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somente culturas com sistemas de fixação biológica de nitrogênio eficiente, como
exemplo, algumas leguminosas (crotalária, guandu, mucuna, entre outras) podem
crescer adequadamente sem aplicação de fertilizantes nitrogenados derivados de
combustível fóssil. Esta associação de organismos diazotróficos e plantas superiores da
família das leguminosas, já são bem conhecidas, tais organismos, colonizam a risosfera
invadindo tricomas e pelos radiculares (GEURTS & FRANSEN, 1996), formando os
nódulos, promovendo o processo de fixação biológica de nitrogênio, que se resume em
um processo biológico de quebra da tripla ligação do N
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através de um complexo
enzimático, denominado nitrogenase. Este processo ocorre no interior dessas estruturas
específicas, denominadas de nódulos.
A adubação verde consiste na utilização de plantas em rotação ou consórcio com
as culturas de interesse econômico. Podendo ser incorporadas ou roçadas e mantidas na
superfície do solo, proporcionando, em geral, uma melhoria das características físicas,
químicas e biológicas do solo (DE-POLLI et al., 1996; ESPÍNDOLA et al., 1997) e
benefícios para a produtividade de culturas (ARAÚJO & ALMEIDA, 1993;
OLIVEIRA, 2001), além de exercer importante efeito no manejo das doenças e de
plantas invasoras pelos efeitos físicos e/ou alelopáticos. CHAGAS et al. (1994),
observaram que o cultivo do feijão após mucuna e milho proporcionou aumento de 39,2
% e 10,9 % no rendimento, respectivamente. DE-POLLI & CHADA (1989), estudando
a adubação verde incorporada ou em cobertura na produção de milho em solo de baixo
potencial de produtividade, verificaram que esta propiciou produtividade até maior que
adubação com N mineral. Com o uso da prática da adubação verde é possível recuperar
a fertilidade do solo, proporcionando aumento na CTC e disponibilidade de nutrientes
às plantas, aumentar a formação e estabilização dos agregados, melhorar as condições
para infiltração e armazenamento de água no solo e de aeração, diminuir a amplitude
térmica, controlar fitoparasitas e fitopatógenos e, fornecer N obtido pela fixação
biológica, especialmente por leguminosas (IGUE, 1984; CALEGARI, 2007). Este
conceito é bastante antigo, tendo início na China, na dinastia de Chou, no período
compreendido entre 1134-247 a.C. (SOUZA, 1953). A adubação verde possui múltiplas
funções, servindo como proteção contra impacto direto sobre o solo de gotas de chuva,
conservação da umidade do solo, diminuição de oscilações térmicas, favorecendo a
infiltração de água, evitando problemas de erosão, na adição e/ou ciclagem de
nutrientes, favorecendo o controle de plantas invasoras (CALEGARI, 1998). A família
das leguminosas é a mais utilizada como adubo verde. De acordo com MIYASACA et
al. (1984), a principal razão para essa preferência está em sua capacidade de fixar o N
atmosférico mediante a simbiose com bactérias do gênero Rhyzobium/Bradyrizobium
nas raízes (SILVA et al., 1985). O cultivo de plantas de cobertura tem mostrado
eficientemente no controle de erosão, aumento de MOS, reciclagem de nutrientes
(MIYAZAWA et al., 1993; CALEGARI, 2004) e redução das perdas por lixiviação de
nutrientes, principalmente de nitrato (GONÇALVES et al., 2000). A adição de carbono
orgânico através do cultivo de adubos verdes e a manutenção dos resíduos sobre o solo
favorecem decomposição lenta e gradual desses resíduos, liberando compostos
orgânicos que estimulam a formação e estabilidade dos agregados no solo, melhorando
a sua estrutura (SIX et al., 2002). Este aspecto, aliado a grande presença de compostos
solúveis, favorece sua decomposição e mineralização por microorganismos do solo
(ZOTARELLI et al., 1997). KIEHL (1985) afirma que os adubos verdes, após
incorporados, tendem a se decompor e a liberar rapidamente os nutrientes. Estudos
realizados com Guandu [(Cajanus cajan (L.) Millsp.)], por MOREIRA (2003),
demonstraram que esta espécie foi capaz de produzir 8,0 Mg ha
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de matéria seca,
apresentando uma FBN de aproximadamente 60%, o que equivale a um incremento de