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Ao tratar do comportamento dos agentes interferentes no turismo, mais especificamente
o turista, é interessante visualizar que, por lidar com o meio ambiente, paisagens, espaços,
comunidades, esses agentes tendem a influenciar o comportamento do ambiente visitado. Isso
pode acarretar modificações no meio natural anteriormente existente. Para tal, é importante a
incorporação das reais responsabilidades, ao desempenhar essas atividades. Segundo
Ruschmann (2001, p. 163), que em seu livro aborda o comportamento como a variável
“cultura turística do visitante”, sua falta faz com que os turistas se comportem de forma
alienada em relação ao meio que visitam – acreditam que não têm nenhuma responsabilidade
com a preservação da natureza e com a originalidade das destinações.
Nessa mesma direção, Coriolano (2002) se preocupa em perfilar alguns impactos
ocasionados pelo turismo, com o objetivo de tratar modificações exercidas por um turismo
mal planejado. Dentre as principais ações perturbadoras do ambiente natural, podem ser
citadas:
a) proliferação congestiva de construções de todo tipo para servirem de alojamento e
permanência: hotéis, pousadas, campings, motéis, cafeterias, restaurantes,
discotecas, piscinas, marinas e zonas comerciais, que mudam a fisionomia do lugar,
alterando a paisagem e modificando, simultaneamente, a flora e a fauna; b) as vias
de comunicação: estradas, caminhos, trilhas, portos, aeroportos, pistas e sinaleiras;
c) os serviços sociais: religiosos, sanitários, policiais, culturais, informativos e
comunicacionais; d) o entretenimento paisagístico: atividades no meio natural com
motivação cultural e recreativa: banhos, navegação, observação da natureza,
interpretação ambiental, observação de animais e da vegetação, que causam ruídos,
pisoteios, mutilações do tipo coleta de flores, conchas, peixes e aves; e) acúmulo de
restos de comida e lixo deixados nos ecossistemas, que eutrofizam os biótipos e
favorecem o aparecimento de moscas, baratas, ratos; o empobrecimento dos
ecossistemas, desequilibrando a cadeia alimentar e produzindo, muitas vezes, o
crescimento descontrolado de algumas espécies dominantes; f) as aglomerações
urbanas que podem anular o valor turístico da área, pois quase sempre vêm junto
com atividades industriais e comerciais; g) a privatização de áreas que ficam
impossibilitadas ao uso público; e h) a especulação imobiliária que, na maioria das
vezes, prejudica os residentes. (CORIOLANO, 2002, p. 47).
Seguindo o mesmo direcionamento, é interessante notar a motivação de escolha do
turista, do qual surgem os seguintes questionamentos: quais fatores levam o turista a escolher
um destino e não outro? A variável ambiental é significativa na escolha do destino turístico?
A variável “motivação” tem significativa importância para entender o comportamento desse
agente. Diante de tal circunstância, é providencial analisar as perspectivas de um
comportamento ambientalmente favorável, relacionado às motivações de compra do devido
produto. Nessa direção, Barretto ressalta que a
ocorrência de impactos, bem como a intensidade dos mesmos, depende muito do
tipo de turista e da sua motivação. Atualmente, ainda prevalecem os turistas
psicocêntricos, que são em maior número e que, por conseguinte, acabam por
influenciar mais efetivamente os números e estatísticas relacionadas ao turismo.