Download PDF
ads:
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Faculdade de Medicina
Programa de Pós-Graduação em Medicina: Ciências
Médicas
Resistência à meticilina mediada
pelo gene mecA nos Staphylococcus spp
coagulase negativa
Alice Beatriz Mombach Pinheiro Machado
Orientador: Prof. Dr. Afonso Luis Barth
Dissertação de Mestrado
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Faculdade de Medicina
Programa de Pós-Graduação em Medicina: Ciências
Médicas
Resistência à meticilina mediada
pelo gene mecA nos Staphylococcus spp
coagulase negativa
Alice Beatriz Mombach Pinheiro Machado
Orientador: Prof. Dr. Afonso Luis Barth
Dissertação de Mestrado
2007
ads:
3
A permanência é uma ilusão
a mudança é real
É impossível pisar duas vezes no mesmo rio “
Heráclito
4
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Afonso Luis Barth pela sua orientação em todos os momentos da
execução deste trabalho, pela grande paciência e generosidade. Sobretudo pelo
incentivo e equilíbrio nas horas difíceis.
A Dra. Susana Hoffmeister Barcellos (in memorium) primeira pessoa a julgar
esta dissertação uma realidade.
Agradeço especialmente a sorte de ter como bolsista a aluna Keli Cristine
Reiter com sua presença constante na execução deste trabalho, amizade, carinho,
dedicação, disponibilidade e principalmente competência.
A todos os colegas da Unidade de Microbiologia e Biologia Molecular pela
amizade, estímulo e auxílio técnico.
Ao Leandro Réus Rodrigues Peres pelo apoio técnico.
A Ana Lúcia Souza Antunes por ceder gentilmente os primers para realização
do PCR para o gene tuf.
Ao Rodrigo Minuto Paiva e a Cristiane Piccinini Maurer que auxiliaram na
coleta das amostras e no início da execução técnica do projeto.
Especialmente às minhas colegas Fernanda de Paris e Maria del Carmen
Parareda Mur pela amizade e auxilio na rotina do laboratório sempre que tive que
me afastar.
A minha amiga e colega de Laboratório de Biologia Molecular Daniela
Ferreira Passos por indicar os caminhos corretos para realização do projeto, pelo
incentivo e carinho.
5
A minha mãe Ilse Oppermann Mombach, pelo apoio incondicional, carinho e
incentivo.
Ao meu filho Dulphe pela impaciência e auxílio nas traduções. E aos meus
filhos Thiago e Bruna pelo carinho e incentivo e compreensão em todas as horas
que me afastei deles. A meu marido sou grata pela eterna e terna paciência.
Aos funcionários do Laboratório de Patologia Clínica, Unidade de
Bacteriologia do Grupo Hospitalar Conceição pelo apoio e auxílio técnico para
utilização do equipamento de semi-automação para identificação das espécies dos
estafilococos.
A bioMèrieux, pelos insumos laboratoriais gentilmente cedidos para
identificação das espécies dos estafilococos.
Nenhum caminho é trilhado solitariamente, nossos acompanhantes, muitas
vezes são pessoas surpreendentes e que não escolhemos. Estes agradecimentos
são na maioria para estas pessoas que nos acompanham e auxiliam
inesperadamente e outras que ajudam por generosidade e amizade. Muito obrigada
a todos que me acompanharam e auxiliaram durante estes anos, na execução deste
trabalho.
6
Dedico esta conquista a meus filhos
muito amados Dulphe, Thiago e Bruna,
a meu marido Dulphe e à minha mãe que
incondicionalmente me incentivou.
7
ABREVIATURAS
AAP – proteína associada a acumulação
ATCC – American Type Culture Collection
CLSI - Clinical and Laboratory Standards Institute
C-MRSA - S.aureus comunitário resistente a meticilina
MRS – Staphylococcus spp resistente a meticilina
MRSA - Staphylococcus aureus resistente a meticilina
MR-SCoN – Staphylococcus spp coagulase negativa resistente a meticilina
MS-SCoN- Staphylococcus spp coagulase negativa sensível a meticilina
NCCLS- National Cometee of Clinical and Laboratory Standards
PBP – Penicillin Binding Protein (Proteína ligadora de Penicilina)
PCR – Polymerase Chain Reaction (Reação em Cadeia da Polimerase)
PIA - adesina polissacarídica intercelular
PVL – Panaton-Valentine leucocidin
SCCmec – Staphylococcal cassette chromosome mec
SCoN – Staphylococcus spp coagulase-negativa
UTI - Unidade de Terapia Intensiva
VPN - valor preditivo negativo
VPP - valor preditivo positivo
8
TABELAS
TABELA 1. Descrição dos tipos I a VI de SCCmec..............………..………………..44
TABELA 2. Elementos genéticos associados à resistência do SCCmec tipo II ...... 48
TABELA 3. Elementos genéticos associados à resistência do SCCmec tipo III...... 49
9
FIGURAS
FIGURA 1. Organização genética do complexo mec em estafilococos e suas
diferentes classes..................................................................................................... 38
FIGURA 2. Exemplo esquemático do elemento genético SCCmec tipo II com
estruturas do complexo ccr e do complexo mec...................................................... 41
FIGURA 3. Representação esquemática dos SCCmec I a VI com os principais
elementos gênicos (ccr, IS431, IS1272, mecA, mecI, mecRI, orfX, pI258, pT181,
pUB10 e Tn554) e com os quatro lócus A, B, D e E, indicados pelas letras utilizados
para identificação dos tipos de SCCmec.................................................................. 50
10
SUMÁRIO
RESUMO... ………………………………………………………………………….……..12
ABSTRACT…………………………………………………………………………………13
INTRODUÇÃO...........................................................................................................14
REVISÃO DA LITERATURA………………………………………………………..........18
Staphylococcus spp coagulase negativa: peculiaridades da bactéria…………….....18
Patogenicidade dos Staphylococcus spp coagulase negativa……………………….. 21
Importância clínica das infecções por Staphylococcus spp coagulase negativa…....24
Epidemiologia da resistência Staphylococcus spp coagulase negativa……………...26
Mecanismos de resistência dos Staphylococcus spp coagulase negativa aos aos
antibióticos β-lactâmicos…………………………………………………………………...28
Regulação da expressão gênica do gene mecA e interferência do operon bla da β-
lactamases…………………………………………………………………………………..32
Resistência mediada pelo gene mecA e cassetes SCCmec………………..............34
Descrição do complexo do gene mec ....................................................................... 36
Descrição do complexo dos genes ccr.......................................................................39
Estrutura dos principais tipos de SCCmec…………………………………………........42
A resistência codificada nos SCCmec e descrição atual……………………………...45
Métodos de detecção da resistência à meticilina………………………………….…….51
OBJETIVOS…………………………………………………............................................54
REFERÊNCIAS DA REVISÃO DA LITERATURA…………………………...................55
ARTIGOS
11
Are there discrepancies between detection mecA gene in coagulase-negative
staphylococci by PCR and by cefoxitin and oxacillin discs? What’s the role of β-
lactamse hyperprodution?.........................................................................................73
“Versão em português do artigo: Are there discrepancies between detection mecA
gene in coagulase-negative staphylococci by PCR and by cefoxitin and oxacillin
disc? What’s the role of β-lactamse hyperprodution?..............................................95
Distribution of staphylococcal cassette chromosome (SCCmec) types I, II, III and IV
in coagulase negative Staphylococcus spp in a tertiary care hospital in southern
Brazil ……………………………………………………………………………………..118
Versão em português do artigo “Distribution of staphylococcal cassette chromosome
(SCCmec) types I, II, III and IV in coagulase negative Staphylococcus spp in a
tertiary care hospital in southern Brazil"……………………………………………...139
CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS...................................................161
ANEXO………………………………………………………………............................163
12
RESUMO
Os Staphylococcus spp coagulase negativa (SCoN) são reconhecidos como
agentes etiológicos importantes de infecções humanas. A maioria dos países
desenvolvidos relata um aumento de infecções nosocomiais por SCoN resistentes a
meticilina e outros antibióticos. A resistência a meticilina é uma característica
importante destas bactérias, porém difícil de detectar pelos métodos convencionais
de suscetibilidade. Esta resistência é devido à presença de um elemento genético
chamado staphylococcal cassette chromosome (SCCmec), que codifica o gene
mecA. A identificação dos tipos de SCCmec é relevante para epidemiologia da
resistência a meticilina dos Staphylococcus spp. Este estudo prospectivo teve como
objetivo determinar a prevalência do gene mecA e a distribuição dos tipos de
SCCmec nos SCoN. Também foi avaliada a eficiência do teste de disco difusão com
cefoxitina e oxacilina para caracterizar a resistência a meticilina mediada pelo gene
mecA. Foram analisadas um total de 181 SCoN de hemoculturas. A prevalência do
gene mecA entre estes isolados foi de 71,3%. A sensibilidade dos discos de
cefoxitina e oxacilina para todas as espécies de SCoN foi de 100% e 98,4%,
respectivamente, enquanto que a especificidade foi de 93% e 89,3%. As espécies
mais prevalentes de SCoN foram S. epidermidis (64%), seguido pelo S. hominis
(10%), S. haemolyticus (8,8%) e S. capitis (7,7%). A percentagem de isolados
positivos para o gene mecA foi maior para S. haemolyticus (98,3%), seguido pelo S.
epidermidis (75%) e S. hominis (72,2%). Entre os 129 isolados resistentes, 36
(27.9%) foram identificados com o SCCmec tipo I, 4 (3.0%) com o SCCmec tipo II,
67 (52%) com o SCCmec tipo III, 1 (0.8%) com o SCCmec tipo IV e 4 (3.0%) com os
SCCmec tipos I e III. Dezessete isolados foram não tipáveis. O SCCmec tipo III foi o
mais prevalente entre os isolados de S. epidermidis (52%). Entre estas cepas, 30
(23%) apresentaram um SCCmec tipo III modificado, que amplificou uma região dcs
adicional. Os SCoN meticilina resistentes (MR-SCoN) mostraram um nível de
resistência aos antibióticos não β-lactamicos maior quando comparados aos SCoN
meticilina suscetíveis (MS-SCoN). Os isolados com o SCCmec tipo III foram mais
resistentes aos antibióticos não β-lactamicos do que os isolados com SCCmec tipos
I, II, e IV.
13
ABSTRACT
Coagulase negative staphylococci (CoNS) are now recognized as important
etiological agents of infections in humans. Most developed countries have reported
an increase in CoNS infection in hospitalized patients, which are resistant to
methicillin and other antibiotics. The methicillin resistance is an important
characteristic of these bacteria. Moreover, the resistance to methicillin may not be
easily detected by conventional susceptibility methods. Methicillin resistance is due
to the acquisition of a large DNA element termed staphylococcal cassette
chromosome mec (SCCmec), which harbored the mecA gene. The SCCmec typing
is essential for understanding the molecular epidemiology of methicillin resistant
Staphylococcus spp. This prospective study was aimed to determine the prevalence
of mecA gene and the distribution of SCCmec types in CoNS. Also was evaluated
the efficiency of the cefoxitin and oxacilin disk diffusion test to characterize the
meticillin resistance mediated by the gene mecA. A total of 181 CoNS from
bloodstream isolate were available for the study. The prevalence to mecA gene was
71.3%. The sensivity of oxacillin and cefoxitin disks for all CoNS species were 100%
and 98.4% respectively, whereas the specificity were 93% and 89,3 %. The most
prevalent SCoN species were: S. epidermidis 116 (64%) followed by S. hominis 18
(10%), S. haemolyticus 16 (8.8%) and S.capitis 14 (7.7%). The percentage of mecA-
positive isolates was highest for S. haemolyticus (93.8%), followed by S. epidermidis
(75%) and S. hominis (72.2%). Among the 129 bloodstream isolates witch mecA
gene, 36 (27.9%) harbored SCCmec type I, 4 (3.0%) harbored SCCmec type II, 67
(52%) harbored SCCmec type III, 1 (0.8%) harbored SCCmec type IV and 4 (3.0%)
harbored SCCmec type I and III. Seventeen isolates were not typeable. The
SCCmec type III was the most prevalent among the isolates of S. epidermidis (52%).
Among these strains, 30 (23%) harbored a modified SCCmec type III, which
contained, in contrast to regular type III, an additional dcs region. Methicillin resistant
CoNS showed higher level of resistance to all non beta lactamics antimicrobials as
compared to methicillin susceptible. The isolates with SCCmec type III were more
resistant to non-beta lactamics antimicrobials than the isolates harboring SCCmec
type I, II and IV.
14
INTRODUÇÃO
O gênero Staphylococcus é composto de 33 espécies, 17 das quais podem
ser isoladas de amostras biológicas humanas, sendo dividido em dois grandes
grupos: os Staphylococcus coagulase positiva, cujo principal representante é o S.
aureus e os Staphylococcus spp coagulase negativa (SCoN). Os SCoN mais
freqüentes associados a infecções humanas são S. epidermidis, S. haemolyticus, S.
lugdunensis, S. warneri e S. saprophyticus (1).
Os SCoN são bactérias importantes na composição da microbiota normal da
pele e da mucosa humana, mas em condições apropriadas podem causar infecções
oportunistas nosocomiais e comunitárias. Quando a barreira cutânea natural é
rompida por trauma, esses organismos podem entrar nos tecidos do hospedeiro e
se desenvolver como um patógeno. Além disso, os SCoN apresentam mecanismos
de virulência complexos que tornam difícil a sua erradicação (1) Nas últimas
décadas houve um aumento dos casos de infecções devido ao SCoN,
principalmente bacteremias nosocomiais que podem apresentar altos índices de
morbidade e mortalidade. Esta bactéria é freqüentemente isolada em neonatos, em
pacientes imunocomprometidos, pacientes portadores de válvulas cardíacas e
pacientes de unidades de tratamento intensivo onde é freqüente a utilização de
processos invasivos (10, 70).
Os S. aureus tornaram-se resistentes às penicilinas logo após o início do uso
sistemático da penicilina G em 1941, registrando-se em 1944 e 1945 índices de
resistência de 12 a 22%. Em 1950, cerca de cinco anos após a disponibilidade da
penicilina G para o tratamento da população, a resistência atingia cerca de 30%
15
das amostras hospitalares americanas. Ao final da década de 1950, cerca de 80%
dos Staphylococcus aureus isolados em hospitais americanos mostravam-se
resistentes às penicilinas, devido à produção de penicilinases (β-lactamase) que
inativam estas drogas (34, 63).
Atualmente, em praticamente todas as partes do mundo, os Staphylococcus
spp comunitários, sejam coagulase positiva ou coagulase negativa, mostram
elevada resistência (acima de 60%) a benzilpenicilina (penicilina G) bem como a
penicilina V, ampicilina, amoxicilina e carbenicilina. Para combater os estafilococos
produtores de β-lactamase foram criadas as penicilinas semi-sintéticas como a
oxacilina, meticilina, nafcilina e dicloxacilina, que possuem radicais que as protegem
da ação das β lactamases. Porém já em 1961 surgiram bactérias resistentes a estas
novas penicilinas, na Europa, comprovando a plasticidade do genoma desta
bactéria e a capacidade dos Staphylococcus spp em se adaptar à pressão seletiva
dos antibióticos (34, 63).
O aparecimento de cepas de SCoN resistentes à meticilina ou oxacilina, que
é um análogo mais estável da meticilina, tornou-se um problema clínico grave, nas
últimas cadas. Esta resistência é determinada pela alteração da enzima alvo dos
antibióticos β-lactâmicos. A alteração produz uma nova enzima com baixa afinidade
pelo antibiótico, codificada pelo gene mecA. Os isolados de MR-SCoN, pela
presença do gene mecA, podem representar em torno de 75% das cepas de SCoN
isoladas de pacientes hospitalizados (9, 57). Os Staphylococcus spp resistentes à
meticilina (MRS) são resistentes a todas as penicilinas, penicilinas semi-sintéticas,
penicilinas resistentes a penicilinases, aztreonam, carbapenens e cefalosporinas,
16
restando poucas opções terapêuticas e levando à emergência de cepas
mutiresistentes (6, 41).
O gene mecA tem origem cromossômica, está localizado em um elemento
genético móvel chamado staphylococcal cassete chromossome mec (SCCmec).
Este elemento genético vel é amplamente distribuído entre os Staphylococcus
aureus e entre as espécies de Staphylococcus coagulase negativa (25). Porém o
fenótipo de resistência à meticilina é determinado, não pela expressão do gene
mecA, mas também pelos elementos genéticos próximos ao gene mecA no
cromossomo como transposons e seqüências de inserção (40).
O tipo de SCCmec é definido pela combinação do tipo de gene das ccrs,
recombinases responsáveis pela mobilidade do elemento e a classe do complexo
do gene mecA. Foram identificados seis diferentes tipos do elemento SCCmec (25,
28, 33, 54). Quatro tipos de elementos SCCmec (tipo I, II, III e VI) são associados a
infecções nosocomiais. Os tipos de SCCmec IV e V são amplamente disseminados
entre cepas comunitárias (21).
Estudos recentes sobre o SCCmec tipo IV demonstraram que os SCoN são
reservatórios de resistência e que a transmissão ocorreu dos SCoN para os
S.aureus. Quando avaliados em relação à presença do SCCmec, isolados clínicos
de S.epidermidis da década de 70, apresentavam o SCCmec tipo IV enquanto que
os S.aureus desta mesma época ainda não apresentavam este tipo de elemento
móvel. Apenas na década de 80 foi encontrado o isotipo IV em isolados clínicos de
S.aureus (87).
17
Atualmente a detecção molecular do gene mecA é considerada padrão ouro
para determinar a resistência à meticilina, isso se deve ao fato de que os métodos
fenotípicos podem ser difíceis de interpretar e de que alguns isolados de
estafilococos não expressam o gene mecA sem que exista a pressão seletiva via
tratamento com o antibiótico (5, 23, 41).
18
REVISÃO DA LITERATURA
Staphylococcus spp coagulase negativa: peculiaridades da bactéria
Os Staphylococcus spp são bactérias Gram positivas de forma cocoide, se
apresentam em pares ou tétrades ou mesmo cadeias curtas, produzem a enzima
catalase e algumas espécies produzem enzimas e toxinas como: coagulase,
hialuronidase, enterotoxinas, toxinas, hemolisinas e leucocidinas. Estes fatores de
virulência são indicativos de potencial capacidade de produzir doenças e alguns são
marcadores de espécie (1). Em 1894 Van de Valde observou que os S. aureus
produziam uma enzima que ele denominou de leucocidina, quase quatro cadas
após Valentine conseguiu esboçar o mecanismo de ação desta toxina (3). Esta
leucocidina hoje denominada Panton-Valentine leucodidin (PVL) é conhecida em
todo mundo devido a sua disseminação em cepas virulentas de estafilococos
comunitárias. Aparentemente a patogenicidade dos estafilococos continuará
despertando interesse da comunidade científica pela sua capacidade toxigênica e
capacidade plástica em desenvolver resistência (77).
Estudos recentes da composição do DNA, hibridização DNA-rRNA, e análise
comparativa de oligonucleotídeos da região 16S do rRNA, revelaram que o gênero
Staphylococcus é estreitamente relacionado com o recente gênero descrito
Macrococcus, contudo, ele também tem uma relação muito forte com os gêneros
Bacillus, Salinicoccus, Gamela, Listeria, Planococcus e Brochothrix. Atualmente
estes gêneros estão sendo agrupados com o Staphylococcus e muitos outros
19
gêneros da Família Bacillacea (34). A classificação filogenética demonstrada pela
análise da seqüência do 16S ribossomal evidencia uma relação evolucionaria a
partir de um ancestral comum entre os dois gêneros Bacillus e Staphylococcus.
Comparando o genoma do S. aureus com o do Bacillo subtilis foi encontrado 52%
de homologia entre os genes destas bactérias (30).
A parede celular das batérias Gram positivas, como os estafilococos, tem
como principal função a proteção contra lise osmótica. Pela sua natureza confere
forma, rigidez e funciona como uma barreira em relação ao meio externo. O
principal componente da estrutura química da parede celular dos estafilococos é
formado pelo peptideoglicano, um polímero que consiste em longas cadeias de
glicídios com ligações cruzadas flexíveis de peptídeos que forma uma estrutura
forte, mas elástica (66). Desta maneira, o peptideoglicano forma uma rede
covalentemente fechada, como um corpo oco, ao redor da bactéria (22). Esta rede
é formada por um precursor que consiste em um dissacarídeo formado por
alternância de beta-1-4-N-acetilglucosamina e ácido N-acetilmuramico, ligado ao
peptideo L-alanina, D-glutamina, L-lisina e D-alanina que permite a ligação cruzada
com um grupamento de pentaglicinas. Os peptídios são ligados um ao outro por
reações de transpeptidação e os dissacarídeos são polimerizados ao longo da
cadeia de glicano por reações de transglicolização (12).
Esta estrutura é o principal componente do peptideoglicano. O processo da
ligação cruzada é catalizada por enzimas transpeptidases, as proteínas ligadora de
penicilina PBPs (22). Cerca de 50% do total da massa da parede celular consiste de
ácido teicoico, um polímero covalentemente ligado ao ácido murâmico do
peptideoglicano por pontes fosfodiester. Esta estrutura compacta na parede celular
20
da bactéria evidencia a necessidade de um complexo de hidrolases para dividir e
separar as células durante a fase de crescimento. O distúrbio do controle deste
mecanismo leva a lise celular, esta é a razão pela qual estas hidrolases endógenas
são chamadas de autolisinas (12).
O conceito de que a parede celular das bactérias Gram positivas é uma
estrutura compacta, começa a mudar. A análise detalhada desta estrutura por
microscopia eletrônica nos S. aureus sugere fortemente a existência de um espaço
periplásmico composto principalmente de constituintes solúveis de baixa densidade,
confinado entre a membrana plasmática e a estrutura do peptideoglicano-ácido
teicoico. Este nova descoberta pode vir a elucidar mecanismos até hoje
desconhecidos (43).
21
Patogenicidade dos Staphylococcus spp coagulase negativa
O S. epidermidis é o principal patógeno oportunista entre os SCoN, é o
microorganismo recuperado com maior freqüência representando entre 50% a 80%
dos isolados clínicos (34). Um estudo recente sobre a evolução da virulência e
resistência com análise completa do genoma sugere que esta bactéria contenha o
cap operon, que codifica a cápsula de poliglutamato, o principal fator de virulência
do Bacillus anthracis. Também foi descrita a. descoberta de uma ilha genômica a
νSeγ que pode estar associada a um potencial fator de virulência. A análise de todo
genoma indica a existência de outras regiões que podem estar associadas à
virulência como SCCmec, seqüências de inserção (IS), transposons e plasmídeos
integrados (13).
Os S. haemolyticus, entre os SCoN, são a segunda espécie mais isolada em
hemoculturas e frequentemente resistentes a um grande número de
antimicrobianos, com predisposição de resistência aos glicopeptídeos (76). As
infecções causadas pelos S. lugdunensis em termos de virulência e destruição
tecidual têm o mesmo curso clínico que infecções causadas por S.aureus, pois
ambas as espécies parecem ter os mesmos determinantes de virulência. Estas
bactérias causam endocardite de válvula natural e outras infecções quase sempre
clinicamente significativas (42, 78, 80). Os S. saprophyticus estão freqüentemente
associados a infecções do trato urinário em pacientes jovens e também em
infecções nososcomiais Outras espécies de SCoN associados a infecções
nosocomiais, porém, menos frequentemente o os S. Schleiferi e S. Warneri e
22
formam uma variedade de produtos extraceluares (DNAse, lípase, protease, e α-
hemolisina e β-hemolisinas) (34).
Porém, o principal fator de virulência dos SCoN está associado a formação
do biofilme que propicia a adesão às superfícies plásticas (biomateriais) a corpos
estranhos. A aderência é mediada por uma adesina intracelular polissacarídica
(polímero de galactose-arabinose), codificada pelo operon icaADBC cujo nível de
expressão influencia a expressão da resistência a meticilina (38). Os genes do ica
operon foram identificados em 85% dos S. epidermidis e em 6% de S.saprophyticus
isolados em hemoculturas (51).
O desenvolvimento do biofilme ocorre em duas etapas à primeira fase é uma
rápida adesão da bactéria a superfície. A segunda fase de acumulação é mais
prolongada e envolve a proliferação e adesão intercelular formando várias camadas
de bactérias. A autolisina AtlE parece estar associada à adesão primária por
interação hidofóbica com a superfíce abiótica (17). A segunda etapa envolve a
produção das moléculas polissacaridica PIA (polysacaride intercellular adhesin) e a
AAP (accumulation-associated protein). A PIA é codificada pelo ica operon, (ica
ADBC) que parece ser o principal componente da adesão intercelular
.
O ica operon
é composto pelos genes estruturais icaADBC e pelo icaR que está envolvido na
regulação destes genes. Parece que a co-expressão do gene icaD e icaA
potencializa a atividade de transferase do produto de expressão do gene (51).
O biofilme completamente formado é constituído por várias camadas de
bactéria embebida em um material extracelular amorfo (slime) que consiste da
complexa mistura de vários açúcares, constituintes da parede celular e proteínas
23
extracelulares e ácido teicóico. Plasma e proteínas do tecido conectivo como
fibronectina, fibrinogênio, vitronectina, laminina, colágeno e o fator Von Willebrand
têm sido descritos por estarem envolvidos nesse processo (84). Essa matriz
extracelular pode atuar protegendo os microorganismos de agentes antimicrobianos
administrados para tratar essas infecções, o que torna necessária a remoção do
corpo estranho para que seja alcançada a cura (34).
A quantidade de biofilme produzida pode estar relacionada com a habilidade
dos SCoN causar infecções. Clones endêmicos de SCoN que foram associados a
doenças e que produzem biofilme podem persistir por longos períodos (dez anos)
em unidades hospitalares como UTIs pediátricas (69).
Outra característica dos SCoN envolvida na patogênese e considerada
importante fator de virulência é a alta taxa de resistência aos agentes
antimicrobianos apresentada por estes microrganismos, principalmente a meticilina
(6, 86).
24
Importância clínica das infecções por Staphylococcus coagulase negativa
O papel das espécies de SCoN como agentes de infecções nosocomiais tem
sido reconhecido e bem documentado ao longo das duas últimas décadas,
especialmente para a espécie S. epidermidis. O aumento no índice de infecção tem
sido correlacionado com o aumento no uso de materiais implantados e com o
número crescente de pacientes imunocomprometidos nos hospitais (1, 83).
Os tipos de infecções mais graves e com alta morbidade e mortalidade,
associadas aos SCoN são bacteremias relacionadas a cateter e endocardites de
válvula protética e natural. Porém estas bactérias podem causar uma infinidade de
outras infecções, tais como: infecções associadas a dispositivos permanentes
(próteses articulares, implantes de bombas intratecais, derivações para hemodiálise
e cerebrospinais, marca passos, cateteres para diálise peritoneal, bacteremias em
hospedeiros imunocomprometidos, osteomielite, endoftalmite pós-cirurgica)(34).
Os SCoN são os microrganismos mais frequentemente isolados de culturas
de cateteres, estas bactérias foram encontrados em 64% das culturas desse
material em um hospital de Madri (82). Por esta razão, são também a causa mais
comum de infecções relacionadas a cateter, entre elas a infecção da corrente
circulatória (9). Porém, alguns destes isolados podem ser contaminantes, a
contaminação ocorre na hora da coleta da hemocultura com os estafilococos da
microbiota normal da pele. Mesmo considerando o papel relevante da contaminação
os SCoN tornaram-se importantes patógenos nosocomiais (32, 38).
Relaciona-se a contaminação uma hemocultura positiva e duas ou mais
hemoculturas do mesmo paciente a bacteremias verdadeiras. Porém estudos
25
recentes demonstraram dados contrários a este padrão, encontraram a mesma taxa
de mortalidade em uma hemocultura positiva e em duas ou mais (16,2% e 10,8%
respectivamente P= 0,3). As bacteremias por SCoN m taxa de mortalidade
significativa mesmo em uma única cultura positiva. Na presença de sinais de sepse
a cultura única deve ser considerada clinicamente relevante (10).
Os Staphylococcus coagulase negativa são a maior causa de septicemias em
recém nascidos pré-termo. Aproximadamente 16,6% de neonatos com baixo peso
(<1500g) desenvolvem um episódio de bacteremia por SCoN. A bacteremia impacta
negativamente na recuperação do neonato e é um evento que está associado a um
aumento significativo da mortalidade e morbidade, bem como um aumento do
tempo de internação e custos (69).
São duas as espécies de SCoN comumente envolvidas em endocardites o
S. epidermidis é a espécie mais freqüente e pode causar endocardite de válvula
nativa porém, causa prevalentemente endocardite de válvula protética (55, 70). Os
S. lugdunensis pelas suas características virulentas podem causar endocardite de
válvula nativa com sérias complicações clínicas (80).
26
Epidemiologia da resistência dos Staphylococcus coagulase negativa
Um estudo do “Programa de vigilância antimicrobiana SENTRY” para
monitorar a prevalência dos patógenos e os padrões de resistência aos
antimicrobianos realizado nos Estados Unidos, Canadá, América Latina e Europa,
relatam que os SCoN são a terceira causa em infecções sistêmicas nosocomiais e
comunitárias e que são a segunda causa de infecções nosocomiais (9, 56, 57).
A distribuição das bacteremias mudou durante as últimas décadas. Um
estudo realizado por Wisplinghoff e colaboradores (2004) mostrou a análise de
24.179 casos de infecções nosocomiais da corrente circulatória nos Estados
Unidos, onde o isolado mais comum foi SCoN (31%) (86).
A resistência à meticilina nos Staphylococcus spp é um fenômeno mundial
com marcadas variações geográficas, e com prevalências crescentes apesar dos
esforços para conter o aumento da disseminação de cepas resistentes. Em algumas
áreas da Europa a prevalência da resistência a meticilina era descrita em 2002
como 60 a 70% para os SCoN (72).
Na Noruega apenas 2% dos S. aureus são resistentes à meticilina, porém os
MR-SCoN são prevalentes. Nos isolados de hemoculturas 80% dos SCoN são
resistentes a meticilina e esta prevalência é similar à relatada na Escandinávia (16).
Na Espanha, um estudo feito para avaliação da resistência à meticilina para
os SCoN relatou um aumento de 32,5% em 1986 para 61,3% em 2002 (7). Neste
mesmo país, em 2006, um estudo denominado “Vigilancia de resistencias a los
antimicrobianos: VIRA” relata uma prevalência de resistência à meticilina de 70,6%
(58).
27
A prevalência da resistência à meticilina em hemoculturas, segundo o
programa de vigilância SENTRY, encontrou uma taxa de resistência para os SCoN
de 74% nos Estados Unidos, 73% no Canadá, 77% na América Latina, 73% na
Europa e 77% no Japão (9). Sader e colaboradores em um estudo feito na Europa
entre 2002 e 2004 para o Programa de Vigilância a Daptomicina também avaliaram
resistência a meticilina em 1.942 SCoN. Encontraram taxas de resistência para
meticilina bastante variadas. A maior resistência foi encontrada em Israel (94,7%) e
a menor na Suécia (63%). Taxas intermediárias foram encontradas na França
(77%), Espanha (76%) e Alemanha (69%) (65).
Segundo levantamento do SENTRY feito em hospitais brasileiros e da
América Latina entre 1997 e 2001 a resistência para à meticilina dos SCoN em
hemoculturas é de 80,8% e 76,2% respectivamente (64).
28
Mecanismos de Resistência dos Staphylococcus spp coagulase negativa aos
antibióticos β
ββ
β-lactâmicos
Os antibióticos β lactâmicos produzem um efeito bactericida pela inibição das
enzimas responsáveis por catalisar um estágio vital da biossíntese do
peptideoglicano, principal componente da parede celular das bactérias Gram
positivas (12).
Esta inibição é o resultado de uma ligação covalente formando um complexo
estável do antibiótico com uma ou mais destas enzimas denominadas PBPs (36).
Quando o peptídeoglicano não pode ser formado, ocorre um distúrbio do
mecanismo de controle das hidrolases (autolisinas), a bactéria entra em ciclo lítico e
este processo pode levar a morte celular (12). Passados mais de 60 anos após o
início da utilização sistemática da penicilina, seu mecanismo de ação ainda não foi
esclarecido completamente. Porém, muito cedo se descobriu que altas
concentrações de penicilina inibem o sistema autolítico da bactéria, causando um
efeito apenas bacteriostático havendo perda do efeito bacteriolítico (12).
A resistência apresentada pelos estafilococos aos antibióticos β-lactâmicos
deve-se principalmente a dois mecanismos distintos, porém não dissociados, pois
ambos podem interagir. O primeiro mecanismo desenvolvido pela bactéria foi à
produção da enzima β-lactamase que hidrolisa o antibiótico. O segundo mecanismo
está associado à alteração do sítio de ação do antibiótico β-lactâmico pela produção
de uma proteína ligadora de penicilina adicional, a PBP2a (também denominada
PBP 2’), que está ausente nos Staphylococcus spp sensíveis a meticilina (15).
29
O primeiro mecanismo se deve as β-lactamases produzidas pelos
Staphylococcus spp que são enzimas extracelulares, codificadas por plasmídeos, e
baseado em testes sorológicos e cinéticos, podem ser divididas em quatro tipos (A a
D). Diferentemente das enzimas β-lactamases produzidas pelas bactérias Gram
negativas, que são genericamente expressas de maneira constitutiva, as β-
lactamases dos estafilococos, com exceção do tipo D, são expressas em altos
níveis somente na presença dos indutores, como a penicilina ou seus análogos (11,
36). A regulação da expressão do gene blaZ das β-lactamases está sob controle de
dois genes regulatórios adjacentes, o indutor blaRI e o gene repressor blaI. A
inibição ocorre quando o produto do gene blaI, supostamente um tetrâmero, se liga
ao operador do gene estrutural blaZ bloqueando a transcrição do gene. Por outro
lado à transcrição ocorre quando o produto da clivagem do BlaR1 que funciona
como uma protease cliva a proteina BlaI permitindo a transcrição do gene (89).
Algumas cepas de estafilococos produzem grandes quantidades de β-
lactamase (hiperprodutoras) que rapidamente hidrolisam a penicilina este excesso
de enzima pode ainda hidrolisar parcialmente as penicilinas resistentes as
penicilinases (44).
O segundo mecanismo é mediado pela produção da PBP 2a que é uma
enzima carboxipeptidase extra, cuja função é ligar resíduos de D-alanina do amino
ácido terminal da cadeia lateral do ácido N-acetil murâmico do peptideoglicano. Esta
nova proteína tem baixa afinidade pelos antibióticos β-lactâmico e é codificada pelo
gene mecA (12), porém a resistência à penicilina não depende da expressão
desta nova enzima. O mecanismo é mais complexo e depende também da
30
expressão de altas concentrações de PBP2 sensível. Quando a meticilina inativa a
PBP2, a PBP2a sozinha não pode sintetizar peptideoglicano funcional. Parece que
o segundo domínio enzimático, sítio da transglicolisação da PBP2, nativa e
bifuncional, é necessário para cooperar com a atividade de transpeptidase da
PBP2a. O domínio da transglicolização da PBP2 permanece funcional e ativo
enquanto o domínio da transpeptidase é inativado pela meticilina (22, 59, 60, 66)
Outros mecanismos de resistência dos estafilococos aos β-lactâmicos
foram descritos, porém com menor importância clínica. São alguns fatores
cromossômicos, cuja atividade afeta o nível da resistência, muitos destes genes
estão envolvidos na biosíntese da parede celular (12,14). Como por exemplo, a
hiperprodução da PBP4, esta enzima de baixo peso molecular, está envolvida em
uma ligação cruzada secundária da cadeia de peptideoglicano. A PBP4 possui
atividades de transpeptidase e DD-amino carboxipeptidase. A hiperprodução de
PBP4 e ou PBP2, bem como mudanças na afinidade pelos antibióticos beta
lactâmicos, aumenta a resistência intrínseca em cepas suscetíveis (19, 67).
Alguns genes independentes do cus mec contribuem para expressão da
resistência aos β-lactamicos. Estes genes designados fem (fatores essenciais para
expressão da resistência) estão presentes no cromossomo de MRSA
(Staphylococcus aureus meticilina resistente) e MRS (Staphylococcus spp meticilina
resistente) (18).
Dois destes genes femA e femB, não tem envolvimento na síntese da PBP2a,
mas estão envolvidos na formação da ligação cruzada dos precursores da cadeia
do peptídeoglicano-pentaglicina. A disfunção do femA ou femB diminui o conteúdo
31
de glicina nos precursores do peptídeoglicano e confere susceptibilidade à
meticilina. A presença do femA é também necessária para o aumento da atividade
autolítica observada nas cepas contendo mecA (2, 18).
32
Regulação da expressão gênica do gene mecA e interferência do operon bla
das β
ββ
β-lactamases
A expressão gênica do gene mecA pode ter basicamente dois fenótipos de
resistência, associados a diferenças na regulação, resultando em fenótipo induzível
ou constitutivo. A PBP2a é induzível pela presença dos antibióticos beta lactâmicos,
mas esta proteína também pode ser produzida constitutivamente (15).
O fenótipo induzível está associado à presença do plasmídio contendo o
operon bla da β lactamase regulado pelos genes codificados pela penicilinase
plasmidial. O fenótipo constitutivo ocorre quando eliminação ou perda do
plasmídeo ou da β-lactamase plasmidial convertendo a cepa de um fenótipo
induzível para constitutivo (15).
Os estafilococos com fenótipo induzível contém um locus regulatório com os
genes mecI e mecRI, que são homólogos aos genes reguladores blaI e blaRI,
respectivamente e que regulam a produção de β-lactamases. Estudos têm
demonstrado a capacidade do complexo blaR1-blaI em regular a expressão do gene
mecA. Os genes reguladores bla ou mec podem ambos controlar a produção da
PBP 2a e da β-lactamase devido ao alto grau de homologia dos dois sistemas (6,
35, 85).
Isolados que possuem uma disfunção na região regulatória, dos genes mecI
e mecRI, podem expressar mecA constitutivamente. Mas, também podem usar os
genes reguladores da β-lactamase para melhor expressar mecA, principalmente
porque BlaR1 é um forte indutor do mecA e BlaI é um fraco repressor. Entretanto a
33
regulação em isolados clínicos é feita principalmente pelos genes bla porque
ocorrem deleções ou mutações no gene mecI que exerce atividade repressora.
Estas cepas são clinicamente importantes porque elas são desreprimidas
lentamente tornando a detecção da resistência difícil. São necessárias 48 horas
para expressão total da resistência (1, 29, 89).
34
Resistência mediada pelo gene mecA e os cassetes SCCmec
O estudo da resistência a meticilina mediada pelo gene mecA não pode mais
estar dissociado da análise dos tipos de elemento cromossômico móvel que contém
este gene que é denominado Staphyloccocal chromossome cassete mec
(SCCmec). Este complexo gênico foi descoberto e elucidado recentemente.
Atualmente são conhecidos seis tipos de SCCmec, os quais podem apresentar
alguns subtipos (28, 33, 54). Os SCCmec têm importância fundamental na
transmissão da resistência e na epidemiologia da bactéria. Inicialmente este cassete
cromossômico era denominado como uma ilha de resistência, porém não se pode
limitar a função deste elemento cromossômico à transferência da resistência aos β-
lactâmicos. Parece que o SCCmec serve como veículo para trocas úteis a uma
melhor sobrevivência dos estafilococos em vários ambientes, além de conter
também genes de resistência a outros antibióticos e outros genes e pseudogenes
que codificam enzimas com diversas funções (20, 25).
Estudos de Ito e colaboradores descreveram todo elemento o SCCmec,
ainda conhecido como DNA mec, em uma cepa de MSSA a N315, nomeada como
pré-MRSA. Esta cepa, apesar de apresentar o gene mecA, era sensível à meticilina.
A explicação deste fato é que a expressão do gene mecA estava fortemente
reprimida na cepa N315 pelo produto de um gene regulador denominado mecI (24,
26).
Com a evolução das técnicas de clonagem e sequenciamento toda região do
cromossomo em torno do gene mecA, em poucos anos, foi analisada, descrita e
35
classificada. Foram encontradas duas regiões essenciais e comuns a todos os
estafilococos resistentes à meticilina. Estas regiões foram denominadas como
complexo do gene mec e complexo do gene ccr. As seqüências entre os complexos
ou depois deles foram classificadas como regiões “junkyard” (sobras) ou região J
(29, 30).
36
Descrição do complexo do gene mec
Quatro classes principais do complexo do gene mec foram identificadas com
o uso de primers específicos através da técnica de PCR utilizando o DNA
cromossômico, de cepas de várias espécies de estafilococos meticilina resistente,
como alvo (29). O complexo mec contem os genes reguladores da expressão do
gene mecA, que são o mecI e mecRI. Estes genes reguladores também estão
situados no elemento SCCmec do cromossomo bacteriano, logo após o promotor do
gene mecA. Estes genes podem estar íntegros ou truncados (mecRI) esta
característica pode estar associada a alterações estruturais do complexo mec que
ocorreram pelo movimento ou inclusão de seqüências de inserção (IS) (29).
O gene mecR1 codifica um indutor transmembrana do mecA constituído dos
domínios atravessador de membrana (MS) e ligador de penicilina (PB) (85. Estudos
na região mecR1 e mecI têm mostrado que uma considerável diversidade
genômica no complexo mec (Figura 1). O complexo classe A possui os genes
mecR1 e mecI intactos: classe A- IS431-mecI-mecR1- mecA -IS431. No complexo
classe B o domínio PB do mecR1 e o gene completo mecI estão truncados por uma
cópia parcial de IS1272: classe B IS1272-mecR1-mecA-IS431. O complexo
classe C tem duas variantes, C1 e C2. No complexo classe C1, o domínio PB do
mecR1 e o mecI inteiro estão truncados pelo IS431, e no complexo classe C2,
ambos os domínios MS e PB do mecR1 bem como o mecI estão truncados por
IS431: classe C-IS431 -mecR1- mecA IS431. No complexo classe D, mecI está
37
deletado e o domínio PB do mecR1 está truncado: classe D-mecR1- mecA -IS431
(28, 35).
Dickisnson e Archer demonstraram que em algumas cepas de S. epidermidis,
com a seqüência intacta do gene mecI, apresentavam baixos níveis de resistência à
meticilina. Seus experimentos também sugerem que a inativação por deleção (ou
mutação in vivo) do gene mecI pode tornar a cepa capaz de expressar altos níveis
de resistência à meticilina, indicando claramente o papel do gene mecI na repressão
da resistência (8, 73). Além disso, o complexo do gene mec contem a seqüência de
inserção IS431 descrita como um sítio para depósito de ltiplos genes de
resistência (25, 29).
Caracterizou-se que os S. haemolyticus tem uma cópia da estrutura IS431,
chamada IS431L, localizada acima do complexo mec (Figura 1, segundo exemplo).
A estrutura total IS431-mecA-IS431 lembra a estrutura de um transposon, mas não
evidências para sustentar esta hipótese. Entre os SCoN esta estrutura é
reconhecida preferencialmente em isolados S. haemolyticus, porém o é exclusiva
desta espécie, pois já foi identificada em Staphylococcus sciuri (29).
O gene mecA apresenta altos níveis de homologia entre as espécies de
MRSA (Staphylococcus aureus meticilina resistente) e de MR-SCoN. Sua origem
ainda é obscura. Um gene mecA homólogo com 88% de similaridade entre os 37
aminoácidos com o gene mecA dos estafilococos meticilina resistentes foi
identificado no Staphylococcus sciuri. Um fato interessante é que este gene
homólogo é ubíquo nesta espécie, mas seu genótipo é sensível. Este e outros
dados sustentam a hipótese de que o gene mecA é originário de espécies de SCoN,
possivelmente uma espécie evolucionariamente próxima do S. sciuri (6).
38
FIGURA 1. Organização genética do complexo mec em estafilococos e suas
diferentes classes. FONTE: KATAYAMA, Y; ITO, T e HIRAMATSU, K. Genetic
organization of the chromosome region surrounding mecA in clinical staphylococcal
strains: role of IS 431-mediated mecI deletion in expression of resistance in mecA-
carrying, low level methicillin resistant Staphylococcus haemolyticus. Antimicrobial
Agents Chemotherapy, v 45, 1955-1963, 2001
39
Descrição do complexo dos genes ccr
A outra região gênica que é comum a todos os SCCmec é o complexo do
gene ccr que codifica as enzimas recombinases (crrA e ccrB ou ccrC). A função
destas enzimas é garantir a mobilidade dos SCCmec excisando precisamente o
elemento do cromossomo e integrando em um sitio específico de um cromossomo
receptor. O SCCmec é integrado no genoma no sítio attB
SCC
localizado na ofrX,
uma seqüência aberta de leitura (OFR) com função desconhecida (16, 25, 27, 31).
O complexo do gene ccr é composto por quatro tipos de gene de cada
enzima recombinase. A enzima ccrA do complexo apresenta os alótipos: ccrA1,
ccrA2, ccrA3 e ccrA4; e a enzima ccrB os alotipos ccrB1, ccrB2, ccrB3 e ccrB4. Os
tipos de SCCmec o classificados de acordo com a combinação entre o complexo
do gene mecA e o complexo do gene ccr. Os principais tipos de SCCmec
apresentam as seguintes combinações:
SCCmec tipo I, complexo do gene mec classe B e complexo do gene ccr 1
(ccrAB1);
SCCmec tipo II, complexo do gene mec classe A e complexo do gene ccr 2
(ccrAB2), (Figura 2);
SCCmec tipo III, complexo do gene mec classe A e complexo do gene ccr 3
(ccrAB3),
SCCmec tipo IV, complexo do gene mec classe B e complexo do gene ccr 2
(ccrAB2),
SCCmec tipo V, complexo do gene mec classe C e complexo do gene ccrC
40
SCCmec tipo VI, complexo do gene mec classe B e complexo do gene ccr 4
(ccrAB4), (25, 27, 30, 33, 37, 54).
Finalmente cada SCCmec é classificado em subtipos baseado na
constituição da seqüência das regiões J que não pertence ao complexo do gene
mec nem ao complexo do gene ccr (25, 27, 30, 37).
Experimentos demonstraram que os genes das recombinases codificados no
elemento SCCmec, ccrA e ccrB são suficientes para transferir o elemento de um
plasmídeo para o cromossomo em um sitio específico e com orientação específica
(30). No entanto o mecanismo preciso da transferência do SCCmec na natureza
ainda é desconhecido (63).
41
FIGURA 2 Exemplo esquemático do elemento genético SCCmec tipo II com estruturas
do complexo ccr (rosa) e do complexo mec (branco) Fonte Adaptado de Hisata K,
Kuwahara-Arai K, Yamanoto M, Ito T, Nakatomi Y, Cui L, Baba T, Terasawa M, Sotozono
C, Kinoshita S, Yamashiro Y, Hiramatsu K. Dissemination of methicillin-resistant
staphylococci among healthy Japanese children. J Clin Microbiol. 2005 Jul; 43(7): 3364-
72.
SCCmec tipo II
Complexo ccrAB2 Complexo mec
42
Estrutura dos principais tipos de SCCmec
Até o momento seis principais tipos de SCCmec foram descritos. Os
elementos SCCmec tipos I, II, III e VI estão mais associados a infecções causadas
por estafilococos de origem nosocomiais, enquanto que os tipo IV e V são
encontrados com maior freqüência em estafilococos de infecções comunitárias (21,
33).
Estudos de Ito e colaboradores elucidaram a estrutura completa dos três
maiores tipos de SCCmec. O tipo I (34Kb) foi identificado na primeira cepa de
MRSA isolado em 1961 no Reino Unido (cepa NCTC104442). O tipo II (52Kb) foi
identificado em uma cepa PRE-MRSA isolada no Japão em 1982 (cepa N315), e o
tipo III (66Kb) foi identificados em uma cepa MRSA isolada em 1985 na Nova
Zelândia (25, 26). Mais recentemente foi identificado um quarto elemento SCCmec
tipo IV, (20 a 24Kb) isolado do Clone Pediátrico de um MRSA adquirido da
comunidade. O SCCmec tipo V (28 Kb) foi isolado na Austrália da cepa WIS
[WBG8318] de um MRSA comunitário (27). Em todos os tipos de SCCmec
estudados, a seqüência do gene mecA é altamente conservada, sejam cepas de S.
aureus ou de Staphylococcus spp coagulase negativa (37, 85). O SCCmec tipo VI,
isolado de uma cepa MRSA do Clone pediátrico, a cepa HDE288. Contém o
complexo ccrAB4 e o complexo mec classe B. Esta cepa é dominante nos hospitais
de Portugal, porém ainda é pouco descrita (33, 54).
A observação de que o elemento menor, SCCmec tipo IV, pode ser adquirido
mais freqüentemente pode ser explicado porque a eficiência da transferência é
43
maior quanto menor o DNA. Hiramatsu e colaboradores (2001) sugerem que o
SCCmec tipo IV tem um baixo custo metabólico para transferência, pois carrega
apenas as recombinases e os genes que regulam a expressão do mecA. A
combinação entre o pequeno tamanho do DNA e o baixo custo metabólico torna o
SCCmec tipo IV um elemento seletivamente favorecido para transferência entre os
Staphylococcus spp (25). Esta observação sugere que a prevalência de doenças
causadas por clones que contém o SCCmec tipo IV tende a aumentar. Se
considerarmos que o Sccmec tipo V apresenta as mesmas vantagens seletivas do
SCCmec tipo IV, podemos inferir que a sua presença nas infecções comunitárias
também se tornem cada vez mais freqüentes. Em contraste os SCCmec tipos II e III
podem carregar genes adicionais como os que codificam a resistência aos
antibióticos não β lactâmicos e metais pesados (52, 63).
44
Tabela 1. Descrição dos tipos I a VI de SCCmec
SCCmec
Cepa
a
Origem ou Descrição Tamanho
Complexo
ccr
Complexo
mec
Tipo I MRSA NCTC 104442
b
Reino Unido, 1961 34 kb ccrAB1 Classe B
Tipo II Pré-MRSA N315
c
Japão, 1982 52 kb ccrAB2 Classe A
Tipo III MRSA 85/2082
d
Nova Zelândia, 1985 66 kb ccrAB3 Classe A
Tipo IV MRSA CA05
e
Estados Unidos, 2001 20-24 kb ccrAB2 Classe B
Tipo V WIS [WBG8318]f Austrália, 2002 28 kb ccrC Classe C
Tipo VI HDE288
g
Portugal, 1992
25 Kb
ccrAB4 Classe B
a
Cepas de referência de Staphylococcus aureus meticilina resistente (MRSA)
b
Número de acesso DDBJ/EMBL/Gene Bank AB033763 National collection of type cultures
(NTTC)
c
Número de acesso DDBJ/EMBL/Gene Bank D86934
d
Número de acesso DDBJ/EMBL/Gene Bank AB037671
e
Número de acesso DDBJ/EMBL/Gene Bank AB063172
f
Número de acesso DDBJ/EMBL/Gene Bank AB121219 C-MRSA (Staphylococcus
aureus meticilina resisitente comunitário meticilina resisitente comunitário
g
Número de acesso DDBJ/EMBL/Gene Bank AF11935
45
A resistência codificada nos SCCmec e descrição atual
O SCCmec tipo I não contém outra resistência a antimicrobianos além dos β-
lactâmicos. Porém uma ORF (open reading frame) codifica uma proteína de
superfície plasmina-sensível que pode ser danosa às células hospedeiras porque
interfere na propriedade de ligação da fibronectina e do fibrinogênio (81).
Os dois maiores elementos SCCmec, tipo II e tipo III têm a estrutura mais
variável, isto pode ser explicado pelo fato de que estes elementos contêm mais
cópias das seqüências de repetição IS431 e do transpossomo Tn544. A atividade
destes dois elementos pode ter um papel importante na remodelação da estrutura
do SCCmec e levar a um maior número de variantes estruturais. Isolados recentes
de MRSA são resistentes a muitos antibióticos além dos β-lactâmicos (25, 29).
O SCCmec tipo II o segundo maior elemento gênico tem codificado a
esquerda do complexo mec uma cópia do transpossomo Tn554 onde está inserido o
gene spc que codifica a resistência a espectinomicina, e o gene ermA, que codifica
a resistência a macrolideos, lincosaminas e streptogramíneas (MLS). À direita do
complexo mec está integrada uma cópia do plasmídeo pBU110 com os genes para
resistência a kanamicina e tobramicina (aadD) e para bleomicina (ble) um
anticarcinogênico. Shore e colaboradores (2005) identificaram seis variantes do
SCCmec tipo II (26, 68) (Tabela 2).
Entre os elementos gênicos o maior, mais complexo e que codifica o maior
número de genes de resistência e, portanto o mais virulento é o SCmec tipo III. O
SCCmec III contém um plasmídeo pequeno, à direita do gene mecA, o pT181, e
46
neste plasmídeo o gene tetK que codifica a proteína que promove o efluxo da
tetraciclina. Ao lado deste plasmídeo, outro denominado pT258 que é pouco
descrito (53). Foi também identificado à esquerda do gene mecA, o transposon
Tn554, neste transposon ainda encontram-se os genes para resistência aos MLS e
o gene spc. À direita do gene mecA encontra-se o ψ Tn554 um pseudo
transpossomo, pois não possui as transposases tnpA e tnpB) que codifica a
resistência ao dmio através do gene cadC. Além destes genes, o operon do
mercúrio também está presente conferindo resistência à bactéria para este metal
pesado (28) (Tabela 3). O SCCmec tipo III é subdividido em tipo IIIa e IIIb, o
primeiro difere do tipo SCCmec III pela ausência do pT181 e seus elementos IS431.
O SCCmec tipo IIIb não apresenta integradas cópias de Tn554, pT181 e do operon
mer com suas seqüências de inserção associadas (28, 53).
O SCCmec tipo IV tem uma nova combinação do complexo mec e do
complexo ccr 2, muito menor que os SCCmec descritos anteriormente. Ambos
SCCmec I e IV m o complexo mec com a seqüência de inserção IS1272 inserida
no mesmo ponto de junção, isto sugere que a recombinação ocorreu entre o
SCCmec I e outras seqüências para gerar o SCCmec tipo IV, porém o complexo ccr
tem maior identidade com o complexo ccr 2 característico do SCCmec tipo II (37).
O SCCmec tipo V, não codifica outra resistência além do gene mecA, porém
foram descritos MRSA multiresisitentes com este tipo de elemento genético (50).
O SCCmec tipo V codifica um gene de uma nova recombinase, responsável por sua
mobilidade, a ccrC, mas com uma única cópia do gene, diferente dos outros tipos de
SCCmec quem duas recombinases. Entretanto, neste elemento novo, está
47
codificado um sistema de restrição modificado que pode ter importância na
estabilização do elemento no cromossomo (27). O tipo VI recentemente descrito é
um lemento menor, porém identificado em cepas nosocomiais. Sua estrutura se
resume ao complexo ccrAB2 e ao complexo mec tipo B. A única resistência
codificada neste tipo de SCCmec é aos antibióticos β-lactâmicos (54) (Figura 2).
Boyle-Vavra e colaboradores (2005) descreveram um novo subtipo de
SCCmec tipo V designado como SCCmec V
T,
contendo uma nova variante de ccrC
(ccrC2), os mesmos autores também detectaram um novo SCCmec que contém
todas as características do SCCmec IV e também a ccrC (4).
As cepas comunitárias têm vantagens seletivas como ter uma taxa de
crescimento mais alta que as cepas nosocomiais e são mais aptas a colonizar
humanos do que aquelas com fenótipo de multiresistência (37).
Os Staphylococcus spp comunitários, principalmente os S. aureus
comunitários meticilina resistentes (C-MRSA) tornaram-se, nos últimos anos, de
grande importância nos EUA, Austrália, países da Europa e América Latina (21, 50,
56, 62, 88). Algumas cepas podem conter o gene de virulência Panton-Valentine
leucocidin (PVL) que pode causar pneumonia necrotizante, sepse severa entre
outras infecções graves (4, 77).
Notadamente o diagnóstico rápido das infecções nosocomiais e comunitárias
causadas por estas bactérias é importante pela gravidade das doenças que
desenvolvem o que se torna difícil, pela grande plasticidade do genoma dos
Staphylococcus spp comprovada pela grande diversidade de SCCmec detectada
em isolados clínicos.
48
Tabela 2. Elementos genéticos associados à resistência do SCCmec tipo II.
Elementos genéticos
Genes de Resistência Função
Tn554
ermA
Resistência MLS
a
spc
Resistência a espectinomicina
pUB110
aadD
ble
Resistência tobra. e kanamicina
Resistência a bleomicina
complexo mec mecA
Resistência aos β lactamicos
a
Resistência a macrolídeos, licosaminas e estreptogramineas
49
Tabela 3. Elementos genéticos associados à resistência do SCCmec tipo III.
Elementos genéticos
Genes de Resistência Função
Tn554
ermA
Resistência MLS
a
spc
Resistência a espectinomicina
mer operon mer
Resistência ao mercúrio
pT181
tetK
Efluxo da tetraciclina
complexo mec mecA
Resistência aos β lactâmicos
ψTN554
cad
Resistência ao cádmio
a
Resistência a macrolídeos, licosaminas e estreptogramineas
Métodos de detecção da Resistência à Meticilina
Nos Staphylococcus spp coagulase negativa resistentes à meticilina a
expressão da proteína PBP2’, muitas vezes, é heterogênea, devido a complexidade
dos mecanismos de expressão, dificultando sua detecção por métodos fenotípicos.
A detecção genotípica do gene mecA por PCR é considerada o padrão ouro. Nos
casos de infecções severas, é clinicamente útil detectar rapidamente a
suscetibilidade e identificação da bactéria (5, 23, 39, 41). Poucos laboratórios,
entretanto, têm a cnica e a capacidade econômica para aplicar testes de PCR em
todos isolados de estafilococos, então, o teste de disco difusão permanece sendo o
método de escolha para detectar a resistência à meticilina (49). O ideal, para
detecção rápida e acurada da sensibilidade ou resistência é que se combinem os
métodos fenotípicos e genotípico (71).
Na população heteroresistente, tipicamente 99,9% das bactérias são
suscetíveis a baixas concentrações de antibióticos β-lactâmicos (1 a 5 µg/mL de
meticilina), e uma pequena proporção de células cresce em altas concentrações de
meticilina (50 µg/mL). O nível de expressão da resistência varia de acordo com as
condições da cultura e com o tempo de utilização dos antibióticos β-lactâmicos. A
maioria dos isolados clínicos exibe melhor este padrão de heteroresistência sob
condições de cultura hipertônica (suplementada com NaCl) e incubada a 35ºC por
24 horas (5, 6).
52
Com a intenção de aumentar a sensibilidade do teste de detecção dos
isolados de Staphylococcus spp coagulase negativa resistentes à meticilina, o
CLSI/NCCLS recomendou a redução do breakpoint de oxacilina para a
Concentração Inibitória Mínima (MIC) de 4 para 0,5 µg/mL (46).
Quando Monsen e Tenover testaram o novo ponto de corte para oxacilina
preconizado pelo CLSI/NCCLS os resultados indicaram que para triagem da
resistência o novo breakpoint é melhor quando correlacionado com o padrão ouro
de detecção do gene mecA, a PCR. Mas segundo Tenover os resultados da MIC e
do teste de disco difusão embora consistentes entre si, ainda falham em detectar
SCoN sensíveis a meticilina com exceção S. epidermidis, que não possuem o gene
mecA (45, 79).
O teste de aglutinação em látex para detecção da proteína PBP 2a, produto
da expressão do gene mecA, foi recomendado para caracterização de isolados de
SCoN resistentes a meticilina outros que o S. epidermidis envolvidos em
infecções de sítios estéreis no documento do CLSI/NCCLS em 2002. Essa foi a
alternativa apresentada para os laboratórios que não possuem a técnica de PCR
para detecção do gene mecA (47).
O teste de aglutinação em látex também pode ser utilizado como método
diagnóstico, porém modificações na técnica são necessárias para se obter
resultados mais consistentes. Foi testada e confirmada a necessidade da indução
da expressão do gene mecA, expondo a bactéria a um disco de oxacilina de 1 µg na
semeadura primária. Também foi alterado o inóculo, utilizando-se quantidade maior
de bactérias que as especificações do teste. Para melhorar a sensibilidade do teste
53
de 68% para 95,7% foi aumentando o tempo do teste de 3 minutos para 10 minutos
Estas modificações podem induzir resultados falsos positivos e devem ser utilizadas
com cautela (75).
Para melhorar a sensibilidade do teste de disco difusão o CLSI/NCCLS a
partir de janeiro de 2004 recomendou o uso do disco de cefoxitina para detectar a
resistência à meticilina. O teste de disco difusão é feito nas condições usuais da
determinação do antibiograma. Segundo o CLSI/NCCLS, prediz melhor a presença
do gene mecA do que o teste com o disco de oxacilina realizado anteriormente. A
cefoxitina é um indutor mais eficiente do mecR1 do que a oxacilina ou meticilina (2,
48). O teste com a cefoxitina parece ter melhor sensibilidade em relação à presença
ou não do gene mecA, para todos os Staphylococcus spp e com uma vantagem
para os S. aureus (61, 74,79). A precisão e a rapidez na detecção da resistência à
meticilina em estafilococos é importante para o controle endêmico dos MRSA e MR-
SCoN conseqüentemente implicando no sucesso do controle de infecção hospitalar
(71).
54
OBJETIVOS
Objetivos gerais
Determinar a prevalência da resistência à meticilina nos Staphylococcus spp
coagulase negativa, mediada pelo gene mecA, em isolados de hemocultura de
pacientes atendidos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Comparar a eficiência (sensibilidade e especificidade) dos todos de disco
difusão de oxacilina com o disco difusão de cefoxitina, para diagnóstico da
resistência à meticilina em Staphylococcus spp coagulase negativa, utilizando a
detecção do gene mecA como padrão ouro (PCR).
Objetivos específicos
Identificar na população dos SCoN que apresentam o gene mecA os tipos de
SCCmec (tipos I, II, III e IV).
Identificar as espécies dos SCoN e relacionar a distribuição do gene mecA
para estabelecer correlação entre espécie e resistência a meticilina.
Comparar os testes de suscetibilidade aos antibióticos não β-lactâmicos dos
SCoN com gene mecA (resistentes à meticilina) com os testes dos SCoN sem o
gene mecA (sensíveis à meticilina).
55
REFERÊNCIAS DA REVISÃO DA LITERATURA
1) Bannerman, T. M. Staphylococcus, Micrococcus and other catalase-positive
cocci that grow aerobically. In: Murray BE, Baron EJ, Jorgensen JH, Pfaller
MA, Yolken RH, editors. Manual of Clinical Microbiology, Eighth Edition.
Washington, DC: ASM Press, v.1, 2003, p.384-403.
2) Berger-Bachi B, Rohrer S. Factors influencing methicillin resistance in
staphylococci. Arch Microbiol 2002; 178(3):165-71.
3) Blair JE. The pathogenic staphylococci. Bacteriol Rev 1939; 3(1):97-146.
4) Boyle-Vavra S, Ereshefsky B, Wang CC, Daum RS. Successful
multiresistant community-associated methicillin-resistant Staphylococcus
aureus lineage from Taipei, Taiwan, that carries either the novel
Staphylococcal chromosome cassette mec (SCCmec) type VT or SCCmec
type IV J Clin Microbiol. 2005; 43(9):4719-30.
5) Brown DFJ. Detection of methicillin/oxacillin resistance in staphylococci.
Journal Antimicrob. Chemother 2001; 48: S1, 65-70.
6) Chambers, HF. Methicilin resistance in Staphylococci: molecular and
biochemical basis and clinical implications. Clinical Microbiology Reviews.
1997; 10: 781-791.
56
7) Cuevas O, Cercenado E, Vindel A, Guinea J, nchez-Conde M, Sánchez-
Somolino M, Bouza, E., and Spanish Group for the Study of Staphylococus...
Evolution of the Antimicrobial Resistance of Staphylococcus spp. In Spain:
Five Nationwide Prevalence Studies, 1986 to 2002. Antimicrob. Agents
Chemother. 2004; 48: 4240-4245.
8) Dickinson TM, Archer GL. Phenotypic expression of oxacillin resistance in
Staphylococcus epidermidis: roles of mecA transcriptional regulation and
resistant-subpopulation selection. Antimicrob Agents Chemother. 2000;
44(6):1616-23.
9) Diekema DJ, Pfaller MA, Schmitz FJ, Smayevsky J, Bell J, Jones RN, Beach
M. Survey of infections due to Staphylococcus species: frequency of
occurrence and antimicrobial susceptibility of isolates collected in the United
States, Canada, Latin America, Europe, and the Western Pacific region for
the SENTRY Antimicrobial Surveillance Program, 1997-1999. Clin Infect Dis.
2001; 32:S114-S132.
10) Favre B, Hugonnet S, Correa L, Sax H, Rohner P, Pittet D. Nosocomial
bacteremia: clinical significance of a single blood culture positive for
coagulase-negative staphylococci. Infect Control Hosp Epidemiol 2005; 26:
697-702.
57
11) Garcia-Castellanos R, Mallorqui-Fernandez G, Marrero A, Potempa J, Coll
M, Gomis-Ruth FX. On the transcriptional regulation of methicillin resistance:
MecI repressor in complex with its operator. J Biol Chem. 2004; 279(17):
17888-96.
12) Giesbrecht P, Kersten T, Maidho H, Wecke J, Staphylococcal cell wall:
morphogenesis and fatal variations in the presence of penicillin. Microbiol
Mol Biol Rev. 1998; 62(4): 1371-1414.
13) Gill SR, Fouts DE, Archer GL, Mongodin EF, Deboy RT, Ravel J, et al.
Insights on evolution of virulence and resistance from the complete genome
analysis of an early methicillin-resistant Staphylococcus aureus strain and a
biofilm-producing methicillin-resistant Staphylococcus epidermidis strain. J
Bacteriol. 2005; 187(7): 2426-38.
14) Gustafson JE, Berger-Bach B, Strassle A, Wilkinson BJ. Autolysis of
methicillin-resistant and -susceptible Staphylococcus aureus. Antimicrob
Agents Chemother. 1992; 36(3): 566-72.
15) Hackbarth CJ, Chambers HF. Methicillin-resistant staphylococci: genetics
and mechanisms of resistance. Antimicrob Agents Chemother. 1989; 33(7):
991-4.
58
16) Hanssen A-M, Kjeldesen G, Sollid JUE, Local Variants of Staphylococcal
Cassette Chromosome mec in sporadic Methicillin-Resistant Staphylococcus
aureus and Methicillin-Resistant Coagulase-Negative Staphylococci:
evidence of horizontal gene transfer? Antimicrob. Agents and Chemother.
2004; 48: 1- 285-296.
17) Heilmann C, Hussain M, Peters G, Gotz F. Evidence for autolysin-mediated
primary attachment of Staphylococcus epidermidis to a polystyrene surface.
Mol Microbiol. 1997; 24(5): 1013-24.
18) Henze U, Sidow T, Wecke J, Labischinski H, Berger-Bachi B. Influence of
femB on methicillin resistance and peptidoglycan metabolism in
Staphylococcus aureus. J Bacteriol 1993; 75 (6):1612-20.
19) Henze U, Berger-Bachi B. Penicillin-binding protein 4 overproduction
increases beta-lactam resistance in Staphylococcus aureus. Antimicrob
Agents Chemother 1996; 40(9):2121-5.
20) Hiramatsu K, Watanabe S, Takeuchi F, Ito T, Baba T. Genetic
characterization of methicillin-resistant Staphylococcus aureus. Vaccine.
2004; 6; 22 Suppl 1:S5-8.
59
21) Hisata, K., Kuwahara-Arai, K., Yamanoto, M., Ito, T., Nakatomi, Y., Cui, L.,
et al. Dissemination of methicillin-resistant staphylococci among healthy
Japanese children. J Clin Microbiol 2005; 43: 3364-3372.
22) Holtje JV. The alternative to penicillins. Nat Med. 2001; 10:1100-1
23) Hussain Z, Stoakes, Massey V, Diagre D, Fitzgerald V, Sayed SEL,
Lannigan R. Correlation of oxacillin MIC with mecA gene carriage in
coagulase-negative staphylococci. J. Clin. Microbiol. 2000; 38:752-754.
24) Ito T, Hiramatsu K. Acquisition of methicillin resistance and progression of
multiantibiotic resistance in methicillin-resistant Staphylococcus aureus.
Yonsei Med J. 1998; 39(6):526-33.
25) Ito T, Katayama Y, Asada K, Mori N, Tsutsumimito K, Tiensasitorn C,
Hiramatsu, K. Structural Comparison of three types of Staphylococcal
Cassette Chromosome mec integrated in the chromosome in Methicillin-
Resistant Staphylococcus aureus. Antimicrob Agents and Chemother. 2001;
45: 5- 1323-336.
26) Ito T, Katayama Y, Hiramatsu K, Cloning and Nucleotide Sequence
Determination of the entire mec DNA of Pre-Methicillin-Resistant
Staphylococcus aureus N315. Antimicrob Agents and Chemother. 1999; 43:
6- 1449-1458.
60
27) Ito T, Ma XX, Tackeuchi, F, Okuma K, Yazawa H, Hiramatsu K. Novel type
Staphylococcal Cassette Chromosome mec driven by a novel cassette
chromosome recombinase, ccrC. Antimicrob. Agents Chemother. 2004; 48:
2637-2651.
28) Ito T, Okuma K, Ma XX, Yuzawa H, Hiramatsu K. Insights on antibiotic
resistance of Staphylococcus aureus from its whole genome: genomic island
SCC. Drug Resist Updat 2003; 6: 41-52. Review.
29) Katayama Y, Ito T, Hiramatsu K. Genetic organization of the chromosome
region surrounding mecA in clinical staphylococcal strains: role of IS431-
mediated mecI deletion in expression of resistance in mecA-carrying, low-
level methicillin-resistant Staphylococcus haemolyticus. Antimicrob Agents
Chemother. 2001; 45(7):1955-63.
30) Katayama Y, Ito T, Hiramatsu, K. A new class of genetic element,
staphylococcus cassette chromosome mec, encodes methicillin resistance in
Staphylococcus aureus. Antimicrob Agents Chemother 2000; 44: 1549-1555.
31) Katayama Y, Takeuchi F, Ito T, Ma XX, Ui-Mizutani Y, Kobayashi I,
Hiramatsu K Identification in methicillin-susceptible Staphylococcus hominis
of an active primordial mobile genetic element for the staphylococcal
cassette chromosome mec of methicillin-resistant Staphylococcus aureus. J
Bacteriol. 2003; 185(9):2711-22.
61
32) Kathib R, Reiderer KM, Klark JA, Kathib S, BriskI LE, Wilson FM.
Coagulase-negative Staphylococci in multiple blood cultures: strain
relatedness and determinants of same-strain bacteremia. J. Clin Microbio.
1995. 33:816-820.
33) Kondo Y, Ito T, Ma XX, Watanabe, S, Kreiswirth BN, Etienne J, Hiramatsu K.
Combination of multiplex PCRs for staphylococcal cassette chromosome
mec type assignment: rapid identification system for mec, ccr, and major
differences in junkyard regions. Antimicrob Agents Chemother 2007; 51: 264-
74.
34) Koneman E W, Allen S D, Janda W., Schreckenberger P C, Winn WCJ. The
gram-positive cocci: Part 1: Staphylococci and related organisms. In:
Koneman, E. W., Allen, S. D., Janda W. M., Schreckenberger, P. C., Winn,
W. C. J, editors. Atlas and textbook of diagnostic microbiology. Philadelphia,
USA: Lippincott, 1997; 539-576.
35) Lim TT, Coombs GW, Grubb WB. Genetic organization of mecA and mecA-
regulatory genes in epidemic methicillin-resistant Staphylococcus aureus
from Australia and England. J Antimicrob Chemother. 2002. 50(6):819-24.
36) Lyon BR, Skurray R. Antimicrobial resistance of Staphylococcus aureus:
genetic basis.Microbiol Rev. 1987; 51(1):88-134. Review.
62
37) Ma XX, Ito T, Tiensasitorn C, Jamklang M, Chongtrakool P, Boyle-Vavra S,
Daum RS, Hiramatsu K. Novel type of staphylococcal cassette chromosome
mec identified in community-acquired methicillin-resistant Staphylococcus
aureus strains. Antimicrob Agents Chemother. 2002; 46(4):1147-52.
38) Mack D, Sabottke A, dobinsky S, Rohde H, Horstkotte MA, Knobloch KM.
Differential expression of methicillin resistance by different biofilm-negative
Staphylococcus epidermidis Transposon mutant classes. Antimicrob. Agents
Chemother. 2002; 46: 1, 178-183.
39) Maes N, Magdalena J, Rottiers S, Gheldre Y, Struelens MJ. Evaluation of a
triplex PCR assay to discriminate Staphylococcus aureus from coagulase-
negative Staphylococci and determine methicillin resistance from blood
cultures. J. Clin. Microb. 2002; 40 (4): 1514-1517.
40) Maki H, Murakami K. Formation of potent hybrid promoters of the mutant llm
gene by IS256 transposition in methicillin-resistant Staphylococcus aureus. J
Bacteriol. 1997; 179(22):6944-6948
41) Martineau F, Picard FJ., Lansac N, Ménard C, Roy PH, Oullette M, Bergeron
MG. Correlation between the resistance genotype determined by multiplex
PCR assays and the antibiotic susceptibility patterns of Staphylococcus
aureus and Staphylococcus epidermidis . Antimicrobial Agents and
Chemother. 2000; 44: 231-238.
63
42) Mateo M, Maestre JR, Aguilar L, Cafini F, Puente P, Sanchez P, Alou L,
Gimenez MJ, Prieto J. Genotypic versus phenotypic characterization, with
respect to susceptibility and identification, of 17 clinical isolates of
Staphylococcus lugdunensis. J Antimicrob Chemother. 2005; 56(2): 287-91.
43) Matias VR, Beveridge TJ. Native cell wall organization shown by cryo-
electron microscopy confirms the existence of a periplasmic space in
Staphylococcus aureus. J Bacteriol. 2006; 188(3):1011-21.
44) .McDougal LK, Thornsberry C The role of beta-lactamase in staphylococcal
resistance to penicillinase-resistant penicillins and cephalosporins. J Clin
Microbiol. 1986; 23(5):832-9.
45) Monsen T, Add H, Leonardson K, Edebro H, Wiström J. Prediction of mecA-
positive coagulase-negative staphylococci: assessment of different
phenotypic methods, breakpoints, culture media and culture conditions. J.
Antimicrob. Chemother. 2002; 49:197-200.
46) NATIONAL COMMITEE FOR CLINICAL LABORATORY STANDARDS.
(1999). Performance Standards for Antimicrobial Susceptibility Testing: Ninth
International Supplement M100-S9. NCCLS, Wayne Pennsylvania, USA.
47) NATIONAL COMMITTEE FOR CLINICAL LABORATORY STANDARS.
2002. Performance Standards of Antimicrobial Susceptibility testing; Twelfth
64
information supplement. NCCLS document M100-S12, Wayne Pennsylvania,
USA.
48) NATIONAL COMMITTEE FOR CLINICAL LABORATORY STANDARS.
2004. Performance Standards of Antimicrobial Susceptibility testing;
Fourteenth information supplement. NCCLS document M100-S14, Wayne
Pennsylvania, USA.
49) CLINICAL LABORATORY STANDARS INSTITUTE 2006. Performance
Standards of Antimicrobial Susceptibility testing; 16th information
supplement. NCCLS document M100-S16, Wayne Pennsylvania, USA.
50) O'Brien FG, Coombs GW, Pearson JC, Christiansen KJ, Grubb WB. Type V
staphylococcal cassette chromosome mec in community staphylococci from
Australia. Antimicrob Agents Chemother. 2005; 49(12):5129-32.
51) O'Gara JP, Humphreys H. Staphylococcus epidermidis biofilms: importance
and implications. J Med Microbiol. 2001; 50(7):582-7. Review.
52) Okuma K, Iwakawa K, Turnidge JD, Grubb WB, Bell JM, O'Brien FG,
Coombs GW, Pearman JW, Tenover FC, Kapi M, Tiensasitorn C, Ito T,
Hiramatsu K. Dissemination of new methicillin-resistant Staphylococcus
aureus clones in the community. J. of Clin. Microbiol. 2002; 40: 11, 4289-
4294.
65
53) Oliveira DC, de Lencastre H. Multiplex PCR strategy for rapid identification
of structural types and variants of the mec element in methicillin-resistant
Staphylococcus aureus. Antimicrob Agents Chemother. 2002; 46(7): 2155-
61.
54) Oliveira DC, Milheirico C, de Lencastre H. redefining a structural variant of
staphylococcal cassette chromosome mec, SCCmec type VI. Antimicrob
Agents Chemother 2006; 50: 3457-3459.2006.
55) Patel R, Piper KE, Rouse MS, Uhl JR, Cockerill FR 3rd, Steckelberg JM.
Frequency of isolation of Staphylococcus lugdunensis among staphylococcal
isolates causing endocarditis: a 20 - year experience. Journal of Clinical
Microbiology 2000; 38: (11) 4262-4263.
56) Pfaller MA, Jones RN, Doern GV, Kugler K. Bacterial pathogens isolated
from patients with bloodstream infection: frequencies of occurrence and
antimicrobial susceptibility patterns from the SENTRY antimicrobial
surveillance program (United States and Canada, 1997). Antimicrob Agents
Chemother. 1998; 42(7):1762-70.
57) Pfaller MA, Jones RN, Doern GV, Sader HS, Kugler KC, Beach ML. Survey
of blood stream infections attributable to gram-positive cocci: frequency of
occurrence and antimicrobial susceptibility of isolates collected in 1997 in the
United States, Canada, and Latin America from the SENTRY Antimicrobial
66
Surveillance Program. SENTRY Participants Group. Diagn Microbiol Infect
Dis. 1999; 33(4):283-97.
58) Picazo JJ, Betriu C, Rodriguez-Avial I, Culebras E, Gomez M, Lopez F;
Grupo VIRA. [Antimicrobial resistance surveillance: VIRA STUDY 2006]
Enferm Infecc Microbiol Clin. 2006; 24(10): 617-28. Spanish
59) Pinho MG, DE Lencastre H, Tomasz A. An acquired and a native penicillin-
binding protein cooperate in building the cell wall of drug-resistant
staphylococci. Proc Natl Acad Sci U S A. 2001; 11; 98(19):10886-91.
60) Pinho MG, Filipe SR, de Lencastre H, Tomasz A. Complementation of the
essential peptidoglycan transpeptidase function of penicillin-binding protein 2
(PBP2) by the drug resistance protein PBP2A in Staphylococcus aureus. J
Bacteriol. 2001; 183(22):6525-31.
61) Pottumarthy S, Fritsche TR, Jones RN. Evaluation of alternative disk
diffusion methods for detecting mecA-mediated oxacillin resistance in an
international collection of staphylococci: validation report from the SENTRY
Antimicrobial Surveillance Program. Diagn Microbiol Infect Dis. 2005;
51(1):57-62.
62) Ribeiro A, Dias C, Silva-Carvalho MC, Berquo L, Ferreira FA, Santos RN,
Ferreira-Carvalho BT, Figueiredo AM. First report of infection with
67
community-acquired methicillin-resistant Staphylococcus aureus in South
America. J Clin Microbiol. 2005; 43(4):1985-8.
63) Robinson DA, Enright MC, Evolutionary Models of the Emergence of
Methicilin-Resistant Staphylococcus aureus. Antimic. Agents Chemother.
2003; 47: 3926-3934.
64) Sader HS, Jones RN, Gales AC, Silva JB, Pignatari AC. SENTRY
Participants Group (Latin America). SENTRY antimicrobial surveillance
program report: Latin American and Brazilian results for 1997 through 2001.
Braz J Infect Dis. 2004; 8(1):25-79.
65) Sader, H.S.; Streit, J.M.; Fritsche, T.R.; Jones, R.N. Antimicrobial
susceptibility of gram-positive bacteria isolated from European medical
centers: results of the Daptomycin Surveillance Programme (2002-2004).
Clin Microbiol Infect. 2004; 12(9):844-52.
66) Scheffers DJ, Pinho MG. Bacterial cell wall synthesis: new insights from
localization studies. Microbiol Mol Biol Rev. 2005; 69(4):585-607.
67) Schrader-Fischer G, Berger-Bachi B. The AbcA transporter of
Staphylococcus aureus affects cell autolysis. Antimicrob Agents Chemother.
2001; 45(2):407-12.
68
68) Shore A, Rossney AS, Keane CT, Enright MC, Coleman DC. Seven novel
variants of the staphylococcal chromosomal cassette mec in methicillin-
resistant Staphylococcus aureus isolates from Ireland. Antimicrob Agents
Chemother. 2005; 49(5):2070-83.
69) Silva GDI, Kantzanou M, Justice A, Massey RC, Wilkinson AR, Day NP,
Peacock SJ. The ica operon and biofilm production in coagulase-negative
Staphylococci associated with carriage and disease in a neonatal intensive
care unit. J Clin Microbiol. 2002; 40(2):382-8.
70) Silva HL, Strabelli TM, Cunha ER, Neves SF, Camargo LF, UIP DE.
Nosocomial coagulase negative staphylococci bacteremia: five years
prospective data collection. Braz J. Infect Dis. 2000; 4:271-274.
71) Skov R, Smyth R, Clausen M, Larsen AR, Fridmont-Moller N, Olsson-
Liljequist BE, Kahlmeter G. Evaluation of a cefoxitin 30 microg disc on Iso-
Sensitest agar for detection of methicillin-resistant Staphylococcus aureus. J.
Antimicrob. Chemother. 2003; 46(3): 879-881.
72) Stefani S, Varaldo PE. Epidemiology of meticillin-resistant staphylococci in
Europe. Clin. Microbiol. Infect. 2003; 9: 1179-1186.
69
73) Suzuki E, Kuwahara-Ari K, Richardson JF, Hiramatsu K. Distribution of mec
regulator genes in methicillin-resistant Staphylococcus clinical strains.
Antimicrob. Agents Chemother. 1993; 37(6): 1219-1226.
74) Swenson JM, Tenover FC, Cefoxitin Disk Study Group. Results of disk
diffusion testing with cefoxitin correlate with presence of mecA in
Staphylococcus spp. J Clin Microbiol. 2005; 43(8):3818-23.
75) Swenson J, Williams PP, Killgore G, O’Hara CM, Tenover FC. Performance
of eigth methods, including two new rapid methods, for detection of oxacillin
resistance in a challange set of Staphylococcus aureus organisms. J. Clin.
Microbiol. 2001; 39:3785-3788.
76) Tabe Y, Nakamura A, Oguri T, Igari J. Molecular characterization of
epidemic multiresistant Staphylococcus haemolyticus isolates. Diagn
Microbiol Infect Dis. 1998; 32(3):177-83.
77) Takizawa Y, Taneike I, Nakagawa S, Oishi T, Nitahara Y, Iwakura N, et al. A
Panton-Valentine leucocidin (PVL)-positive community-acquired methicillin-
resistant Staphylococcus aureus (MRSA) strain, another such strain carrying
a multiple-drug resistance plasmid, and other more-typical PVL-negative
MRSA strains found in Japan. J Clin Microbiol. 2005; 43(7):3356-63.
70
78) Tan TY, Ng SY, Ng WX. Clinical significance of coagulase-negative
staphylococci recovered from nonsterile sites.J Clin Microbiol. 2006;
44(9):3413-4.
79) Tenover FC, Jones RN, Swenson JM, Zimmer B, McAllister S, Jorgensen
JH. Methods for improved detection of oxacillin resistance in coagulase-
negative staphylococci: results of a multicenter study. J Clin Microbiol. 1999;
37(12):4051-8.
80) Van Hoovels LDE, Munter P, Colaert J, Surmont , Van Wijngaerden E,
Peetermans WE, Verhaegen J. Three cases of destructive native valve
endocarditis caused by Staphylococcus lugdunensis. Eur J Clin Microbiol
Infect Dis. 2005; 24(2):149-52.
81) Vaudaux PE, Monzillo V, Francois P, Lew DP, Foster TJ, Berger-Bachi B.
Introduction of the mec element (methicillin resistance) into Staphylococcus
aureus alters in vitro functional activities of fibrinogen and fibronectin
adhesins. Antimicrob Agents Chemother. 1998; 42(3):564-70.
82) Viedma DG, Martin Rabadan P, Diaz M, Cercenado E, Bouza E
.
Heterogeneous antimicrobial resistance patterns in polyclonal populations of
coagulase-negative staphylococci isolated from catheters. Journal of Clinical
Microbiology 2000; 38: (4)1359-1363.
71
83) Villari P, Sarnataro C, Lacuzio L. Molecular Epidemiology of Staphylococcus
epidermidis in a neonatal intensive care unit over a three-year period. 2000. J
Clin. Microbio. 38: 1740-1454.
84) Von Eiff C, Heilmann, C, Peters, G. 1999. New aspects in the molecular
basis of polymer-associated infections due to staphylococci. Eur J Clin
Microbiol Infect Dis. 2000; 18(12):843-6. Review.
85) Weller TMA. The distribution of mecA, mecRI and mecI and sequence
analysis of mecI and the mec promoter region in staphylococci expressing
resistance to methicillin. J. Antimicrob. Chemother. 1999; 43: 15-22.
86) Wisplinghoff H, Bischoff T, Tallent SM, Seifert H, Wenzel RP, Edmond M. B.
Nosocomial bloodstream infections in US hospitals: analysis of 24,179 cases
from a prospective nationwide surveillance study. Clin Infect Dis 2004; 39:
309-317.
87) Wisplinghoff H, Rosato AE, Enright MC, Noto M, Craig W, Archer GL.
Related clones containing SCCmec type IV predominate among clinically
significant Staphylococcus epidermidis isolates. Antimicrob Agents
Chemother 2003; 47: 3574-3579.
72
88) Witte W, Cuny C, Strommenger B, Braulke C, Heuck D. Emergence of a
new community acquired MRSA strain in Germany. Emergence of a new
community acquired MRSA strain in Germany. Euro Surveill. 2004; 9(1):16-8.
89) Zhang HZ, Hackbarth CJ, Chansky KM, Chambers HF. A proteolytic
transmembrane signaling pathway and resistance to beta-lactams in
staphylococci. Science 2001; 291:1962–1965.
73
Are there discrepancies between the detection mecA gene in coagulase-
negative staphylococci by PCR and by cefoxitin and oxacillin disc? What’s the
role of β
ββ
β-lactamase hyperprodution in methicillin resistance?
Alice Beatriz Mombach Pinheiro Machado* ,
Keli Cristine Reiter, Rodrigo Minuto
Paiva, Afonso Luis Barth
Unidade de Microbiologia e Biologia Molecular, Hospital de Clínicas de Porto Alegre,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil.
Running Title: Resistance to methicillin in SCoN
* Corresponding author. Mailing address:
Hospital de Clinicas de Porto Alegre
Unidade de Microbiologia e Biologia Molecular
Rua Ramiro Barcelos 2350
Porto Alegre – RS
Brasil -90.035.-903
Phone/FAX: +55 5121018860
E-mail: abma[email protected]rgs.br
74
ABSTRACT
Coagulase-negative staphylococci (CoNS) are a common cause of nosocomial
infections and they have the tendency to develop resistance to methicillin (MR-
SCoN) and to multiple antibiotics. Moreover the resistance to methicillin may not be
easily detected by conventional susceptibility methods. The MR-CoNS are
considered resistant to all β-lactamics antibiotics. This prospective study was aimed
to determine the prevalence of mecA gene and the efficiency of the cefoxitin and
oxacillin disk diffusion test to characterize the methicillin resistance mediated by the
gene mecA in CoNS. The mecA gene distribution among the species of CoNS
isolates and the antimicrobial resistance profile were also characterized. A total of
181 CoNS from bloodstream culture were analyzed and the global prevalence of
mecA gene was 71.3%. The sensitivity of oxacillin and cefoxitin disks for all CoNS
species was 100% and 98.4% respectively, whereas the specificity was 93% and
89.3 %. It was not possible to detect mecA gene in four (2.2%) isolates which were
resistant to both cefoxitin and oxacillin. These isolates regained methicillin sensitive
in the presence of clavulanic acid. Among the CoNS the commonest species was
the S. epidermidis which 64% of the isolates followed by S. hominis 10%, S.
haemolyticus 8.8% and S. capitis 7.7%. The percentage of mecA-positive isolates
was highest for S. haemolyticus (93.8%), followed by S. epidermidis (75%) and S.
hominis (72.2%). The MR-CoNS showed higher level of resistance to all non beta-
lactamics antimicrobials as compared to methicillin sensitive CoNS and the
difference were statistically significant except in regard to doxycycline.
Keywords: Coagulase negative staphylococci, methicillin resistant, PCR,
antimicrobial profile
75
discrepâncias entre a detecção do gene mecA nos Staphylococcus spp
coagulase negativa por PCR e por disco difusão com cefoxitina? Qual o
envolvimento da hiperprodução de of β
ββ
β-lactamase na resistência à meticilina?
RESUMO
Os estafilococos coagulase-negativa (SCoN) são causa comum de bacteremias
nosocomiais e tem a tendência de desenvolver resistência a meticilina (MR-SCoN) e
a múltiplos antibióticos. Os MR-SCoN são considerados resistentes a todos
antibióticos β-lactâmicos. Entretanto nem sempre é fácil detectar a resistência a
meticilina pelos métodos convencionais de suscetibilidade. Este estudo prospectivo
foi realizado para determinar a prevalência do gene mecA e a eficiência dos discos
de cefoxitina e oxacilina para caracterizar a resistência a meticilina mediada pelo
gene mecA em SCoN. Além disso, também foi caracterizada a distribuição do gene
mecA entre as espécies de SCoN e o perfil de resistência aos antimicrobianos. Um
total de 181 SCoN de hemoculturas foram analisadas. A prevalência do gene mecA
entre estes isolados foi de 71,3%. A sensibilidade do teste de dico difusão (DD) de
cefoxitina e oxacilina para todas espécies de SCoN foi de 100% e 98,4%,
respectivamente, enquanto a especificidade foi de 93% e 89,3%. Não foi possível
detectar o gene mecA em quatro (2,2%) isolados resistentes a ambos os discos de
cefoxitina e oxacilina. Estes isolados tiveram redução da resistência em presença
do ácido clavulanico. As espécies prevalentes de SCoN foram o S. epidermidis com
64% dos isolados, seguido pelo S. hominis com 10%, S. haemolyticus com 8,8%, S.
capitis com 7,7%. A percentagem de isolados positivos para o gene mecA foi maior
para S. haemolyticus (98,3%), seguido pelo S. epidermidis (75%) e S. hominis
(72,2%). Os MR-SCoN apresentaram um nível de resistência maior a todos os
antibióticos não β-lactamicos quando comparados com os SCoN sensíveis a
meticilina e a diferença foi estatisticamente significativa, exceto para doxiciclina.
Keywords: Estafilococos coagulase negativa, resistência a meticilina, PCR.
76
INTRODUCTION
Coagulase-negative staphylococci (CoNS) have emerged as important
nosocomial pathogens during the last few decades. The CoNS represent an
important etiology of nosocomial bloodstream infections especially in neonate, in
immunocompromised individuals and in patients with implanted medical devices
(29).
Methicillin resistant and multi-drug-resistant CoNS are commonly isolated in
hospitalized patients, probably reflecting the adaptation of nosocomial clones to the
selective pressure caused by widespread use of antibiotics in hospitals (17, 28).
Methicillin resistance is due to the acquisition of a large DNA element termed
staphylococcal cassette chromosome mec (SCCmec), which integrates into the
chromosome of Staphylococcus aureus and CoNS (12). Methicillin resistance is
mediated by the mecA gene harbored in the SCCmec (13).
Nowadays MR-CoNS strains are highly prevalent and may reach, as many as
70% of the CoNS identified from blood culture in Europe, Latin America and the
United States (7, 29) In Switzerland, however, the level of methicillin resistance
among CoNS is lower 44% (28). In Brazil, methicillin resistance may be presented in
over 80% of bloodstream infections (21). The SCOPE Surveillance Program ranks
CoNS as the leading cause of nosocomial bloodstream infections and the SENTRY
program report the SCoN as the second most common cause of nosocomial
bloodstream infections (7, 15, 19).
Resistance to methicillin is often difficult to detect by conventional
susceptibility testing methods. A characteristic of methicillin resistance is usually
heterogeneous expression, which means that the growth in the presence of β
77
lactamics select highly resistant subclones from a population with low methicillin
MICs. The causes of heteroresistance are a number of chromosomal factors whose
activity affects the level of resistance; many of these genes are involved in cell wall
biosynthesis (3).
However, the major causes of resistance to methicillin seem to be the
expression of the mecA gene, and beta lactamase hyperprodution, though the
resistance mediated by the beta lactamase hyperproduction is less frequent. These
two factors have been shown to be important in clinical isolates (9). The resistance
to methicillin is difficult to detect due to the complexity of the regulatory system of
mecA and blaZ genes. The beta lactamase (bla gene) and PBP2a (mecA gene) are
genetically and biochemically distinct, but both are regulated by a similar sensor
transducer and repressor proteins. Therefore either bla or mec genes can control
production of PBP2a and β-lactamase because of the high degree of homology of
the two systems (32).
Detection of a mecA gene by PCR is considered the “gold standard” (1).
Considering that in most clinical laboratories it is not possible to characterize
methicillin resistance by genotypic methods, the use of phenotypic methodologies
has to be optimized. The Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI)
proposed the use of cefoxitin disks (30 µg) as a screening method for the prediction
of resistance mediated by the mecA gene in all CoNS species (5).
The aim of this work was to evaluate the prevalence of methicillin resistance
mediated by the mecA gene among CoNS, obtained from patients at a terciary
hospital in southern Brazil Also was evaluate the efficiency of the cefoxitin disk and
78
oxacillin disk to characterize the methicillin resistance mediated by the mecA gene in
CoNS. The distribution of resistance to methicillin (mecA gene) among staphylococci
species was also characterized. Also was the aim of this work the comparison of the
resistance to non β-lactamics antimicrobials among CoNS which harbored the meA
gene and the CoNS which not harbored the mecA gene.
MATERIALS AND METHODS
Bacterial Isolates. A total of 181 clinical isolates of CoNS were obtained from
blood cultures from patients hospitalized at the Hospital de Clínicas de Porto Alegre,
between August 2004 and December 2005. The study included only one isolate per
patient, or more than one isolated when they were obtained in a three days interval.
The blood cultures were performed using Bact Alert
®
(bioMérieux, Marcy L’Etoile,
France). The colony morphology, the Gram stain reaction, the catalase test and the
absence of the coagulase enzyme were used to screen for CoNS identification.
Antimicrobial susceptibility test. The antimicrobial susceptibility test was
performed by the disk diffusion method on Mueller Hinton Agar (bioMérieux, Marcy
L’Etoile, France), according to the Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI
2006), with the following antimicrobial: oxacillin (1 µg), cefoxitin (30 µg), vancomycin
(30 µg), gentamicin (10 µg), clindamycin (2 µg), chloramphenicol (30 µg), doxaciclin
(30 µg), erythromycin (15 µg), levofloxacin (5 µg), rifampin (5 µg) and trimethoprim-
sulfamethoxazole (25 µg). S. aureus ATCC 25923 was used for quality control.
79
β-Lactam antimicrobial inativation test. The resistance decrease test with
clavulânic acid (DTCA) was performed according to a protocol previously described
(17).
DNA extraction and quantification. The isolates were cultured on Mueller
Hinton Agar and incubated at 35ºC for 18 to 24 hours. A bacterial suspension
equivalent to 1.0 McFarland was prepared in 500 µl of 10mM TRIS 1mM EDTA
(pH 8.0). The suspension was homogenized in vortex and heated at 100ºC for 10
minutes (30). Afterwards, the suspension was frozen at -20ºC for two hours and then
centrifuged at 9,000 g for 3 min. The DNA from 20 random isolates was quantified
using GeneQuant RNA/DNA Calculator (Amersham Pharmacia Biotec’s,
Pistacaway, USA).
Species identification. The molecular identification of S. epidermidis was
performed by Polymerase Chain Reaction (PCR), with primers from a species-
specific probe for the identification of tuf gene (16). The isolates that were not
identified as S. epidermidis were submitted to the API ID 32 STAPH (bioMérieux,
Marcy L’Etoile, France) semi-automated system.
Determination of mecA gene. The PCR procedure was used to verify the
presence of the mecA gene. Primers F1 (5’-CTTACTTACTGGCTGTACCTG) and F2
(5’-ATGT CGCTTGTTATGTGC), which amplified a 310-bp fragment of the mecA
gene, (26), that was visualized under ultraviolet light by the addition of ethidium
bromide (0.5 µg/ml) in agarose gel at 2.0%. S. epidermidis ATCC 12228 and S.
aureus ATCC 33591 were used as negative and positive controls.
80
Sequencing and computer analysis of sequences: The DNA fragments
amplified by PCR (310pb) of the mecA gene were sequenced. A homology search
was performed with de BLAST and Chromas programs and DDBJ/EMBL/GeneBank
databases.
Statistical analysis: The descriptive statistical analysis was undertaken by
the EPI INFO 6 program to determine de sensitivity, specificity, positive predictive
value and negative predictive value. The Qui-Square test was also performed by
SPSS-11 to compare the non β-lactamics resistance among CoNS methicillin
resistant and CoNS methicilin susceptible.
RESULTS
The 181 CoNS clinical isolates of blood cultures were submitted to the disk
diffusion test (DD) with cefoxitin and oxacillin disk, and the results were compared to
the presence of the mecA gene by PCR (Figure 1). Overall 129 isolates contained
the mecA gene among the SCoN indicate a prevalence of 71.3% (IC of 95%: 64.0 to
77.7).
All mecA positive CoNS were resistant to cefoxitin DD test. There were no
false negatives results. Therefore, the sensitivity for the DD test with cefoxitin was
100% (IC of 95%: 96.3 to 100). Considering that the 48 isolates were sensitive for
the DD test and 52 were negative for PCR, four false-positive results were obtained.
Thus the specificity was 93% (IC of 95%: 81.9 to 97.7). For the DD test with
cefoxitin, the positive predictive value (PPV) was 96.9% (IC of 95%: 91.8 to 99.0)
and the negative predictive value (NPV) was 100% (IC 91.4 to 100) (Table 1).
81
The DD test with oxacillin detected 127 resistant isolates out of 129 positive
results by PCR, being that there were two false-negative results. Thus the sensitivity
of the test with oxacillin was 98% (IC of 95%: 93.8 to 99.7). From the 52 negative
results by PCR, the DD test with oxacillin indicated only 46 isolates susceptible. It
was concluded that 6 isolates had false-positive results. Therefore the specificity for
the test was 89% (IC of 95%: 77.4 to 95.6). Evaluating the results of the DD test with
oxacillin, the PPV was 95.3% (IC of 95%: 89.7 to 98.1) and the NPV was 96.2% (IC
of 85.7 to 99.3) (Table 1).
The four isolates that were resistant to the DD test for both oxacillin and
cefoxitin but that presented negative PCR for the mecA gene were submitted to
DTCA for the detection of hyperproduction of beta lactamase. The test was positive
for all isolates. Among the 6 isolates resistant to DD with oxacillin, 4 had positive
result for the decrease test with clavulanic acid. The other two isolates were
sensitive for the DD test with cefoxitin and presented negative PCR for the mecA
gene.
A total of 116 out of 181 isolates were identified by PCR for the species-
specific tuf gene as S. epidermidis (64% of all CoNS). The other 65 isolates were
identified phenotypically, resulting in 18 (10%) S. hominis, followed by 16 (8.8%) of
S. haemolyticus, 14 (7.7%) S. capitis, 3 (1.6%) S. warneri, 2 (1.1%) S.
saprophyticus, 1 (0.5%) S. lugdunensis and 1 (0.5%) S.sciuri. We have not obtained
the phenotypically identification of 10 (5.5%) isolates, the fenotipic test result in very
small or no information about this isolates.
The only one isolate of S. sciuri presented the mecA gene. The highest
prevalence of mecA gene was for S. haemolyticus with 93.8%, S. capitis with 85.7%,
82
S. epidermidis with 75% and S. hominis with 72.2% resistance. Among the 10 CoNS
not identified, only one presented the mecA gene. None of the S. warneri, S.
saprophyticus and S. lugdunensis presented the mecA gene (Table 2).
The resistance to non-beta lactamics antibiotics to the CoNS isolates with the
mecA gene was higher in relation to the isolates without the mecA gene, proved to
be statistically significant for ciprofloxacin (66.4 vs. 15.6%, p = 0,000), cloranfenicol
(38.7 vs. 13.3%, p = 0,001), eritromicin (73.6 vs. 34.1%, p = 0,000), levofloxacin
(56.4 vs. 9.5%, p = 0,000), gentamicina (87.2 vs. 16.3%, p = 0,000), rifampin (28 vs.
2.2%, p = 0,000) and trimethoprim-sulphametoxazole (72 vs. 28.9%, p = 0,000),
except for doxycyclin (21.1 vs. 15.6%, p = 0,514) (Table 3).
Among the 129 isolates who harbored the mecA gene, 66 isolates were
multidrug resistant (resistant to five or more antimicrobials) The overall range of
multiresistance among these SCoN is 51%.
DISCUSSION
The result of the mecA gene detection demonstrated that 129 isolates
presented the mecA gene considered gold standard for the detection of resistance to
methicillin, but 52 did not present the mecA gene (1). In this context, we have a
prevalence of 71.3% of resistance to methicillin mediated by the mecA gene among
nosocomial isolates of CoNS. A similar prevalence is referred by a multicentric study
in Spain. Among the clinically significant CoNS isolates of this study, 70.6% were
resistant to methicillin (20). In a study undertaken in Europe between 2002 and 2004
for the Daptomicine Vigilance Program, Sader and collaborators also evaluated the
resistance to methicillin of 1.942 CoNS isolates. The resistance found for these
83
isolates was of 77% (22). Moreover results from the United States, Canada, Latin
America, Europe and Japan, indicated that resistance to methicillin varies between
73 to 77%, being that the highest values are reported in Japan (7).
The general distribution of the species of CoNS identified in this study
demonstrated that the main pathogen associated to the bacteremias was the S.
epidermidis (14, 27). Although, S.hominis and S.haemolyticus were also present in
blood cultures in considerable rate. The S. haemolyticus is considered an important
pathogen due to its ability to develop multiresistance (25). The distribution of the
mecA gene among the species of staphylococcus is quite distinct. The percentage of
mecA-positive strains was highest for S. haemolyticus (93%), followed by S.
epidermidis (75%) and S. hominis (72.2%). These results are concordant with the
Hussan and collaborators (2001) (11). The S. sciuri are known as initial reservatory
for the mecA gene, therefore it is expected that they present resistance; this was
also found in this study (6, 23).
The sensitivity and specificity of the cefoxitin DD test for the evaluation of
methicillin resistance, was higher than the sensitivity and specificity of the DD test
with oxacillin for all the CoNS (100, 98% and 93, 89% respectively). Using cefoxitin
30 µg, all mecA positive CoNS isolates were adequately characterized, while
oxacillin 1µg disk presented 1.5% (2/129) of false-negative results. Test with
cefoxitin 30 µg also presented 7.7% (4/52) of false-positive results. The oxacillin 1µg
disk presented 11.5% (6/52) of false-positive results (24). Detection of oxacillin
resistance among CoNS isolates is difficult mainly due to heterogeneity of the control
of repressor-promoter expression (4). Cefoxitin is therefore considered to be a better
predictor than oxacillin for the detection of oxacillin heteroresistance because it is a
84
stronger inducer of PBP2a (8). The cefoxitin DD test can be used to predict the
presence of mecA gene in CoNS with a high degree of sensitivity and specificity
when compared to mecA detection using PCR (24). Above all, the halos are easier
to visualize with the cefoxitin discs than with the oxacillin discs (5).
Four (2.2%) of the false positive isolates (for oxacillin and cefoxitin) had
positive DTCA (30) being therefore possible to suppose that these isolates
presented hyperproduction of β-lactamase. In the present study, beta-lactamase
hyperproduction appeared to be the major cause of false-positive detection of
oxacillin resistance in CoNS by phenotypic methods (9). Two isolates, identified as
S. epidermidis, had complete reduction of resistance. Thus, with the use of
clavulanic acid the isolate could be considered sensitive according with the standard,
when compared with the test without clavulanic acid. With these results was
supposed that for these isolates, the main mechanism of resistance involved is the
hyperproduction of beta lactamase (9).
The other two isolates had a reduction of resistance with the clavulanic acid
without however becoming susceptible. It can be concluded that there must be more
than one type of mechanism involved in the resistance expression of these isolates.
Hiramatsu and colleagues reported that mecA independent methicillin resistance
occurs in more or less 3% in methicillin resistant strains of CoNS) (31).
Methicillin resistant CoNS showed a higher level of resistance to all
antimicrobials when compared to methicillin sensitive CoNS, except doxaciclin. It is
known that the mecA gene is inserted in a mobile genetic element (SCCmec) that
contains other resistance genes, became the isolates that harbored this gene
85
resistant to several antibiotics (12). Because of this, a high level of multidrug
resistance was expected among CoNS that harbored the mecA gene. The
percentage was 51%, although the resistance rate to multiple antibiotics finding in
other study was higher (10).
It can be concluded that the β-lactamase hyperproduction appears to be the
major reason for the discordance between phenotypic and genotypic methods for the
detection of methicillin resistant CoNS mediated by the mecA gene. In addition, the
results of DD with cefoxitin 30 µg disk showed that this is the best single test for the
evaluation of oxacillin resistance mediated by the mecA gene for all CoNS species
iisolated in the blood stream of patients in our institution.
ACKNOWLEDGMENTS
We are grateful to FIPE – Fundo de Incentivo à Pesquisa e Eventos at
Hospital de Clínicas de Porto Alegre for the support to this work.
REFERENCES
1. Brown, D. F. Detection of methicillin/oxacillin resistance in staphylococci. J
Antimicrob Chemother., 48 Suppl 1:65-70, 2001.
2. Chambers, H. F. Coagulase-negative staphylococci resistant to beta-lactam
antibiotics in vivo produce penicillin-binding protein 2a. Antimicrob Agents
Chemother., 31(12):1919-24, 1987.
3. Chambers, H. F. Methicillin-resistant staphylococci. (1988). Clin Microbiol Rev.,
1(2):173-86, 1988.
86
4. Chambers HF. Methicillin resistance in staphylococci: molecular and biochemical
basis and clinical implications. Clin Microbiol Rev., 10(4):781-91, 1997.
5. Clinical and Laboratory Standards Institute. Performance standards for
antimicrobial disk susceptibility tests, 14th ed., vol. 24 no 1. Approved standard
M2-A. Clinical and Laboratory Standards Institute, Wayne, Pa, 2004.
6. Couto, I.; Wu, S.W.; Tomasz, A.; de Lencastre, H. Development of methicillin
resistance in clinical isolates of Staphylococcus sciuri by transcriptional activation
of the mecA homologue native to s. J Bacteriol., 185(2):645-53, 2003.
7. Diekema, D.J.; Pfaller, M.A.; Schmitz, F.J.; Smayevsky, J.; Bell, J.; Jones, R.N.;
Beach, M. Survey of infections due to Staphylococcus species: frequency of
occurrence and antimicrobial susceptibility of isolates collected in the United
States, Canada, Latin America, Europe, and the Western Pacific region for the
SENTRY Antimicrobial Surveillance Program, 1997-1999. Clin Infect Dis.,
32:S114-S132, 2001.
8. Felten A, Grandry B, Lagrange PH, Casin I. Evaluation of three techniques for
detection of low-level methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA): a disk
diffusion method with cefoxitin and moxalactam, the Vitek 2 system, and the
MRSA-screen latex agglutination test. J Clin Microbiol; 40(8):2766-71, 2002.
9. Ghoshal, U.; Prasad, K.N.; Singh, M.; Tiwari, D.P.; Ayyagari, A. A comparative
evaluation of phenotypic and molecular methods for the detection of oxacillin
resistance in coagulase-negative staphylococci. J Infect Chemother. 10(2):86-89,
2004.
87
10. Huang SY, Tang RB, Chen SJ, Chung RL. Coagulase-negative staphylococcal
bacteremia in critically ill children: risk factors and antimicrobial susceptibility. J
Microbiol Immunol Infect; 36(1): 51-5, 2003.
11. Hussain, Z., Stoakes L., Massey V., Diagre D., Fitzgerald V., Sayed S. EL.;
Lannigan R. Correlation of oxacillin MIC with mecA gene carriage in coagulase-
negative staphylococci. J. Clin. Microbiol. 38:752-754,2000.
12. Ito, T., Katayama, Y., Hiramatsu, K. Cloning and nucleotide sequence
determination of the entire mec DNA of pre-methicillin-resistant Staphylococcus
aureus N315. Antimicrob Agents Chemother 43, 1449-1458, 1999.
13. Ito, T., Katayama, Y., Asada, K., Mori, N., Tsutsumimoto, K., Tiensasitorn, C.,
Hiramatsu, K. Structural comparison of three types of staphylococcal cassette
chromosome mec integrated in the chromosome in methicillin-resistant
Staphylococcus aureus. Antimicrob Agents Chemother 45, 1323-36, 2001.
14. Kleeman, K.T.; Bannerman, T.L.; Kloos, W.E. Species distribution of coagulase-
negative staphylococcal isolates at a community hospital and implications for
selection of staphylococcal identification procedures. J Clin Microbiol.,
31(5):1318-21, 1993.
15. Marshall SA, Wilke WW, Pfaller MA, Jones RN. Staphylococcus aureus and
coagulase-negative staphylococci from blood stream infections: frequency of
occurrence, antimicrobial susceptibility, and molecular (mecA) characterization of
oxacillin resistance in the SCOPE program. Diagn Microbiol Infect Dis; 30(3):205-
14, 1998.
88
16. Martineau, F., Picard, F. J., Roy, P. H., Ouellette, M., Bergeron, M. G. Species-
specific and ubiquitous-DNA-based assays for rapid identification of
Staphylococcus epidermidis. J Clin Microbiol. 34, 2888-2893, 1996.
17. McDougal, L.K.; Thornsberry, C. The role of beta-lactamase in staphylococcal
resistance to penicillinase-resistant penicillins and cephalosporins. J Clin
Microbiol. 23(5):832-9, 1986.
18. O'Gara, J. P.; Humphreys, H. Staphylococcus epidermidis biofilms: importance
and implications. J Med Microbiol. 150(7): 582-7, 2001.
19. Pfaller MA, Jones RN, Doern GV, Sader HS, Kugler KC, Beach ML. Survey of
blood stream infections attributable to gram-positive cocci: frequency of
occurrence and antimicrobial susceptibility of isolates collected in 1997 in the
United States, Canada, and Latin America from the SENTRY Antimicrobial
Surveillance Program. SENTRY Participants Group. Diagn Microbiol Infect Dis;
33(4): 283-97, 1999.
20. Picazo, J.J.; Betriu, C.; Rodriguez-Avial, I.; Culebras, E.; Gómez, M., Lopez, F.
Grupo VIRA. Antimicrobial resistance surveillance: VIRA STUDY 2006. Enferm
Infecc Microbiol Clin., 24(10):617-28 [Antimicrobial resistance surveillance: VIRA
STUDY 2006].
21. Sader, H. S.; Jones, R. N.; Gales, A. C.; Silva, J. B.; Pignatari, A. C.
(2004).SENTRY Participants Group(Latin America). SENTRY antimicrobial
surveillance program report: Latin American and Brazilian results for 1997
through. Braz J Infect Dis. Feb; 8(1):25-79, 2001.
22. Sader, H.S.; Streit, J.M.; Fritsche, T.R.; Jones, R.N. Antimicrobial susceptibility of
gram-positive bacteria isolated from European medical centres: results of the
89
Daptomycin Surveillance Programme (2002-2004). Clin Microbiol Infect.,
12(9):844-52, 2006.
23. Stepanovic, S.; Hauschild, T.; Dakic, I.; Al-Doori, Z.; Svabic-Vlahovic, M.; Ranin,
L.; Morrison, D. Evaluation of phenotypic and molecular methods for detection of
oxacillin resistance in members of the Staphylococcus sciuri group. J Clin
Microbiol., 44(3):934-7, 2006.
24. Swenson, J.M.; Tenover, F.C.; Cefoxitin Disk Study Group. Results of disk
diffusion testing with cefoxitin correlate with presence of mecA in Staphylococcus
spp. J Clin Microbiol., 43(8):3818-23, 2005.
25. Tabe, Y.; Nakamura, A.; Oguri, T.; Igari, J. Molecular characterization of
epidemic multiresistant Staphylococcus haemolyticus isolates. Diagn Microbiol
Infect Dis., 32(3):177-83, 1998.
26. Vannuffel, P.; Gigi, J.; Ezzedine, H.; Vandercam, B.; Delmee, M.; Wauters, G.;
Gala. J. L. Specific detection of methicillin-resistant Staphylococcus species by
multiplex PCR. J Clin Microbiol., 33:2864-2867, 1995.
27. Weinstein, M.P.; Mirrett, S.; Van Pelt, L.; McKinnon, M.; Zimmer, B.L.; Kloos, W.;
Reller, L.B. Clinical importance of identifying coagulase-negative staphylococci
isolated from blood cultures: evaluation of MicroScan Rapid and Dried Overnight
Gram-Positive panels versus a conventional reference method. J Clin Microbiol.,
36(7):2089-92, 1998.
28. Widerstrom, M.; Monsen, T.; Karlsson, C., Wistrom, J. Molecular epidemiology of
methicillin-resistant coagulase-negative staphylococci in a Swedish county
hospital: evidence of intra- and interhospital clonal spread. J Hosp Infect.,
64(2):177-83, 2006.
90
29. Wisplinghoff, H.; Bischoff, T.; Tallent, S. M.; Seifert, H.; Wenzel, R. P.;
Edmond M .B. Nosocomial bloodstream infections in US hospitals: analysis of
24,179 cases from a prospective nationwide surveillance study. Clin Infect Dis.,
39:309-317, 2006.
30. York, M.K., Gibbs, L., Chehan, F., and Brooks, G. F. Comparison of PCR
detection of mecA with standard susceptibility testing methods to determine
methicillin resistance in coagulase-negative staphylococci. J. Clin. Microbol.
34:249-253, 1996.
31. Yoshida, R.; Kuwahara-Arai, K.; Baba, T.; Cui, L.; Richardson, J.F.; Hiramatsu,
K. Physiological and molecular analysis of a mecA-negative Staphylococcus
aureus clinical strain that expresses heterogeneous methicillin resistance. J
Antimicrob Chemother., 51(2):247-55, 2003.
32. Zhang, H.Z.; Hackbarth, C.J.; Chansky, K.M.; Chambers, H.F. A proteolytic
transmembrane signaling pathway and resistance to beta-lactamics in
staphylococci. Science. 9; 291(5510):1915-6, 2001.
91
Table 1. Results of DD test witch oxacillin, cefoxitin and results of PCR of 181 CoNS
isolates
PCR mecA gene
PCR mecA gene
Oxacilin Positive Negative
Total Cefoxitin Positive Negative
Total
Resistante
123 6 129 Resistante
125
4
129
Sensível 2 50 52 Sensível 0
52
52
Total 125 56 181 Total 125
56
181
92
Table 2. Distribution of CoNS species and mecA gene among the species.
Nº(%) Resistance among theCoNS species
S.epiderm
a
S.hominis
S.haemol
b
S.capitis S.sciuri S.warneri
S.saprop
c
S.lugdun
d
NI
e
Total
Total
116 18 16 14 1 3 2 1 10 181
mecA
pos
87 (75) 13(72,2) 15 (93,8)
12(85,7)
1(100) 0 0 0 1 (10)
129
(71,3)
mecA
neg
29 (25) 5 (27,8) 1 (6,2) 2 (14,3)
0 (0) 3 (100) 2 (100) 1 (100) 9 (90)
52
(28,7)
a
S. epidermidis;
b
S. haemolyticus;
c
S. saprophyticus;
d
S. lugdunensis;
e
NI não identificado
93
Table 3. Comparison of resistance to non β-lactamics antimicrobials among the
CoNS which harbored the mecA gene and the CoNS which not harbored the mecA
gene.
Nº (%) isolates with and without mecA gene x resistance to non β-lactamics
antimicrobials
a
CLIN CLOR DOXI
b
ERITRO
GENTA LEVO RIFAM
SULFA VANCO
mecA
positive
81 (66,4)
48 (38,7)
26 (21,1)
92 (73,6)
109 (87,2)
66 (56,4)
35 (28)
90 (72) 0
mecA
negative
7 (15,6) 6 (13,3) 7 (15,6) 15 (34,1)
7 (16,3) 4 (9,5) 1 (2,2) 13 (28,9)
0
a
CLIN: clindamicin; CLOR: cloranfenicol; DOXI; doxycyclin; ERITRO: erythromycin; GENTA:
gentamicin; LEVO: levofloxacin; RIFA: rifampicin; SULFA: sulphamethoxazol; VANCO: vancomicin
b
The diference of resistance to doxycycline to non β-lactamics antimicrobials among the CoNS which
harbored the mecA gene and the CoNS which not harbored the mecA gene was not statistically
significative.
94
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Figure 1: PCR for mecA gene. Lane 1: molecular weight standard (100pb); lines 2: positive
control S. aureus ATCC 33591; lane 3: negative control S. epidermidis ATCC 12228; Lanes
4, 5 and 6: isolate number 173 (S. epidermidis) harboring mecA gene; lane 7: negative
control; lanes: 8, 9 and 10: isolate number 110 (S. capitis) harboring mecA gene
95
discrepâncias entre a detecção do gene mecA nos Staphylococcus spp
coagulase negativa por PCR e por teste de disco difusão com cefoxitin e
oxacillin? Qual o papel da hiperprodução de β
ββ
β-lactamase?
Alice Beatriz Mombach Pinheiro Machado* ,
Keli Cristine Reiter, Rodrigo Minuto
Paiva, Afonso Luis Barth
Unidade de Microbiologia e Biologia Molecular, Hospital de Clínicas de Porto
Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil.
Running Title: Resistência a meticilina nos SCoN
* Corresponding author. Mailing address:
Hospital de Clinicas de Porto Alegre
Unidade de Microbiologia e Biologia Molecular
Rua Ramiro Barcelos 2350
Porto Alegre – RS
Brasil -90.035.-903
Phone/FAX: +55 5121018860
E-mail: abma[email protected]rgs.br
96
ABSTRACT
Coagulase-negative staphylococci (CoNS) are a common cause of nosocomial
infections and they have the tendency to develop resistance to methicillin (MR-
SCoN) and multiple antibiotics. Moreover the resistance to methicillin may not be
easily detected by conventional susceptibility methods. The MR-CoNS are
considered resistant to all β-lactamics antibiotics. This prospective study was aimed
to determine the prevalence of mecA gene and the efficiency of the cefoxitin and
oxacillin disk diffusion test to characterize the methicillin resistance mediated by the
gene mecA in CoNS. The mecA gene distribution among the species of CoNS
isolates and the antimicrobial resistance profile were also characterized. A total of
181 CoNS from bloodstream culture were analyzed and the global prevalence of
mecA gene was 71.3%. The sensitivity of oxacillin and cefoxitin disks for all CoNS
species was 100% and 98.4% respectively, whereas the specificity was 93% and
89.3 %. It was not possible to detect mecA gene in four (2.2%) isolates which were
resistant to both cefoxitin and oxacillin. These isolates regained sensitive methicillin
in the presence of clavulanic acid. Among the CoNS the commonest species was
the S. epidermidis which 64% of the isolates followed by S. hominis 10%, S.
haemolyticus 8.8% and S. capitis 7.7%. The percentage of mecA-positive isolates
was highest for S. haemolyticus (93.8%), followed by S. epidermidis (75%) and S.
hominis (72.2%). The MR-CoNS showed higher level of resistance to all non beta-
lactamics antimicrobials as compared to methicillin sensitive CoNS and the
difference were statistically significant except in regard to doxycycline.
Keywords: Coagulase negative staphylococci, methicillin resistant, PCR,
antimicrobial profile
97
discrepâncias entre a detecção do gene mecA nos Staphylococcus spp
coagulase negativa por PCR e por teste de disco difusão com cefoxitin e
oxacillin? Qual o papel da hiperprodução de β
ββ
β-lactamase?
RESUMO
Os estafilococos coagulase-negativa (SCoN) são causa comum de bacteremias,
especialmente em recém-nascidos, e pacientes com implantes de biomateriais. Os
SCoN apresentam a tendência de desenvolver resistência a meticilina e múltiplos
antibióticos. Os SCoN resistentes a meticilina o considerados resistentes a todos
antibióticos β lactâmicos. Entretanto nem sempre é cil detectar a resistência a
meticilina pelos métodos convencionais de suscetibilidade. Este estudo prospectivo
foi realizado para determinar a prevalência do gene mecA e a eficiência dos discos
de cefoxitina e oxacilina para caracterizar a resistência a meticilina mediada pelo
gene mecA em SCoN. Além disso, também foi caracterizada a distribuição do gene
mecA entre as espécies de SCoN e o perfil de resistência aos antimicrobianos. Um
total de 181 SCoN de hemoculturas foram analisadas. A prevalência do gene mecA
entre estes isolados foi de 71,3%. A sensibilidade dos discos de cefoxitina e
oxacilina para todas espécies de SCoN foi de 100% e 98,4%, respectivamente,
enquanto a especificidade foi de 93% e 89,3%. Não foi possível detectar o gene
mecA em quatro (2,2%) isolados resistentes a ambos discos de cefoxitina e
oxacilina. Estes isolados tiveram redução da resistência em presença do ácido
clavulanico. Entre as espécies de SCoN o S. epidermidis foi o mais prevalente com
64% dos isolados, seguido pelo S. hominis com 10%, S. haemolyticus com 8,8%, S.
capitis com 7,7%, S. warneri com 1,6%, S. saprophyticus com 1,1%, S. lugdunensis
com 0,5% e pelo S. sciuri com 0,5%. Dez isolados (5,5%) não foram identificados. A
percentagem de isolados positivos para o gene mecA foi maior para S. haemolyticus
(98,3%), seguido pelo S. epidermidis (75%) e S. hominis (72,2%). Os SCoN
resistentes a meticilina apresentaram um nível de resistência maior a todos os
antibióticos não beta lactamicos quando comparados com os SCoN sensíveis a
meticilina, exceto para doxiciclina.
98
Palavras chave: Staphylococcus spp coagulase negativa, resistência a
meticilina, PCR, perfil antimicrobiano.
INTRODUÇÃO
Os Staphylococcus spp coagulase negativa (SCoN), durante as ultimas
décadas, tem emergido como um importante patógeno nosocomial. Os SCoN são
agentes etiológicos importantes de hemoculturas nosocomiais, especialmente em
neonatos, em indivíduos imunocomprometidos e em pacientes com implantes de
biomateriais ou cateteres (29).
SCoN resistentes à meticilina e multiresistentes o comumente isolados em
pacientes hospitalares, provavelmente refletindo a adaptação de clones
nosocomiais causados pela pressão seletiva conseqüente do uso indiscriminado de
antibióticos no meio hospitalar (18, 28). A resistência a meticilina é devido a
aquisição de um elemento de DNA denominado staphylococcal cassette
chromosome mec (SCCmec), integrado em um sitio específico no cromosssomo
dos S. aureus e SCoN (12). A resistência a meticilina é mediada pelo gene mecA
integrado no SCCmec (13).
Atualmente as cepas de MR-CoNS são altamente prevalentes e podem
alcançar em torno de 70% dos CoNS obtidos em hemoculturas na Europa, América
Latina e Estados Unidos (7, 29), Na Suiça, entretanto o nível de resistência a
meticilina entre os SCoN é mais baixo, 44% (28). No Brasil a resistência a meticilina
é em torno de 80% para isolados de hemoculturas (21). O “SCOPE Surveillance
Program” classifica os SCoN como principal causa de hemoculturas nosocomiais e
99
o SENTRY reporta como segundo agente etiológico de hemoculturas nosocomiais
(7, 15, 19).
A resistência à meticilina é freqüentemente difícil de detectar por métodos
convencionais de suscetibilidade. A expressão da resistência à meticilina é
usualmente heterogênea o que significa que o crescimento em presença dos
antibióticos β-lactâmicos seleciona subclones altamente resistentes em uma
população com MICs baixos para meticilina. As causas da heteroresistência são
vários fatores cromossômicos cuja atividade afeta o nível da resistência, muitos
destes genes estão envolvidos na biossíntese da parede celular (3).
Entretanto, as principais causas da resistência a meticilina parecem ser a
expressão do gene mecA e a hiperprodução de β-lactamase, embora esta última,
seja menos freqüente. Os dois fatores têm demonstrado importância em isolados
clínicos (9). Porém devido a complexidade dos sistemas regulatórios do mecA e
blaZ a resistência é difícil de detectar.Tanto o gene da β-lactamase (bla) como o da
PBP2a (mecA) são geneticamente e bioquimicamente distintos, porém ambos são
regulados por um sistema indutor e repressor similar. Assim tanto o gene bla ou o
mec podem controlar a produção da PBP2a e da β-lactamase devido à homologia
dos dois sistemas regulatórios (31).
A detecção do gene mecA é considerada padrão ouro (1). Considerando que
a maioria dos laboratórios clínicos não pode caracterizar a resistência por métodos
genotípicos, deve-se otimizar o uso das metodologias fenotípicas. O Clinical and
Laboratory Standards Institute (CLSI) propôs o uso de discos de cefoxitina (30 µg)
100
como método de screening para predizer a resistência mediada pelo gene mecA
para todas espécies de SCoN (5).
O objetivo deste trabalho foi avaliar a prevalência da resistência à meticilina
mediada pelo gene mecA nos SCoN. Também foi determinar a eficiência
(sensibilidade, especificidade) do teste de disco difusão com cefoxitina e oxacilina
para caracterizar a resistência mediada pelo gene mecA nos ScoN obtidos de
pacientes de um hospital terciário do sul do Brasil. Além disso, foi caracterizada a
distribuição do gene mecA entre as espécies de SCoN. Finalmente, foi feita a
comparação da resistência aos antibióticos não β-lactâmicos entre os ScoN
resistentes e sensíveis a meticilina.
MATERIAIS E METODOS
Isolados bacterianos. Um total de 181 isolados clínicos de SCoN obtidos de
hemoculturas de pacientes internados no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, entre
agosto de 2004 e dezembro de 2005. Foi incluído no estudo um isolado clínico por
paciente, ou mais de um isolado quando obtido em um intervalo de três dias. As
hemoculturas foram realizadas em sistema automatizado Bact Alert
®
(bioMérieux,
Marcy L’Etoile, França) A morfologia da colônia, a coloração pelo método de Gram,
o teste da catalase e a ausência da enzima coagulase foram utilizados como
métodos de identificação para triagem de SCoN.
Teste de suscetibilidade aos antimicrobianos. O teste de suscetibilidadae
aos antimicrobianos foi executado em Agar Mueller Hinton (bioMérieux, Marcy
L’Etoile, França), segundo os critérios do Clinical and Laboratory Standards Institute
(CLSI 2006), com os seguintes antimicrobianos: oxacilina (1 µg), cefoxitina (30 µg),
101
vancomicina (30 µg), gentamicina (10 µg), clindamicina (2 µg), cloranfenicol (30 µg),
doxacilina (30 µg), eritromicina (15 µg), levofloxacina (5 µg), rifampicina (5 µg),
sulfametoxazol (25 µg). A cepa padrão utilizada para o controle de qualidade foi S.
aureus ATCC 25923.
Teste de inativação do antibiótico β-Lactamico. O teste da redução da
resistência em presença do ácido clavulânico foi executado de acordo com o
protocolo previamente descrito por Mc Dougal L & Thornsberry, 1986 (17).
Extração e quantificação de DNA. Os isolados foram cultivados em Agar
Mueller Hinton incubados a 35 ºC por 18 a 24 horas. Uma suspensão bacteriana
equivalente a 1,0 na escala de McFarland foi preparada em 500 µl de 10 mM TRIS
1mM EDTA (pH 8,0). A suspensão foi homogeneizada em vórtex e aquecida a
100 ºC por 10 minutos (30). Após, a suspensão foi congelada a -20 ºC por duas
horas e então centrifugada a 9.000 g por 3 min. O DNA de 20 isolados aleatórios foi
quantificado utilizando o Gene Quant RNA/DNA Calculator (Amersham Pharmacia
Biotec’s, Pistacaway, USA).
Identificação das espécies. A identificação molecular da espécie S.
epidermidis foi feita pela Reação da Polimerase em Cadeia (PCR), com primers
para a identificação do gene tuf espécie específico (16). Os isolados que não foram
classificados como S. epidermidis foram submetidos à identificação fenotípica pelo
sistema semi-automatizado API ID 32 STAPH (bioMérieux,
Marcy L’Etoile, França).
Determinação do gene mecA. A técnica de PCR foi executada para verificar
a presença do gene mecA. Os primers F1 (5’-CTTACTTACTGGCTGTACCTG) e F2
(5’-ATGT CGCTTGTTATGTGC), que amplificam um fragmento de 310 pb do gene
102
mecA (26) que foi vizualizado com luz ultravioleta e adição de brometo de etídeo
(0,5 µg/ml) em gel de agarose 2%. S. epidermidis ATCC 12228 e S. aureus ATCC
33591 foram utilizados como controles negativo e positivo.
Sequenciamento e análise das seqüências: a seqüência de nucleotídeos
do gene mecA foi determinada usando os fragmentos amplificados de DNA por
PCR. A comparação da homologia foi feita com os programas BLAST, Chromas e
DDBJ/EMBL/GeneBank.
Análise estatística: Foi realizada uma análise estatística descritiva feita pelo
programa EPI INFO 6 para calcular a sensibilidade, especificidade, valor preditivo
positivo e valor preditivo negativo. Também foi utilizado o SPSS-11 para realizar o
teste de Qui-quadrado e comparar a resistência aos antibióticso não beta lactâmicos
dos SCoN resistentes à meticinlina e dos SCoN suscetíveis à meticilina.
RESULTADOS
Os 181 isolados clínicos de SCoN de hemoculturas foram submetidos ao
teste de disco difusão (DD) com cefoxitina e oxacilina, os resultados foram
comparados com a presença do gene mecA por PCR (Figura 1). Foram detectados
129 isolados que continham o gene mecA indicando uma prevalência de 71,3 %
entre os SCoN (IC de 95%: 64,0 a 77,7).
Todos o SCoN mecA positivos foram resistentes a cefoxitina, indicando a
sensibilidade para o teste de DD com cefoxitina foi de 100% (IC de 95%: 96,3 a
100). Considerando que 48 isolados foram sensíveis para o teste de DD e 52 foram
negativos por PCR tivemos quatro resultados falso-positivos. Deste modo, a
103
especificidade foi de 93% (IC de 95%: 81,9 a 97,7). Para o teste de DD com
cefoxitina o valor preditivo positivo (VPP) foi de 96,9% (IC de 95% 91,8 a 99,0) e o
valor preditivo negativo (VPN) foi de 100% (para um nível de confiança de 95% IC
91,4 a 100) (Tabela 1).
O teste de DD com oxacilina detectou 127 isolados resistentes dos 129
resultados positivos por PCR, houve dois resultados falso-negativos. Deste modo a
sensibilidade do teste de DD com oxacilina foi de 98% (IC de 95%: 93,8 A 99,7).
Para os 52 resultados negativos por PCR, o teste de DD com oxacilina indicou
somente 46 isolados suscetíveis. Sendo assim a especificidade para o teste foi de
89% (IC de 95%: 77,4 a 95,6). Avaliando os resultados para o teste de DD com
oxacilina o VPP de 95,3% (IC de 95% 89,7 a 98,1) e o VPN de 96,2% (IC 85,7 a
99,3) (Tabela 1).
Os quatro isolados resistentes para o teste de DD para ambos, cefoxitina e
oxacilina, mas com PCR para o gene mecA negativo, foram submetidos ao teste
DTCA detecção de hiperprodução de beta lactamase. O teste foi positivo para
quatro isolados.
Entre os 6 isolados resistentes pelo DD com oxacilina, 4 tiveram resultado
positivo para o teste da redução da resistência pelo ácido clavulânico. Os outros
dois isolados foram suscetíveis para o teste de DD com cefoxitina e apresentaram
PCR negativo para o gene mecA.
Os S. epidermidis, que entre os SCoN o a espécie mais prevalente, foram
identificados por PCR para o gene tuf espécie específico. Por este método dos 181
isolados, 116 foram identificados como S. epidermidis (64% de todos isolados de
SCoN). Os outros 65 isolados foram identificados fenotipicamente resultando em 18
104
(10%) de S. hominis, S. haemolyticus 16 (8,8%), S. capitis 14 (7,7%), S. warneri 3
(1,6%), S. saprophyticus 2 (1,1%), S. lugdunensis 1(0,5%) e de S. sciuri 1 (0,5%).
Para 10 (5,5%) isolados não obtivemos identificação ou obtivemos uma
percentagem de identificação fenotípica muito baixa.
O único isolado de S. sciuri apresentou o gene mecA. A maior prevalência
para o gene mecA foi entre os S. haemolyticus com 93,8%, S. capitis com 85,7%, S.
epidermidis com 75% e S. hominis com 72,2% de resistência. Entre os 10 isolados
de SCoN que não foram identificados apenas um apresentou o gene. Nenhum dos
isolados de S.warneri, S. saprophyticus e S. lugdunensis apresentou o gene mecA
(Tabela 2).
Os isolados de SCoN com o gene mecA são mais resistentes aos
antimicrobianos não β-lactãmicos que os ScoN sem o gene mecA. Esta resistência
provou ser estatisticamente significativa para ciprofloxacin (66,4 vs. 15,6%,
p = 0,000), cloranfenicol (38,7 vs. 13,3%, p = 0,001), eritromicina (73,6 vs. 34,1%, p
= 0,000), levofloxacin (56,4 vs. 9,5%, p = 0,000), gentamicina (87,2 vs. 16,3%, p =
0,000), rifampin (28 vs 2,2%, p = 0,000) e sulfametoxazol-trimetoprim (72 vs. 28,9%,
p = 0,000), exceto para doxaciclina (21,1 vs. 15,6%, p =0, 514) (Tabela 3). Entre os
129 isolados com o gene mecA, 66 isolados apresentaram multiresistência
(resistência a cinco ou mais antimicrobianos). Assim a taxa de multiresistência entre
estes ScoN foi de 51%.
DISCUSSÃO
105
A resistência dos SCoN não aumenta somente a morbidade e mortalidade,
mas também os custos hospitalares dos pacientes. Os SCoN são considerados a
maior causa de bacteremias em pacientes hospitalizados (15). Cerca de 30%
O resultado da detecção do gene mecA demonstrou que 129 isolados
apresentaram o gene mecA, considerado padrão ouro para detecção da resistência
a meticilina, mas 52 não apresentaram o gene mecA (1). Neste contexto, temos
uma prevalência de 71,3% de resistência a meticilina mediada pelo gene mecA
entre os isolados nosocomiais de SCon. Uma pequena variabilidade em torno desta
prevalência é referida em um estudo multicentrico na Espanha. Entre os isolados de
SCoN clinicamente significativos deste estudo 70,6% foram resistentes a meticilina
(19). Sader e colaboradores, em um estudo realizado na Europa, entre 2002 e 2004,
para o Programa de Vigilância a Daptomicina, avaliaram também a resistência a
meticilina para 1.942 isolados de SCoN. A resistência encontrada para estes
isolados foi de 77% (22). Sobretudo resultados nos Estados Unidos, Canadá,
América Latina, Europa e Japão indicam que a resistência a meticilina varia entre 73
a 77%, sendo os valores mais altos relativos ao Japão (7).
A distribuição geral das espécies de SCoN identificada neste estudo
demonstrou que o principal patógeno associado as bacteremias é o S. epidermidis
(14, 27). Entretanto os S. hominis e os S. haemolyticus também apresentam taxas
importantes em hemoculturas. Os S. haemolyticus são considerados patogenos
importantes devido a característica de desenvolver multiresistência (25). A
percentagem de isolados mecA positivos foi maior para os S. haemolyticus (93%),
seguido pelos S. epidermidis (75%) e S. hominis (72.2%) Estes resultados são
concordantes com os de Hussain Z (2001) (11). Os S.sciuri são conhecidos como
106
reservatório inicial do gene mecA, portanto é esperado que apresentem resistência,
este dado também foi encontrado neste estudo (6, 23).
A sensibilidade e especificidade do teste de DD com cefoxitina para avaliação
da resistência a oxacilina foi maior que a sensibilidade e especificidade do teste de
DD com oxacilina, para todos SCoN (100, 98, %, e 93, 89% respectivamente).
Utilizando disco de cefoxitina 30 µg, todos SCoN mecA positivos foram
adequadamente caracterizados, enquanto que com disco de oxacilina 1 µg
encontramos 1.5% (2/129) de resultados falso negativo. Teste com cefoxitina 30 µg
também apresentou 7.7% (4/52) de resultados falso-positivo. O disco de oxacillin 1
µg apresentou 11.5% (6/52) de resultados falso-positivo (24). Detecção da
resistência a meticilina entre os SCoN é difícil, principalmente devido a
heterogeneidade da expressão dos genes indutores e repressores (4). A cefoxitina é
considerada um melhor preditor do que a oxacilina para detecção da
heteroresistencia porque é um indutor mais forte da PBP2a (8). O teste de DD com
cefoxitina pode ser usado para predizer a presença do gene mecA com alto grau de
sensibilidade e especificidade quando comparada com a detecção do gene mecA
por PCR (24). Sobretudo os halos com disco de cefoxitina são mais fáceis de
visualizar que os de oxacilina (5).
Quatro dos isolados (2,2%) falso positivo (para oxacilina e cefoxitina) tiveram
o DTCA positivo (30) supondo-se assim que estes isolados apresentam
hiperprodução de beta lactamase. Neste estudo, hiperprodução de β-lactamase
parece ser a maior causa da detecção de resultados falso-positivos para resistência
com oxacilina em in SCoN por todos fenotípicos (9). Dois isolados, identificados
107
como S. epidermidis, tiveram redução total da resistência. Isto é, na presença do
ácido clavulanico o isolado pode ser considerado sensível de acordo com a
padronização, quando comparado com o teste sem ácido clavulanico. Podemos
supor que para estes isolados, o único mecanismo de resistência envolvido seja a
hiperprodução de β-lactamase (9).
Os outros dois isolados tiveram redução da resistência a a concentração
máxima de ácido clavulânico utilizada sem, no entanto, tornarem-se sensíveis.
Conclui-se que deve haver mais de um tipo de mecanismo envolvido na expressão
da resistência destes isolados. Hiramatsu e colaboradores relataram que a
resistência a meticilina independente do gene mecA ocorre em cerca de 3% dos
isolados de MR-SCoN (31).
Os MR-SCoN tiveram maior nível de resistência a todos antibióticos não β-
lactamicos comparados aos SCoN sensíveis, exceto para doxaciclina. Sabe-se que
o gene mecA está inserido em um elemento genético móvel (SCCmec) que contém
outros genes de resistência, tornando os isolados que tem este gene resistentes a
vários antibióticos (12). Por isso espera-se um alto nível de multiresisitencia entre os
isolados de SCoN que contém o gene mecA. A percentagem de multiresistencia foi
de 51%, como era esperado, entretanto a taxa de resistência a múltiplos antibióticos
encontrada em outro estudo foi maior (10).
Pode-se concluir que a hiperprodução de β-lactamase parece ser a principal
razão da discordância entre os todos fenotípicos e genotípicos de detecção da
resistência à meticilina nos ScoN. Mais ainda, os resultados do teste de DD com
108
cefoxitina 30µg demonstraram que este é o melhor teste para avaliação da
resistência à meticilina para todas as espécies de SCoN.
AGRADECIMENTOS
Nossos agradecimentos ao FIPE Fundo de Incentivo à Pesquisa e Eventos
at Hospital de Clínicas de Porto Alegre pelo financiamento desta pesquisa.
REFERENCIAS
1. Brown, D. F. Detection of methicillin/oxacillin resistance in staphylococci. J
Antimicrob Chemother, 48 Suppl 1:65-70, 2001.
2. Chambers, H. F. Coagulase-negative staphylococci resistant to beta-lactam
antibiotics in vivo produce penicillin-binding protein 2a. Antimicrob Agents
Chemother, 31(12):1919-24, 1987.
3. Chambers, H. F. Methicillin-resistant staphylococci. Clin Microbiol Rev. Apr;
1(2):173-86, 1988.
4. Chambers HF. Methicillin resistance in staphylococci: molecular and
biochemical basis and clinical implications. Clin Microbiol Rev. Oct; 10(4):781-
91, 1997.
5. Clinical and Laboratory Standards Institute. Performance standards for
antimicrobial disk susceptibility tests, 16th ed., vol. 26 no 1. Approved
standard M2-A. Clinical and Laboratory Standards Institute, Wayne, Pa, 2006.
6. Couto, I.; Wu, S.W.; Tomasz, A.; de Lencastre, H. Development of methicillin
resistance in clinical isolates of Staphylococcus sciuri by transcriptional
109
activation of the mecA homologue native to s. J Bacteriol., 185(2):645-53,
2003.
7. Diekema, D.J.; Pfaller, M.A.; Schmitz, F.J.; Smayevsky, J.; Bell, J.; Jones,
R.N.; Beach, M. Survey of infections due to Staphylococcus species:
frequency of occurrence and antimicrobial susceptibility of isolates collected in
the United States, Canada, Latin America, Europe, and the Western Pacific
region for the SENTRY Antimicrobial Surveillance Program, 1997-1999. Clin
Infect Dis., 32:S114-S132, 2001.
8. Felten A, Grandry B, Lagrange PH, Casin I. Evaluation of three techniques for
detection of low-level methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA): a
disk diffusion method with cefoxitin and moxalactam, the Vitek 2 system, and
the MRSA-screen latex agglutination test. J Clin Microbiol; 40(8):2766-71,
2002.
9. Ghoshal, U.; Prasad, K.N.; Singh, M.; Tiwari, D.P.; Ayyagari, A. A comparative
evaluation of phenotypic and molecular methods for the detection of oxacillin
resistance in coagulase-negative staphylococci. J Infect Chemother. 10(2):86-
89, 2004.
10. Huang SY, Tang RB, Chen SJ, Chung RL. Coagulase-negative
staphylococcal bacteremia in critically ill children: risk factors and antimicrobial
susceptibility. J Microbiol Immunol Infect; 36(1): 51-5, 2003.
11. Hussain, Z., Stoakes L., Massey V., Diagre D., Fitzgerald V., Sayed S. EL.;
Lannigan R. Correlation of oxacillin MIC with mecA gene carriage in
coagulase-negative staphylococci. J. Clin. Microbiol. 38:752-754, 2000.
110
12. Ito, T., Katayama, Y., Hiramatsu, K. Cloning and nucleotide sequence
determination of the entire mec DNA of pre-methicillin-resistant
Staphylococcus aureus N315. Antimicrob Agents Chemother 43, 1449-1458,
1999.
13. Ito, T., Katayama, Y., Asada, K., Mori, N., Tsutsumimoto, K., Tiensasitorn, C.,
Hiramatsu, K. Structural comparison of three types of staphylococcal cassette
chromosome mec integrated in the chromosome in methicillin-resistant
Staphylococcus aureus. Antimicrob Agents Chemother 45, 1323-36, 2001.
14. Kleeman, K.T.; Bannerman, T.L.; Kloos, W.E. Species distribution of
coagulase-negative staphylococcal isolates at a community hospital and
implications for selection of staphylococcal identification procedures. J Clin
Microbiol., 31(5):1318-21, 1993.
15. Marshall SA, Wilke WW, Pfaller MA, Jones RN. Staphylococcus aureus and
coagulase-negative staphylococci from blood stream infections: frequency of
occurrence, antimicrobial susceptibility, and molecular (mecA) characterization
of oxacillin resistance in the SCOPE program. Diagn Microbiol Infect Dis;
30(3):205-14, 1998.
16. Martineau, F., Picard, F. J., Roy, P. H., Ouellette, M., Bergeron, M. G.
Species-specific and ubiquitous-DNA-based assays for rapid identification of
Staphylococcus epidermidis. J Clin Microbiol. 34, 2888-2893, 1996.
17. McDougal, L.K.; Thornsberry, C. The role of beta-lactamase in staphylococcal
resistance to penicillinase-resistant penicillins and cephalosporins. J Clin
Microbiol. 23(5):832-9, 1986.
111
18. O'Gara, J. P.; Humphreys, H. Staphylococcus epidermidis biofilms:
importance and implications. J Med Microbiol. 50(7): 582-7, 2001.
19. Pfaller MA, Jones RN, Doern GV, Sader HS, Kugler KC, Beach ML. Survey of
blood stream infections attributable to gram-positive cocci: frequency of
occurrence and antimicrobial susceptibility of isolates collected in 1997 in the
United States, Canada, and Latin America from the SENTRY Antimicrobial
Surveillance Program. SENTRY Participants Group. Diagn Microbiol Infect
Dis; 33(4): 283-97, 1999.
20. Picazo, J.J.; Betriu, C.; Rodriguez-Avial, I.; Culebras, E.; Gómez, M., Lopez,
F. Grupo VIRA. Antimicrobial resistance surveillance: VIRA STUDY 2006.
Enferm Infecc Microbiol Clin., 24(10):617-28 [Antimicrobial resistance
surveillance: VIRA STUDY 2006].
21. Sader, H. S.; Jones, R. N.; Gales, A. C.; Silva, J. B.; Pignatari, A. C. SENTRY
Participants Group(Latin America). SENTRY antimicrobial surveillance
program report: Latin American and Brazilian results for 1997 through 2001.
Braz J Infect Dis. Feb;8(1):25-79, 2004.
22. Sader, H.S.; Streit, J.M.; Fritsche, T.R.; Jones, R.N. Antimicrobial susceptibility
of gram-positive bacteria isolated from European medical centers: results of
the Daptomycin Surveillance Programme (2002-2004). Clin Microbiol Infect.,
12(9):844-52, 2006.
23. Stepanovic, S.; Hauschild, T.; Dakic, I.; Al-Doori, Z.; Svabic-Vlahovic, M.;
Ranin, L.; Morrison, D. Evaluation of phenotypic and molecular methods for
detection of oxacillin resistance in members of the Staphylococcus sciuri
group. J Clin Microbiol., 44(3):934-7, 2006.
112
24. Swenson, J.M.; Tenover, F.C.; Cefoxitin Disk Study Group. Results of disk
diffusion testing with cefoxitin correlate with presence of mecA in
Staphylococcus spp. J Clin Microbiol., 43(8):3818-23, 2005.
25. Tabe, Y.; Nakamura, A.; Oguri, T.; Igari, J. Molecular characterization of
epidemic multiresistant Staphylococcus haemolyticus isolates. Diagn Microbiol
Infect Dis., 32(3):177-83, 1998.
26. Vannuffel, P.; Gigi, J.; Ezzedine, H.; Vandercam, B.; Delmee, M.; Wauters, G.;
Gala. J. L. Specific detection of methicillin-resistant Staphylococcus species by
multiplex PCR. J Clin Microbiol., 33:2864-2867, 1995.
27. Weinstein, M.P.; Mirrett, S.; Van Pelt, L.; McKinnon, M.; Zimmer, B.L.; Kloos,
W.; Reller, L.B. Clinical importance of identifying coagulase-negative
staphylococci isolated from blood cultures: evaluation of MicroScan Rapid and
Dried Overnight Gram-Positive panels versus a conventional reference
method. J Clin Microbiol., 36(7):2089-92, 1998.
28. Widerstrom, M.; Monsen, T.; Karlsson, C., Wistrom, J. Molecular epidemiology
of methicillin-resistant coagulase-negative staphylococci in a Swedish county
hospital: evidence of intra- and interhospital clonal spread. J Hosp Infect.,
64(2):177-83, 2006.
29. Wisplinghoff, H.; Bischoff, T.; Tallent, S. M.; Seifert, H.; Wenzel, R. P.;
Edmond M .B. Nosocomial bloodstream infections in US hospitals: analysis of
24,179 cases from a prospective nationwide surveillance study. Clin Infect
Dis., 39:309-317, 2006.
30. York, M.K., Gibbs, L., Chehan, F., and Brooks, G. F. Comparison of PCR
detection of mecA with standard suceptibility testing methods to determine
113
methicillin resistance in coagulase-negative stalphylococci. J. Clin. Microbol.
34:249-253, 1996.
31. Yoshida, R.; Kuwahara-Arai, K.; Baba, T.; Cui, L.; Richardson, J.F.;
Hiramatsu, K. Physiological and molecular analysis of a mecA-negative
Staphylococcus aureus clinical strain that expresses heterogeneous methicillin
resistance. J Antimicrob Chemother., 51(2):247-55, 2003.
32. Zhang, H.Z.; Hackbarth, C.J.; Chansky, K.M.; Chambers, H.F. A proteolytic
transmembrane signaling pathway and resistance to beta-lactams in
staphylococci. Science. 9; 291(5510):1915-6, 2001.
114
Tabela 1. Resultados dos testes de DD com oxacilina e cefoxitina e resultados do
PCR para os 181 isolados de SCoN.
PCR gene mecA
PCR gene mecA
Oxacilina Positivo Negative
Total Cefoxitina Positivo Negativo-
Total
Resistente
123 6 129 Resistente
125
4
129
Sensível 2 50 52 Sensível 0
52
52
Total 125 56 181 Total 125
56
181
115
Tabela 2. Distribuição das espécies de SCON e distribuição do gene mecA entre as
espécies.
Nº (%) Resistência entre as espécies de SCoN
S.epiderm
a
S.hominis
S.haemol
b
S.capitis S.sciuri S.warneri
S.saprop
c
S.lugdun
d
NI
e
Total
Total
116 18 16 14 1 3 2 1 10 181
mecA
pos
87 (75) 13(72,2) 15 (93,8)
12(85,7)
1(100) 0 0 0 1 (10)
129
(71,3)
mecA
neg
29 (25) 5 (27,8) 1 (6,2) 2 (14,3)
0 3 (100) 2 (100) 1 (100) 9 (90)
52
(28,7)
a
S. epidermidis;
b
S. haemolyticus;
c
S. saprophyticus;
d
S. lugdunensis;
e
NI não identificado.
116
Tabela 3. Comparação da resistência aos antibióticos não β lactâmicos entre os
SCoN que tem o gene mecA e os SCoN que não tem o gene mecA.
Nº (%) isolados com e sem o gene mecA x resistência aos antibióticos não β-lactâmicos
a
clin clor doxi eritro genta levo rifam sulfa vanco
mecA
positivo
81 (66,4)
48 (38,7)
26 (21,1)
92 (73,6)
109 (87,2)
66 (56,4)
35 (28)
90 (72) 0
mecA
negativo
7 (15,6) 6 (13,3) 7 (15,6) 15 (34,1)
7 (16,3) 4 (9,5) 1 (2,2)
13 (28,9)
0
a
CLIN: clindamicina; CLOR: cloranfenicol; DOXI: doxiciclina; ERITRO: eritromicina; GENTA:
gentamicina; LEVO: levofloxacin; RIFA: rifampicina; SULFA: sulfametoxazol; VANCO: vancomicina
b
A diferença da resistência para doxaciclina aos antibióticos não β-lactamicos entre os SCoN que
o gene mecA e os SCoN que não tem o gene mecA não foi eststísticamente significativa
117
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Figura 1: PCR para o gene mecA. Linha 1: marcador de peso molecular (100pb); linha 2:
controle positivo S. aureus ATCC 33591; linha 3: controle negativo S. epidermidis ATCC
12228; linhas 4, 5 e 6: isolado número 173 (S. epidermidis) mecA positivo; linha 7: contole
negativo; linhas: 8, 9 e 10: isolado número 110 (S. capitis) mecA positivo.
118
Distribution of staphylococcal cassette chromosome (SCCmec) types I, II, III
and IV in coagulase negative Staphylococcus spp from patients attending a
tertiary hospital in southern Brazil
Alice Beatriz Mombach Pinheiro Machado*,
Keli Cristine Reiter, Rodrigo Minuto
Paiva, Afonso Luis Barth
Unidade de Microbiologia e Biologia Molecular, Hospital de Clínicas de Porto
Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
Running Title: Distribution of SCCmec in CoNS
* Corresponding author. Mailing address:
Hospital de Clinicas de Porto Alegre
Unidade de Microbiologia e Biologia Molecular
Rua Ramiro Barcelos 2350
Porto Alegre – RS
Brasil – 90.035-903
Phone/FAX: +55 51 2101 8860
E-mail: abma[email protected]rgs.br
119
SUMMARY
Coagulase negative staphylococci (CoNS) are now recognized as etiological agents
of desease with important range of pathogenicity in humans. Most developed
countries have reported an increase in CoNS infection in hospitalized patients, which
are resistant to methicillin and other antibiotics. Staphylococcal cassette
chromosome mec (SCCmec) typing is essential for understanding the molecular
epidemiology of methicillin resistant Staphylococcus spp. SCCmec elements are
currently classified into types I to VI based on the characteristics of the mec and ccr
genes complexes, and are further classified into subtypes according to their junkyard
DNA region. We evaluated the distribution of SCCmec in CoSN from patients
attending Hospital de Clínicas de Porto Alegre during two years (2004/2005). Among
the 129 bloodstream isolates, 36 (27.9%) harbored SCCmec type I, 4 (3.0%)
harbored SCCmec type II, 67 (52%) harbored SCCmec type III, 1 (0.8%) harbored
SCCmec type IV and 4 (3.0%) harbored SCCmec type I and III. Seventeen isolates
were not typeable. The identification of CoNS at species level indicated the S.
epidermidis was the commonest specie with 87 isolates followed by S. haemolyticus
(15 isolates), S. hominis (13), S. capitis (12) and S. sciuri (1). The SCCmec type III
was the most prevalent among the isolates of S. epidermidis (52%). Among these
strains, 30 (23%) harbored a modified SCCmec type III, which contained, in contrast
to regular type III, an additional dcs region. SCCmec type III was also highly
prevalent (75%) among S. capitis. The predominant SCCmec type found among S.
haemolyticus was SCCmec type I. However, all four isolates harboring SCCmec
type II belonged to S. haemolyticus. Our results indicate that the SCCmec type III
was the most prevalent among the CoNS. The isolates with SCCmec type III were
more resistant to non-beta lactams antimicrobials than the isolates harboring
SCCmec type I, II and IV, although only for clindamicin (p=0,021), rifampin (p=0,010)
and levofloxacin (p= 0,005) the resistance was statistically significant.
Abbreviations: CoNS, SCCmec, PCR, ccr.
120
INTRODUCTION
Coagulase negative Staphylococcus spp (CoNS), particularly S. epidermidis,
are considered as the main pathogens of nosocomial bacteremia associated with
catheter and neonatal sepsis (Krediet et al., 2001, Krediet et al., 2004). These
infections are associated to high morbidity and mortality rate, mainly when CoNS are
resistant to semi-synthetic beta-lactam antibiotics, such as methicillin. In fact
methicillin-resistant Staphylococcus spp are a common cause of nosocomial
infections worldwide (Wisplinghoff et al., 2004, Favre et. al., 2005).
The resistance of CoNS to methicillin and other beta-lactam antibiotics is
mediated by a penicillin-binding protein, which presents reduced affinity with these
antibiotics (PBP2a). This protein is encoded by the mecA gene (Chambers et al.,
1988), inserted in a genomic island called staphylococcal cassette chromosome mec
(SCCmec) (Ito et al., 2003). The SCCmec is a genetic mobile element which is a
vehicle for exchanging resistance genes between staphylococcus species and is
largely distributed among CoNS species and in S. aureus (Katayama et al., 2001, Ito
et al., 1999, Hiramatsu et al., 2004, Ito et al., 2003).
The SCCmec was initially described as mec DNA” which was found only in
methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) and absent in methicillin-
sensitive Staphylococcus aureus (MSSA) (Ito et al., 1999, Katayama et al., 2000).
This genetic element is constituted of different combinations between the mec
complex, which encodes the resistance to methicillin, and the ccr complex, which
encodes recombinases enzymes responsible for this genetic element mobility. This
mec complex is composed of IS431, mecA and intact or truncated sequences of
mecI and mecR1 regulatory genes. The ccr complex can be composed by
121
recombinases genes ccrA and ccrB or ccrC (Ma et al., 2002, Chongtrakool et al.,
2006, Ito et al., 2004, Oliveira et al., 2006, Kondo et al., 2007). Based on such
diversity, six types of SCCmec have already been described in S. aureus, and five
types (I to V) have also been described in CoNS. Moreover community methicillin-
resistant S.epidermidis (C-MRSE) were found with SCCmec type IV (Hisata et al.,
2005, Wisplinghoff et al., 2003) and the fifth type of SCCmec (SCCmec V) has
already been discovered in CoNS, particularly in S. haemolyticus (Ito et al., 2004).
The structure and distribution of SCCmec types in S. aureus has been largely
studied (Chongtrakool et al., 2006, Hisata et al., 2005, Hiramatsu et al., 2004, Ito et
al., 2001, Katayama et al., 2001), but data related to CoNS were only comparative,
and in studies whose purpose was to determine whether there was a transmission
between the species (Hanssen et al., 2004, Hisata et al., 2005). This study proposed
to evaluate the distribution of SCCmec I, II, III and IV in methicillin-resistant CoNS,
obtained from patients at a tertiary hospital in southern Brazil. Also was evaluated
the distribuition of SCCmec elements among the CoSN species and the standard of
the resistance distribution of non-beta-lactamics antibiotics among 129 strains of
methicillin-resistant CoNS and their corresponding SCCmec.
MATERIALS AND METHODS
Bacterial Isolates. A total of 129 clinical isolates of methicillin-resistant CoNS
were obtained from blood cultures from 125 patients hospitalized at Hospital de
Clínicas de Porto Alegre, between August 2004 and December 2005. The study
included only one clinical isolate per patient, or more than one isolated when they
were obtained after a three days interval. The blood cultures were performed using
122
Bact Alert
®
(bioMérieux, Marcy L’Etoile, France) automated system, and subcultured
on tripticase soy agar, containing 5% of sheep blood (bioMérieux, Marcy L’Etoile,
France). The colony morphology, the Gram stain reaction, the catalase test and the
absence of the coagulase enzyme were used as screening for CoNS identification.
Antimicrobial susceptibility test. The antimicrobial susceptibility test was
performed by the disk diffusion method on Mueller Hinton Agar (bioMérieux, Marcy
L’Etoile, France), according to the Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI
2006), with the following antibiotic: oxacillin (1 µg), cefoxitin (30 µg), vancomycin (30
µg), gentamicin (10 µg), clindamycin (2 µg), chloramphenicol (30 µg), doxycycline
(30 µg), erythromycin (15 µg), levofloxacin (5 µg), rifampin (5 µg) and co-trimoxazole
(25 µg). S. aureus ATCC 25923 was used for quality control.
DNA extraction and quantification. The isolates were cultured on Mueller
Hinton Agar and incubated at 35ºC for 18 to 24 hours. A bacterial suspension
equivalent to 1.0 McFarland was prepared in 500 µl of 10mM TRIS 1mM EDTA
(pH 8.0). The suspension was homogenized in vortex and heated at 100ºC for 10
minutes (York et al., 1996). Afterwards, the suspension was frozen at -20ºC for two
hours and then centrifuged at 9,000 g for 3 min. The DNA from non-typeable isolates
and in 20 random isolates, DNA was quantified using GeneQuant RNA/DNA
Calculator (Amersham Pharmacia Biotec’s, Pistacaway, USA). Non-typeable isolates
were submitted to thermal lyses and then extracted using QIAamp kit for tissues
(Qiagen
, Valencia, US), according to the manufacturer’s instructions.
Species identification. The molecular identification of S. epidermidis was
performed by Polymerase Chain Reaction (PCR), with primers from a species-
123
specific probe for the identification of tuf gene (Martineau et al., 1996). The isolates
that were not identified as S. epidermidis were submitted to the API ID 32 STAPH
(bioMérieux,
Marcy L’Etoile, France) semi-automated system.
Determination of mecA gene. PCR for mecA gene was performed according
to the protocol that was previously described by Vannuffel et al (1995). S.
epidermidis ATCC 12228 and S. aureus ATCC 33591 were used as negative and
positive controls.
Determination of SCCmec type. The SCCmec type was determined by a
multiplex PCR which included four pairs of primers for loci A, B, D and E (Oliveira &
Lencastre, 2002). Locus A is exclusive to SCCmec type I and amplifies a region of
pls gene, locus B is exclusive to SCCmec type II and amplifies an internal region of
kpd operon. Locus D is common to SCCmec types I, II and IV and amplifies a region
of dcs gene. Locus E is exclusive to SCCmec type III and amplifies a region between
integrated plasmid pI258 and transposon Tn554 (Fig.1) In addition, a single PCR for
each locus was standardized in order to check results of 30 isolates which amplified
locus E and D and the results of the non-interpretable types obtained by multiplex
PCR.
Multiplex PCR was performed in 50 µl of reaction volume with 1 X enzyme
buffer (JMR Holdings, London, United Kingdom), 1.25 U Taq polymerase DNA
(Super-Therm, JMR Holdings, London, United Kingdom) 200 µM dNTP mix
(ABgene
, Epson, UK), 10 pmol of CIF2 F2 and CIF2 R2 primer, 6 pmol of KDP F1
and KDP R1 primers, 5 pmol of DCS F2 and DCS R1 primers and 5 pmol of RIF4 F3
and RIF4 R9 primers (Invitrogen®, Carlbad, USA), and 10 µl of extracted DNA. The
124
amplification process was performed using a MJ Research PTC 100 Thermocycler
(MJ Research, Waltham, USA). Each single PCR was performed in 25 µl of
reaction volume following the same protocol as for multiplex PCR.
The cycle sequencing reactions were performed at 92ºC for 3 min, followed
by 30 cycles of 92ºC for 1 min, 56ºC for 1 min and 72ºC for 1 min e 30 s, for both
protocols. PCR product was detected on agarose gel at 2% and stained with
ethidium bromide.
Sequencing and computer analysis of sequences: The nucleotide
sequence of loci A, B, D, E and mecA gene was determined. A homology search
was performed with BLAST and Chromas programs and DDBJ/EMBL/GeneBank
databases.
Statistical analysis: The chi-square test with a 0.05 significance level was
used for statistical analysis. A descriptive statistical analysis was performed to
evaluate the relationship between the susceptibility test and SCCmec type.
RESULTS AND DISCUSSION
Wide distribution of mecA gene in CoNS species has been demonstrated by
previous studies (Pierre et al., 1990) and was confirmed in this study with CoNS
clinical isolates belonging to five species. This study also described the distribution
of the SCCmec types I, II, III and IV among a population of CoNS from blood
cultures obtained from patients at a tertiary hospital.
The presence of mecA gene was tested in all 129 isolates of methicillin-
resistant CoNS by the PCR technique using specific primers and all isolates
125
presented positive results. Sequencing of the amplified fragment of mecA gene from
one clinical sample presented 100% of homology with mecA gene sequence for S.
aureus with D86934 accession number in GenBank, demonstrating that this gene is
well-conserved in staphylococcus species (Ito et al., 2001). This isolate was used as
positive control in all PCR tests.
It was possible to determine an agreement of 100% and 97% of the diffusion
disk (DD) testing with cefoxitin and oxacillin, respectively, with the presence of mecA
gene, detected by PCR in all 129 samples. According to the literature, the DD test
with cefoxitin substrate is preferred over the DD test with oxacillin to estimate the
resistance to oxacillin mediated by mecA gene, for both S. aureus and CoNS
(Swenson et al, 2005). This was also observed in this study.
The identification of CoNS species was performed in two stages. First, all 129
isolates were submitted, for the identification using a specie-specific primer for the
tuf gene, and 87 (67.4%) of the isolates were identified as S. epidermidis. The
remaining 42 isolates were submitted to the identification by a the semi-automated
system, resulting in 15 (11.6%) S. haemolyticus, 13 (10%) S. hominis, 12 (9.3%) S.
capitis, 1 (0.8%) S. sciuri and one isolate could not be identified. These are
methicillin-resistant CoNS species, usually found in clinical microbiology laboratory
(Caeirão et al., 2006, York et al., 1996, Silva et al., 2002).
The PCR multiplex for the four SCCmec types (I, II, III and IV) identified 36
(28%) isolates with SCCmec type I, 4 (3.0%) isolates with as SCCmec type II, 67
(52%) isolates with SCCmec type III, among these 30 (23%) harbored a modified
SCCmec type III, which contained, in contrast to regular type III, 1 (0.8%) isolate with
SCCmec type IV and 4 (3.0%) isolates positive for two SCCmec types: I and III.
126
(Fig.1). Seventeen isolates (13%) were not typeable by the method employed (Table
1). These results are comparable to the distribution of SCCmec types among
staphylococci in other study (Chung et al., 2004). Differently, the SCCmec type IV
was the most prevalent in a report on hospital isolates of S. epidermidis
(Wisplinghoff el al, 2003).
Non-typeable CoNS were tested by PCR using single primers for the four loci,
but we were not able to establish the SCCmec type of these isolates. Most (59%) of
the not-typeable isolates were identified as S. hominis.
The relatively high number of isolates non-typeable may be due to the fact
that a few types of SCCmec II do not have the kpd operon in the junkyard region
and, therefore they cannot be identified as SCCmec type II using this multiplex PCR
(Shore et al., 2005). Moreover Shore et al, (2005) described a variant of SCCmec
type IV which did not present locus D, of the dcs region and name it as SCCmec
type IV–dcs. We can also consider that non-typeable strains could be SCCmec type
IV–dcs. The variability in the identification of SCCmec can also be explained by the
presence of new structures or rearrangements and recombinations of mec element
(Chung et al., 2004, Zhang et al., 2005).
The distribution of the SCCmec types among the S. epidermidis indicated that
25 (19%) isolates harbored SCCmec type I and 24 (18.6%) harbored SCCmec type
III. It is of note that 30 (23%) isolates harbored SCCmec type III and locus D (dcs
region). All isolates with this profile were identified as S. epidermidis, and this may
indicated the existence of a clonal relation, among these isolates. These results
warrant further studies using another molecular typing technique. It was possible to
identify only 1 (0.8%) isolate with SCCmec type IV. On the other hand 4 (3.1%)
127
isolates amplified the loci for SCCmec types I and III and were considered as non-
interpretable.
Thirty isolates of S. epidermidis which harbored SCCmec type III (locus E)
and dcs region (locus D) were tested again by single PCR for locus D and locus E.
This PCR reaction confirming the amplification of both loci in all of them. The
presence of locus D (dcs region) is not exclusive to types SCCmec I, II and IV.
Chongtrakool et. al. (2006) identified 39 isolates with locus D and SCCmec type III.
This profile was also found in other studies. In order to investigate the nature of
these cassettes, genes of ccr complex were characterized, and it was shown that a
few isolates with typical SCCmec type III also amplified the locus D and contained
ccrAB3 type (Aires de Sousa & Lencastre, 2003, Budimir et al, 2006, Qi et al, 2005).
Among the 15 isolates of S. haemolyticus, 10 (7.8%) harbored SCCmec type
I, 4 (3.1%) harbored SCCmec type II and 1 (0.8%) isolate harbored a SCCmec type
which could not be identified. Among the 13 CoNS identified as S. hominis, the
SCCmec type identification could not be performed in 10 (7.8%) isolates, and only 3
(2.3%) were identified as SCCmec type III. Among the 12 isolates classified as S
capitis, 1 (0.8%) harbored SCCmec type I, 9 (7%) harbored SCCmec type III, but it
was not possible to identify the SCCmec type in 2 (1.5%) isolates.
The molecular techniques, such as multilocus sequence typing (MLST),
SCCmec typing and others, have shown that most nosocomial MRSA infections are
caused by few pandemic clones. Among the five MRSA representative pandemic
types characterized by MLST is the Clonal Complex 8 (CC8), which includes the
Brazilian clone (ST 239) with the SCCmec IIIA (Shore et al., 2005, Robinson et al.,
2003). The hypothesis of SCCmec transfer between species of staphylococci may
128
contribute to the fact that the CoNS isolates of this study, prevalently identified as
SCCmec III, are related to the presence of this MRSA pandemic clone coexisting in
our institution (data not shown).
The hypothesis of SCCmec transfer between S. epidermidis and S. aureus is
based on several evidences. Hanssen et al. (2004) found genetically unique MRSA,
containing variants of ccrAB genes that are identical to those found in methicillin-
resistant CoNS. It seems that S. aureus and CoNS present the same pool of genes,
containing resistance and recombinase genes; however, it is still necessary to define
the resistance transfer mechanisms and routes between staphylococci.
Sequencing of amplified loci to identify SCCmec types I, II, III and IV
presented 100% homology. The differences were only in punctual nucleotides in one
of the two strands. The amplicons were compared to the GenBank sequences with
accession numbers AB033763 for SCCmec type I, D86934 for SCCmec type II,
AB037671 for SCCmec type III and AB033763 for SCCmec type IV. These isolates
were used as positive controls in the PCR reactions. The two selected isolates that
amplified SCCmec type III and locus D presented 100% homology with AB063173
GenBank sequence for locus D, but only 96% of homology for SCCmec type III
(AB037671 GenBank sequence) (Oliveira et al., 2002)
A descriptive analysis of resistance was performed for the susceptibility profile
of CoNS to non-beta-lactam antimicrobials among SCCmec types (Table 2).
According to the literature the isolates harboring SCCmec type III present a high
number of resistance genes (Ito et al, 1999, Ito et al, 2001). In these study we also
found isolates with SCCmec III to be more resistant to non-β-lactamics antibiotics,
129
but this difference was not statistically significant to most antibiotics (erythromycin p
= 0.171, doxacyclyne p = 0.982, co-trimoxazole p = 0.115, gentamicin p = 0.860 and
chloramphenicol p = 0.358), except for rifampin (rifampin p = 0.010), levofloxacin
(levofloxacin p=0.005) and clindamycin (clindamycin p = 0.012).
CoNS are reservoirs of resistance genes and probably are able to transmit
these genes to S. aureus. The similarity of SCCmec among S. aureus and CoNS
suggests the horizontal transmission between the species of staphylococcus. In
addition, the extensive rearrangement observed in ccr and mec complexes indicate
the frequent exchange of genetic material (Hanssen et al., 2006).
Noteworthy, the SCCmec type IV was first identified in S. epidermidis in 1970
and only after around ten years this SCCmec was described in S. aureus
(Wisplinghoff et al., 2003). One could consider, therefore, that the Brazilian epidemic
clone MRSA is widespread geographically and harbored the SCCmec III, this
resistance may be originated from the CoNS (Da Silva et al., 2000).
The most relevant aspect is that SCCmec type III encodes the highest
number of resistance genes, and this information is epidemiologically important for
the institutional infection control. Traditionally, CoNS were recognized as bacteria of
minor clinical importance. However, with the current knowledge, it is known that they
can be considered a determinant factor in the generation of new MRSA strains.
ACKOWLEDGEMENTS
We are grateful to FIPE – Fundo de Incentivo à Pesquisa e Eventos at
Hospital de Clínicas de Porto Alegre to support this work.
130
REFERENCES
Aires de Sousa, M., de Lencastre, H. (2003). Evolution of sporadic isolates of
methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) in hospitals and their similarities
to isolates of community-acquired MRSA. J Clin Microbiol 41, 3806-15.
Budimir, A., Deurenberg, R. H., Plecko, V., Vink, C., Kalenic, S., Stobberingh, E.
E. (2006). Molecular characterization of methicillin-resistant Staphylococcus aureus
bloodstream isolates from Croatia. J Antimicrob Chemother 57,331-334.
Caierao, J., Superti, S., Dias, C. A., d'Azevedo, P. A. (2006). Automated systems
in the identification and determination of methicillin resistance among coagulase
negative staphylococci. Mem Inst Oswaldo Cruz 101, 277-80.
Chambers, H. F. (1988). Methicillin-resistant staphylococci. Clin Microbiol Rev 1,
173-86.
Chongtrakool, P., Ito, T., Ma, X. X., Kondo, Y., Trakulsomboon, S., Tiensasitorn,
C., Jamklang, M., Chavalit, T., Song, J. H., Hiramatsu, K. (2006). Staphylococcal
cassette chromosome mec (SCCmec) typing of methicillin-resistant Staphylococcus
aureus strains isolated in 11 Asian countries: a proposal for a new nomenclature for
SCCmec elements. Antimicrob Agents Chemother 50, 1001-1012.
Chung, M., Dickinson, G., De Lencastre, H., Tomasz, A. (2004). International
clones of methicillin-resistant Staphylococcus aureus in two hospitals in Miami,
Florida. J Clin Microbiol 42, 542-7.
Da Silva Coimbra MV, Teixeira LA, Ramos RL, Predari SC, Castello L,
Famiglietti A, Vay C, Klan L, Figueiredo AM. (2000). Spread of the Brazilian
131
epidemic clone of a multiresistant MRSA in two cities in Argentina.J Med Microbiol.
Feb; 49(2):187-92.
Deurenberg, R. H., Vink, C., Oudhuis, G. J., Mooij, J. E., Driessen, C., Coppens,
G., Craeghs, J., De Brauwer, E., Lemmen, S., Wagenvoort, H., Friedrich, A. W.,
Scheres, J., Stobberingh, E. E. (2005). Different clonal complexes of methicillin-
resistant Staphylococcus aureus are disseminated in the Euregio Meuse-Rhine
region. Antimicrob Agents Chemother 49, 4263-71.
Favre, B., Hugonnet, S., Correa, L., Sax, H., Rohner, P., Pittet, D. (2005)
Nosocomial bacteremia: clinical significance of a single blood culture positive for
coagulase-negative staphylococci. Infect Control Hosp Epidemiol 26, 697-702.
Hanssen, A. M., Ericson Sollid, J. U. (2006). SCCmec in staphylococci: genes on
the move. FEMS Immunol Med Microbiol 46, 8-20.
Hanssen, A. M., Kjeldsen, G., Sollid, J. U. (2004). Local variants of Staphylococcal
cassette chromosome mec in sporadic methicillin-resistant Staphylococcus aureus
and methicillin-resistant coagulase-negative Staphylococci: evidence of horizontal
gene transfer? Antimicrob Agents Chemother 48, 285-96.
Hisata, K., Kuwahara-Arai, K., Yamanoto, M., Ito, T., Nakatomi, Y., Cui, L., Baba,
T., Terasawa, M., Sotozono, C., Kinoshita, S., Yamashiro, Y., Hiramatsu, K.
(2005). .Dissemination of methicillin-resistant staphylococci among healthy
Japanese children. J Clin Microbiol 43, 3364-3372.
Hiramatsu, K., Watanabe, S., Takeuchi, F., Ito, T., Baba, T. (2004). Genetic
characterization of methicillin-resistant Staphylococcus aureus. Vaccine 6, S5-8.
Ito, T., Katayama, Y., Asada, K., Mori, N., Tsutsumimoto, K., Tiensasitorn, C.,
Hiramatsu, K. (2001). Structural comparison of three types of staphylococcal
132
cassette chromosome mec integrated in the chromosome in methicillin-resistant
Staphylococcus aureus. Antimicrob Agents Chemother 45, 1323-36.
Ito, T., Katayama, Y., Hiramatsu, K. (1999). Cloning and nucleotide sequence
determination of the entire mec DNA of pre-methicillin-resistant Staphylococcus
aureus N315. Antimicrob Agents Chemother 43, 1449-1458.
Ito, T., Ma, X. X., Takeuchi, F., Okuma, K., Yuzawa, H., Hiramatsu, K. (2004).
Novel type V staphylococcal cassette chromosome mec driven by a novel cassette
chromosome recombinase, ccrC. Antimicrob Agents Chemother 48, 2637-2651.
Ito, T., Okuma, K., Ma, X. X., Yuzawa, H., Hiramatsu, K. (2003). Insights on
antibiotic resistance of Staphylococcus aureus from its whole genome: genomic
island SCC. Drug Resist Updat 6, 41-52. Review.
Katayama, Y., Ito, T., Hiramatsu, K. (2000). A new class of genetic element,
staphylococcus cassette chromosome mec, encodes methicillin resistance in
Staphylococcus aureus. Antimicrob Agents Chemother 44, 1549-1555.
Katayama, Y., Ito, T., Hiramatsu, K. (2001). Genetic organization of the
chromosome region surrounding mecA in clinical staphylococcal strains: role of
IS431-mediated mecI deletion in expression of resistance in mecA-carrying, low-
level methicillin-resistant Staphylococcus haemolyticus. Antimicrob Agents
Chemother 45, 1955-1963.
Kondo, Y., Ito, T., Ma, X. X., Watanabe, S., Kreiswirth, B. N., Etienne, J.,
Hiramatsu, K. (2007). Combination of multiplex PCRs for staphylococcal cassette
chromosome mec type assignment: rapid identification system for mec, ccr, and
major differences in junkyard regions. Antimicrob Agents Chemother 51, 264-74.
133
Krediet, T. G., Jones, M. E., Janssen, K., Gerards, L. J., Fleer A. (2001).
Prevalence of molecular types and mecA gene carriage of coagulase-negative
Staphylococci in a neonatal intensive care unit: relation to nosocomial septicemia. J
Clin Microbiol 39, 3376-3378.
Krediet, T. G., Mascini, E. M., van Rooij, E., Vlooswijk, J., Paauw, A., Gerards,
L. J., Fleer, A. (2004). Molecular epidemiology of coagulase-negative staphylococci
causing sepsis in a neonatal intensive care unit over an 11-year period. J Clin
Microbiol 42, 992-995.
Ma, X. X., Ito, T., Tiensasitorn, C., Jamklang, M., Chongtrakool, P., Boyle-Vavra,
S., Daum, R. S., Hiramatsu, K. (2002) Novel type of staphylococcal cassette
chromosome mec identified in community-acquired methicillin-resistant
Staphylococcus aureus strains. Antimicrob Agents Chemother 46, 1147-1152.
Martineau, F., Picard, F. J., Roy, P. H., Ouellette, M., Bergeron, M. G. (1996).
Species-specific and ubiquitous-DNA-based assays for rapid identification of
Staphylococcus epidermidis. J Clin Microbiol 34, 2888-2893.
CLSI. 2006. Performance standards for antimicrobial susceptibility testing forty two
informational supplement M100-S16. CLSI Wayne, PA.
Oliveira, D. C., Milheirico C., de Lencastre H. (2006). Redefining a structural
variant of staphylococcal cassette chromosome mec, SCCmec type VI. Antimicrob
Agents Chemother 50, 3457-3459.
Oliveira, D. C., de Lencastre, H. (2002). Multiplex PCR strategy for rapid
identification of structural types and variants of the mec element in methicillin-
resistant Staphylococcus aureus. Antimicrob Agents Chemother 46, 2155-2161.
134
Pierre, J., Williamson, R., Bornet, M., Gutmann, L. (1990). Presence of an
additional penicillin-binding protein in methicillin-resistant Staphylococcus
epidermidis, Staphylococcus haemolyticus, Staphylococcus hominis, and
Staphylococcus simulans with a low affinity for methicillin, cephalothin, and
cefamandole. Antimicrob Agents Chemother 341691-1694.
Qi, W., Ender, M., O'Brien, F., Imhof, A., Ruef, C., McCallum, N., Berger-Bachi,
B. (2005). Molecular epidemiology of methicillin-resistant Staphylococcus aureus in
Zurich, Switzerland (2003): prevalence of type IV SCCmec and a new SCCmec
element associated with isolates from intravenous drug users. J Clin Microbiol 43,
5164-5170.
Robinson, D. A. & Enright, M. C. (2003). Evolutionary models of the emergence of
methicillin-resistant Staphylococcus aureus. Antimicrob Agents Chemother 47, 3926-
3934.
Shore, A., Rossney, A. S., Keane, C. T., Enright, M.C, Coleman, D. C. (2005).
Seven novel variants of the staphylococcal chromosomal cassette mec in methicillin-
resistant Staphylococcus aureus isolates from Ireland. Antimicrob Agents
Chemother 49, 2070-2083.
Silva, G. D., Kantzanou, M., Justice, A., Massey, R. C., Wilkinson, A. R., Day, N.
P., Peacock, S. J. (2002) .The ica operon and biofilm production in coagulase-
negative Staphylococci associated with carriage and disease in a neonatal intensive
care unit. J Clin Microbiol 40, 382-8.
Swenson, J, M., Tenover, F, C; Cefoxitin Disk Study Group. (2005). Results of
disk diffusion testing with cefoxitin correlate with presence of mecA in
Staphylococcus spp. J Clin Microbiol 43, 3818-3823.
135
Vannuffel, P., Gigi, J., Ezzedine, H., Vandercam, B., Delmee, M., Wauters, G.,
Gala. J. L. (1995). Specific detection of methicillin-resistant Staphylococcus species
by multiplex PCR. J Clin Microbiol 33, 2864-2867.
Wisplinghoff, H., Bischoff, T., Tallent, S. M., Seifert, H., Wenzel, R. P., Edmond
M. B. (2004). Nosocomial bloodstream infections in US hospitals: analysis of 24,179
cases from a prospective nationwide surveillance study. Clin Infect Dis 39, 309-317.
Wisplinghoff, H., Rosato, A. E., Enright, M. C., Noto, M., Craig, W., Archer, G. L.
(2003). Related clones containing SCCmec type IV predominate among clinically
significant Staphylococcus epidermidis isolates. Antimicrob Agents Chemother 47,
3574-3579.
York, M. K., Gibbs, L., Chehab, F., Brooks, G. F. (1996). Comparison of PCR
detection of mecA with standard susceptibility testing methods to determine
methicillin resistance in coagulase-negative staphylococci. J Clin Microbiol 34, 249-
253.
Zhang, K., McClure, J. A., Elsayed, S., Louie, T., Conly, J. M. (2005). Novel
multiplex PCR assay for characterization and concomitant subtyping of
staphylococcal cassette chromosome mec types I to V in methicillin-resistant
Staphylococcus aureus. J Clin Microbiol 43, 5026-5033.
136
Table 1: Distribution of SCCmec elements among the coagulase negative Staphylococcus
spp
SCCmec
Total
Nº (%) of coagulase negative, methicillin-resistant Staphylococcus spp
strains (n= 129)
type
(%)
S.epidermidis
S.hominis S.haemolyticus
S.capitis S.sciuri
NI
I 36 (28) 25 (19.4) 0 10 (7.8) 1 (0.8) 0 0
II 4 (3) 0 0 4 (3.1) 0 0 0
III 37 (29) 24 (18.6) 3 (2.3) 0 9 (7) 1 (0.8) 0
IV 1 (0,8) 1 (0.8) 0 0 0 0 0
I and III 4 (3) 4 (3.1) 0 0 0 0 0
III and IV
30(23) 30 (23.2) 0 0 0 0 0
NT
*
17 (13) 3 (2.3) 10 (7.8) 1 (0.8) 2 (1.5) 0 1 (0.8)
*
NT: non-typeable,
NI: not identified
137
Table 2: Standard of the resistance distribution of non-beta-lactamics antibiotics among 129
strains of methicillin-resistant CoNS and their corresponding SCCmec
SCCmec
Nº(%) of resistance among methicillin-resistant Staphylococcus spp
type
Total
CLIN
††
CHLOR DOXi ERYTHRO
GENTA
LEVO
††
RIFA
††
CO-TRI VANCO
I 36 24(66.6)
18(50) 12(33.3)
28(71.4) 33(91.7)
14(38.9)
10(27.8)
24(66.6)
0
II 4 1(25) 0 0 1(25) 2(50) 1(25) 0 1(25) 0
III 67 48(73.8)
25(39.1)
8(12.5) 49(75.4) 58(89.2)
43(70.5)
21(32.3)
51(78.5)
0
IV 1 1(100) 0 0 1(100) 1(100) 1(100) 1(100) 1(100) 0
NT
*
17 6(37.5) 5(31.3) 5(31.3) 10(62.5) 13(81.3)
5(37.5) 3(18.8) 13(81.3)
0
*
NT: non-typeable
CLIN: clindamycin; CHLOR: chloramphenicol; DOXI, doxycycline; ERYTHRO: erythromycin;
GENTA: gentamicin; LEVO: levofloxacin; RIFA: rifampin; CO-TRI: co-trimoxazole; VANCO:
vancomycin
††
The diference of resistance to non β-lactamics antimicrobials among CoNS witch harbored Sccmec
III versus the CoNS witch harbored SCCmec I, II and IV was not staristically significative, except to
rifampin (p= 0,010), levofloxacin (p= 0,005) and clindamycin (p= 0,012).
138
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Figure 1: PCR Multiplex for SCCmec type from CoNS. Lane 1: molecular weight standard
(100pb); lines 2 and 3: isolate number 173 (S. epidermidis) harboring SCCmec IV (342 pb);
lanes 4 and 5: isolate number 110 (S. capitis) harboring SCCmec III (243 pb); lanes 6 and 7:
isolate number 109 (S. haemolyticus) harboring SCCmec II (342 and 284 pb); lanes 8 and 9:
isolate number 111 (S. epidermidis) harboring SCCmec I (342 and 495 pb).
495
342
284
243
139
Distribuição dos staphylococcal cassete chromosome (SCCmec) tipos I, II, III e
IV nos Staphylococcus spp coagulase negativa de pacientes assistidos em um
hospital terciário no sul do Brasil
Alice Beatriz Mombach Pinheiro Machado,
Keli Cristine Reiter, Rodrigo Minuto
Paiva, Afonso Luis Barth
Unidade de Microbiologia e Biologia Molecular, Hospital de Clínicas de Porto
Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
Running Title: Distribuição dos SCCmec nos SCoN
* Corresponding author. Mailing adress:
Hospital de Clinicas de Porto Alegre
Unidade de Microbiologia e Biologia Molecular
Rua Ramiro Barcelos 2350
Porto Alegre – RS
Brasil – 90.035-903
Phone/FAX: +55 5121018860
E-mail: abma[email protected]rgs.br
140
SUMMARY
Coagulase negative staphylococci (CoNS) are now recognized as etiological agents
of desease with important range of pathogenicity in humans. Most developed
countries have reported an increase in CoNS infection in hospitalized patients, which
are resistant to methicillin and other antibiotics. Staphylococcal cassette
chromosome mec (SCCmec) typing is essential for understanding the molecular
epidemiology of methicillin resistant Staphylococcus spp. SCCmec elements are
currently classified into types I to VI based on the characteristics of the mec and ccr
genes complexes, and are further classified into subtypes according to their junkyard
DNA region. We evaluated the distribution of SCCmec in CoNS from patients
attending Hospital de Clínicas de Porto Alegre during two years (2004/2005). Among
the 129 bloodstream isolates 36 (27.9%) harbored SCCmec type I, 4 (3.0%)
harbored SCCmec type II, 67 (52%) harbored SCCmec type III, 1 (0.8%) harbored
SCCmec type IV and 4 (3.0%) harbored SCCmec type I and III. Seventeen isolates
were not typeable. The identification of CoNS at species level indicated the S.
epidermidis was the commonest species with 87 isolates followed by S.
haemolyticus (15 isolates), S. hominis (13), S. capitis (12) and S. sciuri (1). The
SCCmec type III was the most prevalent among the isolates of S. epidermidis (52%).
Among these strains, 30 (23%) harbored a modified SCCmec type III, which
contained, in contrast to regular type III, an additional dcs region. SCCmec type III
was also highly prevalent (75%) among S. capitis. The predominant SCCmec type
found among S. haemolyticus was SCCmec type I. However, all four isolates
harboring SCCmec type II belonged to S. haemolyticus. Our results indicate that the
SCCmec type III was the most prevalent among the CoNS. The isolates with
SCCmec type III were more resistant to non-beta lactamics antimicrobials than the
isolates harboring SCCmec type I, II and IV, although only for clindamicin (p=0,021),
rifampin (p=0,010) and levofloxacin (p= 0,005) the resistance was statistically
significant.
141
Keywords: CoNS, SCCmec, S. epidermidis, S. haemolyticus, S. hominis, S.
capitis.
INTRODUÇÃO
Os Staphylococcus spp coagulase negativa (SCoN), especialmente os S.
epidermidis, são considerados os principais patógenos de bacteremias nosocomiais
associadas a cateter e sepse neonatal (Kredit et al., 2001, Kredit et al., 2004). Estas
infecções estão associadas a importante morbidade e mortalidade, principalmente
quando os SCoN são resistentes aos antibióticos β-lactâmicos semi-sintéticos como
a meticilina. Os Staphylococcus spp meticilina resistente são causa comum de
infecções nosocomiais em todo mundo (Wisplinghoff et al., 2004, Favre et al 2005).
A resistência dos SCoN à meticilina e outros antibióticos β-lactâmicos é
mediada por uma proteína ligadora de penicilina a qual apresenta reduzida
afinidade por estes antibióticos beta lactâmicos (PBP2a). Esta proteína é codificada
pelo gene mecA (Chambers et al., 1988), inserido em uma ilha genômica
denominada staphylococcal cassette chromossome mec (SCCmec) (Ito et al.,
2003). O SCCmec é um elemento genético vel que serve como veículo de troca
de genes de resistência entre as espécies de estafilococos e está amplamente
distribuído entre as espécies de SCoN e nos S. aureus (Katayama et al., 2001, Ito et
al., 1999, Hiramatsu et al., 2004, Ito et al., 2003).
Inicialmente, o SCCmec foi descrito como “mec DNA” encontrado apenas nos
Staphylococcus aureus meticilina resistente (MRSA) e ausente nos Staphylococcus
aureus meticilina sensíveis (MSSA) (Ito et al., 1999, Katayama et al., 2000) Este
elemento genético pode conter diferentes combinações entre o complexo mec, que
codifica a resistência a meticilina e o complexo ccr que codifica as enzimas
142
recombinases responsáveis pela mobilidade deste elemento genético. O complexo
mec é composto por IS431, mecA e seqüências intactas ou truncadas dos genes
regulatórios mecI e mecR1. O complexo ccr pode ser composto pelos genes das
recombinases ccrA e ccrB ou ccrC. (Ma et al., 2002, Chongtrakool et al., 2006, Ito et
al., 2004, Oliveira et al., 2006, Kondo et al., 2007). Baseado nesta diversidade seis
tipos deste elemento foram descritos em S. aureus, mas os tipos (I a V), também
foram descritos nos SCoN. Além disso, foram encontrados S.epidermidis
comunitários meticilina resistentes (C-MRSE) com o SCCmec tipo IV (Hisata et al.,
2005, Wisplingdorff et al., 2003) e o quinto tipo de SCCmec (SCCmec V) foi
encontrado entre os SCoN especialmente nos S. haemolyticus (Ito et al., 2004).
A estrutura e distribuição dos tipos de SCCmec em S. aureus é amplamente
estudada, (Chongtrakool et al., 2006, Hisata et al., 2005, Hiramatsu et al., 2004, Ito
et al., 2001, Katayama et al., 2001), porém para os SCoN os dados são apenas
comparativos e em estudos que visam determinar se houve ou não transmissão
entre as espécies (Hanseen et al., 2004, Hisata et al., 2005). Este estudo propôs
avaliar a distribuição em SCCmec I, II, III e IV nos SCoN resistentes à meticilina
obtidos de pacientes em um hospital terciário do sul do Brasil. Também foi avadiada
a distribuição dos elementos SCCmec entre as espécies de SCoN e o padrão da
distribuição da resistência aos antibióticos não β-lactâmicos entre as 129 cepas
resistentes de SCoN resistentes e seus SCCmec correspondentes.
MATERIAIS E MÉTODOS
Isolados Bacterianos. Um total de 129 isolados clínicos de SCoN
resistentes à meticilina obtidos de hemoculturas de 125 pacientes internados no
143
Hospital de Clínicas de Porto Alegre, entre agosto de 2004 e dezembro de 2005. Foi
incluído no estudo um isolado clínico de hemocultura por paciente, ou mais de um
isolado quando obtido após um intervalo de três dias. As hemoculturas foram
realizadas em sistema automatizado Bact Alert
®
(bioMérieux, Marcy L’Etoile,
França) e subcultivadas em agar tripticaseina de soja contendo 5% de sangue de
carneiro (bioMérieux, Marcy L’Etoile, França). A morfologia da colônia, a coloração
pelo método de Gram, o teste da catalase e a ausência da enzima coagulase foram
utilizados como métodos de identificação para triagem de SCoN.
Teste de suscetibilidade aos antimicrobianos. (TSA) O TSA foi executado
em Agar Mueller Hinton (bioMérieux, Marcy L’Etoile, França), segundo os critérios
do Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI 2006), com os seguintes
antibióticos: oxacilina (1 µg), cefoxitina (30 µg), vancomicina (30 µg), gentamicina
(10 µg), clindamicina (2 µg), cloranfenicol (30 µg), doxacilina (30 µg), eritromicina
(15 µg), levofloxacina (5 µg), rifampicina (5 µg), sulfametoxazol (25 µg). A cepa
padrão utilizada para o controle de qualidade foi S. aureus ATCC 25923.
Extração e quantificação do DNA. Os isolados foram cultivados em Agar
Mueller Hinton em ambiente aeróbico a 35 ºC por 18 a 24 horas. Uma suspensão
bacteriana equivalente a 1,0 na escala de McFarland foi preparada em 500 µl de
10mM TRIS 1mM EDTA (pH 8,0). A suspensão foi homogeneizada em vórtex e
aquecida a 100 ºC por 10 minutos (York et al., 1996). Após, a suspensão foi
congelada a -20 ºC por duas horas e então centrifugada a 9.000 g por 3 min. O DNA
de todos os isolados não tipáveis e de 20 isolados aleatórias foi quantificado
utilizando o GeneQuant RNA/DNA Calculator (Amersham Pharmacia Biotec’s,
144
Pistacaway, USA). Os isolados não tipáveis foram submetidas à lise térmica e
depois extraídas pelo kit QIAamp para tecidos (Qiagen
, Valencia, US) conforme
instruções do fabricante.
Identificação das espécies. A identificação molecular da espécie S.
epidermidis foi feita pela Reação da Polimerase em Cadeia (PCR), com primers a
partir de uma sonda espécie-específica para a identificação do gene tuf (Martineau
et al, 1996). Os isolados que não foram classificados como S. epidermidis foram
submetidos à identificação pelo sistema semi-automatizado API ID 32 STAPH
(bioMérieux,
Marcy L’Etoile, França).
Determinação do gene mecA. O PCR para o gene mecA foi executado
segundo protocolo previamente descrito por Vanuffel et al (1995). S. epidermidis
ATCC 12228 e S. aureus ATCC 33591 foram utilizados como controles negativo e
positivo.
Determinação do tipo de SCCmec. Os tipos de SCCmec foram
determinados por PCR multiplex com quatro pares de primers para os lócus A, B, D
e E (Oliveira & Lencastre, 2002). O locus A é exclusivo do SCCmec tipo I, amplifica
uma região do gene pls, o lócus B é exclusivo para o SCCmec II e amplifica uma
região interna ao kpd operon. O lócus D é comum aos tipos SCCmec I, II e IV e
amplifica uma região do gene dcs. O lócus E é exclusivo para o tipo SCCmec tipo III
e amplifica uma região entre o plasmídeo integrado pI258 e o transpossomo Tn554.
Foi padronizado também um PCR simples para cada lócus a fim de confirmar os
resultados de 30 isolados que amplificaram o lócus D e E e para os resultados dos
isolados não interpretáveis pelo multiplex PCR.
145
O multiplex PCR foi realizado em 50 µl de volume de reação com 1 X tampão
da enzima (JMR Holdings, London United Kindom), 1,25 U Taq de DNA polimerase
(Super-Therm, JMR Holdings, London United Kindom) 200 µM dNTP mix (ABgene
,
Epson, UK), 10 pmol do primer CIF2 F2, CIF2 R2, 6 pmol do primer KDP F1 e KDP
R1, 5 pmol dos primers DCS F2 e DCS R1 e RIF4 F3 e RIF4 R9 (Invitrogen®,
Carlbad, USA), e 10 µl de DNA extraído. A amplificação foi executada em
Termociclador MJ Research PTC 100 (MJ Research, Waltham, USA). O PCR
simples foi realizado em 25 µl de volume de reação com o mesmo protocolo do
PCR multiplex. Os seguintes parâmetros foram utilizados: 92 ºC por 3 min, 30 ciclos
de 92 ºC por 1 min, 56 ºC por 1 min e 72 ºC por 1 min e 30 s, para ambos os
protocolos. O produto do PCR foi revelado em gel de agarose a 2% e visualizado
com brometo de etídeo.
Sequenciamento e análise das seqüências: Utilizando os fragmentos de
DNA amplificados por PCR a seqüência de nucleotídeos foi determinada para os
lócus A, B, D, E e para o gene mecA. A homologia das seqüências foi determinada
pelos programas BLAST, Chromas e pelos dados do DDBJ/EMBL/GeneBank.
Análise estatística: O teste de Qui-quadrado, com nível de significância de
0,05, foi utilizado para as análises estatísticas. Uma analise estatística descritiva foi
utilizada para comparar a suscetibilidade aos antimicrobianos não β-lactamicos e o
tipo de SCCmec.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
146
A distribuição do gene mecA entre as espécies de SCoN foi demonstrada em
estudos prévios (Pierre et al., 1990) e foi confirmada neste estudo com a presença
do gene determinada em cinco espécies. Neste estudo também foi descrita a
distribuição dos principais tipos de SCCmec I, II, III, IV em uma população de SCoN
isolados de hemoculturas de paciente de um hospital terciário.
A presença do gene mecA foi testada para os 129 isolados de SCoN
resistentes à meticilina pela técnica de PCR usando primers específicos e todos
isolados apresentaram resultados positivos. O sequenciamento de um fragmento
amplificado do gene mecA, de uma amostra clínica apresentou 100% de homologia
com a seqüência do gene mecA para o S. aureus com o número de acesso D86934
no GenBank. Demonstrando que este gene é bem conservado entre as espécies de
estafilococos (Ito et al., 2001). Este isolado, então, foi utilizado como controle
positivo para todos os testes.
Foi possível determinar uma concordância de 100% e 97% do teste de disco
difusão (DD) com cefoxitina e oxacilina, respectivamente, com a presença do gene
mecA detectada por PCR para as 129 amostras. De acordo com a literatura o teste
de DD com substrato de cefoxitina é melhor do que o teste de DD com oxacilina,
para prever a resistência a oxacilina mediada pelo gene mecA, tanto para S. aureus
como para SCoN (Swenson et al, 2005). Este padrão descrito para o DD também foi
verificado neste estudo.
A identificação das espécies dos SCoN foi realizada em duas etapas.
Primeiro todos 129 isolados foram submetidos a identificação utilizando primers
para o gene tuf espécie-específico e 87 (67,4%) isolados foram identificados como
S. epidermidis. Os 42 isolados restantes foram submetidos à identificação pelo
147
sistema semi-automatizado resultando em 15 (11,6%) S. haemolyticus, 13 (10%) S.
hominis, 12 (9,3%) S. capitis, 1 (0,8%) S. sciuri e um isolado não pode ser
identificado. Estas são espécies de SCoN resistentes à meticilina, usualmente
encontradas em laboratório de microbiologia clínica (Caeirão et al, 2006, York et al.
1995, Silva et al., 2002).
O multiplex PCR para os quatro tipos de SCCmec (I, II, III, e IV), identificou
36 (28%) isolados para o SCCmec tipo I, 4 (3,0%) isolados foram identificados como
SCCmec tipo II, 67 (52%) SCoN com o elemento genético móvel do tipo SCCmec
III, entre estes, 30 (23%) isolados continham uma região dcs adicional, não
encontrada usualmente nos SCCmec tipo III, 1 (0,8%) isolados pertenciam ao tipo
SCCmec IV e 4 (3,0%) foram positivos para dois tipos de SCCmec, os tipos I e III
(Figura 1). Dezessete isolados (13%) foram não tipáveis com o método usado
(Tabela 1). Esta percentagem é comparável as que foram encontradas em outro
estudo (Chung et al., 2004). Diferentemente, o SCCmec tipo IV foi o mais prevalente
em isolados nososcomiais de S. epidermidis. (Wispplinghoff et al, 2003).
Os SCoN o tipáveis foram testados em PCR utilizando primers isolados
para os quatro lócus, mas não foi possível identificar o tipo de SCCmec para estes
isolados. A maioria (59%) destes isolados era da espécie S. hominis.
O número relativamente alto de isolados o tipáveis pode ser devido ao fato
de alguns tipos de SCCmec II não possuírem ao kpd operon na região “J”, desta
forma não podem ser identificados por este multiplex PCR (Shore et al., 2005).
Shore e colaboradores (2005) também descreveram uma variante do SCCmec tipo
IV e que não apresenta da região dcs e nomearam este tipo como SCCmec tipo IV-
dcs. Poderíamos A variabilidade do grau de identificação do tipo de SCCmec pode
148
ser devida também a presença de novas estruturas ou rearranjos e recombinações
do elemento mec. (Chung et al., 2004, Zhang et al., 2005).
A distribuição dos SCCmec entre os S. epidermidis 87 (67%) indicou 25
(19%) isolados como SCCmec tipo I, 24 (18,6%) como SCCmec tipo III, 30 (23,2%)
foram identificados SCCmec tipo III, mas amplificaram também o lócus D (região
dcs). Todas as cepas com este perfil foram identificadas como S. epidermidis, o que
nos permite supor a existência de uma relação clonal entre estes isolados. Estes
resultados necessitam estudos posteriores utilizando outra técnica de tipagem
molecular. Foi possível identificar somente 1 (0,8%) isolado como SCCmec tipo IV.
E 4 (3,1%) isolados amplificaram os lócus para os tipos de SCCmec I e III e foram
considerados não interpretáveis.
Os S. epidermidis (30) identificados como SCCmec tipo III (lócus E) e que
amplificaram a região dcs (lócus D) foram testados novamente por PCR simples
para o lócus D e para o lócus E. Todos isolados confirmaram a amplificação dos
dois lócus. A presença do lócus D (região dcs) não é exclusiva aos tipos SCCmec I,
II e IV, Chongtrakool e colaboradores identificaram 39 isolados com o lócus D e
SCCmec tipo III. Este perfil também foi encontrado em outros estudos. Para
investigar a natureza destes cassetes foram caracterizados os genes do complexo
ccr, foi demonstrado que alguns isolados com SCCmec tipo III também amplificam o
lócus D e contém o complexo ccrAB3 (Aires de Sousa & Lencastre, 2003, Budimir et
al, 2006, Qi et al, 2005).
Entre os 15 isolados de S. haemolyticus 10 (7,8%) pertenciam ao SCCmec
tipo I, 4 (3,1%) foram identificados com SCCmec tipo II e em 1 (0,8%) isolado o tipo
de SCCmec não pode ser identificado. Entre os 13 SCoN identificados como S.
149
hominis o foi possível identificar o tipo de SCCmec em 10 (7,8%) isolados, e
apenas 3 (2,3%) foram identificados como SCCmec tipo III. Entre os 12 isolados
classificados como S capitis 1 (0,8%) foi identificado como SCCmec tipo I, 9 (7%)
como SCCmec tipo III, porém não foi possível identificar o tipo de SCCmec em dois
(1,5%) isolados.
As técnicas moleculares como o multilocus sequence typing (MLST), tipagem
do SCCmec e outras, têm demonstrado que a maioria das infecções por MRSA
nosocomiais é causada por poucos clones pandêmicos. Entre as cinco linhagens
pandêmicas representativas de MRSA, caracterizadas por MLST, está o Complexo
Clonal 8 (CC8) que inclui o clone Brasileiro (ST 239) e o SCCmec IIIA (Shore et al.,
2005, Robinson et al., 2003). A hipótese da transferência do SCCmec entre as
espécies, pode contribuir para supormos que os isolados de SCoN deste estudo,
identificados prevalentemente como SCCmec III sejam relacionados a presença
deste clone pandêmico de MRSA coexistindo em nossa instituição (dados não
demonstrados).
A hipótese da transferência do SCCmec entre S. epidermidis e S. aureus é
fundamentada por várias evidencias. Hansen e colaboradores (2004) encontraram
MRSA geneticamente únicos contendo variantes dos genes de ccrAB idênticos aos
encontrados nos SCoN meticilina resistentes, mas diferentes dos MRSA isolados
em outras regiões. Parece não haver duvida de que os S. aureus e os SCoN têm o
mesmo pool de genes contendo genes de resistência e recombinases, mas ainda é
necessário definir os mecanismos e rotas de transferência da resistência entre os
estafilococos (Hansen et al., 2004).
150
Os sequenciamentos dos lócus amplificados para identificar os SCCmec tipos
I, II, III e IV tiveram 100% de homologia. As diferenças foram em apenas
nucleotídeos pontuais em uma das duas fitas. Os amplificados foram comparados
com as seqüências do GenBank com números de acesso AB033763 para SCCmec
tipo I, D86934 para o SCCmec tipo II, AB037671 para o SCCmec tipo III e
AB033763 para o SCCmec tipo IV. Estes isolados foram usados como controles
positivos nas reações de PCR. Dois isolados que amplificaram o SCCmec tipo III e
o lócus D foram escolhidos para sequenciamento. O lócus D teve 100% de
homologia com a seqüência AB063173 do GenBank, por outro lado, o SCCmec tipo
III teve 96% de homologia com a seqüência AB037671 do GenBank (Oliveira et al.,
2002)
Foi feita uma análise descritiva da suscetibilidade aos antibióticos o β-
lactamicos dos SCoN entre os tipos de SCCmec (Tabela 2). De acordo com a
literatura os idolados contendo SCCmec tipo III apresentam um número maior de
genes de resistência (Ito et al, 1999, Ito et al, 2001). Neste estudo nós também
encontramos que os isolados com o SCCmec tipo III são mais resistentes aos
antibióticos o β-lactamicos, porém esta diferença o foi estatisticamente
significativa para a maioria dos antibióticos (eritromicina p = 0,171, doxacilina p =
0,982, sulfametoxazol p = 0,115, gentamicina p = 0,860, cloranfenicol p = 0,358),
com exceção da rifampicina, (rifampicina p = 0,010), levofloxacina (levofloxacina
p=0,005) e clindamicina (clindamicina p = 0,012).
OS SCoN são reservatórios de genes de resistência e provavelmente são
capazes de transmitir estes genes para os S. aureus. A semelhança dos SCCmec
151
entre os S. aureus e os SCoN sugere a transmissão horizontal entre as espécies de
estafilococos. Além disto, o extensivo rearranjo observado nos complexos ccr e mec
indicam uma troca freqüente de material genético (Hanssen et al., 2006).
O SCCmec tipo IV foi identificado em S. epidermidis na década de 70 e
somente cerca de dez anos depois foi descrito nos S. aureus (Wisplinghoff et al.,
2003). Considerando-se que o clone epidêmico brasileiro MRSA encontra-se
disseminado geograficamente e contém o SCCmec tipo III este tipo de resistência
pode ter como origem os SCoN (Da Silva et al., 2000).
O aspecto mais relevante é que o SCCmec tipo III codifica um grande
número de genes de resistência e esta informação é epidemiologicamente
importante para o controle de infecção institucional. Tradicionalmente, os SCoN
eram reconhecidos como bactérias de pouca importância clínica. Entretanto, com o
conhecimento que se tem atualmente, sabe-se que eles podem ser o fator
determinante que comanda a geração de novas cepas de MRSA.
AGRADECIMENTOS
Nossos agradecimentos ao FIPE Fundo de Incentivo à Pesquisa e Eventos
at Hospital de Clínicas de Porto Alegre pelo financiamento desta pesquisa.
REFERÊNCIAS
Aires de Sousa, M., de Lencastre, H. (2003). Evolution of sporadic isolates of
methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) in hospitals and their similarities
to isolates of community-acquired MRSA. J Clin Microbiol 41, 3806-15.
152
Archer, G. L., Niemeyer, D. M., Thanassi, J. A., Pucci, M. J. (1994).
Dissemination among staphylococci of DNA sequences associated with methicillin
resistance. Antimicrob Agents Chemother 38, 447-454.
Budimir, A., Deurenberg, R. H., Plecko, V., Vink, C., Kalenic, S., Stobberingh, E.
E. (2006). Molecular characterization of methicillin-resistant Staphylococcus aureus
bloodstream isolates from Croatia. J Antimicrob Chemother 57,331-334.
Caierao, J., Superti, S., Dias, C. A., d'Azevedo, P. A. (2006). Automated systems
in the identification and determination of methicillin resistance among coagulase
negative staphylococci. Mem Inst Oswaldo Cruz 101, 277-80.
Chambers, H. F. (1988). Methicillin-resistant staphylococci. Clin Microbiol Rev 1,
173-86.
Chongtrakool, P., Ito, T., Ma, X. X., Kondo, Y., Trakulsomboon, S., Tiensasitorn,
C., Jamklang, M., Chavalit, T., Song, J. H., Hiramatsu, K. (2006). Staphylococcal
cassette chromosome mec (SCCmec) typing of methicillin-resistant Staphylococcus
aureus strains isolated in 11 Asian countries: a proposal for a new nomenclature for
SCCmec elements. Antimicrob Agents Chemother 50, 1001-1012.
Chung, M., Dickinson, G., De Lencastre, H., Tomasz, A. (2004). International
clones of methicillin-resistant Staphylococcus aureus in two hospitals in Miami,
Florida. J Clin Microbiol 42, 542-7.
Da Silva Coimbra MV, Teixeira LA, Ramos RL, Predari SC, Castello L,
Famiglietti A, Vay C, Klan L, Figueiredo AM. (2000). Spread of the Brazilian
epidemic clone of a multiresistant MRSA in two cities in Argentina.J Med Microbiol.
Feb; 49(2):187-92.
153
Deurenberg, R. H., Vink, C., Oudhuis, G. J., Mooij, J. E., Driessen, C., Coppens,
G., Craeghs, J., De Brauwer, E., Lemmen, S., Wagenvoort, H., Friedrich, A. W.,
Scheres, J., Stobberingh, E. E. (2005). Different clonal complexes of methicillin-
resistant Staphylococcus aureus are disseminated in the Euregio Meuse-Rhine
region. Antimicrob Agents Chemother 49, 4263-71.
Favre, B., Hugonnet, S., Correa, L., Sax, H., Rohner, P., Pittet, D. (2005)
Nosocomial bacteremia: clinical significance of a single blood culture positive for
coagulase-negative staphylococci. Infect Control Hosp Epidemiol 26, 697-702.
Hanssen, A. M., Ericson Sollid, J. U. (2006). SCCmec in staphylococci: genes on
the move. FEMS Immunol Med Microbiol 46, 8-20.
Hanssen, A. M., Kjeldsen, G., Sollid, J. U. (2004). Local variants of Staphylococcal
cassette chromosome mec in sporadic methicillin-resistant Staphylococcus aureus
and methicillin-resistant coagulase-negative Staphylococci: evidence of horizontal
gene transfer? Antimicrob Agents Chemother 48, 285-96.
Hisata, K., Kuwahara-Arai, K., Yamanoto, M., Ito, T., Nakatomi, Y., Cui, L., Baba,
T., Terasawa, M., Sotozono, C., Kinoshita, S., Yamashiro, Y., Hiramatsu, K.
(2005). .Dissemination of methicillin-resistant staphylococci among healthy
Japanese children. J Clin Microbiol 43, 3364-3372.
Hiramatsu, K., Watanabe, S., Takeuchi, F., Ito, T., Baba, T. (2004). Genetic
characterization of methicillin-resistant Staphylococcus aureus. Vaccine 6, S5-8.
Ito, T., Katayama, Y., Asada, K., Mori, N., Tsutsumimoto, K., Tiensasitorn, C.,
Hiramatsu, K. (2001). Structural comparison of three types of staphylococcal
cassette chromosome mec integrated in the chromosome in methicillin-resistant
Staphylococcus aureus. Antimicrob Agents Chemother 45, 1323-36.
154
Ito, T., Katayama, Y., Hiramatsu, K. (1999). Cloning and nucleotide sequence
determination of the entire mec DNA of pre-methicillin-resistant Staphylococcus
aureus N315. Antimicrob Agents Chemother 43, 1449-1458.
Ito, T., Ma, X. X., Takeuchi, F., Okuma, K., Yuzawa, H., Hiramatsu, K. (2004).
Novel type V staphylococcal cassette chromosome mec driven by a novel cassette
chromosome recombinase, ccrC. Antimicrob Agents Chemother 48, 2637-2651.
Ito, T., Okuma, K., Ma, X. X., Yuzawa, H., Hiramatsu, K. (2003). Insights on
antibiotic resistance of Staphylococcus aureus from its whole genome: genomic
island SCC. Drug Resist Updat 6, 41-52. Review.
Katayama, Y., Ito, T., Hiramatsu, K. (2000). A new class of genetic element,
staphylococcus cassette chromosome mec, encodes methicillin resistance in
Staphylococcus aureus. Antimicrob Agents Chemother 44, 1549-1555.
Katayama, Y., Ito, T., Hiramatsu, K. (2001). Genetic organization of the
chromosome region surrounding mecA in clinical staphylococcal strains: role of
IS431-mediated mecI deletion in expression of resistance in mecA-carrying, low-
level methicillin-resistant Staphylococcus haemolyticus. Antimicrob Agents
Chemother 45, 1955-1963.
Kondo, Y., Ito, T., Ma, X. X., Watanabe, S., Kreiswirth, B. N., Etienne, J.,
Hiramatsu, K. (2007). Combination of multiplex PCRs for staphylococcal cassette
chromosome mec type assignment: rapid identification system for mec, ccr, and
major differences in junkyard regions. Antimicrob Agents Chemother 51, 264-74.
Krediet, T. G., Jones, M. E., Janssen, K., Gerards, L. J., Fleer A. (2001).
Prevalence of molecular types and mecA gene carriage of coagulase-negative
155
Staphylococci in a neonatal intensive care unit: relation to nosocomial septicemia. J
Clin Microbiol 39, 3376-3378.
Krediet, T. G., Mascini, E. M., van Rooij, E., Vlooswijk, J., Paauw, A., Gerards,
L. J., Fleer, A. (2004). Molecular epidemiology of coagulase-negative staphylococci
causing sepsis in a neonatal intensive care unit over an 11-year period. J Clin
Microbiol 42, 992-995.
Ma, X. X., Ito, T., Tiensasitorn, C., Jamklang, M., Chongtrakool, P., Boyle-Vavra,
S., Daum, R. S., Hiramatsu, K. (2002) Novel type of staphylococcal cassette
chromosome mec identified in community-acquired methicillin-resistant
Staphylococcus aureus strains. Antimicrob Agents Chemother 46, 1147-1152.
Martineau, F., Picard, F. J., Roy, P. H., Ouellette, M., Bergeron, M. G. (1996).
Species-specific and ubiquitous-DNA-based assays for rapid identification of
Staphylococcus epidermidis. J Clin Microbiol 34, 2888-2893.
Oliveira, D. C., Milheirico C., de Lencastre H. (2006). Redefining a structural
variant of staphylococcal cassette chromosome mec, SCCmec type VI. Antimicrob
Agents Chemother 50, 3457-3459.
Oliveira, D. C., de Lencastre, H. (2002). Multiplex PCR strategy for rapid
identification of structural types and variants of the mec element in methicillin-
resistant Staphylococcus aureus. Antimicrob Agents Chemother 46, 2155-2161.
Qi, W., Ender, M., O'Brien, F., Imhof, A., Ruef, C., McCallum, N., Berger-Bachi,
B. (2005). Molecular epidemiology of methicillin-resistant Staphylococcus aureus in
Zurich, Switzerland (2003): prevalence of type IV SCCmec and a new SCCmec
element associated with isolates from intravenous drug users. J Clin Microbiol 43,
5164-5170.
156
Robinson, D. A. & Enright, M. C. (2003). Evolutionary models of the emergence of
methicillin-resistant Staphylococcus aureus. Antimicrob Agents Chemother 47, 3926-
3934.
Shore, A., Rossney, A. S., Keane, C. T., Enright, M.C, Coleman, D. C. (2005).
Seven novel variants of the staphylococcal chromosomal cassette mec in methicillin-
resistant Staphylococcus aureus isolates from Ireland. Antimicrob Agents
Chemother 49, 2070-2083.
Silva, G. D., Kantzanou, M., Justice, A., Massey, R. C., Wilkinson, A. R., Day, N.
P., Peacock, S. J. (2002) .The ica operon and biofilm production in coagulase-
negative Staphylococci associated with carriage and disease in a neonatal intensive
care unit. J Clin Microbiol 40, 382-8.
Swenson, J, M., Tenover, F, C; Cefoxitin Disk Study Group. (2005). Results of
disk diffusion testing with cefoxitin correlate with presence of mecA in
Staphylococcus spp. J Clin Microbiol 43, 3818-3823.
Vannuffel, P., Gigi, J., Ezzedine, H., Vandercam, B., Delmee, M., Wauters, G.,
Gala. J. L. (1995). Specific detection of methicillin-resistant Staphylococcus species
by multiplex PCR. J Clin Microbiol 33, 2864-2867.
Wisplinghoff, H., Bischoff, T., Tallent, S. M., Seifert, H., Wenzel, R. P., Edmond
M. B.(2004). Nosocomial bloodstream infections in US hospitals: analysis of 24,179
cases from a prospective nationwide surveillance study. Clin Infect Dis 39, 309-317.
Wisplinghoff, H., Rosato, A. E., Enright, M. C., Noto, M., Craig, W., Archer, G. L.
(2003). Related clones containing SCCmec type IV predominate among clinically
significant Staphylococcus epidermidis isolates. Antimicrob Agents Chemother 47,
3574-3579.
157
York, M. K., Gibbs, L., Chehab, F., Brooks, G. F. (1996). Comparison of PCR
detection of mecA with standard susceptibility testing methods to determine
methicillin resistance in coagulase-negative staphylococci. J Clin Microbiol 34, 249-
253.
Zhang, K., McClure, J. A., Elsayed, S., Louie, T., Conly, J. M. (2005). Novel
multiplex PCR assay for characterization and concomitant subtyping of
staphylococcal cassette chromosome mec types I to V in methicillin-resistant
Staphylococcus aureus. J Clin Microbiol 43, 5026-5033.
158
Tabela 1: Distribuição dos elementos SCCmec entre Staphylococcus spp coagulase
negativa
SCCmec
Total
Nº (%) de cepas Staphylococcus spp coagulase negativa
resistentes a meticilina (n= 129)
tipo
(%)
S.epidermidis
S.hominis S.haemolyticus
S.capitis S.sciuri NI
b
I 36 (28) 25 (19,4) 0 10 (7,8) 1 (0,8) 0 0
II 4 (3) 0 0 4 (3,1) 0 0 0
III 37 (29) 24 (18,6) 3 (2,3) 0 9 (7) 1 (0,8) 0
IV 1 (0,8) 1 (0,8) 0 0 0 0 0
I e III 4 (3) 4 (3,1) 0 0 0 0 0
III e IV 30 (23) 30 (23,2) 0 0 0 0 0
NT
a
17 (13) 3 (2,3) 10 (7,8) 1 (0,8) 2 (1,5) 0 (0) 1 (0,8)
a
NT não tipáveis,
b
NI não identificado
159
Tabela 2: Padrão da distribuição da resistência dos antibióticos não beta lactâmicos
entre 129 cepas de SCoN resistentes a meticilina e seus correspondentes SCCmec
SCCmec
Nº(%) de resistência entre Staphylococcus spp resistente a meticilina
b
tipo
Total
CLIN
††
CLOR DOXA ERITRO
GENTA
LEVO
††
RIFA
††
SULFA VANCO
I 36 24(66,6)
18(50) 12(33,3)
28(71,4)
33(91,7)
14(38,9)
10(27,8)
24(66,6)
0
II 4 1(25) 0 0 1(25) 2(50) 1(25) 0 1(25) 0
III 37 48(73,8)
25(39,1)
8(12,5) 49(75,4)
58(89,2)
43(70,5)
21(32,3)
51(78,5)
0
IV 1 1(100) 0 0 1(100) 1(100) 1(100) 1(100) 1(100) 0
NT
a
17 6(37,5) 5(31,3) 5(31,3) 10(62,5)
13(81,3)
5(37,5) 3(18,8) 13(81,3)
0
a
NT Não tipável
b
CLIN, clindamicina; CLOR, DOXI, doxaciclina; cloranfenicol; ERITRO, eritromicina; GENTA,
gentamicina; LEVO, levofloxacino; RIFA , rifampicina; SULFA , sulfametoxazol; VANCO, vancomicina
††
A diferença da resistência aos antibióticos não β-lactâmicos entre os SCoN que tem o SCCmec III
versus os SCoN que tem o SCCmec I, II e IV não foi estatisticamente significativa, exceto para a
rifampicina (p= 0,01), levofloxacina (p= 0,005) e clindamicina (p= 0,012).
160
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Figure 1: Multiplex PCR para os tipos de SCCmec de SCoN. Linha 1: marcador de peso
molecular (100pb); linhas 2 e 3: isolado número 173 (S. epidermidis) com o SCCmec IV
(342 pb); linhass 4 e 5: isolado número 110 (S. capitis) com SCCmec III (243 pb); linhas 6 e
7: isolado númeror 109 (S. haemolyticus) com o SCCmec II (342 and 284 pb); linhas 8 e 9:
isolado númeo 111 (S. epidermidis) com o SCCmec I (342 and 495 pb).
495
342
284
243
161
CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS
Os resultados deste trabalho demonstram que os SCoN do Hospital de
Clínicas tem uma prevalência de 71,36% de resistência à meticilina. Entre todos os
SCoN o SCCmec tipo III é o mais comum, foi encontrado em 52% das cepas
resistentes. O SCCmec tipo III apresenta o maior número de genes de resistência
associado, portanto estas cepas de SCoN podem tornar-se o tipo mais virulento.
SCoN com este tipo de SCCmec foram encontrados distribuídos em várias unidades
(11N, 3L, 10N, 13N, com maior número de isolados e 1N, 3S, 4N, 4S, 6N, 7N, 8N,
9N, com menor número de isolados) deste hospital. Porém, 52% destas cepas
encontram-se na UTI neonatal. Entre todas as cepas resistentes 51%
apresentaram multiresistência (resistentes a cinco ou mais antimicrobianos).
Entre os SCoN que foram identificados com o SCCmec tipo III, 30 isolados
continham uma região gênica adicional (dcs) que não é característica deste tipo,
porém descrita em outros estudos. Os 30 isolados foram identificados como S.
epidermidis, podemos supor uma relação clonal entre eles, porém outras cnicas
moleculares podem ainda ser aplicadas para elucidar esta relação epidemiológica.
Pode-se também pesquisar nestes isolados a ccrAB3 para confirmar o tipo de
cassete. Outro fato a se considerar é que o clone endêmico de MRSA Brasileiro
apresenta o SCCmec tipo III o mesmo encontrado prevalentemente entre nos
SCoN. Muitas evidências levam a crer que ocorre a transmissão do SCCmec dos
SCoN para os S. aureus. A detecção dos tipos de SCCmec nos S. aureus desta
instituição pode ser pesquisada e seria de grande valor epidemiológico.
162
Estes dados tornam o reconhecimento laboratorial da resistência dos SCoN à
meticilina, como marcador da resistência aos β-lactâmicos, e suas implicações
clínicas, cada vez mais relevante. O conhecimento da prevalência do gene mecA
entre os Staphylococcus spp coagulase negativa do Hospital de Clínicas de Porto
Alegre pode fornecer a probabilidade associada e a melhor conduta assistencial
institucional e a terapêutica para os pacientes infectados com esta bactéria, além de
políticas de controle de infecção e erradicação da bactéria nas principais unidades
da instituição.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo