya; Risk; Benson, (2004), modificada. Em seguida, as amostras foram filtradas
através de membrana (0,45 µm, Millipore), e analisadas através de CLAE em
cromatógrafo Shimadzu, Modelo CBM-20A, utilizando-se detector ultravioleta visível
289 nm, coluna C-18. A fase móvel isocrática de metanol:água em uma proporção
95:5(v/v), com pH aparente igual a 4,0, fluxo de 1,0 mL por minuto, e como agente de
pareamento iônico, perclorato de tetrabutilamônio (4mg/%). O cálculo de rendimento
de encapsulação da BZ-3 está descrito na Equação 3.
Capítulo 4.
Metodologia experimental Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
49
Sendo:
R: Rendimento de encapsulação (%);
Mbz3: Massa da BZ-3 na amostra;
Mbz3clae: Massa de BZ-3 obtida no CLAE.
4.5.5. Turbidimetria
Turbidimetria é um grau de medida da turvação de suspensão em um meio. Ela é
determinada graças a um sistema ótico que mede a diminuição, a absorbância e a
diminuição da intensidade de um raio luminoso que atravessa a suspensão.
Na determinação da transmitância das suspensões de nano e micropartículas será
utilizado um equipamento de medidas de turbidez da marca Turbiscan LAb® que avalia
a transmissão e o backscattering, utilizando uma fonte de infravermelho próximo (850
nm) e detectores que medem a quantidade de luz que é refletida (a 45º do feixe
incidente) ou transmitida (a 180º do feixe incidente) através da amostra em análise.
O princípio da análise é fundamentado na alteração da fração volumétrica da
gotícula/partícula, resultando na variação da transmissão e do backscattering (Figura 4.
2). Através desta análise é possível identificar fenômenos de migração de
gotícula/partícula como cremagem (resulta da diferença de densidade entre as duas
fases) e sedimentação, e fenômenos de alteração de diâmetro como floculação e
coalescência. O maior benefício na utilização do Turbiscan é a detecção dos fenômenos
de instabilidade em emulsões, suspensões ou espumas não diluídas, muito antes que
estes fenômenos sejam detectados por observação visual do analista, especialmente no
caso de sistemas opacos e concentrados (Mengual et. al., 1999; Lemarchand et al.,
2003).
R = Mbz3clae x 100
Mbz3
(3)
Capítulo 4.
Metodologia experimental Dissertação de Mestrado
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50
Altura da cubeta (mm)
Interface claro/opaco
Backscatering
Transmissão
Porcentagem de transmissão
ou espalhamento de luz
Backscatering
Transmissão
Altura da cubeta (mm)
Interface claro/opaco
Backscatering
Transmissão
Porcentagem de transmissão
ou espalhamento de luz
Backscatering
Transmissão
Figura 4.2. Representação esquemática do princípio de funcionamento do Turbiscan (Adaptado de
DAOUD-MAHAMMED et al., 2007).
As formulações contendo BZ-3 e miglyol foram analisadas pela metodologia
proposta por Paese, 2008. Esta metodologia consiste em fazer as análises logo após a
preparação por 24 horas à temperatura de 40ºC, com varreduras a cada 10 min,
possibilitando a identificação e o estudo dos fenômenos de instabilidade das mesmas.
4.5.6. Estudo da liberação controlada
4.5.6.1. Estudo da liberação controlada livre de membranas
Este método permite a investigação de liberação de um ativo encapsulado
independente de membranas. O princípio do método reside na difusão do ingrediente
ativo da formulação para um receptor lipofílico:
- 3 mL da dispersão contendo as cápsulas foram colocados em um tubo de vidro.
4 mL de uma solução aquosa de Tween 80 a 3% (pH 5,46) foram adicionados. 10 mL
de triglicérides de cadeia média (Miglyol) foram cuidadosamente colocados vertidos
sobre a solução aquosa. Miglyol foi escolhido como receptor por solubilizar a
benzofenona-3 e não alterar a estrutura física das partículas de quitosana/MDI. As
Capítulo 4.
Metodologia experimental Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
51
amostras foram armazenadas em uma incubadora Ética, Modelo 430 sob condições
controladas de temperatura e intensidade de agitação (32°C; 70 rpm). Amostras de 300
µl foram retiradas da fase oleosa após 1, 2, 4, 8 e 24 h, e diluídas com 2,7ml de etanol
96% (v/v). A absorbância foi medida em 286 nm usando um espectrofotômetro Cintra,
Modelo Cintra 10E. Uma solução de Miglyol: etanol 96% (1:9) (v/v) foi usada como
referência (Neubert & Wohlrab, 1990).
4.5.6.2. Estudo da liberação controlada com membranas de diálise
Etanol foi usado como meio receptor neste estudo. As amostras foram
centrifugadas pelo método descrito no item 4.5.4.. Em seguida, o sedimento foi
armazenado em um dessecador protegido da luz por 24 h, para que não ocorresse a
degradação da BZ-3. As amostras secas foram pesadas e acondicionadas em membranas
de diálise. Para cada amostra foram feitas três triplicatas. Para este estudo foram
utilizados 200 mL do meio receptor, erlenmeyers de 250 mL e uma Incubadora Nova
Ética, Modelo 430. As membranas foram submersas no meio receptor e a incubadora foi
mantida a 37°C e agitação de 70 rpm. Foram retiradas alíquotas de 3 mL do etanol em
um período de 3, 5, 10, 15, 20 e 30 min e também no período de 1, 2, 4, 8 e 24h.
As concentrações de BZ-3 nas amostras foram determinadas através de
cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) segundo metodologia descrita por
Sarveiya e colaboradores (2004), modificada. A fase móvel isocrática de metanol água
em uma proporção 95:5(v/v), com pH aparente igual a 4,0, fluxo de 1,0 mL por minuto,
e como agente de pareamento iônico, perclorato de tetrabutilamônio (4mg/L).
O etanol foi escolhido como meio receptor por solubilizar a BZ-3 (a solubilidade
da BZ-3 no etanol apresenta-se superior a 58 mg/mL à 37º C, valor verificado
experimentalmente neste trabalho) e por estabelecer uma metodologia in vitro de análise
comparativa de diferentes formulações.
Capítulo 4.
Metodologia experimental Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
52
4.5.7. pH
A determinação de pH foi realizada em pHmetro DIGIMED modelo DM 21,
em potenciômetro calibrado com solução tampão pH 4,0 e 7,0, diretamente nas
suspensões coloidais, após a preparação e durante um período de 9 meses, verificando
se as amostras variavam ou fixavam o pH. Os resultados representam a média de três
determinações.
4.5.8. Espectroscopia de absorção na região do infravermelho
Amostras de partículas foram analisadas por transformada de Fourier usando
espectroscopia de infravermelho, para verificar a formação da parede polimérica das
cápsulas. A suspensão de partículas foi posta diretamente em cima das pastilhas de
NaCl e logo em seguidas foram postas no dessecador para secar. Os espectros de
absorção das amostras foram obtidos em um espectrômetro Perkin Elmer, modelo
Spectrum One, na faixa de 500 a 4000cm-1.
4.5.9. Análises térmicas.
4.5.9.1. Análise termogravimétrica (TG) e Análise térmica diferencial
(DTA).
A TG fornece dados com relação às variações de massa em função do tempo
e/ou temperatura sob determinadas condições atmosféricas. Os experimentos são
executados por meio de uma termobalança de elevada sensibilidade, reprodutibilidade e
resposta rápida às variações de massa. As curvas obtidas fornecem informações
relativas à composição e estabilidade térmica da amostra, dos produtos intermediários e
do resíduo formado. Utilizando apenas a TG é possível estudar a decomposição térmica
de compostos orgânicos, inorgânicos e de substâncias poliméricas, determinar a
velocidade de evaporação e sublimação, desidratação e higroscopicidade (propriedade
que os materiais porosos têm para, quando colocados no estado seco num determinado
ambiente a uma determinada umidade relativa, reterem nos seus poros uma certa
Capítulo 4.
Metodologia experimental Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
53
quantidade de umidade existente no ambiente) (Wendlandt, 1986; Haines, 1995; Matos
& Machado, 2004). Em resumo a TG indica eventos térmicos relacionados a variações
de massa.
A DTA é a técnica pela qual a diferença de temperatura (T) entre a substância
e o material de referência (termicamente estável) é medida em função da temperatura,
enquanto ambos são submetidos a uma programação controlada de temperatura. A
temperatura é medida por termopares conectados aos suportes metálicos das cápsulas de
amostra e do material de referência, ambos contidos no mesmo forno. As variações de
temperatura na amostra são devidas às transições entálpicas ou reações endotérmicas ou
exotérmicas. As curvas DTA representam os registros de T em função da temperatura
(T) ou do tempo (t), de modo que os eventos o apresentados na forma de picos. Os
picos ascendentes caracterizam os eventos exotérmicos e os descendentes os
endotérmicos (Wendlandt, 1986; Machado & Matos, 2004).
As curvas de TG e DTA da quitosana foram obtidas por um TG/SDTA - Marca
Mettler Toledo, Modelo SDTA851 e as amostras foram pesadas em uma balança de
precisão Marca Mettler Toledo, Modelo XS205. A partir dos dados obtidos foram feitos
estudos mais detalhados de DSC das partículas. Foi usado um porta-amostra padrão de
alumínio selado. As análises foram feitas em atmosfera de nitrogênio, a um fluxo de 80
mL.min
-1
, na faixa de temperatura de 0 a 100ºC na taxa de aquecimento de 10ºC/min.
4.5.9.2. Análise de calorimetria diferencial de varredura - DSC
A DSC é a técnica de análise térmica, na qual se mede a alteração de energia
fornecida à substância e a um material de referência (termicamente estável), em função
da temperatura, enquanto a substância e o material de referência são submetidos a uma
programação controlada de temperatura. Existem duas configurações possíveis para
aparelhos de DSC: DSC com compensação de potência e DSC com fluxo de calor. Na
primeira configuração a amostra e o material de referência são aquecidos em
compartimentos separados em condições isotérmicas e submetidos à igual variação de
potência de entrada no forno. Neste caso, os eventos são apresentados na curva DSC
como picos, os ascendentes correspondem a processos endotérmicos e os descendentes a
Capítulo 4.
Metodologia experimental Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
54
exotérmicos. No caso da DSC com fluxo de calor, a amostra e o material de referência
são colocados em cápsulas idênticas, localizadas sobre o disco termoelétrico e aquecidas
por uma única fonte de calor. As curvas DSC obtidas nesse sistema mostram picos
ascendentes que caracterizam eventos exotérmicos, enquanto os descendentes eventos
endotérmicos (Wendlandt, 1986; Machado & Matos, 2004). Em resumo a DSC detecta
eventos associados ou não à perda de massa.
Os termogramas de DSC das amostras foram obtidos por um Calorímetro
Diferencial de Varredura DSC- DSC822 (Mettler Toledo) usando um porta-amostra
padrão de alumínio selado onde as amostras foram pesadas em uma balança de precisão
Marca Mettler Toledo, Modelo XS205. As análises foram feitas em atmosfera de
nitrogênio, a um fluxo de 80 mL.min
-1
, na faixa de temperatura de 0 a 100ºC na taxa de
aquecimento de 10ºC/min.
CAPÍTULO 5
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
56
Resultados e discussões
5.1. Ensaios preliminares
5.1.1. Introdução do miglyol no sistema
No início deste estudo foram realizados diversos ensaios onde foram obtidas
informações importantes sobre sistema, como por exemplo, a inclusão do miglyol na
fase orgânica (Bouchemal et al., 2006). Sem a sua presença na fase orgânica a difusão
do solvente para fase aquosa era extremamente rápida seqüestrando assim a BZ-3 para o
meio aquoso. A Figura 5.1 ilustra essa situação. A solução proposta foi então de usar o
Miglyol como reservatório para a BZ-3, minimizando assim a difusão desta para a fase
aquosa.
Figura 5.1. Cristais de BZ-3 na fase aquosa (Microscopia óptica; 200X).
5.1.2. Concentração do miglyol no sistema
Para verificar o efeito da concentração de miglyol no sistema estudado,
primeiramente avaliou-se experimentalmente a solubilidade da BZ-3 neste meio
(miglyol), que é de 210 mg/mL. Investigou-se o efeito da quantidade de miglyol no
sistema. Foram preparadas suspensões de partículas fixando-se o valor da BZ-3 em
500mg e variando-se o volume do miglyol em 0,575, 1,15, 1,725, 2,3 e 2,875 mL. As
seguintes concentrações de BZ-3 no miglyol foram obtidas respectivamente: 869,56
mg/mL; 434,78 mg/mL; 289,85 mg/mL; 217,39 mg/mL; 173,91mg/mL. Nas três
primeiras concentrações que ficaram muito acima da solubilidade estabelecida de 210
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
57
mg/mL ocorreu a difusão da BZ-3 para o meu aquoso. Com as contrações de 217,39 e
173,91mg/mL não houve difusão da BZ-3 para a fase aquosa (Figura 5.2.), porém
notou-se a formação de aglomerados quando a concentração de 173,91 mg/mL foi
empregada. Devido a isto, fixou-se a concentração de 217,39 mg de BZ-3 por mL de
miglyol.
(a) (b)
Figura 5.2. Suspensões preparadas com diferentes concentrações de miglyol, microscopia óptica
200X: (a) 2000mg; (b) 2500 mg.
5.1.3. Escolha do solvente
Na técnica de policondensação interfacial combinada com emulsificação
espontânea quanto maior a polaridade do solvente, mais rápida será a difusão para a fase
aquosa, conseqüentemente menor será o diâmetro da partícula formada a partir da fase
dispersa da emulsão (Bouchemal et al., 2004 a). A Figura 5.3 apresenta uma análise
granulométrica de três suspensões de partículas, obtidas empregando-se diferentes
solventes orgânicos: acetona, acetato de etila e clorofórmio. Nota-se por estes resultados
que a acetona, solvente de maior miscibilidade com água, favorece a formação dos
menores diâmetros de partículas, razão de seleção deste solvente para a continuidade do
trabalho.
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
58
Figura 5.3. Diâmetros de partículas com diferentes tipos de solventes.
5.2. Planejamento experimental
Um planejamento fatorial 2
3
resultando em 8 experimentos mais a tréplica do
ponto central, totalizando 11 experimentos, foi elaborado visando extrair o máximo de
informações do processo de obtenção das partículas de quitosana/MDI, já que o caso em
estudo se trata de um processo de obtenção de um menor diâmetro de partícula. Tal
planejamento foi capaz de avaliar a influência das variáveis na obtenção das partículas
bem como de propor um modelo matemático que representasse o seu diâmetro. As
variáveis independentes neste estudo foram: (A) concentração do diisocianato da
unidade; (B) concentração de quitosana; e (C) razão mássica fase orgânica: fase aquosa
(Tabela 5.1). O diâmetro de partícula foi definido como variável-resposta. Os resultados
do planejamento experimental se encontram na Tabela 5.2. Estes dados foram
submetidos a uma regressão linear utilizando o Statistica 7.0, onde foi possível calcular
os efeitos de cada variável (Tabela 5.3).
Tabela 5.1. Variáveis do planejamento experimental.
Variável -1 0 1
A Concentração de MDI (m:m) 0,1 0,175 0,25
B Concentração de Quitosana (m:m) 0,1 0,300 0,5
C
Razão mássica fase orgânica: fase
aquosa
1:5 7:20 1:2
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
59
Tabela 5.2. Planejamento experimental.
Ensaio A B C A B C Dp
1 -1 -1 -1 0,1 0,1 1:5 1,289
2 -1 -1 1 0,1 0,1 1:2 1,459
3 -1 1 -1 0,1 0,5 1:5 0,371
4 -1 1 1 0,1 0,5 1:2 1,601
5 1 -1 -1 0,25 0,1 1:5 5,113
6 1 -1 1 0,25 0,1 1:2 7,034
7 1 1 -1 0,25 0,5 1:5 8,761
8 1 1 1 0,25 0,5 1:2 6,129
9 0 0 0 0,175 0,3 7:20 2,739
10 0 0 0 0,175 0,3 7:20 2,692
11 0 0 0 0,175 0,3 7:20 2,591
Tabela 5.3. Efeitos calculados no Statística 7.0 para Planejamento Fatorial 2
3
As variáveis estudadas individualmente bem como suas interações se mostraram
estatisticamente significativas com exceção da variável C. A variável MDI foi a
estatisticamente mais significativa para um nível de 95% de confiança. Isto pode ser
constatado através do diagrama de Pareto (Figura 5.4), que ilustra os efeitos das
variáveis estudadas individualmente bem como suas interações, de duas a duas, com
relação ao diâmetro das partículas. O efeito da variável será tão significativo quanto
mais à direita da linha vermelha ele estiver, no nível de significância de 95 % de
confiança.
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
60
GRÁFICO DE PARETO
2**(3-0) design; MS Pure Error=,005719
DV: Dp
3,221174
9,196008
-9,86923
-16,3303
16,45183
104,3352
p=,05
Standardized Effect Estimate (Absolute Value)
SOLVENTE
QUITOSANA
MDI by SOLVENTE
QUITOSANA by SOLVENTE
MDI by QUITOSANA
MDI
Figura 5.4. Gráfico de Pareto.
Com a regressão dos dados utilizando-se o Statistica 7.0, obteve-se um modelo
matemático (Equação 3) para a obtenção do diâmetro da partícula considerando o
intervalo de probabilidade de 95% de confiança. Tal modelo foi gerado a partir dos
dados apresentados na Tabela 5.3.
O coeficiente de correlação R
2
ajustado para o modelo apresentado pela Equação
3 foi de 0,897, o que demonstra uma regressão satisfatória, o que é ilustrada pela Figura
5.5, onde se visualiza uma boa correlação entre os valores preditos pelo modelo e os
valores observados, pois se observa uma disposição relativamente ordenada dos pontos
em torno da reta representativa.
D = 3,6163 + 2,7896 MDI + 0,2459 Q + 0,4399 MDI.Q – 0,2639 MDI.S – 0,4366 Q.S (3)
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
61
Figura 5.5. Relação entre os valores preditos pelo tratamento matemático e os valores
observados.
As Figuras 5.6 e 5.7 apresentam os gráficos dos resíduos, onde também fica
evidente a validade do modelo e a significância da regressão. Observa-se uma boa
distribuição dos pontos em torno do ponto zero, onde também é possível perceber que o
modelo deixou poucos resíduos, pois de acordo com Barros Neto; Scarminio; Bruns,
(2001), tão mais significativo será o modelo quanto menor o resíduo a ele associado.
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
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62
Figura 5.6. Valor residual versus valores observados.
Figura 5.7. Valor residual versus valores preditos.
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
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63
Na Figura 5.8 são mostradas as superfícies de respostas em função das variáveis
do processo: Concentração de MDI, de quitosana e de solvente em relação à fase
aquosa. Observa-se que a superfície de resposta na Figura 5.8 (a) que representa a
interação entre MDI e Solvente apresenta uma inclinação bastante pronunciada em
direção ao seu ponto máximo maior diâmetro - quando um aumento da
concentração de MDI, isso ocorre também no Figura 5.8 (b) da superfície de resposta
(interação MDI e Quitosana). Porém, analisando-se a Figura 5.8 (c) nota-se uma
variação pequena na superfície de resposta (interação Quitosana e Solvente).
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
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64
Figura 5.8. Superfície de resposta: (a) MDI vs. Solvente; (b)
MDI vs. Quitosana; (c)
Quitosana vs.
Solvente.
(a)
(b)
(c)
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
65
A significância estatística foi determinada através da análise de variância para o
modelo e é apresentada na Tabela 5.4. O valor da razão entre o F calculado e o F
5,5
(tabelado) foi maior que 1, significando que a regressão obtida é estatisticamente
significativa sob o ponto de vista do teste F, porém não serve para fins preditivos de
acordo Barros Neto; Scarminio; Bruns (2001), pois para tanto, seria necessário que o F
calculado fosse pelo menos 10 vezes superior ao F tabelado, condição esta que não é
satisfeita.
Mesmo sendo o modelo estatisticamente significativo, faz-se necessário o teste F
devido á falta de ajuste para verificar se o modelo está ou não bem ajustado aos dados
experimentais. Neste teste, a razão entre o F
calc
e o F
3.2
(tabelado) deve ser menor que 1.
Isto pode ser verificado na Tabela 5.4, que o F
calc
é bem maior que o F
3,2
(tabelado).
Isto significa que o modelo está bem ajustado às respostas do planejamento fatorial,
além de ser um modelo significativo sob o ponto de vista estatístico.
Tabela 5.4.Análise de variância
FONTE DE VARIAÇÂO
Soma Quadrática
N g.I.
Média
Quadrática F.cal. (95%) F. tab (95%)
Regressão 66,36978863 5 13,27395773 8,651484487 5.05
Resíduos 7,671491375 5 1,534298275
Falta de Ajuste 7,60072 3 2,533573333 443,0098502 9.55
Erro Puro
0,01144
2 0,005719
Total 74,04128 10
É possível então concluir que as respostas estão bem ajustadas ao modelo linear.
Parte dos resíduos deixados pelo modelo se deve aos erros aleatórios, geralmente
atribuídos à imprecisão dos equipamentos e medidas feitas durante os procedimentos
laboratoriais. Tais resíduos podem, no entanto, também serem atribuídos à falta de
ajuste do modelo, o que não é constatado pelo teste F, ou seja, o modelo não é capaz de
cobrir toda faixa de variação dos fatores estudados devido aos erros aleatórios. Para um
intervalo de 95% de confiança, o modelo se mostra satisfatório estatisticamente, porém
é incapaz de fazer previsões dentro dos intervalos de interesse para cada fator que se
trata de um modelo empírico. Com base nos dados do planejamento experimental e
verificando as superfícies de respostas, teria que ser escolhido um ensaio que
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
66
apresentasse a menor concentração de MDI; logo, escolheu-se as condições do
experimento 03 para dar continuidade ao estudo.
5.3. Encapsulação da BZ-3
Após a escolha do experimento 03 do planejamento experimental, as suspensões
de partículas contendo concentrações crescentes de BZ-3 foram preparadas segundo o
método de polimerização interfacial combinado com emulsificação espontânea descrito
no procedimento experimental (item 4.4), fixando-se as composições apresentadas nas
Tabelas 5.5 e 5.6.
Tabela 5.5. Composição da suspensão de partículas contendo 6,25 mg/mL de BZ-3.
FASE AQUOSA FASE ORGÂNICA
Água ultrapura.................................80 mL
MDI................................................. 80 mg
Tween 80...................................... 136 mg
Miglyol...........................................2,3 mL
Quitosana ..................................... 400 mg
Span 80............................................ 80 mg
BZ-3...............................................500 mg
Acetona............................................20 mL
Tabela 5.6. Composição da suspensão de partículas contendo 12,5 mg/mL de BZ-3.
FASE AQUOSA FASE ORGÂNICA
Água ultrapura.................................80 mL
MDI................................................. 80 mg
Tween 80...................................... 136 mg
Miglyol...........................................4,6 mL
Quitosana ..................................... 400 mg
Span 80............................................ 80 mg
BZ-3.......................................................1g
Acetona............................................20 mL
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
67
Tabela 5.7. Composição da suspensão de partículas contendo 18,75 mg/mL de BZ-3.
FASE AQUOSA FASE ORGÂNICA
Água ultrapura.................................80 mL
MDI................................................. 80 mg
Tween 80...................................... 136 mg
Miglyol...........................................6,9mL
Quitosana ..................................... 400 mg
Span 80............................................ 80 mg
BZ-3....................................................1,5g
Acetona............................................20 mL
Tabela 5.8. Composição da suspensão de partículas contendo 25 mg/mL de BZ-3.
FASE AQUOSA FASE ORGÂNICA
Água ultrapura.................................80 mL
MDI................................................. 80 mg
Tween 80...................................... 136 mg
Miglyol...........................................9,2 mL
Quitosana ..................................... 400 mg
Span 80............................................ 80 mg
BZ-3...................................................2,0 g
Acetona............................................20 mL
5.4. Análise da estabilidade física das suspensões (turbidimetria
dinâmica).
As análises feitas no Turbiscan LAB® possibilitam a identificação de
fenômenos de instabilidade em suspensões e emulsões. A vantagem desta técnica é a
detecção desses fenômenos antes que os mesmos sejam observados por métodos
convencionais (Mengual et al., 1999).
As Figuras 5.9 e 5.10 apresentam gráficos referentes à variação de
backscattering” e de transmissão das suspensões de cápsulas contendo BZ-3 nas
concentrações de 6,25 e 12,5mg/mL. O manual do equipamento informa que, podem ser
analisados os gráficos de variação de backscattering” caso os valores de variação de
transmissão sejam inferiores a 0,2 %. Portanto só foram analisados os gráficos de
backscattering”, pois os valores de transmissão foram inferiores a 0,2 %. Em cada
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
68
gráfico, a parte da esquerda refere-se à base da cubeta de análise e a direita ao topo da
mesma. Os fenômenos de instabilidade como sedimentação, floculação, coalescência,
são demonstradas na base, no topo ou no centro da cubeta, observando-se a elevação ou
diminuição de backscattering”. Ambas as formulações não apresentaram variação na
transmissão e no backscattering durante a análise, indicando não haver fenômenos de
instabilidade física nas amostras estudadas.
Figura 5.9. Gráficos de variação de transmissão e backscattering da formulação de 6,25mg/mL.
Figura 5.10. Gráficos de variação de transmissão e backscattering da formulação de 12,5mg/mL.
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
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69
Durante o período de armazenamento ocorreu o aparecimento de precipitados
cristalinos (BZ-3) nas suspensões de 18,75 mg/mL e 25 mg/mL. Este aparecimento de
precipitados cristalinos foi atribuído à difusão da BZ-3 para a fase aquosa devido à
grande quantidade de miglyol no sistema, sugerindo assim o uso de concentrações
menores do ativo. Assim, este estudo de estabilidade física de suspensões por
turbidimetria dinâmica foi realizado com as formulações contendo 6,25 e 12,5
mg/mL de BZ-3.
5.5. Granulometria e índice de polidispersão
O tamanho de partícula é um importante parâmetro a ser avaliado para controlar
o processo de obtenção e, particularmente, assegurar a qualidade da formulação, porque
a estabilidade física de suspensões depende do tamanho de partícula e da distribuição do
tamanho (Müller-Goymann, 2004). Na suspensão com concentração 6,25 mg/mL de
BZ-3 obteve-se um diâmetro médio de partícula de 1,46µm no Beckman Coulter
(Figura 5.11) e 952,5nm no Zetamaster (Figura 5.12), um índice de polidispersão
superior a 1 e uma curva de distribuição de tamanho do tipo bimodal. Na suspensão
estudada de concentração 12,5 mg/mL de BZ-3 obteve-se um diâmetro médio de
partícula de 1,76µm no Beckman Coulter (Figura 5.13) e 1416,8nm no Zetamaster
(Figura 5.14), um índice de polidispersão de superior a 1 e uma curva de distribuição de
tamanho monomodal. Em suma, estes resultados indicam que ambas as suspensões
analisadas são constituídas de partículas micro e nanométricas.
Uma primeira análise frente a dados de literatura para sistemas particulados
desenvolvidos para veiculação de filtros solares químicos como a BZ-3 mostra que o
diâmetro das partículas obtidas no presente trabalho são superiores aos encontrados na
literatura, visto que a literatura cita partículas da ordem de 300 a 600 nm (Alvarez-
Román et al., 2001; Alvarez-Román et al., 2004; Olvera-Martínez et al., 2005; Jiménez
et al., 2004; Verna et al., 2003).
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
70
Figura 5.11. Gráfico de diâmetro de partícula
COULTER ® granulometer para solução de
6,25mg/mL de BZ-3.
Figura 5.12. Gráfico de diâmetro de partícula Zetamaster S para solução de 6,25mg/mL de BZ-3.
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
71
Figura 5.13. Gráfico de diâmetro de partícula
COULTER ® granulometer para solução de
12,5mg/mL de BZ-3.
Figura 5.14. Gráfico de diâmetro de partícula
Zetamaster S para solução de 12,5mg/mL de BZ-3.
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
72
5.6. Microscopia e morfologia das partículas
A microscopia óptica foi utilizada com o objetivo de verificar a existência de
cristais de BZ-3 na suspensão. No entanto, a microscopia eletrônica de transmissão
(MET) e a microscopia eletrônica de varredura (MEV) foram associadas neste trabalho
para uma visualização e análise mais detalhadas das partículas de quitosana/MDI
obtidas das formulações contendo 6,25 e 12,5mg/ mL de BZ-3. As Figuras 5.15 (MET)
e 5.16 (MEV) mostram que as partículas obtidas apresentam uma forma
predominantemente esférica e ordem de grandeza de tamanho compatível com as
medidas por granulometria laser, revelando a existência de duas populações, uma
micrométrica e outra nanométrica. A Figura 5.17, obtida por microscopia óptica, ilustra
a ruptura da parede polimérica da cápsula em um meio aquoso e o escoamento do
núcleo oleoso com o ativo dissolvido.
Figura 5.15. Microscopia eletrônica de transmissão das partículas de Quitosana/MDI.
Figura 5.16. Microscopia eletrônica de varredura das partículas.
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
73
Figura 5.17. Microscopia óptica de uma cápsula.
5.7. Espectro de Absorção na Região do Infravermelho
Os espectros de absorção na região do infravermelho são provocados pelos
diferentes modos de interação da radiação eletromagnética com a molécula (vibração e
rotação). Pode ser considerado como uma “impressão digital” do composto.
Para o acompanhamento da reação entre quitosana e MDI o seguinte
procedimento foi proposto: análise por espectroscopia na região do infravermelho do
produto obtido procurando-se constatar o consumo de reagente (MDI) e a formação da
parede polimérica das partículas.
Para esta análise, a Figura 5.18 reúne os espectros de diferentes amostras:
1. Quitosana;
2. Mistura física de quitosana/MDI na proporção 1:1;
3. Partículas de quitosana/MDI, razão mássica quitosana:MDI de 1:2 (Branco 07);
4. Partículas de quitosana/MDI, razão mássica quitosana:MDI de 1:5 (Branco 03).
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
74
Figura 5.18. Comparação entre os FT-IR.
Como se pode observar na Figura 5.18, o pico característico do MDI é
apresentado na mistura física quitosana/MDI, servindo como referência para se observar
a presença de MDI residual nas formulações [banda de absorção do isocianato, -N = C =
O (2.275 -2.250 cm
-1
)].
O objetivo foi de acompanhar o consumo de MDI, em partículas produzidas com
diferentes relações mássicas de quitosana e MDI. Com base nessa informação foi
observada a presença de um pico de MDI não reagido no branco 07 e um pequeno pico
residual no branco 03, indicando o consumo progressivo do MDI em função da
formulação.
Para a reação, onde foi inserido o BZ-3 e o miglyol, as principais bandas de
absorção identificadas que indicam a reação entre quitosana e MDI, são:
- Bandas de absorção das aminas primárias e secundárias da quitosana que são
respectivamente, 1650 e 1570 cm
-1
(Choudhari et al., 2007; Huang; Pal; Moon, 1999).
- Banda em torno de 1700 e 1750 cm
-1
, referente ao grupo funcional da uréia
ligada a carbonos (Choudhari et al., 2007; Kurita et al., 1993).
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
75
- Bandas em 3.500 cm
-1
, 1.200 cm
-1
, referentes aos estiramentos OH e C-N-
amina primária que caracterizam os grupos funcionais da quitosana (Fraga et al., 2006).
A Figura 5.19 apresenta o FT-IR das cápsulas de quitosana/MDI com a adição
do miglyol e da BZ-3 no sistema. As bandas de absorção dos principais grupos
funcionais são apresentadas, onde se observa o consumo do MDI na reação, não
apresentando o pico característico do isocianato. Essa informação sugere a ocorrência
da reação entre a quitosana e o MDI, como também, a formação da parede polimérica
da cápsula.
Figura 5.19. FT-IR das cápsulas de quitosana/MDI.
5.8. Análises térmicas
5.8.1. Análise Termogravimétrica (TG) e análise térmica diferencial
(DTA) da quitosana.
Foi elaborado um rápido estudo de TG e DTA da quitosana de baixo peso
molecular utilizada na produção das partículas. O objetivo foi determinar a faixa de
estabilidade térmica da quitosana
para um posterior estudo de DSC.
Como se pode
constatar na Figura 5.20
nas curvas de TG e DTA da quitosana, esta se apresenta estável
até temperaturas de cerca de 120ºC.
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
76
Figura 5.20. Curvas de TG e SDTA da amostra de quitosana de baixo peso molecular.
5.8.2. Análise de calorimetria diferencial de varredura - DSC
A DSC é usada para investigar as propriedades térmicas de materiais orgânicos e
inorgânicos. Ela fornece informações quantitativas sobre estas mudanças térmicas
incluindo as entalpias de transformação como, por exemplo, de fusão. A Figura 5.21
mostra as curvas de DSC das partículas, onde se observou eventos endotérmicos que
não caracterizam as transições térmicas observadas com os materiais puros (quitosana,
BZ-3). Pode-se inferir, a partir destes dados experimentais, que o método de
encapsulação pela técnica de policondensação interfacial combinada com emulsificação
instantânea parece ser eficiente na encapsulação da BZ-3 em partículas de
quitosana/MDI, nas duas diferentes concentrações analisadas deste ativo (6,25 e
12,5mg/ml).
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
77
Figura 5.21. Curvas DSC das partículas contendo 6,25 e 12,5 mg/mL de BZ-3, da quitosana e da
BZ-3 pura.
5.9. Eficiência de encapsulação
A quantificação nas partículas com 6,25 e 12,5 mg/mL de BZ-3 foi realizado
através de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) segundo metodologia
descrita por Sarveiya e colaboradores (2004), modificada. A curva de calibração e as
cromatografias das referentes formulações são encontradas no Anexo 1. Teores
elevados de BZ-3 foram detectados nas partículas, comprovando a excelente capacidade
de encapsulação destes novos sistemas quitosana/MDI com núcleo de miglyol (> 99%),
como mostra a Tabela 5.9.
Tabela 5.9. Porcentagem de BZ-3 Encapsulada.
FORMULAÇÃO % DE BZ-3 ENCAPSULADA ± DP**
6,25mg/mL 99,4 ± 3
12,5mg/mL 99,5 ± 3
** - média e desvio padrão de uma triplicata de medidas
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
78
5.10. Potencial Zeta
A Figura 5.22 mostra que as partículas têm carga superficial positiva, e os
resultados foram determinados através da média de quinze repetições. Onde se obteve:
+ 47.4 mV para a amostra de 12,5 5 mg/mL de BZ-3 e + 61 mV para a amostra de 6,25
mg/mL de BZ-3.
As cargas positivas das partículas interagem com tecidos negativamente
carregados, tais como pele e cabelo. Essa capacidade bioadesiva das partículas é um
aspecto importante para o seu uso em cosméticos.
Figura 5.22. Potencial zeta das partículas: (a) 12mg/mL; (b) 6,25mg/mL.
5.11. Determinação do pH
O pH das suspensões de partículas de quitosana/MDI contendo BZ-3 foi
determinado em potenciômetro calibrado com solução tampão pH 4,0 e 7,0, diretamente
nas suspensões coloidais. O pH das soluções manteve-se inalterado após a preparação e
durante o período de estudo (nove meses), onde apresenta a ordem de 5,6 - 5,7.
(a)
(b)
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
79
5.12. Liberação controlada
Nano e micropartículas poliméricas têm sido estudadas como sistemas de
liberação controlada de substâncias ativas. A liberação da BZ-3 dos sistemas aqui
desenvolvidos pode ocorrer por difusão pelos poros da matriz, por degradação do
polímero ou por uma combinação dos dois mecanismos. Neste trabalho, estudou-se a
liberação da BZ-3 dos sistemas desenvolvidos por dois diferentes métodos in vitro”,
um livre de membrana (Neubert & Wohlrab, 1990) e outro com a presença da
membrana de diálise e uso de etanol como meio receptor (Dittgen, 1998; Venkatraman
& Gale, 1998; Dall’Agnol et al., 2006).
5.12.1. Estudo livre de membrana
Como apresentado anteriormente, o principio do método é a difusão do ativo
do meio em que se encontra (disperso em fase aquosa) para um meio lipofílico de sua
afinidade. O objetivo do emprego deste método foi de desenvolver formas comparativas
do comportamento dos sistemas com relação à capacidade de liberar o ativo, depois de
encapsulá-lo. O estudo difusivo foi realizado durante 24h de contato com o meio
lipofílico (miglyol). Os resultados obtidos, expressos na forma de porcentagem de BZ-3
presente no meio lipofílico em função do tempo de contato entre as 2 fases aquosa e
oleosa, são apresentados na Figura 5.23.
0
2
4
6
8
10
12
0 5 10 15 20 25
Tempo (h)
%Liberação
6,25mg/mL
12,5mg/mL
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
80
Figura 5.23. Perfis cinéticos de liberação de Bz3 de formulações de partículas quitosana/MDI:
a) 6,25 mg/mL; b) 12,5 mg/mL livre de membrana.
Ambas as curvas apresentam duas fases do processo de liberação, ocorrendo a
velocidades diferentes: uma fase rápida seguida de uma segunda fase de liberação
lenta até 24h. Teores muito próximos de BZ-3 foram liberados das formulações
preparadas com diferentes teores, o que sugere que a velocidade de liberação independe
do teor encapsulado para a faixa estudada.
5.12.2. Estudo de liberação com membrana de diálise
As amostras foram preparadas de acordo com a metodologia descrita no
Capítulo 4. A Figura 5.24 apresenta a curva de liberação de BZ-3 da formulação
contendo 6,25 e 12,5 mg/ml de BZ-3.
0
20
40
60
80
100
120
0 5 10 15 20 25
Tempo (h)
% Liberação
6,25mg/mL
12,5mg/mL
Figura 5.24. Curva de liberação das formulações 6,25 e 12,5 mg/mL em etanol.
A formulação de menor teor de BZ-3 (6,25 mg/mL) apresenta um “burst
de cerca de 40% de liberação do ativo nas primeiras 2 horas em contato com o meio
receptor. Este comportamento pode ser devido a fatores como a presença de cristais
próximos da superfície, facilmente extraídos das partículas pelo etanol. No entanto,
comparando-se com a curva obtida com a formulação contendo maior teor de BZ-3
Capítulo 5.
Resultados e discussões Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
81
(12,5 mg/mL), nota-se uma grande diferença de comportamento : - neste segundo caso,
o burst é inferior a 10% no mesmo período de tempo, no entanto, a curva é
caracterizada por uma velocidade praticamente constante ao longo das 24 horas.
Nanopartículas descritas na literatura (Alvarez-Román et al, 2001) apresentam este
segundo comportamento, ou seja, velocidade constante de liberação e pequeno burst”,
comportamento atribuído a fatores como hidrofobicidade e cristalinidade elevadas do
ativo, que restringem sua difusão para o meio receptor. A inexistência de uma fase burst
pronunciada mostra que a BZ-3 encontra-se totalmente encapsulada e não adsorvida à
superfície externa das cápsulas.
Ao término das 24 h do estudo, ambas as formulações liberaram cerca de 92%
do ativo encapsulado. Algumas considerações sobre estes resultados: as condições de
liberação como agitação e quantidade de partículas/volume de solvente não foram
exaustivamente estudados, porém, foram utilizadas condições que garantissem a não
saturação do meio receptor. Assim sendo, a escolha das condições de liberação bem
como do solvente foi baseada no estudo de solubilidade do material encapsulado no
solvente de liberação. No entanto, o meio receptor não foi destinado a imitar as
condições da pele, sendo adequado para estudos comparativos in vitro de perfis
cinéticos de liberação de partículas obtidas de condições diferentes de processo e /ou
formulação.
CAPÍTULO 6
DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÃO
Capítulo 6.
Discussão geral e conclusão Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto/2009
83
Discussão geral e conclusão
A originalidade do trabalho se com relação à proposta de um novo sistema de
cápsulas constituído de um núcleo oleoso capaz de reter ativos hidrofóbicos e um
envoltório polimérico formado por um complexo quitosana-MDI.
Um estudo de condições de processo e composição (como teor de reagentes para
a formação da membrana, teor de ativo encapsulado) comprovou a formação destas
cápsulas com tamanho na faixa micro (< 2 microns)-submicrométrica (> 900 nm),
representativo de uma larga polidispersidade. Pode-se verificar que tais partículas
apresentam carga positiva de superfície (> + 40mV) e estabilidade física em suspensão
aquosa onde foram analisadas logo após a preparação por 24 horas à temperatura de
40ºC e são capazes de encapsular um elevado teor de BZ-3 (> 99%).
De acordo com os resultados obtidos neste trabalho, verifica-se que a cnica de
policondensação interfacial combinada com emulsificação espontânea empregada é
eficiente na formação das cápsulas de quitosana/MDI. A formação da cápsula foi
confirmada pelas análises de FTIR, DSC, MET e MEV. Um parâmetro importante
neste estudo foi a concentração do MDI, tendo-se verificado através de um
planejamento experimental que esta é a variável que mais influenciou o diâmetro da
partícula dentro do sistema, nas condições estudadas.
Os resultados obtidos com concentrações de 6,25mg/mL e de 12,5 mg/mL de
BZ-3 indicaram a presença de um sistema monomodal e bimodal, respectivamente, com
elevado índice de polidispersão. A elevada polidispersidade indicada pela técnica de
espalhamento de luz foi confirmada pelas técnicas MEV e MET. As técnicas de MEV e
MET foram fundamentais na caracterização da morfologia das partículas contendo BZ-
3. Foi possível verificar que as partículas apresentam um formato predominantemente
esférico, com uma aparente rugosidade da parede polimérica.
O pH das suspensões de partículas geradas (entre 5 e 6) permaneceu inalterado
ao longo do estudo. Estas partículas possuíam carga superficial
Capítulo 6.
Discussão geral e conclusão Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto/2009
84
positiva (potencial zeta), indício de que estas podem interagir com tecidos
negativamente carregados (pele). Os resultados de liberação controlada demonstraram
que as formulações são capazes de controlar a liberação da BZ-3 ao longo de 24h.
A avaliação do conjunto dos resultados obtidos demonstra que estas duas
formulações de micro e nanocápsulas poliméricas contendo BZ-3 em seu núcleo oleoso
são sistemas promissores para o uso em filtros solares
SUGESTÕES DE CONTINUIDADE
Sugestões e continuidade Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
86
O trabalho aqui realizado abre uma nova frente de investigação referente a
sistemas de liberação controlada a base de quitosana. Demonstrou-se a viabilidade de
geração de cápsulas com núcleo oleoso e parede. No entanto, estes sistemas demandam
uma série adicional de testes de avaliação que não foram aqui realizados e que se sugere
para uma continuidade do desenvolvimento destes sistemas:
1. Para as formulações já desenvolvidas:
- estabilidade do ativo (BZ-3 é conhecida por ser fotodegradável. É preciso saber se esta
formulação protege o ativo da degradação pela luz);
- testes de liberação in vitro com outros meios e utilização da célula de difusão de
Franz;
- utilização de ultrassom e do Ultra Turrax para promover uma diminuição da gota (fase
orgânica), antes do início da formação da parede polimérica;
- testes de Fator de Proteção Solar (FPS) in vitro e in vivo” das suspensões das
partículas.
2. Continuidade ao desenvolvimento destas partículas, aprofundando o estudo de
processo e otimização da formulação e da cinética de formação da membrana
polimérica visando posterior controle de suas características.
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Bento Pereira da Costa Neto
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ANEXOS
Anexos Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
104
Anexo 1.
Curva de calibração para estudo de quantificação da BZ-3 encapsulada.
CLAE 1º triplicata da formulação contendo 6,25 mg/mL de BZ-3.
Anexos Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
105
CLAE 2º triplicata da formulação contendo 6,25 mg/mL de BZ-3.
CLAE 3º triplicata da formulação contendo 6,25 mg/mL de BZ-3.
CLAE 1º triplicata da formulação contendo 12,5 mg/mL de BZ-3.
CLAE 2º triplicata da formulação contendo 12,5 mg/mL de BZ-3.
Capítulo 10. Referências Bibliográficas Projeto de Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
107
CLAE 3º triplicata da formulação contendo 12,5 mg/mL de BZ-3.
Anexo 2
y = 0,0077x - 0,0244
R
2
= 0,9986
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
0 20 40 60 80 100
Curva de Calibração para o estudo de liberação livre de membrana.
Capítulo 10. Referências Bibliográficas Projeto de Dissertação de Mestrado
Bento Pereira da Costa Neto
108
Tempo(h)
Y X % liberação.
1 0,36698
50,82857
1,626514
2 0,88934
118,6675
3,797361
4 1,45366
191,9558
6,142587
8 1,85736
244,3844
7,820301
24 2,10952
277,1325
8,868239
Tabela de valores da liberação livre de membrana da formulação 6,25mg/mL
Tabela de valores da liberação livre de membrana da formulação 12,5mg/mL
Tempo (h)
Y X % liberação.
1 0,6846
92,07792
2,946493506
2 1,38896
183,5532
5,873703896
4 1,7441
229,6753
7,34961039
8 1,84004
242,1351
7,748322078
24 1,92398
253,0364
8,097163636
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