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Caracterização do sistema agroextrativista familiar do açaizeiro nativo
(Euterpe oleracea Mart.), na Comunidade Quilombola São Maurício,
Alcântara, Maranhão.
RICARDO LUCAS BASTOS MACHADO
Engenheiro Agrônomo
Orientador: Prof. Dr. José de Ribamar Gusmão Araújo
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Agroecologia da Universidade
Estadual do Maranhão, para obtenção de
grau de Mestre em Agroecologia.
SÃO LUÍS
Maranhão Brasil
Dezembro - 2008
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2
Caracterização do sistema agroextrativista familiar do açaizeiro nativo
(Euterpe oleracea Mart.), na Comunidade Quilombola São Maurício,
Alcântara, Maranhão.
RICARDO LUCAS BASTOS MACHADO
Comissão Julgadora:
_______________________________________
Prof. Dr. José de Ribamar Gusmão Araújo
______________________________________
Profa. Dra. Maria da Cruz Chaves Lima Moura/AGERP/SEAGRO
______________________________________
Prof. Dr. Moisés Rodrigues Martins
I
ads:
3
A Deus pela existência e misericórdia a mim concedido
para realização deste trabalho;
Aos meus Pais Machado e Socorro, à minha esposa
Cléa Machado as minhas filhas Isadora e Luisa
Machado pelo encorajamento e carinhos nos
momentos difíceis;
A meu orientador pela contribuição, paciência e
confiança;
Aos meus amigos, pela torcida.
AGRADECIMENTOS
II
4
À Deus;
À Universidade Estadual do Maranhão UEMA, pela oportunidade dada
para a realização do curso de pós-graduação;
Ao professor José de Ribamar Gusmão Araujo, pela orientação precisa,
pelo aprendizado, paciência e amizade;
À FAPEMA Fundo de Amparo a Pesquisa do Estado do Maranhão, pela
bolsa concedida.
À minha esposa Cléa Silva de Matos Machado, pelo apoio dado em todos
os momentos, principalmente nas horas difíceis de minha vida e por ter gerado a
maior riqueza hoje da minha vida, as minhas filhas, Isadora de Matos Machado e
Luisa de Matos Machado;
Ao amigo e companheiro de trabalho de pesquisa, José Renato Borralho
Júnior, que dedicou seu aprendizado junto comigo neste trabalho, contribuindo
por demais nesta atividade e assumindo o compromisso de continuá-lo
demonstrando o verdadeiro interesse a pesquisa maranhense;
À Prefeitura Municipal de Alcântara, por meio da pessoa da Sra. Heloísa
Helena Franco Leitão e juntamente com seu vice o Sr Raimundo dos Santos
Soares, que me deram a oportunidade de fazer esta pós-graduação sem
prejuízos no trabalho, além de me ajudar na execução do mesmo dando apoio a
pesquisa realizada em seu Município;
Aos Amigos José Honorato Serejo Filho, Eraldo Ribeiro Campelo, José
Arlan Menezes Filho, Felício e, Manoel Martins da Fonseca Neto e as amigas
Ana Roberta Miranda e Áurea que me ajudaram em vários momentos de
dificuldade principalmente quando relacionado etapas deste trabalho;
Ao José Maria e Simão Silva, moradores da comunidade de São Mauricio,
que contribuíram por demais na execução deste projeto, enfrentando as
dificuldades de acesso a área do projeto, auxiliando na coleta de dados deste
trabalho;
À minha amiga e sogra Dona Maria José, que dedicou sua experiência em
processamento de açaí, contribuindo na coleta de dados para este trabalho.
Aos professores Altamiro Ferraz Júnior, Ariadne Enes Rocha e Raimunda
Lemos pela ajuda concedida tanto em orientações diversas para execução deste
projeto quanto em orientações para a minha vida profissional.
III
5
Ao Secretário Municipal de desenvolvimento econômico da produção e
abastecimento de Pinheiro MA, o Sr. João Paulo e ao Sub-secretário de
agricultura e pesca o Sr. Henrique, que ajudaram-me, concedendo tempo para
concluir meu trabalho e incentivando assim o desenvolvimento da pesquisa
maranhense.
A todos que direta ou indiretamente colaboraram para a realização deste
trabalho.
IV
6
“Quero ser um dia pobre, pois já estou
cansado de ser todo dia.”
Ricardo Lucas
7
SUMÁRIO
p.
LISTA DE FIGURAS..........................................................................................................
IX
LISTA DE TABELAS.........................................................................................................
XI
RESUMO .............................................................................................................................
XIII
ABSTRACT .........................................................................................................................
XV
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................
1
2 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................
4
2.1 Ecologia da Euterpe oleraceae Mart. ...........................................................................
4
2.2 Fitossociologia de espécies de várzea ..........................................................................
6
2.3 Importância sócio-econômica de Euterpe oleraceae Mart. .......................................
8
2.4 Modelos e estratégias de manejo de açaizais nativos .................................................
11
3 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................
14
3.1 Local................................................................................................................................
14
3.2 Escolha da Área de instalação das parcelas experimentais.......................................
14
3.3 Identificação das parcelas para estudo fitossociológico ...........................................
15
3.4 Parâmetros fitossociológicos .......................................................................................
16
3.5 Levantamento fitossociológico .....................................................................................
18
3.6 Determinação da produção de frutos de açaí nativo .................................................
18
3.7 Operação de colheita dos frutos para aquisição de dados da produção nativa ......
19
3.8 Processamento dos frutos e análises laboratoriais .....................................................
20
3.9 Perfil sócio-econômico da comunidade de São Maurício, Alcântara MA ............
23
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................
25
4.1 Fitossociologia................................................................................................................
25
4.1.1 Densidade (DR), Freqüência (FR) e Dominância (DoR) relativas por espécies..........
29
4.1.2 Valores de importância (VI) e Cobertura (VC) por espécie.........................................
30
VI
8
4.1.3 Densidade (DR), Riqueza e Dominância (DoR) relativas por família.........................
31
4.1.4 Distribuição dos valores de importância (VI) e de cobertura (VC) por família...........
32
4.1.5 Classes de diâmetro e altura.........................................................................................
32
4.1.6 Dados populacionais do açaí na área de várzea da comunidade de São Mauricio ......
37
4.2 Produção Nativa ............................................................................................................
39
4.2.1 Cachos colhidos ...........................................................................................................
40
4.2.2 Rendimento de polpa ...................................................................................................
42
4.2.3 Sólidos solúveis (ºBrix) ...............................................................................................
44
4.2.4 Acidez total titulável ....................................................................................................
45
4.2.5 Acidez em pH ..............................................................................................................
47
4.3 Avaliação sócio-econômica da comunidade ...............................................................
50
4.3.1 Tipo de etnia encontrada na comunidade ....................................................................
50
4.3.2 Idade e grau de instrução da população quilombola ....................................................
51
4.3.3 Tamanho médio das famílias e nível de dedicação com o extrativismo do açaí .........
52
4.3.4 Outras ocupações dos trabalhadores de açaí da comunidade de São Maurício ...........
52
4.3.5 Renda mensal média dos moradores da comunidade de São Maurício, Alcântara
MA ........................................................................................................................................
53
4.3.6 Consumo médio de açaí e de cachos colhidos por dia na comunidade de São
Maurício, Alcântara MA ....................................................................................................
54
4.3.7 Preço da lata dentro e fora da safra na comunidade de São Maurício .........................
54
4.3.8 Tipo de processamento empregado na comunidade de São Maurício .........................
55
4.3.9 Destino da produção de açaí da comunidade de São Maurício ...................................
55
4.3.10 Qualidade da polpa de açaí considerada pelos moradores da comunidade de São
Maurício ................................................................................................................................
56
4.3.11 Apoio do poder público e atividades voltadas para a área de baixa de açaí segundo
os moradores da comunidade de São Maurício ....................................................................
56
4.3.12 Técnicas de manejo realizados no açaizal pela comunidade de São Maurício ..........
57
VII
9
4.3.13 Capacitação em educação ambiental e agroecologia na comunidade de São
Maurício ................................................................................................................................
58
5 CONCLUSÃO ..................................................................................................................
60
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................
62
APÊNDICE A ......................................................................................................................
73
VIII
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.
Imagem via satélite ENGESAT, da localização geográfica da área
de pesquisa .......................................................................................
14
Figura 2.
Vista parcial da área do experimento ...............................................
15
Figura 3.
Demarcação com fita zebrada das parcelas da área experimental ....
15
Figura 4.
Detalhe da medição do CAP e estimativa de altura esquerda) e
detalhe da numeração do levantamento fitossociológico (à direita).
18
Figura 5.
Detalhe de semente proveniente de fruto não amadurecido e
amadurecido completamente esquerda) e aspecto de frutos
amadurecidos (à direita) ...................................................................
19
Figura 6.
A - Detalhe do momento de debulhagem dos frutos; B- pesagem
dos frutos na área do experimento; C Detalhe da balança
utilizada para pesagem e D detalhe de garrafas pet identificadas
para retirada de amostra ...................................................................
20
Figura 7.
Detalhe do despolpamento do açaí de forma artesanal e controle da
quantidade de água para produção do vinho ....................................
21
Figura 8.
Detalhe refratômetro de mão ............................................................
21
Figura 9.
Detalhe dos coletores assépticos utilizados para coleta de amostras
para análise em laboratório ...............................................................
22
Figura 10.
Detalhe dos potes com amostras devidamente identificados a
serem congeladas e enviadas ao laboratório .....................................
22
Figura 11.
Curva cumulativa do coletor ............................................................
26
Figura 12.
Gráfico da distribuição dos valores de DR, FR e DoR relativas por
espécie ..............................................................................................
29
Figura 13.
Distribuição percentual dos valores de importância (VI) e (VC)
por espécie ........................................................................................
30
Figura 14.
Distribuição do número de indivíduos (densidade), de espécies
(riqueza) e dominância das espécies por família ..............................
31
Figura 15.
Distribuição dos valores de VI e VC por família .............................
32
Figura 16.
Distribuição percentual de classes de diâmetro das arvores, com
intervalo de classe de 10 cm .............................................................
34
Figura 17.
Distribuição percentual de freqüência das classes de altura das
árvores com intervalo de classe de 2 m ............................................
35
IX
11
Figura 18.
Freqüência do número médio de plantas adultas de açaí por
touceira, da Comunidade São Maurício, Alcântara, MA .................
38
Figura 19.
Freqüência entre intervalos para médias de cachos colhidos de açaí
na parcela da produção do “Marco Zero” ........................................
41
Figura 20.
Freqüência entre intervalos para percentagem de rendimento de
polpa em kg de frutos de açaí ...........................................................
43
Figura 21.
Freqüência entre intervalos para percentagem de sólidos solúveis
totais (ºbrix) encontrados em polpa de açaí ......................................
45
Figura 22.
Freqüência entre intervalos para percentagens de acidez titulável
encontrado em polpa de açaí ............................................................
47
Figura 23.
Freqüência entre intervalos para percentagens de acidez em pH,
encontrado em polpa de açaí ............................................................
49
Figura 24.
Etnias que compõem a população da comunidade de São
Maurício, Alcântara, MA .................................................................
51
Figura 25.
Faixa etária da população (A), grau de instrução (B) e local de
moradia e envolvimento com o extrativismo de açaí (C) .................
52
Figura 26.
Freqüência de atividades praticadas pelos agricultores da
comunidade de São Maurício, Alcântara, MA .................................
53
Figura 27.
(A) Consumo médio familiar diário de açaí na comunidade no
período de safra e (B) média de cachos colhidos .............................
54
Figura 28.
Destino da produção extraída na área de baixa da comunidade de
São Maurício ....................................................................................
56
Figura 29.
Apoio do governo em atividades voltadas para a área de baixa do
açaí na comunidade de São Maurício ...............................................
57
Figura 30.
Tipos de manejo conhecidos e feitos na área de baixa de açaí da
comunidade de São Maurício ...........................................................
58
Figura 31.
Participação em cursos voltados para a preservação da várzea de
açaí e conhecimento sobre agroecologia na comunidade de São
Maurício ...........................................................................................
59
X
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.
Identificação das parcelas para o levantamento fitossociológico,
área várzea São Mauricio, Alcântara, MA .....................................
16
Tabela 2.
Famílias e espécies das plantas presentes na área “baixa” da
comunidade quilombola de São Maurício Alcântara MA e seus
respectivos usos e potencialidades .................................................
25
Tabela 3.
Relação das espécies amostradas em ordem decrescente do valor
de importância e de seus respectivos parâmetros
fitossociológicos ............................................................................
28
Tabela 4.
Distribuição dos indivíduos em classes de diâmetro na área de
São Mauricio, com intervalos de classes de 10 cm, aberto na
esquerda e fechado na direita (n = 500) .........................................
34
Tabela 5.
Distribuição dos indivíduos em classes de altura, na área de São
Maurício, em intervalos de classe de 2 m, aberto à esquerda e
fechado à direita .............................................................................
36
Tabela 6.
Composição das touceiras de açaí e estimativa da densidade de
estipes adultos por hectare, da Comunidade São Maurício,
Alcântara, MA ................................................................................
37
Tabela 7.
Quadro de dados de controle produção de frutos de açaizeiro da
comunidade de São Maurício, Alcântara MA (Exemplo da
parcela P1R1) .................................................................................
39
Tabela 8.
Quadro de médias da produção de frutos de açaizeiro da
comunidade de São Maurício, Alcântara MA (Exemplo da
Parcela P1R1) .................................................................................
39
Tabela 9.
Valores do número médio de cachos colhidos por planta de cada
parcela do experimento ..................................................................
40
Tabela 10.
Valores de rendimento médio de polpa observado nas amostras
retiradas das parcelas e touceiras do experimento .........................
42
Tabela 11.
Valores médios de sólidos solúveis (ºBrix) de frutos de açaí
colhidos de plantas das touceiras do experimento .........................
44
Tabela 12.
Valores médios da acidez total titulável de frutos de açaí colhidos
de plantas das touceiras do experimento ........................................
46
Tabela 13.
Valores médios de acidez em pH em frutos de açaí colhidos de
XI
13
plantas das touceiras do experimento ............................................
48
Tabela 14.
Parâmetro ente trabalhos e norma cnica do Ministério da
agricultura, pecuária e abastecimento MAPA com suas
respectivas variações.......................................................................
50
XII
14
Caracterização do sistema agroextrativista familiar do açaizeiro nativo
(Euterpe oleracea Mart.), da Comunidade Quilombola São Maurício,
Alcântara, Maranhão.
Autor: Ricardo Lucas Bastos Machado
Orientador: Prof. Dr. José de Ribamar Gusmão Araújo
RESUMO - O Açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) é uma espécie florestal típica do
estuário Amazônico. No Maranhão, ocorre a mesma espécie botânica, mas o fruto é
popularmente conhecido como juçara. O objetivo deste trabalho é de caracterizar o sistema
agroextrativista de açaí praticado por pequenos agricultores em área de várzea da
Comunidade São Maurício, Alcântara, MA, a partir do conhecimento fitossociológico do
ecossistema, dos requerimentos agronômicos de manejo e do estudo da socioeconomia da
comunidade. Para realização deste trabalho foram selecionadas 16 parcelas de 20 por 20
metros devidamente identificados. No levantamento fitossociológico foram coletados em
campo os dados referentes à identificação em nível de nome popular, científico e família,
altura total e circunferência à altura do peito, classificação das espécies em relação ao
papel ecológico que exerce dentro do ecossistema, com ênfase para árvores de serviço e de
uso múltiplo e analisando cada espécie os parâmetros freqüência absoluta, área basal,
dominância relativa por área, densidade relativa, freqüência relativa, dominância relativa,
valor de importância, valor de cobertura e índice de diversidade de Shannon e Weaver.
Ainda como caracterização da área de estudo foi analisada a produção nativa, ou seja, sem
manejo, coletando dados de número de cachos colhidos por planta, total de peso dos frutos,
média de peso dos frutos, total de peso da polpa, média de peso da polpa, média de
rendimento da polpa em percentagem, além de analisar os sólidos solúveis presentes na
polpa, a acidez total titulável e acidez em pH. Os valores médios de 1,86 º Brix, 0,17 para
acidez total titulável e 5,05 para pH, servem de parâmetro para outras colheitas que serão
realizadas na área quando manejada e mostram que a polpa de açaí estudada encontra-se
dentro dos critérios estabelecidos pelo Ministério da agricultura e abastecimento. Também
neste trabalho realizou-se um questionário sócio-econômico da comunidade, onde se
detectou que apesar da comunidade ser bastante carente e com baixo nível de escolaridade,
mostrou-se bastante conhecedora da importância da “baixa” tendo o açaí como a principal
fonte de alimentação e renda.
Palavras-chave: Açaí (Euterpe oleracea Mart.), Várzea, Fitossociologia, Manejo
agroecológico.
XIII
15
Characterization of the familiar agroextractivism system of the native açaizeiro
(Euterpe oleracea Mart.), of the Quilombola Community is Maurício, Alcântara,
Maranhão.
Author: Ricardo Lucas Bastos Machado
Adviser: Prof. Dr. Jose de Ribamar Gusmão Araújo
ABSTRACT - The Açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) is a typical forest species of the
Estuary of Amazon. In the Maranhão, the same botanical species occurs, but the fruit
popularly is known as juçara. The objective of this work is to characterize the
agroextrativista system of açaí practised by small agriculturists in fertile valley area of the
Community Is Maurício, Alcântara, MA, from the phytosociology knowledge of the
ecosystem, the agronomics petitions of handling and of the study of the partner-economic
of the community. For accomplishment of this work 16 parcels of 20 for 20 meters duly
identified and demarcated by striped ribbon had been selected. In the phytosociology
survey the referring data to the identification in level of popular name, scientific and
family, total height and circumference to the height of the chest had been collected in field,
classification of the species in relation to the ecological paper that exerts inside of the
ecosystem, with emphasis for trees of service and multiple use and analyzing each species
the parameters absolute frequency, basal area, relative domain for area, relative density,
relative frequency, relative domain, value of importance, value of covering and index of
diversity of Shannon and Weaver. Still as characterization of the study area the native
production was analyzed, collecting given of number of clusters harvested for plant, total
of weight of the fruits, average of weight of the fruits, total of weight of the pulp, average
of weight of the pulp, average of income of the pulp in percentage, beyond analyzing
soluble solids gifts in the pulp, the titulável total acidity and acidity in pH. The average
values of 1,86 º Brix, 0,17 for titulável total acidity and 5,05 for pH, serve of parameter for
other harvests that will be carried through in the managemented area already and show that
the flesh of açaí studied is within the criteria established by the Ministry of agriculture and
supply. Also in this work a partner-economic questionnaire of the community was become
fullfilled, where if it detected that although the community to be sufficiently devoid and
with low level of school, sufficiently revealed expert of the importance of the “baixa”
having açaí as the main source of feeding and income.
Key-Word: Açaí (Euterpe oleracea Mart.), Phytosociology, agroecologic management.
XIV
16
1 INTRODUÇÃO
As palmeiras formam um grupo com alta riqueza de espécies na Floresta
Amazônica, distribuídas em 34 neros e 151 espécies, elas são extremamente abundantes
tanto nos estratos inferiores quanto superiores da floresta (HENDERSON, 1995 &
SVENNING, 2001).
A importância dessa família foi registrada em publicação do INPA Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia, onde foram catalogadas e descritas 52 espécies, sendo
três do gênero Euterpe (MIRANDA et al., 2001). Além de uma importante contribuição
para os ecossistemas devido a uma variedade de espécies com funções e características
estritas, esta família tem grande importância econômica por ofertar uma grande variedade
de produtos como frutos comestíveis, extração de palmito e ainda por constituir-se
preferência alimentar de abelhas nativas (Melipona sp.) e abelhas africanizadas (Apis sp.)
durante os períodos de floração em determinadas regiões.
O gênero Euterpe congrega cerca de 28 espécies, distribuídas das Antilhas a
América do Sul, notadamente nas regiões com Florestas Tropicais. O açaizeiro (Euterpe
oleracea Mart.) se destaca pela abundância e por produzir o vinho do açaí, alimento
importante para a população local em suas refeições diárias, e o palmito obtido a partir do
corte dos estipes, com sua produção destinada ao mercado interno e externo (LORENZI et
al., 1996; JARDIM & ANDERSON, 1987; VIEGAS et al., 2004). Segundo Sousa (2006),
a produção nacional anual de açaí é de 132 mil toneladas de frutos, 90% concentrada no
Estado do Pará.
No Maranhão, a comercialização de frutos apresenta números mais modestos que
os do Estado do Pará. Segundo o IBGE (2006), a produção de açaí é de 9.441 toneladas
gerando um a cifra de R$ 5.896.000,00. No Município de Alcântara foram produzidas 78
toneladas, gerando uma renda de R$ 39.000,00 por ano.
O açaizeiro ocorre espontaneamente no Brasil, nos Estados do Amapá, Maranhão e
Pará (CALZAVARA, 1972 & CAVALCANTE, 1991). Rompendo as fronteiras brasileiras,
é encontrado na Guiana Francesa, Suriname, Venezuela (CALZAVARA, 1972;
ROOSMALEN, 1985; CAVALCANTE,1991) e Colômbia (BALICK, 1986). Distribuição
mais ampla é a presença dessa palmeira, também, no Panamá, Equador e Trinidad
(HENDERSON & GALEANO, 1996). É conhecido por vários nomes populares: açaí,
açaído-Pará, açaí da várzea, açaí da terra firme, palmito-açaí, palmiteiro, dentre outros.
O Açaizeiro (E. oleracea Mart.) é uma espécie florestal típica da região que
compõe o Estuário do Amazonas, com características de cultura permanente, o que a torna
17
indicada para as condições tropicais de grande precipitação pluviométrica (superior a
2.300mm anuais), elevada temperatura e umidade relativa do ar e lençol freático
superficial, possibilitando ao solo uma proteção permanente (MIRANDA et al., 2001). No
Maranhão, ocorre a mesma espécie botânica predominante no Pará, mas o fruto é
popularmente conhecido como “juçara” (ARAUJO et al., 2004).
As maiores áreas ocupadas com essa espécie, encontram-se na Amazônia Oriental
Brasileira, mais precisamente na região do estuário do rio Amazonas, considerada como
seu centro de origem e onde existem densas e diversificadas populações, que segundo
Calzavara (1972) e Cavalcante (1991), ocupava em torno de 1 milhão de hectares. Grande
parte dessas populações ocorre com maior freqüência em terrenos que, em função do fluxo
das marés, estão submetidos a inundações periódicas, podendo segundo Cavalcante (1991),
ser encontrada em áreas permanentemente alagadas e em terra firme, neste último caso, em
densidade bem menores.
Em virtude desta brotação exuberante, cuja touceira pode exibir até 30 perfilhos
(estipes) aliada à alta rusticidade e reduzidas necessidades de cuidados operacionais, a
palmeira torna-se de importância capital como fornecedora de matéria-prima para a
indústria de palmito e de polpa de açaí congelada, visando ao mesmo tempo o
aproveitamento permanente das áreas de várzea e igapós, evitando-se desta maneira, seu
abandono e transformação em capoeiras desprovidas de espécies valorizadas.
As barreiras naturais à cultura do açaizeiro podem ser facilmente rompidas com o
surgimento de pesquisas voltadas ao desenvolvimento sustentável em diversos ambientes.
Dessa maneira, é esperada a transição entre um extrativismo de caráter extensivo para um
extrativismo de caráter intensivo.
A cultura ao longo dos anos vem despertando grande interesse dos
agroextrativistas, produtores e pesquisadores, os quais têm procurado praticar diferentes
formas de manejo objetivando preservar a espécie e aumentar a produtividade. O presente
trabalho, baseado no estudo prévio da fitossociologia da floresta de várzea de açaizal da
Comunidade Quilombola São Mauricio, Alcântara, objetivou caracterizar o sistema
agroextrativista de açaí praticado por pequenos agricultores e avaliar alternativas de
manejo agroecológico da espécie Euterpe oleracea em seu ambiente natural, possibilitando
melhorias nos indicadores de produção e qualidade dos frutos, conservação do ecossistema
açaizal e aumento na geração de renda da Comunidade, cujos aspectos socioeconômicos
também foram investigados.
18
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Ecologia de Euterpe oleracea Mart
A adaptação das plantas é um processo que ocorre a longo prazo, envolvendo
muitas gerações. Em condições desfavoráveis ao crescimento, utilizam diferentes recursos
para obter condições mínimas ao desenvolvimento e reprodução (SOUSA et al., 2006).
As várzeas e igapós proporcionam condições biológicas ao desenvolvimento do
açaizeiro (E. oleracea), por apresentarem condições de inundação, circulação de nutrientes
e iluminação razoável. A composição florística é bastante similar, no entanto, possuem
características físico-químicas próprias (SILVA & ALMEIDA, 2004). O açaizeiro se
desenvolve bem nesses ecossistemas, porém, os diferentes padrões de adaptabilidade
estrutural permitem pleno desenvolvimento reprodutivo em áreas de terra firme (VIEGÁS
et al., 2004).
Estudando a estrutura de açaizais em ecossistemas inundáveis da Amazônia, Silva e
Almeida (2004), observaram que o número de plantas que se desenvolveram na várzea foi
maior que no igapó*, sendo que o maior número de estipes por touceira foi encontrado no
igapó.
No que se refere a características do solo, Nogueira (2005) afirma que o solo
predominante nas áreas de várzea do estuário amazônico é do tipo Gley pouco húmico,
resultante do acúmulo de sedimentos deixados pelas águas das marés, mal drenados,
elevado teor de argila, baixa saturação de bases e pH de 4,5 a 5,0.
Para Oliveira (2003), o solo que ocorre nos baixios da região de Maracanã em São
Luís-MA, tradicional área produtora e centro de consumo de frutos, é classificado como
Podzólico Vermelho Amarelo Petroplíntico (Concrecionário), pertence a classe textural
Franco-arenosa, caracterizada por alto teor de areia e baixos teores de silte e argila.
A disponibilidade de água no solo influencia no crescimento, distribuição e
sobrevivência das plantas. Em condições naturais, plantas que habitam locais úmidos,
como o açaí, em certas ocasiões são submetidas naturalmente ao déficit moderado de água.
A capacidade de tolerar um estresse moderado é muito importante para a propagação da
espécie em ambientes diferentes do seu habitat natural (CALBO & MORAES, 2000).
Calbo & Moraes (2000) relataram que o déficit hídrico provocou diminuição nas
atividades fisiológicas do açaizeiro (fotossíntese, condutância estomática e transpiração).
Tsukamoto Filho et al. (2001) observaram que E. edulis plantado em florestas secundárias
em pleno sol apresentou menor produção de biomassa em virtude do estresse hídrico
ocorrido nas parcelas, e Carvalho et al. (1998) citam que o açaizeiro é adaptado a ambiente
* Termo utilizado para denominar uma mata inundada.
19
com alagamento periódico do sistema radicular ocasionado pelo efeito das marés, não
afetando a absorção de água pelas raízes; no período de seca, onde a maré alta não cobre
parte da vegetação, a absorção de água é mantida em níveis suficientes para suprir a
demanda de transpiração.
A baixa disponibilidade de luz afeta o crescimento e a sobrevivência das plantas em
função da quantidade de energia luminosa interceptada pelas folhas. O crescimento
satisfatório de algumas espécies em ambientes com diferentes disponibilidades luminosas
pode ser atribuído à capacidade de ajustar rapidamente seu comportamento fisiológico para
maximizar a aquisição de recursos nesses ambientes (Dias-Filho, 1997).
Segundo Scalon & Alvarenga (1993), as plantas nativas geralmente possuem
respostas diferentes à luminosidade, principalmente quanto ao desenvolvimento vegetativo
da parte aérea e a sobrevivência das plântulas. Por isso, a eficiência do crescimento da
planta pode ser relacionada com a habilidade de adaptação às condições luminosas do
ambiente.
Gama et al. (2002), afirmaram que em ambiente de várzea o açaizeiro se
desenvolve no sub-bosque com pouca luminosidade, contudo, as plantas têm respostas
fisiológicas (fotossíntese) e morfológicas (crescimento) diferentes dependendo do nível de
luz a que são submetidas.
Sampaio (2003), estudando o efeito da irradiância no crescimento inicial de plantas
jovens de açaizeiro (E. oleracea) em sistemas agroflorestais no município de Bragança
PA, observou grande plasticidade no crescimento e na eficiência do uso da radiação
disponível em função das intensidades de irradiância. O autor observou que a adaptação na
faixa de irradiância vai do intenso sombreamento à intensidade alta de irradiância,
constatando que o crescimento aumentou com a disponibilidade de luz até um máximo de
80% e que a adaptabilidade aumentou em função da idade dos açaizeiros.
O regime de inundações periódicas nas áreas de várzea provocou a adaptação de
algumas espécies vegetais, como o açaizeiro que desenvolveu mecanismos de adaptações
morfológicas e anatômicas, representadas por raízes aéreas com lenticelas* e
aerênquimas**.
As estratégias fisiológicas desenvolvidas pelas plantas desta palmeira, permitem
manter as sementes viáveis e as plântulas vivas, por períodos superiores a 15 dias, em
ambiente anóxico da várzea baixa. A redução do teor de oxigênio em solo de igapó,
explica a menor freqüência de espécies arbóreas e de açaizeiro, pois a germinação de
sementes é limitada e o crescimento das plântulas é prejudicado. Quando o suprimento de
*Lenticelas São estruturas secundárias internas respiratórias da raiz cujo formato lembra uma lente, no centro das quais
as células são arredondadas e frouxas, deixando muitos espaços entre si, ocorrendo difusão dos gases atmosféricos para o
interior da raiz e vice-versa. ** aerênquima São parênquimas com espaços intercelulares muito amplos.
20
oxigênio é normalizado, as sementes germinam e as plântulas retomam o seu
desenvolvimento (MÜLER, 2006).
Ohashi & Kageyama (2004) estudaram a variabilidade genética de nove populações
de açaizeiro (E. oleracea) na região do estuário amazônico e observaram que o
crescimento das plantas (altura e diâmetro do colo) foi influenciado pelas condições
ambientais, não sendo possível selecionar populações como superiores ou mais produtivas
com base nesses parâmetros e pela distribuição geográfica. Contudo, Bovi et al. (1998)
estudando as correlações fenotípicas entre caracteres avaliados nos estádios juvenil e
adulto de açaizeiro em Ubatuba SP observaram que o crescimento do açaizeiro foi
influenciado pelo número de perfilhos até o ano após o plantio e que o desbaste das
plantas inferiores com base em mensuração da circunferência acelerou o processo de
florescimento e frutificação.
2.2 Fitossociologia de espécies de várzea
Os estudos fitossociológicos surgiram com a necessidade de fornecerem dados a
respeito das comunidades vegetais dos diferentes biomas existentes e descrever sua
composição, estrutura, distribuição e dinâmica das espécies (FELFILI & VENTUROLI,
2000; GENTRY, 1982 apud CARVALHO et al., 2001).
A fim de auxiliar estes estudos de comunidades, outras medidas foram criadas,
dentre estas, estão os modelos de abundância de espécies, que descrevem matematicamente
a vegetação e utilizam toda informação sobre a comunidade vegetal, permitindo inferências
da estrutura e riqueza da vegetação (FELFILI & VENTUROLI, 2000; ANGELINI, 1999).
A abordagem quantitativa em estudos fitossociológicos tem auxiliado na compreensão da
composição vegetal e de seu estágio sucessional.
O registro das ocorrências das espécies, na forma de coordenadas de latitude e
longitude, bem como o registro de informações sobre o ambiente natural de ocorrência das
plantas é fundamental, pois permitem a compreensão das formas de interação das mesmas
nas diversas ecorregiões, proporcionando de forma mais efetiva o gerenciamento do espaço
geográfico e da variabilidade genética das espécies (RICK, 1973).
As características fenológicas das espécies florestais têm implicações na
organização e estrutura das comunidades e na biologia das populações, influindo
diretamente no fluxo gênico de plantas determinado pelo comportamento de polinizadores
e/ou visitantes e na evolução de estratégias reprodutivas (KAGEYAMA, 1987).
21
O conhecimento de padrões fenológicos pode ser usado para o entendimento da
ecologia de ecossistemas. As fenofases de florescimento e frutificação estão associadas aos
processos de interação planta-animal em relação à polinização, dispersão e predação de
sementes, além de auxiliar em planos de manejo para a produção de sementes. No caso de
E. oleracea estas variações das épocas de florescimento e frutificação são percebidas
facilmente em cada ecossistema onde esta espécie é encontrada.
Através do estudo da regeneração natural são obtidas informações sobre
autoecologia, estádio sucessional efeitos da exploração florestal, entre outras informações
importantes que norteiam as intervenções silviculturais previstas nos planos de manejo
(HIGUCHI et al., 1994).
Levando em consideração que a população humana continuará aumentando, mesmo
que a taxas menores, o consumo de madeiras e de outros recursos florestais também irá
aumentar. Assim, o conhecimento da composição florística, da estrutura da floresta e da
distribuição diamétrica das espécies se torna muito importante, pois permitirá dimensionar
adequadamente a capacidade da floresta de prover as espécies mais úteis e em quantidades
que não comprometam a perpetuidade das mesmas e nem a interrupção no fornecimento de
seus recursos.
A várzea, sendo um ecossistema diverso, funciona como corredor ecológico e um
local complexo onde ocorrem espécies de ambiente aquático, terrestre e de adaptação aos
dois ambientes. Portanto, a manutenção dos remanescentes dessa vegetação e a restauração
ecológica das que foram degradadas é extremamente importante (PASCHOAL &
CAVASSAN, 1999).
As palmeiras se adaptam em diferentes ambientes, onde a eficiência das folhas
para captação de energia luminosa, assim como o transporte e o metabolismo nas diversas
partes das plantas influenciam no crescimento e sobrevivência (SCARIOT, 2001; SOUSA
& JARDIM, 2007).
Gama et al. (2002), afirmam através de estudo realizado em uma área de floresta
secundária de várzea no Amapá que Euterpe oleracea, Astrocaryum murumuru, Crudia
Gama et al. (2002), afirmam através de estudo realizado em uma área de floresta
secundária de várzea no Amapá que: Euterpe oleracea, Astrocaryum murumuru, Crudia
bracteata, Gustavia augusta, Inga edulis, Zygia juruana, Licania canescens, Symphonia
globulifera, Eschweilera coriacea, Caraipa grandiflora, Miconia ceramicarpa e Virola
surinamensis foram as espécies mais importantes da fitocenose; Hevea brasiliensis,
Licania macrophylla, Inga velutina e Inga alba são espécies potenciais para fornecimento
22
de produtos florestais não-madeireiros; mais de 60% das espécies apresentaram padrão de
distribuição agregado.
Euterpe oleraceae é uma das poucas palmeiras que apresenta hábito cespitoso
(abundante perfilhação), formando o que vulgarmente chama-se "touceira", tornando-se
uma espécie ideal para a exploração racional e permanente do palmito e dos frutos.
Segundo Calvazara (1972), as brotações decrescem consideravelmente quando plantado
em Latossolo Amarelo e decrescem ainda mais quando plantados em Latossolo Amarelo
Petroplíntico (Concrecionário), comparados com os cultivados em várzea.
Nogueira (1999) relata que em áreas de várzea de municípios do Pará ocorre uma
grande variação na população de plantas por hectare, citando a ocorrência de 298 touceiras
por hectare e 4.906 estipes em Ponta de Pedras e 192 touceiras por hectare e 2.190 estipes
de todos os portes, nas várzeas do rio Paranateua.
O açaizeiro é uma espécie tipicamente tropical, que se desenvolve bem em
condições de clima quente e úmido e não suporta secas prolongadas. Nas regiões onde é
nativo, as chuvas são abundantes (2.000 a 2.700 mm anuais) e bem distribuídas durante o
ano, e a umidade relativa do ar comumente ultrapassa 80%. A temperatura média gira em
torno de 28ºC. O açaizeiro pode desenvolver-se bem em regiões que apresentam
temperaturas médias mensais acima de 18ºC. A radiação solar, no habitat natural dessa
palmeira, é também abundante. Esse fator tem grande efeito na produção e na qualidade de
frutos desde que não falte água no solo.
Em razão da alta fertilidade de seus solos e da dinâmica da recuperação da
vegetação, a várzea se torna muito atraente para a instalação de roçados e para o
enriquecimento com espécies frutíferas ou madeireiras, introduzidas após a colheita da
cultura plantada. É comum também a condução da própria regeneração natural, atualmente
com prioridade para o açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) e espécies madeiráveis como a
macacaúba (Platymiscium filipes Benth.), a andiroba (Carapa guianensis Aubl.), a virola
(V. surinamensis), o pau mulato (Callycophyllum spruceanum Benth.), entre outras.
O açaizeiro é uma das plantas mais abundantes e freqüentes nas áreas de várzea,
constituindo-se na espécie nativa de maior importância econômica para a região do
estuário amazônico. Estudos realizados na região têm demonstrado que a concentração de
açaizeiros pode atingir até 25% da população botânica das áreas de várzea (ANDERSON
et al., 1985).
23
2.3 Importância socioeconômica de Euterpe oleracea Mart
O Brasil possui um terço das florestas tropicais remanescentes do mundo, sendo um
dos mais importantes repositórios da biodiversidade. Entretanto, o impacto das ações
antrópicas sobre o ambiente tem descaracterizado importantes ecossistemas antes de se
conhecer as interrelações entre os seres vivos e tais ambientes. Perdas e fragmentação de
habitats, invasões de espécies e mudanças climáticas, são exemplos da crescente ação
humana sobre o ambiente (PEREIRA & PETERSON, 2001).
As reservas extrativistas tiveram sua importância socioeconômica e ambiental
ressaltada sobretudo a partir da criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação,
que determinou como seus objetivos básicos a proteção dos meios de vida e cultura das
populações extrativistas tradicionais e a garantia do uso sustentável dos recursos naturais
(SNUC, 2000). No entanto, divergências sobre a viabilidade econômica e ambiental
desse tipo de Unidade de Conservação (HOMMA, 2000; PERES & ZIMMERMAN, 2001;
COSATA, 2004; GOMES, 2001).
O extrativismo moderno, baseado no uso múltiplo da floresta, seria um conjunto de
atividades econômicas desenvolvidas por grupos sociais organizados e que incluiria a
incorporação de tecnologias e agregação de valor aos produtos (SANTOS & CÂMARA,
2002). Assim, ainda que necessitando de aprimoramentos nos processos produtivos, a
manutenção das populações extrativistas nas reservas seria econômica e ecologicamente
viável (CASTELO, 2000).
Embora essa espécie ocorra naturalmente em várzeas e igapós do estuário do
Amazonas, o cultivo econômico do açaí deve evitar as áreas pantanosas, permanentemente
alagadas, onde não ocorre a renovação constante da água. As áreas ribeirinhas são mais
apropriadas ao seu cultivo, pois estão sujeitas a um regime de marés diárias, que renova a
água de inundações. Um dos maiores desafios enfrentados pelo homem, na Amazônia e no
mundo, é o de promover o desenvolvimento sem agredir a natureza. Uma estratégia para
obter esse intento seria combinar inovações técnicas com conhecimentos empíricos
visando criar alternativas que contribuam para reduzir agravos sócio-econômicos e
progresso agroflorestal (EMBRAPA, 1998).
As várzeas foram importantes na história da ocupação da Amazônia, por sua
localização e riqueza natural, tornaram-se grande centro de produção e abastecimento, e
cuja importância ecológica e sócio-econômica para a região é reconhecida e relevante até
hoje (GAMA et al., 2002). Contudo, a falta de estudos sobre esse importante sistema de
24
uso da terra, a fim de gerar novos conhecimentos e tecnologias, tem inviabilizado seu
aproveitamento de forma sustentável.
Por sua vez, os que colocam em dúvida a capacidade das chamadas populações
tradicionais que habitam essas áreas em utilizar os recursos naturais sem comprometer a
biodiversidade e os serviços por ela prestados, baseados tanto em restrições econômicas
(HOMMA, 2000) quanto ecológicas (BODMER, 1997).
Euterpe oleracea Mart. é uma espécie de importante valor alimentar e comercial
para as populações ribeirinhas das várzeas do estuário amazônico através do
aproveitamento dos frutos e do palmito.
Atualmente, a demanda e o potencial de mercado do açaí cresceram de maneira
significativa, ganhando importância nacional. O crescimento do mercado do açaizeiro está
associado aos benefícios à saúde que a ciência vem atribuindo à ingestão desse alimento
rico em vitaminas, pigmentos (antocianinas), fibras, sais minerais e apresenta baixo nível
de calorias (FARIAS NETO et al., 2008).
O açaizeiro é uma espécie que apresenta multiplicidade de usos, dentre os quais se
destacam as folhas para cobertura de casas, fibras, celulose, ração animal, adubo e proteção
de plantações; os frutos para bebida, alimento, adubo, curtimento de couro, álcool, remédio
anti-diarréico e ração animal; o palmito para alimento, adubo, curtimento de couro, álcool,
remédio anti-diarréico e ração animal; as inflorescências para adubo, vassouras e proteção
de plantações; os estipes para construções, celulose, lenha e isolamento elétrico e as raízes
para vermífugo (JARDIM, 2005).
A exploração madeireira e o aproveitamento dos frutos e palmito do açaizeiro (E.
oleracea.) são as atividades mais importantes e lucrativas praticadas nas várzeas do
estuário amazônico. A produção de frutos e de palmito depende da relação entre o número
de touceiras de açaizeiros por hectare, demais palmeiras e espécies lenhosas (QUEIROZ &
MOCHIUTTI, 2000). Os produtores ribeirinhos já perceberam que a exploração madeireira
contribui para o surgimento e ampliação dos açaizais (QUEIROZ & MOCHIUTTI, 2002).
A coleta e comercialização dos frutos constituem-se em atividades importantes sob
o ponto de vista socioeconômico, pois o suco extraído da polpa dos frutos é consumido em
larga escala pela população amazônica. No entanto, essa espécie tem sido submetida à
intensa exploração predatória, com vista à exploração de palmito, levando à sua eliminação
na área (CARVALHO et al., 1998).
Segundo Nogueira (1995), no extrativismo do palmito ocorre o aniquilamento das
plantas, sendo que em alguns casos, onde a pressão de exploração é muito intensa,
25
observa-se até mesmo o desaparecimento da espécie, mesmo sendo o açaizeiro uma planta
com grande capacidade de perfilhamento e regeneração natural. Contudo, foram tomadas
providências pelas instituições competentes no sentido de racionalizar a exploração do
açaí, tanto através do sistema de extrativismo manejado e sustentável quanto de seu cultivo
(SUFRAMA, 2003).
O Brasil, apesar de ser um dos maiores produtores de palmito do mundo, não se
encontra entre os países que mais exportam esse produto. O modo de exploração é na
maioria extrativista. Atualmente, a pupunha (Bactris gasipaes Kunth), o açaizeiro (E.
oleracea), a juçara (E. edulis), o açaí do Amazonas (E. precatoria) e o açaí vermelho (E.
espiritosantensis) são as espécies com maior importância socioeconômica e ambiental para
exploração comercial do palmito e frutos, e por apresentarem potencial produtivo e baixo
custo de produção de mudas (SUFRAMA, 2003).
De acordo com Nascimento & Silva (2005), o açaizeiro (Euterpe oleracea),
palmácea nativa da Amazônia, tem se destacado economicamente pelo potencial
mercadológico de seus produtos, representados, principalmente, pelo palmito e pelo suco
extraído do fruto.
Em diagnóstico socioeconômico realizado no estuário do rio Amazonas, no Estado
do Amapá, foi detectado que a renda bruta das famílias daquela área correspondia, em
termos mensais, a um valor igual a 3,0 vezes o salário nimo vigente. As atividades
ligadas ao extrativismo destacaram-se dos demais componentes, correspondendo a 67,54%
do volume total da renda bruta familiar. O extrativismo contribuiu com 65,52% na renda
monetária, e com 75,73% na formação da renda representada pelo autoconsumo (KOURI
et al., 2002).
Em estudos socioeconômicos realizados na “região da Ilha dos Porcos”, Município
de Afuá-PA, no estuário do rio Amazonas, constatou-se que a renda bruta familiar, em
termos mensais equivalia a 4,4 vezes o salário mínimo vigente no ano da pesquisa e
89,04% dela provinha do extrativismo centrado na exploração dos açaizais, na retirada de
madeira e na pesca. A produção de açaí representava 74,96% daquela renda (KOURI et al.,
2001a).
Inventários fitossociológicos realizados na área de várzea do estuário do rio
Amazonas, que considerem apenas as árvores com DAP 10 cm ou com DAP 15 cm,
deixam de considerar um número muito grande de açaizeiros (Euterpe oleracea Mart.),
espécie de grande importância socioeconômica para as famílias ribeirinhas, além de poder
26
levar a uma interpretação equivocada do potencial econômico existente atualmente na
várzea estuarina, pelo valor que é dado aos frutos do açaí (QUEIROZ, 2004).
Diante disso, o conhecimento gerado sobre as áreas de várzea poderá orientar na
realização de estudos mais detalhados sobre os açaizais, visando à manutenção dos
estoques e a capacidade dos mesmos de prover frutos e palmito de qualidade,
proporcionando alimentação, emprego e renda para as populações ribeirinhas, sem afetar a
diversidade das espécies comuns aos estuários.
2.4 Modelos e estratégias de manejo de açaizais nativos
A partir de 1990, o cultivo e o manejo de açaizais nativos começaram a ganhar
significado devido à valorização do vinho do açaí no mercado nacional, gerando emprego e
possibilitando um maior nível de renda ao trabalhador do interior do Estado, melhorando
as condições de vida do homem do campo e diminuindo o êxodo rural (LOPES, 2001).
O manejo de frutos do açaizeiro implica em práticas utilizando métodos científicos
e/ou tradicionais habituais para aumentar a produtividade das áreas de florestas. Esta
iniciativa pode gerar empregos, distribuição de renda, baixo impacto sócio-ambiental pelo
uso de um recurso florestal comercialmente valioso, e ainda, aumentar do valor da floresta
em pé. Mas para que esta prática seja sustentável ao longo do tempo, torna-se necessário
obter algumas informações ecológicas para avaliar o potencial de manejo deste produto
(ROCHA, 2004).
Nogueira (1999), em Igarapé Miri/PA, em áreas de vegetação original pouco
alterada, encontrou populações de açaizeiros até cinco vezes superiores às encontradas por
outros estudiosos. Segundo o autor, isso decorreu da intensa exploração efetuada pelos
habitantes locais, que eliminaram quase que por completo as espécies consideradas de
baixo valor comercial, de ocorrência natural nas áreas de várzea. Segundo Dubois et al.
(1996), as comunidades que começaram a manejar seus açaizais têm a tendência de manter
em pé os açaizeiros e eliminar as plantas que fazem sombra aos açaizeiros.
Rocha & Viana (2004), afirmam que práticas de manejo podem melhorar a
economia rural gerando renda e sendo um meio a conter o desflorestamento crescente.
Além disto, não conflita com o modo de vida e a cultura extrativista, onde o potencial
produtivo médio de frutos encontrado na floresta de baixio* foi de aproximadamente 450 ±
79 kg.ha
-1
e na floresta de terra firme foi de 173 ± 22 kg.ha
-1
.
*Termo utilizado para denominar área de floresta de açaí.
27
Rocha (2004) realizando trabalhos de comparação no manejo com E. precatoria
Mart. em área de baixio e de terra firme, identificou que não houve diferença do peso total
médio de frutos por palmeira no baixio e na terra firme no ano e época medidos. A
produção estimada de frutos nesta floresta em relação a de terra firme foi alta, porém,
como a variação do peso de frutos por palmeira é muito grande, a avaliação da produção
deve ser feita em indivíduos marcados ao longo de vários anos e em épocas distintas ao
longo do ano, para que se tenha estimativa mais representativa da produção de frutos por
palmeira.
Para Redig (1981) parece ser viável provocar o adensamento do açaizal
proporcionado-lhe condições de luminosidade suficiente, mediante a eliminação de
espécies arbóreas de reduzido ou nulo valor comercial, preservando-se as essências de
valor comercial.
Para Jardim et al. (1995), no manejo do açaizal deve-se primeiro fazer um
mapeamento que serve para localizar e quantificar o número de touceiras e estipes em cada
touceira na área desejada. Em seguida, o raleamento da mata, retirando do meio do açaizal
espécies arbóreas de baixo valor comercial e cipós para a penetração da luz do sol que
ajuda no crescimento das plantas.
Jardim & Anderson (1987) e Nogueira (1995), verificaram que em populações
nativas de açaizeiros houve um acréscimo significativo na produtividade de frutos por
estipe, quando houve a eliminação das espécies competidoras.
Nogueira & Conceição (2000) estudaram o crescimento de açaizeiro em área de
várzea no estuário Amazônico, constatando que quatro anos após o corte do estipe para
extração do palmito, os perfilhos estavam prontos para produção de frutos e de palmitos. O
número de perfilhos produzidos em todos os estádios de crescimento da palmeira está
associado ao vigor da planta nas primeiras fases de desenvolvimento. No entanto, não se
deve permitir o número excessivo de perfilhos, pois a competição se torna acentuada,
trazendo como conseqüência menor desenvolvimento do palmito (BOVI et al., 1998).
Pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental produziram a cultivar BRS Pará
destinada ao plantio em terra firme. A seleção foi obtida a partir de açaizeiros que
apresentaram boa produção de frutos e alto vigor de perfilhamento. É uma planta precoce,
iniciando seu ciclo de produção de frutos com 3 anos após o plantio a uma altura de estipe
em torno de 1 metro, mais produtiva e com maior rendimento de polpa, em torno de 15 a
25 % (EMBRAPA, 2004).
28
De qualquer maneira, o momento atual é muito propício ao manejo dos açaizais,
pois o suco preparado com a polpa dos frutos se constitui em importante alimento para as
famílias das áreas ribeirinhas, além de prover considerável percentual de sua renda
monetária. O palmito, extraído nas operações de limpeza e controle da altura e do número
de estipes na touceira, é aproveitado pelas indústrias de alimento e transformado em
conserva, com excelente mercado no Brasil e no exterior, gerando empregos na região e
divisas para o país.
Nas operações de manejo dos açaizais no estuário amazônico, são eliminados das
touceiras os estipes dos açaizeiros que apresentam baixa produção de frutos, diâmetro fino
ou alturas que dificultem a coleta de frutos. As espécies arbóreas, sem valor econômico
para os moradores locais e as que são utilizadas apenas como lenha, têm sua população
bem reduzida. Embora contribua para a redução da diversidade florística do ambiente, o
sistema é considerado adequado para o desbaste seletivo nas touceiras de açaí e para o
raleamento seletivo das espécies concorrentes (CALZAVARA, 1972; JARDIM &
ANDERSON, 1987; BOVI, 1993; NOGUEIRA, 1997).
Com base no exposto, pode-se inferir que a função agroecológica da capoeira
(produção de biomassa, proteção e retenção de água no solo, manutenção da microfauna do
solo, etc.) pode proporcionar condição adequada à sobrevivência e ao desenvolvimento do
açaizeiro. No entanto, tornam-se necessárias pesquisas que possam correlacionar a
influência dos fatores abióticos (pluviosidade, temperatura e solo) na sobrevivência,
mortalidade e no desenvolvimento das plantas.
O manejo do açaí na capoeira pode constituir uma boa alternativa para aumentar a
fonte de renda do pequeno agricultor, necessitando para isso pesquisa que venha conhecer
e avaliar o desenvolvimento da planta nesse ambiente.
Considerando a forma como os açaizais vêm sendo explorados, e algumas práticas
bem sucedidas realizadas pelos ribeirinhos, é possível propor, de modo racional e
equilibrado, manejo de exploração de açaizais nativos, conciliando a proteção ambiental
com o rendimento econômico. O pressuposto básico deve estar voltado para o
estabelecimento de florestas diversificadas de várzeas, que possam proporcionar aos
ribeirinhos rentabilidade maior que a obtida com a forma atual de exploração. Nesse
contexto, deve ser considerado que o manejo e a exploração do maior número possível de
espécies constituirão em aspectos favoráveis para a manutenção da biodiversidade,
evitando, com isso, o risco da formação de maciços homogêneos de açaizais (tendência
29
atual), e também favorecer o ressurgimento de espécies vegetais nativas, que praticamente
desapareceram da região (NOGUEIRA, 2005).
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Local
O projeto foi desenvolvido nas terras de uso comum da comunidade quilombola rural
de São Maurício (02º29’24.0” S e 44º35’06.7” W), localizado no Município de Alcântara,
MA, à margem esquerda da estrada asfaltada de acesso que liga o porto de Cujupe à
Rodovia MA 106 (Figura 1), distando cerca de 6 km do porto do Cujupe e 50 km da sede
do Município de Alcântara MA.
Figura 1. Imagem via satélite ENGESAT, da localização geográfica da área de pesquisa.
3.2 Escolha da área de instalação das parcelas experimentais
As parcelas experimentais foram marcadas em uma área de várzea que possui
aproximadamente 720 ha, cerca de 60% do povoado, de acordo com o diagnóstico
participativo de Alcântara (DLIS, 2003). (Figura 2).
Terminal do Cujupe
Baía de São Marcos
Ilha de São Luís
Município de Alcântara
Comunidade São Maurício
30
A escolha desta área foi realizada com base nas sugestões colhidas nas reuniões com
os moradores da comunidade (conhecimento local); na observação das características da
vegetação, levando-se em conta grau de adensamento da floresta de açaizal (Figura 2); o
baixo nível de interferência antrópica; e a importância que a várzea de açaizal proporciona
para atividade extrativista para a comunidade de São Maurício.
Figura 2. Vista parcial da vegetação da área de estudo.
O trabalho de demarcação das parcelas experimentais foi realizado pela equipe do
projeto com a ajuda de moradores da comunidade. Neste trabalho fez-se uso de alguns de
equipamento de GPS e fita de isolamento (fita zebrada) para facilitar o reconhecimento da
parcela e possibilitar que a área escolhida não sofresse alterações durante a realização do
trabalho (Figura 3). Cada parcela possui uma dimensão de 20 x 20 m.
Figura 3. Demarcação das parcelas experimentais com fita zebrada.
3.3 Identificação das parcelas para estudo fitossociológico
Para determinação do levantamento fitossociológico foram definidas 16 parcelas,
distribuídas ao acaso, demarcadas por fita zebrada e identificadas com placas informando o
31
tipo de parcela e repetição, além da colocação de bandeiras coloridas representando a
localização da parcela (Tabela 1).
Tabela 1. Identificação das parcelas para o levantamento fitossociológico da área de
várzea da Comunidade São Mauricio, Alcântara, MA.
Parcela
Identificação da placa
Identificação da cor
Parcela 1 Repetição 1
P1R1
Azul
Parcela 1 repetição 2
P1R2
Azul
Parcela 1 repetição 3
P1R3
Azul
Parcela 1 repetição 4
P1R4
Azul
Parcela 2 repetição 1
P2R1
Laranja
Parcela 2 repetição 2
P2R2
Laranja
Parcela 2 repetição 3
P2R3
Laranja
Parcela 2 repetição 4
P2R4
Laranja
Parcela 3 repetição 1
P3R1
Vermelho
Parcela 3 repetição 2
P3R2
Vermelho
Parcela 3 repetição 3
P3R3
Vermelho
Parcela 3 repetição 4
P3R4
Vermelho
Parcela 4 repetição 1
P4R1
Branca
Parcela 4 repetição 2
P4R2
Branca
Parcela 4 repetição 3
P4R3
Branca
Parcela 4 repetição 4
P4R4
Branca
Estas mesmas parcelas também foram utilizadas para determinar o “marco zero da
produção nativa” e servirão para identificar o nível de desbaste que será utilizado na
estratégia de manejo para a área de São Maurício, Alcântara - MA.
3.4 Parâmetros Fitossociológicos
O trabalho foi conduzido tendo como referências e adaptação, o sistema de manejo
agroecológico desenvolvido pela EMBRAPA Amazônia Oriental (CPATU) envolvendo as
etapas de levantamento fitossociológico, avaliando-se o número de espécies existentes na
área, nome comum, botânico, família, quantidade de indivíduos por espécie, idade, porte e
circunferência à altura do peito (CAP); classificação das espécies em relação ao papel
32
ecológico que exerce dentro do ecossistema, com ênfase para árvores de serviço e de uso
múltiplo; número de estipes de açaí por touceira.
Para cada espécie vegetal foram analisados os seguintes parâmetros: (nº) número de
indivíduos que ocorrem nas parcelas, (nº Am.) Números de parcelas que ocorre a espécie,
freqüência absoluta (FAs), área basal (ABs), dominância relativa por área (DoAs),
dominância relativa (DoRs), densidade relativa (DRs), freqüência relativa (FRs), valor de
importância (VI), valor de cobertura (VC) e índice de diversidade de Shannon e Weaver
(H’) da comunidade. As equações adotadas segundo MUELLER DOMBOIS &
ELLENBERG (1974) foram às seguintes.
FAs = Os / PT)
ABs = ABIs / n
s
DoAs = (DAs) (Abs)
DRs = 100 (n
s
/ N)
FRs = 100 (Faz / FAT)
DoRs = 100 (ABIs / ABT)
VIs = DRs + FRs + DoRs
VCs = DRs + DoRs
H’ = - ∑ ps.1 n.ps
Os = n
s
/ N
Onde:
FAs = freqüência absoluta da espécie;
ABs = área basal média da espécie;
DoAs = dominância por área da espécie;
DRs = densidade relativa da espécie;
FRs = freqüência relativa da espécie;
DoRs = dominância relativa da espécie
VIs = valor de importância da espécie;
VCs = valor de cobertura da espécie;
H’ = índice de diversidade de Shannon e Weaver;
n
s
= número de indivíduos amostrados da espécie;
N = numero total de indivíduos amostrados
u = número de área ( 1 ha = 10.000 m
2
)
d = distancia média geométrica
d = anti ln 1/N (lnd
1
+lnd
2
+ … lnd
n
)
33
d1, d2, dn = distâncias individuais corrigidas, com adição do raio do
tronco da árvore medida.
ps = perímetro da espécie
Para o cálculo dos parâmetros fitossociológico foi utilizado o programa FITOPAC 1
(SHEPHERD, 1994).
3.5 Levantamento fitossociológico
Figura 4. Detalhe da medição do CAP e estimativa de altura esquerda) e detalhe da
numeração da planta do levantamento fitossociológico (à direita).
3.6 Determinação da produção de frutos de açaí
Para a determinação da produção de açaí nativo, colheu-se todos os cachos maduros
produzidos em duas plantas selecionadas aos acaso de duas touceiras por parcela. As
touceiras foram identificadas com a mesma numeração do levantamento fitossociológico e
as plantas selecionadas foram marcadas em seus estipes com os números 1 e 2, nas cores
amarelo e branco, respectivamente.
3.7 Colheita dos frutos e preparação do vinho de açaí para análise das amostras
A coleta foi realizada por moradores experientes da comunidade que participaram
diretamente da execução do trabalho. Para subir no caule (estipe) até alcançar o cacho e
colhê-lo, o apanhador utiliza uma espécie de cinto trançado por ele, regionalmente
chamado de “pea” e atado aos pés para apoiar na subida. Este cinto é feito com palha verde
34
de folhas de açaizeiro, podendo ser também feito por fibra sintética. O cacho colhido era
trazido até o chão com muito cuidado para evitar a debulha de frutos na operação.
A colheita é uma tarefa geralmente reservada aos homens ou adolescentes porque é
árdua e arriscada. A única característica comum entre essas pessoas é seu peso,
normalmente inferior a 60 kg, para evitar uma grande flexão do estipe, diminuir o risco de
queda.
Considerou-se cachos maduros aqueles cujos frutos apresentavam coloração escura
e ao mesmo tempo acinzentados, visando uniformizar o processo de colheita e garantir
melhores características organolépticas (Figura 5).
Figura. 5 Detalhe de semente proveniente de fruto imaturo e completamente amadurecido
(à esquerda) e aspecto de frutos amadurecidos (à direita).
Dentro da área do açaizal, foi montado um ponto de apoio composto de uma
balança digital de três dígitos (capacidade de 15 kg), garrafas pet de 2 litros para
armazenagem dos frutos, uma bacia de plástico para pesagem dos frutos, um côfo* de
palha de babaçu para debulha dos frutos e um tapete de palha para acomodação do
material, conforme Figura 6.
35
Figura 6. A- Debulha dos frutos; B- pesagem dos frutos; C balança utilizada para
pesagem e D garrafas pet identificadas para retirada de amostra.
Os frutos armazenados nos litros de garrafas pet e identificados com o mero da
planta e da parcela foram acondicionados por no máximo 12 horas em refrigerador para
serem processados.
3.8 Processamento dos frutos e análises laboratoriais
O processamento para separação da polpa e sementes mais resíduos foi realizado de
forma artesanal, para garantir o controle da quantidade de água fornecida na fabricação do
vinho de açaí. A temperatura da água era de aproximadamente 38ºC. Tal procedimento
mostrou-se impreciso em equipamentos de despolpamento mecânico justamente pela falta
de controle na quantidade de água emitida e temperatura para despolpamento. (Figura 7).
A
B
C
D
*Utensílio semelhante ao jacá, balaio ou cesto, confeccionado com folha da palmeira de babaçu.
36
Figura 7. Detalhe do despolpamento do de forma artesanal e controle da quantidade
de água para produção do vinho.
Foi adotada uma relação peso de frutos e quantidade de água para que sempre fosse
utilizada a mesma relação água/fruto independente do peso dos frutos fornecida para
despolpamento. Esta relação foi de 1 litro de água para 1 kg de frutos.
Após o despolpamento, foram anotados os dados de peso de polpa (PP), cálculo de
rendimento de polpa e tomada dos dados de sólidos solúveis presentes na polpa (ºbrix), por
meio do aparelho de refratômetro manual (Figura 8).
Figura 8. Detalhe refratômetro manual.
As amostras de polpa foram acondicionadas em recipientes (potes plásticos)
assépticos de fábrica (Figura 9) com peso médio de 70 gramas e levadas imediatamente
para congelamento em laboratório, até o momento das análises: determinação de
percentagem de acidez e sólidos solúveis totais.
37
Figura 9. Coletores assépticos utilizados em coleta de amostras da polpa/vinho para
análise em laboratório.
Em cada frasco com amostra foi anotado o mero da planta e da parcela para
análise em laboratório (Figura 10).
Figura 10 Detalhe dos potes com amostras devidamente identificados a serem congeladas
e enviadas ao laboratório.
No Laboratório de pós-colheita da Universidade Estadual do Maranhão UEMA
foram analisadas as amostras de açaí devidamente identificadas, conforme mostra a
Figura 10.
No laboratório foram realizadas as seguintes análises: a acidez total titulável e
acidez em pH das amostras. O pH foi determinado pelo método potenciométrico em
peagâmetro da marca Analyser modelo PH-300M, calibrado com soluções tampões de pH
4 e 7.
A acidez total titulável foi obtida por meio da titulação da amostra com soda e
levando em conta o ácido málico, conforme esquema a seguir:
38
PASSO 1 - PREPAROU-SE 500 ML DA SOLUÇÃO DE NAOH A 0,1 N. PM=40
Procedimento:
Pesou-se 2 g de NaOH e dilui-se a 500 ml com água destilada em um balão volumétrico
aferido.
PASSO 2 - PREPARO DA SOLUÇÃO DE BIFITALATO DE POTÁSSIO 0,1 N
PM=204,22
Procedimento:
Pesou-se 2,0422 g de de bifitalato de potássio e diluiu-se em 100 ml de água destilada
PASSO 3 - PREPARO DA SOLUÇÃO DE FENOLFTALEINA A 1%
Procedimento:
Pesou-se 0,05 g de fenolftaleina e dilui-se em 50 ml de água destilada
PASSO 4 - PREPARO DA SOLUÇÃO DE KIO
3
Procedimento:
Pesou-se exatamente 0,8917 g de KIO
3
(após estufa de 110º C de peso constante + ou 4
Hs) e diluiu-se em 250 ml de água destilada.
PASSO 5 - PREPARO DA SOLUÇÃO DE IODETO DE POTÁSSIO
Procedimento:
Pesou-se 1 g de iodeto de potássio e diluiu-se em 100 ml de água destilada em balão
aferido.
PASSO 6 - PREPARO DA SOLUÇÃO DE AMIDO 1%
Procedimento:
Pesou-se 0,5 gramas de amido e diluiu-se em 50 ml de água destilada aquecida.
PASSO 7 - DETERMINAÇÃO DO FATOR DA SOLUÇÃO BÁSICA
Procedimento:
Pipetou-se 10 ml da solução de bifitalato de potásio 0,1 N, colocou-se em um erlemayer de
125 ml e acrescentou-se 3 gotas de fenolfitaleina a 1%. Titulou-se com uma solução de
NaOH 0,1 N. e obtendo-se o volume gasto da solução.
PASSO 8 - DETERMINAÇÃO DA ACIDEZ DAS AMOSTRAS DE AÇAÍ
Procedimento:
Pesou-se 10 g das amostras e diluiu-se em 100 ml de água destilada, colocou-se 3 gotas da
solução de fenolfitaleína a 1 % e titulou-se com uma solução de NaOH 0,1 N; fator 1,00.
PASSO 9 Cálculo de percentagem de acidez
Procedimento:
Calculo: % de ácido = V x Megs x F x 100
--------------------------- x 10
Pa
Para ácido cítrico: Para ácido Málico:
Eg = 64 Eg = 67,9
Megs = 0,0064 Megs = 0,0679
Pa = Peso da amostra
3.9 Perfil socioeconômico da comunidade de São Maurício, Alcântara-MA
O diagnóstico sócio-econômico da comunidade de São Maurício foi realizado entre
os meses de março e abril de 2008, área esta tradicionalmente conhecida como de extração
do açaí, sendo entrevistadas 32 pessoas abordando aspectos gerais da socioeconomia da
comunidade.
39
O questionário foi aplicado aos moradores da comunidade de forma aleatória,
representando uma amostragem de 35% da população do povoado, onde a investigação
abordou assuntos como: indicadores sociais, culturais alimentares e econômicos; renda;
características e perfil tecnológico do sistema de produção; produtividade e qualidade do
produto; mercado e comercialização. Os dados foram tabulados e organizados em
histogramas de médias e freqüências. Aspectos subjetivos também foram considerados, em
virtude da pesquisa ocorrer in loco, com acesso direto às famílias e aos ambientes de
cultivo (Apêndice A).
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Fitossociologia
Foram amostrados na área da “baixa
1
da comunidade quilombola de São Maurício,
500 indivíduos vivos, distribuídos em 10 famílias botânicas e 21 espécies, com uma área
equivalente de amostragem de 0,640 ha. A densidade total foi de 781,25 indivíduos/ha, a
área basal total foi de 24,978 m
2
, correspondente a 39,028 m
2
/ ha e uma freqüência total
de 562,5. As famílias e as espécies amostradas na área estão apresentadas na Tabela 2 que
identifica a utilização ou potencialidade da espécie na comunidade, quanto para orientar o
desbaste seletivo da vegetação, que será feito no momento da implementação do plano de
manejo agroecológico do açaí na comunidade de São Mauricio, Alcântara MA.
Para Allegretti (1995), aqueles que acreditam na viabilidade das reservas
extrativistas, a grande diversidade de produtos e serviços ambientais prestados pelas
florestas podem ser a chave para conciliar o uso e conservação dos recursos naturais.
Tabela 2 Famílias e espécies das plantas presentes na área “baixa” da comunidade
quilombola de São Maurício Alcântara MA e seus respectivos usos ou potencialidades.
FAMÍLIAS
NOME CIENTÍFICO
NOME
VULGAR
USO OU
POTENCIALIDADE
1 Denominação local para a área de concentração da floresta de açaizal.
40
Anacardiacea
Mangifera indica L.
Manga
Alimentar
Spondias mombin L.
Cajá-mirim
Alimentar
Arecaceae
Euterpe oleracea Mart.
Juçara
Alimentar/Econômica
Mauritia flexuosa Mart.
Buriti
Alimentar/Fibra
Astrocaryum vulgare Mart.
Tucum
Alimentar
Bombacaceae
Paquira aquatica Aubl.
Mamorana
Madeireiro
Fabaceae
Hymenolobium sp
Angelim
Madeireiro
Guttiferae
Symphonia globulifera L.
Guananim
Madeireiro
Leguminosae
Inga sp
Ingá
Alimentar/Ecológico
Moraceae
Ficus sp.
Cutindiba
Madeira/Ecológica
Musaceae
Musa sp.
Banana
Alimentar/Econômico
Phenakospermum guyanensis
Endll.
Sororoca
Ecológica
Tiliaceae
Apeiba tiboubou Aubl.
Pente de macaco
Medicinal
Apeiba burchelii Sprague.
Chapéu de sol
Madeireiro
Desconhecidas
1
Bitaia
Ecológico
2
Incurana
Madeireiro
3
Cumaxi
Medicinal/Ecológico
4
Cabo de faca
Madeireiro
5
Cipó de
canoinha
Medicinal
6
Calão
Madeireira
De acordo com Müller (2006), a redução do teor de oxigênio em solo de igapó,
explica a menor freqüência de espécies arbóreas e de açaizeiro, pois a germinação de
sementes é limitada e o crescimento das plântulas é prejudicado.
Pela análise da Figura 11, que relaciona o número cumulativo de espécies vegetais
novas por parcela amostrada, verificou-se que as espécies são adicionadas gradativamente
à população à medida que se aumenta o número de parcelas amostradas, tendendo a
estabilizar-se a partir da 10ª parcela, indicando que a amostragem foi satisfatória. No
entanto como a fitocenose da área é apenas um dos objetivos do trabalho optou-se pela
continuação do levantamento até a 16ª parcela como era previsto no trabalho para que se
tivesse o conhecimento da vegetação em todas as parcelas, para efeito de intervenções
futuras como desbaste das touceiras de açaí e manejo da vegetação acompanhante.
41
Figura 11. Curva cumulativa do coletor.
Para melhor organização e compreensão da coleta de dados obtidos nos trabalhos
da fitossociologia em campo, foi confeccionado uma tabela que armazena os dados de
ordem em que esta planta foi enumerada (Ord.), esta numeração deu-se principalmente
pela quantidade de indivíduos encontrado na parcela (nº), a quantidade de parcelas que foi
encontrada a espécie (nº Am), os valores obtidos para a espécie de densidade por área
(DA), Freqüência absoluta ((FA), Dominância relativa (DoM), área basal (AB),
percentagem da dominância relativa (DR%), percentagem da Freqüência relativa (FR%),
percentagem da dominância relativa, percentagem do valor de importância e percentagem
do valor de cobertura, que em resumo podemos identificar todos estes dados conforme
mostra a Tabela 3.
Curva cumulativa do coletor
0
5
10
15
20
25
pc.1
pc.2
pc.3
pc.4
pc.5
pc.6
pc.7
pc.8
pc.9
pc.10
pc.11
pc.12
pc.13
pc.14
pc.15
pc.16
parcelas
N° cumulativo de espécies novas
Série1
42
Tabela 3. Relação das espécies amostradas em ordem decrescente do valor de importância e de seus respectivos parâmetros fitossociológicos.
Ord.
Espécies
n°Am
DA
FA
DoM
AB
DR%
FR%
DoR%
VI%
VC%
1
Euterpe oleracea Mart.
339
16
529,7
100,00
21,49
5,3667
67,8
17,78
21,49
35,68
44,64
2
Symphonia globulifera L.
49
16
76,6
100,00
29,49
7,3671
9,8
17,78
29,49
19,02
19,64
3
Desconhecida 1 (Incurana)
41
15
64,1
93,75
22,33
5,5768
8,2
16,67
22,33
15,73
15,26
4
Mauritia flexuosa Mart
18
6
28,1
37,50
12,52
3,1269
3,6
3,67
12,52
7,59
8,06
5
Ficus sp.
9
8
14,1
50,00
7,07
1,7657
1,8
8,89
7,07
5,92
4,43
6
Inga sp.
22
10
34,4
62,50
1,51
0,3767
4,4
11,11
1,51
5,67
2,95
7
Spondia mombin L.
1
1
1,6
6,25
3,58
0,8930
0,2
1,11
3,58
1,63
1,89
8
Phenakospermum guyanensis Endl.
4
2
6,3
12,50
0,24
0,0603
0,8
2,2
0,24
1,08
0,52
9
Mangifera indica L.
3
2
4,7
12,50
0,3
0,0757
0,6
2,2
0,30
1,04
0,45
10
Desconhecida 4 (Chapéu de sol)
2
2
3,1
12,50
0,14
0,0353
0,4
2,2
0,14
0,92
0,27
11
Musa sp.
2
2
3,1
12,50
0,1
0,0239
0,4
2,2
0,10
0,90
0,25
12
Hymenolobium sp.
1
1
1,6
6,25
0,53
0,1324
0,2
1,1
0,53
0,61
0,36
13
Apeiba tiboubou Aubl.
1
1
1,6
6,25
0,21
0,0517
0,2
1,1
0,21
0,50
0,20
14
Paquira aquatica Aubl.
1
1
1,6
6,25
0,1
0,0260
0,2
1,1
0,10
0,47
0,15
15
Dendropanax sp.
1
1
1,6
6,25
0,9
0,0232
0,2
1,1
0,09
0,46
0,14
16
Desconhecida 5 (Cipó de canoinha)
1
1
1,6
6,25
0,9
0,0224
0,2
1,1
0,09
0,46
0,14
17
Desconhecida 6 (Bitaia)
1
1
1,6
6,25
0,6
0,0154
0,2
1,1
0,06
0,45
0,13
18
Astrocaryum vulgare Mart.
1
1
1,6
6,25
0,4
0,0104
0,2
1,1
0,04
0,45
0,12
19
Desconhecida 2 (Cumaxi)
1
1
1,6
6,25
0,4
0,0100
0,2
1,1
0,04
0,45
0,12
20
Desconhecida 3 (Cabo de faca)
1
1
1,6
6,25
0,4
0,0098
0,2
1,1
0,04
0,45
0,12
21
Desconhecida 7 (Calão)
1
1
1,6
6,25
0,3
0,0086
0,2
1,1
0,03
0,45
0,11
43
4.1.1 Densidade (DR), Freqüência (FR) e Dominância (DoR) relativas por espécie
A Figura 12 mostra a distribuição dos valores de densidade, freqüência e
dominância relativa das espécies amostradas na área da “baixa” na comunidade de São
Maurício Alcântara MA.
Figura 12 Distribuição dos valores de DR, FR e DoR relativas por espécie
As espécies mais abundantes encontradas nesta área foram: Euterpe oleracea
Mart. com 339 indivíduos, representando 67,80 % da densidade total, Symphonia
globulifera L. com 49 indivíduos, representando 9,8 %, Incurana (Desconhecida 1) com
41 indivíduos, representando 8,2 %, Inga sp. com 22 indivíduos, representando 4,40 %
da densidade e Mauritia flexuosa Mart. com 18 indivíduos, representando 3,6 %.
De acordo com Queiroz (2005), em estudo de composição florística e estrutura de
floresta realizado em área de várzea alta do estuário amazônico, as famílias mais
abundantes são: Arecaceae com 416 plantas/ha (50,4%), com a espécie Euterpe
oleracea Mart., 207 plantas/ha (25,1%) e Astrocaryum murumuru Mart. 160 plantas/ha
(19,4%); Caesalpiniaceae com 95 plantas/ha (11,5%) com a espécie Mora paraensis
Ducke, 82 plantas/ha (9,9%) e família Mimosaceae com 83 plantas/ha (10,0%), com a
espécie Pentaclethra macroloba (Willd.) Kuntze 56 plantas/ha (6,7%).
%
44
4.1.2 Valores de importância (VI) e Cobertura (VC) por espécie
O valor mais expressivo de importância e cobertura na área da “baixa” na
Comunidade Quilombola de São Maurício em Alcântara, MA, foi verificado para
Euterpe oleracea Mart. (VI = 35,68% e VC = 44,64%), indicando uma forte adaptação
dessa espécie ao ambiente de várzea, com reflexos no equilíbrio ecológico do
ecossistema e na socioeconomia da Comunidade de São Maurício. Na seqüência,
aparecem as espécies Symphonia globulifera L. (VI = 19,02% e VC = 19,64%),
Desconhecida 1 “Incurana” (VI = 15,73% e VC = 15,26%), Mauritia flexuosa Mart. (VI
= 7,59% e VC = 8,06%), Ficus sp. (VI = 5,92% e VC = 4,43%) e Inga sp. (VI = 5,67%
e VC = 2,95%). As seis espécies citadas, que perfazem 28,57% do total de espécies,
acumularam 89,61% do total do valor de importância e 94,98% do total do valor de
cobertura. As outras 15 espécies (71,42% do total) totalizam 10,39% do valor de
importância e 5,02% do valor de cobertura. A área basal dos indivíduos Symphonia
globulifera L., Desconhecida 1 Incurana” e Mauritia flexuosa L, foi um dos fatores
que mais contribuiu para sua importância, enquanto para Euterpe oleracea Mart. o
número de indivíduos foi o fator que mais contribuiu para sua importância na
comunidade vegetal (Figura 13).
Figura 13. Distribuição percentual dos valores de importância (VI) e (VC) por espécie.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
VI
VC
%
45
4.1.3 Densidade (DR), Riqueza e Dominância (DoR) relativas por família
A Figura 14 mostra a distribuição do número de indivíduos (densidade), de
espécies (riqueza) e dominância por família na área da “baixa” na comunidade
Quilombola de São Maurício, Alcântara MA.
Figura 14. Distribuição do número de indivíduos (densidade), de espécies (riqueza) e
dominância das espécies por família.
A família Arecaceae ocupa a primeira posição em número de indivíduos (358,
equivalente a 71,6% de densidade), um número de espécies (3, equivalente a 14,29%) e
dominância (34,05%).
A segunda posição esta representada pela família Guttiferae com um total de 49
indivíduos, equivalente a 9,8% de densidade, apresentando um número de espécies (1
equivalente a 4,76%) e dominância (29,49%).
A terceira posição é representada pela família das Leguminosae com 22
indivíduos, perfazendo uma densidade de 4,4% com um total de espécies (1),
equivalente a 4,76% e dominância de 1,51%
As famílias Arecaceae, Guttiferae e leguminosae representam 85,80% do total da
densidade, 23,81% do total da riqueza e 65,05% do total da dominância, enquanto o
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Areaceae
Guttiferae
Leguminosae
Outras (7)
Densidade
Riqueza
Dominância
%
46
restante das outras 7 famílias totalizaram apenas 4,6% do total da densidade, 42,86% da
riqueza e 12,22% da dominância.
4.1.4 Distribuição dos valores de importância (VI) e de cobertura (VC) por
família
As duas primeiras posições dos valores de importância (VI) e de cobertura (VC)
por família estão representadas pelas famílias Arecaceae e Guttiferae, tanto para VI,
quanto para VC, ficando em ordem de maior expressão: Arecaceae (VI = 42,23% e VC
= 52,82%), Guttiferae (VI = 20,12% e VC = 19,65%). As outras oito famílias (72,72%
do total das famílias amostradas) totalizaram VI = 19,85% e VC = 11,36% (Figura 15).
O índice de diversidade de Shannon e Weaver (H’) para espécies calculado para
esta fitocenose foi de 1,276 nats/indivíduo e para famílias é 1,043 nats/indivíduo. Este
índice apresenta-se baixo, no entanto, este valor é esperado, devido principalmente o
alto número de indivíduos de uma mesma espécie encontrado na área.
Figura 15 Distribuição dos valores de VI e VC por família.
4.1.5 Classes de diâmetro e altura
A distribuição da freqüência dos diâmetros de todos os indivíduos amostrados, em
classes de 10 centímetros de intervalo, na área da “baixa” da comunidade quilombola de
São Maurício, município de Alcântara, MA encontra-se na Figura 16.
0
10
20
30
40
50
60
Arecaeae
Guttifera
Outras (7)
VI
VC
%
47
Verificou-se que a maioria dos indivíduos encontra-se na classe I, cujos diâmetros
estão no intervalo de 9 a 18 cm, totalizando 409 indivíduos (81,8%). Essa é também a
faixa de diâmetro na qual se enquadra Euterpe oleracea (açaí), espécie que apresentou a
maior densidade de indivíduos na comunidade vegetal.
Observou-se que houve uma interrupção nas classes IX, XI, XII, XIII e XIV
(Tabela 5), cuja comunidade vegetal apresentou um diâmetro médio de 19,76 cm
(desvio padrão de 15,68), diâmetro máximo de 153,11 cm e mínimo de 9,55 cm.
A avaliação da distribuição dos diâmetros fornece a estrutura de tamanho e
distribuição etária das populações de grande importância para predições sobre a
produção florestal. A curva de distribuição dos diâmetros da área de estudo apresenta
como aspecto geral a forma de “J” invertido (Figura 16). Barros (1980 apud MUNIZ,
1993) afirma que as distribuições de diâmetro decrescentes são encontradas
principalmente em florestas naturais que apresentam árvores de todas as idades. No
entanto, pode-se verificar que uma falha nas classes IX, XI, XII, XIII e XIV (Tabela
5), caracterizando uma ação antrópica bastante acentuada. A área de estudo localiza-
se próxima às residências da Comunidade de São Maurício e o açaizal dominante na
área de várzea constitui-se no espaço de maior exploração econômica, pela sazonal
coleta de açaí. Eventualmente, agricultores menos conscientes da preservação
ambiental, coletam árvores para atender o auto-consumo da família (lenha, madeira para
construção e cercas, dentre outros usos). Tal constatação reforça a necessidade de se
implementar ações de educação ambiental com vistas à sustentabilidade da exploração
do açaí nativo.
48
Figura 16. Distribuição percentual de classes de diâmetro das árvores, com intervalo de
classe de 10 cm.
Tabela 4. Distribuição dos indivíduos em classes de diâmetro na área de São Mauricio,
com intervalos de classes de 10 cm, aberto na esquerda e fechado na direita (n = 500).
N° de classe
Intervalo da classe
N° indivíduos
%
I
09 ┤19
409
81,8
II
19 ┤29
25
5
III
29 ┤39
10
2
IV
39 ┤49
22
4,4
V
49 ┤59
12
2,4
VI
59 ┤69
8
1,6
VII
69 ┤79
8
1,6
VIII
79 ┤89
4
0,8
IX
89 ┤99
-
-
X
99 ┤109
1
0,2
XI
109 ┤119
-
-
XII
119 ┤129
-
-
XIII
129 ┤139
-
-
XIV
139 ┤149
-
-
XV
149 ┤159
1
0,2
A última classe de diâmetro (XV, faixa de 149 a 159 cm), cujo indivíduo
apresentou o valor de 153,11 cm, é representada pela espécie Spondia mombin L (cajá-
mirim ou taperebá), espécie frutífera nativa aparentemente não adaptada ao ambiente de
várzea. O seu elevado diâmetro e porte e grande poder de cobertura vegetacional impõe
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
XV
classes
Distribuição de classes de diametros
%
49
forte competição por luminosidade a Euterpe oleracea, levando a redução no
perfilhamento das touceiras e produtividade dos estipes. Destaca-se que do taperebá,
mais comum em terra-firme, é obtida uma polpa muito valiosa e popular no mercado.
Outras espécies arbóreas de porte médio e alto presentes na comunidade vegetal devem
exercer papel semelhante. Isso não significa dizer que tais espécies devam ser
eliminadas da área em favor dos açaizeiros, justificando-se tal medida somente sob
rigoroso controle de um desbaste seletivo, este subsidiado pelos resultados deste
trabalho.
A curva de classe de altura tende também à distribuição normal (Figura 17), com
poucos indivíduos nas classes mais baixas, maior concentração nas classes medianas,
decrescendo os valores para as classes mais altas (Tabela 5). Estes valores concordam
com Silva et al., (1986).
Figura 17. Distribuição percentual de freqüência das classes de altura das árvores, com
intervalo de classe de 2 m.
Comparando-se o comportamento das espécies amostradas na área da “baixa” da
comunidade quilombola de São Maurício Alcântara - MA, com os resultados de Rocha
(1999), verificou-se que houve um comportamento semelhante às espécies amostradas
nas margens do rio Itapecuru e Munim, nos municípios de Timbiras e Morros,
respectivamente, regiões também com vegetação de várzea amazônica e com processos
de ação antrópica avançadas.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
Distribuição de frequência das classes de altura
%
50
A semelhança entre os resultados vem ressaltar ainda mais a atenção que devemos
ter para a área de várzea da comunidade Quilombola de São Maurício, principalmente por
se tratar de uma área de grande importância para os moradores da comunidade, haja vista
que a prática de extração dos frutos do açaí e de outras espécies existentes (buriti, bacaba)
pelos moradores da comunidade são fontes de renda importantes no período de
entressafra.
Tabela 5. Distribuição dos indivíduos em classes de altura, na área de São Maurício, em
intervalos de classe de 2 m, aberto à esquerda e fechado à direita.
N° de classe
Intervalo de classe
N° de indivíduos
%
I
02 ┤05
13
2,6
II
05 ┤07
8
1,6
III
07 ┤09
16
3,2
IV
09 ┤11
35
7
V
11 ┤13
45
9
VI
13 ┤15
57
11,4
VII
15 ┤17
83
16,6
VIII
17 ┤19
71
14,2
IX
19 ┤21
41
8,2
X
21 ┤23
38
7,6
XI
23 ┤25
25
5
XII
25 ┤27
21
4,2
XIII
27 ┤29
20
4
XIV
29 ┤31
12
2,4
XV
31 ┤33
6
1,2
XVI
33 ┤35
7
1,4
XVII
35 - 37
2
0,4
Nas classes de altura V, VI, VII, VIII e IX as espécies que mais ocorrem são a
Euterpe oleraceae Mart., Inga sp e desconhecida 1(Incurana), sendo que a quantidade
de indivíduos de Euterpe oleraceae Mart., é bem superior as ocorrências das demais
espécies.
51
4.1.6 Dados populacionais do açaí, na área de várzea da comunidade de São
Mauricio.
Ao observamos a Tabela 6, que trata da composição das touceiras de açaí e
estimativa da densidade de estipes adultos por hectare, da Comunidade São Maurício,
Alcântara, MA, temos que o número de touceiras por hectare varia de 275 a 675. No
que se refere ao número de plantas adultas por touceira a variação foi 3,11
plantas/touceira na parcela P4R2 a 6,5 plantas/touceira na parcela P2R4. Estes dados
favorecerão a escolha do melhor método de manejo para a parcela, facilitando
atividades como desbaste seletivo, conservação de espécies, dentre outras, e
contribuindo em uma melhor compreensão da área de estudo.
Tabela 6. Composição das touceiras de açaí e estimativa da densidade de estipes
adultos por hectare, da Comunidade São Maurício, Alcântara, MA.
Parcela
Nº de
touceiras
(400 m
2
)
de
Touceiras
Por ha
Nº de
Plantas
adultas
Nº de
Plantas
Jovens
(até 1,0
m altura)
Nº total de
indivíduos
de plantas
adultas/
Touceira
Nº de
plantas
adultas
por ha
P1R1
22
550
123
98
221
5,52
3036
P1R2
20
500
50
42
92
4,18
2090
P1R3
22
550
77
74
151
5,8
3190
P1R4
25
625
77
75
152
4,34
2712,5
P2R1
24
600
95
63
158
4,64
2784
P2R2
24
600
123
92
215
5,81
3486
P2R3
24
600
129
88
217
6,38
3828
P2R4
27
675
120
88
208
6,5
4387,5
P3R1
11
275
46
54
100
4,34
1193,5
P3R2
13
325
56
44
100
4,16
1352
P3R3
18
450
87
51
138
5,75
2587,5
P3R4
24
600
82
83
165
4,85
2910
P4R1
19
475
38
63
101
3,74
1776,5
P4R2
14
350
59
53
112
3,11
1088,5
P4R3
26
650
86
82
168
4,8
3120
P4R4
26
650
108
71
179
4,83
3139,5
Média
da
população
21,18
529,68
-
-
-
4,92
2667,594
52
Figura 18 Freqüência do número médio de plantas adultas de açaí por touceira, da
Comunidade São Maurício, Alcântara, MA.
A Figura 18 mostra a freqüência do número de plantas adultas de açaí por
touceira, nela observamos 50% das plantas encontram-se no intervalo 4,1 - 5,0 plantas
por touceiras, 25% encontram-se na faixa que varia de 5,1 a 6,0 plantas por touceira, e
somente 12,5% encontram-se nas faixas que variam menor que 4 e maior que 6 plantas
por touceira.
De acordo com a EMBRAPA (2004), o espaçamento entre as plantas tem
influência sobre a taxa de sobrevivência, crescimento, práticas culturais ou manejo,
início da produção e produtividade, com reflexos sobre o custo do processo de
produção, recomendando-se a o espaçamento de 5 x 5 metros o que leva a uma
população de 400 touceiras por hectare ou 2000 estipes por hectare.
4.2 Produção nativa de açaí
Oliveira & Fernandes (2001), com intuito de determinar a capacidade de
variabilidade genética entre açaís, utilizou como referência os dados de peso total do
cacho (PTC), peso de frutos por cacho (PFC), número de frutos por cacho (NFC),
número de ráquilas por cacho (NRC), peso dio do fruto (PMF) e rendimento de
frutos por cacho (RFC).
Após a notação destas variáveis foram calculados os totais de cachos colhidos, de
peso de frutos e peso de polpa. Foram também mensuradas as médias de peso de frutos,
12,5
50,0
25,0
12,5
< 4,0
4,1 - 5,0
5,1 - 6,0
> 6,0
Frequencia (%)
53
peso da polpa, rendimento em percentagem da polpa, teor de sólidos solúveis (graus
brix) e acidez total titulável e pH, gerando 16 tabelas básicas, sendo uma para cada
parcela experimental, conforme exemplificado nas Tabelas 7 e 8.
O controle da produção do ano de 2007/2008 foi considerado como “marco zero”
do trabalho, para permitir conhecer a produção atual das plantas e a comparação da
produção após a intervenção na área em 2009 (manejo da vegetação acompanhante e
desbaste das touceiras), aliado a ações de educação ambiental junto aos
agroextrativistas.
Tabela 7. Quadro de dados de controle produção de frutos de açaizeiro da comunidade
de São Maurício, Alcântara MA (Exemplo da parcela P1R1).
Touceira
Parcela
Cor
Cacho
Data
PF
(kg)
PP
(kg)
Volume
(ml)
Volume
Total
(ml)
Rend
%
Grau
Brix
AT
pH
5
P1R1
Azul
1
24/11/
07
2,035
1.055
1000
3,035
34,76
2,7
0,51
5,13
28
P1R1
Azul
1
24/11/
07
2,856
1,515
1450
4,315
35,11
2,7
0,13
5,02
5
P1R1
Azul
1
24/11/
07
1,385
0,750
720
2,105
35,63
2,5
0,51
5,06
28
P1R1
Azul
2
24/11/
07
2,340
1,305
1230
3,570
36,55
2,4
0,13
5,23
5
P1R1
Azul
2
24/11/
07
2,045
1,060
1000
3,045
34,81
2,4
0,51
5,05
5
P1R1
Azul
2
24/11/
07
1,480
0,690
700
2,170
31,80
2,5
0,51
5,29
28
P1R1
Azul
1
24/11/
07
0,890
0,450
450
1,340
33,58
2,7
0,13
5,09
Legenda:
PF Peso de frutos;
PP Peso de polpa
AT Acidez total titulável.
Tabela 8. Quadro de dias da produção de frutos de açaizeiro da comunidade de São
Maurício, Alcântara MA (Exemplo da Parcela P1R1).
Touceira
NCC
TPF
MPF
TPP
MPP
MRP%
MGB
MAT
MpH
5
6
6,95
1,16
3,56
0,59
22,83
1,68
0,51
5,13
28
4
6,10
1,52
3,27
0,82
26,31
1,95
0,13
5,11
TP
10
13,04
2,68
6,83
1,41
49,14
3,63
0,64
10,25
Legenda: NCC Número de cachos colhidos; TPF Total de peso de frutos; MPF Média de peso de frutos; TPP Total de peso
de polpa; MPP Média de peso de polpa; MRP% média de rendimento de polpa em percentagem; MGB Média de grau brix;
MAT média de acidez total; Mph - Média de pH.
54
No açaizeiro, os frutos encontram-se inseridos em cachos ou infrutescências,
constituindo-se como a principal parte da planta para o mercado. Vale ressaltar que na
maioria das fruteiras perenes, os experimentos ocupam grandes áreas, sendo comum
instalação sem delineamento experimental, tornando-se difícil a obtenção da
herdabilidade, como é o caso do açaizeiro. Assim, o coeficiente de repetibilidade surge
como uma alternativa nesses experimentos, por permitir tomar mais de uma medida no
mesmo indivíduo, definindo o limite superior da herdabilidade e do grau de
determinação (OLIVEIRA & FERNANDES, 2001).
4.2.1 Cachos colhidos
A produtividade do açaizeiro por planta ou por hectare é muito polêmica,
conforme se verifica a divergência de dados entre autores, mas ela é, em todos os casos,
elevada (ROGEZ, 2000). Segundo Mota (2002), cada estipe produz anualmente de 5 a 8
cachos, em função da fertilidade e da umidade do solo, mas também da intensidade
luminosa. Estes dados corroboram com os encontrados neste trabalho, conforme
apresentados nas Tabela 9 e Figura 19.
Tabela 9. Valores do número médio de cachos colhidos por planta de cada parcela do
experimento.
Parcela
Touceira
Número médio de
cachos/planta
P1R1
5
6
28
4
P1R2
41
6
47
6
P1R3
63
7
67
4
P1R4
91
4
97
6
P2R1
125
7
135
6
P2R2
161
6
165
6
P2R3
197
5
205
6
P2R4
240
6
244
6
P3R1
265
4
271
3
P3R2
286
6
55
292
6
P3R3
310
6
320
6
P3R4
332
6
337
4
P4R1
368
6
379
6
P4R2
394
5
398
6
P4R3
438
6
451
6
P4R4
472
5
485
4
Total de cachos colhidos
176
Baseado no intervalo entre médias de cachos colhidos de açaí nas parcelas de
produção, observa-se que 72% das plantas analisadas produziram 5 ou 6 cachos,
plantas com até quatro cachos representaram 22% e com mais de seis cachos pouco
mais de 6% (Figura 19).
De acordo com Rogez (2000), a produtividade média do açaí nativo é de 6
cachos por estipe, representando no total um peso médio em frutos de 15 kg e que um
açaizal nativo pode permitir a colheita anual de 14.400 kg de frutos/ha.
Figura 19. Freqüência entre intervalos para médias de cachos colhidos de açaí na
parcela da produção “marco zero”.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Até 4
5 e 6
< 6
%
56
4.2.2 Rendimento de polpa
O consumo crescente dos chamados sucos de frutas naturais e sua popularização
como "bebida energética", em muitos casos não é acompanhada do conhecimento de
componentes menores como os pigmentos presentes em tais sucos ou extratos. Dos
frutos do açaizeiro, Euterpe oleracea, é produzido um vinho aquoso que é largamente
consumido especialmente na região norte do país.
De acordo com dados do IBGE (2006), a produção de polpa de açaí gera cifras
que superam os 5.000.000,00 (cinco milhões de Reais) em todo o país, despertando
grande interesse para os agricultores nacionais, os quais têm procurado praticar
diferentes formas de manejo objetivando preservar a espécie e aumentar produtividade.
Os resultados obtidos neste trabalho (Tabela 10) indicam que 75,0 % das plantas
apresentaram rendimento de polpa inferior a 24 %, aproximadamente 19,0 %
apresentaram rendimento entre 24 a 29 % e somente 6% demonstraram rendimento
maior que 29 %.
Tabela 10. Valores de rendimento médio de polpa observado nas amostras retiradas das
parcelas e touceiras do experimento.
Parcela
Touceira
Rendimento médio de polpa
(%)
P1R1
5
22,83
28
26,31
P1R2
41
26,59
47
21,54
P1R3
63
18,60
67
24,15
P1R4
91
24,49
97
21,84
P2R1
125
22,75
135
22,24
P2R2
161
22,75
165
22,10
P2R3
197
20,24
205
22,76
P2R4
240
21,64
244
21,95
P3R1
265
32,46
271
32,13
P3R2
286
21,13
292
21,78
P3R3
310
22,68
320
23,00
57
P3R4
332
21,20
337
22,87
P4R1
368
21,11
379
21,18
P4R2
394
25,94
398
21,54
P4R3
438
21,14
451
23,87
P4R4
472
27,68
485
23,88
Média Geral
23,32
Na maior freqüência de rendimento de polpa (75,0 % das plantas), a variação foi
de 18,60 a 23,88 %. Vale destacar os dados da parcela P3R1 onde as plantas produziram
frutos com o maior rendimento de polpa observado, superior a 32,0 %. Para efeito de
seleção de frutos para futuros plantios, parece interessante concentrar a colheita nas
plantas dessa parcela (Figura 20).
Figura 20. Freqüência entre intervalos para percentagem de rendimento de polpa de
frutos de açaí.
4.2.3 Sólidos solúveis (ºBrix)
O teor dos sólidos solúveis Brix) nos frutos é muito importante pois quanto
maior a quantidade de sólidos solúveis existentes, menor será a quantidade de açúcar a
0
10
20
30
40
50
60
70
80
< 24 %
24 a 29 %
> 29 %
%
58
ser adicionada aos frutos, quando processados pela indústria diminuindo, assim, o custo
de produção e aumentando a qualidade do produto (COSTA et al., 2004).
A amplitude do teor de açucares totais dos frutos de açaí das amostras coletadas
variou de 1,5 a 2,8 graus Brix (Tabela 11). Acredita-se que a região ecológica, o
ecótipo de açaí e a baixa luminosidade prevalecentes nos açaizais nativos (sem manejo
das touceiras), respondem pelo baixo valor dos teores de açúcares dos frutos. Sousa et
al. (2006), analisando os sólidos solúveis de suco de açaí in natura, encontraram valores
que variaram entre intervalos de 1,8 a 3,2 graus brix.
Tabela 11. Valores médios de sólidos solúveis (ºBrix) de frutos de açaí colhidos de
plantas das touceiras do experimento.
Parcela
Touceira
Sólidos solúveis totais
(ºBrix)
P1R1
5
1,7
28
2,0
P1R2
41
2,3
47
1,8
P1R3
63
1,5
67
2,1
P1R4
91
2,0
97
1,7
P2R1
125
1,8
135
1,8
P2R2
161
1,7
165
1,7
P2R3
197
1,7
205
1,8
P2R4
240
1,7
244
1,9
P3R1
265
2,8
271
2,7
P3R2
286
1,7
292
1,6
P3R3
310
1,8
320
1,8
P3R4
332
1,7
337
2,0
P4R1
368
1,6
379
1,7
P4R2
394
2,1
398
1,7
P4R3
438
1,7
59
451
1,7
P4R4
472
2,0
485
2,0
Média Geral
1,86
Mais de 68,0 % das amostras de polpas analisadas apresentaram teor de açucares
em um intervalo entre 1,5 a 1,9 graus brix, 25,0 % das polpas analisadas estiveram entre
2,0 a 2,4 graus brix e somente 6,0 % apresentaram valores que variaram entre 2,5 e 2,8
graus (Figura 21). Estes resultados enquadram-se com os apresentados por Sousa et al.
(2006).
Figura 21. Freqüência entre intervalos para percentagem de sólidos solúveis totais
(ºbrix) encontrados em polpa de açaí.
4.2.4 Acidez total titulável
A percepção de sabor depende de uma combinação de compostos capturados
pelo paladar. O teor de acidez, juntamente com a composição de açúcares, respondem
em grande parte pelo sabor final dos frutos e a relação entre as duas variáveis é
indicativa do estádio de maturação. O nível de acidez dos frutos de açaí é normalmente
baixo, se comparado com outras frutas. Neste trabalho o valor médio ficou na casa de
0,17 %, com amplitude de 0,06 a 0,51 % (Tabela 12).
No Pará, Sousa et al. (2006), analisando a acidez titulável de suco de açaí in
natura, encontraram valores médios de 1,8%.
0
10
20
30
40
50
60
70
1,5 a 1,9
2,0 a 2,4
2,5 a 2,8
%
60
Tabela 12. Valores médios da acidez total titulável de frutos de açaí colhidos de plantas
das touceiras do experimento.
Parcela
Touceira
Acidez total titulável
(%)
P1R1
5
0,51
28
0,13
P1R2
41
0,13
47
0,13
P1R3
63
0,16
67
0,13
P1R4
91
0,13
97
0,26
P2R1
125
0,13
135
0,13
P2R2
161
0,13
165
0,16
P2R3
197
0,16
205
0,16
P2R4
240
0,13
244
0,13
P3R1
265
0,26
271
0,13
P3R2
286
0,16
292
0,16
P3R3
310
0,19
320
0,19
P3R4
332
0,06
337
0,13
P4R1
368
0,26
379
0,19
P4R2
394
0,19
398
0,19
P4R3
438
0,19
451
0,26
P4R4
472
0,13
485
0,13
Média Geral
0,17
Mais de 84% das amostras analisadas obtiveram uma freqüência de valores
menores que 0,2% para a acidez titulável, enquanto que somente 12% apresentaram
freqüências entre 0,2% e 0,3% e finalmente apenas 3% das amostras tiveram resultados
com intervalos maiores que 0,3% (Figura 22).
61
Figura 22. Freqüência entre intervalos para percentagens de acidez titulável encontrado
em polpa de açaí.
4.2.5 Acidez em pH
O pH é o símbolo para a grandeza físico-química potencial hidrogeniônico Essa
grandeza indica a acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma solução líquida. O pH
refere-se a uma medida que indica se uma solução líquida é ácida (pH < 7), neutra (pH
= 7), ou básica/alcalina (pH > 7). Uma solução neutra só tem o valor de pH = 7 a 25 °C,
o que implica variações do valor medido conforme a temperatura (Harris, 2005).
Ao analisarmos a Tabela 13, observamos valores médios de ph de 5,05. Sousa et
al. (2006), no Pará, encontraram a acidez em ph de suco de açaí in natura com valores
médios de 5,4.
Tabela 13. Valores médios de acidez em pH em frutos de açaí colhidos de plantas das
touceiras do experimento.
Parcela
Touceira
Acidez em pH
P1R1
5
5,13
28
5,11
P1R2
41
5,04
47
5,01
P1R3
63
5,03
67
4,98
P1R4
91
5,03
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
< 0,2
0,2 a 0,3
> 0,3
%
62
97
5,05
P2R1
125
5,04
135
5,09
P2R2
161
5,05
165
5,07
P2R3
197
5,01
205
5,04
P2R4
240
5,03
244
5,02
P3R1
265
5,11
271
5,10
P3R2
286
5,03
292
5,03
P3R3
310
4,92
320
4,98
P3R4
332
5,07
337
5,07
P4R1
368
5,20
379
4,97
P4R2
394
5,01
398
5,05
P4R3
438
4,95
451
5,16
P4R4
472
5,08
485
5,07
Média Geral
5,05
Conforme expressa a Figura 23, 68% das amostras analisadas obtiveram
resultados de pH com um intervalo entre 5,01 a 5,1; cerca de 16% obtiveram valores
superiores a 5,1 e somente aproximadamente 15% das amostras tiveram resultados
menores ou iguais a 5. A Portaria 01 de 07 de janeiro de 2000 (Diário Oficial 2000.
Seção 1, página 54) regulamenta os limites técnicos para fixação dos padrões de
identidade e qualidade para polpa de fruta de açaí, variando o pH do mínimo 4,80 e
máximo de 6,20 (DOU, 2000).
63
Figura 23. Freqüência entre intervalos para percentagens de acidez em pH, encontrado
em polpa de açaí.
Na Tabela 14, observa-se valores encontrados nesta pesquisa para três variáveis
em comparação com trabalho de Sousa et al. (2006), e com os padrões máximo e
mínimo de qualidade de polpa de açaí, estabelecidos pelo Ministério da Agricultura,
pecuária e abastecimento MAPA.
De acordo com o MAPA, em publicação no Diário Oficial da União (DOU,
2000), segundo a instrução normativa 01, de 07 de janeiro de 2000, que
regulamento técnico para fixação dos padrões de identidade e qualidade para polpa de
fruta de açaí, existem três classificações de polpa, a primeira é a polpa de açaí grosso ou
especial (tipo A), polpa de açaí médio ou regular (tipo B) e polpa de açaí fina ou
popular (tipo C). Para este trabalho adotou-se a polpa tipo C como referência, pois é a
mais comumente encontrada no mercado regional.
Verifica-se pelos resultados que a polpa de açaí de São Maurício, Alcântara,
MA, atende os padrões estabelecidos pelo MAPA, no que se refere a acidez total e pH
(Tabela 14). Para a variável sólidos solúveis totais, que inclui a quantidade de açúcares
presentes na polpa, o MAPA não estabelece valores, mas tão somente para sólidos
totais, cuja a faixa de variação é 8 a 11%. No entanto comparando com Sousa et al.
(2006) os valores de sólidos solúveis totais foram inferiores.
0
10
20
30
40
50
60
70
≤ 5
5,01 a 5,10
> 5,10
%
64
Tabela 14. Parâmetro ente trabalhos e norma técnica do Ministério da Agricultura,
pecuária e abastecimento MAPA com suas respectivas variações.
Variável
Machado (2008)*
Sousa et al. (2006)
Normas do MAPA
para polpa fina ou
popular (DOU,
2000)
Mínimo
Máximo
Sólidos solúveis
totais (ºBrix)
1,86
3,2
-
-
Acidez total
titulável (%)
0,17
1,8
-
0,27
Acidez em pH
(média)
5,05
5,4
4,00
6,20
* Dados da presente dissertação.
4.3 Avaliação sócio-econômica da Comunidade São Maurício
4.3.1 Tipos de etnia da comunidade
Para Almeida (2006), de um ponto de vista étnico a maioria da população
alcantarense é negra, no entanto, são consideradas quilombolas, aquelas pessoas que
tenham origem de uma comunidade remanescente de quilombo.
Almeida (2006) também afirma que, nas terras das antigas fazendas das ordens
religiosas, através de sua ocupação efetiva por ex-escravos e quilombos, foram
construídas complexas redes de relações sociais delimitando territorialidades específicas,
que abrangem dezenas de povoados, e são referidos pelos que nelas vivem, quanto pelos
circundantes, como terras de santo, terra de preto ou terras de caboclo.
Atualmente, o povoado de São Maurício está presente dentro da Terra de Santo
das glebas do Itamatatiua, fazendo parte desta gleba com outros 29 povoados
(ALMEIDA, 2006).
65
Figura 24. Etnias que compõem a população da comunidade de São Maurício,
Alcântara, MA.
A Figura 24 mostra que a mais de 68% da população amostrada considera-se
pertencentes à remanescente de quilombo, ou seja, quilombolas e cerca de 31%
considera-se negra, comprovando a origem de ex-escravos e quilombos descrita por
Almeida (2006). No entanto, tanto negros como quilombolas dependem do extrativismo
do açaí como principal fonte de alimento e renda na comunidade de São Maurício,
Alcântara MA.
4.3.2 Idade e grau de instrução da população quilombola
Todas as pessoas entrevistadas (100%) são moradores da localidade, demonstrando
que toda a população usufrui, de alguma forma, do açaí. As faixas de idade 22 a 45 anos
estão presentes em 60% dos entrevistados, o que demonstra ser uma comunidade jovem
(Figura 25 A), compondo o principal contingente de mão-de-obra, principalmente
voltada para o extrativismo do açaí, sendo esta a principal ocupação. A faixa etária até
21 anos e acima de 45 anos representam, cada uma, 15% da população. No que se refere
ao grau de instrução (Figura 25 B) 85% dos entrevistados não possuem sequer o ensino
fundamental completo, somente 5% possuem o fundamental completo e 10% o ensino
médio completo. Isso demonstra a dificuldade das pessoas da comunidade em participar
de outras atividades econômicas das já praticadas na comunidade.
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
Quilombola
Negro
Tipo de etnia
66
Figura 25. Faixa etária da população (A), grau de instrução (B).
4.3.3 Tamanho das famílias e nível de dedicação com o extrativismo do açaí
A pesquisa detectou que existem mais de 5 pessoas por família, média de 5,6
pessoas, na comunidade entrevistada e que mais de 3 pessoas, média de 3,8 pessoas
dessas famílias exercem a atividade de extração do açaí. Esse dado comprova ainda
mais a importância que o sistema tradicional de extração do açaí exerce na
sócioeconomia, alimentação (autoconsumo) e renda das famílias.
4.3.4 Outras ocupações dos trabalhadores de açaí da comunidade de São Maurício,
Alcântara, MA.
Oliveira (2003), ao analisar a ocupação dos feirantes da festa da juçara realizada
na comunidade de Maracanã, São Luís MA, detectou que a grande maioria dos feirantes
não são agricultores ou extrativistas da juçara, sendo que muitos deles praticam
atividades diversas como: profissional autônomo, funcionário público, domésticas, dentre
outras.
Referida situação não acontece na comunidade de São Maurício como mostra a
Figura 26, na medida em que todos os entrevistados exercem atividades voltadas
somente para a agricultura, sendo que 15% cultivam feijão, 20% melancia e macaxeira,
30% criação de pequenos animais, 45% arroz, 85% milho e 95% cultivam mandioca. O
baixo nível de cultivo de feijão caupi, excelente fonte de proteínas para populações
pobres, foi também verificado na Comunidade quilombola de São Cristóvão, Viana, por
razões estritamente culturais, onde somente 22% da população desta comunidade
cultivam feijão (PINTO, 2004). É de se esperar que as necessidades de proteínas e
minerais sejam supridas pelo elevado consumo do suco de açaí.
Na comunidade de São Mauricio as culturas anuais seguem o sistema tradicional
de corte e queima que consiste na derrubada da mata nativa com queima da vegetação em
0%
20%
40%
60%
80%
Até 21
22 a 45
Acima de
45
Idade
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fundamental
incompleto
Fundamental
Completo
Grau de instrução
A
B
67
seguida como forma de limpeza da área. Esta prática é muito utilizada na região, devido
principalmente seu baixo custo. Nesta área são cultivadas culturas diversas como milho,
arroz e mandioca em forma de consórcio, os chamados policultivos, não respeitando
limites de espaçamento ou outro manejo agronômico qualquer.
Figura 26. Freqüência de atividades praticadas pelos agricultores da comunidade de
São Maurício, Alcântara, MA.
4.3.5. Renda mensal média dos moradores da comunidade de São Maurício
De acordo com o IBGE (2006), a população brasileira está distribuída por faixa
de renda. No Maranhão, 58 % dos agricultores conseguem auferir renda média mensal
acima de um salário mínimo, cerca de 38 % deles obtém renda entre 0,5 e um salário
mínimo, enquanto um pequeno contingente, em torno de 3 %, abaixo de meio salário
mínimo por mês (INAGRO, 2004).
Na comunidade de São Maurício, 20% dos entrevistados declararam possuir uma
renda média mensal acima de um salário mínimo e a grande maioria 80%, declararam
possuir renda mensal inferior a um salário mínimo.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Melancia
Mandioca
Macaxeira
Milho
Arroz
Feijão
Pequenos
animais
Outra atividade em que trabalha
68
4.3.6 Consumo dio de açaí e cachos colhidos por dia na Comunidade de São
Maurício.
No período de safra a comunidade de São Maurício vive quase que
exclusivamente do açaí, tanto no que diz respeito a seu consumo quanto à arrecadação de
dinheiro, através da comercialização da polpa do açaí.
De acordo com a pesquisa realizada na comunidade e conforme mostra a Figura
27 (A), o consumo médio de açaí por família no período de safra varia de 5 a 20 litros de
suco diários, sendo que 30% dos entrevistados declararam que consomem até cinco litros
de açaí por dia, 45% declararam que consomem até 10 litros por dia, enquanto que 25%
consomem até 20 litros por dia. É colhida diariamente neste período uma média de 2,75
cachos por dia na comunidade (Figura 27 B).
Como o açaí neste período é o principal item da alimentação na comunidade, e
que 100% das pessoas do povoado São Maurício trabalham com o açaí, entende-se que o
consumo de açaí está diretamente ligado a quantidade de pessoas existentes por família.
Famílias que possuem um número de pessoas maiores que cinco componentes consomem
mais em relação a famílias que possuem somente uma média de três componentes.
Figura 27. (A) Consumo médio familiar diário de açaí na comunidade no período de
safra e a (B) média de cachos colhidos.
4.3.7. Preço da lata de açaí dentro e fora da safra na comunidade São Maurício
A comunidade de São Maurício vive às margens da MA 206 que acesso ao
Porto de Cujupe Ferry, que liga a capital São Luís a baixada maranhense. Este aspecto
facilita o processo de comercialização visto que há um grande número de viajantes
diariamente passando pela localidade, além da proximidade do porto do Cujupe que é
considerado na região como um local de comercialização.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Até 5 litros
Até 10
litros
Até 20
litros
Consumo litro/dia no período da
produção de açaí
0
1
2
3
Média
Média de cachos colhidos por
dia
A
B
69
De acordo com resultados da pesquisa, 100 % dos entrevistados comercializam
os frutos de açaí com o preço de R$ 10,00 (dez reais) a lata de 18 litros no período de
safra e R$ 15,00 (quinze reais) fora do período de safra.
O povoado não dispõe de freezer ou qualquer outro meio de armazenamento,
para que sejam estocadas as polpas e vendidas fora do período de safra. No entanto, a
várzea de açaí nativo da comunidade produz todo o ano, sendo que com proporções bem
inferiores ao que se produz na safra. O período de safra na área de várzea da comunidade
de São Maurício inicia entre os meses de outubro e novembro se estendendo até o mês de
março com inicio do declínio da produção no mês de abril.
4.3.8 Tipo de processamento empregado na comunidade de São Maurício
Tradicionalmente, no Município de Alcântara, MA, o despolpamento do açaí é
feito manualmente, apesar de existirem máquinas na comunidade e outras distribuídas em
todo o Município. Existe um mito de que o despolpamento feito com as mãos resulta em
uma polpa mais grossa e mais saborosa, sendo estas as preferidas dos consumidores.
Na comunidade de São Maurício existe uma máquina adquirida através de
projeto encaminhado pela Associação dos Produtores para o Ministério do Meio
Ambiente. No entanto, a pesquisa mostrou que 100% das pessoas entrevistados preferem
processar o açaí do modo tradicional, com as mãos, mas 20% destes que preferem
processar com as mãos, eventualmente utilizam o auxílio da máquina de despolpar açaí.
4.3.9. Destino da produção de açaí da comunidade de São Maurício
De acordo com a pesquisa realizada, 50% dos entrevistados disseram que a
produção extraída da área de várzea de açaí, fica na própria comunidade, 30% são
destinadas a comunidades vizinhas e somente 20% são vendidas em feiras livres (Figura
28). Estes dados confirmam o fato de que o açaí é a principal fonte de alimentação da
população, ou seja, o que fica dentro da comunidade é para o próprio consumo e somente
o excesso destina-se à comercialização propriamente dita, que é realizada principalmente
na feira do porto do Cujupe.
70
Figura 28. Destino da produção de açaí extraída da comunidade de São Maurício.
4.3.10 Qualidade da polpa de açaí considerada pela comunidade de São Maurício
De acordo com Rogez (2000), existem vários tipos diferentes de diluição do açaí
sendo classificado por ele como fino, popular, regular, médio, normal, bom, ótimo,
grosso, especial e super grosso, sendo os mais comuns o normal, médio e o grosso.
Nesta pesquisa, adotou-se os critérios de classificação da polpa de açaí como
regular, boa, muito boa e excelente, sendo que na perspectiva dos agricultores da
Comunidade foi atribuída a classificação “muito boa (15 %) e excelente (85 %).
4.3.11 Apoio do poder público em atividades voltadas para exploração do açaí na
perspectiva da Comunidade de São Maurício
De acordo com a entrevista realizada, 80% dos moradores acha regular o apoio
do governo na comunidade e somente 10% consideram muito bom e excelente (Figura
29).
A Comunidade admite que os governos estadual e municipal tem enviado
profissionais para ajudá-los em atividades rurais, por meio de uma assistência técnica,
mas ainda tem sido insuficiente para atender toda a demanda. A associação foi
beneficiada com dois projetos oriundos de poderes públicos, um de aquisição de
máquinas e equipamentos de despolpamento do açaí (Governo Federal) e outro para
apoio na construção da unidade de beneficiamento (poder público Municipal). Mas com
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Própria comunidade
Comunidades vizinhas
Feiras-livres
Destino da produção
71
relação à área de exploração e manejo de açaí não houve nenhuma ação direcionada a
esta atividade.
Figura 29. Apoio do governo para a exploração do açaí na comunidade de São Maurício.
4.3.12 Técnicas de manejo realizado no açaizal da comunidade de São Maurício
A área nativa de açaí da comunidade de São Mauricio é conhecida pela sua
grande extensão e pela sua exuberância devida o alto grau de conservação verificado no
local. No entanto, técnicas de manejo tendem a melhor conservar o ecossistema e manter
ou até aumentar a produção do açaí na área.
Na entrevista realizada foi identificado que as técnicas de manejo conhecidas e
realizadas na área de baixa do açaí são a limpeza, desbaste de touceiras e de outras
plantas e o plantio de mudas de açaí. Estas práticas são realizadas anualmente em forma
de mutirão, sempre antes do período chuvoso, época em que o acesso a área fica mais
fácil.
Na pesquisa realizada, obteve-se que 80 % dos entrevistados conhecem e fazem
a limpeza dos canais ou cursos de água existente no interior da várzea, retirando restos de
vegetais que interrompem o fluxo de água, como prática de manejo, 20 % fazem desbaste
das touceiras, 20 % desbaste de outras plantas para diminuir a competição e 20 % fazem
o plantio de novas mudas (Figura 30). O plantio é feito com as próprias sementes
adquiridas do despolpamento dos frutos da localidade, sem considerar a seleção de
plantas mais vigorosas e produtivas.
O manejo de frutos do açaizeiro implica em práticas utilizando todos
científicos e/ou tradicionais habituais para aumentar a produtividade das áreas de
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Regular
Muito bom
Excelente
Apoio do governo
72
florestas. Esta iniciativa pode gerar empregos, distribuição de renda, baixo impacto sócio-
ambiental pelo uso de um recurso florestal comercialmente valioso, e ainda, aumentar do
valor da floresta em pé (ROCHA, 2004).
Figura 30. Técnicas de manejo realizadas na várzea de açaí da comunidade de São
Maurício.
4.3.13 Capacitação em educação ambiental e agroecologia na comunidade de São
Maurício
De acordo com esta pesquisa, 45% dos entrevistados obtiveram cursos
voltados para o manejo do açaí e 55% ainda não tiveram nenhum curso sobre manejo do
açaí, 20% participou de curso sobre educação ambiental e 80% ainda não participou de
nenhum curso sobre este assunto e 25% ouviu falar no termo agroecologia e 75%
nunca ouviu falar em agroecologia (Figura 31).
Muitos destes cursos foram realizados como parte da exigência dos projetos
adquiridos e realizados pela Associação de Produtores da comunidade. O termo
agroecologia foi inserido no contexto de vida da Comunidade, especialmente dos
agricultores mais envolvidos, após o advento deste projeto de pesquisa.
0%
20%
40%
60%
80%
Limpeza
Desbaste de
touceiras
Desbaste de
outras plantas
Plantio
Tipos de manejo feito no açaizal
73
Figura 31. Participação dos agricultores em cursos voltados para a preservação da
várzea de açaí e conhecimento sobre agroecologia na comunidade de São Maurício.
0
20
40
60
Sim
Não
Curso de manejo de açaí
0%
20%
40%
60%
80%
Sim
Não
Curso de educação
ambiental
0%
20%
40%
60%
80%
Sim
Não
Já ouviu falar em agroecologia
74
5. CONCLUSÃO
O conhecimento da vegetação da área de várzea foi importante para que
adquiríssemos informações sobre o comportamento da vegetação local, sendo a atividade
humana na área da “baixa”, como é denominada a região de várzea pela comunidade
local, tem resultado em alguns impactos, principalmente no que diz respeito à sucessão
das espécies vegetais, segundo foi relatado nas análises de diâmetro e altura das espécies
encontradas na área.
Um dado observado na área de “baixa” da comunidade de São Maurício, é a
variação do número de touceiras e plantas por hectare que foi de 275 a 675 touceiras por
hectare e 3,11 a 6,5 plantas por touceira, mostrando que realmente a área não se encontra
manejada apresentando quantidade diversas de touceiras. Essa variedade de indivíduos
causa uma desigualdade na produção de frutos.
Nos dados de produção nativa observou-se que 72% das plantas analisadas
produziram 5 ou 6 cachos; para peso de polpa, volume total da polpa, rendimento de
polpa, os resultados indicam que cerca de 75,0 % das plantas apresentaram rendimento
médio de polpa inferior a 24 kg, quanto aos sólidos solúveis brix), mais de 68,0 % das
amostras de polpas analisadas apresentaram teores médios de açucares em um intervalo
de 1,86 ºbrix, mais de 84% das amostras analisadas obtiveram uma freqüência de valores
para sólidos solúveis menores que 0,2% e 68% das amostras analisadas obtiveram
resultados de pH com um valor médio de 5,05. Estes dados demonstram que a polpa
produzida na comunidade de São Maurício, Alcântara MA, é classificada como uma
polpa fina de acordo com as normas de classificação do MAPA, estando perfeitamente
apta a comercialização.
A pesquisa socioeconômica feita na comunidade quilombola de São Maurício,
Alcântara - MA, detectou diversos aspectos interessantes voltados à preservação da área
de “baixa” da juçara. A comunidade apesar de ser carente, estando à maioria das famílias
com uma faixa de renda mensal menor que um salário mínimo, e com uma escolaridade
somente com o nível fundamental, mostrou-se bastante conhecedora da importância da
preservação da “baixa”.
A principal utilização do açaí na comunidade é para a alimentação, sendo o prato
principal durante os meses de setembro a abril de cada ano, que além de melhorar a renda
dessas famílias em até 2 vezes mais, mostra-se como uma principal fonte de renda da
comunidade.
75
6. REFERÊNCIAS
ALLEGRETTI, M. H. The Amazon and extracting activities. In: M. C. Godt & I.
Sachs (eds.). Brazilian Perspectives on Sustainable Development of the Amazon
Region. pp. 157-174. UNESCO. Paris. 1995.
ALMEIDA, A. W. B. de. Os quilombos e a base de lançamento de foguetes de
Alcântara: laudo antropológico. vol. 1; Brasília: MMA, 2006.
ANDERSON, A.B.; GELY, A.; STRUDWICK, J.; SOBEL, G.L.; PINTO, M.C. Um
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86
APÊNDICE A Questionário sócio-econômico aplicado à comunidade de São Maurício,
Alcântara MA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO UEMA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS - CCA
MESTRADO EM AGROECOLOGIA
PROJETO: Manejo agroecológico do açaizeiro nativo (Euterpe oleracea
Mart.), na perspectiva da sustentabilidade do agroextrativismo familiar na
Comunidade Quilombola São Maurício, Alcântara, Maranhão.
DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO E TECNOLÓGICO DA
CULTURA DO AÇAÍ
OBJETIVO GERAL: Caracterizar o sistema agroextrativista de açaí praticado
por pequenos agricultores em área de várzea da Comunidade São Maurício,
Alcântara, MA. A partir do conhecimento fitossociológico do ecossistema e dos
requerimentos agronômicos de manejo, pretende-se gerar um modelo de
manejo agroecológico do açaí (Euterpe oleraceae Mart.), que implica em
práticas ecológicas e/ ou tradicionais de baixo impacto sócio-ambiental,
visando aumentar a produtividade das áreas de floresta e a geração de renda.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Avaliar a densidade, estrutura, dinâmica e estabilidade populacional da
espécie Euterpe oleracea e diversidade da vegetação acompanhante no
ecossistema de várzea;
Avaliar a densidade média de touceiras por hectare e de palmeiras
adultas e jovens por touceira da área de estudo para se definir o nível de
manejo do açaizeiro;
Estimar a produtividade e qualidade de frutos em áreas nativas (sem
manejo) e em áreas submetidas a técnicas de manejo da touceira e da
vegetação acompanhante;
Correlacionar o nível de interferência (sombreamento) da vegetação
acompanhante com a produtividade do açaizeiro.
Área abrangida pela pesquisa: município de Alcântara, MA; Comunidade São Maurício.
Publico a ser pesquisado: 30 % dos produtores/famílias envolvidas no cultivo do Açaí
87
FORMULÁRIO DE PESQUISA
NOME DO ENTREVISTADO:
IDADE:
Sexo: [ ] 1 Masculino [ ] 2 Feminino
Grau de Instrução:
[ ] 1 Fundamental completo [ ] 2 Fundamental incompleto [ ] 3 Médio completo
[ ] 4 Médio incompleto [ ] 5 Superior completo [ ] 6 Superior incompelto
SUA PROFISSÃO?
____________________________________________
MORADOR DA LOCALIDADE
[ ] 1 Sim [ ] 2 Não
Onde: ________________________________________
Há quanto tempo mora aqui? _______________________________________
Considera-se descendente de alguma etnia em especial? [ ] 1 Sim [ ] 2 Não
Quais? [ ] Negro [ ] Índio [ ] Português [ ] Francês [ ] Quilombola [ ] Mestiço
[ ] Outra ____________________________________
Exerce outra atividade fora do período de safra do açaí?
[ ] 1 Sim Qual? _______________________________ [ ] 2 Não
Tipo de funcionários contratados para o serviço de coleta do açaí?
[ ] 1 Contratada - Valor por lata R$_____________________
[ ] 2 Familiar [ ] 3 outra: _______________________________
Local de coleta do açaí?
[ ] 1 Área própria e cultivada [ ] 2 Área nativa
Quantidade de lata tirada por dia?
Venda ___________________ Consumo ______________________________
Preço da lata no período da Safra?
R$ ____________________________________
Preço da lata fora do período de safra?
R$ ____________________________________
A venda é feita em outros meses fora do período de safra?
[ ] 1 Sim. Valor médio da lata neste período R$ _____________________ [ ] 2 Não
Tipo de processamento:
[ ] 1 Manual [ ] 2 Mecanizado
Tipo de mão-de-obra de processamento
[ ] 1- Própria (familiar) [ ] 2 Contratada Valor R$ ____________________________
Outra ________________________________________
Aproveitamento de resíduos:
[ ] 1 Sim [ ] 2 Não
Qual? _______________________________________
Estoca a polpa do açaí?
[ ] 1 Sim [ ] 2 Não
Quais cuidados de manejo você conhece e faz no açaizal?
[ ] limpeza [ ] desbaste de touceiras [ ] desbaste de outras plantas [ ] plantio
[ ] outras ___________________________
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