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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA CIÊNCIAS E LETRAS DE
RIBEIRÃO PRETO
DEPARTAMENTO DE FÍSICA E MATEMÁTICA
DESENVOLVIMENTO DE MEMBRANAS DE LÁTEX
NATURAL PARA APLICAÇÕES MÉDICAS
Rondinelli Donizetti Herculano
Tese apresentada à Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão
Preto da USP, como parte das exigências
para a obtenção do título de Doutor em
Ciências, Área de concentração: Física
Aplicada à Medicina e Biologia.
RIBEIRÃO PRETO
ABR/2009
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FICHA CATALOGRÁFICA
Herculano, Rondinelli Donizetti
“Desenvolvimento de membranas de látex natural para
aplicações médicas”
Ribeirão Preto, 2009.
151 p.: il. ; 30cm
Tese de Doutorado, apresentada à Faculdade de Filosofia
Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP Área de
concentração: Física Aplicada à Medicina e Biologia.
Orientador: Carlos Frederico de Oliveira Graeff.
1.Biomateriais, 2.Membrana de Látex Natural, 3. Regeneração
Óssea Guiada. 4.Sistema de Liberação Controlada de
Fármacos.
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA CIÊNCIAS E LETRAS DE
RIBEIRÃO PRETO
DEPARTAMENTO DE FÍSICA E MATEMÁTICA
DESENVOLVIMENTO DE MEMBRANAS DE LÁTEX
NATURAL PARA APLICAÇÕES MÉDICAS
Rondinelli Donizetti Herculano
Orientador: Dr. Carlos F.O. Graeff
Tese apresentada à Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão
Preto da USP, como parte das exigências
para a obtenção do título de Doutor em
Ciências, Área de concentração: Física
Aplicada à Medicina e Biologia.
RIBEIRÃO PRETO
ABR/2009
i
À minha nova família, Ana Maria e Ana Beatriz
pelo apoio incondicional e pela força e confiança
que dedico este trabalho. Em especial, dedico todo
meu sucesso a minha luz dos olhos e razão de
viver, Ana Beatriz, minha filha e pedaço de mim.
ii
Aos meus irmãos Heleno Donizetti Herculano e
Osvaldo Herculano Jr. pelo apoio incondicional,
confiança e força. Não poderia esquecer de meus
pais Osvaldo Herculano e Orandi Vasconcellos
Herculano, mesmo não estando aqui, certamente
estão torcendo por mim de algum lugar.
iii
Aos ex-amigos de república (Alexandre Mana, Silvio
Leão Vieira, Danieverton Moretti, Decko e Adriano
Holanda) pelos bons momentos vividos. Não posso
me esquecer de agradecer ao Jorge Antonio Gómez
Luna e Pablo Diniz Batista pede amizade e
companheirismo.
iv
Aos amigos de infância de Tambaú/SP, meus
amigos recentes de Ribeirão Preto/SP, minha
família de Tambaú, em especial, aos meus tios
Agostinho e Marta Herculano. Não posso
esquecer de meus primos: César, Vitória e Taís
Herculano.
v
Agradeço pelo resto da vida a estas pessoas por
confiar e torcerem por mim: Lucas Zampolo, Léo
Talamoni, Vinicius Zampolo, Thiago Sumeira,
Rafael e Ricardo Delaneze, André e Marcelo
Delaneze, Maicon Pavanelli, Pablo Pereira,
Maurício e Murilo Martinelli, Mirela Teotônio,
Clayton Mariano, José Antônio Miranda Bellotte,
José David Gómez, Leandro e André Pavão,
Wesley Pradal, Vinicius e Gustavo Dezotti, Diego
Del Bue. Agradeço a todas estas pessoas e suas
respectivas famílias, em especial, Eneida & Chicão,
Lídia & Zezinho & Clarissa, Lourdes & Jair, Vilma
& Largato, Carmem & Edson e Idetilde & Maurício.
vi
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof. Dr. Carlos F. O. Graeff, a Profa. Ângela
Kinoshita e a Cibele Ereno pelos trabalhos in vivo associados a este
trabalho.
A CAPES, IMMP, FAPESP pelo apoio financeiro e principalmente a
CNPq pela Bolsa de Doutoramento.
Aos técnicos: CARLOS ALBERTO BRUNELLO, José Luiz Aziani,
Eldereis de Paula, Lourenço Rocha e Élcio Aparecido Naves por todo o
suporte que ofereceram.
Aos técnicos em informática (Adriano Costa, Decko, Adriano
Holanda e Fábio) do Departamento de Física e Matemática pelo suporte e
ajuda.
Em especial, ao pessoal do grupo RESSOMAT: João Borin, Jorge
Gomez Luna, Mayler Martins, Rondes Ferreira, Jair Júnior, Fernando
Castro, Marcelo Caetano e Ângela Kinoshita e o Prof. Oswaldo Baffa.
Ao pessoal da Pós-Graduação em Física Aplicada à Medicina e
Biologia, em especial a Luciana, Pablo Gonçalves, Tiago, Márcio, Cássia.
As pessoas que eu considero como meus amigos dos Programas
de Pós-Graduação do IFSC e da FFCLRP: Ademar Caldeira, Elídia Guerra,
Ernando Ferreira, Pablo Diniz, Gláucio Ribeiro, Daniel da Silva (Peitinho),
Marcos Cardoso, Danieverton Moretti, Rodrigo Rotta, Júlio Ugucioni ,
Renato Meneghatti, Fabrício Dias, Andréa Vieira, Pancinha (Ricardo
Mendonça) e Mônica Campiteli.
Agradeço do fundo do meu coração ao Pancinha e Luciana pelas
caronas providenciais e importantes dadas a minha amada filha. Não
posso me esquecer de agradecer ao Ernando Ferreira, Gesline e Ana
Paula pelas ajudas recebidas.
As minhas ex-vizinhas: Alice, Amanda, Ariane, Juliana, Beatriz,
Joyce. Ao Eric Alexandre Brito & Bianca pela confiança e amizade.
vii
Para pessoal da casa da Pós-Graduação 12 e 13, pelo
companheirismo e pelos momentos especiais. Muito Obrigado
Ao Padre Donizetti Tavares de Lima e Nossa Senhora Aparecida por
sempre estarem ao meu lado nos bons e principalmente nos maus
momentos.
Dedico também esta tese a minha prima Maria Alice Herculano (“in
memorian”).
E a DEUS, por tudo.
viii
RESUMO
O objetivo principal deste trabalho consiste na incorporação de substâncias de
interesse biológico (fármacos) em filmes de látex natural (NRL). Assim, estudou-se a
liberação destes, visando no futuro usar estes filmes como membrana oclusiva e como
sistema de liberação controlada (SLC) de substâncias para aplicações odontológicas e
ortopédicas, que envolvem a cicatrização óssea guiada. Estudamos o comportamento do
SLC utilizando albumina de soro bovina (BSA) como modelo de proteína e o
metronidazol (MTZ) como modelo de antibiótico. Diferentes tratamentos térmicos
foram aplicados durante a confecção dos filmes a fim de gerar diferentes porosidades e
com isso estudar-se a taxa de liberação destes fármacos. A taxa de liberação dos
fármacos foi monitorada e quantificada utilizando o método de Lowry e o método UV-
VIS. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e a Microscopia de Força Atômica
(AFM) determinaram a morfologia do SLC. Em outro parte deste trabalho
desenvolvemos um sistema para liberação do óxido nítrico (NO) agregando-se o
complexo (FeDETC) ao NRL, pois esta substância atua como spin trapp para este
radical. A taxa de liberação do NO pelo sistema NRL-FeDETC-NO foi caracterizada
pela Ressonância Paramagnética Eletrônica (EPR).
A escolha destas substâncias para este estudo deve-se pelo fato que auxiliam no
processo de regeneração óssea (MTZ e NO). Entretanto, a BSA foi utilizada porque
possui peso molecular da mesma magnitude e é mais barata que as proteínas
morfogenéticas ósseas (BMP). As BMP´s são excelentes estimuladores do crescimento
ósseo.
Palavras Chaves: Biomateriais, Membranas de Látex, Regeneração Óssea Guiada
ix
ABSTRACT
In this work, we have tested Natural Rubber Latex (NRL) as an occlusive
membrane for GBR with promising results.
One possible way to accelerate bone
regeneration would be to incorporate proteins bone morphogenetic protein (BMPs) in
NRL. BMPs have strong bone-inductive activity. However since bone healing takes
place in weeks to months, it is important that BMPs are released in these time scales.
Instead of using BMPs, in our study we used BSA that has similar molecular weight
however is less expensive. Moreover, we also employed the metronidazole (MTZ) and
nitric oxide (NO) as drug delivery model. MTZ is a used antibiotic for treatment of
infections in the skin, fabrics and bones. Initially, we study the BSA delivery system
behavior and MTZ delivery system using different thermal treatments during the
membranes polymerization. The thermal treatments control the size of the pores of the
SLC and release rate of the BSA and MTZ. These membranes were characterized by
Scanning Electron Microscopy (SEM), Atomic Force Microscopy (AFM), as well as the
Lowry Method to measure the BSA release. Finally, we propose a NO delivery system
made of a spin trap (iron(II)-diethyldithiocarbamate complex, FeDETC) encapsulated in
a NRL matrix. NO is an early mediator of the increase in bone formation. NO delivery
system presents high stability by Electron Paramagnetic Resonance. The results indicate
that natural rubber latex could be used in the future as an active membrane for
accelerated bone healing.
Keywords: Biomaterials; Latex Membrane; Guided Bone Regeneration
x
ÍNDICE
LISTA DE FIGURAS.........................................................................................ix
LISTA DE TABELAS......................................................................................xiii
LISTA DE ABREVIAÇÕES...........................................................................xiv
CAPÍTULO 1PREFÁCIO..............................................................................1
CAPÍTULO 2 REVISÃO DA LITERATURA...............................................7
O Látex Natural....................................................................................................8
2.1 – Introdução.....................................................................................................8
2.2 – O látex de borracha natural.........................................................................10
2.3 – Processo de extração...................................................................................10
2.4 – Preservação do látex...................................................................................11
2.4.1 – Caracterização do látex de borracha natural................................12
2.5 – Biocompatibilidade da membrana de látex natural....................................14
2.6 – Regeneração Óssea Guiada (ROG).............................................................18
2.7 – Tipos de Membranas...................................................................................19
2.3.1 – Barreiras não absorvíveis.............................................................19
2.3.2 – Barreiras reabsorvíveis.................................................................20
2.8 - Sistema de Liberação Controlada (SLC).....................................................21
2.8.1 – Importância da liberação controlada............................................21
2.8.2 – A albumina de soro bovina (BSA)...............................................22
2.8.3 – O Metronidazol............................................................................23
2.8.4 – Óxido Nítrico...............................................................................25
2.8.4.1 – Aprisionadores de Óxido Nítrico..................................27
CAPÍTULO 3 – MÉTODOS EXPERIMENTAIS..........................................28
xi
3.1 – Introdução...................................................................................................29
3.2 – Membrana de látex......................................................................................29
3.3 – Caracterização das membranas de látex natural.........................................31
3.3.1 – Teste de resistência mecânica......................................................31
3.3.1.1 – Teste de tensão deformação..........................................32
3.3.2 – Análise termogravimétrica...........................................................33
3.3.3 – Espectroscopia de infravermelho.................................................33
3.3.4 – Caracterização por microscopia eletrônica de varredura.............34
3.3.5 – Caracterização por microscopia de força atômica.......................34
3.4 – Sistema de liberação controlada usando látex como matriz.......................35
3.4.1 – Liberação de BSA........................................................................35
3.4.1.1 – Curva de calibração das substâncias liberadas pelas
membranas de NRL......................................................................37
3.4.2 – Liberação do Metronidazol (MTZ)..............................................38
3.4.3 – Liberação do Óxido Nítrico (NO)................................................39
3.4.3.1 – Adição do NO no SLC..............................................................41
CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES.........................................44
4.1 – Introdução...................................................................................................45
4.2 – Testes de resistência mecânica...................................................................45
4.3 – Análise termogravimétrica..........................................................................48
4.4 – Espectroscopia de infravermelho................................................................53
4.5 – Microscopia eletrônica de varredura...........................................................60
xii
4.6 – Microscopia de força atômica.....................................................................65
4.7 – Liberação da BSA.......................................................................................71
4.7.1 Caracterização da liberação de substâncias pelas membranas de
látex natural (NRL)..............................................................................................71
4.8 – Liberação do Metronidazol (MTZ).................................................79
4.8.1 Caracterização da liberação de substâncias pelas membranas de
látex natural (NRL)..............................................................................................81
4.9 – Liberação do Óxido Nítrico (NO)...............................................................86
4.9.1 – Espectro do sistema de liberação controlada (SLC) de NO.........89
4.9.2 – Estudo da liberação de NO pela membrana no ar........................90
4.9.3 – Estudo da liberação de NO pela membrana em solução aquosa..91
CAPÍTULO 5CONCLUSÕES......................................................................96
5.1 – Conclusões..................................................................................................97
CAPÍTULO 6REFERÊNCIAS.....................................................................99
APÊNDICE A...................................................................................................107
APÊNDICE B...................................................................................................119
APÊNDICE C...................................................................................................127
xiii
LISTAS DE FIGURAS
Figura 1........................................................A técnica da Regeneração Óssea Guiada
Figura 2...................................Corte para sangria da seringueira em meia espira e coleta
Figura 3....................................................................................O látex após centrifugação
na Sorvall RC 26 Plus, a 10000 rpm e 2 h, onde são obtidas quatro frações: a fração
borracha, a fração intermediária, o soro e os lutóides.
Figura 4................................Estrutura molecular da borracha (a), formas das cadeias (b)
Figura 5....................................................Estimulação da angiogênese, pelo látex natural
Figura 6..................Membrana utilizada como barreira mecânica para a técnica de ROG
Figura 7...............................................................................a-) Estrutura do metronidazol
para tratamento de infecções na pele, tecidos e ossos; b-) Fórmula molecular, C
6
H
9
N
3
O
3
e ilustração do Flagyl que possui o metronidazol como principio ativo.
Figura 8....................................................................Endotélio usa o NO para comandar
o relaxamento do músculo liso da parede do vaso
Figura 9...............................................................Estrutura do complexo Fe(NO)DETC
2
Figura 10...........................................a-) Forma; b-) Espessura de 2mm; c-) Elasticidade;
d-) Flexibilidade da membrana de látex natural
Figura 11..........................................Máquina universal de ensaios EMIC Modelo DL
2000 utilizada nos experimentos.
Figura 12............................................................................................Membrana em teste
Figura 13...........................................................Liberação de substâncias pela membrana
de NRL e liberação da BSA pela membrana de NRL+BSA.
Figura 14............................................................a-) Soluções de diferentes concentrações
de BSA, preparadas através do Método Lowry Modificado, b-) Curva de calibração de
BSA utilizando método Lowry
x
Y
03
,
0
26
,
1
004
,
0
012
,
0
±
+
±
=
Figura 15....................................................Curva de calibração do material liberado pela
membrana de látex em solução aquosa xY )005,0888,0()109,9109,7(
44
±+×±×=
Figura 16..............................................................Solução de látex e solução de FeDETC
xiv
Figura 17........................................................Espectrômetro VARIAN E4 utilizado para
estudo e caracterização do sistema liberador de NO.
Figura 18..Deformações obtidas para as membranas de NRL, NRL+BSA e NRL +MTZ
Figura 19.Termogramas de membranas de NRL polimerizado a diferentes temperaturas
Figura 20...........Termogramas de membranas de NRL + BSA polimerizado a diferentes
temperaturas e da BSA em pó.
Figura 21..........Termogramas de membranas de NRL + MTZ polimerizado a diferentes
temperaturas e da MTZ em pó.
Figura 22.......Comparação entre os termogramas das membranas de NRL, NRL+ BSA,
NRL + MTZ e entre a BSA e MTZ. Note que não se encontra nenhuma diferença entre
as membranas de NRL, NRL +BSA e NRL+MTZ.
Figura 23...........................................................Espectros de FTIR do látex natural.
Figura 24...............................Espectros de FTIR de membranas de NRL polimerizadas
a diferentes temperaturas.
Figura 25................................. Espectros de FTIR de membranas de NRL + BSA
polimerizadas a diferentes temperaturas.
Figura 26....................................Espectros de FTIR de membranas de NRL+ MTZ
polimerizadas a diferentes temperaturas.
Figura 27.................................Espectros de FTIR de membranas de NRL , membranas
de NRL+ BSA e BSA em pó.
Figura 28.........................Espectros de FTIR de membranas de NRL , membranas de
NRL+ MTZ e MTZ em pó
Figura 29................................Imagens de MEV das membranas de NRL: a-)
polimerizado a -100ºC, b-) polimerizado a -10ºC, c-) polimerizado a -1ºC e d-)
polimerizada a RT
Figura 30..............................Imagens de MEV das membranas de NRL + BSA: a-)
polimerizado a -100ºC, b-) polimerizado a -10ºC, c-) polimerizado a -1ºC e d-)
polimerizada a RT.
Figura 31...............................Imagens de MEV das membranas de NRL + BSA: a-)
polimerizado a -100ºC, b-) polimerizado a -10ºC, c-) polimerizado a -1ºC e d-)
polimerizada a RT, polimerizado a +40ºC.
xv
Figura 32....................................Imagens tridimensionais de AFM (topografia)do SLC
de BSA: Note que a oscilador (sonda) não conseguir varrer corretamente a amostra
devido a rugosidade.
Figura 33.....................Imagens de AFM das membranas de NRL polimerizadas a -10ºC
Figura 34.........................Imagens de AFM das membranas de NRL polimerizado a RT
Figura 35.....................................................................Curvas de liberação de substâncias
pela membrana de NRL e da BSA pelas membranas de NRL+BSA polimerizados a
diferentes temperaturas: a-) RT, b-) -1ºC e c-) -10ºC.
Figura 36.......................................................Liberação de BSA pela membrana de NRL
preparadas sob diferentes temperaturas.
Figura 37.........................................................Taxa de liberação de BSA das membranas
de NRL preparadas sob diferentes temperaturas.
Figura 38.....................................................Curva de calibração do Metronidazol (MTZ)
Figura 39..................................................a-) Espectro de MTZ em função do tempo, b-)
Curva de liberação do MTZ em função do tempo.
Figura 40.......................................................Liberação de MTZ pela membrana de NRL
preparadas sob diferentes temperaturas.
Figura 41....................................Curva de calibração
x
Y
).
01
,
0
17
,
0
05
,
0
06
,
0
±
+
±
=
,
onde Y é a amplitude do espectro EPR e
x
é a concentração da solução de NO.
Figura 42.....................................................................SLC retangular sobre uma flat cell
Figura 43.............................................................Métodos de obtenção da intensidade do
sinal de EPR: (a) pela amplitude do sinal, e (b) pela área obtida do próprio sinal.
Figura 44.............................................................Espectro inicial de NO contido no SLC.
Figura 45................................................Espectros de NO pelo SLC em contato com o ar
Figura 46................................................Curva de liberação de NO pelo SLC exposto ao
ar. A curva foi ajustada pelo modelo
bt
eaY .=
Figura 47........................................................Espectros do SLC de NO em meio aquoso
Figura 48........................................................Curva de liberação de NO pelo SLC em
solução aquosa. A curva foi ajustada pelo modelo
bt
eaY .= .
xvi
Figura 49.........................................Comparação das curvas de liberação no ar e na água
Figura 50........................................................Etapas na aplicação do SLC de NO na pele
xvii
LISTAS DE TABELAS
Tabela 1...........................................................................................Composição típica em
porcentagem em massa e total de sólidos (TS) de látex da borracha natural
Tabela 2..............Condições em que foram feitas as medidas de EPR para o SLC de NO
Tabela 3......................Valores médios de espessura, médias de diferentes amostras para
deformação e resistência de membranas de látex submetidas ao teste mecânico de
tração.
Tabela 4.......................Bandas de absorção relativas dos principais modos vibracionais
do cis 1,4-poliisopreno
Tabela 5..........................................................Valores dos parâmetros da curva
Tabela 6................................................Amostras para elaboração da curva de calibração
Tabela 7.......................................Parâmetros obtidos pelo ajuste das curvas de liberação
b
taA .=
xviii
LISTAS DE ABREVIAÇÕES
TGA..................................................................................análise termogravimétrica
AFM............................................................................microscopia de força atômica
MEV...................................................................microscopia eletrônica de varredura
mL..........................................................................................................................mililitro
EPR.........................................................................ressonância paramagnética eletrônica
Membranas de NRL..............................................................membranas de látex natural
BSA..............................................................................................albumina de soro bovina
MTZ...............................................................................................................metronidazol
NaNO
2
.........................................................................................................nitrito de sódio
Na
2
S
2
O
4
...................................................................................................ditionito de sódio
NO...................................................................................................................óxido nítrico
H
2
O..............................................................................................................................água
FTIR.................................espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier
RTG.......................................................................................regeneração tecidual guiada
NRL..........................................................natural rubber latex (látex de borracha natural)
ROG..........................................................................................Regeneração ósseo-guiada
UV/VIS....................................................................espectroscopia no ultravioleta visível
DFM.......................................................................Departamento de Física e Matemática
USP..........................................................................................Universidade de São Paulo
SLC...................................................................................sistema de liberação controlada
FeDETC..................................................................espectroscopia no ultravioleta visível
xix
FeDETC-NO...........................................................................complexo ferro-DETC-NO
FFCLRP.......................................................................Faculdade de Filosofia Ciências e
Letras de Ribeirão Preto
USC...................................................................................Universidade Sagrado Coração
U.A.......................................................................................................unidades arbritárias
mT........................................................................................................................miliTesla
W................................................................................................................................Watts
NRL+BSA........................................................................................................membranas
de látex natural + 10mg/mL de albumina de soro bovina
NRL+MTZ.......................................................................................................membranas
de látex natural + 10mg/mL de metronidazol
RT......................................................room temperature (temperatura ambiente à 27º C)
mg.......................................................................................................................miligrama
1
Capítulo I
PREFÁCIO
2
1. PREFÁCIO
O tecido ósseo é uma forma altamente especializada de tecido conjuntivo, no
qual a matriz extracelular é mineralizada, conferindo-lhe rigidez, mas mantendo algum
grau de elasticidade. Além de sua função de suporte, o osso é a maior reserva primária
de cálcio no organismo, sendo o cálcio um íon necessário para a vida, pois participa da
manutenção do pH interno do corpo, da transmissão e condução de impulsos elétricos
em nervos e músculos. Deste modo, o tecido ósseo tem uma grande capacidade de
remodelação, renovando-se constantemente para responder às necessidades metabólicas
do corpo e à manutenção da estabilidade da calcemia.
Recentemente, casos de doenças ósseas e/ou defeitos com grandes magnitudes
vêm crescendo entre a população mundial. Além disso, existem muitos pacientes que
não possuem a quantidade óssea suficiente para a colocação dos implantes em posição
adequada, o que compromete o aspecto estético e funcional da reabilitação protética.
Assim, o progresso das técnicas e a evolução dos biomateriais para implante ósseo têm
estimulado pesquisadores a desenvolver inovações, e aprimorar os produtos
existentes. As características desejáveis de um biomaterial são biocompatibilidade,
previsibilidade, aplicação clínica, ausência de riscos trans-operatórios ou seqüelas, além
da boa aceitação do paciente.
Schenk et al (1994) [1] relatam que o uso de membrana sobre defeitos ósseos
estimula a regeneração óssea pelo principio de osteopromoção (na regeneração óssea
guiada, ROG), ou seja, impedindo a invasão do espaço do defeito pelo tecido conjuntivo
frouxo (Figura 1). A ROG baseia-se na criação de um espaço segregado para a invasão
de vasos sangüíneos e células osteoprogenitoras, protegendo a reparação óssea contra o
3
crescimento de tecidos não osteogênicos que possuem velocidade de migração maior
que as células osteogênicas. As barreiras de membranas devem possuir características
que conduzam requisitos biológicos, mecânicos e de uso clínico para servirem como
barreira contra a invasão celular indesejável. Esse procedimento cria um ambiente
celular, tecidual e molecular adequados para a neoformação óssea. Contudo, o índice de
formação óssea depende da revascularização e do recrutamento de células
osteoprogenitoras [2], e da distância a ser percorrida por estas células, impondo o tempo
de permanência durante o qual a membrana deverá ficar funcionalmente intacta no
local.
Na Odontologia, por exemplo, é de primordial importância a possibilidade de
formação óssea nos maxilares, durante o processo reconstrutivo. A ROG permite hoje,
nesse aspecto, soluções inimagináveis há alguns anos. A ROG de alvéolos de extração
dentária está entre as técnicas mais empregadas na tentativa de manutenção do volume
de tais rebordos, [3-5] tendo certos enxertos ainda, o potencial de acelerar o processo de
reparo - característica de grande valor quando se almeja a reabilitação da área através de
implantes osseointegrados.
4
a-) b-)
[Figura 1] A técnica da Regeneração Óssea Guiada: a-) cicatrização sem
membrana, b-) cicatrização com membrana.
Pode-se observar que na figura 1.a, temos um defeito ósseo sem uma barreira
mecânica, assim nota-se o preenchimento do osso por fibroblastos que é o tecido
frouxo. Já na figura 1.b, observa-se a barreira mecânica protegendo o osso dos
fibroblatos. Entretanto, para acelerar o processo de reparo, a membrana “ideal” seria a
que, além de atender as propriedades já citadas, fosse capaz de liberar substâncias que
possam contribuir ao processo de regeneração. Uma das substâncias são as proteínas
morfogéneticas ósseas (BMPs) que são encontradas em altas concentrações no tecido
ósseo e são consideradas as responsáveis pela habilidade indutiva e regenerativa dos
enxertos ósseos desmineralizados usadas em terapia periodontal. A outra substância
utilizada foi o metronidazol (MTZ) [6-8] que é um antibiótico muito empregado no
tratamento de doenças periodontais, pois ele age contra as bactérias anaeróbicas da
cavidade oral, além de reduzir a inflamação e rejeição da membrana. Finalmente, a
terceira e última substância empregada foi o óxido nítrico (NO) que é uma molécula
Fibroblastos Osteoblatos Membrana
5
produzida nos sistemas biológicos, o qual desempenha um papel fundamental na
fisiologia, patologia e farmacologia. Esta substância foi utilizada com o propósito de
amenizar o processo inflamatório da membrana no momento do implante.
Um dos objetivos deste trabalho foi desenvolver uma membrana de látex natural
(NRL) capaz de liberar proteínas de forma controlada. Para isto, utilizamos a separação
de fase induzida termicamente (TIPS) que é um método para fazer membranas
microporosas. Para a otimização das membranas de NRL, decidimos variar a
temperatura do látex natural durante a polimerização como controle de poros das
membranas. Desta forma, preparamos membranas de NRL em 5 diferentes temperaturas
de polimerização: -100º, -10ºC, -1ºC, Room TemperatureRT (27ºC) e + 40ºC.
Controlando a morfologia da membrana (densidade e tamanhos dos poros), é possível
variar a taxa de liberação das proteínas.
O látex natural extraído da seringueira Hevea brasiliensis foi utilizado como
matriz para o “novo” sistema de liberação controlada (SLC) porque tem se mostrado
promissor em aplicações biomédicas [9]. Membranas feitas deste material têm sido
usadas como próteses e enxertos médicos devido a suas características de
biocompatibilidade e estímulo natural à angiogênese [9]. Por essas razões o
consideramos um excelente candidato para aplicação como barreira mecânica (ROG) e
sistema liberador de proteínas (drug-delivery). Além disso, contamos com a
possibilidade do próprio látex natural ser um indutor da regeneração óssea. Trabalhos
recentes em nosso grupo (RESSOMATDFMUSP) mostraram as excelentes
propriedades tais como: resistência mecânica, elasticidade, fácil manuseio e baixo custo.
Neste trabalho utilizamos a BSA ao invés da BMP porque é mais acessível além de
possui o peso molecular da mesma magnitude.
6
Em resumo, este trabalho consistiu no desenvolvimento de membrana de látex
natural com o propósito de ser utilizada como barreira mecânica (1) e também como
sistema liberador gradativo de fármacos (2). No primeiro caso, temos uma membrana
passiva, que servirá de barreira contra os fibroblastos, enquanto no segundo caso temos
uma membrana ativa.
A tese será dividida em seis capítulos. O Capítulo 2 faz uma elaborada revisão
da literatura sobre o látex natural, expondo os aspectos relativos à sua extração,
preservação e biocompatibilidade. Neste capítulo, discorremos sobre a regeneração
óssea guiada e os tipos de membranas utilizadas como membrana oclusiva. Ainda no
Capítulo 2 referimos ao sistema de liberação controlada, discutindo sobre a sua
importância. Além disso, abordamos a importância da BSA, do metronidazol e do óxido
nítrico (NO). As técnicas experimentais apresentadas são expostas no Capítulo 3. Os
resultados obtidos e a discussões são expostos no Capítulo 4. No Capítulo 5 discorre
sobre as conclusões deste trabalho. Finalmente, as referências são apresentadas no
Capítulo 6.
7
Capítulo II
REVISÃO DA LITERATURA
8
2. LÁTEX NATURAL
2.1 Introdução
Durante o primeiro milênio, bolas de borracha eram utilizadas pelos Maias.
Esses “brinquedos” tinham sido confeccionados a partir do látex oriundo de uma arvore
nativa das Américas Central e do Sul. O látex alcalino era coagulado para formar uma
matriz a partir da qual eram confeccionadas as bolas e outros artigos. As cinzas das
fogueiras, que eram usadas para aquecer, podem ter sido a primeira contribuição do
conhecido negro de fumo, que desde essa época foi o responsável para dar maior
resistência aos artigos de borracha [10-16].
Como a borracha foi reconhecida como um material que apresentava
interessantes propriedades físicas, os pesquisadores do início de 1700 começaram a
estudar o comportamento da Natural Rubber (borracha natural em inglês) quando
misturada em solventes, com o objetivo de desenvolver algum material que fosse à
prova de água, que possuísse elasticidade para fabricação de balões a ar quente.
A modernização da indústria de polímeros começou com o desenvolvimento da
borracha na Europa. Sua primeira aparição no cenário comercial data do século XVI,
quando os franceses começaram a descobrir as vantagens e aplicações desse material.
Em 1820, Thomas Hancok iniciou a obtenção de produtos da borracha e em
1837 patenteou um equipamento para mistura e mastigação de elastômeros [17].
M. Faraday em 1826 foi o primeiro a analisar a estrutura química do material e
foi o primeiro a postular que tratava-se de um material constituído exclusivamente de
carbono e hidrogênio. O aquecimento levou a um resido e um destilado de
hidrocarbonetos com uma formula empírica igual a C
5
H
8
. A fração volátil foi
caracterizada na Inglaterra em 1860 como tendo um ponto de ebulição entre 37-38
o
C, e
9
foi chamada de isopreno. Sua estrutura foi determinada por W. Tilden, quando estudou
a fração volátil isoladamente. E concluiu que essa fração era a responsável pela sua
elasticidade.
A descoberta fundamental para o desenvolvimento da borracha aconteceu em
1839 por Nathaniel Hayward e Charles Goodyear, nos Estados Unidos e Thomas
Hancok na Inglaterra, em trabalhos independentes. Embora o mérito tenha sido
concedido à Goodyear, ambos obtiveram resultados bastante semelhantes. Eles
aqueceram a borracha natural com enxofre e chumbo branco obtendo desta forma um
material com propriedades superiores às da borracha natural. As propriedades da
borracha natural vulcanizada, nome do processo de cura então desenvolvido, constituiu,
e ainda constitui, um modelo para que se possa ter idéia das suas propriedades
elastoméricas incluindo entre outras, a possibilidade de grandes alongamentos, alta
dureza, resistência ao estiramento e rápida retração. Embora atualmente existem
inúmeros agentes de reticulação, o enxofre continua a ser o mais utilizado na indústria
da borracha.
O Brasil já foi o maior produtor e exportador do látex de borracha natural do
mundo, mesmo porque a seringueira é originária da Amazônia. Essa posição foi
ocupada até a década de 50, quando a exploração era, na totalidade, do tipo extrativista.
Problemas econômicos e fitossanitários na região impediram o desenvolvimento
sustentável da atividade. Atualmente, a borracha natural é produzida no país por meio
de cultivo de plantas de alta produtividade, selecionadas e adaptadas também as regiões
Sudeste e Centro-Oeste do país [18-19].
10
2.2 O látex de borracha natural
Látices de borracha natural ocorrem em cerca de 200 espécies de plantas, sendo
que a Hevea brasiliensis fornece aproximadamente 99% da produção mundial de
borracha natural [20]. O látex acha-se em minúsculos vasos no córtex interno da casca
da árvore o qual fica abaixo do córtex externo, [21] sendo que a borracha se encontra
nas partículas de borracha citoplasmáticas [22]. Genericamente, o látex é uma dispersão
coloidal constituída de substâncias não-borracha e partículas de borracha dispersas em
uma fase aquosa chamada de soro [23].
2.3 Processo de extração
Neste processo uma faca especialmente desenhada é usada para remover fatias
da casca da superfície de um corte feito na árvore a uma profundidade de cerca de 1 mm
do câmbio (camada de tecido do vegetal). O corte é feito da esquerda para a direita em
um ângulo de 30° em meia circunferência ao redor do tronco e no ponto mais baixo é
inserida uma cânula de metal por onde o látex escorre para dentro de pequenos potes
(Figura 2). O corte em cada lado do painel (região do tronco em que se faz os cortes)
deve ser feito em dias alternados e as incisões devem ser feitas logo abaixo do corte
anterior [24-26].
11
[Figura 2] Corte para sangria da seringueira em meia espira e coleta
2.4 Preservação do látex
A necessidade de estabilização do látex através de aditivos decorre da
necessidade de se evitar o processo de coagulação espontânea, em que se observa a
formação de uma fase superior coagulada e uma fase inferior aquosa e clara. Várias
hipóteses [27-30] explicam o porquê deste processo ocorrer rapidamente, em questão de
horas. A primeira considera a ação de microorganismos reagindo com compostos não-
borracha, diminuindo seu poder de estabilização. A segunda hipótese atribui esse efeito
à liberação de ânions de ácidos graxos através da hidrólise de várias substâncias
lipídicas presentes no látex. Estes ânions são então adsorvidos na superfície das
partículas de borracha, possivelmente removendo parte das proteínas adsorvidas. Estes
ânions então interagem com cátions metálicos divalentes como cálcio e magnésio,
presentes no látex ou gradualmente liberados de complexos pela ação de enzimas. A
Tabela 1 mostra a composição típica em porcentagem em massa e total de sólidos (TS)
de látex da Borracha Natural
12
[Tabela 1] Composição típica em porcentagem em massa e total de sólidos (TS)
de látex da Borracha Natural [31].
Alto Teor de Amônia Baixo Teor de Amônia
Látex
TS
Látex
TS
Borracha
59,67
97,61
59,61
97
,62
Proteínas
1,06
1,73
1,03
1,69
Lipídios
0,23
0,38
0,23
0,38
Sais
0,40
0,28
0,38
0,32
Amônia
0,68
-
0,21
-
Água 37,96 - 38,54 -
2.4.1 Caracterização do látex de borracha natural
O Natural Rubber Latex (NRL) é um látex polidisperso (tamanho médio de
partículas ~ 1µm) com alto teor de amônia (NH
3
) que é utilizada para impedir o
crescimento de bactérias na fase de estocagem do material. Este látex é estabilizado
pelas longas cadeias de ácidos graxos adsorvidas e que são produtos de hidrólise de
fosfolipídios. Essa estabilidade é mantida a partir da hidrólise das proteínas
originalmente adsorvidas na superfície, as quais, em pH alto fornecem o caráter iônico
do látex [32].
O principal componente do Natural Rubber Latex (NRL) é o poli-cis-isopreno
sindiotático que possui propriedades suigeneris quando comparado com a maioria das
borrachas sintéticas. Entre as principais propriedades encontra-se a possibilidade de
inúmeras modificações químicas, como a hidrogenação, epoxidação, cloração por
13
enxertia e vulcanização, viabilizadas pela insaturação em sua estruturação, levando ao
grande número de produtos de borracha encontrados no mercado [33].
A partir do método de centrifugação, observamos quatro frações no látex
natural: a fração borracha, a fração intermediária, o soro e os lutóides (Figura 3).
[Figura 3] O látex após centrifugação na Sorvall RC 26 Plus, a 10000 rpm e 2 h,
onde são obtidas quatro frações: a fração borracha, a fração intermediária, o soro e os
lutóides.
1. Fase borracha (37%) (hidrocarboneto isoprênico)
A fração borracha fica no topo da coluna, é a mais volumosa e contém as
partículas de borracha, que são menos densas que a água e migram para a superfície. A
fração intermediária contém pequenas partículas de borracha [34] e um pouco do soro e
é conhecida como fração skim [35] (do inglês, significa “desnatada” ou “magra”).
Apresenta coloração branca. A Figura 4 mostra a estrutura molecular da borracha e seus
tipos de cadeias.
a-)
14
b-)
[Figura 4] a-) Estrutura molecular da borracha, b-) formas das cadeias.
2. Soro (48%)
Fração intermediária aquosa é o meio dispersivo do sistema coloidal látex e
contém proteínas e sais dissolvidos. A fração aquosa abaixo da intermediária é soro que
contém íons, proteínas, carboidratos, açúcares e outras substâncias solúveis [36].
3. Fração de fundo (Lutóides) (15%)
A fração do fundo contém os lutóides, que são as organelas ricas em soro
catiônico que promove a coagulação do látex, além de suas funções bioquímicas como o
controle do pH e de patógenos [37]. Apresenta coloração amarela e é constituída por:
lutóides (proteínas, fosfolipídios e sais minerais) e partículas Frey-Wyssling
(constituídas de carotenóides e lipídios conferindo à borracha, a coloração amarela).
2.5 Biocompatibilidade da membrana de látex natural
A membrana de látex natural foi utilizada pela primeira vez por F. Mrué et al em
1996 [38], que a usou como prótese de um segmento do esôfago cervical de cães. O
látex funcionou apenas como ponte para a regeneração dos tecidos, não foi incorporado
aos tecidos do hospedeiro. Demonstrou propriedade indutora de regeneração tecidual,
15
sendo totalmente eliminado após dez dias de pós-operatório nas fezes dos animais e no
lugar formou-se um “neo-esôfago”.
Sader et al. em 2000 [39], estudaram o comportamento da membrana de látex
natural como substituto parcial do pericárdio de cães. Foram avaliados três grupos:
grupo A, onde o retalho do pericárdio foi removido e reimplantado imediatamente;
grupo B, em que o retalho foi removido e substituído por outro de látex natural, com
0,3mm de espessura; grupo C, no qual o retalho de látex tinha 0,7mm de espessura. Em
50% dos animais do grupo B e C houve completa regeneração do pericárdio. Nos cães
do grupo A foi observado um quadro de regeneração irregular do pericárdio. Os
resultados mostraram que a membrana de látex foi satisfatória para a substituição
parcial do pericárdio de cães.
Em um teste biológico, in vivo, da membrana cório-alantóide de embriões de
galinha, a membraba de látex natural foi usada por Alves em 2003 [40] para analisar o
estímulo de atividade angiogênica causada por este material. Foi possível observar a
indução de angiogênese no tecido onde a membrana de látex manteve contato durante o
experimento, ver figura 5.
[Figura 5] Estimulação da angiogênese, pelo látex natural [40].
Com tratamento
Sem tratamento
16
Pinho et al. em 2003 [41] pesquisaram o uso da membrana de látex natural com
polilisina a 0,1% (Poly-L-lysine Hydrobromide, PM 70-140 Kda-Sigma) na
reconstrução conjuntival em coelhos neo-zelandeses adultos. Foram analisados um
grupo controle (sem membrana) e um experimental (com membrana). Após análises
histológicas, observaram que a recuperação foi satisfatória em 60% dos olhos com
biomembrana enquanto que, nos olhos do grupo sem membrana, ela foi satisfatória em
apenas 20%. O número médio de vasos por campo óptico na ferida cirúrgica dos olhos
com biomembrana foi o dobro desse mesmo número nos olhos com esclera nua (grupo
controle). Esses dados sugeriram que a membrana de látex favorece a cicatrização
conjuntival e a neoangiogênese.
Segundo Rabelo et al. em 2005 [42], a técnica de implantação da membrana de
látex, poliamida e polilisina a 0,1%, apresentou bons resultados na reparação hérnias
umbilicais recidivantes em bovinos leiteiros. Apesar de ser um material não absorvível,
não foi observada reação inflamatória tipo corpo estranho ou demais complicações com
o uso da membrana, possivelmente porque o material possui baixa antigenicidade.
Balabarian et al. em 2006 [43], avaliaram a biocompatibilidade do látex natural.
Grânulos de látex foram implantados cavidades ósseas alveolares depois de extração
dental em ratos. Os animais foram sacrificados 7, 21 e 42 dias após o procedimentos. Os
dados quantitativos confirmaram a aceleração da neoformação óssea e a diminuição da
presença de tecido conjuntivo ao redor do implante. Foi demonstrado que o material
apresentou biocompatibilidade, progressiva integração com o osso alveolar,
simultaneamente aceleração da neoformação óssea e mostrou importante atuação no
processo de cicatrização.
17
Diante dos achados teóricos encontrados na literatura [38-43], os quais
demonstraram as propriedades do látex natural (resistência mecânica,
biocompatibilidade, flexibilidade e fácil manuseio), objetivou-se no presente trabalho:
1. Confecção de novos filmes de látex natural agregados a substâncias de interesse
em odontologia e ortopedia, que são a albumina de soro bovina (BSA),
metronidazol (MTZ) e o (óxido nítrico) NO, a fim de que atuem como sistema
de liberação controlada (SLC).
2. Caracterização da taxa de liberação de fármacos, de acordo com a porosidade do
filme utilizando-se as técnicas de espectrofotometria ótica, termogravimétrica e
microscopia.
3. Caracterização química, estrutural dos novos SLC´s através de espectroscopia
ótica, espectrometria de infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR) e
resistência mecânica..
18
2.6 Regeneração Óssea Guiada (ROG)
De todas as áreas do conhecimento médico, talvez a mais importante e de
maiores perspectivas para a humanidade seja a regeneração. Toda a estrutura da vida
esta baseada na capacidade do organismo de se regenerar, e o processo de senilidade
nada mais é do que a redução lenta e gradual dessa capacidade. Inúmeras patologias de
diferentes e variadas procedências tem como ponto etiológico comum alterações do
processo regenerativo.
A regeneração óssea guiada (ROG) [44-47] é um procedimento bem
estabelecido em cirurgias ortopédicas reconstrutivas e em tratamento periodontal de
defeitos ósseos. Nesta técnica, uma membrana é colocada sobre o defeito ósseo para
proteger esse espaço, mantendo uma ambiente favorável para migração contínua de
células com potencial osteogênico no defeito. Esta barreira impede a invasão de
fibroblastos que resultam na não união do osso (Figura 6).
[Figura 6] Membrana utilizada como barreira mecânica para a técnica de ROG.
19
2.7 Tipos de membranas
As membranas devem possuir alguns requisitos indispensáveis para agir como
barreira física passiva: biocompatibilidade, propriedades oclusivas, capacidade de
criação de espaço, integração tecidual e clinicamente manuseável [47]. Além disso, as
membranas devem promover regeneração óssea de forma previsível, sem a presença de
efeitos colaterais. Estas barreiras também devem ser de fácil manipulação, custo
acessível e de sucesso previsível [48].
Os biomateriais podem ser classificados de acordo com algumas de suas
propriedades, e divididos em: osteogênicos, osteoindutores e osteocondutores.
1- Osteogênicos: são os materiais orgânicos capazes de estimular diretamente os
osteoblastos a formar osso.
2- Osteoindutores: são materiais capazes de induzir a transformação de células
mesenquimais indiferenciadas em osteoblastos, aumento o crescimento ósseo ou, até
mesmo, formando osso ectópico.
3- Osteocondutores: (geralmente inorgânicos, materiais desproteinizados)
favorecem a migração, proliferação e maturação das células progenitoras, além de
conduzirem a aposição do novo osso em sua superfície a partir de tecido ósseo
preexistente nas bordas da lesão.
2.7.1 Barreiras não absorvíveis
A primeira membrana desenvolvida para ROG foi de politetrafluoretileno
(PTFE) por ser inerte. Porém ela não é absorvível, requerendo uma segunda cirurgia
20
para sua remoção, e eram, freqüentemente, associadas à exposição, que,
conseqüentemente, arriscava o sucesso clínico [49].
Atualmente, o material de membrana mais pesquisado e utilizado em
procedimentos de ROG é constituído por uma estrutura especificamente formada por
politetrafluoretileno expandido (e-PTFE). A molécula fluorcarbono,
politetrafluoretileno (base química componente do e-PTFE), não pode ser quebrada
quimicamente, em condições fisiológicas. Além disso, a segurança do e-PTFE foi
estabelecida por extensos testes de biocompatibilidade, longa história de segurança e
uso efetivo em próteses vasculares e de tecidos moles [47].
Apesar da alta previsibilidade de regeneração óssea com a utilização de
membranas de e-PTFE, a principal desvantagem desta membrana é que a sua exposição
pode causar contaminação bacteriana. A reação inflamatória da área pode levar à
necessidade de remoção precoce da membrana [50-53]. Outro tipo de membrana não
absorvível utilizada é a titânio microperfurada [54].
2.7.2 Barreiras absorvíveis
No intuito de eliminar a necessidade de um segundo tempo cirúrgico para a
remoção da membrana não-absorvível, tem sido intensa a investigação para
desenvolvimento de membranas absorvíveis [48].
O conceito de material absorvível envolve alguns importantes aspectos.
Primeiro, o material deve sofrer reabsorção e degradação macromolecular através da
associação de hidrólise e degradação enzimática por enzimas, tais como a fosfatase
ácida e a colagenase. Segundo, a bioreabsorção requer total eliminação dos produtos da
degradação sem efeitos residuais locais [48]. Os materiais poliméricos sintéticos mais
comuns, propostos para uso, como membranas para ROG (ácidos poliláctico (PLA) e
21
poliglicólico (PGA)) [49]. Outras barreiras utilizadas como membranas oclusivas são as
derivadas de colágeno suíno tipo I e tipo III [55], além de lâminas ósseas
desmineralizadas [56].
2.8 Sistema de liberação controlada (SLC)
2.8.1 Importância da liberação controlada
A importância dos sistemas de liberação de princípios ativos advém do fato que
raramente um fármaco veiculado em solução aquosa, ou numa forma convencional,
consegue atingir um alvo específico no organismo em concentrações adequadas para
provocar o efeito terapêutico esperado. Isso pode ser facilmente entendido quando
verificamos que entre o local de administração do fármaco e o órgão ou tecido alvo, se
interpõe uma série de obstáculos de naturezas diversas (anatômicos, químicos e
biológicos). Somente uma parte em dez mil de um fármaco injetado intravenosamente
alcança seu alvo final quando o alvo está localizado em sítios profundos. A liberação
controlada de fármacos é um tópico importante para várias iniciativas em
nanotecnologia devido ao possível impacto para a sociedade, com a criação de sistemas
otimizados que garantam a liberação num sítio específico e a uma taxa controlada.
Dentre os vários paradigmas de liberação controlada destaca-se o uso de sistemas
liberadores de drogas sustentado em materiais poliméricos [57].
Entretanto, existem limitações nos sistemas carreadores existentes. Como por
exemplo, o tempo de reabsorção do carreador. Pois se for demasiado curto, não mantém
a concentração adequada de BMP durante o tempo necessário e se muito longo pode
impedir fisicamente o desenvolvimento do novo tecido calcificado, levando à formação
óssea não-orientada e pseudoartrose.
22
Desta forma, surge a necessidade da confecção de um SLC de fármaco eficaz
que provenha a liberação de fármacos no sítio do defeito ósseo por períodos
prolongados de tempo com uma dose apropriada. Como já mencionado, o BMP possui
forte atividade osteoindutora, entretanto, seu uso clínico tem sido dificultado pela falta
de sistemas carreadores (delivery systems) aceitáveis [58]. A Hidroxiopatita é
biocompatível, mas não é biodegradável e, portanto remanesce no sítio do defeito.
Esponjas de colágeno podem ser imunogênicas e osso desmineralizado mostra-se como
um mantenedor insuficiente e possui uma caracterização pobre da liberação das
proteínas.
2.8.2 Albumina de soro bovina (BSA)
Pode-se definir as albuminas como sendo membros de uma mesma classe de
proteínas, responsáveis pelo transporte das mais variadas moléculas no organismo,
sejam elas de caráter hidrofóbico (ácido graxos, bilirrubina, hormônios e drogas) ou
hidrofílico (a própria água, Ca
2+
, Na
+
e K
+
), e pela manutenção do equilíbrio osmótico
no sangue [59]. Devido à similaridade da albumina de soro (ou plasma) bovino (BSA)
em relação à albumina do plasma humano (HSA) o estudo da BSA fornece uma boa
analogia frente a HSA em relação aos métodos de purificação descrição de propriedades
físico-químicas, bem como análise estrutural e modelagem matemática.
As albuminas são altamente solúveis em água e são precipitadas apenas por altas
concentrações de sais neutros como o sulfato de amônio. A estabilidade em solução de
BSA é alta, especialmente se as soluções são guardadas como alíquotas congeladas.
Apesar disso, as albuminas são facilmente coaguladas (desnaturação seguida de
precipitação) pelo calor. Quando aquecidas até 50ºC ou mais, as albuminas rapidamente
23
formam agregados hidrofóbicos que não revertem aos monômeros mediante
resfriamento.
A BSA possui massa molecular de 66.430g/mol, sendo que a sua estrutura
primária é a de uma cadeia única de polipeptídio que consiste em aproximadamente 583
resíduos de aminoácidos e nenhum carboidrato. Na faixa de pH 5,0 até 7,0 a BSA
possui 17 pontes de dissulfeto internas e um grupo sulfidril.
BSA foi empregada porque possui peso molecular da mesma ordem de grandeza
das BMP´s (bone morphogenetic proteins), 30.000g/mol, que são proteínas que
aceleram o crescimento ósseo, além de ser mais acessível.
Vale reforçar que as proteínas morfogenéticas ósseas (BMPs) são promotores de
crescimento capazes de induzir a formação de osso e cartilagem, promovendo a
quimiotaxia e diferenciação de células mesenquimais para o local onde foram
implantadas, mas para uma efetiva osteocondução necessitam de uma substância
carreadora. Quando implantadas em tecidos animais, as BMPs se ligam a receptores
específicos existentes na superfície das células osteoinduzidas, ativam as proteínas
citoplasmáticas SMAD (mothers against decapentaplegic proteins) e, no núcleo da
célula receptora, passam a regular a transcrição de genes relacionados com calcificação
e formação óssea. Além disso, vale ressaltar que a BSA é apenas um substituto da BMP
e que em trabalhos futuros, pretende-se agregar a BMP nas membranas de látex natural.
2.8.3 Metronidazol (MTZ)
O metronidazol (MTZ) é um antibiótico usado para tratamento de infecções na
pele, tecidos e ossos. Ele é um derivado nitroimidazol com atividade antiprotozoária da
família dos nitro-5-imidazóis [4-6]. Este composto também possui atividade
antibacteriana contra os microorganismos anaeróbios. Está indicado no tratamento de
24
giardíase, amebíase, tricomoníase, vaginites por Gardnerella vaginalis e infecções
causadas por bactérias anaeróbias como Bacteroides fragilis e outras bactérias,
Fusobacterium sp, Clostridium sp, Eubacterium sp [60].
Propomos a agregação do MTZ na membrana de látex natural porque ele é usado
para tratamento de doenças periodontais, pois ele age contra bactérias anaeróbicas da
cavidade oral. Além disso, o MTZ é usado para reduzir o processo de inflamatório em
caso de rejeição e inflamação. Ao penetrar na célula, o MTZ é degradado por ação de
nitrorredutases, gerando compostos polares citotóxicos. Estes determinam perda da
estrutura helicoidal do DNA bacteriano, quebra de filamentos e comprometimento
concomitante de sua função, além de inibir a síntese de ácidos nucléicos; isso é
explicado por Seymour et al em (1995) [61]. Com a ruptura da estrutura helicoidal do
DNA, a célula bacteriana morre. MTZ afeta as células independentemente de estarem se
dividindo ou não. A Figura 7 mostra a estrutura do metronidazol.
a-) b-)
[Figura 7] a-) Estrutura do metronidazol para tratamento de infecções na pele,
tecidos e ossos [60]; b-) Fórmula molecular, C
6
H
9
N
3
O
3
e ilustração do Flagyl que
possui o metronidazol como principio ativo.
25
2.8.4 Óxido Nítrico (NO)
O radical livre óxido nítrico (NO) é extensamente investigado na fisiologia por
causa de seu papel em múltiplos processos incluindo a vasodilatação, angiogênese,
neurotransmissão, e a resposta imune [62-66]. Por exemplo, o NO liberado pelas células
do endotélio serve para proteger o tecido cardiovascular melhorando o fluxo de sangue
e inibe trombose e enzimas que destroem as células intermediárias [67].
O NO será usado como modelo de droga em membranas de látex natural pois
auxilia na vascularização e atua em processos inflamatórios. O NO é um mediador
gasoso responsável por uma variedade de fenômenos fisiológicos. A L-arginina é a
precursora da síntese do óxido nítrico, na presença de óxido nítrico-sintase (NOS).
Em 1980, Furchogott & Zawadzki [68] demonstraram que o relaxamento
vascular induzido por acetilcolina foi dependente da presença do endotélio e
evidenciaram que este efeito foi mediado por um fator humoral lábil, mais tarde
conhecido como fator de relaxamento dependente do endotélio (EDRF). Em 1987 foi
demonstrado que esse fator de relaxamento derivado do endotéliom (Figura 8) era um
radical livre, o óxido nítrico (NO). Palmer et al [69] sugeriram que EDRF e o óxido
nítrico eram indistinguíveis na atividade biológica, estabilidade química e
susceptibilidade à inibidores ou potencialização e que ambos tinham sua ação inibida
pela hemoglobina e potencializada por superóxido dismutase. Porém, alguns autores
alegaram que a forma ativa do EDRF não era o NO, mas um precursor do NO ou um
tiol derivado do NO [70]. O óxido nítrico foi escolhido como a molécula do ano de
1992 [71].
26
[Figura 8] Endotélio usa o NO para comandar o relaxamento do músculo liso da
parede do vaso.
NO pode ser um oxidante ou um redutor dependendo do meio em que ele está e
é rapidamente destruído pelo oxigênio [72], sendo que sua oxidação produz nitrito e
nitrato [73]. O NO tem o menor peso molecular de qualquer produto de secreção celular
de mamíferos; sua meia-vida é curta e a especificidade de suas reações é mínima [74]. O
NO é citotóxico e vasodilatador [75] e modula reações inflamatórias ou
antiinflamatórias, dependendo do tipo celular e do estímulo [76].
A molécula do NO tem um elétron não pareado e reage facilmente com
oxigênio, radical superóxido, ou metais de transição, como ferro, cobalto, manganês ou
cobre [77-78]. O NO tem alta afinidade com o heme, encontrado em proteínas
intracelulares (óxido nítrico-sintase, cicloxigenase e guanilato ciclase) e também liga-se
a grupos -SH, formando tiol [79], é um gás incolor e estável, moderadamente solúvel
em água e sua meia-vida varia de 3 a 60 segundos, mas pode ser maior devido ao
ambiente do NO, concentração de O
2
e O
2
[73,80].
Sangue
27
2.8.4.1 Aprisionador ou “trap” de NO
“Traps” ou aprisionadores de NO são compostos capazes de se ligarem a ele
formando compostos estáveis e com características especiais. Os complexos de ferro são
os mais conhecidos “traps” de NO usados em técnicas de ressonância paramagnética
eletrônica (EPR) por apresentarem sinais bastante característicos e poderem ser usados
em experimentos in vivo e ex-vivo.
Um dos traps” que utilizamos neste trabalho é o Fe[S2CN(C2H5)2]2 (FeDETC2)
em que o NO se liga para formar Fe(NO)[S2CN(C2H5)2]2, também conhecido como
MNIC-DETC ou [Fe(NO)DETC2], cuja estrutura é mostrada na Figura 9.
[Figura 9] Estrutura do complexo Fe(NO)DETC
2
.
C
H
3
CH
3
CH
3
C
H
3
N
O
Fe
-
S
S
S
S
N
N
28
Capítulo III
MÉTODOS EXPERIMENTAIS
29
3. MÉTODOS EXPERIMENTAIS
3.1 Introdução
Este capítulo discute os métodos utilizados para caracterizar as membranas de
látex natural como uma ferramenta para a liberação controlada de drogas.
Fármacos foram agregados a matriz de latex natural e o comportamento da
liberação destas drogas foi estudado. Ao longo deste trabalho, incorporamos a albumina
de soro bovina (BSA), o metronidazol (MTZ) e o óxido nítrico (NO) como modelos de
droga. Foram utilizadas as seguintes técnicas para caracterização: microscopia de força
atomica (AFM), análise termogravimetria (TG), microscopia eletronica de varredura
(MEV), ressonância paramagnética eletronica (EPR) e análise de resistencia mecânica..
A liberação da BSA foi estudada utlizando o método de Lowry (espectrofotometria),
fazendo medidas de absorção em função do tempo. Para a liberação do MTZ, a absorção
em função do tempo foi observada empregando a espectroscopia UV/visível. A
liberação do NO será caracterizado utilizando a técnica de EPR.
3.2 Membrana de Látex
O látex natural utilizado neste trabalho consiste em uma mistura de diferentes
clones. A extração foi realizada na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queirós”
ESALQ-USP, Piracicaba, Brasil. Depois da extração, amônia foi utilizada para o látex
líquido, e este material foi centrifugado a 8000g. A centrifugação foi empregada para
reduzir algumas proteínas contidas no látex natural que causam reações alérgicas.
30
A confecção das membranas foi feita através do método de simples deposição. A
fabricação consistiu em depositar 2 mL de látex sobre a placa circular de 5,00
±
0,05 cm
de diâmetro de inox. Um micrômetro digital foi utilizado para medir a espessura das
membranas. Na Figura 10, observa-se, respectivamente: forma; espessura; flexibilidade;
e elasticidade da membrana de látex natural.
[Figura 10] Forma (a); Espessura de 1,5mm (b); Elasticidade (c); Flexibilidade
da membrana de látex natural (d).
(a) (b)
(d)
a-) b-)
c-) d-)
31
3.3 Caracterização das membranas de látex natural
3.3.1 Testes de Resistência Mecânica
A análise de resistência mecânica mede as alterações dimensionais da amostra.
Os ensaios foram realizados em uma máquina universal de ensaios Modelo DL 2000
da EMIC (Figura 11). Neste experimento uma carga constante (10kgf) é aplicada sobre
a amostra e podemos observar a deformação da amostra em detalhes. Neste experimento
é possível encontrar o módulo de Young para diferentes amostras.
[Figura 11] Máquina universal de ensaios EMIC Modelo DL 2000 utilizada
nos experimentos.
O teste de resistência mecânica fornece informações sobre a mudança do
comportamento elástico da amostra.
Corpo de prova é a parte da membrana submetida ao teste de tensão ou
deformação. Abaixo, segue as dimensões das membranas para corpo de prova. Note que
a membrana foi confeccionada em formato de alteres.
32
comprimento da base= (44,0 ± 0,5)cm;
largura = (1,5 ± 0,5)cm;
espessura ~1,5mm
Dois pequenos pedaços de lixa foram na garra do equipamento de tensão-
deformação para evitar que corpos de prova se soltassem ou rompesse na garra.
3.3.1.1 Testes de tensão-deformação
Os três principais modos pelos quais os sistemas sofrem deformação são tração,
cisalhamento e compressão. Neste trabalho utilizou-se a tração, que consiste na
aplicação de força nas extremidades da amostra. Quando uma tensão é exercida em um
corpo sólido, este tende a se deformar. A razão entre a tensão aplicada e a deformação
ocorrida define, o módulo de elasticidade do material, que corresponde a uma
característica do material, não importando suas dimensões. Quanto maior for este
módulo maior será a resistência do material à deformação. E, obviamente, para uma
mesma tensão, quanto menor forem as dimensões do corpo de prova, menor será a
força necessária para deformá-lo.
Feitos todos os ajustes necessários, as membranas foram submetidas ao teste de
tensão-deformação. O equipamento EMIC-DL 2000 é acompanhado de um software
que retorna a curva de resposta (força [kgf] vs deformação [mm]) de cada corpo de
prova. As membranas foram tencionadas até sua ruptura (Figura 12) e os resultados
foram analisados a partir dessas curvas.
33
[Figura 12] Membrana em teste
3.3.2 Análise termogravimétrica
A estabilidade térmica das amostras foi determinada por análise
termogravimétrica, sendo as amostras aquecidas sobre nitrogênio à taxa de 50
o
C/min,
de 20 a 600
o
C, em um sistema de análise termogravimétrico TGA 50. As massas das
amostras de látex natural, látex natural + BSA, látex natural + MTZ e látex natural +
FeDETC variaram de 4,5 a 6,0 mg.
3.3.3 Espectroscopia de infravermelho
As amostras foram caracterizadas por FT-IR utilizando o equipamento Nicolet
380 fabricado pela Thermo Electron Corporation. Os espectros foram obtidos de filmes
preparados após da secagem das amostras. Foi utilizado o módulo de espectroscopia de
reflexão totalmente atenuada, Attenuated Total Reflectance (ATR) na região 500-4000
cm
-1
. Cada espectro foi obtido acumulando 32 varreduras, com resolução de 4 cm
-1
. Esta
técnica foi utilizada para poder entender a interação dos fármacos nas membranas de
látex.
34
3.3.4 Caracterização por microscopia eletrônica de varredura
O Microscópio Eletrônico de Varredura, MEV (Scanning Electron Microscope,
SEM) é um equipamento versátil que permite a obtenção de informações estruturais e
químicas de amostras diversas. Um feixe fino de elétrons de alta energia incide na
superfície da amostra onde, ocorrendo uma interação, parte do feixe é refletida e
coletada por um detector que converte este sinal em imagem de BSE (ou ERE) -
imagem de elétrons retroespalhados - ou nesta interação a amostra emite elétrons
produzindo a chamada imagem de ES (elétrons secundários). Neste trabalho, a
distribuição dos poros das membranas de NRL foi observada por microscopia eletrônica
de varredura (MEV) utilizando um equipamento modelo ZEISS EVO 50 (15KV)
3.3.5 Caracterização por microscopia de força atômica
A microscopia de força atômica feita em modo de não contato é ideal para
superfícies moles ou frágeis, que por ventura possam ser danificadas pela sonda como é
o caso da borracha. A técnica consiste na varredura da superfície da amostra por uma
sonda em distâncias que variam de 10 nm a 100 nm, na sua freqüência natural de
ressonância mecânica. O raio de curvatura da extremidade da sonda, feita de silício, é
menor que 20 nm. Esta ponteira é fixa em um cantilever que tem 100 a 200 µm de
comprimento, com as constantes de mola da ordem de 24 a 100 N/m. A sonda ao se
aproximar da superfície sofre a ação de forças de van der Waals que mudam a constante
35
de mola efetiva da sonda, resultando na variação da freqüência natural de ressonância e,
conseqüentemente da amplitude e fase do sinal.
A microscopia de força atômica, por ter uma resolução na ordem sub-
micrométrica, é utilizada no estudo dos padrões obtidos por secagem, presença de
flocos, fissuras e da rugosidade das membranas de látex. Por exemplo, é possível
quantificar a rugosidade da superfície através da determinação de alguns parâmetros de
rugosidade das imagens topográficas. Esta técnica foi utilizada para mostrar o tipo de
cadeias das membranas de látex natural.
3.4 SLC utilizando o látex como matriz
3.4.1 Liberação da BSA
A confecção do SLC utilizando a BSA como modelo de droga foi dividido em
duas etapas: Solubilização da BSA e adição da BSA na solução de látex. A BSA foi
adquirida INLAB Ltda., Brasil.
Nesta etapa do trabalho, a confecção do SLC foi realizada através do método de
simples deposição. A metodologia consistiu na confecção de 15 membranas de látex
natural com BSA. Para isto foram depositadas em 15 placas de circulares de 5,00
±
0,05
cm de diâmetro de inox, 2mL de látex natural acrescidos de 1mL de BSA em solução
com concentração de 10mg/mL, portanto a composição final do filme foi de 2mL de
látex e 1mL de BSA. Foram também produzidas 10 membranas de látex natural sem
proteína (BSA). Para isto, 2mL de látex natural foi depositado nestas placas de
circulares.
Desta forma, membranas de NRL e membranas de NRL+BSA foram colocadas
em diferentes béqueres contendo 200mL de solução aquosa com 0,05% de azida de
36
sódio (antifungicida), onde o comportamento da liberação foi observado. Alíquotas
destas soluções foram coletadas em diferentes intervalos de tempo durante 400 horas
Em seguida, foram construídas duas curvas de absorbância versus tempo, sendo uma
para membranas de NRL e outra para membrana de NRL+BSA. Para quantificar as
substâncias liberadas pelas membranas de NRL em solução aquosa e a BSA liberada
pelas membranas de NRL+BSA foi utilizado método Lowry Modificado [81-82] nessas
alíquotas. Nestes experimentos, observamos que a BSA liberada pela membrana de
NRL+BSA e as substâncias contidas na membrana de NRL absorvem no mesmo
comprimento de onda, 280nm. Assim a curva de liberação das membranas de NRL foi
subtraída da curva de liberação das membranas de NRL+BSA, como pode ser
observada na figura 13. A diferença entre a curva de NRL+BSA e curva de NRL será a
quantidade de BSA liberada pelo SLC.
[Figura 13] Liberação de substâncias pela membrana de NRL e liberação da
BSA pela membrana de NRL+BSA.
0 50 100 150 200 250 300 350 400
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
----- Membrana de Látex + BSA(10mg/mL)
----- Membrana de Látex
Absorbância
Tempo (horas)
Curvas de Liberação
37
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
Absorbância
mg/ml
Para mensurar a quantidade de BSA liberada pela membrana de NRL+BSA é
necessário construir uma curva de calibração (Figura 14.b) através do Método Lowry-
Modificado. Observe que quanto maior a concentração de BSA, mais azul se torna a
solução (figura 14.a).
a-) b-)
[Figuras 14] a-) Soluções de diferentes concentrações de BSA, preparadas
através do Método Lowry Modificado e b-) Curva de calibração de BSA utilizando
método Lowry
x
Y
).
03
,
0
26
,
1
004
,
0
012
,
0
±
+
±
=
Diferentes temperaturas de polimerização (-100ºC a 40ºC) foram empregadas
com o propósito de controlar a morfologia da membrana. A variação da morfologia da
membrana (densidade e tamanho de poros) tem forte influência na taxa de liberação de
proteínas.
3.4.1.1 Curva de calibração para as substâncias liberadas
pelas membranas de NRL
Para relacionar a absorbância com a concentração de substâncias liberadas pelas
membranas de NRL, construiu-se uma curva de calibração da seguinte forma: Foram
preparadas três membranas de látex natural, e a seguir elas foram colocadas em um
béquer com solução aquosa 0,05% de azida e deixados por 10 dias. A seguir, as
38
membranas foram retiradas do béquer, e a solução aquosa contendo substâncias
liberadas pela membrana foram submetidas ao processo de liofilização.
O processo de liofilização [83-84] consiste no congelamento do material e então
redução da pressão circunvizinha permitindo que a água congelada no material sublime
diretamente da fase líquida ao gás. O resultado final do material liofilizado consistiu em
substâncias liberadas pela membrana de NRL. Utilizando este material liofilizado foi
possível preparar soluções de diferentes concentrações e, aplicando o método Lowry-
Modificado pôde-se obter a curva absorbância versus concentração (Figura 15).
[Figura 15] Curva de calibração do material liberado pela membrana de látex em
solução aquosa xY ).005,0888,0()109,9109,7(
44
±+×±×=
3.4.2 Confecção e caracterização da liberação do MTZ
A confecção do SLC utilizando o metronidazol (MTZ) como modelo de droga
também dividido em duas etapas: solubilização do MTZ e adição do metronidazol na
solução de látex. Nesta etapa do trabalho, a confecção do SLC foi realizada através do
método de simples deposição. A fabricação consistiu na confecção de 7 membranas de
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
Absorbância
mg/ml
39
látex natural com MTZ. Para isto foram depositados em 7 placas de circulares de
5,00
±
0,05 cm de diâmetro de inox, 2mL de látex natural acrescidos de 1mL de MTZ
em solução com concentração de 10mg/mL. A seguir as membranas foram
polimerizadas a -100ºC, -10ºC, -1ºC, RT e 40ºC.
Foram também produzidas 10 membranas de látex natural sem o MTZ. Pois foi
necessário confirmar que as substâncias contidas pela membrana de látex não absorvam
no mesmo comprimento de onda do MTZ. Consequentemente foi observado que o MTZ
absorve em 330nm e as substâncias contidas na membrana de NRL absorvem em
280nm.
As membranas de NRL incorporada com Metronidazol (MTZ) foram colocadas
em 200 mL de solução aquosa. O comportamento da liberação foi observado retirando
alíquotas desta solução durante 450 horas. A liberação do MTZ foi caracterizada
empregando a técnica por espectroscopia por UV-VIS.
3.4.3 Confecção e caracterização da liberação do NO
A preparação do sistema liberador de NO foi separado em dois estágios:
preparação da matriz de látex e da solução de FeDETC e o processo de mistura do látex
com o FeDETC obtendo o sensor sólido. Para a preparação da solução de FeDETC
foram utilizados os seguintes reagentes: Cloreto de ferro hexahidratado(FeCl
3
.6H
2
O),
dimetilformamida(DMF, C
3
H
7
ON) e o dietilditiocarbamato de sódio(DETC,
C
5
H
10
NNaS
2
.3H
2
O). A solução de FeDETC (Figura 16) foi preparada utilizando 12mg
de cloreto de ferro e 20mg de DETC que foram diluídos em 3ml de DMF durante 10
minutos no banho ultra-sônico por 10 minutos para homogeneização.
40
[Figura 16] Solução de látex e solução de FeDETC
A temperatura em que a solução de látex com FeDETC é transformado em uma
borracha foi de 27ºC, ou seja, temperatura ambiente (RT). A concentração de FeDETC
utilizada na matriz de látex foi de 14.8mM [85, 86]. O radical livre, óxido nítrico foi
obtido pela redução do nitrito de sódio (NaNO
2
) utilizando ditionito de sódio (Na
2
S
2
O
4
)
como mostra a reação abaixo (1).
*
222
422
NONONaNaNOOH
OSNa
++
+
(1)
As membranas de Látex-FeDETC foram fabricadas utilizando látex natural,
água e a solução FeDETC. A solução de FeDETC vulcaniza instantaneamente ao entrar
em contato com o látex [85, 87] , resultando em uma membrana não homogênea. Na
tentativa da obtenção de uma membrana homogênea, optamos pela diluição da solução
de látex em água, a fim de reduzir a velocidade da reação.
A solução de FeDETC foi adicionada vagarosamente à solução de látex e água
sob agitação magnética. A seguir, 3 mL da solução final obtida foi depositada em uma
placa de inox de (5,00
±
0,05) cm de diâmetro. Após a deposição, a membrana é levada
na estufa a 40º C por 24 horas para a polimerização. A seguir a membrana foi retirada
da placa de inox e recortado em retângulos de (0,70
±
0,05) por (2,6
±
0,05) cm.
41
3.4.3.1 Adição do óxido nítrico no SLC
O sistema de liberação controlada foi mergulhado na solução de óxido nítrico
(NO) por duas horas. A obtenção do NO foi mostrado na equação 1. O monitoramento
do radical livre, NO, foi feito através da espectroscopia por ressonância paramagnética
eletrônica (EPR). Os espectrômetros de EPR são classificados de acordo com a
freqüência e a modulação das microondas de trabalho. Com relação à freqüência das
microondas, os espectrômetros levam os nomes das bandas de freqüência com que
operam. O espectrômetro de Banda X opera com freqüência de microondas de
aproximadamente 9.5 GHz , o de Banda K, 24 GHz e o de Banda Q, 35 GHz. Existem
ainda comercialmente os espectrômetros de Banda L (1.5 GHz), Banda S (3.2 GHz) e
Banda W (95 GHz). As freqüências altas são utilizadas quando se pretende uma melhor
resolução do fator g. As freqüências baixas são usadas quando a resolução da interação
hiperfina é um parâmetro importante, quando a presença de água impede o uso de
freqüências mais altas, ou quando queremos realizar medidas com amostras grandes, já
que o tamanho da cavidade do espectrômetro é inversamente proporcional à freqüência
de trabalho.
Neste trabalho foi utilizado um espectrômetro VARIAN-E4 acoplado a um
amplificador Lock-in EG&G 7260, a um frequencímetro HEWLETT PACKARD
5350B e adaptado para ser controlado remotamente por um microcomputador através de
placas e cabos GPIB (figura 17).
42
[Figura 17] Espectrômetro VARIAN E4 utilizado para estudo e caracterização
do sistema liberador de NO.
O espectrômetro opera com campos magnéticos de 0,025 a 0,6 T (250 a 6000 G)
e com microondas não moduladas de freqüências de 8,8 a 9,6 GHz, sendo portanto um
espectrômetro de banda-X. Com as adaptações, o espectrômetro pode operar com
várias freqüências de modulação do campo magnético e também pode obter espectros
de ressonância magnética detectada eletricamente (EDMR). A tabela 2 mostra as
condições em que foram feitas as medidas de EPR para o SLC de NO. A temperatura
utilizada nestes experimentos foi de 300K.
43
[Tabela 2] Condições em que foram feitas as medidas de EPR para o SLC de
NO.
Parâmetro Valor
Potência das microondas 20 mW
Freqüência das microondas
9.48 GHz
Amplitude de modulação 0,4 mT
Campo Central 331,5mT
Faixa de Varredura 20 mT
Número de varredura 10
Tempo de varredura 60s
Constante de tempo 300ms
44
Capítulo IV
RESULTADOS E DISCUSSÕES
45
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Introdução
Neste capítulo, é analisada a influência da temperatura de polimerização na
morfologia da membrana de látex natural. Para isto, foi utilizada microscopia eletrônica
de varredura (MEV) e a microscopia de força atômica (AFM). Para a caracterização
química e estrutural foi utilizada análise termogravimétrica (TG) e espectroscopia no
infravermelho (FTIR).
Além disso, será apresentado o comportamento da liberação dos fármacos. Para
isto, estudamos a liberação dos seguintes fármacos na matriz de NRL.
1. BSA Albumina de Soro Bovina
2. MTZ Metronidazol
3. NO Óxido Nítrico
4.2 Testes de Resistência Mecânica
Testes biomecânicos de tração foram realizados no laboratório de materiais da
Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), em
que se determinou o grau de deformação e resistência de cada membrana antes da
implantação. Para isso, preparam-se com 44 cm de comprimento por 1,5 cm de largura e
a espessura de cada amostra foi determinada com micrometro, em que obteve-se a
média, após sete repetições para cada membrana (Tabela 3).
46
[Tabela 3] Valores médios de espessura, médias de diferentes amostras para
deformação e resistência de membranas de látex submetidas ao teste mecânico de
tração.
Membrana Espessura (mm) Deformação (mm) Resistência (kgf)
NRL 1,56 179 16,85
NRL+BSA 1,57 180 14,23
NRL+MTZ 1,56 170 12,35
Os testes de tração a que as amostras foram submetidas revelaram que a
composição influencia na deformação e resistência (Figura 18). Observamos que ao
adicionar fármacos (proteínas) ao látex natural, ocorre uma diminuição da resistência
mecânica. Este resultado era esperado, pois os fármacos estão agregados no “bulk” da
membrana de látex natural, aumento o número de ligações cruzadas. Assim, podemos
inferir que, as propriedades mecânicas dos vulcanizados são função do número e do tipo
de ligações cruzadas. Membranas oclusivas devem possuir características como que
conduzam requisitos biológicos, mecânicos e de uso clínico para servirem como barreira
contra a invasão celular indesejável, ou seja, a resistência mecânica é um fator
importante.
A Figura 18 mostra que a deformação de ruptura da membrana de NRL ocorreu
em 179 mm, enquanto para a membrana de NRL com BSA observamos que ocorreu a
ruptura em 180 mm e para a membrana de NRL com metronidazol a ruptura ocorreu em
torno de 170 mm. Em resumo, observa-se que não há mudança significativa na
resistência mecânica da membrana com a adição dos fármacos. É importante salientar,
que a espessura da amostra influencia diretamente sua resistência, sendo diretamente
proporcional, quando se compara amostras do mesmo material. Os três tipos de
47
membranas utilizadas possui o mesmo comprimento de base (44mm) e a mesma
espessura (~1,56mm). A figura 18 mostra que a força de ruptura das membranas de
NRL, NRL+BSA e NRL+MTZ foram respectivamente: 4,5MPa, 3,9MPa e 3,3MPa.
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
Força (Kgf)
Deformação (mm)
Látex Natural (NRL)
Látex Natural + BSA
Látex Natural + Metronidazol (MTZ)
[Figura 18] Deformações obtidas para as membranas de NRL, NRL+BSA e
NRL +MTZ.
O módulo de Young é definido pela equação (2):
(2)
Onde:
F= força de tração
A = área transerval do corpo de prova
?l = é o alongamento sofrido
l = é o comprimento do corpo não tracionado
48
A partir da equação 2, observamos que o módulo de Young da membrana de NRL foi
de 16,85MPa, enquanto para a membrana de NRL + BSA foi de 14,23MPa. Já em
relação a membrana de NRL com MTZ, observamos que o módulo de Young foi de
12,35MPa. De acordo com a literatura [8-9, 42, 62] o látex natural possui resistência
suficiente para aplicação biológica. Desta forma, podemos inferir que apesar das
mudanças no módulo de Young e na força de ruptura das NRL+BSA e NRL+MTZ,
estas amostras possuem resistência suficiente para aplicação como membrana oclusiva
em tíbia de coelhos.
4.3 Análise termogravimétrica (TG)
A análise termogravimétrica (TG) é uma técnica muito utilizada na
caracterização do perfil de degradação de polímeros e de outros tantos materiais. A
exposição à temperatura elevada pode, algumas vezes, alterar a estrutura química e, por
conseqüência, as propriedades físicas dos materiais. Em uma curva de TG observa-se a
inflexão devido ao processo de degradação térmica do material, o qual depende da
natureza química, ou seja, da estrutura e da extensão das forças de interação.
Seu objetivo neste trabalho foi analisar a degradação térmica dos fármacos nas
membranas de látex. A Figura 19 apresenta os termogramas de membranas de látex
natural (NRL) polimerizados à -100ºC, -10ºC, -1ºC, RT e 40ºC, obtidos em atmosfera
de nitrogênio. Uma única etapa de perda de massa é observada nos termogramas e em
todas as amostras analisadas os perfis de perda são semelhantes. A faixa de temperatura
utilizada neste experimento foi de 20ºC até 400ºC e a atmosfera utilizada foi de
nitrogênio e seu fluxo foi de 50ml/min.
49
Massa normalizada (u.a.)
Temperatura (º C) NRL polimerizado a -100ºC NRL polimerizado a -10ºC NRL polimerizado a -1ºC NRL polimerizado a RT NRL polimerizado a +40ºC
100 200 300 400 500 600
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Massa normalizada (u.a.)
Temperatura (º C)
NRL polimerizado a -100ºC
NRL polimerizado a -10ºC
NRL polimerizado a -1ºC
NRL polimerizado a RT
NRL polimerizado a +40ºC
[Figura 19] Termogramas de membranas de NRL polimerizado a diferentes
temperaturas
A Figura 20 apresenta os termogramas de membranas de látex natural (NRL)
com BSA polimerizados à -100ºC, -10ºC, -1ºC, RT, 40ºC e da BSA em pó. Observe que
o termograma da BSA em pó (linha laranja) é completamente diferente aos outros
termogramas das membranas de látex natural com BSA. Note que os termogramas das
membranas látex com BSA são semelhantes às membranas de látex sem adição de BSA
Os parâmetros como: fluxo, atmosfera e faixa de temperatura são os mesmo da Figura
19.
50
100 200 300 400 500 600
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
NRL + BSA polimerizado a -100ºC
NRL + BSA polimerizado a -10ºC
NRL + BSA polimerizado a -1ºC
NRL + BSA polimerizado a -RT
NRL + BSA polimerizado a +40ºC
somente BSA (pó)
Massa normalizada (u.a.)
Temperatura (º C)
[Figura 20] Termogramas de membranas de NRL + BSA polimerizado a
diferentes temperaturas e da BSA em pó.
A Figura 21 apresenta os termogramas de membranas de látex natural (NRL)
com MTZ polimerizados à -100ºC, -10ºC, -1ºC, RT , 40ºC e do MTZ em pó. Observe
que apenas o termograma do metronidazol (MTZ) em pó (linha rosa) é diferente aos
termogramas das membranas de látex natural com MTZ. Os termogramas mostrados da
Figura 21, foram obtidos em atmosfera de nitrogênio com fluxo de 50ml/min e a faixa
de temperatura de 20ºC a 600ºC.
51
0 100 200 300 400 500 600
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
NRL + MTZ polimerizado a -100ºC
NRL + MTZ polimerizado a -10ºC
apenas Metronidazol (pó)
NRL + MTZ polimerizado a -1ºC
NRL + MTZ polimerizado a -RT
NRL + MTZ polimerizado a +40ºC
Massa normalizada (u.a.)
Temperatura (º C)
[Figura 21] Termogramas de membranas de NRL + MTZ polimerizado a
diferentes temperaturas e da MTZ em pó.
A variação da temperatura de polimerização do látex natural não acarreta
mudanças nos termogramas das membranas de NRL. Tal fato, pôde ser observado para
as membranas de NRL +BSA e para as membranas de NRL + MTZ. As faixas de
temperatura de perda de massa mostram que a maior parte do polímero se decompõe em
uma única etapa, associada com a formação de produtos voláteis. O ombro observado
nas curvas de dm/dT, em torno de 350ºC, de todas as amostras é associado à
decomposição mais lenta de cadeias poliméricas ou resíduos poliméricos altamente
reticulados, freqüentemente observado em curvas de TG de borracha natural [ 88].
A Figura 22 mostra os termogramas das membranas de NRL, membranas de
NRL+BSA e membranas de NRL+MTZ. Podemos observar que apesar da BSA em pó e
o metronidazol (MTZ) em pó possuem termogramas totalmente distintos do NRL.
52
Quando estas substâncias são adicionadas ao látex, não observamos mudanças entre os
termogramas do NRL, NRL+BSA e NRL+MTZ.
1002003000,00,20,4
Massa normalizada (u.a.)
Temperatura (º C)somente NRL NRL + MTZ NRL + BSA somente BSA somente MTZ
100 200 300 400 500 600
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Massa normalizada (u.a.)
Temperatura (º C)
somente NRL
NRL + MTZ
NRL + BSA
somente BSA
somente MTZ
[Figura 22] Comparação entre os termogramas das membranas de NRL, NRL+
BSA, NRL + MTZ e entre a BSA e MTZ. Note que não se encontra nenhuma diferença
entre as membranas de NRL, NRL +BSA e NRL+MTZ.
Os resultados obtidos mostram que as amostras apresentam a mesma
estabilidade térmica quando em atmosfera de nitrogênio, exceto as amostras de BSA e
de MTZ que têm comportamentos térmicos distintos nesta atmosfera. Um fato curioso,
é que ao agregar o BSA ou MTZ ao NRL, imaginávamos encontrar termogramas
diferentes ao da membrana de NRL, pois estamos misturando substâncias diferentes a
matriz de látex. Assim, com está técnica não foi possível mostrar a interação do fármaco
com a matriz de látex natural. Desse modo, foi necessário utilizar a espectroscopia no
infravermelho (FTIR) para entender como está ocorrendo a interação das proteínas
(fármacos) com a membrana de látex natural.
53
4.4 Espectroscopia no infravermelho (FTIR)
O objetivo da espectroscopia de absorção no infravermelho é a determinação dos
grupos funcionais de um dado material. Cada grupo absorve em freqüência
característica de radiação na região do infravermelho. Assim, um gráfico de intensidade
de radiação versus freqüência, o espectrograma de infravermelho, permite caracterizar
os grupos funcionais de um padrão ou de um material desconhecido.
A Figura 23 apresenta os espectros de espectroscopia no infravermelho por
transformada de Fourier (IFTR) usando o modo de refletância total atenuada (ATR)
obtidos do látex natural na região de 500-4000 cm
-1
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
O-H
N-H
C = O
Amida II
Amida I
U.A.
Número de Onda/cm
-1
Látex natural
[Figura 23] Espectros de FTIR do látex natural.
As bandas de absorção relativas dos principais modos vibracionais do cis 1,4-
poliisopreno estão na Tabela 4. Os espectros de FTIR de todas as frações Sol e Gel
54
apresentam as aberrações características do cis 1,4-poli-isopreno, sendo as mais
significativas em 835, 1092, 1127, 1375, 1448, 1663, 2912, 2926 e 2961 cm
-1
.
[Tabela 4] Bandas de absorção relativas dos principais modos vibracionais do
cis 1,4-poliisopreno.
55
Os espectros de FTIR das membranas de látex natural (NRL), membranas de
NRL + BSA e membranas de NRL + MTZ apresentam todas as absorções
características do cis 1,4-poli-isopreno, sendo as mais significativas em 835, 1092,
1127, 1375, 1448, 1663, 2912, 2926 e 2961 cm
-1
. As regiões de maior interesse para
esta discussão são: 3280-3400 cm
-1
e principalmente 1750-1500 cm
-1
. Na primeira
região pode-se obter informação sobre a existência de material protéico e/ou contendo
grupos oxigenados capazes de formar pontes de hidrogênio através de ligações N-H e
O-H. Na segunda há absorbâncias que permitem avaliar a presença de grupos funcionais
devido à presença de grupos carbonílicos como ésteres, aldeídos, cetonas, ácidos
carboxílicos e amidas.
A técnica de espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier é
empregada neste trabalho para compreender a interação dos fármacos na matriz de látex
natural. Além disso, a partir desta técnica podemos observar se a variação temperatura
de polimerização da membrana influencia no aparecimento de outras bandas. A Figura
24 apresenta os espectros de FTIR obtidos das membranas de NRL polimerizados à -
100ºC, -10ºC, -1ºC, temperatura ambiente (27ºC) e + 40ºC. Observe que com a variação
da temperatura de polimerização não houve mudanças significativas nos espectros de
IFTR.
56
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
U.A.
Número de Onda/cm
-1
NRL polimerizado à -100ºC
NRL polimerizado à -4ºC
NRL polimerizado à -1ºC
NRL polimerizado à RT
NRL polimerizado à +40ºC
U.A.
Número de Onda/cm
[Figura 24] Espectros de FTIR de membranas de NRL polimerizadas a
diferentes temperaturas.
A Figura 25 apresenta os espectros de FTIR obtidos das membranas de NRL +
BSA polimerizada a -100ºC, -10ºC, -1ºC, temperatura ambiente (27ºC) e + 40ºC.
Observamos significativas mudanças na banda de 3450 cm
-1
. Notamos que para
membranas de NRL + BSA polimerizadas a -100ºC houve o aparecimento de novas
bandas em 2150 e 2250 cm
-1
. Infere-se que isto ocorreu devido a desnaturação da BSA
decorrente a temperatura.
57
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
U.A.
Número de Onda/cm
-1
NRL + BSA (10mg/ml) polimerizado à -100ºC
NRL + BSA (10mg/ml) polimerizado à -4ºC
NRL + BSA (10mg/ml) polimerizado à -1ºC
NRL + BSA (10mg/ml) polimerizado à -RT
NRL + BSA (10mg/ml) polimerizado à +40ºC
U.A.
Número de Onda/cm
[Figura 25] Espectros de FTIR de membranas de NRL + BSA polimerizadas a
diferentes temperaturas.
A Figura 26 apresenta os espectros de FTIR obtidos das membranas de NRL +
MTZ polimerizada a -100ºC, -10ºC, -1ºC, temperatura ambiente (27ºC) e + 40ºC.
Observamos grandes mudanças na banda de 3450-3500 cm
-1
. Notamos que para
membranas de NRL + MTZ polimerizadas a RT e a +40ºC possuem a banda em 3500
cm
-1
na mesma magnitude do que a banda de 2900cm
-1
.
U.A.
Número de Onda/cm
58
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
0,00
0,04
0,08
0,12
0,16
0,20
0,24
U.A.
Número de Onda/cm
-1
Látex + MTZ (10mg/ml) polimerizado à -100ºC
Látex + MTZ (10mg/ml) polimerizado à -4ºC
Látex + MTZ (10mg/ml) polimerizado à -1ºC
Látex + MTZ (10mg/ml) polimerizado à RT
Látex + MTZ (10mg/ml) polimerizado à +40ºC
[Figura 26] Espectros de FTIR de membranas de NRL+ MTZ polimerizadas a
diferentes temperaturas.
A Figura 27 mostra que o espectro da BSA em pó (linha rosa) possui bandas
características em 1500 e 1700 cm
-1
, enquanto que a membrana de látex natural (NRL)
apresenta uma banda característica em 2950 cm
-1
. Observamos que os espectros das
membranas de NRL e membrana de NRL +BSA possuem bandas muito semelhantes.
Com as técnicas de espectroscopia no infravermelho (FTIR) não é possível dizer se a
BSA está incorporada na matriz do látex natural, pois as bandas das amidas I, amidas II,
C=O, N-H e O-H (ver figura 23) são coincidentes, ou seja, não houve alteração na
intensidade relativa.
U.A.
Número de Onda/cm
59
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
U.A.
Número de Onda/cm
-1
Látex Natural
Látex + 10mg/ml de BSA
BSA pó
BSA pó2
[Figura 27] Espectros de FTIR de membranas de NRL , membranas de NRL+
BSA e BSA em pó.
A Figura 28 mostra que o espectro do MTZ em pó (linha preta) possui bandas
características em 3100 e 3250 cm
-1
, enquanto que a membrana de látex natural (NRL)
apresenta uma banda característica em 2900-2950 cm
-1
. Notamos que as bandas da
membrana de NRL entre 500 e 1500 cm
-1
são completamente diferentes tanto na forma
quanto na magnitude. Um fato curioso, é que os espectros das membranas de NRL +
MTZ e das membranas de NRL são muito semelhantes, isto leva a concluir que as
análises por espectroscopia no infravermelho (FTIR) não mostra a interação do MTZ
nas membranas de látex natural.
U.A.
Número de Onda/cm
60
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
U.A.
Número de Onda/cm
-1
apenas MTZ em pó
Látex Natural
Látex + MTZ(10 mg/ml)
[Figura 28] Espectros de FTIR de membranas de NRL , membranas de NRL+
MTZ e MTZ em pó.
Os espectros das Figuras 24 a 27 (exceto BSA em pó e o MTZ em pó)
mostraram que todas as amostras apresentam absorbância na região de 3295 cm
-1
,
característica de pontes de hidrogênio em proteínas. Os espectros de todas as amostras
das figuras 24 a 27 (exceto BSA em pó e o MTZ em pó) na região de 1750-1500 cm
-1
apresentam absorções nas regiões de 1738 e 1548 cm
-1
, atribuídas a compostos
carbonílicos (ésteres, cetonas, aldeídos) e proteínas, de acordo com as atribuições na
Tabela 4.
4.5 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)
Esta técnica é uma técnica muito versátil usada rotineiramente para análise
micro estrutural de materiais sólidos [89, 90]. O principal objetivo da técnica de
61
microscopia eletrônica de varredura foi analisar a morfologia da membrana, ou seja, o
tamanho e a distribuição de poros.
Segundo Lloyd et al, Matsuyama et al e Yave et al [87, 91-94], separação de
fase induzida termicamente (TIPS) é um método para fazer membranas microporosas.
Para a otimização das membranas de NRL, decidimos variar a temperatura do látex
natural durante a polimerização como controle de poros das membranas. Desta forma,
preparamos membranas de NRL em 5 diferentes temperaturas de polimerização: -100º, -
10ºC, -1ºC, Room TemperatureRT (27ºC) e + 40ºC. A Figura 29 mostra as imagens de
MEV destas cinco amostras.
a-) b-)
62
c-) d-)
[Figura 29] Imagens de MEV das membranas de NRL: a-) polimerizado a -
100ºC, b-) polimerizado a -10ºC, c-) polimerizado a -1ºC e d-) polimerizada a RT.
Vale ressaltar que a imagem de MEV para membrana de NRL polimerizado a +
40ºC não foi mostrada porque esta amostra não apresentou poros, ou seja, a morfologia
desta membrana é similar a membrana polimerizada a RT.
A morfologia das membranas de látex natural com BSA também foi analisada. A
Figura 30 mostra as imagens de MEV das membranas de NRL + BSA polimerizadas:
a)-100º, b-)-10ºC, c-) -1ºC, d-) RT.
a-) b-)
c) d)
63
[Figura 30] Imagens de MEV das membranas de NRL + BSA: a-) polimerizado
a -100ºC, b-) polimerizado a -10ºC, c-) polimerizado a -1ºC e d-) polimerizada a RT.
Para finalizar a conclusão as análises morfológicas das membranas de látex
natural, foram feitas imagens de microscopia eletrônica de varredura para membranas
de NRL + metronidazol (MTZ). A Figura 31 mostra as imagens de MEV das
membranas de NRL + MTZ polimerizadas: a)-100º, b)-10ºC, c) -1ºC, d) RT, e) 40ºC.
a-) b-)
64
c-) d-)
e-)
[Figura 31] Imagens de MEV das membranas de NRL + BSA: a-) polimerizado
a -100ºC, b-) polimerizado a -10ºC, c-) polimerizado a -1ºC e d-) polimerizada a RT,
polimerizado a +40ºC.
Nas Figuras 29-31, a formação da estrutura porosa da membrana ocorre devido
ao congelamento rápido das moléculas de água presentes na solução de látex natural
seguido por sua eliminação durante o aquecimento na estufa. Na Figura 30, onde a BSA
65
está agregada ao látex natural pode-se observar uma maior densidade de poros. Isto
ocorre devido a presença da BSA na superfície da membrana de látex. Tal fato também
foi observado na Figura 31 onde membranas de látex natural com MTZ também
apresentam maiores densidade de poros. O mecanismo de eliminação da água e
consequentemente a formação de poros leva a variação da entrega de fármacos pela
membrana de NRL. Este tópico será discutido em seções posteriores (4.7 - 4.8).
4.6 Microscopia de força atômica (AFM)
O principal objetivo do experimento de microscopia de força atômica (AFM) nas
membranas de látex natural neste trabalho é analisar a disposição dos grãos de albumina
(BSA) e metronidazol (MTZ) no material, o tamanho e a distribuição dos poros no
material, o tipo de cadeia polimérica na matriz de látex natural e a rugosidade das
membranas em função do tratamento térmico [95, 96]. Entretanto, com o alto grau de
rugosidade, não foi possível analisar a disposição dos grãos de BSA e MTZ pela técnica
de microscopia de força atômica, pois devido a este tipo de topografia, o oscilador não
consegue varrer toda a superfície da amostra. Observe que a amostra foi totalmente
danificada pela sonda (oscilador). Tal fato pode ser verificado na Figura 32.
66
a-) b-)
[Figura 32] Imagens tridimensionais de AFM (topografia) do SLC de BSA: Note
que a oscilador (sonda) não conseguir varrer corretamente a amostra devido a
rugosidade.
Devido a estas limitações, nos preocupamos em analisar apenas as mudanças na
matriz de látex natural em função do tratamento térmico. Vale ressaltar que imagens de
AFM das membranas de NRL polimerizadas a -1ºC, -10 ºC e -100ºC apresentaram
perfis semelhantes. A Figura 33 mostra imagens de AFM das membranas de NRL
polimerizado a -10ºC. Nesta figura, podemos que o SLC não é liso. É possível observar
a morfologia da membrana, ou seja, a distribuição e os tamanhos dos poros. A Figura
33.b mostram regiões mais altas e depressões, com um desnível máximo de 566,12nm.
67
a-) b-)
[Figura 33] Imagens de AFM das membranas de NRL polimerizadas a -10ºC
As membranas de NRL polimerizada a RT (room temperature) não apresentou
topografia semelhante às membranas polimerizadas a 1ºC, -10 ºC e -100ºC.
Comparando as imagens verifica-se que as membranas polimerizadas a RT não
apresentaram regiões altas e depressões. Observamos com nitidez a estrutura das
cadeias poliméricas do látex natural. Note que as cadeias são cruzadas (cross-linking).
Tal fato será discutido na seção 4.7, e esta característica é muito importante para à
liberação de BSA pela matriz de látex natural. A Figura 34 mostra imagens de AFM das
membranas de NRL polimerizado a temperatura ambiente (RT).
566.12
[nm]
0.00
10.00 um 25.00 x 25.00 um
latex +10
68
a-) b-)
[Figura 34] Imagens de AFM das membranas de NRL polimerizado a RT.
As membranas de NRL polimerizada a 40ºC apresentaram topografias
semelhantes às membranas polimerizadas a RT, ou seja, não observamos depressões e
regiões altas. Também é possível observar a estrutura das cadeias poliméricas,
entretanto, sem a mesma nitidez do que as membranas polimerizadas a RT.
Um fato interessante é que as membranas polimerizadas a -1ºC apresentam
poros maiores e profundos. Observou-se também que as regiões mais altas e depressões
apresentaram um desnível da ordem de 694,31nm. Portanto, a superfície mole do látex
natural foi um pouco danificada pela sonda.
A técnica de AFM não é satisfatória para membranas poliméricas com poros
com grande profundidade. Entretanto, apesar do tamanho e densidade de poros
influenciarem na liberação de fármacos (resultados mostrados na seção 4.5), a liberação
de BSA será influenciada pelo tipo da cadeia polimérica do látex natural (seção 4.7).
3.66
[um]
0.00
20.00 um 50.00 x 50.00 um
latex ambiente
69
Em resumo, apesar da técnica de AFM e MEV estudarem a morfologia da
membrana de látex, apenas a técnica de AFM consegue mostrar as estrutura polimérica
da matriz de látex, ou seja, cadeia linear, cadeia ramificada e cadeia cruzada.
70
SISTEMA DE LIBERAÇÃO
CONTROLADA (SLC) USANDO A
BSA COMO MODELO DE DROGA
71
4.7 Liberação da BSA
A liberação controlada de fármacos é um tópico importante para várias
iniciativas em nanotecnologia devido ao possível impacto para a sociedade, com a
criação de sistemas otimizados que garantam a liberação num sítio específico e a uma
taxa controlada. Dentre os vários paradigmas de liberação controlada destaca-se o uso
de sistemas liberadores de drogas sustentado em materiais poliméricos [57]. A partir
destas informações, decidiu-se empregar o látex como sistema liberador de fármacos.
Inicialmente, uma solução de BSA foi misturada a uma solução de látex natural. Depois
de polimerizada, esta membrana foi colocada em um recipiente com solução aquosa e
caracterizou-se a liberação de BSA pela membrana de látex natural.
4.7.1 Caracterização da liberação de substâncias pelas
membranas de látex natural
De acordo com a literatura [95,96], o tamanho dos poros da membrana de látex
varia com a temperatura de polimerização da membrana. Membranas confeccionadas a
diferentes temperaturas foram colocadas em solução aquosa (para simular um meio
biológico) aonde é possível observar que a temperatura de polimerização do látex
influencia na liberação da BSA no sistema. Isto ocorre devido ao tamanho dos poros da
membrana de látex. Na Figura 29 (seção 4.6), é observado as diferenças nos tamanhos
dos poros para membranas de NRL confeccionadas a diferentes temperaturas.
A Figura 35 mostra as absorções das membranas de NRL e NRL+BSA em
função do tempo. Note que estas absorções são das substâncias liberadas pelas
membranas de látex puro sem BSA e pela membrana de látex com BSA. A
caracterização da liberação do sistema foi realizada empregando o Método Lowry-
Modificado. Como mostrado, a membrana de NRL age como um sistema liberador de
72
proteínas e a liberação destas substâncias é gradativa. Pode-se observar que no início a
absorção é zero pois não ocorre liberação de proteínas. Na medida que o tempo aumenta
inicia-se a liberação da proteína até atingir a saturação da absorbância. Isto ocorre
porque o sistema entra em equilíbrio. A Figura 35.a, 35.b e 35.c mostra a liberação das
proteínas e a saturação das membranas preparadas com diferentes temperaturas de
polimerização. Note que além de diferentes pontos de saturação, as membranas de NRL
possuem taxas de liberação distintas. Tal fato ocorre devido ao tamanho dos poros.
a-) b-)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
0,00
0,04
0,08
0,12
0,16
Membrana de Látex + BSA a RT
Membrana de Látex a RT
Absorbância
Tempo (horas)
0 50 100 150 200 250 300 350
0,04
0,08
0,12
0,16
Membrana de Látex + BSA a -1ºC
Membrana de Látex a -1ºC
Absorbância
Tempo (horas)
73
c-)
[Figura 35] Curvas de liberação de substâncias pela membrana de NRL e da
BSA pelas membranas de NRL+BSA polimerizados a diferentes temperaturas: a-) RT,
b-) -1ºC e c-) -10ºC.
Os dados experimentais da Figura 35 que representam a liberação de substâncias
pela membrana de NRL e a liberação de BSA pela membrana de NRL+BSA foram
ajustados utilizando o aplicativo Origin Lab. O modelo da curva de ajuste obtido que
apresentou melhor ajuste com os dados experimentais (menor valor de
2
χ
) foi
b
taA .=
. Nesta expressão A refere-se a absorbância obtida pelo método de Lowry
Modificado e t representa o tempo de liberação de proteínas em horas,
a
e b são
constantes a serem determinadas. Os valores encontrados para os parâmetros
a
e b de
cada curva estão dispostos na Tabela 5.
0 50 100 150 200 250 300 350 400
0,04
0,08
0,12
0,16
0,20
0,24
Membrana de Látex + BSA a -10ºC
Membrana de Látex a -10ºC
Absorbância
Tempo (horas)
74
[Tabela 5] Valores dos parâmetros da curva
a b
reduzido
BSA -1ºC
0,090 ± 0,004 0,114 ± 0,009 0,00005 0,948
Latex -1ºC
0,054 ± 0,003 0,145 ± 0,011 0,00002 0,962
BSA Ambiente
0,050 ± 0,005 0,200 ± 0,020 0,00021 0,913
Latex Ambiente
0,024 ± 0,003 0,218 ± 0,027 0,00005 0,936
BSA -10ºC
0,110 ± 0,003 0,128 ± 0,005 0,00002 0,986
Latex -10ºC
0,041 ± 0,003 0,203 ± 0,014 0,00005 0,946
χ
2
R
Subtraindo a curva da membrana de látex+BSA pela curva da membrana de
látex puro encontramos a absorbância correspondente a liberação da BSA porque tanto
as substâncias presentes na membrana de látex puro(NRL) quanto a BSA absorvem em
280nm.
Deste modo, subtraindo a curva de NRL+BSA pela curva de NRL (látex puro)
(A
proteína
= A
NRL+BSA
A
NRL
) encontra-se as seguintes curvas de liberação de BSA para
as membranas de NRL preparadas às temperaturas -10º C, -1º C e RT. A Figura 36 é
construída utilizando as curvas de liberação de proteínas (Figura 35.a, 35.b, 35.c) e a
curva de calibração de concentração de BSA versus absorbância (Figura 15). Através da
curva de calibração pôde-se transformar o eixo vertical de absorbância para
concentração de BSA (mg/ml) liberada em função do tempo.
b
taA .=
75
0 100 200 300 400
0,00
0,02
0,04
0,06
Liberação de BSA
Temperatura ambiente (RT)
Temperatura de - 10ºC
Temperatura de - 1ºC
concentração de BSA (mg/ml)
tempo (horas)
[Figura 36] Liberação de BSA pela membrana de NRL preparadas sob diferentes
temperaturas.
A Figura 36 mostrou que foram diferentes as doses de BSA liberadas pelas
membranas preparadas sob diferentes temperaturas de polimerização. A membrana de
NRL+BSA que apresentou maior dose de liberação de BSA foi a preparado a RT que as
polimerizadas a -1ºC e -10ºC. Pode se notar que após um intervalo de tempo
relativamente curto (75 horas) a taxa de liberação de proteínas tende a uma constante.
Observa-se também que concentração de BSA aumenta assintoticamente para todas as
amostras. A quantidade liberada de BSA pelas 3 membranas foi calculada integrando as
curvas da Figura 36 até 285 horas. Deste modo, o total de BSA liberada em 285 horas
foi: 13.24mg (44.1% da BSA usado na confecção da membrana) para membrana
polimerizada a RT, 3,73mg (12.4%) para membrana polimerizada a -1ºC e 7,52mg
(25.1%)-para membrana polimerizada a -10ºC. Depois de 18 dias, a membrana
polimerizada a RT liberou 20.54mg de BSA, ou seja, 68.4% da quantidade incorporada
durante a polimerização.
76
A Figura 37 apresenta a taxa de liberação BSA próximo ao ponto de saturação.
As três membranas alcançaram a saturação em diferentes concentrações, ou seja, a
quantidade total de BSA liberada pelas membranas depende da temperatura de
polimerização do látex.
0 50 100 150 200 250 300 350 400
0,0000
0,0004
0,0008
0,0012
0,0016
Temperatura Ambiente (RT)
Temperatura de - 10º C
Temperatura de - 1º C
Taxa de liberação de BSA das membranas de NRL
dA/dt
tempo (horas)
[Figura 37] Taxa de liberação de BSA das membranas de NRL preparadas sob
diferentes temperaturas.
Em resumo, de acordo com o trabalho de Woo et al [97], o melhor sistema
liberador de proteínas utilizando a matriz de ácido poligaláctico biodegradável é aquele
que mantenha a liberação por 40 dias porque para um eficaz sistema de liberação de
fármaco é necessário que ele seja liberado por períodos prolongados de tempos e com
doses apropriadas.
A Figura 36 mostrou que a membrana de NRL preparada a RT retém a liberação
de proteínas por cerca de 18 dias. Sendo assim, seguindo os resultados de Woo et al
[97], talvez seja necessário diminuir a dimensão dos poros das membranas de NRL para
reter a liberação de proteínas por mais dias. Isso pode ser feito através da adição de
77
enxofre a membrana de NRL que promoverá a ligação intercadeias do polímero de látex
natural. Entretanto, é necessário salientar que apesar da morfologia da membrana
(densidade e tamanho dos poros) ser importante para liberação da BSA, o fator mais
importante para liberação de BSA nas membranas de látex natural é o tipo de cadeia. Na
seção 4.6 observou-se que a cadeia polimérica é linear para membranas polimerizadas a
RT. Membranas polimerizadas a outras temperaturas, o tipo de cadeia é cruzada (cross-
link). Por não se cruzada, a BSA incorporada nas membranas polimerizadas a RT tem
mais liberdade para sair da matriz polimérica.
78
SISTEMA DE LIBERAÇÃO
CONTROLADA (SLC) USANDO O
METRONIDAZOL (MTZ) COMO
MODELO DE DROGA
79
4.8 Liberação do Metronidazol (MTZ)
A liberação de metronidazol (MTZ) é realizada na periodontia para o tratamento
de alguns tipos de infecções. O termo “doença periodontal” traduz uma série de
condições patológicas que acometem as estruturas do periodonto de proteção e ou
sustentação. Como a doença periodontal está envolvida com um complexo bacteriano,
diferentes bactérias têm sido associadas ao estado de saúde periodontal, gengivite e
diversos tipos de periodontites [6-8].
Uma nova alternativa no tratamento de doenças periodontais foi desenvolvida
misturando as soluções de MTZ e de látex natural. Para realizar o teste de liberação do
metronidazol (MTZ), as membranas de látex natural com MTZ foram colocadas em
200ml de solução aquosa com 0,05% de azida de sódio (antifungicida) [98]. Alíquotas
dessa solução aquosa foram coletadas em diferentes intervalos de tempo (0 a 450 horas).
Para quantificar o MTZ liberado pela membrana de látex em solução aquosa aplicou-se
o método UV-VIS nessas alíquotas. Em seguida, construiu-se a curva de absorbância
versus tempo.
Para relacionar a absorbância com a concentração do MTZ liberado pelas
membranas de látex, foi construída uma curva de calibração através do método UV-VIS
para soluções de MTZ a concentrações de 0,3 a 30 µg/ml. Como já mencionado, a idéia
de utilizar o MTZ como drug-delivery é para evitar reações inflamatórias do látex, caso
ocorra e no tratamento de doenças periodontais. A Figura 38 mostra a construção da
curva de calibração através da espectroscopia UV-VIS para soluções de MTZ com
concentrações de 0,3 a 25 µg/mL.
80
a-)
b-)
[Figura 38] Curva de calibração do Metronidazol (MTZ).
A Figura 38.a mostra que com o aumento da concentração de MTZ se tem uma
maior absorção. A Figura 38.b será utilizada na seção 4.8.1, pois no gráfico da absorção
200 300 400 500 600 700 800
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Absorbância (u.a.)
Comprimento de Onda(nm)
0,3125umg/ml
0,625umg/ml
------- 1,25umg/ml
------- 2,5 umg/ml
------- 5umg/ml
------- 10umg/ml
------- 20umg/ml
------- 25umg/ml
0 5 10 15 20 25 30
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
Absorbância (u.a.)
Concentração (µg/ml)
Curva de Calibração do Metronidazol
MTZ absorve em
330nm
81
do MTZ liberado pela membrana de látex em função do tempo (Figura 40), pode-se
transformar o eixo vertical de absorbância para concentração de MTZ (mg/ml).
4.8.1 Caracterização da liberação de MTZ pelas membranas
de NRL
A morfologia da membrana de látex natural influência na liberação de proteínas.
O tamanho e a densidade de poros na membrana de NRL controlam a taxa de liberação
de proteínas.
Na seção 4.5, observou-se que a membrana de NRL + MTZ polimerizada a RT
(Figura 31.d) não possui poros. Entretanto, observou-se poros nas membranas de
NRL+MTZ polimerizadas a -100ºC e -1ºC. Na figura 31, observou-se que a densidade
de poros é maior para temperatura baixas. Tamanho de poros sem uma forma definida e
com média de diâmetros de 2,1 µm são observados com membranas de NRL+MTZ
polimerizadas a -100ºC, enquanto para as membranas polimerizadas a -1ºC mostra
poros menores e com menor densidade, onde seus tamanhos são em torno de 1,09 µm.
A Figura 39 mostra a caracterização da liberação de MTZ pelo SLC em solução
aquosa. A Figura foi construída pela absorção do MTZ liberado pela matriz de látex em
função do tempo. Note que a liberação é para o SLC preparado a -100ºC, aonde temos a
maior densidade de poros. Pode-se notar que a membrana de látex natural age como um
sistema de liberação controlada de MTZ e sua liberação é gradativa.
82
a-)
b-)
[Figura 39] a-) Espectro de MTZ em função do tempo, b-) Curva de liberação
do MTZ em funçãodo tempo.
A Figura 40 mostra a curva de liberação do MTZ em função do tempo para
amostras preparadas a diferentes temperaturas (-100ºC, -10ºC, RT e 40ºC). Observe que
o SLC de MTZ polimerizado à -100ºC é o que possui a maior taxa de liberação. Isto
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
Início
15 minutos
30 minutos
60 minutos
120 minutos
180 minutos
240 minutos
300 minutos
360 minutos
420 minutos
3480 minutos
4260 minutos
7140 minutos
8640 minutos
Absorbância (u.a.)
Comprimento de Onda (nm)
lâmpada
0 50 100 150 200 250 300
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
Absorbância (u.a.)
Tempo (horas)
83
ocorre devido a densidade e ao tamanho dos poros da membrana de NRL. Observamos
também que os SLC de MTZ polimerizados a -100º, -1º, RT e 40ºC possuem pontos de
saturação diferentes. Os dados experimentais da Figura 40 foram fitados usando a
função de decaimento exponencial 2, ExpDec2 que é mostrada por está
função . O aplicativo OriginLab foi utilizado para fitar esta
função.
0 50 100 150 200 250 300
0,10
0,15
0,20
0,25
Membrana de NRL + MTZ polimerizado a -100ºC
Membrana de NRL + MTZ polimerizado a -10ºC
Membrana de NRL + MTZ polimerizado a RT
Membrana de NRL + MTZ polimerizado a 40ºC
Absorbância (u.a.)
Tempo (horas)
[Figura 40] Liberação de MTZ pela membrana de NRL preparadas sob
diferentes temperaturas.
Utilizando a curva de calibração do MTZ (Figura 38) e a taxa de liberação de
MTZ em função da absorbância (Figura 40), é possível calcular a quantidade exata do
MTZ liberado pelas 3 membranas. Para isto, integramos as curvas da Figura 40 até 310
horas. Deste modo, o total de MTZ liberado em 310 horas foi: 15,41mg (77,1% do MTZ
usado na confecção da membrana) para membrana polimerizada a -100ºC, 11,86mg
(59,00%) para membrana polimerizada a -10ºC, 10,63mg (53,15%) para membrana
84
polimerizada a RT e 9,40mg (47,02%) para membranas polimerizadas a 40ºC
respectivamente.
Em resumo, observa-se que a mudança na temperatura de polimerização da
membrana de látex natural afeta na liberação do MTZ. Ao misturar as soluções de MTZ
látex, elas são resfriadas a baixas temperaturas fazendo que as moléculas de água
presentes se transformem em cristais de água. Ao aquecer esta solução congelada, os
cristais de água evaporam criando poros na membrana de látex natural. Nota-se que
congelamento a temperatura muito baixa, gera uma grande densidade de poros. O SLC
proposto libera o MTZ por até 350 horas, demonstrando ser um excelente sistema
liberador de fármacos. Este sistema é bem versátil pois dependendo das característica do
paciente é possível ter uma liberação mais lenta (como o SLC preparado a temperatura
de 40ºC) ou uma liberação mais rápida (para o SLC preparado a -100ºC).
85
SISTEMA DE LIBERAÇÃO
CONTROLADA (SLC) DE OXIDO
NITRICO (NO)
86
4.9 Liberação do Óxido Nítrico (NO)
Nas seções 4.7 e 4.8, os fármacos (BSA e MTZ) incorporados na matriz
polimérica de látex natural (NRL) foram monitorados utilizando espectroscopia ótica
(Método de Lowry e UV/VIS). Entretanto, para a molécula de NO, sua taxa de liberação
foi monitorada e detectada através da ressonância paramagnética eletrônica (EPR). Foi
comparada a taxa de liberação de NO pelo sistema de liberarão controlada (SLC)
exposto ao ar e em solução aquosa. Em solução, o SLC de NO é usado para simular um
processo in vivo. Com o propósito de determinar a quantidade de óxido nítrico (NO)
contido em cada membrana de NRL é realizado a construção de uma curva de
calibração: Fe(NO)DETC
2
versus concentração de NO. Para isto, foram preparadas
várias soluções com concentrações diferentes e conhecidas de NO. As concentrações
das substâncias utilizadas são mostradas na Tabela 6.
[Tabela 6] Amostras para elaboração da curva de calibração
Concentração final das substâncias na amostra
Substância
Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4 Amostra 5
FeCl
3
.6H2O
14,8 mM 14,8 mM 14,4 mM 14,4 mM 14,4 mM
Na
2
S
2
O
4
0,55M 0,55M 0,55M 0,55M 0,55M
DETC 33,8 mM 33,8 mM 33,8 mM 33,8 mM 33,8 mM
[NO] 1mM 2,5mM 5mM 6.25mM 10mM
Para o registro do espectro de EPR, as soluções de Fe(NO)DETC
2
com
diferentes concentrações foram colocadas em uma flat cell, que é um suporte que
permite a realização de medida de EPR em líquidos, o volume deste dispositivo é de
150
µ
L. A relação entre o tamanho do sinal e a concentração de NO foi obtida
87
medindo-se a amplitude pico a pico do sinal. A Figura 41 mostra a curva de calibração
com várias concentrações de NO em solução.
0 2 4 6 8 10
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
1.6
1.8
330 336 342
h
Sinal de EPR (U.A.)
Campo magnético (mT)
Sinal de EPR (u.a)
Concentração de NO (mM)
[Figura 41] Curva de calibração
x
Y
).
01
,
0
17
,
0
05
,
0
06
,
0
±
+
±
=
, onde Y é a
amplitude do espectro EPR e
x
é a concentração da solução de NO.
Convencionalmente, utiliza-se tubos de quartzo cilíndricos, de diâmetro interno
de 3 a 4 mm para acondicionar as amostras para o registro dos espectros de EPR, porém
com o intuito de se preservar o SLC(membrana de látex +FeDETC) em sua forma
original para uma seqüência de experimentos, os SLC foram recortados em forma de
retângulos e colocados sobre uma flat cell (Figura 42). Tal procedimento foi realizado
para evitar que o sistema de liberação controlada de NO sofresse deformações ao ser
enrolado e desenrolado quando inserido dentro do tubo cilíndrico.
88
[Figura 42] SLC retangular sobre uma flat cell.
As membranas de látex-FEDETC foram mantidas em temperatura ambiente
(RT), em contato com ar. As medidas de EPR em função do tempo foram feitas com o
intuito de quantificar a concentração de NO presente no SLC. Desta forma, caracteriza-
se o uso destas membranas como sistema de liberação controlada de droga.
A associação da intensidade do sinal de EPR com a quantidade de NO pode ser
obtida de duas formas: medindo-se a altura do sinal, como na Figura 43.a; ou medindo-
se a área da curva obtida entre a linha de base e o sinal, como na Figura 43.b.
a-) b-)
[Figura 43] Métodos de obtenção da intensidade do sinal de EPR: (a) pela
amplitude do sinal, e (b) pela área obtida do próprio sinal.
Em nosso trabalho a intensidade do sinal será determinada pelo método 1, pois
estamos estudando apenas uma espécie paramagnética na qual não observamos
330 336 342
Sinal de EPR (U.A.)
Campo magnético (mT)
330 336 342
h
Sinal de EPR (U.A.)
Campo magnético (mT)
89
nenhuma mudança significativa na forma de linha nos vários espectros analisados.
Além de evitar os erros induzidos pela linha de base na determinação da área sob a
curva
4.9.1 Espectro do Sistema de Liberação Controlada (SLC) de
NO
O espectro típico de EPR do SLC de NO usando uma flat cell, pode ser
observado na Figura 44. Através da curva de calibração, comparamos o espectro inicial
do SLC de NO e podemos notar que com esta metodologia de preparo de amostras, o
espectro inicial obtido corresponde a solução FeDETC-NO com concentração
correspondente a (0,24
±
0,06 ) mM. Sabendo que o volume da flat cell é 150µL e que
a área da membrana é de (1,82
±
0,10) cm
2
. Temos que o número de radicais NO por
cm
2
nesta membrana é de 1,18. 10
16
.
320 325 330 335 340
0.00016
0.00018
0.00020
0.00022
0.00024
Sinal de EPR (u.a)
Campo Magnético (mT)
1,0712.10
-4
[Figura 44] Espectro inicial de NO contido no SLC.
90
4.9.2 Estudo da Liberação de NO pela membrana no ar
A Figura 45 ilustra alguns dos espectros do SLC de NO registrado em diferentes
períodos de exposição ao ar. Nesta figura a intensidade pico a pico mostra a quantidade
de NO aprisionado na matriz de látex. Pode-se notar que a amplitude do sinal decai com
o passar do tempo, evidenciado a liberação do radical NO.
Amplitude do Sinal de RPE (u.a)
Campo magnético (mT)
326 328 330 332 334
0,00015
0,00018
0,00021
0,00024
0,00027
Sinal de EPR (u.a)
Campo magnético (mT)
Início
9 horas
96 horas
171 horas
259 horas
321 horas
Tempo de liberação do Óxido Nítrico (NO)
[Figura 45] Espectros de NO pelo SLC em contato com o ar .
A Figura 46 mostra a caracterização da liberação de óxido nítrico (NO) pelo
SLC através da medida da amplitude do sinal de EPR dos SLC expostos ao ar. Como
mostrado graficamente o SLC age como um liberador de óxido nítrico e a sua liberação
é gradativa em contato com ar.
91
0 50 100 150 200 250 300
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Sinal de EPR
(u.a)
330 336 342
h
Sinal de EPR (U.A.)
Campo magnético (mT)
Tempo (horas)
[Figura 46] Curva de liberação de NO pelo SLC exposto ao ar. A curva foi
ajustada pelo modelo
bt
eaY .=
Ajustando-se os valores experimentais com uma função exponencial:
bt
eaY .=
obtivemos os seguintes parâmetros: a= 1,01
±
0,02 e b= -0,0091
±
0,0005
4.9.3 Estudo da Liberação de NO pela membrana em solução
aquosa
De forma análoga ao seção anterior (4.9.2), para simularmos a liberação de NO
em um ambiente in vivo, os SLC de NO foram colocados em 200 mL de solução aquosa
0,05% de azida de sódio (antifungicida). Utilizamos um pequeno alfinete no SLC com o
propósito deste ficar completamente imerso na água.
Em vários intervalos de tempo, o SLC de NO era retirado da solução,
devidamente seco, e então se media a sua quantidade de NO como no experimento
anterior. Na Figura 47 ilustramos alguns dos espectros do SLC registrado em diferentes
intervalos de liberação em solução aquosa. A seta na Figura 47 mostra o decaimento da
92
intensidade do sinal (pico a pico) com o passar do tempo evidenciando a liberação da
molécula de NO. Note que para solução aquosa, a amplitude pico a pico da membrana
de látex-FEDETC deixado por 3 horas (curva verde) é maior do que para a membrana
deixada por 98 horas (curva preta).
Amplitude do Sinal de RPE (u.a)
Campo Magnético (mT)
Amplitude do Sinal de RPE (u.a)
Campo Magnético (mT)
326 328 330 332 334
0,000168
0,000180
0,000192
0,000204
0,000216
0,000228
Sinal de EPR (u.a)
Campo Magnético (mT)
Início
3 horas
48 horas
98 horas
Tempo de liberação do Óxido Nítrico (NO)
[Figura 47] Espectros do SLC de NO em meio aquoso
A Figura 48 mostra a caracterização da liberação de óxido nítrico (NO) pelo
SLC através da medida da amplitude do sinal de EPR dos SLC imersos em solução
aquosa.
Amplitude do Sinal de RPE 10(u.a)
Tempo (horas)
93
0 50 100 150 200
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Sinal de EPR (u.a)
330 336 342
h
Sinal de EPR (U.A.)
Campo magnético (mT)
Tempo (horas)
[Figura 48] Curva de liberação de NO pelo SLC em solução aquosa. A curva foi
ajustada pelo modelo
bt
eaY .= .
Ajustando-se os valores experimentais com uma função exponencial:
bt
eaY .=
,
obtivemos os seguintes parâmetros: a= 0,77
±
0,02 e b=-0,026
±
0,002. Através das
constantes de decaimento e como observado no gráfico da Figura 48 pode-se notar que a
liberação do radical NO em meio aquoso é diferente do que encontramos com o filme
no ar.
O modelo da equação
bt
eaY .=
apresentou o melhor ajuste aos dados
experimentais (menor valor de
2
χ
). Nesta expressão “t” refere-se ao tempo de
liberação de óxido nítrico em horas, a e b são constantes determinadas pelo ajuste.
A tabela a seguir resume os valores encontrados do parâmetro a e b para cada
curva estão dispostos na Tabela 7.
94
[Tabela 7] Parâmetros obtidos pelo ajuste das curvas de liberação
Parâmetro Água Ar
χ
2
0,00151 0,00251
R(Coeficiente de correlação ) 0, 8528 0,98299
a
0,77
±
0,02 1,01
±
0,02
b
-0,026
±
0,002 -0,0091
±
0,0005
Em resumo, observe-se que o SLC proposta libera NO gradativamente (Figura
49). Como já mencionado, um sistema de liberação controlada deve liberar fármacos
por um tempo prolongado e dose apropriada.
Amplitude do Sinal de RPE 10(u.a)
tempo (horas)
0 50 100 150 200 250 300
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Sinal de EPR (u.a)
Tempo (horas)
Ar
Água
[Figura 49] Comparação das curvas de liberação no ar e na água
Segundo Herculano et al [85-87], o látex natural é uma excelente matriz sólida
para a confecção de sensor de Óxido Nítrico (NO). Uma das perspectivas deste trabalho
é a confecção de um novo tipo de“band-aid“(Figura 50) contendo látex e FeDETC, que
ao ser exposto em meio contendo NO (por exemplo, pele) reage com o aprisionamento
do mesmo, e o sinal característico do sensor é alterado conforme a quantidade da
amostra em questão.
95
[Figura 50] Etapas na aplicação do SLC de NO na pele.
Entretanto, existem pessoas que não produzem quantidade adequada de Óxido
Nítrico (NO). Pensando nisto, um novo Sistema de Liberação controlada (SLC)
empregando o látex natural como matriz foi desenvolvido para a liberação de NO.
Observe-se que a liberação da molécula de NO é gradativa e que sua liberação é mais
rápida em solução aquosa do que em contato do ar (Figura 49). Isto se deve ao fato que
as moléculas de água são absorvidas pelo SLC fazendo que a membrana fique túrgida
liberando o radical NO mais facilmente do que se a membrana estivesse no ar. A
liberação do NO pela membrana em solução aquosa ocorre por até 180 horas. Por ser
mais lenta (menor taxa), a liberação do NO em contato com ar ocorre por até 350 horas.
A partir destes resultados conclui-se que este nova membrana látex-FeDETC pode ser
usado como um inovador sistema de liberação controlada de NO.
96
Capítulo V
CONCLUSÕES
97
5.1 CONCLUSÕES
Um novo sistema liberação controlada (SLC) de fármaco utilizando o látex
natural (NRL) como matriz foi desenvolvido. O látex foi escolhido como matriz devido
a sua excelente biocompatibilidade aliado a boa resistência mecânica e fácil manuseio.
Para modelo de droga a ser liberada, utilizamos a albumina de soro bovina (BSA), o
metronidazol (MTZ) e o óxido nítrico (NO). A taxa de liberação destes fármacos foi
controlada variando a temperatura de polimerização da matriz de látex. Foi mostrado
que a temperatura de polimerização determina a morfologia da superfície, produzindo e
controlando a densidade de poros.
Em relação à liberação da BSA pelo SLC, observamos que os tipos de cadeias
que são organizadas durante a polimerização é o fator predominante para a liberação de
BSA. Entre os três tipos de temperatura de polimerização estudada, SLC polimerizado a
temperatura ambiente (RT) liberou 68,4% da BSA contida em 400 horas, ou seja, com
uma taxa de liberação lenta.
Já em relação ao metronidazol (MTZ), observamos que o tipo (forma) de cadeias
não tem influencia na taxa de liberação do fármaco. Observamos que a densidade e
tamanho de poros é o fator principal para a liberação do MTZ. Também constatamos
que para que haja uma liberação mais gradativa do MTZ é necessário diminuir a
dimensão e a densidade de poros do SLC. É possível que o SLC polimerizado a -100ºC
libere o MTZ por até 15 dias (360 horas).
Sobre a liberação de óxido nítrico (NO), observamos que este SLC possui
características interessantes para aplicações na espectroscopia de EPR, como excelente
estabilidade e boa sensibilidade. Foi estudado o efeito da liberação do NO em solução
aquosa e no ar. Notamos que a liberação do NO na água é mais rápida. Uma hipótese
98
para isto é que a difusão do NO na água é maior, pois o SLC absorve água fazendo com
que a membrana fique túrgida e então libere o radical NO mais facilmente do que se a
membrana estivesse no ar. A liberação do NO pela membrana em solução aquosa ocorre
por até 180 horas. Possuindo essas características pretende-se futuramente aplicar estas
membranas em testes in vivo para averiguar o estímulo da regeneração óssea através do
radical NO e diminuir o processo inflamatórios nos testes in vivo.
99
Capítulo VI
REFERÊNCIAS
100
REFERÊNCIAS
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107
APÊNDICE A
108
Neste Apêndice A, alguns conceitos como: tecido ósseo, regeneração óssea
guiada (ROG) e tipos de membranas serão discutidos a fundo.
TECIDO ÓSSEO
Dentre os tecidos altamente organizados, o osso tem o potencial de reconstruir
sua estrutura original. Em condições estáveis, é necessário que o osso mantenha de
forma adequada o suprimento sangüíneo e a base sólida para deposição óssea [A1, A2].
O osso é constituído, basicamente, de uma matriz orgânica colagênica (colágeno
tipo I), contendo proteoglicanas de baixa massa molecular e proteínas não colágenas,
que correspondem a 25% de seu peso, uma parte mineral (principalmente
hidroxiapatita) correspondente a 65% e água (10%).
Sua função geral está relacionada com a constituição do esqueleto, sustentação e fixação
dos músculos e depósito para íons de cálcio para manutenção da calcemia [A1].
Macroscopicamente há duas formas de osso: cortical (compacto) e esponjoso (medular).
No osso compacto, a matriz de colágeno está organizada em forma de lamelas
concêntricas, geralmente ao redor de um canal vascular central, constituindo o sistema
de Harvers. Os canais centrais contendo nervos e vasos sangüíneos se comunicam entre
si e com a cavidade medular óssea através dos canais de Volkmann. Já o osso esponjoso
apresenta uma matriz mais porosa, organizada em trabéculas. As diferenças entre osso
cortical e esponjoso não são apenas estruturais, mas também funcionais. Assim, o osso
cortical dá resistência e proteção, enquanto que o esponjoso atua nas funções
metabólicas. O osso cortical ou compacto é encontrado na diáfise de ossos longos e na
superfície externas de ossos chatos. O osso esponjoso ou medular delimita espaços
109
intertrabeculares que são preenchidos por medula óssea vermelha, onde há produção
ativa de células sanguíneas a partir de células mesenquimais, ou, com o envelhecimento,
por medula óssea amarela, um sítio de reserva de gordura. A Figura A1 mostra a
estrutura do tecido ósseo.
Protegendo externamente o osso existe uma fina camada de tecido conjuntivo
com grande potencial osteogênico, denominado periósteo, e um tecido equivalente, o
endósteo, que recobre as superfícies internas dos ossos.
[Figura A1] Estrutura do tecido ósseo.
Histologicamente existem quatro tipos de tecido ósseo:
1. o trabeculado ou entrelaçado,
2. o composto,
3. o lamelar
4. e o fasciculado.
O osso trabeculado desempenha importante papel durante o reparo ósseo, sendo
o primeiro tecido ósseo a ser formado. Caracteriza-se por uma velocidade de formação
muito rápida (30-50 µm ao dia ou mais), por ter uma matriz de colágeno desorganizada
110
sem a estrutura lamelar dos sistemas harvesianos e por ser frágil, exibindo pouca
resistência biomecânica. É o tecido ósseo predominante durante o desenvolvimento neo-
natal, por isso é referido como "osso embrionário", um termo incorreto, visto que todos
os adultos têm habilidade de formar este tipo de osso. Também é o tecido que
caracteriza a primeira fase da regeneração óssea, e apesar de formar-se muito
rapidamente, é reabsorvido e substituído pelo osso lamelar.
Osso lamelar é o osso maduro, com alta resistência mecânica. Caracteriza-se
por formar-se bem devagar, a uma velocidade de 0,6 µm por dia e por ter uma estrutura
altamente organizada de fibras colágenas e cristais de minerais.
O termo "tecido ósseo composto" é usado para descrever o estágio de
transição entre o osso trabeculado ao osso lamelar, durante a fase de remodelação.
O osso fasciculado é o osso encontrado na zona de inserção de ligamentos das
articulações.
Quanto ás células presentes no técido ósseo, temos:
1-Osteoblastos: células cubóides organizada em uma camada continua sobre o
osteóide, ou seja, camada não mineralizada de matriz, que recobre a superficie óssea
mineralizada. Estas células são responsáveis pela osteogênese, isto é, pela síntese e
secreção da maturação e mineralização. O osteoblasto além de sintetizar e secretar o
colágeno tipo I, que corresponde a 90% da matriz orgânica, também produz as outras
proteínas não colagênicas encontradas na matriz, como: sialoproteína óssea,
osteopontina, osteonectina, osteocalcina, BMPs, porteoglicanas e outras. Os
osteoblastos se diferenciam a partir de células mesenquimais indiferenciadas, e a sua
diferenciação em osteoblastos depende de estímulos externos, fatores de crescimento,
hormônios e interações celulares.
111
2- Osteócitos: são osteoblastos incorporados a matriz óssea mineralizada,
durante a osteogênese. Apresentam longas projeções citoplasmáticas que delimitam
canalículos intercomunicantes constituindo uma rede de comunicação entre as células e
a superfície óssea.
3- Osteoclastos: são grandes multinucleadas, formadas pela fusão de células
mononucleares. Quando ativo é polarizado, como parte da membrana envolvida na
reabsorção fortemente aderida à superfície óssea e que delimita a zona reabsorvente da
célula, denominada "borda em escova" ou "borda franjada". Com o início da reabsorção
aparece uma depressão na superfície óssea junta à borda em escova que é conhecida
como lacuna de Howship.
REGENERAÇÃO ÓSSEA GUIADA (ROG)
Sabe-se, por exemplo, que ao ser lesionado um tecido, imediatamente se inicia o
processo de cicatrização, porém o mecanismo que o controla, como substâncias ou
estímulos, nos é, ainda em grande parte desconhecido [A3]. Busca-se de maneira geral
uma forma de controlar a regeneração prolongando-se a vida e a sua qualidade.
A partir dessas descobertas, desenvolveu-se a técnica da regeneração óssea
guiada (ROG), que consiste na colocação de uma barreira oclusiva (membrana) de
modo a formar um espaço entre a membrana e a superfície radicular no qual células do
ligamento periodontal possam repovoar. Ao mesmo tempo, essa membrana deve
impedir que o tecido conjuntivo e o epitélio gengival entrem em contato com a
superfície radicular, permitindo, assim, a regeneração do periodonto de inserção, que
pode ser observada na Figura A2.
112
[Figura A2] Barreira oclusiva impede a entrada dos fibroblastos no osso.
Os materiais disponíveis para o tratamento de defeitos ósseos devido a doenças
periodontais, ressecção cirúrgica, traumas, regeneração de tecido ósseo, ancoramento
para implantes dentais, ou reparo e regeneração da dentina e tecidos periodontais são
limitados [A4, A5].
Com essas descobertas, o horizonte de possibilidades de resoluções de seqüelas
dos tratamentos periodontais se abriu. A regeneração óssea guiada (ROG) foi
amplamente explorada para tratar vários tipos de defeitos periodontais (Figura A3).
[Figura A3] Tratamento periodontal utilizando técnica ROG.
113
MEMBRANAS ABSORVÍVEIS X NÃO-ABSORVÍVEIS
As membranas devem possuir alguns requisitos indispensáveis para agir como
barreira física passiva: biocompatibilidade, propriedades oclusivas, capacidade de
criação de espaço, integração tecidual e clinicamente manuseável [A6]. Além disso, as
membranas devem promover regeneração óssea de forma previsível, sem a presença de
efeitos colaterais. Estas barreiras também devem ser de fácil manipulação, custo
acessível e de sucesso previsível [A7].
Os biomateriais podem ser classificados de acordo com algumas de suas
propriedades, e divididos em: osteogênicos, osteoindutores e osteocondutores.
1- Osteogênicos: são os materiais orgânicos capazes de estimular diretamente os
osteoblastos a formar osso.
2- Osteoindutores: são materiais capazes de induzir a transformação de células
mesenquimais indiferenciadas em osteoblastos, aumento o crescimento ósseo ou, até
mesmo, formando osso ectópico.
3- Osteocondutores: (geralmente inorgânicos, materiais desproteinizados)
favorecem a migração, proliferação e maturação das células progenitoras, além de
conduzirem a aposição do novo osso em sua superfície a partir de tecido ósseo
preexistente nas bordas da lesão.
Mudanças tecnológicas na produção dos biomateriais e na obtenção dos
substitutos ósseos são responsáveis por conferir a estes materiais características de
osteoindução, osteocondução ou osteogêneses, e estes fatores são o grande foco atual da
bioengenharia.
114
Barreiras Não absorvíveis
As primeiras membranas para Regeneração Óssea Guiada (ROG) foram as não-
absorvíveis. Elas requeriam uma cirurgia subseqüente para removê-las, e eram,
freqüentemente, associadas à exposição, que, conseqüentemente, arriscava o sucesso
clínico [A8].
Atualmente, o material de membrana mais pesquisado e utilizado em
procedimentos de ROG é constituído por uma estrutura especificamente formada por
politetrafluoretileno expandido (e-PTFE). A molécula fluorcarbono,
politetrafluoretileno (base química componente do e-PTFE), não pode ser quebrada
quimicamente, em condições fisiológicas. Além disso, a segurança do e-PTFE foi
estabelecida por extensos testes de biocompatibilidade, longa história de segurança e
uso efetivo em próteses vasculares e de tecidos moles [A6].
Apesar da alta previsibilidade de regeneração óssea com a utilização de
membranas de e-PTFE, a principal desvantagem desta membrana é que a sua exposição
pode causar contaminação bacteriana. A reação inflamatória da área pode levar à
necessidade de remoção precoce da membrana [A9]. Vários autores têm relatado uma
redução na quantidade de osso regenerado nessas situações [A9-A11].
Observando a criação de espaço como pré-requisito de uma barreira para ROG,
membranas de politetrafluoretileno expandido (e-PTFE), reforçadas com malhas de
titânio, foram usadas para tratamento de defeitos ósseos associados a implantes. Essas
membranas foram investigadas, para avaliar a sua capacidade de manter um espaço
protegido entre a membrana e a superfície óssea, sem a adição de artifícios de suporte.
A membrana mostrou ser de fácil manipulação, providenciou o desenvolvimento de
excelente espaço, sem mostrar nenhuma reação adversa ao tecido mole ou duro [A10-
12].
115
Com o mesmo objetivo, foi desenvolvida uma membrana de titânio
microperfurada, que tem sido usada desde 1995. Estas membranas se apresentam na
forma triangular ou oval. Suas propriedades mecânicas previnem o colapso, mantendo
um espaço adequado para a regeneração óssea na área operada. As perfurações
existentes permitem a difusão de fluido intersticial, porém proíbem a invasão de células
do tecido conjuntivo e epitelial. Essas membranas necessitam ser pré-moldadas ao
defeito e fixadas com pinos de titânio à superfície óssea da área [A13].
Barreiras Reabsorvíveis
No intuito de eliminar a necessidade de um segundo tempo cirúrgico para a
remoção da membrana não-absorvível, tem sido intensa a investigação para
desenvolvimento de membranas reabsorvíveis [A7].
O conceito de material absorvível envolve alguns importantes aspectos.
Primeiro, o material deve sofrer reabsorção e degradação macromolecular através da
associação de hidrólise e degradação enzimática por enzimas, tais como a fosfatase
ácida e a colagenase. Segundo, a bioreabsorção requer total eliminação dos produtos da
degradação sem efeitos residuais locais [A7].
Mais recentemente, uma nova geração de membranas biodegradáveis tem
surgido. Estas incluem as membranas de colágeno, as constituídas de copolímero de
poliláctico e poliglicólico e as de ácido poliláctico [A8].
Os materiais poliméricos sintéticos mais comuns, propostos para uso, como
membranas para ROG (ácidos poliláctico (PLA) e poliglicólico (PGA)), degradam-se
pelo processo de hidrólise, com o produto final sendo substâncias químicas comuns para
os processos metabólicos normais. Contudo, durante o processo de degradação
hidrolítica, estes materiais perdem a integridade mecânica e quebram-se em fragmentos.
116
A natureza física e a quantidade destes fragmentos podem ter um efeito significativo na
resposta tecidual local, podendo conduzir a uma reabsorção óssea [A6].
Quando as membranas de PLA/PGA são implantadas nos tecidos, a reabsorção
geralmente tem seu início depois de 4 a 6 semanas e se completa depois de
aproximadamente 8 meses [A11].
Uma outra barreira foi desenvolvida a partir de um polímero de ácido láctico
dissolvido em veículo biocompatível (N-metil-2-pirrolidona), apresentando-se como um
fluido que se transforma em uma estrutura sólida em contato com água ou outra solução
aquosa, ou seja, uma barreira adaptável e parcialmente endurecida formada extra-
oralmente. Esta barreira tem a propriedade de continuar a se solidificar in situ e,
subseqüentemente, reabsorvida via hidrólise [A14-A15].
As membranas derivadas de colágeno são constituídas de puro colágeno suíno
tipo I e tipo III, extraído de porcos com certificado veterinário de cautelosa purificação
do animal (para prevenir respostas antigênicas do paciente), sendo realizada por
radiação gama. Ela consiste de uma superfície porosa, que deve ser posicionada
adjacente ao osso, para permitir a invasão de osteoblastos e uma superfície lisa que
previne a invasão de tecido fibroso para o interior do defeito ósseo, devendo ficar
adjacente ao retalho. A membrana é reabsorvida em 24 semanas, de acordo com estudos
realizados em animais [A16].
Fontana et al (1994) [A17] estudaram o uso de uma membrana de dura-máter
congelada e liofilizada em conjunto com implantes e observaram que, em todos os
casos, havia uma deposição óssea sobre os implantes.
Fugazzoto et al (1996) [A18] descreveu a utilização de lâminas ósseas
desmineralizadas como membranas para promover regeneração óssea guiada ao redor
de implantes. O material pareceu ser clinicamente capaz de promover ROG. Porém, a
117
taxa de reabsorção das lâminas ósseas desmineralizadas na cavidade bucal ainda é
desconhecida, não se sabendo se a presença ou ausência de fechamento primário altera o
tempo de reabsorção desse material. O tempo de reabsorção parece variar mesmo
quando obtido o fechamento primário da ferida.
REFERÊNCIAS
[A1] Dempster, D.W. New concepts in bone remodeling. In: M.J. Seibel, S.P. Robins,
and J.P. Bilezikian, editors. Dynamics of bone and cartilage metabolism: principles and
clinical applications. Academic Press. San Diego, California, USA. 1999, pp. 261–273.
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dental implantology. Implant Dent. 1998; 7(4): pp. 267-276.
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Biotechnology and bone graft substitutes. Pharm Res. 1993; 10: pp. 1393-1401.
[A4] Catanzaro-Guimarães. Possibility to reforce bone repair with decalcified dentin
matrix. Jahrbuch Fur Orale Implatologie, Berlin, Quintessence Verlags GmbH. 1993;
pp. 33-34.
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technique using bioabsorbable membranes: an experimental study in rats. J Oral
Maxillofac Surg. 1993; 51(10): pp. 1106-1114.
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C, Schenk RK, editors. Guided bone regeneration: in implant dentistry. Chicago:
Quintessence, 1994: pp. 31-48.
[A7] Triplett RG, Schow SE, Fields RT. Bone augmentation with and without
biodegradable and non-biodegradable microporous membranes. Oral Maxillofac Clin
North Am. 2001; 13: pp. 411-422.
[A8] Schmitz JP, Lemke RR, Zardeneta G, Hollinger JO, Milam SB. Isolation of
particulate degradation debris 1 year after implantation of a Guidor membrane for
guided bone regeneration: case report. J Oral Maxillofac Surg. 2000; 58(8): pp. 888-
893.
[A9] Becker W, Dahlin C, Becker BE, Lekholm U, van Steenberghe D, Higuchi K,
Kultje C. The use of e-PTFE barrier membranes for bone promotion around titanium
implants placed into extraction sockets: a prospective multicenter study. Int J Oral
Maxillofac Implants. 1994; 9(1): pp. 31-40.
[A10] Jovanovic SA, Spiekermann H, Richter EJ. Bone regeneration around titanium
dental implants in dehisced defect sites: a clinical study. Int J Oral Maxillofac Implants.
1992; 7(2): pp. 233-245.
118
[A11] Simion M, Scarano A, Gionso L, Piattelli A. Guided bone regeneration using
resorbable and nonresorbable membranes: a comparative histologic study in humans. Int
J Oral Maxillofac Implants. 1996; 11(6): pp. 735-742.
[A12] Jovanovic SA, Nevins M. Bone formation utilizing titanium-reinforced barrier
membranes. Int J Periodontics Restorative Dent. 1995; 15(1): 56-69.
[A13] Watzinger F, Luksch J, Millesi W, Schopper C, Neugebauer J, Moser D, Ewers
R. Guided bone regeneration with titanium membranes: a clinical study. Br J Oral
Maxillofac Surg. 2000; 38(4): pp. 312-315.
[A14] Polson AM, Garrett S, Stoller NH, Greenstein G, Polson AP, Harrold CQ, Laster
L. Guided tissue regeneration in human furcation defects after using a biodegradable
barrier: a multi-center feasibility study. J Periodontol. 1995; 66(5): pp. 377-385.
[A15] S. Garrett. Periodontal regeneration around natural teeth. Ann. Periodontol. 1996;
1: 621-666.
[A16] Schlegel AK, Mohler H, Busch F, Mehl A. Preclinical and clinical studies of a
collagen membrane (Bio-Gide(R)). Biomaterials. 1997; 18(7): pp. 535-538.
[A19] Fontana E, Trisi P, Piattelli A. Freeze-dried dura mater for guided tissue
regeneration in post-extraction dental implants: a clinical and histologic study. J
Periodontol. 1994: 65(7): pp. 658-665.
[A20] Fugazzotto PA. The use of demineralized laminar bone sheets in guided bone
regeneration procedures: report of three cases. Int J Oral Maxillofac Implants. 1996;
11(2): 239-244.
119
APÊNDICE B
BIOCOMPATIBILIDADE DA
MEMBRANA DE LATEX NATURAL
120
REGENERAÇÃO ÓSSEA DA TÍBIA DE COELHOS
Em colaboração com a Universidade do Sagrado Coração (USC), foram
realizados testes in vivo mostrando a biocompatibilidade da membrana de látex puro
preparado a RT e processo de polimerização em estufa UV por 4 dias e da membrana
adicionada ao complexo FeDETC. Após a confecção, as mesmas foram esterilizadas em
óxido etileno no HC-FMRP-USP.
A cirurgia consistiu em implantar a membrana de NRL sobre uma fratura de 5
mm de diâmetro em tíbia de coelho. Para tal procedimento, o animal foi devidamente
anestesiado com 15mL de anestésico Dopalen injetável e 1,5 mL de relaxante muscular
Pompun. A incisão foi realizada através de uma lâmina de bisturi N
o
15 no tecido mole
da tíbia. Os tecidos moles deslocados com cuidado, inclusive o periósteo. Em seguida
um defeito ósseo de 5 mm de diâmetro foi fabricado, com uma broca trefina com este
mesmo diâmetro, sempre irrigando com soro fisiológico durante os procedimentos
(Figura B1). Depois a membrana de látex era adaptada sobre o defeito e suturada o
retalho com fio de seda 4.0. Após 15 dias, o animal foi sacrificado e o material ósseo foi
coletado, preservado em formol à 10% e demais procedimentos para confecção de
lâminas para análise histológica (Figura B2). Este experimento foi submetido e
aprovado pelo comitê de ética da USC.
121
[Figura B2] Fotomicroscopia da região do defeito ósseo da tíbia do coelho, 15
dias após a cirurgia . a-) sem membrana b-) membrana de látex e FeDETC c-)
Membrana látex puro. As figuras à esquerda foram pigmentadas com Tricômico e as da
direita com Hematoxilina.
[Figura B1] Cirurgia para implantar a membrana oclusiva de látex sobre a
fratura de tíbia de coelho.
122
REGENERAÇÃO ÓSSEA DA CALVÁRIA DE COELHOS
Membranas de látex natural polimerizada a temperatura ambiente (RT) foram
utilizadas no trabalho de dissertação de mestrado de Cibele Ereno da Universidade
Sagrado Coração-USC, Bauru [B1], as membranas de látex natural (NRL) produzidas
neste trabalho foram testadas para a regeneração óssea guiada [B2-B7]. Para isto, vinte
e quatros coelhos foram divididos em 2 grupos: grupo experimental e grupo controle.
No grupo experimental, foram utilizadas membranas de látex natural dispostas no
assoalho e na superfície do defeito. No grupo controle, os defeitos não foram recobertos
por membranas, sendo preenchidos somente por coágulo sanguíneo autógeno. Em todos
os animais foi criado cirurgicamente um defeito ósseo de tamanho crítico (2cm x 1cm)
nos ossos parietais do crânio.
O defeito ósseo foi criado na calvária do coelho, com uma broca trefina de 1cm
de diâmetro, acionado por um micromotor cirúrgico de baixa rotação e abundante
irrigação com solução salina, para prevenir o aquecimento local (Figura B3.a).
Realizaram-se duas perfurações com a trefina, tendo como parâmetro a sutura sagital
mediana, que simbolizava o fim da primeira perfuração (Figura B3.b) e o começo da
segunda perfuração. Esta medida foi tomada a fim de padronização da localização dos
defeitos ósseos. Foram removidos o osso cortical e esponjoso, expondo a membrana
meníngea intacta. As bordas dos defeitos foram regularizadas com osteótomo. O defeito
ósseo, de forma elíptica, foi na dimensão de 2cm x 1cm (Figura B3.b).
123
a-) b-)
[Figura B3] a-) Perfuração com broca trefina de 1cm de diâmetro, sob constante
irrigação, b-) egularização do defeito ósseo cirúrgico, com tamanho crítico de 2cm X
1cm
Os animais do grupo experimental receberam duas membranas de látex natural.
Uma membrana localizada no assoalho do defeito recobrindo a membrana meninge, e a
segunda membrana recobrindo a superfície do defeito (Figuras B4.a e B5) O espaço
entre as duas membranas foi preenchido por coágulo sanguíneo autógeno. As
membranas foram recortadas minutos antes de sua utilização, conforme descrito
anteriormente. Os animais do grupo controle tiveram seus defeitos ósseos preenchidos
apenas com coágulo sanguíneo autógeno, sem o uso de membranas (Figura B4.b).
a-) b-)
[Figura B4] Desenho esquemático: a-) da localização das membranas de NRL
recobrindo o defeito ósseo cirúrgico no grupo experimental, b-) grupo controle.
124
[Figura B5] a-) Posição da primeira membrana de látex natural sobre a
membrana meníngea; b-) Posição da segunda membrana de látex natural recobrindo a
superfície do defeito.
A biomembrana de látex natural atuou efetivamente como barreira oclusiva em
processos de regeneração óssea guiada, sendo, portanto, considerada um material
promissor para futuros estudos em modelos de cicatrização óssea guiada.
BIOCOMPATIBILIDADE DO SLC DE ÓXIDO NÍTRICO
A angiogênese é um importante evento que ocorre durante o reparo tecidual e
cicatrização. Ela também é importante no crescimento de tumores e na revascularização
de tecidos submetidos à isquemia. Outro processo envolvido neste evento é o aumento
da permeabilidade vascular, que permite as diversas citocinas e fatores de crescimento
alcançarem o tecido lesado. Como já relatado, o látex extraído da seringueira Hevea
brasiliensis possui atividade angiogênica. O óxido nítrico (NO) auxilia na
vascularização e atua em processos inflamatórios. Assim um novo SLC de NO foi
desenvolvido para auxiliar na vascularização. Desta forma, testes com esta membrana
125
incorporada com a molécula de NO foi realizado. A Figura B6 mostra a membranas de
NRL+FeDETC: a-) sem NO, b-) com NO; colocadas na membrana cório-alantóide do
embrião de galinha [B8]. Observe que não houve nenhum tipo de reação inflamatória
tanto com os testes feitos com NO quanto sem NO.
a-) b-)
[Figura B6] SLC colocado na membrana cório-alantóide: a-) sem NO, b-) com NO.
REFERÊNCIAS
[B1] Ereno C. Estudo da regeneração óssea guiada pela membrana de látex.
(Dissertação de Mestrado em Biologia Oral), Universidade Sagrado Coração, Bauru/SP,
2007.
[B2] Dempster, D.W. New concepts in bone remodeling. In: M.J. Seibel, S.P. Robins,
and J.P. Bilezikian, editors. Dynamics of bone and cartilage metabolism: principles and
clinical applications. Academic Press. San Diego, California, USA. 1999, pp. 261–273.
[B3] Marx RE, Garg AK. Bone structure, metabolism, and physiology: its impact on
dental implantology. Implant Dent. 1998; 7(4): pp. 267-276.
[B4] Murray G, Holden R, Roschlau W. Experimental and clinical study of new growth
of bone in a cavity. Am J Surg. 1957; 93(3): pp. 385-387.
[B5] Mardas N, Kostopoulos L, Karring T. Bone and suture regeneration in calvarial
defects by e-PTFE-membranes and demineralized bone matrix and the impact on
calvarial growth: an experimental study in the rat. J. Craniofac. Surg. 2002; 13 (3): pp.
453-462
[B6] Dahlin C, Gottlow J, Linde A, Nyman S. Healing of maxillary and mandibular
bone defects using a membrane technique. An experimental study in monkeys. Scand J
Plast Reconstr Surg Hand Surg. 1990; 24(1): pp. 13-19
126
[B7] Dahlin C. Scientific background of guided bone regeneration. In Buser D, Dahlin
C, Schenk RK, editors. Guided bone regeneration: in implant dentistry. Chicago:
Quintessence, 1994: pp. 31-48.
[B8] Kenley RA, Yim K, Abrams J, Ron E, Turek T, Marden LJ, Hollinger JO.
Biotechnology and bone graft substitutes. Pharm Res. 1993; 10: pp. 1393-1401.
[B9] Alves, MCO. Teste da angiogênese estimulada por membranas de látex natural.
(Dissertação de Mestrado em Física Aplicada à Medicina e Biologia, Departamento de
Física e Matemática) FFCLRP, USP, 2003.
127
APÊNDICE C
CURRICULUM RESUMIDO
128
Durante o período do doutorado participei de sete conferências internacionais
apresentando trabalhos na forma de pôster e/ou oral. Destacando a participação do
EUROMAT 2007, com a apresentação de um trabalho oral e um em pôster na cidade de
Nurenberg na Alemanha.
Artigos completos publicados em periódicos
1. HERCULANO RD; SILVA CP, ERENO C, CATANZARO-GUIMARÃES SAC,
KINOSHITA A, GRAEFF CFO. Natural rubber latex used as drug delivery system in
Guided Bone Regeneration (GBR). Materials Research, v. 12 (1), p. xx-xxx, 2009.
2. NAGASSAKI S, HERCULANO RD; GRAEFF CFO, TANUS-SANTOS JE. eNOS
T-786C polymorphism affects atorvastatin-induced changes in erythrocyte membrane
fluidity. European Journal of Clinical Pharmacology, v.65, p. 385-392, 2009.
3. HERCULANO RD; TORRO-ALVES N, TERCARIOL CAS; NORBERTO AMQ,
GRAEFF CFO. . Produção científica na FFCLRP-USP: Aplicação do índice de Hirsch.
Medicina (Ribeirão Preto), v. 41(3), p. xx-xxx, 2008.
4. TORRO ALVES N, HERCULANO RD, TERCARIOL CAS, KINOUCHI O,
GRAEFF CFO. Hirsch´s index in a real case study in Brazil, the FFCLRP-USP.
Brazilian Journal of Medical and Biological Research, v. 40, p. 1529-1536, 2007.
5. HERCULANO RD, BRUNELLO CA, GRAEFF CFO. Optimization of a novel
Nitric Oxide Sensor Using a Latex Rubber Matrix. Journal of Applied Sciences, v.
7(23), p. 3801-3805, 2007.
6. HERCULANO RD, BRUNELLO CA, GRAEFF CFO. Solid State Nitric Oxide
Sensor Using a Latex Rubber Matrix. Macromolecular Symposia, v. 245, p. 529-532,
2006.
Artigos completos submetidos em periódicos
1. HERCULANO RD, NORBERTO AMQ. Comparison of scientific bibliographic
productivity in undergraduate courses of speech-language and hearing science at
Universidade de São Paulo using the Hirsh´s index. Revista CEFAC,. submetido, 2008.
Artigos completos em redação
1. ERENO C, CATANZARO-GUIMARÃES SAC, PASETTO S, HOLDAGO L,
HERCULANO RD; SILVA CP, GRAEFF CFO, TAVANO O, KINOSHITA A,
129
BAFFA O. Latex film as an occlusive membrane for guided bone regeneration (GBR).
Journal Materials Science: Materials in Medicine, 2009.
2. HERCULANO RD, CATANZARO-GUIMARÃES SAC, KINOSHITA A, GRAEFF
CFO. Metronidazole release using natural rubber latex (NRL) as matrix. Biomedical
Materials, 2009.
Na plataforma Lattes pode ser encontrado meu currículo detalhado.
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