expostos, além de nomes já conhecidos da primeira mostra,
vários outros que só então aderiam à Família: Candido
Portinari, Alfredo Ruilio Rizzotti, Domingos Viegas de Toledo
Piza, Renée Lefevre, Nelson Nóbrega, Ernesto de Fiori e João
Batista Vilanova Artigas.
No ano de 1939, após visita à exposição organizada pela
Família Artística Paulista, Mário de Andrade identifica e tenta
conceituar pela primeira vez a existência de uma "Escola
Paulista", caracterizada por seu modernismo moderado.
Enfatiza, como elemento de unificação entre os expositores,
a preocupação com o apuro técnico, a volta à tradição do
fazer pictórico e o interesse pela representação da realidade
concreta. Faz também algumas críticas:
Ora, pois o que falta a toda esta paulista família? Falta o
estouro, falta o estalo de Vieira, falta a coragem de errar. O
verdadeiro estádio de cultura não é propriamente saber, mas
saber ignorar em seguida. Toda esta nossa forte e
consangüínea Família Paulista já sabe eruditamente pintar,
mas ainda não aprendeu a coragem de ultrapassar a sabença
e conquistar aquele trágico domínio da expressão pessoal,
sem o qual não existe arte. Todos estes artistas já sabem
caminhar com firmeza, mas é lastimável que na terra que criou
a Vasp, a única empresa nacional de aviação, eles não se
arrisquem a voar (ANDRADE, 1971, p. 155).
Sobre esse texto de Mário de Andrade, Flávio Motta, no
artigo "Textos Informes: A Família Artística Paulista", observa:
Ora, o Mário de Andrade era bem uma expressão de 22. É
verdade que era renovador ou um “revolucionário metodizado”,
procurando dar sentido e organização tanto ao mundo das
coisas como aos processos de agir no Brasil. Foi muito
provavelmente - e isso vale como hipótese de trabalho - pelo
mesmo respeito ao trabalho que reconheceu o novo na Família
Paulista. E esse novo, temos para nós, é um novo tido como
uma nova situação para o homem nos processos de
transformação. Esse admirável reconhecimento que um poeta
erudito faz de um grupo de artistas simples em arte e em
origem, nos dá a chave, um outro ângulo de verificação do
problema da Família Artística, ao mesmo tempo que
restabelece uma tese proposta pelo próprio Mário de
Andrade, qual seja, a relação erudito e popular. Aliás, essa
tese, especialmente para os arquitetos, é da maior valia.
Poderíamos a guisa de exemplo, formulá-la a partir da seguinte
consideração:
1. Em que medida determinadas formas ou determinadas
soluções, ou ainda determinados símbolos são elaborados
para responder a um determinado contexto?
2. Como esses símbolos,transferidos para outro contexto,
ainda mantêm a referência a alguns significados originais?
3. Em que medida, quando esses elementos são usados já
sem recorrência aos seus significados originais, mas como
simples “matéria prima” - a serviço de uma cultura com
sentido novo e fundamento popular?
Aí está portanto, outra ordem de consideração, de
preocupação que poderia esclarecer e dinamizar uma análise
da “linguagem” das nossas obras de arte, para que não falte a
essa “razão analítica em movimento” um sentido histórico.
Num certo sentido, com o encontro do erudito com o popular,
o que se busca é compreender as direções de uma história já
feita e uma por fazer ou se fazendo (MOTTA, F., 1971, p. 140).
A terceira e última exposição ocorreu em 1940, no Rio de
Formação
25