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sendo o fígado, depois da pele, a parte mais
valiosa. A pele, junto com o conteúdo
gastrintestinal, constituem os fatores mais
determinantes no rendimento da carcaça,
pois ambos podem representar 25% do peso
vivo do abate (Tonetto et al., 2004).
A pele dos caprinos, muito valorizada pela
indústria calçadista e de vestuário, pode ser
comercializada antes ou após a salga
(Siqueira et al., 2001).
Considerando todos os subprodutos
comestíveis e não comestíveis procedentes
do abate animal, além da carne, eles
representam entre 66% a 68% do valor da
carcaça, tendo as vísceras uma participação
de bastante representativa de 14% (Monte
et al., 2004). Os subprodutos
correspondentes às vísceras são integrados
pelo coração, pulmão, fígado, rins,
intestinos e estômagos, que apresentam um
rendimento extremamente significativo,
podendo ser convertido em lucro para o
produtor (Costa et al., 2005).
As vísceras variam em peso de acordo com
a proporção de energia consumida, pois
uma alta relação volumoso:concentrado
favorece a relação entre o peso do conteúdo
gastrintestinal e o peso do corpo vazio. Os
órgãos viscerais, especialmente o fígado e o
trato gastrintestinal (TGI), estão associados
a altas taxas de síntese de proteína tecidual,
que ocorre em maior proporção no TGI
(19%-23%) e no fígado, rins, pâncreas
(16%-17%) e músculo estriado (24-28%). O
tamanho e peso desses órgãos estão
relacionados com o maior consumo de
nutrientes pelo animal, especialmente
energia e proteína, já que estes participam
ativamente no metabolismo desses
nutrientes. O jejum de dois ou mais dias em
bovinos antes do abate pode resultar em
perda de peso do fígado de até 25% (Ferrel
et al., 1976). A ordem de crescimento dos
órgãos do aparelho digestivo desde o
nascimento até a vida adulta de bovinos,
búfalos, caprinos e ovinos é a seguinte:
abomaso, rúmen, retículo, omaso, ceco,
intestino grosso, reto, intestino delgado e
esôfago (Lyford, 1993). O abomaso pode
ser considerado um órgão de
desenvolvimento precoce, pelo fato de que
o animal, no inicio da vida, depende quase
que exclusivamente desse órgão para a
digestão dos nutrientes, sendo o
rúmen/retículo e o omaso ainda pouco
funcionais nessa fase. As proporções de
rúmen/retículo e omaso apresentam maior
desenvolvimento após o desmame, quando
o animal é forçado a ingerir alimentos
sólidos, acarretando assim um
desenvolvimento mais tardio desses órgãos
(Pires et al., 2000).
O efeito da dieta nos tecidos viscerais, em
relação ao peso do corpo vazio, é a
somatória de várias condições, incluindo
nestas a função de absorção e as funções
associadas aos tecidos periféricos e aos
componentes da carcaça. O peso desses
tecidos é um indicativo de diferenças entre
as quantidades de nutrientes consumidos
pelo animal, sendo influenciado pelas
características do volumoso, a inclusão de
grãos à dieta e a quantidade de alimento
oferecido (Silva - Sobrinho, 2005).
4.2.9.2. Qualidade nutricional das
vísceras
A importância dos componentes não
carcaça não está vinculada apenas ao
retorno econômico, mas também como uma
alternativa alimentar, principalmente nas
populações de baixo poder aquisitivo. Além
disso, o valor nutritivo desses órgãos é
comparável ao da carcaça, porque as
vísceras utilizadas no consumo humano
também constituem uma importante fonte
de proteína animal (Yamamoto et al.,
2004).
Ao analisarem a composição físico-química
das vísceras caprina in natura e
processadas, Madruga et al., (2003)
verificaram que, das vísceras in natura, o