29
emulação, gratidão, inveja, vingança, crueldade, temor, audácia, pusilanimidade,
consternação, modéstia, ambição, lubricidade, avareza, benevolência, generosidade,
orgulho (1987, p. 54).
A “alegria é passagem de uma perfeição (realidade) menor a outra maior,
sentimento de que nossa capacidade ou aptidão para existir e agir aumentam em decorrência
de uma causa externa, na paixão, e de uma causa interna, na ação” (CHAUÍ, 1987, p. 54).
Dela nascem: amor, amizade, contentamento, glória, esperança, irrisão,
segurança, estima, misericórdia.
A “tristeza é passagem de uma perfeição (realidade) maior a outra menor,
sentimento da diminuição de nossa aptidão para existir e agir. A tristeza só pode ter causas
exterior sendo por isso intrínseca e necessariamente paixão, jamais ação.” (CHAUÍ, 1987, p.
55)
Dela, nascem: ódio, medo, desespero, humildade, remorso, inveja, abjeção,
despeito, comiseração, vergonha, arrependimento.
Para Chauí (1987), medo é uma paixão triste. Ele é e sempre será paixão, jamais ação do
corpo e da alma. Sua origem e seus efeitos fazem com que não seja paixão isolada, mas
articulada a outras formando verdadeiro sistema do medo, determinando a maneira de sentir,
viver e pensar dos que a ele estão submetidos. O medo nasce de outras paixões e pode ser
minorado por outros afetos contrários e mais fortes do que ele, como também pode ser
aumentado por paixões mais tristes do que ele.
A autora enfatiza que o que mais causa-nos temor ou medo é a morte. Também
temos medo de todos os entes reais ou imaginários que sabemos ou cremos dotados de poder
de vida e de extermínio, como por exemplo, a cólera de Deus, a manhã do Diabo, a multidão
enfurecida, a peste, a fome, a guerra, o fim do mundo. Temos medo do esquecimento e de
jamais poder deslembrar. Da insônia e de não mais despertar. Do ódio que devora e da cólera
que corrói, mas também da resignação sem esperança, da dor sem fim e da desonra. Medo da
loucura, do mistério da fecundidade e da maternidade, fonte de tabus, ritos e terrores. Temos
medo dos vivos e dos mortos. Da fala mansa do inimigo, da angústia, do susto, espanto e
pavor, dentre outros.
A autora retoma ainda os conceitos aristotélicos para dizer que aquele que
permanece imperturbável em meio a perigos e que se comporta diante deles como é preciso é
mais verdadeiramente corajoso do que aquele que assim procede nas ocasiões seguras. É por
sua firmeza diante das coisas que trazem sofrimento que um homem é corajoso. Para a autora,