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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
OPERAÇÃO DE REATOR EM BATELADAS SEQÜENCIAIS
VISANDO A NITRITAÇÃO DE LIXIVIADO DE ATERRO
NOVO: AVALIAÇÃO EM ESCALA DE BANCADA
ENEIDA CAMPOS FELIPE DE BRITES
ORIENTADOR (A): ARIUSKA KARLA BARBOSA AMORIM
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL E
RECURSOS HÍDRICOS
PUBLICAÇÃO: PTARH.DM – 115/08
BRASÍLIA/DF: SETEMBRO – 2008
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
OPERAÇÃO DE REATOR EM BATELADAS SEQÜENCIAIS
VISANDO A NITRITAÇÃO DE LIXIVIADO DE ATERRO NOVO:
AVALIAÇÃO EM ESCALA DE BANCADA
ENEIDA CAMPOS FELIPE DE BRITES
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
E AMBIENTAL DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE
BRASÍLIA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM TECNOLOGIA AMBIENTAL E
RECURSOS HÍDRICOS.
APROVADA POR:
Profª. Ariuska Karla Barbosa Amorim, DSc (ENC- UnB)
(Orientadora)
Prof. Drª. Cristina Célia Silveira Brandão, PhD (ENC – UnB)
(Examinador Interno)
Prof. Titular Pedro Além Sobrinho, DSc (Poli – USP)
(Examinador Externo)
BRASÍLIA/DF, 26 DE SETEMBRO DE 2008
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FICHA CATALOGRÁFICA
FELIPE, ENEIDA CAMPOS
Operação de Reator em Bateladas Seqüenciais Visando a Nitritação de Lixiviado de Aterro
Novo: Avaliação em Escala de Bancada [Distrito Federal. 2008].
xix, 146p. 210 x 297 mm (ENC/FT/UnB, Mestre, Tecnologia Ambiental e Recursos
Hídricos, 2008).
Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia.
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental.
1. Tratamento de Lixiviado 2. Acúmulo de Nitrito
3. Remoção de Nitrogênio via Nitrito 4. Reator em Bateladas Seqüenciais
I. ENC/FT/UnB II. Título (série)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
FELIPE, E. C. (2008). Operação de Reator em Bateladas Seqüenciais Visando a Nitritação
de Lixiviado de Aterro Novo: Avaliação em Escala de Bancada. Dissertação de mestrado
em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos, Publicação PTARH.DM-115/08,
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF,
146p.
CESSÃO DE DIREITOS
AUTOR: Eneida Campos Felipe de Brites
Título: Operação de Reator em Bateladas Seqüenciais Visando a Nitritação de Lixiviado de
Aterro Novo: Avaliação em Escala de Bancada
Grau: Mestre Ano: 2008
É concedia à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta publicação
de mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e
científicos. O autor reserva os direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação de
mestrado pode ser reproduzida sem autorização por escrito do autor.
__________________________
Eneida Campos Felipe de Brites
Av. Parque Águas Claras, Lote. 2495
Ed. Portal do Parque Apto. 1203 – Águas Claras
71906-500 – Brasília – DF – Brasil
Endereço eletrônico: [email protected]
iv
À minha mãe, por ser a peça chave
nessa conquista, e ao meu marido Renan,
pelo amor, incentivo e companheirismo
prestado ao longo do curso.
Com todo meu carinho, dedico.
v
AGRADECIMENTOS
À minha mãe, Cristina, pelo apoio, incentivo e grande esforço que fez para proporcionar
educação a mim e aos meus irmãos. Ao meu irmão, Thiago e meu sobrinho, Athos, pela
confiança e acreditarem na minha capacidade.
Ao meu marido, Renan, pelo amor dedicado, por estar ao meu lado nas difíceis etapas
dessa jornada desde o início, pelo amigo compreensivo e pelo colega leal.
À minha orientadora Ariuska, pela oportunidade, pela sua orientação, compreensão e
apoio, por acreditar em mim, pelas palavras de incentivo quando chorei e quis desistir e
principalmente pelos preciosos conhecimentos transmitidos ao longo desses anos.
Ao professor Ricardo, pelos seus conselhos científicos e orientações sempre em momentos
oportunos, pelo seu conhecimento e experiência de muita valia ao experimento.
À Pesquisadora e amiga Mercia Regina Domingues, pela dedicação e incansável
contribuição na realização dos experimentos, principalmente nas análises microbiológicas,
sem as quais esse trabalho não seria completo.
À Pesquisadora Yovanka Peres Ginoris, pelo seu empenho e conhecimento nas análises de
imagens para caracterização dos flocos biológicos.
Aos Professores do Programa (PTARH), pelas experiências e ensinamentos valiosos
transmitidos ao longo do curso.
Ao corpo técnico do Laboratório de Análises de Água: Rosely, Boy, Marcilene, Júnior e
Juliana, pelo apoio e auxilio na realização dos trabalhos experimentais, pelas brincadeiras
que descontraíram os momentos de desânimo e dificuldades. À IC Paula, por ter me
aturado e me ajudado tanto nas análises experimentais.
À Rede Sarah de Hospitais de Brasília por intermédio do Engenheiro Mauro Felizzato, por
ter cedido gentilmente o lodo biológico para inoculação e partida do nosso sistema.
vi
À FINATEC e a CAPES, pelo suporte financeiro e concessão de bolsa de estudos.
As minhas queridas amigas: Érika, Paola, Mana, Adria e Anelise pela grande amizade de
muitos anos e de sempre, e que apesar da distância nunca deixaram de estar ao meu lado e
de acreditarem em mim.
Aos amigos que adquiri durante o mestrado: Jaqueline, Ronaldo, Luciano, Lorena, Beatriz,
Andresa, Wendy, Bruno, Alcione, Neuza, Lygia, Raquel, pela convivência e aprendizado,
pelos bons e difíceis momentos compartilhados.
Ao amigo Luciano de Andrade Gomes, pela oportunidade de conhecê-lo melhor e pelo
apoio intenso no laboratório, pela ajuda nos momentos de angustia, por me compreender e
me suportar e pelo seu fiel companheirismo que resistiu a todas as atribulações, pressões e
contratempos.
À Deus, pela vida, pela saúde e pelo privilégio de realizar mais esse trabalho.
A todas as pessoas que conheci e mesmo não sendo citadas, contribuíram para a realização
desse trabalho, meu muito obrigada!!!
vii
RESUMO
OPERAÇÃO DE REATOR EM BATELADAS SEQÜENCIAIS VISANDO A
NITRITAÇÃO DE LIXIVIADO DE ATERRO NOVO: AVALIAÇÃO EM ESCALA
DE BANCADA.
Autor (a): Eneida Campos Felipe de Brites
Orientador (a): Ariuska Karla Barbosa Amorim
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos
Brasília, Setembro, 2008.
O lixiviado gerado a partir da degradação de resíduos sólidos comumente apresenta
elevadas concentrações de nitrogênio amoniacal. Tal composto é identificado como um dos
mais tóxicos aos organismos vivos. Nos últimos anos o processo de
nitrificação/desnitrificação via nitrito vem sendo investigado como nova alternativa ao
processo convencional por apresentar vantagens adicionais como economia nas
quantidades de oxigênio e matéria orgânica requeridos. Neste contexto, a presente pesquisa
objetivou verificar o acúmulo de nitrito como forma oxidada de nitrogênio na nitritação,
para o processo de nitrificação e desnitrificação via curta, em reator operando em bateladas
seqüenciais alimentado com lixiviado de aterro novo.
Os experimentos em escala de laboratório constaram de duas etapas distintas: (1) testes
exploratórios em escala reduzida, reator com volume útil de 1 litro e (2) avaliação do
acúmulo de nitrito e eficiência de conversão do nitrogênio amoniacal em reator com
volume útil de 20 litros. Essa última etapa foi dividida em duas fases. Durante a primeira
avaliou-se com tempo de detenção celular de 100 dias, duas condições de temperatura:
30ºC e 21ºC. Na segunda fase buscou-se avaliar a influência do tempo de detenção celular
de 5 dias. O inóculo utilizado em ambas as etapas foi proveniente da saída do decantador
secundário de um sistema de lodo ativado tipo Bardenpho.
De acordo com os dados obtidos, a máxima concentração de nitrito acumulado no sistema,
quando se trabalhou com tempo de detenção celular de 100 dias e temperatura de 30ºC e de
21ºC, foram de 6 e 7 mgN-NO
2
-
/L, respectivamente. Isso indica que a mudança da
temperatura não interferiu no processo de acúmulo do nitrito. Os perfis temporais nessa
fase demonstraram que o tempo de ciclo de 24 horas foi excessivo, uma vez que o
nitrogênio amoniacal foi convertido em aproximadamente 8 horas. Observou-se que as
concentrações máximas obtidas ocorreram próximas a quinta hora de aeração, apontando
que esse ponto seria o mais indicado a iniciar a reação anóxica, para uma possível
promoção da desnitrificação via nitrito.
O fato de o lixiviado apresentar valores de pH elevados, acima de 8, mostrou-se como fator
preponderante no processo de acúmulo do nitrito no sistema. No entanto, acredita-se que
não houve um acúmulo maior de nitrito devido à baixa concentração inicial de nitrogênio
amoniacal, característico do lixiviado novo. Quando se trabalhou com o tempo de detenção
celular de 5 dias obteve-se um declínio na eficiência de conversão de nitrogênio amoniacal
de 99 a 37%. A baixa eficiência de conversão de nitrogênio amoniacal e o insucesso de
acúmulo do nitrito nessa fase motivaram o encerramento do experimento.
PALAVRAS-CHAVE: tratamento de lixiviado, acúmulo de nitrito, remoção de nitrogênio
via nitrito, reator em bateladas seqüenciais.
viii
ABSTRACT
OPERATION OF A SEQUENCING BATCH REACTOR IN THE NITRITATION
OF YOUNG LANDFILL LEACHATE: A BENCH-SCALE EVALUATION
Author (a): Eneida Campos Felipe de Brites
Advisor (a): Ariuska Karla Barbosa Amorim
Post-Graduate Program in Environmental Technology and Water Resources
Brasilia, September 2008
The leachate generated by the degradation of solid waste normally shows high
concentrations of ammonia nitrogen. This compound is known to be one of the most toxic
to living organisms. In recent years, the process of nitrification/denitrification via nitrite
has been investigated as a young alternative to the conventional process due to its
additional benefits, such as economy in the amounts of oxygen and organic matter it
requires. In this context, the present research involved an evaluation of nitrite accumulated
as oxidized nitrogen in nitrification, in the short nitrification and denitrification process in
a sequential batch reactor fed with young landfill leachate.
The bench-scale experiments consisted of two distinct stages: (1) exploratory tests on a
reduced scale, using a 1-liter reactor; and (2) evaluation of nitrite accumulation and
ammonia nitrogen conversion efficiency in a 20-liter reactor. The latter step was divided
into two phases. The first phase consisted of evaluating two conditions of temperature:
30°C and 21°C, with a cell retention time of 100 days. The second phase involved an
evaluation of the influence of the cell retention time of 5 days. The inoculum used in both
stages was effluent from the secondary decanter of a Bardenpho activated sludge system.
The data obtained indicated that the maximum concentrations of nitrite accumulated in the
system operating with a cell retention time of 100 days at temperatures of 30ºC and 21°C
were 6 and 7 mgN-NO
2
-/L, respectively. This indicates that the change in temperature did
not interfere in the process of nitrite accumulation. The temporal profiles in this stage
showed that a 24-h cycle time was excessive, since the ammonia nitrogen was converted in
approximately 8 h. The highest concentrations were found to occur close to the fifth hour
of aeration, indicating that this was the best point to start the anoxic reaction to promote
denitrification via nitrite.
The fact that the leachate presented high pH values of over 8 proved to be the predominant
factor in the process of nitrite accumulation in the system. However, it is believed that a
greater accumulation of nitrite did not occur due to the low initial concentration of
ammonia nitrogen, which is characteristic of young leachate. When a cell retention time of
5 days was applied, the ammonia nitrogen conversion efficiency dropped from 99 to 37%.
The low ammonia nitrogen conversion efficiency and the lack of success in accumulating
nitrite in this phase led to the end of the experiment.
KEY WORDS: leachate treatment, nitrite accumulation, nitrogen removal via nitrite,
sequencing batch reactor.
ix
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1
2- OBJETIVOS.................................................................................................................... 4
2.1- OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 4
2.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................................. 4
3- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................... 5
3.1- GERAÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LIXIVIADO DE ATERRO SANITÁRIO .. 5
3.2- NECESSIDADE DE REMOÇÃO DE NITROGÊNIO DE ÁGUAS
RESIDUÁRIAS................................................................................................................ 8
3.3- PROCESSOS DE REMOÇÃO DE NITROGÊNIO ............................................ 12
3.3.1- Processo convencional de remoção biológica de nitrogênio
(nitrificação/desnitrificação)..................................................................................... 14
3.3.2- Processo de remoção biológica de nitrogênio via nitrito ............................. 18
3.3.2.1- Acúmulo de nitrito em sistemas de remoção biológica de nitrogênio pela
via curta ................................................................................................................... 20
3.4- PROCESSOS ALTERNATIVOS PARA REMOÇÃO BIOLÓGICA DE
NITROGÊNIO............................................................................................................... 31
3.4.1- Processo SHARON (Single reactor High activity Ammonia Removal Over
Nitrite) ........................................................................................................................ 32
3.4.2- Processo ANAMMOX (Anaerobic Ammonium Oxidation)........................ 34
3.4.3- Processo CANON (Completely Autotrophic Nitrogen removal Over
Nitrite) ........................................................................................................................ 36
3.4.4- Processo de nitrificação e desnitrificação simultâneas (NDS)..................... 37
3.5- REATORES OPERANDO EM BATELADAS SEQÜENCIAIS (RBS) ............ 38
3.5.1- Caracterização morfológica dos flocos pela análise de imagem ................. 43
3.5.2- Considerações finais........................................................................................ 44
4- METODOLOGIA ......................................................................................................... 46
4.1-
LIXIVIADO DE ESTUDO .................................................................................... 47
4.2-
INÓCULO UTILIZADO PARA PARTIDA DO SISTEMA............................... 48
4.3- DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL ....................................................... 48
x
4.3.1- Etapa 1: Testes exploratórios em escala reduzida para estratégia de
partida ........................................................................................................................ 48
4.3.1.1- Aparato experimental................................................................................. 49
4.3.1.2- Estratégia de partida – adaptação da biomassa .......................................... 49
4.3.1.3- Operação do sistema e condução da pesquisa............................................ 50
4.3.2- Etapa 2: Pesquisa em reator em bateladas seqüenciais (RBS) para
observação do acúmulo de nitrito ............................................................................ 51
4.3.2.1- Aparato experimental................................................................................. 51
4.3.2.2- Operação do sistema e condução da pesquisa............................................ 52
4.3.3- Monitoramento do reator em batelada seqüencial (RBS) ........................... 54
4.3.3.1- Perfil ao longo do ciclo de operação.......................................................... 55
4.4- METODOLOGIAS UTILIZADAS NAS DETERMINAÇÕES ANALÍTICAS55
4.4.1- Análises microscópicas e microbiológicas..................................................... 56
4.4.1.1- Exames microscópicos............................................................................... 56
4.4.1.2- Estimativas das densidades de bactérias nitrificantes e desnitrificantes.... 57
4.4.2- Análises de imagens dos flocos microbianos................................................. 58
4.5- TRATAMENTO DE DADOS E ANÁLISE DE RESULTADOS ....................... 60
5- RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................ 62
5.1- ETAPA 1: TESTES EXPLORATÓRIOS EM ESCALA REDUZIDA PARA
ESTRATÉGIA DE PARTIDA...................................................................................... 62
5.2- ETAPA 2: REATOR OPERANDO EM BATELADAS SEQÜENCIAIS (RBS)
PARA OBSERVAÇÃO DO ACÚMULO DE NITRITO............................................ 67
5.2.1- Fase 1: Tempo de detenção celular de 100 dias............................................ 67
5.2.1.1- Fase 1A: RBS mantido a T = 30ºC ............................................................ 67
5.2.1.2- Fase 1B: RBS mantido a T = 21ºC............................................................. 78
5.2.2- Fase 2: Tempo de detenção celular de 5 dias................................................ 91
5.3- ANÁLISES MICROSCÓPICAS E MICROBIOLÓGICAS............................... 99
5.3.1- Exames Microscópicos.................................................................................... 99
5.3.1.1- Microfauna da biomassa proveniente do sistema de lodos ativados
(inóculo) ................................................................................................................ 101
5.3.1.2- Microfauna presente no licor misto durante a operação do RBS (Fase 1 e 2)
............................................................................................................................... 104
xi
5.3.2- Estimativas das densidades de bactérias nitrificantes e desnitrificantes
(NMP) ....................................................................................................................... 109
5.4- ANÁLISES DE IMAGENS DOS FLOCOS MICROBIANOS ......................... 111
5.4.1- Caracterização morfológica dos flocos da biomassa proveniente da ETE
CAGIF ...................................................................................................................... 111
5.4.2- Influência do lixiviado na morfologia dos flocos da biomassa durante o
período de aclimatação............................................................................................ 113
5.4.3- Influência da retirada gradual da biomassa na morfologia dos flocos
microbianos (Tempo de detenção celular de 5 dias)............................................. 119
5.5- CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 123
6- CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................. 126
APÊNDICES.................................................................................................................... 135
APÊNDICE A RESULTADOS DAS ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DO
MONITORAMENTO DA ETAPA 2 ......................................................................... 135
APÊNDICE B CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO DE MATÉRIA
ORGÂNICA................................................................................................................. 138
APÊNDICE C RESULTADOS DAS ANÁLISES DA SÉRIE DE SÓLIDOS DE
MONITORAMENTO DA ETAPA 2 ......................................................................... 140
APÊNDICE D RESULTADOS DOS PARÂMETROS ANALISADOS NOS
PERFIS TEMPORAIS DA ETAPA 2 ........................................................................ 141
APÊNDICE
E METODOLOGIA UTILIZADA PARA A ESTIMATIVA DAS
DENSIDADES DE BACTÉRIAS NITRIFICANTES E DESNITRIFICSNTES ... 146
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 – Dados típicos da composição de lixiviado de aterro sanitário.......................... 8
Tabela 3.2 – Característica de lixiviado bruto gerado em aterros sanitários do Brasil. ........ 8
Tabela 3.3 – Padrões de qualidade máximos admissíveis das formas................................. 11
de nitrogênio para cursos d’água......................................................................................... 11
Tabela 3.4 – Concentrações de amônia livre que inibiram a nitratação.............................. 21
Tabela 3.5 – Sumário dos resultados experimentais............................................................ 25
Tabela 3.6 – Comparação de valores da fortuna crítica a respeito de amônia livre e inibição
da oxidação do nitrito em tratamento de águas residuárias................................................. 30
Tabela 3.7 – Comparação entre processos biológicos de remoção de nitrogênio:
nitrificação/desnitrificação convencional, SHARON, ANAMMOX e CANON................ 31
Tabela 4.1 – Composição gravimétrica do resíduo sólido utilizado no preenchimento do
lisímetro............................................................................................................................... 48
Tabela 4.2 – Características do lodo utilizado como inóculo.............................................. 48
Tabela 4.3 – Proporções gradativas de lixiviado equivalentes ao volume total alimentado50
Tabela 4.4 – Parâmetros de monitoramento, método analítico e freqüência da análise...... 56
Tabela 5.1 - Concentrações dos parâmetros analisados na caracterização inicial do
lixiviado e do esgoto utilizados na estratégia de partida da Etapa 1. .................................. 62
Tabela 5.2 - Concentrações das variáveis de monitoramento dos ensaios considerando um
ciclo aeróbio de 24h na Etapa 1 (T = 30º C). ...................................................................... 67
Tabela 5.3 - Concentrações dos parâmetros analisados na caracterização inicial do
lixiviado e do esgoto utilizados para a partida do reator na etapa 2.................................... 68
Tabela 5.4 - Variáveis de monitoramento com ciclo aeróbio de 24h, θ = 100 dias e T =
30ºC (n = 20) na Fase 1A .................................................................................................... 69
Tabela 5.5 – Concentração de sólidos no licor misto com ciclo aeróbio de 24h, θ = 100 dias
e T=30ºC na fase 1A (n=25)................................................................................................ 73
Tabela 5.6 – Concentração de amônia livre e ácido nitroso durante o ciclo do 22º dia de
operação na Fase 1A (θ = 100 dias e T = 30ºC) .................................................................. 78
Tabela 5.7 - Variáveis de monitoramento com ciclo aeróbio de 24h, θ = 100 e T = 21ºC (n
= 25) – Fase 1B.................................................................................................................... 79
Tabela 5.8 – Concentração de sólidos no licor misto com ciclo aeróbio de 24h, θ = 100 e
T=21ºC (n=28) na Fase 1B.................................................................................................. 82
xiii
Tabela 5.9 – Valores da carga orgânica, de nitrogênio amoniacal, da razão A/M e de
concentração de SSV aplicados em cada dia em que se realizou os perfis temporais durante
a Fase 1B (θ = 100 dias e T=21ºC)...................................................................................... 86
Tabela 5.10 – Concentração de amônia livre durante os perfis temporais na Fase 1B (θ =
100 dias e T = 21ºC)............................................................................................................ 89
Tabela 5.11 – Razão OD/N-NH
3
durante a realização dos perfis temporais na Fase 1B (θ =
100 dias e T = 21ºC)............................................................................................................ 90
Tabela 5.12 - Variáveis de monitoramento com ciclo aeróbio de 24h, θ = 5 dias e T = 21ºC
(n = 7) na Fase 2 .................................................................................................................. 91
Tabela 5.13 – Concentração de sólidos no ciclo aeróbio de 24 h, θ = 5 dias e T = 21ºC (n =
18) na Fase 2........................................................................................................................ 95
Tabela 5.14 – Concentração de amônia livre e ácido nitroso durante o ciclo na Fase 2 (θ =
5 dias e T = 21ºC)................................................................................................................ 99
Tabela 5.15 - Composição e freqüência dos protozoários e micrometazoários pertencentes
as microfaunas da biomassa proveniente de sistemas de lodos ativados e do licor misto
durante a operação do reator.............................................................................................. 100
Tabela 5.16 - Valores estimados das densidades de bactérias nitrificantes e desnitrificantes
obtidos pela técnica do NMP............................................................................................. 109
Tabela 5.17 - Estatística descritiva dos parâmetros morfológicos dos flocos da biomassa
antes da adaptação ao lixiviado. ........................................................................................ 112
Tabela 5.18 - Estatística descritiva do Diâmetro Equivalente dos flocos microbianos
durante o período de aclimatação da biomassa ao lixiviado. ............................................ 115
Tabela 5.19 - Estatística descritiva da Circularidade dos flocos microbianos durante o
período de aclimatação do biomassa ao lixiviado. ............................................................ 115
Tabela 5.20 - Estatística descritiva da Razão de Aspecto dos flocos microbianos durante o
período de aclimatação do biomassa ao lixiviado. ............................................................ 115
Tabela 5.21 - Freqüência relativa (%) do tamanho dos flocos microbianos durante a etapa
de aclimatação ao lixiviado ............................................................................................... 117
Tabela 5.22 – Teste de Kruskal-Wallis para os parâmetros morfológicos estimados durante
a etapa de aclimatação do biomassa ao lixiviado. ............................................................. 118
Tabela 5.23 - Estatística descritiva do Deq dos flocos microbianos durante o período de
retirada gradual da biomassa do sistema RBS................................................................... 120
Tabela 5.24 – Estatística descritiva da Circularidade dos flocos microbianos durante o
período de retirada do biomassa........................................................................................ 121
xiv
Tabela 5.25 - Estatística descritiva da Razão de Aspecto dos flocos microbianos durante o
período de retirada do biomassa........................................................................................ 121
Tabela 5.26 - Freqüência relativa (%) do tamanho dos flocos microbianos durante a etapa
de retirada gradual da biomassa do sistema RBS.............................................................. 121
Tabela 5.27 – Teste de Kruskal-Wallis para os parâmetros morfológicos estimados durante
a etapa de retirada gradual da biomassa do sistema RBS.................................................. 123
Tabela A.1 – Resultados das análises físico-químicas da etapa 2: Fase 1A...................... 135
Tabela A.2 – Resultados das análises físico-químicas da etapa 2: Fase 1B...................... 136
Tabela A.3 – Resultados das análises físico-químicas da etapa 2: Fase 2......................... 137
Tabela B.1 – Cálculo da eficiência de remoção de matéria orgânica Etapa 2: Fase 1A ... 138
Tabela B.2 – Cálculo da eficiência de remoção de matéria orgânica Etapa 2: Fase 1B.... 139
Tabela B.3 – Cálculo da eficiência de remoção de matéria orgânica Etapa 2: Fase 2 ...... 139
Tabela C.1 – Resultados das análises da série de sólidos etapa 2: Fase 1A...................... 140
Tabela C.2 – Resultados das análises da série de sólidos etapa 2: Fase 1B...................... 140
Tabela C.3 – Resultados das análises da série de sólidos etapa 2: Fase 2......................... 140
Tabela D.1 – Resultados dos parâmetros analisados nos perfis da etapa 2: Fase 1A – 22º
dia de operação.................................................................................................................. 141
Tabela D.2 – Resultados dos parâmetros analisados nos perfis da etapa 2: Fase 1B – 35º dia
de operação........................................................................................................................ 141
Tabela D.3 – Resultados dos parâmetros analisados nos perfis da etapa 2: Fase 1B – 44º dia
de operação........................................................................................................................ 142
Tabela D.4 – Resultados dos parâmetros analisados nos perfis da etapa 2: Fase 1B – 54º dia
de operação........................................................................................................................ 142
Tabela D.5 – Resultados dos parâmetros analisados nos perfis da etapa 2: Fase 1B – 55º dia
de operação........................................................................................................................ 143
Tabela D.6 – Resultados dos parâmetros analisados nos perfis da etapa 2: Fase 1B – 93º dia
de operação........................................................................................................................ 143
Tabela D.7 – Resultados dos parâmetros analisados nos perfis da etapa 2: Fase 1B – 99º
dia de operação.................................................................................................................. 144
Tabela D.8 – Resultados dos parâmetros analisados nos perfis da etapa 2: Fase 2 – 113º dia
de operação........................................................................................................................ 145
Tabela E.1. Soluções estoques utilizadas no preparo do meio de cultivo específico para o
crescimento de bactérias oxidantes de amônia e oxidantes de nitrito. .............................. 146
xv
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1 – Ciclo do nitrogênio............................................................................................ 9
Figura 3.2 – Classificação geral dos diferentes processos estudados nos últimos 10 anos em
tratamento de águas efluentes amoniacais........................................................................... 13
Figura 3.3 – Variação do número de oxidação do nitrogênio nos processos de nitrificação e
desnitrificação...................................................................................................................... 17
Figura 3.4 – Processo de nitrificação-desnitrificação convencional e parcial..................... 18
Figura 3.5 – Zonas de condições para inibição dos organismos nitrificantes por amônia
livre e ácido nitroso. ............................................................................................................ 23
Figura 3.6 – Diagrama de fluxo........................................................................................... 32
Figura 3.7 – Esquema da taxa de crescimento específico das Nitrosomonas e Nitrobaters
em função da temperatura e do tempo de residência........................................................... 33
Figura 3.8 – Seqüência operacional do sistema de reator operado em bateladas seqüenciais
............................................................................................................................................. 39
Figura 4.1 – Fluxograma seqüencial e geral da metodologia.............................................. 46
Figura 4.2 – Lisímetro experimental ................................................................................... 47
Figura 4.3 – Lisímetro experimental – Características construtivas ................................... 47
Figura 4.4 – (a) Desenho esquemático do aparato experimental da 1ª Etapa (b) Reator em
operação da 1ª Etapa............................................................................................................ 49
Figura 4.5 – Câmara climatizada para controle da temperatura.......................................... 51
Figura 4.6 – (a) Desenho esquemático do aparato experimental da 2ª etapa (b) Reator em
operação da 2ª Etapa............................................................................................................ 52
Figura 4.7 – Esquema da seqüência operacional do RBS com ciclo de 24h (sem escala).. 53
Figura 4.8 – Intervalos de freqüência utilizados na análise qualitativa dos protozoários e
micrometazoários presentes nas amostras do inóculo e do licor misto............................... 57
Figura 4.9 - Diagrama esquemático da diluição e da inoculação do licor misto na técnica do
NMP .................................................................................................................................... 58
Figura 4.10 – Sistema de aquisição de imagem................................................................... 59
Figura 5.1 – Carga orgânica aplicada no sistema - Etapa 1 (T = 30º C). ............................ 63
Figura 5.2 – Carga de nitrogênio aplicada no sistema - Etapa 1 (T = 30º C)...................... 64
Figura 5.3 – Sólidos totais no licor misto - Etapa 1 (T = 30º C). ........................................ 64
Figura 5.4 – Relação alimento/microrganismo - Etapa 1 (T = 30º C)................................. 64
xvi
Figura 5.5 – Caracterização afluente e efluente - DQO - Etapa 1 (T = 30º C).................... 65
Figura 5.6 – Caracterização afluente e efluente - Alcalinidade total - Etapa 1 (T = 30º C).65
Figura 5.7 – Caracterização afluente e efluente - NTK e N-NH
4
+
- Etapa 1 (T = 30º C).... 66
Figura 5.8 – Caracterização afluente e efluente – NO
3
-
- Etapa 1 (T = 30º C).................... 66
Figura 5.9 – Eficiência da conversão de N-NH
4
. e eficiência de remoção de nitrogênio na
Fase 1A (θ = 100 e T = 30ºC).............................................................................................. 69
Figura 5.10 – Carga de nitrogênio amoniacal volumétrica aplicada no sistema na Fase 1A
(θ = 100 e T = 30ºC)............................................................................................................ 70
Figura 5.11 – Carga orgânica volumétrica aplicada no sistema na Fase 1A (θ = 100 e T =
30ºC).................................................................................................................................... 70
Figura 5.12 – Relação Alimento/Microrganismo na Fase 1A (θ = 100 e T=30ºC)............. 70
Figura 5.13 – Concentração de DQO afluente e efluente na Fase 1A (θ = 100 e T=30ºC). 71
Figura 5.14 – Concentração de N-NH
4
afluente e efluente na Fase 1A (θ = 100 e T = 30ºC).
............................................................................................................................................. 71
Figura 5.15 – Concentração de N-NO
3
afluente e efluente na Fase 1A (θ = 100 e T=30ºC).
............................................................................................................................................. 71
Figura 5.16 – Concentração de sólidos do inóculo mantido no reator sem alimentação. ... 73
Figura 5.17 – Concentração de sólidos no licor misto na Fase 1A (θ = 100 e T=30ºC). .... 73
Figura 5.18 – Concentração da alcalinidade afluente e efluente na Fase 1A (θ = 100 dias e
T=30ºC). .............................................................................................................................. 75
Figura 5.19 – Perfil temporal das concentrações de N-NH
4
+
, N-NO
3
-
e N- NO
2
-
, obtido no
22º dia de operação na Fase 1A (θ = 100 dias e T=30ºC). .................................................. 75
Figura 5.20 – Perfil temporal do pH e concentração de oxigênio dissolvido, obtido no 22º
dia de operação na Fase 1A (θ = 100 dias e T = 30ºC). ...................................................... 76
Figura 5.21 – Eficiência de conversão de N-NH
4
+
e eficiência de remoção de nitrogênio na
Fase 1B (θ = 100 e T = 21ºC).............................................................................................. 79
Figura 5.22 – Carga de nitrogênio amoniacal volumétrica aplicada no sistema na Fase 1B
(θ = 100 e T = 21ºC)............................................................................................................ 80
Figura 5.23 – Carga orgânica volumétrica aplicada no sistema na Fase 1B (θ = 100 e T =
21ºC).................................................................................................................................... 80
Figura 5.24 – Relação Alimento/Microrganismo na Fase 1B (θ = 100 e T = 21ºC)........... 81
Figura 5.25 – Concentração de DQO afluente e efluente na Fase 1B (θ = 100 e T=21ºC). 81
Figura 5.26 – Concentração de N-NH
4
+
afluente e efluente na Fase 1B (θ = 100 e T =
21ºC).................................................................................................................................... 81
xvii
Figura 5.27 – Caracterização N-NO
3
-
afluente e efluente - N-NO
3
-
- Fase 1B (θ = 100 e T =
21ºC).................................................................................................................................... 82
Figura 5.28 – Concentração de sólidos no licor misto na Fase 1B (θ = 100 e T = 21ºC). .. 83
Figura 5.29 – Concentração da alcalinidade afluente e efluente na Fase 1B (θ = 100 e T =
21ºC).................................................................................................................................... 83
Figura 5.30a – Perfis temporais das concentrações de N-NH
4
+
, N-NO
3
-
, N-NO
2
-
, oxigênio
dissolvido e pH obtidos durante a Fase 1B (θ = 100 dias e T = 21ºC)................................ 84
Figura 5.30b – Perfis temporais das concentrações de N-NH
4
+
, N-NO
3
-
, N-NO
2
-
, oxigênio
dissolvido e pH obtidos durante a Fase 1B (θ = 100 dias e T = 21ºC)................................ 85
Figura 5.31 – Perfil temporal das concentrações de ácido nitroso – Fase 1B (θ = 100 dias e
T = 22ºC). ............................................................................................................................ 88
Figura 5.32 – Eficiência de conversão de N-NH
4
+
e de remoção de nitrogênio na Fase 2 (θ
= 5 dias e T = 21ºC)............................................................................................................. 92
Figura 5.33 – Carga de nitrogênio amoniacal volumétrica aplicada no sistema na Fase 2 (θ
= 5 dias e T = 21ºC)............................................................................................................. 92
Figura 5.34 – Carga orgânica volumétrica aplicada no sistema na Fase 2 (θ = 5 dias e T =
21ºC).................................................................................................................................... 93
Figura 5.35 – Relação Alimento/Microrganismo na Fase 2 (θ = 5 dias e T = 21ºC). ......... 93
Figura 5.36 – Concentração de DQO afluente e efluente na Fase 2 (θ = 5 dias e T = 21ºC).
............................................................................................................................................. 93
Figura 5.37 – Concentração de N-NH
4
+
afluente e efluente na Fase 2 (θ = 5 dias e T =
21ºC).................................................................................................................................... 94
Figura 5.38 – Concentração de N-NO
3
-
afluente e efluente Fase 2 (θ = 5 dias e T = 21ºC).
............................................................................................................................................. 94
Figura 5.39 – Concentração de sólidos na Fase 2 (θ = 5 dias e T=21ºC)............................ 95
Figura 5.40 – Concentração de alcalinidade afluente e efluente na Fase 2 (θ = 5 dias e T =
21ºC).................................................................................................................................... 96
Figura 5.41 – Perfil temporal das concentrações de N-NH
4
+
, N-NO
3
-
e N-NO
2
-
, obtido no
113º dia na Fase 2 (θ = 5 dias e T = 20ºC). ......................................................................... 97
Figura 5.42 – Perfil temporal dos valores de pH e concentrações de oxigênio dissolvido,
obtido no 113º dia na Fase 2 (θ = 5 dias e T = 20ºC).......................................................... 97
Figura 5.43 - Gêneros dos protozoários ciliados e amebóides observados no lodo utilizado
como inóculo: ciliados móveis de fundo (a) Aspidisca (400x) e (b) Euplotes (200x);
xviii
ciliados sésseis (c) Vorticella (400x) e (d) Epistylis (200x) e tecamebas (e) Arcella (200x)
e (f) aglomerado de Arcella (200x). .................................................................................. 102
Figura 5.44 - Gêneros dos rotíferos, nematóides e tardígrados observados na biomassa
proveniente de sistema de lodos ativados (0 dia): rotíferos (a) Philodina (200x) e (b)
Trichocerca (200x); nematóide (c) Aelosoma (50x) e (d) gênero não identificado (100x).
........................................................................................................................................... 103
Figura 5.45 - Gêneros de ciliados livres natantes e tacamebas observados em amostras do
licor misto durante a operação do reator (90º e 97º dias): (a) Litonotus (400x), (b)
Trachelophyllum (400x) e (c) Paramecium (200x); (d) tecameba Difflugia (400x)......... 107
Figura 5.46 - Bactérias dispersas no licor misto durante a operação do reator (103º dia)
(400x). ............................................................................................................................... 108
Figura 5.47 - Valores estimados das densidades das bactérias nitrificantes (oxidantes de
amônia e oxidantes de nitrito) e desnitrificantes ............................................................... 110
Figura 5.48 – Imagem digital adquirida por microscopia de campo claro dos flocos
microbianos da biomassa da ETE CAGIF (aumento 50 X) .............................................. 111
Figura 5.49 - Histograma de distribuição de frequências para o Diâmetro Equivalente
(Deq), a Circularidade (Circ) e a Razão de Aspecto (RA) dos flocos de biomassa prévio ao
período de aclimatação do sistema ao lixiviado................................................................ 113
Figura 5.50 - Imagens adquiridas por microscopia usando a técnica de campo claro dos
flocos microbianos correspondentes: (a) biomassa antes de alimentar com lixiviado; (b) 1º
dia, (c) 2º dia, (d) 6º dia e (e) 8º dia de adaptação da biomassa ao lixiviado. (aumento 50 X)
........................................................................................................................................... 114
Figura 5.51 – Distribuição de freqüências do Deq dos flocos microbianos durante a etapa
de aclimatação ao lixiviado. .............................................................................................. 117
Figura 5.52 - Imagens adquiridas por microscopia usando a técnica de campo claro dos
flocos microbianos correspondentes ao primeiro (a), 2º dia (b), 5º dia (c) 6º dia (d) 11º dia
e (e) 15º dia de adaptação do biomassa ao lixiviado (aumento 50 X)............................... 120
Figura 5.53 – Distribuição de freqüências do Deq dos flocos microbianos durante a etapa
de retirada gradual do biomassa do sistema RBS.............................................................. 122
xix
LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURAS E ABREVIAÇÕES
ANAMMOX Anaerobic Ammonium Oxidation
CAESB Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CANON Completely Autotrophic Nitrogen Removal Over Nitrite
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO Demanda Química de Oxigênio
ETE Estação de Tratamento de Esgoto
LAA Laboratório de Análise de Água
N-NH
3
Nitrogênio Amoniacal na forma livre
N-NH
4
+
Nitrogênio Amoniacal
NO
2
-
Nitrito
NO
3
-
Nitrato
RBN Remoção Biológica de Nutrientes
RBS Reatores em Bateladas Seqüenciais
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
SHARON Single Reactor High Activity Removal Over Nitrite
1
1-INTRODUÇÃO
O crescimento urbano, o elevado consumo de produtos industrializados cada vez menos
duráveis e o desperdício têm provocado o aumento da geração de resíduos sólidos urbanos.
Esses fatores, aliados a disposição inadequada desses resíduos, criam um grave problema
social e ambiental. Muitas vezes esses resíduos são depositados a céu aberto, nos
denominados lixões, sem qualquer cuidado ou técnica especial, representando riscos
sanitários e ambientais. No Brasil as principais formas de disposição final dos resíduos
sólidos municipais são os aterros sanitários, os aterros controlados e os lixões.
Após a disposição em aterro sanitário, o resíduo sólido é submetido a transformações
físico-químicas e biológicas. O líquido gerado a partir da degradação desse resíduo
juntamente com a água da chuva infiltrada, denominado lixiviado, possui uma composição
variada, complexa e elevado potencial poluidor. Pode apresentar nesta composição,
concentrações elevadas de matéria orgânica (biodegradável e refratária), metais pesados,
compostos orgânicos clorados, sais inorgânicos e nitrogênio na forma amoniacal.
O nitrogênio amoniacal (N-NH
3
) é identificado como um dos compostos mais tóxicos aos
organismos vivos (Kurniawan et. al., 2006). Os compostos de nitrogênio juntamente com
os do fósforo são nutrientes que quando disposto em corpos hídricos receptores, em
elevada concentrações, pode estimular o crescimento de algas e esgotar o oxigênio
dissolvido, resultando na eutrofização do corpo hídrico, além de apresentar efeitos tóxicos
aos organismos aquáticos.
A composição química e a vazão volumétrica do lixiviado apresentam variações espaciais
e temporais que dependem do tipo de resíduo sólido inicial, do grau de estabilização do
resíduo aterrado, das condições hidrológicas, das variações climáticas e do estágio de
decomposição na qual o resíduo se encontra. A composição específica do lixiviado e os
padrões de lançamento de efluente, regulamentados pela legislação, determinarão o grau de
tratamento necessário para a adequada disposição final desse efluente líquido. Vale
salientar que, mesmo quando o aterro sanitário encerra suas atividades (vida útil), a
geração do lixiviado não se extingue e, em geral, quanto maior a idade do aterro, menos
biodegradável será esse efluente, necessitando de processos de tratamento mais complexos.
2
Os processos de tratamento empregados para a redução das cargas do lixiviado envolvem,
em geral, combinações de tecnologias físicas, químicas e biológicas e devem ser projetados
de forma a se adequarem às mudanças na composição e na vazão do lixiviado. A
combinação de dois ou mais processos de tratamento é alternativa bastante estudada para
viabilizar a remoção dos diferentes tipos de poluentes presentes em lixiviados, uma vez
que em geral nenhum tipo de tratamento, individualmente, é capaz de atender aos
requisitos necessários para a disposição final deste resíduo (Kurniawan et.al., 2006).
Os processos físico-químicos como o stripping da amônia e a precipitação química, são
utilizados no pré-tratamento, em geral para remoção das elevadas cargas de nitrogênio
amoniacal, e no pós-tratamento, para remoção de compostos recalcitrantes. Entretanto,
esses processos apresentam algumas desvantagens como: liberação do gás NH
3
, odor,
elevado custo global dos processos e produção de lodo com compostos químicos na sua
composição. Por outro lado os processos biológicos são mais efetivos para o tratamento do
lixiviado novo, que possuem concentrações significativas de ácidos voláteis.
A remoção biológica de nitrogênio por meio de processos de nitrificação e desnitrificação
tem sido amplamente utilizada em escala real, podendo ser considerada uma tecnologia
estabelecida em estações de tratamento de esgoto baseadas nos sistemas de lodos ativados.
Na maioria das vezes, os custos operacionais do processo de nitrificação e desnitrificação
estão relacionados à necessidade de oxigênio dissolvido (nitrificação) e de matéria
orgânica (desnitrificação). Recentemente novos processos e estratégias operacionais
surgiram com o objetivo de reduzir esses custos.
A remoção biológica de nitrogênio pela via curta ou via nitrito vem sendo investigada
como nova alternativa ao processo de nitrificação e desnitrificação convencional, é um
processo baseado no fato de que o nitrito é um composto intermediário em ambas as
etapas: nitrificação e desnitrificação. Por essa razão, é conveniente produzir o acúmulo de
nitrito na nitrificação parcial e estabelecer a desnitrificação a partir desse ponto. Esse
processo pode permitir economia na necessidade de oxigênio durante a nitrificação,
redução da quantidade de matéria orgânica requerida na desnitrificação, encurtar o tempo
de reação na nitrificação e desnitrificação e reduzir o excesso de lodo produzido (Turk e
Mavinic, 1989; Ciudad et al., 2005).
3
Para possibilitar essa rota, faz-se necessário inibir a nitratação (oxidação do nitrito a
nitrato), promovendo o acúmulo de nitrito e, a partir daí, promover a redução do nitrito
para nitrogênio gasoso. No entanto, acúmulo de nitrito depende da manipulação de alguns
fatores, tais como: elevada concentração de nitrogênio amoniacal, elevado valor de pH,
baixa concentração de oxigênio dissolvido, dentre outros (Bae et al., 2002). Conseguindo o
acúmulo de nitrito, que é a etapa mais crítica do processo, o uso de aeração intermitente
permite que a nitrificação e a desnitrificação ocorram no mesmo reator, evitando
transtornos operacionais e despesas em bombeamento e recirculação. Além disso, a
alternância de períodos aerados e não aerados pode facilitar o controle de pH, pois metade
da alcalinidade requerida na nitrificação é devolvida ao sistema na desnitrificação.
O reator operando em bateladas seqüenciais pode permitir o aprimoramento do controle
das características do efluente e, com o monitoramento das concentrações das formas de
nitrogênio durante a operação do reator, pode-se determinar o tempo de ciclo e de aeração
que permitam ao efluente alcançar os padrões de lançamento. Particularmente, no
tratamento de lixiviado, a flexibilidade apresentada pela operação em batelada é
importante, uma vez que esse efluente apresenta grande variação na sua composição e na
sua vazão (Kennedy e Lentz, 2000).
Em razão do lixiviado geralmente apresentar concentrações elevadas de nitrogênio
amoniacal, bem como do nitrito ser um composto intermediário na etapa de nitrificação e
desnitrificação e considerado que o seu acúmulo seja a etapa critica no processo de
nitrificação e desnitrificação via curta, torna-se fundamental estudar as condições capazes
de acumular o nitrito no sistema. Visando dar uma contribuição neste tema o presente
trabalho procurou verificar o acúmulo de nitrito como forma oxidada de nitrogênio na
nitritação, para o processo de nitrificação e desnitrificação via curta, em reator operando
em bateladas seqüenciais alimentado com lixiviado de aterro novo.
4
2-OBJETIVOS
2.1-OBJETIVO GERAL
O presente trabalho teve como objetivo geral verificar o acúmulo de nitrito como forma
oxidada de nitrogênio na nitritação, para o processo de nitrificação e desnitrificação via
curta, em reator operando em bateladas seqüenciais alimentado com lixiviado de aterro
novo.
2.2-OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Constituem-se em objetivos específicos da pesquisa a fim de alcançar o objetivo geral; os
seguintes:
(1) Comparar a influência dos valores de temperatura de 30ºC e de 21ºC no processo
de acúmulo do nitrito;
(2) Avaliar a influência do tempo de detenção celular de 100 e de 5 dias, no processo
de acúmulo de nitrito;
(3) Avaliar o período de duração das etapas de reações do ciclo operacional
(aeróbia/anóxica), por meio de perfis temporais, que permita posteriormente a
remoção do nitrogênio amoniacal pela nitrificação/desnitrificação parcial;
(4) Caracterizar morfologicamente os flocos formados no início de cada etapa de
tempo de detenção celular (100 e de 5 dias) e avaliar a relação entre a morfologia
dos mesmos e uma possível floculação ou desfloculação da biomassa.
5
3-REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1-GERAÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LIXIVIADO DE ATERRO SANITÁRIO
O aterro sanitário é a forma mais comum de disposição e tratamento dos resíduos sólidos
urbanos (RSU). No Brasil as principais formas de disposição desses resíduos, além dos
aterros sanitários, são os aterros controlados e os lixões (IBGE, 2000). O lixiviado gerado a
partir da degradação desse resíduo sólido pode apresentar em sua composição elevadas
concentrações de matéria orgânica (biodegradável e refratária), metais pesados, compostos
orgânicos clorados, sais inorgânicos e nitrogênio na forma amoniacal.
Assim, constata-se que o lixiviado de aterro sanitário é uma água residuária heterogênea e
complexa, de elevado poder contaminante orgânico e inorgânico, de ácidos húmicos, de
compostos orgânicos halogênicos, de nitrogênio amoniacal, metais pesados e outros saís
inorgânicos (Wiszniowski et al., 2006). Na perspectiva de conhecer melhor a composição
do lixiviado, faz-se necessário relatar, brevemente, como se procede o processo de
degradação do resíduo sólido em um aterro sanitário.
De acordo com Castilho Júnior (2003), o processo de degradação dos compostos orgânicos
e inorgânicos é um fenômeno constituído essencialmente pela superposição de mecanismos
biológicos e físico-químicos, que são catalisados pelo fator água, presente nos resíduos
pela umidade inicial e pelas águas de precipitação que ocorrem quando estes estão
dispostos em aterro sanitário.
Após a disposição do resíduo no aterro sanitário ocorre, além dos mecanismos físico-
químicos, a decomposição biológica do resíduo, que se caracteriza pela degradação aeróbia
seguida da degradação anaeróbia que por sua vez é subdividida em três fases: acidogênica,
acetogênica e metanogênica.
Durante essas fases, as reações bioquímicas que ocorrem no interior da massa de resíduo
em decomposição modificam as substâncias tornando-as mais ou menos suscetíveis ao
arraste pelo líquido que percola através do resíduo, o que resulta em variações na
composição do lixiviado, dependendo do estágio em que se encontra o processo.
6
Na etapa de degradação aeróbia as proteínas são degradadas em aminoácidos e,
posteriormente, em dióxido de carbono, água, nitratos e sulfatos. Os carboidratos são
convertidos em dióxido de carbono e água, as gorduras são hidrolisadas em ácidos graxos e
glicerol, sendo então degradadas e catabolizadas com a formação intermediária de ácidos
voláteis e alcalóides. A celulose que constitui a maior fração orgânica dos resíduos é
degradada por enzimas extra-celulares em glicose que, subseqüentemente, é convertida em
dióxido de carbono e água.
A fase de degradação aeróbia é relativamente curta porque dura, em média, um mês e
consume rapidamente a quantidade limitada de oxigênio presente, o qual é oriundo do ar
aprisionado logo após a cobertura do aterro. O lixiviado produzido nessa fase apresenta
elevadas concentrações de sais de alta solubilidade dissolvidos no líquido resultante
(Castilho Júnior, 2003).
Na primeira fase da degradação anaeróbia - que ocorre imediatamente após a fase aeróbia -
a atividade de bactérias fermentativas e também acetogênicas resultam em rápida produção
de ácidos graxos voláteis, dióxido de carbono e hidrogênio. Desta forma, o lixiviado
acidificado pode conter elevada concentração de ácidos graxos, cálcio, ferro, metais
pesados e amônia. Essa última devido à hidrólise e fermentação de proteínas em particular.
Constata-se que o sulfeto gerado pode precipitar ferro, manganês e metais pesados que
foram dissolvidos na parte inicial dessa fase (Christensen e Kjeldsen, 1989).
A segunda fase intermediária anaeróbia caracteriza-se pelo crescimento lento das bactérias
metanogênicas. No entanto, este crescimento pode ser inibido por um excesso de ácidos
orgânicos voláteis que são tóxicos para as bactérias (Stegmann & Spendlin, 1989 apud
Heyer et al., 1998). Segundo Castilho Júnior (2003), dentre os principais ácidos graxos
produzidos, encontram-se o ácido acético e também grandes quantidades de nitrogênio
amoniacal. Ainda, nessa fase, a concentração de gás metano aumenta, enquanto que as
concentrações de hidrogênio, dióxido de carbono e ácidos graxos voláteis decrescem. A
conversão de ácidos graxos causa um aumento nos valores de pH e alcalinidade com um
conseqüente decréscimo na solubilidade de cálcio, ferro, manganês e metais pesados
(Christensen e Kjeldsen, 1989).
7
A terceira fase da degradação anaeróbia é caracterizada pela fermentação metanogênica
realizada por bactérias metanogênicas, que dão origem ao metano (CH
4
) e ao gás carbônico
(CO
2
). A faixa de pH tolerada por essas bactérias é extremamente limitada entorno de 6 a
8. Neste estágio a composição do lixiviado é caracterizada por valores de pH próximos do
neutro, baixa concentração de ácidos voláteis e sólidos suspensos (Heyer et al., 1998).
Conforme Castilho Júnior (2003), em pH próximo do neutro, ocorre a solubilização de
compostos inorgânicos, diminuindo a condutividade elétrica dos lixiviados. O lixiviado
produzido durante essa fase é caracterizado por baixa relação de demanda bioquímica de
oxigênio e demanda química de oxigênio (DBO/DQO), significando menor capacidade de
biodegradação do lixiviado e valores de DBO relativamente baixos.
Vale ressaltar que, embora esta divisão em fases facilite bastante o entendimento do
processo de estabilização do lixo e seus impactos sobre a composição do lixiviado, na
prática, durante a vida ativa de um aterro, as fases não são bem delimitadas, uma vez que
sempre há aterramento de novos resíduos sólidos. Tal fator causa uma grande variabilidade
na idade do material disposto, não sendo difícil encontrar as três fases ocorrendo,
simultaneamente, em um único aterro.
Como mencionado anteriormente, sabe-se que a composição do lixiviado de aterro
sanitário sofre influência de inúmeros fatores governantes no processo de geração do
lixiviado. Dependendo da idade do aterro e dos eventos que precedem a época de
amostragem, a composição do lixiviado pode variar. As Tabelas 3.1 e 3.2 apresentam,
respectivamente, os valores médios de alguns parâmetros analisados que são típicos da
composição de lixiviado de acordo com a idade do aterro, bem como de alguns aterros em
diferentes regiões brasileiras.
Embora a composição do lixiviado possa variar amplamente nas etapas de estabilização
dos resíduos no aterro, a relação existente entre a idade do aterro e a composição da
matéria orgânica pode ser um critério útil na escolha do processo de tratamento. Segundo
Kurniawan et al. (2006), as características comuns encontradas no lixiviado estabilizado
são de elevadas concentrações de nitrogênio amoniacal e moderada concentrações de
matéria orgânica, assim como baixa relação de DBO/DQO, menor que 0,1.
8
Tabela 3.1 – Dados típicos da composição de lixiviado de aterro sanitário.
(Tchobanoglous et al., 2003, modificado)
Valores (mg/L)
Novos aterros (menos de 2 anos)Constituintes
Faixa de variação Típico
Aterros antigos
(mais de 10 anos)
DBO
5
2000-30000 10000 100-200
COT (carbono orgânico total) 1500-20000 6000 80-160
DQO 3000-60000 18000 100-500
Sólidos suspensos totais 200-2000 500 100-400
Nitrogênio orgânico 10-800 200 80-120
Nitrogênio amoniacal 10-800 200 20-40
Nitrato 5-40 25 5-10
Fósforo total 4-100 30 5-10
Alcalinidade como CaCO
3
1000-10000 3000 200-1000
pH 4,5-7,5 6 6,6-7,5
Dureza total como CaCO
3
300-10000 3500 200
Tabela 3.2 – Característica de lixiviado bruto gerado em aterros sanitários do Brasil.
(Castilhos Junior, 2006, modificado)
Parâmetros
Aterro Sanitário pH
DQO
(mg/L)
DBO
(mg/L)
N-Total
(mg/L)
N-Amoniacal
(mg/L)
Alcalinidade
(mgCaCO
3
/L)
Biguaçu/SC (2002) 7,55 30.346 3.824 1.776 1.324
Londrina/PR 7,8 4.500 400 1250 700 8.000
Piraí, RJ (2005) 7,3 613 74,3 306 2.675
Gramacho, RJ (2005) 8,3 2665 291,6 1116 6291
3.2-NECESSIDADE DE REMOÇÃO DE NITROGÊNIO DE ÁGUAS
RESIDUÁRIAS
O nitrogênio pode estar na forma de proteínas, ácidos nucléicos, adenosinas fosfatos,
nucleotídeos, dentre outras. As várias formas de nitrogênio presentes na natureza e os
caminhos pelas quais são transformadas estão demonstrados por meio do ciclo de
nitrogênio (Figura 3.1).
A fixação do nitrogênio pode ocorrer quimicamente na atmosfera, tanto por via descargas
elétricas quanto por meio da fixação industrial (indústria de fertilizantes). Também
acontece, principalmente, por processo metabólico da fixação bacteriana do nitrogênio que
é conduzida por bactérias fotossintetizantes, cianobactérias, as quais são autotróficas e
realizam fotossíntese, assim como por bactérias associadas às raízes de plantas
leguminosas, dentre outras.
9
Figura 3.1 – Ciclo do nitrogênio.
(Sawyer et al., 1994, modificado)
De uma maneira geral, as substâncias orgânicas nitrogenadas podem ser degradadas por
sistemas microbianos gerando NH
3
. O nitrogênio atmosférico (N
2
) pode converter-se em
NH
3
pelas bactérias fixadoras de nitrogênio e os nitratos (NO
3
-
) também pode transformar-
se em N
2
(o qual é lançado para atmosfera) ou em amônia que será, posteriormente,
utilizada na síntese de compostos. Sob condições anóxicas, os nitratos e nitritos (NO
2
-
) são
reduzidos por processos de desnitrificação. Presumivelmente, o nitrato é reduzido a nitrito
e esse a nitrogênio gasoso, que volta à atmosfera (Sawyer et al., 1994).
Em meio líquido o nitrogênio pode ser encontrado nas formas de: nitrogênio molecular
(N
2
) escapando para a atmosfera; nitrogênio orgânico; nitrogênio amoniacal; nitrito e
nitrato. Segundo Metcalf e Eddy (1991), o nitrogênio no efluente sem tratamento está
principalmente na forma de amônia (NH
3
, NH
4
+
) ou nitrogênio orgânico que se apresenta
na forma de uréia e aminoácidos, ambos solúveis e particulados. Efluentes sem tratamento
geralmente contêm pequena quantidade ou nenhuma de nitrito (NO
2
) e nitrato (NO
3
).
Durante o tratamento anaeróbio, a maioria das partículas orgânicas particuladas é
transformada em íon amônio (NH
4
+
) e outras formas inorgânicas.
10
O nitrogênio, embora essencial para a vida, em condições excessivas e dependendo da
forma como é descartado pode causar danos aos sistemas aqüíferos, pois ao ser proveniente
de fatores tais como: usos intensos de fertilizantes na agricultura, lançamento de águas
residuárias domésticas e industriais, bem como o lixiviado oriundo de aterros sanitários,
dentre outros, percebe-se que quando são lançados em corpos de águas, tornam-se
nutrientes disponíveis para plantas aquáticas, sendo os principais responsáveis pelo
fenômeno da eutrofização que causa proliferação excessiva de algas e de vegetação
aquática.
Além da eutrofização o lançamento indiscriminado de compostos nitrogenados oriundos de
águas residuárias pode causar os seguintes efeitos:
na forma de amônia livre (NH
3
), toxicidade aos peixes;
nos processos de conversão da amônia em nitrito e desse em nitrato (nitrificação),
consumo de oxigênio dissolvido no corpo receptor;
na ocorrência de nitratos em águas de abastecimento, uma incidência da doença
infantil denominada metahemoglobina, ou “síndrome do bebê azul”.
Diante dos problemas ambientais e de saúde pública, expostos acima e, considerando que a
saúde e o bem-estar humano, assim como o equilíbrio ecológico aquático, não devem ser
afetados pela deterioração da qualidade das águas, tornou-se necessário a determinação dos
limites de concentrações desses compostos. Desta forma, o Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA) estabeleceu valores padrões para o lançamento de despejos
contendo nitrogênio nas suas variadas formas, bem como de outros poluentes.
Por meio da Resolução 357 de 17 de março de 2005, que dispõe sobre a classificação dos
corpos d’água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, também se estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes, sendo por isso que o CONAMA
determinou o limite máximo para o lançamento de nitrogênio amoniacal no total de 20 mg
de N/L, exceto quando aplicável em sistemas de tratamento de esgotos sanitários
(Resolução CONAMA 397/2008).
No entanto, os valores máximos admissíveis desses parâmetros, poderão ser alterados em
decorrência das condições naturais ou quando estudos ambientais específicos, os quais
11
consideram também a poluição difusa, comprovam que esses novos limites não acarretarão
prejuízos para os usos previstos no enquadramento. O Poder Público poderá, a qualquer
momento, acrescentar outras condições e padrões de qualidade, para um determinado
corpo d’água, ou torná-los mais restritivos, tendo em vista as condições locais, mediante
fundamentação técnica, de acordo com a Resolução CONAMA 357/2005.
Para o melhor controle da qualidade do corpo hídrico receptor, o lançamento de efluentes
deve, também, observar os padrões referentes ao enquadramento do curso d’água,
conforme a referida resolução. O lançamento de efluentes precisa atender,
simultaneamente, as condições de padrões exigidas tanto para o lançamento de efluentes
quanto não exceder as condições de padrões de qualidade da água.
Em relação às águas doces de classes 1 e 2, quando o nitrogênio for fator limitante para
eutrofização, nas condições estabelecidas pelo órgão ambiental competente, o valor de
nitrogênio total (após oxidação) não deverá ultrapassar 1,27 mg-N/L para ambientes
lênticos e 2,18 mg-N/L para ambientes lóticos, na vazão de referência. A Tabela 3.3,
apresenta os valores máximos admissíveis dos parâmetros relativos às formas químicas do
nitrogênio, de acordo com a Resolução CONAMA 357/2005.
Tabela 3.3 – Padrões de qualidade máximos admissíveis das formas
de nitrogênio para cursos d’água.
(CONAMA 357/2005)
Parâmetros
Cursos d’água Classe
Nitrato
(mg/L N)
Nitrito
(mg/L N)
Nitrogênio Amoniacal Total
(mg/L N)
3,7 p/ pH 7,5
2,0 p/ 7,5 < pH 8,0
1,0 p/ 8,0 < pH 8,5
I e II 10,0 1,0
0,5 p/ pH > 8,5
13,3 p/ pH 7,5
5,6 p/ 7,5 < pH 8,0
2,2 p/ 8,0 < pH 8,5
Doce
III 10,0 1,0
1,0 p/ pH > 8,5
I 0,4 0,07 0,4
Salina
II 0,7 0,2 0,7
I 0,4 0,07 0,4
Salobra
II 0,7 0,2 0,7
12
Às águas de classe especial a Resolução CONAMA 357/2005, veta o lançamento de
efluentes ou disposição de resíduos domésticos, agropecuários, de aqüicultura, industriais e
de quaisquer outras fontes poluentes, mesmo que tratados. Porém, quanto à classe 3 das
águas salinas e salobras, a deliberação não faz nenhuma menção em virtude dos aos
valores máximos permitidos para formas de nitrogênio no curso d’água.
Assim, a fim de atender as recomendações expostas pelo órgão ambiental e a preservação
da qualidade ambiental, faz-se necessário buscar tecnologias que resultam na adequação
das suas características aos padrões estabelecidos pela legislação.
3.3-PROCESSOS DE REMOÇÃO DE NITROGÊNIO
Nas últimas décadas aumentou a consciência de que a remoção dos nutrientes das águas
residuárias, em geral, é uma medida importante para preservar a qualidade dos corpos
d’águas receptores de efluentes de sistemas de tratamento. A remoção de nutrientes além
de ter importante repercussão sobre a qualidade do efluente e, conseqüentemente, da água
do corpo receptor (como exposto no item 3.2) também, influiu fortemente sobre
desempenho requerido do sistema de tratamento. Isto é, particularmente, notável para a
remoção de nitrogênio quando se trata dos processos de nitrificação e desnitrificação.
Para remoção de nitrogênio de águas residuárias as alternativas mais estudadas, são os
processos físico-químicos ou biológico (Figura 3.2). Segundo Metcalf e Eddy (1991), os
processos físico-químicos são aplicados em despejos industriais com elevadas
concentrações de nitrogênio amoniacal para serem utilizadas como pré-tratamento aos
sistemas biológicos.
Os processos de tratamento empregados para reduzir as cargas do lixiviado envolvem, em
geral, combinação de tecnologias físicas, químicas e biológicas sendo projetados de forma
a se adequarem às mudanças na composição e na vazão do lixiviado.
Os processos biológicos são mais efetivos para o tratamento de lixiviados novos, os quais
contêm concentrações significativas de ácidos voláteis. Já os compostos refratários, em
especial: as substâncias húmicas, as elevadas concentrações de nitrogênio amoniacal e a
13
baixa concentração de fósforo, dificultam o tratamento biológico, sendo alvo dos
tratamentos físicos e químicos.
Desta forma, não existe um sistema ideal para o tratamento de lixiviado. De acordo com
Kurniawan et. al. (2006), a combinação de dois ou mais sistemas de tratamento é
alternativa bastante estudada para viabilizar a remoção dos diferentes tipos de poluentes
presentes em lixiviados, uma vez que nenhum tipo de tratamento, individualmente, é capaz
de atender aos requisitos necessários para a disposição final deste resíduo.
Figura 3.2 – Classificação geral dos diferentes processos estudados nos últimos 10 anos em
tratamento de águas efluentes amoniacais.
(Costa, 2003)
Os processos físico-químicos, geralmente, são utilizados no pré-tratamento para remoção
das elevadas cargas de nitrogênio amoniacal, e, no pós-tratamento para remoção de
compostos recalcitrantes. Devido a sua eficácia, o stripping ou arraste da amônia é o
tratamento mais extensamente empregado para a remoção de nitrogênio amoniacal de
lixiviado de aterro sanitário (Kurniawan et.al., 2006), com maior viabilidade econômica
quando comparada às tecnologias como a osmose reversa e os processos com membranas,
entretanto, a principal desvantagem desse processo é a liberação do gás NH
3
, por isso que
existem poucos trabalhos da literatura científica pesquisada, as quais sugerem alternativas
de tratamento desse gás. Kurniawan et.al. (2006) citam como alternativa o tratamento do
NH
3
com ácidos concentrados (HCl ou H
2
SO
4
), o que pode acarretar na elevação dos
custos globais do processo.
14
Águas residuárias com elevada carga de nitrogênio amoniacal são, geralmente, difíceis de
serem tratadas por processos biológicos convencionais. Em sistemas de lodos ativados,
encontra-se a recirculação de parte do efluente tratado para o tanque de aeração como uma
estratégia operacional que pode ser efetuada para garantir eficiência no tratamento desse
tipo de água residuária. Essa medida visa diminuir a toxicidade da amônia pela diluição
das concentrações. No entanto, a razão de recirculação elevada resulta no aumento dos
custos operacionais, e, em grandes volumes do tanque de aeração (Li et al., 1999).
Conforme Carrera et al. (2004), o processo de remoção biológica de nutrientes (RBN) é
largamente utilizado para águas residuárias municipais, porém este não é o tratamento
adequado às águas residuárias que tenham elevada concentração de nitrogênio amoniacal,
nas quais se usa, freqüentemente, os sistemas físico-químicos como o stripping.
Segundo Kurniawn et al. (2006), devido a sua confiabilidade e simplicidade, o tratamento
biológico em lixiviado é geralmente usado para a remoção das cargas orgânicas. Ao tratar
o lixiviado novo (biodegradável), o processo biológico pode apresentar desempenho
razoável em relação à remoção de matéria orgânica e de nitrogênio amoniacal. Para
Diamadopoulos et al. (1997) o processo de remoção biológica de nutrientes por
nitrificação e desnitrificação é considerado um dos mais promissores e mais práticos para o
tratamento desse tipo de efluente.
3.3.1-Processo convencional de remoção biológica de nitrogênio
(nitrificação/desnitrificação)
O processo de remoção biológica de nitrogênio se baseia no ciclo natural da transformação
do nitrogênio, isto é, em promover a nitrificação por meio de organismos autotróficos, em
ambientes aeróbios, e a desnitrificação realizada por organismos heterotróficos, em
ambientes anóxicos.
Na primeira seqüência (nitrificação) a energia para o crescimento bacteriano é derivada da
oxidação de compostos inorgânicos de nitrogênio, principalmente o íon amônio (NH
4
+
),
nitrito (NO
2
-
) e nitrato (NO
3
-
), usando dióxido de carbono (CO
2
) como fonte de carbono
inorgânico para síntese de novas células (Metcalf e Eddy, 1991). A nitrificação é um
processo de duas etapas envolvendo dois diferentes grupos de microrganismos. Na
15
primeira etapa - conhecida como nitritação - geralmente as bactérias do gênero
Nitrosomonas e Nitrosospira oxidam o nitrogênio amoniacal para nitrito (Equação 3.1),
enquanto que no passo seguinte (nitratação) a oxidação do nitrito a nitrato (Equação 3.2)
geralmente é atribuída à bactéria do gênero Nitrobacter e Nitrospira (van Loosdrecht e
Jetten, 1998). A Equação 3.3 é resultante da soma das Equações 3.1 e 3.2. Segundo Kotlar
et al., (1996), ambos os grupos de bactérias são muitos sensíveis às condições operacionais
como: pH, temperatura, substrato e concentração de produtos.
++
+++ HOHNOONH 22/3
2224
Equação (3.1)
+
322
2/1 NOONO Equação (3.2)
++
+++ HOHNOONH 22
2324
Equação (3.3)
De acordo com Ferreira (2000), bioquimicamente o processo de nitrificação envolve muito
mais do que a oxidação seqüencial da amônia para nitrito e nitrito para nitrato. Várias
reações intermediárias e enzimas estão envolvidas no processo. Na oxidação da amônia a
nitrito, primeiramente o nitrogênio amoniacal é oxidado a hidroxilamina (NH
2
OH) e,
posteriormente, a nitrito. Em geral, apesar da nitrificação ser representada pelo íon amônio
(NH
4
+
), admite-se que a amônia livre (NH
3
) e não o íon amônio (NH
4
+
) é usado como
substrato para oxidação em nitrito (Jianlong e Ning, 2004).
A oxidação do nitrogênio amoniacal é a etapa limitante do processo, pois dependendo das
condições operacionais em que se trabalha (pH baixo), sua velocidade de oxidação pode
ser relativamente mais lenta do que a velocidade de oxidação do nitrito. Em processos
convencionais, o nitrito (NO
2
-
) somente aparecerá em elevadas concentrações (maiores que
1mgN/L) quando o processo considerado se encontra em estado transiente, motivado por
variação de cargas, partida e arraste da biomassa, ou outros problemas operacionais (Henze
et al., 1997, apud Iamamoto 2006). Ainda de acordo com os autores, os fatores tais como:
a temperatura, o pH, a concentração de oxigênio dissolvido (OD), a concentração e
composição do substrato (concentração de amônia, relação DBO/NTK), o tempo de
retenção de sólidos (TRS), bem como a fração de bactérias nitrificantes presente no
sistema, são parâmetros importantes na cinética da nitrificação.
16
A segunda etapa, desnitrificação, é um processo anóxico executado, geralmente, por
microrganismos heterotróficos facultativos que usam o nitrito e o nitrato como aceptores
finais de elétrons (Ciudad et al., 2005). No processo de desnitrificação ocorre a redução do
nitrato para nitrito que, posteriormente, é convertido a nitrogênio gasoso. Desta forma,
obtém-se o material orgânico (metanol, acetato, etanol, glicose) como redutor, ou seja,
como doador de elétrons. Assim, ao admitir o etanol como doador de elétrons, verifica-se
as seguintes Equações 3.4 e 3.5 que mostram a redução do nitrato e do nitrito,
respectivamente (Kotlar et al., 1996).
OHCONOOHHCNO
222523
3266 +++
Equação (3.4)
++++ OHOHCONOHHCNO 4224
222522
Equação (3.5)
Existem quatro condições básicas para que o processo de desnitrificação se desenvolva
(van Haandel e Marais, 1999): (1) presença de nitrato (ou nitrito); (2) ausência de oxigênio
dissolvido; (3) massa bacteriana capaz de aceitar nitrato (ou nitrito) como aceptor de
elétrons; (4) presença de um doador de elétrons adequado (fonte de energia).
Van Haandel e Marais (1999) apresentam na Figura 3.3, a variação do número de oxidação
do nitrogênio nos processos de nitrificação e desnitrificação. Por meio da transferência de
elétrons por átomo de nitrogênio, a oxidação do nitrogênio amoniacal (-3) a nitrato (+5)
requer quatro átomos (duas moléculas) de oxigênio. Portanto, para a nitrificação de 1mol
de amônia, o consumo de oxigênio corresponde a 64/14 = 4,57 mgO
2
/mg.N.
Nota-se que dos oitos elétrons liberados pelo nitrogênio amoniacal na sua oxidação para
nitrato, somente 5 são recuperados quando o nitrato (+5) é reduzido para nitrogênio
molecular (0), no processo de desnitrificação. Com isso, o nitrato na desnitrificação tem
uma capacidade de oxidação igual a 5/8 de oxigênio necessário na nitrificação, que podem
ser recuperados como “oxigênio equivalente” na desnitrificação, isto é, 2,86 (0,625*4,57)
mgO
2
/mg.N. Logo, para a remoção de nitrogênio há um consumo líquido de 1,71(4,57-
2,86) mgO
2
/mg.N (van Haandel e Marais, 1999).
17
Figura 3.3 – Variação do número de oxidação do nitrogênio nos processos de nitrificação e
desnitrificação.
(van Haandel e Marais, 1999)
Além do oxigênio, o processo de oxidação biológica do íon amônio na nitrificação, produz
um efeito sobre a alcalinidade da água residuária. Estequiometricamente, pela Equação 3.3,
observa-se a produção de 2 mols de H
+
por mol de nitrato formado. Sabendo-se que, a
produção de 1 mol de H
+
é equivalente ao consumo de 1 mol de alcalinidade ou 50 g de
CaCO
3
, apresenta-se na nitrificação uma variação de alcalinidade igual a (2*50)/14 = 7,4.
Assim como no processo de desnitrificação as reações - independente do tipo de fonte de
carbono - apontam a recuperação de 1 mol de alcalinidade por mol de nitrato reduzido,
com isso verifica-se que no processo de nitrificação/desnitrificação o consumo de
alcalinidade será igual a 3,57 mg CaCO
3
/mg N (Anthonisen et al., 1976; Van Haandel e
Marais, 1999).
Partindo-se de que a alcalinidade é aumentada e a concentração de ácido carbônico é
diminuída, a tendência da desnitrificação é reverter parcialmente os efeitos da nitrificação
e, portanto, elevar o pH do meio (van Haandel e Marais, 1999). Além de ser uma etapa
necessária de remoção de nitrogênio, a desnitrificação, pode ser interessante do ponto de
vista da economia de energia e de produtos químicos de controle de alcalinidade (Ferreira,
2000).
A fim de reduzir os custos operacionais requeridos pela demanda de oxigênio e matéria
orgânica pela nitrificação e desnitrificação, respectivamente, novos processos e estratégias
operacionais foram estudados nesses últimos anos. Recentemente, a remoção biológica de
nitrogênio pela via curta, ou via nitrito, vem sendo investigada como nova alternativa ao
processo de nitrificação/desnitrificação convencional. Em tal processo, o nitrogênio
amoniacal é oxidado a nitrito, em ambiente aeróbio e, após esta etapa é reduzido a
18
nitrogênio gasoso em ambiente anóxico, dispensando a fase de redução do nitrato. Assim,
resultaria em economia na necessidade de oxigênio durante a nitrificação, em redução na
quantidade de fonte de carbono requerida na desnitrificação, e, em decréscimo na produção
de lodo (Ciudad et al., 2005).
3.3.2-Processo de remoção biológica de nitrogênio via nitrito
A possibilidade do acúmulo de nitrito em sistemas de tratamento de águas residuárias e sua
possível redução, direta, a nitrogênio gasoso, apresentam vantagens, principalmente, do
ponto de vista econômico durante a operação (Fdz-Polanco et al, 1996; Ciudad et al.,
2005).
Segundo Ciudad et al. (2005) na maioria das vezes os custos operacionais do processo de
remoção biológica de nitrogênio são relacionados à necessidade de oxigênio e matéria
orgânica nas etapas convencionais de nitrificação e desnitrificação, respectivamente. O
processo de remoção biológica de nitrogênio, por meio das etapas nitritação e
desnitritação, (Figura 3.4) é baseado no fato em que o nitrito é um composto intermediário
em ambas as etapas. Desta forma, uma nitrificação parcial a nitrito e uma desnitrificação
desse nitrito, ao invés do nitrato, seria plausível. Esta aproximação produziria economias
na demanda de oxigênio durante a nitrificação, redução nas exigências de fonte de carbono
no processo de desnitrificação e diminuição na produção de lodo relacionado aos custos
operacionais em comparação com o método tradicional de remoção de nitrogênio (Ruiz et
al., 2006).
Figura 3.4 – Processo de nitrificação-desnitrificação convencional e parcial.
Villaverde et al. (2000) relatam que o processo de remoção biológica de nitrogênio por via
curta, pode reduzir em até 25% do oxigênio requerido na nitrificação e, aproximadamente,
40% de fonte externa de carbono na desnitrificação. Além disso, este método proporciona
de 30 a 40 % na redução do volume do reator e elevada taxa de desnitrificação.
19
A economia na demanda de oxigênio e na fonte de carbono demonstra-se por comparação
estequiométrica de O
2
e CH
2
O (representando a fonte de carbono como doador de
elétrons), conforme as Equações 3.6 e 3.7 (RBN convencional) e 3.8 e 3.9 (RBN via curta),
Chung et al. (2007).
RBN convencional
++
+++ HOHNOONH 22
2324
Equação (3.6)
+
+++ HHCONOCHNO 25.125.15.025.1
3223
Equação (3.7)
RBN via curta
++
+++ HOHNOONH 25.1
2224
Equação (3.8)
+
+++ HHCONOCHNO 75.075.05.075.0
3222
Equação (3.9)
Observando as Equação 3.6 e 3.8, bem como a Figura 3.3 (variação do número de
oxidação do nitrogênio nos processos de nitrificação e desnitrificação), verifica-se que ao
contrário da RBN convencional - que necessita de duas moléculas de oxigênio para
oxidação de nitrogênio amoniacal até nitrato, resultando em um consumo de oxigênio igual
a 4,57 mg O
2
/mg N - a RBN pela via curta requisita apenas 1,5 moléculas de oxigênio,
significando, um consumo de oxigênio, para a nitrificação de 1 mol de NH
4
+
, igual a
(1,5*32)/14 = 3,43 mg O
2
/mg N, permitindo uma economia de 25% do oxigênio requerido.
No processo de desnitrificação (Equações 3.7 e 3.9), das 1,25 moléculas da fonte de
carbono necessárias (CH
2
O) na RBN convencional, apenas 0,75 são necessárias para a
RBN pela via curta, ou seja, no processo convencional no qual 2,86 mgO
2
/mg.N do
oxigênio eram recuperados na desnitrificação. Portanto, constata-se que, na RBN por via
curta, dos seis elétrons transferidos na nitrificação três são recuperados na desnitrificação,
resultando em (3/6)*3,43 = 1,71 mgO
2
/mg.N, o que demonstra uma economia, teórica, na
fonte de carbono para remoção de nitrogênio amoniacal pela via curta igual a 40%.
A taxa de crescimento dos microrganismos nitrificantes é bem lenta e bastante inferior a
dos microrganismos responsáveis pela estabilização da matéria orgânica. Assim, em um
20
sistema de tratamento biológico no qual objetiva-se a nitrificação, o tempo de residência
celular ou idade de lodo deve ser tal que propicie o desenvolvimento das bactérias
nitrificantes, antes que elas sejam varridas do sistema. Por isso que, o sistema é controlado
pelo organismo de crescimento mais lento, em geral, as Nitrosomanas. As bactérias do
gênero Nitrobacter têm uma taxa de crescimento mais rápida, razão pela qual quase não se
observa o acúmulo de nitrito nesses sistemas (von Sperling, 2002).
Segundo Rittman e McCarty (2001), apud Bae et al. (2002), o fato de não se observar o
acúmulo de nitrito se dá, provavelmente, devido ao baixo valor de concentração mínima de
substrato capaz de suportar a biomassa no estado estacionário e a uma taxa, relativamente,
elevada da utilização do substrato por microrganismos oxidantes do nitrito. Muitas
pesquisas tentaram obter acúmulo consistente do nitrito na nitrificação como sendo o pré-
requisito chave para o sucesso da remoção biológica de nitrogênio pela via curta, tendo
como condição crítica do processo a supressão da oxidação do nitrito sem retardar
excessivamente a taxa de oxidação da amônia.
3.3.2.1-Acúmulo de nitrito em sistemas de remoção biológica de nitrogênio pela via curta
O acúmulo de nitrito pode ocorrer em ampla variedade de habitats microbianos tais como:
solos, águas naturais e sistemas de tratamento de esgotos municipais, indústrias e resíduos
agrícolas. Tais acúmulos têm sido explicados como resultados das diferenças nas
velocidades de reação de organismos oxidantes de nitrogênio amoniacal e de nitrito
(Anthonisen et al., 1976).
Para o estabelecimento do acúmulo de nitrito, são estudadas várias estratégias com o
intuito de inibir a oxidação do nitrito a nitrato, pela manipulação de alguns parâmetros
intervenientes no processo como: concentração de amônia livre (NH
3
); hidroxilamina livre
(NH
2
OH/NH
3
OH
+
), ácido nitroso (HNO
2
); temperatura; concentração de oxigênio
dissolvido; potencial hidrogeniônico (pH), tempo de retenção de sólidos, dentre outros
(Yoo et al., 1999; Bae, et al., 2002). Segundo Philips et al. (2002), embora a concentração
de NH
4
+
possa causar o acúmulo de nitrito, o efeito da amônia livre aparece muito mais
destacado, pois o NH
3
é um inibidor competitivo da atividade da enzima oxidoredutase do
nitrito.
21
Anthonisen et al. (1976) explicam que a presença de amônia livre (N-NH
3
) e do ácido
nitroso livre (HNO
2
) são as principais causas para sucesso de acúmulo de nitrito. Segundo
os autores, a inibição da oxidação de nitrito iniciaria em concentrações de amônia livre de
0,1 a 1,0 mgN-NH
3
/L enquanto que a inibição da oxidação de nitrogênio amoniacal
ocorreria em concentrações de 10 a 150 mgN-NH
3
/L. Já para o ácido nitroso livre torna-se
inibitório em relação aos oxidantes de nitrito em concentrações entre 0,22 e 2,8 mgN-
HNO
2
/L. Outros fatores que podem afetar essas concentrações inibitórias são: a quantidade
de bactérias nitrificantes ativas, adaptação do sistema e a temperatura. A Tabela 3.4 mostra
as concentrações nas quais a amônia livre inibiu a nitratação.
Tabela 3.4 – Concentrações de amônia livre que inibiram a nitratação.
Concentração
de N-NH
3
(mg/L)
Reator Observação Referência
0,1 a 1 Lodo batelada -
Anthonisen et
al.(1976)
5
Lodos ativados (6
células em série
pH 7 a 7,2; temperatura
20±2ºC.
Turk e Mavinic
(1987)
1 a 5
Sistema
anóxico/aeróbio
(leito fixo)
pH controlado de 8,3 a
8,5; temperatura de 20ºC,
inibiu a nitratação, mas
não a nitritação.
Abeling e Seyfried
(1992)
1 a 6
Lodos ativados
em bancada
pH 8. Acúmulo de nitrito,
sem inibição da oxidação
de N-amoniacal.
Surmacz-Górska et
al. (1997)
Conforme Fdz-Polanco et al. (1996), as concentrações inibitórias são diferentes entre si,
porque são afetadas pelos efeitos combinados de concentração de nitrogênio amoniacal, pH
e temperatura, responsáveis por influenciarem no equilíbrio químico da concentração de
amônia livre. Assim, em sua pesquisa, o acúmulo de nitrito tornou-se possível em baixas
temperaturas, devido a menor atividade de bactérias oxidantes de nitrito, porém o acúmulo
de nitrito será menor do que o obtido em temperaturas maiores sob efeito da inibição por
amônia livre. Da mesma forma, em pH menores que 6, a atividade das bactérias oxidantes
de nitrogênio amoniacal e nitrito também diminui, mas seu quociente (oxidantes de
nitrogênio amoniacal/oxidantes de nitrito) aumenta e ocorre o acúmulo de nitrito, mesmo
na ausência de amônia livre, relacionado à baixa alcalinidade do sistema.
22
O balanço iônico da solução aquosa é demonstrado pela Equação 3.10. Observa-se que o
nitrogênio amoniacal estará em solução nas formas de íon amônio (NH
4
+
) e amônia não
ionizada (NH
3
). O equilíbrio entre as duas formas é afetado pelo pH da solução. Quando o
pH aumenta, a concentração de amônia livre também aumentará. No entanto, quando a
oxidação de nitrogênio amoniacal ocorre (Equação 3.11), há uma liberação de íons H
+
que
diminuem o pH, dependendo da capacidade tampão do sistema. O nitrito formado existirá
em equilíbrio com o ácido nitroso livre quando o pH diminui e a concentração de ácido
nitroso livre aumenta, ocasionará inibição das bactérias oxidantes de nitrito.
OHNHOHNH
234
++
+
Equação (3.10)
22224
5,1 HNONOHHOHONH ++++
+++
................Equação (3.11)
Diante disso e devido ao fato da amônia livre em solução ser em função da concentração
de íon amônio, do pH e da temperatura, Athonisen et al. (1976) propuseram as Equações
3.12 e 3.13, relacionando as concentrações de amônia livre e ácido nitroso não ionizado,
com o pH do meio aquoso.
pH
w
b
pH
livre
k
k
NHN
NHN
10
10][
14
17
][
4
3
+
×=
+
Equação (3.12)
onde: k
b
/k
w
= e
[6344/(273+T)]
k
b
= constante de ionização da amônia no equilíbrio, 20ºC.
k
w
= constante de ionização da água no equilíbrio, 20ºC.
pH
a
k
NON
LmgHNO
1014
46
)/(
2
2
×
×= Equação (3.13)
onde: k
a
= e
[-2300/(273+T)]
k
a
= constante de ionização do ácido nitroso no equilíbrio.
Anthonisen et al. (1976), construíram o gráfico de tolerância da nitrificação (Figura 3.5)
para sistemas de crescimento suspenso, o qual indica em que condições os organismos
nitrificantes são inibidos pela presença de amônia livre (NH
3
) e ácido nitroso (HNO
2
) em
função do pH.
23
Figura 3.5 – Zonas de condições para inibição dos organismos nitrificantes por amônia
livre e ácido nitroso.
(Anthonisen et al., 1976)
Observa-se na Figura 3.5 que a Zona 1 representa a condição de inibição total da
nitrificação quando a concentração de amônia livre (N-NH
3
) é elevada (maior que 150
mgN-NH
3
/L), sendo suficiente para inibir tanto as bactérias oxidantes de nitrito e de
nitrogênio amoniacal quanto impossibilitando a ocorrência da nitrificação. Na Zona 2, com
concentrações de 10 a 150 mgN-NH
3
/L, somente as bactérias oxidantes de nitrito serão
inibidas podendo ocorrer o acúmulo de nitrito. Na Zona 3 (0,1 a 1,0 mgN-NH
3
/L), em
concentrações ainda menores de amônia livre, não haverá inibição de ambas as bactérias e
ocorrerá a nitrificação completa. Na Zona 4, em pH menor 5,5, pode ocorrer a inibição da
nitrificação por ácido nitroso livre (0,2 a 2,8 mgN-HNO
2
/L).
Turk e Mavinic (1989) contestaram a hipótese de que apenas a presença de amônia livre
causa o acúmulo de nitrito, pois os oxidantes podem adaptar-se às altas concentrações de
amônia livre. Os autores utilizaram reatores de lodos ativados em escala de bancada para
estudo da manutenção do acúmulo de nitrito em sistemas adaptados à concentração de
amônia livre e observaram que, mesmo com concentração média de amônia livre de 25,5
24
mgN-NH
3
/L e picos de até 40 mgN-NH
3
/L, não foi possível deter a diminuição no
acúmulo de nitrito.
Çeçen (1996) concluiu que, além do efeito da adaptação das bactérias oxidantes de nitrito,
a diminuição da concentração de nitrogênio, ocasionada por sua própria oxidação, pode
tornar inviável o acúmulo de nitrito, ocorrendo a nitrificação completa. Segundo o autor,
além do valor absoluto da concentração de amônia livre, as relações OD/NH
4
+
e OD/NH
3
,
também devem ser consideradas. Na relação OD/NH
4
+
> 1 não houve acúmulo de nitrito e
para OD/NH
3
< 10 houve o acúmulo de nitrito.
Fdz-Polanco et al. (1996), estudaram a influência do efeito combinado da temperatura do
pH e da concentração de íon amônio sobre a inibição da amônia livre, no fenômeno de
acúmulo do nitrito na nitrificação. Para tanto, utilizaram um biofiltro aerado de fluxo
ascendente e biomassa imobilizada, alimentado com substrato sintético. Foram realizados
três experimentos, nos quais se manteve a razão entre concentração de amônia livre e
concentração de sólidos voláteis aderidos (NH
3
-N/SVA) igual a 0,5 mg NH
3
-N/g SVA.
Desta forma, a observação dos autores foram: que em condições de não inibição por
amônia livre, em valores baixos de pH e temperatura, e, em altas concentrações de amônio,
a atividade relativa dos microrganismos oxidantes de amônia era maior do que os
oxidantes de nitrito ocorrendo, portanto, o acúmulo de nitrito no sistema.
Surmacz-Górska et al. (1997), analisando a nitrificação pela via curta em um sistema de
lodo ativado em escala de laboratório, utilizaram como substrato água residuária sintética
com concentração de nitrogênio amoniacal igual a 500 mg N-NH
4
+
/L; DBO
5
= 500 mg/L e
DQO = 776 mg/L. O acúmulo de nitrito foi estabelecido em pH próximo de 8, o que
assegurou uma concentração de amônia livre de 1 a 6 mg N-NH
3
/L e permitindo que a
nitrificação fosse, significativamente, encurtada e as concentrações de nitrito pudessem
alcançar até 300 mgN-NO
2
-
/L. A nitrificação e desnitrificação, pela via curta, não é
recomendada somente para águas residuárias com concentração significante de nitrogênio
amoniacal, mas, também, para águas residuárias com baixa relação DQO/N, devido à baixa
fonte de carbono requerida no processo de desnitrificação.
Bae et al., (2002), pesquisando o acúmulo de nitrito em um reator em batelada alimentado
com esgoto sintético contendo 50 mg N-NH
4
+
/L, investigaram a variação de diferentes
25
fatores operacionais (Tabela 3.5): pH, oxigênio dissolvido (OD) e temperatura. Para
determinar o efeito do pH, esse variou entre 7, 8, 9 e 10 com valores de temperatura e OD
fixados em 30ºC e 2-3 mg/L, respectivamente. Na determinação da concentração de OD
ótimo, esse foi variado em 0,5 mg/L (± 0,2), 1,5 mg/L (± 0,2) e 2,5 (± 0,2), com
temperatura e pH inicial fixados em 30ºC e 8,1 (± 0,1), respectivamente. Por último
investigou o efeito da temperatura que variou de 10ºC, 20ºC, 30ºC e 40ºC, mantendo o OD
de 2-3 mg/L e pH inicial de 8,1 (±0,1).
Segundo os autores, o acúmulo do nitrito foi controlado tanto pela taxa de produção do
nitrito quanto pela inibição da sua de oxidação. A concentração de amônia livre foi afetada
pela concentração da amônia total, pelo pH e pela temperatura, inibindo a oxidação do
nitrito em uma concentração, consideravelmente, elevada. Os autores concluíram que as
condições operacionais ótimas para obtenção do acúmulo de nitrito foram em pH = 8,
concentração de oxigênio dissolvido de 1,5 mg/l e temperatura de 30ºC.
Tabela 3.5 – Sumário dos resultados experimentais.
(Bae et al., 2002)
NH
3
Inicial
(mg/L)
k
a
(10
-3
mg-N/mg-VSS.h)
k
a
/k
n
*
Máximo
acúmulo de
nitrito (mg-N/L)
Taxa de
acúmulo de
nitrito (%)**
7 0,5 14,7 1,96 2,6 6,7
8 4,8 24,5 0,96 22,4 60,2
9 27,2 25,9 0,76 17,8 45,4
pH
10 58,5 7,3 4,56 6,9 50,9
0,5 4,6 11,2 1,02 12,5 76,7
1,5 4,5 17,3 0,91 20,5 77,4
OD
(mg/L)
2,5 4,8 21,3 0,68 17,5 54,2
10 1,2 6,2 0,32 1,2 9,1
20 2,4 14,7 0,64 5,4 25,4
30 4,7 23 0,78 17,7 53
Temp.
(ºC)
40 8,7 20,6 0,52 15,2 49,7
* k
n
foi medido sem inibição da amônia livre (NH
3
)
** Percentagem de nitrito acumulado por amônia removida num tempo de reação de 40
min.
Jianlong e Ning (2004), também investigaram as condições ótimas para a nitrificação
parcial com o acúmulo de nitrito, alimentando o reator em batelada com água residuária
sintética, variando o pH (6,5; 7,5; 8,5 e 9,5) e OD (0,5; 1,5 e 2,5 mg/L) e com temperatura
fixa a 30ºC. Os autores obtiveram resultados similares aos encontrados por Bae et al.,
(2002), sendo: pH = 7,5 e OD = 1,5 mg/L.
26
Queiroz (2006), operando um reator em batelada seqüências, alimentado com água
residuária sintética, simulando despejo da unidade de destilação do carvão da indústria
siderúrgica (coqueria) e utilizando fenol como fonte externa de carbono na fase de
desnitrificação, conseguiu em sua primeira fase da pesquisa (escala de bancada – testes
exploratórios), resultados mais expressivos para o acúmulo de N-NO
2
-
quando o pH se
igualou a 8. No entanto, na segunda fase de sua pesquisa (escala piloto) as melhores
condições de operação observada foram: o pH próximo de 8,3 que garantiu uma
concentração de amônia livre na faixa entre 4,0 e 0,8 mg NH
3
/L, concentração de oxigênio
dissolvido de 1,0 mgO
2
/L e tempo de residência hidráulica de 3 dias.
Embora seja difícil estabelecer o pH da concentração de amônia livre, a manutenção de
valores elevados de pH no reator pode favorecer o acúmulo de nitrito. Para isso, pode-se
operar o reator em valor de pH que possibilite maior atividade de organismos nitritantes
em comparação aos nitratantes (Castro Daniel, 2005). Deve-se lembrar que a amônia é
também a substância tóxica da nitrificação, o que limita um aumento de pH a valores
superiores a 8,5 por acarretarem um aumento considerável dessa amônia, causando
inibição ao sistema, além de ocasionar stripping de amônia (Abeling e Seyfried, 1992).
Como mencionado anteriormente, a remoção de nitrogênio via nitrito pode também ser
favorecida pela temperatura. Segundo Verstraete e Philips (1998), a temperatura influencia
diretamente na velocidade específica de crescimento dos microrganismos. Com isso, a
possibilidade da manutenção da temperatura em um valor que favoreça a reprodução das
bactérias que oxidam amônia em detrimento daquelas que oxidam N-NO
2
-
a N-NO
3
-
,
facilita o processo de acúmulo de nitrito. Philips et al. (2002), relatam que a taxa máxima
de crescimento específica de Nitrobacter é inferior à taxa máxima de crescimento das
Nitrosomonas, em temperaturas inferiores a 25ºC, possibilitando, assim, o acúmulo de
nitrito.
Outro parâmetro de suma importância na eficiência de remoção de nitrogênio amoniacal de
águas residuárias, via nitrito, é a concentração de oxigênio dissolvido. Münch et al. (1996)
obtiveram elevada concentração de nitrito (máxima de 15 mgN-NO
2
-
/L) e inibição da
atividade das oxidantes de nitrato, tendo concluído que o acúmulo de nitrito deu-se devido
às baixas concentrações de OD e possível inibição das Nitrobacter, em virtude das altas
concentrações de amônia livre ou níveis elevados de pH.
27
Segundo Yoo et al. (1999), o nível médio ideal de OD para obtenção de máxima nitritação
e mínima nitratação seria próximo de 1,3 mg/L. Os autores citaram quais são os fatores que
afetaram o acúmulo de nitrito: concentração de amônia livre, concentração de
hidroxilamina livre, pH, temperatura, concentração de OD. De acordo com os autores, a
duração do tempo de aeração pareceu ser inversamente proporcional ao grau de acúmulo
de nitrito. Essa duração deve ser longa o suficiente para a remoção eficiente de DQO,
nitrificação e desnitrificação, porém curta o suficiente para evitar a adaptação das bactérias
oxidantes do nitrito ao ambiente aeróbio.
Ciudad et al. (2005) estudaram a viabilidade do processo de remoção parcial de nitrogênio
sob baixa concentração de OD, visando à redução da oxidação do nitrito e,
conseqüentemente, a maximização utilizando o acúmulo do nitrito. A concentração do
oxigênio dissolvido foi reduzida dentro de quatro etapas: 2,4, 1,4, 1,0 e 0,5 mg/L, nas
quais, cada condição foi mantida durante 7 dias, em um reator de lodo ativado operado
com pH igual a 7,8; temperatura entorno de 25ºC e alimentado com água residuária
sintética com concentração de amônia afluente igual a 500 mg/L. O acúmulo máximo de
nitrito foi observado para valor da concentração de OD = 1,0 mg/L, porém, segundo os
autores, essa condição afetou a taxa de remoção de amônia. Conseqüentemente, a
concentração de OD de 1,4 mg/L foi selecionada para uma operação a longo prazo (170
dias), promovendo o acúmulo do nitrito entorno de 80% e preservando uma remoção
elevada da amônia acima de 90%.
Ainda de acordo com os autores, a atividade respirométrica das bactérias oxidantes do
nitrito foi reduzida com a diminuição da concentração de OD no reator, confirmando que a
operação em baixas concentrações de oxigênio era uma maneira eficaz de reduzir a
atividade destes microrganismos. No entanto, não está claro se essa redução é o resultado
de uma diminuição na atividade específica do microrganismo ou um esmaecimento da
biomassa.
Sob circunstâncias similares, contudo variando a concentração de OD na faixa de 0,5 a 5,7
mg/L, Ruiz et al. (2006) observaram que, a nitrificação não foi afetada pela concentração
de OD na faixa de 5,7 a 1,7 mg/L. O acúmulo de nitrito ocorreu com a concentração de OD
igual a 1,4 mg/L, e aumentado com o decréscimo da concentração de OD, tendo seu
28
máximo, sem afetar a remoção da amônia, em 0,7 mg OD/L. Entretanto, quando a
concentração de OD atingiu 0,5 mg/L a conversão da amônia foi afetada.
Embora a baixa concentração de OD favoreça o acúmulo de nitrito, este parâmetro pode
não ser essencial para a manutenção da remoção do nitrogênio pela via curta. Segundo
Jianlong e Ning (2004), apesar do acúmulo de nitrito e da oxidação da amônia serem
sensíveis aos parâmetros OD, pH, temperatura e amônia livre; o pH e a concentração de
amônia livre tiveram papel fundamental na remoção de nitrogênio via nitrito.
Castro Daniel (2005), operando um reator em bateladas seqüências de leito fixo preenchido
com biomassa imobilizada e alimentado com água residuária sintética com concentrações
de nitrogênio amoniacal de 40, 125, 250 e 500, observou que para todas as concentrações
estudadas, o nitrito foi à forma oxidada, predominante, ao longo de todo o período. Ao
comparar as concentrações de OD estipuladas entre 2,0 e 2,5 mg/L com afluente contendo
125 e 250 mg N/L, com concentrações de OD entre 4.0 e 5,0 mg/L em afluente com 500
mg N/L, o autor concluiu que as maiores concentrações de OD proporcionaram maior
eficiência sem comprometer a remoção de nitrogênio via nitrito.
Segundo Okayasu et al. (1997), o nível de OD é um parâmetro chave na produção de óxido
nitroso (N
2
O). Quando a concentração de oxigênio é suficiente para a nitrificação, a
emissão de N
2
O é desprezível, porém, em baixas concentrações de OD, ocorre grande
conversão para N
2
O. Em seu estudo foram analisados dois modelos de processo sendo que
o primeiro consiste em dois reatores: um aeróbio e o outro anóxico, com recirculação do
licor misto do reator aeróbio para o reator anóxico através de um separador de membrana;
e o reator em bateladas seqüenciais (RBS). Cada modelo com concentrações de OD,
correspondentes a 1 mg OD/L e 0,3 mg OD/L, respectivamente. A oxidação da amônia sob
baixa condição de OD, em ambos os modelos, tendeu a causar uma “nitrificação-
desnitrificação simultânea” resultando em liberação de elevada concentração de N
2
O. No
reator RBS, foi observado diminuição da concentração de amônia, porém nem N-NO
2
-
e
nem N-NO
3
-
foram acumulados.
Akerman (2005) nos seus experimentos com reatores de lodo ativado em escala de bancada
tratando lixiviado de aterros sanitários estudou diferentes condições operacionais para
29
obter a oxidação da amônia preferencialmente, a nitrito, bem como obter uma rápida
partida do sistema.
Segundo o autor, o decréscimo de temperatura não foi fator determinante para inibir o
acúmulo de nitrito e favorecer a nitratação, porque as altas concentrações de amônia livre
foram o fator limitante para a capacidade de oxidação do sistema. Embora, a partida rápida
do sistema só tenha sido possível com o uso de lixiviado diluído, os melhores resultados
foram observados para lixiviado não diluído, com concentrações afluentes de nitrogênio
amoniacal de 1200 mgN/L. As condições operacionais observadas nessas situações foram
pH = 7,5, OD = 2,0 mgO
2
/L, temperatura de 25ºC e tempo de retenção hidráulico de 3,5
dias.
Villaverde et al. (2000), operando RBS com águas residuárias de indústria de amido de
batata, notaram que houve inibição seletiva das bactérias que oxidam nitrito e propuseram
duas possíveis explicações: a primeira, pela inibição seletiva pela amônia livre, e
concentrações de 30 mgN-NH
3
/L; a segunda, pela interação entre bactérias oxidantes de
nitrogênio amoniacal e redutoras de nitrito, com maior parte do nitrito gerado sendo,
imediatamente, reduzido a nitrogênio molecular.
Outro fator relevante no processo de acúmulo de nitrito é a relação C/N. Para Schmidt et
al. (2003) o processo de nitrificação parcial é viável no caso de tratamento de águas
residuárias com baixa relação C/N (DQO/N < 3). Mosquera-Corral et al. (2005), estudaram
os efeitos do acetato e de diferentes sais presentes no afluente ao reator SHARON (ver
item 3.4.1). Quando o acetato foi adicionado, concentrações de até 0,2 gCOT/L não
manifestaram efeitos significativos na oxidação da amônia a nitrito, entretanto valores
superiores a 0,3 gCOT/L (C/N > 3) resultaram na competição entre os microrganismos
heterotróficos e autotróficos. Os resultados mostraram que a presença de matéria orgânica
afetou o processo da nitrificação parcial e as conversões de oxidação da amônia
diminuíram, drasticamente, aos níveis entorno de 10%.
Como visto a temperatura, a baixa concentração de oxigênio dissolvido, o potencial
hidrogeniônico (pH) e a concentração de amônia livre (NH
3
) são os principais parâmetros
para favorecer a velocidade de nitrificação e para determinar a comunidade nitrificante
selecionada permitindo, assim, o acúmulo de nitrito. No entanto, torna-se difícil isolar os
30
efeitos de cada um, pois todos esses parâmetros estão necessariamente interligados pelas
leis de equilíbrio químico.
Segundo Castro Daniel (2005), para elevar a concentração de OD pode-se provocar o
stripping do CO
2
e, deste modo, elevar o pH, que juntamente com a temperatura,
determinará a concentração de amônia livre. Por tanto, o stripping do CO
2
pode
comprometer a disponibilidade de carbono inorgânico, que é a fonte de carbono para os
organismos autótrofos oxidantes do nitrogênio amoniacal.
A Tabela 3.6 sumariza alguns trabalhos, citados por Philips et al. (2002), que visaram à
inibição da oxidação do nitrito em tratamentos de águas residuárias. São comparados
alguns valores de parâmetros operacionais e relatados os principais resultados obtidos.
Tabela 3.6 – Comparação de valores da fortuna crítica a respeito de amônia livre e inibição
da oxidação do nitrito em tratamento de águas residuárias.
(Philips et al., 2002, modificado)
NH
4
+
NH
3
pH T
(mg N/L) (mg N/L) (ºC)
Efeito Observado Observação Referência
13 0,6
7,8-
8,1
NR
> 95% de acúmulo
do nitrito
reator em
batelada
seqüencial
Alleman e
Irvine (1980)
40 2,95 8,1 25
90% de inibição
de oxidação do
nitrito
2,5 mg O
2
/L
Balmelle et al.
(1992)
80 0,5 7,8 NR
52% de acúmulo
de nitrito
biofiltro
submerso
Fdz-Polanco et
al. (1996)
490 13 7,8 NR
100% de inibição
de oxidação do
nitrito
NR
Verstraete et al.
(1997)
100 1,5
7,5-
8,5
20-25
80-90% de
acúmulo de nitrito
biofiltro
submerso
Villaverde et al.
(1997)
* NR – não relatado
Observa-se em todos os trabalhos citados na Tabela 3.6, que o fator preponderante para
obter a predominância de nitrito, foi a manutenção de pH em valores elevados, maiores que
7,8. Além disso, a obtenção de 100% de acúmulo de nitrito se deu com a maior
concentração de nitrogênio amoniacal.
31
3.4-PROCESSOS ALTERNATIVOS PARA REMOÇÃO BIOLÓGICA DE
NITROGÊNIO
As pesquisas no tratamento biológico de efluentes estão em constantes avanços e cada vez
mais a literatura tem mostrado novas linhas para a eliminação de nitrogênio de águas
residuárias, visando um aumento de eficiência e redução de custos. Como relatado
anteriormente, os novos processos, de uma forma em geral, buscam realizar a eliminação
de nitrogênio utilizando o nitrito como receptor de elétrons e não o nitrato. Dentro do
exposto, serão abordados alguns desses principais processos, tais como: SHARON,
ANAMMOX, CANON e o processo de nitrificação e desnitrificação simultâneas (NDS).
A fim de se iniciar uma explanação geral sobre os processos SHARON, ANAMMOX e
CANON, são apresentadas a Tabela 3.7, citada por Jetten et al. (2002), que sintetiza as
principais diferenças entre esses processos a um sistema convencional de remoção do
nitrogênio e a Figura 3.6, na qual se observa o diagrama de fluxo desses processos
juntamente com os valores de remoção de compostos nitrogenados, idealizados por
Schmidt et al. (2003).
Tabela 3.7 – Comparação entre processos biológicos de remoção de nitrogênio:
nitrificação/desnitrificação convencional, SHARON, ANAMMOX e CANON.
(Jetten et al., 2002)
Sistema
Nitrificação e
Desnitrificação
Convencional
SHARON ANAMMOX CANON
Nº de reatores 2 1 1 1
Alimentação água residuária água residuária amônia + nitrito água residuária
Descarga NO
2
-
, NO
3
-
e N
2
NH
4
+
, NO
2
-
NO
3
-
e N
2
NO
3
-
e N
2
Condições óxico, anóxico óxico anóxico OD limitado
OD requerido elevado baixo nenhum baixo
Controle pH Sim nenhum nenhum nenhum
Retenção de
biomassa
nenhuma nenhuma sim Sim
Fonte de
Carbono
Sim nenhuma nenhuma nenhuma
Produção de
lodo
elevada baixa baixa baixa
Bactéria
Nitrificantes, várias
heterotrófica
aeróbios
oxidantes NH
4
+
Planctinomicetos
aeróbios
oxidantes NH
4
+
,
Planctinomicetos
32
Figura 3.6 – Diagrama de fluxo.
Nitrificação parcial (1a.), SHARON (1b.), ANAMMOX (2.), CANON (3.). (<numero>) N-
composto em % (valores idealizados; variando de acordo com os parâmetros de processo).
(Schmidt et al., 2003, modificado)
3.4.1-Processo SHARON (Single reactor High activity Ammonia Removal Over
Nitrite)
O princípio do processo SHARON (single reactor high activity ammonia removal over
nitrite) é de nitrificação via nitrito baseado no conceito da diferença entre as velocidades
específicas de crescimento das bactérias oxidantes de amônia e as que oxidam nitrito,
associado a um curto tempo de detenção celular, fazendo com que o processo de
nitrificação completa seja bloqueado de maneira a formar nitrito como produto final.
Em condições normais, o crescimento de Nitrobacter impede o acúmulo de nitrito, devido
as Nitrobacter converterem rapidamente nitrito a nitrato. Porém, dependendo da
temperatura, a velocidade de crescimento das Nitrosomonas pode exceder a velocidade de
crescimento das Nitrobacters. Segundo Verstraete e Philips (1998), o processo SHARON,
emprega cuidadosamente o fato que em elevadas temperaturas e baixo tempo de detenção
celular, as bactérias oxidantes do nitrito (Nitrobacter) possuem menor taxa de crescimento
específico que as bactérias oxidantes da amônia (Nitrosomonas) (Figura 3.7). Assim, a
escolha do tempo de detenção deve se basear no tempo mínimo de retenção celular
33
necessário para possibilitar a permanência das bactérias oxidantes de nitrogênio amoniacal
e, conseqüentemente, deve possibilitar que as bactérias oxidantes de nitrito sejam
removidas do sistema.
Figura 3.7 – Esquema da taxa de crescimento específico das Nitrosomonas e Nitrobaters
em função da temperatura e do tempo de residência.
(Mulder e Kempen, 1997, apud Verstraete e Philips, 1998)
Este processo é, essencialmente, utilizado para águas residuárias com elevadas
concentrações de nitrogênio amoniacal, as quais consumiriam uma quantidade expressiva
de oxigênio para realizar o processo completo da nitrificação. Mósquera-Corral et al.
(2005), afirmam que o processo SHARON é, especialmente, recomendado para tratamento
de águas residuárias contendo baixa razão carbono orgânico total e nitrogênio (C/N).
Segundo os autores, o processo é altamente dependente do pH, da concentração de amônia
livre e do tempo de detenção hidráulica.
De acordo com Khin e Annachhatre (2004), esse processo é realizado sem nenhuma
retenção de biomassa em um único reator aerado, com agitação continua, temperatura
entorno de 35ºC e pH próximo de 7. Para Schmidt et al. (2003), a vantagem do processo
SHARON não possuir retenção de biomassa, faz com que os microrganismos oxidantes do
nitrito não sejam capazes de remanescerem no reator e, assim, são banidos para fora do
sistema, facilitando o acúmulo do nitrito. Ademais, devido ao fato do tempo de detenção
hidráulico ser fixo e de não possuir retenção de biomassa, a carga volumétrica do reator
depende basicamente da concentração de íon amônio. Conseqüentemente, o custo do
processo também é afetado por essa concentração, no qual se elevará com a diminuição da
concentração de íon amônio, tornando o processo SHARON impróprio para tipos de águas
34
residuárias que não contenham elevada concentração de nitrogênio amoniacal. Outra
limitação do processo é a dificuldade de controle da temperatura nos reatores em escala
real.
Segundo Van Kempen et al. (2005), apud Queiroz (2005), o processo SHARON é indicado
para melhoria da eficiência na remoção de nitrogênio em três situações: estações com
limitações na capacidade do sistema de aeração; sistemas de lodos ativados com limitada
capacidade de desnitrificação e situações em que a nitrificação é limitada pela idade do
lodo. O nitrito formado no SHARON, combinado com o íon amônio, pode produzir
nitrogênio gasoso através do ANAMMOX.
3.4.2-Processo ANAMMOX (Anaerobic Ammonium Oxidation)
A oxidação do íon amônio é conhecida por ser obtida sob condições aeróbias e condições
limites de oxigênio. Entretanto, na última década, descobriu-se que certas bactérias, da
ordem das Planctomycetales, eram capazes de remover, simultaneamente, amônia e nitrito
sob condições anóxicas. Esse fenômeno despertou o interesse de se conseguir a ocorrência
de um processo de oxidação anaeróbio da amônia, e passou a ser denominado como
processo ANAMMOX (anaerobic ammonium oxidation).
O processo ANAMMOX é equivalente a desnitrificação clássica, porém utiliza somente
nitrito como aceptor de elétron para redução a gás nitrogênio (Equação 3.13), ao invés de
usar compostos orgânicos. Por possuir, exclusivamente, microrganismos autotróficos do
gênero Planctinomicetos, responsáveis pela remoção do nitrogênio, o processo
ANAMMOX não necessita da adição de fonte externa de carbono para a desnitrificação
(Ahn, 2006).
OHNNONH
2224
2++
+
Equação 3.13
Conforme Verstraete e Philips (1998), o processo ANAMMOX deve ser combinado com
uma etapa precedente de nitrificação, interrompida preferivelmente no nitrito, no qual
somente parte do íon amônio necessário será nitrificado para nitrito desde que o processo
ANAMMOX combine o íon amônio remanescente com esse nitrito para produzir gás
35
nitrogênio. Isso permite a redução da demanda de oxigênio na nitrificação no reator, falta
de necessidade de fonte de carbono na desnitrificação, e, conseqüentemente, redução de
custo. Segundo Galí et al. (2006), o nitrito formado é o composto oxidado da fase de
nitrificação, que deve estar disponível para o processo em uma relação de íon
amônio/nitrito de 50%, uma vez que o processo não admite o nitrato como um doador de
elétron.
Khin e Annachhatre (2004) afirmam que, apesar do principal produto formado no processo
de oxidação anaeróbia da amônia ser o N
2
, aproximadamente 10% do nitrogênio (amônia
ou nitrito) afluente ao processo são convertidos a NO
3
-
. No balanço total do nitrogênio
apresentada na Equação 3.14, observa-se que a taxa de conversão do NH
4
+
para NO
2
-
é de
1:1,31 ± 0,06 e a relação de conversão do NO
2
-
para NO
3
-
é de 1:0,22 ± 0,02 (Dapena-
Mora et al., 2004).
OHNOCHNONHHCONONH
215.05.0232324
2066.026.013.0066.031.1 ++++++
++
Equação (3.14)
De acordo com Jetten et al. (1999), a alta atividade do ANAMMOX, com taxa máxima
específica de oxidação da amônia de 55 mol NH
4
+
, pode ser observada na faixa de
temperatura entre 20 – 43°C (ótimo em 40°C), pH entorno de 6,7 e 8,3 (ótimo em 8). Esse
valor resulta em um tempo estimado para duplicação da população de 11 dias, implicando
numa partida muito lenta do sistema, porém com pouca formação de biomassa e,
conseqüentemente, baixa produção de lodo, contribuindo para um baixo custo operacional
quando comparado a um processo de desnitrificação convencional.
Da mesma maneira que o processo ANAMMOX tem como característica a necessidade do
nitrito enquanto aceptor de elétrons para remoção anaeróbia da amônia, pesquisas vem
sendo desenvolvidas aplicando o processo SHARON seguido do processo ANAMMOX. O
princípio da combinação dos dois processos é que água residuária contendo amônia é
oxidada no reator SHARON para nitrito usando somente 50% da amônia afluente. O
efluente do reator SHARON contento a mistura de amônia e nitrito é idealmente
apropriado como afluente para o processo ANAMMOX onde a amônia e o nitrito são
anaerobicamente convertidos para gás nitrogênio e água (Khin e Annachhatre, 2004).
36
3.4.3-Processo CANON (Completely Autotrophic Nitrogen removal Over Nitrite)
O processo CANON (Completely Autotrophic Nitrogen removal Over Nitrite) como o
próprio nome o define, é a remoção autotrófica do nitrogênio via nitrito. Esta concepção
provém da combinação da nitrificação parcial e ANAMMOX em um único reator aerado
sob condições limites de oxigênio (Schmidt et al, 2003). Uma de suas principais
características é remover amônia de águas residuárias que contenham baixas quantidades
de matéria orgânica (Khin e Annachhatre, 2004).
Este processo se procede em duas reações seqüenciais (Equações 3.15, 3.16 e 3.17),
envolvendo dois grupos de microrganismo autotróficos: as bactérias do gênero
Nitrosomonas como microrganismos aeróbios e os Planctinomicetos como microrganismos
anaeróbios (Ahn, 2006). Segundo Schmidt et al. (2003), a amônia é oxidada a nitrito sob
condições limites de oxigênio, sendo por meio do consumo pelas Nitrosomonas de todo
oxigênio e, assim, criam condições anóxicas necessárias para os microrganismos do
processo ANAMMOX (Planctinomicetos) transformarem o nitrito em gás nitrogênio.
Pode-se observar, ainda, na equação 3.16 que ocorre, também, a formação de quantidades
traços de nitrato, característica atribuída ao processo ANAMMOX, conforme citado no
item 3.4.2.
OHCONONHHCOONH
2224324
5.15.05.075.0 +++++
++
Equação (3.15)
OHNONNOCHHHCONONH
23215.05.02324
03.226.002.1066.013.0066.032.1 ++++++
++
Equação (3.16)
++
++++ HOHNONONH 14.043.111.044.085.0
23224
Equação (3.17)
Para Schmidt et al. (2003) e Khin e Annachhatre (2004), apesar do processo CANON
apresentar uma economia de custos, principalmente, pelo fato de ser empregado em um
único reator, de não necessitar de fonte externa de carbono e de não produzir lodo, pode
ainda ser desvantajoso quando a carga diária de nitrogênio amoniacal for baixa.
37
3.4.4-Processo de nitrificação e desnitrificação simultâneas (NDS)
O processo de nitrificação e desnitrificação simultânea implica que ambas ocorrem
concomitantemente no mesmo recipiente da reação sob condições idênticas de operação.
Em projetos operados continuamente, a NDS oferece uma potencial economia nos custos
para um segundo tanque (anóxico), ou pelo menos reduz seu tamanho, caso possa se
assegurar que uma quantidade considerável de desnitrificação ocorra junto com o
nitrificação no tanque aerado (Yoo et al., 1999).
Segundo a revisão de literatura de Münch et al. (1996), as explanações dadas para o
fenômeno de NDS podem ser divididas em duas amplas categorias: física ou biológica na
natureza. A física é a explanação convencional que o NDS ocorre em conseqüência dos
gradientes da concentração de OD, dentro dos flocos microbianos ou dos biofilmes, devido
às limitações de difusão. Isto é, os microrganismos nitrificantes existem em regiões com
elevada concentração de oxigênio dissolvido, visto que os desnitrificantes serão,
preferencialmente, ativos nas zonas com baixa concentração de oxigênio dissolvido. Já a
explicação biológica está na existência de bactérias desnitrificantes aeróbias e nitrificantes
heterotróficas.
Yoo et al. (1999) analisaram alguns parâmetros chave de controle para a remoção do
nitrogênio de águas residuárias por nitrificação e desnitrificação simultâneos (NDS), sendo
eles: nível de OD, pH, temperatura, concentração de amônia livre e hidroxilamina, tempo
de retardo para mudar da condição anóxica a aeróbia, baixa concentração de OD durante a
aeração e alimentação continua em contato direto com afluente da água residuária. Para o
experimento utilizou-se dois tipos de águas residuárias sintéticas com acetato como a fonte
principal do carbono, e com a relação DQO/N de, aproximadamente, 5:1 e 10:1,
respectivamente. Para ambos os tipos de efluente a remoção média de DQO alcançou
acima de 95%, e sob condições ótimas a eficiência de remoção alcançou acima de 90%. Os
autores concluíram que, a ativa nitritação e a nitratação suprimida foram causadas pela
combinação do efeito de todos os fatores revistos e, o mais importante foi, o tempo de
retardo dos oxidantes do nitrito para a transição do ambiente anóxico/anaeróbio ao aeróbio.
No entanto, não foi estudado o grau de influência de cada um dos fatores.
38
Münch et al. (1996) realizaram experimento com dois reatores em bateladas seqüenciais e
escala de bancada, alimentados com esgoto doméstico e observaram a ocorrência de uma
quantidade significante de desnitrificação no período aeróbio do ciclo. Os autores
concluíram que, a predominância do nitrito como forma oxidada do nitrogênio amoniacal e
que o baixo nível de OD pode ter ocorrido devido à inibição das Nitrobacter. Outra
possível explicação seria a inibição das Nitrobacter pela concentração de amônia livre e/ou
elevado pH no lodo durante a fase anaeróbia de enchimento, podendo ter ocorrido inibição
irreversível.
Em um estudo realizado por Chiu et al. (2007), no qual um sistema de reatores em
bateladas seqüenciais (RBS) foi operado como um processo NDS, em que a relação
(DQO/N-NH
4
+
foi controlada em 11,1) teve por resultado a remoção quase completa de
matéria orgânica e N-NH
4
+
com nenhum acúmulo de subprodutos intermediários (N-NO
2
-
).
Os autores mostraram que, tanto o íon amônio como as taxas de carga orgânica afetaram a
ocorrência do processo de NDS no sistema de RBS.
3.5-REATORES OPERANDO EM BATELADAS SEQÜENCIAIS (RBS)
Os reatores em bateladas seqüenciais (RBS) ou processo de lodos ativados com operação
intermitente tem demonstrado ser uma opção viável para o sistema de tratamento de
remoção de nitrogênio, podendo promover a oxidação da matéria orgânica, a nitrificação e
a desnitrificação, uma vez que é possível ajustar as fases dos ciclos, promovendo períodos
aeróbios, anóxicos e anaeróbios dentro do ciclo padrão.
Os RBS consistem na incorporação de todas as etapas do processo e operações,
normalmente associadas ao tratamento convencional de lodos ativados, em um único
tanque, que passam a ser simplesmente seqüências no tempo e não unidades separadas
como ocorre nos processos convencionais de fluxo contínuo (von Sperling, 2002).
Segundo USEPA (1999), há duas classificações principais de RBS: o fluxo intermitente ou
“reator em batelada verdadeiro”, que geralmente emprega todas as etapas da Figura 3.8, e o
sistema de fluxo contínuo, que não segue estas etapas.
39
Figura 3.8 – Seqüência operacional do sistema de reator operado em bateladas seqüenciais
A operação de enchimento consiste na adição do afluente para a atividade microbiana. Esta
fase está sujeita a vários modos de controle tais como: enchimento estático (sem mistura e
sem aeração) que possui mínima ocorrência de reações; enchimento com agitação (com
mistura e sem aeração) no qual ocorrem reações anóxica ou anaeróbias; e enchimento com
aeração (com mistura e aeração) que tem como objetivo reduzir a duração do ciclo e oxidar
a matéria orgânica e N-NH
4
+
. Na etapa de reação, as reações iniciadas durante o processo
de enchimento são totalmente completadas. Esta etapa pode compreender: agitação na qual
ocorrerão reações anóxicas ou anaeróbias e desnitrificação; aeração que ocorrerá reações
aeróbias, nitrificação e oxidação da matéria orgânica, ou ambos (USEPA, 1993).
Nas ultimas três etapas do ciclo operacional encerra-se o uso de agitador e aerador. A
separação das fases sólido-líquido acontecerá durante a fase de sedimentação. Conforme
USEPA (1993), a sedimentação em um sistema intermitente pode ter uma eficiência
superior à de um decantador de fluxo contínuo, devido ao maior repouso do líquido em um
tanque de batelada, sem interferência de entrada e saída de líquidos. Na etapa de
esvaziamento procede-se a remoção do efluente final tratado e, por fim, na fase final
denominada repouso, ocorre tipicamente o descarte do excesso de lodo e ajustes
operacionais para início de um novo ciclo. Constata-se que geralmente esta fase é opcional
podendo-se realizar o descarte do lodo em outras etapas do processo (von Sperling, 2002).
40
A duração das etapas varia em função das variações da carga afluente, dos objetivos
operacionais, do tratamento, da composição da água residuária e da biomassa no sistema
(von Sperling, 2002). A duração pode ser controlada por temporizadores, nível de líquido
ou pelo grau de tratamento.
Diversas vantagens podem ser associadas ao modo de operação em bateladas seqüenciais,
tais como: servir de tanque de equalização tornando-o mais resistente a cargas de choques
e variações da vazão afluente sem apresentar problemas para o processo como um todo;
flexibilidade e controle de operação em termos de tempo do ciclo e seqüência; condições
ideais de sedimentabilidade do lodo; eliminação de curto circuito e habilidade de
incorporação de fases aeróbias, anóxicas em um único reator. No entanto, apesar de
apresentar várias vantagens o processo demonstra alguns problemas que afetam o
desempenho do reator, por exemplo: ocorrência de zonas mortas, arraste de sólidos,
inibições devido à sobrecarga orgânicas, além do custo de instalação dos aeradores e o
consumo de energia na comparação com um sistema operando convencionalmente (Harty
et al., 1993, apud Kennedy e Lentz, 2000; USEPA, 1999; Zaiat et al., 2001; Michelan
2006).
O tratamento de efluentes em reatores operando em bateladas seqüenciais (RBS) é
indicado para os casos de indústrias que geram efluentes de maneira intermitente;
indústrias que trabalham com padrões de lançamento muito restritivos ou com águas
residuárias de difícil degradação, nas quais o tempo de ciclo é o parâmetro a ser ajustado
para garantir a degradação do composto presente ou para atingir a remoção necessária para
a disposição; para sistemas que tenham como finalidade o reúso da água residuária tratada,
por permitir um maior controle operacional e, por fim, esse tipo de reator pode ser usado
em estudos que visam o entendimento de fenômenos relacionados com a digestão
anaeróbia por permitir maior instrumentação e controle (Zaiat et al, 2001). De acordo com
Kennedy e Lentz (2000), a vantagem de maior flexibilidade do processo, garantida pelos
RBS, é particularmente importante ao considerar o tratamento de lixiviado de aterro
sanitário, que possui um elevado grau de variabilidade dos seus constituintes, tanto
quantitativamente quanto qualitativamente.
Em experiências com remoção de nitrogênio via nitrito em reatores operando em bateladas
seqüenciais, Rhee et al. (1997) relataram que o acúmulo de nitrito no fim da fase aeróbia
41
atingiu 13,6 mg-N/L, mas o nitrito acumulado foi removido completamente no período
anóxico subseqüente. Nessa circunstância, aproximadamente 85% da amônia inicialmente
adicionada (35 mg-N/L) foi removida pelo RBS. Segundo os autores, o acúmulo do nitrito
era maior em curtos períodos aeróbio quando comparados aos períodos aeróbios mais
longos. Presumiu-se que, o acúmulo do nitrito é causado pela diminuição no crescimento
de microrganismos oxidantes do nitrito no curto período aeróbio. Quando o período
aeróbio era de 2 horas, o acúmulo do nitrito aumentou e a eficiência da remoção da amônia
diminuiu. Porém, quando a fase aeróbia foi aumentada em mais de 4 horas, o acúmulo do
nitrito diminuiu gradualmente, e, baixas concentrações de nitrito foram observadas quando
a fase aeróbia atingiu 6 horas de duração. Todo o nitrito e nitrato produzidos no período
aeróbio eram removidos completamente no período anóxico.
Segundo Yoo et al. (1999), a duração normal da aeração adequado para uma eficaz
remoção de DQO e nitrogênio foi de 72 minutos. Segundo os autores, o uso da aeração
intermitente pode favorecer a nitrificação e desnitrificação simultâneas, principalmente no
início do período aerado, porque o ambiente está anóxico e a concentração de OD ainda
não suprime a desnitrificação.
Mota et al. (2005) relatam que, reatores aerados intermitentemente podem ser otimizados
quando usados para realizar a nitrificação parcial seguida de desnitrificação via nitrito,
resultando em redução na demanda do oxigênio para remoção da amônia e redução no
substrato orgânico na desnitrificação. Em sua pesquisa, os autores utilizaram cinco reatores
em paralelo com aeração intermitente e demonstram que as bactérias oxidantes do nitrito
foram afetadas em longos períodos anóxicos (3 e 4 horas), resultando na nitrificação
parcial seguida de desnitrificação via nitrito. Conseqüentemente, em reatores aerados
intermitentemente, não apenas a concentração de oxigênio dissolvido, mas também a
duração de períodos anóxicos são importantes na predominância das bactérias oxidantes da
amônia sobre as bactérias oxidantes do nitrito.
Iamamoto (2006) com objetivo de remover nitrogênio amoniacal em diferentes
concentrações (125, 250 e 500 mgN/L), operou um reator em batelada com biomassa
suspensa submetido às etapas alternadas anóxica e aeróbia de 2h/2h e concentração de
oxigênio dissolvido igual a 2 mgO
2
/L no período aeróbio. Segundo o autor, para a
concentração de 125 mgN/L de nitrogênio amoniacal, o nitrato foi o principal produto da
42
nitrificação. Na condição de 250 mgN/L foi observada a presença de nitrito como forma
oxidada de nitrogênio e, também, a ocorrência de nitrificação e desnitrificação simultâneas
durante os dois primeiros ciclos aeróbios. Na condição de 500 mgN/L não houve a
remoção total de nitrogênio amoniacal, no entanto quando alterado os ciclos para 2 horas
no processo anóxico e 9 horas no aeróbio, e utilizando uma concentração média de OD de
2,8 mgO
2
/L as eficiências de remoção de nitrogênio atingiram 94%, com predominância de
nitrito como forma oxidada.
Segundo Zaiat et al. (2001), os principais fatores que influenciam o desempenho dos
reatores operados em bateladas seqüenciais são: a agitação, a relação entre alimento e
microrganismo (A/M), a estratégia de alimentação e a característica geométrica do reator.
A grande importância de se obter uma agitação adequada é de promover a distribuição do
substrato, enzimas e microorganismos dentro do reator. Geralmente a agitação é
implementada em processos aeróbios por agitação mecânica. Contudo, os autores relatam
que a agitação intensa pode causar a desfloculação e desestabilizar a sedimentabilidade do
lodo.
O reator tipo tanque agitado e aerado, entendido como padrão, apresenta altura do líquido
igual ao diâmetro, sendo agitado por um impelidor tipo turbina com 6 pás planas,
apresentando um diâmetro igual a 1/3 do diâmetro do tanque. No entanto, pela necessidade
de se obter maior homogeneização do conteúdo do reator, assim como transferência mais
efetiva, raramente verifica-se uma obediência a essas relações geométricas, observando-se
freqüentemente tanques com altura maior do que o diâmetro. Bem como turbinas de
dimensões superiores à indicada, além do emprego de múltiplas turbinas (Schimidell,
2001).
Quanto à aeração intermitente, essa se refere ao modo cíclico, com período específico de
aeração, seguido de período específico de não aeração. O processo incorpora uma zona não
aerada que oferece muitas vantagens, como por exemplo, a melhoria de remoção de
nitrogênio, economia de energia, menor produção de lodo, quando comparado ao sistema
de lodo ativado convencional, e pH estável devido à desnitrificação, além é claro de refletir
nos valores de potencial REDOX.
43
3.5.1-Caracterização morfológica dos flocos pela análise de imagem
As técnicas de análise de imagens desenvolveram-se com muita rapidez sendo utilizadas
em diversas áreas de aplicação do conhecimento humano para resolver uma ampla
variedade de problemas que, normalmente, requerem métodos capazes de melhorar a
informação visual para análise e interpretação humana.
Na área da engenharia sanitária e ambiental o interesse pelo uso da análise de imagens tem
crescido surpreendentemente nos últimos anos, devido à possibilidade de implementação
desta técnica de monitoramento nos processos de tratamento de águas residuárias e
efluentes industriais a partir da caracterização morfológica dos agregados microbianos
formados nestes sistemas (Ginoris, 2006).
No processo de tratamento aeróbio, as pesquisas centram-se no uso da análise de imagens
para caracterizar a estrutura e a morfologia dos flocos de lodo ativado, através da
estimação de dimensões fractais e parâmetros morfológicos baseados na geometria
euclidiana (convexidade, compactação, esfericidade, área e volume de partícula, entre
outros) (Amaral et al., 1997, apud Ginoris, 2006). As relações entre os parâmetros que
caracterizam a morfologia dos flocos aeróbios e as propriedades de sedimentabilidade do
lodo ativado também têm sido abordadas na fortuna crítica, sobre a relação entre a
velocidade de sedimentação do lodo ativado e os parâmetros comprimento, largura e o
diâmetro equivalente dos agregados (Ginoris, 2006).
A análise digital refere-se aos estudos de imagens e a determinação dos parâmetros, os
quais caracterizam a morfologia do objeto, bem como esse tipo de análise envolve várias
etapas consideradas de grande importância: pré-tratamento da imagem digital adquirida,
binarização da imagem pré-tratada, pós-tratamento da imagem binária, reconhecimento e
interpretação.
A função chave no pré-tratamento é melhorar a imagem original de maneira que aumente
as chances para o sucesso dos processos seguintes. O pré-tratamento geralmente inclui
técnicas para o realce de contrastes, definição do contorno dos objetos, remoção de ruído e
artefatos presentes no sistema de aquisição como manchas e sujeiras fora de foco, assim
como movimentos vibratórios da câmera produzidos no instante da aquisição da imagem.
44
Uma vez que, a imagem original tem sido pré-tratada procede-se à etapa de segmentação
cujo objetivo principal é distinguir os objetos de interesse do resto da imagem. A imagem
resultante deste processo é uma imagem com dois níveis de cinza conhecida como imagem
binária, na qual, de modo geral, os elementos de imagem (pixels) correspondentes aos
objetos de interesse tomam valor 1 (corresponde à cor branca) enquanto que os pixels do
fundo da imagem tomam valor 0 (correspondente à cor preta).
A imagem binária obtida após a etapa de segmentação pode ser adicionalmente tratada, a
fim de facilitar as medições morfológicas dos objetos de interesse. Este processo
conhecido como pós-tratamento pode compreender operações de preenchimento de zonas,
remoção de objetos das bordas da imagem, união e/ou separação de objetos, entre outras.
Depois do pós-processamento, a próxima etapa é precisamente relacionada com a análise
da imagem binária final obtida. Nesta etapa são realizadas as medições dos objetos de
interesse. Tipicamente são determinados parâmetros da geometria Euclidiana como Área,
Diâmetro Equivalente, Perímetro, Comprimento, Largura, Excentricidade, Esfericidade,
entre outros. Também podem ser determinadas as dimensões fractais dos objetos.
3.5.2-Considerações finais
A aplicação de reatores operando em bateladas seqüenciais para tratamento de águas
residuárias com remoção de matéria orgânica e nutrientes não é recente. No entanto, essas
operações são baseadas em combinações aeróbias-anóxicas, o que implica em grande
consumo de oxigênio na fase de nitrificação e de matéria orgânica na fase de
desnitrificação, além é claro de maior produção de lodo e alto custo energético, conforme
já ressaltado no item 3.3.1.
Este trabalho parte da premissa de que há a possibilidade do reator em bateladas
seqüências remover nitrogênio via nitrito, do lixiviado produzido a partir de resíduos
sólidos urbanos. Sendo que o acúmulo de nitrito na etapa de nitrificação e sua direta
redução a nitrogênio gasoso, na etapa de desnitrificação, resultariam em economias na
demanda de oxigênio durante a nitrificação, e, também, redução nas exigências da matéria
orgânica no processo de desnitrificação e diminuição na produção de lodo.
45
No entanto, o estabelecimento do acúmulo de nitrito no sistema é o maior desafio a ser
superado para que se possa viabilizar a lógica operacional proposta. Como visto no item
3.3.2.1, existem várias estratégias com o intuito de inibir a oxidação do nitrito a nitrato,
pela manipulação de alguns parâmetros intervenientes no processo. Portanto, pretende-se
nesse trabalho, além é claro de atingir o objetivo principal, avançar no conhecimento sobre
o processo de remoção biológica de nitrogênio pela via curta e contribuir para a
apresentação de mais uma alternativa de menor custo para o tratamento de lixiviado
produzidos a partir de resíduos sólidos urbanos.
46
4-METODOLOGIA
A pesquisa para verificar a possibilidade de se obter nitrito como forma oxidada de
nitrogênio, em reator operando em bateladas seqüenciais alimentado com lixiviado
produzido a partir da degradação de resíduos sólidos urbanos, foi realizada no Laboratório
de Análise de Água (LAA) do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da
Universidade de Brasília. Os experimentos em escala de laboratório constaram de duas
etapas distintas: (1) teste exploratórios em escala reduzida, na qual foi determinada a
estratégia de partida e alimentação, (2) avaliação da produção e acúmulo de nitrito e
eficiência de conversão do nitrogênio amoniacal em reator com volume útil de 20 litros,
conforme a Figura 4.1.
Figura 4.1 – Fluxograma seqüencial e geral da metodologia.
47
4.1-LIXIVIADO DE ESTUDO
O lixiviado utilizado no estudo foi proveniente de lisímetro experimental (Figuras 4.2 e
4.3) construído na estação experimental da UnB e operado na etapa experimental da tese
do doutorando Wilber Tapahuasco do Programa de Pós-Graduação em Geotecnia do
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília. O lisímetro
foi preenchido com amostras de resíduos sólidos urbanos (Tabela 4.1) oriundos do bairro
Vila Planalto/DF e apresentou como camada de cobertura material granular de entulho de
construção.
Figura 4.2 – Lisímetro experimental
drenagem
superficial
0,2 m
0,5m
2 m
3 m
fundação de
concreto
muro de
tijolo
cinta de
concreto
0,4 m
0,1 m
0,15 m
0,85 m
0,8 m
2%
2%
solo compacto
P2
P1
0,2 m 0,4 m
Figura 4.3 – Lisímetro experimental Características construtivas
48
Tabela 4.1 – Composição gravimétrica do resíduo sólido utilizado no preenchimento do
lisímetro.
(Tapahuasco, 2007)
4.2-INÓCULO UTILIZADO PARA PARTIDA DO SISTEMA
O inóculo utilizado para acelerar a partida do reator foi proveniente da saída do decantador
secundário para recirculação do lodo, do sistema de lodo ativado, da Estação de
Tratamento de Esgoto - ETE CAGIF da Rede Sarah de Hospitais (Brasília/DF). A
caracterização inicial do lodo se deu por meio de análises prévias de microscopia óptica de
luz comum e análises gravimétricas de sólidos totais e sólidos voláteis totais (Tabela 4.2).
Tabela 4.2 – Características do lodo utilizado como inóculo
ST (g/L) SVT (g/L) Caracterização microbiológica
6 5
- Protozoários (Filo Protozoa): Euplotes sp, Aspidisca sp,
Epistilis sp., Vorticella sp. e Arcella sp. (Classe Sarcodina);
- Metazoários (Filos Rotífera e Tardígrada);
- Bactérias com morfologias de bacilos e espirilos.
4.3-DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL
4.3.1-Etapa 1: Testes exploratórios em escala reduzida para estratégia de partida
O principal objetivo da primeira etapa da pesquisa foi estabelecer uma estratégia de
partida, a fim de verificar a carga máxima de lixiviado aplicável no sistema, bem como
identificar as condições experimentais e os parâmetros operacionais que possibilitassem
sua rápida partida com a adaptação da biomassa ao lixiviado. A investigação foi conduzida
em um béquer com volume útil de 1 litro, inoculado com 0,5 litro de lodo biológico e
alimentado com 0,5 litro de afluente. Esse último foi composto, em cada ensaio, por
diferentes diluições de lixiviado em esgoto sanitário.
Materiais Massa (Kg) Massa (%)
Papel 3,2 26,52
Plástico 3,035 25,16
Orgânico 5,585 46,29
Vidro 0 0
Borracha e têxtil 0,065 0,54
Metal 0,18 1,49
Outros 0 0
Peso total da amostra 12,065 100,00
49
4.3.1.1-Aparato experimental
A Figura 4.4 apresenta o desenho esquemático do aparato experimental da primeira etapa
da pesquisa e o reator em funcionamento.
(a)
(b)
Figura 4.4 – (a) Desenho esquemático do aparato experimental da 1ª Etapa (b) Reator em
operação da 1ª Etapa.
Para montagem do experimento utilizaram-se os seguintes materiais e equipamentos:
9 becker de vidro de 2,0 litros
9 medidor portátil de oxigênio dissolvido (Marca SCHOTT handylab OX 1/SET,
modelo 9009/61), com sensor de membrana, permitindo a leitura da concentração
de oxigênio dissolvido e da temperatura.
9 medidor de pH de bancada (Marca ORION, modelo 210).
9 controlador programável (timer), responsável pelas operações de
acionamento/parada das bombas de aeração, permitindo o controle dos tempos das
fases de aeração e descarte.
9 bomba difusora tipo aerador de aquário, acoplada à pedra porosa, instalada no
fundo do reator para permitir a injeção de microbolhas.
4.3.1.2-Estratégia de partida – adaptação da biomassa
A estratégia de partida, para verificar a adaptação da biomassa ao lixiviado, consistiu na
diluição do lixiviado com esgoto sanitário, oriundo da etapa preliminar do processo de
tratamento biológico da ETE Norte (CAESB), em proporções gradativas em relação ao
volume alimentado (Tabela 4.3).
50
Tabela 4.3 – Proporções gradativas de lixiviado equivalentes ao volume total alimentado
V
esgoto
V
Lixiviado
Ensaios
(%)
(mL)
(%)
(mL)
1
90 450 10 50
2
80 400 20 100
3
70 350 30 150
4
60 300 40 200
5
50 250 50 250
4.3.1.3-Operação do sistema e condução da pesquisa
O sistema foi operado em bateladas seqüenciais com ciclos de 24h. A fim de identificar as
condições que permitissem obter a adaptação da biomassa ao lixiviado, foram monitorados
dentro do reator os seguintes fatores: pH, temperatura e concentração de oxigênio
dissolvido. Os procedimentos eram realizados 3 vezes ao dia.
Após a alimentação do reator, a bomba de aeração era ligada para promover a aeração
durante 23 horas, após esse período desligava-se a aeração e o licor misto era deixado em
repouso por 1 hora para a separação do lodo biológico e do efluente. Ao término, fazia-se o
descarte do efluente clarificado e o lodo sedimentado era novamente utilizado para o
próximo ciclo operacional e assim sucessivamente.
A operação do reator se deu com temperatura controlada próxima de 30ºC (±1ºC),
conforme indicado pela literatura (Jianlong e Ning, 2004, Bae et al, 2002) em pesquisas de
remoção de nitrogênio amoniacal via nitrito. O reator foi mantido em uma câmara
climatizada, cujo controle da temperatura foi realizado por um sistema composto de sensor
controlador, ventilador e resistência elétrica (Figura 4.5).
O fornecimento de oxigênio ao sistema foi realizado por meio de um soprador de ar tipo
aerador de aquário acoplado a pedras porosas instaladas no fundo do reator e não houve
limitação no fornecimento de oxigênio. A agitação, para homogeneização do meio líquido,
era realizada por meio do próprio fornecimento de oxigênio.
51
Figura 4.5 – Câmara climatizada para controle da temperatura
4.3.2-Etapa 2: Pesquisa em reator em bateladas seqüenciais (RBS) para observação
do acúmulo de nitrito
Essa etapa foi conduzida em um reator operado em bateladas seqüenciais com volume útil
de 20 litros e dividida em duas fases: na primeira foram avaliadas, com aeração
prolongada, as influências de temperatura e da demanda de oxigênio dissolvido para
promover o acúmulo de nitrito (N-NO
2
-
); na segunda etapa foi estudada a influência do
tempo de detenção celular para se obter o nitrito no sistema.
4.3.2.1-Aparato experimental
A Figura 4.6 apresenta um desenho esquemático do reator em bateladas seqüenciais
utilizado durante a segunda etapa da presente pesquisa, com volume útil de 20 litros,
alimentado com lixiviado produzido a partir da degradação de resíduos sólidos urbanos.
Para montagem do experimento utilizaram-se os seguintes materiais e equipamentos:
9 reator construído em acrílico, com 30 cm de diâmetro e 43 cm de altura, resultando
em um volume total de aproximadamente 30 litros;
9 agitador mecânico dotado de um impelidor tipo turbina de pás planas (Schimidell,
2001), para homogeneização do licor misto;
9 controlador programável (timer), responsável pelas operações de
acionamento/parada das bombas de aeração, permitindo o controle dos tempos das
fases de aeração e descarte.
52
9 medidor portátil de oxigênio dissolvido (Marca SCHOTT handylab OX 1/SET,
modelo 9009/61), com sensor de membrana, permitindo a leitura da concentração
de oxigênio dissolvido e da temperatura.
9 medidor de pH de bancada (Marca ORION, modelo 210).
9 bomba difusora tipo aerador de aquário, acoplada à pedra porosa, instalada no
fundo do reator para permitir a injeção de microbolhas.
(1) Biorreator; (2) Sistema de agitação; (3) Sonda de
oxigênio dissolvido e temperatura; (4) Medidor de
oxigênio dissolvido e temperatura; (5) Sonda de pH
(6) Medidor de pH; (7) Bomba difusora tipo aerador
de aquário; (8) pedra porosa para distribuição do
fluxo de ar.
(a) (b)
Figura 4.6 – (a) Desenho esquemático do aparato experimental da 2ª etapa (b) Reator em
operação da 2ª Etapa
Vale ressaltar que os medidores de oxigênio dissolvido, temperatura e pH, não ficavam
constantemente imersos no reator e suas leituras eram efetuadas três vezes ao dia. A
velocidade de agitação foi determinada de acordo com a avaliação da operação do sistema,
porém não ultrapassou 100 rpm para minimizar a ruptura dos flocos microbiológicos
(Sarti, 2004). Para minimizar a formação de vórtice foram colocadas 4 chicanas
diametralmente opostas (Schimidell, 2001).
4.3.2.2-Operação do sistema e condução da pesquisa
Para partida do reator, estimou-se, a partir da concentração de sólidos suspensos voláteis
do inóculo, a quantidade, em volume, de biomassa aplicada no reator, a qual resultasse em
53
concentração inicial de sólidos suspensos voláteis dentro do reator igual a 4 g/L. Para
atingir tal perspectiva a biomassa foi mantida no RBS, durante 4 dias, sem alimentação,
apenas sob agitação mecânica e aeração contínua.
Após este período, deu-se a partida no reator, no qual a principio, para aclimatação do
sistema, o “afluente” foi composto de 95% de esgoto doméstico, oriundo da etapa
preliminar do sistema de tratamento biológico da Estação de Tratamento de Esgotos
Domésticos – ETE Brasília Norte, e 5% de lixiviado.
Essa estratégia foi adotada uma vez que o lixiviado, nessa segunda etapa, apresentou
concentrações de matéria orgânica e de nitrogênio amoniacal menores que o lixiviado da
primeira etapa, representando assim uma menor quantidade de carga orgânica e carga de
nitrogênio amoniacal aplicáveis no sistema do que na etapa 1.
Após 24 horas da partida, descartou-se apenas 5% do efluente e acrescentou 5% de
lixiviado no reator, fazendo-se a diluição diária de 5% lixiviado no próprio efluente até o
10º dia de operação. Após este período iniciou-se a introdução do lixiviado bruto no
sistema.
O reator foi operado em ciclos de 24 horas. O início do ciclo (Figura 4.7) dava-se com
alimentação do reator por gravidade. Após a alimentação, o sistema de agitação e aeração
era ligado e perdurava durante 23 horas, após esse período era desligado o sistema de
aeração e agitação, deixava-se o lodo sedimentar no reator para ser novamente utilizado no
próximo ciclo e em seguida fazia-se o descarte do efluente por gravidade. A caracterização
do lixiviado era efetuada a cada alimentação (afluente início do ciclo) e ao fim do ciclo
(efluente).
Figura 4.7 – Esquema da seqüência operacional do RBS com ciclo de 24h (sem escala)
54
Conforme mencionado anteriormente, a Etapa 2 da pesquisa foi dividida em duas fases:
9 Fase 01: Tempo de detenção celular de 100 dias
Nesta fase, com duração de 100 dias, foi avaliada a influência da temperatura e monitorada
a demanda de oxigênio dissolvido e o pH, no processo de acúmulo do nitrito (N-NO
2
-
).
Primeiramente (Fase 1A) o reator foi operado, durante 26 dias, a uma temperatura de 30ºC
(± 1°C). O reator foi mantido em uma câmara climatizada, cujo controle da temperatura foi
realizado por um sistema composto de sensor controlador, ventilador e resistência elétrica.
Durante os 74 dias restantes (Fase 1B) mudou-se a temperatura para 21ºC (± 1°C) onde era
mantido em uma sala com ar condicionado. Em ambas as fases não houve interferência no
fornecimento de oxigênio, bem como na manutenção do pH.
9 Fase 02: Tempo de detenção celular de 5 dias
Nesta fase buscou-se avaliar a influência do descarte da biomassa na predominância do
nitrito no sistema. O tempo de retenção celular estipulado foi de 5 dias. A operação do
reator se deu a temperatura entorno de 21°C (± 1°C) e sua duração foi de 17 dias.
4.3.3-Monitoramento do reator em batelada seqüencial (RBS)
A caracterização em ambas as etapas da pesquisa foi realizada por meio de amostras do
afluente (lixiviado) no início do ciclo e do efluente no final do ciclo, medindo-se as
concentrações de matéria orgânica (demanda química de oxigênio – DQO), das formas de
nitrogênio como: nitrogênio total kjeldahl (NTK), nitrogênio amoniacal, nitrito e nitrato, de
alcalinidade parcial (AP), intermediária (AI) e total (AT), de pH e temperatura.
Além da caracterização de entrada e saída do sistema, monitoraram-se no licor misto as
variáveis: pH, temperatura e oxigênio dissolvido, obtidas 3 vezes ao dia, bem como sólidos
totais (ST), sólidos totais voláteis (STV), sólidos suspensos totais (SST) e sólidos
suspensos voláteis (SSV) realizados inicialmente no final de cada ciclo e posteriormente
três vezes na semana.
55
4.3.3.1-Perfil ao longo do ciclo de operação
Na segunda etapa da pesquisa, após 22 dias de operação, foram obtidos os perfis temporais
ao longo do ciclo de operação de algumas variáveis monitoradas: pH, temperatura,
oxigênio dissolvido, N-NH
4
+
, N-NO
2
-
e N-NO
3
-
. Desta forma, foi possível obter a
visualização do acúmulo de nitrito e uma melhor compreensão das rotas de oxidação do
nitrogênio ao longo do ciclo, bem como visualizar o período de duração das etapas de
reação (aeróbia/anóxica) do ciclo operacional do RBS que permitisse a remoção do
nitrogênio amoniacal pela nitrificação e desnitrificação parcial.
As amostras retiradas para obtenção do perfil foram colhidas a cada uma hora até a
completa conversão do nitrogênio amoniacal. O volume total retirado nas amostragens foi,
no máximo, de 1,8 L, ou seja, menos de 20% do volume total do licor misto.
4.4-METODOLOGIAS UTILIZADAS NAS DETERMINAÇÕES ANALÍTICAS
As concentrações de amônia livre e ácido nitroso foram estimadas em função da
concentração de nitrogênio amoniacal, pH e temperatura, pela aplicação da Equação 4.1 e
4.2, respectivamente, apresentadas por Anthonisen et al. (1976).
As rotinas adotadas (Tabela 4.4) para análises do afluente e efluente do reator operado em
bateladas seqüenciais, foram baseadas no Standard Methods (APHA, 1999), exceto no
caso da determinação da alcalinidade que foi considerada a metodologia descrita por
Ripley et al (1986).
()()
pHCt
pH
livre
e
NNH
LmgNNH
10
10][
14
17
)/(][
º273/6344
4
3
+
×
×=
+
+
Equação (4.1)
()()
pHCt
e
NNO
LmgHNO
10
14
46
)/(
º273/2300
2
2
×
×=
+
Equação (4.2)
Sendo: t = temperatura
56
Tabela 4.4 – Parâmetros de monitoramento, método analítico e freqüência da análise
Parâmetro Método Analítico Freqüência
Nitrogênio Total (NTK)
1
Nessler (Hach – 8075) Diária
2
; 3x na semana
3
Nitrogênio Amoniacal Potenciométrico Diária
2
; 3x na semana
3
Nitrito
1
Diazotação (Hach – 8507) Diária
2
; 3x na semana
3
Nitrato
1
Redução Cádmio (Hach – 8039) Diária
2
; 3x na semana
3
DQO
1
Digestão em refluxo fechado
(micro)/Colorimétrico (Hach – 8000)
Diária
2
; 3x na semana
3
pH Potenciométrico Diária
2
; 3x na semana
3
Temperatura
Sonda de Compensação de Temperatura
Automática (ATC) – ORION 720A
Diária
2
; 3x na semana
3
Alcalinidade Titulométrico Diária
2
; 3x na semana
3
Sólidos Totais Gravimétrico Diária
2
; 3x na semana
3
Sólidos Voláteis Totais Gravimétrico Diária
2
; 3x na semana
3
Sólidos Suspensos Totais Gravimétrico 3x na semana
4
Sólidos Suspensos Voláteis Gravimétrico 3x na semana
4
1 – os procedimentos foram feitos de acordo com o manual e equipamentos da HACH.
2 – 1ª Etapa
3 – 2ª Etapa
4.4.1-Análises microscópicas e microbiológicas
4.4.1.1-Exames microscópicos
Neste trabalho foram realizados exames microscópicos com o intuito de caracterizar os
protozoários e micrometazoários presentes na biomassa proveniente de sistema de lodo
ativado, utilizada como inóculo do reator aeróbio em bateladas seqüenciais, bem como
monitorar a ocorrência dos mesmos no licor misto durante a operação do reator. Os exames
microbiológicos foram aplicados apenas na Etapa 2 da pesquisa e realizados pela bióloga
Drª. Mercia Regina Domingues, pesquisadora integrante da equipe do projeto inserido no
PROSAB 5 – Tema 3: Resíduos Sólidos.
As amostras do lodo ativado e do licor misto foram examinadas por microscopia óptica de
contraste de fase utilizando um microscópio Leica (Modelo DM LB2) acoplado a um
sistema de captura de imagens, composto por uma câmera de vídeo Leica (Modelo DFC
280) e por um programa de aquisição de imagens (Leica QWin V3), os quais permitiram
57
registrar e analisar qualitativamente os microrganismos presentes nas amostras, de acordo
com intervalos de ocorrência estabelecidos (Figura 4.8). As amostras foram analisadas, em
duplicata, em lâmina de vidro coberta com lamínula.
Figura 4.8 – Intervalos de freqüência utilizados na análise qualitativa dos protozoários e
micrometazoários presentes nas amostras do inóculo e do licor misto.
4.4.1.2-Estimativas das densidades de bactérias nitrificantes e desnitrificantes
As densidades das bactérias nitrificantes e desnitrificantes, provenientes do licor misto do
reator aeróbio em bateladas seqüenciais, foram estimadas com o objetivo de verificar e
comparar a ocorrência e a magnitude das populações de bactérias nitrificantes (oxidantes
de amônia e de nitrito) e desnitrificantes durante a operação do reator (61º e 100º dias) e
também ao final da operação do sistema (118º dia). A seguir estão descritos os
procedimentos utilizados para a realização da quantificação do Número Mais Provável
(NMP) das bactérias nitrificantes e desnitrificantes.
9 Bactérias nitrificantes: oxidantes de amônia e oxidantes de nitrito
A estimativa do Número Mais Provável (NMP) de bactérias nitrificantes foi realizada de
acordo com o método descrito por Mendonça (2002), utilizando a tabela padrão de
probabilidade de Alexander (1982). As diluições decimais da amostra de licor misto
(inóculo) foram realizadas em frascos de vidro contendo 9,0 mL de água de diluição. Foi
adicionada quantidade mínima de CaCO
3
, em cada tubo de ensaio, para tamponar a
solução. Periodicamente os tubos eram agitados para a correção do pH. Foi feita a
esterilização dos tubos, em autoclave, por 20 minutos sob pressão de 1 atm e temperatura
de 120ºC.
A inoculação da amostra de licor misto foi realizada em frascos de vidro contendo meio de
cultivo específico (Mendonça 2002). Foi adicionado 1mL de amostra previamente diluída,
sob condições de assepsia, em cada tubo de ensaio contendo o meio de cultura. As
58
soluções estoques utilizadas para o preparo dos meios de cultivo específicos para o
crescimento das bactérias oxidantes de amônia e oxidantes de nitrito estão descritos no
Apêndice E. A Figura 4.9 apresenta o diagrama esquemático da diluição e da inoculação da
amostra de licor misto.
10
-1
10
-2
10
-3
10
-6
10
-7
licor
misto
10
-1
10
-2
10
-3
10
-4
10
-7
10
-8
1mL 1mL
1mL
1mL
1 ml
Frascos de
inoculação
Frascos de
diluição
1 ml 1 ml 1 ml 1 ml 1 ml
10
-1
10
-2
10
-3
10
-6
10
-7
licor
misto
10
-1
10
-2
10
-3
10
-4
10
-7
10
-8
1mL 1mL
1mL
1mL
1 ml
Frascos de
inoculação
Frascos de
diluição
1 ml 1 ml 1 ml 1 ml 1 ml
Figura 4.9 - Diagrama esquemático da diluição e da inoculação do licor misto na técnica do
NMP
(Domingues, 2001)
9 Bactérias desnitrificantes
A estimativa da densidade de bactérias desnitrificantes também foi realizado de acordo
com o método descrito por Mendonça (2002) e quantificada pelo o Número Mais Provável
(NMP), utilizando a tabela padrão de probabilidade de Alexander (1982). As diluições
decimais da amostra de licor misto (inóculo) foram realizadas nas mesmas condições
descritas no item anterior. A inoculação da amostra de licor misto (0,5mL) foi feita em
frascos de vidro contendo 4,5 mL de meio nutriente Broth (Biobrás Diagnóstico), seguindo
o mesmo procedimento utilizado para a inoculação das bactérias nitrificantes.
4.4.2-Análises de imagens dos flocos microbianos
Na segunda etapa da pesquisa foram feitos os ensaios das análises de imagem para
caracterização morfológica dos flocos que foram realizados pela Drª. Yovaka Pérez
Ginoris, pesquisadora colaboradora do PTARH/ENC/UnB. A aquisição das imagens dos
flocos de lodo ativado foi realizada mediante o uso do sistema de aquisição e análise de
imagens disponível no Laboratório de Análise de Água do Programa de Pós-Graduação em
Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos. Este sistema consta de um microscópio óptico
59
Leica (DM LB2) acoplado a uma câmera de vídeo Leica (DFC 280) conforme mostrado na
Figura 4.10.
Para efetuar a aquisição das imagens dos agregados microbianos, amostras de lodo foram
coletadas no sistema RBS em operação e imediatamente 1 gota da amostra era
cuidadosamente depositada em uma lâmina e coberta com lamínula para visualização e
aquisição das imagens digitais utilizando a técnica de microscopia em campo claro e
aumento total de 50 X. Para cada amostra de lodo analisada foi adquirido um total de 100
imagens digitais em escala de cinza (256 níveis) com dimensões de 1280 x 1024 pixels, as
quais foram salvas em formato JPEG para posterior tratamento.
Figura 4.10 – Sistema de aquisição de imagem
As imagens digitais dos flocos de lodo ativado foram posteriormente analisadas por meio
do software comercial de processamento digital de imagens Leica Qwin Pro versão 3.2.0
(Leica Microsystem Image Solution 2003). Os parâmetros morfológicos analisados,
conforme metodologia proposta por Ginoris (2006) com modificações, foram:
diâmetro equivalente (Deq): Expresso como o diâmetro do círculo de superfície
igual à do objeto convertido a unidades métricas.
Circularidade (Circ): fator adimensional que descreve a circularidade do objeto,
quanto mais próximo de 1, mais circular é o objeto.
60
razão de aspecto (RA): sensível a extensão do objeto. Objetos mais alongados
apresentam maior valor desse parâmetro. A razão de aspecto é determinada a partir
da relação entre o comprimento e a largura do objeto. Este parâmetro apresenta
valor 1 para objetos circulares e maiores que 1 para objetos diferentes de um
circulo.
4.5-TRATAMENTO DE DADOS E ANÁLISE DE RESULTADOS
Após a realização dos experimentos os dados foram tratados utilizando a planilha Excel®
versão 2007, para cálculo dos valores mínimos, médios, máximos e desvio padrão das
amostras analisadas.
Para realização do balanço de massa foram utilizadas as equações proposta por Queiroz
(2005). O cálculo da carga de nitrogênio amoniacal é apresentada pela Equação 4.3, onde:
C
AF
N-NH
4
+
é a concentração de nitrogênio amoniacal afluente e Q
A
é a vazão de
alimentação. As Equações 4.4, 4.5 e 4.6, bem como as Equações 4.7, 4.8 e 4.9, retratam,
respectivamente, o início e final das etapas aeradas do ciclo.
AAFg
QNHNCdiakgNHNdeC ×=
++
44
)/( Equação 4.3
¾ Início da etapa aerada do ciclo
MLML
VNHNCNHNdeM ×=
++
44
Equação 4.4
MLML
VNONCNONdeM ×=
22
Equação 4.5
MLML
VNONCNONdeM ×=
33
Equação 4.6
¾ Final da etapa aerada do ciclo
)(
44 RAMLML
VVNHNCNHNdeM ×=
++
Equação 4.10
)(
22 RAMLML
VVNONCNONdeM ×=
Equação 4.11
61
)(
33 RAMLML
VVNONCNONdeM ×=
Equação 4.12
Onde:
M = massa;
C
ML
= concentração na massa líquida;
V
ML
= volume da massa líquida;
V
RA
= volume retirado para análise.
Com relação às análises das imagens digitais dos flocos foi determinada a distribuição de
freqüências do diâmetro equivalente dos mesmos para cada condição experimental
analisada, empregando o software estatístico de análises de dados Statistica Versão 6
(Statsoft, Inc., 2001)
62
5-RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados obtidos na fase experimental em
escala de bancada das duas etapas: a primeira de testes exploratórios em escala reduzida,
na qual foi determinada a estratégia de partida, e a segunda conduzida no reator com
volume útil de 20 litros, para avaliação da geração de nitrito na fase aeróbia e eficiência de
conversão do nitrogênio amoniacal.
5.1-ETAPA 1: TESTES EXPLORATÓRIOS EM ESCALA REDUZIDA PARA
ESTRATÉGIA DE PARTIDA
Nessa etapa são apresentados os resultados referentes ao período de operação no qual o
principal objetivo era verificar a carga máxima de lixiviado aplicável no sistema. Na
Tabela 5.1 são apresentadas as concentrações dos parâmetros analisados na caracterização
inicial do lixiviado e do esgoto, utilizados na estratégia de partida.
Tabela 5.1 - Concentrações dos parâmetros analisados na caracterização inicial do
lixiviado e do esgoto utilizados na estratégia de partida da Etapa 1.
Parâmetros Lixiviado Esgoto
T (°C) 24,5 23,8
pH 7,6 7
DQO (mg/L) 67700 332
Parcial 907 101
Intermediária 2858 21
Alcalinidade
(mg/L de CaCO
3
)
Total 3766 122
Nitrogênio Total (mg/L) 1410 98
N-NH
4
(mg/L) 1373 49
Sólidos Totais (g/L) 17 0,3
Sólidos Totais Voláteis (g/L) 9 0,2
O lixiviado apresentou em sua composição elevada concentração de matéria orgânica e de
nitrogênio amoniacal, equivalentes a 67700 mgDQO/L e 1373 mgN-NH
4
+
/L,
respectivamente, caracterizando um lixiviado novo. A concentração de sólidos totais acima
de 17g/L e de sólidos totais voláteis, próximo de 9g/L, demonstra que o lixiviado
apresentou em sua composição uma quantidade significativa de sólidos inertes.
63
Os valores máximos das cargas orgânicas e de nitrogênio aplicadas ao sistema foram
equivalentes a 9 kgDQO/m³.dia e 0,35 kgN-NH
4
+
/m³.dia (Figuras 5.1 e 5.2),
respectivamente. Essas cargas foram observadas no ensaio 5 quando o sistema foi
alimentado com 50% do afluente composto por lixiviado.
Após a aplicação das cargas de matéria orgânica e nitrogênio, no ensaio 5, foi verificado
que o sistema não respondeu de forma satisfatória a elevação dos valores das cargas. A
tentativa de aplicação de cargas mais elevadas, ou seja, alimentação do sistema com
lixiviado menos diluído resultou em grande acúmulo de sólidos no sistema (Figura 5.3)
tornando impossível a coleta de efluente para análise.
O valor medido dos sólidos totais no licor misto, no ensaio 5, foi equivalente a 12 g/L,
representando um expressivo acúmulo de sólidos no sistema, quando comparado com o
valor inicial de aproximadamente 7 g/L. Provavelmente parte desses sólidos foi
incorporada ao floco biológico, como material de degradação mais lenta, alterando as
características de sedimentabilidade. Apesar de não se ter realizado analises rotineiras de
sólidos totais e sólidos totais voláteis do afluente (lixiviado + esgoto), ou seja, a cada nova
diluição, com a análise inicial do lixiviado pode-se inferir que a grande quantidade de
sólidos acumulados no sistema se deve a concentração desses no lixiviado.
A relação A/M (Figura 5.4) apresentou grande variabilidade nos seus valores ao longo dos
ensaios, acompanhando a variação observada nos valores da DQO afluente (Figura 5.5).
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12345
Ensaios
Carga Orgânica Aplicada
(kgDQO/m³.dia)
Figura 5.1 – Carga orgânica aplicada no sistema - Etapa 1 (T =
30º C).
64
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
12345
Ensaios
Carga de Nitrogênio Aplicada
(kgN-NH
4
+
/m³.dia)
Figura 5.2 – Carga de nitrogênio aplicada no sistema - Etapa 1 (T =
30º C).
0
2
4
6
8
10
12
12345
Ensaios
Concentração de Sólidos
Totais (g/L)
Figura 5.3 – Sólidos totais no licor misto - Etapa 1 (T =
30º C).
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
12345
Ensaios
Relação
Alimento/Microrganismo
Figura 5.4 – Relação alimento/microrganismo - Etapa 1 (T =
30º C).
65
100
3100
6100
9100
12100
15100
18100
12345
Ensaios
Concentração DQO (mg/L)
DQO Afluente DQO Efluente
Figura 5.5 – Caracterização afluente e efluente - DQO - Etapa 1 (T =
30º C).
A análise dos valores das concentrações de DQO afluente e efluente (Figura 5.5) indica
que o sistema apresentou elevadas remoções de DQO, porém os valores da DQO residual
ainda foram bastante significativos. Na Figura 5.6 estão apresentados os valores medidos
de alcalinidade total (afluente e efluente). O afluente apresentou pH próximo de 8, ao
longo de todos os ensaios, e valores significativos de alcalinidade, suficiente para
manutenção do pH efluente em valores elevados, próximo de 8,4 (± 0,3) apesar da
ocorrência da nitrificação.
200
1200
2200
3200
4200
5200
6200
7200
12345
Ensaios
Alc. Total (mg/L de CaCO
3
)
Alc. Total Afluente Alc. Total Efluente
Figura 5.6 – Caracterização afluente e efluente - Alcalinidade total - Etapa 1 (T =
30º C).
Os valores das concentrações, afluente e efluente, de nitrogênio total e de nitrogênio
amoniacal (Figura 5.7) e nitrato efluente (Figura 5.8) indicaram que grande parte do
nitrogênio amoniacal afluente, principalmente nas condições experimentais dos ensaios 1,
2 e 3, foi convertido em nitrato pelo processo de nitrificação. No entanto, há de se salientar
que com relação à metodologia de análise de determinação de nitrato (Hach – 8039), pode
66
ser que essa não seja ideal para determinação em lixiviados de aterro sanitários, pois pode
apresentar valores superestimados de concentração.
0
120
240
360
480
600
720
12345
Ensaios
Concentrações de NTK (mg/ L)
e N-NH
4
+
(mg/L)
NTK Afluente N-NH4 Afluente NTK Efluente N-NH4 Efluente
Figura 5.7 – Caracterização afluente e efluente - NTK e N-NH
4
+
- Etapa 1 (T = 30º C).
0
50
100
150
200
250
300
350
12345
Ensaios
Concentração NO
3
-
(mg/L)
Efluente
Figura 5.8 – Caracterização afluente e efluente – NO
3
-
- Etapa 1 (T = 30º C).
Devido a problemas para determinação das concentrações de nitrito só foi possível a
realização dessa análise para os ensaios 4 e 5, obtendo-se valores no efluente de 17 e 0,5
mgN-NO
2
-
/L, respectivamente. Bae et al. (2002), em pesquisa cujo objetivo era acúmulo
de nitrito em RBS e utilizando água residuária sintética, obteve no máximo 22,4 mgN-
NO
2
-
/L. A Tabela 5.2 apresenta as concentrações de alguns parâmetros de monitoramento
obtidos para os ensaios 1, 2, 3, 4 e 5.
De acordo com os dados apresentados, pode-se inferir que o principal problema
operacional verificado foi à interferência das elevadas concentrações de sólidos que
entraram no sistema, decorrentes dos menores valores de diluição do lixiviado. Esse
problema operacional, advindo da característica do lixiviado, foi o fator preponderante
67
para a impossibilidade da operação do sistema com cargas mais elevadas, ou seja,
alimentação do reator com lixiviado bruto. Portanto, face a esses empecilhos optou-se por
não adotar essa estratégia para a próxima etapa, pois poderia ocorrer novamente o mesmo
problema operacional.
Tabela 5.2 - Concentrações das variáveis de monitoramento dos ensaios considerando um
ciclo aeróbio de 24h na Etapa 1 (T =
30º C).
DQO
mg/L
N-total
mgN/L
N-amoniacal
mgN-NH
4
+
/L
Nitrato
mgN-NO
3
-
/L
Nitrito
mgN-NO
2
-
/L
Afluente Efluente Afluente Efluente Afluente Efluente Efluente Efluente
Ensaio 1 3800 228 173 53 156 0,8 67 -
Ensaio 2 4850 226 308 45 277 0,2 77 -
Ensaio 3 14400 559 465 60 406 2,7 70 -
Ensaio 4 11750 822 593 90 552 11 27 17
Ensaio 5 16550 832 720 128 685 71 5 0,5
5.2-ETAPA 2: REATOR OPERANDO EM BATELADAS SEQÜENCIAIS (RBS)
PARA OBSERVAÇÃO DO ACÚMULO DE NITRITO
5.2.1-Fase 1: Tempo de detenção celular de 100 dias
Segundo Verstraete e Philips (1998) a temperatura exerce influência direta na velocidade
específica de crescimento dos microrganismos, favorecendo em determinadas
temperaturas, o crescimento das bactérias oxidantes de amônia em detrimento das
oxidantes de nitrito. Contudo nesta fase, trabalhou-se os primeiros 26 dias (Fase 1A), com
temperatura de 30ºC (± 1°C) e nos 74 dias restantes (Fase 1B) com temperatura de 21ºC (±
1°C).
5.2.1.1-Fase 1A: RBS mantido a T = 30ºC
A seguir são apresentados os resultados referentes ao período de operação no qual o reator
foi mantido a uma temperatura de aproximadamente 30ºC. Tanto para o pH, quanto para a
demanda de oxigênio dissolvido, não houve interferência no seu valor.
A Tabela 5.3 apresenta as concentrações dos parâmetros analisados na caracterização
inicial do lixiviado e do esgoto, utilizados na partida do reator na etapa 2.
68
Tabela 5.3 - Concentrações dos parâmetros analisados na caracterização inicial do
lixiviado e do esgoto utilizados para a partida do reator na etapa 2.
Parâmetros Lixiviado Esgoto
T (°C) 25,1 25,3
pH 7 6,8
DQO (mg/L) 28150 612
Parcial 1742 124
Intermediária 2969 29
Alcalinidade
(mg/L de CaCO
3
)
Total 4711 153
Nitrogênio Total (mg/L) 1230 68
N-NH
4
(mg/L) 868 25
Sólidos Totais (g/L) 18 0,4
Sólidos Totais Voláteis (g/L) 8,3 0,3
O lixiviado apresentou em sua composição uma concentração de matéria orgânica e de
nitrogênio amoniacal, equivalentes a 28150 mgDQO/L e 868 mgN-NH
4
+
/L,
respectivamente, caracterizando um lixiviado novo, porém bem abaixo das concentrações
67700 mgDQO/L e 1373 mgN-NH
4
+
/L, apresentadas pelo lixiviado da etapa 1. No entanto
a concentração de sólidos totais próximo de 18 g/L e de sólidos totais voláteis, próximo de
8 g/L, demonstra que o lixiviado apresentou concentrações parecidas com o lixiviado da
etapa 1 (17 gST/L e 9 gSTV/L), indicado novamente que o lixiviado continha em sua
composição uma quantidade significativa de sólidos inertes.
Como o lixiviado nessa segunda etapa apresentou concentrações de matéria orgânica e de
nitrogênio amoniacal menores que o lixiviado da primeira etapa, representando assim uma
menor quantidade de carga orgânica e carga de nitrogênio amoniacal aplicáveis no sistema
do que na etapa 1, optou-se, para essa segunda etapa, que a partida do reator não fosse com
diluições gradativas e sim com 95% de esgoto doméstico e 5% de lixiviado nas primeira 24
horas e posteriormente durante 10 dias os mesmos 5% de lixiviado fosse diluído no próprio
efluente do reator oriundo do ciclo anterior.
A Tabela 5.4 mostra os valores médios, mínimos, máximos e desvio padrão obtidos para as
amostras do afluente e efluente do reator. Na Figura 5.9, são mostrados os valores da
eficiência de conversão de nitrogênio amoniacal, bem como a eficiência de remoção de
nitrogênio ao longo do período de operação. Para o cálculo da eficiência de remoção de
nitrogênio considerou-se as formas: NTK (nitrogênio orgânico e nitrogênio amoniacal),
nitrito e nitrato, no afluente e no efluente do reator.
69
Tabela 5.4 - Variáveis de monitoramento com ciclo aeróbio de 24h, θ = 100 dias e T =
30ºC (n = 20) na Fase 1A
Afluente Efluente
Parâmetros
Variação Média
Desv.
Pad.
Variação Média
Desv.
Pad.
pH
7 - 9 8,3 1 7,0 - 9,2 8,5 1
Bruta
170 - 1950 1252 464 66 – 1300 421 410
DQO (mg/L)
Filtrada
162 - 1675 919 400 0 – 835 317 292
Parcial
113 - 1894 954 761 38 - 1485 740 601
Inter.
80 - 495 278 130 19 - 362 163 129
Alcalinidade
(mg CaCO
3
/L)
Total
151 - 2294 1207 885 57 - 1837 903 727
Bruta
58 - 180 132 29 53 – 135 111 30
NTK (mg/L)
Filtrada
44 – 158 74 20 38 - 75 61 12
N-NH
4
(mg/L)
5 - 170 69 54 0 - 6 1 2
N-NO
3
-
(mg/L)
3 - 104 44 30 40 - 106 65 20
N-NO
2
-
(mg/L)
0 – 4 1 2 0 - 4 1 1
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
0 2 4 6 8 101214161820222426
Tempo (dias)
Remoção de N-NH
4
+
e
Nitrogênio Total (%)
Ef. de N-NH4 Ef. de Nitrogênio Total
Figura 5.9 – Eficiência da conversão de N-NH
4
. e eficiência de remoção de nitrogênio na
Fase 1A (θ = 100 e T = 30ºC).
Da Figura 5.9 pode-se verificar que a eficiência de conversão de nitrogênio amoniacal
variou de 91 a 100% com média de 99% (± 2,0) e de 6 a 54 com média de 22 (± 12) para
eficiência de remoção de nitrogênio total. A diferença no percentual de remoção entre as
duas formas de nitrogênio pode ser justificada pelo fato da existência significativa de
nitrato no afluente e de grande parte do nitrogênio amoniacal no afluente ter sido
convertido a nitrato pelo processo de nitrificação (Tabela 5.4). Novamente, há de se
salientar que com relação à metodologia de análise de determinação de nitrato (Hach –
8039), pode ser que essa não seja ideal para determinação em lixiviados de aterro
sanitários, pois pode apresentar valores superestimados de concentração.
Nas Figuras 5.10 e 5.11 são apresentadas as variações de cargas de nitrogênio amoniacal e
orgânico aplicadas no sistema. A relação A/M é apresentada pela Figura 5.12. As
70
concentrações de DQO e nitrogênio amoniacal (afluente e efluente) estão apresentadas
pelas Figuras 5.13 e 5.14, respectivamente. As concentrações de nitrato afluente e efluente
estão ilustradas na Figura 5.15.
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
02468101214161820222426
Tempo (dias)
Carga N-NH
4
+
Aplicada
(kg/m³.dia)
Figura 5.10 – Carga de nitrogênio amoniacal volumétrica aplicada no sistema na Fase 1A
(θ = 100 e T = 30ºC).
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
0 2 4 6 8 101214161820222426
Tempo (dias)
Carga Orgânica Aplicada
(kgDQO/m³.dia)
Figura 5.11 – Carga orgânica volumétrica aplicada no sistema na Fase 1A (θ = 100 e T =
30ºC).
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26
Tempo (dias)
Relação A/M
(kgDQO/kgSSV.dia)
Figura 5.12 – Relação Alimento/Microrganismo na Fase 1A (θ = 100 e T=30ºC).
71
60
460
860
1260
1660
2060
0 2 4 6 8 101214161820222426
Tempo (dias)
Concentração DQO
(mg/L)
Afluente Efuente
Figura 5.13 – Concentração de DQO afluente e efluente na Fase 1A (θ = 100 e T=30ºC).
0
50
100
150
200
02468101214161820222426
Tempo (dias)
Concentração N-NH
4
+
(mg/L)
N-NH4 Afluente N-NH4 Efluente
Figura 5.14 – Concentração de N-NH
4
afluente e efluente na Fase 1A (θ = 100 e T = 30ºC).
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
0 2 4 6 8 101214161820222426
Tempo (dias)
Concentração de N-NO
3
-
(mg/L)
N-NO3- Afluente N-NO3- Efluente
Figura 5.15 – Concentração de N-NO
3
afluente e efluente na Fase 1A (θ = 100 e T=30ºC).
Conforme apresentado pelas Figuras 5.10 e 5.11, os valores máximos das cargas de
nitrogênio amoniacal e orgânica aplicadas no sistema, nesta Fase 1A, foram de 0,085 kgN-
NH
4
+
/m³.dia e 1,4 kgDQO/m³.dia, respectivamente. Analisando-se, juntamente com a
72
relação A/M (Figura 5.12), observou-se uma variabilidade ao longo da operação 0,004 a
0,4 (0,2 ± 0,13), coincidindo com o comportamento das variações observadas na DQO e
nitrogênio amoniacal afluentes, Figuras 5.13 e 5.14, respectivamente.
Apesar do lixiviado apresentar uma característica bastante variável, com concentração de
DQO entre 170 e 1950 mg/L e N-NH
4
+
de 5 a 170 mg/l N-NH
4
+
(Tabela 5.4 e Figura 5.13
e 5.14) e eficiência de remoção de matéria orgânica, por meio das amostras filtradas e não
filtradas, em média 67% e 74% (Apêndice B), respectivamente. O sistema respondeu de
forma satisfatória, indicando um curto tempo de adaptação da biomassa, uma vez que
apresentou boa percentagem de eficiência de conversão de nitrogênio amoniacal e
indicando um lixiviado sem toxicidade. O fato da concentração de nitrogênio amoniacal no
efluente encontrar-se abaixo do limite de detecção, pelo método adotado, indica que o
reator foi operado em condições tais que proporcionaram um bom desempenho na
conversão do nitrogênio amoniacal.
Analisando-se a Figura 5.15, verifica-se que a quantidade média de nitrato afluente foi de
44 mg/L (Tabela 5.4) sendo menor que a concentração de nitrato efluente (média de 65
mg/L), indicando que apesar do lixiviado ter como característica quantidade expressiva de
nitrato, parte do nitrogênio amoniacal afluente foi convertido a nitrato pelo processo de
nitrificação.
Durante o período de monitoramento do reator na fase 1A, não foi detectado concentrações
significativas de nitrito tanto no afluente quanto no efluente. Porém, as análises realizadas
em períodos intermediários do ciclo (perfil temporal), os quais serão discutidos mais
adiante, permitiram observar concentrações maiores de nitrito em período de intervalos
maiores.
Na Tabela 5.5 são apresentados os valores mínimos, máximos, média e desvio padrão das
análises de frações de sólidos do licor misto obtidos na Fase 1A. Na Figura 5.16 são
apresentadas as concentrações de sólidos obtidas no período em que a biomassa foi
inoculada e mantida no RBS sem alimentação, sob agitação mecânica e aeração contínua.
Os valores da série de sólidos adquiridos durante o período de operação estão
representados graficamente pela Figura 5.17.
73
Tabela 5.5 – Concentração de sólidos no licor misto com ciclo aeróbio de 24h, θ = 100 dias
e T=30ºC na fase 1A (n=25)
Concentração de sólidos (g/L) Variação Média Desv. Pad.
Sólidos Totais 6,4 – 11,7 6,5 2,1
Sólidos Voláteis Totais 4,0 – 6,0 4,8 0,4
Sólidos Suspensos Totais 4,7 – 6,9 5,7 0,7
Sólidos Suspensos Voláteis 2,8 – 5,2 4,0 0,7
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
01234
Dias
Concentração de sólidos
(g/L)
Sólidos Totais Sólidos Totais Voláteis
Sólidos Suspensos Totais Sólidos Suspensos Voteis
Figura 5.16 – Concentração de sólidos do inóculo mantido no reator sem alimentação.
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
0 2 4 6 8 101214161820222426
Tempo (dias)
Concentração de sólidos
(g/L)
Sólidos Totais Sólidos Totais Voteis
lidos Suspensos Totais Sólidos Suspensos Voláteis
Figura 5.17 – Concentração de sólidos no licor misto na Fase 1A (θ = 100 e T=30ºC).
Conforme explicado no item 4.3.2.2, primeiramente manteve-se o inóculo no reator, por
um período de 4 dias, sem alimentação, sob agitação mecânica e aeração contínua.
Analisando a Figura 5.18 pode-se observar que a concentração de sólidos totais, sólidos
voláteis totais e os sólidos suspensos totais apresentaram pouca queda quando comparados
com os sólidos suspensos voláteis. Esses por sua vez apresentaram uma queda significativa
de 6,7 g/L, inicialmente aplicado, a 4,4 g/L encontrados no segundo dia, e se mantiveram
nos 3º e 4º dias.
74
Com a estratégia adotada conseguiu-se que a concentração de sólidos suspensos voláteis na
partida do sistema (t = 0, Figura 5.19) fosse igual a 4,1 g/L, satisfazendo a condição inicial
adotada de 4 g/L. Essa condição inicial favoreceu a partida do sistema com baixa relação
A/M igual a 0,2 kgDQO/kgSSV.dia (Figura 5.12).
Pode-se observar na Figura 5.17, que a quantidade de sólidos totais no sistema a partir do
12º dia de operação começa aumentar, se tornando estável em 11g/L entre o 14º e 26º dia
de operação. No entanto, a quantidade de sólidos totais voláteis, sólidos suspensos totais e
sólidos suspensos voláteis não apresenta a mesma tendência, indicando um expressivo
acúmulo de sólidos inertes no sistema, isso talvez se deva a concentração desses no
lixiviado, conforme inicialmente apresentado na Tabela 5.3.
No processo de remoção de nitrogênio, é interessante que se mantenha o pH acima 6,5
(USEPA, 1993). Segundo Castro Daniel (2005), a manutenção de valores elevados de pH
no reator pode favorecer o acúmulo de nitrito por meio da presença de amônia livre. Para
tanto, deve-se operar o reator em valor de pH que possibilite maior atividade de
organismos nitritantes em detrimento aos nitratantes, uma vez que, o equilíbrio entre o íon
amônio e amônia livre é afetado pelo valor de pH da solução. No entanto, quando a
oxidação do nitrogênio amoniacal ocorre, há liberação de íons H
+
que diminuirão o pH
dependendo da capacidade tampão do sistema, assim, o nitrito formado existirá em
equilíbrio com a concentração de ácido nitroso.
Na Figura 5.18 são apresentados os valores da alcalinidade parcial e intermediária no
afluente e efluente durante os 26 dias de operação. Nota-se que o afluente apresentou, ao
longo do período de operação, valores significativos de alcalinidade parcial em detrimento
da alcalinidade intermediária, suficiente para a manutenção do pH em valores acima de 8,
mesmo apesar da ocorrência da nitrificação.
Queiroz (2005) operando um reator em batelada seqüências, e trabalhando com
concentrações afluentes da ordem de 200, 300 e 500 mg/L, obteve a predominância de
nitrito como forma oxidada de nitrogênio em pH 8,3. Os valores mostrados na Tabela
5.4, indicam que houve pouca variação do pH e se mantiveram próximos do utilizado por
Queiroz (2005).
75
0
400
800
1200
1600
2000
0 2 4 6 8 101214161820222426
Tempo (dias)
Concentração de Alcalinidade
(mgCaCO
3
/L)
Alc. Parcial Afluente Alc. Parcial Efluente
Alc. Intermediária Afluente Alc. Intermediária Efluente
Figura 5.18 – Concentração da alcalinidade afluente e efluente na Fase 1A (θ = 100 dias e
T=30ºC).
9 Perfil temporal ao longo do ciclo de operação de 24 horas com T = 30ºC
No 22º dia de operação foram obtidos, em réplica, os perfis temporais de nitrogênio
amoniacal, nitrato, nitrito, oxigênio dissolvido e pH. As cargas orgânica e de nitrogênio
amoniacal aplicadas ao sistema foram de 1,2 kgDQO/m³.dia e 0,04 kgN-NH
4
+
/m³.dia,
respectivamente. A relação A/M foi de 0,3 kgDQO/kgSSV.dia e a concentração de SSV no
final do ciclo foi de 4,2 g/L.
As Figuras 5.19 e 5.20 apresentam, respectivamente, os perfis temporais da série de
nitrogênio e de oxigênio dissolvido e pH do 22º dia de operação.
0
10
20
30
40
50
60
70
012345678
Tempo (horas)
Concentração de N-NH
4
+
,
N-NO
3
-
e N-NO
2
-
(mg/L)
Nitrogênio Amoniacal Nitr ato Nitrito
Figura 5.19 – Perfil temporal das concentrações de N-NH
4
+
, N-NO
3
-
e N- NO
2
-
, obtido no
22º dia de operação na Fase 1A (θ = 100 dias e T=30ºC).
76
0
1
2
3
4
5
6
012345678
Tempo (horas)
Concentração oxigênio
dissolvido (mg/L)
0
2
4
6
8
10
12
14
pH
Oxigênio Dissolvido pH
Figura 5.20 – Perfil temporal do pH e concentração de oxigênio dissolvido, obtido no 22º
dia de operação na Fase 1A (θ = 100 dias e T = 30ºC).
A partir das concentrações apresentadas na Figuras 5.19, nota-se que o tempo de ciclo de
24 horas foi excessivo, uma vez que todo o nitrogênio amoniacal foi convertido em 8
horas. Observa-se que a presença de nitrito se dá logo na primeira hora e vai
gradativamente aumentando mantendo-se praticamente estável no sistema entre a 4ª e 6ª
hora, com concentração média de 6 mgN-NO
2
-
/L (±0,5).
Observa-se que a concentração de nitrato no sistema, com t=0, foi maior que a
concentração de nitrogênio amoniacal, isso provavelmente é devido ao fato de permanecer
concentrações de nitrato no sistema no final do ciclo anterior, uma vez que somente se
trabalhou com a etapa de nitrificação.
Verifica-se que a soma das quantidades de nitrogênio como nitrato e nitrito, formados ao
longo do ciclo, não se iguala à quantidade de nitrogênio inicial (N-NH
4
+
e N-NO
3
-
, no t=0),
este resultado pode indicar três hipóteses: (i) ocorrência de perda de nitrogênio amoniacal
por stripping, uma vez que o lixiviado apresentou valores de pH acima 8,5 permitindo que
parte do nitrogênio amoniacal escapasse para atmosfera; (ii) a ocorrência de nitrificação e
desnitrificação simultâneas, possibilitada pelos baixos valores das concentrações de
oxigênio dissolvido, devido à atividade dos microrganismos, ou (iii) a formação de óxido
nitroso (N
2
O), forma de nitrogênio não monitorada, que pode ser produzido durante as
etapas de nitrificação e desnitrificação de lodos ativados sendo lançados para atmosfera.
77
Com relação à terceira hipótese Itokawa et al. (2001) ao estudar o efeito da influência da
relação DQO/N na emissão de N
2
O com uso de um reator com aeração intermitente,
concluiu que na presença de nitrito, a desnitrificação endógena causada pela baixa razão
DQO/N, na fase anóxica, favoreceu a emissão de N
2
O. Segundo Okayasu et al. (1997), o
nível de OD é um parâmetro chave na produção de óxido nitroso. No processo de oxidação
da amônia as baixas concentrações de OD, tendem a nitrificação e desnitrificação
simultânea, resultando na liberação elevada da concentração de N
2
O.
A baixa concentração de oxigênio dissolvido durante as primeiras 5 horas de operação
(Figura 5.20) até a ocorrência do pico de nitrito, pode ter contribuído com o aumento
gradativo da concentração de nitrito. Segundo estudos de Ciudad et al. (2005), o máximo
acúmulo de nitrito foi observado com valores de concentração de OD entorno de 1,0 mg/L
e 1,4 mg/L.
Observa-se nas Figuras 5.19 e 5.20, que a concentração de OD começou aumentar logo
após o pico de concentração de nitrito, devido à diminuição da disponibilidade de
nitrogênio amoniacal no meio líquido. A partir desse momento o sistema não mais manteve
o nitrito presente no reator.
Na Figura 5.20 nota-se ainda que a variação dos valores de pH foi muito pequena. Esta
pequena alteração dos valores de pH, próximo de 8,8 (±0,2), ocorreu de acordo com o
esperado, uma vez que, a alcalinidade afluente, analisada no monitoramento rotineiro da
Fase 1A, já apresentava uma capacidade suficiente de tamponamento.
As concentrações de amônia livre e ácido nitroso encontrados no sistema, ao longo dos
ciclos, foram estimados de acordo com o proposto por Anthonisen et al. (1976) e estão
apresentados na Tabela 5.6.
Segundo Anthonisen et al. (1976), a concentração de ácido nitroso (HNO
2
) pode inibir
tanto a nitrificação como a desnitrificação e pode ser estimada em função da concentração
de nitrito, da temperatura e do valor de pH. Os valores estimados para a concentração de
ácido nitroso, ao longo dos ciclos, foram abaixo da faixa de concentração considerada
inibitória para a nitratação que é de 0,2 a 2,8 mg HNO
2
/L.
78
Tabela 5.6 – Concentração de amônia livre e ácido nitroso durante o ciclo do 22º dia de
operação na Fase 1A (θ = 100 dias e T = 30ºC)
22º dia de operação
Tempo (horas) NH
3
(mg/L) HNO
2
(mg/L)
0 13,6 1,5E-07
1 11,4 4,6E-05
2 9,5 3,5E-05
3 7,4 4,4E-05
4 5,3 7,0E-05
5 2,6 1,1E-04
6 0,9 1,3E-04
7 0,2 1,0E-04
8 0,1 9,6E-06
A concentração de nitrogênio amoniacal, associada ao valor elevado de pH, pode provocar
concentrações inibidoras de amônia livre para as bactérias oxidantes de nitrogênio
amoniacal. De acordo com a Tabela 5.6 a concentração de amônia livre até a terceira hora
de aeração apresentou concentrações dentro da faixa de inibição (10 a 150 mgN-NH
3
/L)
dos organismos oxidantes de nitrogênio amoniacal, citada por Anthonisen et al. (1976). No
entanto, verifica-se na Figuras 5.19 o decaimento gradativo do nitrogênio amoniacal,
indicando que parte da concentração de nitrogênio amoniacal foi convertida nas primeiras
horas, o que impossibilitou o acúmulo de nitrito em baixas concentrações de N-NH
4
+
.
Çeçen (1996) afirma que, o acúmulo de nitrito pode ser favorecido quando a relação
OD/NH
3
se torna menor que 10. A relação OD/NH
3
(Apêndice D) se manteve menor que
10 até o ponto máximo da concentração de nitrito (pico de nitrito, Figura 5.21) o que pode
ter contribuído para o acúmulo de nitrito. Após esse período a concentração de OD
aumentou, tornando a relação OD/NH
3
maior que 10 e a escassez do nitrito no sistema.
5.2.1.2-Fase 1B: RBS mantido a T = 21ºC
Nesta fase, o reator passou a ser mantido a uma temperatura de aproximadamente 21ºC
(±1). Assim como na fase 1A, a concentração de oxigênio dissolvido e o valor do pH
foram apenas monitoradas.
A Tabela 5.7 apresenta os valores das concentrações das variáveis de monitoramento para
as amostras afluente e efluente, durante os 74 dias de operação. A Figura 5.21 apresenta o
79
comportamento da eficiência de conversão do nitrogênio amoniacal, bem como a eficiência
de remoção de nitrogênio total (NTK, nitrito e nitrato).
Tabela 5.7 - Variáveis de monitoramento com ciclo aeróbio de 24h, θ = 100 e T = 21ºC (n
= 25) – Fase 1B
Afluente Efluente
Parâmetros
Variação Média
Desv.
Pad.
Variação Média
Desv.
Pad.
pH
7,8 - 9,3 8,7 0,4 8,3 - 9,2 8,8 0,3
Bruta
700 - 4780 2072 842 451 - 1900 790 356
DQO (mg/L)
Filtrada
570 - 4050 1683 817 349 - 1075 584 184
Parcial
95 - 1694 1063 385 666 - 1537 1042 274
Inte.
200 - 3129 490 569 105 - 3117 369 581
Alcalinidade
(mg/L de
CaCO
3
)
Total
409 - 4540 1553 729 819 - 4535 1412 730
Bruta
98 - 255 137 44 53 - 210 79 34
NTK (mg/L)
Filtrada
40 - 165 106 25 0 - 113 61 18
N-NH
4
(mg/L)
48 - 795 267 213 0 - 12 3 2,5
N-NO
3
-
(mg/L)
25 - 54 40 9 29 - 67 54 12
N-NO
2
-
(mg/L)
0 - 7 1 2 0 - 1 0,2 0,3
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
27 36 45 54 63 72 81 90 99
Tempo (dias)
Rremoção de N-NH
4
+
e
Nitrogênio Total (%)
Ef. de N-NH4 Ef. de Nitrogênio Total
Figura 5.21 – Eficiência de conversão de N-NH
4
+
e eficiência de remoção de nitrogênio na
Fase 1B (θ = 100 e T = 21ºC)
De acordo com a Tabela 5.7 e a Figura 5.21, observa-se que a concentração de nitrogênio
amoniacal variou de 48 a 795 mg/L (267 mg/L ± 213) para as amostras afluentes e de zero
a 12 mg/L (3 mg/L ± 2,5) para as amostras efluentes. Esses resultados representam uma
elevada eficiência de conversão de nitrogênio amoniacal (97% ± 2).
Devido a problemas na determinação do nitrato (Figura 5.27), a eficiência de remoção do
nitrogênio total no reator entre os 56º e 84º dia não pode ser estimada, interferindo na
80
média (25% ± 10) final obtida de eficiência de remoção de nitrogênio total, no decorrer da
operação do reator.
As cargas de nitrogênio amoniacal e orgânica aplicadas no sistema (Figuras 5.22 e 5.23)
variaram entre 0,02 a 0,1 kgN-NH
4
/m³.dia (0,06 mg/L ± 0,01) e 0,8 a 2,7 kgDQO/m³.dia
(1,4 mg/L ± 0,4), respectivamente. Analisando-se juntamente com a razão A/M (Figura
5.24) que apresentou valores entre 0,1 a 0,4 kgDQO/kgSSV.dia (0,3 ± 0,1), observa-se que
a variabilidade apresentada está relacionada à característica do lixiviado, uma vez que o
mesmo apresenta uma grande variação nas concentrações de DQO e nitrogênio amoniacal,
conforme demonstrado pelas Figuras 5.25 e 5.26.
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
27 36 45 54 63 72 81 90 99
Tempo (dias)
Carga N-NH
4
+
Aplicada (kg/m³.dia)
Figura 5.22 – Carga de nitrogênio amoniacal volumétrica aplicada no sistema na Fase 1B
(θ = 100 e T = 21ºC).
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
27 36 45 54 63 72 81 90 99
Tempo (dias)
Carga Orgânica Aplicada
(kgDQO/m³.dia)
Figura 5.23 – Carga orgânica volumétrica aplicada no sistema na Fase 1B (θ = 100 e T =
21ºC).
81
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0,45
27 36 45 54 63 72 81 90 99
Tempo (dias)
Relação A/M (kgDQO/kgSSV.dia)
Figura 5.24 – Relação Alimento/Microrganismo na Fase 1B (θ = 100 e T = 21ºC).
400
1200
2000
2800
3600
4400
27 36 45 54 63 72 81 90 99
Tempo (dias)
Concentração DQO (mg/L)
Afluente Efluente
Figura 5.25 – Concentração de DQO afluente e efluente na Fase 1B (θ = 100 e T=21ºC).
0
50
100
150
200
27 36 45 54 63 72 81 90 99
Tempo (dias)
Concentração N-NH
4
+
(mg/L)
N-NH4 Afluente N-NH4 Efluente
Figura 5.26 – Concentração de N-NH
4
+
afluente e efluente na Fase 1B (θ = 100 e T =
21ºC).
Na Figura 5.27 são apresentados os valores das concentrações afluentes e efluentes do
nitrato. Observa-se que, assim como na primeira fase (Fase 1A), o lixiviado bruto
82
apresentou valores significativos de nitrato variando de 25 a 54 mgNO
3
-
/L (40 ± 9), bem
como uma quantidade maior no efluente 29 a 67 mgNO
3
-
/L (54 ± 12), indicando que parte
do nitrogênio amoniacal aplicado no sistema foi convertida a nitrato pelo processo de
nitrificação. No entanto, há de se salientar novamente, que com relação à metodologia de
análise de determinação de nitrato (Hach – 8039), pode ser que essa não seja ideal para
determinação em lixiviados de aterro sanitários, pois pode apresentar valores
superestimados de concentração.
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
27 36 45 54 63 72 81 90 99
Tempo (dias)
Concentração de N-NO
3
-
(mg/L)
N-NO3- Afluente N-NO3- Efluente
Figura 5.27 – Caracterização N-NO
3
-
afluente e efluente - N-NO
3
-
- Fase 1B (θ = 100 e T =
21ºC).
Na Tabela 5.8 são apresentados os valores (máximo, mínimo e médio) das concentrações
das frações de sólidos (ST, SVT, SST e SSV) obtidos na Fase 1B. Os valores das
concentrações observados durante o período de operação estão representados graficamente
na Figura 5.28.
Observa-se por meio da Tabela 5.8 e da Figura 5.28 que a concentração de sólidos totais no
sistema variou de 11,3 a 15,8 g/L (13,7 g/L ± 1,3), enquanto que a concentração de sólidos
suspensos voláteis foi de 4,1 a 6,5 g/L (5,2 g/L ± 0,7). A média de SSV mantida no reator
na Fase 1B foi ligeiramente maior quando comparado com a Fase 1A (4,0 gSSV/L).
Tabela 5.8 – Concentração de sólidos no licor misto com ciclo aeróbio de 24h, θ = 100 e
T=21ºC (n=28) na Fase 1B
Concentração de Sólidos (g/L) Variação Média Desv. Pad.
Sólidos Totais 11,3 - 15,8 13,7 1,3
Sólidos Voláteis Totais 4,4 - 7,6 6,0 0,7
Sólidos Suspensos Totais 6,5 - 13,2 9,9 2,0
Sólidos Suspensos Voláteis 4,1 - 6,5 5,2 0,7
83
0,0
4,0
8,0
12,0
16,0
27 36 45 54 63 72 81 90 99
Tempo (dias)
Concentrações de sólidos
(g/L)
Sólidos Totais lidos Totais Voláteis
Sólidos Suspensos Totais Sólidos Suspensos Voláteis
Figura 5.28 – Concentração de sólidos no licor misto na Fase 1B (θ = 100 e T = 21ºC).
A variabilidade das concentrações de alcalinidade afluente e efluente medidas durante o
período de monitoramento pode ser observada na Figura 5.29. De acordo com a Tabela 5.7
os valores de pH afluente e efluente apresentaram média de 8,7 (± 0,4) e 8,8 (± 0,3),
respectivamente. Conforme indicado na primeira fase (Fase 1A) a média do pH da Fase 1B
também se manteve em valores elevados, acima de 8,3, no reator, o que pode favorecer
uma maior atividade de organismos oxidantes de amônia em detrimento aos organismos
oxidantes de nitrito, e assim possibilitar o acúmulo de nitrito no sistema.
0
800
1600
2400
3200
27 36 45 54 63 72 81 90 99
Tempo (dias)
Concentração de Alcalinidade
(mgCaCO
3
/L)
Alc. Parcial Afluente Alc. Parcial Efluente
Alc. Intermediária Afluente Alc. Intermediária Efluente
Figura 5.29 – Concentração da alcalinidade afluente e efluente na Fase 1B (θ = 100 e T =
21ºC).
Nota-se dos dados Tabela 5.7 e da Figura 5.29 que o afluente e efluente apresentaram uma
alcalinidade parcial que variou de 95 a 1694 mgCaCO
3
/L (1063 mgCaCO
3
/L ± 385) e de
666 a 1537 mgCaCO
3
/L (1042 mgCaCO
3
/L ± 274), respectivamente.
84
Segundo os dados obtidos, percebe-se que a alcalinidade parcial presente nas amostras
afluentes foram suficientes para proporcionar a manutenção do pH em valores elevados.
Vale ressaltar que a capacidade tampão própria do lixiviado, bem como seu elevado valor
de pH, podem estar relacionados ao fato da célula experimental ter tido como material de
cobertura, resíduos provenientes de materiais de construção civil, proporcionando um
lixiviado com característica alcalina.
9 Perfil temporal ao longo do ciclo de operação de 24 horas com T = 21ºC
Após nove dias em que o reator passou a ser mantido a uma temperatura de
aproximadamente 21ºC (±1), começou a ser realizado, em replica, os perfis temporais da
série de nitrogênio (nitrogênio amoniacal, nitrito e nitrato), bem como de oxigênio
dissolvido e pH. Foram obtidos ao todo seis perfis temporais.
A Figura 5.30 apresenta todos os seis perfis temporais obtidos durante a Fase 1B e a
Tabela 5.9 apresenta os valores de carga orgânica e de nitrogênio amoniacal, bem como a
razão A/M e a concentração de SSV, aplicados em cada perfil temporal.
0
20
40
60
80
100
012345678
Tempo (horas)
Concentração de N-NH
4
+
, N-NO
3
-
e N-NO
2
-
(mg/L)
Nitrogênio Amoniacal Nitrato Nitrito
0
20
40
60
80
0123456789
Tempo (horas)
Concentração de N-NH
4
+
, N-
NO
3
-
e N-NO
2
-
(mg/L)
Nitrogênio Amoniacal Nitrato Nitrito
0
1
2
3
4
5
012345678
Tempo (horas)
Concentração de oxigênio
dissolvido (mg/L)
0
2
4
6
8
10
12
14
pH
Oxigênio Dissolvido pH
0
1
2
3
4
5
0123456789
Tempo (horas)
Concentração de oxigênio
dissolvido (mg/L)
0
2
4
6
8
10
12
14
pH
Oxigênio Dissolvido pH
(i) 35º dia de operação (ii) 44º dia de operação
Figura 5.30a – Perfis temporais das concentrações de N-NH
4
+
, N-NO
3
-
, N-NO
2
-
, oxigênio
dissolvido e pH obtidos durante a Fase 1B (θ = 100 dias e T = 21ºC).
85
0
10
20
30
40
50
60
70
01234
Tempo (horas)
Concentração de N-NH
4
+
e N-NO
3
-
(mg/L)
Nitrogênio Amoniacal Nitrato
0
20
40
60
80
100
012345678
Tempo (horas)
Concentração de N-NH
4
+
, N-NO
3
-
e N-NO
2
-
(mg/L)
Nitrogênio Amoniacal Nitrato Nitrito
0
1
2
3
4
5
6
01234
Tempo (horas)
Concentração de oxigênio
dissolvido (mg/L)
0
2
4
6
8
10
12
14
pH
Oxigênio Dissolvido pH
0
1
2
3
4
5
6
0123456 78
Tempo (horas)
Concentração de oxigênio
dissolvido (mg/L)
0
2
4
6
8
10
12
14
pH
Oxigênio Dissolvido pH
(iii) 54º dia de operação (iv) 55º dia de operação
0
10
20
30
40
50
012345678
Tempo (horas)
Concentração de N-NH
4
+
e N-NO
3
-
(mg/L)
Nitrogênio Amoniacal Nitrato
0
50
100
150
200
250
300
012345678
Tempo (horas)
Concentração de N-NH
4
+
e N-NO
3
-
(mg/L)
Nitrogênio Amoniacal Nitrato
0
1
2
3
4
5
012345678
Tempo (horas)
Concentração de oxigênio
dissolvido (mg/L)
0
2
4
6
8
10
12
14
pH
Oxigênio Dissolvido pH
0
1
2
3
4
5
012345678
Tempo (horas)
Concentração de oxigênio
dissolvido (mg/L)
0
2
4
6
8
10
12
14
pH
Oxigênio Dissolvido pH
(v) 93º dia de operação (iv) 99º dia de operação
Figura 5.30b – Perfis temporais das concentrações de N-NH
4
+
, N-NO
3
-
, N-NO
2
-
, oxigênio
dissolvido e pH obtidos durante a Fase 1B (θ = 100 dias e T = 21ºC).
Observa-se na Figura 5.30 (i, ii e iv) que o tempo de ciclo de 24 horas foi excessivo no 35º,
44º e 55º dia de operação, uma vez que todo o nitrogênio amoniacal foi convertido em 8
horas. Nota-se que a produção de nitrito começa a ocorrer logo na segunda hora de
operação, mantendo-se estável no reator: no 35º de operação entre a 4ª e 6ª hora, com
86
concentração máxima, na 5ª hora, de 7 mgN-NO
2
-
/L; no 44ª dia de operação entre a 5ª e 7ª
hora, com concentração máxima, na 6ª hora, de 4,6 mgN-NO
2
-
/L e no 55ª dia de operação
entre a 3ª e 5ª hora, com concentração máxima, na 4ª hora, 6,3 mgN-NO
2
-
/L.
Tabela 5.9 – Valores da carga orgânica, de nitrogênio amoniacal, da razão A/M e de
concentração de SSV aplicados em cada dia em que se realizou os perfis temporais durante
a Fase 1B (θ = 100 dias e T=21ºC)
Parâmetros
Dias de
operação
Carga Orgânica
(kgDQO/m³.dia)
Carga N-NH
4
+
(kgN-NH
4
+
/m³.dia)
Razão A/M
(kgDQO/kgSSV.dia)
Concentração
de SSV (g/L)
35º dia 1,3 0,09 0,3 5,0
44º dia 1,0 0,05 0,2 5,3
54º dia 0,9 0,02 0,2 4,9
55º dia 1,3 0,1 0,2 5,5
93º dia 1,3 0,04 0,2 6,1
99º dia 1,5 0,06 0,3 5,9
Ainda de acordo com a Figura 5.30 (i, ii e iv) observa-se que os valores das concentrações
de OD mantidos no reator até a concentração máxima de nitrito foram em média iguais a:
(i) 0,2 mgO
2
/L; (ii) 0,6 mgO
2
/L e (iii) 0,4 mgO
2
/L, valores estes bem abaixo do que
relatados na literatura para promoção do acúmulo de nitrito. De acordo com os resultados
obtidos por Bae et al. (2002), a quantidade alcançada de acúmulo de nitrito quando OD era
igual a 0,5 mg/L, decresceu quando comparado com fornecimento de OD igual a 1,5 mg/L.
Resultados similares foram citados por Jianlong e Ning (2004).
Para o 54ª dia de operação (Figura 5.30-iii), observa-se que diferentemente dos outros
perfis relatados anteriormente, neste ciclo todo o nitrogênio amoniacal foi convertido em 4
horas. Neste caso vale ressaltar que a quantidade de nitrogênio amoniacal do lixiviado
afluente foi muito baixa, próximo de 47 mgN-NH
4
+
/L, e conseqüentemente bem menor no
meio líquido 22 mgN-NH
4
+
/L (t = 0).
A baixa concentração de nitrogênio amoniacal pode não ter favorecido o acúmulo de
nitrito, uma vez que a concentração de nitrito ficou abaixo do limite de detecção durante as
4 horas de realização do perfil. Segundo Çeçen (1996) a diminuição da concentração de
nitrogênio no meio líquido, ocasionada por sua própria oxidação, pode tornar inviável o
processo de acúmulo de nitrito, ocorrendo a nitrificação completa.
87
Nota-se que no 93º dia operação a concentração de nitrogênio amoniacal no meio líquido
em t = 0 foi de 42 mgN-NH
4
+
/L e assim como observado no 54º dia de operação, a baixa
concentração de nitrogênio amoniacal, pode não ter favorecido no processo de acúmulo de
nitrito.
Observa-se pela Figura 5.30 (v e vi), ou seja, no 93º e 99º dia de operação, que o tempo de
aeração de 8 horas não foi suficiente para converter todo o nitrogênio amoniacal, uma vez
que passou a se acumular nitrogênio amoniacal no final das oito horas de aeração.
Observa-se que no 99º dia de operação a concentração de nitrogênio amoniacal no meio
líquido é bem mais elevada do que observado nos perfis anterior. Tal aumento na
concentração do nitrogênio amoniacal no meio líquido, talvez se deva ao fato, da
permanência de nitrogênio amoniacal no sistema do ciclo anterior, o que pode indicar que
a quantidade de microrganismos oxidantes de nitrogênio amoniacal tenha diminuído no
sistema. Uma vez que a concentração de nitrogênio amoniacal no lixiviado afluente foi de
100 mgN-NH
4
+
/L.
Nota-se que em todos os perfis realizados, o sistema apresentou equilíbrio em termos de
tamponamento, resultando em um valor de pH em média de 8,7. Observa-se em alguns
momentos que o pH atinge valores um pouco acima de 9,0. Para Abeling e Seyfried (1992)
valores superiores a 8,5 propiciam um aumento considerável de amônia na forma livre
tornando-se tóxica no processo de nitrificação, além de provocar perda da mesma por
volatilização e conseqüentemente interferir no processo de acúmulo de nitrito.
Assim como observado no perfil temporal da Fase 1A e de acordo com o balanço de massa
de nitrogênio apresentado pelo Apêndice D, nota-se que em todos os seis perfis
apresentados as somas de nitrito e nitrato, formados ao longo de cada um dos ciclos, não se
igualam à quantidade de nitrogênio (N-NH
4
+
e N-NO
3
-
, no t = 0) inicial. Esse resultado
pode indicar uma possível ocorrência de perda de nitrogênio amoniacal por stripping,
devido ao fato do lixiviado apresentar como característica pH elevado, permitindo que
parte do nitrogênio amoniacal se volatilizasse.
A outra hipótese e talvez mais remota para o não fechamento do balanço de massa de
nitrogênio, seja da ocorrência de nitrificação e desnitrificação simultâneas (NDS), uma vez
88
que a NDS ocorre em conseqüência dos gradientes de concentração de oxigênio dissolvido
(OD) dentro dos flocos microbianos ou dos filmes devido às limitações de difusão (Munch
et al., 1996). Isto é, em regiões com concentração de oxigênio dissolvido elevada
predominam-se os microorganismos nitrificantes, enquanto que os desnitrificantes serão
preferencialmente ativos nas zonas com baixa concentração de OD. A baixa concentração
de oxigênio dissolvido durante a aeração pode favorecer a desnitrificação e com isso a
velocidade de consumo de nitrito pode ser semelhante à velocidade de produção do
mesmo, impossibilitando o acúmulo desta forma de nitrogênio.
Observa-se na Figura 5.31, que em todos os perfis realizados, durante a Fase 1B, a
concentração de ácido nitroso, estimado, foi inferior a 0,2, valor este considerado inibidor
para a nitrificação de acordo com Anthonisen et al. (1976), e de 0,13 mgN-HNO
2
/L para a
desnitrificação, segundo Abeling e Seyfried (1992).
0,0E+00
1,0E-04
2,0E-04
3,0E-04
4,0E-04
0123456789
Tempo (horas)
Ácido Nitroso (mg/L)
35º dia 44ª dia 54º dia 55º dia 93º dia 99º dia
Figura 5.31 – Perfil temporal das concentrações de ácido nitroso – Fase 1B (θ = 100 dias e
T = 22ºC).
A partir dos dados da Tabela 5.10, observa-se em todos os perfis a diminuição gradual dos
valores da concentração de amônia livre. A influência dos valores de pH na concentração
de amônia livre no meio líquido, pode ser observada em conjunto com a Figura 5.30 (i, iii,
v e vi) que correspondem aos perfis temporais de pH dos 35º, 54º, 93º e 99º dias de
operação.
Ressalva-se nos referidos dias que o valor de pH permaneceu maiores que 9,0 nas
primeiras horas do perfil, proporcionando valores elevados de amônia livre. Os menores
valores de concentração de amônia livre apresentados na Tabela 5.10 devem-se aos
89
menores valores de pH ocorridos durante o perfil, além é claro do próprio consumo de
nitrogênio amoniacal.
Tabela 5.10 – Concentração de amônia livre durante os perfis temporais na Fase 1B (θ =
100 dias e T = 21ºC)
N-NH
3
(mg/L)
Tempo (horas) 35º dia 44ª dia 54º dia 55º dia 93º dia 99º dia
0 46,8* 27,6* 8,8* 35,4* 15,3* 35,9*
1 42,6* 15,2 0,6 36,5* 11,1 153,6*
2 29,7* 14,0
0,6 24,1* 19,9* 84,8*
3 11,2 11,0
0,7 15,5* 15,9* 72,0*
4
4,0 6,5 0,6 8,4* 6,7 62,3*
5
1,0 6,4 0,8 3,4 38,4
6 0,3
4,3 0,5 2,3 28,5
7 0,3
1,7 0,5 1,2 14,1
8 0,2 0,4 0,5 1,0 12,0
9 0,4
* pH 9
Nota-se que as concentrações de amônia livre sublinhadas na Tabela 5.10 do 35º e 44º dia
de operação correspondem com as maiores concentrações de nitrito encontradas nos perfis
(Figuras 5.30-i, ii). Tais concentrações estão dentro da faixa sugerida por Surmacz-Górska
et al. (1997), de 1 a 6 mgN-NH
3
/L para inibir a oxidação de nitrito.
No entanto, para o 54º dia de operação (4º coluna da Tabela 5.10), observa-se que apesar
das concentrações sublinhadas estarem dentro da faixa inibitória relatada por Anthonisen et
al. (1976), de 0,1 a 1,0 mgN-NH
3
/L, nesse dia não se verificou a presença de nitrito como
forma oxidada de nitrogênio (Figura 5.30-iii), reforçando a hipótese de que a baixa
concentração de nitrogênio amoniacal pode ter sido um dos fatores a influenciar na não
formação de nitrito no sistema, como discutido anteriormente.
Como discutido anteriormente os perfis temporais, das formas de nitrogênio oxidada, do
99º dia de operação, não detectou acúmulo de N-NO
2
-
. Tal fato pode ser explicado pela
elevada concentração de amônia livre estimada durante as 8 horas de duração do perfil
(Tabela 5.10). Segundo Anthonisen et al. (1976), as bactérias oxidantes de nitrogênio
amoniacal podem ser inibidas se submetidas a concentrações de amônia livre entre 10 e
150 mgN-NH
3
/L e, neste caso as concentrações calculadas durante todo o perfil estão
dentro da faixa de inibição.
90
Quanto à razão OD/N-NH
3
sugerida por Çeçen (1996) como fator que favorece a geração
de nitrito quando menor que 10, a Tabela 5.11 apresenta todas as relações durante os perfis
temporais. Nota-se que a razão OD/N-NH
3
manteve-se abaixo desse limite em todos os
perfis, com exceção do 35º dia de operação em t = 8, o qual também já havia convertido
todo o nitrogênio amoniacal do meio líquido.
Tabela 5.11 – Razão OD/N-NH
3
durante a realização dos perfis temporais na Fase 1B (θ =
100 dias e T = 21ºC)
Razão OD/N-NH
3
Tempo (horas)
35º dia 44º dia 54º dia 55º dia 93º dia 99º dia
0 0,00 0,01 0,5 0,01 0,01 0,02
1 0,00 0,01 7,1 0,01 0,01 0,00
2 0,00 0,01 10,0 0,01 0,01 0,01
3 0,02 0,01 7,9 0,03 0,00 0,00
4 0,05 0,03 9,2 0,04 0,01 0,00
5 0,2 0,03 2,2 0,06 0,00
6 3,0 0,05 7,5 0,1 0,00
7 8,6 0,1 10,1 0,4 0,01
8 19,2 1,0 10,2 0,7 0,02
9 1,7
Contudo pode-se se inferir que a concentração de nitrogênio amoniacal no meio líquido
juntamente com o pH elevado, característico do lixiviado, mostraram-se parâmetros
operacionais relevante no processo de acúmulo de nitrito, uma vez que não se observou a
concentração de nitrito quando o sistema apresentava pouca disponibilidade de nitrogênio
amoniacal no meio líquido.
Após cem dias de operação o sistema passou a acumular pequenas concentrações de
nitrogênio amoniacal e conseqüentemente a não mais acumular nitrito, com isso optou-se
em operar o reator com menor tempo de detenção celular.
Segundo Verstraete e Philips (1998) em determinado tempo de detenção celular, as
bactérias oxidantes de nitrito possuem menor taxa de crescimento específico que as
bactérias oxidantes da amônia, possibilitando a permanência das bactérias oxidantes de
nitrogênio amoniacal e conseqüentemente permitir que as bactérias oxidantes de nitrito
sejam removidas do sistema.
91
5.2.2-Fase 2: Tempo de detenção celular de 5 dias
A estratégia de descarte da biomassa foi adotada com intuito de verificar se o reator
conseguiria reverter às eficiências conseguidas anteriormente, bem como voltar a acumular
nitrito. O reator continuou a ser mantido a temperatura de 21ºC (± 1°C) e o tempo de
retenção celular estipulado foi de 5 dias. Assim como nas fases anteriores a concentração
de oxigênio dissolvido e pH foram apenas monitoradas.
Na Tabela 5.12 são apresentados os valores das concentrações para as amostras do afluente
e efluente, durante o monitoramento do sistema. Os valores da eficiência de conversão de
nitrogênio amoniacal, bem como de eficiência de remoção de nitrogênio ao longo do
período de operação estão exposto na Figura 5.32.
Tabela 5.12 - Variáveis de monitoramento com ciclo aeróbio de 24h, θ = 5 dias e T = 21ºC
(n = 7) na Fase 2
Afluente Efluente
Parâmetros
Variação Média
Desv.
Pad.
Variação Média
Desv.
Pad.
pH
8,0 - 8,9 8,5 0,3 8,4 - 8,7 8,6 0,1
Bruta
1050 - 5210 2544 1727 374 - 1132 596 316
DQO (mg/L)
Filtrada
870 - 4460 2230 1553 315 - 900 497 236
Parcial
790 - 971 846 79 666 - 990 840 113
Inter.
276 - 714 422 151 190 - 400 267 68
Alcalinidade
(mg/L de
CaCO
3
)
Total
1075 - 1561 1267 192 952 - 1390 1107 146
Bruta
90 - 195 133 43 53 – 113 79 18
Nitrogênio
Total (mg/L)
Filtrada
75 - 188 123 44 45 – 113 69 21
N-NH
4
(mg/L)
66 – 274 130 77 0 - 64 41 22
N-NO
3
-
(mg/L)
24 – 46 36 8 39 – 74 47 13
N-NO
2
-
(mg/L)
0 - 0,4 0,2 0,1 0 - 4 1 2
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
100 102 104 106 108 110 112 114 116 118
Tempo (dias)
Remoção de N-NH
4
+
e
Nitrogênio Total (%)
Ef. de N-NH4 Ef. de Nitrogênio Total
92
Figura 5.32 – Eficiência de conversão de N-NH
4
+
e de remoção de nitrogênio na Fase 2 (θ
= 5 dias e T = 21ºC).
De acordo com a Figura 5.32, pode-se verificar que a eficiência de conversão de nitrogênio
amoniacal decaiu no decorrer dos 17 dias de monitoramento, variando de 99,8%, atingido
no terceiro dia de operação com tempo detenção celular de 5 dias (ou 103º dia
funcionamento) até 36,8% obtidos no último dia de operação.
Dentre as três fases da presente pesquisa, a Fase 2 foi a que apresentou menor eficiência de
conversão de N-NH
4
+
. A baixa eficiência na conversão do N-NH
4
+
pode ter sido provocada
pela pouca quantidade de microrganismos mantido no sistema, o que pode indicar que o
tempo de detenção celular adotado tenha sido rigoroso ao ponto de não permitir o
desenvolvimento dos microrganismos nitrificantes.
As variações das cargas de nitrogênio amoniacal e orgânica aplicadas no sistema, bem
como a relação A/M, estão apresentadas nas Figuras 5.33, 5.34 e 5.35, respectivamente. Já
as Figuras 5.36, 5.37 e 5.38, representam, respectivamente, as concentrações de DQO,
nitrogênio amoniacal e nitrato monitoradas ao longo do período de operação.
0,00
0,04
0,08
0,12
0,16
100 102 104 106 108 110 112 114 116 118
Tempo (dias)
Carga N-NH
4
+
Aplicada
(kg/m³.d)
Figura 5.33 – Carga de nitrogênio amoniacal volumétrica aplicada no sistema na Fase 2 (θ
= 5 dias e T = 21ºC).
As cargas de nitrogênio amoniacal e orgânicas aplicadas ao sistema (Figuras 5.33 e 5.34),
variaram entre 0,05 a 0,14 kgN-NH
4
+
/m³.dia (0,08 kgN-NH
4
+
/m³.dia ± 0,03) e 0,7 a 2,9
kgDQO/m³.dia (1,5 kgDQO/m³.dia ± 0,8), respectivamente, mantendo-se praticamente
dentro das mesmas variações observadas na Fase 1B. No entanto, assim como no gráfico
de eficiência (Figura 5.32), sua tendência foi de redução com o tempo, sendo a carga
máxima de nitrogênio amoniacal obtida no 103º dia de operação e a carga mínima no
93
último dia. O que pode indicar que mesmo com diminuição das cargas sendo aplicadas dia
a dia, os microrganismos não conseguiram alcançar à mesma eficiência apresentada nas
fases anteriores.
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
100 102 104 106 108 110 112 114 116 118
Tempo (dias)
Carga Orgânica Aplicada
(kg/m³.dia)
Figura 5.34 – Carga orgânica volumétrica aplicada no sistema na Fase 2 (θ = 5 dias e T =
21ºC).
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
100 102 104 106 108 110 112 114 116 118
Tempo (dias)
Relação A/M (kgDQO/kgSSV.dia)
Figura 5.35 – Relação Alimento/Microrganismo na Fase 2 (θ = 5 dias e T = 21ºC).
300
1300
2300
3300
4300
5300
100 102 104 106 108 110 112 114 116 118
Tempo (dias)
Concentração DQO (mg/L)
Afluente Efluente
Figura 5.36 – Concentração de DQO afluente e efluente na Fase 2 (θ = 5 dias e T = 21ºC).
94
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
100 102 104 106 108 110 112 114 116 118
Tempo (dias)
Concentração N-NH
4
+
(mg/L)
N-NH4 Afluente N-NH4 Efluente
Figura 5.37 – Concentração de N-NH
4
+
afluente e efluente na Fase 2 (θ = 5 dias e T =
21ºC).
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100 102 104 106 108 110 112 114 116 118
Tempo (dias)
Concentração de N-NO
3
-
(mg/L)
N-NO3- Afluente N-NO3- Efluente
Figura 5.38 – Concentração de N-NO
3
-
afluente e efluente Fase 2 (θ = 5 dias e T = 21ºC).
Observa-se na Figura 5.35, que a razão A/M variou entre 0,6 a 1,3 kgDQO/KgSSV.dia,
apresentando uma média (0,9 kgDQO/kgSSV ± 0,24) maior do que as obtidas na Fase 1A
e na Fase 1B. Segundo von Sperling (2002), quanto maior a carga de DQO fornecida a um
valor unitário de biomassa, ou seja, elevada relação A/M, menor será a eficiência na
assimilação deste substrato.
Nota-se na Figura 5.36 que a concentração DQO efluente apresentou valores próximos aos
observados nas Fases 1A e 1B, indicando que mesmo com elevada razão
alimento/microrganismo, a eficiência de remoção de matéria orgânica não foi totalmente
afetada (Apêndice B).
Pode-se observar na Figura 5.37 que o sistema passou a acumular nitrogênio amoniacal no
sistema (41,3 mgN-NH
4
/L ± 22,1), não atingindo mais as mesmas eficiências de conversão
95
do nitrogênio amoniacal das fases anteriores, indicando uma possível baixa na densidade
de microrganismos nitrificantes no sistema.
Na Figura 5.38, observa-se que as concentrações de nitrato afluente e efluente
apresentaram um comportamento da variação similar. A concentração média de nitrato
efluente foi de 46,6 mgN-NO
3
-
/L enquanto que do afluente foi de 35,7 mgN-NO
3
-
/L. Há de
se salientar novamente, que com relação à metodologia de análise de determinação de
nitrato (Hach – 8039), pode ser que essa não seja ideal para determinação em lixiviados de
aterro sanitários, pois pode apresentar valores superestimados de concentração
A Tabela 5.13 e a Figura 5.39 apresentam os valores das frações de sólidos obtidos nessa
Fase 2. Vale ressaltar que às coletas de amostras, nesta fase, foram realizadas diariamente,
diferentemente das análises de monitoramento apresentadas anteriormente.
Tabela 5.13 – Concentração de sólidos no ciclo aeróbio de 24 h, θ = 5 dias e T = 21ºC (n =
18) na Fase 2
Concentração de sólidos (g/L) Variação Média Desv. Pad.
Sólidos Totais 2,7 - 10,9 6 2,67
Sólidos Voláteis Totais 0,7 - 5,4 2,5 1,42
Sólidos Suspensos Totais 0,3 - 8,5 3,4 2,51
Sólidos Suspensos Voláteis 0,3 - 4,9 1,9 1,38
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
100 102 104 106 108 110 112 114 116 118
Tempo (dias)
Concentração de sólidos
(g/L)
Sólidos Totais lidos Totais Voláteis
Sólidos Suspensos Totais Sólidos Suspensos Voláteis
Figura 5.39 – Concentração de sólidos na Fase 2 (θ = 5 dias e T=21ºC).
Por meio da Tabela 5.13 e da Figura 5.39, verifica-se que as concentrações de ST, STV,
SST e SSV apresentaram a mesma tendência. Observa-se que o sistema apresentou um
decaimento constante das frações de sólidos, exceto no 112º dia. Constatou-se que mesmo
96
com o decaimento dos SSV o sistema alcançou concentrações de DQO efluente (média de
596 mgDQO/L), equivalentes das fases anteriores.
De acordo com a Tabela 5.12 os valores de pH afluente e efluente apresentaram média de
8,5 (± 0,3) e 8,6 (± 0,1), respectivamente. Tais valores corroboram com os das fases
anteriores. As concentrações de alcalinidade afluente e efluente monitoradas ao longo do
período estão apresentada na Figura 5.40.
0
200
400
600
800
1000
100 102 104 106 108 110 112 114 116 118
Tempo (dias)
Concentração de Alcalinidade
(mgCaCO
3
/L)
Alc. Parcial Afluente Alc. Parcial Efluente
Alc. Intermediária Afluente Alc. Intermediária Efluente
Figura 5.40 – Concentração de alcalinidade afluente e efluente na Fase 2 (θ = 5 dias e T =
21ºC).
Os valores da alcalinidade parcial (Figura 5.40), variaram de 790 a 971 mgCaCO
3
/L (846
mgCaCO
3
/L ± 79) e 666 a 990 (840 mgCaCO
3
/L ± 113) para amostras do afluente e
efluente, respectivamente. Para alcalinidade intermediária, os valores foram de 276 a 714
mgCaCO
3
/L (42 mgCaCO
3
/L ±151) para amostras afluentes e de 190 a 400 (267
mgCaCO
3
/L ± 68) para amostras efluentes. Observa-se que assim como nas etapas
anteriores os valores de alcalinidade afluente foram suficientes para a manutenção do pH
em valores elevados.
9 Perfil temporal ao longo do ciclo de operação de 24 horas, tempo de detenção
celular de 5 dias e T = 21ºC
Neste item são apresentados os resultados referentes aos perfis temporais obtidos ao longo
do ciclo de operação de 24 horas. Assim como nas fases anteriores, tal procedimento
permitiu analisar as concentrações de nitrogênio amoniacal, nitrito e nitrato a cada hora. Os
97
perfis das concentrações ao longo do tempo foram obtidos no 113º dia, 13 dias após o
início em que se adotou 5 dias de tempo de detenção.
As cargas orgânicas e de nitrogênio amoniacal aplicadas ao sistema, no respectivo dia, foi
de 0,73 kgDQO/m³.dia e 0,07 kgN-NH
4
+
/m³.dia, respectivamente. A razão A/M foi de 1,22
kgDQO/kgSSV.dia e a concentração de SSV no final do experimento foi de 0,6 g/L. As
Figuras 5.41 e 5.42 apresentam, respectivamente, os perfis temporais da série de
nitrogênio; de oxigênio dissolvido e pH, durante as 24 horas.
0
20
40
60
80
0 2 4 6 8 1012141618202224
Tempo (horas)
Concentração de N-NH
4
+
, N-
NO
3
-
e N-NO
2
-
(mg/L)
Nitrogênio Amoniacal Nitrato Nitrito
Figura 5.41 – Perfil temporal das concentrações de N-NH
4
+
, N-NO
3
-
e N-NO
2
-
, obtido no
113º dia na Fase 2 (θ = 5 dias e T = 20ºC).
0
1
2
3
4
5
6
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (horas)
Concentração de
oxigênio dissolvido
(mg/L)
0
2
4
6
8
10
12
14
pH
Oxigênio Dissolvido pH
Figura 5.42 – Perfil temporal dos valores de pH e concentrações de oxigênio dissolvido,
obtido no 113º dia na Fase 2 (θ = 5 dias e T = 20ºC).
De acordo com a Figura 5.41 verifica-se que a concentração de nitrito foi aumentando
gradativamente ao longo do ciclo, atingindo em t = 24h um valor igual a 3,5 mgN-NO
2
-
/L.
Observa-se ainda o acúmulo de nitrogênio amoniacal no sistema após as 24 horas.
98
Mesmo não tendo sido o nitrogênio amoniacal totalmente convertido no final do ciclo,
observou-se, assim como nas outras fases, o não fechamento do balanço de massa de
nitrogênio, inferindo a idéia da ocorrência da volatilização da amônia por stripping
conforme abordado anteriormente.
Observa-se na Figura 5.42 que o pH durante o ciclo se manteve em média igual a 8,6 (±
0,15), mostrando que o lixiviado continuava apresentando uma boa capacidade de
tamponamento, assim como nas demais fases anteriores. Nota-se ainda, que a concentração
de oxigênio dissolvido variou nas primeiras horas, porém estabiliza-se acima de 4,0 mg/L a
partir da décima hora de aeração.
Na Tabela 5.14 estão apresentadas as concentrações de amônia livre e ácido nitroso
estimadas no sistema. Verifica-se que as concentrações de ácido nitroso em todas as horas
foram iguais a zero.
Nas primeiras 4 horas de experimento, a concentração de amônia livre encontra-se dentro
da faixa inibidora de organismos oxidantes de nitrogênio amoniacal (10 a 150 mgN-
NH
3
/L), relatada por Anthonisen et al., (1976). No entanto, à medida que a concentração
de amônia livre decresce corresponde com a quantidade de nitrito que vai gradativamente
aumentando expressos na Figura 5.41.
Apesar de não ter se encontrado grandes quantidades de nitrito no sistema, a relação
OD/NH
3
, se manteve menor que 10 ao longo de todo o perfil. Requisito o qual, segundo
Çeçen (1996), pode facilitar o acúmulo de nitrito no sistema.
Contudo pode-se inferir que o tempo de detenção celular de 5 dias foi restritivo, uma vez
que se obteve menor eficiência na conversão do nitrogênio amoniacal e que não conseguiu
propiciar o acúmulo de nitrito no sistema.
Após os resultados obtidos no perfil e de acordo com a baixa eficiência de conversão de
nitrogênio amoniacal obtida no monitoramento do reator, resolveu-se encerrar o
experimento, pois as concentrações de sólidos suspensos voláteis, aproximadamente 2 g/L,
passou não ser mais suficiente para manter boas condições de eficiência do reator.
99
Tabela 5.14 – Concentração de amônia livre e ácido nitroso durante o ciclo na Fase 2 (θ =
5 dias e T = 21ºC)
Tempo (horas) N-NH
3
(mg/L) HNO
2
(mg/L)
0 17,3 2,5,E-05
1 16,9 3,0,E-07
2 16,2 2,9,E-07
3 12,4 2,9,E-07
4 10,8 4,7,E-06
5 9,8 1,2,E-05
6 8,6 2,4,E-05
7 8,6 6,6,E-06
8 7,2 4,9,E-05
9 11,2 2,7,E-05
10 7,6 3,2,E-05
11 5,4 6,2,E-05
12 8,1 4,2,E-05
13 9,1 3,3,E-05
14 7,5 5,1,E-05
15 16,8 3,6,E-05
16 8,8 9,0,E-05
17 5,4 1,0,E-04
18 4,9 1,0,E-04
19 5,4 8,0,E-05
20 4,7 8,0,E-05
21 4,1 9,4,E-05
22 3,8 9,9,E-05
23 3,1 1,1,E-04
24 2,9 1,2,E-04
5.3-ANÁLISES MICROSCÓPICAS E MICROBIOLÓGICAS
5.3.1-Exames Microscópicos
A seguir são apresentados os resultados dos exames microscópicos realizados durante a
Etapa 2, nas amostras de biomassa proveniente de sistema de lodos ativados (inóculo) e do
licor misto (Fase 1 e 2), os quais serão discutidos e correlacionados às condições de
operação do reator aeróbio em bateladas seqüenciais (RBS). Os dias em que as amostras
foram submetidas aos exames microscópicos, bem como a freqüência em que os
microrganismos foram observados estão apresentados na Tabela 5.15.
100
Tabela 5.15 - Composição e freqüência dos protozoários e micrometazoários pertencentes às microfaunas da biomassa proveniente de
sistemas de lodos ativados e do licor misto durante a operação do reator.
Valores de Freqüência: (4) predomínio, (3) muito comum, (2) comum, (1) pouco, (0) não observado.
*biomassa examinada após ser coletada do sistema de lodos ativados do Hospital Sarah Kubtschek.
Inóculo Fase 1 Fase 2
Microrganismos Gênero
0* 1 2 3 4 1 5
8 12 -48 49 63 90 97 103 112 114 117 118
Livres natantes
Trachelophyllum
(1) (1) (1) (1) (1) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (2) (4) (0) (0) (0) (0) (0)
Litonotus
(0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (2) (4) (0) (0) (0) (0) (0)
Paramecium
(0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (1) (1) (1) (2) (0) (0) (0) (0) (0)
Uronema
(0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (4) (4) (4) (3)
Não identificado
(0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (3) (3) (3) (4)
Móveis de fundo
Euplotes
(2) (2) (2) (2) (2) (2) (4) (3) (3) (3) (3) (4) (4) (1) (1) (1) (1) (1)
Aspidisca
(2) (2) (2) (2) (2) (2) (4) (4) (4) (4) (4) (4) (4) (1) (1) (1) (1) (1)
Sésseis
Vorticella
(2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (1) (3) (3) (3) (3)
Ciliados
Epistylis
(2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (1) (1) (1) (1) (1)
Tecameba
Arcella
(4) (4) (4) (4) (4) (4) (4) (4) (4) (4) (4) (2) (2) (2) (1) (1) (1) (1)
Protozoários
Amebóides
Difflugia
(0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (4) (4) (4) (3) (3) (3) (3)
Trichocerca (3) (3) (3) (3) (3) (3) (3) (2) (2) (1) (1) (1) (1) (1) (0) (0) (0) (0)
Rotiferos
Philodina (3) (3) (3) (3) (3) (3) (3) (3) (3) (2) (2) (2) (2) (1) (1) (1) (1) (1)
Tardígrados
Não identificado (3) (3) (3) (3) (3) (2) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0)
Metazoários
Nematóides
Aelosoma (3) (3) (3) (3) (3) (2) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0) (0)
101
5.3.1.1- Microfauna da biomassa proveniente do sistema de lodos ativados (inóculo)
Nesta etapa foi realizada a caracterização inicial dos protozoários e dos micrometazoários
presentes na biomassa proveniente do sistema de lodos ativados, ou seja, logo após sua
coleta do tanque anóxico do Hospital Sarah Kubitschek (0 dia), e também durante o
período em que a mesma foi inoculada e mantida no RBS sem alimentação, sob agitação
mecânica e aeração contínua (4 dias).
¾ Caracterização do inóculo
Os exames microscópicos revelaram que a o lodo utilizado como inóculo apresentou uma
microfauna diversa composta por protozoários ciliados (livre natantes, móveis de fundo e
sésseis) e amebóides (tecamebas), além de micrometazoários representantes dos rotíferos,
nematóides e tardígrados (Tabela 5.15).
Nesta amostra foi verificado o predomínio de tecamebas pertencentes ao gênero Arcella, a
presença de rotíferos dos gêneros Trichocerca e Philodina, de nematóides do gênero
Aelosoma e tardígrados (não identificados), os quais são indicadores de sistemas que
apresentam condições estáveis de operação, baixa carga orgânica, elevada concentração de
oxigênio, elevada idade do lodo, boa eficiência de nitrificação e boa qualidade do efluente
tratado (Madoni, 1994).
Os ciliados móveis de fundo dos gêneros Aspidisca e Euplotes e sésseis dos gêneros
Vorticella e Epistyllis foram observados com freqüência na amostra, enquanto que os
ciliados livres natantes do gênero Trachelophyllum foram pouco observados, confirmando
assim, que o sistema de lodos ativados em que a amostra foi coletada apresentava boas
condições de operação e, portanto a biomassa proveniente do mesmo poderia ser utilizada
como inóculo do RBS nas condições impostas neste trabalho.
Os microrganismos examinados por microscopia óptica de contraste de fase na amostra de
lodo utilizado como inóculo estão apresentados nas Figuras 5.43 e 5.44.
102
(a) (b)
(c) (d)
(e)
(f)
Figura 5.43 - Gêneros dos protozoários ciliados e amebóides observados no lodo utilizado
como inóculo: ciliados móveis de fundo (a) Aspidisca (400x) e (b) Euplotes (200x);
ciliados sésseis (c) Vorticella (400x) e (d) Epistylis (200x) e tecamebas (e) Arcella (200x)
e (f) aglomerado de Arcella (200x).
103
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 5.44 - Gêneros dos rotíferos, nematóides e tardígrados observados na biomassa
proveniente de sistema de lodos ativados (0 dia): rotíferos (a) Philodina (200x) e (b)
Trichocerca (200x); nematóide (c) Aelosoma (50x) e (d) gênero não identificado (100x).
¾ Caracterização da biomassa mantida no reator, sem alimentação (1 a4 dia)
O monitoramento da microfauna também foi realizado nos 4
dias em que a biomassa foi
mantida no RBS sem alimentação, apenas sob agitação mecânica e aeração contínua. Os
resultados dos exames microscópicos não mostraram diferenças nas freqüências de
ocorrência dos protozoários e micrometazoários em relação às observadas na biomassa
inicial (0 dia), ou seja, não foram verificadas alterações qualitativas das populações durante
o tempo em que os microrganismos permaneceram no reator, nas condições impostas
(Tabela 5.15). No entanto, os valores médios de sólidos suspensos voláteis obtidos nas
determinações da biomassa inicial (0 dia = 6,7 g/L de SSV) e final (4
o
dia = 4,1 g/L de
SSV) evidenciaram que tais populações sofreram alterações quantitativas, ou seja, os
microrganismos entraram em fase de crescimento decrescente ao longo do referido
104
período, provavelmente, devido à diminuição da disponibilidade de substratos como
recurso alimentar. De acordo com Madoni (1994), a escassez de substratos na alimentação
da microfauna de sistemas de lodos ativados determina o decréscimo da taxa de
crescimento dos microrganismos, pela diminuição do metabolismo celular devido à baixa
concentração de substrato disponível no sistema.
Como mencionado no item 5.2.1.1, com a estratégia adotada, de deixar a biomassa entrar
em fase de crescimento decrescente, conseguiu-se que a concentração de sólidos suspensos
voláteis para a partida do sistema fosse igual a 4,1 g/L, satisfazendo a condição inicial
adotada de 4 g/L. Essa condição inicial favoreceu a partida do sistema com baixa taxa de
relação A/M igual a 0,2 kgDQO/kgSSV.dia permitindo a oxidação total da matéria
orgânica o que resultou em flocos com boas características de sedimentabilidade, efluente
de qualidade, e principalmente, maior eficiência de remoção (von Sperling 2002).
5.3.1.2-Microfauna presente no licor misto durante a operação do RBS (Fase 1 e 2)
Nesta etapa foi realizado o monitoramento microscópico das amostras de licor misto e
analisadas as freqüências dos protozoários e dos micrometazoários presentes nas mesmas
durante os 118 dias de operação do reator aeróbio alimentado em bateladas seqüenciais
(Tabela 5.15).
Os resultados dos exames microscópicos mostraram que as freqüências dos protozoários e
dos micrometazoários nas amostras de licor misto, referentes ao primeiro dia de operação
do reator, foram às mesmas verificadas nas amostras do inóculo com exceção dos
nematóides do gênero Aelosoma e dos tardígrados, os quais foram observados com menor
freqüência (Tabela 5.15). Provavelmente, as populações destes últimos foram afetadas
pela concentração de nitrogênio amoniacal (70 mg/L N-NH
4
+
) adicionada ao sistema.
Segundo Jenkins et al. (1993), estes micrometazoários são extremamente sensíveis à
presença de amônia no meio e podem ser diretamente afetados por pequenas concentrações
desse composto no sistema.
No quinto dia de operação do reator, foi observado o predomínio conjunto de ciliados
móveis de fundo dos gêneros Aspidisca e Euplotes e de tecamebas do gênero Arcella,
indicando que o sistema apresentava boa eficiência de remoção de matéria orgânica, boas
105
condições de nitrificação e conseqüentemente boa qualidade do efluente tratado. Essa
constatação foi confirmada pelos valores de DQO afluente (1125 mgDQO/L) e efluente
(66 mgDQO/L). Os ciliados sésseis e os rotíferos apresentaram a mesma freqüência
observada no primeiro dia de operação do reator (Tabela 5.15). As populações de
nematóides e tardígrados não foram mais observadas nas amostras de licor misto
provavelmente devido à presença de nitrogênio amoniacal no meio.
As amostras de licor misto, referentes ao oitavo e ao décimo segundo dia de operação do
RBS, apresentaram os mesmos protozoários e microzoários observados nas microfaunas da
amostra anterior (quinto dia). Em relação às freqüências, houve apenas uma ligeira
diminuição das populações dos ciliados móveis de fundo do gênero Euplotes e dos
rotíferos do gênero Trichocerca (Tabela 5.15). Tais resultados indicaram que o sistema
ainda apresentava condições estáveis de operação, baixa carga orgânica, elevada
concentração de oxigênio, boa eficiência de nitrificação e boa qualidade do efluente
tratado. Características estas que foram confirmadas pelos valores das concentrações de
matéria orgânica (122 mgDQO
8ºdia
/L e 380 mgDQO
12ºdia
/L), e nitrogênio amoniacal (0,3
mgN-NH
4
+
8ºdia
/L e 0,1 mgN-NH
4
+
12ºdia
/L) do efluente, além da concentração de oxigênio
dissolvido no licor misto de (3,7 mgOD
8ºdia
/L e 3,6 mgOD
12ºdia
/L).
Do 12
o
ao 48
o
dias de operação do reator, os resultados dos exames microscópicos
mostraram que a composição da microfauna de protozoários e micrometazoários e as
freqüências destas populações permaneceram constantes, mesmo sendo contemplado nesta
faixa a mudança de temperatura do reator de 30ºC para 22ºC, no 27º dia de operação e,
portanto, durante este período o sistema operava em condições estáveis e com as mesmas
características descritas anteriormente. Tais resultados corroboram com os obtidos na
determinação dos parâmetros analisados durante este período de operação do reator, os
quais estão apresentados nos itens 5.2.1.2 e 5.2.1.1 deste capítulo.
Os exames microscópicos das amostras de licor misto representante dos 49
o
e 69
o
dias de
operação do reator possibilitaram verificar que os protozoários e micrometazoários
presentes no reator foram os mesmos (Aspidisca, Euplotes,
Vorticella, Epistylis, Arcella,
Trichocerca e Philodina) e apresentaram as mesmas freqüências descritas anteriormente,
indicando assim a estabilidade e eficiência do sistema. É importante ressaltar que nessas
amostras foram observados pela primeira vez alguns ciliados livres natantes pertencentes
106
ao gênero Paramecium. As freqüências em que os protozoários e micrometazoários foram
observados nas amostras de licor misto estão apresentadas na Tabela 5.15.
No 90
o
dia de operação do reator foi verificada significativa alteração na composição da
microfauna e nas freqüências que estes microrganismos foram observados nas amostras de
licor misto (Tabela 5.15). Neste dia foi observado o predomínio de ciliados móveis de
fundo dos gêneros Aspidisca e Euplotes indicando que o sistema ainda apresentava
condições estáveis de operação, com carga orgânica média e eficiência razoável de
nitrificação. Foram verificados também o predomínio de tecamebas pertencentes ao gênero
Difflugia (Figura 5.45) e a presença do gênero Arcella, ambas indicadoras de sistemas que
operam com aeração prolongada. Nestas amostras também foi constatada a presença de
ciliados livres natantes dos gêneros Trachelophyllum e Litonotus (Figura 5.45), os quais
são indicadores de sistemas em fase transitória de tratamento e que operam com carga
orgânica média (Canler et al, 1999). Tais resultados corroboram com os de monitoramento
(item 5.2.1.1) afluente e efluente 134 mgN-NH
4
+
90ºdia
/L e 11 mgN-NH
4
+
90ºdia
/L,
respectivamente, juntamente com os apresentados no perfil temporal realizado no 93º dia
de operação, os quais começaram a indicar não mais a remoção total do nitrogênio
amoniacal e sim presença de acúmulo do mesmo.
No 97
o
dia de operação do reator, os exames microscópicos também revelaram o
predomínio de ciliados móveis de fundo dos gêneros Aspidisca e Euplotes e de tecamebas
pertencentes ao gênero Difflugia, indicando que o sistema ainda apresentava condições
estáveis de operação e um prolongado tempo de aeração. No entanto, foram verificados
também os predomínios dos ciliados livres natantes dos gêneros Litonotus e
Trachelophyllum e um aumento nas freqüências do gênero Paramecium nas amostras de
licor misto (Tabela 5.15 e Figura 5.45), confirmando assim que o sistema operava em fase
transitória de tratamento e o efluente apresentava qualidade inferior. Estes resultados
coincidem com os obtidos no perfil temporal do 99º dia de operação (item 5.2.1.2), o qual
apresentou dificuldade na remoção de nitrogênio amoniacal em 8 horas, acumulando o
mesmo no interior do reator.
107
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 5.45 - Gêneros de ciliados livres natantes e tacamebas observados em amostras do
licor misto durante a operação do reator (90º e 97º dias): (a) Litonotus (400x), (b)
Trachelophyllum (400x) e (c) Paramecium (200x); (d) tecameba Difflugia (400x).
Nas amostras de licor misto, coletadas no 103
o
dia de operação do reator, predominaram as
tecamebas pertencentes ao gênero Difflugia, enquanto que as do gênero Arcella foram
observadas com freqüência (Tabela 5.15). É importante ressaltar que nessas amostras foi
observada uma grande quantidade de bactérias em suspensão (Figura 5.46). Tal fato pode
ser explicado pelo significativo decréscimo nas freqüências das populações de ciliados
móveis de fundo dos gêneros Aspidisca e Euplotes, ciliados sésseis (Epistylis e Vorticella)
e no desaparecimento dos ciliados livres natantes (Trachelophyllum, Litonotus e
Paramecium). Este decréscimo das populações de ciliados pode ser decorrente da
estratégia de descartar a biomassa, iniciada a partir do 101
o
dia de operação, o que pode ter
ocasionado a elevação da relação alimento/microrganismo no sistema (A/M = 0,8). De
acordo com Canler et al. (1999) estes protozoários se alimentam de bactérias dispersas no
108
meio ou aderidas aos flocos e a presença destes em pequenas quantidades podem contribuir
para o aumento das populações bacterianas no licor misto.
Figura 5.46 - Bactérias dispersas no licor misto durante a operação do reator (103º dia)
(400x).
As amostras de licor misto referentes aos 112
o
, 114
o
e 117
o
dias de operação do reator,
apresentaram o predomínio de ciliados livres natantes pertencentes ao gênero Uronema, os
quais são relacionados à baixa qualidade de tratamento. Foi verificada também com
freqüência a presença de outros ciliados livres, os quais não puderam ser identificados
(Tabela 5.15). Os exames microscópicos também mostraram um aumento na freqüência de
ciliados sésseis do gênero Vorticella, as quais são relacionadas a sistemas que apresentam
altas cargas orgânicas e qualidade medíocre do efluente (Madoni, 1994). Tais resultados
estão de acordo com os adquiridos nas análises, uma vez que apresentaram uma eficiência
de remoção de DQO e nitrogênio total, no 117º dia de operação, de 74,6% e 14,8%,
respectivamente. Indicavam que o sistema não apresentava boas condições de operação,
apresentava alta carga orgânica (DQO) e qualidade inferior do efluente.
Na amostra coletada no último dia de operação do reator (118
o
dia), os exames
microscópicos mostraram que a composição da microfauna presente no licor misto foi a
mesma observada nos 112
o
, 114
o
e 117
o
dias (Tabela 5.15). Entretanto nessa amostra foram
verificados o predomínio do ciliado livre natante (não identificado) e uma ligeira
diminuição na freqüência do ciliado livre natante do gênero Uronema. O predomínio de
ciliados livres natantes indica que o sistema trabalha com elevada carga orgânica e o
109
efluente baixa eficiência de tratamento. A partir desses resultados, juntamente com os
analíticos, foi decido parar de operar o reator porque as eficiências já não eram boas, o
sistema não gerava nitrito, o efluente não apresentava boa qualidade e a concentração de
sólidos suspensos voláteis era pequena.
5.3.2-Estimativas das densidades de bactérias nitrificantes e desnitrificantes (NMP)
A seguir estão apresentados os resultados dos valores estimados das densidades das
populações de bactérias nitrificantes e desnitrificantes referentes às amostras de licor misto
coletadas em diferentes períodos de operação do RBS (61
o
, 100
o
e 118
o
dias) (Tabela
5.16).
Tabela 5.16 - Valores estimados das densidades de bactérias nitrificantes e desnitrificantes
obtidos pela técnica do NMP.
Densidade (organismos/mL)
Bactérias
61
o
dia 100
o
dia 118
o
dia
oxidantes de nitrogênio
amoniacal
6,2 x 10
6
4,5 x 10
6
4,5 x 10
5
Nitrificantes
oxidantes de nitrito 4,5 x 10
1
4,5 x 10
1
4,5 x 10
5
Desnitrificantes 1,7 x 10
6
2,0 x 10
6
4,0 x 10
5
Os resultados obtidos nas análises de NMP mostraram que os valores estimados das
populações de bactérias nitrificantes oxidantes de amônia no licor misto apresentaram um
pequeno decréscimo entre os 61º, 100º e 118º dias de operação do reator, o que pode
justificar os resultados obtidos no perfil temporal do 93º e 99º dia de operação, os quais
passaram a não mais oxidar totalmente o nitrogênio amoniacal no período de 8 horas.
Enquanto que, os valores das densidades das bactérias oxidantes de nitrito permaneceram
constantes nos 61º e 100º dias (4,5 x 10
1
) e apresentaram um significativo aumento no 118º
dia de operação do reator (Tabela 5.16).
Em relação às bactérias desnitrificantes, os resultados do NMP revelaram que as mesmas
encontraram-se em concentrações ligeiramente inferiores as nitrificantes e que suas
densidades populacionais (Figura 5.47) não apresentaram variações significativas nos 61º e
110
100º dias de operação do RBS. Apenas no 118º dia foi observado um tênue decréscimo no
valor estimado dessas bactérias no reator (Tabela 5.16).
1,00E+00
1,00E+02
1,00E+04
1,00E+06
1,00E+08
61 100 118
Tempo de operação (dias)
Densidade (organismos/mL)
oxidadoras de amônia oxidadoras de nitrito desnitrificantes
Figura 5.47 - Valores estimados das densidades das bactérias nitrificantes (oxidantes de
amônia e oxidantes de nitrito) e desnitrificantes
Os resultados obtidos pela técnica do NMP também permitiram correlacionar as
densidades populacionais das bactérias nitrificantes (oxidantes de amônia e oxidantes de
nitrito) e desnitrificantes, em cada ponto amostrado, com as condições operacionais do
reator (Figura 5.47). Torna-se evidente, que no 61º dia de operação (reator operava à
temperatura de 22ºC - Fase 1B, pH = 8,3) e no 100º dia (final da Fase 1B), há uma maior
sensibilidade, dos organismos oxidantes de nitrito, à condição operacional em que estavam
o que é um fator positivo diante do interesse em promover a remoção de nitrogênio via
nitrito.
No entanto, evidencia-se no 118º dia de operação (final da Fase 2) um comportamento
totalmente diferente das populações bacterianas, em relação aos verificados nos 61
o
e 110
o
dias (Figura 5.47). A semelhança na ordem de grandeza da população dos organismos
oxidantes de amônia e dos oxidantes de nitrito sugeriu a possibilidade de recuperação da
população de organismos oxidantes de nitrito. O fator que pode, isoladamente ou não, ter
sido responsável por essa recuperação foi à adoção da estratégia do tempo de detenção de 5
dias, que pode ter favorecido a seleção dos organismos oxidantes de nitrito em detrimento
dos oxidantes da amônia. Tais resultados evidenciaram que o sistema já não produzia
111
nitrito como forma oxidada de nitrogênio (devido ao aumento da população de oxidantes
de nitrito) e no final de operação do reator o mesmo já não apresentava boas eficiências de
remoção.
5.4-ANÁLISES DE IMAGENS DOS FLOCOS MICROBIANOS
5.4.1-Caracterização morfológica dos flocos da biomassa proveniente da ETE CAGIF
Na Figura 5.48 é apresentada uma das imagens digitais dos flocos microbianos da
biomassa proveniente da ETE CAGIF do Hospital Sarah Kubitschek após 4 dias de
aclimatação no laboratório sob condições de aeração e sem alimentação de efluente.
Observa-se a ampla distribuição de tamanhos dos agregados microbianos e a presença de
poucos filamentos projetados para o exterior dos flocos o que indica o balanço adequado
entre os organismos floculantes e filamentosos.
Figura 5.48 – Imagem digital adquirida por microscopia de campo claro dos flocos
microbianos da biomassa da ETE CAGIF (aumento 50 X)
9 Determinação da distribuição de freqüências dos parâmetros morfológicos
Na Tabela 5.17 é apresentada a estatística descritiva do Diâmetro Equivalente (Deq), da
Circularidade (Circ) e da Razão de Aspecto (RA) dos agregados microbianos na amostra
da biomassa retirada do sistema RBS prévio ao processo de aclimatação da biomassa ao
lixiviado.
112
Tabela 5.17 - Estatística descritiva dos parâmetros morfológicos dos flocos da biomassa
antes da adaptação ao lixiviado.
N Média Mediana Mínimo Máximo Desv. Padrão
Circ 300 7.1 5.9 1.5 46.2 5.40
RA 300 1.6 1.5 1.1 3.2 0.34
Deq 300 129.0 110.6 71.1 425.5 54.96
Verifica-se na Tabela 5.17 que os agregados microbianos presentes na biomassa oriundo
da ETE apresentaram tamanho, estimado como Deq, na faixa de 71 a 425,5 µm. O maior
pico de freqüência de tamanhos correspondeu ao intervalo de 50 e 100 µm (38,3%), Figura
5.49. Segundo Knudson et al. (1982), a faixa de tamanhos dos flocos microbianos típicos
de sistemas por lodos ativados pode variar de 0,5 e 1000 µm sendo o maior percentual de
agregados menores que 100 µm. Observa-se ainda que os agregados microbianos tendem a
ser irregulares e pouco alongados com valores médios de Circularidade de 7,1 e Razão de
Aspecto de 1,6.
Após estimar os parâmetros morfológicos dos flocos microbianos foram determinadas as
distribuições de freqüências relativas de cada um deles para cada amostra analisada. Em
seguida foi feito o teste de normalidade para verificar o ajuste dos dados experimentais à
função de densidade de probabilidade normal. Foi constatado que em todas as etapas de
estudo os histogramas de freqüências do Diâmetro Equivalente bem como da Circularidade
e da Razão de Aspecto dos flocos apresentaram formas completamente assimétricas
verificando-se uma diminuição abrupta na distribuição dos dados do lado esquerdo dos
gráficos. Os testes quantitativos de Kolmogorov-Smirnov e de Lillierfors se mostraram
significativo ao nível de 99% de confiança (p< 0,001) na tentativa de ajuste dos dados à
distribuição normal rejeitando-se a hipótese de que os dados refletem este tipo de
distribuição.
A Figura 5.49 ilustra os histogramas de freqüência dos parâmetros morfológicos analisados
e a função de densidade de probabilidade normal bem como os resultados dos testes de
normalidade dos flocos de lodo ativado oriundos do lodo inicial utilizado no sistema RBS.
Durante o processamento e análise de imagens digitais dos flocos da biomassa, são
eliminados resíduos e pequenos fragmentos de flocos que podem contribuir a aumentar o
erro das medições dos parâmetros morfológicos. Por esse motivo, foram excluídos da
113
análise aqueles objetos cuja área projetada era menor que 0,1% da área total da imagem,
conforme recomendado por Russ (1995) visando diminuir o erro das medições dos
parâmetros morfológicos. Esta operação resulta na obtenção de distribuições amostrais de
freqüência que não se ajustam adequadamente à função de densidade de probabilidade
normal.
Distribuições de tamanhos carentes de normalidade de agregados formados em sistemas de
tratamento de esgotos por lodos ativados também têm sido relatadas em estudos prévios
realizados por Grijspeerdt e Verstraete (1997), Chakraborti et al (2003) e Ginoris (2006).
Kolmogorov-Smirnov d = 0.14625, p < 0.01, Lilliefors p < 0.01
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
Deq (µm)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Frequência Relativa (%)
Kolmogorov-Smirnov d = 0.18319, p < 0.01, Lilliefors p < 0.01
-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Circ
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Frequência Relativa (%)
Kolmogorov-Smirnov d = 0.09622, p < 0.01, Lilliefors p < 0.01
0.84
1.12
1.40
1.68
1.96
2.24
2.52
2.80
3.08
3.36
3.64
RA
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Frequência Relativa (%)
Figura 5.49 - Histograma de distribuição de freqüências para o Diâmetro Equivalente
(Deq), a Circularidade (Circ) e a Razão de Aspecto (RA) dos flocos de biomassa prévio ao
período de aclimatação do sistema ao lixiviado.
5.4.2-Influência do lixiviado na morfologia dos flocos da biomassa durante o período
de aclimatação.
A Figura 5.50 ilustra as imagens digitais dos flocos microbianos adquiridas em amostras da
biomassa antes e durante a etapa de adaptação do sistema RBS ao lixiviado. Pela inspeção
114
visual das imagens notam-se mudanças no aspecto físico dos flocos microbianos ao longo
do período de aclimatação.
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
Figura 5.50 - Imagens adquiridas por microscopia usando a técnica de campo claro dos
flocos microbianos correspondentes: (a) biomassa antes de alimentar com lixiviado; (b) 1º
dia, (c) 2º dia, (d) 6º dia e (e) 8º dia de adaptação da biomassa ao lixiviado. (aumento 50 X)
As Tabelas 5.18, 5.19 e 5.20 apresentam a estatística descritiva do Deq, da Circ e da RA
dos agregados microbianos nas amostras de biomassa retiradas do sistema RBS durante a
etapa de aclimatação do sistema ao lixiviado.
115
Tabela 5.18 - Estatística descritiva do Diâmetro Equivalente dos flocos microbianos
durante o período de aclimatação da biomassa ao lixiviado.
Tempo (dias) Início
N
300 300 300 300 300
Média
129.0
166.6 153.0 139.9 155.6
Mediana
110.6
126.1 123.4 116.3 127.8
Mínimo
71.0
71.2 71.3 71.2 71.1
Máximo
425.5
855.8 574.0 636.6 724.1
Desvio Padrão
54.96
112.16 90.12 73.31 91.38
Tabela 5.19 - Estatística descritiva da Circularidade dos flocos microbianos durante o
período de aclimatação do biomassa ao lixiviado.
Tempo (dias) início
N
300 300 300 300 300
Média
7.1
8.6 8.9 6.6 8.3
Mediana
5.9
6.1 6.1 5.1 6.2
Mínimo
1.5
1.8 1.3 1.7 1.2
Máximo
46.2
67.9 59.3 34.6 73.3
Desvio Padrão
5.40
8.14 8.07 5.07 7.54
Tabela 5.20 - Estatística descritiva da Razão de Aspecto dos flocos microbianos durante o
período de aclimatação do biomassa ao lixiviado.
Tempo (dias) Início
N
300 300 300 300 300
Média
1.6
1.6 1.6 1.6 1.6
Mediana
1.5
1.5 1.6 1.5 1.6
Mínimo
1.1
1.1 1.1 1.1 1.1
Máximo
3.2
3.0 3.2 3.8 3.0
Desvio Padrão
0.34
0.32 0.33 0.36 0.34
A análise dos resultados dos parâmetros morfológicos revela que nas primeiras 24 horas de
aclimatação da biomassa ao lixiviado alimentado na proporção de 5%, houve um
deslocamento notável do valor máximo do Deq dos agregados microbianos de 425,1 µm
para 855,8 µm e um conseqüente incremento do valor da mediana deste parâmetro de
110,6 µm para 126,1 µm. Conjuntamente com a variação na faixa de tamanhos dos flocos
constatou-se variação na circularidade, verificando-se na Tabela 5.19 um incremento no
valor máximo deste parâmetro de 46,2 para 67,9, indicativo de uma tendência do sistema à
formação de flocos maiores e mais irregulares.
No entanto no segundo dia de aclimatação foi verificada uma redução na faixa de
tamanhos dos flocos de 71, 2 - 855 µm para 71,3 – 574,0 µm em relação às primeiras 24
116
horas de monitoração do sistema. Esta redução na faixa de tamanhos dos flocos veio
acompanhada de uma queda no valor da mediana do Deq de 126,1 para 123,4 µm. A faixa
de valores da Circularidade também foi reduzida sugerindo que os flocos diminuíram suas
dimensões e se tornaram mais regulares. Estes resultados comprovam que nesse intervalo
de tempo houve desfloculação da biomassa.
A diminuição no valor da mediana do Deq foi observada até o sexto dia de adaptação
biomassa, apesar de que a análise morfológica dos flocos acusou um aumento na faixa de
tamanhos nesse dia, o que pode ser associado a erros experimentais associados à técnica
utilizada. A diminuição no valor da mediana do Deq no sexto dia de aclimatação esteve
relacionada à redução do valor da mediana da Circularidade dos flocos, mostrando que o
lodo continuou a desflocular resultando na formação de flocos com menores dimensões e
mais regulares.
No entanto, os resultados da morfologia dos flocos da biomassa ao final do período de
aclimatação (oitavo dia) indicam que a biomassa conseguiu se recuperar verificando-se um
novo aumento na mediana do Deq em função da ampliação na faixa de tamanhos dos
flocos microbianos. Observa-se ainda na Tabela 5.19 que a ampliação da faixa de
tamanhos dos flocos novamente guarda uma estreita correspondência com a ampliação do
intervalo de valores da circularidade dos flocos comprovando-se mais uma vez a tendência
do sistema a reflocular dando lugar a formação de agregados maiores e conseguintemente
mais irregulares.
Finalmente constata-se na Tabela 5.20 que a Razão de Aspecto dos agregados microbianos
praticamente não variou durante o período de aclimatação sugerindo que as mudanças na
morfologia dos flocos não estiveram relacionadas com variações no alongamento dos
flocos.
A Tabela 5.21 e Figura 5.51 mostram a distribuição de freqüências relativas do Deq dos
agregados microbianos durante a adaptação do lodo ao lixiviado.
A análise da distribuição de freqüências relativas do Deq dos agregados microbianos
mostra que nas primeiras 24 horas de aclimatação do sistema houve um decréscimo de
16,3% no percentual de flocos com tamanhos de 50 a 200 µm com a conseqüente elevação
117
do percentual de agregados com Deq maior que 200 µm, indicando que pode ter ocorrido
nas primeiras 24 horas a adaptação a biomassa utilizando a matéria orgânica como
substrato associado às condições de operação do sistema, como a aeração que pode ter
favorecido na refloculação e conseqüentemente no crescimento dos flocos.
Tabela 5.21 - Freqüência relativa (%) do tamanho dos flocos microbianos durante a etapa
de aclimatação ao lixiviado
Tempo Início 1º dia 2º dia 6º dia 8º dia
<= 50
0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
100
38.3 31.0 35.0 35.7 33.3
150
34.7 30.0 29.3 33.3 27.3
200
19.0 14.7 16.7 17.7 16.0
250
4.0 10.3 6.0 6.3 12.0
300
2.3 4.0 4.3 3.3 5.3
350
1.0 2.7 3.0 1.7 2.7
400
0.3 1.7 1.7 0.7 1.3
450
0.3 1.3 2.7 0.7 0.3
500
0.0 1.3 1.0 0.0 0.3
550
0.0 1.3 0.0 0.3 0.7
600
0.0 1.0 0.3 0.0 0.3
650
0.0 0.3 0.0 0.3 0.0
700
0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
750
0.0 0.0 0.0 0.0 0.3
>750
0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
Figura 5.51 – Distribuição de freqüências do Deq dos flocos microbianos durante a etapa
de aclimatação ao lixiviado.
A partir do segundo dia de aclimatação o percentual de flocos com Deq no intervalo de 50
a 200 µm elevou-se principalmente em decorrência do declínio no percentual de flocos
118
com Deq no intervalo de 200 a 250 µm de 10,3 para 6,0%. A elevação do número de flocos
com tamanhos menores que 200 µm evidencia a desfloculação do biomassa nesse intervalo
de tempo. O incremento no percentual de flocos com tamanhos entre 50 e 200 µm foi
verificado até o sexto dia aclimatação acompanhado da queda da porcentagem de
agregados Deq maior que 300 µm. Finalmente no oitavo dia de aclimatação constatou-se a
refloculação do biomassa indicada pelo decréscimo de 10% dos flocos com Deq entre 50 e
200 µm e a conseqüente elevação do percentual de agregados com tamanhos maiores que
250 µm, mostrando a tendência da biomassa a se adaptar as novas condições impostas ao
sistema.
Para verificar se a variação dos parâmetros morfológicos estimados ao longo do período de
aclimatação foi estatisticamente significativa, foi realizada a análise de variância não-
paramétrica usando o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis recomendado para efetuar a
análise de variância de dados experimentais que não seguem a distribuição normal. Os
resultados são apresentados na Tabela 5.22.
Tabela 5.22 – Teste de Kruskal-Wallis para os parâmetros morfológicos estimados durante
a etapa de aclimatação do biomassa ao lixiviado.
Tempo (dias)
Início 1º
Circ 218062.0
a
235245.0
a,b
239454.0
b,c,d
199890.0
a,c,d
233099.0
a,b,c,e
Deq 204252.5
a
242305.0
b,c,e
227350.5
c,d,e
217940.5
d,e
233901.5
e
a,b,c,d,e
Ordenação média com pelo menos uma letra em comum são equivalentes para cada
parâmetro morfológico.
Verifica-se na Tabela 5.22 a existência de diferenças significativas na ordenação média do
Deq dos flocos antes da alimentação do sistema em relação ao primeiro dia de aclimatação,
no entanto a variação na Circularidade dos flocos não foi significativa a 95% de confiança
nesse intervalo de tempo. Entre o segundo e o sexto dia de aclimatação houve uma queda
na ordenação média do Deq conjuntamente com a diminuição da ordenação média da
Circularidade, porém esta variação não se mostrou estatisticamente significativa. Ao final
de 8 dias de aclimatação constatou-se a elevação da ordenação média dos parâmetros
morfológicos estudados, no entanto esse aumento não foi significativo. Ao se analisar o
período de aclimatação considerando a ordenação média dos parâmetros no primeiro e
último dia de aclimatação de da biomassa, pode-se concluir que ocorreu uma diminuição
estatisticamente significativa do tamanho dos flocos não sendo verificada variação
119
significativa da regularidade dos mesmos devido a que a ordenação média deste parâmetro
não se mostrou significativa (p > 0,05).
5.4.3-Influência da retirada gradual da biomassa na morfologia dos flocos
microbianos (Tempo de detenção celular de 5 dias)
Deve ser ressaltado que em função da adaptação da biomassa ao lixiviado houve um
aumento considerável das dimensões dos flocos microbianos no sistema RBS. Por este
motivo 24 h antes de se iniciar a retirada da biomassa do sistema RBS um percentual
considerável dos flocos com área projetada maior do que as dimensões das imagens
digitais adquiridas não puderam ser incluídos na análise morfológica dos agregados. Desta
forma, determinou-se não incluir os resultados dos parâmetros morfológicos dos flocos
referentes ao primeiro dia de retirada do lodo na análise dos resultados.
A Figura 5.52 ilustra as imagens digitais dos flocos nas amostras retiradas dos sistema ao
longo do período analisado. As Tabelas 5.23, 5.24 e 5.25 apresentam a estatística descritiva
do Deq, da Circ e da RA dos agregados microbianos nas amostras de biomassa retiradas do
sistema RBS durante a etapa de retirada gradual da biomassa.
Observa-se que durante o período de retirada da biomassa do reator RBS houve uma
redução gradual na faixa de tamanhos dos flocos microbianos presentes no sistema entre o
segundo e o sexto dia de avaliação verificando-se o deslocamento do valor máximo deste
parâmetro de 871,1 µm no segundo dia para 511,8 µm no sexto dia de estudo.
Conjuntamente com a redução na faixa de tamanhos dos flocos foi observada uma leve
diminuição do valor da mediana da Circularidade no intervalo de tempo analisado, o que
mostra a tendência do biomassa a desflocular nesse espaço de tempo.
A partir do décimo primeiro dia os dados dos parâmetros morfológicos mostraram que
parte do lodo desfloculado conseguiu reflocular indicado pelo aumento na faixa de Deq.
No entanto, após 15 dias de retirada da biomassa do sistema a faixa de tamanhos dos flocos
foi reduzida novamente o que sugere que o sistema não conseguiu se recuperar frente a
retirada gradual da biomassa do sistema RBS. Da mesma forma que fase de aclimatação da
biomassa ao lixiviado, nesta fase tambémo houve praticamente variação nas faixas de
valores da Razão de Aspecto dos agregados nem da mediana.
120
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
Figura 5.52 - Imagens adquiridas por microscopia usando a técnica de campo claro dos
flocos microbianos correspondentes ao primeiro (a), 2º dia (b), 5º dia (c) 6º dia (d) 11º dia
e (e) 15º dia de adaptação do biomassa ao lixiviado (aumento 50 X).
Tabela 5.23 - Estatística descritiva do Deq dos flocos microbianos durante o período de
retirada gradual da biomassa do sistema RBS.
Tempo (dias) 11º 15º
N
300 300 300 300 300
Média (um)
244.3 190.8 173.7 171.6 167.9
Mediana (um)
215.2 165.5 146.4 145.1 141.2
Mínimo (um)
71.6 72.3 71.0 71.5 71.2
Máximo (um)
871.1 631.8 511.8 658.2 517.8
Desvio Padrão (um)
136.82 97.24 90.91 90.29 91.66
121
Tabela 5.24 – Estatística descritiva da Circularidade dos flocos microbianos durante o
período de retirada do biomassa.
Tempo (dias) 11º 15º
N
300 300 300 300 300
Média
5.7 5.8 5.8 3.9 4.0
Mediana
4.8 5.0 4.9 3.4 3.2
Mínimo
1.3 1.2 1.2 1.1 1.2
Máximo
22.7 27.3 20.1 14.7 27.1
Desvio Padrão
3.66 3.53 3.56 2.32 2.93
Tabela 5.25 - Estatística descritiva da Razão de Aspecto dos flocos microbianos durante o
período de retirada do biomassa.
Tempos (dias) 11º 15º
N
300 300 300 300 300
Média
1.6 1.6 1.6 1.6 1.6
Mediana
1.5 1.5 1.6 1.5 1.5
Mínimo
1.1 1.1 1.0 1.1 1.1
Máximo
2.9 3.5 2.8 4.5 4.1
Desvio Padrão
0.34 0.34 0.33 0.37 0.36
Na Tabela 5.26 e Figura 5.53 encontram-se as distribuições de freqüência relativa referente
ao Deq dos flocos microbianos na etapa estudada.
Tabela 5.26 - Freqüência relativa (%) do tamanho dos flocos microbianos durante a etapa
de retirada gradual da biomassa do sistema RBS.
T (dias) 11º 15º
<= 50
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
100
12,3 18,7 23,3 24,3 26,0
150
17,3 20,7 29,0 28,3 28,3
200
16,0 23,3 19,3 16,0 17,7
250
14,3 13,0 8,7 13,0 11,7
300
9,7 12,7 9,3 8,7 5,7
350
9,3 4,3 3,7 4,0 5,3
400
9,0 3,3 3,3 3,3 2,0
450
4,3 2,0 2,3 1,7 2,0
500
3,3 1,0 0,3 0,3 1,0
550
1,3 0,3 0,7 0,0 0,3
600
0,3 0,3 0,0 0,0 0,0
650
1,0 0,3 0,0 0,0 0,0
700
0,7 0,0 0,0 0,3 0,0
750
0,7 0,0 0,0 0,0 0,0
800
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
850
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
900
0,3 0,0 0,0 0,0 0,0
122
Figura 5.53 – Distribuição de freqüências do Deq dos flocos microbianos durante a etapa
de retirada gradual do biomassa do sistema RBS.
Pela análise das distribuições de freqüências relativas do Deq dos agregados do biomassa
verifica-se que do segundo ao quinto dia de retirada gradual da biomassa do reator o
biomassa desfloculou indicado pelo aumento do 20 % dos flocos com Deq entre 50 a 350
µm em função do decréscimo do percentual de flocos com tamanhos maiores que 350 µm.
O lodo continuou desfloculando até o décimo quinto dia de retirada da biomassa sendo
possível conferir que o percentual de flocos que continuou a aumentar gradativamente até
o décimo quinto dia de estudo foi o relativo aos flocos com tamanhos de 50 a 100 µm em
decorrência da desfloculação de flocos com tamanhos cada vez menores, sendo registrado
ao final desta etapa um aumento liquido de 13,7 % dos flocos nessa faixa de tamanhos em
decorrência da queda do percentual de flocos principalmente com Deq maior que 250 µm.
Com o intuito de avaliar se a desfloculação da biomassa foi estatisticamente significativa
foi realizada a análise de variância não-paramétrica usando novamente o teste não
paramétrico de Kruskal-Wallis. A Tabela 5.27 mostra os resultados do teste não
paramétrico.
A análise de variância mostra que a retirada da biomassa do sistema promoveu uma
desfloculação estatisticamente significativa do lodo ativado ao nível de 95% de confiança
do Deq dos flocos durante o período de monitoramento do sistema em relação ao segundo
dia de retirada do lodo ativado do reator. A variação da Circularidade não seguiu o mesmo
123
comportamento do Deq apontando para variações não significativas do ponto de vista
estatístico, sugerindo poucas mudanças na regularidade dos flocos mircobianos. No
entanto, a análise global dos resultados do teste de Kruskal-Wallis aponta para o fenômeno
de desfloculação gradual e estatisticamente significativo do lodo ativado sob as condições
estudadas.
Tabela 5.27 – Teste de Kruskal-Wallis para os parâmetros morfológicos estimados durante
a etapa de retirada gradual da biomassa do sistema RBS.
Tempo (dias) 11º 15º
Circ 252676.0
a
264396.0
a,b
257793.0
a,b,c
175902.5
d
174982.5
d,e
Deq (µm) 281431.0
a
233567.5
b
208484.5
c
205108.0
c,d
197159.0
c,d,e
a,b,c,d,e
Ordenação média com pelo menos uma letra em comum são equivalentes para cada
parâmetro morfológico.
5.5-CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo de todas as Etapas experimentais, o lixiviado apresentou como característica
valores elevados de pH, superior a 8,0, o que conforme indicado pela literatura é ideal para
propiciar o acúmulo de nitrito no sistema.
Os testes exploratórios em escala de bancada reduzida (Etapa 1) foram úteis para avaliação
da estratégia de partida e de operação de sistema biológico aeróbio tratando lixiviado. De
acordo com os dados obtidos e, considerando as condições experimentais específicas dos
ensaios, pôde-se inferir que o principal problema operacional verificado foi à interferência
das elevadas concentrações de sólidos totais que entraram no sistema, decorrentes da
característica do lixiviado bruto, conforme os dados da Tabela 5.1. Esse problema
operacional foi o fator preponderante para impossibilitar a operação do sistema com cargas
mais elevadas, ou seja, alimentação do reator com lixiviado bruto.
Os perfis temporais, em ambas as fases, demonstraram que o tempo de ciclo de 24 horas
foi excessivo, uma vez que nitrogênio amoniacal era convertido em 8 horas. As
concentrações máximas obtidas de nitrito no sistema ocorreram aproximadamente na
quinta hora de aeração, apontado que esse ponto seria o mais indicado a iniciar reação
anóxica para promover a desnitrificação.
124
Pode-se inferir que níveis baixos de concentração de nitrogênio amoniacal foi o fator
preponderante para há não ocorrência de geração e acúmulo de nitrito, uma vez que em
todos os perfis foi constatado que a produção de nitrito cessava quando a disponibilidade
de nitrogênio amoniacal no meio líquido diminuía.
De acordo com os dados obtidos nas análises físico-químicas durante todo o experimento e
considerando as condições experimentais específicas dos ensaios, verificou-se o não
fechamento do balanço de massa do nitrogênio amoniacal, que pode ser devido à
possibilidade da ocorrência de perda de nitrogênio amoniacal por stripping, devido ao fato
do lixiviado apresentar como característica pH elevado, próximo de 8,5, permitindo que
parte do nitrogênio amoniacal se volatilizasse.
Outra questão pertinente a ser levantada é que à metodologia de análise de determinação de
nitrato (Hach – 8039) é questionável para determinação em lixiviados de aterro sanitários,
pois pode apresentar valores superestimados de concentração.
Os resultados de estimativa da população das bactérias oxidantes de nitrito e de nitrogênio
amoniacal das Fases 1A e 1B evidenciaram que, as condições de operação adotadas
(aeração prolongada, concentração de oxigênio dissolvido baixo, pH maior que 8,0 e
elevada concentração inicial de nitrogênio amoniacal), levaram naturalmente a redução de
organismos capazes de oxidar o nitrito, o que é um fator positivo diante do interesse em
promover a remoção de nitrogênio via nitrito.
Por outro lado, os resultados obtidos nas análises de NMP na Fase 2 apresentaram um
comportamento totalmente diferente das populações bacterianas das Fases 1A e 1B,
tornando a ordem de grandeza da população dos organismos oxidantes de amônia
semelhantes ao dos oxidantes de nitrito (10
5
), tais resultados evidenciaram que,
isoladamente ou não, a adoção da estratégia de tempo de detenção de 5 dias pode ter sido
favorável na seleção dos organismos oxidantes de nitrito em detrimento dos oxidantes da
amônia.
A estratégia operacional adotada na Fase 2 (tempo de detenção de 5 dias) propiciou uma
menor eficiência na conversão do nitrogênio amoniacal, o que pode indicar que o tempo de
125
detenção celular adotado não tenha favorecido a permanência dos microrganismos
nitrificantes no sistema.
Por meio das análises de imagem dos flocos microbianos, foi constatado que em todas as
etapas de estudo os histogramas de freqüências do Diâmetro Equivalente bem como da
Circularidade e da Razão de Aspecto dos flocos apresentaram formas completamente
assimétricas. Os testes quantitativos de Kolmogorov-Smirnov e de Lillierfors se mostraram
significativos ao nível de 99% de confiança (p< 0,001) na tentativa de ajuste dos dados à
distribuição normal rejeitando-se a hipótese de que os dados refletem este tipo de
distribuição.
126
6-CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A presente pesquisa que teve como objetivo principal verificar o acúmulo de nitrito como
forma oxidada de nitrogênio na nitrificação, para o processo de nitrificação e
desnitrificação via curta, em reator operado em bateladas seqüenciais alimentado com
lixiviado de aterro novo, permitiu obter as seguintes conclusões:
A máxima concentração de nitrito acumulado no sistema na Fase 1A (temperatura de 30ºC)
e na 1B (temperatura de 21ºC) foram de 6 e 7 mgN-NO
2
-
/L, respectivamente. Isso indica
que a mudança da temperatura não interferiu no processo de acúmulo do nitrito.
Diferentemente, o fato do lixiviado apresentar valores de pH elevados, acima de 8,0
durante todo o experimento, mostrou-se como fator preponderante no processo de acúmulo
do nitrito no sistema. No entanto, acredita-se que não houve um acúmulo maior de nitrito
devido à baixa concentração inicial de nitrogênio amoniacal, característico do lixiviado
novo. As máximas concentrações de nitrito obtidas neste experimento ocorreram quando a
concentração inicial de nitrogênio amoniacal era maior que 60 mgN-NH
4
+
/L. Abaixo desse
valor não se obteve nitrito. Essas concentrações obtidas durante o experimentou foram
alcançadas quando o reator foi operado com tempo de detenção celular igual a 100 dias.
Porém, a partir do 93º dia de operação, o sistema passou a não mais acumular nitrito.
Quando se trabalhou com o tempo de detenção celular de 5 dias obteve-se uma menor
eficiência na conversão do nitrogênio amoniacal, não conseguindo propiciar o acúmulo de
nitrito no sistema e indicando que o tempo de detenção celular foi restritivo. O declínio da
concentração de sólidos suspensos voláteis de 5,0 a 0,3 g/L, fez com que a eficiência
baixasse no decorrer dos 17 dias de monitoramento de 99,8 a 37%. A baixa eficiência de
conversão de nitrogênio amoniacal e o insucesso de acúmulo do nitrito motivaram o
encerramento do experimento.
Os perfis temporais em ambas as fases, 1A e 1B, demonstraram que o tempo de ciclo de 24
horas foi excessivo, uma vez que o nitrogênio amoniacal foi convertido em
aproximadamente oito horas. Observou-se que as concentrações máximas de nitrito (6 e 7
mgN-NO
2
-
/L ) ocorreram próximas a quinta hora de aeração, apontando que esse ponto
127
seria o mais indicado a iniciar a reação anóxica para uma possível promoção da
desnitrificação via nitrito.
As análises de imagens do floco microbiano puderam revelar a adaptação da biomassa ao
lixiviado no oitavo dia de operação constatando a refloculação do lodo com percentual de
agregados com tamanhos superiores a 250 µm, mostrando a tendência da biomassa a se
adaptar as condições impostas ao sistema. Por outro lado, a influência da retirada gradual
da biomassa na morfologia dos flocos microbianos, na Fase 2, apresentou resultados que
sinalizaram uma redução gradual na faixa de tamanhos dos flocos microbianos presentes
no sistema, sendo possível conferir que o percentual de flocos que continuou a aumentar
gradativamente até o décimo quinto dia de operação foi o relativo aos flocos com tamanhos
de 50 a 100 µm, indicando que o lodo desfloculou gradativamente dos maiores para os
menores tamanhos, sendo os flocos com diâmetro equivalente maior que 250 µm que
obtiveram maior queda de percentual.
Em função dos resultados obtidos neste trabalho, sugerem-se algumas recomendações para
estudos futuros referentes a remoção de nitrogênio amoniacal via nitrito de lixiviado
produzido a partir da degradação de resíduos sólidos urbanos:
(I) Realizar experimentos com lixiviados com maiores concentrações de nitrogênio
amoniacal, visto que as baixas concentrações do lixiviado utilizado neste trabalho foram
parcialmente responsáveis pelo baixo acúmulo de nitrito no sistema;
(II) Analisar a combinação de diferentes temperaturas e tempos de detenção celular, com o
intuito de possibilitar a predominância de bactérias oxidantes de nitrogênio amoniacal em
detrimento de bactérias oxidantes de nitrito;
(III) Incorporar a etapa de desnitrificação a partir da concentração máxima de nitrito
obtido, utilizando diferentes fontes de carbono;
(IV) Investigar a formação de oxido nitroso nos períodos aerados do reator, principalmente
quando este é operado com baixa concentração de oxigênio dissolvido;
(V) Analisar a perda de nitrogênio na forma de amônia livre, principalmente quando o
reator opera com elevado pH;
(VI) Estudar e aplicar novas metodologias de análise de nitrato em lixiviados, visando
maior credibilidade de resultados.
128
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135
APÊNDICES
APÊNDICE A – RESULTADOS DAS ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DO MONITORAMENTO DA ETAPA 2
Tabela A.1 – Resultados das análises físico-químicas da etapa 2: Fase 1A
DQO (mg/L) Alcalinidade mg/L de CaCO
3
Nitrogênio Total (mg/L)
T (°C) pH
Bruta Filtrada Afluente Efluente Afluente Efluente
N-
NH
4
+
(mg/L)
Nitrato (mg/L) Nitrito (mg/L)
Dias
Afl. Efl. Afl. Efl. Afl. Efl. Afl. Efl. Parcial Inter. Total Parcial Inter. Total Bruta Filtrada Bruta Filtrada Afl. Efl. Afl. Efl. Afl. Efl.
0
26,3 25,7 6,9 7,6 1607 155 1040 95 152 200 352 57 19 76 150,0 - 55,0 - 70,2 6,1 3,3 78,9 0,00 0,03
1
25,6 25,5 7,6 7,9 1235 200 855 0 133 143 276 114 19 133 112,5 - 82,5 75,0 12,2 5,4 52,7 68,9 0,03 0,18
2
25,5 24,8 7,8 7,0 1250 74 790 61 196 169 365 38 19 57 133,9 117,4 60,0 52,5 13,3 1,0 67,5 106,4 4,13
3
24,8 25,4 7,0 7,7 1078 91 882 71 113 161 274 57 29 86 120,0 80,3 52,5 52,5 14,2 0,2 104,0 95,2 3,9 0,37
4
25,4 26,4 7,7 8,0 1164 97 835 73 128 145 273 124 38 162 110,6 80,3 52,5 45,0 7,1 0,1 94,5 100,2 1,03
5
26,4 27,0 8,0 7,9 1125 66 904 52 195 176 371 162 76 238 109,5 93,8 105,0 52,5 5,0 0,1 97,1 58,9 0,33
6
27,0 26,8 7,9 8,3 910 103 724 96 234 211 444 266 57 324 162,4 102,0 135,0 75,0 80,9 0,1 58,5 46,4 0,68
7
26,7 24,6 8,3 8,4 1202 125 881 104 330 200 530 314 86 400 174,8 108,8 52,5 60,0 112,2 0,2 39,7 0,25
8
24,6 24,7 8,4 8,4 1186 122 1042 110 385 225 611 381 67 447 169,9 109,9 52,5 37,5 169,9 0,3 40,2 43,4 0,25
9
24,6 24,1 8,4 8,5 170 67 162 60 465 80 545 343 76 419 67,5 45,0 58,1 43,5 17,3 0,4 41,8 44,7 0,28
10
23,7 25,1 8,7 8,7 359 182 180 165 1142 181 1323 647 143 790 125,5 82,5 67,5 67,5 120,0 0,3 29,7 65,9 0,25
11
23,3 26,5 9,0 8,9 1950 378 850 354 1799 457 2256 1199 238 1437 180,0 150,0 75,0 75,0 136,5 0,1 14,7 74,7 0,20
12
25,8 26,3 8,9 8,7 670 380 503 354 1416 301 1717 1152 209 1361 106,5 97,5 67,5 60,0 24,6 0,1 55,2 73,4 0,20
13
25,1 24,4 8,8 8,9 1400 945 675 835 1656 457 2113 1370 257 1627 172,5 150,0 82,5 75,0 50,5 0,0 13,4 75,9 0,13
14
23,6 24,1 8,9 9,0 1845 550 1675 500 1894 400 2294 1428 286 1713 150,0 157,5 82,5 75,0 133,6 0,2 19,7 53,4 0,25
15
23,8 25,7 8,9 9,0 1780 750 1565 600 1751 390 2141 1370 257 1627 157,7 142,5 80,0 72,5 150,0 0,1 35,9 56,7 0,18
19
23,4 25,8 8,9 9,1 1630 1300 1395 650 1818 400 2217 1475 362 1837 150,0 127,5 75,0 60,0 99,7 0,3 21,7 68,0 0,15
20
24,1 27,6 9,0 9,0 1565 1250 1410 700 1856 333 2189 1418 362 1780 135,0 127,5 75,0 60,0 71,2 0,1 15,5 43,0 0,18
21
25,0 26,0 8,8 9,2 1400 740 765 650 1665 495 2160 1485 295 1780 135,0 127,5 75,0 60,0 49,2 0,7 29,2 50,3 0,10
26
27,1 19,9 9,0 9,0 1515 855 1240 805 1751 438 2189 1399 362 1761 120,0 105,0 67,5 60,0 41,3 1,0 39,0 50,3 0,08
136
Tabela A.2 – Resultados das análises físico-químicas da etapa 2: Fase 1B
DQO (mg/L) Alcalinidade mg/L de CaCO
3
Nitrogênio Total (mg/L)
T (°C) pH
Bruta Filtrada Afluente Efluente Afluente Efluente
N-
NH
4
+
(mg/L)
Nitrato (mg/L) Nitrito (mg/L)
Dias
Afl. Efl. Afl. Efl. Afl. Efl. Afl. Efl. Parcial Inter. Total Parcial Inter. Total Bruta Filtrada Bruta Filtrada Afl. Efl. Afl. Efl. Afl. Efl.
27
20,0 24,3 9,0 9,1 2900 1075 1450 1075 1694 419 2113 1485 295 1780 202,5 120,0 90,0 75,0 76,6 1,8 25,3 57,8
28
24,3 20,6 9,0 8,6 1650 1075 1350 1075 1646 333 1980 1418 362 1780 145,0 90,0 75,0 60,0 112,5 2,4 45,3 44,7 0,00
30
21,6 20,6 9,2 9,2 1450 725 650 550 1646 286 1932 1437 286 1723 120,0 120,0 52,5 52,5 110,0 3,1 54,0 66,5 0,03
33
19,9 22,0 9,3 8,7 1950 950 700 725 1637 343 1980 1351 371 1723 180,0 112,5 90,0 67,5 120,0 1,9 32,8 61,5 0,03
34
20,2 23,2 9,2 9,2 1500 950 1400 - 1437 276 1713 1537 309 1846 150,0 97,5 75,0 60,0 133,6 2,6 36,5 65,4 0,04
37
20,7 20,1 9,1 9,1 2300 1250 - - 1437 219 1656 1161 343 1504 165,5 127,5 75,0 67,5 150,0 1,8 39,1 49,1 1,08
40
18,8 23,4 9,2 8,8 2300 1900 - - 1409 276 1685 1171 305 1475 127,5 127,5 75,0 75,0 97,9 2,2 34,1 44,1 1,02 0,06
42
22,8 21,3 9,0 9,0 2100 1600 - - 1047 276 1323 1256 257 1513 115,1 90,0 70,0 67,5 97,5 2,5 40,4 54,1 3,04 0,01
47
22,0 21,5 8,4 8,3 1080 570 - - 1104 238 1342 1056 105 1161 112,5 90,0 75,0 60,0 112,2 2,5 42,9 66,6 2,62 0,02
49
23,1 23,3 9,0 8,5 1100 670 570 570 847 209 1056 866 200 1066 120,0 165,0 75,0 0,0 82,6 2,1 51,6 46,6 2,47 0,04
56
23,2 23,4 8,5 8,4 1992 550 1592 530 900 334 1234 1090 477 1573 240,8 39,8 75,0 67,5 194,2 2,1 - - 0,04
58
23,5 25,2 8,3 8,3 1693 480 1489 450 1099 617 1721 1418 3117 4535 140,0 100,1 70,0 60,0 116,0 3,3 - - 0,01 0,41
61
25,1 22,8 8,3 8,8 1526 670 1458 490 1411 3129 4540 1085 476 1561 152,0 93,0 75,0 67,5 134,9 0,9 - - 0,40 0,41
63
21,7 21,2 8,8 9,1 700 550 570 540 780 200 980 857 228 1085 97,5 67,5 75,0 60,0 48,2 1,6 - - 2,16 0,13
65
22,5 24,7 8,7 9,2 1550 730 1750 555 799 381 1180 742 171 914 181,6 112,5 67,5 60,0 127,5 0,7 - - 7,04 0,11
68
22,5 23,7 8,8 9,2 1750 620 1925 550 847 419 1266 876 209 1085 127,5 120,0 75,0 67,5 115,0 2,0 - - 0,21 0,01
70
23,3 22,2 8,9 9,1 1730 637 1660 572 933 343 1275 876 171 1047 195,0 150,0 165,0 112,5 145,0 3,7 - - 0,59 0,01
75
22,5 24,4 8,7 8,8 2090 663 1830 550 790 371 1161 857 190 1047 112,5 90,0 60,0 45,0 98,0 3,9 - - 0,22 0,04
77
23,1 22,4 9,1 9,1 2270 655 1520 570 866 619 1485 876 171 1047 120,0 105,0 60,0 60,0 113,0 3,3 - - 0,01 0,04
79
22,4 21,1 7,8 9,0 1860 689 1820 575 95 314 409 761 190 952 97,5 82,5 60,0 52,5 75,0 4,2 - - 0,00 0,04
82
21,5 22,8 8,1 8,4 2730 451 2340 349 847 485 1332 704 114 818 120,0 105,0 60,0 45,0 109,0 3,4 - - 0,06 0,06
84
22,9 23,1 8,6 8,4 3080 564 2010 481 771 400 1171 666 190 857 127,5 112,5 60,0 60,0 117,0 9,0 - - 0,60 0,62
89
17,7 22,3 8,8 8,4 2380 684 2090 576 828 390 1218 761 228 990 150,0 112,5 67,5 67,5 134,0 11,6 30,3 66,5 0,01 1,44
96
23,2 23,3 8,6 8,4 4780 556 4050 470 923 837 1761 857 247 1104 112,5 105,0 67,5 60,0 68,7 0,3 36,5 29,0 0,22 0,05
98
20,1 23,8 8,0 9,0 3340 464 3120 429 771 552 1323 895 209 1104 120,0 112,5 60,0 60,0 107,1 0,4 49,0 45,3 2,89 0,23
137
Tabela A.3 – Resultados das análises físico-químicas da etapa 2: Fase 2
PARÂMETROS DA ETAPA 2: FASE 2 (Reator mantido a 22ºC)
DQO (mg/L) Alcalinidade mg/L de CaCO
3
Nitrogênio Total (mg/L)
T (°C) pH
Bruta Filtrada Afluente Efluente Afluente Efluente
N-
NH
4
+
(mg/L)
Nitrato
(mg/L)
Nitrito (mg/L)
Dias
Afl. Efl. Afl. Efl. Afl. Efl. Afl. Efl. Parcial Inter. Total Parcial Inter. Total Bruta Filtrada Bruta Filtrada Afl. Efl. Afl. Efl. Afl. Efl.
103
22,5 23,0 8,0 8,5 4830 524 4460 407 847 714 1561 780 228 1009 195 172,5 75 60 273,9 0,5 45,2 41,4 0,140 0,014
105
19,4 23,6 8,2 8,5 5210 1132 4440 900 942 523 1466 990 400 1389 187,5 187,5 90 60 198,1 62,6 37,7 46,4 0,184 0,009
107
18,4 21,0 8,5 8,7 2090 960 1890 770 971 371 1342 952 190 1142 142,5 142,5 112,5 112,5 116,5 63,5 28,9 38,9 0,398 0,019
109
18,8 20,8 8,7 8,7 1810 384 1610 370 799 276 1075 857 228 1085 105 90 75 67,5 85,0 48,0 46,4 73,9 0,448 0,635
111
19,3 21,1 8,9 8,7 1350 414 1230 366 799 409 1209 876 286 1161 90 75 52,5 45 82,4 47,0 32,7 40,2 0,055 2,985
113
21,7 24,3 8,5 8,4 1050 381 870 315 780 333 1113 666 286 952 97,5 97,5 75 67,5 87,0 25,7 35,2 46,4 0,138 3,525
117
20,7 22,7 8,6 8,4 1470 374 1110 349 780 324 1104 761 247 1009 112,5 97,5 75 67,5 65,8 41,6 23,9 38,9 0,125 2,488
138
APÊNDICE B – CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO DE MATÉRIA
ORGÂNICA
O cálculo da eficiência de remoção da matéria orgânica foi expresso na forma de DQO
(Michelan, 2006). Estas eficiências foram calculadas para as amostras filtradas (E
F
) e não-
filtradas (E
T
), por meio das Equações B1 e B2 respectivamente.
(
)
100×
=
I
STI
T
C
CC
E Equação B1
(
)
100×
=
I
SFI
F
C
CC
E
Equação B2
C
I
= concentração de matéria orgânica não filtrada no afluente
C
ST
= concentração de matéria orgânica não filtrada no efluente
C
SF
= concentração de matéria orgânica filtrada no efluente
Tabela B.1 – Cálculo da eficiência de remoção de matéria orgânica Etapa 2: Fase 1A
DQO (mg/L)
Bruta Filtrada
Dias
Afluente Efluente Afluente Efluente
Ef. Total
de M.O. (%)
Ef. de M.O.
Filtrada (%)
0 1607 155 1040 95
90,4 94,1
1 1235 200 855 0
83,8 100,0
2 1250 74 790 61
94,1 95,2
3 1078 91 882 71
91,6 93,4
4 1164 97 835 73
91,7 93,8
5 1125 66 904 52
94,2 95,4
6 910 103 724 96
88,7 89,5
7 1202 125 881 104
89,6 91,4
8 1186 122 1042 110
89,8 90,8
9 170 67 162 60
60,7 65,1
10 359 182 180 165
49,4 54,0
11 1950 378 850 354
80,6 81,8
12 670 380 503 354
43,2 47,2
13 1400 945 675 835
32,5 40,4
14 1845 550 1675 500
70,2 72,9
15 1780 750 1565 600
57,9 66,3
19 1630 1300 1395 650
20,2 60,1
20 1565 1250 1410 700
20,1 55,3
21 1400 740 765 650
47,1 53,6
26 1515 855 1240 805
43,6 46,9
Média
67,0 74,3
Σ
25,9 20,2
139
Tabela B.2 – Cálculo da eficiência de remoção de matéria orgânica Etapa 2: Fase 1B
DQO (mg/L)
Bruta Filtrada
Dias
Afluente Efluente Afluente Efluente
Ef. Total de M.O.
(%)
Ef. de M.O.
Filtrada (%)
27 2900 1075 1450 1075
62,9 62,9
28 1650 1075 1350 1075
34,8 34,8
30 1450 725 650 550
50,0 62,1
33 1950 950 700 725
51,3 62,8
34 1500 950 1400 -
36,7
37 2300 1250 - -
45,7
40 2300 1900 - -
17,4
42 2100 1600 - -
23,8
47 1080 570 - -
47,2
49 1100 670 570 570
39,1 48,2
56 1991,5 550 1591,5 530
72,4 73,4
58 1692,5 480 1488,5 450
71,6 73,4
61 1526 670 1457,5 490
56,1 67,9
63 700 550 570 540
21,4 22,9
65 1550 730 1750 555
52,9 64,2
68 1750 620 1925 550
64,6 68,6
70 1730 637 1660 572
63,2 66,9
75 2090 663 1830 550
68,3 73,7
77 2270 655 1520 570
71,1 74,9
79 1860 689 1820 575
63,0 69,1
82 2730 451 2340 349
83,5 87,2
84 3080 564 2010 481
81,7 84,4
89 2380 684 2090 576
71,3 75,8
96 4780 556 4050 470
88,4 90,2
98 3340 464 3120 429
86,1 87,2
Média
57,0 67,5
σ
20,2 16,7
Tabela B.3 – Cálculo da eficiência de remoção de matéria orgânica Etapa 2: Fase 2
DQO (G/L)
Bruta Filtrada
Dias
Afluente Efluente Afluente Efluente
Ef. Total de M.O.
(%)
Ef. De M.O.
Filtrada (%)
103 4830 524 4460 407
89,2 91,6
105 5210 1132 4440 900
78,3 82,7
107 2090 960 1890 770
54,1 63,2
109 1810 384 1610 370
78,8 79,6
111 1350 414 1230 366
69,3 72,9
113 1050 381 870 315
63,7 70,0
117 1470 374 1110 349
74,6 76,3
Média
72,6 76,6
σ
11,4 9,2
140
APÊNDICE C – RESULTADOS DAS ANÁLISES DA SÉRIE DE SÓLIDOS DE MONITORAMENTO DA ETAPA 2
Tabela C.1 – Resultados das análises da série de sólidos etapa 2: Fase 1A
Dias
Série de Sólidos
(g/L)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 26
S.T. 7,4 8,0 7,8 7,5 6,4 6,4 6,4 7,0 7,6 7,2 8,8 10,5 10,9 11,4 11,5 11,7 11,3 11,1 11,0 11,2 11,5 11,5 11,6 11,3 11,2
S.T.V. 4,6 4,0 4,2 4,6 4,5 4,4 4,4 4,7 6,0 4,9 4,9 5,2 5,4 5,4 5,1 5,2 4,8 4,7 4,5 4,6 4,9 5,1 5,0 5,1 5,0
S.S.T. 5,8 5,7 5,3 5,1 4,8 5,3 4,7 5,2 6,8 5,9 6,1 6,3 6,9 6,5 5,7 4,8 4,9 5,0 4,9 5,2 6,2 6,2 6,3 6,2 6,2
S.S.V. 4,1 3,5 3,8 4,2 4,2 4,1 3,7 4,2 4,7 4,4 4,8 5,2 4,4 4,1 3,5 2,8 2,8 3,0 2,8 2,9 4,2 4,1 4,2 4,6 4,7
Tabela C.2 – Resultados das análises da série de sólidos etapa 2: Fase 1B
Dias
Série de
Sólidos
(g/L)
27 28 29 30 33 34 35 37 40 42 44 47 49 54 56 58 61 63 65 68 75 77 84 89 91 93 96 98
S.T. 12,3 12,2 12,2 11,2 13,2 13,2 13,4 13,1 13,5 14,6 14,1 14,1 14,1 14,2 14,5 14,1 14,9 11,3 11,8 12,0 15,3 15,4 14,3 15,6 14,3 13,9 15,8 14,1
S.T.V. 5,7 5,1 5,1 4,4 5,5 5,8 6,0 5,4 5,4 5,8 5,9 5,9 5,7 6,1 6,3 6,2 6,5 5,3 5,8 5,5 6,6 6,8 6,6 7,5 7,0 6,9 7,6 6,5
S.S.T. 7,1 6,7 6,9 6,5 8,0 8,3 8,8 8,5 8,9 10,0 10,7 10,8 10,8 10,9 11,1 10,8 7,8 8,1 11,3 8,7 12,0 12,4 11,9 13,2 12,0 11,3 12,9 11,4
S.S.V. 5,2 4,3 4,3 4,1 4,7 4,9 5,1 4,5 4,7 4,9 5,3 5,0 5,2 4,9 5,5 5,6 4,4 4,4 5,3 4,4 5,4 5,3 5,5 6,5 6,4 6,1 6,5 5,9
Tabela C.3 – Resultados das análises da série de sólidos etapa 2: Fase 2
ETAPA 2: FASE 2 (Reator mantido a 22ºC)
Dias
Série de Sólidos (g/L)
101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118
S.T. 10,9 10,7 8,7 8,7 7,8 8,3 7,3 6,6 5,7 4,6 2,7 5,4 3,2 3,4 3,5 4,0 3,9 3,2
S.T.V. 5,4 5,2 4,1 3,7 3,3 3,2 2,8 2,7 2,2 1,7 0,7 2,0 1,1 1,4 1,1 1,4 1,4 1,2
S.S.T. 8,5 7,9 6,1 5,9 4,9 5,1 4,2 3,3 2,5 2,0 0,3 3,6 0,8 1,1 1,3 1,6 1,3 1,1
S.S.V. 4,9 4,3 3,4 3,3 2,9 2,7 2,3 1,8 1,7 1,4 0,3 1,5 0,6 0,6 0,7 0,8 0,8 0,7
141
APÊNDICE D – RESULTADOS DOS PARÂMETROS ANALISADOS NOS PERFIS TEMPORAIS DA ETAPA 2
Tabela D.1 – Resultados dos parâmetros analisados nos perfis da etapa 2: Fase 1A – 22º dia de operação
Tempo
(horas)
N-NH
4
+
(mg/L)
N-NO
3
-
(mg/L)
N-NO
2
-
(mg/L)
pH T (°C)
O.D
(mg/L)
N-NH
3
(mg/L)
HNO
2
(mg/L)
Massa de
N-NH
4
+
(mg)
Massa de
N-NH
3
(mg)
Massa de
N-NO
2
-
(mg)
Massa de
N-NO
3
-
(mg)
Relação
OD/N-
NH
3
-
(<10)
0 58,0 61,7 0,1 9,1 26,6 1,3 31,8 0,000000 1160,8
635,1
1,2 1234,0 0,04
1 48,6 53,0 2,3 9,1 26,9 0,9 24,9 0,000014 965,1
498,1
45,4 1051,1 0,04
2 43,2 46,7 3,2 8,8 27,1 0,7 15,4 0,000036 850,1
307,9
63,3 920,0 0,05
3 30,4 55,5 4,3 8,9 27,3 0,8 12,2 0,000040 593,9
244,6
84,1 1084,0 0,07
4 18,6 62,8 5,6 8,6 27,5 1 5,2 0,000089 360,3
103,0
109,1 1217,4 0,19
5 8,5 61,5 6,7 8,6 27,6 1,1 2,3 0,000113 164,2
45,1
128,5 1183,9 0,49
6 2,1 62,8 6,4 8,6 27,8 2,1 0,5 0,000115 39,6
10,5
121,8 1198,5 4,01
7 0,3 60,3 1,8 8,7 27,9 3,4 0,1 0,000024 6,3
2,1
33,6 1141,7 32,44
8 0,3 65,3 0,1 8,7 28,1 4,9 0,1 0,000001 6,4
2,3
1,9 1226,7 43,33
Tabela D.2 – Resultados dos parâmetros analisados nos perfis da etapa 2: Fase 1B – 35º dia de operação
Tempo
(horas)
N-NH
4
+
(mg/L)
N-NO
3
-
(mg/L)
N-NO
2
-
(mg/L)
pH T (°C) O.D (mg/L)
N-NH
3
(mg/L)
HNO
2
(mg/L)
Massa de
N-NH
4
+
(mg)
Massa de
N-NH
3
(mg)
Massa de
N-NO
2
-
(mg)
Massa de
N-NO
3
-
(mg)
Relação
OD/N-
NH
3
-
(<10)
0 93,3 31,5 0,7 9,2 21,6 0,2 46,8 3,69E-06 1866,2 936,5 14,5 630,0 0,00
1 86,1 40,3 1,7 9,2 21,6 0,2 42,6 8,81E-06 1709,0 846,0 33,5 799,0 0,00
2 67,8 42,9 3,1 9,1 21,4 0,1 29,7 1,95E-05 1336,0 585,1 61,1 844,1 0,00
3 55,5 40,4 4,2 8,7 21,3 0,2 11,2 0,0001 1085,1 218,4 82,1 788,8 0,02
4 32,9 49,1 6,4 8,4 21,3 0,2 4,0 0,0002 638,0 77,9 123,2 952,5 0,05
5 11,3 86,6 7,0 8,3 21,3 0,2 1,0 0,0003 218,1 19,8 134,8 1667,1 0,19
6 3,3 49,1 4,8 8,3 21,3 0,9 0,3 0,0002 62,6 5,8 91,7 937,8 2,95
7 2,5 45,4 0,2 8,5 21,4 2,9 0,3 0,0000 47,6 6,4 3,8 859,4 8,65
8 2,3 39,1 0,1 8,3 21,4 4,5 0,2 1,94E-06 43,4 4,4 0,9 735,1 19,17
142
Tabela D.3 – Resultados dos parâmetros analisados nos perfis da etapa 2: Fase 1B – 44º dia de operação
Tempo
(horas)
N-NH
4
+
(mg/L)
N-NO
3
-
(mg/L)
N-NO
2
-
(mg/L)
pH T (°C)
O.D
(mg/L)
N-NH
3
(mg/L)
HNO
2
(mg/L)
Massa de
N-NH
4
+
(mg)
Massa de
N-NH
3
(mg)
Massa de
N-NO
2
-
(mg)
Massa de
N-NO
3
-
(mg)
Relação
OD/N-
NH
3
-
(<10)
0 77,7 50,4 2,0 9,0 21,2 0,3 27,6 1,71E-05 1554,8 551,0 39,9 1007,0 0,01
1 60,7 49,1 2,3 8,8 21,2 0,2 15,2 3,12E-05 1205,7 302,2 45,7 974,6 0,01
2 48,3 42,9 2,7 8,9 21,2 0,2 14,0 3,03E-05 950,9 275,0 52,9 844,1 0,01
3 48,5 46,6 3,1 8,7 21,1 0,1 11,0 0,0000 949,0 215,5 61,1 911,0 0,01
4 38,1 49,1 3,7 8,6 21,1 0,2 6,5 0,0001 739,9 125,9 71,1 952,5 0,03
5 27,5 61,6 4,1 8,7 21,1 0,2 6,4 0,0001 528,8 122,4 78,0 1185,8 0,03
6 19,8 49,1 4,3 8,7 21,1 0,2 4,3 0,0001 378,9 82,9 81,7 937,8 0,05
7 8,1 51,6 4,6 8,7 20,8 0,2 1,7 0,0001 152,9 32,2 86,5 977,8 0,12
8 2,6 54,1 4,3 8,5 20,7 0,4 0,4 0,0001 49,4 7,4 80,4 1017,1 1,01
9 2,4 49,1 1,5 8,5 20,6 0,6 0,4 3,611E-05 45,4 6,8 27,5 915,7 1,66
Tabela D.4 – Resultados dos parâmetros analisados nos perfis da etapa 2: Fase 1B – 54º dia de operação
Tempo
(horas)
N-NH
4
+
(mg/L)
N-NO
3
-
(mg/L)
N-NO
2
-
(mg/L)
pH T (°C) O.D (mg/L)
N-NH
3
(mg/L)
HNO
2
(mg/L)
Massa de
N-NH
4
+
(mg)
Massa de
N-NH
3
(mg)
Massa de
N-NO
2
-
(mg)
Massa de
N-NO
3
-
(mg)
Relação
OD/N-
NH
3
-
(<10)
0 22,0 60,4 0,6 9,0 22,9 4,2 8,8 4,41E-06 439,9 175,3 11,3 1207,0 0,48
1 2,7 61,6 0,1 8,7 23 4,6 0,6 1,03E-06 54,3 12,8 1,3 1222,8 7,13
2 2,3 60,4 0,0 8,7 22,9 5,6 0,6 1,52E-07 45,1 11,0 0,2 1188,9 10,05
3 2,1 61,6 0,0 8,9 22,6 5,5 0,7 0,0000 40,5 13,5 0,5 1204,3 7,94
4 1,9 59,1 0,0 8,9 22,4 5,6 0,6 0,0000 36,1 11,7 0,2 1146,5 9,25
143
Tabela D.5 – Resultados dos parâmetros analisados nos perfis da etapa 2: Fase 1B – 55º dia de operação
Tempo
(horas)
N-NH
4
+
(mg/L)
N-NO
3
-
(mg/L)
N-NO
2
-
(mg/L)
pH T (°C)
O.D
(mg/L)
N-NH
3
(mg/L)
HNO
2
(mg/L)
Massa de
N-NH
4
+
(mg)
Massa de
N-NH
3
(mg)
Massa de
N-NO
2
-
(mg)
Massa de
N-NO
3
-
(mg)
Relação
OD/N-
NH
3
-
(<10)
0 91,8 51,6 0,7 9,0 21,9 0,5 35,4 5,56E-06 1835,9 707,4 14,2 1032,0 0,01
1 89,9 59,1 2,2 9,0 22 0,5 36,5 1,61E-05 1785,1 724,2 43,9 1173,1 0,01
2 62,9 65,4 3,6 9,0 22,1 0,3 24,1 2,85E-05 1238,8 474,6 70,4 1287,4 0,01
3 43,0 67,9 5,0 9,0 22,1 0,4 15,5 0,0000 840,5 302,1 96,8 1326,5 0,03
4 29,1 65,4 6,3 8,8 22 0,3 8,4 0,0001 564,9 162,1 121,3 1267,8 0,04
5 4,1 61,6 6,2 8,6 21,7 1,8 0,8 0,0001 78,9 15,7 118,4 1185,8 2,21
6 2,4 65,4 1,0 8,7 21,6 4,1 0,5 0,0000 45,4 10,4 19,6 1248,2 7,51
7 2,0 70,4 0,1 8,8 21,4 5,1 0,5 0,0000 37,7 9,6 2,3 1333,1 10,10
8 2,0 59,1 0,1 8,8 21,3 5,2 0,51 0,00 37,2 9,6 1,5 1110,1 10,23
Tabela D.6 – Resultados dos parâmetros analisados nos perfis da etapa 2: Fase 1B – 93º dia de operação
Tempo
(horas)
N-NH
4
+
(mg/L)
N-NO
3
-
(mg/L)
N-NO
2
-
(mg/L)
pH T (°C)
O.D
(mg/L)
N-NH
3
(mg/L)
HNO
2
(mg/L)
Massa de
N-NH
4
+
(mg)
Massa de
N-NH
3
(mg)
Massa de
N-NO
2
-
(mg)
Massa de
N-NO
3
-
(mg)
Relação
OD/N-
NH
3
-
(<10)
0 41,8 16,5 0,0 9,0 21,2 0,1 15,3 0 836,4 306,2 0,0 330,0 0,01
1 42,8 16,5 0,0 8,8 21,2 0,1 11,1 0 849,3 220,7 0,0 327,5 0,01
2 44,2 22,8 0,0 9,1 21,1 0,1 19,9 0 869,8 392,5 0,0 448,2 0,01
3 39,8 21,5 0,0 9,1 21,1 0 15,9 0,0000 777,6 311,3 0,0 420,3 0,00
4 36,7 27,8 0,0 8,6 21 0,1 6,7 0,0000 712,9 130,4 0,0 538,4 0,01
5 26,5 26,5 0,7 8,4 21 0,2 3,4 0,0000 510,9 65,0 13,8 510,1 0,06
6 18,2 37,8 2,4 8,4 20,9 0,3 2,3 0,0001 346,9 43,9 45,7 721,0 0,13
7 11,3 30,3 4,3 8,4 20,9 0,5 1,2 0,0002 213,4 22,4 80,5 573,2 0,42
8 8,3 36,5 6,3 8,4 20,9 0,7 1,0 0,0002 156,3 19,0 118,7 686,2 0,69
144
Tabela D.7 – Resultados dos parâmetros analisados nos perfis da etapa 2: Fase 1B – 99º dia de operação
Tempo
(horas)
N-NH
4
+
(mg/L)
N-NO
3
-
(mg/L)
N-NO
2
-
(mg/L)
pH T (°C)
O.D
(mg/L)
N-NH
3
(mg/L)
HNO
2
(mg/L)
Massa de
N-NH
4
+
(mg)
Massa de
N-NH
3
(mg)
Massa de
N-NO
2
-
(mg)
Massa de
N-NO
3
-
(mg)
Relação
OD/N-
NH
3
-
(<10)
0 79,6 35,3 0,0 9,1 21,7 0,7 35,9 6,11E-08 1591,6 717,3 0,2 705,0 0,02
1 292,8 14,0 0,0 9,2 21,7 0,7 153,6 4,74E-08 5811,8 3048,0 0,2 277,9 0,00
2 154,9 16,4 0,0 9,3 21,8 0,8 84,8 2,21E-08 3052,3 1670,6 0,1 323,1 0,01
3 130,4 27,7 0,0 9,3 21,7 0,2 72,0 0,0000 2549,1 1407,2 0,5 540,6 0,00
4 128,1 21,4 0,0 9,2 21,5 0,1 62,3 0,0000 2485,2 1208,3 0,7 415,2 0,00
5 131,4 20,2 0,0 8,9 21,4 0,1 38,4 0,0000 2528,8 739,6 0,2 387,9 0,00
6 105,1 22,7 0,0 8,8 21,3 0 28,5 0,0000 2008,1 544,1 0,4 432,6 0,00
7 80,8 25,2 0,0 8,6 21,2 0,1 14,1 0,0000 1531,7 267,4 0,7 476,6 0,01
8 76,5 22,7 0,0 8,5 21,1 0,2 12,0 2,36E-07 1438,4 225,9 0,2 425,8 0,02
145
Tabela D.8 – Resultados dos parâmetros analisados nos perfis da etapa 2: Fase 2 – 113º dia de operação
Nitrato Nitrito
Tempo
(horas)
N-
NH
4
+
(mg/L)
mg/L NO
3
-
-N
mg/L
NO
2
-
-N
pH T (°C)
O.D
(mg/L)
N-NH
3
(mg/L)
HNO
2
(mg/L)
Massa de
N-NH
4
+
(mg)
Massa de
N-NO
2
-
(mg)
Massa de
N-NO
3
-
(mg)
Relação
OD/N-
NH
3
-
(<10)
0 75,4 30,2 1,6 8,7 21,3 2,5 17,3 0,0000 1507,1 32,4 603,0 0,14
1 73,7 28,9 0,0 8,7 21,3 2,5 16,9 0,0000 1462,1 0,4 573,7 0,15
2 67,3 26,4 0,0 8,8 21,5 0,8 16,2 0,0000 1326,0 0,4 520,1 0,05
3 52,0 26,4 0,0 8,7 21,6 0,4 12,4 0,0000 1016,7 0,4 516,1 0,03
4 45,4 22,7 0,3 8,7 21,6 1,9 10,8 0,0000 881,0 6,2 439,4 0,17
5 42,8 32,7 0,8 8,7 21,6 3,4 9,8 0,0000 824,5 15,1 628,5 0,34
6 48,9 23,9 1,1 8,6 21,6 3,8 8,6 0,0000 934,4 21,7 456,5 0,45
7 66,1 25,2 0,2 8,4 21,7 4,2 8,6 0,0000 1253,1 4,2 476,6 0,49
8 57,7 26,4 1,6 8,4 21,6 4,6 7,2 0,0000 1084,3 29,4 496,3 0,63
9 52,7 25,2 1,6 8,7 21,6 4,8 11,2 0,0000 983,5 30,1 469,0 0,43
10 36,5 27,7 1,8 8,7 21,6 5,8 7,6 0,0000 675,4 34,0 511,5 0,75
11 43,2 28,9 2,0 8,4 21,4 5,5 5,4 0,0001 793,1 36,9 530,3 1,01
12 43,2 31,4 2,2 8,6 21,5 5,0 8,1 0,0000 785,9 39,6 571,5 0,62
13 38,5 33,9 2,2 8,7 21,5 4,9 9,1 0,0000 695,6 40,4 611,9 0,54
14 41,8 37,7 2,5 8,6 21,4 4,9 7,5 0,0001 747,4 45,0 673,9 0,65
15 71,2 37,7 2,5 8,7 21,4 4,8 16,8 0,0000 1263,8 43,5 668,3 0,29
16 75,3 36,4 2,7 8,4 21,3 4,8 8,8 0,0001 1326,1 47,5 640,6 0,54
17 50,0 37,7 2,9 8,4 21,3 4,7 5,4 0,0001 872,9 50,0 657,0 0,87
18 43,1 38,9 3,0 8,4 21,2 4,6 4,9 0,0001 745,9 51,7 673,0 0,94
19 37,5 37,7 3,0 8,5 21,2 4,6 5,4 0,0001 643,3 52,1 645,7 0,85
20 31,6 43,9 3,2 8,5 21,2 4,6 4,7 0,0001 538,0 53,8 746,3 0,97
21 30,2 42,7 3,4 8,5 21 4,4 4,1 0,0001 509,4 57,1 718,7 1,07
22 28,6 41,4 3,5 8,5 21,1 4,4 3,8 0,0001 477,4 58,5 691,4 1,16
23 25,4 43,9 3,5 8,4 21,1 4,5 3,1 0,0001 420,9 58,1 726,5 1,46
24 25,3 45,2 3,5 8,4 21 4,1 2,9 0,0001 415,1 57,6 740,5 1,41
146
APÊNDICE E – METODOLOGIA UTILIZADA PARA A ESTIMATIVA DAS
DENSIDADES DE BACTÉRIAS NITRIFICANTES E DESNITRIFICSNTES
Tabela E.1. Soluções estoques utilizadas no preparo do meio de cultivo específico para o
crescimento de bactérias oxidantes de amônia e oxidantes de nitrito.
Volume da solução estoque (mL) requerida
para 500mL de meio de cultivo
Componentes
Concentração da
solução estoque
(g/100mL)*
oxidantes de amônia oxidantes de nitrito
Sais
(NH
4
)
2
SO
4
5,0 0,5 -
NaNO
2
0,68 - 0,5
CaCl
2.
2H
2
O
1,34 0,5 0,5
MgSO
4
.7H
2
O 4,0 0,5 2,5
K
2
HPO
4
3,48 2,0 -
KH
2
PO
4
2,72 3,75 0,5
Indicador
Azul de bromotimol 0,04 0,5 -
Ferro quelante
FeSO
4
.7H
2
O
0,246
EDTA dissódico 0,331
0,5 0,5
Elementos traço
NaMoO
4.
2 H
2
O 0,01
MnCl
2
0,02
CoCl
2.
6H
2
O
0,0002
ZnSO
4
. 7H
2
O 0,01
CuSO
4
. 5H
2
O 0,002
0,5 0,5
Fonte: Schmidt e Belser (1984).
* q.s.p. 100mL de água ultra-pura
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