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UNIVERSIDADE DO CONTESTADO – UnC
PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL
CESAR DUARTE DO NASCIMENTO
DESENVOLVIMENTO DO SETOR MADEIREIRO NO MUNICÍPIO DE
CANOINHAS (SC), PERÍODO 1940 A 2007
CANOINHAS
2009
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1
CESAR DUARTE DO NASCIMENTO
DESENVOLVIMENTO DO SETOR MADEIREIRO NO MUNICÍPIO DE
CANOINHAS (SC), PERÍODO 1940 A 2007
Dissertação apresentada como requisito para
obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento
Regional ao Colegiado do Programa de Mestrado em
Desenvolvimento Regional, Universidade do
Contestado UnC/Campus Universitário de
Canoinhas SC, sob a orientação do Prof. Dr.
Reinaldo Knorek (UnC) e co-orientação do Prof. Dr
Juliano Gil Nunes Wendt (UFSCar).
CANOINHAS
2009
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2
DESENVOLVIMENTO DO SETOR MADEIREIRO NO MUNICÍPIO DE CANOINHAS
(SC), PERÍODO 1940 A 2007
CESAR DUARTE DO NASCIMENTO
Esta dissertação foi submetida ao processo de avaliação pela Banca Examinadora
para a obtenção do Título de :
Mestre em Desenvolvimento Regional
E aprovada na sua versão final em _______, atendendo às normas da legislação
vigente da Universidade do Contestado e Coordenação do Programa de Mestrado
em Desenvolvimento Regional.
.....................................................
Profª Dra Maria Luiza Milani
Coordenadora
BANCA EXAMINADORA
..............................................................
Prof. Dr Reinalo knorek - UnC
Presidente
..................................................................
Prof. Dr Walter Marcos Knaesel Birkner
Membro
................................................................................
Prof. Dr Alexsandro Bayestorff da Cunha – Udesc
Membro
3
DEDICATÓRIA
À minha família, esposa Elizete, meu filho Cesar Junior, minha filha Nathyele
Cristina; a vocês, o tributo pelo incentivo, pela força, pelo amor, pela cooperação em
todos os momentos nesta nossa caminhada terrestre.
Amo vocês......
4
AGRADECIMENTOS
A Deus
... infinitamente bom, que vosso nome seja abençoado pelas boas idéias,
inspirações felizes para realização deste trabalho.
Aos professores, Dr. Reinaldo Knorek e Dr. Juliano Gil Nunes Vendt
... pela orientação e co-orientação desenvolvida com profissionalismo e ciência.
À Dra. Maria Luiza Milani - coordenadora e professores do Programa
... pela socialização de conhecimentos e a oportunidade de ver o mundo por outro
ângulo.
À Sra. Rosi Pontarolo Sievers
... pelo tratamento, incentivo, presteza, a nós mestrandos dedicado.
À Professora Dra. Maria da Salete Sachweh
... pelas palavras de apoio e encorajamento.
À UnC – Universidade do Contestado – Campus Universitário de Canoinhas
... pelo apoio financeiro concedido, e por acreditar no potencial dos profissionais da
IES.
Ao companheiro jornalista, Edinei Wassoaski
... pelo entusiasmo e dedicação em me ajudar no resgate da história da madeira no
município de Canoinhas (SC).
Ao Sindimadeira, na pessoa da Sra. Kátia Cirene Feger e empresas associadas
... pela abertura e confiança nas respostas à pesquisa.
Aos companheiros de trabalho do Departamento Comercial da Empresa Industrial e
Comercial Fuck S/A, Herbert Randig, Juliana Rudnik, Robsom Luiz Kerscher, Jacson
Laércio Bechel, Kelly Cristina Schindler Silveira e Ademar Cesar Wosgrau
... pela cobertura dada nas sextas-feiras no trabalho, para que eu pudesse assistir
às aulas.
Aos colegas da Turma I do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional
... pelo companheirismo e boa vivência no período.
E a todas as outras pessoas
...que direta ou indiretamente, me ajudaram apoiando e incentivando a prosseguir e
concluir este trabalho.
5
EPÍGRAFE
A violência e a falta de visão parecem dominar
o mundo. Precisamos navegar em harmonia,
rejeitar o ódio, a raiva, o medo e o orgulho.
Precisamos ter a coragem necessária para
fazer o que é certo. Precisamos amar e
respeitar os outros, para enxergar e apreciar a
beleza inata e a dignidade de todo o ser
humano. Porque somos almas, todos feitos da
mesma substância. Apenas unindo nossos
esforços, agindo como uma tripulação, é que
podemos evitar as tempestades e encontrar o
caminho para casa.
(WEISS, 2001, p. 16)
6
RESUMO
Esta dissertação tem por objetivo analisar o desenvolvimento, no período de 1940 a
2007, do segmento da cadeia produtiva da madeira, no município de Canoinhas
(SC), resgatando a história socioeconômica do município, as empresas que
formaram a estrutura fabril da madeira nestes 67 anos, do auge ao declínio, e as
sobreviventes. Para tanto, foram demonstradas a importância da madeira para as
civilizações, no decorrer dos séculos, em nível de mundo, de Brasil, de Santa
Catarina e de Canoinhas. Sua importância econômica como fator gerador de renda,
trabalho e riquezas, pesquisadas através de bibliografias, jornais, atas de
associações, entrevistas. Dados que retratam como foram estes 67 anos da
atividade. As lutas pela instalação da energia elétrica, acesso ao município
asfaltado, bem como, o pensamento de algumas lideranças, pela maneira como se
expressavam em discursos registrados nas atas e pelas ações que culminaram em
alguns rumos para o desenvolvimento. Foram décadas de preocupações voltadas às
questões de sustentabilidade, desenvolvimento regional, chamado de futuro
permanente e bem coletivo, quando houve a implantação de florestas exóticas como
renovação da esperança, da melhora econômica. Constam também as opiniões dos
empresários da madeira sobre o desenvolvimento do setor e o que podeser feito
para torná-lo sustentável, tendo por base conceitos de Desenvolvimento Regional e
Capital Social.
Palavras-chave: Indústria Madeireira Desenvolvimento Regional Capital Social
– Canoinhas (SC)
7
ABSTRACT
This dissertation aims to analyze the development, in the period 1940 to 2007, of the
segment of the production chain of wood, in the Canoinhas (SC), recovering the
socioeconomic history of the city, the companies that formed the manufacturing
structure of wood in these 67 years, from the peak to the decline and the survivors.
Thus, we demonstrated the importance of wood to the civilizations over the centuries,
at the level of world, of Brazil, of Santa Catarina and Canoinhas. Its importance as an
economic generator of income, employment and wealth, searched through
bibliographies, newspapers, protocols of organizations and interviews. Data that
reflects how these 67 years of activity were. Struggles for installation of electricity,
paved access to the city, the thought of some leaders - the way that they expressed
themselves in speeches recorded in protocols and actions - that culminated in some
directions for development. Decades of concerns were focused on issues of
sustainability, regional development, called the future permanent and collective well,
when the introduction of exotic forests to renew the hope of economic improvement.
Are also the views of executives in the wood market about the development of the
sector and what can be done to make it sustainable, based on concepts of Regional
Development and Social Capital.
Keywords: Timber Industry, Regional Development - Social Capital - Canoinhas
(SC)
8
LISTA DE SIGLAS
ABIMCI
Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada
Mecanicamente
ABRAF
Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas
ACIC
Associação Comercial e Industrial de Canoinhas
BNH
Banco Nacional da Habitação
CIMH
Campo de Instrução Marechal Hermes
CELESC
Centrais Elétricas de Santa Catarina
CISFRAMA
Comércio e Indústria de Madeiras São Francisco Ltda.
EUA
Estados Unidos da América
FAO
Food and Agriculture Organization
FAPESC
Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do
Estado de Santa Catarina
FIESC
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina
IBAMA
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IBDF
Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal
PDS
Partido Democrático Social
SBS
Sociedade Brasileira de Silvicultura
SDR
Secretaria do Desenvolvimento Regional
SEBRAE
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SPLs
Sistemas Produtivos Locais
SBO
Sociedade Beneficente Operária
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Áreas com florestas plantadas existentes no Brasil (2007)....................18
Quadro 2 - Indicadores socioeconômicos da indústria de base florestal e da
indústria de madeira processada mecanicamente (2007).....................19
Quadro 3 - Indústria fabril do município (1940)........................................................40
Quadro 4 - Quantidade da produção (1940) ............................................................41
Quadro 5 – Aspectos econômicos do município de Canoinhas – SC ......................60
Quadro 6 - Pinheiros plantados em setembro de 1942 – Distância entre árvores
3x3m......................................................................................................71
Quadro 7 - Pinheiros plantados em setembro de 1942 – Distância entre árvores
5x7m......................................................................................................71
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Crescimento populacional de SC. meros absolutos e percentuais
comparados ao total do Brasil 1872/2007 .............................................24
Tabela 2 - Crescimento médio anual da população SC – Brasil – 1872/2007 ........24
Tabela 3 - Estrangeiros em Santa Catarina 1850/1900 ...........................................25
Tabela 4 - Valor total da exportação média anual: 1904 – 1942 e ano de 2007 ......26
Tabela 5 - Classificação quanto ao tamanho das empresas filiadas ao
Sindimadeira – Canoinhas (SC)............................................................65
Tabela 6 – Produtos fabricados nas últimas seis décadas em Canoinhas SC.........67
Tabela 7 - Cultura da produção do setor madeireiro que passou do extrativismo
à produção com madeiras de reflorestamentos.....................................69
Tabela 8 A possibilidade do desenvolvimento de pesquisas com espécie
nativa economicamente viável...............................................................70
Tabela 9 - A mão-de-obra atende as necessidades do setor madeireiro, na
busca de qualidade e produtividade......................................................73
Tabela 10 - Requisitos necessários para que o setor madeireiro continue tendo
capacidade de competir.........................................................................75
Tabela 11 - Dificuldades do setor madeireiro no município de Canoinhas (SC),
com a atual situação econômica do país...............................................77
Tabela 12 - Fatores que podem ser incluídos no desenvolvimento econômico
de Canoinhas (SC)................................................................................77
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................12
2 DESENVOLVIMENTO ...........................................................................................14
2.1 A IMPORTÂNCIA DA MADEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO......................14
2.2 O BRASIL E O DESENVOLVIMENTO DO SETOR MADEIREIRO.....................16
2.2.1 O Pinus No Brasil.............................................................................................20
2.3 SANTA CATARINA E O DESENVOLVIMENTO DO SETOR MADEIREIRO.....23
2.3.1 Fomento em SC – Solução do Impasse entre Madeireiros e IBDF/IBAMA......27
2.4 HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO DE
CANOINHAS A PARTIR DE 1940.....................................................................36
2.4.1.1 Abordagem histórica......................................................................................37
2.4.1.2 Abordagem histórica na década de 1940......................................................38
2.4.2 Lumber - a Madeireira que Mudou a História...................................................41
2.4.3 Trajetória de Ciclos ..........................................................................................43
2.4.3.1 Anos 1940 – começa uma nova fase ............................................................44
2.4.3.2 Anos 1950 – União fortalece setor – uma política organizacional.................46
2.4.4 Preocupação Ambiental e Busca por Avanços.................................................48
2.4.5 Anos de 1950 ...................................................................................................49
2.4.5.1 Indústria Urano Madeireira Ltda....................................................................49
2.4.5.2 Dietrich Siems & Cia Ltda..............................................................................50
2.4.5.3 Beneficiadora São Luiz Ltda..........................................................................50
2.4.6 Conclave Socioeconômico da Região Norte Catarinense................................50
2.4.6.1 Propostas do conclave..................................................................................52
2.4.7 Anos 1970 – Sinais de Recrudescimento.........................................................56
2.4.8 Anos 1980 – Crise se Instala............................................................................57
2.4.8.1 Crise atinge fabricantes de compensados de Canoinhas..............................58
2.4.9 Anos 1990 – Outras perspectivas ....................................................................59
2.4.10 Século XXI......................................................................................................60
2.5 CANOINHAS E O DESENVOLVIMENTO DO SETOR MADEIREIRO...............61
2.6 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................63
2.6.1 Caracterização do Estudo................................................................................63
2.6.2 População e Amostra.......................................................................................64
2.6.3 Instrumentos de Coleta de Dados....................................................................64
2.7 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS .............................................................66
2.8 CAPITAL SOCIAL, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, SINERGIA E A
ATIVIDADE ECONÔMICA DA MADEIRA NO MUNICÍPIO DE CANOINHAS
(SC)...................................................................................................................79
3 CONCLUSÕES......................................................................................................86
REFERÊNCIAS.........................................................................................................90
ANEXOS...................................................................................................................95
ANEXO 1 - ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO DO SETOR MADEIREIRO NO
MUNICÍPIO DE CANOINHAS PERIODO 1940 A 2007....................................96
12
1 INTRODUÇÃO
A pesquisa tem o objetivo de resgatar a história da evolução socioeconômica
do município de Canoinhas (SC), no período de 1940 a 2007, tendo como base o
setor madeireiro. Para tanto, visou produzir informações, conhecimentos científicos
que possam dar nova dinâmica para a cadeia produtiva da madeira (móveis,
esquadrias, compensados, portas) entre outros e, conseqüentemente, aumentar a
demanda por produtos de origem da madeira, agregando valor e desenvolvendo o
setor nos aspectos, social, cultural e econômico. É amplamente conhecido na
história o fato de que o município de Canoinhas (SC) teve sua riqueza natural
formada por florestas de araucária, imbuia, cedro, entre outras. O principal fator para
o desenvolvimento econômico, durante as décadas do século XX, sob o aspecto que
constitui o recurso natural, de certa forma foi essencial para a urbanização de
diversas cidades do Brasil e do mundo, o que contribuiu para a evolução econômica
no município de Canoinhas (SC).
A exploração desenfreada destas florestas, dos anos 1940 até a década de
1970, resultou na escassez e com isso tornou-se necessária a introdução de
alternativas que pudessem manter as condições operacionais da indústria da
madeira. Assim, foram introduzidas espécies exóticas do gênero pinus elliotti e pinus
taeda, os quais estavam sendo pesquisados e desenvolvidos para a indústria de
papel e celulose. Desta forma, a proposta deste trabalho é mostrar que influências
sociais, culturais e econômicas determinaram o desenvolvimento do município de
Canoinhas (SC), após a introdução das espécies exóticas no setor madeireiro.
Também se busca co-relacionar este desenvolvimento sociocultural e econômico
baseado na abundância de matéria-prima nativa, em primeiro momento, e depois,
em segundo momento, o desenvolvimento do setor madeireiro em função dos
reflorestamentos com espécies exóticas dos gêneros pinus e eucalypto.
Com o resgate histórico da evolução sociocultural e econômica do município
de Canoinhas (SC), no período de 1940 a 2007, baseado no segmento da madeira,
objetivou-se compreender como o empresário da madeira e todas as pessoas
envolvidas que construíram a sustentabilidade do segmento. Destaca-se a
importância da madeira para o desenvolvimento regional desde os primórdios da
civilização, demonstrando, ao longo da história, o papel fundamental da madeira e o
13
valor agregado pelos povos da antigüidade, considerada de vital importância para a
vida da humanidade.
A importância da madeira em nível mundial, através de dados estatísticos das
florestas e da indústria, demonstra o aumento da participação da madeira nos
produtos comercializados, os quais se destacam entre os 10 (dez) maiores,
confirmando assim a importância do segmento.
Focaliza-se também a utilização da madeira no Brasil, em Santa Catarina e
em Canoinhas, no período citado, 1940-2007, o mercado atual, a exploração do pau-
brasil pelos portugueses, áreas reflorestadas, indicadores socioeconômicos dos
produtos de base florestal e da indústria da madeira.
14
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 A IMPORTÂNCIA DA MADEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO
Madeira é sinônimo de desenvolvimento, pois desde os primórdios da
humanidade observa-se que a madeira foi fundamental para que as civilizações se
desenvolvessem e crescessem.
Isto ocorreu em função de que as árvores foram o principal combustível e
material de construção de quase todas as sociedades. Ao longo do tempo, as
árvores forneceram material para fazer fogo, cujo calor permitiu que o homem
adequasse o planeta para o seu uso. Com o calor da queima da madeira, regiões
impossíveis de se habitar, por serem extremamente frias, tornaram-se habitáveis.
Cereais não comestíveis puderam ser transformados em alimento; matérias-primas
como o barro puderam ser transformadas em utensílios para armazenagem de
alimentos; a extração de metais de rochas revolucionou as ferramentas para o
trabalho no campo, embarcações e armamentos; houve possibilidades de fabricação
de materiais de construção duráveis, como tijolos, cimento, cal, argamassa e telhas.
O carvão vegetal e a madeira forneceram o calor necessário para fazer evaporar a
água do mar e produzir sal; a fundição de potassa e areia para fazer vidro.
Todos os meios de transportes, até o século XIX, seriam inviabilizados se não
fosse a madeira. A força mecânica, antes da eletricidade, através das rodas de água
e moinhos de vento era obtida com estruturas de madeira. A madeira foi a base
sobre a qual as sociedades antigas foram construídas.
Segundo Perlin (1989, p.29), as pessoas de civilizações passadas
reconheceram sua dívida em relação à madeira. Platão, de acordo com Diógenes
Laércio, escreveu que todas as artes e ofícios derivam da mineração e da
silvicultura. Lucrécio, um famoso filósofo romano, acreditava que a madeira tornava
a mineração e a civilização possíveis. Grandes fogueiras, escreveu ele, “devoraram
as florestas altas [...] e aqueceram a terra inteira”, fundindo os metais incrustados
nas rochas. Quando as pessoas viram estes metais na superfície do solo, “lhes veio
então à cabeça”, continuou Lucrécio,
15
[...] que esses pedaços poderiam ser liquefeitos por meio de aquecimento e
modelados em qualquer tamanho ou formato, e depois, com golpes de
martelo, podiam ser achatados até virarem lâminas tão afiadas e finas
quanto se quisesse, de modo que pudessem se equipar com ferramentas...
As ferramentas, por sua vez, observou Lucrécio, tornavam possível a
silvicultura e a carpintaria, habilitando os homens a “cortar matas, derrubar árvores,
aplainar e até moldar a madeira com verruma, cinzel e goiva”. Foi dessa maneira, de
acordo com Lucrécio, que a civilização surgiu. Plínio, o grande naturalista romano,
concordava com Lucrécio que a madeira era “indispensável para dar continuidade à
vida”.
A história das florestas está intimamente ligada ao desenvolvimento da
civilização. O homem primitivo encontrou na selva o elemento fundamental para a
fabricação de armas, utensílios, construção de abrigos e produção de combustível.
Tudo o quanto necessitava e esse tudo lhe dava a árvore.
O homem foi passando sucessivamente por vários estágios de civilização e,
agora, ainda encontra, na madeira, que lhe fornece a árvore, recursos
extraordinários para as necessidades da vida.
Segundo a Sociedade Brasileira de Silvicultura, as florestas no mundo somam
cerca de quatro bilhões de hectares, cobrindo aproximadamente 30% da superfície
terrestre do globo (FAO, 2007). Cinco países concentram mais da metade da área
florestal total. A Federação Russa, 808,8 milhões há; Brasil, 477,7 milhões há;
Canadá, 310,1 milhões há; Estados Unidos, 303,1 milhões há, e China, 197,3
milhões ha. As florestas tropicais representam 47% do total, com a maior parte
concentrada no Brasil.
As plantações florestais representam uma parcela crescente da área florestal
total em distintas regiões. Os países, com maiores áreas de florestas plantadas no
mundo, detêm 182 milhões de ha, sendo que 73% dessas áreas são manejadas
para fins produtivos e 27% para fins de proteção
Dentre eles, o Brasil ocupa o 9
o
lugar. Os 5 países com maiores áreas
florestais plantadas são, pela ordem: China (71,3 milhões ha), Índia (30 milhões ha),
EUA (17 milhões ha), Rússia (11,9 milhões ha), e Japão (10 milhões ha).
As florestas plantadas, com fins de produção, respondem por quase 50% da
produção global de madeira, e a área total das plantações florestais cresceu 35% no
período de 1990 a 2005.
16
Segundo a Sociedade Brasileira de Silvicultura, o comércio internacional da
madeira, em 2006, movimentou aproximadamente US$ 8,6 trilhões. Os produtos de
origem florestal figuram entre os 10 principais produtos comercializados
internacionalmente com 2.2% do comércio mundial, cerca de US$ 190 bilhões
(STCP
1
apud SBS, 2007).
O comércio internacional de produtos de origem florestal tem se comportado
de forma bastante positiva ao longo da última década.
Entre 1985 e 2006, a taxa dia de crescimento do comércio internacional
desses produtos atingiu 6.8% ao ano. Isso resulta do aumento da demanda
internacional aliado ao intenso processo de globalização. O fluxo do comércio
internacional de produtos florestais está basicamente concentrado nos países
desenvolvidos com 80%, onde se evidenciam a Europa Ocidental e a América do
Norte (EUA e Canadá).
Gradativamente, mesmo que ainda de forma modesta, observa-se atividade
crescente em países em desenvolvimento, como por exemplo, China, Indonésia,
Brasil, Chile e Coréia do Sul.
2.2 O BRASIL E O DESENVOLVIMENTO DO SETOR MADEIREIRO
Desde os últimos anos do século XV, as costas brasileiras começaram a ser
freqüentadas por navegantes portugueses e espanhóis, os quais encontraram uma
espécie vegetal semelhante à outra conhecida no Oriente, e da qual se extraía
uma matéria corante empregada na tinturaria. Tratava-se do Pau-Brasil, mais tarde
batizado com o nome científico de Caesalpinia echinata. Os primeiros contatos com
o território que hoje constitui o Brasil devem-se àquela madeira que se perpetuaria
no nome do país. o os portugueses que, antes de quaisquer outros, se ocuparam
do assunto.
1
STCP Engenharia de Projetos Ltda.
17
Esta atividade de exploração do pau-brasil, entretanto, foi pida, em poucas
décadas esgotou-se o melhor das matas costeiras que continham a preciosa árvore,
e o negócio perdeu seu interesse.
Mais de cinco séculos depois da chegada dos portugueses ao território
brasileiro, o pau-brasil, a árvore que deu nome ao País engrossa a lista das
espécies com risco de extinção. Segundo o professor Yuri Tavares Rocha, do
Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), entre os séculos
XVI e XVIII foram cortadas 466.518 unidades. “Este número certamente está
subestimado, uma vez que houve muita exploração ilegal e tráfico, atividades que
logicamente não foram registradas, observa” (BELING, 2006, p.72).
O Pau-brasil, madeira pesada, compacta, dura, muito resistente, casca fina
pardo-acizentada e diferenciada do cerne, de cor vermelha, atinge 30 metros de
altura e pode chegar até a um metro e meio de circunferência. Foi muito usada na
construção civil, carpintaria, móveis, tornearia, moirões e dormentes. Os índios
brasileiros utilizavam a árvore para confecção de arcos e flechas e para a pintura de
enfeites. Da madeira, é extraído um corante, denominado brasileína, Brasil, brasileto
ou brasiliana, de cor vermelha, usado para tingir tecidos e na fabricação de tinta
para escrever.
Até o ano de 1808, período considerado colonial, a madeira foi de importância
insignificante. Foram muito usadas para construções, mas seu aproveitamento
econômico foi difícil devido às dificuldades de penetração nas matas e não se dispor
de equipamentos que viabilizassem a exploração.
Segundo Prado Jr. (2000, p.103):
Em fins do século XVIII, as madeiras do Brasil passam a um importante
plano das cogitações da administração. Desleixadas até então, apesar das
leis que restringiam o desperdício e que nunca foram efetivamente
aplicadas, elas avultam por esta época nas providências administrativas da
metrópole; sobretudo porque se tratava de reconstruir a decadente e
quase extinta marinha portuguesa. Tudo isto ligado a um programa de
reformas e reerguimento do reino.
Desta forma, houve uma retomada nas atividades, tanto no corte de madeiras
como na construção de embarcações. Entretanto, a indústria não evoluiu, por falta
de técnicas e organização eficiente, mantendo-se em estado vegetativo. O
aproveitamento das madeiras do Brasil fica mais intenso a partir de 1810, quando é
concedida aos ingleses a autorização de explorar as matas da colônia.
18
No Brasil, cuja área territorial é de 851,5 milhões de hectares, 477,7
milhões ha de cobertura florestal. As plantações florestais ocupando apenas
0,67% do território nacional somam 5,74 milhões de ha, sendo 3,55 milhões
ha com eucalipto; 1,82 milhão ha com pinus e 370,5 mil de outras espécies
(SBS, 2007, p.17).
Segundo a Abraf (2008), no Brasil, a produção de Pinus elliotti e o taeda e da
espécie do gênero eucalypto, em 2007, chegou a 5,7 milhões de hectares, conforme
Quadro 1.
UF PINUS EUCALIPTO TOTAL
2005
2006 2007 2005
2006
2007 2005
2006
2007
MG
153.000
152.000
144.248
1063.744
1083.744
1105.961 1216.744
1235.744
1250.209
SP
148.200
146.474
143.148
798.522
816.880
813.372
946.542
963.354
956.521
PR
677.772
686.453
701.578
114.996
121.908
123.070
792.768
803.361
824.648
SC
527.079
530.992
548.037
70.008 58
8.245
601.333
622.045
BA
41.221
527.386
540.172
550.127
582.132
594.992
591.348
RS
185.080
181.378
182.378
179.690
184.245
222.245
364.770
365.623
404.623
ES 4.8
98
4.408
4.093
204.035
207.800
208.819
208.933
212.908
212.912
MS
20.697
113.432
119.319
207.687
152.341
147.819
228.384
PA 149
149
101
106.033
115.806
126.286
106.182
115.955
126.387
MA 0
0 0
106.802
106.802
AP
9.000
55.874
67.874
GO
13.828
51.279
65.107
MT
43
7 7
57.151
57.158
Outros
3703
4.189
0
46.186
46.186
Total 1834.570
1824.269
1808.376
3407.264
3549.148
3751.867
5241.775
5373.417
5560.203
Quadro 1 - Áreas com florestas plantadas existentes no Brasil (2007)
Fonte: Abraf (2008, p. 43)
Nos últimos anos, o Brasil vem ganhando espaço no mercado internacional
de produtos de origem florestal. No início dos anos1990, a participação do Brasil,
nas exportações mundiais, não ultrapassava 1,7%. Em 2006, o Brasil contribuiu com
cerca de 4% do total das exportações mundiais de produtos de origem florestal. Isso
reflete o crescimento das exportações brasileiras ocorrido desde a década de 1990.
em 2006, as exportações atingiram a cifra de US$ 8,2 bilhões, o que representa
6,0% do montante total exportado pelo Brasil. Em se tratando de produtos de
florestas plantadas, o Brasil figura como o maior exportador mundial de
compensados de pinus e o maior exportador mundial de celulose de fibra de
eucalipto. No caso dos produtos de madeiras tropicais, o Brasil é o terceiro maior
exportador, tanto de madeira serrada como de compensados.
19
Em 2006, os 1,33 milhões m³ de madeira serrada de pinus exportados pelo
Brasil representaram 46,3% da madeira serrada vendida no mercado
externo. No caso da madeira tropical, as exportações foram de 1,54 milhão
de m³, 53,7% do total. Dois fatores contribuíram para essa mudança: o
câmbio favorável e o aumento da demanda por madeira amazônica no
mercado europeu, norte-americano e também asiático (SBS, 2007, p.32).
As exportações brasileiras alcançaram, em 2006, US$ 137,5 bilhões. Nesse
mesmo ano, o setor de base florestal exportou US$ 8,664 bilhões, correspondendo a
6,3% do total exportado pelo país.
A importância do setor de base florestal e indústria da madeira para o Brasil
está representada no quadro a seguir.
INDICADOR INDÚSTRIA DE BASE
FLORESTAL
INDÚSTRIA DE MADEIRA
PROCESSADA
MECANICAMENTE
PIB Us$ 44,6 bilhões
3,4% PIB nacional
Us$ 13,1 bilhões
1,0% PIB nacional
PEA (empregos) 8,6 milhões
9,0% do PEA nacional
2,0 milhões
2,1% do PEA nacional
Capacidade de geração
empregos a cada R$ 10
milhões investidos
352 empregos diretos 374
indiretos e 565 efeito renda
293 empregos diretos 219
indiretos e 294 efeito renda
Consumo de energia
elétrica
12.303 gw.h ou 3,5% da
energia consumida país
3.281 gw.h menos de 1,2% da
energia elétrica consumida pelo
país
Arrecadação tributária Us$ 7,2 bilhões (1,5% da
arrecadação nacional)
Us$ 2,3 bilhões (1% da
arrecadação nacional)
Exportação Us$ 8,8 bilhões (5,5% do total
exportação)
Us$ 3,66 bilhões (2,3% do total
da exportação)
Superávit
Us$ 7,4 bilhões (18,5% do
superávit nacional
Us$ 3,65 bilhões (9,1% do
superávit nacional
Quadro 2 - Indicadores socioeconômicos da indústria de base florestal e da
indústria de madeira processada mecanicamente (2007)
Fonte: STCP – Disponível em: www.abinci.com.br. Acesso em: Out.2008.
Em função da importância do segmento para o Brasil, realizou-se o II
Congresso Internacional de Produtos de Madeira Sólida de Reflorestamento, quando
reunidos em Curitiba, Paraná, em novembro de 2004, representando o setor
produtivo florestal, o setor público e outros segmentos da sociedade civil
organizadora considerando o foco das discussões na competitividade dos produtos
de madeira cultivada e reconhecendo:
20
A grande capacidade empresarial do setor privado na realização de
investimento que resultou em incremento substancial na geração de
rendas, empregos e divisas;
Os esforços que têm sido feitos pelo setor privado apoiando e
implementando iniciativas para mitigar barreiras de acesso ao mercado
através do desenvolvimento de instrumentos voltados à certificação da
qualidade técnica e ambiental, como os programas PNQM e CERFLOR;
A necessidade de transmitir à sociedade a correta percepção da
importância do setor para o desenvolvimento sustentado;
As limitações atuais no suprimento de madeira de qualidade, a
perspectiva de redução nos estoques das florestas plantadas e a
necessidade de um planejamento de longo prazo para garantir o
suprimento e a manutenção do crescimento sustentado do setor;
A inexistência de um organismo nacional de coordenação, fomento à
produção e de geração de informação que possa dar suporte ao
desenvolvimento sustentado do setor florestal e em especial da
indústria da madeira;
A necessidade de uma coordenação mais efetiva entre o setor público e
privado para implementação de ações supra, intra e inter setoriais que
possam levar um melhor aproveitamento das vantagens comparativas e
competitivas do setor;
O interesse do Governo, da cadeia produtiva, da academia e outros
segmentos da sociedade no desenvolvimento sustentado do
setor;Recomendam:
A criação urgente de um Ministério de Florestas, que possa implementar
uma política que tenha como objetivos:
Garantir, através de mecanismos inovadores, o suprimento de matéria
prima, melhorar e ampliar a produção e a comercialização de produtos
de madeira de florestas plantadas, assegurando através da
competitividade a atração de investimentos necessários para seu
desenvolvimento sustentado;
Conduzir a revisão dos dispositivos legais, de forma que considerem as
realidades nacionais e regionais, e sejam mais eficientes, reduzindo
desta forma do custo de transação;
Apoiar a pequena e média empresa, que predomina no segmento de
produtos de madeira sólida;
Desenvolver e implementar um sistema de informação e de inteligência
de mercado para apoiar o planejamento estratégico de ações do
governo e dos investimentos privados;
Formular e implementar uma estratégia, em conjunto com o setor
privado, para atuar em fóruns internacionais relevantes visando à
mitigação de barreiras de acesso ao mercado e o fortalecimento da
imagem do produto ‘Madeira do Brasil’
2
.
2.2.1 O Pinus no Brasil
Segundo Kronka, Bertolani e Ponce (2005, p.7); destaque as conquistas
2
ABINCI. Disponível em: <http://www.abinci.com.br>. Acesso em: out. 2008.
21
da implantação do pinus no Brasil.
[...] o espaço conquistado pelo pinus no Brasil, como matéria prima para os
mais variados produtos, já demonstra a importância dessa cultura. São
aproximadamente 1,8 milhão de hectares plantados no país, que suprem
diferentes setores produtivos. Fábricas de celulose e papel, serrarias e
indústrias de embalagens, painéis e compensados, madeiras para
construção civil, produção de móveis que conquistam cada vez mais o
mercado externo, a madeira de pinus alimenta atividades essenciais da
economia brasileira.
A evolução e consolidação do pinus no Brasil foram fruto do trabalho de
muitos profissionais, instituições, universidades e empresas que se empenharam no
desenvolvimento de estudos e nas atividades em campo.
Os primeiros resultados referentes à introdução de espécies de pinus no
Brasil são apresentados por A. Löfgren, citado pelos autores Kronki, Bertolani e
Ponce (Ibid., p.11) que foi o primeiro diretor do Instituto Florestal de São Paulo, em
sua obra “Notas sobre as plantas exóticas introduzidas no Estado de São Paulo”,
datada de 1906. Também naquela oportunidade, o referido autor destaca a situação
das espécies de Eucalyptus por ele introduzidas, que serviram de base para aquelas
efetuadas por E. Navarro de Andrade, responsável pela sistematização de sua
silvicultura.
Em 1936, foram feitos os primeiros estudos sobre os chamados pinus
subtropicais, pelo Instituto Florestal de São Paulo, quando o tipo P. elliottii var.
elliottii e de P. taeda , tiveram suas sementes introduzidas em extensas áreas
localizadas nas Estações Experimentais do Instituto, essências que viriam a se
desenvolver muito bem no sul do Brasil.
Um trabalho extraordinário, segundo os mesmos autores, foi aquele feito pelo
agrônomo Silvio Cunha Echenique, em Pelotas (RS), iniciado em 1932 e
abrangendo 22 espécies do gênero pinus, inclusive os bem conhecidos P. taeda e P.
caribaea.
As espécies de pinus sub-tropicais P. elliottii var. elliottii, P. elliotti var. densa,
P. taeda e P. pátula são originárias do Sudeste dos Estados Unidos, sendo que sua
zona de dispersão se estende do Sul da Carolina do Sul, ao centro da Flórida e
Sudeste da Luisiana. Estas espécies encontraram condições ideais de crescimento
desde o Rio Grande do Sul até o centro do Paraná e sul de São Paulo.
As diversas espécies de pinus introduzidas no Brasil, através dos incentivos
fiscais para o reflorestamento, foram pesquisadas por décadas, criando-se
22
zoneamentos ecológicos, nos quais, de acordo com as condições de solos, clima,
altitude, relevo e vegetação original, eram definidos quais as espécies que melhor
se adaptariam, de acordo com a região de origem nos Estados Unidos.
Sem vida alguma, a madeira produzida pelas florestas de pinus tem
movimentado, durante os últimos anos, de forma razoável a indústria madeireira em
nosso município, região e sul do Brasil, na produção de embalagens, esquadrias,
móveis, gerando empregos diretos e indiretos.
O pinus trouxe a esperança para a indústria madeireira, a qual, em função da
exploração a exaustão das florestas nativas, vinha em decadência, e fez com que
ela se revigorasse, melhorasse, absorvendo novas tecnologias, profissionalizando-
se, desenvolvendo novos produtos e mercados. Apesar da grande evolução em
áreas reflorestadas com pinus, nos últimos vinte anos, o município de Canoinhas
especificamente manteve os mesmos níveis de reflorestamento, conforme se pode
verificar nos dados da ocupação do solo, os quais, em 1986, apresentavam
6.572.607 ha de reflorestamento com pinus elliotti; já em 2006, com 6.104.512 ha.
23
Figura 1 – Floresta de Pinus elliotti
Fonte: Dados da Pesquisa (2008)- Local Residência Fuck
2.3 SANTA CATARINA E O DESENVOLVIMENTO DO SETOR MADEIREIRO
O desenvolvimento econômico de Santa Catarina começou a destacar-se a
partir da chegada dos novos imigrantes, principalmente alemães e italianos
3
. Este
novo contingente populacional, denominado genericamente de colonos, criou as
condições para ampliação dos mercados locais, aumento da mão-de-obra e a
divisão entre as atividades do campo e da cidade, proporcionando elevação da
produção.
3
Os primeiros imigrantes alemães chegaram a Santa Catarina por volta de 1829. Instalaram-se
inicialmente em São Pedro de Alcântara, colônia do governo. No vale do Itajaí, onde
desenvolveram intensa atividade data também válida para o norte do estado. Mais tarde chegaram
os italianos, fixando-se nos vales do, aglomeraram-se a partir de 1850, rio Tijucas e Tubarão.
24
Portadores de conhecimentos técnicos e empresariais trazidos da Europa, os
alemães e italianos foram recriando a economia catarinense. Também merecem
menção, nesta renovação da economia, os colonos de outras nacionalidades,
poloneses, austríacos e russos, que apesar de não serem dotados da mesma
experiência e espírito empreendedor dos alemães, contribuíram como elementos
estimuladores do crescimento do comércio local, retirando Santa Catarina da
dificuldade econômica em que se encontrava.
NÚMEROS ABSOLUTOS REL/BRASIL ANOS
SANTA CATARINA BRASIL %
1872 159.802 10.112.061 1.58%
1890 283.769 14.333.915 1.97%
1900
1970
2000
2007
320.089
1.663.702
5.356.360
5.866.252
17.318.556
93.139.037
169.799.170
183.987.291
1.84%
1.79%
3.15%
3.19%
Tabela 1 - Crescimento populacional de SC. Números absolutos e percentuais
comparados ao total do Brasil 1872/2007
Fonte: Brasil (1936, p.45) apud Bossle (1988, p.23) e IBGE
ANOS SANTA CATARINA BRASIL
1872-1890 3.24% 1.96%
1890-1900 1.22% 1.96%
1900-1910
1910-1970
1970-2000
2000-2007
3.26%
420%
222%
10%
1.91%
438%
82%
8%
Tabela 2 - Crescimento médio anual da população SC – Brasil – 1872/2007
Fonte: Brasil (1936, p.253-54) apud Bossle (1988, p.23)
e IBGE
Relacionando-se o crescimento da população em Santa Catarina com o
crescimento da população brasileira (Tabela 1), observou-se que ambos
apresentaram crescimento ascendente: a participação catarinense representava
1.97%, em 1890, sendo a mais elevada do período, compreendido entre 1872 e
1900. Adicionados os dados da Tabela 2, verificou-se que o crescimento
demográfico, no período de 1872-1890, foi superior ao crescimento geral do Brasil,
25
quando o crescimento médio anual em Santa Catarina foi de 3.24% e a média
nacional de 1.96%. Deve-se à imigração estrangeira esse crescimento, conforme as
informações da Tabela 3, onde constam os percentuais de estrangeiros fixados em
Santa Catarina.
ANOS NUMEROS ABSOLUTOS=100
% TOTAL
1850 1.342 1.79
1858 6.444 5.04
1872 21.761 13.61
1900 32.146 10.03
Tabela 3 - Estrangeiros em Santa Catarina 1850/1900
Fonte: Câmara (1948, p.218) apud Bossle (1988, p.24)
Com o dinamismo dos novos imigrantes, a economia de subsistência foi
sendo superada e o excedente econômico passou a ser comercializado tanto no
mercado interno quanto externo. Nos anos de 1854-1855, segundo Bossle (Ibid.), a
madeira já representava 23.80% dos valores das exportações em geral.
Os produtos semimanufaturados, que passaram a ocupar lugar de destaque
na exportação em geral, sem dúvida eram oriundos das áreas colonizadas pelos
novos imigrantes.
No período de 1904 a 1942, a madeira foi o principal produto da exportação
catarinense.
Segundo Silveira (2005, p.35), as necessidades doméstica do país, por
madeira, e a demanda internacional com os desdobramentos da segunda guerra
mundial, então em curso, impulsionaram uma frenética e gigantesca corrida pelo
“ouro” da Serra Catarinense, que as reservas de araucária do Rio Grande do Sul
estavam se exaurindo, e o preço da madeira no mercado nacional e internacional
havia sido valorizado sensivelmente. As reservas de araucária dos municípios de
Lages, Curitibanos, Bom Retiro, São Joaquim; uma área de muitos milhares de
hectares estavam praticamente intocadas no início da década de 1940. O
extrativismo da Lumber ocorreu no planalto norte em direção ao oeste catarinense.
O município de Lages (SC) era, no início da década de 1940, o maior do estado em
extensão territorial, com mais de 10.000 quilômetros quadrados. Na época, não
havia, no país, uma fábrica de papel para imprensa. Todo o papel jornal era,
26
importado. Em outubro de 1940, os jornais estampavam manchetes: “O Brasil te
uma fábrica de papel para a imprensa”. Assim, somado às necessidades internas de
papel, derivado da madeira, e à valorização do pinheiro, juntamente com as
mudanças no cenário nacional e internacional, desencadear-se-ia o processo
econômico do “ciclo da madeira de araucária” que se estenderia, numa visão linear,
na Serra Catarinense, de 1940 a meados de 1970, o período mais intenso, com
numerosas serrarias.
No entanto, a exploração da araucária continuou num processo decrescente
até 1990, quando o governo, através do IBAMA, deu o golpe de misericórdia e
baixou decreto e regulamentação proibindo o corte do pinheiro brasileiro, a
araucária, no estado de Santa Catarina.
“Santa Catarina teve dois governadores oriundos do setor econômico da
madeira, sendo eles Irineu Bornhausen, eleito em 1953 e o Dr. Celso Ramos no
início da década de 1960” (SILVEIRA, 2005, p.107).
PERIODOS % SOBRE O VALOR TOTAL
1900/1904 4.95
1905/1909 8.65
1910/1914 8.39
1915/1919 6.28
1920/1924 9.73
1925/1929 11.48
1930/1934 11.55
1935/1939 1.24
1940 19.18
1941 21.55
1942
2007
23.67
8.40
Tabela 4 - Valor total da exportação média anual: 1904 - 1942
Fonte: Relatório do Governo apresentado à Assembléia em (1942, p.45). Bossle
(1988, p.97) 2007 – Santa Catarina em Dados – Fiesc (2008, p. 17)
Em Santa Catarina, no ano de 1949, existiam 1547 estabelecimentos
madeireiros e, em 1953, 2167 estes representando 37% do total existente no
27
Estado, sendo o segmento econômico mais representativo, gerando 14360
empregos, ou seja, 26% da mão-de-obra industrial do Estado.
A participação do segmento madeireiro, no ano de 1962, em termos de
produto industrial, foi de 62.2%, seguido pela indústria têxtil com 26.8% e produtos
alimentares 14.6%.
2.3.1 Fomento em SC – Solução do Impasse entre Madeireiros e IBDF/IBAMA
As primeiras experiências de plantio de araucárias no Sul do Brasil foram
feitas pelos pesquisadores holandeses Kees Van Del Vliet e Jan Wiilem Roorda
(Prange, 2001); eles verificaram que a araucária é uma essência que não pode ficar
exposta a luz solar, enquanto muda pequena, necessitando ter um sombreamento
protetor da floresta primária e não gosta de ser plantada em sistema de mudas, mas
sim ser semeada no lugar definitivo.
Desta forma, o reflorestamento com araucária teria suas limitações. De posse
dessas informações, o IBDF, atual IBAMA, recomendou o plantio do pinus associado
à araucária.
Os madeireiros, na década de 1960, vinham tendo dificuldades para cumprir
as exigências dos órgãos do governo de reposição florestal, pela dificuldade em
obter as mudas, a mortalidade e a falta de motivação, cujos desdobramentos são a
seguir descritos.
Segundo Pieter W. Prange (2001)
4
: era 1967:
[...] e havia uma reunião programada com os madeireiros da região do
Planalto Catarinense, em Curitibanos (SC). Presença confirmada do
General Silvio Pinto da Luz, então Presidente do Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal (IBDF) (atual IBAMA) e de uma comitiva de
autoridades para examinar, em conjunto, como dar efetivo cumprimento às
exigências de reposição florestal. Madeireiros, principalmente operadores
de serrarias e laminadoras da árvore nativa da região, a Araucária ou
Pinheiro do Paraná, espécie também abundante no Estado de Santa
Catarina e, na época, base da economia da região do planalto central do
Estado, estavam ansiosos de se verem livre da obrigação legal da
reposição florestal. Alternativamente, os madeireiros propunham continuar
pagando uma ‘Taxa de Reposição Florestal’ e o IBDF, o beneficiário da
4
Disponível em: <http://www.sbs.org.br/memorias_fomento.htm>. Acesso em: out.2008.
28
taxa, que se encarregasse do plantio e de encontrar as mudas para tanto,
que eram escassas na época. O General Pinto da Luz, homem franzino,
mas autoritário, não aceitava aquela solução dos madeireiros catarinenses,
e o ambiente ‘esquentou’. Foi aí, que as empresas produtoras de celulose
na região, presentes como ouvintes na reunião, propuseram oferecer e
contribuir com as necessárias mudas de outro pinheiro, o pinus, então
chamado pinheiro americano, devido a sua origem, para assim dar apoio e
ampliarem o desenvolvimento do reflorestamento na região, o que foi aceito
tempestivamente pelo então Presidente do IBDF. E estava encerrada a
reunião!!!!. Dada a solução ao problema da falta de mudas até então, porém
meio contrariados e a contragosto, os madeireiros aceitaram a solução
alternativa, e assim registra-se oficialmente o primeiro programa de fomento
florestal industrial nos campos de Lages, Curitibanos e Região do Planalto
Central Catarinense. Apenas como efeito contrastante, registra-se que,
apenas durante o ano de 2002, na mesma região, houve um plantio de mais
de 25 mil hectares de novas florestas de produção.
No ano de 1968, as indústrias de madeiras no estado de Santa Catarina
respondiam por 25% do produto industrial catarinense, dado que reflete a sua
importância na economia estadual e que vem se mantendo desde a década de
1940. Para Mattos (1968), a produção basicamente era de madeira desdobrada,
compensada e chapas prensadas.
Segundo a FIESC (2007), a indústria madeireira de Santa Catarina empregou,
no ano de 2006, 43 mil trabalhadores em 2.800 estabelecimentos. Destaca-se
nacionalmente tendo uma participação de 16% sobre igual setor nacional. O estado
de Santa Catarina é o maior fabricante de portas de pinus e batentes do país e líder
em exportação, bem como na produção de móveis com predominância de madeira,
onde emprega mais de 31 mil pessoas, sendo que, nos municípios de São Bento do
Sul e Rio Negrinho, estão 34% dos trabalhadores. No oeste catarinense, encontra-
se o segundo pólo mobiliário do estado, colocando o setor madeireiro como um
ramo dos mais importantes para o Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina.
As principais empresas fabricantes de artefatos de madeira no estado de Santa
Catarina, segundo a FIESC (2008), no caderno Santa Catarina em Dados, p. 49 a 53
são as seguintes:
Sincol S/A – Indústria e Comércio
Possui 1235 empregados, no município de Caçador ( SC) Seu
faturamento, em 2007, foi de R$ 78,3 milhões, com uma produção de
60.270 m/3 de produtos acabados. Os principais produtos que fabrica são
portas, batentes, chapas de madeira, rodapés, cantoneiras e lambris.
Ocupa o primeiro lugar em nível nacional e também na América Latina.
29
Baía Madeiras Renováveis Ltda.
Localiza-se no município de Ponte Serrada, onde conta com 70
empregados. Em 2007, obteve um faturamento de R$ 1,8 milhão, com a
produção de 13.257 portas e batentes, 1.157 mil m3 de ripas, painéis e
madeira serrada e 6.675,87 toneladas de toras em pínus. Principais
produtos que fabrica: portas internas compensadas, portas maciças,
batentes e painéis maciços.
Battistella Indústria e Comércio Ltda.
Está localizada em Rio Negrinho e possui 455 empregados em seu quadro
funcional. Os principais produtos que fabrica são Istelaplac, madeira
classificada, Lamiplac e mina. Em 2007, sua produção foi de
157.579,740 m3 de madeira serrada e o faturamento de R$ 88,4 milhões.
Manoel Marchetti Indústria e Comércio Ltda.
Empresa localizada na cidade de Ibirama, onde emprega 665
colaboradores. Em 2007, sua produção foi de 515.636 unidades,
registrando um faturamento de R$ 33,8 milhões. Principais produtos
fabricados: portas lisas, maciças, decorativas, pré-fabricados de madeira,
carretéis de madeira e beneficiados. Ocupa a quarta posição no ranking
nacional. Possui a certificação ISO 9001, é participante do Programa
Nacional de Qualidade da Madeira (PNQM) e membro da ABIMCI.
Frame Madeiras Especiais Ltda.
Localiza-se em Caçador, tendo em seu quadro 835 colaboradores. Em
2007, obteve um faturamento de R$ 75,2 milhões. Produz portas.
Industrial Madeireira S/A
Está localizada no município de Videira, onde emprega 283 trabalhadores.
Seu volume de produção no ano de 2007 foi de 21.770 m³ e seu
faturamento foi de R$ 26,5 milhões. Principais produtos: compensado de
pínus, compensado plastificado e painéis de pínus amarrados. Em nível
nacional, está entre as 50 maiores em volume de produção e entre as
30
cinco de melhor qualidade em seu segmento de atuação. Possui
certificação européia (CE) e brasileira PNQM.
Madecal Agro-Industrial Ltda.
Situada no município de Caçador, emprega 408 funcionários. Principais
produtos que fabrica: Clear blanks e blocks, molduras e componentes de
portas. Em 2007, produziu 71.603,480 toneladas de resíduos de
pínus/cavaco e madeira em toros e 29.870,967 m3 de molduras, blanks,
blocks e componentes de portas, atingindo um faturamento de R$ 36
milhões.
Rohden Artefatos de Madeira Ltda.
Empresa localizada no município de Salete, onde emprega 649
trabalhadores. Concentra sua produção em portas de pínus elliotti. Em
2007, seu faturamento foi de R$ 28,3 milhões, apresentando uma
produção de 367,4 mil peças. Ocupa a primeira posicão em nível nacional,
a segunda posição na América Latina e a quinta em nível mundial.
Ind. de Madeiras Faqueadas Ipumirim S/A
Está situada na cidade de Ipumirim e emprega 308 trabalhadores.
Principais produtos que fabrica: portas de madeira e molduras de pínus.
Sua produção, em 2007, foi de 202 mil portas e 14.200 m3 de molduras de
pínus. Nesse mesmo ano faturou, R$ 19,7 milhões. Está entre as 10
maiores madeireiras de Santa Catarina.
Rohden Portas e Painéis Ltda.
Situada em Pouso Redondo, emprega 829 colaboradores. Produz portas
de pínus elliotti. Em 2007, obteve um faturamento de R$ 31,7 milhões,
com a produção de 427.469 peças. Ocupa a primeira posicão em nível
nacional, a segunda posição na América Latina e a quinta em nível
mundial.
31
Goede Lang & Cia Ltda.
Localizada na cidade de Pomerode, onde possui 74 empregados. Os
principais produtos que fabrica são portas, janelas e batentes. Sua
produção, em 2007, foi de 3.269 mil m³ de madeiras diversas e seu
faturamento de R$ 5,9 milhões.
Madeireira Schmitt Ltda.
Situada no município de Lages, conta com 97 funcionários. Produz
madeiras de pínus serradas em bruto e beneficiadas. Em 2007, sua
produção foi de 4.510.926 m3, obtendo um faturamento de R$ 4,1
milhões.
Fornecedora e Exportadora de Madeiras Forex S/A
Localizada no município de Três Barras, produz pallets de madeira,
madeira serrada e pisos de madeira. Conta com 250 colaboradores e
obteve um volume de produção de 24 mil m3, em 2007.
Hachmann Indústria e Comércio Ltda.
Está localizada em Capinzal, onde emprega 52 trabalhadores. Fabricou,
no ano de 2007, 18.879,17 toneladas e faturou R$ 4,5 milhões. Produz
pasta mecânica, resíduos de pínus, toros de madeira de pínus e
maravalha.
Madeireira Beira Rio Ltda.
Localiza-se no município de Papanduva e emprega 183 trabalhadores.
Fabrica principalmente embalagens, portas, painéis, blanks e blocks. Em
2007 registrou um faturamento de R$ 16,4 milhões e volume de produção
de 25.967 m3, 16.496 toneladas e 15.482 peças.
MB Exportadora Ltda.
Empresa localizada no município de Braço do Norte, onde conta com 239
empregados. Em 2007, teve um volume de produção de 7.783,66 m3 e
um faturamento de R$ 19,2 milhões. Fabrica molduras em geral.
32
Empresa Industrial e Comercial Fuck S/A
Localiza-se em Canoinhas, empregando 1.158 colaboradores. É fabricante
de portas e compensados. Em 2007, produziu 70 mil unidades/mês de
portas e 4.500 m3 de compensados/mês e faturou R$ 85,2 milhões.
Ocupa o segundo lugar no ranking nacional dentro do seu setor de
atuação, possuindo tecnologia de última geração.
Brochmann Polis
Industrial e Florestal S/A Empresa localizada no município de
Curitibanos, onde fabrica minas de pínus. Em 2007, registrou volume de
produção de 37.458,194 m3 e faturamento de R$ 19,3 milhões. Possui
208 trabalhadores.
Madeireira Seleme Ltda.
Possui 170 empregados e está localizada na cidade de Caçador. Em
2007, produziu 50 mil toneladas de madeira de pínus processada e obteve
um faturamento de R$ 8 milhões. Produz componentes para portas e
móveis. A empresa extrai a matéria-prima de florestas próprias renováveis,
possui certificação FSC e forte parceria com clientes no exterior.
Madeireira Cassias Ltda.
Situa-se na cidade de Mafra, onde conta com 158 empregados. Principais
produtos que fabrica: painéis, estantes, madeira serrada, madeira
beneficiada e pré-cortada para móveis em pínus. Encerrou o ano 2007
com uma produção de 4.471.258 m3, atingindo o faturamento de R$ 5
milhões.
Indústria de Madeiras Tozzo S/A
Situa-se em Passos Maia e emprega 43 funcionários. Produz painéis em
pínus e produtos manufaturados de pínus e pinho. Em 2007, registrou um
volume de produção de 7.142,04 m3 e faturamento de R$ 3,8 milhões.
33
Possamai & Cia Ltda.
Localizada no município de Ascurra, onde emprega 26 funcionários.
Concentra sua produção em estruturas de madeira e pallets. No ano de
2007, registrou um faturamento de R$ 1,5 milhão e volume de produção
de 1.797 m3. Possui reflorestamento sustentável.
Madeireira Germano Pisani S/A – Ind., Com. e Exp.
Empresa localizada no município de Lages, onde emprega 245
funcionários. Seus principais produtos são madeiras para exportação,
embalagens de madeira e pallets. No ano de 2007, registrou um
faturamento de R$ 10,7 milhões, com um volume de produção de
11.166.187 m3.
Indústrias Artefama S/A
Localizada no município de São Bento do Sul, conta com 1.078
funcionários. Os principais produtos que fabrica são camas, armários,
mesas, cadeiras, cômodas e outras peças e componentes de veis em
madeira com predominância de pínus, sob encomenda dos clientes. Em
2007, processou 46.000 m3 de madeira de pínus e 143.000 m² de chapas
de MDF e aglomerado, obtendo um faturamento de R$ 78,3 milhões. É
uma das maiores fabricantes e exportadoras de móveis do Brasil e
também da América Latina, com grande diferencial de atender sob
encomenda. Destaca-se pelo diferencial em diversos tipos de acabamento
(pintura aplicada) e pelo seu moderno parque fabril. Possui capacidade
produtiva para atender grandes volumes de produção em móveis de
madeira maciça e também em chapas.
Fritz Móveis Ltda.
Está localizada na cidade de Mafra, onde conta com 207 empregados.
Fabrica móveis de madeira (mesas, cadeiras e roupeiros). Em 2007, seu
faturamento foi de R$ 11,9 milhões sendo estofados e móveis em MDF.
Em 2007, apresentou um volume de produção de 15 mil peças de
estofados e 85 mil peças de veis em MDF, com um faturamento de R$
13,9 milhões.
34
Móveis Weihermann S/A
Empresa localizada no município de São Bento do Sul, onde conta com
337 colaboradores. Fabrica principalmente dormitórios, estantes e mesas.
Em 2007, seu faturamento foi de R$ 22,9 milhões, com a produção de 120
mil peças. A empresa possui certificação ISO 14001.
Móveis James Ltda.
Seus principais produtos são conjuntos estofados, poltronas, camas,
cadeiras, mesas e berços. Situa-se no município de São Bento do Sul,
onde emprega 158 colaboradores. Em 2007, produziu 54.513 peças e
obteve um faturamento de R$ 13,9 milhões.
Indústria de Móveis 3 Irmãos S/A
Situa-se na cidade de Campo Alegre. Os principais produtos que fabrica
são: salas de estar, escritórios, dormitórios, salas de jantar. Emprega 352
funcionários. Seu faturamento, em 2007, foi de R$ 20,6 milhões e o
volume de produção de 99.651 peças.
Fábrica de Móveis Neumann Ltda.
Possui 64 empregados e está localizada em São Bento do Sul. Seus
principais produtos são: cozinhas e dormitórios. Em 2007, obteve um
faturamento de R$ 18,6 milhões com uma produção de 3.504,1 m3.
Indústria de Móveis América Ltda.
Localiza-se no município de São Bento do Sul e emprega 321
trabalhadores. Principais produtos que fabrica: componentes de móveis
em pínus, escrivaninhas, portão de cachorro, arquivos, armários, racks e
estantes, todos em pínus. Em 2007, sua produção foi de 145 mil peças e o
faturamento de R$ 14,9 milhões.
Renar Móveis S/A
Empresa localizada no município de Fraiburgo, onde possui 285
trabalhadores. Os principais produtos que fabrica são camas, cômodas,
35
criados-mudos e mesas, todos de madeira. Em 2007, obteve um
faturamento de R$ 38,8 milhões, com uma produção de 11.763 m3. É a
quarta colocada no ranking nacional em exportação.
Móveis Waely Ltda.
Situa-se em Santa Cecília e emprega 130 colaboradores. Os produtos que
fabrica são cômodas, mesas, estantes e bancos de canto. Em 2007,
fabricou 91.434 unidades e registrou faturamento de R$ 7,3 milhões.
Indústria e Comércio de Móveis Henn Ltda.
Localizada na cidade de Mondaí, conta com 539 empregados. Seus
principais produtos são móveis para quarto em madeira. Em 2007,
produziu 612.584 unidades e obteve um faturamento de R$ 104,9 milhões.
Conquistou, em março de 2008, o primeiro lugar na categoria Linha Infantil
do Prêmio Top Móbile, uma das marcas mais lembradas do Brasil.
Intercontinental Indústria de Móveis Ltda.
Concentra suas atividades no município de São Bento do Sul, onde
emprega 138 colaboradores. Em 2007, registrou produção de 57.522
unidades e faturamento de R$ 9,7 milhões. Seus principais produtos são
os dormitórios.
Móveis Oberlak Ltda.
Conta com 44 colaboradores em Rio Negrinho, onde produz armários,
mesas, camas, balcões, racks e estantes. Em 2007, produziu 2.422,385
m3, resultando em um faturamento de R$ 4,3 milhões.
Móveis Rudnick S/A
Empresa localizada no município de São Bento do Sul, onde conta com
921 trabalhadores. Os principais produtos que fabrica são móveis de
madeira de uso residencial (cozinhas, dormitórios, salas de jantar etc). Em
2007, seu faturamento foi de R$ 93,5 milhões, com uma produção de
537.861 caixas.
36
Arte Real Móveis Ltda.
Empresa localizada no município de Rio Negrinho, onde conta com 156
trabalhadores. Os principais produtos que fabrica são: salas, dormitórios,
cômodas, escrivaninhas, bares, vitrines, sapateiras, racks, modulares em
madeira e veis para decoração. Em 2007, seu faturamento foi de R$
7,3 milhões, com uma produção de 163 contêineres de 40HC. Empresa
especializada na fabricação de móveis de madeira maciça extraída de
florestas renováveis e certificadas pelo FSC.
2.4 HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO DE CANOINHAS
A PARTIR DE 1940
O município de Canoinhas (SC) (Figura 2) está situado ao norte de Santa
Catarina, na divisa com o Paraná e faz parte da microregião do Contestado. Limita-
se ao norte com o Paraná, ao sul com os municípios de Major Vieira e Timbó
Grande; ao leste com Três Barras, Major Vieira e Bela Vista do Toldo e a oeste com
o município de Irineópolis. Possui uma área de 1.153 km2, uma população de
52.677 habitantes e localização geográfica conforme a Figura 1.
Figura 2 – Localização do município de Canoinhas (SC) e região
Fonte: (SDR/CANOINHAS, 2008, p.8)
37
2.4.1.1 Abordagem histórica
Antes da abordagem, dentro do período proposto neste trabalho, faz-se
necessário conhecer alguns aspectos da trajetória de colonização da região.
Acredita-se que foi entre os anos de 1765 e 1780 que as primeiras expedições
subiram o Rio Canoinhas, as quais fizeram explorações no Rio Iguaçu e, subindo
pelo Rio Negro, chegaram à foz do Rio Canoinhas, que na época oferecia
navegabilidade até o ponto onde mais tarde foi fundado o povoado.
Entretanto, com estas incursões exploratórias ninguém permaneceu na área.
Somente a partir de 1816, iniciou-se tráfego regular de tropas pela Estrada da
Mata, que atravessava o Passo Canoinhas
5
um pouco abaixo da foz do Rio da Areia,
hoje município de Papanduva e Major Vieira.
6
Esta Estrada da Mata foi a que
permitiu o desbravamento do município e região, pois através dela intensificou-se o
comércio com Curitiba e feiras em São Paulo.
Em 1827, com a reconstrução da Estrada da Mata, entre Campo do Tenente
e Campo Alto, foi o início da fixação dos primeiros povoadores do município, no
então distrito de Papanduva. Este local foi ponto de parada dos tropeiros, pois era
um ponto intermediário entre a serra e Rio Negro. Esses pioneiros passaram a
explorar a erva-mate da região e comercializar em Rio Negro. Entretanto, a área do
município, onde hoje está edificada a cidade de Canoinhas, permaneceu por muito
tempo inacessível, devido à floresta nativa ser densa e fechada.
Em 1892, novas correntes migratórias, vindas do estado do Paraná pelo Rio
Negro, subiram o Rio Canoinhas em pequenas embarcações, desembarcando no
ponto próximo onde hoje está edificado o Colégio Estadual Santa Cruz.
Entre estes pioneiros, veio Francisco de Paula Pereira
7
, que se instalou em
uma barraca a margem do rio, estabelecendo um novo núcleo de povoamento.
De acordo com Tokarski (2008, p.7):
5
Assim denominado porque a passagem era feita em pequenas canoas, advindo daí, o nome do rio e
do município.
6
Denominação dada a um trilho, que atravessava uma mata de cerca de 40 léguas de extensão e
que permitia comunicação entre o Rio Grande do Sul, Lages, Curitiba e São Paulo
7
Francisco de Paula Pereira, considerado fundador do município de Canoinhas.
38
[...] não é de se duvidar que a transferência de Francisco de Paula Pereira
ao abandonar São Bento do Sul SC e se instalar em Canoinhas (SC) tenha
sido em razão da existência dos grandes ervais e dos interesses
catarinenses pela posse do território desse lugar, bem no centro norte da
área sob disputa com o Paraná. Ervateiro e político, ‘Chico Pereira’ é
considerado o fundador oficial do povoado de Canoinhas (SC). Sua
presença nas barrancas do Rio Canoinhas, bem na divisa sob disputa, não
foi mera arte do acaso, até porque com ele também deixou São Bento do
Sul um séqüito de capatazes e camaradas que depois se disseminaram
pelo sertão contestado. [...].
Sílva (1941), em texto sobre a evolução política e social do município de Canoinhas,
no período 1900 a 1940, relata os fatos históricos que marcaram o desenvolvimento do
município, a Guerra do Contestado
8
, e a criação do então distrito de Santa Cruz de
Canoinhas, em 03 de julho de 1902. Por meio da Lei Estadual n.907, de 12 de
setembro de 1911, foi elevada à categoria de município, sendo desmembrado do de
Curitibanos, vindo a cognominar-se Santa Cruz de Canoinhas. Em 1923, pela Lei
n.1424, de 23 de agosto, foi a vila de Santa Cruz de Canoinhas elevada à categoria
de cidade, com a denominação de Ouro Verde, nome este sugerido em função da
erva- mate, uma das maiores fontes de riqueza do município. Pela Lei n.1, de 27 de
outubro de 1930, o município voltou a chamar-se de Canoinhas.
Também houve a instalação do ramal ferroviário Porto União - São Francisco do Sul,
e o comércio de erva-mate e a extração de madeira são os fatores que contribuíram para o
desenvolvimento do município, no período até 1940 (SILVA, 1941).
2.4.1.2 Abordagem Histórica na Década de 1940
O município de Canoinhas (SC), no início da década de 1940, despontava
como um grande pólo econômico produzindo produtos derivados da pecuária,
caprinos, suínos, erva mate e madeira.
A erva-mate representou, segundo Sílva (1941), 42,69% da produção total do
8
A Guerra do Contestado foi um conflito armado entre a população cabocla e os representantes do
poder estadual e federal brasileiro travado entre outubro de 1912 a agosto de 1916, numa região
rica em erva-mate e madeira disputada pelos estados brasileiros do Paraná e de Santa Catarina.
Esta revolução teve origem em conflitos sociais, oriundos principalmente da falta de regularização
da posse das terras dos caboclos e da insatisfação da população com sua situação material, numa
região em que a presença do poder público era limitada. O conflito era permeado pelo fanatismo
religioso, expresso pelo messianismo e pela crença, por parte dos caboclos revoltados, de que se
tratava de uma guerra santa. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Contestado>.
Acesso em: 15 jan.2009.
39
estado de Santa Catarina. A indústria extrativa da madeira era a atividade principal
do município de Canoinhas (SC). Na época, as reservas florestais de Canoinhas
(SC) eram muito grandes, pois existiam aproximadamente 4,3 milhões de pinheiros
com altura média de 13 metros, sendo 1.17 milhões com mais de 40 cm de diâmetro
e 3.12 milhões, com menos de 40 cm.
A estrutura fabril do município contava com 62 serrarias, sendo 54 de
madeiras em geral, 5 para a fabricação de caixas e 3 laminadoras, entre elas a
Souther Brazil Lumber and Colonization Company, incorporada ao Patrimônio
Nacional. Além do aparato para exploração da madeira, despontava também a
indústria da cerâmica, com 8 fábricas de tijolos e telhas e 1 de ladrilhos.
Segundo Thomé (1995, p.195), naquela época havia, em Canoinhas,
serrarias, fábricas de caixas e tacos; as empresas eram:
Carlos Itiberê da Cunha & Cia. Ltda., Irmãos Zaniolo, Otto Herbst, Bento de
Lima & Irmãos, Wiegando Olsen, Irmãos Fernandes & Cia. Com
marcenarias, os destaques eram: Carlos Schwarz, Henrique Voigt, Jorge
Thoma, Oto Klosterhoff, Oto Richter e Volker Volrath. Na condição de
produtores e exportadores de madeiras, estavam em atividade: Alberto
Kohler, Alberto Tokarski, Albino Succow, Alfred Herbst, Artur Voigt, Alberto
Voigt, Alberto Wosgrau, Antonio Reusendel, Augusto Krueger, Benedito
Linzmayer, Bento José da Sílva, Bernardo Crestani, Bernardo Olsen,
Colodel & Fernandes, Constante Fruet, Emiliano Abrão Seleme, Estanislau
Wojciekowski, Evaldo Schartz, Francisco Fuck, Francisco Goestmayer,
Fermino Soares Lima, Francisco Stoebel, Heise & Irmãos, H. Schwartz &
Cia., Henrique Lessmann, Henrique Stoebel, Irmãos Crestani, Inácio
Kuminski, João Batista Pigatto, José Pereira do Vale, João Allage, José
Grosskopf, José Hennig, Kohler & Friedrich, Max Olsen, Luiz Sperandio,
Manoel Estevão Furtado, Otto Friedrich, Paulo Wiese, Pedro Abrão Seleme,
Raimundo Barão & Filho, Radke & Koch, Rufino Fernandes Ferreira,
Raimundo Crestani, Regina Hiller, Ricardo Diener, Roberto Ehlke, Salin
Zattar, Thomasi & Irmãos, Tomaz Ostroski, Waldemiro Olsen e Viese &
Irmãos.
Estas empresas formavam a estrutura econômica do segmento da madeira
em Canoinhas, no início da década de 1940, e conforme o Quadro 1, segundo Sílva
(1941) descreve-se o número e as atividades das Empresas.
40
DISCRIMINAÇÃO DADO NUMÉRICO
Serrarias 54
Serrarias e laminadoras 03
Serrarias: Fábrica de caixas 05
Fábricas de móveis 04
Fábricas de correias 01
Fábrica de ladrilhos 01
Fábricas de cola 01
Fábricas de vaso de xaxim 01
Fábricas de palhões para garrafas 01
Fábricas de cervejas 02
Ferrarias 26
Funilarias 02
Marcenarias 05
Montagem de carroças 20
Carpintarias 14
Cerâmicas 08
Alfaiatarias 23
Sapatarias 09
Selarias 10
Curtumes 02
Moinhos de Cereais 15
Torrefação e moagem de café 03
Panificação 05
Quadro 3- Indústria fabril do município (1940)
Fonte: Silva (1941, p.48-9)
Com relação à produção dessas empresas, Sílva (1941) descreve a
quantidade em unidades de m/3 e unitária demonstrados no Quadro 4.
41
ESPECIFICAÇÃO UNIDADE QUANTIDADE
1 - Mineral
Água mineral Litro 7.500
Areia de construção m/3 1.000
Areia p/pavimentação m/3 2.500
Tijolos Milheiro 623
Telhas Milheiro 500
Pedras p/construção m/3 200
Pedras meio fio m/3 10
2 - Vegetal
Carvão Quilo 142.000
Palha de centeio Quilo 190,000
Paina Quilo 650
Timbó p/arcos Feixe 700
Casca gramiúnha Quilo 1.200
Tábuas pinho m/3 90.000
Pranchas pinho m/3 20.000
Vigotes pinho m/3 5.000
Tábuas imbuia m/3 9.000
Toras imbuia tora 424
Toras cedro tora 1.290
Dormentes Unidade 7.500
Lenha em geral m/3 60.000
Nó de pinho m/3 5.000
Erva Mate Quilo 3.750.000
3 – Animal
Penas e plumas Quilo 300
Couros Quilo 750
Crina Quilo 1.000
TOTAL GERAL
Quadro 4- Quantidade da produção (1940)
Fonte: (Ibid., p.46-7)
2.4.2 Lumber - a Madeireira que Mudou a História
Para aprofundar a História da Indústria do município é importante citar a maior
madeireira que já se instalou na região em toda a sua história: A Lumber
A história da Lumber se configura na história de Três Barras, na época,
distrito do município de Canoinhas (SC). O local era um minúsculo ponto verde no
mapa do Estado de Santa Catarina, quando a Lumber se interessou em apagar
substancial percentual deste verde, ao se expandir por toda a região, principalmente
no município de Canoinhas (SC)
Junto com a devastação da floresta nativa, a Lumber trouxe, no entanto, uma
riqueza cultural imensurável, como cita em entrevista ao jornal Correio do Norte
(2005, p.6), o professor Ederson Mota,
42
A Lumber trouxe para nós, evolução cultural. Tudo que era moda nos EUA vinha
para cá. Tínhamos um cinema no meio da floresta. Sofremos influências nos
costumes, no vestuário, na música, sem falar no Hospital que eles construíram em
Três Barras. Igual aquele, somente em São Paulo e Rio de Janeiro.
Outra opinião de quem trabalhou na madeireira, não são das mais positivas.
Por exemplo, a opinião de Orlando Stein, que dedicou quatro anos de sua vida
profissional à empresa, diz que “Do local de extração, só saíamos quando a madeira
acabasse. Se alguém morresse, era jogado em cima do trem e a família tinha de
esperar até o corte acabar para receber o corpo do defunto” (CORREIO DO NORTE,
Wassoaski ( 2007b, p.5), recordando assim os dias que os funcionários passavam
no meio do mato cortando madeira.
A concessão de 15 quilômetros de terras à esquerda e à direita da linha
ferroviária que a Lumber deveria construir como parte do acordo firmado com o
governo brasileiro, provocou o início de um verdadeiro banho de sangue na região:
uma disputa pelas terras.
Com a concessão, armados de espingardas, os agentes da Lumber
expulsaram os nativos do território. A mesma impiedade tiveram os oficiais do
Exército, que exterminaram quem não concordava em deixar as terras que o
Governo havia concedido à madeireira estadunidense.
Mesmo agredindo os nativos, a Lumber trouxe para Três Barras muitas
inovações, como o material para montar a empresa, que veio dos EUA, pelo mar,
até o porto; do porto seguiam por via férrea até o rio e vinham em pequenas
embarcações pelo Rio Negro.
Atrás do lendário Clube do Bolinha, em Três Barras, a empresa improvisou
um pequeno porto, onde recebiam os módulos e, aos poucos, iam construindo a
linha férrea que levava o material até o local de instalação da serraria.
As ações para introdução e consolidação da Lumber, no distrito de Três
Barras, foram o ponto de tentativa dos governos catarinense e paranaense na busca
pelo domínio da região, conjecturando a exploração da mata de araucárias e erva-
mate. Essa foi a primeira tentativa do governo em manter o território a qualquer
preço, civilizá-lo e desenvolvê-lo. As mesmas políticas voltadas ao desenvolvimento
regional do início do século XX são, ainda hoje, aplicadas pelos governos estaduais.
Pois segundo Arbix; Zilbovicius e Abramovay (2001, p.55-6):
43
Em um país de carências como o Brasil, desenvolvimento foi totem e
tabu. Com profundas raízes no passado, mas encravado nos territórios do
futuro, esse conceito foi ao longo do século XX, fonte inesgotável de
criação, proteção e destruição de novas imagens do mundo, em especial
nos países atrasados. Sob o domínio do Estado, insinuou-se para além do
bem e do mal. Momentos houve em que irrompeu prenhe de sentidos,
envolvendo governantes e governados com as razões da economia. Em
outros, porém, mal conseguiu disfarçar um vazio cínico, que aproximou sua
elasticidade de conceito ao de uma usina de ilusões. No Brasil, esse foi o
sentido que prevaleceu nas últimas décadas e que embalou uma série de
programas modernizadores cuja fama, sintomaticamente, foi inversamente
proporcional aos tímidos resultados práticos alcançados, seja na geração de
emprego, da renda, seja na diminuição das desigualdades.
Assim, a região e o município, sob a égide do “Poder Econômico“, teve
também na madeira a mesma configuração de exploração como a erva- mate,
conforme o historiador Tokarski (2008, p.4):
[...] na esteira da erva mate surgiram em Joinville as primeiras fortunas
criadoras da elite local, os grandes ‘barões do mate’, controladores da
economia, da política, das leis e de todos que gravitavam ao redor de um
sistema produtivo calcado no que Baccila denominou de ‘escravidão verde’.
De acordo com o autor, em função do extrativismo ervateiro monopolista o
caboclo foi reduzido a ‘situação de pária’, mal ganhando para sobreviver
[...].
Desta forma, tem-se uma relação de semelhança na exploração e nos
desdobramentos econômicos entre a madeira e a erva-mate, relacionada ao
desenvolvimento do município de Canoinhas (SC) e região, os quais geraram
fortunas e concentração de riquezas.
Hoje, em pleno século XXI, mesmo com toda a revolução tecnológica,
continua-se a buscar um novo paradigma, como descreve Zapata (2007, p. 23)
[...] mas, infelizmente, somos um dos países com mais desigualdades do
planeta. Desigualdades entre as pessoas e entre as regiões. Algumas
políticas e estratégias podem ajudar bastante a melhorar este quadro. O
desenvolvimento do território é um dos caminhos inteligentes e viáveis, para
buscar alternativas de desenvolvimento com mais participação, eqüidade e
sustentabilidade.
2.4.3 Trajetória de Ciclos
A história de Canoinhas pode ser distinta em pelo menos duas fases, ou seja,
dois ciclos, prestes a se completar: - da erva mate, outro, da madeira.
44
O ciclo da erva-mate, envolvido no mesmo novelo, colocou Canoinhas no
status de uma região das mais ricas economias do Estado de Santa Catarina,
posição que alcançou também e especialmente na época de ouro da madeira. Foi
nessa época que muitos fatores mudaram o cenário econômico da região, o que é
percebido até hoje.
Quando na primeira metade do século XX, vivia-se a euforia do lucro fácil
proporcionado pela imensa riqueza verde (erva-mate e madeira nativa), a partir da
segunda metade do século, com o enfraquecimento da Lumber, a maior serraria de
todos os tempos, o município foi levado a uma fase obscura de retrocesso
econômico, fundamentando-se no extrativismo. Tudo isso levou a economia a se
agravar com o desaparecimento gradual da erva-mate nativa e a perda de mercado.
As mudanças promovidas naquela época pelo Governo Getúlio Vargas
trouxeram benefícios aos trabalhadores e com isso mudaram a filosofia empresarial.
O cenário de mudanças promovido exigia, da classe empresarial, uma medida que
fortalecesse o setor e evitasse o maior número de falências e concordatas. Assim
novas propostas começam a surgir, e os empresários se unem para garantir a
sobrevivência do setor madeireiro (JORNAL CORREIO DO NORTE, 2006, p.12).
2.4.3.1 Anos 1940 – começa uma nova fase
A partir dos anos de 1940, caso a União tivesse se antecipado nas ações
para solucionar a situação quase falimentar da Lumber, talvez outras alternativas
tivessem sido encontradas.. A falência da empresa abriu uma nova fase na história
industrial do município de Canoinhas (SC). É justamente nesta década que surgem
as maiores empresas madeireiras existentes até hoje.
Em 1942 surgiu a Empresa Irmãos Procopiak e Cia Ltda, que foi a primeira
indústria produtora de madeira compensada no sul do Brasil. Nasceu do espírito
empreendedor dos descendentes de ucranianos. Miguel Procopiak e seus irmãos
Antônio, José Orestes, Clemente e José Kolody. Daí o nome inicial de Irmãos
Procopiak e Cia. Ltda. Vislumbrando uma grande possibilidade de industrialização
da madeira, abundante na época, os irmãos Procopiak se lançaram na construção
de um parque industrial moderno e arrojado para a época, na cidade de Canoinhas,
45
com o objetivo de produzir madeira compensada.
Outra empresa que surgiu foi a Fuck, em 1943, que pode ser considerada
uma evolução das serrarias iniciadas por Francisco N. Fuck e da casa de comércio
de Jacob Bernardo Fuck Jr., isto devido a romper o paradigma de somente serrar
toras em tábuas e vigotes e iniciar uma fábrica de esquadrias, portas e janelas.
A Madeireira Zaniolo foi fundada em 1924 por José e os filhos Modesto e
Constante Zaniolo, na localidade interiorana de Rio dos Poços. Foi na década de
1940, que a Madeireira Zaniolo alcançou sua melhor fase; e além de serraria, a
empresa possuía uma laminadora, fábrica de compensados e tacos.
No período, foi criada a Zaniolo e Cia que administrava fazendas, açougues,
lojas, moinho de trigo e cantina de vinho. A empresa provocou uma verdadeira
revolução na localidade de Rio dos Poços, interior do município, que chegou a ter
mais de 300 casas.
Em 1945, a empresa chegou a ter mais de 1 mil funcionários quando a
sociedade entre os irmãos se abriu, ficando a Indústria de Madeiras Zaniolo com o
sócio Sr. Modesto Zaniolo e filhos. A madeira era exportada para diversos países da
Europa e da África. Em 1974, o parque industrial mudou-se de Rio dos Poços para o
bairro Água Verde, na cidade de Canoinhas (SC) onde em 1994, quando por
dificuldades financeiras ocorreu o fechamento da empresa.
A Madeireira Olsen S. A., com uma longa trajetória de êxitos foi também, na
década de 1940, instalada no distrito canoinhense de Marcílio Dias, que viu se
consolidar uma das maiores potências madeireiras que existiram na região, De
acordo com dados levantados pelo historiador Tokarski (2008, p. 8):
[...] levanta-se a hipótese de que egresso da localidade de Lençol, no
município de São Bento do Sul SC, a instalação de Bernardo Olsen em
Canoinhas, fundando em 1913 o núcleo colonial São Bernardo, hoje vila de
Marcílio Dias, às margens do ramal ferroviário São Francisco do Sul (SC) a
União da Vitória (PR), foi resultado de uma ação ordenada pelo Sr. Abdon
Baptista, o mais influente dos ervateiros de Joinville.
A história viva do império madeireiro criado por Bernardo Olsen é relatada
pelo Sr. Maurício Voigt, hoje com 72 anos, e que começou a trabalhar na Olsen com
15 anos (CORREIO DO NORTE, 2007a).
Entre as muitas histórias que ele conta da empresa, o esquece um período
tenebroso para a indústria, quando, em fins da década de 1940, a alta do preço e a
46
escassez da gasolina castigavam quem precisava do recurso. Foi dque surgiu a
alternativa do gasogênio, uma revolução estratégica para a Olsen à época.
Nessa época, a empresa tinha mais de 700 funcionários e até mesmo um
“porto” particular. Era assim, um porto, que chamavam a área de desembarque de
barcos nos fundos da serraria.
Outros fatores, a partir dos anos 1940, contribuíram com o desenvolvimento
como: Rádio Canoinhas - 3
0
Batalhão de Polícia Militar - Hospital Santa Cruz.
A sociedade canoinhense, no final da cada de 1940, foi brindada com as
primeiras transmissões radiofônicas. Entrava no ar, em 25 de agosto de 1948, a
Rádio Canoinhas, de propriedade dos irmãos Álvaro e Manoel Machuca, que
transmitia ao vivo, direto da sede da emissora, uma programação variada e com
forte apelo popular, colocando-se como principal diversão dos canoinhenses.
Também os aspectos de segurança e saúde foram atendidos, pois em 1949
foi construído o quartel do 3
0
Batalhão de Polícia Militar, o qual trouxe a Canoinhas a
centralização dos serviços da PM na região.
Em 05 de novembro de 1950, foi inaugurado o primeiro pavilhão do novo
edifício do Hospital Santa Cruz.
2.4.3.2 Anos 1950 – União Fortalece Setor – uma política organizacional
Em 25 de maio de 1950, surgiu a Federação das Indústrias do Estado de
Santa Catarina (FIESC). Esse dia, oficialmente, é lembrado como dia da Indústria.
Seis anos mais tarde, a Associação Comercial e Industrial de Canoinhas
(ACIC) foi fundada, aos 31 dias do mês de maio de 1956, em um dos salões do
Clube Canoinhense, por representantes das classes industriais e comerciais do
município. Por aclamação, foi eleito o Sr. Osmar do Nascimento como presidente, o
qual relatou a todos, na abertura dos trabalhos, a razão daquela reunião,
enfatizando a necessidade de uma organização, à qual compete o amparo e a
defesa dos seus interesses.
Segundo Tokarski (2002, p.118):
47
[...] a entidade foi fundada em 17 de março de 1931 por Rodolfo Olsen
e a primeira tentativa de reorganização ocorreu em 1946, sob a
presidência de Orestes Procopiack, sem que lograsse êxito nos seus
propósitos.
Assim, após 25 anos da primeira tentativa de se organizar uma associação,
aos 10 dias do s de junho de 1956, realizou-se uma assembléia geral para
aprovação dos estatutos, fixação das contribuições e eleição da primeira diretoria.
Os primeiros aspectos tratados pela Associação foram para mobilizar forças,
no sentido de melhorar o fornecimento de energia elétrica para o município, visto o
drástico racionamento que vinha sofrendo.
(Ata Assembléias Extraordinárias da Acic de 29/12/1956)
Em 10 de novembro de 1959, a diretoria da Acic, liderada pelo presidente
Sr. Francisco Wilmar Friedrich compareceram a estação ferroviária do
distrito de Marcilio Dias para recepcionar o Dr. Getulio Moura, presidente da
Rede Ferroviária Federal e sua comitiva que estavam de passagem por esta
estação em trabalho de inspeção do sistema, ocasião em que foram
oferecidas duas barriquinhas de erva-mate, como gentileza da Acic
Associação Comercial e Industrial de Canoinhas. Na oportunidade foi
tratado da supressão da estação férrea de Marcilio Dias e construção de
outra nova no Bairro Xarqueada. Quanto ao transporte de madeira serrada
de imbuia, foi solicitado o fornecimento de vagões na ordem de chegada
dos navios (Ata ACIC 16/11/59)
“Se analisarmos a história da criação das associações, todas elas surgiram de
uma necessidade: aqui o foi diferente”, lembra o ex-presidente da ACIC, Romeo
Vier (2006, p.14).
Essas necessidades são percebidas logo nas primeiras reuniões. Um dos
primeiros assuntos pautados pela entidade foi a precariedade da Canoinhas Força e
Luz, companhia de energia elétrica que era o terror do empresariado local. O
racionamento de energia prejudicava a produção. Boa parte das máquinas era
submetida à precariedade das caldeiras. Com o avanço da tecnologia em municípios
vizinhos, o empresariado não se conformava com as restrições que retardavam o
crescimento da economia local. Era inadmissível às empresas canoinhenses
crescerem com o racionamento de energia elétrica. Depois de muita pressão, anos
depois, a energia permanente, sem quedas ou períodos de racionamento, foi
padronizada.
As conquistas alavancadas pela ACIC, a partir daí, não foram poucas. A
Associação esteve presente nas mais importantes tomadas de decisão do poder
público, influenciou e continua influenciando nas questões que são determinantes
para o progresso econômico do município como, por exemplo, o asfaltamento dos
48
acessos a Canoinhas, instalação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (Sebrae), Planorte e Junta Comercial, construção do Centro
Comercial e a Travessia Urbana na BR-280, nos trechos de acesso a Canoinhas;
Todas essas conquistas, aliadas a muitas outras, se devem à união de uma
classe interessada em progredir.
2.4.4 Preocupação Ambiental e Busca por Avanços
Em 21 de julho de 1951, o jornal Correio do Norte (1951, p.1) publicou
entrevista com Afonso Maria Cardoso da Veiga, chefe do serviço de Fomento da
Produção Vegetal em Santa Catarina que alerta para a devastação florestal. Ele
afirma que:
Possuímos um Código Florestal de teor avançado que, segundo informes
chegados ao meu conhecimento, mereceu sua tradução para diversas
línguas. Para nós, ele tem um grave defeito. É amplo, tão rigoroso e tão
técnico, que não pode ser posto em execução.
Pela primeira vez se um registro jornalístico local que foca a questão da
necessidade de preservar as reservas florestais.
Em 4 de agosto desse mesmo ano, uma reunião presidida pelo então
governador Irineu Bornhausen, com os prefeitos da região, expõe cinco
reivindicações, visando aumentar e facilitar o transporte da produção madeireira – 1)
energia elétrica; 2) transportes; 3) fomento para a agroindústria; 4) impostos e
evasão de rendas e 5) proteção ao comércio legal (CORREIO DO NORTE, 1951a).
Como se vê, as coisas não mudaram muito. O primeiro resultado desta reunião, veio
cerca de um mês depois: o governador de Santa Catarina Sr. Irineu Bornhausen e o
prefeito de Canoinhas (SC), Sr. Benedito Therézio de Carvalho se movimentam para
construir uma rodovia ligando Canoinhas a BR-2 (hoje Br 116).
Nessa época, a Lumber havia sido nacionalizada e fazia parte dos
empreendimentos geridos pela Superintendência das Empresas Incorporadas ao
Patrimônio Nacional. O órgão era diretamente vinculado ao gabinete da Presidência
da República. Com a posse de Getúlio Vargas na presidência e o início da escassez
de madeira na região, a Lumber demitiu num primeiro momento, 100 operários (Ibid.,
49
1951b), seguem-se outros 18 (Ibid., 1951c). O assunto rende manchetes nos jornais
Correio do Norte e Barriga Verde por várias edições.
A maior revolta é com a dispensa dos funcionários sem a indenização prevista
nas leis criadas por Vargas. Na edição 181, de 1° de dezembro de 1951 do Correio
do Norte, é divulgada a implementação do Campo de Manobras do Exército nos
terrenos da Lumber, em Três Barras.
Na edição 256 do jornal Correio do Norte (1953)
9
, Aroldo Carvalho assina
artigo defendendo a Lei da Gralha, em defesa do reflorestamento com pinheiro
nativo, advertindo que a seca e o árido nordestino foram produzidos pela devastação
das matas.
2.4.5 Anos de 1950
Uma das casas comerciais mais populares da cidade foi fundada em 1937 por
Henrique Zugman. Além da loja Novo Mundo (onde hoje está instalado o
Supermercado Novo Mundo), os Zugman tinham uma fábrica de camas e um
descascador de arroz.
Em 1951, a direção da empresa passou para os herdeiros de Henrique
Zugman, os filhos Nathan, Saul e Isaac. Das pequenas serrarias da empresa surgiria
a Indústria Zugman, dissolvida na década de 1980 para dar vez à Lavrasul, de
propriedade da mesma família, que mantém suas atividades ligadas ao setor
madeireiro.
2.4.5.1 Indústria Urano Madeireira Ltda.
Organizada em 26
de fevereiro de 1955 por Gernold Bolmann, Orlando Santi
Gatz, Walfrido Witt, Manoel Granemann Costa, Octavio Granemann Costa, Orestes
José de Souza, Altino Granemann e Manoel Granemann Souza, teve como diretor
9
Lei da Gralha – lei em defesa das matas de araucária
50
técnico Geraldo Bolmann, especialista em artefatos de madeira. A Urano fabricava
brinquedos, que eram vendidos a comércios de São Paulo e Rio de Janeiro.
2.4.5.2 Dietrich Siems & Cia Ltda.
Fábrica de esquadrias e madeiras beneficiadas, fundada em 1951 por Dietrich
Siems, Jacob Scheuer e Paulo Bohor. A Dietrich Siems estava localizada no bairro
Água Verde. As esquadrias eram, em boa parte, vendidas a Curitiba e Joinville.
2.4.5.3 Beneficiadora São Luiz Ltda.
Firma de Antônio Tomporoski, Luiz Salomon e Milton Silva, localizada no Alto
das Palmeiras. Especializada no beneficiamento de madeira.
2.4.6 Conclave Socioeconômico da Região Norte Catarinense
Entre 11 e 13 de setembro de 1959, Canoinhas foi sede de um importante
Conclave SocioEconômico que reuniu representantes de toda a região. Foi um
momento histórico para a indústria regional que rendeu um documento que
estabeleceu as principais diretrizes dos mais importantes setores industriais da
região.
Curioso constatar a discussão sobre reflorestamento discriminada no relatório
final do conclave. Herbert Ritzmann e Wiegando Olsen desenvolveram um plano de
reflorestamento embasado nas raízes históricas do assunto.
Relatam os empresários que Osny Duarte Pereira et all., na obra Direito
Florestal Brasileiro (1959, p.93) cita que o culto à silvicultura e proteção florestal
entre as primitivas civilizações “dá-nos conta de que a História Chinesa registra, na
dinastia de Chow, que durou de 1.122 A.C. a 255 A.C., uma recomendação imperial
51
para conservar as florestas”. Chin, primeiro imperador da dinastia seguinte, lebre
por suas extravagâncias, determinara a queima de todos os livros existentes, exceto
os que se referiam a árvores e florestas, o que denota o apreço, naquele tempo,
dedicado a essa riqueza natural. Ainda segundo o mesmo autor citado no conclave,
Tang (220-265) determina de modo explícito o reflorestamento de áreas
desmatadas. Sung (420-589) divulga métodos de agricultura e silvicultura. Ming, cuja
dinastia vai de 1.368 a 1.644, criou estações experimentais, sendo, daí por diante,
“notável o desenvolvimento na China, em tão importante setor, sico para a
sobrevivência desse grande povo dono de uma cultura e tradição milenares” (Ibid.,
p. 93). À época, cita o texto que foi discutido no conclave, a China ministrava cursos
universitários de Reflorestamento em 25 universidades e colégios.
Também os japoneses desenvolveram acendrados cultos à árvore e cuidaram
da conservação de matas ou zonas florestais, principiando daí, a preocupação de
evitar a formação de desertos e o perigo da erosão. “Esse, ao que sabido, o mais
recuado registro da História, com referência à questão” (PEREIRA et al. apud
RITZMANN; OLSEN, 1959, p.94).
Posteriormente, todas as nações e povos europeus vieram exercitando o
reflorestamento e elaborando leis protetoras, compreendendo a importância capital
da influência climática, prevenção da erosão e diminuição das reservas de águas e,
mais propriamente, da extinção da madeira, tão necessária à vida do homem. No
Brasil, desde os mais remotos tempos, existem normas protetoras contra incêndios.
Segundo Ritzmann e Olsen, citando Henrique Boiteux (Id. Ibid.):
[...] as medidas protetoras em Santa Catarina iniciaram-se com a Lei n.903,
de 5 de setembro de 1911, no governo de Vidal Ramos, que autorizou o
Poder Executivo a ceder à União as terras devolutas necessárias e
indispensáveis à reserva florestal perpétua. Em seguida, vieram as Leis n.
997, de 6 de outubro de 1914, do governo Felipe Schmidt, e 1629, de 4 de
outubro de 1928, do governo Adolfo Konder. ‘Não ficou nestas Leis, apenas,
mas igualmente em outras posteriores, o registro da preocupação dos
governantes, inclusive de Santa Catarina, de preservar o solo brasileiro da
pobreza decorrente de uma devastação florestal’.
Relatam, os autores que, em Três Barras, a Lumber, que serrava diariamente
800 toras de pinho, imbuia e cedro, não se dava ao trabalho de replantar tais
espécimes.
Deixava quanto ao pinheiro, à gula da gralha a execução de seu contrato.
Atrás de si, como registro macabro de sua devastadora ação, deixou uma
52
terra exaurida e uma cidade empobrecida. Tudo levou e nada deixou, em
troca, de favorável. Apenas a desolação e a miséria (Id. Ibid.).
Com a criação do Instituto Nacional do Pinho, em 1941, surgiu em Três
Barras a Estação Florestal dos Pardos, dando início ao replantio em fase
experimental e em larga escala. Foi o início da participação do Estado no replantio
do pinheiro ou araucária brasiliana (ou brasiliensis), provendo a formação de novos
contingentes de pinheiros, avançando na região pela iniciativa particular.
Para Ritzmann e Olsen, citando Pereira et al. (Id. Ibid.) “à iniciativa particular
deve também, ser concedido papel preponderante”. Os autores sustentam ainda que
o Estado devesse participar como simples financiador, provedor ou orientador
técnico, “ensejando, assim, maior resultado, no conjunto”. Apontam ainda que
Canoinhas é o município do Norte Catarinense mais apropriado para o replantio da
araucária.
2.4.6.1 Propostas do conclave
Ritzmann e Olsen (1959, p.95) referem-se a Pereira et al., relatando as
seguintes conclusões, apresentadas ao Conclave SócioEconômico da Região Norte
Catarinense:
- Que, por intermédio do Ministério da Agricultura ou do Instituto Nacional do
Pinho, se organize, dentro do município de Canoinhas, inicialmente,
ampliando futuramente para as demais, de preferência entre os pequenos
proprietários, 300 hortos florestais de um a dois alqueires cada, premiados
ou pagos como abaixo descrevemos: Em um alqueire de terreno,
previamente escolhido por um técnico (de preferência onde já houve
pinheiros, para assim evitar o mais possível, o exame do subsolo, e também
para evitar fracassos futuros), que, nesse alqueire de terreno, sejam
plantados, dentro da área do pequeno proprietário, nas distâncias
tecnicamente indicadas de 2x2 e 2x3, um total de seis mil pinheiros. - Uma
vez preparado o terreno, as sementes plantadas e germinadas, o
proprietário perceberá o seguinte: Prêmio de Cr$ 1,00 (um cruzeiro) por
pinheiro plantado e germinado, ou seja, Cr$ 6.000,00 (seis mil cruzeiros)
pelas seis mil unidades plantadas, prêmio esse que perceberá por 10 anos
consecutivos, quando então terá percebido, como prêmio total, a
importância de Cr$ 60.000,00 (sessenta mil cruzeiros) por alqueire plantado.
- Terminados esses 10 anos, será obrigatoriamente feito o desbaste de
acordo com a orientação técnica dada pelos órgãos competentes. Até o 5.º
ano, porém, o proprietário obrigar-se-á, inclusive, a manter o terreno limpo,
para franco desenvolvimento da árvore, de cuja época, então, para diante, o
horto não terá necessidade de maiores cuidados, podendo então deixá-lo
53
ao seu desenvolvimento natural, apenas cuidando que não seja atingido por
fogo, e que não sofra danos de animais viciados em comer cascas de
pinheiros. Para prevenir incêndios se obrigará, também, a manter aceiros
contra fogo. Assim, teríamos um custo para a nação, de Cr$ 10,00 (dez
cruzeiros) por pinheiro plantado com 10 anos de idade, quando então
terminará o pagamento do prêmio anual, e os pinheiros ficarão sendo de
propriedade exclusiva do proprietário do terreno, sem nada ter de indenizar
ao órgão que patrocinar os prêmios. - Nesta idade, quando então for
obrigatório o desbaste por parte do proprietário, orientada por órgão técnico,
a renda deste desbaste também será receita que reverterá em benefício do
proprietário do terreno. Devemos frisar especialmente a grande vantagem
destes pequenos hortos, na proteção contra incêndios. Sendo todos
isolados uns dos outros, dificilmente poderá haver perdas motivadas por
fogo e facilitará o controle contra pragas existentes. Estamos sugerindo
estas pequenas áreas, devido à facilidade de cada proprietário cuidar
melhor, a um preço reduzido, do que, no futuro, será seu. As pequenas
áreas não irão prejudicar o desenvolvimento normal da lavoura. Outro fator
importante é a distribuição pelo município ou região, evitando-se ainda, com
isto, que as grandes indústrias se utilizem deste financiamento ou prêmio,
que não irá preencher a verdadeira finalidade que se quer alcançar. Na
consecução de tal objetivo, dever-se-á ter a preocupação da simplicidade e
facilidade de execução e contratação entre o pequeno lavrador e o órgão
controlador, considerando-se, em especial, a generalizada simplicidade do
primeiro. Assim fazendo, teríamos uma área reflorestada de, no mínimo 300
alqueires inicialmente, a um custo final e conjunto, para a nação, de 18
milhões de cruzeiros e, ao ano, de apenas um milhão e oitocentos mil
cruzeiros, que serão compensados pela produção, por outro lado, para a
nação de um milhão e oitocentos mil pinheiros.
Em 12 de setembro de 1959, reunidos no Clube Canoinhense, as sugestões
de Olsen e Ritzmann, citados por Pereira et all. (1959), foram aprovadas por
unanimidade.
O parecer ressalta ainda que o orçamento da União para 1960 previa
Cr$500.000,00 em favor do município de Rio Negrinho, destinados para
reflorestamentos.
Aos 04 de julho de 1960, em reunião realizada nas dependências da
Sociedade Beneficente Operária (SBO), a Acic dava posse ao novo presidente,
Francisco Vilmar Friederich, para o biênio 1960/1962. Em discurso, o Dr. Aroldo
Carneiro de Carvalho, então deputado federal, declarou:
[...] e que este órgão, é a Acic, em cuja frente destaca-se a pessoa
batalhadora, dinâmica do Sr. Francisco Vilmar Friederich. Relembrou ainda,
que na ocasião em que a Comissão de Energia Elétrica havia ido à
Florianópolis, para pleitear medidas para a solução do problema da energia,
ele, lá estava também, dando a sua colaboração. Continuando em seu
discurso, disse que se rejubilava com o progresso de Canoinhas e achava
que os canoinhenses deveriam mudar de orientação, do individualismo para
o espírito coletivista, a exemplo do vale do Itajaí: Deveríamos congregar-
nos em sociedades anônimas, permitindo assim, uma maior expansão do
progresso do município e cuja responsabilidade deixava nas mãos da Acic,
no sentido de congregar os esforços visando o bem comum’ (ACIC, 1959
1961).
54
Nota-se, na mensagem do então deputado federal Aroldo Carneiro de
Carvalho, uma preocupação com os rumos da orientação de desenvolvimento do
município, onde estava prevalecendo o individualismo em detrimento do coletivo.
Segundo Sachs (2001, p.155) citado por Arbix; Zilbovicius e Abramovay:
[...] uma situação muito mais comum, entretanto, é a do crescimento pela
desigualdade, com efeitos sociais perversos: a acumulação de riqueza nas
mãos de uma minoria, com a simultânea produção de pobreza maciça e
deterioração das condições de vida. Nos casos extremos, estamos na
presença de crescimento com dês-desenvolvimento [...].
Em 05 de dezembro de 1960, em reunião da Acic, um dos assuntos foi a
proposta da criação dos municípios de Três Barras e Major Vieira. Fazendo uso da
palavra, o associado, Sr. Oldemar Mussi, empresário, manifestou-se contrário à
criação dos municípios. O Sr. Prefeito Municipal, Haroldo Ferreira, disse que em
virtude do atual governo estadual encontrar-se no final de mandato, acha que o
projeto passará na Assembléia Legislativa do Estado, embora venha a prejudicar
muito o município de Canoinhas (SC), com a criação de mais dois municípios. Foi
sugerido então a Prefeitura Municipal, que pedisse informações sobre dados
referente arrecadação dos dois distritos, bem como ao agente de Estatística Federal
desta cidade, com relação aos dados demográficos, a fim de serem informados ao
Governo do Estado e Assembléia Legislativa com voto de protesto desta
Associação.
Em reunião da Acic, em 17 de abril de 1961, foi expedido um telegrama
parabenizando ao Sr. Dr. José Ivan da Costa pela sua posse como chefe dos
Serviços Nacionais de Reflorestamento do Instituto Nacional do Pinho , solicitando a
execução do plano aprovado no Conclave Sócioeconômico Norte Catarinense, de
construir 50 pequenos hortos experimentais nesta região de Canoinhas (SC).
Na ata de 26 de fevereiro de 1962
10
, em reunião, a Associação Comercial e
Industrial de Canoinhas decidiu enviar telegrama ao primeiro ministro, Tancredo
Neves; ministro da Viação e Obras Públicas, Vergilio Távora com o seguinte teor:
Associação Comercial e Industrial de Canoinhas vg atendendo apelo seus
associados vg lança veemente protesto contra determinação extinção ramal
ferroviário Canoinhas a Marcilio Dias [...]. Retirada ramal causará graves
prejuízos Comércio e Indústria região Canoinhas, grande produtora
madeiras vg herva-mate vg cerâmica e produtos agrícolas, com parque
industrial em florenscência pt Medida causando revolta população virtude de
10
Ibid., p.26.
55
ameaçar estagnação instalações de novas indústrias de base vg papel e
celulose vg produtos de origem animal pt Confiando vosso alto espírito
público, esperamos providencias sentido anulação ato. [sic].
11
Em reunião da Acic, em 12 de agosto de 1963, consta na ata a presença do
representante da Câmara de Vereadores, Sr. Benedito Therézio de Carvalho Neto,
que assim falou:
[...] que informou a casa, estar a Câmara elaborando um projeto, com a
finalidade exclusiva de acabar de vez, por meio de impostos e taxas
cobrados devidamente, com o abuso das devastações de nossas reservas
florestais, pois esta irregularidade está se verificando de modo assombroso.
Todos na reunião apoiaram a iniciativa (ACIC, 1961-63. p., p.47).
Em 30 de julho de 1967, com a presença do Sr. Wilmar Dalanhol, diretor
financeiro das Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) realizou-se a reunião da
Acic, no qual o mesmo garantia o fim do problema da energia no município.
Salientou que a Empresa Nativa, firma especializada, estava contratada para efetuar
a nova rede de distribuição de Canoinhas (SC).
Os anos 1960 foram de grande tumulto na história política do País. O golpe
militar de 1964 colocou o Brasil em pane e refletiu em todos os setores da economia,
inclusive o madeireiro. Mudança de moeda (em 1967 passou de cruzeiros para
cruzeiros novos), alta inflação, balança comercial decrescendo, problemas nacionais
que influenciavam a todos.
Em Canoinhas, a crise de energia elétrica era um impasse para o
crescimento industrial. Parava maquinários, dificultava a produção e resultava em
dores de cabeça terríveis para os madeireiros. Empresas quase entraram na
interminável onda de falências, que se abateu sobre a indústria brasileira. Era
momento de inovar para sobreviver.
Com a criação do Banco Nacional da Habitação (BNH), em 1964, que
financiava a construção de imóveis de forma facilitada, a indústria da construção é
impulsionada e abre um mercado considerável para madeireiras, que passam a
fornecer esquadrias para as construções financiadas pelo BNH.
Em 1967, enfim, a Canoinhas Força e Luz S.A. foi incorporada à Celesc.
A cidade toda aplaudiu a feliz e esperada decisão, certa de que o Governo
do Estado nos olhará com maior carinho e atacará de pronto e de rijo a
nova rede de distribuição da cidade, única solução para resolver, em curto
prazo, o nosso problema energético em grande área da cidade (CORREIO
DO NORTE, 1967, p.1).
11
Reprodução do telegrama na integra.
56
Mesmo com crise, em 1968, surge no município de Canoinhas (SC) o Bairro
Industrial n. 01, onde a empresa Industrial e Comercial Fuck S.A. é a primeira a
instalar-se no bairro, onde permanece até hoje com o carro-chefe da Fuck, a
fabricação de portas.
Pouco depois, a Irmãos Zugman, especializada na produção de painéis
compensados, se instala no bairro.
Em 1969, a empresa Rigesa, de Três Barras, anunciou investimentos
na construção de uma nova fábrica de celulose e papel Kraft e expansão da
fábrica existente. Os investimentos foram da ordem
de NCr$ 75 milhões (cruzeiros novos) (CORREIO DO NORTE, 1969, p.1).
2.4.7 Anos 1970 – Sinais de Recrudescimento
Com a implantação dos reflorestamentos de pinus houve sinais de
recrudescimento, ou seja, uma renovação com maior intensidade a qual foi destaque
na edição n.1069 de 21 de março de 1970, do jornal Correio do Norte, que descreve
um teste de laminação de toras de Pinus elliotti feito pela empresa Rigesa Celulose
Papel e Embalagens Ltda. com uma tora fornecida pela empresa madeireira
Abrahão Mussi S.A, cuja experiência foi das mais positivas.
Embora as novas experiências trouxessem esperanças para os madeireiros,
no entanto, eram cada vez mais evidentes os sinais de que a madeira estava
escassa e que novas alternativas eram necessárias para que a indústria não falisse
por falta de matéria-prima. O pinus viria a ser o grande alavancador do processo de
transformação da indústria madeireira na região.
Em 1978, a Empresa Industrial e Comercial Fuck S.A. dá um sinal de arrojo e
compra a antiga empresa Covema, fábrica instalada em Três Barras, produtora de
chapas de compensados e laminados. Nos barracões da Covema, a Fuck passa a
produzir chapas compensadas e beneficiamento de lâminas faqueadas, que até hoje
são comercializadas com o mundo inteiro, sendo que 90% da produção da unidade
Fuck Compensados destinam-se ao mercado externo.
Em 1979, não somente as madeireiras, mas todas as empresas
canoinhenses que tinham dificuldade em escoar sua produção, receberam um
alento: o Governo do Estado inaugurou a Rodovia Miguel Procopiak, mais conhecida
57
como SC-280, que liga Canoinhas ao município de Mafra.
2.4.8 Anos 1980 – Crise se Instala
A devastação florestal empreendida pela indústria madeireira era evidente no
início dos anos 1980. Os reflorestamentos de Pinus elliottii, no entanto, começavam
a apresentar resultados e a encorajar novas empresas como a Comércio e Indústria
de Madeiras São Francisco Ltda. (Cisframa) que, além de trabalhar com a madeira,
recebe boa parte de sua renda da venda de energia excedente que produz em sua
caldeira. Atualmente, a central elétrica da empresa opera à plena capacidade,
atendendo as necessidades térmicas do processo, para o funcionamento da serraria
e da fábrica e, ainda, vendendo cerca de 2.800 kW médios de energia excedente à
concessionária local, Celesc.
A década de 1980 é conhecida como a “década perdida”
12
, uma referência à
estagnação econômica vivida no Brasil, e conseqüentemente, pela região, quando
se verificou uma forte retração da produção industrial e um menor crescimento da
economia como um todo. Para a maioria dos países, a década de 80 é sinônimo de
crise econômica, volatilidade de mercados, problemas de solvência externa e baixo
crescimento do PIB. No Brasil, a década de 80 trouxe o final do ciclo de expansão
vivido nos anos 70 (milagre econômico)
13
.
12
A década perdida, é uma referência à estagnação econômica vivida pela região durante a década
de 80, quando se verificou uma forte retração da produção industrial e um menor crescimento da
economia como um todo. Para a maioria dos países, a década de 80 é sinônimo de crises
econômicas, volatilidade de mercados, problemas de solvência externa e baixo crescimento do
PIB.No Brasil, a década de 80 trouxe o final do ciclo de expansão vivido nos anos 70 (milagre
econômico).Possui por características grande desemprego, estagnação da economia e índices de
inflação extremamente elevadas. Houve também, na década perdida, perca do poder de consumo
da população. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/A_d%C3%A9cada_perdida. Acesso em:
13. 09. 2008. [grifos no original].
13
O ‘milagre econômico’ é a denominação dada à época de excepcional crescimento econômico
ocorrido durante a ditadura militar, ou anos de chumbo, especialmente entre 1969 e 1973, no
governo Médici. Nesse período áureo do desenvolvimento brasileiro em que, paradoxalmente,
houve aumento da concentração de renda e da pobreza, instaurou-se um pensamento ufanista de
‘Brasil potência’, que se evidencia com a conquista da terceira Copa do Mundo de Futebol em 1970
no México, e a criação do mote de significado dúbio: ‘Brasil, ame-o ou deixe-o’. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Milagre_econ%C3%B4mico >. Acesso em: 13. 09. 2008. [grifos no
original].
58
2.4.8.1 Crise atinge fabricantes de compensados de Canoinhas
O secretário Etevaldo da Silva, da Indústria e do Comércio, recebeu, na
manhã do dia 27 de maio de 1983, o deputado estadual Marcondes Marcheti e
empresários fabricantes de madeira compensada da região de Canoinhas, onde se
concentra cerca de 80% da produção catarinense.
Por meio da Secretaria da Indústria e do Comércio vieram solicitar o apoio do
Governo do Estado para que se encontrem soluções para dois problemas: a
arrecadação de impostos e as dificuldades financeiras. O secretário Etevaldo da
Silva foi informado de que as empresas do setor enfrentam uma grave crise com a
retração do mercado provocada pela paralisação da construção civil, especialmente
dos programas habitacionais e de obras públicas.
Os empresários pediram, inclusive, a intermediação do secretário num
encontro com o governador Esperidião Amin e com o Secretário da Fazenda, Arno
Batschauer, para exporem as dificuldades dos fabricantes de compensados, que
estão dispensando empregados ou concedendo férias coletivas. Também
convidaram o secretário da Indústria e do Comércio a visitar Canoinhas para
conhecer a situação.
A reunião, destacada no jornal em 11/06/1983, contou com a participação do
secretário Etevaldo da Silva, deputado Marcondes Marchetti, do Partido Democrático
Social (PDS), e os empresários Saul Zugman, Luiz Fernando Freitas, da Indústria de
Madeiras Zaniolo S.A.; e Miguel Procopiack, presidente da Acic
14
.
Aliado à escassez da madeira, o cenário nacional não ajudava em nada as
madeireiras da região a sobreviver. Foi neste período que muitas empresas
diminuíram sua produção e outras faliram. Em fins da década de 1980, as
Madeireiras Zaniolo, Mussi e Olsen, ícones da ostentação e progresso, começaram
um lento processo de derrocada, ou seja, desmoronamento que culminaria em
meados da década de 1990. A crise o atingiu somente o setor madeireiro, mas
todos os setores da economia, com o fechamento, por exemplo, até de bancos,
como destaca o jornal:
14
CORREIO DO NORTE (1983).
59
A exemplo de mais oito cidades de Santa Catarina, a agência do Banco
Meridional de Canoinhas encerrou suas atividades nesta cidade na tarde de
ontem. Com o fechamento do Meridional em Canoinhas, o número de
agências bancárias na cidade fica reduzido a apenas cinco, enquanto cerca
de nove funcionários ficam desempregados (CORREIO DO NORTE, 1986a,
p.6).
Contudo, ao meio da crise, é concluída a construção dos 86 quilômetros da
rodovia BR 280, ligando Canoinhas a Porto União, sendo descrito no jornal o
material gasto na obra.
2.4.9 Anos 1990 – Outras perspectivas
A crise iminente se intensifica e, nos anos 1990, as madeireiras abrem
falências, as empresas Mussi, Olsen e Zaniolo.
Ao meio dessa crise, no final da cada de 1990, surgiu uma nova empresa
madeireira no município chamada Tecnowood, especializada na produção e
comércio de pisos de madeira maciça pré-acabados, com produção totalmente
voltada para o mercado externo.
Fábio Nabor Fuck (2005, p.1), empresário do ramo madeireiro, em entrevista
concedida ao Jornal Correio do Norte, concorda que a madeira foi, por anos,
símbolo do progresso da região, especialmente de Canoinhas. Mas não acredita que
a falência de inúmeras madeireiras canoinhenses se deva somente à falta de
madeira. “A falência se deu por vendas mal feitas, processos de fabricação
obsoletos e produção cara, sem alternativas mais econômicas”, opina. Acredita
ainda que os empresários têm que sempre pensar em lucro. “É uma necessidade de
sobrevivência”, afirma.
Para Dinoh Corte (2005, p.1), oficial da reserva da Polícia Militar de Santa
Catarina e ex-comandante do 3
O
Batalhão de Polícia Militar de SC, sediado em
Canoinhas, em entrevista diz que, a derrocada da indústria madeireira foi motivada
pela extração desordenada - “Toda indústria que só extrai, desaparece”.
60
2.4.10 Século XXI
Apesar de todos os problemas, nesta história dos últimos 67 anos do
município de Canoinhas (SC) relacionado com o seu desenvolvimento
socioeconômico, vinculado ao setor madeireiro, adentramos no século XXI, com
uma representatividade na economia do município de 40%, conforme quadro:
ATIVIDADES PORCENTAGEM ATIVIDADES
Madeireira 40% Fabricação de lâminas, chapas compensadas e
aglomeradas, portas, janelas e papel.
Agrícola 22% Cultivo de fumo, milho, soja, feijão e outros.
Comercial 20% Ramo de móveis, eletrodomésticos e materiais de
construção com a presença de grandes redes nacionais.
OUTRAS
Frigorífica 3% Abate de suínos e bovinos; preparação de carnes e seus
sub-produtos.
Cerâmica 2% Fabricação de artefatos para a construção civil.
Erva-mate 2% Beneficiamento da erva-mate.
Serviços 11% Transporte de cargas. Hotéis, restaurantes, bares.
Quadro 5 – Aspectos econômicos do município de Canoinhas – SC
Fonte: Prefeitura Municipal de Canoinhas (2008)
De qualquer forma, o segmento da madeira contribuiu para o
desenvolvimento do município de uma forma quantitativa, não atingindo o aspecto
qualitativo, cuja definição, segundo Boisier (1999, p.62) “o desenvolvimento bem
entendido é um fenômeno de ordem qualitativa, mesmo tratando-se de alcançá-lo
através de ações de tipo quantitativo”.
Assim, o desenvolvimento regional, nesta visão, precisa apoiar-se no conceito
de capital sinergético para articular nove formas de capital, quase todas de caráter
não concreto e que teriam capacidade de levar uma região no caminho seguro do
desenvolvimento.
61
2.5 CANOINHAS E O DESENVOLVIMENTO DO SETOR MADEIREIRO
É incontestável que durante o desenvolvimento econômico do município de
Canoinhas, foi o extrativismo florestal a principal fonte de renda. Durante décadas,
Canoinhas teve marcante presença com suas madeiras, alimentando os ganhos
públicos e privados do Paraná e Santa Catarina, tendo chegado a ser a quinta
economia catarinense, alicerçada nos pilares da madeira e da erva-mate.
As duas últimas décadas do século XIX assinalaram o início do extrativismo
madeireiro no município. Mesmo de forma rudimentar, foi nesse tempo que se
instalaram as primeiras serrarias movidas pela força hidráulica, considerado como o
primeiro ciclo econômico regional.
Com a instalação da madeireira Southern Brazil Lumber & Colonization
Company, na então vila de Três Barras, mais a construção do ramal ferroviário
ligando o município de União da Vitória no Paraná ao porto de São Francisco do Sul
(SC), acelerou-se em todo planalto norte catarinense a atividade madeireira devido à
maior facilidade logística. Assim, fechava-se o segundo ciclo econômico regional.
A partir de 1920, a Cia. Lumber passou a terceirizar a extração da madeira e
a produção da madeira serrada, criando condições na região para que surgissem
diversas indústrias de pequenos e médios portes. Desta forma, estava inaugurada a
terceira fase do ciclo madeireiro na região, o mais longo e devastador que vai
perdurar até princípios da década de 1980.
As matas de araucária, imbuia e cedro sofreram desenfreada devastação,
porém, contribuíram para o crescimento econômico, a hoje sustentado na
exploração madeireira.
O quarto ciclo da exploração madeireira em Canoinhas (SC) inicia-se na
metade da década de 1950, quando regionalmente são introduzidas espécies
exóticas destinadas aos reflorestamentos, como o Pinus elliotti e o eucalipto.
O município de Canoinhas, a partir de 1956, com a chegada da empresa
Rigesa Celulose Papel e Embalagens Ltda., obteve, junto ao governo federal,com o
advento da lei de incentivos fiscais (Lei n. 5106, de 2 de setembro de 1966) ,
condições para que as indústrias de base florestal passassem a investir em plantios
florestais. Desta forma, dando início aos primeiros projetos de reflorestamento,
podendo deduzir as importâncias destinadas nas declarações de rendimentos. Após
62
várias pesquisas, identificaram-se os Pinus elliottii e Pinus taeda como sendo os de
melhor adaptabilidade. No entanto, cabe lembrar que o objetivo da empresa era o
fornecimento de matéria-prima para a futura fábrica de papel e celulose, que viria a
funcionar efetivamente a partir de 1974. Porém, a empresa não se deteve naquelas
pesquisas iniciais, e apresentou estudos que buscavam respostas a problemas que
são tidos como verdadeiros problemas mundiais. Assim, ao dar continuidade,
verificou-se a necessidade de apresentar à região, alternativas para suprir a matéria
prima inclusive da indústria madeireira, isto porque a região havia passado por um
abrupto desmatamento.
Portanto, observou-se que era necessário substituir as florestas nativas para
a indústria madeireira o que provocou uma mudança local-regional, pois leis,
decretos e medidas provisórias foram formulados, a fim de garantir a perpetuação
deste segmento econômico, bem como a preservação da floresta nativa que ainda
restava. Com isto, os reflorestamentos começaram a se multiplicar ano a ano,
garantindo matéria-prima abundante e perene, aspecto que motivou uma nova
dinâmica no segmento da madeira.
Neste momento da história do segmento da madeira no município de
Canoinhas (SC), é lançada uma semente em termos de Desenvolvimento Regional,
pois estava se buscando uma estratégia, uma alternativa sustentável para uma
situação de adversidade, que era a escassez de florestas nativas que pudessem
manter a matéria-prima para as indústrias.
A partir daquele momento, conjecturando-se perspectivas, isto fez com que as
pessoas, agentes produtivos, instituições se mobilizassem, dando um sentido maior
ao trabalho, aumentando o espírito de cooperação.
No início dos anos 1970, começa o aproveitamento industrial dessas espécies
exóticas. Os incentivos fiscais também favoreceram a ampliação dos plantios,
iniciado na década de 1950, além da prática das primeiras restrições legais
destinadas à proteção ambiental.
Ainda neste início do século XXI, o gênero Pinus sp. é tido como principal
fomento da indústria madeireira de Canoinhas, garantindo o abastecimento do
mercado interno, as exportações e o emprego a centenas, senão milhares de
trabalhadores, cuja estimativa, para os municípios de Canoinhas, Três Barras, Major
Vieira e Bela Vista do Toldo, se aproxima aos 10 bilhões de árvores plantadas.
63
Em 1980, o segmento da madeira representava 27.8% das indústrias do
município de Canoinhas, em 1990, passou a representar 44.9%, isto devido ao
surgimento de micro e pequenas empresas neste ramo. No ano de 1970, existiam
em Canoinhas 38 estabelecimentos industriais madeireiros que empregavam 1.081
pessoas, já em 1980, tínhamos 30 unidades que empregavam 3.033 pessoas ( IBGE
Censo Industrial 1970-1980 p. 17). A matéria-prima principal da indústria madeireira
é o pinus e o eucalipto oriundos da região, complementados com madeiras de lei
importadas do norte do Brasil.
No aspecto tecnológico, para a produção, somente as grandes empresas da
população pesquisada detêm tecnologia atualizada com padrão internacional, ou
seja 04 empresas, 10% do total. As demais se encontram defasadas em termos de
tecnologia.
O município de Canoinhas encerrou o ano de 2008, com 1.508 trabalhadores
vinculados ao segmento da madeira, representando 3% da população total do
município com produção de 960.000 unidades de portas, 120.000 m3 de chapas de
compensados e 72.000 m3 de madeira serrada.
2.6 MATERIAL E MÉTODOS
2.6.1 Caracterização do Estudo
Este trabalho consiste em uma pesquisa aplicada para esclarecer como se
deu o desenvolvimento do município de Canoinhas (SC), no período de 1940/2007
por intermédio do segmento da madeira. Através de um questionário aplicado aos
gestores das indústrias foram obtidas informações do atual cenário de
desenvolvimento e com a revisão de bibliografias, consultas a atas e estatutos de
associações, levantaram-se dados objetivos e subjetivos. Tendo como amostra os
empresários associados ao Sindicato da Madeira foram coletadas opiniões,
sugestões e houve a constatação de fatos.
A estrutura está fundamentada na normatização dos trabalhos acadêmicos da
64
Universidade do Contestado.
2.6.2 População e Amostra
A população envolvida nesta pesquisa atinge a totalidade das empresas
cadastradas junto ao Sindimadeira Canoinhas (SC), Sindicato dos Madeireiros de
Canoinhas, ou seja, é composta de um grupo de 42 (quarenta e dois) madeireiros ou
seus representados (diretores e/ou gerentes) denominados: Adélcio Paulo, Alma
Indústria e Comércio de Madeiras Ltda., Cimar Indústria e Comércio de Madeiras,
Cisframa Comércio e Indústria de Madeiras São Francisco Ltda.,Comercial Fedalto
Ltda., Compensados e Laminados Lavrasul S/A, Diter Hermann Muller, Eduardo
Francisco Gruber, Empresa Industrial e Comercial Fuck S/A, Exata Painéis, Indústria
e Comércio de Madeiras Artner Ltda., Indústria de Madeiras Steilen Ltda.Indústria de
Madeiras JCF Ltda., Justina Greim Fuck, Lauro Ademir Balão, Madeireira Balão
Ltda., Madeireira João Paulo, Madeireira Paul, Madeireira Salseiro, Manumad
Indústria e Comércio de Madeiras, Marcelo Munhoz, Matos Artefatos de Madeiras,
Miguel Freitas Sobrinho & Cia. Ltda., Neri de Santi, Ovande Martins & Cia. Ltda.,
Paulo Kriezinji & Cia. Ltda., Procopiak Compensados e Embalagens S/A, Raimundo
Dambroski, Roal Comércio de Madeira Ltda., São João Madeireira, Sebastião
Gracias de Almeida, Serraria e Beneficiamento de Madeira Sebema, Serraria Jodiras
Ltda., Serraria Osmar, Tamacon Indústria e Comércio Ltda. Tecnowood, Valdir
Giovani Lazzari, Voigt & Ferreira Ltda., White Stone Comercial Exportadora Ltda.,
Wrubleski & Cia. Ltda., Zaniolo Madeira e Agropecuária Ltda., ZM4 Indústria e
Comércio de Madeiras Ltda.
2.6.3 Instrumentos de Coleta de Dados
Os instrumentos de coleta de dados adotados neste trabalho foram
documentos, obtidos através de estudos em livros, atas, aplicação de questionário
aos gestores, bem como entrevistas com pessoas que estiveram envolvidas com as
65
empresas do setor no período.
O município de Canoinhas (SC) tem, no segmento da madeira, uma das
molas propulsoras de sua economia, sendo responsável por 40% da movimentação
financeira, demonstrado no Quadro n. 5.(Prefeitura Municipal de Canoinhas – 2008)
Para o desenvolvimento da pesquisa, buscou-se as empresas cadastradas no
Sindicato da Indústria de Serrarias, Carpintarias, Tanoarias, Madeiras
Compensadas, Aglomerados e Chapas de Fibras de Madeira de Canoinhas,
totalizando 42 empresas,
O estabelecimento desta classificação foi adotado baseando-se, na
empregada pelo FIESC (1999), em semelhança com a classificação
empregada pelo SEBRAE, que distribui as empresas da seguinte forma: de
0 a 19 empregados micro empresa, de 20 a 99 empregados pequena
empresa, de 100 a 499 empregados média empresa e, empresas com
500 ou mais empregados são consideradas grandes empresas (MAIEVSKI,
2002, p.96).
A Classificação das Empresas conforme filiação do Sindimadeira no Município
de Canoinhas (SC):
CLASSIFICAÇÃO DA EMPRESAS
MICRO MÉDIA GRANDE TOTAL
Absoluto % Absoluto % Absoluto % Absoluto %
38 87,50 1 3,12 3 9,38 42 100
Tabela 5 - Classificação quanto ao tamanho das empresas filiadas ao
Sindimadeira – Canoinhas (SC)
Fonte: Dados da Pesquisa (2008)
66
2.7 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
A população do universo da pesquisa, em seu início, ano de 2008, era de 42
empresas associadas ao Sindimadeira, a qual, no decorrer da mesma, constatou-se,
que dez delas já não existiam, sendo: Adélcio Paulo, Cimar Indústria e Comércio de
Madeiras, Eduardo Francisco Gruber, Indústria e Comércio de Madeiras Artner Ltda.,
Madeireira João Paulo, Miguel Freitas Sobrinho & Cia. Ltda.,Raimundo Dambroski,
Sebastião Gracias de Almeida, Serraria e Beneficiamento de Madeiras Sebema, e
Zaniolo Madeira e Agropecuária Ltda.
A partir da questão problema voltada para a população deste universo de
pesquisa elaborou-se 07 questões, que pudessem dar alguma resposta à seguinte
indagação: “Que influências sociais, culturais e econômicas determinaram o
desenvolvimento do município Canoinhas após a introdução das espécies exóticas
no setor madeireiro?”. Junto aos 32 representantes das empresas, o primeiro
questionamento foi sobre quais produtos que foram fabricados nas últimas 6 (seis)
décadas.
PRODUTOS DÉCADA DE
1940
Nativo
DÉCADA DE
1950
Nativo
DÉCADA DE
1960
Nativo
DÉCADA DE
1970
Nativo Pinus
Madeira Serrada 54 200 120 80 2
Caixas 05 05 05 05
Lâminas 03 03 03 08
Móveis 04 04 06 06
Montagem de
carroças
20 12 06 1
Carpintarias 14 11 7 3
Brinquedos 1
Compensados 03 03
Tabela 6 – Produtos fabricados nas últimas seis décadas em Canoinhas (SC)
Fonte: Dados da pesquisa (2009)
67
É observável que entre a década de 1950 e 1960 o auge do setor madeireiro
era o extrativismo das espécies nativas, araucária, imbuia e canela guaicá, pois os
dados da quantidade de madeira serrada ficaram entre 200 empresas, em 1950,
com a redução para 120 empresas, no ano de 1960. Destaca-se que em, 1970 o
número de estabelecimentos reduz para 80, despontando o início com duas
empresas explorando a espécie exótica do pinus.
DÉCADA DE 1980 DÉCADA 1990 ANO 2007 PRODUTOS
Nativo Pinus
Eucalip
to
Nativ
o
Pinu
s
Eucalip
to
Nativ
o
Pinu
s
Eucalip
to
Madeira Serrada 16 16 16 16 16 16
Madeira Beneficiada 20 22 22 22 22
Produto sob projeto 02 02
Compensados 03 03 03 03 03
Portas 03 03 03 03 03 03
Clears, Blocks
Fingers
03 05
Caixas de madeira 02 02 04
Móveis 04 01 03
Cavaco/Serragem 01
Camas 01
Carrocerias 01 01 01
Lâminas 01 01 01
Componentes
p/cabos vassouras
01 01
Tabela 6 Continuação – Produtos fabricados nas últimas seis décadas em
Canoinhas (SC)
Fonte: Dados da Pesquisa (2009)
Em anos anteriores a 1990, em destaque na Tabela 6, a madeira nativa era a
matéria- prima mais usada, tanto de origem da região, como oriunda do norte do
Brasil. O pinus, na década de 1980, começava com duas empresas a ser introduzido
e ganhar corpo em função da escassez das nativas, e o eucalipto praticamente não
era usado. é observável que na Tabela 6, no final dos anos 1980 e meados da
década de 1990, o número de empresas chega em 16 na exploração direta do
pinus. Entretanto, observa-se que ocorreu em 2007 a redução para duas empresas
explorando a madeira nativa e o número de 22 empresas explorando o pinus e o
eucalipto.
Na década de 1990, a madeira nativa ainda era bastante usada, proveniente
do norte do Brasil. As leis ambientais não permitiam mais o corte de árvores nativas
68
e o pinus passou a ser usado em grande escala, sendo que o eucalipto, neste
período, ainda era madeira para o futuro.
No ano de 2007, o pinus foi a matéria-prima da indústria da madeira,
juntamente com o eucalipto, formando produtos chamados de ecológicos, não
necessariamente, cada vez mais exigidos pelos consumidores.
Observando-se a tabela 6 pode-se concluir que não houve inovação que
consiste na introdução de novas combinações produtivas ou mudanças nas funções
de produção, cujo conteúdo é dado tipicamente por novos produtos, novos métodos
de produção, abertura de novos mercados, novas formas de organização e que
constituem o impulso fundamental que aciona e mantém em movimento a máquina
capitalista. Em nenhum momento, ao longo desses 67 anos, houve uma mobilização
do setor para construção de um projeto de desenvolvimento com mais participação
social, mais eqüidade e sustentabilidade. Os avanços se revelaram pequenos, onde
a grande maioria das empresas não acompanhou a evolução tecnológica, a qual
poderia proporcionar agregação de valor aos produtos. Elas se limitaram a produzir
o que era mais simples e rápido de transformar em valores, deixando de melhorar o
sistema, com novas metodologias de trabalho, investimentos nas habilidades
humanas, para conseguir uma maior eficácia.
A explicação dada por um dos empresários para a não inovação em produtos
foi de que a cultura dos empresários da madeira sempre foi a de produzir grandes
volumes, desde o início das atividades, ou seja, portas, compensados, serrados, os
quais são considerados commodities, produto básico, cujo preço é determinado pelo
mercado internacional. O potencial florestal da região não gerou renda e agregação
de valores em função de diversos fatores, entre eles a forma de gestão, que se
mostrava individualizada, sem integração visando ao bem coletivo.
Na questão sobre cultura da produção, com a transição da matéria-prima
nativa para o pinus, os resultados constam na Tabela 7:
69
Aspectos Respostas
Escassez matéria prima, necessidade 20
Adaptação gradativa a madeira de pinus 01
A partir dos incentivos governamentais para solucionar a falta de
matéria-prima nativa
01
Avanço da agricultura 01
Não trabalham com madeira de pinus 05
Tabela 7 - Cultura da produção do setor madeireiro que passou do extrativismo
à produção com madeiras de reflorestamentos
Fonte: Dados da Pesquisa (2008)
Neste questionamento, 71,42% das respostas foram que a necessidade
obrigou, confirmando os relatos históricos de que a grande maioria dos madeireiros
não acreditava na espécie pinus como alternativa para a indústria madeireira,
chegando-se, segundo relatos de um empresário, após ter sido plantado mais de 20
hectares da espécie, a mandar arrancar toda a plantação.
A adaptação gradativa, a partir dos anos 1980, após todos os incentivos
governamentais efetuados na década de 1960, foram iniciativas de poucos
empresários, os quais hoje detêm maior poder de competição em Canoinhas. Outro
aspecto relatado também foi o fator agricultura, a produção de batatas, que com a
chegada dos agricultores japoneses, na década de 1970, necessitando de vastas
áreas para o plantio, devastaram grandes áreas de matas nativas, as quais foram
em sua maior parte queimadas.
Segundo relato de um dos empresários, eles eram comunicados que na
semana X a colônia japonesa iria derrubar florestas na localidade Y, assim quem
quisesse aproveitar um pouco da madeira que se preparasse para retirá-la. Como
era impossível de se acompanhar o ritmo da derrubada, efetuada com tratores de
esteira, a maior parte das árvores eram amontoadas e queimadas ou simplesmente
apodreciam. O avanço da agricultura e o desperdício da matéria-prima básica da
indústria da madeira mostravam a escassez e as dificuldades futuras, levando todos
a buscar a alternativa pinus para a continuidade da empresa.
70
Espécie Respostas Sim Respostas Não %
Araucária (Araucária
Angustifolia)
23 79.4%
Canela-Guaíca ((Ocotea
Puberula)
13 44.8%
Pessegueiro Brabo (Prunus
Sellowii)
06 20.7%
Bracatinga ( Mimosa
Scabrella)
19 65.5%
Cedro ( Cedrela Odorata)
03 10.3%
Vassourão Branco
(Piptocarpha Angustifólia
Dusén
02 6.9%
Nenhuma 03
Tabela 8 – A possibilidade do desenvolvimento de pesquisas com espécie
nativa economicamente viável
Fonte: Dados da Pesquisa (2008)
Torna-se visível, na tabela 8, que existe um desejo latente nos empresários
de que fosse viabilizada alternativa para a produção com espécies nativas da região,
além das espécies exóticas pinus e eucalipto.
Alguns empresários entusiastas disseram que é possível abastecer o mundo
com madeira de qualidade e maior dureza. Algumas das espécies citadas pelos
empresários com possibilidades de tornarem-se economicamente viáveis, como o
Vassourão, Canela Guaicá, Cedro e Pessegueiro Brabo, segundo Facin (2005),
possuem um estudo detalhado ao longo de toda a cadeia produtiva das essências,
iniciando com trabalhos referentes à germinação de sementes e encerrando com a
utilização do material. Ressaltando ainda e recomendando a continuidade dos
estudos das características físicas e mecânicas destas espécies para melhor
conhecer e divulgar o seu potencial madeireiro e, assim, impulsionar o seu manejo e
cultivo, como alternativas ao reflorestamento que hoje é quase que totalmente
voltado à monocultura de espécies exóticas.
Segundo um dos empresários, o pinus, na época, impediu a evolução das
pesquisas para o melhoramento genético da araucária, o qual vinha sendo
estudado, inclusive com um experimento apresentado no Conclave Socio econômico
da Região Norte Catarinense, realizado em setembro de 1959, no qual os senhores
Herbert Ritzman e Wiegando Olsen apresentaram uma proposta para reflorestar
com araucária e apresentaram os dados estatísticos de amostras com 17 anos.
71
(CM) (M3) (M3)
UNIDADE DIAMETRO M/3 PARCIAL M/3 TOTAL
01 Pinheiro 08 0.060 0.060
03 Idem 11 0.069 0.207
06 Idem 14 0.112 0.672
04 Idem 17 0.146 0.584
17 Idem 20 0.230 3.910
16 Idem 22 0.276 4.416
22 Idem 25 0.358 7.836
18 Idem 28 0.450 8.100
18 Idem 30 0.518 9.324
12 Idem 33 0.638 7.656
06 Idem 36 0.744 4.464
08 Idem 39 0.870 6.960
02 Idem 42 1.110 2.220
133 Unidade 56.409
Quadro 5 - Pinheiros plantados em setembro de 1942 Distância entre árvores
3x3m
Fonte: Ritzmann; Olsen (1959, p.97) – Adaptado por Nascimento (2008)
Nota: Resultado: Comprimento médio do tronco – 24 pés – 7,32 metros
Média 0.424 m/3 por pinheiro em 17 anos
Pinheiros plantados em setembro de 1942 – Distância 5x7m
Resultado: Comprimento médio do tronco – 22 pés 6,70 m.
UNIDADE DIAMETRO M/3 PARCIAL M/3 TOTAL
01 Pinheiro 11 0.063 0.063
03 Pinheiros 20 0.210 0.630
06 Idem 22 0.254 1.524
04 Idem 25 0.328 1.312
20 Idem 28 0.412 8.240
28 Idem 30 0.472 13.216
33 Idem 33 0.572 18.876
26 Idem 36 0.680 17.680
19 Idem 39 0.798 15.162
05 Idem 42 0.926 4.630
02 Idem 44 1.018 2.026
03 Idem 47 1.160 3.480
01 Idem 50 1.314 1.314
151 Idem 88.163
Quadro 6 - Pinheiros plantados em setembro de 1942 Distância entre árvores
5x7m
Fonte: Ritzmann; Olsen (1959, p. 98)
Nota: Média 0.583 m/3 por pinheiro em 17 anos - variedade Caiová
72
Observa-se que a preocupação com a sustentabilidade e renovação das
matérias-primas para manter a indústria da madeira com essências nativas, com
pequeno grau de melhoramento, vem de longa data, infelizmente a teoria nem
sempre se torna prática e a experiência deste caso não se tornou realidade. Isto
também em função das políticas públicas incentivarem, na época, somente o
reflorestamento com essências exóticas. Nenhum empresário em consciência
investiria em algo incerto e duvidoso, mas sim naquilo que era um programa de
governo, do momento, que dava todo o apoio e subsídios.
Segundo Carvalho (2008, p.3), “diversificar as espécies de árvores para a
produção de madeiras é uma questão de sobrevivência”; este alerta foi feito em um
encontro da Associação Catarinense de Empresas Florestais, realizado na
Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa
Catarina (Fapesc). O pesquisador lembrou-se da árvore de canafístula plantada no
oeste do estado de Santa Catarina, que tolera solos de baixa fertilidade e cresce três
metros por ano, além de dar belas flores amarelas. Citou também a bracatinga, que
lembra a espécie carvalho e é usada em móveis de luxo que fazem sucesso no
exterior. Disse ainda que há que se usar melhor nossos recursos naturais, mas para
isso é preciso ter ajuda do governo, linhas de crédito e financiamento à pesquisa.
Segundo os empresários, um grande projeto deveria ser elaborado visando
ao desenvolvimento florestal do município, estruturado na criação de um
zoneamento ambiental onde as espécies nativas citadas poderiam ser plantadas e
futuramente exploradas, formando um ciclo perpétuo como o do pinus e eucalipto
nos dias atuais.
Uma das sugestões seria fazer uso do espaço pertencente ao IBAMA e
Campo de Instrução Marechal Hermes (CIMH), no município de Três Barras, para
instalação de um viveiro permanente em parceria com Universidade e outros órgãos
no desenvolvimento das sementes e seu melhoramento genético. Sugeriu-se,
durante a pesquisa que também espécies nativas de árvores frutíferas fossem
plantadas para manter a fauna e a flora da região.
Esses corredores ecológicos poderiam ser aproveitados de forma sustentável,
atendendo necessidades diversas e melhorando a qualidade de vida e o meio
ambiente.
Os empresários também entendem que o município deveria delimitar espaços
para o plantio de pinus, evitando a pressão sobre o que resta de mata nativa. Se
73
houve o tempo em que a vilã destruidora da floresta nativa era a pecuária e a
agricultura, nos dias atuais é muito forte a demanda por áreas para reflorestamentos
com pinus, o que tem ocasionado muita devastação, mesmo em locais considerados
de preservação permanente.
Alternativas Respostas %
Sim 06 17.70
Não 22 69.80
Não Responderam 04 12.50
Tabela 9 - A mão-de-obra atende as necessidades do setor madeireiro, na
busca de qualidade e produtividade
Fonte: Dados da Pesquisa (2008)
Nesta questão, pode-se observar que 69.80 % dos empresários concordam
que a mão-de-obra não atende as necessidades do segmento, não iniciativas
nem dos empresários e órgãos de ensino profissionalizante de se investir forte na
qualificação, buscar alternativas de valorização do segmento, pois conforme a
opinião de empresários, os jovens de hoje consideram ser depreciativo trabalhar na
área de produção de uma fábrica de produtos da madeira, pois a indústria é pobre
no sentido de não pagar um salário condizente, o proporcionando perspectivas
mais concretas como ocorre com outros segmentos, devido ainda à existência de
mentalidade extrativista.
O alto índice de rotatividade existente comprova a afirmação do empresário,
que julga necessário um grande projeto para solução desse problema, com escolas
profissionalizantes, mudanças na legislação trabalhista que permitam ao jovem
aprendiz, na faixa etária de 14 a 15 anos, estagiar em empresas com o objetivo de
conhecer, experimentar, desenvolver suas aptidões e tomar gosto pela atividade. É
necessário romper o paradigma, criar um novo modelo de valorização do segmento,
uma mudança organizacional que, segundo Amboni e Andrade (2007, p.161-2),
“podem ser planejadas e não planejadas”. A mudança planejada pode ser definida
como aquela promovida pela organização, para que esta se ajuste às mudanças no
ambiente externo e alcance novo objetivos. A mudança planejada pode ser definida
também como o projeto e a implementação deliberados de uma inovação estrutural,
de uma política ou objetivo, ou de uma mudança na filosofia, no clima ou no estilo
gerencial. A mudança planejada busca preparar toda a organização para se adaptar
74
à mudança significativa em seus objetivos e direcionamentos. Geralmente são três
os motivos básicos para a realização das mudanças: as mudanças do ambiente
direto e do indireto ameaçam a sobrevivência da organização; as mudanças
ambientais oferecem oportunidades de prosperidade; a estrutura da organização
está reduzindo sua velocidade de adaptação às mudanças ambientais.
Desta forma, o segmento econômico da cadeia produtiva da madeira, no
município de Canoinhas, em função das dificuldades oriundas em relação à mão-de-
obra (capital humano) e sua melhor qualificação profissional, bem como inserção
como cidadão nestes tempos de globalização, deve buscar nos conhecimentos
científicos do Serviço Social, através de uma gestão social, as melhorias
necessárias para enfrentar a competição.
Partindo dos objetivos corporativos, o profissional do Serviço Social pode
buscar articular valor, fins e modalidades de intervenção capazes de tornar a ação
profissional apta a ser reconhecida pelo requisitante-empregador, quebrando assim
o paradigma de que o assistente social realizará somente o assistencialismo.
A gestão social deve ser implementada como um gerenciamento nesta
cadeia, visando à inserção social do trabalhador, transformando-o em um ser
cidadão, com direitos, deveres, reduzindo os conflitos, criando um espírito
cooperativo, onde a promoção social contribua para a reintegração da força de
trabalho às novas exigências do processo de acumulação de capital.
Portanto, na cadeia produtiva da madeira, no município de Canoinhas, urge
por parte dos empresários reverem seus conceitos sobre a gestão social, pois ela
poderá responder crítica e criativamente às exigências colocadas pela
reestruturação produtiva, defender suas condições de trabalho e resistir às práticas
de passivização que são, a rigor, os grandes desafios que estão postos para o
assistente social e para os demais trabalhadores “que vivem do seu trabalho”
(MOTA, 2000, p. 118-9).
Como conseqüência da agregação de conhecimento aos trabalhadores, via
gestão social, incorporando-o de fato e de direito ao sistema, fazendo-o poder
exercer a cidadania na acepção da palavra, ter-se-á maior probabilidade de obter-se
produtividade e poder de competitividade, e todos ganharão, culminando com o
desenvolvimento. Segundo um empresário e outros autores, um trabalhador
qualificado proporciona 20% a mais em termos de produção sem aumento de custo,
75
gerando, portanto, redução de desperdícios e, conseqüentemente produtividade
superior. Entretanto, as empresas não investem em treinamento, qualificação.
Requisitos Número de Respostas
Projeto macro 28
Cooperação 28
Valorização 28
Tecnologia 28
Gestão Profissional 02
Aproveitamento integral das florestas 01
Políticas públicas 28
Tabela 10 - Requisitos necessários para que o setor madeireiro continue tendo
capacidade de competir
Fonte: Dados da Pesquisa (2008)
Basicamente toda a população do universo de pesquisa foi unânime em dizer
da necessidade de um projeto macro para o segmento da madeira, o qual deverá
contemplar todos os aspectos da gestão, recursos humanos, tecnologia, pesquisa e
desenvolvimento.
Entretanto, ficou evidente que nada mudará se o setor não iniciar um
processo de articulação no sentido de cooperação, fator este que passa pelo
conceito de capital social, aspecto propulsor do desenvolvimento. No entendimento
de Robert Putnam, citado por Birkner (2006, p.15), o termo está relacionado às
“características da organização social como confiança, normas e sistemas que
contribuam para aumentar a eficiência da sociedade, facilitando as ações
coordenadas”
Uma alternativa para ser inserida em um projeto no segmento da madeira
seria o de Sistemas, arranjos e núcleos produtivos locais. Os Sistemas Produtivos
Locais (SPLs) representam uma fase evolutiva em termos de divisão de tarefas
entre as diversas empresas que o constituem. As sinergias resultantes dessa
complementaridade e especialização tendem a favorecer a eficiência coletiva,
facilitando a inovação e gerando benefícios para os produtores e mercados
envolvidos com o negócio.
Nos sistemas produtivos locais
[...] a interdependência, articulação e vínculos consistentes resultam em
interação, cooperação e aprendizagem, com potencial de gerar o
incremento da capacidade inovativa endógena, da competitividade e do
desenvolvimento local. Exemplos de sucesso destes sistemas são a
76
produção de calçados no Vale dos Sinos no Rio Grande do Sul, a região da
Itália conhecida como ‘Terceira Itália’ e o Vale do Silício nos Estados Unidos
(AMORIN, 2007, p.69).
Neste projeto de reorganização do segmento da madeira, questões como a
valorização do madeireiro, rompendo o paradigma de destruidor da natureza e a
revisão das leis ambientais seriam os primeiros passos para a retomada da auto-
estima dos empresários do setor que entendem que políticas públicas para o setor
florestal e madeireiro deveriam ser implementadas da mesma forma que ocorrem
com o agronegócio, isto em função da representatividade do setor para a economia
do Brasil.
Conforme constatado na pesquisa, ouvindo-se explicações dos empresários,
as leis ambientais não promovem a proteção ambiental, mas sim, possibilitam a não
proteção. Segundo eles, a lei é rigorosa, mas faltam projetos que permitam o
aproveitamento das espécies como araucária, as quais poderiam ser replantadas.
Hoje a espécie é cortada ao nascer para evitar o crescimento, desta forma, a lei não
protege a natureza, mas sim a prejudica. Este é um aspecto crítico urgente a ser
equacionado para a sobrevivência do setor, afirmam.
Outro aspecto relatado pelos empresários é a questão da gestão do
segmento da madeira, o qual não se enquadrou nas necessidades do mundo
globalizado. Prevalecendo uma gestão familiar que não possui as habilidades
necessárias para adaptar-se aos novos tempos de concorrência acirrada e
mudanças organizacionais.
Assim, na composição deste projeto macro, seriam contemplados todos os
aspectos apontados pelos empresários na Tabela 10, buscando novas técnicas de
gestão, sistema de qualidade, certificação, programas de desenvolvimento de
produtos, formação de mão-de-obra técnica e gerencial, apoio para a participação
em feiras e rodadas de negócios, infra-estrutura para atividades cooperativas (
instalações, equipamentos e laboratórios), formação de mão-de-obra em Pesquisa e
Desenvolvimento com universidades, inserção nos programas de apoio à exportação
e incentivo a programas de responsabilidade social.
77
Aspectos Número de Respostas
Custo Brasil 28
Burocracia 28
Carga Tributária 28
Logística 04
Cambio 04
Tabela 11 - Dificuldades do setor madeireiro no município de Canoinhas (SC),
com a atual situação econômica do país
Fonte: Dados da Pesquisa (2008)
Todos os aspectos enumerados nas respostas dos empresários se encaixam
nas questões de Custo Brasil, que segundo o Dicionário Houaiss (2001) significa o
conjunto dos custos da produção no Brasil em relação aos dos concorrentes
estrangeiros, ou seja, burocracia, carga tributária, logística, câmbio, entre outros, os
quais, de longa data, afligem o empresariado brasileiro. Não linhas de crédito
específicas para o setor, os empresários têm pouco conhecimento dos programas
de financiamento e por isso grandes dificuldades para ter acesso. Quando
conseguem créditos, uma demora excessiva para a concessão. A carga tributária
penaliza o segmento que ainda sofre concorrência predatória com a guerra de
preços.
Fatores Número de Respostas
Infra-estrutura 23
Reflorestamentos 23
Tecnologia 23
Agricultura 23
Mão de Obra 23
Comércio 23
Nenhum 05
Tabela 12 - Fatores que podem ser incluídos no desenvolvimento econômico
de Canoinhas (SC)
Fonte: Dados da Pesquisa (2008)
Sem dúvida, os fatores de desenvolvimento apontados pelos empresários
advindos do segmento da madeira proporcionaram o crescimento do município de
Canoinhas (SC), apesar de que alguns responderam que não existe nenhum.
78
Boisier (2006, p.69) escreve o conceito de desenvolvimento que se encontra,
no momento,
[...] numa fase de transição entre a antiga concepção, que o assimilava à
idéia de crescimento econômico e, por conseguinte, a algo objetivo,
quantificável e associado à conquistas materiais, e a nova concepção, que o
representa como processo e estado intangível, subjetivo e intersubjetivo, e
que está associada mais com atitudes e menos com conquistas materiais.
Desenvolvimento sustentável é “o desenvolvimento que satisfaz as
necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações
satisfazerem as suas próprias necessidades” (RELATÓRIO BRUNDTLAND, 1987,
p.9 apud MOLINA In: SIEDENBERG, 2006, p.73.)
Segundo Siedenberg (Ibid., p.83), “a estratégia que enfatiza o
equacionamento das necessidades básicas como modelo de desenvolvimento
configurou-se a partir da década de 1970”. A adoção de políticas
desenvolvimentistas baseadas na modernização, durante a década de 1960, trouxe
certo grau de crescimento econômico para alguns países, sem que os mesmos
obtivessem resultados satisfatórios na esfera social.
Partindo destas abordagens de Desenvolvimento Regional, Desenvolvimento
Sustentável e estratégia como modelo, os empresários do segmento da madeira
estão corretos em apontar aqueles fatores como inclusos no desenvolvimento do
município. Mesmo os que não apontaram nenhum fator também estão, tendo em
vista a obtenção de desenvolvimento quantitativo somente, pois o segmento não
proporcionou resultados no aspecto social.
Segundo Santos Sílva (2005, p.134), citando Tenani,
[...] argumenta que não há outra maneira de um país crescer de forma
sustentada, senão por meio da acumulação conjunta dos dois insumos de
produção: capital físico, por meio de poupança e investimento, e capital
humano, pela educação; em decorrência afirma que capital humano e
investimento em educação não estão ligados somente ao campo social,
mas também ao campo econômico. O crescimento baseado apenas na
acumulação de capital físico enfrenta difícil restrição econômica: é sujeito a
retornos decrescentes de escala e, por isso, tende a se extinguir, uma vez
que não é possível alocar os mesmos insumos de produção,
indefinidamente, de maneira cada vez mais eficiente. Em médio prazo, a
produtividade marginal desses insumos diminui, exaurindo-se o crescimento
econômico, que pode tornar-se insuficiente até mesmo para compensar a
depreciação do capital e o crescimento da população.
Daí que, reitera Tenani, sem o acúmulo de capital humano, não existe
crescimento econômico sustentado. A dinâmica que surge da interação entre
79
poupança e educação tem por efeito influência mútua entre a produtividade do
capital humano e a do capital físico, resultando em que a lei dos rendimentos
decrescentes deixa de ser um fator limitante para o processo de crescimento
econômico. Portanto, países e regiões que possuem um sistema educacional mais
produtivo, gerando mais capital humano e mais qualificado, tendem a crescer mais
rapidamente, no médio e longo prazo.
2.8 CAPITAL SOCIAL, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, SINERGIA E A
ATIVIDADE ECONÔMICA DA MADEIRA NO MUNICÍPIO DE CANOINHAS (SC)
Os desafios do terceiro milênio podem ser sintetizados na seguinte
expressão: “As coisas não acontecem; é preciso fazer com que aconteçam”
(RODRIGUES, 1997, p.18). Aspectos como recursos naturais escassos,
desestatização das economias, livre mercado forçam a uma nova percepção de
organização empresarial e desenvolvimento regional.
Esta mudança de paradigma implica em riscos e oportunidades, que
demandam novas idéias, metodologias e técnicas que possam melhorar o
crescimento econômico, dentro do contexto social, ambiental, político, cultural. Isto
passa pelo capital social, bem articulado, que deverá estar atento a estas
transformações.
Em Santa Catarina, foi criada pela Lei Complementar Estadual n. 243, de 30
de janeiro de 2003, as Secretarias de Estado do Desenvolvimento Regional
“que promovem o intercâmbio entre o governo do Estado, as Prefeituras Municipais
de sua região, órgãos federais, órgãos estaduais, indústria, comércio e turismo,
aportando recursos para o desenvolvimento da região” (SDR/CANOINHAS, 2008,
p.7).
Com este sistema descentralizado, o objetivo principal do governo é fazer
com que o capital social de cada região que detém uma secretaria se articule,
atingindo seus objetivos previamente projetados mais rapidamente, pois as
decisões, quando tomadas no nível mais próximo da população interessada,
garantem eficiência, eficácia e efetividade.
80
Diante da realidade que nos aponta severas desigualdades regionais,
expressas por meio de múltiplas escalas, o tema de desenvolvimento
regional vem retomando importância crescente nos debates e na
formulação de políticas blicas no Brasil. Depois de um período em que foi
relegado a um plano por demais secundário, levando a um processo de
desestruturação de instituições, de métodos, instrumentos e mecanismos, o
tema foi resgatado [...] (ZAPATA, 2007, p.5).
O desenvolvimento regional é um fator motivador de muitos pesquisadores na
atualidade. Em nível mundial, se pode citar Putnam (2002), em sua obra
“Comunidade e Democracia a experiência da Itália Moderna”, evidenciando que a
descentralização político-administrativa do país, com a criação de governos
regionais foi fator preponderante para o desenvolvimento. A pesquisa também
mostra a importância do capital social, entretanto, enfatiza o efeito da ação das
instituições políticas sobre o mesmo.
O desenvolvimento regional é uma estratégia para mudar uma situação de
adversidade. O capital humano e o capital social o os eixos mais importantes
desta estratégia; o capital humano são as pessoas com habilidades e competências
enquanto o capital social o as pessoas articuladas e organizadas. Uma região
possui capital social quando existem organizações sociais atuantes, que se
comunicam entre si; quando existem confiança e espírito de cooperação entre as
organizações sociais e as instituições.
Esta estratégia chama para a ação, mobiliza as pessoas, os agentes
produtivos e as instituições, sentido ao trabalho, torna as pessoas da região
protagonistas e sujeitos da história.
Desenvolvimento Regional significa melhoria da qualidade de vida da
população, maior participação nas estruturas de poder, autonomia e independência,
compreensão do meio ambiente como ativo de desenvolvimento, igualdade de
oportunidades entre homens e mulheres, e a construção de novos paradigmas
éticos, que apontem para modelos de desenvolvimento mais sustentáveis que
contribuam para a felicidade e a realização humana.
Putnam (2002, p.177) afirma que a superação dos dilemas da ação coletiva e
do oportunismo contraproducente daí resultante depende do contexto social mais
amplo em que determinado jogo é disputado:
A cooperação voluntária é mais fácil numa comunidade que tenha herdado
um bom estoque de capital social sob a forma de regras de reciprocidade e
sistemas de participação cívica. [...] Aqui o capital social diz respeito a
características da organização social, como confiança, normas e sistemas,
que contribuam para aumentar a eficiência da sociedade, facilitando as
ações coordenadas.
81
Verificando-se todo o histórico evolutivo do município de Canoinhas (SC),
desde a fundação até o ano de 2007, fica evidente que a formação do capital social,
segundo a definição de Putnam (2002), ficou deficiente. O entrave da Guerra do
Contestado, nos primeiros anos da emancipação política do município, causou um
trauma na população, que levou alguns anos para recompor-se e ainda não está
recuperada.
As dificuldades para a formação deste capital social são observadas nas
tentativas de formação de uma Associação Comercial e Industrial, a qual foi
conseguida somente na terceira oportunidade, em 1956, vinte e seis anos após a
primeira, ocorrendo ainda liderada por uma força exógena.
Alguns empresários citaram a diversidade de etnias formadoras do capital
social do município de Canoinhas (SC), como fator de aumento do grau de
dificuldade para melhor articulação deste capital. O órgão representativo do
segmento da madeira, até maio de 1986, era a Acic. A partir de 13 de maio de 1986
surgiu a Associação Profissional das Indústrias de Serrarias, Carpintarias,
Tanoarias, Madeiras Compensadas e Laminados de Canoinhas, a qual foi
transformada em Sindicato (SINDIMADEIRA), em 04 de setembro de 1992,
constando no livro de atas número 1, página 1, o relato da Reunião da Fundação da
Associação, realizada em 13 de maio de 1986.
Segundo Ritzmann citado por Feger (2007, p. 8):
A criação de um Sindicato Madeireiro se fazia necessário na época, no
sentido de organizar uma entidade que aglutinasse todos os empresários do
setor, com o sentido de organizar as discussões, debates e reivindicações
da categoria, que até então não tinha representação oficial na região. Além
disso, os trabalhadores do ramo da madeira estavam na época
organizados e iniciavam suas reivindicações através de dissídio coletivo.
Assim, era preciso que houvesse uma entidade patronal da categoria, para
a discussão dos assuntos relacionados às relações trabalhistas. O Sindicato
passou, então, a ter, significativa participação em todos os assuntos
relacionados à economia da região, às reivindicações e às ações da
iniciativa privada e também dos Poderes Públicos dos Municípios
abrangidos pelo Sindicato.
Conforme empresários entrevistados é louvável a intenção do Sindicato,
entretanto Feger (Ibid., p.12):
[...] na análise ambiental do mesmo podemos identificar como pontos fracos
a pouca participação dos empresários, falta de parcerias, poucos
associados, dados ultrapassados, empresas inativas e outras sem
conhecimento.
82
Desta forma, empresários disseram que sem unidade não haverá mudanças,
mesmo com toda a infra-estrutura, reflorestamentos. Observa-se que o nível de
cooperação na instituição é bastante aquém do mínimo necessário, para que se
possa mudar o contexto de enfraquecimento da grande maioria da população
pesquisada, a qual vem confirmar a preocupação de empresários de que o
segmento da madeira em Canoinhas ficará na mão de poucos, estimando em 10%
dos cadastrados no Sindimadeiras.
Em 19 de novembro de 2008, com a manchete intitulada “Sindimadeira tem
novo presidente e empresários pedem união e fazem desabafo”, o Jornal Diário do
Planalto noticiou a mudança de diretoria do sindicato do segmento da madeira. O Sr.
Genésio Müzel Filho, presidente que deixou o cargo, manifestou-se em seu discurso
de despedida lembrando que é preciso união dos empresários, pois isoladamente
não chances de vencer no mercado nacional e nem mundial. Ele citou o exemplo
dos ursos brancos do Pólo Sul, em que o segredo para vencer o frio intenso é andar
juntos, mantendo o calor e a harmonia do grupo. Representando o presidente eleito,
Norberto Fuck, o Sr. Miguel Procopiak ressaltou a importância da união para que o
Sindimadeira tenha sucesso nos seus projetos. O Sr. Prefeito Leoberto Weinert
disse que a madeira faz parte da história do Planalto Norte e que o Sindimadeira
merece respeito e, acima de tudo, apoio (SCHULKA, 2008).
O presidente da Acic, Sr. Rafael Mirando, fez um desabafo, dizendo que
madeireiro não é vilão e que as regras hoje impostas ao setor impedem que projetos
sejam executados. Criticou a falta de políticos que estejam ao lado da classe, bem
como normas que realmente ajudem no desenvolvimento do setor. Concluiu dizendo
que é preciso uma política inteligente e realmente voltada para os anseios dos
madeireiros.
Segundo Douglas North, citado por Santos Silva (2005, p.136),
[...] nenhum país consegue crescer de forma consistente por um longo
período de tempo sem que antes desenvolva de forma sólida suas
instituições. Por instituição ele entende uma legislação clara que garanta os
direitos de propriedade e impeça o não cumprimento dos contratos
firmados, um sistema judiciário eficaz, agências regulatórias firmes e
atuantes.
Os empresários, nos diálogos durante a pesquisa, em suas colocações sobre
o desenvolvimento do segmento da madeira e do município, praticamente em outras
83
palavras referiram-se ao que Boisier (2005, p.133) cita como elementos necessários
que devem estar presentes em qualquer território ou organização, sendo eles:
a) atores, b) instituições, c) cultura, d) procedimentos, e) recursos, e f)
entôrno. Basicamente a questão dos recursos para o desenvolvimento
foi o aspecto mais abordado, sendo quatro as categorias: 1) Recursos
materiais (recursos naturais, equipamento de infra estrutura e recursos
de capital); 2) Recursos Humanos (não apenas em quantidade, mas
sobretudo em relação a qualidade; 3) Recursos Psicossociais, que
adquirem importância cada vez maior e são associados a questões
como auto-confiança coletiva, a vontade coletiva, a perseverança, o
consenso; 4) Recursos de Conhecimento (elemento fundamental para o
desenvolvimento).
Entende-se por atores os individuais, os corporativos, os atores coletivos
identificados pelos movimentos sociais, os quais devem ter nas mãos o processo de
tomada de decisão. Observou-se que o comando da ACIC, desde sua fundação até
1986, esteve nas mãos de empresários do segmento da madeira. A partir de 1986,
com a criação do SINDIMADEIRA, a intenção era de ter-se um órgão exclusivo para
atender as necessidades do setor madeireiro.
Entretanto, diferentemente do ocorrido em municípios com o mesmo perfil,
no município de Canoinhas formaram-se grandes indústrias de compensados e
portas, mantendo-se na produção somente daquele produto. Não houve abertura
para o desenvolvimento de pequenos negócios, micro-empresas, que pudessem vir
a contribuir com as grandes com algum componente da produção.
Comparando-se com o município de São Bento do Sul (SC), a indústria foi
caracterizada por uma forte integração produtiva, a evolução da demanda e da
técnica levou à multiplicação de pequenas empresas especializadas, ocorreram
trocas de informações, de equipamentos, de matérias-primas. Houve cooperação,
expressa por relações informais entre as empresas, favorecida pela concentração
territorial, pelo pertencimento a uma tradição industrial e a uma comunidade
homogênea do ponto de vista cultural que se consolida por encontros freqüentes nos
diversos espaços de socialização existentes no município, ou seja, nas instituições
setoriais. Existem esforços constantes na busca da melhoria contínua, inovação,
para adaptação à evolução.
Enquanto em Canoinhas, entre 1970 e 1985, vislumbrava-se um futuro difícil
para o segmento madeireiro, São Bento do Sul revelava o seu dinamismo. Segundo
(RAUD, 1999. p.125), neste período, o número de estabelecimentos aumentou
203% no Brasil e 711% em São Bento; o número de empregos aumentou 113% no
84
Brasil e 572% em São Bento, a produção aumentou 399% no Brasil e 2663% em
São Bento.
Entrementes, hoje o setor madeireiro de São Bento do Sul está passando por
drásticas transformações devido ao mesmo ter sido desenvolvido para o mercado
externo, e com a crise financeira mundial, iniciada nos Estados Unidos, o mesmo
vem acumulando altas quedas nos indicadores descritos no parágrafo anterior.
para o setor madeireiro de Canoinhas, que é diferente do de São Bento do Sul,
esses fatores externos pouco influenciaram, devido ao mesmo estar direcionado
principalmente ao fornecimento de produtos ao mercado interno.
Verifica-se que estes elementos apontados por Boisier, isoladamente não são
eficazes, como no exemplo citado na organização do setor madeireiro nos
municípios de São Bento do Sul e Canoinhas. Portanto, as lideranças, ou atores,
que deveriam chamar para si a responsabilidade da organização do sistema como
um todo, fazem com que as instituições locais desempenhem seu papel, visando ao
desenvolvimento qualitativo, e não conseguem atingir seus objetivos sem estarem
em sintonia com todos os elementos descritos pelo autor.
Mesmo com os setores organizados, os fatores internos e externos, que
muitas vezes não são controláveis, podem alterar todo um cenário desenvolvido em
pouco tempo, como o que está desencadeando com essa crise mundial instalada.
Não ocorreu equilíbrio no aproveitamento destes recursos em função da
desarticulação do capital social, gerando um desenvolvimento quantitativo em
detrimento do qualitativo. Segundo Peyrefitte (1999, p. 448),
[...] por trás das combinações entre capital e trabalho, por trás das
mudanças tecnológicas e sociais, por trás das estruturas do intercâmbio e
dos vaivéns da conjuntura, existem, sempre existiram, sempre existirão, as
decisões, ou a desistência dos homens, sua energia ou sua passividade,
sua imaginação ou seu imobilismo. É inútil procurar do lado de fora, no que
os economistas chamam palavra erudita ‘externalidades’, a causa
profunda dos avanços ou das estagnações. ‘Não vás para fora’, diz Santo
Agostinho, ‘entra em ti mesmo, a verdade mora no interior do homem’. É em
nós que reside o desenvolvimento. Enterrá-lo ou fazê-lo frutificar depende
de cada ser.
Sinergia é definida como o efeito ativo e retroativo do trabalho ou esforço
coordenado de vários subsistemas na realização de uma tarefa complexa ou função.
O trabalho de equipe é quando um grupo ou uma sociedade resolve criar um esforço
coletivo para resolver um problema. Partindo deste pressuposto, observa-se que a
cultura individualista prevaleceu e continua prevalecendo no município. O que existe
85
hoje é fruto de uma evolução de certa forma inconsciente, fundamentada em idéias
de uma minoria que direcionava e direciona os objetivos de acordo com seus
interesses. Existem coisas magníficas em Canoinhas, é apreciável o patrimônio de
riquezas. Mas, será que houve plena consciência da evolução que resultou na
estrutura socioeconômico hoje disponível? Sem dúvida, o trabalho foi árduo, foram
produzidas e criadas riquezas para se chegar à condição atual. Mas, não houve uma
dedicação maior para enxergar muito além do cotidiano e da rotina. A visão ampla
do horizonte distante não foi observada. Construiu-se o desenvolvimento, mas sem
torná-lo sustentável. Pode-se justificar que o planejamento foi construído por ações
intuitivas, conseguiu-se muito, mas poderia ter sido melhor.
Canoinhas poderia conhecer melhor a sua realidade. Serão suficientes os
estudos feitos até agora, sobre a situação atual e as perspectivas econômicas?
O investimento em pesquisas está adequado? Verifica-se que o segmento da
madeira praticamente não desenvolve nenhum estudo. A falta de compreensão dos
problemas leva à dispersão dos recursos, à duplicidade de esforços, às falências, às
crises e impossibilita a abertura de novas fronteiras, a aglutinação de todos em
grandes objetivos e o aproveitamento de todas as suas potencialidades. A falta de
conhecimento conduz a soluções caras, que refletem nos custos e ausência de
estudos distorce o entendimento da realidade, levando ao erro.
Jacques Le Goff, citado por Silveira (2005, p.439), afirmou que “a inovação
aparece em uma sociedade sob a forma de um regresso ao passado: é a idéia
força das ‘renascenças’”.
Para que ocorra um processo sinérgico é necessária a mobilização e a
participação dos atores locais, ACIC, SINDIMADEIRA, SINDICATOS, EMPRESAS,
PREFEITURA, entre outros, criando uma instituição para o desenvolvimento local,
que estabeleça laços econômicos (para produção, o comércio, as infra-estruturas),
sociais e culturais. Formando assim uma aliança estratégica entre as empresas,
para unir as forças e compensar as fraquezas.
86
3 CONCLUSÕES
O desenvolvimento do setor madeireiro, no município de Canoinhas (SC), no
período 1940 a 2007, aqui apresentado, percorreu diversos aspectos, desde a
importância da madeira para o progresso das civilizações e atendimento às
necessidades de vida da sociedade humana. Como fator fundamental, a extração da
madeira nativa impulsionou a economia, desencadeando uma série de outros
segmentos econômicos que contribuíram para o desenvolvimento socioeconômico
do município. A Lumber, como elemento positivo, representando tecnologia, gestão
profissional, evolução cultural, as influências nos costumes, no vestuário, na música
e a mesma Lumber como sinônimo de violência e devastação.
A estrutura fabril do município, na cada de 1940, qualificou Canoinhas
como um pólo econômico no Estado de Santa Catarina. Houve o surgimento das
maiores madeireiras do município como Procopiack, Fuck, Zaniolo, Wiegando Olsen,
Zugman. A Associação Comercial e Industrial de Canoinhas, inaugurada em 1956,
desenvolveu seu trabalho como órgão oficial empresarial para organizadamente
ajudar nos inúmeros problemas da classe. As preocupações com o desenvolvimento
sustentável levaram a organização do Conclave Socioeconômico da Região Norte
Catarinense, em setembro de 1959, numa demonstração de preocupação com o
Desenvolvimento Regional. Na década de 1960, ocorreu o auge do setor madeireiro,
na década de 1970, houve os primeiros testes com madeira de pinus e surgiram
sinais de exaustão de espécies nativas.
A inauguração,em 1979, da Rodovia Miguel Procopiack, BR 280, ligando
Canoinhas a Mafra, foi motivo de festa no município. Os anos 80 foram
denominados como década perdida, na qual o setor madeireiro padeceu, houve
escassez de matéria-prima, retração da construção civil e muitos aspectos
financeiros que levaram as grandes empresas a iniciar um processo de diminuição
das atividades. Nos anos 90 houve o fechamento de algumas empresas e novas
87
perspectivas com a chegada de outras. Adentramos ao século XXI com o setor
madeireiro respondendo por grande parte do movimento financeiro do município,
indicando que, com algumas mudanças, poderá voltar a ter a representatividade de
outras épocas.
O advento do pinus surgiu como alternativa sustentável para manutenção da
indústria madeireira, com sua origem e adaptabilidade com o desenvolvimento das
pesquisas e a implantação gradativa da esperança.
Partindo-se dos conceitos sobre Desenvolvimento Regional e o
Desenvolvimento do Setor Madeireiro no município de Canoinhas, fundamentado na
pesquisa de campo, pode-se concluir que uma articulação coerente do capital social,
em cada momento dos períodos aqui relatados, poderia ter mudado a trajetória e
proporcionado maior vigor aos sobreviventes. As questões de inovação de produtos,
que se mostraram ao longo do tempo, analisados quase sem alteração, demonstram
que o capital econômico, os recursos financeiros que, de período em período,
deveriam estar disponíveis com finalidade de inversão na região não foram
disponibilizados.
O baixo nível tecnológico, a inexistência de relações com centros
tecnológicos e universidades, a falta de linhas de crédito e atividades de lobby junto
a órgãos governamentais, aumentaram o grau de dificuldade. O Capital Cognitivo, o
conhecimento científico e técnico disponíveis na região, poderia ser desenvolvido a
partir dos recursos naturais da região, especialmente a madeira. Observa-se, que
mesmo sabendo-se da futura escassez de matérias-prima, o segmento manteve a
mesma rota, não acreditando no fim das florestas nativas e na substituição por
exóticas e somente mudando por força das circunstâncias.
O desenvolvimento de pesquisas com essências nativas é algo latente na
grande maioria dos empresários e mesmo com a existência de pesquisas e
conhecimento à disposição, esse fato não se transforma em realidade prática
através de reflorestamentos.
As questões de qualidade e produtividade, que não atendem as necessidades
do setor, sendo um dos requisitos básicos para a capacidade de competir, vêm
comprometendo o segmento e nenhuma ação eficaz é desenvolvida.
O Capital Simbólico, o poder da palavra, o poder do discurso para construir a
região faz parte do Evangelho, segundo São João Evangelista “No princípio era o
Verbo”, para gerar imaginários, mobilizar energias. A auto-estima do empresariado
88
do segmento da madeira está em baixa, por isso é necessária uma reciclagem
baseada neste capital para romper o paradigma atual.
O Capital Cultural, o acervo de tradições, os mitos e crenças, a linguagem,
relações sociais são componentes que melhoram e estruturam o desenvolvimento.
O Capital Psicossocial, os sentimentos, as emoções, as recordações são
fatores que podem melhorar a autoconfiança coletiva, a fé no futuro, proporcionando
capacidade para superar o individualismo. Desta forma, a desarticulação do capital
social não permitiu que cada um dos capitais pudesse ser gerido de forma a obter-se
um desenvolvimento sustentado.
Portanto, a madeira contribuiu para o desenvolvimento econômico
quantitativo do município, gerando fortunas que se concentraram na o de poucos
e não contribuindo para uma evolução sociocultural da população a ela vinculada.
A manutenção do setor madeireiro no município ocorreu em função da
introdução da espécie exótica pinus, sem o qual a grande maioria teria encerrado
as atividades.
Os eixos mais importantes para uma estratégia que dinamize os aspectos
produtivos, econômicos, potencializando as dimensões sociais, culturais, ambientais
e político - institucionais que constroem o bem estar da sociedade são o capital
humano, as pessoas com habilidades e competências e o capital social que é as
pessoas organizadas e articuladas. Assim, uma região ou organização depende do
capital social atuante, que se comunica entre si, inspirando confiança e espírito de
cooperação.
Sugere-se que o capital social, vinculado ao Sindimadeira, a população do
universo pesquisado neste trabalho busque nos conceitos de Desenvolvimento
Regional o elo perdido, para que possam obter desenvolvimento sustentado com
coesão social, integradas pela eqüidade, possibilitando a capacidade de competir. O
empresariado canoinhense do segmento da madeira deve atuar mais na defesa dos
interesses do setor, agindo mais em grupo, explorando todas as possibilidades
existentes para fazer um novo começo.
É importante destacar na conclusão, a dificuldade de disponibilidade de
dados relacionados ao setor madeireiro, como: produção, rotatividade de
funcionários, custos e lucratividade, projetos inovadores; como na cooperação entre
empresários que fazem parte do SINDIMADEIRA. Também, relata-se que o
Sindicato não tem infraestrutura suficiente para coordenar a cooperação entre
89
empresas e empresários, de modo que projetos inovadores dificilmente surgirão
como respostas de sustentabilidade ao setor madeireiro. Uma das soluções
possíveis seria a de articular entre os atores envolvidos uma melhor cooperação e
desempenho voltados ao horizonte holístico e global do setor madeireiro e não
apenas em nível local, com interesses de alguns integrantes do sistema.
Por fim, as sugestões para trabalhos futuros, que podem seguir o seguinte
percurso:
a) Além dos dados apresentados neste trabalho, sugere-se que sejam
investigados novos dados de infraestrutura, de organização, de capital
social para o setor madeireiro, a partir da implantação do pinus.
b) Desenvolver um estudo sobre a formação de gestores, com funções
voltadas à valorização do desenvolvimento do ser humano, envolvido
diretamente na produção, chão de fábrica, do setor madeireiro.
c) Outra possibilidade para o setor madeireiro seria o de investigar todo o
manejo florestal das espécies nativas da região, bem como, as melhores
formas de exploração econômica das mesmas.
d) Um melhor estudo sobre as funções das instituições voltadas ao setor
madeireiro como: os sindicatos, associações, organizações
governamentais e não governamentais.
e) O desenvolvimento de um Cadastro Técnico Multifinalitário (CTMF) que
seja alimentado com dados georeferenciados, econômicos, sociais e de
infraestrutura voltados ao setor madeireiro.
90
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<http://pt.wikipedia.org/wiki/Milagre_econ%C3%B4mico>. Acesso em: 15 jan.2009.
95
ANEXOS
96
ANEXO 1
ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO DO SETOR MADEIREIRO NO MUNICÍPIO DE
CANOINHAS PERIODO 1940 A 2007
97
ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO DO SETOR MADEIREIRO NO MUNICÍPIO DE
CANOINHAS PERIODO 1940 A 2007
QUESTIONÁRIO DA PESQUISA DE OPINIÃO COM EMPRESÁRIOS
Nome:
........................................................................................................................................
E-mail: ........................................................................................................
Nome da Empresa .......................................................................................................
Site da Empresa ..........................................................................................................
1- Quais os principais produtos fabricados pela empresa neste momento? E
quais foram os produzidos em tempos passados (década de 1990 e anos
anteriores)
2- Como V.S.
a
distingue a cultura da produção do setor madeireiro que
passou do extrativismo a produção com os reflorestamentos?
3- Na sua visão, é possível o desenvolvimento de pesquisas com alguma
espécie nativa, que possa tornar-se economicamente viável?
4- A mão de obra atende as necessidades do setor madeireiro, na busca de
qualidade e produtividade? Por quê?
5- Ao seu ver quais os requisitos necessários para que o setor madeireiro
continue tendo capacidade de competir?
6- Como você relaciona as dificuldades do setor madeireiro no município de
Canoinhas, com a atual situação econômica do país?
7- O município de Canoinhas desenvolveu-se tendo como base econômica a
madeira. A seu modo de ver: quais são os fatores que podem ser incluídos
neste desenvolvimento?
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