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RESUMO GERAL
Na região Amazônica temos o registro de quatro espécies de crocodilianos, Paleosuchus
palpebrosus, Paleosuchus trigonatus, Caiman crocodilus e Melanosuchus niger. Estas espécies
sofrem pressão por caça e redução de seu habitat devido à expansão de projetos agropecuários
que promovem drenagem dos corpos d’água, desmatamento e queimadas nos seus locais de vida.
Os estudos das populações de crocodilianos são de fundamental importância para averiguar o
estado das espécies no ambiente natural e servem de suporte para os trabalhos de conservação e
manejo. Diante da importância e da carência de pesquisas sobre as populações de Crocodilianos
da fauna brasileira, foram avaliadas as densidades populacionais, variação das medidas
morfométricas e verificação da presença de defeitos e anomalias externas em Melanosuchus
niger e Caiman crocodilus. O estudo foi realizado de agosto de 2004 a novembro de 2006 no
entorno do Parque Nacional do Araguaia, Ilha do Bananal, município de Pium – TO. O
levantamento populacional foi realizado por focagens noturnas em barco com motor de popa,
sendo observado um total de 4.887 exemplares, onde identificamos 774 animais da espécie M.
niger e 1.849 C. crocodilus. As densidades populacionais variaram de 0,1 a 2,5 animais por
quilômetro linear em M. niger e de 0,1 a 8,6 em C. crocodilus e os fatores físicos ambientais
(fluviometria e temperatura da água) foram considerados os principais responsáveis pelas
variações. Foi verificada uma redução da razão entre as duas espécies nos anos de 2005 (1 M.
niger : 3,6 C. crocodilus) e 2006 (1 m. niger : 1,5 C.crocodilus). Observaram-se exemplares em
todas as classes de tamanho das duas espécies, mas obteve-se variação entre os números de
indivíduos nas classes de tamanho nos diferentes meses de coleta. Para M. niger, os meses de
agosto 2004 (χ
2
= 43,46; GL = 3; p<0,05) e agosto de 2005 (χ
2
= 44,77; GL = 3; p<0,05)
apresentaram as maiores diferenças entre o número de animais por classe de tamanhos, já para C.
crocodilus as maiores diferenças foram verificadas em outubro (χ
2
= 205,11; GL = 3 p<0,05) e
novembro(χ
2
= 291,46; GL = 3; p<0,05) de 2005. No rio Javaés, foram capturados 145 animais,
109 exemplares de C. crocodilus (1,53 macho : 1fêmea) e 36 exemplares de M. niger (1,57macho
: 1fêmea), sendo que as duas espécies apresentaram estrutura sexual semelhante. Entre os fatores
físicos ambientais analisados a variação fluviométrica apresentou correlação negativa em relação
à densidade dos crocodilianos (r = -0,79, p<0,05) e a temperatura da água apresentou correlação
positiva (r = 0,73, p<0,05). Em dois lagos marginais ao rio Javaés, foram realizados
levantamentos destas espécies e verificaram-se diferenças entre as densidades e entre as
estruturas por classe de tamanho quando comparados os lagos com o rio. Na comparação da
estrutura populacional por sexo, entre os lagos e o rio, obteve-se uma grande variação, pois dos
10 exemplares capturados no lago, 6 eram exemplares de M. niger (fêmeas), enquanto no rio
obteve-se uma predominância de machos. Nos estudos das medidas morfométricas, foram
mensurados 155 animais das duas espécies, 113 exemplares de C. crocodilus e 42 de M. niger.
Comparando as medidas das duas espécies, diferenças significativas foram encontradas,
indicando variação nas medidas de comprimento, sendo que os exemplares de M. niger (CRC
média: 93,5 ± 38,2) alcançaram maior porte que os exemplares de C. crocodilus (CRC média:
57,7 ± 11,6). Foi verificado um dimorfismo sexual na comparação das medidas morfométricas de
machos e fêmeas dentro de cada espécie. Os exemplares machos de M. niger apresentaram CRC
médio de 111,5cm (± 44,6) e as fêmeas de 66,5 cm (± 15,7) e os exemplares machos de C.
crocodilus apresentaram CRC médio de 61,8cm (±11,4) e as fêmeas de 50,1cm (± 9,1). Nas
observações das lesões a anomalias nos 155 animais analisados, 42,6% apresentavam
lesões/anomalias externas. M. niger apresentou lesões externas em 54,4% dos animais
examinados e 37% dos exemplares de C. crocodilus apresentaram alguma lesão/anomalia. Em