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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
E APRENDIZAGEM
FABIANE FERRAZ SILVEIRA
ANÁLISE DA INTERAÇÃO TERAPÊUTICA EM UMA INTERVENÇÃO DE
GRUPO COM CUIDADORAS
Bauru
Fevereiro de 2009
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CAMPUS DE BAURU
FACULDADE DE CIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DO
DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM
FABIANE FERRAZ SILVEIRA
ANÁLISE DA INTERAÇÃO TERAPÊUTICA EM UMA INTERVENÇÃO DE
GRUPO COM CUIDADORAS
Bauru
Fevereiro de 2009
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências
da Universidade Estadual Paulista, campus Bauru,
como parte das exigências para obtenção do Título
de Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e
Aprendizagem, sob orientação da Profa. Dra.
Alessandra Turini Bolsoni-Silva e Co-orientação
da Profa. Dra. Sonia Beatriz Meyer.
FOLHA DE APROVAÇÃO
Fabiane Ferraz Silveira
Análise da interação terapêutica em uma intervenção de grupo com cuidadoras
Dissertação de Mestrado
Submetido ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e
Aprendizagem da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”
Aprovada em: _____/_____/_______
Banca Examinadora
____________________________________
Profa. Dra. Alessandra Turini Bolsoni- Silva
Universidade Estadual Paulista – UNESP
___________________________________
Profa. Dra. Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues
Universidade Estadual Paulista – UNESP
___________________________________
Prof. Dr. Denis Roberto Zamignani
Núcleo Paradigma
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AGRADECIMENTOS
À minha querida orientadora Profa. Dra. Alessandra Turini Bolsoni-Silva (Alê), por
todos os anos de convivência que tanto me ensinaram. Por acreditar nas minhas
potencialidades, muitas vezes, por mim desconhecidas. Por me incentivar a encarar
tantos desafios, primeiro como terapeuta, e depois, como pesquisadora e
professora. Em especial neste trabalho, agradeço a orientação competente, criativa e
acolhedora.
À Profa. Dra. Sonia Beatriz Meyer, que de maneira tão gentil, aceitou o nosso convite
à co-orientação, colocando o seu vasto conhecimento a nossa disposição. Por tantas
horas de reuniões na sua sala, que de uma forma serena e estimulante, nos ajudou a
solucionar entraves à finalização dessa dissertação.
À Profa. Dra. Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues, professora das mais respeitadas
e queridas da Unesp, de quem tive o prazer de ser aluna somente na Pós-Graduação,
por todas as contribuições fornecidas na disciplina “Seminários de pesquisa” e ao
participar como membro da banca examinadora.
Ao Prof. Dr. Denis Roberto Zamignani, por disponibilizar o seu instrumento de
análise anterior à sua publicação e por todos os enriquecedores comentários feitos
como membro da banca examinadora.
À Profa. Dra. Sandra Calais (de quem tive o prazer de ser aluna na graduação e na
pós-graduação) e ao Prof. Dr. Roberto Banaco, por aceitarem participar da banca
examinadora.
Aos professores do Departamento de Psicologia da Unesp-Bauru, que me
possibilitaram uma formação sólida e abrangente.
Aos colaboradores da Secretaria do Departamento de Psicologia, da Secretaria do
Centro de Psicologia Aplicada e da Secretaria da Pós-graduação da Unesp-Bauru, por
serem tão prestativos para comigo.
Aos colegas da graduação e da pós-graduação da Unesp, por todos os momentos
agradáveis de aprendizagem que compartilhamos e contribuíram para o interesse e
realização desse trabalho.
Aos amigos de Bauru, companheiros de vida e/ou profissão, tão queridos, tão
talentosos: Aninha, Alessandra, Vanessa, Tatiana, Melissa, Patrícia, Fabiana, Marcela,
Mayra e Guilherme, pelas conversas, conselhos, atrapalhadas, risadas e apoio nos
momentos difíceis dessa empreitada. Aos amigos de Piracicaba, que vivem
reclamando das minhas ausências, mas sempre me recebem de braços abertos.
Aos meus pais e minha irmã, que me incentivaram a continuar os estudos e fizeram
de tudo para que eu tivesse essa oportunidade.
Ao Vitor, parceiro cativo de congressos de Psicologia, por conseguir tornar a minha
relação com computadores, filmadoras, softwares e afins, um pouco mais
harmoniosa. Por acreditar e confiar em tudo o que faço e trazer à minha vida, de
maneira incrivelmente espontânea, tantas alegrias.
À Fapesp, pelo apoio financeiro para a realização desse trabalho.
SILVEIRA, F. F. Análise da interação terapêutica em uma intervenção de grupo com
cuidadoras. 2009. Dissertação (Mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e
Aprendizagem) – Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho”, Bauru.
RESUMO
A despeito da eficácia de vários programas de intervenção com cuidadoras ter sido
divulgada na literatura, supõe-se que conhecer os procedimentos e resultados não seja
suficiente para esclarecer quais comportamentos do terapeuta determinam as mudanças.
Pesquisadores propõem que o entendimento do processo de mudança que ocorre em terapia,
possa partir da análise da interação terapêutica. A presente pesquisa tem por objetivo,
descrever a interação terapêutica estabelecida entre terapeuta e clientes, ou seja, investigar
como terapeuta e clientes comportam-se em uma intervenção de grupo e analisar a influência
exercida entre ambos. Participaram da pesquisa, uma Terapeuta Comportamental com
experiência de três anos, duas mães e uma avó. Foram designadas para a análise, cinco de
treze sessões filmadas, num total de 10 horas. Para a análise dos dados, foi utilizado o
software The Observer XT, capaz de selecionar imagens, quantificar dados e realizar análises
seqüenciais. Os dados foram organizados em termos de freqüência e duração das categorias
de comportamentos dos participantes e também foram realizadas análises de correlação e
seqüenciais. Resultados principais: a) as categorias do terapeuta apresentadas com percentuais
de ocorrência e duração elevados foram: Aprovação, Recomendação, Interpretação,
Informação e Solicitação de relato; b) constatou-se que as categorias Recomendação,
Informação e Solicitação de reflexão foram apresentadas com freqüência maior em relação ao
grupo de clientes, já as demais, Aprovação, Interpretação, Solicitação de relato, Reprovação e
Empatia, foram apresentadas com freqüência maior às clientes individualmente; c) as
categorias dos clientes: Relato, Concordância, Estabelece relações e Oposição, representaram
as categorias com maiores percentuais de ocorrência e duração para as três clientes; d) as
análises de correlação revelaram a existência de correlações entre categorias do terapeuta, por
exemplo, Aprovação e Informação; categorias do terapeuta e cliente, tal como entre
Interpretação e Concordância; e entre categorias do cliente, por exemplo, Melhora e
Estabelece relações; e) as análises seqüenciais demonstraram algumas diferenças quanto aos
eventos que antecederam e sucederam com maior probabilidade as categorias do terapeuta
Aprovação e Recomendação para as três clientes, entretanto, algumas semelhanças foram
verificadas. Quando Aprovação é o evento critério, a probabilidade de novas aprovações
ocorrerem alternadas à apresentação de Interpretação e Recomendação é alta. Quando
Recomendação é o evento critério, a probabilidade de apresentação de novas recomendações
alternadas a apresentação de aprovações supera a probabilidade de ocorrência dos demais
eventos. Discute-se a respeito das hipóteses explicativas para os resultados obtidos, a partir da
análise de uma intervenção de grupo que produziu as mudanças comportamentais pretendidas,
assim como, menção a contribuições e novas questões de pesquisa.
Palavras-chave: intervenção com cuidadoras, interação terapêutica, categorias de
comportamento do terapeuta e cliente.
SILVEIRA, F. F. The analysis of the therapeutic interaction in a group intervention with
caretakers. 2009. Dissertação (Mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e
Aprendizagem) – Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita
Filho”, Bauru.
ABSTRACT
In spite of the efficiency of many interventional programs, it is believed that knowing the
procedures and results of such programs is not enough to clarify which attitudes performed by
the therapist leaded to the actual results. Researchers propose that the understanding of the
changing process originates from the analysis of the interaction established between therapist
and client. The present study thus has the purpose of describing the therapeutic interaction
established among therapist and clients, specifically to investigate how they behave in a group
intervention analyzing therfore the influence that one has on the other. The participants were a
Behavioral Therapist, two mothers and one grandmother. Five of thirteen taped sessions were
randomly designated for analysis. The software The Observer XT was designated for the data
analysis. They were organized in categories classified by frequency and duration of the
participants’ behavior, as well as undergone to the correlational and sequential analyses. The
main results were: a) the therapist’s categories that called attention for its higher percentage of
duration and frequency were: Approval, Recommendation, Interpretation, Information and
Report Solicitation; b) it was observed that the therapist’s categories such as
Recommendation, Information, and Thinking Request were presented in a higher frequency in
relation to the clients group, yet the others such as Approval, Interpretation, Report Request,
Criticism and Empathy were presented in a higher degree to the clients individually; c) the
categories of the clients such as Report, Concordance, Establish Relations and Opposition,
represented the categories with higher percentages of frequency and duration for the three
clients that participated in the research; d) the correlation analysis revealed the existence of
correlations among the therapist’s categories, for example, Approval and Information;
therapist and client’s categories such as Interpretation and Concordance, and among the
categories of the client such as Improvement and Relation Establishment; e) the sequential
analysis demonstrated some differences that happened previously and after the events with a
higher probability to the therapist’s categories of Approval and Recommendation for the three
clients; however, some similarities were also observed. When approval is the criteria, the
probability of new approvals to occur in alternating manners with the occurrence of
Interpretation and Recommendation is high. When Recommendation is the criteria, the
probability of new recommendations to occur in an alternating manner with the presentation
of new approvals, overcomes the probability of the occurrence of the other events. The
discussion therefore, revolves around the hypothesis and the obtained results as the outcome
of a group intervention which achieved the proposed behavioral changes, as well as the
pinpoints of contributions and drawbacks for this very study and new topics for future
research.
Key words: intervention with caretakers, therapeutic interaction; behavior’s categories of
therapist and client
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Percentual de ocorrência e duração das categorias da terapeuta no total das sessões
analisadas e em relação às verbalizações da mesma participante ............................................43
Figura 2. Freqüência da categoria do terapeuta Aprovação e de suas subcategorias
(exclamações de aprovação, sentimento positivo, concordância, ganhos terapêuticos e elogio)
no decorrer das sessões.............................................................................................................46
Figura 3. Freqüência da categoria da terapeuta Recomendação e de suas subcategorias
(autorização, estruturação, modelo, conselho, solicitação de reprovação, solicitação de
aprovação e solicitação de recomendação) no decorrer das sessões ........................................47
Figura 4. Percentual de ocorrência das categorias da terapeuta nas três etapas da sessão: tarefa
de casa, exposição teórica e treino............................................................................................48
Figura 5. Percentual de ocorrência e duração das verbalizações da terapeuta dirigidas ao grupo
e à S, M e E, no total das sessões analisadas e em relação às verbalizações da mesma
participante ...............................................................................................................................59
Figura 6. Percentual de ocorrência das categorias da terapeuta dirigidas às clientes
individualmente (S, M e E) e ao grupo, em relação a freqüência total de apresentação de cada
categoria ...................................................................................................................................60
Figura 7. Percentual de ocorrência e duração das verbalizações de S, M e E no total das
sessões analisadas e em relação ao total de verbalizações dos participantes “clientes”...........63
Figura 8. Freqüência das categorias do cliente (ZAMIGNANI, 2006) e das categorias cliente-
T para as três participantes S, M e E ........................................................................................64
Figura 9. Percentual de ocorrência das categorias do cliente (ZAMIGNANI, 2006)
apresentadas por S, dirigidas ao grupo e à terapeuta, no total das cinco sessões analisadas e
em relação às verbalizações da mesma participante.................................................................65
Figura 10. Percentual de duração das categorias do cliente (ZAMIGNANI, 2006) apresentadas
por S, no total das cinco sessões analisadas e em relação às verbalizações da mesma
participante ...............................................................................................................................66
Figura 11. Percentual de ocorrência das categorias cliente-T para a participante S ................67
Figura 12. Percentual de ocorrência das categorias apresentadas por S nas etapas da sessão:
tarefa de casa, exposição teórica e treino .................................................................................68
Figura 13. Percentual de ocorrência das categorias do cliente (ZAMIGNANI, 2006)
apresentadas por M, dirigidas ao grupo e à terapeuta, no total das cinco sessões analisadas e
em relação às verbalizações da mesma participante.................................................................71
Figura 14. Percentual de duração das categorias do cliente (ZAMIGNANI, 2006)
apresentadas por M, no total das sessões analisadas e em relação às verbalizações da mesma
participante ...............................................................................................................................72
Figura 15. Percentual de ocorrência das categorias cliente-T para a participante M...............73
Figura 16. Percentual de ocorrência das categorias apresentadas por M nas etapas da sessão:
tarefa de casa, exposição teórica e treino .................................................................................74
Figura 17. Percentual de ocorrência das categorias do cliente (ZAMIGNANI, 2006)
apresentadas por E, dirigidas ao grupo e à terapeuta, no total das cinco sessões analisadas e
em relação às verbalizações da mesma participante.................................................................77
Figura 18. Percentual de duração das categorias do cliente (ZAMIGNANI, 2006) apresentadas
por E, no total das sessões analisadas e em relação às verbalizações da mesma participante .78
Figura 19. Percentual de ocorrência das categorias cliente-T para a participante E ................79
Figura 20. Percentual de ocorrência das categorias apresentadas por E nas etapas da sessão:
tarefa de casa, exposição teórica e treino .................................................................................80
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Descrição das novas subcategorias da categoria do terapeuta Recomendação
identificadas nas sessões de grupo............................................................................................33
Tabela 2. Descrição das novas categorias do cliente identificadas nas sessões de grupo........34
Tabela 3. Análise seqüencial de três níveis lag + 1, lag + 2 e lag + 3 tendo como evento
critério, o evento A...................................................................................................................38
Tabela 4. Análises de Correlação (Teste Sperman´s rho) entre categorias do terapeuta e
categorias do cliente .................................................................................................................50
Tabela 5. Análises seqüenciais das sessões 6, 10 e 13 referentes ao evento antecedente, evento
subseqüente 1, evento subseqüente 2 e evento subseqüente 3, tendo por evento critério a
categoria do terapeuta Aprovação. Em itálico as categorias do cliente....................................52
Tabela 6. Análises seqüenciais das sessões 6, 10 e 13 referentes aos eventos antecedentes,
evento subseqüente 1, evento subseqüente 2 e evento subseqüente 3, tendo por evento critério
a categoria do terapeuta Recomendação. Em itálico as categorias do cliente..........................55
Tabela 7. Análises seqüenciais das sessões 6, 10 e 13 referentes ao evento antecedente, evento
subseqüente 1, evento subseqüente 2 e evento subseqüente 3, tendo por evento critério a
categoria do terapeuta Solicitação de relato. Em itálico as categorias do cliente ....................58
SUMÁRIO
1.Introdução..............................................................................................................................12
1.1 Variáveis determinantes dos comportamentos do terapeuta e cliente, sistemas de
categorização de comportamentos e pesquisas que versam sobre categorias específicas
do terapeuta e cliente.....................................................................................................16
1.2 Objetivos.................................................................................................................29
2. Método..................................................................................................................................30
2.1 Participantes............................................................................................................30
2.2 Materiais..................................................................................................................30
2.3 Procedimentos de coleta e análise de dados............................................................31
2.4 Procedimentos éticos...............................................................................................39
2.5 Procedimentos e resultados da intervenção.............................................................40
3. Resultados e Discussão.........................................................................................................42
4. Considerações finais.............................................................................................................83
Referências...............................................................................................................................86
Anexos......................................................................................................................................93
12
1. INTRODUÇÃO
Para os terapeutas que atuam de acordo com os pressupostos da Análise do
Comportamento, o processo terapêutico deve possibilitar ao cliente o desenvolvimento de
repertórios para lidar com diferentes contingências (SKINNER, 1978) e de habilidades de
auto-observação e de autoconhecimento, que os ajudem a identificar, descrever e manejar
variáveis relevantes (STURMEY, 1996). Para Margotto (1998), embora os terapeutas
demonstrem a ocorrência de alterações dos comportamentos dos clientes ao final da terapia,
há dificuldades em determinar, com precisão, os fatores do processo terapêutico responsáveis
por essas mudanças, bem como descrever o processo de mudança de comportamento que se
verificou. A delimitação das fases do processo terapêutico representa uma etapa inicial para o
entendimento do mesmo, tal como sugere Gavino (1996). Para esse autor o processo
terapêutico como um todo, em diferentes vertentes teóricas, é caracterizado por etapas como:
acolhida ao cliente, coleta de informações, formulação de objetivos e de procedimentos,
refinamento das hipóteses sobre a escolha adequada dos objetivos, avaliação dos
procedimentos adotados e formação do vínculo terapêutico. Alguns pesquisadores
(MARGOTTO, 1998; NOVAKI, 2003; WIELESNKA, 2002) sugerem que a forma como o
terapeuta interage com o cliente, a maneira como conduz a sessão, sua experiência, formação
teórica, técnicas e intervenções que utiliza, podem ser consideradas como variáveis
terapêuticas importantes que interferem nas diferentes etapas do processo terapêutico,
podendo facilitar ou dificultar a obtenção dos resultados almejados.
Meyer (2006) alerta para a necessidade de pesquisas que descrevam e analisem as
contingências dispostas em terapia, que ao possibilitarem o entendimento de como as
mudanças comportamentais ocorrem, favoreceriam a criação de políticas do setor de saúde e
de prestação de serviços (Clínicas-Escola) e auxiliariam pesquisadores e professores na
formulação de teorias e no treino de novos terapeutas. Segundo Tourinho, Neno, Batista,
Gracia, Brandão, Souza, Lima, Barbosa, Endemann e Oliveira-Silva (2007) a descrição dos
efeitos das verbalizações do terapeuta é condição ímpar para o estudo dos fatores que
permitem a efetividade da terapia, o que facilitaria a formação de novos terapeutas.
Na modalidade de processo terapêutico denominada de programa de intervenção em
grupo, algumas condições a serem manejadas pelo terapeuta são definidas previamente ao
início dos atendimentos, como por exemplo, as características da população atendida e das
queixas, objetivos individuais e do grupo a serem alcançados, estratégias/procedimentos a
serem utilizados e o número total de sessões. Em pesquisas que avaliam programas de
13
intervenção, as análises dos resultados obtidas através de avaliações comparativas pré e pós-
intervenção permitem examinar a eficácia dos procedimentos utilizados (COZBY, 2003).
Programas de intervenção junto a pais e cuidadores têm sido promovidos a fim de
reduzir problemas de comportamento das crianças, tais como agressividade e retraimento,
considerados comportamentos externalizantes e internalizantes, respectivamente (SILVARES;
MARINHO, 1998; WEBSTER-STRATTON; HERBERT, 1993). Problemas de
comportamento podem prejudicar o acesso da criança a novas contingências de reforçamento,
as quais, por sua vez, podem favorecer o desenvolvimento de repertórios relevantes
(BOLSONI-SILVA, 2003). Os pais ao desempenharem seu papel como agentes de
socialização dos filhos tentam orientá-los para o desenvolvimento da autonomia e
responsabilidade e, para isso, utilizam-se de estratégias denominadas de práticas educativas
parentais (ALVARENGA; PICCININI, 2001).
A justificativa para realização de intervenção com pais e/ou cuidadores, tanto
individualmente como em grupo, é a de que práticas educativas parentais positivas podem
evitar o surgimento e/ou a manutenção de problemas de comportamento, já as negativas
podem aumentar a probabilidade de sua ocorrência (PATTERSON; REID; DISHION, 2002).
Para Gomide (2006) práticas positivas incluem a monitoria positiva, que envolve expressão de
afeto, estabelecimento de limites e a promoção do comportamento moral. Por outro lado, as
práticas educativas negativas envolvem abuso físico e psicológico, negligência, ausência de
atenção e de afeto, além da monitoria negativa, que implica em excesso de instruções,
independentemente do seu cumprimento.
Acredita-se que o campo teórico-prático do Treinamento em Habilidades Sociais
(THS) possa contribuir para o entendimento das práticas educativas parentais, na medida em
que algumas habilidades sociais possam favorecer ou não a apresentação de diferentes
práticas parentais (BOLSONI-SILVA; DEL PRETTE, 2002). Por habilidades sociais entende-
se um conjunto de repertórios comportamentais aprendidos, que maximizam a obtenção de
reforçadores nas interações sociais e o THS tem sido utilizado tanto para avaliar o repertório
social quanto para promovê-lo (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2001a). As habilidades sociais
educativas (HSE) são definidas por Del Prette e Del Prette (2001a) quanto às habilidades
intencionalmente voltadas para a promoção do desenvolvimento e da aprendizagem do outro,
em situação formal ou informal. Bolsoni-Silva (2008) define o conjunto de habilidades sociais
educativas dos pais, aplicáveis às práticas educativas, de habilidades sociais educativas
parentais (HSE-P) e especifica as seguintes categorias: Comunicação, Expressividade e
Enfrentamento e Estabelecimento de Limites. São habilidades por Bolsoni-Silva (2008)
14
investigadas: iniciar e manter conversação, fazer e ouvir perguntas (Comunicação); expressar
sentimentos positivos, negativos e opiniões, demonstrar carinho (Expressividade e
enfrentamento) e, cumprir promessas, conversar com cônjuge para estabelecer concordância
nas práticas educativas, identificar os próprios “erros”, estabelecer regras (Estabelecimento de
limites).
Bolsoni-Silva, Silveira e Ribeiro (2008) conduziram uma pesquisa que avaliou a
eficácia de um programa de intervenção com cuidadoras, cujo objetivo e procedimentos
primavam pela instalação ou fortalecimento das habilidades sociais educativas parentais. Os
resultados indicaram melhoras entre avaliações de pré e pós-intervenção detectadas através de
diferentes instrumentos. Os dados das três clientes mostraram alterações de classificação
clínica para limítrofe em problemas de comportamento externalizante avaliado pelo CBCL
(BORDIN; MARI; CAEIRO, 1995). Para a cliente denominada de “S”, foram observadas
ampliações nas habilidades de estabelecer limites, comunicação e expressividade e
manutenção de repertório médio em habilidades sociais, medido através do IHS (IHS-Del
Prette). Com relação à cliente denominada de “E”, observaram-se aquisições importantes nas
habilidades de estabelecer limites, ampliação do repertório de comunicação e expressividade e
alteração de baixo repertório em habilidades sociais para repertório dentro da média. Para a
cliente denominada de “M”, foram verificadas aquisições nas habilidades de comunicação e
estabelecer limites, apesar da manutenção de baixo repertório geral em habilidades sociais.
O trabalho anteriormente citado (BOLSONI-SILVA; SILVEIRA; RIBEIRO, 2008)
ofereceu importantes indicativos a respeito da eficácia de um programa de intervenção com
cuidadoras, cujo delineamento pode ser definido como “pesquisa de resultado” (WAMPOLD;
KIM, 1989). A despeito da eficácia de várias modalidades de programas de intervenção para
pais ter sido divulgada na literatura, com respectivas descrições de resultados e procedimentos
utilizados, acredita-se que o conhecimento até então produzido, não seja suficiente para
esclarecer quais variáveis são responsáveis pelos ganhos verificados (WEBSTER-
STRATTON; HERBERT, 1993).
Atualmente, a relação terapêutica corresponde a variável do processo terapêutico, com
mais designações recebidas de objeto de estudo (KAZDIN; MARCIANO; WHITLEY, 2005;
KAZDIN; WHITLEY, 2006). Entre as décadas de 30 e 60, as variáveis de relacionamento
foram muitas vezes negligenciadas quanto relacionáveis às mudanças obtidas na terapia
comportamental, entretanto, com o desenvolvimento dessa forma de terapia, os terapeutas
começaram a constatar que as mudanças são mediadas, ao menos em parte, pela relação
estabelecida entre terapeuta e cliente (ROSENFARB, 1992).
15
Para alguns autores (BORREGO; URQUIZA, 1998; PRADO; MEYER, 2004;
ROSENFARB, 1992) não há dúvidas da importância da relação terapêutica para a produção
de mudanças durante e ao final do processo terapêutico. Entretanto, um esclarecimento das
propriedades definidoras do termo se faz necessário, pois ora é tratada como sinônimo de
aliança terapêutica (BORREGA; URQUIZA, 1998; RANGÉ, 1995) ora conceitualmente
diferente (KAZDIN; WHITLEY, 2006).
Rangé (1995) refere-se à relação terapêutica, quanto a características do terapeuta e
do cliente e a interação estabelecida entre ambos. Os aspectos de interação e mútua influência
entre comportamento do terapeuta e cliente, também são ressaltado por Meyer e Vermes
(2001), como elementos que caracterizam a relação terapêutica. Para Rangé (1995), a relação
terapêutica auxiliaria no processo terapêutico de forma a aumentar o valor reforçador do
terapeuta e evocar atitudes colaborativas por parte do cliente.
De acordo com Braga e Vanderbergue (2006) a Functional Analytic Psychotherapy
(FAP), desenvolvida por Kohlenberg e Tsai (2001), representa uma proposta sistematizada do
ponto de vista teórico e prático para a análise da relação terapêutica. Nessa vertente, prerroga-
se que os comportamentos problema do cliente que o levaram a procurar terapia, são
igualmente apresentados durante as sessões, podendo o terapeuta sinalizar tais ocorrências e
discutir alternativas possíveis, assegurando, portanto, à relação terapêutica, fator primordial
para a promoção de mudanças (BRAGA; VANDERBERGUE, 2006).
Alguns autores, dentre eles, Kazdin e Whitley (2006), selecionam como objeto de
estudo a aliança ou vínculo terapêutico, entendida como um aspecto da relação terapêutica,
cuja importância é compartilhada por diferentes referenciais teóricos. A aliança terapêutica
refere-se à natureza colaborativa da relação entre terapeuta e cliente, com consenso sobre
objetivos e procedimentos do tratamento e a promoção de uma esfera afetiva, de aceitação e
confiança (KAZDIN; WHITLEY, 2006). Para Braga e Vanderberghe (2006) a aliança
terapêutica é estabelecida pelo fato do terapeuta representar uma audiência não punitiva, o
que significa validar sentimentos e compreender os comportamentos do cliente sem
julgamentos, diferenciando assim, essa relação, das demais existentes no ambiente natural do
cliente.
Follette, Naugle e Callanghan (1996) oferecem uma explicação para a relação entre
terapeuta e cliente baseada na FAP. Dentro dessa perspectiva, o terapeuta se estabelece como
àquele que dispõe de reforçamento contingente e não-contingente como forma de produzir
mudanças. O reforço aparentemente não-contingente ocorre quando o terapeuta provê
reforçamento através de suporte, garante apoio para o comparecimento às sessões, para
16
disposição à mudança, etc. Com o passar das sessões, o reforçamento torna-se contingente a
certos comportamentos apresentados na sessão ou descritos nos relatos, tais como, descrição
de dificuldades, realização de análises e, posteriormente, relatos de ganhos e mudanças, o
terapeuta, portanto, tem um papel ativo na liberação de reforço social.
Outros pesquisadores optam pelo estudo da interação terapêutica (SILVEIRA, 1997;
ZAMIGNANI, 2007) ao abordar processos terapêuticos, isto é, descrever como terapeuta e
cliente comportam-se durante as sessões de modo a influenciar mutuamente seus
comportamentos, sem priorizar determinados aspectos dessa relação como, por exemplo, a
aliança terapêutica, mas sim, conduzir uma observação sistematizada e descrição dos
processos comportamentais envolvidos. Esta pesquisa, como será visto posteriormente em
outras seções, caracteriza-se por uma análise da interação terapêutica, ao abordar a
interdependência comportamental entre terapeuta e clientes durante as sessões de grupo, bem
como, por incluir alguns aspectos que distinguem essa relação das demais, como a promoção
de uma esfera de aceitação e confiança, comportamentos característicos da aliança terapêutica
(KAZDIN; WHITLEY, 2006), sem, contudo, restringir-se aos mesmos.
Com a finalidade de situar a proposta dessa pesquisa em relação ao conhecimento já
produzido, tornam-se imprescindíveis, algumas considerações a respeito dos seguintes
aspectos teórico-metodológicos: variáveis determinantes dos comportamentos do terapeuta e
cliente; apresentação de alguns sistemas de categorização de comportamentos do terapeuta e
cliente; estudos que investigaram a ocorrência de comportamentos do terapeuta em
intervenções bem ou mal sucedidas; comportamentos do cliente que facilitam ou dificultam o
andamento do processo terapêutico; o papel do terapeuta em intervenções de grupo e,
estratégias metodológicas recomendadas para o estudo da interação terapêutica.
1.1 Variáveis determinantes dos comportamentos do terapeuta e cliente, sistemas
de categorização de comportamentos e pesquisas que versam sobre categorias
específicas do terapeuta e cliente
Sobre os determinantes do comportamento do terapeuta, Guilhardi (1999) sugere que
os comportamentos do cliente representam uma fonte importante de controle, atribuindo
similar importância ao referencial teórico adotado, ao conjunto de procedimentos utilizados e,
por fim, ao sistema de valores pessoais do terapeuta. O comportamento do terapeuta, por sua
vez, pode ter função de estímulo discriminativo e função eliciadora para o comportamento do
17
cliente e, este último pode responder em termos do seu repertório desenvolvido no decorrer da
vida e contingências atuais em operação, incluindo os comportamentos do terapeuta
(GUILHARDI, 1999). Ainda em relação aos fatores que determinam o comportamento do
terapeuta, Meyer e Donadone (2002) afirmam que embora a abordagem teórica, a queixa do
cliente e a área de competência do terapeuta exerçam uma influência inicial, no decorrer do
processo terapêutico os comportamentos do cliente apresentados em sessão passam
gradualmente a representar, uma variável importante de controle.
Segundo Zamignani (2007) o estudo da interação terapêutica é facilitado através da
organização dos dados das sessões a partir de sistemas de categorias de comportamentos de
terapeuta e cliente, pressuposto este compartilhado por outros pesquisadores (HARWOOD;
EYBERG, 2004). Algumas categorias de comportamentos do terapeuta foram descritas por
pesquisadores brasileiros, entre eles Rangé (1995) e Meyer e Vermes (2001). Rangé (1995)
identificou as seguintes habilidades gerais do terapeuta: promover a confiança do cliente aos
procedimentos terapêuticos; fornecer informações; ser compreensivo, cortês; ser empático;
encorajar a participação ativa; adaptar o procedimento ao cliente; oferecer apoio; ter
autenticidade; ter auto-confiança; entre outras. Meyer e Vermes (2001) identificaram as
seguintes categorias de comportamentos do terapeuta que devem ocorrer durante o processo
terapêutico: solicitar informações sobre comportamentos do cliente, eventos encobertos e
história de vida; fornecer informações sobre a terapia; ser empático, demonstrando
compreensão e acolhimento; sinalizar variáveis relevantes; demonstrar aprovação; orientar;
fornecer instruções, modelos para ação, para mudança de contingências, tarefa de casa;
interpretar padrões de comportamento; confrontar; e silêncio.
Tourinho, Garcia e Souza (2003) preocupados em desenvolver uma nova classificação
para os comportamentos do terapeuta, considerando as funções básicas de diferentes
verbalizações, identificaram oito formas básicas de apresentação, sejam elas: 1) informação -
verbalizações cuja função seja alterar o conhecimento do cliente sobre o processo terapêutico,
ou sobre diferentes assuntos abordados em sessão; 2) investigação - tem a função de produzir
informações sobre a história ambiental do cliente; 3) feedback - tem a função de fortalecer ou
enfraquecer verbalizações do cliente sobre si mesmo ou sobre sua história ambiental; 4)
inferência - tem a função de questionar/confrontar o cliente com uma interpretação do
terapeuta para os eventos relatados; 5) recuperação - verbalizações cuja função seja confirmar
ou corrigir verbalizações do cliente sobre eventos por ele relatados; 6) conselho - tem a
função de ao sugerir uma determinada forma de se comportar, indicar um comportamento
com probabilidade maior de ser reforçado; 7) verbalizações mínimas - tem a função de
18
facilitar a continuidade de verbalização do cliente, e 8) outras verbalizações - correspondem a
outras verbalizações do terapeuta com funções diversas.
Considerando às categorias propostas por Rangé (1995) e Meyer e Vermes (2001),
acredita-se, por se tratarem de revisões teóricas, que forneceram direcionamentos importantes
para pesquisas com suporte empírico. O sistema proposto por Tourinho, Garcia e Souza
(2003), mediante uma proposta empírica de análise, gerou uma descrição minuciosa de
categorias do terapeuta em intervenções individuais, diferenciando-as a partir da identificação
das funções básicas a que correspondem.
Webster-Stratton e Herbert (1993) conduziram o que denominaram de descrição
qualitativa dos comportamentos do terapeuta, através de análises de filmagens de sessões de
um programa de treinamento com pais em grupo. Os autores verificaram que o programa
estava baseado em um modelo colaborativo de intervenção, no qual tanto as contribuições do
terapeuta quanto às dos clientes foram consideradas para o estabelecimento de objetivos
terapêuticos. Para um modelo colaborativo de intervenção, os autores prescrevem as seguintes
categorias de comportamentos do terapeuta: investigar e valorizar as perspectivas dos pais em
relação aos problemas apresentados; clarificar assuntos; sumarizar idéias e temas importantes;
sugerir mudanças, quando requisitado pelos pais, ou se achar oportuno.
Bolsoni-Silva, Carrara e Marturano (2008) analisaram registros de sessões de um
programa de intervenção com pais em grupo a partir do sistema de categorias desenvolvido
por Tourinho, Garcia e Souza (2003). As autoras identificaram algumas subcategorias para
três das categorias adotadas: investigação, feedback e conselho. Sobre investigação, foram
verificadas seis subcategorias que solicitam: modelos ao grupo, opiniões dos clientes,
informações sobre tarefa de casa, compreensão do cliente quanto a verbalizações do terapeuta,
avaliação da sessão e informações sobre o que aprendeu na sessão anterior. Sobre a categoria
feedback, verificaram duas subcategorias, verbalizações que elogiam comportamentos
adequados do cliente e verbalização de desaprovação ou correção. As seguintes subcategorias
foram identificadas para a categoria conselho: sugestão, solicitação para que o cliente realize
determinada tarefa, estruturação da sessão e tomada de palavra.
As categorias sumarização (verbalizações que resumem falas anteriores do cliente ou
terapeuta), acolhimento (verbalizações que sugerem compreensão quanto às dificuldades
apontadas pelo cliente) e generalização (verbalizações que estimulam a generalização das
habilidades do cliente para o relacionamento com outras pessoas) foram elaboradas por
Bolsoni-Silva, Carrara e Marturano (2008) a partir da intervenção de grupo avaliada.
19
Sobre as categorias do terapeuta identificadas em programas de intervenção com pais
em grupo, supõe-se que o primeiro estudo (WEBSTER-STRATTON; HERBERT, 1993)
propôs categorias prescritivas, apesar de gerais, que devam ocorrer em uma intervenção
pautada em um modelo colaborativo. Já o segundo estudo (BOLSONI-SILVA et al., 2008)
representa uma tentativa na direção de uma análise descritiva da ocorrência e caracterização
de determinados eventos (CAMPOS, 2000), no caso, de categorias do terapeuta apresentadas
em um programa de intervenção com pais em grupo, a partir de análises de registros de
sessões.
Zamignani (2006) verificou a existência na literatura de diferentes sistemas de
categorias de comportamentos do terapeuta em intervenções individuais, contudo, constatou
que alguns deles apresentam problemas metodológicos. Entre as dificuldades mencionadas
pelo autor estão: imprecisão na definição das categorias (ZAMIGNANI, 2001) e na descrição
de categorias (BAPTISTUSSI, 2001), sobreposição de algumas categorias (ZAMIGNANI,
2001) e inexistência de manual para treino de registro das categorias por observadores
independentes (TOURINHO; GARCIA; SOUZA, 2003).
De forma a superar os impasses metodológicos citados, Zamignani (2006) propôs um
novo sistema de categorias, a partir de revisões teóricas e testes empíricos, “que fosse sensível
à detecção de eventos relevantes para diferentes questões de pesquisa e cujas categorias
fossem fidedignas para a sua replicação por diferentes pesquisadores” (p. 24). O sistema
apresenta diferentes dimensões a serem analisadas: eixo I - categorias referentes ao
comportamento verbal vocal e verbal não-vocal do terapeuta e cliente; eixo II – temas
abordados em sessão; e eixo III – respostas motoras. Os elementos verbais vocais do eixo I
são constituídos das seguintes categorias do terapeuta: 1) solicitação de relato - o terapeuta
solicita ao cliente, descrições de eventos; 2) facilitação - o terapeuta emite vocalizações que
indicam que está atento ao relato e sugere sua continuidade; 3) empatia - caracterizada por
verbalizações do terapeuta que sugerem expressão de afeto, compreensão e aceitação do
cliente; 4) informação - o terapeuta informa sobre eventos, que não o comportamento do
cliente ou de terceiros, estabelecendo ou não relações causais ou explicativas entre eles; 5)
solicitação de reflexão - o terapeuta solicita ao cliente explicações, interpretações, reflexões
ou previsões a respeito de qualquer tipo de evento; 6) recomendação - o terapeuta sugere
alternativas de comportamento ao cliente ou solicita o engajamento do mesmo em ações ou
tarefas; 7) interpretação - o terapeuta descreve relações causais ou explicativas a respeito do
comportamento do cliente ou de terceiros e identifica padrões comportamentais do cliente ou
de terceiros; 8) aprovação - é caracterizada por verbalizações do terapeuta que sugerem
20
avaliação favorável a respeito de ações, características ou avaliações do cliente; 9) reprovação
- é caracterizada por verbalizações do terapeuta que sugerem avaliação desfavorável a
respeito de ações, características ou avaliações do cliente e, 10) outras.
Em relação aos comportamentos verbais vocais do cliente, Zamignani (2006) definiu
as seguintes categorias: 1) solicitação - caracterizada por verbalizações que apresentem
pedidos ou questões ao terapeuta; 2) relato - verbalizações que descrevem ou informam ao
terapeuta a ocorrência de eventos, sem, contudo, estabelecer relações causais ou funcionais
entre eles; 3) relato de melhora ou progresso terapêutico - verbalizações nas qual o cliente
relata mudanças com relação a comportamentos relacionados à sua queixa, ou a
comportamentos considerados como indesejáveis ou inadequados; 4) formula metas -
verbalizações em que o cliente descreve estratégias para a solução de problemas; 5) estabelece
relações entre eventos - é caracterizada por verbalizações na qual o cliente estabelece relações
entre eventos; 6) concordância ou confiança - é caracterizada por verbalizações nas qual o
cliente expressa avaliação favorável a respeito de comportamentos emitidos pelo terapeuta ou
relata satisfação sobre o processo terapêutico; 7) oposição - é caracterizada por verbalizações
nas quais o cliente expressa discordância, avaliação desfavorável a respeito de
comportamentos emitidos pelo terapeuta e, 8) outras. Vale ressaltar que para cada categoria
do terapeuta e cliente são apresentadas diferentes subcategorias que as compõem.
As categorias de comportamento verbal não vocal do terapeuta e cliente definidas por
Zamignani (2006) são: respostas não vocais de concordância; respostas não vocais de
discordância; respostas não vocais de comando e, respostas não vocais outros. O eixo II temas
abordados em sessão é composto pelas categorias: relação terapêutica; relação com cônjuges;
relação com filhos; relação com pais; relação com outros familiares; trabalho, estudo e/ou
carreira; religião; relações interpessoais; sentimentos; questões existenciais; eventos
traumáticos; atividades de fantasia ou jogo; desenvolvimento de técnicas/procedimentos ou
entrevistas padronizadas; queixas psiquiátricas ou sintomas médicos e, outros. O eixo III
respostas motoras do terapeuta e cliente compreende as categorias: auto-estimulação;
movimentos repetitivos; espreguiçar, alongar, bocejar; mudanças gerais de postura e, postura
em repouso.
Keijsers, Schaap e Hoogduin (2000) em um estudo de revisão, verificaram que,
comparado a terapeutas de outras abordagens teóricas, os terapeutas comportamentais, no
geral, falam mais, fazem mais perguntas, oferecem mais estruturação, informação e
orientação. Borrego e Urquiza (1998) argumentam que as mudanças positivas que ocorrem na
terapia comportamental, resultam do reforçamento social provido pelo terapeuta e
21
recomendam o uso de reforçadores culturalmente familiares aos clientes, ou seja, que se
aproximem dos dispostos em ambiente natural, como forma de favorecer a generalização. Um
procedimento indicado, que se utiliza de reforçamento, consiste na modelagem por
aproximações sucessivas no qual o terapeuta dispõe uma conseqüência com provável efeito
reforçador, mediante comportamentos desejáveis, como, por exemplo, com um elogio quando
o cliente apresenta uma reflexão e quando ignora comportamentos inapropriados, como nas
situações em que o cliente faz críticas de forma agressiva (BORREGO; URQUIZA, 1998).
Estudos que avaliam a freqüência de diferentes categorias de comportamento do
terapeuta em intervenções individuais que alcançaram ou não os resultados pretendidos
representam uma alternativa inicial promissora para a pesquisa clínica (HARWOOD, 2003).
Em uma intervenção com clientes diagnosticados com transtorno de pânico Keijsers,
Schaap, Hoogduin e Lammers (1995) constataram que explicações teóricas na primeira
sessão, estão negativamente correlacionadas aos resultados. Alexander, Barton, Schiavo e
Parsons (1976) observaram que comportamentos de confrontação e ensino, nas sessões
iniciais, estão negativamente correlacionados ao sucesso da terapia familiar, ao passo que,
empatia e facilitação, estão positivamente correlacionadas.
Orlinsky, Grawe e Parks (1994), ao examinarem intervenções bem e mal sucedidas,
observaram que as categorias interpretação e suporte (parafrasear comentários do cliente e
expressar empatia) ocorreram com freqüência maior em intervenções que geraram resultados
positivos, já orientação, ocorreu com maior freqüência em intervenções que produziram
mudanças discretas. Piper, Ogrodniczuk, Joyce, McCallum, Rosie e O´Kelly (1998)
conduziram um estudo em que clientes adultos foram distribuídos randomicamente entre duas
condições de terapia, com predomínio de interpretação ou de suporte apresentados pelo
terapeuta. Os resultados indicaram um número maior de abandono na condição de
interpretação (23%) em comparação à de suporte (6%).
Para Harwood (2003), alguns fatores, como a compreensão, aceitação do cliente e
contexto de apresentação, podem ter sido responsáveis pelos resultados obtidos por Piper e
cols. (1998), no que se refere à interpretação. Harwood e Eyberg (2004) verificaram, ao
revisarem intervenções com famílias, que confrontar e orientar geraram efeitos negativos
somente nas primeiras sessões, com nenhum efeito prejudicial ao final da terapia.
De acordo com Harwood (2003) os estudos que avaliam os comportamentos de
suporte/empatia, produzem evidências de neutralidade e ocasionalmente detrimento em
termos de sua influência nos resultados. O comportamento empático/suporte pode ter como
efeito, que o cliente se sinta compreendido, aumentando assim, as chances deste se engajar no
22
processo terapêutico, entretanto, também tem o potencial de levar o terapeuta,
inadvertidamente, a reforçar e manter padrões que correspondam às dificuldades
comportamentais que o fizeram procurar terapia (HARWOOD, 2003). Patterson e
Chamberlain (1994) constataram que uma alta freqüência de comportamentos de empatia por
parte do terapeuta produziu resultados desfavoráveis ao final da intervenção. Segundo os
autores, o predomínio de suporte comparado às poucas ocorrências de orientação e
interpretação, produziu poucas mudanças terapêuticas ao final da intervenção.
De modo concomitante à produção de pesquisas que selecionaram os comportamentos
do terapeuta como objeto de estudo, outros pesquisadores se voltaram para os
comportamentos do cliente que prejudicam ou facilitam o processo terapêutico.
Para Keijsers, Schaap e Hoogduin (2000) uma parte considerável de toda a
verbalização do cliente se refere à descrição de problemas e sentimentos, com uma pequena
proporção de respostas para as perguntas do terapeuta. Não há consenso na literatura de que
respostas às questões do terapeuta, se comparado às descrições dos problemas, estão
associadas a melhores resultados, porém, a investigação da origem e manutenção das
dificuldades, apesar de imprescindível, pode desagradar alguns clientes o que faz com que o
terapeuta passe a apresentar mais questões fechadas nesses casos (KEIJSERS, SCHAAP;
HOOGDUIN 2000).
Comportamentos do cliente de resistência (BISCHOFF; TRACEY, 1995;
PATTERSON; FORGATCH, 1985; STOOLMILLER; DUNCAN; BANK; PATTERSON,
1993) e cooperação (HARWOOD; EYBERG, 2004) também são investigados. Segundo
MacKenzie, Fite e Bates (2004) apesar da falta de consenso sobre o conceito de resistência,
uma das definições mais utilizadas foi proposta por Bischoff e Tracey (1995), que a definem
como qualquer comportamento do cliente que indique oposição ao terapeuta, ao processo
terapêutico ou à agenda da sessão. Cautilli e Santilli-Connor (2000) têm por hipótese de que
comportamentos de resistência são produzidos por histórias de contingências e evocados por
relações entre estímulos apresentados na sessão. Cinco fatores são considerados como
determinantes de comportamentos de resistência: aspectos do processo terapêutico; baixa
motivação do cliente para se engajar em terapia; curto período para treino das habilidades
solicitadas pelo terapeuta; as novas habilidades solicitadas resultam em posição conflitante ao
repertório atual do cliente e, complexidade das habilidades solicitadas pelo terapeuta
(CAUTILLI; SANTILLI-CONNOR, 2000).
Para Bischoff e Tracey (1995) comportamentos de resistência do cliente acompanham
intervenções do terapeuta ditas diretivas - qualquer sentença que direcione, controle a
23
atividade verbal da terapia ou que confronte e apresente uma demanda ao cliente - como, por
exemplo, orientação e interpretação. Tal efeito não ocorre com as não diretivas - qualquer
sentença do terapeuta que atribua ao cliente a responsabilidade por direcionar a atividade
verbal da terapia ou que indique encorajamento e apoio - como suporte e facilitação
(BISCHOFF; TRACEY, 1995).
Patterson e Forgatch (1985) examinaram o impacto do comportamento do terapeuta
(variável independente) sobre a resistência do cliente (variável dependente). Os pesquisadores
utilizaram um delineamento experimental ABAB e observaram a freqüência de
comportamentos de resistência apresentadas em uma intervenção com pais. Os
comportamentos de resistência foram medidos por um sistema de categorias desenvolvido por
Chamberlain, Patterson, Reid, Kavanagh e Forgatch (1984). Conforme as hipóteses dos
autores, as intervenções diretivas, no caso confrontação e orientação, levaram a um aumento
nos comportamentos de resistência; já facilitação e suporte produziram uma diminuição em
tais comportamentos. Os autores identificaram algumas prováveis implicações da ocorrência
de resistência em situações aplicadas: redução na freqüência de orientação e confrontação;
aumento do número de sessões necessárias para se produzir as mudanças terapêuticas
almejadas e, prejuízo no estabelecimento de uma relação de aceitação e de confiança com o
cliente.
Barbera e Waldron (1994) analisaram trechos de filmagens de segundas sessões com
12 famílias de adolescentes infratores, a partir de um sistema de categorias de
comportamentos do terapeuta e cliente. Os autores verificaram que a categoria Suporte
representou a maior freqüência (41%), seguida por Ensino (21%), Questionamento (17%),
Facilitação (9%), Estruturação (8%) e Confrontação (4%). Análises seqüenciais revelaram
que a categoria Suporte gerou cooperação para a maior parte dos clientes; Facilitação e
Confrontação não geraram aumento na cooperação ou na resistência e, Questionamento
mostrou resultados inconsistentes. A categoria Ensino, ao contrário das hipóteses formuladas,
não foi seguida por resistência, mas sim, gerou aumento na cooperação para metade das
famílias. Uma justificativa dos autores para esse resultado, reside no fato de que o terapeuta
ao ensinar, se referia a toda família (adolescente e pais) e não somente a um dos membros, o
que foi interpretado como benéfico pelos clientes. Barbera e Waldron (1994) concluem que a
análise seqüencial representou um recurso importante para o exame do processo terapêutico,
porém alertam para a necessidade de pesquisas que examinem o impacto dos comportamentos
do terapeuta com diferentes populações e durante diferentes fases da terapia.
24
De acordo com Patterson e Chamberlain (1994) a ocorrência de resistência nas
primeiras sessões, quando a população-alvo é composta por pais, é influenciada por fatores
como história de insucesso da família no manejo de comportamentos, traços de personalidade
como depressão e traço anti-social e variáveis de contexto como desvantagem sócio-
econômica. Tais pesquisadores afirmam que os esforços do terapeuta em intervir, do início até
metade da intervenção, produzem aumento na resistência, para àqueles que chegam à terapia
sob efeito dos múltiplos fatores citados. Também têm como hipótese, de que se os clientes
tiverem contato com os benefícios propiciados pelos procedimentos ensinados, ocorre então,
um decréscimo na resistência e aumento na cooperação. Entretanto, se os pais persistem na
argumentação de que as técnicas ensinadas são ineficazes e o terapeuta continua a solicitar
mudanças através das mesmas intervenções, a resistência pode não diminuir ou até aumentar.
Para Patterson e Chamberlain (1994) o terapeuta deve apresentar uma freqüência ótima de
orientação e interpretação, que seja suficiente, mas não em excesso, para modificar as práticas
parentais; e apresentam como questão ainda por esclarecer, qual condição determinaria a
diminuição da resistência, se são os procedimentos ensinados para manejo dos
comportamentos dos filhos ou as reações contingentes do terapeuta.
Padrões semelhantes ao estudo de Patterson e Chamberlain (1994) são discutidos por
Stoolmiller, Duncan, Bank e Patterson (1993) em um estudo teórico sobre resistência e
intervenção com pais. Segundo Stoolmiller e cols. (1993) no início da intervenção são
observados baixos índices de resistência, pois se trata de uma fase em que o terapeuta
estabelece um rapport e dá início a investigação das dificuldades de interação entre pais e
filhos. Na etapa posterior, o terapeuta passa a estabelecer novas demandas aos clientes,
através de questionamentos e aplicação de procedimentos, produzindo então, um aumento na
freqüência de comportamentos de resistência. Em um terceiro momento, quando as novas
práticas parentais passam a produzir mudanças na relação com os filhos, ocorre redução da
resistência.
Harwood e Eyberg (2004) analisaram trechos de segundas sessões individuais entre
pais e terapeutas para dois grupos de participantes, aqueles que posteriormente finalizaram e
os que abandonaram a intervenção. Como procedimentos de coleta de dados foram realizadas
análises de filmagens a partir de um sistema de categorias. Os resultados demonstraram
correlações negativas entre verbalizações de facilitação e resistência, o que sugere a
importância de se investigar as expectativas dos pais através de escuta ativa. No entanto,
observaram-se correlações positivas entre verbalizações de suporte e abandono e
questionamento e abandono. Como justificativas para a correlação positiva entre
25
questionamento e abandono, os autores observaram a prevalência de questões fechadas em
detrimento de questões abertas para o grupo que abandonou a intervenção, sugerindo a
importância de equilíbrio entre ambos os tipos de perguntas. Concluíram também que
verbalizações de suporte, apesar de aumentar a cooperação durante as primeiras sessões,
também podem gerar efeitos temporários ou insuficientes em termos de engajamento.
Zamignani (2007) analisou três sessões (uma inicial, uma intermediária e uma final)
de psicoterapia, com objetivo de ilustrar a aplicação do seu sistema multidimensional de
categorização dos comportamentos do terapeuta e cliente. Participaram do estudo, um
terapeuta com vinte e cinco anos de experiência e uma cliente de 32 anos com queixas
conjugais. Os resultados indicaram superioridade na freqüência e duração das seguintes
categorias do terapeuta: Interpretação, Recomendação e Aprovação, com aumento progressivo
da fase inicial para a final. As categorias do cliente Relato e Concordância também se
destacaram, com freqüências constantes nas três sessões avaliadas, e Estabelece relações, da
fase inicial para intermediária. As explicações do pesquisador para o aumento de
Recomendação e Interpretação na fase intermediária, dizem respeito à etapa do processo
terapêutico correspondente, em que já se prevê o levantamento de hipóteses e realização de
intervenção, o que justificou também o aumento de Aprovação e Reprovação. A alta
ocorrência e duração de Recomendação e Interpretação na sessão final sugere uma
preocupação do terapeuta em fornecer instruções, modelos de estratégias de ação devido à
proximidade de interrupção dos atendimentos, ao invés de aplicar procedimentos de
modelagem (ZAMIGNANI, 2007).
Os estudos apresentados buscaram descrever algumas implicações dos
comportamentos do terapeuta para o processo terapêutico, contudo, as conclusões ainda são
divergentes, especialmente em se tratando de Orientação, Interpretação e Empatia/Suporte.
No caso de Orientação, indicativos de aumento nos níveis de resistência (PATTERSON,
FORGACTH, 1985) e de efeitos prejudiciais circunscritos somente ao início da intervenção
são igualmente demonstrados (HARWOOD; EYBERG, 2004). Observou-se em relação à
literatura exposta, que alguns autores atribuem à Interpretação, a responsabilidade por
resultados de sucesso (ORLINSKY; GRAWE; PARKS, 1994), ao passo que outros,
consideram-na condição preditiva de abandono da terapia (PIPER et al., 1998). Sobre
Empatia, existem estudos que estabelecem associações entre a mesma e resultados positivos
(BARBERA; WALDRON, 1994) e, também, a resultados negativos (PATTERSON;
CHAMBERLAIN, 1994).
26
A inexistência dos dados a respeito das condições em que os comportamentos
diretivos e não diretivos foram apresentados nos estudos citados (HARWOOD; EYBERG,
2004; ORLINSKY; GRAWE; PARKS, 1994; PATTERSON; FORGATCH, 1985;
STOOLMILLER et al., 1993) torna irrefutável às suposições de Harwood (2003), para quem,
a compreensão, aceitação do cliente e contexto de apresentação dos diferentes
comportamentos são variáveis que podem ter determinado os resultados obtidos.
Sturmey (1996) afirma que o terapeuta ao invés de apresentar as avaliações
conduzidas em relação às dificuldades comportamentais identificadas, deva na realidade,
auxiliar o cliente para que este realize avaliações funcionais sobre as queixas trazidas e
definam de forma conjunta, objetivos e estratégias a serem utilizadas, o que garantiria maior
aceitação (HARWOOD, 2003) e adesão à intervenção.
Resultados divergentes em relação aos impactos de diferentes comportamentos do
terapeuta são produzidos também, de acordo com Harwood e Eyberg (2004), em função de:
diferenças nos tipos de intervenção analisadas; diferenças de objetivos das pesquisas;
diferentes metodologias de mensuração do processo terapêutico; avaliadores selecionados e,
especialmente, devido à utilização de escalas de mensuração aplicadas com cliente e/ou
terapeuta, sendo que os sistemas de categorias de comportamentos são considerados mais
confiáveis.
Keijsers e cols. (1995) argumentam que a questão primordial não é comprovar se
comportamentos diretivos do terapeuta favorecem ou dificultam as mudanças terapêuticas
almejadas, mas sim, sob quais condições, os mesmos são aceitos e seguidos pelos clientes.
Ainda que alguns estudos (ALEXANDER et al., 1976; BARBERA; WALDRON,
1994; HARWOOD; EYBERG, 2004; ORLINSKY; GRAWE; PARKS, 1994; PATTERSON;
FORGATCH, 1985) tenham demonstrado que comportamentos do terapeuta interferem de
maneiras distintas nos comportamentos dos clientes em intervenções individuais, constata-se
uma escassez de pesquisas com descrições empíricas de categorias do terapeuta em programas
de intervenção em grupo, com exceção de Bolsoni-Silva, Carrara e Marturano (2008) e
Webster-Stratton e Herbert (1993) cujas contribuições e limitações já foram mencionadas.
Somam-se aos poucos indicativos das categorias do terapeuta em intervenção de grupo, o
desconhecimento do impacto de tais categorias sobre o comportamento dos clientes, bem
como, das próprias categorias de comportamento dos clientes. A especificação das categorias
de comportamentos do terapeuta e clientes em intervenções grupais de sucesso, permitirá
análises a respeito da influência recíproca existente entre ambos, o que resultará na
27
observação de quais seqüências de interação têm maior probabilidade de gerar resultados
positivos.
Kerbauy (2008) afirma que os terapeutas comportamentais, ao conduzirem terapia de
1
grupo, diferentemente da terapia em grupo, devam estimular a participação dos clientes na
formulação de objetivos individuais e para o grupo, a apresentação de alternativas
comportamentais e o apoio às decisões tomadas. Intervenções de grupo são consideradas mais
próximas ao ambiente natural dos clientes em função da interação estabelecida e da exposição
a diferentes modelos, o que facilitaria a generalização (KERBAUY, 2008).
Segundo Derdyk e Sztamfater (2008) o terapeuta é um membro do grupo que
desempenha um papel de liderança ao incentivar a participação e interação, estruturar a sessão
em direção dos objetivos pretendidos, garantir o cumprimento das regras, acolher os clientes
com maiores dificuldades, mediar conflitos e favorecer o vínculo terapêutico entre os clientes.
No início do processo terapêutico os clientes interagem com maior freqüência em relação ao
terapeuta, pois acreditam que os demais participantes sejam secundários, entretanto, com o
passar das sessões, espera-se que o grupo se sinta encorajado a participar e a se apoiar
(DERDYK; SZTAMFATER, 2008).
Para Hill (2001) dados de freqüência de diferentes categorias de comportamento do
terapeuta, ainda que signifiquem um avanço importante, não permitem inferências a respeito
dos seus determinantes e dos seus efeitos na sessão. Além das freqüências de diferentes
comportamentos do terapeuta, dados a respeito do contexto no qual foram apresentadas e
diante de quais comportamentos do cliente, forneceriam indícios a respeito dos seus possíveis
efeitos (HILL, 2001).
De acordo com Schaffer (1982) para o estudo não tangencial dos comportamentos do
terapeuta são necessárias considerações a respeito de três dimensões: tipo de comportamento
- referem-se aos objetivos, funções de determinado comportamento; perícia - a excelência
com que esse comportamento é apresentado e, habilidade - a maneira como o terapeuta se
relaciona com o cliente. Para o autor, comportamentos apresentados com freqüência
semelhante são analisados como tendo o mesmo impacto nos resultados, contudo, a
desconsideração das dimensões de perícia e habilidade, refletiria em conclusões discutíveis a
respeito da qualidade da intervenção apresentada.
1
Os grifos foram inseridos pela autora da presente pesquisa.
28
Schindler, Hohenberger-Sieber e Hahlweg (1989) sugerem a realização de
observações sistemáticas e análises moleculares, identificando as interações momento-a-
momento durante a sessão e por meio de análises intra e inter sessões.
Um instrumental metodológico que viabiliza o avanço de uma análise de eventos
comportamentais estáticos (dados de freqüência e duração) para uma análise de continuidades
e mudanças na interação entre terapeuta e cliente refere-se à análise seqüencial
(LICHTENBERG; HECK, 1986). Análises seqüenciais permitem o exame das verbalizações
do cliente que precedem e sucedem determinadas categorias do terapeuta e vice-versa, o que
revelaria regularidades ou mudanças nos padrões interacionais (HARWOOD; EYBERG,
2004).
Transcrições de sessão não permitem avaliações pormenorizadas das intervenções do
terapeuta, pois não contém aspectos contextuais relevantes para a identificação do efeito das
verbalizações do terapeuta e cliente (TOURINHO et al., 2007), sendo a gravação áudio-visual
um recurso indicado (MEYER, 2006). Segundo Tourinho e cols. (2007) os dados produzidos
através dos sistemas de categorização podem ser analisados em conjunto com outras variáveis
do processo terapêutico como, por exemplo, medidas de resultados e informações sobre o
histórico do atendimento.
De acordo com Meyer (2006) as pesquisas sobre processos terapêuticos, suscitam
perguntas pertencentes ao campo de pesquisas descritivas, mais precisamente, da descrição e
classificação das características desse fenômeno. Em se tratando de uma pesquisa descritiva,
ao presente estudo caberia a seguinte questão: qual a freqüência e duração de diferentes
categorias de comportamentos do terapeuta e do cliente apresentadas em uma intervenção de
grupo? Outras perguntas em pesquisas descritivas versam, também, sobre a existência de
relações não causais entre eventos (MEYER, 2006), o que para esse estudo poderia
representar: existiriam padrões de relacionamento entre categorias do terapeuta e do cliente?
29
1.2 Objetivos
Objetivo geral
A presente pesquisa tem por objetivo descrever a interação estabelecida entre terapeuta
e clientes, ou seja, investigar como terapeuta e clientes comportam-se em uma intervenção de
grupo e analisar a influência exercida entre ambos.
Objetivos específicos
Constituem-se objetivos específicos deste estudo:
a) identificar a freqüência e duração com que as categorias verbais vocais do terapeuta
e cliente propostas por Zamignani (2006), são apresentadas em uma intervenção com
mães/cuidadoras em grupo que produziu resultados desejados;
b) verificar se outras categorias do terapeuta e cliente referentes a um atendimento em
grupo com mães/cuidadoras, que produziu os resultados desejados, precisam ser elaboradas e
analisar a respectiva freqüência;
c) a partir de análises correlacionais e seqüenciais, inferir sobre padrões de
relacionamento entre comportamentos dos clientes e do terapeuta.
30
2. MÉTODO
2.1 Participantes
Participam da pesquisa: a) duas mães e uma avó que fizeram parte de grupo de
intervenção, aqui denominadas de clientes S, M e E; b) uma Psicóloga que se autodenomina
Terapeuta Comportamental, do sexo feminino, com três anos de experiência em programas de
intervenções com cuidadores em grupo. A terapeuta e a pesquisadora correspondem à mesma
pessoa, entretanto, durante o período da intervenção e gravação das sessões, ainda não havia
interesse dos envolvidos na realização deste estudo.
A participante S contava com 31 anos, ensino fundamental incompleto, casada, do lar,
com renda familiar na faixa de R$ 600,00 a R$ 1.000,00. A participante M contava com 39
anos, ensino fundamental incompleto, casada, do lar, com renda familiar na faixa de R$
600,00 a R$ 1.000,00. A participante E. possuía 51 anos, ensino fundamental incompleto,
divorciada, do lar, com renda familiar na faixa de R$100,00 a R$ 500,00.
2.2 Material
Foram utilizadas fitas de filmadora, filmadora, um microcomputador, mídias de DVD,
protocolo de observação contendo categorias de comportamento do terapeuta e cliente
baseadas em Zamignani (2006) (Anexo A), o software The Observer XT 7.0 da Noldus (2005)
e o programa estatístico SPSS (Versão 14.0). Um dos eixos do sistema de categorias proposto
por Zamignani (2006) foi utilizado como referência para a coleta dos dados, uma vez que se
constituem de categorias intermediárias entre topográficas e funcionais, nas palavras do autor
“eventos contíguos ao responder – eventos imediatamente precedentes e subseqüentes, não
são suficientes para a identificação de uma classe funcional de respostas, mas constituem
elementos que contextualizam a verbalização ou ação do indivíduo. Neste caso, estaríamos
abdicando de uma categorização topográfica em direção a uma estratégia que envolve um
certo grau de inferência sobre a função da resposta no contexto imediato da interação (p. 23)”,
o que viabilizaria posteriormente, inferências sobre relações entre eventos comportamentais, a
partir da observação de regularidades nas seqüências de interações. O software The Observer
XT 7.0 foi utilizado para observação das filmagens, cálculo de freqüência e duração de
diferentes comportamentos e realização de análises seqüenciais.
31
2.3 Procedimento de coleta e análise de dados
Foram filmadas treze de quatorze sessões programadas para uma intervenção com
cuidadoras em grupo. A intervenção foi desenvolvida durante a vigência do projeto:
“Avaliação dos efeitos de um programa de intervenção com pais e mães que apresentam
dificuldades de interação social com seus filhos”, cujos resultados estão parcialmente
publicados em Bolsoni-Silva, Silveira e Ribeiro (2008) e em Bolsoni-Silva (2008). As
filmagens das sessões para a realização desta pesquisa, foram cedidas pela coordenadora do
projeto. Foram designadas, por meio de sorteio, cinco (sessões 5, 6, 10, 13 e 14) de treze
sessões, totalizando dez horas de filmagens.
O procedimento de tratamento e análise de dados contou com as etapas:
a) estudo do sistema de categorização proposto por Zamignani (2006) e familiarização
com as ferramentas do software The Observer XT 7.0 a partir de treinamentos com
representantes da Noldus no Brasil. Um treino não sistematizado de sete horas, a partir do
sistema de categorias desenvolvido por Zamignani (2006) e do software The Observer XT 7.0,
foi realizado utilizando-se de filmagens de sessões não designadas para esse estudo;
b) as dez horas de filmagens foram assistidas primeiramente sem a preocupação com o
conteúdo;
c) através do software The Observer XT 7.0 foi realizado o registro das categorias do
terapeuta e clientes, correspondentes a dez horas de filmagem, a partir de um protocolo de
observação que utilizou o eixo das categorias verbais vocais propostas por Zamignani (2006).
Segundo Zamignani (2006) os eixos do seu sistema de categorização podem ser usados
separadamente, de acordo com o interesse do pesquisador. No protocolo de observação, além
das 10 categorias do terapeuta, foram inseridas as 42 subcategorias elaboradas por Zamignani
(2006). Zamignani (2007) ressalta que foram realizados testes quanto à fidedignidade das
categorias, entretanto, o mesmo não ocorreu em relação às subcategorias. Em função de
problemas de áudio e filmagem (em alguns trechos a câmera não estava posicionada na
direção da terapeuta), a categoria do terapeuta Facilitação não foi incluída na análise. A
categoria Outras também não foi incluída na análise dada à inexpressiva freqüência de
apresentação.
As subcategorias das categorias do terapeuta foram diferenciadas no protocolo e
registradas no software distinguindo-as para o participante a que se referia. Por exemplo, a
subcategoria do terapeuta Solicitação de informação sobre fatos, foi registrada de quatro
maneiras: Solicitação de informação sobre fatos -G, quando foi apresentada em relação ao
32
grupo, ou seja, não se referiu a uma participante em particular; Solicitação de informação
sobre fatos -S, quando foi apresentado à participante S; Solicitação de informação sobre fatos
-M, quando foi apresentado à participante M e Solicitação de informação sobre fatos -E,
quando foi apresentado à participante E.
As subcategorias do cliente não puderam ser registradas em termos de subcategorias
dado o limite de registro imposto pelo software, entretanto as oito categorias foram
registradas distinguindo-as se foram apresentadas ao grupo ou à terapeuta. Por exemplo, a
categoria Relato foi registrada das seguintes maneiras: Relato-G, quando apresentada ao
grupo e Relato-T quando apresentada à terapeuta. A categoria do cliente Outras, não foi
incluída nas análises, pois ocorreu com baixa freqüência.
Para a definição da unidade de análise das categorias foram seguidas as
recomendações de Zamignani (2006), para quem a seleção de uma categoria de registro
corresponde a um segmento de verbalização classificável em uma categoria. Uma mesma
verbalização do terapeuta ou cliente é composta por diferentes segmentos, os quais por sua
vez, são classificáveis em diferentes categorias ou subcategorias;
d) outros comportamentos da terapeuta e clientes que não corresponderam às
categorias propostas por Zamignani (2006) foram identificados e então registrados nas
planilhas do software com o seguinte código: “nova categoria terapeuta” e “nova categoria
cliente”;
e) os eventos comportamentais definidos como “nova categoria terapeuta” e “nova
categoria cliente”, foram retomados pela pesquisadora, que observou novamente os episódios
nas filmagens e se confirmado que não faziam parte das categorias ou subcategorias do
protocolo de observação, foram tratados como novas categorias ou novas subcategorias. Essa
etapa seguiu as indicações de Danna e Matos (1999) para a elaboração de categorias
comportamentais: devem corresponder aos critérios selecionados, topográfico, funcional ou
ambos – este último utilizado neste estudo, levando em consideração semelhanças formais e
alterações ambientais produzidas; as categorias devem ser mutuamente exclusivas; deve haver
coerência entre os comportamentos selecionados segundo o critério adotado; a denominação
das novas categorias deverá descrever as características por meio das quais os observadores
poderão identificar esse evento, além de ser objetiva; apresentar as condições necessárias para
ocorrência da categoria; descrever os eventos na seqüência em que ocorrem e especificar a
unidade de análise. A seguir são apresentados os resultados das novas subcategorias e
categorias do terapeuta e cliente (Tabelas 1 e 2).
33
Tabela 1. Descrição das novas subcategorias da categoria do terapeuta Recomendação identificadas
nas sessões de grupo
Denominação Condições
necessárias
Seqüência de eventos Unidade de análise
Solicitação de
aprovação.
Relato de
um
participante
do grupo.
A partir do relato de um participante (A), o
terapeuta solicita aos clientes que apresentem
aprovações. A aprovação pode se referir ao
desempenho do participante (A) ou de
terceiros incluídos no seu relato.
Uma unidade se inicia quando
uma solicitação de aprovação é
apresentada, e termina quando:
a) uma aprovação é
apresentada, b) ocorre outra
categoria ou a categoria
“silêncio”.
Solicitação de
reprovação.
Relato de
um
participante
do grupo.
A partir do relato de um participante (A), o
terapeuta solicita aos clientes que apresentem
reprovações. A reprovação pode se referir ao
desempenho do participante (A) ou de
terceiros incluídos no seu relato.
Uma unidade se inicia quando
uma solicitação de reprovação é
apresentada, e termina quando:
a) uma reprovação é
apresentada, b) ocorre outra
categoria ou a categoria
“silêncio”.
Solicitação de
recomendação.
Relato de
um
participante
do grupo.
Verbalizações do terapeuta nas quais solicita
aos clientes, recomendações para outro
participante.
Uma unidade se inicia quando
uma solicitação de
recomendação é apresentada, e
termina quando: a) uma
recomendação é apresentada, ou
b) ocorre outra categoria ou a
categoria “silêncio”.
A partir da Tabela 1 nota-se que as três novas subcategorias do terapeuta, identificadas
na intervenção em grupo, correspondem à categoria Recomendação, na medida em que o
terapeuta solicita o engajamento dos clientes em ações a serem apresentadas na sessão e
especifica o comportamento a ser apresentado (ZAMIGNANI, 2006). Supõe-se que com a
apresentação das subcategorias “Solicitação de aprovação” e “Solicitação de reprovação” a
terapeuta favoreça o desenvolvimento de repertório de observação do comportamento do
outro e conseqüências produzidas. Já com “Solicitação de recomendação” a terapeuta
favoreça a discriminação de alternativas comportamentais possíveis, com maior probabilidade
de gerar conseqüências positivas e assim promover a ampliação de repertório. As três
subcategorias identificadas estão relacionadas às afirmações de Kerbauy (2008) no que se
refere às condições manejadas pelo terapeuta, que determinam o envolvimento do grupo nas
análises das problemáticas de cada cliente. A Tabela 2 apresenta os resultados quanto à
especificação de novas categorias do cliente identificadas em uma intervenção de grupo.
34
Tabela 2. Descrição das novas categorias do cliente identificadas nas sessões de grupo
Denominação Condições Seqüência de eventos Unidade de análise
C-Aprovação
(Apr)
Relato de um
participante (A)
e solicitação de
aprovação do
terapeuta.
Um dos participantes (B) apresenta C-
Aprovação a outro participante (A) após
solicitação do terapeuta. A aprovação pode
se referir ao desempenho do participante (A)
ou de terceiros incluídos no seu relato.
Uma unidade se inicia
quando uma C-Aprovação
é solicitada e termina
quando: a) ocorre uma C-
Aprovação, b) ocorre outra
categoria ou “silêncio”.
C-Reprovação
(Rep)
Relato de um
participante (A)
e solicitação de
reprovação do
terapeuta.
Um participante (B) oferece C-Reprovação a
outro participante (A) após solicitação do
terapeuta. A reprovação pode se referir ao
desempenho do participante (A) ou de
terceiros incluídos no seu relato.
Uma unidade se inicia
quando uma reprovação é
solicitada, e termina
quando: a) ocorre uma C-
Reprovação, b) ocorre
outra categoria ou
“silêncio”.
C-Descreve
comportamento
(Des)
Relato de um
participante e
ocasionalmente
solicitação de
reflexão.
Um dos participantes (B) apresenta C-
Descrição de comportamento que pode se
referir aos comportamentos do participante
(A) ou de terceiros incluídos no seu relato.
Uma unidade se inicia
quando o terapeuta
apresenta solicitação de
reflexão, exceto quando
ocorre de forma
espontânea, e termina
quando: a) ocorre uma C-
Descreve comportamento,
b) ocorre outra categoria ou
“silêncio”.
C-Interpretação
(Int)
Relato de um
participante e
ocasionalmente
solicitação de
reflexão.
Um participante (B) descreve relações
(funcionais, correlacionais ou de
contigüidade) entre eventos apresentados no
relato de outro participante (A), ou seja,
apresenta C-Interpretação. As relações
estabelecidas podem se referir às
experiências do participante (A) ou de
terceiros incluídos no seu relato.
Uma unidade se inicia
quando o terapeuta
apresenta solicitação de
reflexão, exceto quando
ocorre de forma espontânea
e termina quando: a) ocorre
uma C-Interpretação, b)
ocorre outra categoria ou
“silêncio”.
C-Recomendação
(Rec)
Relato de um
participante e
ocasionalmente
solicitação de
recomendação.
Um participante (B) apresenta ao
participante (A) uma alternativa de
comportamento a ser apresentada por este
dentro ou fora da sessão, ou seja, apresenta
uma C-Recomendação.
Uma unidade se inicia
quando o terapeuta
apresenta solicitação de
recomendação, exceto
quando ocorre de forma
espontânea e termina
quando: a) ocorre uma C-
Recomendação, b) ocorre
outra categoria ou
“silêncio”.
C-Empatia
(Emp)
Relato de um
participante.
Após relato de um participante (A), um
participante (B) apresenta verbalizações que
demonstrem aceitação e compreensão das
condições vividas por pessoas descritas no
relato de (A), ou seja, apresenta C-Empatia.
Uma unidade se inicia
quando um participante
relata eventos, e termina
quando: a) ocorre a
categoria C-Empatia.
35
Na Tabela 2 estão presentes as seis novas categorias do cliente identificadas em uma
intervenção de grupo. As novas subcategorias ocorrem unicamente após solicitação do
terapeuta, no caso de C-Aprovação e C-Reprovação; após solicitação ou espontaneamente em
se tratando de C-Descreve comportamento, C-Recomendação e C-Interpretação ou
exclusivamente de forma espontânea como é o caso de C-Empatia. As categorias C-
Aprovação, C-Reprovação, C-Descreve comportamento e C-Interpretação podem se referir
ao participante do grupo para o qual é apresentada ou para terceiros incluídos nas
verbalizações, já C-Recomendação e C-Empatia se referem somente ao participante do grupo.
Acredita-se que as categorias acima citadas, ocorrem mediante as condições
manejadas pela terapeuta na sessão, ao apresentar Solicitação de reflexão, “Solicitação de
aprovação”, “Solicitação de reprovação” e “Solicitação de recomendação”. Os resultados
expressos na Tabela 2 permitem a suposição de que os clientes, em intervenções de grupo,
além de terem um papel ativo com relação às próprias demandas, também são incentivados a
se envolverem nas discussões dos demais, aqui caracterizados como momentos em que
atuaram como co-terapeuta. As categorias contidas na Tabela 2 passam a ser citadas no
decorrer dessa pesquisa, como categorias cliente-T;
f) registro das categorias cliente-T e das subcategorias do terapeuta elaboradas para as
dez horas de filmagens. As novas subcategorias da categoria Recomendação do terapeuta
foram registradas de acordo com o exemplo descrito no item c). As categorias cliente-T foram
registradas de duas maneiras, se apresentadas de forma espontânea, ou seja, sem solicitação
do terapeuta, ou após a solicitação. Por exemplo, a categoria C-Interpretação, foi registrada
como C-Interpretação-E, quando ocorreu de forma espontânea e C-Interpretação-T, quando
foi apresentada após solicitação da terapeuta.
g) além das subcategorias do terapeuta e categorias do cliente, o momento da sessão
em que foram apresentadas também foi registrado, se na etapa “tarefa de casa”, “exposição
teórica” ou “treino”. As etapas “distribuição da tarefa de casa” e “avaliação da sessão” não
foram incluídas na análise, pois ocuparam pouco do tempo da sessão;
h) identificação, por meio de ferramentas do software The Observer XT 7.0, da
freqüência e duração das categorias do terapeuta e clientes propostas por Zamignani (2006) e
organização de figuras;
i) identificação, por meio de ferramentas do software The Observer XT 7.0, da
freqüência das categorias cliente-T;
j) realização de análises de correlação entre as categorias do terapeuta e cliente (Teste
Spearman´s rho) através do pacote estatístico SPSS (Versão 14.0). A análise de correlação foi
36
conduzida a partir das freqüências totais das categorias do terapeuta, sem distinção para qual
cliente foi apresentada e, também, através das freqüências totais das categorias do cliente, sem
diferenciação dos participantes;
l) realização de análise seqüencial, mais precisamente lag sequential analysis (análise
sequencial de intervalo) com a utilização de ferramentas do The Observer XT 7.0. A análise
seqüencial representa um recurso metodológico que permite identificar padrões/regularidades
nas seqüências de interação entre dois ou mais indivíduos (ROSENFARB, 1992) e, então,
inferir relações de dependência entre eventos (HIGHLEN, 1986).
Para Lichetenberg e Heck (1986) o processo terapêutico pode ser entendido como uma
série ou seqüência de transições entre comportamentos do terapeuta e do cliente, com cada
comportamento de um dos membros da díade sendo determinado em um ponto do tempo, por
comportamentos que o precederam. Dada a possibilidade de que a seqüência de transições
ocorram com certa regularidade, a probabilidade de um evento seguir outro evento pode
então, ser determinada (BAKERMAN; GOTTMAN, 1997).
Wampold e Kim (1989) afirmam que a análise seqüencial pode ser usada para
determinar se um comportamento de um participante em uma interação, ocorre em seqüência
a outro comportamento do mesmo ou de outro participante, com probabilidade maior ou
menor do que seria esperado ao acaso, sendo ao acaso entendido como em qualquer momento
da interação. A lag analysis corresponde a um método de análise seqüencial desenvolvido
com o objetivo de permitir a observação de padrões mais complexos e temporalmente
distantes entre eventos (HIGHLEN, 1986).
Para que uma lag analysis seja realizada, Lichetenberg e Heck (1986) recomendam a
realização dos seguintes procedimentos: cálculo de freqüência absoluta, probabilidade
incondicional e probabilidade condicional. A título de ilustração, apresenta-se a seguir um
exemplo de análise seqüencial semelhante ao fornecido por Lichetenberg e Heck (1986).
Dada uma seqüência de eventos ABBACCABBAAABABC, observamos a ocorrência
de 16 eventos diferenciados entre A, B e C sendo que a freqüência absoluta de A é sete, B seis
e C três. A probabilidade incondicional de A, isto é, a probabilidade de apresentação desse
evento considerando a totalidade dos eventos apresentados é calculada por:
p(A)= freqüência absoluta de A / freqüência total de eventos
Portanto, p(A) = 7 / 16 = 0,44. A probabilidade incondicional de B é representada por
p(B) = 6 / 16 = 0,37 e a de C representada por p(C) = 3 / 16 = 0,19. Constata-se então, que o
37
evento A apresenta a maior probabilidade incondicional, ou seja, é o evento com maior
probabilidade de ocorrência considerando a totalidade dos eventos apresentados, seguida por
B e, por fim, C.
Em razão de A apresentar a maior freqüência absoluta, é então selecionada como
evento critério para o cálculo de probabilidade condicional de todos os eventos (A, B e C). A
probabilidade condicional de A, tendo A como evento critério, é obtida por:
p(A/A) =freqüência com que A ocorreu após A / freqüência absoluta de A
A probabilidade condicional de A dado o evento critério A, ou seja, de A ocorrer após a
apresentação de A, é obtida por p(A/A) = 2 / 7 = 0,28. A probabilidade condicional de B
ocorrer após a apresentação de A é calculada através da expressão p(B/A) = 3 / 7 = 0,43. A
probabilidade condicional de C dado A é p(C/A) = 1 / 7= 0,14. As comparações entre as
probabilidades condicional e incondicional de cada evento, a partir do evento critério A,
indicam que somente para B, a probabilidade condicional é maior do que a incondicional.
Esse resultado sugere que a chance de B ocorrer após a apresentação de A, é maior do que a
chance de B ocorrer em qualquer momento da interação e que a apresentação de A aumenta a
probabilidade de apresentação de B.
Para a análise de uma sequência que considere não só eventos antecedentes e
subsequentes imediatos Lichetenberg e Heck (1986) propõem a seleção de uma categoria
como critério - comumente a categoria com maior freqüência absoluta, e as demais definidas
como categorias alvo. O exemplo apresentado anteriormente representa um nível de análise
“lag + 1”, pois examinou as ocorrências das categorias alvos A, B e C como eventos imediatos
a partir do evento critério A. Contudo, outros níveis de análise temporalmente distantes podem
ser realizados tais como, “lag + 2”, “lag + 3”, “lag + 4” e assim sucessivamente até atingir a
seqüência de eventos de interesse do pesquisador.
Após a seleção das categorias critério e alvos, calculam-se a freqüência absoluta,
seguida da probabilidade incondicional de cada evento e a freqüência absoluta com que cada
evento seguiu o evento critério como “lag + 1”, “lag + 2”, “lag + 3” etc. Em seguida, as
probabilidades condicionais de cada evento como “lag + 1”, “lag + 2”, “lag + 3”, etc. são
calculadas, dividindo a freqüência absoluta com que cada evento seguiu o evento critério
como lag n, pelo número de vezes que o evento critério serviu como critério para um lag de
nível n. Segue abaixo uma tabela como exemplo de análises distais de três níveis “lag + 1”,
38
“lag + 2”e “lag + 3”. A sigla “FA” significa freqüência absoluta, “PI” probabilidade
incondicional e “PC” probabilidade condicional.
Tabela 3. Análise seqüencial de três níveis lag + 1, lag + 2 e lag + 3 tendo como evento critério, o
evento A
Evento
critério A
Lag + 1 Lag + 2 Lag + 3
FA Evento FA
como
lag +1
PI PC Evento FA
como
Lag+2
PI PC Evento FA
como
lag+
3
PI PC
A 1 0,19 0,07
A 8 0,19 0,57
A 2 0,19 0,14
B 7 0,4 0,5
B 4 0,4 0,28 B 5 0,4 0,36
14
C 6 0,4 0,43 C 2 0,4 0,14
C 7 0,4
0,5
Verifica-se que dada uma seqüência de eventos A, B e C, A é selecionado como evento
critério por apresentar a maior freqüência absoluta (FA de A é 14). Dado o evento critério A,
nota-se que B apresenta a maior freqüência absoluta como lag + 1; A apresenta a maior
freqüência absoluta como lag + 2 e C apresenta a maior freqüência absoluta como lag + 3.
Na tabela apresentam-se a probabilidade incondicional (PI) de A, B e C e a probabilidade
condicional (PC) de cada evento como lag + 1, lag + 2 e lag + 3. A fórmula a seguir é usada
para o cálculo da probabilidade condicional, tendo como exemplo, a probabilidade
condicional de B como lag + 1, dado o evento critério A:
p(B/A) = freqüência absoluta com que B ocorre como lag+1 / freqüência absoluta de A
Na tabela apresentada, as probabilidades condicionais de todos os eventos dado A
como evento critério, estão na coluna PC. A penúltima etapa consiste em examinar se a
probabilidade condicional de todos os eventos diferem da probabilidade incondicional. No
exemplo apresentado nota-se que as probabilidades condicionais de B como lag + 1, A como
lag + 2 e C como lag + 3 são maiores que as suas probabilidades incondicionais, indicando
que essa seqüência de eventos apresenta certa regularidade, ou seja, que após a ocorrência de
A (evento critério) é mais provável a ocorrência de B (lag + 1), A (lag + 2) e C (lag + 3) nessa
mesma ordem.
Por fim, as diferenças entre probabilidade condicional e incondicional podem ser
submetidas a testes estatísticos (LICHETENBERG; HECK, 1986). Espera-se que a
39
probabilidade condicional seja significativamente maior ou menor que a incondicional, o que
significaria que a probabilidade do terapeuta ou do cliente apresentar determinado
comportamento após a ocorrência de outro evento é maior ou menor do que a probabilidade
que esse comportamento ocorra em qualquer momento da interação (WAMPOLD; KIM,
1989). Conclui-se, dessa forma, que tal padrão é estável no decorrer da interação observada e
que determinados eventos aumentam ou diminuem a probabilidade da ocorrência de outros
eventos.
Nesse estudo, a análise seqüencial foi realizada com os dados das sessões 6, 10 e 13 e
a partir da seleção das três categorias mais freqüentes do terapeuta Aprovação, Recomendação
e Solicitação de relato, definidas como categorias critério. A partir das categorias critério
foram realizadas análises em quatro níveis “evento antecedente (lag - 1)”, “evento
subseqüente 1 (lag + 1)”, “evento subseqüente 2 (lag + 2)” e “evento subseqüente 3 (lag + 3)”.
Foram incluídas nas tabelas de resultados as categorias que apresentaram maior diferença
entre a probabilidade condicional e a probabilidade incondicional. Quando observado que a
probabilidade incondicional era maior que a condicional em relação a todos os eventos
envolvidos, então nenhuma categoria foi incluída na seqüência. As análises seqüenciais foram
conduzidas para a verificação dos efeitos excitatórios entre as categorias - categorias que
aumentam a probabilidade de apresentação de outras categorias - e não inibitórios
(LICHETENBERG; HECK, 1986), isto é, os dados foram organizados em termos de eventos
comportamentais com maiores probabilidades de antecederem ou sucederem os eventos
critérios, já os eventos com menores probabilidades, estes não foram incluídos na análise. Os
resultados foram organizados em tabelas.
2.4 Procedimentos éticos
De forma a atender princípios éticos, foi firmado um Termo de Consentimento Pós-
Informação com as cuidadoras participantes do estudo (Anexo B) onde constava dos objetivos
da pesquisa, autorização para filmagens, garantia de anonimato e permissão para que
desistissem em participar em qualquer momento, sem quaisquer prejuízos. A terapeuta
também assinou um Termo de Consentimento Pós-Informação (Anexo C), que autorizava a
utilização das filmagens das sessões e realização de pesquisas. O projeto de pesquisa foi
aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Ciências da Unesp – Campus Bauru em 21 de
fevereiro de 2007 na 14ª Reunião Ordinária.
40
2.5 Procedimentos e resultados da intervenção
Para a avaliação do programa de intervenção foi utilizado um delineamento que
utilizou o participante como o seu próprio controle, através de comparações entre avaliações
controle, pré-teste e pós-teste. As avaliações controle, pré-teste e pós-teste foram realizadas
com intervalos de três meses. Na avaliação de pré-teste foram realizadas entrevistas
individuais e aplicação de diferentes instrumentos, já no controle e no pós-teste, somente
foram aplicados os instrumentos.
Os dados das entrevistas individuais e resultados dos instrumentos da fase pré-teste
foram organizados em estudos de caso, no qual constavam da conceituação comportamental
em relação às queixas apresentadas e, objetivos individuais a serem atingidos com cada
cliente, ainda que a intervenção viesse a ocorrer em grupo (BOLSONI; CARRARA;
MARTURANO, 2008). A seguir, são apresentadas algumas das informações contidas nos
estudos de caso, referentes às queixas descritas e objetivos diferenciados estabelecidos para
cada cliente (BOLSONI-SILVA; SILVEIRA; RIBEIRO, 2008).
A participante S descreveu seu filho de seis anos como tranqüilo e carinhoso, de fácil
convívio, porém quando presencia a irmã desobedecer e responder, logo começa a imitar os
seus comportamentos. A cliente relatou que nessas situações consegue controlar os filhos
através de gritos e ameaças. Foram estabelecidos como objetivos para essa cliente, a
ampliação das habilidades de comunicação, de expressão de sentimentos e enfrentamento e de
estabelecer limites.
A participante M apresentou como queixa o fato do filho de cinco anos ser agressivo,
bater e xingar os familiares, colegas da creche e professores e também sua desobediência em
relação às regras e limites. A cliente, apesar de não ter um diagnóstico formal, acredita que
seu filho tenha retardo mental. Foram propostos os seguintes objetivos para essa cliente:
desenvolver repertórios de comunicação, desenvolver repertórios de expressividade; aumentar
a freqüência de interações positivas e agradáveis com o filho; modelar repertório de
observação de comportamentos socialmente habilidosos do filho e como reforçá-los; e
desenvolver repertório de estabelecer limites.
A participante E não era a responsável legal da neta de cinco anos, mas assumiu o
cuidado da menina. Queixa apresentada: a cliente relatou que sua neta xingava as crianças de
sua convivência (irmãos, vizinhos e colegas da creche). Relatou que ora a criança lhe obedece
ora não, pois sempre quer as coisas do seu jeito, é muito “autoritária”. Foram estabelecidos
41
como objetivos: aprimorar o repertório de expressividade; aprimorar repertório de
comunicação e desenvolver repertório de estabelecer limites.
A intervenção utilizou como referencial teórico a Análise do Comportamento e do
instrumental dessa derivada, quais sejam, o Treinamento em Habilidades Sociais (THS), o
modelo colaborativo de intervenção (WEBSTER-STRATTON; HERBERT, 1993) e o modelo
construcional de intervenção de Goldiamond (2002). O enfoque do modelo construcional está
na ampliação do repertório comportamental do cliente, a partir do desenvolvimento ou
fortalecimento de comportamentos alternativos com funções equivalentes aos padrões que
tem trazido problemas, ao invés da supressão de comportamentos (GOLDIAMOND, 2002).
Foram realizadas 14 sessões em grupo, duas vezes por semana, com duas horas de
duração. Nas sessões analisadas foram abordadas as seguintes habilidades sociais educativas
parentais: como expressar e ouvir opiniões (sessão 5), conhecer as diferenças entre
comportamento habilidoso, não habilidoso ativo e não habilidoso passivo (sessão 6),
estabelecer limites: consistência na forma como pais e mães interagem com o filho (sessão
10), estabelecer limites: solicitar mudança de comportamento, estabelecer regras e negociar
(sessão 13) e tema livre: sexualidade infantil (sessão 14).
As sessões foram estruturadas, de forma geral, em: 1) tarefa de casa: investigação da
tarefa de casa da sessão anterior e acontecimentos da semana, identificação de déficits,
excessos e reservas comportamentais
2
e ampliação de repertórios, através de modelagem,
modelação, instruções, entre outros; 2) exposição teórica dialogada: realização de uma
exposição dialogada a respeito do tema da sessão utilizando uma cartilha informativa
(BOLSONI-SILVA; SILVEIRA; MARTURANO, 2006) entregue aos participantes com
informações teóricas sobre habilidades sociais educativas parentais; 3) treino de repertórios
relacionados ao tema: treinamento de novos repertórios por meio de atividades de discussão e
principalmente role playing, técnica referendada pela literatura para a instalação de novos
repertórios (WEBSTER-STRATTON; HERBERT, 1993); 4) distribuição da tarefa de casa
(referente ao comportamento trabalhado em sessão) e 5) avaliação da sessão: realização de
avaliação dos procedimentos utilizados em sessão, por meio de questões feitas pelo terapeuta.
Cabe destacar, que a realização de avaliação funcional, entendida enquanto instrumento de
análise e intervenção que possibilita a investigação de relações entre eventos ambientais e
comportamentais (MEYER, 2003), ocorre em todas as etapas anteriormente descritas.
2
Déficits comportamentais são definidos por comportamentos que deixam de ocorrer com freqüência,
intensidade e sob condições apropriadas; excessos comportamentais correspondem aos comportamentos que
ocorrem com freqüência, intensidade e sob condições indesejadas e reservas comportamentais, são
comportamentos não problemáticos (KANFER; SASLOW, 1976).
42
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Esta seção é composta por duas partes, apresentam-se inicialmente os dados obtidos
com a participante “terapeuta” (Parte I) e, posteriormente, os resultados obtidos com “S”, “M”
e “E” (Parte II). Na primeira parte, apresentam-se os dados de ocorrência e duração das
categorias do terapeuta e a freqüência das subcategorias das categorias do terapeuta
Aprovação e Recomendação. Em seguida, são expostos os resultados de percentuais de
ocorrência das categorias do terapeuta nas etapas da sessão. Na seqüência, apresentam-se os
dados de análises de correlação, análises seqüenciais e o percentual de ocorrência e duração
das verbalizações da terapeuta dirigidas a cada cliente. Por fim, o percentual de ocorrência de
cada categoria da terapeuta dirigida aos clientes.
Na Parte II dessa seção, apresentam-se os resultados dos percentuais de ocorrência e
duração das verbalizações das participantes “S”, “M” e “E” e os dados comparativos de
freqüência das categorias do cliente propostas por Zamignani (2006) e das novas categorias
do cliente no papel de co-terapeuta (cliente-T). Na seqüência, são apresentados os dados das
participantes “S”, “M” e “E” referentes aos percentuais de ocorrência e duração das
categorias do cliente (ZAMIGNANI, 2006), o percentual de ocorrência das categorias
cliente-T e também os percentuais de ocorrência das categorias do cliente nas etapas da
sessão (tarefa de casa, exposição teórica e treino). Ao término dos dados de cada cliente, tem-
se uma síntese dos resultados descritos.
43
Categoria do terapeuta
Rep
r
ov
ão
Aprovaç
ã
o
Interpretação
Rec
ome
ndação
Solic
i
tação reflexão
Informação
Empati
a
Solicitação relato
Porcentagem
100
80
60
40
20
0
Dur aç ão
Frequência
Figura 1. Percentual de ocorrência e duração das categorias da terapeuta no total das sessões
analisadas e em relação às verbalizações da mesma participante
De acordo com a Figura 1, as categorias Aprovação (37,9%), Recomendação (19,2%)
e Solicitação de relato (10,9%) correspondem aos maiores percentuais de ocorrência. As
categorias Reprovação (1,1%) e Empatia (5,9%) correspondem aos menores percentuais de
ocorrência no total das cinco sessões analisadas.
Com relação ao percentual de duração, nota-se que Informação (39,4%),
Recomendação (17,7%) e Interpretação (14,4%) são as categorias que se destacam. Observa-
se que Reprovação (1,2%) seguida por Empatia (2,9%), representam as categorias de menor
duração.
Os dados referentes à ocorrência e duração das categorias do terapeuta permitem
algumas comparações. A categoria Recomendação atinge alta freqüência e duração,
diferentemente de Informação e Interpretação, que apesar de não atingirem altas freqüências,
ocupam percentual expressivo do tempo no total das sessões analisadas. A categoria
Aprovação, por sua vez, atinge alta freqüência, mas situa-se como quarta maior em duração.
Considerando ambas as medidas, freqüência e duração, constata-se o predomínio de
cinco das oito categorias analisadas, quais sejam, Aprovação, Informação, Solicitação de
relato, Recomendação e Interpretação. A inclusão da medida de duração representa, portanto,
um recurso importante para análise de sessões terapêuticas, que revela resultados que
complementam os dados de freqüência (SCHAFFER, 1982; ZAMIGNANI, 2007).
44
Os resultados expressos na Figura 1, assim como nas demais ilustrações e tabelas, são
analisados à luz da literatura exposta na primeira seção desse estudo, isto é, comparam-se os
dados obtidos, ao conhecimento produzido em relação aos determinantes e efeitos dos
comportamentos do terapeuta e cliente, ainda que esses últimos representem investigações
realizadas no âmbito das intervenções individuais. Tal opção de análise justifica-se dadas as
semelhanças existentes entre as categorias do terapeuta e cliente que se destacaram, e os
resultados das pesquisas ora citadas, bem como, em função da impossibilidade de
comparações com estudos de intervenção de grupo devido à escassez dos mesmos, o que
confere, portanto, originalidade ao trabalho.
O percentual elevado de ocorrência de Aprovação (37%) tem respaldo na literatura
(BORREGO; URQUIZA, 1998; FOLLETE; NAUGLE; CALLANGHAN, 1996), que
considera o reforço social disposto pelo terapeuta, como o fator primordial para produção de
mudanças. A alta freqüência de Aprovação somada a baixa freqüência e duração de
Reprovação, além de indicar uma preocupação da terapeuta em representar uma audiência não
punitiva (BRAGA; VANDERBERGHE, 2006), remete a possível utilização do procedimento
de reforçamento diferencial aplicado à propriedade da resposta (CATANIA, 1999), como
forma de enfraquecer ou fortalecer a ocorrência de certos comportamentos (BORREGO;
URQUIZA, 1998). Outros fatores que podem ter determinado a alta ocorrência de Aprovação,
dizem respeito ao modelo colaborativo de intervenção (WEBSTER-STRATTON;
HERBERT, 1993) que recomenda a valorização das alternativas propostas pelos pais para as
dificuldades apresentadas e, do modelo construcional de intervenção (GOLDIAMOND,
2002), que pressupõe a ampliação do repertório a partir do fortalecimento das reservas
comportamentais (KANFER; SASLOW, 1976), o que pode ter levado a terapeuta a sinalizar
tais ocorrências durante todo o processo.
Similar à pesquisa de Keijsers, Schaap e Hoogduin (2000), neste estudo foi
constatado que a terapeuta participou ativamente através de Informação, Recomendação e
Interpretação, categorias que suscitam diferentes posicionamentos a respeito de suas
contribuições ao processo terapêutico (HARWOOD; EYBERG, 2004; ORLINSKY;
GRAWE; PARKS, 1994). Lembrando que a intervenção realizada produziu resultados
desejáveis, a ocorrência elevada e constante de Recomendação no decorrer das sessões
analisadas, contradiz a posição de Alexander et al. (1976) e Keijsers et al. (1995), que
estabeleceram associações entre a presença dessa categoria e prejuízos para o início da
intervenção. A ocorrência expressiva de Recomendação pode ser explicada através das
características do próprio programa de intervenção (BOLSONI-SILVA; SILVEIRA;
45
RIBEIRO, 2008), isto é, dos procedimentos e temáticas planejados para cada sessão. Para
cada uma das quatorze sessões, o planejamento explicitava as atividades a serem
desenvolvidas e as habilidades sociais educativas a serem trabalhadas, cujas unidades
comportamentais, representavam pré-requisitos para habilidades a serem abordadas em
sessões posteriores.
Segundo Meyer e Donadone (2002) os terapeutas ao orientarem os seus clientes,
fornecem regras, que podem ou não ser seguidas. De acordo com Meyer (2004) um excesso
de orientação, durante o processo terapêutico, dificultaria a aquisição de repertório por parte
do cliente, que o conduzisse ao autocontrole e autonomia. Frente a essas considerações e a
todos os achados teóricos e experimentais consistentes, referentes ao comportamento
governado por regras ou comportamento governado verbalmente (CATANIA, 1999), cuja
discussão não cabe ao escopo desse trabalho, tem-se por hipótese, a partir da Figura 1, de que
ambos os procedimentos, orientação (Recomendação) e modelagem por aproximações
sucessivas - devido à alta freqüência de Aprovação e baixa freqüência de Reprovação - foram
empregados com igual ou similar freqüência, igualando, portanto, as vantagens e
desvantagens de cada um.
A inserção de medida de duração revelou a expressiva presença de Interpretação na
intervenção de grupo analisada, resultado que vem a corroborar com outros estudos
(ORLINSKY; GRAWE; PARKS, 1994; ZAMIGNANI, 2007).
A alta freqüência da categoria Solicitação de relato no decorrer do processo
terapêutico resulta em posição discordante ao estudo de Harwood e Eyberg (2004), que a
consideram como variável preditiva de abandono. Entretanto, tal como salientou Harwood e
Eyberg (2004), o prejuízo para o processo terapêutico, estaria na alta freqüência de questões
fechadas em relação às abertas, diferenciação não avaliada nesse estudo. A alta freqüência de
Solicitação de relato pôde gerar esclarecimentos a respeito das contingências em operação na
vida das clientes e a exposição de experiências difíceis ou de sucesso entre os participantes
do grupo. Notou-se também superioridade de ocorrência da subcategoria “solicitação de
informação sobre fatos” em detrimento de “solicitação de relato de sentimentos”, o que
também pode ter contribuído para baixa freqüência da categoria Empatia.
A apresentação inexpressiva de Empatia traz indícios de pouca preocupação da
terapeuta em refletir sobre sentimentos, expressar compreensão em relação às condições
vivenciadas pelas participantes ou criar uma esfera afetiva (KAZDIN; WITLEY, 2006),
resultado que diverge de outros estudos (BARBERA; WALDRON, 1994). Contudo, outros
pesquisadores advogam a utilização parcimoniosa de Empatia, para evitar valorizar em
46
demasia as queixas trazidas (HARWOOD, 2003), gerar abandono (HARWOOD; EYBERG,
2004) ou reduzir as ocorrências de Orientação e Interpretação (PATTERSON;
CHAMBERLAIN, 1994).
A expressiva duração de Informação pode representar um diferencial do programa de
intervenção de grupo analisado, em relação aos estudos que abordam intervenções
individuais, especialmente por conter uma etapa específica da sessão para exposição
dialogada de aspectos teóricos.
A seguir, são apresentados os resultados de freqüência das subcategorias das
categorias do terapeuta mais freqüentes em todas as sessões analisadas: Aprovação (Figura 2)
e Recomendação (Figura 3).
Sessão
sessão 14
sessão 13
sessão 10
sessão 6
sessão 5
Frequência
260
240
220
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
exclamões
sentimento positivo
concordância
ganhos terapêuticos
elogio
Figura 2. Freqüência da categoria do terapeuta Aprovação e de suas subcategorias
(exclamações de aprovação, sentimento positivo, concordância, ganhos terapêuticos e elogio)
no decorrer das sessões
Através da Figura 2, nota-se que a freqüência da categoria Aprovação permanece
semelhante entre as sessões 5 e 6, com um aumento na sessão 10. O aumento na freqüência
da categoria Aprovação a partir da décima sessão possivelmente está relacionada ao
engajamento das clientes nessa fase do processo terapêutico e/ou às descrições de alterações
na interação com os filhos, no sentido proposto pela intervenção.
Nota-se que a subcategoria “concordância” ocorre com freqüência maior em relação
às demais, seguida por “elogio”. As subcategorias “exclamações de aprovação” e “descrição
47
de ganhos terapêuticos” são apresentadas com freqüência abaixo de 10%. A subcategoria
“descrição de sentimentos positivos” ocorre unicamente na sessão 14, com freqüência abaixo
de 5%.
A prevalência de “concordância” e “elogio”, apesar de incluírem, de acordo com o
previsto na definição da categoria aprovação, descrições de comportamento e conseqüências
que receberam avaliações favoráveis do terapeuta (ZAMIGNANI, 2006), pode sinalizar uma
baixa variabilidade no repertório da terapeuta quanto à Aprovação. Contudo, tais
subcategorias também podem ser entendidas como estímulos potencialmente efetivos como
reforçadores, de acordo com as características da população atendida (BORREGO;
URQUIZA, 1998), o que poderia justificar sua alta ocorrência.
A Figura 3 mostra a freqüência da categoria Recomendação e de suas subcategorias
no decorrer das sessões. Salienta-se que para a freqüência total da categoria Recomendação
também foram consideradas as ocorrências das novas subcategorias identificadas (Tabela 1).
Sessão
sessão 14
sessão 13
sessão 10
sessão 6
sessão 5
Frequência
160
150
140
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
A UTORIZA ÇÃ O
ESTRUTURA ÇÃ O
MODELO
CONSELHO
solic. reprovação
solic. aprovação
solic. recomendação
Figura 3. Freqüência da categoria da terapeuta Recomendação e de suas subcategorias
(autorização, estruturação, modelo, conselho, solicitação de reprovação, solicitação de
aprovação e solicitação de recomendação) no decorrer das sessões
A partir da Figura 3 observa-se que a freqüência da categoria Recomendação se
mantém constante, com exceção da sessão 13 em que há aumento. A décima terceira sessão
corresponde à penúltima sessão do processo terapêutico, o que justifica a alta freqüência de
Recomendação, dada à ênfase da terapeuta em garantir a apresentação de orientações finais e
a restrito do tempo para procedimento de modelagem (ZAMIGNANI, 2007).
48
As subcategorias “solicitação de recomendação”, “solicitação de aprovação” e
“solicitação de reprovação” referem-se às novas subcategorias do terapeuta identificadas, já o
restante, faz parte do sistema proposto por Zamignani (2006). Verifica-se um aumento na
freqüência da subcategoria “solicitação de recomendação” no decorrer das sessões,
sinalizando a iniciativa da terapeuta de gradualmente compartilhar com os clientes, a
responsabilidade por fornecer instruções e modelos a serem seguidos.
Constata-se a prevalência de “estruturação de atividade” e “conselho”,
principalmente, na décima terceira sessão. A subcategoria “estruturação de atividade”
consiste de verbalizações do terapeuta, nas quais solicita o engajamento do cliente em
atividades, exercício, técnicas durante ou após a sessão. A apresentação de “estruturação de
atividade” pode ser justificada por aspectos do planejamento, tais como, diferentes temas a
serem abordados e etapas previstas para cada sessão (BOLSONI-SILVA; SILVEIRA;
RIBEIRO, 2008), assim como, pela presença de três clientes cuja freqüência de verbalizações
foi alta.
A subcategoria “Conselho” consiste em verbalizações do terapeuta que especificam
ações a serem emitidas pelo cliente, dentro ou fora da sessão. A alta ocorrência de
“Conselho” ao final do processo terapêutico, possivelmente traduz uma retomada de
orientações anteriormente apresentadas ou apresentação de novas instruções essenciais para
as alterações pretendidas (ZAMIGNANI, 2007).
A Figura 4 ilustra a ocorrência das categorias da terapeuta nas etapas da sessão.
Categoria
REPAPRINTRECSRFINFEMPSRE
Porcentagem
100
80
60
40
20
0
Tarefa de casa
Exposição teórica
Treino
Figura 4. Percentual de ocorrência das categorias da terapeuta nas três etapas da sessão: tarefa
de casa, exposição teórica e treino
49
Com relação à Figura 4, observa-se que as categorias Solicitação de relato (SRE),
Empatia (EMP), Recomendação (REC), Interpretação (INT) e Aprovação (APR) ocorrem
com freqüência superior (acima de 55%) na etapa “tarefa de casa”, seguida por “exposição
teórica” e “treino”. Na etapa “tarefa de casa” investiga-se a realização da tarefa de casa da
sessão anterior e acontecimentos da semana; na “exposição teórica” ocorre uma exposição
dialogada a respeito da habilidade social educativa parental tema central da sessão e, na etapa
“treino”, ocorre o desenvolvimento de novos repertórios por meio de atividades de discussão e
principalmente role playing.
A categoria Informação (INF) ocorre com freqüência maior na etapa “exposição
teórica”, seguida por “tarefa de casa” e “treino”. A categoria Solicitação de reflexão (SRF)
ocorre com freqüências similares nas etapas “tarefa de casa” e “exposição teórica”, já
Reprovação (REP) ocorre com maior freqüência na etapa “tarefa de casa” seguida por
“treino” e por fim “exposição teórica”.
A alta freqüência de Solicitação de Reflexão (SRF) na etapa “exposição teórica” vem
novamente referendar o modelo colaborativo de intervenção (WEBSTER-STRATTON;
HERBERT, 1993) e a preocupação em envolver o grupo (KERBAUY, 2008) mesmo nos
momentos de apresentação de teoria.
A relevância atribuída ao contexto de apresentação das categorias do terapeuta
(HARWOOD, 2003; ZAMIGNANI, 2007) resultou na inserção da variável “etapa da sessão”
na análise. Face aos resultados expressos na Figura 4, conclui-se que a variável de contexto
“etapa da sessão” parece não influenciar a apresentação das categorias do terapeuta, sendo
que todas são apresentadas nas três etapas e a maior parte delas com freqüência maior na
“tarefa de casa”.
Ressalta-se, que apesar do procedimento de intervenção estabelecer uma distribuição
equivalente do tempo da sessão entre as três etapas analisadas, observou-se durante a fase de
coleta de dados, que a terapeuta priorizou a “tarefa de casa”, isto é, utilizou a maior parte do
tempo da sessão para realização dessa etapa, sugerindo uma preocupação em abordar em
primazia às contingências que operam fora da sessão em comparação às presentes na sessão,
que são mais proeminentes no “treino”.
Em seqüência, são apresentadas as análises de correlação (Tabela 4). Os dados
completos das análises de correlação realizadas encontram-se em anexo (Anexo D).
50
Tabela 4. Análises de Correlação (Teste Sperman´s rho) entre categorias do terapeuta e categorias do
cliente
Correlação positiva
SOLICITAÇÃO DE RELATO
EMPATIA, Relato, Concordância, Solicitação
EMPATIA Concordância, Solicitação
INFORMAÇÃO INTERPRETAÇÃO, APROVAÇÃO, Melhora, Estabelece
relações
INTERPRETAÇÃO Melhora, Concordância,
APROVAÇÃO Relato, Melhora, Estabelece relações, Concordância
Relato Solicitação
Melhora Estabelece relações
Formula meta
C-Descreve comportamento
Concordância Solicitação
Correlação negativa
Formula meta
INFORMAÇÃO, Melhora, Estabelece relações
Em itálico, as categorias cliente-T. Em maiúsculo, as categorias do terapeuta. Em minúsculo, as categorias do cliente
propostas por Zamignani (2006). Correlações significativas ao nível de ,05 e ,01
Na Tabela 4 observam-se correlações positivas significativas entre as categorias do
terapeuta, tais como, entre SOLICITAÇÃO DE RELATO e EMPATIA
, INFORMAÇÃO e
INTERPRETAÇÃO e, INFORMAÇÃO e APROVAÇÃO. A correlação positiva entre
Solicitação de relato e Empatia sugere que a terapeuta ao investigar as contingências em
operação, também demonstra compreensão e aceitação das condições vivenciadas pelas
clientes. A correlação positiva entre Informação e Interpretação indica que as interpretações
são acompanhadas por explicações teóricas que as respaldem. Já a apresentação de teoria
(Informação) é acompanhada por aprovações, ou seja, por valorizações das contribuições
fornecidas pelo grupo.
Outras correlações positivas significativas são verificadas entre categorias do
terapeuta e categorias do cliente, como por exemplo, entre INFORMAÇÃO e Melhora;
INFORMAÇÃO e Estabelece relações, INTERPRETAÇÃO e Concordância; EMPATIA e
Concordância e EMPATIA e Solicitação. A categoria Informação chama a atenção, não
somente em função do percentual de duração com que foi apresentada, mas também quanto
as suas contribuições para o processo terapêutico, resultado que diverge de outros estudos
51
(KEIJSERS et al., 1995), pois quanto maior a sua probabilidade, maior será a probabilidade
de apresentação de Melhora e Estabelece relações por parte do cliente.
A correlação positiva entre Interpretação e Concordância vem a corroborar com
outros estudos que atestaram a importância dessa categoria para o processo terapêutico
(ORLINSKY; GRAWE; PARKS, 1994; PATTERSON; CHAMBERLAIN, 2004). As
correlações positivas entre Empatia e Concordância e entre Empatia e Solicitação indicam
que as demonstrações de contentamento em relação ao processo terapêutico e os pedidos de
esclarecimentos, asseguramento ou apresentação de demanda dos clientes, estão vinculados a
demonstrações de aceitação, compreensão e afetividade por parte da terapeuta.
Verificam-se, também, correlações positivas significativas entre categorias do cliente,
como por exemplo, entre Melhora e Estabelece relações e Formula meta e C-Descreve
comportamento. A importância de Estabelece relações para o processo terapêutico está em
conformidade com as propostas de Skinner (1978), para quem a identificação e descrição de
variáveis determinantes auxiliam no autoconhecimento e autocontrole.
A correlação entre Formula meta e C-Descreve comportamento indica que as
descrições dos comportamentos dos demais participantes (C-Descreve comportamento) estão
vinculadas a propostas de solução para as queixas específicas de cada cliente (Formula
metas), o que fortalece a hipótese de influência recíproca entre auxiliar nas discussões das
demandas de outrem e garantir mudanças para as próprias dificuldades.
Observam-se correlações negativas significativas entre categorias do cliente e do
terapeuta, como por exemplo, entre Formula meta e INFORMAÇÃO, sugerindo que quanto
maior a ocorrência de Informação, menor será a apresentação de Formula meta. Correlações
negativas são observadas também entre categorias do cliente, como entre Estabelece relações
e Formula meta, ambas importantes e desejáveis para o processo terapêutico.
Os resultados envolvendo a categoria do terapeuta Aprovação serão tratadas de forma
pormenorizada na descrição dos resultados das análises seqüenciais.
Pesquisas que realizaram análise de correlação conduziram-na de forma a investigar
relações entre categorias do terapeuta e resultados satisfatórios ou insatisfatórios de terapias
(ALEXANDER et al., 1976; KEIJSERS et al., 1995) e entre categorias do terapeuta e
término ou abandono da intervenção (HARWOOD; EYBERG, 2004; PIPER et al., 1998). As
análises aqui apresentadas representam um diferencial no sentido de investigar correlações
entre categorias do terapeuta e categorias do cliente.
Em continuidade, as Tabelas 5, 6 e 7 que demonstram os resultados das análises
seqüenciais.
53
A categoria Aprovação para o grupo na sessão 6 não foi incluída na análise dada à
baixa freqüência com que foi apresentada. Somente foram incluídos nas tabelas, os
comportamentos cujas probabilidades condicionais superaram as probabilidades
incondicionais, ou seja, com chances maiores de ocorrerem como eventos antecedentes ou
subseqüentes aos eventos critérios. Os dados de freqüência absoluta, probabilidades
condicionais e probabilidades incondicionais estão em anexo (Anexo E).
Constata-se que alguns dos resultados das análises seqüenciais vêm a corroborar com
as análises de correlação. As semelhanças entre as análises dizem respeito às relações entre
Aprovação e Informação; Aprovação e Relato; Concordância e Aprovação e, Estabelece
relação e Aprovação, ressaltando a validade das informações advindas de ambas as análises.
De acordo com a Tabela 5, tendo APROVAÇÃO PARA O GRUPO como evento
critério, constata-se que na sessão 10 é antecedida por APROVAÇÃO PARA S e sucedido
por nova APROVAÇÃO PARA M e E; já na sessão 13 é antecedida por CONCORDÂNCIA
PARA O GRUPO POR S e sucedido por INTERPRETAÇÃO PARA M e INFORMAÇÃO e
RECOMENDAÇÃO dirigidas ao grupo.
Comparações entre as análises seqüenciais das três sessões, tendo a categoria
APROVAÇÃO PARA S como evento critério, indicam que os eventos que a antecederam se
dirigem a própria cliente, entretanto, como eventos subseqüentes, têm-se categorias dirigidas
ao grupo como INFORMAÇÃO, RECOMENDAÇÃO e APROVAÇÃO PARA E, mas
também outra APROVAÇÃO PARA S. Também nota-se a presença de INTERPRETAÇÃO
A PEDIDO DA T POR S como evento antecedente, categoria cuja freqüência se destaca
entre as categorias cliente-T e CONCORDÂNCIA PARA T POR S como evento
subseqüente. Ressalta-se também o aumento nas repetidas apresentações de Aprovação para
S da sexta para décima terceira sessão.
Com relação à categoria APROVAÇÃO PARA M como critério, nota-se que nas três
sessões ocorre uma mudança nos eventos que a sucedem com maior probabilidade, de
SOLICITAÇÃO DE RELATO para SOLICITAÇÃO DE REFLEXÃO e por fim
INTERPRETAÇÃO, categorias estas que representam um aumento no grau de exigência e
diretividade da terapeuta. A categoria com maior probabilidade de anteceder Aprovação para
M, refere-se a Relato. Uma característica que diferencia os dados de M em relação às demais,
consiste no fato de que o evento critério é antecedido e sucedido por categorias da terapeuta
dirigidas a M ou por categorias apresentadas por M, ou seja, a terapeuta nesses momentos,
não incluiu outras clientes na interação.
54
Em relação ao evento critério APROVAÇÃO PARA E, observam-se categorias do
cliente que se destacaram, tais como, CONCORDÂNCIA PARA A T POR E como evento
subseqüente e ESTABELECE RELAÇÕES PARA A T POR E como evento antecedente.
Como eventos subseqüentes, verifica-se a presença de SOLICITAÇÃO DE REFLEXÃO
PARA O GRUPO, RECOMENDAÇÃO PARA O GRUPO, como tentativa da terapeuta de
inserir as demais clientes na interação e, de INTERPRETAÇÃO PARA E. Assim como para
S, também observa-separa E um aumento na seqüência de aprovações entre as três sessões.
O exame dos resultados envolvendo o evento critério Aprovação, independente do
participante a que se referiu (grupo, S, M e E), indica que a probabilidade de novas
aprovações como evento antecedente ou subseqüente é maior (dezessete aprovações) se
comparado aos outros eventos: Solicitação de relato (três apresentações, todas para M),
Interpretação (quatro apresentações, duas para M e duas para E), Recomendação (três para o
grupo), Informação (duas para o grupo) e Solicitação de reflexão (uma para M e uma para E)
e outras categorias dos participantes (oito apresentações).
56
De acordo com a Tabela 6, os eventos Recomendação para S na sexta sessão e
Recomendação para E na décima sessão, não foram incluídos na análise por apresentarem
baixa freqüência.
Nas sessões 6 e 13 o evento critério RECOMENDAÇÃO PARA GRUPO é
antecedido e sucedido pelos mesmos eventos: por INFORMAÇÃO PARA GRUPO como
antecedente e RECOMENDAÇÃO PARA O GRUPO como evento subseqüente. Na sessão
10 é sucedido por RECOMENDAÇÃO PARA O GRUPO e APROVAÇÃO PARA M e S.
Esses resultados demonstram que a terapeuta apresentou uma seqüência maior de
recomendações ao se dirigir ao grupo.
Sobre o evento critério RECOMENDAÇÃO PARA S, observa-se que na sessão 10,
ocorre diante de RECOMENDAÇÃO PARA S e é sucedido com maior probabilidade por
categorias importantes para o processo terapêutico, como MELHORA e ESTABELECE
RELAÇÕES, finalizando, com APROVAÇÃO PARA S. As ocorrências de Melhora e
Estabelece relações como eventos subseqüentes mais prováveis na décima sessão, podem ter
diminuído a probabilidade de apresentação de seguidas recomendações nas demais sessões.
Na sessão 13, o referido evento critério ocorre, mais provavelmente, diante de
APROVAÇÃO PARA S e é sucedido por SOLICITAÇÃO DE REFLEXÃO PARA
GRUPO, RECOMENDAÇÃO PARA S e APROVAÇÃO PARA S. Tal seqüência de
eventos, como mais provável na décima terceira sessão, sugere uma alteração durante o
processo terapêutico, de seguidas apresentações de recomendações, para recomendações
interpostas a aprovação e solicitação de reflexão.
O evento critério RECOMENDAÇÃO PARA M é antecedido na sexta sessão por
APROVAÇÃO PARA M e sucedido por CONCORDÂNCIA PARA A T POR M,
RECOMENDAÇÃO PARA M e RELATO PARA A T POR M. Destaca-se a alta
probabilidade de recomendação para M após uma aprovação e tendo como efeito, a
ocorrência de concordância por parte da cliente. A apresentação de aprovação anterior à
recomendação, pode ter aumentado a probabilidade de concordância, que por sua vez,
aumentou a probabilidade de nova recomendação.
Na sessão 10, RECOMENDAÇÃO PARA M é antecedido por APROVAÇÃO PARA
E e sucedido por CONCORDÂNCIA PARA A T POR E, APROVAÇÕES PARA M e S. Na
sessão 13, o evento RECOMENDAÇÃO PARA M é antecedido por EMPATIA PARA M e
sucedida por SOLICITAÇÃO DE REFLEXÃO PARA M e APROVAÇÃO PARA M.
Novamente na décima terceira sessão, observa-se que recomendações para M ocorrem com
57
maior probabilidade diante de eventos com potencial efeito reforçador, ou seja, empatia e
aprovação.
Com relação ao evento critério RECOMENDAÇÃO PARA E, verifica-se que na
sexta sessão é antecedido e sucedido por APROVAÇÃO PARA E. Na décima terceira sessão
é antecedido com maior probabilidade por CONCORDÂNCIA PARA T POR E e sucedido
por INTERPRETAÇÃO PARA E e RECOMENDAÇÃO PARA GRUPO. As apresentações
de aprovação entre recomendações na sexta sessão, podem ter contribuído para a ocorrência
de concordância na décima terceira sessão, que por sua vez, contribuiu para a ocorrência de
interpretação e recomendação.
Tendo em vista as afirmações de Keijsers e cols. (1995), referentes à importância de
se investigar sob quais condições as intervenções diretivas do terapeuta produzem resultados
positivos, ao invés de se limitar a fortalecer ou enfraquecer as hipóteses de efeitos negativos
dessas categorias, optou-se pela realização das análises seqüenciais. Os resultados das
análises seqüenciais demonstraram algumas regularidades nas interações estabelecidas, isto
é, as recomendações fornecidas pela terapeuta tiveram maior probabilidade de serem
antecedidas por aprovações e empatia, no caso de E e M desde a sexta sessão e, no caso no S,
na décima terceira sessão. Como eventos subseqüentes à recomendação, têm-se novas
recomendações, entretanto, estas são alternadas a aprovações, sinalizando que estas últimas
têm como potencial, minimizar o impacto aversivo de recomendação para o processo
terapêutico.
Os resultados das análises seqüenciais conduzidas tendo aprovação como critério,
mostraram que essa categoria foi antecedida por eventos diferenciados para as três clientes,
diante de relato ao se tratar de M, C-interpretação no caso de S e estabelece relações em se
tratando de E, indicando uma preocupação da terapeuta em apresentar conseqüências
contingentes aos avanços nas aquisições de repertório de cada cliente em específico. O
evento critério aprovação foi sucedido, com uma probabilidade maior, por solicitação de
reflexão, recomendação, interpretação e principalmente por novas aprovações, demonstrando
que além de atuar como estímulo reforçador, pode representar uma condição importante que
minimiza o impacto aversivo de outras categorias para o processo terapêutico. Apesar das
análises seqüenciais terem revelado regularidades nos padrões de interação entre terapeuta e
cliente, somente quando esse recurso é utilizado em delineamentos experimentais, fornece
com precisão, demonstrações de relações funcionais entre eventos (WAMPOLD; KIM,
1989), trazendo como grande contribuição para o presente estudo, indicativos de
funcionalidade.
59
Os resultados tendo SOLICITAÇÃO DE RELATO como evento critério mostram que
essa categoria é antecedida e sucedida com uma freqüência maior por RELATO e novas
SOLICITAÇÕES DE RELATO, com exceção da participante E nas sessões seis e dez, para
quem são apresentadas aprovações como evento antecedente e subseqüente.
A seguir, a Figura 5 mostra o percentual de verbalizações da terapeuta dirigido à S, M,
E e ao grupo.
Figura 5. Percentual de ocorrência e duração das verbalizações da terapeuta dirigidas ao grupo
e à S, M e E, no total das sessões analisadas e em relação às verbalizações da mesma
participante
A partir da Figura 5 observa-se que o maior percentual de ocorrência das verbalizações
da terapeuta, é dirigido a participante E, em seguida para o grupo, S e por fim, para M. Nota-
se também em relação ao percentual de duração, a prevalência de verbalizações dirigidas ao
grupo - quase a metade das verbalizações – seguidas para M, E e S.
As medidas de ocorrência e duração indicam que a terapeuta no decorrer do processo
terapêutico, ao se dirigir ao grupo, apresentou verbalizações mais longas comparadas às
demais clientes. As intervenções dirigidas a E são caracterizadas por verbalizações curtas,
porém mais freqüentes se comparado ao restante do grupo. As verbalizações que se referem à
M, atingem maior duração se comparadas às de S e E, entretanto, são menos freqüentes. As
intervenções da terapeuta dirigidas à S não se destacaram como mais freqüentes ou de longa
duração. Presume-se que a terapeuta se comportou de forma diferenciada no que tange a
freqüência e duração de suas verbalizações em relação às clientes, o que seria esperado, dado
Percentual de Ocorrência
29,1%
22,5%
24,1%
24,3%
E
M
S
grupo
Percentual de Duração
14,8%
24,8%
10,7%
49,7%
E
M
S
grupo
60
os objetivos individualizados a serem alcançados (BOLSONI-SILVA; SILVEIRA; RIBEIRO,
2008).
A Figura 6 apresenta o percentual de ocorrência das categorias do terapeuta dirigidas
aos clientes.
0
20
40
60
80
100
S
o
li
c
it
a
ç
ã
o
d
e
re
lato
Em
p
a
ti
a
I
nf
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Solicitação de reflexão
R
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e
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p
retaç
ã
o
Aprov
a
ção
Re
pro
v
a
ç
ã
o
C ategoria
Porcentagem
Grupo
M
E
S
Figura 6. Percentual de ocorrência das categorias da terapeuta dirigidas às clientes
individualmente (S, M e E) e ao grupo, em relação a freqüência total de apresentação de cada
categoria
Verifica-se, a partir da Figura 6, que a categoria Solicitação de relato ocorre com
freqüência maior em relação a M (46,5%), seguida por freqüências similares para S (24,5%)
e E (24%) e por fim, para o grupo (5%). A categoria Empatia ocorre com freqüências
similares dirigida à M (34,6%) e E (30,8%), seguida para S (22,3%) e grupo (12,3%).
A categoria Informação é apresentada com freqüência maior para o grupo (69%)
seguida para E (15,8%), M (7,9%) e S (7,3%). A categoria Solicitação de reflexão é
apresentada com maior percentual para o grupo (38,3%), seguida para M (28,6%), E (16,8%)
e S (16,3%).
A categoria Recomendação atinge maior percentual de ocorrência em relação ao
grupo (53,1%), em seguida para M (21,6%), e por fim, com freqüências similares entre S
(13,3%) e E (12%). Interpretação atinge percentual semelhante de apresentação direcionada
à E (37,5%) e M (35,9%), em seguida para S (24,1%) e grupo (2,5%).
61
A categoria Aprovação é apresentada com freqüência maior dirigida a E (40,2%), em
seguida para S (32,4%), M (23,4%) e grupo (4%). Por fim, Reprovação ocorre com
percentuais semelhantes direcionadas à S (35%) e E (33%), em seguida para M (20%) e
grupo (12%).
Observa-se a partir da Figura 6 que as categorias Informação, Solicitação de reflexão
e Recomendação são apresentadas com uma freqüência maior para o grupo. As categorias
Solicitação de relato e Empatia ocorrem com freqüência maior dirigidas à M. A categoria
Aprovação é apresentada com freqüência maior em relação a participante E. Interpretação é
apresentada com percentual similar entre M e E, já Reprovação é apresentada com
percentual similar entre S e E.
As diferenças de percentual das categorias direcionadas ao grupo ou às clientes
individualmente podem ser explicadas a partir das hipóteses quanto à eficácia das mesmas
para o processo terapêutico. Com relação à Aprovação, o efeito pretendido consiste no
aumento da freqüência dos comportamentos de interesse - para tanto, são indispensáveis
descrições de comportamentos e conseqüências - o que seria dificultado caso não fosse
apresentado aos clientes individualmente. A mesma explicação pode ser igualmente utilizada
para Interpretação, que consiste na descrição de relações entre eventos e para Empatia que
representa reflexão de sentimentos, demonstração de aceitação, afeto.
As apresentações de Informação, Solicitação de reflexão e Recomendação e dirigidas
ao grupo podem reduzir os efeitos aversivos associados às categorias diretivas (BISCHOFF;
TRACEY, 1995).
A apresentação de Informação ao grupo, representa um aproveitamento do tempo da
sessão para exposição de teoria, que incluam aspectos compartilhados por todas as
participantes. Já Solicitação de reflexão para o grupo, pode representar a preocupação da
terapeuta de garantir o envolvimento e participação das clientes como co-terapeutas, somado
ao fato de reduzir possíveis efeitos aversivos gerados por indagações sobre as variáveis que
mantém os problemas (KEIJSERS; SCHAAP; HOOGDUIN, 2000).
Sobre a alta freqüência de Recomendação dirigida ao grupo, supõe-se que este seja
um dos fatores que expliquem os relevantes resultados alcançados com a intervenção. A
terapeuta ao apresentar recomendações ao grupo e não às clientes individualmente, pode ter
minimizado os efeitos aversivos presentes nessa categoria, tão salientados na literatura
(ORLINKY; GRAWE; PARKS, 1994; PATTERSON; FORGATCH, 1985). Tal explicação
encontra sustentação nos resultados obtidos por Barbera e Waldron (1994), que encontraram
correlações positivas entre Ensinar (orientar) e a categoria do cliente cooperação, resultado
62
contrário ao esperado. Os autores justificaram o resultado, a partir da constatação de que o
terapeuta ao ensinar (orientar), se dirigia a família como um todo (adolescente infrator e
pais), ou seja, ao grupo de clientes e não a um membro em específico, reduzindo, portanto, as
propriedades aversivas e gerando cooperação.
As hipóteses sobre as diferenças de percentual de ocorrência das categorias
direcionadas a cada cliente, serão apresentadas na síntese dos dados de cada cliente.
Em continuidade a seção, apresenta-se a seguir, os dados dos clientes (Parte II),
iniciando com a Figura 7 que mostra os percentuais de ocorrência e duração das
verbalizações de S, M e E.
63
Figura 7. Percentual de ocorrência e duração das verbalizações de S, M e E no total das
sessões analisadas e em relação ao total de verbalizações dos participantes “clientes”
Através da Figura 7, constata-se que a participante E apresenta o maior percentual de
ocorrência de verbalizações dos clientes seguido por S e, por fim, M. Verifica-se também,
que a participante S apresenta o maior percentual de duração das verbalizações dos clientes,
seguido por E e M. Os resultados expressos na Figura 7, demonstram que apesar da terapeuta
ter interagido menos com S, pois não houve um destaque na freqüência das categorias da
terapeuta dirigidas à mesma (Figura 6), tal cliente respondeu prontamente às solicitações da
terapeuta dirigidas ao grupo.
É provável que as participações de S, durante o processo terapêutico, tenham sido
caracterizadas por verbalizações de longa duração, já as de E, foram marcadas por
verbalizações mais pontuais, porém mais freqüentes. A participante M, por sua vez,
apresentou o menor percentual de verbalizações.
A seguir são apresentados os dados de freqüência das categorias propostas por
Zamignani (2006) e das categorias cliente-T no total das verbalizações das clientes (Figura
8).
Percentual de Ocorrência
41,4%
28,1%
30,5%
E
M
S
Percentual de Duração
36,3%
19,8%
43,8%
E
M
S
64
Sessão
sessão 14
sessão 13
sessão 10
sessão 6
sessão 5
Frequência
600
500
400
300
200
100
0
E - categ. cliente-T
E-categoria cliente
M - categ. cliente-T
M-categoria cliente
S - categ. cliente-T
S-categoria cliente
Figura 8. Freqüência das categorias do cliente (ZAMIGNANI, 2006) e das categorias cliente-
T para as três participantes S, M e E
Na Figura 8, observa-se que nas sessões 10 e 13 ocorrem as maiores freqüências de
participações das clientes. Destaca-se o fato de que nas sessões 10 e 13 foi abordada a
habilidade social educativa “como estabelecer limites”, que representava uma queixa comum
das participantes, o que pode ter favorecido um aumento na participação.
Nota-se a partir da Figura 8, em relação às três participantes, a prevalência das
categorias do cliente propostas por Zamignani (2006) para atendimentos individuais, em
comparação às categorias cliente-T. O resultado acima exposto fornece indicativo de que as
participantes S, M e E embora tenham auxiliado nas discussões, atuado como co-terapeutas,
tiveram como prioridade, se expor ao grupo no papel de “cliente”, descrevendo suas
experiências, analisando as contingências em operação nas próprias vidas.
Verifica-se que as maiores freqüências das categorias cliente-T são apresentadas por
S nas sessões 6, 10 e 14 e por E considerando a totalidade das sessões. As menores
freqüências das categorias cliente-T correspondem à participante M em todas as sessões.
Esse resultado, somado aos fatos de M ter alcançado a pior classificação em habilidades
sociais e ter apresentado alta freqüência de Oposição, levam à suposição de que essa
participante se envolveu menos com o restante do grupo, atuando prioritariamente como
“cliente”, e quando o fez, privilegiou nas suas verbalizações, aspectos negativos.
A seguir, as Figuras 9 e 10 que apresentam os dados de ocorrência e duração das
categorias do cliente propostas por Zamignani (2006) apresentadas por S.
65
Categoria
S
olici
t
ão
O
p
osiç
ã
o
Conc
o
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n
c
i
a
Es
ta
b
el
ece r
ela
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Formula meta
M
e
lh
ora
R
e
la
t
o
Porcentagem
100
80
60
40
20
0
dirigido ao grupo
dirigido à terapeuta
Figura 9. Percentual de ocorrência das categorias do cliente (ZAMIGNANI, 2006)
apresentadas por S, dirigidas ao grupo e à terapeuta, no total das cinco sessões analisadas e em
relação às verbalizações da mesma participante
Observa-se a partir da Figura 9, que Relato (48%) corresponde a categoria com maior
percentual de ocorrência, seguida por Concordância (22%) e Estabelece relações (12%). As
categorias Melhora (0,6%) e Formula meta (0,6%) representam as menores freqüências.
Diferentemente das demais categorias, Concordância, Oposição e Solicitação são
apresentadas por S com uma freqüência maior em relação ao grupo do que à terapeuta,
entretanto, somente Concordância se destaca como categoria mais freqüente. As categorias
Concordância e Oposição ao se reportarem ao grupo, podem ser entendidas como
oportunidades em que S (e os demais clientes) atua no papel de co-terapeuta e se distinguem
das categorias C-Aprovação e C-Reprovação, pelo fato de serem apresentadas de forma
espontânea, ou seja, sem solicitação da terapeuta.
A categoria Solicitação ao ser apresentada ao grupo, demonstra que S buscou o
envolvimento das outras clientes para as suas próprias questões, isto é, mediante
apresentações de demanda, pedidos de auxílio, asseguramento, entre outros.
66
Categoria
Solicitão
Oposição
Concordância
Estabelece relações
Formula meta
Melhora
Relato
Porcentagem
100
80
60
40
20
0
Figura 10. Percentual de duração das categorias do cliente (ZAMIGNANI, 2006) apresentadas
por S, no total das cinco sessões analisadas e em relação às verbalizações da mesma
participante
Diante da Figura 10, nota-se que Relato (72%), Concordância (11%) e Estabelece
relações (10%) correspondem às categorias de maior duração, já Melhora (0,53%) e Formula
meta (0,67%) correspondem às menores durações.
As medidas de freqüência (Figura 9) e duração (Figura 10) compartilham dos mesmos
resultados quanto às categorias predominantes. Os resultados que apontam Relato como
categoria de destaque estão em consonância com outras pesquisas (KEIJSERS, SCHAAP;
HOOGDUIN, 2000; ZAMIGNANI, 2007). Ressalta-se a apresentação de Estabelece
relações e Concordância em uma intervenção com ocorrências expressivas das categorias do
terapeuta de Interpretação e Recomendação, indicando, portanto, uma posição que diverge
de estudos (BISCHOFF; TRACEY, 1995; KEIJSERS et al., 1995) que atribuem aspectos
negativos às categorias diretivas.
Na seqüência apresenta-se a Figura 11 com os dados de freqüência das categorias
cliente-T para a participante S. Ressalta-se que as categorias C-Aprovação e C-Reprovação,
de acordo com as suas definições, ocorrem unicamente após solicitação da terapeuta.
67
Categoria
C-E
mp
ati
a
C
-I
n
t
e
rp
retaçã
o
C-R
e
com
e
ndação
C-D
e
sc co
m
portamento
C
-R
e
p
rova
ç
ã
o
C-Apr
o
va
ç
ão
Porcentagem
100
80
60
40
20
0
espontâneo
após solicitação
Figura 11. Percentual de ocorrência das categorias cliente-T para a participante S
Nota-se na Figura 11 que C-Interpretação (45%) e C-Recomendação (36%) são as
categorias com maior percentual de ocorrência, sendo que a primeira ocorre com freqüência
maior de forma espontânea, e a segunda, após solicitação da terapeuta. As categorias C-
Descreve comportamento (2,3%), C-Reprovação (2,3%) e C-Empatia (2,3%) ocorrem com
baixa freqüência. Enfatiza-se a proximidade de percentual entre C-Recomendação e C-
Interpretação, assim como, a alta freqüência desta última de forma espontânea, o que
significa que S passou a apresentar avaliações funcionais diante das verbalizações das outras
clientes, independentemente da solicitação da terapeuta. A categoria C-Interpretação pode ser
considerada como um evento que deva preceder C-Recomendação, pois a descrição das
contingências em operação, auxilia na proposição de comportamentos que possam alterá-las.
Diante disso, entende-se que S ao ter desenvolvido (ou já dispunha em seu repertório) esses
dois comportamentos, estaria em melhores condições de auxiliar as outras clientes.
A Figura 12 apresenta o percentual de ocorrência das categorias de S nas etapas da
sessão.
68
Categoria
Emp
Int
Rec
Des
Rep
Apr
SOL
OPO
CON
CER
MET
MEL
REL
Porcentagem
100
80
60
40
20
0
Tarefa de casa
Exposição teórica
Treino
Figura 12. Percentual de ocorrência das categorias apresentadas por S nas etapas da sessão:
tarefa de casa, exposição teórica e treino
Nota-se a partir da Figura 12, que as seguintes categorias: Formula meta (MET),
Melhora (MEL), Solicitação (SOL), C-Aprovação (Apr) e C-Reprovação (Rep) são
apresentadas unicamente na etapa “tarefa de casa”. As categorias Relato (REL) e Oposição
(OPO) ocorrem com freqüência maior na etapa “tarefa de casa”, seguida por “exposição
teórica” e “treino”. Estabelece relações (CER) e Concordância (CON) são apresentadas com
freqüências semelhantes entre as etapas “tarefa de casa” e “exposição teórica”, ainda que
com freqüência superior na primeira. As categorias C-Descreve comportamento (Des) e C-
Interpretação (Int) são apresentadas com freqüência maior na etapa “tarefa de casa” seguida
por “treino”. A categoria C-Recomendação (Rec) ocorre com freqüência maior na etapa
“treino”, seguida por “tarefa de casa” e “exposição teórica”. Por fim, observa-se que C-
Empatia (Emp) ocorre com freqüência maior na etapa “tarefa de casa” seguida por
“exposição teórica”.
Observa-se que todas as categorias são apresentadas por S com uma freqüência maior
na “tarefa de casa”, ou seja, a cliente participa mais nessa etapa da sessão. Na etapa “tarefa
de casa” a terapeuta verifica se os clientes implementaram as estratégias sugeridas no grupo,
isto é, investiga as contingências em operação na vida das clientes fora da sessão. Diante do
exposto, acredita-se que as condições presentes na sessão e o repertório de S tenham
contribuído para que participasse mais na etapa em que as características da interação pais e
filhos são mais enfatizadas. Acrescenta-se também que as categorias C-Recomendação e C-
69
Interpretação ocorreram com alta freqüência na etapa “treino”, momento em que se
privilegia o desenvolvimento de novos repertórios através de instruções e modelagem.
As diferenças observadas nas freqüências das categorias da terapeuta apresentadas em
relação a cada cliente (Figura 6) podem ser examinadas a partir de uma análise conjunta dos
dados de todos os participantes, ressaltando a influência recíproca exercida entre os
comportamentos dos mesmos. A seguir, uma síntese dos resultados que evidenciam a
interação terapêutica estabelecida entre a terapeuta e S.
Síntese dos dados da participante S
De acordo com Tourinho e cols. (2007) os dados de análises de sessão podem ser
analisados juntamente com outras medidas do processo terapêutico, como por exemplo,
medidas de resultados e outras informações relevantes dos casos. As informações contidas no
estudo de caso da participante S, constam de poucas queixas em relação ao comportamento
do filho, ainda que este tenha alcançado classificação clínica no instrumento utilizado. Em
relação às habilidades sociais educativas parentais, S apresentou um bom repertório, sendo
estabelecido como objetivos, a ampliação (e não desenvolvimento) de repertório de
comunicação, expressividade e enfrentamento e estabelecimento de limites. No instrumento
que avalia habilidades sociais, S obteve classificação de repertório dentro da média. Diante
do exposto conclui-se o caso de S apresentava uma menor severidade em relação aos demais.
Constatou-se que as verbalizações da terapeuta dirigidas a S não se destacaram como
mais freqüentes ou tendo maior duração (Figura 5), entretanto, tal cliente demonstrou
expressiva participação no decorrer do processo terapêutico, principalmente na etapa “tarefa
de casa” (Figura 12), através de longas verbalizações (Figura 7). A terapeuta apresentou as
menores freqüências de Informação, Solicitação de Reflexão, Empatia e Interpretação (nas
duas últimas, só fica a frente de “grupo”) em relação a S (Figura 6), entretanto, esta
apresentou as categorias Concordância e Estabelece Relações com alta freqüência e duração
(Figuras 9 e 10), assim como alta freqüência de C-Recomendação e C-Interpretação de
forma espontânea (Figura 11). Face ao exposto, acrescido dos dados dos instrumentos pré-
intervenção, tem como hipótese de que: a terapeuta interveio com freqüência maior junto a
outras clientes com problemática de maior severidade; a participante S não necessitou de
solicitações específicas da terapeuta de participação, fazendo-o de forma espontânea,
provavelmente por dispor em seu repertório as habilidades requeridas, S respondeu
prontamente as solicitações da terapeuta dirigidas ao grupo.
70
Pressupõe-se a existência de relações entre a alta freqüência de Reprovação e baixa
freqüência de Empatia, ambos dirigidos a S e esta apresentar uma freqüência maior de
Concordância e Solicitação dirigida ao grupo (Figura 9), ainda que não tenha sido
demonstrada nas análises de correlação e seqüenciais. Apesar do alto percentual de
Reprovação – lembrando que S apresentou verbalizações longas, que podem comprometer a
atenção do grupo e afastar-se dos objetivos da sessão - não foi verificado alto percentual de
Oposição dirigido à terapeuta (Figura 9), mais sim a constatação de que representa a cliente
que mais se envolveu e solicitou o auxílio do grupo. O envolvimento com o grupo, apesar de
ser um resultado altamente desejável, deve ocorrer mediante outras condições manejadas em
terapia, que não o distanciamento do terapeuta. Os resultados das análises seqüenciais
(Tabela 5), no entanto, revelaram que a terapeuta apresentou aprovações para S diante de
categorias importantes como C-Interpretação e houve aumento nas seqüências de aprovação
no decorrer do processo.
Em suma, acredita-se que clientes cujos casos apresentam menor comprometimento e
possuam repertório com maior variabilidade, possam se beneficiar de intervenções de grupo,
podendo o terapeuta prescindir de intervenções/solicitações específicas, tendo grandes
chances do mesmo constituir novas aprendizagens a partir de intervenções gerais que
envolvam todos do grupo, ao mesmo tempo em que seus comportamentos (Relato,
Estabelece relações, C-Recomendação e C-Intervenção) auxiliem os demais na discriminação
e alteração de contingências em operação e possam servir de modelo.
Em continuidade, as Figuras 13 e 14 que apresentam os dados de ocorrência e
duração das categorias do cliente propostas por Zamignani (2006) apresentadas por M.
71
Figura 13. Percentual de ocorrência das categorias do cliente (ZAMIGNANI, 2006)
apresentadas por M, dirigidas ao grupo e à terapeuta, no total das cinco sessões analisadas e
em relação às verbalizações da mesma participante
Observa-se, conforme a Figura 13, que para M, Relato (47%) representa a categoria
de maior percentual, seguida por Concordância (16%) e Oposição (14%); já Formula meta
(0,5%) e Melhora (3%), representam os menores percentuais.
Verifica-se que com exceção de Oposição, que ocorre com freqüência maior em
relação ao grupo, todas as demais categorias ocorrem com freqüência maior em relação à
terapeuta. A alta ocorrência de Oposição, principalmente em relação ao grupo, significa que
a interação de M com as outras clientes, possivelmente tenha sido marcada por verbalizações
de discordância e julgamentos desfavoráveis em relação aos comportamentos apresentados
nas sessões ou descritos nos relatos.
Algumas das variáveis responsáveis por comportamentos de oposição do cliente,
assim como, estratégias de manejo do terapeuta para os mesmos são abordadas na literatura
(CAUTILLI; SANTILLI-CONNOR, 2000; PATTERSON; CHAMBERLAIN, 1994),
entretanto, esclarecimentos a respeito dos efeitos da oposição, ao se dirigirem aos demais
clientes em intervenções de grupo, ainda se fazem necessários.
Categoria
Solic
i
tação
Opos
ão
Concor
dânc
ia
E
stabelece r
el
õ
es
Formula meta
Melh
ora
R
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Porcentagem
100
80
60
40
20
0
dirigido ao grupo
dirigido à terapeuta
72
Categoria
Solicitação
Oposão
Concordância
Estabelece relações
Formula meta
Melhor a
Relato
Porcentagem
100
80
60
40
20
0
Figura 14. Percentual de duração das categorias do cliente (ZAMIGNANI, 2006)
apresentadas por M, no total das sessões analisadas e em relação às verbalizações da mesma
participante
Com relação ao percentual de duração das categorias, nota-se na Figura 14, que
Relato (60%), Estabelece relações (20%) e Oposição (6%) são as categorias que se
destacam. As categorias Formula meta (0,5%) e Solicitação (2,6%) correspondem aos
menores percentuais.
A partir de uma leitura em conjunto das medidas de freqüência (Figura 13) e duração
(Figura 14), verifica-se a prevalência de Relato, Concordância, Oposição e Estabelece
relações. Os conceitos de resistência e oposição podem ser tratados como equivalentes e são
analisados de acordo com as contribuições de Patterson e Chamberlain (1994). Um dos
fatores já mencionados que favorece a ocorrência de oposição, diz respeito à história prévia
da família de insucesso no estabelecimento de limites, aspecto que condiz com as
informações do estudo de caso de M. Segundo os autores, esforços do terapeuta em
questionar o fracasso que os pais atribuem aos procedimentos ensinados, podem aumentar os
índices de oposição, no entanto, as presenças de Concordância e Estabelece relações
dirigidas à terapeuta sugerem que M entrou em contato com os benefícios advindos dos
procedimentos ensinados. Observou-se também que a categoria Oposição, se manteve
constante até o final do processo terapêutico, ainda que em maior proporção, dirigido ao
grupo. Isso posto, é provável que a ampliação do repertório da cliente M com o passar das
73
sessões, resultou em uma alteração na topografia de Oposição, de ironias dirigidas à
terapeuta e ao grupo para verbalizações de discordâncias e críticas diretas
3
.
Na seqüência apresenta-se a Figura 15 com os dados de freqüência das categorias
cliente-T, para a participante M.
Categoria
C-Em
pat
i
a
C-Inte
rp
re
t
açã
o
C-Recomendação
C-De
s
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m
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C-Reprovação
C-Ap
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ç
ão
Porcentagem
100
80
60
40
20
0
espontâneo
após solicitação
Figura 15. Percentual de ocorrência das categorias cliente-T para a participante M
Através da Figura 15, constata-se que C-Interpretação (42%) obteve o maior
percentual, seguida por C-Aprovação (26%). A categoria C-Reprovação não foi apresentada.
A categoria C-Interpretação ocorre com freqüência maior após solicitação da terapeuta,
apesar de ser a única que obteve um percentual de forma espontânea. A alta freqüência de C-
Aprovação contrasta com a baixa freqüência de Concordância em relação ao grupo (Figura
13), sinalizando a relevância para M de intervenções da terapeuta para que observasse e
descrevesse aspectos positivos dos comportamentos das outras clientes. Destaca-se também
que a terapeuta, ao solicitar comportamentos (aprovações, reprovações, recomendações,
reflexões e descrições de comportamento) aos clientes, possivelmente forneça estímulos
discriminativos com dicas a respeito do que é esperado, o que pode favorecer a apresentação
das categorias cliente-T, principalmente por M.
3
Resultado adicional não incluído no presente estudo.
74
A Figura 16 apresenta o percentual de ocorrência das categorias de M durante as
etapas da sessão.
Categoria
Emp
Int
Rec
Des
Apr
SOL
OPO
CON
CER
MET
MEL
REL
Porcentagem
100
80
60
40
20
0
Taref a
Exposição teórica
Treino
Figura 16. Percentual de ocorrência das categorias apresentadas por M nas etapas da sessão:
tarefa de casa, exposição teórica e treino
Nota-se a partir da Figura 16 que as seguintes categorias apresentadas por M: Relato
(REL), Estabelece relações (CER), Concordância (CON), Oposição (OPO) e Solicitação
(SOL) são apresentadas com freqüência maior na etapa “tarefa de casa”, seguida por “treino”
e “exposição teórica”. As categorias Melhora (MEL), C-Recomendação (Rec) e C-Empatia
(Emp) ocorrem unicamente na “tarefa de casa” e “exposição teórica”, com freqüência maior
na primeira etapa citada. A categoria Formula meta (MET) ocorre com freqüência maior na
etapa “treino” seguida por “tarefa de casa”, já Aprovação (Apr) é apresentada com maior
freqüência na “tarefa de casa” seguida por “treino”. A categoria C-Descreve comportamento
(Des) ocorre com freqüências similares entre “exposição teórica” e “treino”. A categoria C-
Reprovação (Rep) não foi apresentada, e C-Interpretação (Int) ocorre com freqüência maior
na etapa “exposição teórica”, seguido por “tarefa de casa” e “treino”.
Observa-se, mediante a Figura 16, que as categorias cujas medidas de freqüência e
duração se destacaram, quais sejam, Relato, Concordância, Estabelece relações e Oposição
(Figura 9) são apresentadas com uma freqüência maior na etapa “tarefa de casa” seguida pela
etapa “treino”. As categorias Formula metas e C-Aprovação também se destacaram na etapa
“treino”. Na etapa da sessão “treino” enfatiza-se o desenvolvimento de novos repertórios,
75
principalmente através das técnicas de role-play e dinâmicas de grupo, situações em que os
clientes se expõem ao grupo de forma a apresentar o desempenho requerido pela terapeuta,
mediante instruções, modelos ou reforçamento diferencial por aproximações sucessivas. A
participação de M no “treino” pode ter sido garantida em função das características dessa
etapa, que pressupõe alta estruturação da terapeuta ao solicitar o envolvimento de todos na
atividade, com cada cliente desempenhando um papel, diferentemente das demais fases onde
a participação fica mais a critério de cada cliente.
Na seqüência, apresenta-se uma síntese dos resultados que ilustra a interação
estabelecida entre M e a terapeuta.
Síntese dos dados da participante M
Os dados da avaliação pré-intervenção de M, atestaram a severidade do caso resumida
em: as queixas sobre o seu filho diziam respeito a problemas de comportamentos com
características externalizantes, apresentados a todas as pessoas de sua convivência, ocorrendo
já há alguns anos, tendo atingido classificação clínica no CBCL. Os resultados do
instrumento que avalia as habilidades sociais educativas parentais demonstraram baixo
repertório nos três eixos avaliados: comunicação, expressividade e enfrentamento e
estabelecimento de limites e o instrumento que avalia o repertório em habilidades sociais,
atestou indicação para atendimento. A cliente atribuía à condição física e biológica
(constantemente doente e acreditava ter retardo mental) do seu filho, causa principal para os
seus problemas de comportamento.
A participante M foi a cliente que menos participou em toda a intervenção (Figura 7)
e menos apresentou as categorias cliente-T (Figura 8). A baixa participação de M pode ter
favorecido a alta ocorrência de Solicitação de relato por parte da terapeuta, assim como a
necessidade de intervenções mais longas (Figura 5) dada à dificuldade de participação de M e
comprometimento do caso. Os resultados das análises seqüências (Tabela 5) demonstraram
que as aprovações dirigidas à M foram apresentadas com maior probabilidade diante de
Relato, possivelmente como alternativa selecionada. As análises seqüenciais (Tabelas 5, 6 e
7) também apontaram que na interação com a cliente M a terapeuta não solicitou o
envolvimento das outras participantes, apresentando as categorias, Solicitação de relato,
Interpretação, Recomendação e Aprovação, exclusivamente a ela. As características do
caso, podem também ter contribuído para a alta freqüência das categorias Empatia,
76
Recomendação e Solicitação de Reflexão (nas duas últimas só fica atrás de “grupo”) dirigidas
a M.
Algumas das categorias apresentadas por M com maior freqüência ou duração,
também foram apresentadas por outras clientes, tais como, Relato, Concordância e
Estabelece relações, mas também diferentemente das demais, no caso de Oposição (Figuras
13 e 14). Patterson e Chamberlain (1994) questionam a respeito de qual variável do processo
terapêutico, se as técnicas e estratégias ensinadas ou as reações do terapeuta contingentes aos
comportamentos do cliente, seria o determinante para redução de resistência/oposição. Em
relação a M, não foi observado uma diminuição nos comportamentos de oposição, mas sim,
alteração na sua topografia de ironias e piadas para críticas diretas, o que pode ser
considerado mais favorável de acordo com a literatura do Treinamento em Habilidades
Sociais (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2001a). Foi observada alta freqüência da categoria
Empatia dirigida à M e baixa freqüência de Reprovação dirigidas a M (Figura 6). Os
resultados das análises seqüenciais (Tabela 6) demonstraram que as recomendações para M
foram apresentadas alternadas às categorias Aprovação, Empatia, Solicitação de reflexão, o
que pode ter contribuído para a apresentação de Concordância como conseqüência à
Recomendação. Apesar do questionamento de Patterson e Chamberlain (1994) ser muito
válido, tem-se nessa pesquisa, argumentos favoráveis às duas variáveis mencionadas, em
favor da hipótese de ampliação do repertório de M que determinou mudanças nos
comportamentos do filho e também em favor da hipótese das reações, comportamentos do
terapeuta, tais como, alta freqüência de Empatia, baixa ocorrência de Reprovação, e
aprovações alternadas a Recomendações, Interpretações e Solicitação de reflexão, como
prováveis responsáveis pela alteração na topografia da oposição.
Finalizando os dados de ocorrência e duração das categorias do cliente, apresentam-
se as Figuras 17 e 18 com os resultados obtidos por E.
77
Categoria
S
oli
ci
tação
Oposi
ç
ão
C
oncor
dânc
ia
Estabelece relações
F
ormula meta
Melhora
R
elato
Porcentagem
100
80
60
40
20
0
dirigido ao grupo
dirigido à terapeuta
Figura 17. Percentual de ocorrência das categorias do cliente (ZAMIGNANI, 2006)
apresentadas por E, dirigidas ao grupo e à terapeuta, no total das cinco sessões analisadas e em
relação às verbalizações da mesma participante
De acordo com a Figura 17, Relato (45%) corresponde à categoria mais freqüente,
seguida por Concordância (27%) e Estabelece relações (12%). Formula meta (1,2%) e
Oposição (2,4%) representam as categorias com menores freqüências. Observa-se que com
exceção de Oposição, que ocorre com freqüência maior em relação ao grupo, o restante das
categorias ocorre com freqüência maior em relação à terapeuta. A proporção de
verbalizações da cliente E dirigida ao grupo é menor se comparada às demais participantes, o
que significa que ao discutir aspectos de sua vida nas sessões, se reportou diretamente à
terapeuta.
78
Categoria
Solicitão
Oposição
Concordância
Estabelece relações
Formula meta
Melhor a
Relato
Porcentagem
100
80
60
40
20
0
Figura 18. Percentual de duração das categorias do cliente (ZAMIGNANI, 2006) apresentadas
por E, no total das sessões analisadas e em relação às verbalizações da mesma participante
A partir da Figura 18, observa-se que Relato (60%) corresponde à categoria de maior
duração na totalidade das sessões, já Estabelece relações (20%) representa a segunda maior
duração e Concordância (12%) corresponde a terceira maior duração. As categorias
Oposição (1,1%) e Formula meta (1,2%) representam as menores durações.
Considerando ambos os dados de freqüência e duração, nota-se que Relato,
Concordância e Estabelece relações são as categorias predominantes, resultado igualmente
obtido com a participante S. A baixa freqüência e duração de Oposição, ainda que com
freqüência maior direcionada ao grupo, indica que comportamentos de críticas, discordâncias
e representaram pouco das verbalizações de E.
Um exame comparativo entre as Figuras 9 a 18, permite constatar que as categorias
do cliente que se destacaram para as participantes S e E correspondem a Relato,
Concordância e Estabelece relações e, para M, Relato, Concordância, Estabelece relações e
Oposição. De acordo com Schaffer (1982) o uso exclusivo da medida de freqüência seria
insuficiente para atestar a eficácia dos comportamentos do terapeuta, contudo, os dados dos
clientes que demonstraram a presença de Estabelece relações e Concordância, fortalecem a
hipótese da importância das categorias do terapeuta que se sobressaíram no presente estudo.
Ressalta-se, porém, que as contingências presentes na intervenção de grupo analisada
não foram suficientes para garantir a apresentação de Formula meta e Melhora por S, M e E.
A Figura 19 mostra o percentual das categorias cliente-T apresentadas por E.
79
Categoria
C-Emp
a
tia
C
-In
te
rpret
ã
o
C-Rec
o
men
d
ã
o
C-Des
c
c
o
mpo
r
t
a
me
n
to
C-R
e
provação
C-
Ap
rov
a
çã
o
Porcentagem
100
80
60
40
20
0
espontâneo
após solicitação
Figura 19. Percentual de ocorrência das categorias cliente-T para a participante E
Verifica-se, diante da Figura 19, que C-Interpretação (52%) e C-Recomendação
(28%) correspondem as categorias de maior percentual de ocorrência. C-Empatia (0,7%) e C-
Reprovação (1,5%) representam os menores percentuais. A categoria C-Interpretação obteve
um maior percentual de forma “espontânea”. Com relação a C-Recomendação,
diferentemente das outras participantes, para E nota-se o mesmo percentual entre “após
solicitação” e de forma “espontânea”, o que remete à hipótese de maior autonomia em
relação à terapeuta, para apresentação dessa categoria.
A Figura 20 apresenta o percentual de ocorrência das categorias de E durante as etapas
da sessão.
80
Categoria
Emp
Int
Rec
Des
Rep
Apr
SOL
OPO
CON
CER
MET
MEL
REL
Porcentagem
100
80
60
40
20
0
Tarefa de casa
Exposão teórica
Treino
Figura 20. Percentual de ocorrência das categorias apresentadas por E nas etapas da sessão:
tarefa de casa, exposição teórica e treino
Observa-se de acordo com a Figura 20, que as categorias Relato (REL), Melhora
(MEL), Estabelece relações (CER), Concordância (CON), Solicitação (SOL) e C-
Interpretação (INT) são apresentadas com freqüência maior na “tarefa de casa”, seguido por
“exposição teórica” e “treino”. A categoria Formula meta (MET) ocorre nas etapas “tarefa de
casa” e “exposição teórica” com a mesma freqüência. Oposição (OPO) ocorre com
freqüência maior na “exposição teórica”, seguido por “tarefa de casa” e “treino”. As
categorias C-Aprovação (Apr) e C-Reprovação (Rep) ocorrem unicamente na etapa “tarefa
de casa”, já a categoria C-Empatia (Emp) ocorre somente na “exposição teórica”. C-
Descreve comportamento (Des) ocorre com alta freqüência na etapa “exposição teórica” e
baixa freqüência na etapa “treino”. Por fim, a categoria C-Recomendação (Rec) é
apresentada com freqüência maior na etapa “tarefa de casa”, seguida por “treino” e
“exposição teórica”.
Das treze categorias analisadas, dez, entre elas as três que se destacaram Relato,
Estabelece relações e Concordância, são apresentadas por E com freqüência maior na etapa
“tarefa de casa”, seguida pela etapa “exposição teórica”. A categoria Formula metas é
apresentada com alto percentual na etapa “exposição teórica” e C-Empatia também só ocorre
nessa etapa. Já Oposição e C-Descreve comportamento têm um percentual de ocorrência
maior na “exposição teórica”, o que remete a suposição de que em tal etapa da sessão, houve
expressiva participação de E. Na fase “exposição teórica”, a terapeuta conduz de forma
81
dialogada, uma apresentação de aspectos teóricos referentes às habilidades sociais educativas
parentais que sustentam e justificam as instruções, modelos fornecidos nas demais etapas.
Para finalizar a seção, apresenta-se uma síntese dos resultados que caracterizam a
interação terapêutica estabelecida entre E e a terapeuta.
Síntese dos dados da participante E
As informações do estudo de caso de E e das avaliações pré-intervenção, atestam que
a cliente apresentava baixo repertório em habilidades sociais. Sua neta atingiu classificação
clínica no instrumento que avalia problemas de comportamento e, foram propostos como
objetivos, a ampliação do repertório de comunicação e expressividade e desenvolvimento do
repertório de estabelecer limites.
A participante E apresentou a maior freqüência de verbalizações em comparação às
demais (Figura 7), principalmente na “tarefa de casa” e “exposição teórica” (Figura 20) e
maior freqüência das categorias cliente-T (Figura 8). A terapeuta, por sua vez, apresentou
uma freqüência maior de verbalizações dirigidas a E (Figura 5), assim como, alta freqüência
de Aprovação, Interpretação e Informação (abaixo somente de grupo) e baixa freqüência de
Recomendação (Figura 6).
Para E, as categorias que se destacaram foram: Relato, Concordância e Estabelece
relações, sendo que estas são apresentadas com uma freqüência maior em relação à
terapeuta. A participante E prioritariamente interagiu com a terapeuta ao abordar as suas
próprias experiências e apresentou o menor percentual de Oposição à terapeuta e ao grupo
(Figura 17). A cliente atuou com alta freqüência no papel de co-terapeuta (similar a S),
apresentando C-Interpretação com freqüência maior de forma espontânea e C-
Recomendação com freqüências próximas entre espontânea e após solicitação (Figura 19).
Os resultados das análises seqüenciais indicaram que as aprovações dirigidas a E
ocorreram com maior probabilidade após Estabelece relações e tiveram como conseqüência,
as categorias: Concordância e outras que inseriram o grupo na interação (Solicitação de
reflexão e Interpretação) e, principalmente, Aprovação (Tabela 5).
Diante do exposto, presume-se que E tenha sido a cliente que mais se beneficiou da
intervenção. Apesar dos objetivos para a cliente S terem sido atingidos, essa cliente já
apresentava um amplo repertório em habilidades sociais educativas, anterior à intervenção, e
no caso da cliente M, observou-se que somente parte dos objetivos foram atingidos,
possivelmente, em função da maior severidade do caso e menor variabilidade
82
comportamental (BOLSONI-SILVA; SILVEIRA; RIBEIRO, 2008). Mesmo com as
dificuldades ilustradas no estudo de caso e na avaliação pré-intervenção, a participante E
adquiriu repertório necessário - em função das condições manejadas em sessão e
apresentações de Aprovação, Informação e Interpretação pela terapeuta - para apresentação
de Estabelece relações, C-Recomendação e C-Interpretação durante as sessões, bem como,
ampliar seu repertório em habilidades sociais e reduzir a ocorrência de comportamentos
externalizantes da neta.
O terapeuta, da mesma forma que os clientes, sofre os efeitos das conseqüências
produzidas por seus comportamentos, conseqüências essas, que podem representar os
comportamento dos próprios clientes. Guilhardi (1999) e Meyer e Donadone (2002)
defendem que os comportamentos dos clientes fazem parte das contingências presentes na
sessão e passam gradualmente a representar uma fonte importante de controle do
comportamento do terapeuta. A alta freqüência de Aprovação dirigida a E, pode estar
associada à baixa freqüência de Oposição apresentada por E, a alta freqüência e duração de
Concordância, a alta freqüência de verbalizações na etapa da sessão “exposição teórica”, que
pode ter relações com a alta freqüência de Informação e representar um interesse por
aspectos teóricos e principalmente, em função dos ganhos apresentados em sessão (Melhora,
Estabelece relações, C-Recomendação e C-Interpretação) refletirem o engajamento da
cliente no processo terapêutico.
83
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A utilização de um sistema de categorização de comportamentos do terapeuta e
cliente desenvolvido para intervenções individuais, mostrou-se uma alternativa producente
para a análise da interação terapêutica em um programa de intervenção conduzido em grupo.
Os resultados das categorias do terapeuta e cliente que se sobressaíram ou pouco ocorreram
nessa intervenção, que atingiu os objetivos pretendidos, foram discutidos e comparados a
outros estudos com posições similares ou divergentes. As categorias do terapeuta Aprovação,
Solicitação de Relato, Interpretação e Recomendação, que se destacaram no presente estudo,
também, de acordo com a literatura revista, são predominantes em intervenções individuais.
Contudo, a expressiva duração de Informação, parece ser uma das características do
programa de intervenção avaliado, ainda que ambas as modalidades de intervenção citadas,
compartilhem do referencial teórico da Análise do Comportamento.
Igualmente foram expostas e discutidas algumas das maiores contribuições desse
estudo, isto é, os achados que atestaram à importância das categorias diretivas e não diretivas
para o alcance dos objetivos terapêuticos na intervenção avaliada, efeito obtido, salvo
observadas as diferenças na freqüência e duração de apresentação, quando direcionadas às
clientes individualmente ou de forma coletiva. Os resultados sugeriram que a terapeuta ao
interagir com os clientes de forma coletiva, apresentou Recomendação, Informação e
Solicitação de Reflexão com maior freqüência e, quando se reportou às clientes
individualmente, priorizou as categorias Aprovação, Interpretação, Solicitação de relato,
Empatia e Reprovação.
Os determinantes para a apresentação das categorias do terapeuta, com maior ou
menor freqüência e duração, referem-se às características do programa de intervenção
avaliado, como, por exemplo, referencial teórico (GUILHARDI, 1999), técnicas e
procedimentos utilizados (MARGOTTO, 1998; NOVAKI, 2003; WIELENSKA, 2002) e o
planejamento estabelecido com temáticas e atividades específicas para cada sessão
(BOLSONI-SILVA; CARRARA; MARTURANO, 2008). Ressalta-se também, que as
diferenças na apresentação das categorias da terapeuta quando dirigidas aos clientes ou ao
grupo, determinaram e foram determinadas, não só pela função imediata estimada de cada
categoria (ZAMIGNANI, 2006), mas também, por comportamentos característicos de cada
cliente apresentados em sessão, o que resultou em padrões particulares de interação
terapêutica estabelecida com cada participante do grupo.
84
Os resultados e análises conduzidas permitem concluir, que em intervenções grupais,
o terapeuta ao solicitar reflexão, interpretar e recomendar deva fazê-los alternados a
apresentações de empatia e aprovação, o que provavelmente reduz o impacto aversivo das
primeiras categorias. Acrescenta-se também que diante de clientes, que prioritariamente
apresentam oposição, o terapeuta possa utilizar de empatia com alta freqüência, reprovação
com baixa freqüência e, assim como para os demais, solicitação de reflexão, interpretação e
recomendação, mediante aprovação e empatia, ou seja, apresente uma seqüência de
comportamentos com alta probabilidade de gerar redução na oposição como conseqüência.
A identificação das novas subcategorias do terapeuta, quais sejam, solicitação de
aprovação, solicitação de reprovação e solicitação de recomendação, permitiu a
operacionalização dos comportamentos sugeridos na literatura (DERDYK; SZTAMFATER,
2008; KERBAUY, 2008), que determinam o envolvimento do grupo nas discussões das
problemáticas de cada cliente. Tal envolvimento pode representar uma oportunidade para que
as clientes realizem análises das contingências presentes na vida dos demais, o que por sua
vez, pode auxiliar na discriminação dos determinantes dos seus próprios comportamentos,
processo esse, referendado na literatura (STURMEY, 1996).
A especificação das categorias do cliente possibilitou a verificação de diferenças
quanto à interação terapêutica estabelecida em intervenções individuais e na de grupo
analisada, no que se refere aos papéis desempenhados pelos clientes, ora se comportando em
relação ao terapeuta, discutindo as suas próprias demandas que o trouxeram a terapia, ora
dirigindo-se aos outros clientes. Os clientes em intervenções de grupo, além de terem um
papel ativo com relação às próprias demandas, também são solicitados a se envolverem nas
discussões dos demais, aqui caracterizados como momentos em que atuaram como co-
terapeutas. A atuação dos clientes no papel de co-terapeuta em intervenções de grupo
viabiliza o estabelecimento da aliança entre os participantes (DERDYK; SZTAMFATER
2008) e possibilita com que o próprio grupo monitore o seguimento das instruções e forneça
conseqüências diferenciais, em suma, que compartilhe juntamente com o terapeuta as
propriedades reforçadoras ao mesmo tempo em que minimiza o impacto de intervenções
diretivas (HARWOOD, 2003).
De modo geral, o presente estudo traz algumas iniciativas metodológicas que poderão
ser aprimoradas por outras pesquisas: utilização de filmagens de sessão; utilização de um
sistema de categorização de comportamentos do terapeuta e cliente submetido a testes
empíricos; a análise de filmagens de sessões quase completas, em comparação a trechos de
sessões; utilização de recurso tecnológico (software The Observer XT 7.0) para coleta e
85
análise de dados; realização de análise de correlação entre categorias do terapeuta e clientes;
realização de análises seqüenciais que permitiram um avanço nas hipóteses sobre relações
entre comportamentos do terapeuta e clientes, que não seriam possíveis unicamente através
de dados de freqüência e duração de comportamentos.
Entretanto, novas questões de pesquisa merecem ser destacadas: a utilização de
outros eixos do sistema de categorização (ZAMIGNANI, 2006); realização de análises de
intervenções de grupo com participantes com características distintas; estudos que
incluam outros tipos de intervenções de grupo e realização de estudos que demonstrem a
confiabilidade e validade das novas categorias e subcategorias identificadas.
A relevância social do presente estudo consiste na possibilidade de psicólogos e
outros profissionais acessarem os resultados e conclusões apresentadas, para determinar quais
estratégias e intervenções produzem com maior probabilidade os efeitos pretendidos e, então,
adaptá-las a populações específicas. A relevância científica consiste na aplicação um sistema
de categorização de comportamentos e, portanto, o teste e aprimoramento do mesmo, somado
a especificação dos comportamentos do terapeuta e cliente em intervenções de grupo e a
descrição da influência recíproca existente, o que possibilita o avanço da teoria que respalda o
trabalho clínico e o treino de novos terapeutas.
86
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ZAMIGNANI, D. R. O desenvolvimento de um sistema multidimensional para a
categorização de comportamentos na interação terapêutica. 2007. Dissertação de
Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo.
93
ANEXOS
94
ANEXO A – Categorias verbais vocais do terapeuta e cliente (ZAMIGNANI, 2006)
95
CATEGORIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO VERBAL VOCAL DO TERAPEUTA
As categorias a seguir referem-se a verbalizações do terapeuta dirigidas ao cliente.
Eventos a respeito dos quais as interações podem ocorrer
As verbalizações do terapeuta podem se referir a
:
- ações do cliente e/ou de terceiros;
- sentimentos, pensamentos ou tendências à ação do cliente ou do terapeuta;
- aspectos da história de vida do cliente ou do terapeuta;
- eventos ambientais relacionados ou não ao comportamento do cliente.
Origem na sessão dos eventos referidos
:
- eventos relatados pelo cliente;
- eventos observados pelo terapeuta.
Tempo no qual os eventos referidos podem ter ocorrido
:
- eventos ocorridos/ relatados imediatamente antes;
- eventos ocorridos/ relatados em outros momentos da mesma sessão;
- eventos ocorridos/ relatados em um passado recente ou remoto ou em sessões anteriores.
Terapeuta Solicita Relato
Sigla: SRE
Nome Resumido: SOLICITAÇÃO DE RELATO
Categoria tipo: estado
Estão inclusos nesta categoria
4
(1) solicitação de informações sobre fatos
: Terapeuta solicita que o cliente descreva fatos ocorridos,
informações específicas, detalhes ou esclarecimentos a respeito de eventos e ações do cliente.
Ex: ¾ T
5
: Me conta... Por que é que você está procurando terapia? [SRE]
¾ T: E quando é que isso começou? [SRE]
¾ T: Você consegue lembrar de um exemplo específico no qual isso aconteceu? [SRE]
(2) solicitação de relato de respostas encobertas do cliente
: Terapeuta solicita que o cliente relate seus
sentimentos, pensamentos ou tendências a ação imediata.
4
Confira o tópico “Eventos a respeito dos quais as interações podem ocorrer”.
5
C indica uma fala de cliente, T uma fala do terapeuta. Um novo diálogo é iniciado em cada marcador ¾.
96
Ex: ¾ T: Como você se sentiu quando ele te falou isso? [SRE]
¾ T: Em que momentos você tem se sentido assim? [SRE]
¾ T: O que você teve vontade de fazer nessa hora? [SRE]
¾ T: E o que você pensou antes de fazer o ritual? [SRE]
Caracterização geral da categoria
Solicitação de relato contempla verbalizações do terapeuta nas quais ele solicita ao cliente descrições a
respeito de ações, eventos, sentimentos ou pensamentos. Ocorre tipicamente em situações relacionadas
a coleta de dados e levantamento de informações ao longo de qualquer etapa do processo terapêutico.
Terapeuta facilita o relato do cliente
Sigla: FAC
Nome resumido: Facilitação
Categoria tipo: Evento
Estão inclusos nessa categoria
(1) Verbalizações mínimas
: Verbalizações curtas que ocorrem durante a fala do cliente.
¾ T: certo
¾ T: sei...
(2) Expressões paralingüísticas
: Vocalizações curtas que ocorrem durante a fala do cliente.
¾ T: Hum hum
Caracterização geral da categoria
F
ACILITAÇÃO é caracterizada por verbalizações curtas ou expressões paralingüísticas que ocorrem
durante a fala do cliente. Tipicamente estas verbalizações indicam atenção ao relato do cliente e
sugerem a sua continuidade.
Critérios de inclusão ou exclusão
(a) F
ACILITAÇÃO só é categorizada se ocorrer enquanto o cliente tiver a palavra. Não é categorizada
quando ocorrer ao longo de pausas de três segundos ou mais na conversação.
(b) Nunca devem ocorrer duas falas seguidas categorizadas como F
ACILITAÇÃO. FACILITAÇÃO nunca
é categorizada em dobro.
Ex: ¾ C: Eu acho que talvez seja uma coisa nova também, sabe essa coisa de auto-dialogo,
então não é assim...
T: Hum hum... Sei... [codificar apenas uma ocorrência de F
ACILITAÇÃO]
(c) F
ACILITAÇÃO X SOLICITAÇÃO DE RELATO: Uma verbalização curta que sugerir um pedido de
esclarecimento ou complementação sobre algum relato do cliente deve ser categorizada como
S
OLICITAÇÃO DE RELATO e não FACILITAÇÃO.
97
Ex: ¾ C: Ah, as coisas até que tão indo bem...
T: ...mas... [SOL]
C: Mas aqueles pensamentos continuam me incomodando do mesmo jeito... às vezes acho que
isso nunca vai ter fim...
(d) Na dúvida entre S
OLICITAÇÃO DE RELATO e FACILITAÇÃO, categorize FACILITAÇÃO.
Terapeuta demonstra empatia
Sigla: EMP
Nome resumido: Empatia
Categoria tipo: estado
Estão inclusos nessa categoria
(1) nomeação e inferência de sentimentos
: Terapeuta nomeia ou infere sentimentos, valores e/ou a
importância de eventos experimentados pelo cliente.
Ex: ¾ T: Imagino o quanto isso te deixa ansioso. [EMP]
¾ T: Entendo que você fique muito irritado com isso. [EMP]
¾ T: Vejo que essa tem sido uma parte crucial da sua vida. [EMP]
(2) normalizações e validação de sentimentos
: Terapeuta afirma que as ações ou sentimentos do
cliente são esperados ou apropriados à situação por ele vivida (apenas quando sugerirem validação,
compreensão ou cuidado).
Ex: ¾ T: Com tudo isso que está acontecendo, seria estranho que você ficasse tranqüilo, não é
mesmo? Acho natural que você tenha se sentido ansioso. [EMP]
(3) exclamações e expressões de interesse
: Comentários em forma de exclamação, ou interrogação,
apresentados após a descrição de eventos que não ações do cliente, consistentes com o assunto
relatado e que indicam interesse nele.
Ex: ¾ C: Estou conversando com o P. todo dia por telefone. Conheci pessoalmente...
T: sério? [EMP]
Ex: ¾ C: Na quarta feira ele me ligou e não me encontrou... um monte de vezes... o Luciano
quando atende fala “minha mãe, como sempre, batendo perna!” (risos) Olha o Lu... finíssimo,
né ? Eu falei: "ô Lu! Controle-se !” (risos) Senão ele vai pensar o quê?... "para variar minha
mãe não está"... ara! (risos) ...
T: Olha só! O Luciano já estabeleceu um contato bom com ele! [EMP]
(4) verbalizações de cuidado
: Terapeuta demonstra preocupação pessoal com o cliente, quando não
acompanhas crítica ou explicação.
Ex: ¾ T: Como é que você está? Na semana passada você estava super resfriada. [EMP]
(5) auto-revelações sobre experiências similares
: terapeuta relata sua experiência em situações
semelhantes àquela relatada pelo cliente, quando tal relato sugerir validação ou compreensão da
condição do cliente.
Ex: ¾ T: Você sabe... eu também já passei por isso... é muito chato quando a gente investe toda
a energia em um negócio e ele não dá certo... posso imaginar o quanto você está frustrada...
[EMP]
98
(6) validação de discordâncias ou críticas do cliente: Terapeuta revê suas próprias ações durante o
processo terapêutico, corrigindo suas intervenções, admitindo seus erros ou pedindo desculpas.
Ex: ¾ C: Estou frustrado. Eu fiz tudo o que você me pediu e você não foi capaz de me ajudar
pra que meu filho largasse as drogas.
T: Eu gostaria muito de tê-lo ajudado para mudar essa situação. Eu me pergunto o que poderia
ter sido diferente, mas o fato é que não foi possível e eu também me sinto frustrado por isso.
[EMP]
(7) humor
: Verbalizações acompanhadas por risadas, que tenham sido humorísticas, mesmo que
remotamente (desde que não representem deboche ou ironia com relação ao cliente ou a qualquer
comportamento dele).
Ex: ¾ C: É, mas eu não dei [o beijo que o namorado havia pedido], claro, falei "magina, tô
dirigindo, olha o trânsito!", nessas alturas o trânsito ridículo, na Castelo, né? Mas eu nem
senti passar...
T: Quanto mais trânsito melhor, que cê fica mais tempo com ele. (risos) [EMP]
(8) apoio
: Terapeuta afirma sua disponibilidade para ajudar o cliente a superar determinada situação.
Ex: ¾ T: Eu não sei qual será a sua decisão nesse caso, mas qualquer que ela seja, eu tô do
seu lado. [EMP]
¾ T: Conte comigo. [EMP]
(9) Paráfrases
: Terapeuta apresenta de forma resumida o que foi dito em algum ponto anterior pelo
cliente na mesma sessão, por meio de repetição literal ou reorganização das verbalizações do cliente
(desde que essa reorganização não mude o sentido do relato do cliente ou não acrescente informações
ou opiniões do terapeuta que não estavam na fala do cliente).
Ex: ¾ T: E você perde seu emprego e está muito difícil encontrar um outro. ( resumindo
descrição do cliente). [EMP]
(10) comentários de entendimento
: Comentários breves apresentados após um relato do cliente,
constituídos por pequenos fragmentos do próprio relato, ou por palavras que complementam o relato.
Ex: ¾ C: ...deixei bem agradável, a cozinha com toalha bonita, e a sala, tal, e no Sábado falei
pra caseira: "cê lava a varanda, coloca essa toalha na mesa da varanda, nesse tripé de ferro
fundido coloca um vasinho”. Ela até nem colocou o meu, ela foi pegar um dela, de onze horas
amarelas, assim.
T: Todo mundo ajudando. [EMP]
¾ C: Daí, ficamos até de noite, fiquei lá, falei, vou dar uma ligada
T: E ele no plano de sedução... [EMP]
Caracterização geral da categoria
E
MPATIA contempla ações ou verbalizações do terapeuta que sugerem acolhimento, aceitação,
cuidado, entendimento, validação da experiência ou sentimento do cliente.
Diferentemente da categoria A
PROVAÇÃO, que se refere a uma avaliação sobre ações ou características
específicas do cliente, a E
MPATIA tem um caráter inespecífico, informando essencialmente que o
cliente é aceito, “bem vindo”, sem implicar em avaliação ou julgamento (“eu entendo você e o aceito
como você é”).
Essa classe de verbalizações tem sido associada tipicamente à criação de um ambiente terapêutico
amistoso, seguro e não-punitivo, para que o cliente se sinta à vontade para verbalizar eventos que, em
outros contextos, poderiam ser alvo de punição.
99
Terapeuta Fornece Informações
Sigla: INF
Nome resumido: Informação
Categoria tipo: Estado
Estão inclusos nessa categoria
(1) Informações factuais
: dados ou fatos relacionados a determinado assunto em discussão.
Ex: ¾ C: Eu penso em fazer uma especialização em biologia.
T: Biologia requer vários cursos adicionais de laboratório. [INF]
¾
C: Minha prima está tratando da depressão com o psiquiatra X. Você conhece?
T: Não. Não conheço um médico com esse nome. [INF]
Ex: ¾ C: Você já atendeu casos como esse?
T: Sim, muitos. [INF]
(2) Explicações de eventos
: descrição de RELAÇÕES explicativas ou causais entre eventos - RELAÇÕES
do tipo "se... então", apenas quando não contém uma análise, descrição ou síntese do comportamento
do cliente ou de terceiros.
Ex: ¾ T: Um ataque de pânico pode ocorrer independentemente de a pessoa ter síndrome do
pânico. Por exemplo, quando a gente entra em contato com alguma coisa da qual a gente tem
muito medo, isso pode provocar um ataque de pânico. [INF] * a explicação dada pelo terapeuta
não se refere a um comportamento em particular ou a algum padrão comportamental do cliente
identificado, e sim a informações sobre fatos advindos da literatura da área.
(3) descrição de regularidades ou padrões recorrentes a respeito de eventos
: informações sobre padrões
recorrentes de contigüidade temporal entre eventos (relações do tipo “o evento X ocorre quando Y
ocorre...”) ou correlação (os eventos X e Y costumam ocorrer conjuntamente) apenas quando não
dizem respeito ao comportamento do cliente ou de terceiros.
Ex: ¾ T: Pessoas que têm problemas com álcool, geralmente têm uma má qualidade de sono.
[INF]
¾ T: É muito comum que a gente tenha um pouco de dor de cabeça ou enjôo logo que começa
a tomar o medicamento antidepressivo. Mas depois de uns quinze dias tudo volta ao normal.
[INF]
(4) Explicações teóricas e experimentais sobre eventos
: Descrição de proposições teóricas ou achados
experimentais relativos ao assunto em discussão.
Ex: ¾ T: Não há a necessidade biológica de se dormir por oito horas. A quantidade de sono
necessária para cada um é também aprendida. [INF]
Ex: ¾ T: O desempenho em testes tende a ser melhor depois de uma noite bem dormida. [INF]
(5) Informações sobre o contrato terapêutico
: descrições do terapeuta sobre o funcionamento da
terapia (contrato, regras, objetivos), acerto de horários e local para a realização da sessão, para o
estabelecimento do contrato terapêutico (enquadre).
Ex: ¾ T: Nós nos encontraremos duas vezes por semana. [INF]
¾ T: Vamos falar sobre a última semana primeiro, então nós vamos falar um pouco mais
sobre sua situação em casa e vamos terminar com um exercício de relaxamento. [INF]
¾ T: O valor da sessão é $$. [INF]
100
¾ T: Não tem nada sistematizado, do tipo “eu vou ter que ir por aqui, depois por aqui, depois
ali, tá?” Então, fica à vontade. A gente vai indo. Não se preocupe com essa coisa da, dessa
resistência, desse receio. É natural. Então relaxa. Com o andamento das sessões você vai se
sentindo mais à vontade [INF]
(6) Descrição de estratégias, procedimentos ou do programa terapêutico:
descrições ou regras sobre o
funcionamento de determinadas técnicas, estratégias, jogos, exercícios ou programas terapêuticos ou
sobre o andamento da própria sessão;
Ex: ¾ T: Durante a exposição nós vamos trazer para a sessão algo que você teme e você
deverá permanecer em contato com ele sem que você faça o ritual. [INF]
¾ T: O exercício de relaxamento que eu vou te ensinar agora serve para você controlar a sua
ansiedade nas situações mais difíceis... você deve respirar em quatro tempos, contando até
quatro bem devagar em cada um deles... inspira em quatro... segura quatro... solta em quatro...
e segura quatro... mas precisa ser treinado com freqüência para que você possa ter um melhor
domínio sobre sua ansiedade. Se você deixar pra treinar na hora da crise de ansiedade não vai
funcionar. [INF]
(7) Justificativas de intervenções
: Terapeuta explica ou justifica suas intervenções.
Ex: ¾ T: Eu não gosto desse tipo de procedimento, mas é o único que vai te ajudar nesse
momento. [INF].
Caracterização geral da categoria
I
NFORMAÇÃO contempla verbalizações nas quais o terapeuta relata eventos ou informa o cliente sobre
eventos (que não o comportamento do cliente ou de terceiros), estabelecendo ou não relações causais
ou explicativas entre eles.
Essa classe de verbalizações é tipicamente associada a intervenções “psicoeducacionais” e ao
“enquadre” ou contrato terapêutico.
Critérios de inclusão ou exclusão
(a) I
NFORMAÇÃO X SOLICITAÇÃO DE RELATO: Se uma pergunta for feita como parte de uma
verbalização de I
NFORMAÇÃO, ou como pedido de confirmação de INFORMAÇÃO dada pelo terapeuta,
não será considerada S
OLICITAÇÃO DE RELATO e registrar-se-á unicamente a ocorrência de
I
NFORMAÇÃO.
Ex:
T: A [Universidade] também é excelente. Ela só não é tão famosa quantoa [Universidade], sabe?[INF]
(b) I
NFORMAÇÃO X FACILITAÇÃO: Verbalizações curtas ou expressões para-lingüísticas, quando
emitidas pelo terapeuta após um pedido de confirmação do cliente sobre seu entendimento do que ele
está dizendo, serão categorizadas como I
NFORMAÇÃO.
(d) F
ACILITAÇÃO precede INFORMAÇÃO. Quando em dúvida entre INFORMAÇÃO e FACILITAÇÃO,
categorize F
ACILITAÇÃO.
Terapeuta Solicita Reflexão
Sigla: SRF
Nome resumido: Solicitação de Reflexão
Categoria tipo: Estado
101
Estão inclusos nessa categoria
(1) solicitação de análise
: terapeuta solicita ao cliente que ele pense ou reflita – imediatamente na
sessão ou após seu término – a respeito de determinados eventos, estabeleça ou relate relações entre
eventos.
¾ T: Gostaria que você pensasse nessa semana sobre o que conversamos hoje...sobre os
benefícios que você obtém quando se queixa dessa maneira com sua família [SRF]
¾ T: E você tem alguma hipótese de por que isso aconteceu? [SRF].
¾ T: Você está me dizendo que todos os seus namorados agem com você de forma muito
semelhante ao seu pai. Você acha que isso é apenas uma coincidência? [SRF].
(2) solicitação de avaliação
: terapeuta solicita que o cliente relate sua opinião, julgamento ou avaliação
a respeito de eventos.
¾ T: O que você achou da reação dele? [SRF].
¾ T: Você acha correta a forma com que ele agiu? [SRF].
(3) solicitação de previsão
: Terapeuta solicita que o cliente estabeleça suposições sobre a ocorrência
futura de comportamentos seus ou de outros.
¾ T: Tendo em vista os últimos acontecimentos, você pode imaginar como será a próxima
tentativa dele? [SRF].
¾ T: E agora, o que você acha que vai acontecer? [SRF].
(4) solicitação de observação
: Terapeuta solicita que o cliente observe e/ou registre a ocorrência de
eventos (tais solicitações podem ocorrer como parte de uma técnica terapêutica ou como estratégia
para coleta de dados).
Ex: ¾ T: Eu gostaria que você registrasse as situações que te provocam ansiedade, para que
possamos discutir na semana que vem. [SRF]
¾ T: Vamos fazer uma coisa... eu quero que você anote em um caderninho o que você comeu
em cada refeição, a que horas você comeu, e se aconteceu algo relevante naquele dia ou logo
antes de você comer. [SRF]
¾ T: Então... Eu quero que você anote pra mim as situações dentro da sua casa, nas quais você
faz o ritual. Então, escreve assim " quando eu entro no quarto... eu penso em tal coisa e preciso
fazer tal coisa...". Então você pode até anotar só as situações que te deixam ansiosa, tipo, no
quarto, a torneirinha do gás que está lá fora... algumas das coisas fixas da sua casa, que ao
ver, ou simplesmente saber que estão lá, você inicia o ritual. [SRF]
Caracterização geral da categoria
S
OLICITAÇÃO DE REFLEXÃO contempla verbalizações nas quais o terapeuta solicita ao cliente
qualificações, explicações, interpretações, análises ou previsões a respeito de qualquer tipo de evento.
Diferentemente de S
OLICITAÇÃO DE RELATO, na qual o terapeuta pede que o cliente apenas relate a
ocorrência de eventos, sentimentos ou pensamentos, nesse caso o terapeuta solicita que o cliente
analise ou estabeleça relações entre os eventos em discussão.
Em sessões de terapia analítico-comportamental, essa classe de verbalizações ocorre tipicamente
quando o terapeuta busca facilitar o estabelecimento de relações funcionais e a formação de auto-
regras.
Critérios de inclusão ou exclusão
102
(a) SOLICITAÇÃO DE REFLEXÃO X SOLICITAÇÃO DE RELATO: Quando uma pergunta do terapeuta do
tipo “por que” solicita apenas esclarecimento sobre um evento em discussão na sessão, não
envolvendo um pedido de interpretação sobre hipóteses ou relações causais por parte do cliente, não
categorize S
OLICITAÇÃO DE REFLEXÃO, e sim SOLICITAÇÃO DE RELATO.
(b) S
OLICITAÇÃO DE RELATO precede SOLICITAÇÃO DE REFLEXÃO. Quando em dúvida entre
S
OLICITAÇÃO DE RELATO e SOLICITAÇÃO DE REFLEXÃO, dê preferência a SOLICITAÇÃO DE RELATO.
(c) Quando uma S
OLICITAÇÃO DE REFLEXÃO do tipo Solicitação de Observação é acompanhada de
I
NFORMAÇÃO sobre razões pelas quais o cliente deve fazer aquela observação, registre a ocorrência de
ambas as categorias – S
OLICITAÇÃO DE REFLEXÃO e INFORMAÇÃO – cada uma no segmento
apropriado da interação.
Ex:
¾ T: Eu vou sugerir uma coisa... quero que você faça um tipo de anotação pra mim, durante
essa semana. Eu vou te dar certinho o que você precisa anotar e você vai fazer toda vez que
aparecer esse tipo de pensamento [SRF]. Porque se você me descrever na hora o que que
aconteceu, eu vou ter idéia do tempo que você demorou pra fazer cada ritual, vou ter idéia do
que está acontecendo. Com isso, a gente tem uma base boa pra estar trabalhando. Durante
uma semana a gente tem uma medida legal de como é que isso ocorre ao longo do dia. [SRF]
Terapeuta Recomenda ou solicita a execução de ações, tarefas ou técnicas
Sigla: REC
Nome resumido: Recomendação
Categoria tipo: Estado
Estão inclusos nessa categoria
(1) conselhos
: Terapeuta especifica ações ou conjuntos de ações de caráter aberto (respostas passíveis
de serem observadas por outros que não o próprio cliente) ou encoberto (respostas passíveis de serem
observadas apenas pelo próprio cliente, tais como pensamentos ou sentimentos) a serem executadas ou
que deveriam ser evitadas pelo cliente, dentro ou fora da sessão.
Ex: ¾ T: Tente conversar com seu pai durante a semana e lhe falar sobre o que você sente
nessas situações. [REC]
¾ T: Faça a prova amanhã, antes que você esqueça a matéria. [REC]
¾ T: Você deveria cuidar de sua vida e deixar que seu irmão administre as suas próprias
coisas. [REC]
¾ T: Agora me diga o mesmo que você acabou de dizer, só que sem mexer as pernas. [REC]
¾ T: Você não deve se sentir culpado por uma coisa que não foi sua responsabilidade. Lembre-
se que nem tudo está sob seu controle. [REC]
¾ T: Quando você for enfrentar a situação, lembre-se de todas as vezes que você teve sucesso.
[REC]
(2) modelo
: Terapeuta declaradamente oferece seu comportamento como exemplo de como o cliente
deve se comportar.
Ex: ¾ T: Agora tente fazer um pedido para mim da mesma forma com que acabei de falar.
[REC]
¾ T: Tente repetir a seqüência do jogo assim como eu fiz. [REC]
103
¾ T: Eu vou falar como eu acredito que você deveria conversar com o seu chefe. [REC]
¾ T: Observe agora como eu estou fazendo para depois você fazer o mesmo. [REC]
(3) incentivo
: Terapeuta sugere que o cliente pode ou é capaz de agir de determinada maneira ou
mudar determinado comportamento.
Ex: ¾ T: Tenho certeza que você é capaz de fazer isso. [REC]
¾ T: Faça dessa forma e muito em breve você estará livre disso.[REC]
(4) Estruturação de atividade
: Terapeuta solicita que o cliente se engaje em atividades, técnicas ou
exercícios a serem executados, durante a interação terapêutica no consultório ou extra consultório.
Ex: ¾ T: Vamos experimentar praticar isso em uma representação? Dessa vez, tente dizer
diretamente o que você sente. [REC]
¾ T: Agora vamos fazer um exercício de exposição: experimente pegar na maçaneta dessa
porta e ficar por quinze minutos sem lavar as mãos. [REC]
¾ T: Esse assunto é bastante importante. Vamos voltar a falar sobre ele na próxima sessão.
[REC]
¾ T: Então fica combinado para essa semana, de você procurar enfrentar algumas daquelas
situações que você classificou como de menor ansiedade. Não importa qual delas, nem se você
vai ter sucesso ou não. O mais importante é que você tente enfrentar e fique atento ao que você
sente e pensa quando você está enfrentando. [REC]
(5) Permissão, proibição ou solicitação de parada
: Ordens, autorizações ou pedidos de parada ou
mudança de comportamento do cliente dentro da sessão.
Ex: ¾ C: Eu posso anotar tudo à noite, antes de dormir ou tenho que fazer na hora em que
acontece?
T: Faça como você achar melhor. O importante é que você registre o máximo de situações que
ocorrerem ao longo do dia. [REC]
¾ T: Por favor, preste atenção enquanto eu estou falando. [REC]
¾ T: Eu gostaria que você não colocasse os pés no sofá. [REC]
¾ T: Sente-se em sua cadeira enquanto conversamos. Eu não consigo conversar com você
andando pela sala. [REC]
Caracterização geral da categoria
R
ECOMENDAÇÃO contempla verbalizações nas quais o terapeuta sugere alternativas de ação ao cliente
ou solicita o seu engajamento em ações ou tarefas. Deve ser utilizada quando o terapeuta especifica a
resposta a ser (ou não) emitida pelo cliente. A literatura refere-se a essa categoria também como
aconselhamento, orientação, comando, ordem.
Critérios de inclusão ou exclusão
(a) Confirmações em resposta a perguntas do cliente sobre como proceder serão consideradas
R
ECOMENDAÇÃO.
(b) Qualquer permissão ou proibição do terapeuta a respeito de ações a serem executadas dentro ou
fora da sessão será categorizada como R
ECOMENDAÇÃO.
(c) Verbalizações do terapeuta que ocorrerem durante uma atividade ou técnica desenvolvidas dentro
da sessão terapêutica serão categorizadas de acordo com sua forma e função características, devendo
apenas a solicitação para que o cliente se engaje na técnica/exercício ser categorizada como
R
ECOMENDAÇÃO.
104
(d) RECOMENDAÇÃO X SOLICITAÇÃO DE RELATO: Solicitações que requererem uma ação dentro da
sessão serão consideradas R
ECOMENDAÇÃO, com exceção de solicitações ou perguntas que solicitam
explicitamente a descrição ou a confirmação de eventos, que serão categorizados como S
OLICITAÇÃO
DE
RELATO.
(e) R
ECOMENDAÇÃO X SOLICITAÇÃO DE RELATO: Perguntas do terapeuta ou falas em forma
imperativa que solicitem que o cliente descreva eventos, mesmo que sobre temas diferentes daquele
em curso na sessão, ou que mudem a direção da conversação, não serão considerados
R
ECOMENDAÇÃO, e sim SOLICITAÇÃO DE RELATO.
(f) S
OLICITAÇÃO DE RELATO precede RECOMENDAÇÃO.Quando em dúvida entre RECOMENDAÇÃO e
S
OLICITAÇÃO DE RELATO, dê preferência a SOLICITAÇÃO DE RELATO.
(g) R
ECOMENDAÇÃO X EMPATIA: Verbalizações nas quais o terapeuta revela sua própria experiência
com relação a um evento sendo discutido, quando tal relato sugere a solução de algum problema em
discussão ou da queixa sendo analisada, supõem a proposição do terapeuta como um modelo e,
portanto, serão categorizadas como R
ECOMENDAÇÃO. Quando o terapeuta revela informações pessoais
de forma a sugerir compreensão ou entendimento da experiência do cliente, será categorizado
E
MPATIA. Relatos do terapeuta de algum evento de sua própria experiência, quando não sugerirem a
solução de problema ou queixa, a compreensão ou entendimento da experiência do cliente, ou
desafios, serão categorizadas como O
UTRAS.
(h) E
MPATIA precede RECOMENDAÇÃO. Quando em dúvida entre RECOMENDAÇÃO e EMPATIA,
categorize E
MPATIA.
(i) R
ECOMENDAÇÃO X INFORMAÇÃO: Quando uma RECOMENDAÇÃO é acompanhada de informações
que justificam o porquê o cliente deve segui-la ou sugerem que o cliente poderá melhorar caso realize
as ações ou tarefas propostas, serão categorizadas ambas as categorias: R
ECOMENDAÇÃO e
I
NFORMAÇÃO, cada uma no respectivo segmento da verbalização.
(k) R
ECOMENDAÇÃO X INFORMAÇÃO: Verbalizações do terapeuta durante um exercício ou atividade,
tal como role-playing ou viagem de fantasia serão categorizadas de acordo com suas categorias
correspondentes, sendo categorizado I
NFORMAÇÃO as instruções do terapeuta e RECOMENDAÇÃO a
solicitação para o cliente se engajar no exercício.
(l) Quando em dúvida entre R
ECOMENDAÇÃO e INFORMAÇÃO, categorize INFORMAÇÃO.
I
NFORMAÇÃO precede RECOMENDAÇÃO.
(m) R
ECOMENDAÇÃO X SOLICITAÇÃO DE REFLEXÃO: Orientações para a emissão de respostas de
caráter encoberto (tais como pedidos do terapeuta para que o cliente pense ou reflita sobre um
determinado tema ou questão) serão consideradas S
OLICITAÇÃO DE REFLEXÃO quando não for
especificada a topografia da resposta encoberta a ser emitida, tendo como foco melhorar ou aprofundar
a análise do tema em discussão por meio de respostas de observação e de descrição de eventos. Tais
orientações serão consideradas R
ECOMENDAÇÃO quando a verbalização do terapeuta especificar a
topografia da resposta a ser emitida pelo cliente, de modo a modificar o seu desempenho final em uma
situação, atividade ou tarefa.
¾T: Quero que você reflita sobre o que estava ocorrendo todas as vezes que você obteve
sucesso no enfrentamento. [SRF] * Trata-se de S
OLICITAÇÃO DE REFLEXÃO, porque o que é
solicitado pelo terapeuta é a obtenção de informações mais aprofundadas sobre o tema e não o
engajamento do cliente em uma resposta encoberta de topografia especificada.
¾T: Quando você estiver em uma situação semelhante, antes de reagir atacando, pense nas
possíveis razões pelas quais a pessoa pode ter feito aquilo que te desagradou. [REC] * Nesse
caso, trata-se de um pedido do terapeuta que especifica a topografia da resposta e visa modificar
o desempenho final do cliente em determinada condição, caracterizando-se portanto como uma
R
ECOMENDAÇÃO.
105
(n) SOLICITAÇÃO DE REFLEXÃO precede RECOMENDAÇÃO. Quando em dúvida entre RECOMENDAÇÃO
e S
OLICITAÇÃO DE REFLEXÃO, categorize SOLICITAÇÃO DE REFLEXÃO.
(j) R
ECOMENDAÇÃO X INTERPRETAÇÃO: Quando uma verbalização do tipo “se... então” sugerir que o
cliente poderá melhorar caso realize determinadas ações ou tarefas propostas pelo terapeuta, serão
categorizadas ambas as categorias: R
ECOMENDAÇÃO e INTERPRETAÇÃO cada uma no respectivo
segmento da verbalização.
Terapeuta interpreta – INT (Interpretação) * Estado
Estão inclusos nessa categoria
(1) descrições de relações explicativas entre ações (do cliente e/ou de terceiros) e outros eventos
:
relações explicativas ou causais entre eventos - relações do tipo "se... então", apenas quando dizem
respeito ao comportamento do cliente ou de terceiros;
Ex: ¾ T: Porque quando você faz isso, você fica mais em contato com você. Porque se você
começa a negar... ... Você começa a perder contato com aquilo que você sente. Assim: como é
que as coisas que acontecem no mundo me afetam? Entendeu? [INT]
¾ C: ... não estou conseguindo... tudo aquilo que eu me propus a fazer eu fico enrolando...
acho que eu to muito desmotivado...
T: Talvez o seu problema não seja de motivação, mas que até agora as coisas ainda não deram
certo. Muito do que a gente faz, pra que a gente se mantenha fazendo depende da conseqüência
daquilo que a gente faz. Quando a gente faz uma coisa que tem um a conseqüência imediata,
legal. A tendência é que a gente continue fazendo. Quando a conseqüência não é muito legal, a
gente tende não fazer mais. [INT]
¾ T: Você se cobra em melhorar o desempenho sexual com seu marido, mas da maneira como
você descreve a relação sexual, ela não é satisfatória para você. Portanto, não existe nada que
te motive a continuar procurando. [INT]
(2) descrição de regularidades ou padrões recorrentes entre ações (do cliente e/ou de terceiros) e outros
eventos: terapeuta explica a ocorrência do comportamento do cliente ou de terceiros em termos de
padrões recorrentes, relações temporais ou de contigüidade ou aponta a existência de temas recorrentes
nos eventos relatados pelo cliente;
Ex: ¾ T: A impressão que eu tenho é que sempre que ele te faz um elogio, ele é seguido por
uma crítica, do tipo... “você foi ótimo na apresentação, mas...” [INT]
¾ T: Você já notou que, sempre que há alguma situação muito difícil pela frente, você fica
doente? [INT]
¾ T: Essa é uma dúvida que te persegue, né? Se é por você ou pela gravidez que ele está
mudando... [INT]
¾ T: Você se dá conta de que suas obsessões sempre são relacionadas a situações nas quais
você age por impulso com outras pessoas e depois se arrepende? Aí você fica ruminando sobre
o que poderia ter sido diferente... [INT]
(3) diagnóstico
: apresentação de diagnóstico ou rótulo relativo a algum padrão de interação ou
conjunto de sintomas descritos pelo cliente ou observados pelo terapeuta.
Ex: ¾ C: Você acha que eu estou deprimido?
T: Você parece mais ansioso que deprimido [INT]
106
¾ T: Isso que você acabou de descrever é conhecido pela psiquiatria como Transtorno
Obsessivo-Compulsivo. (após a descrição do cliente de sua queixa) [INT]
(4) devolutiva de avaliação padronizada
: apresentação de conclusão relativa a algum teste, escala ou
instrumento de avaliação psicológica.
Ex: ¾ T: O teste indica que você tem maior interesse por profissões relacionadas ao cuidado e
atendimento de pessoas. [INT]
(5) Estabelecimento de síntese
: Verbalizações nas quais o terapeuta apresenta sínteses, conclusões ou
reorganização do que foi dito em algum ponto anterior pelo cliente a respeito de seu comportamento
ou de terceiros. A síntese deve apresentar uma I
NTERPRETAÇÃO diferente daquela descrita no relato do
cliente ou acrescentar informações ou opiniões do terapeuta que não estavam na fala do cliente.
Ex: ¾ T: Então, você está dependente de álcool... já deve estar começando a beber de manhã,
eu suponho. [INT]
(6) metáforas ou analogias explicativas
: descrições sobre padrões de interação do cliente ou de
terceiros por meio de apresentação de situações semelhantes, análogas ou simbólicas.
Ex: ¾ T: Quando você falou que tinha dor de cabeça, eu lembrei daquelas mulheres que na
hora de transar dizem "ah, eu não posso, estou com dor de cabeça". [INT]
¾ C: De fato, ele é muito baixinho... eu acho que não ia dar certo mesmo...
T: É... as uvas estão verdes... [INT]
(7) inferências
: suposições sobre a ocorrência de relações ou eventos até então não relatados pelo
cliente ou não descritos pelo terapeuta, apenas quando essa inferência não diz respeito a sentimentos e
emoções do cliente. (esse critério diferencia essa sub-categoria de interpretação da categoria
E
MPATIA).
Ex: ¾ T: Imagino que ele tenha sido extremamente gentil nas primeiras semanas e depois...
[INT]
(8) previsões
: suposições sobre a ocorrência futura de comportamentos do cliente ou de terceiros.
Ex: ¾ T: Acredito que a próxima coisa que ele vai fazer é te convidar para sair... [INT]
(9) confrontações
: Terapeuta aponta discrepâncias ou contradições no discurso do cliente.
Ex: ¾ T: Você estava dizendo há pouco que seu marido não lhe dá a menor atenção, mas
agora você está me dizendo uma série de cuidados que ele tem com você. [INT] O que parece
isso? [SRE]
(10) normalizações
: Terapeuta sugere que algo que o cliente ou terceiros sentem ou fazem é normal,
ou esperado.
Ex: ¾ T: Isso é normal... adolescentes tendem a agir dessa forma. Daqui a pouco ele vai voltar
a se aproximar... [INT]
(11) Descrição de processo
: Terapeuta descreve ao cliente sua análise a respeito de um processo que
vem ocorrendo ou de transformações que ele percebe ao longo desse processo.
Ex: ¾ C: Por que às vezes as coisas empacam entendeu?
T: É eu sei, percebi não quer dizer e não é de hoje, né? Não é de hoje a coisa vem e vai
piorando, piorando, não sei, acho até que hoje você convive melhor. [INT]
Caracterização geral da categoria
I
NTERPRETAÇÃO contempla verbalizações nas quais o terapeuta descreve, supõe ou infere relações
causais e/ou explicativas (funcionais, correlacionais, ou de contigüidade) a respeito do comportamento
do cliente ou de terceiros, ou identifica padrões de interação do cliente e/ou de terceiros* (*este
107
critério diferencia esta categoria de INFORMAÇÃO que, por sua vez, contém explicações a respeito de
outros eventos que não o comportamento do cliente e/ou de terceiros).
Na literatura clínica analítico-comportamental, a análise de contingências ou análise funcional
apresentada pelo terapeuta envolve, em parte, essa classe de verbalizações.
Critérios de inclusão ou exclusão
(a) A categorização de um trecho como I
NTERPRETAÇÃO independe da precisão ou correção da análise
feita pelo terapeuta, ou de sua concordância por parte do cliente.
(b) I
NTERPRETAÇÃO X SOLICITAÇÃO DE RELATO, INFORMAÇÃO, APROVAÇÃO OU REPROVAÇÃO: Se
uma pergunta for feita como parte de uma verbalização de I
NFORMAÇÃO, INTERPRETAÇÃO,
A
PROVAÇÃO ou REPROVAÇÃO ou como pedido de confirmação de INFORMAÇÃO, INTERPRETAÇÃO,
A
PROVAÇÃO ou REPROVAÇÃO dada pelo terapeuta, não será considerada SOLICITAÇÃO DE RELATO e
registrar-se-á unicamente a ocorrências da categoria em questão.
(c) I
NTERPRETAÇÃO X FACILITAÇÃO: Verbalizações do terapeuta que repetem ou confirmam para o
cliente o conteúdo de uma I
NTERPRETAÇÃO que o terapeuta acabou de apresentar (por meio de
repetição, verbalizações curtas ou expressões para-lingüísticas) serão categorizadas como
I
NTERPRETAÇÃO.
(d) I
NTERPRETAÇÃO X EMPATIA: Um segmento de verbalização do terapeuta será categorizado como
I
NTERPRETAÇÃO apenas se a relação apresentada, de alguma forma, acrescentar informações novas ou
mudar o significado do relato apresentado pelo cliente. Quando um resumo ou síntese não mudar o
sentido do que foi dito pelo cliente, classificar como E
MPATIA.
(e) I
NTERPRETAÇÃO X EMPATIA: Quando uma inferência por parte do terapeuta referir-se à ocorrência
de sentimentos ou emoções do cliente, sua fala será categorizada como E
MPATIA.
(f) I
NTERPRETAÇÃO X EMPATIA: Verbalizações que sugerem que algum evento é normal, ou esperado,
quando têm como ênfase a validação de um sentimento relatado pelo cliente, categorize E
MPATIA.
Quando ocorrerem de forma a explicar algum comportamento do cliente ou de terceiros, categorize
I
NTERPRETAÇÃO. Quando referirem-se a outros eventos, que não o comportamento do cliente ou de
terceiros, categorize I
NFORMAÇÃO.
(g) I
NTERPRETAÇÃO X EMPATIA X REPROVAÇÃO: verbalizações nas quais o terapeuta demonstra
preocupação pessoal com o cliente são tipicamente categorizadas como E
MPATIA, mas quando forem
acompanhadas de explicação ou crítica, codifique apenas a categoria: I
NTERPRETAÇÃO ou
R
EPROVAÇÃO.
Ex: ¾ T: Não é possível que você continue bebendo essa quantidade. Fico preocupado com as
consequências disso [REP].
¾ T: O que me preocupa é a função que o álcool está exercendo em sua vida. O uso do álcool
em situações sociais é tranqüilo, mas você o está usando para alívio da ansiedade, como se
fosse um remédio. E essa função do álcool é perigosa porque favorece a dependência.[INT].
(h) E
MPATIA precede INTERPRETAÇÃO. Quando em dúvida entre EMPATIA e INTERPRETAÇÃO,
categorize E
MPATIA.
(i) I
NTERPRETAÇÃO X INFORMAÇÃO: Quando o terapeuta fornecer descrições de relações explicativas
ou causais entre eventos - relações do tipo "se... então", a respeito de outros eventos, que não o
comportamento do cliente ou de terceiros, será categorizado I
NFORMAÇÃO.
(j) I
NTERPRETAÇÃO X INFORMAÇÃO: Quando o terapeuta retomar assuntos ou diálogos discutidos
anteriormente estabelecendo alguma relação explicativa sobre o comportamento do cliente ou de
terceiros, não será registrada a categoria I
NFORMAÇÃO, e sim INTERPRETAÇÃO.
108
(k) INFORMAÇÃO precede INTERPRETAÇÃO. Quando em dúvida entre INFORMAÇÃO e
I
NTERPRETAÇÃO, categorize INFORMAÇÃO.
(l) I
NTERPRETAÇÃO X RECOMENDAÇÃO: Quando uma verbalização do tipo “se... então” sugerir que o
cliente poderá melhorar caso realize determinadas ações ou tarefas propostas pelo terapeuta, serão
categorizadas ambas as categorias
INTERPRETAÇÃO e RECOMENDAÇÃO, cada uma no respectivo
segmento da verbalização, a depender dos critérios estabelecidos para cada categoria.
(m) I
NTERPRETAÇÃO X RECOMENDAÇÃO: Quando uma RECOMENDAÇÃO é acompanhada de
explicações do porquê o cliente deve seguir aquela R
ECOMENDAÇÃO, registrar a ocorrência de ambas
as categorias – R
ECOMENDAÇÃO e INFORMAÇÃO ou RECOMENDAÇÃO E INTERPRETAÇÃO, cada uma
no segmento apropriado da interação, a depender dos critérios estabelecidos para cada categoria.
(n) Quando em dúvida entre R
ECOMENDAÇÃO e INTERPRETAÇÃO, categorize INTERPRETAÇÃO.
I
NTERPRETAÇÃO precede RECOMENDAÇÃO.
Terapeuta aprova ou concorda com ações ou avaliações do cliente – APR (Aprovação) * Estado
Estão inclusos nessa categoria
(1) Elogios ou avaliações positivas sobre o cliente
: Terapeuta expressa julgamento favorável a ações,
características ou aparência do cliente (sejam estas relatadas pelo cliente ou observadas pelo
terapeuta).
Ex: ¾ T: Você tomou a decisão certa, está lidando com isso muito bem. [APR]
¾ T: Você está de parabéns! Sua condução foi perfeita! [APR]
¾ T: Que lindo esse teu colarzinho! [APR]
(2) descrição de ganhos terapêuticos
: Terapeuta descreve os progressos ou sucessos do cliente.
Ex: ¾ T: Puxa, C., eu estava me lembrando da época em que a gente começou a trabalhar
juntos. Como as coisas estão mudadas! Você lembra que era difícil pra você até mesmo vir
sozinha para cá? E agora você está se virando sozinha, com o maior desprendimento... acho
muito legal isso! [APR]
(3) verbalizações de concordância
: Terapeuta confirma ou relata estar de acordo com afirmações
verbalizadas pelo cliente.
Ex: ¾ T: Com certeza! Você tem toda a razão. [APR]
(4) pseudo-discordância
: Terapeuta discorda do cliente, mas o faz de forma a ressaltar características
do cliente que ele considera positivas.
Ex: ¾ C: Eu só melhorei por causa da medicação.
T: De fato, a medicação pode te ajudar, mas se você não tivesse agido, tudo estaria igual.
[APR]
(5) relato de sentimentos positivos
: Terapeuta relata gostar do cliente, ou sentir-se bem em sua
presença ou relata estar satisfeito com alguma ação realizada pelo cliente ou com o andamento da
sessão.
Ex: ¾ T: Gostei muito da nossa sessão de hoje. Acho que falamos de assuntos bastante
importantes. [APR]
¾ T: Você conversa super bem! É muito agradável conversar com você. [APR]
109
(6) exclamações e expressões de aprovação: Verbalizações exclamativas ou comentários em forma de
exclamação ou interrogação, apresentados após a descrição de ações do cliente, sugerindo que tal ação
foi aprovada pelo terapeuta.
Ex: ¾ C: Consegui recuperar a minha nota de matemática.
T: Que máximo!!! [APR]
C: Consegui caminhar todos os dias essa semana.
T: É mesmo? [APR]
¾ C: Daí, fomos para a capela e me chamou a atenção o Bill, o cachorro do caseiro, porque
desde pequeno ele me acompanha na capela... só que ele não entra. Então ele... põe o pezinho,
ele só olha para mim ele tira o pé do piso e fica no cimento do lado de fora parado olhando, ele
não entra ... é uma coisa bárbara você ver!
T: Nossa, e você ensinou ele... [APR]
(7) agradecimentos
: Terapeuta agradece o cliente por alguma ação deste ou após um elogio.
Ex: ¾ C: Não, você é uma das responsáveis, eu tinha que dizer, não, eu faço questão, eu sou
muito franca, sabe, de extrema transparência, é, você, de uma forma assim, muito inteligente,
tá sabendo me conduzir assim, entre aspas, porque eu to tendo mais discernimento, sabendo o
que é mais conveniente e o que não é e tô tentando encontrar o caminho, não é?, Sem tanto
medo de ser feliz.
T: Que bom, brigada, fico muito contente. [APR]
Caracterização geral da categoria
A
PROVAÇÃO contempla verbalizações do terapeuta que sugerem avaliação ou julgamento favoráveis a
respeito de ações, pensamentos, características ou avaliações do cliente. Verbalizações de
A
PROVAÇÃO dirigem-se a ações ou características específicas do cliente e pressupõem o terapeuta
como alguém que pode selecionar e fortalecer aspectos de seu comportamento que seriam mais ou
menos apropriados. Isso difere da categoria E
MPATIA, que tem um caráter inespecífico e não envolve
avaliação ou julgamento.
Critérios de inclusão ou exclusão:
(a) Quando aprovação for acompanhada de descrição do comportamento do cliente que foi alvo da
aprovação, registre unicamente a ocorrência da categoria A
PROVAÇÃO
Ex: ¾ C: Ele quis mudar e eu fiquei com medo de tomar, não comprei...
T: Porque você está ótima, né C., independentemente de estar tomando três o quatro
comprimidos, você está conseguindo fazer muito mais coisas, tomar decisões... [APR]
C: É... e eu achei melhor ficar só com três.
(b) A
PROVAÇÃO X SOLICITAÇÃO DE RELATO: Se uma pergunta for feita como parte de uma
verbalização de A
PROVAÇÃO ou como pedido de confirmação de APROVAÇÃO dada pelo terapeuta,
não será considerada S
OLICITAÇÃO DE RELATO e registrar-se-á unicamente a ocorrências da categoria
A
PROVAÇÃO.
(c)
APROVAÇÃO X FACILITAÇÃO: Verbalizações curtas ou expressões paralingüísticas emitidas pelo
terapeuta após solicitação aprovação, avaliação ou confirmação do cliente ou imediatamente após o
cliente terminar uma fala serão categorizadas como A
PROVAÇÃO (quando após o relato de ações do
cliente) ou E
MPATIA (quando após a descrição de outros eventos). FACILITAÇÃO só é categorizada se
110
acontecer enquanto o cliente tiver a palavra. Não é codificado quando ocorrer durante pausas de três
segundos ou mais na conversação.
(d) Quando em dúvida entre A
PROVAÇÃO e FACILITAÇÃO, categorize FACILITAÇÃO. FACILITAÇÃO
precede A
PROVAÇÃO.
(e) A
PROVAÇÃO X EMPATIA: Comentários em forma de exclamação ou risos, quando apresentados
após a descrição de outros eventos, que não ações do cliente, serão categorizados como E
MPATIA.
Quando estes comentários forem apresentados após a descrição de ações do cliente, serão
categorizados como A
PROVAÇÃO.
(f) A
UTO-REVELAÇÃO: Verbalizações nas quais o terapeuta revela sua própria experiência com relação
a um evento sendo discutido, quando tal relato sugere a solução de algum problema em discussão ou
da queixa sendo analisada, supõem a proposição do terapeuta como um modelo e, portanto, serão
categorizadas como R
ECOMENDAÇÃO. Quando o terapeuta revela informações pessoais de forma a
sugerir compreensão ou entendimento da experiência do cliente, será categorizada E
MPATIA. Quando
o terapeuta revela informações pessoais de forma a sugerir concordância, será categorizado
A
PROVAÇÃO. Verbalizações nas quais o terapeuta relata sua experiência com relação a um evento,
sugerindo que sua atuação foi melhor que a do cliente ou que, se ele conseguiu solucionar o problema,
o cliente também deveria conseguir serão categorizadas como R
EPROVAÇÃO. Relatos do terapeuta de
algum evento de sua própria experiência, quando não sugerirem a solução de problema ou queixa, a
compreensão ou entendimento da experiência do cliente, ou desafios, serão categorizadas como
O
UTRAS.
(g) Quando em dúvida entre A
PROVAÇÃO e EMPATIA, categorize EMPATIA. EMPATIA precede
A
PROVAÇÃO.
(h) A
PROVAÇÃO X SOLICITAÇÃO DE REFLEXÃO x RECOMENDAÇÃO X EMPATIA: Orientações para a
emissão de respostas de caráter encoberto (tais como pedidos do terapeuta para que o cliente pense ou
reflita sobre um determinado tema ou questão) serão consideradas S
OLICITAÇÃO DE REFLEXÃO
quando não for especificada a forma da resposta encoberta a ser emitida, tendo como foco melhorar ou
aprofundar a análise do tema em discussão por meio de respostas de observação e de descrição de
eventos. Tais orientações serão consideradas R
ECOMENDAÇÃO quando a verbalização do terapeuta
especificar a topografia da resposta a ser emitida pelo cliente, de modo a modificar o seu desempenho
final em uma situação, atividade ou tarefa. Serão, por sua vez, consideradas A
PROVAÇÃO quando a
verbalização do terapeuta recomendar explicitamente que o cliente observe, entre em contato ou tome
consciência de um ganho terapêutico, conquista ou progresso que ele (o cliente) tenha alcançado.
Ex: ¾T: Quero que você reflita sobre o que estava ocorrendo todas as vezes que você obteve
sucesso no enfrentamento. [SRF] * Trata-se de S
OLICITAÇÃO DE REFLEXÃO, porque o que é
solicitado pelo terapeuta é a obtenção de informações mais aprofundadas sobre o tema e não o
engajamento do cliente em uma resposta encoberta de topografia especificada.
¾T: Quando você estiver em uma situação semelhante, antes de reagir atacando, pense nas
possíveis razões pelas quais a pessoa pode ter feito aquilo que te desagradou. [REC] * Nesse
caso, trata-se de um pedido do terapeuta que especifica a topografia da resposta e visa modificar
o desempenho final do cliente em determinada condição, caracterizando-se portanto como uma
R
ECOMENDAÇÃO.
¾T: Presta atenção em como as coisas têm sido diferentes... olha quantas vezes você tem
conseguido fazer as coisas sem a ajuda do seu marido... acho que isso é super importante...
[APR] * Trata-se de A
PROVAÇÃO, porque a verbalização do terapeuta recomendar
explicitamente que o cliente tome consciência de um ganho terapêutico que ele (o cliente)
alcançou.
(i) SOLICITAÇÃO DE REFLEXÃO precede APROVAÇÃO.Na dúvida entre APROVAÇÃO e
S
OLICITAÇÃO DE REFLEXÃO, categorize SOLICITAÇÃO DE REFLEXÃO.
111
(j) APROVAÇÃO precede RECOMENDAÇÃO. Quando em dúvida entre RECOMENDAÇÃO e APROVAÇÃO,
categorize A
PROVAÇÃO.
(k) A
PROVAÇÃO X INTERPRETAÇÃO: Quando uma aprovação for acompanhada de explicações de
porque aquela ação foi boa ou correta, registre a ocorrência de ambas as categorias – A
PROVAÇÃO E
I
NTERPRETAÇÃO, cada uma no segmento apropriado da interação.
Ex: ¾ C: Ela: “então você não fica preocupada. Eu vou sair com o A.”. Eu digo: “ah! Que bom!
Vai, sim! Foi legal a senhora Ter ligado!”
T: Ótimo... [APR] Você notou que, das últimas conversas que você teve com ela, essa é a primeira
em que você fica do lado dela? Você deu um apoio, e o engraçado é que a reação dela foi assim:
“é... acho que é isso mesmo...”. O contrário do que sempre fez. [INT]
C: O contrário do que sempre fez.
(l) A
PROVAÇÃO X INTERPRETAÇÃO: Quando a descrição pelo terapeuta de algum ganho, progresso
ou conquista do cliente for analisada como relacionada a algum outro evento, tal como a análise de
conseqüências que poderiam ser obtidas por meio daquele comportamento ou análise de variáveis que
propiciaram aquela mudança do cliente, categorize apenas I
NTERPRETAÇÃO. Em casos nos quais o
terapeuta parabenize ou elogie o cliente antes ou depois de apresentar a análise do evento, categorize
A
PROVAÇÃO e INTERPRETAÇÃO, cada qual no seu respectivo segmento, Conforme descrito no critério
anterior (i).
(m) Na dúvida entre A
PROVAÇÃO e INTERPRETAÇÃO, categorize a segunda. INTERPRETAÇÃO precede
A
PROVAÇÃO.
Terapeuta reprova ou discorda de ações ou avaliações do cliente – REP (Reprovação) * Estado
Estão inclusas nessa categoria
(1) discordância
: Terapeuta discorda ou expressa julgamento desfavorável sobre ações, avaliações
afirmações propostas ou características do cliente (sejam estas relatadas pelo cliente ou observadas
pelo terapeuta).
Ex: ¾ T: Eu não acho que seja assim. [REP]
¾ T: As coisas são muito mais simples do que você pinta. [REP]
(2) crítica
: Terapeuta descreve falhas do cliente ou critica suas ações, características ou aparência.
Ex: ¾ T: Eu penso que você faz bem algumas coisas tais como supervisionar, monitorar
[APR], entretanto às vezes você entra em uma escalada de castigo, castigo, castigo. [REP]
(3) ironia
: Comentários de qualquer natureza feitos em tom sarcástico ou hostil com relação ao cliente.
Comentários do terapeuta que sugerem incredulidade a respeito de relatos do cliente sobre o que disse
ou fez ou terapeuta ri de algo que o cliente disse ou fez. *nesse caso, categorize também o respectivo
qualificador T
OM EMOCIONAL.
Ex: ¾ T: Você de fato pensa que sua mãe deveria deixá-lo vir para casa quando você quer?
[REP]
¾ T: Eu vou pegar uma xícara de café. Eu estou perdido. [REP]
112
¾ T: Você tá fumando com essa tosse? (sorrindo). [REP]
(4) ameaça
: Terapeuta prevê conseqüências negativas ou aversivas para uma ação (ou pela não ação)
do cliente em forma de ameaça.
Ex: ¾ T: Você pode escolher fazer isto deste modo ou ser miserável o resto de sua vida. [REP]
¾ T: Eu acho que a gente faz escolhas... você pode continuar fugindo de escolher uma
profissão... há tantas pessoas que preferem, ser donas de casa e lavar as roupas do marido o
resto da vida... [REP]
(5) paráfrase crítica
: Paráfrase de verbalização anterior do cliente que explicita uma crítica ou aponta
uma falta ou erro do cliente.
Ex: ¾ T: Eles pegaram a recompensa mesmo quando eles não a tinham merecido? * pergunta
apresentada em tom hostil após a cliente dizer que prometeu recompensa aos filhos após uma
tarefa e que os filhos não cumpriram a tarefa e ela os recompensou. [REP]
¾ T: Você quer dizer que você o deixa dormir em sua cama e ele a molha toda noite? (risada)
[REP]
¾ T: Você o deixou escolher seu próprio castigo? [REP]
(6) auto-revelações desafiadoras
: Terapeuta relata sua experiência com relação a um evento do qual o
cliente se queixa, sugerindo que sua atuação foi melhor que a do cliente ou que, se ele conseguiu
solucionar o problema, o cliente também deveria conseguir.
Ex: ¾ T: Quando eu resolvi sair da casa de meus pais eu tinha plena consciência de que eu
deveria me sustentar, e não ficar esperando que meus pais me ajudassem. [REP]
(7) relato de sentimentos negativos
: Relato de sentimentos que o cliente desperta no terapeuta que
indicam que não gosta dele ou de algo que ele faça ou que não está sentindo-se bem com algum
aspecto relativo ao comportamento do cliente.
Ex: ¾ T: Eu vou continuar a atendê-lo por que para mim é um desafio, mas eu não gostei de
você. [REP]
Ex: ¾ T: Eu fico muito irritado quando você fala comigo dessa forma. e quando isso acontece,
a vontade que eu tenho é de te tratar da mesma forma. [REP]
(8) advertência
: Terapeuta diz ao cliente que ele está impedindo o progresso terapêutico ou o
andamento da sessão.
Ex: ¾ T: Eu quero ajudá-la, mas é impossível fazermos alguma coisa com tantos atrasos... hoje
você chegou 40 minutos atrasada... o que nós podemos fazer em dez minutos? [REP]
Caracterização geral da categoria
R
EPROVAÇÃO é caracterizada por verbalizações do terapeuta que sugerem avaliação ou julgamento
desfavorável a respeito de ações, pensamentos, características ou avaliações do cliente. Assim como
A
PROVAÇÃO, verbalizações de REPROVAÇÃO dirigem-se a ações ou características específicas do
cliente e pressupõem o terapeuta como alguém que pode selecionar aspectos de seu comportamento
que seriam mais ou menos apropriados. R
EPROVAÇÃO tem sido freqüentemente associada na literatura
clínica a interações aversivas em psicoterapia, que podem ameaçar a manutenção da relação
terapêutica.
Critérios de inclusão ou exclusão
(a)
REPROVAÇÃO X SOLICITAÇÃO DE RELATO: Se uma pergunta for feita como parte de uma
verbalização de R
EPROVAÇÃO ou como pedido de confirmação de REPROVAÇÃO dada pelo terapeuta,
113
não será considerada SOLICITAÇÃO DE RELATO e registrar-se-á unicamente a ocorrências da categoria
em questão.
(b) R
EPROVAÇÃO X SOLICITAÇÃO DE RELATO: Caso uma pergunta do terapeuta seja apresentada em
tom irônico ou desafiador, sugerindo uma crítica, descrença ou discordância do terapeuta com relação
ao cliente, categorize R
EPROVAÇÃO, e não SOLICITAÇÃO DE RELATO. *Nesse caso, categorize também
o respectivo qualificador T
OM EMOCIONAL.
(c) S
OLICITAÇÃO DE RELATO precede REPROVAÇÃO.Quando em dúvida entre SOLICITAÇÃO DE
RELATO e REPROVAÇÃO, dê preferência a SOLICITAÇÃO DE RELATO.
(d)
REPROVAÇÃO X FACILITAÇÃO: A verbalização “certo”, quando dita sarcasticamente, sugerindo
discordância, deve ser categorizada como R
EPROVAÇÃO.
(e) F
ACILITAÇÃO precede REPROVAÇÃO. Quando em dúvida entre REPROVAÇÃO e FACILITAÇÃO,
categorize F
ACILITAÇÃO.
(f)
REPROVAÇÃO X EMPATIA: Verbalizações tais como “é mesmo?” ou “não acredito”, quando
sugerirem descrença, no relato do cliente ou crítica ao seu comportamento, serão categorizadas como
R
EPROVAÇÃO, e não EMPATIA.
(g) R
EPROVAÇÃO X EMPATIA: Quando o terapeuta ri do relato de ações do cliente, não sugerindo
ironia, mas sim interesse em seu relato (ele ri com o cliente, e não do cliente), categorize E
MPATIA.
(h) R
EPROVAÇÃO X EMPATIA: Verbalizações exclamativas após o relato de alguma ação por parte do
cliente, quando apresentadas em tom sarcástico ou hostil, categorize como R
EPROVAÇÃO e não
E
MPATIA ou APROVAÇÃO. *nesse caso, categorize também o respectivo qualificador TOM
EMOCIONAL.
(i) R
EPROVAÇÃO X EMPATIA: Em caso de síntese ou paráfrase que explicita uma crítica ou aponta uma
falta ou erro do cliente, codificar como R
EPROVAÇÃO.
(j) R
EPROVAÇÃO X EMPATIA: quando uma verbalização na qual o terapeuta demonstra preocupação
pessoal com o cliente é acompanhada de explicação ou crítica, codifique apenas a categoria:
I
NTERPRETAÇÃO ou REPROVAÇÃO.
Ex: ¾ T: Fiquei preocupado com você a semana passada... [EMP] como é que ficaram as
coisas com seus pais? [SRE]
¾ T: O que me preocupa é a função que o álcool está exercendo em sua vida. O uso do álcool
em situações sociais é tranqüilo, mas você o está usando para alívio da ansiedade, como se
fosse um remédio. E essa função do álcool é perigosa porque favorece a dependência.[INT].
¾ T: Não é possível que você continue bebendo essa quantidade. Fico preocupado com as
conseqüências disso [REP].
(k) R
EPROVAÇÃO X EMPATIA X RECOMENDAÇÃO: Verbalizações nas quais o terapeuta revela sua
própria experiência com relação a um evento sendo discutido, quando tal relato sugere a solução de
algum problema em discussão ou da queixa sendo analisada, supõem a proposição do terapeuta como
um modelo e, portanto, serão categorizadas como R
ECOMENDAÇÃO. Quando o terapeuta revela
informações pessoais de forma a sugerir compreensão ou entendimento da experiência do cliente, será
categorizado E
MPATIA. Quando o terapeuta revela informações pessoais de forma a sugerir
concordância, será categorizado A
PROVAÇÃO. Verbalizações nas quais o terapeuta relata sua
experiência com relação a um evento, sugerindo que sua atuação foi melhor que a do cliente ou que, se
ele conseguiu solucionar o problema, o cliente também deveria conseguir serão categorizadas como
R
EPROVAÇÃO. Relatos do terapeuta de algum evento de sua própria experiência, quando não
sugerirem a solução de problema ou queixa, a compreensão ou entendimento da experiência do
cliente, ou desafios, serão categorizadas como O
UTRAS. (l) Quando em dúvida entre REPROVAÇÃO e
E
MPATIA, categorize OUTRAS VOCAL TERAPEUTA.
(l) R
EPROVAÇÃO X INFORMAÇÃO: Quando uma REPROVAÇÃO for acompanhada de descrição do
evento que foi alvo da reprovação, será registrada unicamente a ocorrência da categoria R
EPROVAÇÃO.
114
(m) REPROVAÇÃO X INFORMAÇÃO: A correção de um engano do cliente, quando não realizada em tom
hostil, não é categorizada como discordância, mas sim como I
NFORMAÇÃO. *nesse caso, categorize
também o respectivo qualificador T
OM EMOCIONAL.
(n) I
NFORMAÇÃO precede REPROVAÇÃO. Quando em dúvida entre INFORMAÇÃO e REPROVAÇÃO,
categorize I
NFORMAÇÃO.
(o)
REPROVAÇÃO X RECOMENDAÇÃO: Quando sugestões forem apresentadas de modo sarcástico,
categorize R
EPROVAÇÃO.
(q) R
ECOMENDAÇÃO precede REPROVAÇÃO. Quando em dúvida entre RECOMENDAÇÃO e
R
EPROVAÇÃO, categorize RECOMENDAÇÃO.
(r) R
EPROVAÇÃO X INTERPRETAÇÃO: Quando uma REPROVAÇÃO for acompanhada de explicações de
porque terapeuta discorda ou de por que não funcionará determinada proposta do cliente, registre a
ocorrência de ambas as categorias – R
EPROVAÇÃO e INTERPRETAÇÃO, cada uma no segmento
apropriado da interação.
(s) R
EPROVAÇÃO X INTERPRETAÇÃO: Quando uma verbalização do tipo se... então for emitida em tom
de ameaça, sugerindo que o cliente poderá sofrer conseqüências negativas ou aversivas caso realize
(ou não) determinadas ações ou tarefas, será categorizada como R
EPROVAÇÃO. *nesse caso, categorize
também o respectivo qualificador T
OM EMOCIONAL.
(t) R
EPROVAÇÃO X INTERPRETAÇÃO X EMPATIA: Quando o terapeuta descreve algum tipo de
retrocesso, recaída ou insucesso do cliente, a verbalização apenas será categorizada como
R
EPROVAÇÃO quando for apresentada em tom de crítica, ameaça ou ironia. Caso contrário, categorize
I
NTERPRETAÇÃO ou EMPATIA, dependendo do conteúdo e do teor da descrição apresentada pelo
terapeuta. *nesse caso, categorize também o respectivo qualificador T
OM EMOCIONAL.
(u) R
EPROVAÇÃO X INTERPRETAÇÃO: A previsão de conseqüências negativas ou aversivas para uma
ação (ou não ação) do cliente só será considerada R
EPROVAÇÃO quando o terapeuta explicitar
julgamento ou avaliação contrários à ação do cliente. A mera descrição de conseqüências aversivas a
uma ação do cliente por parte do terapeuta, quando não indica ameaça e/ou não sugere um julgamento
ou avaliação negativos por parte do terapeuta será categorizada como I
NTERPRETAÇÃO.
(v) R
EPROVAÇÃO X INTERPRETAÇÃO: Em caso de síntese que muda o sentido da descrição do cliente,
mas explicita uma crítica ou aponta uma falta ou erro deste, codificar como R
EPROVAÇÃO.
(w) I
NTERPRETAÇÃO precede REPROVAÇÃO. Na dúvida entre INTERPRETAÇÃO e REPROVAÇÃO,
categorize a primeira.
(x) R
EPROVAÇÃO X APROVAÇÃO: Verbalizações nas quais o terapeuta discorda do cliente, mas o faz
de forma a ressaltar características do cliente que ele considera positivas, caracterizam pseudo-
discordância, e serão categorizadas como APROVAÇÃO.
(y) R
EPROVAÇÃO X APROVAÇÃO:Diferentemente de APROVAÇÃO que deve ser codificada apenas
quando o relato do cliente não está em curso, um simples “não” proferido pelo terapeuta enquanto o
cliente está falando pode ser codificado como R
EPROVAÇÃO se implicar em discordância do cliente.
(z) Na dúvida entre A
PROVAÇÃO e REPROVAÇÃO, categorize OUTRAS VOCAL TERAPEUTA.
(aa) R
EPROVAÇÃO X APROVAÇÃO X INTERPRETAÇÃO X EMPATIA: Opiniões, avaliações ou
julgamentos emitidos pelo terapeuta podem exercer diferentes funções na interação. Quando uma
opinião, avaliação ou julgamento for emitida a respeito de uma ação, verbalização ou avaliação do
cliente, do próprio cliente ou da sessão em curso, ela deve ser categorizada como I
NTERPRETAÇÃO,
A
PROVAÇÃO, REPROVAÇÃO ou EMPATIA, aquela que for mais apropriada de acordo com o teor e o
alvo da avaliação. Quando diz respeito a outros tipos de eventos que não se encaixam em nenhuma
dessas três categorias, a verbalização deve ser categorizada como O
UTRAS VOCAL TERAPEUTA.
115
CATEGORIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO VERBAL VOCAL DO CLIENTE
Tipo de evento aos quais as ações do cliente podem se referir
: podem incluir ações do cliente
e/ou de terceiros, sentimentos, emoções, pensamentos, ações públicas, interações com terceiros
e fatos diversos e podem incluir o comportamento do cliente, do terapeuta ou de terceiros.
Origem do evento na sessão
: Os eventos aos quais as ações do cliente podem se referir podem
ter sido relatados pelo cliente ou observados pelo terapeuta ou pelo cliente.
Tempo no qual o evento em questão foi observado/relatado pelo cliente
: A RELAÇÕES do
cliente pode se referir a (a) eventos ocorridos/ relatados imediatamente antes, na sessão (b)
eventos ocorridos/ relatados em outros momentos da mesma sessão ou (c) eventos ocorridos/
relatados em sessões anteriores (d) eventos ocorridos no passado (e) especulações sobre eventos
futuros.
Cliente solicita informações, opiniões, asseguramento, recomendações ou procedimentos: SOL
(Solicitação) * Estado
Estão inclusos nessa categoria
(1) Solicitação de informações ou esclarecimentos
: Cliente solicita ao terapeuta informações,
confirmações ou esclarecimentos a respeito de eventos, da racional da terapia ou do andamento da
sessão. Os eventos cuja informação é solicitada podem incluir (a) eventos ocorridos/ relatados
imediatamente antes, (b) eventos ocorridos/ relatados em outros momentos da mesma sessão ou (c)
eventos ocorridos/ relatados em sessões anteriores ou em outros momentos da vida do cliente ou do
terapeuta.
Ex: ¾ C: Quanto tempo você acha que a terapia vai durar? [SOL]
¾ C: Só que eu não entendi muito bem, como é que é? [SOL]
¾ C: E comecei. Fui estudar à noite, e... comecei a fumar maconha, foi indo, foi indo, foi indo
e, deu no que deu. [REL]. Mas porque que a gente falou dessa história toda ? [SOL]
(2) solicitação de avaliação
: Cliente solicita ao terapeuta que avalie seu comportamento ou o
comportamento de terceiros, emita um diagnóstico sobre o seu problema ou o problema de terceiros
ou, ainda, solicita que o terapeuta analise seu problema ou de terceiros. A resposta cuja avaliação ou
conselho é solicitada pode ser de caráter aberto (respostas passíveis de serem observáveis por um
observador que não o próprio cliente) ou encoberto (respostas passíveis de serem observáveis apenas
pelo próprio cliente).
Ex: ¾ C: Aí tinha uns versinhos que eu escrevi para ele que eu trouxe pra você pra ver se eu
não estou exagerando na pedida... [SOL]
¾ C: Você acha que isso é possível para mim? [SOL]
(3) solicitação de recomendações
: Cliente solicita ao terapeuta que este sugira alternativas de resposta
ou cursos de ação possíveis.
¾ C: O que eu poderia fazer se ela começar com isso novamente? [SOL]
(4) solicitação de procedimentos
: Cliente solicita que o terapeuta utilize determinados procedimentos
ou técnicas, maneje determinada questão ou tema ou sugere ao terapeuta o que este deve fazer com
relação ao seu tratamento.
Ex: ¾ C: O Z. falou que tem que ser trabalhado isso, viu?... [SOL]
¾ C: Eu quero que você me ensine a aplicar a exposição para pânico. [SOL]
116
¾ C: Eu vim aqui porque meu psiquiatra me disse que eu preciso de uma terapia de exposição
para o TOC. [SOL]
(5) solicitação de asseguramento
: Cliente solicita ao terapeuta asseguramento sobre a ocorrência (ou
não) de determinados eventos, sobre fatos ou sobre a correção de sua (do cliente) avaliação ou opinião
a respeito de eventos.
Ex: ¾ C: Aí eu falei pra ele que isso é por causa de algum trauma de infância. [REL] Você não
acha que pode ser isso? [SOL]
¾ C: Eu não estou ficando louco, estou? [SOL]
(6) apresentação da demanda
: Cliente descreve comportamentos, estados ou situações que ele gostaria
de atingir com a ajuda do terapeuta.
Ex: ¾ C: Eu quero aprender como eu posso melhorar a minha relação com meu filho. [SOL]
Caracterização Geral da Categoria
Esta categoria é caracterizada por verbalizações nas quais o cliente apresenta pedidos ou questões ao
terapeuta.
Critérios de inclusão ou exclusão
(a) Perguntas do cliente sobre a experiência ou vida pessoal do terapeuta serão categorizados como
S
OLICITAÇÃO.
Cliente relata eventos – REL (Relato) * Estado
Estão inclusos nessa categoria
(1) Relato de informações sobre eventos
: Cliente descreve fatos ocorridos, informações específicas,
detalhes, ou esclarecimentos a respeito de eventos.
Ex: ¾ C: Ele falou "é, mas pra sair com a F. você sai, né ?". Bom, daí no sábado eu fui lá,
conversei porque eu estava bem e tal, sábado e domingo eu não fui para a chácara porque na
quinta era semana santa tal eu já ia, né, ele me ligou sábado e domingo, ligou segunda tal,
ligou todas as vezes que eu te falei. [REL]
¾ T: E como foi que você descobriu que estava contaminado?
C: Na verdade assim: Eu fazia um... Faço ainda um acompanhamento de hepatite. Que eu
tenho hepatite crônica, sei lá... desde 80. E... aí nesse acompanhamento eu pedi para o médico
fazer um teste de HIV, porquê... meu parceiro não era lá muito confiável. Comissário, cê sabe
como que é. Aí, não sei, bateu. Falei, "Não". Quero fazer, quero ver o que que tá pegando aqui.
Não que tivesse algum problema. Pelo contrário. Não tinha nada, me sentia muito bem. [REL]
¾ C: Ficou 8 x 3,5... oito por três e meio... daí eu suava frio tá... daí eu fui ao cardiologista de
manhã. Fiz eletrocardiograma, fiz eletro. Ele fez eu ficar de soutien e calcinha, ele mediu todo
o pulso desde a veia terminal, desde o pé na virilha até aqui na carótida, foi medindo tudo onde
tinha pulso, ele falou; olha o coração está bom...
(2) Relato de eventos anteriormente registrados
: Cliente relata sobre seus registros efetuados sobre a
ocorrência de eventos, como parte de uma técnica terapêutica ou coleta de dados solicitados pelo
terapeuta.
Ex: ¾ C: Eu marquei aquelas coisas que você me pediu, mas não deu pra fazer em todas as
vezes... olha... na segunda-feira, eu tive uma crise pequena, e o grau de ansiedade foi sete... foi
no dia que eu tinha que fazer aquela entrevista. [REL]
117
(3) Relato de sentimentos e emoções: O cliente relata ao terapeuta ter vivenciado, estar vivenciando ou
prevê que poderá vivenciar uma resposta emocional.
Ex: ¾ C: E ele caiu fora... então, assim: a cabeça vai a milhão. Eu passei o sábado assim, que
nem um leão feroz na jaula. Aí, quando, foi à noite eu falei "não, pára com isso. Não vai se
deprimir agora por uma pessoa que você mal conhece, nem sabe da onde veio". Não é a
primeira vez, aliás, todas as vezes, me acontece isso. Fico mal prá cacete. Aí, depois eu vou me
reabilitando. [REL]
¾ C: Então... eu não sei exatamente o porque eu estou aqui... eu sei que eu ando sem muito
ânimo pra fazer as coisas... e parece que está tudo bem... não sei. [REL]
¾ T: Você conseguiria me dizer em que momentos essa angústia aparece? [SRF]
C: É sempre que eu me dou conta da quantidade de coisas que eu poderia ter feito e que
ficaram pra trás...[CER] dói muito saber que eu perdi tanta coisa por causa de uma doença
idiota como essa. [REL]
¾ C: Nossa... eu já tô imaginando a minha alegria na hora em que ele chegar! [REL]
¾ C: Estou triste, T. To mal... To perdidinha de novo... Na semana passada achei que estava
um pouquinho mais firme assim, em relação às mágoas, às coisas passadas, mas não estou
não. [REL]
¾ C: Então, assim: eu já vi que eu não gosto de fazer o que eu faço. Eu não gosto de estar ali
participando daquilo (...) Fazer o quê? ... Eu não tenho estudo. Não gosto de estudar. (...) Eu
sei que está errado. Está super, super, super errado. Eu sei que eu tenho capacidade. Eu sei
que eu tenho. Mas eu não consigo ir para uma escola, eu não consigo estudar, ali sentado.
[REL]
¾ C: Aí a gente acabou discutindo feio... aí quando acontece isso eu fico pensando... de que
adiantou tanto investimento nessa história? Eu me dedico, me dedico, pra isso? Me dá uma
tristeza... [REL]
(4) Relato de estados motivacionais ou tendências a ação imediata
: Verbalizações que sugerem a
"força" ou a probabilidade da ocorrência de alguma resposta possivelmente relacionada com uma
emoção.
Ex: ¾ C: Naquela hora eu só queria gritar e sair correndo dali... [REL]
¾ C: Eu tenho uma vontade de pegar ele no colo e encher de palmadas... [REL]
¾ C: É inútil. Eu me pergunto por que eu vim aqui hoje. Seria melhor eu parar a terapia.
[REL]
¾ C: chegou ao ponto no qual eu não pensei que eu pudesse viver com ele mais porque ele era
tão difícil (se referindo a seu filho). Eu até tive vontade de matá-lo. Ele é tão ruim... [REL]
¾ C: Aquela vaca da minha irmã continua fazendo as mesmas coisas. Estou tão cansada de
ficar tendo que provar o tempo todo pras pessoas que as coisas que ela diz são tudo mentira.
Às vezes tenho vontade de sumir, pra eles sentirem um pouco a minha falta. [REL]
(5) Julgamento ou avaliação
: cliente relata sua opinião, julgamento ou avaliação a respeito de eventos.
Ex: ¾ C: É... foi até engraçado. Chega com um calhamaço de flores (risos). Nunca recebi
flores na minha vida. (risos) Achei aquilo o absurdo do absurdo. [REL]
¾ C: O M. é mesmo uma pessoa risível... fica o tempo todo posando de bonzinho e não passa
de um incompetente metido a besta. É incrível como ele consegue enganar todo mundo com
aquela cara de boi sonso... [REL]
Caracterização Geral da Categoria
Esta categoria é caracterizada por verbalizações nas quais o cliente descreve ou informa ao terapeuta a
ocorrência de eventos, ou aspectos relativos a eventos, respostas emocionais suas ou de terceiros, seus
118
estados motivacionais e/ou tendências a ações imediatas, sem estabelecer relações causais ou
funcionais entre eles.
Critérios de inclusão ou exclusão
(a) R
ELATO inclui respostas para perguntas do terapeuta ou informações factuais sobre eventos
passados ou presentes.
(b) R
ELATO pode ser categorizada tanto em situações nas quais o terapeuta solicita maiores
detalhes ou esclarecimentos sobre a queixa do cliente ou eventos relatados pelo cliente como em
situações de conversa ou “bate-papo” sobre assuntos diversos.
(c) Caso o pesquisador tenha como objetivo analisar as emoções no processo terapêutico, deverá
considerar tanto as ocorrências das subcategorias de R
ELATO de “Relatos de Sentimentos ou
Tendências a Ação” quanto as classes relativas ao qualificador “Tom Emocional”.
Cliente relata melhora ou progresso terapêutico – MEL (Melhora) * Estado
Estão inclusos nessa categoria
(1) relatos de ganhos terapêuticos
: Cliente relata ganhos em metas importantes ou positivas, ou
diminuição de problemas com relação a queixas médicas ou à suas queixas terapêuticas.
Ex: ¾ C: Eu fiquei muito orgulhoso quando eu vi que eu dei conta de fazer aquilo. [MEL]
¾ C: Estou me sentindo muito bem. Depois da internação assim: todos os meus problemas
acabaram, sabe - fisicamente falando. [MEL]
(2) relatos de mudanças positivas no comportamento de terceiros:
Cliente relata melhoras com relação
ao comportamento de terceiros que têm relação com a queixa apresentada pelo cliente.
Ex: ¾ C: As coisas estão bem mais tranqüilas... O P. está mais atencioso... ele está entendendo
que eu preciso de alguns momentos nos quais eu preciso cuidar das minhas coisas, ficar um
pouco comigo mesma... [MEL]
(3) relatos de autocontrole
: Relato de medidas de autocontrole ou medidas que o cliente tomou por
conta própria para mudar certos comportamentos ou situações.
Ex: ¾ C: então eu comecei a caminhar toda noite, antes de ir dormir. [MEL]
¾ C: Você vê que eu estou bem mais controlada. [MEL]
¾ C: Ao contrário do que eu vinha fazendo, ontem eu imaginei cenas calmas, e isso me ajudou
a relaxar e pegar no sono mais rapidamente. [MEL]
¾ C: É como eu te disse, na semana passada. Eu tô começando a fazer isso, sabe. Eu tô me
impondo mais pra sair, pra conhecer gente, entendeu? Tá conhecendo mais gente. [MEL]
(4) relatos de autoconsciência
: Cliente relata que descobriu, tomou consciência ou passou a aceitar ou
compreender de eventos dos quais ele até então não havia se dado conta ou não havia compreendido,
sugerindo explicitamente um ganho do ponto de vista terapêutico (com verbalizações do tipo “agora
eu entendo”, ou “agora faz sentido”, “é isso!”, “é claro!” etc.). Esse tipo de verbalização é conhecido
na literatura clínica sob o termo insight.
Ex: ¾ C: Eu estou certo agora de que esse é o melhor caminho para mim. [MEL]
119
Caracterização Geral da Categoria
Esta categoria é caracterizada por verbalizações nas quais o cliente relata mudanças satisfatórias com
relação à sua queixa clínica, problemas médicos, a comportamentos relacionados à sua queixa, ou a
comportamentos considerados, pelo cliente ou pelo terapeuta, como indesejáveis ou inadequados
(independentemente da concordância de ambos quanto à melhora).
Critérios de inclusão ou exclusão
Quando o cliente descreve fatos ocorridos que exemplificam a situação descrita por ele como
M
ELHORA, categorize MELHORA.
Cliente formula metas – MET (Metas) * Estado
Estão inclusos nessa categoria
(1) planejamento de estratégia
: Cliente contribui com planos para mudar sua estratégia de ação por
conta própria.
Ex: ¾ C: Eu acho que um primeiro passo deve ser eu ir com uma amiga a um restaurante.
[MET]
(2) proposta de ações futuras
: Cliente propõe ações futuras (solicitadas ou não pelo terapeuta) para a
solução de problemas específicos.
Ex: ¾ T: E o que você pretende fazer a respeito disso? [SRE]
C: Vou ligar para ela e conversar sobre o que aconteceu. [MET]
¾ C: Tomei uma decisão... eu vou pedir a dissolução da sociedade com meus irmãos [MET]
Caracterização Geral da Categoria
Esta categoria é caracterizada por verbalizações do cliente nas quais ele descreve seus projetos planos
ou estratégias para a solução de problemas trazidos como queixas para a terapia.
Critérios de inclusão ou exclusão
* Metas x Relato
(a) Verbalizações que começam com “eu acho que...”, “penso que o melhor a fazer é...”, quando se
referem a projetos e ações futuras do cliente devem ser classificadas como M
ETAS, e não RELATO.
(b) Relatos de desejos ou vontades serão considerados como descrição de Estados Motivacionais e/ou
tendências a ação e, portanto, categorizados como R
ELATO apenas quando referirem-se a tendências
imediatas a ação. Caso refira-se a projetos futuros ou propostas de ações a serem executadas fora da
terapia, a verbalização deverá ser categorizada como M
ETAS.
Ex: ¾ C: Tenho uma vontade de falar umas poucas e boas para aquela fulaninha [REL].
C: Um dia ainda vou conseguir fazer isso [MET].
(c) M
ETAS diferencia de MELHORA porque a última é apenas um relato de eventos e medidas já
ocorridos, enquanto a primeira inclui descrição de planos, e ações a serem executados no futuro.
120
(d) Na dúvida entre RELATO e METAS, categorize RELATO.
Cliente estabelece relações entre eventos – CER (RELAÇÕES) * Estado
Estão inclusos nessa categoria
(1) estabelecimento de relações explicativas
: cliente fornece razões para seu comportamento ou de
terceiros ou estabelece relações explicativas ou causais - relações do tipo "se... então”;
Ex: ¾ C: Eu acho que eu trabalho tanto porque assim eu evito discussões em casa. [CER]
¾ C: É um bloqueio, estou lutando contra isso. [CER]
(2) identificação de regularidades, relações de contigüidade ou de correlação entre eventos
: Cliente
descreve sua observação sobre padrões recorrentes de comportamentos seus ou de terceiros ou
identifica eventos correlacionados ou temporalmente próximos, sem explicitar caráter causal;
Ex: ¾ C: É engraçado... todas as vezes que eu quero as coisas de verdade, elas acabam não
dando certo. [CER]
¾ C: É sempre assim...todas as vezes que ele chega em casa tarde ele arruma algum motivo
pra brigar, e aí eu não consigo dizer pra ele o quanto me deixa nervosa a hora que ele chega...
[CER]
(3) atribuição de diagnóstico
: Cliente atribui diagnóstico ou rótulo relativo a algum padrão de
interação ou conjunto de sintomas de terceiros, dele mesmo ou do terapeuta.
Ex: ¾ C: Eu acho que estou deprimindo... [CER]
¾ C: Essa história de ficar desviando a atenção o tempo inteiro me parece muito com o Déficit
de Atenção. Eu acho que meu pai tinha isso também... [CER]
¾ C: Hoje eu acho até que ela ta com síndrome do pânico, porque ela ta com umas coisas...
[CER]
(4) estabelecimento de síntese
: Sínteses ou conclusões formuladas sobre seu comportamento ou sobre
outros eventos, independentemente da concordância do terapeuta (desde que tal síntese sugira uma
razão ou explicação para algum comportamento do cliente ou de terceiros).
Ex: ¾ C: Aí eu fico pensando... Quem mais me deixa tão irritada dessa forma? Só pode ser a
minha mãe... eu estou agindo com ele da mesma forma como eu ajo com a minha mãe. [CER]
(5) inferências
: suposições sobre a ocorrência de sentimentos de terceiros que não tenham sido
relatados ou descritos por qualquer pessoa.
Ex: ¾ C: Eu fiquei com dó... fiquei preocupada com ele... um sentimento que eu acho que ele
não tem por mim... [CER]
¾ C: Ele tá fazendo aquilo obrigado, pra não me chatear, porque naturalmente ele não faria
isso... [CER]
(6) previsão sobre eventos futuros
: cliente supõe a ocorrência futura de eventos ou comportamentos
seus ou de terceiros.
Ex: ¾ C: Meu único receio é quer isso mascare uma situação entende? Que a gente possa
sentir depois de um ano ou dois que a gente tiver nosso filho... [CER]
(7) Reflexões que conduzem a razões, a explicações ou a análises de conseqüências
: cliente discorre a
respeito de seus pensamentos ou reflexões sobre determinado tema, elaborando algum tipo de relação
explicativa, causal ou de regularidade entre eventos,ou levantando alternativas de ação e suas
possíveis conseqüências (análise de conseqüências).
121
Ex: ¾ C: Eu fico pensando... pra que serve tudo isso? A gente trabalha, trabalha, aí porque a
gente trabalha tanto, acha que tem o direito de comprar tudo o que é bobagem... e aí se
endivida até não poder mais... e precisa trabalhar mais e mais... que sentido tem? [CER]
¾ C: Eu até tava lendo uma reportagem lá na sala de espera dizendo o porque que mulher
chora tanto... eu pensei... será que é uma coisa de mulher então? [CER]
¾ C: Aí a gente acabou discutindo feio... [REL]quando acontece isso eu fico pensando... de
que adiantou tanto investimento nessa história? Eu me dedico, me dedico, pra isso? Me dá uma
tristeza isso... [CER]
Caracterização Geral da Categoria
Esta categoria é caracterizada por verbalizações nas quais o cliente estabelece relações causais e/ou
explicativas (funcionais, correlacionais ou de contigüidade) entre eventos, descrevendo-as de forma
explícita ou sugerindo-as por meio de metáforas ou analogias.
Critérios de inclusão e exclusão
(a) R
ELAÇÕES inclui todo o raciocínio apresentado dentro de uma mesma verbalização, imediatamente
antes da formulação de uma conclusão ou de uma explicação, incluindo a descrição de eventos que
vão dar elementos para a relação estabelecida.
(b) O início de ocorrência de uma verbalização do tipo RELAÇÕES é marcado tipicamente por palavras
do tipo porque, então, assim..., é que..., eu acho que... eu fico pensando... Entretanto, o simples uso de
tais termos, ou a descrição de eventos em seqüência ou eventos temporalmente próximos não
caracteriza necessariamente a ocorrência de um estabelecimento de R
ELAÇÕES. Uma verbalização
deste tipo só será categorizada como R
ELAÇÕES quando fizer referência a padrões recorrentes,
relações de contigüidade ou explicações.
(c) Verbalizações do cliente que ocorrem imediatamente após uma solicitação de reflexão por parte do
terapeuta, serão tipicamente caracterizadas como R
ELAÇÕES, a não ser que o cliente desvie o assunto
ou solicite mais informações.
(d) Cliente afirma que não consegue ou que tem dificuldade em entender o porque algum evento
ocorre, embora não contenham nenhuma relação estabelecida, indicam uma tentativa de
estabelecimento de relações ou sugerem que esse é um evento irregular e que, portanto, não haveria
explicação para sua ocorrência. Em qualquer dos casos, a verbalização do cliente deverá ser
categorizada como R
ELAÇÃO.
*Relações x Solicitação
(e) Se uma pergunta for feita como parte de um estabelecimento de R
ELAÇÃO ou como pedido de
confirmação de uma R
ELAÇÃO estabelecida, não será registrada a SOLICITAÇÃO. Registrar-se-á
unicamente a ocorrências da categoria R
ELAÇÃO.
(f) Na dúvida entre R
ELAÇÃO e SOLICITAÇÃO, categoriza SOLICITAÇÃO.
* Relações x Relato
(g) Quando uma pergunta for feita como parte de uma R
ELAÇÃO estabelecida pelo cliente, ou como
pedido de confirmação de R
ELAÇÃO estabelecida pelo cliente, não será registrada a categoria
S
OLICITAÇÃO; apenas registre a ocorrência da categoria RELAÇÕES.
(h) Em uma verbalização que estabelece relações de contigüidade entre eventos, deve estar explícito
no relato do cliente que ele estabelece relação entre os eventos. Caso contrário, categorize R
ELATO.
Reflexões do cliente que apenas discorrem sobre pensamentos ou sentimentos do cliente com relação a
eventos, mas sem estabelecer nenhum tipo de relação causal, explicativa, correlacional ou de
contigüidade entre eventos não serão categorizadas como R
ELAÇÕES, e sim em RELATO.
122
(i) Na dúvida entre RELAÇÕES e RELATO, categorize RELATO.
Cliente relata concordância ou confiança – CON (Concordância) * Estado
Estão inclusos nessa categoria
(1) avaliações favoráveis sobre o terapeuta
: Cliente expressa julgamento ou avaliação favorável a
respeito de sugestões, análises ou afirmações emitidas pelo terapeuta, sejam estas imediatamente
antecedentes ou não.
Ex: ¾ C: É. Você tem razão. Eu ando evitando muito certas coisas. [CON]
C: Legal. [CON] Ainda hoje vou ligar pro meu orientador... aí vou conversar sobre a data da
defesa com ele. [REL]
(2) relatos de esperança
: Cliente relata que está esperançoso de que o trabalho terapêutico poderá
ajudá-lo.
Ex: ¾ C: sabe... eu não sou muito de acreditar em terapia... mas dessa vez estou achando que
eu vou conseguir resolver meus medos [CON]
(3) relatos de satisfação
: Cliente relata satisfação ou contentamento com os resultados alcançados com
a ajuda do terapeuta.
Ex: ¾ C: Você é uma das responsáveis, é, você, de uma forma assim, muito inteligente, tá
sabendo me conduzir assim, entre aspas [CON], porque eu to tendo mais discernimento,
sabendo o que é mais conveniente e o que não é e to tentando encontrar o caminho, não é? Sem
tanto medo de ser feliz. [REL].
(4) relatos de seguimento de S
OLICITAÇÃO de reflexão: Cliente relata ter refletido a respeito de
interpretações ou recomendações dadas pelo terapeuta.
Ex: ¾ C: Essa semana eu pensei bastante naquilo que a gente conversou na última sessão
[CON]... de fato, a melhor coisa a fazer é eu ficar em casa por mais um tempo, e depois eu
penso se quero me separar ou não [MET]... você tinha mesmo razão. [CON]
(5) indicações de atenção
: Comentários breves ou expressões vocais curtas emitidas pelo cliente, que
sugerem que ele está prestando atenção e que o terapeuta deveria continuar falando. Comentários
apresentados após uma descrição do terapeuta, que inferem a continuidade da descrição, sugerindo
interesse no assunto e demonstrando que está atento ao relato.
Ex: ¾ C: claro... [CON]
¾ C: certo... [CON]
¾ T: é importante que você procure se concentrar nas datas dos...
C: nos prazos de inscrição... [CON]
(6) indicações de entendimento
: Verbalizações que sugerem compreensão ou entendimento de uma
I
NFORMAÇÃO, INTERPRETAÇÃO ou RECOMENDAÇÃO apresentada pelo terapeuta, seguidas ou não da
descrição de eventos que corroboram a análise ou descrição apresentada.
Ex: ¾ C: é... faz sentido... sou eu quem devo escolher as minhas coisas... deixar os outros
decidirem por mim é fácil, mas eu só adio o problema [CON]
(7) risos ou exclamações de concordância
: Risos ou comentários em forma de exclamação,
apresentados após a descrição de eventos por parte do terapeuta, consistentes com o assunto relatado e
que indicam interesse nele.
Ex: ¾ C: É mesmo?
¾ C: Não acredito!,
123
¾ C: Nossa!.
Caracterização Geral da Categoria
Esta categoria é caracterizada por verbalizações nas quais o cliente expressa julgamento ou avaliação
favoráveis a respeito de afirmações, sugestões, análises ou outros comportamentos emitidos pelo
terapeuta ou relata satisfação, esperança ou confiança no terapeuta e/ou no processo terapêutico. Inclui
também verbalizações nas quais o cliente complementa ou resume a fala do terapeuta ou episódios nos
quais o cliente sorri em concordância com o terapeuta.
Critérios de inclusão / exclusão
* Concordância x Relato
(a) Quando, imediatamente após uma análise ou R
ECOMENDAÇÃO do terapeuta, o cliente apresenta
uma descrição de eventos que corroboram a análise ou concordam com a R
ECOMENDAÇÃO do
terapeuta, categorize C
ONCORDÂNCIA, e não RELATO. (b) Quando concordância foi acompanhada de
descrição do evento que foi alvo da concordância, foi registrada unicamente a ocorrência da categoria
C
ONCORDÂNCIA.
(c) Na dúvida entre C
ONCORDÂNCIA e RELATO, categorize RELATO.
* Concordância x Melhora
(d) Quando o cliente relatar uma M
ELHORA e, na mesma sentença, atribuir ao terapeuta a
responsabilidade ou o mérito por esta melhora, cada trecho da sentença deverá ser categorizado de
acordo com a categoria apropriada.
(e) Na dúvida entre MELHORA E CONCORDÂNCIA, categorize MELHORA.
* Concordância x Meta
(f) Quando o cliente relatar concordância com uma verbalização do terapeuta e, em seguida, relatar
algum projeto de mudança ou de ação (M
ETA), cada trecho da sentença deverá ser categorizado de
acordo com a categoria apropriada.
(g) Na dúvida entre M
ETA E CONCORDÂNCIA, categorize META.
Cliente se opõe, recusa ou reprova – OPO (Oposição) * Estado
Estão incluídos nesta categoria
(1) queixas ou reclamações sobre a terapia
: Cliente queixa-se do terapeuta ou do tratamento, descreve
falhas deste ou critica suas ações, características ou aparência.
Ex: ¾ C: Esta técnica de time-out não está funcionando com meu filho. [OPO]
(2) relatos de descontentamento
: Cliente relata seu descontentamento com o terapeuta, a terapia e/ou
certos pontos da terapia ou diz ao terapeuta que ele não o está ajudando em sua queixa.
Ex: ¾ C: Eu acho que você e seu programa de tratamento não atingem os meus padrões para a
terapia. [OPO]
(3) indicações de contradição
: Cliente aponta discrepâncias ou contradições no discurso do terapeuta
(seja em tom confrontativo ou agradável). *nesse caso, categorize também o respectivo qualificador
T
OM EMOCIONAL.
124
Ex: ¾ C: Até a semana passada, você disse que eu deveria respeitar o meu ritmo e agora você
vem me cobrar que eu estou indo devagar demais... [OPO]
(4) relatos de sentimentos negativos
: Relato do cliente de que não gosta do terapeuta ou de algo que
ele faça ou que não está sentindo-se bem com algum aspecto relativo ao comportamento do terapeuta.
Ex: ¾ C: Eu não gosto do jeito que você me olha... parece que tem dois faróis na minha cara...
[OPO]
(5) ironia dirigida ao terapeuta
: Comentários de qualquer natureza feitos em tom sarcástico ou hostil
com relação ao terapeuta. Cliente ri de algo que o terapeuta disse ou fez. *nesse caso, categorize
também o respectivo qualificador T
OM EMOCIONAL.
Ex: ¾ C: Se você pensa que isto vai funcionar, você está louco.[OPO]
(6) relatos de incredulidade
: Comentários do cliente que sugerem incredulidade a respeito de qualquer
verbalização ou ação do terapeuta ou que sugerem que o terapeuta não tem conhecimento ou
experiência suficiente para ajudá-lo.
Ex: ¾ C: Que idade você tem? [SOL] Você parece tão novinha... [OPO]
Ex: ¾ C: Eu vi no seu currículo Lattes que você tem bastantes publicações. [REL] Você tem
experiência mesmo ou é daqueles acadêmicos que fica atrás da escrivaninha? [OPO]
(7) pedidos de interrupção
: Ordens ou pedidos de parada ou mudança do comportamento do
terapeuta dentro da sessão ou da própria sessão.
Ex: ¾ C: Pare de perguntar sobre isso. Eu não quero mais falar sobre esse assunto. [OPO]
(8) ameaças
: Cliente apresente qualquer tipo de ameaça ao terapeuta.
Ex: ¾ C: Acho que você não ta entendendo... sabe porque eu parei a minha última terapia?
Porque eu arrebentei todo o consultório dele... [OPO]
(9) recusas
: Cliente se recusa a falar a respeito de um tema solicitado pelo terapeuta ou se recusa a se
engajar em algum exercício.
Ex: ¾ Eu não estou interessado em ensaio comportamental. Eu não sou um ator. [OPO]
(10) desvios de tema
: Desvio do assunto – Verbalizações do cliente que ocorrem imediatamente após
uma S
OLICITAÇÃO DE RELATO por parte do terapeuta e que fogem completamente do assunto
solicitado ou verbalizações que sugerem que o cliente se refere a um assunto tangencial àquele que
estava em pauta ou quer discutir um assunto diferente daquele abordado pelo terapeuta.
Ex: ¾ T: Você já se deu conta que o seu único critério para a escolha de um curso é o que ele
tem de chato? [INT] (situação na qual terapeuta e cliente discutem a escolha de um curso
universitário)
C: Minha cabeça está doendo... [OPO]
(11) recusas de elogios
: Cliente recusa ou discorda de um elogio feito pelo terapeuta.
Ex: ¾ T: Você está muito bonita hoje. [APR]
C: Não to bonita. To com uma roupinha velha que eu achei.[OPO]
(12) relatos de não seguimento
: Cliente relata o não seguimento de alguma RECOMENDAÇÃO do
terapeuta ou relata que fez algo que o terapeuta havia desaconselhado, quando apresentadas em tom
hostil ou de desafio ou quando acompanhado de crítica à tarefa proposta. *nesse caso, categorize
também o respectivo qualificador T
OM EMOCIONAL.
Ex: ¾ C: Eu falei pra você que eu não ia fazer o que você me pediu. [OPO]
¾ C: Não consegui fazer aquele exercício. Aliás, eu achei ele muito idiota. [OPO]
125
Caracterização Geral da Categoria
O
POSIÇÃO é caracterizada por verbalizações nas quais o cliente expressa discordância, julgamento ou
avaliação desfavoráveis a respeito de afirmações, sugestões, análises ou outros comportamentos
emitidos pelo terapeuta.
Critérios de inclusão ou exclusão
(a) Simples correção de fatos não é codificado como oposição.
Ex: ¾ T: Você mora na Rua Cardoso de Almeida, né? [SRE]
C: Não, é na Rua Tupi. [REL]
(b) Categoria O
POSIÇÃO deve se referir apenas a afirmações, sugestões, análises ou outros
comportamentos emitidos pelo terapeuta. Não inclui reclamações e observações negativas sobre outros
assuntos, pessoas, etc. dentro ou fora da sessão de terapia. Estas declarações entram em outras
categorias, conforme sua adequação.
(c) O
POSIÇÃO também é codificada para comportamentos não verbais de não seguimento. Estes
comportamentos devem acontecer em seguida a uma R
ECOMENDAÇÃO ou a um comando de parada do
terapeuta dentro da sessão.
Ex: ¾ T: Vamos ver se a gente se concentra no exercício?[REC]
C: Levanta para pegar uma bala. [OPO]
* Oposição x Solicitação
(d) Se um pedido for apresentado ao terapeuta em tom claramente hostil, sarcástico, de desafio ou
como uma ordem, não categorize S
OLICITAÇÃO, e sim OPOSIÇÃO, ainda que esta resposta tenha sido
solicitada pelo terapeuta. Nesse caso, categorize também o respectivo qualificador T
OM EMOCIONAL.
(e) Na dúvida entre O
POSIÇÃO e SOLICITAÇÃO, categorize SOLICITAÇÃO.
* Oposição x Relato
(f) Quando o cliente culpa o terapeuta por qualquer tipo de problema que ele está descrevendo, não
será categorizado R
ELATO, mas sim OPOSIÇÃO.
(g) Quando O
POSIÇÃO foi acompanhada de descrição do evento que foi alvo da OPOSIÇÃO, será
registrada unicamente a ocorrência da categoria O
POSIÇÃO. OPOSIÇÃO inclui todas as declarações que
explicam o porque o cliente discorda do terapeuta.
(h) Relato do cliente de que não fez alguma tarefa, ou de que fez algo que o terapeuta desaconselha,
será considerado O
POSIÇÃO apenas quando em tom hostil ou desafiador, ou quando acompanhado de
crítica à tarefa ou R
ECOMENDAÇÃO proposta. Quando não houver essas características, utilize a
categoria R
ELATO. Nesse caso, categorize também o respectivo qualificador TOM EMOCIONAL.
(i) Na dúvida entre O
POSIÇÃO e RELATO, categorize OPOSIÇÃO.
* Oposição x Concordância
(j) Quando, imediatamente após uma análise ou R
ECOMENDAÇÃO do terapeuta, o cliente emite uma
resposta do tipo C
ONCORDÂNCIA e apresenta uma descrição de eventos que corroboram a fala do
terapeuta, mas essa fala sugere que apesar disso, não consegue mudar ou fazer o que foi proposto ou
126
que é culpa sua das coisas estarem assim, categorize OPOSIÇÃO. OPOSIÇÃO inclui verbalizações do
tipo “Sim, mas...”.
Ex: ¾ T: Você pode imaginar como ela deve ter se sentido? [SRE]
C: Sim, mas eu a conheço melhor que qualquer um e acho que não foi nada demais. [OPO]
(k) Verbalizações como “certo”, “hmm hmm”, “ok”, quando ditas sarcasticamente, em tom hostil,
desafiador ou sugerindo que o terapeuta seja mais rápido ou conclua logo seu raciocínio, não devem
ser categorizada como C
ONCORDÂNCIA, e sim como OPOSIÇÃO. Nesse caso, categorize também o
respectivo qualificador T
OM EMOCIONAL.
(l) Quando o cliente retoma uma análise apresentada anteriormente pelo terapeuta (ou mesmo se
ele afirma que concordou com a análise) como justificativa para o seu fracasso em efetuar uma
mudança desejada, ou para o não-engajamento em algo que havia sido planejado, classifique
O
POSIÇÃO.
(m) Na dúvida entre O
POSIÇÃO e CONCORDÂNCIA, categorize OUTRAS.
Outras verbalizações do Cliente – COU (Outras Cliente) * Estado
Estão incluídos nesta categoria
(1) Acertos ocasionais
: Acertos ocasionais de horário e/ou local da sessão.
¾ C: Então fica às quatro na semana que vem? [COU]
(2) Recuperação de assunto
: descrição de diálogos ou assuntos anteriormente discutidos, somente em
casos nos quais essa descrição foi solicitada pelo terapeuta devido a este ter perdido ou esquecido o
rumo da discussão ou após alguma interrupção, para retomada do assunto.
¾ T: Do que mesmo que a gente tava falando? [TOU]
C: Sobre a minha mãe. [COU].
¾ C: (após interrupção da sessão): Então, você estava me falando sobre a medicação... [TOU].
(3) Outras respostas verbais do cliente
: verbalizações ocasionais que são alheias ao tema em discussão
e que não cabem em menhuma categoria anterior.
Ex: ¾ C: Posso fumar?[COU]
¾
C: Nossa, que calor. [COU]
¾
C: Acho melhor marcar o endereço aqui. [COU]
Caracterização Geral da Categoria
Esta categoria é caracterizada por verbalizações do cliente não classificáveis nas categorias anteriores.
Inclui também verbalizações do cliente ao cumprimentar o terapeuta em sua chegada ou partida,
anúncios de interrupções ou comentários ocasionais alheios ao tema em discussão.
Critérios de inclusão ou exclusão
(a) serão considerados comentários ocasionais verbalizações do cliente que não acarretem em
127
continuidade do assunto (seja por parte do terapeuta ou do cliente). Um comentário desse tipo deve ser
seguido por continuidade do assunto que estava em discussão anteriormente.
Ex: ¾ C: Esse quadro é novo? Eu nunca havia notado ele aqui.
Registro Insuficiente - CIN (Insuficiente Cliente) * Estado
Caracterização Geral da Categoria
Verbalizações do cliente cujo conteúdo está ininteligível devido a problemas no áudio do filme, ou
qualquer outro problema que impeça sua identificação e categorização.
Critérios de inclusão ou exclusão
(a) Verbalizações serão categorizadas como ininteligíveis apenas quando não puderem ser
identificadas mesmo depois de terem sido observadas por pelo menos três vezes.
(b) Falas interrompidas do cliente cujo conteúdo identificável não é suficiente para a categorização em
uma das categorias anteriores serão classificadas como I
NSUFICIENTE.
128
ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO DOS CLIENTES
129
TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS-INFORMAÇÃO PARA PAIS E CUIDADORES
Nome da pesquisa: Avaliação da efetividade de intervenção com pais e com mães que apresentam
dificuldades de interação social com seus filhos.
Pesquisadora responsável: Alessandra Turini Bolsoni-Silva CRP: 06/57948-0
Informações dadas aos respondentes: Estamos realizando uma pesquisa com pais de crianças
e adolescentes que procuraram atendimento neste Centro de Psicologia Aplicada. Os pais e as
mães, participantes desta pesquisa, responderão a roteiros de entrevista e inventários, de forma
a abordar questões sobre o relacionamento pais-filhos. Os instrumentos serão aplicados em
dois momentos, antes da intervenção e após a mesma. Esta pesquisa tem por objetivo verificar
a efetividade da intervenção realizada, assim, irá avaliar se a intervenção foi capaz de atender
às necessidade dos participantes. Informamos que os pais e as mães não terão quaisquer
despesas ao participarem desta pesquisa. Os participantes têm liberdade de se recusar a
participar, de não responder a alguma pergunta e de retirar seu consentimento, a qualquer
momento, caso alguma coisa lhes desagrade, sem qualquer problema para eles. Esta pesquisa
fornecerá informações importantes para futuras intervenções com pais e crianças e assim, os
participantes estarão ajudando outros pais e crianças no futuro. Eu, enquanto pesquisadora
responsável pelo projeto, estou compromissada com o Código de Ética Profissional do
Psicólogo, assegurando total sigilo quanto aos dados obtidos durante a pesquisa.
Eu ____________________________________________, RG ___________________,
abaixo assinado, estou ciente de que faço parte de uma amostra de pesquisa sobre a avaliação
da efetividade de intervenção que buscou melhorar o relacionamento pais-filhos. Contribuirei
com dados através das respostas às entrevistas e inventários. Declaro estar ciente: a) do
objetivo do projeto; b) da segurança de que não serei identificado e de que será mantido
caráter confidencial das informações relacionadas com minha privacidade e c) de ter a
liberdade de recusar a participar da pesquisa.
Bauru, _______ de ____________de 2006
______________________________________
Assinatura do participante
______________________________________
Nome e assinatura da pesquisadora responsável
130
ANEXO C – TERMO DE CONSENTIMENTO DO TERAPEUTA
131
TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS-INFORMAÇÃO PARA
GRADUANDOS E GRADUADOS EM PSICOLOGIA
Nome da pesquisa: Avaliação da efetividade de intervenção clientes que apresentam
dificuldades de interação social.
Pesquisadora responsável: Alessandra Turini Bolsoni-Silva CRP: 06/57948-0
Informações: Estamos realizando uma pesquisa com pessoas que procuraram atendimento neste Centro
de Psicologia Aplicada. Esta pesquisa tem por objetivo verificar a efetividade da intervenção realizada,
assim, irá avaliar se a intervenção foi capaz de atender às necessidade dos participantes. Esta pesquisa
fornecerá informações importantes para futuras intervenções com esta população e assim, a sua
permissão e a conseqüente pesquisa irá ajudar outros indivíduos no futuro. Eu, enquanto pesquisadora
responsável pelo projeto, estou compromissada com o Código de Ética Profissional do Psicólogo,
assegurando total sigilo quanto aos dados obtidos durante a pesquisa.
Eu ____________________________________________, RG ___________________, terapeuta-
estagiário(a) do Centro de Psicologia Aplicada da UNESP (Bauru), realizando Estágio Supervisionado
em Terapia Comportamental em Grupo, concordo que as sessões de avaliação e de atendimento, por
mim conduzidas, sob a supervisão da professora responsável, sejam analisadas para elaboração de
trabalho de pesquisa coordenado pela Prof ª Dr ª Alessandra Turini Bolsoni-Silva, o qual será tornado
público em apresentações em congressos e elaboração de trabalhos escritos, publicados ou não. Estou
ciente de que faço parte de uma amostra de pesquisa sobre a avaliação da efetividade de intervenção
que buscou resolver queixas relacionadas a desempenhos interpessoais. Declaro estar ciente: a) do
objetivo do projeto; b) da segurança de que não serei identificado e de que será mantido caráter
confidencial das informações relacionadas com minha privacidade e c) de ter a liberdade de recusar a
participar da pesquisa.
Bauru, _______ de _____________ de 2006
_____________________________________
Assinatura do participante
_____________________________________
Assinatura da pesquisadora responsável
132
ANEXO D – TABELA COM AS ANÁLISES DE CORRELAÇÃO
134
ANEXO E – TABELAS COM ANÁLISES SEQÜENCIAIS
138
138