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1
JULIANA COSTA CORDEIRO
DESEMPENHO DE CAPRINOS SAANEN, NA RECRIA,
ALIMENTADOS COM DIETAS CONTENDO BANDINHA DE
FEIJÃO
Dissertação apresentada à Escola de
Veterinária da Universidade Federal de
Minas Gerais, como requisito parcial
para a obtenção do Grau de Mestre em
Zootecnia
Área de concentração: Produção Animal
Orientador: Prof. Iran Borges
Belo Horizonte
Escola de Veterinária - UFMG
2008
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“ Tudo posso naquele que me fortalece “
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AGRADECIMENTOS
À Deus
À minha família, razão do meu viver, obrigada pelo grande apoio me permitindo mais uma vez
realizar os nossos sonhos
Ao Professor Iran, meu orientador e grande mestre, obrigada por todo apoio, amizade e
aprendizados, agradeço pela oportunidade que me concedeu
À Professora Ângela, obrigada pela ajuda e orientação
À Minas Cabra e Geraldo Jonas, obrigada pela doação dos animais
À fábrica de ração Ampla pela doação do concentrado
À CAPES pela bolsa concedida
À minha segunda família, Tia Luça, Mauro, Bell e Nessa
Às amigas queridas, Letícia, Nera, Buia, Dridri
Aos amigos; Silas, que dividiu comigo o galpão do experimento, obrigada por sua ajuda e
amizade, que espero ser para sempre e Gilberto, obrigada por toda a sua ajuda e oportunidade
Aos estagiários: Márcio Henrique, Túlio, Fernanda Vigorito e Fernandinha, por toda a ajuda
Aos professores queridos e amigos Lívio Molina, Lobão, Último e Lúcio; por todos os seus
ensinamentos.
Ao Luciano Fernandes Sousa, obrigada pelo seu amor e apoio incondicional
Aos funcionários do LabNutri, Kelly, Marquito e Toninho, por toda a ajuda e alegria
Aos amigos inesquecíveis: Salete, Jana e Guilherme
À Yuri, como agradecer? Pequenina amiga, não tenho palavras para descrever todo o seu apoio
e grande amizade
Aos meus amigos-irmãos: Veridiana,, por toda a sua ajuda, conselhos e exemplo de
determinação; Fernando Antônio “Negão” pelo carinho e risos que você me causou e Fernando
Henrique “Ceará” por sua amizade e exemplo de profissional
A Escola de Veterinária, lugar que vivi momentos alegres, terríveis e inesquecíveis; saio daqui
com o meu dever cumprido e uma pessoa muito melhor
Ao Instituto Mineiro de Agropecuária, pelo chamado na hora certa, me tranquilizando nos meus
últimos dias de Escola de Veterinária.
4
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................ 8
ABSTRACT............................................................................................................
9
1.
INTRODUÇÃO GERAL........................................................................................
10
2.
CAPÍTULO 1: DIGESTIBILIDADE APARENTE DE DIETAS CONTENDO
BANDINHA DE FEIJÃO E ETOLOGIA INGESTIVA DE CABRITOS
SANEN................................................................................................................... 14
2.1.
INTRODUÇÃO......................................................................................................
14
2.2.
REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................
14
2.2.1.
A cultura do feijão..................................................................................................
14
2.2.2.
Aspectos nutricionais do feijão...............................................................................
15
2.2.3.
Valor nutritivo dos alimentos.................................................................................
15
2.2.4.
Consumo e digestibilidade......................................................................................
16
2.2.5.
Etologia ingestiva...................................................................................................
17
2.2.6.
Balanço de nitrogênio.............................................................................................
18
2.2.7.
Glicemia sanguínea.................................................................................................
18
2.3.
MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................
18
2.3.1.
Local e duração do experimento.............................................................................
18
2.3.2.
Animais, instalações e manejo................................................................................
18
2.3.3.
Tratamentos............................................................................................................
18
2.3.4.
Coleta e preparo de amostras..................................................................................
19
2.3.5.
Etologia ingestivo...................................................................................................
19
2.3.6.
Valores de Glicemia Sangüínea..............................................................................
20
2.3.7.
Análises laboratoriais..............................................................................................
20
2.3.8.
Delineamento Experimental e Análises estatísticas................................................
20
2.4.
RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................
21
2.4.1.
Composição química dos alimentos......................................................................
21
2.4.2.
Consumos e coeficientes de digestibilidade...........................................................
21
2.4.3.
Comportamento ingestivo.......................................................................................
25
2.4.4.
Valores de Glicemia Sangüínea..............................................................................
26
2.5.
CONCLUSÕES......................................................................................................
28
3.
CAPÍTULO 2: AVALIAÇÃO DE MEDIDAS BIOMÉTRICAS E ULTRA-
SONOGRÁFICAS EM CABRITOS SAANEN ALIMENTADOS COM
BANDINHA DE FEIJÃO......................................................................................
29
3.1.
INTRODUÇÃO......................................................................................................
29
3.2.
REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................
30
3.2.1.
Cadeia produtiva atual............................................................................................
30
3.2.2.
A ultra-sonografia...................................................................................................
32
3.2.2.1.
Técnica de aplicação da ultra-sonografia................................................................
33
3.2.2.2.
Princípios da técnica de ultra-sonografia................................................................
33
3.2.2.3.
Metodologia de aplicação da ultra-sonografia........................................................
34
3.2.3.
Biometria................................................................................................................
34
3.3.
MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................
35
3.3.1.
Local e duração do experimento.............................................................................
35
3.3.2.
Animais, instalações e manejo................................................................................
35
5
3.3.3.
Tratamentos............................................................................................................
35
3.3.4.
Mensurações biométricas........................................................................................
35
3.3.5.
Mensurações ultra-sonográficas.............................................................................
36
3.3.6.
Delineamento Experimental e Análises estatísticas................................................
36
3.4.
RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................
37
3.4.1.
Avaliação Biométrica dos caprinos........................................................................
37
3.4.2.
Avaliação Ultra-sonográfia dos caprinos................................................................
48
3.5.
CONCLUSÕES......................................................................................................
51
4.
CAPÍTULO 3: RENDIMENTO DE CORTES E VÍSCERAS DE CABRITOS
SAANEN ALIMENTADOS COM BANDINHA DE FEIJÃO............................. 52
4.1.
INTRODUÇÃO......................................................................................................
52
4.2.
REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................
53
4.2.1.
Qualidade da carne..................................................................................................
53
4.2.2.
Avaliação da carcaça..............................................................................................
55
4.2.3.
Cadeia produtiva da caprinocultura........................................................................
55
4.2.4.
Características de carcaça.......................................................................................
57
4.2.5.
Conformação da carcaça.........................................................................................
57
4.2.6.
Rendimento de carcaça...........................................................................................
57
4.2.7.
Componentes da carcaça.........................................................................................
58
4.2.8.
pH da carcaça..........................................................................................................
59
4.2.9.
Componentes não carcaça.......................................................................................
60
4.2.9.1.
Constituintes dos componentes não carcaça...........................................................
60
4.2.9.2.
Qualidade nutricional das vísceras.........................................................................
61
4.2.9.3.
Utilização das vísceras na alimentação humana.....................................................
62
4.2.9.4.
Importância econômica da comercialização das vísceras.......................................
62
4.3.
MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................
63
4.3.1.
Local e duração do experimento.............................................................................
63
4.3.2.
Animais, instalações e manejo................................................................................
63
4.3.3.
Tratamentos............................................................................................................
63
4.3.4.
Mensurações...........................................................................................................
63
4.3.5.
Delineamento Experimental e Análises estatísticas................................................
64
4.4.
RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................
65
4.4.1
Temperatura e pH durante o resfriamento da carcaça............................................
65
4.4.2.
Rendimentos de cortes das carcaças caprinas.........................................................
68
4.4.3.
Rendimentos de vísceras em caprinos jovens.........................................................
74
4.5.
CONCLUSÕES......................................................................................................
78
5.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................
79
6
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Composição das dietas.............................................................................................
19
Tabela 2: Composição química dos alimentos oferecidos, com base na matéria seca............ 21
Tabela 3:
Médias dos consumos diários da MS (CMS), da FDN (CFDN), da FDA
(CFDA), da hemicelulose (CHCEL) e da PB (CPB) do feno e do concentrado
(CONC), em função do peso vivo (PV) e de gramas por unidade de tamanho
metabólico (g/UTM) ............................................................................................... 23
Tabela 4:
Médias dos coeficientes de digestibilidade verdadeira (%) da MS (DMS), da
FDN (CFDN), da FDA (CFDA), da HCEL (DHCEL) e da digestibilidade
aparente PB (DPB) .................................................................................................. 23
Tabela 5:
Valores, expressos em gramas/dia, de nitrogênio ingerido (N ingerido),
nitrogênio excretado (N excretado), nitrogênio excretado na urina (N urinário),
nitrogênio excretado nas fezes (N fecal), nitrogênio retido (N retido) e relação
entre N retido e N ingerido (N ret/N ing) e entre N retido e N excretado (N ret/N
exc)........................................................................................................................... 24
Tabela 6:
Médias do tempo gasto com ócio, ingestão (INGEST), ruminação (RUM) e
mastigação (MAST) em minutos por dia (min/dia) e os comportamentos RUM e
MAST em função do CMS e CFDN em minutos por kg (min/kg) e minutos
multiplicado por kg (min.kg)...............................................................................
25
Tabela 7:
Médias dos valores da concentração plasmática de glicose (mg/dL) em função
do tempo em horas................................................................................................... 26
Tabela 8: Equações de regressão para a glicemia em função do tempo (t) em horas..............
27
Tabela 9:
Médias das medidas biométricas em centímetros (cm) de cabritos Saanen
alimentados com bandinha de feijão........................................................................
37
Tabela 10:
Médias e desvio-padrão do escore corporal, peso, altura anterior (ALTANT),
altura posterior (ALTPOST), comprimento corporal (CC) e largura de peito
(LPEITO) ................................................................................................................ 40
Tabela 11: Correlação de Pearson entre as medidas biométricas..............................................
41
Tabela 12: Equações de regressão das medidas biométricas em função do tempo “t”.............
42
Tabela 13:
Equações de regressão das medidas ultra-sonográficas – altura de olho de lombo
(AOL), espessura de gordura subcutânea do músculo Longissimus dorsi (EGS) e
espessura de gordura nas esternébras (ESTERN).................................................... 48
Tabela 14: Coeficientes de correlação de Pearson para a altura do olho de lombo (AOL).......
51
Tabela 15:
Médias da temperatura em graus Celsius (tºC) e pH da carcaça em função do
tempo em horas........................................................................................................
66
Tabela 16:
Equações de regressão para a temperatura (tºC) e pH de resfriamento das
carcaças de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão.......................... 67
Tabela 17:
Pesos dos cortes pernil, paleta, lombo, carré costela-fralda (COSTFRALDA),
pescoço e peito da carcaça quente (PCQ), da carcaça fria (PCF), o percentual do
índice de quebra de resfriamento da carcaça (%IQ), o ganho de peso em Kg
(GDP Kg) e os rendimentos de carcaça quente (RCQ) e fria (RCF)..................... 69
Tabela 18:
Rendimentos médios da carcaça quente (RCQ) e fria (RCF) e dos cortes; pernil,
paleta, lombo, carré, costela/fralda, pescoço e peito; em função do PCQ e PCF.... 69
Tabela 19:
Médias dos rendimentos da paleta (%PALETAPCQ) e pernil (%PERNAPCQ)
em cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão........................................ 72
7
Tabela 20:
Coeficientes de correlação de Pearson entre os diferentes cortes cárneos de
cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão.............................................
73
Tabela 21:
Médias das vísceras comestíveis (VISCCOMEST), vísceras abdominais
(VISABDOM), vísceras torácicas (VISCTORAX) e o rendimento das vísceras
comestíveis no PCQ (VISCPCQ)............................................................................
74
Tabela 22:
Médias dos pesos das vísceras brancas e seus rendimentos de cabritos Saanen
alimentados com bandinha de feijão........................................................................ 75
Tabela 23:
Médias dos pesos das vísceras vermelhas de cabritos Saanen alimentados com
bandinha de feijão................................................................................................... 76
Tabela 24: Médias dos pesos da pele, cabeça, pulmão e traqueia-esôfago em Kg....................
76
Tabela 25:
Coeficientes de correlação de Pearson entre as vísceras de cabritos Saanen
alimentados com bandinha de feijão........................................................................
77
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1:
Curva glicêmica de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão em
função do tempo...................................................................................................... 28
Figura 2:
Escore corporal de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão.............
40
Figura 3:
Peso de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão...............................
41
Figura 4:
Altura anterior de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão...............
43
Figura 5:
Altura posterior de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão.............
44
Figura 6:
Comprimento corporal de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão..
44
Figura 7:
Largura de peito de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão............
45
Figura 8:
Perímetro torácico de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão.........
45
Figura 9:
Comprimento de paleta de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão.
46
Figura 10:
Perímetro de perna de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão........
46
Figura 11:
Comprimento de perna de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão..
47
Figura 12:
Largura de garupa de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão.........
47
Figura 13:
Comprimento de garupa de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão
48
Figura 14:
Altura do olho de lombo de cabritos Saanen alimentados com bandinha de
feijão.......................................................................................................................
49
Figura 15:
Espessura de gordura subcutânea sobre o músculo Longissimus dorsi de cabritos
Saanen alimentados com bandinha de feijão.......................................................... 50
Figura 16:
Espessura de gordura na região das esternébras de cabritos Saanen alimentados
com bandinha de feijão........................................................................................... 50
Figura 17:
Sistema de cortes de carcaça de caprinos...............................................................
64
Figura 18:
Temperatura de resfriamento da carcaça de cabritos Saanen alimentados com
bandinha de feijão................................................................................................... 68
Figura 19:
pH da carcaça de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão................ 68
9
Desempenho de caprinos Saanen, na recria, alimentados com dietas contendo bandinha de
feijão
Resumo
Os objetivos deste trabalho foram determinar o consumo e digestibilidade aparente da matéria
seca, proteína bruta e frações fibrosas de dietas contendo bandinha de feijão; avaliar o
rendimento de cortes e vísceras de carcaça de cabritos Saanen alimentados com diferentes níveis
de bandinha de feijão no concentrado através da técnica de ultra-sonografia assim como
correlacionar as características de rendimento com as medidas biométricas. Foram utilizados 14
caprinos da raça Saanen, com 90 dias de idade e pesando 12,83 quilogramas; divididos em dois
tratamentos, o primeiro com 30% de bandinha de feijão incluída no concentrado, e o segundo
com 60% de inclusão. As dietas eram isoproteicas e isoenergéticas e foram calculadas com base
nas exigências propostas pelo NRC (1985). Foram estudados o consumo e a digestibilidade
aparente da MS, PB, FDN, FDA e hemicelulose. Também foram estudados o balanço de
nitrogênio, o comportamento ingestivo e a curva glicêmica destes animais. Os animais foram
pesados e mensurados periodicamente, através de medidas biométricas e ultra-sonográficas. Em
seguida foram abatidos, e sua carcaça, órgãos e vísceras pesadas. Após 24 horas de
resfriamento, a carcaça foi dividida em cortes que também foram pesados. O pH e a temperatura
da carcaça foram avaliados durante 24 horas. Foram calculados os rendimentos de carcaça,
cortes e vísceras. O emprego da bandinha de feijão não alterou os consumos e digestibilidades
de matéria seca, fibra detergente neutro, fibra detergente ácido e hemicelulose.O consumo de
proteína bruta possibilitou balanços nitrogenados positivos. Não houve alteração na etologia
ingestiva dos cabritos Saanen. A concentração plasmática de glicose nas proporções estudadas,
foram diferentes ao longo do dia. Na fase estudada cabritos apresentaram desenvolvimento
isométrico, independente do sexo e da dieta consumida. As medidas biométricas e ultra-
sonográficas podem ser utilizadas para predizer as características da carcaça de cabritos Saanen
alimentadas com bandinha de feijão, sendo que avaliações ultra-sonográficas nas esternébras
devem ser preteridas devido à maior fonte de variação nas leituras. A inclusão de bandinha de
feijão na alimentação de cabritos, não afetou os parâmetros físico-químicos da carne, e tão
pouco afeta a deposição de gordura de cobertura. O sexo dos animais nessa fase não impôs
mudanças nas características das carcaças. O pH das carcaças não reduziu a níveis desejáveis e
tiveram rápido resfriamento devido a cobertura de gordura ausente.
Palavras-chave: biometria, carne, caprinos, desempenho, digestibilidade, subprodutos e
rendimentos
10
Growing Saanen goats performance fed broken bean
Abstract
The aim of this work was to determine voluntary intake and apparent digestibility of dry matter
(DM), crude protein (CP) and fibrous fractions (NDF and ADF) of diets containing broken
bean; to evaluate carcass cuts and viscera Saanen kid goats breed fed with different levels of
broken bean in concentrate through the ultrasonic technique as well as correlating the yields
characteristics with biometrics measures. Fourteen Saanen kid goats breed were used, with 90
days of age and weighing 12,83 kg; divided in two treatments, the first with 30% of broken bean
included in the concentrate, and the second with 60% of inclusion. The rations were
isoproteinous and isoenergetic and they were calculated in according to NRC (1985). Voluntary
intake and apparent digestibility of DM, CP, NDF, ADF and hemicelulose were studied. Also,
evaluated the nitrogen balance, voluntary intake behavior and glicemic curve of these animals.
The animals were weighed and measured periodically, through measured biometrics and
ultrasonic. Second, were abated and carcass; organs, viscera weighed. Carcass pH and
temperature were appraised for 24 hours. The carcass yields, cuts and viscera were calculated.
Broken bean didn't alter the voluntary intake and apparent digestibility of dry matter, neutral
detergent fiber, acid detergent fiber and hemicelulose. Crude protein intake made possible
nitrogen balance positive. No modification in intake kid goats Saanen behavior was observed.
The proportions of glucose plasmatic concentration were different along the day. During the
studied phase, kids goats presented isometric development, independent of sex and diet
consumed. The biometric and ultrasonic measurement can be used to predict kid goats Saanen
carcass characteristics fed with broken bean, and ultrasonic evaluations in the breastbone should
be preferred due to largest variation source in readings. The inclusion of beak bean in kids goats
diet didn't affect the physical-chemical parameters of meat, as well as, covering fat deposition.
The animals sex in that phase didn't impose changes in carcasses characteristics. Kids goats
carcasses pH didn't reduce at desirable levels, and had faster cooling because of covering fat
absent.
Keywords: Biometrics, beef, kids goats, performance, digestibility, sub-products and income
11
1. INTRODUÇÃO GERAL
Nos últimos anos, o agronegócio vem sendo
responsável pelo crescimento do PIB e do
superávit da balança comercial brasileira,
principalmente porque o país possui uma
grande extensão territorial e clima favorável
para a exploração da agropecuária. O
desenvolvimento da pesquisa científica
pode contribuir para a modernização desta
atividade. O Brasil possui o maior rebanho
comercial de bovinos do mundo, é o sétimo
maior produtor de leite e o maior
exportador de carne (FAOSTAT, 2008).
A alimentação dos animais responde pela
maior parte dos custos do sistema de
produção, somado a isto, os alimentos mais
utilizados na alimentação animal, o milho e
a soja, sofrem constantes oscilações de
preço. Muitos têm sido os estudos buscando
estratégias para a melhoria deste sistema de
produção com diminuição destes custos.
Surgindo assim a necessidade de se estudar
a viabilidade de inclusão de diversas fontes
alimentares alternativas e quantificar as
respostas animais em termos produtivos e
econômicos. Uma das alternativas seria a
introdução de subprodutos da agroindústria
na dieta dos animais, porém, a maioria
desses alimentos ainda não foi estudada,
desconhecendo-se sua composição e seus
níveis adequados de utilização econômica e
biológica na produção animal. O uso de
resíduos de cerealistas, como a bandinha de
feijão, é uma interessante fonte de alimento
de alto valor protéico que pode incrementar
a produção animal e ainda, diminuir os
custos deste sistema.
A bandinha de feijão pode ser definida
como o resíduo do processo de
industrialização do feijão (Phaseolus
vulgaris) destinado à alimentação humana.
Neste processo de industrialização, é feita a
seleção dos grãos com a retirada dos que
estão chochos e carunchados, e o resíduo
desta seleção são os grãos quebrados e
fragmentados, a “bandinha de feijão”.
A produção animal está estritamente
relacionada com a nutrição, que depende
basicamente de três fatores: exigências
nutricionais, composição dos alimentos e
quantidade de nutrientes digestíveis
ingeridos pelos animais. Além do consumo,
a digestibilidade também é um parâmetro
nutricional de grande relevância nos
sistemas de produção. A digestibilidade de
um alimento pode variar em função do
próprio alimento, do animal e das condições
de alimentação (Mertens, 1994).
O conhecimento sobre o consumo dos
alimentos pelos animais é essencial para a
nutrição, pois determina a quantidade de
alimento ingerido, e indiretamente a
resposta animal (Van Soest, 1994).
Entretanto, o conhecimento da utilização
dos nutrientes pelo animal, obtido por meio
de estudos de digestibilidade não é menos
importante. Segundo Coelho da Silva e
Leão (1979), a digestibilidade é
característica do alimento e pode expressar
sua disponibilidade de utilização pelo
animal.
A exploração caprina, no sudeste do Brasil,
tem como finalidade principal a produção
de leite, contudo, os cabritos jovens podem
ser destinados ao abate e assim propiciar
uma renda adicional ao produtor. Existe
uma preocupação sobre o possível destino
dos cabritos machos nascidos nos rebanhos
leiteiros, os quais habitualmente são
sacrificados ao nascimento ou vendidos
sem que haja um desenvolvimento
adequado para obter uma carcaça que atraia
os consumidores. E o mercado vem
exigindo a produção de animais jovens,
com adequada quantidade de massa
muscular e gordura e com maior proporção
de cortes de maior valor comercial. A raça
12
Saanen é uma das raças leiteiras mais
criadas no sudeste do Brasil e apresenta
animais de grande porte. Os animais devem
ser abatidos precocemente, a partir do
desmame, para se produzir carcaças com
peso entre sete e oito kg (Bueno, 2005). A
produção eficiente de carne caprina deve-se
basear em sistema no qual animais, em
curto espaço de tempo e baixo custo,
produzam carcaças que possam ser
comercializadas a preços elevados.
Atualmente, a procura por carne de cabrito
é maior que a oferta, valorizando dessa
maneira o produto.
A avaliação in vivo por ultra-sonografia
pode propiciar ao mercado e aos
consumidores, animais com características
específicas de carcaça e carne. Em bovinos,
estas práticas são amplamente utilizadas,
entretanto, em caprinos e ovinos são
escassas as informações sobre estas
avaliações, como também a relação
existente entre as referidas avaliações com
o crescimento do tecido muscular. De
acordo com Prado et al. (2004) a área de
olho de lombo é uma medida que tem sido
usada como indicativo de desenvolvimento
muscular do animal. Há uma correlação
bastante significativa desta área com a
quantidade de tecido muscular na carcaça
do animal, portanto, é interessante conhecer
a relação existente entre as mensurações
obtidas por ultra-sonografia em diferentes
períodos no confinamento com a medida na
carcaça. As razões para estimar a
composição corporal dos caprinos na
prática, devem-se à habilidade em produzir
conforme a demanda do consumidor, à
seleção de animais precoces e à necessidade
em se atender um sistema de
comercialização baseado no rendimento da
carcaça (Tarouco, 2003).
A utilização da técnica de ultra-sonografia
em tempo real oferece aos produtores de
carne uma ferramenta para o melhoramento
das características de composição corporal
com peso e percentagem dos cortes
comerciais e proporção de músculo e
gordura. Também auxilia os produtores a
identificar quais animais são eficientes em
atender as especificações de mercado
(Tarouco, 2003).
A criação de caprinos no Brasil é
desenvolvida principalmente em sistema
extensivo onde à maioria dos pequenos
produtores contam com pouca tecnologia e
baixo investimento em infra-instrutora,
inviabilizando o controle de desempenho a
partir da pesagem periódica dos animais.
Com isto existe a necessidade de contar
com mensurações no animal vivo que
permitam predizer características
quantitativas da carcaça, rendimento,
conformação e proporção de cortes. A
metodologia utilizada deve ter como
premissa a confiabilidade das medidas a
serem usadas em equações de predição para
estimar parâmetros no animal vivo ou na
carcaça, que diferem com a raça, idade,
sexo e estado nutricional dos caprinos.
Medidas isoladas podem não ser suficientes
para definir as características da carcaça,
mas a combinações permitirão estabelecer
índices para comparação das carcaças.
Muitos autores utilizam a biometria para
estimar o peso vivo, correlacionando-o com
o perímetro torácico, comprimento e altura
do animal.
Outro parâmetro que deve ser avaliado na
comercialização das carcaças caprinas é o
rendimento comercial de carcaça, pois sua
comercialização se realiza na expectativa
do produto que poderá chegar ao
consumidor. Além disso, características da
carcaça como perímetro da garupa e da
perna, entre outros, poderão influenciar o
preço de venda do produto, modificando a
percepção visual do consumidor e
favorecendo o consumo de carne caprina. O
rendimento da carcaça é determinado pelos
diversos componentes corporais do animal,
e o valor deste depende dos pesos relativos
de seus cortes, sendo que para melhorar
esse valor, torna-se necessário aprimorar
13
aspectos relativos à nutrição, sanidade,
manejo e genética (Sainz, 1996).
O aumento no rendimento de carcaça
significa maior eficiência na produção de
carne caprina, sendo que a carcaça, para ser
considerada de boa qualidade deve
apresentar elevada proporção de músculos,
pequena de ossos e adequado teor de
gordura intramuscular, para garantir
suculência e sabor, além de um mínimo de
cobertura de gordura. Carcaças caprinas
geralmente são pobres em gordura,
principalmente de cobertura, o que pode ser
benéfico do ponto de vista nutricional,
contudo dificulta o seu armazenamento a
frio. Carcaças de caprinos apresentam a
gordura total do corpo distribuída de
maneira diferente de ovinos. Os ovinos
depositam maior proporção de gordura na
carcaça e menor proporção de gordura
visceral (omental, mesentérica e supra-
renal) que caprinos (Colomer-Rocher,
1987).
Os objetivos deste trabalho foram
determinar o consumo e digestibilidade
aparente da matéria seca, proteína bruta e
frações fibrosas de dietas contendo
bandinha de feijão; avaliar o rendimento de
cortes e vísceras de carcaça de cabritos
Saanen alimentados com diferentes níveis
de bandinha de feijão no concentrado
através da técnica de ultra-sonografia assim
como correlacionar as características de
rendimento com as medidas biométricas.
14
2. CAPÍTULO 1:
DIGESTIBILIDADE APARENTE DE
DIETAS CONTENDO BANDINHA DE
FEIJÃO E ETOLOGIA INGESTIVA
DE CABRITOS SAANEN
2.1. INTRODUÇÃO
O consumo de carne caprina no Brasil tem
aumentado nos últimos anos embora
apresente um potencial crescimento, o que
requer um programa de produção de carne
com objetivos bem definidos. Vários têm
sido os estudos buscando estratégias para a
melhoria do sistema de produção de carne
caprina. Surgindo assim a necessidade de se
estudar a viabilidade de inclusão de
diversas fontes alimentares alternativas e
quantificar as respostas animais em termos
produtivos e econômicos. Uma das
alternativas seria a introdução de
subprodutos da agroindústria na dieta destes
animais; porém, a maioria desses alimentos
ainda não foi estudada, desconhecendo-se
sua composição e níveis de inclusão
adequados para sua utilização econômica e
biológica na produção. O uso de resíduos de
cerealistas, como a bandinha de feijão, é
uma fonte alimentar de alto valor protéico
que pode incrementar a produção animal e
diminuir os custos da produção de carne.
O consumo e a digestibilidade são
parâmetros chaves em sistemas de
formulação de dietas para ruminantes. A
medição desses parâmetros faz-se
necessária, pois possuem alta correlação
com a ingestão de matéria seca e a
eficiência na absorção e aproveitamento dos
nutrientes (Macedo Junior et al., 2006). O
consumo é regulado por vários fatores, tais
como: alimento (fibra, densidade
energética, volume), animal (peso, sexo,
nível de produção e estado fisiológico) e
condição de alimentação (disponibilidade
de alimento, freqüência de alimentação,
dentre outros) (Mertens, 1992).
O conhecimento do comportamento
ingestivo é uma ferramenta de grande
importância na avaliação das dietas, pois
possibilita ajustar o manejo alimentar dos
animais para obtenção de melhores
desempenhos produtivos (Cardoso et al.,
2006). O comportamento ingestivo dos
animais também é influenciado pela
estrutura física e pela composição química
das dietas (Carvalho et al., 2004).
Os objetivos deste trabalho foram
determinar o consumo e a digestibilidade
aparente da matéria seca, frações fibrosas e
proteína bruta; balanço de nitrogênio; curva
glicêmica e etologia ingestiva de cabritos
Saanen alimentados com bandinha de
feijão.
2.2. REVISÃO DE LITERTURA
2.2.1. A cultura do feijão
Historicamente, o feijão teve origem no
continente americano; no sul dos Estados
Unidos da América, México, América
Central e no norte da América do Sul
(Sgarbieri e Whitaker, 1982). O gênero
Phaseolus possui 55 espécies, mas apenas
cinco são cultivadas comercialmente são
elas: o feijão comum (Phaseolus vulgaris);
o feijão de lima (P. lunatus); o feijão
Ayocote (P. coccineus); o feijão tepari (P.
acutifolius) e o P. polyanthus. Existem
vários tipos de feijão comum, como o
rajado, preto, mulatinho, fradinho e roxo;
que apresentam consumos diferenciados
dependendo da região do país (Embrapa,
2008).
O Brasil é o segundo produtor mundial de
feijoeiros do gênero Phaseolus e o primeiro
na espécie Phaseolus vulgaris. A
importância dessa produção, é que, o feijão,
além de se constituir um dos alimentos
básicos da população brasileira é um dos
15
principais produtos fornecedores de
proteína na dieta alimentar dos estratos
sociais, economicamente menos
favorecidos (Embrapa, 2008).
O feijão tem uma ampla adaptação
edafoclimática o que permite seu cultivo,
durante todo o ano, em quase todos os
estados do Brasil, possibilitando constante
oferta do produto no mercado. Outra
característica desta leguminosa é
possibilitar a sua produção em diversos
ecossistemas tropicais e temperados, em
monocultivo e/ou consorciado nos mais
variados arranjos de plantas inter e
intraespecíficos, o que favorece a
diversificação na produção, mas limita uma
maior integração na sua cadeia produtiva.
Considerando a diversidade geográfica do
país e a adaptação do feijoeiro a diversas
condições de clima e solo, é possível
explorar a cultura em três épocas diferentes,
no mesmo ano. A safra "das águas", cujo
plantio é feito de Agosto a Novembro, com
predominância na Região Sul; o plantio "da
seca" realizado de Janeiro a Março,
abrangendo a maioria dos estados
produtores e "de inverno" de Abril a Julho
realizada nas Regiões Centro-Oeste e
Sudeste (Embrapa, 2008b).
Pesquisas vêm trabalhando no
desenvolvimento e lançamento de novos
cultivares no mercado, sendo que o valor
econômico de um novo cultivar depende da
produtividade, resistência a doenças,
tamanho da semente, composição química,
sabor e textura após o cozimento (Koehler
et al., 1987).
2.2.2. Aspectos nutricionais do feijão
As sementes das leguminosas possuem alto
valor protéico. Koehler et al. (1987)
avaliaram 36 cultivares de feijão e
observaram o teor de proteína bruta variar
de 19,6 a 32,2 %. A proteína do feijão está
localizada principalmente no cotilédone e
no eixo embrionário, sendo que a maior
parte das proteínas de estocagem do feijão
são globulinas, as faseolinas, que tem
relativa resistência à proteólise, o que
diminui a digestibilidade do grão nos
monogástricos (Philips et al., 1981).
O perfil aminoacídico da proteína isolada
do feijão mostra alto teor de lisina, variando
de 5,1 a 8,9% da proteína (Koehler et al.,
1987), mas possui deficiência de
aminoácidos sulfurados.
Em geral, o feijão contém menos de 2% de
lipídeos e cerca de 5% de fibra bruta, 4 a
6% de cinzas e mais de 60% de
carboidratos, sendo o amido o principal
carboidrato presente com aproximadamente
38% (Koehler et al., 1987). Nocek e
Tamminga (1991) relataram que somente
14% do amido do feijão é hidrossolúvel,
mas que a taxa de desaparecimento do
amido incubado em sacos de náilon foi de
10%/hora, valor este superior ao do milho
(4%/hora).
A maioria dos grãos de leguminosas
contém metabólitos secundários, que são
formas de defesa da planta contra insetos e
herbívoros, e que resistem à digestão
gástrica e intestinal. Esses são conhecidos
como fatores antinutricionais que podem
interferir no apetite, digestão e metabolismo
do grão no animal. No feijão os principais
fatores antinutricionais são inibidores
enzimáticos, hemaglutininas (lectinas),
taninos e polifenóis, fitatos e
oligossacarídeos (Van der Poel, 1990).
2.2.3. Valor nutritivo dos alimentos
Raymond (1969) classifica o valor nutritivo
dos alimentos como o resultado da
interação entre digestibilidade, consumo do
alimento e eficiência energética. Fatores
como densidade calórica, tamanho de
partícula, solubilidade do rúmen,
capacidade de tamponamento, propriedades
das partículas da fibra e processamento
podem influenciar a fermentação e a
16
digestibilidade do alimento no trato
gastrointestinal (Van Soest, 1994).
Segundo Mertens (1994), o desempenho
animal está diretamente associado ao
consumo de matéria seca digestível. Sendo
que de 60 a 90% do desempenho decorre da
variação do consumo, enquanto 10 a 40%
advêm de flutuações na digestibilidade. A
avaliação nutricional dos alimentos pode
ser feita a partir da composição
bromatológica e fração digestível de seus
nutrientes, sendo essencial quantificar a
participação da microflora ruminal no
processo digestivo (Jarrige, 1981).
2.2.4. Consumo e digestibilidade
A ingestão de alimento é fundamental na
alimentação animal, porque depende da
quantidade total de nutrientes que o animal
recebe para o crescimento, saúde e
produção. A quantidade total de nutrientes
absorvidos vai depender também da
digestibilidade, mas o consumo é
responsável pela maior parte das diferenças
entre os alimentos (Berchielli, 2006).
As teorias que explicam o controle do
consumo voluntário nos ruminantes
admitem que este mecanismo é produto da
ação integrada ou isolada de alguns fatores.
Mertens (1992) dividiu esses fatores em três
mecanismos: o fisiológico, em que a
regulação do consumo é determinada pelo
balanço nutricional; psicogênico que
envolve a resposta do animal a fatores
inibidores ou estimuladores ligados ao
alimento ou ao ambiente e o físico em que a
capacidade de distensão do rúmen pode ser
relacionado ao teor de fibra em detergente
neutro (FDN) da dieta. Se a densidade
energética da dieta for alta, isto é, com
baixa concentração de fibra em relação às
exigências do animal, o consumo será
limitado pela demanda energética e o
animal poderá deixar de ingerir alimentos,
mesmo que o rúmen não esteja repleto. Por
outro lado, se a dieta tiver baixa densidade
energética, como em dietas a base de
volumosos de baixa qualidade nutricional, o
consumo será limitado pelo enchimento e
distensão ruminal. Porém, se a
disponibilidade do alimento for limitada,
nem o enchimento nem a demanda
energética serão importantes para predizer o
consumo (Mertens, 1994; Forbes, 1995).
Conrad et al. (1964) mostraram a correlação
entre a ingestão voluntária de matéria seca
(MS) e a digestibilidade da dieta, sendo que
à medida que a digestibilidade se elevou de
52 até 67%, houve aumento na ingestão. O
aumento da digestibilidade acima desse
limite resultou em decréscimo da ingestão,
e, a partir daí, a ingestão de energia
digestível manteve-se constante, passando a
ingestão a ser regulada por mecanismos
quimiostáticos. Dessa forma, Conrad et al.
(1964) concluíram que a ingestão e a
digestibilidade podem ser positiva ou
negativamente correlacionadas entre si,
dependendo da qualidade da dieta. A
correlação é positiva quando se utilizam
dietas de baixa qualidade, pois, o volume
ocupado pela fração de baixa
digestibilidade reduz a ingestão. Por outro
lado, a ingestão e a digestibilidade são
negativamente correlacionadas quando se
trata de dietas de alta qualidade, em que a
fração fibrosa é pequena e, provavelmente,
não afeta a ingestão. Neste caso o consumo
será controlado pela necessidade energética
do animal.
Características físicas e químicas dos
ingredientes dietéticos e suas interações –
conteúdo de fibra, facilidade de hidrólise do
amido e da fibra, fragilidade e tamanho de
partículas, produtos de fermentação das
silagens, quantidade e degradação ruminal
da proteína dietética – podem ter grande
efeito no consumo (Allen, 2000).
O valor potencial dos alimentos pode ser
determinado mediante análise química, mas
o valor real para os animais só pode ser
conhecido depois de saber a quantidade de
perdas inevitáveis que se produzem durante
17
a digestão, absorção e metabolismo. Podem
afetar a digestibilidade do alimento: a
composição química do alimento e da
ração; o processamento dos alimentos;
fatores ligados ao animal; o nível
nutricional; dentre outros (McDonald,
1988). Segundo Coelho da Silva e Leão
(1979), a digestibilidade é característica do
alimento e indica a porcentagem de cada
nutriente de um alimento que o animal pode
utilizar.
Os estudos de digestão são importantes na
determinação da eficiência de utilização dos
nutrientes pelo animal. Segundo Van Soest
(1994), o balanço do material perdido na
passagem pelo trato digestivo e
conseqüentemente digestibilidade dos
nutrientes, é uma mensuração que serve
para qualificação dos alimentos quanto ao
seu valor nutritivo. As fezes não contém
somente material indigestivel mas também
produtos metabólicos incluindo bactérias e
perdas endógenas do metabolismo animal,
sendo considerada portanto como
digestibilidade aparente o balanço entre o
aliemento ingerido e produção fecal.
Proteínas e lipídios sempre têm perdas
fecais metabólicas. Porém, não há perdas
endógenas metabólicas de fibra e a
digestibilidade aparente é igual à
digestibilidade verdadeira.
2.2.5. Etologia ingestiva
O comportamento ingestivo (etologia
ingestiva) envolve o consumo de alimento,
incluindo sólidos e líquidos, e cada espécie
apresenta características particulares
quando se refere a comer e beber (Petryna,
2001). De acordo com Abijaoude et al.
(2000), de forma geral, caprinos, ovinos e
bovinos consomem em dois períodos
longos por dia, um chamado de principal e
outro, separado por várias alimentações,
chamado secundário. Segundo Beamont et
al. (2000), normalmente, são ofertadas duas
refeições por dia e cerca de 60 a 80% do
consumo diário ocorre durante essas duas
principais refeições. Um completo
entendimento do comportamento alimentar
dos caprinos pode ser obtido por meio do
estudo das atividades de consumo,
ruminação e ócio (Abijaoude et al., 2000).
Segundo Forbes (1995), parâmetros como
tempo de alimentação ou ruminação,
número de alimentações, períodos de
ruminação e eficiência de alimentação e
ruminação, são estudados para descrever o
comportamento ingestivo. A ruminação
compreende a soma da regurgitação,
mastigação, salivação e deglutição do bolo.
Os processos de remastigação e salivação
levam aproximadamente 50 a 60 segundos.
Durante esses processos ocorre a
mastigação merícica, que é a mastigação do
bolo ruminal, realizada durante a
ruminação. Já a mastigação total
compreende a mastigação merícica e a
mastigação realizada durante a alimentação,
com 50 a 70 movimentos por minuto,
dependendo das características do alimento
(Pereyra e Leiras, 1991). A ruminação pode
ser influenciada pelo conteúdo nutricional
da dieta, principalmente pelo teor de parede
celular (Van Soest, 1994), como observado
por Carvalho et al. (2001), que ao elevar os
níveis de FDN na ração de cabras Alpinas
em lactação verificaram aumento no tempo
de ingestão e ruminação e diminuição no
tempo de ócio. O tempo gasto na
alimentação e a velocidade com que ela é
efetuada estão relacionados com a
morfologia da forragem, o tempo
despendido na apreensão e redução do bolo;
como também com as características do
concentrado. Entretanto, a freqüência da
alimentação e ruminação está relacionada
com o hábito alimentar de cada espécie.
O comportamento alimentar dos animais
vem sendo estudado com o objetivo de se
avaliar as características dos alimentos, à
motilidade do pré-estômago, o estudo de
vigília e o ambiente climático. A
diversidade de objetivos e condições
experimentais conduziu a várias opções de
técnicas de registro dos dados, na forma de
18
observações visuais, registro semi-
automático e automático e parâmetros
estudados selecionados para descrição do
comportamento ingestivo, como o tempo de
alimentação ou ruminação, número de
alimentações, períodos de ruminação e
eficiência de alimentação e ruminação. Van
Soest (1994) cita que o tempo de ruminação
é consideravelmente influenciado pela
natureza da dieta, sendo maior quanto for
seu conteúdo de FDN.
2.2.6. Balanço de nitrogênio
De acordo Van Soest (1994) para se
otimizar as condições ruminais e obter a
máxima eficiência de síntese de proteína
microbiana é necessário um sinergismo
entre a degradação da proteína, nível de
amônia e fermentação de carboidrato no
rúmen. No entanto, quando a velocidade de
produção de amônia excede sua utilização,
há aumento de excreção de nitrogênio e do
custo energético de síntese de uréia,
resultando em redução da digestibilidade da
proteína. O balanço de nitrogênio é um
indicativo do metabolismo protéico,
importante na avaliação nutricional de
alimentos, pois evidencia se o animal
encontra-se em equilíbrio quanto aos
compostos nitrogenados e se sob
determinadas condições alimentares ocorre
ganho ou perda de nitrogênio (N).
2.2.7. Glicemia sanguínea
A avaliação da condição nutricional animal
através de estudos da variação nas
concentrações plasmáticas de diversos
componentes do sangue tem sido estudados
em ruminantes. Glicose, ácidos graxos
livres e corpos cetônicos no sangue de
animais ruminantes têm sido sugeridos
como indicadores do estado nutricional
(falta ou excesso de nutrientes) e podem
variar entre animais em crescimento,
gestantes ou lactantes. González e Silva
(2002) afirmam que os ruminantes
praticamente não absorvem glicose no trato
gastrintestinal, pois ela é completamente
fermentada em ácidos graxos voláteis no
rúmen, a menos que a dieta seja rica em
sacarose. A glicemia dos ruminantes
depende em sua maior parte da síntese de
glicose nova a partir do propianato (cerca e
50% dos requerimentos) e outros
precursores no fígado.
2.3. MATERIAL E MÉTODOS
2.3.1. Local e duração do experimento
O experimento foi realizado no Laboratório
de Metabolismo e Calorimetria da Escola
de Veterinária da Universidade Federal de
Minas Gerais, na cidade de Belo Horizonte,
no período entre 19 de Novembro de 2005 a
4 de Fevereiro de 2006, totalizando 77 dias
de período experimental.
2.3.2. Animais, instalações e manejo
Foram utilizados 14 caprinos da raça
Saanen; sendo oito fêmeas e seis machos
divididos em dois tratamentos com três
machos e quatro fêmeas em cada
tratamento. Os animais iniciaram o
experimento com 90 dias de idade e peso
inicial médio de 12,83 quilogramas (kg). Os
animais foram alojados em gaiolas
metabólicas individuais, com piso ripado,
bebedouro, saleiro e comedouro; com
cochos separados para feno e concentrado.
Os animais recebiam três refeições diárias
nos horários 07, 15 e 19 horas. Pela manhã,
antes da primeira refeição, as sobras de
alimento oferecido eram retiradas dos
cochos e pesadas separadamente, o feno e o
concentrado.
2.3.3. Tratamentos
Os animais foram divididos em dois
tratamentos que se diferenciavam pela
proporção de bandinha de feijão incluída no
concentrado. No tratamento um (BF 30), os
animais recebiam concentrado com 30% de
inclusão de bandinha de feijão; e no
19
tratamento dois (BF 60), 60% de inclusão
de bandinha. As dietas eram isoprotéicas e
isoenergéticas. A quantidade de alimento
oferecido era ajustada diariamente, de modo
a propiciar sobras por volta de 15% sobre o
oferecido. As dietas foram calculadas com
base nas exigências propostas pelo NRC
(1985). A relação volumoso:concentrado de
40:60, respectivamente. Utilizou-se Tifton
85 (Cynodon) como volumoso. Os animais
tiveram livre acesso à água e mistura
mineral. A tabela 1 descreve a composição
dos concentrados.
Tabela 1: Composição dos concentrados
Componentes (%) Dieta BF 30 Dieta BF 60
Bandinha 30,00 60,00
Milho 37,09 25,60
Açúcar 5,00 2,66
Fosfato bicálcio 1,89 1,94
Leite em pó 5,00 5,00
Amendoim 10,00 -
Farinha de soja 8,03 -
Farinha de ostra 3,37 3,30
Sal mineral 1,50 1,50
Dieta BF 30 = Tratamento 1, com 30% de bandinha de feijão no concentrado; Dieta BF 60 = Tratamento 2, com 60%
de bandinha de feijão no concentrado.
2.3.4. Coleta e preparo de amostras
A determinação da digestibilidade aparente
ocorreu do 69
o
ao 72
o
dia do período
experimental. As sobras de alimento
oferecido foram retiradas pela manhã antes
da refeição e acondicionadas em sacos
plásticos para que depois pudessem ser pré-
secadas, moídas e armazenadas.
Para a colheita de urina foram utilizados
funis de aço inox acoplados às gaiolas,
abaixo do piso ripado e baldes receptores
cortados em bisel e com peneira, de modo a
permitir a separação das fezes da urina.
Para conservação da urina, foram utilizados
diariamente 100 mL de ácido clorídrico
0,5N em cada balde, como forma de se
evitar a fermentação, degradação e perdas
de nitrogênio. A quantidade total de urina
por caprino foi mensurada uma vez ao dia,
pela manhã. Uma alíquota de 10% do
volume total produzido foi amostrada e
armazenada em garrafas de vidro. As
amostras de urina permaneceram
congeladas até as análises laboratoriais.
Para a colheita de fezes, caixas plásticas
foram dispostas abaixo dos funis de coleta
de urina, de onde eram retiradas e pesadas
diariamente pela manhã, amostrando-se
20% do total defecado. As fezes foram
embaladas em sacos plásticos e
armazenadas em câmara frigorífica a uma
temperatura de -17ºC. Posteriormente,
foram descongeladas por 12 horas,
peneiradas de forma a homogeneizar as
fezes totais, colocadas em bandejas de
alumínio, pesadas e levadas à estufa de
ventilação forçada a 55ºC por 72 horas para
a determinação da matéria pré-seca. Em
seguida, foram moídas a 1 mm em moinho
Thomas Myller e colocadas em potes
plásticos para as análises laboratoriais.
2.3.5. Etologia ingestiva
Para o estudo de comportamento ingestivo,
os animais foram observados durante um
20
período de 24 horas ininterruptas, sendo
que a cada cinco minutos eram feitas
anotações sobre suas atividades. As
variáveis analisadas foram o tempo em
ócio, ruminação e ingestão que abrangia a
ração, água e sal. Para quantificar o tempo
de cada variável em minutos, multiplicou-se
o número de observações por cinco.
Também foi calculado o tempo de
mastigação (somatório dos tempos ingestão
e ruminação) e avaliado em função do
consumo de matéria seca (CMS) e consumo
de fibra em detergente neutro (CFDN).
2.3.6. Valores de Glicemia Sangüínea
Para a determinação da glicemia, foi
realizada uma colheita de sangue
diretamente da veia jugular, com auxílio de
uma seringa e retirado cerca de 0,5 mL de
sangue, o qual foi depositado em uma fita
utilizada para a medição de glicose. Para
isso utilizou-se um monitor eletrônico de
glicemia da Roche (Accuk Chek®). Os
horários de colheita de sangue foram 0, 03,
06, 09, 12, 15, 19 e 23 horas. A primeira
medição coincidia com o horário da
primeira refeição (sete horas da manhã) dos
animais, sendo mensurado imediatamente
após o oferecido da ração.
2.3.7. Análises laboratoriais
As análises laboratoriais foram realizadas
no Laboratório de Nutrição Animal, do
departamento de Zootecnia da Universidade
Federal de Minas Gerais, em Belo
Horizonte. Foram adotados os seguintes
procedimentos:
Pré-secagem: determinada em estufa de
ventilação forçada a 55ºC, durante 72 horas,
para as amostras de fezes, alimentos
oferecidos e sobras.
Matéria seca (MS): determinada em
estufa a 105ºC segundo a A.O.A.C. (1995)
para as amostras de fezes, alimentos
oferecidos e sobras.
Matéria orgânica (MO): por incineração
em mufla a 600ºC até o peso constante,
para as amostras de fezes, alimentos
oferecidos e sobras.
Proteína bruta (PB): pelo método de
Kjeldahl, segundo a A.O.A.C. (1980), para
as amostras de fezes, alimentos oferecidos e
sobras e urina.
Fibra em detergente neutro (FDN),
fibra em detergente ácido (FDA) e
hemicelulose (HCEL), conforme a
metodologia seqüencial descrita por
Robertson e Van Soest (1981) para as
amostras de fezes, alimentos oferecidos e
sobras.
2.8.8. Delineamento Experimental e
Análises estatísticas
Para os estudos dos consumos,
digestibilidade, balanço de nitrogênio e
comportamento ingestivo; o delineamento
experimental foi inteiramente casualizado
em esquema fatorial 2 x 2 (2 sexos, 2
dietas).
Para o estudo de glicemia, o delineamento
experimental casualizado em esquema
fatorial 2 x 2 x 8 (2 sexos, 2 dietas x 8
tempos); no qual os tempos foram de 0, 3,
6, 9, 12, 15, 19 e 23 horas.
Todos os dados foram submetidos a analise
de variância e as médias de cada tratamento
foram comparadas entre si pelo teste SNK
com diferença mínima de 5%. Foi utilizado
o programa estatístico SAEG (versão 9.0).
Os dados de consumo, digestibilidade,
balanço de nitrogênio e comportamento
ingestivo foram analisados conforme o
modelo estatístico:
Y
ij
= µ + S
i
+ D
j
+ S*D
ij
+ e
ij
Em que,
Y
ij
= nível de inclusão de bandinha de feijão
“j” no sexo “i”;
21
µ = média geral;
S
i
= efeito de sexo “i”;
D
j
= efeito do nível de inclusão de bandinha
de feijão “j”;
S*D
ij
= efeito da interação do nível de
inclusão de bandinha de feijão “j” com o
sexo “i”;
e
ij
= erro experimental.
Os dados de glicemia foram analisados
conforme o modelo estatístico:
Y
ijk
= µ + S
i
+ D
j
+ T
k
+ S*D
ij
+ S*T
ik
+
D*T
jk
+ e
ij
Em que,
Y
ij
= nível de inclusão de bandinha de feijão
“j” no sexo “i”;
µ = média geral;
S
i
= efeito de sexo “i”;
D
j
= efeito do nível de inclusão de bandinha
de feijão “j”;
T
k
= efeito do tempo “k”;
S*D
ij
= efeito da interação do nível de
inclusão de bandinha de feijão “j” com o
sexo “i”;
S*T
jk
= efeito da interação do tempo pós
prandial “k” com o sexo “i”;
D*T
jk
= efeito da interação do tempo pós
prandial “k” com a dieta “j”;
e
ij
= erro experimental.
2.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
2.4.1. Composição química dos
alimentos
A tabela 2 apresenta a composição química
dos alimentos oferecidos.
Os valores de matéria seca (MS) dos
concentrados BF 30 e BF 60 foi 90%, fibra
detergente neutro (FDN) 26%, fibra
detergente ácido (FDA) 5% e proteína bruta
(PB) entre 13,5 a 12,12%. O feno é
composto de 88% de MS, 76 de FDN, 36%
de FDA e 11,25% de PB.
Tabela 2: Composição química dos alimentos oferecidos, com base na matéria seca.
Componentes BF 30 BF 60 Feno
Matéria seca % 90 90 88
Matéria mineral% 4 4 3
Fibra detergente neutro % 26 26 76
Fibra detergente ácido % 5 5 36
Hemicelulose % 21 21 4,1
Proteína bruta % 13,5 12,12 11,25
BF 30 = Dieta com 30% de bandinha de feijão no concentrado; BF 60 = Dieta com 60% de bandinha de feijão no
concentrado.
2.4.2. Consumos e coeficientes de
digestibilidade
Na tabela 3 estão descritos os valores
médias dos consumos diários da MS
(CMS), da FDN (CFDN), da FDA (CFDA),
da hemicelulose (CHCEL) e da PB (CPB)
do feno e do concentrado (CONC), em
quilogramas, em função do peso vivo (PV)
22
e de gramas por unidade de tamanho
metabólico (g/UTM).
As interações estudadas não se mostraram
significativas (p>0,05). Os valores de
consumo médio de MS foram de 0,60 kg,
3,25% do peso vivo (PV) e 66,96 g/UTM.
Para os consumos de FDN foram de 0,30
kg, 1,7%PV e 34,75 g/UTM. O consumo de
FDA total foi de 0,14 kg, 0,48%PV e 22,67
g/UTM. E os consumos de PB em kg foram
de 0,08, 4,5%PV e 11,79 g/UTM.
Resultados semelhantes para o consumo de
MS em kg foram encontrados por Oliveira
et al., (2004) que trabalharam com caprinos.
Lousada Júnior et al., (2005) trabalhando
com subprodutos da agroindústria frutífera
observaram o mesmo CMS % PV. Aguiar
et al., (2006) trabalharam com milheto e
encontraram para CMS kg/dia de 0,480;
CMS % PV de 2,41e CMS g/UTM de
50,98.
Segundo o NRC (2006) para esta categoria
de animais (cabritos em crescimento) é
preconizado um CMS de 0,7 kg ou
4,68%PV. O CMS em kg foi próximo, mas
quanto ao percentual em relação ao peso
vivo a diferença fica mais marcante, com os
animais deste experimento consumindo
bem menos em relação ao seu peso vivo. O
consumo de proteína bruta também fica
inferior ao preconizado pelo NRC (2006)
que recomenda 0,116 kg.
23
Tabela 3: Médias dos consumos diários da MS (CMS), da FDN (CFDN), da FDA (CFDA), da
hemicelulose (CHCEL) e da PB (CPB) do feno e do concentrado (CONC), em função do peso
vivo (PV) e de gramas por unidade de tamanho metabólico (g/UTM)
Variáveis
x
s CV %
CMS FENO (kg) 0,18 0,067 36,2
CMS CONC (kg) 0,42 0,15 36,99
CMS TOTAL (kg) 0,60 0,21 35,83
CMS (% PV) 3,25 0,59 18,95
CMS (g/UTM) 66,96 14,23 21,06
CFDN FENO (kg) 0,19 0,07 31,93
CFDN CONC (kg) 0,10 0,03 26,59
CFDN TOTAL (kg) 0,30 0,11 28,88
CFDN (% PV) 1,70 0,61 36,33
CFDN (g/UTM) 34,75 12,14 33,09
CFDA FENO (kg) 0,12 0,03 23,61
CFDA CONC (kg) 0,02 0,007 27,42
CFDA TOTAL (kg) 0,14 0,04 24,09
CFDA (% PV) 0,48 0,34 79,07
CFDA (g/UTM) 22,37 7,44 31,76
CHCEL FENO (kg) 0,10 0,04 31,33
CHCEL CONC (kg) 0,08 0,02 24,87
CHCEL TOTAL (kg) 0,19 0,06 27,52
CHCEL (% PV) 1,09 0,38 35,12
CHCEL (g/UTM) 9,35 3,70 36,43
CPB FENO (kg) 0,02 0,01 42,51
CPB CONC (kg) 0,05 0,01 28,76
CPB TOTAL (kg) 0,08 0,03 30,12
CPB (% PV) 45,00 0,18 40,20
CPB (g/UTM) 11,79 0,05 25,64
x = médias entre os tratamentos; s = desvio-padrão; CV = coeficiente de variação. Teste SNK (p>0,05).
Na tabela 4 são apresentados os coeficientes
de digestibilidade (%) da MS (DMS), da
FDN (CFDN), da FDA (CFDA), da HCEL
(DHCEL) e da PB (DPB).
Tabela 4: Médias dos coeficientes de digestibilidade verdadeira (%) da MS (DMS), da FDN
(CFDN), da FDA (CFDA), da HCEL (DHCEL) e da digestibilidade aparente PB (DPB)
Variáveis
x
S CV %
DMS (%) 74,90 4,46 6,00
DFDN (%) 62,34 7,07 12,11
DFDA (%) 62,39 7,80 11,24
DHCEL (%) 66,87 12,87 18,87
DPB (%) 65,83 17,70 27,30
x = médias entre os tratamentos; s = desvio-padrão; CV = coeficiente de variação. Teste SNK (p>0,05).
Não houve diferença dos coeficientes de
digestibilidade entre os tratamentos
(p>0,05). A digestibilidade da MS foi de
74,90%, do FDN 62,34%, FDA 62,39%,
hemicelulose (HCEL) 66,87% e da proteína
bruta 65,83%. Valores considerados muito
24
bons conforme apontaram Hashimoto et al.,
(2007) trabalhando com caprinos cruzados
Saanen x Bôer, que encontraram
coeficientes de digestibilidade da MS entre
62 a 72%. Os coeficientes de
digestibilidade de MS e FDN registrados
neste experimento estão de acordo com os
observados por outros autores em estudos
com caprinos (Moore et al., 2002; Bueno et
al., 2000).
Tais resultados evidenciam a qualidade dos
ingredientes utilizados, dando destaque ao
alimento testado neste trabalho. Já que a
bandinha de feijão possui níveis elevados
de proteína bruta (24,26%) e baixos níveis
de FDA (9,77%), teores bromatológicos
estes que são bons indicativos de sua
qualidade nutricional (Glória, 2007).
Os valores de CPB em kg, %PV e g/UTM
foram todos abaixo do recomendado pelo
NRC (2006) que recomenda um consumo
de PB de 111,6 g diárias; 0,558%PV e
11,79 g/UTM. Thi Mui et al. (2001)
trabalharam com caprinos na mesma faixa
de idade, encontraram 62 a 70% de
coeficiente de digestibilidade aparente da
proteína bruta.
Os coeficientes de digestibilidade
registrados neste experimento estão de
acordo com os observados por outros
autores em estudos com caprinos (Moore et
al., 2002; Bueno et al., 2000 b).
Os valores médio do nitrogênio urinário (N
urinário), nitrogênio fecal (N fecal),
nitrogênio ingerido (N ingerido), nitrogênio
excretado (N excretado), nitrogênio retido
(N retido) e as relações entre o nitrogênio
retido/nitrogênio ingerido (N ret/ N ing) e
nitrogênio retido/nitrogênio excretado (N
ret/ N exc) em g/dia estão apresentados na
tabela 5. Não houve diferença entre os
tratamentos (p>0,05). O nitrogênio diário
ingerido foi de 13,46 g/dia, N excretado
5,76 g/dia e N retido 7,69 g/dia. A relação
N ret / N exc foi de 1,41 indicando uma
maior proporção de N retido foi aproveitado
pelo animal. Nota-se que embora o
consumo de proteína bruta tenha sido
abaixo das recomendações do NRC (2006)
(tabela 4), o balanço nitrogenado, assim
como a retenção de nitrogênio apresentaram
valores positivos, podendo estar refletindo a
qualidade e/ou o perfil de aminoácidos da
fração nitrogenada das dietas, bem como o
seu padrão de fermentação ruminal e
digestão e absorção pós-ruminal.
Tabela 5: Valores, expressos em gramas/dia, de nitrogênio ingerido (N ingerido), nitrogênio
excretado (N excretado), nitrogênio excretado na urina (N urinário), nitrogênio excretado nas
fezes (N fecal), nitrogênio retido (N retido) e relação entre N retido e N ingerido (N ret/N ing) e
entre N retido e N excretado (N ret/N exc)
Variáveis
x
s CV %
N ingerido (g/dia) 13,46 5,15 27,61
N excretado (g/dia) 5,76 2,28 31,93
N urinário (g/dia) 2,00 1,36 62,46
N fecal (g/dia) 3,76 1,30 29,50
N retido (g/dia) 7,69 3,82 38,76
N ret/ N ing 0,52 0,26 46,44
N ret/ N exc 1,41 0,71 44,26
x = médias entre os tratamentos; s = desvio-padrão; CV = coeficiente de variação. Teste SNK (p>0,05).
25
2.4.3. Comportamento ingestivo
A tabela 6 ilustra as médias do tempo gasto
com ócio, ingestão (INGEST), ruminação
(RUM) e mastigação (MAST) e os
comportamentos em função do CMS e
CFDN.
Tabela 6: Médias do tempo gasto com ócio, ingestão (INGEST), ruminação (RUM) e
mastigação (MAST) em minutos por dia (min/dia) e os comportamentos RUM e MAST em
função do CMS e CFDN em minutos por kg (min/kg) e minutos multiplicado por kg (min.kg)
Variáveis
x
s CV %
ÓCIO (min/dia) 746,42 101,79 11,66
INGEST (min/dia) 308,57 55,86 20,29
RUM (min/dia) 385,00 109,70 25,97
MAST (min/dia) 693,57 101,79 12,55
RUM x CMS (min.kg) 168,65 87,03 52,29
RUM x CFDN (min.kg) 114,82 49,34 46,03
MAST x CMS (min.kg) 297,87 125,83 43,54
MAST x CFDN (min.kg) 207,26 76,27 36,07
x = médias entre os tratamentos; s = desvio-padrão; CV = coeficiente de variação. Teste SNK (p>0,05).
As dietas ou o sexo dos animais não
afetaram a etologia ingestiva (p>0,05). O
tempo médio de ingestão foi de 308,57
minutos por dia. A relação
volumoso:concentrado das dietas deste
experimento foi 40:60, respectivamente e
cerca de 51% de FDN. Ribeiro et al., (2006)
trabalhando com caprinos Moxotó e
Canindé, que receberam dietas com 46% de
FDN; observaram o tempo de ingestão entre
188 a 255 min/dia; ruminação em função do
CMS entre 118 a 126 min/dia e ruminação
em função do CFDN entre 54 a 63 min/dia;
valores estes todos abaixo dos encontrados
neste trabalho, devido ao maior teor de
FDN da dieta deste trabalho (51%),
justamente porque o teor de FDN ter forte
influencia sobre o tempo de ingestão e
ruminação que é consideravelmente
influenciado pela natureza da dieta, sendo
maior quanto for seu conteúdo de FDN
(Van Soest, 1994).
Mas o tempo de ócio (755 a 768 min/dia)
foi semelhante entre os trabalhos. Fato
interessante, pois à medida que se aumenta
o teor de FDN de uma dieta, o tempo de
ruminação aumenta e o tempo de ócio
diminui (Van Soest, 1994). Neste trabalho o
tempo de ócio não foi alterado devido ao
teor de FDN.
Macedo Júnior et al. (2004) também não
verificaram diferenças no tempo gasto com
ingestão quando trabalharam com ovelhas
Santa Inês vazias recebendo dietas
contendo diferentes níveis de FDN
forrageiro. O tempo de ruminação também
não foi afetado em função dos tratamentos,
bem como pelo sexo dos animais. Já para
ovelhas gestantes (terço final de gestação),
reportaram maior tempo de ruminação para
o tratamento com 70% de concentrado e
30% volumoso. O tempo de ruminação é
altamente influenciado pelo nível de fibra
na dieta (Van Soest, 1994). No presente
trabalho, a diferença nos níveis de inclusão
de bandinha de feijão utilizados nas dietas
(30 e 60%) não conseguiu provocar
alteração significativa na ruminação dos
animais. Assim, pode-se inferir que a
bandinha de feijão possui pouca
efetividade, isto é, não conseguiu provocar
estímulos suficientes para desencadear o
26
processo ruminatório dos animais, ao
contrário de outros subprodutos, como a
casquinha de soja citada por Araújo et al.,
(2005). O tempo em que os animais
permaneceram em ócio também não foi
afetado pelos tratamentos. Observa-se na
tabela 6 que os animais permaneceram
grande parte do dia em ócio, cerca de
58,33% do tempo os animais permaneceram
nesse estado. Isso pode ser atribuído ao
comportamento dos animais diante do
confinamento em gaiolas metabólicas. Estes
animais se acostumaram com o manejo
recebido, e ao receberem suas refeições, as
consumiam rapidamente, principalmente o
concentrado que parecia ser bem palatável
para estes animais, devido à velocidade de
consumo quando lhe eram oferecidos.
Araújo et al. (2005), trabalhando com níveis
crescentes de casquinha de soja para
ovinos, verificaram que à medida que se
aumentava a inclusão de casquinha nas
dietas, havia uma redução no tempo em
ócio dos animais. Macedo Júnior et al.
(2004), trabalhando com ovelhas Santa Inês
gestantes observaram menor tempo em ócio
para o tratamento que consistia de 70% de
concentrado e 30% de volumoso.
Os animais permaneceram ingerindo
21,43% do tempo, ruminando 26,74% do
dia e em ócio 51,83%. A literatura (Van
Soest, 1994) cita que o tempo gasto para a
ruminação é geralmente proporcional ao
consumo de parede celular. Animais com
maiores apetites ruminam menos por grama
de parede celular, resultando em um maior
tamanho de partícula fecal. Na mastigação
em função do CFDN foram gastos 207,26
min.kg.
2.4.4. Valores de Glicemia Sangüínea
A tabela 7 apresenta os valores de glicemia
em função dos horários de colheita de
sangue. Não houve efeito de sexo ou dieta
sobre os teores glicêmicos basal dos
animais deste estudo. Kaneko et al (1997)
afirmaram que o nível basal de glicemia dos
caprinos varia de 30 a 60 mg/dL. Neste
estudo verificou-se um nível médio de
glicemia basal de 50,49 mg/dL, valor esse
que se enquadra na faixa predita pelos
autores acima.
Tabela 7: Médias dos valores da concentração plasmática de glicose (mg/dL) em função do
tempo em horas (h) e horários do dia
Tempo (h) Horários Glicose (mg/dL)
0 13 54,36 ab
3 10 60,71 a
6 13 62,36 ab
9 16 55,42 ab
12 19 48,93 bc
15 22 40,64 de
19 2 35,00 e
23 6 46,50 cd
a,b - Médias seguidas de mesma letra não diferem pelo teste SNK a 5% de probabilidade
Observou-se que o pico de glicemia ocorreu
seis horas após o fornecimento da primeira
dieta do dia, fato que coincide com
González e Silva (2005) que afirmam que o
pico de absorção de glicose ocorre entre
três e seis horas após a alimentação. Para
esses mesmos autores, essas diferenças
obtidas ao longo do dia estão mais
relacionadas ao processo de digestão do que
ao status energético do animal. González e
Silva (2005) afirmaram que 50% da glicose
é oriunda do propionato, 25% do ácido
27
láctico e 25% de aminoácidos. Vale
ressaltar que os animais desse experimento
estavam na fase de transição entre pré
ruminante para ruminante pleno. Animais
nesta fase apresentam comportamento
muito semelhante ao observado com
monogástricos. Ferreira (2005) verificou
que com o avanço da idade de cordeiros
houve queda significativa no valor da
glicemia basal dos mesmos.
O menor ponto foi observado 19 horas após
a primeira alimentação. Para Kozloski
(2002), mesmo em dietas ricas em grãos de
cereais, uma parcela importante do amido
que alcança os intestinos que é hidrolisada e
conseqüentemente se transformado em
glicose, é utilizada por este órgão. Forbes
(1995) citou que a taxa de passagem em
animais mais jovens é mais alta, portanto
esse pode ter sido outro fator a ser
considerado, uma vez que era a fase em que
os animais desse estudo se encontravam,
tendo ocorrido uma expressiva digestão no
intestino delgado, assim, levando à
possibilidade de que esse órgão utilize
grande parte da glicose ali formada
(Kozloski, 2002) uma parcela significativa
de glicose e possa ter elevado a glicemia
dos animais em determinados horários.
Macedo Júnior et al (2005), trabalhando
com ovelhas Santa Inês e com diferentes
relações volumoso:concentrado,
encontraram valor médio de glicemia de
49,51 mg/dL, quando estes mesmos autores
trabalharam com a relação
volumoso:concentrado de 30:70,
verificaram que o valor da glicemia foi de
51,50 mg/dL, estando ambos os valores
acima do encontrado no presente estudo. O
fato de não haver diferença no valor de
glicemia entre os tratamentos pode ser
atribuído a pouca variação da glicemia
basal dos ruminantes. Conterás (2000) citou
que a glicose é pouco sensível às variações
do aporte de energia da ração, uma vez que
a concentração basal é regulada por um
eficiente mecanismo basal. Para Ferreira e
Torres (1992), além do mecanismo
hormonal de regulação, vários outros
fatores interferem neste processo, como a
qualidade da dieta, a relação
volumoso:concentrado, a natureza química
do carboidrato e a forma física do alimento,
fazendo com que a glicose não seja
realmente o parâmetro mais indicado para
avaliar o estado energético do animal.
Como as presentes dietas tinham valores
muito próximos, basicamente diferiam-se
em função dos teores de bandinha de feijão
empregadas, tal aspecto pode ter sido
determinante nas repostas aqui obtidas.
Na tabela 8 estão apresentas as equações de
regressão que ilustram o comportamento da
curva glicêmica em função do sexo e das
dietas. Todas as equações possuem alta
confiabilidade e significância, podendo
serem utilizadas na predição dos valores de
glicose no intervalo de zero a 23 horas.
Tabela 8: Equações de regressão para a glicemia em função do tempo (t) em horas
Dieta BF Sexo Equação R
2
p
30 M y = 59,05 + 2,35t 0,94 0,05
30 F y = 46,08 + 7,34t 0,93 0,01
60 M y = 60,52 + 2,30t 0,92 0,05
60 F y = 54,04 + 4,31t 0,94 0,03
BF 30 = Dieta com 30% de bandinha de feijão (BF) no concentrado; BF 60 = Dieta com 60% de bandinha de feijão
no concentrado. Sexo M = machos; sexo F= fêmeas; R
2-
=
coeficiente de determinação, p= significância. Na equação,
“y” é a concentração plasmática de glicose (mg/dL) e “t” o tempo em horas (0 a 23).
28
A figura 1 ilustra o comportamento da
curva glicêmica ao longo do dia. A curva
mostra resposta polinomial de 3
o
grau, o
que é coerente com o perfil glicêmico de
ruminantes, já que a 0 hora corresponde à
primeira a refeição do dia o que estimula a
uma maior atividade gliconeogênica (Van
Soest, 1994), depois, conforme o tempo
avança o nivel de substrato gliconeogênico
(propionato) na corrente sanguinea diminui
devido ao consumo destes nutriente spelo
organismo animal. Com esta diminuição de
substrato, a atividade gliconeogênica
também é reduzida favorecendo a queda
dos teores de glicose, ja que o consumo da
mesma permanece constante (Berchielli,
2006).
Glicemia
y = 0,0187x
3
- 0,6417x
2
+ 4,5098x +
53,746
R
2
= 0,9905
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
04812162024
tempo (h)
glicose mg/dL
rie1
Polinômio (Série1)
Figura 1: Curva glicêmica de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão em função
do tempo
2.5. CONCLUSÕES
O emprego da bandinha de feijão não
alterou os consumos e digestibilidades de
matéria seca, fibra detergente neutro, fibra
detergente ácido e hemicelulose.
O consumo de proteína bruta possibilitou
balanços nitrogenados positivos.
O emprego da bandinha de feijão não
alterou a etologia ingestiva dos cabritos
Saanen.
Dietas contendo bandinha de feijão não
interferem a concentração plasmática
normal de glicose nas proporções
estudadas, mas foram diferentes ao longo
do dia.
29
3. CAPÍTULO 2:
AVALIAÇÃO DE MEDIDAS
BIOMÉTRICAS E ULTRA-
SONOGRÁFICAS EM CABRITOS
SAANEN ALIMENTADOS COM
BANDINHA DE FEIJÃO
3.1. INTRODUÇÃO
A criação de caprinos para produção de
leite no Brasil tem apresentado melhoras
consideráveis, com significativos aumentos
da média diária produzida, obtidos com
melhoramento genético, manejo e nutrição
adequados. Esses resultados têm motivado
o incremento da produção leiteira em
algumas regiões do país, observando-se,
porém, poucas melhoras no aproveitamento
dos cabritos para produção de carne. Em
decorrência da elevada prolificidade da
espécie caprina, o número de cabritos
nascidos em um rebanho leiteiro ao longo
do ano representa um grande potencial para
produção de carne, o qual habitualmente
não é utilizado pelos produtores, que
realizam o sacrifício dos machos ao
nascimento. O sacrifício dos cabritos
constitui uma forma de eliminar um
problema para o produtor de leite, que não
conta com tecnologia e manejo adequados
para sua cria e garantia de lucro extra.
O consumo de carne caprina no Brasil tem
aumentado nos últimos anos, embora ainda
seja menor quando comparado ao consumo
de outras espécies. Todavia, apresenta um
grande potencial, requerendo um trabalho
consistente com base em um programa de
produção de carne com objetivos bem
definidos.
Esse é um campo fértil a ser explorado,
objetivando solucionar problemas de
abastecimento e diversificar a oferta de
carnes no mercado. A cadeia produtiva da
carne de caprinos ainda não se encontra
totalmente organizada. Um grande número
de produtores desconhece a necessidade de
produzir carne de boa qualidade, e acabam
colocando no mercado carcaças de animais
com idade avançada, com péssimas
características físicas, químicas e
organolépticas, dificultando o
estabelecimento do hábito de consumo.
Visando solucionar tal problema, vários têm
sido os estudos que envolvem avaliação da
carcaça caprina, dentre eles destacam-se os
estudos que utilizam a ultra-sonografia e as
medidas biométricas como ferramentas de
classificação e mensuração das carcaças.
As técnicas mais avançadas possuem
características não invasivas e se baseiam
na análise de imagens, tem custo elevado, e
estão disponíveis apenas na medicina
humana. Neste sentido, estudos vêm sendo
desenvolvidos com o objetivo de se usar
rotineiramente a ultra-sonografia na
determinação da gordura subcutânea, área e
altura do “olho de lombo”, visando facilitar
o estudo das características de carcaça e
reduzir os custos nos trabalhos de avaliação
dos animais (Teixeira e Delfa, 2006). A
utilização da técnica de ultra-sonografia em
tempo real oferece aos produtores de carne
uma ferramenta para o melhoramento das
características de composição corporal
(peso e percentagem dos cortes comerciais,
proporção de músculo e gordura e relação
músculo: gordura). Esta técnica auxilia os
produtores a identificar quais animais são
eficientes em atender as especificações de
mercado (Tarouco, 2003).
A ultra-sonografia é uma avaliação indireta,
que permite mensurar a espessura da
gordura subcutânea tomada acima do
músculo Longissimus dorsi, esta medida
apresenta boa correlação com o teor total de
gordura da carcaça. Além dessa, há a
medida da área e/ou altura da seção do
músculo Longissimus dorsi, popularmente
conhecida como “olho de lombo”, que pode
ser utilizada na avaliação de carcaça já que
também apresenta um coeficiente de
30
correlação relativamente alto com a
proporção de músculo na carcaça e
funciona como indicador de rendimento dos
cortes de alto valor comercial (Bueno et al.,
2005).
O objetivo primário do método de ultra-
som é estimar diferenças da composição
entre animais, sendo de interesse a
diferenciação entre músculo e gordura. Em
ovinos foi primariamente utilizado por
Campbell (1959) para medir a profundidade
de gordura e área do músculo e, desde
então, vários estudos foram realizados,
estabelecendo-se relações com as
proporções dos tecidos corporais (Tarouco,
2003).
Mensurações no animal vivo permitem
predizer características quantitativas da
carcaça, rendimento, conformação e
proporção de cortes. A metodologia
utilizada deve ter como premissa a
confiabilidade das medidas a serem usadas
em equações de predição para estimar
parâmetros no animal vivo ou na carcaça,
que diferem com a raça, idade, sexo e
estado nutricional dos caprinos.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a
carcaça de cabritos Saanen alimentados
com bandinha de feijão através de medidas
biométricas e imagens ultra-sonográficas.
3.2. REVISÃO DE LITERATURA
3.2.1. Cadeia produtiva atual
A criação de pequenos ruminantes vem
apresentando nos últimos anos um
significativo crescimento, especialmente em
regiões sem grande tradição na atividade ou
sem efetivos de rebanho importantes no
cômputo geral de cabeças no Brasil (Silva
et al., 2005).
Em 2007, o rebanho caprino a 10,31
milhões de cabeças. A região Nordeste
detém 93,0% destes animais. A região Sul
representa 2,0% dos caprinos e ainda a
região Sudeste é responsável por 2,4% do
rebanho de caprinos A produção mundial de
carne de caprinos e ovinos de 2003 a 2005
cresceu 6,5%, significando o maior avanço
relativo dentre os principais tipos de carne,
embora ainda represente apenas 5% do
volume total. De modo geral, tem havido
crescimento da exploração desses animais
nas diversas regiões do Brasil e com isso
está se transformando o cenário dos
sistemas produtivos (Instituto de Economia
Agrícola, 2007).
Tal desenvolvimento deve-se especialmente
ao expressivo crescimento da ovinocultura
na região Sudeste em meados da década de
90, e mais recentemente, na região Centro-
Oeste, de tal forma que a criação de ovinos,
ganhou o status de criação principal em
muitas fazendas que tradicionalmente não
criavam tais animais. Este crescimento
deveu-se principalmente à diminuição das
margens de lucro das atividades pecuárias
tradicionais, bovinocultura de leite e de
corte, em decorrência da abertura do
mercado brasileiro para produtos
importados e também da estabilização da
moeda nacional, que interrompeu a
chamada “ciranda financeira” muito comum
na década de 80 (Silva et al., 2005).
Destaca-se, ainda, uma oferta baixa e
irregular, bem como a maneira de
apresentação do produto ao consumidor.
Esses problemas devem ser solucionados
com pelo menos um sistema de corte que
venha valorizar a carcaça e a carne caprina.
Torna-se necessário um ajuste de toda a
cadeia produtiva, visando à eficiência da
produção, considerando o animal, a carcaça
e a carne. A preocupação com a qualidade
de um alimento é, atualmente, um dos
temas mais discutidos e que tem
demandado, cada vez mais, informações.
Qualidade, produtividade e sustentabilidade
são palavras-chaves que podem determinar
a competitividade dos países produtores de
31
alimento nos próximos anos (Apoio...,
2001).
O atual crescimento do consumo da carne
caprina no Brasil está direcionado para
nichos de mercados existentes nas grandes
cidades, onde o poder aquisitivo da
população é maior, exigindo porém
qualidade, cortes especiais e continuidade
de abastecimento. Por isso, é possível que a
popularização do consumo exija a
organização da cadeia produtiva em todos
os seus componentes (Couto, 2003).
A caprinocultura de corte sempre foi
encarada como uma fonte de renda
complementar até mesmo em propriedades
que criam exclusivamente caprinos, devido
ao fato da maior parte do rebanho nacional
não ser especializada na produção de carne,
mas sim na produção de pele e/ou corte
sendo que em ambos os casos têm um
caráter mais extrativista do que
propriamente produtivo, quando não,
caracteriza-se por atividade de consumo
próprio. A localização do maior efetivo
caprino explica muito bem tal característica,
pois mais de 90% dos caprinos nacionais
estão numa região semi-árida, com
pastagens nativas de baixa capacidade de
suporte devido a grandes períodos de
estiagem, impondo, dessa forma, o emprego
de espécies e raças adaptadas às condições
edafoclimáticas adversas, que geralmente
possuem baixo potencial produtivo,
condizente com tais condições ambientais e
sócio-culturais (Holanda Júnior, 2004).
Poucas são as informações do mercado
consumidor brasileiro. No entanto, sabe-se
que o peso vivo é o parâmetro adotado na
comercialização dos caprinos, sendo a
carcaça seu componente de maior valor
comercial (Mendonça et al., 2003). Na
região Nordeste do Brasil o abate é feito
quando os animais atingem um peso vivo
de 25-30 kg produzindo carcaças com 12-
13 Kg, sendo essas oriundas de animais
com mais de um ano de idade, mostrando
que o manejo nutricional está
comprometido. Bueno et al., (2005)
comenta que na região Sudeste os
consumidores preferem carcaças entre 12-
15 Kg com idade entre 100 a 200 dias. As
carcaças são comercializadas inteiras ou na
forma de cortes, os quais variam de acordo
com região, e principalmente devido ao
hábito dos consumidores. No Brasil não
existe padronização na comercialização das
carcaças nem de seus cortes, apesar de
haver já na literatura informações
suficientes para a confecção de cortes e de
padronização das carcaças obtidas (Yáñez
et al., 2004).
Dentre os diversos entraves que se opõem
hoje à produção de carne caprina destaca-se
a produção despadronizada e sazonal, a
existência de atravessadores na cadeia
produtiva e a dificuldade na formação de
rebanhos estritamente comerciais (Rocha,
2003).
Dois conceitos são importantes na avaliação
de carcaça: musculosidade que é a
espessura muscular em relação ao tamanho
ao tamanho do esqueleto; e conformação
que é a espessura do músculo mais a
gordura em relação ao tamanho do
esqueleto (Luchiari Filho, 2000).
Das partes que compõem a carcaça, a de
maior interesse ao consumidor é a carne. A
análise da área do músculo Longissimus
dorsi ou área de olho-de-lombo é
considerada medida representativa da
quantidade e distribuição, assim como da
qualidade, das massas musculares. Os
músculos de maturidade tardia são
indicados para representar o índice mais
confiável do desenvolvimento e tamanho do
tecido muscular; assim, o Longissimus
dorsi é o mais indicado, pois, além do
amadurecimento tardio, é de fácil
mensuração (Sainz, 1996).
Considerando que a carne é uma das
maiores fontes de gordura da dieta,
32
principalmente das gorduras saturadas, e
tem sido associada a várias doenças, como
cânceres e distúrbios cardiovasculares, o
interesse em sua composição em ácidos
graxos tem aumentado nos últimos anos,
principalmente por pessoas interessadas em
manter uma alimentação saudável. Neste
sentido, a carne caprina tem sido
considerada um produto com alto potencial
de expansão, em decorrência de sua
composição. Quando comparada a outras
carnes vermelhas, como a bovina e a ovina,
apresenta quantidades semelhantes em
proteína e ferro, porém, quantidades
menores de gordura, o que resulta em
menor proporção de gordura saturada e
calorias (Malan, 2000), além de menores
níveis de colesterol (Naudé & Hofmeyr,
1981).
3.2.2. A ultra-sonografia
Os primeiros estudos para estimativa de
composição corporal e carcaça parecem ter
iniciado em 1860 com Lawes e Gilbert. E
ao longo deste tempo muitas metodologias
foram surgindo para avaliação de carcaça
com o objetivo de um melhoramento
genético e classificação comercial destas.
Estas metodologias visam realizar estas
estimativas a partir de animais vivos
(Teixeira et al., 2006).
Bueno et al.(2005) citaram que países como
Nova Zelândia, Austrália e EUA
desenvolveram sistemas de classificação de
carcaça com critérios objetivos que utilizam
o peso da carcaça e a espessura dos tecidos
a 11 centímetros da linha média dorsal na
12
a
costela, com a finalidade de estimar a
proporção de carne magra. Já a União
Europeua classifica as carcaças mais
subjetivamente, utilizando modelos
fotoFiguras como padrão de classificação.
Luchiari Filho (2000) comenta que
avaliação visual tem sido o método
predominante de avaliação de carcaça, que
é realizada por pessoas treinadas que
estimariam a composição da carcaça e o
grau de acabamento.
As técnicas mais avançadas possuem
características não invasivas e se baseiam
na análise de imagens, tem custo elevado, e
estão disponíveis apenas na medicina
humana. Neste sentido, estudos vêm sendo
desenvolvidos com o objetivo de se usar
rotineiramente a ultra-sonografia na
determinação da gordura cutânea, área e
altura do “olho de lombo”, visando facilitar
o estudo das características de carcaça e
reduzir os custos nos trabalhos de avaliação
dos animais (Teixeira et al., 2006).
A utilização da técnica de ultra-sonografia
em tempo real oferece aos produtores de
carne uma ferramenta para o melhoramento
das características de composição corporal
(peso e percentagem dos cortes comerciais,
proporção de músculo e gordura e relação
músculo: gordura). Esta técnica auxilia os
produtores a identificar quais animais são
eficientes em atender as especificações de
mercado (Tarouco, 2003).
O objetivo primário do método de ultra-
som é estimar diferenças da composição
entre animais, sendo de interesse a
diferenciação entre músculo e gordura. Em
ovinos foi primariamente utilizado por
Campbell (1959) para medir a profundidade
de gordura e área do músculo e, desde
então, vários estudos foram realizados,
estabelecendo-se relações com as
proporções dos tecidos corporais (Tarouco,
2003).
O ultra-som também permite avaliar o
animal em tempo real sem que haja
necessidade de abate; estudar o potencial de
desempenho dos animais ao longo do
tempo através de uma avaliação contínua
dos mesmos, bem como a avaliação direta
do potencial zootécnico de animais
destinados ao uso futuro na reprodução
(Teixeira et al., 2006).
33
3.2.2.1. Técnica de aplicação da ultra-
sonografia
Segundo Teixeira at al (2006) os primeiros
trabalhos sobre o uso da técnica dos ultra-
sons para estimar a gordura e músculo em
ovinos datam do final da década de 60 com
os trabalhos de Hinner e Campbell. Depois
disto somente na década de 80 esta
tecnologia voltou a ser utilizada. Em
caprinos somente em 1995 surgiram às
primeiras publicações com o uso de ultra-
som na avaliação de carcaça.
As grandes limitações para o uso desta
técnica foram o custo inicial do
equipamento, a pequena espessura da
camada de gordura subcutânea dos animais,
a pouca variabilidade na camada de gordura
e a presença da lã (Bueno et al., 2005).
Atualmente a ultra-sonografia é utilizada
em caprinos como ferramenta em
programas de melhoramento genético para
a produção de carne magra, e identificação
de animais que atinjam níveis ótimos de
deposição de músculo e gordura para o
abate, contribuindo para uma classificação
comercial mais objetiva e adequada às
exigências do mercado atual. (Teixeira et
al., 2006).
As leituras podem ser feitas no dorso do
animal nas vértebras torácicas e lombares
para mensuração da camada de gordura
subcutânea, e altura e comprimento de
músculo Longissimus dorsi e na região
esternal para mensurar a camada de gordura
(Delfa et al., 1999).
3.2.2.2. Princípios da técnica de ultra-
sonografia
O ultra-som pode ser definido como um
conjunto de ondas mecânicas, geralmente
longitudinais, originadas pela vibração de
um corpo elástico e propagadas por um
meio material e cuja freqüência supera a do
som audível pelo ser humano. As ondas do
tipo Doppler emitem ecos pulsáteis que vão
até o objeto, em movimentos de reflexão e
transmitem uma leve variação de freqüência
(Stanford et al., 1998). Existem vários
aparelhos com diferentes tipos de
monitorização que permitem visualizar a
informação resultante dos ecos dos ultra-
sons: Modo-A, Modo-B e ultra-sons em
tempo real. Estes últimos são os mais
utilizados atualmente, e se baseiam num
sistema que utiliza repetidos varrimentos de
uma área para formar uma imagem em
tempo real, quase instantânea. Estes
aparelhos de tempo real também são os
mais utilizados na produção animal, pois
operam em preto e branco, permitindo
evidenciar as interfaces mais importantes
como gordura, músculo e ossos (Teixeira et
al., 2006).
A implementação da técnica de ultra-
sonografia em tempo real requer estudos
prévios para clarificar a relação entre as
medidas dos tecidos relacionados e as
medidas homólogas realizadas na carcaça.
A precisão da técnica é definida com a
repetibilidade entre as medidas sucessivas,
ou seja, a proximidade entre as medidas
reais e as realizadas pelo ultra-som. Quanto
menor a diferença entre estas medidas
maior a precisão. E o ultra-som apresenta
uma elevada precisão (Bueno et al., 2005).
A colheita de imagens de boa qualidade é
extremamente importante na correta
interpretação das mesmas. A colheita de
imagens está condicionada com a correta
localização e identificação do ponto
anatômico de referência. Existe também o
efeito do operador na medição; operadores
experientes obtiveram melhores resultados
na medição (Bueno et al., 2005).
A freqüência da sonda utilizada varia entre
3,5 a 7,5 MHz. A resolução da imagem
produzida pelo ultra-som é limitada pelo
comprimento de onda do aparelho. A
melhor resolução é obtida com freqüências
elevadas. Assim, para uma determinada
profundidade o aumento da freqüência
34
limita a resolução da imagem, porque a
plenitude do eco é diminuída. A resolução
também é deteriorada quando se aumenta a
profundidade de observação. A freqüência a
ser utilizada deverá levar em consideração a
magnitude do tecido mensurado e sua
localização no corpo do animal. De tecidos
superficiais, como a gordura subcutânea,
espera-se melhores resultados com sondas
de freqüência mais elevada. Por outro lado,
em tecidos de maior magnitude e uma
localização mais interna, como no caso do
músculo Longissimus dorsi, os melhores
resultados serão obtidos com sondas de
baixa freqüência. O tamanho e o formato da
sonda são importantes também neste
processo, pois a qualidade da imagem
obtida depende do perfeito ajuste da forma
e tamanho da superfície da sonda com a
superfície animal. Em pequenos ruminantes
aconselha-se o uso de sondas de 4 a 5
centímetros, porque são de fácil manuseio e
aquisição de imagens (Bueno et al, 2005).
3.2.2.3. Metodologia de aplicação da
ultra-sonografia
A aplicação correta da metodologia é
fundamental, pois permite a obtenção com
elevado grau de precisão nas estimativas de
composição. Assim a identificação dos
pontos anatômicos, o acondicionamento do
animal, a escolha do tipo de sonda, o
posicionamento da sonda, o acoplamento e
a pressão aplicada na sonda, bem como a
experiência do operador são fatores cruciais
para a obtenção de imagens precisas
(Teixeira et al., 2006)
Os pontos anatômicos de eleição segundo,
vários estudiosos, seriam nas regiões
lombar, torácica e no esterno. As principais
medidas realizadas correspondem à
espessura da gordura subcutânea,
profundidade e área do músculo
Longissimus dorsi. As medições são
realizadas com a sonda acoplada
perpendicularmente à coluna vertebral,
quando se deseja analisar todo o “olho de
lombo”, ou paralela à coluna, quando se
trata de medir espessuras de gordura
subcutânea (Delfa et al., 1999).
As medidas efetuadas na região do esterno,
principalmente em caprinos, podem ser
realizadas com o animal em pé. Muitos
autores com o objetivo de captar uma
imagem melhor; tosquiam, depilam ou
simplesmente escovam a região em que irão
efetuar a mensuração. Também se faz
necessário impregnar a região analisada
com um agente acoplante que seria um gel
de hidroximetilcelulose que permitir um
perfeito contato acústico da sonda com a
pele do animal, evitando a formação de
bolsas de ar e permitindo uma visão mais
clara. A pressão aplicada na sonda sobre a
superfície do animal deve ser mínima,
procurando evitar a deformação dos tecidos
(Bueno et al., 2006).
3.2.3. Biometria
A biometria permite avaliar o desempenho
dos animais através da pesagem periódica
dos animais, principalmente no Brasil, onde
o sistema de criação de caprinos é realizado
de forma extensiva e com pouca tecnologia.
Existe a necessidade de se realizar
mensurações no animal vivo que permitem
predizer características produtivas como
peso de carcaça, rendimento esperado,
conformação e proporção de cortes. Várias
medidas lineares são usadas com o objetivo
de caracterizar diferenças quantitativas em
carcaças bovinas (Hedrick, 1983), e ovinas
(Osório et al., 1998), tais como
comprimento de carcaça, comprimento de
lombo, profundidade corporal, largura de
paleta, comprimento, perímetro e
profundidade da perna.
A espécie caprina apresenta tipicamente
carcaças magras, com escassa gordura de
cobertura e carcaças mais longilíneas, fato
comum às diferentes raças, tanto de corte
como leiteiras (Morand-Fehr, 1985). Isto
faz com que o sistema de classificação de
35
carcaças ovinas usualmente utilizado para
caprinos, seja inadequado (Sanz
Sampelayo, 1992).
A metodologia utilizada deve ter como
premissa básica a confiabilidade das
medidas quando usadas em uma equação de
predição para estimar parâmetros no animal
ou na carcaça, os quais diferem com a raça,
idade, sexo e estado nutricional dos
animais. A determinação do peso em jejum
é importante para avaliar os animais e a
produtividade da propriedade, sendo
considerado mais confiável que o peso vivo
(PV), pois este apresenta maiores variações
em função do conteúdo do trato digestivo,
que é influenciado pelo tipo de alimentação
(Yáñez, 2002).
Outro parâmetro que deve ser avaliado na
venda dos animais é o peso de carcaça fria
que representa o rendimento de carcaça
quando expresso em percentagem do peso
do animal vivo. Algumas características da
carcaça como perímetro da garupa e da
perna, comprimento da perna, entre outros,
poderão influenciar no preço de venda do
produto, pois modificam a percepção visual
do consumidor e podem afetar a decisão de
comprar carne caprina. De acordo com as
informações obtidas na literatura, ainda não
existe uma padronização entre as
metodologias utilizadas pelos diferentes
autores e poucos trabalhos foram
desenvolvidos visando correlacionar as
medidas biométricas com as características
da carcaça de caprinos leiteiros (Yáñez,
2002).
3.3. MATERIAL E METODOS
3.3.1. Local e duração do experimento
O experimento foi realizado no Laboratório
de Metabolismo e Calorimetria da Escola
de Veterinária da Universidade Federal de
Minas Gerais, na cidade de Belo Horizonte,
no período entre 19 de novembro de 2005 a
4 de fevereiro de 2006, totalizando 77 dias
de período experimental.
3.3.2. Animais, instalações e manejo
Foram utilizados 14 caprinos da raça
Saanen; sendo oito fêmeas e seis machos
divididos em dois tratamentos com três
machos e quatro fêmeas em cada
tratamento. Os animais iniciaram o
experimento com 90 dias de idade e peso
inicial médio de 12,83 quilogramas (kg). Os
animais foram alojados em gaiolas
metabólicas individuais, com piso ripado,
bebedouro, saleiro e comedouro; com
cochos separados para feno e concentrado.
Os animais recebiam três refeições diárias
nos horários 07, 15 e 19 horas. Pela manhã,
antes da primeira refeição, as sobras de
alimento oferecido eram retiradas dos
cochos e pesadas separadamente, o feno e o
concentrado.
3.3.3. Tratamentos
Os animais foram divididos em dois
tratamentos que se diferenciavam pela
proporção de bandinha de feijão incluída no
concentrado. No tratamento um (BF 30), os
animais recebiam concentrado com 30% de
inclusão de bandinha de feijão; e no
tratamento dois (BF 60), 60% de inclusão
de bandinha. As dietas eram isoproteucas e
isoenergéticas. A quantidade de alimento
oferecido era ajustado diariamente, de
modo a propiciar sobras por volta de 15%
sobre o oferecido. As dietas foram
calculadas com base nas exigências
propostas pelo NRC (1985). A relação
volumoso:concentrado de 40:60,
respectivamente. Utilizou-se Tifton 85
como volumoso. Os animais tiveram livre
acesso a água e mistura mineral. A tabela 1
descreve a composição da dieta.
3.3.4. Mensurações biométricas
Os animais foram pesados e mensurados
periodicamente nos tempos 0, 7, 14, 28, 41,
36
58, 76 e 77 dias de confinamento mediante
jejum prévio de 12 horas. As medidas
biométricas, obtidas por uma fita métrica, e
sempre com o animal contido e em posição
de estação, foram:
Altura do anterior - Distância entre a
região da cernelha (cartilagem da escápula e
apófise espinhosa das primeiras vértebras
torácicas) e a extremidade posterior do
membro anterior;
Altura do posterior - Distância entre a
tuberosidade sacra e a extremidade
posterior do membro posterior;
Comprimento corporal - Distância entre
a articulação cérvico-torácica e a base da
cauda na primeira vértebra intercoccígea,
toma-se como referência o ponto onde a
cauda não tem mais mobilidade,
coincidindo com a primeira articulação
intercoccígea;
Comprimento de paleta - Largura de
peito- distância entre as faces laterais da
articulação escápulo-umeral;
Perímetro torácico - Perímetro tomado
entre esterno e a cernelha, passando a fita
métrica detrás da paleta;
Largura da garupa - Distância entre os
trocânteres maiores do fêmur;
Comprimento de garupa - Distância
entre a tuberosidade do íleo e ísquio;
Perímetro da perna- Perímetro tomado
na parte média da perna acima da
articulação fêmuro-tibiana;
Comprimento da perna - Distância entre
o trocânter maior do fêmur e a borda da
articulação tarso-metatarsiana, e
Perímetro testicular - Perímetro tomado
como base o diâmetro maior do testículo.
O escore corporal foi avaliado na região
lombar na escala de 1 a 5.; onde 1 é uma
animal muito magro e 5 um animal muito
gordo.
3.3.5. Mensurações ultra-sonográficas
As medidas ultra-sonográficas foram:
Espessura de gordura subcutânea (EGS) -
espessura de gordura subcutânea tomada
acima do músculo Longissimus dorsi,
medida na altura da 12
a
e 13
a
costela; altura
de olho de lombo (AOL) – obtida altura da
secção do músculo Longissimus dorsi
(AOL), também medida na altura da 12
a
e
13
a
costela e esternébras (EST) – na região
do esterno. Foi utilizado um agente
acoplante, um gel de hidroximetilcelulose
que permitir um perfeito contato acústico da
sonda com a pele do animal, permitindo
uma visão mais clara.
3.3.6. Delineamento e análises
estatísticas
Para o estudo de biometria e ultra-
sonografia, o delineamento experimental foi
inteiramente casualizado em esquema
fatorial 2 x 2 x 7 (2 sexos, 2 dietas, 7 dias);
no qual o tempo foi de 0, 7, 14, 28, 41, 58 e
76 dias.
Todos os dados foram submetidos à analise
de variância e as médias de cada tratamento
foram comparadas entre si pelo teste SNK
com diferença mínima de 5%. Foi utilizado
o programa estatístico SAEG (versão 9.0).
Os dados de biometria e ultra-sonografia
foram analisados conforme o modelo
estatístico:
Y
ijk
= µ + S
i
+ D
j
+ T
k
+ S*D
ij
+ S*T
ik
+
D*T
jk
+ e
ij
Em que,
37
Y
ij
= nível de inclusão de bandinha de feijão
“j” no sexo “i”;
µ = média geral;
S
i
= efeito de sexo “i”;
D
j
= efeito do nível de inclusão de bandinha
de feijão “j”;
T
k
= efeito do tempo “k”;
S*D
ij
= efeito da interação do nível de
inclusão de bandinha de feijão “j” com o
sexo “i”;
S*T
ik
= efeito da interação do tempo pós
resfriamento “k” com o sexo “i”;
D*T
jk
= efeito da interação do nível de
inclusão de bandinha de feijão “j” com o
tempo pós resfriamento “k”;
e
ij
= erro experimental.
3.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.4.1. Avaliação Biométrica dos caprinos
Na tabela 9 estão apresentadas as médias
das medidas biométricas.
Tabela 9 – Médias das medidas biométricas em centímetros (cm) de cabritos Saanen
alimentados com bandinha de feijão
Variáveis
x
s CV %
ESCORE 2,21 0,38 16,85
PESO (kg) 14,97 4,16 25,57
ALTANT (cm) 49,38 3,92 7,26
ALTPOST (cm) 50,97 3,77 6,66
CC (cm) 54,80 5,24 8,7
LPEITO (cm) 15,75 2,22 12,53
PERTOR (cm) 54,23 4,75 7,41
CPAL (cm) 16,28 1,45 8,21
LPAL (cm) 11,17 2,06 7,28
PERPERNA (cm) 16,24 2,26 10,45
CPERNA (cm) 15,78 1,72 10,42
LGAR (cm) 11,17 2,06 14,09
CGAR (cm) 17,45 1,73 8,04
x = médias entre os tratamentos; s = desvio-padrão; CV = coeficiente de variação. Teste SNK (p>0,05). ESCORE =
escore corporal; PESO = peso; ALTANT = altura anterior; ALTPOST = altura posterior; CC = comprimento
corporal; LPEITO = largura de peito; PERTOR = perímetro torácico; CPAL = comprimento de paleta; LPAL =
largura de paleta; PERPERNA = perímetro de perna; CPERNA = comprimento de perna; LGAR = largura de
garupa; CGAR = comprimento de garupa.
Não foi encontrada diferença entre os
fatores (p>0,05), largura de peito
(LPEITO), perímetro torácico (PERTOR),
comprimento de paleta (CPAL), largura de
paleta (LPAL), perímetro de perna
(PERPERNA), comprimento de perna
(CPERNA) e comprimento de garupa
(CGAR). Já as variáveis: escore corporal,
peso, altura anterior (ALTANT), altura
posterior (ALTPOST), comprimento
corporal (CC) e largura de garupa (LGAR)
mostraram diferenças que podem ser
percebidas na tabela10.
As medidas da largura de peito e perímetro
torácico condizem com as encontradas por
Yáñez (2002) que trabalhou com cabritos
Saanen de mesma faixa etária. Mohamed e
38
Amin (1996) recomendam a utilização do
perímetro torácico para determinar o peso
vivo de caprinos de diferentes pesos e
categorias zootécnicas, destacando que a
equação de regressão em função do
perímetro torácico apresentou melhor ajuste
quando aplicada para caprinos jovens.
A utilização destas estimativas em função
de medidas biométricas tem como objetivo
facilitar as atividades de manejo zootécnico
e melhorar as condições de comercialização
através de metodologias práticas e
econômicas, pela qual a simplificação
metodológica deve ser preservada.
Ressalta-se ainda que a biometria assume
importante papel como ferramenta em
programas de melhoramento animal,
quando empregada juntamente com outras
variáveis, podendo auxiliar no ajuste de
modelos matemáticos que possibilitem
direcionar o programa de seleção da
propriedade (McManus et al., 2001), pois o
emprego de índices pode auxiliar muito no
estudo funcional de espécies de interesse,
como é o caso do Índice corporal (IC):
relação entre o comprimento do corpo e o
perímetro torácico. Se o IC for superior a
0,90 indica animal longo; entre 0,85 e 0,90
animal de tamanho médio e inferior a 0,85
o animal será classificado como curto.
A possibilidade de predizer o peso da
carcaça fria permite determinar o
rendimento comercial, o qual indica
algumas características da carcaça. O
rendimento é influenciado pela deposição
de gordura, conformação e musculosidade
da carcaça, alem da idade e o estado
fisiológico e nutricional do animal.
Houve diferença entre os tratamentos para
as medidas escore corporal, peso, altura
anterior, altura posterior, comprimento
corporal e largura de garupa (tabela 10).
Foi evidenciado que os machos do
tratamento 1, com 30% de bandinha de
feijão no concentrado, ficaram mais leves e
menores, pois tiveram menor escore, peso e
comprimento corporal. Possivelmente este
fato deve ter ocorrido devido à presença de
um animal neste grupo que machucou o
olho durante o experimento, fato este que
alterou todo o desenvolvimento do animal,
e contribuiu para a diminuição de todas as
médias do seu tratamento. As fêmeas que
receberam 60% de bandinha de feijão na
dieta ficaram menores, com menor altura
anterior e posterior, e mais compactas com
menor largura de garupa.
De acordo com McManus et al., (2001) o
emprego de índices pode auxiliar muito no
estudo funcional de espécies de interesse
zootécnico. Os índices seriam: 1) Índice
corporal (IC) que é a relação entre o
comprimento do corpo e o perímetro
torácico. Se o IC for superior a 0,90 indica
animal longo, entre 0,85 e 0,90 tamanho
médio e inferior a 0,85 o animal será
classificado como curto. 2) Índice Corporal
Relativo (ICR); relação entre o
comprimento do corpo e a altura de
cernelha ou altura anterior, em percentual.
Se ICR for maior que 1 o animal pode ser
considerado com grande desenvolvimento
de pernas, se menor que 1, o oposto. 3)
Índice de Relação Cernelha-Garupa (IRC-
G) relação entre a altura da cernelha e a
altura da garupa ou altura posterior, em
percentual. Um resultado muito próximo a
1 indica animal retilíneo e pode estar
associado à dificuldade de parto. 4) Índice
de Relação Perímetro Torácico-Cernelha
(IRPT-C) relação entre o perímetro
torácico e a altura da cernelha, em
percentual. O maior valor de IRPT-C é
indicativo de um bom desenvolvimento
torácico do animal.
Aplicando estes índices nas medidas
encontradas neste experimento é possível
evidenciar que os animais apresentaram IC
= 1,02, sendo portanto considerados
animais longos. O ICR foi igual a 1,10, o
que permite inferir que os animais tiveram
um bom desenvolvimento de pernas. O
39
IRC-G foi de 96%, percentual que classifica
os animais como retilíneos, e por fim o
IRPT-C igual a 1,09, indicando um maior
desenvolvimento torácico. Todos estes
índices são compatíveis com o padrão da
raça Saanen de tronco bem conformado,
longo e profundo; peito saliente e amplo;
linha dorso-lombar retilínea; garupa longa e
larga e membros alongados (Ribeiro, 1997)
A avaliação da condição corporal é
utilizada para estimar o desenvolvimento
muscular e a cobertura de gordura dos
animais, e reflete o status nutricional dos
animais, pois deste depende o
desenvolvimento e deposição dos tecidos
citados. Porém, deve-se destacar que este
sistema de avaliação foi desenvolvido para
animais adultos e sua aplicação em cabritos
jovens acarreta dificuldades na
interpretação dos dados obtidos, sendo
muito difícil outorgar as notas 4 e 5 a
animais desta idade. Isto leva a salientar a
necessidade de adaptar
e/ou modificar o sistema de pontuação para
cabritos leiteiros em crescimento, daí a
importância de se gerar cada vez mais
informações para animais nas categorias de
cria e recria. Caprinos, nesta fase,
apresentam uma curva de crescimento com
resposta sigmóide com crescimento
isométrico, que ocorre de maneira
proporcional entre as partes do corpo. Este
tipo de crescimento pode levar a
interpretações errôneas. A ordem de
crescimento das estruturas do corpo é;
tecido nervoso, muscular, ósseo e por fim
deposição de gordura (Freitas, 2005),
porque o crescimento de cada uma destas
estruturas ocorre em diferentes fases da
vida do animal. Quando o desenvolvimento
do animal é descrito de forma alométrica, é
possível estabelecer o tipo de carcaça ideal,
que seria aquela com máxima quantidade de
tecido muscular, mínima de tecido ósseo e
adequada deposição de gordura exigida
pelo mercado a que será destinada (Santos
et al., 2001).
A média do peso final ao abate foi de 18
Kg, cujas as médias das medidas largura de
garupa foi de 11,17 cm, perímetro de perna
de 16,24 cm e comprimento de perna de
15,78 cm. Comparado com os resultados
encontrados por Ulhoa (2001), os animais
deste experimento foram mais leves e mais
curtos. Ulhoa (2001) trabalhando com
cabritos Saanen encontrou um peso final de
20 kg, LGAR de 15,9 cm, PERPER de 31,5
cm e CPERNA de 36,3 cm.
A pequena medida da largura de garupa
pode ser atribuída à base óssea da medida e
ao fraco desenvolvimento muscular da
região, característico de animais com
biótipo funcional leiteiro, não sendo um
bom indicador das diferenças de estado
nutricional para animais com pouca massa
muscular na região da garupa. Porém,
poderá ser útil em animais de corte, nos
quais a musculatura da região é mais
desenvolvida e será influenciada pela
condição nutricional
O perímetro da perna é uma medida difícil
se obter com exatidão, devido aos
movimentos e diferentes estados de
contração muscular dos animais, fatos que
modificam sensivelmente o resultado e que
resultaram em dados pouco coerentes e com
grande variação. Isto permite afirmar que
não é uma medida confiável para estimar a
musculosidade desta região, sendo
desconsiderada (Yáñez, 2002).
40
Tabela 10- Médias e desvio-padrão do escore corporal (de 1 a 5), peso em kg, altura anterior em
cm (ALTANT), altura posterior em cm (ALTPOST), comprimento corporal em cm (CC) e
largura de peito em cm (LPEITO)
Dieta com 30% de
bandinha
Dieta com 60% de
bandinha CV %
Variáveis
Macho Femêa Macho Fêmea
ESCORE 1,98 Bb 2,36 Aa 2,30 Aa 2,19 Aa 16,85
PESO (kg) 12,7 Bb 15,97 Aa 15,71 Aa 15,09 Aa 25,57
ALTANT (cm) 47,05 Aa 51,66 Aa 49,18 Aa 48,92 Bb 7,26
ALTPOST (cm) 48,83 Aa 52,98 Aa 50,21 Aa 50,84 Bb 6,66
CC (cm) 51,50 Bb 55,71 Aa 56,39 Aa 55,23 Aa 8,7
LGAR (cm) 10,24 Aa 11,88 Aa 11,32 Aa 10,98 Bb 14,09
A,B - Médias seguidas de letras diferem entre sexos dentro do tratamento pelo teste SNK com 5% de probabilidade
a,b – Médias seguidas de letras diferem entre tratamento dentro do mesmo sexo pelo teste SNK com 5% de
probabilidade. CV = coeficiente de variação. ESCORE = escore corporal; PESO = peso; ALTANT = altura anterior;
ALTPOST = altura posterior; CC = comprimento corporal; LGAR = largura de garupa.
As figuras 2 e 3 ilustram a evolução do
escore corporal e peso dos animais durante
o experimento. Como os animais estavam
em plena fase de crescimento, as curvas
para as duas medidas tiveram respostas
lineares crescentes. O escore corporal teve
uma curva com inclinação mais evidente. O
R
2
das medidas foi alto acima de 90%, o
que assegura maior confiabilidade dos
dados, e permite o uso da equação de
regressão para predizer escore e peso para
animais de mesma categoria.
Escore corporal
y = 0,0047x + 2,055
R
2
= 0,9006
2,00
2,05
2,10
2,15
2,20
2,25
2,30
2,35
2,40
2,45
0 1020304050 607080
dias
escore corporal
rie1
Linear (Série1)
Figura 2: Escore corporal de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão.
41
Peso
y = 0,0781x + 12,413
R
2
= 0,9529
12,00
13,00
14,00
15,00
16,00
17,00
18,00
19,00
0 1020304050607080
dias
Série1
L ine ar (S ér ie1 )
Figura 3: Peso de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão.
Na tabela 11 estão representadas as
correlações mais significativas entre as
medidas biométrica. Foi observado alta
correlação entre o GDP dos animais e o
peso vivo final (PV final) e os PCQ e PCF,
fato este com uma explicação biológica pois
a medida que o animal aumenta o seu ganho
de peso, maior será seu PV ao final do
experimento como também o PCQ e PCF.
Existe uma correlação negativa entre o
comprimento corporal (CC) e o percentual
de índice de quebra da carcaça (%IQ),
indicando uma relação inversamente
proporcional entre as variáveis; pois as
carcaças mais compridas neste experimento
foram as de animais maiores com maior
cobertura de gordura, e esta cobertura
diminui o percentual de quebra d
resfriamento da carcaça.
Tabela 11- Correlação de Pearson entre as medidas biométricas
Variáveis R
2
p
CC % IQ -0,89 0,001
GDP PV final 0,99 0,001
GDP PCQ 0,98 0,001
GDP PCF 0,93 0,001
PCQ PV final 0,99 0,001
PCQ PCF 0,93 0,001
R
2
= coeficiente de variação; p = significância; CC = comprimento corporal; %IQ = índice de quebra de
resfriamento; PV final = peso vivo ao final do experimento, GDP = ganho de peso, PCQ = peso da carcaça quente,
PCF = peso da carcaça fria.
É importante a aplicação de equações de
regressão na rotina de manejo e controle
zootécnico de uma propriedade rural, o que
permite ao produtor com menos recursos a
avaliação da produtividade de seu rebanho,
podendo adequá-las e até incluí-las como
mais uma medida na seleção dos animais.
Com isto as equações de regressão das
medidas biométricas estão apresentadas na
tabela 12 em função do tempo de
confinamento dos animais (77 dias) a partir
dos 90 dias de idade quando os animais
iniciaram o experimento.
42
Tabela 12 – Equações de regressão das medidas biométricas em função do tempo “t”
Variáveis BF Sexo Equação R
2
ALTANT 30 M y = 45,06 +0,062t 0,89
30 F y = 49,49 + 0,067t 0,84
60 M y = 46,06 + 0,097t 0,94
60 F y = 48,23 + 0,022t 0,87
ALTPOST 30 M y = 47,13 + 0,052t 0,88
30 F y = 50,39 + 0,08t 0,90
60 M y = 47,32 + 0,09t 0,90
60 F y = 49,49 + 0,042t 0,90
CC 30 M y = 50,44 + 0,032t 0,41
30 F y = 51,90 + 0,11t 0,92
60 M y = 51,24 + 0,15t 0,86
60 F y = 51,57 + 0,12t 0,90
LPEITO 30 M y = 13,64 + 0,029t 0,73
30 F y = 14,61 + 0,035t 0,84
60 M y = 13,62 + 0,049t 0,96
60 F y = 15,2 + 0,004t 0,84
PERTOR 30 M y = 48,89 + 0,062t 0,83
30 F y = 52,93 + 0,089t 0,93
60 M y = 49,68 + 0,11t 0,93
60 F y = 52,19 + 0,095t 0,81
CPAL 30 M y = 14,51 + 0,021t 0,75
30 F y = 16,16 + 0,026t 0,84
60 M y = 14,49 + 0,035t 0,68
60 F y = 16,23 + 0,021t 0,81
PERPERNA 30 M y = 13,62 + 0,05t 0,82
30 F y = 15,02 + 0,047t 0,75
60 M y = 14,69 + 0,05t 0,62
60 F y = 14,92 + 0,043t 0,38
CPERNA 30 M y = 13,9 + 0,033t 0,73
30 F y = 15,17 + 0,033t 0,86
60 M y = 14,93 + 0,025t 0,79
60 F y = 15,26+ 0,02t 0,89
LGAR 30 M y = 8,87 + 0,042t 0,86
30 F y = 10,2 + 0,052t 0,91
60 M y = 8,77 + 0,079t 0,90
60 F y = 9,63 + 0,042t 0,79
CGAR 30 M y = 15,43 + 0,036t 0,82
30 F y = 16,62 + 0,039t 0,86
60 M y = 15,64 + 0,054t 0,90
60 F y = 16,47 + 0,033t 0,76
R
2
= coeficiente de variação; p = significância. BF 30 = tratamento com 30% de bandinha de feijão (BF) no
concentrado, BF 60 = tratamento com 60% de bandinha de feijão (BF) no concentrado. Sexo M = machos, sexo F =
fêmeas. Variáveis: ALTANT = altura anterior; ALTPOST = altura posterior; CC = comprimento corporal; LPEITO
= largura de peito; PERTOR = perímetro torácico; CPAL = comprimento de paleta; PERPERNA = perímetro de
perna; CPERNA = comprimento de perna; LGAR = largura de garupa; CGAR = comprimento de garupa. Dieta 1 =
Tratamento 1 com 30% de bandinha de feijão no concentrado. Na equação “y” é a variável avaliada e “t” o tempo em
dias no intervalo de 0 a 77 dias a partir dos 90 dias de idade dos caprinos.
43
Pode ser verificado nas equações de
regressão e confirmado nas figuras que
descrevem o comportamento das curvas que
as partes mensuradas tiveram crescimento
isométrico pelo menos nessa fase estudada,
pois tiveram respostas lineares com um
bom valor de R
2
.
As variáveis que tiveram menor variação
nas medidas foram às alturas anteriores e
posteriores, possivelmente devido à forma
com que estas são mensuradas, pois estas
medidas são obtidas através do aparelho
hitômetro que pode sofrer menor variação
que a fita métrica utilizadas para as outras
medidas, como também a posição do
animal. As medidas comprimento corporal,
largura de peito, perímetro torácico,
comprimento de paleta, perímetro de perna,
comprimento de perna, largura de garupa e
comprimento corporal tiveram seus
coeficientes de variação com maior
variação.
Utilizando as equações do comprimento
corporal e comparando com as medidas
reais, os resultados calculados se
aproximam dos resultados reais. Exemplo: a
equação y = 50,44 + 0,032t para machos da
dieta 1, no dia zero do experimento, os
animais tinham 50,44 cm de CC e após 60
dias de experimento 52,36 cm. Os valores
médios reais foram de 49,60 com no
primeiro dia de experimento e após 60 dias
53,16 cm. Simulando para os machos da
dieta 2 os valores calculados e reais não
foram tão próximos, no primeiro dia do
experimento, o CC foi 51,24 cm para o
valor calculado e 53,25 cm o valor real e
aos 60 dias de experimento, 60,24 cm o CC
calculado contra 62,75 cm de medida real.
Os Figuras a seguir – da Figura 4 á Figura
13 - ilustram o comportamento das
equações de regressão. Todas as medidas
biométricas tiveram um comportamento
linear crescente, evidenciando o
crescimento isométrico, devido aos animais
do experimento ainda estarem completando
o seu desenvolvimento corporal. O R
2
mais
baixo foi evidenciado no perímetro da
perna, e isto pode ter ocorrido devido a
posição do animal.
Altura anterior
y = 0,0552x + 47,572
R
2
= 0,9004
46,00
47,00
48,00
49,00
50,00
51,00
52,00
53,00
020406080
dias
cm
Série1
Linear (Série1)
Figura 4: Altura anterior de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão
44
y = 0,063x + 48,90
R² = 0,955
48,00
49,00
50,00
51,00
52,00
53,00
54,00
0 20406080
c
m
dias
Altura posterior
Série1
Lin ear (Série1)
Figura 5: Altura posterior de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão
y = 0,093x + 51,75
= 0,922
51,00
52,00
53,00
54,00
55,00
56,00
57,00
58,00
59,00
60,00
020406080
c
m
dias
Comprimento corporal
Série1
Linear (Série1)
Figura 6: Comprimento corporal de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão
45
Largura de peito
y = 0,0408x + 14,412
R
2
= 0,9 363
14,00
14,50
15,00
15,50
16,00
16,50
17,00
17,50
18,00
0 1020304050607080
dias
cm
Série1
Linear (Série1)
Figura 7: Largura de peito de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão
Perímetro tocico
y = 0,0907x + 51,258
R
2
= 0,914
50,00
51,00
52,00
53,00
54,00
55,00
56,00
57,00
58,00
59,00
0 20406080
dias
cm
Série1
Li near (Sé ri e1)
Figura 8 : Perímetro torácico de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão
46
y = 0,019x + 15,64
= 0,867
15,40
15,60
15,80
16,00
16,20
16,40
16,60
16,80
17,00
17,20
17,40
0 20406080
c
m
dias
Comprimento de paleta
Série1
Linear (Série1)
Figura 9 : Comprimento de paleta de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão
Perímetro da perna
y = 0,0663x + 14,36
R
2
= 0,7205
14,00
15,00
16,00
17,00
18,00
19,00
20,00
0 20406080100
dias
cm
Série1
Linear (Série1)
Figura 10 : Perímetro de perna de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão
47
y = 0,027x + 14,87
R² = 0,896
14,50
15,00
15,50
16,00
16,50
17,00
17,50
0 20406080
c
m
dias
Comprimento da perna
Série1
Lin ear (Série1)
Figura 11: Comprimento de perna de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão
Largura de garupa
y = 0,0508x + 9,5082
R
2
= 0,9213
8,00
9,00
10,00
11,00
12,00
13,00
14,00
0 20406080
dias
cm
rie1
Lin ear (Série1)
Figura 12 : Largura de garupa de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão
48
y = 0,039x + 16,15
= 0,885
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
020406080
c
m
dias
Comprimento de garupa
Série1
Linear (Série1)
Figura 13: Comprimento de garupa de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão
3.4.2. Avaliação ultra-sonográfia dos
caprinos
A tabela 13 ilustra as equações de regressão
das medidas ultra-sonográficas que
auxiliam na predição destas medidas
durante o período experimental.
Tabela 13 - Equações de regressão das medidas ultra-sonográficas – altura de olho de lombo
(AOL), espessura de gordura subcutânea do músculo Longissimus dorsi (EGS) e espessura de
gordura nas esternébras (ESTERN)
Variáveis BF Sexo Equação R
2
AOL 30 M y = 1,061 + 0,005t 0,92
30 F y = 1,03 + 0,004t 0,90
60 M y = 0,54 + 0,018t 0,79
60 F y = 1,72 + 0,00012t 0,99
EGS 30 M y = -0,18 + 1,29t 0,64
30 F y = .0,16 + 1,30t 0,68
60 M y = .0,16 + 1,24t 0,86
60 F y = .0,32 + 7,31t 0,30
ESTERN 30 M y = 1,38 + 0,0073t 0,70
30 F y = 1,39 + 0,012t 0,41
60 M y = 1,47 + 0,0077t 0,26
60 F y = 1,47 + 0,0076t 0,26
R
2
= coeficiente de variação; p = significância. BF 30 = Dieta com 30% de bandinha de feijão (BF) no concentrado;
BF 60 = Dieta com 60% de bandinha de feijão (BF) no concentrado. Sexo M = machos, sexo F = fêmeas. Na equação
“y” é a variável avaliada e “t” o tempo em dias no intervalo de 0 a 77 dias a partir dos 90 dias de idade dos caprinos.
49
As equações de regressão para predizer a
AOL tiveram alto coeficiente de variação e
significância, o que permite que estas
equações possam ser utilizadas para
predizer a altura do olho de lombo em
caprinos, bem como correlacionar esta
medida com o lombo, PCQ e PCF, que
refletem a musculosidade da carcaça. A
AOL também tem alta correlação com o
ganho de peso do animal e peso de abate do
animal.
Já as equações de regressão para espessura
de gordura subcutânea do músculo
Longissimus dorsi (EGS) e espessura de
gordura nas esternébras (ESTERN), que
predizem a gordura na carcaça possuem um
baixo coeficiente de variação o que não
confiabiliza o uso destas equações para
predizer a gordura da carcaça. O baixo
coeficiente de variação pode ser atribuído a
pouca gordura de cobertura nas carcaças, o
que dificultou a mensuração da sua
espessura.
As Figuras 14, 15 e 16 demonstram o
comportamento das equações de regressão
para as medidas ultra-sonográficas. Todas
as medidas apresentaram uma evolução
linear sem estabilização da curva, isto
ocorreu devido à faixa etária dos animais
que estão em fase de crescimento.
Altura do olho de lombo
y = 0,0065x + 1,1745
R
2
= 0,9356
1
1,2
1,4
1,6
1,8
20 30 40 50 60 70 80
dias
cm
Série1
Linear (Série1)
Figura 14: Altura do olho de lombo de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão
50
Espessura de gordura subcutânea
y = 0,0011x + 0,1011
R
2
= 0,414
0,1
0,12
0,14
0,16
0,18
0,2
20 30 40 50 60 70 80
dias
mm de gordua
rie1
Linear (Série1)
Figura 15: Espessura de gordura subcutânea sobre o músculo Longissimus dorsi de cabritos
Saanen alimentados com bandinha de feijão
Esternebras
y = 0,0096x + 1,423
R
2
= 0,9735
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
2,2
2,4
0 20406080
dias
mm gordura
rie1
Linear (Série1)
Figura 16: Espessura de gordura na região das esternébras de cabritos Saanen alimentados com
bandinha de feijão
51
Os valores de espessura de gordura
subcutânea foram muitos pequenos e
denotam a escassa deposição de gordura
nessa região em caprinos, em concordância
com Bueno et al., (1997) e Colomer-Rocher
et al. (1987), que citam que cabritos
abatidos precocemente possuem pouca ou
nenhuma deposição de gordura subcutânea.
As medidas de carcaça servem para
caracterizar o produto e apresentam alta
correlação com seu peso, podendo ser
utilizadas como indicadoras de
características de carcaça (Bueno et al.,
1998). Correlações de Pearson são
apresentadas na tabela 14, onde pode ser
visto que a AOL possui alta correlação
entre o lombo, ganho de peso, PV final,
PCQ e PCF. Estas relações são facilmente
explicadas biologicamente, pois com o
aumento da altura de olho de lombo há
maior formação muscular na carcaça,
aumentando o peso do lombo, do animal e
da carcaça quente e fria. Assim estas
variáveis podem ser utilizadas como
indicadores de produção dentro do sistema
de produção, servindo também como
ferramenta para a seleção de animais com
maiores produção de carne, que podem ser
utilizados no melhoramento genético do
rebanho.
Tabela 14: Coeficientes de correlação de Pearson para a altura do olho de lombo (AOL)
Variáveis R
2
P
AOL LOMBO 0,79 0,001
AOL GDP 0,78 0,001
AOL PV final 0,79 0,001
AOL PCQ 0,80 0,001
AOL PCF 0,73 0,001
R
2
= coeficiente de variação; p = significância. LOMBO = lombo, GDP = ganho de peso; PV final = peso vivo ao
abate; PCQ = peso da carcaça quente; PCF = peso da carcaça fria.
3.5. CONCLUSÕES
Na fase estudada crias caprinas apresentam
desenvolvimento isométrico, independente
do sexo e da dieta consumida.
As medidas biométricas e ultra-
sonográficas podem ser utilizadas para
predizer as características da carcaça de
cabritos Saanen alimentados com bandinha
de feijão, sendo que avaliações ultra-
sonográficas nas esternébras devem ser
preteridas devido à maior fonte de variação
nas leituras.
52
4. CAPÍTULO 3:
RENDIMENTO DE CORTES E
VÍSCERAS DE CABRITOS SAANEN
ALIMENTADOS COM BANDINHA DE
FEIJÃO
4.1. INTRODUÇÃO:
Os animais de origem leiteira podem ser
terminados para o abate, todavia, tendem a
apresentar carcaças com características
inadequadas ao mercado consumidor.
Atualmente, a procura por carne de cabrito
é maior que a oferta, valorizando dessa
maneira o produto.
A produção eficiente de carne caprina deve-
se basear num sistema no qual animais, em
curto espaço de tempo e a baixo custo,
produzam carcaças que possam ser
comercializadas a preços elevados. Estas
carcaças possuem uma grande demanda em
restaurantes e no consumo doméstico,
havendo também mercado diferenciado
para carcaças um pouco mais pesadas, ao
redor de 10 - 11 kg, que podem ser obtidas
confinando-se os animais após a desmama
(Colomer-Rocher et al., 1987).
No sistema de produção de carne, as
características quantitativas da carcaça são
fundamentais no processo produtivo, pois
estão diretamente relacionadas ao produto
final carne. O principal fator que confere
valor à carcaça é o rendimento. O aumento
no rendimento de carcaça significa maior
eficiência na produção de carne caprina,
sendo que a carcaça, para ser considerada
de boa qualidade deve apresentar elevada
proporção de músculos, pequena de ossos e
adequado teor de gordura intramuscular,
para garantir suculência e sabor, além de
um mínimo de cobertura de gordura.
Carcaças caprinas geralmente são pobres
em gordura, principalmente de cobertura, o
que pode ser benéfico do ponto de vista
nutricional, contudo dificulta o seu
armazenamento a frio (Colomer-Rocher et
al. 1987).
Os cortes de maior valor comercial das
carcaças caprinas são a perna (pernil), o
lombo (dianteiro e traseiro) e a paleta. A
qualidade da carcaça depende da
quantidade de tecidos componentes,
principalmente o muscular, ósseo e adiposo
(Delfa et al., 1991).
Dentre as definições atribuídas aos
subprodutos gerados no abate, surgiu a
denominação “quinto quarto”. O termo
componentes comestíveis não constituintes
da carcaça vem sendo habitualmente
utilizado para referenciar os órgãos e
vísceras comestíveis, dentre eles: coração,
fígado, pulmão, baço, estômago, intestinos,
rins, cérebro e o sangue. O valor obtido
com os componentes não constituintes da
carcaça, tradicionalmente, serve para cobrir
parte das despesas com o processo de abate,
e conseqüentemente, formar margem de
lucro aos abatedouros. Entretanto, os
produtores sempre receberam valores
referentes apenas à carcaça, não sendo
remunerados pelos outros componentes
oriundos do abate (Delfa et al., 1991).
A utilização dos componentes comestíveis
não constituintes da carcaça na confecção
de pratos típicos regionais, a exemplo da
“buchada” vem demonstrando ser uma
ótima opção para o aumento da
lucratividade na caprinocultura. A
“buchada” agrega valor ao sistema de
produção de caprinos e ovinos, além de
apresentar boa aceitação e elevados
rendimentos, em relação ao peso vivo do
animal.
O fígado, o coração e os rins apresentam
elevada demanda pelos consumidores, pois,
são os mais atrativos e de fácil digestão, o
que os tornam mais valorizados
comercialmente, quando comparados com
as demais vísceras comestíveis, como
exemplo, pulmão, traquéia, língua, entre
53
outros. Individualmente, os órgãos e
vísceras não representam um bom valor
comercial, porém, se usados como matéria-
prima na elaboração de pratos típicos, ou
mesmo em embutidos, podem agregar valor
à unidade de produção ou de abate,
podendo alcançar valores equivalentes ao
da carne (Delfa et al., 1991).
Os principais fatores econômicos que
influem no consumo e determinam a
competitividade de um produto estão
relacionados com os custos operacionais,
equipamentos, utilização de embalagens
especiais, refrigeração e estocagem. O
consumo dos órgãos e vísceras é
determinado pela aceitabilidade, valor
nutricional, fornecimento regular no
mercado, competitividade em relação a
produtos similares, aparência e higiene
adequada, existência de uma legislação
específica e não menos importante, a
influência da cultura tradicional e da
religião de determinados povos
(Goldstrand, 1988).
Com isso, os objetivos deste trabalho
foram: avaliar os rendimentos de cortes e
vísceras de cabritos Saanen alimentados
com bandinha de feijão.
4.2. REVISÃO DE LITERATURA
4.2.1. Qualidade da carne
As mudanças na sociedade fizeram com que
o consumidor se preocupasse mais com a
saúde e bem estar animal, e isto afetou
significativamente o conceito de qualidade
de carne. Um produto de qualidade deve
garantir a satisfação do consumidor. Nesse
sentido, Osório e Osório (2003) destacam
que para o consumidor, a “qualidade da
carne” é considerada quanto aos aspectos:
nutricionais, atendendo as exigências
metabólicas do organismo humano;
sanitárias, não oferecendo riscos à saúde;
subjetiva, que está relacionada às questões
religiosas ou culturas; de serviço, pela
facilidade de preparo, disponibilidade e
distribuição; de apresentação, com cortes
mais atraentes e por fim de aspectos
organolépticos e sensoriais, que são
determinados por características percebidas
pelos sentidos - cor, tato, sabor, aroma,
suculência, textura e maciez.
O conhecimento das características
quantitativas e qualitativas das carcaças
comercializadas para a indústria da carne é
fundamental na busca da melhoria da
qualidade do produto final, a carne
(Tarouco, 2003).
A qualificação da carcaça visando o
mercado consumidor é baseada na
conformação e composição. A carcaça tem
seu valor quando existe uma proporção
entre suas partes ou cortes: traseiro,
dianteiro e costelas; entre carne, osso e
gordura e a distribuição desses diferentes
tecidos em cada um dos cortes (Bueno et
al., 2005).
Carne é o produto resultante das contínuas
transformações bioquímicas que ocorrem
no músculo após a morte do animal. A
carne é utilizada como alimento de elevada
qualidade nutricional devido a sua função
plástica, influenciando a formação de novos
tecidos e a regulação de processos
fisiológicos e orgânicos, além do
fornecimento de energia (Zeola, 2002).
A qualidade da carne é uma combinação
entre sabor, suculência, textura, maciez e
aparência, elementos que contribuem para a
apreciação do produto. Em geral, a
aceitação da carne pelo consumidor é
determinada por sua resposta ao sabor, à
suculência e à maciez do produto, cujo grau
de satisfação depende de respostas
psicológicas e sensoriais inerentes a cada
indivíduo (Tonetto et al., 2004).
O estudo da qualidade da carne tornou-se
cada vez mais objetivo, respaldando-se
54
menos em julgadores pessoais e mais em
testes químicos e físicos. O grau de
qualidade é avaliado segundo o ponto de
vista e interesse do produtor, da indústria,
do comércio e do consumidor (Silva-
Sobrinho, 2005). Na busca de um produto
de qualidade uniforme, há necessidade de
conhecer os fatores que influenciam as
características de qualidade da carne. O
genótipo é um fator que influencia, entre
outras características, a capacidade de
retenção de água, cor e dureza. A qualidade
não depende somente do peso do animal,
mas da quantidade de músculo, grau de
gordura, conformação e principalmente
idade, indicando que critérios de
classificação, baseados somente nos pesos
são incoerentes (Teixeira et al., 2005).
Os segmentos que influem na longa cadeia
de produção são muitos – como a
comercialização e o consumo – todos eles
trabalhando para conseguir um produto
rentável e sensorialmente satisfatório no
momento do consumo. Diversos pontos de
vista devem ser considerados quando
pensamos em satisfazer as exigências do
consumidor, objetivo final da cadeia
produtiva. Essas facetas se relacionam às
qualidades nutricional, sanitária, comercial
e organoléptica da carne (Prado, 1999).
Com o incremento do consumo das carnes
caprina e ovina nos últimos anos, observa-
se uma maior necessidade de oferta de
produtos com melhor qualidade. Nesse
sentido, deve-se considerar que existe um
grande número de fatores que afetam as
características da qualidade e do valor da
carne in natura e dos produtos elaborados
como raça, idade, peso de abate e manejo
pré e pós-abate dos animais. Esses fatores
afetam as transformações bioquímicas do
músculo e, conseqüentemente, influenciam
os atributos visuais e organolépticos da
carne. Assim, o estudo e o controle desses
fatores tornam-se imprescindíveis à oferta
de carne ao mercado consumidor, que terá à
disposição produtos de qualidade a preços
acessíveis (Madruga, 2003; Silva-Sobrinho,
2005).
A carne caprina é uma boa fonte de carne
magra devido ao pouco conteúdo de
gordura intramuscular e subcutânea deste
tipo de ruminante. Apresenta-se como uma
boa fonte de ácidos graxos desejáveis – do
tipo poliinsaturado. Assim, ela tem grande
potencial de consumo em razão do seu
valor nutritivo e de sua aceitabilidade,
principalmente considerando que os
consumidores apreciam carne com baixo
teor de gordura (Madruga, 2003). Contudo,
a baixa quantidade de gordura na carne dos
caprinos, pode ser refletida em uma baixa
suculência e palatabilidade (Marinova et al.,
2001).
Em termos de gordura corporal, o caprino
apresenta percentual muito próximo ao
observado em ovino. todavia, se for
separada a gordura localizada em torno das
vísceras, que não faz parte da carcaça, a
carne caprina passa a ser a mais magra
dentre os ruminantes. A aceitação da carne
caprina varia entre países e grupos étnicos.
Na França e América Latina, a carne de
animais jovens ou mamões é considerada
um produto de delicatessen, enquanto na
Índia a preferência é por carne de animais
adultos (Dhanda et al., 2003). A gordura
subcutânea em caprinos é muito fina e a
cavidade abdominal constitui o principal
depósito de gordura, sendo que 50 a 60% da
gordura total estão localizados entre o
abdômen e as vísceras, conseqüentemente,
grande parte dessa gordura irá desaparecer
quando a carcaça for eviscerada (Grande et
al., 2003).
Os atributos de qualidade de carne
apresentam grandes variações. Essas
alterações influenciam a preferência do
consumidor. Dentre os atributos que se
relacionam com a aceitação da carne, a cor
é associada ao frescor do corte e à idade de
abate do animal, a maciez determina a
aceitação do corte, e a perda de peso por
55
cozimento é associada ao rendimento pós-
preparo (Sousa et al., 2004).
4.2.2. Avaliação da carcaça
Carcaça é o corpo do animal degolado,
sangrado, retirado as vísceras, e sem as
porções distais das extremidades das patas.
Cada país tem sua legislação para
identificação de carcaça. No Brasil, a
portaria nº 307 do Ministério da Agricultura
Pecuária e Abastecimento de Dezembro de
1990, define como carcaça caprina e ovina
como: o corpo inteiro do animal abatido,
sangrado, esfolado, eviscerado, desprovido
de cabeça, patas, glândulas mamárias,
verga, exceto suas raízes e testículos.
Retiram-se os rins e as gorduras perirrenais
e inguinais. No rabo, permanecem não mais
do que seis vértebras coccígeas. As
carcaças são resultado de um processo
biológico individual sobre o qual interferem
fatores genéticos, ecológicos e de manejo
que se oferecem ao comprador como um
todo. Porém se diferenciam por
características qualitativas como: sexo,
conformação e cor de gordura (Osório et
al., 2002).
A classificação de carcaças tem como
objetivo facilitar a comercialização, e pode
ser usada como ferramenta para agrupar
lotes homogêneos tornando possível
direcioná-las para mercados específicos
(Osório et al., 2002).
As razões para estimar a composição
corporal dos caprinos, na prática, devem-se
à habilidade em produzir conforme a
demanda do consumidor, à seleção de
animais precoces e à necessidade em se
atender um sistema de comercialização
baseado no rendimento da carcaça
(Tarouco, 2003).
A maior parte da variação na composição
corporal nos animais vivos está associada
com as diferenças na quantidade de gordura
corporal. Quando um animal aumenta em
peso vivo ou grau de maturidade, o peso e a
proporção de gordura corporal e na carcaça,
geralmente aumenta, com redução na
proporção do tecido magro. Embora o
tamanho adulto seja um critério de seleção
entre raças, é de menor praticabilidade para
a seleção dentro de raças, devido ao longo
tempo necessário para medi-lo. A obtenção
de pesos nas fases iniciais da vida do
animal oferece uma indicação do tamanho
maduro, e simultaneamente, com a
estimativa da composição corporal in vivo,
pode fornecer informações sobre as taxas de
maturação, de acabamento, e indiretamente,
da composição à maturidade (Tarouco,
2003).
O peso vivo pode ser de valor na predição
da proporção dos diferentes tecidos na
carcaça, quando as comparações são
realizadas entre animais de similar raça e
sexo, submetidos à regimes nutricionais
similares. Os escores visuais da
conformação e grau de acabamento são
utilizados em larga escala na indústria de
carne ovina e em programas de seleção de
rebanhos, por ser de obtenção rápida, baixo
custo e fácil operacionalidade. Entretanto,
os resultados em relação a sua importância
no rendimento das proporções dos tecidos
corporais são contraditórias (Tarouco,
2003).
Wolf et al., (1981) reportaram altas
correlações fenotípicas negativas entre a
conformação e proporções de carne magra e
osso; e alta correlação positiva entre a
conformação e a proporção de gordura.
Kempster et al., (1981) observaram
aumento na proporção de carne magra
subcutânea da carcaça, quando os escores
de conformação foram corrigidos para a
proporção de gordura subcutânea dissecada.
4.2.3. Cadeia produtiva da
caprinocultura
A caprinocultura da região Sudeste do
Brasil caracteriza-se pela criação de raças
56
leiteiras. Neste sistema, cujo objetivo
econômico é a produção leiteira, os machos
nascidos nos criatórios são considerados um
problema e habitualmente abatidos no
nascimento. Mas esta região possui
potencial para produzir carne a partir dos
cabritos leiteiros, este aspecto não tem sido
desenvolvido pelos produtores. Isto
acontece principalmente pela falta de
estudos sobre crescimento, características
de carcaça e custos de produção, aplicados
a essas condições específicas. Tem sido
estabelecido como regra geral que o
crescimento dos diferentes tecidos, ocorre
inicialmente no tecido nervoso seguido do
ósseo, muscular e adiposo (Sainz, 1996).
Esta seqüência determina o destino dos
nutrientes no corpo animal, sendo
fundamental conhecer o momento (peso
e/ou idade) em que a taxa de crescimento
muscular diminui e a maioria dos nutrientes
é direcionada para o tecido adiposo, pois
este tem um custo energético é mais
elevado e seu excesso acarreta
desvalorização do produto comercializado.
Segundo Sainz (1996), a curva típica de
crescimento de um animal tem forma
sigmóide, com crescimento lento durante a
primeira etapa da vida, depois acelera
atingindo um máximo, e finalmente
diminui; curvas de crescimento de músculo
e gordura apresentaram forma sigmóide.
São poucas as informações referentes ao
crescimento dos caprinos leiteiros e às
modificações relativas dos componentes do
peso vivo (PV), em relação ao peso do
animal ou peso do corpo vazio (PCV).
Diversos autores têm afirmado que o
aumento de peso corporal e/ou idade
incrementa o rendimento de carcaça,
resultante da maior proporção músculo/osso
e da quantidade de gordura. Este conceito
se aplica aos ruminantes em geral, mas é
necessário considerar que os caprinos
caracterizam-se por acumular
proporcionalmente mais gordura visceral
quando comparados com outras espécies e
mais ainda nos caprinos leiteiros que nas
raças crioulas ou de corte (Sainz, 1996).
Isto determina que estes animais devam ser
abatidos antes que os nutrientes sejam
destinados, em grandes proporções, a
componentes de pouco valor comercial,
diminuindo o rendimento de carcaça e a
rentabilidade para o produtor, peso e/ou
idade ainda não estabelecidos para caprinos.
Deve-se destacar também que o início da
puberdade pode alterar as características
organolépticas da carne, pois, segundo
Sainz (1996), a partir deste momento o
macho apresenta substâncias na carne que
podem produzir aromas e sabores de pouca
aceitação pelos consumidores, fato a ser
contemplado ao definir a idade e estado
fisiológico dos animais a serem abatidos.
O aumento da procura por carnes magras
pelos consumidores associada à
característica dos caprinos de apresentarem
carcaças e carnes com baixo acúmulo de
gordura faz com que estes produtos sejam
cada vez mais valorizados pelo mercado,
sempre que estejam acompanhados de
características de qualidade, como maciez e
sabor, adequados ao paladar do
consumidor. Com isto, determinar o
momento ideal de abate é importante para
atender às exigências desses consumidores.
O conhecimento do crescimento relativo em
caprinos permitirá definir o momento mais
adequado para o abate, onde o rendimento
de carcaça, a proporção de cortes de maior
valor comercial, a relação músculo/osso, a
quantidade de gordura e a participação de
outros componentes do PV que não formam
parte da carcaça, se apresentem em seu
ponto ótimo tanto para o produtor como
para o consumidor. Alem disso, é
necessário considerar que o objetivo de
todo produtor é obter lucro, pelo que deve
ser avaliado o custo de produzir essa
carcaça e o melhor ponto econômico de
abate (Bueno, 2000).
57
4.2.4. Características de carcaça
O valor da carcaça está intimamente ligado
ao seu rendimento e à sua composição
tecidual. A carcaça apresenta partes
comestíveis e não comestíveis, sendo que,
dentre as não comestíveis, o tecido ósseo é
a maior parte. A carcaça ideal é aquela que
possui maior percentual de cortes, com
elevada proporção de músculos, pequena
proporção de ossos e adequado teor de
gordura intramuscular. Isso pode garantir a
suculência e sabor da carne, além de um
mínimo de gordura de cobertura, para se
obter uma proteção contra a perda excessiva
de umidade e o escurecimento da carcaça
durante o processo de resfriamento.
Carcaças caprinas são geralmente pobres
em gordura de cobertura, o que é benéfico
do ponto de vista nutricional, mas constitui
dificuldade quanto ao armazenamento a frio
(Delfa et al., 1992).
4.2.5. Conformação da carcaça
A conformação está dada
fundamentalmente pela base genética,
sendo que as raças bem conformadas, de
clara aptidão para produção de carne,
transmitem à sua descendência, boa
morfologia, enquanto as raças rústicas
apresentam em geral, carcaças estreitas
(Sanudo & Sierra, 1996). O termo
conformação significa desenvolvimento
harmonioso ou proporcional das distintas
partes da carcaça e proporção de carne e
osso. Constitui-se em um critério básico
utilizado para julgar a carcaça, qualitativa e
quantitativamente, porque é susceptível de
se medir e quantificar. Também é critério
de qualidade comercial, já que carcaças
bem conformadas adquirem no mercado
preços superiores às carcaças mal ou
deficientemente conformadas (Colomer-
Rocher, 1988).
4.2.6. Rendimento de carcaça
É importante a determinação de um peso de
abate ideal para a obtenção de um
rendimento de carcaça que otimize o
sistema de produção. O rendimento de
carcaça com base no peso do corpo vazio é
um importante parâmetro de avaliação do
animal com potencial para produção de
carne. O aumento no peso da carcaça pode
elevar o rendimento das carcaças, no
entanto rendimentos altos podem estar
associados a excessivo grau de gordura, ou
baixa percentagem de componentes não
constituintes da carcaça. Animais pesados
apresentam maior rendimento de carcaça,
em parte devido ao menor peso
proporcional das vísceras, que atingem a
maturidade mais precocemente que os
tecidos da carcaça (Garcia et al., 2004). A
qualidade da carcaça depende da
quantidade de tecidos componentes,
principalmente músculos, ossos e gordura.
A composição de carcaça é um dos critérios
mais importantes na avaliação de sua
qualidade, a qual será ótima quando possuir
uma maior quantidade de cortes de primeira
categoria, assim como uma maior
quantidade de músculos, uma menor
quantidade de ossos e adequada quantidade
de gordura (Sainz et al., 1996)
O rendimento dos cortes da carcaça é um
dos principais fatores que estão diretamente
relacionados à qualidade da carcaça. O
rendimento da carcaça é determinado pelos
diversos componentes corporais do animal.
O valor da carcaça depende, dentre outros
fatores, do peso relativo de seus cortes. Para
melhorar o valor da carcaça, torna-se
necessário aprimorar aspectos relativos à
nutrição, sanidade, manejo e genética
(Sainz, 1996). A separação da carcaça em
cortes, uma adequada embalagem e correto
armazenamento valorizam-na, pois, dessa
forma, pode-se oferecer ao consumidor um
produto de excelente aparência e de alto
padrão de qualidade. O tipo de corte a ser
comercializado varia de acordo com a
58
região geográfica e está associado aos
hábitos alimentares da população (Osório e
Sañudo, 1996; Oliveira et al., 2002).
A composição tecidual influencia
diretamente na qualidade da carcaça. O seu
conhecimento nos diferentes cortes da
carcaça é importante para determinar a
qualidade dessa carcaça, sendo que o peso
ótimo para cada corte será aquele em que
sua valorização será máxima, tanto para o
produtor como para o consumidor. Cada
vez mais os consumidores buscam produtos
mais saudáveis e, usualmente, preferem
carcaças magras. Um fator chave no
sistema de produção é a obtenção de
carcaças magras com peso e idade de abate
ótimos. Na maioria dos mercados, o
excesso de gordura é o fator que mais afeta
a comercialização da carne. A gordura é o
tecido de distribuição mais variável da
carcaça. Do ponto de vista quantitativo, a
composição tecidual difere entre raças em
função dos diferentes estágios de
maturidade de cada raça. A raça é citada
como sendo um importante fator que afeta a
composição tecidual dos cortes (Garcia et
al., 2004).
4.2.7. Componentes da carcaça
A composição regional da carcaça baseia-se
no desmembramento em cortes, o que
permite uma melhor comercialização ao
consumidor. Já a composição tecidual
fundamenta-se na quantidade de tecido
muscular, adiposo e ósseo existente na
carcaça (Oliveira et al., 1998).
Normalmente, os mercados consumidores
apresentam exigências de peso mínimo dos
diversos cortes, evitando-se, dessa forma,
que o abate de animais em condições
insatisfatórias de desenvolvimento
muscular e acabamento (Santos, 2002).
A padronização dos cortes comercializados
é definida pelo mercado consumidor, que
determina pesos mínimos e máximos de
acordo com os costumes regionais. Um
corte ideal é aquele de fácil utilização e que
não tenha excessos nem falta de gordura. Já
o peso ótimo de cada corte é aquele cuja
valorização é máxima, tanto para o
produtor, como para o consumidor. A
padronização dos cortes, ou até mesmo os
nomes que lhe são atribuídos, varia entre os
países e até entre áreas próximas dentro de
um mesmo país ou região, o que torna essa
prática muitas vezes confusa (Garcia et al.,
2004).
O sistema de cortes deve respeitar alguns
aspectos como a quantidade relativa de
músculos, gordura e osso. Também deve
considerar a facilidade de realização do
corte pelo operador e a facilidade de uso
pelo consumidor (Santos et al., 2001).
Os cortes comerciais estão representados
pela perna ou pernil, lombo, paleta, costelas
e pescoço. Esses podem ser agrupados de
acordo com as regiões anatômicas, a saber:
cortes de primeira, que compreendem a
perna e o lombo; de segunda, a paleta; e de
terceira, as costelas, baixos e pescoço
(Furusho-Garcia, et al., 2003; Yamamoto et
al., 2004).
O rendimento dos cortes sofre influência do
sexo e do peso do animal. O rendimento da
perna e da paleta é maior nos machos
inteiros do que nas fêmeas; e diminui com o
aumento do peso da carcaça em ambos os
sexos. A porcentagem da costela/fraldinha
aumenta com o peso da carcaça em machos
inteiros e fêmeas, mas não apresenta
variação em função do sexo (Santos, 2002).
A idade é outro fator determinante no
desenvolvimento dos cortes. A perna e a
paleta reduzem o crescimento com o
avançar da idade, sendo considerados cortes
de crescimento rápido. O contrário ocorre
com os cortes de desenvolvimento tardio,
como as costelas, que geralmente
apresentam grande quantidade de gordura
quando os animais se aproximam da
59
maturidade fisiológica. Economicamente, é
desejável um maior rendimento da perna
em comparação com outros cortes, devido
ao seu valor comercial. Entretanto, animais
com maior desenvolvimento muscular no
traseiro têm também maior
desenvolvimento muscular no dianteiro,
isto é, o animal tende a apresentar equilíbrio
entre os quartos traseiro e dianteiro. A
paleta e a perna são de desenvolvimento
precoce; quando o peso da carcaça
aumenta, as porcentagens desses cortes no
corpo do animal se reduzem. Isso foi
verificado mais em fêmeas que em machos.
Fenômeno contrário se observa nas peças
de desenvolvimento tardio, caso da costela,
em que se verifica que, quando o peso da
carcaça aumenta, a porcentagem de
fraldinha ou costilhar se incrementa, sendo
esse aumento também mais importante nas
fêmeas que nos machos (Santos, 2003).
A raça é o fator mais importante que afeta a
distribuição dos pesos relativos dos
diferentes cortes da carcaça, sendo que a
proporção dos cortes da carcaça difere em
função dos diferentes estágios de
maturidade de cada raça (Ulhoa et al., 2001;
Sainz, 1996; Mendonça et al., 2003).
4.2.8. pH da carcaça
O pH constitui um dos fatores mais
importantes na transformação do músculo
em carne com decisivo efeito sobre a
qualidade da carne fresca e dos produtos
derivados (Osório et al., 2000).
O animal vivo gera energia por meio da
glicólise aeróbia, ou seja, utilizando a
molécula de oxigênio. No entanto, após o
abate do animal, cessa o suprimento de
oxigênio e se inicia a via glicolítica
anaeróbica, com a formação do ácido lático,
que irá se acumular no tecido muscular e,
assim, diminuir o valor de pH. No início do
processo, o valor do pH está em torno de
7,0 e, no final (24 horas após o abate), o pH
fica em torno de 5,80 a 5,50; nível
necessário para ocorrer inibição enzimática
e a paralisação da glicólise anaeróbica
(Forrest et al., 1979).
Imédiatamente após o abate, o músculo se
encontra em repouso, condição chamada de
tônus muscular, e os processos
bioquímicos, depois do sacrifício, são
baseados na degradação e síntese do ATP.
A liberação do Ca
+2
pelo retículo
sarcoplasmático causa modificação na
troponina, ficando possível a ligação entre
as proteínas contrácteis miosina e actina,
formando a actomiosina. Com a ligação das
proteínas contrácteis dos músculos, ocorre
uma perda de flexibilidade, elasticidade e
extensividade do músculo, sendo necessária
energia para desfazer essas ligações. Com a
diminuição do ATP devido ao esgotamento
das reservas de glicogênio ou acidificação
do meio, o músculo atinge um estado de
rigidez cadavérica ou rigor mortis (Warriss,
2003).
O estresse antes do abate devido ao
transporte do animal, a eventuais maus
tratos, ao tempo de jejum prolongado,
dentre outros fatores; influencia diretamente
a reserva muscular de glicogênio,
resultando, com isso, num pH final mais
elevado (Bonagurio, 2001).
A queda do pH depende da quantidade de
glicogênio muscular presente no momento
do abate, e vários fatores podem influenciar
essa quantidade. Dentre os fatores que
influenciam no valor do pH da carne,
encontram-se o tipo de fibra muscular
(contração lenta ou rápida) e sua
concentração no músculo, influenciando a
quantidade de glicogênio presente e,
conseqüentemente, o valor de pH final. Os
músculos com maiores atividades físicas
terão pH mais baixos, como o dos músculos
da perna comparados aos do abdômen.
Dessa forma, o pH muscular pode
apresentar variações numa mesma carcaça
(Osório et al., 1998).
60
O pH final do músculo, medido às 24 horas
post mortem, é um fator que exerce
influência sobre vários parâmetros de
qualidade da carne: como capacidade de
retenção de água e perda de peso por
cocção; bem como sobre as propriedades
sensoriais de maciez, suculência, sabor,
aroma e cor (Osório et al., 1998).
Em condições anormais, o acúmulo
excessivo de ácido lático logo após o
sacrifício resultará em um pH baixo antes
mesmo da queda da temperatura corporal.
Quando o declínio normal do pH é alterado,
afeta-se a qualidade da carne. Quando o pH
diminui rapidamente em temperaturas altas,
chegando a valores iguais ou menor que 5,8
aos 60 minutos do sacrifício, com oscilação
entre 5,3 e 5,6, origina as chamadas carnes
PSE (pale, soft, exudative) pálidas, moles e
exsudativas. Reservas elevadas de
glicogênio e sensibilidade especial por parte
do animal são, dentre outros, fatores de
predisposição para esse tipo de carne. O
retículo sarcoplasmático sensibilizado
acelera a saída do Ca
+2
, ativa a enzima
ATPase e a glicólise, originando uma
rápida formação e acúmulo de ácido lático
(Bonagurio, 2001).
Por outro lado, quando ocorre um pequeno
declínio do pH durante a primeira hora após
o sacrifício (permanecendo acima de 6,0),
originam-se as chamadas carnes DFD
(dark, firm, dry) escuras, duras e secas.
Nesse caso, as reservas iniciais de
glicogênio são baixas devido a fatores ante
mortem, como, por exemplo, uma situação
de estresse prolongado antes do abate, não
havendo tempo suficiente para sua
reposição no músculo (Maturano, 2003).O
músculo Longissimus dorsi é recomendado
para medidas padronizadas de pH, por ser
um músculo longo e relativamente
uniforme quanto à profundidade de
inserção.
4.2.9. Componentes não carcaça
No abate, além da carcaça, obtêm-se outros
produtos também aproveitáveis,
denominados como componentes não
carcaça. Os produtos dos componentes não
pertencentes à carcaça, comumente
chamado de "quinto quarto”, são todos os
componentes do peso do corpo vazio do
animal, excetuando-se a carcaça. Os
primeiros a utilizarem a denominação de
quinto quarto foram os açougueiros
franceses, com o objetivo de designar por
esse quarto uma porção complementar que
poderiam comercializar (Rosa et al., 2002).
Os componentes não carcaça podem
representar mais de 50% do peso vivo do
animal (Carvalho et al., 2005). Destes, as
vísceras representam em média 20% do
peso vivo, rendimento extremamente
significativo que pode ser revertido em
lucro para o produtor, uma vez que elas
podem ser utilizadas na culinária e são
muito apreciadas pela população nordestina
(Costa et al., 2005).
4.2.9.1 Constituintes dos componentes
não carcaça
A comercialização dos ovinos e caprinos se
baseia principalmente no peso vivo dos
animais. Entretanto, essa medida não é
inteiramente exata, visto que inclui o peso
do alimento contido no trato digestivo. O
rendimento dos constituintes não
pertencentes à carcaça é calculado em
relação ao peso do corpo vazio (PCV) e
contribui para a obtenção de dados mais
consistentes, uma vez que o conteúdo
gastro-intestinal pode variar em função do
sistema de alimentação de 10% a 20% do
peso vivo (Santos, 2002).
Dos componentes que não fazem parte da
carcaça, a pele é o mais importante e
valioso, pois atinge de 10% a 15% do valor
do peso do animal. O restante dos
componentes não carcaça tem menor valor,
61
sendo o fígado, depois da pele, a parte mais
valiosa. A pele, junto com o conteúdo
gastrintestinal, constituem os fatores mais
determinantes no rendimento da carcaça,
pois ambos podem representar 25% do peso
vivo do abate (Tonetto et al., 2004).
A pele dos caprinos, muito valorizada pela
indústria calçadista e de vestuário, pode ser
comercializada antes ou após a salga
(Siqueira et al., 2001).
Considerando todos os subprodutos
comestíveis e não comestíveis procedentes
do abate animal, além da carne, eles
representam entre 66% a 68% do valor da
carcaça, tendo as vísceras uma participação
de bastante representativa de 14% (Monte
et al., 2004). Os subprodutos
correspondentes às vísceras são integrados
pelo coração, pulmão, fígado, rins,
intestinos e estômagos, que apresentam um
rendimento extremamente significativo,
podendo ser convertido em lucro para o
produtor (Costa et al., 2005).
As vísceras variam em peso de acordo com
a proporção de energia consumida, pois
uma alta relação volumoso:concentrado
favorece a relação entre o peso do conteúdo
gastrintestinal e o peso do corpo vazio. Os
órgãos viscerais, especialmente o fígado e o
trato gastrintestinal (TGI), estão associados
a altas taxas de síntese de proteína tecidual,
que ocorre em maior proporção no TGI
(19%-23%) e no fígado, rins, pâncreas
(16%-17%) e músculo estriado (24-28%). O
tamanho e peso desses órgãos estão
relacionados com o maior consumo de
nutrientes pelo animal, especialmente
energia e proteína, já que estes participam
ativamente no metabolismo desses
nutrientes. O jejum de dois ou mais dias em
bovinos antes do abate pode resultar em
perda de peso do fígado de até 25% (Ferrel
et al., 1976). A ordem de crescimento dos
órgãos do aparelho digestivo desde o
nascimento até a vida adulta de bovinos,
búfalos, caprinos e ovinos é a seguinte:
abomaso, rúmen, retículo, omaso, ceco,
intestino grosso, reto, intestino delgado e
esôfago (Lyford, 1993). O abomaso pode
ser considerado um órgão de
desenvolvimento precoce, pelo fato de que
o animal, no inicio da vida, depende quase
que exclusivamente desse órgão para a
digestão dos nutrientes, sendo o
rúmen/retículo e o omaso ainda pouco
funcionais nessa fase. As proporções de
rúmen/retículo e omaso apresentam maior
desenvolvimento após o desmame, quando
o animal é forçado a ingerir alimentos
sólidos, acarretando assim um
desenvolvimento mais tardio desses órgãos
(Pires et al., 2000).
O efeito da dieta nos tecidos viscerais, em
relação ao peso do corpo vazio, é a
somatória de várias condições, incluindo
nestas a função de absorção e as funções
associadas aos tecidos periféricos e aos
componentes da carcaça. O peso desses
tecidos é um indicativo de diferenças entre
as quantidades de nutrientes consumidos
pelo animal, sendo influenciado pelas
características do volumoso, a inclusão de
grãos à dieta e a quantidade de alimento
oferecido (Silva - Sobrinho, 2005).
4.2.9.2. Qualidade nutricional das
vísceras
A importância dos componentes não
carcaça não está vinculada apenas ao
retorno econômico, mas também como uma
alternativa alimentar, principalmente nas
populações de baixo poder aquisitivo. Além
disso, o valor nutritivo desses órgãos é
comparável ao da carcaça, porque as
vísceras utilizadas no consumo humano
também constituem uma importante fonte
de proteína animal (Yamamoto et al.,
2004).
Ao analisarem a composição físico-química
das vísceras caprina in natura e
processadas, Madruga et al., (2003)
verificaram que, das vísceras in natura, o
62
fígado apresentou o maior percentual de
proteína, e os intestinos a maior quantidade
de ferro. As superfícies externas das
vísceras e a cavidade abdominal constituem
o principal depósito de gordura na carcaça
dos caprinos, e, conseqüentemente, grande
parte da gordura interna irá desaparecer
quando o animal for eviscerado (Madruga,
1999).
A buchada é uma comida preparada a partir
de vísceras caprinas, contém alto nível de
ácidos graxos saturados, baixos valores de
ácidos graxos insaturados, ácidos graxos
polinsaturados e ácidos graxos desejáveis
em comparação com a carne caprina. Esses
valores merecem ser considerados visto que
altos níveis de ácidos graxos saturados na
dieta aumentam a concentração de
colesterol sangüíneo, em comparação aos
níveis de ácidos graxos mono e
polinsaturados, este é um aspecto
importante para a saúde humana
(Banskalieva et al., 2000).
4.2.9.3. Utilização das vísceras na
alimentação humana
Os subprodutos do abate animal podem ser
utilizados na alimentação humana de
diversas formas, Entre os subprodutos, as
vísceras caprinas constituem os ingredientes
principais de pratos típicos como a buchada
e o sarapatel, bastante apreciados pela
população nordestina. A buchada é um
prato tradicional nordestino que apresenta
uma boa aceitação pelos consumidores e
tem como principais ingredientes coração,
rins, fígado, pulmões, intestinos, rúmen.
Essas vísceras são geralmente
comercializadas em feiras livres ou
diretamente nos abatedouros, onde se
apresentam precariamente processadas e
com curtíssima vida útil, no máximo dois
ou três dias, quando mantidas em condições
de refrigeração (Madruga et al.,2003).
São vários os fatores que fazem com que os
subprodutos do abate animal, a exemplo da
buchada, não façam parte dos hábitos
alimentares da população brasileira. O
baixo nível de produtividade e a falta de
regularidade no fornecimento desses
produtos no mercado, principalmente na
região Nordeste, não favorece a utilização
dos subprodutos comestíveis pelas
indústrias alimentícias. Portanto, ressalta-se
a importância da culinária regional na
utilização dos subprodutos do abate
caprino, como uma forma viável de agregar
valor ao processo produtivo da
caprinocultura (Costa et al., 2005). A falta
de uma padronização nas formulações
utilizadas no preparo da buchada é outro
fator que dificulta o estabelecimento de um
padrão de qualidade para a comercialização
da buchada.
4.2.9.4. Importância econômica da
comercialização das vísceras
A avaliação das características de carcaça
não seria completa se não levasse em
consideração os componentes não
pertencentes à carcaça. De uma forma geral,
não recebem a devida atenção por parte do
produtor e da indústria. Como o produtor
recebe preço global pela carcaça; no qual
não constam os gastos de abate nem o valor
dos demais componentes que não a carcaça,
eles não dão maior valor aos componentes
não pertencentes a esta, pois os animais são
vendidos a peso vivo (Delfa et al., 1991).
Na maioria dos países desenvolvidos, a
indústria de carne está mais interessada nas
características quantitativas e qualitativas
das carcaças. Entretanto, em muitos países
considerados em desenvolvimento, os
componentes não carcaça competem com a
produção de carne em um plano econômico,
enquanto as caraterísticas da carcaça
recebem pouca atenção. Os componentes
não carcaça dos caprinos não têm maior
expressão na sua industrialização e
comercialização. Em vista disso, faz-se
cada vez mais necessária a obtenção de
informações não só da carcaça, mas
63
também dos demais constituintes do peso
vivo cuja comercialização agregará maior
valor econômico ao animal como um todo,
motivando maiores cuidados e melhoria nas
condições de criação e abate dos animais
(Costa et al., 1999; Rosa et al., 2002).
Costa et al. (2005), reforçam a importância
da utilização dos componentes não carcaça
na alimentação humana, visto que alguns
destes podem ser utilizados no preparo de
buchada com rendimento médio de 18,8%
em relação ao peso vivo do animal. Os
autores consideram ainda que o preço atual
da buchada no mercado regional é superior
ao da carne caprina e que o rendimento
médio de carcaça desses animais foi de
44,95%. Pode-se inferir que o
aproveitamento dessas vísceras através da
buchada representa uma receita adicional de
57,51% em relação ao preço da carcaça.
4.3. MATERIAL E METODOS
4.3.1. Local e duração do experimento
O experimento foi realizado no Laboratório
de Metabolismo e Calorimetria da Escola
de Veterinária da Universidade Federal de
Minas Gerais, na cidade de Belo Horizonte,
no período entre 19 de Novembro de 2005 a
4 de Fevereiro de 2006, totalizando 77 dias
de período experimental.
4.3.2. Animais, instalações e manejo
Foram utilizados 14 caprinos da raça
Saanen; sendo oito fêmeas e seis machos
divididos em dois tratamentos com três
machos e quatro fêmeas em cada
tratamento. Os animais iniciaram o
experimento com 90 dias de idade e peso
inicial médio de três quilogramas (Kg). Os
animais foram alojados em gaiolas
metabólicas individuais, com piso ripado,
bebedouro, saleiro e comedouro; com
cochos separados para feno e concentrado.
Os animais recebiam três refeições diárias
nos horários 07, 15 e 19 horas. Pela manhã,
antes da primeira refeição, as sobras de
alimento oferecido eram retiradas dos
cochos e pesadas separadamente, o feno e o
concentrado.
4.3.3. Tratamentos
Os animais foram divididos em dois
tratamentos que se diferenciavam pela
proporção de bandinha de feijão incluída no
concentrado. No tratamento um (BF 30), os
animais recebiam concentrado com 30% de
inclusão de bandinha de feijão e no
tratamento dois (BF 60), 60% de inclusão
de bandinha. As dietas eram isoproteucas e
isoenergéticas. A quantidade de alimento
oferecido era ajustado diariamente, de
modo a propiciar sobras por volta de 15%
sobre o oferecido. As dietas foram
calculadas com base nas exigências
propostas pelo NRC (1985). A relação
volumoso:concentrado de 40:60,
respectivamente. Utilizou-se Tifton 85
como volumoso. Os animais tiveram livre
acesso a água e mistura mineral. A tabela 1
descreve a composição da dieta.
4.3.4. Mensurações
No 77
o
dia do período experimental, após
sofrerem jejum por 12 horas, os animais
foram abatidos. O abate foi realizado por
insensibilização com uma concussão na
base do chifre seguido de sangria com a
secção da veia jugular e carótidas e o
sangue recolhido para posterior pesagem.
Em seguida, foram feitas a esfola e a
evisceração. Também foram pesados: pele,
testículos, pênis, trato genital feminino,
glândula mamária, patas, rúmen, retículo,
omaso, abomaso, gordura omental e
mesentérica, intestinos, pâncreas, baço,
fígado, vesícula biliar, bexiga, diafragma,
pulmão, coração, cabeça e língua. A
carcaça foi dividida longitudinalmente, ao
longo da coluna vertebral, e então pesadas,
mensuradas sua temperatura e pH e
encaminhadas para a câmara de
refrigeração.
64
O pH e a temperatura da carcaça foram
medidos no músculo Longissimus dorsi
sendo para isso realizado uma pequena
incisão no músculo com auxílio de uma
faca na altura da 12
a
-13
a
vértebra torácica.
Em seguida, o eletrodo foi introduzido no
interior do músculo e se aguardou a
estabilização da leitura do valor do pH no
visor do aparelho (cerca de 30 segundos).
Foi utilizado um potenciômetro marca
Orion®, modelo 420A acoplado a um
eletrodo de penetração, marca Digimed®,
modelo DME-CV2 e um termômetro
digital, com sonda inox de penetração
marca Gulterm®. As medidas foram
tomadas imédiatamente após o final da
esfola, e a cada hora até a carcaça atingir a
temperatura inferior a 10ºC. Logo após a
primeira mensuração as carcaças foram
mantidas em câmara de refrigeração com
temperatura média de 2,82ºC. Às 24 horas
post-mortem novamente os valores de pH e
de temperatura foram coletados.
Os cortes cárneos foram feitos após 48
horas de resfriamento. A carcaça foi
dividida nos seguintes cortes: pernil, paleta,
lombo, carré, peito, costela e fralda, rabo,
rins e gordura omental.
A obtenção de cada corte seguiu as
seguintes definições: Pernil - região sacral
mais o cíngulo pélvico; Paleta - região do
cíngulo escapular mais braço e antebraço, o
corte foi realizado na região axilar dos
músculos que unem a escapula e úmero na
parte ventral do tórax; Lombo - tem como
base óssea a primeira até a última vértebra
lombar; Carré - região entre a 1
a
e 13
a
vértebra torácica; Peito, Costela e Fralda -
região anatômica da parede abdominal e 2/3
da região ventral torácica e Rabo - contém
todas as vértebras coccígeas. A Figura 15
representa os cortes cárneos.
Figura 17: Sistema de cortes de carcaça de caprinos (Fonte: Monte, 2006)
4.3.5. Delineamento e análise estatística
Para os estudos de rendimento de cortes e
vísceras; o delineamento experimental foi
inteiramente casualizado em esquema
fatorial 2 x 2 (2 sexos, 2 dietas).
Para o estudo de temperatura e pH, o
delineamento experimental inteiramente
casualizado em esquema fatorial 2 x 2 x 6
(2 sexos, 2 dietas, 6 tempos); os tempos
foram 0, 1, 2, 3, 4 e 24 horas após o
resfriamento.
65
Todos os dados foram submetidos à analise
de variância e as médias de cada tratamento
foram comparadas entre si pelo teste SNK
com diferença mínima de 5%. Foi utilizado
o programa estatístico SAEG (versão 9.0).
Os dados de rendimento de cortes e vísceras
foram analisados conforme o modelo
estatístico:
Y
ij
= µ + S
i
+ D
j
+ S*D
ij
+ e
ij
Em que,
Y
ij
= nível de inclusão de bandinha de feijão
“j” no sexo “i”;
µ = média geral;
S
i
= efeito de sexo “i”;
D
j
= efeito do nível de inclusão de bandinha
de feijão “j”;
S*D
ij
= efeito da interação do nível de
inclusão de bandinha de feijão “j” com o
sexo “i”;
e
ij
= erro experimental.
Os dados de temperatura e pH foram
analisados conforme o modelo estatístico:
Y
ijk
= µ + S
i
+ D
j
+ T
k
+ S*D
ij
+ S*T
ik
+
D*T
jk
+ e
ij
Em que,
Y
ij
= nível de inclusão de bandinha de feijão
“j” no sexo “i”;
µ = média geral;
S
i
= efeito de sexo “i”;
D
j
= efeito do nível de inclusão de bandinha
de feijão “j”;
T
k
= efeito do tempo “k”;
S*D
ij
= efeito da interação do nível de
inclusão de bandinha de feijão “j” com o
sexo “i”;
S*T
ij
= efeito da interação do tempo de
resfriamento “k” com o sexo “i”;
D*T
ij
= efeito da interação do tempo de
resfriamento “k” com a dieta “j”;
e
ij
= erro experimental.
4.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.4.1. Temperatura e pH durante o
resfriamento da carcaça
As interações estudadas não se mostraram
significativas (p>0,05).
A tabela 15 ilustra as médias da
temperatura e do pH durante o processo de
resfriamento das carcaças. As carcaças dos
animais dos grupos do tratamento BF30 e
BF60 apresentaram resultados similares de
pH nos diversos momentos em que foram
avaliadas. Talvez esse fato possa ser
explicado pela precocidade dos animais,
que resultou em cobertura de gordura
ausente, avaliada pelo equipamento de
ultra-som, associado ao rápido resfriamento
promovido pela câmara fria (Amaral, et al.,
2007). Pode ser observado na tabela que as
médias do pH passam a serem iguais
estatisticamente quando as carcaças
atingem menos de 10ºC, a partir deste ponto
o valor do pH não altera mais, ficando
estável em 6,2. É neste ponto que todas as
reservas de glicogênio do músculo são
consumidas e o músculo entra em rigor
mortis.
66
Tabela 15: Médias da temperatura em graus Celsius (tºC) e pH da carcaça em função do tempo
em horas (h)
Tempo (h) média tºC média pH
0 30,81 a 6,91 a
1 19,16 b 6,55 ab
2 13,38 c 6,52 ab
3 10,56 d 6,29 b
4 9,67 cd 6,21 b
24 2,82 e 6,20 b
CV % 20,66 7,14
a,b,c,d,e – Médias seguidas de letras diferem entre si pelo teste SNK com 5% de probabilidade. CV = Coeficiente de
variação.
Com o avanço das horas, a temperatura
apresentou um declínio acentuado até as
quatro horas de resfriamento quando o pH
das carcaças se estabilizaram em torno de
6,20, valor este acima do que o preconizado
pelo Ministério da Agricultura e
Abastecimento do Brasil (MAPA, 2006).
Este rápido resfriamento ocorreu devido à
pouquíssima cobertura de gordura que as
carcaças apresentaram.
Os valores médios do pH a partir da terceira
hora de resfriamento para as carcaças
situam-se acima de seis, indicando que a
glicólise não desenvolveu-se
completamente. Esse resultado também é
superior ao valor estabelecido pelo
Ministério da Agricultura (MAPA, 2006)
para a aplicação de procedimentos de
biossegurança para comércio interno e
exportação de carnes e carcaças ovinas,
onde se recomenda um pH abaixo de seis.
Segundo Osório et al. (2000), a qualidade
da carne apresenta modificações com a
idade, em relação à composição e às
características metabólicas dos músculos.
De acordo com este autor, a velocidade de
queda do pH aumenta com a idade, gerando
uma tendência em obter pHs mais baixos
em animais com idade mais avançada.
Na Figura 18 está apresentado a equação de
regressão para o valor de pH em função do
tempo em horas. O declínio do pH
apresentou resposta exponencial, indicando
uma rápida queda nas primeiras horas post
mortem, seguido de estabilização. O
coeficiente de determinação (R
2
) indicou
um ajustamento pouco eficiente dos dados
em torno da curva de regressão. Entretanto
a rápida queda de temperatura das carcaças
afetou a glicólise, que não se desenvolveu a
contento, e em função também da ausência
de gordura subcutânea em ambos os grupos.
A intensidade de queda do pH e
temperatura em carcaças geralmente está
intimamente ligado a maciez da carne. O
rápido resfriamento das carcaças antes da
instauração do rigor mortis causa
encurtamento pelo frio das fibras
musculares causados pela diminuição da
eficiência da bomba de cálcio. Alguns
autores atribuíram a menor queda dos
valores de pH à variação na concentração
de glicogênio muscular no momento do
abate, devido a manejo inadequado no
período ante-mortem (Amaral et al., 2006).
Valores de pH abaixo do observado neste
experimento são relatados por Zeola et al.
(2002) quando cordeiros Morada Nova que
receberam diferentes níveis de concentrado
não apresentaram diferença nos valores de
pH. Também os valores observado em
nosso experimento são superiores aos
relatados por Lemos Neto (1997) que
trabalhou com cordeiros Corriedale e
67
cruzados Ile de France x Corriedale,
terminados em confinamento, encontrando
valores entre 5,73 e 5,78 às 24 horas post-
mortem e Garcia (1998) que relata valores
de 5,63 as 24 horas após o abate. Por outro
lado o mesmo autor, similar ao observado
no presente trabalho não encontrou
diferenças entre os níveis de substituição do
milho moído pelo resíduo de panificação
(biscoitos) para os valores de pH. É
importante ressaltar que os valores de pH
observados, sugerem que outros parâmetros
indicadores da qualidade, como capacidade
de retenção de água, cor e maciez serão
afetados negativamente, pois todos estes
fatores são influenciados pelo pH.
As equações de regressão para o pH e
temperatura da carcaça estão descritas na
tabela 16. As equações se aplicam para o
intervalo de tempo de 0 a 24 horas. As
equações de regressão para a temperatura
apresentaram um R
2
alto, sendo altamente
significativas para predizer a diminuição da
temperatura ao longo do resfriamento.
Já as equações para predizer o pH
apresentaram uma tendência significativa
apesar do R
2
baixo, o que diminui a
confiabilidade destes dados. Os valores
baixos de R
2
podem ser atribuídos á
glicólise que não ocorreu completamente
durante o resfriamento. Outro fato que pode
ter contribuído para a pouca confiabilidade
destes dados foi que a partir da 4
a
hora de
resfriamento 65% das carcaças que tinham
estabilizado o seu pH, pois depois de
atingido a temperatura de 10ºC a carcaça
não altera mais o seu pH (Amaral et al.,
2007)Com isto, estas equações não são
recomendadas para tal predição.
Tabela 16 – Equações de regressão para a temperatura (tºC) e pH de resfriamento das carcaças
de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão
Variáveis BF Sexo Equação R
2
p
tºc 30 M y = 28,14 - 6,68t 0,86 0,001
30 F y = 25,29 - 5,26t 0,83 0,001
60 M y = 28,68 - 7,15t 0,80 0,001
60 F y = 29,30 - 7,53t 0,92 0,001
pH 30 M y = 6,74 - 3,33t 0,45 0,001
30 F y = 6,93 - 0,15t 0,54 0,030
60 M y = 6,92 - ,170t 0,47 0,010
60 F y = 6,94 - ,220t 0,29 0,010
R
2
= Coeficiente de variação; p = significância. Na equação, “y” é a tº C/ pH em função do tempo “t” em horas (h)
no intervalo de 0 a 24 h. BF 30 =Dieta com 30% de bandinha de feijão (BF) no concentrado; BF 60 = Dieta com
60% de bandinha de feijão (BF) no concentrado, Sexo M = Machos, Sexo F = Fêmea.
As Figuras 18 e 19 ilustram o decréscimo
da temperatura e pH das carcaças em
função do tempo.
A curva da temperatura de resfriamento da
carcaça teve um comportamento
exponencial, com o decréscimo da
temperatura até as 24 horas de resfriamento
(último tempo de mensuração) quando a
temperatura se estabiliza. A curva
apresentou um R
2
alto, semelhante aos
demonstrados na tabela 16 para a predição
da temperatura em função das distas e
sexos. Isto só faz aumentar a confiabilidade
dos dados.
68
Temperatura de resfriamento da carcaça
y = 18,301e
-0,082x
R
2
= 0,8492
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
0 5 10 15 20 25
tempo (h)
C
Série1 E xp on. (Sér ie1 )
Figura 18: Temperatura de resfriamento da carcaça de cabritos Saanen alimentados com
bandinha de feijão.
A curva de pH da carcaça apresentou uma
resposta exponencial com estabilização do
pH em 4 horas de resfriamento quando
todas as carcaças atingiram 10ºC. O R
2
da
equação foi baixo, não dando confiabilidade
à estes dados.
pH da carcaça
y = 6,5647e
-0, 0027 x
R
2
= 0,348
6,00
6,20
6,40
6,60
6,80
7,00
0 5 10 15 20 25
tempo (h)
pH
rie 1 E xpon. (S érie1)
Figura 19: pH da carcaça de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão.
4.2.2. Rendimentos de cortes das
carcaças caprinas
Os pesos médios dos cortes da carcaça dos
caprinos foram representados na tabela 17,
como também os pesos da carcaça quente
(PCQ), da carcaça fria (PCF), o percentual
do índice de quebra de resfriamento da
carcaça (%IQ), o ganho de peso em kg
(GDP Kg) e os rendimentos de carcaça
quente (RCQ) e fria (RCF). Não houve
diferença significativa entre os sexos e
dietas (p>0,05).
69
Tabela 17: Pesos dos cortes pernil, paleta, lombo, carré costela/fralda (COSTFRALDA),
pescoço e peito; da carcaça quente (PCQ), da carcaça fria (PCF), o percentual do índice de
quebra de resfriamento da carcaça (%IQ), o ganho de peso em Kg (GDP Kg) e os rendimentos
de carcaça quente (RCQ) e fria (RCF)
Variáveis
x
s CV %
PERNIL (kg) 2,49 0,80 34,65
PALETA (kg) 2,33 0,78 36,93
LOMBO (kg) 0,50 0,19 38,91
CARRÉ (kg) 0,52 0,17 35,40
COSTFRALDA (kg) 0,77 0,31 43,53
PESCOÇO (kg) 0,46 0,13 31,64
PEITO (kg) 0,37 0,13 39,05
PCQ (kg) 7,98 2,62 35,13
PCF (kg) 7,75 2,61 36,07
% IQ 3,05 1,44 54,88
GDP (kg) 0,20 0,07 37,46
RCQ (%) 42,20 2,40 6,19
RCF (%)
40,91 0,47 6,55
x = média; s = desvio-padrão; CV = Coeficiente de variação. Teste SNK (p>0,05).
A tabela 18 ilustra os rendimentos dos
cortes sobre os pesos da carcaça quente
(PCQ) e carcaça fria (PCF). Não foram
encontradas diferenças entre os tratamentos
para estes rendimentos (p>0,05).
Tabela 18: Rendimentos médios da carcaça quente (RCQ) e fria (RCF) e dos cortes; pernil,
paleta, lombo, carré, costela/fralda, pescoço e peito; em função do PCQ e PCF
Variáveis
x
s CV %
RCQ (%) 42,20 2,40 6,19
RCF (%) 40,91 0,47 6,55
%PERNILPCQ 31,32 1,29 3,09
%PALETAPCQ 29,32 0,20 2,95
%LOMBOPCQ 6,26 0,48 6,90
%CARREPCQ 6,51 0,46 7,96
%COSTPCQ 9,45 1,06 11,74
%PESCOÇOPCQ 5,94 0,84 14,23
%PEITOPCQ 4,69 0,85 20,80
%PERNILPCF 30,24 1,15 2,00
%PALETAPCF 6,45 0,43 5,59
%CARREPCF 6,72 0,49 8,28
%PESCOÇOPCF 9,75 1,07 11,43
%COSTPCF 6,13 0,89 14,53
%PEITOPCF 4,84 0,84 19,99
x = média; s = desvio-padrão; CV = Coeficiente de variação. Teste SNK (p>.0,05). %PERNILPCQ = percentual do
pernil no PCQ; %PALETAPCQ = percentual da paleta no PCQ; %LOMBOPCQ = percentual do lombo no PCQ;
%CARREPCQ = percentual do carré no PCQ; ; %COSTFRALDAPCQ = percentual da costela/fralda no PCQ;
%PESCOÇOPCQ = percentual do pescoço no PCQ; %PEITOPCQ = percentual do peito no PCQ; %PERNILPCF =
percentual do pernil no PCF; %PALETAPCF = percentual da paleta no PCF; %LOMBOPCF = percentual do lombo
70
no PCF; %CARREPCF = percentual do carré no PCF; ; %COSTFRALDAPCF = percentual da costela/fralda no
PCF; %PESCOÇOPCF = percentual do pescoço no PCF; %PEITOPCF = percentual do peito no PCF.
Os cortes de primeira categoria, pernil e
lombo, foram os mais pesados. O pernil
teve um peso médio de 2,49 kg e o lombo,
0,5 kg. Considerando o PCQ de 7,98 kg,
somente o pernil e o lombo representariam
2,99 kg, isto seria 37,46%, este percentual
demonstra a grande participação do pernil e
do lombo sobre o peso da carcaça. O corte
de segunda categoria seria a paleta, pesando
2,33 kg ou 29,19% do PCQ. Também é um
corte bem representativo dentro carcaça.
Pode ser observado uma proximidade nos
pesos do pernil e da paleta, na tentativa do
animal manter um equilíbrio entre os
quartos dianteiro e traseiro, talvez como
reflexo do crescimento isométrico já
atingido.
Os cortes de terceira categoria; carré,
costela-fralda, pescoço e peito;
apresentaram pesos médio de 0,52 kg; 0,77
kg, 0,46 kg e 0,37 kg; respectivamente.
Monte, (2006) trabalhando com animais
mestiços Saanen x Bôer abatidos na mesma
faixa etária que os animais deste
experimento, encontrou pesos semelhantes
para todos os cortes.
Os rendimentos médios da carcaça quente
(RCQ) e fria (RCF) e dos cortes em função
do PCQ e PCF são demonstrados na tabela
17. Não houve diferença estatística
(p>0,05) entre os tratamentos. Os
percentuais médios do pernil e lombo foram
31,32% e 6,26%, respectivamente. Os
valores de rendimentos de pernil foram
semelhantes aos encontrados por Monte
(2006) de 29,81% e Pérez et al., (2001), que
trabalharam com cabritos Criolo
encontrarando 29% de rendimento de
pernil.
Para os cortes de segunda (paleta) os
rendimentos também foram semelhantes
aos encontrados aos autores citados
anteriormente.
Os rendimentos de paleta e pernil
representam 60% da carcaça, este é um alto
valor que sugeri que estes podem ser
utilizados para predizerem o conteúdo total
dos tecidos na carcaça.
Os rendimentos de carcaça foram de 42,2%
para RCQ e 40,91% para RCF. Ulhoa
(2001) trabalhando com cabritos Saanen
quando submetidos a uma dieta sem
restrição e mesmo ganho de peso que os
animais deste experimento, encontrou
rendimentos superiores. O RCQ encontrado
por Ulhoa (2001) foi de 47,7% e RCF de
45,7%. O rendimento de carcaça é um
parâmetro importante e ás vezes a única
avaliação utilizada na cadeia produtiva da
crne caprina.
O PCQ encontrado foi de 7,98 kg e PCF de
7,75 kg. Os autores Ulhoa (2001) e
Hashimoto et al. (2007) observaram PCQ e
PCF superiores. Os pesos encontrados por
Hashimoto et al (2007) foram superiores
porque os autores trabalharam com animais
cruzados Saanen x Bôer, especializando
uma raça leiteira (Saanen) para a produção
de carne quando se faz o cruzamento com
uma raça especializada em carne (Bôer).
Os resultados desta pesquisa sugerem, de
forma geral, que os cortes de maior
importância comercial mantêm significativa
participação na carcaça, representando
pouco mais de 65% desta, considerando a
incorporação da paleta, corte de 2
a
categoria, mas bastante valorizado pelo
consumidor. Observou-se que os cortes
como o pernil, o lombo e a paleta foram os
que apresentaram maiores rendimentos em
relação ao PCQ e PCF. Isso pode ser
explicado pela maior quantidade de tecido
muscular que esses cortes apresentam,
71
quando comparados com os demais. Esse
fato corrobora os resultados de Pérez et al.
(2001), ao concluírem que as carcaças
caprinas apresentam alta proporção de
cortes considerados comercialmente
valiosos. Com base nessa afirmativa, pode-
se considerar que as carcaças dos cabritos
aqui avaliados apresentaram uma boa
composição regional, obviamente
ressaltando-se sempre que tratam-se de
animais melhorados para produção de leite,
que apresentam certo potencial para serem
explorados como produtores de carne de
qualidade por serem animais jovens.
Dentre os cortes de terceira categoria, a
costela e fralda (%COSTPCQ)
apresentaram um rendimento médio de
9,45%. O percentual médio do pescoço foi
de 5,49%. É importante ressaltar que um
maior rendimento dos cortes considerados
de 3
a
categoria, não é desejado, pois o valor
comercial deles é inferior ao de outros
cortes.
A falta de padronização dos cortes
comerciais para caprinos no Brasil levou a
aplicação de um sistema de cortes que visa
a facilidade de utilização dos mesmos.
Deve-se destacar que a padronização dos
cortes será definida pelo mercado
consumidor, determinando cortes mínimos
e máximos e influenciado pelos costumes
da região. Além disso, o valor de cada corte
será o resultado de uma soma de fatores
incluindo-se aqui preferência dos
consumidores, aplicação culinária e
composição tecidual, com destaque para a
proporção de músculo do corte e sua
relação músculo:gordura. Segundo Yáñez
(2002) a participação dos cortes na carcaça
permite uma avaliação qualitativa, pois esta
deve apresentar a melhor proporção
possível de cortes com maior participação
de tecidos comestíveis, principalmente
músculos.
Trabalhando com caprinos Saanen machos
da mesma idade, Colomer-Rocher et al.
(1992) observaram que a proporção de
perna foi de 29,4 e 27,5%, e para paleta de
22,9 e 22,2% em carcaças de 10 e 20 kg,
respectivamente. Além disso, estes autores
verificaram diminuição da proporção dos
dois cortes com o aumento do peso da
carcaça (5 a 50 kg) e aumento da proporção
de pescoço (de 9,3 para 13,7%), o que pode
ser atribuído por serem a machos não
castrados em que o crescimento do pescoço
manifesta-se como uma característica
sexual secundária.
Os resultados destas pesquisas sugerem, de
forma geral, que os cortes de maior valor
comercial mantêm sua participação na
carcaça, representando pouco mais da
metade da mesma, considerando que
somente a perna e paleta atingem mais de
60% com a incorporação do lombo.
O ganho de peso diário foi de 0,200 kg;
Bueno et al. (1999) conseguiram valores
bem próximos de 0,198 kg com cabritos
Saanen, alimentados com dietas com
elevado valor energético.
Foram encontradas diferenças entre os
tratamentos para os rendimentos de paleta e
pernil sobre o PCF, que foram
representadas na tabela 19. Os machos da
dieta 2 apresentaram um menor rendimento
de paleta. Quanto ao rendimento do pernil,
as fêmeas da dieta 1 e os machos da dieta 1
tiveram um rendimento menor destes
cortes.
72
Tabela 19: Médias dos rendimentos da paleta (%PALETAPCF) e pernil (%PERNAPCF) em
cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão
BF 30 BF 60
Variáveis
Macho Femêa Macho Femêa
CV %
%PALETAPCF 30,15 Aa 28,67 Aa 28,29 Bb 30,31 Aa 2,95
%PERNILPCF 31,20 Aa 29,58 Bb 29,12 Bb 31,24 Aa 2,00
A,B - Médias seguidas de letras diferem entre sexos dentro do tratamento pelo teste SNK com 5% de probabilidade
a,b – Médias seguidas de letras diferem entre tratamento dentro do mesmo sexo pelo teste SNK com 5% de
probabilidade. BF 30 = Dieta com 30% de bandinha de feijão no concentrado; BF 60 = Dieta com 60% de bandinha
de feijão no concentrado; %PALETAPCF = percentual da paleta no PCF; %PERNAPCF = percentual do pernil no
PCF; CV = coeficiente de variação.
A tabela 20 mostra os coeficientes de
correlação de Pearson entre os diferentes
cortes cárneos. Todas as correlações
apresentadas têm valores acima de 70%,
com alta proporcionalidade entre as
variáveis correlacionadas. As maiores
correlações foram observadas entre o PCF e
PCF com 99% de correlação; 98% entre
lombo e PCF, lombo e PCF e lombo com
GDP. Os cortes de primeira categoria
(pernil e lombo) possuem uma correlação
alta de 92%. Estas correlações são
perfeitamente possíveis, pois os cortes
pernil, lombo, carré e paleta são altamente
correlacionados com o PCQ. A medida que
o PCQ aumenta, aumenta o peso destes
cortes, sendo bons indicadores da
musculosidade da carcaça. O pernil
também se correlaciona altamente com o
carré (92%), é um bom índice, pois o carré
é um corte de terceira categoria, mas tem
ampla aceitação pelo consumidor. Estes
altos valores de correlação corroboram para
que estas relações possam ser utilizadas
para predizer o conteúdo tecidual da
carcaça.
73
Tabela 20: Coeficientes de correlação de Pearson entre os diferentes cortes cárneos de cabritos Saanen alimentados com bandinha
de feijão.
CORTES PALETA PERNIL LOMBO CARRÉ COSTFRAL PESC PEITO PCF PCF GDP RCQ RCF
PALETA -
PERNIL
-
-
LOMBO
-
0,92 -
CARRÉ
-
0,93 0,97 -
COSTFRAL 0,95 0,95 0,96 0,94 -
PESC 0,88 0,90 0,84 0,82 0,86 -
PEITO 0,87 0,87 0,88 0,86 0,85 0,87 -
PCF 0,70 0,93 0,98 0,96 0,97 0,87 0,89 -
PCF 0,73 0,92 0,98 0,96 0,97 0,90 0,90 0,99 -
GDP 0,73 0,90 0,97 0,94 0,94 0,9 0,88 0,98 0,97 -
RCQ 0,72 0,72
-
0,77 0,73 0,87 - 0,70 - - -
RCF 0,85 -
-
0,82 0,74 0,79 - - - - -
COSTFRAL = costela e fralda; PESC = pescoço; PCQ= peso da carcaça quente; PCF= peso da carcaça fria; GDP = ganho de peso; RCQ= rendimento da
carcaça quente; RCF= rendimento da carcaça fria. Teste SNK p<0,01.
74
4.4.3. Rendimentos de vísceras em
caprinos jovens
Foram consideradas vísceras comestíveis:
rúmen, retículo, omaso, abomaso, intestinos
delagado e grosso, gorduras (omental mais
mesentérica), sangue, fígado, coração,
língua, baço, pulmão e traqueua-esôfago. A
média de peso das vísceras comestíveis,
torácicas e abdominais foram representadas
na tabela 21. A média das vísceras
comestíveis foi de 1,52 kg, correspondendo
a 21,64% da carcaça quente.
Considerando o peso dos componentes não
carcaça, a média percentual da porção
comestível torna-se mais expressiva
(21,64%). Isso ressalta a necessidade de um
melhor aproveitamento dos componentes
comestíveis não carcaça na alimentação
humana, garantindo uma margem de lucro
maior para o produtor no processo de
comercialização do animal, além de
constitui-se em uma alternativa para reduzir
o nível de desnutrição protéica da
população de baixa renda, tendo em vista
que tais produtos são comercializados com
preços mais baixos que os cortes cárneos.
Tabela 21: Médias das vísceras comestíveis (VISCCOMEST), vísceras abdominais
(VISABDOM), vísceras torácicas (VISCTORAX) e o rendimento das vísceras comestíveis no
PCF (VISCPCF).
Variáveis
x
s CV %
VISCCOMEST (kg) 1,52 0,44 30,29
VISABDOM (kg) 1,32 0,3 21,25
VISCTORAX (kg) 0,46 0,26 57,45
VISCPCF (%) 21,64 4,45 17,62
x = média; s = desvio-padrão; CV = Coeficiente de variação. Teste SNK (p>0,05).
As vísceras brancas e seus rendimentos
estão representadas nas tabela 22. Estas
vísceras tem grande percentual
representativo no rendimento da carcaça
quente (RCQ). Os estômagos - rúmen,
retículo, omaso e abomaso são 10,25% do
PCF. Dentre as vísceras comestíveis, os
estômagos tem maior peso e rendimento,
bem como maior aceitação pelo consumidor
, principalmente porque os caprinos são
animais ruminantes que tem grande
potencial para a produção de vísceras para
alimentação humana. Ferreira (2002)
trabalhando com cabritos Saanen encontrou
rúmen/retículo com pesos superiores (0,67
kg) aos encontrados neste experimento.
Os intestinos representaram 3,65% do PCF,
sendo que o intestino delgado teve o maior
peso. O rendimento dos intestinos foi
semelhante ao relatado por Ferreira et al
(2002) que trabalhou com cabritos Saanen.
As gorduras representaram 5,74% do PCF,
este é um valor próximo aos citados pela
literatura. Madruga, (2003) cita 8,0%, como
característica das espécies caprinas que
acumulam mais tecido adiposo nos órgãos
internos do que na carcaça. Uma maior
quantidade de gordura cavitária no caprino
pode influenciar negativamente os
depósitos de gordura intra-muscular, o que
pode ser positivo do ponto de vista
nutricional na alimentação humana, mas
comprometedor no processo de
resfriamento da carcaça que com menor
quantidade de gordura pode sofrer uma
maior quebra de resfriamento, diminuindo o
PCF.
A gordura é o componente que apresenta
maior variação em função do tipo de
alimentação. O aumento na quantidade da
gordura interna comprova a habilidade
fisiológica que o animal possui em
75
depositar gordura intra-abdominal. Segundo
Alves et al.,(2003) a maior proporção de
gordura interna acarreta, na prática, maiores
exigências de energia de mantença, em
razão da maior atividade metabólica do
tecido adiposo. No caso de caprinos
especializados na produção de carne, o
acúmulo de gordura interna pode ser
interpretado como um aspecto negativo
pelo maior consumo de alimento. Isso pode
acarretar um aumento no custo de produção
para a deposição de uma gordura sem maior
valor econômico, ocasionando um desvio
de energia, que poderia ser mais bem
aproveitada em outra parte do metabolismo
animal. Todavia, deve-se considerar que a
gordura interna pode constituir uma reserva
energética para o animal durante os
períodos prolongados de seca,
característicos da região Nordeste do Brasil.
Com a utilização dessas reservas, o animal
pode reduzir a degradação de proteína
muscular que acontece nos períodos críticos
de forragem.
Tabela 22: Médias dos pesos das vísceras brancas e seus rendimentos de cabritos Saanen
alimentados com bandinha de feijão
Variáveis
x
s CV %
RUMRET (kg) 0,46 0,12 28,43
OMASO (kg) 0,18 0,22 25,63
ABOMASO (kg) 0,11 0,02 26,61
ID (kg) 0,45 0,13 29,18
IG (kg) 0,31 0,11 40,06
PULMÃO (kg) 0,23 0,09 42,58
TRAQESOF (kg) 0,07 0,02 40,34
GORDURA (kg) 0,49 0,3 58,99
%RROAPCQ 10,25 3,49 38,12
%RROAPCF 9,47 3,61 36,2
%INTESTPCF 3,65 1,03 28,92
%INTESTPCG 3,05 0,15 4,17
%GORDPCQ 5,74 2,23 33,33
PCF (kg) 7,89 2,47 32,61
PCF (kg) 7,36 2,59 36,11
x = média; s = desvio-padrão; CV = Coeficiente de variação. Teste SNK (p>0,05). RUMTER = rúmen/retículo; ID
= intestino delgado; IG = intestino grosso; TRAQESOF = traqueua/esôfago; %RROAPCQ = percentual do
rúmen/retículo, omaso e abomaso no PCQ; %RROAPCF = percentual do rúmen/retículo, omaso e abomaso no PCF;
%INTESTPCQ = percentual dos intestinos delgado e grosso no PCQ; %INTESTPCF = percentual dos intestinos
delgado e grosso no PCF; %GORDPCQ = percentual das gorduras no PCQ; PCQ = peso da carcaça quente; PCF =
peso da carcaça fria.
Na tabela 23 estão os pesos médios das
vísceras vermelhas. O sangue teve o peso
médio de 0,80 kg, o maior entre as vísceras
vermelhas, é um constituinte que destaca-se
não apenas pelo seu elevado rendimento,
mas também pelo valor nutricional, sendo
desta forma uma importante fonte na
alimentação humana. Entretanto, quando
lançado no ambiente, tem efeito altamente
poluidor ao meio. O fígado teve um peso de
0,37 kg e o coração 0,11 kg. A língua pesou
0,05 kg, embora seja um dos menores
órgãos dentre as vísceras vermelhas, a
língua é importante por ser considerada
uma delicatessen dentro da culinária.
76
Tabela 23: Médias dos pesos em kg das vísceras vermelhas de cabritos Saanen alimentados com
bandinha de feijão
Variáveis
x
S CV %
SANGUE (kg) 0,80 0,23 31,72
FIGADO (kg) 0,37 0,06 18,02
CORAÇÃO (kg) 0,11 0,03 29,38
LÍNGUA (kg) 0,05 0,21 40,27
RINS (kg) 0,22 0,09 36,91
x = média; s = desvio-padrão; CV = Coeficiente de variação. Teste SNK (p>0,05).
Das vísceras não comestíveis ilustradas na
tabela 24, a pele tem um grande percentual
representativo, pesando em média, 1,41 kg,
podendo ter um retorno econômico para o
produtor por ter um expressivo valor
comercial. A cabeça pesou 1,29 kg em
média, semelhante ao peso encontrado por
Monte (2006), trabalhando com cabritos
Saanen, com 1,50 kg. A cabeça é pesada
com as orelhas e chifres, o que pode
contribuir para um maior rendimento.
Tabela 24: Médias dos pesos da pele, cabeça, pulmão e traqueua-esôfago em kg.
Variáveis
x
S CV %
PELE (kg) 1,41 0,37 32,74
CABEÇA (kg) 1,29 0,23 19,32
BAÇO (kg) 0,05 0,04 30,72
x = média; s = desvio-padrão; CV = Coeficiente de variação. Teste SNK (p>0,05).
Na tabela 25 são expostos os coeficientes
de correlação entre as vísceras. Todos os
dados apresentados tiveram correlações
acima de 70% com alta proporcionalidade
entre as variáveis correlacionadas. As
correlações que mais se destacam estão
entre as vísceras brancas e as vermelhas. A
quantidade de gordura da carcaça se
correlacionou com todas as variáveis
analisadas. O PCQ tem alta correlação com
o sangue, pele, rúmen/retículo, fígado,
coração, cabeça e gorduras. À medida que o
peso da carcaça aumenta os componentes
da carcaça também aumentam
proporcionalmente, principalmente os
constituintes responsáveis pela formação e
distribuição de substratos para a formação
da carcaça. As vísceras comestíveis se
correlacionam entre si, como o fígado e
rúmen/retículo. Também correlacionam
entre si o fígado e coração que tem alta
relação com o sangue, com relações
proporcionais entre si.
77
Tabela 25 – Coeficientes de correlação de Pearson entre as vísceras de cabritos Saanen alimentados com bandinha de feijão
Variáveis SANGUE PELE RUMRET ABOMASO ID IG FÍGADO CORAÇÃO CABEÇA RINS GORDURA PCF VISCOM %GPCF
SANGUE -
PELE 0,92 -
RUMRET 0,93 0,90 -
ABOMASO 0,86 0,77 0,80 -
ID 0,84 0,77 0,76 0,76 -
IG 0,89 0,87 0,90 0,82 0,89 -
FÍGADO 0,93 0,89 0,87 0,87 0,85 0,89 -
CORAÇÃO 0,83 0,91 0,91 0,72 0,73 - 0,84 -
CABEÇA 0,92 0,93 0,86 0,75 0,79 0,84 0,92 0,83 -
RINS - - 0,73 - 0,73 - 0,72 - - -
GORDURA 0,89 0,89 0,84 0,79 0,77 0,77 0,90 0,83 0,83 0,77 -
PCF 0,96 0,94 0,97 0,79 0,80 0,89 0,92 0,94 0,92 0,70 0,94 -
VISCOM 0,80 0,78 0,88 0,75 - 0,79 0,79 0,82 0,81 0,70 0,75 0,83 -
%GORDPCF 0,84 0,82 0,80 - 0,74 0,70 0,81 0,73 - 0,80 0,96 - - -
RUMRET = rúmen/retículo; ID = intestino delgado; IG = intestino grosso; PCQ = peso da carcaça quente; VISCOM = vísceras comestíveis; %GORDPCQ = percentual de
gorduras no PCQ. Teste SNK p<0,05.
78
4.5. CONCLUSÕES
A inclusão de bandinha de feijão na
alimentação de cabritos, não afetou os
parâmetros físico-química da carne, e tão
pouco afeta a deposição de gordura de
cobertura.
O sexo dos animais nessa fase não impôs
mudanças nas características das carcaças.
O pH de carcaças caprinas, com gordura de
cobertura ausente, não reduziu a níveis
desejáveis.
O uso da bandinha de feijão proporcionou
rendimentos aceitáveis de carcaça, cortes e
vísceras.
79
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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