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Outros trabalhos acadêmicos, que também são considerados nesta tese, abordam
o vínculo de algumas seções do jornal com a contracultura. As teses de doutoramento de
Patrícia Marcondes de Barros
26
, da UNESP, e de Marcos Alexandre Cappellari
27
, da
USP, discutem a participação de Luiz Carlos Maciel na formação de uma voz
underground no Pasquim. Os dois trabalhos mostram os valores e o espaço importante –
porém limitado - da contracultura dentro do jornal, a partir da coluna semanal de Maciel
e de sua obra em geral. Já o trabalho de Brígida da Cruz Santos analisa a “revolução
comportamental” que o Pasquim preconizou a partir de um estudo minucioso da seção
de Cartas do semanário, e nos fornece dados sobre o perfil do leitor do jornal.
No campo da linguagem, dois trabalhos de mestrado se destacam. São eles:
“OPASQUIM e OPasquim21: práticas discursivas jornalísticas de resistência”
28
,
defendida na Universidade de Campinas (Unicamp) em 2006, e “Entre o Engajamento e
o Desbunde: resistência de deboche no Pasquim (1969-1979)”
29
, na Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2007. As dissertações abordam, principalmente, a
resistência associada à linguagem do Pasquim.
Essa tese é diferente, apesar de não negar nenhum dos elementos mencionados e
pesquisados anteriormente. Pretendemos ampliar o espaço que esses elementos de
intertextualidade ocuparam na produção do jornal no período de censura dos primeiros
trezentos exemplares na buscar de explicar a sobrevivência de um jornal desbundado e
“subversivo” justamente por ser humorístico, subjetivo e contestador. Portanto, o
discurso do Pasquim, nessa tese, não é apenas a voz dos principais redatores, já que não
são apenas eles que produzem o jornal.
O estudo das redes de sociabilidade nas quais os redatores do semanário estavam
envolvidos, antes mesmo da sua criação, nos revela tanto sua linha editorial –
fundamentada no humor – quanto a geração de 60 que ajuda a produzir, alimentar e
26
BARROS, Patrícia Marcondes. “Provocações Brasileiras”: A Imprensa Contracultural Made in Brazil
– Coluna Underground (1969-1971), Flor Do Mal (1971) & A Rolling Stone Brasileira (1972-1973).
Assis, SP: UNESP, 2007. Tese (Doutorado em História). Faculdade de Ciências e Letras de Assis,
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Assis, 2007.
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CAPPELARI, Marcos Alexandre. O Discurso da Contracultura no Brasil: o underground através de
Luiz Carlos Maciel (c. 1970). São Paulo: USP, 2007. Tese (Doutorado em História). Faculdade de
Filosofia e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 2007.
28
ALMEIDA, Adriana Aparecida de. OPASQUIM e OPasquim21 : práticas discursivas jornalísticas de
resistência, Campinas, SP: Unicamp, 2006. Dissertação (Mestrado em Lingüística). Instituto de Estudos
da Linguagem, Universidade de Campinas, São Paulo, SP, 2006.
29
OLIVEIRA, Natali Gisele. Entre o Engajamento e o Desbunde: resistência de deboche no Pasquim
(1969-1979). Belo Horizonte, MG: UFMG, 2007. Dissertação (Mestrado em História). Faculdade de
Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, 2007.