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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
CURSO DE MESTRADO EM ECONOMIA
ROBERTO WAGNER JUBERT
DESEMPENHO DO SETOR INDUSTRIAL EXPORTADOR BRASILEIRO
PELA ÓTICA DA HYSTERESIS: (1999-2007)
JOÃO PESSOA/ PB
2009
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1
ROBERTO WAGNER JUBERT
DESEMPENHO DO SETOR INDUSTRIAL EXPORTADOR BRASILEIRO
PELA ÓTICA DA HYSTERESIS: (1999-2007)
Dissertação submetida ao Curso de Mestrado em
Economia do Programa de s-Graduação em
Economia da Universidade Federal da Paraíba
(UFPB), em cumprimento às exigências para
obtenção do título de Mestre em Economia.
Orientador: Prof. Dr. Sinézio Fernandes Maia
Área de Concentração: Economia da Empresa
JOÃO PESSOA/ PB
2009
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2
Jubert, Roberto Wagner.
Desempenho do setor industrial exportador
brasileiro pela ótica de hysteresis: (1999-2007) /
Roberto Wagner Jubert. João Pessoa, 2009.
62p. : il
Orientador: Dr. Sinézio Fernandez Maia
Dissertação (mestrado) UFPB/CCSA.
Economia 2. Exportações setor industrial Brasil 3.
Hysteresis exportações setor industrial Brasil 4.
Economia da empresa.
UFPB/PB
CDU: 33(043)
3
ROBERTO WAGNER JUBERT
DESEMPENHO DO SETOR INDUSTRIAL EXPORTADOR BRASILEIRO
PELA ÓTICA DA HYSTERESIS: (1999-2007)
Dissertação de mestrado submetida ao Curso de Mestrado em Economia do
Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal da Paraíba como
requisito final para obtenção do grau de Mestre em Economia, tendo como área de
concentração Economia de Empresas.
Dissertação aprovada em _____/_____/_____.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Prof. Dr. Sinézio Fernandes Maia
CCSA - UFPB
Orientador
________________________________________
Prof. Dr. Hilton Martins de Brito Ramalho
CCSA UFPB
Examinador Interno
________________________________________
Prof. Dr. Álvaro Barrantes Hidalgo
CCSA - UFPE
Examinador Externo
4
À Cristiana.
5
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Sinézio Fernandes Maia pela atenção, motivação, e pela
dedicação com as qual conduziu minha orientação. Agradeço-lhe por compartilhar de
seu conhecimento sobre o assunto.
Sou grato aos professores da UFPB, funcionários e alunos do Departamento de
Economia por compartilharem o cotidiano desse período de pesquisa.
Aos inesquecíveis colegas de curso, Ana Paula, Márcia Cristina, Willemberg,
Gibran, Pablo, Elenildes, Isabella, Augusto, Maria Carolina, Mayra, Cássio, Cássia e
Ariela.
Aos meus pais pelo exemplo e dedicação.
A CAPES e ao PPGE pelo auxílio financeiro que tornaram possível a realização
deste trabalho.
6
RESUMO
Esta dissertação teve como objetivo identificar a existência de hysteresis nas
exportações do setor industrial brasileiro. Portanto, foi realizada a alise descritiva das
exportações (“Free on board”), das quantidades exportadas (“quantum”) e índices de
preço, como também, a estimação de parâmetros de diferenciação fracionária para
mensurar hysteresis. Da análise descritiva é demonstrada evidências de hysteresis após
o ano de 1999 nas exportações industriais, além disso, é evidenciada não persistência
das empresas de médio porte em períodos de câmbio desfavorável e persistência de
empresas de grande porte. Os resultados das estimações corroboram com a análise
descritiva, identificam hysteresis com efeitos parciais para o período 1999-2002 e
hysteresis para o período 2003-2007. Dos setores industriais estudados, foram
destacados dois grupos exportadores de produtos industriais, sendo o Grupo 1
caracterizado por setores que apresentam a transição de hysteresis com efeitos parciais
para hysteresis.
Palavras-chave: Exportações, Hysteresis, Brasil.
7
ABSTRACT
This thesis had as main objective to identify the existence of hysteresis in
exports of the Brazilian industrial sector. Therefore, we performed a descriptive analysis
of exports (free on board), the quantities exported (quantum) and price indices, as
well as the estimation of parameters of fractional differentiation to measure hysteresis.
Of descriptive analysis is demonstrated evidence of hysteresis after the year 1999 in
industrial exports, moreover, is not apparent persistence of medium-sized companies in
periods of unfavorable exchange rate and persistence of large companies. The results of
estimations corroborate the descriptive analysis identify hysteresis with partial effects
for the period 1999-2002 and hysteresis for the period 2003-2007. Of the industries
studied, two groups were prominent exporters of industrial products, with group 1 for
sectors that have characterized the transition from partial to hysteresis with hysteresis
effects.
Keywords: Exports, Hysteresis, Brazil.
8
LISTA DE TABELAS
1 Setores industriais e participações na pauta de exportação ................................. 29
2 Parâmetros de integração fracionária para as exportões .................................. 45
3 Parâmetros de integração fracionária para setores industriais ............................. 46
4 Parâmetros de integração fracionários para setores ........................................... 49
5 Parâmetros de integração fracionária para as exportões .................................. 52
9
LISTA DE FIGURAS
1 Hysteresis e magnetismo ................................................................................... 13
2 Escalas de exportação e taxa de câmbio ............................................................. 16
3 Agregação de industrias e taxa de câmbio ......................................................... 18
4 Fluxo de capitais e firmas exportadoras ............................................................. 20
5 Feedback da taxa de câmbio .............................................................................. 21
6 Hysteresis e variação dos preços........................................................................ 23
7 Taxa de câmbio real efetiva e mudança estrutural .............................................. 34
8 Evolução da taxa de câmbio real efetiva ............................................................ 37
9 Exportões brasileiras por atividade ................................................................ 38
10 Número de empresas exportadoras por atividade ............................................. 39
11 Participação de empresas nas exportações industriais ...................................... 40
12 Índices preço, quantidades e exportações de manufaturados ............................ 42
13 Índices preço, quantidades e exportações de semimanufaturados .................... 43
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 11
1.1 Objetivos ............................................................................................... 13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................. 14
2.1 O modelo para uma única indústria ........................................................ 15
2.2 O modelo considerando a agregação de indústrias .................................. 18
2.3 Feedback da taxa de câmbio .................................................................. 20
2.4 Hysteresis e variação persistente dos preços ........................................... 23
3 REVISÃO DA LITERATURA EMPÍRICA .................................................. 25
4 METODOLOGIA ......................................................................................... 30
4.1 Dados e Fontes ...................................................................................... 30
4.2 Procedimentos metodológicos ................................................................ 31
4.3 Processos ARFIMA(p,d,q) ..................................................................... 32
4.4 Métodos de estimação dos parâmetros d................................................. 33
4.5 Mudanças estruturais ............................................................................. 35
5 RESULTADOS ............................................................................................ 38
5.1 Evolução das principais variáveis de comércio exterior .......................... 38
5.2 Detecção de hysteresis - teste formal ...................................................... 46
5.2.1 Estudo de caso: exportações paraibanas .......................................... 52
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 55
REFERÊNCIAS................................................................................................... 58
11
1 INTRODUÇÃO
Na década de 1990 a economia brasileira experimentou mudanças expressivas
em suas relações com outros países, notadamente, pela transição para um regime com
maior grau de relações comerciais com o exterior, seguindo a tendência internacional de
liberação comercial. Esta maior abertura comercial implicou em eliminação de barreiras
o-tarifárias e redução das tarifas de um valor médio de 32% em 1990 para 13% em
1993. Em decorrência, houve ampliação das importações e modesto aumento das
exportações, e por conseqüência, foi estabelecida uma nova configuração da indústria
nacional, (NEGRI, 2003).
Entre o período de 1991 a 1997 ocorreu uma reversão dos saldos comercias, em
parte, atribda ao baixo desempenho das exportões. Com a mudança de regime
cambial de janeiro de 1999 verificou-se elevada depreciação da taxa de câmbio real, na
ordem de 32,8% para o período compreendido de 1998 a 1999, contudo, as exportões
o reagiram como esperado. As exportações de produtos manufaturados pela sua
representatividade tiveram papel determinante no desempenho do total das exportações,
devido a sua lenta resposta às variações cambiais, (SILVA, 2006).
Em 2002, a combinação de forte depreciação cambial com ganhos de preços, em
alguns setores industriais, como nos casos dos setores de abate de animais e
equipamentos eletrônicos, propiciou aumentos de rentabilidade das exportações. Em
teoria, esses ganhos poderiam ser associadas ao desempenho favorável das quantidades
exportadas (“quantum”)
1
. Entretanto, isto não ocorreu, o resultado foi exatamente
inverso do esperado, houve redução de quantidades exportadas. Sugerindo que as
variações cambiais não explicam o desempenho dos setores industriais, (BOLETIM
SETORIAL FUNCEX, 2002).
Mais recentemente, no período de abril de 2005 a abril de 2006, a taxa de
câmbio real efetiva apresentou redução de 14,2%, e em resposta as quantidades
exportadas registraram um aumento de 10,1%, para o mesmo período, (BOLETIM
SETORIAL, 2006). Neste caso, a queda de rentabilidade verificada no período, devido à
forte apreciação da taxa de câmbio real, não foi imperativa para explicar o crescimento
das quantidades exportadas.
1
Por motivo de simplicidade, o termo exportações (“quantum”) será tratado por quantidades
exportadas.
12
Kannebley (2002) destaca que o desempenho característico das exportações
brasileiras, em particular após 1999, deveu-se à lenta resposta das quantidades
exportadas às variações cambiais. O autor destaca que, embora necessária, a
depreciação cambiais não seria suficiente para assegurar o crescimento das exportações
de empresas nacionais.
Os fatos verificados para a economia brasileira estão ligados com as
características de lenta resposta das exportações e de assimetrias em relação às taxas de
câmbio, que são as principais justificativas para estudos empíricos sobre o
comportamento da persistência do comércio internacional. Silva (2006) ressalta que a
natureza destes fatos é compatível com a hipótese de hysteresis introduzida por Baldwin
e Krugman (1986), Dixit (1989) e, Baldwin (1989). Portanto, acredita-se que esta
hipótese é a base para identificação do fenômeno da baixa resposta das exportações no
período 1999-2002, e do crescimento mais robusto no período 2003-2007.
O termo hysteresis tem sua origem das ciências naturais, e também é empregado
para caracterizar “demora” de respostas nas variáveis econômicas. Um dos primeiros
estudos que envolvem o termo foi realizado por Blanchard e Summers (1986) no estudo
da taxa de desemprego dos países europeus onde reportaram forte evidência de
persistência.
Em economia internacional o termo hysteresis é utilizado para definir o
comportamento inercial do corcio exterior, e os modelos teóricos sobre o tema
descrevem a forma pelo qual os choques cambiais estabelecem um comportamento de
espera (“wait and see”) sobre as firmas exportadoras, e em decorrência, alteram as
influências sobre as quantidades exportadas.
Recentemente, alguns trabalhos têm dedicado atenção ao femeno da hysteresis
no Brasil, por exemplo: Kannebley (2005) e Silva (2006). No entanto, poucos trabalhos
enfocam a questão do comércio exterior Kannebley (2005) argumenta que para o caso
brasileiro foram conduzidos poucos testes formais para a verificação dessa hipótese e
destaca a insuficiência de trabalhos na área.
Pela importância do setor externo torna-se relevante uma pesquisa que preencha
a lacuna empírica sobre o estudo do tema, principalmente, no caso da economia
brasileira para o período de 1999 até 2007. Outro ponto relevante da proposta de
pesquisa desta dissertação diz respeito ao método, que quando comparado com as
metodologias tradicionais, inova e come uma forma adicional para identificar de
hysteresis nas exportões brasileiras no setor industrial.
13
1.1 Objetivos
O objetivo geral da pesquisa é identificar a exisncia de hysteresis nas
exportações do setor industrial brasileiro. Especificamente têm-se os seguintes
objetivos:
(i) Estudar a aplicação do modelo teórico à hipótese de hysteresis nas
exportações brasileiras do setor industrial;
(ii) Identificar assimetria de resposta das exportações do setor industrial
brasileiro à choques exógenos;
(iii) Identificar os setores industriais em que a presença de hysteresis foi mais
acentuada após o ano de 1999 e seus impactos sobre o desempenho
respectivo.
Esta dissertação esta organizada da seguinte forma: a primeira seção será
apresentada a fundamentação teórica onde são descritos os modelos que levantam a
hipótese de hysteresis; a segunda seção será feita uma revisão da literatura empírica
sobre o tema; a metodologia será apresentada na quarta seção; na quinta questão serão
apresentados os resultados concernentes a análise da evolão das variáveis de
comércio exterior e do teste formal e, finalmente, será tecida algumas considerações
sobre os resultados obtidos.
14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esta seção apresenta o arcabouço teórico que dá suporte à investigação realizada
nesta dissertação sobre hysteresis nas exportões do setor industrial brasileiro. Trata de
modelos que formalizam a relação teórica entre comércio exterior e taxa de câmbio, sob
a ótica de que choques cambiais relevantes promovem efeitos permanentes no comércio.
Antes da aplicação em Economia, o termo hysteresis teve sua origem nas
ciências naturais, especialmente, na Física. O termo refere-se ao fenômeno ligado aos
processos de magnetização e desmagnetização de metais ferrosos, como é destacada na
Figura 1.
Fonte: Elaborado a partir de ilustração de Santos (2006).
Figura 1: Hysteresis e magnetismo
Pela figura, uma força externa induz a magnetização do metal, elevando-a do
ponto O até a saturação em B. Ao retirar esta força, o nível de magnetização do metal
decai até o ponto C, em virtude do processo de desmagnetização. Esta ação resultou em
um nível de magnetismo residual, OC, diferente do nível inicial. Observa-se que ocorre
assimetria entre os processos de magnetização e desmagnetização, de maneira que o
nível de magnetização inicial não é restabelecido. Nestes processos a hysteresis é
responsável pelo comportamento particular do sistema e do estabelecimento dos
equilíbrios, (Santos, 2006).
Da analogia entre os femenos das ciências naturais e das relações econômicas
tem sido introduzido o conceito de hysteresis também na análise ecomica. Blanchard
e Summers (1986) fizeram uso da terminologia e aplicaram o conceito no estudo da taxa
15
de desemprego na Europa. No campo da economia internacional Baldwin e Krugman
(1986) aplicaram a terminologia na identificação de comportamento persistente no
comércio entre países, especialmente, na economia americana.
No início da década de 1980 a força do dólar americano induziu a entrada de
firmas estrangeiras nos Estados Unidos, verificou-se que após a desvalorização do dólar
os mercados perdidos não foram retomados. Esta alteração permanente no mercado
americano foi tema de discussão entre teóricos, tais como: Baldwin e Krugman (1986),
Baldwin (1988) e Dixit (1989) que usaram a denominação hysteresis.
Nestes modelos os custos de entrar e sair dos mercados são denominados custos
irrecuperáveis (“sunk costs”), estes possuem papel central nos modelos e permitem a
explicitar a dinâmica do comércio exterior. Neste mérito, a exposição dos modelos
concentra-se nos artigos seminais de Baldwin e Krugman (1986) e Baldwin (1988), pela
melhor adequação às variáveis explanatórias deste estudo.
A apresentação do modelo de Baldwin e Krugman (1986) leva em conta três
aspectos do seu desenvolvimento originalmente realizado, isto é: 1) o modelo para uma
única indústria, em que a tipificação de uma firma representativa é feita nos moldes da
teoria econômica; 2) A expansão do modelo para várias indústrias; e; 3) é caracterizada
a resposta (“feedback”) da taxa de câmbio em função das alterações no comércio. O
modelo de Baldwin (1988) será abordado nos aspectos referentes aos impactos cambiais
sobre a estrutura de mercado através, principalmente, de variações permanentes nos
preços.
2.1 O modelo para uma única indústria
Para a formulação do modelo para uma única indústria se admite as seguintes
hipóteses acerca de uma firma representativa:
(i) A firma é capaz de ofertar para o mercado externo e está sujeita a seguinte
função demanda de exportações:
tt
XDP
(2.1)
16
Em que X
t
é a quantidade exportada do bem demandado pelo mercado e P
t
é
o preço estimado em moeda corrente doméstico;
0
t
t
X
P
;
(ii) As receitas auferidas são diretamente dependentes da taxa de câmbio
corrente, em termo de moeda doméstica, isto é:
tt
EYY
(2.2)
Em que Y
t
são as receitas e E
t
é a taxa de câmbio em termo de moeda
doméstica;
0
t
t
dE
dY
;
(iii) A decisão de ofertar ao mercado externo está sujeita aos custos de entrar no
mercado, N
t
, e de se manter ofertando, M
t
. A firma observa maiores custos
ao entrar no mercado do que em permanecer nele, sendo a diferença entre
estes dois custos simplificados o aspecto norteador desta teoria chamado de
custos irrecuperáveis;
(iv) O lucro quido, Rt, auferido pela firma em relação ao mercado externo pode
ser:
, se a firma decide o ofertar
ttt
MYR
, se a firma já estava e permanece ofertando (2.3)
ttt
NYR
, se a firma é entrante
(v) Da maximização da função somatório do valor presente das receitas
esperadas,
t
t
REW
, deriva-se as estratégias das firmas em relação às
taxas de câmbio de entrada, Ee, e saída, Es, dadas pelas condições de
indiferença
2
:
sete
VVNEY
(2.4)
2
Igualando as equações (2.4) e (2.5) encontra-se a relação, N
t
M
t
> 0 implicando em E
e
> E
s
, ou seja, a
taxa de câmbio que induz a entrada é maior que a taxa de câmbio que induz a saída de um mercado.
17
sets
VVMEY
(2.5)
Em que δ é a taxa de desconto intertemporal, δV
e
e δV
s
são, respectivamente,
expectativas de valor presente de entrada e saída das firmas;
A Figura 2 mostra as implicações das hipóteses formuladas, destacando a escala
de exportação como função simples da taxa de câmbio, apresenta dois ramos que
representam exportões nulas (escala horizontal ss) e exportações crescentes (escala
ee).
Fonte: Elaborado a partir de ilustrações de Baldwin e Krugman (1986).
Figura 2: Escalas de exportação e taxa de câmbio
A Figura 2 destaca a existência de um intervalo
3
de taxas de câmbio, de E
s
a E
e
em que qualquer escala de exportação operada é persistente. Apresenta a taxa de câmbio
mínima, E
e
, que induz entrada da firma no mercado exportador e, a taxa de câmbio
mínima que induz a saída do mercado, E
s
. Para pequenas variações na taxa de câmbio,
as exportões serão nulas ou flutuarão ao longo de ee. Eventualmente ocorrerá um
grande choque da taxa de câmbio induzindo o ingresso ou a saída de uma firma
3
Em trabalhos recentes este intervalo é chamado de zona de inação, em que as firmas participantes e não
participantes do mercado não alteram seus estados. Para maiores detalhes consulte Kannebley Jr. (2006).
18
qualquer; esta fará a indústria mudar para outra escala de exportação
4
, de forma que o
nível de exportações dependerá da taxa de câmbio corrente e do histórico da indústria
5
.
A persistência nas exportações o é um caso de simples efeito defasado da taxa
de câmbio, está relacionada com os custos de entrada e saída do mercado internacional,
tidos como irrecuperáveis. Isto leva a lenta reação das firmas às variações cambiais,
implicando em um padrão persistente do comércio, ou seja, para um amplo espectro de
variação da taxa de câmbio a escala de comércio não muda.
2.2 O modelo considerando a agregação de indústrias
Para uma única indústria a dinâmica do comportamento das exportões
depende de dois valores críticos da taxa de mbio, E
e
, a taxa de mbio mínima que
induzia inserção da firma estrangeira e, E
s
, a taxa de câmbio máxima que induzirá a
saída da firma exportadora do mercado. Para o caso da agregação de indústrias as taxas
de câmbio críticas variam pelos seguintes motivos:
(i) Diferenciadas vantagens comparativas em relação aos competidores. O par
E
s
-E
e
são maiores para as indústrias que apresentam firmas com maiores
custos relativos;
(ii) As indústrias podem variar o grau de irreversibilidade dos investimentos;
Então, torna-se possível a indexação de cada indústria através da função z,
contínua e crescente em relação às taxas de câmbio críticas, como mostra a Figura 3. Os
eixos da figura representam E
s
e E
e
específicos de cada indústria. A distribuição de
indústrias é caracterizada por uma linha inclinada ao longo de zz, totalmente à esquerda
da linha de 45º refletindo o fato de que E
e
> E
s
; cada ponto sobre zz corresponde a uma
indústria
6
.
4
Este fenômeno parecerá uma quebra estrutural na relação entre taxa de câmbio e exportação.
5
Aqui o histórico da indústria refere-se às condições de competitividade, vantagens comparativas,
proporção da indústria em que firmas estrangeiras participam.
6
Fato que advêm da suposição de custos irrecuperáveis (“sunk costs”).
19
Fonte: Elaborado a partir de ilustrações de Baldwin e Krugman (1986).
Figura 3: Agregação de indústrias e taxa de câmbio
Para entender como a taxa de câmbio impacta as exportões suponha que a taxa
de câmbio corrente, medida ao longo da linha tracejada de 45º, esteja entre o segmento
BC. Nesta situação não existe estímulo ao movimento de firmas neste mercado, isto é, a
escala de exportação permanece compatível com a indústria A.
Supondo que um choque cambial eleva a taxa de câmbio a um nível igual a C´,
então firmas adicionais entrarão no mercado até que se atinja o nível de exportação da
indústria A´, persistindo esta escala de exportação para variações cambiais dentro do
segmento B´C´. Observa-se que o choque cambial faz variar a escala de exportação de
forma permanente, isto é, se estabelece uma dinâmica de persistência.
Note que os custos irrecuperáveis são medidos pela diferença entre E
s
e E
e
, o
que explica o deslocamento da função zz em relão a linha de 45º. Revelando a
assimetria considerada na construção do modelo. Assim, os choques cambiais de
depreciação são mais efetivos, isto é, o efeito positivo de períodos de depreciação
cambial mostra-se mais forte que o impacto negativo da apreciação.
As implicações da assimetria dos choques podem ser vistas por dois aspectos:
primeiro, os choques de depreciação induzem mais proporcionalmente a inserção ao
mercado externo do que os choques de apreciação induzem a saída de empresas.
Segundo, os choques cambiais negativos de apreciação reduzem menos que
proporcionalmente as quantidades exportadas do que os choques de depreciação
induzem o aumento.
20
2.3 Feedback da taxa de câmbio
A resposta da taxa de câmbio é analisada em um modelo com dois tipos de
setores: setores com dinâmica de hysteresis nos quais os custos irrecuperáveis são
relevantes e setores normais em que os custos irrecuperáveis o irrelevantes para a
determinação de comportamento persistente das exportões. Além deste suposto,
definem-se as seguintes hipóteses:
(i) Para os setores normais define-se uma relação estável entre fluxos
comerciais e taxa de câmbio, dada por:
tt
EBB
(2.6)
Em que B é o valor das exportações líquidas e
0
t
t
dE
dB
;
(ii) Um relevante grupo de setores com dinâmica de hysteresis, perfeitamente
simétricos, isto é, com N
t
e M
t
similares;
(iii) Os efeitos dos acontecimentos passados são resumidos pelo montante de
firmas exportadoras de cada setor, λ
t
;
(iv) As exportações totais dos setores com hysteresis dependem de Et e λ
t
, ou
seja:
ttt
ETT ,
(2.7)
Sendo T
t
é o valor total das exportações dos setores de dinâmica de
hysteresis;
0
t
t
E
T
e
0
t
t
T
;
(v) Considera-se um modelo simplificado de determinação da taxa de mbio
dado por:
ttt
KEE ,
(2.8)
Sendo K
t
o fluxo líquido de capital, conhecido a cada período;
21
(vi) Para dado λ
t
existe um ranking de fluxos de capitais delimitados por valores
críticos de entrada e saída, Ke(λ
t
) e Ks(λ
t
), de forma que a lei de movimento
de λ
t
pode ser dado por:
1tt
,
11 tetts
KKK
tte
KK
,
1tet
KK
(2.9)
tts
KK
,
1tst
KK
Dadas estas hipóteses, passa-se a análise da dinâmica dos fluxos de capitais, do
movimento de firmas no mercado externo e, conseqüentemente, das escalas de
exportação. A Figura 4 mostra a dinâmica dos fluxos de capitais e o montante de firmas
exportadoras.
Fonte: Elaborado a partir de ilustrações de Baldwin e Krugman (1986).
Figura 4: Fluxo de capitais e montantes de firmas exportadoras
No espaço K
s
-K
e
, o fluxo de capitais correntes é medido na linha tracejada de 45º
e cada ponto sobre ff representa uma distribuição de firmas exportadoras no mercado
7
.
Supondo um número de firmas exportadoras correspondendo ao ponto A (Figura 4),
neste caso, um fluxo de capitais entre o intervalo BC não levará a alterações do número
7
ff é crescente em relação ao fluxo de capitais, pois, indústrias com maiores valores de f precisam
maiores volumes de fluxos de capitais para induzir a saída e entrada de firmas no mercado.
22
de firmas exportadoras, λ
t
, porém, um fluxo de capitais em um patamar igual a C´,
elevará o montante λ
t
para um nível correspondente a A’. Se o fluxo de capitais diminui
para o intervalo B’C, o novo número acrescido de firmas exportadoras persistirá no
mercado.
O fluxo de capitais impactará sobre o comportamento da taxa de mbio, que
flutuará em torno de uma média e, eventualmente, um choque no fluxo de capitais
produziuma relevante apreciação (depreciação). Mas, se o fluxo de capitais retorna ao
nível inicial não implica que a taxa de câmbio não retornará. Conseqüentemente, o fluxo
de capitais que provoca entrada de firmas permite que a taxa de câmbio apresente uma
tendência de queda a um nível inferior ao momento do choque.
As implicações sobre o comportamento da taxa de câmbio são ilustradas na
Figura 5. Durante um período de tempo a taxa de mbio parecerá a flutuar em torno de
uma média constante e então um grande fluxo de capital produzi um movimento
temporário da taxa de câmbio em uma direção em seguida ocorrerá uma mudança na
dia em direção oposta. O choque na taxa de câmbio inicial produzium efeito de
uma mudança estrutural que reduz ou aumenta permanentemente o vel da taxa de
câmbio.
Fonte: Elaborado a partir de ilustrações de Baldwin e Krugman (1986).
Figura 5: Feedback da taxa de câmbio
23
2.4 Hysteresis e variação persistente dos preços
O modelo proposto por Baldwin (1988) diferencia do modelo apresentado por
admitir custos irreversíveis de entrada para as firmas estrangeiras e domésticas.
Adicionalmente, são admitidas as seguintes hipóteses:
(i) Concorrência imperfeita;
(ii) As firmas ofertam uma variedade de marcas,
t
m
;
(iii) As firmas distinguem choques de valorização e desvalorização cambial;
(iv) São diferenciadas as fuões lucro das firmas: uma dependente da
variedade de marcas,
t
mLO
, para as firmas dosticas; e outra que leva
em conta também a taxa de câmbio,
tt
emLO ,
, para as firmas
estrangeiras;
Os efeitos previstos
8
a partir deste modelo são apresentados na Figura 6. Nesta é
enfatizada a diferença entre choques cambiais irrelevantes (linha negra) e choques
cambiais severos (linha azul), compreendidos no espaço temporal
Tt
0
.
Choques cambiais irrelevantes não levam ao estímulo de entrada de firmas no
mercado, portanto, o provocam variação de
t
m
, e consequentemente, a função lucro
operacional não sofre alterações devido à
t
m
e os níveis de preço sofrem variação
transiria em virtude do choque cambial e voltam ao patamar
0
p
. Entretanto, choques
cambiais severos promovem entrada de firmas no mercado, alteram a variedade de
marcas, promove alterações permanentes nos lucros operacionais de empresas
estrangeiras e domésticas e na estrutura de mercado. Nesta nova estrutura a competição
é ampliada, justificando a redução do patamar do preço após a volta da taxa de câmbio
ao patamar
0
e
.
8
Vale ressaltar que a taxa de mbio no modelo corresponde à definição de paridade adotada pelo Banco
Central do Brasil. No entanto, esta diferença conceitual não prejudica a aplicação do modelo para a
economia brasileira.
24
Fonte: A partir de ilustrações de Baldwin (1988).
Figura 6: Hysteresis e variação permanente nos preços
Os modelos descritos por Krugman e Baldwin apresentam dois fatores que estão
relacionados ao comportamento de inércia do comércio exterior: os custos
irrecuperáveis dos investimentos e a incerteza sobre a evolução futura da taxa de
câmbio. Estes tornam as decisões das firmas mais lentas, definindo a persistência no
comportamento dos fluxos comerciais. O primeiro fator ligado à irreversibilidade dos
investimentos é devido à baixa liquidez dos ativos necessários a inserção aos mercados;
e o segundo refere-se à incerteza sobre o comportamento das taxas de câmbio, de forma
que a volatilidade cambial protela as decisões das firmas, isto é, induz a postura (“wait
and see”).
25
3 REVISÃO DA LITERATURA EMPÍRICA
Esta seção trata de trabalhos empíricos que abordam as mudanças estruturais
permanentes em séries macroeconômicas como forma de evidenciar hysteresis, mais
detidamente, busca discutir hysteresis das exportações e da taxa de câmbio.
As metodologias utilizadas em referências, geralmente baseiam-se em modelos
de séries temporais e de dados em painel. Os modelos de ries temporais são
direcionados a estimação de relações de longo prazo entre taxa de câmbio real e o
volume de corcio; já os modelos baseados em dados em painel buscam caracterizar a
hysteresis do comércio, detectando características associadas à entrada e saída de firmas
de um determinado setor. Por fim, serão apresentadas metodologias recentes
empregadas para mensuração de persistência da taxa de mbio real brasileira e de
outras variáveis macroeconômicas, para a mensuração de hysteresis nas exportões do
setor industrial brasileiro.
A proposição de hysteresis no comércio internacional foi primeiramente
examinada por Baldwin e Krugman (1986) e Baldwin (1988), que utilizaram análises
baseadas em séries temporais para dados da economia americana. O problema
examinado foi verificar se os períodos de apreciação cambial induziram mudanças
estruturais no comércio, isto é, se a apreciação do dólar deslocou as quantidades de
importação e exportação de forma adversa
9
.
Os modelos empregados envolviam o volume de comércio com períodos de
apreciação do dólar por meio de inclusão de variáveis binárias (“dummies”). Entretanto,
os resultados obtidos, a partir de modelos de séries de tempo, não proveram evidências
fortes sobre a proposição de hysteresis.
Parsley e Wei (1993) apresentaram evidências de hysteresis a partir de dados do
setor de produtos químicos da economia americana. Duas questões foram discutidas
pelos autores: a hipótese de assimetria entre demanda de importação e taxa de câmbio, e
a hipótese de que a zona de inação é mais acentuada para situações em que a
volatilidade da taxa de câmbio real é maior. A primeira hipótese é testada mediante
modelo
10
de séries temporais onde os autores utilizam um modelo com incorporação de
mudanças estruturais na taxa de câmbio, por adição de variáveis dicotômicas; estas
9
Neste tocante, os autores estavam preocupados com a lenta recuperação dos saldos comerciais dos EUA
no final da década de 1980.
10
Neste modelo a persistência é captada por mudanças estruturais acentuadas nas variações das
importações em função da taxa de câmbio, o que implicaria movimentos de entrada e saída de firmas no
mercado hysteresis.
26
captam períodos de apreciação e depreciação cambial. A segunda hipótese é investigada
através de um modelo econométrico que visa estimar a relação entre a variação de
intercepto da função demanda de importação - interpretada no modelo como o valor de
opção - e a volatilidade cambial; esta última medida pelo desvio-padrão em dada
defasagem de tempo, k.
De modo geral, o modelo estimado por Parsley e Wei (1993) evidencia efeitos
assimétricos de mudança na taxa de mbio para o setor químico, sendo a hipótese de
alargamento da zona de inação não comprovada. Entretanto, algumas críticas foram
feitas aos modelos utilizados, isto é; os modelos não incorporam as mudanças nas
expectativas dos agentes; as mudanças nos preços; e a agregação dos dados que podem
ter obscurecido o movimento de saída e entrada de firmas.
Silva (2006) buscou evidenciar a presença de hysteresis nas exportações
brasileiras de produtos manufaturados fez uso da estimão de modelos de séries
temporais, metodologia de Parsley e Wei (1993), para o período de 1985 a 2003. Nesta
metodologia foi incorporado o teste de co-integração entre as variáveis do modelo
estimado. Também fez uso de análise exploratória realizada a partir dos microdados das
bases da Secretaria de comércio Exterior (SECEX) e Relatório Anual de Informações
Sociais (RAIS) para o peodo de 1989 a 1997.
Como resultado justifica-se o uso da metodologia de Parsley e Wei (1993),
primeiramente, por esta captar as mudanças estruturais advindas por choques
suficientemente grandes na taxa de mbio, o que é denominado hysteresis, cujo último
efeito é de causar persisncia no status das firmas. Em segundo, por incorporar a
questão da co-integração em sua análise. O autor destaca a estimação de 8 (oito)
equações, em que uma é selecionada para representar a melhor relação de longo prazo
entre as variáveis. A verificação da co-integração entre as variáveis é realizada por
meio de teste de raiz unitária
11
.
A conclusão obtida por Silva (2006), a partir da análise exploratória das firmas
exportadoras brasileiras, é de que para o período analisado observou-se relação entre os
movimentos de entrada e saída de firmas e as variações cambiais. Uma conclusão
importante associada à probabilidade de permanência no mercado exportador está
ligado as grandes escalas de exportação iniciais, que parecem dar mais vigor ao tempo
de permanência das firmas que iniciam as suas atividades exportadoras com maiores
11
Segundo Campa (2004) o procedimento seve para atestar se o resíduo gerado pelos modelos estimados
é estacionário.
27
escalas de exportação. A análise de séries temporais estimou coeficientes significativos
para 14 setores exportadores, concluindo assim a presença de hysteresis para o mercado
exportador brasileiro.
Já os modelos baseados em dados em painel, como dito anteriormente, destinam-
se a evidenciar existência de custos irrecuperáveis e com isto assinalar a presença de
hysteresis, uma vez que estes custos causam comportamento persistente nas decisões de
entrada e saída de firmas do mercado internacional. Destaca-se o trabalho realizado por
Campa (2004), por considerar mudanças de expectativas em sua análise.
Campa (2004) buscando avaliar o impacto na oferta de exportações, devido às
variações cambiais, quantificou a importância das reduções nas exportões; primeiro
em relação ao nível de exportadores existentes e, segundo, em relação às variações no
número de firmas exportadoras. O estudo utiliza um número representativo inicial de
2188 firmas manufatureiras da economia espanhola, abrangendo o período de 1990 a
1997.
O autor estima um modelo de probabilidades (Probit) que incorpora as
expectativas de receitas de exportação das firmas no tempo, a experiência do exportador
e uma variável Proxy para os custos de entrada e saída. O modelo é definido de modo a
capturar a presença de custos irrecuperáveis em decorrência da incerteza induzida pela
variação cambial.
Os resultados obtidos por Campa (2004) evidenciam a presença de custos
irrecuperáveis no mercado exportador da Espanha. Também é observada persistência no
status dos exportadores, o que evidencia hysteresis. As estimações sustentaram a
influência significativa da taxa de câmbio, indicando que os diferenciais de rendimentos
entre firmas entrantes e não exportadoras implicam em maior probabilidade de inserção
de firmas estrangeiras.
Lawless (2005) adota a metodologia em dados em painel para analisar a decisão
de escolha de entrada e saída de firmas individuais no mercado exportador, a partir de
dados de firmas irlandesas para um período de 17 (dezessete) anos, que se estende de
1983 a 1999. O autor verifica se os custos irrecuperáveis influenciam na decisão de
exportação. Adicionalmente, também é testada a hipótese de que o nível de atividade
exportadora de um setor majora a probabilidade de uma firma participar do mercado
exportador.
A metodologia utilizada reúne a estratégias da estimação de um modelo de
probabilidades (Probit) em dois passos, que visa o controle da inflncia das condições
28
iniciais das firmas. Especificamente, é testada se a exportação corrente depende da
experiência do exportador e do status inicial da firma. O procedimento de dois passos
envolve a estimação da equação Probit das condições iniciais. A especificação do
modelo considera a condição de inserção da firma em um mercado exportador como
sendo as expectativas de fluxos futuros de lucros maiores que os custos envolvidos. Em
detrimento de outra aproximão o autor escolhe uma a estimação de uma função
binária para identificar os fatores que aumentam a probabilidade de uma firma se tornar
exportadora.
Lawless (2005) demonstra que um nível alto de persistência do status
exportador das firmas, até mesmo ao se considerar as características individuais das
firmas é despercebido heterogeneidade. A experiência passada do exportador influencia
o status de exportação corrente, e este resultado é robusto em todas as especificações.
Uma maior probabilidade de participação de mais firmas no mercado de exportação é
verificada no setor de alta tecnologia. O valor adicionado é outra variável significante,
indicando que aquelas empresas de produtividade mais altas são positivamente
relacionadas com que estão exportando. Porém, a direção de causalidade entre
produtividade e a atividade de exportação não está clara, pois o tamanho da firma,
medido pelo emprego, mostrou que as maiores empresas têm maior probabilidade de ser
uma exportadora. A inclusão de condições iniciais na decisão de exportação demonstrou
a importância desta variável de controle para captar características não observáveis das
firmes que influenciam a decisão de exportação.
As metodologias baseadas em modelos auto-regressivos e de médias móveis
fracionários (ARFIMA) vêm ganhando espaço na mensuração de comportamentos
persistentes em séries temporais, em particular, na mensuração de hysteresis em
variáveis macroeconômicas. Autores como Heisen (1995), Cajueiro (2006) e Choi, Yu e
Zivot (2006) utilizam as metodologias para a mensuração de parâmetros de memória
longa que caracteriza a persistência em séries temporais.
Utilizando modelos ARFIMA, duas hipóteses de hysteresis são evidenciadas: a
hysteresis pura”, em que choques adversos produzem efeitos permanentes na variável
de interesse, e a hysteresis com efeitos parciais”, em que choques aleatórios surtem
efeitos transitórios. Estas hipóteses são descritas em Santos (2006) na análise de
persistência na taxa de desemprego do Brasil, no mesmo sentido, Crato e Phillip (1996)
aplicam a metodologia para mensurar hysteresis na taxa de desemprego para países
europeus.
29
Direcionando a questão da hysteresis da taxa de desemprego dentro do contexto
dos modelos ARFIMA, Crato e Phillip (1996) estudam a alta taxa de desemprego dos
países europeus. Os autores ressaltam que esta metodologia trás os seguintes benefícios:
(i) a hitese de hysteresis pode ser testada para séries temporais estacionárias e não-
estacionárias e (ii) os parâmetros estimados podem ser comparados para diferentes
países, economias, setores.
Os autores atribuem a possibilidade de fraca explicação dos parâmetros
ARFIMA em virtude da evidência significante de mudança estrutural
12
nas séries
econômicas estudadas. Crato e Phillip (1996) formalizam o teste de estabilidade
estrutural admitindo estimadores de vetores de médias móveis e auto-regressivos.
Os resultados encontrados por Crato e Phillip (1996) permitiram a estimação de
parâmetros que sugerem hysteresis da taxa de desemprego nos países europeus. A
comparação dos parâmetros estimados permitiu evidenciar a memória longa no
comportamento e o tipo da dinâmica de hysteresis nas taxas de desemprego estudadas.
Através dos testes baseados em estimações exact maximum likehood de parâmetros de
integração fracionado.
Os resultados obtidos, depois de ajustado as mudanças estruturais, evidenciam
que a persistência é reduzida após o ajustamento. Quando comparado com o todo
ARFIMA sem ajustamento, os resultados sugerem relação positiva entre o número de
quebras e o valor estimado do parâmetro de integração fracionário, d. Este fato revela
que os processos estudados contêm alguma porção de choques permanentes, que
freqüentemente se parece com mudanças estruturais. Os modelos de estimação de
parâmetros de longa memória fornecem uma alternativa parcimoniosa de ajustamento
de amostras quando se têm pouco conhecimento das datas e tamanhos das mudanças
estruturais passadas.
12
Em seu trabalho, Crato e Phillip (1996) estão preocupados com os períodos antes e depois do choque de
preços do petróleo de 1973.
30
4 METODOLOGIA
4.1 Dados e Fontes
Para identificar hysteresis nas exportações do setor industrial brasileiro faz-se
uso dos seguintes dados: exportações em seu valor FOB (“Free on Board”), quantidades
exportadas (“quantum”), índices de preço das exportações e número de empresas
exportadoras dos setores de manufaturados e semimanufaturados constituindo o setor
de produtos industrializados e para o setor de produtos básicos. Também são
empregados dados referentes às exportações e taxa de câmbio real efetiva para 15
setores de produtos industrializados. A Tabela 1 apresenta, em ordem de participação
crescente, os setores selecionados
13
.
Tabela 1 Setores industriais e participação na pauta de exportação
SETORES
1999-2007
PART. (%)
Peças e outros veículos
9,92
Extrativa mineral
7,06
Siderurgia
6,43
Abate de animais
5,59
Veículos automotores
4,93
Refino de petróleo
4,79
Máquinas e tratores
4,58
Óleos vegetais
4,23
Calçados, couros e peles
3,70
Celulose, papel e gráfica
3,62
Beneficiamento de produtos vegetais
3,57
Madeira e mobiliário
3,52
Metalurgia não ferrosos
3,51
Equipamentos eletrônicos
3,06
Petróleo e carvão
2,67
Total
71,18
Fontes: Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior Funcex; Instituto de Pesquisas
Econômicas Aplicadas IPEA.
13
Para simplificar a denominação das variáveis, as exportações em seu valor FOB serão tratadas por
exportações. O critério de agregação dos setores industriais é definido pela Fundação de Estudos do
Comércio Exterior.
31
Em virtude da abrangência do universo estudado é adotado o critério de seleção
dos setores industriais, que leva em conta os maiores setores em participação na pauta
de exportação brasileira. Desta forma, a análise conta com uma amostra de
representatividade bastante significativa. Os setores selecionados constituem maior
parte das exportações brasileiras (Tabela 1), totalizando 71,18% do fluxo de comércio.
Pode-se observar que quatro setores foram responsáveis por aproximadamente 30% das
exportações, sejam eles: peças e outros equipamentos (9,92%), extrativa mineral
(7,06%), siderurgia (6,43%) e abate de animais (5,59%).
Os setores contemplados foram extraídos dos 31 setores classificados pela
Fundação de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX). As participações foram
calculadas a partir das exportações mensais, abrangendo o período 1999-2007. Os
setores escolhidos guardam similaridade aos estudados por Silva (2006) e Kannebley Jr.
(2006), possibilitando uma posterior comparação de resultados.
As informações sobre o comércio exterior brasileiro foram obtidas de diversas
instituições, portanto, utilizaram-se informações procedentes da FUNCEX, Instituto de
Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), Secretaria de Comércio Exterior (SECEX),
Relatórios Anuais de Informações Sociais (RAIS) e Ministério de Desenvolvimento
Indústria e Comércio (MDIC).
A estratégia adotada para identificar hysteresis nas exportações do setor
industrial brasileiro, bem como, os procedimentos e detalhes da abordagem seguem na
próxima seção.
4.2 Procedimentos metodológicos
Como o interesse do estudo é identificar hysteresis nas exportações do setor
industrial brasileiro, a análise concentrou-se nos setores de manufaturados e
semimanufaturados e nos 15 setores industriais selecionados. A análise se pauta na
estimação de parâmetros por regressão de dados de ries de tempo, cuja aplicação
detém as seguintes vantagens: (i) identificar o fenômeno de hysteresis pela mensuração
de parâmetros; (ii) controlar os efeitos de mudanças estruturais; (iii) classificar a
magnitude do fenômeno estudado; (iv) contornar a heterogeneidade de efeitos de
choques exógenos; e, (v) o parâmetro estimado serve de comparativo entre diferentes
setores.
32
Estudos iniciais sobre os processos de memória longa foram introduzidos por
Granger (1966), Granger e Joyeux (1980) e Hosking (1981), e foram mais formalmente
definidos por Robison (1994) e Baillie (1996). As principais características que
permeiam estes processos são a função de auto-covariância, ρ(k), não é absolutamente
somável e a função densidade espectral, f(t), não é limitada em baixas freqüências.
Processos de memória longa constituem uma classe de modelos intermediários
aos modelos estacionários auto-regressivos e de médias móveis (ARMA) e auto-
regressivos integrados e de médias móveis (ARIMA). Esta classe de modelos possui
ordem de integração,
d
, não inteira e são denominados modelos auto-regressivos e de
dias móveis fracionários (ARFIMA), uma extensão dos modelos ARIMA.
A estimação do modelo ARFIMA requer a função densidade espectral f
X
(w) em
termo de parâmetros do modelo e da função autocovariância (k) com defasagem k. O
parâmetro d estimado (para d > 0) tem distribuição normal assintótica e permite testar a
hipótese de hysteresis, (Crato, 1996).
4.3 Processos ARFIMA(p,d,q)
A longa dependência, ou a persisncia, é uma característica que tem sido
observada em diversas áreas de estudo, sobretudo, nas séries temporais econômicas. A
persistência consiste em significante depenncia na série para lags distantes, isto é,
uma dependência temporal para períodos longos, (MORETTIN, 2006).
Dada uma série de dados, se o comportamento de sua função de auto-covariância
apresenta lento decréscimo,
k
~ k
-d
, tem-se d (0, 0,5) e o processo tem aspectos de
longa dependência, exibindo forte dependência temporal positiva entre observações
distantes. Ao contrário, o processo apresenta curta dependência, tem-se d (-0,5, 0), e
a função auto-covariância exibe dependência temporal negativa entre observações
distantes. De forma que a forma de dependência é identificada pela ordem de integração
e, por conseguinte, a persistência a choques exógenos.
O processo geral ARFIMA(p,d,q) ou de integração fracionária para uma série
temporal, X
t
, satisfaz a equação (4.1):
5,0 , 5,0 ,1 dBBB
t
d
(4.1)
33
em que,
t
é um processo ruído branco,
0
t
E
,
2
var
tt
;
B
é o operador de
defasagem de forma que,
p
p
BBB
1
1
e
q
q
BBB
1
1
e
o termo
d
B1
a expansão binomial,
d
d
Bd
d
dBB 1
! 2
11
.
Crato (1996) destaca que os processos ARFIMA com o parâmetro de integração
situado no intervalo
15,0 d
são não estacionários e que choques exógenos passados
o têm efeitos permanentes. No caso de modelos ARFIMA com
5,11 d
são
processos com memória longa forte, nestes casos, choques exógenos passados têm
efeitos permanentes (TSAY E CHUNG, 1995). Estes últimos processos são reveladores,
do ponto de vista de hysteresis, não apenas por mensurar o grau de inércia da série
estudada, mas, por apontar o efeito residual em virtude de choques exógenos passados.
4.4 Métodos de estimação dos parâmetros d
Na literatura existem vários métodos para estimar o parâmetro d do modelo
ARFIMA(p,d,q), sendo os métodos paramétricos os mais usuais. Reisen (1995)
apresenta alguns desses métodos e suas respectivas propriedades
14
. O autor destaca o
todo da regressão utilizando o periodograma e o todo da regressão utilizando o
periodograma suavizado.
Os métodos destacados são baseados na utilização do periodograma, pois, este é
um estimador natural da função espectral de uma série temporal. Neste caso, é
importante apresentar a função espectral, a função periodograma e algumas
propriedades associadas. Admitindo um processo ARFIMA (p,d,q) com d (-0,5 , 0,5)
representado por
tt
d
UXB1
, onde
tt
BUB
, e
2
,0~ RB
p
t
definido
em
tX
t
,
onde
Zt
, define-se sua função espectral por:
, ,
2
2
2
w
w
senwfwf
d
U
(4.3)
Em que
wf
U
é a função espectral de
t
U
e
w
a freqüência.
14
Os métodos elencados por Reisen (1995) são baseados no periodograma, periodograma suavizado e o
método de Hurst.
34
O logaritmo da equação (4.3) é a equação base do todo de regressão
utilizando a função periodograma, dada por:
0
ln
2
2ln0lnln
2
U
jUj
Uj
f
wfw
sendfwf
(4.4)
A função periodograma, I*(w), para um conjunto de observações
tX
t
,
, é
dada por:
, ,cos2
2
1
1
1
0
*
j
n
s
jsj
wswRRwI
(4.5)
Sendo
s
R
a função de covariância amostral.
Apresentado as equações (4.4) e (4.5) passa-se a apresentação dos métodos de
estimação de d. O método da regressão utilizando o periodograma foi apresentado por
Geneweke e Porter-Hudak (1983) é conhecido por método GPH e dele é obtido o
estimador de d (d
p
), dado por uma equação de regressão simples:
ngjebxay
jjj
,,3,2,1
(4.6)
Em que
j
wj
Iy ln
,
0ln
U
fa
;
db
;
2
2
2ln
j
j
w
senx
;
j
j
w
U
w
j
f
I
e ln
.
Em estudos de séries temporais é comum ocorrer eventos externos a realidade
estudada, estes provocam mudanças estruturais, como previsto em teoria econômica
15
.
az (2006) destaca que os métodos de detecção e acomodação destes tipos de
fenômenos muitas vezes não são utilizados. Choi, Yu e Zivot (2006) sugerem um
modelo robusto para estimação de parâmetros de longa memória, d, estimado após
ajustamento por identificação de quebras estruturais.
15
Este fato é destacado por Baldwin e Krugman (1986).
35
4.5 Mudanças estruturais
Pelo menos duas justificativas são suficientes para considerar mudanças
estruturais nas séries ecomicas estudadas. A primeira de ordem teórica, para capturar
os efeitos distintos sobre as variáveis de comércio. A segunda de ordem metodológica,
para evitar instabilidade do parâmetro estimado, que leva a viés nos testes estatísticos.
Entretanto, para melhor adaptação aos dados coletados e para evitar perda de
número de graus de liberdade, prejudicial à estimação dos parâmetros, considerou-se o
todo utilizado por Crato (1996) que permite suavizar o efeito das mudanças
estruturais e distinguir o efeito de choques cambiais positivos e negativos. Neste
tocante, aprecia-se a possibilidade de mudança de dinâmica de persistência após o ano
de 2002, para tanto, estima-se parâmetros de diferenciação fracionária para os períodos
1999-2002 e 2003-2007, aqui neste trabalho tratados como períodos 1 e 2,
respectivamente, como mostra a Figura 7.
Taxa de câmbio real efetiva
(1999 = 100)
Nota: A periodicidade dos dados é trimestral.
Fonte: Instituo de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA.
Figura 7 Taxa de câmbio real efetiva e mudança estrutural
80
90
100
110
120
130
140
150
1999 T1
1999 T3
2000 T1
2000 T3
2001 T1
2001 T3
2002 T1
2002 T3
2003 T1
2003 T3
2004 T1
2004 T3
2005 T1
2005 T3
2006 T1
2006 T3
2007 T1
2007 T3
36
A escolha do ponto de mudança estrutural
16
foi determinada pelo comportamento da
taxa de mbio real efetiva das exportões, que apresenta comportamento distinto,
crescente para o período anterior ao quarto trimestre de 2002 e decrescente para o
período posterior,
Então, dado o comportamento da taxa de câmbio real adota-se duas medidas
para diferenciação de efeitos de choques cambiais, exógenos, sobre as variáveis
explanatórias: o valor do parâmetro estimado e o teste baseado na estatística,
(GREENE, 2002):
ds
dd
t
ds
dd
x
xxs
dd
xt
ˆ
ˆ
ˆ
ˆˆ
0
0
21
1
2
0
(4.7)
Onde
d
ˆ
é o parâmetro de integração fracionária estimado;
d
parâmetro de integração
fracionária, com hipótese nula:
0
0
: ddH
;
1
0
d
;
ds
ˆ
é o desvio-padrão assintótico
do parâmetro estimado; e
x
é a variável em caso.
Duas digressões sobre a distribuição marginal da estatística formalizada são
necessárias. Primeiramente, o teste formalizado para estimar alteração do parâmetro de
integração fracionária nos dois períodos sob a hipótese nula admitida, segue distribuição
assintoticamente normal, o que garante a convergência das estimativas (Wu e Crato,
1995). Em segundo lugar, o algoritmo utilizado para estimar (4.6) envolve os
estimadores de nimos quadrados (“Least Squares Estimator”), em virtude disso, a
distribuição marginal de (4.7) segue a distribuição t (“t- Student”) com
Kn
graus de
liberdade,
Knt
, independente de
j
x
. Então, a estatística (4.7) segue a distribuição
t
ainda que a distribuição marginal de
d
ˆ
seja o normal, (GREENE, 2002).
17
16
É importante lembrar que a data de quebra estrutural considerada coincide com o período do processo
eleitoral para presidente da república. Sendo este fato um possível responsável pela taxa de câmbio
observada no quarto trimestre de 2002.
17
A normalidade assintótica dos estimadores de mínimos quadrados é uma importante propriedade, e
garante a o dependência da normalidade das perturbações. Esta propriedade é, normalmente,
demonstrada utilizando-se o Teorema do Limite Central, (GREENE, 2002).
37
Baseado na estatística (4.7) pode-se distinguir processos de longa memória com
efeitos transitórios com parâmetros no intervalo
1
ˆ
0 d
de processos de memória
longa forte com efeitos permanentes com parâmetros estimados no intervalo:
5,1
ˆ
1 d
. Então, além de medir a persistência nos diferentes períodos, este critério
estatístico possibilita a identificação de dinâmica de hysteresis e de sua classificação,
caso a estatística seja significativa ao nível de 5% de signifincia.
Além da identificação a classificação do femeno de hysteresis, a partir do
valor estimado de
d
, pode ser realizada por meio de duas acepções. De acordo com
Santos (2006), a primeira está associada a efeitos permanentes de choques exógenos
sobre as variáveis explanatórias
18
. Estes são medidos pelo valor de
d
e pertence ao
intervalo
5,11 d
e é denominada hysteresis forte” ou “hysteresis pura”.
A segunda acepção refere-se aos efeitos de inovações sobre as variáveis
explanatórias, segundo os quais são prolongados, mas transitórios. Mensurados por
d
,
pertencem ao intervalo
10 d
e é denominada hysteresis fraca” ou hysteresis com
efeitos parciais”.
18
Estas acepções são descritas em Santos (2006) na análise de hysteresis na taxa de desemprego do
Brasil, em sua análise a variável explanatória é a taxa de desemprego.
38
5 RESULTADOS
5.1 Evolução das principais variáveis de comércio exterior
O período selecionado para estudo vai de janeiro de 1999 a dezembro de 2007.
Justifica-se este período por retratar o momento após um choque de política cambial que
levou a massiva desvalorização do real no início de 1999. O novo regime optou,
oficialmente, pela substituição do regime de mbio fixo por uma potica de regime de
metas de inflação, baseada em uma âncora nominal de preço
19
. A evolução das taxas de
câmbio pode ser observada na Figura 8.
Taxa de câmbio real efetiva
(1999=100)
Nota: A taxa de câmbio real efetiva é calculada pela ponderação dos 15 maiores parceiros comerciais
da economia brasileira. Os valores têm como base o primeiro trimestre de 1999. A periodicidade dos
dados é trimestral.
Fonte: Instituo de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA.
Figura 8 Evolução da taxa de câmbio real efetiva 1999-2007
Notadamente, este período foi marcado por choques expressivos, especialmente,
nos anos de 2001 e 2002. Registrando forte depreciação cambial em virtude de
incertezas com relação à evolução futura da economia (SHOUSHA, 2008). Assim, na
19
O instrumento para corrão da inflação foi o ajuste da taxa de juros de curto prazo.
60
70
80
90
100
110
120
130
140
150
1991 T1
1991 T4
1992 T3
1993 T2
1994 T1
1994 T4
1995 T3
1996 T2
1997 T1
1997 T4
1998 T3
1999 T2
2000 T1
2000 T4
2001 T3
2002 T2
2003 T1
2003 T4
2004 T3
2005 T2
2006 T1
2006 T4
2007 T3
período 1
período 2
39
pesquisa optou-se por dois períodos para análise: (i) período 1 de depreciação cambial,
compreendido de 1999 a 2002; e (ii) período 2, fase de apreciação cambial abrangendo
2003 a 2007.
No período 1 a taxa de mbio real efetiva alterna momentos de apreciação e
depreciação, menos suaves que as observadas no período 2. Logo após o ultimo
trimestre de 2002 ocorre, preponderantemente, aprecião da moeda nacional, esta
tendência se consolida até o último trimestre de 2007, porém, com movimentos
oscilatórios de menos intensos do que aqueles observados no período anterior.
A taxa de cambio real exibiu maior volatilidade no período 1, o que
teoricamente afeta as decisões de investimento das atividades ligadas ao comércio
exterior, pelo maior grau de irreversibilidade gerado aos investimentos direcionados a
atividade exportadora, contribuindo para o comportamento de inércia das empresas
(“see and wait”).
O período 2 caracterizou-se por forte apreciação da taxa de câmbio real efetiva,
contudo, o impacto na estrutura de mercado durante o período 1 promoveu efeitos
positivos sobre o comércio, especialmente, pelo favorecimento da competitividade em
relação aos principais parceiros comerciais. Portanto, espera-se maior inércia de
resposta das exportações na fase aguda de apreciação cambial. A Figura 9 mostra a
evolução das exportações brasileiras por atividade produtiva.
Exportações anuais
(milhões de dólares)
Fontes: SECEX/MDIC e Rais (1993,1997,1998,1999 e 2000).
Figura 9 Exportações brasileiras por atividade
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Industrial
Total
40
A evolução crescente das exportações brasileiras após 1999, especialmente,
posteriormente a 2002, deveu-se fortemente evolução do número de empresas
exportadoras brasileiras. Como posto anteriormente, a depreciação cambial induziu a
entrada de firmas no comércio exterior a partir de 1999, o impactando positivamente nas
exportações do setor industrial.
Se persistente, o incentivo cambial observado no período 1 explica a inserção de
firmas até o ano de 2004 e, em decorrência, a evolução das exportações posteriormente
observada. Assim, o auto crescimento das exportações no período 1 estaria ligado ao
alargamento do número de empresas exportadoras industriais que ocorreu de forma
mais intensa nos primeiros anos de depreciação cambial, o que corrobora com a
hipótese de hysteresis.
Se os movimentos de entrada e saída no mercado exterior fossem imediatamente
recíprocos as alterações nas taxas de câmbio, naturalmente, o período posterior a 2002
mostraria a redução gradativa, compatível com a apreciação cambial observada. Porém,
a teoria econômica, acerca de hysteresis no comércio exterior, demonstra a inexistência
de firmas na eminência de sair e entrar no mercado internacional, em virtude das
irreversibilidades dos investimentos. Neste sentido, a análise da evolução do número de
empresas exportadoras estabelece um indicativo da dinâmica persistente no comércio
exterior, como mostra a Figura 10 para o período 1998-2005.
Número de empresas
(periodicidade anual)
Fontes: SECEX/MDIC e Rais (1993,1997,1998,1999 e 2000).
Figura 10 Número de empresas exportadoras
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
16.000
18.000
20.000
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Industrial
Não industrial
Total
41
Pode-se observar que houve gradativo incremento de firmas ao longo do período
compreendido de 1998 a 2004. Entretanto, para o biênio 2004-2005 foi observada a
saída de cerca de 800 empresas. Uma das causas pode estar associada a queda dos
índices de rentabilidade das exportações de grande maioria dos setores, (BOLETIM
SETORIAL FUNCEX, 2005).
Pela ótica da evolução da taxa de câmbio real efetiva, é possível distinguir dois
efeitos sobre o número de empresas exportadoras; o primeiro diz respeito a um choque
positivo no período 1, e o segundo a um choque negativo para o período 2. O primeiro
imprimiu efeito de crescimento que se prorrogou até o ano de 2004, e o segundo reduziu
a velocidade de crescimento do número de empresas exportadoras, propiciando seu
decaimento no ano de 2005.
Em virtude da importância e influência do setor exportador industrial para a
evolução do número de empresas exportadoras faz-se proveitoso o exame da sua
composição em termo do porte das empresas participantes. A Figura 11 mostra a
evolução desta composição para o horizonte 1998-2005.
Participação
(%)
Nota: A periodicidade dos dados é anual.
Fontes: SECEX/MDIC e Rais (1993,1997,1998,1999 e 2000).
Figura 11 Participação de empresas nas exportações industriais
Observa-se que a participação de empresas de grande porte manteve-se em
patamar sempre superior a 70% da totalidade das exportações industriais, em todo
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Micro
Pequena
Média
Grande
42
período. Vale ressaltar a redução do crescimento da participação das empresas grandes a
partir de 2002 e a volta do crescimento, acima de 80%, em 2005. Em contraposição, as
empresas de médio porte assumiram posições absolutamente opostas, reduzindo sua
participação a partir de 2000. as empresas de micro e pequeno porte apresentaram
participação estável durante todo o período, e respondem em média por cerca de 10%
das exportações industriais.
Qualificando estes fatos, observou-se a predominância de grandes empresas nas
exportações do setor industrial, e que a redução do número de empresas brasileiras
deveu-se, em maior parte, a saída de empresas de médio porte, dado que as empresas de
grande porte majoram suas participações nas exportações a partir de 2000 e as empresas
dias perdem suas posições de mercado. Isto ratifica a importância da concentração do
estudo no setor industrial e das empresas de grande porte na manutenção do ritmo de
crescimento das exportações industriais brasileiras.
Pela observação do panorama do período 1 verificou-se que ocorreram: (i)
incentivo ao crescimento das exportações industriais, porém, a uma taxa menor que a
esperada; (ii) incremento progressivo do número de empresas exportadoras até 2003,
sendo o setor industrial o maior responsável por este resultado. Entretanto, o período 2
foi marcado por: (i) maior crescimento das exportões industriais; (ii) redução do
número de empresas a partir de 2003, especialmente, das empresas de médio porte.
Então, quando se leva em conta a evolução da taxa de câmbio real efetiva, o
desempenho das exportações industriais parece ambíguo. Entretanto, diversos estudos
relatam este fenômeno, para Kannebley (2008) este comportamento seria fruto de
assimetrias de respostas às variações cambiais. O autor argumenta que momentos de
depreciação cambial correspondem à indução ao aumento das exportações e incremento
paulatino do número de empresas exportadoras, tendo efeitos mais efetivos que os
momentos de apreciação.
Neste sentido, a lenta resposta das exportações no período 1999-2003 tem
relação com os efeitos persistentes da forte valorização cambial anterior ao ano de 1999,
estendendo-se durante o período. E o crescimento mais acelerado das exportações, a
partir de 2003, tem correspondência com os impactos da expansão do número de
empresas exportadoras induzida pela depreciação cambial ocorrida no período 1.
Portanto, observa-se que as exportações apresentam comportamento assimétrico
em relação à evolução da taxa de mbio real efetiva. Neste sentido, os efeitos dos
choques cambiais positivos (de depreciação) são mais efetivos comparativamente aos
43
choques cambiais negativos (de apreciação). Isto é, remetem as hipóteses de hysteresis
do comércio internacional, estabelecidas inicialmente por Baldwin e Krugman (1986) e
Baldwin (1988).
As quantidades exportadas e os índices de preços têm importância na
determinação das exportões, de modo que esta última é diretamente proporcional e é
compõe das duas primeiras variáveis. Para explicitar a determinação das exportações a
Figura 12 mostra a evolução de cada variável para o horizonte 1999-2007.
Exportações, quantidades exportadas e
índices de preço (1999=100)
(1999 = 100)
Nota: A periodicidade dos dados é anual.
Fonte: Fundação Nacional de Estudos do Comércio Exterior - FUNCEX.
Figura 12 Índices preço, quantidades e exportações de manufaturados
A evolução dos índices de preços pode ser bem representada em três períodos,
de estabilidade durante 1999-2001, de estabilidade e patamar inferior durante o período
2001-2003 e de crescimento mais acentuado a partir de 2004. De forma que o
crescimento das exportações diferencia do crescimento das quantidades exportadas a
partir de 2004.
O crescimento das quantidades exportadas foi lento até 2001, tomou uma
trajetória de maior vigor a partir de 2002, talvez por efeito da depreciação do mbio, e
após 2004 reduziu o seu crescimento. O arrefecimento das quantidades exportadas pode
ser (coeteris paribus) diretamente associado à redução do número de empresas
observada no biênio 2004-2005, como mostra a Figura 10.
50
100
150
200
250
300
350
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
Preço
Quantidades
Exportações
44
Neste sentido, o setor de manufaturados teve sua evolução ditada pelas
quantidades transacionadas no período 1999-2004 e teve seu crescimento ampliado,
consideravelmente, pelos ganhos de preço registrado após 2004 (BOLETIM
SETORIAL FUNCEX, 2004). Portanto, o desempenho das exportações teve como
principal componente as quantidades exportadas, dado que os índices de preços das
exportações permaneceram constantes de 1999 a 2003. Contudo, após 2003 a
componente de maior peso na determinação do desempenho das exportões foram os
preços que apresentaram forte altas.
Com a finalidade de refinar a análise, evitando a omissão de parcela significativa
das exportações das empresas industriais brasileiras, segue a apreciação das exportações
do setor de semimanufaturados. A Figura 13 mostra a evolução do índice preço,
quantidades exportadas e exportões, através de números índices, tendo a base no ano
de 1999.
Exportações, quantidades exportadas e
índices de preço (1999=100)
Nota: A periodicidade dos dados é anual.
Fonte: Fundação Nacional de Estudos do Comércio Exterior - FUNCEX.
Figura 13 Índices de preço, quantidades e exportações de semimanufaturados
Constatou-se o crescimento dos índices de preço, quantidades e exportações.
Entretanto, o período 2000-2002 caracterizou-se por queda dos índices de preço e,
consequentemente, redução da taxa de crescimento das exportações, porém, após 2002
50
100
150
200
250
300
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
Preço
Quantidades
Exportações
45
as três variáveis apresentaram trajetória de crescimento, com destaque para as
exportões e os índices de preço.
As quantidades exportadas também apresentaram trajetória crescente, mas, com
crescimento inferior ao registrado pelo índice de preço das exportações. De maneira que
se tornou evidente a importância do crescimento dos índices de preço na evolução das
exportações de semimanufaturados após 2002.
De acordo com a evolão das variáveis de exportação mostradas nas Figuras 12
e 13, observou-se que o crescimento das exportações industriais brasileiras teve como
base o crescimento das quantidades exportadas e dos preços de exportação, com a
ressalva de que o fator pro foi preponderante neste resultado após 2002. Porém, a
evolução das quantidades exportadas foi mais importante para o setor de produtos
manufaturados do que para o setor de semimanufaturados.
Embora algumas evidências tenham sido levantadas pela evolução das variáveis
de exportação, torna-se necessária a condução de um teste formal para a confirmação da
existência de hysteresis. Notadamente, porque poucos estudos foram realizados para o
caso brasileiro, tratando-se apenas dos trabalhos desenvolvidos por Silva (2006) e
Kannebley (2008). Ainda na mesma perspectiva, a condução de um teste formal para a
identificação de hysteresis nas exportações de produtos industriais brasileiros faz-se
importante para atualizar a pesquisa sobre o tema, uma vez que os demais se limitam a
períodos anteriores ao ano de 2003.
Então, além das evidências levantadas, a partir da análise da evolução das
variáveis de comércio exterior, foi realizado um teste formal para identificar a
existência de hysteresis nas exportações industriais brasileiras, concentrando a discussão
no setor exportador de produtos industriais.
Para melhor apurar os resultados obtidos a análise fez uso de diversos graus de
agregação, isto é, as exportações industriais nas suas subdivisões: setor de produtos
manufaturados, setor de produtos semimanufaturados e 15 setores industriais
selecionados por ordem crescente de participação no total das exportações industriais
brasileiras.
46
5.2 Detecção de hysteresis - teste formal
O propósito deste exercício foi identificar a exisncia de hysteresis nas variáveis
explicativas do comércio exterior, para isto foram estimados parâmetros de
diferenciação fracionária para cada setor e nível de agregação considerado.
A Tabela 2 mostra as estimativas dos parâmetros de diferenciação fraciorios
para o setor de produtos manufaturados, das seguintes variáveis: exportações,
quantidades exportadas e índices de preço das exportações. As estimativas, seus
respectivos desvios-padrão e os p-valores do teste de hipótese são apresentados,
respectivamente, nas colunas (1), (2) e (3).
Tabela 2 Parâmetros de integração fracionários manufaturados
VARIÁVEIS
PERÍODOS
d
ˆ
(1)
dEp
ˆ
(2)
P-VALOR
(3)
Exportações
1
0,725
0,177
0,131
2
1,029
0,205
0,887
Quantidades exportadas
1
0,543
0,174
0,013
2
0,765
0,141
0,103
Índices de preço
1
0,702
0,130
0,028
2
1,007
0,047
0,882
Nota: Os parâmetros estimados possuem o número dos graus de liberdade iguais a 30 e
37, respectivamente, para os períodos 1 e 2.
Fonte: Elaboração própria.
Os resultados para o setor de manufaturados apontam para existência de lenta
propagação de choques exógenos, sendo as estimativas significativas ao nível de 5%,
como pode ser visto pelos valores de seus desvios-padrão.
No caso das exportões identificou-se hysteresis forte nos dois períodos, pois,
os p-valores estimados, coluna (3), indicam um processo de memória longa com efeitos
permanentes, isto é, a hipótese de nula de hysteresis forte não pode ser rejeitada ao nível
de significância de 5%. Logo, as estimativas para o setor podem ser consideradas iguais
ao valor limiar da hipótese nula do teste, no caso,
1
ˆ
:
0
dH
. Além disso, os parâmetros
47
estimados sugerem que choques cambias positivos são mais efetivos, pois, no período 2
o parâmetro estimado (1,029) situa-se no intervalo
5,1
ˆ
1 d
.
as estimativas para as quantidades exportadas e para os índices de preço
evidenciam, mais fortemente, que choques cambiais positivos são mais efetivos.
Estatisticamente, não pode ser rejeitada a hipótese de maior inércia durante o período 2,
ou seja, os p-valores estimados sugerem assimetria na propagação de choques durante o
período 2 e, portanto, foi identificado hysteresis com efeitos parciais no período 1 e
hysteresis forte no período 2.
Os valores mensurados por estimação pelo método GPH, coluna (1), revelam
que o desempenho das exportações, sobretudo, no período 2 foi determinado pela
dinâmica dos preços. a dinâmica das quantidades exportadas, mensurado pelo valor
de
d
, não é diretamente associado com o desempenho das exportações no período 1
dada a diferença estatística estimada, coluna (3). Observa-se que o teste formal não
corrobora com a análise gráfica no caso específico da dinâmica das quantidades
exportadas e exportações para o período 1.
A Tabela 3 mostra as estimativas dos parâmetros de diferenciação fracionários
para o setor de produtos semimanufaturados, das seguintes variáveis: exportações,
quantidades exportadas e índices de preço das exportações. As estimativas, seus
respectivos desvios-padrão e os p-valores do teste de hipótese são apresentados,
respectivamente, nas colunas (1), (2) e (3).
Tabela 3 Parâmetros de integração fracionários semimanufaturados
VARIÁVEIS
PERÍODOS
d
ˆ
(1)
dEp
ˆ
(2)
P-VALOR
(3)
Exportações (FOB)
1
0,403
0,170
0,001
2
0,909
0,137
0,554
Quantidades exportadas
1
0,561
0,263
0,091
2
0,504
0,136
0,000
Índices de preço
1
1,217
0,191
0,128
2
0,989
0,047
0,767
Nota: Os parâmetros estimados possuem o número dos graus de liberdade iguais a 30 e
37, respectivamente, para os períodos 1 e 2.
Fonte: Elaboração própria.
48
Os resultados para o setor de semimanufaturados apontam para existência de
lenta propagação de choques exógenos, sendo as estimativas significativas ao nível de
5%, como pode ser visto pelos valores de seus desvios-padrão.
Para as exportações identificou-se hysteresis nos dois períodos, sendo com
efeitos parciais para o período 1 e forte para o período 2. Como pode ser visto na coluna
(3), a hipótese nula de hysteresis forte pode ser rejeitada para o período 1, mas aceita
para o período 2, sendo admitido um vel de significância de 5%. Além disso, as
magnitudes dos parâmetros estimados sugerem que choques cambias positivos são mais
efetivos, o parâmetro estimado (0,909) tem 55,4% de probabilidade de situar-se entre o
intervalo
5,1
ˆ
1 d
.
as estimativas para as quantidades exportadas evidenciam hysteresis forte e
hysteresis com efeitos parciais, respectivamente, para o período 1 e 2. Este resultado
ilustra que as quantidades exportadas apresentaram dinâmica oposta à dinâmica das
exportações, embora guardem alguma similaridade de comportamento no período 1,
como pode ser visto pela comparação das magnitudes dos parâmetros estimados (0,403)
e (0,561), respectivamente, para as exportações e quantidades exportadas.
Para o caso do setor de manufaturados, as estimativas para os índices de preço
o apresentaram diferença estatística nos dois períodos, isto é, pelo critério estatístico
de quebra estrutural não é possível determinar assimetria de resposta a choques
exógenos positivos e negativos. Logo, de acordo com o teste realizado, não pode ser
rejeitada a hipótese de hysteresis pura durante o período 1999-2007.
Os resultados apresentados nas Tabelas 2 e 3 sustentam a hipótese de hysteresis
para o setor industrial. No caso do setor de produtos manufaturados foi possível
identificar comportamento assimétrico das quantidades exportadas e dos índices de
preços. para o caso do setor de semimanufaturados a assimetria se deu nas
exportações.
Com a finalidade de mensurar quais tipos empresas contribuem para o
comportamento do setor industrial, passa-se ao exame setorial. Neste sentido, o objetivo
é identificar em que setor a dinâmica de hysteresis foi mais acentuada. Teoricamente, a
amostra selecionada deve ter comportamento compatível aos setores de produtos
manufaturados e semimanufaturados. Para atingir esta finalidade utilizou-se a mesma
metodologia, considerando uma amostra de 15 industriais.
49
A Tabela 4 mostra os parâmetros de diferenciação fracionários, coluna (1), seus
respectivos desvios-padrão, coluna (2), e as probabilidades referentes ao teste de
hipótese, coluna (3). Foram formados três grupos de setores exportadores, a partir da
observação das probabilidades estimadas pelo teste de hipóteses. O Grupo 1 é
constituído de 7 setores em que as exportações apresentaram comportamento de maior
persistência no período 2, enquanto o Grupo 2 é formado por 5 setores com grau de
persistência equivalentes para os período como um todo, por fim, o Grupo 3 é formado
por 3 setores com características distintas dos dois grupos anteriores.
Os resultados para os setores industriais apontam para existência de lenta
propagação de choques exógenos, sendo as estimativas significativas ao nível de 5%,
como pode ser visto pelos valores de seus desvios-padrão. A partir dos parâmetros
estimados foi possível identificar que as exportões dos setores do Grupo 1
apresentaram efeitos parciais de choques de apreciação cambial e efeitos permanentes
de choques de depreciação cambial. Admitindo o setor representativo do Grupo1,
metalurgia de não ferrosos, seus parâmetros estimados foram 0,168 e 0,878;
respectivamente, para os períodos 1 e 2.
O desempenho das exportões foi resultante da composição do crescimento das
quantidades exportadas e da queda dos preços. No caso do setor de siderurgia o
crescimento acumulado para o período 1998-2002 foi de 22,1% e 25,2%,
respectivamente, para as quantidades exportadas e preços. Evidenciando a influência
negativa dos índices de preço para explicar o fraco desempenho das exportações neste
período, (BOLETIM SETORIAL FUNCEX, 2002).
Entretanto, o aumento persistente dos índices de preço do setor industrial,
verificados nas Tabelas 2 e 3, justificam os resultados obtidos para os setores do Grupo
1. Tomando por exemplo os setores: siderurgia e beneficiamento de produtos vegetais,
verificou-se que os ganhos dos preços de exportação compensaram as perdas com o
câmbio, que teve apreciação real de 6,6% no primeiro semestre de 2007, (BOLETIM
SETORIAL FUNCEX, 2007).
50
Tabela 4 Parâmetros de integração fracionários para setores
SETORES
PERÍODOS
d
ˆ
(1)
dEp
ˆ
(2)
P-VALOR
(3)
GRUPO 1
Abate de animais
1
0,653
0,147
0,024
2
0,972
0,139
0,841
Beneficiamento de produtos vegetais
1
0,382
0,160
0,000
2
0,798
0,210
0,342
Calçados, couros e peles
1
0,445
0,175
0,003
2
0,794
0,167
0,224
Extrativa mineral
1
0,206
0,231
0,001
2
0,769
0,149
0,129
Metalurgia de não ferrosos
1
0,168
0,151
0,000
2
0,878
0,106
0,256
Refino de petróleo
1
0,656
0,157
0,035
2
0,866
0,107
0,217
Siderurgia
1
0,487
0,183
0,008
2
0,849
0,161
0,354
GRUPO 2
Celulose, papel e gráfica
1
0,237
0,205
0,001
2
0,531
0,133
0,000
Máquinas e tratores
1
0,178
0,223
0,000
2
0,673
0,126
0,013
Óleos vegetais
1
0,640
0,165
0,036
2
0,420
0,168
0,001
Peças e outros veículos
1
0,122
0,116
0,000
2
0,152
0,168
0,006
Veículos automotores
1
0,122
0,116
0,000
2
0,512
0,168
0,006
GRUPO 3
Equipamentos eletrônicos
1
0,729
0,192
0,167
2
0,528
0,141
0,001
Petróleo e carvão
1
0,619
0,181
0,432
2
0,454
0,122
0,000
Madeira e mobiliário
1
0,666
0,215
0,130
2
0,888
0,148
0,453
Nota: Os parâmetros estimados possuem o número dos graus de liberdade iguais a 30 e 37,
respectivamente, para os peodos 1 e 2.
Fonte: Elaboração própria.
51
O Grupo 2 é composto por 5 setores exportadores tradicionais, como é o caso
dos setores: celulose, papel e gráfica e óleos vegetais. Estes setores são caracterizados
por hysteresis com efeitos parciais, indicando que perturbações exógenas são mais
rapidamente assimiladas. Por exemplo, para o setor celulose, papel e gráfica os
parâmetros estimados foram 0,237 e 0,531, respectivamente, para os períodos 1 e 2.
Embora o parâmetro estimado para o período 2 tenha maior magnitude, não foi possível
aceitar a hitese de nula do teste de hiteses ao nível de significância de 5%.
Para este grupo ficou patente que o efeito dos preços foi determinante para o
maior nível de persistência estimado pela magnitude dos parâmetros. Para o setor de
celulose, papel e gráfica, por exemplo, apresentou variações acumuladas das
quantidades exportadas e preços, respectivamente, de 3,7%, e 12,4, indicando que o
desempenho dos setores desse grupo foi determinado pelos aumento dos índices de
preço, para o ano de 2007 (BOLETIM SETORIAL FUNCEX, 2002).
Por fim o Grupo 3 é composto por setores que apresentam desempenho avesso
ao aos demais. Os dois primeiros, os setores: equipamentos eletnicos e petróleo e
carvão apresentam estimativas que não corroboram com o sentido da assimetria
proposta teoricamente. Estes se ajustaram mais rapidamente as condições verificadas no
período 1, por exemplo, o setor de equipamentos eletrônicos apresentou variação
acumulada para o período 1998-2002 de 102,0 e 11,8%, respectivamente, para as
quantidades exportadas e índices de preços. Já o setor de madeira e mobilrio foi
aquele que apresentou hysteresis forte nos dois períodos, sendo caracterizado por
comportamento de inércia em todo o período.
Os resultados, a este nível de agregação, legitimam os obtidos anteriormente
para o setor industrial. Sobretudo, ratificam as estimativas relativas ao setor de
manufaturados que apresenta hysteresis forte no período 2 e hysteresis com efeitos
parciais no período 1. Identificando, assim, a dinâmica de hysteresis para o período
1999-2007.
As estimativas foram em favor de menor persistência no período 1 relativamente
ao período 2. Considerando a magnitude dos parâmetros estimados, a hysteresis foi
maior em época de apreciação cambial para o total de 13 setores. As exceções foram os
setores: equipamentos eletrônicos e óleos vegetais. Assim, dos setores estudados, 2
setores mostraram menor dinamismo, sejam eles: Equipamentos eletrônicos e petleo e
carvão, pois, em momentos de depreciação cambial não conseguem inserção no
52
mercado exterior, mas em momentos de câmbio desfavorável apresentam maior perda
de suas posições de mercado.
Dentre os mais dinâmicos, destacam-se os setores: Abate de animais, Metalurgia
o ferrosos e Refino de petróleo, destacados no Grupo 1. Estes melhoraram suas
posições de mercado em situação de mbio favorável e apresentaram maior oposição
aos efeitos cambiais em momentos desfavoráveis.
Portanto, o teste formal estabeleceu amplo argumento em favor da hipótese de
hysteresis das exportações industriais brasileiras. Adicionalmente, qualificou a forma
pelo qual acontece o femeno, quando associa o comportamento das quantidades
exportadas e preços às exportações. A partir do teste formal ainda foi possível
classificar 3 grupos de setores industriais e fazer inferências sobre o dinamismo para
cada caso.
Porém, os modelos teóricos de hysteresis condicionam o fenômeno ao histórico
da indústria, isto é, estabelece a existência de hysteresis as condições de
competitividade, vantagens comparativas, proporção da indústria estrangeiras, da
indústria ou setor em particular. Neste contexto, adicionalmente, procede-se com o teste
formal para identificar diferença entre uma economia local e a brasileira como um todo.
5.2.1 Estudo de caso: exportações paraibanas
Com a finalidade de captar diferença significativa entre o comportamento da
dinâmica das exportões brasileiras e do estado da Paraíba foi aplicada a metodologia
de estimação de parâmetros de integração fracionária. Neste sentido, a Tabela 5 mostra
os resultados para as exportões industriais brasileiras e paraibanas, além disso, mostra
estimativas para as exportações dos setores de produtos manufaturados e
semimanufaturados.
Os resultados ilustram a diferea existente em contexto regional, entre a
economia brasileira e paraibana, com signifincia estatística dos parâmetros estimados
ao nível de 5%. Sendo a conjuntura da economia local do estado da Paraíba menos
dinâmica que a brasileira, este diferencial de comportamento foi identificado em dois
graus de agregação.
53
Os parâmetros estimados, para o caso da unidade federativa, são
substancialmente menores que os estimados para a economia brasileira, indicando
menor persistência, isto é, choques exógenos são mais rapidamente absorvidos, embora
se tratem de um processo de memória longa, a hipótese de hysteresis forte o pode ser
aceita ao nível de 5% de significância para os dois períodos. No entanto, foi identificada
maior inércia das exportações no período 1.
Tabela 5 Parâmetros de integração fracionários para as exportações
PERÍODOS
d
ˆ
(1)
dEp
ˆ
(2)
P-VALOR
SETOR INDUSTRIAL
BRASIL
1
0,612
0,235
0,004
2
0,980
0,122
0,874
PARBA
1
0,533
0,162
0,000
2
0,531
0,133
0,000
MANUFATURADOS
BRASIL
1
0,725
0,177
0,131
2
1,029
0,205
0,887
PARBA
1
0,503
0,211
0,025
2
0,255
0,144
0,000
SEMIMANUFATURADOS
BRASIL
1
0,403
0,170
0,001
2
0,909
0,137
0,554
PARBA
1
- 0,051
0,121
0,000
2
0,200
0,110
0,000
Nota: Os parâmetros estimados possuem o número dos graus de liberdade iguais a 30 e 37,
respectivamente, para os peodos 1 e 2.
Fonte: Elaboração própria.
Foi constatado que os setores de maior representatividade ditam a dinâmica do
contexto geral, reforçando os pressupostos teóricos de Baldwin e Krugman (1986), isto
é, a dinâmica do agregado depende do comportamento em níveis menores de agregação.
No caso espefico, o comportamento das exportações paraibanas foi ditado pelo setor
de maior participação na pauta exportadora, o de manufaturados.
54
No período 1 o setor de semimanufaturados apresentou maior sensibilidade aos
efeitos de choques externos, neste caso não é identificado hysteresis, isto é, choques
exógenos são assimiladas instantaneamente pelo setor. Enquanto, no último período, foi
identificado hysteresis com efeitos parciais, compatível com o contexto nacional.
Em caráter geral, foi verificada difereas entre a dinâmica das exportações das
economias brasileiras e paraibanas, especialmente, no que concerne o setor industrial.
As estimativas apontam para um menor nível de competitividade da economia local,
ainda mais reduzida que o contexto nacional.
55
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo central desta dissertação foi identificar hysteresis nas exportações
industriais brasileiras, para tanto, optou-se pelo uso do método de Geneweke e Porter-
Hudak (1983) de estimação de parâmetros de diferenciação fracionária. Nesta questão, a
metodologia inova o tratamento dado ao tema, notadamente, quando considera as
abordagens tradicionalmente direcionadas a questão do comércio exterior.
Algumas considerações podem ser enumeradas. Primeiramente, foi possível
verificar que o tema discutido é pouco explorado no âmbito nacional, sendo agenda de
pesquisa na esfera de economias internacionais. Além disso, os poucos trabalhos na área
analisam períodos anteriores ao considerado nesta pesquisa e, neste ponto, há uma
lacuna a ser preenchida.
O exame da participação das grandes empresas nas exportões industriais
brasileiras revela que a manutenção do crescimento das exportações se deu em função
do porte das empresas. Infere-se que estas apresentaram maior capacidade concorrencial
para enfrentar a forte apreciação da moeda nacional, em detrimento das outras classes
de empresas.
Este é um fato de extrema importância, pois, a redução do número de empresas,
atribuída a choques negativos na taxa de câmbio real efetiva, foi preponderantemente de
micro, pequenas e dias empresas. Isto indica que as empresas de grande porte
conseguem manter o nível de concorrência e se manter por mais tempo no mercado.
O efeito sobre o número de empresas do setor industrial foi positiva até 2004, e
em fase posterior evidenciou-se decrescimento do número de empresas desse setor.
Dados de participação de empresas nas exportações industriais por classificação de
porte sugerem que a saída de empresas do mercado exportador se deu em maior
proporção pelas pequenas, micro e médias empresas.
Quanto aos testes formais e os preceitos teóricos identificou-se hysteresis forte
nas exportações, quantidades exportadas, nos preços e nas taxas de câmbio reais
efetivas, sobretudo, no período 2. Os parâmetros estimados mostram que o setor de
manufaturados apresentou maior nível de persistência a choques exógenos, nos dois
períodos. Neste caso não foi possível rejeitar a hipótese nula,
1
ˆ
:
0
dH
, pois, as
probabilidades estimadas são superiores ao nível de significância de 5%.
Os valores mensurados por estimação pelo método GPH, para o setor de
manufaturados, revelam que o desempenho das exportações é compatível com a
56
dinâmica dos índices de preço e quantidades exportadas, sobretudo, para o período 2
porque as variáveis apresentaram efeitos permanentes de choques exógenos. Porém,
para o período 1 a mesma compatibilidade não foi observada, os índices de preço e
quantidades exportadas apresentaram efeitos parciais de choques exógenos, com p-
valores, respectivamente, iguais a 0,028 e 0,013.
Entretanto, as exportações do setor de semimanufaturados mostraram efeitos
assimétricos, corroborando com os pressupostos teóricos, isto é, choques cambiais de
depreciação mostraram-se mais efetivos. A partir do teste de hipóteses, constatou-se que
os parâmetros estimados situaram-se no intervalo
5,1
ˆ
0 d
, e suas magnitudes foram
de 0,403 e 0,909, respectivamente, para os períodos 1 e 2.
A partir dos resultados econométricos e da magnitude dos parâmetros estimados,
percebeu-se que a hysteresis foi maior no período 2 para o total de 13 setores. As
exceções foram os setores: equipamentos eletrônicos e óleos vegetais. Assim, dos
setores estudados, 2 setores mostraram menor dinamismo, sejam eles: Equipamentos
eletrônicos e petróleo e carvão, pois, em momentos de câmbio favorável não conseguem
inserção no mercado exterior e, em momentos de câmbio desfavorável apresentam
maior perda de suas posições de mercado.
Dos setores mais dinâmicos pode-se destacar: Abate de animais, Metalurgia não
ferrosos e Refino de petróleo, estes melhoraram suas posições de mercado em situação
de câmbio favorável e apresentaram maior oposição aos efeitos cambiais em momentos
desfavoráveis. Assim, os choques cambiais de depreciação são mais efetivos, isto é, o
efeito positivo de períodos de depreciação cambial mostra-se mais forte que o impacto
negativo da apreciação.
As implicações da assimetria dos choques podem ser vistas por dois aspectos:
primeiro, os choques de depreciação induzem mais proporcionalmente a inserção ao
mercado externo do que os choques de apreciação induzem a saída de empresas.
Segundo, os choques cambiais negativos de apreciação reduzem menos que
proporcionalmente as quantidades exportadas do que os choques de depreciação
induzem o aumento.
Dos exercícios econométricos destaca-se uma alta persistência na dinâmica das
exportações, cuja explicação se deu pelas altas persistências das quantidades exportadas
e dos preços. Entretanto, para o período 2 a colaboração dos índices de preço das
57
exportações foi mais relevante para a explicação do crescimento das exportações
industriais que o crescimento das quantidades transacionadas.
Uma consideração importante é que as exportações tendem a se manter em
níveis elevados mesmo em condições adversas, impulsionado pelo incremento de
empresas de grande porte. Para empresas de médio porte, há uma tendência a
concentração das exportões, uma redução de participação em contrapartida ao
aumento de participação das empresas de grande porte.
A persistência nas quantidades e preços das exportações industriais identificadas
vem ao encontro às pressuposições teóricas levantadas, contudo, é identificado maior
nível de persistência nos preços que nas quantidades exportadas, revelando a
importância da rigidez dos preços na explicação no resultados dos valores exportados
percebidos em lares.
Como exploração adicional foi verificada diferenças entre a dinâmica das
exportações da economia brasileira e paraibana, especialmente, no que concerne o setor
industrial. A conjuntura da economia local do estado da Paraíba difere da brasileira, este
diferencial de comportamento foi identificado em dois alcances de agregação. As
estimativas apontam para um menor nível de competitividade da economia local, em
relação ao contexto nacional. As exportações industriais brasileiras em sua totalidade
apresentaram efeitos permanentes, com parâmetro estimado de 0,980. Enquanto, a
economia local apresentou efeitos parciais de choques exógenos, com parâmetro
estimado igual a 0,531 para o período 2, indicando que choques cambiais de
depreciação são menos efetivos.
58
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