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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL
FRANCE SILVA NASCIMENTO
DIRETRIZES PARA A CONCEPÇÃO DE SISTEMAS DE RE
Ú
SO DE
ÁGUA EM EDIFICAÇÕES
G
oiânia
2007
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Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
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ii
FRANCE SILVA NASCIMENTO
DIRETRIZES PARA A CONCEPÇ
ÃO DE SISTEMAS DE RE
Ú
SO DE
ÁGUA EM EDIFICAÇÕES
Dissertação
apresentad
a ao Programa de Pós-
Graduação
em Engenharia do Meio Ambiente da Escola de
Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás para a
obtenção do título de Mestre em Engenharia do Meio
Ambiente.
Área de concentração: Saneamento Ambiental e
R
ecursos Hídricos
.
Orientador:
Prof.
José Vicente Granato de
Araújo
, Ph.D.
Co
-
orientadora:
Profa. Dra. Lúcia Helena de Oliveira
Goiânia
2007
ads:
Dados Internacionais de Catalogação
-
na
-
Publicação (CIP)
(GPT/BC/UFG)
Nascimento, France Silva.
N244d Diretrizes para a concepção de sistemas de reúso
de água em edificações / France Silva Nascimento.
Goiânia, 2007.
xvi,119f. : il., color., figs., qds., tabs.
Orientador: José Vicent
e Granato de Araújo, Co
-
Orientadora: Lúcia Helena de Oliveira.
Dissertação (Mestrado)
Universidade Federal
de Goiás, Escola de Engenharia Civil, 2007.
Bibliografia: f.86
-90.
Inclui listas de figuras, quadros, tabelas e de
abreviaturas e siglas.
Anexos.
1. Água Reutilização
Edificações
Concepção
2. Água
Conservação 3. Água
Alternativa 4. I
ns-
talações hidráulicas e sanitárias I. Araújo, José Vi-
cente Granato de II. Oliveira, Lúcia Helena de III.
Universidade Federal de Goiás, Escola de Engenha
-
ria Civil IV. Titulo.
CDU: 644.6
iii
FRANCE SILVA NASCIMENTO
DIRETRIZES PARA A CONCEPÇÃO DE SISTEMAS DE RE
Ú
SO DE
ÁGUA EM EDIFICAÇÕES
Dissertação defendida e aprovada em 29 de março de 2007, pela B
anca
E
xaminadora
constituída pelos seguintes professores:
__________________________________________
Prof. José Vicente Granato de Araújo
, Ph.D. UFG
Orientador
__________________________________________
Prof. Dr. André Luiz Bortolacci Geyer
UFG
Examinador Interno
__________________________________________
Prof. Dr. Simar Vieira de Amorim
UFSCar
Examinador Externo
iv
Aos meus
pais, Raimundo Moreira Nascimento e Maria de Lourdes Nascimento,
incentivadores, exemplos e guias na descoberta do prazer da leitura e da pesquisa,
ao
marido,
Reinaldo Gonçalves de Araújo,
a
os
meus
queridos
filhos,
Lucas e Leandro.
v
AGRADECIMENTOS
A
Deus, por ser a fortaleza de minha vida nos momentos difíceis.
A
o m
eu
amigo e orientador P
rof.
José Vicente Granato de Araújo, Ph.D. pela
oportunidade da realização de um grande sonho.
À
Prof
a. Dra
. Lúcia Helena de Oliveira, pela inestimável sabedoria e companheirismo.
Ao Engenheiro Flávio Eduardo Rios, pelo apoio e fornecimento de dados valiosos
para o desenvolvimento deste trabalho.
À Companhia de Saneamento do Estado de Goiás
SANEAGO pela realização das
análises da água de reúso.
À
empresa
de t
ubosistemas
, Amanco Brasil S.A., pela doação de materiais para
montagem
do sistema predial de
reúso
de água.
À todos os funcionários da Faculdade de Farmácia da UFG pela atenção e apoio
na
realização deste trabalho.
À equipe do CEGEF por todo apoio no fornecimento de mão-
de
-
obra
e materiais, a
fim de possibilitar a execução do sistema de
reúso
de água nas instalações da Faculdade de
Farmácia da UFG
.
Ao Curso de Mestrado em Engenharia
do Meio Ambiente
pelo apoio e credibilidade.
E a todos os amigos que me apoiaram fazendo com que os momentos de dificuldades
fossem superados, em particular à colega Tânia, ao colega Ricardo Prado pelo grande apoio
na construção da minha dissertação, e a vários outros que muito contribuíram para o êxito
deste trabalho.
vi
RESUMO
A água, como bem essencial à vida, deve ser adequadamente usada e reusada para dela
auferir
-se o máximo benefício. Neste trabalho, estuda-se a utilização dos sistemas de reúso de
água no âmbito dos sistemas prediais hidráulicos e sanitários. O objetivo geral é contribuir
para
a sustentabilidade das edificações, por meio de ações de conservação da água ampliando
a oferta com o uso de água de fontes alternativas. O objetivo específico é apresentar diretrizes
para concepção, execução, uso e manutenção desses sistemas, atendendo principalmente aos
requisitos de segurança, de forma a evitar a contaminação da água. A metodologia utilizada
constou de três etapas. Na primeira, levantou-se os diversos tipos de sistemas de reúso de
água e os processos de tratamento utilizados para proporcionar uma escolha segura e
econômica do sistema de reúso a ser adotado. Na segunda etapa, realizou-se inicialmente um
levantamento de dados mediante entrevistas com os projetistas e empreendedores para
identificação de sistemas de reúso de água em âmbito regional, seguido da pesquisa de
campo
, com visitas às edificações que possuem sistemas implantados e em execução, para
verificar o desempenho do sistema e o grau de satisfação dos usuários. Finalmente, foi
realizado um estudo de caso com a implantação de sistema de reúso direto de efluentes dos
equipamentos dos laboratórios da Faculdade de Farmácia da UFG, motivado pela qualidade e
quantidade dos efluentes previamente avaliadas. Na terceira etapa foram elaboradas as
diretrizes para a implantação de sistemas de reúso em edificações. Os resultados obtidos com
esta pesquisa evidenciaram a necessidade da caracterização criteriosa da água de reúso em
função da atividade-fim; da quantificação da demanda; da avaliação da oferta; e do
treinamento da mão-
de
-obra para manter e operar o sistema. Os resultados indicaram ainda
como diretrizes de projeto a utilização das tubulações, peças e conexões hidráulicas em cores
e diâmetros diferenciados; o cuidado para evitar contato da água de reúso com a água potável
no reservatório, além da instalação de placas de alerta e controle da qualidade da água. Os
resultados deste trabalho servirão para subsidiar a implantação de sistemas de reúso de água
em outras unidades acadêmicas de mesma tipologia bem como contribuir para a normatiza
ção
de sistemas de reúso no Brasil.
P
alavras
-
chave
: reúso de água; f
ontes alternativas de água
; conservação da água.
vii
ABSTRACT
Water, as something essential for life, must be used and reused properly to maximize its
benefits. This study focus
es
the
water
reuse in water supply system for domestic and
academic facilities. The general objective is to contribute to the sustainability of buildings by
means of water conservation practices which increase its availability by using alternative
wa
ter sources. The specific objective of this work is to present guidelines for conception,
execution, use and maintenance of these systems, to meet safety requirements in order to
prevent water contamination. The methodology applied consisted of three steps. First, it was
identified the various types of water reuse systems and discussed the available treatment
processes to ensure a secure and economic choice of the system to be adopted. Second,
professional
project
designers and constructors were interviewed to collect data to identify
how the water reuse systems ha
ve
being implementing in the region. At this time field
research were conducted by visiting buildings where these systems are used and under
construction in order to verify their performance and to evaluate user's satisfaction. Also a
case study of direct reuse of water effluents was implanted in the laboratories of the Pharmacy
School of the Federal University of Goiás, motivated by the quality and quantity of the
effluents previously identified. As a third step of the methodology, a series of devising
guidelines for water reuse systems in buildings were proposed. Results of this research
stresses the need to: perform a detailed characterization of the water to be reused according to
its purpose; supply evaluation demand; qualify workmanship to maintain and operate the
system; use different colors and diameters of piping and hydraulic connections; avoid contact
between reusable and potable water in the storage tanks; set alert signs; and perform wate
r
quality control. The results of this study can subsidize the implantation of water reuse systems
in other university schools of the same kind, as well as contribute to the regulation of water
reuse systems in Brazil.
Key words:
water reuse, alternati
ve water sources, water conservation.
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1
Reúso indireto
não
planejado de água ..................................................... 7
Figura 2.2
Reúso indireto planejado de água............................................................ 7
Figura 2.3
Reúso direto planejado de água ...............................................................
8
Figura 2.4
Bacia sanitária com utilização direta do efluente do lavatório na
descarga ...................................................................................................
9
Figura 2.5
Sistema predial de reúso de água não potável .........................................
10
Figura 2.6
(a)
Válvula de ret
enção dupla
(Double Check
DC)....................................
13
Figura 2.6
(b)
Esquema do reservatório de água de reúso.............................................. 13
Figura 2.7
Exemplo de av
iso de água recuperada nos EUA.....................................
15
Figura 2.8
Esquema da combinação de
wetlands
construídas, plantas aquáticas e
filtros
de areia para recuperação de efluente doméstico e reúso de água
23
Figura 2.9
Corte transversal da célula 1 combinando
wetland
de fluxo vertical e
filtro de areia............................................................................................
23
Figura 2.10
Forma incorreta de execução do sistema. Contato direto da tubulação
de água potável com a água não potável (conexão cruzada)...................
25
Figura 2.11
Esquema de sistema de tratamento de
efluente domésti
co......................
27
Figura 2.12
Sistema RTK da Acquabrasilis................................................................
32
Figura 2.13
Desenho esquemático do sistema de tratamento RTK.............................
33
Figura 2.14
Sistema de tratamento das águas cinzas ..................................................
33
Figura 2.15
Sistema de tratamento da água de chuva .................................................
34
Figura 2.16
Taboas
vege
tação nativa
de
terrenos alagadiços...................................
35
Figura 2.17
Corte transversal do sistema de escoamento subsuperficial (SFS)..........
36
Figura 3.1
Fluxograma da metodologia para elaboração de diretrizes para a
concepção de sistemas
de reúso de água em edificações........................
50
Figura 4.1
Localização da bomba de recalque, no jardim ao lado da área das
piscinas.....................................................................................................
55
Figura 4.
2 Esquema de tratamento de efluentes por valas de infiltração ou
septodifusores ..........................................................................................
55
ix
Figura 4.
3 Vista geral do sistema de tratamento de esgoto
tipo
ROTOGINE
co
nstruído
no C
lube Náutico de Caldas Novas ....................................... 56
Figura 4.
4
Etapas do s
istema
zona de raízes ..........................................................
58
Figura 4.
5
(a)
Sistema de zona de raízes implantado no jardim da Fundação Pró-
Cerrado
-
Goiânia......................................................................................
58
Figura 4.
5(b)
Lírio do Brejo
espécie de planta aquática utilizada no sistema zona
de raízes .................................................................................................. 58
Figura 4.
6
(a)
Vista do campo de futebol do Campus da UCG......................................
60
Figura 4.
6
(b)
Bacia sanitária do vestiário feminino.......................................................
60
Figura 4.
7 Desenho esquemático de localização do Centro Internacional de
Neurociência
s
e
Reab
ilitação...................................................................
61
Figura 4.
8
Unidades do sistema de tratamento implantado.......................................
62
Figura 4.
9 Fluxograma da estação de tratamento avançado de águas residuárias
do
CINR...................................................................................................
63
Figura 4.10
Registro de entrada da água potável (Rede de água externa da
concessionária CAESB) e caixa de entrada da mesma tubulação. Topo
do reservatório de efluente tratado n
o
1 .................................................... 64
Figura 4.11
Entrada de água potável (opcional, normalmente utilizada quando a
cor e/ou cheiro do efluente não estão bons para o uso nas bacias
sanitárias
)................................................................................................. 64
Figu
ra 4.12
Área de jardim e bacia sanitária, ambos com utilização de efluente
tratado e sem alerta ao usuário da fonte de abastecimento
CINR da
Rede Sarah...............................................................................................
64
Figura
5.1 Percentual referente à quantidade de cada tipo de equipamento
destilador de água da Faculdade de Farmácia, cujo efluente pode ser
reutilizado ................................................................................................
65
Figura 5.2
Fotos do destilador do laboratório de Bioquímica com a respectiva
vazão
de descarte do efluente ..................................................................
70
Figura 5.3
Fotos do destilador de proteínas do laboratório de Físico-química de
al
imentos com a respectiva vazão de descarte do efluente......................
70
Figura 5.4
Foto da central de destilação do 2
o
pavimento ........................................
75
Figura 5.
4(b)
Representação esquemática do sistema de reúso implantado..................
75
Figura 5.
5 Horta antes da implantação do
sistema
de reúso .....................................
75
Figura 5.
6
Horta após a implantação do
sistema
de reúso........................................
75
x
Figura
5.7(a)
Placa de alerta ao usuário da água de reúso. Torneira de
limpeza/jardim .........................................................................................
76
Figura
5.7(b)
Placa de alerta ao usuário. Sistema de irrigação......................................
76
Figura
5.7(c)
Placa de alerta ao
usuário junto do reservatório de água de reúso...........
76
Figura 5.
8
Variação de temperatura..........................................................................
77
Figura 5.
9
Tubulação de coleta da água de reúso .....................................................
78
Figura 5.10
Sistema de irrigação da horta medicinal..................................................
78
xi
L
ISTA DE QUADROS
Quadro 2.1
Descrição dos tipos de tratamento para reúso de água e água
recuperada................................................................................................
11
Quadro 2.2
Distribuição de consumo de água em residências unifamiliares de
interesse social em Goiânia...................................................................... 13
Quadro 2.3
Classificação e parâmetros do efluente conforme o tipo
de
reúso...........
20
Quadro 2.4
Exigências mínimas de qualidade da água não
-potável em edifícios...... 38
Quadro 2.
5 Características físicas, químicas e bacteriológicas das águas cinzas
originada
s
em banheiros brasileiros.........................................................
43
Quadro 2.
6 Características físicas, químicas e bacteriológicas da água cinza
originada em edifício residencial.............................................................
44
Quadro 2.
7 Parâmetros de qualidade da água de reúso fornecida por uma
concessionária de água do Estado de São Paulo......................................
45
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela
5.1 Potencial de água descartada dos equipamentos dos Laboratórios da
Faculdade de Farmácia - UFG. Levantamento preliminar referente ao
ano de 2005..............................................................................................
66
Tabela
5.2 Consumo mensal de água nas Faculdades de Farmácia e Odontologia
da
UFG em 2005......................................................................................
67
Tabela
5.3 Potencial de água descartada dos equipamentos dos Laboratórios da
Faculdade de Farmácia - UFG. Referência ano 2006, antes do sistema
implantado ............................................................................................... 69
Tabela
5.4 Consumo mensal de água nas Faculdades de Farmácia e Odontologia
da
UFG em 2006......................................................................................
69
Tabela
5.5 Resultado das análises fís
ico
-química e bacteriológica da água para
reú
so descartada dos destiladores............................................................
72
Tabela
5.6 Potencial de água descartada dos equipamentos dos Laboratórios da
Faculdade de Farmácia - UFG. Referência mês de setembr
o/2006,
após sistema implantado..........................................................................
74
xiii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABES
Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas
CAESB
Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal
CINR
Centro Internacional de Neuro
ciên
cias
e Reabilitação da Rede Sarah
CNRH
Conselho Nacional de Recursos Hídricos
CONAMA
Conselho Nacional do Meio Ambiente
COT
Carbono Orgânico Total
CTCT
Câmara Técnica de Ciência e Tecnologia
DBO
Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO
Demanda Quí
mica de Oxigênio
ETA
Estação de Tratamento de Água
ETE
Estação de Tratamento de Esgoto
EUA
Estados Unidos da América
Fiesp
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
FWS
Sistema de Superfície Livre da Água
GT
-Reúso
Grupo de Trabalho sobre R
eúso de Água
IC
Indicador de consumo
IR
Impacto de redução
LabCau
Laboratório Casa Autônoma de Arquitetura Sustentável
NBR
Norma Brasileira Regulamentada
SANEAGO
Saneamento de Goiás S/A
SCC
Superintendência de Cobrança e Conservação
SFS
Sistema de Escoamento Subsuperficial
SINDUSCON
-
GO
Sindicato da Indústria da Construção no Estado de Goiás
SST
Sólidos Suspensos Totais
UFG
Universidade Federal de Goiás
UnB
Universidade de Brasília
USEPA
Environmental Protection Agency of USA
UV
Ultravioleta
WHO
World Health Organiza
tion
xiv
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO...............................................................................................
1
1.1
JUSTIFICATIVA .............................................................................................
3
1.2
OBJETIVOS ....................................................................................................
3
2
SISTEMAS DE REÚSO DE ÁGUA..............................................................
5
2.1
CONCEITUAÇÃO...........................................................................................
5
2.2
TIPOS DE SISTEMAS.....................................................................................
6
2.3 ELEMENTOS E COMPONENTES DO SISTEMA DE REÚSO DE
ÁGUA...............................................................................................................
10
2.3.1
Sistema de coleta de água de
reúso................................................................
10
2.3.2 Sistema de tratamento de água de
reúso ......................................................
11
2.3.3
Sistema de reservação de água de
reúso.......................................................
12
2.3.4
Sistema de distribuição de água de
r
eúso.....................................................
13
2.4
EVOLUÇÃO HISTÓRICA..............................................................................
15
2.5 LEGISLAÇÃO SOBRE
O
REÚSO DE ÁGUA NO BRASIL......................... 18
2.6
EXPERIÊNCIAS SOBRE REÚSO EM SISTEMAS PREDIAIS....................
21
2.6.1
Experiências internacionais...........................................................................
21
2.6.2
Experiências nacionais ...................................................................................
27
2.7 ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS DE TRATAMENTO PARA
EFLUENTES....................................................................................................
30
2.7.1 Sistema RTK ................................................................................................... 31
2.7.2
Reúso combinado de águas cinzas e água de chuva.....................................
33
2.7.3 Sistema zona de raízes ................................................................................ 34
2.8
QUALIDADE DA ÁGUA DE REÚSO...........................................................
36
2.8.1
Caracter
ísticas das águas residuárias.......................................................... 36
2.8.2 Contro
le d
a
qualidade da água de
re
ú
so ......................................................
37
2.9
FONTES
ALTERNATIVAS DA ÁGUA DE REÚSO....................................
42
2.9.1
Água cinza .......................................................................................................
43
2.9.2
Fornecimento de água de re
ú
so.....................................................................
45
2.10
REQUISITOS DE DESEMPEN
HO DO SISTEMA DE REÚSO DE ÁGUA
. 46
2.10.1 Requisitos de desempenho relacionados com a utilização do sistema de
reúso de água...................................................................................................
47
2.10.1.1
Requisitos de desempenho do sistema de suprimento de água de
reúso ..........
47
xv
2.10.1.2
Requisitos de desempenho do sistema de coleta de água de
reúso...................
47
2.10.1.3 Requisitos de desempenho relacionados com as condições de exposição do
sistema de água
de reúso...................................................................................
48
3 METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................... 50
3.1
ENTREVISTAS................................................................................................
51
3.2
PESQUISA DE CAMPO..................................................................................
51
3.3
ESTUDO DE CASO: FACU
LDADE DE FARMÁCIA DA
UFG..................
52
4
COLETA DE DADOS....................................................................................
54
4.1
CLUBE NÁUTICO ..........................................................................................
54
4.2
CAMPUS
II
UNIVERSIDADE CATÓLI
CA DE GOIÁS............................
57
4.3
CINR
BRASÍLIA
-
DF....................................................................................
60
5
ESTUDO DE CASO
-
FACULDADE DE FARMÁCIA DA UFG.............
65
5.1
ANÁLISE DOS PARÂMETR
OS FÍSICO-
QUÍMICOS..................................
73
5.2 ANÁLISE DOS PARÂMETROS BACTERIOLÓGICOS - COLIFORMES
FECAIS E COLIFORMES TOTAIS................................................................ 73
5.3 ANÁLISE DO VOLUME DESCARTADO APÓS SISTEM
A
IMPLANTADO................................................................................................
73
6
RESULTADOS ...............................................................................................
79
6.1
DIRETRIZES PARA CONC
EPÇÃO...............................................................
80
6.1.1 Caracterização da água de reúso de acordo com a atividade-
fim..............
80
6.1.2
Quantificação da demanda de água..............................................................
81
6.1.3
Avaliação
da oferta.........................................................................................
81
6.1.4
Escolha
do tipo de tratamento da água a ser reutilizada............................
82
6.1.5
Elaboração
do projeto de sistema de reúso de água....................................
82
6.2 DIRETRIZES PARA EXECUÇÃO, MANUTENÇÃO E CONTROLE
DO
SISTEMA .........................................................................................................
82
6.2.1
Treinamento de mão
-
de
-obra........................................................................ 82
6.2.2
Instalação
de pl
acas de alerta ao usuário ..................................................... 83
6.2.3
Controle
de qualidade da água......................................................................
83
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS
E
RECOMENDAÇÕES...............................
84
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................
86
ANEXOS
ANEXO I
CLASSIFICAÇÃO DOS CORPOS DE ÁGUA EM FUN
ÇÃO
DOS USOS PREPONDERAN
TES
- RESOLUÇÃO CONAMA
N
o
57/2005
91
ANEXO II -
RESOLUÇÃO N
o
54/2005
CNRH...........................................
93
ANEXO III
PADRÕES DE QUALIDAD
E DA ÁGUA PARA REÚSO .....
98
xvi
ANEXO IV
PARÂMETROS DE CARACTERIZAÇÃO DOS
EFLUENTES DOMÉSTICOS..........................................................................
102
ANEXO V
ROTEIRO
PARA LEVANTAMENTO DE DADOS DAS
EDIFICAÇÕES COM
O SISTEMA DE REÚSO............................................
106
ANEXO VI
PLANILHA DE COLETA DOS DADOS DA
FREQÜÊNCIA
DE UTILIZAÇÃO DOS DE
STILADORES..........................
109
ANEXO VII - PROJETO DO SISTEMA DE REÚSO DE ÁGUA DA
FACULDADE DE FARMÁCI
A...................................................................... 111
ANEXO VIII
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS E BACTERIOL
ÓGICAS
DA ÁGUA........................................................................................................ 114
ANEXO
IX
PLANILHA DE CÁLCULO DO SISTEMA DE REÚSO DE
ÁGUA...............................................................................................................
119
1
INTRODUÇÃO
A água é um insumo essencial à maioria das atividades econômicas e
uma
gestão
adequada
é de suma importância para a manutenção de sua oferta em termos de quantidade e
qualidade. Aparentemente, os recursos hídricos no Brasil
são abundantes
,
pois
12% das águas
doces do planeta e 53% do continente sul-americano estão em seu território. No entanto, a
distribuição
dessas águas é irregular nas diferentes regiões do País, como ocorre também nas
maiores potências mundiais que demandam água em quantidade e qualidade cada dia maiores
(REBOUÇAS, 2002).
Com base na disponibilidade de menos de 1000 de água renovável por pessoa/ano,
existem projeções que antecipam a escassez progressiva de água em diversos países do
mundo, no
período de 1955
-
2025 (MA
NCUSO; SANTOS, 2003).
Pelo fato dos mananciais superficiais estarem a cada dia mais poluídos, este
acarreta
o
aumento dos custos de produção de água de boa qualidade, lim
itando
o seu uso para o
consumo
humano
. Com a
degradação
dos mananciais de superfície, a tendência é a
tentativa
cada vez mais freqüente da utilização das águas subterrâneas para abastecimento público
,
causando em muitas situações a depleção desta importante reserva estratégica.
O setor da construção civil, por exemplo, como importante usuário de água, terá que
adotar práticas de uso racional e eficiente da água, de sorte a garantir seu próprio
desenvolvimento de forma sustentável, permitindo novos investimentos, expandindo-se e
garantindo renda e emprego.
A otimização do consumo de água nas edificações, a partir de medidas para evitar o
desperdício por meio de ações de conservação da água, consiste em uma contribuição para o
desenvolvimento sustentável da
edificação.
As águas alternativas são as fontes mais plausíveis para satisfazerem as demandas
menos restritivas, liberando as águas de melhor qualidade para usos mais nobres, como
abastecimento doméstico e consumo humano.
Segundo Hespanhol (2002): "as águas de qualidade inferior, tais como esgotos,
particularmente os de origem doméstica, águas de drenagem agrícola e águas salobras devem,
sempre que possível, ser consideradas como fontes alternativas para usos menos restritivos".
N
ota
-se uma preocupação em nível mundial com o problema, buscando soluções para
essa questão. Em conferências, debates, dissertações de mestrado e teses de doutorado têm-
se
2
apresentado contribuições para o desenvolvimento de tecnologias compatíveis com o reúso de
água em atividades i
ndustriais, urbanas e rurais.
As universidades brasileiras, os órgãos públicos sanitários e ambientais, as associações
de saúde e saneamento e
especialmente
a
Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental
- ABES têm-se preocupado com o problema, discutindo-o em seus encontros e
congressos científicos e buscando parâmetros para melhor conceituação técnica e tecnológica
dos aspectos relacionados ao
reúso
da água
nas áreas de saneamento, recursos hídricos e meio
ambiente.
No Brasil, a prática do uso de esgotos - principalmente para a irrigação de hortaliças e
de algumas culturas forrageiras - é de certa forma difundida. Entretanto, constitui-se em um
procedimento não institucionalizado e tem se desenvolvido até agora sem nenhuma forma de
planejament
o ou controle. Na maioria das vezes é totalmente inconsciente por parte do
usuário, que utiliza águas altamente poluídas de córregos e rios adjacentes para irrigação de
hortaliças e outros vegetais, ignorando que esteja exercendo uma prática danosa à saúde
pública dos
usuários
e provocando impactos ambientais negativos. Em termos de
reúso
industrial, a prática começa a se implementar, mas ainda associada a iniciativas isoladas, a
maioria das quais, dentro do setor privado.
A lei n
o
9.433 de 8 de janeiro de 1997, em seu Capítulo II, Artigo 2
o
, Inciso 1,
estabelece
: a necessidade de assegurar à atual e às futuras gerações a necessária
disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos , como um
dos objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos. Verificou-se, por intermédio dos
Planos Diretores de Recursos Hídricos de bacias hidrográficas - em levantamento realizado a
fim de se conhecer mais profundamente a realidade nas diversas bacias hidrográficas
brasileiras
- que há a identificação de problemas relativamente à questão de saneamento
básico, coleta e tratamento de esgotos e propostas para a implementação de planos de
saneamento básico. Entretanto, não se consegue identificar atividades de
reúso
de água
utilizando efluentes p
ós
-
tratados
. Isso
se
deve
ao fato, talvez, do ainda relativo
desconhecimento dessa tecnologia e por motivos de ordem sócio-
cultural.
Mesmo assim, considerando que existe atividade de
reúso
de água com fins
agrícolas em certas regiões do Brasil, a qual é exercida de maneira informal e sem as
salvaguardas ambientais e de saúde pública adequadas, torna-se necessário institucionalizar,
regulamentar e promover o setor através da criação de estruturas de gestão, preparação de
legislação, disseminação de informação e do desenvolvimento de tecnologias compatíveis
com as nossas condições técnicas, culturais e s
ó
cio
-
econômicas.
3
É nesse sentido que a Superintendência de Cobrança e Conservação - SCC - da
Agência Nacional de Águas, inova ao pretender iniciar processos de gestão a fim de fomentar
e difundir essa tecnologia e ao investigar formas de se estabelecer bases políticas, legais e
institucionais para o
reúso
de água n
o
país.
No Brasil, a primeira resolução que estabelece modalidades, diretrizes e critérios
gera
is para a prática de reúso direto não potável de água é a Resolução N
o
54 do C
NRH
de
28/11/2005, publicada em Março de 2006.
1.1
JUSTIFICATIVA
Diante do quadro inicialmente esboçado, o tema reúso de água apresenta-
se
atualmente de suma relevância. Devido a sua prática descontrolada e cada vez mais freqüente
pela população necessita-
se
impor
uma abordagem do assunto que envolva a tecnologia, a
qualidade da água reutilizada
,
seu potencial e riscos
advindos da reutilização.
Justifica
-se, ainda, pela importância em dar suporte a projetistas e executores na
concepção, elaboração e execução de sistemas eficazes de reúso de água nas edificações e
contribuir para a melhoria dos sistemas prediais que utilizam águas de reúso, em termos
quantitativos e qualitativos, enfatizando os problemas de reúso e como estão sendo
implantados, ou seja, sem diretrizes específicas
.
1.2
OBJETIVOS
Esta pesquisa t
em
como objetivo geral contribuir para a sustentabilidade das
edificações, promovendo o uso sustentável da água por meio de
açõ
es de conservação de água
que envolv
am o uso racional e a utilização de fontes alternativas de água nos sistemas prediais
hidráulicos e sanitários.
Os objetivos específicos são:
realizar estudo de caso na Faculdade de Farmácia da UFG por meio da
implan
tação de sistema de reúso de efluentes dos equipamentos de destilação para
a irrigação da horta medicinal
e colher subsídios
para elaborar
as diretrizes
;
4
apresentar diretrizes para concepção, execução, operação, uso e manutenção de
sistemas prediais hidráulicos e sanitários com a utilização de águas de reúso,
atendendo aos requisitos de segurança, de forma a evitar contaminação no sistema.
5
2
SISTEMAS DE REÚSO DE ÁGUA
Este capítulo introduz os termos técnicos
relacionados
ao
reúso de água e descreve os
principais tipos de sistemas, seus elementos e componentes, bem como apresenta uma
evolução sobre a prática de
reúso
através dos tempos antigos e modernos e as primeiras
tentativas para a regulamentação.
A seguir são discutidos aspectos da legislação brasileira abordando as classes e
características do efluente e recomendações para a concepção de sistemas prediais de
reúso
de
água.
Finalizando, são relacionadas experiências internacionais e nacionais de
reúso
de água
nos sistemas prediais,
apresentadas
alter
nativas tecnológicas de tratamento de efluentes,
características e controle da
qualidade
necessária, fontes alternativas da água de reúso e
requisitos de desempenho do sistema de reúso de água.
2.1
CONCEITUAÇÃO
O conceito de reúso de água não é novo e são vários os trabalhos que abordam esta
questão e apresentam as opções relacionadas a esta prática, com a indicação das possíveis
categorias de reúso.
O reúso de água é o aproveitamento de águas previamente utilizadas, uma ou mais
vezes, em alguma atividade humana, para suprir as necessidades de outros usos benéficos,
inclusive o original, podendo ser direto ou indireto, bem como decorrer de ações planejadas
ou não
-
planejadas (MANCUSO; SANTOS, 2003).
A
seguir
s
ão apresentad
os os termos
mais
utilizados
e
m sistemas de reúso de água
para
se
descrever as formas de água e
de
esgoto
, além de outros
:
Água residuária - é o esgoto, a água descartada, os efluentes líquidos de
edificações, indústrias, agroindústrias e agropecuária, tratados ou não.
Água recuperada - é a resultante do tratamento de águas residuárias, para uso
benéfico direto ou uso controlado que não ocorra de outra maneira. É também
utilizado como
água reciclada.
6
Águas cinzas - esgoto proveniente da banheira, chuveiro, lavanderia (máquinas de
lavar
roupas
e tanque
) e lavatório.
Águas negras - esgoto proveniente do bidê e da bacia sanitária, esgoto
contaminado com matéria fecal. T
ambém
se inclui na definição de águas negras
as águas da pia de cozinha e lavadoras de pratos.
Águas brancas - neste trabalho denominam-
se
águas brancas aquelas descartadas
de equipamentos de laboratórios, tais como, destiladores, osmose reversa,
extratores de lipídios etc.
os quais
descartam
efluentes
com características de águas
límpidas.
Água combinada - é a água de chuva aproveitada como complemento da água de
reúso.
Água de
reúso
- é a água residuária que se encontra dentro dos padrões exigidos
para sua utilização.
Reciclo de água - é o uso das águas residuárias que são coletadas e redirecionadas
dentro do mesmo esquema de uso da água. O reciclo é praticado freqüentemente
em indústrias, ao nível de operação da planta industrial. Também se utiliza como
sinônimo o vocábulo reciclagem .
Conexão cruzada (
cross
-
connection
) -
ligação física por meio de uma conexão ou
peça
que permite o fluxo da água de um sistema para outro, podendo ser direta
(pressão diferencial) ou indireta, quando o ponto de utilização está próximo o
suficiente para que a água servida possa ser succionada.
Retrossifonagem
-
é o refluxo
da água
em uma conexã
o cruzada
indireta.
Neste trabalho considera-se como fontes alternativas de
água
todas aquelas q
ue
possibilitam a
sua
reutilização, após tratamento ou não
, para consumo não potável
.
2.2
TIPOS DE SISTEMAS
Rodrigues
(2005) sugere a seguinte classificação de tipos de sistemas de reúso,
baseada na forma como o reúso ocorre, o grau de planejamento, a consciência da prática, e a
finalidade para a qual este se destina:
7
a)
Reúso indireto não planejado - ocorre quando a água, utilizada em alguma
atividade humana, é descarregada no meio ambiente e novamente utilizada a
jusante, em sua forma diluída, de maneira não-intencional e não-
controlada
,
conforme ilustra a Figura 2.1. A água flui até o ponto de captação para o novo
usuário sujeita às ações naturais do ciclo
hidr
ológico (diluição, autodepuração).
Figura
2.1
Reúso indireto
não
planejado de água.
Fonte:
Rodrigues (2005)
b)
Reúso indireto planejado - acontece quando os efluentes, depois de tratados, são
descarregados de forma planejada nos corpos de águas superficiais ou subterrâneas,
para serem utilizadas à jusante, de maneira controlada, no atendimento de algum
uso benéfico, conforme ilustra a Figura 2.2. O reúso indireto planejado da água
pressupõe a existência de controle sobre as eventuais novas descargas de efluentes
no trajeto.
Figura
2.2
Reúso indireto planejado de água.
Fonte:
Rodrigues (2005)
8
c)
Reúso direto planejado - ocorre quando os efluentes, após tratados, são
encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do reúso, sem
desca
rga no meio ambiente. É utilizado com mais freqüência na indústria ou em
irrigação, conforme apresenta a Figura
2.3.
d)
Reciclagem
de água - é o reúso interno da água, antes de sua descarga em um
sistema geral de tratamento ou outro local de disposição, para servir como fonte
suplementar de abastecimento do uso original. Este é um caso particular do reúso
direto planejado. Como exemplo, em sistemas prediais, tem-se o sistema d
e
descarga sanitária no qual o efluente do lavatório cai diretamente na bacia sanitária,
como ilustra a Figura
2.4.
Figura
2.3
Reúso direto planejado de água.
Fonte:
Rodrigues (2005)
9
e)
Reúso direto não potável de água -
abrange as seguintes modalidades:
reúso para fins urbanos: utilização de água de reúso para fins de irrigação
paisagística,
lavagem de logradouros públicos e veículos, desobstrução de
tubulações, construção civil, edificações, combate a incêndio, dentro da
área urbana;
reúso para fins agrícolas e florestais: aplicação de água de reúso para
produção
agrícola e cultivo de florestas plantadas;
reúso para fins ambientais: utilização de água de reúso para implantação
d
e projetos
de recuperação do meio ambiente;
reúso para fins industriais: utilização de água de reúso em processos,
atividades e
operações industriais; e,
reúso na aqüicultura: utilização de água de reúso para a criação de animais
ou cultivo
de vegetais aqu
áticos.
Figura
2.4
Bacia sanitária com utilização direta do efluente do lavatório na descarga.
Fonte:
www.atse.org.au/uploads/WRChap3.pdf
10
2.3
ELEMENTOS E COMPONEN
TES DO SISTEMA DE RE
ÚSO DE ÁGUA
O sistema predial de reúso de água não potável consiste em coletar, tratar e dispor os
efluentes dos tanques, chuveiros, banheiras e lavatórios de forma que sejam reutilizados em
bacias sanitárias, na lavagem de pisos e na manutenção de jardins. A Figura 2.5 ilustra o
fluxograma
geral
de
como deve ser
um sistema
predial
de
reúso
de água
não potável
com seus
componentes e respectivas etapas
, de coleta, tratamento, armazenamento e distribuiçã
o.
Figura
2.5
Sistema
predial
de
reúso
de água
não potável
.
Fonte:
Fiesp (2005).
2.3.1
Sistema de c
oleta de água de
reúso
Este
sistema é composto por ramais de descarga e de esgoto, subcoletores e
coletores
que transportam os efluentes gerados nos equ
ipamentos sanitários e os destina
ao tratamento e
armazenamento. Para a quantificação da demanda de água nesse sistema é importante
dimensioná
-lo quando da elaboração do projeto hidráulico e sanitário do edifício, para que o
sistema de água potável o abast
eça, caso haja necessidade de fonte suplementar.
Quando em operação, se houver uma sobrecarga em qualquer parte do sistema, a água
excedente é direcionada para o coletor predial por meio de uma caixa de inspeção.
Sistemas de
tratamento
Reservatório
de
armazenamento
Sistema predial de
distribuição
de água de reúso
Atividade fim
Lançamento do efluente na rede
geral de esgo
to
Sistema predial de
coleta
de água de
reúso
11
2.3.2
Sistema de tratamento
de água de
reúso
Na escolha do processo de tratamento deve-se considerar a caracterização da água de
reúso de acordo com a atividade fim. O Quadro 2.1 apresenta de forma sucinta os processos
de tratamento mais apropriados para os sistemas de água recuperada e reúso de água em
edifícios.
Quadro
2.1 -
Descrição dos tipos de tratamento para reúso de água
e água recuperada
.
Fonte:
Fiesp (2005).
Processo
Descrição
Aplicação
Separação líquido/sólido
SEDIMENTAÇÃO
Sedimentação por gravidade de
substância particulada, flocos
químicos e precipitação.
Remove partículas suspensas
que são maiores que 30µm.
Tipicamente usado como
tratamento primário e depois
do processo biológico
secundário.
FILTRAÇÃO
Remove partículas através da
passagem da água por areia ou outro
meio poroso
.
Remoção de partículas
suspensas que são maiores
que 3µm. Tipicamente
usadas depois da
sedimentação (tratamento
convencional) ou seguido de
coagulação/floculação.
Tratamento Biológico
TRATAMENTO
AERÓBICO
BIOLÓGICO
Metabolismo biológico do esgoto
atrav
és de microrganismos em uma
bacia
de aeração ou processo de
biofilme.
Remoção de matéria
orgânica suspensa e
dissolvida do esgoto.
DESINFECÇÃO
Inativação de organismos patogênicos
usando produtos
químicos oxidantes,
raios ultravioleta,
produtos
químicos
corrosivos, calor ou processos de
separação física
(membranas).
Proteção da saúde pública
através da remoção de
organismos patogênicos.
COAGULAÇÃO/
FLOCULAÇÃO
QUÍMICA
Uso de sais de ferro ou alumínio,
poli
ele
trólise e/ou ozônio para
promover desestabiliz
ação das
partículas colóides do esgoto
recuperado e precipitação de fósforo.
Formação de fósforos
precipitados e floculação de
partículas para remoção
através de sedimentação e
filtração.
12
Quadro
2.1 -
Descrição dos tipos de tratamento para reúso de ág
ua
e água recuperada
.
Fonte:
Fiesp (2005). (continuação)
Processo
Descrição
Aplicação
Tratamento
Avançado
TRATAMENTO
COM CAL
Precipita cátions e metais de solução.
Usado para
modificação de
pH
e precipitação de
fósforo
.
FILTRAÇÃO DE
MEMBRANA
Microf
iltração, nanofiltração e
ultrafiltração.
Remoção de partículas e
microrganismos da água.
OSMOSE
R
EVERSA
Sistema de membrana para separar
íons de solução baseados no
diferencial da pressão osmótica
reversa.
Remoção de sais dissolvidos
e minerais de soluçã
o; é
também eficiente na
remoção de partículas.
2.3.3
Sistema de reservação
de água de reúso
O volume de água reutilizável varia de acordo com a tipologia das edificações. Em
edifícios comerciais este volume é pequeno quando comparado ao dos edifícios
residenciais,
onde a oferta de água reutilizável é maior em função da higiene pessoal.
O dimensionamento do reservatório deve atender à tipologia da edificação,
considerando as vazões dos equipamentos sanitários (fontes produtoras de água cinza) e a
demand
a de água dos aparelhos integrantes do sistema (fontes consumidoras de água
reutilizada).
Os estudos sobre a quantidade de água consumida por aparelho em uma residência não
são muitos e variam bastante.
Em
pesquisa realizada por Oliveira et al. (2006), le
vantaram
-
se
os dados constantes do Quadro
2.2.
13
Quadro
2.2
Distribuição de consumo de água em residências unifamiliares de interesse
social em Goiânia.
Fonte:
Oliveira et al.,
(2006).
Utilização
Percentual do Consumo (%)
Pia
17
Lavatório
6
Reg
a de jardins
3
Chuveiro
43
Lavar
r
oupa
12
Bacia sanitária
19
2.3.4
Sistema de distribuição
de água de reúso
Do reservatório a água de reúso é distribuída aos pontos de consumo por um sistema
independente do sistema de água potável. Na insuficiência de água de reúso, a fonte de água
potável supre esta falta por meio de um sistema de alimentação de forma a evitar qualquer
risco de contaminação do sistema de água potável. Na interligação dos dois sistemas deverá
ter um registro de gaveta e uma válvula de retenção dupla, ilustrada nas F
igura
s 2.6(a) e
2.6(b)
, instalados de forma a impossibilitar o contato entre a água potável e a água de reúso
(conexão cruzada). Outra medida que deve ser adotada para evitar que ocorra contato entre a
água potável e a de reúso é que a cota da entrada no reservatório de água potável esteja em um
nível superior à cota do nível máximo do reservatório de água de reúso.
Figura 2.6(a)
Válvula de retenção dupla
(
Double Check
DC
).
Fonte:
www.usc.edu/dept/fccchr/intro
.html
Figura 2.6(b
)
Esquema de reservatório de água de
reúso
.
14
O sistema de distribuição de água para reúso deve estar bem caracterizado, no projeto
e pós-execução, para que se evitem conexões cruzadas e uso incorreto do abastecimento
pretendido. Segundo NBR 5626 (ABNT,1998), conexão cruzada significa: qualquer ligação
física
por meio de peça, dispositivo ou outro arranjo que conecte duas tubulações das quais
uma conduz água potável e a outra água de qualidade desconhecida ou não potável . A
implantação de redes em áreas servidas por sistemas duplos de distribuição (potável e não-
potável) deve obedecer a um conjunto de critérios e normas (ABES apud SANTOS, 2003),
tais como:
obediência a distâncias entre as tubulações de água de reúso, água potável, água
pluvi
al e esgotos sanitários, assim citadas na ordem usual de profundidades
crescentes de assentamento;
nos Estados Unidos, na localidade Irvine Ranch, como medida cautelar adicional,
adota
-se material especial para as tubulações nos pontos de cruzamento vertic
al
com o sistema distribuidor de água potável;
todas as válvulas de saída da rede de reúso são marcadas por cor diferente, como
na Califórnia, ou por caixas de forma diferente,
como na Flórida;
todas as tubulações da rede de reúso são diferenciadas por cor diferente ou por
rótulos indicando Esgoto tratado, fixados por fitas adesivas de vinil a cada dois
metros ao longo da tubulação;
os hidrômetros do sistema são de marca diferente dos utilizados na rede de água
potável e são guardados em almoxarifados disti
ntos, juntamente com suas pe
ç
as de
reposição. Em São Petersburgo, nos EUA, os hidrômetros são marrons e trazem
uma faixa amarela, bem diferentes dos de água potável, que são prateados;
os aspersores de irrigação com água não potável e os registros de parada ou de
saída têm terminais de hastes com formato tal, que tornam propositalmente difícil
sua manobra por pessoal não autorizado;
o uso de mangueiras o é permitido, sendo especialmente dificultado pela
ausência de engates adequados na rede para conexão d
e mangueiras;
os operadores do sistema de água de reúso são treinados e contam com manuais
específicos para o desempenho de suas funções.
Conforme a U.S.EPA (2004), os sistemas de reúso de água devem conter avisos para a
população não beber a água recuperada, informando dentro de padrões internacionais que a
15
água não é potável. A Figura 2.7 apresenta o exemplo de símbolo usado para alertar sobre a
qualidade da água e proibição de sua ingestão, nos Estados Unidos.
Figura
2
.7
-
Exemplo de aviso de água r
ecuperada nos EUA.
Fonte:
U.S.EPA, 2004.
2.4
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
A natureza, por meio do ciclo hidrológico, vem reutilizando a água milhões de
anos, com muita eficiência.
Cidades, lavouras e indústrias se utilizam, muitos anos, de uma forma i
ndireta,
ou pelo menos não planejada de reúso, que resulta da utilização de águas, por usuários de
jusante que captam águas utilizadas e devolvidas aos rios pelos usuários de montante.
Milhões de pessoas no mundo todo são abastecidas por esta forma indi
reta de água de reúso.
Provém da comunidade de Minos, na Grécia, o mais antigo registro de reúso de água
ocorrido, no caso, na reutilização para a agricultura. Modernamente, tem-se notícia de reúso
de água, em Londres, no século XIX, quando da implantação dos coletores de esgoto. Era um
tipo de reúso não planejado, por isso responsável pelas epidemias de cólera asiática e de febre
tifóide nos anos 1840-1850. Essas epidemias foram solucionadas com a localização das
captações de água à montante e as descargas de esgotos à jusante da cidade (ASANO;
LEVINE, 1996). Durante muitos anos este sistema funcionou de forma satisfatória, o que não
acontece mais em muitas regiões, em face do agravamento das condições de poluição,
basicamente pela falta de tratamento adequado de efluentes urbanos, quando não pela sua
total inexistência.
Evoluiu
-se, então, para uma forma denominada direta de reúso, que é aquela em que
um efluente é tratado para sua reutilização em uma determinada finalidade, que pode ser
16
interna ao próprio
empreendimento, ou outra externa, para uma finalidade distinta da primeira
como, por exemplo, a prática de reúso de efluentes urbanos tratados para fins agrícolas. A
forma direta ou planejada utiliza tecnologias e práticas de renovação e reúso de água que
atravessaram uma série de fases nos últimos duzentos anos (FIESP, 2004).
A primeira fase foi motivada por uma vertente baseada no conceito conservacionista
em que os dejetos da sociedade deveriam ser conservados e utilizados para preservar a
fertilidade
dos solos, enquanto a outra, numa abordagem mais pragmática, era direcionada
para a eliminação da poluição dos rios. No final do século XIX, o conceito de tratamento de
efluentes domésticos por disposição nos solos foi utilizado na Grã-Bretanha, Alemanha e nos
Estados Unidos com um enfoque central na redução da poluição dos rios e não como um
método conservacionista de recarga de aqüíferos ou de aumento de nutrientes para o solo
(FIESP, 2004).
Na segunda fase, que se pode considerar até o final de 1990, o principal enfoque foi
basicamente a necessidade de se conservar e reutilizar água em zonas áridas. Verificaram-
se
grandes esforços de reúso de água para o desenvolvimento agrícola em zonas áridas dos
Estados Unidos, como Califórnia e Texas, e em países como a África do Sul, Israel e Índia.
Em Israel, um dos países da região de maior escassez de água do planeta (possui apenas 1%
do estoque anual de água renovável do planeta), o reúso de águas residuárias tornou-se uma
política nacional em 1955. O plano nacional de águas incluía reúso dos principais sistemas de
tratamento de efluentes das cidades no programa de desenvolvimento dos limitados recursos
hídricos do país, tendo na produção de esgotos um significado crescente e confiável de água
(FIESP, 2004).
A terceira fase, a atual, é baseada na urgente necessidade de se reduzir a poluição dos
rios e lagos. Como as exigências ambientais foram se tornando cada vez mais restritivas, os
planejadores concluíram que, dados os altos investimentos requeridos para o tratamento dos
efluentes, se torna mais vantajoso reutilizar estes efluentes ao invés de lançá-los de volta aos
rios (FIESP, 2004).
A substituição da água potável pela água servida, com características diferentes da
água potável, começou pelas comunidades globais mais desenvolvidas,
onde
já se tem a
consciência
que
a responsabilidade pelo uso da água é
de caráter pessoal e individual.
No Japão, EUA, Austrália, Canadá, Alemanha, Suécia e Reino Unido, algumas
décadas, ocorre a utilização da água servida para fins não potáveis em edificações, por
exemplo, nas bacias sanitárias e na irrigação de jardins, sendo desenvolvidas pesquisas sobre
as aplicações das águas servidas. Nos EUA e na Austrália, o reúso da água ganhou
maior
17
aceitação e segurança, após a implantação do Código de Sistemas Prediais da Califórnia e do
Manual de Diretrizes para uso doméstico de águas cinzas da Austrália (2002), pois até então
a
Austrália
vinha enfrentando
séri
os problemas de seca. No Japão, a alta densidade
populacional
para o
reduz
ido espaço geográfico levou à prática do reúso de água, no início,
sem nenhuma regulamentação, o que gerou mais problemas, como exemplo, as epidemias
(DIXON
et al
., 1999).
Os primeiros regulamentos para irrigação de vegetais com o uso de esgoto foram
edit
ados pelo Estado da Califórnia, em 1918, sobrevindo, somente em 1970, o Código de
Águas daquele Estado norte-americano que declarou expressamente a intenção do poder
legislativo do Estado de tomar todas as providências para incentivar a construção de sistemas
com reciclagem de água e para que a água reciclada esteja disponível para ajudar a suprir a
demanda estadual de água (DIXON
et al
., 1999).
O estado da Califórnia possui desde Janeiro
de 2005 um manual de reúso de águas cinzas para irrigação de jardins internamente à
propriedade, para auxiliar os contratantes a projetarem, instalarem e manterem o sistema de
acordo com os padrões de exigências do Estado.
Em 1958, o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas declarou que água de
qualidade superior, a não ser que exista em abundância, o deve ser utilizada para um
propósito que tolere o uso de água de uma qualidade inferior (OKUN, 1996 apud SILVA
et al
.
, 2004).
Finalmente, em 1991, a Comissão das Comunidades Européias expediu diretrizes
declarando
que águas residuárias tratadas devem ser reutilizadas quando for apropriado.
Essas medidas deverão minimizar os impactos adversos no meio ambiente
(ASANO;
LEVINE, 1996).
A evolução da prática de reúso da água representa importante contribuição ao
desenv
olvimento sustentável, definido como o que atende às necessidades atuais sem
comprometer a capacidade das futuras gerações de atenderem suas próprias necessidades
(AGENDA 21 PARA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL, 1992).
Na elaboração do documento AGENDA 21, objet
ivou
-se integrar o desenvolvimento
econômico à proteção ambiental de forma a melhorar a qualidade de vida dos seres humanos,
reforçando, desta forma o conceito de desenvolvimento sustentável. Em seu capítulo 18, a
AGENDA 21
propõe programas para o uso sust
entável da água.
A promoção do uso sustentável da água dá-se por meio das ações de conservação que
envolvem o uso racional da água e a utilização de fontes alternativas, no âmbito da bacia
hidrográfica, nos sistemas públicos de abastecimento e nos sistemas prediais. Quanto a estes,
18
constataram
-se índices significativos no desperdício de água em aparelhos sanitários, como
também, o elevado consumo de água dos mesmos. De Oreo et al. apud OLIVEIRA (1999)
afirmam que os vazamentos podem representar 11,45% do consumo total de água em uma
residência. Como medida para minimizar estas perdas e combater o desperdício, é
indispensável a gestão da demanda de água, englobando a detecção e correção de vazamentos,
a utilização de aparelhos economizadores de água e o uso d
e fontes alternativas.
2.5
LEGISLAÇÃO SOBRE O R
EÚSO DE ÁGUA NO BRAS
IL
As diversas normas que tratam da questão da água e diretrizes de usos específicos têm
o amparo da Constituição Federal de 1988 e algumas já constavam da Constituição d
e 1946.
A primeira norma a tratar especificamente da água foi o Decreto N
o
24.643, de 10 de
Julho de 1934, o Código das Águas, que definiu os vários tipos de águas do território
nacional, os critérios para seu aproveitamento e os requisitos relacionados às autorizações
para derivação, além de abordar a questão relacionada à contaminação dos corpos d água
(CETESB, 1992b apud MIERZWA, 2002). Em seguida, s
urgiram
a Lei Federal
N
o
6.938/1981 (Política Nacional do Meio Ambiente), a Lei F
ederal
N
o
9.433/1997 (Política
Nacional de Recursos Hídricos) e a Lei Federal
N
o
9.984/2000 (Agência Nacional de Águas).
No Brasil, embora não haja uma legislação específica para reúso, na citada Lei n
o
9.433/1997 se ressaltam muitos aspectos direcionados para implantação de uma Política
Nacional de Recursos Hídricos que considere o reúso como forma de maximização destes
recursos.
Destaca
-se também a Resolução CONAMA N
o
20/1986 que foi substituída
pela
N
o
357/2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para
o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de
efluentes, e dá outras providências.
De acordo com a Resolução CONAMA N
o
357, de 17 de março de 2005, a
classificação das águas doces, salobras e salinas é essencial à defesa de seus níveis de
qualidade, avaliados por condições e padrões específicos, de modo a assegurar seus usos
preponderantes. O Anexo I apresenta a classificação das águas doces enquadra
das
em
cinco
classes co
nsideradas
por esta
Resolução.
A Resolução CONAMA N
o
20 foi um dos principais instrumentos para o controle dos
processos de degradação da qualidade de nossos recursos hídricos, até 08 de janeiro de 1997
19
quando foi sancionada a Lei Federal N
o
9.433 que instituiu a Política Nacional de Recursos
Hídricos.
Esta Política demonstra a importância da água e reforça seu reconhecimento como
elemento indispensável a todos os ecossistemas terrestres, como bem dotado de valor
econômico, além de estabelecer que sua gestão deve ser estruturada de forma integrada, com
necessidade da efetiva participação social, e cria o Conselho Nacional de Recursos Hídricos
CNRH que é um colegiado que desenvolve regras de mediação entre os diversos usuários da
água sendo, assim, um dos grandes responsáveis pela implementação da gestão dos recursos
hídricos no País. O CNRH possui dez câmaras técnicas que auxiliam na execução das
suas
atribuições
, entre elas existe a
Câmara Técnica de Ciência e Tecnologia
CTCT, dentro da qual
foi criado o grupo de trabalho sobre reúso de água
GT-Reúso, que possui como objetivo
propor ao CNRH mecanismos e instrumentos voltados para a regulamentação e
institucionalização da prática do reúso o potável de água em todo território Nacional. Este
GT
-Reúso, formulou e foi promulgada em dezembro de 2005 a primeira legislação específica
sobre o tema que é a Resolução 54, de 28 de Novembro de 2005, que estabelece
modalidades, diretrizes e critérios gerais para a prática de reúso direto não potável de água em
todo
o território nacional,
(
vide Anexo II
).
Em São Paulo, foi promulgada a Lei
N
o
14.018, de 28 de Junho de 2005 que
institu
iu o
Programa Municipal de Conservação e Uso Racional da Água e Reúso
em Edificações, o qu
al
tem por objetivo instituir medidas que induzam à conservação, uso racional e utilização de
fontes alternativas para a captação de água e
reúso
nas novas edificações, bem como a
conscientização dos usuários sobre a importância da conservação da água.
Em relação ao sistema local de tratamento de esgotos, que tem tanque séptico como
unidade preliminar, alternativas técnicas consideradas viáveis para proceder ao tratamento
complementar e disposição final do efluente deste, a ABNT
Associação Brasileira de
Normas Técnicas publicou a NBR 13969/1997. Essa norma define, em termos gerais, as
classificações e respectivos valores de parâmetros para esgotos, conforme o tipo de uso, como
é possível ver no Quadro 2.3. Veja-se que, neste Quadro, a Classe 3 refere-se a aplicação em
bacias sanitárias. Observa-se ai
nda
que a NBR 13.969/1997 não se refere à segregação de
águas cinzas das águas negras.
Quanto ao grau de tratamento necessário, a NBR 13969 (ABNT,1997
)
- item 5.6.4, o
define para uso múltiplo de esgoto tratado, como regra geral, pelo uso mais restringente
quanto à qualidade de esgoto tratado. No entanto, conforme o volume estimado para cada um
dos usos, podem-se prever graus progressivos de tratamento (por exemplo, se o volume
destinado para uso com menor exigência for expressivo, não haveria necessidade de se
20
submeter todo volume de esgoto a ser reutilizado ao máximo grau de tratamento, mas apenas
uma parte, reduzindo-se o custo de implantação e operação), desde que houvesse sistemas
distintos de reservação e de distribuição.
Nos casos simples de reúso menos exigentes como, por exemplo, descarga de bacias
sanitárias pode-se prever o uso da água de enxágüe das máquinas de lavar, apenas
desinfetando, reservando aquelas águas e recirculando à bacia sanitária, em vez de enviá-
las
para o sistema de esgoto para p
osterior tratamento (NBR13969/1997).
Quadro
2.3 -
Classificação e parâmetros do efluente conforme o tipo de reúso.
Fonte:
NBR 13969
(ABNT,1997
).
Classe
Exigências
Aplicações
1
Turbidez < 5
Coliforme fecal < 200 NMP/100 ml
Sólidos Dissolvidos Totais <
200 mg/ml
pH 6
-
8
Cloro residual 0,5
1,5 mg/L
Lavagem de carros e atividades
requerem contato direto do usuário
com a água com possível aspiração
de aerossóis pelo operador
2
Turbidez < 5
Coliforme fecal < 500 NMP/100 ml
Cloro residual 0,5
1,5 mg/L
Lavagem de pisos, calçadas e
irrigação de jardins, manutenção de
lagos e canais para fins paisagísticos
3
Turbidez < 10
Coliforme Fecal < 500 NMP/100 ml
Descargas de
bacias
sanitári
as
4
Coliforme fecal < 5000 NMP/100 ml
Oxigênio Dissolvido > 2,0 mg/L
Po
mares, cereais, forragens,
pastagens para gados e outros
cultivos, as aplicações devem ser
interrompidas pelo menos 10 dias
antes da colheita
As recomendações da
NBR 13969 (ABNT,1997)
para a concepção de sistemas de reúso
de água são
:
Todo o sistema de
reservação deve ser dimensionado para atender pelo menos
duas
horas de uso de água no pico da demanda diária, exceto para uso na irrigação da
área agrícola ou pastoril;
Todo o sistema de reservação e de distribuição do esgoto a ser reutilizado deve ser
claramente identificado, através de placas de advertência nos locais estratégicos e
21
nas torneiras, além do emprego de cores nas tubulações e nos tanques de
reservação distintas das de água potável;
Quando houver usos múltiplos de
reúso
com qualidades distintas, deve-se optar
pela reservação distinta das águas, com clara identificação das classes de
qualidades nos reservatórios e nos sistemas de distribuição;
No caso de
reúso
direto das águas da máquina de lavar roupas para uso na
descarga d
a
s
bacias sanitá
rias
, deve
-
se prever a reservação do volume total da água
de enxágüe;
O sistema de reservação para aplicação nas culturas cujas demandas pela água não
são constantes durante o seu ciclo deve prever uma preservação ou área alternada
destinada ao uso da águ
a sobressalente na fase de menor demanda.
2.6
EXPERIÊNCIAS SOBRE R
EÚSO EM SISTEMAS PRE
DIAIS
Há pelo menos 30 anos, países que já vislumbravam possibilidades de enfrentar
problemas relativos à escassez da água vêm desenvolvendo pesquisas relacionadas ao uso
racional da água, de forma a garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos naturais
(THAME, 2000 apud SAUTCHÚK, 2004).
Figuram entre esses países os localizados nas regiões áridas e semi-áridas do planeta,
como no Oriente Médio e em algumas regiões desérticas dos Estados Unidos (Califórnia,
Arizona, Nevada, Colorado), muitos deles, como Austrália, Japão, Itália, Grécia, Portugal,
entre outros, com políticas de recursos hídricos voltadas para o futuro e para a preservação de
suas fontes de água pa
ra abastecimento
(VITORATTO; SILVA, 2004).
Nota
-se uma conscientização mundial da necessidade de reduzir-se o consumo de
água, pois associado à sua crescente demanda está o seu elevado custo para consumo.
2.6.1
Experiências internacionais
Em Sidney, na Austrália implantou-se um projeto de reúso doméstico num bairro de
300 mil habitantes, onde a água é reutilizada para fins não potáveis, na descarga de bacias
sanitárias, lavagem de carros, irrigação ornamental e de lugares abertos. Decidiu-se que seria
im
plantado um sistema de reúso de água com a finalidade de reduzir o consumo de água
potável e diminuir o impacto ambiental causado pela descarga de esgoto no rio próximo ao
22
bairro. Estimou-se que, com a implantação do sistema duplo de água (potável e reciclada) a
economia seria em torno de 40%, uma vez que o custo de água de reúso representa menos de
um terço do de água potável (LAW, 1996).
Um sistema relativamente recente, denominado
wetlands
(zona de raízes), foi aplicado
na Carolina do Norte - EUA, para a recuperação de esgoto doméstico e sua reutilização nas
bacias sanitárias, irrigação de jardins e melhoria da característica estética da água,
combinando
wetlands
construídas e filtros de areia. O projeto de fácil construção pode ser
implantado tanto em ambientes internos quanto em áreas externas, pois é esteticamente
agradável, com a água efluente sem qualquer odor e bastante clara.
Este sistema, projetado para tratar 4.500 litros/dia de esgoto doméstico e reutilizá-
lo
nas bacias sanitárias de uma escola na área rural, é simples e de baixo custo tecnológico.
Utilizaram
-se plantas selecionadas geneticamente para maximizar o potencial de recuperação
do esgoto. São plantas cujo
habitat
são ambientes aquáticos e as espécies se desenvolvem em
função do tipo de
região, localidade (margem, flutuante, submersa e emergente) e mobilidade.
Com a combinação de fluxos horizontais e verticais e controles na entrada e saída do sistema,
obteve
-se a eficiência necessária da nitrificação, que é a oxidação biológica dos compo
stos
inorgânicos, como a Amônia NH
3
em Nitrato NO
3
-
, da desnitrificação, que é a redução do
Nitrato a Nitrogênio molecular (N
2
), da remoção de matéria orgânica e da adsorção do fósforo
(HOUSE
et al., 199
9
).
O sistema aplicado, apresentado nas Figuras 2.8
e
2.9, resultou num potencial de
eficiência bastante satisfatório, avaliado de janeiro de 1993 a dezembro de 1997, com redução
de 77% na concentração do nitrogênio total e 97% na concentração do nitrogênio amoniacal.
Após avaliação laboratorial no filtro verificou-se que o potencial de remoção de fósforo
atingiu 80%. Os sólidos suspensos reduziram-se em 57% e a DBO 97%. Os microorganismos
patológicos tiveram redução mais eficiente com as células de fluxos verticais e horizontais
ligadas em série (HOUSE
et a
l., 1999
).
23
Figura
2.8
Esquema da combinação de
wetlands
construídas, plantas aquáticas e filtros de areia
para recuperação de efluente doméstico e reúso de água.
Fonte:
House
et al
. (199
9
).
Figura
2.9 -
Corte transversal da célula 1 combinando
wet
land
de fluxo vertical e filtro de areia.
Fonte:
House
et al
. (199
9
).
24
Na França, nos últimos anos, têm-se desenvolvido pesquisas para habitações coletivas
para que o sistema predial apropriado ao reúso de água seja projetado segundo novas
regulamentações sanitárias, ou seja, a serem criadas de acordo com a realidade local, uma vez
que até então eram consideradas as regulamentações editadas para toda a Comunidade
Européia (DERRIEN; GOUVELLO, 2003).
O Canadá, considerado tempos uma nação rica em água, está enfrentando sérios
problemas de poluição e escassez, devido a um longo período de uso descontrolado da água
subterrânea e uma baixa tarifa cobrada. Por estas razões, programas de conservação e controle
do uso têm-se desenvolvido num esforço contínuo para aumentar a oferta de água. Projetos
que promovem e desenvolvem tecnologias de reúso de águas vêm sendo implementados e
subsidiados pelo governo, resultando em incentivos para outras regiões (SOROCZAN, 1998).
O Canadá promoveu um concurso nacional para premiar a elaboração de projetos de
casas que apresentassem o menor consumo de água. O projeto vencedor previu um sistema
de tratamento para água da chuva, a ser usada na cozinha, por um método de filtragem por
carvão ativado e desinfecção por radiação ultravioleta. A água circula entre um tanque e um
filtro biológico, donde é encaminhada para um filtro de areia, outro de carvão ativado,
desinfetada por ultravioleta e finalmente utilizada em banhos, descargas, lavanderia e
jardinagem. Após o uso a água segue para outro tanque séptico e o excesso, sai do tanque de
recirculação e é depositado em uma camada de cascalho (PALOHEMINO, 1996
apud
SILVA, 2004).
O Japão, um dos países pioneiros no aproveitamento de água de chuva e reúso de
água, construiu, em 1980, na cidade de Fukuoka, 20 edifícios públicos, com sistema que
previu a utilização de água de reúso nas bacias sanitárias, totalizando um volume
de
400
m³/dia
. Devido ao grande sucesso, este projeto se estendeu para várias outras edificações
públicas
e particulares, com o subsídio do Ministério da Construção (ASANO; LEVINE
,
1996).
A Holanda também tem investido em reúso de água. Devido a grandes problemas
enfrentados na década de 1960, que se agravaram até a década de 1990, com a poluição das
fontes naturais e do meio ambiente, o governo holandês subsidiou um projeto piloto de
construção de 30.000 casas, de onde seriam coletados os efluentes domésticos e reutilizados
para uso não potável, nas bacias sanitárias, na lavagem de roupa e na rega de jardins.
Concomitantemente com a construção das casas implantou-se o sistema de água residuária.
Com o intuito de se evitar futuros problemas técnicos e sanitários, foram tomadas algumas
precauções, como:
25
a construção de dois sistemas independentes, um de água potável e outro de água
não
-
potável;
tubulações de materiais e cores diferentes;
a conexão para a máquina de lavar foi instalada com um
dispositivo
especial por
ser um equipamento que funciona sob pressão
;
e a pressão no sistema de água não-
potável
foi
maior do que a do sistema de água
potável.
A experiência foi positiva até descobrir-se contaminação causada por um ramal
provisório de interligação dos dois sistemas (conexão cruzada) e que o havia sido
desativado quando do início da operação do sistema, causando a poluição da água potável em
1.000 casas (SCHEE, 2003). A conexão cruzada é um dos pontos críticos em um sistema de
reúso, o que p
ossibili
ta o contato do efluente tratado com a água potável, conforme ilustrado
esquematicamente na Figura 2.10. Assim, após qualquer queda de pressão, na rede de
distribuição que não tenha nenhum dispositivo de proteção que evite a retrossifonagem,
ocasionará a mistura da água suja com a água limpa. A falha do sistema está nesta
incoerência, pois a pressão do sistema de água potável era menor que a do sistema de água
não
-
potável.
Figura
2.10
Forma incorreta de execução do sistema.
Contato direto da tubulação de água potável
com a água
não potável
(conexão cruzada).
Fonte:
Mano e Schmitt, (2004)
-
modificado.
26
Também não houve o controle da execução das instalações de entrada de água nas
residências, as quais foram executadas pelos próprios moradores, ocorrendo, por isso, a
contaminação em uma residência, identificada após 17 meses de utilização.
Em face desses problemas concluiu-se que o fator humano é o mais importante para o
resultado positivo na construção de um sistema de água residuária, vindo em seguida, a
necessidade de inspecionar todo o serviço durante a construção e o suporte na operação e
manutenção do sistema para garantir a qualidade da água e evitar a contaminação da água
potável.
A Figura 2.10 mostra um exemplo de conexão cruzada direta onde água de chuva se
mistura com a água potável no ponto de entrada desta pelo contato direto. Pode ocorrer o
refluxo
da água de um sistema para outro pela diferença de pressão entre os dois e a
inexistência de válvula contra retrossifonagem na tubulação de entrada de água potável
.
Na Alemanha, o reúso de água tem avançado significativamente nos últimos 10 anos.
Vários
sistemas de águas cinzas, construídos de acordo com as normas vigentes desde 1995,
operam hoje sem nenhum risco à saúde pública. Estes sistemas, que foram verificados para o
uso na
bacia
sanitária, podem substituir toda a água utilizada na descarga com co
mpleta
segurança e conforto no seu uso. Estudos para uma nova regulamentação quanto ao uso em
máquinas de lavar são possibilidades futuras, juntamente com um sistema duplo de água com
duas qualidades, uma potável e outra para usos menos nobres, nas residên
cias
(NOLDE,
1999).
A Figura 2.11 mostra um destes sistemas de tratamento aplicado, segundo
Nolde
(1999), com muita eficiência e adequabilidade comprovadas por mais de 10 anos.
Inicia
-se com um tanque de sedimentação, seguido de um tratamento biológico em
multi
-
estágios, um tanque de clarificação e a desinfecção por ultravioleta (UV).
Como uma segunda alternativa e mais eficiente, instala
-
se um equipamento automático
de remoção de lodo no tanque de sedimentação, seguido de um filtro de areia com fluxo
verti
cal descendente e acoplado ao tanque de clarificação para remoção da biomassa.
Eventualmente faz-se a desinfecção por UV antes de ser armazenado para posterior
bombeamento aos pontos de utilização.
27
Figura 2.11
Esquema de sistema de tratamento de eflue
nte doméstico.
Fonte:
Nolde (1999).
2.6.2
Experiências nacionais
A prática de reúso no Brasil vem crescendo em diversas regiões, tanto nas semi-
áridas
do Nordeste, quanto nos maiores pólos urbanos como São Paulo e região sul do país.
No aeroporto da cidade de Aracaju-SE, a necessidade de se economizar água potável
i
ncentivou estudos exploratórios e levantamentos, realizados por Daltro Filho e Matos (2005),
com base em procedimentos recomendados por normas, como por exemplo, a NBR 13969
(ABNT,
1997
)
e resol
uções específicas.
Segundo Daltro Filho e Matos (2005) por meio do reconhecimento das unidades
geradoras dos esgotos identificaram-se as peças hidráulicas dos ambientes sanitários, as
torneiras de jardim e outros pontos, com possibilidade de aplicação do sistema de água de
reúso. Com base em levantamentos anteriores, foi possível quantificar as demandas e as
vazões de operação de cada uma daquelas peças. Além dos levantamentos, foram realizados o
monitoramento da ETE e o estudo de alternativas para aproveitamento do efluente e de águas
de chuvas. Como resultado, obteve-se uma economia mínima de 60,64 m³/dia em qualquer
época do ano.
Na cidade de Passo Fundo, localizada na região norte do estado do Rio Grande do Sul,
segundo Fiori (2005)
identificou
-se os pontos geradores de água para reúso, na obtenção de
28
dados quantitativos e qualitativos das águas e no conhecimento dos diferentes tipos de
tratamento de água para uma escolha segura e econômica. Foram coletadas em apartamentos
amostras que foram homogeneizadas e transformadas em três tipos de amostras para análise.
Os apartamentos foram divididos por tipologia da seguinte forma:
amostra 1
-
classificada por apartamento com crianças;
amostra 2
-
em apartamento com animais; e
amostra 3
-
apartamento sem crianç
as e sem animais.
Quanto à divisão na análise qualitativa, por tipologia de apartamentos e coletas em
diferentes épocas do ano não influenciou nos resultados da pesquisa.
Os resultados quantitativos da amostra piloto demonstraram que o volume total de
ág
ua cinza gerado em cada apartamento é de 18,8 m
3
por mês.
Com os resultados quantitativos e qualitativos das águas analisadas, pôde-se concluir
que com um tratamento secundário, filtração e desinfecção, como o recomendado pela
U.S.EPA (1992) para reúso ur
bano, estas águas poderiam ser reutilizadas para fins não
-
nobres
como, na bacia sanitária, lavagem de piso e rega de jardins, em qualquer edificação, gerando
grande economia de água potável.
O controle de qualidade no processo de reúso primou-se pelo monitoramento da
operação de reúso e em particular no desempenho da desinfecção realizada no sistema,
principalmente para a água cinza.
Em Florianópolis, o reúso combinado de águas cinzas e águas pluviais oriundas de
uma unidade residencial, idealizada para cinco habitantes, possibilitou a implantação e
avaliação de alternativas tecnológicas empregadas no tratamento destas águas com vistas ao
reúso em bacia sanitária (PHILIPPI et al
., 2005).
Nas avaliações realizadas sobre a concepção de projetos de tratamento e reúso, as
quais compreenderam coleta e análises físico-químicas e bacteriológicas dos efluentes
gerados nas diferentes unidades, medição de vazão, demanda de água por unidades
hidráulico
-sanitárias, quantificação de precipitação pluviométrica, identificou-se uma
demanda média de 60 L/dia por unidade residencial de cinco pessoas, para a bacia sanitária.
Considerando uma precipitação média mensal para a região da grande Florianópolis de
aproximadamente 150 mm/mês e a área de superfície do telhado de 35 m
2
,
calcula
-se uma
produção média diária de 175 L/dia, ou seja, suficiente para abastecer esta unidade. As águas
cinzas após tratamento poderiam, portanto, ser reutilizadas para outras necessidades, como
irrigação de jardim (PHILIPPI et al., 2005). Nota-se, pela conferência do cálculo, que esse
29
trabalho não considerou o coeficiente de
runoff
da área de captação, no caso, o telhado
,
superestimando o volume de água captado.
Atualmente, na região litorânea de Florianópolis, todas as obras,
ao
inicia
rem, devem
co
n
ter
a instalação do sistema de reúso, para que se reutilize o esgoto gerado e tratado no
próprio canteiro da obra
(BARBOSA, 2005)
.
São Paulo, um dos Estados pioneiros em reúso de água, possui experiências em várias
atividades. Uma delas é o reúso de água para lavagem de veículos, onde por meio da
recirculação de água proveniente desta lavagem é possível, após tratamento, a redução de
70% a 80% dos custos operacionais (MORELLI, 2005).
Foi construído em São Paulo, em 2005, um condomínio com duas redes de água: a
potável e a de reúso. Todas as casas tiveram que instalar um reservatório independente e rede
interna para o reaproveitamento de água na bacia sanitária. Com o custo de cerca de dois mil
reais estimou-se a redução no consumo de água em 30% ao mês para cada família. A estação
de tratamento do condomínio, que custou cerca de quatrocentos mil reais, dependeu da
movimentação de grande volume de água para entrar em operação. Com 40 famílias residindo
no condomínio foi possível iniciar a operação do sistema.
Além das casas, a água também
será reaproveitada em atividades do próprio condomínio, como para lavar as ruas e irrigar
jardins e gramados. Houve um interesse econômico na reutilização, mas o objetivo essencial é
o ambiental (NETO, 2005).
O Distrito Federal é a unidade da Federação que possui a terceira menor taxa de água
renovável por habitante/ano, classificando-se como uma zona de estresse drico. Em vista
disso, o interesse de se conservar água tem crescido muito nos últimos anos (SILVA et al
.,
2004
). Em Brasília, o LabCau (Laboratório Casa Autônoma de Arquitetura Sustentável)
mantém uma pesquisa sistemática sobre o reúso das águas cinzas, com aprimoramento de
sistemas que possibilitem a utilização das águas para fins não-potáveis. Diversos sistemas
estão sendo pesquisados para atender os setores de lavanderias, lava-autos, postos de gasolina
e condomínios (VIGGIANO, 2005).
Desde 1998, um grupo de pós-graduação em Recursos Hídricos da Universidade de
Brasília desenvolve pesquisas para viabilizar a reutilização da água no Distrito Federal. Uma
das possibilidades estudadas foi a reutilização da água de esgotos tratados no
desenvolvimento da piscicultura. Essa pesquisa foi desenvolvida na estação de tratamento de
esgoto de Samambaia em convênio com a CAESB (Companhia de Saneamento Ambiental do
Distrito Federal) e, nesse caso, aproveitou-se a água já tratada para a criação de peixes
30
próprios para consumo. Os animais não foram utilizados como agentes despoluidores, mas
como fonte de proteína para o cons
umo humano, tendo a pesquisa, assim, um duplo objetivo.
Em sistemas prediais, pesquisas estão sendo desenvolvidas com o objetivo de se
economizar 60% dos recursos hídricos urbanos: a água usada para lavagem predial, nas pias,
lavatórios, chuveiros, banheiras e máquinas de lavar é tratada e retorna para o uso em
sanitários do mesmo edifício. Uma das pesquisas foi realizada em um edifício de uma super
quadra do Setor Sudoeste e, devido a sua grande viabilidade financeira e à economia
financeira e ambiental que representa, agora deverá ser comercializada por uma construtora
local. Um novo setor está sendo construído na região Noroeste, onde
em
tod
a
s
a
s
edificações
a serem construíd
as deverão constar o sistema de reúso de água
(SOUZA
et al
., 2006)
.
Outra forma de reaproveitar os recursos dricos começou a ser estudada em 2003
em área próxima à Estação Experimental de Biologia da UnB. Trata-se do emprego da água
recuperada dos esgotos domésticos para a manutenção de paisagens e jardins ornamentais.
Também foram feitos estudos sobre formas de reciclagem da água nos lava-jatos. A
pesquisa foi encomendada por uma rede de postos de combustíveis do Distrito Federal com
a proposta de que a água dos sistemas de lavagem de veículos sejam reutilizados, após
tratamento,
para os mesmos fins, diminuindo, assim, não os custos financeiros como
também os ambientais. Recentemente passou-se a exigir que todos os postos de
combustíveis com lava-jatos implantassem o sistema de reúso para esta finalidade (SOUZA
et al
., 2006).
2.7
ALTERNATIVAS TECNOLÓ
GICAS DE TRATAMENTO
PARA EFLUENTES
Em conjunto com os novos instrumentos de gestão dos recursos hídricos que estão
sendo implantados no país, o uso de alternativas tecnológicas para reúso de efluentes
industriais
, urbanos e domést
icos
poderá reduzir os custos de produção nos setores
hidrointensivos, além de promover a recuperação, preservação e conservação dos recursos
hídricos e dos ecossistemas urbanos. Assim, para promover a adoção de sistemas de
conservação da água, que se considerar alguns aspectos restritivos quanto à água
proveniente de reúso.
No caso do reúso interno, definido como o uso interno de efluentes, é preciso ter
consciência de que ele não substitui integralmente a necessidade de água de um
31
empreendimento, pois existem limitações de ordem técnica, operacional e ambiental que
restringem a utilização de sistemas de circuito fechado.
Além disso, o reúso interno deve ser realizado após uma avaliação integrada do uso da
água durante a vida útil do empreendimento. É importante ter em mente que antes de se
pensar no reúso de efluentes, é preciso implantar medidas para a otimização do consumo e
redução de perdas e desperdícios, além de programas de conscientização e treinamento dos
usuários.
A tecnologia nos sistemas prediais depende da destinação final da água recuperada,
pois existirão níveis de qualidade indicados para cada aplicação e, conseqüentemente, níveis
de tratamento específicos para cada caso. Consideram-se como principais variáveis as
características da água residuária a ser tratada e os requisitos de qualidade requeridos pela
nova aplicação da água recuperada.
A escolha do processo de tratamento da água residuária a ser adotado é de
fundamental importância para o sucesso do empreendimento e, por isso, ela deve ser bastante
criteriosa e fundamentada na caracterização do efluente a ser tratado, no conhecimento das
técnicas existentes e requisitos da qualidade da aplicação do reúso proposto.
As estações biológicas de tratamento de efluentes têm evoluído tecnologicamente no
aumento da eficiência, na redução do espaço requerido e na diversificação das possibilidades
de tratamento. Com a viabilização do sistema de tratamento implantado, o qual deverá atender
às premissas de reutilização de água, advirão os benefício
s deste reúso.
2.7.1 Sistema RTK
Uma das formas de reúso de água que vem ganhando destaque no Brasil é a destinada
à lavagem de veículos. Algumas empresas privadas apresentam equipamentos capazes de
promover a recirculação dos efluentes provenientes da lavagem de veículos. Dentre os vários
existentes no mercado está o sistema RTK da Acquabrasilis apresentado na Figura 2.12
,
utilizado também em outras aplicações, como em pequenas ETE s municipais, condomínios,
edifícios
, pequenas comunidades e loteamentos.
32
Figura
2.12
Sistema RTK da Acquabrasilis.
Fonte:
Acquabrasilis (2002).
O sistema RTK é um sistema compacto de tratamento de efluentes, que pode ser
otimizado para cada situação. Sua operação, baseada em princípios naturais de degradação da
matéria orgânica, permite a digestão do esgoto por microorganismos, em presença de
oxigênio, sem a introdução de nenhum produto estranho ao processo. A sua eficiência permite
atingir 95% de redução de DBO
5
do efluente tratado, em relação ao efluente bruto.
A
aplicação de uma simples desinfecção, ao final do processo, possibilita o reúso da água
tratada para diversos fins.
A Figura 2.13 mostra o desenho esquemático do sistema que se subdivide em três
etapas. A primeira é a de decantação primária onde ocorre a sedimentação dos sólidos mais
grosseiros em suspensão. A segunda etapa é o tratamento biológico que ocorre em um tanque
com três câmaras. Na primeira, o líquido efluente da decantação primária passa por cima de
um septo divisor à segunda câmara, onde estão os cilindros rotativos, com base em forma de
colméia, que favorecem a formação de biofilmes. O contato direto com o oxigênio do ar,
devido ao movimento dos cilindros, otimiza o desempenho das bactérias aeróbicas. Na
terceira câmara, a seco, um pequeno motor acoplado a um eixo metálico, responsável pela
rotação do dispositivo de alimentação, na primeira câmara, e pela rotação dos tambores, na
segunda câmara.
A terceira etapa é a de decantação secundária. Ocorre num tanque que recebe o
efluente tratado na parte biológica. É o local onde decanta, sob forma de lodo, o material
degradado que vem do tanque de tratamento biológico. O lodo acumulado é retornado ao
sistema de decantação inicial do sistema por meio de uma bomba acionada automaticamente
de t
empos em tempos.
33
1. Pré
-
tratamento
- uma câmara
2. Pré
-
tratamento
-
duas câmaras
3. Tratamento
4. Dispositivo(s) rotativo(s) de imersão
5. Dispositivo d
e alimentação
US
-
Bomba para o lodo excessivo
Figura
2.13 -
Desenho esquemático do sistema de tratamento RTK .
Fonte:
Acquabrasilis (2002).
2.7.2
Reúso combinado de águas cinzas e água de chuva
Uma das tecnologias empregadas no tratamento das águas cinzas é a utilização de um
filtro de areia seguido de um processo de desinfecção e do armazenamento em um
reservatório de água cinza, conforme ilustra a Figura 2.
15
. Para a água de chuva tem-
se,
primeiramente, o reservatório de descarte da primeira água, utilizada na lavagem do telhado
com
volume útil de 50 litros, seguido de um filtro de areia e de um
reservatório
de
armazenamento, conforme ilustra a Figura
2.14
, onde será misturada com a água cinza tratada
no tanque de mistura com volume útil de 240 litros. Esta mistura é bombeada para um
reservatório superior e então reutilizada.
Figura
2.14 -
Sistema de tratamento das águas cinzas.
Fonte:
Philippi et al
. (2005).
34
Figura
2.15 -
Sistema de tratamento da água de chuva.
Fonte:
Philippi et al
. (
2005).
2.7.3 Sistema zona de raízes
Outro tipo de sistema de tratamento da água de reúso que tem sido bastante utilizado
nas regiões sul e centro
-
oeste do Brasil
é o
Wetlands
ou zona de raízes .
Wetlands
são terrenos alagadiços (brejos) onde se tem o crescimento de plantas, como
as taboas e os juncos, como mostra a Figura 2.16. Esta vegetação possui raízes com
características que auxiliam no tratamento do esgoto que por estas flui. A anexação das
bactérias
na
superfície
das raízes
prop
icia
a formação de uma camada biológica que ajuda no
processo de filtração e adsorção dos componentes presentes no esgoto, transfere oxigênio para
a coluna d água, além de impedir a penetração da luz solar controlando o crescimento de
algas.
35
Figura
2.16
Taboas
vegetação nativa
de
terrenos alagadiços.
Os sistemas zona de raízes podem ser naturais e construídos. Ambos são utilizados
para tratar o esgoto, apesar dos naturais não atingirem os níveis dos tratamentos secundário e
terciário.
Os sistemas de
wetlands
construídos oferecem o mesmo tratamento dos naturais, mas
sem a descarga do esgoto no ecossistema. Para os sistemas de
wetlands
construídos
desenvolveu
-
se dois tipos:
sistema de superfície livre da água
(FWS)
;
sistema de escoamento subsuperficial (SFS)
.
O FWS quando usado para tratamentos secundário e avançado, consiste de canais ou
bacias paralelas com o fundo relativamente impermeável formando uma barreira, com
profundidade de 0,1 m a 0,6 m e uma veget
ação emergente.
O SFS é projetado com o objetivo de receber o esgoto pré-tratado e proporcionar um
tratamento de nível secundário e avançado. O sistema conhecido como zona de raízes ou
filtro junco-brita , consiste de canais ou de trincheiras com o fundo relativamente
impermeável, preenchido com areia ou brita para suportar a vegetação emergente conforme
ilustra a Figura 2.17.
36
Figura
2.17
Corte transversal do sistema de escoamento subsuperficial (SFS).
Fonte:
Metcalf & Eddy (1991).
2.8
QUALIDAD
E DA ÁGUA DE REÚSO
O reúso de água, para qualquer fim, depende de sua qualidade física, química e
microbiológica. Identificando
-
se os parâmetros físico
-
químicos de qualidade torna
-
se possível
estabelecer critérios de qualidade que sejam orientadores para
o reúso.
A definição de qualidade baseada na adequação ao uso permite uma classificação das
águas: águas adequadas ou não a determinados usos. Por esse motivo, a classificação de boa
ou má qualidade para uma água só tem sentido quando se leva em consideraç
ão o uso previsto
para ela (BLUM, 2003).
2.8.1
Características das águas residuárias
Segundo Eriksson
(2002),
as características das águas residuárias dependem
primeiramente da fonte de abastecimento, em segundo, do sistema de distribuição de águas
potáv
el e recuperada e terceiro das atividades exercidas na edificação. Também são de grande
influência na composição da água residuária o modo de vida dos usuários, as instalações e os
tipos de produtos químicos utilizados.
O esgoto doméstico contém aproximadamente 99,9% de água (VON SPERLING,
1996). A fração restante inclui sólidos orgânicos e inorgânicos, suspensos e dissolvidos, bem
como microorganismos. Portanto, é devido a essa fração de 0,1% que a necessidade de se
tratar o esgoto.
37
A utilização de par
âmetros indiretos que traduzam o caráter ou o potencial poluidor do
efluente em questão é o mais comum. Tais parâmetros definem a qualidade do esgoto, e são
divididos em três categorias: parâmetros físicos, químicos e biológicos. Os parâmetros que
caracter
izam os efluentes domésticos estão no
Anexo IV
.
Segundo Eriksson (2002), os parâmetros físicos de relevância são a temperatura, a cor
e
a turbidez causada pe
la
concentração de sólidos suspensos. Altas temperaturas podem ser
desfavoráveis, uma vez que beneficiam o crescimento de microorganismos e, em águas
supersaturadas, induz a precipitação de cálcio, por exemplo.
A turbidez e os sólidos suspensos são indicadores de partículas coloidais que
ocasionam entupimento das instalações como nas tubulações e filtros de areia usados no
tratamento.
Segundo Di Bernardo et al
. (2002), a cor, seja ela cinza, cinza escuro ou preta é devido
à formação de metais sulfídricos resulta
ntes
da reação com os metais do esgoto sob a
condição anaeróbica em que se encontram.
As características químicas são determinadas por parâmetros como o pH, a dureza, a
DBO e DQO e concentração de nutrientes como o Fósforo e o Nitrogênio. O valor da DBO e
DQO irá indicar o grau de diminuição de oxigênio devido à degradação da matéria orgânica
duran
te o transporte e armazenamento e, com isso, o risco de produção de gás sulfídrico.
Segundo Dixon et al. (1999) apud Eriksson (2002), o armazenamento de águas cinzas
por 24 horas causa uma melhora na qualidade da água, mas se passar das 48 horas a
quantida
de de oxigênio dissolvido reduz a nível problemático.
As características biológicas são de fundamental importância, pois estão relacionadas
com a transformação da matéria dentro dos ciclos biogeoquímicos. A preocupação maior em
termos de qualidade da água
é a possibilidade de transmissão de doenças.
Os parâmetros biológicos que determinam a potencialidade da água de transmitir
doenças são os organismos indicadores de contaminação fecal, pertencentes ao grupo de
coliformes.
Existe uma relação direta entre a turbidez e o número de coliformes, ou seja, quanto
menor a turbidez menor o número de coliformes.
2.8.2 Controle da qualidade da água de
reúso
O controle da
qualidade da água de reúso deve ser motivo de preocupação profissional
desde o momento em que se decidir por sua utilização. Daí a necessidade de selecionar
38
corretamente as fontes alternativas de abastecimento
aquelas que o dependem de
concessão do poder público ou que não sofrem cobrança pelo uso. Para tanto, deve-se levar
em consideração não apenas os custos decorrentes da aquisição, mas também os relativos à
descontinuidade no fornecimento. É necessário ter a garantia de qualidade para cada uso
específico, a fim de resguardar a saúde dos usuários, uma vez que o mau uso das fontes ou a
má gestão
dos sistemas alternativos podem causar danos ao consumidor.
A utilização de água não procedente da concessionária pode gerar problemas para a
administração dos edifícios, acarretando-lhe responsabilidade pela produção da água, em
termos de qualidade e quantidade, surgindo ônus pela reparação de possíveis prejuízos
causados à saúde, decorrentes sobretudo da contaminação de pessoas e de produtos. Por esse
motivo é recomendável buscar a ajuda de um especialista para avaliar as fontes da água a ser
utilizada e
orientar os trabalhos de implantação de um sistema de monitoramento permanente.
Segundo
o manual da
F
IESP
(2005), em termos de qualidade da água não
-
potável para
uso nos edifícios as exigências mínimas são apresentadas no Quadro
2
.4, a seguir.
Quadro
2.4
Exigências mínimas de qualidade da água não
-
potável em edifícios.
Fonte:
F
IESP
(2005).
Uso
Ausência de:
Irrigação,
rega de
jardim,
lavagem
de piso
Bacia
sanitária
Refrigeração
e ar
condicionado
Lavagem
de
veículos
Lavagem
de
roupas
Orna
-
men
-
tal
Con
str
u
ção civil
Mau
-
cheiro
X X X X X X X
Efeito
abrasivo
X X X X X X
Manchas
X X X X
Contaminantes
por vírus ou
bactérias
X X X X X
Cor
X X
Turbidez
X X
Componente
agressor às
plantas e
estimulador de
pragas
X
Incrustações
X
Sais
X
Algas
X
Partículas
sólidas
X
39
Quadro
2.4
Exigências mínimas de qualidade da água não
-
potável em edifícios.
Fonte:
F
IESP
(2005).
(Continuação)
Uso
Ausência de:
Irrigação,
rega de
jardim,
lavagem
de piso
Bacia
sanitária
Refrigeração
e ar
condicionado
Lavagem
de
veículos
Lavagem
de
roupas
Orna
-
men
-
tal
Constr
u
ção civil
Metais
X
Componentes
que alterem a
resistência dos
materiais
X
Os critérios estabelecidos como exigências mínimas para água não
-
potável perm
item a
divisão em quatro categorias de água de reúso em edifícios, de acordo com os usos
preponderantes em cada situação.
No Anexo III consta os parâmetros característicos para cada
classe de água de reúso.
Na primeira categoria estão as águas tratadas nos edifícios cujos usos preponderantes
são em descarga de bacias sanitárias, lavagem de pisos, espelhos d água e chafarizes, bem
como em lavagem de roupas e
de
veículos.
Na segunda, os usos preponderantes são aqueles associados às fases da construção,
com
o preparação de concreto, compactação de solo, controle de poeira e lavagem de
agregados.
Na terceira, onde prepondera o uso de águas para irrigação de áreas verdes e jardins, a
água de reúso empregada depende da concentração de contaminantes biológicos e químicos,
pois existe a preocupação da incidência no meio ambiente e do contato com o homem.
E na quarta categoria, o uso ocorre no resfriamento de equipamento de ar
condicionado
(FIESP, 2005)
.
Para cada classe foram fixados parâmetros básicos e níveis de concentração, com base
nas disposições da Portaria n
o
518/2004 do Ministério da Saúde e da Resolução n
o
357/2005
do CONAMA, que estão apresentados no
Quadro 5 do
Anexo
I
II.
Segundo Hespanhol (2003), os usos urbanos mais restritivos que requerem veis de
qualidade superiores são, basicamente, os seguintes:
descarga de bacias sanitárias, lavagem de pisos em edifícios públicos e privados;
campos desportivos;
40
lavagem de ruas e de veículos, lavagem e desobstrução de dutos, lavagem de
agregados, construção civil (preparação de concreto, compactação do solo etc.) e
controle de poeira.
Apesar de esta aplicação incorporar um universo de atividades distintas, todas
convergem para a mesma condição de restrição, ou seja, a exposição do público que utiliza
parqu
es e jardins, esportistas que entram em contato direto com gramados de quadras e
campos esportivos, operários que operam sistemas de distribuição de água de reúso ou que
efetuam limpeza, lavagem, preparação de concreto, controle de poeira, compactação de
solos
e outras atividades.
Essa condição apresenta um risco à saúde em virtude de possíveis contatos diretos e
indiretos. No caso do esgoto tratado para fins paisagísticos, por exemplo, contemplam-
se
ambos os riscos. A educação sanitária do público e o treinamento associado ao controle
sanitário,
inclusive vacinação, de operários e funcionários têm importância fundamental no
manejo de águas residuárias, mesmo as que passam por tratamento terciário.
Outro fator de grande importância relativo aos usos benéficos em consideração é o
associado aos aspectos estéticos da água de reúso. Neste caso, o reúso está vinculado ao
adorno arquitetônico , exigindo grau de transparência, ausência de odor, cor, escuma ou
quaisquer formas de substâncias ou
de
componentes flut
uantes.
Nesse sentido, os parâmetros apresentados serão selecionados segundo o uso mais
restritivo entre os acima relacionados, enfocando o conjunto dos usos urbanos não potáveis
(HESPANHOL, 2003).
Coliformes fecais
-
não detectáveis
Os coliformes fecais
se constituem no parâmetro prioritário para os usos considerados.
Nematodos intestinais
1 ovo helminto/L
pH, entre 6 e 9
Cor
10 UC
Turbidez
2 UNT
Odor e aparência não desagradáveis.
Óleos e Graxas
1,0 mg/L
DBO
10 mg/L
41
O controle da carga orgânica biodegradável evita a proliferação de microrganismos e
cheiro desagradável em função do processo de decomposição, que pode ocorrer em linhas e
reservatórios de distribuição.
Compostos orgânicos voláteis ausentes
O controle visa evitar odores desagradáveis, principalmente em aplicações externas,
em dias quentes.
Nitrato <10 mg/L
Nitrogênio amoniacal
20 mg/L
Nitrito
1,0 mg/L
Fosfatos
0,025 mg/L
O controle de formas de nitrogênio e fósforo visa evitar a proliferação de algas e
filmes biológicos, que podem formar depósitos em tubulação, peças sanitárias, reservatórios,
tanques etc.
Sólido
S
uspenso
T
otal
-
SST
5 mg/L
Principalmente em relação aos usos em descargas sanitárias, projetos paisagísticos e
limpeza de pisos, visando evitar problemas de sedimentação que causam odores devido à
decomposição de matéria orgânica, obstrução e presença de materiais flutuantes.
Cloro residual combinado
- detectável em todo o sistema de distribuição
Para atingir os níveis de qualidade acima relacionados, será necessário um controle
efetivo dos sistemas biológicos das ETEs (Estações de Tratamento de Esgoto) que abastecem
os sistemas de reúso, particularmente nos aspectos associados à nitrificação (para atingir os
valores limites de nitrogênio amoniacal), complementado por um sistema eficiente de
filtração em camada dupla e desinfecção com cloro, direcionada para o atendimento do
padrão de coliformes fecais não detectáveis.
Agentes tenso
-ativos (substâncias ativas ao azul d
e metileno)
0,5 mg/L
Embora no Brasil a grande maioria dos detergentes domésticos e industriais seja
biodegradável, deve ser considerado importante o controle de surfactantes, evitando-se a
possibilidade de formação de escumas em descargas de bacias sanitárias e de torneiras.
A frequência do mon
itoramento desses parâmetros deve seguir esta orientação:
42
pH
-
semanalmente;
DBO
-
semanalmente;
SST
-
diariamente;
Turbidez e Cor
-
contínua;
Óleos e Graxas
-
semanalmente;
Coliformes
-
diário;
Helmintos
- mensalmente;
Cloro residual
-
contínuo;
Nitrato
-
semanalmente;
Nitrogênio amoniacal
semanalmente;
Nitritos e Fosfatos
-
semanalmente;
Agentes tenso
-
ativos
semanalmente
.
2.9
FONTES ALTERNATIVAS
DA
ÁGUA DE REÚSO
Conforme
já conceituadas, as fontes alternativas de água para aproveitamento ou
reúso
são aquelas que não estão sob concessão de órgãos públicos ou que não sofrem cobrança pelo
uso ou, ainda, que fornecem água com composição diferente da água potável fornecida pelas
concessionárias.
Apesar de independer de concessão, essas fontes poderão ser utilizadas mediante
autorização do poder público, que os usuários estão sujeitos a sanções pelo uso inadequado
ou pela falta de licença, decorrente da necessidade de controle do impacto provocado no meio
ambiente.
É recomendável a captação de água disponível naturalmente sem intervenção direta
nos mananciais ou perfuração do solo, forma oferecida com a responsabilidade dos órgãos
públicos
.
Apresentam
-se a seguir as fontes de água consideradas adequadas para o reúso em
edificações.
43
2.9.1
Água cin
za
A água de reúso gerada pela utilização de banheiras, lavatórios, chuveiros e máquinas
de lavar roupas, em residências, escolas repartições públicas escritórios comerciais etc. é
denominada água cinza, aquela que não provém da bacia sanitária nem da lavadora de pratos
ou da pia de cozinha (HESPANHOL, 2003).
Por se tratar de um efluente gerado de um conjunto de aparelhos sanitários, a água
cinza pode eventualmente conter contaminações características daquela procedência. São os
casos comuns de higienização durante o banho após o uso da bacia sanitária, lavagem de
ferimentos em tanques, lavatórios ou a presença de urina na água de banho (FIESP, 2005).
Como ainda o se coletou amostra de água cinza em edificações de Goiânia, para
análise e definição de suas características, esta dissertação se vale do trabalho contido no
manual da FIESP (2005), relativa à região sul do país, conforme os Quadros
2.5
e
2.6.
Quadro
2.5
Características físicas, químicas e bacteriológicas das águas cinzas originadas
em banhe
iros brasileiros.
Fonte:
FIESP, (2005)
apud
Santos; Zabracki, (2003); Fonini; Fernandes e Pizzo, (2004).
Concentrações
Parâmetros
(1)
(2)
(3)
Temperatura (°C)
24
- -
Cor (UH)
52,30
Ausente
Ausente
Odor
-
Ausente
Ausente
Turbidez (UT)
37,35
0,8
1,3
pH
7,2
8,4
8,8
Oxigênio Dissolvido (mg/L)
4,63
- -
Cloro Livre (mg/L)
0,0
- -
Cloro Total (mg/L)
0,0
- -
Fósforo Total (mg/L)
6,24
- -
DBO (mg/L)
96,54
20,3
96
Sólido suspenso (mg/L)
-
54
86
Dureza
-
122
130
Zinco
-
0,03
0,10
(1) Edifício residenc
ial: Curitiba
-
PR
(2) Banheiro masculino: Complexo esportivo
Passo Fundo
-
RS
(3) Banheiro feminino: Complexo esportivo
Passo Fundo
-
RS
44
Quadro
2.5
Características físicas, químicas e bacteriológicas das águas cinzas originada
s
em banheiros brasileiros.
(Continuação)
Fonte:
FIESP, (2005)
apud
Santos; Zabracki, (2003); Fonini; Fernandes e Pizzo, (2004).
Concentrações
Parâmetros
(1)
(2)
(3)
Cobre
-
0,23
0,19
Ferro
-
0,33
0,1
Coliforme Total (MPN/100mL)
11x10
6
<
200
23000
Coliforme Fecal (MPN/100mL)
1x10
6
- -
(1) Edifício residencial: Curitiba
-
PR
(2) Banheiro masculino: Complexo esportivo
Passo Fundo
-
RS
(3) Banheiro feminino: Complexo esportivo
Passo Fundo
-
RS
Quadro
2.6
Características físicas, químicas e bacteriológicas da água cinza originada em
edifício residencial.
Fonte:
FIESP, (2005)
apud
Santos; Zabracki, (2003); Fonini; Fernandes e Pizzo, (2004).
Parâmetro
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Vazão média dos chuveiros (L/s)
0,058
0,074
0,049
Vazão média dos lavatórios (L/s)
0,078
0,067
0,
093
Coliformes fecais (NMP/100 mL)
1,1x10
4
1,7x10
4
3,6x10
5
Coliformes totais (NMP/100 mL)
>
1,6x10
5
>
1,6x10
5
>
1,6x10
5
Óleos e graxas
18,2
14,8
26,7
pH
7,11
6,91
7,10
DBO (mg/L)
258
174
384
DQO (mg/L)
470
374
723
Sólidos suspensos (mg/L)
180
100
18
8
Alcalinidade (mg/L)
6,7
5,0
8,2
Surfactantes (mg/L)
2,18
1,46
3,42
Contagem
bacteriológica (UFC/mL)
8,5x10
5
3x10
5
8,5x10
6
Cloretos (Cl
mg/L)
26,9
14,7
29,4
Nitrato (NO
3
Nmg/L)
27,5
1,52
4,09
Nitrito (NO
2
Nmg/L)
<
0,003
0,027
0,489
Fósforo total
(mg/L)
0,43
0,31
1,79
Turbidez (UT)
340,7
373,2
297,2
Dureza total (CaCO
3
mg/L)
5,7
13,6
10,7
Condutividade (µs/cm)
125,9
105,8
222
45
Evidentemente, quando colhidas amostras e realizadas análises em outras regiões, a
composição da água cinza variará, pois os aspectos socioeconômicos e culturais influenciarão
os resultados.
2.9.2
Fornecimento de água de reúso
As grandes metrópoles mundiais dispõem do serviço de fornecimento de água de
reúso, por concessionária do serviço público ou por empresas particular
es.
No Brasil, esse efluente já está disponível em São Paulo e, em Brasília, onde as
concessionárias fornecem a custo muito inferior ao da água potável, a água de reúso para
utilização em fins específicos não-potáveis e exclusivamente em áreas abertas (SA
UTCHÚK,
2004).
A água de reúso de
ve
ser manuseada com a utilização de equipamentos de proteção,
tais como, botas, luvas, capacetes e máscaras faciais.
O exemplo obtido para ilustração neste trabalho mostra a qualidade da água de reúso
fornecida por uma concessionária da Capital paulista (FIESP, 2005). O Quadro 2.7 apresenta
um exemplo de parâmetros de qualidade da água de reúso fornecida por uma concessionária
de água do Estado de São Paulo.
Quadro
2.7
Parâmetros de qualidade da água de reúso fornecid
a por uma concessionária de
água do Estado de São Paulo.
Fonte:
F
IESP
(2005).
Parâmetros
Concentrações
Cloro residual total (mg/L)
> 2 mg/L
DBO (mg/L)
< 30mg/L
Sólido suspenso total (mg/L)
< 30mg/L
Coliformes Fecais (NMP/100 mL)
< 200 NMP/100 mL
Turb
idez (UT)
< 15 UT
pH
6,0 a 9,0
Ó
leos e Graxas (mg/L)
< 15 mg/L
46
2
.10 REQUISITOS DE D
ESEMPENHO DO SISTEMA
DE REÚSO DE ÁGUA
Segundo Wyle e Galowin (1975) apud Graça e Gonçalves (1986), o conceito de
desempenho centraliza-se na idéia de que produtos, dispositivos, sistemas ou serviços podem
ser descritos e os seus desempenhos podem ser medidos em termos das exigências dos
usuários, desconsiderando-se combinações particulares de características físicas e químicas,
seus projetos ou métodos de criação. A chave para o desenvolvimento de padrões de
desempenho é a identificação de critérios significantes, que caracterizem o desempenho
esperado e a subseqüente geração de metodologia, para medir como estes produtos, processo e
sistemas aderem aos critérios .
A identificação das necessidades dos usuários de um sistema de reúso de água,
constitui pressuposto para a abordagem das funções para as quais o sistema foi concebido.
A
ssim,
é possível se projetar, executar, operar e manter o sistema, adequá-lo ao usuário, e
atender aos objetivos de desempenho para os quais foi
concebido.
Desta forma, a partir da proposição d
e
requisitos de desempenho
dos sistemas de reúso
de água buscam-se as diretrizes de projetos mais adequadas: às suas finalidades; à
determinação de parâmetros
de
dimensionamento; à verificação da viabilidade técnica e
econômica
de execução; ao controle da operação e ao melhoramento e desenvolvimento do
sistema de abastecimento, entre outros.
Para o sistema de reúso de água, a exigência fundamental de operação pode ser
traduzida pelo seguinte: que o sistema garanta o fornecimento contínuo de água, dentro dos
padrões de qualidade exigidos evitando
contaminações
de forma a assegurar a saúde do
usuário.
Apresentam
-
se a seguir alguns fatores para o bom
d
es
e
mpenho
de
um sistema de reúso
de água em edificações para fins não potáveis:
Qualidade:
todo ponto de utilização deve receber água com o nível de qualidade em
função do uso, garantindo a proteção à saúde pública dos usuários por meio de
monitoramento dessa qualidade.
Facilidade de manutenção: durante a operação é imprescindível a manutenção periódica
do sistema, para limpeza e eventuais reparos nas tubulações, reservatórios e demais
componentes do sistema.
Facilidade
de o
peração:
facilitar a identificação dos elementos do sistema,
possibilitando, assim, a adequada operação e manutenção desses elementos e do sistema
como um todo.
47
Controle do processo: esta fase é de grande importância, devendo começar pela
obrigatoriedade de separação das tubulações de água potável e água de reúso. Essas
tubulações devem ser pintadas com coloração específica e com denominação para alertar
sobre o uso das mesmas, principalmente quando destinadas à limpeza de pisos e irrigação
de jardins. Além disso, deve-se primar pelo monitoramento da operação em particular no
desempenho da desinfecção realizada no sistema, principalmente para a água cinza.
Apresentam
-se, a seguir, os requisitos de desempenho aplicados ao sistema de reúso de
águas.
2.10.1 Requisitos de desempenho relacionados com a utilização do sistema de reúso de
água
Os requisitos relacionados com a utilização do sistema de água de reúso são
considerados como funções básicas dos subsistemas componentes do referido sistema.
2.10.1.1 Requisitos de desempenho do sistema de s
uprimento de água de reúso
O desempenho do suprimento de água de reúso não deve ser inferior ao apresentado
pelo sistema de abastecimento de água fria, devendo:
quanto à qualidade da água: possibilitar que a água, entregue no ponto de utilização,
seja ad
equada à atividade a ser exercida;
quanto à quantidade de água: possibilitar que a água seja entregue no ponto de
utilização em quantidade suficiente;
quanto à disponibilidade de água: possibilitar que a água seja entregue no ponto de
utilização quando necessário;
quanto à temperatura: possibilitar que a água seja entregue no ponto de utilização
com temperatura adequada ao uso.
De acordo com Graça e Gonçalves (1986), o sistema, quando necessário ao uso, deve
suprir de água de boa qualidade, em quantidade e temperatura controláveis pelo usuário, para
a sua adequada utilização.
2.10.1.2 Requisitos de desempenho do sistema de coleta de água de reúso
No sistema de reúso de água, não é viável pensar apenas no suprimento, mas deve-
se
garantir o despejo final da água após seu uso. Desta forma, o sistema de reúso de água possui
48
suprimento distinto da água potável, porém o despejo é coletivo. Assim, os requisitos,
segundo Graça e Gonçalves (1986), são os seguintes:
quanto à qualidade da água: evitar a contaminação da água do sistema de
suprimento pelo sistema de equipamento sanitário, de forma a garantir a qualidade
da água de consumo. É essencial que entre a extremidade do ponto de utilização e o
nível de transbordamento do aparelho sanitário tenha uma separação física, cujo
meio é preenchido por ar. No caso do lavatório que quando cheio de água,
esta
não
entra em contato com a torneira devido à distância mínima obrigatória entre o ponto
de suprimento e o nível de transbordamento
.
quanto à quantidade de água: possibilitar que a água utilizada e os despejos
introduzidos, através da utilização da água de reúso, sejam conduzidos ao destino
adequado, nas quantidades produzidas pelos equipamentos;
quanto à disponibilidade: possibilitar que a água de reúso utilizada e os despejos
introduzidos, após a utilização normal, sejam conduzidos, quando necessários, a
destinos adequados.
2.10.1.3 Requisitos de desempenho relacionados com as condições de exposição do sistema
de
água de
reúso
Os requisitos relacionados com a exposição do sistema de reúso de água são
considerados funções básicas dos subsistemas que compõem o sistema de reúso de água. Pela
similaridade dos subsistemas de suprimento e despejos, os requisitos compõem, segundo
Graça e Gonçalves (1986), uma só lista, c
omo a seguir:
odores: restringir o retorno de odores provenientes da instalação dos reservatórios,
principalmente, os destinados à sedimentação de matéria orgânica;
resistência mecânica: suportar a ação de cargas estáticas e dinâmicas, provenientes
de agentes internos e externos aos sistemas. Os condutores devem ser bem
dimensionados, para garantirem a formação do escoamento livre no interior dos
condutos antes do reservatório superior, seguindo para a distribuição em conduto
forçado. No caso dos reservatórios enterrados ou inferiores, os mesmos devem
suportar a ação do empuxo da água e do solo;
desgaste, fissuramento e corrosão: resistir às ações que conduzam ao desgaste por
abrasão ou erosão, principalmente, no caso dos reservatórios em concreto armado;
fi
ssuras e corrosão, dos elementos como as tampas dos reservatórios;
49
ataque biológico: assegurar a não-proliferação de bactérias, fungos e algas, que
danifiquem os elementos do sistema de água de reúso e representem risco à saúde
dos usuários. Daí, a importância de uma avaliação permanente da qualidade da água
de reúso;
incrustações:
controlar a concentração de minerais da água
que
implica na formação
de incrustações devido a precipitação, principalmente em elevadas temperaturas.
limpeza: permitir o acesso a todos os elementos do sistema de água de reúso, de
forma a possibilitar a limpeza dos mesmos;
manutenção e reposição: permitir a manutenção de todos os elementos do sistema de
água de reúso, possibilitando fácil reposição de qualquer um dos elementos ou
componentes;
operação: facilitar a identificação dos elementos ou componentes, possibilitando a
adequada operação destes
e segurança para os usuários
.
Segundo Graça e Gonçalves (1986) a partir dos requisitos de desempenho dos
sistemas, é possível estabel
ecer os critérios de desempenho e os métodos de avaliação.
50
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
O presente trabalho baseou-se na pesquisa bibliográfica que permitiu o levantamento
de diversos tipos de sistemas de reúso de água e o conhecimento dos diferentes tratam
entos da
água, para uma escolha segura e econômica da forma de reúso. Baseou-se, também, na
literatura sobre o problema da contaminação das águas nos cenários mundial e nacional sobre
o uso, geração e aplicação desse recurso.
O fluxograma a seguir representa esquematicamente a metodologia para o
desenvolvimento deste trabalho.
COLETA DE DADOS
Figura 3.1
Fluxograma da metodologia para elaboração de diretrizes para a concepção de
sistemas de reúso de água em edificaçõe
s.
INÍCIO
PESQUISA BIBLIOGRÁFI
CA E
DOCUMENTAL
Levantamento de dados
p
reliminares (entrevistas
com projetistas e
empreendedores)
Pesquisa de campo (visitas
aos sistemas, em execução
e em operação)
Estudo de caso na
Faculdade de
Farmácia da UFG
PROCESSAMENTO E ANÁL
ISE DOS
DADOS
FORMULAÇÃO DE
DIRETRIZES
FIM
51
Após os subsídios obtidos com a pesquisa bibliográfica realizou-se, numa segunda
etapa, o levantamento de dados preliminares, a pesquisa de campo e o estudo de caso com as
seguintes abordagens:
realização de entrevistas com os projetistas e empreendedo
res para identificação de
sistemas de reúso de água em âmbito regional;
visitas às edificações com sistemas implantados e em execução para verificar a
avaliação do desempenho do sistema, a aceitação e o grau de satisfação dos
usuários;
estudo de caso para implantação de sistema de reúso direto não-potável de água
proveniente de efluentes dos equipamentos dos laboratórios da Faculdade de
Farmácia da UFG.
3.1
ENTREVISTAS
As entrevistas realizadas com projetistas, empreendedores e todas as pessoas
di
retamente envolvidas com a implantação de sistemas de reúso de água possibilitaram
conhecer os fatores que os levaram à decisão de implantação desses sistemas e identificar
ferramentas a serem utilizadas na elaboração de um
roteiro
. Foram entrevistados eng
enheiros
e mestres de obra, gerentes de operação e manutenção, idealizadores e fornecedores dos
sistemas de reúso de água dos empreendimentos, totalizando 07 (sete) entrevistas. O
roteir
o
foi, posteriormente, aplicado aos sistemas visitados. O modelo de
ste
roteiro consta no Anexo
V, deste trabalho.
3.2
PESQUISA DE CAMPO
Após o primeiro contato com as pessoas entrevistadas, foram realizadas as visitas aos
empreendimentos citados pelos entrevistados contemplando diferentes tipologias de
edificações. A primeira visita foi ao Clube Náutico, em Caldas Novas, onde parte do sistema
estava concluída e em operação e a outra parte em execução. A segunda foi ao Centro
Internacional de Neurociências e Reabilitação da Rede Sarah, em Brasília, e a terceira, ao
Campu
s II da Universidade Católica de Goiás, ambos os sistemas em operação. Durante as
visitas foi aplicado o questionário elaborado, aos usuários finais, incluindo os operadores e
52
engenheiros dos sistemas, pelo qual levantaram-se todas as características, desde a concepção
até a eficácia na operação dos sistemas implantados. Foi observada uma especial preocupação
dos empreendedores com a aceitação do usuário, no sentido de poder existir alguma rejeição,
na adoção do sistema de reúso de água, justificando
-
se a a
usência de placa informativa, para o
usuário, sobre a fonte de água utilizada.
Os sistemas de reúso de água visitados permitiram registrar formas de concepção,
execução, uso, operação e manutenção destes, as quais contribuíram para a elaboração de
diretriz
es para novos projetos e para a implementação de um estudo de caso.
3.3
ESTUDO DE CASO: FACU
LDADE DE FARMÁCIA DA
UFG
O estudo de caso foi desenvolvido em um conjunto de dois edifícios onde funcionam
as Faculdades de Farmácia e de Odontologia, com a medição do consumo de água comum a
estes dois edifícios, e teve como objetivo verificar o potencial de reutilização, em termos de
quantidade e de qualidade, dos efluentes gerados no sistema de destilação somente da
Faculdade de Farmácia.
Com base nos conceitos apresentados no Capítulo 2 e nas entrevistas e pesquisas de
campo
, implementou-se um projeto de sistema predial de reúso direto de água. O projeto,
amparado pela NBR 5626/1998 e NBR 13969/1997 e de acordo com os conceitos sicos do
desenvolvimento sustentável, envolveu a integração da necessidade do usuário, do potencial
de reúso e da conscientização do usuário.
Considerando-se que já
existia
uma preocupação dos usuários com o desperdício da
água no local do estudo de caso, a Faculdade de Farmácia da UFG, não foi dada maior ênfase
quanto à aceitação do usuário. De forma que, neste estudo, foram abordados aspectos
associados à avaliação global do consumo de água e a geração de efluentes que pudessem ser
reaproveitados.
Foram selecionados os equipamentos destiladores com maior produção de volume
efluente. Durante três meses foram levantados dados de utilização destes equipamentos, tais
como, o volume de água destilada e o tempo necessário para esta destilação.
O volume de água destilada contribuiu para
o conhecimento da rotina de utilização dos
equipamentos podendo-se, assim, otimizar a concepção do sistema de reúso, centralizando a
destilação em dois locais por andar. Neste caso, não foi possível centralizar os equipamentos
em apenas um local por pavime
nto, pois existem equipamentos de tipologias diferentes, como
53
os destiladores de proteínas e o extrator de lipídeos, que são de utilização específica no
laboratório de análise de alimentos. Houve também resistência por parte de um único usuário
o qual não permitiu que se instalasse a central de destilação em sua sala de aula, tampouco
que se retirasse o destilador do local. Mesmo assim, foi permitida a coleta do efluente deste
equipamento.
Finalizada a etapa de otimização do sistema, fez-se a análise qualitativa do efluente
para a confirmação da possibilidade de reaproveitamento, com a finalidade de irrigação da
horta de plantas medicinais e lavagem de piso.
Consideraram
-
se, além dos parâmetros exigidos pela NBR 13969 (ABNT,1997), como
turbidez, coliformes fecais, oxigênio dissolvido e cloro residual, todos os parâmetros de
análise de água potável que constam na Portaria N
o
518 do Ministério da Saúde, para comparar
a ocorrência de alguma alteração. Essas análises foram feitas antes da implantação do sistema,
para a constatação da possibilidade de reúso da água efluente, com pontos de coleta na
torneira de alimentação dos destiladores, na saída dos destiladores e no ponto de união dos
descartes do extrator de lipídeos com o destilador de proteínas. Este último ponto
foi
considerado
por se suspeitar da possibilidade de contaminação por reagentes utilizados nas
análises feitas por meio destes equipamentos.
Após quatro meses de implantação do sistema, foram realizadas coletas na torneira de
alimentação do destilador e na caixa de água de reúso. Verificou-se, assim, a variação de
temperatura das águas de reúso depois de misturadas. Um mês depois, para se ter a
confirmação da concentração do cloro residual, novas análises foram realizadas considerando
mais um ponto, logo após o hidrômetro. Pôde-se, com esta abrangência, acompanhar a
variação do cloro residual ao longo de todo o sistema predial, de água potável e de água de
reúso.
Na terceira etapa, foram realizados o processamento e a análise dos dados para a
elab
oração das diretrizes de projeto, execução e operação de sistemas de águas de reúso em
edifícios, considerando os requisitos de desempenho como segurança e, também, a avaliação
econômica e o impacto de redução da água potável esperado no sistema do estudo
de caso.
A última etapa da metodologia foi o desenvolvimento de diretrizes que poderão
contribuir para o estabelecimento de normas gerais e servir de suporte à institucionalização e
normalização do reúso sustentável de água no Brasil que, por sua vez, poderão apoiar e
orientar os empreendedores, usuários e projetistas de edificações com sistemas de reúso de
água.
54
4
COLETA DE DADOS
Como subsídio para a elaboração das diretrizes para a concepção de sistemas de reúso
de água foram coletados dados por meio de entrevistas e visitas técnicas com engenheiros
projetistas, executores e responsáveis pela manutenção e funcionamento de sistemas de reúso
de água implantados no Clube Náutico, em Caldas Novas - Goiás, no campus II da
Universidade Católica de Goiás - Go
iânia
e no Centro Internacional de Neurociências e
Reabilitação da Rede Sarah de Hospitais, em Brasília.
Importante ressaltar que tais
entrevistas
oportunizaram a elaboração de
um
instrumento
para futuras investidas nesse campo por pesquisadores interessados, pois poderão dispor de
um
roteiro que lhes facilitará o trabalho, conforme apresentado no Anexo V. Este roteiro,
que
foi aplicado nas visitas a estes sistemas, consta de uma estrutura com dados gerais da
edificação, a caracterização do sistema de
reús
o, o
seu
desempenho e a ocorrência de
manifestações patológicas. Também serviu como referência para levantar aspectos relevantes
dos sistemas visitados e apresentados a seguir.
4.1
CLUBE NÁUTICO
No Estado de Goiás, uma das visitas em obras com a implantação do sistema de reúso
de águas cinza e negra, em edificações,
ocorreu
no município de Caldas Novas às margens do
Lago Corumbá. O empreendimento, de tipologia clube-hotel, utiliza efluente tratado para
irrigação de jardins da área de lazer e em bacias sanitárias de todo o complexo hoteleiro. O
sistema consta da coleta de efluentes de todos os aparelhos sanitários do clube. Águas cinza
s
e
negra
s são conduzidas a uma fossa séptica existente e reaproveitada, conforme ilustra a
Figura 4.1,
da qual são bombeadas para os tanques sépticos.
Decidiu
-se pela implantação do
sistema de reúso, por se tratar de um empreendimento às margens de um lago de lazer, onde a
preservação do meio ambiente deve ser preocupação prioritária, evitando-se a poluição pelo
lançamen
to indevido do esgoto no lago. Ainda que tratado, se o esgoto fosse lançado no lago,
deveria ele dispor de um sistema monitorado para controle das características físicas,
químicas e microbiológicas do efluente do sistema.
55
Figura 4.1
Localização da
bomba de recalque, no jardim
ao lado
da área das piscinas.
Por meio de um sistema de tratamento projetado, semelhante ao apresentado na
Figura 4.2
, com tubos de distribuição e tubos de coleta, o esgoto segue para as valas de
infiltração, sendo posterio
rmente armazenado em 4 reservatórios de 8.000 litros cada.
Figura
4.2
Esquema de tratamento de efluentes por valas de infiltração ou septodifusores.
Fonte
: Rotogine (2005) e Nuvolari
et al
.,
(2003).
Dos reservatórios o efluente tratado é bombeado para os pontos de irrigação dos
jardins, conforme ilustra a Figura 4.3
.
Bomba de
recalque do
efluente da
fossa
séptica
56
Figura 4.3
Vista geral do sistema de tratamento de esgoto
tipo
ROTOGINE construído
no C
lube Náutico de Caldas Novas.
O sistema de tratamento utilizado da marca ROTOGINE, fabricante francês, utiliza
um processo natural de degradação da matéria orgânica. Após avaliação constatou-se uma
eficiência de 97% na redução da matéria orgânica e os demais parâmetros exigidos
atende
ram
a todos os padrões de qual
idade requeridos para uso não
-
potável da água.
Inicialmente, irrigando apenas 300 de área verde, que o sistema foi projetado
para irrigar uma área de 2.000 m², esta mesma tecnologia de tratamento será utilizada no
atendimento do consumo das bacias sanitárias do hotel, coletando todos os efluentes gerados
pelo mesmo.
Apesar de as reservas de água potável e de reúso estarem em um único reservatório
cilíndrico dividido em duas partes, os dois sistemas
são
totalmente independentes. A
quantidade de efluentes gerada atende completamente à demanda necessária e ainda
com
oferta
excedente.
O abastecimento de água potável é de fonte subterrânea, considerada também uma
fonte alternativa, e portanto,
necessidade de
um
controle
para
garant
ir
a qualidade desta
ág
ua.
Como o esgoto é disposto no solo, essa solução deve ser acompanhada no sentido de
verificar o efeito prolongado das substâncias no solo, o grau de tratamento
que é obtido em
relação a outros sistemas
e o impacto ambiental positivo e/ou negativo gerado de modo a
garantir sua utilização segura. O solo é um bom meio filtrante, dificultando a lixiviação dos
componentes do lodo e, conseqüentemente, a contaminação do lençol freático. No entanto,
Tanques
sépticos
Esguicho
para
irrigação
Caixas de
distribuição
Bomba de
reca
lque
para os pontos de
irrigação
Caixas de
coleta
Reservatórios
57
elementos com alta solubilidade como o nitrogênio e o potássio podem alcançar
profundidades maiores. Assim, foi obedecida a distância mínima de 1,5 m do lençol freático,
para não haver o risco de sua contaminação, conforme NBR13969/1997.
Constatou
-se a ausência de preocupação com fonte suplementar como, por exemplo,
da concessionária. Talvez por que até
aquele
momento (dezembro de 2005) tenha sido
construída somente a 1
a
etapa da obra.
4.2
CAMPUS II
UNIVERSIDADE CATÓLI
CA DE GOIÁS
Em uma segunda visita, no campus II da Universidade Católica de Goiás, em Goiânia
,
encontrou
-se um sistema de tratamento de esgoto denominado zonas de raízes , ilustrado na
Figura 4.4
.
O processo permite a manutenção do ecossistema adaptando-se à paisagem, como
mostra
m as Figuras 4.5(a) e 4.5
(b)
, é natural e não necessita de energia
externa
, respeitando o
equilíbrio ambiental com bastante eficiência. Pode ser utilizado tanto para esgoto urbano
quanto para indústrias, curtumes, hospitais, moinhos, frigoríficos, laboratórios, entre outros.
O processo de tratamento consiste na despoluição da água por meio da plantação de
espécies nativas na área em que o sistema é implantado, pois várias destas espécies possuem
grande capacidade de desenvolvimento em condições de baixa oxigenação dos solos saturados
de água. Ao fornecer oxigênio pela raiz, a planta cria condições ideais para as bactérias que se
alimentam de matéria orgânica. Ao contrário dos sistemas convencionais, este método
possibilita
que os dejetos sejam quase completamente processados e transformados em
materiais inofensivos e até m
esmo úteis para o desenvolvimento das plantas.
58
Figura 4.4
Etapas do s
istema
zona de raízes
.
Fonte :
Artemec Tecnologia Ambiental
modificado.
Figura 4.5
(a)
Sistema de zona de raízes
implantado no jardim da
Fundação Pró
-
Ce
rrado
-
Goiânia.
Figura 4.5
(b)
Lírio do Brejo
espécie de
planta aquática utilizada no
sistema zona de raízes .
59
Nas áreas passíveis da condição natural de alagamento na região metropolitana de
Goiânia, identificam-se espécies vegetais com potencial de uso no tratamento de esgotos, tais
como, as macrófitas emergentes taboa (Typha angustifolia L.), o lírio do brejo (
Hedychium
coronarium
J. König) e conta de lágrima (Coix lacryma-
jobi
L.) e a marginal capim Angola
(Urochloa mutica
(Forssk.) T.Q. Nguyen).
O sistema de tratamento instalado no Campus II da Universidade Católica é
composto
por fossa séptica com três câmaras, filtro anaeróbio com conchas, fundo falso e de fluxo
ascendente, filtro anaeróbio com conchas de fluxo descendente e Zona de Raízes.
Atrav
és de análises
físico
-químicas realizadas do efluente bruto e do efluente tratado
obteve
-se uma eficiência de DBO =
92,67%,
eficiência de DQO =
80,16%,
eficiência de
Cor =
86,23%.
Os parâmetros cor, DBO, DQO, resíduos sedimentáveis e turbidez do efluente
tratado enquadram-se nos limites toleráveis da legislação pertinente. Entretanto, o índice de
coliformes fecais está alterado com valores muito altos. Essa alteração,
chama
a atenção e
indica que não pode haver contato direto de pessoas com esse efluente, antes de um processo
de desinfecção que afastará a possibilidade de transmissão de doenças (SILVA FILHO,
2005)
.
Estudos de viabilidade econômica do
reúso
de água para descarga sanitária e irrigação
de parques e jardins, no Campus II da Universidade Católica de Goiás, demonstraram um
ganho tanto econômico-financeiro quanto ambiental. O
reúso
de água para descarga sanitária
e irrigação de campo de futebol e jardins, no Campus II da Universidade Católica de Goiás,
condu
ziu
a uma economia de 49,88% de consumo d
e água potável
.
O sistema, em
operação
desde 2002, é monitorado com freqüência, pois a ocorrência
de
alguma falha deve ser imediatamente corrigida. Após o tratamento do esgoto, o mesmo é
armazenado em um reservatório com interface ao que recebe este esgoto bruto. Esta
concepção permitiu a ocorrência da passagem do esgoto bruto para o reservatório de esgoto
tratado, devido ao excesso de volume produzido, em relação à capacidade de reserva,
transbordando e contaminando o efluente tratado. A constatação de alteração nas
características físicas deste efluente tratado revelou o fato denominado conexão cruzada. O
procedimento para correção do problema foi o isolamento total dos dois reservatórios.
Conforme pode se verificar pela Figura 4.6, não foram encontradas placas de alerta ao
usuário sobre a fonte de água utilizada nas bacias sanitárias, campo de futebol e jardins. Este
fato demonstra a inexistência de critérios legais e a existência desorganizada de iniciativas de
reúso de água. As manchas internas da bacia sanitária demonstram a falta de controle dos
parâmetros, como o pH, a dureza e a alcalinidade. Os funcionários do serviço de limpeza
60
dizem não saber da fonte de água que alimenta as bacias sanitárias. Mas, quando são
interrogados sobre as manchas na bacia sanitária dizem que são utilizados vários produtos de
limpeza e não conseguem tirar. Os alunos também reclamam do mau cheiro e não aprovam o
sistema de reúso instalado.
Figura 4.6
(a)
Vista do campo de futebol
do Campus da UCG.
Figura 4.6
(b)
Bacia sanitária do vestiário
feminino.
4.3
CINR
BRASÍLIA
-
DF
Em visita realizada ao
CINR
Centro Internacional de Neuro
ciências
e
Reabilitação
da Rede Sarah de Hospitais, às margens do Lago Paranoá, em Brasília, foram levantados
dados referentes ao
sistema de reúso implantado, em entrevistas com engenheiro e técnicos de
manutenção.
A Figura 4.7 mostra uma maquete do Centro Internacional de Neurociências, a sua
posição em relação à parte norte do Lago Paranoá e este dentro da bacia hidrográfica do
D
istrito Federal.
A Figura 4.8 mostra a estação de tratamento avançado de águas residuárias, em
operação desde o ano de 2001. Utilizou-se no tratamento a combinação do processo de
remoção biológica de nutrientes por meio do reator
Bardenpho
®
, em 5 estágios, com o
tratamento físico-químico: desinfecção, coagulação e duas etapas de filtração, uma em areia e
outra em carvão ativado, respectivamente, como mostra a Figura 4.9.
61
Figura 4.7
Desenho esquemático de localização do Centro Internacional de Neuroc
iência
s e
Reabilitação
.
Fonte:
Felizatto (2001).
Os resultados do efluente tratado indicam valores compatíveis com os preconizados
pela legislação americana, para as diversas formas de reúso direto não-potável propostas para
o CINR, como o uso em
bacias
sanitárias, irrigação de áreas verdes e recarga de aqüíferos.
Projetada e construída para tratar os efluentes gerados por uma população equivalente a 1250
pessoas,
a estação de tratamento tem capacidade de vazão igual a 250
/d
ia
(FELIZATTO,
2001).
O transporte de lodo digerido depositado no fundo do decantador é realizado por
caminhões tanques
para a concessionária CAESB, que faz a
desidratação e destinação final do
lodo
.
Para efetivar-se um estudo da via
bilidade
de um projeto de reúso de água, seja ele
técnico ou econômico, tor
na
-se necessário realizar também um
levant
amento do volume a ser
tratado e do volume a ser reutilizado. De acordo com Reynolds e Richards (1995), pode-
se
adotar
o índice de coeficiente de retorno igual a 0,76. Isso quer dizer que cerca de 76% da
porção de água potável consumida
é
lançada na rede de
esgotamento sanitário.
62
Figura 4.8
Unidades do sistema de tratamento implantado.
63
Figura 4.9
-
Fluxograma da estação de tratamento avançado de águas residuárias do
CINR
Fon
te:
Felizatto (2001).
O volume necessário para a irrigação de áreas verdes foi obtido a partir da
pesquisa
realizada por Tomaz (2000), que indica a demanda de 2 litros/dia de água para cada metro
quadrado
de área verde. Sendo assim, a demanda diária de
água
para irrigação do CINR
baseou
-
se no levantamento
da área verde a ser irrigada
obtida a partir das medições realizadas
nas plantas de irrigação do CINR,
multiplicada pelo referido coeficiente
.
Os problemas gerados desde o início da operação do sistema
são todos relacionados ao
processo de tratamento. Não se registrou nenhum problema de contaminação e de suprimento
da demanda, pois o sistema foi projetado de forma a que a entrada de água potável não tivesse
contato com o efluente tratado e foi prevista fonte suplementar de abastecimento, como se
pode ver nas Figuras
4.10
e 4.11.
64
Figura
4.10
Registro
de entrada da água
potável (Rede de água externa da
concessionária
CAESB) e caixa
de entrada da mesma tubulação.
Topo do reservatório de efluente
tra
tado
n
o
1.
Figura
4.11
Entrada de água potável
(opcional, normalmente
ut
i
lizada
quando a cor e/ou cheiro do
efluente não estão bons para
o
uso
n
as
bacias
sanitári
a
s).
Não se encontrou em toda a área irrigada nenhuma placa de alerta sobre o tipo de água
utilizada, tampouco nas instalações sanitárias, como se pode conferir na Figura 4.12
.
Figura 4.12
Área de jardim e bacia sanitária, ambos com utilização de efluente tratado e sem
alerta ao usuário da fonte de abastecimento
CINR da Rede Sarah.
A idéia inicial de realizar as visitas a sistemas de
reúso
de água implantados para a
elaboração de diretrizes evoluiu para o desafio de implantar, na Faculdade de Farmácia da
UFG,
um estudo de caso que contemplou o
reúso
de águas brancas e serviu para validar as
diretrizes
para a concepção de sistemas de
reúso
de água em edificações.
65
5
ESTUDO DE CASO
-
FACULDADE DE FARMÁCIA DA UFG
O estudo de caso
foi
desenvolvido em um edifício-
escola
, const
ituído
por
dois blocos
em cada qual funcionando uma u
nid
ade acadêmica das Faculdades de Farmácia e de
Odontologia
da UFG. Salienta-se que
os
reservatórios de água potável e o medidor de
consumo são comuns às duas unidades.
Desenvolveu
-se, neste edifício-escola, o estudo de viabilidade da alternativa de se
reuti
lizar a água descartada de alguns equipamentos laboratoriais que têm a função de destilar
a água. A Faculdade de Odontologia possui um único equipamento destilador, e o mesmo
faz o lançamento da água descartada diretamente no reservatório inferior de consumo das
duas unidades acadêmicas. Portanto, foram utilizados somente os equipamentos da Faculdade
de Farmácia para o estudo em questão.
A aplicação do sistema de reúso de água no estudo de caso iniciou-se com o
levantamento do potencial de água descartada, a caracterização de sua qualidade e o cálculo
do índice de redução de consumo, para posterior concepção e execução do projeto de reúso
deste efluente nas atividades internas da Faculdade de Farmácia.
O gráfico apresentado na Figura 5.1 mostra
o
percentu
al
de equipamentos destiladores
de água existente na Faculdade de Farmácia. Nesta figura o que está
indica
do como outros
refere
-
se
aos equipamentos
de
banho
-
maria, osmose
reversa
e
ao
condensador.
Figura
5.1
Percentual referente à quantidade de
cada
tipo de equipamento destilador de água da
Faculdade de Farmácia, cujo efluente pode
ser reutilizado.
Destiladores
69%
Destilador de
prote
í
nas
12%
Extrator de
lip
í
dios
18%
Outros
1%
Destiladores
69%
Destilador de
prote
í
nas
12%
Extrator de
lip
í
dios
18%
Outros
1%
66
Após levantamento preliminar do volume de água descartado, a partir de entrevistas
com os operadores sobre a rotina de utilização dos equipam
entos
no ano de 2005,
certificou
-
se
da necessidade e importância do reaproveitamento desta água, por se t
rata
r
de
água de boa qualidade e
um
volume
considerável, aproximadamente 117 por mês
,
conforme apresentado na Tabela
5.1.
Tabela
5.1
Po
tencial de água descartada dos equipamentos dos Laboratórios da
Faculdade de Farmácia
-
UFG.
Levantamento preliminar referente ao ano de
2005.
Equipamento
Sala
Vazão
de
descarte
(L/s)
Freqüência de
utilização
(h/mês)
Volume mensal
descartado
(litros)
Imp
acto de
redução
no
consumo
mensal de
água
(%)
Destilador
38
0,028
-----
Destilador
39
0,333
48
57.542
8,5
Destilador
42
0,021
36
2.722
0,4
Destilador
28
0,111
48
19.180
2,8
Destilador
24
0,028
-----
Destilador de
Proteína
s
23
0,066
40
9.504
1,4
Destilador de
Proteína
s
23
0,043
40
6.192
0,9
Extrator de
Lipídeos
23
0,071
80
20.448
3
,0
Banho
-
maria
25
0,0025
36
324
Osmose
25
0,0057
8
161
Condensador
23
0,018
13
842
0,2
Destilador
33
0,028
-----
TOTAL
0,7552 116.915 17,2
Os equipamentos das
salas 24,
33 e 38 não foram utilizados durante o ano de 2005.
Considerou
-se para o cálculo do volume descartado a vazão de descarte
medida
de cada
equipamento
e o número de horas de funcionamento, por mês, para se destilar a água.
O cálculo do impac
to de redução é apresentado logo após a Tabela
5
.2
que apresenta
o
consumo mensal de água no ano de 2005.
Com base n
os
relatórios mensais de consumo de água do ano de 2005 emitidos pela
Saneamento de Goiás S/A
SANEAGO
, a concessionária local, constatou-se um consumo
médio mensal de, aproximadamente, 682
.
67
Tabela
5.2
Consumo mensal de água nas Faculdades de Farmácia e Odontologia
da
UFG
em 2005.
Mês
Consumo
mensal
(Litros)
Quantidade
de d
ias
N
o
de alunos
Indicador de consumo
(Litros/aluno . dia)
Jan.
600.000 21
858 33,3
Fev. 638.000 18
858 41,3
Mar.
580.000 22
858 30,7
Abr. 608.000 20
858 35,4
Maio
861.000 21
858 47,7
Jun.
860.000 22
858 45,5
Jul.
601.000 21
858 33,3
Ago.
775.000 23
858 39,2
Set.
673.000 21
858 37,3
Out. 660.000 20
858 38,4
Nov.
561.000 20
858 32,7
Dez 771.000 22
858 40,8
Média
682.333 21
858
38,0
Desvio
padrão
107.280 1,31 0 5,25
Calculou
-se assim, o impacto de redução (IR) no consumo mensal de água do
edifício
-escola das Faculdades de Farmácia e Odontologia, através da equação 5.1,
da
seguinte forma:
100
mensal
médio
Consumo
descartado
mensal
Volume
%
IR
x
(5.1)
Utilizando
-
se os valores das Tabelas
5
.1 e
5
.2, tem
-
se:
100
682333
116915
%
IR
x
17,2%
IR
.
68
Os valores constantes nesses relatórios de consumo mensal foram corrigidos para os
valores correspondentes somente aos dias do mês em questão, pois a leitura da concessionária
sempre é feita em
um
dia aleatório da última semana do mês de consumo, permanecendo os
dias restantes daquele mês, na leitura do mês seguinte. Para essa correção utilizou-se a
equação
5.2
, a seguir:
21
XX
corrigido
Consumo
, sendo
(
5.2
)
lidos
dias
rest
dias
sm
2
lidos
dias
m
dias
m
1
n
nC
Xe
n
nC
X
,
onde:
C
m
=
consum
o do mês a ser corrigido
;
n
o
dias m
= número de dias do referentes ao mês a ser corrigido;
n
o
dias lidos
= número total de dias lidos do mês referente ao consumo
;
C
m s
=
consumo do mês seguinte ao da leitura
;
n
o
dias rest
= número de dias restantes do
mês a ser corrigido
.
Por meio de informaç
ões
concedidas pelas coordenações dos cursos, levantou-se o
número de alunos correspondente às duas unidades acadêmicas. Calculou
-
se assim, os valores
do indicador de consumo (IC) mensal correspondentes a cada ano, pela equação 5.3, cujos
resultados estão apresentados nas Tabelas 5.2 e 5.4. Para o cálculo das médias foram
considerados os valores compreendidos no intervalo (I) da média (M) correspondente,
mais
ou menos duas
vezes o desvio padrão (
), ou seja, I = M
+ 2 .
dia
x
aluno
/
litros
dias
x
alunos
mensal
Consumo
IC
(
5.3)
Levantaram
-
se
, nos meses de Abril, Maio e
Junho
de 2006,
novos
dados sobre o
potencial de descarte de água de cada equipamento. Foram selecionados os equipamentos
que
tinham maior freqüência de utilização, para centralizá-los em uma sala de cada andar (1
o
e 2
o
andares) e, aqueles outros cujos usuários e as condições de utilização não permitiram a
mudança de local.
Distribuíram
-
se
planilhas
, cujo modelo encontra-se no Anexo VI, para
coleta de dados sobre a freqüência de utilização desses equipamentos selecionados. Realizada
a medição da vazão de descarte, de cada equipamento, obteve-se o volume de água
69
descartado. O percentual de descarte da Tabela 5.3 refere-se ao volume descartado do mês de
abril,
em função do consumo médio mensal do ano de 2006, apresentado na Tabela 5
.4.
Comparando
-
se
as medições realizadas nos meses Abril, Maio e Junho de 2006 verificou-
se
que a rotina mensal de utilização dos destiladores não é a mesma, conseqüentemente, o
volume descartado também varia de um
mês
para outro, como pode ser verificado na Tabela
5.3.
Tabela
5.3
Potencial de água descartada dos equipamentos dos Laboratórios da Faculdade
de Farmácia
UFG
. R
efer
ência
ano
de
2006, ante
s do sistema implantado.
Freqüência de
utilização (h/mês)
Volume mensal descartado
(litros)
Equipamento
Sala
Vazão
descarte
(L/s)
Abril
Maio
Junho
Abril
Maio
Junho
Percentual
de descarte
(%)
Destilador
39
0,21
3,16
---
3,7
2394
---
2.
797
0,29
Des
tilador
28
0,111
36,25
---
8,25
14
.
485
---
3.
297
1,8
Destilador de
Proteína
23
0,043
30
17,5
---
4.
644
2.
709
---
0,6
Extrator de
Lipídeos
23
0,071
56
29,83
---
14
.
313
7.
624
---
1,7
Osmose
25
0,0057
2,7
---
---
55
---
---
0,007
Condensador
23
0,018
16
---
5,5
1.
037
---
356
0,1
Destilador
33
0,028
3,42
344
---
---
0,04
TOTAL
37.272
10.333
6.450 4,5
Tabela
5.4
Consumo mensal de água nas Faculdades de Farmácia e Odontologia da
UFG
em 2006.
Mês
Consumo mensal
(Litros)
Dias
N
o
de alunos
In
dicador de consumo
(Litros/aluno . dia)
Jan.
600.000 22
882 30,9
Fev. 684.000 18
882 43,1
Mar.
694.000 23
882 34,2
Abr. 829.000 18
882 52,2
Maio
1067.000 22
882 55,0
Jun.
1077.000 21
882 58,1
Jul.
630.000 21
882 34,0
Ago.
862.000 23
882 30,9
70
Tabe
la
5.4
Consumo mensal de água nas Faculdades de Farmácia e Odontologia da
UFG
em 2006.
(Continuação)
Mês
Consumo mensal
(Litros)
Dias
N
o
de alunos
Indicador de consumo
(Litros/aluno . dia)
Set.
1030.000 20
882 43,0
Média
830.000 21 882 42,4
Desvio
padrão
190.694 1,9 0 10,6
As Figuras 5.2 e 5.3
mostram
que
a água descartada dos equipamentos destiladores
tem características aparentes de água limpa. Para confirmação destas características foram
realizadas
, no laboratório da ETA Jaime Câmara da
SANEAGO
, análises dos parâmetros
exigidos para a atividade-fim (irrigação e lavagem de pisos) pela Portaria n
o
518
/2004
do
Ministério da Saúde
e normatizados
pela
NBR 13969
(ABNT,1997).
Figura
5.2
Fotos do destilador do laboratório de Bioquímica com a r
espectiva vazão
de descarte do efluente.
Figura
5.3
Fotos do destilador de proteínas do laboratório de Físico-química de
alimentos com a respectiva vazão de descarte do efluente.
71
Foram adotados 4 (quatro) pontos
de
coleta das amostras para a realização das
análises
:
a)
torneira de jardim alimentada com água direto da rede da concessionária;
b)
torneira que alimenta o destilador da central de destilação do 2
o
pavimento;
c)
sala 40, no ponto de descarte deste mesmo destilador e;
d)
reservatório de PEAD (Polietileno de Alta Densidade) de 500 L que armazena
a água de reúso coletada de todo o sistema.
As
análises verificaram todos os parâmetros de rotina realizados, periodicamente, pela
SANEAGO para garantia do abastecimento de água potável. O pH, a dureza e a
alcalinidade
deste efluente garant
em
a não formação de manchas e o controle da carga orgânica
biodegradável que evita o desenvolvimento de microorganismos e cheiro desagradável
,
considerando
o processo de decomposição que pode ocorrer em
tubulações
e reser
vatórios
. O
contr
ole de formas de nitrogênio e fósforo,
que
evita a proliferação de algas e filmes
biológicos podendo formar depósitos
nas
tubulações e reservatórios, foram juntamente
analisados.
A
FIESP (2005), recomenda também o controle dos compostos orgânicos voláteis que
estão relacionados à formação de odores desagradáveis, principalmente em aplicações
externas em dias quentes. A concessionária local fornece a água potável, mas não inclui este
parâmetro nas análises de rotina. Portanto, não analisou-se este parâmetro, considerando o
alto custo e a inviabilidade de realização desta análise em laboratórios locais.
Estes ensaios permitiram avaliar as condições da qualidade da água de reúso e
comparar as características físico-químicas e bacteriológicas da água fornecida pela
concessionária e da água descartada pelos equipamentos em questão. Conforme se pode
conferir na Tabela 5.5 e comprovar pelos laudos completos apresentados no Anexo VI, houve
diferença apenas nos valores dos parâmetros como o ferro total, o gás carbônico e a
condutividade os quais, ainda assim, se encontram dentro dos limites aceitáveis pela Portaria
n
o
518 do Ministério da Saúde. A concentração de gás carbônico aumentou significativamente
e a condutividade diminuiu, mas ambos não têm
regulamentação
pelo Ministério da Saúde.
De acordo com a NBR 13969 (ABNT,1997
)
a
água de descarte para utilizações como
lavagem de pisos e rega de horta encontra-se nas Classes 2 e 4 e são exigidas as análises dos
parâmetros
como
turbidez, coliforme fecal, cloro residual e oxigênio dissolvido, apresentados
na
Tabela
5
.5.
72
Tabela
5.5
Resultado das análises físico
-
química e bacteriológica da água para reúso
descartada dos destiladores.
Parâmetros
f
ísico
-
químicos e bacteriológico
s
Ensaios
Entrada
do
de
stilador
Descarte do
destilador
Reservatório
de água de
reúso
Torneira
direto da
rede
NBR
13.969/1997
Portaria MS
nº 518
(VMP)
(1)
Alcalinidade
Total (mg/L)
36,0
40
32,0
36,0
---
NR
Amônia
(mg/L)
0,001
0,149
0,001
0,001
---
<
1,5
DQO
(mg/L)
0,0
11,0
0,0
3,0
---
---
Alumínio
(mg/L)
0,023
0,046
0,023
0,023
---
< 0,2
Oxigênio
Consumido
(mg/L)
1,1
1,1
1,0
1,5
---
NR
Condutividade
( S/cm)
110,4
115,4
125,4
116,8
---
NR
Col. totais/
Escherichia
coli/Bactérias
heterotróficas
A/A/0,0
A/A/0,0
A/A/0,0
A/A/2.632
(3)
< 500
CF/100mL
Ausência em
95% das
amostras/
500UFC/mL
Óleos e graxas
(mg/L)
6,2
---
5,4
4,4
---
---
Dureza
(
mg/L
CaCO
3
)
42,24
51,84
44,16
51,84
---
< 500
Turbidez (UT)
0,47
0,53
0,53
0,81
< 5
5,0
(2)
Fósforo Total
(mg/L)
0,022
0,021
0,021
0,023
---
---
Gás
Carbônico
(mg/L CO
2
)
4,61
7,31
2,04
1,63
---
NR
Cloro residual
(mg/L)
0,53
0,27
0,17
0,04
0,5
-
1,5
0,2
-
2,0
Ferro total
(mg/L)
0,03
0,08
0,06
0,08
---
< 0,3
Nitrato
(mg/L)
0,12
0,12
0,19
0,14
---
< 10
Nitrito (mg/L)
0,004
0,005
0,003
0,006
---
< 1,0
Alcalinidade
( mg/L
CaCO
3
)
36
36
40
32
---
NR
Oxigênio
Dissolvido
(mg/L)
9,0
7,3
5,9
6,6
> 2,0
---
pH
7,23
7,03
7,65
7,61
6,0 8,0
6,0 9,5
Cor
1,4
2,2
1,9
1,8
---
< 15
(1) Valor Máximo Permitido (VMP)
(2) Para o p
adrão de turbidez para água pós
-
filtração em 95% das amostras, o VMP é de 2,0 UT
.
(3) UFC / mL= Unidade Formadora de Colônia
Legenda: NR = Não há Recomendação
P = Presente
A= Ausente
73
5.1
ANÁLISE DOS PARÂMETR
OS FÍSICO-
QUÍMICOS
As
características físicas da água estão relacionadas, principalmente, com o aspecto
estético. Os resultados obtidos nos ensaios de turbidez e cor se apresentaram dentro dos
limites estabelecidos pela NBR 13.969/1997 e a
Portaria n
o
518 do Ministério da Saúd
e.
A presença de alguns compostos químicos na água são indispensáveis, sendo de
grande importância na fisiologia humana. Por outro lado, a água utilizada para irrigação,
necessita da presença de constituintes diferentes para o consumo humano. Desta forma,
as
características químicas analisadas auxiliaram a detectar
os
parâmetros que sofreram
alterações e
,
a
verificar alguns dos principais constituintes da água de
reúso
.
5.2
ANÁLISE DOS PARÂMETR
OS BACTERIOLÓGICOS
-
COLIFORMES FECAIS E
COLIFORMES TOTAIS
A
Portaria
N
o
518 do MS estabelece a ausência de coliformes totais e fecais em
100 mL da amostra de água, portanto ao observar os resultados das análises apesar da
ausência
de coliformes
,
a contagem de bactérias heterotróficas registrou 2.632
UFC/m
L, valor
bastante
superior
ao
permitido
. A presença
de
ste grupo de bactérias indica a ocorrência de
poluição microbiológica. Entretanto, este grupo não possui ação patogênica. Uma ocorrência
excessiva deste grupo indica infestações gerais. Procedimentos de limpeza da caixa d água,
como lavar com água sanitária deixando escoar toda a água de limpeza anula o
desenvolvimento destas bactérias.
5.3
ANÁLISE DO VOLUME DE
SCARTADO APÓS SISTEM
A IMPLANTADO
A vazão de descarte
dos
efluentes dos equipamentos em quest
ão
é consideravelmente
grande
. A medida do equipamento de maior contribuição, o da Figura 5.2, registrou em torno
de 1.200
L/h, o que corresponde, aproximadamente, segundo a
NBR
5626 (ABNT,199
8)
, à
vazão de funcionamento simultâneo de 01(uma) torneira de jardim ou lavagem e de 01(um)
lavatório.
Após o sistema implantado, o volume reaproveitado foi coletado dos equipamentos
das salas 25, 34, 40 e 42. Calculou-se o potencial de reúso igual a 1.219 L/dia considerando a
74
média
de utilização de 21 dias por mês, na Tabela 5.4 e, no volume mensal descartado da
Tabela
5.6.
Tabela
5.6
Potencial de água descartada dos equipamentos dos Laboratórios da
Faculdade de Farmácia - UFG. Referência mês de setembro/2006, após o
sistema implantado.
Equipamento
Sala
Vazão
descarte
(L/s)
Freqüência de
utilização
(h/mês)
Volume mensal
descartado
(litros)
Percentual de
descarte (%)
Destilador
40
0,2
6h49
4.
908
0,6
Destilador
42
0,022
32h25
2.
567
0,3
De
stilador de
Proteína
34
0,14
9h45
4.
914
0,6
Extrator de
Lipídeos
34
0,077
47h30
13
.
167
1,6
Osmose
25
0,0057
2h42
55
0,007
TOTAL
25.611 3,1
A água de descarte foi reaproveitada para irrigar a horta farmacêutica local existente,
de,
aproximadamen
te
, 500 e, com possibilidades de reúso
par
a lavagem de piso da área
externa
, no período chuvoso.
Considerando-
se
2,0 L/ x dia de área, o potencial médio levantado de 25.611 litros
mensais, na hipótese mais desfavorável, poderá irrigar uma área cor
respondente a 610
/dia.
A Figura 5.4 apresenta
a
central de destilação do 2
o
pavimento, onde no momento se
fazia a coleta de água destilada. A Figura 5.
4(b)
representa esquematicamente o sistema de
reúso implantado desde os pontos de coleta até o local de reservação. Como pode ser
conferido no projeto apresentado no Anexo VII, objetivou-
se
a centralização dos pontos de
coleta do efluente dos destiladores e a mínima interferência desta alteração nas atividades de
sala de aula.
75
Figura 5.4
Foto da central de destilação
do 2
o
pavimento.
Figura 5.
4(b)
Representação esquemática do
sistema de reúso implantado.
As Figuras 5.5 e 5.6 apresentam a horta antes e depois de ser implantado o sistema de
reúso
.
Figura
5.5
Horta antes da implantação do
sistema
de
reúso
.
Figura
5.6
Horta após a implantação do
sistema
de
reúso
.
76
Conforme orientações da U.S.EPA (2004), foram i
nstal
adas
placas de alerta aos
usuários
sobre a qualidade da água nos pontos de
utilização
, como mostra a Figura 5.7,
de
modo a prevenir a
ingestão
desavisada
de uma água não potável.
Figura
5.7
(a)
Placa de alerta ao usuário
da água de reúso. Torneira
de limpeza/jardim.
Figura
5.7
(b)
Placa de alerta ao usuário.
Sistema
de irrigação.
Figura
5.7(c)
Placa de alerta ao usuário junto do reservatório
de água de reúso.
Pelo fato da temperatura influenciar na proliferação de bactérias,
buscou
-se levantar a
variação desta ao longo do sistema e comprovar se a temperatura final era adequada ao uso
proposto neste caso.
Fo
ram escolhidos 05 (
cinco
) pontos para a medição da temperatura
da
água. O ponto 1 corresponde à torneira de jardim com alimentação
diret
a da rede pública; o
77
ponto 2
refere
-se à entrada de água do destilador da sala 40; o ponto 3
localiza
-se na saída
deste mesmo destilador; o ponto 4 na entrada da caixa de reúso e o ponto 5
sinaliza
dentro da
caixa de água de reúso. O gráfico da
Figura
5.8 mostra a variação da temperatura da água
coletada para reúso e da tempe
ratura ambiente
.
Figura
5.8
Variação
de temperatura.
Esta variação de temperatura depende do modelo do equipamento e da vazão de água
que o operador disponibiliza ao abrir a torneira de alimentação do mesmo. A elevada
temperatura da água efluente exigiu a utilização de tubulações
de
PPR (Polipropileno
Copolímero Random tipo 3) em parte do sistema. O PPR, apesar de ser um excelente
isolante térmico, não conservou a temperatura de origem, fator que contribuiu para a
aplicação da água de
re
úso
na atividade desejada, ou seja, irrigação da horta.
Mediu
-se o
comprimento da tubulação ao longo de todo o trecho, da saída do destilador da sala 40 até a
entrada na caixa de
reúso
obtendo-se 9,0 m. Observando o gráfico da Figura 5.8 tem-se uma
diferen
ça de temperatura entre este dois pontos igual a 5ºC.
Constatou
-
se
assim uma perda de
calor, ao longo do trajeto da tubulação, de 0,55ºC/m, favorecendo o objetivo do sistema.
Os
equipamentos destiladores de proteínas e extrator de lipídeos por descartarem água fria
tiveram o trecho da tubulação, correspondente, executado em PVC. A temperatura da água
fria, tanto na entrada no destilador quanto na torneira da rede pública, foi registrada
como
26ºC. Após misturadas as águas fria e quente no reservatório de á
gua de reúso obteve
-
se uma
variação na temperatura de até 20ºC, quando em funcionamento um dos equipamentos que
descartam água quente. Esta variação não propicia a proliferação de microorganismos,
Varia
ç
ão de Temperatura
20
25
30
35
40
45
50
55
60
Torneira de
jardim
direto da
rede
Entrada do
destilador
da sala 40
Sa
í
da do
destilador
da sala 40
Entrada na
caixa de
re
ú
so
Caixa de
á
gua de
re
ú
so
Pontos de Coleta
Temperatura (ºC)
Temperatura ambiente
Temperatura da á
gua
Varia
ç
ão de Temperatura
20
25
30
35
40
45
50
55
60
Torneira de
jardim
direto da
rede
Entrada do
destilador
da sala 40
Sa
í
da do
destilador
da sala 40
Entrada na
caixa de
re
ú
so
Caixa de
á
gua de
re
ú
so
Pontos de Coleta
Temperatura (ºC)
Temperatura ambiente
Temperatura da á
gua
78
considerando que a taxa de cloro residual esteja dentro dos limites adequados. Todos estes
resultados estão no laudo de análise emitido pela SANEAGO no Anexo V
III
.
As
F
iguras
5.9 e 5.10 mostram o sistema de coleta sendo executado e o sistema de
irrigação
em funcionamento
.
O
eflu
ente foi
totalmente
coletado, armazenado e distribuído por
gravidade
. O sistema
de irrigação funcionou apenas por gotejamento, para que não houvesse o desperdício desta
água de descarte, extrapolando os limites dos canteiros. A vazão medida na torneira de
limpeza foi de 0,14 L/s. Segundo o fabricante SANTENO de sistema de irrigação, esta
mangueira denominada tape santeno®
requer
uma pressão mínima de serviço de 20 kPa e
vazão de 0,002 L/s.
Como mostra a planilha de cálculo no Anexo IX, obteve-se o
valor
de 31,8 kPa,
atendendo
à exigência do f
abricante.
Figura 5.9
Tubulação de coleta
da água de
reúso
.
Figura
5.10
Sistema de irrigação da horta
medicinal
.
O custo de implantação foi levantado incluindo o material e a mão-
de
-
obra.
Considerando o índice do SINDUSCON-GO, a mão de obra de um encanador é de R$41,00
por dia. Necessitou-se de um encanador e um servente cuja mão-
de
-obra é R$27,00
totalizando R$68,00. O material foi levantado e orçado em R$1.100,00. Conforme os
relatórios emitidos pela SANEAGO o m³ de água custa R$ 7,40, o que corresponde a
economia diária para se irrigar a horta de 500 m², consumindo 2,0 L/ x dia de água. Ao
final do mês, considerando a média de 21 dias, se economizará R$155,40. Em 05 dias
trabalhados ex
ecutou
-se o sistema implantado. Calculando-se o custo total obt
eve
-
se
o valor
de R$1.440,00. Assim, torna-se viável financeiramente, pois o período de retorno do
investimento
é de
aproximadamente
nove meses.
79
6
RESULTADOS
Como
resultado da pesquisa, que constou de levantamentos preliminares para
identificação de sistemas de reúso de água em âmbito regional, por meio de entrevistas com
projetistas e empreendedores, de visitas a sistemas implantados e em execução, bem como do
estudo de caso que contemplou a implantação de um sistema de reúso direto, foram
observados vários aspectos que serão apresentados como diretrizes para a orientação de novos
projetos.
De modo geral, constatou-se que os sistemas de reúso de água identificados foram
implantados de forma independente, sem padronização e, quase sempre, sem o devido
acompanhamento nem a necessária orientação aos usuários finais, embora haja entre os
empreendedores a consciência da necessidade de atender a estes quesitos. Essas ações
justificam
-se pela falta de políticas e planos diretores adaptados às prioridades nacionais para
servirem de instrumento legal com base nas condições ambientais, econômicas, sociais,
culturais, tecnológicas e seus condicionantes político-institucionais. A instituição do reúso de
água requer uma legislação que assegure ao usuário disponibilidade da fonte alternativa em
termos de quantidade e qualidade e metas de racionalização do uso dos recursos hídricos.
A fim de possibilitar a prática sem riscos à saúde pública, recomenda
-
se o
reúso direto
da água para fins não-potáveis. Em virtude da deficiência de estudos epidemiológicos no
Brasil, aptos a facilitar a determinação de parâmetros necessários para alguns tipos de reúso
adaptados às condições locais e específicas de cada projeto, bem como do ainda principiante
histórico de projetos estruturados nesta área, sugere-se tomar como referência padrões
adotados por alguns países, a exemplo dos padrões da U
.S.
EPA (2004) e da WHO (1989).
O reúso de água pode trazer benefícios diretos e indiretos aos usuários desde que
adequadamente concebidos e mantidos. Um deles relaciona-se ao aspecto econômico,
possibilitando ao usuário que reduzir a captação de água e o volume de efluentes gerados ser
beneficiado com a isenção do pagamento da taxa de esgoto. Do contrário, o reúso de água
pode causar insatisfação, como as observadas nas visitas
realizadas
.
Registraram
-se reclamações dos usuários quanto ao mau cheiro e às manchas na bacia
sanitária do sistema de uma das edificações, ainda que desinformados sobre a fonte de água
utilizada. Verificou-se, assim, a necessidade de divulgação sobre esta fonte de água aos
80
usuários do sistema, seus benefícios e a economia que proporciona, como forma de atraí-los e
-
los como aliados na implantação de novos sistema
s de reúso de água.
Constatou
-se nas três obras visitadas que não foram feitos estudos do custo de
manutenção do sistema ao longo da vida útil da edificação. O resultado deste estudo auxiliará
na quantificação de benefícios financeiros reais, estimulando
os incorporadores a implantarem
sistemas de reúso de água que constituiria um diferencial por ocasião da venda do
empreendimento, pelas vantagens oferecidas.
Concluiu
-se pela necessidade de um planejamento adequado, em função da tipologia
da edificação, do sistema hidráulico e sanitário, dos usuários e dos pontos de consumo da
água de reúso, para garantir que a qualidade da água
que será reusada
atenda à necessidade do
empreendimento para as atividades previamente definidas.
O levantamento do impacto de redução do consumo é outra análise a ser feita sobre a
viabilidade técnico-econômica, antes da implantação do sistema de reúso de água em
edifícios. A redução no consumo mensal de água potável é fator que demonstra ou não a
viabilidade do sistema, em que se
considere também o benefício da preservação ambiental.
Como na maioria dos casos as fontes alternativas de água não suprem a necessidade
quantitativa do empreendimento, faz-se necessário adotar medidas prévias de otimização do
consumo, redução de desperdícios e conscientização dos usuários. É necessário, também,
elaborar um projeto que atenda os requisitos de desempenho do sistema solicitados pelos
usuários, tais como, qualidade da água de reúso, facilidade de manutenção, operação e
controle do processo.
Para atingir os objetivos acima mencionados, enumeram-se a seguir as diretrizes a
serem observadas na concepção, execução, operação e manutenção dos sistemas de reúso de
água em edificações públicas.
6.1
DIRETRIZES PAR
A CONCEPÇÃO
6.1.1
Caracteriz
ação da água de reúso de acordo com a atividade
-
fim
A qualidade da água é um aspecto de elevada importância para a manutenção da
segurança da saúde pública, porquanto, a partir do seu conhecimento é possível adotar o
tratamento adequado e saber o custo envolvido no processo. Recomenda-se que sejam
analisados os parâmetros conforme a fonte alternativa utilizada e a aplicação da água de
81
reúso
, baseados nos padrões nacionais e internacionais. Estes se resumem a seguir com a
respectiva periodicidad
e de análise:
pH
-
semanalmente;
DBO
-
semanalmente;
SST
-
diariamente;
Turbidez e Cor
-
contínua;
Óleos e Graxas
-
semanalmente;
Coliformes
-
diário;
Helmintos
- mensalmente;
Cloro residual
-
contínuo;
Nitrato
-
semanalmente;
Nitrogênio amoniacal
sema
nalmente;
Nitritos e Fosfatos
-
semanalmente;
Agentes tenso
-
ativos
semanalmente.
6.1.2
Quantificação da demanda de água
Na elaboração dos projetos é necessário considerar todos os pontos possíveis de coleta
de água de reúso para garantir o volume necessário para o abastecimento contínuo. A maioria
dos métodos existentes para o dimensionamento do reservatório de água de reúso leva em
consideração a tipologia da edificação. A comparação entre o volume necessário, para o
atendimento da demanda e o volume de água de reúso indica a possibilidade de implantação
ou não do sistema.
6.1.3
Avaliação
da oferta
O levantamento do potencial de quantidade de água disponível para reúso é essencial
para o atendimento da demanda e para o correto dimensionamento do sistema de tra
tamento,
de forma a minimizar os custos de implantação do sistema de reúso.
82
6.1.4
Escolha
do tipo de tratamento da água a ser reutilizada
O tratamento adequado a cada atividade consumidora está relacionado à caracterização
da água de reúso. Ressalta-se ainda que, ao reutilizar águas de diferentes graus de qualidade,
necessidade de um controle rígido, por meio de análises químicas, físicas e bacteriológicas
relacionadas a fatores específicos de cada atividade, como no caso em estudo, em que foi
realizada a análise relacionada ao tipo de reagente utilizado no extrator de lipídeos e no
destilador de proteínas.
6.1.5
Elaboração
do projeto de sistema de reúso de água
Ao iniciar-se um projeto de sistema de reúso de água, deve-se localizar os pontos de
coleta (sistema de esgoto) em relação aos pontos de consumo (sistema de reúso de água
não
-potável), para a otimização do sistema que os integrará. A utilização das tubulações,
peças e conexões hidráulicas em cores e diâmetros diferentes é um procedimento de
segurança
e que facilita a manutenção. Para se evitar a contaminação, no traçado da
tubulação, na entrada de água de reúso e potável do reservatório, deve-se utilizar
dispositivos
contra retro-sifonagem. Na previsão de fonte suplementar, a entrada de água potável não deve
estar em contato direto com a água de reúso.
6.2
DIRETRIZES
PARA
EXECUÇÃO, MANUTENÇÃO E CONTROLE
DO
SISTEMA
6.2.1
Treinamento de mão
-de-
obra
O fornecedor do sistema de tratamento e tubulações próprias para o sistema de reúso
deve responsabiliz
ar
-
se pelo treinamento de mão
-
de
-
obra e acompanhamento da montagem.
Deve haver um responsável técnico devidamente habilitado pela execução e
manutenção do sistema.
As tubulações de coleta e distribuição devem ter a cor laranja para destacarem do
restante
dos sistemas prediais e chamar a atenção dos usuários e do responsável pela
manutenção do sistema de reúso.
83
Os reservatórios de água de reúso devem estar acessíveis para facilitar e oferecer
segurança na manutenção e operação do sistema, ter tubulações de limpeza do reservatório
que permita o seu esvaziamento completo e extravasão do volume excedente do seu interior.
A princípio o reservatório de água de reúso deverá estar em nível acima dos pontos de
consumo, para que não necessite de bombeamento. Se não for possível ele terá que ser
apoiado no solo ou enterrado, dotado de sistema de bombeamento tanto para o recalque aos
pontos de consumo quanto para a sua limpeza. A água extravasada deverá cair livre e ser
encaminhada por gravidade ao sistema de águas ser
vidas.
6.2.2
Instalação
de placas de alerta ao usuário
Apesar da cultura do usuário em rejeitar, inicialmente, o abastecimento com água de
reúso, o mesmo deve ser alertado sobre o tipo de fonte de água em utilização e, ao longo do
tempo
,
obter
-
se
uma melhor
aceitação.
6.2.3
Controle
de qualidade da água
O sistema, após a implantação, deve ser monitorado por técnico responsável pela
análise da qualidade da água de reúso, de maneira a garantir que o usuário continue
beneficiado por um sistema adequado e mantenha a aceitação inicial. Os pontos críticos a
serem monitorados são os pontos de coleta do efluente e o reservatório de água de reúso,
realizando as análises e observando as periodicidades citadas no item 5.1.1. A temperatura da
água superior aos 35ºC, segundo a Portaria N
o
518 do MS, é o valor propício para a
proliferação de bactérias. Assim, recomenda-se que seja sempre verificado este parâmetro,
limitando
-o a este valor. As eventuais falhas e adequações devem ser prontamente corrigidas,
sem ônus para o usuário, e orientações escritas devem ser disponibilizadas na forma de
cartilha ou manual.
Espera
-se que as diretrizes propostas se transformem em regras obrigatórias para que
as propostas de utilização de novos sistemas de reúso de água sejam concebidas de for
ma
tecnicamente correta, implantadas em nível otimizado, com os benefícios quantificados, e
obtenham a plena e total aceitação dos usuários.
84
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS
E RECOMENDAÇÕES
Neste trabalho, estudaram-se mais profundamente os sistemas de reúso direto de água,
com reaproveitamento do efluente de destiladores e equipamentos similares. Analisou-se a
qualidade da água de reúso, a concepção, a execução, o uso e a manutenção de sistemas
prediais hidráulicos e sanitários que utilizam águas de reúso, com atenção aos requisitos de
segurança, de forma a evitar a contaminação.
Dentre os critérios iniciais para a concepção e elaboração de um projeto de sistema
predial de reúso de águas, figura o planejamento em função da tipologia do edifício e das
nece
ssidades dos usuários, que inclui a separação dos sistemas de água cinza e de água negra
no início do projeto de uma edificação, possibilitando mais economia e funcionabilidade na
implementação do sistema de reúso, com vantagem sobre as edificações onde existem
tubulações em funcionamento e a água cinza não é separada.
O controle do sistema de reúso de água inicia-se pelo monitoramento do desempenho
do sistema quanto aos requisitos de qualidade e quantidade da água de reúso.
A quantificação da demanda de água de reúso é critério importante para se evitar
desperdício em relação ao tratamento, pois o volume tratado de água cinza pode ser maior que
o necessário a ser consumido. Assim, nem todo o volume gerado de água cinza precisa ser
tratado para posterior
reúso.
Na elaboração deste trabalho, constatou
-
se que a aceitação do usuário da água de reúso
está relacionada à consciência de conservação do próprio usuário a qual depende muito da
questão cultural. A eficácia do sistema está aliada à colaboração deste
usuário.
Com os dados levantados no estudo de caso, na Faculdade de Farmácia da UFG,
pôde
-se constatar a importância de reutilização deste efluente no controle do desperdício e a
redução considerável no consumo mensal de água. Houve total aprovação dos usuários que
ansiavam por esse reaproveitamento, mas não tinham idéia de como proceder.
A implementação do projeto de sistema de reúso de água possibilitou prever uma
redução no consumo mensal de água. O valor reduzido, especificamente nos meses de Abri
l,
Maio, Junho e Setembro de 2006, esteve entre 3% e 4,5% do consumo médio mensal, o que
representa cerca de 25 a 38 m
3
por
m
ês
. Ressalta-se que não se pode generalizar o valor do
impacto de redução no consumo mensal de água, pois o mesmo depende da rotina de
utilização, em função das atividades acadêmicas. Também foi possível a otimização do
85
serviço de coleta de água destilada, que passou a ser centralizado e a constatação com a
aprovação por todos os usuários.
Ressalta
-se, também, que caso o controle de qualidade da água não seja eficaz o
sistema de reúso de água poderá trazer risco à saúde pública. Por isso, é importante que a
implantação de sistemas de reúso de água em edifícios contemple um rigoroso controle de
qualidade da água e de manutenção do sist
ema.
Co
nsiderando a grande aceitação junto aos usuários da Faculdade de Farmácia da
UFG
, sugere
-
se:
extensão da rede coletora de efluentes para a captação de novos pontos de
instalação de destiladores, por exemplo, o da Farmácia Escola e o estudo para
co
nsumo potável da água descartada deste destilador especificamente;
monitorar a longo prazo a oferta de água descartada para posterior instalação de
novas caixas de água de reúso, aumentando o volume da reservação;
implantação de unidade de desinfecção para
a água de reúso;
extensão da rede de distribuição da água reciclada para atender a novos pontos de
utilização, visando a lavagem de pisos e outros possíveis usos;
extensão deste estudo visando a implantação de projetos similares em outros
laboratórios da
UFG.
continuação do monitoramento do consumo mensal de água para o lculo
atualizado do impacto de redução no consumo de água e do indicador de consumo
em L/aluno.dia em função da intensidade de utilização dos equipamentos.
86
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RODRIGUES, R.S. As dimensões legais e institucionais do
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ROTOGINE
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90
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U.S.EPA
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Genebra, 1973.
<
http://www.health.wa.gov.au
>. Acesso
em
: 22 Fev. 2006.
ANEXOS
91
ANEXO I
CLASSIFICAÇÃO DOS CO
RPOS DE ÁGUA EM FUNÇ
ÃO DOS USOS
PREPONDERANTES
-
RESOLUÇÃO CONAMA N
o
357
/2005
92
Classificação d
os corpos de
água em função dos usos preponderantes (CONAMA 357/2005).
Águas doces
Classe
Principais usos
Classe especial
abastecimento para consumo humano, com desinfecção;
preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas
;
preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de
proteção integral.
Classe 1
abaste
cimento para consumo humano, após tratamento simplificado;
proteção das comunidades aquáticas;
recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e
mergulho, conforme Resolução CONAMA nº
274, de 2000;
irrigação de hortaliças que o consumidas cruas e de frutas que se
desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de
película;
proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.
Classe 2
abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;
proteção das c
omunidades aquáticas;
recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e
mergulho, conforme Resolução CONAMA n
o
274, de 2000;
irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos
de esporte e lazer, com os quais o públi
co possa vir a ter contato direto;
e aqüicultura e à atividade de pesca.
Classe 3
abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional
ou avançado;
irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras
;
pesca amadora;
recreação de c
ontato secundário;
dessedentação de animais.
Classe 4
navegação;
e harmonia paisagística.
93
ANEXO II
-
RESOLUÇÃO N
o
54
/2005
-
CNRH
94
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS
RESOLUÇÃO N
o
54
, DE 28 DE NOVEMBRO DE 2005
(
publicada
no DOU em 09/03/2006
)
Estabelece modalidades, diretrizes e critérios
gerais para a prática de reúso direto não
potável de água.
O CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS - CNRH, no uso das
competências que lhe são conferidas pela Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, pela Lei no
9.984, de 17 de julho de
2000, e pelo Decreto no 4.613, de 11 de março de 2003;
Considerando que a Lei no 9.433, de 1997, que dispõe sobre a Política Nacional de
Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos -
SINGREH, dá ênfase ao uso sustentá
vel da água;
Considerando a Década Brasileira da Água, instituída pelo Decreto de 22 de março de
2005, cujos objetivos são promover e intensificar a formulação e implementação de políticas,
programas e projetos relativos ao gerenciamento e uso sustentável
da água;
Considerando a diretriz adotada pelo Conselho Econômico e Social da Organização
das
Nações Unidas
ONU, segundo a qual, a não ser que haja grande disponibilidade,
nenhuma
água de boa qualidade deverá ser utilizada em atividades que tolerem águas
de
qualidade
inferior;
Considerando que o reúso de água se constitui em prática de racionalização e de
conservação de recursos hídricos, conforme princípios estabelecidos na Agenda 21, podendo
tal
prática ser utilizada como instrumento para regular a oferta e a demanda de recursos
hídricos;
Considerando a escassez de recursos hídricos observada em certas regiões do território
nacional, a qual está relacionada aos aspectos de quantidade e de qualidade;
Considerando a elevação dos custos de tratamento de água em função da degradação
de
mananciais;
Considerando que a prática de reúso de água reduz a descarga de poluentes em corpos
receptores, conservando os recursos hídricos para o abastecimento público e outros usos mais
exigentes quanto à qualidade; e
95
Consid
erando que a prática de reúso de água reduz os custos associados à poluição e
contribui para a proteção do meio ambiente e da saúde pública,
RESOLVE:
Art.
1
o
Estabelecer modalidades, diretrizes e critérios gerais que regulamentem e
estimulem a prática de
reúso direto não potável de água em todo o território nacional.
Art. 2
o
Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes definições:
I
- água residuária: esgoto, água descartada, efluentes líquidos de edificações,
indústrias,
agroindústrias e a
gropecuária, tratados ou não;
II
-
reúso de água: utilização de água residuária;
III
- água de reúso: água residuária, que se encontra dentro dos padrões exigidos para
sua
utilização nas modalidades pretendidas;
IV - reúso direto de água: uso planejado de água de reúso, conduzida ao local de
utilização, sem lançamento ou diluição prévia em corpos hídricos superficiais ou
subterrâneos;
V
- produtor de água de reúso: pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
que produz água de reúso;
VI -
dist
ribuidor de água de reúso: pessoa física ou jurídica, de direito público ou
privado, que distribui água de reúso; e,
VII
-
usuário de água de reúso: pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
que utiliza água de reúso.
Art. 3
o
O reúso d
ireto não potável de água, para efeito desta Resolução, abrange as
seguintes modalidades:
I
- reúso para fins urbanos: utilização de água de reúso para fins de irrigação
paisagística,
lavagem de logradouros públicos e veículos, desobstrução de tubulações,
construção civil,
edificações, combate a incêndio, dentro da área urbana;
II
-
reúso para fins agrícolas e florestais: aplicação de água de reúso para produção
agrícola e cultivo de florestas plantadas;
III
- reúso para fins ambientais: utilização de água de reúso para implantação de
projetos
de recuperação do meio ambiente;
IV -
reúso para fins industriais: utilização de água de reúso em processos, atividades e
operações industriais; e,
96
V
- reúso na aqüicultura: utilização de água de reúso para a criação de animais ou
cultivo
de vegetais aquáticos.
§ 1
o
As modalidades de reúso não são mutuamente excludentes, podendo mais de
uma
delas ser empregada simultaneamente em uma mesma área.
§ 2
o
As diretrizes, critérios e parâmetros específicos para as modalidades de
reúso
definidas nos incisos deste artigo serão estabelecidos pelos órgãos competentes.
Art. 4
o
Os órgãos integrantes do SINGREH, no âmbito de suas respectivas
competências,
avaliarão os efeitos sobre os corpos hídricos decorrentes da prática do reúso,
devendo estabelecer instrumentos regulatórios e de incentivo para as diversas modalidades de
reúso.
Art. 5
o
Caso a atividade de reúso implique alteração das condições das outorgas
vigentes,
o outorgado deverá solicitar à autoridade competente retificação da outorga de
direito de uso de
recursos hídricos de modo a compatibilizá-
la com estas alterações.
Art. 6
o
Os Planos de Recursos Hídricos, observado o exposto no art. 7º, inc. IV, da
Lei n
o
9.433, de 1997, deverão contemplar, entre os estudos e alternativas, a utilização de
águas de
reúso e seus efeitos sobre a disponibilidade hídrica.
Art. 7
o
Os Sistemas de Informações sobre Recursos Hídricos deverão incorporar,
organizar e tornar disponíveis as informações sobre as práticas de reúso necessárias para o
gerenciamento dos recursos hídricos.
Art. 8
o
Os Comitês de Bacia Hidrográfica deverão:
I
considerar, na proposição dos mecanismos de cobrança e aplicação dos recursos da
cobrança, a criação de incentivos para a prática de reúso
; e,
II
-
integrar, no âmbito do Plano de Recursos Hídricos da bacia, a prática de reúso com
as
ações de saneamento ambiental e de uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica.
Parágrafo único. Nos casos onde não houver Comitês de Bacia Hidrográfica
inst
alados, a responsabilidade caberá ao respectivo órgão gestor de recursos hídricos, em
conformidade com o
previsto na legislação pertinente.
97
Art. 9
o
A atividade de reúso de água deverá ser informada, quando requerida, ao
órgão
gestor de recursos hídrico
s, para fins de cadastro, devendo contemplar, no mínimo:
I
-
identificação do produtor, distribuidor ou usuário;
II
-
localização geográfica da origem e destinação da água de reúso;
III
-
especificação da finalidade da produção e do reúso de água; e,
IV - vazão e volume diário de água de reúso produzida, distribuída ou utilizada.
Art. 10. Deverão ser incentivados e promovidos programas de capacitação,
mobilização
social e informação quanto à sustentabilidade do reúso, em especial os aspectos
sanitários e
a
mbientais.
Art. 11. O disposto nesta Resolução não exime o produtor, o distribuidor e o usuário
da
água de reúso direto o potável da respectiva licença ambiental, quando exigida, assim
como do
cumprimento das demais obrigações legais pertinentes.
Art. 12.
Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
MARINA SILVA
JOÃO BOSCO SENRA
Presidente
Secretário Executivo
98
ANEXO III
PADRÕES DE QUALIDAD
E DA ÁGUA PARA REÚSO
99
Quadro 1
- Pa
râmetros característicos para água de reúso
-
Classe 1.
Fonte:
Fiesp (2005).
Parâmetros
Concentrações
Coliformes fecais
1
Não detectáveis
pH
Entre 6,0 e 9,0
Cor (UH) 10 UH
Turbidez (UT)
2 UT
Odor e aparência
Não desagradáveis
Óleos e graxas (mg/L) 1mg/L
DBO² (mg/L)
10 mg/L
Compostos orgânicos voláteis³
Ausentes
Nitrato (mg/L)
< 10
Nitrogênio amoniacal (mg/L)
20
Nitrito (mg/L) 1
Fósforo total
4
(mg/L
) 0,1
Sólido suspenso total (SST) (mg/L)
5
Sólido dissolvido total (SDT)
5
(mg/L)
500
1.
Esse parâmetro é prioritário para os usos considerados.
2. O controle da carga orgânica biodegradável evita a proliferação de microorganismos e
cheiro desagradável, em função do processo de decomposição, que podem ocorrer em
linhas e reservatórios de decomposição.
3.
O controle deste composto visa evitar odores desagradáveis, principalmente em aplicações
externas em dias quentes.
4. O controle de formas de nitrogênio e fósforo visa evitar a proliferação de algas e filmes
biológicos, que podem formar depósitos em tubulações, peças sanitárias, reservatórios,
tanques etc.
5.
Valor recomendado para lavagem de roupas e veículos.
Quadro 2
-
Parâmetros básicos para água de reúso
-
C
lasse 2.
Fonte:
Fiesp (2005).
Parâmetros
Concentrações
Coliformes fecais
1000/mL
pH
Entre 6,0 e 9,0
Odor e aparência
Não desagradáveis
Óleos e graxas (mg/L) 1mg/L
DBO (mg/L)
30 mg/L
Compostos orgânicos voláteis
Ausentes
Sólido suspenso total
(SST) (mg/L)
30 mg/L
100
Quadro 3
-
Parâmetros básicos para água de reúso
-
Classe 3.
Fonte:
Fiesp (2005).
Parâmetros
Concentrações
pH
Entre 6,0 e 9,0
0,7 < EC (dS/m) < 3,0
Salinidade
450 <
SDT
(mg/L)
<
1500
Sódio (SAR)
Entre 3 e 9
Cloretos (mg/L)
< 350 mg/L
Para
irr
igação
superficial
Cloro
residual
(mg/L)
Máxima de 1 mg/L
Sódio (SAR) 3,0
Cloretos (mg/L)
< 100 mg/L
Toxicidade
por
íons
específicos
Para
irrigação
com
aspersores
Cloro residual
< 1,0 mg/L
Irrigação de culturas alimentícias
0,7 mg/L
Boro (mg/L)
Regas de jardins e similares
3,0 mg/L
Nitrogênio total (mg/L)
5
30 mg/L
DBO (mg/L)
< 20mg/L
Sólidos suspensos totais (mg/L)
< 2
0mg/L
Turbidez (UT)
< 5 UT
Cor aparente (UH)
< 30 UH
Coliformes fecais (mL)
200/100 mL
Quadro 4 - Variáveis de qualidade da água recomendados para uso em torres de
resfriamento
-
Classe 4.
Fonte:
Fiesp (2005).
Variável (*)
Sem circulação
Com circula
ção
Sílica
50 50
Alumínio
0,1
Ferro
0,5
Manganês
0,5
Amônia
SR
1,0
Sólidos Dissolvidos Totais 1000 500
Cloretos
600 500
Dureza
850 650
Alcalinidade
500 350
Sólidos Suspensos Totais
5000 100
pH
5,0 8,3 6,8 7,2
Coliformes
totais
(NMP/100
m
L)
SR
2,2
Bicarbonato
600 24
Sulfato
680 200
Fósforo
SR
1,0
Cálcio
200 50
Magnésio
SR
30
O
2
dissolvido
Presente
SR
DQO
75 75
(*) Unidade de referência: mg/L, a menos que indicado.
SR
sem recomendação
.
101
Quadro 5
Padrões de qualidade da água.
Fo
nte:
Portaria 518/2004 do MS e Resolução CONAMA 357/2005.
Resolução CONAMA 357/05
Classificação
Águas
Doces:
Parâmetros gerais
Portaria M.S
518/2004
Potabilidade
1 2 3 4
Cloro residual(mg/L)
0,2 2,0
0,01
0,01
--
--
Cor (mg Pt/
L)
15 (uH)
-
75
75
Odor
Não objetável
A A A
NO
Espuma
--
A A A A
Materiais flutuantes
--
A A A A
Sólidos dissolvidos
totais (mg/
L)
1000
500
500
500
Contagem
bacteriológica
(UFC/m
l)
500
pH
Entre 6,0 e 9,5
6-9 6-9 6-9 6-9
Dureza (mg/
L
CaCO
3
)
500
--
--
--
--
Óleos e graxas (mg/
L)
--
A A A I
Coliformes fecais
(NMP/100ml)
A
200
1000
4000
Coliformes totais
(NMP/100ml)
A
1000
5000
20000
Fósforo total (mg/
L)
--
0,02
0,02
0,05
--
OD (mg/
L
O
2
)
--
> 6
> 5
> 4
> 2
Cloretos (mg/
L)
250
250
250
250
Nitrato (mg/L
)
10
10
10
10
Nitrito (mg/
L) 1 1 1 1
Turbidez (UT)
5
40
100
100
DBO (mg/
L)
--
3 5
10
Onde
: A: Virtualmente Ausente, NO: Não Objetáveis e I: toleram
-
se Iridescências, ou um
residual.
102
ANEXO IV
PARÂMETROS DE CARACT
ERIZAÇ
ÃO DOS EFLUENTES
DOMÉSTICOS
103
Parâmetros de caracterização dos efluentes domésticos
(VON SPERLING,1996)
.
Parâmetro
Descrição
Temperatura
Ligeiramente superior à água de abastecimento;
Variação conforme as estações do ano (mais estável que a
temperatura do ar);
Influência na atividade microbiana;
Influência na solubilidade dos gases;
Influência na viscosidade do líquido.
Cor
Esgoto fresco: ligeiramente cinza;
Esgoto séptico: cinza escuro ou preto.
Odor
Esgoto fresco:
odor oleoso, relativamente desagradável;
Esgoto séptico: odor fétido (desagradável), devido ao gás sulfídrico e
a outros produtos em decomposição;
Despejos industriais: odores característicos.
Físicas
Turbidez
Causada por uma grande variedade de sólidos em suspensão;
Esgotos mais frescos ou mais concentrados: geralmente têm maior
turbidez.
SÓLIDOS TOTAIS
Em suspensão
-
Fixos
-
Voláteis
Dissolvidos
-
Fixos
-
Voláteis
Sedimentáveis
Orgânicos e inorgânicos; suspensos e dissolvidos; sedimentáveis
Fra
ção dos sólidos orgânicos e inorgânicos que são filtráveis (não
dissolvidos).
Componentes minerais, não incineráveis, inertes, dos sólidos em
suspensão.
Componentes orgânicos dos sólidos em suspensão.
Fração dos sólidos orgânicos que não são filtráveis (no
rmalmente
com dimensão < 10
-3
)
Componentes minerais dos sólidos dissolvidos.
Componentes orgânicos dos sólidos dissolvidos.
Fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que sedimenta em 1 hora
no cone Imhoff. Indicação aproximada da sedimentação em um
tanqu
e de decantação.
Químicas
MATÉRIA
ORGÂNICA
Determinação indireta
DBO
5
.20
DQO
DBO última
Determinação direta
COT
Mistura heterogênea de diversos compostos orgânicos. Principais
componentes: proteínas, carboidratos e lipídios.
Demanda Bioquímica de Oxig
ênio. Medida a 5 dias, 20
o
C. Fração
biodegradável dos componentes orgânicos carbonáceos. É uma
medida do oxigênio consumido após 5 dias pelos microorganismos
na estabilização bioquímica da Matéria Orgânica (MO).
Demanda Química de Oxigênio. Representa a qu
antidade de
oxigênio requerida para estabilizar quimicamente a MO.
Demanda Última de Oxigênio. Representa o consumo total de
oxigênio, ao final de vários dias, requerido pelos microorganismos
para estabilização bioquímica da MO.
Carbono Orgânico Total. É uma medida direta da MO. É determinado
através da conversão do carbono orgânico a gás carbônico.
104
Parâmetros de caracterização dos efluentes domésticos
(VON SPERLING,1996)
.
Continuação.
Parâmetro
Descrição
NITROGÊNIO
TOTAL
Nitrogênio org
ânico
Amônia
Nitrito
Nitrato
O nitrogênio total inclui o nitrogênio orgânico, amônia, nitrito e
nitrato.
É um nutriente indispensável para o desenvolvimento dos
microorganismos no tratamento biológico. O nitrogênio orgânico e a
amônia compreendem o denominado Nitrogênio Total
Kjeldahl
(NTK).
Nitrogênio na forma de proteínas.
Produzida como primeiro estágio da decomposição do nitrogênio
orgânico.
Estágio intermediário da oxidação da amônia. Praticamente ausente
no esgoto bruto.
Produto final da oxid
ação da amônia. Praticamente ausente no esgoto
bruto.
FÓSFORO
Fósforo orgânico
Fósforo inorgânico
O fósforo total existe na forma orgânica e inorgânica. É um nutriente
indispensável no tratamento biológico.
Combinado à MO.
Ortofosfato e polifos
fatos.
pH
Indicador das características ácidas ou básicas do esgoto. Uma solução
é neutra em pH 7. Os processos de oxidação bacteriológica tendem a
reduzir o pH.
ALCALINIDADE
Indicador da capacidade tampão do meio (resistência às variações do
pH).
Devido à presença de bicarbonato, carbonato e íon hidroxila(OH).
CLORETOS
Provenientes da água de abastecimento e dos dejetos humanos.
Químicas
ÓLEOS E
GRAXAS
Fração da MO solúvel em hexanos. Nos esgotos domésticos, as fontes
são óleos e gorduras utilizados
em comidas.
Microorganismo
Descrição
Bactérias
Organismos protistas unicelulares.
Apresentam
-
se em várias formas e tamanhos.
São os principais responsáveis pela estabilização da MO.
Algumas bactérias são patogênicas, causando principalment
e doenças
intestinais.
Fungos
Organismos aeróbios, multicelulares, não fotossintéticos,
heterotróficos.
Também de grande importância na decomposição da MO.
Podem crescer em condições de baixo pH.
Biológicas
Protozoários
Organismos unicelulares sem parede celul
ar.
A maioria é aeróbia ou facultativa.
Alimentam
-
se de bactérias, algas e outros microrganismos.
São essenciais no tratamento biológico para a manutenção de um
equilíbrio entre os diversos grupos. Alguns são patogênicos.
105
Parâmetros de caracterização dos
efluentes domésticos
(VON SPERLING,1996)
.
Continuação.
Microorganismo
Descrição
Vírus
Organismos parasitas, formados pela associação de material genético
(DNA ou RNA) e uma carapaça protéica.
Causam doenças e podem ser de difícil remoção no
tratamento da
água ou do esgoto.
Biológicas
Helmintos
Animais superiores.
Ovos de helmintos presentes nos esgotos podem causar doenças.
106
ANEXO V
ROTEIRO
PARA LEVANTAMENTO D
E DADOS D
AS
EDIFICAÇÕE
S
COM O SISTEMA DE
REÚSO
107
ROTEIRO
1 -
DADOS GERAIS DO EDIFICAÇÃO
1.1 -
Nome do empreendimento: ___________________________________________
1.2 -
Tipologia da edificação: _____________ Local: ______________________________
1.3 -
Construtora: _________________________________________
1.4 -
Edifício:
Público
Privado
2 -
CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REÚSO
2.1 -
Fonte de fornecimento da água de reúso: ________________________________
2.2 -
Tipo de sistema de tratamento: ________________________________________
2.3 -
Há quanto tempo o sistema está em funcionamento? _____________________________
2.4 - Atividades de utilização da água de reúso:
Bacia san
itária
Lavagem de piso
Rega de jardim
Lavagem de
automóveis
3 - DESEMPENHO DO SISTEMA
3.4.1 -
Aplicou
-
se algum questionário para avaliar o grau de aceitação do usuário?
Sim
Não
3.4.2 -
Nível de qualidade da água de reúso: _____________________________
3.4.3 -
Freqüência de monitoramento da qualidade da água de reúso: ________________
3.4.4 - Operação e controle do sistema:
3.4.4.1 -
Foi utilizado alguma
identificação para destaque dos elementos do sistema?
Qual? ______
______________________________________
3.4.4.2 -
Existem placas de alerta informando ao usuário sobre o tipo de água que está se
utilizando?
Sim
Não
3.4.4.3 - Foi const
atado algum problema no funcionamento do sistema?
Qual? ____________________
________________________________________________________________________________
3.4.4.4 -
Qual a solução prevista para se evitar a conexão cruzada?
_____________________________
_________________________________________________________________________________
3.4.4.5 -
Qual a garantia de fornecimento contínuo da água? ________________________________
_________________________________________________________________________________
108
3.4.4.6
-
O potencial de água de reúso é suficiente para atender a demanda?
Sim
Não
4 -
OCORRÊNCIA DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS
4.1 - Após a instalação do sistema de reúso de água observou-se alguma alteração física
das
características da água?
Odor
Corrosão
Incrustação
Manchas
4.2 -
Após a constatação foi tomada alguma providência?
Sim
Não
4.3 -
Qual o destino do lodo formado no reservatório de coleta da água de reúso?
Concessioná
ria
Particular
109
ANEXO VI
PLANILHA DE COLETA
DOS DADOS DA FREQÜÊN
CIA DE
UTILIZAÇÃO DOS DESTI
LADORES.
110
Mês
Dia
Hora
Sa
la
Operador
Equipamento
Volume destilado
início:
fim:
início:
fim:
início:
fim:
início:
fim:
início:
fim:
início:
fim:
início:
fim:
início:
fim:
início:
fim:
início:
fim:
início:
fim:
início:
fim:
início:
fim:
início:
fim:
início:
fim:
111
ANEXO VII
-
PROJETO DO SISTEMA
DE REÚSO DE ÁGUA DA
FACULDADE DE FARMÁCI
A.
LAB. PRODUTOS NATURAIS-259
LAB. QUÍMICA FARMACEUTICA-261
APOIO-260
LAB. QUÍMICA FARMACEUTICA-262
LAB. FARMACOTÉCNICA-263
LAB. FARMACOGNOSIA-250
S. CROMATOGRAFIA-249
APOIO-248
LAB. CONTROLE QUALIDADE-246
LAVAGEM/ESTERILIZAÇÃO-244
LAB. FISICO QUÍMICA-243
APOIO-245
CIRCULAÇÃO-236
APOIO-258
TIPO DE PROJETO:
NOME DO PROJETO E ENDEREÇO:
CONTEÚDO PRANCHA:
UFG/CEGEF:
AUTORA DO PROJETO
NOME DO EDIFÍCIO
DATA:
FAC.DE ODONT./FARM.
ÁREA TÉRREO
ÁREA DO 1o. PAVIM. SUPERIOR
ÁREA DO 2o. PAVIM. SUPERIOR
PRIMEIRO PAVIMENTO SUPERIOR
7931,55 m2
X.XXX,XX m2
PASTA/CAMPUS/QUADRA
NOME DO ARQUIVO
GPP/GPP5/Projeto
GERÊNCIA/COMPUTADOR/PASTA
1:50
10/06/2006
ESCALA:
ÁREA TOTAL
ÁREA 4o PAVIMENTO
ÁREA 3o PAVIMENTO
DESENHO:
1/2
No. PRANCHA:
BLOCO 05, CAMPUS 01, QUADRA 62
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
Av. Universitária, No. 1593, S. Universitário, CEP 74605-010, GOIÂNIA-GO. Tel. 521 1526
CEGEF-Centro de Gestão do Espaço Físico
SISTEMA DE REÚSO DE ÁGUA
France Silva Nascimento CREA 4660/D-GO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA E FARMÁCIA
PRIMEIRO PAVIMENTO ESC.:1/100
1885,55 m2
1885,55 m2
2274,90 m2
1885,55 m2
Ø40
Ø40mm
Ø40
Ø40mm - PPR
Ø40mm - PPR
Reservatório
de água de reúso
500 Litros
Ø50mm - PVC
Extravasor
Tubulação do sistema de reúso
vai ao sistema de irrigação
por gotejamento - Ø 40 mm
RE (1.1/4")
Central de destilação de água
Área = 500,0m²
Horta
Utilizar um TÊ Ø40mm para
interligar ao dreno da central
de destilação do 2º pavimento
Ø32
Extravasor
Tubulação do sistema de reúso
vai ao sistema de irrigação
por gotejamento
DETALHE ESQUEMÁTICO
SEM ESCALA
RESERVATÓRIO DE ARMAZENAMENTO DE ÁGUA DE REÚSO
do 1º pavimento
Ø40mm - PPR
Ø40mm - PVC marron
Utilizar um TÊ de redução - Ø 40x32mm
para interligar ao dreno da sala 42
Ø40mm - PVC marron
SALA 34
Ø25mm - PVC marron
Ø40mm - PPR
Transição do PVC para o PPR
adaptador de transição 40x1.1/4"
luva LR 40x1.1/4"
LAB. CONTROLE QUALIDADE-257
VER DET. 1
DETALHE 1
ESC.: 1/25
Ø40
Ø40mm
Ø40
Ø40
Ø40
PISO
Ø40
JO 45° 40mm
JO 45° 40mm
TÊ 40mm
VISTA 1
ESC.: 1/25
JO 90° 40mm
Limpeza - vai à
Limpeza - vai à sarjeta - 40 mm
sarjeta
112
FACULDADE DE ODONTOLOGIA E FARMÁCIA
SEGUNDO PAVIMENTO SUPERIOR ESC.:1/100
GAB.PROF.-360
LAB.TECNOLOGIA ALIMENTOS-357
APOIO-358
LAB.ENZIMOLOGIA-359
SALA COMP.-364
LAB.TECNOL. ALIMENTOS-354
GAB.PROF.-362
GAB.PROF-356
LAB.PREP.MEIOS CULTURA-355
GAB.PROF.-361
GABI.PROF.-363 GABINETE PROF.-365
LAB.MICROBIOLOGIA-353
APOIO-352
CIRCULAÇÃO-366
B.MASC-341
RECEPÇÃO-343
SALA DE AULA-351
APOIO-342
BLOCO 05, CAMPUS 01, QUADRA 62
ÁREA TOTAL
GERÊNCIA/COMPUTADOR/PASTA
SEGUNDO PAVIMENTO SUPERIOR
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
Av. Universitária, No. 1593, S. Universitário, CEP 74605-010, GOIÂNIA-GO. Tel. 521 1526
CEGEF-Centro de Gestão do Espaço Físico
SISTEMA DE REÚSO DE ÁGUA
ÁREA 4o PAVIMENTO
ÁREA 3o PAVIMENTO
ÁREA DO 2o. PAVIM. SUPERIOR
CONTEÚDO PRANCHA:
AUTORA DO PROJETO
NOME DO EDIFÍCIO
10/06/2006
FAC.DE ODONT./FARM.
ÁREA TÉRREO
ÁREA DO 1o. PAVIM. SUPERIOR
DATA:
UFG/CEGEF:
NOME DO ARQUIVO
GPP/GPP5/Projeto1:50
ESCALA:
France Silva Nascimento CREA 4660/D - GO
TIPO DE PROJETO:
NOME DO PROJETO E ENDEREÇO:
2/2
No. PRANCHA:
X.XXX,XX m2
PASTA/CAMPUS/QUADRA
DESENHO:
1885,55 m2
1885,55 m2
2274,90 m2
1885,55 m2
7931,55 m2
Área = 500,0m²
Horta
Ø32mm
Central de destilação de água
Ø40
Ø40
Ø40mm - PPR
Ø32
Ø32mm - PPR
do 2º pavimento
SALA 42
SALA 40
113
114
ANEXO V
I
II
ANÁLISES FÍSICO
-
QUÍMICAS E BACTERIOL
ÓGICAS DA ÁGUA
115
116
117
118
ANEXO
IX
PLANILHA DE CÁLCULO
DO SISTEMA DE
REÚSO
DE ÁGUA.
Proprietário
:
Faculdade
de Farmácia
Ocupação
:
Escola
Endereço
:
1ª Avenida, 4122
-
St. Universitário
-
Goiânia
-
GO
N.A. =
0
.0
m
Trecho
Vazão
Diâmetro
Área
Velo
-
cidade
Comprimento (m
)
Perda de
Carga m/m
Des
-
nível
Pressão
(
m.c.a.
)x10=1kPa
m³/h
L/s
L/min
Simult
L/s
m³/s
DN
(mm)
DI
(mm)
m/s
Real
Equiva
-
lente
Total
Unitária
Total
m
Montante
Jusante
Cx.
-
1
0,7
0,2
12,0
100%
0,20
0,0002
40
35,2
0,000973
0,2
4,30
13,00
17,30
0,0023
0,04
3,25
0,00
3,21
1-
Si
0,7
0,2
12,0
100%
0,20
0,0002
40
35,2
0,000973
0,2
3,30
8,10
11,40
0,0023
0,03
0,00
3,21
3,18
1-
TL
0,7
0,2
12,0
100%
0,20
0,0002
25
21,6
0,000366
0,5
26,00
7,50
33,50
0,0233
0,78
0,00
3,21
2,43
Autora do Projeto:
Engª France Silva Nascimento
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
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