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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Instituto de Bioquímica Médica
Daniel da Silva
PAPEL DA METFORMINA NA REGULAÇÃO
DA ATIVIDADE DE ENZIMAS GLICOLÍTICAS
DE DIFERENTES TECIDOS DE
CAMUNDONGOS DIABÉTICOS
Rio de Janeiro,
2009
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Daniel da Silva
PAPEL DA METFORMINA NA REGULAÇÃO DA
ATIVIDADE DE ENZIMAS GLICOLÍTICAS DE
DIFERENTES TECIDOS DE CAMUNDONGOS
DIABÉTICOS
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Química Biológica do Instituto de
Bioquímica Médica da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do
título de Mestre em Química Biológica.
Orientador Prof. Mauro Sola-Penna
Prof. Associado do Departamento de Fármacos, Faculdade de Farmácia, UFRJ
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Instituto de Bioquímica Médica
Março de 2009
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Da Silva, Daniel.
Papel da metformina na regulação da atividade de
enzimas glicolíticas de diferentes tecidos de
camundongos diabéticos. 2009.
95 f.: il.
Dissertação (Mestrado em Química Biológica). Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Bioquímica Médica, Rio de
Janeiro, 2009.
1 Diabetes
2 Glicólise
3 Metformina
4 Hexocinase
5 Fosfofrutocinase
I.. Universidade Federal do Rio de Janeiro
II.. Título
Daniel da Silva
Papel da metformina na regulação da atividade de enzimas
glicolíticas de diferentes tecidos de camundongos diabéticos
Banca Examinadora:
___________________________________________________
Prof. José Roberto Meyer Fernandes
Prof. Associado do Instituto de Bioquímica Médica, UFRJ
___________________________________________________
Prof. Paulo de Assis Melo
Prof. Associado do Departamento de Farmacologia Básica e Clínica, UFRJ
___________________________________________________
Prof. Egberto Gaspar de Moura
Prof. Titular do Instituto de Ciências Biológicas, UERJ
___________________________________________________
Prof. Julio Alberto Mignaco
Prof. Adjunto do Instituto de Bioquímica Médica, UFRJ
Revisor e Suplente Interno
___________________________________________________
Profa. Denise Pires de Carvalho
Prof(a). Associada do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, UFRJ
Suplente Externo
___________________________________________________
Prof. Mauro Sola-Penna
Prof. Associado do Departamento de Fármacos, Faculdade de Farmácia, UFRJ
(Orientador)
Esta dissertação foi realizada no Laboratório de Enzimologia e Controle do Metabolismo
(LabECoM) do Departamento de Fármacos da Faculdade de Farmácia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, sob orientação do Professor Mauro Sola-Penna, na vigência de
auxílios concedidos pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo a Pesquisa do Estado
do Rio de Janeiro (FAPERJ), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq) e
Fundação Ary Frauzino (FAF), no período de março de 2008 a março de 2009.
AGRADECIMENTOS
Durante muito tempo, mesmo antes de eu sair do Rio Grande do Sul, em 2002,
várias pessoas estiveram envolvidas na construção do meu desejo de ingressar em um curso
de graduação e “seguir os meus estudos”. Certamente, desde as pessoas que apenas me
incentivaram, até aquelas que estão presentes no meu dia-a-dia, todas têm uma participação
muito importante na realização dos meus sonhos. Desta forma, devido ao grande número
de pessoas a serem agradecidas, não farei agradecimentos pontuais. Apenas farei alguns
agradecimentos àquelas pessoas que estão diretamente envolvidas na construção deste
trabalho. Assim, gostaria de agradecer primeiramente a todos os meus familiares,
principalmente ao meu pai e minha irmã, por terem me incentivado a estudar, mesmo que a
1600 km de casa. Agradeço muito à Dona Ruth por ter me adotado como um filho e ter me
dado todo o suporte para que eu pudesse me dedicar aos estudos. Agradeço ao meu primo
Paulo Rogério, que apesar de ter partido cedo, continua sendo para mim um modelo a ser
seguido. Agradeço ao meu primo Laone por estar compartilhando comigo os mesmos
sonhos. Agradeço ao Professor Mauro Sola-Penna pela orientação, atenção e dedicação.
Agradeço muito a minha namorada Danielly por ser uma pessoa maravilhosa e estar do
meu lado chova ou faça sol. Agradeço aos pais da minha namorada, Vanderlei e Fátima,
pelo apoio e amizade. Agradeço a todas as pessoas do LabECoM por por serem amigos e
estarem sempre dispostos a ajudar com muito bom humor. Agradeço aos integrantes do
LabOMol, especialmente a Professora Patrícia por ser a minha mais nova colaboradora.
Estou muito grato ao Professor Julio Mignaco, pela revisão da dissertação, e aos membros
da banca, por terem aceitado o meu convite. Enfim, agradeço a todas as pessoas que de
alguma forma ou de outra colaboraram para que eu pudesse dar mais um importante passo
para a concretização dos meus sonhos.
Muito obrigado.
RESUMO
DA SILVA, Daniel. Papel da metformina na regulação da atividade de enzimas glicolíticas
de diferentes tecidos de camundongos diabéticos. Rio de Janeiro, 2009. Dissertação
(Mestrado em Química Biológica) - Instituto de Bioquímica Médica, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
O diabetes mellitus (DM) é uma doença metabólica caracterizada pelos altos níveis de
glicose no sangue devido a defeitos ou na secreção de insulina, ou na sua ação, ou ainda em
ambos os processos. A glicólise é uma importante via metabólica que utiliza glicose, sendo
regulada principalmente pelas enzimas hexocinase (HK), 6-fosfofruto 1-cinase (PFK) e
piruvato cinase (PK). A ativação desta via pode contribuir para a diminuição da glicemia,
melhorando os sintomas dos pacientes diabéticos. A metformina é uma biguanida muito
utilizada em vários países para o tratamento do DM tipo 2. Entretanto, tem sido mostrado
que este fármaco diminui a concentração de glicose sanguínea e estimula o consumo de
glicose em modelos de DM tipo 1, embora o seu mecanismo de ação não seja bem
conhecido. Neste estudo, nós investigamos o papel da metformina nas atividades da HK e
da PFK de diferentes tecidos de camundongos com diabetes induzido por estreptozotocina.
Camundongos diabéticos receberam injeção intraperitoneal de metformina por três dias,
uma dose a cada dia. Este tratamento diminui a glicemia e aumenta a lactacidemia,
independente de alterações nas concentrações de insulina. As atividades da HK e da PFK
são menores nos camundongos diabéticos, quando comparadas aos controles, um efeito que
é revertido pelo tratamento com metformina. Além disso, o tratamento aumenta a ligação
da PFK ao citoesqueleto em músculo esquelético, o que pode ativar a enzima. No fígado, o
tratamento apenas diminui a atividade da PFK na fração solúvel, e no tecido adiposo não
altera a distribuição celular da atividade da PFK. As atividades da HK e da PFK
purificadas não são alteradas pela metformina in vitro. Assim, nossos resultados sugerem
que o aumento da atividade de enzimas glicolíticas, como HK e PFK, estimuladas por
metformina em um modelo de diabetes tipo 1, poderia contribuir para a redução da
glicemia sistêmica.
Palavras-chave: Diabetes; Metformina; Glicólise.
ABSTRACT
DA SILVA, Daniel. Papel da metformina na regulação da atividade de enzimas glicolíticas
de diferentes tecidos de camundongos diabéticos. Rio de Janeiro, 2009. Dissertação
(Mestrado em Química Biológica) - Instituto de Bioquímica Médica, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
Diabetes mellitus (DM) is a chronic illness involving a group of metabolic diseases
characterized by high blood glucose levels, which result from defects on insulin secretion,
or action, or both. Glycolysis is an important metabolic pathway that consumes glucose,
being regulated mainly by hexokinase (HK), phosphofructokinase (PFK) and pyruvate
kinase (PK). Activation of this pathway may contribute to decrease glycemia, ameliorating
this diabetic symptom. Metformin is a biguanide used wideworld to treat type 2 DM.
However, it has been shown that this drug decreases blood glucose concentration and
stimulates glucose consumption rate in type 1 DM models, although the mechanism of
metformin action is not completely known. In this study we investigated the role of
metformin on HK and PFK activities of different mammalian tissues from streptozotocin-
induced diabetic mice. Diabetic animals were intraperitoneally injected with metformin for
three days, once a day. The treatment decreases the glycemia and increases lactacidemia in
an insulin-independent manner. HK and PFK activities are reduced in diabetic mice when
compared to control individuals, an effect abrogated upon the treatment with metformin.
Additionally, the treatment of diabetic mice with metformin increases the cytoskeleton-
bound PFK activity in skeletal muscle, which might contribute to activate the enzyme. In
the liver this treatment just decreases the soluble PFK activity, but in adipose tissue the
PFK activity distribution is not modified. The purified HK and PFK activities are not
modified by metformin in vitro. In conclusion, our results suggest that the activation of HK
and PFK activities could promote a hypoglycemic action in streptozotocin-diabetic mice.
Keywords: Diabetes; Metformin; Glycolysis.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
16
1.1 O DIABETES MELLITUS 16
1.1.1 O DIABETES MELLITUS TIPO 1 17
1.1.2 O DIABETES MELLITUS TIPO 2 18
1.1.3 OUTROS TIPOS ESPECÍFICOS DE DIABETES MELLITUS 19
1.1.4 DIABETES MELLITUS GESTACIONAL 19
1.2 DIABETES MELLITUS TIPO 1 20
1.2.1 FISIOPATOLOGIA DO DIABETES MELLITUS TIPO 1 20
1.2.2 TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS TIPO 1 21
1.3 SÍNTESE E SINALIZAÇÃO DE INSULINA 21
1.4 PAPEL DA INSULINA NA HOMEOSTASE DE GLICOSE 22
1.5 GLICÓLISE 24
1.5.1 REGULAÇÃO DA GLICÓLISE 28
1.5.1.1 HEXOCINASE 30
1.5.1.2 FOSFOFRUTOCINASE 31
1.5.1.2.1 INTERAÇÃO DA FOSFOSFRUTOCINASE COM O
CITOESQELETO CELULAR
33
1.5.1.2.2 OLIGOMERIZAÇÃO DA FOSFOFRUTOCINASE 35
1.6 PAPEL DA INSULINA NA REGULAÇÃO DA GLICÓLISE 37
1.7 MEDICAMENTOS HIPOGLICEMIANTES 38
1.7.1 BIGUANIDAS 39
1.7.1.1 METFORMINA 40
1.7.1.1.1 HISTÓRIA DA METFORMINA 40
1.7.1.1.2 EFEITOS DA METFORMINA 40
2 OBJETIVOS
44
3 MATERIAL E MÉTODOS
45
3.1 MATERIAL 45
3.2 MÉTODOS 45
3.2.1 TRATAMENTO DOS ANIMAIS 45
3.2.2 FRACIONAMENTO CELULAR 46
3.2.3 DOSAGEM DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA 46
3.2.3.1 MÉTODO RADIOMÉTRICO 46
3.2.3.2 MÉTODO DO SISTEMA ACOPLADO DE ENZIMAS 47
3.2.4 ESPECTRO DE FLUORESCÊNCIA DA HEXOCINASE E DA
FOSFOFRUTOCINASE
47
3.2.5 PURIFICAÇÃO DA PFK DE MÚSCULO ESQUELÉTICO DE
COELHO
47
3.2.6 SÍNTESE DE ATP RADIOATÍVO 49
3.2.7 DOSAGEM DE PROTEÍNA 49
3.2.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA 49
4 RESULTADOS
50
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ANIMAIS DIABÉTICOS 50
4.2 ATIVIDADE DA HEXOCINASE E DA FOSFOFRUTOCINASE EM
HOMOGENEIZADO TOTAL (HT) DE MÚSCULO ESQUELÉTICO,
TECIDO ADIPOSO EPIDIDIMAL E FÍGADO DE CAMUNDONGOS
DIABÉTICOS TRATADOS COM DIFERENTES DOSES DE
METFORMINA
54
4.3 ATIVIDADE ENZIMÁTICA E ANÁLISE ESTRUTURAL DA
HEXOCINASE E DA FOSFOFRUTOCINASE PURIFICADAS NA
PRESENÇA DE METFORMINA
57
4.4 EFEITO DA METFORMINA SOBRE A LOCALIZAÇÃO CELULAR DA
ATIVIDADE DA PFK DE DIFERENTES TECIDOS
59
4.4.1 MÚSCULO ESQUELÉTICO 59
4.4.2 TECIDO ADIPOSO EPIDIDIMAL 61
4.4.3 FÍGADO 61
5 DISCUSSÃO
64
6 CONCLUSÕES
70
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
71
LISTA DE FIGURAS, TABELAS E ESQUEMA
FIGURA 1: VIA GLICOLÍTICA 25
FIGURA 2: REAÇÃO DA ENZIMA HEXOCINASE 30
FIGURA 3: REAÇÃO DA ENZIMA FOSFOFRUTOCINASE 31
FIGURA 4: ASSOCIAÇÃO DE ENZIMAS GLICOLÍTICAS COM
FILAMENTOS DE ACTINA ALTERANDO A GLICÓLISE
34
FIGURA 5: MODELO PROPOSTO DE ASSOCIAÇÃO DA
FOSFOFRUTOCINASE COM F-ACTINA, MICROTÚBULOS, ALDOLASE E
CALMODULINA
36
FIGURA 6: ESTRUTURA DO HIDROCLORETO DE METFORMINA 40
FIGURA 7: PESO CORPORAL DE CAMUNDONGOS DIABÉTICOS
TRATADOS COM DIFERENTES DOSES DE METFORMINA
51
FIGURA 8: CONCENTRAÇÃO DE GLICOSE SANGUÍNEA DE
CAMUNDONGOS DIABÉTICOS TRATADOS COM DIFERENTES DOSES DE
METFORMINA
51
FIGURA 9: CONCENTRAÇÃO DE LACTATO SANGUÍNEO DE
CAMUNDONGOS DIABÉTICOS TRATADOS COM 250 MG/KG DE
METFORMINA
52
FIGURA 10: CONCENTRAÇÃO DE INSULINA NO SORO DE
CAMUNDONGOS DIABÉTICOS TRATADOS COM 250 MG/KG DE
METFORMINA
53
FIGURA 11: ATIVIDADE DA HEXOCINASE DE MÚSCULO ESQUELÉTICO,
TECIDO ADIPOSO EPIDIDIMAL E FÍGADO DE CAMUNDONGOS
DIABÉTICOS TRATADOS COM DIFERENTES DOSES DE METFORMINA
55
FIGURA 12: ATIVIDADE DA FOSFOFRUTOCINASE DE MÚSCULO
ESQUELÉTICO, TECIDO ADIPOSO EPIDIDIMAL E FÍGADO DE
CAMUNDONGOS DIABÉTICOS TRATADOS COM DIFERENTES DOSES DE
METFORMINA
56
FIGURA 13: ATIVIDADE DA HEXOCINASE E DA FOSFOFRUTOCINASE
PURIFICADAS NA PRESENÇA DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE
57
METFORMINA
FIGURA 14: ESPECTRO DE FLUORESCÊNCIA INTRÍNSECA DA
HEXOCINASE E DA FOSFOFRUTOCINASE PURIFICADAS NA PRESENÇA
DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE METFORMINA
58
FIGURA 15: DISTRIBUIÇÃO CELULAR DA ATIVIDADE DA
FOSFOFRUTOCINASE DE MÚSCULO ESQUELÉTICO DE CAMUNDONGOS
DIABÉTICOS TRATADOS COM 250 MG/KG DE METFORMINA
60
FIGURA 16: DISTRIBUIÇÃO CELULAR DA ATIVIDADE DA
FOSFOFRUTOCINASE DE TECIDO ADIPOSO EPIDIDIMAL DE
CAMUNDONGOS DIABÉTICOS TRATADOS COM 250 MG/KG DE
METFORMINA
62
FIGURA 17: DISTRIBUIÇÃO CELULAR DA ATIVIDADE DA
FOSFOFRUTOCINASE DE FÍGADO DE CAMUNDONGOS DIABÉTICOS
TRATADOS COM 250 MG/KG DE METFORMINA
63
TABELA 1: CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA DO DIABETES MELLITUS 17
TABELA 2: EQUAÇÃO GERAL DE CONVERSÃO DE GLICOSE EM
PIRUVATO ATRAVÉS DA GLICÓLISE
25
ESQUEMA 1: EQUILÍBRIO ENTRE DIFERENTES OLIGÔMEROS DA
FOSFOFRUTOCINASE
35
LISTA DE ABREVIATURAS
ADP
Adenosina 5’difosfato
AMP
Adenosina 5’monofosfato
AMPc
Adenosina 3’,5’monofosfato cíclico
AMPK
Proteina cinase ativada por adenosina 5’monofosfato
ATP
Adenosina 5’trifosfato
[γ-
32
P ]ATP
Adenosina 5’trifosfato marcado com
32
P na posição γ
CaM
Calmodulina
Con
Grupo controle
Diab Grupo diabético
DM 1
Diabetes mellitus tipo 1
DM 2
Diabetes mellitus tipo 2
DMG
Diabetes mellitus gestacional
EDTA
Ácido etileno-diamino tetracético
F6P
Frutose 6-fosfato
F1,6BP
Frutose 1,6-bifosfato
[1-
32
P] F1,6BP
Frutose 1,6-bifosfato marcado com
32
P no carbono 1
F2,6BP
Frutose 2,6-bifosfato
F- Actina
Actina filamentosa
G6P
Glicose 6-fosfato
GLUT
Transportador de glicose por difusão facilitada
HK
Hexocinase
HT
Homogeneizado total
IRS-1
Substrato do receptor de insulina 1
IRS-2
Substrato do receptor de insulina 2
LDH
Lactato desidrogenase
MCT Transportador de monocarboxilato
Met
Metformina
NAD
+
Nicotinamida adenina dinucleotídeo oxidada
NADH
Nicotinamida adenina dinucleotídeo reduzida
32
P
i
Fosfato inorgânico marcado com
32
P
PDH
Piruvato desidrogenase
PFK
Fosfofrutocinase
PFKM
Isoforma muscular da PFK
PFKL
Isoforma hepática da PFK
PFKP
Isoforma de plaqueta da PFK
PFK-2
Fosfofrutocinase-2/frutose 2,6 bifosfatase
PK
Piruvato cinase
PKA
Proteína cinase A
PI3K
Fosfatidilinositol-3 cinase
PIP2
Fosfatidilinositol bifosfato
PIP3
Fosfatidilinositol trifosfato
RI
Resistência à insulina
SDS
Dodecil sulfato de sódio
STZ
Estreptozotocina
Tris
Tris (hidroximetil) aminometano
16
1 INTRODUÇÃO
1.1 Diabetes Mellitus
Os primeiros relatos do Diabetes mellitus (DM) datam de aproximadamente 1500 a.C.
No entanto, o grande marco foi a descrição de Arateus da Capadócia, no século II, que
denominou esta enfermidade de diabetes com a clássica descrição de que “a carne do corpo e
dos membros se derretia e se convertia em urina”. Somente em 1675, Willis chamou de DM a
condição em que pessoas tinham poliúria, com urina doce e espessa (Oliveira e Milech, 2004).
O DM é caracterizado principalmente pela incapacidade do hormônio insulina em exercer
seus efeitos, seja pela ausência total ou parcial deste hormônio e/ou resistência celular a este,
produzindo uma série de distúrbios no metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídios
(Sociedade Brasileira de Diabetes, 1999).
Na década de 1990, O DM afetou a saúde de pelo menos 110 milhões de indivíduos,
sendo que este número poderá dobrar até 2010. As projeções para 2025, no Brasil, são de que
possam existir cerca de 11 milhões de diabéticos, o que representa um grande aumento em
relação aos 5 milhões de diabéticos estimados em 2002 (International Diabetes Federation,
2003).
Indivíduos diabéticos são susceptíveis a complicações crônicas e agudas. As
complicações agudas incluem: cetoacidose, hiperglicemia, e hipoglicemia, que está
relacionada ao tratamento do DM (Oliveira e Milech, 2004). Segundo Davidson (2001), as
complicações crônicas podem ser agrupadas em três tipos principais: microvascular
(nefropatia e retinopatia), macrovascular (isquemia cardíaca e doença vascular perifétrica) e
neuropatia (periférica e autonômica). Desta maneira, esta enfermidade causa um impacto
socioeconômico importante devido à grande demanda pelos serviços ambulatoriais,
hospitalização prolongada, invalidez e mortalidade geradas pelas complicações agudas e
crônica do diabetes (International Diabetes Federation, 2003; Lefebvre, 2008).
A classificação etiológica do DM está representada na tabela 1. Esta classificação é
feita de acordo com os fatores etiológicos peculiares envolvidos no aparecimento de cada uma
dessas doenças. As duas principais formas de diabetes mellitus em incidência, prevalência e
importância clínica, são o diabetes mellitus tipo 1 (DM1) ou insulino-dependente e o diabetes
17
mellitus tipo 2 (DM2). Além desses, existem outros tipos específicos de diabetes e também o
diabetes gestacional (Gross et al., 2002; American Diabetes Association, 2008).
Tabela 1. Classificação etiológica do diabetes mellitus (American Diabetes Association, 2008).
1.1.1 Diabetes Mellitus Tipo 1
No DM1 ocorre destruição das células beta do pâncreas, usualmente por processo
auto-imune (90% dos casos do tipo 1; tipo 1A) ou, menos comumente, por causa
desconhecida (10% dos casos do tipo 1; forma idiopática; tipo 1B) (tabela 1). Suas
características principais são: necessidade diária de insulina no tratamento, com controle
metabólico lábil, grande oscilação na glicemia, e tendência a desenvolver cetoacidose
(Oliveira e Milech, 2004). O diabetes tipo 1A tornou-se a doença autoimune mais estudada
(Eisenbarth, 2007).
A incidência do DM1 vem crescendo rapidamente no mundo inteiro e também está
presente cada vez mais em idades mais tenras (Devendra et al., 2004). Embora muita atenção
tenha sido dada ao aumento da incidência do diabetes tipo 2, um aumento paralelo dos casos
de DM1 tem ocorrido (Onkamo et al., 1999). A taxa de incidência do DM1 varia entre 0,3-0,4
% da população, de acordo com a área geográfica e com os grupos étnicos estudados,
sugerindo diferenças na suscetibilidade genética, bem como o papel de fatores ambientais e
sócio-econômicos. Esta doença atinge principalmente crianças e adolescentes, com pico de
18
incidência entre 15 anos de idade, embora indivíduos de qualquer faixa etária possam ser
acometidos (Voltarelli, 2004; Gillespie, 2006). Entre os americanos que são diagnosticados
com diabetes, estima-se que 5-10% deles têm DM1 (American Diabetes Association, 2008).
Os sintomas mais comumente observados nesses pacientes são: sede intensa, poliúria,
glicosúria, fadiga muscular, dificuldades de cicatrização periférica, entre outros. Com o passar
dos anos, o paciente diabético que não consegue controlar a glicemia com o uso de insulina
e/ou outros medicamentos hipoglicemiantes pode apresentar distúrbios graves, tais como
cardiopatias, cegueira, e outros. Mesmo com os diversos recursos terapêuticos (Gomez-Perez
e Rull, 2005), o DM1 possui um risco de mortalidade aumentada quando comparado à
população geral, em grande parte devido às doenças cardiovasculares (International Diabetes
Federation, 2003; Skirivarhaug et al., 2005).
1.1.2 Diabetes Mellitus Tipo 2
O DM2, previamente conhecido como diabetes não dependente de insulina, é
caracterizado por resistência a insulina em tecidos periféricos, principalmente músculo
esquelético e tecido adiposo, incapacidade da insulina em inibir a produção hepática de
glicose e desregulação da secreção de insulina (DeFronzo, 1997). O DM2 tem maior
incidência do que o DM1, perfazendo cerca de 90% dos casos de diabetes (World Health
Organization, 1999). A idade de início do DM2 é variável, embora seja mais freqüente após
os 40 anos de idade e, muitas vezes, é associada com a obesidade e estilo de vida (Goodyear e
Kahn, 1998; Grill e Qvigstad, 2000).
O DM2 tem mecanismos fisiopatológicos complexos e não completamente elucidados.
Neste tipo de diabetes, os níveis plasmáticos de insulina estão elevados, ao menos no início,
porém são geralmente insuficientes para compensar a resistência presente nos tecidos (Wilkin,
2001). As células beta do pâncreas, comumente, aumentam a produção e liberação de insulina
devido à hiperglicemia e, ao longo dos anos, a resistência à insulina pode levar a morte destas
células. As complicações crônicas mais comuns decorrentes desta doença são coronariopatias,
angina pectoris, infarto do miocárdio, retinopatia diabética, neuropatia periférica, acidente
vascular cerebral (AVC), depressão e nefropatia (Srinivasan et al., 2008).
Pacientes com DM2 frequentemente apresentam um conjunto de fatores de risco
cardiovascular, tais como obesidade, hipertensão, altos níveis de triglicerídios e baixos níveis
de lipoproteína de alta densidade (HDL), todos os quais também estão relacionados com a
19
resistência a insulina (Wisse, 2004). O controle do peso, dieta equilibrada e a prática de
atividades físicas são importantes componentes para o tratamento do DM. Entretanto, quando
a dieta e o exercício falham em controlar a hiperglicemia, a intervenção farmacológica tem
que ser associada (Defronzo, 1999).
Recentemente, a sindrome metabólica (conjunto de fatores de risco cardiovasculares,
relacionados com resistência à insulina e obesidade abdominal), que sempre foi
correlacionada com o DM2, também passou a ser considerada no DM1 (Dib, 2006) por causa
do aumento da prevalência de obesidade na infância e na adolescência durante as últimas
décadas (James et al., 2001; Libman et al., 2003).
1.1.3 Outros Tipos Específicos de Diabetes Mellitus
Na medida em que os processos de patogênese do diabetes têm sido elucidados, tanto
em relação a marcadores genéticos como aos mecanismos da doença, tem crescido o número
de tipos distintos de diabetes, permitindo uma classificação mais específica e definitiva.
Portanto, novas categorias têm sido acrescidas à lista de tipos específicos de diabetes,
incluindo defeitos genéticos da função das células beta, endocrinopatias, infecções, casos
decorrentes do uso de medicamentos, entre outros (Tabela 1).
1.1.4 Diabetes Mellitus Gestacional
O diabetes mellitus gestacional (DMG) é definido como a tolerância diminuída aos
carboidratos, com graus variados de intensidade, diagnosticado pela primeira vez durante a
gestação, podendo ou não persistir após o parto (World Health Organization, 1999). Estima-
se que o DMG ocorra em 14 % das mulheres grávidas (Jovanovic e Pettitt, 2001). Os fatores
de risco associados ao diabetes gestacional são semelhantes aos descritos para o DM2,
incluindo, ainda, idade superior a 25 anos, ganho excessivo de peso na gravidez, deposição
central excessiva de gordura corporal, baixa estatura, crescimento fetal excessivo, polidrâmia,
hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez, e antecedentes obstétricos de morte fetal ou
neonatal (King, 1998).
Embora todos os tipos de diabetes sejam importantes do ponto de vista científico, este
trabalho se limitará ao estudo do diabetes mellitus tipo 1.
20
1.2 Diabetes Mellitus Tipo 1
1.2.1 Fisiopatologia do Diabetes Mellitus Tipo 1
No estado de jejum, a homeostase de glicose depende do balanço entre a produção de
glicose hepática e a utilização de glicose pelos principais tecidos dependentes de insulina (por
exemplo, tecido adiposo e muscular) e pelos tecidos não dependentes de insulina (cérebro e
rins). Este balanço é altamente regulado por dois hormônios pancreáticos, a insulina e o
glucagon. Assim, em indivíduos normais, a resposta ao aumento na glicemia é um incremento
na secreção de insulina pelas células β das ilhotas pancreáticas e uma inibição da secreção de
glucagon.
A elevação da insulinemia em resposta à glicose também afeta a captação desta pelos
tecidos periféricos e suprime a degradação de triglicerídeos e a liberação dos ácidos graxos
pelo tecido adiposo (Groop et al., 1989; Defronzo, 1997; Defronzo, 1999). A ação da insulina,
inibindo a produção hepática de glicose e estimulando a sua utilização nos tecidos periféricos,
possibilita a diminuição da glicemia, permitindo a sua manutenção dentro de níveis normais
(Barg, 2003).
Numerosos defeitos têm sido postulados para delinear a patogênese do DM1 (Hornum
e Markholst, 2004; Panagiotopoulos et al., 2004). Esta se caracteriza por ser uma doença
multifatorial, dependente da complexa interação entre resposta imunológica, fatores genéticos
predisponentes e influência do meio-ambiente na destruição das células β produtoras de
insulina (Sesterheim et al., 2007). No entanto, independentemente dos mecanismos de
patogênese, a destruição das células beta pancreáticas parece ser a última etapa de um
processo coordenado pelos linfócitos do sistema imune (Hornum e Markholst, 2004).
Estudos que mediram a expressão de anticorpos relacionados ao diabetes em crianças
sugerem que a aparição destes marcadores é o maior fator de risco para o futuro
desenvolvimento do DM1 (Yu e Eisenbarth, 2000). Geralmente, anticorpos que reagem contra
a enzima descarboxilase do ácido glutâmico (GAD) e contra a insulina são medidos
(Eisenbarth, 2007). Exames histopatológicos de ilhotas pancreáticas, obtidas a partir de
biópsia de pacientes com DM1 recentemente diagnosticados, mostraram a presença de um
infiltrado composto de linfócitos T (CD4 e CD8), linfócitos B e macrófagos, sugerindo, desta
forma, que essas células têm algum papel na destruição das células β (Imagawa et al., 1999).
21
1.2.2 Tratamento do Diabetes Mellitus Tipo 1
O tratamento do diabetes se dá pela dieta, prática de atividades física e pelo uso de
insulina exógena e/ou de hipoglicemiantes orais (Eurich et al., 2007). Atualmente, o DM1 é
tratado com injeções de insulina, insulina inalada, mudanças no estilo de vida e um cuidadoso
monitoramento da glicemia. Em pacientes que apresentam um quadro de deficiência de
insulina, como no DM1, a lista de formulações de insulina, que variam de acordo com sua
origem e/ou tempo de ação, disponíveis no mercado é extensa, possibilitando um estilo de
vida com menos privações (Oliveira e Milech, 2004). A administração de insulina permanece
o principal tratamento do DM1. No entanto, o risco de hipoglicemia ainda é o maior fator
limitante no tratamento desta doença com este hormônio (Devendra et al., 2004).
1.3 Síntese e Sinalização de Insulina
A síntese de insulina ocorre no retículo endoplasmático rugoso das células beta das
ilhotas de Langerhans, no pâncreas, a partir da pré-pro-insulina. Esta ao direcionar-se ao
complexo de Golgi é convertida em pró-insulina. A partir da atuação de enzimas,
endopeptidases e exopeptidades, ocorre a clivagem desta molécula em insulina e peptídeo C.
A insulina ativa tem 51 aminoácidos e é uma das menores proteínas conhecidas. Em
humanos, a insulina tem um peso molecular de 5808 Da.
A parte restante da molécula de pró-insulina, o peptídeo C, é liberada no sangue em
quantidades molares iguais à da insulina. Como insulinas exógenas não contêm peptídeo C, o
nível no plasma desse peptídeo é um bom indicador de produção endógena de insulina.
Recentemente, descobriu-se que esse peptídeo C possui ao menos uma atividade biológica
aumentando o fluxo sanguíneo de pequenas artérias (Forst et al., 2008).
Geralmente a insulina é produzida e secretada para a corrente sanguínea em resposta a
um estímulo glicêmico. Quando este hormônio alcança os tecidos-alvo, há a ligação da
insulina no sítio das subunidades α do receptor de insulina (RI) e uma rápida mudança
conformacional se segue, gerando a auto-fosforilação de múltiplos resíduos de tirosina na
porção citosólica das subunidades β (Virkamäki et al., 1999). A auto-fosforilação resulta no
aumento da atividade tirosina cinásica intrínseca do receptor de insulina, iniciando a
propagação de sinal através de muitas outras proteínas. Entre essas proteínas estão os
22
substratos do receptor de insulina (Insulin receptor substrate - IRS). O IRS fosforilado ativa a
enzima fosfatidilinositol-3 cinase (Phosphatidyl inositol – 3 kinase - PI3K). Uma vez ativada,
a PI3K fosforila o fosfolipídeo de membrana fosfatidilinositol bifosfato (PIP2) convertendo-o
em fosfatidilinositol trifosfato (PIP3). O PIP3 recruta para a membrana a enzima proteína
cinase B (Protein kinase B - PKB) (Cohen et al., 1997). O mecanismo de ativação da PKB
pelo PIP3 ainda não está muito bem esclarecido, envolvendo provavelmente, a ação da
enzima dependente de fosfoinositol (Phosphoinositol dependent kinase - PDK). De alguma
forma ainda não muito bem entendida a PKB parece ser capaz de induzir o recrutamento de
transportadores de glicose (GLUT).
A ativação do RI pode ser desfeita quando a insulina desliga-se do seu receptor ou
quando há a defosforilação de resíduos específicos de tirosina do receptor, diminuindo a
atividade cinásica intrínseca da subunidade β do RI. Alguns estudos mostraram que a
defosforilação do RI in vivo é um processo rápido, mediado por fosfatases específicas,
levando a crer que a fosforilação nos resíduos de tirosina do RI seja um processo dinâmico e
rapidamente reversível (Drake et al., 1998).
Além dos efeitos sobre a homeostase de glicose, a insulina também promove outros
eventos celulares, incluindo a regulação do transporte de íons e aminoácidos, metabolismo de
lipídios, síntese de glicogênio, transcrição gênica, síntese de proteínas, etc. Assim, as ações da
insulina desempenham importantes funções no armazenamento normal de nutrientes ingeridos
e no crescimento e diferenciação celular (Czech, 1977; Kahn e Crettaz, 1985; Rosen, 1987;
DeFronzo et al., 1992).
1.4 Papel da Insulina na Homeostase de Glicose
Um dos primeiros papéis da insulina na regulação da homeostase de glicose é o estímulo
à captação de glicose nos tecidos sensíveis à insulina. A captação de glicose ocorre através de
proteinas transportadoras específicas, sendo denominadas de uma forma geral de GLUT
(glucose transporter - transportadores de glicose). Esta captação é feita através de dois
mecanismos principais (1) difusão simples e (2) difusão facilitada, acoplados a estas proteínas
transportadoras (Myers e White, 1996; Holman e Kasuga, 1997).
Existem várias isoformas de GLUT, com diferentes afinidades e capacidades de
transportar glicose. Isoformas diferentes são expressas em tecidos diferentes. Várias
isoformas de GLUT já foram identificadas e clonadas (Manolescu et al., 2007). Estas
23
proteínas transportadoras de hexoses são similares quanto à sequência e estrutura, mas únicas
quanto à distribuição tecidual. O GLUT 1 foi o primeiro transportador facilitado identificado
e está presente na placenta, cérebro, rins, eritrócitos e cólon; também está presente em baixa
quantidade no tecido adiposo e muscular. O GLUT 2 está presente, predominantemente, no
fígado e nas células β pancreáticas estando envolvido no mecanismo, regulado por glicose,
que leva à secreção de insulina. O GLUT 3 é encontrado em múltiplos tecidos, incluindo
cérebro, placenta e rins. GLUT 5 é encontrado, predominantemente, no intestino delgado. As
isoformas de GLUT 6-14 ainda não têm um papel bem determinado para o transporte de
glicose (Zhang et al., 1999; Manolescu et al., 2007).
GLUT 4 parece ser o único transportador de glicose que é regulado por insulina e é
encontrado, exclusivamente, em tecidos sensíveis à insulina, os quais incluem os músculos
esquelético e cardíaco e o tecido adiposo (Birnbaum, 1992; Myers and White, 1996; Holman
and Kasuga, 1997). Na ausência de insulina, quase a totalidade dos transportadores GLUT 4,
e em menor extensão também os transportadores GLUT 1, é encontrada em vesículas
intracelulares. Após o tratamento com insulina, estas vesículas são anexadas à membrana
plasmática, resultando num aumento de 10 a 20 vezes na captação de glicose (Cushman e
Wardzala, 1980; James et al., 1988; Zorzano et al., 1989). O mecanismo exato de translocação
de GLUT 4, induzido por insulina, é desconhecido. Entretanto, o pré-tratamento de células de
adipócitos (3T3-L1) com inibidores de PI3K, como a wortmanina, inibe a captação de glicose
basal e a captação estimulada por insulina (Fingar et al., 1993; Cheatham et al., 1994). Deste
modo, postula-se que a PI3K esteja envolvida neste processo.
Outro estimulo capaz de aumentar a captação de glicose, em particular, em músculo
esquelético, é a contração muscular (Zierath, 2002; Rose e Richter, 2005). As sinalizações
intracelulares para o maior deslocamento do GLUT4 para a membrana plasmática durante a
contração muscular e o consequente aumento no transporte de glicose ainda não foram
completamente elucidados. Esses eventos provavelmente ocorrem através de uma sinalização
intracelular envolvendo proteínas cinases dependentes do complexo Ca
2+
-calmodulina
(CaMK), proteína cinase C (PKC) e/ou proteína cinase ativada por AMP (AMPK) (Rose e
Richter, 2005). A ativação da AMPK está correlacionada com a fosforilação e modulação de
várias proteínas envolvidas no metabolismo de lipídios, carboidratos e na transcrição gênica
Nesse sentido, uma maior oxidação de gorduras e carboidratos, bem como incrementos na
expressão de GLUT4 e genes mitocondriais em músculo já foram descritos como alvos da
ação da AMPK (Towler e Hardie, 2007). Vale ressaltar que os mecanismos bioquímicos pelos
24
quais o exercício e a resposta à insulina aumentam a captação de glicose pelas células
parecem ser distintos.
Independente do estimulo inicial, seja ele insulinêmico ou contração muscular, a
glicose quando internalizada pode ser direcionada para várias vias metabólicas, como por
exemplo: via das pentoses fosfato, síntese de glicogênio, via glicolítica, dentre outras.
1.5 Glicólise
A glicólise é a principal via de catabolismo de carboidratos em todos os tipos celulares,
fornecendo energia e metabólitos para vias biossintéticas, sendo, portanto, fortemente
regulada por vários mecanismos diferentes (Beitner, 1979). A oxidação da glicose é
conhecida como glicólise ou via de Embden-Meyerhof em mamíferos (Figura 1). Na maioria
das células de mamíferos, a presença de oxigênio leva ao aumento do metabolismo
mitocondrial, aumentando o estado energético da célula, e consequentemente inibindo a
glicólise. Esta inibição é chamada de ‘Efeito Pasteur’, onde o fluxo de glicose é reduzido pela
presença de oxigênio (Racker, 1974). Nas células capazes de metabolizar glicose
independentemente do consumo de oxigênio (glicólise anaeróbia), tais como os eritrócitos e
algumas fibras musculares, o produto final da glicólise (piruvato) é majoritariamente
convertido em lactato (Nelson e Cox, 2000).
Figura
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26
A fosforilação da glicose, utilizando ATP para formar glicose 6-fosfato (G6P), é a
primeira reação da glicólise, sendo catalisada pela hexocinase (HK) (Grossbard e Schimke,
1966). Esta reação é irreversível nas condições fisiológicas, sendo um dos pontos de controle
da via. Com exceção do fígado e dos rins, que possuem a enzima glicose 6-fosfatase, capaz de
converter a G6P em glicose livre, a G6P gerada pela HK não é capaz de sair da célula, assim
sendo metabolizada. Isso ocorre porque a membrana plasmática, bem como os GLUTs, é
impermeável a G6P (Wilson, 2003). A segunda reação da glicólise é uma isomerização, na
qual a glicose 6-fosfato é convertida em frutose 6-fosfato, pela enzima fosfoglicoisomerase.
Esta reação é livremente reversível em condições celulares normais.
A próxima reação da glicólise envolve a utilização de um segundo ATP para converter a
frutose-6-fosfato (F6P) em frutose 1,6-bifosfato (F1,6BP). Esta reação é catalisada pela 6-
fosfofruto-1-cinase (PFK). Esta é a segunda reação irreversível desta via, sendo descrita como
o principal ponto de controle de todo o fluxo glicolítico (Uyeda, 1979; Beitner, 1979; Kemp e
Foe, 1983).
A aldolase catalisa a hidrólise da frutose 1,6-bifosfato em dois produtos de 3 carbonos
cada: a di-idroxiacetona fosfato e o gliceraldeído 3-fosfato. Estes dois produtos da reação da
aldolase equilibram-se na reação catalisada pela triosefosfato isomerase. As reações
subsequentes da glicólise utilizam o gliceraldeído 3-fosfato como substrato (Figura 1). Assim,
os produtos da reação da aldolase são direcionados no sentido da glicólise pelo princípio de
ação das massas (Nelson e Cox, 2000).
A segunda fase do catabolismo da glicose é caracterizada pelas reações que resultam na
produção de ATP e NADH. Na primeira destas reações, a gliceraldeído 3-fosfato
desidrogenase (GAPDH) catalisa a oxidação, dependente de NAD
+
, do gliceraldeído 3-fosfato
em 1,3-bifosfoglicerato e NADH (Eto et al., 1999). O 1,3-bifosfoglicerato é utilizado para
formar ATP e 3-fosfoglicerato pela enzima fosfoglicerato cinase. Em eritrócitos, a formação
de 2,3-bifosfoglicerato, a partir de 1,3-bifosfoglicerato, pela ação da enzima bifosfoglicerato
mutase, é importante porque é capaz de modular a afinidade da hemoglobina por oxigênio
(Metivier et al., 2000).
Nas reações restantes da glicólise, o 3-fosfoglicerato é convertido em 2-fosfoglicerato
pela fosfoglicerato mutase (PMG), e, em seguida, o produto desta reação é convertido em
fosfoenolpiruvato pela enzima enolase.
A reação final da glicólise é catalisada pela PK. Nesta reação altamente exergônica, o
ADP, juntamente com o fosfato de alta energia do fosfoenolpiruvato, é convertido em ATP. O
piruvato formado pode seguir diferentes vias metabólicas dependendo da célula em questão e
27
do perfil metabólico em que a mesma se encontra. Por exemplo, o piruvato pode ser
translocado para a matriz mitocondrial através do transportador de monocarboxilatos (MCT -
monocarboxylate transporter) (Gladden, 2004). No interior da mitocôndria o piruvato pode
sofrer a ação do complexo multienzimático piruvato desidrogenase (PDH), resultando na
formação de acetil-CoA. Na etapa seguinte, a condensação de quantidades equimolares de
oxaloacetato e acetil-CoA, formando citrato, regulada pela enzima citrato sintase, controla
diretamente a oxidação do acetil-CoA derivado tanto do piruvato como dos ácidos graxos
(Newsholme e Leech, 1988).
Sob condições aeróbicas, o piruvato é metabolizado através do ciclo dos ácidos
tricarboxílicos, na maioria das células. Contudo, sob condições anaeróbicas, e em eritrócitos
sob condições aeróbicas, o piruvato é reduzido a lactato pela lactato desidrogenase (LDH), e
depois transportado para fora das células, entrando na circulação sanguínea (Brooks, 2000).
A conversão de piruvato em lactato fornece à célula um mecanismo para a reoxidação
do NADH (produzido durante a reação da GAPDH) em NAD
+
, garantindo a disponibilidade
de NAD
+
para a realização da glicólise. Normalmente, durante a glicólise aeróbia, os elétrons
do NADH citosólico são transferidos para os carreadores mitocondriais da fosforilação
oxidativa através das lançadeiras glicerol fosfato ou malato-aspartato, regenerando NAD
+
citosólico (Nelson e Cox, 2000).
As concentrações sanguíneas e intracelulares de lactato podem variar
significativamente em diferentes momentos metabólicos, dependendo da relação entre a sua
taxa de produção e de remoção. Teoricamente, todas as células do organismo são capazes de
sintetizar lactato, mas o músculo esquelético é o principal produtor deste metabólito,
principalmente em exercícios de alta intensidade (Robergs, 2004).
A glicólise em condições aeróbicas gera substancialmente mais ATP por mol de glicose
oxidada do que em condições anaeróbicas, entretanto, neste último caso, a produção de ATP
pela glicólise pode ser até aproximadamente 100 vezes mais rápida do que pela fosforilação
oxidativa. Células com grande demanda energética como as fibras musculares esqueléticas
durante exercícios intensos, células cancerígenas com elevadas taxas de síntese de proteínas,
entre outras, adaptam seu metabolismo para uma rápida e eficiente produção de energia
(Gatenby e Gillies, 2004). Esses fatores têm em comum a alteração na localização intracelular
de enzimas glicolíticas, gerando um fenótipo glicolítico característico, o que potencializa a
produção energética e a sobrevivência celular (El-Bacha et al., 2003; Silva et al., 2004;
Zancan e Sola-Penna, 2005a, 2005b; Marinho-Carvalho et al., 2006; Zancan et al., 2007; Spitz
et al., 2009). Por outro lado, a glicólise encontra-se comprometida em quadros de DM
28
(Bazaes et al. 1982; Chen-Zion et al., 1994; Fulgencio et al., 2001). Assim, a ativação do
metabolismo de carboidratos poderia ser importante para a promoção de ações
hipoglicemiantes.
1.5.1 Regulação da Glicólise
Para manter a sua homeostase, a célula tem que se adaptar a possíveis perturbações
agudas ou crônicas que possam ocorrer no seu meio interno e/ou externo. Tais adaptações
passam por modificações das suas vias metabólicas, ou seja, na atividade das enzimas que as
constituem. A via glicolítica não é diferente, devendo se adaptar às necessidades celulares a
cada momento. Dentre os grandes sinalizadores que modulam a atividade da glicólise
podemos destacar os hormônios, como por exemplo, a insulina, a adrenalina e o glucagon.
Podemos considerar que a via glicolítica possui duas grandes funções: degradar a glicose para
geração de ATP e fornecer substratos para a biossíntese de macromoléculas celulares. Nesse
sentido, a velocidade da glicólise é regulada para atender a essas duas necessidades. Isso se dá
através de regulações alostéricas, por modificações covalentes ou pelos níveis de substratos
(Nelson e Cox, 2000). Nesta via, algumas reações são limitadas por reações que são altamente
exergônicas e irreversíveis, sendo pontos onde o fluxo glicolítico é regulado. Essas etapas, já
citadas anteriormente, são representadas pelas reações catalisadas pelas enzimas HK, PFK e
PK (Philips et al., 1981).
Com exceção da sua isoforma IV (de fígado), a HK é inibida pelo seu produto, a
G6P. Outro modo de controlar a sua atividade é modulando a sua localização intracelular. Já
foi demonstrado que, ao estar associada à mitocôndria, a sua atividade passa a estar
incrementada (Southard e Hultin, 1972).
Dentre as três enzimas regulatórias do fluxo glicolítico, a PFK é a que apresenta
uma maior complexidade na sua regulação. Esta enzima é regulada por uma variedade de
ligantes, incluindo substratos, produtos de reações e vários metabólitos celulares (Passonneau
e Lowry 1962, Uyeda, 1979; Kemp e Foe, 1983). Além de substrato, o ATP também é um
efetor alostérico negativo da enzima, diminuindo a afinidade da PFK pelo seu substrato. Altas
concentrações de ATP (acima de 1 mM) são capazes de inibir fortemente a enzima
(Passonneau e Lowry, 1962; Leite et al., 2007; Zancan et al., 2008; Marinho-Carvalho et al.,
2009). Esta inibição pode ser potencializada pela presença de altas concentrações de H
+
,
citrato e de isocitrato, mas não por outros intermediários do ciclo de Krebs (Parmeggiani e
29
Bowman, 1963). Outros compostos fosforilados são capazes de inibir a PFK, como
fosfocreatina, 3-fosfoglicerato, 2-fosfoglicerato, 2,3-bisfosfoglicerato e fosfoenolpiruvato.
Mais recentemente, Leite et al., (2007) mostraram que a PFK purificada de músculo
esquelético de coelho também pode ser inibida por lactato in vitro.
Um dos efetores alostéricos positivos mais importantes da PFK é a frutose 2,6-
bisfosfato (F2,6BP). Esta molécula é um produto da fosforilação da F6P pela enzima
bifuncional fosfofrutocinase-2/frutose 2,6 bifosfatase (PFK2). Desta forma, a atividade
cinásica desta enzima precisa estar ativa e a fosfatásica, que converte a F2,6BP em F6P e
fosfato inorgânico, inibida. No músculo esquelético e cardíaco a atividade cinásica desta
enzima bifuncional é ativada por fosforilação da enzima. Esta fosforilação ocorre após
estímulos hormonais, como o promovido pela adrenalina (Hue e Rider, 1987). Porém, no
tecido hepático a fosforilação da enzima PFK2 ativa a porção fosfatásica e inibe a cinásica,
diminuindo a síntese de F2,6BP e o fluxo glicolítico. O resultado metabólico da fosforilação
da enzima bifuncional no fígado é a interrupção da estimulação alostérica da PFK e a
desinibição alostérica da frutose-1,6-bifosfatase, que converte a F1,6BP em F6P. Desta forma,
contribuindo para a formação de glicose pelo fígado (Pilkis e Claus, 1991).
A F2,6BP atua de maneira sinérgica com o ADP e AMP, ambos efetores alostéricos
positivos da PFK, sendo capaz de contrapor a inibição da PFK causada por altas
concentrações de ATP (Zancan et al., 2007b, 2008), aumentando sua afinidade pelo
substrato, F6P, porém sem efeitos sobre a atividade máxima da enzima (Pilkis et al., 1981;
Van Schaftingen et al., 1981; Uyeda et al., 1981). Outros moduladores positivos da PFK
também já foram descritos: P
i
, K
+
e NH
4
+
e CaM. Esses moduladores são capazes de reverter
à inibição promovida por ATP e citrato (Passonneau e Lowry, 1962; Liling e Beitner, 1990;
Marinho-Carvalho et al., 2006, 2009).
A insulina tem um importante papel da regulação da glicólise. Este hormônio é capaz
de alterar rapidamente a distribuição celular das enzimas glicolíticas. A significância desta
rápida ação é, provavelmente, fornecer ATP através da glicólise para este ser usado por outros
processos como fosforilação de proteínas, internalização de receptores, e transporte de
vesículas, entre outros (Chen-Zion et al., 1992a; Silva et al., 2004; Zancan et al., 2005a,
2005b).
1.5.1.
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32
entre os diferentes tecidos e organismos. Em mamíferos, a isoforma de fígado é mais
fortemente inibida que a de músculo esquelético, e esta, por sua vez, é mais sensível à
inibição que a isoforma de cérebro (Vora e Francke 1981). Da mesma maneira que a inibição
por ATP, a sensibilidade à inibição por citrato também varia entre os tecidos (Passonneau e
Lowry, 1962). Altos níveis de citrato potencializam a inibição promovida pelo ATP sobre a
PFK (Passonneau e Lowry, 1962; Tornheim e Lowenstein, 1976).
Dependendo do tecido, pode haver a expressão de um, dois, ou três genes que
codificam a PFK. Os produtos destes genes podem associar-se randomicamente formando
heteroligômeros ou homoligômeros. Três isoformas da PFK estão descritas e cada subunidade
é codificada em cromossomos separados. Os genes para as subunidades PFKL, PFKM e
PFKC estão localizados nos cromossomos 21, 12 e 10, respectivamente (Vora e Francke,
1981; Vora et al., 1982; Sharma et al., 1989). Apenas a PFKM está presente no músculo
esquelético de adultos (Kahn et al., 1979; Meienhofer et al., 1979; Vora et al., 1980),
enquanto que a PFKL é a isoforma predominante no fígado, placenta, linfócitos, eritrócitos,
plaquetas, rins e hepatomas (Meierhofer et al., 1979; Kahn et al., 1979).
Dunaway et al. (1988) mostraram que no fígado 62 % e 29 % das isoenzimas são
PFKL e PFKM, respectivamente, e que 90 % e 48 % da atividade total da enzima foi
precipitada com anti-L IgG e anti-M IgG, respectivamente. Consequentemente, significantes
quantidades de híbridos (L-M) podem estar presentes no fígado humano. Conclusões
similares já tinham sido postuladas para a PFK de fígado de rato (Dunaway e Kasten, 1987).
A PFKM humana consiste de 779 aminoácidos com uma massa molecular de 85,050
kDa. A homologia entre a PFKM humana e a de rato é alta, tanto em nucleotídios quanto em
aminoácidos (89% para 2337 pares de base e 96% para 779 resíduos de aminoácidos).
A PFK pode ser modificada covalentemente em resíduos de serina e treonina pela
proteína cinase A (PKA) (Alves e Sola-Penna, 2003), PKC, (Nettelblad et al., 1986), e CaMK
(Mahrenholz et al., 1991). Além disso, foi demonstrado que a PFK, assim como outras
enzimas glicolíticas, é substrato para a atividade tirosina cinásica do receptor de insulina (Sale
et al., 1987; Zancan e Sola-Penna, 2005b) e outras cinases (Coelho et al., 2007).
Num quadro de diabetes o efeito inibitório dos ácidos graxos e dos corpos cetônicos
sobre a glicólise tem sido localizado na reação catalisada pela PFK (Randle et al., 1966).
Propõe-se que o aumento da concentração intracelular de citrato seria o responsável pela
inibição da enzima. Hosey et al., (1980) mostraram que a PFK isolada de fígado de
camundongos geneticamente diabéticos (C57BL/KsJ-db) é mais suscetível à inibição por ATP
que a enzima de um camundongo normal. Bazaes et al. (1982) reportaram que a atividade da
33
PFK é 30 % menor em músculos de camundongos diabéticos que nos controles. Além disso,
vários tecidos de animais com diabetes induzido com estreptozotocina (insulino-dependente)
também apresentam reduzida atividade da PFK (Raju et al, 2001). Apesar da atividade da
PFK1 encontrar-se alterada em quadros de DM, a concentração desta enzima é a mesma em
ratos diabéticos (induzido com aloxano) e controles: o valor médio para o músculo tibial
anterior foi de 2,99 µM; e do ventrículo esquerdo foi de 0,66 µM (Hansen e Veneziale, 1980).
As interações da PFK com proteínas do citoesqueleto, como os filamentos de F-actina
também são capazes de incrementar a sua atividade. Por outro lado, associações com
microtúbulos, mais especificamente as tubulinas, podem inibir a sua atividade enzimática.
Outra forma importante de modular a atividade da PFK é alterando o seu estado oligomérico.
1.5.1.2.1 Interação da Fosfofrutocinase com o Citoesqueleto
A PFK pode associar-se, formando complexos protéicos, com algumas enzimas
citosólicas, como a aldolase e a G3PD (Rais et al., 2000; Campanella et al., 2005), com
elementos do citoesqueleto, como a actina filamentosa (F-actina) e microtúbulos (Liou e
Anderson, 1980; Andrés et al., 1996; Alves e Sola Penna, 2003; El-Bacha et al., 2003; Silva et
al., 2004), e também com proteínas de membrana plasmática, como o canal aniônico banda 3
presente na membrana plasmática de eritrócitos (Campanella et al., 2005; Zancan e Sola-
Penna, 2005b).
A associação da PFK com estas proteínas ocorre de forma muito dinâmica e é capaz
de alterar a atividade catalítica da enzima (Liou e Anderson, 1980; Andrés et al., 1996)
provavelmente por diminuir significativamente seu K
0,5
para F6P (Liou e Anderson, 1980;
Andrés et al., 1996). Recentemente, nosso laboratório demonstrou que esta associação está
envolvida na regulação do fluxo glicolítico modulada por hormônios, como a adrenalina
(Alves e Sola-Penna, 2003) e a insulina (Silva et al., 2004; Zancan e Sola Penna, 2005a e
2005b).
34
Figura 4. Associação de enzimas glicolíticas com filamentos de actina alterando a glicólise. Os filamentos de
actina estão representados em laranja, enquanto que as enzimas glicolíticas estão representadas como símbolos
coloridos. A associação das enzimas glicolíticas com os filamentos de actina é capaz de aumentar a glicólise.
As enzimas glicolíticas, quando ligadas ao citoesqueleto, possuem maior atividade que
as suas formas solúveis (Clarke et al., 1985), o que poderia produzir um fluxo glicolítico mais
eficiente.
Nosso grupo demonstrou que o fluxo glicolítico está aumentado em quadros de
hipermetabolismo, como no caso de células tumorais, onde ocorre aumento da associação da
PFK com o citoesqueleto (El-Bacha et al., 2003). Esses efeitos são revertidos em presença da
droga clotrimazol, deslocando a enzima da fração ligada a F-actina para a fração solúvel, com
conseqüente inibição do fluxo glicolítico, o que acarreta menor viabilidade de células de
carcinoma mamário humano MCF-7 (Meira et al., 2005).
Alterações na associação da PFK com proteínas do citoesqueleto também foram
vistas em quadros de DM e podem ser um possível alvo na redução dos efeitos danosos
causados por esta disfunção metabólica (Chen-Zion et al., 1994; Corry et al., 2002).
Tem sido postulado que a reduzida atividade da PFK1 (Chen-Zion et al., 1994),
observada em alguns tecidos de animais diabéticos, foi devido a uma redução no metabólito
F2,6BP. Por outro lado, em eritrócitos isolados de ratos diabéticos, houve uma significativa
queda nos níveis de F2,6BP, mas a atividade da PFK1 não foi alterada (Rossi et al., 1990).
Glicólise
Glicólise
Enzimas da via glicolítica
35
Dentre os mais diversos fatores descritos como ativadores da PFK, a glicose 1,6-
bisfosfato também já foi descrita como capaz de modular o fluxo glicolítico, estimulando
alostericamente a PFK de fígado e músculo, além de provocar alterações em outras enzimas
da via em resposta a estímulos hormonais (Liling e Beitner, 1990; Chen-Zion et al., 1992b,
1994; Magen et al., 1995; Ashkenazy-Shazar et al., 1997). A reduzida atividade da PFK1 do
músculo gastrocnêmio e do tibial anterior foi atribuida a redução nos níveis de glicose 1,6-
bifosfato (Chen-Zion et al., 1994).
1.5.1.2.2 Oligomerização da Fosfofrutocinase
Os diferentes estados oligoméricos da PFK também regulam a atividade desta enzima.
Os dímeros de PFK apresentam uma baixíssima atividade catalítica quando comparados com
os tetrâmeros (Colombo et al., 1975; Hesterberg et al., 1981; Reinhart, 1983; Drozdov-
Tikhomirov et al., 1999). Os dímeros da PFK podem ser dissociados em monômeros, que
desnaturam rapidamente (Faber-Barata e Sola-Penna, 2005) ou podem formar tetrâmeros a
partir da sua associação (M
4
). Por sua vez, os tetrâmeros são capazes de associarem-se
formando hexadecâmeros (M
16
), como desmonstrado no esquema 1 (Uyeda, 1979).
M1
(i)
M2
(i)
M4
(a)
M16
(a)
Esquema 1
: Equilibrio entre diferentes oligômeros da PFK. M1
(i)
e M2
(i)
são as formas monoméricas e
diméricas da PFK consideradas como inativas, respectivamente. M4
(a)
e M16
(a)
são as formas tetraméricas e
hexaméricas consideradas ativas, respectivamente.
Bock e Frieden (1974) sugeriram um modelo de associação entre dímeros e tetrâmeros
de PFK. Este equilíbrio entre diferentes formas oligoméricas é consideravelmente afetado
pela concentração da enzima, pH, e temperatura. Em valores baixos de pH (< 6,5), a
inativação da enzima pode ser correlacionada com a mudança de uma forma ativa para uma
forma inativa de menor peso molecular. Esta inativação também é mais pronunciada em
baixas temperaturas e concentrações de PFK.
A ligação das formas diméricas e monoméricas da PFK com a tubulina e
microtúbulos, deslocam o equilíbrio entre oligômeros resultando em uma diminuição
significativa da atividade enzimática (Lehotzky et al., 1993; Vértessy et al., 1997). De forma
recíproca, a associação com a actina filamentosa estabiliza os tetrâmeros, ativando a enzima
36
(Clarke et al., 1983; Alves e Sola-Penna, 2003; Silva et al., 2004, Roberts e Somero, 1987).
Curiosamente, a forma dimérica da PFK, originalmente inativa, quando associada com
aldolase apresenta atividade similar à forma tetramérica, e é capaz de reverter a inibição
promovida pela associação com microtúbulos (Orósz et al., 1987; Vértessy et al., 1997). Além
disso, um trabalho do nosso laboratório mostrou que estes dímeros inativos de PFK, quando
associados a cálcio-calmodulina (CaM), também possuem atividade similar aos tetrâmeros
desta enzima (Marinho-Carvalho et al., 2006) e têm sua inibição por ATP e citrato atenuada
(Marinho-Carvalho et al., 2009). Todos os fatores descritos acima estão esquematizados na
figura 5.
Figura 5: Modelo proposto de associação da PFK com F-actina, microtúbulos, aldolase e calmodulina.
Assim, o estudo da oligomerização da PFK e da associação desta enzima com
elementos celulares tem aberto novas perspectivas no entendimento da regulação do
metabolismo glicolítico.
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Aldolase
Microtúbulo
ou
Calmodulina
37
1.6 Papel da Insulina na Regulação da Glicólise
Os principais tecidos-alvo da ação da insulina e que são responsáveis pela homeostase
de glicose são músculo esquelético, fígado e tecido adiposo (Weisberg et al., 2003; Xu et al.,
2003). A insulina apresenta um efeito estimulatório direto sobre a glicólise em tecido
muscular (Beitner e Kalant, 1971). Dois principais mecanismos diferentes estão envolvidos na
ação estimulatória da insulina sobre a glicólise em músculo: (1) insulina exerce um rápido
(minutos) e temporário efeito estimulatório sobre a ligação das enzimas glicolíticas ao
citoesqueleto muscular (Chen-Zion et al., 1992a; Chen-Zion et al., 1992b; Beitner, 1993;
Silva et al., 2004); e (2) insulina exerce um efeito estimulatório lento sobre os níveis de
glicose 1,6-bifosfato, um regulador alostérico importante da glicólise em tecidos extra-
hepáticos (Chen-Zion et al., 1992b; Beitner, 1990).
Diversos estudos sugerem que, além da regulação alostérica clássica por efetores, tais
como a frutose 2,6-bifosfato, a distribuição intracelular da PFK poderia desempenhar um
importante papel na resposta celular rápida a estímulos externos, tais como sinalização
hormonal pela epinefrina, serotonina ou insulina (Lilling e Beitner, 1990; Chen-Zion et al.,
1992a; Alves e Sola-Penna, 2003; El-Bacha et al., 2003; Zancan e Sola-Penna, 2005a; Coelho
et al., 2007).
Estes efeitos da insulina são inibidos pela presença de antagonistas de calmodulina
(Beitner, 1998), o que fortemente sugere que a calmodulina está envolvida no mecanismo de
ação da insulina. Adicionalmente, a insulina promove um aumento na concentração de Ca
2+
intracelular em adipócitos e a quelação do Ca
2+
intracelular com quin-2 promove uma
diminuição das ações da insulina, indicando um papel do Ca
2+
na mediação dos sinais gerados
por este hormônio nestas células (Draznin, 1988). O aumento da concentração intracelular de
Ca
2+
promovido por insulina, aumentando o fluxo glcolítico, também foi observado em
eritrócitos humanos (Zancan e Sola-Penna, 2005a). Além disso, quando as concentrações de
Ca
2+
estão muito altas ou muito baixas, a habilidade das células responsivas à insulina em
responder apropriadamente a estímulos fisiológicos é significativamente diminuída (Draznin,
1988). O aumento nas concentrações intracelulares de Ca
2+
, induzido ou não por insulina,
promove um rápido e temporário estímulo sobre a ligação das enzimas glicolíticas ao
citoesqueleto e, consequentemente, acelera a oxidação de glicose (Livnat et al., 1993), o que
poderia ser importante para a promoção de ações hipoglicimiantes.
38
Além disso, Sale et al. (1987) demonstraram que as enzimas PFK, fosfoglicerato mutase
(PGM), enolase, lactato desidrogenase (LDH) e frutose-1,6-bifosfatase são fosforiladas
quando incubadas com o receptor de insulina parcialmente purificado de células Fao de
hepatoma de ratos e [γ-
32
P] ATP. A incorporação de
32
P na PFK e na PGM foram as mais
evidentes e foram estimuladas cerca de 340 e 300 %, respectivamente, por 10
-7
M de insulina.
Este estudo mostrou que, na ausência de insulina, a incorporação de
32
P nas proteínas PFK e
PGM é baixa, e esta incorporação aumenta grandemente em paralelo com o aumento da
concentração de insulina até a concentração de 100 nM ser atingida. Concentrações maiores
de insulina não apresentam efeito sobre a fosforilação das enzimas.
As demonstrações de que o receptor de insulina é uma proteína cinase estimulada por
insulina (Kasuga et al., 1983; Van Obberghen et al., 1983) e o fato de que a insulina altera o
estado de fosforilação de uma variedade de enzimas celulares (Denton et al., 1981) sugerem
uma cascata de fosforilação/defosforilação de proteínas como um possível mecanismo pelo
qual a insulina medeia suas ações. A fosforilação das enzimas glicolíticas, estimulada pela
insulina, ocorre em resíduos de tirosina. Além disso, estas reações de fosforilação necessitam
da presença de íons metálicos divalentes, tais como Mn
2+
, Mg
2+
e, em menor extensão, Ca
2+
.
Este resultado é similar àquele encontrado para a autofosforilação do receptor de insulina
(Sale et al., 1983).
1.7 Medicamentos Hipoglicemiantes
A indústria farmacêutica vem desenvolvendo, ao longo dos anos, diversas drogas na
tentativa de melhorar a qualidade de vida dos pacientes diabéticos. Antes do ano 2000, a
escolha de agentes farmacológicos para o tratamento do diabetes, especialmente de
medicamentos hipoglicemiantes orais, era limitada (Srinivasan et al., 2008). Hoje existem
vários medicamentos hipoglicemiantes que atuam das mais diversas maneiras.
As sulfoniluréias, usadas desde a década de 50, atuam estimulando a secreção
pancreática de insulina. Devido ao seu mecanismo de ação, estas drogas dependem de uma
função residual mínima das células beta e desta forma podem tornar-se menos eficientes com
a progressão do diabetes. Os efeitos colaterais promovidos por esta classe de drogas são raros,
apesar de estar associada com hipoglicemia e ganho de peso corporal (Srinivasan et al., 2008).
Os inibidores de glicosidases, como a acarbose, tornaram-se disponíveis desde a
década de 90. Como atuam inibindo as enzimas necessárias à digestão de carboidratos no
39
intestino delgado, estes fármacos devem ser ingeridos junto às refeições. Os efeitos colaterais
mais comuns promovidos por esta classe de medicamentos são flatulência e diarréia (Oliveira
e Milech, 2004).
As tiazolidinedionas (TZDs) atuam reduzindo a resistência periférica à insulina. Um
dos principais efeitos colaterais é a retenção de água, levando ao ganho de peso. O tratamento
com TZDs é mais caro que o tratamento com sulfoniluréias ou metformina (Hermansen et al.,
2008).
A metformina é o único medicamento comercialmente disponível entre os fármacos do
grupo das biguanidas. A metformina atua diminuindo a gliconeogênese e aumentando a
utilização periférica de glicose (Kirpichnikov et al., 2002) .
A história do DM é repleta de terapias sendo que, quase todas, incluindo o tratamento
com insulina, foram administradas pela primeira vez sem nenhum conhecimento do
mecanismo de ação (Witters et al., 2001). No entanto, nos últimos anos, novas drogas
hipoglicemiantes vêm sendo desenvolvidas, testadas e lançadas, como os análogos do
peptídeo glucagon 1 (GLP1 - glucagon-like peptide 1), que reduzem a glicemia por estimular
a liberação de insulina em resposta à ingestão de glicose e aumentar o consumo de glicose por
vários tecidos, e os inibidores de dipeptidil peptidase, que atuam aumentando a sensibilidade
das células beta à glicose, o que melhora a secreção de insulina dependente de glicose (Kim e
Egan, 2008).
1.7.1 Biguanidas
Três biguanidas foram disponibilizadas para tratamento do diabetes por volta de 1950.
A metformina só foi aprovada para uso nos Estados Unidos da América (EUA) em 1995
(Witters, 2001). No entanto, a butformina e a fenformina foram retiradas nos anos 70 devido à
emergência de acidose lática e aumento da mortalidade por problemas cardíacos (Cusi e
Defronzo, 1998). Dentre os hipoglicemiantes orais, a metformina, droga da classe das
biguanidas, é o único medicamento para o tratamento do diabetes que não está associado a
danos diretos aos pacientes (Fulgencio et al., 2001).
40
1.7.1.1 Metformina
1.7.1.1.1 História da Metformina
O desenvolvimento da classe das biguanidas foi derivado do estudo dos efeitos da
planta Galega officinalis. Galega é um gênero botânico pertencente à família Fabaceae
(leguminosas), amplamente usada na Europa desde a idade média como um tratamento
popular para a poliúria do diabetes. A galegina, substância ativa e derivada da guanidina
presente nesta planta, era capaz de diminuir a glicemia de pacientes diabéticos. A guanidina
era tóxica demais para ser usada como medicamento, mas o desenvolvimento de agentes
derivados persistiu. Em 1957 foi publicada a primeira descrição científica da metformina
(Witters et al., 2001).
A metformina é usada para o tratamento do DM2 há muitos anos (Cusi e DeFronzo,
1998). Este medicamento entrou em uso clínico pela primeira vez na França, em 1979; nos
Estados Unidos, foi aprovada somente em 1995, devido a preocupações de longa data a
respeito da segurança das biguanidas.
1.7.1.1.2 Efeitos da Metformina
O hidrocloreto de metformina (1,1-dimetilbiguanida) não está química ou
farmacológicamente relacionado às sulfonilureias, tiazolidinedionas ou aos inibidores de
glicosidases. É um composto branco e cristalino com fórmula molecular de C
4
H
12
ClN
5
e peso
molecular 165,63. A metformina é altamente solúvel em água e seu pKa é 12,4. A estrutura
química da metformina está abaixo.
Figura 6. Estrutura molecular do hidrocloreto de metformina. Adaptado de Strack (2008).
41
Usando-se doses clínicas (500 – 2000 mg), a máxima concentração plasmática de
metformina encontrada foi de 0,6 μg/mL e 1,8 μg/mL, respectivamente. Durante experiências
clinicas controladas, o nível máximo de metformina plasmática não excede 5 μg/mL, mesmo
com doses máximas (Strack, 2008). Em ratos que receberam metformina (320 mg/Kg) por via
oral a concentração plasmática do fármaco variou entre 6 e 12 μg/mL (Wanjari, 2008).
Metformina é um agente hipoglicemiante com uma biodisponibilidade média de 50-60
%. Este composto é eliminado primariamente por filtração e excreção renal, não é
metabolizado, e tem meia-vida de aproximadamente 6 horas em pacientes com DM2
(Campbell et al., 1996).
A terapia com metformina pode aumentar os níveis de lactato sanguíneo (Hermann et
al., 1994) o que fez com que alguns autores associassem este fato com o desenvolvimento de
acidose lática (DeFronzo e Goodman, 1995; Misbin et al., 1998). No entanto, a incidência
estimada de acidose lática associada ao tratamento com metformina é de 0,03 casos por 1000
pacientes por ano (Bailey e Turner, 1996) e, assim, o acúmulo de metformina não leva
necessariamente a acidose lática (Lalau et al., 1989).
Em um estudo publicado pela Associação Americana de Diabetes, a metformina foi
capaz de diminuir a concentração de glicose plasmática de jejum em 60-70 mg/dL em
pacientes com DM2. Interessantemente, a metformina não afeta a concentração de glicose
sérica de animais normais em jejum, mas a reduz significativamente em animais diabéticos
(Cheng et al., 2001).
Em um estudo com pacientes diabéticos, feito no Reino Unido, a metformina foi o
único medicamento que reduziu o número de mortes e ataques cardíacos relacionados com o
diabetes. O tratamento com metformina também reduziu o apetite, o peso e o conteúdo total
de gordura corporal (Charles e Eschwege, 1999).
De fato, estudos têm demonstrado redução na mortalidade relacionada a doenças
cardiovasculares em usuários de metformina quando comparados com usuários de outros
agentes antidiabéticos (Johnson et al, 2002), sugerindo que a metformina pode apresentar
efeitos cardiovasculares protetores adicionais além de suas propriedades hipoglicemiantes.
Entretanto, os mecanismos envolvidos nestes efeitos ainda não estão totalmente elucidados.
O uso de metformina tem aumentado em pacientes com DM1 (Meyer e Guerci, 2003),
proporcionando um efeito adicional ao tratamento com insulina em pacientes com este tipo de
doença (Gómez, et al. 2002; Gunton e Twigg, 2003). O tratamento apenas com metformina é
insuficiente para controlar o DM1, mas permite uma queda de aproximadamente 30 % nas
42
doses de insulina (Bailey e Turner, 1996; Matthaei et al., 2000) sem alterar a secreção de
insulina (Johnson et al., 1993).
Detaille et al. (2005) demonstraram que a metformina pode aumentar o metabolismo
anaeróbico independentemente da ação da insulina, atuando sobre a cadeia respiratória
mitocondrial. Além da inibição do complexo 1 (Dykens et al., 2008), achados que
demonstram que a metformina ativa a proteína cinase ativada por monofosfato de adenosina
(AMPK) no músculo esquelético e no fígado (Zhou et al., 2001), estimulando o transporte de
glicose e ácidos graxos no músculo esquelético reforçam um possível mecanismo de ação
desta droga independente da insulina.
Além disso, a AMPK responde a flutuações nos níveis energéticos celulares,
promovendo a manutenção da homeostase energética, desativando vias consumidoras e
ativando vias regeneradoras de ATP em situações de estresse, como por exemplo, durante o
exercício, a isquemia cardíaca e a hipóxia (Hutchinson et al., 2008). No entanto, Zhou et al.
(2001) demonstraram que a AMPK pode ser ativada por outros mecanismos
independentemente da mudança na relação AMP/ATP. Outras vias de sinalização celular,
como as mediadas por Akt e HIF-1α também estão diretamente envolvidas na ação celular das
biguanidas (Kola et al., 2006).
A metformina é capaz de diminuir a produção de glicose hepática (primariamente
através da inibição da gliconeogênese e, em menor extensão, da glicogenólise) e aumentar a
captação de glicose estimulada por insulina em músculo esquelético e adipócitos (Bailey e
Turner, 1996; Cusi e DeFronzo, 1998; Wiernsperger e Bailey, 1999; Hundal et al., 2000).
Em muitos tecidos, incluindo músculo esquelético e adipócitos, a metformina facilita
o tráfego de GLUT4 e GLUT1 para a membrana plasmática (Bailey e Turner, 1996;
Wiernsperger e Bailey, 1999; Matthaei et al., 1993 ). Em células musculares pré-expostas a
metformina (2 mM, por 16 horas), a captação de 2-deoxiglicose foi estimulada em mais de 2
vezes (Hundal et al., 1992). Além deste estudo, Kumar e Dey (2002) mostraram que a
metformina aumentava a captação basal de glicose em células C2C12 (uma linhagem de
mioblasto) controles e resistentes a insulina. No entanto, quando a insulina era administrada
juntamente com metformina não havia um aumento adicional na captação deste substrato,
mostrando um efeito da metformina independente da presença de insulina.
O tratamento com metformina de camundongos diabéticos induzidos com
estreptozotocina não alterou a ligação da insulina com o seu receptor no músculo sóleo e em
hepatócitos isolados, porém aumentou a síntese de glicogênio. Adipócitos isolados de ratos
tratados in vitro com metformina tiveram um aumento da ligação de insulina aos seus
43
receptores, mas este efeito (visto depois de 20 horas) foi secundário ao aumento da utilização
de glicose (visto 2 horas depois) (Fantus e Brosseau, 1986). Assim, apesar da metformina
aumentar a ligação da insulina em seu receptor, sua ação direta parece ocorrer através de
ações pós-receptor.
Outros trabalhos mostraram que a terapia com metformina diminuía as concentrações
de ATP em hepatócitos isolados de ratos (Argaud et al., 1993). Uma vez que o ATP é um
inibidor alostérico da PFK, o aumento da glicólise neste tecido poderia ser o resultado do
aumento da atividade desta enzima. Por ter ações independentes da insulina (Klip et al.,
1992; Fulgencio et al., 2001), alguns estudos demonstraram o uso da metformina como um
coadjuvante à terapia insulínica no tratamento do DM1, onde ocorre uma redução da
necessidade de insulina diária (Meyer et al., 2002; Gomez et al., 2002; Hamilton et al., 2003;
Meyer e Guerci, 2003; Sarnblad et al., 2003).
Embora as biguanidas estejam disponíveis para a terapia do DM2 desde a década de
50, os mecanismos envolvidos na ação hipoglicemiante da metformina ainda não foram
completamente elucidados. Em vista disso, a compreensão dos mecanismos que levam ao
aumento da utilização de glicose pelos músculos, fígado e tecido adiposo poderia representar
uma importante ferramenta para o controle e/ou tratamento de patologias como o DM.
44
2 OBJETIVOS
Objetivo Geral
O conhecimento acerca das questões envolvidas na regulação do fluxo glicolítico nos
principais tecidos envolvidos no metabolismo de carboidratos pode representar uma
importante ferramenta para o controle de patologias e colaborar para o desenvolvimento de
novos alvos terapêuticos para o tratamento do DM.
Assim, o objetivo geral deste projeto foi estudar o papel da metformina na
regulação da atividade de enzimas glicolíticas do tecido muscular, do tecido adiposo
epididimal e do tecido hepático de camundongos com diabetes induzido por
estreptozotocina (STZ).
Objetivos Específicos
¾ Analisar o papel da metformina na concentração de glicose e lactato sanguíneos de
camundongos diabéticos;
¾ Avaliar a atividade da HK e da PFK em músculo esquelético, tecido adiposo epididimal
e fígado desses camundongos tratados com diferentes doses de metformina;
¾ Analisar a atividade e a estrutura da HK e da PFK purificadas na presença de diferentes
concentrações de metformina;
¾ Estudar a sublocalização celular da atividade da PFK, nos tecidos citados acima, de
camundongos diabéticos.
45
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Materiais
ATP, frutose-6-fosfato, estreptozotocina (STZ) e hexocinase (HK) foram obtidas da Sigma
Chemical (St. Louis, MO, USA), metformina da Henrifarma,
32
Pi do Instituto de Pesquisas
Energéticas e Nucleares (SP). Insulina regular humana (Humulina) foi adquirida em farmácia.
[γ-
32
P]ATP foi sintetizado de acordo com Maia et al. (1983). Os demais reagentes utilizados
apresentavam grau analítico.
3.2 Métodos
3.2.1 Tratamento dos Animais: O tratamento dos camundongos foi realizado de maneira
similar à metodologia descrita por Fulgencio et al. (2001) e Shaw et al. (2005). Camundongos
suíços machos (~8 semanas) foram divididos em quatro grupos: controle (Con), diabético
(Diab), diabético tratado com metformina (Diab + Met) ou apenas metformina (Con + Met).
Os camundongos foram mantidos em biotério com temperatura controlada e um ciclo de
luz/escuro de 12:12 horas com água e ração ad libitum. O diabetes foi induzido com dose
única de estreptozotocina (200 mg/Kg de peso corporal) injetada intraperitonealmente (ip.).
Camundongos controles receberam apenas solução salina (100 mM de citrato de sódio, pH
4,5). O tratamento com metformina foi iniciado cinco dias após a indução do diabetes, caso os
camundongos apresentassem glicemia 300 mg/dL. Uma vez ao dia, por três dias
consecutivos, os camundongos do grupo Diab + Met e Con + Met receberam doses de
metformina injetadas ip. nas concentrações indicadas nas figuras e/ou legendas. Os outros
dois grupos (Con e Diab) receberam apenas o veículo de diluição da metformina (cloreto de
sódio 0,9 %). Após duas horas da última dose de metformina, gotículas de sangue foram
retiradas da cauda dos camundongos para dosagem dos níveis de glicose (Glicosímetro Accu-
Chek Active - Roche) e lactato (Lactímetro Accutrend lactate - Roche). Feito isto, os
camundongos foram sacrificados através de deslocamento cervical e o sangue retirado para
dosagem de insulina no soro, de acordo com o protocolo do fabricante (Rat/Mouse Insulin
ELISA Kit). Em seguida, os músculos esqueléticos das patas traseiras, o fígado e o tecido
46
adiposo epididimal foram removidos rapidamente e congelados em nitrogênio líquido até
serem utilizados para os experimentos. O peso dos camundongos também foi analisado
durante o período de tratamento. O protocolo de tratamento dos animais foi aprovado pelo
comitê de ética local.
3.2.2 Fracionamento Celular: Para os experimentos de estudo da localização celular da
PFK, os tecidos foram pesados e diluídos em tampão de homogeneização nas seguintes
proporções (fígado e músculo esquelético, 6 mL/1g e tecido adiposo epididimal, 20 mL/1g).
Este tampão consistia de 0,1 M sacarose, 10 mM EDTA, 46 mM KCl, 20 mM β-
mercaptoetanol, 1 mM pirofosfato de sódio e 100 mM Tris-HCl, pH 7,4. Em seguida, os
tecidos foram homogeneizados por 30s com um Polytron (Brinkmann Instruments, Westbury,
NY, USA) e o fracionamento celular realizado através de ultracentrifugação diferencial, como
já descrito (Silva et al., 2004). O homogeneizado foi centrifugado durante 10 minutos a 100g
e 4
o
C. O sobrenadante (HT) foi coletado e novamente centrifugado durante 30 minutos a
27000g (4
o
C). O sedimento obtido (P1) foi resuspenso no mesmo tampão de homogeneização
e o sobrenadante (S1) novamente centrifugado a 120.000g por 30 minutos (4
o
C) na mesma
centrífuga (Himac Hitachi- CS100). Após esta última ultra-centrifugação, foram obtidas duas
subfrações celulares: o sobrenadante (S2) e o sedimento (P2), que também foram
resuspendidos em tampão de homogeneização. Em seguida, a atividade da PFK foi avaliada
em cada uma dessas frações.
3.2.3 Dosagem da Atividade Enzimática
3.2.3.1 Método Radiométrico: A atividade da HK e da PFK dos tecidos homogeneizados
foram medidas pelo método radiométrico descrito por Sola-Penna et al., (2002) com as
modificações introduzidas por Zancan e Sola-Penna (2005a, 2005b). A atividade enzimática
foi analisada em um meio de reação contendo 50 mM Tris-HCl, pH 7,4, 5 mM MgCl
2
, 1 mM
ATP e 0,1 mM [γ-
32
P] ATP (4μCi/μmol). A atividade da HK foi avaliada neste meio de
reação com mais 5 mM de glicose e, a atividade da PFK com mais 1 mM frutose-6-fosfato e 5
mM (NH
4
)
2
SO
4
. A reação foi iniciada com a adição da proteína de cada fração e interrompida
pela adição de 1 ml de carvão ativo suspendido em uma solução de 0,1 N HCl e 0,5 M
manitol (25 g de carvão por litro de solução). A suspensão foi, então, centrifugada a 1500 g
por 10 min e a radioatividade presente em 0,4 ml do sobrenadante foi mensurada em um
47
contador de cintilação líquida (Modelo Tri-Carb - Perkim Elmer). Controles para cada tubo
foram submetidos às mesmas condições experimentais na ausência de glicose (HK) ou
frutose-6-fosfato (PFK). A atividade da HK e da PFK foram avaliadas pela formação de [6-
32
P]glicose-6-fosfato ou [1-
32
P]frutose-1,6-bifosfato em função do tempo de reação,
respectivamente.
A atividade da HK purificada (Sigma) também foi avaliada de acordo com o método
descrito acima.
3.2.3.2 Método do Sistema Acoplado de Enzimas: A atividade da PFK purificada de
músculo esquelético de coelho foi avaliada em um espectrofotômetro (Thermo Plate - USA)
através da oxidação de NADH (340nm) por um sistema acoplado de enzimas, como
previamente descrito (Sola-Penna et al., 2002; Meira et al., 2005). O sistema consistiu de um
meio de reação contendo 50 mM Tris-HCl, pH 7,4, 1 mM NADH, 10 mM MgCl
2
, 1 mM ATP
e 1 mM de frutose-6-fosfato mais as enzimas aldolase (2 mU/mL), triose fosfato isomerase (2
mU/mL) e α-glicerofosfato desidrogenase (2 mU/mL). A reação foi iniciada pela adição de
5µg/ml de PFK purificada.
3.2.4 Espectro de Fluorescência da Hexocinase e da Fosfofrutocinase: O espectro de
fluorescência intrínseca da HK e da PFK purificadas foram analisados em um
espectrofluorímetro JASCO 6300. A HK (5 µg/ml) ou a PFK (5 µg/ml) purificadas foram
diluídas em meio de reação contendo 50 mM Tris-HCl, pH 7,4, e diferentes concentrações de
metformina (0,1, 10, 100 e 1000µM). As amostras foram colocadas em cubeta de quartzo com
caminho óptico de 1,0 x 1,0 cm e excitadas em 280 nm. A emissão de fluorescência foi
varrida entre 300 e 400 nm. O centro de massa espectral foi calculado pela equação:
Centro de massa (nm) = Σ (λ . І
λ
)/ Σ І
λ
Onde : І
λ
= intensidade de fluorescência em um dado comprimento de onda
λ = comprimento de onda
3.2.5 Purificação da Fosfofrutocinase de Músculo Esquelético de Coelho: A PFK de
músculo esquelético de coelho foi purificada segundo o protocolo proposto por Kemp (1975),
e adaptado do original descrito por Parmeggiani et al. (1966). Extração: O coelho foi
sacrificado por deslocamento cervical, seguido de sangramento por corte dos vasos do
48
pescoço, sendo os músculos da região dorsal e das patas traseiras removidos, limpos e
mantidos em gelo. A massa muscular foi então processada em um moedor de carne, pesada e
triturada em liquidificador com 3 volumes de tampão 1 (30 mM NaF, 4 mM EDTA e 15 mM
β-mercaptoetanol, pH 7,5) por 30 segundos. A mistura foi então centrifugada a 14.000 g por
10 minutos a 4ºC (Hitachi-Himac). O sobrenadante foi filtrado através de gaze para a remoção
dos resíduos lipídicos e o pH ajustado para 6,8 com adição de 1,5M Tris.
Precipitação com Isopropanol: A mistura foi mantida em constante agitação em gelo com sal
grosso, com a temperatura entre -5º C e 0º C. Adicionou-se álcool isopropílico gelado (1/5 do
volume total do extrato) gota a gota e foi mantida por mais 20 minutos. O precipitado foi
coletado por centrifugação a 14.000 g por 30 minutos em centrífuga refrigerada a 4ºC e
dissolvido em 1/15 da fração inicial em tampão 2 (0,1 M Tris-fosfato, 0,2 mM EDTA, 0,2
mM frutose 1,6-bifostato, 1 mM β-mercaptoetanol, 5 mM pirofosfato de sódio, pH 8,0). Esta
suspensão foi dialisada por 20 horas contra o mesmo tampão para a remoção do isopropanol
remanescente.
Tratamento Quente: A suspensão dialisada foi transferida para um becker e colocada em
banho maria a 70º C, sob agitação. A temperatura da suspensão foi mantida entre 57 e 59º C
por 3 minutos quando, então, foi retirada e condicionada em banho de gelo até atingir a
temperatura de 5º C. Depois disto, a suspensão foi centrifugada por 10 minutos (23.500 g) a
4ºC. O sobrenadante foi reservado e o precipitado resuspenso em tampão 2 e centrifugado
novamente. O segundo sobrenadante obtido foi adicionado ao primeiro.
Fracionamento por Sulfato de Amônio: Ao sobrenadante, mantido em banho de gelo sob
agitação, foi adicionado sulfato de amônio sólido até atingir 38 % de saturação (21,3 g / 100
ml da solução inicial). Após 30 minutos, o precipitado foi removido por centrifugação a
14.000 g por 15 minutos a 4
o
C, e ao sobrenadante foi adicionado sulfato de amônio até atingir
55% de saturação (30,8 g / 100 ml da solução inicial). O sedimento foi coletado por
centrifugação a 14.000 g por 20 minutos e dissolvido em tampão 3 (50 mM Tris-fosfato, 0,2
mM EDTA, 1 mM β-mercaptoetanol, 5 mM pirofosfato de sódio, pH 8,0).
Cristalização: A solução foi dialisada em banho de gelo contra o tampão 3, adicionada de
sulfato de amônio até 38% de saturação (21,3 g / 100 ml). Após 24 horas o tampão de diálise
foi trocado pelo mesmo volume de tampão 3 e, então, sulfato de amônio foi adicionado até
atingir 40% de saturação (22,6 g / 100 ml). A cristalização se inicia após aproximadamente
uma semana. Depois da diálise, a suspensão foi centrifugada a 1.500 g por 10 minutos em
centrífuga clínica a 4ºC. O precipitado foi dissolvido em tampão 3 e mantido em isopor com
gelo dentro da geladeira.
49
3.2.6 Síntese de ATP Radioativo: O [γ-
32
P ] ATP foi preparado de acordo com Maia et al.
(1983). A síntese do [γ-
32
P] ATP ocorre a partir da adição de 1 mL [
32
P]Pi e 40 μL de um
coquetel enzimático de marcação em um meio contendo 0,115 mM Tris-HCl pH 9,0, 0,0276
mM MgCl
2
, 0,0138 mM DTT, 0,276 μM L-α-glicerofosfato, 1,15 μM β-NAD, 0,115 μM
ADP e 2,3 μM piruvato. Esse coquetel de enzimas contém glicerol-3-fosfato desidrogenase,
triose-fosfato isomerase, gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase, 3-fosfoglicerato quinase e
lactato desidrogenase. Durante 90 minutos esse meio de reação foi incubado em temperatura
ambiente. Após este período, o [
32
P]Pi livre foi retirado da mistura através de uma coluna
DOWEX 1 x 10 Mesh ativada em 1M de HCl. Em seguida o [γ-
32
P] ATP formado foi
aliquotado e avaliado através de contagem em cintilação liquída e depois mantido a -20˚C.
3.2.7 Dosagem de Proteína: A dosagem de proteína foi feita pelo método de Lowry et al.
(1951). O padrão utilizado em todas as dosagens foi a albumina de soro bovino.
3.2.8 Análise Estatística: Todos os resultados estão expressos como média ± erro padrão. A
análise estatística e as regressões lineares dos dados foram realizadas usando-se o software
Sigma Plot (v. 10.0, Systat Inc., CA, USA) integrado com o software SigmaStat (v. 3.2, Systat
Inc. CA, USA). Os valores para cada grupo foram comparados pelos testes t-Student pareados
ou não pareados. As diferenças foram consideradas estatisticamente significativas quando p
0,05.
50
4 RESULTADOS
4.1 Caracterização dos Animais Diabéticos
De acordo com a literatura, camundongos que desenvolvem diabetes tipo 1 após
indução com estreptozotocina apresentam perda de peso, alta concentração sanguínea de
glicose, e baixa concentração plasmática de insulina e lactato (Kakemi et al., 1983; Tanaka et
al., 1999). Com o objetivo de caracterizar os camundongos diabéticos utilizados neste estudo
e investigar os efeitos da metformina sobre os parâmetros citados, os animais foram divididos
em quatro grupos e tratados como descrito em material e métodos. A figura 7 mostra o peso
dos camundongos controles e diabéticos tratados com diferentes doses de metformina. As
barras pretas e cinzas representam o peso dos animais antes e depois do tratamento com
metformina, respectivamente. Os camundongos diabéticos apresentaram menor peso que os
controles (barras pretas) e o tratamento com solução salina ou com 50, 100 e 250 mg/Kg de
metformina não alterou o peso desses animais (barras cinzass). Os camundongos controles
que receberam as mesmas doses de metformina também não apresentaram alteração
significativa de peso após o tratamento.
A concentração de glicose sanguínea foi aproximadamente quatro vezes maior no
grupo diabético que no grupo controle, antes do tratamento com metformina (Figura 8, barras
pretas). O tratamento com 50 e 100 mg/Kg de metformina não foi capaz de alterar
significativamente a glicemia. No entanto, a dose de 250 mg/Kg de metformina reduziu a
concentração de glicose sanguínea em 36 % (barra cinza), quando comparado com a glicemia
antes do tratamento (barra preta). Curiosamente, nenhuma das doses de metformina
administradas foi capaz de alterar a glicemia dos camundongos controles.
51
C
o
n
D
i
a
b
D
i
a
b
+
5
0
M
e
t
D
i
a
b
+
1
0
0
M
e
t
D
i
a
b
+
2
5
0
M
e
t
C
o
n
+
5
0
M
e
t
C
o
n
+
1
0
0
M
e
t
C
o
n
+
2
5
0
M
e
t
Peso (g).
0
5
10
15
20
25
30
Antes do trat.
Depois do trat.
#
#
##
Figura 7. Peso corporal de camundongos diabéticos tratados com diferentes doses de metformina. O
tratamento está descrito em material e métodos. Barras pretas: peso dos camundongos antes do tratamento com
metformina; Barras cinzas: peso dos camundongos após o tratamento com metformina. Os camundongos
controles (Con) e os camundongos diabéticos (Diab) foram tratados apenas com solução salina. As doses de
metformina administradas foram de 50, 100 e 250 mg/Kg de peso corporal. Os valores representam a média ±
erro padrão (n= 3). * p < 0,05 quando comparado aos controles.
C
o
n
D
i
a
b
D
i
a
b
+
5
0
M
e
t
D
i
a
b
+
1
0
0
M
e
t
D
i
a
b
+
2
5
0
M
e
t
C
o
n
+
5
0
M
e
t
C
o
n
+
1
0
0
M
e
t
C
o
n
+
2
5
0
M
e
t
Glicose (mg/dL)
0
100
200
300
400
500
Antes do trat.
Depois do trat.
#
*
*
*
*
*
Figura 8. Concentração de glicose sanguínea de camundongos diabéticos tratados com diferentes doses de
metformina. Barras pretas: glicemia dos camundongos antes do tratamento com metformina; Barras cinzas:
glicemia dos camundongos após o tratamento com metformina. O tratamento está descrito em material e
métodos. Os camundongos controles (Con) e os camundongos diabéticos (Diab) foram tratados apenas com
solução salina. As doses de metformina administradas foram de 50, 100 e 250 mg/Kg de peso corporal. A
glicemia foi determinada usando-se um glicosímetro. Os valores representam a média ± erro padrão (n= 3). * p <
0,05 quando comparado ao grupo controle; # p < 0,05 quando comparado ao grupo diabético (diab).
52
A diminuição da glicemia dos camundongos diabéticos tratados com metformina nos
levou à hipótese de que este tratamento poderia estar levando a um aumento do consumo de
carboidratos pela glicólise. A figura 9 mostra que os camundongos diabéticos apresentam
concentração plasmática de lactato cerca de 2 vezes menor que os animais controles (p < 0,05
teste t), o que poderia sugerir uma baixa taxa de glicólise neste animais. Os camundongos
diabéticos tratados com a dose de 250 mg/Kg de metformina apresentaram aumento da
lactacidemia, alcançando níveis similares aos animais controles não tratados com metformina.
Esta dose da droga não foi capaz de alterar a concentração plasmática de lactato dos
camundongos controles (Figura 9), corroborando com o fato de não haver alteração da
glicemia deste grupo, como observado na figura 8.
Figura 9. Concentração de lactato sanguíneo de camundongos diabéticos tratados com 250 mg/Kg de
metformina. O tratamento está descrito em material e métodos. Os camundongos controles (Con) e os
camundongos diabéticos (Diab) receberam apenas solução salina. O lactato foi dosado utilizando-se um
lactímetro. Os valores representam a média ± erro padrão (n= 3). * p < 0,05 quando comparado ao grupo
controle (Con); # p < 0,05 quando comparado ao grupo diabético (diab).
Para realmente confirmar o desenvolvimento do DM1 e investigar se a metformina
poderia estar diminuindo a glicemia, por alterar os níveis de insulina, as concentrações deste
hormônio no soro dos quatros grupos de camundongos foram determinadas. A figura 10
mostra que os animais diabéticos apresentam concentração sorológica de insulina cerca de 70
% menor que os animais controles (p < 0,05 teste t). Os camundongos diabéticos tratados com
a dose de 250 mg/Kg de metformina não apresentam alteração da concentração de insulina,
quando comparados aos camundongos diabéticos não tratados. Esta dose da droga não foi
capaz de alterar a concentração de insulina dos camundongos controles (Figura 10).
Con Diab Diab + Met Con + Met
Lactato (mM)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
*
#
53
As concentrações de lactato e de insulina não foram analisadas nos camundongos que
foram tratados com as doses de 50 e 100 mg/Kg de metformina, uma vez que a dose de 250
mg/Kg foi escolhida por ter melhor efeito sobre a glicemia.
Figura 10. Concentração de insulina no soro de camundongos diabéticos tratados com 250 mg/Kg de
metformina. O tratamento está descrito em material e métodos. Os camundongos controles (Con) e os
camundongos diabéticos (Diab) foram tratados apenas com solução salina. Os valores representam a média ±
erro padrão (n= 4-5). * p < 0,05 quando comparado ao grupo controle.
A partir desses resultados, podemos concluir que os camundongos desenvolveram um
quadro de DM1 após o tratamento com STZ e que o tratamento com metformina foi capaz de
diminuir a glicemia e aumentar a lactacidemia desse grupo de camundongos. Tais dados
sugerem que a droga poderia ter um mecanismo de ação independente de insulina, como já
proposto por outros autores (Klip et al., 1992; Fulgencio et al., 2001).
4.2 Atividade Enzimática da Hexocinase e da Fosfofrutocinase em Homogeneizado
Total (HT) de Músculo Esquelético, Tecido Adiposo Epididimal e Fígado de
Camundongos Diabéticos Tratados com Diferentes Doses de Metformina.
Com o objetivo de caracterizar a atividade de enzimas-chave da glicólise em três dos
principais tecidos responsáveis pela homeostase de glicose do organismo, foram realizadas
medidas de atividade enzimática em HT de músculo esquelético (Fig. 11A), tecido adiposo
epididimal (Fig. 11B) e fígado (Fig. 11C) de camundongos diabéticos tratados com diferentes
*
Con Diab Diab + Met Con + Met
Insulina
(ng/mL)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
*
54
doses de metformina, como descrito em material e métodos. A atividade da hexocinase foi
menor no músculo esquelético (Fig. 11A), tecido adiposo epididimal (Fig. 11B) e fígado (Fig.
11C) dos camundongos diabéticos quando comparada aos seus respectivos controles (~ 46, 48
e 67 %, respectivamente). A atividade desta enzima nos diferentes tecidos não foi alterada
pelo tratamento com 50 ou 100 mg/Kg de metformina quando comparada aos animais
diabéticos não tratados. Por outro lado, o tratamento dos camundongos diabéticos com 250
mg/Kg do fármaco foi capaz de reverter completamente a atividade da hexocinase no HT de
músculo e tecido adiposo. Entretanto, em HT de fígado a reversão da atividade enzimática foi
parcial, sendo significativamente diferente do grupo controle e do grupo apenas diabético. O
tratamento com 50, 100 ou 250 mg/Kg de metformina não alterou a atividade da hexocinase
de HT desses tecidos dos camundongos controles.
A atividade da PFK de HT foi, respectivamente, 55, 47 e 72 % menor no músculo
esquelético (Fig. 12A), tecido adiposo epididimal (Fig. 12B) e fígado (Fig. 12C) dos
camundongos diabéticos, quando comparada aos seus controles. A atividade desta enzima nos
diferentes tecidos não foi alterada pelo tratamento com 50 ou 100 mg/Kg de metformina, em
relação aos animais diabéticos não tratados. Por outro lado, o tratamento dos camundongos
diabéticos com 250 mg/Kg do fármaco foi capaz de recuperar completamente a atividade da
PFK no HT de músculo e tecido adiposo. Entretanto, em HT de fígado a reversão da
atividade enzimática foi parcial, sendo significativamente diferente do grupo controle e do
grupo apenas diabético. O tratamento com 50, 100 ou 250 mg/Kg de metformina não alterou a
atividade da PFK de HT desses tecidos dos camundongos controles. Interessantemente, as
atividades da HK e da PFK foram afetadas proporcionalmente no músculo e no tecido
adiposo, porém a atividade dessas enzimas foi menor ainda no fígado. Neste sentido, nossos
resultados sugerem que o fígado parece ser um dos tecidos mais afetados pelo
desenvolvimento de um quadro diabético e por isto, o tratamento com metformina por três
dias poderia não ter revertido completamente a atividade das enzimas neste tecido.
Em conjunto, esses resultados indicam que a baixa atividade enzimática da hexocinase
e da fosfofructocinase, em decorrência do quadro diabético, em HT de músculo esquelético,
tecido adiposo epididimal e fígado pode ser revertida pelo tratamento com metformina.
55
Dose de Metformina
mg/Kg
050100250
Atividade da HK
mU/ mg
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Controle
Diabético
*
*
*
#
C
Dose de Metformina
mg/Kg
050100250
Atividade da HK
mU/mg
0
5
10
15
20
25
Controle
Diabético
B
*
*
*
#
Dose de Metformina
mg/Kg
0 50 100 250
Atividade da HK
mU/mg
0
5
10
15
20
Controle
Diabético
*
*
*
#
A
Figura 11. Atividade da HK de músculo esquelético (A), tecido adiposo (B) e fígado (C) de camundongos
diabéticos tratados com diferentes doses de metformina. O tratamento está descrito em material e métodos.
Os valores representam a média ± erro padrão (n= 3-6). * p < 0,05 quando comparado ao grupo controle (Con); #
p < 0,05 quando comparado ao grupo diabético (diab).
56
Dose de metformina
mg/Kg
0 50 100 250
Atividade da PFK
mU/ mg
0
20
40
60
80
Controle
Diabético
*
#
*
*
A
Dose de metformina
mg/Kg
0 50 100 250
Atividade da PFK
mU/ mg
0
10
20
30
40
Controle
Diabético
*
*
*
#
B
Dose de metformina
mg/Kg
050100250
Atividade da PFK
mU/ mg
0
10
20
30
Controle
Diabético
*
*
*
#
C
Figura 12. Atividade da PFK de músculo esquelético (A), tecido adiposo epididimal (B) e fígado (C) de
camundongos diabéticos tratados com diferentes doses de metformina. O tratamento está descrito em
material e métodos. Os valores representam a média ± erro padrão (n= 3-6). * p < 0,05 quando comparado ao
grupo controle (Con); # p < 0,05 quando comparado ao grupo diabético (diab).
57
4.3 Atividade Enzimática e Análise Estrutural da Hexocinase e da Fosfofructocinase
Purificadas na Presença de Metformina.
Com o objetivo de investigar um possível efeito direto da metformina sobre a
atividade enzimática da HK e da PFK, a atividade dessas enzimas purificadas foram medidas
na presença de diferentes concentrações do fármaco. Como mostrado na figura 13, a atividade
da hexocinase (círculos brancos) e da PFK (círculos pretos) purificadas não foram alteradas
pela presença de diferentes concentrações de metformina (µM). Na presença de concentrações
superiores de metformina (2,0 e 3,0 mM), a atividade da PFK também não foi alterada (dados
não mostrados).
Figura 13. Atividade da HK e da PFK purificadas na presença de diferentes concentrações de
metformina. Atividade da HK purificada (círculos brancos) e a atividade da PFK (círculos pretos) foram
analisadas como descrito em material e métodos. Os valores representam a média ± erro padrão (n= 3).
O espectro de fluorescência intrínseca da HK e da PFK não foi alterado pela presença
de 10, 100 ou 1000 µM de metformina (Fig. 14A e 14B). Com os dados obtidos a partir da
leitura da amostra, foi possível calcular o centro de massa espectral, como descrito em
material e métodos. As concentrações de metformina citadas anteriormente não alteram o
centro de massa espectral das enzimas (dados não mostrados). Desta forma, os resultados
sugerem que a metformina não modifica a estrutura das enzimas e que a reversão das
atividades enzimáticas, tanto da HK como da PFK, encontradas nos tecidos, não ocorre
Metformina, μM.
0 0,1 1 10 100 1000
Atividade
(% do controle)
0
20
40
60
80
100
120
140
PFK
HK
58
devido a um mecanismo direto de ação da metformina sobre a atividade catalítica da HK e
nem da PFK.
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
300
320
340
360
380
400
420
0
10
100
1000
I
n
t
e
n
s
i
d
a
d
e
d
e
f
l
u
o
r
e
s
c
ê
n
c
i
a
(
I
/
I
m
a
x
)
λ
(
nm
)
m
e
t
f
o
r
m
i
n
a
(
µ
M
)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
300
320
340
360
380
400
420
0
10
100
1000
I
n
t
e
n
s
i
d
a
d
e
d
e
f
l
u
o
r
e
s
c
ê
n
c
i
a
(
I
/
I
m
a
x
)
λ
(
n
m)
m
e
t
f
o
rm
i
n
a
M
)
Figura 14. Espectro de fluorescência intrínseca da HK (A) e da PFK (B) purificadas na presença de
diferentes concentrações de metformina. Os painéis A e B indicam experimentos representativos. O centro de
massa foi calculado a partir do espectro de fluorescência intrínseca analisado em um espectrofluorímetro Jasco
FP6300. O comprimento de onda de excitação foi de 280 nm e a absorção foi varrida entre 300 e 400 nm.
A
B
59
4.4 Efeito da Metformina Sobre a Localização Celular da Atividade da PFK de
Diferentes Tecidos.
4.4.1 Músculo Esquelético
Com o objetivo de investigar o papel da metformina na localização celular da PFK nos
tecidos estudados, o HT destes foi submetido ao processo de centrifugação diferencial através
do qual foram obtidas diferentes frações celulares (S1, P1, S2 e P2), como descrito em
material e métodos. Como mencionado anteriormente, a atividade da PFK de HT de músculo
esquelético de camundongos diabéticos é menor que o controle, e o tratamento com 250
mg/Kg é capaz de reverter a atividade enzimática para níveis similares dos controles (Fig.
15A). Praticamente toda a atividade da PFK permaneceu na fração S1, sendo desta forma a
fração P1 desprezível. O tratamento com metformina não alterou a atividade da enzima nessas
frações em nenhum dos grupos de animais (Fig. 15B). A partir da fração S1 foi isolada a
fração S2, na qual encontra-se predominantemente a PFK na forma solúvel, e a fração P2,
enriquecida em PFK e F-actina. Em músculo esquelético de camundongos controles,
aproximadamente 60 % da atividade da PFK encontra-se na fração P2, enquanto que nos
animais diabéticos a atividade da PFK é predominante na fração S2 (Fig. 15C). Em animais
diabéticos tratados com 250 mg/Kg de metformina, a atividade da PFK foi similar tanto na
fração S2 quanto na P2. Curiosamente, a atividade da PFK de camundongos controles
tratados com essa dose de metformina encontra-se majoritariamente na fração P2. Assim, o
tratamento com metformina parece ser capaz de alterar a localização celular da atividade da
PFK para fracões ricas em F-actina (Fig. 15C).
60
Cont Diab Diab
+ Met
Met
Distribuição da PFK
(% do total)
0
20
40
60
80
100
120
140
S1
P1
Cont Diab Met
Distribuição da PFK
(% do total)
0
20
40
60
80
100
S2
P2
*
*
#
#
*
*
Diab
+ Met
Cont Diab Diab
+ Met
Met
Atividade da PFK
(% do controle)
0
20
40
60
80
100
120
*
#
A
B
C
Figura 15. Distribuição celular da atividade da PFK de músculo esquelético de camundongos diabéticos
tratados com 250 mg/Kg de metformina. O painel A representa o percentual da atividade total da PFK (HT),
relativo ao controle. O painel B representa o percentual da atividade total da PFK do sobrenadante (S1) e do
precipitado (P1) após a centrifugação de HT a 27.000g. O painel C representa a atividade da PFK do
sobrenadante (S2) e do precipitado (P2) obtidos a partir da centrifugação de S1 a 120.000g. O tratamento está
descrito em material e métodos. Os valores representam a média ± erro padrão (n= 4-6). * p < 0,05 quando
comparado ao grupo controle (Con); # p < 0,05 quando comparado ao grupo diabético (diab).
61
4.4.2 Tecido Adiposo Epididimal
Similar ao HT de músculo esquelético, em HT de tecido adiposo epididimal de
camundongos diabéticos a atividade da PFK também se encontra reduzida e o tratamento com
metformina reverte esta inibição (Fig. 16A). A distribuição celular da atividade da PFK entre
as frações S1 e P1 não foi alterada pela indução do diabetes e/ou pelo tratamento com
metformina, sendo superior na fração S1 (Fig. 16B). Ao contrário do músculo esquelético, em
tecido adiposo epididimal de camundongos controles e controles tratados com metformina,
aproximadamente 75-80 % da atividade da PFK encontra-se na fração S2 (Fig. 16C). Em
animais diabéticos tratados e não tratados com metformina, a atividade da PFK foi similar
tanto na fração S2 quanto na P2, porém apresentam diferença estatística quando comparados
aos seus respectivos controles. Desta forma, os resultados sugerem que o desenvolvimento do
diabetes altera a localização da atividade da PFK para frações ligadas a F-actina,
independentemente do tratamento com metformina (Fig. 16C).
4.4.3 Fígado
A atividade da PFK de fígado de camundongos diabéticos é menor quando comparada
ao grupo controle e o tratamento com metformina reverteu a atividade parcialmente, havendo
diferença estatísticamente significativa entre o grupo diabético e o grupo controle (Fig. 17A).
Aproximadamente 75-80 % da atividade da PFK permaneceu na fração S1. Diferente da
fração P1 de músculo esquelético, na qual a atividade da PFK é praticamente desprezível,
nesta fração de fígado a atividade está entre 20-25 % da atividade de S1. Além disto, a
indução do diabetes e/ou tratamento com metformina não alteraram a distribuição da
atividade da enzima entre as frações S1 e P1 (Fig. 17B). Camundongos controles e diabéticos
não tratados com metformina apresentaram o mesmo perfil de distribuição da atividade da
PFK entre as frações S2 e P2. No entanto, o grupo diabético e o grupo controle tratados com
metformina apresentam diminuição da atividade da PFK na fração S2, sem concomitante
aumento significativo da atividade na fração P2 (Fig. 17C).
Assim, o desenvolvimento do diabetes não altera a localização celular da atividade da
PFK entre as frações S2 e P2 de fígado. Por outro lado, o tratamento dos animais diabéticos
ou controles com metformina somente diminuiu a atividade da PFK na fração solúvel.
62
Figura 16. Distribuição celular da atividade da PFK de tecido adiposo epididimal de camundongos
diabéticos tratados com 250 mg/Kg de metformina. O painel A representa o percentual da atividade total da
PFK (HT), relativo ao controle. O painel B representa o percentual da atividade total da PFK do sobrenadante
(S1) e do precipitado (P1) após a centrifugação de HT a 27.000g. O painel C representa a atividade da PFK do
sobrenadante (S2) e do precipitado (P2) obtidos a partir de centrifugação de S1 a 120.000g. O tratamento está
descrito em material e métodos. Os valores representam a média ± erro padrão (n= 4-6). * p < 0,05 quando
comparado ao grupo controle (Con); # p < 0,05 quando comparado ao grupo diabético (diab).
Cont Diab Diab
+ Met
Met
Distribuição da PFK
(% do total)
0
20
40
60
80
100
S2
P2
*
*
*
*
Distribuão da PFK
(% do total)
0
20
40
60
80
100
120
S1
P1
Cont Diab Diab
+ Met
Met
A
B
C
Atividade da PFK
(% do controle)
0
20
40
60
80
100
120
140
#
Cont Diab Diab
+ Met
Met
*
63
Figura 17. Distribuição celular da atividade da PFK de fígado de camundongos diabéticos tratados com
250 mg/Kg de metformina. O painel A representa o percentual da atividade total da PFK (HT), relativo ao
controle. O painel B representa o percentual da atividade total da PFK do sobrenadante (S1) e do precipitado
(P1) após a centrifugação de HT a 27.000g. O painel C representa a atividade da PFK do sobrenadante (S2) e do
precipitado (P2) obtidos a partir de centrifugação de S1 a 120.000g. O tratamento está descrito em material e
métodos. Os valores representam a média ± erro padrão (n= 4-6). * p < 0,05 quando comparado ao grupo
controle (Con); # p < 0,05 quando comparado ao grupo diabético (diab).
Distribuição da PFK
(% do total)
0
20
40
60
80
100
120
S1
P1
Cont Diab Diab
+ Met
Met
Cont Diab Diab
+ Met
Met
Distribuição da PFK
(% do total)
0
20
40
60
80
100
S2
P2
*
*
Cont Diab Diab
+ Met
Met
Atividade da PFK
(% do controle)
0
20
40
60
80
100
120
*
#
A
B
C
64
5 DISCUSSÃO
Metformina é uma biguanida usada para o tratamento do DM2 há muitos anos.
Embora esta droga esteja disponível para uso desde a década de 50, os mecanismos pelos
quais ela diminuiu a glicemia em modelos animais de diabetes ainda permanecem
controversos. Sabe-se que a metformina é capaz de diminuir a gliconeogênese e a
glicogenólise, além de aumentar a captação de glicose pelos tecidos periféricos (Cusi e
DeFronzo, 1998; Wiernsperger e Bailey, 1999; Hundal et al., 2000). Assim, o objetivo geral
deste estudo foi investigar o papel da metformina na regulação da atividade de enzimas
glicolíticas do tecido muscular, do tecido adiposo epididimal e do tecido hepático de
camundongos com DM1 induzido por estreptozotocina (STZ).
Um dos modelos mais utilizados in vivo para o estudo do diabetes, com deficiência de
insulina, é o de roedores tratados com STZ (Marles e Farnsworth, 1995). A STZ estimula a
produção de radicais livres, o que leva à destruição e disjunção das células β das ilhotas de
Langerhans do pâncreas causando, assim deficiência na produção de insulina e
consequentemente o desenvolvimento do DM1 nestes animais (Szkudelski, 2001; Akbarzadeh
et al., 2007). De acordo com a literatura, camundongos que desenvolvem DM1 apresentam
perda de peso, alta concentração sanguínea de glicose, e baixa concentração plasmática de
insulina e lactato (Kakemi et al., 1983; Tanaka et al., 1999). Com o objetivo de caracterizar os
camundongos diabéticos utilizados neste estudo e investigar os efeitos da metformina sobre os
parâmetros citados, os animais foram divididos em quatro grupos (Con, Diab, Diab + Met e
Con + Met) e tratados com diferentes doses de metformina. Os camundongos diabéticos
apresentaram menor peso corporal que os controles e o tratamento com metformina, tanto do
grupo Diab + Met como do Con + Met, não foi capaz de alterar o peso dos camundongos. Já
foi mostrado que a metformina pode levar a perda de peso de pacientes com DM2 (Wong e
Wong, 2003), no entanto o tratamento por três dias com metformina pode não ter sido
temporalmente suficiente para alterar este parâmetro.
De maneira similar a outros estudos (Tanaka et al., 1999; Ashokkumar e Pari, 2005), a
glicemia dos camundongos diabéticos induzidos com STZ foi largamente alterada no presente
estudo. O tratamento com metformina foi capaz de diminuir a glicemia destes animais. No
entanto, apesar desta queda da glicemia, os níveis de glicose sanguíneos ainda não foram
iguais aos controles. Curiosamente, os camundongos controles tratados com metformina não
tiveram sua glicemia alterada, efeito já reportado por outros autores (Ewis e Abdel-Rahman,
65
1995). Outros estudos também já mostraram esse efeito parcial sobre a glicemia de animais
diabéticos utilizando-se outros compostos como, por exemplo, o resveratrol (Al-Awwadi et
al., 2004; Su et al., 2006; Raju et al., 2001).
A diminuição da glicemia, devido ao tratamento dos camundongos diabéticos com
metformina, não está correlacionada com alterações dos níveis de insulina nos camundogos
diabéticos, uma vez que observou-se que não houve hipoglicemia e diferença entre a
concentração de insulina plasmática entre os grupos Con e o grupo Con + Metf. Estudos em
humanos também mostraram que a metformina não é capaz de alterar as concentrações
plasmáticas de insulina (DeFronzo e Goodman, 1995). Desta forma, nossos resultados
reforçam a hipótese de que a metformina pode ter um efeito hipoglicemiante por um
mecanismo independente de insulina (Fulgencio et al., 2001).
A queda da glicemia está correlacionada com o aumento da lactacidemia encontrada
no grupo Diab + Metf. Há muitos anos já se sabe sobre a capacidade das biguanidas em elevar
a concentração de lactato sanguíneo, o que levou muitos autores a associarem o uso de
metformina com acidose lática (DeFronzo e Goodman, 1995; Misbin et al., 1998). Este foi um
dos motivos que levou a fenformina e a butformina a serem retiradas do uso clínico na década
de 70. Neste sentido, nosso trabalho mostra que não há hiperlactacidemia frente à
administração de metformina. Estas observações nos levam a descartar uma possível ação
tóxica desencadeada pelo tratamento dos camundongos com a dose de 250 mg/Kg. No
entanto, camundongos controles morreram após a administração de apenas uma dose de 500
mg/Kg de metformina, enquanto que os diabéticos morreram somente após duas doses (uma
por dia) (dados não mostrados). Uma possível explicação para os efeitos relatados pode ser o
fato da ação da metformina ser diretamente proporcional à elevação da glicemia justificando
sua eficácia no tratamento do DM. No entanto, as alterações fisiológicas que levaram a morte
dos camundongos devido a dose de 500 mg/Kg não foram determinadas.
Com as doses clínicas usuais de metformina (500 mg - 2500 mg), a máxima
concentração plasmática da droga não ultrapassa 5 μg/mL. Apesar de nós não termos
analisado as concentrações plasmáticas de metformina, a dose de 250 mg/Kg, já utilizada em
outros estudos com camundongos (Zou et al., 2004; Shaw et al., 2005), parece estar dentro
das doses orais recomendadas para humanos (Aleisa et al., 2007).
Glicose é a maior fonte de energia para muitas células de vários tecidos de mamíferos.
Os níveis deste substrato no sangue são mantidos cuidadosamente por tecidos independentes e
dependentes de insulina. A menor utilização de glicose pelo fígado, músculo esquelético e
tecido adiposo no diabetes tem um importante papel na elevação da glicemia sistêmica
66
(Sochor et al., 1985; Valverde et al., 2005). Assim, nosso próximo objetivo foi determinar se
a metformina, implicada em ações hipoglicemiantes, poderia modular as principais enzimas
reguladoras do fluxo glicolítico de tecidos diretamente envolvidos na homeostase de glicose.
O tratamento de camundongos diabéticos com três doses de 250 mg/Kg de metformina foi
capaz de recuperar completamente a atividade da hexocinase e da fosfofrutocinase de
músculo esquelético e tecido adiposo epididimal. No entanto, a atividade dessas enzimas do
fígado desses camundongos foi parcialmente recuperada. Os efeitos do tratamento com
metformina de animais diabéticos sobre a hexocinase de fígado já foram demonstrados tanto
nos níveis de mRNA (Fulgencio et al., 2001) quanto na atividade da enzima (Zhang, 2008),
no entanto este é o primeiro estudo a mostrar mudanças na atividade de enzimas glicolíticas
de diferentes tecidos de camundongos com DM1 tratados com metformina.
Uma vez que a atividade enzimática foi revertida pelo tratamento com metformina nos
diferentes tecidos, um possível efeito direto da droga sobre as enzimas foi investigado. De
acordo com os resultados encontrados, a metformina não é capaz de modular diretamente a
atividade da HK e nem da PFK. Além disto, a droga não alterou a estrutura destas enzimas.
Desta forma, nossos resultados sugerem que a reversão da atividade da HK e da PFK
encontrada nos tecidos não se deve a um efeito direto da droga.
Outros compostos também foram capazes de reverter a atividade da HK e da PFK de
fígado e de rím de camundongos com diabetes induzido por estreptozotocina (Raju et al.,
2001). No entanto, neste estudo nós ainda não sabemos se o tratamento de camundongos
diabéticos com metformina altera a expressão ou as propriedades alostéricas das mesmas. Em
pacientes com DM1 e DM2 não foram encontradas mudanças na expressão de RNAm da PFK
de músculo esquelético (Vestergaard, 1993). Entretanto, sabe-se que em quadros patológicos,
como o câncer e infecções virais (El-Bacha et al., 2003, 2004; Meira et al., 2005; Spitz et al.,
2009), ou outras situações de alta demanda energética, como atividade física (Vestergaard,
1993), a atividade e a expressão de PFK podem ser moduladas.
Em modelo animal de DM1 e DM2 que superexpressava a porção fosfatásica inativada
da PFK-2, o aumento dos níveis de F2,6BP foram correlacionados com a diminuição da
glicemia (Wu et al., 2006). Além disso, já foi mostrado que a AMPK pode ativar a PFK-2 de
coração, aumentando a formação de F2,6BP e consequentemente ativando a PFK, (Marsin et
al., 2000) e também aumentar o translocamento de GLUT 4 para a membrana celular,
promovendo aumento da captação de glicose por uma via independente da sinalização por
insulina (Russell et al., 2006 ). Os efeitos benéficos do tratamento com metformina já foram
correlacionados positivamente com a ativação da AMPK (Zhou et al., 2001). Assim, a
67
reversão da atividade enzimática da HK e da PFK de diferentes tecidos de camundongos
diabéticos, promovida pelo tratamento com metformina, pode estar correlacionada com a
alteração de efetores alostéricos das enzimas, como por exemplo F2,6BP, ou com a alteração
covalente das enzimas causada por proteínas cinases, como por exemplo a AMPK.
Argaud et al. (1993) demonstraram que o tratamento com metformina de hepatócitos
isolados de ratos foi capaz de diminuir a concentração de ATP, um conhecido inibidor
alostérico da PFK. Este efeito poderia levar ao aumento da atividade desta enzima, com
conseqüente consumo de glicose 6-fosfato. A diminuição dos níveis deste composto em
hepatócitos tratados com metformina (Guigas
et al., 2006) poderia contribuir para o aumento
da atividade da hexocinase, uma vez que glicose 6-fosfato é um potente inibidor desta enzima.
O aumento da oxidação de ácidos graxos visto em diabéticos pode inibir enzimas-
chave da glicólise por acumular acetil-CoA e citrato (Kelley e Mandarino, 2000). Ácidos
graxos livres inibem IRS associado à atividade da PI3K e, assim, podem atenuar o transporte
de glicose através da membrana celular (Shulman, 1999). No entanto, a metformina é capaz
de reduzir a oxidação de ácidos graxos (Wiernsperger e Bailey, 1999; Hundal et al., 2000),
fato que também poderia contribuir para a reversão da atividade das enzimas HK e PFK.
A glicólise é extremamente estruturada e suas enzimas interagem com elementos do
citoesqueleto, principalmente actina. Dentre todas as enzimas da via glicolítica que se
associam a elementos do citoesqueleto, a PFK é a enzima que se liga com mais afinidade aos
filamentos de actina (Roberts e Somero, 1987; Clarke e Morton, 1982). Já foi demonstrado
que a insulina é capaz de levar à fosforilação da PFK e que este fato aumenta a afinidade da
enzima pela F-actina do citoesqueleto muscular, o que poderia consequentemente aumentar o
fluxo glicolítico (Sale, 1987; Chen-Zion et al., 1992a; Silva et al., 2004). Por outro lado, a
atividade da PFK citosólica e a ligada ao citoesqueleto de músculos, como o gastrocnêmio e o
tibial anterior, são menores em animais diabéticos, e isto foi implicado na diminuição da
glicólise desses tecidos (Chen-Zion et al., 1994). Apesar da distribuição celular da PFK estar
bem caracterizada em músculo esquelético, este tipo de caracterização ainda não foi descrita
para fígado e tecido adiposo.
Através de centrifugação diferencial, já descrita por outros trabalhos do nosso
laboratório (El-Bacha et al., 2003; Silva et al., 2004), as frações HT, S1, P1, S2 e P2 foram
isoladas de músculo esquelético, fígado e tecido adiposo epididimal. Alves e Sola-Penna
(2003) já caracterizaram a fração P2 como sendo rica em F-actina e que o aumento da
atividade da PFK vista nesta fração é devido à associação dessas duas proteínas.
68
Nossos resultados mostram que o tratamento dos camundongos diabéticos com 250
mg/Kg de metformina alterou a localização da PFK para frações ricas em citoesqueleto (P2),
em detrimento da fração solúvel (S2), em músculo esquelético. Curiosamente, a atividade da
PFK deste tecido de camundongos controles tratados com essa dose de metformina
encontrou-se majoritariamente na fração P2. Não sendo estes camundongos diabéticos, e a
metformina tendo um efeito sensibilizador das ações da insulina (Strack, 2008), o aumento da
associação da PFK com F-actina pode estar ocorrendo devido a ação sinérgica entre a insulina
e a metformina. Assim, o tratamento com metformina é capaz de alterar a localização celular
da atividade da PFK para fracões ricas em F-actina. Esta modulação em músculo esquelético
de camundongos diabéticos pode ser de grande relevância, uma vez que este tecido
desempenha um importante papel na captação de glicose no estado pós-prandial (Newsholme
e Dimitriadis, 2001), o que poderia ser importante para a promoção de ações
hipoglicemiantes.
Ao contrário do músculo esquelético, a indução do diabetes é capaz de aumentar a
atividade da PFK na fração P2 de tecido adiposo epididimal, e o tratamento com metformina
não altera a distribuição celular da enzima neste tecido. Já foi demonstrado que a adrenalina é
capaz de aumentar a fosforilação e ativar a PFK de tecido adiposo epididimal de ratos (Sale e
Denton, 1985), podendo levar ao aumento da glicólise (Saggerson & Greenbaum, 1970).
A actina no músculo esquelético adulto está presente na forma de alfa-actina, que é
diferente das outras duas isoformas presentes em células não musculares, beta e gama-actina
(Gordon et al., 1977). A actina em muitas células não musculares parece estar presente tanto
na forma polimerizada quanto na forma não polimerizada (Lindberg et al., 1979). Já foi
sugerido que a actina filamentosa em células não musculares poderia ter um importante papel
no controle do metabolismo, devido ao controle de algumas enzimas (Masters, 1978). No
entanto, as isoformas de PFK expressas em tecidos não musculares e a diferente organização
do citoesqueleto dos adipócitos poderia ser responsável pelo diferente perfil de distribuição da
atividade da PFK no tecido adiposo, quando comparado com músculo esquelético.
No tecido hepático o perfil de distribuição celular da PFK foi diferente dos dois
tecidos citados anteriormente. Nós encontramos que a fração P1 teve sua atividade
aumentada. Este resultado já foi reportado por outros trabalhos que trataram suas amostras
com insulina (Chen-Zion et al. 1992a; Ashkenazy-Shahar et al., 1998; Silva et al., 2004). A
capacidade da PFK em se ligar a mitocôndria ou outras frações celulares que precipitariam na
fração P1 ainda não foi descrita. Este aumento na fração P1 de tecido adiposo foi encontrado
apenas nos animais diabéticos. O desenvolvimento do diabetes não altera a localização celular
69
da atividade da PFK entre as frações S2 e P2 de fígado. Por outro lado, o tratamento dos
animais diabéticos ou controles com metformina somente diminuiu a atividade da PFK na
fração S2.
Assim, nossos resultados sugerem que tanto o diabetes como o tratamento com
metformina são capazes de alterar a distribuição celular da PFK entre os vários tecidos
estudados e que essas modulações poderiam ser importantes para a promoção de ações
hipoglicemiantes.
70
6 CONCLUSÕES
¾ O tratamento com metformina não foi capaz de alterar o peso corporal dos
camundongos.
¾ A administração de metformina na concentração de 250 mg/kg de peso corporal
reduziu significativamente a glicemia dos animais porém, não alterou a glicemia dos grupos
controles.
¾ O tratamento com metformina reverteu a baixa lactacidemia dos camundongos
diabéticos.
¾ As atividades da HK e da PFK foram significativamente menores em músculo
esquelético, fígado e tecido adiposo epididimal dos camundongos diabéticos. No entanto, o
tratamento com metformina foi capaz de reverter completamente esta inibição no músculo e
no tecido adiposo. No fígado, a atividade destas enzimas foi parcialmente revertida com o
tratamento descrito.
¾ A metformina, em nenhuma das concentrações testadas, foi capaz de alterar a
atividade ou modificar o centro de massa do espectro de fluorescência intrínseca das enzimas
HK ou PFK purificadas.
¾ O tratamento com metformina levou ao deslocamento da PFK da fração solúvel para a
fração rica em F-actina.
¾ A metformina diminuiu a atividade da PFK na fração solúvel em fígado, sem
concomitante aumento na fração ligada ao citoesqueleto.
¾ A indução do diabetes alterou a localização celular da atividade da PFK em tecido
adiposo epididimal, porém o tratamento dos camundongos com metformina não alterou este
parâmetro neste tecido.
¾ Em conjunto, nossos resultados sugerem que o aumento da atividade de enzimas
glicolíticas, como HK e PFK, estimuladas por metformina em um modelo de DM 1 poderia
contribuir para a redução da glicemia sistêmica.
71
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96
CURRICULUM VITAE
Nome: Daniel da Silva
Nascimento: 25/08/1983
Naturalidade: Rio de Janeiro
Formação Acadêmica:
¾ Graduação em Educação Física pela Escola de Educação Física e Deportos da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Período: março de 2004 – janeiro de 2008.
¾ Mestrado em Química Biológica pelo Instituto de Bioquímica Médica da Universidade
Federal do Rio de Janeiro. março de 2008 – março de 2009.
Comunicações em Congressos:
¾ 11 comunicações em congressos nacionais.
¾ 1 comunicação em congresso internacional.
Publicação:
¾ LEITE, T. C., DA SILVA, D., COELHO, R. G., ZANCAN, P., SOLA-PENNA, M.
Lactate favors the dissociation of skeletal muscle 6-phophofructo-1-kinase
tetramers down-regulating the enzyme and muscle glycolysis. Biochemical Journal
(London). , v.408, p.123 - 130, 2007.
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