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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
MESTRADO EM GEOLOGIA
LINHA DE PESQUISA EM GEOLOGIA MARINHA, COSTEIRA E
SEDIMENTAR
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
A INTEGRAÇÃO DE RECURSOS HISTÓRICOS AOS GEOLÓGICOS
NO RESGATE DA CONSTRUÇÃO PALEOGEOMORFOLÓGICA E
PALEOVISUAL LITORÂNEA - O CASO DE SALVADOR, BAHIA.
RUBENS ANTONIO DA SILVA FILHO
Discente
JOSÉ MARIA LANDIM DOMINGUEZ
Orientador
Salvador – Bahia, agosto de 2008
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ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
MESTRADO EM GEOLOGIA
LINHA DE PESQUISA EM GEOLOGIA MARINHA, COSTEIRA E
SEDIMENTAR
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
A INTEGRAÇÃO DE RECURSOS HISTÓRICOS AOS GEOLÓGICOS
NO RESGATE DA CONSTRUÇÃO PALEOGEOMORFOLÓGICA E
PALEOVISUAL LITORÂNEA - O CASO DE SALVADOR, BAHIA.
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Geologia, Área de Concentração
em Geologia Marinha, Costeira e Sedimentar, da
Universidade Federal da Bahia como um dos
requisitos para obtenção do grau de Mestre em
Ciências.
RUBENS ANTONIO DA SILVA FILHO
Discente
JOSÉ MARIA LANDIM DOMINGUEZ
Orientador
Salvador – Bahia, agosto de 2008
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iii
SILVA FILHO, Rubens Antonio da
A integração de recursos históricos aos geológicos no resgate da
construção paleogeomorfológica e paleovisual litorânea - o caso de
Salvador, Bahia. Bahia / Rubens Antonio da Silva Filho. – Salvador:
O Autor, 2008.
xi, XXX folhas : il., tab., fig.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. PPPG -
IGEO. Geologia, 2008.
Inclui bibliografia e apêndices.
1. Paleogeografia costeira – Salvador, Bahia. 2. Geomorfologia pré-
urbanização. 3. Documentos históricos e Geologia. I. Título.
XXX.X CDU (X.ed.) UFBa
XXX.XXXXX XXX (XX.ed.) XX2008 – XXX
iv
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Abílio Carlos da Silva Bittencourt
Professor Permanente - Mestrado em Geologia
Instituto de Geociências
Universidade Federal da Bahia
Prof. Dr. Luís Henrique Dias Tavares
Professor Permanente - Mestrado em História
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Universidade Federal da Bahia
ORIENTADOR:
Prof. Dr. José Maria Landim Dominguez
Instituto de Geociências
Universidade Federal da Bahia
A integração de recursos históricos aos geológicos
no resgate da construção paleogeomorfológica e
paleovisual litorânea - o caso de Salvador, Bahia.
Dissertação apresentada como requisito parcial à
obtenção do grau de Mestre em Geociências.
Salvador, Bahia - Agosto de 2008
v
RESUMO
O resgate paleovisual pré-interferência antrópica, via integração às
Geociências de dados e informações recolhidos a partir de fontes históricas
progrediu ao longo do século XX. A orla da Cidade do Salvador, na Bahia de
Todos os Santos, é um sítio no qual estão presentes paisagens-símbolo que
agregam geoformas e referências histórico-culturais. Dispõe de múltipla
documentação histórica, fruto do seu assento como capital colonial, que revela
muitas e amplas intervenções antrópicas, especialmente na sua orla. É uma
localidade apropriada para a associação das técnicas de trabalho
geocientíficas e históricas.
O resgate do seu paleovisual, para a Cidade do Salvador, oferece as
referências necessárias que permitem a elucubração sobre a evolução costeira
submetida a uma intervenção antrópica grave, melhor dimensionando as suas
conseqüências. Provoca nos observadores a consciência das ações antrópicas
do passado e do impacto que essas provocaram, oferecendo um recurso
adicional, atualmente inexistente, à população e às autoridades emanadoras
de decisões.
Palavras-chave: Geologia costeira, Geoarqueologia, História, Paleogeografia,
Paleogeomorfologia, Urbanização, Salvador.
vi
ABSTRACT
vii
Os primeiros cronistas contemplaram Maravilhas.
O Povo Brasileiro” - Darcy Ribeiro
Vou deitar à sombra de uma palmeira que já não
há... Colher a flor que já não dá...
Sabiá” - Tom Jobim e Francisco Buarque de Holanda
Reajamos, meus senhores, e tentemos salvar ainda estas
jóias da natureza baiana, para que os vindouros não
desprezem a lembrança dos seus antepassados.”
Comissão do Plano da Cidade, Prefeitura da Cidade do
Salvador, Bahia, 1935.
De agora em diante, o crime mais atroz é ultrajar a Terra e ter
em maior conta as entranhas do insondável do que o sentido
da Terra.”
Assim falou Zarathustra” – Friedrich Wilhelm Nietzsche
viii
DEDICATÓRIA
a meu filho
Rubens Esteves de Oliveira e Silva
aos meus pais
Rubens Antonio da Silva e Noga Lima da Silva
neste ano das suas Bodas de Ouro
à minha companheira dedicada em todas as fases deste projeto
Teresa Di Monaco
ix
AGRADECIMENTOS
a José Maria Landim Dominguez, que estimulou o desenvolvimento de ações que
acabaram nos conduzindo à concepção e direcionamento deste trabalho;
a Gilzélio Reis Nascimento, Nilton da Silva e Maria Conceição Azevedo de
Medeiros, que, enquanto colegas funcionários do Instituto de Geociências da
Universidade Federal da Bahia, sempre me brindaram com simpatia, eficiência e
desembaraço para apoiar e resolver todo e qualquer problema a eles relacionado
que surgisse no caminho desta Dissertação.
aos colegas de pós-Graduação, em especial a Adeylan Nascimento Santos, Juliana
Bernal, Lucas do Nascimento, Renata Cardia Reboucas e Vanessa do Espirito
Santo Almeida, sempre presentes nas discussões e bate-papos ao longo destes
anos;
a Benjamin Bley de Brito Neves, por haver sublinhado o inseparável caráter
histórico da Geologia;
a Izabel Cristina de Oliveira Delmondes, pelo apoio sempre próximo, em incontáveis
momentos do desenvolvimento desta Dissertação;
a Ana Cristina Franco Magalhaes, André Bolinches de Carvalho, Domingos dos
Santos, Graca Maria Campos Almeida, Kleber Lobo Matos, Laelson Dourado
Ribeiro, Magno Gonçalves dos Santos, Milton Ferreira Mendes, Paulo César
Raimundo Brito e Wilton Pinto de Carvalho, da Coordenação de Mineração - Comin
e da Secreataria da Inústria, Comércio e Mineração - SICM, grandes incentivadores
do meu desenvolvimento no Saber;
a Cid José Teixeira Cavalcanti, historiador, pela imensa sinalização que fornece a
todos que procuram realmente sentir a História;
x
a Stefan Kronenberg, estudioso da História mais antiga da Bahia e das antigas
geoformas, com o qual travei muitas discussões quanto aos processos e às
reconstituições dos paleovisuais prováveis;
aos funcionários das bibliotecas Central dos Barris, do Instituto Geográfico e
Histórico, e da Universidade Federal da Bahia, nomeadamente, a Central, do
Instituto de Arquitetura, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e do
Instituto de Geociências;
ao Comando do Segundo Distrito Naval, que permitiu minha caminhada sobre o
quebra-mar, possibilitando a visualização panorâmica mais ampla da área
trabalhada, evento importante para a maturação e desenvolvimento do nosso
trabalho;
à Ecológica Tecnologia e Controle Ambiental Ltda, pelo apoio, expresso
especialmente nas figuras de Eduardo Cesana e Sonia de Oliveira Delmondes;
à Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia - Conder, por ter
cedido de bases informatizadas da área;
à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB, pelo apoio com
parte dos custos;
Agradecimento, in memoriam
ao colega Rafael Xavier de Souza Nogueira, pela conversas altamente estímulantes
que tivemos, sempre interessado e incentivador da linha a ser seguida neste
trabalho;
a Gélbio Melo Fagundes Rocha, pela imensa mostra que ofereceu de qualidade,
ética, profissionalismo, amplitude e sensibilidade na abordagem da Natureza;
xi
a Fernando Cesar Pamplona, por haver me encaminhado ao interesse maior pela
História;
a Walter da Silva Ramos, por me haver encaminhado nos caminhos da
metodologica da entrega à busca científica;
a Sofia Olzewsky Filha, por haver reforçado o interesse da busca do entremeio Arte
e História;
A Hermes Augusto Verner Hinda, por estimular constantemente que eu procurasse
manter a constante interação e mesmo união entre Emoção, Poesia, Conteúdo e
Razão;
a Horácio de Matos Neto, incentivador e articulador da minha entrada no serviço
público.
xii
SUMÁRIO
RESUMO v
ABSTRACT vi
DEDICATÓRIA viii
AGRADECIMENTOS ix
LISTA DE FIGURAS xiii
LISTA DE FOTOGRAFIAS xxiv
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 1
1.1 – CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA 2
1.2 – FORMULAÇÃO DO PROBLEMA 2
1.3 – A ÁREA DE ESTUDO 3
1.4 – JUSTIFICATIVA 8
1.5 – LOCALIZAÇÃO 9
1.6 – OBJETIVOS 9
1.6.1 – OBJETIVO GERAL 9
1.6.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS 10
CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA 11
2.1 – ASPECTOS TEÓRICOS 13
2.2 – HIPÓTESE DE TRABALHO 19
2.3 - METODOLOGIA DA RECONSTITUIÇÃO 20
xiii
2.4 – ESTRUTURAÇÃO DA MONOGRAFIA 23
2.5 – ATIVIDADES 24
CAPÍTULO 3 – CONTEXTO GEOCIENTÍFICO 27
3.1 – ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS 28
3.2 – ASPECTOS FISIOGRÁFICOS 28
3.2.1 – CLIMA 28
3.2.2 – VEGETAÇÃO 29
3.2.3 – MORFOLOGIA E HIDROGRAFIA 30
3.3 – ASPECTOS GEOLÓGICOS 35
CAPÍTULO 4 – TRABALHOS ANTERIORES 41
CAPÍTULO 5 – IMAGENS HISTÓRICAS COMO FONTES DE INFORMAÇÃO 50
5.1 - DE PINTURAS, PLANTAS E MAPAS 51
5.2 - AS FOTOGRAFIAS. 70
5.3 – SENSORIAMENTO REMOTO PROPRIAMENTE DITO: SATÉLITES 75
5.4 – AS MARGENS DE ERRO 76
CAPÍTULO 6 – BREVE HISTÓRICO DO PROCESSO DE INTERFERÊNCIA
ANTRÓPICA NA ORLA DA CIDADE DO SALVADOR 78
6.1 - DE KIRIMNURÊ A ABAIA DE TODOS SANCTOS 79
6.2 - PRIMEIRAS INTERVENÇÕES EUROPÉIAS 82
6.3 - PARA A FUNDAÇÃO DA CIDADE 84
6.4 - PÓS-FUNDAÇÃO DA CIDADE 86
xiv
6.5 - O SÉCULO XX 89
CAPÍTULO 7 – RESGATE DOS VISUAIS PRÉ-INTERFERÊNCIA ANTRÓPICA 91
7.1 - SETOR 1 - MORRO DO CRISTO À PONTA DO PADRÃO 93
7.1.1 – ASPECTOS GEOLÓGICOS 93
7.1.2 – FONTES HISTÓRICAS 95
7.1.3 - RECONSTITUIÇÕES 127
7.2 - SETOR 2 - PONTA DO PADRÃO AO MORRO DE
SANTO ANTÔNIO DA BARRA
134
7.2.1 – ASPECTOS GEOLÓGICOS 135
7.2.2 – FONTES HISTÓRICAS 136
7.2.3 - RECONSTITUIÇÕES 149
7.3 – TRECHO 3 - MORRO DE SANTO ANTÔNIO
DA BARRA À LADEIRA DA PREGUIÇA
154
7.3.1 – ASPECTOS GEOLÓGICOS 155
7.3.2 – FONTES HISTÓRICAS 157
7.3.3 - RECONSTITUIÇÕES 184
7.4 – TRECHO 4 - LADEIRA DA PREGUIÇA À
LADEIRA DA MISERICÓRDIA
189
7.4.1 – FONTES GEOLÓGICAS 191
7.4.2 – FONTES HISTÓRICAS 193
7.4.3 - RECONSTITUIÇÕES 243
xv
7.5 – TRECHO 5 – DA LADEIRA DA MISERICÓRDIA
A ÁGUA DE MENINOS 252
7.5.1 – ASPECTOS GEOLÓGICOS 252
7.5.2 – FONTES HISTÓRICAS 254
7.5.3 – RECONSTITUIÇÕES 272
CAPÍTULO 8 – DISCUSSÃO 276
CAPÍTULO 9 – CONCLUSÃO 299
CAPÍTULO 10 – EPIFANIA 302
CAPÍTULO 11 – BIBLIOGRAFIA 307
xvi
LISTA DAS FIGURAS
Figura 01 – Fachada do núcleo original da Cidade do Salvador. Litografia do séxulo XVIII. 5
Figura 02 – Mapas de Localização da área deste trabalho. 9
Figura 03 - Mapa de Situação dos Setores na área de trabalho. 22
Figura 04 - Localização das principais unidades geomorfológicas e topônimos da área. 32
Figura 05 - Mapa topográfico do Alto de Salvador, indicando contraste entre as partes oeste e
leste, separadas pela Falha do Iguatemi. Modificado de Barbosa, Correa-Gomes, Dominguez,
Cruz e Souza (2005, p.11).
34
Figura 06 – Mapa Geológico simplificado do Alto de Salvador – Modificado de Barbosa,
Correa-Gomes, Dominguez. Cruz e Souza (2005, p.11)
36
Figura 07 – Trama com a tectônica rúptil, na Península Soteropolitana, abrangendo somente
o Município de Salvador, exibindo 5.473 lineamentos, realizada sobre aerofoto, sobrevôo
SACS, 1959.
37
Figura 08 – Rosácea com a representação de 5473 lineamentos, da Península
Storetopolitana, a partir de análise de aerofotos vôo SACS – 1959 – Individualizados pelas
cores estão os domínios direcionais, com destaque diferenciado para a direção da Falha do
Salvador. Obtida pelo lançamento das direções no programa Stereo Nett, versão 2,46,
desenvolvido pelo Institute für Geologie Ruhr University.
38
Figura 09 – Rosácea com a representação de 189 lineamentos presentes na área trabalhada,
a partir de análise de aerofotos vôo SACS – 1959 – Individualizados pelas cores estão os
domínios direcionais, com destaque diferenciado para a direção da Falha do Salvador. Obtida
pelo lançamento das direções no programa Stereo Nett, versão 2,46, desenvolvido pelo
Institute für Geologie Ruhr University.
39
Figura 10 – Gráfico com a curva de variação do Nível Relativo do Mar, para a região os
últimos 7.500 anos, em Salvador. Modificado de Martin et al. (1979).
40
Figura 11 – Mapa "A CIDADE DO SALVADOR NO FIM DO SÉCULO XVI" – Sampaio (1949) 44
Figura 12 – Mapa "ARREDORES DA CIDADE DO SALVADOR ENTRE 1550 E 1570"
xvii
Sampaio (1949)
45
Figura 13 – Mapa "Evolução Física de Salvador - 1551" – Simas Filho (1979) 46
Figura 14 – Mapa "Provável Expansão de Salvador - 1553" – Simas Filho (1979) 46
Figura 15 – Mapa “Evolução das conquistas ao mar da Conceição ao Pilar” – Câmara (1988) 47
Figura 16 – Pintura parietal - Mapa de Çatal Hüyük, na atual Turquia. (a) Desenho da imagem
original, pintada sobre adobe. (b) Recuperação do desenho original provável. - 6200 aC.
52
Figura 17 – Mapas T/O. (a) Anônimo, datado do século XII. (b) de Guntherus Ziner, de
Augsburg, datado de 1472.
56
Figura 18 – “Mapa Mundi” de Alberto Cantino, que aparece na Carta da nauigar per le Isole
nouam.te tr inte parte de l’India: dono Alberto Cantino Al S. Duca Hercole”, de 1502.
58
Figura 19 – “Mapa Mundi” do Almirante turco Piri Reis, de 1515. 58
Figura 20 – Cidade de Mola di Bari, como aparece noCivitates Orbis Terrarum”, de Franz
Hogenberg, de 1590.
61
Figura 21 – “PRANTA DA ÇIDADE D. SALVADOR NA BAHIA. DE TODOS OS SANTOS”, do
códice “Rezão do Estado do Brasil no Governo do norte somente asi como teve Dõ Diogo de
Meneses ate o anno de 1612”, de João Teixeira Albernaz, de cerca de 1616. (Reis, 2000,
p.16-17).
61
Figura 22 – “PRANTA DA ÇIDADE D. SALVADOR NA BAHIA. DE TODOS OS SANTOS”, do
códice “Rezão do Estado do Brasil no Governo do norte somente asi como teve Dõ Diogo de
Meneses ate o anno de 1612”, de João Teixeira Albernaz, de cerca de 1626. (Reis, 2000, p.
18).
62
Figura 23 – “Baya de todos los sanctos”. Desenho do manuscrito de Dierick Ruiters, de 1624.
(Reis, 2000, p.19)
63
Figura 24 – “S. SALVADOR – BAYA DE TODOS OS SANCTOS”. Ilustração de Claes Jansz
Visscher & Hessel Gerritsz, de 1624. (Reis, 2000, p.24)
63
Figura 25 – “Planta da Restituição da Bahia”, de João Teixeira Albernaz de 1625 a 1631.
(Reis, 2000, p.27).
64
xviii
Figura 26 – Mapa "PLANTA DA CIDADE DE S. SALVADOR NA BAHIA DE TODOS OS
SANTOS NA AMERICA MRIDIONAL AOS 13° DE LATITUDE, E 345°36’ DE LONGITUDE.",
de João Massé. De 1711 a 1717, que ilustra o livro de Vilhena, de 1798 - 1799.
66
Figura 27 – “MAPPA TOPOGRAPHICA da Cidade de S. SALVADOR", de Carlos Augusto
Weyll, de 1860.
68
Figura 28 – “PLANTA DA CIDADE DE SÃO SALVADOR - CAPITAL DO ESTADO
FEDERADO DA BAHIA", de Adolfo Morales de Los Rios, de 1894.
69
Figura 29 – Litografia da Cidade do Salvador. - Autoria desconhecida. - Fim do século XVIII. -
Fonte: Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.
72
Figura 30 – Detalhe do Mapa Mundi” de Alberto Cantino, de 1502 – A “Abaia de todos
Sanctos” surge como mera posição.
81
Figura 31 – Detalhe do “Mapa Mundi” do “Livro de Marinha” do almirante turco Piri Reis, de
1515. – A Baía de Todos os Santos já é desenhada.
81
Figura 32 – Topônimos citados no setor 1 - Morro do Cristo - Ponta do Padrão. 93
Figura 33 – Orla oceânica da Barra – pintura de William Gore Ouseley, de 1835. 96
Figura 34 – Detalhe do "MAPPA TOPOGRAPHICA da Cidade de S. SALVADOR", de Carlos
Augusto Weyll, de 1860. Foram realçadas as cores das vias e cursos de água.
105
Figura 35 – Detalhe do "ARREDORES DA CIDADE DO SALVADOR ENTRE 1550 E 1570",
de Sampaio (1949). Foram realçadas as cores das vias e cursos de água.
105
Figura 36 – Detalhe do "MAPPA TOPOGRAPHICA da Cidade de S. SALVADOR", de Carlos
Augusto Weyll, de 1860. Realce da provável área de dunas frontais, sendo também uma
possibilidade, de antiga berma. O caminho, realçado em vermelho, provavelmente marcava a
berma.
110
Figura 37 – Detalhe da planta da Carlos Augusto Weyll, de 1860, com a sobreposição das
curvas de nível e da toponímia atuais.
113
Figura 38 – Provável desenho das curvas de nível da face sul do Morro do Gavazza, pré-
interferêcia antrópica, sobre as curvas de nível e planimetria atuais.
115
xix
Figura 39 - Forte de Santo Antônio da Barra. Ilustração de João Teixeira Albernaz, o velho,
datada de 1631. (in Oliveira, 2006, p.15)
116
Figura 40 - Forte de Santo Antônio da Barra. Ilustração de Moreno (1609, in Oliveira, 2006,
p.16)
116
Figura 41 - (a) Detalhe da ilustração “Baya de todos los sanctos”, do manuscrito de Dierick
Ruiters (1624, in Reis, 2000, p.19) (b) Detalhe da ilustração “S. SALVADOR – BAYA DE
TODOS OS SANCTOS”, de Claes Jansz Visscher & Hessel Gerritsz (1624, in Reis, 2000,
p.24) (c) Detalhe da ilustração "Abriss der Baya und Meerbusems de Todos os Santos und
Statt S. Salvador", da Hollandern Eungenomen, Séc XVII. (d) Detalhe da ilustração “La Ville
de St. SALVADOR, capitale du Bresil Portugaus, au Baye de todos los Santos, dans
l’Amerique”, 1625.
117
Figura 42-a - Forte de Santo Antônio da Barra. - Planta. (Caldas,1759) 118
Figura 42-b - Forte de Santo Antônio da Barra. - Face traseira ou oeste. (Caldas, 1759) 118
Figura 43 - Forte de Santo Antônio da Barra. – Modificado de Caldas (Caldas, 1759) 119
Figura 44 - Forte de Santo Antônio da Barra. - Integração de ortofotografia de 2002 (Fonte:
Conder) com a Ilustração de Moreno (1609, in Oliveira, 2006, p.16). (A) - Aterro principal,
realizado para a elevação do fortificação. (B) Aterro de meados do século XX. (1) Região que
recebeu aterramento menos intensivamente. (2) Região que sofreu aterramento mais intenso,
para a instalação da fortificação.
123
Figura 45 - Forte de Santo Antônio da Barra. - Face frontal ou leste. (Caldas, 1759) 124
Figura 46 – Reconstituição panorâmica do visual provável do Rio dos Seixos, pré
interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia 41 - Chame Chame - 2007.
129
Figura 47 - Reconstituição panorâmica do visual provável da Praia da Barra e da Ponta do
Padrão, vistos a partir do Morro do Cristo, pré interferência antrópica, a partir do ponto da
Fotografia 42.
130
Figura 48 - Reconstituição da panorâmica provável do visual da Praia da Barra, do Morro do
Gavazza e da Ponta do Padrão, vistos a partir da Ponta do Padrão, pré interferência
antrópica, a partir do ponto da Fotografia 43.
131
Figura 49 - Reconstituição da panorâmica provável do visual da Ponta do Padrão e da Praia 132
xx
da Barra, pré interferência antrópica, podendo-se vislumbrar inclusive facilmente o Morro do
Gavazza a partir do ponto da Fotografia 44.
Figura 50 - Reconstituição da panorâmica provável do visual da Ponta do Padrão, p
interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia 45.
133
Figura 51 – Topônimos citados no Setor 2 - Ponta do Padrão - Morro de Santo Antônio da
Barra.
134
Figura 52 – Cruzamento da imagem da Caboa de Pescar, restituída por Sampaio (1949)
sobre detalhe de Carta Topográfica da Cidade do Salvador - Coder - e mapa simplificado das
vias.
145
Figura 53 - Reconstituição panorâmica do visual provável da região entre a Ponta do Padrão
e a localização do Forte de Santa Maria, pré interferência antrópica, a partir do ponto da
Fotografia 61.
150
Figura 54 - Reconstituição panorâmica do visual provável da Ponta do Padrão, pré
interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia 62.
151
Figura 55 - Reconstituição panorâmica do visual provável da Praia do Porto da Barra, pré
interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia 63.
152
Figura 56 - Reconstituição panorâmica do visual provável da Praia do Porto da Barra, pré
interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia 64-a.
153
Figura 57 – Topônimos citados no Setor 3 - Morro de Santo Antônio da Barra à Ladeira da
Preguiça.
154
Figura 58 – Pintura abrangendo do Morro de Santo Antônio da Barra ao pé do Alto da Vitória.
Realizada por Robert Pearce, em 1819 a 1820.
158
Figura 59 – Diferença de trajetos do início da antiga e da atual Ladeira da Barra. 160
Figura 60 – Montagem exibindo a introdução, na Fotografia 71, na parte de marinha, das
intervenções antrópicas recentes, capturadas de aerofotografia de 2002.
164
Figura 61 – “Arvore da Gamela” – litografia de Edward Finden (in Graham, 1824) 168
Figura 62 - Detalhe do "MAPPA TOPOGRAPHICA da Cidade de S. SALVADOR", de Carlos
Augusto Weyll, de 1860. Ligação entre Largo da Vitória e Praça Doutor Paterson ou Largo da
171
xxi
Graça, pela cumeada do Outeiro Grande.
Figura 63 – Prováveis visadas aproximadas a partir do Largo da Graça, retirando-se a
interferência das edificações atuais aparecem não esmaecidas. Setores A e B - com visão até
bem próximo as praias. Setor C - provável visão do horizonte marinho.
173
Figura 64 – Sistema dos Fortes de São Pedro e São Paulo, interligados pelos vales, na
Gamboa - Detalhe do “Topographica da Cidade Capital de São Salvador Bahia de Todos os
Santos”, de 1798, de autoria de Joaquim Vieira da Silva.
176
Figura 65 – Sistema dos Fortes de São Pedro, São Paulo e São Diogo, exibindo suas
posições, em relação aos vales, na Gamboa - Detalhes do trabalho de Amédée François
Frezier, de 1714. (a) "Vue de la Ville de St Salvador du coté de la Baye" e (b) “PLAN DE LA
VILLE DE St SALVADOR”.
177
Figura 66 – Detalhe revelando o visual interligando o Forte de São Paulo, no contato com a
marianha, ao Forte de São Pedro, no alto, à direita. Vê-se ainda no alto, ao centro, o Passeio
Público. Pintura em aquarela realizada por Robert Pearce, em 1819 a 1820.
177
Figura 67 – Contexto dos fortes de São Pedro, São Diogo e São Paulo. Detalhe da "PLANTA
DA CIDADE DE S. SALVADOR NA BAHIA DE TODOS OS SANTOS NA AMERICA
MRIDIONAL AOS 13° DE LATITUDE, E 345°36’ DE LONGITUDE.", de João Massé. De 1711
a 1717, que ilustra o livro de Vilhena, de 1798 - 1799.
178
Figura 68 – Cruzamento da Figura 64 com ortofotografia atual. 178
Figura 69 – Detalhe da “PLANTA DA CIDADE DE SÃO SALVADOR - CAPITAL DO ESTADO
FEDERADO DA BAHIA", de Adolfo Morales de Los Rios, de 1894.
181
Figura 70 – Associação de detalhe da “PLANTA DA CIDADE DE SÃO SALVADOR -
CAPITAL DO ESTADO FEDERADO DA BAHIA", de Adolfo Morales de Los Rios, de 1894, a
ortoaerofoto de 2002 - Conder.
182
Figura 71 - Reconstituição da panorâmica provável do visual da orla na região da atual
Ladeira da Barra.
185
Figura 72 - Reconstituição da panorâmica provável sítio da atual Praça Doutor Paterson, o
Largo da Graça. pré interferência antrópica.
186
Figura 73 - Reconstituição da panorâmica provável do visual da orla na região do atual
corredor da Vitória, pré interferência antrópica.
187
xxii
Figura 74 - Reconstituição da panorâmica provável do sítio da atual Gamboa, pré
interferência antrópica.
188
Figura 75 – Topônimos citados no Setor 4 - Ladeira da Preguiça ao pé da Ladeira da
Misericórdia.
189
Figura 76 – As três ladeiras que possibilitaram o acesso à Cidade do Salvador, em seus
primórdios. Detalhe da Ilustração com “Desenho das Fortificações e Trincheiras q se fizerão
em deffença do inimigo”, de 1638, autor anônimo. ( Reis, 2000, p.32-34) (A) - Ladeira da
Gameleira - Preguiça (B) - Ladeira da Conceição (C) - Ladeira da Misericórdia.
193
Figura 77 – As três ladeiras que possibilitaram o acesso à Cidade do Salvador, em seus
primórdios. - Detalhe da ilustração com “S. Salvador – Baya de Todos os Sanctos”, de 1624,
por Claes Jansz Visscher & Hessel Gerritsz. (in Reis, 2000, p.24) (A) - Ladeira da Gameleira -
Preguiça (B) - Ladeira da Conceição (C) - Ladeira da Misericórdia.
194
Figura 78 - As três ladeiras que possibilitaram o acesso à Cidade do Salvador, em seus
primórdios. - Detalhe da ilustração com “Abriss der Baya und Meerbusems de Todos os
Santos und Statt S. Salvador", do século XVII, da Hollandern Eungenomen. (A) - Ladeira da
Gameleira - Preguiça (B) - Ladeira da Conceição (C) - Ladeira da Misericórdia.
194
Figura 79 – Ladeira da Conceição - Detalhe da ilustração com PLAN DE LA VILLE DE St
SALVADOR - Vue de la Ville de St Salvador du coté de la Baye", de 1714, por Amédée
François Frézier.
196
Figura 80 – Ladeira da Preguiça–Gameleira – (A) Portas de São Bento (B) Ladeira da atual
Praça Castro Alves (c) Igreja da Barroquinha (D) Mosteiro de São Bento (E) Ladeira da
Gameleira (F) Ladeira da Preguiça - Detalhe da ilustração com “visada de olho de pássaro”
Desenho das Fortificações e Trincheiras q se fizerão em deffença do inimigo”, de 1638, autor
anônimo. (Reis, 2000, p.32-34)
197
Figura 81 – Ladeira da Preguiça–Gameleira – (A) Portas de São Bento (B) Ladeira da atual
Praça Castro Alves (c) Igreja da Barroquinha (D) Mosteiro de São Bento (E) Ladeira da
Gameleira (F) Ladeira da Preguiça - Detalhe da ilustração com “visada de olho de pássaro”
PERFIL DA ÇIDADE DO SALVADOR DA BAHIA DE TODOS OS SÃTOS ~Q MOSTRA
ALTURA DO MAR A ELLA”, de 1609-1612, autor anônimo (in Reis, 2000, p.20-22)
197
Figura 82 - “San Salvador, Bahia, by T. A. Prior after A. Earle”. - 1832. - Diário de Darwin –
(1836, p.40).
199
xxiii
Figura 83 – Fonte das Pedreiras – Detalhe do “Desenho das Fortificações e Trincheiras q se
fizerão em deffença do inimigo”, de 1638, autor anônimo. (Reis, 2000, p.32-34)
203
Figura 84 – Malha urbana ao final do século XVI, comparada com a atual. (Costa, 2005, p.99) 204
Figura 85 – Gargantas (A) da Barroquinha e (B) da Misericórdia, destacadas na “Pranta da
Çidade D. Salvador”, da “Rezão do Estado do Brasil no Governo do norte somente asi como
teve Dõ Diogo de Meneses ate o anno de 1612”, de João Teixeira Albernaz (ca. 1616, in Reis,
2000, p.16-17)
209
Figura 86 – (a) Ladeira da Misericórdia. Detalhe da Ilustração com “Desenho das
Fortificações e Trincheiras q se fizerão em deffença do inimigo”, de 1638, autor anônimo. (
Reis, 2000, p.32-34) (b) Ladeira da Misericórdia - Detalhe da Planta da Restituição da Bahia
de João Teixeira Albernaz, de cerca de 1625 a 1631. (Reis, 2000, p.27)
210
Figura 87 – Rosácea tectônica do Setor 4, realizada sobre aerofoto, sobrevôo SACS, 1959.
Obtida pelo lançamento das direções relacionadas à tectônica rígida no programa Stereo Nett,
versão 2,46, desenvolvido pelo Institute für Geologie Ruhr University. Indicam-se as principais
ladeiras relacionadas à instalação da Cidade do Salvador.
212
Figura 88 – Planta de localização e distribuição da praia da Cidade Baixa. Simas Filho (sd, in
Borges e Lemos, 2002, p.20)
217
Figura 89 – Planta da Cidade do Salvador, em 1551, com localização e distribuição das
edificações na praia. (Simas Filho, 1979)
221
Figura 90 - (A) Baluarte da Santa Cruz e (B) Ribeira do Goes ou Ribeira das Naus - Detalhe
da “Planta da Restituição da Bahia”, por João Teixeira Albernaz (1625-1631, in Reis, 2000,
p.27)
223
Figura 91 - Bateria de São Paulo ou Bateria da Ribeira. (Caldas, 1799) 224
Figura 92 – (A) - Bateria de Santa Cruz, (B) - Ribeira do Goes, (C) Forte de São Fernando e
(D) Forte de São Felipe e São Tiago. - Detalhe da panorâmica “S. SALVADOR – BAYA DE
TODOS OS SANCTOS”, de 1624, por Claes Jansz Visscher & Hessel Gerritsz. (Reis, 2000,
p.24)
226
Figura 93 – (A) - Bateria de Santa Cruz, (B) - Ribeira do Goes, (C) Forte de São Fernando e
(D) Forte de São Felipe e São Tiago. - Detalhe da panorâmica “Abriss der Baya und
Meerbusems de Todos os Santos und Statt S. Salvador", do século XVII.
226
xxiv
Figura 94 – Fonte do Pereira. Detalhe de mapa com “visada de olho de pássaro” do “Livro
que dá Razão do Estado do Brasil”, de 1616, por João Teixeira Albernaz.
232
Figura 95 – Fonte do Pereira. Detalhe de mapa com “visada de olho de pássaro” do “Livro
que dá Razão do Estado do Brasil”, de 1626, por João Teixeira Albernaz.
233
Figura 96 – Curvas topográficas atuais de trecho da região onde estava localizada a porta
norte da Cidade do Salvador, com indicadores de localização aproximada de elementos
referenciais de quando da instalação da cidade, ainda perceptíveis atualmente, apesar das
inúmeras modificações.
240
FIGURA 97 – Detalhe da “PLANTA DA CIDADE DE SÃO SALVADOR - CAPITAL DO
ESTADO FEDERADO DA BAHIA", de Adolfo Morales de Los Rios, de 1894, associado a
aerofoto de 2002.
242
Figura 98 - Reconstituição panorâmica do visual provável da Fachada do núcleo original da
Cidade do Salvador na região entre o pé da Ladeira da Preguiça e o pé da Ladeira da
Misericórdia, pré interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia 130. A trama tectônica
associada aos intemperismo e erosão provocaram, na encosta, o surgimento de ressaltos, os
quais foram utilizados para localização das ladeiras.
245
Figura 99 - Indicadores na Reconstituição panorâmica do visual provável da Fachada do
núcleo original da Cidade do Salvador na região entre o pé da Ladeira da Preguiça e o pé da
Ladeira da Misericórdia, pré interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia 445. A -
Ladeira de São Bento. B - Garganta da Barroquinha. C - Ladeira da Castro Alves. D - Início
do Alto da instalação da Cidade do Salvador. E - Pequeno Vale do Vidal. F - Pequeno Vale do
Pau da Bandeira. G - Ladeira da Conceição da Praia H - Alto de instalação da Cidade do
Salvador I - Garganta da Misericórdia. J - Teso da Sé. K - Ladeira da Misericórdia. L - Cava da
Fonte do Pereira. M - Alto da Igreja do Colégio dos Jesuítas.
245
Figura 100-a – Reconstituição panorâmica do visual provável da área onde se localiza,
atualmente, a Praça Castro Alves, pré interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia
131.
246
Figura 100-b – Reconstituição panorâmica do visual provável da área onde se localiza,
atualmente o pé do mirante da Praça Castro Alves,pré-interferência antrópica, a partir do
ponto da Fotografia 132.
247
Figura 101 – Reconstituição panorâmica do visual provável da área onde se localiza,
atualmente a Rua Barão Homem de Melo ou Ladeira da Montanha, a partir do mirante da
248
xxv
Praça Castro Alves, pré interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia 133.
Figura 102 – Reconstituição panorâmica do visual provável da área onde veio a se localizar o
núcleo da antiga Cidade do Salvador, pré interferência antrópica, a partir do ponto da
Fotografia 134.
249
Figura 103 – Reconstituição panorâmica do visual provável da área onde veio a se instalar o
Elevador Lacerda, a partir do ponto da Fotografia 135.
250
Figura 104 – Reconstituição panorâmica do visual provável da área onde veio a se localizar,
atualmente, o Plano Inclinado Gonçalves, pré interferência antrópica, a partir do ponto da
Fotografia 136. à esquerda, o Alto do Colégio e Igreja dos Jesuítas, separado do Teso da Sé
pela pequena cava da Fonte do Pereira. O Teso da Sé é separado do Alto de Salvador pela
Garganta da Barroquinha
251
Figura 105 – Topônimos citados no setor 5 - Pé da Ladeira da Misericórdia - Largo de Água
de Meninos.
252
Figura 106 – Rosácea tectônica do Setor 5, realizada sobre aerofoto, sobrevôo SACS, 1959.
Obtida pelo lançamento das direções relacionadas à tectônica rígida no programa Stereo Nett,
versão 2,46, desenvolvido pelo Institute für Geologie Ruhr University. Indicam-se as principais
ladeiras relacionadas à instalação da Cidade do Salvador.
253
Figura 107 – Detalhe da “Pranta da Çidade D. Salvador”, da “Rezão do Estado do Brasil no
Governo do norte somente asi como teve Dõ Diogo de Meneses ate o anno de 1612”, de João
Teixeira Albernaz, de cerca de 1616. (Reis, 2000, p.16-17)
254
Figura 108 – Detalhe da “Pranta da Çidade D. Salvador”, da “Rezão do Estado do Brasil no
Governo do norte somente asi como teve Dõ Diogo de Meneses ate o anno de 1612”, de João
Teixeira Albernaz, de cerca de 1626. (Reis, 2000, p. 18)
255
Figura 109 – Ladeira do Taboão – Detalhe do mapa “La Ville de St. SALVADOR, capitale du
Bresil Portugaus, au Baye de todos los Santos, dans l’Amerique” – Anônimo – seculo XVII.
256
Figura 110 – Fonte dos Padres. Detalhe de mapa do “Livro que dá Razão do Estado do
Brasil”, de 1616, por João Teixeira Albernaz.
257
Figura 111 – Fonte dos Padres. Detalhe de mapa do “Livro que dá Razão do Estado do
Brasil”, de 1626, por João Teixeira Albernaz.
257
Figura 112 - Visão do caminho a partir das Portas do Carmo, da Ladeira do Taboão,
xxvi
descendo em direção ao (A) Sítio da Bateria de São Fernando (B) e ao Sítio do Forte de São
Francisco. Detalhe da “Planta da Restituição da Bahia” de João Teixeira Albernaz, de cerca
de 1625 a 1631. (Reis, 2000, p.27)
261
Figura 113 – Detalhe do mapa “PLAN DE LA VILLE DE St SALVADOR - Vue de la Ville de St
Salvador du coté de la Baye", de 1714, por Amédée François Frézier. Em destaque a Batterie
de S
t
François”.
261
Figura 114 - (A) Instância de São Fernando (B) Forte de São Francisco (C) Guindaste do
Pilar. Detalhe do mapa Fortificações e Trincheiras q se fizerão em deffença do inimigo.” -
autoria desconhecida - 1638. (in Reis, 2000, p.32-34)
262
Figura 115 – Cotinuação da praia entre Pilar a Água de Meninos. - Detalhe do mapa
“Evolução das conquistas ao mar da Conceição ao Pilar” – Câmara (1988)
264
Figura 116 - Detalhe do mapa “Fortificações e Trincheiras q se fizerão em deffença do
inimigo.” - autoria desconhecida - 1638. (in Reis, 2000, p.32-34)
264
Figura 117 – A estreita orla de Salvador, para além da área do atual Mercado do Ouro.
Detalhe de Planta de Carlos Augusto Weyll - 1860.
265
Figura 118 – Detalhe do mapa "Cidade da Bahia de Todos os Santos", de Almeida (1868)
exibindo o Forte de Santo Alberto, no centro esqueda, e o Forte de São Francisco, no centro
direita.
266
Figura 119 - “PERSPECTIVA DO VISTA DE HUMA PARTE DA CIDADE DE SANTO
SALVADOR E DE SEU TERRERO TOMADA DO FORTE DO BARBALHO”, de 1724 a 1756.
(Reis, 2000, p.38)
268
Figura 120 – Detalhe da “PLANTA DA CIDADE DE SÃO SALVADOR - CAPITAL DO
ESTADO FEDERADO DA BAHIA", de Adolfo Morales de Los Rios, de 1894, e de ortoaerofoto
- Conder - 2002.
271
Figura 121 - Reconstituição panorâmica do visual provável da região da Praça Riachuelo,
pré-interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia 148.
273
Figura 122 - Reconstituição panorâmica do visual provável da região do Mercado do Ouro,
pré-interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia 149.
274
Figura 124 - Reconstituição paleopanorâmica do visual provável da região Região além-Largo
do Mercado do Ouro, até Água de Meninos, a partir do ponto da Fotografia 150.
275
xxvii
Figura 125 - Mosaico a partir de imagens do portal Google Earth - Município de Salvador
2008.
289
Figura 126 - Modificado de mosaico de aerofotos voo SACS - 1959, com retirada de
elementos antrópicos e desenho paleolitorâneo estimados.
289
xxviii
LISTA DE FOTOGRAFIAS
.
Fotografia 01 – Fachada do núcleo original da Cidade do Salvador. Meados do século XIX. 6
Fotografia 02 – Fachada do núcleo original da Cidade do Salvador. Fotografia da década de
1930.
6
Fotografia 03 – Fachada do núcleo original da Cidade do Salvador. 2007. 6
Fotografia 04 – “Ipanema, Leblon e Lagoa, em 1904” - Pintura de Eduardo Camões. 48
Fotografia 05 – Evocação de vista antiga do Porto da Barra – Pintura de Henrique Passos –
Final do século XX.
48
Fotografia 06 - Tabuinha em argila queimada - Mapa de Da-Sur, na Mesopotâmia. - Entre
2.500 e 2.300 aC.
53
Fotografia 07 – Mapa de Babel, na Mesopotâmia. Cerca de 600 aC. 54
Fotografia 08 – Fragmentos do mapa “Forma Urbis Romæ”. Datado de entre 193 e 211. 55
Fotografia 09 – “La Vierge aux rochers”, de Leonardo di Ser Piero Paolo da Vinci. De entre
1483 e 1486.
60
Fotografia 10 – Mais antiga Fotografia Aérea que chegou aos nossos dias. Por James
Wallace Black. Boston, em 1859, a partir de balão.
71
Fotografia 11 - Orla oceânica da Barra – Localização da trama tectônica, realizada sobre
aerofoto, sobrevôo SACS, 1959, obtida pelo lançamento das direções no programa Stereo
Nett, versão 2,46, desenvolvido pelo Institute für Geologie Ruhr University.
94
Fotografia 12 – Orla oceânica da Barra – 1890 – fotografia de Guilherme Gaensly E.
Lindemann.
96
Fotografia 13 - Orla oceânica da Barra – 2007 – fotografia a partir de aproximadamente o
mesmo ponto da Fotografia 12.
97
Fotografia 14 – Morros do Cristo e do Ypiranga, em 1884, detalhe de foto de Marc Ferrez. 98
xxix
Fotografia 15 – Morros do Cristo e do Ypiranga, em 2007, a partir do mesmo ponto da
Fotografia 14.
98
Fotografia 16 - Foto compósita, integrando, com efeitos de saturação, as Fotografias 14 e
15, realçando as diferenças de perfil do contorno original com a atualidade.
99
Fotografia 17 – Morro do Cristo, na década de 1920. Arquivo Público do Estado da Bahia. 99
Fotografia 18 – Morro do Cristo, em 2007. Fotografia tomada a partir do mesmo ponto da
Fotografia 17.
100
Fotografia 19 – Praia da Barra, na década de 1920, vista a partir do Forte de Santo Antônio
da Barra, na década de 1920, destacando, ao fundo, o perfil do Morro do Ypiranga - autoria
desconhecida.
100
Fotografia 20 – Rio dos Seixos, posteriormente Rio das Pedras e atual Rio das Pedrinhas -
Chame Chame - 1884 - autoria desconhecida.
102
Fotografia 21 – Rio dos Seixos, posteriormente Rio das Pedras e atual Rio das Pedrinhas -
Chame Chame - 2007.
102
Fotografia 22 – Rio dos Seixos, posteriormente Rio das Pedras e atual Rio das Pedrinhas -
Chame Chame - Década de 1960 - autoria desconhecida - Fonte Fundação Gregório de
Mattos.
103
Fotografia 23 – Rio dos Seixos, posteriormente Rio das Pedras e atual Rio das Pedrinhas -
Chame Chame - Tomada a partir do mesmo ponto da Fotografia 22 - 2007.
103
Fotografia 24– Rio dos Seixos, posteriormente Rio das Pedras e atual Rio das Pedrinhas -
Chame Chame - Interferência atual da Prefeitura Municipal, para sepultar mais esta referência
do passado soteropolitano. - 2008.
104
Fotografia 25 – Realce de foto da orla oceânica da Barra – 1890 – de Guilherme Gaensly E.
Lindemann.
106
Fotografia 26 – Detalhe da Avenida Oceânica – Barra – década de 1920. Autor
desconhecido.
106
Fotografia 27 – Antigo ponto de foz do Rio dos Seixos. Vista do cruzamento da Rua Marques
de Leão com a Rua Marquês de Caravelas, pouco antes do final dessa, na Avenida Oceânica.
107
xxx
Fotografia 28 – Esgotamento pluvial, na praia da Barra - Altura do fim da Rua Marquês de
Caravelas.
108
Fotografia 29 – Ortofotografia com relação entre (A) a antiga foz do Rio dos Seixos e (B) a
atual saída do Rio das Pedrinhas.
109
Fotografia 30 – Vista a partir da Ponta do Padrão, em cerca de 1904 - autoria desconhecida. 111
Fotografia 31 – Vista da Ponta do Padrão, a partir do Morro do Gavazza. - 1904 - autoria E.
Lindemann.
112
Fotografia 32 – Vista da Ponta do Padrão, a partir do Morro do Gavazza. 1904 – autoria E.
Lindemann.
112
Fotografia 33 – Afloramento com corte da rocha altamente alterada do Morro do Gavazza,
nos fundos de edificação no lado setentrional da Rua Afonso Celso, à altura de onde ela liga
as ruas Dom Marcos Teixeria e Rua Dias d’Ávila.
114
Fotografia 34 - Forte de Santo Antônio da Barra. - cada de 1930 - Autoria desconhecida.
Fonte: Fundação Gregório de Mattos.
120
Fotografia 35 – Detalhe de Fotografia, exibindo a face Norte do aterro da Ponta do Padrão.
1860. Autoria: Camillo Vedani.
121
Fotografia 36 - Restos da antiga guarita, atualmente atingíveis pela marés altas mais
intensas de sizígia. 2008.
122
Fotografia 37 - Forte de Santo Antônio da Barra a cavaleiro sobre Ponta do Padrão. - Visão
do seu lado sul, com panorâmica exibindo, à direita, a Praia da Barra, com o Morro do Cristo
ao fundo. - 2008.
122
Fotografia 38 – Contato entre a rocha e o aterro, lateral norte da Ponta do Padrão. 124
Fotografia 39 – Contato entre a rocha e o aterro, lateral norte da Ponta do Padrão. 125
Fotografia 40 – Contato entre a rocha alterada e o aterro, lateral nordeste da Ponta do
Padrão.
126
Fotografia 41 – Rio dos Seixos, posteriormente Rio das Pedras e atual Rio das Pedrinhas -
Chame Chame - 2007.
128
xxxi
Fotografia 42 - Visão atual da Avenida Oceânica, na Barra, a partir do Morro do Cristo. 130
Fotografia 43 - Visão atual da Avenida Oceânica, na Barra, vendo-se o Morro do Cristo ao
fundo.
131
Fotografia 44 - Visão atual da Ponta do Padrão, com o Forte de Santo Antônio da Barra e o
seu Farol da Barra, da Praia da Barra e da Avenida Oceânica, na Barra, vendo-se o Morro do
Cristo ao fundo.
132
Fotografia 45 - Visão atual da Ponta do Padrão, com o Forte de Santo Antônio da Barra e o
seu Farol da Barra.
133
Fotografia 46 – Primeira parte do Trecho 2, logo após a Ponta do Padrão, vista desta. 2008. 135
Fotografia 47 – Trama tectônica do trecho 2, realizada sobre aerofoto, sobrevôo SACS, 1959. 136
Fotografia 48 – Trecho imediatamente a norte da Ponta do Padrão, em 1860, por Benjamin
Mulock.
137
Fotografia 49 – Trecho imediatamente a norte da Ponta do Padrão, em 1870, por Guilherme
Gaensly, equivalente ao da Fotografia 46.
137
Fotografia 50 – Trecho imediatamente a norte da Ponta do Padrão, em 1884. Autoria
desconhecida.
138
Fotografia 51 – Trecho imediatamente a norte da Ponta do Padrão, em 1860. Autoria:
Camillo Vedani. As linhas amarela e laranja marcam a modificação suave de inclinação,
indicando uma berma.
139
Fotografia 52 - Visão de parte do trecho 2, a partir da Ponta do Padrão, vislumbrando-se, à
esquerda, o Forte de Santa Maria. 2007.
140
Fotografia 53 – Visão do Forte de Santa Maria, em 1870, por Guilherme Gaensly. 140
Fotografia 54 – Visão do Forte de Santa Maria, em 1870, por Guilherme Gaensly. 141
Fotografia 55 – Visão do Forte de Santa Maria, em 1884, de autoria desconhecida. 141
Fotografia 56 – Praia do Porto da Barra – fotografia de Benjamin Mulock, 1860. 142
Fotografia 57 – Trecho imediatamente posterior ao Forte de Santa Maria, Praia do Porto da 143
xxxii
Barra - 2008.
Fotografia 58 - Camboa, em Portugal. (Magalhães e Baptista, p.57, 2004) 144
Fotografia 59 – Detalhe da Fotografia 56 – Afloramentos rochosos na Praia do Porto da Barra
– fotografia de Benjamin Mulock, 1860.
146
Fotografia 60 – Afloramentos rochosos entre a Ponta do Padrão e a praia do Porto da Barra
– 1890 – autoria desconhecida.
147
Fotografia 61 - Visão atual do Forte de Santa Maria, no Porto da Barra, a partir da Ponta do
Padrão.
150
Fotografia 62 - Visão atual da Ponta do Padrão, imediatamente após a entrada na Baía de
Todos os Santos, vislumbrando-se, a cavaleiro, o Forte de Santo Antônio da Barra, com seu
Farol da Barra.
151
Fotografia 63 - Visão atual da Praia do Porto da Barra, vislumbrando-se, o Morro de Santo
Antônio da Barra, tendo, a cavaleiro, a Igreja de Santo Antônio da Barra.
152
Fotografia 64 - Visão atual da Praia do Porto da Barra, vislumbrando-se, o Forte de Santa
Maria.
153
Fotografia 65 – Trama tectônica do trecho 3, realizada sobre aerofoto, sobrevôo SACS, 1959. 165
Fotografia 66 – Fotografia de todo o trecho 3, do Morro de Santo Antônio da Barra ao pé da
Ladeira da Preguiça. Final do século XIX. Autor desconhecido. Fonte: Instituto Geográfico e
Histórico da Bahia.
158
Fotografia 67 – Detalhe da foto 56 - Alto de Santo Antônio da Barra – fotografia de Benjamin
Mulock, 1860.
159
Fotografia 68 – Trecho de subida da Ladeira da Barra, imediatamente após o Morro de Santo
Antônio da Barra, em 1870, por Guilherme Gaensly.
161
Fotografia 69 – Trecho de subida da Ladeira da Barra, imediatamente após o Morro de Santo
Antônio da Barra, em 2007. Exibe a mesma região da Fotografia 68 completamente tomada
por edificações antrópicas.
161
Fotografia 70 - Fabrica de Xales. Pé da encosta da Ladeira da Barra. Século XIX. - Foto
autoria desconhecida.
162
xxxiii
Fotografia 71 – Detalhe da Fotografia 68, exibindo afloramentos rochosos e de uma praia de
areia, Ladeira da Barra, imediatamente após o Morro de Santo Antônio da Barra, em 1870,
por Guilherme Gaensly.
163
Fotografia 72 – Detalhe de aerofoto, exibindo a persistência da praia, ao pé da Ladeira da
Barra, já com interferências antrópicas, em 1959. - Vôo Cruzeiro do Sul - SACS.
164
Fotografia 73 - (a) Detalhe da Fotografia 68, exibindo afloramentos rochosos e de uma praia
de areia, Ladeira da Barra, imediatamente após o Morro de Santo Antônio da Barra, em 1870,
por Guilherme Gaensly. (b) Mesmo trecho, exibindo as edificações do Yacht Clube da Bahia,
que sepultou a antiga pequena praia. 2008.
165
Fotografia 74 – Visita do Governador às igrejas da Vitória e da Graça – Pintura em óleo
sobre tela - Igreja de Nossa Senhora da Graça - meados do século XVIII - atribuída a José
Joaquim da Rocha.
167
Fotografia 75 – “O sonho de Catarina Paraguaçu” – Pintura a óleo sobre madeira – Forro da
Igreja de Nossa Senhora da Graça - Obra do pintor Manoel Lopes Rodrigues. 1881.
169
Fotografia 76 – “O sonho de Catarina Paraguaçu. Pintura a óleo sobre tela. Obra de Júlio
Simmonds sobre a obra original de Manoel Lopes Rodrigues. 1891. Câmara Municipal de
Salvador.
170
Fotografia 77 – Praça Doutor Paterson, o Largo da Graça, no final do século XIX. Em
destaque o trecho de mar visualizável.
171
Fotografia 78 – Praça Doutor Paterson, o Largo da Graça, 2007. Imagem tomada a partir do
mesmo ponto da Fotografia 77.
172
Fotografia 79 – Paisagem da marinha do Corredor da Vitória. 2006. Foto autoria
desconhecida.
174
Fotografia 80 – Porto das Vacas - Gamboa de Baixo - 1870 - Autoria desconhecida. Fonte
Fundação Gregório de Mattos.
175
Fotografia 81 – Panorâmica visualizando-se: (A) Solar do Unhão (B) Forte de São Paulo (C)
Gamboa (D) Passeio Público (E) Corredor da Vitória (F) Igreja de Santo Antônio da Barra no
Alto de Santo Antônio da Barra. - Último quarto do século XIX - Autoria desconhecida. Fonte
Instituto Geográfio e Histórico da Bahia.
179
xxxiv
Fotografia 82 – Detalhe da trama de lineamentos estruturais, na região da Gamboa.
Realizada sobre aerofotos de 1959. SACS.
179
Fotografia 83 – Visual da região da orla entre a Gamboa e o Solar do Unhão. A partir de
ortofografia - Conder - 2002.
180
Fotografia 84 – Visão da Gamboa, a partir do Solar do Unhão. - 2007. 180
Fotografia 85 – Localização dos lineamentos estruturais que atravessam o Corredor da
Vitória, com a dimensão provável das antigas cavas que emergiam, em azul, da Face da
Falha de Salvador, na Baía, em verde, do Vale do Canela. Trabalho realizado sobre aerofotos
vôo SACS - 1959.
183
Fotografia 86 - Visão atual da orla na região da Ladeira da Barra. - 2007. 185
Fotografia 87 - Praça Doutor Paterson, o Largo da Graça, 2007. Imagem tomada a partir do
mesmo ponto da Fotografia 370.
186
Fotografia 88 - Paisagem da marinha do Corredor da Vitória. 2006. Foto autoria
desconhecida.
187
Fotografia 89 - Vista da Gamboa, a partir do Solar do Unhão. 2007 188
Fotografia 90 – Visão do início do Trecho, segundo direção NE, a partir da proximidade do pé
da Ladeira da Preguiça - Gameleira.
190
Fotografia 91 – Visão do início do Trecho, segundo direção NE, a partir da proximidade do pé
da Ladeira da Preguiça - Gameleira.
190
Fotografia 92 – Visão do início do Trecho, segundo direção NE, a partir da proximidade do pé
da Ladeira da Conceição.
191
Fotografia 93 – Trama tectônica do trecho 3, realizada sobre aerofoto, sobrevôo SACS, 1959. 192
Fotografia 94 – Aspecto da atual Ladeira da Conceição, vendo-se os arcos de sustentação
da atual Ladeira da Montanha. Em destaque, encravado na ladeira mais recente o provável
perfil da antiga ladeira.
195
Fotografia 95 – Final da Ladeira da Preguica, em 1890. 198
Fotografia 96 – Visão da Igreja da Barroquinha, a partir do lado oeste da da Avenida Sete de 200
xxxv
Setembro.
Fotografia 97 – Visão da Igreja da Barroquinha, a partir do lado leste da Avenida Sete de
Setembro.
200
Fotografia 98 – Visão do ponto mais alto da Rua Barão Homem de Mello, mais conhecida
como Ladeira da Montanha. À direita, o aterro sobre o qual está a atual Praça da Castro
Alves.
201
Fotografia 99 – Fonte das Pedreiras – Reedificada em 1851, na gestão do presidente da
Província da Bahia, Francisco Gonçalves Martins.
202
Fotografia 100 – Visão, a partir do cruzamento da extensão da Rua da Ajuda, a Rua José
Gonçalves, com a Ladeira da Praça, do viaduto que ultrapassa a antiga Garganta da
Misericórdia, pelo lado interno do Alto de Salvador. 2007.
204
Fotografia 101 – Visão, a partir do cruzamento da Rua da Ajuda com a Rua do Tira-Chapéu,
do viaduto que ultrapassa a antiga Garganta da Misericórdia, pelo lado interno do Alto de
Salvador. 2007.
205
Fotografia 102 – Visão, a partir do viaduto da Rua José Gonçalves, mostrando a completa
obliteração da antiga Garganta da Misericórdia, pelo lado interno do Alto de Salvador, em
direção à Baixa dos Sapateiros. 2007.
205
Fotografia 103 – Vista da Rua da Misericórdia. Espaço entre o vértice nordeste da Praça
Municipal da Cidade do Salvador e a Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia tomado por
edificações. Final do século XIX. - Autoria desconhecida.
206
Fotografia 104 – Vista da Rua da Misericórdia. Espaço entre o vértice nordeste da Praça
Municipal da Cidade do Salvador e a Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia tomado por
edificações. À frente a antiga Biblioteca Pública, tendo ao fundo o antigo Fórum. Década de
1930. - Autoria desconhecida.
207
Fotografia 105 – Vista da Rua da Misericórdia, tomada aproximadamente do mesmo ponto
da foto 101. - 2007.
208
Fotografia 106 – Visão a partir da face sul da Praça Municipal da Cidade do Salvador, no
sentido norte. - À esquerda, o Elevador Lacerda, à direita, a Câmara Municipal, ao fundo da
praça, o galpão da Prefeitura Municipal. Atrás dessa, a Igreja de Nossa Senhora da
Misericórdia. 2007.
208
xxxvi
Fotografia 107 - Ladeira da Misericórdia exibindo pequeno belvedere, no local onde ficava a
antiga Estância de São Diogo.
211
Fotografia 108 – Associação da reconstituição provável da planta da Cidade do Salvador, em
1549, por Sampaio (1949), sobreposta à ortoimagem atual do local, e à sua trama tectônica.
213
Fotografia 109 – Detalhe da Fotografia 106, exibindo a provável loação dos dois pequenos
vales interiores à cidade, a partir da associação da reconstituição provável da planta da
Cidade do Salvador, em 1549, por Sampaio (1949), sobreposta à ortoimagem atual do local,
e à sua trama tectônica.
215
Fotografia 110 – Visão em direção sul, vendo-se a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da
Praia. 2007.
219
Fotografia 111 – Visão a partir do mesmo ponto da Fotografia 108, em direção norte, vendo-
se o Elevador Lacerda. 2007.
220
Fotografia 112 – Rua do Corpo Santo. Antiga rua única da Cidade Baixa. 2007. 227
Fotografia 113 – Diferença de cota entre a Rua Santos Dumont, a 8,5 metros de altitude, e a
Rua do Corpo Santo, a 6,4 metros de altitude. Este é o estágio atual da antiga área de contato
entre as primeiras edificações e a água antiga praia, através do corte transversal que é a Rua
Visconde do Rosário.
228
Fotografia 114 – Diferença de cota entre a Rua Santos Dumont, a 7,5 metros de altitude, e a
Rua do Corpo Santo, a 5,5 metros de altitude. Este é o estágio atual da antiga área de contato
entre as primeiras edificações e a água antiga praia, através do corte transversal que é a Rua
Frederico Castro Rabello.
229
Fotografia 115 - Porto de Salvador, vendo-se ao fundo, o atual Mercado Modelo - Final do
século XIX. - autoria desconhecida. - Ponto situado à altura do atual cruzamento da Rua
Miguel Calmon com a Rua Frederico Castro Rabello.
230
Fotografia 116 – Cais das Amarras, no Porto de Salvador, visto da altura do contato da atual
Rua Miguel Calmon com a atual Praça da Inglaterra. Aproximadamente 1860. Autoria
desconhecida.
230
Fotografia 117 – Extremidade sul do grande aterro do século XX, criando o Barirro do
Comércio e o porto atual de Salvador. A linha azul marca o limite anterior do aterro realizado
no século XIX. - Década de 1940. - Acervo Fundação Gregório de Mattos. - autoria
231
xxxvii
desconhecida.
Fotografia 118 - Visada na direção Sul, tendo, à frente, a Rua do Corpo Santo. Ao lado da
parede de contenção na encosta está o pé da Ladeira da Misericórdia, coincidindo com o pé
da atual Ladeira da Montanha. Neste ponto, ele tocava a antiga praia.
232
Fotografia 119 – pseudo-Fonte do Pereira. Indicada pela Fundação Gregório de Mattos -
Prefeitura Municipal do Salvador, com a Fonte do Pereira. Sítio na internet:
http://www.cultura.salvador.ba.gov.br/sitios-fonch-dopereira.php Acessado a 17 de janeiro de
2008.
234
Fotografia 120 - Fonte no cotovelo da Ladeira da Misericordia, erroneamente identificada
pela Prefeitura Municipal como Fonte do Pereira. 2007.
234
Fotografia 121 - Rua Pinto Martins, na altura da atual Rua Portugal, com vista no sentido
Leste, em que se encontra a encosta da Falha de Salvador. - Ao fundo o provável portão de
acesso à Fonte do Pereira. - Final do século XIX. - Autoria desconhecida.
235
Fotografia 122 - Extremidade inferior coincidente das Ladeira da Misericórdia e da Montanha.
O emparedamento amarelado sepulta a antiga Fonte do Pereira.
236
Fotografia 123 - Placa indicando o local em que ficava originalmente a Fonte do Pereira.
2007.
236
Fotografia 124 – Minação intensa de água ao lado do aterro e emparedamento que
sepultaram a antiga Fonte do Pereira, na extremidade inferior coincidente das Ladeiras da
Misericórdia e da Montanha, encontro da Rua Barão Homem de Melo com a Rua Pinto
Martins, em 2008.
237
Fotografia 125 – Face da parte norte do núcleo primitivo da Cidade do Salvador. - autoria
desconhecida - Último quarto do século XIX.
238
Fotografia 126 – Estrutura em abóbada em abóboda protegendo a Fonte do Pereira. -
Detalhe da Fotografia 125 - autoria desconhecida - Último quarto do século XIX.
238
Fotografia 127 – Cava na encosta, com interferências objetivando sustentação das
edificações em seu alto, situada entre a antiga Igreja da Sé e a Igreja do Colégio dos
Jesuítas. - Detalhe da Fotografia 125 - autoria desconhecida - Último quarto do século XIX.
239
Fotografia 128 – Face da parte norte do núcleo primitivo da Cidade do Salvador. autoria
Benjamin Mulock - Destacadas, em cor amarelada, as contenções dos aterros que
240
xxxviii
constituíram o Belvedere da Sé, e, em cor azulada, a cava entre as Igrejas da Sé, à direita, e
do Colégio dos Jesuítas, atual Catedral Basílica. - 1860.
Fotografia 129 – Grande aterro onde veio a se situar o Bairro do Comércio, com seu porto.
Década de 1910. - autoria desconhecida.
241
Fotografia 130 – Fachada do núcleo original da Cidade do Salvador. 2007. 245
Fotografia 131 – Praça Castro Alves - Vista a partir da extremidade sul da praça. Mirando a
Avenida Chile, ao alto. 2007..
246
Fotografia 132 – Praça Castro Alves – sopé - Vista da Rua Barão Homem de Melo ou
Ladeira da Montanha, a partir do pé do mirante da Praça Castro Alves. 2007.
247
Fotografia 133 – Vista da Rua Barão Homem de Melo ou Ladeira da Montanha, a partir do
mirante da Praça Castro Alves. 2007.
248
Fotografia 134 – Vista da face central do antigo Alto da Cidade do Salvador, destacando-se o
Elevador Lacerda. Rua Barão Homem de Melo ou Ladeira da Montanha, a partir do mirante
da Praça Castro Alves. 2007.
249
Fotografia 135 – Vista do Elevador Lacerda, Mercado Modelo, Comando da Marinha e Forte
de São Marcelo. 2007.
250
Fotografia 136 – Panorâmica do visual da extremidade do trecho 5, vislumbrando-se o novo
Porto, e o terrapleno onde veio a se instalar o bairro do Comércio. Início do século XX.
251
Fotografia 137 – Ladeira do Taboão. - 2008. - Descida em direção sul, com uma quebra em
curva de 180º, voltando-se para norte, em seu trecho final.
256
Fotografia 138 – Plano geral do término da Ladeira do Taboão, com destaque para o nicho
da antiga Fonte dos Padres, visto a partir da Rua Conde d’Eu – ano 2008.
258
Fotografia 139 – Nicho da antiga Fonte dos Padres, que foi reformada em 1870, à altura do
final da Rua Conde d’Eu, sob final inferior da Ladeira do Taboão. Desativada e
completamente degradada visualmente, é utilizada como depósito de lixo – ano 2008.
259
Fotografia 140 - Associação Comercial do Estado da Bahia, construída sobre as bases do
Fortim ou Bateria de São Fernando, que, por sua vez, foi construído sobre um rochedo. -
2007.
260
xxxix
Fotografia 141 - Atracadouro do Mercado do Ouro. O Mercado do Ouro aparece à esquerda.
Final do século XIX. - autoria desconhecida.
263
Fotografia 142 - Mercado do Ouro. 2007. 263
Fotografia 143 – Trecho que se estende do Trapiche Barnabé até Água de Meninos. 2007. 265
Fotografia 144 – Forte de Santo Alberto, da Jequitaia ou da Lagartixa, na Jequitaia - Final do
século XIX. - autoria ignorada.
267
Fotografia 145 - Água de Meninos. - Final do século XIX a início do século XX. 269
Fotografia 146 - Largo de Água de Meninos. Fim do século XIX. Autoria desconhecida. 270
Fotografia 147 - Água de Meninos. (a) Aerofoto - SACS - Cruzeiro do Sul - 1959 (b) Aerofoto
- Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia - Conder - 2002. (c) Integração das Fotos
“a” e “b”, para melhor visualização da interferência realizada na área de Água de Meninos, já
na segunda metade do século XX.
270
Fotografia 148 – Praça Riachuelo, com a sede da Câmara do Comércio. 2008. 273
Fotografia 149 - Mercado do ouro. - 2008. 274
Fotografia 150 - Faixa final do Trecho 6. Região além-Largo do Mercado do Ouro, até Água
de Meninos. - 2008.
275
Fotografia 151 – Alagados (a) Detalhe do “MAPPA TOPOGRAPHICA da Cidade de S.
SALVADOR", de Carlos Augusto Weyll, de 1860. (b) Aerofoto, sobrevôo SACS, 1959. Fonte:
Superintendência de Geologia e Recursos Minerais – SGM (c) Aerofoto, 1998. Fonte: Conder
(d): Google Earth. Acesso: 23 de junho de 2008.
279
Fotografia 152 - Praia do Forte do Rio Vermelho e Mariquita, vista a partir da sua
extremidade oeste. Década de 1950 - autoria desconhecida.
280
Fotografia 153 - Antiga praia do Forte do Rio Vermelho e Mariquita, vista a partir da sua
extremidade oeste. - 2007.
280
Fotografia 154 – Fotogramas da abertura da novela “O Bem-Amado”, exibida entre 24 de
janeiro a 9 de outubro de 1973
286
xl
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
2
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
1.1 – CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
O tema desta pesquisa, integração de recursos históricos aos geológicos no resgate da
construção paleopaisagística litorânea, desenvolvido na Cidade do Salvador, Bahia,
conduz ao resgate paleovisual da sua orla, imediatamente pré-interferência antrópica.
Envereda por perspectivas de reconstituições paleogeomorfológicas, revelando relações,
na costa da sua orla, entre altos, vales, baixios, praias e mar. Estas instâncias físicas foram
decisivas no planejamento e execução da instalação desta cidade, condicionando
fortemente as suas primeiras ondas de expansão e distribuição urbanas. Neste contexto, a
paisagem geocultural atual é fruto de um longo processo que reflete as relações e
adeqüações das ideologias e necessidades que nortearam as interferências antrópicas a
cada momento sobre as antigas geoformas.
Este resgate não busca estabelecer um retrato estático do passado. Pretende fornecer
recursos decisivos para o entendimento do que foi o longo e grave processo de
interferência antrópica na orla soteropolitana, e dos efeitos que futuras ações podem
acarretar.
1.2 – FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
O gênero Homo, partindo da sua origem africana, seguiu por entre vales, guiado pela
proximidade das águas fluviais, chegando, afinal, à costa. Tornou-se, a partir de então,
extremamente vinculado a esse ambiente, situando nele as bases de praticamente todos
seus principais passos de expansão global. A navegação de cabotagem foi o caminho mais
seguro para irradiar as influências das antigas povoações centrais. O “Navigare necesse.
Vivere non est necesse.”, dito pelo general romano Pompeus, no século I aC, representa
perfeitamente a persistência dessa interface humana com as orlas marinhas. Esta relação
só fez ser ampliada e requintada, assim como a intensidade das interferências antrópicas
que as possibilitaram. Como resultado, atualmente, em termos mundiais, as costas
concentram os mais ricos recursos logísticos e alimentares na Biosfera, além de nela
residirem cerca de 60% da população mundial. (Candori,1992) (Stegeman e Solow, 2002)
O despertar das conseqüências impactantes das interferências antrópicas, em especial a
partir da década de 1960, motivou uma preocupação refletida em atuações
3
governamentais, expressa no surgimento ou reforço de todo um aparato legal. (Carvalho e
Pontes, 2001) Essa situação, de início, conforme Guilcher e Moign (1977), conduzia
comumente apenas a decisões de qualificação de áreas como “non ædificandi”. Esse
caminho, entretanto, já para a visão de Lynch (1972, in Lowenthal, 1975) afirmava-se como
também problemático. Afinal, conforme Pippi, Afonso e Santiago (2003) evocam, muitas
vezes essa decisão não era necessária, sendo até mesmo inviável.
Segundo Lazarow (2002), qualquer solução passa necessariamente por uma
conscientização mais ampla da Sociedade, constatação que emergiu especialmente, a
partir de meados da década de 1990, concluindo uma longa trajetória de discussão em
relação aos estudos costeiros. Sem essa conscientização, independente do aparato legal,
entende-se, a partir de Pippi, Afonso e Santiago (2003), Fernandes (2003), Guerra (2003) e
Souza (2003), que a situação tende ao desastre ambiental.
Essa percepção já surgia com Merriam (1929), que sugeriu que só a Geologia pode trazer
a correta consciência integradora de como utilizar corretamente o Meio Ambiente. Nessa
via, para lidar apropriadamente com a tentativa de bloqueio a ações desregradas de
danificação das áreas costeiras, Inman e Brush (1973, p.181) citaram três passos
necessários para um “bom desenho” de estruturas costeiras antropoderivadas.
- Identificação dos processos operativos importantes no ambiente.
- Compreensão da importância relativa das suas múltiplas interações.
- Correta análise da sua interação, com o seu “design”.
1.3 – A ÁREA DE ESTUDO
A costa da Península Soteropolitana, margeada pelas águas do Oceano Atlântico aberto e
da Baía de Todos os Santos, sofreu as interferências antrópicas iniciais como fruto de
ocupações indígenas, das quais restaram poucas marcas. (Souza, 1587) (Salvador, 1627)
(Calderón, 1964) (Delson e Dickenson, 1984) (Silva, 2000) (Amâncio e Dominguez, 2002)
A primeira era de modificações mais expressivas deu-se após a chegada do colonizador
europeu, especialmente a partir da instalação da Cidade do Salvador. Como se deu em
outras localidades, esses elementos, associados às geoformas locais, condicionaram a
ocupação humana primeira. (Ribeiro, 1961) (Peixoto, 1968) (Kraft, Aschenbrenner e Rapp
Jr, 1977) (Gladfelter, 1977) (Hassan, 1979) (Tavares, 2000) (Teixeira, 2005) Iniciou-se a
trajetória dessa cidade que, desde sua concepção, emergia com o status de centro
4
portuário e capital colonial, chegando a se transformar na maior concentração humana de
toda a América. (Araújo, 2000) Os eventos relacionados a esse contexto, com anotações
claras das intervenções antrópicas, podem ser bem reconhecidos. (Schwartz, 1969)
(Curtis, 2000) (Nicolini, 2001) (Pessoa, 2001) (Rahy, 2002) (Teixeira, 2005)
A segunda era de intervenções intensas estendeu-se do século XIX ao século XX, com
grandes áreas conquistadas ao mar, incluindo-se aí a instalação do grande porto e de
praticamente toda a área do Comércio da Cidade Baixa. (Delson, 1979) (Edelweiss, 1958)
(Peña, 1994) (Curtis, 2000) (Araújo, 2000) (Tavares, 2000) (Sampaio, 2005) (Teixeira,
2005) Alteraram-se profundamente praias, altos e vales, sendo alguns terminantemente
eliminados. (Câmara, 1988) (Teixeira, 2005) (Sampaio, 2005)
Ao final do século XX, cerca de 95% do comércio baiano eram realizados através de vias
marítimas. Atualmente, prossegue a investida acelerada aos sitios costeiros, destacando-
se esses como espaço privilegiado para ampliação comercial, imobiliária, turística e de
toda uma infraestrutura afim. (Souza, 2000) (Prefeitura Municipal do Salvador, 2000)
(Fonseca, 2002)
A Cidade do Salvador mostra atualmente uma integração indissolúvel das geoformas e
aspectos histórico-culturais. Albergaria (2001, in Guerreiro, 2005) aponta essa referência
unificada como expressão da “baianidade”, titulação que tem uma memória tradicional,
festeira e, especialmente, praieira, que foi cantada por Dorival Caymmi, descrita por Jorge
Amado, pintada por Carybé e fotografada por Pierre Verger.
Portanto, considerando a classificação assumida por Mateo (1991, in Meirelles, 1997),
estamos diante de um antigo Geosistema Natural que passou a Geosistema Antropogênico
e gradou para um Geosistema Cultural. Suas Paisagens-Símbolo, predominantemente
locadas na orla, (Guerreiro, 2005) atraem ações de preservação, e, precisamente por
pertencerem à “iconosfera” (Meneses, 2003) também o incitam o desejo de serem
consumidas”.
Além desse apelo do símbolo, Candori (1992) destaca um aspecto mais geral, de o amplo
espaço aberto das praias constituir um via privilegiada e lógica de fuga dos abafamentos
nos grandes centros urbanos. Daí, como resultado dessa agregação de fatores, Carvalho e
Pontes (2001) anotam conseqüências, como estarem sendo atingidos encostas, várzeas,
alagados, mangues e praias, em ações que Featherstone (1995, in Guerreiro, 2005)
caracteriza como geralmente negativas.
5
Apesar dessa importância e da multplicidade de estudos, não se conseguiu ainda localizar
com precisão razoável vários aspectos da geomorfologia original do sítio sobre o qual se
assentou a Cidade do Salvador. Isso como mais um sintoma de uma trajetória histórica em
que se misturou generalizadamente o pouco nível de consciência em relação ao valor de
geoambientes culturais e a incúria persistente por parte de autoridades e entidades
técnicas, além da população em geral. Este elenco de elementos fez com que a orla da
Cidade do Salvador se tornasse não só completamente descaracterizada como perdesse,
cada vez mais, as memórias e referências de status original.
Mesmo aquelas edificações humanas tidas como de maior prestígio não foram respeitadas.
A visão dos casarões da Vitória que foram arrasados antes de se ter a idéia de preservá-
los como parte das novas edificações, provoca uma profunda tristeza. Na visão dos
séculos XVIII e XIX, o alto da face da Falha de Salvador exibe um verdadeiro Pelourinho
suspenso. (Figura 01 e Fotografias 01 e 02) Este desapareceu para dar espaço a
edificações sem qualquer personalidade estilística relacionada à antiga Cidade do
Salvador, ao longo do século XX. (Fotografia 03)
Figura 01 – Fachada do núcleo original da Cidade do Salvador. Litografia do século XVIII.
6
Fotografia 01 – Fachada do núcleo original da Cidade do Salvador. Meados do século XIX.
Fotografia 02 – Fachada do núcleo original da Cidade do Salvador. Década de 1930.
Fotografia 03 – Fachada do núcleo original da Cidade do Salvador. 2007.
7
Em termos de estágio de alteração paisagística atual, que é definido pelo grau de
destruição do habitat, seguindo a classificação de Pearson et al (1996, in McIntyre e
Hobbs, 1999), reconhece-se a paisagem da linha de costa soteropolitana como dotada de
prováveis ambientes relictuais, com grau até extremo de destruição do antigo habitat.
Prováveis relictos, se é que podem ser assim considerados, foram reduzidos a bem menos
de dez por cento do original, caracterizando-se pela baixíssima a nenhuma conectividade.
Um ponto interessante é que Carvalho e Pontes (2001) reconhecem dispor a Cidade do
Salvador de uma malha legal suficiente para um trabalho ambiental de qualidade, que
careceria apenas da devida aplicação. Entretanto, seguindo a visão de Lazarow (2002), tal
viabilização só passará a existir com uma conscientização ampla da Sociedade. Por sua
vez, essa só se implantará a partir do melhor entendimento de eventos em sua formação
enquanto localidade antropo-modificada, o que, conforme Nissenbaum (sd, in Stilgoe,
1976), se dá a partir do resgate paleogeomorfológico. Este se torna viável a partir da
localização de referências geológicas que podem ser expandidas, quando cruzadas com a
documentação histórica. E, precisamente por ter sido a primeira capital do Brasil, abundam
documentos textuais, cartográficos e iconográficos, aos quais se juntam imagens como
desenhos, pinturas, mapas, fotografias paisagísticas e aerofotos antigas. Compõe-se,
assim, um grande acervo que permite não só uma reconstituição paleogeomorfológica,
como realizá-la como uma precisão adeqüada.
1.4 – JUSTIFICATIVA
Ultrapassada a visão de existência e imposição apenas de áreas “non ædificandi” (Lynch,
1972, in Lowenthal, 1975) (Pippi, Afonso e Santiago, 2003), passa a pender o ambiente
costeiro entre as questões de preservação e uso equilibrado. O reconhecimento de
necessidade de manutenção das suas integridade e qualidade são, lembram Stegeman e
Solow (2002), essenciais para requalificá-lo, com seus recursos integrados com qualidade
à vida humana. Sublinham esses autores o difícil trato da relação de tênue diferença entre
algumas ações que conduzem à saúde ou à insalubridade ambiental.
Destaca-se, para chegarmos aos passos sugeridos por Inman e Brush (1973) como
necessários para um “bom desenho” de estruturas costeiras antropoderivadas, a
reconstituição paleo-visual. Este é um dos vetores primeiros que fornece parâmetros para
a descoberta dos processos operativos importantes, e o entendimento das suas múltiplas
interações. Também é determinante para o desenvolvimento constante da percepção e dos
8
meios de preservar ou lidar com esse ambiente de maneira mais sustentável e o menos
danosa possível, fornecendo referências para planejamentos de curto a longo prazos.
É uma ação que Fenster, Dolan e Elder (1993) indicam ser rotineira às Ciências,
trabalhando com considerações previsionais, que efetivamente só se dão com qualidade
através do entendimento dos eventos que conduziram à situação atual. Esta necessidade,
em localidades costeiras antropo-modificadas, solicita abordagem de um termo temporal
histórico que permita o melhor entendimento da sua tessitura processual. É necessário,
conforme Peña (1994) e Del Rio (1990), pensar os espaços urbanos, em termos da sua
integração com a ambiência. Seguindo Stegeman e Solow (2002), a compreensão do
ambiente costeiro exige uma revisão do entendimento das interações e interferências
antrópicas e dos seus reflexos. Devemos partir do ponto mais recuado possível, o que
confirma a necessidade de busca do resgate da situação pré-intervenção antrópica.
(Meirelles, 1997) (Carvalho e Pontes, 2001)
Dentro das Geociências, lembrou Silvestri (2006) e Suguio (1999) já observara, a
modernidade deve encarar a Terra como um campo de constantes transformações,
elevando-se o ser humano um “agente cada vez mais poderoso”.
A Cidade do Salvador é uma localidade tipificada pela presença de múltiplas Paisagens-
Símbolo, com contingente populacional elevado, intenso trânsito comercial e diversas
demandas imobiliárias. Guarda múltiplos registros históricos do seu antigo estado e de
modificações nele realizadas. Dispõe de um acervo abundante, partindo das mais antigas
descrições, que começaram baseadas em registros oficiais, técnicos e admistrativos, alem
de relatórios de navegadores, chegando a panoramas, plantas, cartas, mapas, desenhos e
pinturas, realizados tanto por artistas quanto por técnicos. Emerge, portanto, como um
caso de extremo interesse para um trabalho consistente e insistente. Sua costa é
privilegiada para um trabalho pioneiro nesse sentido, uma verdadeira demanda induzida
para um Estudo de Caso, realizado a partir de um trabalho geocientífico aliado a um
abundante acervo histórico disperso por entidades e acervos tanto públicos quanto
particulares diversos.
1.5 – LOCALIZAÇÃO
9
A área em estudo situa-se no contexto do Recôncavo Baiano, especificamente na face
sudeste da Baía de Todos os Santos, na Península Soteropolitana. Está totalmente
incluída na área urbana da Cidade do Salvador, desenvolvendo-se a partir da linha de
costa, situada na coordenada 13º00’43,01” S / 38º31’25,53” W, proximidades do atual
Morro do Cristo, em sentido oeste até a Ponta do Padrão. Após este, assume sentido
Norte, adentrando a Baía de Todos os Santos, até o altura do Porto da Barra, deste
seguindo em sentido N30E, até Água de Meninos, na coordenada 12º53’12,94” S /
38º30’50,09” W, com abrangência interna ao continente suficiente para incluir os todo o
contexto praial. (Figura 02)
Figura 02 – Mapas de Localização da área deste trabalho.
1.6 – OBJETIVOS
1.6.1 – OBJETIVO GERAL
O objetivo geral desta pesquisa foi desenvolver, a partir do estudo de caso da costa
continental soteropolitana, a metodologia de reconstituição dos visuais paleogeográfico e
paleogeomorfológico, utilizando recursos geocientíficos, complementados através de
informações obtidas de documentação histórica, possibilitando uma visualização do status
imediatamente pré-intervenção antrópica, viabilizando uma melhor percepção das
conseqüências dessas intervenções.
10
1.6.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Reconstituição da paleogeografia, paleogeomorfologia e paleovisual da costa continental
da Cidade do Salvador, Península Soteropolitana, Bahia, imediatamente pré-intervenção
antrópica.
A partir do estudo deste caso, identificar, resgatar, agregar, registrar e criar ambiente para
conservar de documentação que contenha elementos que revelem aspectos do status
paleogeográfico, paleogeomorfológico e paleoambiental pré-intervenção antrópica.
Indicar condicionantes geomorfológicas que tenham interferido na ocupação e intervenção
antrópica.
Indicar as eventuais conseqüências históricas das alterações antrópicas e antrópico-
induzidas no ambiente litorâneo soteropolitano.
Oferecer um recurso holístico, com ponto-de-partida e referências geocientíficos, que
indique prováveis conseqüências de eventuais intervenções antrópicas no ambiente
costeiro soteropolitano.
Oferecer ao Instituto de Geociências uma visão mais abrangente do conceito de Geologia,
saindo do discurso e do apoio manifestos para o desenvolvimento efetivo de projetos
holísticos.
Oferecer à população em geral e às autoridades emanadoras de políticas e decisões mais
um recurso em relação às intervenções na orla da Cidade do Salvador.
11
CAPÍTULO 2
METODOLOGIA
12
CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA
2.1 – ASPECTOS TEÓRICOS
O primeiro passo para se lidar com um ambiente, é a percepção das suas componentes.
Um primeiro ponto que merece uma definição clara é o conceito de Litoral. Zenkovitch
(1967, in Araújo, 1985) observa um sentido lato para esse termo. Nele, engloba não só as
partes de Mar e a Costa tradicionalmente aceitas. Percebe ser necessário também
envolver nesse conceito, mais abrangente, considerando as formas que, apesar de não
estarem em contato com o mar, são testemunhas da sua ação em níveis superiores.
Conforme Araújo (1985) observa, estamos, ao final, diante de uma difícil identificação dos
limites litorâneos.
Araújo (1985) aponta a possibilidade de se trabalhar com um conceito de Litoral em
sentido lato, “englobando a faixa de contato com o mar e a costa”. Além disso, coloca que
se admite que a definição de Costa possa “abranger a faixa do terreno que contém formas
de relevo criadas pelo mar a níveis mais altos”. É aí que essa autora indica a pertinência
de denominar e se trabalhar com aquilo que chamou “relevo marginal”. Do seu alto, em
direção ao Mar, estende-se aquilo que denominou “Plataforma Litoral”.
Moraes e Zamboni (2004, p.6) indicam que a Zona Costeira é definida “como aquela
constituída pelos territórios dos municípios litorâneos, mais o mar territorial (de 12 milhas
náuticas de largura), tendo como escalas adequadas de representação cartográfica
1:50.000 a 1:100.000”.
Em termos legais, a Orla Marítima caracteriza-se, no Decreto Federal nº 5.300 de 7 de
Dezembro de 2004, como aquelas regiões localizadas a menos de cinqüenta quilômetros
da linha de costa. Neste contexto, a Orla, legalmente, é uma parte do contexto da Zona
Costeira.
Em termos geocientíficos, Orla Marítima é definida como a “faixa de contato da terra firme
com um corpo de água e pode ser formada por sedimentos não consolidados (praias e
feições associadas) ou rochas e sedimentos consolidados, geralmente na forma de
escarpas ou falésias de variados graus de inclinação.” (Muehe, 2004) Nela, “a ação dos
processos costeiros se faz sentir de forma mais acentuada e potencialmente mais crítica à
medida que efeitos erosivos ou construcionais podem alterar sensivelmente a configuração
13
da linha de costa”. (Muehe, 2001) Conforme Moraes e Zamboni (2004, p.6) “a orla cobriria
parte específica da zona costeira, isto é, a área de contato imediato terra/mar e de
interface de processos terrestres e aquáticos, sendo, portanto, a borda marítima, estuarina
ou lagunar da zona costeira e tendo por escala cartográfica de representação adequada a
de 1:5.000, no máximo”.
Na parte submersa, a Orla é mais restrita, atingindo, ainda conforme Moraes e Zamboni
(2004, p.6), “na área marinha, na isóbata dos 10 metros e, na área terrestre, 50 metros em
áreas urbanizadas e 200 metros em áreas não urbanizadas, contados na direção do
continente, a partir do limite de contato terra/mar, em qualquer de suas feições: costão,
praia, restinga, duna, manguezal etc”.
Obviamente, conforme observa Muehe (2001, p.36), em relação a certas condicionantes de
definição, o critério morfodinâmico para identificação e dimensionamento da Orla deve
considerar elementos como “a capacidade de mobilização dos sedimentos do fundo
marinho por ação das ondas e seu deslocamento ao longo de um perfil perpendicular à
costa e a resposta morfológica da porção emersa do litoral aos efeitos de erosão,
transporte e acumulação resultante desse processo de mobilização sedimentar”.
Moraes e Zamboni (2004, p.6) sublinham que “num litoral extenso e variado como o
brasileiro, torna-se difícil enquadrar todas as situações existentes na orla em um conjunto
pequeno de tipologias, especialmente pela variedade natural e social observada”.
Entretanto, Muehe (2001, p.41), apresentou objetivamente uma “Proposta de Definição dos
Limites Submarino e Terrestres da Orla”:
- Zona submarina: “Isóbata de 10 m podendo ser modificado desde que, no caso de
redução da profundidade, haja um estudo ambiental comprovando a localização do limite
de fechamento do perfil em profundidades menores”;
- Orla terrestre urbanizada: “Limite de 50 m contado a partir do limite da praia (conforme
definido na Lei 7.661/88) ou a partir da base do reverso da duna frontal, quando existente”;
- Orla terrestre não urbanizada: “Limite de 200 m contado a partir do limite da praia ou a
partir da base do reverso da duna frontal, quando existente”;
- Falésias sedimentares: “Limite 50 m a partir da borda da falésia; em lagunas ou lagoas
costeiras 50 m contados a partir do limite da praia ou da borda superior da margem”;
- Em estuários: “50 m contados a partir do limite da praia ou da borda superior em ambas
as margens e ao longo das mesmas até onde cessa a penetração da água do mar”.
14
- Falésias ou costões em rochas duras: “Limite a ser definido segundo Plano Diretor do
Município, estabelecendo uma faixa de segurança de pelo menos 1 m acima do limite
máximo de ação das ondas de tempestade”;
- Áreas inundáveis: “Limite definido por uma isolinha localizada a uma cota de pelo menos
1m acima do limite da área atualmente alcançada pela preamar de sizígia”.
Ainda mais restrito é o conceito de Praia. Alexander (1966) definia “shore” como referente
to a zone extending from the low water line to the top of the sea cliff or the sea-side edge
of the beach ridges”. Komar (1976) a estendeu um pouco mais a sua abrangência,
incluindo todas as acumulações de sedimentos inconsolidados e constantemente
retrabalhados, à face litorânea de um corpo expressivo de água. Estes, Alexander (1996) já
não mais incluía na “shore”, deixando-os para a “coast”.
Muehe (2004, p.11) as Praias como “feições deposicionais no contato entre terra emersa e
água, comumente constituídas por sedimentos arenosos, podendo também ser formadas
por seixos e por sedimentos lamosos”. As demais representantes do contexto costeiro,
Muehe (2001, p.36) indica que adentram o quadro como “feições morfológicas associadas
às praias. Inclui nesse quadra os “cordões litorâneos, ilhas barreira, pontais, planícies de
cristas de praia e tombolos”, além de “rochas sedimentares consolidadas (falésias) e
rochas duras (costões, costeiras)”.
Thieler, Brill, Cleary, Hobs e Gammisch (1985, in Moraes e Zamboni, 2004, p.6) também
escapam ao limite praial nas bermas, que fora colocado por Alexander (1966). Isto ao
considerarem “as dunas frontais como parte do prisma praial”. Para Moraes e Zamboni
(2004, p.12), isto “é correto, observando que a origem desse estoque é a antepraia”.
Colocam também que, “além disso, parte do estoque sedimentar dessas dunas é
freqüentemente reincorporado aos sedimentos submarinos, por ocasião de tempestades,
desempenhando importante papel de reequilíbrio do perfil praial e submarino”.
Moraes e Zamboni (2004, p.12) resumem a classificação morfodinâmica das Praias
propriamente ditas em:
a) Antepraia inferior: “tem início numa profundidade no qual a ação das ondas passa a ter
algum efeito notável no transporte sedimentar, terminando no limite com a antepraia média,
também denominada fechamento do perfil, em que as variações verticais, por efeito de
ondas, começam a ter importância”;
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b) Antepraia média: “vai da profundidade de fechamento do perfil até as proximidades da
zona de arrebentação”;
c) Antepraia superior: “engloba a zona de arrebentação das ondas e também a zona de
surfe”;
d) Praia emersa: “formada pela face da praia, que é a zona de espraiamento-refluxo da
onda, e a pós-praia que engloba uma ou mais bermas”;
e) Bermas: “feições horizontais a sub-horizontais, que formam o corpo propriamente dito da
praia, e se limitam freqüentemente no flanco oceânico de um campo de dunas frontais, ou
numa escarpa de rocha dura ou sedimentar, esculpida pela ação das ondas de tempestade
ou, ainda, fazem parte de um cordão litorâneo, ilha barreira, pontal, esporão ou planície de
cristas de praia”.
Equivalem, portanto, a Antepraia inferior à subzona “offshore”, a Antepraia média à
subzona “inshore”. A Antepraia superior corresponderia à parte da subzona “foreshore”,
pois excetuar-se-ia a “swash zone”. Esta foi associada por esse autores à Face da Praia
para constituir a Praia Emersa. As Bermas representam o “backshore”, encerrando a
classificação desses autores que deixam, portanto, de fora do contexto praial mais restrito
as “foredunes”.
Esse ambiente costeiro como um todo, indica Yesner (1984), destacou-se não só como
fonte fundamental de recursos alimentares e construtivos, como mesmo matriz da nossa
formação histórico-cultural. Agrega, portanto, em seu redesenho, a partir das condições
originais, uma conjunção definitiva entre o natural e o humano, constituindo aquilo que
Lacerda (2005) chamou “morfogênese antrópica”.
Seguindo Meirelles (1997) e Carvalho e Pontes (2001), como solução para a busca da sua
correta abordagem, torna-se necessária a disposição de um produto paleo-visual,
delineando as condições pré-interferência antrópica dessas unidades.
A metodologia básica é a indutiva, entretanto, escapa à rigidez da fonte única. O indutivo
se estabelece a partir, primeiramente, da integração dos produtos obtidos pelo trabalho
geocientífico, entretanto, dá-se a sua extensão e complementação informacional obtida a
partir de fontes históricas. Agregam-se duas induções. A partir daí, como tratamento
primeiro das informações, agrega-se em uma sistemática de abordagem a partir da
coerentização das análises e construções típicas de áreas distintas da Ciência, em
especial, neste caso, a Geologia e a História, porém, com fortes evocações da
16
Arqueologia. Nesse contexto associativo, Daly (sd, in Terra, 1934, p.447) enfatizou os
papéis da Geologia e da Arqueologia como Ciências vizinhas que dispõem de atividades
que se situam entre ambos os campos. Leakey (1934, in Terra, 1934, p.447) sinalizou, em
relação ao passado distante humano, para a necessidade de contemplação de uma
Geologia do Humano.
O desenvolvimento dessa visão chegou a Silvestri (2006), que entendeu ser a abordagem
necessária uma análise interdisciplinar que trabalhe com Geoarqueologia, Geomorfologia,
Geografia e Geologia. Entretanto, considerando o amplo espectro de áreas da Ciência às
quais é pertinente o trabalho, Almeida Filho (1997, in Silvestri, 2006) e McIntyre e Hobbs
(1999) já destacam o reconhecimento cada vez mais amplo da necessidade da rejeição de
soluções retalhadas e descontínuas. Isto considerando, há provocações no sentido de a
abordagem seguir o caminho interdisciplinar (Silvestri, 2006), transdisciplinar (MacGregor,
1979) (Silvestri, 2006), pluridisciplinar (Nicolescu, 2004, in Silvestri, 2006), multidisciplinar
(Kraft, Aschenbrenner e Rapp Jr., 1977) (Plog e Hill, 1971, in Weide e Weide, 1973)
(Gladfelter, 1977) (Goldberg, 1988) (Meirelles, 1997) (Dunning, Rue, Beach, Covich e
Traverse, 1998) ou inter-multi-transdisciplinar (Silvestri, 2006). Instalou-se, portanto, a
percepção da necessidade de uma visão integradora desde os seus alvores, o que
converge, derivando do entendimento de Nery (1992), Bateira (1996 -1997), Meirelles
(1997), McIntyre e Hobbs (1999), Benatti (2004) e Wasserman e Alves (2004) para uma
abordagem holística.
Nessa perspectiva, Carneiro, Silva e Reginato (1998) realçam a importância do
direcionamento de estudos geocientíficos para ambientes de pressão antrópica, a partir de
referenciais holísticos. Para tal, os geocientistas devem romper com mecanicismos
empobrecidos pela longa trajetória da especialização, que limitou injustificadamente, à luz
da Epistemologia, as possibilidades da indução. (Bachelard, 1970) (Capra, 1982) (Silvestri,
2006)
O amadurecer do reconhecimento do valor dessa abordagem conduziu à discussão de que
Ciência seria o eixo da abordagem. Willis (1910), já considerando esse problema ou ao
menos muito similar, entendeu ser necessária uma Ciência nova, uma Paleogeografia.
Willard (1929) colocou ser fundamental entender a Geologia menos como uma Ciência à
parte que uma liga de Ciências intimamente relacionadas, daí poder percebê-la como
fundamentalmente predisposta a ser um grande eixo de abordagem de questões como a
posta neste trabalho. Butzer (1960) apontou que as ações agregatórias seriam
especificamente de competência geocientífica, apenas se vislumbrada enquanto
abordagem histórica mais ampla. A partir dessa contemplação, no início da década de
17
1960, na Geological Society of America surgiu uma divisão entendida como Geologia
Arqueológica, enfatizando a associação necessária entre a ambiência e a geomorfologia
como condicionantes aos assentamentos humanos e às modificações antrópicas
realizadas ou introduzidas. (Hassan, 1978)
Hassan (1978) já reconhecia a Geoarqueologia como uma área geocientífica
definitivamente caracterizada com a configuração necessária a se tornar a rama da Ciência
apropriada para tal trabalho. Nesse contexto, Goldberg (1988) destaca a produção
crescente de trabalhos, os quais exibiam o papel predominante dos geólogos sobre outros
profissionais. Daí justificar-se a característica dessa vertente, em que Krauss (1982)
reconheceu existir um necessário discurso geológico de base, configurada em uma rama
da Ciência que se caracteriza como uma Geologia com contemplação mais ampla. Butzer
(1992) conclui haver a necessidade do reconhecimento formal de uma nova Geociência,
cuja existência percebia como uma Geoarqueologia, cujos elementos de atuação
agregariam Geomorfologia e Petrografia Sedimentar à interpretação de contextos antropo-
modificados. Silvestri (2006) também seguia a proposta do reconhecimento de uma
Geoarqueologia.
Entretanto, precisamente pela necessária abrangência do ponto de partida e o próprio
discurso holístico impediu que essa discussão chegasse a termo. Guerra (2003) sublinhou
ser o eixo de atuação mais claramente da competência da Geomorfologia. Kvamme (2003)
preferiu ressaltar que, tecnicamente, se estaria diante de uma Arqueogeofísica. Já Araújo
(2007) preferiu assentar esses trabalhos como os de uma Geografia Histórica.
Independente do predomínio de uma dada área, Wasserman e Alves (2004) insistiram em
apontar a necessidade da manutenção de visões holísticas. O fato é que há uma
simplicidade para a abordagem geocientífica e um acervo histórico que contém indicadores
que permitem, integrados, o resgate paleo-visual da Península Soteropolitana. Esse
material jazia sem praticamente qualquer utilização geocientífica, até o presente, apesar de
examinado às minúcias por historiadores. Lembramos que Popper (1972) e Popper (1975)
sugere ser fundamental juntar os aspectos tradicionais das metodologias contemporâneas
a uma constante necessidade de novas abordagens sobre todo o acervo anteriormente
produzido. Daí Eydoux (1973) haver sinalizado que, em Ciência, nunca se deve considerar
que algum objeto ou dado já revelou todas as suas informações contidas. Se, para uma
área, ele chegou ao extremo da leitura, para outra pode ser praticamente virgem. Neste
contexto, em termos mundiais, tem avançado uma grande modificação, na qual a busca de
novos conhecimentos e habilidades” tem se imposto. (Schamber, 1996)
18
Sendo as séries temporalmente encadeadas reconhecidamente importantes para os
estudos geocientíficos, Boak e Turner (2005) destacaram o crescimento da tentativa de
localização de alternativas para seu estabelecimento com maiores amplitudes.
Confirmaram ter se afirmado como uma via eficaz a exploração de registros históricos,
como fotografias panorâmicas, aerofotos seriais e mapas de costa antigos.
Para o seu trabalhamento, Martini et alii (2006) apontaram os mesmos recursos já
utilizados para guarda e registro de produtos mais recentes de Sensoriamento Remoto
como os mais adeqüados para a agregação e suporte de informações trazidas de
documentação histórica, como mapas antigos, a serem aplicados às Geociências.
Seguindo a perspectiva fundamentalmente indutiva, reconstruções paleogeográficas,
paleogeomorfológicas e/ou paleovisuais devem transitar pelo salto indutivo, em que, como
colocou Pessanha (1985, in Bachelard, 1985), é necessária a intervenção de “uma certa
imaginação que constrói a tessitura de apoio por onde transita a razão mediadora”. A
objetividade científica estará trabalhando com a imaginação lógica, no caminho das suas
reconstruções, indicando Kuhn (1962), Durant (1961) Lowenthal (1975) e Bachelard (1985)
ser este modelo cientificamente válido, e domínio da Indução. Segue-se, por este princípio,
em pleno acordo epistemológico, conforme Bachelard (1985), além do sensível, obtido
através da análise geológica e de imagens e documentação, passando à via inteligível,
pela regularização que mescla sensoriariedade e intelecção sob a forma de uma
abordagem “imaginante” indutiva. Age-se, tão somente, seguindo a visão desse autor, com
o “desdobramento da racionalidade habitual”.
Para podemos trafegar nesse ponto, deve a Metodologia seguir o proposto por Bachelard
(1971) e Stewart (1989, p.260), e resgatar o senso de Ciência normal, que escapa à mera
tecnicidade, sem quebrar a tão estimada Cientificidade. Isto significa, tão somente, cuidar
de destravar o desenvolvimento da Ciência, tomando por base as próprias possibilidades
dos Métodos tradicionalmente aceitos, e nos livramos de amarras que a Epistemologia não
justifica.
Estando anda atrelada aos rigores do Método Indutivo, essa metodologia é unidirecional,
disciplinada e coercitiva, mas dispondo do que Bachelard (1985) entendeu ser sua
mobilidade necessária e intimamente ligada a uma eficiência da atividade da própria razão
científica. Através da implementação de uma integração e expansão de dados geológicos e
históricos, chegamos a um ponto que, citando Lobatchewsky (in Bachelard, 1985), faz
dialetizar a razão paralela”, trabalhando com uma “razão polêmica” que migra para a
razão constituinte”. Na busca de uma Ciência abrangente, forte e ainda emanada do
19
empírico e verídica, ofereceremos paisagens integradas coerentes com os fatos e
perspectivas inferidas necessárias, justificadas, sem qualquer proximidade com perigosas
simplificações, adeqüações e abstrações equívocas.
Evocando as palavras de Gould (1985), estaremos encontrando “as metáforas corretas
para avançarmos”. Desta forma, as reconstituições aqui expostas facultarão termos uma
idéia aproximada, com caráter por vezes indicativo, mas o mais próximo possível do real,
de toda a trajetória histórico-geológica da linha de costa da Cidade do Salvador.
Agregando estas premissas, segue-se a visão epistemológica corrente mais aceita, que foi
a expressa por Lévi-Strauss (1952): “O melhor será sempre o modelo verdadeiro, quer
dizer, aquele que, sendo sempre o mais simples, responder à dupla condição de não
utilizar outros fatos além dos considerados e de dar conta de todos.
2.2 – HIPÓTESE DE TRABALHO
Considerando a disposição de material histórico diverso com referências do status antigo
das praias da costa da Cidade do Salvador, a abordagem Geocientífica associada à
Histórica supre carências de ambas as partes, permitindo um resgate Paleovisual, sob a
forma de paleomapas e paleopaisagens artísticas precisos, que possuem utilidade
acentuada para o entendimento do em-torno antropicamente modificado.
2.3 - METODOLOGIA DA RECONSTITUIÇÃO
Em uma primeira etapa, realizaram-se análises dos mais antigos sobrevôos sobre a área
de trabalho, e que estariam mais preservados. A análise das aerofotos de 1959 permite a
visualização dos vales da Cidade do Salvador pré-interferência maior nos vales mais
internos, que foi provocada na e a partir da abertura das avenidas de vale. Foi
confeccionada a trama da tectônica rígida, a partir dos vales e altos, buscando entender
seu comportamento, suas relações e como seriam suas distribuição geográfica e
conformação. Buscou-se encontrar suas extensões e prováveis reflexos geomorfológicos
na face dos altos voltados para a antiga orla, que se tratavam já de áreas mais
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modificadas. Isto porque aí se encontram essas entidades geológicas até completamente
alteradas a apagadas.
Viabilizou-se a extensão dos visuais, cujo caminho metodológico mais apropriado para
complementação que, segundo McIntyre e Hobbs (1999), deve se assentar em uma
contemplação dos locais mais preservados, ainda que fragmentados e relictuais. A partir
desses, estendem-se as indicações da provável antiga ambiência, estabelecendo-se um
continuum” físico.
Seguindo-se ao resgate das paleoformas e a extensão das áreas relictuais, o próximo
passo foi a análise das informações e documentação históricas, reconhecidas por Alegria
(1986) como um domínio privilegiado para se buscar informações úteis. Isto objetivando,
segundo sugeriram Fenster, Dolan e Elder (1993), estender e corroborar as previsões
científico-naturais.
Configurou-se a segunda etapa do trabalho, buscando-se localizar as referências
históricas, que pudessem fornecer indicações quanto às antigas geoformas e feições
visuais em geral. Estas, comumente, seja por imagens ou textos, só apontam para o pós-
praia e a face da praia. Entretanto, apesar deste trabalho haver permanecido no escopo da
costa continental, dadas considerações, como rota preferencial e calado de navio,
permitem induções a respeito da zona de surfe e da antepraia.
O foco foi seguir a proposta indicada por Phibbs (1983), de procurar estabelecer as linhas
de vista que podem ter existido mas atualmente estão obscurecidas por modificações
antrópicas ou antrópico-induzidas. Assume-se, assim, a sugestão de El-Ashry e Wanless
(1968) e Marques (1996) de desapego à acurácia e apego à precisão que permita o
vislumbre da reconstituição geral que permita o resgate processual. Isto posto o do salto
indutivo, elemento epistemologicamente aceito, não necessita das amarras de exatidão,
mas sim permanecer nos limites precisão. Evita-se, assim, a impertinência do apego a uma
acurácia exacerbada.
Segue-se também a sugestão de Tilley, Hamilton e Bender (2000), de que os trabalhos
devem buscar exibir aspectos mais tridimensionais, com foco na exibição de padrões
próximos da realidade, escapando-se à mera bidimensionalidade. Para esse fim, Shanks
(1992) afirma que mesmo fotomontagens, por exemplo, são válidas, importando o
processo de resgate amplo de um passado provável.
O trabalhamento de imagens, através da sua sobreposição, foi um recurso
costumeiramente usado, de plena utilidade em áreas em que houve refotografia. Para tal,
21
utilizou-se tanto de refotografias antigas quanto de realizadas para esta dissertação. Como
instrumento, utilizou-se dos programas informáticos Adobe Photoshop 5.5 e Adobe CS3.
Aplicaram-se as imagens de sítios refotografados sob a forma de leitos, os quais foram
compatibilizados, em termos de escala, até que a precisão se tornasse adeqüada. A
alternância de efeitos por filtros permitiu que fossem distingüidas referências que, por
vezes, estivessem imperceptíveis nas fotos isoladamente.
Como referências principais de ajustes foram utilizadas as bases e ortofografias fornecidas
pelas Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia - Conder.
As curvas de nível foram observadas em modelos em extensões dwg (drawing),
trabalháveis no programa informático Autocad. Resgatadas as informações referentes a
modificações passadas, essas foram lançadas nas bases informatizadas disponíveis, só a
nível suficiente para que se pudesse perceber os efeitos nas várias perspectivas
resgatadas. Sobre essas novas visões, com novos desenhos geomorfológicos, foram
aplicadas as modificações com o programa Photoshop.
Para o estudo das manifestações de tectônica rígida, utilizou-se o programa Stereo Nett,
versão 2,46, desenvolvido pelo Institute für Geologie Ruhr University. Pode-se, desta
maneira, locar as direções e agrupá-las, reconhecendo agregações quantitativas. O
entendimento das resultantes da tectônica rígida é importante, porque aponta
determinantes, condicionando-as ainda o clima, com suas resultantes intempéricas e
erosivas, a um comportamento geomorfológico.
O produto objetivo deste trabalho indutivo será um resgate geomorfológico costeiro com
panoramas paleovisuais, aliando o conhecimento geológico à documentação histórica que
Fenster, Dolan e Elder (1993) apontam como fundamentais para a corroboração das
previsões científico-naturais.
Neste trabalho, optou-se por uma divisão em 5 trechos (Figura 3), abrangendo:
1 - Morro do Cristo à Ponta do Padrão.
2 - Ponta do Padrão à Ponta de São Diogo.
3 - Ponta de São Diogo à Ladeira da Preguiça
4 - Ladeira da Preguiça ao Pé da Ladeira da Misericórdia
5 - Pé da Ladeira da Misericórdia a Água de Meninos
22
Figura 03 - Mapa de Situação dos Setores na área de trabalho.
2.4 – ESTRUTURAÇÃO DA MONOGRAFIA
Esta Dissertação apresenta-se estruturada em 10 Capítulos.
Os capítulos foram denominados: Capítulo 1 – Introdução, Capítulo 2 – Metodologia,
Capítulo 3 - Contexto Geocientífico, Capítulo 4 – Trabalhos Anteriores, Capítulo 5 –
Recursos Históricos como Fontes de Informação, Capítulo 6 – Breve Histórico do Processo
de Interferência antrópica na orla da Cidade do Salvador, Capítulo 7 – Resgate dos Visuais
pré-interferência antrópica, Capítulo 8 – Discussão, Capítulo 9 – Conclusão, Capítulo 10 –
Bibliografia.
Capítulo 1 – Introdução - Revela a existência de um problema, indica a pertinência e
relevância do tema, justificando-o, caracterizando e situando a área deste estudo de caso.
23
Capítulo 2 – Metodologia – Focaliza a metodologia construída e referenciada
epistemologicamente à luz do salto indutivo.
Capítulo 3 – Contexto Geocientífico – Descreve a área sócio-economicamente, traçando
sumários fisiográficos, morfológicos e hidrográficos, climatológicos e de vegetação, além
de enquadrá-la geológica e geomorfologicamente, caracterizando sumariamente as suas
formações.
Capítulo 4 – Trabalhos Anteriores – Apresenta um reporte dos trabalhos anteriormente
realizados que tenham buscado referências em material histórico, integrando-o aos
estudos geocientíficos, apresentando cunho idêntico ou similar ao deste trabalho.
Capítulo 5 – Imagens Históricas como Fontes de Informação – Refere-se à evolução
da utilização humana de sensores remotos, para a representação da Natureza, em graus
progressivos de acurácia, indicando as suas disposições e qualidades.
Capítulo 6 – Breve Histórico do processo de interferência antrópica na orla da Cidade
do Salvador – Destacam-se os momentos de maior intensidade de intervenção antrópica
na orla soteropolitana.
Capítulo 7 – Resgate dos Visuais pré-interferência antrópica – Agregam-se elementos
de cunho geocientífico aos emanados de descrições textuais e imagens históricas.
Capítulo 8 – Discussão – Expõem-se e discutem-se as informações obtidas, situando as
visões de solução a problemas pré-existentes, indicando novos problemas e estabelecendo
as intermediações fundamentais entre os elementos obtidos e as suas conseqüências.
Capítulo 9 – Conclusão – Apresenta as conclusões e considerações finais, obtidos
através do presente trabalho, sendo identificados e sugeridos os trabalhos a serem
desenvolvidos no futuro.
Capítulo 10 – Epifania – Apresenta considerações de extensão da abrangência da
Conclusão, indo além do remate racionalista, sinalizando elementos de cunho estético e
filosófico.
Capítulo 11 – Bibliografia
2.5 – ATIVIDADES
24
– Revisão bibliográfica
Realizou-se uma grande revisão, consultando-se as diversas publicações já escritas sobre
a orla da Cidade do Salvador. O vulto desse evento esteve diretamente relacionado à
multifacetada abordagem que, nesta dissertação, está sendo realizada. Desta maneira,
tornou-se necessária a consulta bibliográfica a bibliotecas físicas e sítios científicos de
referências na internet que pudessem ter abordado o tema à luz de múltiplos olhares.
Foram buscadas e exploradas referências sobre a Orla Soteropolitana que tivesse sido
desenvolvida por profissionais das áreas de Geologia, Geomorfologia, Geografia,
Urbanismo, História, Arqueologia e Artes Plásticas. Indo além, considerando as exigências
desta dissertação, buscaram-se ainda as referências necessárias de abordagens
realizadas pela nova Geoarqueologia.
Os principais sítios foram as Bibliotecas:
- do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia;
- da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia;
- da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia;
- da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia;
- Central da Universidade Federal da Bahia;
- Central dos Barris;
- do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia;
- da SEI - Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia;
- do Mosteiro de São Bento;
- do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo - São Paulo;
- Biblioteca Nacional - Rio de Janeiro.
O principal sítio informatizado pesquisado para a obtenção de artigos foi o
- JSTOR - Journal Storage
– Coleta, Seleção de fontes históricas
25
Considerando a natureza desta dissertação, a coleta e seleção de fotografias incluiu a
busca a acervos documentais geralmente não presentes em bibliotecas. Como fontes,
foram utilizadas, especialmente, as seguintes entidades:
- Arquivo Público do Estado da Bahia;
- Fundação Gregório de Matos;
- Instituto Geográfico e Histórico da Bahia;
- Museu Tempostal.
Nesta atividade, integrando-se os dados e informações obtidos na atividade anterior,
identificaram-se as localidades referenciais que deveriam ser priorizadas, nesta
dissertação.
– Scaneamento de imagens
As imagens foram scaneadas em 300 dpi’s, apropriadas para guarda de detalhes e
eventuais impressões de qualidade. Incluiram-se, neste evento, as fotografias, aerofotos,
mapas e pinturas múltiplos encontrados nas atividades anteriores.
– Análise Fotogeológica
Buscou-se, para realizar a Fotogeologia, as mais antigas aerofotos possível de serem
encontradas. Obteve-se o sobrevôo de 1959, encomendado pela Petrobrás e realizado
pela Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul S.A. - SACS, na escala 1:25.000. Sobre
essas foi localizado o mosaico estrutural que pudesse conduzir à compreensão do
comportamento dessas e como contribuíram para o quadro geomorfológico original.
– Fotografamento dos sítios referenciais
Uma vez definidos os sítios historico-geocientificamente referenciais da Cidade do
Salvador, realizaram-se caminhamentos, objetivando sua identificação na atualidade e
fotografamento ou refotografamento desses. Utilizou-se, pata tal, câmara digital, obtendo-
se fotografias em 300 dpi’s. As fotografias laterais foram integradas através do programa
Photoshop, da Adobe, gerando-se panorâmicas mais amplas.
26
– Integração das informações
Agregaram-se todos os dados e informações obtidos anteriormente. Buscaram-se
tendências, ausências e incoerências, na composição do todo. Iniciou-se a redação de um
texto integrado.
– Complementação das informações
Localizadas ausências e necessidades, realizou-se retornos às Bibliotecas e Arquivos,
além de novos caminhamentos para fotografamentos e refotografamentos, objetivando
enriquecer a dissertação em novas direções encontradas e complementar as lacunas
localizadas.
– Preparação das imagens pré-intervenção antrópica
Associando todas as informações, foram preparadas imagens panorâmicas pré-
intervenção antrópica. Utilizou-se do programa Photoshop 5.5 e Adobe CS3, da Adobe
com aplicação de texturas sobre as bases obtidas a partir das imagens antigas, além do
auxílio de bases informatizadas trabalhadas em Autocad.
– Redação da Dissertação
A Redação da dissertação ocupou os dez últimos meses de trabalho.
CAPÍTULO 3
CONTEXTO
GEOCIENTÍFICO
27
28
CAPÍTULO 3 – CONTEXTO GEOCIENTÍFICO
3.1 – ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS
Araújo (2000) coloca que, adentrado o século XX, a Baía de Todos os Santos assumia
importância apenas como referência comercial eminentemente local. Desenvolvia uma
trajetória quase que totalmente isolada do restante do país, na relação de seus produtos
com o Recôncavo. Somente quando atingida pela implantação de um novo mundo, movido
pelo Petróleo, pleno de rodovias, viria a crescer sua dimensão e importância. A partir da
segunda metade do século XX, dinamicizou-se aos poucos a sua Economia, tendo como
marcos decisivos a implantação do Pólo Petroquímico e a abertura de rodovias de melhor
qualidade para sul do país. Atualmente, encontra-se a Cidade do Salvador tacitamente
inserida na grande conjuntura de ações industriais, comerciais e turísticas globalizadas.
De acordo com o Anuário Estatístico da Superintendência de Estudos Econômicos e
Sociais da Bahia – SEI (2003), a população do Município de Salvador atinge 2.443.107 de
habitantes, chegando, na sua região metropolitana a 3.021.572 habitantes. Seus produtos
agrícolas de destaque são a banana, o coco-da-baía, e a laranja, destacando-se, entre os
pecuários, o gado bovino. Possui 67.705 estabelecimentos comerciais e 3.248 industriais.
3.2 – ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
3.2.1 - CLIMA
A área deste trabalho é dominada por um clima tropical úmido a subúmido, com
temperatura média do mês mais frio do ano superior a 18°c, permanecendo a média geral
em torno de 25,3ºc. (Sacramento, 1975) (Superintendência de Estudos Econômicos e
Sociais da Bahia, 2003) A precipitação média anual é de 2098,9 mm (Seixas, 2004),
distribuída por praticamente todos os meses do ano, inexistindo estação seca bem
definida, com excedente hídrico de 300 a 600 mm e índice hídrico de 60 a 40%. Seu clima
pode ser enquadrado na classificação Af de Köppen (1948), B2rA’ de Thornthwaite (1948)
(Nascimento e Barbosa, 2005) (SIC, 1974) (Superintendência de Estudos Econômicos e
Sociais da Bahia, 2003) (Nascimento e Barbosa, 2005) e B2rA’a’ de Thornthwaite e Mather
(Seixas, 2004)
29
3.2.2 – VEGETAÇÃO
A Vegetação na Península Soteropolitana é marcada pela elevada alteração, em função da
ação antrópica secular. Como indicadores da mata primitiva surgem remanescentes de
Floresta Ombrófila Densa, variando de Mata Submontana Atlântica a Floresta Atlântica.
(Fibge, 1993) (SEI, 2003) (Silva, 2005) Silva (2005) indica que esta região pode ser
pensada como área originalmente representada por uma Floresta Ombrófila Mista, com
destaque para a Floresta Ombrófila Densa, e todo um quadro de Vegetação de Influência
Marinha e Fluviomarinha. Atualmente encontra-se toda a área abrangida por este trabalho
enquadrada nas Classes Vegetação com Influência Marinha, tipo Formação Pioneira
Restinga, e Área Antropizada. Já a face da Península Soteropolitana que se encontra de
face com mar aberto enquadra-se na descrição Formações Pioneiras, com Influência
Marinha, e na classe Formação Pioneira, no tipo Restinga. (Superintendência de Estudos
Econômicos e Sociais da Bahia, 2003) (Silva, 2005)
As espécies vegetais nativas são Ariri (Astrocaryum aculeatissimum), Andaiá ou Catolé
(Attalea burretiana), Aroeira (Astronium urundeuva), Babaçu (Orbignya phalerata) Braúna
(Melanoxylon braunia), Buri (Polyandrococos caudencens), Buriti (Mauritia flexuosa),
Buruti-de-praia (Allogoptera brevicalyx), Caapiá (Dorstenia cayapia), Canela sassafrás
(Ocotea pretiosa), Caroba (Jacaranda puberula), Cipó-escada-de-macaco (Bauhinia
smilacina), Coco (Cocos nucifera), Coco-de-fuso (Bactris ferruginea), Coco-de-praia
(Allogoptera arenaria), Cupiúva (Tapirira guianensis), Dracena-da-praia (Phyllantus
gladiatus), Gerivá (Syagrus romanzoffianum) Jacarandá-da-Bahia (Dalbergia nigra),
Jacarandá-lombriga (Andira fraxinifolia) Ipê-da-várzea ou Ipê amarelo (Tabebuia
umbellata). Juá (Bactris soeiroana), Lelia-da-Bahia (Laelia grandis), Macaúba (Acrocomia
aculeata), Oiti-boi (Couepia schottii), Ouricuri ou Licuri (Syagrus coronata), Palmito
(Euterpe edulis). Patioba (Syagrus botryophora), Pau-Brasil (Caesalpina echinata),
Piassava (Attalea funifera), Pindoba (Attalea humilis), Pindobaçu (Attalea salvadorensis),
Pinha-do-brejo (Talauma ovata), Tapiá-guaçu (Alchornea glandulosa), Tinguí (Jacquinia
brasilensis) e Tucum-mirim (Bactris pickelli). (Lorenzi, 2002-a) (Lorenzi, 2002-b) (Lorenzi,
2002-b) (Lorenzi, Souza, Costa, Cerqueira, Ferreira, 2004)
A questão do Coqueiro (Cocos nucifera), que muitos atribuem à Polinésia, ser nativo do
Nordeste brasileiro, é colocada por alguns autores. Entretanto, sequer há unidade de
pensamento quando a esse ter atingido o cosmopolitismo naturalmente ou por intermédio
humano. Lorenzi, Souza, Costa, Cerqueira e Ferreira (2004) colocam que a tribo
30
Cocoideæ, que ocorre prática e precisamente só no Nordeste brasileiro, é entendida como
nativa, sendo pertinente entender o coco como nativo.
3.2.3 – MORFOLOGIA E HIDROGRAFIA
A Península Soteropolitana foi, historicamente, locada em várias classificações. Pode ser
enquadrada no modelo de Costa Submergente, de Davis (1896), de forma geomorfológica
harmônica, por ser derivada de uma única e mesma causa, e consonante, por ocorrer de
maneira similar em outras regiões (Passarge, sd, in Falconer, 1914). É do Tipo Forma
Terrestre, Classe Forma Endógena, Ordem Forma Tectônica, Família Forma de Fratura, do
Genus Forma Deprimida, variante Forma Especial Rift-valley. (Falconer, 1914) É uma típica
Costa produzida por falha (Cotton, 1918).
Seguindo Johnson (1919, in Suguio, 2003), para o intervalo de tempo abrangido por este
trabalho, podemos entender a Costa Soteropolitana como uma Costa de Emersão, isto é,
que apresenta “continente em soerguimento ou nível do mar em descensão”. Entretanto,
contemplando o logo termo temporal, que agrega a baía no contexto da Bacia do
Recôncavo, com traços de rias em suas profundezas, estamos diante de uma Costa de
Submersão.
Seguindo Valentin (1952, in Suguio, 2003), caracteriza-se, considerando o longo termo
temporal como uma Costa de Recuo ou de Transgressão Marinha, subtipo Costa de
Retrogradação. Para o curto termo temporal, considerando o momento tratado neste
trabalho, configura-se como uma Costa de Avanço ou de Regressão Marinha. Pode ser
definida como uma Costa de Falha ou de Escarpa de Falha (Shepard, 1952) (Shepard,
1963) ou uma Costa submergente submatura (Cotton, 1954). Ainda assim, a Baía de
Todos os Santos chegou ao final da década de 1950 com seu conhecimento restrito, e o
Map of Coastal Landforms of the World” (McGill, 1958) a manteve sem classe
reconhecida. Daí, James (1959) preferir tratá-la apenas como uma baia que guarda as
marcas de uma área inundada.
Situa-se, conforme Silveira (1964, in Suguio, 2003), entre os contextos do Litoral
Nordestino e Litoral Oriental. O Litoral Nordestino tem “como características comuns a
presença de sedimentos terciários da Formação Barreiras, os recifes de rochas praiais
(beach rocks) e de corais”, além de sua plataforma continental não ultrapassar 30 km de
largura.
31
A Baía de Todos os Santos e suas pequenas baías internas têm ambiente
predominantemente marinho garantido por um prisma de maré de sizígia 400 vezes
superior à carga dos três principais rios que nela deságuam. (Argollo, 2001)
Peixoto (1968) dividiu a Península Soteropolitana em cinco compartimentos topográfico-
morfológicos principais.
I. A Escarpa da falha de Salvador de aspecto contínuo e direção SSW/NNE
II. O Planalto profundamente dissecado que corresponde ao chamado “Alto de Salvador”
III. A Zona intermediária de morros entre o planalto e a Planície litorânea oceânica
IV. O sistema de vales onde se instalaram as avenidas que integram o Sistema Viário da
cidade
V. A Planície litorânea ou Margem costeira atlântica nos seus dois aspectos: Orla da Baía
de Todos os Santos e a Orla Oceânica.
O Sistema de Vales insere-se nas demais unidades.
A grande escarpa da Falha de Salvador apresenta, na Península Soteropolitana, direção
azimuthal variando entre 25º e 35º, localmente chegando a 15º e 45º. O sistema de falhas
paralelas à mesma “encontra-se, hoje, usado, apagado”, enquanto as falhas
perpendiculares provocaram o surgimento de vales e córregos de cursos em ângulo
praticamente reto a ela. (Mattoso, in Simas Filho, 1979) As fraturas e deslocamentos
deixaram, no próprio horst, traços extremamente nítidos, como um quadro de altos e vales
estreitos e profundos que Mattoso (in Simas Filho, 1979) indica dominar cerca de 32% da
área da Península Soteropolitana. Estabeleceu-se um quadro de altos irradiados
separados por vales acentuados, formando um planalto retalhado.
O Compartimento do Alto de Salvador apresenta seis subcompartimentos, os Espigões
Central, da Liberdade, de São Caetano, de Brotas, da Federação e do Cabula. (Peixoto,
1968) Dominado por terrenos cristalinos, cai com inclinação fraca para Sudeste, em
direção ao litoral atlântico, onde originalmente terminava abaixo de um cinturão de dunas
recentes, que chegavam a até 30 m de altitude, cobertas por uma vegetação rala e pobre.
(Mattoso, in Simas Filho, 1979)
32
Figura 04 - Localização das principais unidades geomorfológicas e topônimos da área.
Na área trabalhada, os terrenos elevados pertencem ao Espigão Central, que segue
periférico à orla, sendo subdividido nos atuais Alto do Carmo, Alto dos Jesuítas, incluindo o
espaço dos antigos Igreja e Colégio dos Jesuítas, Teso da Sé, Alto de Salvador, este
estendendo-se da Praça Municipal à Praça Castro Alves, Alto de São Bento, Alto do
Campo Grande, Alto da Vitória - Graça, Alto de Santo Antônio, Alto do Gavazza e Alto do
Ypiranga. Neste trabalho, considerando a dimensão histórica, entendemos esta unidade
relacionada ao antigo Alto de Salvador, de dimensões bem mais limitadas. Aparecem,
portanto, um Alto de Salvador geomorfológico, tendo um sentido lato, e um Alto de
Salvador histórico, considerado como um sentido mais restrito. (Figura 4)
Na área deste trabalho, o Alto de Salvador, senso lato, inicia com a ascensão pela Ladeira
da Barra, com o Morro de Santo Antônio tendo altitude apical de 37,6 metros, chegando-se
ao Largo da Vitória. Esta área é a borda do antigo Outeiro Grande, já na parte elevada do
Alto de Salvador, com 65,3 metros, cuja face se estendia mantendo altitude pouco variada
até o Largo da Graça, onde atinge 64,8 metros. Seguindo-se ao longo da borda da Falha
33
de Salvador, pela Avenida Sete de Setembro, chega-se ao Campo Grande, com a altitude
de 66,4 metros. Segue-se com altitude pouco variável, até cair a um mínimo de 50,8
metros no baixio existente entre a Praça Castro Alves e o Alto de São Bento. Reascende-
se logo a 56,5 metros na parte alta da Praça Castro Alves, ascendendo-se lentamente até
os 64,1 metros da Praça Municipal, prosseguindo em ascensão suave até atingir 65,4
metros no Terreiro de Jesus. Mergulha-se acentuadamente, chegando-se ao baixo do
Largo do Pelourinho, onde tem início da descida da Ladeira do Tabuão, com altitude de
36,5 metros. Evitando-se a descida, seguindo adiante, ascende-se em roteiro íngreme até
o Alto do Carmo, a 59,90 metros de altitude, mantendo-se a subida bem suave até os 63,9
metros do Largo de Santo Antônio, encerrando-se o alto no Forte de Santo Antônio Além-
Carmo, com 61,80 metros de altitude. Após esse, a Ladeira da Água Brusca mergulha até
atingir o Largo de Água de Meninos, a 4,7 metros de altitude.
Quando mais próximo à Baía de Todos os Santos e à Falha de Salvador, as encostas
apresentam declividade maior, com cerca de 50º, diminuindo logo, na Zona intermediária
de morros entre o planalto e a Planície litorânea oceânica, para o intervalo de 50º a 30º,
passando ainda a uma zona de transição com inclinações entre 30º e 25º, ficando a maior
parte da península mais próxima à orla atlântica com uma inclinação suave de encostas de
0º a 25º. (Peixoto, 1968) (SIC, 1974) (Mattoso, in Simas Filho, 1979) (Gonçalves, 1992) As
diferenças de cotas existentes no Alto de Salvador permitiram sua divisão por Barbosa,
Correa-Gomes, Dominguez, Cruz e Souza (2005) em “de dois domínios topográficos-
geográficos, separados por uma zona rúptil denominada de Falha do Iguatemi”. (Figura
05)
34
Figura 05 - Mapa topográfico do Alto de Salvador, indicando contraste entre as partes oeste e leste,
separadas pela Falha do Iguatemi. Modificado de Barbosa, Correa-Gomes, Dominguez, Cruz e
Souza (2005, p.11).
A face do alto voltada para a baía, relacionada com o topo da falha, é dominada por um
visual de perfil de encostas convexo, o que provoca que a inclinação mais freqüente das
vias urbanas atuais situe-se entre 14 e 27°, chegando localmente a 40°. É dominada por
solos residuais argilosos ou argilo-siltosos, com manto de intemperismo possuindo
espessura média variável em torno de 10 e 20 metros, apenas localmente aflorando rochas
intensamente fraturadas. (Peixoto, 1968) (SIC, 1974) (Alvarenga, 1992) (Barbosa, Correa-
Gomes, Dominguez, Cruz e Souza, 2005) Esse regolito favorece a instalação de
abundante drenagem (SIC, 1974) com suas vertentes preservadas mostrando inclinações
variáveis com ângulos suaves a subverticais. A presença de água abundante era
originalmente assegurada pela base cristalina impermeável do horst e pela espessa
camada de solo que a recobre possuindo porosidade de 20%, permitindo a cada m³ de
solo armazenar até 200 litros d’água. (Mattoso in Simas Filho, 1979, p.39)
O divisor de águas que marca as drenagens que correm para a Baía de Todos os Santos
está tão próxima da encosta de falha, por vezes sendo ela mesma seu representante, que
marca uma costa imatura, de afundamento recente. (Tricart e Silva, 1968, in Martin,
Suguio, Flexor, Bittencourt, Dominguez, 1986)
No sistema de vales, Peixoto (1968) percebeu três setores principais. O Setor do Rio
Cabrito desce da Mata Escura à Represa do Cabrito, ao norte da cidade. Setor do Rio
Camurugipe recolhe as drenagens do Pau Miúdo, IAPI, Brotas e Cabula. O Setor do Rio
Vermelho agrega as drenagens que partem do Canela, de São Pedro, da Mata Escura, do
Engenho Velho de Brotas, mantendo cavas com largura de cerca de 200 metros, e
profundidade média de 30 metros em relação ao em-torno elevado, seguindo em direção
ao Atlântico. O aterramento natural dos vales, ou seja, não perturbado pela ação antrópica,
é muito lento. (Peixoto, 1968)
3.3 – ASPECTOS GEOLÓGICOS
O Estado da Bahia é basicamente dominado por terrenos antigos inseridos no Craton do
São Francisco, sobrepostos por coberturas que se distribuem do Proterozóico Superior ao
Fanerozóico. (Almeida, 1977) (Alkmin, Neves, Alves, 1993) A Cidade do Salvador situa-se
na Península Soteropolitana, com terrenos cujas litologias agregam-se no Cinturão
35
Salvador – Esplanada, no quadro de relação histórico-litológico-estrutural que existe entre
Brasil e África. (Allard e Hurst, 1969) (Barbosa, Correa-Gomes, Dominguez, Cruz e Souza,
2005) Guarda um contato entre dois ambientes, o interno, dominado pela Baía de Todos os
Santos - BTS, e o externo, regido pelas condições de mar aberto, litorâneas ao Oceano
Atlântico.
Está dividida, geologicamente, em três domínios, que são a Bacia Sedimentar do
Recôncavo, a Margem Costeira Atlântica e o Alto de Salvador. (Barbosa, Correa-Gomes,
Dominguez. Cruz e Souza, 2005)
O primeiro domínio é o do Alto de Salvador, constituindo a primeira unidade geológica
referencial, de terrenos proterozóicos, com idades de formação basicamente
transamazônicas. Representam uma associação de rochas metamórficas de alto grau,
gnaissificadas e deformadas polifasicamente, correspondendo aos escudos antigos,
localizados no Craton do São Francisco. (Almeida, 1977) (Alkmin, Neves, Alves, 1993)
Este domínio está dividido em duas partes pela Falha do Iguatemi, que separa rochas
predominantemente na fácies granulito, a ocidente, das litologias predominantemente na
fácies anfibolito, locadas a oriente. (Barbosa, Correa-Gomes, Dominguez. Cruz e Souza,
2005) Esses autores colocam que a idade de formação para suas rochas é de 2,5 bilhões
de anos, com sua deformação em torno de ± 2,0 bilhões de anos.
O Alto de Salvador, como um todo, é regido pela declividade geral em direção ao Atlântico,
comportando-se o conjunto da Península Soteropolitana e Baía de Todos os Santos como
um meio graben. (Fonseca, 1966) (Mattoso, in Simas Filho, 1979) (Aragão, 1993) (Aragão,
1994). Em termos neotectônicos, não apresenta esta unidade indicadores de atividade.
(Martin, Flexor, Bittencourt, Dominguez, 1986)
36
Figura 06 – Mapa Geológico simplificado do Alto de Salvador – Modificado de Barbosa, Correa-
Gomes, Dominguez. Cruz e Souza (2005, p.11)
A segunda unidade geológica referencial é formada pelas coberturas sedimentares juro-
cretáceas da Bacia do Recôncavo, pertencendo ao sistema Recôncavo-Tucano-Jatobá,
que domina a maior parte das orlas e todo o fundo da Bahia de Todos os Santos.
(Barbosa, Correa-Gomes, Dominguez. Cruz e Souza, 2005) Seu limite oriental se dá na
Falha de Salvador, entidade dominante na área deste trabalho. Tem esta bacia origem
relacionada ao processo de relaxamento crustal que levou ao espedaçamento do
paleocontinente Gondwana, mais especificamente ao evento da separação Brasil – África,
refletido localmente em um processo de rifteamento, que deixou como herança, um
sistema de grabens alongados segundo a direção NE-SO. Suas formações são
constituídas por pacotes de arenitos, conglomerados, calcários e folhelhos estratificados.
(Almeida, 1977) (Ghignone, 1979) (Medeiros e Pontes, 1981) (Martin, Bittencourt, Flexor e
Boas, 1984) (Milani, 1985) (Alkmin, Neves, Alves, 1993) (Caixeta, 1994) (Lessa,
Bittencourt, Brichta, 2000) (Argollo, 2001) Estão, nesta unidade, representados três ciclos
tectônicos, dois enquadrados no Neocomiano (145,5 +- 4,0 a 125,0 +- 1,0 Milhões de
anos), o outro especificamente no Barremiano (130,4 +- 1,5 a 125,0 +- 1,0 Milhões de
anos), sendo a Tafrogênese Sul-atlântica responsável pelas três gerações. (Aragão, 1993)
(Aragão, 1994)
A última unidade geológica é a Margem Costeira Atlântica, que agrega “acumulações
pouco espessas de sedimentos argilosos, arenosos e areno-argilosos”. (Barbosa, Correa-
Gomes, Dominguez. Cruz e Souza, 2005) É dominada pelos sedimentos terciários do
Grupo Barreiras, que surgem em inclinação suave no sentido da Costa Atlântica (Peixoto,
1968), e dos depósitos marinhos quaternários. (Bittencourt, 1996)
No que se relaciona à tectônica rúptil, a Península Soteropolitana é marcada por cicatrizes
de inúmeras as falhas e fraturas. (Alvarenga, 1992) Barbosa, Correa-Gomes, Dominguez,
Cruz e Souza (2005) reconheceram “cinco conjuntos principais”, relacionando-os em
ordem decrescente de idade como (i) N60º-N90º, (ii) N40º-70º, (iii) N120º-N160º, (iv) N30º
e N40º e (v) de direções N130º – N140º.
Entendendo ser o padrão de distribuição de vales efetivamente controlado pela trama
tectônica, procurando obter um registro mais preciso, desenvolveu-se, neste trabalho, o
registro dos lineamentos. Trabalhando com aerofotos de 1959, que possuem um registro
37
de um grau de preservação ainda muito expressivo, chegou-se, para o Município de
Salvador como um todo, ao registro de 5.473 lineamentos Estes aparecem na Figura 07.
Figura 07 – Trama com a tectônica rúptil, na Península Soteropolitana, abrangendo somente o
Município de Salvador, exibindo 5.473 lineamentos, realizada sobre aerofoto, sobrevôo SACS,
1959.
Seu registro impõe a dominância da amostragem de um agrupamento A de direções
azimuthal situadas entre 355º e 15º, denotando um padrão dominante pertinente com a
gênese da Bacia do Recôncavo. Um agrupamento B de direções azimuthais surge contar
com cerca de metade do quantitativo do domínio anterior, estende-se entre 20º e 35º,
sendo a característica da grande Falha de Salvador, na área trabalhada. Dois domínios
competem com este em termos de dominância, situando-se o C entre 310º e 325º, e o D
entre 290º e 305º. Uma agregação pode ser entendida como um domínio E, situada entre
os azimuths de 80º e 285º. Da mesma maneira, podem ser agregadas as direções situadas
entre 325° e 355° como o domínio F. (Figura 08)
38
Figura 08 – Rosácea com a representação de 5473 lineamentos, da Península Soteropolitana, a
partir de análise de aerofotos vôo SACS – 1959 – Individualizados pelas cores estão os domínios
direcionais, com destaque diferenciado para a direção da Falha do Salvador. Obtida pelo
lançamento das direções no programa Stereo Nett, versão 2,46, desenvolvido pelo Institute für
Geologie Ruhr University.
Considerando somente a área de trabalho, aparecem 189 lineamentos que mantém o
domínio do agrupamento de direções A, com direções azimuthais situadas entre 350° e
15°, sofrendo, entretanto, um pequeno deslocamento, passando o domínio percentual de
entre 355° e 0° para entre 0° e 5°. O domínio que agrega as falhas de direções
conseqüentes às da Falha de Salvador, situado entre 20° e 35°, diminuem em proporção,
mas mantém expressão. Os dois agrupamentos de direções C e D da Península
Soteropolitana, quando considerada apenas a área de trabalho, permanecem inseparáveis
e agregadas no setor D, que se desenvolve entre as direções 285° e 315°. O domínio E
ganha um pouco mais de presença, concentrando-se entre 275° e 285°. O domínio F, de
pouca expressividade percentual no todo da Península, assume uma grande presença na
área de trabalho, concentrando-se entre 335° e 345°. (Figura 09)
39
Figura 09 – Rosácea com a representação de 189 lineamentos presentes na área trabalhada, a
partir de análise de aerofotos vôo SACS – 1959 – Individualizados pelas cores estão os domínios
direcionais, com destaque diferenciado para a direção da Falha do Salvador. Obtida pelo
lançamento das direções no programa Stereo Nett, versão 2,46, desenvolvido pelo Institute für
Geologie Ruhr University.
Conforme indicam Martin, Flexor, Bittencourt e Dominguez (1986), costas continentais do
Domínio Atlântico, especialmente as brasileiras, são costumeiramente consideradas áreas
estáveis. Entretanto, algumas áreas mostraram oscilação claras do Nível Relativo do Mar,
sendo, para a Bacia do Recôncavo indicadas modificações inclusive diferenciadas por
blocos. Para a orla de Salvador, realizou-se o resgate dos movimentos para os últimos
7.500 anos. (Guimarães, 1978) (Martin, Flexor, Vilas Boas, Bittencourt, Guimarães, 1979)
(Figura 10) Martin, Suguio, Flexor, Dominguez e Bittencourt (1996) relacionaram a
situação atual a um movimento de suave ascensão continental, relacionado ao Estágio 8,
que levou à construção de terraços marinhos do holocênicos, após 5.100 AP, quando o
nível relativo do mar gradualmente passou à posição presente. Esse movimento e essa
curva são confirmados por Suguio (2003, p.21), colocando que, há cerca de 2.500 anos
antes do presente, foi atingido um nível 1,5 a 2,5 m acima do atual e, desde então, tem
ocorrido uma tendência ao rebaixamento contínuo. Isto considerando, e o anotado por
Martin, Flexor, Bittencourt e Dominguez (1986), pode-se considerar que, para os 500 anos
mais recentes, dimensão temporal deste trabalho, não estaremos longe da verdade se
40
considerarmos uma regressão que rebaixou a linha d’água em aproximadamente 0,5 m, ou
mesmo que não houve alteração.
Figura 10 – Gráfico com a curva de variação do Nível Relativo do Mar, para a região os últimos
7.500 anos, em Salvador. Modificado de Martin et al. (1979).
41
CAPÍTULO 4
TRABALHOS
ANTERIORES
42
CAPÍTULO 4 – TRABALHOS ANTERIORES
Estudiosos da Antigüidade, destacando-se Herodotos (Hρόδοτος), Aristotelis (Aριστοτέλης)
e Pausanias (Παυσανίας) já procuravam tecer considerações sobre o ambiente litorâneo,
integrando à História, em suas sua argumentações, o que podemos entender como uma
Geografia Física ou uma Geomorfologia. (Kraft, Aschenbrenner e Rapp Jr, 1977) Após um
ocaso durante o Império Romano e o desaparecimento durante a Idade Média, a larga
trajetória de integração geocientífica reemergiu efetivamente a partir do século XIX. Os
novos trabalhos se baseavam na consideração da valia da integração de documentação
histórica à geocientífica e vice-versa. Destacam-se, para o primeiro momento, os trabalhos
e indicações de Freshfield (1884), Rich (1918), Sauer (1925, in Maciel, 2001) Merriam
(1929) e Terra (1934).
A partir da década de 1940, a Fotogeologia começou a fornecer recursos importantes para
o resgate paleovisual. Brendel (1945) já reconhecia as aerofotos como o meio apropriado
de abordagem científica acerca de referências geológicas mutáveis em escalas temporais
mais densas. A metodologia instalou-se a partir da anotação, pelos geocientistas, do
razoável acervo de refotografamento de áreas e o claro valor das informações que
continham. Essa perspectiva de abordagem percorreria um caminho, em princípio, restrito,
até ser dada como já assentada por Phibbs (1983).
As paleo-reconstituições superam, nesse momento, a fase primária, que se caracterizava
especialmente pelas abordagens paleogeográficas simples, enveredando cada vez mais
pelas reconstituições em termos de Paleogeomorfologia, Paleoambiência e Paleoecologia.
Pewe (1954), Plog e Hill (1971, in Weide e Weide, 1973), Nissenbaum (sd, in Stilgoe,
1976), Stilgoe (1976), Gregory (1976), Kraft, Aschenbrenner e Rapp Jr (1977), Gladfelter
(1977), Hassan (1979) e Phibbs (1983) revelam, em seus trabalhos, esse progresso, com
as reconstituições ganhando dimensão crescente, localizando cada vez mais inter-
relacionamentos e condicionamentos entre aspectos geocientíficos e interferências
antrópicas.
A agregação de questões e contribuições técnicas entre as áreas tornou-se cada vez mais
ativa, especialmente entre Arqueologia, História, Antropologia, Geografia e Geomorfologia.
Produziram-se resultados diversos abrangendo sítios para cidades coloniais portuguesas e
espanholas (Smith, 1955), litoral australiano (Rimmer, 1967), Carolina do Norte, Estados
Unidos da América do Norte - EUA (El-Ashry e Wanless, 1968), Vale de Tehuacan, México
(Gumerman e Lyons, 1971) (Gumerman e Neely, 1972), Vera Cruz, México (Bruder, Large,
Stark, 1975), orlas diversas, França (Guilcher e Moign, 1977), Salem, EUA (Boyer e
43
Nissenbaum, sd, in Stilgoe, 1976), Baía de Methoni, Grécia (Kraft e Aschenbrenner, 1977),
Mar Egeu, Grécia (Kraft, Aschenbrenner e Rapp Jr., 1977), Sul da Inglaterra (Margary,
1977), Tróia, Turquia (Kraft, Kayan, Erol, 1980), Gilf Kebir, Líbia (McHugh, 1980), litoral de
Creta (Clutton, 1982), Makgadikgadi, Botswana (Helgren, 1984), litorais Adriático, Siciliano
e Tunisiano (Shackleton, Andel e Runnels, 1984), Hong-Kong, China (Meacham, 1984),
Golfo de Aden, Somália (Brandt e Brook, 1984), Casco Bay, EUA (Yesner, 1984), Essex,
Inglaterra (Wilkinson, Murphy, 1986), sul do rio Tejo, Portugal (Alegria, 1986), cidades
portuárias coloniais, na Índia (Mitter, 1986), Termopilæ, na Grécia (Kraft, Rapp Jr, Szemler,
Tziavos e Kase, 1987), Kalavasos, em Chipre (Gomez, 1987), litoral irlandês (Orford,
1988), Lagoa de Araruama, no Rio de Janeiro (Lessa, 1990), Golfo de Volos, na Grécia
(Zangger, 1991), linha de costa do Paraná (Angulo, 1993), Litoral de Belize (Dunn e
Mazzullo, 1993), Tirinto, na Grécia (Zangger, 1994), Indiana, EUA (Stafford, 1994), Dakota
do Norte e do Arizona, nos EUA (Waters e Kuehn, 1996), Laguna Tamarindito, na
Guatemala (Dunning, Rue, Beach, Covich, Traverse, 1998), Haida Gwaii, Canadá (Fedje e
Christensen, 1999), em Lisboa, Portugal (Rocha e Kullberg, 2001), litoral de Santa Catarina
(Souza, Angulo e Pessenda, 2001) litoral grego (Runnels e Andel, 2003), litoral escocês
(Phillips, 2003), desembocadura do Rio Real, na Bahia (Dominguez, Nunes, Silva e
Esquivel, 2003), São João da Barra, Rio de Janeiro, (Ribeiro et alii, 2004), Tiro, no Libano
(Marriner et alii, 2005), no delta do Nilo (Torab, 2007).
.A busca do paleovisual soteropolitano conta com uma quantidade razoável de imagens
(Reis, 2000) e abundância de citações e descrições desde a sua descoberta. (Vespucci,
1503) (Vespucci, 1505) (Souza, 1530 - 1532) (Nóbrega, 1549) (Souza, 1550) (Gandavo,
1569) (Aldenburgk, 1627) (Salvador, 1627) (Barreto, 1660) (Câmara Coutinho, 1693, in
Costa, 1958) (Caldas, 1759) (Vilhena, 1799) (Tollenare, 1817) (Graham, 1824)
As comemorações do quarto centenário da fundação da Cidade do Salvador, em 1949,
motivaram as tentativas de resgate da sua paleogeografia urbana primeira, por parte de
historiadores, surgindo trabalhos de Nigra (1937), Ott (1948), Sampaio (1949), Calmon
(1949), Falcão (1949), Silva (1949) e Ruy (1949). Os trabalhos de Ott (1957), Costa (1958)
e Edelweiss (1969) procuraram confirmar, complementar ou corrigir certos aspectos
anteriormente abordados.
Dentre o material produzido, destacam-se os mapas produzidos por Sampaio (1949),
reproduzidos às figuras 11 e 12.
44
Figura 11 – Mapa "A CIDADE DO SALVADOR NO FIM DO SÉCULO XVI" – Sampaio (1949)
45
Figura 12 – Mapa "ARREDORES DA CIDADE DO SALVADOR ENTRE 1550 E 1570" – Sampaio
(1949)
Após estes, poucos trabalhos foram realizados, geralmente centrados na evolução do
urbanismo (Simas Filho, 1978) (Simas Filho, 1979) (Câmara, 1988) (Figuras 13, 14 e 15)
ou de algum monumento específico (Borges e Lemos, 2002), com resgates
paleogeográficos simples (Teixeira, 1978) (Tavares, 2000) ou apenas evocações textuais.
(Amaral,1969) (Teixeira, 2005)
46
Figura 13 – Mapa "Evolução Física de Salvador - 1551" – Simas Filho (1979)
Figura 14 – Mapa "Provável Expansão de Salvador - 1553" – Simas Filho (1979)
47
Figura 15 – Mapa “Evolução das conquistas ao mar da Conceição ao Pilar” – Câmara (1988, in
Sampaio, 1005)
O foco tradicional dos trabalhos, por parte dos historiadores, seguiu da região do antigo
núcleo urbano da Cidade do Salvador até a região da Barra, enquanto aqueles com
preocupações predominantemente paleourbanísticas (Simas Filho, 1978) (Simas Filho,
1979) (Câmara, 1988) mantiveram-se centrados apenas no antigo centro. O trabalho de
Sampaio (1949), provavelmente, tomou como referência os trabalhos de Albernaz, de
cerca de 1616, e Weyll, de cerca de 1860. Simas Filho (1979) tomou por ponto-de-partida a
planta de Vilhena (1799), expandiu-a temporalmente, chegando a reconstituições
paleogeográficas precisas da Cidade do Salvador, para 1551, 1553, 1580, 1650, 1730 e
1800. Câmara (1988), ancorado em Simas Filho (1979), tomou por bases principais o
mapa de Albernaz, de 1631, e a planta de Weill, de cerca de 1860, expandindo as
informações a partir dessas.
Accioly et alii (1998), estudando a Bahia de Todos os Santos, utilizaram aerofotos de 1959
e 1989, destacando a potencialidade do emprego de produtos conjugados de
sensoriamento remoto e séries fotográficas antigas, como as principais ferramentas no
estudo da dinâmica das áreas costeiras.
No final do século XX, uma onda de tentativa de resgates paleovisuais chegou à Pintura,
agregando associações históricas, paleogeomorfológicas e paleoambientais. (Franck,
2004) O crescimento do interesse expressou-se nos trabalhos de artistas plásticos que
procuraram seguir o caminho do resgate paleopanorâmico, integrando aspectos urbanos a
antigas geoformas. O pintor Eduardo Camões realizou seu trabalho especialmente sobre
paisagens do Rio de Janeiro antigo (Camões, 1994).
48
Fotografia 04 – “Ipanema, Leblon e Lagoa, em 1904” - Pintura de Eduardo Camões.
Fotografia 05 – Evocação de vista antiga do Porto da Barra – Pintura de Henrique Passos – Final
do século XX.
O pintor baiano Henrique Passos realiza seu trabalho com pinturas evocando Salvador
antiga, tomando por base indicações a partir de registros antigos. Apesar da evocação
realista, o cunho das obras permaneceu eminentemente artístico e intuitivo, sendo obras
49
indicativas com preocupações de realismo submetidas a evocações artísticas. (Cohen,
Fridman e Siqueira, 1998) (Fotografia 05)
Esse tipo de trabalho, entretanto, geralmente é apenas marcado por uma integração de
visualização de fotografias antigas e intuição artística. Não foi encontrada qualquer
referência de que seus autores tenham procurado e/ou encontrado um referenciamento
científico maior.
Como referência mais recente, Mascarenhas e Cunha (2006) analisaram imagens
aerofotográficas de 1959, 1976, 1980, 1989, 1992, 1998 e 2002, da região de São Rafael,
Salvador, Bahia, trilhando o estudo da diminuição das suas áreas verdes.
50
CAPÍTULO 5
IMAGENS
HISTÓRICAS
COMO FONTES DE
INFORMAÇÃO
51
5 – IMAGENS HISTÓRICAS COMO FONTES DE INFORMAÇÃO
Knauss (1997) coloca que a Cartografia é uma forma de expressão na qual existe uma
representação do espaço, conceitualmente demarcada e condicionada historicamente”, a
qual é “campo da história social das representações do espaço”. Portanto, lidar com
material oriundo de mapas exige uma situação desses produtos no tempo, e o
entendimento das influências que receberam.
Deve-se considerar a longa trajetória até a maturidade técnica dos trabalhos de
representação de paisagens, que deixou marcas incontornáveis em termos de limites à
exatidão. A sua acurácia variou ao longo do tempo e no espaço, muitas vezes estando
bem abaixo da precisão necessária ao que se propunha.
Torna-se necessário percorrer as representações, procurando anotar considerações que
nos permitam relacionar o que foi representado em termos de exatidão e precisão.
5.1 - DE PINTURAS, PLANTAS E MAPAS
O ser humano utilizou, em suas relações com o em-torno, por muito tempo, apenas seus
sistemas orgânicos de sensoriamento remoto, representados pelas capacidades auditiva e
visual. (Gumerman e Lyons, 1971) Ao expressar as relações percebidas, indo além das
palavras pronunciadas ou informações textuais, surgiram os primeiros mapas, no Oriente
Médio, datando o mais antigo conhecido, localizado em Çatal Hüyük, atual Turquia, de
6200 aC. (Mendonça, 2007) Exibe uma configuração urbana esquemática submetida por
um grande vulcão em erupção, tratando-se de um reporte de evento no em-torno urbano.
52
Figura 16 – Pintura parietal - Mapa de Çatal Hüyük, na atual Turquia. (a) Desenho da imagem
original, pintada sobre adobe. (b) Recuperação do desenho original provável. - 6200 aC.
Outro destaque é o mapa de Da-Sur, da Mesopotâmia, datado de entre 2.500 e 2.300 aC,
considerado a mais antiga Carta Geográfica efetiva. Nele aparece um vale, com
montanhas estilizadas em ambos os lados da imagem, que é atravessado, no centro, por
riscas, que indicam, provavelmente o Rio Eufrates. Na parte superior direita, um outro rio
converge para este. Os círculos, nas partes laterais inferiores, seriam os pontos cardeais
Leste e Oeste. (Mendonça, 2007)
53
Fotografia 06 - Tabuinha em argila queimada - Mapa de Da-Sur, na Mesopotâmia. - Entre 2.500 e
2.300 aC.
São registros rudimentares de periferias muito localizadas, alusões assentadas numa
capacidade representativa rústica, com precisão limitadíssima e acurácia praticamente
inexistente. Sua evolução conduziu aos mapas mesopotâmicos que chegavam a abranger
algumas cidades de maneira esquemática, indicativa, dominada por uma geometrização
idealizante. (Kramer, 1969) (Gutiérrez, 2004) Como exemplo, temos a Fotografia 07 vemos
a cidade de Babel representada pelo retângulo central, enquanto as duas linhas verticais
abaixo desse retângulo e inclinadas acima, são as margens do antigo Rio Eufrates. Os
símbolos circulares são regiões ou cidades. A área conhecida está circundada pelas
águas. Setas indicam direções de localização de ilhas míticas.
54
Fotografia 07 – Mapa de Babel, na Mesopotâmia. Cerca de 600 aC.
Em meados do I milênio aC, a Filosofia Natural helênica esboçou uma Cartografia, que não
passava de uma Cosmografia lógica. Seus mapas eram esboços sumariados e
esquemáticos centrados no Mar Mediterrâneo. (Mendonça, 2007) De cerca de 500 aC,
aparece o primeiro que, pelos conceitos atuais, poderia ser considerado um mapa
abrangente, resumindo o mundo conhecido helênico. Extremamente sumariado, de
baixíssima acurácia. (Gutiérrez, 2004) Permanecendo os mapas abaixo da precisão
necessária, permaneciam as textuais descritivas como as melhores guias. Dentre elas,
destacavam-se os Périplos, que forneciam distâncias entre os portos, rumos que deveriam
ser tomados, perigos e características do fundo marinho. (Guedes, 1991)
O mesmo modelo, sem os estímulos da Filosofia Natural, foi seguido pelos romanos (Alba,
1964) com seus “orbis terrarum”, os quais deveriam ser didáticos e ideológicos,
relacionando-se aos poderes do império. (Gutiérrez, 2004) Apesar de haver empregado
geômetras e serviços abundantes de campo, a produção latina mais se ocupava de cópias-
síntese imperfeitas e cada vez mais distorcidas do conhecimento anterior. (Alba, 1964)
Um destaque, entretanto, mostrando a qualidade a que poderiam chegar os mapas
romanos, é o “Forma Urbis Romæ”, um mapa colossal de Roma, que se localizava no
Templum Pacis”. Media cerca de 18 metros de largura por 14 metros de altura. Datando
do período de Septimius Severus, isto é, de entre 193 e 211, era muito detalhado.
Destruído, estilhaçado, atualmente sobrevivem fragmentos e cópias que representam
cerca de 10% da área original.
55
Fotografia 08 – Fragmentos do mapa “Forma Urbis Romæ”. Datado de entre 193 e 211.
A produção permaneceu em queda de acurácia, desaparecendo qualquer qualidade do
desenho, que retornou aos padrões cada vez mais primitivos. Afinal, os mapas se tornaram
desenhos de nenhuma acurácia e baixíssima precisão, incluídos em catálogos de
topônimos, registros de itinerários e “compilaciones más o menos acríticas de diversas
obras y autores”. (Gutiérrez, 2004)
Os mapas da Idade Média eram especialmente afetados por abordagens teocêntricas, com
Roma ou Jerusalém assumidas como Centro do Mundo. Impôs-se uma visão de Cantos do
Mundo dominada por uma Geografia metafísica teológica. Esta produziu “mappæ mundi“,
que não passavam de cartas sintéticas e esquemáticas do tipo “T/O”, como os da Figura
17. (Gutiérrez, 2004) (Mendonça, 2007) Daí, Meneses (2003) indicar que, no todo, para a
Idade Média, estendendo-se desde a Antigüidade, “não há traços de usos cognitivos da
imagem sistemáticos e consistentes”. Nos mapas e paisagens, predomina um “valor
afetivo”, centrado em subjetividades, e apontamentos de “autoridade intrínseca”, domínio
de um simbolismo alegórico, domínio absoluto da “Geografia Fantástica”. (Gutiérrez, 2004)
56
Figura 17 – Mapas T/O. (a) Anônimo, datado do século XII. (b) de Guntherus Ziner, de Augsburg,
datado de 1472.
No Oriente, Tobisch (1983) destacou o paisagismo chinês, surgido em pinturas no século
VII, com pico de manifestação entre os séculos X e XIII. Ainda que dominadas por
estilização, revelam-se as formas do relevo cárstico meridional chinês. Rogers (1978)
coloca que, sem intenções retratistas, o interesse expresso naquelas pinturas era a
tentativa de localização das forças que esculpem as paisagens. Os executores das obras
eram artistas e também observadores naturalistas, buscando causas, ainda que, observou
Turner (1979) essas soem a nós mais como metáforas de uma origem. Nesse trabalho,
para Tobisch (1983), artes visuais e Geociências indistinguiam-se.
Na transição do primeiro para o segundo milênios, os árabes expandiram os
conhecimentos, gerando mapas que procuraram ser mais acurados, especialmente da
costa do Mar Índico. Mas os seus trabalhos que envolviam também o contexto
Mediterrâneo não deixavam a desejar, em termos de qualidade. Além disso, estimulava-se
a confecção de “itineraria picta”, isto é, registros de viagem com imagens que buscavam
retratar curiosidades e particularidades, dentre as quais poderiam se destacar algumas
referências paisagísticas. (Gutiérrez, 2004)
Na Europa, a qualidade dos mapas era tão parca, que mesmo registros de viagem
meramente textuais como o de Polo (1300) tinham grande valia. Entretanto, as Cruzadas
colocaram a concepção e a técnica árabes em contato com europeus, enquanto nestes,
apesar do ambiente de mapas decorativos subordinados pela ideologia religiosa, crescia a
necessidade prática de representações mais acuradas. (Mendonça, 2007)
57
Adentrava-se um quadro de desenvolvimento das aventuras de navegação, levadas
adiante especialmente pelas nacionalidades ibéricas e itálicas. Produziram-se Portulanos,
que eram roteiros, similares aos Periplos, mantendo-se na antiga tradição descritiva textual
dos portos marítimos e das costas. (Albuquerque, 1989) (Guedes, 1991)
Os mapas portugueses livraram-se da supremacia religiosa que existia na sua Sociedade
como um todo, seguindo o caminho de uma técnica mais apurada, objetivando a sua
expansão territorial. (Janeira, Borralho e Fortes, 2005) A partir dos Portulanos, no final do
século XIII, emergiram as Cartas-Portulano, que muitos autores entendem como os
Potulanos propriamente ditos, que procuravam exibir referências visuais, mas que, de
início, eram ainda, na prática, meras traduções gráficas dos textos. (Albuquerque, 1989)
Mantinham baixa precisão e até ofereciam desvantagem diante a tradição oral e dos textos
que as originaram. (Mendonça, 2007) Estes mapas primitivos, com muitas e necessárias
notas textuais, sem qualquer sistema aceitável de coordenadas geográficas, dispunham,
normalmente, de linhas loxodrómicas ou de rumo, mostrando sentidos de ventos. As
costas melhor definidas dispunham de grandes linhas que indicavam um escape mais ou
menos tímido aos limites da cabotagem. (Janeira, Borralho e Fortes, 2005)
O desenvolvimento da navegação e de sua abrangência pressionava e exigia que a
qualidade técnica necessariamente avançasse em paralelo. (Crone, 1953) Apesar de ainda
muito presos à limitação técnica, surgiram as primeiras tentativas de Mapa Mundi, no início
do século XV, que passaram a contar, na transição para o século XVI, com os novos
conhecimentos do Oriente e da América. Surgiram trabalhos como os de Cantino, em
1502, (Figura 18) Ruysch, em 1507, Waldeseemüller, de 1507, Piri Reis, em 1513, (Figura
19) procurando exibir maior abrangência e distribuição geográfica precisa. Considerando a
falta de acurácia e a baixa precisão, eram necessariamente dotados de textos explicativos
em abundância, sendo freqüentes imagens do quadro físico, e da “natureza”, podendo ser
considerados Cartas-Portulano avançadas. (Janeira, Borralho e Fortes, 2005)
58
Figura 18 – “Mapa Mundi” de Alberto Cantino, que aparece na “Carta da nauigar per le Isole
nouam.te tr inte parte de l’India: dono Alberto Cantino Al S. Duca Hercole”, de 1502.
Figura 19 – “Mapa Mundi” do Almirante turco Piri Reis, de 1515.
O pouco amadurecimento geográfico fazia com que permanecessem fisicamente
indicativos, procurando ser apenas o suficientemente acurados para serem precisos. As
múltiplas projeções cartográficas que surgiam ofereciam várias alternativas com qualidades
variáveis, para resolver os problemas da precisão necessária. (Keuning, 1955) O
59
surgimento e ampla aceitação prática do sistema de projeção cilíndrica Universal
Transversa de Mercator – UTM, publicado em 1595, colocou fim, se não à questão de qual
a melhor expressão, ao menos à carência de metodologias de indiscutíveis qualidade
técnica e prática associadas de projeção geográfica. (Boak e Turner, 2005) A qualidade e o
desenvolvimento começaram a ser divulgados, como no trabalho de Costa (1636), fazendo
com que os mapas se tornassem, além de mais precisos, mais acurados.
Essa mesma busca da acurácia emergiu, a partir do final do século XV, na pintura das
paisagens. (Smith, 1985) Ziff (1995) indica serem ainda demasiadamente marcadas essas
produções pelas antigas referências teológicas, às quais se somavam, conforme Parker
(1997), amarrações filosóficas. Meneses (2003) concorda, percebendo as imagens
dominadas por códigos e significados, que se impunham sobre a realidade objetiva.
Entretanto, Tobisch (1983) coloca que, no geral, conseguia-se alguma fidelidade que pode
ser enquadrada como Naturalista, apesar de não retratista. Daí a presença de distorções
como a representação de elementos estruturais e texturais das rochas realçados,
suavizados ou deformados por alongamento, ainda herança do estilo gótico.
Marcando o rumo da objetividade e do realismo, entretanto, como exemplo, Olson e Helen
(1943) anotam trabalhos de Leonardo da Vinci como o maior expoente dessa tendência de
abandono total das limitações medievais no trato da Natureza, mesmo em obras religiosas.
Daí, Pizzorusso (1996) não deixar de anotar, ainda que localmente, elevava-se a marca de
um realismo profundo. Indica o trato das rochas por esse pintor e naturalista, que
procurava tratá-las o mais fielmente possível. O seu realismo retratista chega a tal ponto
que estruturas sedimentares podem ser identificadas em suas obras, a exemplo das
presentes na obra “La Vierge aux rochers”. (Fotografia 09)
60
Fotografia 09 – “La Vierge aux rochers”, de Leonardo di Ser Piero Paolo da Vinci. De entre 1483 e
1486.
Guedes (1991) indica que, no início do século XVI, começaram a surgir desenhos
panorâmicos frontais dos portos. Além disso, Pinheiro (2002) destaca, ainda no mesmo
século XVI, o surgimento do desenho de “vistas aéreas” denominadas “visada de olho de
pássaro”. É dessa maneira que está representada, na Figura 20, a Cidade de Mola di Bari,
como aparece no “Civitates Orbis Terrarum”, de Franz Hogenberg, de 1590. Essa forma de
visada integrava, sob a forma de paisagens tomadas a partir de imaginários pontos aéreos
elevados, a malha urbana à natura em torno, a partir de retificações intuitivas, marcando a
busca de evocações de tridimensionalidade.
61
Figura 20 – Cidade de Mola di Bari, como aparece no “Civitates Orbis Terrarum”, de Franz
Hogenberg, de 1590.
Figura 21 – “PRANTA DA ÇIDADE D. SALVADOR NA BAHIA. DE TODOS OS SANTOS”, do códice
Rezão do Estado do Brasil no Governo do norte somente asi como teve Dõ Diogo de Meneses ate
o anno de 1612”, de João Teixeira Albernaz, de cerca de 1616. (Reis, 2000, p.16-17).
Adentrando-se o século XVII, surgem os mais antigos mapas a revelar a cartografia da
Cidade do Salvador, desenhados por João Teixeira Albernaz, com imagens colhidas entre
1612 e 1616. (Figuras 21 e 22) (Reis, 2000)
62
Figura 22 – “PRANTA DA ÇIDADE D. SALVADOR NA BAHIA. DE TODOS OS SANTOS”, do códice
Rezão do Estado do Brasil no Governo do norte somente asi como teve Dõ Diogo de Meneses ate
o anno de 1612”, de João Teixeira Albernaz, de cerca de 1626. (Reis, 2000, p. 18).
Datados de pouco depois, afigura-se uma apreciável abundância de material fornecido nos
relatórios do ataque e defesa da West-Indische Compagnie, a Companhia das Índias
Ocidentais, à Cidade do Salvador, de 1624 – 1625, que provocou o surgimento
especialmente de panorâmicas com “visada de olho de pássaro”, da cidade. Destacam-se
os trabalhos de Ruiters, de 1618 e 1624 (Figura 23), Visscher e Gerritsz, de 1624 (Figura
24), de Albernaz 1625 a 1631 (Figura 25), além de algumas anônimas do mesmo período.
Percebe-se nesses trabalhos que as diferenças provém de terem se baseado, em relatos e
croquis, que provocavam deformações.
63
Figura 23 – “Baya de todos los sanctos”. Desenho do manuscrito de Dierick Ruiters, de 1624. (Reis,
2000, p.19)
Figura 24 – “S. SALVADOR – BAYA DE TODOS OS SANCTOS”. Ilustração de Claes Jansz
Visscher & Hessel Gerritsz, de 1624. (Reis, 2000, p.24)
64
Figura 25 – “Planta da Restituição da Bahia”, do “Estado do Brasil”, de João Teixeira Albernaz de
1625 a 1631. (Reis, 2000, p.27).
Conforme Clutton (1982), a esse problema da informação repassada deve-se somar os
limites técnicos de mensuração, portanto, de escala, além do sacrifício comum de detalhes.
Conforme Rahy (2002), o que se pode esperar desses trabalhos é que primem por técnicas
de representação que exigiam alguma fidelidade, mas submetidas sempre ao propósito de
anotação favorável da rotina e propaganda de resultados positivos e heróicos dos
combates. Portanto, podem ser consideradas, “croquis avançados” com caráter indicativo.
Em meados do século XVII, conforme observou Cummings (1952), as obras
exclusivamente paisagísticas, apesar de mais naturalistas, começavam a sofrer os efeitos
de uma seleção que tinha como maior provocação e interesse não ser retratista, mas
encontrar e selecionar “o raro e o belo”. A influência de uma racionalização cartesiana,
depurava o real, gerando uma “paisagem condensada”. Larsen (1964) concorda,
assumindo que o que se pode esperar desse momento é que o que aparece nas imagens
efetivamente estivesse presente, ainda que não necessariamente na escala exibida.
Surgiam escalas que indicavam hierarquias de importância social, financeira, religiosa ou
65
política. Além disso, elementos que não aparecem poderiam estar presentes na paisagem
real. Assim, a não presença em imagens não constitui prova da ausência efetiva.
A partir de meados do século XVIII, conforme Goodman (1983), apesar das convenções
dominadas por crenças ainda gerarem versões alegóricas do Real, crescera a demanda
naturalista. Isto se reflete nos artistas apresentando uma crescente “fascinação por rios e
praias”. Segundo Cummings (1952) observa, proliferaram visões de marinhas pintadas a
partir de pontos além-arrebentação, com uma enganadora “aparência ingênua”, com a
moda estilo “Estória de Peixe". Nela, cenas marinhas mostravam peixes à superfície das
águas litorâneas, com inscrições que permitiam dimensioná-lo. Como as “Pinturas de
Caça”, eram artifício para transmitir informações de escalas da paisagem, com referências
do estado das áreas portuárias, para fins militares, com sinalizações disfarçadas indicando
o calado que poderia navegar àquelas águas e seus pontos de desembarque.
Para a Cidade do Salvador, do século XVIII, destacam-se os frontispícios e mapas de
Massé, de 1711 - 1717, Frezier, de 1716, Caldas, de 1757 - 1758 e 1777, João Castro, de
1777, Vilhena, de 1779, Teixeira, de 1786, José Portugal, de 1796, e Teixeira, de 1797. O
trabalho de Vilhena resultou em plantas e perfis precisos das fortificações de então, cuja
localização fornece elementos do desenho praial, apesar de muito localizado. A planta tida
tradicionalmente como mais importante é a produzida por Massé, atribuída ao período de
junho de 1714 a agosto de 1718 (Câmara, 1988), sendo a carta que Vilhena (1799)
reproduz, após introduzir acréscimos.
66
Figura 26 – Mapa "PLANTA DA CIDADE DE S. SALVADOR NA BAHIA DE TODOS OS SANTOS
NA AMERICA MRIDIONAL AOS 13° DE LATITUDE, E 345°36’ DE LONGITUDE.", de João Massé.
De 1711 a 1717, que ilustra o livro de Vilhena, de 1798 - 1799.
Turner (1979) caracterizou as pinturas paisagísticas desse momento em duas vias. A
primeira é que evocam a ruralidade, mas a Natureza funciona apenas como um pano-de-
fundo evocativo e pouco preciso, no relato de um evento. Outra é aquela que a pintura
apresenta um sumário de vistas, criando uma integridade de evento e totalidade,
aparentemente rica em detalhes, que é ilusória, podendo ser fantasiosa a diversos níveis.
Por tal, Boak e Turner (2005) citam os produtos desse momento como mais indicativos que
objetivos.
Lawson (1992) relata que a independência e maturidade cultural no papel de formação
das entidades nacionais teria provocado o crescimento da pintura paisagística entre fim do
século XVIII e o princípio do século XIX. Daí Rahy (2002) perceber a depuração e
ideologicização presentes em imagens, apesar de essas procurarem ser persuasivas
quanto a seu pretenso realismo. Em função disso, Espuche (1994) sublinha nelas não
realismo, mas idealizações nacionalistas regidas pela “falsa precisão” ou “precisão
melhorada”. Isso enquanto tanto imagens paisagísticas quanto mapas ainda eram
67
controlados por princípios de segurança militar, conforme relatado por Graham (1824),
sendo raros e sofrendo os reflexos dessa condição.
Além disso, Boak e Turner (2005) destacam outro problema grave que afetou a acurácia
dos raros mapas, que é a qualidade das recópias, que viam agravados alterações
equivocadas, erros de escala e distorções, devidos às introduções e correções indevidas
de perspectiva, de linhas, borrões, rugas e dobramentos transformados em novos
elementos, supressões e encurtamentos.
Boak e Turner (2005) destacaram, que o fim do século XVIII e início do século XIX
assistiram um crescimento cada vez maior da História Natural, e fazer ciência passou a ser
também tornar a descrição textual o mais detalhada possível. Isto começou a exigir que os
textos fossem acompanhados, muitas vezes, por croquis com paisagens realistas. Nesse
contexto, Rees (1976) já anotara essa pintura paisagista aí submetida à científicidade
emergente que passara a procurar representar a Natureza com mais acurácia, porém
apresentando uma deformação, em relação ao realismo. Isto porque as obras procuravam
apontar elementos e relações de causa e efeito. Daí Davis (1919) ter sublinhado que se
elevara, a partir de meados do século XIX, a visão de que a individualização e o detalhe
deveriam ser sacrificados, em nome do todo, que deveria ser visto como uma unidade
processual, cuja descrição, estrutura e sistema deveriam ser apresentados nas obras.
A expressão de um “olhar morfológico” do Paisagismo chegava a se deixar manipular pelas
disputas que envolviam as nascentes da Geologia.
Em meados do século XIX, surgiu, segundo Wagner (1989) indica, além da busca
constante de associar expressões que indicassem o Tempo Geológico a referências
estéticas, a tendência a optar, na representação, entre as correntes catastrofista e o
uniformitarista. Nas litologias, procuravam os artistas naturalistas serem o mais retratistas e
científicos possível, mas segundo a linha que procurasse defender, no seu “fervor
geológico”. O ápice desse embate aconteceu na década de 1870, quando as pinturas
enfrentavam também a competição com as fotografias na busca de ser a melhor expressão
da objetividade geológica.
Esse quadro, conforme Haltman (1996) destaca, produziu quadros que deveriam conter um
todo com uma explicação implícita e racional do que se via. Isto submetia o vigor
naturalista a seleções e a posicionamentos forçados por adoção de concepções teóricas.
Isto sem que se desconsidere a persistente introdução de aspectos e depurações de
caráter nacionalistas e/ou ideológico ainda presentes. (American Geographical Society,
1924)
68
A força emergente de movimentos artísticos introduzia elementos de estilização, daí Janis
(1973) informar que o sacrifício do realismo no paisagismo foi assumido, em especial, a
partir do final do século XIX. Precisamente nesse momento, os movimentos Impressionista
e Expressionista se impuseram, abrindo as portas para o Modernismo, com abreviações e
transformações que mutilaram ou sacrificaram os detalhes das paisagens.
O século XIX trouxe plantas de qualidade para a Cidade do Salvador, destacando-se o
Plano do Porto da Bahia de Todos os Santos”, de autoria desconhecida, elaborado em
1823, o “Mappa Topográphico da Cidade de Salvador e seus subúrbios”, de Carlos
Augusto Weill, de aproximadamente 1860 (Figura 27), a planta de Hugh Wilson, de 1871,
(Câmara, 1988) e a planta de Adolfo de Los Rios, de 1894 (Figura 28).
Figura 27 – “MAPPA TOPOGRAPHICA da Cidade de S. SALVADOR", de Carlos Augusto Weyll, de
1860.
69
Figura 28 – “PLANTA DA CIDADE DE SÃO SALVADOR - CAPITAL DO ESTADO FEDERADO DA
BAHIA", de Adolfo Morales de Los Rios, de 1894.
Em uma abordagem de trabalhos antigos, Oliveira (2006) chama a atenção para a
ausência de fantasia em trabalhos estudados que apresentavam fortificações. Aponta a
existência de escalas e pertinência, quando comparados os fortes que ainda existem, com
os seus desenhos ou pinturas antigas.
Considerando toda a trajetória dos Mapas e Cartas, Koeman (1968), sem discutir sua
acurácia, os dividiu em “seis níveis”:
- Primeiro - Mapa ou carta como a única expressão obrigatória de um fato ou fenômeno
histórico, em função da natureza desse fenômeno.
- Segundo - Mapa ou carta como único meio de representação, em um momento em que a
escrita não era praticada para aquela Civilização em questão.
70
- Terceiro - Mapa ou carta como único meio adeqüado à expressão do fato, o qual não
poderia ser reportado de outra maneira, não havendo documentação contemporânea
encontrada sobre tal evento.
- Quarto - Mapa ou carta como único modo adeqüado de expressão, apesar de existirem
outros documentos contemporâneos.
- Quinto - Mapa ou carta não é o meio mais adeqüado de exibir o fato ou fenômeno
histórico, mas a documentação escrita é insuficiente ou questionável.
- Sexto - Mapa ou carta como confirmação ou complemento de documentação escrita.
5.2 - AS FOTOGRAFIAS
Avery (1975) indica que a década de 1830 trouxe consigo a descoberta da fotografia, mas
que, em termos do contexto natural, a marca foi a publicação das paisagens, em 1844, na
França, do "Les excursions daguerrienes". Conforme Rogers (1978) e Krauss (1982), logo
submetidos pelas expectativas científicas do momento, os primeiros fotógrafos naturalistas
eram eminentemente técnicos, aestéticos, objetivistas, atuando especialmente junto a
naturalistas viajantes. Como resultado, Nunes (2005) indica que a fotografia passou a ser
utilizada com abundância e entusiasmo por cada vez mais profissionais e instituições
científicas, surgindo, no que se refere às Geociências, fotos de minerais, cristais, rochas e
paisagens.
Silva (2007) coloca que, no Brasil, a Academia Imperial de Belas-Artes indicava que a
construção de um reconhecimento de uma paisagem nacional deveria passar necessária e
terminantemente por esse novo tipo de ilustração. Rogers (1978) destaca que, apesar de
todo o discurso de intenções objetivistas, o trabalho fotográfico estava também dominado
por referências de ideologias positivista, nacionalistas e/ou racistas. Por isso, Krauss
(1982) indica que mesmo tais fotografias da Natureza preocupavam-se em mostrar
elementos com visões de superioridade, sendo não incomum refotografias exibirem
diferenças não só em função de técnicas, mas sim de domínios ideológico-culturais
distintos.
Trincart, Rimbert e Lutz (1970) e Drury (1990) reconhecem um momento operativo
referencial, em 1858, quando Nadar obteve as primeiras aerofotos panorâmicas, em Paris,
a partir de um balão. Das suas fotos obtidas, nenhuma chegou aos nossos dias. De um
71
ano depois, uma aerofoto de James Wallace Black, em Boston, obtida também a partir de
um balão, é a mais antiga aerofoto que chegou aos nossos dias. (Fotografia 10)
Fotografia 10 – Mais antiga Fotografia Aérea que chegou aos nossos dias. Por James Wallace
Black. Boston, em 1859, a partir de balão.
Avery (1975) indica outro ponto relevante, que foi, em 1872, quando da primeira utilização
de pares de fotos que inauguraram o processo estereográfico. Silva (2007) coloca que
todos estes avanços fizeram que houvesse uma grande proliferação da utilização de
paisagens. Isto especialmente quando, além das fotografias, as litografias paisagísticas,
surgidas no século XVIII, começaram a ser utilizadas para correções de distorções das
fotografias como inclinações excessivas. (Figura 29)
72
Figura 29 – Litografia da Cidade do Salvador. - Autoria desconhecida. - Fim do século XVIII. -
Fonte: Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.
As litografias persistiram até serem, afinal, entre as décadas de 1860 e 1880, desbancadas
pelas fotografias, junto com as pinturas, na preferência dos cientistas, impondo-se na
representação da Natureza.
Conforme Galassi (in Krauss, 1982), em contraface à perspectiva Sintética das antigas
Pinturas, elevava-se um veículo de Razão Científica Analítica, que buscava mais amplidão
sem perder detalhes. Krauss (1982) aponta ser esse momento de qualificação da fotografia
especialmente interessante, quando as introduções de necessidades técnico-científicas
eram ampliadas, como a preocupação crescente com referências que pudessem revelar
escala e indicações que sugerissem tridimensionalidade. Entretanto, Vasquez e Myers
(1995) colocam que, ao final do século XIX, elevavam-se relações mais estéticas que
objetivas, começando a surgir um Paisagismo não técnico. Dias (1904) e Geikie (1910) já
anotavam haver sido esse o momento em que a popularização da fotografia de aspectos
naturais escapou aos trabalhos eminentemente técnicos.
Kirk (1974) coloca que o passo mais abrangente foi dado com a primeira aerofoto tomada
de avião, em 1909, na Itália, sendo este sistema difundido, conforme Chiosi (1979), na
Guerra Mundial da década de 1910. Conforme Tricart, Rimbert e Lutz (1970), foi esse uso
73
em intensificação que sublinhou a necessidade de se resolverem problemas de controle de
escala, velocidade do obturador, sensibilidade do filme e equilíbrio para foto vertical. Kirk
(1974) percebe aí o caminho do encerrar da primeira fase das Aerofotos, cujas
manifestações se estenderam de 1858 até 1930. Entende-o como o das características
mais primárias, do reconhecimento e falta de instrumental que garantisse melhores
controles necessários. (Tricart, Rimbert, Lutz, 1970)
Kirk (1974) e Boak e Turner (2005) reconhecem haver iniciado uma nova fase na utilização
de aerofotos em 1920, na qual sua utilização se tornou cada vez mais sistemática. Mas
Carver (1981) indica que foi só na década de 1930 que aconteceram os primeiros vôos
objetivando recobrimentos aerofotográficos que contemplassem aspectos objetivamente
geológicos e urbanísticos.
A partir de 1939, caracterizando uma nova fase, iniciou-se um grande investimento, devido
à Grande Guerra de 1939-1945. Possibilitou-se o desenvolvimento de técnicas e
equipamentos de maior precisão quanto à estabilidade, à altitude de vôo e à escala, além
da obtenção de lentes mais qualificadas. (Tricart, Rimbert, Lutz, 1970) (Petri, 1972) (Kirk,
1974) Essas técnicas mantiveram-se restritas ao uso militar, até após aquela guerra,
quando grandes sínteses do conhecimento acumulado foram repassadas às universidades.
(Avery, 1975)
Por então, Brendel (1945) já reconhecia as aerofotografias como meio apropriado de
abordagem científica acerca de referências físicas mutáveis, apontando-as como um
recurso de qualidade para lidar com ambientes costeiros. Em termos mais amplos, Raisz
(1951) indicou o desenvolvimento do trabalho com as aerofotos como fundamental para a
preparação de mapas mais acurados. É essa a visão que se tem no início da década de
1950, marcando a disponibilização à Sociedade de todo o rol de elementos com as antigas
imperfeições muito mais controladas. (Tricart, Rimbert, Lutz, 1970) Em meado dessa
mesma década, o trabalho com aerofotos confirmava, com resultados práticos claros, ser
um instrumento eficaz na descoberta de bens minerais (Ray e Fischer, 1957), além de
apropriado para projetos mais amplos de Urbanismo, Demografia e Pesquisa Social.
(Green, 1956)
Este contexto marcara o início de uma outra fase, aquela de aplicação prática, com as
melhorias futuras tratando tão somente de apuração cada vez mais refinada dos critérios
de abordagem e interpretação. (Kirk, 1974) Definidos os parâmetros básicos de atuação,
das três modalidades de aerofotos, a Oblíqua alta ou Oblíqua distante, que é aquela que
permite que vejamos o horizonte, a Oblíqua baixa ou Oblíqua próxima, que não exibe o
74
horizonte, e a Vertical, só esta última se firmou como a mais conveniente à Geologia. (Ray,
Fischer, 1957) (Ricci e Petri, 1965) (Trincart, Rimbert e Lutz, 1970) (Chiosi, 1979) (Carver,
1981) Conforme Loch (1984), cabe observar que a desconsideração insistente em relação
às demais modalidades nem sempre é justificável, mas foi generalizada.
O grande acúmulo de dados trazia, por então, tantos problemas quanto soluções,
tornando-se fundamental encontrar caminhos de agregação e guarda das informações.
Surgia um vislumbre de que essa necessidade poderia ter sua solução buscada no
trabalhamento informatizado, por então ainda em seus primórdios. (Câmara e Davis, 2006)
Apontou o processamento do trabalho para o Sistema de Informações Geográficas – SIG,
que começara a sua trajetória nos anos 1920, partindo de posicionamentos com
referências bidimensionais, latitude e longitude, com a utilização de técnicas de rádio-
navegação. Avançou-se para a tridimensionalização, com a introdução da altitude,
chegando, na década de 1960, ao amadurecimento, quando, com cada ponto passou-se a
agregar, à posição, informações. (Tobler, 1970) (Câmara e Davis, 2006)
O primeiro modo de trato informatizado das imagens foi de agregação, coerentização e
guarda das informações de forma, tonalidade, tamanho, padrão, localização, textura,
sombras e movimento, intensificando-se logo técnicas de cruzamentos estatísticos desses
parâmetros. (Carver, 1981) Chegou-se à década de 1970 com recursos que permitiam
distinções automatizadas (Simonetti, 1974) (Estes, 1974), gerando-se mapas-base.
(Lindgren e College, 1974) Essa tecnologia atraiu o interesse também da agregação e
guarda de informações históricas. (Harvie, 1979)
Nesse contexto de qualificação, no Brasil, a década de 1950 comportou os primeiros vôos
efetivamente aerofotogramétricos, datando de 1959 o primeiro sobrevôo aerofotográfico de
vulto da Península Soteropolitana. Na década de 1970, a expressão Sensoriamento
Remoto já se tornara comum nos eventos geocientíficos, porém ainda muito associada a
aerofotos. (Kirk, 1974) (Chiosi, 1979) Praticamente todos os pontos de amostragem
geológica eram também estudados fotogeologicamente, analisando-se estruturas, litotipos,
formações, feições geomorfológicas, migrando os produtos para bases informatizadas.
(Ricci e Petri, 1965) (Trincart, Rimbert e Lutz, 1970) (Petri, 1972) (Rudd, 1974) (Avery,
1975) (Carver, 1981) (Loch, 1984)
5.3 – SENSORIAMENTO REMOTO PROPRIAMENTE DITO: SATÉLITES
75
Nos anos 1960, estabeleceu-se a percepção de que o Sensoriamento Remoto por satélites
artificiais, que começavam a ser lançados, seria o melhor recurso para trabalhos que
privilegiassem a escala regional. (Lindgren e College, 1974) (Câmara e Davis, 2006) As
indicações de trabalho com esse novo produto, como a proposta por trabalhos como os de
Justus (1968) e Monteiro (1973), configuravam-se tão somente numa abordagem
fotogeológica tomada de maior altura (Drury, 1990). Entretanto, a realidade é que as
possibilidades da sua abrangência ampliaram-se no final da década de 1960, quando a
captura da emissão termal revelou-se especialmente profícua. (Rudd, 1974)
Entrava em cena o Sensoriamento Remoto Ativo, utilizando uma ampla gama de radiações
para o estudo a partir de satélites, como fluorescência, raios ultravioleta e ondas de radar.
(Estes, 1974) (Drury, 1990) O vulto da utilização de imagens geradas a partir de satélites
atingiu tal dimensão que foi sendo esvaziada a definição “sensu lato” de Sensoriamento
Remoto, que se relaciona à utilização de qualquer veículo de contato à distância com
algum objeto ou fenômeno, seja material ou não, incluindo originalmente aqueles
instrumentos sensuais disponíveis ao próprio corpo humano. (Gumerman e Lyons, 1971)
(Avery e Berlin, 1992) A Resolução 41/65 da Assembléia Geral da ONU, de 1986,
reconheceu que o Sensoriamento Remoto assumiu uma definição “sensu stricto”,
significando o Sensoriamento Remoto da superfície da Terra a partir do espaço.
O SIG se desenvolvera ampliando e requintando sua capacidade de armazenamento,
cruzamento de informações e oferecimento de bases com conteúdos que possibilitavam
análises e suporte à tomada de decisões. (Lobo, 2000) As antigas dificuldades de
desenvolvimento de programas informáticos específicos (Simonetti, 1974) foram sendo
ultrapassadas, conforme amadurecia a concepção de Níveis de Informação, “layers” ou
camadas informatizadas. (Drury, 1990) Em paralelo, os avanços da microinformática,
geraram cartas de cada vez melhor qualidade e a menor custo. (Aparício, 2001) (Câmara e
Davis, 2006)
A Bahia incorporou-se aos trabalhos com a nova tecnologia em 1976, com o Sistema de
Geoinformações, o SIM - Sistema de Informações Metropolitanas, da Companhia de
Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia - CONDER (Ferreira, 2000) Mas foi só com o
início dos anos 1980 se adentrou efetivamente nesse novo ambiente de trabalho (Câmara
e Davis, 2006), sendo referencial o Sistema de Informações Geológicas Básicas da Bahia
– IGB, com descrições de afloramentos, cadastro de ocorrências minerais, descrições
petrográficas com plotagem de pontos e emissão de relatórios, da Secretaria de Minas e
Energia - SME. (Simões e Duclós, 1985) A maturidade do processo chegou com a
76
integração de levantamentos geofísicos, altimétricos e de sensoriamento remoto, pela
Petrobrás na Bacia do Recôncavo. (Câmara e Davis, 2006)
Nessa década de 1980, de importância fundamental foi a introdução da correção
informatizada de erros causados por distorções em mapas antigos em sua agregação às
bases georeferenciadas. O programa Metric Mapping realizou correções sobre cartas e
aerofotos históricas, ao associá-las a posições regularizadas por GPS. (Leatherman, 2003)
As aerofotos começaram a ser scaneadas e trabalhadas para a geração de ortofotos
georetificadas ou ortofotocartas digitais. (Silva, 2002) (Boak e Turner, 2005) (Costa, 2006)
(Amaral e Mendonça, 2006) A normalização mundial assumiu a regularização de
equivalência 1 pixel a 0,5 m. (Ruggiero, Kaminsky e Gelfebaum, 2003) Todo o processo
merece ainda cuidado, pois há incorporação de representações qualitativas que já estavam
presentes quando do trato simples das aerofotos. (Martinelli, 1991) Entretanto, o SIG
passou a constituir veículo expressivo e capaz de integrar os produtos e oferecer bases
com acurácia elevada. (Bevan e Conolly, 2002 – 2004)
5.4 – AS MARGENS DE ERRO
Em termos de produtos derivados de aerofotografias, Ruggiero, Kaminsky e Gelfebaum
(2003) retomaram a preocupação com a acurácia. Sua avaliação indicou que, para
aerofotos obtidas com os níveis de controle de qualidade de 1999, trabalhadas por
profissionais especializados, produzem-se mapas com erros de resgate de posição que
variam de 2,8 a 4,3 m, tendo por média 3,7 metros.
Antunes e Lingnau (1997) chamaram a atenção para o problema de acurácia existente nas
análises informatizadas de imagens geradas a partir de sensoriamento remoto.
Relacionam-no a diversas causas, sendo a mais bem identificada o efeito distorcivo
provocado pelos diferentes tipos de vegetação.
Soares, Berrêdo, Ataíde e Ferreira (2007) chamam a atenção que permanecem os
problemas de acurácia da análise informatizada, sendo entendida como muito aquém da
esperada para mapas gerados a partir de imagens orbitais corrigidas informaticamente. A
acurácia para a região da Cidade do Salvador é variada, em função do tipo de vegetação
alterada fica entre 93,67 e 86,66%, por ser um relevo submontanhoso entre 100,00 e
95,41%, por ser área de marinha, entre 90,38 e 79,66 %. (Antunes, Lingnau, 1997) Esse
índice não mudou em trabalhos mais recentes, chegando-se a exatidão geralmente inferior
77
a 90%, sendo 80% a 70% a exatidão comumente encontrada em interpretações de
imagens de média resolução (Costa, Brites, 2004)
78
CAPÍTULO 6
BREVE HISTÓRICO
DO PROCESSO DE
INTERFERÊNCIA
ANTRÓPICA NA
ORLA DA CIDADE
DO SALVADOR
79
CAPÍTULO VI – BREVE HISTÓRICO DO PROCESSO DE INTERFERÊNCIA ANTRÓPICA
NA ORLA DA CIDADE DO SALVADOR
6.1 - De Kirimnurê a Abaia de todos Sanctos
Os habitantes históricos do nosso litoral, descritos por Camjnha (1500) como “homeës
pardos”, são relacionados a uma terceira leva de invasores asiáticos. Eram representantes,
no sul da Bahia, dos tupinaé, que habitavam o em-torno da baía que chamavam
kirimnurê”. (Araújo, 2000) Sucediam aos tapuia, fato este já relatado pelos primeiros
colonizadores portugueses. (Souza, 1587)
Podemos esperar todo um contexto de relações dos primeiros povoadores locais com a
Tradição Itaparica, cujas datações mais antigas chegam a cerca de 11.000 anos (Martin,
1998).
Entretanto, os primeiros registros efetivos mais expressivos de interferência antrópica no
em-torno da Península de Todos os Santos foram os sambaquis. (Souza, 1587) (Salvador,
1627) (Calderón, 1964) (Fairbridge, 1976) (Delson e Dickenson, 1984) (De Blasis, Fish,
Gaspar, Fish, 1998) (Silva, 2000) (Amâncio e Dominguez, 2002) (Gomes, 2007) São
datados de entre 10.000 e 2.000 anos atrás (Carvalho Neto, 2002) a entre 8.000 e 2.000
anos atrás (Carvalho, 2003) Outras interferências indígenas mais recentes foram
demasiado tíbias para terem deixado marcas. (Delson e Dickenson, 1984)
Relacionados aos sambaquis, Souza (1587) menciona a fartura da cal “que se faz na Bahia
das cascas das ostras, de que há tanta quantidade”. Salvador (1627) expressamente as
vinculou a “ostras que o gentio antigamente comia”, deixando acúmulos sob a forma de
“montes (...) cobertos de arvoredos”.
Atualmente desaparecidos os sambaquis soteropolitanos, sua presença seria de
extremado interesse como referência para a localização da antiga linha de costa.
As primeiras abordagens textuais da configuração do que era o visual da chegada por mar
à atualmente denominada Baía de Todos os Santos, vieram de François Payard (1615, in
Peixoto, 1946):
80
“Começamos a ver a terra do Brasil que é muito branca e parecia lençóis e
panos que se secam, ou bem neve, razão porque os portuguêses a
chamam terra dos lençóis.”
Esse quadro se mantinha praticamente inalterado no século XIX, conforme o “Diário do
Capelão da Esquadra Imperial, comandada por Lord Cochrane”, em que o frei Manuel
Moreira da Paixão e Dores escreveu (in Peixoto, 1946):
Mi Amigo, teremos lleado a la Bahia, mire usted por mi oculo los lençoles,
y consecuentemente toda la cuesta que está prolongada al Norte.
Uma vez ultrapassados os Lençóis, chegava-se à Baía de Todos os Santos. Esta, que já
teve o seu descobrimento atribuído a Cristóvão Jacques (Salvador, 1627), foi, de fato,
encontrada pela expedição, que teve por capitão Gonzalo Coelho (Varnhagem, 1854-1857)
(Leite, 1923) (Araújo, 2000). Esse batizou os acidentes geográficos conforme a prática
hagiológica ibérica de então. Tendo adentrado, a 1° de novembro de 1501, uma larga baía,
essa foi denominada “de Todos os Santos”. Dessa expedição resultou sua citação por um
participante, Americo Vespucci, que, com “árido laconismo” (Dias, 1923) anotou a sua
existência em relatório. Essa comunicação, entretanto, refletiu no “Mapa Mundi” de Alberto
Cantino, de 1502, que anotou a localização aproximada da “Abaia de todos Sanctos”.
(Figura 30) No “Mapa Mundi” de Piri Reis, de 1513 a 1515, publicado em 1521, a Baía de
Todos os Santos já merecia mais que localização, surgindo uma conformação, ainda que
sumariada. (Figura 31)
81
Figura 30 – Detalhe do “Mapa Mundi” de Alberto Cantino, de 1502 – A “Abaia de todos Sanctos
surge como mera posição.
Figura 31 – Detalhe do “Mapa Mundi” do “Livro de Marinha” do almirante turco Piri Reis, de 1515. –
A Baía de Todos os Santos já é desenhada.
82
A primeira descrição textual um pouco mais ampla aparece no Diário de Navegação de
Pero Lopes de Souza”, da viagem de 1530 – 1532, de Martim Affonso de Souza (in
Dias, 1923):
“Reconhecemos ser a Bahía de todolos Santos (...) Faz a entrada norte
sul: tem tres ilhas: hüä ao sudoeste, e outra ao norte, e outra ao noroeste:
do vento sulsudoeste he desabrigada. Na entrada tem sete, oito bracas de
fundo, a lugares pedra, a lugares área ; e assi tem o mesmo fundo dentro
da bahia, onde as naos sorgem. Em térra, na ponta do padram, tomei o sol
em treze graos e hum quarto. (...) Ao mar da ponta do padram se faz hua
restinga d'area, e a lugares pedra: entre ella e a ponta podem entrar naos :
no mais baxo da dita restinga ha braca e mea.”
Na descrição posterior de Gandavo (1569):
É uma baía mui grande e formosa há três léguas de largo e navega-se
quinze por ela dentre, tem muitas ilhas de terras mui viçosas que dão
infinito algodão; divide-se em muitas partes esta baía; e tem muitos braços
e enseadas dentro.
De Souza (1587) vem descrição contida da consideração da sua abrangência:
“A baía se estende da ponta do Padrão ao morro do Tinharé, que demora
um do outro nove ou dez léguas.”
5.2 - Primeiras intervenções européias
As primeiras interferências pós-descoberta portuguesa começaram sob a forma de um
povoamento esparso, segundo Nigra (1937), “na baixa que fica entre o Porto da Villa Velha
– Barra ou Camboa e o Ribeiro do Bosque”. Gandavo (1569) a citou como “junto da barra,
a qual chamam, villa velha, que foy a primeira pouoaçam que ouue nesta capitenia”.
Calmon (1949) e Barretto (1958) reconheceram sua origem datada, de pelo menos, 1536,
instalada pelo primeiro e único donatário da Capitania da Bahia.
Tornado donatário Francisco Pereyra Coutinho, estabeleceu-se no alto de Santo Antônio,
implantando ali uma fortificação. (Salvador, 1627) (Sampaio, 1949) (Teixeira, 1978)
(Tavares, 2000) Ao pé desse, o donatário reportou ter efetuado batimentos de terra,
estabelecido arruamentos e edificado para cem moradores. (Nigra, 1937, p.220) Com
83
residências espaçadas e distribuídas irregularmente, configurava mais uma intenção de
povoação mal ajuntada que uma Villa propriamente dita. (Nóbrega, 1549-a) (Souza, 1587)
(Varnhagem, sd, in Wildberger, 1971) (Sampaio, 1949) (Wildberger, 1971) (Teixeira, 1978)
(Tavares, 2000) Era uma frouxa agregação, “uma povoação meio selvagem, meio europea,
simples aldêa do gentio (...) com as suas casas esparssas”. (Sampaio, 1949, p.122)
Espalhava-se a partir das proximidades do atual Porto da Barra, seguindo ao longo do que
atualmente é a Rua Princesa Isabel, até o alto em que se situa a Praça Doutor Paterson ou
Largo da Graça. (Sampaio, 1949) (Tavares, 2000)
Sampaio (1949, p.160 - 161) indicou sua localização e as condições primeiras:
“Ahi, na distancia de uns tresentos a quatrocentos metros da praia, no
sopé do morro, é que deviam estar as residencias de Diogo e dos seus
companheiros de fortuna, em lugar enxuto, onde o terreno começa a subir,
onde a matta da encosta acabava e a agua de um pequeno ribeiro que
flue para o rio dos Seixos, embora pequena, dava o bastante para a
povoação nascente. (...) Examinando a topographia do local da Barra,
difficil não é descobrir-se no arruamento actual, que vem ter ao mar, a
trama dos caminhos primitivos, entre os quaes, decerto, a estrada da
Floresta de hoje, prolongamento das ruas do porto e da areia seria,
naquelles tempos, a arteria principal, levando até a matta e á aguada
visinha. Nessa direcção é que mui provavelmente ficava a residencia do
Caramurú, e talvez por isso é que elle, mais tarde, com a vinda do
donatario Coutinho, solicitou e obteve deste as terras onde já então estava
situado, e que se estendia desse ponto até o mar onde faz a barra e o rio
dos Seixos.”
Treze anos após este estabelecimento, Nóbrega (1549-a) descreveu sumariamente os
resquícios dessa aldeia dispersa com apenas “quarenta ou cinquenta moradores na
povoação que antes era”.
5.3 - Para a fundação da Cidade
84
A colonização portuguesa, nos séculos XV e XVI, esteve relacionada a uma necessidade
expressa de um primordial firme assentamento litorâneo. A partir desse poderiam seguir-se
excursões exploratórias mais seguras, estabelecendo-se as primeiras levas de
colonização. Nesse contexto, o reforço da presença necessariamente litorânea exigia,
desde os primeiros momentos, um aumento efetivo no grau de interferência antrópica. Isto
de modo a adeqüá-lo ao uso intenso e crescente. Zweig (1938, p.45) indica que assim
estabeleceu-se a seqüência do “tríplice ritmo”, que incluia o estabelecimento das fases de
feitoria, de fortificação e povoação. Isto se traduz em referências de conquista, defesa e,
afinal habitar e dirigir. (Fonseca, 1960)
Para a Cidade do Salvador, a falência da iniciativa do primeiro donatário, com, a sua
feitoria e fortificação, e a mudança de parâmetros da Corte, fez com que a implantação da
Cidade do Salvador, em 1549, ganhasse um outro vulto. Esta começa já agregando as três
fases em um único esforço, para que se elevasse a cidade já com o status de capital. Isto
trouxe a necessidade de modificações imediatas naquela que se tornaria sua orla e no
ascenso ao alto em que se veio a se localizar. (Sampaio, 1949) (Calmon, 1949) (Ruy,
1949). (Silva, 1953) (Ott, 1957) (Costa, 1958) (Tavares, 1974) (Teixeira, 1978) (Tavares,
2001) Envolveu-se no projeto de fundação o que existia de melhor em termos de
tecnologia, administração, capitais, mão-de-obra especializada e projetos. Lembram Smith
(1955), Teixeira (1978) e Tavares (2000) que a nova cidade tivera uma instalação regulada
pelo Documento de Almeirim. O Documento do Almeirim e o Regimento de Tomé de
Sousa expressavam o desejo d’El Rey:
“E asy sou emformado que o lugar em que ora esta a dita cerqua não he
comveniente pera se ahy fazer e estar a fortaleza e povoação que ora
ordeno que se faça e que sera necesario ffazer se em outra parte mais
pera dentro da dita Bahia. E portamto vos encomendo e mando que como
teverdes pacifica a terra vejais com pesoas que o bem entendão o luguar
que será mais aprelhado pera se ffazer a dita fortaleza forte e qie se ´psa
bem defender e que tenha desposição e calidade pera a hy por tempo em
diamte se his fazendo hûa povoação grande e tal qual comvem que seja
pera dela se proverem as outras capitanias.”
A Península de Itapagipe, sugerida pela maior parte dos técnicos, exigiria a construção de
um aqueduto, daí prevalecer a proposta de um alto mais próximo à entrada da Baía. Este
associava uma geoforma favorável à defesa, uma paragem a cavaleiro sobre os contornos,
dispondo de água corrente por um lado e nascente por outro. (Varnhagem, 1854-1857)
85
(Wildberger, 1971) (Teixeira, 1978) (Moreira, 2001) (Pessôa, 2001) (Fernandes, 2002)
(Costa, 2005)
Pairava no reino, segundo Costa (2005), uma concepção emanada de um Renascimento
mais evoluído a influenciar as cidades de Coimbra, Porto e Lisboa. Entretanto, Delson e
Dickenson (1984) indicam que a sua proposta de estruturação inicial guardava ainda
expressivo contato com referências medievais. Daí, segundo Ribeiro (1961), estabelecia-se
como decisiva a característica dualidade cidade alta - cidade baixa, uma solução de defesa
acropolitana típica lusa, estritamente baseada na metrópole, Lisboa. Pessôa (2001)
confirma ser esse o padrão das cidades portuguesas originadas de decretos reais, nos
séculos XVI e XVII.
Confirma Smith (1955, p.7) a localização da cidade no litoral ser solução tipicamente
portuguesa. Isso, além de a Cidade do Salvador veio instalar-se no “alto medianamente
grande” (Brandão, 1618), diante de uma praia trabalhável, estando protegida pela elevada
escarpa de falha e profundos vales laterais e interiores, as “Gargantas” do Taboão e da
Barroquinha. (Curtis, 2000)
Simas Filho (1979), seguindo o caminho de Sampaio (1949), prefere ver o primeiro sítio
com abrangência mais restrita. Ficaria compreendido seu limite sul na atual praça Castro
Alves, que fazia frente à garganta da Barroquinha, com seu limite norte junto ao Convento
de Nossa Senhora Misericórdia, portanto bem aquém da Garganta do Taboão.
A conformação geomorfológica do local da instalação da nova cidade, aliada a questões
político-ideológicas, condicionaria, por muito tempo, a ocupação humana, assim como as
suas intervenções necessárias. (Peixoto, 1968) (Teixeira, 1978) (Teixeira, 2005) O seu
futuro próximo e a necessidade de intervenções amoldavam-se, por ser uma capital
colonial, em um forte confinado e um porto voltado à exportação tão somente para a
metrópole. (Fernandes e Vasconcelos, 2002) Tendo isso em foco, a ênfase era para
estabelecer, na parte alta, os centros executivo, legislativo e judiciário, contornados pelo
poder religioso. A parte baixa, a marinha, estava sendo adeqüada para instalação de
atracadouros, comércios, armazéns e fortificações provisórias. A encosta era modificada
viabilizando ladeiras de ligação entre ambas as partes da capital, instalando-se também
guindastes. (Gutierrez, 1983) (Fernandes e Vasconcelos, 2002) (Costa, 2005)
Conforme Câmara (1988, p.19) sinaliza, o espaço urbano era balizado por uma distribuição
e uma utilização que implicava acesso, abastecimento de água e defesa militar, além de
uma necessária organização cênica representativa do Poder. Foi nesse contexto, lembra
Araújo (2000), que logo se transformaria a Cidade do Salvador, com seu Porto da Bahia,
86
no maior e mais dinâmico pólo da América, escala principal na Carreira da Índia, a Cabeça
do Sistema Atlântico.
5.4 - Pós-fundação da Cidade
Chama a atenção Butzer (1992) para o fato de que o processo de colonização européia
produziu sucessivos impactos. Os primeiros resultam do afastamento dos antigos padrões
indígenas, seguidos daqueles da implantação dos seus próprios assentamentos
portugueses e, finalmente, os resultantes da integração dessas práticas. Isso se reflete,
logicamente, nas intervenções na nossa marinha.
Após a instalação da cidade, Nicolini (2001) enfatiza que o processo se complicara, pois
Portugal, ainda que existindo características gerais básicas, não seguia à risca as visões
de cânone urbanístico, como o que atenazava as cidades da América hispânica. Assim,
Moreira (2001) destaca que a nova cidade, seguia uma “escola portuguesa”, que se
assentava em “princípios” mas, não em regras. Impunha-se uma idéia de cidade flexível
que, longe de ser absolutamente “empírica e improvisada”, surgia “tendencialmente
regular”. Dessa maneira, seguindo as colocações de Monford (1965, in Costa, 2005) e
Butzer (1992), não havia como deixar de acontecer um certo experimentalismo para a
Cidade do Salvador. Por isso, Curtis (2000) aponta para a presença de uma
espontaneidade que passaria a se refletir nas modificações urbanas, especialmente,
naquelas que afetaram a face da praia.
Conforme indica Barros (2006), as intervenções na marinha, diante da Cidade do Salvador,
seguiram uma orientação geral e uma tendência de detalhe suficientes para garantir à
parte alta sua proteção e o movimento de equipamentos. O espontaneismo e o
experimentalismo das modificações menores do dia-a-dia estava entregue aos desígnios e
recursos da iniciativa local. Daí, conforme Schwartz (1969), os limitados investimentos em
modificações visassem apenas o necessário. Permanecia-se na timidez e no improviso, o
que, conforme Smith (1955) geraria, aos nossos olhos, uma impressão de confusão
pitoresca. Isso em uma localidade em que a dinâmica nas praias exigia intervenções
consideráveis, dadas, por exemplo, as 1.400 embarcações em serviço, contadas já em
1584 (Souza, 1587), para uma população assentada urbana de 3.000 portugueses, 8.000
índios e 4.000 escravos da Guiné, que tinham na construção naval a sua atividade
principal. (Araújo, 2000, p.16)
87
Salvador (1627) e Costa (1958) confirmam que a transição do século XVI para o século
XVII foi de intenso labor na praia. Considerando as preocupações quanto ao assédio e
eventuais invasões, isso significou especialmente objetivar a locação e melhoria de fortes e
baterias. Traduzia-se essa perspectiva no anseio por construir ou melhorar plataformas,
valas e torreões, o que atingia diretamente as praias ou áreas rochosas de marinha.
Após o ataque holandês do início do século XVII, as intervenções para construções
defensivas nas praias passaram por ainda maiores incrementos. Conforme Peixoto (1968),
nesse momento, configuraram-se definitivamente, enquanto personalidades, uma Cidade
do Salvador que eram as duas cidades, a Cidade Baixa comercial-defensiva e a Cidade
Alta, dos centros administrativo, judiciário, executivo e religioso. Esta segunda, a alta,
também sendo residencial, com essa condição avançando sob a forma de manchas
interligadas por vias longas e sinuosas”, nas porções elevadas e irradiadas do “planalto
retalhado” por vales acentuados.
O século XVIII encontra a Cidade do Salvador em uma decadência político-econômica,
logo oficialmente assumida com a perda do seu status de capital colonial. (Carvalho e
Pontes, 2001) (Fernandes e Vasconcelos, 2002) (Curtis, 2000) Durante esse século,
Teixeira (2005) reporta que o Bairro da Praia sofria uma ocupação ainda restrita, pouco
dada a regras, sempre eminentemente comercial, centrada no intervalo entre a Igreja da
Conceição e o pé da Ladeira da Misericórdia. De início, os jesuítas assumiram a ponta das
intervenções, objetivando ganhos sobre o mar, via aterros, sempre experimentais,
espontâneos e desorganizados. Incrementou-se o trabalho a derrubada generalizada de
árvores nas encostas, para aproveitamento da camada alterada da escarpa de falha, para
o aterramento, o que provocou o conseqüente aumento da erosão e deslizamentos.
(Gordilho, 1978) (Teixeira, 2005) Começaram a desaparecer as antigas fontes, enquanto,
nos altos, os aterros eliminavam vales e desníveis maiores.
Curtis (2000) indica que, ao final do século XVIII, se configurava a emersão de uma
preocupação em agregar novos parâmetros urbanísticos. As poucas novas conquistas de
áreas ao mar, concentradas entre 1784 e 1788, procuraram mesclar, às adeqüações pró-
defensivas, alguns elementos de embelezamento. Entretanto, Vilhena (1799) relatou a
persistente degradação do porto, com o seu entulhamento por material diverso, desde
lastro, restos das pedreiras e lixo. Indicou o claro improviso nas suas parcas ruas da praia,
mantidas “informes”, permanecendo “com o crescimento ainda amarrado ao núcleo inicial”.
Nascida a cidade comprimida na dimensão de uma unidade compacta circundada de
muralhas, mesmo quando essas deixam de existir, permanecera no mesmo passo, com as
88
atividades acondicionadas em ruas estreitas. (Fernandes e Vasconcelos, 2002)
(Fernandes, 2003) Apesar da movimentação com nuances urbanísticas, Peña (1994)
sinaliza que a Cidade Baixa ainda estava praticamente restrita a uma única rua estreita e
colada à encosta, a partir da qual se estendiam edificações e vielas, quadro que se
manteria por todo a primeiro quarto do século XIX. (Graham, 1824)
Assim, conforme Carvalho e Pontes (2001), continuava a se seguir um “espalhamento
lento por sobre os altos, com âncoras viárias na praça central. Esta amarração impunha,
segundo Fernandes e Vasconcelos (2002), a persistência da configuração radioconcêntrica
do plano urbano. Greenfield (2001) vê nesse elemento um reflexo do marasmo econômico,
que fomentava apenas o conservadorismo.
Mas, conforme Delson (1979), Câmara (1988), Curtis (2000), Sampaio (2005) as
exigências de modificações, que começaram a se insinuar no final do século XVIII,
emergiam, paulatinamente, com o avançar do século XIX. As novas doutrinas que
privilegiavam espaços e higiene forçaram obras de regularização e embelezamento da
linha do cais. Impunha-se a resposta necessária à vontade de ampliação da importância
econômica e aos entulhamento e saturação de atividades antrópicas. (Peña, 1994) Essa
veio especialmente sob a forma de grandes conquistas na área de marinha, especialmente
a partir de 1850. (Delson, 1979) (Delson e Dickenson, 1984) (Câmara, 1988) (Fonseca,
2002) (Sampaio, 2005)
Câmara (1988) realizou a maior agregação de referências para a evolução das
interferências antrópicas do século XVI ao XIX, na marinha soteropolitana, computando 43
eventos, somando 183.300 m² assim distribuídos:
- Século XVI – 03,8%
- Século XVII – 13,0%
- Século XVIII – 30,1%
- Século XIX – 53,1%
5.5 - O Século XX
O século XX foi agrilhoado por motivações econômicas, daí os investimentos e ações
debruçaram-se sobre sítios costeiros sem outra visão que não ser esse espaço privilegiado
para ampliação da interface comercial. (Souza, 2000) O processo de grande intervenção
no porto de Salvador foi acelerado em 1908, com obras perdurando até 1923, superando,
em área, tudo até então realizado. (Fonseca, 2002) A antiga Salvador, de ilhas micro-
89
urbanas unidas por altos a um centro urbano cada vez mais denso, começou a ceder.
(Peña, 1994) Os seus vales conheceram uma atratividade que a viabilidade demonstrada,
ainda no século XIX, com o estabelecimento da Baixa dos Sapateiros, provocara. (Tavares,
2000) Isto provocou uma grande movimentação populacional, daí Carvalho e Pontes
(2001) destacam que a aceleração do ritmo de ocupação além do controlado pelo Estado,
provocou a ação o executivo municipal.
Instalada a Comissão do Plano da Cidade, em 1935, esta concluiu pela necessidade
premente de ações no sentido de preservar aspectos naturais locais, provocando o
surgimento do primeiro Plano Urbanístico da Cidade do Salvador, em 1943.
As dificuldades para a sua implantação fizeram com que até o final da década de 1950
houvesse um grande e descontrolado avanço sobre áreas costeiras na Cidade Baixa. O
caso dos Alagados se tornou uma referência, ao urbanistas tentarem criar toda uma
estratégia para conter as invasões da zona de marinha, que acabaram não implementadas.
Em função disso, o que começara, em 1947, com entre 500 e 1000 habitantes, chegou a
1970 com cerca de 75.000 habitantes. (Sociedade de Pesquisas e Planejamento, 1970)
A partir da década de 1950, deu-se uma grande expansão habitacional descontrolada por
praticamente toda orla da Cidade Baixa. (Carvalho e Pontes, 2001) Na década de 1960, a
classe média soteropolitana voltou-se para a orla atlântica (Souza, 2000), tendência que se
reforçou com a abertura das avenidas de vale. (Tavares, 2000) (Teixeira, 2005)
Os esforços de Planejamento em relação, inclusive, à preservação da marinha, das
décadas de 1930 a 1940, que não conseguiram ser implementados (Carvalho e Pontes,
2001) viram-se transformados em esforços de remediamento na década de 1960.
(Sociedade de Pesquisas e Planejamento, 1970)
Nos anos 1970, grandes regiões costeiras foram urbanizadas, através do incremento do
processo nas áreas preteritamente ocupadas, enquanto nas pouco a nada tocadas
implantou-se e desenvolveu-se em ritmo acelerado, desde a Barra até Itapoã. Santos
(2005) indica que apenas a partir de meados dessa década de 1970 houve um
ordenamento menos sofrível das investidas sobre a orla. Entretanto, com a instalação do
Pólo Petroquímico de Camaçari forçou-se um nível de intervenção progressiva e constante
nas áreas de marinha.
Nos anos 1980 e 1990, foram retomados pelo governo estadual os planejamentos. (Nobre,
2003) Dentre esses estiveram ações de condicionamento, revitalização e modificação que
contemplaram a orla, destacando-se o Projeto Orla, de saneamento.
90
Ao final do século XX, cerca de 95% do comércio baiano eram realizados através de vias
marítimas. Atualmente, prossegue o crescimento acelerado, destacando-se os sítios
costeiros como espaço privilegiado para ampliação comercial, imobiliária, turística e de
toda uma infraestrutura afim. (Souza, 2000) (Prefeitura Municipal do Salvador, 2000)
(Fonseca, 2002)
Na transição do século XX para o XXI, empreendimentos diversos vêm sendo implantados
na faixa atlântica, estendendo-se pela costa além do município de Salvador. Estende-se
essa ação por praticamente todo o Litoral Norte do Estado. (Fonseca, 2002)
91
CAPÍTULO 7
RESGATE DOS
VISUAIS PRÉ-
INTERFERÊNCIA
ANTRÓPICA
92
7 – RESGATE DOS VISUAIS PRÉ-INTERFERÊNCIA ANTRÓPICA
Dividiu-se o detalhamento das indicações das prováveis condições originais da orla de
Salvador, do Morro do Cristo a Água de Meninos, em cinco setores (Figura 03).
7.1 - Morro do Cristo à Ponta do Padrão
7.2 - Ponta do Padrão à Ponta de São Diogo
7.3 - Ponta de São Diogo à Ladeira da Preguiça
7.4 – Ladeira da Preguiça à Ladeira da Misericórdia
7.5 - Ladeira da Misericórdia à Água de Meninos
93
7.1 - SETOR 1 - Morro do Cristo à Ponta do Padrão
Este trecho da orla, o mais longínquo do antigo centro urbano, localizado frente ao mar
aberto, chegou ao século XIX praticamente intocado. Sua extremidade leste é dominada
pelo atual Morro do Cristo, com seus 23 metros de altitude, que faz conjunto ao Alto ou
Morro do Ypiranga, com seus 45 metros de altitude. Para oeste, uma faixa arenosa de 800
metros de comprimento, limitada pelo muro da Avenida Oceânica, os separa da elevação
da Ponta do Padrão, extremo oeste desse setor. Trata-se este de um alto que atinge cota
de 15,4 metros de altitude, que ostenta o Forte de Santo Antônio da Barra a cavaleiro. Faz
frente a outra feição, que emoldurando este setor a seu noroeste, que é o Morro do
Gavazza, com seus 45 metros de altitude. (Figura 32)
Figura 32 – Topônimos citados no setor 1 - Morro do Cristo - Ponta do Padrão.
7.1.1 – Aspectos Geológicos
Este setor parte do Morro do Cristo, estendendo-se até a Ponta do Padrão, percorrendo 01
km, sentido E-W, sendo marcado atualmente por uma praia estreita, com largura média
próxima a dez metros. Representa uma área que se enquadra na definição de praia de
Komar (1976). Sua zona de arrebentação, à maré alta, dá-se nas suas areias. Às marés
94
mais baixas de sizígia, o substrato rochoso aflora fazendo com que a arrebentação se dê
onde assume a conformação de recife. Geralmente, pode-se visualizar o limite superior da
foreshore. (United States Army Corps of Engineers, 1995) (United States Army Corps of
Engineers, 2003), antepraia superior ou praia emersa (Muehe, 2004), Localiza-se, assim,
facilmente a berm. Apenas as marés de sigízia mais intensas atingem, em alguns locais, a
parede do muro da Avenida Oceânica, perdendo-se qual seria a localização da storm
berm. (United States Army Corps of Engineers, 1995) (United States Army Corps of
Engineers, 2003)
A análise fotogeológica, realizada a partir de aerofotos vôo sacs – 1959, permitiu a
localização de antigas cavas e prováveis cavas, atualmente obliteradas por interferência
antrópica. A
Fotografia 11 registra a localização de lineamentos de vales e cavas, que respondem pela
localização de prováveis antigos vales justificáveis em aerofotos, por sua extensão.
Considerando-se a classificação das feições morfológicas trabalhada por Peixoto (1968),
este setor enquadra-se na Feição Orla Oceânica do Compartimento V, Planície litorânea
ou margem costeira atlântica, com reflexos atuais do Compartimento IV. Situa-se na costa
exterior à Baía de Todos os Santos, fazendo face com o mar aberto. Apresenta, seguindo
Dominguez, Nunes, Silva, Esquivel (2003), configuração do tipo Linha de Costa Bordejada
por Afloramentos do Embasamento Cristalino e Intensamente Urbanizada”.
95
Toda a antiga vegetação pré-interferência urbana, seguindo a indicação de Silva (2005),
era originalmente representada por uma Floresta Ombrófila Mista, com destaque para a
Floresta Ombrófila Densa, com todo um quadro de Vegetação de Influência Marinha e
Fluviomarinha. É precisamente esta última que devemos esperar ter estado presente
dominando o quadro neste trecho.
7.1.2 – Fontes Históricas
Caldas (1759) descreveu o aspecto do intervalo entre o Morro do Cristo e a Ponta do
Padrão, como formado por “rochedos e deHum baixo de area, que tem huá legua de
comprido, que corre para a banda do Sueste aesquerda da dita Fortaleza [Forte de Santo
Antônio da Barra]”.
A pintura panorâmica de William Gore Ouseley, de 1835, vista à Figura 33, é a mais antiga
e ampla deste trecho. Em termos de geoformas, nessa imagem, consideram-se aspectos
como a dimensão e a curvatura da praia evidentemente equivocadas, além da própria
conformação geomorfológica da Ponta do Padrão. A natureza é descrita, mas, apesar de
ser o plano central, é, conforme a descrição do estilo presente no momento, evocativa e
pouco precisa. (Turner, 1979) (Boak e Turner, 2005) Esse trabalho confirma Larsen (1964)
que indica que o que se pode esperar desse momento é que o aparece nas imagens
efetivamente estava presente, não necessariamente na escala exibida, sendo isso
especialmente válido para a curvatura equívoca da praia e as dunas. Assim como esse
mesmo autor indica que a ausência da presença em imagens não constitui prova da
ausência efetiva, isto especialmente válido, neste caso, para o Morro do Gavazza,
suprimido na imagem.
96
Figura 33 – Orla oceânica da Barra – pintura de William Gore Ouseley, de 1835.
Fotografia 12 – Orla oceânica da Barra – 1890 – fotografia de Guilherme Gaensly E. Lindemann.
97
Fotografia 13 - Orla oceânica da Barra – 2007.
Para termos comparativos, a Fotografia 12, de 1890, oferece um visual ainda relativamente
preservado da praia da Barra. Um ponto de destaque nesta fotografia é a clara elevação
em que as residências se localizaram. Sistematiza-se com o intervalo entre a linha de
deixa, limite da zona de espraiamento (swash zone), e o início da vegetação, que,
aparentemente, marca a berma, em cerca de dez metros. Após essa, o terreno sofre um
pequeno rebaixamento, para reascender até a elevação em que se encontram a primeiras
habitações. Para melhor referenciamento, a Fotografia 13 procura enquadrar, para a
atualidade, a visão a partir de aproximadamente o mesmo ponto que a Fotografia 12.
Em relação ao primeiro ponto do trecho, no Morro do Cristo, a intervenção antrópica
provocou alterações nas cotas conforme pode ser constatado, quando contemplamos o
perfil das elevações com pouca alteração, na Fotografia 14. A abertura da Avenida
Oceânica provocou modificações de rebaixamento do Morro do Ypiranga e aterramentos
no Morro do Cristo.
98
Fotografia 14 – Morros do Cristo e do Ypiranga, em 1884, detalhe de foto de Marc Ferrez.
Fotografia 15 – Morros do Cristo e do Ypiranga, em 2007, a partir do mesmo ponto da Fotografia
14. A linha amarela indica a projeção do perfil de 1884.
Para a nova conformação atual do Morro do Cristo, (Fotografia 15) contou especialmente
seu estabelecimento como mirante e detentor da estátua do Cristo. A sua comparação com
a atualidade (Fotografia 16), permite a visão das alterações produzidas nessa localidade.
Fotografia 16 - Foto compósita, integrando, com efeitos de saturação, as Fotografias 14 e 15,
realçando as diferenças de perfil do contorno original com a atualidade.
As Fotografias 17 e 18 permitem a constatação da anotação da última modificação de
expressão no alto do Morro do Cristo. A Fotografia 17 exibe a colocação antiga da
escultura do Cristo, de Pasquale de Chirico, no Monte de Jesus, sítio da atual prefeitura da
Aeronáutica, em Ondina.
99
Fotografia 17 – “Cristo”. - Escultura em mármore de Carrara. – Autor: Pasquale de Chirico -,
Situada no Monte de Jesus, em Ondina, na Década de 1920. - Arquivo Público do Estado da Bahia.
A escultura foi transportada para o Morro do Cristo, anteriormente considerado somente
parte integrante do Morro do Ypiranga, em 1967. (Fotografia 18)
Fotografia 18 – “Cristo”, já no Morro do Cristo, em 2007.
100
A Fotografia 19 permite uma visão próxima à original pré-interferência do perfil do Morro do
Ypiranga, com apenas a modificação devida à implantação localização da Avenida
Oceânica.
Fotografia 19 – Praia da Barra, na década de 1920, vista a partir do Forte de Santo Antônio da
Barra, na década de 1920, destacando, ao fundo, o perfil do Morro do Ypiranga - autoria
desconhecida.
Um outro antigo ponto de destaque neste trecho foi o Rio dos Seixos, citado no texto da
Sesmaria do primeiro e único donatário da Capitania da Bahia, Francisco Pereyra
Coutinho, a Diogo Alvarez Correa, o Caramuru. (Sampaio, 1949) (Teixeira, 1978) (Tavares,
2000)
Passou a se denominar, cem anos mais tarde, Rio das Pedras e, nos século XIX e XX, Rio
das Pedrinhas.
Nigra (1937, p.221) coloca-o nascendo “quase no pé do actual Campo Santo”. A partir de
então, desenvolvia-se pelo atualmente denominado Vale da Centenário, posto nele se
encontrar essa avenida. Seguia flanqueado pelo Caminho do Calabar, encaixado entre os
Altos da Graça e das Pombas – Calabar atualmente.
A Fotografia 20, aparentemente tomada em um dia sem influência de tempestade, no
sentido Norte, indica que o fluxo desse rio, preteritamente, era bem maior que na
atualidade.
Aqueles estágios de maior fluxo de água aparecem marcados em suas margens, as quais
apresentam também consideráveis aterramentos.
101
Fazendo par desta fotografia com a Fotografia 21, tomada na atualidade,
aproximadamente da mesma posição, percebe-se a perda de fluxo d’água desse rio.
Inclusive, partido-se da própria origem do seu nome, pode-se evocar um fluxo de água
torrencial expressivo que, preteritamente, tinha acesso ao mesmo, carreando,
provavelmente, seixos das encostas no seu em-torno. As torrentes atuais não comportam
mais que partículas areno-pelíticas e material antropoproduzido diverso.
Fotografia 20 – Rio dos Seixos, posteriormente Rio das Pedras, atual Rio das Pedrinhas - Chame
Chame - 1884 - autoria desconhecida.
102
Fotografia 21 – Rio dos Seixos, posteriormente Rio das Pedras, atual Rio das Pedrinhas - Chame
Chame - 2007.
Fotografia 22 – Rio dos Seixos, depois Rio das Pedras, atual Rio das Pedrinhas - Chame Chame -
Década de 1960 - autoria desconhecida - Fonte Fundação Gregório de Mattos.
103
Fotografia 23 – Rio dos Seixos, posteriormente Rio das Pedras e atual Rio das Pedrinhas - Chame
Chame - Tomada a partir do mesmo ponto da Fotografia 22 - 2007.
A Fotografia 22 revela, para a década de 1960, já um fluxo de água similar ao atual, para
dias não tempestuosos, que se manteve na atualidade, conforme observado na Fotografia
23.
Atualmente, este rio, na contra-mão dos processos de saneamento e valorização dos
marcos da identidade de uma localidade, está sofrendo uma intervenção agressiva, por
parte da Prefeitura Municipal, que visa sepultá-lo.
104
Fotografia 24– Rio dos Seixos, posteriormente Rio das Pedras e atual Rio das Pedrinhas - Chame
Chame - Interferência atual da Prefeitura Municipal, para sepultar mais esta referência do passado
soteropolitano. – junho de 2008.
Ao topar com o antigo Alto do Mirante, do qual restam atualmente o Morro do Ypiranga e o
Morro do Cristo, desviava-se o Rio dos Seixos para o oeste, seguindo curso que
aproximadamente é representado pela Rua Augusto Frederico Schmidt, até cerca de 180
metros adiante, onde se dá, atualmente, o encontro da Rua Marquês de Caravelas com a
Rua Recife. Ali, recebia as águas do antigo Ribeiro do Bosque, que atualmente repousa
sob a Rua Marquês de Caravelas. Seguia pelo que é, aproximadamente, o trecho final da
mesma Rua Marquês de Caravelas ou de entre esta e a Rua Francisco Otaviano,
chegando à praia. Assim, com poucas variações, aparece nos mapas das Figuras 34
(Weyll, 1860) e 35 (Sampaio, 1949).
105
Figura 34 – Detalhe do "MAPPA TOPOGRAPHICA da Cidade de S. SALVADOR", de Carlos
Augusto Weyll, de 1860. Foram realçadas as cores das vias e cursos de água.
Figura 35 – Detalhe do "ARREDORES DA CIDADE DO SALVADOR ENTRE 1550 E 1570", de
Sampaio (1949). Foram realçadas as cores das vias e cursos de água.
Surge um pequeno trecho exibindo a saída desse rio à praia na Fotografia 25 de 1890,
assim como também em uma Fotografia 26, de 1910. Nesta última, em função da
urbanização promovida com a abertura da Avenida Oceânica, aparece com o curso
regularizado, à altura do final da atual Rua Marquês de Caravelas.
106
Fotografia 25 – Foz do Rio dos Seixos, na Barra. - Realce de detalhe de fotografia – autor:
Guilherme Gaensly E. Lindemann. – 1890.
Fotografia 26 – Foz do Rio dos Seixos, na Barra. - Detalhe da Avenida Oceânica – Barra – década
de 1920. Autor desconhecido.
A região em que o antigo rio chegava à praia não guarda qualquer resquício visual, no
encontro da Avenida Oceânica com o final da Rua Marquês de Caravelas. (Fotografia 27)
107
Fotografia 27 – Antigo ponto de foz do Rio dos Seixos, vista do cruzamento da Rua Marques de
Leão com a Rua Marquês de Caravelas, pouco antes do final dessa, na Avenida Oceânica.
Tendo sido desviado para um esgotamento lateral ao Morro do Cristo, da provável antiga
localização da desembocadura à praia do antigo curso do Rio dos Seixos, resta atualmente
uma saída de águas pluviais. (Fotografia 28)
108
Fotografia 28 – Esgotamento pluvial, na praia da Barra - Altura do fim da Rua Marquês de
Caravelas.
Esta agregação de elementos fazia com que tivéssemos um Rio dos Seixos mais volumoso
que o atual Rio das Pedrinhas, percorrendo um traçado com termo diferente. Este o
conduzia a um desagüe a cerca de 245 metros em linha reta do ponto a que atualmente é
conduzido por um esgotamento subterrâneo em seu final. Na sua antiga localidade de
desagüe provável, atualmente, desapareceram seus sinais, entretanto, uma sondagem
deve revelar seus traços sob a areia da praia atual, nas proximidades da saída pluvial.
(Fotografia 29)
109
Fotografia 29 – Ortofotografia com relação entre (A) a antiga foz do Rio dos Seixos e (B) a atual
saída do Rio das Pedrinhas.
Na imagem de Weyll, de 1860, observa-se o lançamento do que seriam provavelmente
dunas frontais (Hesp, 2002), localizadas na zona de pós-praia (backshore) (Komar, 1976).
Outra possibilidade é que se tratasse de uma antiga linha de berma abandonada. Esta
estaria a aproximadamente 75 metros do limite inferior da zona de espraiamento (swash
zone), conforme está sugerido na Figura 36. O caminho realçado em vermelho
provavelmente percorria o alto da berma.
110
Figura 36 – Detalhe do "MAPPA TOPOGRAPHICA da Cidade de S. SALVADOR", de Carlos
Augusto Weyll, de 1860. Realce da provável área de dunas frontais, sendo também uma
possibilidade, de antiga berma. O caminho, realçado em vermelho, provavelmente marcava a
berma.
A Fotografia 30 permite um detalhamento mais apurado, com a largura da zona de
espraiamento, com cerca de 10 metros. Tem início a berma, confirmando o sinalizado na
Fotografia 12. Neste momento mais avançado, a berma termina na estrutura que possui já
elementos antrópicos, como escadas. Mesmo considerando estar claro que houve alguma
interferência humana para regularização desse alto, não se deve abrir mão desse ser uma
referência. Isto especialmente quando provavelmente é um estágio do desenvolvimento do
antigo caminho, indicado no trabalho de Weyll, de 1860. Assim considerando, é pertinente
entender que esse caminho realçado na Figura 349 percorria o alto da berma de
tempestade (storm berm), com as estruturas antrópicas indicando a localização provável
da antiga crista de berma de tempestade (storm berm crest). Isso nos fornece uma largura
vegetalizada de 18 a 20 metros entre a berma e a crista de berma de tempestade.
A outra possibilidade é se essa uma antiga referência de uma berma de um momento
anterior do nível do mar mais elevado. É pertinente ao indicado na Figura 10, sugerindo
que pode ser que a diminuição de nível tenha sido menos linear e mais gradacional.
111
Fotografia 30 – Praia da Barra, vista a partir da Ponta do Padrão, em cerca de 1904 - autoria
desconhecida.
A Fotografia 31 nos permite a visualização do baixio que sucede a escarpa praial, no pós-
praia. Nela, percebe-se a queda da altitude, entre a parte esquerda da foto e a região em
que está situado o caminho, que corresponde a aproximadamente a situação atual da Rua
Marques de Leão. Esse alto, provavelmente, é a parte posterior que restou do final de uma
antiga crista de praia ou praial. A primeira possibilidade é que seja a parte posterior de uma
antiga berma de tempestade (storm berm crest). Outra possibilidade é se tratar de uma
antiga berma relacionada com outro nível do mar, ou antiga escarpa praial. A presença
dessa estrutura é confirmada na Fotografia 32, tomada a partir do Morro do Gavazza, em
direção à Ponta do Padrão.
112
Fotografia 31 – Vista da Ponta do Padrão, a partir do Morro do Gavazza. - 1904 - autoria E.
Lindemann.
Fotografia 32 – Vista da Ponta do Padrão, a partir do Morro do Gavazza. 1904 – autoria E.
Lindemann.
Mais uma possibilidade que não se deve desconsiderar é que essa elevação pode não se
relacionar a uma origem marinha, mas sim eólica. Com base nas indicações de Hesp
(2002), pode a imagem estar exibindo o que restou de uma antiga duna frontal. Esta seria,
para este caso, não uma antiga berma, mas sim uma reconstrução por retrabalhamento
eólico dos antigos sedimentos de antigas praias. Como ambas as condições guardam
113
padrões de colonização vegetal diferente (Hesp, 2002, p.123) A solução para essa questão
só poderia vir a partir de análises não só da vegetação que sobrepõe a duna na fotografia,
como das que estão por ela soterradas. Para tal, deve-se procurar aproveitar eventuais
escavações no local.
A Fotografia 32 mostra, ao seu lado direito, a face sudeste do Morro do Gavazza, voltada
para a o Setor 1, sob a forma de uma grande cava, na qual não vemos o centro dessa
geoforma. Ela é representada pela Rua Engenheiro Milton de Oliveira e pelas edificações
que compõem a sua borda norte. (Figura 37) A observação da planta de 1860, que
apresenta a elevação ainda consideravelmente preservada, permite reconhecermos ser a
cava atual efetivamente a regularização, com avanço, de um prévio embaiamento na
encosta.
Esse embaiamento não exibe qualquer indicador de origem geológica. Apesar de não
haver indicador documental histórico, o volume da cava é pertinentemente ao aterro que foi
realizado na Ponta do Padrão, para a edificação do Forte de Santo Antônio da Barra.
Figura 37 – Detalhe da planta da Carlos Augusto Weyll, de 1860, com a sobreposição das curvas
de nível e da toponímia atuais.
Além da cava, o próprio restante da face do Morro do Gavazza paralelo à praia mostra
sinais de escavação. A Fotografia 33 exibe o corte nessa sua face, já aos fundos de imóvel
à Rua Afonso Celso, indicando que a escavação dessa elevação avançou além da cava da
Rua Engenheiro Milton de Oliveira.
114
Fotografia 33 – Afloramento com corte da rocha altamente alterada do Morro do Gavazza, nos
fundos de edificação no lado setentrional da Rua Afonso Celso, à altura de onde ela liga as ruas
Dom Marcos Teixeira e Rua Dias d’Ávila.
O entendimento de que houve essa grande interferência no Morro do Gavazza, nos conduz
a uma tentativa de reconstituição precisa do que seria a sua conformação pré-interferência
humana. Na Figura 38 traça-se, a partir das curvas de nível atuais, além da referência da
elevação próxima, o Alto de Clemente Mariani. Este exibe uma geoforma cuja curvatura,
em princípio, deveria assemelhar-se à do Morro do Gavazza, aparentando, entretanto,
estar aproximadamente preservada, em sua porção sul.
115
Figura 38 – Desenho das prováveis curvas de nível da face sul do Morro do Gavazza, pré-
interferência antrópica, sobre as curvas de nível e planimetria atuais.
A Ponta do Padrão aparece, em seu registro mais antigo, numa breve citação no relato de
Pero Lopes de Souza, de 1530 – 1532 (Dias, 1923). Seguindo Amaral (1969, p.266), a
edificação de uma fortificação no local havia começado em 1536, por atuação do primeiro
donatário, sendo simples, com enrocamentos e taipa. A primeira intervenção de expressão
e fato, conforme Barretto (1958), Edelweiss (1969-b) e Oliveira (2006), aconteceu entre
1583 e 1587, produzindo uma outra fortificação melhor aparatada, mas ainda de madeira e
taipa. Afinal, entre 1591 e 1598, essa evoluiu para que surgisse um pequeno forte
octogonal em pedra e cal, conforme Costa (1958, p.24), contornado por trincheiras.
As imagens mais antigas referem-se a esse momento, aparecem nas Figuras 39 e 40, nos
oferecendo visões em planta. São incoerentes por a primeira representar um octógono e
outra um hexágono.
116
Figura 39 - Forte de Santo Antônio da Barra. Ilustração de João Teixeira Albernaz, o velho, datada
de 1631. (in Oliveira, 2006, p.15)
Figura 40 - Forte de Santo Antônio da Barra. Ilustração de Moreno (1609, in Oliveira, 2006, p.16)
Oliveira (2006) aponta como sugestão que se considere a segunda provavelmente a
correta, dado o status de militar do autor. Independente disso, indica o formato, visto ao
longe, possibilitava a visão de uma forma cilíndrica, com o que fez surgir nos reportes do
ataque da Companhia das Índias Ocidentais à Cidade do Salvador, em 1624, como as
registradas na Figura 41.
117
Figura 41 - (a) Detalhe da ilustração “Baya de todos los sanctos”, do manuscrito de Dierick Ruiters
(1624, in Reis, 2000, p.19) (b) Detalhe da ilustração “S. SALVADOR – BAYA DE TODOS OS
SANCTOS”, de Claes Jansz Visscher & Hessel Gerritsz (1624, in Reis, 2000, p.24) (c) Detalhe da
ilustração "Abriss der Baya und Meerbusems de Todos os Santos und Statt S. Salvador", da
Hollandern Eungenomen, Séc XVII. (d) Detalhe da ilustração “La Ville de St. SALVADOR, capitale
du Bresil Portugaus, au Baye de todos los Santos, dans l’Amerique”, 1625.
A figura 41 exibe algumas imagens com o forte acessível por uma ponte, que ultrapassa
um fosso frontal, situando-se sobre um elevado com partes rochosas. A Figura 40 indica a
presença não de um fosso, mas de uma porta elevada, acessível por uma rampa móvel.
Esta Oliveira (2006), aponta como uma “solução tipológica da época”. Esta questão é
interessante, em termos de interferência, pois sinalizaria para a confirmação de uma
escavação de trincheira como necessária ou não.
A configuração atual do forte é basicamente, conforme Edelweiss (1969), do final do século
dezessete, provavelmente do período 1696 a 1702, estabelecendo o modelo de fortificação
que Caldas (1759) anotou. (Figuras 42 e 43)
118
Figura 42-a - Forte de Santo Antônio da Barra. - Planta. (Caldas,1759)
Figura 42-b - Forte de Santo Antônio da Barra. - Face traseira ou oeste. (Caldas, 1759)
A extremidade superior direita da planta da Figura 42 indica sugere a confirmação da visão
de Oliveira (2006), que apontou a planta original como hexagonal. Isto pois assemelha-se a
planta a, efetivamente, um forte de base hexagonal que foi estendido de maneira
geométrica não regular. A sua planta atual, decaédrica, não guarda qualquer simetria,
salvo a relação de partição horizontal, exibida na Figura 43, que coloca cinco lados no
hemisfério superior e cinco no inferior.
119
Isto nos conduz a um ponto interessante, pois contraria os estilos ou modos de construção
de fortes desse momento, eminentemente simétricos, conforme aparece em Barba (1599).
A assimetria extremada do Forte de Santo Antônio da Barra se justificaria, em princípio,
para o caso da disposição de edificação de fortaleza, com aproveitamento necessário das
conformidades do terreno. O nosso interesse é que, assim entendendo, pode-se chegar a
duas indicações. A primeira é que, caso o edificação do forte tenha aproveitado a antiga
conformação rochosa, sua forma guarda relação com essa.
Figura 43 - Forte de Santo Antônio da Barra. – Modificado de Caldas (1759), destacando a
assimetria da planta dessa fortaleza.
Outra é que sendo provável que a fortificação hexagonal ocupasse o antigo ponto alto da
Ponta do Padrão, este estaria localizado na atual extremidade noroeste do Forte de Santa
Maria da Barra. Isto indica que a face sul - sudeste da Ponta do Padrão sofreu o maior
volume de aterro, para regularização da altitude e instalação do forte. Esta sinalização
condiz com a situação encontrada em campo, na qual o afloramento de rochas alteradas in
situ ocorre aflorante na face nor-nordeste da Ponta do Padrão. Na outra face. não foi
localizado qualquer afloramento de rocha alterada in situ, provavelmente devido à maior
intensidade de aterramento.
120
Entretanto, deve-se lembrar ter sido o outro lado sul o mais atingido por reurbanizações
posteriores. Esse fator deve ser considerado, para a definição final de qualquer abordagem
quantitativa.
A Fotografia 34 exibe a face sul-sudeste da Ponta do Padrão na década de 1930,
podendo-se perceber um limite de aterramento bem mais baixo que o nível atual daquela
área. Após o fim do aterro maior, aproximadamente onde se encontra o caminho, há uma
queda suave, impedindo perceber-se claramente a relação entre o aterros original e o
recente. A quebra de relevo em relação à praia, marcada também pelo cessar da
vegetação, indica que esta era a provável berma de tempestade. Apesar da óbvia
interferência antrópica, aparentemente está indicada a preservação dessa entidade até
este momento. Destaca-se ainda, do lado oposto, pequeno plano com palmáceas,
constituindo um pequeno mirante, atualmente desaparecido.
Fotografia 34 - Forte de Santo Antônio da Barra. - Década de 1930 - Autoria desconhecida. Fonte:
Fundação Gregório de Mattos.
121
Ao lado oposto da Ponta do Padrão, a Fotografia 35 exibe um esgotamento sanitário, uma
casa de madeira e palha e uma pequena guarita, quase à beira d’água, atualmente todas
desaparecidas. Dessas unidades restam, tão somente, as bases da antiga guarita.
(Fotografia 35)
Fotografia 35 – Detalhe de Fotografia, exibindo a face Norte do aterro da Ponta do Padrão. 1860.
Autoria: Camillo Vedani.
122
Fotografia 36 - Restos da antiga guarita, atualmente atingíveis pela marés altas mais intensas de
sizígia. 2008.
A Fotografia 37 exibe a conformação atual do aterro a oeste e sul-sudeste, na Ponta do
Padrão. Observa-se que a elevação do aterro à praia, em cerca de 4 metros, é
completamente diferente daquela que aparece na Fotografia 33.
Fotografia 37 - Forte de Santo Antônio da Barra a cavaleiro sobre Ponta do Padrão. - Visão do seu
lado sul, com panorâmica exibindo, à direita, a Praia da Barra, com o Morro do Cristo ao fundo. -
2008.
A Figura 44 loca a imagem do antigo forte hexagonal em seu sítio provável, sendo a seta
(1) indicadora de provável nenhuma a menor aterro no seu em-torno imediato. Isto significa
que, provavelmente, só teria havido, no máximo, um pequeno aterro de regularização. A
seta 2 indica a parte sul-sudeste do forte, que teria sofrido maior aterramento. “A” indica o
123
aterro necessário para a edificação do forte. Considerando a vista de Caldas (1759),
exposta na Figura 43 e na visão frontal (Figura 45), esse aterro não parece ter sofrido
grandes alterações posteriores, a partir dessa vista, salvo intervenções paisagísticas
relativamente simples, que não moveram volume expressivo de massa. A porção “B”,
apresenta configuração em quebra, em relação ao aterro “A”, constituindo, conforme
observado nas Fotografias 682 e 683, aterramento e regularização mais recente.
Figura 44 - Forte de Santo Antônio da Barra. - Integração de ortofotografia de 2002 (Fonte:
Conder) com a Ilustração de Moreno (1609, in Oliveira, 2006, p.16). (A) - Aterro principal, realizado
para a elevação do fortificação. (B) Aterro de meados do século XX. (1) Região que recebeu
aterramento menos intensivamente. (2) Região que sofreu aterramento mais intenso, para a
instalação da fortificação.
124
Figura 45 - Forte de Santo Antônio da Barra. - Face frontal ou leste. (Caldas, 1759)
É interessante observar que nenhuma obra historiográfica anotou que a edificação do atual
forte exigiu uma intervenção com aterramento em qualquer escala. Surgem apenas
informações localizadas da existência de uma antiga cava de contorno ou trincheira
(Edelweiss, 1969), tanto aquela que aparece nas imagens da Figura 41, como a que teria
existido à frente do atual desenho do forte.
Fotografia 38 – Contato entre a rocha e o aterro, lateral norte da Ponta do Padrão.
Apesar disso, o aterro é visível em cortes laterais. (Fotografia 38) Considerado o estado de
intemperização in situ das rochas expostas na face norte da Ponta do Padrão, revela-se
125
uma interface entre um manto intempérico, por vezes indistinto de elementos relacionados
ao aterro.
Fotografia 39 – Contato entre a rocha e o aterro, lateral norte da Ponta do Padrão.
O corte que aparece na Fotografia 38, além de revelar a rocha local alterada, enquanto um
corte de certa proeminência, indica ser também uma provável fonte para parte do aterro
que a Ponta do Padrão sofreu. As Fotografias 39 e 40 ressaltam ainda mais a relação entre
rocha intemperizada, manto de intemperismo e aterro, com estes dois chegando a se
confundir.
126
Entretanto, atente-se para outras cavas não justificadas existentes nas outras faces do
Morro do Gavazza. Essas evocam sua provável utilização como fonte de material, não
deixando esquecer que houve outros aterros n o em-torno. Destaque-se o que elevou a
Avenida Oceânica cerca de 4 metros acima do antigo nível do terreno, sobre a Praia da
Barra.
Fotografia 40 – Contato entre a rocha alterada e o aterro, lateral nordeste da Ponta do Padrão.
127
7.1.3 - Reconstituições
Aliando-se o resultado da fotointerpretação às informações históricas, podemos proceder à
reconstituição do desenho paleovisual da marinha soteropolitana para o trecho que vai do
Morro do Cristo à Ponta do Padrão.
O Morro do Cristo tinha altitude de cumeada mais baixa, e ligação direta e elevada com o
Morro do Ypiranga. Esta ligação foi danificada com a abertura da Avenida Oceânica.
No Visual panorâmico da Praia da Barra pré-interferência antrópica, a praia propriamente
dita, possuía já afloramentos rochosos. Sua zona de espraiamento atingia cerca de 10
metros, encerrando-se numa berma. O alto da berma de tempestade (storm berm),
separado da berma por uma área vegetalizada com cerca de 18 a 20 metros. Dunas
frontais localizadas na zona de pós-praia (backshore) ou antiga linha de berma
abandonada a aproximadamente 75 metros do limite inferior da zona de espraiamento
(swash zone).
A cerca de 250 metros, em linha reta projetada à praia, do Morro do Cristo, ocorria o
desagüe do antigo Rio dos Seixos.
O Alto do Gavazza não possuía a cava meridional que atualmente possui, estendendo-se
até pouco além da atual localização da Rua Afonso Celso ou até a mesma. É sugerido que
esse material foi daí retirado para que se realizasse algum aterro, talvez o que possibilitou
a edificação do Forte de Santo Antônio da Barra, na Ponta do Padrão.
A Ponta do Padrão possuía um relevo diferente do atual, tendo sofrido claro aterro para a
edificação do Forte de Santo Antônio. Esse aterro parece ter sido mais intenso do lado sul-
sudeste. Entretanto, esse aterro não chegou a obliterar a antiga berma de tempestade.
Essa só foi eliminada após o aterro que instalou a atual passarela e mirante, à beira mar.
A planta do Forte de Santo Antônio sugere que a Ponta do Padrão possuía uma área mais
elevada que coincide com a extremidade noroeste desse forte. Além disso, sua forma não
simétrica sugere que foram aproveitados altos, indicando que ele pode ter ocupado as
porções mais elevadas da antiga Ponta do Padrão pré-interferência antrópica.
128
O visual panorâmico do antigo vale do Rio dos Seixos, bem mais volumoso que o seu atual
herdeiro, o Rio das Pedrinhas. As grandes torrentes que ainda hoje, por vezes, inundam o
vale, deveriam, em momentos pré-interferência antrópica, justificar seu nome original, com
um aporte razoável de seixos.
Fotografia 41 – Rio dos Seixos, posteriormente Rio das Pedras e atual Rio das Pedrinhas - Chame
Chame - 2007.
129
Figura 46 – Reconstituição panorâmica do visual provável do Rio dos Seixos, pré-interferência
antrópica, a partir do ponto da Fotografia 41 - Chame Chame - 2007.
130
Fotografia 42 - Visão atual da Avenida Oceânica, na Barra, a partir do Morro do Cristo.
Figura 47 - Reconstituição panorâmica do visual provável da Praia da Barra e da Ponta do Padrão,
vistos a partir do Morro do Cristo, pré interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia 42.
131
Fotografia 43 - Visão atual da Avenida Oceânica, na Barra, vendo-se o Morro do Cristo ao fundo.
Figura 48 - Reconstituição da panorâmica provável da Praia da Barra, do Morro do Ypiranga e do
Morro do Cristo, vistos a partir da Ponta do Padrão, pré interferência antrópica, a partir do ponto da
Fotografia 43.
132
Fotografia 44 - Visão atual da Ponta do Padrão, com o Forte de Santo Antônio da Barra e o seu
Farol da Barra, da Praia da Barra e da Avenida Oceânica, na Barra, vendo-se o Morro do Cristo ao
fundo.
Figura 49 - Reconstituição da panorâmica provável do visual da Ponta do Padrão e da Praia da
Barra, pré interferência antrópica, podendo-se vislumbrar inclusive facilmente o Morro do Gavazza a
partir do ponto da Fotografia 44.
133
Fotografia 45 - Ponta do Padrão, com o Forte de Santo Antônio da Barra e o seu Farol da
Barra. - 2008.
Figura 50 - Reconstituição paleopanorâmica da Ponta do Padrão, exibindo, simbolicamente, o
marco da primeira interferência antrópica maior, a partir do ponto da Fotografia 45.
134
7.2 - SETOR 2 - Ponta do Padrão ao Morro de Santo Antônio da Barra
O segundo setor, partindo da Ponta do Padrão, adentra a Baía de Todos os Santos
propriamente dita. Desenvolve-se para norte por um quilômetro, representado em
aproximadamente metade do seu comprimento por uma estreita faixa costa rochosa,
dominada, ao seu início, pelos até 45 metros de altitude do Morro do Gavazza. A partir
dele, a linha de água se separa pela Avenida Sete de Setembro, pelo seu elevado,
passando em suspenso pela orla. O final deste trecho é marcado pela presença da Praia
do Porto da Barra e pelos altos que constituem o Morro de Santo Antônio da Barra e o Alto
de Clemente Mariani.
Figura 51 – Topônimos citados no Setor 2 - Ponta do Padrão - Morro de Santo Antônio da Barra.
135
7.2.1 – Aspectos Geológicos
O início deste setor tem feição de contato da água quase que unicamente com um costão
rochoso, granulítica e com o muro ou parede de sustentação do aterro da elevação da
Avenida Sete de Setembro, que separa a linha d’água do Morro do Gavazza. É assim
interrompida a zona de espraiamento (swashzone), até mesmo nas marés mais baixas.
Costumeiramente, há contato direto da zona de surfe com essa parede de sustentação.
(Fotografia 46)
Fotografia 46 – Primeira parte do Trecho 2, logo após a Ponta do Padrão, vista desta. 2008.
A primeira porção deste setor, que pode ser entendida como praia propriamente dita, na
definição de Komar (1976), começa a surgir somente cerca de 400 metros adiante, sob a
forma de um acúmulo de areia com cerca de 10 metros de largura, estendendo-se por 200
metros até o Forte de Santa Maria. A partir desse, novo acúmulo de areia, com largura
similar, estende-se por mais 230 metros, até a extremidade deste setor, ao pé do Morro de
Santo Antônio da Barra, junto ao Forte de São Diogo. Nessa região é possível identificar
estreitos surfzone, swashzone e berm, distribuído ao longo um máximo de 30 metros,
antecedendo o muro de sustentação do aterro da elevação da mesma avenida.
A Fotografia 47 nos permite a visualização da trama tectônica que resultou em altos e
vales para essa região.
136
Fotografia 47 – Trama tectônica do trecho 2, realizada sobre aerofoto, sobrevôo SACS, 1959.
7.2.2 – Fontes Históricas
As fotografias 48, 49 e 50, das décadas de 1860 a 1880, apontam para a existência original
de uma zona rochosa sucedida por uma faixa de areia reconhecivelmente toda pertencente
à zona de espraiamento (swashzone), que se limita numa pequena mureta, com largura
entre 6 e 10 metros, possuindo pequenos embaiamentos entre afloramentos rochosos. As
edificações, provavelmente, ocupam o alto da antiga berma.
137
Fotografia 48 – Trecho imediatamente a norte da Ponta do Padrão, em 1860, por Benjamin Mulock.
Fotografia 49 – Trecho imediatamente a norte da Ponta do Padrão, em 1870, por Guilherme
Gaensly, equivalente ao da Fotografia 46.
138
Fotografia 50 – Trecho imediatamente a norte da Ponta do Padrão, em 1884. Autoria
desconhecida.
A face ocidental do Morro do Gavazza, que atualmente tem diante de si a Avenida Sete de
Setembro, constituía o limite da linha de praia arenosa. Nessas as fotos ele aparece já
afetado pelas interferências antrópicas. Provavelmente, considerando a dinâmica atual, era
diretamente atingida nas marés mais elevadas, em eventos mais agressivos de
tempestade.
A Fotografia 51 mostra a visão voltada em direção à Ponta do Padrão, após avançar-se um
pouco pelo trecho. Visualiza-se uma faixa de praia com cerca de 10 metros de largura,
antes de se ter início a vegetação. Uma berma aparece bem suave, sendo indicada pela
linha amarela e sua continuidade laranja, que apresenta com modificação de inclinação.
Esta configuração pode ser visualizada nas rochas próximas.
139
Fotografia 51 – Trecho imediatamente a norte da Ponta do Padrão, em 1860. Autoria: Camillo
Vedani. As linhas amarela e laranja marcam a modificação suave de inclinação, indicando uma
berma.
Segundo Oliveira (2006), no sítio em que se encontra o atual Sanatório Espanhol,
assentou-se uma bateria de apoio, no século XVIII. Esta deve ter, considerando ter sido
provavelmente bem limitada, cuidado de se assentar sob a forma de um simples
estabelecimento com um breve aplainamento na face do Morro do Gavazza.
Em relação ao sítio do Forte de Santa Maria, ocupa a porção mediana do trecho, sendo
perfeitamente vislumbrável a partir do extremo da Ponta do Padrão. A Fotografia 52 exibe
uma visão panorâmica, desde a Ponta do Padrão, do setor da sua ligação com o Forte de
Santa, que aparece na extremidade esquerda.
140
Fotografia 52 - Visão de parte do trecho 2, a partir da Ponta do Padrão, vislumbrando-se, à
esquerda, o Forte de Santa Maria. 2007.
Sabe-se que esta fortificação não estava operacional quando do ataque da Companhia das
Índias Ocidentais, em 1624, mas ali já existia uma pequena unidade que resistiu ao novo
ataque de 1638. Sua configuração atual data de 1696 (Amaral, 1969, p.266), daí Vilhena
(1799, p.215) desenhá-lo já nesses mesmos termos. Caldas (1759) citou sua disposição
original como “situado sobre rochedo bem abeira da marinha”, Esse rochedo, atualmente,
possui afloramentos apicais variando de cerca de 0,9 a 1,9 m de altitude, amparando o
pequeno aterro em que está o forte. Localizado tal rochedo além de um baixio. é provável
que fosse circundado e isolado nas marés altas, ainda que somente nas de sizígia. As
Fotografias 53, 54 e 55 indicam tal situação, mesmo para tempos mais recentes, quando a
ação antrópica já havia em muito favorecido o assoreamento do local.
Fotografia 53 – Visão do Forte de Santa Maria, em 1870, por Guilherme Gaensly.
141
Fotografia 54 – Visão do Forte de Santa Maria, em 1870, por Guilherme Gaensly.
Fotografia 55 – Visão do Forte de Santa Maria, em 1884, de autoria desconhecida.
142
A fotografia 54 indica a zona de espraiamento avançando entre dois e três metros pela
praia. A cerca de 2 a 3 metros dos limites da zona de espraiamento está a berma, em uma
relação de ângulos bem suaves. A cerca de 7 metros da berma está o início da vegetação.
Esses elementos, atualmente, encontram-se geralmente mascarados nessa localidade.
Ultrapassando-se o Forte de Santa Maria, chega-se à Praia do Porto da Barra, o espaço
em que Gândavo (1576) indicou a localização, de uma agregação de residências “a qual
chamão Villa Velha, que foi a primeira povoaçam que ouve nesta Capitania”. Nela, os
primeiros habitantes de origem lusa assentaram, destacando-se Diogo Alvares Correa, o
Caramuru, a partir de 1530, e, logo, o donatário Francisco Pereyra Coutinho. (Nigra, 1937)
(Sampaio, 1949) (Teixeira, 1978) (Carneiro, 1980) (Risério, 2000) (Tavares, 2001)
Para termos comparativos, a Fotografia 56 exibe uma visão geral da praia do Porto da
Barra em 1860, com visão do Morro de Santo Antônio e do Alto de Clemente Mariani. A
Fotografia 57 considera aproximadamente a mesma visão na atualidade, acentuando a
intervenção antrópica que sofreu.
Fotografia 56 – Praia do Porto da Barra – fotografia de Benjamin Mulock, 1860.
143
Fotografia 57 – Trecho imediatamente posterior ao Forte de Santa Maria, Praia do Porto da Barra -
2008.
Um ponto geomorfológico referencial do primeiro momento deste setor foi a “Camboa de
Pescar”, de Caramuru, cuja primeira menção apareceu no texto da Sesmaria desse
pioneiro. (Nigra, 1937) (Sampaio, 1949) (Teixeira, 1978) (Risério, 2000) (Tavares, 2001)
De uso antigo em Portugal (Costa, 1706), as Camboas, Gamboas ou Comboas, conforme
Magalhães e Baptista (2004), “são pesqueiras construídas pelo Homem em pleno mar,
junto à linha de praia, em zonas de forte afloramento rochoso, que é aproveitado para
consolidar a sua construção”. Para a sua significação no léxico nacional, aparece descrita
por Ferreira (1999) como um “cercado armado em pequena depressão, junto ao mar, onde,
na maré baixa, fica retido o peixe miúdo que ali entra na preamar”. Aulete (1980) a
descreve como um “covão ou lago artificial à beira-mar onde em maré cheia entra o peixe
miúdo que na vazante fica quase em seco”. Uma camboa guarda diferenças de um esteiro,
que em Aulete (1980) aparece como um “braço estreito de rio ou de mar, que penetra pela
terra”. Conforme Magalhães e Baptista (2004), tradicionalmente as camboas “situavam-se
junto à orla, numa faixa de mar pouco profunda”. O seu funcionamento era tal que
possibilitavam fácil acesso aos peixes na maré alta e criavam dificuldades na baixa-mar,
sendo comum estarem associadas a um "cerco" na sua porção mais estreita, de saída.
144
Fotografia 58 - Camboa, em Portugal. (Magalhães e Baptista, p.57, 2004)
Risério (2000, p.62) coloca que o que se pode concluir da feição da Camboa de Caramuru
é tratar-se de uma baixada “por onde antigamente penetrava a maré, alagando o terreno
baixo e arenoso” que teria sido modificada ou adeqüada, através de cavas, entulhamentos
ou de equipamento de palha, para que se transformasse em uma armadilha eficaz de
pesca. Esse autor coloca que essa estrutura foi “depois coberta pelo aterro e as
edificações que vieram a conformar o Largo da Barra”.
Uma reconstituição de Sampaio (1949) estende essa camboa até a altura da Rua Doutora
Pragues Froes, entretanto, essa região guarda, atualmente, altitude de cerca de 10 metros.
Constitui provavelmente um exagero acentuado imaginar que essa região inteira foi
assoreada e/ou terraplana sem recursos ou registros maiores. Além disso, dada a
escassez de recursos para realizar algo maior, não seria executável. Mais, imaginando que
145
o tivesse efetivamente feito, não teria como seria tão fácil e rapidamente suprimida, sem
deixar registros.
A Figura 52 cruza a proposta da Camboa de Pescar de Teodoro Sampaio com uma Carta
Topográfica de detalhe e uma mapa simplificado, para que tenhamos uma visão mais clara
da sua amplitude,
Figura 52 – Cruzamento da imagem da Caboa de Pescar, restituída por Sampaio (1949) sobre
detalhe de Carta Topográfica da Cidade do Salvador - Coder - e mapa simplificado das vias.
O local que atualmente configura o Largo do Porto da Barra, tem cota média de 6,5 metros,
o que o coloca cerca de 2,5 metros acima do nível do contato da areia com o muro de
borda da Avenida Sete de Setembro. É certo que, ainda que não fosse uma área
permanentemente alagada, foi efetivamente um baixio, sendo assim caracterizado por
Aldenburgk (1627, p.171). Era, conforme Amaral (1969), um baixio, e, para Risério (2000,
p.62), um “terreno baixo e arenoso (...) depois coberto pelo aterro e as edificações que
vieram a conformar o Largo da Barra”. O mais provável é que a camboa de Caramuru
seguisse o modelo similar aos desenvolvidos em sua terra de origem, sendo pertinente,
imaginar que agisse, para instalá-la, conforme as indicações de Magalhães e Baptista
(2004). É que, seguindo a mesma conformação da área mais enrocada, próxima à Ponta
146
do Padrão, possuisse esta localidade, pelo menos algum pequeno embaiamento entre
prolongamentos dos afloramentos rochosos. Constituir-se-ia, de tal forma, provavelmente,
a Camboa de Caramuru, sendo um indicador da presença de um “forte afloramento
rochoso”, o qual pode ser pensado na área do ou vizinha ao atual Forte de Santa Maria.
A Fotografia 59 exibe um detalhe ampliado da Fotografia 56. Pode-se perceber a
existência de afloramentos rochosos na praia. Essas constituem exemplares similares
àqueles que atualmente repousam entre o Forte de Santa Maria e o Forte de Santo
Antônio da Barra.
Fotografia 59 – Detalhe da Fotografia 56 – Afloramentos rochosos na Praia do Porto da Barra –
fotografia de Benjamin Mulock, 1860.
A Fotografia 60, tomada da altura do Forte de Santa Maria, em direção à Ponta do Padrão,
exibe as condições apropriadas para a disposição de uma gamboa. Isto por exibir similar à
estruturação da Fotografia 58, disposição dos afloramentos perpendicular a
semiperpendicular à face da praia.
147
Fotografia 60 – Afloramentos rochosos entre a Ponta do Padrão e a praia do Porto da Barra – 1890
– autoria desconhecida.
Seguindo Amaral (1969, p.266), está clara a existência de baixio que foi utilizado para
puxada de xaréus. Dessa atividade há registros, localizada “entre os fortes S. Diogo e
Santo Antônio”, ainda em 1716.
Podemos, neste quadro, perceber a existência efetiva de terreno baixo, o qual
provavelmente se dispunha onde atualmente está a Praia do Porto da Barra. As áreas
alagáveis de tal maneira que, com e a existência de uma estruturação enrocada,
permitiriam a preparação de uma gamboa. Esta poderia ter ficado próximo à ponta em que
atualmente está o Forte de Santa Maria, um ressalto rochoso expressivo, nesse contexto.
Fazendo face a essa região estava a elevação do Outeiro Grande que, conforme
Varnhagem (sd, in Wildberger, 1971), tinha o predomínio visual de uma praia com uma
série de encostas a emoldurá-la, com “terra avermelha, então vestida ainda de mato
virgem”. Ao seu pé corria, conforme Nigra (1937), o “Ribeiro do Bosque”. Esta indicação foi
seguida por Sampaio (1949, p.160), que colocou esse Ribeiro “na distancia de uns
tresentos a quatrocentos metros da praia, no sopé do morro (...) em lugar enxuto, onde o
terreno começa a subir, onde a matta da encosta acabava”. Corria assim “a água de um
pequeno ribeiro que flue para o rio dos Seixos, embora pequena, dava o bastante para a
povoação nascente”. Era o Ribeiro do Bosque, cujo curso seguia aproximadamente a
trajetória descendo pela que atualmente é a Rua João Pondé, a Alameda Antunes, a Rua
Cezar Zama e a Rua Marques de Caravelas, estando atualmente sob essas desaparecido.
148
No extremo deste setor está o Forte de São Diogo, locado no pé do Morro de Santo
Antônio da Barra. Tem base a 18,6 metros de altitude, tendo início de edificação, conforme
Barretto (1958), entre 1609 e 1613, indica sua presença na “Planta da Restituição da
Bahia”, de Albernaz (ca. 1625-1631, in Reis, 2000, p.27). Entretanto, a citação que nela
aparece é tão somente do Forte de Santo Antônio da Barra, não constando qualquer
menção no relatório de Aldenburgk (1627, p.171). Provavelmente o equívoco se deve ao
posicionamento impreciso da Igreja de Santo Antônio da Villa Velha, na imagem, tida como
realista e não alusiva. A intervenção no local foi após os eventos de 1624, surgindo a
Estância de São Diogo, em 1638. Conforme Barretto (1958), em 1704, deu-se o
aplainamento, com terrapleno e expansão do forte anterior, iniciando-se uma melhorias
que, conforme Amaral (1969, p.266), encerrou-se em 1722. O forte e a sua vizinha Rua do
Forte de São Diogo são claras escavações na encosta, entretanto, a Fotografia 56 mostra
que a essas intervenções deram-se também aterramentos, especialmente ao pé do forte, à
sua rua.
Efetivamente, Fonseca (1960) elenca, dentre as primeiras intervenções na orla, ainda no
século XVI, as que afetaram o Morro de Santo Antônio da Barra, que tem, atualmente, a
cavaleiro, com piso a 37,6 metros, a Igreja de Santo Antônio da Barra. O donatário
Coutinho, relata Salvador (1627), desembarcando “da ponta do Padrão da Bahia para
dentro se fortificou”. Ali, conforme carta do próprio donatário (Nigra, 1937, p.220)
estabeleceu-se “na encosta ou pontal em que dominasse, com a cerca posta no alto, tanto
a praia de Caramurú como a amplitude da baía”. Não alterou a situação a ponto de
estabelecer a bela fortificação em pedra, sugerida por Sampaio (1949), pois, segundo
Calmon (1949, p.90), após o breve terrapleno no alto do morro, construiu sua fortificação
que seria de tapume e pau a piquem à semelhança das que na Índia vira e levantara”, não
passando de uma espécie de “primeiro sobrado”. Oliveira (2006) fecha questão, apontando
ser esta colocação atestada por uma “provisão” paga, à época, para reconstrução de cerca
de 70 metros de muro de taipa.
Fracassada a iniciativa, ali, no mesmo sítio, já se assentava já uma ermida no terceiro
quarto do século XVI. (Souza, 1587)
7.2.3 - RECONSTITUIÇÕES
149
Aliando-se o resultado da fotointerpretação às informações históricas, podemos proceder à
reconstituição do desenho paleovisual da marinha soteropolitana para o trecho que vai da
Ponta do Padrão ao Morro de Santo Antônio da Barra.
Entre a Ponta do Padrão e o rochedo do Forte de Santa Maria, existia já uma zona
basicamente rochosa, mas que era ultrapassada pelas águas, estabelecendo-se uma praia
reconhecivelmente quase toda envolvida pela zona de espraiamento (swashzone), que
avançava de entre 4 e 6 metros. Em cerca de seis metros estava a berma, representada
por uma pequena quebra angular. Sua distância do limite da zona de espraiamento variou,
entre 3 e 4 metros. A cerca de 7 metros da berma estava o início da vegetação.
A face ocidental do Morro do Gavazza, que atualmente tem diante de si a Avenida Sete de
Setembro, possuía um pequeno ressalto de base que constituía o limite da linha de praia
arenosa e provável berma de tempestades. A encosta foi alterada gravemente desde a
fixação no sítio do Hospital Espanhol de uma bateria.
O sítio do Forte de Santa Maria era um rochedo isolado, sem qualquer indicador de que
houvesse cobertura de solo. Nas marés altas de sizígia deveria ser contornado e isolado.
Diante dele estava a praia do Porto da Barra prolongava-se em um baixio, o qual tinha
áreas enrocadas, nas quais deveria ser relativamente simples aparelhar rochas para
armada a camboa.
A encosta do Morro de Santo Antônio da Barra foi escavada ao Oeste, para que nela se
assentasse o Forte de São Diogo, a Norte, para que se abrisse a Rua Forte de São Diogo,
e a Sul, para que ali se implantasse o caminho ascendendo o Outeiro Grande. seu alto de
se esperar que tenha acontecido uma terraplenagem, para assentamento da Igreja de
Santo Antônio da Barra.
150
Fotografia 61 - Visão atual do Forte de Santa Maria, no Porto da Barra, a partir da Ponta do
Padrão.
Figura 53 - Reconstituição panorâmica do visual provável da região entre a Ponta do Padrão e a
localização do Forte de Santa Maria, pré interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia 61.
151
Fotografia 62 - Visão atual da Ponta do Padrão, imediatamente após a entrada na Baía de Todos
os Santos, vislumbrando-se, a cavaleiro, o Forte de Santo Antônio da Barra, com seu Farol da
Barra.
Figura 54 - Reconstituição panorâmica do visual provável da Ponta do Padrão, pré interferência
antrópica, a partir do ponto da Fotografia 62.
152
Fotografia 63 - Visão atual da Praia do Porto da Barra, vislumbrando-se, o Morro de Santo Antônio
da Barra, tendo, a cavaleiro, a Igreja de Santo Antônio da Barra.
Figura 55 - Reconstituição panorâmica do visual provável da Praia do Porto da Barra, pré
interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia 63.
153
Fotografia 64 - Visão atual da Praia do Porto da Barra, vislumbrando-se, o Forte de Santa Maria.
Figura 56 - Reconstituição panorâmica do visual provável da Praia do Porto da Barra, pré
interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia 64.
154
7.3 – TRECHO 3 - Morro de Santo Antônio da Barra à Ladeira da Preguiça
O terceiro setor parte da Morro de Santo Antônio da Barra estendendo-se por cerca de 2,9
quilômetros, no sentido N30E, até a parte baixa da Ladeira da Preguiça. Desenvolve-se
quase que sem traço de praias, dominado pela grande encosta da Falha de Salvador, com
edificações diversas no topo da sua face, só sendo quebrada a monotonia próximo ao seu
início, com a presença do Iate Clube, e cerca de 2,2 quilômetros depois, com a chegada da
Gamboa e do Solar do Unhão. Cerca de 0,7 quilômetro está o pé da Ladeira da Preguiça.
Além disso, as modificações provocadas pelos acessos ao mar das edificações do
Corredor da Vitória e o longo traço suspenso da Avenida Contorno, que mergulha
suavemente, desde a altura do Campo Grande, em direção à Cidade Baixa, remata o
desenho costeiro. (Figura 57)
Figura 57 – Topônimos citados no Setor 3 - Morro de Santo Antônio da Barra à Ladeira da
Preguiça.
155
7.3.1 – Aspectos Geológicos
Seguindo além do Morro de Santo Antônio da Barra, apenas algumas pequenas
acumulações de areia, constituindo prainhas. Podem ser vistas, atualmente, com algum
destaque, duas porções que flanqueiam o Solar do Unhão. A partir daí, todo o restante da
área atualmente perdeu qualquer característica de praia, nos termos de Komar (1976).
A partir deste setor, incluindo-o, adentra-se em um segundo contexto percebido por
Peixoto (1968) que é o de associação dos Compartimentos topográfico-morfológicos que
configuram a costa interior ou interna da Península Soteropolitana, situada no contexto da
Baía de Todos os Santos. Constitui basicamente o sopé, a face e a borda de alto da
grande Falha de Salvador (Mattoso, in Simas Filho, 1979). Suas poucas praias são
domínio de areias siliciclásticas fluviais regressivas. (Lessa et alii, 2000) Segue estreita e
com largura desigual. enquadrando-se na Feição Orla da Baía de Todos os Santos do
Compartimento V, a Planície Litorânea ou Margem Costeira Atlântica de Peixoto (1968)
correndo ao pé do escarpamento que a Falha de Salvador produziu, constitui sua porção
baixa, dominada por modificações antrópicas, dominada Cidade Baixa. (Gonçalves, 1992)
Partindo de uma inflexão para nordeste, na Ponta de São Diogo do Morro de Santo Antônio
da Barra, seguindo em aproximadamente N30E, subordinada pela grande falha que se
reflete em elevados paredões rochosos, em que repousam pequenos depósitos de areia
siliciclástica com variações de máxima largura de 1 e 2 metros, estendendo-se assim por
3,9 km até a altura do pé da Ladeira da Preguiça.
O compartimento topográfico-morfológico I, que Peixoto (1968) indica, é a própria escarpa
da Grande Falha de Salvador, a grande referência das feições geomorfológicas da
Península Soteropolitana que se alonga segundo SSW – NNE, com direção dominante
N30-33E, em um traçado levemente ondulado. Nela, Peixoto (1968) destaca os
festonamentos” localizados em foz de vale, em Água de Meninos, nas ladeiras de São
Francisco de Paula, Cruz do Cosme, Água Brusca, Taboão, Montanha e Campinas. A
marcante movimentação vertical de blocos produziu um escarpamento que gera um visual
de encosta abrupta de elevado ângulo de mergulho, com declives superiores a 56°,
separando as áreas baixa e alta do horst, com desníveis de 60 a 80 metros. (Peixoto,
1968) (Gonçalves, 1992)
Ascende-se pela Avenida Sete de Setembro, na expressão da Ladeira da Barra, chega-se
ao Largo da Vitória, que tem por cota 65,3 metros. É o alto da falha que, a partir desse
ponto, já no contexto do antigo Outeiro Grande (Sampaio, 1949), atualmente parte
156
integrante do Alto ou Planalto de Salvador, enquadrado no compartimento topográfico-
morfológico do Alto de Salvador, no subcompartimento Espigão Central. (Peixoto, 1968)
A face voltada para a baía revela inclinações localizadas entre 14 e 27°, localmente
chegando a 40°. (Peixoto, 1968)
Esse planalto apresenta-se profundamente dissecado, apresentando um quadro de altos
irradiados em um planalto retalhado, separados por esses vales acentuados. (Peixoto,
1968)
Segue-se pela longa extensão da Avenida Sete, que se transforma no Corredor da Vitória.
Atualmente, o alto pelo qual ela se alonga perdeu todos os seus antigos vales suaves,
assim como as reentrâncias, mantendo a média de 65,5 metros por todo o Corredor da
Vitória, até chegar ao Campo Grande, na cota de 63 metros. A partir desse segue em
altitudes e declividades aproximadamente uniformes, salvo as quedas das expressivas
cavas da Gamboa e do Gabriel, até a altura em que sua projeção, ao mar coincide com o
pé da Ladeira da Preguiça.
A Fotografia 65 nos permite a visualização da trama tectônica que resultou em altos e
vales para essa região. O padrão estrutural no setor apresenta uma predominância
absoluta da Falha de Salvador. Excluindo-se essa, surgem como referências dominantes
duas direções uma de azimuth variando de 350º a 355º, e outra, em menor abundância,
porém também freqüente, de azimuth entre 275º e 295º. A relevância dessa constatação é
que, ao interceptarem a grande falha, que se situa com azimuth entre 25º e 35º, favorece o
aparecimento de vales com essas direções, na sua face.
157
Fotografia 65 – Trama tectônica do trecho 3, realizada sobre aerofoto, sobrevôo SACS, 1959.
7.3.2 – Fontes Históricas
Uma pintura de Pearce, apresentada na Figura 58, realizada entre 1819 e 1820 (Guedes,
1991), abrangeu praticamente todos os trechos a serem abordados deste ponto em diante.
Em estilo naturalista não retratista, guarda um certo abstracionismo, escapando ao
detalhismo e ao retratismo. Sua relevância está em indicar áreas de localização de vales.
158
Figura 58 – Pintura abrangendo do Morro de Santo Antônio da Barra ao pé do Alto da Vitória.
Realizada por Robert Pearce, em 1819 a 1820.
A exploração desse visual mais íntegro aparece também na Fotografia 66, do último
quarto do século XIX. Sua abrangência de praticamente todo o trecho 3 permite uma
contemplação mais abrangente.
Fotografia 66 – Fotografia de todo o trecho 3, do Morro de Santo Antônio da Barra ao pé da Ladeira
da Preguiça. Final do século XIX. Autor desconhecido. Fonte: Instituto Geográfico e Histórico da
Bahia.
Começando no pé do Alto de Santo Antônio, a Ladeira da Barra é, observou Nigra (1937,
p.221), a herdeira do início do antigo Caminho do Conselho. A Fotografia 66 exibe um
aspecto interessante, que é a localização do início da subida da atual Ladeira da Barra
partindo do Forte de São Diogo, seguindo em trajeto mais elevado que o atual.
159
Fotografia 67 – Detalhe da foto 56 - Alto de Santo Antônio da Barra – fotografia de Benjamin
Mulock, 1860.
A partir daí, Nigra (1937, p.221) observa que, originalmente, a Ladeira prosseguia mais
para o interior, devendo serpentear por áreas mais elevadas, “pelas cabeçadas das terras”.
Isto significa sua colocação em terreno atualmente ocupado pelo Alto de Clemente Mariani
e pelos edifícios que atualmente fazem frente à ladeira. Dele, caindo à esquerda, estavam
umas sortes de terras que desciam até o mar”. É assim que aparece também nas
ilustrações referentes ao ataque das Companhias das Índias Ocidentais, de 1624. (Figura
41)
A diferença dos trajetos do início das antiga e atual Ladeira da Barra pode ser vista na
Figura 59. Isto se refletiu em diferentes intervenções na fachada da encosta voltada para a
Baía de Todos os Santos, na qual este trecho marca a entrada.
160
Figura 59 – Diferença de trajetos do início da antiga e da atual Ladeira da Barra.
A Fotografia 68 mostra a atual Avenida Sete de Setembro, no trecho da Ladeira da Barra,
cujo traçado, em meados do século XIX, correspondia já aproximadamente ao atual.
Pode ser visto o nível primeiro de cortes na encosta e aterramentos, mas que havia ainda
as áreas de contato direto entre a rocha do plano da Falha de Salvador e a linha de água.
O quadro atual tem eliminado completamente esse contato. Entretanto, através desta
fotografia, pode-se perceber a natureza dos contatos da linha d’água, através de
afloramentos rochosos e de uma praia, atualmente desaparecidos. Para termos de
comparação, a Fotografia 69 exibe o mesmo trecho atualmente.
161
Fotografia 68 – Trecho de subida da Ladeira da Barra, imediatamente após o Morro de Santo
Antônio da Barra, em 1870, por Guilherme Gaensly.
Fotografia 69 – Trecho de subida da Ladeira da Barra, imediatamente após o Morro de Santo
Antônio da Barra, em 2007. Exibe a mesma região da Fotografia 68 completamente tomada por
edificações antrópicas.
Essa expansão da área edificada à base da encosta, na Ladeira da Barra, mostra como
essa interferência antrópica se expandiu de maneira mais expressiva, nessa localidade,
162
primeiramente, com a instalação da Fábrica Vitória de Xales. (Fotografia 70) Em 1935, o
sítio foi adqüirido para a instalação do Yacht Clube da Bahia, ampliando-se a intervenção.
Fotografia 70 - Fabrica de Xales. Pé da encosta da Ladeira da Barra. Século XIX. - Foto autoria
desconhecida.
Em um detalhe da Fotografia 68, que aparece na Fotografia 71, podem ser destacados
afloramentos atualmente não mais existentes, tanto rochosos quanto de uma praia de
areia.
163
Fotografia 71 – Detalhe da Fotografia 68, exibindo afloramentos rochosos e de uma praia de areia,
Ladeira da Barra, imediatamente após o Morro de Santo Antônio da Barra, em 1870, por Guilherme
Gaensly.
A Fotografia 72 é o detalhe de uma aerofoto, mostrando o trecho da orla entre o Alto de
Santo Antônio, parelho à Ladeira da Barra, até o Alto da Vitória, parte do antigo Outeiro
Grande. Datando de 1959, revela a persistência ainda da faixa de areia, a praia
propriamente dita. Entretanto, observa-se já ações iniciais da interferência antrópica, que
viria, enfim, eliminá-la.
164
Fotografia 72 – Detalhe de aerofoto, exibindo a persistência da praia, ao pé da Ladeira da Barra, já
com interferências antrópicas, em 1959. - Vôo Cruzeiro do Sul - SACS.
Figura 60 – Montagem exibindo a introdução, na Fotografia 71, na parte de marinha, das
intervenções antrópicas recentes, capturadas de aerofotografia de 2002. Em amarelo a localização
da antiga praia, atualmente sepultada sob edificações do Yacht Clube da Bahia.
Aplicando-se sobre a Fotografia 72 uma aerofotografia de 2002, podemos perceber o
quanto as edificações avançaram. Deixada sua posição original em amarelo, percebe-se e
o quanto a antiga praia da Ladeira da Barra encontra-se soterrada.
165
A Fotografia 73 permite uma comparação bem direta entre o sítio em que se associavam a
antiga praia e a área rochosa e a atualidade, em que, durante marés baixas de sizígia,
vislumbra-se tão somente uma praia rochosa.
Fotografia 73 - (a) Detalhe da Fotografia 68, exibindo afloramentos rochosos e de uma praia de
areia, Ladeira da Barra, imediatamente após o Morro de Santo Antônio da Barra, em 1870, por
Guilherme Gaensly. (b) Mesmo trecho, exibindo as edificações do Yacht Clube da Bahia, que
sepultaram a antiga pequena praia. 2008.
166
No alto da Ladeira da Barra, Fonseca (1960) reconhece que a Igreja de Nossa Senhora da
Vitória, que, de início, estava voltada para o mar, fora, provavelmente uma das primeiras
intervenções, no Alto, percebível da praia. Sobre ela, Tollenare (1817) relata, sobre a sua
encosta, que “desce bruscamente para o mar”, onde “uma vereda tortuosa e sombria
conduz à praia”. Interessante é o reporte de que “ali, ao pé de um rochedo a pique de
cerca de trezentos pés de altura, se acha uma fonte d´água doce que abastece o arrebalde
da Vitória, à razão de doze garrafas por minuto”. Esse autor relata:
Ao pé do rochedo da fonte, ao lado do sul, há uma pequena angra
cercada de blocos, que evidentemente rolaram do alto da
montanha, porquanto a sua base é de um xisto micáceo muito
compacto e o seu cimo uma brecha imperfeita ou mesmo o
“pudding”, pois nele se encontram muitos seixos rolados. Ora, os
blocos são do mesmo material do cimo. As vagas minaram-nos
pouco a pouco,destruindo o cimento do “pudding”, os calhaus
desprenderam-se, foram arrastados pelas ressacas, e ficaram
escavações bastante vastas recobertas por abóbadas pouco
espêssas, ameaçadas da mesma destruição. No entanto, estas
abóbadas formam grutas, ora sêcas, ora inundadas, segundo o
refluxo e o fluxo. São asilos encantadores contra o calor do sol.
Uma destas grutas, muito irregular, sem dúvida, e mais ou menos
embaraçada, tem, entretanto, vinte e cinco pés de profundidade
sôbre três a dez de largura variante. Quando o mar deixa em seco o
seu solo de areia pura, a altura é de cerca de sete a oito pés.”
(Tollenare, 1817, p.68)
No largo da Igreja de Nossa Senhora da Vitória atinge-se o alto do Outeiro Grande, a cerca
de 65 metros de altitude. Seguindo 600 metros em sentido sudeste, pelo mesmo alto,
atualmente significando percorrer a Rua da Graça, chega-se à Praça Doutor Paterson, ou
Largo da Graça, onde está a Igreja de Nossa Senhora da Graça. Desse eixo de ligação,
em direção sul, até a Praia do Porto da Barra, há um mero declive sem maiores rupturas. A
imagem mais antiga do caminho que liga esses atuais Largo da Vitória ao Largo da Graça,
aparece representada na Fotografia 74, de meados do século XVIII. Marcada pela
inexatidão, a imagem é precisa como evocativa do evento, desenhando o em-torno
sumariado e alusivo. A indicação é que do trajeto entre as duas localizações vislumbrava-
se a praia, algo impossível atualmente. O mais provável é que se vislumbrasse tão
somente, o mar, sem ver a praia, aparecendo, ao horizonte, a Ilha de Itaparica. Agrega-se,
167
assim, esta imagem na descrição de Turner (1979), em que a Natureza funciona apenas
como um pano-de-fundo evocativo e pouco preciso, servindo mais, como colocam, Boak e
Turner (2005), mais indicativos que objetivos.
Fotografia 74 – Visita do Governador às igrejas da Vitória e da Graça – Pintura em óleo sobre tela -
Igreja de Nossa Senhora da Graça - meados do século XVIII - atribuída a José Joaquim da Rocha.
A vista de aproximadamente o mesmo ponto da Fotografia 74, só que sem a estilização e
com foco na Igreja de Santo Antônio da Barra, está expressa na Figura 61, uma litografia
de Edward Finden, lançada no livro de Graham (1824).
168
Figura 61 – “Arvore da Gamela” – litografia de Edward Finden (in Graham, 1824)
Através da mesma podemos confirmar a visão do mar, ao fundo, além da conformação
interior dos altos que fazem frente à Praia do Porto da Barra. Esta obra segue a tendência
do momento, de abordagens textuais e com imagens (Boak e Turner, 2005), buscando
associar relato e cientificidade, com a expressão de croquis de paisagens realistas (Rees,
1976). Há um jogo de integridade e totalidade rica em detalhes, que pode ter aspectos de
ilusória. (Turner, 1979)
169
A Fotografia 75 mostra o “Sonho de Catarina Paraguaçu”, de final do século XIX, já exibe
um naturalismo com uma disposição retratista mais clara. Nessa obra, a relação do mar ao
fundo aproxima-se do esperado do que seria uma visão a partir do local em que se situa a
atual Praça Doutor Paterson, o Largo da Graça. Localizada no forro do teto da Igreja de
Nossa Senhora da Graça, ao seu autor bastava retratar a visão, até aquele momento
presente, do mar que se via de diante dessa edificação.
Fotografia 75 – “O sonho de Catarina Paraguaçu” – Pintura a óleo sobre madeira – Forro da Igreja
de Nossa Senhora da Graça - Obra do pintor Manoel Lopes Rodrigues. 1881.
A Fotografia 76 repete a obra o “Sonho de Catarina Paraguaçu”, sendo também do final do
século XIX. Nesta obra, o autor, a partir da obra anterior, sacrifica o retratismo, em prol de
uma narração evocativa. Apesar do naturalismo e de ser uma cópia da pintura da
Fotografia 75, aproxima-se esta obra, conceitualmente, mais da Fotografia 74. A presença
do mar se configura como realidade, mas não busca ser um retrato acurado do que se via.
170
Fotografia 76 – “O sonho de Catarina Paraguaçu". Pintura a óleo sobre tela. Obra de Júlio
Simmonds sobre a obra original de Manoel Lopes Rodrigues. 1891. Câmara Municipal de Salvador.
Outra referência é a planta realizada por Carlos Augusto Weyll, de 1860, na qual aparecem
os altos da Vitória e Graça, com a ligação de cumeada entre eles, no Outeiro Grande.
(Figura 62) Observa-se como entre este alto e a praia atualmente denominada Praia da do
Porto da Barra havia tão somente um terreno em declive elevado, com um grande vale no
qual estava inciso o Ribeirão do Bosque. Esta condição, por certo, franqueava a visão
meridional do mar, a partir daquele alto.
171
Figura 62 - Detalhe do "MAPPA TOPOGRAPHICA da Cidade de S. SALVADOR", de Carlos
Augusto Weyll, de 1860. Ligação entre Largo da Vitória e Praça Doutor Paterson ou Largo da
Graça, pela cumeada do Outeiro Grande.
A Fotografia 77, datada provavelmente do final do século XIX, comprova a visualização do
mar a partir do Largo da Graça. Para termos comparativos, a Fotografia 78, tomada em
2007, não mostra mais qualquer visualização desse. Ainda que se retirassem as árvores,
além dessas há dezenas de edificações suficientes para que não mais se vislumbre o
mesmo.
Fotografia 77 – Praça Doutor Paterson, o Largo da Graça, no final do século XIX. Em destaque o
trecho de mar visualizável.
172
Fotografia 78 – Praça Doutor Paterson, o Largo da Graça, 2007. Imagem tomada a partir do
mesmo ponto da Fotografia 77.
Pode-se considerar a eliminação desses obstáculos, o restauro da provável situação
original do relevo, com o reerguimento do atual rebaixamento que foi provocado pela
abertura da pista de acesso do Vale do Canela ao antigo Largo da Graça. Esta conduziria
a um melhor entendimento do elevado valor estratégico do sítio para os primeiros
habitantes. A Figura 63 indica as prováveis linhas de visada, a partir desse antigo alto,
justificando plenamente a escolha de Diogo Álvarez Correa deste sítio, para assentamento
da sua residência fortaleza.
173
Figura 63 – Prováveis visadas aproximadas a partir do Largo da Graça, retirando-se a interferência
das edificações atuais aparecem não esmaecidas. Setores A e B - com visão até bem próximo as
praias. Setor C - provável visão do horizonte marinho.
Seguindo pela Avenida Sete de Setembro, adentra-se o trecho denominado Corredor da
Vitória, que equivale a um longo algo, cujas depressões foram eliminadas, para a definição
desse corredor urbano. A Fotografia 79 exibe a visão da sua marinha, ressaltando uma
interferência elevada, com aterramentos e modificações que suprimiram completamente
qualquer aspecto de altos e vales no alto. Mesmo na face da encosta a preservação é mais
aparente, pois é o nível d modificação intenso afetou profundamente essa região, em
especial a partir da implantação de pequenos piers privativos de cada condomínio.
174
Fotografia 79 – Paisagem da marinha do Corredor da Vitória. 2006. Foto autoria desconhecida.
Seguindo pela base da encosta, fazendo face à praia, a localidade da Gamboa, atual
Gamboa de Baixo, era um destaque na monotonia com que a face da Falha de Salvador se
desenvolvia em seu relacionamento direto com a linha de água. A origem da sua
denominação evoca a mesma armadilha de pesca da praia do Porto da Barra, porém não
foram encontrados registros de seu uso nos mesmos termos da do Porto da Barra. Se
existiu, poderia, ter sido o mesmo dos blocos rolados evocados por Tollenare (1817) para o
pé do Alto da Vitória ou mesmo meros afloramentos rochosos cuja conformação contivesse
estruturas de armadilhas naturais.
A Fotografia 80, entretanto, do antigo Porto das Vacas, da antiga povoação da Gamboa de
Baixo, que antecedia, a Sul, o Forte de São Paulo, mostra ainda perceptíveis resquícios da
existência de uma praia rochosa. Se houve efetivamente uma gamboa nessa localidade,
essa deve ter aproveitado tal conformação, sobre a qual acabou assentada esta pequena
povoação ou mesmo o Forte de São Paulo pode ter aproveitado a conformação, ocupando-
a.
Além disso, esta imagem revela o perfil da face da encosta lateral à Gamboa de Baixo e o
forte de São Paulo, antes da abertura da Avenida do Contorno.
175
Fotografia 80 – Porto das Vacas - Gamboa de Baixo - 1870 - Autoria desconhecida. Fonte
Fundação Gregório de Mattos.
Na Gamboa como um todo, a maior modificação considerável primeira do visual veio com a
instalação da Bateria ou Forte de São Paulo ou da Gamboa, edificada entre 1715 e 1720
(Barretto, 1958), descrita por Vilhena (1799, p.223), situada à beira-mar, “no pé de um
monte escarpado”. A sua visão era completamente diferente da atual, pois, colocado em
uma colina escarpada, era acessível somente por trilhas estreitas, ligando-se por
entrincheiramentos ao Forte de São Pedro, do qual podia ser entendido como sua porção
ou projeção baixa, à orla. Teixeira (2005) indica essa obra como parte de um conjunto de
grandes alterações no em-torno da Praça Dois de Julho, o Campo Grande, configurando a
defesa da cidade. Os aterros mais claros, de quem tinha a vista do mar, são aqueles que
afetaram a região entre a atual Rua Banco dos Ingleses e o Passeio Público, elevando em
muito sua cota original.
Diante do antigo Forte de São Pedro, uma queda pronunciada era reforçada pela presença
de um vale, em direção à Gamboa, seguindo o curso que atualmente está marcado pelo
176
mergulho da Rua da Gamboa de Cima. A antiga ligação entre os fortes, constituindo uma
cinta de defesa no flanco sul da cidade, pode ser visto no detalhe em mapa de 1798, à
Figura 64.
Figura 64 – Sistema dos Fortes de São Pedro e São Paulo, interligados pelos vales, na Gamboa -
Detalhe do “Topographica da Cidade Capital de São Salvador Bahia de Todos os Santos”, de 1798,
de autoria de Joaquim Vieira da Silva.
Outro trabalho que outros identifica e representa com qualidade o trecho é o de Frézier,
datado de 1714. Neste, aparecem uma planta e uma panorâmica, representados à Figura
65. Como destaque, nestas imagens, compondo a face da cinta de defesa, aparece o “Fort
Diogo”, no local em que, atualmente, se assentam o Passeio Público e o Quartel dos
Aflitos.
177
Figura 65 – Sistema dos Fortes de São Pedro, São Paulo e São Diogo. - Detalhes do trabalho de.
(a) "Vue de la Ville de St Salvador du coté de la Baye" e (b) “PLAN DE LA VILLE DE St
SALVADOR”.
Do mesmo sítio, aparece, à Figura 66, a panorâmica de Robert Pearce, de 1819 a 1820,
com os Fortes de São Pedro, de São Paulo e o aterro do Passeio Público.
Figura 66 – Forte de São Paulo, abaixo à esquerda, e o Forte de São Pedro, no alto, à direita. No
alto, ao centro, o aterro do Passeio Público. Detalhe de aquarela de Robert Pearce. - 1819 a 1820.
A Figura 67 exibe um detalhe do trabalho de Vilhena, com a área da cinta de Fortes de São
Pedro, São Diogo e São Paulo. Nela a estilização geometrizante simplificante é clara,
178
porém aparecem bem claros os vales que se enquadram no contexto local. Um deles foi
lançado antecedendo o Forte de São Paulo e um após o mesmo.
Figura 67 – Contexto dos fortes de São Pedro e São Paulo. Detalhe da "PLANTA DA CIDADE DE
S. SALVADOR NA BAHIA DE TODOS OS SANTOS NA AMERICA MRIDIONAL AOS 13° DE
LATITUDE, E 345°36’ DE LONGITUDE.", de João Massé. De 1711 a 1717, que ilustra o livro de
Vilhena, de 1798 - 1799.
O resquício dos vales que recortavam o antigo alto em que atualmente está situado o
Campo Grande, que Teixeira (2005) reconhece no Canela e no Garcia, têm continuidade
geológica na orla, na face da encosta de falha. O cruzamento da Figura 65 com uma
ortoaerofoto atual conduz mais facilmente à localização dos antigos vales. (Figura 68)
Figura 68 – Cruzamento da Figura 64 com ortofotografia atual.
179
A fotografia 81 exibe a área imediatamente posterior, após o Forte de São Paulo, no final
do século XIX, com os atualmente denominados Gamboa e Solar do Unhão, por então,
funcionando como a fábrica de rapé Areia Preta.
Fotografia 81 – Panorâmica visualizando-se: (A) Solar do Unhão (B) Forte de São Paulo (C)
Gamboa (D) Passeio Público (E) Corredor da Vitória (F) Igreja de Santo Antônio da Barra no Alto de
Santo Antônio da Barra. - Último quarto do século XIX - Autoria desconhecida. Fonte Instituto
Geográfico e Histórico da Bahia.
Após a Gamboa, aparece a edificação do Solar do Unhão. Esta ocupa, provavelmente,
uma antiga praia ou enrocamento. Tendo pertencido a Gabriel Soares, no século XVI,
possuía então uma fonte. A Fotografia 82 exibe uma trama de lineamentos convergindo
para a região que separa o Solar do Unhão da Gamboa.
Fotografia 82 – Detalhe da trama de lineamentos estruturais, na região da Gamboa. Realizada
sobre aerofotos de 1959. SACS.
A Fotografia 83 exibe um visual mais abrangente, no qual fica mais clara a presença de um
pequeno embaiamento na região entre a Gamboa e o Solar do Unhão. Esse é fruto
precisamente desse jogo de lineamentos que provocaram o surgimento de antigos vales,
atualmente mascarados.
180
Fotografia 83 – Visual da região da orla entre a Gamboa e o Solar do Unhão. A partir de
ortofotografia - Conder - 2002.
Na Fotografia 84, o mesmo trecho entre a Gamboa e o Solar do Unhão revela o grau de
interferência antrópica, que resultou alteração da paisagem. A região imediatamente à
esquerda do acúmulo maior de residências, marcada pela presença de vegetação um
pouco mais abundante, indica a posição do antigo vale, atualmente mascarado.
Fotografia 84 – Visão da Gamboa, a partir do Solar do Unhão. - 2007.
Essa mesma fotografia mostra a praia que se situa nesse intervalo, formada por
sedimentos grosseiros, que variam de areia média-grossa a seixos imaturos. Esse acúmulo
parece se formar em função da existência do aterro do Solar do Unhão, que constitui um
ponto resistente ao tráfego desses clastos, seguindo a corrente, no sentido norte.
Entretanto, a presença do antigo vale, sugere que há a possibilidade de ter havido fonte de
sedimentos antiga suficiente para ter produzido originalmente uma praia, no local em que
181
atualmente se assenta o Solar do Unhão. Isto especialmente se ali houvesse afloramentos
rochosos que garantissem a mesma ancoragem aos sedimentos.
Após essa edificação, retornava-se à conformação geral que se estendia desde o Morro de
Santo Antônio da Barra. Dito por Vilhena (1799, p.223), por ali não se podia transitar, não
existindo praias, daí, até a Ladeira da Preguiça, “pelo lado do Sul, não tem saída alguma
por bater o mar no pé de um monte escarpado”.
A Figura 69 exibe o estado da parte final desse trecho, entre a Gamboa e o Pé da Ladeira
da Preguiça, no final do século XIX.
Figura 69 – Detalhe da “PLANTA DA CIDADE DE SÃO SALVADOR - CAPITAL DO ESTADO
FEDERADO DA BAHIA", de Adolfo Morales de Los Rios, de 1894.
A Figura 70 exibe a Figura 69 em associação com uma aerofotografia recente. A única
grande interferência de destaque na marinha, nesse termo final do trecho, foi a instalação
da nova Vitória Marina, cuja construção ocorreu no final do século XX. Além desta, à
esquerda, percebemos o plano onde se deu a localização de mais um trapiche.
182
Figura 70 – Associação de detalhe da “PLANTA DA CIDADE DE SÃO SALVADOR -
CAPITAL DO ESTADO FEDERADO DA BAHIA", de Adolfo Morales de Los Rios, de 1894,
a ortoaerofotografia de 2002 - Conder.
No alto, percorrendo-se o caminho pela Avenida Sete de Setembro, na região do Corredor
da Vitória, os padrões estruturais, revelados pela Fotografia 64, indicam que haveria cerca
de quatro vales ou cava mais expressivas, até se chegar ao Campo Grande. Esses
aprofundamentos topográficos, atualmente estão completamente mascarados pelos
terraplenos e edificações, que transformaram esse trecho em praticamente horizontalizado.
Porém a Fotografia 85 revela o tratamento de aerofotografia de 1959, para a localização de
lineamentos estruturais na região do Corredor da Vitória. Através dela perceberam-se
resquícios de muitas cavas atualmente imperceptíveis. Essas, provavelmente, contatavam
as cavas que cortavam também o profundo Vale do Canela. Essa associação indica que o
atual Corredor da Vitória já foi atravessado por regiões superiores de baixio ou pequenos
vales. A sua atual configuração, praticamente horizontal, resulta de aterramentos e
nivelamentos diversos, para a adeqüação às atuais edificações e via principal, a Avenida
Sete de Setembro. Esta análise indica que, na situação original, pré-antrópica, haveria
existência de, pelo menos, quatro desses grandes caimentos topográficos.
183
Fotografia 85 – Localização dos lineamentos estruturais que atravessam o Corredor da Vitória, com
a dimensão provável das antigas cavas que emergiam, em azul, da Face da Falha de Salvador, na
Baía, em verde, do Vale do Canela. Trabalho realizado sobre aerofotos vôo SACS - 1959.
Nesta mesma Fotografia 85 percebe-se, para a região do Campo Grande, um grande
aprofundamento na sua face oeste, frontal à Baía de Todos os Santos. Marcava a
proximidade maior entre o grande vale do Canela, que aparece na foto em verde, e a face
da Falha de Salvador, mais próxima às águas da Baía de Todos os Santos.
184
7.3.3 - RECONSTITUIÇÕES
Aliando-se o resultado da fotointerpretação às informações históricas, podemos proceder à
reconstituição do desenho paleovisual da marinha soteropolitana para o trecho que vai do
Morro de Santo Antônio da Barra ao pé da Ladeira da Preguiça.
A encosta da subida da Ladeira da Barra revelava um sopé com a presença de pequena
praia propriamente dita, com também áreas de praia de costão rochoso. Sobre essas
unidades se cresceu a intervenção antrópica, até a eliminação das pequenas praias. O
sopé do alto da Vitória, fazendo face à Igreja da Vitória, pequena praia de sedimentos
grosseiros fazia contato com projeções da rocha da encosta, que formava pequenas lapas.
Em direção ao interior do continente, através da ligação Vitória - Graça, o mar era
visualizável, quando se mirava o oeste, em direção ao Porto da Barra, só havendo o
obstáculo mais expressivo do Alto de Clemente Mariani. Da região em que atualmente se
situa o Largo da Graça, uma visão privilegiada permitia a observação da quase entrada da
Baía de Todos os Santos e da sua entrada, sendo obstaculizada a visão apenas e
principalmente pelos Altos do Mirante, no Chame-Chame, e do Gavazza, na Barra.
Seguindo-se pela região do atual Corredor da Vitória, tinha-se uma sucessão de, pelo
menos, quatro cavas maiores, pequenos vales, atualmente desaparecidas. A seqüência
desse contexto exibia, um outro vale, na face oeste do atual Campo Grande, o mesmo
ocorrendo entre o atual Forte de São Pedro e a Gamboa.
A Gamboa parece ter sido originalmente um sítio com a localização de uma pequena praia
propriamente dita, e certamente a localização de uma praia rochosa. Entre essa e o Solar
do Unhão aparecia um vale em mergulho do alto, das imediações do atual Passeio Público,
em direção ao Solar do Unhão. Já o Solar do Unhão, considerando as referências
anteriores, provavelmente assenta-se sobre uma antiga praia, seja somente rochosa ou
propriamente dita, isto é, arenosa. O vale acentuado, atualmente obliterado, provavelmente
trazia suporte de sedimentos suficiente para que, derivando um pouco no sentido da
corrente, para norte, acompanhando a costa, havendo ponto de ancoragem, formasse-se a
praia.
Após o sítio do Solar do Unhão, a água provável retornava a encontrar a base da encosta,
até o início do próximo trecho.
185
Fotografia 86 - Visão atual da orla na região da Ladeira da Barra. - 2007.
Figura 71 - Reconstituição da panorâmica provável do visual da orla na região da atual
Ladeira da Barra.
186
Fotografia 87 - Praça Doutor Paterson, o Largo da Graça, 2007.
Figura 72 - Reconstituição da panorâmica provável sítio da atual Praça Doutor Paterson, o
Largo da Graça. pré interferência antrópica.
187
Fotografia 88 - Paisagem da marinha do Corredor da Vitória. 2006. Foto autoria desconhecida.
Figura 73 - Reconstituição da panorâmica provável do visual da orla na região do atual corredor da
Vitória, pré interferência antrópica.
188
Fotografia 89 - Vista da Gamboa, a partir do Solar do Unhão. 2007
Figura 74 - Reconstituição da panorâmica provável do sítio da atual Gamboa, pré interferência
antrópica.
189
7.4 - LADEIRA DA PREGUIÇA AO PÉ DA LADEIRA DA MISERICÓRDIA
O quarto setor foi marcado pelas modificações mais expressivas para a instalação da
Cidade do Salvador, partindo do pé da Ladeira da Preguiça, estende-se por 700 metros até
o pé da Ladeira da Misericórdia. (Figura 75) É totalmente marcado por áreas de conquista
ao mar, não restando qualquer ponto preservado da antiga orla. É dominado pelo grande
desnível provocado pela Falha de Salvador, que deixa o seu alto a uma altitude de até de
64 metros na área do Elevador Lacerda e um mínimo de 51 metros no vale existente entre
a Praça Castro Alves e o Alto de São Bento.
Figura 75 – Topônimos citados no Setor 4 - Ladeira da Preguiça ao pé da Ladeira da Misericórdia.
As Fotografias 90, 91 e 92 exibem panorâmicas, voltadas no sentido Norte, do início deste
trecho.
190
Fotografia 90 – Visão do início do Trecho, segundo direção NE, a partir da proximidade do pé da
Ladeira da Preguiça - Gameleira.
Fotografia 91 – Visão do início do Trecho, segundo direção NE, a partir da proximidade do pé da
Ladeira da Preguiça - Gameleira.
191
Fotografia 92 – Visão do início do Trecho, segundo direção NE, a partir da proximidade do pé da
Ladeira da Conceição.
7.4.1 – FONTES GEOLÓGICAS
Permanece-se, neste setor, no contexto de associação dos Compartimentos topográfico-
morfológicos que configuram a costa interior ou interna da Península Soteropolitana,
situada no contexto da Baía de Todos os Santos. Assim, permanece-se basicamente com
o esquema sopé, face e a borda de alto da grande Falha de Salvador (Mattoso, in Simas
Filho, 1979). Em área completamente antropomorfizada, à altura do Comando Naval,
chega a cerca de cerca de 160 metros de largura do contato entre a linha d’água ao pé da
Falha de Salvador, estendendo-se assim por cerca de 350 metros, até a altura
imediatamente posterior à Rampa do Mercado Modelo, onde apresenta cerca de 150
metros de largura. No Mercado Modelo, ganha maior dimensão, em função da presença do
porto, chegando a 320 metros de distância entre a quebra do mar e o sopé da encosta.
Chega esse valor, no final deste setor, com a projeção do pé da Ladeira da Misericórdia a
330 metros da linha de água do porto.
A Fotografia 93 permite a visualização da trama tectônica que resultou em altos e vales
para esse setor. O padrão estrutural no setor apresenta uma predominância absoluta da
Falha de Salvador. Excluindo-se essa, surgem como referências dominantes duas direções
uma de azimuth variando de 350º a 360º, e outra, em menor abundância, porém também
192
freqüente, de azimuth entre 335º e 340º. Apresenta, portanto, uma pequena variação
desses ângulos em relação às dominâncias no trecho anterior. A isso some-se, de
interesse ainda maior para este trabalho, o surgimento de dois novos agrupamentos, o
primeiro com azimuths locados entre 5º e 10º, e o segundo entre 40º e 45º. Mantém-se a
indicação de relevância, por interceptarem a grande falha, que se situa com azimuth entre
25º e 35º, favorecendo o aparecimento de vales e rugas com essas direções, na sua face.
Fotografia 93 – Trama tectônica do trecho 3, realizada sobre aerofoto, sobrevôo SACS, 1959.
Lacerda (2005) indica que, por mais precaução que se tenha, na instalação de cidades, a
manobra com material que está sendo aplainado, mesmo com “medidas mitigadoras”,
haverá “erosão e sedimentação a jusante”. Assim, conforme esse autor, “o escoamento
superficial aumenta e algumas drenagens podem ser eliminadas”. E este trecho foi o mais
afetado pelas intervenções, desde a instalação da Cidade do Salvador, até os grandes
aterros de instalação do porto e dos bairros da Cidade Baixa, em especial do Comércio a
Água de Meninos.
193
7.4.2 – FONTES HISTÓRICAS
Além da documentação escrita, com orientações e determinações, Carneiro (1980, p.57)
lembra que havia ainda “traços e amostras” de como a fortaleza e povoação deveria ser
edificada, trazida por Tomé de Souza.
Calmon (1949, 161) coloca, o local escolhido se configurava como o “da língua da terra,
rente à maré, para a montanha perfilada em paredão inexpugnavel”. Carneiro (1980, p.58)
comenta que o quadro que se colocava diante dos empreendedores era “a subida pela
montanha íngreme difícil e penosa”, para atingir a “coroa quase plana da colina”. Por tal,
Calmon (1949) coloca que a situação exigia “que se rasgasse o caminho oblíquo”, e foram
trabalhados “três caminhos”, na verdade “três ladeiras difíceis de vencer”, cujos resquícios
são conhecidos atualmente como a Ladeira da Conceição, Ladeira da Preguiça, que forma
um conjunto integrado com a da Ladeira da Gameleira, e a Ladeira da Misericórdia.
Figura 76 – As três ladeiras que possibilitaram o acesso à Cidade do Salvador, em seus primórdios.
Detalhe da Ilustração com “Desenho das Fortificações e Trincheiras q se fizerão em deffença do
inimigo”, de 1638, autor anônimo. ( Reis, 2000, p.32-34) (A) - Ladeira da Gameleira - Preguiça (B) -
Ladeira da Conceição (C) - Ladeira da Misericórdia.
194
Figura 77 – As três ladeiras que possibilitaram o acesso à Cidade do Salvador, em seus primórdios.
- Detalhe da ilustração com “S. Salvador – Baya de Todos os Sanctos”, de 1624, por Claes Jansz
Visscher & Hessel Gerritsz. (in Reis, 2000, p.24) (A) - Ladeira da Gameleira - Preguiça (B) - Ladeira
da Conceição (C) - Ladeira da Misericórdia.
Figura 78 - As três ladeiras que possibilitaram o acesso à Cidade do Salvador, em seus primórdios.
- Detalhe da ilustração com “Abriss der Baya und Meerbusems de Todos os Santos und Statt S.
Salvador", do século XVII, da Hollandern Eungenomen. (A) - Ladeira da Gameleira - Preguiça (B) -
Ladeira da Conceição (C) - Ladeira da Misericórdia.
Câmara (1988, p.115) colocou, para o intervalo de 1549 a 1553, o tempo de ocupação
primitiva da Praia da Conceição, sendo necessário, para que se consolidasse a instalação
dessa área de marinha e do Alto em que se instalava o núcleo da cidade, o ligamento entre
ambos. Da Praça Municipal, segundo Souza (1587) descia “o caminho que está da parte
do sul é serventia para Nossa Senhora da Conceição, aonde está o desembarcadouro
geral das mercadorias“. Simas Filho (1979) anota a Ladeira da Conceição como
concluída em fins de 1549. O seu extremo superior era na face sul da Praça Municipal,
provavelmente na região agora tomada pelo belvedere do Palácio Rio Branco, podendo a
ela também se chegar a partir da sua parte traseira, atual Rua do Pau da Bandeira.
(Teixeira, 2005) A Ladeira do Pau da Bandeira é o relicto da antiga declividade acentuada
do alto da Ladeira da Conceição original. (Carneiro, 1980) Sua continuidade inferior jaz,
195
atualmente, soterrada pela Ladeira da Montanha, atual Rua Barão Homem de Mello, que é
mais elevada.
Fotografia 94 – Aspecto da atual Ladeira da Conceição, vendo-se os arcos de sustentação
da atual Ladeira da Montanha. Em destaque, encravado na ladeira mais recente o provável
perfil da antiga ladeira.
Seguia esta ladeira até o ponto em que ficava o Baluarte de São Tomé. (Simas Filho, 1979,
p.33) A partir daí, poderia galgar em direção à Porta de Santa Luzia, ou, infletindo para
norte, descer, seguindo a continuação da Ladeira da Conceição em caminho que
atualmente jaz, em parte, soterrado pelas estruturas de base da Ladeira da Montanha.
Este enterramento do mergulho original da Ladeira da Conceição pode ser visto na
Fotografia 94. Só a partir do final do trecho que é destacado na foto, afinal, provavelmente,
a Ladeira da Conceição antiga coincidia com a nova, só que em nível mais baixo. Isto
considerando pouca a alteração por melhorias posteriores.
Além da ladeira, lances de degraus atualmente bloqueados, atrás da igreja, denunciam seu
uso por indivíduos que podiam dispensar o longo contorno da ladeira a que utilizadores de
carros e carregadores de cargas eram obrigados.
196
O detalhe da imagem de Frézier, datado de 1714 (Figura 79), revela a persistência da
mesma conformação que atraiu o empreendimento da abertura das ladeiras naqueles
pontos. Ou seja, geoformas de escarpas com ressaltos equivalentes a pequenos declives,
presentes, nesta imagem, onde estava assentada a Ladeira da Conceição e dela até onde
está atualmente a Praça Castro Alves.
Figura 79 – Ladeira da Conceição - Detalhe da ilustração com PLAN DE LA VILLE DE St
SALVADOR - Vue de la Ville de St Salvador du coté de la Baye", de 1714, por Amédée
François Frézier.
A Ladeira da Preguiça é formada por um braço superior, que atualmente é denominado
Ladeira da Gameleira, que mergulha com azimuth de 10º. A sua parte inferior, já
denominada Ladeira da Preguiça, apresenta duas partes com azimuths de 310º e 340º.
(Figuras 80 e 81) Sua existência se deve à declividade elevada da Ladeira da Conceição,
que forçou a necessidade desta outra obra, citada por Câmara (1988), na relação da Praia
da Conceição com o Alto de Salvador. Atualmente a Ladeira da Preguiça está
representada pela Rua Dionísio Martins, e sua extensão, a Ladeira da Gameleira,
correspondente ao final da Rua do Sodré. Buscava ligar, através de um caminho de menor
declividade as Portas de Santa Luzia, mais tarde Portas de São Bento, limite sul da
cidade, com a Ribeira dos Pescadores e a Ribeira do Goes. Em sua base, conforme
observa Câmara (1988), provavelmente, originalmente estava o sítio de uma praia. Na
verdade, podemos perceber este sítio como final do contexto da praia, conforme pode ser
observado na Fotografia 93, em que se contempla o trecho imediatamente após o pé da
Ladeira da Preguiça – Gameleira.
197
Figura 80 – Ladeira da Preguiça–Gameleira – (A) Portas de Santa Luzia ou Portas de São Bento
(B) Ladeira da atual Praça Castro Alves (c) Igreja da Barroquinha (D) Mosteiro de São Bento (E)
Ladeira da Gameleira (F) Ladeira da Preguiça - Detalhe da ilustração com “visada de olho de
pássaro” “Desenho das Fortificações e Trincheiras q se fizerão em deffença do inimigo”, de 1638,
autor anônimo. (Reis, 2000, p.32-34)
Figura 81 Ladeira da Preguiça–Gameleira – (A) Portas de Santa Luzia ou Portas de São Bento
(B) Ladeira da atual Praça Castro Alves (c) Igreja da Barroquinha (D) Mosteiro de São Bento (E)
Ladeira da Gameleira (F) Ladeira da Preguiça - Detalhe da ilustração com “visada de olho de
pássaro” “PERFIL DA ÇIDADE DO SALVADOR DA BAHIA DE TODOS OS SÃTOS ~Q MOSTRA
ALTURA DO MAR A ELLA”, de 1609-1612, autor anônimo (in Reis, 2000, p.20-22)
198
Fotografia 95 – Final da Ladeira da Preguiça, em 1890.
A antiga face da Porta de Santa Luzia, sítio em que se situou o Largo do Teatro São João,
atualmente correspondendo aproximadamente à parte mais elevada da Praça Castro
Alves, estava num nível abaixo do que está hoje, mas seu caminho frontal, possuía uma
declividade bem maior, a qual foi amenizada devido a aterros diversos. (Teixeira, 2005)
Essa relação diferente de inclinação pode ser bem percebida na Figura 81. Também a
Figura 82 representa essa paisagem em 1832, com inclinação bem mais acentuada que a
atual. Inseria-se, assim, mais adeqüadamente na geoforma estratégica que Simas Filho
(1979) e Curtis (2000) chamaram Garganta da Barroquinha. Entre essa e o alto da Praça
Municipal, seguindo pela antiga Rua Direita dos Mercadores, a Rua Chile atual, Teixeira
(2005) sugere, efetivamente, que o declive era mais bem acentuado, sendo similar ao que
atualmente é sugerido pela descida que vem do Mosteiro de São Bento. Esta Ladeira de
São Bento, por sua vez, conforme o mesmo autor, era ainda mais íngreme.
199
Figura 82 - “San Salvador, Bahia, by T. A. Prior after A. Earle”. - 1832. - Diário de Darwin – (1836,
p.40).
Teixeira (2005) coloca que “os bondes puxados a burros deram a configuração que tem
hoje aquela área ali, para que os animais tivessem condições de tracionar ladeira acima os
veículos, só na segunda metade do século XIX”.
Este quadro é efetivamente sugerido quando contemplamos a posição da Igreja de Nossa
Senhora da Barroquinha, na Figura 81, e nas atuais Fotografias 96 e 97. Esta,
provavelmente, estava anteriormente locada na parte mais alta da garganta, dividindo as
vertentes que caíam para a direção da Baía de Todos os Santos e o vale em que corria o
Rio das Tripas, atualmente sepultado sob a Avenida Joaquim José Seabra. Praticamente
desaparecida visualmente pelo aterro que elevou a Avenida Sete de Setembro diante dela
até a altitude de 50,8 metros, esta igreja, mantendo-se em altitude de 43,9 metros, aponta
a dimensão do aterro. Isto, considerando-se efetivamente a localização da Igreja da
Barroquinha como próxima à parte alta original da cava, indica que se diminuiu, por
elevação, a antiga depressão entre o alto de São Bento e a antiga localidade da Ponta de
Santa Luzia, em cerca de, pelo menos, 7 metros. Considerando-se a posição atual do
Mosteiro de São Bento e do antípoda Palácio dos Esportes, como próximas à cota original
desses sítios, podemos estimar a modificação de mergulho da encosta.
Indicando a manutenção de um padrão de utilização de acidentes naturais para localização
de caminhos, a atual Ladeira da Barroquinha percorria a face sul da Garganta da
Barroquinha.
200
Fotografia 96 – Igreja da Barroquinha, a partir do lado oeste da Avenida Sete de Setembro.
Fotografia 97 – Visão da Igreja da Barroquinha, a partir do lado leste da Avenida Sete de
Setembro.
201
A Fotografia 98 mostra uma visão do topo da Rua Barão Homem de Mello, mais conhecida
como Ladeira da Montanha, com o elevado da lateral da Praça Castro Alves aparecendo à
direita. Fica clara a elevação que se deve ao seu aterro,.
Fotografia 98 – Visão do ponto mais alto da Rua Barão Homem de Mello, mais conhecida como
Ladeira da Montanha. À direita, o aterro sobre o qual está a atual Praça da Castro Alves.
Próximo ao pé da Ladeira da Preguiça estava localizada a Fonte das Pedreiras, sendo a
atual, conforme placa no local, datada de 1851, “reedificada”. (Fotografia 99) O local onde
atualmente se situa esta não se tem certeza se coincide com a original, entretanto, as suas
representações a colocam aproximadamente nesse mesmo sítio. (Figura 83)
202
Fotografia 99 – Fonte das Pedreiras – Reedificada em 1851, na gestão do presidente da
Província da Bahia, Francisco Gonçalves Martins.
203
Figura 83 – (A) Fonte das Pedreiras (B) Ladeira da Preguiça (C) Portas de Santa Luzia ou
de São Bento. - Detalhe no “Desenho das Fortificações e Trincheiras q se fizerão em
deffença do inimigo”, de 1638, autor anônimo. (Reis, 2000, p.32-34)
O outro caminho enladeirado, aberto na face da montanha, rumo ao sítio da Cidade, no
alto, era a Ladeira da Misericórdia. Este é o caminho descrito por Souza (1587) como “da
banda do norte”, de “serventia da fonte que se diz Pereira, e do desembarcadouro da gente
dos navios”.
Há uma questão entre os historiadores, de como ela chegava, em sua extremidade
superior, ao limite da Praça Municipal. Pende ainda a questão da existência ou não de uma
baixio, vale ou garganta em seu alto.
A sugestão aparece a partir da demanda de Nóbrega (1549-b), em correspondência ao
Governador, solicitando autorização para que se instalasse o Colégio dos Jesuítas:
Nos parece muito melhor hum teso que está logo além da cerca,
para a parte donde se há de estender a Cidade. (...) Somente me
poem hum inconveniente o Governador: nom ficar dentro na
Cidade.”
A posição em que se situaram o Colégio e a igreja da Companhia de Jesus, atual Catedral
Basílica, além da Igreja da Sé (Figura 84) (Costa, 2005, p.99), sinalizam para qual deferia
ser a localização da garganta, vale ou baixio da Misericórdia. Como se situava entre esse
conjunto e a sede do Governo Geral, à atual Praça Municipal, esse conjunto marca o
teso”. Tal indicação é reconhecida por Sampaio (1949), com a visão de que “ao norte da
Praça Municipal, o terreno caía, formando um fosso, que seria a defesa natural da
muralha de cortina””.
204
Figura 84 – Malha urbana ao final do século XVI, comparada com a atual. (Costa, 2005, p.99)
Esta posição é confirmada por Edelweiss (1958, p.86), para o qual o “Teso da Sé ou
Terreiro” abrangia do antigo sítio da Sé até a antiga igreja da Companhia de Jesus, atual
Catedral Basílica. Entretanto, estando a Porta de Santa Catarina aquém dessa depressão,
ela deve ser buscada no viaduto que atualmente representa, em parte, a extensão da Rua
da Ajuda, tornada Rua José Gonçalves, sobre a Travessa ou Rua do Tijolo. (Fotografias
100, 101 e 102)
Fotografia 100 – Visão, a partir do cruzamento da extensão da Rua da Ajuda, a Rua José
Gonçalves, com a Ladeira da Praça, do viaduto que ultrapassa a antiga Garganta da Misericórdia,
pelo lado interno do Alto de Salvador. 2007.
205
Fotografia 101 – Visão, a partir do cruzamento da Rua da Ajuda com a Rua do Tira-Chapéu, do
viaduto que ultrapassa a antiga Garganta da Misericórdia, pelo lado interno do Alto de Salvador.
2007.
Fotografia 102 – Visão, a partir do viaduto da Rua José Gonçalves, mostrando a completa
obliteração da antiga Garganta da Misericórdia, pelo lado interno do Alto de Salvador, em direção à
Baixa dos Sapateiros. 2007.
A Fotografia 103 exibe uma ocupação mais antiga da Garganta da Misericórdia, aterrada e
tomada por edificações. Já não se via qualquer sinal, a partir do alto, da antiga Garganta
da Misericórdia. Esse mesmo trecho sofreu alterações que produziram as antigas
Biblioteca Pública e Forum, vistos à Fotografia 104, mais tarde eliminados, para edificação
206
do galpão em que se localiza a atual Prefeitura Municipal. Uma visão atual a partir
aproximadamente do ponto da Fotografia 103 aparece na Fotografia 105.
Fotografia 103 – Vista da Rua da Misericórdia. Espaço entre o vértice nordeste da Praça Municipal
da Cidade do Salvador e a Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia tomado por edificações. Final
do século XIX. - Autoria desconhecida.
207
Fotografia 104 – Vista da Rua da Misericórdia. Espaço entre o vértice nordeste da Praça Municipal
da Cidade do Salvador e a Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia tomado por edificações. À
frente a antiga Biblioteca Pública, tendo ao fundo o antigo Fórum. Década de 1930. - Autoria
desconhecida.
208
Fotografia 105 – Rua da Misericórdia, tomada aproximadamente do mesmo ponto da foto 101. -
2007.
Na Fotografia 106 aparece o estado atual da Praça Municipal. Não se vê qualquer
resquício maior de qualquer cava entre esta praça e a Igreja de Nossa Senhora da
Misericórdia. Esta garganta ou vale estaria no sítio atualmente ocupado pela edificação da
Prefeitura Municipal.
Fotografia 106 – Visão a partir da face sul da Praça Municipal da Cidade do Salvador, no sentido
norte. - À esquerda, o Elevador Lacerda, à direita, a Câmara Municipal, ao fundo, o galpão da
Prefeitura Municipal. Atrás dessa, a Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia. 2007.
209
Conforme observa Edelweiss (1958, p.86), a antiga esquina da Biblioteca Pública, atual
face sul da Prefeitura Municipal, se não corresponde exatamente ao local da primeira porta
de Santa Catarina, não ficava longe dela. Isso estaria claro, “a despeito do entulhamento
que terá sofrido ao nivelarem inicialmente a área agora ocupada pela Praça da Sé”.
Devemos, portanto, à altura do início superior da atual Rua Padre Nóbrega, mas, dadas as
alterações, sem rigidez maior, a tradicional Ladeira da Misericórdia, situar um
rebaixamento de cota. O mesmo para o outro lado, a sua continuidade, à borda Leste da
Praça Municipal, como uma outra garganta que se transformou nas Rua do Tijolo e Ladeira
da Praça.
Carneiro (1980) discorda da posição, entendendo que a alteração do relevo não era tanta
que merecesse ser considerada a região da antiga Igreja dos Jesuítas como tal teso, isto é,
um “monte alcantilado, íngreme e de acesso difícil”.
As Gargantas da Barroquinha e da Misericórdia aparecem no antigo mapa de Albernaz.
Entretanto, esse só destaca as suas feições enquanto geoformas voltadas para o interior
do continente.
Figura 85 – Gargantas (A) da Barroquinha e (B) da Misericórdia, destacadas na “Pranta da Çidade
D. Salvador”, da “Rezão do Estado do Brasil no Governo do norte somente asi como teve Dõ Diogo
de Meneses ate o anno de 1612”, de João Teixeira Albernaz (ca. 1616, in Reis, 2000, p.16-17)
Conforme Teixeira (2005), as modificações realmente devem ser consideradas, como, por
exemplo, a de que antiga ponta superior dessa ladeira, passava entre o que atualmente é a
Prefeitura Municipal e a encosta, constituindo sua beira, e não ao lado da Igreja da
Misericórdia.
210
A Ladeira da Misericórdia é representada pela atual da Rua Padre Nóbrega, sendo que o
seu termo superior passava originalmente adiante da posição atual, pelo terreno
atualmente ocupado pela prefeitura, finalizando à Praça Municipal. (Teixeira, 2005) Isto
pode, efetivamente ser percebido na Figura 86 - a. Na Figura 86 - b aparece representada
esta ladeira, indicando seu desenho ser praticamente o mesmo atualmente, à exceção do
trecho final, em que foi escavada, rebaixada a sua inclinação original, pela Ladeira da
Montanha.
Figura 86 – (A) Ladeira da Misericórdia. Detalhe da Ilustração com “Desenho das Fortificações e
Trincheiras q se fizerão em deffença do inimigo”, de 1638, autor anônimo. ( Reis, 2000, p.32-34) -
(B) Ladeira da Misericórdia - Detalhe da “Planta da Restituição da Bahia” de João Teixeira Albernaz,
de cerca de 1625 a 1631. (Reis, 2000, p.27)
Seguindo a descida, pela Ladeira da Misericórdia, merece observação a presença de um
elemento. Moreno (1609, in Oliveira, 2006) cita “no meio da montanha debaixo da caza da
misericordia está tamben huma plataforma q defende a encosta no ponto junto a sidade”.
211
Esta interferência é a pequena bateria denominada Estância de São Diogo ou São Dioguo
(Oliveira, 2006), em cujo local, atualmente, encontra-se um pequeno Belvedere. (Fotografia
107)
Fotografia 107 - Ladeira da Misericórdia exibindo pequeno belvedere, no local onde ficava a antiga
Estância de São Diogo.
Pode-se tecer considerações em termos de relação desta Ladeira da Misericórdia, assim
como as demais, com o estruturamento tectônico que afetou a região. A predominância na
área absoluta permanece sendo a da Falha de Salvador. Excluindo-se essa, surgem como
referências dominantes duas direções uma de azimuth variando de 350º a 360º, e outra,
em menor abundância, porém também freqüente, de azimuth entre 335º e 340º. Apresenta,
portanto, uma pequena variação em relação às dominâncias no trecho anterior, com
azimuth entre 25º e 35º. Se considerarmos a parte enladeirada paralela à encosta da Rua
Pau da Bandeira como resquício da Ladeira da Conceição original, observamos que ela
mergulha com direção em azimuth de 35º. A Ladeira da Misericórdia mergulha tendo
direção de azimuth em 10º a 12º, passando, em seu meio termo, a 45º.
O lançamento dos azimuths de ladeiras que foram implantadas quando da instalação da
Cidade do Salvador em uma rosácea com dados de lineamentos tectônicos, mostra que
exibem coincidências zenitais com direções preferenciais da trama tectônica local. (Figura
87) Estas, por certo, foram determinantes ao indicarem ao intemperismo e erosão onde
212
esculpirem reentrâncias no relevo. (Mattoso, in Simas Filho, 1979) (Bigarella, Becker,
Santos, 1994)
Figura 87 – Rosácea tectônica do Setor 4, realizada sobre aerofoto, sobrevôo SACS, 1959. Obtida
pelo lançamento das direções relacionadas à tectônica rígida no programa Stereo Nett, versão 2,46,
desenvolvido pelo Institute für Geologie Ruhr University. Indicam-se as principais ladeiras
relacionadas à instalação da Cidade do Salvador. Em vermelho, as direções obtidas com sua
distribuição proporcional. Em laranja, a faixa de direções da Falha de Salvador. Em verde, as
ladeiras referenciais na implantação da Cidade do Salvador.
A Fotografia 108 trata-se de uma ortoaerofotografia de 2002, sobre a qual foram
assentados os lineamentos tectônicos obtidos a partir de aerofotografia de 1979, e
compatibilizada a Planta do alto da Cidade de Salvador, quando da sua instalação, em
1549. Esta ação permite localizar no sítio da atual Prefeitura a convergência da extensão
de, pelo menos cinco alinhamentos de cavas. Estes tornam pertinente e permitem
referenciar a situação da presença, nessa área, da garganta sugerida por Sampaio (1949)
e Edelweiss (1958).
213
Fotografia 108 – Associação da reconstituição provável da planta da Cidade do Salvador, em 1549,
por Sampaio (1949), sobreposta à ortoimagem atual do local, e à sua trama tectônica.
Em termos de eliminação das referências visuais iniciais, o quadro do século XVIII, de
incremento da derrubada de árvores e da conseqüente erosão, (Teixeira, 2005) aumentou
o quadro de fragilidade das ladeiras e encostas. Gordilho (1978) indica as conseqüências
através do reporte de avalanches ocorridas na Ladeira da Montanha, no ano de 1671, na
Ladeira da Preguiça, no ano de 1721, na Ladeira do Pilar, no ano de 1748. Vilhena (1799,
p.219) relatou deslizamentos próximos à Ladeira Taboão, atrás do forte de São Francisco,
para 1795, em que “correram não menos de treze propriedades de casas”. Sampaio (2005)
indica que as modificações na ligação da Ladeira da Conceição à antiga entrada da cidade,
que atualmente configura a Praça Castro Alves, provocaram também deslizamentos, sendo
o mais acentuado em 1871.
Da praia, contemplando o alto, Souza (1587) descreveu a face da encosta diante da sua
praça principal, em sua face ocidental, como sendo “terra (que) vai muito a pique sobre o
mar; ao longo do qual é tudo rochedo mui áspero”.
A Cidade Alta, o alto em que veio se situar a Cidade do Salvador, ou o Alto de Salvador,
stricto sensu, era limitado, a norte, pelas Portas de Santa Catarina, que ficavam próximas
ou no sítio da atual Prefeitura, e ao sul, pelas de Portas de Santa Luzia, que ficavam na
214
altura do atual Palácio dos Esportes, na Praça Castro Alves. Com o crescimento urbano, o
limite sul foi mantido, assumindo a designação de Portas de São Bento, enquanto o limite
norte passou para o atual Largo do Pelourinho, situando-se entre os atuais Casa de Jorge
Amado e Museu da Cidade, passando a denominar-se Portas do Carmo. A Porta de Santa
Luzia era orlada pelo Baluarte de São Tomé e a Porta de Santa Catarina era dominada
pelo Baluarte de São Tiago. (Sampaio, 1949) (Teixeira, 1978) (Tavares, 2000) (Teixeira,
2005)
Reconhecidamente, a parte elevada da cidade passou por diversas alterações de relevo.
Vilhena (1799, p. 421) já colocava que:
Não só na Cidade Baixa fêz praticar esta justiça, como também na
Alta, onde fêz rebaixar ruas inteiras, e altear outras pela
impossibilidade que havia de transitar por elas, ainda a pé, de
forma que o que antes eram funis, e despenhos são hoje ruas
espaçosas com pouco declive, e transitáveis.”
Aqui cita-se o problema da localização de algumas referências perdidas, como em relação
àquela situação que Luís Dias, Mestre de Obras, conta:
[A Cidade Alta] leva amontoados dous vales pequenos que estão
dentro da cidade e no maior deles fizemos umpoço muito grande
de vinte palmos de vão e tem no verão seis palmos de água muito
excelente e nove de corda.” (1551, in Simas Filho, 1998, p.16).
Perdidas foram as referências desses dois pequenos vales do interior da Cidade, que
Sampaio (1949) considerou estarem efetivamente intramuros, o que significa, entre as
atuais Praças Municipal e Castro Alves. Carneiro (1980) discordou, indicando que eles
estariam intramuros para uma Cidade do Salvador já estendida. Situou um na garganta,
depressão ou vale da Misericórdia, apontando a incapacidade documental de se oferecer
alternativas outras. Seja como for, esse desaparecimento está em consonância com a
observação de Lacerda (2005), em que as modificações primeiras de instalação de cidades
podem ser eliminar algumas drenagens, no caso representado pelos “dois pequenos
vales”.
Entretanto, a Fotografia 109 permite a localização de quatro traços estruturais
atravessando o antigo sítio urbano. Isto possibilita indicar a sua localização como
referências objetivas da localização dos “vales pequenos” de Luís Dias. Dois convergem
215
para a antiga garganta da Misericórdia, que fechava a cidade a Norte, contribuindo para
formá-la.
Fotografia 109 – Detalhe da Fotografia 106, exibindo a provável localização provável dos dois
pequenos vales interiores à cidade, a partir da associação da reconstituição provável da planta da
Cidade do Salvador, em 1549, por Sampaio (1949), sobreposta à ortoimagem atual do local, e à
sua trama tectônica.
Os dois pequenos vales que chegavam à face do alto de Salvador, e que os historiadores,
apesar dos relatos, não conseguem localizar, podem ser encontrados através dos traços
dos lineamentos estruturais com a face da encosta. Um deles é aquele cujo encontro se dá
onde, atualmente, encontra-se a Rua Pau da Bandeira. Segue, portanto, a visão da
utilização dos acidentes naturais para facilitar a logística. Assim, a Rua do Pau da
Bandeira, que se unia ao início do antigo alto da Ladeira da Conceição, provavelmente
aproveitou senão a cava, ao menos o flanco de um dos pequenos vales desaparecidos,
que aqui chamamos Pequeno Vale do Pau da Bandeira.
216
O outro pequeno vale encontra-se completamente obliterado. Os traços estruturais
apontam, entretanto, para a existência de uma provável cava que estaria, atualmente,
sepultada sob a localização do Hotel Palace. Segue daí, em azimuth de 340º a 345º, em
direção à face da encosta, atingindo-a aproximadamente ao final da antiga Travessa Vidal
Cunha. Esta marcaria, mais uma vez, o que restou, muito alterado, de uma relação antiga
de utilização de geoforma em cava para locação de caminhos, que aqui chamamos
Pequeno Vale do Vidal.
Outro ponto que pode ser evocado é o da localização de escadas atualmente inutilizadas,
na parte posterior da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia. Estas indicam um
caminho pedestre mais rápido, que evitava a longa descida pela ladeira. Considerando a
visão da utilização das conformações naturais, e a projeção da localização de um dos
pequenos vales localizados pela fotointerpretação, observa-se, à Figura 107, que esse
tocava a parte inferior da encosta aproximadamente na parte traseira da Igreja de Nossa
Senhora da Conceição da Praia. É provável que essas escadas tenham aproveitado uma
reentrância na face da encosta, ainda que suave, dada a pouca expressão desse proposto
Pequeno Vale do Vidal.
Em termos da conformação da face do alto da falha na região do núcleo da cidade, as
escavações arqueológicas realizadas no sítio da antiga Igreja da Sé Primacial
possibilitaram identificar, além dos antigos estratos de aterros, elementos que fornecem
referências sobre o perfil original local. Costa (2005) coloca que “da modificação da face do
alto, podemos aceitar, após a terraplanagem do início do século XX, como tendo o nível
médio aproximadamente igual ao original”. Portanto, a altitude atual da Praça da Sé é
aceitável como sendo próxima à original do teso. Entretanto, a seqüência de aterros
identificada aponta para uma borda menos a pique, naquela localidade, da antiga igreja,
que se projetava, sob a forma de um grande aterro, constituindo o Belvedere da Sé.
E termos da parte baixa deste trecho, antecedendo a Praia da Conceição, Carneiro (1980,
p.89) aponta “a língua de terra adiante do baluarte de São Jorge”, e que, seguindo em
direção ao sul, estavam as “Pedreiras” e a Praia dos Pescadores.
Para a questão da dimensão da Praia da Conceição. Conforme Edelweiss (1958), era
restrita a uma abrangência da altura da Igreja de Nossa Senhora da Conceição à altura da
atual Igreja do Corpo Santo. Tentando representá-la, Simas Filho (sd, in Borges e Lemos,
2002) lançou o que teria se situado desde antecedendo um pouco à Igreja de Nossa
Senhora da Conceição da Conceição da Praia, seguindo até o pé da Ladeira do Taboão.
(Figura 88) É assim que aparece representada também em Câmara (1988).
217
A área mais consistente, atualmente ocupada pelo espaço entre a Igreja de Nossa
Senhora da Conceição da Praia e as imediações da Igreja do Corpo Santo, era
originalmente o que Edelweiss (1958, p.83) descreveu como “minguada faixa praiana”. Era
um dos “poucos chãos disponíveis bem defronte do corpo da cidade, que se estende entre
as praças de Castro Alves e Tomé de Souza”. Era o que Carneiro (1980, p.58) chamou
porto “acomodado””, caracterizado por ser onde o “mar era mais limpo, com a vantagem
de uma grande fonte bem à borda d’água”.
Figura 88 – Planta de localização e distribuição da praia da Cidade Baixa. Simas Filho (sd,
in Borges e Lemos, 2002, p.20)
O entendimento de mais aceitação é que todos parecem chegar é que essa faixa de areia
deveria ser superada, em muitos pontos, pelas marés mais elevadas, que a levavam a
água até o contato direto com a encosta. Seguindo essa linha, até mesmo a zona de
espraiamento (swashzone) entrava em contato direto com a encosta, nos seus trechos
mais estreitos, que se situavam provavelmente, além do sítio atualmente ocupado pela
base do Elevador Lacerda.
Calmon (1949), Fonseca (1960), Edelweiss (1971), Simas Filho (1979) e Câmara (1988)
seguem a mesma visão necessária de que todas as primeiras interferências se situaram
em torno e em função das necessidades básicas de instalação da nova cidade. E a rotina
exigia ações no alto que demandavam co-ações pertinentes na praia e nas ladeiras que
corriam suas encostas. Isto representou uma imediata intervenção na praia. Conforme
indica Simas Filho (1979, p.31), “pelas suas funções, foi o Armazém uma das primeiras
obras levadas a efeito na cidade nascente”. Os trabalhadores construíram-no na praia e, a
partir dele, “galgavam a montanha pela manhã para o trabalho e retornavam no fim da
tarde, pernoitando nas naus fundeadas no seguro ancoradouro defronte”. Nessa
perspectiva, Câmara (1988) lista como fundamentais a acomodação do porto, das oficinas,
218
dos depósitos e armazéns, além dos barracões para soldados e trabalhadores. Despontou
inexorável um roteiro, indicado por Calmon (1949):
Este itinerário, da língua da terra, rente à maré, para a montanha
perfilada em paredão inexpugnavel” Calmon (1949, 161)
Segue esta visão a sugestão de Edelweiss (1971), de que se impôs primeiramente a
necessidade de uma acomodação que antecedeu a instalação da Cidade do Salvador, que
foi de formar uma “Povoação da Praia ou da Ribeira”. Assim:
A Cidade estendeu-se de baixo para cima. As construções
começaram na Ribeira das Naus”. Edelweiss (1958, p.63)
A intervenção na marinha era necessária a todos os níveis, como aparece no Regimento
do provedor-mor Antônio Cardoso de Barros, de 1548:
Tanto que na dita Bahia a terra estiver assentada dareis ordem que
se fação huas casas pera alfandegua perto do mar em lugar
conveniente pera boom despacho das partes e arrecadações de
meus direitos.” (in Simas Filho, 1979, p.32)
Uma indicação sobre a condição original da Praia da Conceição vem de uma Carta do
Mestre de Obras da edificação da Cidade do Salvador, Luís Dias:
Muitas casas se podem fazer nestas ladeiras (...) Da banda do
mar, digo da Ribeira do Góis até os armazens novos há muitos
(chãos) e há de oito braças de largo até o pé da ladeira (da
Conceição), onde se podem fazer muitas casas.” (Edelweiss,
1958, p.82)
Há uma indicação de dimensão, assentada em “oito braças de largo”, o que equivaleria a
aproximadamente dezoito metros. Além disso, a indicação de que haveria espaço para
casas nas ladeiras revela a existência de um espaço utilizável, bastando uma necessária
adeqüação. Atualmente, são cerca de 65 metros existentes entre o pé da encosta, onde se
localizam ainda os restos da antiga Igreja de Nossa Senhora da Conceição, que foi a
segunda ou terceira ali edificada, e o fim do alto da Rua da Conceição da Praia, que faz a
frente da atual igreja, que é a terceira ou quarta. Não se deve estar muito longe da
condição original, ao se sugerir que os cerca de dezoito indicados por Luis Dias
ocupassem o alto da berma ou o pequeno pós-praia, além da área atingida pela maré alta
de sizígia ou tempestades.
219
A Fotografia 110 exibe uma visão da situação atual da Igreja de Nossa Senhora da
Conceição da Praia, vista a partir de uma posição um pouco mais setentrional, em relação
a ela. A sua situação ao pé da encosta da Falha de Salvador aparece clara.
Fotografia 110 – Visão em direção sul, vendo-se a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da
Praia. 2007.
A Fotografia 111 foi tomada partir do mesmo ponto, voltando-se para o Norte,
vislumbrando-se o Elevador Lacerda, também regido pela referência da grande Falha de
Salvador.
220
Fotografia 111 – Visão a partir do mesmo ponto da Fotografia 108, em direção norte, vendo-se o
Elevador Lacerda. 2007.
Câmara (1988, p.114) reconheceu a intervenção na marinha como primeiramente restrita
aos armazéns, locando-os dispersos entre as proximidades do atual Plano Inclinado
Gonçalves, seguindo pela atual Rua Santos Dumont, “até a metade da distância que
separa o Elevador Lacerda da Igreja da Conceição”. Aí estaria a “praia utilizável”, a Praia
da Conceição, onde Edelweiss (1969) e Câmara (1988) locaram esses galpões. Simas
Filho (1979), entretanto, os dispôs ao lado norte da então pequena ermida da Conceição
da Praia, (Nobrega, 1549-a) (Edelweiss, 1969) com sua projeção no plano da parte alta da
Cidade do Salvador não ultrapassando a região do Centro Administrativo de então, ou
equivale à atual Praça Municipal. (Figura 89) então uma construída imediatamente após o
início dos trabalhos.
221
Figura 89 – Planta da Cidade do Salvador, em 1551, com localização e distribuição das edificações
na praia. (Simas Filho, 1979)
A intervenção na marinha correu crescente, progressiva e praticamente ininterrupta, de
1549 a 1553, construindo-se também moradias, na Ribeira do Goes e desta até o pé da
ladeira da Preguiça. (Câmara, 1988, p.115)
A presença de água em abundância no local foi determinante para a escolha da
localização da cidade, sendo citada por Varnhagem (in Wildberger, 1971, p.35) apontando
para a “circunstância de uma fonte na praia, e junto ao lugar mais conveniente para o caes,
da qual os mesmos navios faziam aguada”. Era este o sítio em que Souza (1587) relatou
existir, conforme confirma Carneiro (1980), defronte do porto primeiro, a perene Fonte das
Pedreiras ou da Preguiça. Esta estava na encosta, como relatou Vilhena (1799), próximo a
Bateria e Fortinho da Ribeira das Naus.
Vilhena (1799) lamentava não haver dentro da Cidade uma única fonte cuja água se
pudesse beber. Entretanto, ainda então observou que “toda a montanha na sua fralda
geme água”. E Luis Dias indicou a altura de onde a encosta emanava a água para a
Cidade. (Simas Filho, 1978b) (Simas Filho, 1978):
Nos lugares em que me pareceu necessário... donde a água pode
tornar a cidade e não ter outro lugar senão este que verá na
amostra a qual jaz mais baixa que o andar da cidade dezesseis
222
braças e meia tirando-as de vinte e sete e duas terças que é o que
jaz mais abaixo e a ribeira do mar que o andar da dita cidade.” (in
Simas Filho, 1978, p.16).
Esta observação situa a fonte a aproximadamente 37 metros do alto, o que significa uma
altitude de cerca de 26 metros no total e, considerando a altitude atual da base da escarpa,
uma altura de cerca de 22 metros a partir desse ponto.
Fator da intervenção primeira na orla da cidade, a defesa foi expressa especialmente por
os fortes, que exigiram adaptações diversas na orla. Carneiro (1980, p.63) relata,
indicando que “o mais importante desses baluartes era a estância sobre o mar”, a Bateria
de São Jorge, localizada originalmente “em cima dum rochedo, na Ribeira, do lado do sul”.
Seus muros, conforme relatório de Luis Dias (1551, in Simas Filho, 1998), e com também
lembram Sampaio (1949), Carneiro (1980) e Câmara (1988), desciam as ribanceiras em
direção ao porto. Nessa correspondência, afirma o Mestre de Obras, indicando sua
fragilidade ser tal que uma tempestade a demoliu em 1551. Essa pouca força da obra,
conforme indicam (Edelweiss, 1958) e Carneiro (1980) era tanta que, quando Gabriel
Soares ali esteve, em 1569, já não tinha mais como localizá-la. (Soares, 1584) O efeito
direto que podemos captar é que as intervenções aceleravam deslocamentos de massa e
entulhamentos das bases da encosta e vales, rumo à orla.
A intervenção que desenhava o limite sul da orla da cidade, era também um elemento de
defesa, o Baluarte da Santa Cruz, localizado por Edelweiss (1969) e Simas Filho (1979)
junto à Ribeira dos Pescadores, ao pé da Ladeira da Preguiça. Constituía, portanto, a
extremidade do contexto de intervenções antrópicas na marinha diante da cidade,
objetivando a sua defesa. (Figura 90)
Na seqüência, estava o acomodamento dos navios, denominado Ribeira do Goes ou
Ribeira das Naus, que ficava diante do núcleo primitivo da cidade. Essa foi a primeira
grande intervenção na marinha da nova cidade. Em texto de Luis Dias, o mestre de obras,
que equivaleria à função de responsável técnico pela instalação da cidade, aparece:
Fez Pero Gois uma estacia de madeira digo Pero de Gois por que
lhe disse o Governador que puzesse o seu trabalho e o da sua
gente e que se chamaria o baluarte de Gois. (...) E asy fazemos na
ribeyra de Goes, casa de fazenda e alfandegas e almazens e
ferarias, tudo de pedra e baro revocadas de cal e telhados com
telha.” Luis Dias, (1551, in Simas Filho, 1978, p.17)
223
Carneiro (1980, p.92) entende que sua localização corresponderia, aproximadamente, ao
espaço ocupado atualmente pelo Arsenal de Marinha. Já Sampaio (1949) situou a Ribeira
do Goes entre dois caminhos, um deles desaparecido, que Sampaio (1949) e Câmara
(1988) indicam que seria uma continuação, na parte baixa, da Rua das Vassoiras.
Segundo observa este autor, a ligação entre ambas as ruas seria vencida, em parte, por
escadas na encosta, chegando-se a uma Igreja de Nossa Senhora da Conceição um
pouco mais a Sul que a atual e “menos encravada na encosta”.
De Luis Dias (1551, in Simas Filho, 1978, p.25) vem uma outra referência, ao indicar que a
Ribeira do Goes, foi feita “em cima do rochedo”. Temos, portanto, diante da projeção da
Rua das Vassouras, na Cidade Baixa, na antiga praia, rochas aflorando e desenhando o
litoral, em composição com a praia.
A Ribeira do Goes era dominada por armazéns e oficinas náuticas, dispunha de uma
fortificação relativamente simples à praia, não passando de uma pequena bateria. A leveza
da intervenção, até então, à praia, aparece no trabalho de Albernaz, de 1625 a 1631.
(Figura 90)
Figura 90 - (A) Baluarte da Santa Cruz e (B) Ribeira do Goes ou Ribeira das Naus - Detalhe da
Planta da Restituição da Bahia”, por João Teixeira Albernaz (1625-1631, in Reis, 2000, p.27)
Como resultante do ataque da Companhia das Índias Ocidentais, a necessidade de maior
reforço provocou uma grande interferência na antiga praia da Cidade do Salvador.
Transformou-se completamente a antiga instância, perdendo terminantemente as antigas
feições da praia. Passou a dispor de um aparato defensivo considerável, a Bateria de São
Paulo ou Bateria da Ribeira. (Figura 91)
224
Figura 91 - Bateria de São Paulo ou Bateria da Ribeira. (Caldas, 1799)
A Bateria da Ribeira logo passou a contar com o apoio do Forte de São Fernando ou
Forte da Ribeira, que Vilhena (1799, p.425) situa “na borda da praia e centro da Cidade
Baixa”, o que é interessante em termos de dimensionamento aproximada da praia. (Figuras
92 e 93)
Desde o início da instalação de Salvador, a contenção geral e o espontaneismo marcaram
a progressão lentíssima das intervenções no que viria a ser o Bairro do Comércio da
Cidade do Salvador. Ali, sobre a parca areia e rochedos a seu nível, Carneiro (1980) indica
o assentamento da única rua, encostada ao paredão da montanha. Tollenare (1817) e
Graham (1824) relataram a presença ainda de uma única rua colocada junto à encosta.
Resumia-se aproximadamente à atual Rua do Corpo Santo, ao final da qual estava o
acesso à Ladeira da Conceição. Após essa, o bordejo da encosta poderia ser feito
seguindo pelo que, nos dias de hoje, é a Rua Guindaste dos Padres. Atualmente, a Rua do
Corpo Santo, elevada a níveis diversos, é o provável sítio da antiga área de espraiamento,
provavelmente afogada nas marés de sizígia.
Os jesuítas assumiram a ponta das modificações na praia, com a construção dos Cobertos
Grandes, em 1714. (Fernandes e Vasconcelos, 2002) Gordilho (1978) reporta, no ano de
1737, o início da construção de cais “na testada das casas que possuíam no sítio do mar,
que medeia entre os dois cais chamados do Lixo e Sodré”. Esse novo aterro, entretanto,
poderia, seguindo Fernandes e Vasconcelos (2002), ser mais propriamente descrito como
um entulhamento.
225
Prédios com até cinco andares e grandes trapiches surgiam na Cidade Baixa, com uma
tendência ao ordenamento revelada em arruamentos novos paralelos e perpendiculares ao
porto. (Fernandes e Vasconcelos, 2002)
Nesse século XVIII, Pitta (1730, p.73) indicava o nível das intervenções sem controle nas
praias e encostas da cidade:
As [casas] dos particulares (...) humas se fabricarão sobre o mar,
e outras encostadas aos penhascos da terra, abrindo-se nelles por
muitas partes, com grande artificio, e despeza, repetidos anfitos,
para subir com mais brevidade a todas as da Cidade.”
Vilhena (1799, p.219) reportava as conseqüências para com a área portuária, que ele
identificou como ficando “um pouco acima do Forte do Mar para a parte do Norte”.
Segundo esse autor:
há indesculpável negligência de ter-se deixado perder o pôrto;
entulhando, e lançando no mar, não só lastros, como até a terra
das pedreiras, que indevidamente se consentem abrir na fralda da
colina; o que há menos de três meses vi.”
Outra referência de localização de afloramentos rochosos junto à areia, surge também de
Luis Dias, que, em um relatório de 1551, indica o início da construção de “um forte sobre
uma lage”. É esse, provavelmente, o mesmo que Salvador (1627) relata que entre 1553 a
1558 teria se começado a edificar, sendo “a fortaleza do porto em um recife, que fica um
pouco apartado da praia”. Essa edificação é a “grande bateria situada fora da cidade, no
mar, próximo à praia” citada por Aldenburgk (1627, p.172). Costa (1958, p.27) confirma
esse forte, “uma bateria construida (...) acima d'água, sôbre uma lajem”, como o Forte de
São Felipe e São Tiago ou Forte de Nossa Senhora da Conceição. Em 1616, pode ser
considerado como ainda apenas projetado, pois o seu período de edificação mais efetiva
situou-se entre 1622 e 1624. Os sucessivos aterros durante os séculos XVI e XVII
acabaram por transformá-lo em fortificação terrestre. Segundo Barretto (1958), estaria
situado no lado esquerdo da Escola de Aprendizes Marinheiros, atual Comando Naval.
Havia espaço suficiente para navegação de pequeno porte entre ele e a terra, na maré
cheia. (Figuras 92 e 93)
226
Figura 92 – (A) - Bateria de Santa Cruz, (B) - Ribeira do Goes, (C) Forte de São Fernando e (D)
Forte de São Felipe e São Tiago. - Detalhe da panorâmica “S. SALVADOR – BAYA DE TODOS OS
SANCTOS”, de 1624, por Claes Jansz Visscher & Hessel Gerritsz. (Reis, 2000, p.24)
Figura 93 – (A) - Bateria de Santa Cruz, (B) - Ribeira do Goes, (C) Forte de São Fernando e (D)
Forte de São Felipe e São Tiago. - Detalhe da panorâmica “Abriss der Baya und Meerbusems de
Todos os Santos und Statt S. Salvador", do século XVII.
Vilhena (1799, p.219) reporta a existência da Fortaleza do Mar, Forte Real, de Nossa
Senhora do Pópulo ou de São Marcelodefronte da Bateria da Ribeira, na distância de
dois tiros de mosqueae, fica a fortaleza do Mar”, indicando questionando se teria sido
edificada sôbre um baixo natural, ou artificial”.
Conforme Simas Filho (1979), o Forte Real teve sua edificação iniciada em 1650, quando
agregaram-se rochas em torno de um recife, “com pedras de arenito extraídas da pedreira
da Preguiça (no Sodré) e de Itapagipe”. Costa (1958) relata que teria sido concluído esse
trabalho de base em 1652, quando passou a estrutura a ser preenchida “com pedra
calcárea oriunda do lastro dos navios do Reino”. Barreto (1660) anotou como praticamente
pronto o Forte Real, em 1661, passando à invocação de São Marcelo, e, em 1663,
passando a se denominar Forte de Nossa Senhora do Pópulo. Por volta de 1671-1675,
conforme Costa (1958) teve “o perímetro do terrapleno envolvente aumentado para cerca
de 220 metros de circunferência”. entre 1714 e 1718, foi “o terrapleno envolvente
227
aumentado em cerca de meio metro de altura e para cerca 241 metros de circunferência”.
Concluindo-se sua obra em 1728.
Seguindo-se adiante, considerando-se que a conformação atual revela que a antiga única
rua da Cidade Baixa, colada à face da encosta da Falha de Salvador, é representada pela
Rua do Corpo Santo. (Figura 112) É provável que a linha de praia original, em marés
menos expressivas, ficasse entre essa e a linha de água, que se localizava à altura da
atual Rua Santos Dumont. A outra via é que a própria Rua Santos Dumont constituísse a
área de sítio da antiga linha de praia. O fato é que, no século XVIII, esta efetivamente ali
ficava, porém assim condicionada e contida já por interferência antrópica.
Fotografia 112 – Rua do Corpo Santo. Antiga rua única da Cidade Baixa. 2007.
A percepção da situação original é efetivamente difícil, pois ambas foram afetadas e
consideravelmente elevadas por aterros informais, resultantes das derrubadas das
edificações e elevação de novas sobre as bases das antigas. Atualmente a Rua do Corpo
Santo guarda 8,5 metros de altitude na altura da Igreja do Corpo Santo, enquanto a Rua
Santos Dumont, na mesma altura, está a 6,4 metros de altitude. (Fotografia 113)
228
Fotografia 113 – Diferença de cota entre a Rua Santos Dumont, a 8,5 metros de altitude, e a Rua
do Corpo Santo, a 6,4 metros de altitude. Este é o estágio atual da antiga área de contato entre as
primeiras edificações e a água antiga praia, através do corte transversal que é a Rua Visconde do
Rosário.
Ambas seguem em queda, quando, cortadas pela Rua Frederico Castro Rabello, a 7,0 e
5,5 metros de altitude. (Fotografia 114) Até a altura do pé da Ladeira da Montanha, à qual
chegam com 5,5 e 5,1 metros de altitude, respectivamente. Esse ponto é interessante,
marcando a queda de ambas, em direção ao que era a antiga extremidade final inferior da
Ladeira da Misericórdia, atualmente confundido com a extremidade final inferior da Ladeira
da Montanha.
229
Fotografia 114 – Diferença de cota entre a Rua Santos Dumont, a 7,5 metros de altitude, e a Rua
do Corpo Santo, a 5,5 metros de altitude. Este é o estágio atual da antiga área de contato entre as
primeiras edificações e a água antiga praia, através do corte transversal que é a Rua Frederico
Castro Rabello.
A Fotografia 115 mostra a dimensão da grande intervenção que já havia sido realizada na
área do atual Bairro do Comércio, nas imediações da antiga alfândega, entre 1801 e 1860
(Câmara, 1988). Situando-se onde atualmente encontra-se a Rua Miguel Calmon, a altura
desse cais está em cerca de 3 metros acima do nível do mar.
230
Fotografia 115 - Porto de Salvador. Ao fundo, o atual Mercado Modelo - Final do século XIX. -
Ponto situado à altura do atual cruzamento da Rua Miguel Calmon com a Rua Frederico Castro
Rabello.
Ainda relacionada à visão do mesmo aterro, a Fotografia 116 exibe uma visão mais geral
do Cais das Amarras, no último quarto do século XIX. Atualmente equivale à localização da
Rua Miguel Calmon, à altura da atual Praça da Inglaterra.
Fotografia 116 – Cais das Amarras, no Porto de Salvador, visto da altura do contato da atual Rua
Miguel Calmon com a atual Praça da Inglaterra. Aproximadamente 1860. Autoria desconhecida.
231
A Fotografia 117 permite a visualização da abrangência do grande aterramento que
ultrapassou em muito o das Fotografias 115 e 116, cuja face aparece na centro esquerda,
com as edificações mais antigas diante das mais recentes e do aterro.
Fotografia 117 – Extremidade sul do grande aterro do século XX, criando o Bairro do Comércio e o
porto atual de Salvador. A linha azul marca o limite anterior do aterro realizado no século XIX. -
Década de 1940. - Acervo Fundação Gregório de Mattos. - autoria desconhecida.
A extremidade norte deste Trecho é marcado pela extremidade inferior da Ladeira da
Misericórdia, que coincide, atualmente com o fim da Rua Barão Homem de Mello, que
equivale à Ladeira da Montanha. (Fotografia 118)
232
Fotografia 118 - Visada na direção Sul. À frente, a Rua do Corpo Santo. Ao lado da parede de
contenção da encosta está o pé da Ladeira da Misericórdia, coincidindo com o pé da atual Ladeira
da Montanha. Neste ponto, ele tocava a antiga praia.
Na extremidade inferior da Ladeira da Misericórdia, Costa (1958, p.24), situava-se o “litoral
da Misericórdia”, “guardando o local de desembarque e a fonte do Pereira onde as naus se
abasteciam de água”. A Fonte do Pereira é vista nas imagens de Albernaz. (Figuras 94 e
95)
Figura 94 – Fonte do Pereira. Detalhe de mapa com “visada de olho de pássaro” do “Livro que dá
Razão do Estado do Brasil”, João Teixeira Albernaz (ca. 1616, in Reis, 2000, p.16-17).
233
Figura 95 – Fonte do Pereira. Detalhe de mapa com “visada de olho de pássaro” do “Livro que dá
Razão do Estado do Brasil”, de 1626, por João Teixeira Albernaz. (cerca de 1626, Reis, 2000, p. 18)
O site na internet da Fundação Gregório de Mattos (2007) aponta a fonte que atualmente
brota no cotovelo, antes do trecho final da Ladeira da Misericórdia como a Fonte do
Pereira. (Fotografias 119 e 120)
Incoerentemente, o mesmo sítio na internet informa que, tendo permanecido funcional até
que, ao início do século XX, “um paredão de alvenaria e pedra revestiu a encosta e
encobriu a Fonte”.
234
Fotografia 119 – pseudo-Fonte do Pereira. Indicada pela Fundação Gregório de Mattos - como a
Fonte do Pereira. Internet: http://www.cultura.salvador.ba.gov.br/sitios-fonch-dopereira.php Acesso
17/01/08.
Fotografia 120 - Fonte no cotovelo da Ladeira da Misericórdia, erroneamente identificada pela
Fundação Gregório da Mattos como Fonte do Pereira. 2007.
235
A Fonte do Pereira original encontrava-se em nível mais baixo, junto à marinha, conforme
observa Carneiro (1980), que a reconhece efetivamente como localizada ao fim de fato da
Ladeira da Misericórdia, em consonância com o indicado nas Figuras 94 e 95.
A Fotografia 121, exibe a visão do que atualmente é a Rua Pinto Martins, no sentido Leste,
ou seja, da encosta. Em sua extremidade, vê-se o que é provavelmente o portão que dava
acesso à Fonte do Pereira.
Fotografia 121 - Rua Pinto Martins, na altura da atual Rua Portugal, com vista no sentido Leste, em
que se encontra a encosta da Falha de Salvador. - Ao fundo o provável portão de acesso à Fonte do
Pereira. - Final do século XIX. - Autoria desconhecida.
A Fotografia 122 mostra a extremidade inferior coincidente das Ladeiras da Misericórdia e
da Montanha, na qual vê-se o emparedamento de coloração amarelada, com a sua parte
inferior pintada de branco, possuindo ainda dois cartazes de rua nela fixados.
236
Fotografia 122 - Extremidade inferior coincidente das Ladeira da Misericórdia e da Montanha. O
emparedamento amarelado sepulta a antiga Fonte do Pereira.
Sobre essa parede se encontra uma placa (Fotografia 123) com os dizeres: “AQUI HOUVE
A FONTE DO PEREIRA ATÉ O ANNO DE 1912 S E N D O E S T A B E L E C I DA EM
1599 POR UM INDIVIDUO COM TAL NOME NELLA SE ABASTECIAM OS N A V I O S
DA PRECISA AGUA QUANDO NESTE LOGAR BATIA O MAR QUE FOI SENDO
RECUADO A PROPORÇÃO QUE SE FORA, CONSTRUINDO CAES DE QUE O ACTUAL
É O TERCEIRO.”
Fotografia 123 - Placa indicando o local em que ficava originalmente a Fonte do Pereira. 2007.
Exibindo a força da antiga fonte, o emparedamento rochoso, lateral à grande parede de
concreto que a sepulta exibe uma grande e constante minação de água. (Fotografia 124)
237
Fotografia 124 – Minação intensa de água ao lado do aterro e emparedamento que sepultaram a
antiga Fonte do Pereira, na extremidade inferior coincidente das Ladeiras da Misericórdia e da
Montanha, encontro da Rua Barão Homem de Melo com a Rua Pinto Martins, em 2008.
A Fotografia 125 data de antes do último quarto do século XIX. Permite a excepcional
visualização da abóbada que protegia a Fonte do Pereira. (Fotografia 126)
238
Fotografia 125 – Face da parte norte do núcleo primitivo da Cidade do Salvador. - autoria
desconhecida - Último quarto do século XIX.
Fotografia 126 – Estrutura em abóbada protegendo a Fonte do Pereira. - Detalhe da Fotografia 125
- autoria desconhecida - Último quarto do século XIX.
A Fotografia 125 ainda aponta uma grande referência visual da face da Falha de Salvador,
nessa região, pois revela ser a localização da Fonte do Pereira o terminal inferior de um
grande aprofundamento na encosta. Este afundamento, uma grande cava, encontra-se a
aproximadamente meia distância entre a antiga Igreja do Colégio dos Jesuítas, atual
239
Catedral Basílica, e a antiga Catedral da Sé Metropolitana. Tal arqueamento negativo da
encosta sugere que ao menos parte do sítio em que atualmente se situa o edifício da
Coelba, na atual Praça da Sé, é formada por um aterro sobre a parte superior da cava.
Esta cava, nessa fotografia, é flagrada em momento de estabilização, com contenções
sendo edificadas em sua parte superior. Além disso, a própria estrutura que contém a
abobada sob a qual se encontra a Fonte do Pereira já é uma contenção anterior.
(Fotografia 127)
Fotografia 127 – Cava na encosta, com interferências objetivando sustentação das edificações em
seu alto, situada entre a antiga Igreja da Sé e a Igreja do Colégio dos Jesuítas. - Detalhe da
Fotografia 125 - autoria desconhecida - Último quarto do século XIX.
A Fotografia 128 aponta aproximadamente a mesma região da Fotografia 125. Nesta,
entretanto, destaque uma interferência maior diante da antiga Igreja da Sé, com aterro e
sustentação, que a projetam bem além do corte original da encosta.
240
Fotografia 128 – Face da parte norte do núcleo primitivo da Cidade do Salvador. autoria Benjamin
Mulock - Destacadas, em cor amarelada, as contenções dos aterros do Belvedere da Sé, e, em cor
azulada, a cava entre as Igrejas da Sé, à direita, e do Colégio dos Jesuítas. - 1860.
A Figura 96 indica, a partir das curvas topográficas atuais, os padrões que condicionaram
as edificações nos espaço entre os altos e cavas.
Figura 96 – Curvas topográficas atuais de trecho da região onde estava localizada a porta norte da
Cidade do Salvador, com indicadores de localização aproximada seus de elementos referenciais.
Nesse trecho, a última, de maior expressão de interferência antrópica foi o grande aterro
que estabeleceu as bases mais amplas do que atualmente são o Porto e o bairro do
241
Comércio. A Fotografia 129, de início do século XX, mostra parte da sua extensão e
largura até a altura da projeção do que é a Catedral Basílica.
Fotografia 129 – Grande aterro onde veio a se situar o Bairro do Comércio, com seu porto. Década
de 1910. - autoria desconhecida.
A Figura 97 mostra o estado deste Trecho, em final do século XIX, em associação de
aerofoto datada de 2003, marcando bem o que foi o vulto do aterro que o atingiu.
242
Figura 97 – Detalhe da “PLANTA DA CIDADE DE SÃO SALVADOR - CAPITAL DO ESTADO
FEDERADO DA BAHIA", de Adolfo Morales de Los Rios, de 1894, associado a aerofoto de 2002.
243
7.4.3 - RECONSTITUIÇÕES
Aliando-se o resultado da fotointerpretação às informações históricas, podemos proceder à
reconstituição do desenho paleovisual da marinha soteropolitana para o trecho que vai da
Ladeira da Preguiça ao Pé da Ladeira da Misericórdia.
Parte-se do pé de uma reentrância na face da encosta da Falha de Salvador, e que veio a
constituir, quando trabalhada, a Ladeira da Preguiça, de uma fonte, que jorra abundante
rumo ao mar. A ela se segue o início de uma faixa de praia que rapidamente ganha corpo,
não se desapegando de afloramentos de rochedos à beira-mar.
Cerca de 200 metros adiante, estava a parte mais densa da praia, com aproximadamente
18 metros de largura, não provavelmente entre a linha de água e o pé da encosta, mas sim
entre o pé da encosta e o limite da zona de espraiamento de tempestades em maré alta de
sizígia. Isto faz com que a linha de água estivesse aproximadamente no fim da pequena
elevação que, atualmente, se dispõe à frente da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da
Praia, constituindo sua rua. Se esta sugestão for válida, isto nos colocaria com uma faixa
de cerca de 65 metros, entre o contato entre o limite da água, em sua linha de costa, e o
início da face mais abrupta da encosta.
À encosta, uma grande reentrância ascendia semi-paralela, cortando sua face, e, à média-
atitude, sendo cortada por outra, por outra no sentido oposto. Nessa geoforma veio a ser
implantada a Ladeira da Conceição.
Nesse mesmo ponto, a cerca de 80 metros da linha de contato água terra, localizava-se
um pequeno rochedo ou um banco mais elevado de areia, que sugeriria a instalação do
primeiro Forte do Mar.
Com cerca de 60 a 65 metros de altitude no alto, via-se, a entre 25 e 35 metros de altitude,
brotar fonte de água abundante, o que situava a minação a entre 35 e 40 metros do alto.
Cerca de 550 metros após seus início, a faixa de praia afunilava gravemente, até que a
área de espraiamento facilmente atingisse a face da encosta, em momentos de maior
intensidade de água.
A parte elevada do setor parte de cerca de 64 metros, no Alto de São Bento, que deve
representar aproximadamente a sua elevação original, mergulhando, originalmente, até
aproximadamente 43 metros, na base da descida, na Garganta da Barroquinha. Este ponto
separava as águas que desciam para a Baía de Todos os Santos e as que corriam para o
244
Rio das Tripas, pela Cava da Barroquinha. Ascendia-se até aproximadamente os 56
metros do atual Palácio dos Esportes, chegando-se ao Alto de Salvador stricto sensu.
Assim, o mergulho e a ascensão eram muito mais íngremes que na atualidade.
O Alto atual, marcado pela Avenida Chile, possuía provavelmente dois pequenos vales, os
do Vidal e do Pau da Bandeira, mantendo-se, entretanto, relativamente estável a altitude. A
sua estabilidade relativa era quebrada com a Garganta da Misericórdia, com um pequeno
mergulho, provavelmente de escala métrica, improvavelmente chegando próximo ao
decâmetro. Era sucedida pelo Teso da Sé, no qual chegava a altitude a cerca de 65
metros. Retornava-se à estabilidade relativa, apenas um pouco perturbada, provavelmente,
pelo contato com a Cava da Fonte do Pereira, à altura do atual Cine Excelsior, para
retornar a se elevar regularmente, quando chegando à altura da atual Catedral Basílica.
Ao final do trecho, à praia chegavam as águas abundantes da Fonte do Pereira.
245
Fotografia 130 – Fachada do núcleo original da Cidade do Salvador. 2007.
Figura 98 - Reconstituição panorâmica do visual provável da Fachada do núcleo original da Cidade
do Salvador na região entre o pé da Ladeira da Preguiça e o pé da Ladeira da Misericórdia, pré
interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia 130.
Figura 99 – Referências atuais na Reconstituição panorâmica do visual provável da Figura 98. A -
Ladeira de São Bento. B - Garganta da Barroquinha. C - Ladeira da Castro Alves. D - Início do Alto
da instalação da Cidade do Salvador. E - Pequeno Vale do Vidal. F - Pequeno Vale do Pau da
Bandeira. G - Ladeira da Conceição da Praia H - Alto de instalação da Cidade do Salvador I -
Garganta da Misericórdia. J - Teso da Sé. K - Ladeira da Misericórdia. L - Cava da Fonte do Pereira.
M - Alto da Igreja e do Colégio da Companhia de Jesus.
246
Fotografia 131 – Praça Castro Alves - Vista a partir da extremidade sul da praça. Mirando a
Avenida Chile, ao alto. 2007.
Figura 100-a – Reconstituição panorâmica do visual provável da área onde se localiza, atualmente,
a Praça Castro Alves, pré interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia 131.
247
Fotografia 132 – Praça Castro Alves – sopé - Vista da Rua Barão Homem de Melo ou Ladeira da
Montanha, a partir do pé do mirante da Praça Castro Alves. 2007.
Figura 100-b – Reconstituição panorâmica do visual provável da área onde se localiza, atualmente
o pé do mirante da Praça Castro Alves, pré interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia
132.
248
Fotografia 133 – Vista da Rua Barão Homem de Melo ou Ladeira da Montanha, a partir do pé
mirante da Praça Castro Alves. 2007.
Figura 101 – Reconstituição panorâmica do visual provável da área onde se localiza, atualmente a
Rua Barão Homem de Melo ou Ladeira da Montanha, a partir do mirante da Praça Castro Alves, pré
interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia 133.
249
Fotografia 134 – Vista da face central do antigo Alto da Cidade do Salvador, destacando-se o
Elevador Lacerda. Rua Barão Homem de Melo ou Ladeira da Montanha, a partir do mirante da
Praça Castro Alves. 2007.
Figura 102 – Reconstituição panorâmica do visual provável da área onde veio a se localizar o
núcleo da antiga Cidade do Salvador, pré interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia
134.
250
Fotografia 135 – Vista do Elevador Lacerda , Mercado Modelo, Comando da Marinha e Forte de
São Marcelo. 2007.
Figura 103 – Reconstituição panorâmica do visual provável da área onde veio a se instalar o
Elevador Lacerda, a partir do ponto da Fotografia 135.
251
Fotografia 136 – Panorâmica do visual da extremidade do trecho 5, vislumbrando-se o novo Porto,
e o terrapleno onde veio a se instalar o bairro do Comércio. Início do século XX.
Figura 104 – Reconstituição panorâmica do visual provável da área onde veio a se localizar,
atualmente, o Plano Inclinado Gonçalves, pré interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia
136. À esquerda, o Alto do Colégio e Igreja dos Jesuítas, separado do Teso da Sé pela pequena
cava da Fonte do Pereira. O Teso da Sé é separado do Alto de Salvador pela Garganta da
Barroquinha
252
7.5 - DO PÉ DA LADEIRA DA MISERICÓDIA A ÁGUA DE MENINOS
O quinto setor estende-se por 1,7 quilômetro até o início da Avenida Jequitaia, no Largo de
Água de Meninos. Mantém o mesmo padrão de totalidade de intervenções antrópicas e
conquistas ao mar, que descaracterizaram totalmente a antiga marinha.
Figura 105 – Topônimos citados no setor 5 - Pé da Ladeira da Misericórdia - Largo de Água de
Meninos.
7.5.1 – FONTES GEOLÓGICAS
Prossegue-se, neste setor, no contexto de associação sopé, face e a borda de alto da
grande Falha de Salvador. (Mattoso, in Simas Filho, 1979) Partindo-se do pé da Ladeira da
Misericórdia, a 330 metros da linha de água do porto, avança-se até a altura da projeção
do Forte de Santo Antônio Além-Carmo, ao sopé da falha, com uma largura de cerca de
315 metros. A partir daí, já ao final da área, um novo avanço do aterro faz com que ele
chegue com cerca de 640 metros de largura, na localidade de Água de Meninos.
A parte elevada da área pertence ao Compartimento geomorfológico do Alto de Salvador,
subcompartimento da Liberdade, constituindo o Alto do Carmo - Santo Antônio Além
Carmo. (Peixoto, 1968) A antiga Garganta do Taboão ou do Pelourinho é a única cava de
253
destaque, atualmente aterrada a níveis tíbios, não tão atingida quanto as Cavas da
Barroquinha e da Misericórdia. É dominado este alto por terrenos cristalinos, caindo com
inclinação fraca para Sudeste, em direção ao litoral atlântico.
A tectônica que resultou em altos e vales para essa região, provocou o surgimento de uma
predominância pouco diferente da regional, que se situa com direções azimutais variando
de 335º a 340º e 350º a 360º. Neste setor, a predominância passou a se situar entre 0º e
15º. Apresenta, portanto, apenas um deslocamento do padrão predominante. (Figura 106)
Figura 106 – Rosácea tectônica do Setor 5, realizada sobre aerofoto, sobrevôo SACS, 1959. Obtida
pelo lançamento das direções relacionadas à tectônica rígida no programa Stereo Nett, versão 2,46,
desenvolvido pelo Institute für Geologie Ruhr University. Em vermelho, as direções obtidas com sua
distribuição proporcional. Em laranja, a faixa de direções da Falha de Salvador. Em verde, as
ladeiras referenciais na implantação da Cidade do Salvador.
Conforme aparece na Figura 107, as mais antigas ladeiras deste trecho possuem direções
azimutais de 15 a 18º para a Ladeira do Pilar e a Ladeira do Carmo, 9º para o Caminho
Novo do Taboão, quando quebra em seu mergulho em direção à antiga praia. A Rua do
254
Tabuão, desce a Garganta do Taboão, após sair do Pelourinho, com azimuth de 263º
passando a 75º, sofre uma quebra e, capturada pela Falha de Salvador, segue a 26º. Sua
nova quebra é em ângulo de 180º, mantendo-se, assim a mesma direção. A Rua do Pilar
se mantém a 30º, portanto mostra uma opção por seguir o alinhamento da Falha de
Salvador. A comparação da Rosácea de agregação dos lineamentos tectônicos mostra que
persiste a disposição alinhada das antigas ladeiras aos planos tectônicos que cortam ou se
paralelizam ao plano da Falha de Salvador.
7.5.2 – FONTES HISTÓRICAS
Tratando-se de uma região pouco alterada até o início do século XVII, vemos no trabalho
de Albernaz, de 1616 e 1626, (Reis, 2000, p.16-17 e p.18) um desenho do que seria o seu
estado praticamente original. A costa enrocada ou em praia se estende a partir de pouco
além do Forte de São Francisco. Câmara (1988, p.113) indica, a partir do início da Ladeira
da Montanha, em direção norte, um bolsão de areia, que permite caracterizarmos a
existência de uma praia. Esta sugestão é confirmada pelas referências de mapas antigos.
(Figuras 107 e 108)
Figura 107 – Detalhe da “Pranta da Çidade D. Salvador”, da “Rezão do Estado do Brasil no
Governo do norte somente asi como teve Dõ Diogo de Meneses ate o anno de 1612”, de João
Teixeira Albernaz, de cerca de 1616. (Reis, 2000, p.16-17)
255
Figura 108 – Detalhe da “Pranta da Çidade D. Salvador”, da “Rezão do Estado do Brasil no
Governo do norte somente asi como teve Dõ Diogo de Meneses ate o anno de 1612”, de João
Teixeira Albernaz, de cerca de 1626. (Reis, 2000, p. 18)
Em relação ao setor anterior, este apresentou interferências tardias, acompanhando as
daquele setor de maneira não homogênea e gradativa.
Entre o antigo termo da cidade, em seu alto, na região do atual Largo do Pelourinho, e o
Alto de Monte Calvário, atual Alto do Carmo, rebaixava a paisagem um grande vale, que
ainda é bem visível na conformação atual da localidade. (Simas Filho, 1978b) É a Garganta
ou o Vale do Taboão, que descia até a praia, sendo um dos declives utilizados de
praticamente primeira hora na Cidade do Salvador. Nela estabeleceu-se a Ladeira do
Taboão. (Carneiro, 1980, p.59) (Figura 109 e Fotografia 136)
256
Figura 109 – Ladeira do Taboão – Detalhe do mapa “La Ville de St. SALVADOR, capitale du Bresil
Portugaus, au Baye de todos los Santos, dans l’Amerique” – Anônimo – século
XVII.
Fotografia 137 – Ladeira do Taboão. - 2008. - Descida em direção sul, com uma quebra em curva
de 180º, voltando-se para norte, em seu trecho final.
257
Câmara (1988, p.115) indica que já havia movimentações, ainda no século XVI, de
efetivação de pequenas construções na parte mais baixa do Vale do Taboão, de onde
partiria, mais tarde, a Ladeira do Taboão. Por isso, essa localidade já aparece com
interferências de aterro para o período 1549 – 1630.
A Fonte dos Padres ou do Taboão ficava localizada na extremidade inferior dessa ladeira.
(Fundação Gregório de Mattos, 2007) conforme aparece nas Figuras 110 E 111.
Figura 110 – Fonte dos Padres. Detalhe de mapa do “Livro que dá Razão do Estado do Brasil”, de
1616, por João Teixeira Albernaz. (ca. 1616, in Reis, 2000, p.16-17)
Figura 111 – Fonte dos Padres. Detalhe de mapa do “Livro que dá Razão do Estado do Brasil”, de
1626, por João Teixeira Albernaz. (cerca de 1626, Reis, 2000, p. 18)
258
Arrumada esta fonte sob arco com nicho abobadado, dispunha de extensas galerias
ramificadas em cinco braços, situando-se ao final do que atualmente é a Rua Conde D’Eu,
continuação da Rua da Polônia próximo à encosta. (Fotografia 138) Sofreu reforma em
1870, conforme na placa fixada acima do seu arco, provavelmente já bastante
enfraquecida, tendo sido reduzida apenas a uma bica, quando a Ladeira do Taboão
praticamente lhe passou por cima. Conforme a Fundação Gregório de Mattos (2008),
sofreu uma descaracterização e empobrecimento visual ainda maiores em 1941.
Totalmente descaracterizada, conforme aparece na Fotografia 422, é uma fonte extinta.
(Fotografia 139)
Fotografia 138 – Plano geral do término da Ladeira do Taboão, com destaque para o nicho da
antiga Fonte dos Padres, visto a partir da Rua Conde d’Eu –2007.
259
Fotografia 139 – Nicho da antiga Fonte dos Padres, que foi reformada em 1870, à altura do final da
Rua Conde d’Eu, sob final inferior da Ladeira do Taboão. Desativada e completamente degradada
visualmente, é utilizada como depósito de lixo –2007.
Um ponto concorde de intervenção antrópica na marinha, como nos trechos anteriores,
veio através das fortificações. Datado de 1788, o Fortim de São Fernando foi descrito por
Amaral (1969, p.218) como sendo, mais propriamente falando, uma Bateria. Descreve-o
como originalmente um quadrilátero com “15 passos de face, e 9 de flanco”. (Figura 113)
Embora considerável a sua interferência na praia, não muito durou, submetida por outras
de maior vulto. Sobre a sua antiga base foi construída, em 1817, a Associação Comercial.
(Borges e Lemos, 2002) (Fotografia 140)
260
Fotografia 140 - Associação Comercial do Estado da Bahia, construída sobre as bases do Fortim
ou Bateria de São Fernando, que, por sua vez, foi construído sobre um rochedo. - 2007.
Costa (1958) indicou a existência, à beira-mar, logo adiante da Fonte dos Padres, no pé do
Taboão, do Forte de São Francisco, que Câmara Coutinho (1693, in Costa, 1958, p.36)
relatara a existência “junto à marinha”. (Figura 112) É este que aparece no trabalho de
Frezier, em 1714, como “Batterie de S. François”, (Figura 113) que Vilhena (1799) situou
como construído entre 1784 e 1788, caracterizando-o como “da mesma natureza” que o
Forte de São Fernando. Essa data indicada deve ser, na verdade, de reforma, pois já
aparecia no trabalho de Albernaz, realizado em 1631, como Forte de São Francisco.
Vilhena (1799, p.219) descreveu-o como “situado no meio da marinha da Cidade Baixa (...)
entre edifícios, que lateralmente avançam para a marinha, ficando-lhe pela espalda, a
montanha quase inacessível”. Barreto (1660) situou, nesse ponto, um “pequeno castelo de
pedra levantado de muito tempo”, dando-o como o de São Felipe, conforme Costa (1958,
p.27) se trata de um equívoco, pois esse devia ser já o de São Francisco.
261
Figura 112 Visão do caminho a partir das Portas do Carmo, da Ladeira do Taboão, descendo em
direção ao (A) Sítio da Bateria de São Fernando (B) e ao Sítio do Forte de São Francisco. Detalhe
da “Planta da Restituição da Bahia” de João Teixeira Albernaz, de cerca de 1625 a 1631. (Reis,
2000, p.27)
Figura 113 – Detalhe do mapa “PLAN DE LA VILLE DE St SALVADOR - Vue de la Ville de St
Salvador du coté de la Baye", de 1714, por Amédée François Frézier. Em destaque a “Batterie de S
t
François”.
O quadro dessas duas fortificações, entretanto, parece vir de um momento anterior. Na
figura 114, o mapa datado de 1638 aponta o lançamento do local em que se instalaram
essas unidades. Onde veio a se instalar o Fortim São Fernando se revela, efetivamente,
como uma instância, sequer havendo ainda uma bateria, nesse momento. Já no sítio em
262
que viria a se instalar o Forte de São Francisco, aparece já uma fortificação retratável. O
destaque nessa imagem é o lançamento da praia até a instância de São Francisco, após a
qual ela desaparece. Observe-se que o Guindaste do Pilar tem sua extremidade inferior
locada em uma região com simbologia que evoca uma edificação sobre área rochosa.
Figura 114 - (A) Instância de São Fernando (B) Forte de São Francisco (C) Guindaste do Pilar.
Detalhe do mapa “Fortificações e Trincheiras q se fizerão em deffença do inimigo.” - autoria
desconhecida - 1638. (in Reis, 2000, p.32-34)
Borges e Lemos (2002, p.21) indicam que o trecho de areia, dito por esses uma “estreita
faixa de terra”, corria pelo pé da montanha localizado entre a Igreja de Nossa Senhora da
Conceição e o local “onde surgiria o Mercado do Ouro”. Este seria o seu limite. Esta
colocação é pertinente com a observação da Figura 117.
O Largo do Mercado do Ouro é outro ponto de destaque deste trecho. A Fotografia 141
mostra como o mar avançava, em meados do século XIX, pelo que atualmente é o Largo
do Mercado do Ouro. A visão do próprio mercado, na atualidade, aparece na Fotografia
142. Todo essa edificação foi erguida sobre aterros.
263
Fotografia 141 - Atracadouro do Mercado do Ouro. O Mercado do Ouro aparece à esquerda. Final
do século XIX. - autoria desconhecida.
Fotografia 142 - Mercado do Ouro. 2007.
Câmara (1988, p.113) concorda com o desaparecimento da faixa de terra, apenas a
estendendo até um pouco além. Coloca que a praia “estreitava-se (...) entre a linha do mar
e a linha de encosta, desaparecendo totalmente pouco além de onde mais tarde seria
implantada a Igreja do Pilar”. Entretanto, ao lançá-lo, em mapa (in Sampaio, 2005) não
264
suprime a praia, mantendo a situação quase similar à do trabalho de Albernaz, apenas
estreitando-a severamente próximo ao fim pé do Caminho Novo do Taboão., para dar-lhe
recuperação de dimensão na região em que atualmente se situa a localidade do Largo de
Água de Meninos. (Figura 116)
Figura 115 – Continuação da praia entre Pilar a Água de Meninos. - Detalhe do mapa “Evolução
das conquistas ao mar da Conceição ao Pilar” – Câmara (1988, in Sampaio, 2005)
O mesmo mapa da Figura 115 surge em outra dimensão na Figura 116, ampliando-se a
visão, indica efetivamente a cessação da área de areia, à altura da extremidade final do
Caminho Novo do Taboão. A simbologia de encosta é mantida até a proximidade de Água
de Meninos, quando então, diante da Fortificação de Nossa Senhora do Rosário, o autor
ancora de novo a tonalidade da areia.
Figura 116 - Detalhe do mapa “Fortificações e Trincheiras q se fizerão em deffença do inimigo.” -
autoria desconhecida - 1638. (in Reis, 2000, p.32-34)
O Mapa de Weyll, datado de 1860, surge, para este trecho, mais esquemático, pouco
revelando que possa resolver a questão. (Figura 117)
265
Figura 117 – A estreita orla de Salvador, para além da área do atual Mercado do Ouro. Detalhe de
Planta de Carlos Augusto Weyll - 1860.
Uma consulta ao panorama atual, na Fotografia 143, mostra o trecho completamente
alterado pela interferência antrópica, até Água de Meninos, com avanço e conquista ao
mar.
Fotografia 143 – Trecho que se estende do Trapiche Barnabé até Água de Meninos. 2007.
Buscando-se uma referência dada por Vilhena (1799, p.223) obtem-se que a praia ia
efetivamente um pouco além da atual Igreja de Santa Luzia do Pilar. Isto porque a coloca
transitável, em direção norte, até o fim da fortificação da cidade, o que significava o Forte
de São Alberto, em Água de Meninos. Daí, “passando à fortificação da cidade (...) que ela
não tem saída para fora, que não vá dar na Cidade Alta, se não pelo lado do Norte por um
só caminho pouco espaçoso e junto à praia por onde se sai para Monserrate, e Itapagipe”.
Encerraria, portanto, no Forte Santo Alberto, o trecho ao menos transitável que se entende
por um caminho menos íngreme, constituindo praia ou não.
O Forte Santo Alberto aparece situado por Vilhena (1799, p.219) “ao correr da marinha
(...) no caminho, que da cidade vai para o Noviciado, que foi dos Jesuítas”. As primeiras
modificações no local datam de 1590, quando foi erguida, no local, uma fortificação, a
266
antiga Estância de São Tiago ou Santiago de Água dos Meninos, ou Torre de São Tiago
(Oliveira, 2006). Esta foi reconstruída, ainda antes de 1608, para dar espaço ao Forte de
Santo Aberto, Forte de Santo Aberto da Praia ou Forte da Lagartixa. (Costa, 1958) Sua
atual configuração data de 1694. (Garrido, 1940)
A posição desse forte (Figura 118) marca a localização da praia, podendo, entretanto, ter
sido, de fato, localizado originalmente sobre um rochedo, como era costumeiro e mais
apropriado. A Fotografia 144 mostra ao seu lado sul uma faixa de areia, que tanto poderia
existir preteritamente na mesma disposição, quanto ter sido provocada pela presença do
forte. Há, entretanto, aparentemente, um contato da linha d’água com um pequeno muro
de contenção, que sugere um ressalto de cerca de um metro. As residências, adiante,
encontram-s sobre outro ressalto ainda maior, provavelmente regularização por aterro, que
apresenta, como frente, um outro muro de contenção, que aparenta ter cerca de 2 metros
de altura. Seria um indicador de proteção contra eventuais momentos tempestuosos. Isto
sugere que a berma de chegasse à posição em que estavam aquelas residências.
Figura 118 – Detalhe do mapa "Cidade da Bahia de Todos os Santos", de Almeida (1868)
exibindo o Forte de Santo Alberto, no centro esquerda, e o Forte de São Francisco, no
centro direita.
267
Fotografia 144 – Forte de Santo Alberto ou da Lagartixa. - Final do século XIX. - autoria
ignorada.
A Figura 119 é uma imagem tomada em meados do século XVIII, a partir do Alto do
Barbalho. É importante referência para indicar a geoconformação mais próxima à original
da atual Ladeira da Água Brusca e atual Rua do Baluarte, à esquerda, e Ladeira da
Soledade, à direita.
268
Figura 119 - “PERSPECTIVA DO VISTA DE HUMA PARTE DA CIDADE DE SANTO SALVADOR
E DE SEU TERRERO TOMADA DO FORTE DO BARBALHO”, de 1724 a 1756. (Reis, 2000, p.38)
O termo final da nossa área de trabalho é marcado pelo Largo de Água de Meninos. Do
primeiro Governador Geral, Thomé de Sousa (1550, p.195), vem a primeira descrição clara
da região, quando oficializou a Sesmaria aos Jesuítas:
Padres que na dita casa estão, e esperão ao diante serem en
crescimento, me pedia que lhe desse humas terras que estão
diante desta cidade da parte do norte, onde chamão Agua de
Meninos pera diante pera o norte trezentas varas, isto ao longo do
mar; e de comprimento que cheguem até um rio que chamam de
Vermelho, que vai de sima de praia por baixo d’aldea a que
chamão Aldea dos Amenduis, e vay ter ao mar da costa; e que,
nas cabeceiras das outras dadas [que] até ho presente são d’Agua
dos Meninos até ho outeiro que está diante d’Aldea da Porta
Grande, onde chamavão Aldea do Ferreiro, iá tão largo como
comprido até entestar com agua do dito rio que chamão Rio
Vermelho, sempre desta parte d’Oeste do dito rio na dita largura
d’Agua dos Mininos até o dito outeiro d’Aldea do Ferreiro, o qual
269
outeiro está sobre o mar quando vão desta cidade do Salvador,
que querem entrar pera o Campo de Tapuigipe desta parte do sul.”
A Fotografia 145 exibe, em relação ao sítio de Água de Meninos pontos interessantes. Um
é a indicação de o quanto a água avançava até o final do século XIX, nessa área
atualmente totalmente aterrada e urbanizada, que forma o Largo de Água de Meninos.
Observe-se que as residências se localizam na encosta, sobre um elevado, com contenção
à frente. A situação claramente indica que a água, neste trecho, tocava a encosta. Além
disso, revela-se um sítio em que há claro afloramentos rochosos, atualmente também
desaparecidos sob aterros.
Fotografia 145 - Água de Meninos. - Final do século XIX a início do século XX.
A Fotografia 146 mostra um momento um pouco posterior ao da Fotografia 145, já com o
desenvolvimento de obras mais claras de conquista ao mar, que acabaram produzindo o
Porto de Salvador. Essas tiveram seu início com mais relevância a partir de 1911. Nesta
imagem, apesar de estar a localidade ainda consideravelmente preservada, com rochedos
aparentes, vê-se que um deles, que aparece como uma pequena ilhota, foi utilizado para
extensão do atracadouro. Como um aspecto interessante.
270
Fotografia 146 - Largo de Água de Meninos. Fim do século XIX. Autoria desconhecida.
As Fotografias 634-a, datada de 1959, e 634 b, datada de 2002, exibem o desenvolvimento
do aterramento de meado do século XX ao seu termo. Confirmam que a região de Água de
Meninos foi efetivamente a última a sofrer a grande intervenção de aterramento para a
locação do Porto de Salvador, sendo a mais abrangente, em termos de área. Ainda assim,
observa-se que, ultrapassado o meado do século XX, o mar ainda tocava o próprio Largo
de Água de Meninos.
Fotografia 147 - Água de Meninos. (a) Aerofoto - SACS - Cruzeiro do Sul - 1959 (b) Aerofoto -
Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia - Conder - 2002. (c) Integração das Fotos “a” e
“b”, para melhor visualização da interferência realizada na área de Água de Meninos, já na segunda
metade do século XX.
271
A Figura 120 mostra o estado deste Setor como um todo, em final do século XIX, com a
associação de ortoaerofoto datada de 2003, marcando bem o que foi o vulto do aterro que
afetou essa área, até então consideravelmente preservada.
Figura 120 – Detalhe da “PLANTA DA CIDADE DE SÃO SALVADOR - CAPITAL DO ESTADO
FEDERADO DA BAHIA", de Adolfo Morales de Los Rios, de 1894, e de ortoaerofoto - Conder -
2002.
272
7.5.3 - RECONSTITUIÇÕES
Aliando-se o resultado da fotointerpretação às informações históricas, podemos proceder à
reconstituição do desenho paleovisual da marinha soteropolitana para o trecho que vai da
Pé da Ladeira da Misericórdia a Água de Meninos.
Partindo de uma praia escassa, à altura do pé da Ladeira da Misericórdia, avança-se para
Norte, chegando ao sopé de uma antiga linha de fraturamento ou falha, que a
meteorização transformou em um espaço mais dócil ao cavalgamento da encosta. A sua
projeção, de maneira mais afiada que a das outras ladeiras, investe, primeiramente, contra
a direção da falha. Logo passa a segui-la, acorde, em descida paralelizada.
Ao pé da Garganta do Taboão, destaca-se uma fonte, da mesma maneira que ao pé da
Cava da Fonte do Pereira.
À praia, afloramentos rochosos ocorrem entre as poções cada vez mais estreitas de praia.
Adiante, grandes ranhuras no plano da Falha de Salvador, provocadas pela presença de
juntas ou falhas semi-paralelizadas à Falha de Salvador, permitiu que se amansasse
também as dificuldades de ascensão. Estabeleceram-se aí as ladeiras do Pilar e do
Caminho Novo do Taboão.
Afinal, em algum ponto dentre os atuais Largo do Mercado do Ouro e a Ladeira do Pilar,
praticamente se foram os resquícios de areia, praticamente deixando uma costa rochosa,
em que apenas a encosta intemperizada, em locais menos abruptos, permitia algum
assento e passagem antrópica.
Afinal, no último termo do setor e da área de trabalho, a grande cava que se estende por
trás de Água de Meninos garantia aporte suficiente de sedimentos e o estabelecimento de
uma praia. Esta ainda disputando espaço com afloramentos rochosos, mas efetivamente
presente.
273
Fotografia 148 – Praça Riachuelo, com a sede da Câmara do Comércio. 2008.
Figura 121 - Reconstituição panorâmica do visual provável da região da Praça Riachuelo, pré-
interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia 148. Atrás, à esquerda o alto do Carmo
separado do Alto da Igreja da Companhia de Jesus pela Garganta do Taboão, que ocupa o centro
da imagem. À direita, separado pela Cava da Fonte do Pereira, o Teso da Sé. À praia chega a água
da Fonte dos Padres, próximo ao pequeno rochedo que se localiza sob a atual Casa do Comércio.
274
Fotografia 149 – Mercado do ouro. - 2008.
Figura 122 - Reconstituição panorâmica do visual provável da região do Mercado do Ouro, pré-
interferência antrópica, a partir do ponto da Fotografia 149. Fazendo fundo à pequena praia, o Alto
do Carmo. À esquerda, a estrutura onde se implantou a Ladeira do Pilar.
275
Fotografia 150 - Faixa final do Trecho 6. Região além-Largo do Mercado do Ouro, até Água de
Meninos. - 2008.
Figura 124 -. Reconstituição paleopanorâmica do visual provável da região além-Largo do Mercado
do Ouro, até Água de Meninos, a partir do ponto da Fotografia 150.
276
CAPÍTULO 8
DISCUSSÃO
277
CAPÍTULO 8 - DISCUSSÃO
Queremos transpor para vocês o mundo em imagens tais que,
diante delas, estremecerão.”
Nietzsche 1872
O eminente historiador Cid Teixeira afirmou:
“Eu desconfio que, se Tomé de Souza saltasse aqui hoje, não ia
reconhecer muito o sitio, o que é ótimo, porque é prova do
progresso nosso.” (Teixeira, 2005)
A sugestão converge para uma visão de progresso que já vicejou entre cientistas,
pensadores e Sociedade em geral. As modificações aludidas podem, entretanto, ser
entendidas como positivas em um dado sentido, e não necessariamente em outros.
Meirelles (1997, p.22) comenta que se faz necessário que contemple sempre as
interrelações existentes enquanto componentes de uma complexidade que paira entre os
ambientes natural e sócio-econômico. Daí, Guerra (2003) haver observado ser difícil a
impossível trabalhar-se adeqüadamente, sem que se eleve o verdadeiro entendimento de
todo o leque das modificações que efetivamente afetaram um determinado terreno, em
suas formas.
Trazendo de Unwin (1975), a paisagem é entendida como a tensa interface entre as partes
sólida, líquida e gasosa, no globo terrestre. O seu estudo é costumeiramente trabalhado
em uma perspectiva morfológica, entretanto, o seu quadro complexo inclui a ambiência
humana, seja social e fisicamente. Temos, primeiramente, que jamais deixar de considerar
ser o ambiente de costa urbana, também lembra Benatti (2004), um espaço físico também
socialmente construído. Isto especialmente quando, lembram Suguio (1999) e Silvestri
(2006) o ser humano adentra esse quadro como agente determinantemente modificador e
que necessita de um melhor controle das conseqüências dessa modificação.
Nesse contexto, as Orlas Marítimas são especialmente delicadas. Conforme lembra Muehe
(2001, p.35) representam “uma faixa na qual a degradação ambiental por destruição da
vegetação e construção de edificações se torna extremamente evidentes por modificar,
geralmente para pior, a estética da paisagem e até mesmo intervir no processo de
278
transporte sedimentar, tanto eólico como marinho, provocando desequilíbrios no balanço
sedimentar e conseqüentemente na estabilidade da linha de costa”.
Com efeito, os danos que provocamos aos ambientes têm um longo percurso. Amon
(2007) registrou, para cerca de 3500 aC, na Suméria, no Oriente Médio, o efeito de
técnicas incorretas da nascente Agricultura, que provocaram ali as mais antigas
degradações de vulto.
O caso dos Alagados é escabroso. A luta de Mário Leal Ferreira para impedir o desastre foi
baldada pela costumeira incúria governamental e pelas lentidão e indecisão judiciárias.
(Sociedade de Pesquisas e Planejamento, 1970) Entre 1947, quando o ataque à região
teve início, e 1959, foi varrida qualquer condição de sequer ser controlado ou remediado o
problema. O passo a passo do desenvolvimento do processo é um depoimento sobre um
desastre prolongado de incompetências e incúrias. (Fotografia 151)
Os efeitos das ações não eficientemente estudadas e controladas, na orla, podem ser
vistos em muitos lugares. O exemplo da Praia do Forte do Rio Vermelho também é
emblemático. Essa praia com até 25 metros de largura de areia, em 1905, mantinha-se
ainda assim em 1953. Em 2007, sob qualquer maré, não se classifica mais aquela
localidade como praia, mas como costa rochosa. Entre ambas as situações, duas ações do
Estado, através da Embasa. Primeiramente, o desvio do Rio Camurugipe, depois a
instalação do Emissário Submarino. (Fotografias 152 e 153)
Não se deve contemplar as alterações naturais e ações antrópicas sem buscar as suas
faces e interfaces. Daí, Torab (2007) estudando o delta do Rio Nilo, no Egipto, colocar que
as maiores modificações resultantes da indução antrópica devem ser sempre
contempladas à luz de outras modificações naturais, como oscilações do nível do mar,
erosão costeira, deposição eólica, variação de descarga fluvial e subsidência tectônica.
Para Salvador, a força da questão natural é expressiva, além de haver condicionado
determinantemente a forma da ocupação humana, pelo aspecto da notável estabilidade do
nível do mar, para o período considerado neste trabalho. (Guimarães, 1978) (Martin,
Flexor, Vilas Boas, Bittencourt, Guimarães, 1979)
279
Fotografia 151 – Alagados (a) Detalhe do “MAPPA TOPOGRAPHICA da Cidade de S.
SALVADOR", de Carlos Augusto Weyll, de 1860. (b) Aerofoto, sobrevôo SACS, 1959. Fonte:
Superintendência de Geologia e Recursos Minerais – SGM (c) Aerofoto, 1998. Fonte: Conder (d):
Google Earth. Acesso: 23 de junho de 2008.
280
Fotografia 152 - Praia do Forte do Rio Vermelho e Mariquita, vista a partir da sua extremidade
oeste. Década de 1950 - autoria desconhecida.
Fotografia 153 - Antiga praia do Forte do Rio Vermelho e Mariquita, vista a partir da sua
extremidade oeste. - 2007.
281
Para a correta contemplação da Paisagem, devemos expandir o mais possível os dados,
sendo, para tal, necessária a utilização de meios históricos. Dentre os registros históricos,
os produtos do sensoriamento remoto se elevam como fontes de extremo interesse.
Na conceituação expressa por Gumerman e Lyons (1971, p.126), o sensoriamento remoto
é expresso pela aquisição de dados em relação ao em-torno físico, por meio de um
sistema que esteja à distância do fenômeno que está sendo investigado. Os primeiros
sensores remotos que dispusemos foram os orgânicos, expressos pelos sentidos do olfato,
da visão e da audição, além da sensação de calor. Esses autores afirmam, entretanto, que,
em um senso mais amplo, o Sensoriamento Remoto abrange não apenas a mera aquisição
dos dados, como seus registro, trabalhamento e interpretação. Obviamente, os nossos
recursos sensoriais, dada a subjetividade da captura, interpretação e transmissão do em-
torno, estavam fadados a uma acurácia extremamente frágil.
Este ponto é crucial, ao lidarmos com o em-torno, pois topamos com indicações como a de
Phibbs (1983), elevada na perspectiva tomada de Birnbaum (1992), apontando que um dos
principais passos no avanço do Conhecimento foi entender que há os elementos de
significação múltipla nas paisagens. Nelas temos uma documentação associada a
referências temporais, destacadas em um processo de longo termo histórico, constituindo a
cumeada perceptiva humana. Através da paisagem, percebe-se a vertente ininterrupta do
tempo, tornando-a, nas palavras de Bosi (1992), nas “pontas de icebergs” do quadro
sensorial. A sua contemplação permite iniciarmos a prospecção de toda uma massa de
informações subjacentes, rompendo com o meramente material, adentrando o campo de
extensões da existência.
A definição de Paisagem de Macedo (1994, p.54), também lembrada por Souza (2003),
rompe com a condição somente inorgânica. Para esse autor, a Paisagem é “a expressão
morfológica, em um determinado tempo, do processo constante de ação dos seres vivos
sobre os diversos pontos do planeta, associado ao movimento contínuo das diferentes
estruturas geológicas e águas”. A Paisagem, seguindo Souza (2003), emerge como “uma
representação imagética do conjunto formado pelo ambiente físico e os movimentos e
relações que este comporta, sejam estes originários das atividades humanas ou dos
fenômenos naturais”.
A contemplação humana da Paisagem parece guardar elementos que escapam ao
subjetivo. Tomando-se o apontamento histórico das abordagens ao em-torno, ressalta
Phibbs (1983, p.171) que os registros feitos por visitantes costumam apontar para as
mesmas referências nas localidades. Para Stilgoe (1976), esse evento indica notarmos
282
elementos topográficos que têm uma percebida permanência, como elevações ou corpos
mais importantes de água. Mas Peña (1994, p.10) coloca essa percepção vai além do
topográfico, assumindo que “certos contextos urbanos têm uma imagem forte”, constituindo
espaços que são “gravados na mente do observador com maior ou menor facilidade”. Para
Peña (1994, p.26) esses espaços acabam por se “impor de maneira fácil e indelével na
memória”.
Algumas dessas Paisagens, indica Birnbaum (1992), ultrapassam o aspecto de simples
geoformas ou geoformas antropomodificadas, chegando a configurar parte de uma
herança e uma identidade nacional, com o trabalho sobre as mesmas guardando
referências com Formação e Educação.
Assim, a Paisagem, como Maciel (2001) indicou, é vista além de uma perspectiva
estanque, tratando-se de “uma forma da Terra cujos processos de modelagem são físicos
e culturais a um só tempo, possuindo uma identidade calcada em uma constituição
reconhecível, limites e relações com outros lugares num contexto maior”. Daí, a sua
integração entre os “aspectos materiais da Cultura”, nos quais se incluem as modificações
produzidas por e em objetos, e suas técnicas, que “imprimem uma marca visível no
espaço”. Assim considerando, pontos materiais e não-materiais ganham relevância.
As Paisagens, sendo entendidas como uma integração das ações naturais e antrópicas
com implicações culturais fortes, abrem, conforme Maciel (2001), um “leque vastíssimo”,
como um convite explícito a uma abordagem integradora entre os campos dos
Conhecimentos Científicos Natural e Social.
Agregam-se pequenos ou grandes elementos, que possuem ou não aparente
homogeneidade, mas, conforme provocam Tilley, Hamilton e Bender (2000) estabelece-se
sempre um senso de totalidade, em que a paisagem é mais que a soma das partes. Ela
impõe uma identidade intransferível ao local e aos que o vivenciam. Isto posto a indicação
de Lowenthal (1975), de que a vida é mais que eventos separados, exigindo uma união
que cobra a qualidade da duração, que se expressa em momentos do próprio passado
urbano, colocando-se diante dos indivíduo, enquanto marca perceptível da sua própria
identidade e do em-torno.
Isso fica mais claro quando Phillips (2003), que investigou monumentos Meso a Neolíticos
que tenham específica referência costeira, coloca existir uma relação necessária entre a
geoforma, visibilidade e sua integração enquanto sítio monumental, que se confunde com
uma “identidade regional”. Esta fornece uma ancoragem e um reconhecimento na vida
social de cada região. Nas palavras de Araújo (2007, p.132), “a paisagem é importante
283
pelos significados que encerra enquanto parte da memória coletiva das comunidades que
nela se reconhecem e através dela mantêm a sua identidade”. De Rocha e Pereira (2005,
p.609) a paisagem passa a emergir como um “lugar que seja reconhecido por quem
observar a representação sem dificuldades”.
Enquadram-se, de uma maneira ampla, conforme Souza (2003), como paragens com
características paisagísticas muito fortes”. Nessas, mesmo pequenas modificações podem
provocar um impacto que vai além do visual e espacial, afetando elementos que se
comportam como referências de uma percepção coletiva. Agregam-se essas instâncias de
maneira definitiva, conforme Birnbaum (1992), dispondo de um relacionamento espacial
caracterizado por uma distribuição organizacional e espacial particulares.
Nesse caminho, Peña (1994, p.10) aponta que a paisagem acaba rompendo com padrões
meramente “racionalistas”, enveredando pela amplitude conceitual de “espaços de
vivência”, ao “assumir valores simbólicos”. E, nesse espaço, Broodbank (2000, in Phillips,
2003) situa o reconhecimento no em-torno de monumentos antrópicos, que adentram a
configuração de mapas mentais para localizar pontos distantes, como tempo de viagem,
direção e marcas de localização embebidas entre si e em seqüência.
Em relação aos monumentos antrópico-produzidos, Lowenthal (1975) aponta o
estabelecimento de uma relação seletiva, que remete a tempos pretéritos mais ou menos
remotos. Nestes, alguns ambientes integram uma confortável perspectiva de incorporação
a uma “memorabilia”, que se resume a uma história do que se é, ainda que culturalmente
ou educacionalmente fabricada, provocando um sentimento de reconhecimento e
integração. Para Parker (2001, in Phillips, 2003), esses monumentos produzem referências
que adentraram na rotina das atividades humanas, plenamente integradas quando vistas
na atualidade, em um conceito geral de localização do ser.
Para Barcellos (1999, p.30), “a solução de limitar a paisagem como algo limitado ao
percebido é insatisfatória, por significar um reducionismo da problemática da paisagem”.
Daí Peña (1994) fazer alusão que essas referências do em-torno podem, inclusive,
transcender a esses aspectos, enveredando por relações de inconsciente ou não-
consciente coletivo. Estamos, portanto, diante de referências fortes de formação e tradição
mental. Por tal, Unwin (1975, p.130) indicou que o observador trava um rico
relacionamento com a paisagem, seja física, perceptual ou sensivelmente. Esse evento é
um fenômeno objetivo, único, estando a paisagem engajada como referência necessária
que proporciona ao ser humano um espaço ativo, onde ou a partir de onde desenvolver
suas atividades, situando-o com várias informações periféricas ou ambientais.
284
Seguindo a indicação de Capra (1982), a contemplação de uma paisagem só pode ser
efetivamente realizada se entendermos essa enquanto composta de elementos, estrutura e
sistema. No passo desta abordagem, Maciel (2001) coloca que “a Natureza sempre esteve
presente no imaginário social da humanidade, o que significa dizer que há, de fato, um
imaginário geográfico concorrendo para a elaboração das diversas visões de mundo,
incluindo aquelas propriamente paisagísticas”. Para esse autor, do modo mais amplo
possível, a paisagem pode ser compreendida como um trabalho discursivo de
ordenamento da imagem do mundo a partir do ambiente próximo, concreto e apreensível
pelos sentidos humanos, mediante estruturas mentais correntes no universo cultural de
cada época e de cada povo”.
Uma imagem precisa que se tenha do em-torno, e que seja reconhecida como tal, não só
facilita a percepção do que foi a interferência humana como sublinha expressivamente os
ganhos e perdas dessa atividade. E isto tem expansões em suas dimensões científicas,
artísticas e culturais. Isto, para Unwin (1975), seguindo a movimentação da visão ao longo
de disposições topográficas diferentes, possibilita uma perspectiva necessariamente
integradora. Segundo esse autor, os observadores reagem não como independentes da
paisagem, mas sempre imaginando-se dentro do quadro, em uma abstração que reelabora
a existência e o Real. Para Lowenthal (1975), as características de um lugar permanecem
preservadas nos “olhos da mente”, sendo formada uma imaginação histórica. Sublinha que
esse fenômeno é mais atuante em localidades em que há estímulo a uma veneração do
passado e resistência a mudanças. Assim, os elementos da Paisagem passam a fazer
parte daquilo que Chauí (1988) percebeu como uma estrutura do conhecimento humano,
elevando-se como referenciadores de decisões e atitudes. Estabelece-se com destaque no
léxico básico do Conhecimento”.
Nesse contexto, mira-se a definição das Paisagens-Símbolo, como sendo aquelas com as
quais se estabeleceram relações de familiaridade visual a uma massa populacional mais
ampla. Trazendo de Belo (2003), são aquelas que identificam localidades, constituindo
elementos de identidade cultural e/ou ideológica, que remetem a uma “fixação de uma
memória coletiva”. Relacionam-se com aqueles que Shanks (1992) sugere serem visuais
históricos apropriados ao trabalho de reconstituição paleoambiental. Para Hagemeyer
(2007), não somente marcam reconhecimento, como produzem efeitos na imaginação dos
observadores. Estão relacionadas com aquele efeito que a Psicologia da Forma, na
Gestalt, denomina “pregnância”, que guarda relação com a “boa forma”, só que inseridas
em uma perspectiva de forma ou desenho cultural. Conforme lembra Peña (1994, p.10),
uma Paisagem-Símbolo tem estabelecida uma espécie de aderência da imagem. É este
elemento que faz com que se distribua a sua visão por toda uma coletividade, sem
285
compromisso com exatidão, mas com um tipo de precisão que forja vínculos entre local e
identidade.
A pregnância é o fenômeno provocado por uma Paisagem-Símbolo, que remete à memória
coletiva percebida por Araújo (2007, p.132). Segue a solicitação de Rocha e Pereira (2005,
p.609) seja um “lugar que seja reconhecido por quem observar a representação sem
dificuldades”. Se uma pregnância parece ser vaga, diferente em cada ser humano, no geral
cumpre uma função reguladora, a partir do reconhecimento. Pode ser Positiva ou Negativa
(Barbosa e Vianna, 1984) sendo Positiva aquela que “seria distinta, notável, de caráter
forte e aparência muito bem formada” (Peña, 1994, p.27).
As Paisagens-Símbolo são, conforme Guerreiro (2005, p.7), as “guardiãs do debate cultural
em todas as épocas históricas”. Ligadas aos recursos que as áreas urbanas exercem,
enquanto “se manifestam na capacidade de construir e veicular imagens de si mesmas”.
Indo além, a imagem da área que trabalhamos, conforme Guerreiro (2005), nesta “Idade
Mídia” dominada por uma “Sociedade da Informação”, em uma “Era das Comunicações” e,
sobretudo, uma “Sociedade ou Cultura de Consumo”, rompe com as óticas das populações
locais, enquanto referência de representação em escala mundial. Conforme Giddens
(1991, in Guerreiro, 2005, p.7) percebeu a Paisagem-símbolo desponta como referencial
de autonomia cultural local, expandindo suas relações, através de uma rede de
comunicação até mesmo planetária. As Paisagens-Símbolo são aquelas que podem ser
enquadradas naquilo que Souza (2003) aponta serem “pontos estratégicos de observação
da paisagem”.
É precisamente com relação às Paisagens-Símbolo soteropolitanas que Albergaria (2001,
p.50, in Guerreiro, 2005, p.15) amarrou a “baianidade tradicional”, dominada por uma visão
de “cidade praieira, festeira, que Caymmi canta, que Jorge Amado descreve, que Verger
fotografa”. Insiramos a lembrança também do que Carybé pinta. É uma “imagem
virtualizada”. São precisamente essas Paisagens-Símbolo que Souza (2003) indica que as
intervenções antrópicas posteriores ao seu reconhecimento deveriam tender a procurar
preservar, na sua estreita relação com os traços da paisagem natural.
Mesmo quando um conto fala de um rincão imaginário distante, como na Sucupira do “O
Bem-Amado”, de Dias Gomes, sob a forma de uma abertura de novela, conforme aparece
na Fotografia 154. Salvador aparece como referência que se espalha por todo o litoral do
Estado. A sua face é a assinatura a “baianidade”, integrando geoforma, modificações
antrópicas e cultura.
286
Fotografia 154 – Fotogramas da abertura da novela “O Bem-Amado”, exibida entre 24 de janeiro a
9 de outubro de 1973.
Assim, quando se lida com uma paisagem não se trabalha no vazio. Passa-se
necessariamente por aquilo que Meneses (2003) colocou ser necessário, isto é, uma
História da imagem”. Inclui-se aí, portanto, o resgate paleovisual, com as Fontes Visuais
surgindo como “um conjunto de recursos operacionais para ampliar a consistência da
pesquisa histórica em todos os seus domínios”.
Nas palavras de Fraisse (1964, p. 291) usamos nosso conhecimento para localizar
memórias, e apresentar os eventos na ordem em que eles devem ter acontecido. Ao
contemplar uma dada paisagem, mais que momentos, seguimos a percepção de
processos. Bonomi (1973) indica que, nesse evento, o sentido escapa aos processos
localizados, passando à estrutura que une os momentos passados dos locais já
temporizados, tornados signos. Uma “lógica alusiva” estabelece-se através da “presença
latente” dos momentos passados. Na visão de Roux (1999, in Maciel, 2001), conferimos
sentido ao espaço, atribuindo-lhe valores. Aí, “a imaginação é submissa a um processo
intelectual interativo”.
Daí, Fernandes (2003, p.13) comentar que se tem por certo que “no estudo e no
planejamento, a dimensão temporal tenderá a adquirir uma nova relevância”. Quando se
lida com um ambiente, em especial os antropo-modificados, ou se trabalha com essa
percepção temporal, ou se sacrificará artificialmente o produto. Se, como ressalta Phibbs
(1983, p.171) que os registros feitos por visitantes costumam apontar para as mesmas
referências, estamos lidando com algo que, conforme Lowenthal (1975, p.12), escapa ao
individual, adentrando o jogo de um passado coletivo.
As reconstituições, seguindo Gladfelter (1977), Sluyter (2001) Maciel (2001) e Oliveira
(2002), Linares (2003) e Hagemeyer (2007) conduzem a esse conceito de “cronotopo” de
287
Bakhtin (1992). Este trabalha sublinhando a íntima e fundamental conexão entre espaço,
expresso pelo estado momentâneo de uma localidade, e o seu tempo. Não há uma
localidade ou um tempo individualizáveis, e um cronotopo significa um “tempo-espaço” que
guardam não só conexões necessárias, como verdadeiramente inseparáveis. Não se
contempla um lugar sem temporizar, e não se pensa um tempo sem se referenciar em
termos de lugar. Esse conceito trabalhado no original apenas literariamente pode ser, no
seu cerne, trazido à nossa discussão, percebendo-se o cronotopo nas paisagens
trabalhadas. Esse conceito é válido especialmente se se pensa em interfaces de “relações
familiares”. O que é válido para as descrições textuais torna-se igualmente válido para a
remissão de imagens paleoambientais.
De fato, Linares (2003) coloca que a percepção do cronotopo aponta uma profunda relação
entre o ser humano e a Natureza, sendo aquilo que proporciona esse reconhecimento.
Conforme esse autor indica, um cronotopo permite perceber as direções de algo, como um
espaço no tempo, na verdade um espaço-tempo, tornando “o próximo passo
compreensível e até esperável”. Assim, o resgate paleo-visual, em relação a localidades
marcadas pela pregnância, força o estabelecimento do “continuum”. Isso considerando,
podemos ler a pertinência de Hagemeyer (2007), em que o cronotopo desloca, assumindo
a face de “uma espécie de fenda temporal no conjunto de seu universo cotidiano”. O
desvelamento de uma realidade paleogeomorfológica, não só nos permite contemplar,
analisar e pensar o passado, mas impõe isso e, em paralelo, remete obrigatoriamente ao
seu futuro.
Reconhece-se desenvolvimento do conceito de “cronotopo” como especialmente aplicável
aos pontos estratégicos de observação do em-torno (Souza, 2003), que se configuram nas
Paisagens-Símbolo (Guerreiro, 2005), efetivamente marcadas pela “pregnância”, (Merleau-
Ponty, 1945) (Peña, 1994), daí guardarem vínculos, profundos com a memória coletiva.
(Belo, 2003)
Isto significa que podemos, por exemplo, exibir uma montagem com a visão do Município
da Cidade do Salvador, em 2006, obtida a partir do sítio Google Earth. (Figura 125) A
retirada dos elementos de interferência antrópica e a colorização do mosaico das aerofotos
de 1959 - vôo SACS, pode ser realizada sem problemas. (Figura 126) A contemplação de
ambas as imagens força o reconhecimento e, mais, implica na percepção do processo.
Teixeira (1958) já afirmara que a capacidade humana madura conduz a uma
transformação da experiência, retificando-se rumo à metáfora, e o pensamento transita ao
simbólico, emergindo uma realidade com significações mais complexas. Isto porque,
288
observa Fraisse (1964), provoca-se um reconhecimento do panorama geral, forçando uma
percepção do conjunto dos eventos na ordem em que eles devem ter acontecido. A
recuperação visual da paleo-paisagem, entende Kossoy (1999, in Oliveira, 2002)
estabelece um “elo imagético entre o não mais visível e o visível”. Força-se o “olhar
morfológico” (Rees, 1976), que possibilitará o olhar “significante” ou “decodificador” (Belo,
2003). Conforme Bonomi (1973), passado e presente se tornam símbolos, estabelecendo-
se processos mentais que os unem. Passado e presente ligam-se em um “continuum
espaço-temporal (Rocha e Pereira, 2005). Se Souza (2003) afirma que “um mesmo espaço
pode comportar diferentes paisagens, variando com o passar do tempo”, essa também
passa a comportar vários tempos. Ao observador isso acaba se impondo através desse
continuum” espaço-temporal ou, mais especificamente, um “continuum” de “cronotopos”.
O resgate paleo-visual e o “continuum” estabelecem uma guia a forçar o observador a
dispor dos recursos para o correto entendimento do impacto das atuações antrópicas.
Segue-se a consideração de Alvares (1999, in Fernandes, 2003) em que as intervenções
antrópicas devem trazem um necessário planejamento que não poderá deixar de
considerar o tempo. Sem isso, toparemos sempre com “visões excessivamente
simplificadoras da realidade”. Em sua perspectiva, “mapas cronotópicos e um plano do
tempo devem ser obrigatoriamente considerados”.
Conforme Lowenthal (1975), a visão que temos do passado de regiões antropo-
modificadas não remete a um passado real, devido ao grau elevado de alteração e da
ideologicização constante. A realidade do passado, conforme Santos (1997), emerge como
fruto de uma percepção sempre dominada por um processo seletivo. O passado que
entendemos é fruto de filtros e coerentizações, formando, concorda Lynch (1997), não a
Realidade, mas uma resultante de um processo de inter-relação entre observador e em-
torno.
289
Figura 125 - Mosaico a partir de imagens do portal Google Earth - Município de Salvador - 2008.
Figura 126 - Modificado de mosaico de aerofotos vôo SACS - 1959, com retirada de elementos
antrópicos e desenho paleolitorâneo estimado.
290
Nas palavras de Souza (2003), “a paisagem é uma experiência pessoal, determinada pela
história de cada indivíduo e nos transmite muito mais do que características físicas, possui
também relações sociais e econômicas, nos permite perceber relações complexas em
vários níveis”. Para ambientes dominados por Paisagens-Símbolo, essa experiência
pessoal é espraiada por um leque amplo de observadores, que pode chegar a escala
global. Se esta pode ser culturalmente manipulada, compete ao conhecimento científico
recuperar o passado real. Primeiramente temos que, conforme Ruwedel (1996) destacou, a
necessidade de considerarmos a Terra, através das suas paisagens reveladas por meio de
imagens antigas, como um enorme arquivo histórico.
A paisagem emerge, conforme Maciel (2001), como “um símbolo em constante
atualização”, o que afeta os indivíduos enquanto parte da coletividade. As modificações
são percebidas e incorporadas por todos. O olhar não se paralisa no átimo, flagrando tão
somente fluência, ou seja, o “cronotopo” flui. Daí, conforme Teles (2002), para
entendermos o espaço, precisamos percebê-lo no tempo. Por isso Stegeman e Solow
(2002) destacaram a importância do alongamento de séries e exposição do debate entre o
estado inalterado antropicamente da costa e a visão atual. Emersa essa necessidade, a
busca de alternativas para estabelecimento de séries mais longas, onde não haver
registros científicos, através da exploração de registros históricos, é indicada por Boak e
Turner (2005) como uma via praticamente única e eficaz. Para tal, seguindo Schamber
(1996), é de extremo interesse ampliarmos a percepção dos documentos dos quais
possamos obter novos dados e informações.
McIntyre e Hobbs (1999) efetivamente observaram que o melhor caminho metodológico
para um resgate do que foi uma localidade passa pela contemplação dos locais mais
preservados, fragmentados e relictuais. Esse resgate não se esgota em si, mas, o olhar
significante” ou “decodificador” que Belo (2003) indicou e que estende o momento em
continuum” espaço-temporal (Rocha e Pereira, 2005) força a dinâmica. Segue-se a
emersão da “fenda temporal” indicada por Hagemeyer (2007). Daí, o “continuum” não é
mais somente físico ou relacionado a um “cronotopo” atual. É também um “continuum” de
cronotopos”, que vem, derivando de Magalhães (1985, in Santos, 1994), da elevação de
uma consciência de um largo segmento do passado histórico.
É precisamente essa condição que permite o que Butzer (1960) entendeu existir, que é
sublinhar uma relação do status atual dos sítios de Paisagens-Símbolo com o passado
humano. Segundo indica Oliveira (2002), eles passam a ser investidos de forte função
documental, constituindo um “fragmento de um tempo paralisado”, exibindo um instante
singular de um lugar em uma época. Esta expressão não é precisamente empregada, pois
291
o que caracteriza o resultado que o trabalho sobre eles pode conduzir é precisamente o
contrário, uma grande fluência, um “continuum” de “cronotopos”. É, efetivamente, conforme
Menezes (1984, in Santos, 1994) através deles que se resgata com mais facilidade o jogo
entre as nossas ações e suas conseqüências no ambiente.
Daí, chegamos a Stewart (1989), e a sua lembrança, comentando a união de projeções
que podemos deslizar por essa interação via “continuum” de “cronotopos”, a Shakespeare,
“Hamlet”, Ato I, Cena 5:
There are more things in Heaven and Earth, Horatio,
Than are dreamt of in your philosophy...”
Por serem Paisagens-Símbolo, portanto dominadas pela “pregnância”, para Heisenberg
(sd, in Ziff, 1995), é impossível observá-las sem perceber certas interações fundamentais
na Natureza, as quais obrigatoriamente alteram as condições do observado. Assim, se há,
para o cientista, a demanda de pesquisa induzida, há, para o observador, uma percepção
induzida, que se aproxima da conscientização. A através vem através do olhar
significante” ou “decodificador” explicitado por Belo (2003, p.160). No passo do raciocínio
de Nietzsche (1872), adentra-se um campo de imaginação que consiste em ver
rapidamente as semelhanças. Se a imagem tem a propriedade da fixação do Mundo
visível, a sua “decodificação” estabelece o sentido de contemplação do jogo processual
entre passado e presente. O permeio temporal vem através do “continuum” sugerido para o
físico por McIntyre e Hobbs (1999).
Através desse “continuum” de “cronotopos”, considerando a visão de Bonomi (1973, p.13),
revela-se o problema central do nosso trabalho em uma percepção desperta da
sedimentação cronotópica, vistos como uma “contração da constelação de momentos em
um único sentido”. Não se configura apenas como “um modelo ideal”, mas afirma-se
enquanto “processo temporal, investido numa praxis, e o seu estudo postula a recusa de
uma redução atomística do tempo”.
Seguindo Rocha e Pereira (2005), o estabelecimento desse “continuum” traz uma
legibilidade que não se perde, enquanto o observador não só vislumbra o passado como
transita entre diferentes épocas. Mais ainda, começa a perceber referências, em si, na
relação dos prováveis produtos das ações no futuro. A reflexão avalia semelhanças e
reações de causa-efeito, e o observador percebe o impacto antrópico e a sua tendência.
292
Nos dizeres de Nietzsche (1872, p.46), “a consciência começa com o sentido da
causalidade”. Tudo o que vemos apreendemos pelas sensações. A Realidade, conforme
esse filósofo sinalizou, só pode ser entendida como Memória e Sensação associadas. Por
tal, para Magalhães (1985, in Santos, 1994), Marques (1996) e Meirelles (1997), eleva-se a
percepção processual de atos, seqüências e conseqüências em um ambiente submetido à
pressão antrópica.
Obriga-se o observador à perspectiva de Sauer (1925, in Maciel, 2001), que já apontara a
definição da paisagem antiga como um conjunto que agrega indissoluvelmente formas
naturais e culturais associadas. Eleva-se a condição que Maciel (2001) indicou, de afirmar-
se a paisagem antrópico-modificada como resultante da Cultura enquanto agente, no
tempo, atuando sobre o quadro natural. As modificações emergem-se em uma dialética em
que se transformam em partes intrínsecas da experiência do próprio observador. Daí,
quanto mais realistas forem as referências, mais se força a provocação nesse sentido, daí
Tilley, Hamilton e Bender (2000) sugerirem, por exemplo, imagens que procurem ser mais
tridimensionais, portanto mais próximas da provável realidade. Por tal, Shanks (1992)
afirmar que mesmo fotomontagens, por exemplo, são válidas, visando provocar
precisamente o encontro e experienciamento que Heisenberg (sd, in Ziff, 1995) solicitou,
através do “olhar morfológico” (Rees, 1976), “significante” ou “decodificador” (Belo, 2003,
p.160). Atira-se o observador forçosamente nos caminhos que MacGregor (1979) indicou
como sendo a maneira mais oportuna de analisar um ambiente, acessando-o como ele se
manifesta enquanto forma, estrutura e interações.
Se, com a percepção necessária do “continuum” de “cronotopos”, há a condição e risco,
que Merleau-Ponty (1945) apontou, da neutralização da partição dicotômica da Realidade
em diacrônica e sincrônica, há também a emersão da necessidade até estratégica da visão
diacrônica. Isto, conforme indica Lowenthal (1975), porque sem a persistência da diacronia
não há História. O caminho correto afirma-se em manter a percepção dos momentos
diacrônicos, enquanto passado e presente, mas estimular a sua conexão através do
continuum". E perceber que se impõe ou zelar para que se imponha o indicado por
Bonomi (1973), que “o sentido não está nos signos, mas entre os signos”. O agente
unificado entre os signos, forçando seu “continuum”, enquanto se dá a “recusa de uma
redução atomística do tempo”, emerge em uma lógica alusiva”, que conduz às ações
antrópicas. Essa lógica alusiva ocorre em Paisagens-Símbolo, posto nelas existir o que
Peña (1994) indica ser uma “presença latente” do observado no observador, que equivale
àquilo que Guerreiro (2005) chamou “mundo imagético”.
293
Impõe-se a colocação de Vattimo (1987, in Guerreiro, 2005), de que a Realidade é o
resultado do cruzamento da contaminação das múltiplas imagens, interpretações,
reconstruções”. Estas Reconstruções aparecem eminentes quando à contemplação das
imagens nesse jogo entre um antes, pré-interferência antrópica, algum após transicional e
a atualidade.
A visão das imagens de como foram os ambientes é marcada por rigor, objetividade,
brevidade de apreensão, agilidade de entendimento, simultaneidade entre essas. Nas
palavras de T. S. Eliot (in Lowenthal, p.11) não apenas o “ser passado” do Passado age,
mas a sua presença, com uma sensação de ausência de tempo aderida ao que é do
tempo, emerge, tornando valor e desvalor presentes ao mesmo instante.
O trabalho de resgate paleoambiental contemplando referenciais históricos, assoma em
uma disputa e uma justaposição entre a impersonalidade objetiva do instrumento e a
subjetividade dos pontos-de-vista (Rogers, 1978), ao agregarem condições que
miscigenam técnica e criatividade (Ziff, 1995). Comportam não propriamente a Realidade,
mas se insere com precisão de referencia de como nossos antepassados viram o Mundo
(Oliveira, 2002). Entretanto, a metodologia atual efetua um rol elevado de mensurações em
sua abordagem da realidade, enquanto um documento histórico fornece, geralmente, um
instantâneo. Bateira (1996 -1997) e Boak e Turner (2005) sublinharam nisso um
desequilíbrio amostral. Afinal, temos diante de nós as maiores acurácia e quantidade de
medidas realizadas nos trabalhos mais recentes. Preocupam-se, assim, como Fenster,
Dolan e Elder (1993), com a utilização do cruzamento de informações em escalas
diferentes que sugere um risco ainda mais acentuado.
A exposição das modificações, conforme McIntyre e Hobbs (1999) sinalizam, é
fundamental para a descoberta dos caminhos para conservação ou mesmo reversibilidade
dos trends de modificação e/ou destruição do habitat. Daí a sua importância em
Planejamentos. (Marques, 1996) ao, conforme Meirelles (1997) e Sluyter (1999, in Sluyter
2001), desvelar a interação natureza-sociedade.
A partir daí, pode-se chegar à conscientização mais ampla que Lazarow (2002) sugeriu.
Isto pesa sensivelmente para a Cidade do Salvador, há muito tempo um dos ambientes
mais provocantes quanto a uma abordagem em relação a esse aspecto.
Anísio Teixeira (1958) indicou a necessidade de uma “aplicação da ciência aos problemas
humanos”, com a “extensão da Ciência ao mundo dos valores” que chega para “completar
a obra da ciência, iluminando a visão prática e terrena da vida, que ela já produziu, ou está
inspirando”. E, para o caso da orla da Cidade do Salvador, estamos diante do problema
294
identificado por Featherstone (1995, in Guerreiro, 2005, p.7). Em uma “Cultura de
Consumo” impõe-se uma faceta de necessidade inclusive de “consumo de signos”.
Precisamente pelo status de Paisagem-Símbolo que uma dada ambiência pode ser
investida, estabelece-se um grave risco a essa, pois passa a não só ser considerada
valiosa e necessariamente preservada. Precisa também “consumida”, apontando-se para o
debruçar especulativo imobiliário e tentações de intervenções por “melhorias”, por parte de
autoridades nem sempre bem referenciadas.
O planejamento é efetivamente fundamental. Se a intervenções se tornaram histórica e
eminentemente destrutivas, foi precisamente pela falta de planejamento contemplando
aspectos de impacto ambiental. De fato, apesar das indicações já expressas por Agassis e
Agassis (1869), a preocupação oficial só se materializou, na Cidade do Salvador, em
termos de planejamento e ações, nos anos 1950. (Carvalho Neto, 2002)
A antiga política de estabelecimento apenas de áreas “non aedificandi” (Guilcher e Moign,
1977) perdeu o sentido, porque o processo histórico mostrou que é quase tão problemático
quando o abandono o encapsulamento de locais (Lynch, 1972, in Lowenthal, 1975), para
muitos lugares, não ser viável manter a Natureza intacta. (Pippi, Afonso e Santiago, 2003).
Por isso Guilcher e Moign (1977) indicaram a meta mais apropriada ser encontrar um
modelo correto de intervenção. A localização de locais em que a intervenção seja
adeqüada ganha substância, conforme Marques (1996), a partir do estabelecimento de
projeções para o futuro, estas, seguindo Meirelles (1997) com o realce da interação
estrutural-funcional natureza-sociedade. Daí, conforme indica Belo (2003), a preocupação
atual se reflete também em elementos como um esforço de “recolha contemporânea da
paisagem”, que associa “objetivo documental” e uma “visão interpretativa da realidade”.
Isto representa a consciência da documentação através da imagem. Obviamente aponta o
caminho metodológico da busca e obtenção de uma visão do estado pré-modificação
através de iniciativas de documentação do passado. Conforme McIntyre e Hobbs (1999) o
acompanhamento e o resgate sinalizam caminhos para conservação ou mesmo
reversibilidade dos trends de modificação e/ou destruição do habitat. Com esse ponto
concorda Marques (1996), afirmando sua utilização pertinente em Planejamentos. Isto, por,
conforme Meirelles (1997, p.22) reafirmar, destacar-se a interação Natureza-Sociedade.
Cresce, nesse meio, conforme Sluyter (1999, in Sluyter 2001) a necessidade da
compreensão do processo de modificação acontecida desde o momento histórico colonial,
no qual está evidente o jogo entre colonizador, nativo e paisagem.
As condições atuais da Cidade do Salvador, de crescimento da pressão sobre a orla,
295
sinalizam necessidade de intervenções prementes na orla, como as propostas de novo
Emissário Submarino e revitalização do Comércio.
O lançamento do produto com um razoável teor artístico, sobre um fundo objetivo
científico, mais que obriga à contemplação, por influenciar diretamente nas ações. Este
ponto é afeto não só aos leigos investidos em funções enquanto emitidores de decisões.
Influencia diretamente cientistas, reverberando em suas produções e ações, pois Seguindo
Richmond (1984), suas mentes guardarão sempre as projeções mecânicas dos contatos
préconscientes entre Ciência e Reconstituições artísticas.
Souza (2003) chamou a atenção para o artigo 182 do capítulo da Constituição Federal,
quando esse postula a obrigatoriedade de um Plano Diretor. Aparece no “TÍTULO VII - Da
Ordem Econômica e Financeira”, em seu “CAPÍTULO II - DA POLÍTICA URBANA”, no
“Artigo 182”, que
A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder
Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por
objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.”
Assim, Peña (1994, p.10) evoca que:
O desenhador urbano precisará fazer um arrolamento e estudo das
imagens, detectando elementos urbanos e aspectos específicos,
que deverão ser preservados, recriados ou anulados (segundo o
caso), através da montagem de diretrizes de desenho Urbano.
Pretende-se, com isto, configurar uma organização físico-ambiental
de caráter forte, com a qual os usuários possam se identificar,
sentindo um franco agrado ou uma sensação de segurança
emocional.”
Essa perspectiva ultrapassa o aspecto das simples geoformas, trabalhando-se com
recursos que, conforme Birnbaum (1992), devem fazer parte de uma busca de
amadurecimento e educação que se garantam decisões honestas baseadas em sólida
documentação e em sua análise. As imagens do passado, referenciadas cientificamente,
marcadas pela pregnância, tornam-se ainda mais significativas, desenhando as seqüências
temporais. Estas acabam, seguindo Lowenthal (1975) locadas em nova ordem, na qual,
296
entendendo como Barbosa e Vianna (1984), a função reguladora humana faz com que o
continuum” se releve ainda mais. Nisto, Santos (1994) afirma que o entendimento
provocado aponta para a própria prática da cidadania só podem chegar através da
percepção, pelo indivíduo, da realidade processual em que ele está envolvido.
Reafirma-se a perspectiva colocada por Merriam (1929), de uma Geologia
necessariamente constituindo um Ciência Histórica, fruto da interligação fundamental entre
Tempo e Desenvolvimento de restos fragmentários do passado. Entre essas não podemos
permanecer alheios às ações antrópicas. Segue-se a Schmithüsen (1970) “se queremos
compreender a ação do homem, não devemos separar a sociedade do meio ambiente que
a rodeia”. E o lidar com o Meio Ambiente se eleva como atividade geocientífica. Essa é
expressa através de mapas, cuja função, conforme Jacob (1996) observou, é “fazer o
invisível visível”. Em sua visão, isto “é verdadeiro para um mapa mundi assim como para
uma planta topográfica”.
A reconstituição panorâmica visual realiza precisamente a mesma coisa. Olhando a
localidade atual, reconstituída ao estado pré-interferência antrópica, tornamos o passado,
agora invisível, visível. E assim, seguindo o proposto por Merleau-Ponty (1945) estabelece-
se a sincronicidade entre a Realidade de um instantâneo atual e a Representação do
passado.
A especialidade sucumbe diante da amplitude das fontes originais, passando por um
resultado que, apesar de objetivo, amplia-se em possibilidade de captação e efeitos. Estes
vão além do público técnico, atingido todo o universo leigo. O registro das condições atuais
aliado ao provimento da informação de significação histórica fornece os recursos básicos
para eventuais planejamentos e manejamentos às autoridades emanadoras de decisões.
(Phibbs, 1983, p.171) (Aparício, 2001)
Benatti (2004) expõe que, no debate elevado sobre a temática do Desenvolvimento
Sustentável, é “cada vez mais relevante a noção de gestão integrada dos recursos
naturais”. Esta só pode ser emanada a partir de uma abordagem holística que conduzirá a
uma ótica mais abrangente, na qual indica-se de maneira mais segura as conseqüências
ambientais das intervenções em que haja relações entre “os sistemas socioculturais e o
meio ambiente biofísico”.
Não podemos pensar com a devida precisão, nessas infinitas interações, sem
trabalharmos com o quadro transdisciplinar indicado por Almeida Filho (1997, in Silvestri,
2007).
297
Seguindo a visão exposta por Benatti (2004, p.3), Elementos Técnicos, como estes que
agora trazemos, “ensejarão uma série de ferramentas e de informações que, por sua vez,
servirão de base para a tomada de decisões dos diferentes atores envolvidos no processo
de ordenamento”. Com esses elementos, as autoridades emanadoras de decisões
disporão de mais recursos para a necessária construição de uma decisão política”.
Adentrando o quadro de conscientização dos Elementos Sociais, essa ação atinge os mais
distintos “atores sociais”, criando as condições para a migração da área técnica à
normativa, em um passo crucial para “a regulação dessas ações e das relações”. Nesse
passo, contemplando o ordenamento territorial assentado em Zoneamentos Ecológico-
Econômicos, esse autor viu a ação incorporada a um “processo de descentralização uma
visão estratégica de definição de competências de âmbito nacional, regional e local”.
Converge-se para a visão de Wasserman e Alves (2004), que apontaram os problemas
freqüentes derivados de visões unidisplinares, daí emergir a descentralização quanto à
própria referência técnica, quando estamos diante do quadro transdisciplinar, que conduz a
uma visão sistêmica.
De maneira a garantir uma sustentabilidade de recursos, deve adentrar a consciência
social e política local o resultado de práticas de interferência anteriores na relação entre
social e ambiental. Esta sinalização partiu claramente do “World Economic Forum 2000
(Schiller et al. 2001, in Berger, 2002)
A expressão de Aldo Leopold (in Berger, 2002, p.157) deve soar como referência para este
trabalho. “Uma coisa é direita quando tende a preservar a integridade, a estabilidade e a
beleza da comunidade biótica. É errada quando tende ao oposto.”
Nery (1992) indicou que o Planejamento tende a prever costumeiramente intervenções.
Essa não se faz com qualidade sem as devidas referências dos impactos ambientais.
Chama-se a uma necessidade de uma visão mais holística. Passa por uma visão mais
clara do ser humano enquanto envolvido com e na Natureza. Um enfoque correto deve ter
três objetivos primários a serem alcançados:
- Preservar os processos ecológicos básicos
- Manter os parâmetros ambientais
- Conciliar as atividades produtivas consigo próprias, com as demais e com a preservação
ecológica.
298
Para a adoção do correto enfoque ecológico o planejamento físico-territorial como objetivo
de organizações de otimização das atividades humanas deve ser considerado também o
controle ambiental. É necessário planejar com a Natureza e planejar o uso e ocupação da
Natureza com antecipação. As intervenções humanas podem permanecer em sua
perspectiva antropocêntrica, mas devem privilegiá-la em seu aspecto maior, que é mais
que uma relação de aspectos superficialmente ecológicos. Assim, deve-se atentar para
referências culturais ou psico-sociais, nas quais estejam incluídas referências
geomorfológicas.
O profissional de Geociências, no caminho já indicado por Merriam (1929), quando não se
eleva como gerenciador dos Recursos Naturais, tem que ser um sinalizador dos caminhos
de melhor utilização e das Conseqüências dos passos humanos. Podemos, indo além,
entender que os Recursos Naturais são também toda a paisagem no nosso em-torno.
299
CAPÍTULO 9
CONCLUSÃO
300
CAPÍTULO 9 - CONCLUSÃO
Este trabalho avaliou a pertinência da integração entre metodologias de pesquisa histórica
e geológica, associadas, atuando sobre a área litorânea que sofreu as mais antigas
interferências antrópicas na Cidade do Salvador, Estado da Bahia, Brasil, na busca do seu
resgate paleovisual.
Para a consecução, a Metodologia adotada correspondeu aos objetivos da pesquisa, ou
seja, servir de instrumento à busca de uma reconstituição paleovisual, com implicações
paleoambientais, paleogeomrfológicas, geológicas, históricas e sociológicas.
O presente estudo apresenta caráter holístico, tanto nos métodos de busca, quanto nas
elucubrações e conclusões, podendo ser enquadrado como Geológico, Histórico,
Geoarqueológico, Histórico-geológico ou Histórico-geomorfológico.
O Método Indutivo foi bastante e suficiente para se conseguir a recuperação esperada das
informações.
Paisagens-Símbolo são marcos na Vida humana, servindo de referenciais de localização e
identificação nacional-cultural, sendo a Cidade do Salvador dotada de muitas
representantes de expressão. A reconstituição das suas paleogeografia,
paleogeomorfologia e/ou paleovisual tende a provocar, nos que a contemplam, um impacto
de percepção. E, considerando a dimensão de divulgação internacional dessas, o trabalho
tende a abranger uma massa maior.
A Cidade do Salvador é um ambiente com alterações antrópicas com intensidade extrema
na área trabalhada.
A integração de fontes, abordagens e metodologias históricas e geológicas associadas, em
uma localidade com número considerável de registros históricos e geológicos, como a orla
da Cidade do Salvador, possibilita resgates paleovisuais precisos.
O grau do resgate pode chegar a nível de detalhes de estruturas praiais.
Há espaço para desenvolvimento técnico-metodológico, objetivando melhorar a acurácia
dos paleovisuais e localização de elementos-chave para o estudo costeiro.
Sem a associação das metodologias histórica e geológica associadas, é improvável o
entendimento de certas condicionantes e suas resultantes, no desenho urbano da Cidade
301
do Salvador.
A partir do estudo deste caso, realça-se que se pode identificar, resgatar, agregar, registrar
e criar ambiente para conservar de documentação histórica que revele aspectos do status
paleogeográfico, paleogeomorfológico e paleoambiental pré-intervenção antrópica.
Há efetivas condicionantes geomorfológicas que interferiram na ocupação e intervenção
antrópica primeira da Cidade do Salvador.
As condicionantes produziram eventuais conseqüências históricas além de provocarem
alterações antrópicas e antrópico-induzidas no ambiente litorâneo soteropolitano.
O resgate paleovisual oferece um recurso holístico, com ponto-de-partida da percepção da
conseqüências passadas das intervenções antrópicas no ambiente costeiro soteropolitano,
sinalizando para as eventuais conseqüências de atos similares no futuro. Serve, portanto,
como referência para emanadores de decisões, técnicos e a população em geral, em
termos de nossos atos, enquanto interferentes no ambiente, e suas conseqüências.
302
CAPÍTULO 10
EPIFANIA
303
CAPÍTULO 10 - EPIFANIA
Inesquecibilidade
Acho que já estou chegando aos finalmente...”
Última frase de Odorico Paraguassu - “O Bem-Amado” - Dias Gomes
Uma sublime composição dos ilustres Vinicius de Moraes e Tom Jobim, é “Carta ao Tom”.
Nela aparece:
Rua Nascimento Silva, cento e sete
Você ensinando pra Elizete
as canções de canção do amor demais
Lembra que tempo feliz,
ai que saudade,
Ipanema era só felicidade
Era como se o Amor doesse em paz
Nossa famosa garota nem sabia
A que ponto a cidade turvaria
este Rio de Amor que se perdeu
Mesmo a tristeza da gente era mais bela
e além disso se via da janela
Um cantinho de céu e o Redentor
É, meu amigo,
só resta uma certeza,
é preciso acabar com essa tristeza
É preciso inventar de novo o Amor
Rua Nascimento Silva, cento e sete
Eu saio correndo do pivete
304
Tentando alcançar o elevador
Minha janela não passa de um quadrado
A gente só vê cimento armado
Onde antes se via o Redentor
É meu amigo só resta uma certeza
É preciso acabar com a natureza
É melhor lotear o nosso Amor...”
Esta composição remete a um contraste profundo entre um passado de uma localidade e
sua atualidade, desmoralizada, enfeiada, estupidificada, caricata. Isto pela deformação em
que as paisagens naturais são furtadas às vistas do narrador, devido à presença de
edificações antrópicas.
Não temos como não contemplar nosso em-torno.
Vai pelas ruas da Cidade do Salvador, ao seu espírito que adeja, o seguir no vento calmo
que a memória comporta, um tênue deslizar para além das nossas cotidianidades. Eleva-
se um sentimento de inequívoca contemplação no perceber do palpitar, sob este asfalto
cinza-pó, dos silentes trilhos sobre os quais movia-se a vida em manhãs não tão longe
idas. Fluiam bondes, de balanços e sons que não mais reconhecemos, amealhando e
distribuindo existências de olhares que não mais aqui estão, passeando por edificações,
praças e árvores tão outras, de um passado retinto. Sob estes pisos que percorremos
céleres nas tantas Praças da Sé do agora, antepassados ainda sonham suas e nossas
labutas, razões, emoções, coisidades, memórias e esquecimentos. Sorriem, em laivos de
momentos, em sobressalto, quando emergem homenagens fragmentárias, localizadas,
que não passam do mero toque das suas vidas num segundo. E resgata-se uma baía bela,
de saveiros, redes, naus, charéus, de Todos os Santos.
Bahia Baía desde os primeiros aguares. Baía Bahia desde os primevos passares de índios
despidos, neste chão acolhidos por barros vermelhos, águas azuis e areias brancas.
Límpidas em grãos às faixas e aos montes, em poesia abraçada ao vento. Dunas de obra
e moldura, lançando olhares às primeiras velas que vêm dos mares.
Dunas que Gabriel Soares de Souza (1587) anotou terem sido guia e chama.
305
Dunas que impõe, nas cartas de marear, os Lençóis de Areia. Sussurro de suave poesia
em grãos, que eram à entrada da Bahia.
Dunas de cartas e diários, cantando o frei Manuel da Paixão e Dores (in Peixoto, 1946),
suave elegia irresistível. “Mi Amigo. Teremos lleado a la Bahia, mire usted por mi oculo los
lençoles.”
Dunas que viajante, emergindo vital beleza, convidaram, como François Payard (1615, in
Peixoto, 1946), a remeter amplidão: “Começamos a ver a Terra do Brasil que é muito
branca e parecia lençóis e panos que se secam, ou bem neve, razão porque os
portugueses a chamam Terra dos Lençóis.”
Aí, no Mar já não mais Tenebroso, já nem tanto desconhecido, o acenar da nossa terra em
uma prece de cuidado pelos recifes próximos. Atualmente, atravessa-se, ao chegar ao
Aeroporto de Salvador, o portal encantado de bambus, marcando simbolicamente, com
grande beleza, a chegada à Cidade da Bahia. No passado, portugueses, espanhóis,
holandeses, ingleses, franceses, italianos, eram recebidos por nossas dunas, antes de
aspirar o cheiro dengoso de dendê. Dentes brancos em sorrisos de chegada. Lenços
brancos da serena despedida.
À véspera da entrada à Baía de Todos os Santos, um belo areal se encaixava continente
entre as últimas águas, que venciam os recifes, e os altos verdejantes do Ypiranga e do
Gavazza. Curvada após a Ponta do Padrão, a vida adentrava a Bahia, de elevado paredão
e raras praias. Bahia tão difícil recuperar quanto a visão de um coqueiral a partir dos
poucos coqueiros sitiados em miseráveis quadrículas, por um mar de concreto, asfalto,
esquecimento e omissão.
É um passado que, permanecendo no encanto, morre ainda hoje, quando sepultamos o
antigo Rio dos Seixos, que ainda corre, em seus últimos momentos, pelo vale do antigo
Caminho do Calabar, atual Avenida Centenário. Visto com os olhos do sentimento, ali está
um bahiano, assim, com “h” mesmo, mestiço, com cabelos e barbas brancas. Suas águas
são agora, lágrima a fluir no último passo de morte da memória.
Mas corre a vida. Shelley (1816), em sua obra-prima “Frankenstein”, escreveu: “Nada
perdura, a não ser a instabilidade.” Se tudo passa, há um dito que alguns derivam do
pensamento do antigo imperador romano, Marcus Aurelius, e que apareceu recentemente
no filme “O Gladiador”. A sentença é vital. “Tudo o que fazemos, em vida, ecoa pela
Eternidade.” Talvez, a verdade paire entre o tudo passa e o ressoar eterno, expresso em
um definitivo “Nada perdura, mas tudo ecoa pela Eternidade.”
306
Talvez, Lucrécio esteja correto, ao indicar que “Muito rapidamente o tempo presente terá
desaparecido e já não poderemos evocá-lo.” Afinal, no lamurio de Horácio, “somos todos
sombras e poeira.” Olhamos, vivemos, degustamos, sofremos, e pode ser que também
Montaigne esteja certo, e “filosofar é aprender a morrer”.
Homero concluiu: “Humanos, em suas gerações, são como as folhas das árvores. O vento
sopra e as folhas de um ano caem ao chão... mas as novas folhas recobrem as árvores,
quando a primavera se aproxima...” A ele seguiram as palavras de Antônio Vieira, “somos
como folhas ao vento... Vem o vento e nos eleva... Um dia o vento cessa... Vento vida..."
Mas não só os humanos. A própria Natureza no em-torno assim o é. Muda com as próprias
gerações, que vão deixando contemplação orgulhosa ou lamentosa, às próximas
vindouras.
Resta, afinal, como na “Canção de Beowulf”, um lamento a evocar aqueles, seres e em-
torno. “A morte os levou, a todos, em tempos idos...”
Ao contemplarmos o nosso em-torno, afinal, lembremos Heracleitos... “Este mundo, o
mesmo de todos os seres ... era, é e será um fogo sempre vivo, acendendo-se em medidas
e apagando-se em medidas.” E rematamos a contemplação do que foi a Natureza sobre a
qual nos debruçamos, primeiro com curiosidade, depois para entender, afinal para usufruir,
sem perceber que isto significava aniquilar, para, depois, contemplar com pura
perplexidade.
E fica um sentimento, bem evocado nas palavras da bela personagem “Forrest Gump”...
“Não sei se cada um tem um destino ou se só flutuamos, como numa brisa.”
Peço agora, licença. Devo pegar minha piroga, saudar y-Îara, e deslizar pelas águas do y-
gûasu Camará y pe, olhando esta margens, com suas ka'á povoadas de kapibara, socó,
yaka’re... Usando tanto da sua força quanto da minha, chegarei no paranã. Remarei
serenamente, seguindo a corrente. Passarei a itapuã e entrarei na grande Kirimnurê...
Quero registrar, para sempre, no coração da memória, este dia, antes que o sonho se vá, e
eu acorde para mais um dia, na Cidade do Salvador, Bahia, em agosto de 2008.
307
CAPÍTULO 11
REFERÊNCIAS
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CAPÍTULO 11 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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