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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS DE CULTIVARES DE
MAMONEIRA (Ricinus communis L.) NO RECÔNCAVO BAIANO
VLADEMIR SILVA
CRUZ DAS ALMAS - BAHIA
MARÇO 2008
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CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS DE CULTIVARES DE
MAMONEIRA (Ricinus communis L.) NO RECÔNCAVO BAIANO.
VLADEMIR SILVA
Engenheiro Agrônomo
Universidade Federal da Bahia, 2005
Dissertação submetida à Câmara de Ensino de
Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia como requisito
parcial para obtenção do Grau de Mestre em
Ciências Agrárias, Área de Concentração:
Fitotecnia.
Orientador: Dr. Clóvis Pereira Peixoto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CRUZ DAS ALMAS - BAHIA – 2008
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FICHA CATALOGRÁFICA
S586 Silva, Vlademir
Características fisiológicas de cultivares de
mamoneira (Ricinus communis L.) no
Recôncavo Baiano/ Vlademir Silva. Cruz das
Almas, BA, 2008.
73 f:. : il..
Orientador: Dr. Clovis Pereira Peixoto.
Dissertação (Mestrado) Universidade Federal
do Recôncavo da Bahia, Centro de Ciências Agrárias
Ambientais e Biológicas.
1. Mamona fisiologia 2.Mamona cultivares.
3.Ricinus Communis. I. Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia, . II. Título.
CDD 633.8
COMISSÃO EXAMINADORA
_______________________________________
Prof. Dr. Clovis Pereira Peixoto
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
(Orientador)
______________________________
Prof. Dra. Simone Alves Silva
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
_______________________________________
Dr. Benedito Carlos Lemos de Carvalho
Embrapa Mandioca e Fruticultura/EBDA/Petrobras
Dissertação homologada pelo Colegiado do Programa de Pós-Graduação em
Ciências Agrárias em.................................................................................................
Conferindo o Grau de Mestre em Ciências Agrárias em ..........................................
OFEREÇO
“Ao pai celestial
por ter iluminado a minha vida
e ter permitido que
eu chegasse tão longe”.
“A minha filha Gabriela
que indiretamente contribuiu
para eu dar um passo tão importante
na minha vida”.
DEDICO
“A minha mãe
e todos meus irmãos
que me apoiaram
e acreditaram que um dia
eu podia chegar lá”.
“A minha avó Tereza “in memória”
que mesmo distante
mas sempre me passou
energias positivas”.
O importante não é chegar, mas sim saber por que e para que chegou
AGRADECIMENTOS
Ao professor Clovis Pereira Peixoto e sua família pela orientação, e tudo o que
fizeram por mim até os dias atuais, e, desejo que vocês sejam sempre assim,
porque não perdemos nada ao ajudar o próximo.
Ao meu co-orientador professor Carlos Alberto da Silva Ledo pelos ensinamentos
e as horas que se dedicou para me orientar e tirar às dúvidas surgidas.
Ao professor Ariosvaldo Novais Santiago pelo o apoio técnico.
A minha família por todos bons ensinamentos que passaram para mim desde o
dia que nasci até os dias atuais.
A Dona Damiana e seu esposo Bar pelos pais que sempre foram para mim, e por
todas as boas lições que me ensinaram no decorrer do tempo.
A equipe MaPENeo: Adailton, Evanildo, Gisele, Karina, Karine, Leandro, Naiara,
Rute e Viviane, pelas horas sofridas em que passamos no campo coletando
dados, mas, enfatizando, foi gratificante.
A Clemilda e Mariselma e suas respectivas famílias por todo apoio que me deram
nos últimos anos.
Ao amigo Orlando e família que desde o início participaram ativamente, e pelas
horas que passamos juntos filosofando.
A amiga Juliana que teve uma participação bastante salutar na minha vida nos
últimos dois anos, e pelas horas em que se dedicou para me ajudar, escrever e
formatar a dissertação.
Aos todos os colegas do Mestrado em especial para o Franklim e Thyane que
participaram diretamente para esta conquista.
Ao Sr. Josué, por toda à sua dedicação na execução dos trabalhos do campo.
Darcilúcia e Nailsom que desde a graduação vêm me dando apoio moral.
A UFRB e o Programa de Pós-Graduação por ter me dado à chance e ter me
acolhido por todo período do Curso.
A todos os funcionários da UFRB pelo apoio moral que indiretamente sempre
passaram para mim.
A colega Joana pelo apoio moral que me deu nos últimos meses.
Enfim, a todos àqueles que sabem que deveria citá-los..., mas saibam que são
pessoas importantes que fazem parte da minha vida...
SUMÁRIO
RESUMO .........................................................................................................
i
ABSTRACT ......................................................................................................
ii
INTRODUÇÃO .................................................................................................
1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................
8
Capítulo 1
PARTIÇÃO DE ASSIMILADOS DE CULTIVARES DE MAMONEIRA (Ricinus
communis L.) NO RECÔNCAVO BAIANO. ..............................................................
12
Capitulo 2
ÍNDICES FISIOLÓGICOS DE CULTIVARES DE MAMONEIRA (Ricinus
communis L.) NO RECÔNCAVO BAIANO.
..............................................................................
32
Capítulo 3
CRESCIMENTO E PRODUTIVIDADE DE CULTIVARES DE MAMONEIRA
(Ricinus communis L.) NAS CONDIÇÕES AGROECOLÓGICAS DO
RECÔNCAVO BAIANO. ............................................................................................
53
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................
72
CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS DE CULTIVARES DE MAMONEIRA
(Ricinus communis L.) NO RECÔNCAVO BAIANO.
Autor: VLADEMIR SILVA
Orientador: Dr. Clovis Pereira Peixoto
RESUMO: Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho fisiológico e a
produtividade de cinco cultivares de mamoneira, todos com ciclo de maturação
semelhantes, nas condições agroecológicas do Recôncavo Baiano. O trabalho foi
realizado no Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas (CCAAB) da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e os cultivares avaliados foram
BRS149-Nordestina, BRS188-Paraguaçu, EBDA-MPA-17, Mirante-10 e Sipeal-28,
num delineamento experimental em blocos casualizados com cinco repetições. A
parcela foi constituída por oito linhas de plantio com 12,0 m de comprimento, as
plantas distanciadas de 1,0 m e espaçadas de 3,0 m nas entrelinhas. Duas linhas
foram utilizadas para retirada das amostras destrutivas (análise de crescimento) e
três para colheita final (produtividade), descontando-se 1,0 m de cada
extremidade, sendo as demais utilizadas como bordadura. As avaliações iniciaram
30 dias após emergência (DAE), com intervalos mensais, até o final do ciclo. Com
relação à partição de assimilados, as curvas da matéria seca apresentam uma
tendência sigmoidal esperada, sendo que a alocação máxima de folhas ocorre aos
150, hastes aos 180 e os cachos variaram dos 150 aos 240 DAE, de forma que na
mamoneira, os primeiros drenos são as folhas seguido das hastes e,
posteriormente, os cachos. Quanto aos índices fisiológicos, estes constituem
ferramentas que podem identificar cultivares mais adaptados às condições
agroecológicas do Recôncavo Baiano, sendo que os valores do índice de área
foliar (IAF) encontrados nesse estudo podem explicar, em parte, as baixas
produtividades encontradas nestes cultivares. O desempenho e a produtividade
apresentadas pelos cultivares BRS 149-Nordestina, BRS 188-Paraguaçu, EBDA-
MPA-17 e Sipeal-28, os indicam como melhor adaptados à região do Recôncavo
Baiano, pois apresentam maior plasticidade aos efeitos do período em que durou o
experimento.
Palavras-chave: Mamona, matéria seca, índices fisiológicos, produtividade
PHYSIOLOGICAL CHARACTERISTICS OF CASTOR BEAN (Ricinus
communis L.) CUTLIVARS OF THE RECONCAVO BAIANO REGION
Author: VLADEMIR SILVA
Advisor: Dr. Clovis Pereira Peixoto
ABSTRACT: The objective of the present work is to evaluate the physiological
development and yield of five castor bean cultivars all with similar ripening cycles
under the agroecological conditions of the Reconcavo Baiano Region. The work
was carried out in the Center of Agricultural, Environmental and Biological
Sciences (CCAAB) of the Federal University of the Reconcavo Baiano and the
following cultivars were evaluated: BRS149-Nordestina, BRS188-Paraguaçu,
EBDA-MPA-17, Mirante-10 and Sipeal-28, in an experimental design in random
blocks with five repetitions. The plot consisted of eight lanes with 12.0 m in length
and plants spaced 1.0 m apart and 3.0 m between lines. Two lines were used for
the collection of destructive samples (growth analysis) and three for final harvest
(yield), leaving out 1.0 m in each extremity whereas the others were used as border
segments. Evaluations began 30 days after emergence (DAE) with monthly
intervals until the end of the cycle. Regarding assimilate partition, the dry matter
curves presented the sigmoid tendency as expected, whereas maximum leaf
allocation occurred at 150, stem at 180 and bunch varied from 150 to 240 DAE,
showing that for castor beans the first drains are the leaves followed by the stems
and finally the bunches. Regarding the physiological indexes, they can be
considered as tools that can identify more adapted cultivars to the agroecological
conditions of the Reconcavo Baiano Region, whereas the values of leaf area index
(LAI) encountered in this study can explain, in part, the low yield of these cultivars.
Development and yield presented by the BRS 149-Nordestina, BRS 188-
Paraguaçu, EBDA-MPA-17 and Sipeal-28 cultivars regards them as the most
adapted to the Reconcavo Baiano Region for presenting greater plasticity during
the experimental period.
Key-words: Castor bean, dry matter, physiological indexes, yield
INTRODUÇÃO
A mamona (Ricinus communis L.), originária possivelmente da antiga
Abissínia, hoje Etiópia, no continente africano, é uma oleaginosa pertencente à
família Euphorbiaceae, que engloba vasto tipos de plantas nativas da região
tropical. É uma planta rústica, heliófila, resistente à seca e disseminada por
diversas regiões do globo terrestre (MAZZANI, 1983).
Introduzida no Brasil durante a colonização portuguesa, por ocasião da
vinda dos escravos africanos (MAZZANI, 1983; BELTRÃO, 2004), a mamoneira é
encontrada vegetando desde o Rio Grande do Sul até a Amazônia (AMORIM
NETO et al., 2001), apresentando inúmeras sinonímias, a exemplo de rícino,
palma-christi, palma-decristo, carrapateira, bafureira, figueira do inferno, enxerida,
regateira, entre outras (BELTRÃO et al., 2001; RODRIGUES et al., 2002).
É uma oleaginosa de elevado valor socioeconômico e fonte de divisas para
o país. Seus produtos e subprodutos são utilizados na indústria ou na agricultura,
além de apresentar perspectivas de uso como fonte energética sob a forma de
biodiesel (COSTA et al., 2006). Tem grande importância econômica e social,
principalmente para o semi-árido nordestino por sua adaptabilidade às condiçoes
climáticas desta região. Trata-se de uma das melhores opções para viabilizar seu
desenvolvimento sustentável, ao proporcionar emprego e renda principalmente
para os pequenos produtores.
Segundo Beltrão e Silva (1999), a expansão do cultivo da mamoneira
ocorreu principalmente devido à sua capacidade de adaptação a diferentes
condições ambientais e às diversas possibilidades de uso de seu principal
produto, o óleo extraído das sementes. No entanto, os rendimentos por unidade
de área são muito baixos e, esta baixa produtividade, poderá comprometer a
oferta da mamona para o Programa Nacional de Produção do Biodiesel (PNPB).
2
Todavia, torna-se necessário o estudo de técnicas que visem incrementar um
aumento de produtividade, assim como, inserir novas áreas e novos produtores
no novo contexto produtivo dessa cultura.
Muitas são as oleaginosas produzidas no Brasil que podem ser utilizadas
para obtenção de biocombustível, podendo citar, mamona, soja, amendoim,
girassol, algodão e pinhão manso. O governo Federal quando lançou o Programa
Nacional de Produção de Biodiesel (PNPB) teve na mamoneira o seu carro-chefe,
devido à importância dessa cultura na inclusão social.
No Brasil, a produtividade média da mamona está em torno de 646 kg ha
-1
,
ainda muito baixa ao se considerar, por exemplo, que no Estado de São Paulo, na
safra 2002/2003, a produtividade dia foi de 1.600 kg ha
-1
(CONAB, 2006).
Crisóstomo et al. (1975) relatam que, apesar da importância da produção da
mamoneira na Bahia, a mesma não é em função da produtividade, e sim devido
às extensas áreas cultivadas, além da ecologia favorável à cultura. Dados da
CONAB (2007) revelam que a produtividade na Bahia é extremamente baixa,
visto que o rendimento médio dos últimos cinco anos foi de 730,1 kg ha
-1
, bem
inferior, por exemplo, à média da Região Sudeste para o mesmo período (1.377
kg ha
-1
).
Segundo Carvalho (2005) a maioria dos cultivos é realizada por
agricultores familiares, que detêm mais de 80% da área plantada. A colheita
escalonada ocupa o-de-obra por longos períodos e propicia aos produtores,
com a venda das suas bagas, os recursos necessários para a compra de outros
produtos de fundamental importância para sua sobrevivência. De acordo com
Freire et al. (2001), a baixa produtividade média observada no Brasil deve-se, em
parte, ao uso de sementes de baixa qualidade, multiplicadas pelos próprios
agricultores, o que conduz a um alto grau de heterogeneidade e à grande
diversidade de tipos locais, em sua grande parte, pouco produtivos.
Visando definir as áreas com potencial para a utilização econômica da
mamoneira, no estado da Bahia, e a época de semeadura com maior
probabilidade de sucesso, Amorim Neto et al.(2001) apontaram limites de
variáveis edafoclimáticas favoráveis ao desenvolvimento da cultura: temperatura
média do ar variando entre 20 e 30ºC; precipitação pluvial oscilando de 500 a 800
mm; altitude entre 300 e 1.500 m; solos de textura franca e franca-argilosa,
profundos e bem drenados, com pH de 6,0 a 6,8; início da época chuvosa do
3
município como sendo o primeiro mês em que ocorre pelo menos 10% da
precipitação total anual e a colheita associada com o período seco do ano.
Contudo, é importante salientar que, algumas regiões que o apresentam
na íntegra essas características edafoclimáticas têm obtido bons resultados no
rendimento dessa cultura. Severino et al (2006) avaliando dez genótipos de
mamoneira em função da altitude nos municípios de Carnaubais, RN (60m),
Maranguape, CE (140m) e Quixeramobim, CE (280m), obtiveram produtividade
variando 499,7 kg
-1
a 2583,9 kg
-1
, com média de 1,402,4 kg
-1
. Bahia
(2007) avaliando genótipos de mamoneira em Cruz das Almas, BA, encontrou
variabilidade em produtividade entre 467,11 kg ha
-1
(Mirante-10) a 1347 kg ha
-1
para o cultivar (Sipeal-28).
O Recôncavo Baiano pode se constituir em importante alternativa para
ampliação da área cultivada com mamona, devido alguns aspectos importantes.
Seu período chuvoso coincide com o da região Nordeste do estado e difere
daquele das principais regiões produtoras, portanto, a região do Recôncavo
poderá contribuir para o abastecimento do mercado no período de entressafra.
Sua proximidade das usinas produtoras de biodiesel localizada em Simões filho
reduzirá o custo do frete, tornando a matéria prima mais competitiva. Além disso,
sua alta capacidade de consorciar essa cultura com outras culturas alimentícias,
contribuirá para a diversificação da atividade produtiva e incremento na produção
de alimentos e de matéria prima para o biodiesel.
Considerando-se, ainda a importância da cultura da mamona para a
Região Nordeste, para o estado da Bahia e da potencialidade que a mesma
apresenta para o Recôncavo Baiano, aliado à escassez de informações quanto
aos problemas a serem estudados nesta Região, torna-se importante iniciar
trabalhos de pesquisa desta natureza, principalmente para gerar informações
quanto à recomendação e uso de cultivares adaptados, permitindo o avanço de
área plantada e o ingresso de novos produtores na atividade.
Segundo Beltrão et al. (2003), vários são os cultivares de mamoneira
disponíveis para o plantio em nosso país, variando em porte, deiscência dos
frutos, tipo dos cachos e outras características. Para a agricultura familiar no
Nordeste recomenda-se o uso de cultivares de porte médio (1,7 a 2,0m) e de
frutos semi-indeiscentes, como a BRS 149-Nordestina e a BRS 188-Paraguaçu,
lançadas pela EMBRAPA em parceria com a EBDA, apresentando,
4
respectivamente, 48% e 47% de óleo, em média. São de boa rusticidade,
tolerante à seca e de boa capacidade de produção, média de 1.400 kg.ha
-1
de
baga em condições de cultivo de sequeiro.
Novos cultivares estão cada vez mais disponíveis, torna-se necessário
estudá-los quanto ao seu desempenho vegetativo e produtivo quando submetidos
a diferentes condições agroclimáticas. Assim, cada vez mais, têm-se buscado
soluções para os diversos problemas agronômicos relacionados à sua produção.
Estes problemas têm merecido a atenção de pesquisadores através do
melhoramento genético, nutrição mineral, controle de pragas, doenças e ervas
daninhas, além de outras práticas culturais, visando à elevação da produtividade,
da qualidade do produto e da estabilidade da produção (PEIXOTO, 2003).
Dentre as formas de avaliar a adaptação de um vegetal a diferentes
condições de cultivo, destaca-se a análise de crescimento como uma ferramenta
eficaz de avaliação. Esta, por sua vez, possibilita identificar diferenças entre os
cultivares e permite estabelecer relações entre a planta e o ambiente, através dos
parâmetros fisiológicos, e elementos climáticos, edáficos e fitotécnicos, com o
objetivo de verificar o desempenho de diferentes cultivares (CRUZ, 2007).
A planta e o ambiente devem ter suas características conhecidas, para que
sejam atendidas as necessidades da cultura, de modo que a mesma expresse
toda sua potencialidade (SANTOS, 2003). As respostas fisiológicas da planta
estão diretamente relacionadas à radiação solar e, fundamentalmente, à
intensidade luminosa, ambos ligados aos processos fotossintéticos, alongamento
da haste principal e das ramificações, expansão foliar e nodulação (CÂMARA,
1998).
Portanto, para se compreender alguns aspectos da natureza dos controles
internos, intrínsecos de cada cultivar, necessita-se o estabelecimento de
parâmetros mais detalhados, que apenas a produção final. Tal conhecimento
fundamenta-se no desenvolvimento de testes e modelos de simulação do
crescimento e produção de uma determinada cultura (PEIXOTO, 1999). O
crescimento pode ser estudado através de diferentes métodos ou técnicas, desde
as mais simples até as mais sofisticadas, tais informações são as quantidades de
materiais contidos na planta toda e em suas partes (folhas, hastes, raízes e
frutos) e o tamanho do aparelho fotossintetizante (JAUER et al. 2004). O
crescimento da planta como um todo, em termos de aumento de volume, de peso,
5
de dimensões lineares e de unidades estruturais, é função do que a planta
armazena e do que a planta produz em termos de material estrutural (NÓBREGA
et al. (2001).
O fundamento da análise de crescimento baseia-se no fato de que, em
média, 90% da matéria orgânica acumulada ao longo do crescimento da planta
resultam da atividade fotossintética (BENINCASA, 2003). Alvim (1975),
apresentava um quadro no qual se podia visualizar através dos constituintes da
matéria seca numa planta de milho, onde confirmava que a maior parte do
carbono e oxigênio foi incorporado pela fotossíntese, utilizando principalmente a
via estomática.
A análise quantitativa de crescimento é constituída de modelos e fórmulas
matemáticas para avaliar índices de crescimento das plantas, sendo muitos deles,
relacionados com a atividade fotossintética. A partir dos dados de crescimento
pode-se inferir na atividade fisiológica, isto é, estimar de forma precisa, as causas
de variações de crescimento entre plantas geneticamente diferentes ou entre
plantas iguais, crescendo em ambientes diferentes (BENINCASA, 2003).
As informações das quantidades da massa da matéria seca e da área foliar
em função do tempo são utilizadas na estimativa de vários índices fisiológicos
relacionados às diferenças de desempenho entre cultivares da mesma espécie e
das comunidades vegetais. Normalmente estes são: taxa de crescimento da
cultura (TCC), taxa de crescimento relativo (TCR), taxa assimilatória líquida (TAL),
razão de área foliar (RAF), índice de área foliar (IAF) e índice de colheita (IC)
(REIS e MULLER, 1979; PEREIRA E MACHADO, 1987; BENINCASA, 2003).
O índice de área foliar (IAF) é a relação entre a folhagem e a superfície do
solo que ela ocupa, variando de acordo com espécies vegetais, clima, estações
do ano e estádio de desenvolvimento da planta (CÂMARA e HEIFFIG, 2000). O
índice de área foliar depende do estádio da cultura; nos primeiros estádios da
cultura, a área foliar é pequena, com grandes perdas de radiação que atinge
diretamente o solo. Com o desenvolvimento da cultura e, por conseguinte, da
área foliar, a interceptação da radiação atingirá um máximo, sem haver ainda
problemas de sombreamento das folhas inferiores. A partir desse ponto, quando
começa ocorrer o autosombreamento, as folhas inferiores tornam-se deficitárias
em termos da fotossíntese líquida, tendendo a estabilização no que diz respeito
6
ao acréscimo de área foliar e de intensidade de acúmulo de matéria seca
(HEIFFIG, 2002).
A ocorrência de IAF baixo limita a expressão do rendimento, visto que o
mesmo representa o sistema acumulador da comunidade vegetal e pode ser
considerado um importante fator da produtividade (MAGALHÃES, 1985). Em
muitos casos, é possível detectar-se o IAF ótimo, isto é, aquele que permite o
máximo de fotossíntese e, conseqüentemente, taxa de crescimento da cultura
elevada. Geralmente, o IAF ótimo ocorre nas primeiras fases do crescimento,
quando o auto-sombreamento é mínimo. Muitas vezes, condições de auto-
sombreamento que diminuem a eficiência fotossintética da cultura diminuem
também a evapotranspiração a qual, na maioria dos casos, é mais limitante para a
produtividade que a diminuição da fotossíntese líquida. (NÓBREGA et al., 2001).
Bradelero et al. (2002), estudando nove cultivares de soja no município de
Cruz das Almas-BA detectaram que a os valores da TCC foram menores nos
períodos iniciais, passando por um período de crescimento até um máximo e
decrescendo em seguida, numa função matemática com mínimos e máximos,
tendendo para uma parábola. Board e Harville (1996) verificaram que a maior taxa
de crescimento da cultura ocorreu entre as fases fenológicas reprodutivas, devido
ao aumento no índice de área foliar. Constataram também, que a maior
interceptação da radiação luminosa foi no final do período vegetativo, favorecendo
a taxa de produção de massa da matéria seca em etapa seguinte e que a
produtividade foi correlacionada com a taxa de crescimento da cultura.
Segundo Rodrigues (1982), a RAF representa a dimensão relativa do
aparelho fotossintético, sendo bastante apropriado à avaliação dos efeitos
genotípicos, climáticos e de comunidades vegetais. Benincasa (2003) afirma ser
este um índice fisiológico que expressa a área foliar para a fotossíntese, sendo
um componente morfofisiológico da análise de crescimento. A tendência geral da
RAF é de queda, à medida que a planta cresce, pois, com o crescimento, a
tendência é a área foliar útil diminuir a partir de certa fase, (ALVAREZ, 2005).
A taxa de crescimento relativo é usada pelos biólogos como uma base
comum, que é o próprio peso da planta. Neste caso trata-se da taxa de
crescimento relativo. Esta medida foi estabelecida por (BRIGGS, l920). É
apropriada para avaliação do crescimento vegetal, que é dependente da
quantidade de material acumulado gradativamente. A taxa de crescimento relativo
7
expressa o incremento na massa de matéria seca, por unidade de peso inicial, em
um intervalo de tempo (REIS e MULLER, l979; PEIXOTO, 1999; BRANDELERO
2001).
A taxa de crescimento relativo é o aumento em gramas de biomassa seca
por unidade de material presente num período de observação; assim, qualquer
incremento ao longo de determinado período estará diretamente relacionado à
biomassa alcançada ao longo de um intervalo anterior (SILVA et al. 2005). A
redução da taxa de crescimento relativo (TCR) ao longo do ciclo é explicado pelo
auto-sombreamento crescente e pela produção de órgãos não fotossintetizantes.
A Taxa de Crescimento Relativo (TCR) apresentou um comportamento constante
e decrescente com o tempo, inversamente proporcional à população de plantas,
demonstrando que quanto menor a população maior a eficiência em produzir
matéria seca a partir do material pré existente. (JAUER et al., 2004).
Na literatura existe certa controvérsia entre os estudos sobre a TAL. Alguns
autores reportaram aumentos da TAL até uma determinada idade da planta,
enquanto que, para outros, não há variações durante o desenvolvimento da planta
da mesma espécie. Rodrigues (1982), em soja, relatou que a TAL diminuía com a
idade da planta. Tais divergências, talvez, sejam devidas à influência de
condições climáticas, forma de condução dos experimentos e pelas variações
intra-específicas desta taxa (ROSA, 1993); assim como da espécie de planta
estudada, dos diferentes locais que foram desenvolvidos os experimentos, onde
alguns poderiam apresentar um micro-clima mais favorável que outro (ALVAREZ,
2005).
A taxa assimilatória líquida representa a taxa de incremento de massa de
matéria seca por unidade de área foliar existente na planta, assumindo que tanto
a matéria seca como a área foliar aumentam exponencialmente (PEIXOTO, 1999;
BRANDELERO, 2001; BENINCASA, 2003). Reflete a dimensão do sistema
assimilador que é envolvido na produção de matéria seca, ou seja, é uma
estimativa da fotossíntese líquida, representando o balanço entre o material
produzido pela fotossíntese e aquele perdido pela respiração (PEREIRA e
MACHADO, 1987; PEIXOTO, 1999).
Pereira e Machado (1987) fazem referência ao índice de colheita (IC) como
um quociente freqüentemente usado para medir a eficiência de conversão de
produtos sintetizados em material de importância econômica. Para Peixoto
8
(1999), em relação a uma cultura madura, o IC é definido como a razão entre a
massa da matéria seca da fração econômica produzida (PE) e a fitomassa seca
total colhida (PB). A produtividade econômica tem aumentado continuamente em
função do aumento do índice de colheita, portanto seleção de plantas que alocam
maior proporção de material em órgãos de importância econômica tem sido
responsável por essa tendência (DONALD e HAMBLIM,1976; DUNCAN et al.,
1958; PEIXOTO, 1999; HEIFFIG, 2002).
Assim, diante do que foi exposto, aliado a escassez de informações sobre
a cultura da mamoneira no Recôncavo Baiano, realizou-se este trabalho que tem
como objetivo avaliar o desempenho fisiológico de cinco cultivares de mamoneira,
todos com ciclo de maturação semelhantes, nas condições agroecológicas do
Recôncavo Baiano.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ , R de C. F.; RODRIGUES, J. D.; MARUBAYASHI, O. M.; ALVAREZ
A. C. C.; CRUSCIOL, C. A.C.; Análise de crescimento de duas cultivares de
amendoim (Arachishypogaea L.) Acta Scientiarum Agronomy, v. 27, n. 4, p.
611-616. 2005.
ALVIM, P. T. Agricultura nos trópicos úmidos: potencialidades e limitações. IICA,
OEA, EMBRAPA, Centro de Pesquisa do Cacau, Ilhéus, Bahia, 1975. 11p.
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BELTRÃO, N. E. de M.; SILVA, L. C. Os múltiplos usos do óleo da mamoneira
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BELTRÃO, N. E. de M.; SILVA, L. C.; VASCONCELOS, O. L.; AZEVEDO, D. M.
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agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Algodão. p. 37-61, 2001.
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12
CAPÍTULO 1
PARTIÇÃO DE ASSIMILADOS DE CULTIVARES DE MAMONEIRA (Ricinus
communis L.) NAS CONDIÇÕES AGROECOLÓGICAS DO RECÔNCAVO
BAIANO
1
.
1
Artigo a ser submetido ao corpo editorial do periódico Ciência Rural.
13
Partição de assimilados de cultivares de mamoneira (Ricinus communis L.)
nas condições agroecológicas do Recôncavo Baiano.
RESUMO
Objetivou-se avaliar a alocação fracionária da matéria seca em cinco
cultivares de mamoneira nas condições agroecológicas do Recôncavo Baiano. O
trabalho foi realizado no Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas
(CCAAB) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e os cultivares
avaliados foram BRS149-Nordestina, BRS 188-Paraguaçu, EBDA MPA-17,
Mirante-10 e Sipeal-28, num delineamento experimental em blocos casualizados
com cinco repetições. A parcela foi constituída por oito linhas de plantio com 12,0
m de comprimento, as plantas distanciadas de 1,0 m e espaçadas de 3,0 m nas
entrelinhas. Duas linhas foram utilizadas para retirada das amostras destrutivas
(análise de crescimento) e três para colheita final (produtividade), descontando-se
1,0 m de cada extremidade, sendo as demais utilizadas como bordadura. As
avaliações iniciaram 30 dias após emergência (DAE), com intervalos mensais, até
o final do ciclo. A massa seca das plantas, em suas diversas frações (folhas,
hastes, cachos), foi obtida após permanecer em estufa de ventilação forçada na
temperatura de 65ºC + 5ºC, até atingir peso constante. As médias dos cultivares
foram agrupadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade e as médias das
amostragens foram ajustadas modelos de equações polinomiais. As curvas da
matéria seca apresentam uma tendência sigmoidal esperada, sendo que a
alocação máxima de folhas ocorre aos 150, hastes aos 180 e os cachos variaram
dos 150 aos 240 DAE, de forma que na mamoneira, os primeiros drenos são as
folhas seguidas das hastes e, posteriormente, os cachos.
Palavras-chave: mamona, alocação de fitomassa, análise de crescimento.
14
Assimilate partition of castor bean (Ricinus communis L.) cultivars under
agroecological conditions of the Reconcavo Baiano Region
ABSTRACT
The objective of the present work was to evaluate the fractioned allocation
of dry matter in five castor bean cultivars under agroecological conditions of the
Reconcavo Baiano Region. The work was carried out in the Center of Agricultural,
Environmental and Biological Sciences (CCAAB) of the Federal University of the
Reconcavo Baiano and the following cultivars were evaluated: BRS149-
Nordestina, BRS188-Paraguaçu, EBDA-MPA-17, Mirante-10 and Sipeal-28, in an
experimental design in random blocks with five repetitions. The plot consisted of
eight lines with 12.0 m in length and plants spaced 1.0 m apart and 3.0 m between
lines. Two lines were used for the collection of destructive samples (growth
analysis) and three for final harvest (yield), leaving out 1.0 m in each extremity
whereas the others were used as border segments. Evaluations began 30 days
after emergence (DAE) with monthly intervals until the end of the cycle. Plant dry
matter in its many fractions (leaf, stem, bunch) was obtained after staying in a
forced ventilation oven at 65ºC + 5ºC, until constant weight was achieved. The
averages of the cultivars were grouped by the Scott-Knott test at 5% probability
and the averages of the samples were adjusted by polynomial equation models.
The dry matter curves presented a sigmoid tendency as expected whereas the
maximum allocation of the leaves occurred at 150, stem at 180 and bunch varied
from 150 to 240 DAE, showing that for castor beans the first drains are the leaves
followed by the stems and finally the bunches.
Key-words: castor beans, phytomass allocation, growth analysis
15
INTRODUÇÃO
A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma oleaginosa de elevado valor
socioeconômico e fonte de divisas para o país. Seus produtos e subprodutos são
utilizados na indústria ou na agricultura, além de apresentar perspectivas de uso
como fonte energética sob a forma de biodiesel (COSTA et al., 2006). A cultura da
mamoneira tem grande importância econômica e social, principalmente, para o
semi-árido nordestino por sua adaptabilidade às condiçoes climáticas desta
região. Trata-se de uma das melhores opções para viabilizar o desenvolvimento
sustentável, ao proporcionar emprego e renda principalmente para os pequenos
produtores.
O Recôncavo Baiano pode se constituir em importante alternativa para
ampliação da área cultivada com mamona, devido alguns aspectos importantes.
Seu período chuvoso coincide com o da região Nordeste do estado e difere
daquele das principais regiões produtoras, portanto, a região do Recôncavo
poderá contribuir para o abastecimento do mercado no período de entressafra.
Sua proximidade das usinas produtoras de biodiesel localizada em Simões filho
reduzirá o custo do frete, tornando a matéria prima mais competitiva. Além disso,
sua alta capacidade de consorciar essa cultura com outras culturas alimentícias,
contribuirá para a diversificação da atividade produtiva e incremento na produção
de alimentos e de matéria prima para o biodiesel.
Uma vez que novos cultivares estão cada vez mais disponíveis, torna-se
necessário estudá-los quanto ao seu desempenho vegetativo e produtivo quando
submetidos a diferentes condições agroclimáticas. A planta e o ambiente devem
ter suas características conhecidas, para que sejam atendidas as necessidades
da cultura, de modo que a mesma expresse toda sua potencialidade (SANTOS,
2003). As respostas fisiológicas da planta estão diretamente relacionadas à
radiação solar e, fundamentalmente, à intensidade luminosa, ambos ligados aos
processos fotossintéticos, alongamento da haste principal e das ramificações,
expansão foliar e nodulação (CÂMARA, 1998).
Dentre as formas de avaliar a adaptação de um vegetal a diferentes
condições de cultivo, destaca-se a análise de crescimento como uma ferramenta
eficaz de avaliação. Esta, por sua vez, possibilita identificar diferenças entre os
cultivares e permite estabelecer relações entre a planta e o ambiente, através dos
16
parâmetros fisiológicos, elementos climáticos, edáficos e fitotécnicos, com o
objetivo de verificar o desempenho de diferentes cultivares (PEIXOTO, 2002;
CRUZ, 2007). O crescimento pode ser estudado através de diferentes métodos ou
técnicas. Tais informações são as quantidades de materiais contidos na planta
toda e em suas partes (folhas, colmos, raízes e frutos) e o tamanho do aparelho
fotossintetizante (JAUER et al. 2004).
Para compreensão da produção econômica da planta de mamona, deve-se
elucidar as características de seu crescimento e desenvolvimento, especialmente
no tocante a partição dos assimilados entre os seus diversos órgãos, cujos
estudos devem ser realizados em diferentes condições de clima e solo
(BELTRÃO, 2005). Assim, as alterações de fatores ambientais podem induzir às
plantas a redirecionarem a distribuição dos fotoassimilados, conseqüentemente,
modificando o crescimento e a morfologia (CONCEIÇÃO et al., 2004).
As baixas produtividades encontradas na mamoneira abrem possibilidades,
na tentativa de explicar, como uma planta que apresenta bom crescimento emite
um número considerável de folhas grandes, acumula grande quantidade de
matéria seca e não consegue converter em altos rendimentos. Portanto, baseado
neste questionamento, e com o interesse de descobrir em quais frações da planta
de mamona vão sendo alocados os produtos da fotossíntese em função do
tempo, realizou-se este trabalho com o objetivo de avaliar a partição de
assimilados em cinco cultivares de mamoneira nas condições agroecológicas do
Recôncavo Baiano.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no campo Experimental do Centro de Ciências
Agrárias, Ambientais e Biológicas da Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia, no munícípio de Cruz das Almas-BA, localizado a 12º 40’ 19” latitude sul,
39º 06’ 23” de longitude oeste de Greenwich e com altitude média de 220 m. O
clima é do tipo subúmido, com pluviosidade dia anual de 1170 mm, com
variações entre 900 e 1300 mm, sendo os meses de março a agosto os mais
chuvosos e de setembro a fevereiro os mais secos. A temperatura média anual é
de 24,1ºC (ALMEIDA, 1999). O solo é classificado como Latossolo Amarelo Álico
Coeso, de textura argilosa e relevo plano (RIBEIRO et al., 1995).
17
O trabalho foi realizado entre os meses de abril de 2006 e fevereiro de
2007 e utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados com
cinco cultivares (BRS 149-Nordestina, BRS 188-Paraguaçu, EBDA-MPA-17,
Mirante-10 e Sipeal-28), em cinco repetições. Para realização da análise de
variância considerou-se o modelo estatístico do delineamento em blocos
casualizados no esquema de parcelas subdivididas no tempo. As médias dos
cultivares foram agrupadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade e
para as médias das amostragens foram ajustadas modelos de equações
polinomiais.
A parcela foi constituída por oito linhas de plantas de 12,0 m de
comprimento, com as plantas distanciadas de 1,0m e espaçadas de 3,0 m nas
entrelinhas. Duas linhas foram utilizadas para retirada das amostras destrutivas
(análise de crescimento) e três para colheita final (produtividade), descontando-se
1,0 m de cada extremidade, sendo as demais utilizadas como bordadura.
A correção do solo foi efetuada seguindo recomendações da análise de
fertilidade química para o estado da Bahia, sendo aplicados 1000 kg ha
-1
de
calcário dolomítico, 60 kg ha
-1
de N (20 kg ha
-1
plantio e 40 kg ha
-1
em cobertura),
80 kg ha
-1
de P
2
O
5
e 40 kg ha
-1
de K
2
O. O controle de ervas daninhas foi realizado
mensalmente através de capina manual.
Para a determinação da matéria seca (g planta
-
¹), foram realizadas coletas
mensais, nos dois primeiro meses utilizou-se de três plantas aleatórias por
parcela, a partir do terceiro mês foram retiradas duas plantas até a maturação
plena, A matéria seca total resultou da soma da massa seca nas diversas frações
(folhas, hastes e cachos), após secarem em estufa de ventilação forçada (65° ±
C), até atingirem massa constante.
Escolheu-se a função polinomial exponencial, Ln (y) = a + bx
1,5
+ cx
0,5
,
utilizada por Peixoto (1999) e Brandelero et al (2002), para ajustar a variação da
matéria seca de folhas (MSF), matéria seca de hastes (MSH), matéria seca de
cachos (MSC) e matéria seca total (MST). Optou-se pelos polinômios
exponenciais devido ao fato destes homogeneizarem as variâncias dos dados,
proporcionais à média das plantas e órgãos em crescimento, através da
transformação logarítmica, recomendada por CAUSTON & VENUS (1981) e
PEREIRA & MACHADO (1987).
18
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os fatores climáticos são fundamentais para se obter um bom desempenho
vegetativo e produtivo das espécies cultivadas, haja vista que estes interferem
diretamente nos processos morfofisiológicos da planta, como por exemplo, o
processo fotossintético, onde a água, a energia solar e o gás carbônico participam
ativamente, proporcionando a formação e constituição estrutural do vegetal. Na
Figura 1 pode ser observada a variação climática dos fatores temperatura,
umidade relativa do ar e precipitação pluviométrica durante a condução do
experimento no município Cruz das Almas - BA.
A mamoneira requer temperaturas entre 20 e 26ºC, com baixa umidade
relativa do ar durante a fase de crescimento para obter máxima produtividade;
dias longos e ensolarados são os mais desejados. Os dias úmidos e nublados, a
despeito da temperatura, reduzem a produtividade; a interação entre temperatura
e intensidade luminosa pode também afetar o tamanho e o teor de óleo da
semente (WEISS, 1983). Nos meses em que transcorreu o experimento a
temperatura variou em torno de 23,9ºC, portanto, dentro da faixa mencionada por
(WEISS, 1983 e AMORIM; NETO et al. 2001). A umidade relativa do ar média foi
de 82%, valor este considerado alto, o que pode ter sido o principal fator para o
desenvolvimento do mofo-cinzento em alguns cultivares, principalmente, no
cultivar Mirante-10.
O período de chuvas da região do Recôncavo Baiano concentra-se entre
os meses de março a setembro (ALMEIDA, 1999). Observou-se um acumulado
de 1065 mm de chuvas no período em que o experimento foi avaliado, fato este
observado constantemente nesta Região, considerado ótimo para o
desenvolvimento das espécies cultivadas. AMORIM NETO et al. (2001) apontam
limites mínimos de 500 a 800 mm de chuvas para um bom desempenho da
cultura da mamoneira. SEVERINO et al. (2006) afirmam que a resistência à seca
da mamoneira não significa que sua produção não seja influenciada pela
quantidade de água disponível no solo.
Os valores dos quadrados médios das características matéria seca de
folhas (MSF), matéria seca de haste (MSH), matéria seca de cachos (MSC) e
matéria seca total (MST) de cinco cultivares de mamoneira no Recôncavo Baiano
são apresentados na Tabela 1. Observam-se valores significativos do teste F
19
significativos para todas as características nos cinco cultivares estudados, bem
como na interação cultivar × época. Indicando assim, que os cultivares avaliados
diferem entre si em pelo menos uma das épocas estudadas.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
M
A
R
ABR
M
A
I
JUN
JUL
AGO
S
ET
OUT
NOV
DEZ
JA
N
FE
V
Umidade relativa do ar e
temperatura
0
50
100
150
200
250
300
Precipitaão
TºC UR% PPmm
Embrapa Mandioca e Fruticultura
Considerando que o coeficiente de variação (CV) é interpretado como a
variação dos dados em relação à média, este poderá indicar uma maior precisão
experimental, em conjunto de dados razoavelmente homogêneos. Assim, neste
trabalho o coeficiente de variação foi de 46,8% (MSF), 31,0% (MSH), 42,7%
(MSC) e 27,1% (MST). LIMA (2006) afirma que pode ser difícil classificar um
coeficiente de variação como baixo, médio, alto ou muito alto, mas este pode ser
bastante útil na comparação de duas ou mais variáveis. BELTRÃO et al (2005),
em um trabalho com partição de assimilados em mamoneira, obtiveram
coeficientes de variação de 28% para a característica peso de matéria seca do
caule e ramos, 54% para o peso da matéria seca de folhas e 33% no peso de
matéria seca de racemos e cascas. Geralmente, em estudos com a cultura da
mamoneira os coeficientes de variação encontrados assumem valores altos, isto
Figura 1.
Valores médios mensais de temperatura do ar (ºC); umidade relativa
(%) e precipitação pluviométrica total (mm) durante os meses de
março de 2006 a fevereiro o de 2007, nas condições climáticas de
Cruz das Almas, BA.
20
devido, possivelmente, da grande variação encontrada nas plantas dentro de um
mesmo cultivar.
Tabela 1. Quadrados médios das características matéria seca de folhas (MSF),
matéria seca de haste (MSH), matéria seca de cachos (MSC) e matéria
seca total (MST) de cinco cultivares de mamoneira no Recôncavo Baiano.
QUADRADO MÉDIO
FV GL MSF MSH MSC MST
Bloco
4 7251,04 46564,22 28610,73 89334,17
Cultivares
4 44588,25**
353546,18** 581748,04** 1999273,09**
Erro (a)
16 4727,04 55469,37 45282,68 193492,02
Épocas
7 251135,17**
2327423,16** 1813488,84** 9702303,91**
Época x Cultivar
28 8274,45**
59152,49** 95651,04**
257995,56**
Erro b
140 3096,98 15802,44 26547,96 51474,14
Média Geral
118,86 405,44 380,90 836,36
CV (%)
46,82 31,00 42,78 27,13
As folhas são responsáveis direto pela produção da fitomassa nas plantas
e, de modo geral, estão correlacionadas com a produtividade final de grãos e
sementes das espécies. Na Figura 2, observa-se a variação da matéria seca de
folhas (g planta
-1
) em função dos dias após emergência (DAE) de cinco cultivares
de mamoneira nas condições agroecológicas do Recôncavo Baiano.
Observou-se uma tendência sigmoidal no decorrer do crescimento de todos
os cultivares avaliados, com coeficientes de determinação variando de 0,73 a
0,99, para o cultivar Paraguaçu e Sipeal-28 indicando que a função utilizada
ajusta bem para a maioria dos cultivares. No início do ciclo o crescimento foi
lento, na fase seguinte, uma tendência logarítmica crescente e, posteriormente,
uma tendência logarítmica decrescente. Tendência semelhante foi encontrada por
Conceição et al (2004), estudando a alocação de fitomassa em dois cultivares de
batata doce, e CRUZ (2007) em cultivares de soja, na região Oeste da Bahia.
Os valores máximos da matéria seca de folhas e os respectivos dias da
emergência em que ocorreram (DAE) variaram de acordo com o cultivar, sendo
379 g planta
-1
para o cultivar BRS 149-Nordestina, aos 145 DAE, 330 g planta
-1
para o BRS 188-Paraguaçu aos 145 DAE, 273 g planta
-1
para o EBDA MPA-17,
aos138 DAE, 185 g planta
-1
para o Mirante-10, aos136 DAE e 245 g planta
-1
para
o cultivar Sipeal-28, aos123 DAE, indicando uma maior precocidade do cultivar
21
Sipeal-28, fato este, que poderá indicar melhores resultados na produtividade
final. No entanto, neste período, os cultivares BRS 149-Nordestina e BRS 188-
Paraguaçu foram estatisticamente superiores aos demais (Tabela 2).
Houve
decréscimo acentuado da massa seca das folhas (MSF) após atingirem os
valores máximos, devido à senescência ter sobrepujado a taxa de emissão de
novas folhas, além da translocação de fotoassimilados dessas para drenos
preferenciais.
Tabela 2. Matéria seca total de folhas (MSTF) e seus respectivos dias após
emergência de cinco cultivares de mamoneira, nas condições
agroecológicas do recôncavo baiano, proveniente da derivação da
função polinomial lny = a + bx
1,5
+ cx
0,5
.
Cultivares MSTF (g.planta
-1
) DAE R
2
BRS149 -Nordestina 379a 145 0,89
BRS 188 - Paraguaçu 330a 145 0,73
EBDA - MPA - 17 273b 138 0,90
Mirante -10 185b 136 0,91
Sipeal - 28 245b 123 0,99
Médias seguidas pela mesma letra pertencem ao mesmo grupo de acordo com o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de probabilidade.
As plantas são constituídas, em grande parte, por carboidratos, responsáveis
por 60% ou mais, da matéria seca vegetal. Os carboidratos produzidos pela
assimilação do CO
2
devem ser distribuídos por toda a planta, de forma
sistemática, mas flexível, com o objetivo de suprir as necessidades dos órgãos do
vegetal (SOARES, et al., 2005). Na Figura 3, observa-se a variação da matéria
seca de hastes (g planta
-1
) em função dos dias após emergência (DAE) de cinco
cultivares de mamoneira nas condições agroecológicas do Recôncavo Baiano.
O crescimento da matéria seca de haste também seguiu uma tendência
sigmoidal, com altos coeficientes de determinação (0,94 a 0,99). Observou-se um
crescente aumento até os 180 DAE, declinando posteriormente até a fase final do
ciclo das plantas, da mesma forma que ocorreu com a alocação da MSF. No
entanto, a haste foi pelo menos 30 dias a mais, drenos preferenciais que as
folhas. COSTA et al (1991) trabalhando com a cultura do feijoeiro relatam que
inicialmente as folhas e as raízes foram os drenos metabólicos preferenciais,
22
porém, após certo estádio de desenvolvimento, houve mudança para o caule.
Os valores máximos da matéria seca de hastes e os respectivos dias da
emergência em que ocorreram (DAE) variaram de acordo com o cultivar, sendo
de 833g planta
-1
(BRS 149-Nordestina, aos 172 DAE), 1121 (BRS 188-
Paraguaçu,173), 706 (EBDA-MPA-17,166), 701 (Mirante-10,196) e 828g planta
-1
(Sipeal-28,188). Os cultivares BRS 149-Nordestina e BRS 188-Paraguaçu e
Sipeal-28 foram estatisticamente superiores aos demais (Tabela 3). Os dados
encontrados corroboram, em parte, com os de Beltrão et al. (2005), que
encontraram de 840 g planta
-1
(Nordestina) e 490 g planta
-1
(Paraguaçu).
Tabela 3. Matéria seca total de haste (MSTH) e seus respectivos dias após
emergência de cinco cultivares de mamoneira, nas condições
agroecológicas do recôncavo baiano, proveniente da derivação da
função polinomial lny = a + bx
1,5
+ cx
0,5
.
Cultivares MSTH (g.planta
-1
) DAE R
2
BRS149 -Nordestina 833a 172 0,98
BRS 188 - Paraguaçu 1121a 173 0,97
EBDA - MPA - 17 706b 166 0,90
Mirante -10 701b 196 0,91
Sipeal - 28 828a 188 0,99
Médias seguidas pela mesma letra pertencem ao mesmo grupo de acordo com o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de probabilidade.
As alterações dos fatores ecológicos e de nutrientes, nos agrossistemas,
podem induzir a planta a redirecionar a distribuição dos fotoassimilados,
modificando, consequentemente, seu crescimento e morfologia (COSTA et al.,
1991). Na Figura 4, observa-se a variação da matéria seca de cachos (g planta
-1
)
em função dos dias após emergência (DAE) de cinco cultivares de mamoneira
nas condições agroecológicas do Recôncavo Baiano.
A alocação de fitomassa nos cachos (MSC) também apresentou curvas
sigmoidais, características de culturas de ciclo curto, anuais e semi-perenes,
conforme relato de vários autores (PEREIRA & MACHADO, 1987; PEIXOTO,
1998; BRANDELERO , 2001; BENICASA, 2003 e LIMA et al., 2007). Os
coeficientes de determinação variaram de 0,74 (EBDA-MPA-17) a 0,98
23
(Nordestina). A MSC tem um crescimento contínuo dos 30 a 180 DAE, sendo
BRS 149-Nordestina
0
100
200
300
400
500
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
M até ria se ca d e fo lh as
(g p la n ta
-1
)
lny=-5,9775 -0,0034x
1,5
+1,4825x
0,5
R
2
= 0,89
BRS 188-Paraguaçu
0
100
200
300
400
500
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
lny= -3,5560 -0,0025x
1,5
+1,1389x
0,5
R
2
= 0,73
EBDA-MPA-17
0
100
200
300
400
500
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
M até ria sec a d e fo la h s
(g p la n ta
-1
)
lny= -4,4089 -0,0031x
1,5
+1,2809x
0,5
R2= 0,90
Mirante-10
0
100
200
300
400
500
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
M até ria sec a d e fo lh as
(g p la n ta
-1
)
lny= -5,5324 -0,0034x
1,5
+1,3849x
0,5
R
2
= 0,91
Sipeal-28
0
100
200
300
400
500
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
lny= -7,8995 -0,0049x
1,5
+1,8111x
0,5
R
2
= 0,99
Figura 2. Variação da matéria seca de folhas (MSF) e dias após a emergência
(DAE) de cinco cultivares de mamoneira (BRS 188 - Nordestina, BRS 149 -
Paraguaçu, EBDA-MPA -17, Mirante -10 e Sipeal -28), nas condições
agroecológicas do Recôncavo Baiano ajustadas pela função polinomial
lny = a + bx
1,5
+ cx
0,5
.
24
mais intensa, para a maioria dos cultivares, entre os 120 e 180 DAE, isto pode ser
explicado, devido à translocação intensa dos fotoassimilados das folhas e hastes
para a formação dos órgãos reprodutivos da planta.
Os valores máximos da matéria seca de cachos e os respectivos dias da
emergência em que ocorreram (DAE) variaram de acordo com o cultivar, sendo
de 1101 g planta
-1
(BRS 149-Nordestina, aos 240 DAE), 868 (BRS 188-
Paraguaçu,188), 895 (EBDA-MPA-17,164), 337 (Mirante-10,185) e 893 g planta
-1
(Sipeal-28,195). No entanto, apenas O cultivar Mirante-10 diferiu
significativamente, sendo inferior aos demais cultivares (ver tabela 4). Os dados
encontrados condizem com os encontrados por BELTRÃO et al (2005), quando
avaliaram a produtividade primária e partição de assimilados em dois cultivares de
mamoneira, em Missão Velha-CE.
Tabela 4 - Matéria seca total de cachos (MSTC) e seus respectivos dias após
emergência de cinco cultivares de mamoneira, nas condições
agroecológicas do recôncavo baiano, ajustadas pela função polinomial
lny = a + bx
1,5
+ cx
0,5
.
Cultivares MSTC (g.planta
-1
) DAE R
2
BRS149 -Nordestina 1101a 240 0,98
BRS 188 - Paraguaçu 868a 188 0,98
EBDA - MPA - 17 895a 164 0,74
Mirante -10 337b 185 0,91
Sipeal - 28 893a 195 0,94
Médias seguidas pela mesma letra pertencem ao mesmo grupo de acordo com o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de probabilidade.
O estudo da alocação da matéria seca nos diferentes órgãos/frações da
mamoneira nos cinco cultivares estudados indicou que primeiramente, os drenos
preferenciais foram as folhas e hastes e, posteriormente, os cachos que se
tornam os drenos metabólicos preferenciais de forma acentuada e definitiva, em
virtude da capacidade mobilizadora desses órgãos que ocasionaram um
decréscimo de matéria seca de folhas aos 150 DAE e de hastes a partir dos 180
DAE.
25
Na Figura 5, observa-se a variação da matéria seca total (g planta
-1
) em
função dos dias após emergência (DAE) de cinco cultivares de mamoneira nas
condições agroecológicas do Recôncavo Baiano. Observa-se que no início do
ciclo os cultivares apresentam um crescimento lento, seguido posteriormente, por
um crescimento logarítmico crescente e, na fase final, uma tendência logarítmica
decrescente, devido à senescência dos diversos órgãos que compõem a planta.
Esta tendência também foi observada em trabalhos de (KOLLER et al., 1986;
CRUZ, 2007). Os coeficientes de determinação variaram de 0,89 a 0,98, para os
cultivares (EBDA MPA-17 e Mirante-10), respectivamente, estando de acordo com
os encontrados por CRUZ (2007) estudando o desempenho de cultivares de soja
no Oeste Baiano.
Os máximos valores encontrados para a matéria seca total variaram de
acordo com o cultivar avaliados e (DAE), sendo, 1806 g planta
-1
(BRS 149-
Nordestina aos 184 DAE), 1845 (BRS 188-Paraguaçu, 174) 1614 (EBDA-MPA-17,
162), 909 cultivar (Mirante-10, 174) DAE e 1356 g planta
-1
(Sipeal-28, 184).
Apenas o cultivar Mirante-10 foi estatisticamente inferior aos demais ( Tabela – 5)
A produtividade biológica por hectare variou de 6132 (BRS 188-Paraguaçu)
a 3033kg fitomassa ha
-1
(Mirante-10). Estes valores são superiores aos
encontrados por BELTRÃO et al. (2005) estudando o comportamento de dois
cultivares de mamoneira. Indicando dessa forma, a possibilidade de que a Região
do Recôncavo Baiano apresenta características propícias para o crescimento e
desenvolvimento desta cultura.
Tabela 5. Matéria seca total (MST) e seus respectivos dias após emergência de
cinco cultivares de mamoneira, nas condições agroecológicas do
recôncavo baiano, proveniente da derivação da função polinomial lny
= a + bx
1,5
+ cx
0,5
.
Cultivares MST (g.planta
-1
) DAE R
2
BRS149 -Nordestina 1806a 184 0,97
BRS 188 - Paraguaçu 1845a 174 0,96
EBDA - MPA - 17 1614a 162 0,89
Mirante -10 909b 174 0,98
Sipeal - 28 1356a 184 0,98
Médias seguidas pela mesma letra pertencem ao mesmo grupo de acordo com o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de probabilidade
26
BRS 149-Nordestina
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
M até ria sec a d e h a ste
(g p lan ta
-1
)
lny=-6,4115 -0,0029x
1,5
+1,5005x
0,5
R
2
= 0,98
BRS 188-Paraguaçu
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
lny= -8,4174 -0,0034x
1,5
+1,7621x
0,5
R
2
= 0,97
EBDA-MPA-17
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
M atéria se ca d e h as te
(g p la n ta
-1
)
lny= -5,3392 -0,0028x
1,5
+1,3884x
0,5
R2= 0,97
Mirante-10
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
M atéria se ca d e h as te
(g p la n ta
-1
)
lny= -5,5766 -0,0022x
1,5
+1,2976x
0,5
R
2
= 0,94
Sipeal-28
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
lny= -6,1281 -0,0025x
1,5
+1,4070x
0,5
R
2
= 0,99
Figura 3. Variação da matéria seca de haste (MSH) e dias após a emergência
(DAE) de cinco cultivares de mamoneira (BRS 149 - Nordestina, BRS 188 -
Paraguaçu, EBDA-MPA -17, Mirante -10 e Sipeal -28), nas condições
27
agroecológicas do Recôncavo Baiano ajustadas pela função polinomial
lny = a + bx
1,5
+ cx
0,5
.
BRS 149-Nordestina
0
200
400
600
800
1000
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
M a téria sec a d e cac h o s
(g plan ta
-1
)
lny=-3,7977 -0,0013x
1,5
+1,0093x
0,5
R
2
= 0,98
BRS 188-Paraguaçu
0
200
400
600
800
1000
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
lny= -7,9889 -0,0026x
1,5
+1,5639x
0,5
R
2
= 0,98
EBDA-MPA-17
0
200
400
600
800
1000
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
M atéria se ca d e cach o s
(g p la n ta
-1
)
lny= -7,4589 -0,0034x
1,5
+1,6708x
0,5
R2= 0,74
Mirante-10
0
200
400
600
800
1000
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
M atéria se c a de ca ch o s
(g p lan ta
-1
)
lny= -23,2388 -0,0057x
1,5
+3,1992x
0,5
R
2
= 0,91
Sipeal-28
0
200
400
600
800
1000
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
lny= -3,0123 -0,0018x
1,5
+1,0533x
0,5
R
2
= 0,94
.
Figura 4. Variação da matéria seca de cachos (MSC) e dias após a emergência
(DAE) de cinco cultivares de mamoneira (BRS 149 - Nordestina, BRS 188 -
28
Paraguaçu, EBDA MPA -17, Mirante -10 e Sipeal -28), nas condições
agroecológicas do Recôncavo Baiano ajustadas pela função polinomial
lny = a + bx
1,5
+ cx
0,5
.
BRS 149-Nordestina
0
300
600
900
1200
1500
1800
2100
2400
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
M atéria sec a d e to tal
(g plan ta
-1
)
lny=-3,5114 -0,0028x
1,5
+1,2165x
0,5
R
2
= 0,97
BRS 188-Paraguaçu
0
300
600
900
1200
1500
1800
2100
2400
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
lny= -5,7811 -0,0029x
1,5
+1,5130x
0,5
R
2
= 0,96
EBDA-MPA-17
0
300
600
900
1200
1500
1800
2100
2400
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
M a téria sec a to tal
(g p lan ta
-1
)
lny= -6,5746 -0,0034x
1,5
+1,6477x
0,5
R2= 0,89
Mirante-10
0
300
600
900
1200
1500
1800
2100
2400
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
M atéria se ca to tal
(g p la n ta
-1
)
lny= -6,4577 -0,0029x
1,5
+1,5106x
0,5
R
2
= 0,98
Sipeal-28
0
300
600
900
1200
1500
1800
2100
2400
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
lny= -3,7977 -0,0022x
1,5
+1,2165x
0,5
R
2
= 0,98
Figura 5. Variação da matéria seca de Total (MST) e dias após a emergência (DAE)
de cinco cultivares de mamoneira (BRS 149 - Nordestina, BRS 188 -
29
Paraguaçu, EBDA-MPA -17, Mirante -10 e Sipeal -28), nas condições
agroecológicas do Recôncavo Baiano ajustadas pela função polinomial
lny = a + bx
1,5
+ cx
0,5
.
CONCLUSÕES
A mamoneira aloca seus assimilados primeiramente nas folhas e hastes e,
posteriormente, os transfere para os cachos, por ocasião dos máximos acúmulos
de matéria seca na planta, que neste trabalho em média ocorreram aos 150 DAE
(Folhas) 180 (hastes).
O acúmulo de matéria seca (produtividade biológica) alocado pelos
cultivares estudados, indicam possibilidades de que a Região do Recôncavo
Baiano, apresenta características propícias para o crescimento e desenvolvimento
desta cultura.
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WEISS, E.A. Castor. In: WEISS, E.A. Oilseed crops. London: Longman, 1983, p.
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32
CAPÍTULO 2
ÍNDICES FISIOLÓGICOS DE CULTIVARES DE MAMONEIRA (Ricinus
communis L.) NAS CONDIÇÕES AGROECOLÓGICAS DO RECÔNCAVO
BAIANO
1
.
.
1
Artigo a ser submetido ao conselho editorial do periódico Ciênica e Agrotecnologia.
33
ÍNDICES FISIOLÓGICOS DE CULTIVARES DE MAMONEIRA (Ricinus
communis L.) NAS CONDIÇÕES AGROECOLÓGICAS DO RECÔNCAVO
BAIANO.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar por meio de índices fisiológicos, o
desempenho de cinco cultivares de mamoneira nas condições agroecológicas do
Recôncavo Baiano. Os cultivares avaliados foram BRS 149 - Nordestina, BRS 188
- Paraguaçu, EBDA MPA-17, Mirante-10 e Sipeal - 28. O trabalho foi conduzido no
campo Experimental do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, no município de Cruz das Almas
BA, no delineamento de blocos casualizados com cinco repetições. A parcela foi
constituída por oito linhas de plantio com 12,0 m de comprimento, as plantas
distanciadas de 1,0 m e espaçadas de 3,0 m nas entrelinhas. Duas linhas foram
utilizadas para retirada das amostras destrutivas (análise de crescimento) e três
para colheita final (produtividade), descontando-se 1,0 m de cada extremidade,
sendo as demais utilizadas como bordadura. Foram realizadas coletas mensais de
três plantas aleatórias por parcela, a partir dos trinta dias após a emergência
(DAE) até a maturação plena, para a determinação da matéria seca (g planta
-1
) e
da área foliar da planta (dm
2
), utilizadas como base para da determinação dos
índices fisiológicos: Índice de área foliar (IAF), taxa de crescimento da cultura
(TCC), taxa de crescimento relativo (TCR), razão de área foliar (RAF) e taxa
assimilatória líquida (TAL). Estes índices fisiológicos constituem ferramentas que
podem identificar cultivares mais adaptados às condições agroecológicas do
Recôncavo Baiano, sendo que os valores do índice de área foliar (IAF)
encontrados nesse estudo podem explicar, em parte, a baixa produtividade
encontrada no cultivar Mirante-10.
Termos para indexação: mamona, análise de crescimento, área foliar e matéria
seca.
34
PHYSIOLOGICAL INDEXES OF CASTOR BEAN (RICINUS COMMUNIS L.)
CULTIVARS UNDER AGROECOLOGICAL CONDITIONS IN THE RECONCAVO
BAIANO REGION
ABSTRACT
The objective of the present work was to evaluate the development of five
castor bean cultivars under the agroecological conditions of the Reconcavo Baiano
Region. The following cultivars were evaluated: BRS 149 - Nordestina, BRS 188 -
Paraguaçu, EBDA MPA-17, Mirante-10 e Sipeal - 28. The work was carried out in
the Center of Agricultural, Environmental and Biological Sciences (CCAAB) of the
Federal University of the Reconcavo Baiano in the county of Cruz das Almas-BA, in
an experimental design in random blocks with five repetitions. The plot consisted
of eight lines with 12.0 m in length and plants spaced 1.0 m apart and 3.0 m
between lanes. Two lines were used for the collection of destructive samples
(growth analysis) and three for final harvest (yield), leaving out 1.0 m in each
extremity whereas the others were used as border segments. Monthly collections
of three random plants per plot were carried out after 30 days after emergence
(DAE) until full ripening for the determination of dry matter (g plant
-1
) and of plant
leaf area (dm
2
) used as the basis for determining the following physiological
indexes: leaf area index (LAI), growth rate of the crop (GRC), relative growth rate
(RGR), leaf area ratio (LAR) and net assimilatory rate (NAR). These physiological
indexes constitute tools that can identify cultivars better adapted to the
agroecological conditions of the Reconcavo Baiano Region, whereas the values of
leaf area index (LAI) encountered in this study can explain, in part, the low yield in
Mirante-10 cultivar.
Index - terms: castor bean, growth analysis, leaf area and dry matter.
35
INTRODUÇÃO
A mamoneira é uma oleaginosa de elevado valor socioeconômico e fonte
de divisas para o país. Seus produtos e subprodutos são utilizados na indústria ou
na agricultura, além de apresentar perspectivas de uso como fonte energética sob
a forma de biodiesel (COSTA et al., 2006). Entretanto, a baixa produtividade
média observada nas atuais regiões produtoras, poderá comprometer o Programa
Nacional de Produção do Biodiesel.
Novos cultivares estão cada vez mais disponíveis, torna-se necessário
estudá-los quanto ao seu desempenho vegetativo e produtivo quando submetidos
a diferentes condições agroclimáticas. Assim, cada vez mais, tem-se buscado
soluções para os diversos problemas agronômicos relacionados à sua produção.
Estes problemas têm merecido a atenção de pesquisadores através do
melhoramento genético, além de outras práticas culturais, visando à elevação da
produtividade, da qualidade do produto e a estabilidade da produção (PEIXOTO,
2002).
A análise de crescimento tem sido usada por pesquisadores, na tentativa
de explicar diferenças no crescimento de ordem genética ou resultante de
modificações do ambiente (BRANDELERO et al., 2002) e constitui uma
ferramenta eficiente para a identificação de materiais promissores (BENINCASA,
2003). Também, pode ser usada para a avaliação da produtividade de culturas e
permite que se investigue a adaptação ecológica a novos ambientes, a
competição entre espécies, os efeitos de manejo e tratamentos culturais, e a
identificação da capacidade produtiva de diferentes genótipos (ALVAREZ et al.,
2005).
O fundamento dessa análise baseia-se no fato de que, praticamente toda a
matéria orgânica acumulada ao longo do crescimento da planta, resulta da
atividade fotossintética. Dessa forma, o acúmulo de matéria seca e o incremento
da área foliar, quantificados em função do tempo, são utilizados na estimativa de
vários índices fisiológicos relacionados às diferenças de desempenho entre
cultivares. Normalmente, estes são: taxa de crescimento relativo (TCR), taxa
assimilatória líquida (TAL), razão de área foliar (RAF), índice de área foliar (IAF),
taxa de crescimento da cultura (TCC) e índice de colheita (IC) (PEIXOTO, 1999;
BRANDELERO, 2001; LESSA, 2007; LIMA et al., 2007).
36
Os índices fisiológicos envolvidos e determinados na análise de
crescimento indicam a capacidade do sistema assimilatório (fonte) das plantas em
sintetizar e alocar a matéria orgânica nos diversos órgãos (drenos) que dependem
da fotossíntese, respiração e translocação de fotoassimilados dos sítios de
fixação aos locais de utilização ou de armazenamento (FONTES et al., 2005).
Portanto, expressam as condições fisiológicas da planta e quantifica a produção
líquida derivada do processo fotossintético. Esse desempenho é influenciado
pelos fatores bióticos e abióticos (LESSA, 2007).
Nos diversos estudos ecofisiológicos, a partir dos dados de crescimento,
pode-se estimar de forma precisa as causas de variação entre plantas diferentes
ou geneticamente iguais crescendo em ambientes diferentes (BENINCASA, 2003;
Lima 2006), de forma que se possam obter informações adaptativas que apenas a
produtividade final não consegue explicar.
Portanto, este trabalho teve como objetivo avaliar por meio dos índices
fisiológicos, o desempenho de cinco cultivares de mamoneira, nas condições
agroecológicas do recôncavo Baiano.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no campo Experimental do Centro de Ciências
Agrárias, Ambientais e Biológicas da Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia, no munícípio de Cruz das Almas - BA, localizado a 12º 40’ 19” latitude sul,
39º 06’ 23” de longitude oeste de Greenwich e com altitude média de 220m. O
clima é do tipo subúmido, com pluviosidade média anual de 1170mm, com
variações entre 900 e 1300mm, sendo os meses de março a agosto os mais
chuvosos e de setembro a fevereiro os mais secos. A temperatura média anual é
de 24,1ºC (ALMEIDA, 1999). O solo é classificado como Latossolo Amarelo Álico
Coeso, de textura argilosa e relevo plano (RIBEIRO et al., 1995).
O trabalho foi realizado entre os meses de abril de 2006 a fevereiro de
2007 e utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados com
cinco cultivares (BRS 149-Nordestina, BRS 188-Paraguaçu, EBDA-MPA-17,
Mirante-10 e Sipeal-280), em cinco repetições. A parcela foi constituída por oito
linhas de 12,0 m de comprimento, com as plantas distanciadas de 1,0m e
espaçadas de 3,0 m nas entrelinhas. Duas linhas foram utilizadas para retirada
37
das amostras destrutivas (análise de crescimento) e três para colheita final
(produtividade), descontando-se 1,0m de cada extremidade, sendo as demais
utilizadas como bordadura.
A correção do solo foi efetuada seguindo recomendações da análise
quìmica do solo, sendo aplicados 1000 kg ha
-1
de calcário dolomítico, 60 kg ha
-1
de N (20kg ha
-1
plantio e 40kg ha
-1
em cobertura), 80 kg ha
-1
de P
2
O
5
e 40 kg ha
-1
de K
2
O. O controle de ervas daninhas foi realizado mensalmente através de
capina manual.
Para a determinação da matéria seca (g planta
-
¹), foram realizadas coletas
mensais, nos dois primeiro meses utilizou-se de três plantas aleatórias por
parcela, a partir do terceiro mês foram retiradas duas plantas até a maturação
plena. A matéria seca total resultou da soma da massa seca nas diversas frações
(folhas, hastes e cachos), após secarem em estufa de ventilação forçada (65° ±
C), até atingirem massa constante. A área foliar foi determinada mediante a
relação da massa da matéria seca das folhas e massa da matéria seca de dez
discos foliares obtidos com o auxílio de um perfurador de área conhecida
(CAMARGO 1992; PEIXOTO 1999; LIMA, 2006).
Escolheu-se a função polinomial exponencial, lny = a + bx
1,5
+ cx
0,5
,
utilizada por Peixoto (1998) e Brandelero (2002), para ajustar a variação da
matéria seca e da área foliar, como base para calcular os diversos índices
fisiológicos: índice de área foliar (IAF), taxa de crescimento da cultura (TCC), taxa
de crescimento relativo (TCR), taxa assimilatória quida (TAL) e razão de área
foliar (RAF), com suas respectivas fórmulas matemáticas, de acordo a
recomendação de vários textos dedicados à análise quantitativa do crescimento
(PEIXOTO 1999; BENICASA, 2003; LESSA, 2007 e LIMA et.al., 2007).
Optou-se pelos polinômios exponenciais devido ao fato destes
homogeneizarem as variâncias dos dados, proporcionais à média das plantas e
órgãos em crescimento, através da transformação logarítmica, recomendada por
Causton & Venus (1981) e Pereira & Machado (1987). Os índices fisiológicos
geralmente são apresentados sem serem submetidos à ANAVA, devido ao fato
desses dados não obedecerem às pressuposições da análise de variância
(BANZATTO & KRONKA, 1989).
38
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os elementos do clima são fundamentais para potencializar a produtividade
de uma determinada espécie em campo. Os valores da variação da temperatura,
umidade relativa do ar e precipitação pluviométrica no município de Cruz das
Almas, no ano de 2006 podem ser vistos na Figura 1. As temperaturas que
ocorreram no período do experimento atendem às exigências térmicas da cultura
da mamoneira. A variação média da temperatura no período desse estudo variou
em torno de 24ºC. Amorim Neto et al. (2001) apontam limites de variáveis
climáticas favoráveis ao desenvolvimento da cultura com temperatura média do ar
variando entre 20 e 30ºC.
A variação média da umidade relativa do ar no período que foi submetido o
experimento ficou em torno de 82,61%, considerada alta, favorecendo o
desenvolvimento da principal doença da cultura da mamoneira, que é o mofo-
cinzento, causada pelo fungo (Botrytis ricini). Máfia et al (2006) estudando o mofo
cinzento em clones de eucalipto, relatam que a precipitação pluviométrica
apresentou uma correlação negativa e baixa, enquanto a umidade relativa do ar
apresentou correlação positiva e intermediária. No tocante à precipitação
pluviométrica, o acumulado nos meses de março a dezembro foi em torno de
1065 mm, valor que está acima do recomendado por Amorim Neto et al. (2001)
que é de 500 a 800 mm, fato este freqüentemente observado na Região e
favorável ao desenvolvimento das plantas.
A área foliar de uma planta constitui sua matéria prima para fotossíntese e,
como tal, é muito importante para a produção de carboidratos, lipídeos e
proteínas. O índice de área foliar (IAF) representa a área foliar total por unidade
de área do terreno e funciona como indicador da superfície disponível para
interceptação e absorção de luz. Na Figura 2 estão apresentados os índices de
área foliar dos cultivares de mamoneira estudados em função dos dias após
emergência (DAE), nas condições agroecológicas do Recôncavo Baiano,
ajustadas através da função Ln (y)= a + bx
1,5
+ cx
0,5
.
O crescimento do IAF nos cultivares de mamoneira foi lento entre os 30 e
60 DAE, passando por um crescimento logarítmico entre os 60 e 90 DAE,
voltando a crescer lentamente até atingir o máximo aos 120 DAE e, decrescendo
39
até a fase final do ciclo da cultura. Os valores máximos do IAF variaram entre
1,06 (Mirante-10) e 2,1 (Nordestina). Valores estes, semelhantes aos encontrados
por Peixoto (1999) em cultivares de soja no estado de São Paulo, no entanto,
considerados baixos, quando comparados pelos encontrados por Cruz (2007), em
cultivares de soja no Oeste da Bahia.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
M
A
R
ABR
M
A
I
JUN
JUL
AGO
S
ET
OUT
NOV
DEZ
JA
N
FE
V
Umidade relativa do ar e
temperatura
0
50
100
150
200
250
300
Precipitacção
TºC UR% PPmm
Embrapa Mandioca e Fruticultura
Altos valores de IAF nem sempre estão correlacionados positivamente com
a produtividade final das espécies cultivadas. No entanto, baixos valores deste
índice fisiológico podem comprometer o potencial produtivo das culturas.
Magalhães, (1985) afirma que a ocorrência de IAF baixo, limita a expressão do
rendimento, visto que o mesmo representa o sistema acumulador da comunidade
vegetal e pode ser considerado um importante fator da produtividade. Para tanto é
necessário se atentar para um IAF ótimo, que coincide com o máximo acúmulo de
matéria seca e a maior taxa de crescimento da cultura (Tabela 1).
Na tabela 1, verifica-se a variação dos IAF ótimos, TCC máximas e a
matéria seca total obtida nos cinco cultivares de mamoneira avaliados. Pode-se
observar que o cultivar Paraguaçu, em que pese ter um IAF 21% menor que o
Figura 1. Valores médios mensais de temperatura do ar (ºC); umidade relativa
(%) e precipitação pluviométrica total (mm) durante os meses de
março de 2006 a fevereiro o de 2007, nas condições climáticas de
Cruz das Almas, BA.
40
cultivar Nordestina, acumulou mais matéria seca, demonstrando que a eficiência
fotossintética não fica restrita apenas à superfície foliar, mas também a fatores
intrínsecos, inerentes a cada cultivar. Fato este que também foi observado por
Brandelero et al. (2002), em cultivares de soja no Recôncavo Baiano. Entretanto,
o menor IAF ótimo alcançado pelo cultivar Mirante -10, provavelmente responde
pelo menor acúmulo de matéria seca, o que poderá refletir em menor
produtividade.
Tabela 1. Valores médios do índice de área foliar ótimo (IAF ótimo), taxa máxima de
crescimento da cultura (TCC máxima) e massa da matéria seca total (MST),
dias após a emergência (DAE) de cinco cultivares de mamoneira nas
condições agroecológicas do Recôncavo da Bahia.
CULTIVARES
IAF ótimo
TCC máxima
(g planta
-1
dia
-1
)
MSTo
(g planta
-1
)
DAE
BRS 149 - Nordestina 2,12 20,02 1088,01 130
BRS 188 - Paraguaçu 1,68 24,94 1132,05 120
EBDA MPA-17 1,36 23,73 1043,06 115
Mirante-10 1,06 11,23 531,93 120
Sipeal-28 1,53 16,85 750,37 107
A taxa de crescimento da cultura (TCC) é empregada para comunidades
vegetais e representa a quantidade total de matéria seca acumulada por unidade
de área em função do tempo. Na Figura 3, encontra-se a variação da TCC em
função dos dias após emergência (DAE) dos cultivares de mamoneira, avaliados
nas condições do Recôncavo Baiano. De modo geral, a TCC assumiu valores
iniciais baixos, passando por uma fase de crescimento contínuo até chegar ao
máximo em torno dos 120 DAE, decrescendo posteriormente na fase final do
ciclo. Tendências semelhantes foram encontradas por Brandelero et al., (2002)
quando estudou nove cultivares de soja em Cruz das Almas - BA.
Os valores máximos encontrados para a taxa de crescimento da cultura
variaram de acordo com o cultivar avaliados e (DAE), sendo, 20 g planta
-1
dia
-1
para o cultivar (BRS 149-Nordestina, 130 DAE), 24 (BRS 188-Paraguaçu, 120),
41
Nordestina
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
IA F
lny= -7,5088 -0,0027x
1,5
+1,0732x
0,5
R
2
=0,82
Paraguaçu
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
lny= -8,3477 -0,0028x
1,5
+1,1508x
0,5
R
2
=0,85
EBDA-MPA-17
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
lny= -8,2435 -0,0034x
1,5
+1,1844x
0,5
R
2
= 0,92
Mirante-10
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
DAE
IA F
lny= -9,2978 -0,0033x
1,5
+1,2532
R
2
=0,92
Sipeal-28
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
lny= -8,9324 -0,0040x
1,5
+1,3324x
0,5
R
2
=0,98
Figura 2. Variação do índice de área foliar (IAF) e dias após a emergência (DAE) de
cinco cultivares de mamoneira (BRS 149 - Nordestina, BRS 188 -
Paraguaçu, EBDA MPA -17, Mirante -10 e Sipeal -28), nas condições
agroecológicas do Recôncavo Baiano ajustados pela função polinomial
lny = a + bx
1,5
+ cx
0,5
.
42
Nordestina
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
T C C (g p l
-1
d ia
-1
)
Paraguaçu
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
EBDA-MPA-17
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
T C C (g p l
-1
d ia
-1
)
Mirante-10
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
T C C ( g p l
-1
d i a
-1
)
Sipeal-28
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
Figura 3. Variação da taxa de crescimento da cultura (TCC) e dias após a
emergência (DAE) de cinco cultivares de mamoneira (BRS 149 - Nordestina,
BRS 188 - Paraguaçu, EBDA MPA -17, Mirante -10 e Sipeal -28), nas
condições agroecológicas do Recôncavo Baiano ajustadas pela função
polinomial lny = a + bx
1,5
+ cx
0,5
.
43
23,73 (EBDA-MPA-17, 115), 11 (Mirante-10, 120) e 16 g planta
-1
dia
-1
para
o cultivar (Sipeal-28, aos 107 DAE), assim, o cultivar Sipeal-28 foi o mais
precoce, indicando que a velocidade do crescimento inicial deste é mais rápido
comparado aos demais cultivares (Tabela 2). Tendo o cultivar Sipeal-28 um
crescimento inicial mais rápido, este leva vantagens adaptativas, por cobrir à sua
área de exploração disponível mais rápido, possibilitando assim, uma melhor e
mais rápida exploração dos recursos naturais disponíveis no substrato, podendo
assim converter em maior produtividade. Esta característica poderá ser um bom
indicativo quando se busca um ideotipo, visando trabalhos de melhoramento
vegetal. Esta informação corrobora com o comportamento competitivo da cultivar
Sipeal-28 com os demais cultivares identificado por Bahia (2007) apresentando
produtividade de 1347,33 kg ha
-1
superior a Mirante-10 com 467,11 para o mesmo
ambiente de cultivo.
A taxa de crescimento relativo (TCR) é uma medida apropriada para
avaliação do crescimento vegetal, que é dependente da quantidade de material
acumulado gradativamente. Expressa o incremento na massa de matéria seca,
por unidade de peso inicial, em um intervalo de tempo. Na Figura 4, observa-se a
variação da TCR em função dos dias após emergência (DAE) dos cultivares de
mamoneira, avaliados nas condições do Recôncavo Baiano. Ficou evidenciada a
tendência de queda da TCR para todos cultivares avaliados. Observou-se valores
iniciais altos (31 DAE) e, decrescendo logaritmicamente até a fase final do ciclo
das plantas.
Os máximos valores encontrados para a taxa de crescimento relativo
variaram de acordo com o cultivar avaliados e (DAE), sendo, 0,09 g g
-1
dia
-1
para
o cultivar (BRS 149-Nordestina), 0,11 (BRS 188-Paraguaçu), 0,12 (EBDA-MPA-
17), 0,11 (Mirante-10, 120) e 0,08 g g
-1
dia
-1
(Sipeal-28), todos aos 31 DAE
(Tabela 2). Os cultivares mostraram padrão definido de curvas, inclusive, com
valores negativos, evidenciando um balanço negativo entre os processos
fotossíntese/respiração, com predominância da respiração no final do ciclo,
devido principalmente à senescencia da folhas. Esta tendência está de acordo
com Alvarez et al. (2005) estudando cultivares de amendoim; Lima et al., (2007)
com híbridos de mamoeiro e Cruz (2007) trabalhando com a cultura da soja.
Segundo Rodrigues (1982) a RAF representa a dimensão relativa do
aparelho fotossintético, sendo bastante apropriada à avaliação dos efeitos
44
genotípicos, climáticos e de comunidades vegetais. A variação da RAF em função
dos dias após emergência (DAE) dos cultivares de mamoneira, avaliados nas
condições do Recôncavo Baiano, está indicada na Figura 5, e evidencia uma
tendência contínua de queda a partir dos 30 DAE, até atingir valores próximos de
zero na fase final do ciclo das plantas. Estas tendências corroboram as
encontradas por Alvarez et al. (2005) quando estudou o crescimento de dois
cultivares de amendoim em Botucatu/SP e concordam com resultados
encontrados por Peixoto (1998) e Brandelero et al. (2002), trabalhando com
cultivares de soja no estado de São Paulo e no Recôncavo Baiano,
respectivamente.
Os valores máximos encontrados para a razão da área foliar variaram de
acordo com o cultivar avaliados e (DAE), sendo, 7,61 m
2
kg
-1
para o cultivar (BRS
149-Nordestina), 10,2 (BRS 188-Paraguaçu), 14,2 (EBDA-MPA-17), 12,5 (Mirante-
10, ) e 4,4 m
2
kg
-1
(Sipeal-28), todos aos 31 DAE (Tabela 3). Assim, a RAF é
máxima no período vegetativo, e decresce posteriormente, com o
desenvolvimento da cultura (Figura 5), indicando que inicialmente, a maior parte
do material fotossintetizado é convertida em folhas, visando a maior captação da
radiação solar (ALVAREZ et al., 2005). Para os decréscimos encontrados e
Benincasa (2003) atribuem este comportamento à interferência das folhas
superiores sobre as inferiores (auto-sombreamento) com o avanço do
crescimento, resultando na tendência de diminuição da área foliar útil a partir de
certa fase dentro do período vegetativo.
Tabela 2. Taxa de crescimento relativo máxima (TCRm) e taxa de crescimento da
cultura máxima (TCCm) e seus respectivos dias após emergência de
cinco cultivares de mamoneira, nas condições agroecológicas do
recôncavo baiano, ajustadas pela função polinomial lny = a + bx
1,5
+
cx
0,5
.
Cultivares
TCRm (g.g
-1
dia
-1
)
DAE
TCCm (g.planta
-1
dia
-1
) DAE
BRS149 -Nordestina 0,09 31 20,0 130
BRS 188 - Paraguaçu 0,11 31 24,0 120
EBDA - MPA - 17 0,12 31 23,7 115
Mirante -10 0,11 31 11,0 120
Sipeal - 28 0,08 31 16,0 107
45
A taxa assimilatória líquida (TAL) representa na íntegra, a capacidade que
o vegetal tem em armazenar os produtos gerados através da fotossíntese. Esta
taxa é proveniente do balanço fotossintético e tudo aquilo que é consumido
através da respiração e fotorespiração em espécies vegetais do ciclo C
3,
como é o
caso da mamoneira. Na Figura 6, encontra-se variação da TAL em função dos
dias após emergência (DAE) de cultivares de mamoneira, avaliados nas
condições do Recôncavo Baiano.
Pode se observar que os cultivares BRS 149 - Nordestina e Sipeal -28
apresentaram os maiores valores na fase inicial, decrescendo posteriormente até
a fase final. As tendências observadas nestes cultivares concordam com as
encontradas por Brandelero et al. (2002) e Alvarez et al. (2005), quando
estudaram cultivares de soja e amendoim, respectivamente. Todavia, para os
cultivares BRS 188-Paraguaçu, EBDA-MPA-17 e Mirante-10, houve uma
tendência crescente até os 107 DAE, passando por um período posterior
decrescente até a fase final do ciclo. Tendências semelhantes foram encontradas
por Lima (2006), quando estudou o crescimento de dois híbridos de mamoeiro.
Os valores máximos encontrados para a taxa assimilatória liquída variaram
de acordo com o cultivar avaliados e (DAE), sendo, 11,9 g planta
-1
dia
-1
para o
cultivar (BRS 149-Nordestina, aos 31 DAE), 15,6 (BRS 188-Paraguaçu, 99), 17,5
(EBDA-MPA-17, 107), 10,9 (Mirante-10, 105) e 18,5 g planta
-1
dia
-1
para o cultivar
(Sipeal-28, aos 31 DAE) (Tabela 3). Os resultados encontrados demonstraram
que a relação fotossíntese respiração foi maior no período inicial para os cultivares
BRS 149 - Nordestina e Sipeal-28 (31 DAE), os cultivares BRS 188 -
Paraguaçu, EBDA-MPA-17 e Mirante-10 apresentaram valores de TAL máxima
em torno dos 100 a 107 DAE, indicando diferenças no período preferencial de
acúmulo de matéria seca. Os aumentos verificados na TAL, após o período inicial
vegetativo, por alguns cultivares, também foram encontrados por Peixoto (1999),
sendo interpretado, como uma resposta do aparelho fotossintético a um aumento
na demanda de assimilados (incremento na fotossíntese), após um período inicial
lento.
46
Nordestina
-0,04
-0,01
0,02
0,05
0,08
0,11
0,14
0 30 60 90 120 150 180 210 240
DAE
TCR ( g g
-1
dia
-1
)
Paraguaçu
-0,04
-0,01
0,02
0,05
0,08
0,11
0,14
0 30 60 90 120 150 180 210 240
DAE
EBDA-MPA-17
-0,04
-0,01
0,02
0,05
0,08
0,11
0,14
0 30 60 90 120 150 180 210 240
DAE
TCR ( g g
-1
dia
-1
)
Mirante-10
-0,04
-0,01
0,02
0,05
0,08
0,11
0,14
0 30 60 90 120 150 180 210 240
DAE
TCR ( g g
-1
dia
-1
)
Sipeal-28
-0,04
-0,01
0,02
0,05
0,08
0,11
0,14
0 30 60 90 120 150 180 210 240
DAE
Figura 4. Variação da taxa de crescimento relativo (TCR) e dias após a emergência
(DAE) de cinco cultivares de mamoneira (BRS 149 - Nordestina, BRS 188 -
Paraguaçu, EBDA-MPA -17, Mirante -10 e Sipeal -28), nas condições
agroecológicas do Recôncavo Baiano ajustadas pela função polinomial
lny = a + bx
1,5
+ cx
0,5
.
47
Nordestina
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
RAF (m
2
kg
-1
)
Paraguaçu
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
EBDA-MPA-17
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
RAF (m
2
kg
-1
)
Mirante-10
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
RAF (m
2
kg
-1
)
Sipeal-28
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
Figura 5. Variação da razão da área foliar (RAF) e dias após a emergência (DAE)
de cinco cultivares de mamoneira (BRS 149 - Nordestina, BRS 188 -
Paraguaçu, EBDA MPA -17, Mirante -10 e Sipeal -28), nas condições
agroecológicas do Recôncavo Baiano ajustadas pela função polinomial
lny = a + bx
1,5
+ cx
0,5
.
48
Nordestina
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
0 40 80 120 160 200 240 280
DAE
TAL ( g pl
-1
dia
-1
)
Paraguaçu
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
0 40 80 120 160 200 240 280
DAE
EBDA-MPA-17
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
0 40 80 120 160 200 240 280
DAE
TAL ( g pl
-1
dia
-1
)
Mirante-10
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
0 40 80 120 160 200 240 280
DAE
TAL ( g pl
-1
dia
-1
)
Sipeal-28
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
0 100 200 300
DAE
Figura 6. Variação da taxa assimilatória liguída (TAL) e dias após a emergência
(DAE) de cinco cultivares de mamoneira (BRS 149 - Nordestina, BRS 188 -
Paraguaçu, EBDA-MPA -17, Mirante -10 e Sipeal -28), nas condições
agroecológicas do Recôncavo Baiano ajustadas pela função polinomial
lny = a + bx
1,5
+ cx
0,5
.
49
Tabela 3. Razão de área foliar máxima (RAFm) e taxa assimilatória líquida
máxima (TALm) e seus respectivos dias após emergência de cinco
cultivares de mamoneira, nas condições agroecológicas do recôncavo
baiano, ajustadas pela função polinomial lny = a + bx
1,5
+ cx
0,5
.
Cultivares
RAFm (m
2
kg
-1
)
DAE
TALm(g.planta
-1
dia
-1
) DAE
BRS149 -Nordestina 7,61 31 11,9 31
BRS 188 - Paraguaçu 10,2 31 15,6 99
EBDA - MPA - 17 14,2 31 17,5 107
Mirante -10 12,5 31 10,9 105
Sipeal - 28 4,4 31 18,5 31
Sendo a TAL o resultado do balanço entre a matéria seca produzida pela
fotossíntese e aquela perdida pela respiração, nota-se que os cultivares
expressaram este balanço diferentemente, de acordo com o seu potencial
genético, ficando claro a distinção do desempenho fotossintético entre eles. Todos
os cultivares atigiram taxas negativas no final do ciclo, independente da duração
deste. Resultados semelhantes também foram encontrados por Scott & Batchelor
(1979) e Brandelero et al. (2002) em cultivares de soja.
CONCLUSÕES
O cultivar Sipeal-28 é mais precoce, indicando que a velocidade do crescimento
inicial é mais rápido comparado com os demais cultivares;
Os valores do índice de área foliar (IAF) encontrados nesse estudo podem
explicar, em parte, as baixas produtividades encontradas em cultivares
mamoneira;
O cultivar Mirante-10 é quem apresenta os menores desempenhos nos índices
fisiológicos avaliados, o que pode explicar a sua baixa produtividade nas
condições do Recôncavo Baiano.
50
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Piracicaba
52
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53
CAPÍTULO 3
CRESCIMENTO E PRODUTIVIDADE DE CULTIVARES DE MAMONEIRA
(Ricinus communis L.) NAS CONDIÇÕES AGROECOLÓGICAS DO
RECÔNCAVO BAIANO ¹
1
Artigo a ser submetido ao corpo editorial do periódico científico Pesquisa Agropecuária Brasileira.
54
Crescimento e produtividade de cultivares de mamoneira nas condições
agroecológicas do Recôncavo Baiano.
Resumo - Objetivou-se avaliar o desempenho vegetativo e produtivo de cinco
cultivares de mamoneira nas condições agroecológicas do Recôncavo Baiano. O
trabalho foi realizado no Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas
(CCAAB) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, entre os meses de
abril de 2006 e fevereiro de 2007. Os cultivares avaliados foram BRS 149-
Nordestina, BRS 188-Paraguaçu, EBDA MPA-17, Mirante-10 e Sipeal-28. O
delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com cinco
cultivares e cinco repetições. A matéria seca foi obtida das diversas frações
(hastes, folhas e racemos), após secarem em estufa de ventilação forçada (65° ±
C), até atingirem massa constante. As médias dos cultivares foram agrupadas
pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade e para as médias das
amostragens foram ajustadas modelos de equações polinomiais. Às
características avaliadas (número de folhas, altura de planta e área foliar)
apresentam uma tendência sigmoidal do crescimento, onde no início é lento,
passando por uma fase logarítmica crescente e, posteriormente, uma tendência
decrescente. O desempenho e a produtividade apresentadas pelos cultivares BRS
149-Nordestina, BRS 188-Paraguaçu, EBDA-MPA-17 e Sipeal-28, os indicam
como melhores adaptados à região do Recôncavo Baiano, pois apresentam maior
plasticidade aos efeitos do período em que durou o experimento.
Termos para indexação: Matéria seca, área foliar, Ricinus communis.
55
Growth and yield in castor bean cultivars under agroecological conditions of
the Reconcavo Baiano Region
Abstract – The objective of the present work was to evaluate plant and yield
performance of five castor bean cultivars under agroecological conditions of the
Reconcavo Baiano Region. The work was carried out in the Center of Agricultural,
Environmental and Biological Sciences of the Federal University of the Reconcavo
Baiano between the months of April 2006 to February 2007. The following
cultivars were evaluated: BRS 149-Nordestina, BRS 188-Paraguaçu, EBDA MPA-
17, Mirante-10 and Sipeal-28. The experimental design was in random blocks with
five cultivars and five repetitions. Dry matter of the many fractions (stems, leaves
and brackets) was obtained after drying in forced ventilation oven (65° ± C),
until constant mass was obtained. The averages of the cultivars were grouped by
the Scott-Knott test at 5% probability and for the averages of the samples, models
of polynomial equations were adjusted. The evaluated characteristics (number of
leaves, plant height and leaf area) presented a sigmoid growth tendency, whereas
in the beginning it is slow, going through a crescent log phase and later
decreasing. Plant performance and yield presented by the BRS 149-Nordestina,
BRS 188-Paraguaçu, EBDA-MPA-17 and Sipeal-28 cultivars show that they are
better adapted to the Reconcavo Baiano Region for presenting greater plasticity to
the effects during the entire experimental period.
Indexation terms: Dry matter, leaf area, Ricinus communis.
56
Introdução
Em que pese o Brasil ter sido o maior produtor mundial de mamona,
atualmente ocupa a terceira posição, com uma produção estimada na safra de
2006/07 de 152,3 mil toneladas, numa área de 209,1 mil hectares, sendo
superado pela Índia e pela China. Dados da Conab (2007) revelam que a
produtividade na Bahia é extremamente baixa, visto que o rendimento médio dos
últimos cinco anos foi de 730,1kg ha
-1
, bem inferior, por exemplo, a média da
Região Sudeste para o mesmo período (1377 kg ha
-1
).
Considerando-se ainda, a importância da cultura da mamona para a
Região Nordeste e, principalmente, para o estado da Bahia e da potencialidade
que a mesma apresenta para o Recôncavo Baiano, aliado à escassez de
informações quanto aos problemas a serem estudados nesta Região, torna-se
importante iniciar trabalhos de pesquisa que visem principalmente, gerar
informações quanto à recomendação e uso de novos cultivares adaptados,
permitindo o avanço do plantio e o ingresso de novos produtores na atividade.
O crescimento e desenvolvimento da planta podem ser estudados através
de diferentes métodos ou técnicas. Do ponto de vista agronômico, a análise de
crescimento atende aos interessados em conhecer diferenças funcionais e
estruturais entre cultivares de uma mesma espécie (Lima, 2006). Esta ferramenta
pode ser utilizada sob diferentes condições de cultivos, obtendo informações
funcionais apropriadas para a identificação de cultivares superiores. A planta e o
ambiente devem ter suas características conhecidas, para que sejam atendidas
as necessidades da cultura, de modo que a mesma expresse toda sua
potencialidade (Santos, 2003).
Tais informações o obtidas através da quantidade de material contido na
planta toda e em suas diversas frações (folhas, colmos, raízes e frutos) e o
tamanho do aparelho fotossintetizante (folhas) (Jauer et al., 2004). O crescimento
da planta como um todo, em termos de aumento de volume, de peso, de
dimensões lineares e de unidades estruturais, é função do que a planta armazena
e do que a planta produz em termos de material estrutural (Nóbrega et al. 2001).
O fundamento da análise de crescimento baseia-se no fato de que, em
média, 90% da matéria orgânica acumulada ao longo do crescimento da planta
resultam da atividade fotossintética (Benincasa, 2003).
57
As medidas obtidas ao longo do ciclo da cultura, em plantas intactas ou
colhidas, o tabeladas de forma que possam ser analisadas matematicamente
e/ou graficamente. Em muitos casos utiliza-se de equações de regressão para
que se possam corrigir as oscilações normais, bem como avaliar a tendência do
crescimento em função do tempo. A partir desses dados, pode-se inferir atividade
fisiológica, isto é, estimar-se de forma bastante precisa, as causas de variações
de crescimento entre plantas geneticamente diferentes (Lima, 2006).
Pereira & Machado (1987) fazem referência ao índice de colheita (IC) como
um quociente freqüentemente usado para medir a eficiência de conversão de
produtos sintetizados em material de importância econômica. Para Peixoto (1999)
em relação a uma cultura madura, o IC é definido como a razão entre a massa da
matéria seca da fração econômica produzida (PE) e a fitomassa seca total colhida
(PB).
Portanto, realizou-se este trabalho com o objetivo de avaliar o desempenho
vegetativo e produtivo de cinco cultivares de mamoneira nas condições
agroecológicas do Recôncavo Baiano.
Material e Métodos
O trabalho foi conduzido no campo Experimental do Centro de Ciências
Agrárias, Ambientais e Biológicas da Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia, no munícípio de Cruz das Almas-BA, localizado a 12º 40’ 19” latitude sul,
39º 06’ 23” de longitude oeste de Greenwich e com altitude média de 220 m. O
clima é do tipo subúmido, com pluviosidade dia anual de 1170 mm, com
variações entre 900 e 1300mm, sendo os meses de março a agosto os mais
chuvosos e de setembro a fevereiro os mais secos. A temperatura média anual é
de 24,1ºC (Almeida, 1999). O solo é classificado como Latossolo Amarelo Álico
Coeso, de textura argilosa e relevo plano (Ribeiro et al., 1995).
O trabalho foi realizado entre os meses de abril de 2006 e fevereiro de
2007 e utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados com
cinco cultivares BRS 149-Nordestina, BRS 188-Paraguaçu, EBDA-MPA-17,
Mirante-10 e Sipeal-28 e cinco repetições. A parcela foi constituída por oito linhas
de plantio com 12,0 m de comprimento, as plantas distanciadas de 1,0 m e
espaçadas de 3,0 m nas entrelinhas. Duas linhas foram utilizadas para retirada
58
das amostras destrutivas (análise de crescimento) e três para colheita final
(produtividade), descontando-se 1,0 m de cada extremidade, sendo as demais
utilizadas como bordadura.
A correção do solo foi efetuada seguindo recomendações da análise
fertilidade química do solo, sendo aplicados 1000 kg ha
-1
de calcário dolomítico,
60 kg ha
-1
de N (20 kg ha
-1
plantio e 40 kg ha
-1
em cobertura), 80 kg ha
-1
de P
2
O
5
e 40 kg ha
-1
de K
2
O. O controle de ervas daninhas foi realizado mensalmente
através de capina manual.
Para a determinação da matéria seca (g planta
-
¹), foram realizadas coletas
mensais, nos dois primeiro meses utilizou-se de três plantas aleatórias por
parcela, a partir do terceiro mês foram retiradas duas plantas até a maturação
plena. A matéria seca total resultou da soma da massa seca nas diversas frações
(folhas, hastes e cachos), após secarem em estufa de ventilação forçada (65° ±
C), até atingirem massa constante.
Considerou-se como altura da planta a distância compreendida entre a
superfície do solo e a extremidade apical mais alta da haste principal (Amorim
Neto et al. 2001). O número de folhas por planta foi obtido pela contagem direta
em cada planta analisada. A área foliar foi determinada mediante a relação da
massa da matéria seca das folhas e massa da matéria seca de dez discos foliares
obtidos com o auxílio de um perfurador de área conhecida (Camargo 1992;
Peixoto 1999; Lima, 2006).
Escolheu-se a função polinomial exponencial, ln (y) = a + bx
1,5
+ cx
0,5
,
utilizada por Peixoto (1999) e Brandelero (2002), para ajustar a variação da
matéria seca e da área foliar. Optou-se pelos polinômios exponenciais devido ao
fato destes homogeneizarem as variâncias dos dados, proporcionais às dias
das plantas e órgãos em crescimento, através da transformação logarítmica,
recomendada por Causton & Venus (1981) e Pereira & Machado (1987). A taxa
de crescimento do número de folhas, altura de planta e área foliar foi obtida
através da derivada da função ajustada para número de folhas (NF), altura de
planta (AP) e área foliar (AF).
O índice de colheita (IC) foi determinado pela relação entre a matéria seca
acumulada ou produto biológico (PB) da última coleta e da produtividade de grãos
ou produção econômica (PE), dado pela equação: IC= PE/PB, de acordo com
Peixoto (1998). Para os dados de produtividade, as plantas da área útil de cada
59
parcela foram colhidas, as sementes retiradas dos frutos e pesadas. A umidade
foi corrigida para 13%, sendo obtida a produtividade (kg planta
-1
).
Resultados e Discussão
Os valores da variação da temperatura, umidade relativa do ar e
precipitação pluviométrica no município de Cruz das Almas, no ano de 2006/2007
estão Na Figura 1. As temperaturas que ocorreram no período do experimento
atendem às exigências térmicas da cultura da mamoneira. A variação média da
temperatura no período desse estudo variou em torno de 24ºC. Amorim Neto et al.
(2001) apontam limites de variáveis climáticas favoráveis ao desenvolvimento da
cultura com temperatura média do ar variando entre 20 e 30ºC.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
M
A
R
ABR
M
A
I
JUN
JUL
AGO
S
E
T
OUT
N
O
V
DEZ
JA
N
FEV
Umidade relativa do ar e
temperatura
0
50
100
150
200
250
300
Precipitacção
TºC UR% PPmm
Embrapa Mandioca e Fruticultura
A variação média da umidade relativa do ar no período que foi submetido o
experimento ficou em torno de 82,61%, considerada alta, favorecendo o
desenvolvimento da principal doença da cultura da mamoneira, que é o mofo-
cinzento, causada pelo fungo (botrytis ricini). A mamoneira requer temperaturas
Figura 1. Valores médios mensais de temperatura do ar (ºC); umidade relativa
(%) e precipitação pluviométrica total (mm) durante os meses de
março de 2006 a fevereiro o de 2007, nas condições climáticas de
Cruz das Almas, BA.
60
entre 20 e 26ºC, com baixa umidade relativa do ar durante a fase de crescimento
para obter máxima produtividade (Weis, 1983). Máfia et al (2006) estudando o
mofo cinzento em clones de eucalipto, relatam que a precipitação pluviométrica
apresentou uma correlação negativa e baixa, enquanto a umidade relativa do ar
apresentou correlação positiva e intermediária.
No tocante à precipitação pluviométrica, o acumulado nos meses de março
a fevereiro foi em torno de 1065 mm, valor que está acima do recomendado por
Amorim Neto et al.(2001) que é de 500 a 800 mm, fato este freqüentemente
observado na região e favorável ao desenvolvimento das plantas. A mamoneira é
bem adaptada ao semi-árido por ser capaz de produzir satisfatoriamente sob
pouca disponibilidade de água (tolerância à seca), mas também por não ter uma
fase crítica na qual a falta de água possa causar perda total da produção. No
entanto, a resistência à seca da mamoneira não significa que sua produção não
seja influenciada pela quantidade de água disponível no solo (Severino et al.
2006a).
Os valores dos quadrados médios são apresentados na Tabela 1,
Observam-se valores do teste F altamente significativos para as características
altura de planta (AP), número de folhas (NF) e área foliar (AF) e produtividade dos
cinco cultivares de mamoneira estudados. A interação cultivar x época foi
altamente significativa (P<0,01), indicando que os cultivares diferiram entre si, em
pelo menos uma das épocas amostradas. Do ponto de vista agronômico, essas
diferenças altamente significativas denotam que os cultivares apresentaram
diferenças genéticas, evidenciadas durante todo o período de crescimento, pelo
os diferentes portes, número de folhas, acúmulo de matéria seca e área foliar
(Lima, et al. 2007).
Considerando que o coeficiente de variação (CV) é interpretado como a
variação dos dados em relação à média, este poderá indicar uma maior precisão
experimental, em conjunto de dados razoavelmente homogêneos. Assim, como
podem ser visto na Tabela 1, os coeficientes de variação encontrados foram
18,53% (AP), 36,66% (NF), 43,81% (AF) e 31,36% (REN.). Lima (2006) afirma
que pode ser difícil classificar um coeficiente de variação como baixo, médio, alto
ou muito alto, mas, este pode ser bastante útil na comparação de duas ou mais
variáveis. É importante que se tenha trabalho da mesma linha para se comparar e
inferir se o coeficiente de variação é baixo ou muito alto, portanto, os valores
61
encontrados poderão servir como base para a comparação de diversos trabalhos
futuros.
Tabela 1. Valores do quadrado médio da altura de planta (AP), número de folhas
(NF), área foliar (AF) e rendimento (REN) de cinco cultivares de
mamoneira nas condições agroecológicas do Recôncavo da Bahia.
QUADRADO MÉDIO
FV GL AP NF AF REN.
Bloco 4 1739,81 2779,38** 15072,06 58,89
Cultivares 4 7878,49** 7786,43** 131322,72** 535,31**
Erro a 16 2008,86 575,43 17334,97 98,09
Épocas 7 143600,21** 44433,32** 900609,97**
Época x Cultivar 28 1515,53** 1655,71** 26385,54**
Erro b 140 732,93 458,28 9356,35
Média Geral 146,08 58,56 220,81 998,62
CV (%) 18,53 36,55 43,81 31,36
A altura da planta de uma espécie é determinada pela expressão de
diversos fatores como o espaçamento entre plantas, espaçamento entre fileiras,
suprimento de água, fertilidade do solo, potencial genético de cada cultivar, época
de semeadura entre outros fatores. Na Figura 2, mostra a variação da altura de
planta (cm) em função dos dias após emergência (DAE) de cinco cultivares de
mamoneira nas condições agroecológicas do Recôncavo Baiano. Observa-se
uma tendência crescente e contínua em todo o período em que foi analisado o
experimento.
Os valores máximos encontrados para a altura de planta variaram de
acordo com o cultivar avaliados e (DAE), sendo, 233 cm para o cultivar (BRS 149-
Nordestina, aos 240 DAE), 247 (BRS 188-Paraguaçu, 204), 215 (EBDA MPA-17,
201), 203 (Mirante-10, 240) e 258 cm para o cultivar (Sipeal-28, aos 193 DAE).
Contudo, estes não diferiram entre si neste estádio de crescimento da planta
(Tabela 2). Os coeficientes de determinação variaram de 0,90 a 0,99 nos
cultivares Sipeal-28 e BRS 149-Nordestina, respectivamente, indicando que a
função utilizada ajusta muito bem para descrever o comportamento desta
característica nos cinco cultivares avaliados. Os coeficientes de determinação
encontrados estão de acordo com o de Brandelero (2001) estudando nove
cultivares de soja em Cruz das Almas - BA.
62
BRS 149-Nordestina
0
50
100
150
200
250
300
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
Altu ra d e p la n ta em (c m )
lny= 1,1615 -0,0005x
1,5
+0,3792x
0,5
R
2
= 0,99
BRS 188-Paraguaçu
0
50
100
150
200
250
300
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
lny= 1,0875 -0,0008x
1,5
+0,4647x
0,5
R
2
= 0,97
EBDA-MPA-17
0
50
100
150
200
250
300
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
Altu ra d e p lan ta (cm )
lny= 1,1367 -0,0007x
1,5
+0,4477x
0,5
R2= 0,97
Mirante-10
0
50
100
150
200
250
300
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
Altu ra d e p lan ta (cm )
lny= 2,6063 -0,0004x
1,5
+0,2589x
0,5
R
2
= 0,96
Sipeal-28
0
50
100
150
200
250
300
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
lny= 1,1147 -0,0008x
1,5
+0,2589x
0,5
R
2
= 0,90
Figura 2. Variação da altura de planta (AP) e dias após a emergência (DAE) de
cinco cultivares de mamoneira (BRS 149 - Nordestina, BRS 188 -
Paraguaçu, EBDA MPA -17, Mirante -10 e Sipeal -28), nas condições
agroecológicas do Recôncavo Baiano ajustadas pela função polinomial
lny = a + bx
1,5
+ cx
0,5
.
63
Os valores de altura de planta encontrados concordam com os encontrados
por Severino et al. (2006b), em um estudo com diferentes doses de adubações
para o cultivar BRS 149-Nordestina, onde obtiveram valores variando entre 98 e
230 cm. Severino et al. (2006c) afirma também que a disponibilidade de água está
diretamente relacionada com esta característica. Então, o alto índice pluviométrico
no decorrer desse experimento influenciou positivamente para os valores
encontrados.
São vários os fatores que estão envolvidos nos processos fotossintéticos e,
consequentemente, na produção de fitomassa. As folhas assumem elevada
importância nos processos morfofisiológicos da planta, pois é através destas que
a planta intercepta a energia solar e potencializa à sua produção. Portanto, a
quantificação desta característica assume grande importância em estudos que se
pretende quantificar o crescimento e o desenvolvimento vegetal. Na Figura 3,
observa-se a variação do mero de folhas (NF) em função dos dias após
emergência (DAE) de cinco cultivares de mamoneira nas condições
agroecológicas do Recôncavo Baiano.
O número de folhas teve um crescimento lento nos primeiros 60 DAE,
passando por um período crescente acentuado até chegar o máximo entre os 120
e 150 DAE e, posteriormente, decrescendo até a fase final do ciclo das plantas.
Tendências semelhantes foram obtidas por Cruz (2007) estudando o efeito de
épocas em cultivares de soja em Barreiras - BA.
Os máximos valores encontrados e os respectivos dias da emergência
(DAE), obtidos pela derivação da função lny= a +bx
1,5
+cx
0,5
variaram de 163
folhas no cultivar BRS 149-Nordestina (151), a 77 folhas no cultivar Sipeal-28
(135). Indicando que houve diferenças significativas entre eles, sendo, os
cultivares BRS 149-Nordestina, BRS 188-Paraguaçu e Mirante-10 superiores aos
demais (Tabela 2). Neste trabalho, os números de folhas encontrados nos
cultivares são superiores aos obtidos por Beltrão et al. (2005) estudando
cultivares de mamoneira no município de Missão Velha-CE, quando obtiveram 32
e 23 folhas para os cultivares BRS 149-Nordestina e BRS 188-Paraguaçu,
respectivamente.
64
Tabela 2. Altura de planta máxima (APm) e número de folhas máximo (NFm) e
seus respectivos dias após emergência de cinco cultivares de
mamoneira, nas condições agroecológicas do recôncavo baiano,
ajustadas pela função polinomial lny = a + bx
1,5
+ cx
0,5
.
Cultivares
APm (cm)
DAE
NFm DAE
BRS149 -Nordestina 233a 240 163a 151
BRS 188 - Paraguaçu 247a 204 144a 153
EBDA - MPA - 17 215a 201 99b 129
Mirante -10 203a 240 135a 145
Sipeal - 28 258a 193 77b 135
Médias seguidas pela mesma letra pertencem ao mesmo grupo de acordo com o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de probabilidade.
A área foliar é um dos principais componentes para que uma espécie
vegetal tenha maior eficiência fotossintética. De um modo geral, existe uma
correlação positiva entre área foliar e alocação de matéria seca nas comunidades
vegetais. É uma característica imprescindível em estudos de análise de
crescimento, uma vez que sua quantificação, junto com a matéria seca, serve
como base para a determinação de diversos índices fisiológicos. Na Figura 4,
observa-se a variação da área foliar (AF) em função dos dias após emergência
(DAE) de cinco cultivares de mamoneira nas condições agroecológicas do
Recôncavo Baiano.
A área foliar cresceu lentamente no início do ciclo até os 60 DAE, seguido
de um crescimento logaritmo crescente até atingir o máximo em torno dos 120 e
150 DAE, passando posteriormente a um decréscimo acentuado e chega à área
foliar mínima aos 240 DAE. Estas tendências condizem com as encontradas por
Peixoto (1998), Brandelero et al. (2002) e Cruz (2007) na cultura da soja. Os
valores máximos da área foliar encontrada em função dos dias após emergência
(DAE) foram de 656 dm
2
planta
-1
(BRS 149-Nordestina aos 134 DAE), 613 (BRS
188-Paraguaçu,139), 522 (EBDA-MPA-17, 124), 468 (Sipeal -28, 122) e 354 dm
2
planta
-1
(Mirante-10,125 DAE). Contudo, apenas o cultivar Mirante-10 foi
significamente inferior, baseado no teste de Scott-knott ao nível de 5% de
probabilidade.
65
BRS 149-Nordestina
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
Nú mero d e fo lh a s
lny=-7,5316 -0,0034x
1,5
+1,5409x
0,5
R
2
= 0,96
BRS 188-Paraguaçu
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
lny= -4,8964 -0,0028x
1,5
+1,2265x
0,5
R
2
= 0,85
EBDA-MPA-17
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
Nú mero d e fo lh a s
lny= 1,1367 -0,0007x
1,5
+0,4477x
0,5
R2= 0,97
Mirante-10
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
Nú mero d e fo lh a s
lny= -10,8515 -0,0045x
1,5
+1,9614x
0,5
R
2
= 0,86
Sipeal-28
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
lny= -4,1063 -0,0027x
1,5
+1,0925x
0,5
R
2
= 0,94
Figura 3. Variação do número de folhas (NF) e dias após a emergência (DAE) de
cinco cultivares de mamoneira (BRS 149 - Nordestina, BRS 188 -
Paraguaçu, EBDA MPA -17, Mirante -10 e Sipeal -28), nas condições
agroecológicas do Recôncavo Baiano ajustadas pela função polinomial
lny = a + bx
1,5
+ cx
0,5
.
66
A área foliar é um dos principais componentes para que uma espécie
vegetal tenha maior eficiência fotossintética. De um modo geral, existe uma
correlação positiva entre área foliar e alocação de matéria seca nas comunidades
vegetais. É uma característica imprescindível em estudos de análise de
crescimento, uma vez que sua quantificação, junto com a matéria seca, serve
como base para a determinação de diversos índices fisiológicos. Na Figura 4,
observa-se a variação da área foliar (AF) em função dos dias após emergência
(DAE) de cinco cultivares de mamoneira nas condições agroecológicas do
Recôncavo Baiano.
A área foliar cresceu lentamente no início do ciclo até os 60 DAE, seguido
de um crescimento logaritmo crescente até atingir o máximo em torno dos 120 e
150 DAE, passando posteriormente a um decréscimo acentuado e chega à área
foliar mínima aos 240 DAE. Estas tendências condizem com as encontradas por
Peixoto (1999), Brandelero et al. (2002) e Cruz (2007) na cultura da soja. Os
valores máximos da área foliar encontrada em função dos dias após emergência
(DAE) foram de 656 dm
2
planta
-1
(BRS 149-Nordestina aos 134 DAE), 613 (BRS
188-Paraguaçu,139), 522 (EBDA-MPA-17, 124), 468 (Sipeal -28, 122) e 354 dm
2
planta
-1
(Mirante-10,125 DAE). Contudo, apenas o cultivar Mirante-10 foi
significamente inferior, baseado no teste de Scott-knott ao nível de 5% de
probabilidade (Tabela 3).
Tabela 3. Área foliar máxima (AFm) seus respectivos dias após emergência de
cinco cultivares de mamoneira, nas condições agroecológicas do
recôncavo baiano, ajustadas pela função polinomial lny = a + bx
1,5
+
cx
0,5
.
Cultivares
AF (dm
2
planta
-1
)
DAE R
2
BRS149 -Nordestina 656a 134 0,84
BRS 188 - Paraguaçu 613a 139 0,88
EBDA - MPA - 17 522a 124 0,92
Mirante -10 354b 125 0,94
Sipeal - 28 468a 122 0,81
Médias seguidas pela mesma letra pertencem ao mesmo grupo de acordo com o teste de Scott
Knott ao nível de 5% de probabilidade.
67
Em trabalhos que se vise à adaptação de cultivares, o índice de colheita
(IC) é extremamente importante. Este índice reflete na íntegra, a capacidade
genética que um cultivar tem em converter parte do que foi assimilado (matéria
seca) em produtos economicamente comercializados. Na Tabela 2 encontram-se
os valores médios da matéria seca total (g m
-2
) ou produção biológica (PB), a
produtividade de amêndoas (g m
-2
) ou produção econômica (PE) e que foram
utilizadas para determinar o Índice de colheita (IC), em cinco cultivares de
mamoneira, avaliados no Recôncavo Baiano.
Verifica-se que a produtividade bruta (PB) variou de 508 a 323 g m
-2
e a
produtividade econômica (PE) de 207 a 92 g m
-2
entre os cultivares estudados,
sendo que, o cultivar Mirante foi significativamente inferior aos demais. Quanto a
produtividade, os valores encontrados foram de 1347 kg ha
-1
(Sipeal-28), a 467 kg
ha
-1
para o cultivar (Mirante-10), sendo este ultimo, também inferior aos demais.
Brito et al. (2004), também avaliaram genótipos de mamoneira plantados em
baixa altitude e obtiveram produtividades variando de 654 kg ha
-1
a 1.210 kg.ha
-1
,
com média de 896,3 kg.ha
-1.
Tabela 4. Valores da matéria seca (g m
-2
), produtividade econômica (g m
-2
e em
kg ha
-1
) de cinco cultivares de mamoneira nas condições
agroecológicas do Recôncavo Baiano. 2006/2007.
Prod. (PE) Matéria Seca IC
CULTIVARES
Kg ha
-1
gm
-2
gm
-2
(%)
BRS 149-Nordestina
968a 207,10a 508,70a 41
BRS 188-Paraguaçu
1123a 188,50a 451,57a 41
EBDA-MPA-17
1086a 158,66a 464,37a 34
Mirante-10
467b 92,66b 323,10b 28
Sipeal-28
1347a 217,89a 471,76a 46
Médias seguidas da mesma letra pertencem ao mesmo grupo de acordo com o teste de Scott-Knot
a 5% de probabilidade.
Neste estudo, o índice de colheita variou de 28% (Mirante-10) a 41%, (BRS
149-Nordestina). Esses resultados estão abaixo dos valores encontrados por
Pedro Júnior et al. (1985) estudando cultivares de soja com diferentes ciclo de
maturação, e que encontram de 40 a 50%. Também Brandelero et al (2002)
encontram IC variando entre 34 e 50%, em cultivares de soja no Recôncavo
68
Baiano. Beltrão et al (2005) estudaram a produtividade biológica e econômica
de dois cultivares de mamoneira em Missão Velha-CE, e encontraram índice de
BRS 149-Nordestina
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
Áre a fo liar (d m
2
)
lny=-2,0569 -0,0028x
1,5
+1,1065x
0,5
R
2
= 0,84
BRS 188-Paraguaçu
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
lny= -3,1176 -0,0029x
1,5
+1,2120x
0,5
R
2
= 0,88
EBDA-MPA-17
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
Áre a fo liar (d m
2
)
lny= -2,6006 -0,0032x
1,5
+1,1924x
0,5
R2= 0,92
Mirante-10
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
Áre a fo liar (d m
2
)
lny= -4,7785 -0,0038x
1,5
+1,4276x
0,5
R
2
= 0,94
Sipeal-28
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270
DAE
lny= -1,6323 -0,0029x
1,5
+1,0583x
0,5
R
2
= 0,81
Figura 4. Variação da área foliar (AF) e dias após a emergência (DAE) de cinco
cultivares de mamoneira (BRS 149 - Nordestina, BRS 188 - Paraguaçu,
EBDA MPA -17, Mirante -10 e Sipeal -28), nas condições agroecológicas do
Recôncavo Baiano ajustadas pela função polinomial lny = a + bx
1,5
+ cx
0,5
.
69
colheita variando entre 14,4% e 14,3%, para os cultivares BRS 149-Nordestina e
BRS 188-Paraguaçu, respectivamente. Os cultivares que obtiveram melhor
desempenho, com relação ao (IC) foram os BRS 149-Nordestina e BRS 188-
Paraguaçu com 41% e o Sipeal-28 com 46%. Portanto, pode-se inferir que estes
cultivares apresentam boa capacidade de conversão da matéria seca alocada em
produtos econômicos (sementes), podendo reverter em maiores produtividades.
CONCLUSÕES
O desempenho apresentado pelos cultivares BRS 149-Nordestina, BRS
188-Paraguaçu, EBD MPA-17 e Sipeal-28, os indicam como melhores adaptados
à região do Recôncavo Baiano, pois apresentam maior plasticidade aos efeitos do
período em que durou o experimento.
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72
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando-se a importância da cultura da mamona para a Região
Nordeste e, principalmente, para o estado da Bahia e da potencialidade que a
mesma apresenta para o Recôncavo Baiano, aliado à escassez de informações
quanto aos problemas a serem estudados nesta Região, torna-se importante
iniciar trabalhos de pesquisa que visem principalmente, gerar informações quanto
à recomendação e uso de cultivares adaptados, permitindo o avanço do plantio e
o ingresso de novos produtores na atividade.
A altitude é um dos principais elementos do meio que vem sendo tomada
com base para definição do zoneamento da mamoneira, no entanto, trabalhos
pioneiros como os de Silva et al. (2006) e Severino et al. (2006) demonstraram
que é possível se obter resultados satisfatórios para esta cultura em baixas
altitudes. Relatos indicam que a cultura da mamoneira é extremamente resistente
à seca, no entanto, não se pode afirmar que a falta de água no solo não prejudica
diretamente a produtividade final desta cultura.
Os resultados vivenciados demonstraram que a Região do Recôncavo
baiano apresenta características propícias para o bom desempenho de pelo
menos quatros dos cinco cultivares estudados, onde, características como
acúmulo de matéria seca total, altura de planta, número de folhas e produtividade
das sementes são superiores aos encontrados em muitos trabalhos que foram
desenvolvidos em regiões de climas áridos.
Embora não se possam fazer conclusões definitivas, mas, este trabalho
demonstra a possibilidade da inserção da Região do Recôncavo da Bahia no
contexto produtivo da mamoneira. Todavia, torna-se necessário a elaboração de
novos projetos visando à busca de informações que sustentem os resultados
encontrados, assim como, informações que proporcionem maiores rendimentos
por unidade de área, como: a busca através do melhoramento de novos
cultivares; seleção de cultivares mais resistentes ao mofo cinzento; quantidades
adequadas de fertilizantes; novas alternativas de adubações e estudos de
densidades de plantio adequados, entre outros.
73
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SEVERINO L.S.; MILANI M.; MORAIS, C. R. de A.; GONDIM, T. M. de S. e
CARDOSO, G. D. Avaliação da produtividade e teor de óleo de dez genótipos de
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– 18 agosto 2006.
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