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REGINA MARIA FERNANDES LOPES
DESEMPENHO COGNITIVO DE IDOSOS
COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 NO
TESTE WISCONSIN DE CLASSIFICAÇÃO
DE CARTAS (WCST)
Profª. Dr. Irani I. de Lima Argimon
Orientadora
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE PSICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA
DESEMPENHO COGNITIVO DE IDOSOS COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 NO
TESTE WISCONSIN DE CLASSIFICAÇÃO DE CARTAS (WCST)
REGINA MARIA FERNANDES LOPES
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Psicologia da
Faculdade de Psicologia da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do
Sul, como requisito parcial para
obtenção do Grau de Mestre em
Psicologia Clínica.
Profª. Dr. Irani de Lima Argimon
Orientadora
Porto Alegre, dezembro de 2008
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
L864d Lopes, Regina Maria Fernandes
Desempenho cognitivo de idosos com Diabetes
Mellitus tipo 2 no Teste Wisconsin de Classificação de
Cartas (WCST). / Regina Maria Fernandes Lopes. –
Porto Alegre, 2008.
82 f.
Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica) –
Faculdade de Psicologia, PUCRS.
Orientação: Profa. Dra. Irani de Lima Argimon.
1. Psicologia. 2. Diabetes Mellitus Tipo 2. 3. Teste
Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST).
4. Idosos (Psicologia). 5. Psicologia Cognitiva.
6. Funções Executivas. I. Argimon, Irani de Lima. II.
Título.
CDD 155.67
Ficha elaborada pela bibliotecária Cíntia Borges Greff CRB 10/1437
4
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE PSICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA
Regina Maria Fernandes Lopes
DESEMPENHO COGNITIVO DE IDOSOS COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 NO
TESTE WISCONSIN DE CLASSIFICAÇÃO DE CARTAS (WCST)
COMISSÃO EXAMINADORA
Profª. Dr. Irani de Lima Argimon
Presidente
Profª. Dr. Carla Helena Augustin Schwanke
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS
Profª. Dr. Maragareth da Silva Oliveira
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS
Vencendo as marés
A vida é escola e não campo de batalha...
V E N C E R....
é aceitar que derrotas existem para serem aceitas como ensinadoras experiências;
é aprender com elas que de cada queda é possível levantar;
é levantar consciente de que úteis lições foram aprendidas;
é aproveitar as lições a ponto de não mais cometer os mesmos erros;
é encontrar nos erros cometidos os pontos que os fortaleceram;
é fortalecer-se com esses pontos e transformá-los em pontos de acertos;
é tratar os acertos como sementes para colheita de vitórias;
é olhar as vitórias com a mesma humildade com que se fala com Deus;
é falar com Deus com reverente gratidão pelas capacidades de errar e de acertar;
é dominar com destreza a arte de saber perder;
é tratar-se e curar-se da perda como quem trata e cura cicatrizável ferida;
é saber que a Vida é escola e não campo de batalha;
é ver-se no fundo do poço já planejando a subida .
(Silvia Schimdt)
6
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus, pela presença marcante em minha vida; sem sua
força, seria impossível prosseguir diante dos obstáculos vividos.
A concretização deste trabalho não é mérito individual, mas resultado da contribuição
de várias pessoas que participaram direta ou indiretamente de seu desenvolvimento.
Agradeço a todas elas e, de forma particular:
À Profª. Dr. Irani de Lima Argimon, orientadora e amiga, pela disponibilidade, por
compreender as dificuldades de ser trabalhadora e pesquisadora, pela orientação e direção
deste trabalho, sendo continente nos momentos difíceis. Pelo estímulo e incentivo constante,
afetividade, confiança e apoio. Você é um exemplo pra mim!
Especialmente, ao meu marido, companheiro e amigo Paulo por todo apoio, dedicação
e incentivo para realizar esta dissertação.
Às queridas filhas: Fernanda Fernandes Lopes, por entender meu distanciamento, pelo
amor e carinho demonstrado; e Roberta Fernandes Lopes do Nascimento, pela força, pelo
afeto e auxilio para que este trabalho fosse realizado. E, especialmente ao meu querido genro,
Roberto Chiumeo do Nascimento, pela compreensão e afeição em vários momentos. Vocês
são tudo pra mim!
Aos integrantes do Grupo de Pesquisa “Avaliação e Intervenção no Ciclo Vital” da
PUCRS, pelo apoio e dedicação. Em especial, aos Bolsistas de Iniciação Científica: Fabrícia,
pela busca de artigos; e Luciana e Sabrina, pelo apoio ao banco de dados. Obrigada pela
disponibilidade, colaboração e auxílio.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES, pela bolsa
concedida durante estes dois anos.
Aos meus colegas de Mestrado em Psicologia Clínica, em especial a Daniela
7
Canazzaro, por compartilhar os momentos trocas de experiências e amizade.
Aos Professores, Dr. Gabriel Gauer, Dr. Neuza Guareschi, Dr. Rochele Fonseca, Dr.
Blanca Werlang, Dr. Maria Lúcia Tiellet Nunes e Dr. Margareth da Silva Oliveira, que, em
suas aulas, permitiram-me espaços para discussão de algumas questões relevantes aqui
desenvolvidas.
Ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS, às Secretárias, que sempre
me atenderam com educação, respeito e carinho e aos Professores da Área Clínica.
Aos Professores da Comissão Examinadora, Dr. Irani Iracema de Lima Argimon, Dr.
Carla Helena Augustin Schwanke e Dr. Margareth da Silva Oliveira, que gentilmente
aceitaram participar e colaborar com este trabalho fazendo parte da Banca.
À Psicóloga Clarissa Trentini, que, com sua paciência e minuciosa didática,
conseguiu, mesmo em um período que me era desfavorável, fazer com que eu alcançasse
excelentes resultados.
À Jurema Alcides Cunha, in memorian, pelo seu legado à área de avaliação
psicológica, pela herança deixada em seus estudos e livros. A admiração por seus trabalhos
estimulou-me a aperfeiçoar-me e encantou-me por esta área.
À Moema Fulgêncio, pelo carinho e dedicação as suas aulas; pela paciência, pela
amizade e atenção ao longo de minha caminhada.
A minha família, aos meus pais, in memorian, e a todos em geral, agradeço,
especialmente pelo apoio dado ao meu afastamento, para que eu pudesse estudar e escrever.
A todos que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a realização deste trabalho.
Finalmente, não menos importantes foram os idosos que participaram deste estudo.
Meus sinceros agradecimentos a eles e a suas famílias. Sem a sua disponibilidade e esforço,
este trabalho seria impossível.
MUITO OBRIGADA!
SUMÁRIO
RESUMO ...........................................................................................................................
Capítulo I - Introdução........................................................................................................
Capítulo II Revisão de Literatura: “Desempenho Cognitivo de Idosos com Diabetes
Mellitus Tipo 2 no Teste Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST)”..............
Capítulo III Estudo Empírico: “Avaliação da Flexibilidade Cognitiva em Idosos
com Diabetes Mellitus Tipo 2 no Teste Wisconsin Classificação de Cartas
(WCST)”........................................................................................................................
Capítulo IV -Considerações Finais ....................................................................................
Apêndices............................................................................................................................
Apêndice 1 - Termo de Consentimento Livre Esclarecido .....................................
Apêndice 2 -Ficha dos dados sociodemográficos...................................................
Apêndice 3 -Aprovação Comitê de Ética ...............................................................
Anexos.................................................................................................................................
Anexo A – Mini Exame do Estado Mental(MEEM)...............................................
Anexo B - Escala de Depressão Geriátrica (GDS)...................................................
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10
14
41
67
71
73
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77
78
79
81
RESUMO
O desenvolvimento das condições de saúde vem propiciando o aumento progressivo
da longevidade e da expectativa de vida. Estudos identificam a existência de uma conexão
entre Diabetes Mellitus (DM) e demência. A hiperglicemia pode ser um fator significativo
para incidência de Alzheimer e uma causa secundária de demência. Outras pesquisas
revelaram que as funções executivas dos idosos com DM estavam mais prejudicadas do que
naqueles sem DM. A Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2) está associada a déficits cognitivos e
funcionais, e um dos instrumentos que pode ser utilizado para avaliar funções executivas é o
Teste Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST). Com o objetivo de aprofundar esta
temática foi elaborada esta dissertação, composta por capítulos: o capítulo II, de revisão
teórica, e o capítulo III de um estudo empírico. Para o capítulo teórico, foi realizada uma
revisão sistemática com o objetivo de verificar as características das publicações indexadas
nos últimos oito anos, com ênfase nos últimos cinco anos que abordam os temas Diabetes
Tipo 2, idosos, Teste Wisconsin de Classificação de Cartas, flexibilidade cognitiva, mental e
do pensamento e funções executivas. Foram cruzadas as palavras-chave nas bases de dados
dos indexadores e fontes Index Medline, LILACS, Psycinfo, Capes-Periódicos, Scielo,
Cochrane, Proquest, Bireme, ferramentas de busca web (Yahoo, Google, Altavista). Os
abstracts dos artigos foram revisados e classificados a partir das dimensões de análise: base
de dados, ano de publicação, país de origem, tipo de delineamento, cruzamento de variáveis e
resultados e conclusões dos estudos. O tratamento dos dados foi realizado por meio de análise
das freqüências percentuais. Os resultados demonstraram que estudos envolvendo DM2,
idosos e WCST são reduzidos. O capítulo III responde ao projeto de pesquisa que deu origem
a esta dissertação, e objetivou avaliar a flexibilidade cognitiva em idosos com DM2 através
do WCST. Participaram do estudo 254 idosos de ambos os sexos, com idade igual ou
superior a 60 anos, sendo 44 idosos com diagnóstico de DM2 e 210 idosos do grupo controle
da população geral. O delineamento foi de um estudo quantitativo e transversal. Os
instrumentos utilizados foram: Ficha de Dados Sociodemográficos, Teste Wisconsin de
Classificação de Cartas (WCST), Mini Exame do Estado Mental (MEEM), Inventário de
Depressão de Beck (BDI-I), Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) e Escala de Depressão
Geriátrica (GDS). Os subtestes Vocabulário, digos, Dígitos e Cubos da Escala Wechsler
de Inteligência para Adultos III (WAIS-III). Os resultados mostraram que houve diferença
significativa no desempenho de idosos com DM2, quando comparados com os idosos do
grupo controle em quatro descritores do WCST. Os idosos com DM2 mostraram intensidade
de sintomas depressivos e de ansiedade estatisticamente maior em relação ao grupo controle.
Palavras-chave: Diabetes Tipo 2, Teste Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST),
idosos, flexibilidade cognitiva, mental e do pensamento e funções executivas.
Área conforme classificação do CNPq:
Área de Conhecimento: Ciências Humanas
7.07.00.00 – 1 – Psicologia
Subárea conforme classificação do CNPq:
7.07.07.00 – 6 – Psicologia do Desenvolvimento Humano
7.07.10.00 -7 – Tratamento e Prevenção Psicológica
ABSTRACT
The progress of health conditions is propitiating the progressive increase of longevity
and life expectancy. Studies have identified the existence of a connection between Diabetes
Mellitus and (DM) and dementia. The high blood sugar level can be a significant factor for
the incidence of Alzheimer, which could be a secondary cause for dementia. Other research
works revealed that the executive functions of the elderly with DM were more impaired than
in those without DM. Type 2 Diabetes Mellitus (DM2) is associated to cognitive and
functional deficits and, one of the tools, which can be used to assess executive functions, is
the Wisconsin Card Sorting Test (WCST). With the aim of going in depth into this subject,
this dissertation was written composed by chapters, chapter II, which deals with theoretical
revision and chapter III by an empirical study. For the performance of the theoretical
chapter, a systematic revision was performed with the aim of verifying the characteristics of
the indexed publications of the last eight years, with emphasis on the last five years, which
approach the following subjects: Type 2 Diabetes, elderly people, Wisconsin Card Sorting
Test, mental and thought cognitive flexibility, and executive functions. The key-words were
crossed in the databases of the indexers and sources, such as Index Medline, LILACS,
Psycinfo, Capes-Periodicals, Scielo, Cochrane, Proquest, Bireme and search tools of the Web
(Yahoo, Google, Altavista). The abstracts of the articles were revised and classified starting
by the dimensions of the analysis: database, year of publication, country of origin, type of
delineations, crossing of variables and results and conclusions of the studies. The treatment
of the data was done through analysis of the percentual frequencies. The results
demonstrated that studies involving DM2, elderly people and WCST are few. Chapter III
answers the research project, which gave origin to this dissertation, and objectivised the
assessment of the cognitive flexibility in older people with DM2 through the WCST. Two
hundred and fifty four (254) old people of both genders, with 60 years of age or older,
divided into 44 persons with a DM2 diagnosis and 210 old people of the control group from
the general public. The design was that of a quantitative and transversal study. The
instruments used were: socio-demographic filing cards, Wisconsin Card Sorting Test
(WCST), Mental State Mini-Exam (MMSE), Beck (BDI) Depression Inventory, Beck (BAI)
Anxiety Inventory and Geriatric Depression Scale (GDS). The Vocabulary, Coding, Digit
Span, Block Design and Wechsler Intelligence Scale for Adults III(WAIS III) sub-tests.
The results showed there were a significant difference in the performance of old people with
DM2, when compared to old people of the control group in four describers of the WCST. The
old people with DM2 showed intensity of depressive and anxiety symptoms of statistically
larger regarding the group control.
Key-words: Type 2 Diabetes, Wisconsin Card Sorting Test (WCST), old people, cognitive,
mental and thought flexibility and executive functions.
Abreviaturas:
DM: Diabetes Mellitus
DM1: Diabetes Mellitus Tipo 1
DM2: Diabetes Mellitus Tipo 2
MRI: Magnetic Resonance Imaging
WCST: Teste Wisconsin de Classificação de Cartas
11
CAPITULO I
INTRODUÇÃO
12
Esta dissertação de mestrado está inserida no Grupo de Pesquisa Avaliação e
Intervenção no Ciclo Vital, coordenado pela Professora Dr. Irani de Lima Argimon,
integrante do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS.
O progresso das condições de saúde vem propiciando o aumento progressivo da
longevidade e da expectativa de vida. Perante estas mudanças populacionais, pesquisadores
têm tido interesse pelo envelhecimento humano, acarretando uma multiplicidade de opiniões
e avaliações objetivas e subjetivas sobre a idade avançada (Amarilho & Carlos 2005).
Observa-se que, com os anos, as pessoas passam por um processo natural de envelhecimento,
gerando modificações funcionais no organismo, diminuindo a vitalidade e favorecendo o
aparecimento de doenças físicas relacionadas a esse período de vida (Nascimento, 2007).
Estudos realizados por Fauber (2006) identificam a existência de uma conexão entre
Diabetes Mellitus (DM) e demência. O índice elevado de açúcar no sangue pode ser um fator
significativo para incidência de Alzheimer, bem como uma causa secundária de demência.
Nos Estados Unidos, aproximadamente 18 milhões de pessoas têm Diabetes Mellitus Tipo 2
(DM2) e 41 milhões têm a condição conhecida como pré-diabetes. Este mesmo autor revela
que pessoas com baixo controle da DM têm de 22% a 78% mais risco de desenvolver
demência, e também, que outras pessoas portadoras de Alzheimer e sem DM mostraram uma
velocidade menor de desenvolver um declínio cognitivo importante.
Esta dissertação consta de dois capítulos sobre a temática, de acordo com a Resolução
002/2004 de 25/03/2004 do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, sendo o capítulo
II, de revisão teórica, intitulado Desempenho Cognitivo de Idosos com Diabetes Mellitus
Tipo 2 no Teste Wisconsin Classificação de Cartas (WCST)”, e o capitulo III, de natureza
empírica, “Avaliação da Flexibilidade Cognitiva em Idosos com Diabetes Mellitus Tipo 2
através do Teste de Wisconsin Classificação de Cartas (WCST)”.
13
No capítulo II, estão descritas as características das publicações indexadas nos últimos
oito anos, com maior ênfase nos cinco anos que abordam os temas: Diabetes Tipo 2, Teste
Wisconsin Classificação de Cartas (WCST), idosos, flexibilidade cognitiva, funções
cognitivas. Através de uma revisão sistemática, conduziu-se a análise das publicações
presentes nas bases de dados dos sistemas Medline, Psycinfo, Proquest e LILACS, usando os
descritores Diabetes Tipo 2, idosos, Teste Wisconsin Classificação de Cartas(WCST),
funções executivas, flexibilidade cognitiva, flexibilidade mental e flexibilidade do
pensamento além do descritor funções cognitivas. Os estudos encontrados estão dispostos em
forma de tabelas contendo o autor, o ano da publicação, a procedência do estudo, amostra,
instrumentos utilizados, resultados e conclusões dos estudos.
O capitulo III teve como objetivo verificar a flexibilidade cognitiva de idosos com
Diabetes Mellitus Tipo 2 através do desempenho no Teste Wisconsin de Classificação de
Cartas (WCST).
Posteriormente aos dois estudos, constam: as Considerações Finais e as Referências.
Em Apêndice, encontram-se: Aprovação do Projeto de Pesquisa do Comitê de Ética em
Pesquisa da PUCRS; Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e a Ficha dos Dados
sociodemográficos. Em anexo, estão incluídos Mini Exame do Estado Mental (MEEM) e
Escala de Depressão Geriátrica (GDS). Os Protocolos do Teste Wisconsin de Classificação
de Cartas( WCST), os subtestes: Vocabulário, Código, Cubos e Dígitos da Escala Wechsler
de Inteligência para Adultos-WAIS-III,o Inventário de Ansiedade de Beck(BAI) e o
Inventário de Depressão de Beck (BDI-I) não estão em anexo por serem instrumentos
protegidos por direitos autorais.
14
REFERÊNCIAS
Amarilho, C. B., Carlos, S. A. (2005). Executive-enterpriser, his retirement and the removal
from works process. Unati: Rio de Janeiro, v.8 n.1.
Fauber, J. (2006). Dementia and Diabetes: Poorly controlled insulin may contribute to.
Milwaukee Journal Sentinel, set,11.
Nascimento, R.F.L. Depressão e o desempenho cognitivo em idosos através do teste
Wisconsin classificação de cartas(WCST).[documento impresso e eletrônico]. Porto
Alegre, 2007. 64 f. Diss. (Mestrado em Psicologia) - PUCRS, Fac. de Psicologia
Dispon.:[http://tede.pucrs.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=961].
15
CAPITULO II
REVISÃO DA LITERATURA
O DESEMPENHO COGNITIVO DE IDOSOS COM DIABETES MELLITUS TIPO 2
NO TESTE WISCONSIN DE CLASSIFICAÇÃO DE CARTAS(WCST)
INTRODUÇÃO
Estudos envolvendo idosos estão crescendo nos últimos anos, demonstrado por
Argimon e Stein (2005), que referem que o envelhecimento da população é um crescente
fenômeno e precisa ser mais estudado. Esse crescimento indica estar associado à melhoria das
condições de vida, ao atendimento de saúde e ao avanço que a medicina tem alcançado nas
últimas décadas. Presume-se que crescerá em torno de 8.95% a 18.8% o percentual de
brasileiros com mais de 60 anos até o ano de 2025. Estudos da última década de Costa e
Veras (2003), referem que o número de idosos acima de 60 anos de idade, no Brasil, passou
de 3 milhões em 1960, para 7 milhões em 1975, e 14 milhões em 2002 (um aumento de 500%
em quarenta anos); e estima-se que alcançará 32 milhões em 2020. Com o aumento da idade,
torna-se comum o surgimento de dificuldades de memória associadas à doença física.
No aspecto econômico, as pessoas de Terceira Idade passam a ser vistas como
improdutivas, sendo decretada, assim, sua velhice econômica e social (Amarilho & Carlos,
2005). Passam por um processo natural de envelhecimento e, percebe-se que, no decorrer dos
anos, vão sendo geradas modificações funcionais em seu organismo, favorecendo o
aparecimento de doenças físicas relacionadas a esse período de vida (Nascimento, 2007). Os
idosos também apresentam mais problemas de saúde, como diabetes, hipertensão arterial,
problemas visuais, entre outros (Andrade, Santos & Bueno, 2004).
Uma das doenças citadas, a Diabetes Mellitus (DM), vem crescendo em conseqüência
do aumento de pessoas idosas, da ociosidade, da obesidade e do aumento de vida dos
diabéticos (Freitas, Py, Cançado & Gorzoni, 2006). A DM refere-se a uma síndrome de
distúrbio metabólico de carboidratos, que envolvem a hiperglicemia, tem origem genética é
subdividida em Diabetes Mellitus Tipo 1 ( DM1), e a Diabetes Mellitus Tipo 2( DM2).
17
A DM1 distingui-se pela destruição auto-imune celular do pâncreas, ocasionando a
deficiência da insulina. É o tipo diagnosticado, com freqüência na infância e adolescência
devido à destruição auto-imune das células beta do tipo 1A. No diagnóstico, mostra 85%
das células beta destruídas, com tendência a desenvolver cetoacidose e coma, assim como um
controle do metabolismo lábil. O tratamento demanda uma dose diária de insulina. A DM1 é
mais comum na infância e na adolescência, ainda que possa surgir em todas as idades,
firmando o diagnóstico anterior aos 30 anos de idade (Freitas et al., 2006). De todos os tipos
de DM, a prevalência da DM1 é de 15%, com tendência a cetoacidose, que é uma
complicação aguda, característica do DM1, um conjugado de distúrbios metabólicos que se
amplia em uma situação de deficiência insulínica grave ou absoluta, freqüentemente
associada a condições estressantes que ocasionam o aumento dos hormônios contra-
reguladores (Foss-Freitas & Foss, 2003).
A DM2 caracteriza-se por mais elevada prevalência em idosos e se constitui na forma mais
comum, apresentando diferentes graus de deficiência e resistência à atuação da insulina.
Consiste numa doença crônica que afeta idosos, sem apresentar tendência a cetoacidose. Em
idosos acima de 60 anos, a prevalência oscila entre 15% a 20%, com elevações nestes
percentuais em idosos com mais de 75 anos. Mais de 50% do total de pessoas com DM
mostram estar acima dos 60 anos; é uma doença que está associada ao aumento de lesões
macro e microvascular. Estudo de prevalência de DM no Brasil, em 1987, evidenciou uma
taxa de 7,6 %, sendo o Rio Grande do Sul o estado com maior taxa, com 12,1%. A
distribuição por idade foi: de 30 a 39 anos com 2,7%; de 40 a 49 anos -5,5%; de 50 a 59 anos
-12,6%; e se eleva na faixa etária de 60 a 69 anos- girando em torno de 17,4%. Assim,
mundialmente sua prevalência está crescendo, estimando-se que o número de diabéticos
deverá aumentar em de 50% até o ano de 2025 (Foss-Freitas & Foss, 2003; Ferreira et al,
2005; Lerário et al, 2008).
18
Com esses índices elevados da prevalência da DM, percebe-se que a DM2 é
conhecida por causar prejuízos cardiovasculares, retinopatia, neuropatia periférica e
enfermidades cardíacas. Nos últimos anos, houve interesse significativo em estudos sobre os
efeitos da DM no cérebro (Starr & Convit, 2007). Os pacientes com DM1, quando
comparados a controles, apresentaram déficit cognitivo e diminuição do volume cerebral.
Outro estudo com DM1 e cognição encontrou que a deficiência cognitiva orgânica observada
se caracterizava por diminuída velocidade e flexibilidade mental (Brands, Biessels, Hann,
Kapelle & Kessels, 2005).
Diante dessas deficiências ocasionadas pela DM, Fauber (2006) mostra, em seus
achados, a existência, cada vez maior da conexão entre DM e demência. O índice elevado de
açúcar no sangue pode ser tanto um fator significativo para incidência de Alzheimer, como
também, uma causa secundária de demência. Nos Estados Unidos, aproximadamente 18
milhões de pessoas têm DM2, e 41 milhões têm a condição conhecida como pré-diabetes.
DM e pressão alta, que freqüentemente estão juntas, são fatores de risco importantes e, talvez,
trabalhem juntos para causar isquemia e infartos lacunares, isquemia transitória, que são uma
contribuição para a demência. Num estudo longitudinal de oito anos com pessoas com DM2,
os resultados de pesquisas revelam que pessoas com baixo controle da glicose tinham risco de
22% a 78% de maior probabilidade de desenvolver demência. Outras pessoas portadoras de
Alzheimer e sem DM mostraram menos declínio e diminuição da velocidade do declínio.
Estudos sugerem que demência e DM2 em idosos são condições que podem estar
inter- relacionadas, mas a natureza dessa associação ainda é incerta. A causa só poderá ser
estabelecida através de uma pesquisa longitudinal, levando em consideração fatores de estudo
sobre a cognição. Em dez estudos pesquisados (Allen, Frier & Strachan, 2004) em que foi
realizada uma combinação de avaliações de domínio cognitivo específico e um diagnóstico
clínico de demência na avaliação de função cognitiva, a DM foi associada com qualquer um
19
acelerado declínio cognitivo ou uma incidência aumentada de demência em oito de nove dos
estudos baseados na população. Um destes estudos demonstrou uma relação entre DM e
deterioração cognitiva vascular, mas não com outros tipos de demência. Nenhuma associação
entre DM2 e declínio cognitivo foi demonstrada no caso-controle do estudo. Assim, estes
estudos fornecem evidências para sustentar a tese de que as pessoas com DM2 estão com
risco aumentado de deterioração cognitiva em desenvolvimento em comparação com a
população geral (Allen et al., 2004).
Do mesmo modo, a DM pode afetar o sistema nervoso central resultando em
deficiências cognitivas. Em pesquisa realizada por Brands et al. (2007) revelou-se impacto
negativo na cognição e DM2. Este estudo envolveu extensa avaliação neuropsicológica
focalizando o raciocínio abstrato, memória, atenção e funções executivas, visuoconstrução,
processamento e rapidez da informação. O objetivo era comparar dois grupos, um com DM1
e outro com DM2, com duração média de sete anos. Os pacientes com DM2 apresentaram
significativamente mais profundas lesões e atrofia cortical em IRM. Assim, os pacientes com
DM1 apresentaram um melhor desempenho ao serem pareados com pacientes com DM2 com
apenas sete anos de DM.
Déficits cognitivos, incluindo eficiência psicomotora, funcionamento executivo,
inteligência memória e aprendizagem, foram associados a DM2. Houve associação entre a
severidade da DM2 e o grau de envolvimento no cérebro através de processamento de
imagens que mostraram atrofia cortical e subcortical e aumento das lesões e prejuízo
cognitivo em DM2 (Starr & Convit, 2007). Esses estudos incluíram pacientes idosos,
principalmente com controle diabético pobre.
Estudos realizados (Abel, Stein & Pereira, 2006) com o objetivo de comparar as
funções executivas de pacientes com doença degenerativa cerebelar, com pacientes com
Doença de Parkinson, utilizando o instrumento Teste Wisconsin de Classificação de Cartas,
20
revelaram que os pacientes com doença degenerativa cerebelar mostraram desempenho pior
nos erros perseverativos e não perseverativos. Os resultados evidenciaram que os pacientes
com doença degenerativa cerebelar apresentam um padrão de disfunção pré-frontal e déficits
maiores nas funções executivas.
Na avaliação dos padrões de déficits cognitivos em idosos com DM, Qiu et al. (2006)
estudaram 290 indivíduos idosos, sendo 40% deles com DM. Os resultados evidenciaram que
as funções cognitivas dos idosos com DM estavam mais prejudicadas do que naqueles sem
DM. Um estudo realizado com idosos com mais de 70 anos com DM, utilizando Mini Exame
do Estado Mental (MEEM) e a Escala de Depressão Geriátrica (GDS), mostrou que idosos
com DM apresentam maior risco de desenvolver problemas cognitivos em relação ao grupo
controle (Munchi, Grande, Hayes & Ayres, 2006).
Para identificar precocemente declínio cognitivo em idosos, pode-se avaliar as
funções executivas, que se refere às habilidades cognitivas envolvidas no planejamento,
iniciação, seguimento e monitoramento de comportamentos complexos dirigidos a uma meta.
Na avaliação neuropsicológica, as funções executivas implicam uma variedade de funções,
como a atenção, concentração, capacidade de abstração, flexibilidade de controle mental,
autocontrole, memória operacional, seletividade de estímulos (Strauss, Sherman & Spreen,
2006).
Outra perspectiva de estudos proposta (Baudic, Dalla Barba, Thibaudet, Smagglhe &
Remy, 2006) demonstra que as funções executivas abrangem um número de habilidades
cognitivas para controlar ou gerenciar o comportamento, tal como a tomada de decisão, o
planejamento e monitoramento mental, e a iniciação do comportamento, a organização e a
inibição. Análise realizada em pacientes com Alzheimer mostra que as funções executivas
são prejudicadas precocemente na primeira fase da doença. Além disso, a memória
21
episódica, sustentação da atenção e déficits no funcionamento executivo precedem a
deterioração.
É importante considerar que, nas ultimas décadas, tem se aprofundando o estudo
sobre o papel desempenhado pelos os lobos frontais e sobre sua função, que se estende ao
controle dos processos cognitivos. Essa relação infere que os lobos frontais se encarregam de
uma função executiva. A função executiva, em termos gerais, é definida como processos que
associam idéias simples e combinam com resolução de problemas de alta complexidade
(Tiarapú-Ustrárroz & Muñoz-Céspedes, 2005).
Lezak (1995; 2004) refere que pacientes com prejuízos na área frontal apresentam
problemas de iniciativa e motivação, mostram-se incapazes de planejar metas e objetivos e
não desenham planos de ação para o objetivo desejado. Assim, o funcionamento executivo ou
controle executivo estão relacionados a uma série de mecanismos da otimização de processos
cognitivos para resolução de situações complexas (Tiarapú-Ustrárroz & Muñoz-Céspedes,
2005). Dessa forma, as funções executivas são responsáveis por controlar ou gerenciar o
comportamento, tal como a tomada de decisão, o planejamento e monitoramento mental e a
iniciação do comportamento, a organização e a inibição. Estudos mostram que em pacientes
com Alzheimer, as funções executivas são prejudicadas precocemente (Baudic et al., 2006).
A flexibilidade mental faz parte das funções executivas e é aplicada à vida prática,
possibilitando um monitoramento do comportamento para alternar o curso das ações de
acordo com os resultados obtidos. Rocca e Lafer ( 2008) colocam que a flexibilidade mental é
a capacidade para formar conceitos, que perseverações são compreendidas como reflexo do
envolvimento, ainda que funcional, do córtex pré-frontal, porque mostra falhas na memória
de trabalho e na mudança de estratégias para solução de problemas.
Para Malloy-Diniz et al. (2008, pg,198), a “flexibilidade cognitiva implica
capacidade de mudar ( alternar) o curso das ações ou dos pensamentos de acordo com as
22
exigências do ambiente”. Assim, a capacidade de modificar estratégias, o curso do
pensamento ou dos atos de acordo com as exigências externas envolve a flexibilidade
cognitiva. O Teste Wisconsin de Classificação de Cartas é um dos instrumentos mais usados
para avaliação das funções executivas e, quando ocorrem muitos erros, indica dificuldades na
flexibilidade cognitiva. O WCST é considerado uma significativa medida de flexibilidade
cognitiva, atenção e impulsividade.
Dentro desse contexto, o teste WCST é um instrumento que avalia o raciocínio
abstrato e a capacidade do individuo para gerar estratégias de solução de problemas, em
resposta a condições de estimulação mutáveis. Sua criação foi em 1948, posteriormente sendo
ampliado e revisado. Direcionado para a população geral passou a ser empregado, cada vez
mais, como um instrumento de avaliação neuropsicológica de funções executivas que
envolvem os lobos frontais (Huber et al, 1992).
Entendendo a possível presença de prejuízos funcionais no desempenho da tarefa no
WCST em idosos com DM2, este estudo objetiva verificar as características das publicações
indexadas nos anos de 2000 a 2008, com maior ênfase nos últimos cinco anos, que abordam
os temas Diabetes Tipo 2, idosos, flexibilidade cognitiva, funções cognitivas e Teste
Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST).
MÉTODO
Por meio de uma revisão sistemática (Coutinho, 2003), foi realizada a análise de
publicações presentes nas bases de dados, a partir de um levantamento dos últimos oito anos
nos indexadores e fontes Index Medline, LILACS, Psycinfo, Capes-Periódicos, Scielo,
Cochrane, Proquest, Bireme, ferramentas de busca web (Yahoo, Google, Altavista), usando
os descritores: Diabetes Tipo 2, Idosos, Flexibilidade Cognitiva, Flexibilidade Mental,
funções executivas e Teste Wisconsin de Classificação de Cartas - WCST (Diabetes Type 2,
23
old or older or old people or age elder or aging, Wisconsin Card Sorting Test WCST),
Wisconsin Card Sorting Test elderly, diabetes cognitive functions, diabetes type 2 elderly,
WCST diabetes type 2 elderly, cognitive flexibility, cognitive flexibility aged elderly,
flexibility mental elderly e Diabetes elderly. Por fim, foram avaliadas as referências dos
artigos encontrados, tendo como objetivo identificar outros estudos que não tinham sido
encontrados. Os estudos foram localizados, separados e analisados de acordo com o tema
desta pesquisa, DM2, WCST, idosos, flexibilidade cognitiva e mental e funções executivas.
A análise do material ocorreu a partir dos seguintes critérios: base de dados, ano de
publicação, país de origem, tipo de delineamento, cruzamento de variáveis, resultados e
conclusões dos estudos. Os dados foram analisados de forma descritiva através de
freqüências percentuais.
RESULTADOS
Foram identificados 6756 estudos relacionados ao tema DM, sendo muitos
descartados por não estarem relacionados com a temática desta pesquisa. Os estudos foram
reduzidos de acordo com o tema e o ano de publicação, e apenas 30 estudos usaram o
descritor “Diabetes” no seu título. Estes estudos não utilizaram no título o Teste Wisconsin
de Classificação de Cartas (Wisconsin Card Sorting Test) ou WCST, sigla pela qual o teste é
conhecido internacionalmente. Buscando pelos descritores Diabetes Tipo 2 e Idosos, foram
encontrados 948 estudos. Cruzando os descritores Diabetes Tipo 2 e Teste Wisconsin
Classificação de Cartas ou WCST foram localizados 87 estudos.
As buscas nos bancos de dados se referem aos anos de 2000 até 2008. Inicialmente,
foram localizados 6756 estudos com o descritor “Diabetes elderly”, sendo desta soma total
21,39% encontrados no LILACS, 54,69% no PubMed/Medline, 22,95% no COCHRANE e
0,97% no SciELO. Com as palavras-chave Diabetes type 2 elderly foram localizados apenas
24
3 estudos no SciELO. Assim, conforme se associaram os descritores, “WCST, Diabetes type
2, elderly”, que estão relacionados mais especificamente com este trabalho, não foi
encontrado nenhum estudo. Como pode ser observado na Tabela 1.
Tendo como objetivo identificar os estudos sobre Diabetes Tipo 2, idosos e WCST
foram usados os descritores “Diabetes, elderly, Wisconsin Card Sorting Test” nas bases de
dados, localizando-se apenas 2 estudos no período de 2000 até 2008. Os resultados podem ser
observados na Tabela 1.
Trabalhos com os descritores “Wisconsin Card Sorting Test, elderly” foram
encontrados 33 estudos, com 0,09% no LILLACS, 54,54 % no PubMed/Medline, 36,36% no
COCHRANE e nenhum estudo no SciELO. Já com as palavras- chave “Diabetes, cognitive
functions” foram localizados 64 estudos, com 0,01% no LILLACS, 32,81% no
PubMed/Medline, 62,50% no COCHRANE e 0,03%no SciELO. Também especificados na
Tabela 1. Não foram encontrados estudos envolvendo os descritores “Cognitive flexibility”,
“Cognitive flexibility aged elderly” e “ Flexibility mental elderly”
Tabela 1 Freqüência simples e percentual de publicações encontradas nas bases de
dados de 2000 até 2008, conforme os descritores específicos:
Descritores LILACS
PubMed
MEDLINE
COCHRANE
SciELO
Diabetes Elderly Wisconsin Card Sorting Test 0 0 2 0
Wisconsin Card Sorting Test elderly 3 18 12 0
Diabetes cognitive functions 1 21 40 2
Diabetes type 2 elderly 0 0 0 3
WCST Diabetes type 2 elderly 0 0 0 0
Cognitive flexibility 0 0 0 0
Cognitive flexibility aged elderly 0 0 0 0
Flexibility mental elderly 0 0 0 0
Diabetes elderly 1463 3712 1520 61
TOTAL 1467 3751 1574 66
Percentual 21,39% 54,69% 22,95% 0,97%
25
A fim de ilustrar esta revisão, foram reunidos 22 estudos na tabela 2; destes, três
estudos mais se aproximam dos objetivos do trabalho são os de: Wattari et al (2006), com
amostra de 20 participantes com DM2, 34 controles, de 30 a 80 anos de idade com
instrumento WCST. Os achados mostraram que diabéticos deprimidos mostram pior atenção,
informação e velocidade do executivo.
Outra pesquisa realizada por Seyfaddini (2006), com uma população de 50 sujeitos
com DM e 48 Controles não diabéticos, de 25 a 65 anos de idade, utilizando o WCST,
MMSE, concluíram que os problemas cognitivos eram oito vezes maiores nos participantes
com DM. No MMSE, não houve diferença significativa. Este estudo salienta o declínio
cognitivo significativo de pacientes com DM se comparados ao grupo controle. Nas bases de
dados não foram encontrados mais estudos empíricos similares a este estudo.
Finalizando, estudo envolvendo o WCST realizado por Zhao (2000), em 30 pacientes
com DM2 e 30 controles, de 40 a 60 anos, relata que os pacientes com DM2 mostraram
diminuída memória, atenção, habilidade de generalizar e flexibilidade do pensamento e,
ainda, inibição causada por hipofunção de fluxo sangüíneo cerebral frontal e temporal.
Tabela 2 Resultados das publicações encontradas dos estudos empíricos sobre DM2
associados a alterações cognitivas, no período de 2000 a 2008:
Autores/Ano/
Origem
Amostra Instrumentos de
Avaliação
Resultados
Tiehuis et al.,
2008
(Holanda)
98 com DM2
47 controles
DNART: QI pré-mórbido Comparação entre perfusão, DM e função cognitiva.
Redução total perfusão cerebral funcionamento
cognitivo prejudicado em DM2.
Brands et al.,
2007,
(Netherlands)
40 DM1
40 DM2
Raven, WAIS-III,
B.Corsi, Stroop, RAVLT,
LLT, ROCFT, TMT-A e
B, BSAT, FV
Pacientes com DM2 apresentaram significativamente
lesões mais profundas e atrofia cortical em MRIs.
Assim, os pacientes com DM1 apresentaram um
melhor desempenho ao serem pareados com pacientes
com DM2 com apenas sete anos de DM.
Bruehl et al.,
2007
(Alemanha)
30 com DM2,
30 controles
43 a 74 anos
CVLT, DS do WMS-R,
CWAT, HAM-D Stroop,
DSS, WAIS-R
A DM2 mostrou déficits na memória declarativa. O
hipocampo é prejudicado.
Gold et al.,
2007(USA)
23 DM2
23 controles
45 a 70 anos
CVLT, DS, WMS-R,
IDPR, GMT, PST, SILS
DM2 associado à redução precoce do hipocampo.
DM1 e DM2 interferem na cognição e cérebro.
Aumentada atrofia e déficits cerebrais, de velocidade
26
de processamento, inteligência e atenção. DM2
mostra a deterioração de memória e a velocidade de
processo verbal, atenção e velocidade psicomotora.
Harten et al.,
2007 (Holanda)
45 DM2 HAS
45 DM2
44 controles
média: 73 anos
MRI, WML
(neuroimagem)
Tendência para pontuações de atrofia mais altas em
DM2 em relação aos controles. DM2 é um fator de
risco independente na idade avançada.
Harten et al.,
2007 (Holanda)
92 DM2
44 controles,
média: 73 anos
MRI, WML
(neuroimagem)
Duração da DM2 significativamente associada à
deficiência orgânica cognitiva, diminuída função
cognitiva em domínios cognitivos diferentes,
memória menos afetada.
Verdelho et al.,
2007 (Portugal)
638 DM
Média: 74 anos
MMSE, VADAS-Cog,
Stroop, TMT
Funcionamento executivo pior, atenção, velocidade e
controle motor. DM interfere no funcionamento
executivo. Necessidade de controlar fatores de risco
a fim de prevenir o declínio cognitivo em idosos.
Arvanitakis et
al., 2006
(USA)
127 DM
824 controles
> 55 anos
WLM, WLR, WLR,
CERAD, M: WMS, EBS,
VF, VT, JLO, NART,
SPM, DS
Estudos sugerem que a DM está associada a declínio
nas funções cognitivas em idosos.
Arvanitakis et
al., 2006
(USA)
116 com DM2,
766 controles
idosos
CERAD, Raven, M.
Lógica 1 e 2 (WMS),
EBS, NC BNT, BNT, RT,
FV, Dígitos, PS, Stroop,
SMDT
Resultados sugerem que DM2 está associada com
deterioração cognitiva, especialmente em memória
semântica e velocidade perceptiva.
Munshi et al.,
2006 (USA)
60 com DM2,
70 a 93 anos
MEEM, CDT, CIB, GDS Déficits nas áreas de eficiência psicomotora, cognição
global, memória episódica, semântica e de trabalho.
Anormalidades em funções cognitivas mediadas por
lobo frontal (funções executivas), comportamentos
complexos: resolução de problemas, planejamento,
organização, perspicácia, raciocínio e atenção.
Suzuki et al.,
2006 (Japão)
13 DM2
65 a 77 anos
MMSE, Word List,
ADAS, DST: WAIS-R,
Stroop
Idosos com DM2 com glicemia elevada mostraram
escores menores no MMSE.
Seyfaddini,
2006 (Irã)
50 DM e 48
Controles,
25 a 65 anos
WCST, MMSE Problemas cognitivos eram oito vezes maiores nos
pacientes com DM. No MMSE não houve
diferença significativa. Estudo confirma o declínio
cognitivo.
Watari et al.,
2006 (USA)
20 com DM2
34 controles
30 a 80 anos
WCST, MMSE, Stroop,
RMT, TMT-A/B, D, S,
CB, SNL, PS, RM,
CVLT, Rey-O, HAM-D,
FAZ RMT, CVFT
Diabéticos deprimidos mostram pior atenção,
informação e velocidade cognitiva.
Kuo et al.,
2005
( EUA)
2.802
65 a 94 anos
DSST A hipertensão e DM são associados com acelerado
declínio executivo. Precisa determinar se modificação
de risco cardiovascular melhora declínio cognitivo e
funcional nas pessoas de idade avançada.
Hassing et al.,
2004 (USA)
36 com DM2
238 controles
80 a 93 anos
MEEM, DSS, PMT,
Dígitos, Cubos do WAIS-
R, P. Speed, MR IT, VM,
M. Lógica da WMS
A conclusão que DM2 é associada com acelerado
declínio cognitivo em idosos que resultar em
demência. DM2 como associado com risco
aumentado de declínio cognitivo em idoso.
Kanaya et al.,
2004 (USA)
999 sujeitos de
42 a 89 anos
MEEM, FV, TMT-B Mulheres com DM mostram acelerado declínio
cognitivo e na memória semântica, observado através
de um estudo de coorte. Controle da glicose previne e
poderia melhorar o declínio.
27
Bruce et al.,
2001
(Australia)
63 com DM2
> de 70 anos
MEEM, IQCODE Taxa alta de demência nas pessoas idosas com DM
pode ser explicada pela alta de hipertensão nesta
amostra.
Mogi et al.,
2003 (Japão)
69 DM2
27 Controles
60 a 85 anos
MMSE, WLR, DST,
Stroop, WTH
Idosos japoneses com DM2, especialmente os que
fazem uso de insulina, apresentaram função cognitiva
pobre.
Cosway et al.,
2001 ( Europa)
38 DM2
38 controles
40 a 75 anos
NART, RAVEN, WMS-
R, AVLT, BVF, I.T.,
VCD,
Duração DM2 correlaciona-se significativamente a
medidas mais baixas de memória. Hipertensão e
depressão podem contribuir precocemente para o
declínio cognitivo.
Grodstein et
al., 2001(USA)
82 com DM2,
2.374 total
70 a 78 anos
MEEM, TICS, EBMT,
FV
Mulheres com DM2 pontuaram menos nos testes
cognitivos do que as sem DM. DM2 relacionada a
pontuações mais baixas em vários aspectos da função
cognitiva. A duração da diabete pode ser associada
com pontuações mais pobres.
Sinclair et al.,
2000
(Austrália)
396 DM, 393
Controles
> 65 anos
MMSE,Clock Drawing
Test
Idosos com DM2 mostram significativa deficiência
orgânica cognitiva associada com habilidade mais
pobre da própria doença e maior dependência.
Avaliação de rotina na cognição em idosos com DM é
recomendada.
Zhao, 2000
(China)
30 DM2,
30 Controles
40 a 60 anos
WCST, WAIS-R, WMS-
R, TMT-A
Diminuída memória, atenção, habilidade de
generalizar e flexibilidade do pensamento. Inibição
causada por hipofunção de fluxo sangüíneo
cerebral frontal e temporal.
Notas = ADAS:Alzheimer’s Disease Assessment Scale; ADL: Instrumental Activities of Daily Living; ADL: Activities
of Daily Living; AVLT: Rey Auditory Verbal Learning Test; BDAE: Boston Diagnostic Aphasia Examination; BNT:
Boston Naming Test; BVFT: Borkowski; BVRT: Benton Visual Retention Test; CERAD: Consortium to Establish a
Registry for Alzheimer’s Disease; BSAT: Brixton Spatial Anticipation Test; CDT: Clock-Draving Test ; CIB: Clock-in-a-
box; CNTAB: Cambridge Neuropsychological Test Automated Battery; CVAT:Controlled Words Association Test; CVLT:
Califórnia Verbal Learning Test; CRT: Choice Reactikon Time; DM: Diabetes Mellitus; DM1: Diabetes Mellitus Tipo 1;
DM2: Diabetes Mellitus Tipo 2; DNART (QI): Dutch National Adult Reading Test ; DS: Digit Span da WMS; DR:
Desenho do Relógio; DSST ou DSS:Digit Symbol Substituition Test ( WAIS-R); DST: Digit Symbol Test; DAS: Disease
Assessment Scale; EBS: East Boston Story; EBMT: East Boston Memory Test; ERPs: Event Related Potentials; FSR:
Framingham Stroke Risk; FV: Fluência Verbal; GDS: Escala de Depressão Geriátrica; GMT: Guild Memory Test; HAM-
D: Hamilton Depression Scale; IQCODE: Informant Questionnaire for Cognitive Decline in the Elderly; IT: Information
Task; I.T.: Inspection Time; JLO: Judgment of Line Orientation; LLT: Location Learning Test; LSOA II: Second
Longitudinal Study; MDRS: Mattis Dementia Rating Scale; MV: Memória Verbal; MEEM:Mini Exame do Estado Mental;
MR: Memory-in-Reality; NART: National Adult Reading Test; NC: Number Comparison; PST ou P. Speed: Perceptual
Speed Test; PMT: Picture Memory Test; PS: Procurar Símbolos -WAIS-III; RDT: Rosen drawing Test; Rey-O: Rey-
Osterrrieth Complex Figure; RT:Reading Test; RVAT: Rey Verbal Auditory Test; SRT: Selective Reminding Test; SILS:
Shipley Institute of Living Scale; SDMT: Symbol Digit Modalities Test; SPM: Standard Progressive Matrices; TAAVR:
Teste de Aprendizado Auditivo Verbal de Rey; TICS: Telephone Interview for Cognitive Status; TMT- B: Trail Making Test
Parte B; TMT-A: Trail Making Test Parte A; VCD: Visual Change Detection; VFT: Verbal Fluency Test; VLT: Verbal
Learning Test; VMT:Verbal Meaning Test; VT: Vocabulary test; WAIS-R: Escala de Inteligência Wechsler-Revisada;
WCST: Wisconsin Card Sorting Test; WMS-R:Escala Wechsler de Memória Revisada; WLM: Word List Memory; WLR:
Word List Recall; WLR: Word List Regnition.
Na tabela 3, foram reunidos estudos de revisão considerando os indivíduos com DM2
associada a alterações quanto ao declínio cognitivo, risco de demência e risco a depressão.
Estes estudos também referem funções de memória verbal, aprendizagem, eficiência
psicomotora.
28
Tabela 3 Resultados dos estudos de revisão de literatura sobre DM2 e alterações
cognitivas relacionadas aos anos de 2000 até 2008:
Autor(s) Ano
Origem
estudo
Resultados
Biessels 2008 USA A natureza e severidade de DM2 relacionada com mudanças na
função cognitiva foram esclarecidas. Risco de declínio cognitivo
acelerado e demência atribuída a DM.
Kodl e Seaquist 2008 EUA A deficiência orgânica pode ser listada como uma das muitas
complicações da DM, junto com retinopatia, neuropatia, nefropatia, e
doença cardiovascular. A deficiência orgânica cognitiva é
parcialmente compreendida.
Aszalós 2007 Hungria DM2 risco aumentado de Doença de Alzheimer. Prevalência de
depressão é mais alta em pacientes com DM e depressão é um fator de
risco para DM. Presença simultânea de DM e depressão tendem a
piorar o curso de ambos.
Biessels 2007 Holanda DM pode levar a complicações em longo prazo no cérebro. Alterações
no funcionamento cognitivo. Deteriorações da cognição acontecem
acima de 65 anos.
Starr e Convit 2007 USA Efeitos da DM2 no cérebro estão tornando um tópico de grande
interesse. Resistência de insulina e de DM2 são associadas com
deteriorações na cognição e anormalidades em neuroimagem,
independente de comorbidades como hipertensão.
Sakurai e
Yokono
2006 Japão Atrofia subcortical nos lobos parietais e tálamo, que constituem
preditores de deficiência cognitiva orgânica na DM em idade
avançada. Deficiência cognitiva nos aspectos de atenção, memória,
velocidade de informações e memória de trabalho.
Fauber 2006 USA Piora e acelera Doença de Alzheimer, maior probabilidade
desenvolver demência.
Kouta 2006 Japão Declínio cognitivo associado a DM como uma importante
comorbidade. Controle da hiperglicemia para manter cérebro
saudável.
Van den Berg et
al.
2006 USA Associação entre DM2 e deficiência cognitiva e demência em DM2
foram tratados estatisticamente. DM associado ao risco de demência.
Bauduceau 2005 França DM contribui para declínio cognitivo, e quanto maior, mais alta a
gravidade maior de eventos cerebrais, de demência e de AVC.
Messier 2005 USA DM associada a prejuízos nos processos cognitivos em idosos
apressam a progressão para demência. Os déficits cognitivos mais
comuns são diminuições em processo velocidade e memória verbal,
que pode se estender para outros aspectos da cognição com o avanço
da idade. Depois de 70 anos, DM parece produzir declínio cognitivo
mais rápido e pode aumentar a ocorrência de mudanças patológicas
associadas com doença da demência vascular ou Alzheimer.
Allen 2004 Europa E estudos longitudinais sustentam a visão de que as pessoas com DM
estão em risco aumentado de desenvolver deterioração cognitiva
comparado à população geral. Isto pode ser relacionado à duração da
29
DM.
Awad 2004 USA DM2 que mantém controle, tem impacto menor nas funções
cognitivas antes da idade de 70 anos. Pobre controle e a presença de
doença micro e macrovascular pode interagir produzir primeiros
déficits cognitivos em idosos (acima de 70 anos). DM provavelmente
interage com outros processos da doença vascular e Alzheimer e
acelerar o declínio cognitivo.
Wild 2004 Austrália A prevalência de DM para todas as idades-grupo mundiais estimados
era de 2.8% em 2000 e 4.4% em 2030. O número total das pessoas
com DM é projetado para 171 milhões em 2000 a 366 milhões em
2030. A prevalência de DM é mais alta em homens do que em
mulheres, mas existem mais mulheres com DM que homens. Os
países em desenvolvimento apresentam uma expectativa de dobrar
entre 2000 e 2030. Indicam que a “epidemia de diabete” continuará
enquanto que os níveis de obesidade permanecerem.
Sastre e Evans 2003 USA Declínio cognitivo mais cedo que as pessoas saudáveis. Testes futuros
deveriam incluir medidas de função cognitiva como resultado.
Asimakopoulou
e Hampson
2002
Inglaterra DM2 associada com declínio cognitivo. Declínio nos aspectos da
função cognitiva, como: memória verbal, aprendizagem, eficiência
psicomotora e funcionamento cognitivo.
Biessels et al. 2002 Europa DM como fator de risco para declínio cognitivo e demência em idoso.
Desafio das próximas décadas será para desvendar a interação
complexa entre os mecanismos de envelhecer e DM.
Buscando artigos publicados no idioma português, foram localizados 5 estudos desde
o ano de 2002. Hamdan e Bueno (2005) compararam e relacionaram o desempenho de idosos
com comprometimento Cognitivo Leve e Demência do Tipo Alzheimer em testes de funções
executivas e de memória episódica verbal. Foram utilizados os testes para avaliação das
funções executivas: Wisconsin Card Sorting Test, Random Number Generation, Trail Making
Test, Reading Span Test, Brow-Peterson Test e Fluência Verbal semântica e fonológica.
Treze idosos do grupo controle foram equiparados quanto à idade e escolaridade com nove
idosos com comprometimento Cognitivo Leve e oito idosos com Demência Tipo Alzheimer.
Nos resultados, foram encontradas diferenças e associações estatisticamente significativas em
relação aos testes de funções executivas entre os grupos pesquisados. No Wisconsin Card
Sorting Test, o número de categorias completadas pelos idosos controles foi
30
significativamente maior em relação aos idosos com Demência do Tipo Alzheimer, mas não
em relação aos idosos com Comprometimento Cognitivo Leve.
A segunda publicação nacional identificada nestes últimos cinco anos teve como
objetivo a associação entre dependência de cocaína e crack e desempenho cognitivo, de
Cunha et al. (2004). Uns dos instrumentos utilizados foram: Wisconsin Card Sorting Test
WCST, Vocabulário - gitos Diretos - DD e Dígitos Indiretos DI WAIS-R, Trail Making
Test - TMT, Stroop Color Word Test SCWT e Buschke Selective Reminding Test BSRT.
Estes instrumentos foram aplicados em 15 dependentes de cocaína, em abstinência por duas
semanas, em tratamento em regime de internação, e em 15 sujeitos controles, não usuários de
drogas, pareados por idade, sexo, escolaridade, nível socioeconômico, lateralidade e QI.
Achados preliminares mostraram significação estatística ( p<0,05) em testes capacidade de
aprendizagem, funções executivas, de atenção, fluência verbal, memória visual e memória
verbal. O estudo mostrou alterações no desempenho dos pacientes dependentes de
cocaína/crack no WCST. Os resultados indicaram que o abuso de cocaína está associado a
déficits cognitivos, semelhantes aos que ocorrem em transtornos cognitivos, possivelmente
relacionados a problemas em áreas cerebrais temporais e pré-frontais.
O terceiro artigo nacional utilizando o WCST contou com uma amostra de 32
indivíduos com tentativa de suicídio, pareados a 32 indivíduos sem história de tentativa de
suicídio. Keller e Werlang (2005) buscaram avaliar a flexibilidade para resolução de
problemas em indivíduos que tentaram suicídio. Os instrumentos utilizados foram: Teste
Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST), MINI- Mini-International Neuropsychiatric
Interview, Teste de Stroop de Cores e Palavras, BHS- Escala de Desesperança de Beck,
subtestes Vocabulário, Cubos e Códigos (WAIS-III). No Teste Stroop e nas categorias do
WCST dos sujeitos com tentativa de suicídio, os escores foram inferiores. Os achados
mostraram que tentadores de suicídio apresentam maiores níveis de desesperança, menos
31
flexibilidade para resolução de problemas do que os indivíduos sem história de tentativa de
suicídio; o que demonstra uma associação entre a desesperança e a deficiência na
flexibilidade para resolução de problemas.
O quarto artigo que utilizou o teste Wisconsin de Classificação de cartas foi de Abel
et al. (2006), buscou comparar as funções executivas de pacientes com Doença de Parkinson
e com pacientes com doença degenerativa cerebelar. Os resultados indicaram que os
pacientes com doença degenerativa cerebelar evidenciaram desempenho pior nos erros não
perseverativos e perseverativos. Os achados mostraram que os pacientes com doença
degenerativa cerebelar apresentam déficits maiores nas funções executivas e disfunção pré-
frontal.
O quinto artigo publicado no Brasil utilizando o WCST ( Rigoni et al, 2007), teve
como objetivo comparar o desempenho das funções cognitivas de 30 usuários de maconha e
30 não usuários de 14 a 17 anos de idade. Foi utilizado também, entrevista estruturada, o
Screening Cognitivo (WISC-III e WAIS-III) e as Figuras Complexas de Rey. Os resultados
mostraram que houve diferença estatisticamente significativa no desempenho dos dois grupos
em todos os instrumentos aplicados, com maior prejuízo no desempenho do WCST e do
subteste Códigos ( WAIS-III e WISC-III).
Na literatura internacional, o levantamento sobre estudos utilizaram o Teste
Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST) mostrou que os idosos com DM tendem a
apresentar prejuízos significativos, sustentando a hipótese da existência da relação entre DM
e deficiência orgânica (Seyfaddini, 2006). As deteriorações cognitivas caracterizam-se,
especialmente, por diminuída velocidade mental e flexibilidade mental. O estudo de coorte
foi realizado para distinguir a relação da DM e disfunção cognitiva em um grupo de
participantes com DM2 e 48 do grupo controle, sem a enfermidade. Os instrumentos do
estudo foram o WCST e o MEEM. No MEEM, não mostrou diferença significativa entre os
32
dois grupos. No WCST os diabéticos mostraram pior desempenho. Os achados identificaram
que os problemas cognitivos eram oito vezes maiores nos Diabéticos do que no grupo
controle.
Foram encontrados quatro trabalhos sobre Teste Wisconsin Classificação de Cartas e
DM2, a partir de 2004, porém nenhum deles abordou a temática, WCST, DM2 e idosos. O
estudo que mais se aproxima é o do Watari et al. (2006) que buscou avaliar as funções
executivas em adultos com DM2 e depressão maior. Os sujeitos estudados foram adultos de
30 a 80 anos de idade, com DM e depressão (idade média 57,90 –DP 11,14), com DM sem
depressão (idade média= 58,90 DP= 9,20) e grupo controle (idade média 61,03 DP-14,76).
Para o diagnóstico de Depressão, foram utilizados os critérios do DSM-IV. Os resultados
apontaram diferenças significativas no funcionamento cognitivo global, mostrando
deficiência cognitiva maior que nos controles.
Em estudo anterior a 2004, em que foram utilizados os instrumentos Stroop Color-
Word Test, Trail Making Part B, Wisconsin Card Sorting Test, and Word and Category
Fluency, Delano-wood e Lisa Marie (2002), para a avaliação da relação entre flexibilidade
cognitiva depressão e ansiedade em idosos, cujos participantes foram 281 idosos, com idades
entre 55 a 86 anos, os resultados apontaram que depressão e a idade predizem
significativamente a inflexibilidade cognitiva.
Na avaliação dos padrões de déficits cognitivos em idosos com DM, Qiu et al. (2006)
apresentam um estudo em 290 sujeitos, sendo 40% destes com DM. Os resultados mostraram
que as funções executivas dos idosos com DM estavam mais prejudicadas do que naqueles
sem DM. Na avaliação da memória, os idosos com DM também mostraram declínio,
sugerindo deficiências frontais orgânicas, que podem estar associadas à doença
microvascular, que a DM pode fazer. Um estudo realizado em idosos com mais de 70 anos
com DM, utilizando MMSE e Escala de Depressão Geriátrica, concluiu que idosos com DM
33
apresentam risco de desenvolver problemas cognitivos, e, em relação ao grupo controle, os
diabéticos mostraram disfunção executiva (Munchi, Grande, Hayes & Ayres, 2006).
É importante destacar que as publicações em que são utilizados os descritores Teste
Wisconsin de Classificação de Cartas-WCST, idosos, DM2 são muito reduzidas. A partir dos
resultados desta revisão, foram encontrados na literatura apenas três estudos que atendiam
aos descritores associados. A maioria dos estudos foi descartada por estes não estarem
relacionados com o objetivo aqui proposto; porém, as tabelas que ilustram este estudo
mostram, mesmo através de outros instrumentos, até mesmo de neuroimagem, que a DM2
causa prejuízos significativos nas funções cognitivas.
Nesses últimos cinco anos, foram identificados cinco estudos brasileiros sobre o teste
Wisconsin de classificação de cartas. A maioria utilizou delineamento transversal. A partir do
ano de 2002, estudos de caso controle foram predominantemente desenvolvidos utilizando o
teste Wisconsin de Classificação de Cartas em idosos com DM2.
Quanto aos estudos encontrados na literatura internacional envolvendo DM2, todos
demonstram estar esta associada à disfunção cognitiva em algum grau, mesmo que não
tenham sido encontrados estudos com a mesma população aqui estudada, e com o
instrumento WCST. Entretanto, foram utilizados outros instrumentos de avaliação que
identificaram prejuízos nas funções cognitivas associadas com a DM2 em populações de
idades diferentes. Dentre os prejuízos mais evidenciados nos estudos, (Tiehuis, Vincken, Van
Der Berg, Hendrikse, Manschot & Mali, 2008) mencionam o funcionamento cognitivo
prejudicado, lesões e atrofia cortical (Brands, Biessels, Haan, Kapplle & Kessels, 2007),
hipocampo prejudicado e memória declarativa (Bruehl, Rueger, Dziobeck, Sweat, Tirsi &
Javier, 2007).
34
Outros estudos identificados ( Harten, Osterman, Loon, Scheltens & Weisntein,
2007), envolvendo idosos com idade média de 73 anos, mostram que a DM é um fator de
risco para diminuição da função cognitiva. Aumento de atrofia, redução do hipocampo,
déficits cerebrais, de velocidade de processamento, memória, inteligência, atenção, além de
reduzida velocidade psicomotora e velocidade de processamento verbal foram identificados
quando comparados a grupos controles (Gold, Dziobek, Sweat, Tirsi, Rogers & Bruehl, 2007;
Verdelho, Madureira, Ferro, Basile, Chabriat & Erkinjuntti, 2007).
Finalizando, um estudo, utilizando o MEEM e GDS ( Munschi, Grande, Hayes,
Ayres, Kuzuya & Shimokata, 2006) em idosos de 70 a 93 anos com DM2, encontrou déficits
nas áreas de eficiência psicomotora, memória semântica, episódica e de trabalho, assim como
anormalidades nas funções executivas relacionadas a comportamentos complexos, como a
resolução de problemas, planejamento, organização, perspicácia raciocínio e atenção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir desta busca, no que tange ao objetivo proposto neste trabalho, que é verificar
as características das publicações sobre o desempenho cognitivo de idosos com DM2 através
do Teste Wisconsin de Classificação de Cartas-WCST, os estudos apontaram para um
prejuízo na performance em idosos com DM2.
Na análise da temática pesquisada, observou-se que a maioria dos abstracts
identificados não apresenta clareza quanto à metodologia empregada; muitos não descrevem
os instrumentos utilizados, idade da amostra; enfim, a metodologia não está explicitada; o
que limitou o passo inicial de uma revisão.
No que se relaciona aos estudos empíricos encontrados, mesmo utilizando outros
instrumentos, mostrou-se comprometimento em muitas funções. Isso indica que, mesmo sem
35
a utilização do WCST, os achados destes outros instrumentos apontam para algum tipo de
funcionamento cognitivo prejudicado em estudos envolvendo a DM2.
Nos estudos revisados, a maioria mostrou um grau de comprometimento relacionado
com as funções cognitivas, ou seja: flexibilidade do pensamento, atenção, memória de
trabalho, sugerindo, inclusive, que a DM2 acelera o processo de deterioro, aumentando a
possibilidade de desenvolver demência. Também se denotou que a prevalência de depressão é
mais elevada em idosos com DM2; assim, também, muitas outras complicações físicas foram
identificadas.
36
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42
CAPITULO III
ESTUDO EMPÍRICO
AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE COGNITIVA EM IDOSOS COM DIABETES
MELLITUS TIPO 2 ATRAVÉS DO TESTE WISCONSIN DE CLASSIFICAÇÃO DE
CARTAS (WCST)
43
AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE COGNITIVA EM IDOSOS COM DIABETES
MELLITUS TIPO 2 ATRAVÉS DO TESTE WISCONSIN DE CLASSIFICAÇÃO DE
CARTAS(WCST).
Melhores condições de saúde frente ao avanço da ciência nos últimos anos fazem com
que, conseqüentemente, haja um significativo aumento da expectativa de vida,
principalmente no Brasil. A proporção de pessoas que alcançavam 60 anos de idade era de
25%, passando em 1990, para 78% de mulheres e 65% de homens. Presume-se que crescerá
em torno de 8.95% e 18.8% o percentual de brasileiros com mais de 60 anos até o ano de
2025. Com a demanda do crescimento da população de idosos, é imprescindível o
crescimento de serviços direcionados para esta população. Os idosos também apresentam
mais problemas de saúde física, como Diabetes, hipertensão arterial, problemas visuais, entre
outros (Andrade, 2004).
Entre os problemas de saúde física, a Diabetes Mellitus (DM) vem crescendo em
conseqüência do aumento de pessoas idosas, da ociosidade e da obesidade (Freitas, Py,
Cançado & Gorzoni, 2006). A DM refere-se a uma síndrome de distúrbio metabólico de
carboidratos, que envolvem a hiperglicemia. As duas mais relevantes que têm origem
genética são a Diabetes Mellitus Tipo 1 ( DM1), e a Diabetes Mellitus Tipo 2( DM2).
A DM1, ainda que possa se desenvolver em todas as idades, é o tipo diagnosticado,
com freqüência na infância e na adolescência devido à destruição auto-imune das células beta
do tipo 1A. Distingui-se pela destruição auto-imune celular do pâncreas, ocasionando a
deficiência da insulina. No diagnóstico, se mostram 85% das células beta destruídas, com
tendência a desenvolver cetoacidose e coma, assim como um controle do metabolismo lábil.
O tratamento demanda em dose diária de insulina, e o diagnóstico anterior firma-se antes dos
30 anos, ainda que possa surgir em todas as idades (Freitas et al., 2006). De todos os tipos de
44
DM, a prevalência da DM1 é de 15%, com tendência a cetoacidose, que é uma complicação
aguda, característica do DM1, um conjugado de distúrbios metabólicos que se amplia em
uma situação de deficiência insulínica grave ou absoluta, freqüentemente associada a
condições estressantes, que ocasionam o aumento dos hormônios contra-reguladores ( Foss-
Freitas & Foss, 2003).
A DM2 se apresenta com diferentes graus de deficiência e resistência à atuação da
insulina; caracteriza-se por mais elevada prevalência em idosos e se constitui na forma mais
comum da DM. Consiste numa doença crônica que afeta idosos, sem apresentar tendência à
cetoacidose. Em idosos acima de 60 anos, a prevalência oscila entre 15% a 20%, com
elevações nestes percentuais em idosos com mais de 75 anos. Mais de 50% do total de
pessoas com DM mostram estar acima dos 60 anos; é uma doença que está associada ao
aumento de lesões macro e microvascular. Estudo de prevalência de DM no Brasil em 1987
evidenciou uma taxa de 7,6 %, sendo o Rio Grande do Sul o estado com maior taxa, com
12,1%. A distribuição por idade foi: de 30 a 39 anos- com 2,7%; de 40 a 49 anos - 5,5%; de
50 a 59 anos -12,6% e se eleva na faixa etária de 60 a 69 anos, girando em torno de 17,4%
(Foss-Freitas & Foss, 2003).
Assim, a DM2, que acomete os idosos e também causa prejuízos relacionados ao
declínio cognitivo, vem sendo uma das grandes preocupações de saúde. Nos diabéticos,
mesmo sem um quadro claro de demência, certos domínios cognitivos podem ser
prejudicados, como atenção, memória, funções executivas e lobo frontal (deficiência
cognitiva e diabetes). Recentes estudos epidemiológicos (Kouta, Sakurai & Yokono, 2006)
salientam que a DM aumenta os riscos tanto para doença de Alzheimer como para demência
vascular. A DM pode induzir uma variedade de declínio cognitivo e fazer sérios danos no
cérebro por vários mecanismos. Existem evidencias que indicam correlação biológica entre o
metabolismo de glicose no cérebro e o declínio cognitivo. A maior parte dos problemas a
45
serem resolvidos é identificar o mecanismo de deficiência cognitiva orgânica diabética que
leva a demência. Diabéticos com idade avançada, com tratamento efetivo de diabete,
dificilmente apresentam declínio cognitivo grave. Dessa forma, declínio cognitivo e a DM é
considerado como importante comorbidade da diabete na idade avançada, e, é exigido
gerenciamento de hiperglicemia em longo prazo para sustentar uma função cerebral saudável.
Diante dos prejuízos cognitivos causados pela DM, relacionados com as funções
executivas e lobo frontal, Lezak (1995, 2004) salientou que pacientes com área frontal
afetada apresentavam problemas de iniciativa e motivação, mostravam-se incapazes de
planejar metas e objetivos e não desenhavam planos de ação para o objetivo desejado. Assim
o funcionamento executivo ou controle executivo fazem referência a uma série de
mecanismos implicados na otimização de processo cognitivos para resolução de situações
complexas (Tiarapú-Ustrárroz & Muñoz-Céspedes, 2005).
Uma das habilidades que integram as funções executivas se refere à flexibilidade
cognitiva, que Malloy-Diniz, Sedo, Fuentes e Leite (2008, pg,198) definem: “flexibilidade
cognitiva implica capacidade de mudar ( alternar) o curso das ações ou dos pensamentos de
acordo com as exigências do ambiente”. Assim, a capacidade de modificar estratégias, o
curso do pensamento ou dos atos, de acordo com as exigências externas, envolve a
flexibilidade cognitiva. O Teste Wisconsin de Classificação de Cartas é um dos instrumentos
mais usados para avaliação das funções executivas, e, quando ocorrem muitos erros, indica
inflexibilidade cognitiva. O WCST é considerado uma significativa medida de flexibilidade
cognitiva, atenção e impulsividade.
Flexibilidade mental, referida por Rocca e Lafer (2008), consiste em uma função cujo
uso aplicado à vida prática possibilita um monitoramento do comportamento para alternar o
curso das ações de acordo com os resultados obtidos; flexibilidade mental é a capacidade para
formar conceitos, e perseverações são compreendidas como reflexo do envolvimento, ainda
46
que funcional, do córtex pré-frontal, porque mostra falhas na memória de trabalho e na
mudança de estratégias para solução de problemas.
Um instrumento freqüentemente utilizado para avaliação de pessoas com disfunção
frontal, pela sua especificidade para lesões nesta região do cérebro, relacionadas com a
flexibilidade mental, cognitiva ou do pensamento e funções executivas é o Teste Wisconsin
de Classificação de Cartas (Wisconsin Card Sorting Test WCST), que foi originalmente
desenvolvido para avaliar habilidade de abstração e de mudar de uma linha de pensamento
para outra. Considerado um instrumento sensível para avaliar funções executivas, o WCST é
citado freqüentemente. Pessoas com lesões no Córtex Pré-Frontal lateral cometem
freqüentemente erros de perseveração no Teste WCST, que são explicados por dificuldades e
ações não relevantes que são automaticamente ativados tanto para inibir, quanto para escolher
o elemento ou a ação relevante (Andrade, Santos & Bueno, 2004).
Estudos de Wattari, Letamendi, Thompson-Elderkin, Haroon, Miller e Darvin (2006)
objetivaram avaliar idosos com DM2, com e sem depressão, utilizando o WCST. Na amostra
foram comparados 20 idosos com DM2 e depressão, 20 idosos com DM2 sem depressão e 34
controles sem diabete ou depressão. A idade variou de 30 a 80 anos, mas os estudos
enfatizaram os pacientes acima de 65 anos. Os resultados apontaram que os pacientes
diabéticos mostraram mais comorbidades médicas em relação aos controles. Os pacientes
com DM2 e depressão associadas apresentaram déficit cognitivo maior do que os controles
saudáveis. Controles com DM2 mostraram muitos déficits executivos. O padrão dos déficits
cognitivos sustenta prejuízos subcorticais frontais.
O WCST avalia a capacidade de abstração e flexibilidade cognitiva, resolução de
problemas, habilidade para mudar de categoria, formação de hipóteses, planejamento e
formação de conceitos. É um instrumento de avaliação que tem demonstrado sensibilidade
para identificar disfunções neuropsicológicas implicadas com a área pré-frontal dorsolateral,
47
como a inibição de resposta nos comportamentos inflexíveis. A dificuldade da tarefa consiste
na existência de três critérios de classificação diferentes: cor, forma e número, que não são
conhecidos pela pessoa e que se mantêm até o momento em que alcançam dez respostas
corretas, as quais se modificam progressivamente de forma automática. No decorrer da
testagem, é proporcionado à pessoa feedbeck visual e auditivo, que lhe informa se sua
resposta está correta ou errada. Os resultados são medidos através da quantidade de
categorias completadas, respostas corretas e número de erros(Heaton, 1993; Cunha, 2005).
Assim sendo, os estudos relatados confirmaram a hipótese de que a DM2 está
associada com comprometimento cognitivo, mais especificamente com a flexibilidade
cognitiva nos idosos testados. Além disso, as dificuldades executivas, como iniciativa,
planejamento e flexibilidade mental também apresentaram declínio. O objetivo deste estudo
foi avaliar a flexibilidade cognitiva de idosos com DM2 através do teste WCST.
MÉTODO
a) Delineamento
O enfoque metodológico foi uma pesquisa descritiva do tipo quantitativo com
delineamento transversal, de comparação de grupos e de amostra por conveniência.
b) Participantes
A amostra foi constituída por 254 idosos, de ambos os sexos, com idade igual ou
superior a 60 anos, sendo 44 idosos com diagnóstico de DM2 e 210 idosos de ambos os sexos
do grupo controle da população geral, conforme cálculo amostral, considerando 95% de
confiança. Conforme estudos de Foos-Freitas e Foss (2003) a partir dos 60 anos aprevelência
de DM2 é em torno de 17,4%. Estes participantes fazem parte de um projeto maior de
48
normatização do Teste Wisconsin de Classificação de Cartas para a população de 60 anos ou
mais.
Como critérios de inclusão, os participantes deveriam ter idade igual ou superior a 60
anos, apresentando diagnóstico de DM2 mais de cinco anos, tempo da doença, de acordo
com estudos de Seyfaddini (2006). Foram excluídos do estudo idosos com um quadro
demencial ou problemas visuais e/ou auditivos que pudessem intervir na execução dos
instrumentos. E os critérios de exclusão desta pesquisa foram idosos que apresentaram
sintomas depressivos moderados ou graves, quadro demencial ou problemas visuais e/ou
auditivos que possam intervir na realização da testagem.
Os idosos que foram identificados por apresentarem sintomas depressivos moderados
e graves foram orientados a buscar ajuda especializada.
c) Instrumentos
Foram utilizados os seguintes instrumentos para coleta de dados e triagem: Ficha de
Dados sociodemográficos, Teste Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST), que serão
descritos a seguir.
A Ficha de Dados sociodemográficos consistiu de itens em que constam informações
referentes à: idade, escolaridade, estado civil, ocupação, nível socioeconômico, atividades de
lazer, doenças, utilização de medicação.
Os seguintes instrumentos foram utilizados com a finalidade de triagem: Inventário de
Depressão de Beck (BDI), Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), Escala de Depressão
Geriátrica (GDS) e Mini-Exame do Estado Mental (MEEM). Além dos subtestes Códigos,
Cubos, Dígitos e Vocabulário, da Escala Wechsler de Inteligência para Adultos-III, que serão
descritos a seguir:
49
O Inventário de Depressão de Beck (BDI-I), considerado um instrumento conhecido
mundialmente para mensurar a intensidade dos sintomas de depressão, foi desenvolvido por
Beck e Steer (1993). Esta escala foi adaptada e validada para o Brasil por Cunha (2000). É
uma escala de auto-relato de 21 itens, cada um com quatro alternativas, subentendendo graus
crescentes de gravidade da depressão com escore de 0 a 3. Conforme as normas da versão em
português, os pontos de corte, desenvolvidos em 1999 por Cunha (2000), estão subdivididos
em: 0 a 11= mínimo, de 12 a 19 = leve, de 20 a 35 = moderado e de 36 a 63 = grave.
Pesquisas realizadas com BDI demonstraram a necessidade de aprofundar os estudos,
objetivando revisar e modernizá-los. Beck, Steer e Brown (1993, 1996), iniciaram um estudo
piloto com o BDI-II, tendo como base os critérios de depressão do DSM-IV. Através das
publicações dos últimos tempos referentes ao uso da escala, várias análises se realizaram
dando início à revisão e modernização.
Depois da revisão do BDI nos Estados Unidos, pesquisadores de diversos países
começaram a fazer a tradução e adaptação para diferentes comunidades, entre elas: Porto
Rico, Alemanha, paises árabes, Espanha, Argentina (Rodriguez, Davila & Collazo, 2006;
Kuhner, Burger, Keller & Hautzinger, 2006; Alansari, 2006).
O Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) é destinado a medir a gravidade dos
sintomas de ansiedade através de uma escala de sintomas (Beck & Steer, 1993, Cunha, 2000).
Composto de 21 itens, em que o sujeito deve pontuar conforme os sintomas presentes nele,
numa escala de quatro pontos. Os resultados são obtidos através da soma dos escores de cada
item. Para a população psiquiátrica, os pontos de corte, de acordo com as normas da versão
em português, desenvolvidos em 1999 por Cunha (2000), estão subdivididos em 0 a 10 =
mínimo, 11 a 19 = leve, de 20 a 30 = moderado, e de 31 a 63 = grave.
A Escala de Depressão Geriátrica (GDS), desenvolvida por Yesavage et al. (1983),
50
tem como objetivo identificar e quantificar sintomas depressivos na população idosa, que foi
O instrumento consiste em um questionário de 15 questões, com duas opções de respostas:
sim e não. Os escores inferiores a 5 são considerados normais; de 5 a 10 indicam depressão
leve à moderada; e, acima de 10 indicam depressão grave.
O Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), na versão utilizada em projetos de
pesquisa pela Escola Paulista de Medicina (Bottino, Cid & Camargo, 1997), será aplicado em
todos os sujeitos desta pesquisa. Avalia orientação temporal e espacial, registro (memória
imediata), cálculo, memória recente e linguagem (agnosia, afasia, apraxia e habilidade
construtiva). O MEEM foi desenvolvido por Folstein, Folstein e McHugh (1975), adaptado
para o Brasil por Bertolucci, Brucki, Campacci e Juliano (1994); é composto por questões
agrupadas em sete categorias, planejadas para avaliar funções cognitivas específicas:
orientação para tempo (5 pontos), orientação para local (5 pontos), registro de três palavras (3
pontos), atenção e cálculo (5 pontos), lembrança das três palavras (3 pontos), linguagem (8
pontos) e capacidade construtiva visual (1 ponto). O escore do MEEM pode variar de um
mínimo de zero até um total máximo de 30 pontos, com ponto de corte de 24.
A Escala Wechsler de Inteligência para Adultos-WAIS-III (Cunha, 2000,
Wechsler, 2004) tem sido administrada como um dos instrumentos mais conhecidos para
avaliação do QI, embora, mundialmente, seja usada para outros propósitos. Esta escala é
composta por 11 subtestes, divididos em duas áreas: Área Verbal e Área de Execução. Desta
Escala de Inteligência foram utilizados os subtestes:
- Subteste Códigos - avalia a atenção e sua memória imediata. Mede a capacidade
de aprendizagem, memória visual, coordenação visomotora, velocidade psicomotora,
capacidade em tarefas imitativas, flexibilidade mental. Consiste numa série de números,
associados, cada um, a um símbolo (similar ao hieróglifo). O testando escreve o símbolo
associado a cada número usando uma chave.
51
- Subteste Cubos - mede a coordenação visomotora, percepção, capacidade de
análise, síntese, raciocínio lógico, estratégias de solução de problemas, organização e
velocidade viso-motor-espacial. Considerado estimativa de potencial intelectual do sujeito.
Consiste num conjunto de padrões geométricos bidimensionais impressos ou formados com
cubos que o testando deve reproduzir utilizando cubos de duas cores (Cunha, 2000).
- Subteste Dígitos - compreende duas tarefas diferentes de gitos, na ordem
direta e na ordem indireta. Conforme Cunha (2000), avalia a extensão da atenção, retenção da
memória imediata (dígitos ordem direta), memória e capacidade de reversibilidade (dígitos na
ordem inversa, concentração. A tarefa consiste em 7 pares de dígitos randomizados, lidos
pelo examinador em uma velocidade de um dígito por segundo. Começa-se com uma série de
dois dígitos e, se o testando repete corretamente, a série vai aumentando com mais dígitos. O
mesmo procedimento se atribui à ordem direta e à ordem indireta. Os critérios de interrupção
se atribuem quando o sujeito não repete corretamente dois ensaios subseqüentes.
- Vocabulário - foi utilizado pela sua alta correlação com a soma da escala verbal,
o que, segundo Cunha (2000), torna-o uma medida adequada de inteligência, pouco
vulnerável a transtornos, considerado como possível estimativa da inteligência pré-mórbida.
O Teste Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST) foi utilizado como
instrumento principal deste estudo. Consiste em um teste de avaliação cognitiva que mensura
a flexibilidade do pensamento e cognitivo do sujeito para gerar estratégias de solução de
problemas, com base no feedback do examinador. Avalia a capacidade para estabelecer,
manter e modificar categorias mentais (Heaton, Chelune, Talley, 1993; Cunha, et al, 2005).
O material do WCST (Huber et al., 1992) consta de quatro cartas-chave, utilizadas
como estímulo, e de dois baralhos de cartas-resposta, com 64 cartas cada um. As cartas
52
podem ser classificadas segundo as categorias de cor (amarelo, azul, verde, vermelho), forma
(cruz, círculo, triângulo, estrela) e número (de um a quatro estímulos com a mesma forma).
O teste WCST é um instrumento que avalia o raciocínio abstrato e a capacidade do
indivíduo para gerar estratégias de solução de problemas, em resposta a condições de
estimulação mutáveis. Sua criação foi em 1948, sendo posteriormente, ampliado e revisado.
Direcionado para a população geral, passou a ser empregado, cada vez mais, como um
instrumento de avaliação neuropsicológica de funções executivas que envolvem os lobos
frontais (Huber et al., 1992).
São determinados 16 indicadores interpretativos para o teste WCST; abaixo segue a
descrição dos indicadores (Cunha et al., 2005; Straus, 2006, 1998):
1) Números de Ensaios administrados: refere-se ao número de cartas utilizadas para
completar as seis categorias do teste. O teste constitui-se de 128 cartas. Quando são
completadas as seis categorias, a tarefa de classificação destas cartas é encerrada.
2) Número Total de Respostas Corretas: consiste no número de acertos no teste.
3) Número Total de Erros: é o número de erros no teste.
4) Percentual de Erros: é a proporção de erros em relação ao número de ensaios
executados.
5) Respostas Perseverativas: são respostas que, por sua fixação na classificação das cartas
num mesmo critério, indicam a não- experimentação de novas alternativas para a solução do
problema. Incluem-se, nesse indicador, também alguns acertos aleatórios de classificação.
6) Percentual de Respostas Perseverativas: é a proporção de respostas perseverativas em
relação ao número de ensaios administrativos.
7) Erros Perseverativos:
são apenas os erros com característica de resposta perseverativa.
53
8) Percentual de Erros Perseverativos: é a proporção de erros perseverativos em relação ao
número de ensaios administrados.
9) Erros Não- Perseverativos: são as respostas erradas que não preencheram os critérios de
resposta perseverativa.
10) Percentual de Erros Não Perseverativos: é a proporção de erros não-perseverativos em
relação ao número de ensaios administrados.
11) Respostas de Nível Conceitual: são respostas que indicam acertos intencionais,
discriminando-os dos acertos aleatórios. Respostas de nível conceitual são aquelas ocorridas a
partir de uma seqüência ininterrupta de três ou mais acertos.
12) Percentual de Respostas de Nível Conceitual: é a proporção, em relação ao número de
ensaios administrados, de respostas que demonstram evidências de acertos conscientes,
intencionais e não casuais.
13) Número de Categorias Completadas: é o total de categorias realizada pelo sujeito.
Existem seis categorias de classificação das cartas (Cor, Forma. Numero, Cor, Forma,
Número). Cada categoria é concluída quando 10 cartas seguidas são classificadas
corretamente.
14) Ensaios Para Completar a Primeira Categoria: refere-se ao número de ensaios adotados
até a conclusão da primeira categoria de classificação das cartas (a partir do critério “Cor”).
15) Fracasso em Manter o Contexto: são os erros inesperados cometidos no meio de uma
seqüência de acertos. Contabiliza-se este fracasso quando o respondente já acumula cinco (ou
mais) acertos seguidos, falhando após esta seqüência correta de classificação.
16) Aprendendo a aprender: é a aprendizagem da própria tarefa durante sua execução. É
verificada através da diferença dos erros cometidos em cada categoria completada. Busca-se
verificar a diminuição dos erros, de uma para outra, com o avanço do teste. Só é possível
54
apurar este indicador quando o indivíduo completou, pelo menos, duas categorias e também
tentou fazer a terceira.
d) Procedimentos de Coleta dos Dados
O trabalho aqui descrito faz parte de um projeto maior, desenvolvido pelo Grupo de
Pesquisa “Avaliação e Intervenção no Ciclo Vital”, com o título Teste Wisconsin de
Classificação de Cartas (WCST): normatização para pessoas com mais de 60 anos,
coordenado pela Professora Drª Irani I. de Lima Argimon, com aprovação da Comissão
Cientifica da Faculdade de Psicologia do Comitê de Ética da PUCRS.
Inicialmente foi realizado contato com os responsáveis por algumas clínicas de Porto
Alegre que atendem pacientes com DM2, para explicar os objetivos da pesquisa; e, após a
liberação do desenvolvimento da pesquisa pelo serviço, foi combinado o local e a data de
aplicação dos instrumentos. Para o grupo controle, foi realizado contato com os responsáveis
das instituições mantenedoras de grupos de convivência de terceira idade.
Foi feita a visita aos locais que realizavam atividades em grupo semanais. Em outros
locais, os idosos receberam orientações individualmente. Aqueles que concordaram em
participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Os instrumentos foram aplicados, individualmente, em salas da instituição. A coleta
de dados foi realizada pela pesquisadora, colegas do grupo de pesquisa e alunos de
graduação, que foram treinados previamente.
A análise estatística foi realizada através de estatística descritiva: freqüências,
percentis, médias e desvio padrão sobre as variáveis demográficas e psicopatológicas.
Foi utilizado o Teste t de Student para comparação das médias dos escores gerais e
específicos do Teste Wisconsin Classificação de Cartas (WCST) no grupo composto por
idosos com DM2 e do grupo da população geral.
55
Para as análises destes resultados, foram utilizados procedimentos estatísticos a partir
do programa SPSS 11.5 (Statistical Package for Social Sciences for Windows).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
a) Características sociodemográficas da amostra dos 254 idosos
Fizeram parte da análise dos resultados quanto às características sociodemográficas
210 idosos do grupo controle e idosos, e 44 idosos com DM2; a idade variou de 60 a 88 anos,
tendo como média 69,34 anos (DP = 6,13). Prevaleceram idosos do sexo feminino (77,6%).
Quanto ao estado civil, 46,1% eram casados e 30,3% viúvos. A média geral de escolaridade
foi de 8,9 anos.
Na tabela 1, encontram-se as freqüências relacionadas às amostras dos dois grupos.
Dos 210 idosos que constituíram a amostra do grupo controle, a maioria tem 9, 57
anos de estudo; 54,1% dos idosos curraram o Ensino Fundamental completo e incompleto.
Com relação à fonte de renda, a maioria é aposentada e cuida de sua saúde fazendo exames
de rotina. Quanto à percepção da própria saúde, 66,5 % classificam-na como boa. Da
amostra, 50,2% moram com familiar, 75,9% não têm deixado de realizar atividades físicas
por motivo de saúde. Quase toda a amostra, 86,1%, conta não ter nenhuma doença e 85% não
tiveram hospitalização prévia.
Dos 44 idosos que constituíram a amostra dos idosos com DM2, quanto as
características sociodemográficas, a idade varia de 61 a 84 anos, tendo como média 68,77
anos (DP = 5,62). A maioria do sexo feminino (75,0%). A média de escolaridade foi de 8,23
anos, sendo o ensino fundamental completo e incompleto mais representativo,
caracterizando-se em 61,3% da amostra de idosos com DM2. Com relação à fonte de renda, a
maioria é aposentada (61,4%).
56
No que se refere à percepção da própria saúde dos idosos com DM2, 29,5 %
classificam como boa; 61,4%, como regular; e 9,1 %, como ruim. Dos idosos com DM2,
50,0% moram com familiar e 36,8% sozinhos; 61,4% não têm deixado de realizar atividades
físicas por motivo de saúde. Quanto ao número de doenças, 79,5% referem não ter nenhuma
doença, porém 25% relatam que já foi hospitalizado.
Tabela 1 Dados sociodemográficos dos idosos com DM2 (n=44) e idosos do grupo
controle (n=210):
Variáveis Idosos com
DM2 (n=44)
% Idosos Controles
(n= 210)
% p
Sexo
Masculino
Feminino
11
33
25
75
46
164
21,9
78,1
0,80
Estado Civil
Casado/companheiro
Solteiro
Viúvo
Separado
Outro
17
4
14
05
04
38,6
9,1
31,8
11,4
9,1
100
20
63
8
18
1
47,6
9,5
30,0
3,8
8,6
0,5
0,42
Escolaridade
Fundamental comp. e
incomp.
Médio compl. e incompleto
Superior compl. e
incompleto
Pós-graduação
27
10
3
4
61,4
22,7
6,8
9,1
113
43
23
30
54,1
20,6
11,0
14,4
0,48
Ajuda econômica
Sim
Não
6
38
13,6
86,4
19
190
9,1
90,9
0,52
Faz Exames de
Rotina
Sim
Não
39
5
88,6
11,4
191
18
91,4
8,6
0,77
Como está a saúde
Boa
Regular
Ruim
13
27
4
29,5
61,4
9,1
139
65
05
66,5
31,1
2,4
*0,00
Mora com alguém
Sozinho
Com familiar
Outro
18
22
4
36,8
50,0
9,1
75
105
29
35,9
50,2
13,9
0,64
Tem deixado de
realizar atividades
por motivo de
saúde
Sim
Não
17
27
38,6
61,4
45
164
21,5
78,5
*0,02
Doenças: Quantas
Nenhuma
Até 3
Mais de 3
35
8
1
79,5
18,2
2,0
183
22
4
87,6
10,5
1,9
0,35
Hospitalização
Prévia
Sim
Não
11
33
25,0
75
29
180
13,9
86,1
0,10
* P< 0,05
57
b) Análise Comparativa entre idosos com DM2 e idosos do grupo controle através dos
testes para efeito de triagem:
Foram comparados os resultados dos testes MEEM, Cubos, Vocabulário, Dígitos,
Códigos, GDS, BDI e BAI entre o grupo controle e o grupo de idosos com DM2 através do
teste t de Student. Observa-se, na tabela 2, que diferença estatisticamente significativa
entre os grupos nos resultados apresentados instrumentos GDS, BDI e BAI . O que indica que
os idosos com DM2 mostraram maiores escores na Escala de Depressão Geriátrica (GDS), na
Escala de Depressão de Beck (BDI) e no Inventário de Ansiedade de Beck (BAI).
Nos demais instrumentos, na comparação do desempenho entre grupos não houve
diferença estatisticamente significativa.
Tabela 2 – Médias, desvios-padrão e comparação do desempenho nos instrumentos
utilizados para triagem - MMSE, Cubos, Vocabulário, Dígitos, Códigos, BDI e BAI de
idosos com DM2 (n=44) e grupo controle (n=210):
Instrumentos utilizados para triagem Idosos com DM 2
n=44: Média e DP
Idosos Controles
n=210: Média e DP
t p
Vocabulário
10,23 ± 2,16 10,42 ± 2,30 0,499 0,618
Dígitos
11,26 ± 2,89 11,97 ± 3,17 1,239 0,217
Código
10,79 ± 3,05 11,52 ± 2,63 1,432 0,154
Cubos
10,37 ± 2,54 11,34 ± 2,70 1,964 0,051
MMSE
27,37 ± 2,37 27,26 ± 2,64 -0,229 0,819
BAI
12,43 ± 9,08 7,21 ± 7,39 -3,668 0,000(*)
GDS
1,54 ± 0,61 1,15 ± 0,37 -5,082 0,000(*)
BDI
14,25 ± 9,76 8,43 ± 5,57 -5,400 0,000(*)
(*) p<0,05 t Student
c)Resultados Descritivos do WCST
Os resultados apresentados no WCST pelos idosos com DM2 (n=44) mostram que, na
média, eles precisam utilizar quase todas as cartas do baralho na tentativa de completar as
categorias solicitadas, e, assim mesmo, o número médio de respostas corretas é de 57,25%.
58
A média de Número Total de Erros apresentada foi Erros Perseverativos (45 %)
indicador 7. Estes erros perseverativos podem refletir inflexibilidade e resistência à mudança
na tarefa realizada. Os Erros Não-Perseverativos (indicador 9) foram de 22,07%. Esses dados
refletem uma baixa proporção de acertos no Teste Wisconsin Classificação de Cartas em
idosos com DM2 (57,25%) esteve associada a uma elevada proporção de perseveração
(35,40%) da produção.
O desempenho do número médio de Ensaios para Completar a Primeira Categoria está
indicando, neste grupo, elevado número de ensaios para conseguir completar a primeira
categoria do teste a partir do critério Cor. Assim, pode-se perceber que muitas das tentativas
foram malsucedidas para completar a primeira categoria.
Quanto ao critério de Fracasso em Manter o Contexto, houve para cada idoso,
aproximadamente, uma falha em manter-se atento na tarefa do teste. Conforme o indicador
16, aprendendo a aprender, a média foi de – 7,10 com valor negativo, sugerindo a dificuldade
de aprendizagem durante realização do teste pelos idosos.
No indicador percentual de respostas de nível conceitual (indicador 12), retratando
apenas os acertos intencionais e desprezando os acertos aleatórios, a média foi de 32 % (DP=
21,26), o que revela a dificuldade dos idosos com DM2 nesta tarefa.
Nos idosos do grupo controle, o número médio de respostas corretas dos resultados
obtidos mostra que (indicador 2) nos idosos da população geral, foi de 63,0 menos da metade
das 128 cartas classificadas. Quanto ao número de categorias completadas (indicador 13), a
média foi de 2,80, com desvio padrão de 1,93. No que se refere às respostas erradas, nos
idosos do grupo controle, observou-se que o número total de erros (indicador 3) atingiu uma
média de 58,39 (DP= 23,51). A maioria deste total de erros foram erros perseverativos
(33,45%) indicador 7. O percentual de erros não-perseverativos (indicador 9) foi de 24,94%.
59
O grupo controle mostra que o número médio de Ensaios para Completar a Primeira
Categoria teve valor médio de 37,68. O Fracasso em Manter o Contexto (indicador 15)
variou de zero a 128, com média de 1,83; houve para cada idoso, aproximadamente, uma
falha em se manter atento na tarefa do teste. Conforme o indicador 16, aprendendo a
aprender, observou-se que suas notas variam de 39 e 37. A média foi de 5,92 com valor
negativo. Quanto ao indicador percentual de respostas de nível conceitual (indicador 12),
retratando apenas os acertos intencionais e desprezando os acertos aleatórios, a média foi de
39,42% e o desvio padrão 21,90%.
Tabela 3 – Resultados descritivos dos idosos com DM2 e dos idosos do grupo controle
(n=210) nos indicadores avaliados do WCST:
Idosos com DM2 (n=44) Idosos Controles(n=210)
Indicadores Avaliativos do
WCST
Mínimo Máximo Média DP Mínimo Máximo Média DP
1. Número de Ensaios
Administrativos
82 128 124,32 11,82 70 128 121,82 14,86
2. Número Total Corretos
31 95 57,25 17,46 5 93 63,0 16,16
3. Número Total de Erros
15 97 67,07 23,14 6 100 58,39 23,51
4. Percentual de Erros
18,20 76 53,17 17,04 8,22 78,00 46,55 16,79
5. Respostas Perseverativas
6 126 56,18 37,27 3 126 39,39 27,15
6. Percentual de Respostas
Perseverativas
7,30 98,43 44,15 28,77 0,89 98,44 29,84 19,33
7. Erros Perseverativos
6 94 45 26,88 3 94 33,45 20,11
8. Percentual de Erros
Perseverativos
7,30 73,40 35,40 20,66 4,10 73,40 26,43 14,97
9. Erros Não-Perseverativos
2 65 22,07 14,53 2 77 24,94 15,73
10. Percentual de Erros Não-
perseverativos
1,50 86 19,31 15,11 1,14 65,60 20,27 12,63
11. Respostas de Nível
Conceitual
6 89 42,43 22,45 0 99 47,54 20,54
12. Percentual de Respostas
de Nível Conceitual
4,70 79,30 32 21,26 0,0 90,40 39,42 21,90
13. Número de Categorias
Completadas
0 6 2,20 1,86 0 6 2,80 1,93
14.Ensaios para Completar a
Primeira Categoria
10 128 48,77 49,66 0 128 37,68 40,25
15. Fracasso em Manter o
Contexto
0 7 1,02 1,56 0 128 1,83 8,92
16. Aprendendo a Aprender
- 39 4 - 7,10 11,15 - 37 37 -5,92 10,56
60
d) Análise comparativa entre idosos com DM2 e idosos do grupo controle através do
teste WCST.
A análise comparativa entre as médias de desempenho nos indicadores do WCST foi
realizada por meio do teste t de Student para os indicadores com distribuição normal. A tabela
3 mostra os resultados da comparação, em função dos indicadores do WCST, expondo seus
respectivos valores “t” e o nível de significância (p) resultante da análise estatística.
Observa-se, a partir da tabela 4, comparando o desempenho dos dois grupos nos
indicadores acima descritos, que diferença, estatisticamente significativa ( p<0,005), em
quatro indicadores do WCST: 2, 3, 5, e 6. Assim, os idosos com DM2 demonstram fazer
menos categorias, apresentam percentual de erros maiores e cometem mais erros
perseverativos, mostrando dificuldades quanto à flexibilidade cognitiva nestes itens.
Os demais indicadores do WCST não mostraram diferença estatisticamente
significativa.
Tabela 4 Comparação do desempenho médio no WCST de idosos com DM2 (n=44) e
idosos do grupo controle (n=210):
Indicadores Avaliativos do WCST N=44
Média DP
N=210
Média DP
t
p
1. Número de Ensaios Administrados
124,32 11,82 121,82 14,84 -1,213 0,229
2. Número Total Corretos
57,25 17,46 62,59 16,36 2,114 0,035(*)
3. Número Total de Erros
67,07 23,14 60,09 23,09 -2,232 0,027(*)
5. Respostas Perseverativas
56,18 37,27 39,39 27,15 -3,477 0,001(*)
6. Erros Perseverativos
45,00 26,88 33,45 20,11 -3,253 0,001(*)
9. Erros Não-Perseverativos
22,07 14,53 24,94 15,73 1,116 0,266
11. Respostas de Nível Conceitual
42,43 22,45 47,54 20,54 1,475 0,142
13. Número de Categorias Completadas
2,20 1,86 2,80 1,93 1,880 0,061
14. Ensaios para Completar a 1ª Categoria
48,77 49,66 37,68 4025 -1,593 0,113
15. Fracasso em Manter o Contexto
1,02 1,56 1,83 8,92 0,600 0,549
16. Aprendendo a aprender
-7,10 11,15 -5,92 10,56 0,667 0,506
(*) p<0,05 t Student
61
O objetivo deste estudo foi avaliar a flexibilidade cognitiva em idosos com DM2 no
Teste Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST). Os idosos com DM2, previamente
diagnosticados, foram comparados com idosos do grupo controle da população geral.
Os resultados da análise comparativa dos dois grupos avaliados, idosos com DM2 e
Grupo Controle, identificaram que os idosos com DM2 evidenciaram um pior desempenho e
mostraram diferenças significativas em respostas perseverativas, que se relacionam com
inflexibilidade cognitiva. O desempenho rebaixado nos idosos com DM2 demonstra falhas no
processo inibitório do comportamento, que parece estar relacionado ao declínio cognitivo
ocasionado pela DM2. Esses aspectos foram evidenciados nos estudos realizados por Zhao
(2000), com 30 sujeitos com DM2 e 30 controles, de 40 a 60 anos de idade, utilizando o
WCST e SPECT. Na análise, foram estudadas as funções cognitivas: memória, atenção,
flexibilidade do pensamento, habilidade generalizar, inibição do funcionamento cerebral
causada por hipofunção de fluxo sanguíneo cerebral, sujeitos com DM2, que mostraram
redução.
Os idosos do grupo controle avaliados evidenciaram uma performance melhor nos
indicadores: Número Total Corretos, Número Total de Erros, Respostas Perseverativas e
Erros Perseverativos do WCST, se comparados aos idosos com DM2. Os achados revelaram
que cometeram menos erros, completaram maior número de categorias e cometeram menos
erros perseverativos. Esses resultados, nos indicadores do WCST do grupo controle, sugerem
melhor funcionamento das funções executivas, relacionadas com a flexibilidade cognitiva,
memória de trabalho e planejamento na execução de tarefas.
Neste estudo comparativo, o WCST mostrou ser um instrumento sensível em quatro
indicadores, com capacidade de revelar a intensidade dos prejuízos cognitivos associados à
DM2, assim como identificar precocemente doenças que causam prejuízos nas funções
cognitivas de idosos, principalmente as degenerativas, como a Doença de Alzheimer.
62
Não foram encontradas alterações importantes nos resultados dos subtestes do WAIS-
III: Vocabulário ( p > 0, 05 = 0,618), gitos ( p > 0, 05 = 0,217) e Código ( p > 0, 05 = 0,
154). Houve uma tendência de significância nos resultados do subteste Cubos ( p > 0, 05 =
0,051), que examina a presença de prejuízos quanto à coordenação visomotora, percepção,
capacidade de análise, síntese, raciocínio lógico, estratégias de solução de problemas,
organização e velocidade viso-motor-espacial.
No desempenho do Mini Exame do Estado Mental (MEEM), dos idosos com DM2,
não houve diferenças significativas ( p > 0, 05 = 0,819). O MEEM tem sido utilizado em
protocolos de pesquisa e em situação clínica, para rastear indivíduos com alterações
cognitivas (Powlishta et al., 2002). Os instrumentos auxiliaram para efeitos de triagem.
No Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) ( p < 0,001), na Escala de Depressão
Geriátrica (GDS) ( p < 0, 001), no Inventário de Depressão de Beck (BDI) ( p < 0, 001), os
achados indicam diferença significativa; os idosos com DM2 apresentaram sintomas de
ansiedade e sintomas depressivos mais intensos do que os do grupo controle.
No WCST, os idosos com DM2 mostraram um número total maior de erros cometidos
ao realizar a tarefa e cometeram mais perseverações.
Estudos empíricos realizados evidenciam que o WCST pode ser considerado um
instrumento sensível, analisado através de seus indicadores avaliativos, possibilitando a
identificação dos aspectos que integram as funções executivas. Pode identificar funções
mentais preservadas e funções que apresentam prejuízos, que são decisivas nas avaliações
neuropsicológicas e diagnósticos diferenciais. Na avaliação clínica, pode servir de subsídios
para planejamento de estratégias de intervenção e reabilitação cognitiva dos pacientes
longevos (Greve, Brooks, Crouch,Willians & Rice, 1997).
63
Os resultados apontaram que os idosos com DM2 mostraram diferenças significativas
no BAI, BDI e GDS, demonstrando que os Idosos com DM2 apresentam mais sintomas de
ansiedade e depressão. Entretanto, novas pesquisas e estudos são indispensáveis,
principalmente os relacionados ao lobo frontal e ao controle executivo, flexibilidade
cognitiva e do pensamento, por ser um indicador fundamental para identificar
envelhecimento cognitivo normal e o patológico.
Estudos de Wattari et al. (2006), avaliaram idosos com DM2, com e sem depressão,
utilizando o WCST. A amostra foi de 20 idosos com DM2 e depressão, 20 idosos com DM2
sem depressão e 34 controles sem diabete ou depressão; foram comparados, com ênfase
acima dos 65anos. Os resultados mostraram que os pacientes diabéticos mostraram mais
comorbidades médicas em relação aos controles. Os pacientes com DM2 e depressão
associadas apresentaram déficit cognitivo maior do que os controles. O padrão dos déficits
cognitivos sustenta prejuízos subcorticais frontais. Este estudo clarifica nossos achados, que
mostraram que os idosos com DM2 apresentam mais sintomas depressivos com diferenças
significativas em relação aos controles. Destaca-se tanto a importância de identificar, em
pacientes com DM2, sintomas depressivos, como a necessidade de tratá-los, que foi aqui
demonstrado que os idosos depressivos apresentam maior deficiência orgânica comparado
aos controles com DM2, mas sem Diabetes.
Pesquisa realizada por Seyfaddini (2006), com uma população de 50 sujeitos com
DM2 e 48 Controles não diabéticos, de 25 a 65 anos de idade, utilizou o WCST e MMSE. Os
resultados sustentam a hipótese da existência de deficiência cognitiva associada à DM2. Os
pacientes com DM2 mostraram oito vezes mais deterioração cognitiva comparados ao grupo
controle sem DM2. Todos os domínios cognitivos globais mostraram diferenças,
caracterizando-se por diminuída velocidade e flexibilidade mental. Esses resultados
confirmam nossos estudos: que os idosos com DM2 apresentaram diferenças significativas no
64
desempenho de quatro discriminadores do WCST , indicando pior desempenho cognitivo que
os grupo controle. No MEEM não foi encontrada diferença significativa entre os dois grupos.
Estudos envolvendo o WCST, realizado por Zhao (2000), em 30 pacientes com DM2
e 30 controles, de 40 a 60 anos, relata que os pacientes com DM2 mostraram diminuição na
memória, atenção, habilidade de generalizar e flexibilidade do pensamento e, ainda, inibição
causada por hipofunção de fluxo sangüíneo cerebral frontal e temporal. Dessa forma, mesmo
com reduzido número de estudos encontrados similares a este, os achados apontaram que os
idosos com DM2 mostraram pior desempenho no WCST, indicando prejuízos quanto às
funções executivas, mais especificamente, à flexibilidade cognitiva.
Finalizando, o presente estudo identificou déficits no desempenho dos idosos com
DM2 quanto à flexibilidade cognitiva em quatro indicadores do WCST: Número Total
Corretos, Número Total de Erros, Respostas Perseverativas e Erros Perseverativos. Desse
modo, a avaliação das funções cognitivas no idoso é considerada indispensável, porque pode
trazer informações significativas para possibilitar diagnósticos diferenciais e de mais
complexidade, identificando precocemente sinais de disfunção assim como sua intensidade.
Além disso, os achados podem auxiliar nas decisões da vida do idoso e, se for o caso, na
orientação para um processo de reabilitação.
65
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68
CAPÍTULO IV
CONSIDERAÇÕES FINAIS
69
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudar idosos com Diabetes Mellitus Tipo 2 foi gratificante por relacionar-se com
áreas de meu interesse, como: as funções cognitivas, idosos e aplicação de instrumentos. Este
estudo contribuiu para aprofundar os conhecimentos sobre o tema, aproveitando-os, também,
para a vida pessoal. O contato com idosos foi muito proveitoso e me fez refletir sobre um
projeto relacionado com a qualidade de vida para esta fase do desenvolvimento.
Concluindo, em relação aos dois estudos, entende-se que, devido ao aumento
crescente da população de idosos, podem ocorrer, conseqüentemente, doenças degenerativas
associadas, como a DM2. Estudos, envolvendo aspectos neuropsicológicos e indicadores de
déficits que possam contribuir para identificar precocemente a presença de declínio
facilitarão instituir ações preventivas e de reabilitação, para serem estimuladas e apoiadas por
organizações responsáveis pela saúde do idoso.
Salienta-se a importância e relevância dos estudos envolvendo o WCST como
instrumento para avaliação da flexibilidade cognitiva, relacionada ao lobo frontal; os achados
deste estudo mostram diferenças significativas em quatro discriminadores do WCST na
população estudada.
Diante dessas evidências e das pesquisas sobre o WCST em idosos com DM2,
ressalta-se a importância da realização de mais estudos nessa área, envolvendo amostras
maiores. Sugere-se, também, um delineamento longitudinal para futuras pesquisas, no intuito
de observar, de forma prospectiva, se os déficits cognitivos persistem ou não no decorrer do
tratamento e com o tempo da doença.
70
A carência de pesquisas atuais relacionadas com esta temática, ao mesmo tempo, o
próprio delineamento do estudo, do tipo transversal, impede a visualização prospectiva dos
déficits cognitivos aqui encontrados e se eles persistem ou não ao longo do tempo.
Uma das limitações do estudo foi o número pequeno de idosos com DM2 avaliados.
Também é importante salientar que outras áreas cerebrais, além da área frontal, estão
envolvidas no desempenho das funções cognitivas. Entre os indicadores do WCST, somente
quatro deles mostraram diferenças importantes quando comparados com o grupo controle.
Outros instrumentos foram mais sensíveis BAI, BDI e GDS.
Pelo número de estudos encontrados e os instrumentos utilizados, pode-se pensar que,
junto ao WCST, outros instrumentos poderiam ter sido utilizados para este grupo clínico.
Outro aspecto importante é que, provavelmente, apesar dos prejuízos cognitivos identificados
em idosos com DM2, conforme os trabalhos que compõem as tabelas e trabalhos no texto, a
flexibilidade cognitiva seja mais resistente ao deterioro para estes pacientes.
Atendendo aos objetivos estabelecidos para este estudo, pode-se dizer que:
Os idosos com DM2 apresentaram uma diferença significativa em quatro indicadores
do Teste Wisconsin de classificação de Cartas –WCST: Número Total Corretos,
Número Total de Erros, Respostas Perseverativas e Erros Perseverativos, quando
comparados com os idosos do grupo controle.
Os idosos com DM2 mostraram intensidade de sintomas depressivos e de ansiedade
estatisticamente maior em relação ao grupo de idosos controles.
A disfunção cognitiva identificada em idosos com DM2 pode estar relacionada com
os prejuízos localizados no lobo frontal.
Nos instrumentos utilizados para triagem, os subtestes do WAIS, Vocabulário, Cubos,
Códigos e Dígitos não mostraram diferenças significativas entre os grupos.
71
APÊNDICES
72
APÊNDICE 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
73
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Teste Wisconsin de Classificação de Cartas: Normatização para pessoas com mais de 60
anos
Estamos solicitando sua autorização para que você possa participar da presente
pesquisa, que tem como principal objetivo, estudar o desenvolvimento cognitivo no idoso
para resolução de problemas e com isso desenvolver normas do Teste Wisconsin para idosos.
Tal estudo prevê a participação de idosos com idade de 60 anos em diante, de ambos os
sexos. Para tanto é necessário que você responda a um questionário sócio-demográfico,
questões relacionadas a orientação temporal e espacial, a memória, fluência verbal,
sentimentos de tristeza e a um jogo de cartas. Esta atividade levará aproximadamente 90
minutos. Os dados obtidos através destes instrumentos serão mantidos em sigilo e colocados
anonimamente à disposição do pesquisador responsável pelo estudo. O maior desconforto
para você será o tempo que deverá dispor para responder aos instrumentos. O benefício será a
contribuição pessoal para o desenvolvimento de um estudo científico.
A participação nesse estudo é voluntária e se você decidir não participar ou quiser
desistir de continuar em qualquer momento, tem absoluta liberdade de fazê-lo. Na publicação
dos resultados desta pesquisa, sua identidade será mantida no mais rigoroso sigilo. Serão
omitidas todas as informações que permitam identificá-lo.
Eu, ________________________________ (nome do participante) fui informado dos
objetivos especificados acima, de forma clara e detalhada. Recebi informações específicas
sobre o procedimento no qual estarei envolvido(a), do desconforto previsto, tanto quanto do
benefício esperado. Todas as minhas dúvidas foram respondidas com clareza e sei que
poderei solicitar novos esclarecimentos a qualquer momento através do telefone (51)
3320.3500 sub-ramal 7739 da professora Irani de Lima Argimon (PUCRS) ou (51) 3350-
5042 da Mestranda Regina Maria Fernandes Lopes. O telefone do Comitê de Ética em
Pesquisa PUCRS é 3320.3345. Sei que novas informações obtidas durante o estudo me serão
fornecidas e que terei liberdade de retirar meu consentimento de participação na pesquisa em
face dessas informações. Fui certificado de que as informações por mim fornecidas terão
caráter confidencial.
Declaro que recebi cópia do presente termo de consentimento livre e esclarecido.
Nome do Participante: _____________________________________
__________________________________ _____________
Assinatura do Participante Data
__________________________ _____________________________
Irani de Lima Argimon Regina Maria Fernandes Lopes
Pesquisadora responsável Mestranda
Este formulário foi lido para ___________________________________ (nome do
paciente) em _____/_____/_____ (data) pelo(a) __________________________________
(nome do pesquisador/a) enquanto eu estava presente.
Assinatura da Testemunha
74
APÊNDICE 2
FICHA DE DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS
75
FICHA DE DADOS SOCIO-DEMOGRÁFICOS
Entrevistador:
Data: Local de Nascimento:
NOME:
Data Nascimento: Idade:
Endereço: nº: apto:
Telefone: Bairro:
Cidade: CEP:
A. Sexo
1. ( ) Feminino
2. ( ) Masculino
B. Estado Civil
1. ( ) Casado
2. ( ) Solteiro
3. ( ) Viúvo
4. ( ) Separado
5. ( ) Divorciado
6. ( ) Outro: _____________
C. Filhos e Netos:
Quantos filhos: __________________
Quantos netos: __________________
Quantos bisnetos: ________________
D. Sabe ler?:
1. ( ) Não
2. ( ) Sim
E. Sabe escrever?
1. ( ) Não
2. ( ) Sim
F. Com que mão escreve?
1. ( ) Direita
2. ( ) Esquerda
G. Escolaridade:
1. ( ) Nenhuma
2. ( ) Ensino fundamental Incompleto
3. ( ) Ensino fundamental completo
4. ( ) Ensino médio incompleto
5. ( ) Ensino médio completo
6. ( ) Curso técnico incompleto
7. ( ) Curso técnico completo
8. ( ) Curso Superior incompleto
9. ( ) Curso Superior completo
10. ( ) Pós-graduação
11. ( ) outra: _________________
H. Quantos anos de escolaridade?
______________________________
I. Mora com alguém?
1. ( ) Esposo(a)
2. ( ) Filho(a)
3. ( ) Parente
4. ( ) Amigo(a)
5. ( ) Instituição
6. ( ) Sozinho
7. ( ) Pais
8. ( ) Outro:__________________
J. Sua residência é:
1. ( ) Própria
2. ( ) Alugada
3. ( ) Instituição
4. ( ) De familiar
K. Desde qdo vive em seu domicílio
atual?
1. ( ) menos de 5 anos
2. ( ) Entre 5 e 10 anos
3. ( ) mais de 10 anos
L. Ocupação Atual:
1. ( ) Trabalhando em tempo integral - CTPS
2. ( ) Trabalhando em tempo parcial (um turno)
- CTPS
3. ( ) Trabalhando como autônomo
4. ( ) Trabalha informalmente
5. ( ) Realiza trabalho voluntário
6. ( ) Em benefício
7. ( ) Aposentado
8. ( ) Pensionista
9. ( ) Nunca trabalhou
10 . ( ) Dona de casa
11. ( ) Desempregado (a)
10. ( ) Outro: _________________
M. Profissão:
N. Quantos anos de trabalho? __________
O. Sua renda provém de:
1. ( ) Pensão
2. ( ) Salário
3. ( ) Ajuda de terceiros
4. ( ) Aposentadoria
5. ( ) Outro:__________________________
P. Recebe ajuda econômica?
1. ( ) Não
2. ( ) Sim De quem: __________________
Q. Realiza atividades de lazer?:
1. ( ) Não
2. ( )Sim
Qual?
1. ( ) Leitura
2. ( ) Música
3. ( ) Palavras cruzadas
4. ( ) Bingo
5. ( ) Novelas
6. ( ) Futebol
7. ( ) Bocha
8. ( ) Cartas
9. ( ) Cinema
10. ( ) Damas
11. ( ) Atividades manuais
12. ( ) Praia
13. ( ) Serra
14. ( ) Caminhada
15. ( ) Baile
16. ( ) Atividades na igreja
17 .( ) computador
18. ( ) outro: ________________________
___________________________________
R. Onde vive, tem acesso a:
1. ( ) Telefone
2. ( ) Rádio
3. ( ) TV
4. ( )Jornais / revista / livros
5. ( )Computador
6. ( )Nenhum
S. Como está sua saúde?
1. ( ) Boa
2. ( ) Regular
3. ( )Ruim
T. Utiliza alguma medicação?
1. ( ) Não
2. ( ) Sim
Qual (is)? E para que serve(m)?
1. ______________________________
2. ______________________________
3. ______________________________
4. ______________________________
U. Tem feito exames de rotina com seu
médico?
1. ( ) Não
2. ( ) Sim
Qual (is): _______________________
________________________________
________________________________
V. De um mês para cá, você tem deixado
de realizar alguma atividade por motivos
de saúde?
1. ( ) Não
2. ( ) Sim
Qual (is): _______________________
________________________________
W. Houve alguma hospitalização prévia?
1. ( ) Não
2. ( ) Sim
Se Sim, qual Motivo: _____________
________________________________
Quantas?
1. ( ) Até 3 hospitalizações
2. ( ) Mais de 3 hospitalizações
X. É fumante?
1. ( ) Não
1.1. ( ) Nunca fumou
1.2. ( ) parou há mais de 1 ano
2. ( ) Sim
2.1. cigarros / dia
Y. Costuma beber?
1. ( ) Não
1.1. ( ) Nunca bebeu
1.2. ( ) parou há mais de 1 ano
2. ( ) Sim
2.1.( ) qual bebida? ________________
2.2 ( ) quanto bebe? _______________
Z. Quais são seus maiores motivos de
preocupação atualmente?
________________________________
________________________________
________________________________
76
APÊNDICE 3
APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA PUCRS
77
78
79
ANEXOS
80
ANEXO A
MINI EXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM)
81
MINI EXAME DO ESTADO MENTAL(MEEM)
MINI EXAME DO ESTADO MENTAL
Pontos
1. Orientação temporal (0-5): anoestaçãomêsdia do mêsdia da semana
2. Orientação espacial (0-5): localandarbairrocidadeestado
3. Registro (0-3): nomear: caneca – tapete – tijolo
4. Cálculo – tirar 7 (0-5): 10093867972 – 65
5. Evocação (0-3): três palavras anteriores: caneca – tapete – tijolo
6. Linguagem 1 (0-2): nomear um relógio e uma caneta
7. Linguagem 2 (0-1): repetir: nem aqui, nem ali, nem lá
8. Linguagem 3 (0-3): siga o comando: pegue o papel com a mão direita, dobre-o ao
meio, coloque em cima da mesa.
9. Linguagem 4 (0-1): ler e obedecer: feche os olhos
10. Linguagem 5 (0-1): escreva uma frase completa
11. Copiar o desenho (0-1)
Total
ANEXO B
ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA (GDS)
83
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