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uso da terra, a fim de gerar novos conhecimentos e tecnologias, tem inviabilizado seu
aproveitamento de forma sustentável.
Por sua vez, há os que colocam em dúvida a capacidade das chamadas populações
tradicionais que habitam essas áreas em utilizar os recursos naturais sem comprometer a
biodiversidade e os serviços por ela prestados, baseados tanto em restrições econômicas
(HOMMA, 2000) quanto ecológicas (BODMER, 1997).
Euterpe oleracea Mart. é uma espécie de importante valor alimentar e comercial
para as populações ribeirinhas das várzeas do estuário amazônico através do
aproveitamento dos frutos e do palmito.
Atualmente, a demanda e o potencial de mercado do açaí cresceram de maneira
significativa, ganhando importância nacional. O crescimento do mercado do açaizeiro está
associado aos benefícios à saúde que a ciência vem atribuindo à ingestão desse alimento
rico em vitaminas, pigmentos (antocianinas), fibras, sais minerais e apresenta baixo nível
de calorias (FARIAS NETO et al., 2008).
O açaizeiro é uma espécie que apresenta multiplicidade de usos, dentre os quais se
destacam as folhas para cobertura de casas, fibras, celulose, ração animal, adubo e proteção
de plantações; os frutos para bebida, alimento, adubo, curtimento de couro, álcool, remédio
anti-diarréico e ração animal; o palmito para alimento, adubo, curtimento de couro, álcool,
remédio anti-diarréico e ração animal; as inflorescências para adubo, vassouras e proteção
de plantações; os estipes para construções, celulose, lenha e isolamento elétrico e as raízes
para vermífugo (JARDIM, 2005).
A exploração madeireira e o aproveitamento dos frutos e palmito do açaizeiro (E.
oleracea.) são as atividades mais importantes e lucrativas praticadas nas várzeas do
estuário amazônico. A produção de frutos e de palmito depende da relação entre o número
de touceiras de açaizeiros por hectare, demais palmeiras e espécies lenhosas (QUEIROZ &
MOCHIUTTI, 2000). Os produtores ribeirinhos já perceberam que a exploração madeireira
contribui para o surgimento e ampliação dos açaizais (QUEIROZ & MOCHIUTTI, 2002).
A coleta e comercialização dos frutos constituem-se em atividades importantes sob
o ponto de vista socioeconômico, pois o suco extraído da polpa dos frutos é consumido em
larga escala pela população amazônica. No entanto, essa espécie tem sido submetida à
intensa exploração predatória, com vista à exploração de palmito, levando à sua eliminação
na área (CARVALHO et al., 1998).
Segundo Nogueira (1995), no extrativismo do palmito ocorre o aniquilamento das
plantas, sendo que em alguns casos, onde a pressão de exploração é muito intensa,