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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
MARCOS ANTONIO OLIVEIRA DE SANTANA
A VIOLÊNCIA SEXUAL NA PERSPECTIVA DE ALUNOS
ADOLESCENTES E PROFESSORES DAS ESCOLAS
PÚBLICAS DE FEIRA DE SANTANA – BAHIA, 2006.
Feira de Santana – Bahia
2008
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MARCOS ANTONIO OLIVEIRA DE SANTANA
A VIOLÊNCIA SEXUAL NA PERSPECTIVA DE ALUNOS
ADOLESCENTES E PROFESSORES DAS ESCOLAS
PÚBLICAS DE FEIRA DE SANTANA – BAHIA, 2006
.
Orientadora: Maria Conceição O. Costa
Co-orientadora: Rosely C. de Carvalho
FEIRA DE SANTANA
2008
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Marcos Antonio Oliveira de Santana
A VIOLÊNCIA SEXUAL NA PERSPECTIVA DE ALUNOS ADOLESCENTES E
PROFESSORES DAS ESCOLAS PÚBLICAS DE FEIRA DE SANTANA BAHIA,
2006.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da
Universidade Estadual de Feira de Santana como pré-requisito para obtenção do
grau de Mestre em Saúde Coletiva.
Feira de Santana, BA, 13 de Fevereiro de 2008.
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Profª Dra. Ceci Vilar Noronha
_________________________________________________
Prof. Dr. Carlito Lopes Nascimento Sobrinho
__________________________________________________
Profª Dra. Maria Conceição Oliveira Costa
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
À Deus, como força e luz durante o trajeto deste caminho, que tem
importância e significado fundamental em mais uma etapa de minha vida;
À minha orientadora e amiga Profª Maria Conceição Costa pela sinceridade,
apoio, honestidade e orientação no processo de pesquisa e pela responsabilidade
contagiante que desenvolve seu trabalho profissional;
À minha co-orientadora Profª Rosely Cabral pela tranqüilidade, sabedoria e
apoio essencial e constante no processo desta caminhada;
À meus pais, Antonio e Maria, pela importância fundamental na minha vida,
por possibilitarem minha formação enquanto ser humano e proporcionarem a minha
chegada até este momento;
Aos meus irmãos Marta, Rita e Gilvan pelas contribuições e importância de
constituirmos família, razão que fortalece esta caminhada;
À Cissa e Felipe pelo apoio, contribuição e sentido que tornaram possível a
realização deste ideal;
Aos meus tios, Antonio e Joaquim, pelo que representaram durante suas
existências na esfera terrestre e continuam espiritualmente no nosso mundo;
À Nilza, minha segunda mãe, sempre ao meu lado em momentos essenciais
externando sabedoria e força. Sua ausência deixa saudades, mas a certeza de um
ser de luz e paz.
AGRADECIMENTOS
Aos verdadeiros amigos, que estiveram presentes nos momentos essenciais
de apoio, conforto, estímulo e amizades sinceras;
Ao amigo Clodoaldo, sempre presente e com sabedoria nas situações mais
difíceis;
À amiga e companheira Mônica pelo apoio e sinceridade durante o processo;
Aos bolsistas do Núcleo de Estudos e Pesquisas na Infância e na
Adolescência – NNEPA, especialmente Alessandra, Karina e Luciana;
À Profª Waldelene Gomes pela importante contribuição no instrumento e
coleta de dados da pesquisa;
Ao Prof. Carlos Teles pela valorosa contribuição profissional no caminho
metodológico da pesquisa;
À Maria do Carmo, colega e amiga pelo apoio e contribuições;
À direção e coordenação do Colégio Modelo Luis Eduardo Magalhães pelo
apoio e colaboração durante esta caminhada;
Aos diretores das escolas, alunos adolescentes e professores que
participaram diretamente desta pesquisa, tornando possível sua realização;
À Secretaria de Educação do Estado da Bahia e Diretoria Regional de
Educação e Cultura (DIREC) pela contribuição nas informações e no processo de
coleta dos dados;
Ao corpo docente e coordenação do Programa de Pós-graduação em Saúde
Coletiva da Universidade Estadual de Feira de Santana pelo compartilhar de
conhecimentos e experiências;
Aos colegas da turma 2006 deste Programa que juntos dividimos estes
momentos e conseguimos continuar na busca dos nossos objetivos;
Enfim, a todos aqueles que contribuíram direta e indiretamente para a
realização desta dissertação.
RESUMO
A violência sexual é considerada um problema mundial de saúde de pública
que afeta pessoas de todas as classes sociais, independente de sexo, idade, religião
ou contexto cio-econômico (OMS, 2002). Este estudo teve como objetivo analisar
o conhecimento da problemática e o relato de casos de violência sexual contra
crianças e adolescentes, através de alunos adolescentes de 14 a 19 anos, de ambos
os sexos, matriculados nas escolas públicas estaduais, bem como professores
atuantes na rede de Feira de Santana, Bahia, em 2006. Estudo epidemiológico de
corte transversal, com amostra aleatória, estratificada por conglomerado e estágios
múltiplos (escolas, alunos e professores). As variáveis foram sócio-demográficas,
relacionadas ao conhecimento do problema e relato de casos de vitimização. O
procedimento de amostragem foi realizado em dois estágios, considerando o
universo de 42 escolas, selecionando-se 10. Da mesma forma, do total de 38.352
alunos, foram selecionados 833 e do total de 1348 professores, 100. Foi realizada
análise descritiva, assim como, calculado a Prevalência (P) e Razão de Prevalência
(RP) entre variáveis sócio-demográficas de alunos e professores em relação às
diversas variáveis do modelo. Para os dados dos alunos foram calculados P e RP do
conhecimento e relato de casos (vítima, violência, agressor, encaminhamento),
segundo sexo e faixa etária. Para os professores, seguiu-se o mesmo raciocínio,
utilizando como variáveis dependentes a faixa etária e o tempo de serviço. Os
resultados apontaram que acima de 60% dos alunos eram do sexo feminino e
tinham ensino dio incompleto e mais de 80% dos professores do sexo feminino e
acima de 70% tinham pós-graduação. Em relação ao conhecimento, os alunos
revelaram conhecer mais sobre pornografia, enquanto os professores conheciam as
diversas formas de violência sexual. As mudanças comportamentais da vítima,
diante da família, mais apontadas por alunos e professores, foram o isolamento, bem
como a tristeza e agressividade; enquanto que, na escola, foram baixa concentração
e baixo rendimento escolar. Entre os alunos, o sexo feminino apresentou resultados
com significância estatística, em relação ao masculino. Em relação às
conseqüências comportamentais, o isolamento (RP = 1,20), bem como a tristeza e
agressividade (RP = 1,41). Nos fatores de risco, aceitar passeio com estranhos (RP
= 1,37), consumo de álcool e drogas na família (RP = 1,39) e conflito familiar (RP =
1,66). Quanto ao agressor, destaca-se o pai (RP = 1,80). No que diz respeito ao
relato de casos, ¼ da amostra de alunos e professores relataram conhecer ou
estiveram próximo de algum caso de vitimização pela violência sexual, sendo o
estupro a forma mais apontada. Os locais de maior ocorrência foram o domicílio e a
rua; a faixa etária apontada para maior vitimização foi de 10 a 16 anos, muito
embora com relato de casos em crianças abaixo de 10 anos. O pai foi citado como
principal agressor e as intimidações mais utilizadas foram a força física e ameaça
verbal, com seqüelas em genitais e ânus. Na análise da RP, adolescentes do sexo
feminino relataram mais casos de vitimização (RP = 1,53), com resultados
significantes: de estupro (RP = 2,28), de casos divulgados (RP = 1,70), na faixa
etária de 10 a 16 anos (RP = 1,75), com ocorrência no domicílio (RP = 2,40), em
relação ao masculino. Segundo alunos e professores, os principais denunciantes
foram a mãe e a própria vítima. Na questão do enfrentamento dessa violência pela
Escola, os professores citaram a importância da orientação com atividades
educativas, identificação de sinais clínicos e denúncia dos casos. As principais
conclusões desta pesquisa foram que, comparado ao sexo masculino, as
adolescentes mostraram as maiores prevalências do conhecimento do problema e
do relato de caso(s) de violência sexual. Professores (mais de 70% do sexo
feminino) com tempo de serviço menor que 15 anos também apresentaram maiores
índices de conhecimento e do relato de casos, em relação àqueles com maior tempo
de serviço. Segundo alunos e professores, a vitimização ocorreu principalmente, na
adolescência inicial e intermediária sob a forma de estupro e o pai foi o principal
abusador. Considera-se que o enfrentamento da violência sexual exige ações
abrangentes, intersetoriais, com envolvimento da família, sociedade, bem como a
implementação de políticas públicas direcionadas à proteção voltadas à infância e
adolescência.
Palavras-chaves: violência sexual; adolescentes; escolas públicas.
ABSTRACT
Sexual violence is considered to be a worldwide public health problem that affects all
social classes, independently of sex, age, religion or socio-economic context (OMS,
2002). This study had as goal to analyze the awareness of the problem and the
testimony on cases of sexual violence against children and adolescents, by
adolescent students aged 14 to 19 of both sexes, registered in the state public
schools as well as of teachers working in the schools of Feira de Santana, Bahia in
2006. It is an epidemiologic study of cross cutting with random sampling, stratified by
groups and by multiple stages (schools, students and teachers). The variables were
socio-demographic, related to the awareness about the problem and the report of
cases of victimization. The sampling procedure was done in two stages considering
the universe of 42 schools from which 10 were chosen. In the same way, from a total
of 38,352 students, 833 were chosen and of the total of 1,348 teachers, 100 were
selected. Descriptive analysis as well as prevalence (P) and reason of prevalence
(RP) between socio-demographic variables of students and teachers as to the
various variables of the model were calculated. For the student data P and PR of
awareness and case report (victim, violence, aggressor, guidance) based on sex and
age were calculated. For the teachers, the same reasoning was followed using
variables depending on age and time of service.
The results show that over 60 % of the students were of the female sex and had
incomplete secondary education and more than 80 % of the teachers were of the
female sex and over 70 % of them had a post graduation. As to the awareness, the
students revealed to know more about pornography, while the teachers knew the
different forms of sexual violence. The behavioral changes of the victim in front of the
family, more pointed out by students and teachers were isolation as well as sadness
and aggressiveness and in school, low concentration and low outcome. Among the
students, the female sex showed results with statistical importance compared to the
male sex. Concerning the behavioral consequences, isolation (RP = 1.20) as well as
sadness and aggressiveness (RP = 1.41). In the risk factors: accept a ride with
strangers (RP = 1.37), use of alcohol and drugs in the family (RP = 1.39) and family
conflict (RP = 1.66). With regard to the aggressor, the father stands out (RP = 1.80).
In the case of the report of cases, ¼ of the sample of students and teachers said to
know or have been close to a case of victimization through sexual violence, being
rape the form most pointed out. The places of major occurrence were home and
street, the age group of major victimization was 10 to 16 years of age, although with
report of cases in children under 10 years of age. The father was quoted as the main
aggressor and the intimidations most used were physical strength and verbal
threatening with sequels in genitals and anus. In the RP analysis, adolescents of
female sex reported more cases of victimization (RP = 1.53) with significant results:
rape (RP = 2.28), revealed cases (RP = 1.70) in the age group from 10 to 16 years
(RP = 1.75), home occurrence (RP = 2.40) compared to the male sex. According to
students and teachers, the main denunciators were the mother and the victim
him/herself. Regarding the facing of this violence by the school, the teachers quoted
the importance of guidance with educational activities, identification of the clinical
signs and denunciation of the cases. The main conclusions of this research were
that, compared to the male sex, the female adolescents showed the highest
prevalence of the awareness of the problem and the report of cases of sexual
violence. Teachers (more than 70 % of the female sex) with time of service less than
15 years also showed higher rates of awareness and report of cases compared to the
ones with a longer time of service. According to students and teachers, victimization
occurred mainly in the early and middle adolescence under the form of rape and the
father was the main aggressor. It is considered that the facing of sexual violence
requires large, intersectional actions with the involvement of family, society as well as
the implementation of public policies that aim the protection of childhood and
adolescence.
Key Words: sexual violence, adolescence, public schools.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Tamanho da amostra de alunos e professores do município de Feira de
Santana (BA), 2006 (sem efeito do desenho)........................................................... 50
Tabela 2 Tamanho da amostra de alunos e professores do município de Feira de
Santana (BA), 2006 (com efeito do desenho)........................................................... 51
Tabela 3 - Perfil sócio-demográfico de professores e alunos. Escolas Públicas
Feira de Santana (BA), 2006..................................................................................... 57
Tabela 4 Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de alunos
adolescentes de ambos os sexos sobre os tipos de violência sexual. Escolas
Públicas – Feira de Santana (BA), 2006................................................................... 59
Tabela 5 Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de alunos
adolescentes de ambos os sexos sobre lesões corporais decorrentes da violência
sexual. Escolas Públicas – Feira de Santana (BA), 2006......................................... 59
Tabela 6 Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de professores
sobre os tipos de violência sexual segundo tempo de serviço. Escolas Públicas
Feira de Santana (BA), 2006..................................................................................... 60
Tabela 7 – Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento professores sobre
lesões corporais decorrentes da violência sexual segundo tempo de serviço. Escolas
Públicas – Feira de Santana (BA), 2006................................................................... 60
Tabela 8 Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de alunos
adolescentes de ambos os sexos sobre conseqüências comportamentais da
violência sexual (na família e escola). Escolas Públicas Feira de Santana (BA),
2006.......................................................................................................................... 62
Tabela 9 Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de professores
sobre conseqüências comportamentais da violência sexual (na família e escola)
segundo tempo de serviço. Escolas Públicas – Feira de Santana (BA), 2006......... 63
Tabela 10 Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de alunos
adolescentes de ambos os sexos sobre fatores de proteção e de risco para violência
sexual. Escolas Públicas – Feira de Santana (BA), 2006......................................... 65
Tabela 11 Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de professores
sobre fatores de proteção e de risco para violência sexual segundo tempo de
serviço. Escolas Públicas – Feira de Santana (BA), 2006........................................ 66
Tabela 12 Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de alunos
adolescentes de ambos os sexos sobre o agressor e motivações para a violência
sexual. Escolas Públicas – Feira de Santana (BA), 2006......................................... 68
Tabela 13 Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de professores
sobre o agressor e motivações para a violência sexual segundo tempo de serviço.
Escolas Públicas – Feira de Santana (BA), 2006...................................................... 69
Tabela 14 Prevalência e Razão de Prevalência do depoimento de alunos
adolescentes de ambos os sexos sobre casos de vítimas de violência sexual.
Escolas Públicas, Feira de Santana (BA), 2006........................................................ 72
Tabela 15 Prevalência e Razão de Prevalência do depoimento de professores
sobre casos de vítimas de violência sexual segundo tempo de serviço. Escolas
Públicas, Feira de Santana (BA), 2006..................................................................... 73
Tabela 16 Prevalência e Razão de Prevalência do depoimento de alunos
adolescentes de ambos os sexos sobre as características do agressor, violências e
conseqüências associadas. Escolas Públicas, Feira de Santana (BA), 2006.......... 75
Tabela 17 Prevalência e Razão de Prevalência do depoimento de professores
sobre as características do agressor, violências e conseqüências associadas
segundo tempo de serviço. Escolas Públicas, Feira de Santana (BA), 2006........... 76
Tabela 18 Prevalência e Razão de Prevalência do depoimento de alunos
adolescentes de ambos os sexos sobre as características das denúncias e
encaminhamentos. Escolas Públicas, Feira de Santana (BA), 2006........................ 78
Tabela 19 Prevalência e Razão de Prevalência do depoimento de professores
sobre as características das denúncias e encaminhamentos segundo tempo de
serviço. Escolas Públicas, Feira de Santana (BA), 2006.......................................... 79
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Conhecimento de alunos e professores sobre a problemática da
violência sexual contra crianças e adolescentes..................................................... 125
Quadro 2 Depoimento de alunos adolescentes e professores sobre casos de
violência sexual....................................................................................................... 126
Quadro 3 Depoimento de alunos adolescentes e professores sobre as
características do agressor, violências e conseqüências associadas.................... 126
Quadro 4 Depoimento de alunos adolescentes e professores sobre as
características das denúncias e encaminhamentos................................................ 127
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 15
2 PROBLEMA E OBJETIVOS................................................................... 20
2.1 Problema................................................................................................ 20
2.2 Objetivos................................................................................................ 20
2.2.1 Objetivo geral........................................................................................ 20
2.2.2 Objetivos específicos........................................................................... 20
3 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................... 21
3.1 Violências coletivas: perpetuação de ciclos de violência................
22
3.2 Das violências coletivas para a violência interpessoal.................... 23
3.3 Violência sexual................................................................................... 25
3.3.1 Violência sexual e resiliência.............................................................. 28
3.4 Legislação e políticas públicas de enfrentamento da violência
sexual contra crianças e adolescentes..............................................
32
3.5 Construção social da infância e da adolescência............................. 35
3.6 O papel da escola na rede de enfrentamento da violência sexual.. 39
4 METODOLOGIA......................................................................................
41
4.1 Tipo de estudo....................................................................................... 41
4.2 Local do estudo..................................................................................... 41
4.3 Universo de estudo............................................................................... 41
4.4 População alvo...................................................................................... 42
4.4.1 Critérios e procedimentos para seleção das escolas........................ 42
4.4.2 Critérios para elegibilidade dos alunos na pesquisa......................... 43
4.4.3 Critérios para elegibilidade dos professores na pesquisa................ 43
4.5 Fontes e instrumentos.......................................................................... 44
4.6 Procedimentos de coleta de dados..................................................... 44
4.7 Aspectos éticos..................................................................................... 45
4.8 Variáveis do estudo............................................................................... 46
4.9 Análise de dados.................................................................................. 47
4.10 Plano de análise.....................................................................................
52
4.10.1
Estratégia analítica geral...................................................................... 53
5 RESULTADOS........................................................................................ 54
6
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS......................................................... 80
7 CONCLUSÕES........................................................................................
88
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................... 92
REFERÊNCIAS....................................................................................... 93
APÊNDICES............................................................................................ 101
ANEXO.................................................................................................... 128
1 INTRODUÇÃO
A violência, reconhecida como um problema de saúde publica, pode ser
prevenida e seus efeitos diminuídos, na medida em que são identificados os fatores
que contribuem para a produção de respostas violentas, nos aspectos sociais,
econômicos, políticos e culturais amplos (MINAYO, 2005).
A mudança no padrão de mortalidade da população brasileira, com redução
da mortalidade por causas infecciosas em crianças, crescimento acentuado dos
óbitos por causas externas e deslocamento dos índices para os grupos mais jovens,
está relacionado à presença da violência, bem como os acidentes, como
importantes causa de mortalidade. Segundo Waiselfisz (2004), os homicídios foram
a principal causa de morte de jovens dos 15 aos 24 anos, sendo significativamente
maior entre os homens do que entre as mulheres, expresso nos dados de 2000,
onde as taxas de mortalidade por causas violentas na população geral foram de
48,15/100.000 e entre os jovens de 74,42/100.000 habitantes.
As décadas de 80 e 90, o fenômeno da violência foi visualizado, através dos
indicadores de mortalidade por causas externas (homicídios, acidentes de trânsito,
suicídios), apresentados pelo campo de Saúde Pública, os quais longe de retratarem
a verdadeira gravidade dos números, mostram a carga de conseqüências,refletidas
na área da saúde e traduzidas nos dados de morbimortalidade (SOUZA e outros,
2003; MINAYO, 2006).
Nos países em desenvolvimento, a violência se apresenta como um
fenômeno complexo, multifacetado, que pode ser revelado de forma visível, pelos
homicídios, lesões e acidentes, representados pelos dados de mortalidade e da
forma invisível, onde os exercícios do poder e do domínio perpetuam o silêncio de
suas vitimas e a impunidade para o agressor, como nos casos da violência
doméstica contra crianças, adolescentes, mulheres e idosos (ORGANIZACIÓN
PANAMERICANA DE LA SALUD; ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD,
1997).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (2002), a violência é definida
como o uso intencional da força e do poder físico, produzido como ameaça contra si
mesmo, outra pessoa, um grupo ou comunidade, que cause ou tenha muitas
probabilidades de causar lesões, morte, danos psicológicos, transtornos para o
desenvolvimento ou privações. A violência tem abrangência em todo mundo sob
16
suas diversas formas gerais (auto-infligida, interpessoal, coletiva), atingindo número
significativo de pessoas de todos os grupos etários, principalmente aquelas que
estão na faixa etária entre 15 e 44 anos de idade. Este fato traz conseqüências
determinantes para a sociedade humana, envolvendo fatores sociais, políticos,
econômicos, entre outros.
A violência juvenil na Região das Américas revela que os adolescentes e
adultos jovens estão envolvidos como agressores e vítimas de todas as formas de
delitos violentos (homicídios, assaltos, roubos, violência sexual). Nos Estados
Unidos, entre 1963 e 1990, as taxas de homicídios aumentaram 286% (3,7 para
14,3/ 100.000 habitantes) para a faixa etária entre 10 e 24 anos. Na Região Latino-
americana essas mortes se concentram na população masculina de 15 a 24 anos,
por exemplo, no Rio de Janeiro (1989), com 95 homicídios por cada 100.000 mil
habitantes. Essa concentração de mortes violentas nessa população é a causa
principal de anos potenciais de vida perdidos e representa uma grande carga social,
econômica e ética para os paises dessa região (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA
DE LA SALUD; ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 1997).
No Brasil, de 1990 a 2000, morreram 211.918 crianças e adolescentes por
acidentes e violências, sendo 59.023 crianças de 0 a 9 anos de idade; 33.512 de 10
a 14 anos e 119.203 adolescentes de 15 a 19 anos. Esses dados são de extrema
gravidade, pois relatam a presença da violência desde a infância e a adolescência,
sendo que nessa etapa da vida esse grupo etário se constitui tanto agressores como
vítimas (BRASIL, 2004).
No tocante a morbidade, o panorama da violência coloca uma situação muito
mais subestimada e invisível do que a mortalidade, porque além da carência de
dados relacionados ao tema, restritos à violência contra a criança e a mulher,
somam-se outras situações, como a ausência dos dados refletindo a realidade de
subnotificação da morbidade que, por sua vez, não abrange os danos psicológicos e
físicos provocados pelas situações das violências (MINAYO, 2006).
A violência extrapola sua vinculação inicial ao plano do sistema judiciário e
policial de populações excluídas para o crime organizado e globalizado e com atores
de diversos setores e classes sociais. Dessa forma, reforça a complexidade do
fenômeno e da necessidade de um enfoque interdisciplinar (medicina, criminologia,
sociologia, pedagogia, economia) e de outras áreas do conhecimento como a
17
epidemiologia, a saúde, o serviço social e a política estabelecendo, assim, um
processo de interação no enfrentamento da violência (MINAYO, 2003).
Nesse cenário, a violência sexual contra crianças e adolescentes, se reafirma
como um fenômeno decorrente de causas sócio-econômicas e histórico-culturais
que ocorre nos ambientes intrafamiliar, extrafamiliar e em redes e se manifesta como
mais uma das faces do fenômeno da violência que tem abrangência universal, sem
distinção de classe social, gênero ou etnia, estabelecendo relação adultocêntrica e
se apresentando sob a forma de violência sexual comercial ou abuso sexual
(FALEIROS, 2000).
Estudos realizados na África, América Latina, Ásia e Europa Ocidental entre
1992 e 1997 envolvendo a agressão sexual com mulheres menores de 16 anos e
acima desta faixa, destacaram-se os índices de: Uganda (Kampala) 4,5%; Brasil
(Rio de Janeiro) – 8%; Indonésia (Jacarta e Surabaia) – 2,7%; Albânia (Tirana) – 6%.
Para o tráfico sexual, também é expressiva a magnitude dos números que envolvem
a comercialização de mulheres com objetivos de prostituição ou escravidão sexual
(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2002).
No Brasil, estudo da Pesquisa Nacional de Tráficos de Mulheres e
Adolescentes para fins de Exploração Sexual (PESTRAF), em 2002, estimou que a
violência sexual envolvendo mulheres e meninas é predominante na faixa etária de
12 a 18 anos, oriundas de classes populares, com baixa escolaridade e afro-
descendentes; e o tráfico para fins sexuais é predominante entre negras e pardas
com idade de 15 a 27 anos, em 241 rotas (131 internacionais, 78 interestaduais, 32
intermunicipais) onde os principais destinos para fora do país são: Espanha,
Holanda, Venezuela, Itália, Portugal, entre outros (LEAL; LEAL, 2002).
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), com base na doutrina de
proteção integral, vigilância e responsabilização, elevou crianças e adolescentes
brasileiros à condição de sujeitos de direitos. Entretanto, nos seus 17 anos de
existência, as mudanças geradas no tocante à violência sexual são traduzidas por
lacunas na rede de atendimentos que se encontra fragmentada, desarticulada, sem
priorização na destinação dos recursos por parte do poder público e, na grande
maioria, composta por profissionais não qualificados para a prevenção e o
tratamento da violência sexual, prestando serviços de apoio médico e psicossocial
ainda com pouca abrangência nacional e focalizados (MARTINS, 2004;
18
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS CENTROS DE DEFESA DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE, 2004).
No ano 2000, na estratégia de recompor políticas blicas às vítimas de
violência, foi elaborado o Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual
Infanto-Juvenil no Estado Brasileiro e homologado pelo Conselho Nacional dos
Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA). Esse plano em sua base
doutrinária apresenta o eixo básico de assegurar a proteção integral da criança e do
adolescente frente à violência sexual, através de intervenção técnico-política e
financeira, visando ações de prevenção, atendimento e reintegração das vítimas de
exploração sexual (BRASIL, 2002).
Em 2002, em decorrência dos resultados da PESTRAF, foi elaborado o
Programa de Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento a Violência Sexual
Infanto-Juvenil no Território Brasileiro (PAIR), com a iniciativa da Secretaria Especial
de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH-PR), do Ministério da
Assistência e Promoção Social, em articulação com a Agência Norte Americana para
o Desenvolvimento Internacional (USAID) e a Organização Internacional do Trabalho
(OIT/Brasil).
A disseminação do PAIR iniciou-se de uma agenda comum entre governo,
sociedade civil e organizações internacionais para atuação inicial em seis municípios
brasileiros: Pacaraima (RR), Manaus (AM), Rio Branco (AC), Feira de Santana (BA),
Campina Grande (PB), Corumbá (MS), por apresentarem altos índices de violência e
exploração sexual contra crianças e adolescentes, como também o tráfico de
pessoas para esta mesma finalidade. Posteriormente, foram incorporados mais três
municípios: Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE) e São Luis (MA) (AMORIM e
outros, 2008).
Em Feira de Santana ( município piloto do PAIR), o processo de integração da
Universidade Estadual de Feira (UEFS), através do Núcleo de Estudos e Pesquisas
na Infância e Adolescência (NNEPA) com as ações do PAIR ocorreu em 2004,
através da parceria com a Organização Internacional do Trabalho/OIT, Ministério da
Educação/ Secretaria de Educação Superior (MEC/SESU) . Foi estabelecida uma
cooperação técnica para o fortalecimento institucional das instâncias envolvidas, no
enfrentamento dessa problemática, no que se refere ao fluxo de atendimento,
informatização dos dados, referência e contra-referência, integração
19
interinstitucional, qualificação do quadro técnico, capacidade de mobilização,
divulgação e sensibilização de grupos alvo e da população em geral.
Em 2005, mais uma área estratégica intersetorial se estabelece para o
fortalecimento do PAIR, com a criação da Matriz Intersetorial de Enfrentamento ao
Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, resultado da parceria entre
a SEDH, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Comissão
Intersetorial e do Grupo de Pesquisa sobre Violência e Exploração Comercial de
Mulheres, Crianças e Adolescentes (VIOLES) e Universidade de Brasília (UnB).
Nesse mesmo ano, o Ministério da Educação (MEC) através da Secretaria de
Educação Continuada (SECAD), começou a desenvolver o Programa Escola que
Protege que tem como objetivos o atendimento às vitimas de violência, seus pais ou
responsáveis e a qualificação profissional de educadores, para atuarem no espaço
escolar (FALEIROS, 2006).
Compreende-se que, nessa rede de enfrentamento das diversas formas de
violência, a escola é um espaço concreto de prevenção e promoção da saúde sexual
e reprodutiva, que deve ser materializado em seu projeto político-pedagógico,
através de ações pedagógicas, interdisciplinares e intersetoriais junto à comunidade
escolar. Desse modo, enquanto instituição educacional, a execução de suas funções
político-sociais deve garantir a efetivação dos direitos conquistados para a infância e
adolescência, promover o exercício da cidadania e a construção do conhecimento,
conseqüentemente melhor qualidade de vida para essa população (BRASIL, 2006;
BRASIL, 2007).
A motivação pessoal para realização desta pesquisa iniciou-se com a prática
profissional, enquanto docente, trabalhando com crianças e adolescentes que se
encontravam em situação de risco pessoal e social eminente, onde a violência fazia
parte do cotidiano desses seres em formação. Outra motivação foi o envolvimento
com o grupo de pesquisa do NNEPA/UEFS, ao cursar a disciplina Saúde da Criança
e do Adolescente do Programa de Mestrado em Saúde Coletiva, na condição de
aluno ouvinte, momento em que me foi oportunizado mais um contato com esta
temática, particularmente, a violência sexual contra crianças e adolescentes.
20
2 PROBLEMA E OBJETIVOS
2.1 Problema
Alunos e professores conhecem e testemunharam casos de violência sexual
contra crianças e adolescentes?
Existem semelhanças e diferenciais entre essas experiências?
2.2 Objetivos
2.2.1 Objetivo geral
Analisar o conhecimento e o relato de alunos adolescentes e professores
sobre aspectos da violência sexual contra crianças e adolescentes
vitimizados.
2.2.2 Objetivos específicos
Descrever o conhecimento e o relato da problemática da violência sexual
segundo alunos adolescentes e professores.
Analisar a associação entre variáveis sócio-demográficas de alunos
adolescentes e professores com as outras variáveis do modelo.
21
3 REFERENCIAL TEÓRICO
A violência se apresenta como um problema mundial no campo da saúde
pública, provocando conseqüências determinantes para a sociedade humana que
afeta, a cada ano, mais de 1,6 milhões de pessoas. Na contextualização dessa
problemática, sobressai a violência sexual que provoca danos de extrema gravidade
à saúde de suas vítimas, em especial problemas de natureza sexual e reprodutiva,
com conseqüências imediatas e em longo prazo, atingindo principalmente, meninas
e mulheres jovens (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2002).
Segundo o Relatório do Sistema Nacional de Combate à Exploração Sexual
Infanto-Juvenil, entre fevereiro de 1997 e janeiro de 2003, houve um aumento de
denúncias, de 915 para 4893 casos, no referido período, em todo o país. E ao final
desse período, a região Sudeste registrou 1966 denúncias (48,23%) e a região
Nordeste, 1101 (27,01%). O local de maior ocorrência foi a residência, a faixa etária
de maior abrangência foi de 12 a 18 anos e o sexo predominante das supostas
vítimas, o feminino; com o registro de 76,17% para o abuso sexual e 63,58% para a
exploração sexual (ASSOCIÇÃO BRASILEIRA MULTIPROFISSIONAL DE
PROTEÇÃO À INFANCIA E ADOLESCÊNCIA, 2003).
No ano de 2003, o município de Feira de Santana, com população estimada
em mais de 500 mil habitantes, foi integrado ao Pacto de adesão que tinha por
finalidade a implantação do Programa Nacional de Ações Integradas e Referenciais
de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil (PAIR). Ainda no referido ano,
foi firmada a parceria entre a comissão local do PAIR e a UEFS/NNEPA, com apoio
da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Agência Americana de
Desenvolvimento USAID e a Secretaria Nacional de Direitos Humanos SEDH, e
assim foi iniciado o processo de sistematização e análise dos dados das violências
(Conselho Tutelar e Programa Sentinela). De acordo com os resultados do período
de 2003 a 2005, evidenciou-se a possibilidade de sub-notificação dos casos de
violência sexual e os registros mostraram, neste período, 274 casos de violência
sexual, sendo 73 de exploração e 201 de abuso (COSTA e outros, 2007).
Conclui-se, da necessidade de maiores informações sobre a ocorrência desse
fenômeno, nos contextos privilegiados como a escola, através da população alvo
para a implementação de ações, com pesquisas de análise da situação e o
22
conhecimento que os educadores e os alunos têm sobre as formas de prevenção
como passo inicial para o processo de execução de ações e adequação das
medidas de prevenção e intervenção sobre a violência sexual contra crianças e
adolescentes no município.
3.1 Violências coletivas: perpetuação de ciclos de violência
O Relatório da Organização Mundial da Saúde define as violências coletivas
como: violência social, quando cometida por grupos organizados, ações terroristas e
violências de massas; violência política, produzida pelas guerras, pelo Estado e
grupos maiores; e violência econômica, cometida com a finalidade de obter lucros
econômicos, negação de acesso aos serviços essenciais, criar divisão econômica e
fragmentação (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2002).
As políticas sócio-econômicas, desenvolvidas no espaço nacional e em toda
América Latina, tiveram suas bases no processo de colonização e da escravidão, as
quais direcionaram para a região sudeste o processo de industrialização em
detrimento das outras regiões brasileiras, principalmente a região nordeste, afetando
enormemente as condições de vida da população socialmente inferiorizada (raça,
gênero, cor). Nas últimas décadas, estas políticas (neoliberais) delinearam um
quadro de desemprego, miséria, exclusão social e precarização do trabalho,
estabelecendo íntimas relações com a delinqüência, personificada pelas elites
dominantes e elegendo como perpetradores negros ou mulatos, jovens, oriundos de
classes pobres que habitam as periferias dos grandes centros urbanos (CRUZ
NETO; MOREIRA, 1999).
Esta sociedade, regida pelo sistema capitalista, num mundo globalizado,
proporciona primordialmente nos grandes centros urbanos todas as condições para
o exercício das violências coletivas (internacionalizada, capilarizada e em rede) que
se manifestam principalmente através da criminalidade e da delinqüência, ganhando
elucidação no campo da violência estrutural (MINAYO, 2006).
Esta violência estrutural associada às fragilidades que envolvem a família e
ao processo de exclusão nas escolas e na comunidade, sem espaços alternativos
de lazer e cultura, provoca em crianças e adolescentes situações de
23
vulnerabilidades, comprometendo o processo de crescimento e desenvolvimento
desses jovens, perpetuando os ciclos de violência para esses grupos, tornando-os
vítimas e agressores. Essas vulnerabilidades podem ser manifestadas em crianças e
adolescentes que vivem ou trabalham nas ruas (ou no campo), que trabalham para
sobreviver, assim como, pela condição de vida daqueles que estão em privação de
liberdade, produzindo a exploração sexual, violência física, violência psicológica,
negligência e a falta de acesso às condições básicas de saúde e ao sistema
educacional (BRASIL, 2004).
3.2 Das violências coletivas para a violência interpessoal
A magnitude da violência interpessoal que aflige crianças e adolescentes no
Brasil e em diversos paises é ainda distante de ser conhecida, não sendo expressa
através das taxas de incidência e prevalência, em função da deficiência de
qualificação profissional dos responsáveis pelos registros, gerando subnotificação e
a dificuldade para enfrentamento do problema. Além do que, os adultos que o
cercam, os vitimizados e demais envolvidos que, na maioria das vezes, estabelece
um pacto de silêncio em torno do problema, fortalecendo a autoridade e poder do
agressor que podem perdurar anos (LABORATÓRIO DE ESTUDOS DA CRIANÇA,
2007; FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA, 2005).
A violência intrafamiliar se apresenta sob a forma de negligência, violência
física, violência psicológica, violência sexual e violência fatal sendo causada pelos
membros da família, entretanto, pode acontecer também fora do âmbito familiar. A
violência comunitária envolve os atos fortuitos de violência, o ataque sexual
cometido por estranho ou conhecido e a violência institucional ocorre em escolas,
locais de trabalho, prisões e asilos. Na sociedade brasileira esta forma de violência
se apresenta principalmente através da delinqüência juvenil, através de homicídios e
agressões (MINAYO, 2006).
Apesar da deficiência de notificações dos casos de violência doméstica, são
de grande relevância os estudos possibilísticos realizados pelo Laboratório de
Estudos da Criança (LACRI) no período de 1996 a 2007, para o Brasil. Quanto à
modalidade de violência geral os dados de incidência destacaram predominância
24
para a negligência, com 41,1%; seguida da violência física, 31,0%; violência sexual,
10,9%; violência psicológica, 16,6%; e violência fatal, 0,3%. Os dados de
prevalência foram estimados apenas para a violência sexual que apresentou índice
de 20,9% para o sexo masculino e 75,5%, para o feminino, revelando discrepância
significativa dos dados, mas confirmando as estatísticas internacionais quanto ao
sexo mais atingido (LABORATÓRIO DE ESTUDOS DA CRIANÇA, 2007).
A violência delinqüêncial vem se instalando no Brasil, desde a década de 80,
como um fenômeno crescente com características tipicamente urbanas, tendo como
atores centrais: crianças, adolescentes e jovens, exercendo papéis de vítimas e
agressores dos atos violentos, sob a forma de homicídios, agressões e através de
ações ilícitas com gangues e grupos criminosos.
No ano 2000, em todo o mundo, 520.000 pessoas foram vítimas de
homicídios (8,8 por 100.000) com predominância do sexo masculino (77%), na faixa
etária de 15 a 29 anos (19,4 por 100.000). Na comparação entre os sexos, os
homens tiveram taxas três vezes maiores que as mulheres, 13,6 contra 4,0 por
100.000 (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2002).
As desigualdades sociais marcantes na sociedade brasileira como: deficiência
de políticas públicas, a falta de perspectiva diante de futuro das populações mais
empobrecidas e a não inserção em sua rede social (família, escola, igreja) fazem
com que crianças e adolescentes entrem cada vez mais cedo no mundo do crime e,
principalmente, no comércio e tráfico de drogas. O envolvimento de crianças neste
tipo de criminalidade tem como causas principais a maior necessidade de
trabalhadores, a obediência e aceitação das ordens estabelecidas pelo comando do
crime e o menor custo. Estimativas relatam que, no Rio de Janeiro,
aproximadamente 10.000 crianças estão empregadas no tráfico de drogas e 50 a
60% desse total trabalham armados na defesa dos pontos de comercialização de
drogas (SILVA, 2006).
Segundo dados do Sistema de Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM),
ocorreram 369.068 homicídios ao longo da década de 90 (43,3 por 100.000),
destacando-se a faixa etária de 15 a 24 anos. No período de 1991 a 2000, os
maiores crescimentos das taxas de homicídios foram nos grupos etários de 10 a 14
anos (45,5%) e 15 a 19 anos (49,4%). As agressões, no ano 2000, totalizaram
34.132 internações, sendo que 7,1% para menores de 14 anos e 35,2% para a faixa
etária de 15 a 24 anos. Os meios mais utilizados foram as armas de fogo (33,2%),
25
objetos cortantes e penetrantes (26,4%) e a força física (14,8%); e as capitais
brasileiras com maiores taxas foram Palmas (TO) com 3,81 e Vitória (ES) com 1,53
por 100.000 (BRASIL, 2005).
3.3 Violência sexual
Em todas as sociedades, ao longo da história da humanidade, crianças e
adolescentes sempre estiveram expostos à violencia sexual sem distinção de
gênero, raça, cor ou etnia, no ambiente intrafamiliar ou extrafamiliar. Nesta
perspectiva, os fatores histórico-sociais e culturais característicos de cada região ou
país devem estar associados, assim como as formas de manifestação deste
fenômeno, fruto da relação estabelecida entre vítima e agressor (ARAGÃO e outros,
2004; ASSIS, 1994; PFEIFFER; SALVAGNI, 2005).
A formação sócio-econômica e política da América Latina, em particular o
Brasil, revelou uma sociedade com bases na colonização e na escravidão de
categorias sociais dominadas e vítimas da exclusão social, da negação dos direitos,
representada por negros, índios, escravos, mulheres e crianças inferiorizados e que
proporcionou o surgimento de uma relação desigual de poderes, originando uma
sexualidade masculinizada e adultocêntrica ainda vigente. (LEAL, 1999).
No aspecto conceitual, a violência sexual se mostra um fenômeno que vem
sendo construído por estudiosos e pesquisadores em várias áreas do conhecimento
humano que, dentro de um consenso mais amplo, de acordo com a Organização
Mundial de Saúde é definida como:
Qualquer ato sexual, tentativa de obter um ato sexual, comentários ou
investidas sexuais indesejados, ou atos direcionados ao tráfico sexual ou,
de alguma forma, voltados contra a sexualidade de uma pessoa usando a
coação, praticados por qualquer pessoa independentemente de sua relação
com a vítima, em qualquer cenário, inclusive em casa e no trabalho, mas
não limitados a ele (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2002, p. 148).
Os estudos classificam a violência sexual em abuso e exploração sexual
comercial. Ainda, de acordo com Faleiros (2000), o conceito destas formas de
26
violência sexual deve levar em consideração a natureza da relação estabelecida nos
cenários de acontecimento (intrafamiliar ou extrafamiliar) e as condições que
envolvem o agressor e a vítima que, no caso do abuso, é denominado de
relacionamento interpessoal sexual parafílico, distinguindo-se dois tipos de violência:
a dominação sexual perversa e a agressão sexual.
O abuso sexual pode ser definido como uma situação que expõe o uso da
criança ou adolescente por adulto ou adolescente mais maduro, com vínculo familiar
ou de relacionamento, para obtenção de prazer ou satisfação sexual sob as formas
de exposição, molestação ou relação hetero ou homossexual, com ou sem
penetração (FALEIROS, 2000, FRANÇA JÚNIOR, 2003; PFEIFFER; SALVAGNI,
2005).
De acordo com a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, o abuso sexual
pode apresentar-se através das seguintes formas (BRASIL, 2004):
Abuso sexual intrafamiliar também conhecido como abuso sexual
incestuoso, que ocorre no âmbito da família e é cometido por pessoas que
possuem laços de parentesco com a vítima, ou pessoas que passam a
assumir a função parental, que habitam ou não o mesmo espaço domiciliar.
(ARAÚJO, 2002; BRASIL, 2001).
Abuso sexual extrafamiliar aquele que ocorre fora do ambiente familiar e
que pode ser perpetrado por pessoas conhecidas e de confiança da vítima
(professor, médico, psicólogo, vizinhos, amigos, entre outros) ou, em
determinadas situações, por pessoas desconhecidas (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA MULTIPROFISSIONAL DE PROTEÇÃO À INFÂNCIA E
ADOLESCÊNCIA, 2002; FALEIROS, 2006).
O abuso sexual pode expressar-se sob as seguintes formas:
Abuso sexual sem contato físico através das seguintes práticas sexuais:
assédio sexual, abuso sexual verbal, telefonemas obscenos, exibicionismo,
voyeurismo (observar atos ou órgãos sexuais sem o consentimento para
obtenção de prazer) e pornografia (GUIA ESCOLAR, 2004).
Abuso sexual com contato físico caracteriza-se por caricias em órgãos
genitais, tentativas de manter relação sexual, masturbação, sexo oral,
penetração vaginal e anal. Este tipo de abuso pode ser tipificado em
atentado violento ao pudor, corrupção de menores sedução e estupro, de
acordo com os conceitos e legislação vigentes. (GUIA ESCOLAR, 2004).
27
Incesto constituído na relação sexual e/ou amorosa entre pessoas
consangüíneas (pai-filha, irmão-irmã, meio-irmãos, entre outros), sobretudo
nas situações em que o casamento tem proibição legal. No Brasil, o incesto
do adulto contra criança menor de 14 anos é constituído como violência
sexual, assim como é proibido o casamento entre pessoas que têm
parentesco de filiação e consangüíneos (GUIA ESCOLAR, 2004).
Pedofilia caracterizada como um tipo de parafilia e que é definida como a
preferência da prática sexual com crianças (ROSELLI-CRUZ, 2005).
A exploração sexual comercial, segundo AMORIM (2005, p. 102) é definida
como:
Uma forma de violência sexual que se caracteriza pela obtenção de
vantagem ou proveito, por pessoas ou redes, a partir do uso (abuso) do
corpo dessas crianças/adolescentes, com base numa relação
mercantilizada e de poder. Contextualiza-se em função da cultura, do
padrão ético e legal, do trabalho e de mercado. Importante ressaltar que o
fenômeno não ocorre somente nos setores mais empobrecidos da
população, perpassando todas as classes sociais.
Esta forma de violência é compreendida através das seguintes modalidades:
Pornografia consiste na exposição de imagens eróticas ou de práticas
sexuais envolvendo crianças ou adolescentes; através de filmes, revistas,
fotografias, vídeos, internet, entre outros; com a finalidade de satisfação
sexual e comercialização no mercado do sexo (AMORIM, 2005).
Trocas Sexuais troca de sexos por favores, como também pela troca de
drogas. As crianças e adolescentes, nesta condição, estão vulneráveis,
abandonadas, necessitadas e encontram-se nas ruas (COSTA, 2006).
Trabalho sexual infanto-juvenil autônomo comercialização do sexo com
a finalidade de sobrevivência para aqueles mais pobres e para manter o
estilo de vida daqueles de uma classe social mais favorecida, assim como
para manutenção do vício com drogas (BRASIL, 2004; COSTA, 2006).
Trabalho sexual infanto-juvenil agenciado agenciamento do sexo
através de uma ou mais pessoas. Nesta situação, os trabalhadores pagam
aos agenciadores por alimentação, vestuário, transporte, proteção, entre
28
outros; podendo se transformar em regime de escravidão (BRASIL, 2004;
COSTA, 2006).
Turismo Sexual:
Caracteriza-se pelo comércio sexual, em regiões turísticas, envolvendo
turistas nacionais e estrangeiros e principalmente mulheres jovens, de
setores pobres e excluídos, de paises do terceiro mundo. O principal serviço
comercializado no turismo sexual é a prostituição, incluindo nesse comércio
a pornografia (shows eróticos) e o turismo sexual transnacional, que
acoberta situações de tráfico de pessoas para fins sexuais (AMORIM, 2005,
p. 104).
Tráfico para fins de exploração sexual contra crianças e adolescentes:
A Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para fins de
Exploração Sexual Comercial no Brasil (PESTRAF) (2002) nas abordagens dos
aspectos conceituais sobre o tráfico tomou como referência o disposto no Protocolo
de Palermo:
[...] o tráfico de pessoas é o recrutamento, o transporte, a transferência, o
alojamento ou a recolha de pessoas, pela ameaça de recursos, à força ou a
outras formas de coação, por rapto, por fraude, e engano, abuso de
autoridade ou de uma situação de vulnerabilidade, ou através da oferta ou
aceitação de pagamentos, ou de vantagens para obter o consentimento de
uma pessoa que tenha autoridade sobre uma outra para fins de exploração
(Termos do protocolo de Palermo, art. 2
o
, alínea a apud LEAL; LEAL, 2002,
p. 44).
3.3.1 Violência sexual e resiliência
As primeiras aplicações do termo resiliência são originárias dos campos da
física e da engenharia. Estudava-se, nesse contexto, a relação entre a força
aplicada a um corpo material e a deformação resultante desta força; sendo que,
nesse sentido, a resiliência assume o significado da capacidade que os materiais
29
possuem de armazenar energia, após tensão sofrida, sem apresentar deformações
permanentes (GONÇALVES, 2003; YUNES, 2003).
Para o contexto que envolve o ser humano, a resiliência assume outra
conotação, que se traduz pela capacidade de determinados indivíduos ou grupos
enfrentarem eventos estressores e/ou traumáticos e não sucumbir diante deles
(JUNQUEIRA; DESLANDES, 2003).
Os estudos sobre resiliência humana surgiram a partir dos estudos de risco,
sendo caracterizada como produto das características individuais da personalidade
do indivíduo ou estilo de coping (mecanismo de adaptação) frente às adversidades,
bem como no âmbito sistêmico, face à relação entre o individuo e o contexto
ambiental. Na atualidade, é unânime entre os autores a explicação do fenômeno da
resiliência como um processo dinâmico, multidimensional ou ecossistêmico
(BARLACH, 2005).
Assim, o conceito de resiliência ainda se encontra em processo de construção
e sua definição não apresenta um consenso entre os estudiosos (SLAP, 2001;
MEJIA, 2003). De acordo com Junqueira e Deslandes (2003), este conceito
apresenta polarizações: pode tomar por base o sentido de adaptação, diante das
adversidades, em função dos nculos e da confiança adquiridos nas relações e
atributos individuais; assim como pode assumir o sentido de superação, visto que
este acontecimento seria integrado ao histórico de vida do individuo ou do grupo
como subsídios para eventos futuros.
A autora Barlach (2005) acrescenta outras controvérsias baseadas na
literatura sobre o tema, como a condição pré-existente de resiliência, em que
determinados indivíduos ou grupos teriam a posse da competência humana em
detrimento de outros; a construção da resiliência após a vivência traumática; e a
resiliência constituída durante o processo. Segundo esta estudiosa:
A resiliência é a reconfiguração interna, pelo sujeito, de sua própria
percepção e de sua atitude diante da vivência da condição da adversidade
ou trauma, constituindo esta, a partir de então, fator de crescimento ou
desenvolvimento pessoal. A resiliência é uma condição interna (não
observável, a não ser em seus efeitos) constatada numa demanda de
adaptação do individuo frente a uma situação excepcionalmente adversa,
ou mesmo traumática, caracterizada por alto potencial destrutivo ou
desintegrador das estruturas e recursos pessoais, da qual resulta o
30
fortalecimento dessas estruturas, o crescimento pessoal, a confirmação de
sua identidade, o desenvolvimento de novos recursos pessoais,
constituindo-se numa reação que transcende os limites de um mero
processo de adaptação (BARLACH, 2005, p. 100).
Durante as três últimas décadas, houve uma crescente atenção dos estudos
sobre a resiliência humana, nas áreas das ciências médicas, com enfoque nas
enfermidades e a investigação etiológica de suas causas; das ciências sociais, com
pesquisas sobre stress; e na psicologia e psiquiatria, em que os estudos priorizaram
os fatores individuais, contexto sócio-cultural e ambiental, quantidade e qualidade de
eventos durante a vida e os fatores de proteção (LINDSTROM, 2001; COSTA;
BIGRAS, 2007).
Um aspecto importante que vem sendo priorizado nos estudos são os fatores
de risco e de proteção, principalmente quando associados ao desenvolvimento da
infância e adolescência. Os fatores de risco, ou adversidades, se constituem como
aqueles que apresentam probabilidades de provocarem danos à saúde e contribuem
para a ocorrência de problemas de comportamento nessa população. Os riscos
(ambientais, contextuais) que afetam crianças e adolescentes podem ser
representados por estresse, evasão escolar, gestação precoce, uso de drogas,
violência familiar, desagregação familiar, violência física, maus-tratos, entre outros.
Visto que uma associação desses fatores provoca danos em variadas dimensões do
desenvolvimento, tornado-se fundamentais as medidas de prevenção e intervenção
no tratamento deste mecanismo de risco (SAPIENZA; PEDROMÔNICO, 2005).
Segundo Organización Panamericana de La Salud; Organizacion Mundial de
La Salud (1998), os fatores de proteção, externos (condições existentes no meio) ou
internos (atributos individuais), o os que apresentam as características de
proporcionar o desenvolvimento de indivíduos ou grupos, assim como diminuir os
efeitos de circunstâncias ou eventos não favoráveis (adversidades) ao mesmo.
Crianças e adolescentes estão em pleno processo de desenvolvimento,
complexo e único, que é o viver numa fase sensível de descobertas e
aprendizagens; e trazem consigo características individuais (sexo, temperamento,
origem genética) na identificação da resiliência, que os habilitam enfrentar situações
traumáticas (violência sexual) ou adversas, necessitando de respostas positivas e
sólidas (fatores protetores) para desenvolver competências (social, acadêmica,
31
vocacional) e habilidades nas sucessivas etapas da vida, considerando a condição
de vulnerabilidades deste grupo aos agravos (pessoais, interpessoais, contextuais)
(ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD; ORGANIZACIÓN MUNDIAL
DE LA SALUD, 1998; GARCIA, 2001; YUNES, 2003).
As contribuições da resiliência para a questão da violência (física, sexual,
psicológica, negligência) contra crianças e adolescentes representam uma forma
original de tratar desta problemática no campo da saúde. Nesse contexto, Junqueira
e Deslandes (2003) destacam duas contribuições essenciais: possibilidade de re-
significação do trauma e a de realizá-la em etapas distintas (infância, adolescência,
adulta).
Quanto à questão do abuso sexual intrafamiliar, os autores supracitados
propõem que as ações de prevenção e promoção, pautadas no vínculo, confiança e
escuta, devem ser realizadas de acordo com as seguintes etapas: prevenção
primária, através do diálogo e da tolerância no âmbito familiar, ratificando o valor da
auto-estima, tornando público seus direitos e respeito ao próprio corpo; a prevenção
secundária, visando interromper o ciclo de abusos e prestar auxílio a vitima e sua
família; e prevenção terciária, objetivando proporcionar ajuda irrestrita à vitima
(psicoterapia) e sua família diante do trauma sofrido.
Estudos longitudinais realizados na ilha Kauai (Havaí), durante quatro
décadas, envolveram 698 crianças nascidas em 1955, identificaram fatores capazes
de promover a resiliência desde a infância até a idade adulta. A primeira amostra foi
composta de 72 crianças e apresentaram, no histórico de vida, quatro ou mais
fatores de risco: pobreza, baixa escolaridade dos pais, baixo peso ao nascer,
deficiência física; sendo que, a grande maioria era proveniente de famílias com pais
alcoólatras e distúrbios mentais. Como resultado, nenhum dos envolvidos
apresentou problemas de aprendizagem ou comportamento (MEJIA, 2003; YUNES,
2003). A segunda amostra teve a participação de 49 crianças, cujos pais
apresentavam problemas com bebidas alcoólicas, conflitos duradouros e viviam em
condições de pobreza. Ao completarem 18 anos, 59% do total não apresentaram
problemas de aprendizagem, sendo considerados resilientes. Aqueles considerados
resilientes nas duas amostras tiveram em comum: o temperamento, melhor
desenvolvimento intelectual, maior nível de auto-estima, maior grau de autocontrole,
famílias numerosas e menor incidência de conflitos nas famílias; atribuídos às
constituições individuais e ao contexto ambiental dispensados pelos cuidadores.
32
Um dos mais importantes aspectos voltado para os fatores de proteção e
promoção da qualidade de vida de crianças e adolescentes são as estratégias que
envolvem o papel dos adultos (parentais e não parentais) na intervenção dos
problemas de saúde que atingem esses grupos.
3.4 Legislação e políticas públicas de enfrentamento da violência sexual
contra crianças e adolescentes
Os textos internacionais que inspiraram a legislação vigente para o tratamento
da infância e adolescência no plano nacional estão assim representados:
Declaração dos Direitos da Criança (Declaração de Genebra, 1924); Declaração
Universal dos Direitos Humanos (1948); Segunda Declaração dos Direitos da
Criança (1959); Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (1989);
Declaração de Viena (1993) (FALEIROS, 1997; MARTIN-CHENUT, 2003).
Nesses documentos, ressalta-se a condição peculiar da criança com ênfase
na proteção e cuidados, dada a condição de vulnerabilidade e seres em pleno
processo de crescimento e desenvolvimento. Entretanto, as Declarações de 1924 e
1959 ausentaram as obrigações do Estado, através de textos simplesmente
declaratórios, conferindo à infância um papel essencialmente passivo. Por outro
lado, a Convenção Internacional (1989) ampliou as Declarações citadas e ratificou
os princípios de direitos estabelecidos em todos os instrumentos, elevando a criança
à condição de sujeito de direitos, com base no interesse superior da criança
(MARTIN-CHENUT, 2003).
No Brasil, a base jurídica está representada pelo Código Penal Brasileiro
(1940), pela Constituição Federal (1988) e pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei 8069 de 13 de Julho de 1990), estabelecendo a criança e o
adolescente como sujeitos de direitos e garantindo a proteção integral e integrada.
Entretanto, não há ainda uma legislação específica para tratar dos crimes de
natureza sexual contra crianças e adolescentes vitimizados, como também não
existe um artigo que trate do tráfico de crianças e adolescentes com fins de
exploração sexual comercial e nenhum dispositivo para a pornografia na internet
(FALEIROS, 1997; LANDINI, 2005; GUIA ESCOLAR, 2004).
33
No Código Penal de 1940, os crimes sexuais estão no capítulo dos Crimes
contra os Costumes, refletindo mudanças importantes em relação ao Código
Republicano de 1890: a família não é mais afetada pelo crime sexual e, sim, o
indivíduo; perda de importância da virgindade (indivíduo em sobreposição à família);
destaca-se a menoridade da pessoa vitimizada. Em ambos, o crime torna-se mais
grave quando cometido por pessoas da família e a virgindade continuou não sendo a
condição necessária para configurar o estupro (LANDINI, 2005).
Neste código, os crimes sexuais estão denominados como: estupro, atentado
violento ao pudor, posse sexual mediante fraude, atentado ao pudor mediante
fraude, sedução, corrupção de menores, rapto violento ou mediante fraude.
Entretanto, o diagnóstico dos casos, que é baseado exclusivamente em meios
legais, revela fragilidade das normas estabelecidas e a necessidade de maior
qualificação dos profissionais envolvidos.
O resultado da avaliação desses crimes tem como conseqüência um laudo
pericial incompatível com a realidade dos fatos apresentados, visto que os critérios
utilizados para análise são baseados no próprio Código Penal, onde lesões graves
são as de natureza prioritariamente corporal (lesões físicas), não considerando os
traumas emocionais decorrentes da violência sexual sofrida pela criança ou
adolescente; e, ao mesmo tempo, fortalecendo esta forma de violência (intra ou
extrafamiliar) e possibilitando impunidade ao agressor (PFEIFFER; SALVAGNI,
2005).
A violência sexual, sob a forma de abuso e exploração, vitimiza crianças e
adolescentes no Brasil e se apresenta como um fenômeno de causalidades
complexas com raízes históricas, culturais, sociais e econômicas. O abuso sexual é
um problema de natureza interpessoal, familiar e cercado pelo silêncio de suas
vítimas e a impunidade do agressor; enquanto a exploração tem caráter comercial e
ilegal, sendo articulada em redes com amplo poder de disseminação (FALEIROS,
1997; LEAL, 1999).
Essas raízes que desencadearam uma relação de desigualdades e
vulnerabilidades para crianças e adolescentes, no processo de construção da
sociedade brasileira, estabeleceram, por um lado, um desequilíbrio estrutural entre
as regiões sudeste e sul com as demais regiões do país, provocando um
desenvolvimento desigual e heterogêneo do processo de urbanização sem o devido
atendimento das políticas públicas e sociais, gerando pobreza, distribuição de
34
renda e o excesso populacional nos grandes centros urbanos. Por outro lado,
evidencia-se o poder estabelecido por essa mesma sociedade aos adultos, aos pais,
aos mais fortes sobre aqueles que foram privados de direitos e tratados como
objetos, estabelecendo uma relação adultocêntrica, de pátrio poder e de onipotência
(FALEIROS, 2000).
As primeiras organizações que tinham por objetivo dar visibilidade a violência
começaram a ser criadas na década de 80, a exemplos do Centro Regional dos
Maus-Tratos (CRAMI) de Campinas, da Associação Brasileira Multiprofissional de
Proteção à Infância e Adolescência (ABRAPIA) do Rio de Janeiro e do Centro
Brasileiro da Criança e do Adolescente – Casa de Passagem, de Recife.
A mobilização da sociedade civil organizada, do poder público e das
entidades não governamentais e internacionais no enfrentamento da violência
sexual contra crianças e adolescentes ganharam ênfase a partir da década de 90,
pautados na Constituição Federal de 1988 e no Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), em 1990, que estabeleceu um sistema de proteção integral à
criança e ao adolescente, assim como na Convenção Internacional dos Direitos da
Criança de 1989. Quanto às organizações internacionais, as campanhas que
ganharam destaque na temática da infância e adolescência foram aquelas que
objetivaram a erradicação do trabalho infantil, principalmente a de caráter sexual.
Teve participação fundamental com apoio logístico, financeiro e técnico, o Fundo das
Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Organização Internacional do Trabalho
(OIT), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO), Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID),
entre outras.
No ano 2000, o Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-
Juvenil teve como função primordial implementar ações de articulação e intervenção,
frente à violência sexual através da prevenção, capacitação e execução de
programas. Destaca-se, também, a ampliação da pesquisa desenvolvida pela
ABRAPIA através do disque-denúncia, entre 1997 e 2003. Em 2002, o Comitê
Nacional de Enfrentamento do Abuso e Exploração Sexual, organizações não
governamentais, governo e entidades internacionais uniram-se com o objetivo de
criar espaços para programas, desenvolver políticas e mobilização para o problema
da violência e monitoramento e avaliação do plano nacional (BRASIL, 2002; GUIA
ESCOLAR, 2004).
35
Atualmente, a prioridade governamental se reflete na interação dos âmbitos
federal, estadual e municipal e das organizações não governamentais, na
implementação de programas que objetivam transformar essa realidade assumida
pela violência no universo infanto-juvenil, estabelecendo uma agenda comum entre
todos os setores envolvidos voltados e para prevenção, intervenção e tratamento da
violência sexual (GUIA ESCOLAR, 2004).
Na interrupção do ciclo da violência sexual contra crianças e adolescente no
município, a escola pode implementar três modalidades de prevenção em relação à
violência contra crianças e adolescentes (COSTA, 2006):
1 Prevenção Primária: promovendo a redução dos fatores sociais, ambientais
e culturais que influenciam a ocorrência da violência sexual, assim como a
disseminação e sensibilização de grupos sociais estratégicos, destacando-se nesse
nível o papel da escola com seus atores: professores e alunos, que teriam um papel
importante nessa modalidade de prevenção,
2 Prevenção Secundária: implementando a identificação e notificação da
violência sexual, como forma de interromper o ciclo da repetição dessa violência
contra crianças e adolescentes, destaca-se nesse nível os órgãos de
responsabilização social e defesa (Juizado da Infância e da Adolescência,
Conselhos Tutelares, Delegacia de Proteção à Infância e Adolescência entre outros);
3 Prevenção Terciária: implantação de uma rede de atendimento e
acompanhamento da vítima e do agressor (jurídico, psicossocial, de educação,
saúde), com o objetivo de redução das conseqüências negativas geradas sobre o
desenvolvimento psicossocial das crianças e adolescentes vitimizados.
3.5 Construção social da infância e da adolescência
A trajetória histórica da infância e da adolescência revela que, desde as
antigas civilizações, crianças e adolescentes eram submetidos à práticas cruéis,
como também, atrocidades (infanticídios, filicídios), justificadas pelo uso/abuso da
autoridade (pátrio poder), por razões de ordem social, religiosa, econômica, jurídica,
entre outras; que, no decurso do tempo, foram limitadas passando atribuir
36
importância à infância e ao papel da mãe na estruturação da família (ARAGÃO e
outros, 2004; PIRES; MIYAZAKI, 2005).
As concepções de infância e de adolescência transitaram entre diferentes
compreensões (teóricas, práticas) sob as óticas da modernidade (conhecimento das
certezas) e pós-modernidade (construção de significados, resignificações), que
suscitaram reflexões críticas e maior aprofundamento dessas fases da vida, desde
épocas anteriores, sendo hoje tratada como fruto de construção histórica e sócio-
cultural de uma sociedade, de acordo com o seu contexto e sistemas de classes, de
idades, de status e de papel (FROTA, 2007).
Nesta perspectiva, criança e infância possuem raízes etimológicas distintas,
sendo que, o termo criança é originário do latim creantia, criantia e, cujo significado
está submetido às ações de natureza histórico-cultural, conforme o momento.
Infância vem do latim infans e quer dizer aquele indivíduo com incapacidade de falar.
A adolescência deriva-se do latim adolescentia, que significa adolescer e geralmente
encontra-se vinculada ao acontecimento da puberdade (processo de maturação
sexual) com ênfase no fisiológico (PIMENTEL; ARAÚJO, 2007; FROTA, 2007).
A história social da infância tem como marco referencial a obra do historiador
francês Philippe Ariés (1978, 1981), que realizou pesquisa de abordagem
iconográfica sobre o tema, no continente europeu. Ele defende dois eixos principais
em seu trabalho: a sociedade da Idade Média que não fazia distinção entre a criança
e o adulto; e a transformação ocorrida com a criança e a família, que passaram a
ocupar uma posição central na dinâmica social. Mesmo com a relevância de seu
estudo, sofreu algumas críticas como: adotar uma visão linear da história, não
considerando a diversidade cultural que existe fora deste continente, assim como, as
diferentes e múltiplas maneiras de se viver a infância (CASTRO, 2008).
Assim, para este historiador, não existia infância antes da modernidade, a
criança não era diferenciada do adulto, pois ambos participavam dos mesmos
lugares e situações, principalmente na época medieval onde a criança passava a
freqüentar o universo dos adultos a partir dos 7 anos (ZANONI, 2005).
O século XVII sinaliza a preocupação gradativa com a criança por parte dos
adultos que, do mesmo modo, concebiam esses grupos como necessitados de
proteção, amparo, cuidados e controle, através de forte disciplina (NASCIMENTO e
outros, 2008).
37
A partir do século XVIII, estabeleceu-se uma imagem diferente e própria da
criança, representada anteriormente por características peculiares do adulto. Esta
mudança, no campo social, estava ligada ao sistema de produção capitalista, que
elegeu a criança como força de trabalho, através da exploração da mão-de-obra
infantil (PIMENTEL; ARAÚJO, 2007).
Destacou-se, também, o papel do Estado que atribuiu aos pais a
responsabilidade sobre a criança e seu futuro, assim como, a substituição da
educação tradicional delegada à família e, que passou a ser substituída pela escola,
com o intuito de formar adultos saudáveis, adaptados e produtivos (processo de
infantilização). Iniciou-se, então, a constituição da infância moderna (sentimento de
infância) e, no Ocidente, ocorreram mudanças na estrutura familiar e a valorização
acentuada da criança, que assume posição central na composição da família
(ANDRADE, 1998).
Segundo BOCK (2007), a adolescência foi institucionalizada por Erickson
(1976) que foi seguido por diversos autores, inclusive na América Latina. Para esses
estudiosos, a adolescência se caracteriza como uma etapa de transição entre a
infância e o mundo adulto, uma fase natural, de caráter abstrato e universal, cheia
de conflitos e com certa carga patológica. Esta autora, com o objetivo de superar
essas concepções naturalizantes que têm caracterizado o conceito de adolescência,
propõe uma análise crítica, a partir de uma perspectiva sócio-histórica, na qual a
adolescência é percebida enquanto construção social, buscando compreender sua
constituição histórica.
No campo da ciência, o aumento dos conhecimentos na área de psicologia
pelas contribuições dos teóricos referenciais no estudo do desenvolvimento humano
(Freud, Piaget, Vygotsky, entre outros), foi essencial para a construção de uma
concepção de infância, assim como, para o ajustamento do processo educacional
(FALEIROS; FALEIROS, 2007).
No Brasil, a história da infância e da adolescência pela presença das diversas
formas de violência, inclusive pedofilia e pederastia (MOTT, 1996), do uso da força
(poder) e humilhações; cerceada por desigualdades sócio-econômicas, barreiras
culturais e pelas atitudes tradicionais do paternalismo e do assistencialismo que
atravessaram os períodos da Colônia, do Império e da República (PRIORE, 1996).
Neste percurso histórico, a escravidão demarcou o processo mais cruel que
sacrificaram negros e índios para alimentar a riqueza e a dependência de uma terra
38
invadida, submissa e fadada à exploração de recursos naturais, geográficos, sociais
e humanos. Esta condição atingiu de maneira brutal a criança, seja ela descendente
de escravo, separada da própria mãe que servia como ama-de-leite, ou aquela de
origem indígena, retirada de sua comunidade para ser obrigada a incorporar os
costumes do cristianismo, ambas tornaram-se vítimas da exploração sexual e
assassinato pelos emigrantes colonizadores.
No século XVIII, a existência de crianças abandonadas nas ruas e sendo
devoradas por cachorros e ratos, levou a criação da Roda dos Expostos (Salvador
em 1726 e Rio de Janeiro em 1738), localizadas nas paredes das Santas Casas.
Neste local eram colocadas as crianças abandonadas e rejeitadas (nascidas fora do
casamento), provocando grande aglomeração de crianças, sem condições
estruturais, sociais e higiênicas; resultando em alta taxa de mortalidade infantil,
instituição que perdurou até 1948, na cidade de São Paulo (LEITE, 1996).
O final do século XIX e o início do século XX foi um período caracterizado
pela significativa importância atribuída a crianças e adolescentes em função do
extraordinário crescimento populacional da população brasileira, com a maioria
sendo representada por pessoas até 19 anos de idade (51,0%); o desejo de
modernização inspirado no modelo de sociedade européia em que os educadores
elegeram a criança como elo fundamental de mudança social; assim como, do
movimento dos sanitaristas (médicos e engenheiros) e juristas que passaram a exigir
do Estado o cuidado assistencial para crianças em situação de abandono e
delinqüência (CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE, 2000).
A emergência da adolescência na sociedade ocidental do século XX esteve
vinculada à possibilidade de dispensar a contribuição financeira por parte dos pais
e/ou familiares, possibilitando maior tempo de dedicação a sua formação profissional
e desencadeando, na sociedade contemporânea e tecnicista, crescente necessidade
de qualificação profissional para ingresso no mercado de trabalho, exigindo que
disponha mais tempo de permanência das crianças sob os cuidados dos pais, em
função de maior permanência no espaço escolar (FROTA, 2007).
De acordo com Salles (2005), as mudanças históricas e sócio-culturais
trouxeram situações de ambivalência para crianças e adolescentes no contexto
contemporâneo, diagnosticadas pelo equilíbrio nos modos de relação entre crianças,
adolescentes e adultos, em paralelo ao questionamento do poder adultocêntrico e do
39
prolongamento da adolescência, essencialmente nas camadas médias da
população.
Nesse aspecto, o processo de socialização que passou por visíveis
transformações no âmbito das relações de crianças e adolescentes com pais,
adultos e professores, sofre na atualidade influências do campo tecnológico (acesso
ao consumo), descontrole do nível de informação, dificuldades dos pais para impor
limites e modificação do perfil familiar. (CAMPOS; SOUZA, 2003; SALLES, 2005).
3.6 O papel da escola na rede de enfrentamento da violência sexual
Na mobilização e enfrentamento da violência que atinge crianças e
adolescentes, especialmente a violência sexual, a instituição escolar, através dos
educadores e corpo técnico, se destaca como um cenário fundamental para o
desenvolvimento das estratégias de prevenção, proteção e intervenção, em
consideração às manifestações comportamentais, físicas e cognitivas conseqüentes
aos agravos causados pelas diversas formas de violência.
Assim, com o intuito de aprimorar as habilidades de professores e
profissionais de educação no Brasil para lidar com problemas de abuso e
exploração sexual de crianças e adolescentes, foi publicado, em 2004, o Guia
Escolar: Métodos para Identificação de Sinais de Abuso e Exploração Sexual de
Crianças e Adolescentes, que propõe ações que viabilizem a participação da Escola
na prevenção designada em três eixos.
No primeiro eixo as ações são direcionadas em informar a comunidade
escolar sobre o assunto. Esse processo de informação deve compor
preferencialmente o programa de educação para a saúde sexual na escola.
No segundo eixo, deve-se proporcionar um ambiente no espaço escolar para
que, as crianças vistas de forma diferenciada e rejeitadas pelo grupo, sejam
incluídas verdadeiramente através de seus colegas e professores.
E no terceiro eixo, as ações consistem em realizar um trabalho preventivo
com os pais dos alunos, principalmente com famílias de crianças em situação de
risco. Nestas ações são propostas determinadas atividades que podem ser
desenvolvidas, a saber:
40
1. Estabelecer relação de confiança entre a mãe e a criança proporcionando
comunicação aberta entre ambas;
2. Abdicar de tempo e atenção para os filhos; compartilhar com seus desejos de
expressão por mais desconexo que possa parecer o conteúdo e não criar
obstáculos para ouvi-los, pois pode ser uma situação de violência sexual e a
criança desejando relatar uma situação de abuso sexual;
3. Formar uma rede social de amparo à família, para que a mesma tenha
condições de proteger a criança na ausência do responsável por sua
educação; visto que, a maior ocorrência do abuso é manifestada quando a
criança está a sós com jovens e adultos.
41
4 METODOLOGIA
4.1 Tipo de estudo
Estudo de corte transversal, com amostra aleatória, estratificada por
conglomerado e por estágios múltiplos (escolas, alunos e professores). No processo
de amostragem foram consideradas as escolas do ensino médio da zona urbana do
município, alunos matriculados na faixa etária de 14 a 19 anos e professores
atuantes na rede pública estadual de ensino.
4.2 Local do estudo
Município de Feira de Santana Bahia Brasil. Segunda maior cidade do
Estado da Bahia/Brasil, com população em torno de 535.820 habitantes, distando
100 km da capital – Salvador, cortada por três Rodovias Federais (BR 324, BR 116 e
BR 101) e cinco Rodovias Estaduais (BA 052, BA 068, BA 501, BA 502 e BA 503),
sendo considerada o maior entroncamento rodoviário do Norte e Nordeste do Brasil
(IBGE, 2007).
4.3 Universo de estudo
Alunos adolescentes e professores das Escolas Públicas do Município de
Feira de Santana.
42
4.4 População alvo
A rede estadual de ensino de Feira de Santana dispõe de 42 escolas públicas
que oferecem cursos de Ensino Fundamental e Médio, com um universo de 38.352
alunos e 1348 professores.
Foram selecionadas amostras representativas de alunos adolescentes (de 10
a 19 anos) e professores da rede de escolas públicas do município (segundo critério
da Secretaria de Educação do Município);
A amostra de alunos foi calculada na faixa etária de 14 a 19 anos, de ambos
os sexos, matriculados na rede, no ano de 2006; assim como de professores do
Ensino Fundamental e Médio, atuantes na rede estadual de ensino.
A faixa etária dos alunos foi escolhida com base nos critérios estabelecidos
pela Organização Mundial de Saúde em 1995, citado por Costa e Souza (1998), em
que apresenta uma subdivisão de ciclos etários para a adolescência:
Adolescência precoce – 10 a 14 anos;
Adolescência intermediária – 15 a 16 anos;
Adolescência tardia – 17 a 19 anos.
4.4.1 Critérios e procedimentos para seleção das escolas
Em primeira instância, foi contatada a Diretoria Regional de Educação de
Feira de Santana (DIREC) para apresentação e viabilidade de realização do
projeto nas escolas públicas estaduais;
Foi solicitado, à Secretaria de Educação do Estado e Município, permissão de
acesso para informações referentes ao número de escolas, alunos e
professores da rede, para cálculo de uma amostra representativa;
Do total de escolas públicas estaduais, foram excluídas as especiais, pré-
escolas e aquelas com apenas as primeiras séries de ensino (1ª a série),
resultando em 42 estabelecimentos, distribuídos em 05 áreas de abrangência
do município, conforme divisão da Secretaria de Educação;
43
Foi apresentado o projeto às diretorias das escolas sorteadas, objetivos,
metodologia de coleta de dados, participação efetiva de alunos;
Foi determinada a coleta de dados nos turnos matutino, vespertino e noturno
do 1º semestre de 2007.
4.4.2 Critérios para elegibilidade dos alunos na pesquisa:
Faixa etária de 14 a 19 anos e 11 meses, ambos os sexos, matriculados nas
escolas sorteadas, nos 3 turnos (matutino e vespertino ou noturno);
Estar presente na sala de aula, no momento da coleta dos dados;
Aceitar participar da pesquisa (consentimento livre e esclarecido), após a
explicação dos objetivos e importância da pesquisa;
Não foram realizados testes neurológicos e psiquiátricos.
4.4.3 Critérios de elegibilidade dos professores na pesquisa
Ensinar nas séries do Ensino Fundamental e Médio, da Rede Estadual de
ensino, zona urbana de Feira de Santana;
Ter vínculo efetivo no exercício profissional docente;
Estar em atividade acadêmica no período matutino e/ou vespertino ou
noturno;
Estar presente no ambiente escolar, no momento da coleta dos dados;
Aceitar participar da pesquisa (consentimento livre e esclarecido), após
explicação sobre objetivos e importância da pesquisa.
44
4.5 Fontes e instrumentos
Foi utilizada fonte primária, mediante a utilização de dois instrumentos (alunos
e professores), auto-aplicável, de caráter sigiloso, elaborado a partir de instrumentos
validados em outros estudos (CEBRID/UNIFESP, 1997; CETAD/UFBA, s/d;
SESU/UNDEC/UEFS, 2002), adaptado aos objetivos e população alvo da pesquisa,
previamente testado, por diversas etapas. A testagem foi realizada em escolas, com
adolescentes e professores, com características semelhantes da amostra e que não
participaram da pesquisa.
Os questionários foram estruturados em quatro partes e redigidos de forma
simples e objetiva para facilitar a compreensão de alunos e professores:
Dados sócio-demográficos;
Conhecimento sobre violência sexual;
Conhecimento sobre exploração sexual e abuso sexual;
Depoimento de casos de vitimização sexual (conhecido ou vivenciado) e o
papel da escola diante do enfrentamento da violência contra crianças e
adolescentes (professores).
4.6 Procedimentos de coleta de dados
Os aspectos metodológico-operacionais da coleta de dados utilizaram-se da
experiência e formação recebidas, através de consultoria do CETAD-UFBA/SESAB,
s/d; em projeto realizado em escolas do município, sobre a utilização de substâncias
psicoativas, com apoio do CNPq. Foi realizado rigoroso treinamento da equipe de
coleta, através de um manual de sistematização de procedimentos básicos nos
aspectos éticos e sigilosos: professores afastados, explicações aos alunos sobre
anonimato, instrumento e a importância da pesquisa, anterior à execução; carteiras
eqüidistantes; urnas lacradas, codificadas e depositadas em local específico;
supervisão eqüidistante da equipe; estabelecimento do livre arbítrio (termo de
consentimento livre esclarecido); autodepósito dos instrumentos nas urnas. Esse
45
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEFS (76/200 de
21/02/2000).
Inicialmente, as escolas foram notificadas quanto á participação da mesma na
amostra da pesquisa e foi agendada uma data oportuna para a coleta, de modo a
não interferir nas atividades da escola. Nesse momento, foi realizado o sorteio das
turmas que iriam participar da pesquisa no dia da coleta, de modo a preparar a
turma quanto a não realização e algumas tarefas como provas ou apresentação de
trabalhos escolares. Nesse dia os alunos permaneciam na própria sala e, com a
chegada dos pesquisadores, o professor era solicitado a responder o seu
questionário na sala dos professores. Até esse momento os alunos não foram
informados do tema da pesquisa. Antes de distribuir os questionários aos alunos o
pesquisador explicava os objetivos e finalidade da pesquisa, solicitando a
colaboração dos mesmos, assegurando o livre arbítrio e a importância do anonimato.
De modo geral os alunos responderam o questionário em aproximadamente 20
minutos e depois de respondidos, os questionários foram auto-depositados em urna
lacrada e codificada, eqüidistante do pesquisador e alunos. Os professores
responderam no horário em que os seus alunos respondiam ao questionário e outros
no horário do intervalo na sala dos professores. A presença do pesquisador foi de
grande importância na aplicação do questionário, uma vez que esclarecimentos
pertinentes à pesquisa como objetivos e finalidade da mesma garantiram a adesão.
O pesquisador manteve-se em cada sala eqüidistante dos alunos, permitindo
supervisão sigilosa.
4.7 Aspectos éticos
Os questionários foram aplicados após autorização dos pais ou responsáveis
pelos alunos menores e consentimento livre esclarecido assinado pelos maiores de
18 anos, com apoio da direção das escolas envolvidas, segundo Resolução 196 de
1996, referente aos aspectos éticos de 10/10/96 do Conselho Nacional de
Saúde/Ministério da Saúde. Este projeto foi aprovado pelo CEP UEFS, Protocolo
004/2005 (CAAE 0006.0.059.000-05) (Anexo A).
46
4.8 Variáveis do estudo
As variáveis foram agrupadas tendo em vista as associações pertinentes ao
estudo e a discussão das mesmas.
4.8.1 Variáveis sócio-demográficas
Adolescentes: faixa etária de 14 a 19 anos; sexo; série de estudo (todas as
séries do ensino do grau e graus); Coabitação (pai, mãe, pai e mãe,
avós, adolescentes e companheiros, familiares, não sei);
Pais: religião; renda familiar (abaixo de 1 salário mínimo; entre 1 a 2
mínimos, entre 3 e 5 mínimos, acima de 5 mínimos, não tem renda familiar);
escolaridade (analfabeto, grau incompleto e completo, grau incompleto
e completo; 3º grau ; pós-graduação);
Professores: faixa etária (anos); sexo; tempo de trabalho com ensino (anos e
meses); escolaridade: grau completo; grau completo; grau
incompleto; pós-graduação; religião.
4.8.2 Variáveis relacionadas ao conhecimento sobre a violência sexual contra
crianças e adolescentes
Aspectos gerais sobre a violência sexual (tipos de violência, manifestações
clínicas e psicossociais das vítimas; fatores de risco e de proteção para a
ocorrência da violência);
Aspectos específicos relacionados ao abuso sexual contra crianças e
adolescentes;
Aspectos específicos relacionados à exploração sexual contra crianças e
adolescentes;
47
4.8.3 Variáveis relacionadas ao depoimento de casos conhecidos de violência
sexual contra crianças e adolescentes
Conhecimento de caso de vitimização, a forma de violência, características da
vitima e do agressor (abusadores e exploradores - diferentes tipos de pessoas
e de situações), situações de risco e de proteção, outras violências
associadas, sinais e sintomas físicos e comportamentais.
Denúncia (ocorrência ou não, envolvidos) e o papel da escola, diante de um
caso.
4.9 Análise de dados
Amostragem aleatória por conglomerado em 2 estágios (BERQUÓ e outros,
1981).
O procedimento de amostragem foi realizado em 2 estágios. No primeiro
foram selecionadas aleatoriamente as escolas, unidades primárias (UP) e no
segundo os alunos/professores, unidades secundárias (US), respeitando a
proporcionalidade e a representabilidade das UP e US.
A estimativa do tamanho da amostra de alunos do estudo foi calculada a partir
da fórmula da amostragem aleatória simples (1.0), assumindo-se a proporção de 0,5
como referência das características pesquisadas na população, nível de confiança
de 95% (z = 1,96) e grau de precisão absoluta de 0,05. O que resultou em n=382
alunos.
(1.0) n = z
. p . (1 – p) __
d
2
.
Z = nível de confiança de 95%.
d - erro aceitável de 0,05.
p = proporção da característica estudada na
população.
A amostragem por conglomerado em 2 estágios torna-se auto-ponderada,
mediante a manutenção da fração geral de amostragem, dada por f = n/N, onde n
48
representou o tamanho da amostra calculada pela aleatória simples, 382 alunos, e N
o tamanho da população de alunos registrada pela Secretaria de Educação do
Estado da Bahia (71 846 alunos). Obtendo-se ao final a fração geral de
amostragem de f=382/71846
1/200.
O passo seguinte foi a determinação da fração de amostragem do
estágio (escolas) dada pela expressão f1 = m/M (probabilidade de seleção das UP),
onde m é o número de escolas sorteadas e M a população de escolas relacionadas
para o estudo. Das 42 escolas relacionadas, sorteou-se 10, de forma aleatória e
proporcional ao número total de escolas por porte: pequeno (120 a 500 alunos) -
11,9%; médio (501 a 1400 alunos) - 31%; grande (1401 a 2500 alunos) - 40.5%; e
especiais - 16.7%; à partir da classificação adotada pela Secretaria de Educação do
Estado da Bahia, obtendo-se ao final a fração de amostragem do estágio de
f1=10/42
1/4.
Em seguida, aplicou-se a fração de amostragem de estágio, dada pela
expressão f2 = f/f1
2/100 em cada uma das 10 escolas sorteada. Desta forma, a
fração geral de amostragem (f) foi mantida constante (f=f1*f2=1/200). O
tamanho final da amostra de alunos do estudo ficou em torno de 435 alunos (soma
dos alunos selecionados das escolas que compõem a amostra) (Tabela I).
O mesmo procedimento de amostragem por conglomerado foi aplicado à
amostra de professores, obtida através da fórmula da amostra aleatória (n=92),
com os seguintes parâmetros: proporção da característica estudada na população
de 0,50, intervalo de confiança de 95% e erro aceitável de 0,10. A fração geral de
amostragem foi mantida constante, f=92/2049
1/20, mediante aplicação da fração
de amostragem do estágio de f11/4 (mesmo valor da amostra de alunos) e da
fração de amostragem de estágio estimada em f21/5. Ficando o tamanho final
da amostra de professores em 105 (soma dos professores selecionados das
escolas que compõem a amostra) (Tabela 1).
Devido ao efeito de desenho proveniente da amostragem por conglomerado,
expandiu-se o tamanho das amostras de alunos e professores (Tabela 2). O efeito
de desenho para os alunos foi estimado em torno de deff=1 + (38 -1)*0.025 2,
assumindo-se o número médio de 38 alunos por escola e correlação intra-classe de
0,025. O efeito de desenho para a amostra de professores foi estimado em torno de
deff=1 + (9-1)*0.05 1,4, assumindo-se o mero médio de 9 professores por
49
escolas e correlação intra-classe de 0,05. Foi aplicado o efeito do desenho de 2, na
amostra de alunos, duplicando-se a amostra e, de 1,4 para os professores,
expandindo a amostra em 40%.
50
Tabela 1 –Tamanho da amostra de alunos e professores do município de Feira de Santana (BA), 2006 (sem efeito do desenho)
Porte da Escola
Nome da escola
Número de
alunos
Amostra de
alunos
Efeito
Desenho
Número de
professores
Amostra de
professores
Pequeno Porte
COLEGIO ESTADUAL SANTA ISABEL
477 11
12
2
Médio Porte
COLEGIO ESTADUAL AGOSTINHO FROES DA MOTA
1400 31
35
6
Médio Porte
COLEGIO ESTADUAL GENERAL SAMPAIO
1072 24
43
7
Médio Porte
COLEGIO ESTADUAL EDITH MENDES DA GAMA E ABREU
1202 27
33
8
Grande Porte
COLEGIO EST PADRE HENRIQUE A BORGES
1584 35
41
9
Grande Porte
COLEGIO ESTADUAL ERALDO TINOCO DE MELLO
1411 32
46
8
Grande Porte
ESC DE 1° GRAU JOSEFA CLEMENTINO
2238 50
50
9
Grande Porte
COLEGIO ESTADUAL PAULO VI
2265 51
70
13
Porte Especial
CENTRO INT. DE ED. ASSIS CHATEAUBRIAND
5286 118
69
30
Porte Especial
COLEGIO ESTADUAL TEOTONIOVILELA
2533 57
157
13
Amostra final
435
105
Nota: Não foi assumido o efeito de desenho nos cálculos da tabela acima a fim de se expandir o tamanho das amostras.
51
Tabela 2 –Tamanho da amostra de alunos e professores do município de Feira de Santana (BA), 2006 (com efeito do desenho)
Porte da Escola Nome da escola Nº de alunos
Amostra de
alunos sem
deff
Amostra
de
alunos
com deff
de
prof.
Amostra
de prof.
sem deff
Amostra de
prof. com
deff
Pequeno Porte
COLEGIO ESTADUAL SANTA ISABEL
477 11 X 2 = 22
12
2 X 1,4=2,8
Médio Porte
COLEGIO ESTADUAL AGOSTINHO FROES DA MOTA
1400 31
X 2 = 62
35
6 X 1,4=8,4
Médio Porte
COLEGIO ESTADUAL GENERAL SAMPAIO
1072 24 X 2 = 48
43
7 X 1,4=9,8
Médio Porte
COLEGIO ESTADUAL EDITH MENDES DA GAMA E ABREU
1202 27 X 2 =54
33
8 X 1,4=11,2
Grande Porte
COLEGIO EST PADRE HENRIQUE A BORGES
1584 35 X 2= 70
41
9 X 1,4=12,6
Grande Porte
COLEGIO ESTADUAL ERALDO TINOCO DE MELLO
1411 32 X 2 = 64
46
8 X 1,4=11,2
Grande Porte
ESC DE 1° GRAU JOSEFA CLEMENTINO
2238 50 X 2= 100
50
9 X 1,4=12,6
Grande Porte
COLEGIO ESTADUAL PAULO VI
2265 51 X 2= 102
70
13 X 1,4=18,2
Porte Especial
CENTRO INT. DE ED. ASSIS CHATEAUBRIAND
5286 118 X 2= 236
69
30 X 1,4=42
Porte Especial
COLEGIO ESTADUAL TEOTONIOVILELA
2533 57 X 2=104
157
13 X 1,4=18,2
Amostra final
435 870
556
105 X 1,4= 147
Nota: Aplicou-se o efeito de desenho de: 1 + (38 -1)*0.025
2 para os alunos, onde o número médio de alunos selecionados por escola foi de 38, com uma
correlação intra-classe estabelecida em 0,025, e 1 + (9-1)*0.05= 1,4 para os professores, onde a média de professores selecionados por escolas foi de 9,
com uma correlação intra-classe estabelecida em 0,05.
52
4.10 Plano de Análise
Variável dependente
As variáveis dependentes consideradas nos modelos explicativos propostos
serão representadas pelo conhecimento sobre a problemática da violência e relato
de casos de violência.
Modelos explicativos
Modelo A Conhecimento sobre a problemática versus faixa etária, sexo,
escolaridade e coabitação (Alunos);
Modelo B Relato de casos de vitimização versus faixa etária, sexo,
escolaridade e coabitação (Alunos);
Modelo C Conhecimento sobre a problemática versus faixa etária,
escolaridade, tempo de serviço e religião (Professores);
Modelo D Relato de casos de vitimização versus faixa etária, escolaridade,
tempo de serviço e religião (Professores).
Análise descritiva do conhecimento de alunos e professores sobre aspectos
que envolvem a violência sexual (dados sócio demográficos de professores, alunos
e famílias; tipos de violência; conseqüências clínicas e psicossociais; fatores de
proteção e de risco; características dos agressores; tipo de intimidação; violências
associadas; denúncias);
Análise descritiva do relato de alunos e professores sobre casos de
vitimização, segundo dados dos agressores, das violências, das vítimas, e
denúncias.
53
4.10.1 Estratégia analítica geral
Foram realizadas analises univariada e bivariada, obtendo as medidas de
Prevalência, Razão de Prevalência e Intervalo de Confiança com nível de
significância de 95% dos diversos fatores (variáveis independentes) em relação às
variáveis dependentes (conhecimento sobre a problemática ou relato de casos de
vitimização). O banco de dados deste estudo foi criado e a análise estatística
realizada através dos programas SPSS 13.0 for Windows e STATA 7.0 dos
computadores do Núcleo de Estudos e Pesquisa na Infância e Adolescência
(NNEPA) do Departamento de Saúde da Universidade Estadual de Feira de Santana
(UEFS).
54
5 RESULTADOS
Conhecimento e depoimento de alunos adolescentes e professores sobre a
problemática da violência sexual
A rede municipal de ensino de Feira de Santana, onde foi desenvolvida esta
pesquisa, dispõe de 42 escolas públicas que oferecem cursos de ensino
fundamental e médio, totalizando o universo de 38 352 alunos e 1348 professores
(FEIRA DE SANTANA, 2006).
Participaram da presente pesquisa 833 alunos, de 14 a 19 anos (ambos os
sexos), matriculados na rede de escolas públicas e 100 professores (ambos os
sexos) atuantes nessa rede, representantes de uma amostra aleatória, estratificada
por conglomerado, em dois estágios. No primeiro estágio, selecionaram-se as
escolas obedecendo a sorteio aleatório, de acordo com o porte das mesmas
(número de alunos matriculados pequenas, médias, grandes e especiais) e a
distribuição por área de abrangência no município, segundo critério da Secretaria de
Educação. No segundo estágio, realizou-se o sorteio aleatório de alunos e
professores, respeitando a representatividade e a proporcionalidade de ambos por
escola e série de ensino e estudo (vide capítulo de método).
Os adolescentes que estavam na faixa etária de 10 a 13 anos o foram
incluídos na amostra pelo fato de demonstrarem menor capacidade de compreensão
e participação em inquéritos mais exigentes, considerando-se a fase do
desenvolvimento psicossocial e capacidade de abstração, em cada etapa da
adolescência. Outro motivo, diz respeito às questões éticas e sigilosas que, mesmo
asseguradas na pesquisa, poderiam dificultar a abordagem destes adolescentes.
O questionário foi respondido por 732 alunos e 88 professores,
correspondendo a 88% das amostras selecionadas e registro de 12% de perdas em
função de ser adotada a estratégia de serem eliminados os casos que tivessem pelo
menos um missing (ausência de dados). Portanto, assumi-se que os casos
eliminados eram similares aos analisados em relação à idade, sexo e outros fatores
que pudessem influenciar nas respostas, considerados perdas aleatórias.
55
Os resultados encontram-se apresentados em formato de tabelas,
organizados de acordo com os objetivos da pesquisa e as sessões do instrumento
de coleta. Inicialmente, são apresentados os resultados referentes aos aspectos
sócio-demográficos dos alunos e professores, seguidos da apresentação dos dados
relativos ao conhecimento desses sobre os aspectos que envolvem a violência
sexual sofrida por crianças e adolescentes. Na última sessão, são apresentados os
depoimentos de alunos e professores sobre casos conhecidos de crianças e
adolescentes vitimizados.
De acordo com os princípios éticos que regulam as pesquisas com seres
humanos, as informações obtidas são sigilosas, quanto aos sujeitos da informação.
Neste estudo, não foi investigado sobre a identidade dos casos relatados, mas,
sobretudo, a experiência de alunos e de professores, quanto ao conhecimento da
problemática, assim como de casos de vitimização, os respectivos agressores,
conseqüências, divulgação e denúncias.
Nesta pesquisa, foram realizadas as análises em duas etapas: análise
descritiva e, posteriormente, os cálculos da Prevalência (P) e Razão de Prevalência
(RP) entre variáveis sócio-demográficas de alunos e professores em relação às
diversas variáveis do modelo, considerando o intervalo de confiança de 95%.
Para as análises dos dados de alunos foram calculadas a P e RP
relacionadas ao conhecimento e relato de casos (vítima, violência, agressor,
encaminhamento) por sexo e faixa etária. Para os professores, seguiu-se o mesmo
raciocínio, utilizando como variáveis dependentes a faixa etária e o tempo de
serviço. Em virtude da semelhança entre os resultados das análises (P e RP) das
variáveis utilizadas como dependentes, optou-se por sexo dos alunos e tempo de
serviço dos professores para discussão dos resultados.
56
SEÇÃO I
Caracterização sócio-demográfica de alunos e professores
De acordo com o perfil sócio-demográfico (Tabela 3), os resultados dos
adolescentes foram divididos em duas faixas etárias, considerando a adolescência
intermediária (14 a 16 anos) e tardia (17 a 19 anos). Acima de 60% eram do sexo
feminino, tinham ensino médio incompleto, coabitavam com pai e mãe e 85%
relataram ter bom relacionamento com os pais.
No que diz respeito aos professores, 50% tinham menos de 40 anos e a15
anos de tempo de serviço, mais de 80% eram do sexo feminino, acima de 70%
tinham pós-graduação e mais de 63% relataram como religião o catolicismo.
57
Tabela 3 Perfil sócio-demográfico de alunos e professores. Escolas Públicas
Feira de Santana (BA), 2006.
Alunos Professores
Variáveis n % Variáveis n %
Faixa etária
1
Faixa etária
1
14-16 anos 318 43,4 < 40 anos 44 50,0
17-19 anos 414 56,6 40 anos 44 50,0
Total 732 100,0
Total 88 100,0
Sexo
2
Sexo
2
Masculino 278 38,0 Masculino 15 17,2
Feminino 454 62,0 Feminino 72 82,8
Total 732 100,0
Total 87 100,0
Escolaridade
3
Escolaridade
3
2º grau Completo
4 4,5
5ª a 8ª Série 276 37,7 3º Grau Incompleto 3 3,4
2º Grau incompleto 456 62,3 3º Grau Completo 18 20,5
Total 732 100,0
Pós-Graduação 63 71,6
Total 88 100,0
Coabitação
5
Tempo de serviço
4
Pai + Mãe 438 60,4
15 anos 44 50,0
Mãe 188 25,9 > 15 anos 44 50,0
Outros familiares
a
70 9,7
Total 88 100,0
Pai 29 4,0
Total 725 100,0
Convivência Famíliar
*7
Religião
6
Bom relacionamento com os pais 610 85,0 Católica 56 63,6
Alcoolismo na família 57 7,9 Protestante 15 17,0
Medo dos pais
c
35 4,9 Outra
b
12 13,7
Brigas com os pais 34 4,7 Sem religião 5 5,7
Brigas com os irmãos 121 16,9
Total 88 100,0
Sofre maus tratos dos pais 4 0,6
*
Respostas Múltiplas
a
avós(43), outros familiares (40), Outra família (01)
b
Testemunha de Jeová (01), Espírita (13), entre outros (02)
c
Medo do pai (19), Medo da mãe (19)
Professores - dados sem Informação:
2
(1)
Alunos - dados sem Informação:
5
(7):
7
(14)
58
SEÇÃO II
Conhecimento de alunos e professores sobre a problemática da violência
sexual contra crianças e adolescentes
Foram realizadas as análises (Prevalência e Razão de Prevalência) entre
sexos e faixas etárias (14 a 16 e 17 a 19 anos) dos alunos adolescentes com os
dados relacionados ao conhecimento da problemática. Da mesma forma, para os
professores foram realizados os mesmos cálculos por tempo de serviço (< 15 e 15
anos) e faixas etárias (< 40 e 40 anos).
Nesta seção são apresentados apenas os resultados dos alunos
adolescentes de acordo com os sexos, tendo em vista que os dados por faixa etária
não apresentaram significância estatística entre grupos (vide apêndice). Da mesma
forma, são apresentados os resultados dos professores por tempo de serviço, visto
que, os dados de faixa etária também não apresentaram significância entre os
grupos (vide apêndice).
De acordo com os resultados do conhecimento de alunos de ambos os sexos
(Tabelas 4 e 5), foi verificado maior prevalência do conhecimento sobre a
pornografia ( em torno de 80%) e, como conseqüência, da violência as lesões em
genitais e ânus (47%). Esses resultados não apresentaram diferenças significantes
entre os grupos.
No que diz respeito ao conhecimento do problema pelos professores, de
acordo com o tempo de serviço (Tabelas 6 e 7), verficou-se que, de modo geral, os
resultados não apresentaram significância estatística entre os grupos, com alta
prevalência do conhecimento sobre as diferentes formas de violência sexual
questionadas e, como conseqüência, lesões corporais em genitais e ânus.
59
Tabela 4 – Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de alunos adolescentes de ambos os sexos sobre os tipos de
violência sexual. Escolas Públicas – Feira de Santana (BA), 2006.
Tipos de Violência
Sexual
Sexo
Total Feminino Masculino
RP IC (95%)
n
Prev
Global
n
Prev
n
Prev
Pedofilia 274 37,4 176 38,8 98 35,3 1,10 0,90-1,34
Pornografia 583 79,6 356 78,4 227 81,7 0,96 0,89-1,03
Abuso/Incesto 256 35,0 157 34,6 99 35,6 0,97 0,79-1,19
Tabela 5 – Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de alunos adolescentes de ambos os sexos sobre lesões
corporais decorrentes da violência sexual. Escolas Públicas – Feira de Santana (BA), 2006.
Lesões
Corporais
Sexo
Total Feminino Masculino
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Genitais/ Ânus 344 47,0 209 46,0 135 48,6 0,95 0,81-1,11
Não há marcas 10 1,4 5 1,1 5 1,8 0,61 0,18-2,10
Não sabem 109 14,9 70 15,4 39 14,0 1,10 0,77-1,58
Outros* 298 40,7 187 41,2 111 39,9 1,03 0,86-1,24
*(Boca e todo o corpo)
60
Tabela 6 – Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de professores sobre os tipos de violência sexual segundo
tempo de serviço. Escolas Públicas – Feira de Santana (BA), 2006.
Tipos de Violência
Sexual
Tempo de Serviço
Total 15 anos < 15 anos
RP IC (95%)
n
Prev
Global
n
Prev
n
Prev
Pedofilia 52 59,1 25 56,8 27 61,4 0,93 0,65-1,31
Pornografia 68 77,3 34 77,3 34 77,3 1,13 0,90-1,41
Abuso/Incesto 73 83,0 36 81,8 37 84,1 0,97 0,80-1,18
Tabela 7 – Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento professores sobre lesões corporais decorrentes da violência
sexual segundo tempo de serviço. Escolas Públicas – Feira de Santana (BA), 2006.
Lesões
Corporais
Tempo de Serviço
Total 15 anos < 15 anos
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Genitais/ Ânus 55 62,5 24 54,5 31 70,5 0,77 0,56-1,08
Não há marcas 1 1,1 - - 1 2,3 - -
Não sabem 4 4,5 2 4,5 2 4,5 1,00 0,15-6,79
Outros* 40 45,5 21 47,7 19 43,2 1,11 0,70-1,75
* (Boca, todo o corpo)
61
De acordo com os resultados relacionados às mudanças comportamentais
decorrentes da violência sexual, segundo os alunos (Tabela 8), as maiores
prevalências são o isolamento (62,6%), bem como a tristeza e agressividade
(50,4%); sendo que o sexo feminino citou, respectivamente, 1,20 e 1,41 vezes mais,
em relação ao masculino, com significância estatística. As conseqüências, na
escola, mais relatadas foram a baixa concentração e baixo rendimento escolar, com
prevalência em torno de 77%, muito embora, a análise da RP entre os sexos não
tenha mostrado significância estatística.
Sobre estes mesmos questionamentos, os professores (Tabela 9) apontaram
resultados semelhantes, com prevalência acima de 80% para cada um desses
fatores, sem significância estatística entre os grupos.
62
Tabela 8 Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de alunos adolescentes de ambos os sexos sobre conseqüências
comportamentais da violência sexual (na família e escola). Escolas Públicas – Feira de Santana (BA), 2006.
Co-variáveis
Sexo
Total
Feminino
Masculino
RP IC (95%)
n
Prev
Global
n
Prev
n
Prev
Mudanças Comportamentais na Família
Isolamento 458 62,6 303 66,7 155 55,8 1,20 1,06-1,35*
Tristeza e Agressividade 369 50,4 257 56,6 112 40,3 1,41 1,19-1,66*
Uso de drogas ou álcool 71 9,7 50 11,0 21 7,6 1,46 0,90-2,37
Fuga de casa 204 27,9 128 28,2 76 27,3 1,03 0,81-1,31
Outros
1
123 16,8 67 14,8 56 20,1 0,73 0,53-1,01
Mudanças Comportamentais na Escola
Baixa concentração/ rendimento escolar 567 77,5 353 77,8 214 77,0 1,01 0,93-1,10
Brigas na escola 95 13,0 65 14,3 30 10,8 1,33 0,88-1,99
Comentários exarcebados sobre sexo 85 11,6 51 11,2 34 12,2 0,92 0,61-1,38
Outros
2
176 24,0 113 24,9 63 22,7 1,10 0,84-1,44
1 (Não apresenta mudança e não sabem)
2 (na escola é difícil perceber mudanças e não sabem)
63
Tabela 9 – Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de professores sobre conseqüências comportamentais da violência
sexual (na família e escola) segundo tempo de serviço. Escolas Públicas – Feira de Santana (BA), 2006.
Tempo de Serviço
Total 15 anos < 15 anos
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Mudanças Comportamentais na Família
Isolamento 82 93,2 39 88,6 43 97,7 0,91 0,81-1,02
Tristeza e Agressividade 75 85,2 37 84,1 38 86,4 0,97 0,82-1,16
Uso de drogas ou álcool 14 15,9 9 20,5 5 11,4 1,80 0,66-4,94
Fuga de casa 38 43,2 20 45,5 18 40,9 1,11 0,69-1,80
Outros
1
7 8,0 4 9,1 3 6,8 1,33 0,32-5,61
Mudanças Comportamentais na Escola
Baixa concentração/ rendimento escolar 83 94,3 41 93,2 42 95,5 0,98 0,88-1,08
Brigas na escola 27 30,7 13 29,5 14 31,8 0,93 0,50-1,74
Comentários exarcebados sobre sexo 18 20,5 9 20,5 9 20,5 1,00 0,44-2,28
Outros
2
15 17,0 11 25,0 4 9,1 2,75 0,95-7,98
1 (Não apresenta mudança e não sabem)
2 (na escola é difícil perceber mudanças e não sabem)
64
Entre os fatores de proteção (Tabela 10 e 11) associados à violência sexual,
os mais relatados pelos alunos e professores foram o diálogo, a confiança e
orientação familiar, com prevalência acima de 80% entre alunos e de 90% entre
professores. Entretanto, os professores citaram, ainda, a família estruturada e
prática religiosa com prevalência acima de 60,0%, sendo que, os professores com
tempo de serviço 15 anos citaram 1,42 vezes mais, em relação aqueles com
menos de 15 anos.
Os alunos do sexo feminino apontaram como principais fatores de risco para
a violência sexual aceitar passeios com estranho (51,4%), receber objetos em troca
de relação sexual (47,8%) e convívio com padrasto e madrasta (34,4%). A análise
da RP mostrou que o sexo feminino relatou aceitar passeios com estranho (1,37
vezes mais), consumo de álcool e drogas na família (1,39 vezes mais), bem como
conflito familiar (1,66 vezes mais), em relação ao masculino. Resultados com
significância estatística entre os sexos.
Entre os professores, os fatores de risco mais citados foram o consumo de
álcool e drogas na família (62,5%), receber objetos em troca de relação sexual
(61,4%), bem como aceitar passeios com estranhos (56,8%), com destaque para o
convívio com padrasto e madrasta (53,4%). Os professores com tempo de serviço
15 anos apontaram atividades escolares e orientação pedagógica 1,16 vezes mais,
em relação aos que atuam menos de 15 anos, sem significância estatística entre
os grupos.
65
Tabela 10 – Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de alunos adolescentes de ambos os sexos sobre fatores de
proteção e de risco para violência sexual. Escolas Públicas – Feira de Santana (BA), 2006.
Sexo
Total
Feminino
Masculino
RP IC (95%)
n
Prev
Global
n
Prev
n
Prev
Fator de Proteção
Diálogo, confiança e orientação familiar 631 86,2 400 88,1 231 83,1 1,06 1,00-1,13
Família estruturada e prática religiosa 361 49,3 217 47,8 144 51,8 0,92 0,80-1,07
Atividades escolares e orientação
pedagógica
267 36,5 176 38,8 91 32,7 1,18 0,97-1,45
Atividades de combate a violência 231 31,6 154 33,9 77 27,7 1,22 0,97-1,54
Outros 5 0,7 5 1,1 - - - -
Fator de Risco
Aceitar passeios com estranho 376 51,4 260 57,3 116 41,7 1,37 1,17-1,61*
Receber objeto em troca de relação sexual 350 47,8 225 49,6 125 45,0 1,10 0,94-1,29
Convívio com padrasto/ madrasta 252 34,4 152 33,5 100 36,0 0,93 0,76-1,14
Consumo de álcool e drogas na família 203 27,7 141 31,1 62 22,3 1,39 1,08-1,80*
Conflito familiar 104 14,2 76 16,7 28 10,1 1,66 1,11-2,50*
Divulgação de imagem erótica pela internet 154 21,0 96 21,1 58 20,9 1,01 0,76-1,35
Outros
1
126 17,2 63 13,9 63 22,7 0,61 0,45-0,84*
1 (pressão psicológica)
66
Tabela 11 – Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de professores sobre fatores de proteção e de risco para
violência sexual segundo tempo de serviço. Escolas Públicas – Feira de Santana (BA), 2006.
Tempo de Serviço
Total 15 anos < 15 anos
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Fator de Proteção
Diálogo, confiança e orientação familiar 85 96,6 43 97,7 42 95,5 1,02 0,95-1,11
Família estruturada e prática religiosa 58 65,9 34 77,3 24 54,5 1,42 1,04-1,94
Atividades escolares e orientação
pedagógica
54 61,4 29 65,9 25 56,8 1,16 0,83-1,62
Atividades de combate a violência 44 50,0 22 50,0 22 50,0 1,00 0,66-1,52
Outros 4 4,5 2 4,5 2 4,5 1,00 0,15-6,79
Fator de Risco
Aceitar passeios com estranho 50 56,8 28 63,6 22 50,0 1,27 0,88-1,84
Receber objeto em troca de relação sexual 54 61,4 26 59,1 28 63,6 0,93 0,67-1,29
Convívio com padrasto/ madrasta 47 53,4 20 45,5 27 61,4 0,74 0,50-1,10
Consumo de álcool e drogas na família 55 62,5 26 59,1 29 65,9 0,90 0,65-1,24
Conflito familiar 32 36,4 14 31,8 18 40,9 0,78 0,44-1,36
Divulgação de imagem erótica pela internet 14 15,9 11 25,0 13 29,5 0,85 0,43-1,68
Outros
1
33 37,5 13 29,5 20 45,5 0,65 0,37-1,14
1 (pressão psicológica
)
67
No que diz respeito ao conhecimento sobre agressores, os mais citados por
alunos de ambos os sexos (Tabela 12) foram o padrasto e desconhecidos, com
prevalência acima de 60%, muito embora o sexo feminino tenha relatado o pai como
principal agressor (1,8 vezes mais), com resultado estatisticamente significante. A
motivação mais apontada para a violência sexual foi o uso de bebidas alcoólicas ou
outras drogas, com prevalência acima de 74%.
Entre os professores (Tabela 13), o padrasto foi relatado como agressor em
mais de 80,0% dos casos, os vizinhos em 75,0% e o pai em mais de 68,0%. Como
motivações, as maiores prevalências foram o uso de bebidas, drogas (mais de
80,0%) e ter sido violentado na infância (mais de 55,0%).
68
Tabela 12 – Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de alunos adolescentes de ambos os sexos sobre o agressor e
motivações para a violência sexual. Escolas Públicas – Feira de Santana (BA), 2006.
Sexo
Total
Feminino
Masculino
RP IC (95%)
n
Prev
Global
n
Prev
n
Prev
Responsável
Desconhecidos 507 69,3 339 74,7 168 60,4 1,24 1,11-1,38*
Padrasto 559 76,4 368 81,1 191 68,7 1,18 1,08-1,29*
Pessoas da Internet 300 41,0 179 39,4 121 43,5 0,91 0,76-1,08
Cafetões/Prostitutas 224 30,6 142 31,3 81 29,1 1,07 0,85-1,35
Vizinhos 308 42,1 200 44,1 108 38,8 1,13 0,95-1,36
Pai 264 36,1 197 43,4 67 24,1 1,80 1,43-2,27*
Outros
1
329 44,9 217 47,8 112 40,3 1,19 1,00-1,41
Motivações
Uso de bebidas ou outras drogas 543 74,2 340 74,9 203 73,0 1,03 0,94-1,12
Busca do prazer 395 54,0 255 56,2 140 50,4 1,12 0,97-1,29
Ter sofrido violência na infância 197 26,9 130 28,6 67 24,1 1,19 0,92-1,53
Outros
2
226 30,9 155 34,1 71 25,5 1,34 1,05-1,70*
1 (mãe, irmãos, madrasta, outro parente, tios, amigos, namorados)
2 (fins lucrativos e não existe motivo)
69
Tabela 13 – Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de professores sobre o agressor e motivações para a violência
sexual segundo tempo de serviço. Escolas Públicas – Feira de Santana (BA), 2006.
Tempo de Serviço
Total 15 anos < 15 anos
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Responsável
Desconhecidos 38 43,2 18 40,9 20 45,5 0,90 0,56-1,46
Padrasto 79 89,8 37 84,1 42 95,5 0,88 0,76-1,02
Pessoas da Internet 35 39,8 18 40,9 17 38,6 1,06 0,63-1,77
Cafetões/Prostitutas 23 26,1 11 25,0 12 27,3 0,92 0,45-1,85
Vizinhos 66 75,0 32 72,7 34 77,3 0,94 0,74-1,20
Pai 60 68,2 27 61,4 33 75,0 0,82 0,61-1,09
Outros
1
69 78,4 35 79,5 34 77,3 1,03 0,83-1,28
Motivações
Uso de bebidas ou outras drogas 72 81,8 38 86,4 34 77,3 1,12 0,92-1,36
Busca do prazer 47 53,4 22 50,0 25 56,8 0,88 0,59-1,30
Ter sofrido violência na infância 49 55,7 26 59,1 23 52,3 1,13 0,78-1,64
Outros
2
37 42,0 18 40,9 19 43,2 0,95 0,58-1,55
1 (mãe, irmãos, madrasta, outro parente, tios, amigos, namorados)
2 (fins lucrativos e não existe motivo)
70
SEÇÃO III
Relatos de Alunos e Professores sobre casos de Violência Sexual contra
Crianças e Adolescentes
Nesta seção, são apresentados os resultados do relato de alunos e
professores sobre casos de violência sexual.
Foram calculadas a prevalência (P) e a razão de prevalência (RP) das
variáveis relacionadas à vítima, à violência, aos agressores e encaminhamentos, de
acordo com sexo e faixa etária dos alunos. Para os professores foram realizadas
essas mesmas análises (P e RP) de acordo com o tempo de serviço.
Conforme os resultados da Tabela 14, do total de alunos que fizeram parte da
amostra (732), 25,3% relataram conhecer pelo menos um caso de vitimização em
crianças ou adolescentes, sendo maior a prevalência (29,1%), entre os alunos do
sexo feminino. Segundo os alunos, o tipo de violência mais prevalente foi o estupro
(16,1%), com a divulgação da maior parte dos casos (16,5%), na faixa etária de 10 a
16 anos (18,4%), cujos locais de ocorrência foram o domicilio e a rua, ambos com
prevalência acima de 8%. A análise da RP entre os sexos mostrou que o feminino
relatou o testemunho de casos 1,53 vezes mais, destacando-se os casos de estupro
(2,28 vezes mais), a divulgação dos casos (1,70 vezes mais), na faixa etária de 10 a
16 anos (1,75 vezes mais) e a ocorrência no domicílio (2,40 vezes mais), resultados
estatisticamente significante. O sexo feminino apontou o testemunho de incesto,
2,14 vezes mais, em relação ao masculino, bem como o acometimento em crianças
abaixo de 10 anos (1,89 vezes mais), muito embora esses dados não tenham
apresentado significância estatística.
Nos resultados do relato de professores sobre os casos (Tabela 15), verificou-
se que a prevalência daqueles que testemunharam pelo menos um caso foi de
23,9%, sendo maior no grupo com menos de 15 anos de experiência de ensino
(29,5%). Quanto ao tipo de violência relatada, o estupro mostrou a maior prevalência
(13,6%) seguida do incesto (10,2%). Os locais de ocorrência da violência sexual,
mais apontados pelos professores, foram o domicílio (15,9%) e a rua (8,0%). De
71
modo geral, não foi observada significância estatística na análise das RP entre os
grupos de professores, por tempo de serviço.
72
Tabela 14 Prevalência e Razão de Prevalência do relato de alunos adolescentes de ambos os sexos sobre casos de vítimas de
violência sexual. Escolas Públicas, Feira de Santana (BA), 2006.
Casos de Vítimas
Sexo
Total Feminino Masculino
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Casos de Vítimas
Sim 185 25,3 132 29,1 53 19,1 1,53 1,15-2,02*
Tipo de Violência
Incesto 9 1,2 07 1,5 02 0,7 2,14 0,45-10,24
Estupro 118 16,1 93 20,5 25 9,0 2,28 1,50-3,45*
Outros
1
94 12,8 59 13,0 35 12,6 1,03 0,70-1,53
Divulgação dos Casos
Sim 121 16,5 89 19,6 32 11,5 1,70 1,17-2,48*
Não sabem 32 4,4 24 5,3 08 2,9 1,84 0,84-4,03
Idade da Criança
< 10 anos 45 6,1 34 7,5 11 4,0 1,89 0,98-3,67
10 – 16 anos 135 18,4 100 22,0 35 12,6 1,75 1,23-2,49*
17 – 19 anos 12 1,6 9 2,0 3 1,1 1,84 0,50-6,73
Local da Violência
Casa 59 8,1 47 10,4 12 4,3 2,40 1,30-4,44*
Rua 62 8,5 44 9,7 18 6,5 1,50 0,88-2,54
Outros
2
93 12,7 65 14,3 28 10,1 1,42 0,94-2,16
1 (Pedofilia, Pornografia, Turismo/Tráfico Sexual, Exibicionismo e Não sabem)
2 (Escola, Vizinha, Casa de parentes, Festas, Prostíbulo e não sabem)
73
Tabela 15 – Prevalência e Razão de Prevalência do relato de professores sobre casos de vítimas de violência sexual segundo
tempo de serviço. Escolas Públicas, Feira de Santana (BA), 2006.
Casos de Vítimas
Tempo de Serviço
Total 15 anos < 15 anos
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Casos de Vítimas
Sim 21 23,9 8 18,2 13 29,5 0,62 0,28-1,34
Tipo de Violência
Incesto 9 10,2 3 6,8 6 13,6 0,50 0,13-1,87
Estupro 12 13,6 5 11,4 7 15,9 0,71 0,25-2,08
Outros
1
8 9,1 1 2,3 7 15,9 0,14 0,02-1,11
Divulgação dos Casos
Sim 19 21,6 8 18,2 11 25,0 0,73 0,32-1,63
Não sabem 2 2,3 - - 2 4,5 - -
Local da Violência
Casa 14 15,9 7 15,9 7 15,9 1,00 0,38-2,61
Rua 7 8,0 - - 7 15,9 - -
Outros
2
6 6,8 3 6,8 3 6,8 1,00 0,21-4,69
1 (Pedofilia, Pornografia, Turismo/Tráfico Sexual, Exibicionismo e Não sabem)
2 (Escola, Vizinha, Casa de parentes, Festas, Prostíbulo e não sabem)
74
Quanto aos dados relacionados ao agressor, segundo o relato de alunos
(Tabela 16), o pai foi o mais apontado, com prevalência acima de 36,0%. Quanto ao
estado mental do agressor, 9,4% relataram que estava normal, contudo 9,2%
informaram que não sabiam. O principal tipo de intimidação foi a força física (10,4%),
na presença de espancamento (6,1%) com lesões em genitais e ânus (6,4%),
entretanto, para 6,3% dos alunos não ficaram lesões.
A análise da RP mostrou que, o sexo feminino relatou o pai 1,80 vezes mais;
o estado mental do agressor, como sendo normal, 2,41 vezes mais; e a presença da
força física, 2,13 vezes mais acompanhando a violência sexual, com significância
estatística para todos esses itens. Ainda em relação ao agressor, apesar dos
resultados não terem apresentado significância estatística, o desconhecido foi
relatado 1,50 vezes mais; não sabiam sobre o estado de consciência do agressor,
1,55 vezes mais; a ameaça verbal, 1,91 vezes mais; espancamento, 1,36 vezes
mais; e que não ficaram lesões, 1,40 vezes mais, pelo sexo feminino, em relação ao
masculino.
Segundo relato dos professores (Tabela 17), mais de 60,0% apontaram o pai
como principal agressor; 12,5% não sabiam informar como se encontrava o estado
mental do agressor, entretanto cerca de 8% relataram como alcoolizado ou drogado;
e os tipos de intimidação mais prevalentes foram a ameaça verbal (11,4%) e a força
física (9,1%), na ausência de violência física (12,5%) e presença de lesões em
genitais e ânus (11,4%).
75
Tabela 16 – Prevalência e Razão de Prevalência do relato de alunos adolescentes de ambos os sexos sobre as características do
agressor, violências e conseqüências associadas. Escolas Públicas, Feira de Santana (BA), 2006.
Sexo
Total
Feminino
Masculino
RP IC (95%)
n
Prev
Global
n
Prev
n
Prev
Identidade do Abusador
Pai 264 36,1 197 43,4 67 24,1 1,80 1,43-2,27*
Desconhecido 76 10,4 54 11,9 22 7,9 1,50 0,94-2,41
Outros
1
119 16,3 88 19,4 31 11,2 1,74 1,19-2,54*
Estado Mental
Normal 69 9,4 55 12,1 14 5,0 2,41 1,36-4,24*
Alcoolizado/Drogado 52 7,1 35 7,7 17 6,1 1,26 0,72-2,21
Não sabem 67 9,2 48 10,6 19 6,8 1,55 0,93-2,58
Tipo de Intimidação
Ameaça Verbal 33 4,5 25 5,5 08 2,9 1,91 0,88-4,18
Arma de Fogo/Arma Branca 28 3,8 21 4,6 7 2,5 1,84 0,79-4,26
Força Física 76 10,4 59 13,0 17 6,1 2,13 1,27-3,57*
Outros
2
73 10,0 52 11,5 21 7,6 1,52 0,93-2,46
Tipo de Violência Física
Espancamento 45 6,1 31 6,8 14 5,0 1,36 0,73-2,50
Não Ocorreu 41 5,6 25 5,5 16 5,8 0,96 0,52-1,76
Outros
3
107 14,6 85 18,7 22 7,9 2,37 1,52-3,69*
Tipo de Lesão Corporal
Não ficaram lesões 46 6,3 32 7,0 14 5,0 1,40 0,76-2,58
Genitais/ânus 47 6,4 28 6,2 19 6,8 0,90 0,51-1,58
Outros
4
104 14,2 80 17,6 24 8,6 2,04 1,33-3,14*
1 (padrasto, irmão, parente, vizinho, colega).
2(não ameaçou e não sabem );
3(Cortes,queimaduras e não sabem);
4 (boca, todo o corpo e não sabem).
76
Tabela 17 – Prevalência e Razão de Prevalência do relato de professores sobre as características do agressor, violências e
conseqüências associadas segundo tempo de serviço. Escolas Públicas, Feira de Santana (BA), 2006.
Tempo de Serviço
Total
15 anos < 15 anos
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Identidade do Abusador
Pai 60 68,2 27 61,4 33 75,0 0,82 0,61-1,09
Desconhecido 5 5,7 1 2,3 4 9,1 0,25 0,03-2,15
Outros
1
19 21,6 7 15,9 12 27,3 0,58 0,25-1,34
Estado Mental
Normal 6 6,8 2 4,5 4 9,1 0,50 0,50-1,10
Alcoolizado/Drogado 7 8,0 1 2,3 6 13,6 0,17 0,02-1,33
Não sabem 11 12,5 6 13,6 5 11,4 1,20 0,40-3,64
Tipo de Intimidação
Ameaça Verbal 10 11,4 4 9,1 6 13,6 0,67 0,20-2,20
Arma de Fogo/Arma Branca 5 5,7 - - 5 11,4 - -
Força Física 8 9,1 2 4,5 6 13,6 0,33 0,07-1,56
Outros
2
8 9,1 4 9,1 4 9,1 1,00 0,27-3,75
Tipo de Violência Física
Espancamento 5 5,7 2 4,5 3 6,8 0,67 0,12-3,80
Não Ocorreu 11 12,5 4 9,1 7 15,9 0,57 0,18-1,81
Outros
3
8 9,1 4 9,1 4 9,1 1,00 0,27-3,75
Tipo de Lesão Corporal
Não ficaram lesões 6 6,8 2 4,5 4 9,1 0,50 0,10-2,59
Genitais/ânus 10 11,4 4 9,1 6 13,6 0,67 0,20-2,20
Outros
4
11 12,5 3 6,8 8 18,2 0,38 0,11-1,32
1 (padrasto, irmão, parente, vizinho, colega).
2(não ameaçou e não sabem );
3(Cortes,queimaduras e não sabem);
4 (boca, todo o corpo e não sabem).
77
Conforme os resultados de denúncias e encaminhamentos, segundo relato de
alunos (Tabela 18), a maior parte dos casos foi denunciada (10,4%), sendo a
delegacia e a polícia (4,4%) os principais locais da denúncia, a mãe (5,6%) e a
própria vítima (2,9%) os principais responsáveis pela denúncia, assim como o
Conselho Tutelar o responsável pelo encaminhamento. O sexo feminino relatou a
denúncia de casos 2,3 vezes, a delegacia e a polícia 3,31 vezes mais, bem como a
mãe 2,97 vezes, resultados esses com significância estatística. A vítima foi citada
1,53 vezes mais pelo sexo feminino, em relação ao masculino, resultado sem
significância estatística
Entre os professores que testemunharam pelo menos um caso (Tabela 19),
13,6% afirmaram a denúncia, 6,8% na delegacia e polícia, sendo os principais
sujeitos da denúncia a mãe e a própria vítima (5,7%), e o encaminhamento dos
casos através do Conselho Tutelar (5,7%).
No quesito sobre o enfrentamento da violência, os professores relataram
como principais itens a orientação com atividade educativa (80,7%), identificação de
sinais clínicos (62,5%) e a denúncia (58%).
78
Tabela 18 – Prevalência e Razão de Prevalência do relato de alunos adolescentes de ambos os sexos sobre as características
das denúncias e encaminhamentos. Escolas Públicas, Feira de Santana (BA), 2006.
Sexo
Total Feminino Masculino
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Denúncia dos casos
Sim 76 10,4 60 13,2 16 5,8 2,30 1,35-3,90*
Não 53 7,2 36 7,9 17 6,1 1,30 0,74-2,26
Não sabem 58 7,9 39 8,6 19 6,8 1,26 0,74-2,13
Local da denúncia
Delegacia/Polícia 32 4,4 27 5,9 5 1,8 3,31 1,29-8,49*
Outros
1
10 1,4 08 1,8 2 0,7 2,45 0,52-11,45
Sujeito da Denúncia
Mãe 41 5,6 34 7,5 07 2,5 2,97 1,34-6,62*
Vítima 21 2,9 15 3,3 06 2,2 1,53 0,60-3,90
Outros
2
41 5,6 34 7,5 07 2,5 2,97 1,34-6,62*
Encaminhamento
Conselho Tutelar 9 1,2 08 1,8 01 0,4 4,90 0,62-38,96
Escola 1 0,1 - - 01 0,4 - -
Outros
3
68 9,3 54 11,9 14 5,0 2,36 1,34-4,17*
1 (conselho tutelar, meio de comunicação, escola, juizado de menores, presídio, projeto de apoio a menores)
2 ( pai, avós, parentes, amigos, escola, profissionais de saúde, vizinhos e não sabem);
3 (família, amigos, vizinhos, serviço de saúde, anônimos)
79
Tabela 19 Prevalência e Razão de Prevalência do relato de professores sobre as características das denúncias e
encaminhamentos segundo tempo de serviço. Escolas Públicas, Feira de Santana (BA), 2006.
Tempo de Serviço
Total 15 anos < 15 anos
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Denúncia dos casos
Sim 12 13,6 6 13,6 6 13,6 1,00 0,35-2,86
Não 4 4,5 1 2,3 3 6,8 0,33 0,04-3,08
Não sabem 2 2,3 2 4,5 - - - -
Local da denúncia
Delegacia/Polícia 6 6,8 3 6,8 3 6,8 1,00 0,21-4,69
Outros
1
3 3,4 1 2,3 2 4,5 0,50 0,05-
5,32
Sujeito da Denúncia
Mãe 5 5,7 2 4,5 3 6,8 0,67 0,12-3,80
Vítima 5 5,7 2 4,5 3 6,8 0,67 0,12-3,80
Outros
2
10 11,4 5 11,4 5 11,4 1,00 0,31-3,21
Encaminhamento
Conselho Tutelar 5 5,7 2 2,3 3 3,4 0,67 0,12-3,80
Escola 3 3,4 - - 3 3,4 - -
Outros
3
11 12,5 6 6,8 5 5,7 1,20 0,40-3,64
Enfrentamento
Denunciando 51 58,0 24 27,3 27 30,7 0,89 0,62-1,27
Identificação de sinais clínicos 55 62,5 26 29,5 29 33,0 0,90 0,65-1,24
Orientando Atividades Educativas 71 80,7 33 37,5 38 43,2 0,87 0,71-1,07
1 (conselho tutelar, meio de comunicação, escola, juizado de menores, presídio, projeto de apoio a menores)
2 ( pai, avós, parentes, amigos, escola, profissionais de saúde, vizinhos e não sabem);
3 (família, amigos, vizinhos, serviço de saúde, anônimos)
80
6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A violência sexual tem raízes histórico-sociais e culturais (pátrio poder, visão
patriarcal) expressando particularidades de ser polissêmica, controversa e
multifacetada. Apresenta-se como fenômeno de grande complexidade, pela
dificuldade de conhecer sua magnitude (subnotificação e sub-registro) e a realidade
de sua dimensão (MINAYO, 2005; 2006; PFEIFFER; SALVAGNI, 2005).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (2002), em torno de 40 milhões de
crianças sofrem violência, em todo o mundo. Estudos internacionais conduzidos a
partir da década de 80, com objetivo de avaliar a prevalência da vitimização sexual
na infância, estimam em 20%, para o sexo feminino e, 5 a 10%, para o masculino.
Essas estimativas podem aumentar em até 16% se forem incluídos os casos de
abuso sexual sem contato físico.
Estudos revelam que as diversidades (culturais, sociais, históricas) existentes
em cada sociedade geram dificuldades para o conhecimento da violência sexual na
infância e adolescência, tanto no que diz respeito aos caminhos metodológicos,
como pelo sub-registro dos dados, o que dificulta a comparação entre os índices de
diferentes contextos e realidades sociais (RIBEIRO e outros, 2004).
Algumas limitações desse estudo devem ser levadas em consideração, no
processo de análise dos resultados. As amostras selecionadas de alunos
adolescentes (14 a 19 anos) e professores da rede pública de ensino (fundamental e
médio), não incluíram a rede particular, bem como os adolescentes excluídos da
escola, portanto, não representou todas as camadas de estudantes adolescentes de
14 a 19 anos e professores de Feira de Santana. Nesse aspecto, vale considerar
ainda os afastamentos da escola daqueles adolescentes vitimizados pela violência
sexual, com isolamento social e abandono das atividades em geral (CLARAMUNT,
2000). Outra limitação do estudo é a possibilidade de desconhecimento pelos
adolescentes sobre as diferentes manifestações da violência sexual, que podem
incluir assédio, manipulação dos órgãos genitais, carícias, insinuações, entre outras.
O instrumento utilizado, de caráter sigiloso, foi testado diversas vezes com
população de adolescentes que não fez parte da amostra. A finalidade foi avaliar o
conhecimento da problemática da violência sexual e a proximidade de algum caso,
sem o interesse de identificar os casos, o que poderia ser complementado com
abordagem qualitativa de estudo. Estudos epidemiológicos podem contribuir com
81
indicadores que subsidiam as políticas de saúde, prevenção e intervenção na
Escola.
Nesta pesquisa, segundo dados sócio-demográficos dos alunos, a maioria
encontrava-se na faixa etária de 17 a 19 anos, com ensino médio incompleto,
apresentando desequilíbrio da relação entre idade e série de estudo, em desacordo
aos critérios do Ministério da Educação; 60% coabitavam com a família formada por
pai e mãe; e o restante com a família composta por mãe ou pai ou outro parente.
Entre os professores, mais de 80% era do sexo feminino e acima de 70% pós-
graduados, resultados esses que destacaram a mulher como principal educadora
neste contexto escolar, bem como o investimento pessoal ou Institucional com a
formação do quadro de professores e a rede pública estadual para este município.
No que diz respeito ao conhecimento sobre os tipos de violência sexual, os
resultados apontaram que os alunos conheciam mais sobre pornografia, entretanto,
os professores apresentaram bom nível de conhecimento sobre as diversas
manifestações dessa violência (abuso/incesto, pedofilia, pornografia). Esses
resultados evidenciam que o principal relato dos alunos para pornografia pode estar
relacionado com a influência que a mídia exerce sobre a população infanto-juvenil,
principalmente pela televisão comercial, meio de comunicação mais utilizado no
país. Por outro lado, o amplo conhecimento dos professores pode ser conseqüência
da maior formação e acesso á literatura, assim como, melhor qualificação
profissional (acima de 70% pós-graduados). Estudo realizado no Brasil, pelo Fundo
das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), com 5.280 adolescentes, observou
que, 52,0% desse grupo, tinham televisão como a principal fonte de lazer (NJAINE,
2004).
Pesquisa sobre mídia impressa, realizada em São Paulo (SP) no período de
1994 a 1999, analisando textos jornalísticos, quanto às características atribuídas à
violência sexual contra crianças, especialmente a pedofilia, constatou que a
percepção dessa violência pela mídia esteve associada aos conceitos de classe
social (agressor) ou doença, com dúbia explicação: resultante da crueldade e da
pobreza, como também da doença mental (LANDINI, 2003).
As lesões corporais, decorrentes da violência sexual, mais apontadas por
alunos adolescentes e professores localizavam-se em genitais e ânus. Resultado
também observado em estudo de caso-controle, realizado em ambulatórios de
pediatria e Instituições de referência para crianças vítimizadas ou com suspeita de
82
abuso sexual (grupo caso). conforme o instrumento utilizado nesse estudo, o item
que melhor discriminou o grupo caso foi o relato de 39,1% da ocorrência de lesões
gênito-anais, em relação ao grupo controle (1,0%) (SALVAGNI; WAGNER, 2006).
Na presente pesquisa, o questionamento sobre as conseqüências
comportamentais na família, apontou as maiores prevalências para o isolamento,
assim como a tristeza e agressividade e, na escola, a baixa concentração e baixo
rendimento escolar. Esses resultados concordam com estudo realizado pelo
Programa Mujer, Salud y Desarollo da Organização Panamericana de
Saúde/Organização Mundial de Saúde, sobre o abuso sexual em adolescentes do
sexo feminino, onde foram observadas essas mesmas conseqüências, tanto no
abuso infantil, como na exploração sexual de adolescentes, além das fugas e o uso
de álcool ou drogas (CLARAMUNT, 2000).
Estudo com ampla revisão de literatura, sobre o abuso sexual em crianças e
adolescentes, confirma conseqüências comportamentais semelhantes às
observadas na presente pesquisa (ADED e outros, 2006).
Professores e alunos citaram como principais fatores de proteção para a
violência sexual, o diálogo, a confiança e orientação familiar, do mesmo modo, como
fatores de risco, aceitar passeios com estranho, receber objetos em troca de relação
sexual, o consumo de álcool e drogas na família, assim como conflito familiar. No
entanto, entre os professores, além desses fatores, foi relevante como fator de risco
o convívio com padrasto e madrasta.
Estudo longitudinal realizado na Nova Zelândia, com amostra de 1.000
crianças acompanhadas até os 16 anos de idade, identificou, dentre os fatores
determinantes para o abuso sexual, a presença de conflito conjugal, relatos de
problemas com álcool ou alcoolismo entre os pais (FERGUSSON e outros, 1996
citado por FRANÇA-JÚNIOR, 2003).
O relatório da Organização Mundial da Saúde (2002) faz algumas
considerações sobre os fatores de risco para a violência sexual contra a mulher.
Existem fatores que ampliam o risco da relação sexual não consensual; fatores que
levam o sexo masculino impor relação sexual a outra pessoa; e fatores que
contribuem para ocorrer o estupro e a ação contrária a este. Conforme estudos, o
aumento da associação desses fatores favorece a probabilidade de violência sexual.
Entre outros fatores, o consumo de álcool e drogas aumenta a vulnerabilidade nas
mulheres, bem como, o risco para o estupro perpetrado por homens.
83
Na presente pesquisa, os resultados apontaram que, em torno de ¼ da
amostra de alunos e professores, conheciam ou tiveram aproximação com algum
caso de violência sexual contra criança ou adolescente, principalmente sob a forma
de estupro. Entre os alunos, o sexo feminino e, entre os professores, aqueles com
tempo de serviço menor que 15 anos, relataram conhecer mais casos de
vitimização.
Estudo realizado em centros educativos nas regiões de Martin Porres, Cusco
e Iquitos (Peru), com amostra de 930 adolescentes (12 a 17 anos), de ambos os
sexos, verificou que 79,7% desse grupo relataram saber ou ter conhecimento de
casos de abuso sexual, sendo que o sexo feminino mostrou maior prevalência do
depoimento (83,7%), em relação ao masculino (75,7%). Quanto ao questionamento
sobre a própria vitimização, a prevalência de resposta positiva foi de 22,0% (1 em
cada 5 adolescentes); sendo que, o sexo feminino revelou maior prevalência
(23,6%), em relação ao masculino (20,5%) (BARDALES; HUALLPA, 2005).
Pesquisa realizada em Porto Alegre (RS) com 1.193 estudantes
adolescentes, que objetivou verificar a prevalência da violência sexual entre alunos
nas escolas do ensino fundamental da rede estadual, verificou que 2,3% dos
estudantes relataram ter sido timas desta violência, 4,5% testemunharam algum
caso e 27,9% conheceram alguma vítima. Concluiu-se que os adolescentes
vitimizados ou testemunhas de violência sexual estão mais expostos à violência
comunitária, em relação aos não expostos; e a necessidade de estudos e programas
de prevenção e intervenção diante da problemática (POLANCZYK e outros, 2003).
Estudo envolvendo 1.685 estudantes adolescentes de escolas públicas e
particulares do município de São Gonçalo (RJ) verificou que 11,8% dos estudantes
testemunharam ou vivenciaram violência sexual na família. Ressalta-se, também,
que os adolescentes, vítimas dessas formas de violência, são mais acometidos
pelas mesmas, na comunidade e no espaço escolar (ASSIS e outros, 2004).
Quanto às características dos casos, conforme o relato de alunos e
professores dessa pesquisa, o tipo de violência sexual mais citada foi o estupro,
muito embora os professores também tenham citado o incesto; e os locais de maior
ocorrência da violência foram o domicílio e a rua. Conforme os alunos de ambos os
sexos, a faixa etária das vítimas mais atingida foi de 10 a 16 anos, entretanto, o sexo
feminino relatou casos em crianças abaixo de 10 anos e revelou maior
conhecimento do número de casos.
84
Na província de Missiones (Argentina), no ano de 2004, o Juizado de
Menores registrou 850 casos de violência que acometeram crianças e adolescentes.
Entre os registros mais freqüentes, estavam o abuso sexual e o incesto
(SPRANDEL, 2005).
Em estudo retrospectivo com crianças e adolescentes atendidas pelo Centro
de Referência de Saúde da Mulher (RJ) que envolveu 617 vítimas de abuso sexual,
o estupro foi a forma predominante em adolescentes (90,8%). Entre as crianças, o
domicílio da vítima foi o local da violência sexual em 42,3% dos casos, bem como a
residência do agressor, em 28,2%. A rua (percurso para o trabalho ou escola) foi
citada em 63,2% dos casos envolvendo as adolescentes (DREZETT e outros, 2001).
No Ceará, pesquisa sobre abuso sexual de crianças e adolescentes em 22
municípios constatou que as situações de abuso foram expressivos na faixa etária
de 10 a 14 anos, com destaque para menores de 8 anos, sendo a residência da
vítima o local de maior ocorrência (ELLERY, 2004).
Em Itajaí (SC), estudo realizado por Machado e outros (2005), objetivando
caracterizar casos de violência infanto-juvenil, envolvendo abuso sexual, notificados
pelo Conselho Tutelar e Programa Sentinela, com registro de 340 casos entre 1999
e 2003, verificaram que mais de 39,0% dos casos de abuso sexual ocorreram no
domicílio, principalmente com crianças na faixa etária de 6 a 9 anos (35,0%).
Em Feira de Santana (BA) estudo anterior sobre os registros de casos pelos
Conselhos Tutelares de 2003 a 2004 para estimar a prevalência das diferentes
formas de violência contra crianças e adolescentes, apontou que o domicílio foi o
principal local de ocorrência e, nos casos de abuso sexual, a faixa etária atingida foi
de 10 a 16 anos, bem como crianças de 6 a 9 anos (COSTA e outros, 2007).
O mapeamento dos fatores de risco para abuso sexual intrafamiliar,
resultantes dos processos jurídicos do Ministério Público do Rio Grande do Sul, no
período de 1992 a 1998, demonstrou que o principal contexto de ocorrência da
violência sexual é a própria casa da vítima, 66,7%. (HABIZANG e outros, 2005).
Estudo epidemiológico de caso-controle, com adolescentes de 10 a 19 anos,
grávidas (casos) e não grávidas (controle), na cidade de Puno (Peru), apresentou
entre os resultados, que 72% do grupo caso e 63% do grupo controle foram vítimas
de violência (abuso sexual). A faixa etária mais atingida foi de 13 a 16 anos, com
82% e 79%, para caso e controle, respectivamente. Os locais de ocorrência do
abuso mais apontados foram a rua, com prevalências de 56% e 57%, para casos e
85
controle e a casa, 22% e 24%, respectivamente (SULLCA; SCHIRMER, 2006).
Esses resultados contrastam com o presente estudo, que revelou o domicílio como
principal local de ocorrência da violência sexual. Segundo as autoras supracitadas,
em publicação da Organização Mundial de Saúde, no ano de 2005, estima-se que,
independente da região geográfica ou da cultura, 40 a 60% dos casos de abuso
sexual atingem adolescentes menores de 16 anos.
A violência sexual, além de ser estigmatizada e historicamente condenada
pela sociedade e a família, é envolvida por preconceitos e uma barreira de silêncio,
que expressa graves manifestações no âmbito da relação entre vitimizador e
vitimizado. Nos estudos desta temática são evidentes as dificuldades operacionais
na realização da coleta de dados, principalmente pela condição peculiar dos
pesquisados (imaturidade, vulnerabilidade), que necessitam da prévia autorização
dos pais ou responsáveis (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido)
(FALEIROS, 2000).
Nesse aspecto, o sigilo (ECA, 8069/1990) e a confidencialidade (autonomia,
responsabilização), pautados nos princípios da bioética, são estratégias
fundamentais de abordagem para o desenvolvimento da pesquisa. Entretanto,
ressalta-se o consenso na esfera dos que tratam dos direitos humanos, envolvendo
a infância e adolescência, a importância de informar aos responsáveis e
pesquisados sobre a possibilidade de rompimento do sigilo e da confidencialidade,
quando estiver sob risco a vida e/ou necessidade de intervenção da família (COSTA,
2007).
Em relação às características e perfil do agressor do presente estudo, alunos
e professores apontaram o pai como o principal abusador, bem como por
desconhecidos. Os alunos relataram que o estado mental do agressor estava normal
na maioria dos casos e a intimidação mais utilizada foi a força física, através de
espancamento, com seqüelas em genitais e ânus. No depoimento dos professores,
a maior parte não sabia informar como se encontrava o estado mental do
perpetrador, mas também relataram como alcoolizado ou drogado. Os tipos de
intimidação que mais ocorreram foram a ameaça verbal e a força física, na ausência
de violência física, mas com presença de lesões em genitais e ânus.
Ainda em relação ao agressor, Habizang e outros (2005), verificaram que o
pai foi citado como principal agressor em 57,4% dos casos; utilizando álcool (53,2%)
e outras drogas (27,7%). Segundo esse estudo, investigações na família da própria
86
vítima, onde ocorreram 83% dos casos, revelaram que o pai continuou sendo o
principal abusador (79,0%) com agressões físicas em 40,5% dos casos, bem como
agressões verbais de amedrontamento em 21,6%.
De maneira semelhante, estudo descritivo a partir da análise de 100 casos
contra crianças e adolescentes atendidas no Ambulatório de Maus Tratos em Caxias
do Sul (RS), dentre os 100 casos registrados entre dezembro de 1998 a dezembro
de 1999, o abuso predominante foi o sexual, e o pai foi o principal responsável por
essa forma de agravo, seguido pelo padrasto (DE LORENZI, 2001).
Da mesma forma, estudo de Ribeiro e outros (2004), que objetivou análise
das vitimizações intrafamiliares em crianças e adolescentes atendidos em Centro de
Referência e Conselhos Tutelares (1995 a 2000) em Ribeirão Preto (SP), apontou o
pai como maior responsável pelas vitimizações em 34,2% dos casos seguido pelo
padrasto, em 30,3%. Os pais foram os principais abusadores de crianças (19,7%),
bem como os padrastos foram os agressores de adolescentes (17,1%). Em Feira de
Santana (BA), dados dos Conselhos Tutelares (2003 a 2004) apontou o padrasto
(12,8%) como principal agressor nos casos de abuso sexual (COSTA e outros,
2007).
A Escola constitui-se como espaço fundamental nas ações de prevenção
(informação, inclusão, participação familiar) e intervenção em situações que
envolvam a violência, assim como na promoção da qualidade de vida e saúde para
crianças e adolescentes (BRINO; WILLIAMS, 2003; GUIA ESCOLAR, 2004).
A instituição escolar, através da atuação e mediação de seu corpo docente
(professor/educador), pode promover articulações com a família e a sociedade, no
que diz respeito à violência sexual (abuso e exploração) e suas conseqüências para
o universo infanto-juvenil (CHESNAIS, 1999).
Sobre as denúncias e encaminhamentos dos casos de violência sexual,
adolescentes e professores relataram que a maioria foi denunciada e encaminhada
pelo Conselho Tutelar, sendo a delegacia e a polícia os locais onde mais ocorreu a
denúncia e os principais responsáveis pela denúncia foram a mãe e a própria vítima.
Investigação realizada em estudo de HABIZANG e outros (2005), com o total
de 71 expedientes nos processos jurídicos do Ministério Público (RS), o Conselho
Tutelar foi responsável por 40,4% dos encaminhamentos e foram denunciados
78,3% dos casos.
87
No que se refere ao enfrentamento da violência sexual pela escola, os
professores relataram que as principais estratégias devem conter atividades
pedagógicas que informem aos alunos sobre a temática da violência sexual; o
reconhecimento das características físicas e psicológicas de uma pessoa vitimizada;
e promover a denúncia dos casos identificados.
Estudo desenvolvido por Jones e outros (2006) sobre o declínio dos casos de
maus tratos em crianças nos Estados Unidos no período de 1990 a 2003,
especialmente sob a forma de abuso sexual com queda significativa de 47%,
ressalta a importância de programas escolares na prevenção de vitimizados e a
possibilidade de que essa queda seja resultante do sucesso coletivo de programas
que provêm conhecimento sobre o tema, promovendo proteção às crianças que
deles participam. Tais achados reforçam o papel da escola no enfrentamento da
violência sexual, enquanto instituição integrante da rede de proteção.
Pesquisa realizada no Distrito Federal e Goiás com amostra de 94
professores de escolas blicas e privadas objetivou apreender as representações
sociais destes profissionais acerca da violência intrafamiliar. Para isso, foi aplicado
questionário nas dimensões de informação sobre o tema, representações sociais e
atitudes diante de casos comprovados ou suspeitos de alunos vitimizados.
Observou-se, ao final do estudo, contradições e ambivalências entre sentimentos e
atitudes dos professores, sendo que, grande parte dos pesquisados acredita que
essa problemática ainda perpassa pela consideração do poder da autoridade
paterna/familiar, que direito aos pais de educarem seus filhos a sua maneira,
apontando a necessidade de capacitação continuada dos professores, para que
possam atuar adequadamente nos casos de violência intrafamiliar, no espaço
escolar (ALMEIDA e outros, 2006).
88
7 CONCLUSÕES
A faixa etária e a escolaridade dos alunos, bem como a faixa etária dos
professores não mostraram associação entre os grupos com o conhecimento da
problemática e depoimento de casos de violência sexual.
7.1 Perfil sócio-demográfico de alunos e professores
A maioria dos alunos adolescentes encontrava-se na faixa etária de 17 a 19
anos (56,6%), era do sexo feminino (62,0%), tinha ensino médio incompleto (62,3%),
coabitava com pai e mãe (60,4%) e apresentava bom relacionamento com os pais
(85,0%).
Quanto aos professores, a maior parte era do sexo feminino (82,8%), tinha
Pós-Graduação (71,6%) e praticava religião Católica (63,6%).
7.2 Conhecimento dos alunos sobre a violência sexual
De modo geral, a violência sexual mais conhecida pelos alunos foi a
pornografia (79,6%) com lesões em genitais e ânus (47,0%), sem significância
estatística entre os grupos.
As conseqüências comportamentais decorrentes da
violência sexual na família foram: isolamento (62,6%), assim como tristeza e
agressividade (50,4%). Na escola, foram baixa concentração e baixo rendimento
escolar (77,5%).
O fator de proteção mais citado foi o diálogo, confiança e orientação familiar
(86,2%) e os fatores de risco, aceitar passeios com estranho (51,4%), receber
objetos em troca de relação sexual (47,8%), bem como, convívio com padrasto e
madrasta (34.4%). Os principais responsáveis pelo abuso sexual citados foram o
padrasto (76,4%) e desconhecidos (69,3%), sendo o uso de bebidas ou outras
drogas (74,2%) a principal motivação para o abuso.
No geral, o sexo feminino apresentou maiores prevalências quanto ao
conhecimento da problemática e resultados com significância estatística, em relação
89
ao masculino. Quanto às conseqüências comportamentais, o isolamento foi relatado
1,20 vezes mais (RP = 1,20), assim como a tristeza e agressividade (RP = 1,41).
Como fatores de risco, aceitar passeio com estranhos (RP = 1,37); consumo de
álcool e drogas na família (RP = 1,39); e conflito familiar (RP = 1,66). Quanto aos
agressores, foram relatados respectivamente, o padrasto e desconhecidos (RP =
1,18 e RP = 1,24), com destaque para o pai (RP = 1,80).
7.3 Conhecimento de professores sobre a violência sexual
De modo geral, os professores mostraram alta prevalência do conhecimento
sobre a violência sexual, abuso/incesto (83,0%), pornografia (77,3%) e pedofilia
(59,1%), assim como lesões em genitais e ânus (62,5%).
As conseqüências comportamentais, na família, mais apontadas foram o
isolamento (93,2%), assim como tristeza e agressividade (85,2%). Na escola, foi a
baixa concentração e baixo rendimento escolar (94,3%).
O fator de proteção mais
citado foi o diálogo, confiança e orientação familiar (96,6%) e os fatores de risco
foram consumo de álcool e drogas na família (62,5%), receber objetos em troca de
relação sexual (61,4%), aceitar passeios com estranhos (56,8%) e convívio com
padrasto e madrasta (53,4%). Os principais responsáveis pelo abuso foram o
padrasto (89,8%), vizinhos (75,0%) e o pai (68,2%) e as motivações mais relatadas
foram o uso de bebidas ou outras drogas (81,8%) e ter sofrido violência na infância
(55,7%).
Os professores com tempo de serviço menor que 15 anos relataram maior
conhecimento em relação àqueles com tempo maior ou igual, sendo que, o relato de
pornografia foi 1,13 vezes maior, em relação àqueles com maior experiência. Os
professores com tempo de serviço 15 anos citaram aceitar passeios com
estranhos, 1,27 vezes mais; ter sofrido violência na infância, 1,13 vezes mais; bem
como o uso de bebidas ou outras drogas, 1,12 vezes mais; em relação aos que
possuíam menor experiência.
90
7.4 Relato de alunos sobre casos de vitimização de crianças e adolescentes
Em torno de 25,0% dos alunos adolescentes relataram conhecer pelo menos
um caso de violência sexual contra crianças ou adolescentes; sendo que o estupro
foi a principal forma dessa violência (16,1%), com a divulgação de 16,5% dos casos,
na faixa etária de 10 a 16 anos (18,4%) e ocorrência no domicílio ou na rua (acima
de 8,0%).
Sobre as características do agressor, os adolescentes citaram,
principalmente, o pai (36,1%) que apresentava estado mental normal em 9,4% dos
casos; entretanto, 9,2% informaram não sabiam. O principal tipo de intimidação foi a
força física (10,4%), do tipo espancamento (6,1%); mas, 5,6% negaram a presença
da violência. Os tipos de seqüelas físicas mais citadas foram lesões em genitais e
ânus (6,4%); contudo, para 6,3% dos alunos, não ficaram lesões. De acordo com as
características das denúncias e encaminhamentos, foram denunciados 10,4% dos
casos, sendo a delegacia e a polícia os locais de maior ocorrência da denúncia
(4,4%). A mãe foi a principal denunciante (5,6%) e o conselho tutelar (1,2%),
responsável pelo encaminhamento.
O sexo feminino mostrou as maiores prevalências do relato de casos de
violência sexual. Na análise da RP, o sexo feminino relatou maior número de casos
de vítimização (RP = 1,53), em relação ao masculino, com resultados significantes:
de estupro (RP = 2,28), de casos divulgados (RP = 1,70); na faixa etária de 10 a 16
anos (RP = 1,75), com ocorrência no domicilio (RP = 2,40).
Muito embora, sem significância estatística, as alunas citaram maior número
de casos de incesto (RP = 2,14 vezes), na faixa abaixo de 10 anos (RP = 1,89), com
agressor
desconhecido (RP = 1,50) sob ameaça verbal (RP = 1,91) e espancamento
(RP = 1,36), mas com ausência de lesões (RP = 1,40 vezes).
91
7.5 Relato de professores sobre casos de vitimização de crianças e
adolescentes
Em torno de 24% dos professores relataram conhecer ou estiveram próximos
de algum caso de violência sexual que vitimizou criança ou adolescente, sendo o
estupro (11,4%) e o incesto (6,8%) os principais tipos de violência sexual praticados,
com divulgação de 21,6% dos casos. O domicílio (15,9%) foi o local onde mais
ocorreu a violência;
De acordo com os professores, o pai foi o principal agressor (68,2%), sendo
que 12,5% não sabiam informar como se encontrava o estado mental e 8,0%
informaram que estava alcoolizado ou drogado. Os tipos de intimidação mais
praticados foram a ameaça verbal (11,4%) e a força física (9,1%). Quanto ao tipo de
violência física, 12,5% afirmaram que não tinha ocorrido, mas 11,4% informaram
lesões em genitais e ânus. Quanto às denúncias e encaminhamentos dos casos,
13,6% foram denunciados, sendo a delegacia e a polícia os locais de maior
ocorrência da denúncia (6,8%); a mãe e a própria vítima (5,7%) os maiores
denunciantes; e o conselho tutelar, o principal responsável pelo encaminhamento
(5,7%).
Em relação ao enfrentamento pela Escola, os professores apontaram a
importância da orientação com atividades educativas na Escola (80,7%), bem como
a identificação de sinais clínicos (62,5%) e a denúncia (58,0%).
92
8 CONSIDERÕES FINAIS
Neste estudo, os resultados encontrados entre alunos adolescentes e
professores da rede pública de Feira de Santana refletem a complexidade e as
várias faces que envolvem a violência sexual, de magnitude desconhecida, visto
que, é característica do núcleo familiar ou seu entorno e seus principais
protagonistas possuem laços de consangüinidades e relação com a tima,
estabelecendo um pacto de silêncio entre os envolvidos.
Nesse aspecto, é possível reconhecer que crianças e adolescentes são
afetados em pleno processo de crescimento e desenvolvimento, sofrendo
conseqüências de natureza biopsicossocial, demonstrando a condição de
vulnerabilidade desse grupo.
Na perspectiva de melhor compreensão deste fenômeno são necessários
estudos adicionais (abordagens quantitativas e qualitativas) e ações
multiprofissionais (notificações, registros, tratamento) que possibilitem conhecer com
maior profundidade as especificidades que envolvem esta forma de violência.
O espaço escolar é um grande aliado nas ações de prevenção, intervenção e
combate da violência sexual, através das tarefas político-pedagógicas e do processo
ensino-aprendizagem, bem como da representatividade, perante a comunidade
considerando a permanência que crianças e adolescentes permanecem neste
espaço de construção da cidadania.
As políticas públicas e os programas de prevenção e intervenção ainda são
incipientes no enfrentamento da violência sexual, numa sociedade regida pelo
consumo e diferenças sociais tão alarmantes. São questões estruturais, que
interferem negativamente na qualidade de vida de crianças e adolescentes, reféns
de desigualdades com raízes histórico-sociais e econômicas.
A violência sexual que vitimiza crianças e adolescentes necessita de ações do
poder público e demais setores da sociedade, no intuito de implementar medidas
que possam proporcionar a prevenção de conseqüências (físicas, psicológicas) tão
graves para a infância e adolescência vitimizada.
93
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101
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ALUNOS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE SAÚDE
NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
QUESTIONÁRIO PARA O ADOLESCENTE
Você está participando de uma pesquisa sobre violência sexual contra crianças e adolescentes, que está sendo realizada nas
escolas de Feira de Santana. A sua opinião é muito importante para que possamos conhecer melhor esse problema e propor
ao governo do estado e município a execução de ações de prevenção e defesa contra esta violência na nossa cidade e região.
Se aceitar, fique à vontade para responder.
Não precisa colocar seu nome
.
PARTE I
1. Data de Nascimento:_____/_____/__________
2. Sexo : ( )Feminino ( )Masculino
3. Série em que estuda: ( ) 1ª a 4ª série ( ) 5ª a 8ª série ( ) 2º grau
4. Turno: ( )Manhã ( )Tarde ( )Noite
5. Qual a religião de seus pais:
1.( )Católica 2.( )Protestante/Evangélico 3.( )Sem religião 4.( )T. de Jeová 5.( )Espírita
6.Outra __________________________ 7.( )Não sei
6. Qual a renda de sua família?
1.( ) Abaixo de 1 salário 2.( ) Entre 1 a 2 salários 3.( ) Entre 3 e 5 salários
4.( ) Acima de 5 salários 5.( ) Não tem renda familiar 6.( )Não sei
7. Quem sustenta a sua família? (Pode marcar mais de uma): 1.( )Pai 2.( )Mãe 3.( )Pai e Mãe 4.( )Avós 5.( )Pai
e outros 6.( )Mãe e outros 7.( )Adolescentes e companheiro(a) 8.( )Familiares 9.( )Não sei
8. Qual a idade de seu pai ______anos ( )Não sabe
9. Em que seu pai trabalha? _______________________
10. Até que série seu pai estudou?_________ série ( )Não sabe
11. Qual a idade de sua mãe_______ anos ( )Não sabe
12. Em que sua mãe trabalha: _______________________
13. Até que série sua mãe estudou?________ série ( )Não sabe
14. Com quem você vive no momento?
1.( ) Pai + Mãe 2.( ) Mãe 3.( ) Pai 4.( ) Pai + Mãe + Irmãos 5. ( ) Avó(s)
6.( ) Mãe + Irmãos 7.( ) Pai + Irmãos 8.( ) Outros parentes _____________________________
15. Como é sua convivência familiar? (Pode marcar mais de uma resposta)
1.( )Tem brigas freqüente com pais 2.( )Tem brigas freqüente com irmãos 3.( )Bom relacionamento com pais
4.( )Tem presença de alcoolismo na família 5.( )Tem medo do seu pai
6.( )Tem medo de sua mãe 7.( )Sofre maus tratos dos pais
PARTE II
16. O que você entende por VIOLÊNCIA SEXUAL?______________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
102
17. Correlacione a 1ª coluna com a 2ª, de acordo com os tipos de VIOLÊNCIA SEXUAL:
1) Pedofilia
2) Pornografia
3) Exploração sexual
4) Incesto
5) Abuso
( ) Relação sexual de adulto com criança ou adolescente em troca de favor e/ou
dinheiro.
( ) Adulto que usa criança ou adolescente para fins sexuais com ou sem pressão
física e emocional
( ) Adulto que sente atração erótica-sexual por crianças e/ou adolescente.
( ) Adulto que mantém relações sexuais com crianças ou adolescentes da
mesma família com uso da força física ou não.
( ) Adulto que expõe fotos de crianças ou adolescentes com imagens eróticas.
18. Quando um adolescente sofre VIOLÊNCIA SEXUAL que partes do corpo, freqüentemente pode ficar machucado?
(Pode marcar mais de uma resposta)
1.( )Todo o corpo 2.( )Genitais 3.( ) Ânus 4.( ) Boca 5.( ) Não apresenta marcas 6. Outros__________________
19. Quando sofre VIOLÊNCIA SEXUAL que comportamento na família a criança e/ou adolescente pode apresentar? (Pode
marcar mais de uma resposta)
1.( )Tristeza e agressividade 2.( )Uso de drogas lícitas e ilícitas 3.( )Foge de casa ou da escola
4.( ) Não apresenta mudança 5.( )Isolamento 6.( )Outros______________________
20. Quando sofre VIOLÊNCIA SEXUAL que comportamento na escola a criança e/ou adolescente pode apresentar? (Pode
marcar mais de uma resposta)
1.( ) Baixo rendimento escolar 2.( )Não se concentra na aula 3.( )Freqüentemente se envolve em brigas com colegas
e professores 4.( ) Comentários exacerbados sobre sexo 5.( )No ambiente escolar é difícil perceber mudanças
6.( )Outros_______________________________
21. Quais os fatores mais importantes para ajudar a proteger crianças e adolescentes contra VIOLÊNCIA SEXUAL? (Pode
marcar mais de uma resposta)
1.( )Família constituída por pai e mãe 2.( )Família com prática religiosa 3.( )Família com poucos conflitos
4.( )Orientação Familiar 5. ( )Estar freqüentando a escola 6. ( ) Atividades voltadas ao combate a violência
na escola 7. ( ) Práticas esportivas na escola, bairros e associações 8. ( ) Orientação pedagógica
9. ( ) Relação de confiança com pais, professores e parentes 10. ( ) Existência de diálogo na comunicação entre pais e
filhos 11. ( )Outro__________________________
PARTE III
22. O que você entende por EXPLORAÇÃO SEXUAL ?_____________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
23. Quais das situações abaixo, você considera que seja EXPLORAÇÃO SEXUAL? (Pode marcar mais de uma resposta)
1.( ) Pornografia
2.( ) Assédio verbal
3.( ) Turismo e Tráfico sexual
4.( ) Exibicionismo
5.( ) Incesto
24. Quem você acha que são os adultos que EXPLORAM sexualmente crianças e adolescentes? (Pode marcar mais de
uma resposta)
1.( ) Pai 2.( ) mãe 3.( ) Irmãos 4.( ) Padrasto 5. ( )Madrasta 6.( ) Outro parente_______________ 7. (
)Tios
8.( ) Vizinhos 9.( ) Amigos 10.( ) Namorados 11.( ) Desconhecidos 12. ( )Cafetões 13. ( )Prostitutas
14. ( ) Pessoas na internet 15.( ) Outros________________________________
25. Quais os motivos para pessoas praticarem EXPLORAÇÃO SEXUAL contra crianças e adolescente? (Pode marcar mais
de uma resposta)
1.( )Uso de bebidas alcoólicas ou outras drogas 2.( ) Fins lucrativos 3.( )Ter sofrido violência na infância 4.( ) Não
existe motivo 5. ( ) Busca do prazer(pedofilia)
103
26. Em que situações crianças e adolescentes podem ser com mais freq
üência vitimas de EXPLORAÇÃO SEXUAL?
(Marque a resposta que você considerar mais importante)
1.( )Convívio com padrasto/madrasta 2.( )Pais com conflito familiar 3.( )Consumo de álcool e outras drogas na famíl
ia
4.( )Convívio com irmãos violentos 5.( )Tendo sua imagem erótica divulgada na internet
6.( ) Recebendo objetos de valor em troca da relação sexual 7. ( ) Adulto convidar adolescente para viagem/passeios
com fins sexuais 8. ( )Pressão Psicológica 9.( )Outras_________________________
27. O que você entende por ABUSO SEXUAL ?___________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________
28. Quem você acha que são os adultos que ABUSAM sexualmente de crianças e adolescentes? (Pode marcar mais de
uma resposta)
1.( ) Pai 2.(
) mãe 3.( ) Irmãos 4.( ) Padrasto 5. ( )Madrasta 6.( ) Outro parente_______________ 7. ( )Tios
8.( ) Vizinhos 9.( ) Amigos 10.( ) Namorados 11.( ) Desconhecidos 12. ( )Cafetões 13. ( )Prostitutas
14. ( ) Pessoas na internet 15.( ) Outros________________________________
29. Quais os motivos para pessoas praticar ABUSO SEXUAL contra crianças e adolescente? (Pode marcar mais de uma
resposta)
1.( )Uso de bebidas alcoólicas ou outras drogas 2.( ) Fins lucrativos 3.( )Ter sofrido violência na infância 4.( ) Não
existe motivo 5. ( ) Busca do prazer(pedofilia)
30. Em que situações crianças e adolescentes podem ser com mais freqüência vitimas de ABUSO SEXUAL? (Marque a
resposta que você considerar mais importante)
1.( )Convívio com padrasto/madrasta 2.( )Pais com conflito familiar 3.( )Consumo de álcool e outras drogas na famíl
ia
4.( )Convívio com irmãos violentos 5.( ) Tendo sua imagem erótica divulgada na internet
6.( ) Recebendo objetos de valor em troca da relação sexual 7. ( ) Adulto convidar adolescente para viagem/passeios
com fins sexuais 8. ( )Pressão Psicológica 9.( )Outras_________________________
PARTE IV
31. Você conhece ou já viu alguma criança ou adolescente sofrer algum tipo de VIOLÊNCIA SEXUAL?
1.( )Sim 2.( )Não
32. Quantas vítimas você conhece? ______________________
33. Essas vítimas são conhecidas por outros alunos da sua escola?
1. ( ) Sim 2. ( ) Não 3. ( ) Não sei
34. Qual foi o tipo de VIOLÊNCIA SEXUAL? (Se você conhece mais de uma vítima, marque mais de uma resposta).
1. ( ) Pedofilia 2. ( ) Pornografia 3. ( ) Incesto 4. ( ) Abuso 5. ( ) Turismo/Tráfico Sexual 6. ( )Exibicionismo
7. ( ) Outro__________________ 8. ( ) Não sei
35. Que idade(s) tinha essa criança ou adolescente quando aconteceu essa violência?
Idades ___________________________
36. Em que local aconteceu essa(s) VIOLÊNCIA SEXUAL? (Se você conhece mais de uma vítima, marque mais de uma
resposta).
1.( ) Em casa 2.( ) Na escola 3.( ) Na rua 4.( ) Na casa da vizinha 5.( ) Na casa de parentes 6. (
) Festas
7.( ) Prostíbulo 8. ( ) Esquinas 9. ( ) Não conheço 10. ( ) Outro__________________________
37. O abusador/ explorador era: (Se você conhece mais de uma vítima, marque mais de uma resposta)
1.( ) Um desconhecido 2.( ) Pai 3.( ) Mãe 4.( ) Madrasta 5.( ) Irmão 6.( )
Parente 7.( ) Vizinho
8.( ) Padrasto 9.( ) Colega de escola 11. ( )Não sei 12.Outros__________________
38. Qual a escolaridade do abusador/ explorador?
Série(s)________________________________________
39. No que o abusador/ explorador trabalhava: (Se você conhece mais de uma vítima, marque mais de uma resposta)
__________________________________________________ ( ) Não sei
104
40. No momento da violência como o abusador/explorador estava? (Se você conhece mais de uma vítima, marque mais de
uma resposta)
1.( )Normal 2.( )Alcoolizado 3.( )Drogado 4.( )Não sei 5.( )Outro _____________________
41. Como o abusador/explorador se aproximou? (Se você conhece mais de uma vítima, marque mais de uma resposta)
1.( )Ele convenceu que isso era normal 2.( )Ele foi violento/ameaçador 3.( )Ele deu ou prometeu um presente ou
dinheiro 4.( )Não sei informar 5.( )Outro ______________________
42. Que tipo de ameaça fez o abusador/explorador? (Se você conhece mais de uma vítima, marque mais de uma resposta)
1.( )Força física 2.( )Arma de fogo 3.( ) Faca/canivete 4.( ) Ameaça verbal 5.( ) Não ameaçou 6. ( ) Não sei
informar 7.( )Outros______________________
43. No momento da VIOLÊNCIA SEXUAL que tipo de violência física ocorreu? (Se você conhece mais de uma vítima,
marque mais de uma resposta)
1.( ) Não ocorreu violência física 2. ( ) Tapas ou murros 3.( )Queimadura 4.( ) Cortes 5.( )Não sei informar
6.Outros___________________________
44. Que tipo de marca ficou no corpo da criança ou adolescente? (Se você conhece mais de uma vítima, marque mais de
uma resposta)
1.( ) Não ficaram marcas no corpo 2. ( ) Lesões na boca 2.( )Lesões nos genitais 3.( )Lesões no ânus 4.( )Lesão
em todo o corpo 5. ( ) Não ocorreu lesões 6.( )Não sei informar 7. Outros__________________
45. Essa VIOLÊNCIA SEXUAL foi denunciada ? (Se você conhece mais de uma vítima, marque mais de uma resposta)
1.( )Sim Onde?_______________________________________________
2.( )Não 3.( ) Não sei
46. Quem fez a denúncia? (Se você conhece mais de uma vítima, marque mais de uma resposta)
1.( ) A vítima 2.( )Mãe 3.( )Pai 4.( )Avós 5.( ) Irmãos 6.( ) Outros Parentes ____________ 7.( )Amigos
8. ( )Escola 9.( )Profissional de Saúde 10.( )Vizinho 11. ( )Conselho Tutelar 12.( )Outra_________________
13.( )Não sei
47. Foi tomada alguma providência para o caso ? (Se você conhece mais de uma vítima, marque mais de uma resposta)
Família. Qual providência?____________________________________________________________________________
Escola Qual providência?_____________________________________________________________________________
Amigos-vizinhos Qual providência?_____________________________________________________________________
Conselho Tutelar-Juiz. Qual providência?________________________________________________________________
Serviço de Saúde. Qual a Providência?__________________________________________________________________
MUITO OBRIGADO!
105
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO PROFESSORES
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE SAÚDE
NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
QUESTIONÁRIO PARA OS PROFESSORES
Você está participando de uma pesquisa sobre Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, que está sendo
realizada nas escolas de Feira de Santana. A sua opinião é muito importante para que possamos conhecer melhor esse
problema e propor ao governo do estado e município a execução de ações de prevenção e defesa contra esta violência na
nossa cidade e região. Se aceitar, fique à vontade para responder.
Não precisa colocar seu nome.
PARTE I
1. Idade ___________ anos
2. Sexo
1.( ) Masculino 2.( ) Feminino
3. Turno:
( )Manhã ( )Tarde ( )Noite
4. Nível de escolaridade:
( )2º grau completo ( )3ºgrau incompleto ( )3ºgrau completo ( ) Pós-graduação
5. Tempo que ensina
______anos e _____meses.
6. Qual a sua religião:
1.( )Católica 2.( )Protestante/Evangélico 3.( )Sem religião 4.( )T. de Jeová 5.( )Espírita
6.( )Outra __________________________
PARTE II
7. O que você entende por
VIOLÊNCIA SEXUAL? ________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________
8. Correlacione a 1ª coluna com a 2ª, de acordo com os tipos de VIOLÊNCIA SEXUAL:
1) Pedofilia
2) Pornografia
3) Incesto
4) Abuso
( ) Relação sexual de adulto com criança ou adolescente.
( ) Adulto que sente atração erótica-sexual por crianças e/ou adolescente.
( ) Familiar que mantém relações sexuais com crianças ou adolescentes com uso da
força física ou não.
( ) Adulto que expõe fotos de crianças ou adolescentes com imagens eróticas.
9. Quando uma
criança ou adolescente sofre VIOLÊNCIA SEXUAL que partes do corpo, freqüentemente ficam
machucados?
1.( )Todo o corpo 2.( )Genitais 3.( ) Ânus 4.( ) Boca 5.( ) Não apresenta marcas 6. ( ) Não sei
7. Outros_____________________
10. Quando sofre VIOLÊNCIA SEXUAL que comportamento a criança e/ou adolescente pode apresentar na família?
(Pode marcar mais de uma resposta)
1.( )Tristeza e agressividade 2.( )Uso de drogas lícitas e ilícitas 3.( )Foge de casa ou da escola
4.( ) Não apresenta mudança 5.( ) Fica Triste /Deprimida 6( ) Não sei 7. ( ) Outros _______________________
11. Quando sofre VIOLÊNCIA SEXUAL que comportamento a criança e/ou adolescente pode apresentar na escola?
(Pode marcar mais de uma resposta)
1.( ) Baixo rendimento escolar 2.( )Não se concentra na aula 3.( )Freqüentemente se envolve em brigas com colegas
e professores 4.( ) Comentários exacerbados sobre sexo 5.( )No ambiente escolar é difícil perceber mudanças
6( ) Não sei 7. ( ) Outros _______________________
106
12. Quais são os mais importantes fatores para ajudar a proteger crianças e adolescentes contra VIOLÊNCIA
SEXUAL?
(Pode marcar mais de uma resposta)
1.( )Família constituída por pai e mãe 2.( )Família com prática religiosa 3.( )Família com poucos conflitos
4.( )Orientação Familiar 5. ( )Estar freqüentando a escola 6. ( ) Atividades voltadas ao combate a violência
na escola 7. ( ) Práticas esportivas na escola, bairros e associações 8. ( ) Orientação pedagógica
9. ( ) Relação de confiança com pais, professores e parentes 10. ( ) Existência de diálogo na comunicação entre pais e
filhos 11. ( )Outro__________________________
107
PARTE III
13. O que você entende por ABUSO SEXUAL ?__________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
__________
14. Quem você acha que são os adultos que ABUSAM sexualmente de crianças e adolescentes? (
Pode marcar mais
de uma resposta)
1.( ) Pai 2.( ) mãe 3.( ) Irmãos 4.( ) Padrasto 5. ( )Madrasta 6.( ) Outro parente_______________ 7. ( )Tios
8.( ) Vizinhos 9.( ) Amigos 10.( ) Namorados 11.( ) Desconhecidos 12. ( )Cafetões 13. ( )Prostitutas
14. ( ) Pessoas na internet 15.( ) Outros________________________________
15. Quais os motivos que levam pessoas a praticarem ABUSO SEXUAL contra crianças e adolescentes?
(Pode
marcar mais de uma resposta)
1.( )Uso de bebidas alcoólicas ou outras drogas 2.( ) Fins lucrativos 3.( )Ter sofrido violência na infância 4.( ) Não
existe motivo 5. ( ) Busca do prazer 6. Outro motivo ___________________________________________________
16. Em que situações crianças e adole
scentes podem ser vitimas de ABUSO SEXUAL?
(Marque a resposta que você
considerar mais importante)
1.( )Convívio com padrasto/madrasta 2.( )Pais com conflito familiar 3.( )Consumo de álcool e outras drogas na famíl
ia
4.( )Convívio com irmãos violentos 5.( ) Tendo sua imagem erótica divulgada na internet
6.( )Recebendo objetos de valor em troca da relação sexual 7. ( ) Aceitando convite para passeios com estranho
8. ( )Pressão Psicológica 9.( )Outras_________________________
17. O que você entende por EXPLORAÇÃO SEXUAL ?____________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
18. Quais das situações abaixo, você considera que seja EXPLORAÇÃO SEXUAL?
(Pode marcar mais de uma
resposta)
1.( ) Pornografia
2.( ) Assédio verbal
3.( ) Turismo e Tráfico sexual
4.( ) Exibicionismo
5.( ) Incesto
6.( ) Não sei
19. Na sua opinião quem são os adultos que EXPLORAM sexualmente crianças e adolescentes?
(Pode marcar mais
de uma resposta)
1.( ) Pai 2.( ) mãe 3.( ) Irmãos 4.( ) Padrasto 5. ( )Madrasta 6.( ) Outro parente_______________ 7. (
)Tios
8.( ) Vizinhos 9.( ) Amigos 10.( ) Namorados 11.( ) Desconhecidos 12. ( )Cafetões 13. ( )Prostitutas
14. ( ) Pessoas na internet 15.( ) Outros________________________________
20. Quais motivos levam pessoas a praticarem EXPLORAÇÃO SEXUAL contra crianças e adolescentes?
(Pode
marcar mais de uma resposta)
1.( )Uso de bebidas alcoólicas ou outras drogas 2.( ) Fins lucrativos 3.( )Ter sofrido violência na infância
4.( ) Não existe motivo 5. ( ) Busca do prazer 6.( ) Outro motivo________________________________
21. Em que situações crianças e adolescentes podem ser
com mais freqüência vitimas de EXPLORAÇÃO SEXUAL?
(Marque a resposta que você considerar mais importante)
1.( )Convívio com padrasto/madrasta 2.( )Pais com conflito familiar 3.( )Consumo de álcool e outras drogas na famíl
ia
4.( )Convívio com irmãos violentos 5.( )Tendo sua imagem sensual divulgada na internet
6.( ) Recebendo objetos de valor em troca da relação sexual 7. ( ) Aceitando convite para passeios com estranhos
8. ( )Pressão Psicológica 9.( )Outras_________________________
108
PARTE IV
22. Você conhece ou já viu alguma criança ou adolescente sofrer algum tipo de VIOLÊNCIA SEXUAL?
1.( )Sim
Quantas vítimas você conhece?
__________________________ 2.( )Não (Se não, pule para a questão 34)
23. Qual foi o tipo de VIOLÊNCIA SEXUAL?
(Se você conhece mais de uma vítima, marque mais de uma resposta).
1. ( ) Pedofilia 2. ( ) Pornografia 3. ( ) Incesto 4. ( ) Estupro 5. ( ) Turismo/Tráfico Sexual 6. ( )Exibicionismo
7. ( ) Outro__________________ 8. ( ) Não sei
24Essa violência sexual ficou conhecida por outras pessoas?
1. ( ) Sim 2. ( ) Não 3. ( ) Não sei
25. Em que local aconteceu essa(s) VIOLÊNCIA SEXUAL ?
(Se você conhece mais de uma vítima, marque mais de
uma resposta).
1.( ) Em casa 2.( ) Na escola 3.( ) Na rua 4.( ) Na casa da vizinha 5.( ) Na casa de parentes 6. (
) Festas
7.( ) Prostíbulo 8. ( ) Não sei 9. ( ) Outro__________________________
26. O abusa
dor/ explorador era:
(Se você conhece mais de uma vítima, marque mais de uma resposta)
1.( ) Um desconhecido 2.( ) Pai 3.( ) Padrasto 4.( ) Mãe 5.( ) Madrasta 6.( ) Irmão 7.
( ) Parente
8.( ) Vizinho 9.( ) Namorado 10.( ) Colega de escola 11. ( )Não sei 12.Outros__________________
27. No momento da violência como o abusador/explorador estava?
(Se você conhece mais de uma vítima, marque
mais de uma resposta)
1.( )Normal 2.( )Alcoolizado 3.( )Drogado 4.( )Não sei 5.( )Outro _____________________
28. Que tipo de ameaça fez o abusador/explorador?
(Se você conhece mais de uma vítima, marque mais de uma
resposta)
1.( )Força física 2.( )Arma de fogo 3.( )Faca/canivete 4.( ) Ameaça verbal 5.( ) Não ameaçou 6. ( ) Não sei
informar 7.( )Outros______________________
29. No momento da VIOLÊNCIA SEXUAL que tipo de violência física ocorreu?
(Se voconhece mais de uma vítima,
marque mais de uma resposta)
1.( ) Não ocorreu violência física 2. ( ) Tapas ou murros 3.( )Queimadura 4.( ) Cortes 5.( )Não sei
6.Outros___________________________
30. Que tipo de marca ficou no corpo da crian
ça ou adolescente?
(Se você conhece mais de uma vítima, marque mais
de uma resposta)
1.( ) Não ficaram marcas no corpo 2. ( ) Lesões na boca 2.( )Lesões nos genitais 3.( )Lesões no ânus 4.( )Lesão
em todo o corpo 5. ( ) Não ocorreu lesões 6.( )Não sei informar 7. Outros__________________
31. Essa VIOLÊNCIA SEXUAL foi denunciada ?
(Se você conhece mais de uma vítima, marque mais de uma resposta)
1.( )Sim
Onde?_______________________________________________
2.( )Não (pule para a questão 34) 3.( ) Não sei (pule para a questão 34)
32. Quem fez a denúncia?
(Se você conhece mais de uma vítima, marque mais de uma resposta)
1.( ) A vítima 2.( )Mãe 3.( )Pai 4.( )Avós 5.( ) Irmãos 6.( ) Outros Parentes ____
________ 7.( )Amigos
8. ( )Escola 9.( )Profissional de Saúde 10.( )Vizinho 11. ( )Conselho Tutelar 12.( )Não sei informar
13. ( ) Não houve denúncia 14.( )Outra_________________
33. Por quem foi tomada a providência ?
(Se você conhece mais de uma vítima, marque mais de uma resposta)
1.( ) Família 2.( )Escola 3.( )Amigos 4.( )Vizinhos 5.( ) Conselho Tutelar 6.( )Serviço de Saúde 7.(
)Anônimo
8. ( ) Não foi tomada providência 9.( )Outra_________________
34. De que forma a escola pode ajudar a enfrentar a VIOLÊNCIA SEXUAL?
1. ( )Denunciando 2. ( )Identificando vítimas/sinais clínicos e de comportamento 3. ( )Executando/realizando
orientaç
ão as crianças e adolescentes 4. ( )Realizando atividades educativas com as crianças e adolescentes
5. ( )Treinando professores para identificação desse tipo de violência, em classe. 6.Outras ______________________
35. Como você,
professor, poderia ajudar a prevenir e/ou intervir na problemática da VIOLÊNCIA SEXUAL na
escola?
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
MUITO OBRIGADO!
Você está contribuindo para o desenvolvimento de ações de prevenção contra a violência sexual contra crianças e
adolescentes na nossa cidade e região.
109
APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado Senhor Pai /Senhora Mãe, através deste documento, chamado
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido eu, Maria Conceição Oliveira Costa,
coordenadora do Projeto de Pesquisa
A VIOLÊNCIA SEXUAL NA PERSPECTIVA
DE PROFESSORES E ALUNOS ADOLESCENTES DAS ESCOLAS PÚBLICAS DE
FEIRA DE SANTANA BAHIA, 2007”
, pretendo lhe explicar com clareza sobre
esta pesquisa que será realizada em Feira de Santana. Caso o Senhor/Senhora
concorde em seu filho participar, este documento servirá como comprovante de que
sua aceitação foi de livre vontade.
Essa pesquisa avaliará o entendimento que os alunos têm sobre os
diferentes aspectos da violência sexual contra crianças e adolescentes, em Feira de
Santana-Bahia.
Solicitamos que autorize seu filho ou filha a participar e gostaria de deixar
bem claro que as informações são sigilosas e confidenciais não havendo
identificação dos entrevistados; eles poderão desistir de participar da pesquisa em
qualquer momento, sem necessidade de dar explicações ou desculpas de sua
desistência, como também pedir informações sobre alguma pergunta a qualquer
hora que sentir necessidade.
Esta pesquisa ajudará ao Governo Brasileiro a colocar em prática ações
mais diretas ao enfrentamento da violência contra crianças e adolescentes e os
resultados serão devolvidos sobre a forma de relatórios aos gestores das
Secretarias de Desenvolvimento Social, Justiça, Trabalho, Saúde, Educação, assim
como para a comunidade, com divulgação pela imprensa e para todos os segmentos
sociais, na forma de encontros realizados pela equipe do Projeto para sensibilização
e capacitação dos professores da rede de ensino de Feira de Santana
Portanto, mesmo que a pesquisa venha a ser publicada em revista científica,
seu (sua) filho (a) jamais será identificado, pois seu nome e endereço ou qualquer
outra informação sobre sua pessoa ficarão guardados por 05 anos na UEFS..
Deixaremos uma cópia deste documento com o Senhor/Senhora, no qual
está escrito também o nome completo de cada um dos pesquisadores, seus locais
de trabalho e telefones para resolver qualquer dúvida ou problema relacionado com
essa pesquisa.
110
Maria Conceição Oliveira Costa e Rosely Cabral de Carvalho Coordenadoras do
Projeto
Marcos Antonio Oliveira de Santana Pesquisador / Mestrando no Programa de
Pós-Graduação em Saúde Coletiva.
Universidade Estadual de Feira de Santana - Núcleo de Estudos e Pesquisas na
Infância e Adolescência
Endereço: Av. Universitária, Km 03 BR 116-Campus Universitário-Mód VI-Centro de
Pós-Graduação. CEP: 44031460. Feira de Santana, BA - Brasil - Caixa Postal:
252294
Telefone: (75) 2248135 Fax: 2248135
E-mail:
Home page:
http://www.uefs.br/nepa
Se o Senhor/Senhora nos autorizar a entrevistar seu (sua) filho (a), pedimos
que assine abaixo ou coloque sua impressão digital em duas cópias, sendo uma sua
e outra da equipe. Com isso, o Senhor/Senhora Também estará confirmando que
leu ou ouviu a leitura deste documento e que entendeu bem, concordando em
participar.
Feira de Santana, ____ de _________________ de 2006.
Nome:
___________________________________________________________________
Assinatura:
___________________________________________________________________
Impressão Digital:
109
APÊNDICE D
Tabela 20 – Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de alunos adolescentes segundo faixa etária sobre os tipos de
violência sexual. Escolas Públicas – Feira de Santana, 2006.
Tipos de Violência
Sexual
Faixa etária
Total 17 a 19 anos 14 a 16 anos
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Pedofilia 274 37,4 152 36,7 122 38,4 0,96 0,79-1,16
Pornografia 583 79,6 328 79,2 255 80,2 0,99 0,92-1,06
Abuso/Incesto 256 35,0 142 34,3 114 35,8 0,96 0,78-1,17
110
APÊNDICE E
Tabela 21 – Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de alunos adolescentes segundo faixa etária sobre lesões
corporais decorrentes da violência sexual. Escolas Públicas – Feira de Santana, 2006.
Lesões
Corporais
Faixa etária
Total 17 a 19 anos 14 a 16 anos
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Genitais/ Ânus 344 47,0 202 48,8 142 44,7 1,09 0,93-1,28
Não há marcas 10 1,4 6 1,4 4 1,3 1,15 0,33-4,05
Não sabem 109 14,9 54 13,0 55 17,3 0,75 0,53-1,07
Outros* 298 40,7 166 40,1 132 41,5 0,97 0,81-1,15
* (Boca, todo o corpo)
111
APÊNDICE F
Tabela 22 Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de alunos adolescentes segundo faixa etária sobre mudanças
comportamentais (família e escola) decorrentes da violência sexual. Escolas Públicas – Feira de Santana, 2006.
Faixa etária
Total 17 a 19 anos 14 a 16 anos
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Mudanças Comportamentais na
Família
Isolamento 458 62,6 274 66,2 184 57,9 1,14 1,02-1,28*
Tristeza e Agressividade 369 50,4 218 52,7 151 47,5 1,11 0,96-1,28
Uso de drogas ou álcool 71 9,7 41 9,9 30 9,4 1,05 0,67-1,64
Fuga de casa 204 27,9 124 30,0 80 25,2 1,19 0,94-1,51
Outros
1
123 16,8 61 14,7 62 19,5 0,76 0,55-1,04
Mudanças Comportamentais na Escola
Baixa concentração/ rendimento escolar 567 77,5 336 81,2 231 72,6 1,12 1,03-1,21*
Brigas na escola 95 13,0 43 10,4 52 16,4 0,64 0,44-0,93*
Comentários exarcebados sobre sexo 85 11,6 42 10,1 43 13,5 0,75 0,50-1,12
Outros
2
176 24,0 88 21,3 88 27,7 0,77 0,59-0,99*
1 (Não apresenta mudança e não sabem)
2 (na escola é difícil perceber mudanças e não sabem)
112
APÊNDICE G
Tabela 23 – Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de alunos adolescentes segundo faixa etária sobre fatores de
proteção e de risco para violência sexual. Escolas Públicas – Feira de Santana, 2006.
Faixa etária
Total 17 a 19 anos 14 a 16 anos
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Fator de Proteção
Diálogo, confiança e orientação familiar 631 86,2 356 86,0 275 86,5 0,99 0,94-1,05
Família estruturada e prática religiosa 361 49,3 208 50,2 153 48,1 1,04 0,90-1,21
Atividades escolares e orientação
pedagógica 267 36,5
147 35,5 120 37,7 0,94 0,78-1,14
Atividades de combate a violência 231 31,6 125 30,2 106 33,3 0,91 0,73-1,12
Outros 5 0,7 2 0,5 3 0,9 0,51 0,09-3,05
Fator de Risco
Aceitar passeios com estranho 376 51,4 203 49,0 173 54,4 0,90 0,78-1,04
Receber objeto em troca de relação sexual 350 47,8 203 49,0 147 46,2 1,06 0,91-1,24
Convívio com padrasto/ madrasta 252 34,4 157 37,9 95 29,9 1,27 1,03-1,56*
Consumo de álcool e drogas na família 203 27,7 117 28,3 86 27,0 1,04 0,82-1,32
Conflito familiar 104 14,2 60 14,5 44 13,8 1,05 0,73-1,50
Divulgação de imagem erótica pela internet 154 21,0 77 18,6 77 24,2 0,77 0,58-1,02
Outros
1
116 15,8 68 16,4 48 15,1 1,09 0,78-1,53
1 (pressão psicológica
)
113
APÊNDICE H
Tabela 24 Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de alunos adolescentes segundo faixa etária sobre o agressor e
motivações para a violência sexual. Escolas Públicas – Feira de Santana, 2006.
Faixa etária
Total 17 a 19 anos 14 a 16 anos
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Responsável
Desconhecidos 507 69,3 270 65,2 237 74,5 0,88 0,80-0,96*
Padrasto 559 76,4 331 80,0 228 71,7 1,12 1,03-1,21*
Pessoas da Internet 300 41,0 167 40,3 133 41,8 0,94 0,79-1,12
Cafetões/Prostitutas 223 30,5 133 32,1 90 28,3 1,14 0,91-1,42
Vizinhos 308 42,1 180 43,5 128 40,3 1,08 0,91-1,28
Pai 264 36,1 167 40,3 97 30,5 1,32 1,08-1,62*
Outros
1
329 44,9 196 47,3 133 41,8 1,13 0,96-1,33
Motivações
Uso de bebidas ou outras drogas 543 74,2 302 72,9 241 75,8 0,96 0,88-1,05
Busca do prazer 395 54,0 227 54,8 168 52,8 1,04 0,91-1,19
Ter sofrido violência na infância 197 26,9 112 27,1 85 26,7 1,01 0,80-1,29
Outros
2
226 30,9 140 33,8 86 27,0 1,25 1,00-1,57
1 (mãe, irmãos, madrasta, outro parente, tios, amigos, namorados)
2 (fins lucrativos e não existe motivo)
114
APÊNDICE I
Tabela 25 – Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de professores segundo faixa etária sobre os tipos de violência
sexual. Escolas Públicas – Feira de Santana, 2006.
Tipos de Violência
Sexual
Faixa etária
Total 40 anos < 40 anos
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Pedofilia 52 59,1 25 56,8 27 61,4 0,93 0,65-1,31
Pornografia 68 77,3 36 81,8 32 72,7 1,13 0,90-1,41
Abuso/Incesto 73 83,0 37 84,1 36 81,8 1,03 0,85-1,24
115
APÊNDICE J
Tabela 26 – Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de professores segundo faixa etária sobre lesões corporais
decorrentes da violência sexual. Escolas Públicas – Feira de Santana, 2006.
Lesões
Corporais
Faixa etária
Total 40 anos < 40 anos
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Genitais/ Ânus 55 62,5 26 59,1 29 65,9 0,90 0,65-1,24
Não há marcas 1 1,1 - - 1 2,3 - -
Não sabem 4 4,5 2 4,5 2 4,5 1,00 0,15-6,79
Outros* 40 45,5 20 45,5 20 45,5 1,00 0,63-1,58
* (Boca, todo o corpo)
116
APÊNDICE K
Tabela 27 – Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de professores segundo faixa etária sobre mudanças
comportamentais (família e escola) decorrentes da violência sexual. Escolas Públicas – Feira de Santana, 2006.
Faixa etária
Total 40 anos < 40 anos
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Mudanças Comportamentais na
Família
Isolamento 82 93,2 39 88,6 43 97,7 0,91 0,81-1,02
Tristeza e Agressividade 75 85,2 37 84,1 38 86,4 0,97 0,82-1,16
Uso de drogas ou álcool 14 15,9 10 22,7 4 9,1 2,50 0,85-7,37
Fuga de casa 38 43,2 21 47,7 17 38,6 1,40 0,83-2,36
Outros
1
7 8,0 4 9,1 3 6,8 1,33 0,32-5,61
Mudanças Comportamentais na Escola
Baixa concentração/ rendimento escolar 83 94,3 42 95,5 41 93,2 1,02 0,92-1,14
Brigas na escola 27 30,7 14 31,8 13 29,5 1,08 0,57-2,02
Comentários exacerbados sobre sexo 18 20,5 8 18,2 10 22,7 0,80 0,35-1,84
Outros
2
15 17,0 8 18,2 7 15,9 1,14 0,45-2,88
1 (Não apresenta mudança e não sabem)
2 (Na escola é difícil perceber mudanças e não sabem)
117
APÊNDICE L
Tabela 28 Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de professores segundo faixa etária sobre fatores de proteção e
de risco para violência sexual. Escolas Públicas – Feira de Santana, 2006.
Faixa etária
Total 40 anos < 40 anos
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Fator de Proteção
Diálogo, confiança e orientação familiar 85 96,6 43 97,7 42 95,5 1,02 0,95-1,11
Família estruturada e prática religiosa 58 65,9 34 77,3 24 54,5 1,42 1,04-1,94
Atividades escolares e orientação
pedagógica
54 61,4 28 63,6 26 59,1 1,08 0,77-1,50
Atividades de combate a violência 44 50,0 22 50,0 22 50,0 1,00 0,66-1,52
Outros 4 4,5 2 4,5 2 4,5 1,00 0,15-6,79
Fator de Risco
Aceitar passeios com estranho 50 56,8 26 59,1 24 54,5 1,08 0,75-1,56
Receber objeto em troca de relação sexual 54 61,4 26 59,1 28 63,6 0,93 0,67-1,29
Convívio com padrasto/ madrasta 47 53,4 22 50,0 25 56,8 0,88 0,59-1,30
Consumo de álcool e drogas na família 55 62,5 25 56,8 30 68,2 0,83 0,60-1,16
Conflito familiar 32 36,4 13 29,5 19 43,2 0,68 0,39-1,21
Divulgação de imagem erótica pela internet 24 27,3 9 20,5 15 34,1 0,78 0,39-1,56
Outros
1
33 37,5 15 34,1 18 40,9 0,83 0,48-1,43
1 (pressão psicológica
)
118
APÊNDICE M
Tabela 29 Prevalência e Razão de Prevalência do conhecimento de professores segundo faixa etária sobre o agressor e
motivações para a violência sexual. Escolas Públicas – Feira de Santana, 2006.
Faixa etária
Total 40 anos < 40 anos
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Responsável
Desconhecidos 38 43,2 21 47,7 17 38,6 1,24 0,76-2,00
Padrasto 79 89,8 38 86,4 41 93,2 0,93 0,80-1,07
Pessoas da Internet 35 39,8 19 43,2 16 36,4 1,19 0,71-1,99
Cafetões/Prostitutas 23 26,1 11 25,0 12 27,3 0,92 0,45-1,85
Vizinhos 66 75,0 31 70,5 35 79,5 0,89 0,69-1,13
Pai 60 68,2 30 68,2 30 68,2 1,00 0,75-1,33
Outros
1
69 78,4 34 77,3 35 79,5 0,97 0,78-1,21
Motivações
Uso de bebidas ou outras drogas 72 81,8 36 81,8 36 81,8 1,00 0,82-1,22
Busca do prazer 47 53,4 23 52,3 24 54,5 0,96 0,65-1,42
Ter sofrido violência na infância 49 55,7 27 61,4 22 50,0 1,23 0,84-1,79
Outros
2
37 42,0 17 38,6 20 45,5 0,85 0,52-1,39
1 (mãe, irmãos, madrasta, outro parente, tios, amigos, namorados)
2 (fins lucrativos e não existe motivo)
119
APÊNDICE N
Tabela 30 Prevalência e Razão de Prevalência do depoimento de alunos adolescentes segundo faixa etária sobre casos de
vítimas de violência sexual. Escolas Públicas, Feira de Santana/Ba, 2006.
Faixa etária
Total 17 a 19 anos 14 a 16 anos
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Casos de Vítimas
Sim 185 25,3 110 15,0 75 10,2 0,89 0,69-1,14
Tipo de Violência
Incesto 9 1,2 03 0,4 06 0,8 2,60 0,66-10,33
Estupro 118 16,1 69 9,4 49 6,7 0,92 0,66-1,29
Outros
1
94 12,8 57 7,8 37 5,1 0,85 0,57-1,24
Divulgação dos Casos
Sim 121 16,5 76 10,4 45 6,1 0,77 0,55-1,08
Não 28 3,8 12 1,6 16 2,2 1,74 0,83-3,62
Não sabem 32 4,4 20 2,7 12 1,6 0,78 0,39-1,57
Idade da Criança
< 10 anos 45 6,1 28 6,8 17 5,3 0,79 0,44-1,42
10-16 anos 135 18,4 79 19,1 56 17,6 0,92 0,68-1,26
17-19 anos 12 1,6 8 1,9 4 1,3 0,65 0,20-2,14
Local da Violência
Casa 59 8,1 38 9,2 21 6,6 0,72 0,43-1,20
Rua 62 8,5 32 7,7 30 9,4 1,22 0,76-1,96
Outros
2
93 12,7 55 13,3 38 11,9 0,90 0,61-1,32
1 (Pedofilia, Pornografia, Turismo/Tráfico Sexual, Exibicionismo e Não sabem)
2 (Escola, Vizinha, Casa de parentes, Festas, Prostíbulo e não sabem)
120
APÊNDICE O
Tabela 31 – Prevalência e Razão de Prevalência do depoimento de alunos adolescentes segundo faixa etária sobre as
características do agressor, violências e conseqüências associadas. Escolas Públicas, Feira de Santana/Ba, 2006.
Faixa etária
Total
17
-
19 anos
14
-
16 anos
RP IC (95%)
n
Prev
Global
n
Prev
n
Prev
Identidade do Abusador
Pai 12 1,6 10 2,4 02 0,6 3,84 0,85-17,41
Desconhecido 76 10,4 37 8,9 39 12,3 1,37 0,90-2,10
Outros
1
119 16,3 78 18,8 41 12,9 1,46 1,03-2,07*
Estado Mental
Normal 69 9,4 44 10,6 25 7,9 0,12 0,09-0,15*
Alcoolizado/Drogado 52 7,1 30 7,2 22 6,9 1,05 0,62-1,78
Não sabem 67 9,2 37 8,9 30 9,4 0,95 0,60-1,50
Tipo de Intimidação
Ameaça Verbal 33 4,5 19 4,6 14 4,4 1,04 0,53-2,05
Arma de Fogo/Arma Branca 28 3,8 14 3,4 14 4,4 0,77 0,37-1,59
Força Física 76 10,4 46 11,1 30 9,4 1,18 0,76-1,82
Outros
2
73 10,0 48 11,6 25 7,9 1,47 0,93-2,34
Tipo de Violência Física
0 0,0
Espancamento 45 6,1 28 6,8 17 5,3 1,27 0,71-2,27
Não Ocorreu 41 5,6 28 6,8 13 4,1 1,65 0,87-3,14
Outros
3
107 14,6 62 15,0 45 14,2 1,06 0,74-1,51
Tipo de Lesão Corporal
Não ficaram lesões 46 6,3 33 8,0 13 4,1 1,95 1,04-3,64*
Genitais/ânus 47 6,4 28 6,8 19 6,0 1,13 0,64-1,99
Outros
4
104 14,2 58 14,0 46 14,5 0,97 0,68-1,39
1 (padrasto, irmão, parente, vizinho, colega).
2(não ameaçou e não sabem);
3(Cortes,queimaduras e não sabem);
4 (boca, todo o corpo e não sabem).
121
APÊNDICE P
Tabela 32 – Prevalência e Razão de Prevalência do depoimento de alunos adolescentes segundo faixa etária sobre as
características das denúncias e encaminhamentos. Escolas Públicas, Feira de Santana/Ba, 2006.
Faixa Etária
Total 17-19 anos 14-16 anos
RP IC (95%)
n Prev
Global
n Prev n Prev
Denúncia dos casos
Sim 76 10,4 28 3,8 48 6,6 0,76 0,49-1,18
Não 53 7,2 20 2,7 33 4,5 0,79 0,46-1,35
Não sabem 58 7,9 28 3,8 30 4,1 1,22 0,74-1,99
Local da denúncia
Delegacia/Polícia 32 4,4 14 1,9 18 2,5 1,01 0,51-2,00
Outros
1
10 1,4 04 0,5 06 0,8 0,16 0,06-0,43*
Sujeito da Denúncia
Mãe 41 5,6 18 2,5 23 3,1 1,02 0,56-1,86
Vítima 21 2,9 09 1,2 12 1,6 1,42 0,61-3,33
Outros
2
47 6,4 10 1,4 37 5,1 0,35 0,18-0,70*
Encaminhamento
Conselho Tutelar 9 1,2 02 0,3 07 1,0 0,37 0,08-1,78
Escola 1 0,1 - - 01 0,1 - -
Outros
3
68 9,3 25 3,4 43 5,9 0,76 0,47-1,21
1 (conselho tutelar, meio de comunicação, escola, juizado de menores, presídio, projeto de apoio a menores)
2 ( pai, avós, parentes, amigos, escola, profissionais de saúde, vizinhos e não sabem);
3 (família, amigos, vizinhos, serviço de saúde, anônimos)
122
APÊNDICE Q
Tabela 33 Prevalência e Razão de Prevalência do relato de professores segundo faixa etária sobre casos de vítimas de violência
sexual. Escolas Públicas, Feira de Santana/Ba, 2006.
Faixa etária
Total
40 anos
< 40 anos
RP IC (95%)
n
Prev
Global
n
Prev
n
Prev
Casos de Vítimas
Sim 21 23,9 6 13,6 15 34,1 0,40 0,17-0,94*
Tipo de Violência
Incesto 9 10,2 1 2,3 8 18,2 0,13 0,02-0,96*
Estupro 12 13,6 4 9,1 8 18,2 0,50 0,16-1,54
Outros
1
8 9,1 1 2,3 7 15,9 0,14 0,02-1,11
Divulgação dos Casos
Sim 19 21,6 6 13,6 13 29,5 0,46 0,19-1,10
Não sabem 2 2,3 - - 2 4,5 - -
Local da Violência
Casa 14 15,9 5 11,4 9 20,5 0,56 0,20-1,53
Rua 7 8,0 - - 7 15,9 - -
Outros
2
6 6,8 2 4,5 4 9,1 0,50 0,10-2,59
1 (Pedofilia, Pornografia, Turismo/Tráfico Sexual, Exibicionismo e Não sabem)
2 (Escola, Vizinha, Casa de parentes, Festas, Prostíbulo e não sabem)
123
APÊNDICE R
Tabela 34 – Prevalência e Razão de Prevalência do relato de professores segundo faixa etária sobre as características do
agressor, violências e conseqüências associadas. Escolas Públicas, Feira de Santana/Ba, 2006.
Faixa etária
Total
40 anos
< 40 anos
RP IC (95%)
n
Prev
Global
n
Prev
n
Prev
Identidade
do Abusador
Pai 60 68,2 30 68,2 30 68,2 1,00 0,75-1,33
Desconhecido 5 5,7 1 2,3 4 9,1 0,25 0,03-2,15
Outros
1
19 21,6 5 11,4 14 31,8 0,36 0,14-0,91*
Estado Mental
Normal 6 6,8 1 2,3 5 11,4 0,20 0,02-1,64
Alcoolizado/Drogado 7 8,0 - - 7 15,9 - -
Não sabem 11 12,5 5 11,4 6 13,6 0,83 0,27-2,53
Tipo de Intimidação
Ameaça Verbal 10 11,4 2 4,5 8 18,2 0,25 0,06-1,11
Arma de Fogo/Arma Branca 5 5,7 - - 5 11,4 - -
Força Física 8 9,1 1 2,3 7 15,9 0,14 0,02-1,11
Outros
2
8 9,1 3 6,8 5 11,4 0,60 0,15-2,36
Tipo de Violência Física
Espancamento 5 5,7 - - 5 11,4 - -
Não Ocorreu 11 12,5 3 6,8 8 18,2 0,38 0,11-1,32
Outros
3
8 9,1 4 9,1 4 9,1 1,00 0,27-3,75
Tipo de Lesão Corporal
Não ficaram lesões 6 6,8 2 4,5 4 9,1 0,50 0,10-2,59
Genitais/ânus 10 11,4 3 6,8 7 15,9 0,43 0,12-1,55
Outros
4
11 12,5 2 4,5 9 20,5 0,22 0,05-0,97*
1 (padrasto, irmão, parente, vizinho, colega).
2(não ameaçou e não sabem);
3(Cortes,queimaduras e não sabem);
4 (boca, todo o corpo e não sabem).
124
APÊNDICE S
Tabela 35 Prevalência e Razão de Prevalência do relato de professores segundo faixa etária sobre as características das
denúncias e encaminhamentos. Escolas Públicas, Feira de Santana/Ba, 2006.
Faixa etária
Total
40 anos
< 40
anos
RP IC (95%)
n
Prev
Global
n
Prev
n
Prev
Denúncia dos casos
Sim 12 13,6 4 9,1 8 18,2 0,50 0,16-1,54
Não 4 4,5 1 2,3 3 6,8 0,33 0,04-3,08
Não sabem 2 2,3 2 4,5 - - - -
Local da denúncia
Delegacia/Polícia 6 6,8 1 2,3 5 11,4 0,20 0,02-1,64
Outros
1
3 3,4 1 2,3 2 4,5 0,50 0,05-5,32
Sujeito da Denúncia
Mãe 5 5,7 1 2,3 4 9,1 0,25 0,03-2,15
Vítima 5 5,7 1 2,3 4 9,1 0,25 0,03-2,15
Outros
2
10 11,4 4 9,1 6 13,6 0,67 0,20-2,20
Encaminhamento
Conselho Tutelar 5 5,7 2 4,5 3 6,8 0,67 0,12-3,80
Escola 3 3,4 - - 3 6,8 - -
Outros
3
9 10,2 3 6,8 6 13,6 0,50 0,13-1,87
Enfrentamento
Denunciando 51 58,0 24 54,5 27 61,4 0,89 0,62-1,27
Identificação de sinais clínicos 55 62,5 24 54,5 31 70,5 0,77 0,56-1,08
Orientando Atividades Educativas 71 80,7 31 70,5 40 90,9 0,77 0,63-0,96*
1 (conselho tutelar, meio de comunicação, escola, juizado de menores, presídio, projeto de apoio a menores)
2 ( pai, avós, parentes, amigos, escola, profissionais de saúde, vizinhos e não sabem);
3 (família, amigos, vizinhos, serviço de saúde, anônimos)
125
APÊNDICE T
QUADRO 1 Conhecimento de alunos e professores sobre a problemática da violência sexual contra crianças e
adolescentes.
Tipo de Violência
Lesões
Corporais
Mudanças
Comportamentais
Fatores de
Proteção e de
Risco
Principal
Agressor
Motivações
para o Abuso
Alunos
Pornografia (79,6%) Genitais e ânus
(47%)
Família:
isolamento
(62,6%); tristeza e
agressividade (50,4%)
Escola: baixa
concentração e baixo
rendimento escolar
(77,5)
Proteção:
diálogo,
confiança e
orientação familiar
(86,2%)
Risco:
aceitar passeio
com estranho
(51,4%) e receber
objetos em troca de
relação sexual
(47,8%)
Padrasto (76,4%)
e desconhecidos
(69,3%)
Uso de bebidas
ou outras drogas
(74,2%)
Professores
Pornografia (77,3%)
Sabiam muito bem
sobre tudo:
Abuso/incesto
(83,0%)
Pornografia (77,3%)
Pedofilia (59,1%)
Genitais e ânus
(62,5%%)
Família:
isolamento
(93,2%); tristeza e
agressividade (85,2%)
Escola: baixa
concentração e baixo
rendimento escolar
(94,3%)
Proteção:
Diálogo,
confiança e
orientação familiar
(96,6%)
Risco:
Consumo de álcool
e drogas na família
(62,5%); receber
objetos em troca de
relação sexual
(61,4%);
convívio com
padrasto/madrasta
(53,4%)
Padrasto (89,8%),
vizinhos (75,0%) e
o pai (68,2%)
O uso de
bebidas ou
outras drogas
(81,8%)
Ter sofrido
violência na
infância (55,7%)
126
APÊNDICE U
Quadro 2 – Relato de alunos adolescentes e professores sobre casos de violência sexual.
Casos de Vítimas
Tipo de
Violência
Divulgação dos
Casos
Idade da
Criança
Local da
Violência
Alunos
Acima de 25,0% Estupro (16,1%) 16,1% dos casos 10 a 16 anos
(18,4%)
Rua (8,5%)
Domicílio (8,1%)
Professores
Acima de 23,0% Estupro (11,4%)
Incesto (6,8%)
21,6% dos casos Domicílio (15,9%)
APÊNDICE V
Quadro 3 – Relato de alunos adolescentes e professores sobre as características do agressor, violências e
conseqüências associadas.
Identidade do
Abusador
Estado Mental
Tipo de Intimidação
Tipo de
Violência
Física
Tipo de Lesão
Corporal
Alunos
Pai (36,1%)
Desconhecido (10,4%)
normal em 9,4% força física (10,4%) Espancamento
(6,1%)
Não ocorreu
(5,6%)
Genitais/ânus(6,4%)
Não ficaram lesões
(6,3%)
Professores
Pai (68,2%)
Alcoolizado/
Drogado (8,0%)
Ameaça verbal (11,4%) Não ocorreu
(12,5%)
Genitais/ânus
(11,4%)
Não ficaram lesões
(6,8%)
127
APÊNDICE X
Quadro 4 – Relato de alunos adolescentes e professores sobre as características das denúncias e
encaminhamentos.
Denúncia dos
Casos
Local da
Denúncia
Sujeito da
Denúncia
Encaminhamento
Enfrentamento
Alunos
10,4% denunciados
Delegacia/polícia
(4,4%)
Mãe (5,6%)
Vítima (2,9%)
Conselho Tutelar
(1,2%)
Professores
13,6% denunciados Delegacia/polícia
(6,8%)
Mãe e a Vítima
(5,7%)
Conselho Tutelar
(5,7%)
Orientação com ativid.
educativas (80,7%)
Ident. de sinais
clínicos (62,5%)
Denúncia (58,0%)
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