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e os bairros Pompeia e Esplanada estão situados na zona suburbana
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. Assim como os demais
bairros situados na zona suburbana da cidade, os bairros investigados também foram
crescendo sem uma preocupação mais metódica com a regularidade, contrariamente ao que
aconteceu com a sua área central, desde o seu planejamento. Mas, apesar de situados bem
próximos à avenida do Contorno, desde os seus primórdios os bairros abrigaram pessoas que
não estavam predestinadas a habitar a zona urbana da cidade e que, por isso, tiveram que
conviver por um longo período com uma precária infraestrutura, quase sempre sem acesso a
serviços urbanos básicos. Aliás, essa disparidade entre a zona urbana da cidade idealizada e a
realidade cotidiana das vilas instaladas na zona suburbana de Belo Horizonte foi noticiada no
jornal belo-horizontino, ‘O Diário’, na edição do dia 26 de julho de 1939, numa matéria
referente ao bairro Pompeia, da seguinte forma:
Excursões pelos subúrbios e arredores desta nobre e leal cidade de Belo Horizonte
revelam-nos coisas espantosas, misérias horríveis, necessidades prementes, coisas
mesmo inimagináveis. E isto ali mesmo a dez minutos da Praça Sete, após uma
viagem mais ou menos incômoda, num ônibus indefinível, com seus respectivos
solavancos. (A ILUSÃO..., 26 jul. 1939, p. 3).
Essa falta de infraestrutura persistiu por muitos anos. Segundo alguns depoimentos, há
pouco mais de trinta anos ainda existiam muitas ruas sem nenhum tipo de pavimentação nos
bairros. A avenida Belém, por exemplo, que separa os bairros Pompeia e Esplanada dos
bairros Saudade e Vera Cruz, foi construída sobre o Córrego da Baleia nos idos dos anos de
1970. Até ser construída a avenida, o referido córrego, que há muito recebe a rede de esgoto
da região, naquela época corria a céu aberto.
Esse descaso com a infraestrutura básica dos bairros durante um longo período de suas
existências justifica-se pela própria idealização da cidade de Belo Horizonte, que sempre
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Na Resolução 0017, de 5 de Novembro de 1936, que dispõe sobre limites das zonas rural e urbana de Belo
Horizonte, encontramos a seguinte descrição da zona suburbana: “Artigo 2º A zona suburbana será
comprehendida pela seguinte linha de perímetro: partindo do marco do Cardoso, até attingir a Villa Paraizo,
abrangendo-a até o kilometro cinco da estrada de Nova Lima; deste ponto seguindo pelas divisas dos Parques
Cruzeiro do Sul, Vera Cruz, abrangendo-o até à repreza de Freitas, dahi seguindo do lado esquerdo da Estrada
de Ferro Central do Brasil, em direcção a Marzagão, voltando para abranger toda a villa Mariano de Abreu,
até a Esplanada das Officinas do Horto Florestal, dahi segue abrangendo as villas Edgard Werneck, São João,
Mauá, Maria Brasilina, Silveira, Nova Floresta, Campos Elyseos, Mello Viana, Aurora, Humaytá, Villa
Cachoeirinha e Maria Aparecida; dahi, em linha recta, até Villa Amaral, abrangendo-a, em seguida as Villas
São Geraldo, Santa Helena, Futuro, Minas Geraes, Celeste Império e Bella Vista, até encontrar o Ribeirão
Arrudas, subindo pela margem direita desde até a Villa Ambrozina, e abrangendo mais as villas Atlântida,
Jardim América, São Domingos até a Escola desta Villa, e, dahi, até o marco de pedras da primitiva
triangulação da cidade, seguindo pela linha de perímetro desta triangulação, passando pelos marcos
Cercadinho, Boa Vista, Rabello, Ponta, Serra e Pico, e deste até encontrar o marco do Cardoso onde teve
início. [...] O prefeito, Octacílio Negrão de Lima.” .