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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO TECNOLÓGICO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
MARIA APARECIDA NOGUEIRA CAMPOS
O PROCESSO DE ADOÇÃO E DIFUSÃO DE TECNOLOGIAS
NAS EDIFICAÇÕES DA GRANDE VITÓRIA
VITÓRIA
2008
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MARIA APARECIDA NOGUEIRA CAMPOS
O PROCESSO DE ADOÇÃO E DIFUSÃO DE TECNOLOGIAS
NAS EDIFICAÇÕES DA GRANDE VITÓRIA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Engenharia Civil da Universidade
Federal do Espírito Santo para obtenção do título
de Mestre em Engenharia Civil.
Área de concentração: Construção Civil.
Orientador: Prof. Dr. Ing. João Luiz Calmon
Nogueira da Gama.
Co-Orientadora: Profª. Drª. Míriam de Magdala
Pinto.
VITÓRIA
2008
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MARIA APARECIDA NOGUEIRA CAMPOS
O PROCESSO DE ADOÇÃO E DIFUSÃO DE NOVAS
TECNOLOGIAS NAS EDIFICAÇÕES DA GRANDE VITÓRIA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da
Universidade Federal do Espírito Santo para obtenção do título de Mestre em
Engenharia Civil.
Aprovada em 28 de Novembro de 2008.
COMISSÃO EXAMINADORA
___________________________________________
Prof. Dr. Ing. João Luiz Calmon Nogueira da Gama
Orientador – Deptº Eng. Civil / UFES
___________________________________________
Profª. Drª. Miriam de Magdala Pinto
Co-Orientadora – Deptº Eng. Produção / UFES
___________________________________________
Prof. Dr. Luiz Antônio Meirelles
Examinador Externo - Deptº Eng. Produção / UFRJ
___________________________________________
Prof. Dr. Fernando Avancini Tristão
Examinador Interno – Deptº Eng. Civil / UFES
Aos meus pais Belmiro e Dulce.
Ao meu marido e meu filho, Roger e Breno.
AGRADECIMENTOS
Inicialmente agradeço a Deus pela vida e pela força que tenho que vem da fé.
Ao meu esposo Roger e meu filho Breno, pela paciência que tiveram durante esse meu
tempo de dedicação ao mestrado.
Ao meu pai e minha mãe que me mostraram os verdadeiros valores da vida.
Aos meus irmãos Lúcia, Teresa e Edson; e à toda minha família, principalmente aos
que estavam mais próximos: Valesca, Hedda e Hemilson.
Ao meu professor orientador Calmon, que me acompanhou e deu valiosas orientações
para minha caminhada neste trabalho; e que me deu a oportunidade de ser sua
orientanda e de ao mesmo tempo relembrar a época que foi paraninfo da nossa turma
de graduação.
À minha professora co-orientadora Miriam, que deu ricas contribuições a este trabalho
que nortearam meus estudos; e à oportunidade que tive de conhecer uma pessoa
muito especial.
Ao professor Avancini, pelo seu entusiasmo e direcionamento, que me deram a
oportunidade de uma experiência única.
Aos professores do PPGEC-UFES, em especial, ao Dr. Marcel Olivier, à Dra. Eliana
Zandonade, ao Msc. Fernando Lordêllo dos Santos Souza e à secretária Andréa.
A todos os colegas do mestrado, pela amizade, união e companheirismo; e em
especial, às colegas “européias” Leila e Alessandra.
Agradecimento especial a Ana Maria e Cida, minhas amigas batalhadoras e que me
deram e continuam dando força, luz e direção nas minhas decisões.
A Marcello Pio, que primeiro me “apresentou” o tema difusão tecnológica e pelas
primeiras orientações sobre o assunto.
Aos colegas do Grupo Executor do SENAI: Caruso, Dyanna, Roberto e Gasparetto;
que dividiram comigo o primeiro contato com as tecnologias, de onde tudo começou.
A Marcus Vinícius e Cleide do IEL, e a Eduardo do BNDES; pelo pronto atendimento
das informações solicitadas.
Aos colegas do SENAI, especialmente a Robson, Ewandro, Mazzoli, Angélica, Grativol
e Andréa; que em algum momento durante o percurso deste trabalho, me apoiaram.
Às estagiárias Josiane e Sanger, pela sua simpatia e apoio na coleta de dados desta
pesquisa; e ao Gabriel, pelas informações e apoio na análise estatística.
A todos os meus colegas e amigos, por entenderem a minha ausência durante este
período.
Ao SINDICON, especialmente à Nemézio e Marília, pelo companheirismo, pelas
informações, e pelo correto direcionamento para este trabalho.
À FINDES, representado especialmente pelo SENAI, pelo apoio financeiro na
contratação das estagiárias e do estatístico para o desenvolvimento desta pesquisa.
Finalmente, agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para a realização
deste trabalho.
“Fujamos dos caminhos muito fáceis e sem esforços,
esses caminhos que fazem nascer em nós, a ilusão de
que chegamos....”
Autor desconhecido
“Se todos os seus esforços forem vistos com
indiferença, não desanime....porque também o Sol, ao
nascer, dá um espetáculo todo especial e, no entanto a
maioria da platéia continua dormindo!”
Autor desconhecido
RESUMO
O mercado imobiliário está bastante aquecido no Brasil e isso se deve a vários fatores
que vem propiciando o incremento da atividade econômica de modo geral. O Estado do
Espírito Santo vem apresentando um grande crescimento da economia e uma melhoria
na capacidade de atração de investimentos, que impacta diretamente a construção
civil. Um estudo sobre o processo de adoção e difusão de tecnologias vem contribuir
para um melhor entendimento do dinamismo tecnológico nas edificações. Este trabalho
apresenta uma revisão bibliográfica sobre os principais conceitos relacionados com
esse processo e os resultados de uma pesquisa realizada em empresas do subsetor
de edificações da Grande Vitória. A revisão bibliográfica serviu para ampliar o
conhecimento sobre adoção e difusão de novas tecnologias e também para identificar
metodologias nos níveis nacional e internacional utilizadas para definir os fatores que
influenciam na adoção de novas tecnologias. Uma nova tecnologia, economicamente
superior a existente, não implica sua adoção imediata, mas que sua adoção será um
processo gradual e cuja velocidade depende de uma série de fatores. Esses fatores
influenciam na aceitação de novos produtos ou processos por parte das organizações;
e seu conhecimento é importante, considerando que o impacto econômico de uma
inovação não depende somente de sua criação e introdução no mercado, mas também
da rapidez com que a nova tecnologia substitui a antiga. Após a revisão bibliográfica,
foi realizada a pesquisa de campo em 60 empresas construtoras que estão executando
edificações habitacionais e comerciais com mais de 800m² na Grande Vitória. Esta
pesquisa buscou responder a 03 perguntas. Para a primeira pergunta; “qual o grau de
difusão de um grupo específico de tecnologias nas edificações da Grande Vitória?”,
foram consideradas 18 tecnologias específicas. Verificou-se que essas tecnologias
estão sendo utilizadas, em média, por 42,87% das empresas. Para a segunda
pergunta; “por que algumas empresas, antes que outras, adotam uma nova
tecnologia?”, foram analisadas as características diferenciadoras das empresas, que
são: tamanho e idade da empresa, estrutura organizacional, estratégia de inovação,
localização geográfica e estrutura de propriedade. Conclui-se que existe uma
tendência das empresas maiores e com maior número de departamentos diretamente
subordinados ao proprietário adotarem primeiro; e que as características significantes
das empresas que primeiramente adotam as novas tecnologias e que as diferenciam
das demais são: o envolvimento dos membros da empresa em atividades de
comunicação externa, a percepção da importância da sua empresa para o
desenvolvimento do setor e o maior número de sócios proprietários. Para a última
pergunta; “quais os fatores que impactam o processo de difusão de um grupo
específico de tecnologias?”, foram analisadas as tecnologias “portas prontas” e “dry-
wall”. Para essa análise pode-se concluir que as características da tecnologia “porta
pronta” não influenciam negativamente na sua difusão, e que o principal fator que
interfere na difusão do “dry-wall” no Espírito Santo é a incompatibilidade com a cultura
do cliente.
Palavras-chave: Inovação tecnológica. Difusão tecnológica. Construção civil. Subsetor
de edificações.
ABSTRACT
The property market is quite heated in Brasil and this is due to several factors that are
providing increased economic activity in general. The State of the Espírito Santo has
shown great growth of the economy and an improved capacity for attracting
investments, which directly impacts construction. A study on the process of adoption
and diffusion of technologies will contribute to a better understanding of technological
dynamism in the buildings. This paper presents a literature review on the main concepts
related to this process and the results of a survey conducted in the sub sector
companies of buildings of Vitoria. The literature review served to broaden knowledge
about the adoption and diffusion of new technologies and also to identify methodologies
in national and international levels used to define the factors influencing the adoption of
new technologies. A new technology cost more than existing does not mean its
immediate adoption, but that its adoption will be a gradual process and whose speed
depends on a number of factors. These factors influence the acceptance of new
products or processes by organizations and their knowledge is important, considering
that the economic impact of an innovation depends not only on its creation and
marketing, but also the speed with which the new technology replaces the former. After
the literature review, was investigated from the field in 60 construction companies that
are running residential and commercial buildings over 800m ² in “Grande Vitória”. This
research sought to answer 03 questions. For the first question, "which the degree of
diffusion of a specific group of technologies in buildings of the Grande Vitória?", were
considered 18 specific technologies. It was found that these technologies are being
used on average by 42.87% of the companies. For the second question, "why some
companies, rather than other, they adopt a new technology?", Were analyzed the
characteristics of business differentials, which are: size and age of the company,
organizational structure, strategy of innovation, geographical location and structure of
ownership . It follows that there is a trend of larger companies and greater number of
departments directly subordinate to the owner took the first, and that the significant
features of the first companies that adopt new technologies and that the others are
differentiated: the involvement of members of the company in activities of external
communication, the perception of the importance of your company for the development
of the sector and the largest number of members owners. For the last question, "what
are the factors that impact the process of diffusion of a specific group of technologies",
the technologies were considered "portas prontas” and "dry-wall." For this analysis we
can conclude that the characteristics of technology "porta pronta" not negatively
influence in its dissemination, and that the main factor that interferes with the
dissemination of "dry-wall" in the Espírito Santo is incompatible with the culture of the
client.
Keywords: Technological innovation. Diffusion technology. Construction. Buildings.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 2.1 - Processo de adoção de uma nova tecnologia .................................. 44
FIGURA 2.2 - Classificação dos adotantes ...............................................................49
FIGURA 2.3 - Definição das adotantes primeiro .......................................................52
FIGURA 2.4 - Curva de difusão de uma nova tecnologia .........................................53
FIGURA 2.5 - Curvas do número de novos adotantes por ano e do número
acumulado de adotantes ....................................................................54
FIGURA 2.6 - Decolagem da tecnologia ...................................................................57
FIGURA 2.7 - Sistema conceitual da adoção organizacional da inovação ...............61
FIGURA 2.8 - Fatores determinantes da decisão de adoção ...................................67
FIGURA 3.1 - Agentes da cadeira produtiva da indústria da construção civil ..........88
FIGURA 3.2 - Modelo SENAI de Prospecção ...........................................................94
FIGURA 4.1 - Curva de difusão do aditivo plastificante para concreto....................104
FIGURA 4.2 - Curva de difusão das formas metálicas para estruturas de
concreto............................................................................................ 106
FIGURA 4.3 - Curva de difusão das estruturas mistas de concreto e aço .............107
FIGURA 4.4 - Curva de difusão das estruturas de concreto protendido .................111
FIGURA 4.5 - Curva de difusão da alvenaria estrutural ..........................................112
FIGURA 4.6 - Curvas de difusão das tecnologias do segmento “sistemas estruturais”
..........................................................................................................113
FIGURA 4.7 - Curva de difusão da alvenaria racionalizada ...................................114
FIGURA 4.8 - Curva de difusão das portas prontas ...............................................117
FIGURA 4.9 - Curva de difusão do dry-wall ............................................................119
FIGURA 4.10- Curvas de difusão das tecnologias do segmento “sistema’ de
vedação” ...........................................................................................120
FIGURA 4.11- Curva de difusão da argamassa colante flexível...............................123
FIGURA 4.12- Curva de difusão da argamassa industrializada ..............................125
FIGURA 4.13- Curva de difusão dos isolantes com lã de vidro ou rocha.................127
FIGURA 4.14- Curvas de difusão das tecnologias do segmento “sistemas de
revestimento” ....................................................................................128
FIGURA 4.15- Curva de difusão dos equipamentos a laser ...................................130
FIGURA 4.16- Curva de difusão do sistema de pallets ...........................................132
FIGURA 4.17- Curvas de difusão das tecnologias do segmento das “tecnologias para
infra-estrutura de canteiros” ............................................................133
FIGURA 4.18- Curva de difusão do sistema web para relacionamento com clientes e
assistência técnica pós-entrega........................................................135
FIGURA 4.19- Curva de difusão do sistema web para desenvolvimento e
gerenciamento de projetos ...............................................................136
FIGURA 4.20- Curva de difusão do aplicativo web para planejamento e
gerenciamento de obras ...................................................................138
FIGURA 4.21- Curvas de difusão do segmento da “tecnologia da informação em
sistemas de gestão” ........................................................................140
FIGURA 4.22- Curva de difusão dos shafts visitáveis e instalações não embutidas
..........................................................................................................142
FIGURA 4.23- Porcentagem de utilização das 18 tecnologias, em ordem decrescente
..........................................................................................................144
FIGURA 4.24- Curva de difusão das 18 tecnologias ...............................................147
FIGURA 5.1 -
Correlação entre o número de tecnologias adotadas e o número de
tecnologias adotadas primeiro pelas empresas ...............................156
FIGURA 5.2 - Comparação do envolvimento dos membros da empresa em
atividades de comunicação externa .................................................166
FIGURA 5.3 - Comparação do nível de escolaridade do decisor da empresa .......173
FIGURA 5.4 - Comparação da percepção da importância da empresa para o setor
da construção civil no Espírito Santo ...............................................175
FIGURA 5.5 - Comparação relacionada com o número de sócios proprietários das
empresas ..........................................................................................177
FIGURA 6.1 - Parede em dry-wall ...........................................................................190
LISTA DE TABELAS
TABELA 3.1 - Tecnologias selecionadas pelas empresas do Espírito Santo ......101
TABELA 4.1 - Dados da difusão da tecnologia “aditivos plastificantes para
concreto” .......................................................................................103
TABELA 4.2 -
Dados da difusão da tecnologia “forma metálica para estruturas de
concreto” ........................................................................................105
TABELA 4.3 - Dados da difusão da tecnologia “estrutura mista de concreto e aço”
........................................................................................................107
TABELA 4.4 - Dados da difusão da tecnologia “concreto protendido” .................109
TABELA 4.5 - Dados da difusão da tecnologia “alvenaria estrutural” ..................111
TABELA 4.6 - Dados da difusão da tecnologia “alvenaria racionalizada” ............114
TABELA 4.7 - Dados da difusão da tecnologia “portas prontas” ..........................115
TABELA 4.8 - Dados da difusão da tecnologia “dry-wall” ....................................118
TABELA 4.9 - Dados da difusão da tecnologia “argamassa colante flexível” ......121
TABELA 4.10 - Dados da difusão da tecnologia “argamassa industrializada” .......124
TABELA 4.11 - Dados da difusão da tecnologia “isolantes com lã de vidro ou rocha”
........................................................................................................126
TABELA 4.12 -
Dados da difusão da tecnologia “equipamentos a laser”...............129
TABELA 4.13 -
Dados da difusão da tecnologia “sistema de pallets” ....................131
TABELA 4.14 - Dados da difusão da tecnologia “sistema web para relacionamento
com cliente” ..................................................................................134
TABELA 4.15 - Dados da difusão da tecnologia “sistema web para desenvolvimento
e gerenciamento de projetos” ........................................................136
TABELA 4.16 -
Dados da difusão da tecnologia “aplicativo web para planejamento e
gerenciamento de obras” ...............................................................137
TABELA 4.17 - Dados da difusão da tecnologia “sistema web B2B e B2C” ..........139
TABELA 4.18 - Dados da difusão da tecnologia “shafts visitáveis e instalações não
embutidas” .....................................................................................141
TABELA 4.19 - Ano de início de utilização das tecnologias pela empresa ............146
TABELA 4.20 - Resumo das comparações da difusão prevista no trabalho do SENAI
e o grau de difusão encontrado .....................................................149
TABELA 4.21 - Resumo dos resultados relacionados com as hipóteses iniciais sobre
a difusão ........................................................................................150
TABELA 5.1 - As 10 empresas que primeiramente adotaram as tecnologias, em
ordem decrescente ........................................................................153
TABELA 5.2 -
As empresas que mais adotaram as tecnologias, em ordem
decrescente ...................................................................................154
TABELA 5.3 -
Caracterização da idade da empresa ............................................158
TABELA 5.4 - Caracterização do tamanho da empresa quanto à receita bruta anual
das empresas ................................................................................159
TABELA 5.5 - Caracterização da existência de projeto de expansão da empresa
........................................................................................................160
TABELA 5.6 - Caracterização da estrutura organizacional quanto a
departamentalização da empresa .................................................161
TABELA 5.7 - Caracterização da estrutura organizacional quanto ao
profissionalismo .............................................................................162
TABELA 5.8 - Caracterização da estrutura organizacional relacionada com a
intensidade administrativa .............................................................163
TABELA 5.9 - Caracterização da estrutura organizacional quanto ao grau de
envolvimento dos membros da empresa em atividades de
comunicação externa ....................................................................165
TABELA 5.10 - Caracterização da estrutura organizacional quanto à participação da
empresa em sindicatos ou entidade de classe .............................167
TABELA 5.11 - Caracterização da estrutura organizacional quanto à diferenciação
vertical ...........................................................................................168
TABELA 5.12 - Caracterização da estrutura organizacional quanto ao uso de
sistemas de gestão ........................................................................169
TABELA 5.13 - Caracterização da postura estratégica de inovação quanto ao uso de
estratégia de marketing orientada para novas tecnologias ...........170
TABELA 5.14 - Caracterização da postura estratégica de inovação quanto à
existência de gerência específica de inovação na empresa .........171
TABELA 5.15 - Caracterização da postura estratégica de inovação quanto à idade
do decisor .....................................................................................171
TABELA 5.16 - Caracterização da postura estratégica de inovação relacionada com
a escolaridade do decisor .............................................................172
TABELA 5.17 - Caracterização da postura estratégica de inovação quanto à
importância da ciência para o desenvolvimento do setor ..............174
TABELA 5.18 - Caracterização da postura estratégica de inovação quanto à
percepção da importância da empresa para o setor da construção
........................................................................................................174
TABELA 5.19 - Caracterização da estrutura de propriedade quanto ao número de
sócios proprietários .......................................................................176
TABELA 5.20 - Caracterização da estrutura de propriedade quanto ao tipo de
administração da empresa ............................................................178
TABELA 5.21 - Características diferenciadoras das empresas “adotantes primeiro”
........................................................................................................178
TABELA 6.1 - Realização de estudo comparativo para a decisão da adoção da
“porta pronta” .................................................................................180
TABELA 6.2 - Características percebidas da propria tecnologia “portas prontas”182
TABELA 6.3 -
Fatores da própria tecnologia que mais interferem negativamente na
difusão das “portas prontas” ..........................................................183
TABELA 6.4 - Uso e conhecimento da tecnologia “portas prontas” .....................184
TABELA 6.5 - Interesse em continuar usando as “portas prontas” ......................185
TABELA 6.6 - Gestão de mão-de-obra para execução das “portas prontas” .......186
TABELA 6.7 - Localização da empresa que fornece as “portas prontas” ............186
TABELA 6.8 - Relação da empresa com o fornecedor das “portas prontas” .......187
TABELA 6.9 - Número de empresas fornecedoras da tecnologia da Grande Vitória
........................................................................................................187
TABELA 6.10 - Colocação das “portas prontas” ................................................... 187
TABELA 6.11 - Facilidade de mão-de-obra e empresa especializada ...................188
TABELA 6.12 - Estudo comparativo na decisão de aceitar ou rejeitar a tecnologia
........................................................................................................188
TABELA 6.13 - Comparação da percepção entre as empresas usuárias e não-
usuárias dos fatores que mais interferem negativamente na difusão
das “portas prontas” ......................................................................189
TABELA 6.14 - Realilzação de estudo comparativo para a decisão da adoção do
“dry-wall” ....................................................................................... 191
TABELA 6.15 - Características percebidas da própria tecnologia “dry-wall” ..........193
TABELA 6.16 - Fatores da própria tecnologia que mais interferem negativamente na
difusão do “dry-wall” ......................................................................194
TABELA 6.17 - Uso e conhecimento do “dry-wall” .................................................195
TABELA 6.18 - Utilização do “dry-wall” relacionado com o tipo de edificação .......195
TABELA 6.19 - Interesse em continuar usando o “dry-wall” ................................. 196
TABELA 6.20 - Gestão de mão-de-obra para execução do “dry-wall” ..................197
TABELA 6.21 - Localização da empresa que fornece o “dry-wall” .........................197
TABELA 6.22 - Relação da empresa com o fornecer do “dry-wall” ........................197
TABELA 6.23 - Número de empresas fornecedoras do “dry-wall” na Grande Vitória
....................................................................................................... 198
TABELA 6.24 - Execução do “dry-wall” ..................................................................198
TABELA 6.25 - Facilidade de mão-de-obra e empresa especializada para montagem
do dry-wall” ....................................................................................199
TABELA 6.26 - Elaboração dos projetos de “dry-wall” ..........................................199
TABELA 6.27 - Número de empresas que realizaram estudo comparativo na
decisão de aceitar ou rejeitar a tecnologia “dry-wall” ....................200
TABELA 6.28 - Comparação da percepção entre as empresas usuárias e não-
usuárias, com relação ao fator que mais interfere negativamente na
difusão do dry-wall .........................................................................201
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
BLS - Bureau of Labor Statistics
CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas
FJP - Fundação João Pinheiro
GE - Grupo Executor
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MPSConst. - Métodos, Processos e Sistemas Construtivos
MTE - Ministério de Trabalho e Emprego
P&D – Pesquisa e Desenvolvimento
PAIC - Pesquisa Anual da Indústria da Construção
PBQP-H - Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat
PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S/A.
PIB - Produto Interno Bruto
RAIS - Relação Anual de Informações Sociais
RMGV – Região Metropolitana da Grande Vitória
SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SINDICON - Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Espírito Santo
SPSS - Social Package Statistical Science
TEEs - Tecnologias Emergentes Específicas
UNITEP - Unidade de Tendências e Prospecção do SENAI
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................20
1.1 PROBLEMÁTICA E MOTIVAÇÃO .......................................................................20
1.2 PERGUNTAS DA PESQUISA ..............................................................................22
1.3 HIPÓTESES .........................................................................................................22
1.4 OBJETIVOS .........................................................................................................23
1.4.1 Objetivo geral ..............................................................................................23
1.4.2 Objetivos específicos .................................................................................23
1.5 ASPECTOS METODOLÓGICOS ..........................................................................24
1.5.1 Pesquisa bibliográfica ................................................................................24
1.5.2 Pesquisa descritiva .....................................................................................25
1.5.3 Análise e interpretação dos dados ............................................................31
1.6 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ........................................................................32
2. O PROCESSO DE ADOÇÃO E DIFUSÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS ...........35
2.1 INVENÇÃO, INOVAÇÃO E DIFUSÃO .................................................................35
2.1.1 Conceitos .....................................................................................................35
2.1.2 Inovação .......................................................................................................36
2.1.3 O processo de inovação nas empresas ....................................................39
2.1.4 Inovação e difusão ......................................................................................40
2.1.5 Padrões setoriais de mudanças tecnológicas .........................................41
2.2 PROCESSO DE DECISÃO DA ADOÇÃO ............................................................44
2.2.1 Implementação de novas tecnologias nas edificações ...........................46
2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS ADOTANTES .................................................................48
2.4 DIFUSÃO ..............................................................................................................52
2.4.1 Decolagem de novas tecnologias ..............................................................56
2.5 FATORES QUE AFETAM A ADOÇÃO E DIFUSÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS
........................................................................................................................................57
2.5.1 Estudos relacionados com a análise da difusão no nível de indústria..58
2.5.2 Estudos relacionados com a análise da difusão no nível da empresa ..63
2.5.3 Modelo conceitual sobre o conjunto de fatores que afetam o processo
de adoção e difusão de novas tecnologias ..............................................66
2.5.3.1 Características da própria tecnologia inovadora ......................................71
2.5.3.2 Características das empresas adotantes .................................................75
3. A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NAS EDIFICAÇÕES ..........................................81
3.1 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO SUBSETOR EDIFICAÇÕES ............................81
3.1.1 Inovação tecnológica na construção de edifícios .................................. 81
3.1.2 A aquisição de novas tecnologias como estratégia competitiva nas
empresas construtoras .............................................................................. 83
3.1.2.1 Estudo relacionado com a fase de invenção nos processos construtivos84
3.2 O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................................... 87
3.2.1 A construção civil no Brasil ...................................................................... 87
3.2.2 A construção civil no Espírito Santo ........................................................ 90
3.2.2.1 O Estado do Espírito Santo ..................................................................... 90
3.2.2.2 Os dados da construção civil no Espírito Santo ...................................... 92
3.3 AS TECNOLOGIAS EMERGENTES ESPECÍFICAS ........................................... 93
3.3.1 O modelo SENAI de prospecção .............................................................. 94
3.3.1.1 Aplicação do modelo para o setor da construção civil ............................ 96
3.3.2 Os resultados para o subsetor edificações ............................................. 97
3.3.3 Tecnologias que possuem problemas de difusão no Espírito Santo ... 99
4. DIFUSÃO DAS TECNOLOGIAS NAS EDIFICAÇÕES DA GRANDE VITÓRIA 102
4.1 DIFUSÃO DAS TECNOLOGIAS ......................................................................102
4.1.1 Aditivos plastificantes para concreto .....................................................102
4.1.2 Fôrmas metálicas para estruturas de concreto .....................................105
4.1.3 Estruturas mistas de concreto e aço ......................................................106
4.1.4 Concreto protendido .................................................................................108
4.1.5 Alvenaria estrutural de blocos de concreto ...........................................110
4.1.6 Alvenarias racionalizadas ........................................................................113
4.1.7 Portas prontas ...........................................................................................115
4.1.8 Painéis de gesso acartonado (dry-wall) ..................................................118
4.1.9 Argamassa colante flexível ..................................................................... 121
4.1.10 Argamassa industrializada .......................................................................123
4.1.11 Isolantes com lã de vidro ou rocha .........................................................125
4.1.12 Equipamentos a laser ...............................................................................128
4.1.13 Sistema de pallets .....................................................................................131
4.1.14 Sistemas web para relacionamento com clientes e assistência técnica
pós-entrega ................................................................................................133
4.1.15 Sistemas colaborativos web para desenvolvimento e gerenciamento de
projetos ......................................................................................................135
4.1.16 Aplicativos web para planejamento e gerenciamento de obras ...........137
4.1.17 Sistemas web B2B e B2C .........................................................................138
4.1.18 Shafts visitáveis ........................................................................................141
4.2 DIFUSÃO DAS 18 TECNOLOGIAS .................................................................143
4.2.1 Porcentagem de utilização das 18 tecnologias no Estado ...................143
4.2.2 Outras tecnologias ....................................................................................148
4.2.3 Considerações finais sobre a difusão .....................................................148
5. CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS QUE PRIMEIRO ADOTAM NOVAS
TECNOLOGIAS...........................................................................................................151
5.1 AS EMPRESAS ADOTANTES PRIMEIRO .........................................................151
5.1.1 Empresas que primeiramente adotaram novas tecnologias ............... 151
5.1.2 Empresas que mais adotaram as tecnologias .......................................154
5.2 CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS ADOTANTES PRIMEIRO ...................156
5.2.1 Idade da empresa ......................................................................................158
5.2.2 Tamanho da empresa ...............................................................................159
5.2.3 Estrutura organizacional da empresa .....................................................160
5.2.3.1 Complexidade ........................................................................................160
5.2.3.2 Intensidade administrativa ......................................................................162
5.2.3.3 Folga de recursos ...................................................................................163
5.2.3.4 Comunicação externa ........................................................................... 164
5.2.3.5 Diferenciação vertical .............................................................................167
5.2.3.6 Relação entre utilização de sistemas de gestão pela empresa e adoção
de inovação .................................................................................................168
5.2.4 Postura estratégica de inovação .............................................................169
5.2.5 Estrutura de propriedade .........................................................................176
5.2.6 Considerações finais sobre as características das adotantes primeiro
.....................................................................................................................178
6. FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO DE ADOÇÃO E DIFUSÃO
DAS “PORTAS PRONTAS” E DO “DRY-WALL” .....................................................179
6.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................179
6.2 PORTAS PRONTAS ...........................................................................................180
6.2.1 Características da própria tecnologia .....................................................180
6.2.2 Análise das portas prontas pelas empresas que utilizam a tecnologia
.....................................................................................................................183
6.2.3 Comparação entre as empresas usuárias e não-usuárias das portas
prontas .......................................................................................................188
6.3 DRY-WALL ..........................................................................................................190
6.3.1 Características da própria tecnologia .....................................................191
6.3.2 Análise do dry-wall pelas empresas que utilizam a tecnologia ............194
6.3.3 Comparação entre as empresas usuárias e não-usuárias do dry-wall 200
7. CONCLUSÕES ............................................................................................... 202
7.1 CONCLUSÕES SOBRE A DIFUSÃO DAS 18 TECNOLOGIAS ......................202
7.1.1 Conclusões sobre as hipóteses da difusão .......................................... 202
7.1.2 Considerações sobre a difusão ...............................................................203
7.2 CONCLUSÕES SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS
ADOTANTES PRIMEIRO ...........................................................................................207
7.2.1 Conclusões sobre as hipóteses das características das empresas ....207
7.2.2 Considerações sobre as características diferenciadoras das empresas
.....................................................................................................................209
7.3 CONCLUSÕES SOBRE OS FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO
DE ADOÇÃO E DIFUSÃO DAS TECNOLOGIAS........................................................211
7.3.1 Fatores relacionados com o processo de adoção e difusão das portas
prontas .......................................................................................................211
7.3.1.1 Conclusões sobre as hipóteses das características da porta pronta .....211
7.3.1.2 Considerações sobre as características das portas prontas ..................212
7.3.2 Fatores relacionados com o processo de adoção e difusão do dry-wall
.....................................................................................................................213
7.3.2.1 Conclusões sobre as hipóteses das características do dry-wall ............213
7.3.2.2 Considerações sobre as características do dry-wall ..............................214
7.4 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ...............................................215
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................218
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ............................................................................... 226
APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO DA ENTREVISTA 230
APÊNDICE B: RELAÇÃO DAS EMPRESAS PESQUISADAS 232
APÊNDICE C: METODOLOGIA ESTATÍSTICA 234
20
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1 PROBLEMÁTICA E MOTIVAÇÃO
Vários estudos têm enfatizado a necessidade de analisar-se a fase de difusão
1
dentro
dos processos de inovação tecnológica, considerando que o impacto econômico de
uma nova tecnologia não depende somente de sua criação e introdução no mercado;
mas também da rapidez com que a inovação substitui a tecnologia antiga
(ROSENBERG, 1982; BARCELÓ ROCA, 1994).
Grande parte das análises e dos estudos dos processos de adoção
2
e difusão de
novas tecnologias tem tentado responder principalmente às seguintes questões: “Por
que um novo produto ou processo, supostamente superior ao existente, não é adotado
imediatamente por todas as empresas?”, “Que fatores incidem na velocidade com a
qual se difunde uma nova tecnologia por todo o setor?” e “Por que algumas empresas,
antes que outras, adotam uma inovação?” (SINDE CANTORNA, 2004).
Uma nova tecnologia, economicamente superior a existente, não implica sua adoção
imediata, mas que sua adoção será um processo gradual e que sua velocidade
depende de uma série de fatores.
A análise do processo de adoção e difusão de novas tecnologias constitui-se em um
campo de conhecimento com características de interdisciplinaridade. A maioria dos
artigos pesquisados e selecionados para este trabalho são estudos que estão
relacionados com a literatura do marketing e das teorias econômicas, do
gerenciamento e da engenharia da produção. Entretanto, na área de engenharia civil
1
Difusão é o nível acumulado de usuários de uma inovação em um mercado (ROGERS, 2003).
2
A adoção se refere à decisão de qualquer indivíduo ou organização de usar uma inovação (ROGERS,
2003).
21
ainda são poucos os estudos que analisam a decisão de adoção de novas tecnologias.
Este trabalho vem então contribuir para um melhor entendimento do processo de
adoção e difusão de novas tecnologias nas empresas do subsetor de edificações
3
.
Apesar de existir um razoável número de estudos sobre o processo produtivo da
construção civil brasileira e de terem sido realizadas importantes pesquisas; como a de
Barros (1996) que propôs uma metodologia dirigida às empresas construtoras para a
implantação de novas tecnologias e a de Sabbatini (1989) que elaborou uma
metodologia específica para o desenvolvimento de inovações tecnológicas; poucos são
os estudos relacionados com a análise do processo de decisão de adoção de uma
nova tecnologia no subsetor edificações. Essa análise está relacionada com o
processo no qual um indivíduo, ou uma organização, decide por adotar ou rejeitar uma
nova idéia.
Considerando que existe uma certa heterogeneidade entre as empresas de um mesmo
setor, a avaliação que cada uma delas faz sobre a introdução de uma nova tecnologia
será diferente (DAMANPOUR, 1991). Para resolver este inconveniente têm surgido
diferentes modelos, nos quais parte-se do suposto de que os usuários potenciais de
uma nova tecnologia têm algumas características individuais. O estudo dos fatores que
influenciam na decisão da adoção ajudará a entender a dinâmica do desenvolvimento
tecnológico, e porque umas empresas passam mais rapidamente que outras pelas
etapas do processo de adoção de uma nova tecnologia.
O desenvolvimento deste trabalho foi motivado pela participação da autora no trabalho
realizado pelo Departamento Nacional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(SENAI), onde foram identificadas dezoito tecnologias do setor de construção civil, no
Brasil, que terão maior probabilidade de difusão nos próximos dez anos de acordo com
a percepção de um grupo de especialistas. Essa prospecção tecnológica teve como
objetivo principal identificar tecnologias que ainda apresentam uma baixa difusão no
setor.
3
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o subsetor Edificações compreende a
construção de edifícios residenciais, industriais, comerciais e de serviços; e é representado na
Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) pelo código 45.21-7.
22
Baseado nisso, decidiu-se analisar o grau de difusão dessas tecnologias nas
edificações das empresas do Estado do Espírito Santo; ou seja, qual a porcentagem
acumulada de usuários das tecnologias. Como complemento à análise da difusão, foi
sugerida pelo orientador, a análise das características das empresas que primeiro
adotam uma nova tecnologia, buscando explicar porque algumas empresas
construtoras, incorporam antes que outras, as novas tecnologias.
1.2 PERGUNTAS DA PESQUISA
Diante da problemática e da motivação da autora pelo tema, surgiram então as
seguintes perguntas iniciais desta pesquisa:
Qual o grau de difusão de um grupo específico de tecnologias nas edificações da
Grande Vitória
4
?
Por que algumas empresas, antes que outras, adotam novas tecnologias?
Quais os fatores que impactam o processo de difusão de um grupo específico
de tecnologias?
1.3 HIPÓTESES
Como hipóteses prováveis para responder os questionamentos feitos anteriormente,
pode-se propor:
A tecnologia portas e janelas prontas” e “dry-wall” possui uma difusão menor do
que 1/3 do total das empresas de edificações pesquisadas.
A argamassa colante flexível já alcançou 2/3 das empresas de edificações
pesquisadas.
4
A Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) é o território constituído pelos Municípios de Vitória,
Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana, Guarapari e Fundão (ESPIRITO SANTO, 2004). Municípios
pertencentes ao Estado do Espírito Santo.
23
A característica empresarial que implica uma maior propensão em adotar uma nova
tecnologia é a sua estratégia de inovação.
As empresas maiores adotam primeiramente novas tecnologias.
As empresas que possuem sistema de gestão implantado, adotam primeiramente
novas tecnologias.
O principal fator que interfere na difusão do “dry-wall” na Grande Vitória é a cultura
local.
As principais características das tecnologias que impactam o seu processo de
difusão, são percebidas de forma diferente pelas empresas adotantes e não-
adotantes.
1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho é contribuir para um melhor entendimento do processo
de adoção e difusão de novas tecnologias nas edificações das empresas construtoras
da Grande Vitória, por meio da identificação do seu dinamismo tecnológico.
1.4.2 Objetivos específicos
Pesquisar junto às empresas construtoras de edificações da Grande Vitória, qual a
difusão das tecnologias identificadas no trabalho de prospecção tecnológica
realizado pelo SENAI.
Identificar quais as empresas que primeiramente adotaram as tecnologias
pesquisadas.
24
Analisar metodologias nos níveis nacional e internacional utilizadas para definir os
fatores que influenciam na adoção de novas tecnologias em empresas.
Investigar as características empresariais que implicam uma maior propensão a
adotar uma inovação, buscando explicar porque algumas empresas construtoras
incorporam, antes que outras, as novas tecnologias.
Identificar as características da própria tecnologia “porta pronta” que impactam
negativamente o seu processo de difusão no Espírito Santo.
Identificar as características da própria tecnologia “dry-wall” que impactam
negativamente o seu processo de difusão.
1.5 ASPECTOS METODOLÓGICOS
Para se cumprir os objetivos propostos no item 1.4, o trabalho foi desenvolvido
basicamente em duas macro etapas: revisão bibliográfica e pesquisa de campo. Köche
(1997), baseado no procedimento geral que é utilizado para investigar o problema,
distinguiu três tipos de pesquisa; a bibliográfica, a experimental e a descritiva. Neste
trabalho as metodologias que foram utilizadas são a pesquisa bibliográfica e a
descritiva.
1.5.1 Pesquisa bibliográfica
Na revisão bibliográfica, procurou-se ampliar o conhecimento que consistiu num
levantamento e estudo da bibliografia existente sobre adoção e difusão de novas
tecnologias e trabalhos específicos de construção civil relacionados com o tema;
abrangendo pesquisas em livros, periódicos, dissertações de mestrado, teses de
doutorado, artigos técnicos nos níveis nacional e internacional, publicações em revistas
e jornais e no acervo técnico das principais universidades do país. Essa revisão serviu
para identificar metodologias utilizadas para definir os fatores que influenciam no
processo de decisão da adoção de novas tecnologias.
25
Os principais assuntos pesquisados nessa primeira etapa estão apresentados nos
capítulos 2 e 3 desta dissertação, e também serviram de embasamento teórico para a
elaboração dos questionários utilizados na pesquisa de campo.
1.5.2 Pesquisa descritiva
A segunda macro etapa é a pesquisa de campo, que é uma pesquisa descritiva que
constata e avalia os fatos, situações e condições que já existem.
A indústria da construção possui uma grande diversidade de produtos que requer uma
classificação criteriosa de seus segmentos produtivos. Segundo a Classificação
Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) 1.0, o setor está classificado na seção F -
divisão 45 e está agrupado nos seguintes segmentos, conforme o Quadro 1.1 abaixo:
Grupos
Denominação Classes
Demolição e preparação do terreno 45.11-0
Sondagens e fundações destinadas à construção 45.12-8
1. Preparação do terreno
Grandes movimentações de terra 45.13-6
Edificações (residenciais, industriais, comerciais e de serviços) 45.21-7
Obras viárias 45.22-5
Obras de arte especiais 45.23-3
Obras de montagem 45.25-0
2. Construção de edifícios e obras
de engenharia civil
Obras de outros tipos 45.29-2
Obras para geração e distribuição de energia elétrica 45.31-4 3. Obras de infra-estrutura para
energia elétrica e telecomunicações
Obras para telecomunicações 45.33-0
Instalações elétricas 45.41-1
Instalações de sistemas de ar condicionado, ventilação e refrigeração 45.42-0
Instalações hidráulicas, sanitárias, de gás e de sistemas de incêndio 45.43-8
4. Obras de instalações
Outras obras de instalações 45.49-7
5. Obras de acabamento Obras de acabamento 45.50-0
6. Aluguel equipamentos construção Aluguel de equipamentos de construção e demolição com operários 45.60-8
QUADRO 1.1 - Grupos e classes da atividade de construção.
Fonte: Pesquisa Anual da Indústria da Construção - PAIC (2005).
Para se definir a abrangência desta pesquisa, inicialmente fez-se uma limitação das
empresas que pertenciam ao segmento edificações - classe 45.21-7 (ver Quadro 1.1) e
que se localizavam na Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV). A necessidade
de se definir o segmento que se queria trabalhar, deve-se ao fato de que cada ramo
possui peculiaridades, capacidade tecnológica e formas de execução bem específicas.
26
Existe também a classificação
5
proposta pela Fundação João Pinheiro - FJP (1984),
que divide o setor em três subsetores, cada um com suas características próprias: a)
construção pesada – que está relacionada à construção de infra-estrutura viária e
urbana, obras de arte e saneamento; b) edificações – relacionada ao planejamento e
construção de edifícios residenciais, comerciais, institucionais e reformas; e c)
montagens – relacionada à montagem de indústrias, sistemas de geração e
transmissão de energia e telecomunicações e sistemas de exploração de recursos
naturais.
O subsetor da “construção pesada” é considerado o de maior utilização de tecnologias
em seu processo produtivo. Isso se deve ao fato de ser um segmento onde estão
presentes as grandes empresas empreiteiras de obras públicas. Já o subsetor de
“edificações”, por exemplo, é considerado como sendo o menos tecnificado, o que
menos utiliza tecnologias em seus processos (SOUTO, 2003). Na escolha da
abrangência desta pesquisa, optou-se por se trabalhar apenas com o subsetor de
edificações, para se obter uma uniformidade na pesquisa.
Com um levantamento feito na Relação Anual de Informações Sociais - RAIS (2005)
6
obteve-se o número de 851 empresas do segmento edificações, com no mínimo 01
vínculo empregatício, na Região Metropolitana da Grande Vitória (Ver Quadro 1.2).
Esse total de 851 empresas abrange todo o segmento da classe 45.21-7, que
corresponde às edificações residenciais, industriais, comerciais e de serviços.
Nº de vínculos empregatícios Nº de empresas de edificações (classe 45.21-7)
De 1 a 19 (micro-empresa) 673
De 20 a 99 (pequena) 157
De 100 a 499 (média) 17
De 500 ou mais (grande) 4
851
QUADRO 1.2 – Número de estabelecimentos classe 45.21-7 da RMGV.
Fonte: Adaptado da RAIS (2005).
5
Além da segmentação da CNAE e da FJP, existe também a classificação da construção civil pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que não foi adotada neste trabalho.
6
Os dados obtidos da RAIS (2005) foram através do site do Ministério de Trabalho e Emprego (MTE):
www.mte.gov.br. A utilização dos dados de 2005 se deve ao fato de serem os mais atuais
disponibilizados pelo site, no momento do levantamento dessas informações.
27
Registra-se aqui a dificuldade de se ter a identificação, dentro das 851 empresas do
subsetor edificações da Grande Vitória, quais delas estavam construindo apenas
edificações residenciais e comerciais, que são as empresas que abrangem esta
pesquisa. Não era de interesse deste trabalho, empresas que estavam executando
obras públicas, reformas, ou obras industriais; principalmente devido às diferenças
quanto ao uso de inovações nestes subsetores. Nenhuma instituição ou representação
do setor tinha a informação de quais empresas estavam construindo exclusivamente
edificações dentro do perfil desejado para este trabalho. Essa era uma informação que
não existia. Com isso, decidiu-se obter esse dado a partir de uma pesquisa de campo,
onde seriam levantadas todas as empresas que estavam construindo edificações no
perfil que se desejava, na região da Grande Vitória.
Nessa etapa da pesquisa de campo fez-se um levantamento de todas as obras de
edificações habitacionais multifamiliares e comerciais com área superior a 800m², que
estavam sendo executadas pelas construtoras, no momento da pesquisa, na região da
Grande Vitória. As regiões selecionadas para a pesquisa foram as especificadas no 11º
censo imobiliário e consideradas mais importantes para o setor da construção civil no
Espírito Santo, que são (SINDICON, 2007):
Município de Vitória (bairros: Praia do Suá, Santa Lúcia, Bento Ferreira, Praia do
Canto, Barro Vermelho, Praia de Santa Helena, Enseada do Suá, Jardim da Penha,
Jardim Camburi e Mata da Praia);
Município de Vila Velha (bairros: Praia da Costa, Itapuã e Itaparica);
Município da Serra (bairro: Laranjeiras) e
Município de Cariacica (bairro: Campo Grande).
Do levantamento feito nos bairros citados anteriormente foram cadastradas 320 obras,
e um total de 86 empresas. Dessas 86 empresas, 03 estão sediadas fora da região da
Grande Vitória, uma é do interior do Estado e duas são de outros Estados; que estão
fora da abrangência desta pesquisa. Com isso, o número total levantado foi de 83
empresas com sede na Grande Vitória, que é a população desta pesquisa.
28
Com essa identificação das 83 empresas, iniciou-se a busca pelo endereço das
mesmas; que foi realizado por pesquisa na internet e utilização do Guia da Construção
(2007), elaborado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Espírito
Santo (SINDICON). Inicialmente tentou-se o contato com toda a população desta
pesquisa. Só que do total das 83 empresas, conseguiu-se o agendamento para a
realização da pesquisa em apenas 60 empresas; pois 07 empresas declararam não ter
interesse em participar da pesquisa e em 16 empresas não se conseguiu agendar a
entrevista, durante o período previsto para a pesquisa de campo. A relação das 60
empresas encontra-se no Apêndice B desta pesquisa.
Para a confirmação da significância estatística dos dados levantados, foi definida uma
amostra representativa dessa população para a coleta de dados. A amostra foi
calculada usando-se as equações 1.1 e 1.2 para pequenas populações (BARBETTA,
2005, p.188) . Conforme os índices abaixo, foi calculado o tamanho da amostra.
196
07,0
5,05,096,1
2
2
2
2
0
=
××
=
××
=
ε
α
qpz
n
equação 1.1
58
83196
83196
0
0
=
+
×
=
+
×
=
Nn
Nn
n
equação 1.2
Onde:
n
o
= tamanho da amostra inicial para pequenas populações
Z
= nível de confiança (α) Æ 1,96, para 95% de confiança
p = proporção de uso de novas tecnologias (50%)
q = proporção de não uso de novas tecnologias (1 – p)
ε
= margem de erro adotado
N = População (83)
n = tamanho da amostra
O tamanho da amostra encontrado foi de 58 (cinqüenta e oito) empresas e a pesquisa
foi realizada em 60 empresas. Com isso pode-se considerar que os resultados
encontrados representam toda a população das 83 empresas cadastradas, com 95%
de confiança.
29
Para a pesquisa foi utilizado um questionário composto de várias questões com
perguntas fechadas e com uma série de respostas possíveis, e algumas perguntas
abertas (ver apêndice A). O questionário constitui-se de 04 (quatro) blocos distintos.
No primeiro bloco
procurou–se levantar os dados da empresa para a sua
caracterização e também para a confirmação de que a principal atividade da empresa é
a construção de edifícios residenciais e comerciais.
No segundo bloco
buscou-se identificar as características das empresas que primeiro
adotaram as tecnologias pesquisadas, para responder uma das perguntas iniciais
desta pesquisa, que é “por que algumas empresas, antes que outras, adotam novas
tecnologias?”.
No terceiro bloco
foi feito um levantamento descritivo da adoção de um grupo de
tecnologias, para responder qual o grau de difusão dessas tecnologias nas edificações.
A justificativa para a escolha das 18 tecnologias selecionadas para esta pesquisa está
detalhada no item 3.3 do capítulo 3 deste trabalho. As tecnologias que foram
analisadas nesse bloco são:
Sistemas estruturais: Aditivos plastificantes para concreto, Formas metálicas para
estruturas de concreto, Estruturas mistas de concreto e aço, Estruturas de concreto
protendido e Alvenaria estrutural de blocos de concreto;
Sistemas de vedações: Alvenarias racionalizadas sem função estrutural de blocos
cerâmicos ou de concreto, Portas prontas e Painéis de gesso acartonado para
paredes internas de vedações e forros (dry-wall);
Sistemas de revestimento: Argamassa colante flexível para assentamento de placas
cerâmicas, Argamassas industrializadas para revestimentos internos e externos e
Isolantes térmicos e acústicos para vedações com lã de vidro ou rocha;
Tecnologias para infra-estrutura de canteiros: Equipamentos a laser para controle
geométrico de obras e Sistemas de pallets para transporte de materiais.
Tecnologia da informação em sistemas de gestão: Sistemas web para
relacionamento com clientes e assistência técnica pós-entrega, Sistemas
colaborativos web para desenvolvimento e gerenciamento de projetos, Aplicativos
web para planejamento e gerenciamento de obras e Sistemas web de e-business &
30
e-commerce (B2B; B2C) adequados ao setor.
Sistemas prediais: Shafts visitáveis e instalações não embutidas.
Além do grau de difusão das 18 tecnologias, com o levantamento das datas de início
de utilização das tecnologias pelas empresas, obteve-se as curvas de difusão de cada
uma das tecnologias pesquisadas.
No quarto bloco
buscou-se identificar quais os fatores que impactam negativamente o
processo de difusão das “portas prontas” e do “dry-wall”. Essas 2 tecnologias foram
escolhidas por terem sido as mais citadas como as tecnologias que mais possuem
problemas de difusão no Estado do Espírito Santo; e a justificativa para essa escolha
está melhor detalhada no sub-item 3.3.3 do capítulo 3 deste trabalho.
O questionário tem uma abordagem tanto quantitativa como qualitativa e as respostas
foram preenchidas por um entrevistador numa situação face a face com o informante.
Ele foi estruturado com base no referencial teórico para buscar responder as perguntas
iniciais deste estudo e para confirmar ou rejeitar as hipóteses levantadas.
Inicialmente foi realizado um estudo piloto. Esse estudo serve para fornecer valiosos
subsídios para o aperfeiçoamento dos instrumentos de pesquisa ou para os
procedimentos de coleta de dados (KÖCHE, 1997). Ele foi realizado em duas
empresas, uma que utilizava várias das tecnologias pesquisadas, e outra empresa que
provavelmente utilizava apenas algumas das tecnologias que foram selecionadas para
a pesquisa.
No estudo piloto foi identificada a necessidade de alteração de 02 (duas) questões. A
primeira questão foi a alteração da tecnologia que inicialmente estava definida como
portas e janelas prontas
para apenas portas prontas, pois percebeu-se que existiam
várias diferenças quando se comparava a “porta pronta” com a “janela pronta”.
Existiam diferenças entre o principal tipo de material utilizado, pois a porta geralmente
era de madeira e a janela de alumínio; diferença do ano de início de utilização das
tecnologias pelas empresas; e os fornecedores das “portas prontas” e das “janelas
prontas” não eram os mesmos. Com isso, decidiu-se pesquisar apenas as “portas
prontas”. Outra questão que foi alterada foi a que analisava a decisão de adoção das
31
tecnologias, onde perguntava-se qual a porcentagem da taxa de retorno esperada com
a utilização da nova tecnologia. Com o estudo piloto, decidiu-se substituir essa
pergunta, questionando apenas qual o resultado esperado na comparação da nova
tecnologia com a antiga, pois os entrevistados disseram não realizar cálculo de taxa de
retorno e que isso não é uma cultura do setor.
Depois de realizado o estudo piloto e o treinamento dos entrevistadores, iniciou-se a
pesquisa nas empresas. Devido ao grande número de empresas a serem pesquisadas,
foram necessárias 03 pessoas para a coleta de dados. Então, além da autora desta
pesquisa, foram contratadas duas estagiárias para a realização da pesquisa de campo.
Ela foi realizada por meio da aplicação de questionário pelo entrevistador aos diretores,
empresários, engenheiros, e preferencialmente, com o principal decisor
7
da empresa,
quando o assunto é adoção de novas tecnologias. Registra-se aqui a dificuldade de
agendamento das entrevistas com algumas das empresas, principalmente pelo fato de
que o entrevistado deveria ser o principal decisor da empresa. Entretanto, destaca-se
aqui também o pronto atendimento de várias outras empresas, a disponibilidade e a
facilidade no agendamento das entrevistas, e também a cordialidade na recepção do
entrevistador.
1.5.3 Análise e interpretação dos dados
Depois de realizada a coleta dos dados, eles foram tabulados e analisados. Para a
análise dos resultados sobre a difusão das tecnologias pesquisadas foi realizada uma
análise descritiva dos dados, por meio de tabelas de freqüências com número e
percentual. Na comparação dos percentuais entre os grupos, foi utilizada a
metodologia estatística do teste qui-quadrado e do teste exato de Fisher (usado para
tabelas 2 x 2), que é uma adaptação do teste qui-quadrado. Esses testes servem para
avaliar diferenças entre grupos quando a variável é nominal, e foram utilizados para a
7
Decisor, nesta pesquisa, é a pessoa que dá a palavra final, que toma as decisões na empresa quando
o assunto é adoção de novas tecnologias. É quem decide se aceita ou rejeita a tecnologia.
32
identificação das características diferenciadoras das empresas que primeiro adotam
novas tecnologias.
Foi utilizado para esta análise o pacote estatístico Statistical Package for the Social
Sciences – SPSS (2007), e o nível de significância adotado nos testes foi p = 0,05; ou
seja, para valores menores que 5% (BARBETTA, 2005). Esses resultados mais
relevantes foram considerados significantes e mostrados em gráficos de colunas.
Conforme Barbetta (2005), valores entre 5 e 10% estão próximos a área de rejeição.
Para esses valores entre 0,05 e 0,10, foi considerado que existe uma tendência para o
resultado encontrado, ou seja, para o nível de até 10%, os dados encontrados foram
considerados como tendenciosos.
Importante destacar que todos os resultados encontrados possuem 95% de confiança.
Como uma análise complementar, para se confirmar a percepção de que as empresas
que primeiro adotam, também são as que mais adotam novas tecnologias, foi feita uma
análise da correlação entre essas duas variáveis. Para essa análise foi calculado o
valor do coeficiente de correlação (BARBETTA, 2005).
O relato da pesquisa de campo e a análise dos resultados estão descritos mais
detalhadamente nos capítulos 4, 5 e 6 e a metodologia estatística utilizada está
relatada no Apêndice C.
1.6 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
A dissertação consta de 07 capítulos. Num primeiro momento, ocorreu um estudo
inicial junto ao orientador e a co-orientadora para a definição do tema, discussão sobre
a problemática, definição dos objetivos, metodologia e abrangência da pesquisa. Tais
questões estão descritas neste primeiro capítulo.
33
Nos capítulos 2 e 3 realiza-se uma revisão bibliográfica sobre o tema estudado. No
capítulo 2 é apresentada a primeira parte da revisão bibliográfica; que engloba o
estudo sobre o processo de adoção e difusão de novas tecnologias, com os conceitos
de invenção, inovação e difusão; e a identificação dos principais padrões setoriais de
mudanças tecnológicas. Esse capítulo também descreve sobre o processo de decisão
de adoção de uma nova tecnologia, a classificação dos adotantes e os fatores que
incidem no processo de adoção e difusão de novas tecnologias.
No capítulo 3 é apresentada a segunda parte da revisão bibliográfica, que descreve
sobre a inovação tecnológica no subsetor edificações e sobre o momento econômico
da construção civil no Espírito Santo. Esse capítulo apresenta também a justificativa da
escolha das 18 tecnologias que foram analisadas e sobre o modelo SENAI de
prospecção.
No capítulo 4 são apresentados os resultados sobre a difusão das 18 tecnologias que
foram analisadas, respondendo à primeira pergunta desta pesquisa: “Qual o grau de
difusão de um grupo específico de tecnologias nas edificações da Grande Vitória?”.
No capítulo 5 são apresentados os resultados do levantamento das características das
empresas que primeiro adotam, para responder à segunda pergunta desta pesquisa:
“Por que algumas empresas, antes que outras, adotam novas tecnologias?”.
No capítulo 6 são apresentados os resultados da análise das características da própria
tecnologia e os fatores que impactam negativamente no seu processo de adoção e
difusão. Essa análise foi feita para as tecnologias “portas prontas” e “dry-wall”.
No capítulo 7 apresentam-se as conclusões deste trabalho, que consistem numa
análise quanto ao cumprimento dos objetivos propostos e no fornecimento de algumas
sugestões para trabalho futuros. Logo após esse capítulo final, têm-se as referências
bibliográficas e as bibliografias consultadas.
34
Por último existem 03 apêndices. O apêndice A, que consta do questionário utilizado
na pesquisa de campo, o apêndice B onde es a relação dos nomes das 60 empresas
que foram pesquisadas e o apêndice C que detalha a metodologia estatística utilizada
nesta pesquisa.
35
CAPÍTULO 2
O PROCESSO DE ADOÇÃO E DIFUSÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS
2.1 INVENÇÃO, INOVAÇÃO E DIFUSÃO
2.1.1 Conceitos
Existem na literatura várias definições e interpretações sobre inovação. Neste trabalho
adotou-se o “Modelo Simplificado: Invenção – Inovação – Difusão”, onde a trajetória
das mudanças tecnológicas, desde a criação de um protótipo até sua ampla utilização
no mercado, é geralmente dividida nessas 03 (três) fases.
Existe uma distinção que é normalmente utilizada entre invenção e inovação. A
invenção está relacionada com a concepção e a inovação com a comercialização de
um produto. Invenção é a primeira ocorrência de uma idéia para um novo produto ou
processo; já inovação é a introdução bem sucedida dessa nova idéia no mercado. Para
transformar a invenção em uma inovação a empresa necessita combinar diferentes
tipos de conhecimentos, capacidades, habilidades e recursos (SCHUMPETER, 1943,
apud FAGERBERG, 2006). Já a difusão é a propagação da inovação (HALL, 2006).
Apesar de existirem outras definições para inovação, neste trabalho adotou-se o
conceito definido acima, por atender ao propósito desta pesquisa.
O termo inovador refere-se à pessoa ou unidade organizacional responsável pela
combinação dos fatores necessários para transformar uma invenção em uma inovação,
podendo esse ser ou não o inventor.
36
Em alguns trabalhos o termo inovador também é utilizado para caracterizar adotantes
de uma tecnologia, produto ou serviço inovador. Neste trabalho o termo utilizado com o
significado de quem adota uma nova tecnologia, será o termo “adotante”.
Dosi (1982) definiu “tecnologia” como um conjunto de partes do conhecimento que
pode ser prático e/ou teórico e que se aplica ou não a uma determinada atividade,
podendo ser procedimentos, métodos, experiência, know-how, mecanismos e
equipamentos. Essa definição de tecnologia foi a adotada para esta pesquisa.
2.1.2 Inovação
A distância entre invenção e inovação está relacionada com o fato de que, em alguns
casos, as condições de comercialização são deficientes ou ausentes, ou pode não
existir ainda a necessidade, ou então podeo ter a possibilidade de produzir. Como
exemplo, Fagerberg (2006) em seu trabalho, cita Leonardo da Vinci
8
, que apesar de ter
tido idéias bastante avançadas, como a máquina voadora; elas eram impossíveis de
realizar; devido à falta de materiais adequados, de habilidade de produção, e sobretudo
de fonte de energia. Desse modo, verifica-se, que muitas invenções exigem outras
invenções complementares, antes da fase da inovação.
Segundo Edquist et al. (2001) citado por Fagerberg (2006), o processo de inovação
pode ser dividido em “processos de inovações tecnológicas” e “processos de inovações
organizacionais”. O primeiro refere-se a novos tipos de maquinários, e o último a novas
maneiras de organizar o trabalho e também a reorganização do setor.
Outra classificação de inovações é quando elas são comparadas com a tecnologia
atual. Nessa perspectiva, a melhoria contínua é caracterizada como “inovação
incremental”; enquanto que uma mudança radical na tecnologia, criando um novo
paradigma, denomina-se “inovação radical” (FREEMAN; SOETE, 1997, apud
FAGERBERG, 2006).
8
Leonardo da Vinci é considerado um dos maiores gênios da história da humanidade, devido à sua
multiplicidade de talentos para ciências e artes, sua engenhosidade e criatividade. Viveu no período do
Renascimento e dentre suas obras mais famosas têm-se “A Ultima Ceia” e “Mona Lisa”.
37
Um dos fatos marcantes sobre a inovação é a sua grande variabilidade no tempo e
espaço, e sua aglomeração em determinados setores, áreas e períodos de tempo.
Também se deslocam de um setor, região e país para outro. Uma inovação tende a
induzir outra inovação. Dessa maneira, inovação e difusão tornam-se um processo
ativo, em que, cada inovação é um importante estágio para a difusão de inovações
subseqüentes. O processo de difusão incrementa a inovação, através dos processos
de aperfeiçoamento e aprendizado com o uso e a interação entre fornecedores e
clientes.
O desenvolvimento econômico é um processo de mudanças qualitativas, guiadas pela
inovação, que podem ser: novos produtos, novos métodos de produção, exploração de
novos mercados e novas maneiras de organizar o negócio. Segundo Schumpeter
(1943, apud FAGERBERG, 2006), o desenvolvimento econômico está relacionado com
a competição tecnológica e com inovações; isto é, novas combinações de
conhecimento e recursos, que geram possibilidades de novas oportunidades de
negócios e futuras inovações.
A função da inovação é introduzir novidades na esfera econômica. Se não tem
novidades, o setor econômico fica em um estado “estacionário” e com um pequeno ou
nenhum crescimento. Ela tende a aglomerar-se em determinadas indústrias ou setores,
que conseqüentemente crescem mais rapidamente, implicando mudanças estruturais
na produção e na demanda e, eventualmente mudança organizacional e institucional.
A inovação é um fator característico das diferenças no desempenho entre empresas,
regiões e países. As empresas que adotam primeiramente uma inovação, prosperam à
custa de seus concorrentes menos capazes de inovar. Países e regiões inovativas têm
maior produtividade e renda do que os menos inovativos (FAGERBERG, 2006).
Schumpeter (1943) citado por Fagerberg (2006) enfatiza a tendência para a inovação
por regiões, em certas indústrias.
Schumpeter (1982) destaca a figura do empreendedor como agente fundamental do
processo de desenvolvimento econômico, sua idéia central está na relação entre as
mudanças econômicas, e a incorporação de inovações ao sistema. Para o autor, o
elemento motriz da evolução do capitalismo é a inovação, seja ela em forma de
38
introdução de novos bens ou técnicas de produção, ou mesmo através do surgimento
de novos mercados, fonte de oferta de matérias-primas ou composições industriais.
A procura do lucro através da inovação é fundamental na transformação da situação
estática em processo de dinâmica econômica. Segundo a teoria schumpeteriana, sem
o lucro, não poderia haver nenhuma acumulação de riqueza e, conseqüentemente, não
geraria desenvolvimento. Essa relação entre “lucro x função empresarial x inovação”, é
que segundo Schumpeter (1982), revoluciona a estrutura econômica dentro das
empresas. Nesse contexto, a introdução de uma inovação, desde que seja absorvida
pelo mercado, implica um novo dinamismo para a economia. Os lucros gerados por
essa inovação contribuem para acirrar a competição do mercado; atraindo as outras
empresas, que são aquelas que investem recursos quando a nova tecnologia já foi
adotada anteriormente.
Schumpeter e outros autores, os neo-schumpeterianos, consideram também outros
fatores importantes que podem influenciar na introdução de novas tecnologias no
sistema econômico; como os laboratórios de P&D
9
das grandes corporações e a
intervenção dos órgãos governamentais. Dentre os autores neo-schumpeterianos
pode-se citar Rosenberg (1982) e Dosi (1982). O primeiro autor constatou que a
atividade inovativa comporta-se como um procedimento de busca, cujos resultados
ainda não são conhecidos e cuja taxa de adoção da nova tecnologia está ligada à
expectativa quanto ao futuro do progresso tecnológico. Ele constata também que o
nível de aprendizado influi no rumo da mudança tecnológica. Já o segundo autor,
Giovanni Dosi, contribui com o desenvolvimento de conceitos importantes para o
estudo da mudança tecnológica. Esse autor trata da trajetória tecnológica e do
paradigma tecnológico. A trajetória tecnológica representa a maneira por meio da qual
o paradigma tecnológico evolui. Como exemplo, temos a invenção do concreto que
mudou drasticamente a forma de se construir edificações, criando-se um novo
paradigma tecnológico nessa área. Já os aperfeiçoamentos que ocorreram no
concreto, tais como o concreto de alto desempenho e o concreto protendido; são
consideradas trajetórias tecnológicas. Dessa forma, essas alterações são fruto de um
9
P&D – Pesquisa e Desenvolvimento.
39
processo de aprendizado a partir da interação de rotinas estabelecidas com
experiências adquiridas (DOSI, 1982).
A maioria das teorias sobre inovação a analisa sobre uma perspectiva individualista,
como a teoria “psicológica” de Schumpeter, do comportamento empreendedor
(FAGERBERG, 2006). Esses trabalhos são analisados por meio da cognição e
conhecimento do indivíduo. Mas, outros trabalhos focam na análise da organização,
tentando responder “Por que” e “Como” ocorre a inovação, e “O que” a conduz.
2.1.3 O processo de inovação nas empresas
Apesar das melhorias no campo do conhecimento científico e a melhoria no
conhecimento organizacional, os processos de inovação nas organizações não são
fáceis de definir e controlar. O aumento de especializações nessa área, tem
aumentado também os níveis de complexidade e gerado resultados diversos. Dentre
eles pode-se citar o fato de alguns pesquisadores considerarem as inovações radicais
as mais importantes (SCHUMPETER, 1943, apud FAGERBERG, 2006). Já outros
pesquisadores consideram que os principais benefícios econômicos vêm das
inovações incrementais e das melhorias (LUNDVALL et al. 1992, apud FAGERBERG,
2006).
Outro resultado diverso é o fato de alguns pesquisadores considerarem que o processo
de inovação nas organizações depende de uma habilidade particular da gerência, ou
de um comportamento empreendedor. Entretanto, outros estudos indicam que as
principais decisões de inovação pela empresa, são na maioria um processo político da
organização, geralmente envolvendo grupos de profissionais na análise dos riscos e
incertezas, na melhoria da produtividade, na estimativa de custos, nos benefícios, e
outros.
Uma constatação em comum é que a invenção, adoção e difusão de novas tecnologias
são fatores essenciais para o desenvolvimento econômico e a mudança social; e que
as inovações tecnológicas são um diferencial dos produtos e dos setores dos países
40
ricos quando competem no mercado mundial (PAVITT, 1984). Dentre as conclusões de
Schumpeter (1982), temos duas importantes: (1) que as inovações tendem a
concentrar-se em alguns setores da economia, em particular nos mais fortes, e que seu
processo de difusão é desigual; (2) que as firmas com maior probabilidade de inovar
procurarão manter-se na dianteira do progresso técnico, introduzindo novas
tecnologias.
2.1.4 Inovação e difusão
Hall (2006) mostra que a inovação não ocorre somente entre os humanos. O autor cita
o exemplo de inovação entre um grupo de macacos, quando em 1953 uma jovem
macaca lavou sua refeição que estava suja em um córrego, antes de comê-la. A óbvia
melhora na preparação da comida foi rapidamente imitada pelos outros macacos, e em
30 anos foi difundida completamente entre os macacos daquele grupo. Desse exemplo
sobre a difusão de inovação, ele demonstra que: quando as inovações são claramente
melhores do que as tecnologias anteriores, essas novas idéias se espalharão
geralmente através da “aprendizagem pela observação” do processo; e que o processo
pode levar algum tempo. No caso do exemplo, ele levou 30 anos, que é o ciclo de vida
daquele macaco.
No estudo da inovação, o mundo da difusão é geralmente usado para descrever o
processo pelo qual empresas e indivíduos numa economia ou sociedade, adotam uma
nova tecnologia ou substituem uma velha tecnologia por uma nova. Pode-se dizer que
sem difusão, a inovação tem um pequeno impacto social ou econômico. É importante
entender o processo de difusão para se conhecer o processo inovativo nas empresas.
Essa análise é importante, principalmente para regiões ou setores considerados
tecnologicamente atrasados, como o da construção civil, onde a difusão de novas
tecnologias pode ser uma parte fundamental do seu processo de inovação, e
conseqüentemente de seu desenvolvimento.
O entendimento da difusão está discutido mais detalhadamente no item 2.4 deste
41
capítulo, que descreve sobre a difusão e a decolagem de novas tecnologias.
2.1.5 Padrões setoriais de mudanças tecnológicas
Empresas e setores industriais diferem em suas inovações, pois projetar um automóvel
não é o mesmo que desenvolver uma nova cerâmica. Essa diversidade de tecnologias,
possui seu próprio histórico de desenvolvimento, habilidade requerida e implicações
estratégicas. Pavitt (1984) descreve as similaridades e diferenças entre setores quanto
às fontes, à natureza e aos impactos das inovações, definidas pelas fontes de insumos
de conhecimento, pelo tamanho e linhas principais de atividade das firmas inovadoras
e pelos setores que produzem e são os principais usuários da inovação.
Pavitt (1984) desenvolveu um esquema de classificação onde ele identificou 03 (três)
categorias distintas, e descreveu os padrões setoriais de mudanças tecnológicas. Essa
classificação é baseada nos setores da economia em termos de como a inovação é
criada, e são constituídas de: firmas dominadas pelos fornecedores, firmas intensivas
em produção e firmas baseadas em ciência; e ela pode ser explicada pelas fontes de
tecnologia, pelas necessidades dos usuários e pelos meios para se apropriar dos
benefícios. Na sua classificação, a unidade básica de análise é a firma inovadora, e
como os padrões de inovação são cumulativos, suas trajetórias tecnológicas são
determinadas por suas atividades principais; ou seja, atividades principais diferentes,
geram trajetórias tecnológicas diferentes.
Na primeira categoria têm-se as firmas dominadas pelos fornecedores.
Essas
empresas geralmente são pequenas e suas capacitações de engenharia e P&D
internas são fracas. Elas se apropriam pouco das vantagens tecnológicas, quando
comparadas com os mecanismos de apropriação da aparência estética, da marca, da
propaganda e da qualificação profissional. Sua trajetória tecnológica é definida pela
redução de custos. Geralmente dão uma contribuição secundária às suas tecnologias
de processo e de produto. A maior parte das inovações utilizadas vem dos
fornecedores de equipamentos e materiais, embora às vezes os grandes clientes
também dêem sua contribuição. Os critérios para as escolhas tecnológicas passam
42
principalmente, pelo nível dos salários e pelo preço. Nessa categoria encontram-se
principalmente os setores tradicionais da produção industrial; agricultura; construção
civil; produção doméstica informal; e serviços privados (financeiros e comerciais).
As firmas intensivas em produção
, na segunda categoria de Pavitt (1984), foram
subdivididas em “intensiva em escala” e “fornecedores especializados”. As “intensivas
em escala” são caracterizadas pela divisão do trabalho e simplificação das tarefas, que
possibilitam a substituição da mão-de-obra por máquinas e o conseqüente
rebaixamento dos custos de produção. As qualificações tecnológicas das empresas
dessa classificação, aumentaram bastante com o tempo; principalmente nos
departamentos de fabricação e montagem, onde as máquinas são capazes de realizar
tarefas mais complexas e exigentes com precisão e de modo confiável. As pressões e
incentivos econômicos são relativamente fortes nas firmas dessa classificação, que são
usuários sensíveis ao preço. Nessa subdivisão temos as empresas dos setores de
alimentos, metalurgia, construção naval, veículos, vidro e cimento. Os departamentos
de engenharia de produção são uma fonte importante de tecnologia de processo.
Nessa classificação, a liderança tecnológica se reflete na capacidade de projetar,
construir e operar processos contínuos de larga escala. Os mecanismos de
apropriação são as patentes, o segredo industrial e know-how de processo, as
defasagens técnicas e as economias dinâmicas de aprendizado. Já na subdivisão de
“fornecedores especializados”, temos as empresas que são caracterizadas pelas
capacidades em engenharia e freqüente interação com os usuários, como as empresas
de engenharia mecânica e as de instrumento de precisão. Geralmente são empresas
pequenas e especializadas que lhe fornecem os equipamentos e instrumentos e que
suprem os clientes com conhecimento especializado e experiência que resultam da
concepção e construção de equipamentos. Suas trajetórias tecnológicas são
geralmente orientadas para inovações de produto que elevem o desempenho. Para os
fornecedores especializados, o sucesso competitivo depende do aprimoramento
contínuo do projeto, da confiabilidade do produto e da capacidade de responder
adequadamente às necessidades dos usuários.
43
Na terceira categoria da classificação de Pavitt (1984), temos as firmas baseadas em
ciência. Essa categoria é caracterizada por muitas pesquisas e pelas fortes ligações
com a ciência, e suas empresas podem ser encontradas nos setores químico, elétrico e
eletrônico. Sua fonte de tecnologia são as atividades de P&D das firmas desses
setores. A grande abrangência de suas aplicações tem implicado uma grande variância
na ênfase relativa dada à inovação de produto ou de processo no interior de cada um
dos setores. A liderança inovativa baseia-se em uma combinação de métodos; a
proteção patentária, as economias dinâmicas de aprendizado, know-how de P&D,
segredo industrial e know-how de processo. Geralmente empresas grandes dão uma
contribuição maior às firmas baseadas em ciência.
Existem ligações entre as diferentes categorias de firmas. As firmas dominadas pelos
fornecedores obtêm a maior parte de suas tecnologias de firmas intensivas em
produção e das firmas baseadas em ciência. As firmas baseadas em ciência também
transferem tecnologia para as intensivas em produção. Já as firmas baseadas em
ciência e as intensivas em produção recebem e fornecem tecnologia para os
fornecedores especializados. Essas ligações vão além das transações de compra e
venda, elas incluem fluxos de informações e habilidades, e também diversificação
tecnológica.
Fazendo uma atualização da revisão bibliográfica, encontrou-se uma nova
classificação em Pavitt, Bessant e Tidd (2005), onde os autores identificaram 05 (cinco)
categorias: dominada pelos fornecedores, intensiva em escala, baseada na ciência,
fornecedores especializados e intensiva em informação. Nessa classificação, as
empresas de engenharia civil foram incluídas na categoria de escala intensiva.
Considerando que o foco deste trabalho está nas empresas de edificações e na
construção civil, e que engenharia civil é mais amplo e engloba outros segmentos além
da construção civil; e também pela observação das tecnologias que serão analisadas
nesta pesquisa; adotou-se a classificação em que Pavitt (1984) incluiu a construção
civil na categoria “dominada pelos fornecedores”.
44
2.2 PROCESSO DE DECISÃO DA ADOÇÃO
Rogers (2003) descreveu o processo de adoção, como o processo pelo qual um
indivíduo ou outra unidade responsável pelas decisões, passa do primeiro
conhecimento de uma nova tecnologia, a uma decisão de adotar ou rejeitar a
implementação da nova idéia. Esse autor foi um dos primeiros pesquisadores que
definiu e modelou o processo da difusão da tecnologia dentro das organizações.
Segundo Rogers (2003), Frambach e Schillewaert (2002) e Martin (2002); no processo
de adoção de uma nova tecnologia em uma organização, pode-se distinguir 02 (dois)
estágios principais: o primeiro é a “iniciação” onde a tecnologia é identificada e
ajustada às necessidades da organização e o segundo estágio é a “implementação”,
no qual a tecnologia transforma parte das rotinas da organização (Figura 2.1). No
estágio da iniciação, a organização torna-se ciente da inovação, forma uma atitude e
avalia o novo produto. Abrange a consciência, a consideração, e a intenção. No estágio
da implementação, a organização decide adotar a inovação e a sua aceitação dentro
da organização torna-se importante (FRAMBACH; SCHILLEWAERT, 2002).
FIGURA 2.1 – Processo de adoção de uma nova tecnologia
Fonte: Baseado em Rogers (2003) e Martin (2002).
Esses dois estágios passam por cinco fases, que são: (1) conhecimento: conhecer a
nova tecnologia ou inovação, (2) interesse: formar uma atitude favorável à nova
tecnologia ou inovação, (3) decisão: tomar a decisão de aceitar ou rejeitar a nova
tecnologia, (4) experimentação: implementar a nova tecnologia e (5) rotina: confirmar a
1-Conhecimento 2-Interesse
3-Decisão 4-Experimentação 5-Rotina
INICIAÇÃO IMPLEMENTAÇÃO
45
decisão (ROGERS, 2003; FRAMBACH; SCHILLWEART, 2002). A decisão da adoção
(de aceitar ou rejeitar a nova tecnologia) ocorre no início da implementação. Pode-se
considerar que a tomada de decisão contém o processo essencialmente de coleta e
análise de informações.
A decisão da adoção não depende somente do conhecimento da existência da nova
tecnologia por parte de um usuário potencial, algo que se produz por um simples
contato de um usuário e um não-usuário. Na realidade esse contato implica que existe
uma transferência de informação, mas não que o não-usuário vai se converter em um
usuário, já que no processo de decisão da adoção outros elementos irão influir.
Na fase de conhecimento
, o indivíduo descobre a existência da nova tecnologia e
adquiri alguns conhecimentos sobre ela. Ele busca informação que envolve a nova
tecnologia para reduzir suas incertezas sobre a capacidade da nova tecnologia em
resolver seu problema. Nessa fase o indivíduo quer saber “o que“ é a nova tecnologia,
e “como” ela trabalha. Na fase seguinte, do interesse
, o indivíduo forma uma atitude
favorável, ou não, à nova tecnologia. Ele procura informações adicionais para reduzir
as incertezas, quer saber as vantagens e desvantagens da inovação. Nessa fase, sua
rede de contatos, as redes interpessoais, são os mais prováveis contatos para uma
informação sobre a avaliação da nova tecnologia. A opinião de outros indivíduos
influencia na fase de decisão
de adoção da nova tecnologia. O processo de decisão
conduz a uma escolha, para adotar ou rejeitar a nova tecnologia. A decisão pode ser
de fazer total uso da nova tecnologia, com uma boa avaliação; ou a rejeição que é a
decisão de não adotar a nova tecnologia. Na fase da experimentação
, a decisão pode
ter uma descontinuidade, ou seja, pode ocorrer a rejeição da nova tecnologia depois
que ela foi adotada. Essa fase ocorre quando o indivíduo implementa a nova
tecnologia, ou seja, ele a usa. Pode também ocorrer interrupção da utilização da
inovação, quando o indivíduo não estiver satisfeito com a nova tecnologia ou quando
ela for substituída por uma idéia melhor. É possível também, que o indivíduo adote
novamente a nova tecnologia, depois de uma decisão anterior de rejeitá-la. Essa é a
fase da rotina
, que é a confirmação da adoção da nova tecnologia (ROGERS, 2003).
46
O processo de decisão da adoção da nova tecnologia, geralmente ocorre na seqüência
das 05 (cinco) etapas na ordem do tempo apresentadas na Figura 2.1, que são: o
conhecimento, o interesse, a decisão, e experimentação e a confirmação da nova
tecnologia. Mas, podem ocorrer exceções para essa usual seqüência, por exemplo, o
estágio da decisão, anteceder ao estágio do interesse pela nova tecnologia.
Essa análise do processo de decisão, serve principalmente para o indivíduo, numa
tomada de decisão, mas muitas decisões são tomadas por organizações ou outros
tipos de unidades de decisão de adoção. Uma organização pode, por exemplo, decidir
implementar uma nova tecnologia, por uma decisão exclusivamente do chefe, sem ter
a opinião do trabalhador na tomada de decisão. Quando o processo de decisão de
adoção de uma nova tecnologia ocorre em uma organização ou empresa, esse
processo se torna mais complicado, pois um número maior de indivíduos é envolvido
(ROGERS, 2003).
2.2.1 Implementação de novas tecnologias nas edificações
Estudos disponíveis na literatura sobre a implantação ou implementação de novas
tecnologias apontam diversas dificuldades das empresas em conduzir de forma
eficiente a implementação de uma inovação.
Depois de tomada a decisão de adotar uma inovação, vem a fase de implementar a
nova tecnologia e confirmar a decisão. Barros (1996) propõe uma metodologia dirigida
às empresas construtoras para a implementação de novas tecnologias construtivas
disponíveis no mercado. Para a autora, a implantação de novas tecnologias envolve
mais do que a simples aplicação de uma dada tecnologia, em um dos canteiros de
obras da empresa. Implantar significa consolidar a nova tecnologia no sistema
produtivo da empresa e no processo de produção de edifícios, por meio de princípios
que permitam a sua constante evolução.
47
A autora destaca que o sucesso da implementação da nova tecnologia depende não
somente da metodologia, mas sobretudo do envolvimento da empresa e disposição
para empreender as alterações necessárias para a criação de um ambiente favorável à
implantação e aponta a importância de um líder na condução do processo de
implantação dentro da empresa.
Além de destacar a presença do líder, Barros (1996) também apresenta cinco diretrizes
balizadoras que devem orientar o processo de implementação de novas tecnologias:
Desenvolvimento da atividade de projeto – diretriz que deve ser entendida como um
instrumento para a informação e fixação das novas tecnologias no sistema
produtivo da empresa, proporcionando condições para o avanço tecnológico à
medida que incorpore as definições para a completa realização da produção,
inclusive as relativas ao planejamento do empreendimento;
Desenvolvimento da documentação – diretriz que deve ser entendida como um
instrumento de informação e fixação das novas tecnologias na empresa. Para isso,
ela deve ser compatível com o processo de implantação das novas tecnologias e
deve proporcionar meios para o repasse uniforme dessas tecnologias a todos os
empreendimentos. Além disso, essa documentação deverá servir como subsídio
para o treinamento de todo o pessoal envolvido com a implantação;
Desenvolvimento dos recursos humanos – diretriz que deve permitir a capacitação
tecnológica e organizacional da empresa, por meio da motivação e do treinamento
que envolva todos os níveis hierárquicos. Com essa diretriz deve-se conseguir,
ainda, uma menor variabilidade do processo de produção e a possibilidade de sua
evolução contínua;
Desenvolvimento do setor de suprimentos voltados à produção – diretriz que
pretende facilitar e viabilizar a implantação das novas tecnologias, por meio do
envolvimento e de um melhor relacionamento entre as equipes de projeto, produção
e suprimentos, para que sejam adquiridos materiais, componentes e equipamentos
que atendam à produção;
Desenvolvimento do controle do processo de produção – diretriz que possibilita o
acompanhamento de todo o processo de produção, visando a sua qualidade, bem
48
como, a do produto final. Permite, ainda, a realimentação do processo de
implantação e a evolução das ações que visam à melhoria.
Da perspectiva de um fornecedor, o processo de inovação pode somente ser
considerado um sucesso quando a inovação é aceita e integrada na organização e ela
demonstra o compromisso continuado de usar o produto por um período de tempo
(FRAMBACH; SCHILLEWAERT, 2002). A implementação de novas tecnologias
construtivas ainda representa um grande desafio para a maioria das empresas
construtoras de edificações.
2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS ADOTANTES
Os indivíduos em um sistema social não adotam uma nova tecnologia ao mesmo
tempo, e sim em uma seqüência com o tempo. Devido a isso, eles podem ser
classificados dentro de categorias, baseados em quando eles começaram a usar a
nova idéia.
Os possíveis adotantes de uma nova tecnologia podem ser classificados em
segmentos e representados em uma curva de distribuição Normal (ou distribuição
Gaussiana), conforme Figura 2.2. A curva assemelha-se a um sino e representa o
número de unidades que adotam a inovação ao longo do tempo. A curva pode ser
dividida em segmentos, de modo que a maioria inicial (ou primeira maioria) e a maioria
final (ou última maioria) estão a um desvio-padrão da média (REZENDE, 2003; DAY;
SCHOEMAKER; GUNTER, 2003; ROGERS, 2003).
49
Pioneiros 2,5%
Retardatários
16%
Adotantes
iniciaIs
13,5%
Maioria inicial
34%
Maioria final
34%
FIGURA 2.2 – Classificação dos adotantes.
Fonte: Adaptado de Rogers (2003).
Segundo Rogers (2003), esses cinco segmentos, possuem identidades,
comportamentos e exigências distintas:
Adotantes Pioneiros: são os entusiastas por tecnologia. Compreendem aqueles que
primeiro adotam a inovação (representam 2,5% do total de unidades do sistema).
Para essa categoria a aventura é quase uma obsessão. Esse interesse por novas
idéias os conduzem para fora do círculo local da rede de contatos dos
relacionamentos sociais. Eles têm um bom controle dos recursos financeiros, o que
é útil para absorver uma possível perda com a adoção de uma nova tecnologia não
lucrativa. Também possuem habilidade para entender e aplicar o conhecimento das
técnicas mais complexas. O adotante pioneiro lida bem com alto grau de incerteza
e seu desejo pelo arrojado, pelo audacioso e pelo risco; o leva para a aventura. O
adotante pioneiro pode não ser o líder, pode não ser respeitado pelos membros do
sistema local, mas ele tem um importante papel no processo de difusão que é o de
lançar uma nova idéia. Ele tem o papel de ser a porta de entrada do fluxo das
novas idéias dentro do sistema local.
50
Adotantes iniciais: são os visionários e fundamentais para o processo de difusão.
Eles têm ligação maior com a cultura local desempenhando em geral o papel de
líderes nessa cultura (representam 13,5% do total). Os adotantes iniciais são mais
integrados com o sistema social local que os adotantes pioneiros. Essa categoria
de adotantes, tem maior liderança no sistema. Os potenciais adotantes de uma
nova tecnologia procuram os adotantes iniciais para conselho e informação sobre a
nova tecnologia. Eles são considerados por muitos como os indivíduos que se deve
procurar para verificar sobre a nova tecnologia, antes de usá-la. Essa categoria de
adotante é geralmente procurada pelos agentes de mudança para a função de
espalhar o processo de difusão local, pois eles geralmente são similares à media
dos outros membros do sistema; eles servem como modelo para os outros. O
adotante inicial é respeitado pelos outros membros do sistema social, e é
considerado como bem sucedido na incorporação de novas idéias. Ele sabe que
para continuar mantendo a estima dos demais e para se manter na posição central
da rede de comunicação do sistema ele deve tomar decisões criteriosas sobre
inovações. Seu papel é diminuir a incerteza sobre a nova idéia e transmitir essa
avaliação aos outros membros do sistema, por meio das redes interpessoais.
Maioria inicial: são os pragmáticos. São os que decidem pela adoção somente
quando os benefícios da tecnologia estão bem comprovados e os riscos são
toleráveis. Utilizam a nova idéia pouco antes que a média das unidades de um
sistema o faça (34% do total). A maioria inicial interage freqüentemente no sistema,
mas raramente detêm posição de liderança de opinião. Eles são um elo importante
na difusão do processo e fornecem conectividade no sistema de redes
interpessoais. A maioria inicial é uma das mais numerosas categorias de adotante
com até um terço de todos os membros de um sistema. Essa categoria delibera por
algum tempo, antes da adoção de uma nova idéia completamente. A sua decisão
leva um tempo relativamente mais longo do que o dos adotantes pioneiros e dos
adotantes iniciais.
Maioria final: os integrantes desse segmento adotam a inovação depois que a
maioria do sistema já o fez, são os conservadores. A pressão social pelo uso é um
51
fator importante de convencimento para esse grupo (34% do total). A adoção pode
ser tanto uma necessidade econômica como o resultado da crescente pressão dos
outros membros do sistema. Essa pressão é necessária para motivar a aprovação.
As novas tecnologias são abordadas com prudência, isso significa que a maior
parte da incerteza sobre uma nova idéia deve ser removida, antes que a maioria
final sinta-se segura para adotar.
Retardatários: são os últimos a adotar a inovação. Em geral são resistentes às
mudanças e provavelmente adotam a inovação somente quando não têm outra
escolha. São os mais isolados dentro do sistema e presos ao passado (16% do
total). Eles possuem quase nenhuma liderança de opinião. O ponto de referência
para a categoria dos adotantes retardatários é o passado. As decisões são muitas
vezes feitas em termos do que foi feito anteriormente e eles interagem com outras
pessoas que também têm relativamente valores tradicionais. Retardatários tendem
a suspeitar de inovações e de agentes de mudança. O seu processo de decisão de
adotar uma nova tecnologia é relativamente longo, com uma distância muito grande
entre o conhecimento de uma idéia nova e a sua adoção e utilização. Eles possuem
geralmente recursos limitados e sua resistência à inovação se deve à necessidade
de estarem certos de que a nova idéia não irá falhar, antes que eles a adotem. A
sua situação econômica os torna extremamente cautelosos na adoção de novas
tecnologias.
Nesta pesquisa buscou-se identificar as características das empresas que primeiro
adotam novas tecnologias. Foram selecionadas as adotantes pioneiras (2,5%) e as
adotantes iniciais (13,5%) que, em conjunto neste trabalho foram chamadas de
adotantes primeiro
, representando 16% (dezesseis por cento) das empresas que
primeiramente adotaram as novas tecnologias (Figura 2.3).
52
Pioneiros 2,5%
Retardatários 16%
Adotante
inicial
13,5%
Maioria inicial
34%
Maioria final
34%
Adotantes
Primeiro
16%
FIGURA 2.3 – Definição das adotantes primeiro.
Fonte: Adaptado de Rogers (2003).
2.4 DIFUSÃO
Difusão refere-se ao número acumulado de usuários de uma nova tecnologia em um
mercado (SINDE CANTORNA, 2004; FRAMBACH; SCHILLEWAERT, 2002). É o
processo pelo qual uma nova tecnologia se expandiu ao longo do tempo, entre os
membros de um sistema social (ROGERS, 2003).
Segundo Sinde Cantorna (2004), pode-se destacar como os primeiros estudos e
análises da difusão de novas tecnologias que estabeleceram as bases do modelo
padrão de difusão, os de Griliches em 1957, Mansfield em 1961 e Rogers em 1962.
Esses trabalhos junto com outros realizados posteriormente, entre eles os de Mansfield
(1989, 1993); analisaram o processo de difusão em diversos setores produtivos,
permitindo estabelecer, entre outras coisas, que a difusão de novas tecnologias,
economicamente superiores, é um processo gradual. Estabeleceram também que
geralmente o número acumulado de usuários que adotam uma nova tecnologia pode
ser representado mediante uma “curva S”
10
em relação ao tempo (ver Figura 2.4). O
10
Curva S – curva de freqüência acumulada em forma de S.
53
número de novos usuários (ou adotantes) crescerá lentamente a princípio, passando
por um período de grande crescimento para terminar com o estacionamento que se
produz na fase de maturidade (ROGERS, 2003; GEROSKI, 2000).
NÚMERO ACUMULADO DE ADOTANTES
Introdução Crescimento Maturidade TEMPO
Adotantes potenciais
FIGURA 2.4 – Curva de difusão de uma nova tecnologia.
Fonte: Baseado em Sinde Cantorna (2004) e Rogers (2003
).
A Figura 2.5 mostra a relação entre as duas curvas citadas no trabalho de Rogers
(2003), a curva do número de novos adotantes da tecnologia de semente de milho
híbrido e a curva do número acumulado de novos adotantes da tecnologia. A Figura 2.5
mostra que os mesmos dados da adoção podem ser representados por uma curva de
freqüência relativa absoluta de adoção de uma nova tecnologia ao longo do tempo e
por uma “curva S“ de freqüência relativa acumulada gerada pelo número acumulado de
adotantes. A distribuição da “curva S” de adotantes cresce lentamente no início quando
existem poucos adotantes em cada período de tempo. Acelera então até um máximo,
quando a metade dos indivíduos no sistema a adotam. Então a “curva S” continua
crescendo, só que agora a uma taxa gradualmente mais lenta, enquanto o restante dos
potenciais adotantes, pouco a pouco adotam a nova tecnologia.
54
61
44
36
14
4
36
21
6
1
6
16
1
4
8
12
18
19
25
41
62
98
159
203
239
253
257
0
50
100
150
200
250
300
1927 1929 1931 1933 1935 1937 1939 1941 1943 1945
agricultores adotantes de semente de milho híbrido
Novos adotantes
Número adotantes acumulado
FIGURA 2.5 – Curvas do número de novos adotantes por ano e do número acumulado de adotantes.
Fonte: Adaptado de Rogers (2003).
Difusão é um dos três pilares que interfere na introdução bem sucedida de novos
produtos, processos e práticas dentro de um sistema social juntamente com a invenção
(uma nova idéia) e a inovação (comercialização) (HALL, 2006). Esse modelo linear
simplificado divide a atividade inovativa em três partes: invenção, inovação e difusão.
A difusão de novas tecnologias é estudada por diferentes perspectivas: histórica,
sociológica, econômica (incluindo estratégia de negócio e marketing) e teoria de rede.
Segundo Hall (2006), Rogers revê o assunto primeiramente de uma perspectiva
sociológica, mas que também utiliza informações de pesquisas organizacionais, dos
fatores econômicos e a estratégia de empresas e de agências de desenvolvimento.
Muitos economistas tendem a ver o processo de difusão como o resultado cumulativo
ou agregado de uma série de cálculos racionais que pesam os benefícios incrementais
de adotar uma nova tecnologia comparando com os custos da mudança,
freqüentemente em um ambiente caracterizado pela incerteza e pela informação
limitada. Eles enfatizam o papel dos fatores econômicos, como a expectativa de lucros
(HALL, 2006). Embora a decisão final seja feita pelos demandantes da tecnologia, os
55
benefícios e custos são freqüentemente influenciados pelas decisões dos fornecedores
da nova tecnologia. A difusão depende também da extensão das atividades dos
fornecedores das tecnologias em adaptá-las às circunstâncias locais.
A literatura do marketing na difusão é focada principalmente em duas questões: “como
incentivar consumidores e clientes a comprar novos produtos?”; e “como detectar ou
prever sucesso no negócio?”. Devido a isso, tende a enfatizar fatores como os meios
de informação, o papel da rede dos agentes de mudanças e principalmente as
características próprias do produto.
Mas, para compreender como se desenvolve o processo de difusão de uma nova
tecnologia, além das análises no nível individual que influenciam na decisão de
adoção; tem-se também o efeito da aproximação, onde um indivíduo que adotou uma
nova tecnologia incentiva outros; são os efeitos de rede.
Uma observação importante sobre a decisão para adotar uma nova tecnologia é que
em algum ponto do tempo a escolha que está sendo feita, pode não ser a escolha
entre adotar e não-adotar, mas uma escolha entre adotar agora ou adiar a decisão
para mais tarde.
Com relação aos custos e benefícios da adoção de uma nova tecnologia, Hall (2006)
mostra que consumidores diferentes, esperam receber diferentes benefícios da nova
tecnologia. Os consumidores adotam quando os benefícios da nova tecnologia são
superiores aos seus custos. Um outro importante modelo de difusão é aquele em que
os consumidores têm gostos idênticos e mesmos custos, mas nem todos são
informados sobre a nova tecnologia ao mesmo tempo. Pois, cada consumidor aprende
sobre a nova tecnologia de seu vizinho, e com o passar do tempo, mais e mais
pessoas adotam a tecnologia durante algum período, conduzindo ao aumento da “taxa
da adoção”
11
, ou seja, ao aumento da velocidade com a qual uma inovação é adotada.
Todos esses modelos levam a uma curva de formato “S” (Figura 2.4).
Uma importante questão relacionada com o processo de adoção e difusão de novas
tecnologias e que ainda possui vários questionamentos; é o conhecimento de quais
11
taxa de adoção – é a velocidade relativa com a qual uma inovação é adotada pelos membros de um
sistema social (ROGERS, 2003).
56
são os limites máximos de teto em que pode chegar o provável número de potenciais
adotantes de uma nova tecnologia. Isto é, qual o valor máximo desse teto, quando ele
é menor do que 100%? (HALL, 2006). Nesta pesquisa, a princípio, foi considerado que
todas as tecnologias poderiam alcançar o teto máximo de utilização pelos possíveis
adotantes; ou seja, o número de possíveis adotantes da tecnologia, é igual a 100% das
empresas; embora se saiba que algumas das tecnologias pesquisadas, poderão não
alcançar todas as empresas do mercado potencial. Como exemplo, podemos citar as
tecnologias do segmento tecnológico sistemas de vedação: as alvenarias
racionalizadas e o dry-wall. Ambas as tecnologias, por terem a função de vedar os
vãos, possuem a mesma função das alvenarias comuns. Na substituição da alvenaria
comum por uma dessas tecnologias, pode ocorrer da empresa optar por uma ou outra
tecnologia. Com isso, ocorrerá a substituição por um novo processo construtivo do
sistema de vedação da empresa; o que não significa que tanto o dry-wall quanto a
alvenaria racionalizada irão alcançar 100% das empresas do seu mercado potencial.
2.4.1 Decolagem de novas tecnologias
Segundo Rogers (2003), o número de “adotantes” aumenta lentamente no início e
depois acelera, até que a metade dos indivíduos no sistema adote a nova tecnologia.
Então, ele continua aumentando, só que numa taxa mais lenta até atingir os indivíduos
restantes.
Existe também um período crítico nessa curva, relacionado ao início do aumento da
utilização da nova tecnologia, quando entre 10 e 20% das empresas começam a adotá-
la. Essa parte da curva da difusão é o coração do processo da difusão (REZENDE
2003; ROGERS, 2003). Esse intervalo é também conhecido como decolagem (take off)
da inovação; e uma vez ultrapassado esse período, a possibilidade da inovação se
difundir pela maioria dos usuários do sistema é muito grande (ver Figura 2.6). Essa
concepção é também definida por Golder e Telles (1997) citados por Hall (2006); que
57
mostram que nesse intervalo da decolagem a curva tem uma inclinação maior relativa
à taxa de crescimento inicial.
FIGURA 2.6 – Decolagem da tecnologia.
Fonte: Rezende (2003), baseado em Rogers (2003).
Portanto, a adoção refere-se à decisão de qualquer indivíduo ou organização de usar
uma nova tecnologia, enquanto que a difusão refere-se ao nível acumulado de
usuários de uma inovação em um mercado (ROGERS, 2003). O processo de difusão
de uma nova tecnologia inicia-se com a sua primeira adoção (SINDE CANTORNA,
2004); e a taxa com a qual essa inovação se dissemina será determinada pelo número
de usuários que a adotam (GARCÍA SANCHES; PALMA MARTOS; POMARES
HERNÁNDES, 2002).
2.5 FATORES QUE AFETAM A ADOÇÃO E DIFUSÃO DE NOVAS
TECNOLOGIAS
Para responder a questões do tipo: “Por que um novo produto ou processo,
supostamente superior ao existente, não é adotado imediatamente por todas as
empresas que podem se beneficiar dele?”, “Quais os fatores que impactam o processo
de adoção e difusão de novas tecnologias?”, “Por que umas empresas, antes que
outras, adotam novas tecnologias?”; vários trabalhos foram elaborados para análise
58
dos processos de difusão. Essas diversas investigações foram realizadas em
diferentes disciplinas científicas
(KARSHENAS; STONEMAN, 1993). Alguns estudos
possuem o enfoque no nível de indústria (difusão no setor) e outros diferentemente,
focam o estudo no nível da empresa.
2.5.1 Estudos relacionados com análise da difusão no nível de indústria
Na seqüência temos os resumos, em ordem cronológica, dos principais estudos
selecionados para este trabalho, que estão relacionados com a análise da difusão no
setor (no nível de indústria):
Em seu livro Diffusion of innovations, que teve sua primeira edição em 1962,
Rogers (2003) descreve os fatores que influenciam os potenciais adotantes de uma
nova tecnologia. Ele observou que a percepção pelos indivíduos das características
da própria tecnologia, ajuda a explicar as diferentes taxas de adoção. Esses fatores
são: a) a vantagem relativa da nova tecnologia, que é o grau no qual a nova
tecnologia é percebida como melhor que a tecnologia que substitui; b) a
compatibilidade da nova tecnologia com os valores existentes; c) a complexidade e
d) a possibilidade de experimentação e observação, que são fatores que estão
diretamente relacionados com o nível de incerteza do potencial adotante. O autor
descreve também sobre a re-invenção ou modificabilidade, que está relacionada
com a possibilidade da nova tecnologia ser modificada ou recriada.
Mansfield (1968, apud SINDE CANTORNA, 2004) em seu estudo sobre a
velocidade com a qual se difundem as novas tecnologias, observou que ela é
diretamente proporcional à rentabilidade esperada e indiretamente proporcional à
quantia requerida para incorporar a inovação. Como fatores que se estabelecem
como explicativos para as velocidades de difusão, estão: a) a incerteza associada à
inovação, b) o financiamento necessário para sua aquisição, c) as vantagens que
proporciona sobre a tecnologia antiga e d) a velocidade com a qual se reduz a
incerteza à medida que a inovação se difunde.
59
No artigo de Rosenberg (1972 apud SINDE CANTORNA, 2004), ele demonstra que
a evolução das tecnologias antigas, em algumas situações, pode interferir no
processo de difusão de uma nova tecnologia. Isto implicaria que com o incremento
tecnológico da tecnologia antiga, ela competiria com a nova tecnologia, podendo
ela ser igual ou superior à nova.
Davies (1979 apud SINDE CANTORNA, 2004) demonstra que as características da
própria tecnologia inovadora também vão influenciar na decisão de adoção ou não-
adoção. A partir de dados sobre a difusão de inovações na Grã Bretanha, o autor
encontra diferenças significativas no ritmo de difusão das inovações, dependendo
do seu custo inicial e de sua complexidade. Entre as características estudadas
destaca-se: a) a complexidade, b) a vantagem relativa, c) o grau de
compatibilidade, d) a possibilidade de teste, e) a rentabilidade esperada, f) o risco e
a incerteza associados à adoção, g) o custo da mesma, e h) a necessidade sentida.
Rosenberg (1982), num enfoque dinâmico para o estudo dos processos de difusão,
analisa as mudanças estruturais da oferta e a investigação técnica. Ele assinala
como fatores que afetam a velocidade com que novas tecnologias substituem as
antigas; a continuidade da atividade inventiva mesmo depois de sua introdução, o
desenvolvimento de habilidades técnicas entre os usuários (learning by using) e o
desenvolvimento de habilidades técnicas por parte dos fabricantes (learning by
doing).
Robertson e Gatignon (1986) destacam que em muitas ocasiões a decisão de
adotar ou não uma nova tecnologia, portanto, a velocidade com a qual se vai
produzir a difusão, está condicionada, não somente pela escolha do empresário,
mas também pela capacidade tecnológica e as características das empresas
provedoras da tecnologia. Também confirmado por Rogers (2003). Além disso, a
intensidade competitiva entre os ofertantes, a reputação destes, a padronização
dos produtos ou os gastos de implantação podem ter incidência no processo de
difusão.
Karshenas e Stoneman (1993) construíram um modelo da taxa da adoção de novos
processos tecnológicos utilizando dados da indústria. Como resultado dos principais
60
fatores que afetam a difusão da tecnologia analisada nos níveis de indústria, eles
encontraram: a taxa de crescimento da indústria, o custo da tecnologia e as
expectativas de mudança no custo da tecnologia.
Mitropoulos e Tatum (2000) estabeleceram que o processo de inovação se deve
fundamentalmente a quatro forças: 1) vantagem competitiva: está relacionada com
o crescimento da habilidade para obter novos projetos; 2) oportunidade tecnológica:
refere-se às mudanças impulsionadas pelo próprio desenvolvimento tecnológico
(“technology push”); 3) exigências externas: são os clientes, proprietários,
regulamentos, entre outros; e 4) problemas no processo atual: estão relacionados
com as falhas, defeitos e problemas existentes na tecnologia atual.
Baptista (2000) busca uma evidência que demonstre que a difusão de novas
tecnologias varia regionalmente. No artigo ele discute que as externalidades que
promovem a adoção de novas tecnologias são mais fortes no nível regional do que
no nível global, e dependem da proximidade de usuários tecnologicamente mais
adiantados no processo de adoção. Os resultados encontrados sustentam a
existência de efeitos de aprendizagem regionais significativos na adoção, e que
estes efeitos parecem ser mais fortes nos estágios mais adiantados da difusão. A
proximidade geográfica estimula o trabalho em rede entre as empresas, facilitando
desse modo a imitação e a melhoria.
Frambach e Schillewaert (2002) discutem os principais trabalhos sobre adoção
organizacional e os integram dentro de uma estrutura dividida em dois estágios, o
estágio de aceitação organizacional e o estágio de aceitação intra-organizacional
(adoção individual dentro de uma organização). O artigo fornece uma base para a
análise e planejamento do marketing de um novo produto. Para que uma empresa
seja bem sucedida em trazer uma inovação ao mercado, é importante ter uma
compreensão dos clientes potenciais e dos fatores que influenciam sua decisão de
adoção. Nos fatores relacionados com o primeiro estágio, o da aceitação
organizacional, os autores os classificam em: a) as características percebidas da
própria tecnologia (vantagem relativa, compatibilidade, complexidade,
experimentação, observação e incerteza), b) as atividades de marketing do
61
fornecedor, c) a rede social, e d) as influências do ambiente do negócio. Essas
características estão relacionadas com a análise da difusão no nível de indústria
(ver Figura 2.7). O segundo estágio, o da aceitação intra-organizacional ou
aceitação inidivual, está relacionado com a fase de implementação da nova
tecnologia, ou seja, depois da decisão de adotar a nova tecnologia. Esse estágio
não será analisado nesta pesquisa.
FIGURA 2.7 – Sistema conceitual da adoção organizacional da inovação.
Fonte: Adaptado de Frambach e Schillewaert (2002).
Para Day, Schoemaker e Gunter (2003), a diversidade nos padrões de crescimento
da adoção e difusão de novas tecnologias pode ser explicada pelas seguintes
características: a) as vantagens percebidas do novo produto comparadas à melhor
alternativa disponível, b) o risco percebido pelos possíveis compradores, c) as
barreiras à adoção que diminuem o ritmo da aceitação de novas tecnologias e d) as
oportunidades de aprender e experimentar. Para os autores, o principal
ATIVIDADES DE
MARKETING DO
FORNECEDOR
-segmentação
-comunicação
-redução do risco
NO NÍVEL INDUSTRIA NO NIVEL EMPRESA
REDE SOCIAL
-interconectividade /
participação em rede
INFLUÊNCIAS
DO AMBIENTE
-externalidade da rede
-pressão dos concorrentes
CARACTERÍSTICAS
PERCEBIDAS DA
INOVAÇÃO
-vantagem relativa
-compatibilidade
-complexidade
-experimentação
-observação
-incerteza
CARACTERÍSTICAS DO
ADOTANTE
-tamanho
-estrutura
-org. inovativa ou postura
estratégica
SENSIBILIZAÇÃO
CONSIDERAÇÃO
INTENÇÃO
DECISÃO DA
ADOÇÃO
CONTINUAÇÃO DO
USO
Aceitação
Individual
62
impulsionador do ritmo da difusão, dentre os citados acima é a vantagem relativa,
mas os outros fatores podem amortecer ou impedir esse ritmo.
No estudo de Hall (2006), o autor lista os determinantes econômicos da taxa de
difusão que são os fatores que influenciam a difusão de novas tecnologias e que
podem ser classificados em: a) benefícios recebidos da nova tecnologia, que é a
melhoria que a nova tecnologia oferece sobre a tecnologia que ela substitui; b)
efeitos da rede, que são redes de difusão sobre o conhecimento ou experiência
com a nova tecnologia; c) custos de adoção da nova tecnologia; d) informação e
incerteza; e e) o tamanho, ambiente industrial e estrutura do mercado. Segundo os
autores, além dos fatores acima, existem os que também influenciam nas taxas de
adoção mas que não são explicados pelas determinantes econômicas. Dentre elas
tem-se algumas variáveis sócio-culturais, como as pressões dentro das culturas que
geram atitudes diferentes e a incompatibilidade com normas sociais existentes que
influenciam na decisão da adoção ou não-adoção de uma nova tecnologia.
Como complemento aos estudos citados acima relacionados com a análise da difusão
no nível de indústria, destaca-se aqui o estudo de Rezende (2003) que analisa os
fatores que estão relacionados com a inovação nas edificações brasileiras.
O autor, baseado numa análise crítica que fez de vários trabalhos com o objetivo de
entender o processo de inovação tecnológica em sua tese de doutorado intitulada
“Inovação tecnológica nas edificações e a introdução da estrutura metálica em Minas
Gerais”, propôs 18 (dezoito) fatores que considerou primordiais para a inovação na
tecnologia construtiva das edificações brasileiras; que são: (1)mudanças no produto
edificação, (2)necessidades dos clientes/usuários, (3)paradigma tecnológico,
(4)situação econômica, (5)novas formas organizacionais, (6)novos materiais,
componentes e insumos, (7)mão-de-obra, (8)novas ferramentas, equipamentos e
máquinas, (9)perspectivas de lucro, (10)concorrência/vantagem competitiva,
(11)problemas ou melhorias nas tecnologias existentes, (12)mediadores da inovação,
(13)trajetória tecnológica, (14)normas/legislação, (15)associações de classe, (16)custo
para implantação da inovação, (17)ação governamental e (18)motivação.
63
2.5.2 Estudos relacionados com análise da difusão no nível da empresa
Considerando que existe certa heterogeneidade entre as empresas de um mesmo
setor, a avaliação que cada uma delas faz sobre a introdução de uma nova tecnologia
será diferente. Os estudos abaixo analisaram os fatores que influenciam a adoção de
novas tecnologias, baseados nas características das empresas adotantes:
Em 1962, Rogers descreve sobre inovativeness ou inovatividade, que é o grau com
que um indivíduo ou outra unidade de adoção está relativamente mais adiantado na
adoção de novas idéias do que outros membros do sistema. Inovatividade es
relacionada com mudança cognitiva e atitudinal, e mudança de comportamento no
processo da difusão. O autor descreveu vários fatores relacionados com a
estratégia de inovação da empresa que são: a) a idade dos adotantes, b) o grau de
escolaridade, c) status social (renda, nível de vida, posses, prestígio ocupacional,
auto-percepção da identificação com uma classe social, e o gosto), d) grau de
mobilidade social ascendente, e) empatia, f) dogmatismo, g) habilidade para
negócio, h) racionalidade, i) inteligência, j) atitude mais favorável para a mudança,
k) melhor capacidade de lidar com incertezas e riscos, l) atitude mais favorável para
a ciência, m) fatalismo, n) maiores aspirações, o) participação social, p) rede
interpessoal, q) cosmopolitanismo, r) contato com agentes de mudança, s) busca de
informação, t) conhecimento e u) liderança.
Segundo as hipóteses de Rogers (2003) têm-se que; não há evidência de
correlação entre a idade do decisor e a postura estratégica da empresa. Os
adotantes iniciais possuem decisores com mais anos de educação do que as
demais empresas e também possuem uma atitude mais favorável à ciência. Outro
fator que o autor destaca, é que a postura estratégica da empresa está relacionada
com a auto-percepção da importância da sua empresa para o setor.
Zaltman et al. (1973, apud SINDE CANTORNA, 2004) propuseram em seu estudo
que as organizações mais formalizadas e centralizadas, que geralmente são as
empresas maiores, são menos prováveis para iniciar decisões de adoção da
inovação, mas são melhores equipadas para implementar uma inovação.
64
Existe uma relação positiva entre o tamanho da empresa e a probabilidade de
adoção. Geralmente as empresas maiores dispõem de maiores recursos
financeiros, e estão mais preparadas para os riscos que sofrem as empresas que
primeiramente adotam novas tecnologias (DAVIES, 1979 apud SINDE CANTORNA;
DIÉGUEZ CASTRILLÓN; GUEIMONDE CANTO, 2007).
Damanpour (1991) destaca que a inovação em uma organização está sujeita às
influências das categorias no nível individual, organizacional e ambiental. O
resultado do seu estudo sugere que as categorias organizacionais são
determinantes para a inovação em sistemas locais. As determinantes
organizacionais analisadas em seu estudo foram: a especialização, a
departamentalização
12
, o profissionalismo
13
, a formalização, a centralização, a
atitude gerencial para a mudança, o cargo gerencial, os recursos do conhecimento
técnico, a intensidade administrativa
14
, a folga de recursos, a comunicação externa
e interna e a diferenciação vertical.
A especialização, a departamentalização e o profissionalismo representam a
complexidade de uma organização.
Segundo Mansfield (1993), os fatores que afetam a adoção nas empresas são o
tamanho da empresa e a taxa de retorno mínima. Segundo o autor, as empresas
maiores têm mais recursos e fazem melhor análise dos riscos, por isso adotam
mais; e se a tecnologia exigir investimento muito alto e funcionários especializados,
as grandes empresas tem mais possibilidade de serem adotantes iniciais. O autor
encontra também que as empresas usuárias das tecnologias tinham uma
expectativa de taxa de retorno maior do que as empresas não-usuárias, e que as
taxas esperadas pelas empresas usuárias eram maiores que as taxas reais
relatadas.
12
Departamentalização – número de departamentos diretamente subordinados ao principal executivo ou
proprietário da empresa (ou diferenciação horizontal).
13
O nível de profissionalismo pode ser medido pelo grau de escolaridade dos funcionários ou pelo índice
reservado pela empresa para treinamento.
14
Neste trabalho a intensidade administrativa foi medida pela relação entre o número de gerentes e
engenheiros da empresa pelo número total de funcionários.
65
Karshenas e Stoneman (1993) obtiveram os fatores que influenciam na adoção por
meio de dados da indústria. Como resultado que afetam a difusão da tecnologia no
nível das empresas eles encontraram a aprendizagem interna, e o tamanho da
empresa. Os autores também sugerem que o risco de adoção será menor nos
casos em que o capital da empresa estiver distribuído entre diferentes acionistas,
se comparados com empresas que pertencem a uma única pessoa, relacionando a
adoção com a estrutura de propriedade.
Dunne (1994) descreve em seu artigo sobre o uso de novas tecnologias e como
elas variam de acordo com a idade das empresas e com o seu tamanho. O autor
não encontrou correlação entre a idade da empresa e o uso de tecnologias, pois
tanto as novas como as antigas empresas tinham um similar avanço tecnológico;
entretanto encontrou que as empresas maiores possuiam mais probabilidade de
empregar as novas tecnologias, do que as menores.
No estudo de caso de Nam e Tatum (1997) citados por Rezende (2003), os autores
mostraram que os melhores resultados nos empreendimentos inovadores foram
obtidos quanto mais elevado o nível de envolvimento e compromisso dos gerentes.
No estudo realizado foi observada a organização e a estrutura mantida por alguns
gerentes, onde eles destacaram os seguintes fatos: manter grupos administrativos
internos em número adequado; apresentar capacidade interna para pesquisa,
desenvolvimento e elaboração de projetos; dispor de meios para suprir a
capacidade técnica, por exemplo, contratando consultoria especializada; possuir
rico histórico quanto à inovação; atuar com alto grau de profissionalismo; manter
parcerias duradouras com projetistas e outros fornecedores; e, em alguns casos, a
empresa financiando a pesquisa e o desenvolvimento para os fornecedores.
Observaram também que o porte das empresas influencia na sua capacidade de
inovar.
No artigo de Baptista (2000), o autor também relaciona o fato da empresa ter
projetos de expansão e modernização com a adoção de novas tecnologias.
No estudo de Frambach e Schillewaert (2002) os fatores que estão relacionados
com a análise da difusão no nível das empresas são os das características das
66
empresas adotantes (ver Figura 2.7). No estágio organizacional, foram identificadas
03 (três) características; o tamanho da organização, a estrutura da organização e o
poder inovativo da organização ou postura estratégica.
Como resultado desses muitos estudos, tanto os relacionados com a difusão no nível
de indústria, como os relacionados com a difusão no nível da empresa; foi-se
incrementando o número de fatores que incidem no processo de adoção e difusão de
novas tecnologias nas organizações. Neste trabalho adotou-se um modelo que une
todos esse fatores em uma só figura.
2.5.3 Modelo conceitual sobre o conjunto de fatores que afetam o processo de
adoção e difusão de novas tecnologias
Os diversos estudos realizados sobre o processo de adoção e difusão de novas
tecnologias permitem identificar um conjunto de fatores que influenciam na aceitação
de novos produtos ou processos por parte das organizações. Sinde Cantorna, Diéguez
Castrillón e Gueimonde Canto (2007), propuseram um modelo conceitual onde as
autoras resumem esses diversos fatores numa só figura (ver Figura 2.8). Ele propõe-se
a integrar os vários modelos utilizados para estudar os processos de difusão no nível
de indústria (difusão no setor) com as propostas existentes nos estudos sobre adoção
no nível das empresas. O modelo proposto pelas autoras é bastante similar ao sistema
conceitual proposto por Frambach e Schillewaert (2002) e uma das principais
diferenças é exatamente a separação dos fatores da difusão no setor, dos fatores
relacionados com a adoção nas empresas. O modelo proposto pelas autoras foi o
modelo adotado neste trabalho.
O modelo da Figura 2.8 também mostra a difusão no nível intra-empresa, que é aquela
relacionada com o processo de difusão dentro da empresa, depois que a nova
tecnologia já foi adotada. É a fase de implementação, aquela que vem depois que a
empresa tomou a decisão de adotar a nova tecnologia. Essa fase não será analisada
67
nesta pesquisa e já foi detalhada no sub-item 2.2.1 deste capítulo, que descreve a
implementação de novas tecnologias nas edificações.
FIGURA 2.8 – Fatores determinantes da decisão de adoção.
Fonte: Adaptado de Sinde Cantorna, Diéguez Castrillón e Gueimonde Canto (2007).
Nos estudos no nível de indústria, que analisam o processo de adoção e difusão de
uma nova tecnologia em um setor, ou em vários, obtêm-se os fatores condicionantes
do processo baseado nas características de demanda do setor, nas características da
oferta, nas características da própria tecnologia e no contexto institucional ou de
entorno no qual se produz a difusão (Figura 2.8).
Segundo Sinde Cantorna, Diéguez Castrillón e Gueimonde Canto (2007), esses fatores
servem para investigar a difusão das novas tecnologias nos mercados industriais no
nível de indústria e incidem sobre a velocidade da difusão; e estão detalhados abaixo:
Os fatores relacionados com as características da indústria demandante
– a
atividade inovadora realizada por uma empresa é influenciada pelo setor no qual
ela se encontra. Cada setor possui suas tecnologias próprias e suas condicionantes
PERCEPÇÃO – INFORMAÇÃO – AVALIAÇÃO - TESTE
CARACTERÍSTICAS DA
INDÚSTRIA OFERTANTE
ENTORNO
CARACTERÍSTICAS
DA INDUSTRIA
DEMANDANTE
CARACTERÍSTICAS
PERCEBIDAS DA
INOVAÇÃO
CARACTERÍSTICAS
DOS ADOTANTES
A
DOÇÃO
DIFUSÃO
INTRA-
EMPRESA
ABANDONO – AVANÇO - ADAPTAÇÃO
NO NÍVEL INDUSTRIA NO NIVEL EMPRESA
68
de competência que determinam suas possíveis estratégias tecnológicas e
configuram seus possíveis comportamentos ou trajetórias tecnológicas. Dentre os
fatores que explicam sua maior ou menor velocidade de difusão relacionados com
as características do setor demandante tem-se:
a) incerteza sobre a demanda: em alguns trabalhos a incerteza está relacionada de
forma positiva com a probabilidade de adoção, contudo em outros está relacionada
de forma negativa ou então não influenciam.
b) qualificação dos trabalhadores: aquelas empresas com nível de qualificação
superior, adotam antes uma nova tecnologia.
c) estrutura de mercado: alguns estudos mostram que a alta concentração
incrementa a probabilidade de adoção de uma nova tecnologia, contudo outros
estudos chegam a conclusões contrárias, e existem casos em que o nível de
concentração da indústria não contribui para explicar a velocidade de difusão.
d) grau de diversidade de empresas: um elevado grau de heterogeneidade entre as
empresas implica maior dificuldade de informação.
e) intensidade competitiva no setor: em ocasiões de alto grau competitivo a
velocidade de difusão de uma nova tecnologia é maior.
Os fatores relacionados com a indústria ofertante
– a rentabilidade associada à
adoção, deve estar condicionada com a rentabilidade obtida pelas empresas
fornecedoras. Essas empresas buscam maximizar seus benefícios. As autoras
destacam os seguintes fatores que podem acelerar ou retardar a difusão de uma
nova tecnologia, relacionados com os fornecedores:
a) padronização do produto: a padronização do produto implicará um menor custo
para os usuários potenciais.
b) reputação: a boa reputação da empresa fornecedora, reduzirá o risco e a
incerteza associada à adoção da nova tecnologia.
c) Existência de coordenação vertical entre ofertante-usuário: incide de forma
positiva na velocidade de difusão por incrementar o grau de confiança entre o
fornecedor e o cliente.
69
d) intensidade competitiva dos fornecedores: um maior número de fornecedores
implica em preços menores da tecnologia ao consumidor, que reflete em taxas
maiores de difusão.
e) atividades de marketing: a atividade de marketing dos fornecedores, para o
conhecimento do produto inovador, influem positivamente na decisão de adoção do
usuário potencial. Esta influência é maior nas fases iniciais do processo de difusão.
As características percebidas da tecnologia inovadora
– as características da
nova tecnologia influenciam na decisão da sua adoção ou não-adoção. Entre as
características da inovação que incidem na decisão da adoção temos: a vantagem
relativa, a compatibilidade, a complexidade, o preço e o custo, o risco e a
incerteza, a rentabilidade esperada, a modificabilidade, a observação, a
possibilidade de experimentação e a necessidade sentida. Como estas
características serão utilizadas nesta pesquisa para a análise dos fatores que
influenciam o processo de difusão das portas prontas e do dry-wall, elas foram
destacadas e detalhadas no subitem 2.5.3.1 deste capítulo.
Os fatores de entorno
– os fatores relacionados ao contexto onde ocorre o
processo de difusão da tecnologia, ou seja, ao ambiente onde a nova tecnologia
está se propagando, referem-se à competência da nova tecnologia com relação às
outras que cumprem a mesma função, inclusive à tecnologia que substituiu. E
também se referem ao papel das instituições no processo de difusão e são:
a) competência tecnológica e evolução da tecnologia antiga: sempre que uma nova
tecnologia substitui uma outra antiga, significa que a tecnologia anterior possui
funções similares à atual. O processo de substituição da tecnologia antiga,
similarmente ao processo de difusão de uma nova tecnologia, é um processo
gradual. Durante o processo de difusão de uma nova tecnologia, pode-se introduzir
melhoras na versão antiga; devido tanto à experiência dos usuários, como à
competência dos fornecedores. A tecnologia antiga pode experimentar mudanças
quando tentar neutralizar os benefícios da nova concorrência. A velocidade da
70
difusão dependerá da vantagem competitiva que se obtém para cada uma das
alternativas tecnológicas. Como exemplo de evolução de uma tecnologia antiga,
pode-se citar o uso da alvenaria racionalizada no sistema de vedação, com projeto
executivo; em substituição ao processo de execução da alvenaria convencional.
b) fatores políticos: a intervenção do governo, em algumas situações, pode ter
repercussão no processo de adoção e difusão de novas tecnologias. Pode-se citar:
a divulgação de informações sobre a nova tecnologia pelos órgãos públicos,
acelerando assim o seu processo de difusão entre os potenciais adotantes; o uso
de subsídios pelo governo, reduzindo assim o custo da adoção e incrementando a
probabilidade de adoção por parte dos usuários potenciais; e a facilidade de
financiamentos.
Os fatores citados acima servem para investigar a difusão das novas tecnologias nos
mercados industriais no nível de indústria (SINDE CANTORNA, 2004; SINDE
CANTORNA; DIÉGUEZ CASTRILLÓN; GUEIMONDE CANTO, 2007). Entretanto, a
utilidade desses fatores é menor, quando o que se quer é determinar os fatores que
afetam a adoção de uma nova tecnologia por parte das empresas. Para essa análise
irão influenciar os fatores relacionados com as características das empresas adotantes.
Características das empresas adotantes
– as características das empresas
adotantes de novas tecnologias, como o tamanho da empresa, sua estrutura
organizacional, idade da empresa, localização geográfica, estrutura de
propriedade, e sua postura estratégica de inovação; servem para analisar as
decisões de adoção de empresas individuais. Considerando que em um mesmo
setor existem certas diferenças entre as empresas, a avaliação que cada uma delas
faz sobre a introdução de uma nova tecnologia será diferente. Como estas
características serão utilizadas nesta pesquisa para responder por que algumas
empresas, antes que outras, adotam novas tecnologias; elas foram destacadas e
detalhadas no subitem 2.5.3.2 deste capítulo.
71
O modelo da figura 2.8 coloca as características percebidas da nova tecnologia no
coração do modelo. Os fatores relacionados com as características percebidas da
própria tecnologia, somados aos fatores relacionados às características das empresas
adotantes, guiam o processo da adoção e são, por sua vez, influenciados por variáveis
externas, isto é; pelo ambiente, pelo fornecedor da inovação e pela indústria
demandante. (FRAMBACH; SCHILLEWAERT, 2002; SINDE CANTORNA, 2004;
SINDE CANTORNA; DIÉGUEZ CASTRILLÓN; GUEIMONDE CANTO, 2007).
Na busca das respostas sobre quais os fatores condicionam a difusão das tecnologias
“portas prontas” e do “dry-wall”; deve-se analisar os fatores que servem para investigar
a difusão de novas tecnologias nos mercados no nível de indústria. Para essa análise
foram considerados apenas os fatores relacionados com as características da própria
tecnologia. Os outros fatores, os relacionados com a indústria demandante, a indústria
ofertante e o ambiente; não foram analisados neste trabalho. Eles foram considerados
variáveis constantes, já que a pesquisa foi realizada em uma região onde as empresas
possuem os mesmos fornecedores das portas prontas e do dry-wall, a indústria
demandante é a mesma, e as empresas sofrem a mesma influência externa; ou seja, o
ambiente onde ocorre a difusão das tecnologias é o mesmo.
2.5.3.1 Características da própria tecnologia inovadora
Para responder à pergunta sobre quais os fatores que impactam o processo de difusão
de um grupo específico de tecnologias, serão analisados os fatores relacionados com
as características da própria tecnologia inovadora. Essa análise foi realizada para as
tecnologias, portas prontas e para o dry-wall.
As características percebidas da nova tecnologia podem ser consideradas como as
opiniões refletidas em uma atitude para a inovação. Essas características influenciam
na decisão da adoção ou não-adoção da nova tecnologia. Existe uma evidência
conceitual e empírica que, em ambientes empresariais, os componentes atitudinais, a
72
motivação, as intenções comportamentais e a comunicação persuasiva mediam o
impacto das influências de variáveis externas (WEBSTER; VENTO, 1972; SHETH,
1973; CHOFFRAY; LILIEN, 1980; apud FRAMBACH; SCHILLEWAERT, 2002).
Seguem abaixo os principais fatores relacionados com as características percebidas da
própria tecnologia que incidem na decisão da adoção, citados por Sinde Cantorna,
Diéguez Castrillón e Gueimonde Canto (2007); e que foram analisados neste trabalho:
a) vantagem relativa: está relacionada à forma com que a nova tecnologia é
percebida em relação àquela que será potencialmente substituída. É o grau no
qual o adotante potencial percebe a nova tecnologia como superior à anterior.
Quanto maior for a superioridade que o usuário percebe da nova tecnologia, com
relação à antiga, mais rápida será a decisão de adotar, e portanto, maior será a
velocidade de difusão da tecnologia. Pode ser mensurada em termos econômicos
e de superioridade técnica; mas o prestígio social também é um fator importante.
O valor dos benefícios percebidos menos os custos percebidos, precisa ser
suficientemente convincente para motivar a troca. A vantagem relativa depende
do desempenho da nova tecnologia e da intensidade dos estímulos oferecidos
pelos seus fornecedores.
b) compatibilidade: é a forma com que a nova tecnologia é percebida como
compatível com valores existentes, experiências passadas e as necessidades de
potenciais clientes. É o nível no qual a nova tecnologia pode ser incorporada aos
processos produtivos da empresa, sem afetar demasiadamente a equipe. À
medida que a incorporação de novas tecnologias exige um grande número de
equipamentos adicionais e for incompatível com a cultura local e também com as
normas sociais; mais lenta será a difusão.
c) complexidade: é o grau de dificuldade de utilização percebido pelo usuário em
potencial. Em tese, quanto mais fácil a compreensão e operacionalização da
73
inovação, mais rápida será sua difusão. Quando o uso da nova tecnologia estiver
associado a altos níveis de complexidade, se precisará de um período de tempo
para formar os trabalhadores. Nessa situação, o atraso na adoção é inevitável e
está relacionado com o nível de qualificação dos funcionários da empresa
adotante. A complexidade está relacionada com o gasto necessário em
aprendizagem para o uso da nova tecnologia.
d) possibilidade de teste: refere-se à possibilidade de um potencial usuário
experimentar a inovação antes de adquiri-la. Está relacionada com o fato da nova
tecnologia ser testada em uma pequena quantidade, ou seja, ser implantada
parcialmente. A existência dessa opção pode ajudar ao usuário potencial a ter
uma idéia sobre a mesma, antes de sua aquisição.
e) possibilidade de observação: está relacionada à possibilidade com que os
resultados de uma inovação são visíveis a outros. Existem inovações mais fáceis
de serem observadas e descritas, isso implicará taxas de difusão superiores.
f) modificabilidade: está relacionada à possibilidade da nova tecnologia ser
modificada ou recriada para se adequar às necessidades da empresa.
g) risco: o risco percebido pelos possíveis usuários está relacionado à incerteza
quanto ao desempenho, ao temor pelas perdas econômicas, à perda de
qualidade, e à preocupação com a mudança nos padrões. Quanto maiores o risco
e a incerteza, menor será a probabilidade de adoção.
h) preço de aquisição: está relacionado com o preço da tecnologia, e a
necessidade de financiamento necessário para sua aquisição.
i) custo de implantação: é o valor necessário para sua implantação nos processos
produtivos da empresa. O custo de implantação de uma nova tecnologia pode
74
estar relacionado com a adaptação necessária da empresa, com o treinamento
necessário dos funcionários ou com a compra de outros equipamentos e
ferramentas complementares que exercem influência importante na decisão de
adoção. Quanto maior for o custo de implantação, mais retardará a decisão da
adoção. Além do custo atual, também exerce influência a expectativa de variação
desse custo, pois a empresa pode esperar sua redução, com isso atrasando o
momento da adoção.
j) necessidade sentida: está relacionada com a percepção da necessidade de
substituição da tecnologia atual pela nova tecnologia. Essa necessidade pode
estar relacionada com o fato de existirem problemas com a atual tecnologia; ou
com o fato dela ser solicitada pelo cliente, por exigências externas, ou por
exigências legais e Normas. Como exemplo, tem-se o regulamento ambiental, que
pode aumentar ou diminuir a taxa de difusão.
k) a rentabilidade esperada: em bens industriais, a inovação será incorporada
quando a sua rentabilidade for maior que a tecnologia que está substituindo.
Quanto maior a expectativa de melhorar os resultados, maior será a probabilidade
de que uma empresa opte por incorporar a nova tecnologia. As empresas
adotantes das tecnologias têm uma expectativa de taxa de retorno maior do que
as empresas não-adotantes. A taxa de retorno não foi analisada nesta pesquisa,
pois como já explicado no item 1.5.2 do capítulo 1 deste trabalho, no estudo piloto
verificou-se que as empresas de edificações não possuíam essa informação.
Posteriormente confirmada pelas outras empresas pesquisadas.
Contudo, para responder à pergunta: por que algumas empresas, antes que outras,
adotam novas tecnologias; serão analisados os fatores no nível das empresas, que são
os relacionados com as características das empresas adotantes.
75
2.5.3.2 Características das empresas adotantes
As características das empresas adotantes são apontadas por Damanpour (1991)
como determinantes para a inovação. Os fatores que condicionam a decisão por parte
de uma empresa para adoção de uma nova tecnologia dependem das características
particulares de cada empresa e de sua percepção sobre determinada tecnologia. As
características diferenciadoras das empresas são: tamanho
, estrutura organizacional,
idade da empresa,
localização geográfica, estrutura de propriedade, e postura
estratégica de inovação (SINDE CANTORNA; DIÉGUEZ CASTRILLÓN; GUEIMONDE
CANTO, 2007; SINDE CANTORNA, 2004; ROGERS, 2003; FRAMBACH;
SCHILLEWAERT, 2002).
Essas características foram utilizadas nesta pesquisa para identificar o perfil das
empresas que primeiro adotam as novas tecnologias, e estão detalhadas abaixo:
a) Tamanho da empresa: Uma das conclusões da maioria dos estudos existentes é
que as empresas que primeiro adotam uma nova tecnologia tendem a ser as
empresas maiores. Essas empresas geralmente dispõem de mais recursos
financeiros e fazem uma melhor análise dos riscos na adoção da nova tecnologia.
Neste trabalho a caracterização do tamanho da empresa foi feita pela “receita bruta
anual” que dividiu as empresas em 3 categorias: micro, pequena, média e grande
empresa. (Micro: receita bruta anual R$ 240.000,00, pequena: receita >
R$ 240.000,00 e R$ 2.400.000,00, média e grande empresa: receita >
R$ 2.400.000,00).
b) Estrutura organizacional da empresa: Os fatores relacionados com as
características da estrutura organizacional são: complexidade (especialização,
departamentalização e profissionalismo), formalização, centralização, atitude
gerencial para a mudança, cargo gerencial, recursos do conhecimento técnico,
intensidade administrativa, folga de recursos, comunicação externa, comunicação
76
interna, e diferenciação vertical. Alguns desses fatores influenciam mais no estágio
da iniciação e outros no estágio de implementação da nova tecnologia na empresa
(ver Figura 2.1 deste capítulo) e estão detalhados abaixo:
Complexidade
- A especialização, a departamentalização e o profissionalismo
representam a complexidade de uma organização. A especializaçã
o representa o
número de especialistas diferentes encontrados em uma empresa. Geralmente é
medido pelo número de títulos ocupacionais diferentes. Parte-se do princípio que
uma grande quantidade de especialistas forneceria um conhecimento maior e
aumentaria a possibilidade da implantação da nova tecnologia ser bem sucedida.
Esse fator influencia mais na fase da implementação. A departamentalização
, ou
diferenciação horizontal representa o número de unidades em que é dividida uma
organização, é geralmente medida pelo número total de unidades diretamente
subordinado ao executivo principal da empresa, ou proprietário. O profissionalismo
reflete o conhecimento profissional dos membros organizacionais. É medido pela
porcentagem do número de membros da equipe com graduação superior pelo
número total de funcionários da empresa.
A especialização não foi analisada nesta pesquisa por influenciar mais no estágio
de implementação da nova tecnologia do que no estágio da iniciação. O estágio da
implementação não está sendo analisado nesta pesquisa.
Formalização
– a formalização reflete a ênfase nas regras e procedimentos na
condução das atividades organizacionais. É medida pela presença de manuais e
descrições de trabalho ou pelo grau de liberdade dos membros da empresa.
Autores citam que a baixa formalização e a flexibilidade permitem a franqueza, que
incentiva idéias e comportamentos novos; facilitando assim a inovação.
Centralização
– reflete o local onde está a autoridade e as tomadas de decisão. É o
inverso da descentralização, que é medida pelo grau de participação organizacional
dos membros na tomada de decisão, ou pelo grau de autonomia e liberdade dos
membros em ter que tomar suas próprias decisões. A concentração da autoridade
impede soluções inovativas, enquanto que a dispersão do poder é considerada
77
necessária para que ocorra a inovação. Os ambientes participativos no trabalho
facilitam a inovação.
A formalização e a centralização não foram analisadas neste trabalho, devido
principalmente à dificuldade de se medir esses dois fatores.
Atitude gerencial para mudança
– esta variável representa a extensão em que os
gerentes ou os membros da empresa são a favor da mudança. Refere-se à
receptividade gerencial para mudar. É medida, avaliando-se nos gerentes, os
valores que favorecem a mudança. A atitude mais favorável da gerência para a
mudança conduz a um clima interno receptivo à inovação. Esse fator é requerido
especialmente no estágio da implementação, quando a coordenação e resolução
de conflitos, entre indivíduos e departamentos é essencial.
Cargo gerencial
– representa o tempo de serviço e a experiência que os gerentes
têm em uma organização. É medido pelo número de anos que o gerente tem
empregado na organização. O longo tempo de emprego dos gerentes na
organização fornece a legitimação e conhecimento de como realizar as tarefas e de
como gerenciar os processos políticos para obter os resultados desejados.
Recursos do conhecimento técnico
– refletem os recursos técnicos das
organizações e o seu potencial técnico. É medido pela presença de um grupo
técnico, ou pessoal técnico. Representa o papel do conhecimento técnico dos
membros profissionais na adoção das inovações. Com maiores recursos do
conhecimento técnico, as idéias de técnicas novas podem mais facilmente serem
compreendidas e os procedimentos para o seu desenvolvimento e implementação
serem alcançados.
Os 03 (três) fatores anteriores: a atitude gerencial para mudança, o cargo gerencial
e os recursos do conhecimento técnico; não foram analisados nesta pesquisa por
influenciarem mais na fase de implementação da nova tecnologia.
Intensidade administrativa
– refere-se à relação administrativa. É um indicador de
despesas administrativas gerais. É medida pela relação do número de gerentes
pelo número total de empregados em uma organização. Uma porcentagem mais
78
elevada de gerentes facilita a adoção da inovação. A adoção bem sucedida das
inovações depende grandemente da liderança, da sustentação e da coordenação
de gerentes. Neste trabalho a intensidade administrativa foi medida pela
porcentagem entre o número de gerentes e engenheiros da empresa, dividido pelo
número total de funcionários.
Folga de recursos
– reflete os recursos que uma organização tem, além do mínimo
requerido para manter as operações e inclui a folga de recurso financeiro e de
recurso humano. É medida geralmente pela folga no orçamento das organizações,
específica para inovações. A folga de recursos permite que uma organização tenha
recursos para comprar novas tecnologias, absorver falhas, sustentar os custos para
instituir inovações, e explorar novas idéias. Nesta pesquisa, esse fator foi medido
pela porcentagem da receita bruta anual da empresas reservada especificamente
para investir em inovação.
Comunicação externa
– representa uma habilidade das organizações de estar em
contato com e de fazer transferências de seu ambiente de trabalho. É medido
geralmente pelo grau de envolvimento e participação dos membros da organização
nas atividades profissionais extra-organizacional. As atividades profissionais
externas de transferência e extra-organizacional dos membros das empresas
podem trazer idéias inovativas. As organizações inovativas trocam informação com
seus ambientes mais eficazmente. Neste trabalho, a comunicação externa foi
medida pelas viagens dos membros da empresa para assistir a reuniões
profissionais e a busca de informação sobre novas tecnologias. Também foi
analisado se a empresa é procurada para dar informações sobre novas tecnologias
e se a empresa possui boa relação e contatos com outras empresas do setor.
Comunicação interna
– esse fator está relacionado com a comunicação entre as
unidades organizacionais dentro de uma empresa. É medido por mecanismos de
integração da empresa como: número de comitês em uma organização, freqüência
de reuniões, número de contatos entre pessoas do mesmo nível hierárquico na
empresa e de níveis diferentes e o grau com que as unidades compartilham de
79
decisões. Uma boa comunicação interna facilita a dispersão das idéias dentro de
uma organização e aumenta sua quantidade e diversidade, resultando em um
ambiente favorável na implementação de novas idéias.
A comunicação interna não foi analisada nesta pesquisa, por influenciar na fase de
implementação da nova tecnologia que não é o foco deste trabalho.
Diferenciação vertical
– representa o número de níveis hierárquicos de uma
organização. Geralmente é medido pelo número de níveis abaixo do nível do
executivo. Quanto maior o número de níveis hierárquicos, maiores as ligações ou
caminhos para a comunicação, tornando a comunicação entre os diversos níveis
mais difíceis, inibindo assim o fluxo de idéias inovativas. Neste trabalho, a
diferenciação vertical foi medida pelo número de níveis hierárquicos abaixo do nível
do principal executivo da empresa (ou proprietário), até o nível do canteiro de obras
da empresa.
c) Idade da empresa: A idade da empresa pode explicar a sua propensão em adotar
uma nova tecnologia. Alguns estudos apontam que empresas mais jovens têm uma
maior probabilidade de adotar uma nova tecnologia que aquelas que estão com
mais tempo de funcionamento. Já outros encontraram que a idade da empresa não
influenciou na adoção das tecnologias.
d) Localização geográfica: vários estudos relacionam a localização das empresas,
com a probabilidade de adoção. Geralmente compara-se a taxa de adoção de uma
nova tecnologia em determinada região com outras regiões e encontra-se taxas
diferentes. Essa característica não foi analisada neste trabalho, pelo fato de todas
as empresas se situarem na mesma região da Grande Vitória, e não ser essa uma
característica diferenciadora entre as empresas.
e) Estrutura de propriedade: para diferentes tipos de propriedades se obtém
probabilidades de adoção diferentes. O tipo de estrutura de propriedade de uma
empresa poderá determinar uma maior ou menor possibilidade de adoção. Essa
80
característica pode ser medida de várias formas; entre elas, pela comparação entre
empresas privadas e públicas. Neste trabalho foi medida pelo número de sócios
proprietários da empresa; e pelo tipo de administração da empresa, se familiar ou
profissional.
f) Postura estratégica de inovação: é o grau com que um indivíduo ou outra
unidade de adoção está relativamente mais adiantado na adoção de novas idéias
do que outros membros de um sistema e está relacionada com mudança cognitiva,
atitudinal e mudança de comportamento no processo da difusão. São fatores
medidos principalmente pelos valores pessoais e comportamento.
Os fatores relacionados com a postura estratégica de inovação ou “inovativeness
da empresa são: a idade dos adotantes, grau de escolaridade, status social (renda,
nível de vida, posses, prestígio ocupacional, autopercepção da identificação com
uma classe social, e o gosto), grau de mobilidade social ascendente, estratégia de
marketing orientada para novas tecnologias, empatia, dogmatismo, habilidade para
negócios, racionalidade, inteligência, atitude mais favorável para mudança,
capacidade de lidar com incertezas e riscos, atitude mais favorável para a ciência,
fatalismo, aspiração, participação social, rede interpessoal, cosmopolitanismo,
contato com agentes de mudança, comunicação, busca de informação,
conhecimento, e liderança (ROGERS, 2003; FRAMBACH; SCHILLEWAERT, 2002).
Os fatores relacionados com a postura estratégica de inovação das empresas, e
que foram analisados nesta pesquisa são: a idade do principal decisor da empresa
,
o seu grau de escolaridade
, status social (relacionado com a autopercepção da
importância da sua empresa para o setor), atitude mais favorável para a ciência
, e
estratégia de marketing orientada para novas tecnologias
. Os outros fatores não
foram analisados, devido principalmente à dificuldade em medir valores pessoais e
personalidade por meio de entrevistas.
81
CAPÍTULO 3
A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NAS EDIFICAÇÕES
3.1 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO SUBSETOR EDIFICAÇÕES
3.1.1 Inovação tecnológica na construção de edifícios
Sabbatini (1989) particularizou o conceito de inovação tecnológica para a construção
de edifícios conforme abaixo:
[...] Um novo produto, método, processo ou sistema construtivo introduzido no
mercado, constitui-se em uma INOVAÇÃO TECNOLÓGICA na construção de
edifícios quando incorporar uma nova idéia e representar um sensível avanço
na tecnologia existente em termos de: desempenho, qualidade ou custo do
edifício, ou de uma sua parte (SABBATINI, 1989, p. 51).
Esse conceito foi o adotado nesta pesquisa.
Amorim (1996) identificou e descreveu três diferentes níveis no processo de inovação
na produção de edifícios. São eles:
Inovação de produto de construção: refere-se aos produtos acabados de
construção que incorporam novas tecnologias, seja por meio de serviços ou novos
equipamentos. Esse nível de inovação é mais perceptível aos usuários, por
exemplo, “edifícios inteligentes”.
Inovação de produto para a construção: caracteriza-se pela introdução de novos
produtos para a construção na forma de insumos e não altera o produto final de
modo evidente para o usuário. No entanto, representa uma inovação para as
empresas construtoras e seus fornecedores, pois requer alterações no processo de
produção (Exemplo: argamassa colante flexível).
82
Inovação Organizacional: caracteriza-se pela modernização da estrutura de
produção por meio de novas formas de gerência e controles.
Segundo essa classificação, este trabalho irá tratar especificamente do segundo nível,
que se refere à “inovação de produto para a construção
”, que requer alterações no
processo de produção e que não são tão perceptíveis aos usuários.
Rezende (2003) baseado nos estudos de vários autores listou as principais mudanças
ocorridas no setor da construção que tem despertado o interesse das empresas
construtoras em investir em inovações. São elas:
Restrições do mercado: o preço determinado por um mercado mais competitivo tem
obrigado as empresas à busca de diminuição nos custos para atingir uma maior
lucratividade e, conseqüentemente, à introdução de inovações;
Maior exigência por parte dos clientes: a partir da implantação em 1991 do novo
Código do Consumidor, a reivindicação dos clientes tem aumentado cada vez mais,
exigindo uma maior qualidade das construtoras.
Influência do setor de construção pesada e de montagem
15
: por falta de mercado,
muitas firmas ligadas ao setor de construção pesada e/ou de montagem têm se
inserido no mercado de edificações, trazendo influências de uma parte do setor que
sempre teve procedimentos organizacionais e tecnológicos mais estruturados;
Mão-de-obra mais exigente: o grau de organização da mão-de-obra e suas
reivindicações têm aumentado, pressionando por métodos de gestão e
procedimentos mais modernos;
Abertura para o mercado externo: o estabelecimento de novos contatos tem
possibilitado a renovação de fornecedores e processos construtivos;
Estabilização econômica do país: a estabilização econômica possibilitou um maior
desnudamento dos custos reais decorrentes dos processos construtivos, havendo
um deslocamento da importância da gestão financeira para a de custos;
15
A FJP (1984) divide o setor da construção em três subsetores: construção pesada, edificações e
montagem industrial.
83
Implantação do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade na Construção
Habitacional (PBQP-H)
16
: a implantação de sistemas de gestão nas empresas
construtoras tem contribuído para o processo de inovação.
3.1.2 A aquisição de novas tecnologias como estratégia competitiva nas
empresas construtoras
A inovação tecnológica tem despertado bastante interesse das empresas do setor da
construção, pois a possibilidade de redução de custos de produção e aumento da
qualidade dos produtos ou serviços pode representar uma vantagem sobre seus
concorrentes. Diversos autores citam a incorporação de novas tecnologias como uma
estratégia competitiva nas empresas do setor de construção, e com isso elas têm
buscado modernizar e racionalizar seus sistemas produtivos principalmente com a
aquisição e introdução de inovações nos canteiros de obras.
A queda de financiamentos de origem estatal a partir do final dos anos 80 no Brasil,
implicou na redução de preços e margens de lucros, exigindo maior produtividade das
empresas do setor, motivando as empresas construtoras a iniciarem um processo de
reorganização da produção e utilização de inovações tecnológicas (AMORIM, 1996).
Além disso, a abertura do mercado brasileiro na década de 90 contribuiu para a
evolução tecnológica do setor da construção na medida em que permitiu às empresas
construtoras o acesso a novos componentes e equipamentos.
A estabilidade econômica do primeiro período do plano real e a elevação do custo da
mão-de-obra devido ao ganho dos trabalhadores também incentivaram as empresas
construtoras a pensar na tecnologia como ferramenta de competitividade (CEOTTO;
FRIGIERI; NAKAKURA, 2003; BARROS, 1996; PICHI, 1993). A participação das
empresas em programas governamentais, como o PBQP-H, é uma demonstração
16
Criado em 1998 como Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade na Construção Habitacional,
teve o seu escopo ampliado para Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat, em 21
de julho de 2000. O PBQP-H é um conjunto de ações desenvolvidas pela Secretaria Especial de
Desenvolvimento Urbano, do Governo Federal, para elevar os patamares da qualidade no ambiente
urbano brasileiro (maiores informações ver AMBROZEWICZ, 2003)
84
dessa preocupação com a competitividade e, conseqüentemente, com a inovação
tecnológica (REZENDE, 2003).
No país, o reflexo dos acontecimentos dos anos 90, desembocou no que pode ser
denominado como “industrialização sutil”
17
(CEOTTO, 2005). A industrialização sutil é
assim chamada por ser pouco percebida pelos usuários da construção de edificações.
A industrialização nas edificações caracteriza-se pela produção de componentes e
sistemas fora do canteiro de obra, produzidos por indústrias especializadas. São
exemplos: as argamassas industrializadas e as portas prontas.
Para que um novo produto ou tecnologia represente uma inovação, é necessário que
ele seja efetivamente implantado no sistema produtivo das empresas construtoras;
porém, para a maioria dessas empresas a condução do processo de implantação
representa um grande desafio, muitas vezes difícil de ser vencido (BARROS, 1996).
Na revisão bibliográfica realizada sobre os estudos relacionados com inovação
tecnológica nas edificações, no Brasil, pode-se citar os estudos de Temoche-Esquivel
et al. (2006), Martins (2004), Souza e Sabbatini (2004), Rezende (2003), Ceotto,
Frigieri e Nakakura (2003), Barros e Sabbatini (2003), Holanda (2003), Rezende,
Barros e Abiko (2002), Rezende e Abiko (2001), Costa e Melhado (2001), Amorim
(1996), Barros (1996), Souza, Barros e Melhado (1995), e Sabbatini (1989). Apesar de
existir um razoável número de estudos sobre o processo produtivo da construção civil
brasileira, poucos são os relacionados com a análise do processo de decisão da
adoção de novas tecnologias nas edificações.
3.1.2.1 Estudo relacionado com a fase de invenção nos processos construtivos
O estudo de Sabbatini (1989) está relacionado com a fase da criação da nova
tecnologia, ou seja, da invenção. Nesse estudo, ele elaborou uma metodologia
específica para o desenvolvimento de Métodos, Processos e Sistemas Construtivos
17
A industrialização sutil busca melhorar os processos construtivos de forma pouco percebida pelos
usuários da construção de edificações e sem necessitar de equipamentos pesados na sua
implementação (CEOTTO, 2005).
85
(MPSConst,); voltada para a criação de inovações tecnológicas na construção civil. O
modelo é semelhante ao voltado para a criação de uma inovação tecnológica, pois a
criação de uma nova forma de se construir um edifício, inicia-se com a identificação de
uma necessidade a ser atendida e evolui até a ampla disseminação no mercado.
As diversas etapas desse modelo são:
Estudos iniciais: essa etapa consiste em identificar a necessidade e a validade em
se desenvolver um MPSConst, formular tecnicamente o problema e um conjunto de
soluções exeqüíveis. O resultado dessa etapa é o conjunto de soluções possíveis e
um extenso banco de informações que serão úteis nas etapas seguintes.
Concepção do Método, Processo e Sistema Construtivo (MPSConst.): o objetivo
dessa etapa é estabelecer uma concepção geral para o MPSConst., que servirá de
guia para o detalhamento posterior. Nessa etapa obtém-se um projeto preliminar
que será progressivamente desenvolvido por análise das etapas seguintes.
Projeto de componentes e elementos: nessa etapa desenvolve-se o projeto dos
componentes e dos elementos, que ocorre simultaneamente à próxima etapa. O
projeto precisa ter características funcionais, formais e materiais; e os projetos para
produção e para avaliação experimental do mesmo. É muito importante nessa
etapa, manter-se a visão sistêmica, para que ao se otimizar o projeto de uma parte,
não se encontre uma solução desvantajosa para o sistema como um todo.
Projeto de produção do edifício: nessa etapa são definidas as técnicas construtivas
e projetados os detalhes de execução que irão permitir a construção do edifício ou
de suas partes em acordo com o prescrito na concepção geral; ou seja, são
especificadas as soluções e os procedimentos construtivos para montar, acoplar e
unir os elementos e componentes projetados na etapa anterior; e moldar, assentar
e dispor os demais materiais a serem empregados.
Produção experimental de componentes e elementos: o objetivo dessa etapa é o de
produzir, em quantidade adequada, os componentes e elementos necessários para
a construção de protótipo. Nessa etapa podem ocorrer alterações necessárias no
projeto original, com o intuito de aperfeiçoar o desempenho dos componentes e
86
elementos.
Projeto e construção de protótipos: é a realização física do que foi concebido, é
quando se criam condições efetivas para a avaliação da exeqüibilidade do projeto.
Essa etapa incorpora o projeto e a construção do protótipo. Quando o objeto for um
processo construtivo, o protótipo é um edifício.
Avaliação dos protótipos e do MPSConst.: essa etapa é caracterizada por dois
estágios. O primeiro constitui-se em uma avaliação durante as etapas anteriores, e
o segundo se refere às avaliações que serão realizadas após a construção do
protótipo. No primeiro estágio detectam-se falhas na solução original de concepção
do MPSConst. e na construção do mesmo, já no segundo estágio, após a
construção, faz-se a avaliação do comportamento em uso.
Consolidação da tecnologia: essa etapa é a intermediária entre as etapas
anteriores, que ocorreram dentro do ambiente de pesquisa, e a comercialização,
que ocorrerá em um ambiente mais complexo, o mercado. Nessa etapa são
preparados os documentos com as informações pertinentes ao MPSConst., que
servirão de base para a confecção de manuais técnicos; e também o projeto e
planejamento para a fase de comercialização.
Divulgação: no caso particular da inovação em MPSConst., a divulgação deve ser
feita em dois níveis; divulgação técnica e divulgação comercial.
Construção em escala piloto: nessa fase a construção deve ser feita em escala
experimental, diferentemente do ritmo de produção da escala industrial; para que
seja possível a detecção de problemas nessa fase de início da produção pela
indústria da construção de edifícios, e para que haja possibilidade de efetivar as
correções em tempo hábil.
Aperfeiçoamento da tecnologia: essa etapa tem por objetivos fazer a manutenção
do sistema e promover a sua evolução quando as forças do mercado assim o
determinarem. Deve-se ter um mecanismo que promova o aperfeiçoamento
constante do MPSConst. em consonância com sua disseminação no mercado.
Construção em escala de mercado: é a etapa final, e se justifica apenas se a etapa
anterior se consolidar. É o estágio do desenvolvimento econômico.
87
Esse modelo apresenta-se como uma ferramenta bastante útil para orientar as
decisões principalmente dos fornecedores do setor quanto ao desenvolvimento de
novas tecnologias, já que a construção civil se enquadra na categoria de firmas
dominadas pelos fornecedores; ou seja, a maior parte das inovações tecnológicas vem
dos fornecedores de equipamentos e materiais.
3.2 O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL
3.2.1 A construção civil no Brasil
Segundo a FJP (1984), a indústria da construção civil caracteriza-se por ser um setor
que tem um produto não-homogêneo e não-seriado, que depende de “encomendas”, o
que implica na produção de um produto único; diferente da indústria que produz bens
seriados a partir de um modelo que se reproduz. É, portanto, uma indústria atípica,
com uma dependência recíproca existente entre o produto e o processo produtivo. O
processo produtivo desenvolve-se no produto, à medida que vai sendo executado, e
com o término da produção, sai a fábrica e fica o produto. Existe também a separação
física entre a empresa propriamente dita, com toda a sua estrutura administrativa, e a
fábrica itinerante, o canteiro de obras (SOUTO, 2003).
Para efeito desta pesquisa, foram adotadas as definições abaixo, conforme Figura 3.1,
para os agentes da cadeia produtiva da indústria da construção civil, no subsetor
edificações.
Contratantes: incorporadoras, agentes financeiros, empresas, organizações ou
associações de natureza pública ou privada; ou ainda, empreendedores,
investidores ou pessoas físicas, que decidem conduzir um empreendimento de
construção civil.
88
Empresas de projeto & engenharia consultiva: empresas responsáveis pela
execução de serviços de natureza intelectual que exigem competências
específicas. São exemplos desses serviços: elaboração de projetos, pesquisa de
mercado, orçamento, planejamento de obra, e outros.
Construtoras: empresas diretamente responsáveis pela construção do
empreendimento, podendo sub-empreitar parte ou a integralidade da construção de
empresas que executam serviços especializados.
Fornecedores de serviços: empresas que executam uma ou mais partes ou
subsistemas de uma obra, e que, para tanto, utilizam técnicas, métodos, processos
e conhecimentos específicos. São as chamadas sub-empreiteiras.
Indústrias de materiais e componentes: empresas fornecedoras de materiais e
componentes para a construção civil.
Indústrias de subsistemas integrados: empresas que projetam, produzem e
fornecem subsistemas integrados, assumindo também a assistência pós-venda e
oferecendo garantias.
FIGURA 3.1 – Agentes da cadeia produtiva da indústria da construção civil.
Fonte: SENAI (2005).
89
A cadeia da construção civil destaca-se como um dos setores da economia brasileira
que mais empregam mão-de-obra, respondendo por cerca de 5% do emprego formal
nacional e 6,5% do total de ocupados no país (formal ou informalmente). Além disso,
mais da metade dos valores destinados a investimentos no país passam pela
construção. Em 2004, a parcela da cadeia produtiva da construção civil foi de 18,7%
do PIB
18
da Indústria (TIGRE et al., 2005).
Segundo dados da RAIS (2005), o setor com o maior crescimento relativo foi o da
Construção civil, com +11,34% (o melhor desempenho do país). O mercado imobiliário
está bastante aquecido no Brasil e no Espírito Santo, isso se deve a vários fatores que
vem propiciando o incremento da atividade econômica de modo geral. O crescimento
de 5,4% do PIB em 2007 reflete na atividade de crédito imobiliário, cujo financiamento
é normalmente feito em prazos muito longos.
A partir de 2004, o mercado imobiliário brasileiro teve um grande crescimento,
passando a formatar uma nova etapa entre os agentes envolvidos no setor, que são as
construtoras, as incorporadoras, as instituições financeiras, corretores e os próprios
consumidores (REVISTA ES/BRASIL, 2008). Entre essas mudanças, têm-se:
a concessão de crédito às empresas construtoras e incorporadoras, e não mais
apenas aos compradores dos imóveis;
a criação de linhas de financiamento mais acessíveis a faixas da população de
menor renda e a queda das taxas de juros oficiais;
a entrada na Bolsa de Valores de várias construtoras de porte nacional, que assim
se capitalizaram e avançaram para mercados em outras regiões, fora do eixo Rio-
São Paulo; e
a Lei 10.931 que dispõe sobre o patrimônio de afetação de incorporações
imobiliárias, Letra de Crédito Imobiliário, Cédula de Crédito Imobiliário e Cédula de
Crédito Bancário; que facilitou a retomada dos imóveis em casos de inadimplência,
baixando o risco e, conseqüentemente, as taxas de juros das operações (BRASIL,
2004).
18
PIB - Produto Interno Bruto.
90
Segundo a Revista ES/Brasil (2008), o volume de empréstimos habitacionais feitos em
12 meses (de janeiro de 2007 a janeiro de 2008) superou R$ 19,2 bilhões, com
crescimento de 100,7% em relação aos 12 meses anteriores. Em quantidade de
financiamentos, atingiu 17.111 operações em janeiro de 2008, e 204.312 unidades
habitacionais financiadas durante os últimos 12 meses (até janeiro de 2008).
No Espírito Santo, essas condições favoráveis foram reforçadas pela conjuntura
econômica local, que tem atraído altos investimentos e novos negócios; gerando
expansão imobiliária. Essas condições têm estimulado a migração de pessoas de
outros Estados para o Espírito Santo, com reflexos no aumento da população residente
e flutuante, e conseqüentemente, na demanda por moradia e acomodações.
3.2.2 A construção civil no Espírito Santo
3.2.2.1 O Estado do Espírito Santo
O Espírito Santo vem apresentando um grande crescimento da economia e uma
melhoria na capacidade de atração de investimentos. Eles saíram da faixa dos 13
bilhões de reais em 2000 para mais de 45 bilhões em 2006; um crescimento de 233%.
Em termos de número de projetos empresariais, saiu de 196 em 2000 para 521 em
2006 (REVISTA ES/BRASIL, 2007). Esses investimentos estão ligados aos chamados
“grandes projetos de impacto”; das seguintes empresas situadas no Estado: Aracruz
Celulose, Arcelor Mittal/CST, Petrobrás, Samarco, Siderúgica Baosteel e Vale. Esse
movimento impacta diretamente a construção civil, que é fortemente ligada ao
crescimento da economia como um todo, principalmente aos grandes investimentos.
Os principais motivos relacionados com esse grande crescimento estão muito ligados a
estratégias e oportunidades de negócios, disponibilidade de logística – portos,
aeroporto e estradas, localização estratégica e infra-estrutura adequada (REVISTA
ES/BRASIL, 2007). Os investimentos abrangem basicamente os setores da indústria,
91
agroindústria, energia, comércio/energia, lazer, terminal portuário/aeroporto/
armazenagem, meio ambiente, saúde, educação, transporte e saneamento. A maior
parte dos R$ 45 bilhões é destinada para a indústria, energia (petróleo e gás), portos,
aeroportos e armazenagem, que representam 84% dos investimentos. Os
investimentos em petróleo e gás vêm ultrapassando a indústria, devido aos projetos da
Petrobrás
19
no Estado. Outro grande investimento é para o setor indústria da
construção civil, com R$ 2,44 bilhões, onde a Região Metropolitana da Grande Vitória
absorve R$ 1,75 bilhão (REVISTA ES/BRASIL, 2007).
A maior parte desses investimentos no Espírito Santo está concentrada nas regiões
litorâneas e principalmente naquelas próximas aos principais centros econômicos. Eles
se concentram em grandes projetos industriais, onde se destacam a extração e
beneficiamento de minério de ferro (29,3%), metalurgia (15,8%), construção (11%) e
atividades auxiliares dos transportes (10%); somando 72,9% dos investimentos. Como
resultado, a região da Grande Vitória concentra 63% do PIB do Estado, em apenas 5%
do território (REVISTA ES/BRASIL, 2007).
A constatação do crescimento do número de firmas da atividade de Construção Civil no
Espírito Santo pode ser observada, quando se compara a taxa de diferentes Estados
da região Sudeste
20
. Houve um crescimento de 40% no número de empresas em
atividade no Espírito Santo, entre 1995 e 2004. A taxa é superior àquela apurada para
a média nacional que é de 18%; e também é superior ao crescimento nos Estados do
Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais que cresceram, respectivamente, 6%, 3% e -
7%; dados obtidos na RAIS (2005).
Segundo dados da RAIS (2005), um dos Estados que mais se destacou em termos de
aumento de emprego formal foi o Espírito Santo (+10,57%), com o maior crescimento
da região Sudeste do Brasil. Em termos setoriais, o melhor desempenho relativo no
19
A Petrobrás - Petróleo Brasileiro S/A é uma empresa estatal brasileira que atua no segmento de
energia, prioritariamente nas áreas de exploração, produção, refino, comercialização e transporte de
petróleo e seus derivados.
20
A Região Sudeste do Brasil é uma das regiões definidas pelo IBGE, composta pelos estados de São
Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
92
Espírito Santo foi o da Construção Civil, com +29,20% ou +8,9 mil postos para o
trabalhador capixaba
21
(PAIC, 2005).
3.2.2.2 Os dados da construção civil no Espírito Santo
De acordo com a RAIS (2005), o número total de empresas de edificações no Espírito
Santo é de 1.180 firmas. Esse número corresponde a aproximadamente 61%
(sessenta e um por cento) do total de empresas de construção civil no Estado, que é
de 1.930 firmas (ver Quadro 3.1).
Denominação / subsetor Total %
Edificações (residenciais, industriais, comerciais e de serviços) 1180 61,1
Construção Pesada 460 23,8
Montagens/acabamentos 290 15,0
Total
1930 100,0
QUADRO 3.1 – Número de empresas do setor de construção do Estado do Espírito Santo.
Fonte: Adaptado da RAIS (2005).
Das 1.180 empresas do subsetor edificações (residenciais, industriais, comerciais e de
serviços) do Espírito Santo, 851 empresas (conforme Quadro 1.2 do capítulo 1 deste
trabalho) estão localizadas na região da Grande Vitória, o que corresponde a
aproximadamente 72% (setenta e dois por cento) das empresas de edificações do
Estado. Esse resultado demonstra a importância econômica da região da Grande
Vitória; região esta que foi a adotada para esta pesquisa (RAIS 2005).
Dados da RAIS (2005) também revelam que as empresas com até 99 empregados,
que são as micro e pequenas empresas, correspondem a aproximadamente 98%
(noventa e oito por cento). Isto é, apenas 2% (dois por cento) delas são médias e
grandes empresas; ou seja, possuem mais de 100 empregados vinculados ao quadro.
Fica evidente o papel das micro e pequenas empresas na atividade de Construção
Civil, especificamente no subsetor edificações.
21
Capixaba – pessoas que nasceram ou residem no Espírito Santo.
93
Segundo o 11º Censo imobiliário realizado pelo SINDICON, em maio de 2007 existiam
17.207 unidades em construção de obras de edificações habitacionais multifamiliares e
comerciais com área superior a 800m², nas 10 regiões consideradas mais importantes
para o setor da construção civil pelo censo imobiliário (SINDICON, 2007).
Essas 10 regiões são:
Em Vitória: região 1: Praia do Suá, Santa Lúcia e Bento Ferreira
região 2: Praia do Canto, Barro Vermelho e Praia de Santa Helena
região 3: Enseada do Suá
região 4: Jardim da Penha
região 5: Jardim Camburi
região 6: Mata da Praia;
Em Vila Velha: região 7: Praia da Costa e Itapoã
região 8: Itaparica;
Na Serra: região 9: Laranjeiras; e
Em Cariacica: região 10: Campo Grande.
Devido à importância econômica dessas 10 regiões para o setor da construção civil no
Estado, elas foram as adotadas para esta pesquisa.
Uma constatação do momento da construção civil no Espírito Santo, é que na busca
pela flexibilização dos contratos, as grandes empresas contratam sub-empreiteiras
para a realização dos serviços. Com isso, a terceirização está presente em grande
parte dos canteiros de obras.
3.3 AS TECNOLOGIAS EMERGENTES ESPECÍFICAS
Este item refere-se à justificativa de como foram escolhidas as 18 tecnologias que
foram analisadas nesta pesquisa.
94
3.3.1 O modelo SENAI de prospecção
As 18 tecnologias analisadas nesta pesquisa foram selecionadas por meio do trabalho
realizado pelo SENAI – Departamento Nacional, que através do Modelo SENAI de
Prospecção identificou tecnologias específicas para o setor da construção, no
segmento edificações.
O objetivo principal desse Modelo é antecipar as possíveis novas demandas por mão-
de-obra qualificada, geradas, principalmente, pela introdução de novas tecnologias e
de mudanças organizacionais dos setores industriais. Com essas informações é
possível ao SENAI realizar ajustes na oferta de cursos, programas de educação
profissional, serviços de informação tecnológica para as empresas e direcionamento no
processo de decisão de implantação de laboratórios (SENAI, 2004).
A Figura 3.2 mostra esquematicamente o fluxo de atividades do processo prospectivo
do Modelo SENAI de prospecção.
FIGURA 3.2 – Modelo SENAI de Prospecção
Fonte: SENAI (2007).
95
As principais características e objetivos das atividades são detalhados a seguir:
Prospecção Tecnológica: objetiva identificar Tecnologias Emergentes Específicas
(TEEs)
22
que poderão ter uma difusão de até 70% do mercado usuário nos
próximos 10 anos.
Análise dos fatores condicionantes à difusão tecnológica: o objetivo dessa atividade
é identificar fatores que impactam negativamente a difusão das TEEs selecionadas
na prospecção tecnológica.
Prospecção organizacional: objetiva verificar as possíveis ocorrências de
determinadas tendências organizacionais. No mesmo horizonte temporal definido
na prospecção tecnológica.
Análise de ocupações emergentes: tem o objetivo de identificar em determinados
países, ocupações emergentes em evolução; segundo definição do Bureau of Labor
Statistics (BLS) dos Estados Unidos.
Análise de impactos ocupacionais: o objetivo principal dessa atividade é identificar
os possíveis impactos das mudanças tecnológicas e organizacionais nas
ocupações, as quais foram identificadas nas atividades de prospecção.
Análise de tendências ocupacionais: essa metodologia visa projetar a demanda por
mão-de-obra do mercado de trabalho nacional e estadual, por setor e ocupação.
Estudos comparados de educação profissional: objetivam identificar as principais
mudanças na estrutura da educação profissional de outros países e verificar a
possibilidade de adequação ao sistema de educação profissional oferecido pelo
SENAI.
Antena temática: nessa etapa são discutidos todos os resultados obtidos nas
etapas anteriores. A análise destes resultados permitirá a geração de
22
Tecnologias Emergentes Específicas (TEEs) – são tecnologias que se encontram em fase de
desenvolvimento, ou pré-comercial, ou que tenham sido recentemente introduzidas no mercado
nacional, apresentando um baixo grau de difusão (uso). São tecnologias de produtos, processos e
sistemas de suporte; desenvolvidas para o uso específico em um determinado subsetor.
96
recomendações para os tomadores de decisão do sistema SENAI, no que se refere
às ações de educação profissional e serviços técnicos e tecnológicos.
Monitoramento: essa atividade permite a retro-alimentação do Modelo SENAI de
Prospecção. Nesta etapa busca-se acompanhar a ocorrência dos resultados
obtidos pelos estudos prospectivos e de tendências ocupacionais. Confirmando, ou
não, a tendência detectada.
3.3.1.1 Aplicação do modelo para o setor da construção civil
A aplicação do Modelo SENAI de prospecção no setor de construção civil, ocorreu em
2005 e contou com a participação de um grupo de especialistas. Esse grupo, chamado
de Grupo Executor (GE), teve como objetivo orientar tecnicamente os estudos para o
setor. Entre as atribuições do GE pode-se citar: escolha, descrição e aprovação das
tecnologias e formas de organização dos questionários; escolha e aprovação das listas
de especialistas que participaram do trabalho; validação dos resultados dos estudos de
prospecção tecnológica e organizacional e recomendações de mudanças nos estudos
setoriais (SENAI, 2006).
O GE para o setor de construção civil foi assim formado:
03 (três) especialistas oriundos do meio empresarial;
02 (dois) consultores setoriais;
04 (quatro) especialistas internos oriundos de Unidades do SENAI; dos Estados
do: Espírito Santo (ES), Rio de Janeiro (RJ), Rio Grande do Norte (RN) e São
Paulo (SP). Sendo a autora deste projeto, a especialista representante da
Unidade do SENAI do Espírito Santo.
O trabalho contou também com um Grupo de Apoio formado pela equipe da UNITEP
23
do Departamento Nacional do SENAI, e consultores de Universidades. Esse grupo teve
por objetivo gerenciar as atividades do Modelo, fornecendo os subsídios metodológicos
23
UNITEP - Unidade de Tendências e Prospecção do SENAI.
97
necessários para execução das pesquisas e estudos.
A prospecção tecnológica que identificou as TEEs, além dos grupos acima contou com
a participação de 21 especialistas provenientes do meio acadêmico e empresarial,
como respondentes dos questionários. A prospecção tecnológica é um meio
sistemático de mapear desenvolvimentos científicos e tecnológicos futuros.
3.3.2 Os resultados para o subsetor edificações
As TEEs listadas pelo GE e que compuseram o questionário desta pesquisa, retratam,
de certa forma, a característica “tradicional” da construção civil. A grande maioria das
TEEs já é de conhecimento do mercado, mas ainda se encontra pouco difundido no
Brasil (SENAI, 2005).
Os resultados obtidos pela prospecção tecnológica, a qual utilizou a técnica delphi
24
de
consulta a especialistas, além de identificar TEEs que poderão ter uma elevada difusão
nos próximos dez anos no Brasil; a atividade estimou também a possível velocidade de
difusão dessas tecnologias no país.
A pesquisa delphi contou inicialmente com uma lista de 35 (trinta e cinco) especialistas.
Desses especialistas, 24 (vinte e quatro) eram engenheiros, arquitetos e consultores
representantes da área produtiva; e 11 (onze) eram professores dos departamentos de
Engenharia de construção civil das principais universidades do país, representantes da
área acadêmica.
O questionário delphi para a 1ª rodada foi estruturado com 77 (setenta e sete)
tecnologias caracterizadas como inovações em fase de desenvolvimento, pré-
comercial ou recentemente introduzidas no mercado e ainda pouco utilizadas. Ao final
da 1ª rodada, foram devolvidos 21 (vinte e um) questionários. Na 2ª rodada, 06 (seis)
24
O método Delphi foi desenvolvido por Olaf Helmes, na década de 1960, e consiste em perguntar, de
forma individual e através de questionários pré-elaborados, a um conjunto de especialistas, sobre a
tendência de futuro de um determinado fator crítico, sistema ou parte deste. A técnica Delphi pode ser
caracterizada por quatro pontos básicos: anonimato, interação, troca de informações e controle
estatístico das respostas dadas. As perguntas são feitas em várias rodadas, sendo ainda analisadas e
refeitas para que os especialistas possam reavaliar suas primeiras posições e tentar chegar a um senso
comum (SENAI, 2005).
98
especialistas modificaram seus posicionamentos. A 2ª rodada é definida como a de
“convergência de opiniões”.
Após os resultados obtidos com as rodadas, que estimou a difusão das tecnologias no
país para os próximos anos e a velocidade dessa difusão, o GE selecionou e aprovou
18 (dezoito) TEEs, com maior probabilidade de difusão nos próximos 10 (dez) anos.
O Quadro 3.2 apresenta as 18 TEEs selecionadas e suas respectivas velocidades de
difusão estimadas.
Segmentos
tecnológicos
Tecnologias Emergentes Específicas Selecionadas
V
elocidade da
difusão
Aditivos superplastificantes para concreto. tradicional
Formas metálicas para estruturas de concreto. tradicional
Estruturas mistas de concreto e aço. tradicional
Estruturas de concreto protendido. rápida
Sistemas
Estruturais
Alvenaria estrutural de blocos de concreto. tradicional
Alvenarias racionalizadas sem função estrutural de blocos
cerâmicos ou de concreto
Rápida /
tradicional
25
*
Portas e janelas prontas. tradicional
Sistemas de
Vedações
Painéis de gesso acartonado para paredes internas de
vedações e forros (dry wall).
tradicional
Argamassa colante flexível para assentamento de placas
cerâmicas.
rápida
Argamassas industrializadas para revestimentos internos e
externos.
rápida
Sistemas de
Revestimentos
Isolantes térmicos e acústicos para vedações com lã de vidro
ou rocha.
rápida
Equipamentos a laser para controle geométrico de obras. Tradicional
Tecnologias para
Infra-estrutura de
Canteiros
Sistema de pallets para transporte de materiais. Tradicional
Sistemas Web para relacionamento com clientes e
assistência técnica pós-entrega.
tradicional
Sistemas colaborativos Web para desenvolvimento e
gerenciamento de projetos.
tradicional
Aplicativos Web para planejamento e gerenciamento de
obras.
tradicional
Tecnologia da
Informação em
Sistemas de
Gestão
Sistemas Web de e-business & e-commerce (B2B; B2C)
adequados ao setor.
tradicional
Sistemas
Prediais
Shafts visitáveis e instalações não embutidas. rápida
QUADRO 3.2 - Tecnologias emergentes específicas selecionadas
Fonte: SENAI (2005).
25
* (No item “alvenaria racionalizada”, não houve consenso entre os especialistas; 50% consideraram
que a difusão seria tradicional e os outros 50% consideraram que a difusão seria rápida).
99
No Quadro 3.2, as velocidades de difusão
26
foram estabelecidas nas categorias:
Tecnologias de difusão “rápida”: são as tecnologias que alcançarão 2/3 de sua
aplicação potencial de mercado até 2009.
Tecnologias de difusão “tradicional”: são as tecnologias que alcançarão 1/3 de sua
aplicação potencial de mercado até 2009, e 2/3 em 2015.
Tecnologias de difusão ”lenta”: são as tecnologias que alcançarão 1/3 de sua
aplicação potencial de mercado entre 2009 e 2015 e 2/3 após 2015.
Essas 18 (dezoito) TEEs, foram as tecnologias utilizadas para esta pesquisa. Foi feita
uma análise da adoção dessas tecnologias nas edificações da Grande Vitória.
Primeiramente foi pesquisado qual o grau de difusão dessas tecnologias e foram
desenhadas as curvas de difusão de cada uma das tecnologias. Depois, com as datas
de início de utilização de cada uma das tecnologias pelas empresas, encontrou-se
quais as empresas que primeiramente adotaram as TEEs, com o objetivo de identificar
as características das empresas que primeiro adotam uma nova tecnologia. Os
resultado dessas duas análises estão descritas nos capítulos 4 e 5 deste trabalho.
Com o início da pesquisa, duas tecnologias do Quadro 3.2 foram alteradas: os
“aditivos super-plastificantes para concreto” e as “portas e janelas prontas”. A alteração
das “portas e janelas prontas” para “portas prontas”, foi explicada na página 30 do sub-
item 1.5.2 deste trabalho. Já a alteração do “aditivo super-plastificante para concreto”
para “aditivo plastificante para concreto”, foi devido ao conhecimento dos respondentes
do questionário sobre plastificantes e devido também à definição da tecnologia que foi
adotada neste trabalho.
3.3.3 Tecnologias que possuem problemas de difusão no Espírito Santo
Após a definição das 18 (dezoito) TEEs, durante o ano de 2006 foram realizados dois
Workshops junto a empresários do setor de construção civil e técnicos do SENAI.
26
Importante observar que as categorias das velocidades de difusão do SENAI (2005) não levaram em
consideração as datas das primeiras adoções das tecnologias. As categorias não utilizaram datas de
referência para avaliar a velocidade de difusão.
100
O 1º Workshop teve a participação principalmente das grandes empresas construtoras
dos estados do Norte e do Nordeste do Brasil. O evento contou com 12 (doze) técnicos
do SENAI e 21 (vinte e um) representantes de empresas. O 2º Workshop teve como
participantes, grandes empresas construtoras das Regiões sul, Sudeste e Centro-
oeste. O evento contou com 8 (oito) técnicos do SENAI e 21 (vinte e um)
representantes de empresas (SENAI, 2007). O Estado do Espírito Santo por fazer parte
da equipe gestora do programa, teve a oportunidade de participar dos dois Workshops,
sendo representado por 05 empresas do Estado.
Buscou-se com esses encontros identificar a partir da lista de TEEs, as que deveriam
ser analisadas; aquelas que na compreensão dos empresários são as que mais
possuem problemas no processo de difusão em seu Estado. Cada empresa selecionou
1 (uma) tecnologia.
Com relação às 5 (cinco) empresas do Espírito Santo, as tecnologias emergentes
específicas selecionadas foram:
02 (duas) empresas selecionaram os painéis de gesso acartonado (dry-wall),
1 (uma) escolheu as portas prontas,
1 (uma) escolheu os sistemas web para relacionamento com clientes e
assistência técnica pós-entrega, e
1 (uma) última empresa selecionou os aplicativos web para planejamento e
gerenciamento de obras.
A Tabela 3.1 abaixo mostra as tecnologias que foram selecionadas pelas empresas do
Espírito Santo, com suas respectivas porcentagens.
101
TABELA 3.1 – Tecnologias selecionadas pelas empresas do Espírito Santo.
% selecionada
Segmentos
tecnológicos
Tecnologias Emergentes Específicas Selecionadas
TEE
% do
Segmento
Alvenarias racionalizadas sem função estrutural de blocos
cerâmicos ou de concreto
-
Portas prontas.
20%
Sistemas de
Vedações
Painéis de gesso acartonado para paredes internas de
vedações e forros (dry wall).
40%
60%
Sistemas Web para relacionamento com clientes e
assistência técnica pós-entrega.
20%
Sistemas colaborativos Web para desenvolvimento e
gerenciamento de projetos.
-
Aplicativos Web para planejamento e gerenciamento de
obras.
20%
Tecnologia da
Informação em
Sistemas de
Gestão
Sistemas Web de e-business & e-commerce (B2B; B2C)
adequados ao setor.
-
40%
O segmento tecnológico “sistema de vedações” foi definido por 60% dos empresários
do Espírito Santo como o segmento que mais possui tecnologias com problemas no
seu processo de difusão (ver Tabela 3.1). Nesse segmento, as tecnologias indicadas
foram indicadas as “portas prontas” e o “painel de gesso acartonado – dry wall”.
Como uma última análise deste trabalho, buscou-se analisar o processo de adoção e
difusão das portas prontas
e do dry-wall, identificando as características percebidas
das 02 (duas) tecnologias que impactam negativamente o seu processo de difusão, e
que estão demonstradas no capítulo 06 deste trabalho.
102
CAPÍTULO 4
DIFUSÃO DAS TECNOLOGIAS NAS EDIFICAÇÕES DA GRANDE
VITÓRIA
Este capítulo tem como objetivo apresentar os resultados da pesquisa descritiva feita
nas empresas de edificações residenciais e comerciais, sobre a difusão das
tecnologias, para responder à seguinte pergunta da pesquisa: “Qual o grau de difusão
de um grupo específico de tecnologias nas edificações da Grande Vitória?”.
O item 4.1 refere-se ao resultado da difusão das tecnologias separadamente, já o item
4.2 é o resultado da porcentagem de utilização de todas as 18 tecnologias.
4.1 DIFUSÃO DAS TECNOLOGIAS
Como já foi visto no sub-item 2.4 do capítulo 2 desta pesquisa, difusão refere-se ao
número acumulado de usuários de uma nova tecnologia em um mercado, e pode ser
representada mediante uma “curva S” em relação ao tempo.
Neste item são apresentados os resultados sobre a difusão das 18 tecnologias que
foram analisadas nesta pesquisa, respondendo à primeira pergunta da pesquisa sobre
a difusão de um grupo específico de tecnologias nas edificações da Grande Vitória.
4.1.1 Aditivos plastificantes para concreto
Os aditivos, de forma geral, são introduzidos nas misturas de concreto com a finalidade
103
de ajustar as suas características às necessidades do projeto, e são incorporados ao
concreto, para modificar suas propriedades. No caso específico do “aditivo
plastificante”, caracteriza-se pela alta resistência inicial e final, autonivelante,
possibilitando um rápido lançamento e praticamente dispensa o adensamento e possui
grande aderência à armadura. É utilizado em concretagem de elementos estruturais
Como resultado da difusão dos aditivos plastificantes para concreto, têm-se que ele foi
adotado por 27 (vinte e sete) empresas, e que no momento da pesquisa estava sendo
utilizado apenas por 21 (vinte e uma) das 60 empresas pesquisadas. Pois 06 (seis) já
utilizaram os aditivos plastificantes, mas não usam mais (ver Tabela 4.1). Outra
informação da Tabela 4.1 é que a primeira adoção da tecnologia ocorreu no ano de
1995, por 02 empresas.
TABELA 4.1 – Dados da difusão da tecnologia “aditivos plastificantes para concreto
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
“aditivos plastificantes”
Identificação da
Empresa que
adotou a tecnologia
Ano de início de
utilização pela
empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
01
Empresa 1 1998
02
Empresa 3 2004 Não usa mais
03
Empresa 5 2002
04
Empresa 7 2006
05
Empresa 10 2006 Não usa mais
06
Empresa 13 1999
07
Empresa 16 2000
08
Empresa 17 2002
09
Empresa 22 1999
10
Empresa 23 2003 Não usa mais
11
Empresa 26 1998
12
Empresa 28
1995
13
Empresa 31 2004
14
Empresa 32 2000
15
Empresa 33 2002 Não usa mais
16
Empresa 36 2000
17 Empresa 38
1995
18
Empresa 39 2000 Não usa mais
19
Empresa 41 2002
20
Empresa 44 2006
21
Empresa 45 1998 Não usa mais
22
Empresa 46 2004
23
Empresa 47 2003
24
Empresa 50 2007
25
Empresa 54 2005
26
Empresa 55 2001
27
Empresa 59 1996
Nº Total Empresas = 27
Nº empresas = 06
104
Durante a pesquisa nas empresas percebeu-se uma grande dúvida entre os
entrevistados sobre o uso ou não de plastificantes no concreto, e também dúvida sobre
a diferença entre plastificantes e superplastificantes. Isso provavelmente se deve ao
fato das construtoras já receberem o “concreto pronto”, pois elas utilizam concreto
usinado, ou seja, as construtoras utilizam o concreto que é fabricado pelas
concreteiras. Isso mostra que o aditivo plastificante utilizado pelas concreteiras, não é
muito conhecido pelos membros das construtoras. Isso pode ter influenciado no
resultado de difusão desta tecnologia.
Para a curva de difusão, que é o número acumulado de adotantes a cada ano, têm-se
27 empresas; que usam ou já usaram o aditivo plastificante para concreto, e sua curva
de difusão está representada pela Figura 4.1.
Aditivo Plastificante
00000
2
33
6
8
12
13
17
19
22
23
26
27 27
0
5
10
15
20
25
30
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empresas adotante
s
FIGURA 4.1 – Curva de difusão do aditivo plastificante para concreto.
O total de 21 empresas que utilizavam a tecnologia no momento da pesquisa
representa 35,0% das empresas; ou seja, o aditivo plastificante já está sendo utilizado
por mais de 1/3 (33,3%) do total das empresas pesquisadas. Esse resultado se
enquadra na categoria de difusão tradicional estimada no trabalho de prospecção do
SENAI (2005) para essa tecnologia (tecnologias de difusão tradicional: são aquelas
que alcançarão 1/3 de sua aplicação potencial de mercado até 2009, e 2/3 em 2015),
ainda que parcialmente; pois deverá ser confirmada em 2015.
105
4.1.2 Fôrmas metálicas para estruturas de concreto
A fôrma de uma estrutura é um molde provisório que serve para dar ao concreto a
geometria desejada. Ela serve também de suporte para a concretagem dos elementos
estruturais. A tecnologia “fôrma metálica para estruturas de concreto” está sendo
utilizada na substituição da fôrma de madeira, tradicionalmente mais utilizada no
subsetor de edificações.
A tecnologia forma metálica para estruturas de concreto foi adotada por 18 (dezoito)
empresas, entretanto uma empresa não informou a data de início de utilização; logo,
tem-se apenas 17 (dezessete) empresas para a elaboração do gráfico de difusão (ver
Tabela 4.2); e no momento da pesquisa a tecnologia estava sendo utilizada apenas por
16 (dezesseis) das 60 empresas, pois duas empresas já adotaram, mas não usavam
mais a forma metálica.
A primeira adoção das fôrmas metálicas pelas empresas ocorreu em 1991.
TABELA 4.2– Dados da difusão da tecnologia “forma metálica para estruturas de concreto”.
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
“forma metálica”
Identificação da
Empresa que
adotou a tecnologia
Ano de início de
utilização pela
empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
01
Empresa 1
1997
02
Empresa 7
2007
03
Empresa 16
1993
04
Empresa 17
1991
05
Empresa 20
2005
06
Empresa 22
1999
07
Empresa 23
2005 Não usa mais
08
Empresa 26
2005
09
Empresa 28
1995
10
Empresa 31
2006
11
Empresa 32
2007
12
Empresa 33
1997 Não usa mais
13
Empresa 41
1993
14
Empresa 42
1999
15
Empresa 44
2007
16
Empresa 46
2004
17
Empresa 52
2007
18
Empresa 60 NI – Não Informou
Nº Total Empresas = 18
Nº empresas = 02
Para a curva de difusão tem-se 17 empresas que usam ou já usaram a forma metálica
para estrutura de concreto, e sua curva de difusão está representada pela Figura 4.2.
106
Formas Melicas
0
11
33
44
66
88888
9
12
13
17 17
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empresas adotante
s
FIGURA 4.2 – Curva de difusão das formas metálicas para estruturas de concreto.
O total de 16 empresas que utilizam atualmente a tecnologia representa 26,67% das
empresas; ou seja, essa tecnologia ainda não atingiu 1/3 (33,3%) do total das
empresas pesquisadas. Esse resultado ainda não confirma a categoria de difusão
tradicional prevista no trabalho do SENAI (2005) para essa tecnologia, mas pode-se
considerar que ela está bem próxima dessa categoria, já que o levantamento de campo
deste trabalho foi realizado no início de 2008, e a difusão tradicional refere-se ao ano
de 2009.
4.1.3 Estruturas mistas de concreto e aço
A tecnologia “estrutura mista de concreto e aço” é composta por elementos estruturais
mistos. As estruturas mistas são formadas pela associação de perfis de aço e concreto
estrutural de forma que os materiais trabalhem conjuntamente para resistir aos
esforços solicitantes. É utilizada em edificações horizontais e verticais de finalidade
habitacional ou comercial.
A tecnologia foi adotada por 15 (quinze) empresas, e no momento da pesquisa estava
sendo utilizada por 09 (nove) das 60 empresas pesquisadas, pois 06 (seis) já utilizaram
as estruturas mistas de concreto e aço, mas não usam mais (ver Tabela 4.3). Percebe-
107
se, com isso, que está ocorrendo um desuso da tecnologia.
A primeira adoção da tecnologia estruturas mistas de concreto e aço, foi realizada pela
empresa 40 no ano de 1990.
TABELA 4.3 – Dados da difusão da tecnologia “estrutura mista de concreto e aço”.
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
“estrutura mista”
Identificação da
Empresa que
adotou a tecnologia
Ano de início de
utilização pela
empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
01
Empresa 2
1998 Não usa mais
02
Empresa 3
2003 Não usa mais
03
Empresa 4
1998 Não usa mais
04
Empresa 6
2000 Não usa mais
05
Empresa 28
1995
06
Empresa 32
1993
07
Empresa 37
2004 Não usa mais
08
Empresa 39
1997
09
Empresa 40
1990
10
Empresa 44
1997
11
Empresa 48
2003
12
Empresa 50
2004
13
Empresa 55
2003
14
Empresa 58
2005 Não usa mais
15
Empresa 59
2005
Nº Total Empresas = 15
Nº empresas = 06
Para a curva de difusão tem-se 15 empresas que usam ou já usaram a estrutura mista
de concreto e aço, e sua curva de difusão está representada pela Figura 4.3.
Estrutura Mista
111
22
33
5
77
888
11
13
15 15 15 15
0
2
4
6
8
10
12
14
16
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empresas adotante
s
FIGURA 4.3 – Curva de difusão das estruturas mistas de concreto e aço.
108
O total de 09 empresas que utilizam atualmente a tecnologia representa 15,0% das
empresas; ou seja, essa tecnologia ainda não atingiu 1/3 (33,3%) do total das
empresas pesquisadas. Esse resultado não confirma a categoria de difusão tradicional
prevista no trabalho do SENAI (2005) para a estrutura mista. O resultado encontrado
se enquadra melhor na categoria de difusão lenta, que são aquelas tecnologias que
alcançarão 1/3 de sua aplicação potencial de mercado entre 2009 e 2015 e 2/3 após
2015 (SENAI, 2005).
4.1.4 Concreto protendido
Estruturas de concreto protendido caracterizam-se pela redução das tensões de tração
provocadas pela flexão e pelos esforços cortantes, redução da incidência de fissuras, e
redução das quantidades necessárias de concreto e de aço. O concreto protendido
surgiu da necessidade de superar algumas limitações do concreto armado, dentre elas:
melhorar o comportamento reduzindo a tração e aumentando a resistência ao
cisalhamento do concreto. É utilizado em obras que necessitem de grandes vãos livres.
A tecnologia de concreto protendido foi adotada por 30 (trinta) empresas, entretanto
uma empresa não informou a data de início de utilização, logo, tem-se apenas 29 (vinte
e nove) empresas para a elaboração do gráfico de difusão (ver tabela 4.4). No
momento da pesquisa a tecnologia estava sendo utilizada apenas por 29 (vinte e nove)
das 60 empresas, pois uma empresa já adotou, mas não usava mais o concreto
protendido.
A Tabela 4.4 mostra também que a primeira adoção da tecnologia ocorreu no ano de
1997.
109
TABELA 4.4 – Dados da difusão da tecnologia “concreto protendido”.
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
“concreto protendido”
Identificação da
Empresa que
adotou a tecnologia
Ano de início de
utilização pela
empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
01
Empresa 1
1997
02
Empresa 5
2004
03
Empresa 7
2005
04
Empresa 12
2005 Não usa mais
05
Empresa 13
2004
06
Empresa 16
2002
07
Empresa 17
2007
08
Empresa 18
2007
09
Empresa 22
2003
10
Empresa 23
2000
11
Empresa 25
2003
12
Empresa 26
2005
13
Empresa 29
2001
14
Empresa 30
2007
15
Empresa 32
2007
16
Empresa 33
2002
17
Empresa 35
2004
18
Empresa 38
2002
19
Empresa 39
2003
20
Empresa 40
2000
21
Empresa 41
2007
22
Empresa 44
2007
23
Empresa 46
2004
24
Empresa 47
2004
25
Empresa 48
2008
26
Empresa 49
2000
27
Empresa 55
2004
28
Empresa 56
2004
29
Empresa 58
2005
30
Empresa 60
NI – Não Informou
Nº Total Empresas = 30
Nº empresas = 01
Para a curva de difusão tem-se 29 empresas que usam ou já usaram concreto
protendido, e sua curva de difusão está representada pela Figura 4.4.
110
Concreto Protendido
0000000
111
4
5
8
11
18
22 22
28
29
0
5
10
15
20
25
30
35
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empresas adotante
s
FIGURA 4.4 - Curva de difusão das estruturas de concreto protendido.
A tecnologia de concreto protendido está sendo utilizada por 29 (vinte e nove) das 60
empresas pesquisadas, num total de 48,33% das empresas; ou seja, ela está sendo
utilizada por mais de 1/3 (33,3%) do total das empresas pesquisadas, mas ainda não
atingiu os 2/3 (66,67%) das empresas. Esse resultado ainda não confirma a categoria
de difusão rápida estimada no trabalho de prospecção do SENAI (2005) para o
concreto protendido, que são aquelas tecnologias que alcançarão 2/3 de sua aplicação
potencial de mercado até 2009. O valor encontrado coloca a tecnologia na categoria de
difusão tradicional, mas que tende a se enquadrar na categoria de difusão rápida.
Deve-se destacar que o levantamento dos dados deste trabalho foi realizado no início
de 2008, e a categorização da difusão refere-se ao ano de 2009; entretanto ela poderá
ser atingida.
4.1.5 Alvenaria estrutural de blocos de concreto
A tecnologia “alvenaria estrutural” é a alvenaria utilizada como estrutura suporte de
edifícios e dimensionada a partir de cálculos racionais. O processo construtivo da
alvenaria estrutural de blocos de concreto emprega como estrutura suporte, paredes de
alvenaria de blocos e lajes enrijecedoras.
111
A tecnologia alvenaria estrutural foi adotada por 28 (vinte e oito) empresas, entretanto
uma empresa não informou a data de início de utilização; logo, tem-se apenas 27 (vinte
e sete) empresas para a elaboração do gráfico de difusão (ver Tabela 4.5); e no
momento da pesquisa a tecnologia estava sendo utilizada apenas por 21 (vinte e uma)
das 60 empresas, pois 07 (sete) empresas já adotaram, mas não usavam mais.
A primeira adoção da tecnologia alvenaria estrutural ocorreu no ano de 1975. De todas
as tecnologias analisadas, foi a tecnologia que primeiro foi adotada pelas empresas
(Tabela 4.5).
TABELA 4.5 – Dados da difusão da tecnologia “alvenaria estrutural”.
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
“alvenaria estrutural”
Identificação da
Empresa que
adotou a tecnologia
Ano de início de
utilização pela
empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
01
Empresa 1 1995
02
Empresa 2 2002 Não usa mais
03
Empresa 3 1993 Não usa mais
04
Empresa 4 1993 Não usa mais
05
Empresa 7 2004
06
Empresa 16 1981
07
Empresa 18 2006
08
Empresa 22 1975
09
Empresa 27 1994
10
Empresa 28 1995
11
Empresa 29 2001 Não usa mais
12
Empresa 33 2006 Não usa mais
13
Empresa 35 NI – Não Informou
14
Empresa 36 2008
15
Empresa 38 1995
16
Empresa 40 1995
17
Empresa 43 1998
18
Empresa 44 2005
19
Empresa 45 1998
20
Empresa 46 2004
21
Empresa 47 2004
22
Empresa 48 2005 Não usa mais
23
Empresa 52 2006
24
Empresa 54 1998
25
Empresa 55 2000
26
Empresa 57 1998 Não usa mais
27
Empresa 58 1998
28
Empresa 60 1981
Nº Total Empresas = 28
Nº empresas = 07
Para a curva de difusão tem-se 27 empresas que usam ou já usaram a alvenaria
estrutural de bloco de concreto, e sua curva de difusão está representada pela Figura
4.5.
112
Alvenaria Estrutural
111111
33
55555555555
6
1010 10
1515
16
17
1818
21
23
26
2727
0
5
10
15
20
25
30
75 77 79 81 83 85 87 89 91 93 95 97 99 01 03 05 07
Ano
Número de empresas adotante
s
FIGURA 4.5 –Curva de difusão da alvenaria estrutural.
O total de 21 empresas que utilizavam a tecnologia no momento da pesquisa
representa 35,0% das empresas; ou seja, a alvenaria estrutural está sendo utilizada
por mais de 1/3 (33,3%) do total das empresas pesquisadas. Esse resultado se
enquadra na categoria de difusão tradicional no trabalho do SENAI (2005), que estimou
que a alvenaria estrutural alcançaria 1/3 de sua aplicação potencial de mercado até
2009, e 2/3 em 2015, ainda que parcialmente; pois deverá ser confirmada em 2015.
Importante destacar o fato da alteração do perfil da utilização da alvenaria estrutural,
confirmada pelas observações feitas pelos respondentes desta pesquisa. Inicialmente
a tecnologia era utilizada para casas populares, para a classe de baixa renda,
informação confirmada pela primeira empresa que adotou a tecnologia. Além disso,
utilizava-se apenas para edifício baixos, no máximo 03 andares. Com o tempo isso foi
modificando, hoje a tecnologia está sendo utilizada em edifícios residenciais para a
classe alta (classe A), com alto poder aquisitivo; e também está sendo utilizada para
prédios mais altos.
As 05 tecnologias anteriores: aditivos pastificantes para concreto, fôrmas metálicas
para estruturas de concreto, estruturas mistas de concreto e aço, concreto protendido,
e alvenaria estrutural de blocos de concreto; pertencem ao segmento tecnológico
‘sistemas estruturais” e foram apresentadas no Quadro 3.2, do capítulo 3 deste
113
trabalho. A Figura 4.6 mostra as curvas de difusão das tecnologias que foram
pesquisadas e que pertencem a esse segmento.
Observa-se que a maioria das adoções das tecnologias do segmento “sistemas
estruturais” iniciou-se na década de 90, de 1990 a 1997; com exceção da tecnologia
alvenaria estrutural que teve sua primeira adoção em 1975. Percebe-se que a
inclinação das curvas de difusão também tem um período comum de crescimento entre
as tecnologias, por volta de 1996, conforme Figura 4.6. Destaca-se o grande
crescimento do grau de difusão do Concreto Protendido a partir de 2000.
0
5
10
15
20
25
30
35
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empresas adotante
s
Aditivo Plastificante Formas Metálicas Estrutura Mista
Concreto Protendido Alvenaria Estrutural
FIGURA 4.6 – Curvas de difusão das tecnologias do segmento “sistemas estruturais”.
4.1.6 Alvenarias racionalizadas
Alvenarias racionalizadas sem função estrutural, de blocos cerâmicos ou de concreto.
Essa tecnologia é uma evolução do processo convencional de execução de paredes de
alvenaria; ou seja, é a utilização da mesma alvenaria, só que com projeto executivo
detalhado e planejamento para a sua execução.
A alvenaria racionalizada foi adotada por 23 (vinte e três) empresas, e no momento da
pesquisa estava sendo utilizada apenas por 22 (vinte e duas) das 60 empresas
pesquisadas, pois uma já utilizou a alvenaria racionalizada, mas não usa mais (ver
114
tabela 4.6). A primeira adoção do novo processo de execução da alvenaria, o da
alvenaria racionalizada ocorreu no ano de 1994.
TABELA 4.6 – Dados da difusão da tecnologia “alvenaria racionalizada”.
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
“alvenaria racionalizada”
Identificação da
Empresa que adotou
a tecnologia
Ano de início de
utilização pela empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
01
Empresa 1 1997
02 Empresa 2 2002
03
Empresa 13 2006
04
Empresa 14 2002
05
Empresa 16 1996
06
Empresa 17 2004
07
Empresa 22 2003
08
Empresa 23 2002
09
Empresa 24 1998
10
Empresa 25 2008
11
Empresa 26 2004
12
Empresa 27 1994
13
Empresa 31 2007
14
Empresa 37 2005
15
Empresa 38 2000
16
Empresa 39 2001
17
Empresa 40 1995 Não usa mais
18
Empresa 47 2005
19
Empresa 49 2005
20
Empresa 55 2006
21
Empresa 56 2008
22
Empresa 59 2003
23
Empresa 60 2003
Nº Total Empresas = 23
Nº empresas = 1
Para a curva de difusão tem-se 23 empresas que usam ou já usaram a alvenaria
racionalizada e sua curva de difusão está representada pela Figura 4.7.
Alvenaria racionalizada
0000
1
2
3
4
55
6
7
10
13
15
18
20
21
23
0
5
10
15
20
25
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empresas adotante
s
FIGURA 4.7 - Curva de difusão da alvenaria racionalizada.
115
A tecnologia alvenaria racionalizada está sendo utilizada por 22 (vinte e dois) das 60
empresas pesquisadas, num total de 36,67% das empresas; ou seja, a tecnologia já
está sendo utilizada por mais de 1/3 (33,3%) do total das empresas pesquisadas, se
enquadrando na categoria de difusão tradicional. A previsão feita pelo trabalho do
SENAI (2005) para a alvenaria racionalizada é que ela estaria entre a difusão
tradicional e a rápida, pois não houve consenso entre os especialistas (ver Quadro
3.2).
A alvenaria racionalizada foi citada por 02 empresas como uma tecnologia, que quando
a empresa usa pela primeira vez, não mais deixa de usar, independente do projeto,
pois ela passa a fazer parte da cultura da empresa.
Apesar de não ter sido objeto desta pesquisa, alguns questionamentos são
interessantes serem feitos neste momento sobre a alvenaria racionalizada: “os
problemas na alvenaria comum, geraram a necessidade de novos processos para sua
substituição, tipo o dry-wall, ou os painéis pré-fabricados de concreto?”; “a evolução do
sistema construtivo da alvenaria comum, pode estar inibindo a difusão de novas
tecnologias, tipo o dry-wall?”.
4.1.7 Portas prontas
A tecnologia “portas prontas” faz parte do segmento sistema de vedação. Essa
tecnologia é uma evolução da forma convencional de colocação da porta. A principal
alteração é o fato da porta já vir toda completa, com todos os metais (tipo as
fechaduras e dobradiças), e ser colocada apenas no final da obra.
Ela foi adotada por 44 (quarenta e quatro) empresas, entretanto uma empresa não
informou a data de início de utilização; logo, tem-se apenas 43 (quarenta e três) para a
elaboração do gráfico de difusão (ver tabela 4.7); e no momento da pesquisa a
tecnologia estava sendo utilizada apenas por 42 (quarenta e duas) das 60 empresas,
pois 02 (duas) empresas já adotaram, mas não usavam mais as portas prontas.
116
A primeira adoção da tecnologia porta pronta ocorreu em 1995, por 02 empresas que
são: a empresa 01 e a empresa 27.
TABELA 4.7 – Dados da difusão da tecnologia “portas prontas”.
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
“portas prontas
Identificação da
Empresa que
adotou a tecnologia
Ano de início de
utilização pela
empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
01
Empresa 1 1995
02
Empresa 6 2005
03
Empresa 7 2006
04
Empresa 8 2004 Não usa mais
05
Empresa 10 2006
06
Empresa 12 2006 Não usa mais
07
Empresa 13 2000
08
Empresa 14 1998
09
Empresa 16 1996
10
Empresa 17 2003
11
Empresa 18 2006
12
Empresa 20 2004
13
Empresa 22 2003
14
Empresa 23 2001
15
Empresa 24 2003
16
Empresa 25 2007
17
Empresa 26 2006
18
Empresa 27 1995
19
Empresa 28 1997
20
Empresa 30 2006
21
Empresa 31 2007
22
Empresa 32 2002
23
Empresa 33 2002
24
Empresa 35 2002
25
Empresa 36 2002
26
Empresa 37 2000
27
Empresa 38 2006
28
Empresa 39 2001
29
Empresa 41 2002
30
Empresa 43 2003
31
Empresa 44 2004
32
Empresa 45 2002
33
Empresa 46 2004
34
Empresa 47 2004
35
Empresa 48 2000
36
Empresa 49 2007
37
Empresa 52 2004
38
Empresa 54 2008
39
Empresa 55 2005
40
Empresa 56 2005
41
Empresa 57 2006
42
Empresa 58 2005
43
Empresa 59 2004
44
Empresa 60 NI – Não Informou
Nº Total Empresas = 44
Nº empresas = 02
117
Para a curva de difusão tem-se 43 empresas que usam ou já usaram as portas
prontas, e sua curva de difusão está representada pela Figura 4.8.
Portas Prontas
00000
2
3
4
55
8
10
16
20
27
31
39
42
43
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empresas adotante
s
FIGURA 4.8– Curva de difusão das portas prontas.
A tecnologia “portas prontas” está sendo utilizada por 42 (vinte e duas) das 60
empresas pesquisadas, num total de 70,00% das empresas; ou seja, ela está sendo
utilizada por mais de 2/3 (66,67%) do total das empresas pesquisadas.
Com isso, o resultado se enquadra na categoria de difusão rápida conforme o trabalho
do SENAI (2005), que é a categoria onde as tecnologias alcançarão 2/3 de sua
aplicação potencial de mercado até 2009. Como essa porcentagem já foi atingida,
pode-se afirmar que a porta pronta se enquadra na categoria de difusão rápida;
diferente do proposto no Quadro 3.2, que previu uma difusão tradicional para as portas
prontas.
Esse resultado também rejeita a hipótese inicial desta pesquisa
que foi: “a porta pronta
possui uma difusão menor do que 1/3 (33,3%) do total das empresas de edificações
pesquisadas”; já que a porcentagem de utilização acumulada (difusão) encontrada foi
de 70% (setenta por cento), bem maior do que o valor estimado na hipótese.
Outras informações sobre essa tecnologia estão detalhadas no item 6.2 do capítulo 6
deste trabalho, dentre elas, a análise dos fatores que impactam negativamente o seu
processo de difusão.
118
4.1.8 Painéis de gesso acartonado (dry-wall)
Painéis de gesso acartonado para paredes internas de vedações e forros, conhecido
como dry-wall.
27
As paredes em dry-wall são constituídas por chapas de gesso
aparafusadas em ambos os lados de uma estrutura de aço galvanizado.
Essa tecnologia foi adotada por 18 (dezoito) empresas, e no momento da pesquisa
estava sendo utilizada apenas por 15 (quinze) das 60 empresas pesquisadas, pois 03
(três) empresas já adotaram o dry wall, mas não usavam mais (ver tabela 4.8).
A primeira adoção do dry-wall ocorreu em 1997, pela empresa 01.
TABELA 4.8 – Dados da difusão da tecnologia “dry-wall”.
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
dry-wall
Identificação da
Empresa que
adotou a tecnologia
Ano de início de
utilização pela
empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
01
Empresa 1 1997 (res.)
02
Empresa 2 2003 Não usa mais
03
Empresa 6 2001 (com.)
04
Empresa 16 2001 (com.)
05
Empresa 21 2007 Não usa mais
06
Empresa 22 2005 Não usa mais
07
Empresa 23 2001 (com.)
08
Empresa 25 2008 (com.)
09
Empresa 26 2005 (res.)
10
Empresa 28 2001 (res.)
11
Empresa 31 2006 (com.)
12
Empresa 33 2006 (com.)
13
Empresa 39 2000 (res.)
14
Empresa 41 2001 (res.)
15
Empresa 46 2008 (res.)
16
Empresa 48 2007 (res.)
17
Empresa 55 2006 (res.)
18
Empresa 56 2006 (com.)
Nº Total Empresas = 18
Nº empresas = 03
Para a curva de difusão tem-se 18 empresas que usam ou já usaram o dry-wall, e sua
curva de difusão está representada pela Figura 4.9.
27
Dry-wall - expressão em inglês que significa “parede seca”.
119
Dry Wall
0000000
111
2
77
88
10
14
16
18
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empresas adotante
s
FIGURA 4.9 – Curva de difusão do dry-wall.
A tecnologia dry-wall está sendo utilizada por 15 (quinze) das 60 empresas
pesquisadas, num total de 25% das empresas; ou seja, ela está sendo utilizada por
menos de 1/3 (33,3%) do total das empresas pesquisadas. Esse resultado ainda não
se enquadra na prospecção realizada no trabalho do SENAI (2005) que previu a
categoria de difusão tradicional para o dry-wall.
Entretanto, esse resultado confirma a hipótese inicial desta pesquisa
que foi: “o dry-wall
possui uma difusão menor do que 1/3 (33,3%) do total das empresas de edificações
pesquisadas”; já que o grau de difusão encontrado foi de 25% (vinte e cinco por cento)
das empresas.
Observa-se pela Tabela 4.8, que das 15 empresas que estão utilizando o dry-wall, 8
utilizam em obras residenciais e 7 empresas em obras comerciais (hotéis e shopping).
Uma análise mais completa dos fatores que afetam negativamente a difusão do dry-
wall está no item 6.3 do capítulo 6 deste trabalho.
As 03 (três) tecnologias anteriores: alvenarias racionalizadas, portas prontas, e painéis
de gesso acartonado (dry-wall) pertencem ao segmento tecnológico “sistemas de
vedação” e foram apresentadas no Quadro 3.2, do capítulo 3 deste trabalho. A Figura
4.10 mostra as curvas de difusão das tecnologias que foram pesquisadas e que
pertencem a esse segmento tecnológico.
120
Observa-se que as tecnologias do segmento sistemas de vedação tiveram suas
primeiras adoções entre 1994 e 1997, e que o crescimento do grau de difusão iniciou-
se por volta de 1999, conforme Figura 4.10. O início da adoção da alvenaria
racionalizada e das portas prontas foi na mesma época, num período muito próximo,
entre 1994 e 1995. A taxa de crescimento também foi a mesma, até o ano 2000;
quando houve a separação. A partir daí, ocorreu um grande crescimento do grau de
difusão das portas prontas e um crescimento um pouco menor da difusão da alvenaria
racionalizada.
Nesse mesmo período houve um aumento da difusão do dry-wall, podendo ser esse
aumento, a explicação para a redução da alvenaria racionalizada; pois as duas
tecnologias possuem a mesma função de vedar as paredes de uma edificação e são
tecnologias que podem substituir o processo convencional de execução da alvenaria.
Com isso, pode estar ocorrendo da empresa ter que optar por uma ou outra tecnologia
no momento da adoção. Com essa análise verifica-se também que poderá ocorrer que
tanto o dry-wall quanto a alvenaria racionalizada provavelmente não alcançarão 100%
das empresas do seu mercado potencial, já que elas possuem a mesma função de
vedação dos vãos.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empresas adotante
s
Alvenaria racionalizada Por tas Pr o n t a s Dry Wall
FIGURA 4.10 – Curvas de difusão das tecnologias do segmento “sistemas de vedação”.
121
4.1.9 Argamassa colante flexível
A argamassa colante é um produto industrializado composto de cimento, agregados e
aditivos, que misturados com água formam uma massa empregada no assentamento
de placas cerâmicas para revestimento. A tecnologia “argamassa colante flexível” é
indicada principalmente para colagem de placas cerâmicas de pisos e paredes
externas. A flexibilidade das argamassas está relacionada com a capacidade de
absorverem as deformações tanto das estruturas em que estão aplicadas, quanto do
sistema de revestimento. São utilizadas em edificações habitacionais e comerciais.
Essa tecnologia faz parte do segmento do sistema de revestimento, e foi adotada por
56 (cinqüenta e seis) empresas, entretanto 02 (duas) empresas não informaram a data
de início de utilização; logo, tem-se apenas 54 (cinqüenta e quatro) pontos para a
elaboração do gráfico da difusão; e todas as empresas que adotaram a argamassa
colante flexível, continuam usando (ver tabela 4.9).
A primeira adoção da tecnologia “argamassa colante flexível” ocorreu em 1990, pela
empresa 33.
TABELA 4.9 – Dados da difusão da tecnologia “argamassa colante flexível”.
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
“argamassa colante flexível”
Identificação da
Empresa que
adotou a tecnologia
Ano de início de
utilização pela
empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
01
Empresa 1 1998
02
Empresa 2 2000
03
Empresa 3 2003
04
Empresa 4 2003
05
Empresa 5 2002
06
Empresa 6 NI – Não Informou
07
Empresa 7 2001
08
Empresa 8 2001
09
Empresa 9 1998
10
Empresa 10 2002
11
Empresa 11 2000
12
Empresa 12 2004
13
Empresa 13 2005
14
Empresa 14 1998
15
Empresa 15 2003
16
Empresa 16 1998
17
Empresa 17 1993
18
Empresa 18 2006
19
Empresa 19 2000
20
Empresa 20 2001
21
Empresa 21 2003
122
TABELA 4.9 – Dados da difusão da tecnologia “argamassa colante flexível”. (conclusão)
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
“argamassa colante flexível”
Identificação da
Empresa que
adotou a tecnologia
Ano de início de
utilização pela
empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
22
Empresa 22 2001
23
Empresa 23 2000
24
Empresa 24 2004
25
Empresa 26 1998
26
Empresa 27 1994
27
Empresa 28 1995
28
Empresa 29 2001
29
Empresa 30 2005
30
Empresa 31 1998
31
Empresa 32 1993
32
Empresa 33 1990
33
Empresa 34 2004
34
Empresa 35 1996
35
Empresa 36 2000
36
Empresa 37 2000
37
Empresa 38 2000
38
Empresa 39 2000
39
Empresa 40 1995
40
Empresa 41 1995
41
Empresa 43 NI – Não Informou
42
Empresa 44 2005
43
Empresa 45 1998
44
Empresa 46 2004
45
Empresa 47 2002
46
Empresa 48 2005
47
Empresa 49 2000
48
Empresa 51 2005
49
Empresa 52 1994
50
Empresa 53 1998
51
Empresa 54 2006
52
Empresa 55 2003
53
Empresa 56 2003
54
Empresa 58 2002
55
Empresa 59 2000
56
Empresa 60 1998
Nº Total Empresas = 56
Nº empresas = 0
Para a curva de difusão tem-se 54 empresas que usam a argamassa colante flexível, e
sua curva de difusão está representada pela Figura 4.11.
123
Argam. colante flexível
111
3
5
8
99
18 18
28
33
37
43
47
52
54 54 54
0
10
20
30
40
50
60
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empresas adotante
s
FIGURA 4.11 – Curva de difusão da argamassa colante flexível.
A tecnologia argamassa colante flexível está sendo utilizada por 56 (cinqüenta e seis)
das 60 empresas pesquisadas, num total de 93,33% das empresas; ou seja, ela está
sendo utilizada por mais de 2/3 (66,67%) do total das empresas pesquisadas. Com
isso, a tecnologia teve uma difusão rápida nas empresas pesquisadas; o que confirma
a previsão estimada no trabalho do SENAI (2005). Esse resultado também confirma a
hipótese inicial desta pesquisa que foi: a “argamassa colante flexível” já alcançou 2/3
das empresas de edificações pesquisadas.
Com esse resultado encontrado, pode-se considerar que a tecnologia já se difundiu em
todo o mercado potencial. Interessante observar que todas as empresas que adotaram
a tecnologia, a continuam usando. Nenhuma empresa deixou de usar a argamassa
colante flexível depois de adotá-la pela primeira vez (Tabela 4.9).
4.1.10 Argamassa industrializada
A argamassa é um material composto por uma mistura de cimento, cal, areia, água e
aditivos em quantidades diversas. No caso da argamassa industrializada, a
composição e dosagem são definidas pelo fabricante. A argamassa industrializada
para revestimentos internos e externos utilizada em edificações habitacionais e
comerciais é também conhecida como argamassa pronta.
124
Essa tecnologia foi adotada por 38 (trinta e oito) empresas, e no momento da pesquisa
estava sendo utilizada por 34 (trinta e quatro) das 60 empresas pesquisadas, pois 04
(quatro) adotaram a argamassa industrializada, mas não usam mais (ver Tabela 4.10).
A primeira adoção pelas empresas pesquisadas, da argamassa industrializada, ocorreu
em 1993, por 02 empresas.
TABELA 4.10 – Dados da difusão da tecnologia “argamassa industrializada”.
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
“argamassa industrializada”
Identificação da
Empresa que
adotou a tecnologia
Ano de início de
utilização pela
empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
01
Empresa 1 1995
02
Empresa 4 1998 Não usa mais
03
Empresa 6 2007
04
Empresa 8 2003 Não usa mais
05
Empresa 9 2005
06
Empresa 12 2006 Não usa mais
07
Empresa 13 2000
08
Empresa 16 2003
09
Empresa 17 1997
10
Empresa 18 2006
11
Empresa 20 2005
12
Empresa 22 2002
13
Empresa 23 1999
14
Empresa 26 2004
15
Empresa 28 1995
16
Empresa 31 1998
17
Empresa 32 1993
18
Empresa 33 1997 Não usa mais
19
Empresa 35 2002
20
Empresa 36 1998
21
Empresa 37 2003
22
Empresa 38 2000
23
Empresa 39 2001
24
Empresa 40 1999
25
Empresa 41 1995
26
Empresa 43 2006
27
Empresa 44 1997
28
Empresa 46 2004
29
Empresa 47 2005
30
Empresa 48 2004
31
Empresa 49 2007
32
Empresa 52 2007
33
Empresa 53 2005
34
Empresa 56 2001
35
Empresa 57 1993
36
Empresa 58 2002
37
Empresa 59 2002
38
Empresa 60 2003
Nº Total Empresas = 38
Nº empresas = 04
125
Para a curva de difusão tem-se 38 empresas que usam ou usaram a argamassa
industrializada, e sua curva de difusão está representada pela Figura 4.12.
Argam. industrializada
000
22
55
8
11
13
15
17
21
25
28
32
35
38 38
0
5
10
15
20
25
30
35
40
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empresas adotante
s
FIGURA 4.12 – Curva de difusão da argamassa industrializada.
A tecnologia argamassa industrializada está sendo utilizada por 34 (trinta e quatro) das
60 empresas pesquisadas, num total de 56,67% das empresas; ou seja, ela está sendo
utilizada por mais de 1/3 (33,3%) do total das empresas pesquisadas, mas ainda não
atingiu os 2/3 (66,67%) das empresas.
Esse resultado ainda não confirma a previsão de difusão rápida prevista no trabalho do
SENAI (2005) para essa tecnologia que é de 2/3 até 2009; entretanto, o valor está bem
próximo do valor estimado.
Com o resultado encontrado, a argamassa industrializada está entre a categoria de
difusão tradicional e a rápida. Lembrando que a coleta de dados desta pesquisa foi
realizada no início de 2008 e que a categoria só poderá ser confirmada em 2009 para
difusão rápida e 2015 para difusão tradicional.
4.1.11 Isolantes com lã de vidro ou rocha
O uso de lã de vidro ou rocha em edificações tem o objetivo de melhorar as condições
de conforto térmico e acústico dos ambientes da construção e de reduzir o consumo de
126
energia elétrica dos ambientes. São utilizados em fachadas, vedações verticais
internas, forros e cobertura de edificações habitacionais e comerciais.
Essa tecnologia foi adotada por 24 (vinte e quatro) empresas, entretanto no momento
da pesquisa estava sendo utilizada apenas por 15 (quinze) das 60 empresas
pesquisadas, pois 09 (nove) empresas que já adotaram a tecnologia, não usavam mais
(Tabela 4.11).
A primeira adoção dessa tecnologia ocorreu em 1997 pela empresa 1.
TABELA 4.11 – Dados da difusão da tecnologia “isolantes com lã de vidro ou rocha”.
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
“isolantes: lã de vidro / rocha”
Identificação da
Empresa que
adotou a tecnologia
Ano de início de
utilização pela
empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
01
Empresa 1 1997
02 Empresa 2 2005 Não usa mais
03
Empresa 4 2003 Não usa mais
04
Empresa 5 2005 Não usa mais
05
Empresa 6 2000 Não usa mais
06
Empresa 13 1998
07
Empresa 16 2004
08
Empresa 22 2004 Não usa mais
09
Empresa 23 2001 Não usa mais
10
Empresa 25 2008
11
Empresa 26 2005
12
Empresa 28 2006
13
Empresa 31 2006 Não usa mais
14
Empresa 33 2003 Não usa mais
15
Empresa 38 2005
16
Empresa 39 2001
17
Empresa 40 2008
18
Empresa 41 2000
19
Empresa 42 2003 Não usa mais
20
Empresa 45 2005
21
Empresa 46 2004
22
Empresa 48 2007
23
Empresa 54 2008
24
Empresa 55 2001
Nº Total Empresas = 24
Nº empresas = 09
Para a curva de difusão tem-se 24 empresas que usam ou já usaram os isolantes com
lã de vidro ou rocha, e sua curva de difusão está representada pela Figura 4.13.
127
Isolantes(lã vidro/rocha)
000000 0
1
22
4
77
10
13
18
20
21
24
0
5
10
15
20
25
30
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empres as adotantes
FIGURA 4.13 – Curva de difusão dos isolantes com lã de vidro ou rocha.
A tecnologia isolante com lã de vidro ou rocha está sendo utilizada por 15 (quinze) das
60 empresas pesquisadas, num total de 25% das empresas; ou seja, ela está sendo
utilizada por menos de 1/3 (33,3%) do total das empresas pesquisadas. Esse resultado
não se enquadra na previsão feita no trabalho de prospecção realizado pelo SENAI
(2005) para essa tecnologia, que previu a categoria de difusão rápida. Com o resultado
encontrado, a tecnologia está entre as categorias de difusão lenta e tradicional,
considerando todas as empresas pesquisadas. Entretanto, baseando-se no fato das
empresas terem dito que utilizam o “isolante” conjuntamente com o “dry-wall”, como o
número de adoções dos isolantes é a mesma do dry-wall, de 25%; pode-se considerar
que a tecnologia “isolantes” atingiu 100% dos possíveis adotantes potenciais, que são
as empresas que usam o dry-wall.
As 03 (três) tecnologias anteriores: argamassa colante flexível, argamassa
industrializada, e isolantes com lã de vidro ou rocha; pertencem ao segmento
tecnológico “sistemas de revestimento”. A Figura 4.14 mostra as curvas de difusão das
tecnologias que foram pesquisadas e que pertencem a esse segmento tecnológico.
128
0
10
20
30
40
50
60
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empresas adotantes
Argam. colante flexível Argam. industrializada Isolantes(lã vidro/rocha)
FIGURA 4.14 – Curvas de difusão das tecnologias do segmento “sistemas de revestimento”.
Observa-se que as adoções das tecnologias do segmento sistemas de revestimento,
ocorreram em 1990, 1993 e 1997. As duas tecnologias, a argamassa colante flexível e
a industrializada iniciaram o crescimento da difusão por volta de 1996 (Figura 4.14). Já
a tecnologia “isolantes com lã de vidro ou rocha” teve sua primeira adoção em 1997,
mesmo ano da primeira adoção do dry-wall. Isso já era esperado, devido à relação de
utilização entre as duas tecnologias (ver Figura 4.10).
4.1.12 Equipamentos a laser
A tecnologia “equipamentos a laser para controle geométrico de obras” faz parte do
segmento das tecnologias para infra-estrutura de canteiros de obra. Ela foi adotada por
51 (cinqüenta e uma) empresas, entretanto uma empresa não informou a data de início
de utilização; logo, tem-se apenas 50 (cinqüenta) empresas para a elaboração do
gráfico de difusão (ver tabela 4.12); e no momento da pesquisa a tecnologia estava
sendo utilizada apenas por 49 (quarenta e nove) das 60 empresas, pois duas
empresas já adotaram, mas não usavam mais o equipamento a laser.
129
A primeira adoção da tecnologia ocorreu em 1993, pela empresa 32.
TABELA 4.12 – Dados da difusão da tecnologia “equipamentos a laser”.
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
“equipamentos a laser
Identificação da
Empresa que
adotou a tecnologia
Ano de início de
utilização pela
empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
01
Empresa 1 1997
02
Empresa 3 2007
03
Empresa 4 2003
04
Empresa 5 2002
05
Empresa 6 2006
06
Empresa 7 2006
07
Empresa 8 2005
08
Empresa 9 2005
09
Empresa 10 2004
10
Empresa 12 2005
11
Empresa 13 1998
12
Empresa 14 2002
13
Empresa 15 2006 Não usa mais
14
Empresa 16 1998
15
Empresa 17 2000
16
Empresa 18 2006
17
Empresa 20 2004
18
Empresa 21 2003
19
Empresa 22 2001
20
Empresa 23 1996
21
Empresa 24 1998
22
Empresa 25 2003
23
Empresa 28 1995
24
Empresa 30 2005
25
Empresa 31 2006
26
Empresa 32 1993
27
Empresa 33 2000
28
Empresa 35 2002
29
Empresa 36 2007
30
Empresa 37 1998
31
Empresa 38 2002
32
Empresa 39 2000
33
Empresa 40 2000 Não usa mais
34
Empresa 41 1997
35
Empresa 43 1998
36
Empresa 44 2007
37
Empresa 45 2004
38
Empresa 46 2004
39
Empresa 47 2003
40
Empresa 48 2003
41
Empresa 49 2006
42
Empresa 51 2005
43
Empresa 52 2004
44
Empresa 53 2004
45
Empresa 54 2002
46
Empresa 55 2003
130
TABELA 4.12 – Dados da difusão da tecnologia “equipamentos a laser”. (conclusão)
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
“equipamentos a laser
Identificação da
Empresa que
adotou a tecnologia
Ano de início de
utilização pela
empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
47
Empresa 56 2005
48
Empresa 57 2005
49
Empresa 58 2002
50
Empresa 59 2004
51
Empresa 60 NI – Não informou
Nº Total Empresas = 51
Nº empresas = 02
Para a curva de difusão tem-se 50 empresas que usam ou já usaram o equipamento a
laser, e sua curva de difusão está representada pela Figura 4.15.
Equipamentos a laser
000
11
2
3
5
10 10
14
15
21
27
34
41
47
50 50
0
10
20
30
40
50
60
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empresas adotante
s
FIGURA 4.15 - Curva de difusão dos equipamentos a laser.
A tecnologia “equipamento a laser” está sendo utilizada por 49 das 60 empresas
pesquisadas, num total de 81,67% das empresas; ou seja, ela está sendo utilizada por
mais de 2/3 (66,67%) do total das empresas pesquisadas. Com isso, a tecnologia teve
uma difusão rápida nas empresas pesquisadas; diferente da previsão estimada no
trabalho do SENAI (2005), que previu uma difusão tradicional.
Importante observar que vários entrevistados citaram que esse tipo de serviço está
sendo terceirizado pela empresa, ou seja, está sendo executado por outra empresa.
131
4.1.13 Sistema de pallets
O “sistema de pallets para transporte de materiais” é utilizado para agrupar
determinados objetos homogêneos sobre um pallet
28
para uma adequada
movimentação mecânica e transporte; mantido assim desde o expedidor até o destino
da carga. Esse sistema permite a organização de materiais, possibilitando assim um
melhor manuseio, estocagem, movimentação e transporte.
Ele foi adotado por 28 (vinte e oito) empresas, e no momento da pesquisa, a tecnologia
estava sendo utilizada apenas por 27 (vinte e sete) das 60 empresas, pois uma que
adotou, não usava mais o sistema de pallets (Tabela 4.13).
TABELA 4.13 – Dados da difusão da tecnologia “sistema de pallets”.
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
“sistema de pallets
Identificação da
Empresa que adotou
a tecnologia
Ano de início de
utilização pela empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
01
Empresa 1 1997
02
Empresa 3 2005
03
Empresa 4 1998
04
Empresa 7 2007
05
Empresa 10 2002
06
Empresa 13 2005
07
Empresa 16 2000
08
Empresa 17 1998
09
Empresa 20 2001
10
Empresa 22 1993
11
Empresa 23 1996
12
Empresa 24 1998 Não usa mais
13
Empresa 25 2007
14
Empresa 26 2004
15
Empresa 30 2005
16
Empresa 33 1998
17
Empresa 34 2000
18
Empresa 36 2003
19
Empresa 37 2004
20
Empresa 38 2002
21
Empresa 39 2000
22
Empresa 40 2005
23
Empresa 41 2000
24
Empresa 44 2004
25
Empresa 46 2004
26
Empresa 50 2007
27
Empresa 59 2004
28
Empresa 60 2004
Nº Total Empresas = 28
Nº empresas = 01
28
Pallet –Unidade semelhante a um estrado, utilizado para o agrupamento de cargas, geralmente de
madeira e com dimensões padronizadas.
132
Para a curva de difusão tem-se 28 (vinte e oito) empresas que usam ou já usaram o
sistema de pallets, e sua curva de difusão está representada pela Figura 4.16.
Sistema de pallets
000
111
2
3
77
11
12
14
15
21
25 25
28
29
0
5
10
15
20
25
30
35
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empresas adotante
s
FIGURA 4.16 – Curva de difusão do sistema de pallets.
A tecnologia sistema de pallets está sendo utilizada por 27 das 60 empresas
pesquisadas, num total de 45% das empresas; ou seja, ela está sendo utilizada por
mais de 1/3 (33,3%) do total das empresas pesquisadas, mas ainda não atingiu os 2/3
(66,67%) das empresas. Com esse resultado pode-se considerar que a tecnologia se
enquadra na categoria prevista de difusão tradicional estimada no trabalho do SENAI
(2005), e poderá ser confirmada desde que atinja 2/3 em 2015.
As 02 (duas) tecnologias anteriores, equipamentos a laser, e sistema de pallets;
pertencem ao segmento tecnológico “tecnologias para infra-estrutura de canteiros”. A
Figura 4.17 mostra as curvas de difusão das tecnologias que foram pesquisadas e que
pertencem a esse segmento tecnológico.
133
0
10
20
30
40
50
60
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empresas adotante
s
Equipamentos a laser Sistema de pallets
FIGURA 4.17– Curvas de difusão do segmento das “tecnologias para infra-estrutura de
canteiros”.
Observa-se que tanto a tecnologia equipamentos a laser como o sistema de pallets
tiveram sua primeira adoção em 1993, conforme Figura 4.17. Observa-se também que
as duas tecnologias tiveram um crescimento muito similar, desde 1993 até o ano de
2001, quando houve uma separação da taxa de crescimento. A partir de 2002, os
equipamentos a laser aumentaram seu crescimento; e o sistema de pallets, também
continuou crescendo, mas com uma taxa menor que a tecnologia dos equipamentos a
laser.
4.1.14 Sistemas web para relacionamento com clientes e assistência técnica pós-
entrega
O Sistema web
29
para relacionamento com clientes e assistência técnica pós-entrega,
faz parte do segmento das tecnologias da informação em sistemas de gestão. Essa
tecnologia foi adotada por 40 (quarenta) empresas, entretanto 03 (três) empresas não
29
Web – refere-se à rede de computadores. Sistemas web referem-se a atividades executadas através
da rede de computadores, via on-line.
134
informaram a data de início de utilização; logo, tem-se apenas 37 (trinta e sete) pontos
para a elaboração do gráfico da difusão; e todas as empresas que adotaram o web
para relacionamento com clientes e assistência técnica, continuam usando (Tabela
4.14). A primeira adoção da tecnologia ocorreu no ano de 1998, pela empresa 17.
TABELA 4.14 – Dados da difusão da tecnologia “sistema web para relacionamento com cliente”.
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
“sistema web para
relacionamento com cliente”
Identificação da
Empresa que
adotou a tecnologia
Ano de início de
utilização pela
empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
01
Empresa 1 2000
02
Empresa 2 2004
03
Empresa 5 2004
04
Empresa 7 2006
05
Empresa 8 2005
06
Empresa 10 2002
07
Empresa 12 NI – Não Informou
08
Empresa 17 1998
09
Empresa 21 2006
10
Empresa 22 2003
11
Empresa 23 2007
12
Empresa 24 2003
13
Empresa 25 2007
14
Empresa 26 2006
15
Empresa 28 2001
16
Empresa 29 2001
17
Empresa 30 2005
18
Empresa 33 2001
19
Empresa 35 2004
20
Empresa 37 2005
21
Empresa 39 2000
22
Empresa 40 2006
23
Empresa 41 1999
24
Empresa 42 2002
25
Empresa 43 2005
26
Empresa 44 2007
27
Empresa 46 2004
28
Empresa 47 2005
29
Empresa 48 2005
30
Empresa 49 2002
31
Empresa 50 2004
32
Empresa 52 2006
33
Empresa 53 2003
34
Empresa 54 2005
35
Empresa 55 2003
36
Empresa 56 NI – Não Informou
37
Empresa 57 1999
38
Empresa 58 2005
39
Empresa 59 2007
40
Empresa 60 NI – Não Informou
Nº Total Empresas = 40
Nº empresas = 0
135
Para a curva de difusão tem-se 37 empresas que usam o sistema web para
relacionamento com clientes e assistência técnica pós-entrega, e sua curva de difusão
está representada pela Figura 4.18.
W e b Assist. Te cnica
00000000
1
3
5
8
11
15
20
28
33
37 37
0
5
10
15
20
25
30
35
40
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empresas adotante
s
FIGURA 4.18 – Curva de difusão do sistema web para relacionamento com clientes
e assistência técnica pós-entrega.
A tecnologia está sendo utilizada por 40 das 60 empresas pesquisadas, num total de
66,67% das empresas; ou seja, ela já atingiu os 2/3 do total das empresas
pesquisadas. Esse resultado enquadra a tecnologia na categoria de difusão rápida;
diferente da estimada no trabalho do SENAI (2005), que previu uma difusão tradicional.
4.1.15 Sistemas colaborativos web para desenvolvimento e gerenciamento de
projetos
O Sistema web para desenvolvimento e gerenciamento de projetos, também faz parte
do segmento das tecnologias da informação em sistemas de gestão. Essa tecnologia
foi adotada por 14 (quatorze) empresas, e todas as empresas que a adotaram,
continuam usando (ver tabela 4.15).
A primeira adoção das tecnologias nas empresas pesquisadas ocorreu no ano de
1998, por 02 empresas, a empresa 17 e a empresa 45 (Tabela 4.15).
136
TABELA 4.15 – Dados da difusão da tecnologia “sistema web para desenvolvimento e gerenciamento
de projetos”.
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
“sistema web para projetos”
Identificação da
Empresa que adotou
a tecnologia
Ano de início de
utilização pela empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
01
Empresa 1 2000
02
Empresa 16 2000
03
Empresa 17 1998
04
Empresa 22 2004
05
Empresa 25 2007
06
Empresa 29 2001
07
Empresa 31 2007
08
Empresa 39 2000
09
Empresa 43 2003
10
Empresa 45 1998
11
Empresa 46 2004
12
Empresa 51 2005
13
Empresa 55 2005
14
Empresa 56 2005
Nº Total Empresas = 14
Nº empresas = 0
Para a curva de difusão tem-se 14 empresas que usam o sistema web para
desenvolvimento e gerenciamento de projetos, e sua curva de difusão es
representada pela Figura 4.19.
Web Desenv. Projetos
00000000
22
5
66
7
9
12 12
14 14
0
2
4
6
8
10
12
14
16
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empresas adotante
s
FIGURA 4.19 – Curva de difusão do sistema web para desenvolvimento e
gerenciamento de projetos.
A tecnologia sistema web para desenvolvimento e gerenciamento de projetos está
sendo utilizada por 14 (quatorze) das 60 empresas pesquisadas, num total de 23,33%
das empresas; ou seja, ela está sendo utilizada por menos de 1/3 (33,3%) do total das
empresas pesquisadas. Esse resultado ainda não confirma que a tecnologia esteja na
categoria de difusão tradicional prevista no trabalho do SENAI (2005). Entretanto, com
137
esse resultado pode-se enquadrar a tecnologia entre a categoria de difusão lenta e a
de difusão tradicional.
Como observação é interessante destacar que várias empresas entrevistadas citaram
o fato dos projetos serem executados geralmente por uma empresa especializada; pois
algumas empresas de edificações não desenvolvem os próprios projetos. Isso indica
que provavelmente o teto máximo dessa tecnologia não seja os 100% das empresas
pesquisadas.
4.1.16 Aplicativos web para planejamento e gerenciamento de obras
O “aplicativo web para planejamento e gerenciamento de obras”, também faz parte do
segmento das tecnologias da informação em sistemas de gestão. Essa tecnologia foi
adotada por 22 (vinte e duas) empresas e todas as empresas que a adotaram,
continuam usando (ver tabela 4.16).
TABELA 4.16 – Dados da difusão da tecnologia “aplicativos web para planejamento e gerenciamento de
obras”.
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
“aplicativos web para obras”
Identificação da
Empresa que adotou
a tecnologia
Ano de início de
utilização pela empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
01
Empresa 1 2000
02
Empresa 6 2005
03
Empresa 7 2005
04
Empresa 13 2005
05
Empresa 16 2000
06
Empresa 21 2006
07
Empresa 22 2005
08
Empresa 25 2007
09
Empresa 26 2006
10
Empresa 28 1997
11
Empresa 29 2001
12
Empresa 31 2005
13
Empresa 33 2001
14
Empresa 35 2004
15
Empresa 43 2003
16
Empresa 46 2004
17
Empresa 48 2006
18
Empresa 49 2005
19
Empresa 55 2004
20
Empresa 56 2003
21
Empresa 57 1998
22
Empresa 60 1998
Nº Total Empresas = 22
Nº empresas = 0
138
Para a curva de difusão tem-se 22 empresas que usam os aplicativos web para
planejamento e gerenciamento de obras, e sua curva de difusão está representada
pela Figura 4.20.
Web Gerenciamento Obra
0000000
1
33
5
77
9
12
18
21
22 22
0
5
10
15
20
25
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empresas adotantes
FIGURA 4.20 – Curva de difusão do aplicativo web para planejamento e
gerenciamento de obras.
O total de 22 empresas que utilizavam a tecnologia no momento da pesquisa
representa 36,67% das empresas; ou seja, os aplicativos web para planejamento e
gerenciamento de obras já está sendo utilizado por mais de 1/3 (33,3%) do total das
empresas pesquisadas. Esse resultado enquadra a tecnologia na categoria prevista de
difusão tradicional estimada no trabalho do SENAI (2005), ainda que a confirmação da
categoria só será garantida quando a tecnologia alcançar 2/3 (66,67%) em 2015.
Destaca-se aqui o comentário feito por algumas empresas de que existe uma
tendência de que esse sistema seja realizado por empresas especializadas,
conseqüentemente o serviço tende a ser terceirizado.
4.1.17 Sistemas web B2B e B2C
O “sistema web de e-business e e-commerce (B2B e B2C)
30
adequados ao setor” da
construção, está relacionado com a realização e conclusão da compra e venda dos
30
B2B e B2C – Compra e venda de produtos por meio da Internet (business to business, e business to
commerce, respectivamente).
139
imóveis por meio da internet. Esse sistema web também faz parte do segmento das
tecnologias da informação em sistemas de gestão e foi adotado apenas por 02 (duas)
empresas (ver tabela 4.17).
A primeira adoção dessa tecnologia pelas empresas pesquisadas da Grande Vitória,
ocorreu apenas em 2004 pela empresa 24.
Tabela 4.17 – Dados da difusão da tecnologia “sistema web B2B e B2C”.
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
“sistema web B2B e B2C”
Identificação da
Empresa que
adotou a tecnologia
Ano de início de
utilização pela
empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
01
Empresa 24 2004
02
Empresa 48 2005
Nº Total Empresas = 02
Nº empresas = 0
Devido ao pequeno número de pontos, não foi desenhada a curva de difusão dessa
tecnologia.
Das empresas que adotaram o sistema web B2B e B2C, a primeiro adotou em 2004 e
a segunda em 2005; sendo utilizado por duas das 60 (sessenta) empresas
pesquisadas; ou seja em apenas 3,33% das empresas. Devido a esse baixo valor
encontrado, torna-se bastante difícil fazer alguma expectativa com relação à sua
difusão. Mas, dificilmente a previsão estimada no trabalho do SENAI (2005) será
alcançada, que é de difusão tradicional. A previsão mais provável para essa tecnologia
é que ela tenha uma difusão lenta
31
, conforme a categorização do SENAI (2005).
Importante destacar que das 60 empresas pesquisadas, 26 delas (43,33%), quase a
metade das empresas disseram não conhecer a tecnologia. Isso sugere que a
tecnologia ainda não progrediu através dos estágios do processo de decisão da
adoção (ver Figura 2.1), pelo fato das empresas ainda não terem o conhecimento
sobre a nova tecnologia.
As 04 (quatro) tecnologias anteriores: sistemas web para relacionamento com clientes
e assistência técnica pós-entrega, sistemas colaborativos web para desenvolvimento e
gerenciamento de projetos, aplicativos web para planejamento e gerenciamento de
31
Tecnologias de difusão lenta – são as tecnologias que alcançarão 1/3 de sua aplicação potencial de
mercado entre 2009 e 2015, e 2/3 somente após 2015.
140
obras, e sistemas web B2B e B2C; pertencem ao segmento tecnológico “tecnologia da
informação em sistemas de gestão”. A Figura 4.21 mostra as curvas de difusão das
tecnologias que foram pesquisadas e que pertencem a esse segmento tecnológico.
Observa-se que a maioria das tecnologias desse segmento iniciou a adoção no mesmo
período, entre 1997 e 1998; exceto o sistema web B2B e B2C, que iniciou sua adoção
em 2004. As três tecnologias que iniciaram sua adoção no mesmo período, também
tiveram um crescimento bastante similar até 2001, quando houve uma separação da
taxa de crescimento. A partir de 2002, os sistemas web para gerenciamento de obra e
desenvolvimento de projetos continuaram com a mesma curva de crescimento da taxa
de difusão, enquanto que o sistema web para assistência técnica teve um aumento na
taxa de crescimento, se comparados com os outros dois sistemas. Isso pode estar
acontecendo pelo fato das empresas estarem terceirizando as duas tecnologias,
diferentemente da tecnologia web para assistência técnica, que está sendo realizada
pela própria empresa. Já o web B2B e B2C teve um pequeno número de adotantes,
abaixo de 5,0% das empresas (ver Figura 4.21).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
90 92 94 96 98 00 02 04 06 08
Ano
Número de empresas adotante
s
Web Gerenciamento Obra Web Assist. Tecnica
Web Desenv. Projetos Web B2B e B2C
FIGURA 4.21– Curvas de difusão do segmento da “tecnologia da informação em sistemas
de gestão”.
Importante observar que todas as tecnologias desse segmento, depois que foram
adotadas pela primeira vez pelas empresas, nenhuma deixou de ser utilizada.
141
4.1.18 Shafts visitáveis
Shafts visitáveis e instalações não embutidas. Utilizado em edificações para a
passagem e a manutenção das tubulações hidrosanitárias de forma acessível. Esse
sistema faz parte das tecnologias do segmento dos sistemas prediais, e foi adotado por
31 (trinta e uma) empresas, e no momento da pesquisa estava sendo utilizado apenas
por 29 (vinte e nove) das 60 empresas pesquisadas, pois 02 (duas) adotaram os shafts
visitáveis, mas não usam mais (ver Tabela 4.18).
TABELA 4.18 – Dados da difusão da tecnologia “shafts visitáveis e instalações não embutidas”.
Nº empresas que adotaram a
tecnologia
shafts visitáveis”
Identificação da
Empresa que
adotou a tecnologia
Ano de início de
utilização pela
empresa
Nº empresas que já
utilizaram a tecnologia,
mas não usam mais
01
Empresa 1 1997
02
Empresa 9 2006
03
Empresa 10 2006
04
Empresa 12
2003 Não usa mais
05
Empresa 13
2003
06
Empresa 16
1998
07
Empresa 17
2003
08
Empresa 20
2001
09
Empresa 21
2003
10
Empresa 23
2001 Não usa mais
11
Empresa 25
2008
12
Empresa 26
2004
13
Empresa 28
1995
14
Empresa 29
2001
15
Empresa 30
2005
16
Empresa 32
1993
17
Empresa 33
2002
18
Empresa 35
1996
19
Empresa 36
2007
20
Empresa 37
2000
21
Empresa 38
2008
22
Empresa 39
2000
23
Empresa 40
1988
24
Empresa 41
2001
25
Empresa 44
2005
26
Empresa 47
2004
27
Empresa 48
2001
28
Empresa 52
2007
29
Empresa 56
2007
30
Empresa 58
2002
31
Empresa 59
2006
Nº Total Empresas = 31
Nº empresas = 02
142
Para a curva de difusão, tem-se 31 empresas; que usam ou já usaram o sistema de
shafts visitáveis e instalações não embutidas, e sua curva de difusão está representada
pela Figura 4.22.
Shafts visiveis
0000000000000
11111
22
3
4
5
66
8
13
15
19
21
23
26
29
31
0
5
10
15
20
25
30
35
75 77 79 81 83 85 87 89 91 93 95 97 99 01 03 05 07
Ano
Número de empresas adotante
s
FIGURA 4.22 – Curva de difusão dos shafts visitáveis e instalações não embutidas.
O total de 29 empresas que utilizam a tecnologia representa 48,33% das empresas
pesquisadas; ou seja, ela está sendo utilizada por mais de 1/3 (33,3%) do total das
empresas pesquisadas, mas ainda não atingiu os 2/3 (66,67%) das empresas. Esse
resultado ainda não confirma a categoria de difusão rápida estimada no trabalho de
prospecção do SENAI (2005) para os shafts visitáveis, que são aquelas tecnologias
que alcançarão 2/3 de sua aplicação potencial de mercado até 2009. O valor
encontrado coloca a tecnologia na categoria de difusão tradicional, mas que tende a
recair na categoria de difusão rápida. Deve-se destacar que o levantamento dos dados
deste trabalho foi realizado no início de 2008, e a categorização da velocidade de
difusão do SENAI (2005) refere-se ao ano de 2009; entretanto ela poderá ser atingida.
Sua primeira adoção ocorreu no ano de 1988 e observa-se pela Figura 4.22 que o
crescimento da curva de difusão iniciou por volta de 1999.
143
4.2 DIFUSÃO DAS 18 TECNOLOGIAS
4.2.1 Porcentagem de utilização das 18 tecnologias no Estado
Na Figura 4.23, tem-se em ordem decrescente, a porcentagem de utilização das 18
tecnologias. A tecnologia mais utilizada pelas empresas pesquisadas é a argamassa
colante flexível, sendo utilizada em 93,3% das empresas, depois vem o equipamento a
laser para controle geométrico das obras utilizado em 81,7% das empresas, seguido da
tecnologia portas prontas em 70% das empresas.
Observa-se a mesma difusão entre a tecnologia dry-wall e o isolante com lã de vidro e
rocha, em 25% das empresas, isso confirma a relação entre as duas tecnologias, pois
geralmente a lã de vidro ou rocha é utilizada como isolamento acústico nas vedações
com dry-wall.
A tecnologia com menor grau de difusão entre as empresas pesquisadas é o sistema
web B2B e B2C, adotada apenas por 3,3% das empresas. Essa tecnologia ainda não
progrediu através das fases do processo de adoção, pois quase metade das empresas
ainda não conhece a tecnologia.
Observa-se também na Figura 4.23 que grande parte das tecnologias está na fase da
adoção pelas empresas que estão na categoria “maioria inicial” (ver Figura 2.2 do
capítulo 2 deste trabalho), que são os adotantes pragmáticos, aqueles que decidem
pela adoção somente quando os benefícios da tecnologia estão bem comprovados. As
tecnologias que estão nessa categoria de empresas são as entre 23,3% e 48,3% na
Figura 4.23 (web para desenvolvimento de projetos, Isolantes com lã de vidro ou rocha,
dry-wall, formas metálicas, aditivo plastificante, alvenaria estrutural, web gerenciamento
de obra, alvenaria racionalizada, sistema de pallets, shafts visitáveis e concreto
protendido).
144
48,3 48,3
45,0
36,7 36,7
35,0 35,0
26,7
25,0 25,0
23,3
56,7
66,7
70,0
81,7
93,3
15,0
3,3
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
A
rg
a
m. colant
e
flexível
Equ
ip
ame
nt
o
s
a
lase
r
P
o
rt
as
P
ro
nt
a
s
W
e
b
Assit.
T
é
cni
c
a
Argam. industrializad
a
Conc
r
et
o
Protendido
S
h
a
f
t
s
vis
it
áv
eis
Sistema de pal
l
ets
Alvenaria racionalizada
W
e
b
Ge
renc
iam
ento
Obr
a
Al
v
e
n
ari
a
Est
r
ut
ur
al
A
d
i
tivo pl
as
ti
f
ica
nt
e
F
or
m
a
met
á
lic
a
Dry-wal
l
I
s
ola
nt
es
(lã
vid
ro/
r
och
a)
W
e
b
De
s
env
.
Projet
o
s
Estrutura Mista
W
e
b
B
2
B
e
B
2
C
%
FIGURA 4.23 – Porcentagem de utilização das 18 tecnologias, em ordem decrescente.
A Tabela 4.19 descreve as empresas que primeiramente adotaram as tecnologias e o
ano em que elas iniciaram a utilização, ou seja, o ano da adoção.
Analisando-se a Tabela 4.19 verifica-se que a empresa que mais adotou as tecnologias
primeiramente foi a Empresa 01. Essa empresa adotou 4 (quatro) tecnologias primeiro,
ou seja, adotou as 4 tecnologias antes das outras empresas. Com isso percebe-se que
a empresa 01 possui o perfil de “pioneiro” na categorização dos adotantes, conforme
Figura 2.2 do capítulo 2 deste trabalho. Essa categoria de adotantes são os entusiastas
por tecnologia e lidam bem com alto grau de incerteza. Isso se confirma com a frase
citada pelo decisor da empresa 01 no momento da entrevista, que foi: “gosto de tentar
coisas novas”.
145
Observa-se pela Tabela 4.19 que a maioria das tecnologias tiveram sua primeira
adoção entre 1990 e 1998. Das 18 tecnologias, 15 foram adotadas nesse período e
apenas 3 tecnologias ficaram fora desse período. Uma tecnologia foi adotada em 1975,
uma em 1988 e a outra em 2004. Percebe-se que existe um período de decisão de
adoção das tecnologias.
Com esse resultado, pode-se considerar a década de 90, como o período em que a
maioria das tecnologias pesquisadas foi adotada pela primeira vez pelas empresas.
Uma explicação para esse “período de decisão da adoção” pode ser principalmente
devido à estabilização da economia brasileira na década de 90 com o Plano Real, pois
com o controle da inflação, a produtividade passa a ser importante.
Começa-se então a busca pela racionalização dos processos e aumento da
produtividade para a redução dos custos. Pois até esse momento, o preço de venda
das edificações era definido pelo custo da empresa mais o lucro desejado. A inflação
desse período era repassada para o consumidor. Já a partir da estabilização, o lucro
passou a ser definido pelo preço do mercado menos os custos da empresa. Com isso,
para aumentar o lucro era necessário diminuir os custos e aumentar a produtividade.
Isso gerou a busca de tecnologias para a racionalização e industrialização dos
processos, e que foi facilitada também pela abertura do mercado brasileiro na década
de 90.
146
TABELA 4.19 – Ano de início de utilização das tecnologias pela empresa.
Tecnologias
Empresa que
primeiro adotou a
tecnologia
Ano de adoção
Tec. 1 - Aditivo Superplastificante Empresa 28 e 38 1995
Tec. 2 - Formas Metálicas Empresa 17 1991
Tec. 3 - Estrutura Mista Empresa 40 1990
Tec. 4 - Concreto Protendido
Empresa 01
1997
Tec. 5 - Alvenaria Estrutural Empresa 22 1975
Tec. 6 - Argamassa colante flexível Empresa 33 1990
Tec. 7 - Argamassa industrializada Empresa 32 e 57 1993
Tec. 8 - Isolantes(lã vidro/rocha)
Empresa 01
1997
Tec. 9 - Equipamentos a laser Empresa 32 1993
Tec. 10 - Sistema de pallets Empresa 22 1993
Tec. 11 - Web Gerenciamento Obra Empresa 28 1997
Tec. 12 - Web Assist. Tecnica Empresa 17 1998
Tec. 13 - Web Desenv. Projetos Empresa 17 e 45 1998
Tec. 14 - Web B2B e B2C Empresa 24 2004
Tec. 15 -Shafts visitáveis Empresa 40 1988
Tec. 16 - Alvenaria racionalizada Empresa 27 1994
Tec. 17 - Portas Prontas Empresa 01 e 27 1995
Tec. 18 - Dry-wall
Empresa 01
1997
O período de decolagem da inovação é quando a adoção está entre 10 a 20% das
empresas e quando a curva de difusão passa a ter uma inclinação maior com relação
ao crescimento anterior. Ele está relacionado com o início do aumento da utilização da
nova tecnologia. Numa análise da Figura 4.24 da curva de difusão das 18 (dezoito)
tecnologias, observa-se que existe um período de grande crescimento da adoção de
novas tecnologias entre 2000 e 2005, quando ocorreu a decolagem da maioria das
tecnologias. Esse resultado sugere que existe um “período de decolagem” da difusão
das tecnologias nas empresas capixabas de edificações.
As explicações para esse período podem ser as mudanças ocorridas no setor da
construção citadas por Rezende (2003) e principalmente a implantação de sistemas de
qualidade nas empresas construtoras do Espírito Santo, o PBQP-H, a partir de 1999.
0
10
20
30
40
50
60
75 77 79 81 83 85 87 89 91 93 95 97 99 01 03 05 07
Ano
Número de empresas adotantes
Aditivo Plastificante
Formas Metálicas
Estrutura Mista
Concreto Protendido
Alvenaria Estrutural
Argam. colante flexível
Argam. industrializada
Isolantes(lã vidro/rocha)
Equipamentos a laser
Sistema de pallets
Web Gerenciamento Obra
Web Assist. Tecnica
Web Desenv. Projetos
Web B2B e B2C
Shafts visiveis
Alvenaria racionalizada
Portas Prontas
Dry Wall
FIGURA 4.24 - Curva de difusão das 18 tecnologias.
148
4.2.2 Outras tecnologias
Como complemento à análise da pesquisa, foi perguntado ao entrevistado, sobre as
outras inovações que não foram pesquisadas neste trabalho, e que a empresa adotou
nos últimos 05 anos. Como resultado, foram listadas várias tecnologias. Entretanto,
entre as mais citadas destacam-se:
reaproveitamento e reuso das águas nas edificações (chuva e esgoto),
sistema de aquecimento solar,
cabeamento estruturado,
gesso corrido,
granito aerado nas fachadas,
argamassa projetada,
projeto para execução,
sistema de segurança em edifícios,
uso do escantilhão,
escoramento metálico,
laje com forma de PVC, e
laje nervurada.
4.2.3 Considerações finais sobre a difusão
Para complementar a análise final da difusão das tecnologias foi elaborada uma tabela
com o resumo das comparações entre a difusão prevista no trabalho do SENAI (2005)
e o grau de difusão ou categoria encontrada nesta pesquisa (Tabela 4.20). Destaca-se
que o trabalho do SENAI foi realizado considerando sua difusão no país,
diferentemente deste trabalho, que levantou os dados apenas da Grande Vitória.
Importante destacar também que a categorização da velocidade da difusão prevista no
trabalho do SENAI (2005) considera o período até 2009 e 2015, e que o levantamento
149
dos dados desta pesquisa foi feito no início de 2008. Com isso, para algumas
categorias pode-se considerar apenas que o resultado é indicativo e não conclusivo.
TABELA 4.20 – Resumo das comparações da difusão prevista no trabalho do SENAI e o grau de difusão
encontrado.
Categoria encontrada
Segmentos
tecnológicos
TEE´s
Difusão
prevista
pelo SENAI*
Grau de
difusão
encontrado
Conclusivo
Indicativo
Aditivo plastificante
Tradicional
35,0%
Tradicional
Formas metálicas
Tradicional
26,7%
Lenta /
Tradicional
Estruturas mistas de concreto e
aço
Tradicional
15,0%
Lenta
Concreto protendido
Rápida
48,3%
Tradicional
/ Rápida
Sistemas
Estruturais
Alvenaria estrutural de blocos de
concreto
Tradicional
35,0%
Tradicional
Alvenarias racionalizadas
Rápida/
Tradicional
36,7%
Tradicional
Portas prontas
Tradicional
70,0%
Rápida
Sistemas de
Vedações
Painéis de gesso acartonado
(dry wall)
Tradicional
25,0%
Lenta /
Tradicional
Argamassa colante flexível
Rápida
93,3%
Rápida
Argamassa industrializada
Rápida
56,7%
Rápida
Sistemas
de
Revestimento
Isolantes para vedações com
de vidro ou rocha
Rápida
25,0%
32
Lenta /
Tradicional
Equipamentos a laser
Tradicional
81,7%
Rápida
Tecnologias
para Infra-
estrutura de
Canteiros
Sistema de pallets para
transporte de materiais
Tradicional
45,0%
Tradicional
Web para relacionamento
clientes e assist. técnica
Tradicional
66,7%
Rápida
Web para desenvolvimento e
gerenciamento de projetos
Tradicional
23,3%
Lenta /
Tradicional
Web para planejamento e
gerenciamento de obras
Tradicional
36,7%
Tradicional
Tecnologia
da
Informação
em Sistemas
de Gestão
Sistemas Web (B2B; B2C)
Tradicional
3,3%
Lenta
Sistemas
Prediais
Shafts visitáveis e instalações
não embutidas
Rápida
48,3%
Tradicional
/ Rápida
*tecnologia de difusão rápida: são as tecnologias que alcançarão 2/3 de sua aplicação potencial de mercado
até 2009.
*tecnologia de difusão tradicional: são as tecnologias que alcançarão 1/3 de sua aplicação potencial de
mercado até 2009, e 2/3 em 2015.
*tecnologia de difusão lenta: são as tecnologias que alcançarão 1/3 de sua aplicação potencial de mercado
entre 2009 e 2015 e 2/3 após 2015.
32
Ver observação na página 125, do sub-item 4.1.11, deste trabalho.
150
Observa-se pela Tabela 4.20 que na comparação entre o resultado do grau de difusão
das 18 tecnologias nas edificações da Grande Vitória e a previsão da velocidade de
difusão feita pelo trabalho do SENAI (2005), encontrou-se 04 resultados conclusivos e
14 resultados que apenas podem ser considerados indicativos.
Desses 04 resultados conclusivos, apenas 01 resultado confirma a previsão feita no
trabalho do SENAI (2005), que é a difusão rápida para a argamassa colante flexível;
enquanto que para os outros 03 resultados, a previsão da difusão das tecnologia foi
deferente do encontrado. Para os resultados indicativos, têm-se que 06 resultados
confirmam a previsão feita e 02 resultados deram diferentes do previsto no trabalho do
SENAI (2005). Também como resultado indicativo encontrou-se que 06 tecnologias
mostram que existe uma tendência que se confirme a velocidade prevista no trabalho
do SENAI. Do total, encontrou-se resultados diferentes para 05 (cinco) tecnologias.
Para fechamento deste capítulo destacam-se aqui os resultados relacionados com as
hipóteses iniciais formuladas sobre a difusão de algumas das tecnologias pesquisadas
neste trabalho. Na Tabela 4.21 têm-se as tecnologias com suas hipóteses iniciais
descritas e comparadas com os resultados encontrados.
As hipóteses iniciais feitas para as tecnologias “argamassa colante flexível” e “dry-wall”
foram confirmadas, enquanto que a hipótese para a “porta pronta” foi rejeitada,
conforme Tabela 4.21.
TABELA 4.21 – Resumo dos resultados relacionados com as hipóteses iniciais sobre a difusão.
Segmentos
tecnológicos
TEE´s
Hipótese prevista
Grau de difusão / Análise
Porta pronta
A tecnologia “porta pronta” possui uma
difusão menor do que 1/3 (33,3%) do total
das empresas de edificações pesquisadas.
A hipótese foi rejeitada
, pois
a porta pronta já está sendo
utilizada por 70,00% das
empresas.
Sistemas de
Vedações
Dry wall
A tecnologia “dry-wall” possui uma difusão
menor do que 1/3 (33,3%) do total das
empresas de edificações pesquisadas.
A hipótese foi confirmada
, já
que o dry-wall está sendo
utilizado apenas por 25%
das empresas.
Sistemas de
Revestimentos
Argamassa
colante
flexível
A argamassa colante flexível
já alcançou 2/3 (66,7%) das
empresas de edificações pesquisadas.
A hipótese inicial foi
confirmada já que a
argamassa colante flexível
está sendo utilizada por
93,3% das empresas.
151
CAPÍTULO 5
CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS QUE PRIMEIRO ADOTAM
NOVAS TECNOLOGIAS
Este capítulo tem como objetivo apresentar os resultados da pesquisa feita nas
empresas de edificações residenciais e comerciais, para identificar as características
empresariais que implicam uma maior propensão a adotar uma nova tecnologia;
buscando explicar “por que algumas empresas, antes que outras, adotam novas
tecnologias”.
O item 5.1 refere-se à explicação de como foram escolhidas as 10 empresas adotantes
primeiro, e no item 5.2 têm-se o resultado da pesquisa sobre as características dessas
empresas.
5.1 AS EMPRESAS ADOTANTES PRIMEIRO
5.1.1 Empresas que primeiramente adotaram novas tecnologias
Para a identificação das características das empresas que primeiramente adotam
novas tecnologias, foram escolhidas as empresas adotantes iniciais (13,5%) e as
pioneiras (2,5%) que, em conjunto neste trabalho foram chamadas de “adotantes
primeiro” e representam 16% das empresas que primeiramente adotaram uma nova
tecnologia (ver Figura 2.3 do capítulo 2 deste trabalho).
Para a seleção das “adotantes primeiro” foram consideradas as 18 (dezoito)
tecnologias emergentes específicas (TEEs) e inicialmente foram identificadas as
152
empresas que primeiro adotaram cada uma dessas 18 tecnologias. Por exemplo, a
Empresa 40 apareceu 6 (seis) vezes, entre a porcentagem das 16% primeiras
empresas que adotaram as tecnologias. Ela ficou entre as primeiras empresas que
adotaram as tecnologias 03, 04, 05, 06, 15 e 16. Já a empresa 01 apareceu 15 vezes
como adotante inicial ou pioneira. As tecnologias que a empresa apareceu como
adotante primeiro foram: a tecnologia 01, 02, 04, 05, 07, 08, 09, 10, 11, 12, 13, 15, 16,
17 e 18 (Tabela 5.1).
Depois foram escolhidas 16% das empresas que mais adotaram primeiramente
considerando todas as tecnologias, ou seja, aquelas empresas que percentualmente
mais apareceram como “adotantes primeiro” de cada uma das 18 tecnologias. A
porcentagem de 16% das 60 empresas, que são as adotantes primeiro, daria a
quantidade de 9,6 empresas, só que para este trabalho o valor adotado foi de 10 (dez)
empresas.
Na tabela 5.1 têm-se as empresas que primeiramente adotaram as tecnologias
pesquisadas. Depois de definido o número de vezes que as empresas foram adotantes
primeiro, foram identificadas as 10 (dez) que percentualmente mais apareceram como
adotantes primeiro. Em ordem decrescente, as empresas que mais apareceram como
adotantes primeiro são: Empresa 01, 28, 16, 33, 39, 23, 41, 17, 22 e 40.
Essas 10 empresas “adotantes primeiro” foram utilizadas para analisar as
características empresariais que implicam uma maior propensão a adotar uma
inovação; buscando explicar porque algumas empresas construtoras de edificações,
incorporam antes que outras, as novas tecnologias.
TABELA 5.1 – As 10 empresas que primeiramente adotaram as tecnologias, em ordem decrescente.
Tec.
01
Tec.
02
Tec.
03
Tec.
04
Tec
05
Tec.
06
Tec.
07
Tec.
08
Tec.
09
Tec.
10
Tec.
11
Tec.
12
Tec.
13
Tec.
14
Tec.
15
Tec.
16
Tec.
17
Tec.
18
Nº total de
vezes que a
empresa foi
adotante
inicial ou
pioneira
Emp. 01 X X X X X X X X X X X X X X X 15
Emp. 28 X X X X X X X X X X X X 12
Emp. 16
X X X X X X X X X X 10
Emp. 33
X X X X X X X X
08
Emp. 39
X X X X X X X X 08
Emp. 23 X X X X X X X 07
Emp. 41
X X X X X X X 07
Emp. 17
X X X X X X
06
Emp. 22 X X X X X X 06
Emp. 40
X X X X X X
06
5.1.2 Empresas que mais adotaram as tecnologias
Como uma análise complementar à pesquisa decidiu-se comparar as empresas que primeiramente adotaram as 18
tecnologias, com as empresas que mais as adotaram; pela percepção de que as empresas que primeiro adotam, são
as mesmas que mais adotam novas tecnologias.
TABELA 5.2 – As empresas que mais adotaram as tecnologias, em ordem decrescente.
Tec.
01
Tec.
02
Tec.
03
Tec.
04
Tec
05
Tec.
06
Tec.
07
Tec.
08
Tec.
09
Tec.
10
Tec.
11
Tec.
12
Tec.
13
Tec.
14
Tec.
15
Tec.
16
Tec.
17
Tec.
18
Nº total de
tecnologias
adotada
pela
empresa
Emp. 01 X X X X X X X X X X X X X X X X 16
Emp. 16 X X X X X X X X X X X X X X X 15
Emp. 46 X X X X X X X X X X X X X X 14
Emp. 22 X X X X X X X X X X X X X 13
Emp. 26 X X X X X X X X X X X X X 13
Emp. 28 X X X X X X X X X X X X X 13
Emp. 39 X X X X X X X X X X X X X 13
Emp. 55 X X X X X X X X X X X X X 13
Emp. 17 X X X X X X X X X X X X 12
Emp. 41 X X X X X X X X X X X X 12
Emp. 44 X X X X X X X X X X X X 12
Emp. 48 X X X X X X X X X X X X 12
155
Em ordem decrescente, as empresas que mais adotaram as tecnologias foram:
empresa 01, 16, 46, 22, 26, 28, 39, 55, 17, 41, 44, e 48 (Tabela 5.2).
A empresa 01 foi a que mais adotou as tecnologias. Ela adotou 16 do total das 18
tecnologias pesquisadas. Importante destacar a empresa 01, pois se observa que essa
empresa também foi a que mais apareceu como adotante primeiro e como adotante
pioneira, pois foi a que mais adotou primeiramente as novas tecnologias pesquisadas.
Isso se confirma com o perfil do decisor da empresa que disse não ter problemas com
experimentar coisas novas, pois gosta de inovar.
Importante destacar o perfil das empresas que menos adotaram as tecnologias. No
exemplo da empresa 8 (ver Figura 5.1), que também é uma das empresas que
adotaram por último as tecnologias, ela está na categoria dos “adotantes retardatários”,
que são as empresas resistentes às mudanças (conforme Figura 2.2 do capítulo 2
deste trabalho). Para confirmar esse perfil, cita-se aqui o que foi dito pelo decisor da
empresa 8 durante a entrevista: “eu sou tradicionalista, prefiro ter certeza, ter
segurança antes de usar uma nova tecnologia. Não gosto da insegurança”.
A empresa 16 adotou 15 das 18 tecnologias e a empresa 46 adotou 14. As empresas
22, 26, 28, 39 e 55 adotaram 13 das tecnologias; enquanto que as empresas 17, 41, 44
e 48 adotaram 12 das 18 tecnologias (Tabela 5.2).
Para confirmar a percepção de que as empresas que primeiro adotam, também são as
que mais adotam novas tecnologias, foi feita uma análise da correlação
33
entre essas
duas variáveis (Figura 5.1).
A Figura 5.1 mostra uma situação de correlação positiva, pois os pontos estão em
torno de uma linha imaginária ascendente, ela mostra que existe uma correlação
positiva entre as empresas que primeiro adotam e as que mais adotam novas
tecnologias, pois as duas variáveis caminham num mesmo sentido (BARBETTA, 2005,
p.271). Para essa análise foi encontrado o coeficiente de correlação r=0,548, se
considerarmos todos os pontos da Figura 5.1.
33
Para mais informações sobre a metodologia estatística ver Apêndice C desta pesquisa.
156
Tecnologias adotadas primeiro
14121086420
Total de tecnologias adotadas
20
15
10
5
0
60
5958
57
56
55
54
53
52
51
50
49
48
47
46
45
44
43
42
38
3736
35
34
32
31
30
29
27
26
25
24
21
20
19
18
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
432
41
40
39
33
28
23
22
17
16
1
r=0,548
FIGURA 5.1 - Correlação entre o número de tecnologias adotadas e o número de
tecnologias adotadas primeiro pelas empresas.
Se considerarmos apenas os pontos vermelhos, que são as 10 empresas “adotantes
primeiro”, o coeficiente de correlação encontrado foi r=0,669
. Com esse resultado
pode-se dizer que existe uma correlação positiva moderada
entre as empresas que
primeiro adotam e as empresas que mais adotam novas tecnologias, se considerarmos
as 10 empresas “adotantes primeiro”.
Os pontos destacados em vermelho na Figura 5.1 representam as 10 empresas que
primeiro adotaram as 18 tecnologias, os “adotantes primeiro”, e são as empresas que
foram utilizadas na análise deste capítulo (Empresas 1, 28, 16, 33, 39, 23, 41, 17, 22 e
40). Já os pontos em verde são o restante das empresas pesquisadas.
5.2 CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS ADOTANTES PRIMEIRO
Para essa análise, a pesquisa se baseou no modelo conceitual proposto por Sinde
Cantorna, Diéguez Castrillón e Gueimonde Canto (2007), conforme Figura 2.8 deste
trabalho. Considerando que a indústria demandante é a mesma, que os fornecedores
157
de uma tecnologia são os mesmos e que o ambiente onde ocorre a difusão também é
o mesmo; então, por que algumas empresas adotam essa nova tecnologia antes de
outras empresas? Para essa análise serão considerados apenas os fatores
relacionados com as características das empresas adotantes.
Para responder à pergunta: “Por que algumas empresas construtoras, antes que
outras, adotam uma nova tecnologia?”, os fatores relacionados com as características
da demanda, da oferta, da própria tecnologia e do entorno; não foram considerados.
Foram analisadas apenas as características diferenciadoras das empresas que são:
idade da empresa, tamanho, estrutura organizacional, postura estratégica de inovação,
e estrutura de propriedade. A localização geográfica não foi analisada, devido ao fato
de todas as empresas se situarem na mesma região e não ser uma característica
diferenciadora entre as empresas.
Os fatores relacionados com as características da estrutura organizacional analisados
foram: complexidade (departamentalização e profissionalismo), intensidade
administrativa, folga de recursos, comunicação externa e diferenciação vertical. Alguns
fatores não foram analisados por não influenciarem na fase de decisão da adoção da
nova tecnologia, e outros devido à dificuldade de serem medidos.
Os fatores relacionados com a postura estratégica de inovação da empresa, e que
foram analisados são: a idade dos adotantes, grau de escolaridade, status social
(autopercepção da importância da sua empresa para o setor), atitude mais favorável
para a ciência e estratégia de marketing orientada para novas tecnologias. Os outros
fatores não foram analisados, devido principalmente à dificuldade em se medir valores
pessoais e personalidade por meio de entrevistas.
Como complemento aos fatores anteriores relacionados com as características
diferenciadoras, foi analisada também a utilização de sistemas de gestão nas
empresas e a sua relação com a adoção de novas tecnologias.
Como resultado desta análise, as tabelas 5.3 a 5.21 apresentam as comparações entre
as características das empresas adotantes iniciais e pioneiras, neste trabalho
chamadas de adotantes primeiro; com as características das demais empresas
pesquisadas (chamadas de “adotantes depois”).
158
5.2.1 Idade da empresa
Na caracterização da idade da empresa, encontrou-se que metade das “adotantes
primeiro” são empresas com ano de início de funcionamento após 1985, ou seja,
possuem menos de 14 anos; enquanto que das demais, 72% começaram a funcionar
depois de 1985 (Tabela 5.3). Isso mostra que as adotantes primeiro possuem mais
anos de funcionamento que as demais empresas.
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística entre o ano de início de
funcionamento das empresas adotantes primeiro e as demais empresas, pois p=0,16 >
p=0,05, com isso a idade da empresa não é uma característica diferenciadora das
adotantes primeiro.
TABELA 5.3 – Caracterização da idade da empresa.
Adotantes primeiro
Demais empresas
(adotantes depois)
Total de empresas
pesquisadas
Ano de início de
funcionamento da
empresa
empresas
%
empresas
%
empresas
%
1962 a 1985 5 50,0 14 28,0 19 31,7
1986 a 2007 5 50,0 36 72,0 41 68,3
Total 10 100,0 50 100,0 60 100,0
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística (p=0,160 > p=0,05)
Outro resultado também importante é que do número total de empresas, têm-se 9
(nove) empresas com menos de 7 anos, ou seja, 15 % das empresas pesquisadas são
empresas novas, com ano de início de funcionamento a partir de 2001, que é uma data
posterior à primeira adoção da maioria das tecnologias (com exceção apenas da
tecnologia web B2B e B2C que teve sua 1ª adoção em 2004).
Esse resultado pode ser a explicação do fato de algumas empresas que adotaram
primeiro não serem as mesmas que mais adotaram. Como exemplo pode-se citar a
empresa 46 que adotou 14 tecnologias, mas não apareceu entre as que primeiro
adotaram, devido ao fato de ser uma empresa nova, que passou a funcionar a partir do
ano de 2004.
159
5.2.2 Tamanho da empresa
Na caracterização do tamanho da empresa quanto à receita bruta anual, encontrou-se
que 70% das adotantes primeiro são médias e grandes empresas; enquanto que das
demais, apenas 37,5% são médias e grandes (Tabela 5.4).
Apesar do teste exato de Fisher não mostrar diferença estatística significante, pois
p=0,063 > p=0,05; como o valor deu próximo à área de rejeição, menor que 0,10
(10%), considera-se que o resultado é tendencioso.
Esse resultado mostra que existe uma tendência de que as empresas “médias e
grandes” adotem primeiro, sugerindo que a hipótese inicial desta pesquisa que diz: “as
empresas maiores adotam primeiramente novas tecnologias”; tende a acontecer.
Possivelmente não houve diferença estatística devido ao pequeno tamanho da
amostra.
Mansfield (1993) sugere que um dos fatores que afetam a adoção nas empresas é o
seu tamanho e justifica pelo fato de que as empresas maiores têm mais recursos e
fazem melhor análise dos riscos, por isso adotam mais.
TABELA 5.4 – Caracterização do tamanho da empresa quanto à receita bruta anual das empresas.
Adotantes primeiro
Demais empresas
(adotantes depois)
Total de empresas
pesquisadas
Tamanho da
empresa
empresas
%
empresas
%
empresas
%
Micro e Pequena 3 30,0 30 62,5 33 56,9
Média e Grande 7 70,0 18 37,5 25 43,1
Total 10 100,0 48 100,0 58 100,0
O teste exato de Fisher encontrou valor próximo à área de rejeição (p=0,10 > p=0,063 > p=0,05)
Como complemento à caracterização do tamanho, foi analisada também a existência
de projetos de expansão pelas empresas; pois segundo Baptista (2000), a existência
de projeto de expansão ou de modernização em uma organização está relacionada
com a adoção de novas tecnologias. Como resultado encontrou-se que 90% das
adotantes primeiro possuem projeto de expansão para os próximos 05 anos; enquanto
que das demais, apenas 68,8% possuem algum projeto (Tabela 5.5).
160
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística na comparação entre as
adotantes primeiro e as demais empresas, pois p=0,165 > p=0,05. Entretanto, é
importante destacar que a maioria das empresas pesquisadas, 72,4%, possui projeto
de expansão para os próximos anos (Tabela 5.5). Isso provavelmente pode ser
explicado pelo momento de grande crescimento em que passa o setor da construção
civil no Espírito Santo.
TABELA 5.5 – Caracterização da existência de projeto de expansão da empresa.
Adotantes primeiro
Demais empresas
(adotantes depois)
Total de empresas
pesquisadas
A empresa possui
projeto de expansão
para os próximos 05
anos?
empresas
%
empresas
%
empresas
%
Sim 9 90,0 33 68,8 42 72,4
Não 1 10,0 15 31,3 16 27,6
Total 10 100,0 48 100,0 58 100,0
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística (p=0,165 > p=0,05))
5.2.3 Estrutura organizacional da empresa
Na caracterização da estrutura organizacional da empresa foram analisados os fatores
relacionados com a complexidade, intensidade administrativa, folga de recursos,
comunicação externa e diferenciação vertical. Como complemento nessa análise foi
comparada a utilização de sistemas de gestão pela empresa com a adoção de novas
tecnologias.
5.2.3.1 Complexidade
Segundo Damanpour (1991), a complexidade aumenta a possibilidade de adoção de
novas tecnologias. Na análise da complexidade foram considerados a
“departamentalização” e o “profissionalismo” como possíveis fatores diferenciadores
das empresas adotantes primeiro. A departamentalização
é o número de
departamentos ou unidades diretamente subordinados ao proprietário da empresa (ou
161
principal executivo); e o nível de profissionalismo pode ser medido pelo grau de
escolaridade dos funcionários e pelo índice reservado pela empresa para treinamento.
A departamentalização representa a divisão do trabalho no sentido horizontal, ou seja,
é a diferenciação horizontal. Como resultado encontrou-se que 90% das adotantes
primeiro possuem no mínimo 03 departamentos diretamente subordinados ao
proprietário (ou principal executivo); enquanto que das demais empresas, apenas 60%
possuem no mínimo 03 departamentos (Tabela 5.6).
Pelo teste exato de Fisher encontrou-se p=0,07, valor próximo à área de rejeição, que
está entre p=0,05 e p=0,10. Apesar do resultado não mostrar diferença estatística
significante, pois p>0,05, pode-se dizer que existe uma tendência de que as empresas
que possuem 3 ou mais departamentos diretamente abaixo do nível de gerência ou
proprietário da empresa (maior departamentalização), adotem primeiro.
Esse resultado está de acordo com o trabalho de Damanpour (1991) onde ele afirma
que quanto maior o número de departamentos diretamente abaixo do proprietário,
maior a possibilidade de adoção de novas tecnologias.
TABELA 5.6 – Caracterização da estrutura organizacional quanto a departamentalização da empresa.
Adotantes primeiro
Demais empresas
(adotantes depois)
Total de empresas
pesquisadas
Nº departamentos
abaixo do nível do
proprietário
empresas
%
empresas
%
empresas
%
1 – 2 1 10,0 18 40,0 19 34,5
3 ou mais 9 90,0 27 60,0 36 65,5
Total 10 100,0 45 100,0 55 100,0
O teste exato de Fisher encontrou valor próximo à área de rejeição (p=0,10 > p=0,070 > p=0,05)
Nesta pesquisa, o nível de profissionalismo foi medido pela porcentagem entre o
número de funcionários com nível superior dividido pelo número total de funcionários
(nº funcionários nível superior / nº total funcionários). O índice de treinamento não pode
ser comparado, pois quase todas as empresas pesquisadas disseram não possuir uma
reserva específica para capacitação. As empresas não possuem uma porcentagem da
receita definida especificamente para a capacitação dos funcionários.
Como resultado do nível de profissionalismo, encontrou-se que 55,6% das adotantes
primeiro possuem o nível de profissionalismo maior que 5, ou seja, mais da metade dos
162
adotantes primeiro possuem mais de 5% dos funcionários com nível superior; enquanto
que das demais empresas, esse valor sobe para 70,5% (Tabela 5.7). Isso mostra que
as “adotantes primeiro” possuem uma porcentagem menor de funcionários com nível
superior.
No trabalho de Damanpour (1991), ele demonstra que um maior número de
profissionalismo aumenta a possibilidade de adoção de novas tecnologias,
diferentemente do resultado encontrado neste trabalho. Esse resultado contrário talvez
possa ter sido influenciado pela forma diferente de trabalho entre as empresas
pesquisadas; pois enquanto algumas trabalham com grande número de terceirizados,
outras trabalham apenas com profissionais da própria empresa. Como os terceirizados
não foram considerados na análise do nível de profissionalismo, isso gerou resultados
bem diferentes prejudicando assim a sua análise.
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística na comparação entre as
adotantes primeiro e as demais empresas, pois p=0,308 > p=0,05; percebe-se com
isso que o nível de profissionalismo não é uma característica diferenciadora das
empresas que primeiro adotam novas tecnologias nas edificações da Grande Vitória.
TABELA 5.7 – Caracterização da estrutura organizacional quanto ao profissionalismo.
Adotantes primeiro
Demais empresas
(adotantes depois)
Total de empresas
pesquisadas
Nível de
profissionalismo (nº
func. nível superior /
nº total func.)
empresas
%
empresas
%
empresas
%
<= 5,00 4 44,4 13 29,5 17 32,1
Mais de 5 5 55,6 31 70,5 36 67,9
Total 9 100,0 44 100,0 53 100,0
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística (p=0,308 > p=0,05)
5.2.3.2 Intensidade administrativa
A análise da intensidade administrativa da empresa foi medida pela porcentagem entre
o número de gerentes e engenheiros da empresa, dividido pelo número total de
funcionários (nº gerentes / nº total funcionários).
163
Como resultado encontrou-se que 60% das “adotantes primeiro” possuem o nível de
intensidade administrativa maior que 5, ou seja, em 60% das empresas adotantes
primeiro, mais de 5% dos funcionários são engenheiros ou gerentes; enquanto que das
demais empresas, o valor encontrado foi 46,7% (Tabela 5.8). Isso mostra que as
“adotantes primeiro” possuem uma porcentagem um pouco maior de engenheiros e
gerentes quando comparadas com as demais empresas.
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística na comparação entre as
adotantes primeiro e as demais empresas, pois p=0,340 > p=0,05 (Tabela 5.8). Com
isso, o fato da empresa possuir maior número de engenheiros e gerentes não é uma
característica diferenciadora das empresas “adotantes primeiro”.
Quanto maior a intensidade administrativa, maior a possibilidade de adoção de novas
tecnologias (DAMANPOUR, 1991). O fato do resultado encontrado não mostrar
diferença estatística na comparação entre as empresas, talvez possa ser explicado
pela forma diferente de organização do trabalho entre as empresas pesquisadas, com
relação à utilização de terceirizados. Como os terceirizados não foram considerados na
análise da intensidade administrativa, isso pode ter influenciado no resultado.
TABELA 5.8 – Caracterização da estrutura organizacional relacionada com a intensidade administrativa.
Adotantes primeiro
Demais empresas
(adotantes depois)
Total de empresas
pesquisadas
Nível de intensidade
administrativa da
empresa
(nº gerentes / nº
total funcionários)
empresas
%
empresas
%
empresas
%
<= 5,00
4 40,0 24 53,3 28 50,9
Mais de 5
6 60,0 21 46,7 27 49,1
Total
10 100,0 45 100,0 55 100,0
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística (p=0,340 > p=0,05).
5.2.3.3 Folga de recursos
Na análise da folga de recursos, a empresa foi questionada sobre a porcentagem da
receita bruta anual reservada para investir em inovação, explorar novas idéias ou
implementar uma nova tecnologia. A grande maioria das empresas disse não possuir
uma reserva específica para essas situações; logo, a comparação entre as adotantes
164
primeiro e as demais empresas não pôde ser realizada.
Esse resultado já era esperado, pois segundo Pavitt (1984) o setor da construção civil
encontra-se na categoria dominada pelos fornecedores, onde a maior parte das
inovações utilizadas vem dos fornecedores de equipamentos e materiais (ver sub-item
2.1.5 do capítulo 2 desta pesquisa).
5.2.3.4 Comunicação externa
Nessa análise foi medido o grau de envolvimento e de participação dos membros das
empresas com as atividades de comunicação externa. Segundo Damanpour (1991),
esse envolvimento pode trazer idéias inovativas, ou seja, influencia positivamente na
adoção de novas tecnologias. As atividades analisadas foram: “os membros da
empresa viajam para assistir a reuniões profissionais?”, “a empresa busca informação
sobre novas tecnologias?”, “a empresa é procurada por outras empresas para dar
informação e conselho sobre novas tecnologias?”, e “a empresa tem uma boa rede de
contatos com as outras empresas do setor?”. Além dessas questões, como
complemento na análise da comunicação externa, verificou-se a participação da
empresa em sindicatos ou entidades de classe.
Como resultado do envolvimento das empresas com as atividades de comunicação
externa, encontrou-se que 40% dos membros das adotantes primeiro sempre viajam
para assistir a reuniões profissionais, enquanto que das demais empresas, apenas 8%
disseram que sempre viajam. Importante observar que a grande maioria do total de
empresas pesquisadas, 86,7%, não viaja para assistir a reuniões profissionais, ou
então viaja às vezes (Tabela 5.9).
Encontrou-se também que 80% das adotantes primeiro sempre buscam informação
sobre novas tecnologias, enquanto que das demais empresas, apenas 58% sempre
buscam informação (Tabela 5.9). Apesar de não ser uma característica diferenciadora
entre as empresas, o valor encontrado foi maior para as adotantes primeiro do que
para as demais empresas; o que significa que elas buscam mais informações sobre as
novas tecnologias do que as demais empresas.
165
Nessa análise também foi encontrado que 60% das adotantes primeiro são sempre
procuradas por outras empresas para dar informação e conselho sobre novas
tecnologias; enquanto que apenas 18% das demais empresas disseram serem
procuradas para dar informação (Tabela 5.9). Observar que 75% do total de empresas
pesquisadas não são procuradas para dar informação sobre novas tecnologias, ou
então só são procuradas às vezes.
Na análise da relação da empresa com as outras do setor
, encontrou-se que 80% das
adotantes primeiro possuem bons contatos e 78% das demais empresas disseram
também ter bom relacionamento com as outras empresas (Tabela 5.9). Registra-se
aqui a dificuldade de medir essa relação, pois nas entrevistas percebe-se que as
empresas tendem a afirmar ter um bom relacionamento com as outras empresas,
mesmo que comentem ter alguma dificuldade.
TABELA 5.9 – Caracterização da estrutura organizacional quanto ao grau de envolvimento dos membros
da empresa em atividades de comunicação externa.
Grau de envolvimento dos membros da empresa em atividades de comunicação externa
Adotantes primeiro
Demais empresas
(adotantes depois)
Total de empresas
pesquisadas
Viajam para assistir reuniões
profissionais
empresas
%
empresas
%
empresas
%
Não/Às vezes 6 60,0 46 92,0 52 86,7
Sempre 4 40,0 4 8,0 8 13,3
O teste exato de Fisher mostrou diferença estatística entre as empresas (p=0,05 > p=0,021)
A empresa busca informação
sobre novas tecnologias
Não/Às vezes 2 20,0 21 42,0 23 38,3
Sempre 8 80,0 29 58,0 37 61,7
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística (p=0,172 > p=0,05)
A empresa é procurada para dar
informações sobre novas
tecnologias
Não/Às vezes 4 40,0 41 82,0 45 75,0
Sempre 6 60,0 9 18,0 15 25,0
O teste exato de Fisher mostrou diferença estatística entre as empresas (p=0,05 > p=0,011)
A empresa tem uma boa rede de
contatos com outras empresas do
setor
Não/Às vezes 2 20,0 11 22,0 13 21,7
Sempre 8 80,0 39 78,0 47 78,3
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística (p=0,629 > 0,05)
Total 10 100,0 50 100,0 60 100,0
166
Pelo teste exato de Fisher encontrou-se diferença estatística significante na
comparação entre as empresas que primeiro adotam novas tecnologias e as demais
empresas com relação ao número de viagens para assistir a reuniões profissionais,
onde p=0,021 < p=0,05. Esse resultado mostra que as “adotantes primeiro” viajam
mais para assistir a reuniões profissionais (Figura 5.2).
O teste encontrou também diferença estatística no fato da empresa ser procurada por
outras empresas do setor para dar informão sobre novas tecnologias pois p=0,011 <
p=0,05; mostrando que as empresas que primeiro adotam, são as mais procuradas
para dar conselhos e informações sobre novas tecnologias (Figura 5.2).
Esse resultado confirma a classificação dos adotantes proposta por Rogers (2003),
onde ele afirma que os adotantes iniciais em geral desempenham o papel de líderes e
que os possíveis adotantes os procuram para pedir conselho sobre a nova tecnologia.
FIGURA 5.2 - Comparação do envolvimento dos membros da empresa em atividades de
comunicação externa.
Como complemento na análise da comunicação externa, foi verificada a participação
da empresa em sindicatos ou entidades de classe. Como resultado tem-se que todas
as adotantes primeiro são associadas a algum sindicado, enquanto que das demais
empresas, 83,7% são associadas.
167
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística entre as empresas, pois
p=0,203 > p=0,05. Esse resultado demonstra que o fato da empresa ser associada a
algum sindicato, não representa uma característica diferenciadora entre as empresas.
Mas, é importante destacar o resultado encontrado de que todas as empresas
“adotantes primeiro” são associadas a sindicatos ou entidade de classe (Tabela 5.10).
TABELA 5.10 – Caracterização da estrutura organizacional quanto à participação da empresa em
sindicatos ou entidade de classe.
Adotantes primeiro
Demais empresas
(adotantes depois)
Total de empresas
pesquisadas
A empresa é
associada a algum
sindicato
empresas
%
empresas
%
empresas
%
Sim 10 100,0 41 83,7 51 86,4
Não 0 0,0 8 16,3 8 13,6
Total 10 100,0 49 100,0 59 100,0
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística (p=0,203 > p=0,05).
5.2.3.5 Diferenciação vertical
Na análise da diferenciação vertical, foi medido o número de níveis hierárquicos abaixo
do nível do principal executivo da empresa (ou proprietário), até o nível do canteiro de
obras da empresa.
Como resultado encontrou-se que 70% das “adotantes primeiro” possuem no máximo
03 (três) níveis hierárquicos, enquanto que 86,7% das demais empresas possuem
também no máximo 03 níveis. Observa-se que 83,6% do total das empresas
pesquisadas possuem menos de 04 níveis hierárquicos. Com isso pode-se afirmar que
a grande maioria das empresas que estão construindo edifícios residenciais
multifamiliares ou comerciais na Grande Vitória possui no máximo 03 níveis
hierárquicos (Tabela 5.11).
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística entre as empresas, pois
p=0,200 > p=0,05. Esse resultado demonstra que o número de níveis hierárquicos não
é uma característica diferenciadora entre as empresas.
168
Os resultados obtidos na análise da diferenciação vertical não confirmaram a previsão
de Damanpour (1991), onde o autor sugere que quanto maior a diferenciação vertical,
ou níveis hierárquicos, menor a possibilidade de adoção de novas tecnologias.
TABELA 5.11 – Caracterização da estrutura organizacional quanto à diferenciação vertical.
Adotantes primeiro
Demais empresas
(adotantes depois)
Total de empresas
pesquisadas
Número de níveis
hierárquicos da
empresa
empresas
%
empresas
%
empresas
%
1 – 3 7 70,0 39 86,7 46 83,6
4 6 3 30,0 6 13,3 9 16,4
Total 10 100,0 45 100,0 55 100,0
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística (p=0,200 > p=0,05).
5.2.3.6 Relação entre utilização de sistemas de gestão pela empresa e adoção de
inovação
Como complemento na caracterização da estrutura organizacional, foi analisada a
relação entre o fato da empresa utilizar algum sistema de gestão e a adoção de novas
tecnologias. Como resultado dessa análise encontrou-se que 80% das “adotantes
primeiro” possuem algum sistema de gestão implantado na empresa, enquanto que
das demais empresas, apenas 62% possuem sistemas de gestão (Tabela 5.12).
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística entre as empresas, pois
p=0,239 > p=0,05. Esse resultado demonstra que a utilização de sistemas de gestão
pelas empresas não é uma característica diferenciadora, e não confirma a hipótese
inicial desta pesquisa, que é: “as empresas que possuem sistema de gestão
implantado, adotam primeiramente novas tecnologias”. Logo, o fato da empresa
possuir sistemas de gestão não é uma característica que a diferencia como “adotante
primeiro”.
169
Entretanto, é importante destacar que o valor encontrado da porcentagem de empresas
que utilizam sistemas de gestão entre as “adotantes primeiro” é maior do que o
encontrado para as demais empresas (Tabela 5.12).
TABELA 5.12 – Caracterização da estrutura organizacional quanto ao uso de sistemas de gestão.
Adotantes primeiro
Demais empresas
(adotantes depois)
Total de empresas
pesquisadas
Utiliza sistemas de
gestão
empresas
%
empresas
%
empresas
%
Sim 8 80,0 31 62,0 39 65,0
Não 2 20,0 19 38,0 21 35,0
Total 10 100,0 45 100,0 55 100,0
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística (p=0,239 > p=0,05).
5.2.4 Postura estratégica de inovação
Na caracterização da postura estratégica de inovação foram consideradas as seguintes
análises: da estratégia de marketing, da existência de gerência específica de inovação,
da idade e escolaridade do principal decisor da empresa e da percepção do decisor da
importância da ciência e da sua empresa para o setor.
Na estratégia de marketing
, foi analisada a existência de uma estratégia de marketing
orientada para novas tecnologias, ou seja, se a empresa utiliza a adoção de novas
tecnologias como marketing em sua empresa. Como resultado encontrou-se que
metade das adotantes primeiro utiliza a adoção de novas tecnologias como marketing
da empresa; enquanto que das demais empresas, apenas 42% utilizam essa estratégia
de marketing (Tabela 5.13).
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística entre as comparações, pois
p=0,450 > p=0,05, o que demonstra que não evidência entre a estratégia de marketing
e a postura estratégica da inovação da empresa. Esse resultado não confirma o
proposto por Frambach e Shillewaert (2002) de que as empresas que possuem
estratégia de marketing orientada para novas tecnologias, inovam primeiramente
(Tabela 5.13); apesar da porcentagem das empresas adotantes primeiro que utilizam
170
as novas tecnologias como marketing da empresa ser ligeiramente superior à
porcentagem das demais empresas.
Observa-se na Tabela 5.13, que 56,7% do total das empresas pesquisadas não
possuem estratégia de marketing orientada para a adoção de novas tecnologias, ou
seja, mais da metade das empresas pesquisadas não explora o fato de utilizar novas
tecnologias como uma estratégia de marketing da empresa.
TABELA 5.13 – Caracterização da postura estratégica de inovação quanto ao uso de estratégia de
marketing orientada para novas tecnologias.
Adotantes primeiro
Demais empresas
(adotantes depois)
Total de empresas
pesquisadas
Utiliza estratégia de
marketing orientada
para novas
tecnologias
empresas
%
empresas
%
empresas
%
Sim 5 50,0 21 42,0 26 43,3
Não 5 50,0 29 58,0 34 56,7
Total 10 100,0 50 100,0 60 100,0
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística (p=0,450 > p=0,05).
Na análise da existência de gerência específica de inovação
, encontrou-se como
resultado que apenas 20% das adotantes primeiro possuem uma gerência de inovação
na empresa; enquanto que das demais empresas, esse valor passa a ser 16,3%
(Tabela 5.14).
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística entre as adotantes primeiro e
as demais empresas, pois p=0,542 > p=0,05, ou seja; o fato da empresa ter uma
gerência de inovação, não é uma característica diferenciadora da adotante primeiro
(Tabela 5.14).
Observa-se na Tabela 5.14, que 83,1% do total das empresas pesquisadas não
possuem uma gerência de inovação. O fato da grande maioria das empresas
pesquisadas não possuírem gerencia específica de inovação, provavelmente pode ser
explicada pelo fato da maior parte das inovações na construção civil virem dos
fornecedores (PAVITT, 1984).
171
TABELA 5.14 – Caracterização da postura estratégica de inovação quanto à existência de gerência
específica de inovação na empresa.
Adotantes primeiro
Demais empresas
(adotantes depois)
Total de empresas
pesquisadas
Existência de
gerência específica
de inovação na
empresa.
empresas
%
empresas
%
empresas
%
Sim 2 20,0 8 16,3 10 16,9
Não 8 80,0 41 83,7 49 83,1
Total 10 100,0 49 100,0 59 100,0
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística (p=0,542 > p=0,05).
Na análise da idade do principal decisor
, que é a pessoa que toma as decisões na
empresa quando o assunto é a adoção de novas tecnologias, encontrou-se como
resultado que 90,0% dos decisores das adotantes primeiro possuem idade superior a
40 anos; enquanto que das demais empresas, esse valor passa a ser 65,3% (Tabela
5.15).
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística na comparação entre a idade
do decisor das adotantes primeiro e das demais empresas, pois p=0,118 > p=0,05
(Tabela 5.15). Esse resultado demonstra que não há evidência entre a relação da
idade do decisor, e a postura estratégica de inovação da empresa, confirmando a
hipótese de Rogers (2003), de que não há relação entre a relação da idade do decisor,
e a postura estratégica da empresa.
Importante destacar que quase 70% das empresas pesquisadas possuem seus
decisores com idade superior a 40 anos.
TABELA 5.15 – Caracterização da postura estratégica de inovação quanto à idade do decisor.
Adotantes primeiro
Demais empresas
(adotantes depois)
Total de empresas
pesquisadas
Idade do decisor da
empresa
empresas
%
empresas
%
empresas
%
Até 40 anos 1 10,0 17 34,7 18 30,5
41 anos ou mais 9 90,0 32 65,3 41 69,5
Total 10 100,0 49 100,0 59 100,0
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística (p=0,118 > p=0,05).
172
Na análise da escolaridade do principal decisor, encontrou-se como resultado que
nenhuma das empresas adotantes primeiro possuem decisores com pós-graduação
completa; enquanto que das demais empresas, 34,7% delas possuem decisores com
pós-graduação (Tabela 5.16).
TABELA 5.16 – Caracterização da postura estratégica de inovação relacionada com a escolaridade do
decisor.
Adotantes primeiro
Demais empresas
(adotantes depois)
Total de empresas
pesquisadas
Escolaridade do
decisor
empresas
%
empresas
%
empresas
%
Até pós-graduação
incompleta
10 100,0 32 65,3 42 71,2
Pós-graduação
completa
0 0,0 17 34,7 17 28,8
Total 10 100,0 49 100,0 59 100,0
O teste exato de Fisher mostrou diferença estatística entre as empresas (p=0,05 > p=0,023)
Pelo teste exato de Fisher encontrou-se diferença estatística significante na
comparação entre a escolaridade do decisor das adotantes primeiro e das demais
empresas, pois p=0,05 > p=0,023 (Figura 5.3). Com isso pode-se afirmar que os
decisores das adotantes primeiro possuem escolaridade inferior aos decisores das
demais empresas.
Nenhuma das empresas adotantes primeiro possuem decisores com pós-graduação
completa, enquanto que 34,7% das demais empresas possuem decisores com essa
graduação (Tabela 5.16). Esse resultado encontrado é o oposto ao esperado e rejeita a
hipótese de Rogers (2003), de que as empresas que primeiro adotam novas
tecnologias possuem decisores com mais anos de educação do que as adotantes
depois.
Como uma análise futura, sugere-se verificar se existe relação entre a escolaridade
dos decisores das “adotantes primeiro” e a idade dessas empresas. Esse resultado
pode ter sido influenciado pelo fato das empresas mais novas terem seu início de
funcionamento depois da data de início das primeiras adoções das tecnologias, e por
isso não apareceram como “adotantes primeiro”.
173
FIGURA 5.3 – Comparação do nível de escolaridade do decisor da empresa.
Na análise da opinião do decisor da empresa sobre a ”importância da ciência para o
desenvolvimento do setor” e da “percepção da importância da sua empresa para o
setor da construção civil”, os resultados serão atribuídos à empresa e não ao perfil do
seu principal decisor; pois nem sempre o respondente dos questionários desta
pesquisa, era o decisor da empresa.
Como resultado da opinião sobre a importância da ciência para o desenvolvimento do
setor, tem-se que 80% das adotantes primeiro consideram a ciência muito importante
para o desenvolvimento do setor e das demais empresas 82% também consideram a
ciência muito importante (Tabela 5.17).
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística entre as adotantes primeiro e
as demais empresas, pois p=0,591 > p=0,05, ou seja; a atitude mais favorável à ciência
não é uma característica diferenciadora das empresas adotantes primeiro (Tabela
5.17). Esse resultado não confirma a hipótese de Rogers (2003) de que as empresas
que primeiro adotam novas tecnologias são mais favoráveis à ciência.
Nenhuma das empresas pesquisadas considerou a ciência pouco importante ou sem
importância para o desenvolvimento do setor. Esse resultado pode ter sido induzido
pelo fato desta pesquisa fazer parte de uma dissertação de mestrado, e estar
relacionada com o meio acadêmico; conforme percepção da autora desta pesquisa
174
durante as entrevistas, pois apesar de todas as empresas afirmarem que a ciência é
importante ou muito importante para o desenvolvimento do setor, registra-se aqui a
dificuldade em se agendar as entrevistas em várias empresas da população desta
pesquisa. Tanto que a pesquisa só foi realizada em 60 das 83 empresas do total da
população.
TABELA 5.17 – Caracterização da postura estratégica de inovação quanto à importância da ciência para
o desenvolvimento do setor.
Adotantes primeiro
Demais empresas
(adotantes depois)
Total de empresas
pesquisadas
Importância da
ciência para o
desenvolvimento do
setor
empresas
%
empresas
%
empresas
%
Muito importante
8 80,0 41 82,0 49 81,7
Importante
2 20,0 9 18,0 11 18,3
Pouco/sem import.
0 0,0 0 0,0 0 0,0
Total
10 100,0 50 100,0 60 100,0
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística (p=0,591 > p=0,05)
Como resultado da percepção da importância da empresa para o setor da construção
civil, encontrou-se como resultado que 50% das empresas adotantes primeiro disseram
considerar sua empresa muito importante para o setor; enquanto que das demais,
apenas 16% se consideram muito importantes (Tabela 5.18). Isso demonstra que na
percepção da própria empresa adotante primeiro, metade delas se considera muito
importante para o setor da construção civil no Espírito Santo.
TABELA 5.18 – Caracterização da postura estratégica de inovação quanto à percepção da importância
da empresa para o setor da construção.
Adotantes primeiro
Demais empresas
(adotantes depois)
Total de empresas
pesquisadas
Percepção da
importância da
empresa para o
setor
empresas
%
empresas
%
empresas
%
Muito importante
5 50,0 8 16,0 13 21,7
Importante/ Pouco e
Sem importância
5 50,0 42 84,0 47 78,3
Total 10 100,0 50 100,0 60 100,0
O teste exato de Fisher mostrou diferença estatística entre as empresas (p=0,05 > p=0,031)
Pelo teste exato de Fisher encontrou-se p=0,031 < p=0,05. Esse resultado demonstra
que na comparação entre as adotantes primeiro e as demais empresas, existe uma
175
diferença estatística significante relacionada com o grau de importância percebido pela
própria empresa, como sendo muito importante para o setor da construção civil no
Espírito Santo (Figura 5.4). Com isso, a percepção da importância da sua empresa
para o setor é uma característica diferenciadora da empresa adotante primeiro; e
confirma a proposta do trabalho de Rogers (2003) que relaciona positivamente a
postura estratégica de inovação na empresa, com o status social relacionado com a
autopercepção de identificação e de prestígio com o setor.
Uma hipótese inicial desta pesquisa era que: “a característica empresarial que implica
uma maior propensão em adotar uma nova tecnologia é a sua estratégia de inovação”.
Essa hipótese não pode ser comparada diretamente, pois não foi especificado em
relação a qual característica da postura estratégica ela está relacionada; pois a
hipótese não foi muito bem formulada. Entretanto, se considerarmos a percepção da
importância da sua empresa para o setor como caracterização da postura estratégica
de inovação, pode-se considerar que a hipótese inicial foi confirmada.
FIGURA 5.4 – Comparação da percepção da importância da empresa para o setor da construção
civil no Espírito Santo.
176
5.2.5 Estrutura de propriedade
Na caracterização da estrutura de propriedade foram analisados o número de sócios
proprietários e o tipo de administração da empresa.
Na análise do numero de sócios proprietários da empresa
, encontrou-se como
resultado que metade das empresas adotantes primeiro possuem mais de 03 sócios
proprietários; enquanto que para as demais, apenas 18,7% possuem mais de 03 sócios
(Tabela 5.19).
TABELA 5.19 – Caracterização da estrutura de propriedade quanto ao número de sócios proprietários.
Adotantes primeiro
Demais empresas
(adotantes depois)
Total de empresas
pesquisadas
Número de sócios
proprietários
empresas
%
empresas
%
empresas
%
1 – 3 5 50,0 39 81,3 44 75,9
Mais de 3 5 50,0 9 18,7 14 24,1
Total 10 100,0 48 100,0 58 100,0
O teste exato de Fisher mostrou diferença estatística entre as empresas (p=0,05 = p=0,05)
Pelo teste exato de Fisher encontrou-se p=0,05, demonstrando que na comparação
entre as adotantes primeiro e as demais empresas, existe uma diferença estatística
significante (Figura 5.5). Com isso, pode-se afirmar que o número de sócios
proprietários da empresa é uma característica diferenciadora das adotantes primeiro e
que empresas com mais de 3 sócios proprietários adotam primeiramente novas
tecnologias. Esse resultado confirma as hipóteses de Karshenas e Stoneman (1993) e
de Sinde Cantorna (2004), onde os autores sugerem que o risco de adoção seria
menor nos casos em que o capital da empresa estiver distribuído entre diferentes
acionistas, se comparados com empresas que pertencem a uma única pessoa.
177
FIGURA 5.5 – Comparação relacionada com o número de sócios proprietários das empresas.
Na análise da caracterização da estrutura de propriedade relacionada com o tipo de
administração da empresa, encontrou-se como resultado que 40% das empresas
adotantes primeiro possuem administração profissional; enquanto que para as demais,
encontrou-se apenas 29,2% (Tabela 5.20).
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística, pois p=0,772 > p=0,05. Esse
resultado demonstra que o fato da empresa ter uma administração profissional, não é
uma característica diferenciadora da empresa adotante primeiro.
A pesquisa realizada nas empresas sobre o tipo de administração, encontrou que
37,9% delas são de administração familiar, que 31% tem administração profissional, e
que os restantes 31% tem administração mista; ou seja, as gerências são ocupadas
tanto por pessoas da família como por profissionais contratados. Isso mostra que existe
uma certa proporcionalidade entre os 03 tipos de administração nas empresas de
edificações pesquisadas (Tabela 5.20). Esse resultado foi uma surpresa, pois o que
mais se escuta nas reuniões e nas conversas com representantes do setor é que as
empresas de edificações são na maioria gerenciadas por administração familiar.
178
TABELA 5.20 – Caracterização da estrutura de propriedade quanto ao tipo de administração da
empresa.
Adotantes primeiro
Demais empresas
(adotantes depois)
Total de empresas
pesquisadas
Tipo de
administração da
empresa
empresas
%
empresas
%
empresas
%
Administração
familiar
3 30,0 19 39,6 22 37,9
Administração
profissional
4 40,0 14 29,2 18 31,0
Mista
3 30,0 15 31,3 18 31,0
Total 10 100,0 48 100,0 58 100,0
O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística (p=0,772 > p=0,05)
5.2.6 Considerações finais sobre as características das adotantes primeiro
Para fechamento deste capítulo, foi elaborada uma tabela com o resumo das
características diferenciadoras das empresas “adotantes primeiro” (Tabela 5.21).
TABELA 5.21 – Características diferenciadoras das empresas “adotantes primeiro”.
Características das
adotantes primeiro
Valores
de p
Resultado
TAMANHO DA EMPRESA
p
*2
=0,063
Esse resultado mostra que existe uma tendência de que
as empresas “médias e grandes” adotem primeiramente.
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
-complexidade
*departamentalização
p
*2
=0,070
Existe uma tendência de que as empresas que possuem 3
ou mais departamentos diretamente abaixo do nível de
gerência ou proprietário da empresa, adotem primeiro.
-comunicação externa
*viagem dos membros
*e a empresa é procurada
para dar informação
p
*1
=0,021
p
*1
=0,011
Esse resultado mostra que as adotantes primeiro viajam
mais para assistir a reuniões profissionais.
As empresas que primeiro adotam, são as mais
procuradas para dar conselhos e informações sobre novas
tecnologias.
POSTURA ESTRATEGICA DE INOVAÇÃO
-escolaridade do decisor p
*1
=0,023
Os decisores das adotantes primeiro possuem
escolaridade inferior aos das demais empresas.
-importância da empresa p
*1
=0,031
A percepção da importância da sua empresa para o
desenvolvimento do setor é uma característica
diferenciadora das adotantes primeiro.
ESTRUTURA DE PROPRIEDADE
-nº de sócios proprietários p
*1
=0,050
Empresas com mais de 3 sócios proprietários adotam
primeiramente novas tecnologias.
*1
p
(encontrado)
p=0,05 – O teste exato de Fisher encontrou diferença estatística significante.
*2
p=0,10 > p
(encontrado)
> p=0,05 – O teste exato de Fisher não mostrou diferença estatística
significante, mas encontrou valores próximos à área de rejeição.
179
CAPÍTULO 6
FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO DE ADOÇÃO E
DIFUSÃO DAS “PORTAS PRONTAS” E DO “DRY-WALL”
6.1 INTRODUÇÃO
Uma das vantagens de estudar uma inovação quando o processo de difusão ainda
está ocorrendo, é a possibilidade de olhar de perto o porquê dos não-adotantes terem
decidido por não usarem a nova tecnologia.
As características percebidas da nova tecnologia podem ser consideradas como as
opiniões refletidas em uma atitude para a inovação. As características da nova
tecnologia influenciam na decisão da sua adoção ou não-adoção. Entre as
características da inovação que incidem na decisão da adoção temos: a vantagem
relativa, a compatibilidade, a complexidade, a possibilidade de experimentação, a
observação, a modificabilidade, o risco e a incerteza, o preço de aquisição, o custo
para implantar e a necessidade sentida. Para essa análise, os fatores relacionados
com a indústria demandante, a indústria ofertante e o ambiente não foram
considerados.
Este capítulo tem como objetivos: 1) apresentar os resultados da análise das
características da própria tecnologia que impactam negativamente no seu processo de
adoção e difusão e 2) comparar as principais características das tecnologias que
impactam o seu processo de difusão na percepção dos usuários e não-usuários.
Essa análise foi feita para as tecnologias “portas prontas” e “dry-wall”. O item 6.2
refere-se à análise das características da tecnologia portas prontas e o item 6.3 refere-
se às características do dry-wall.
180
6.2 PORTAS PRONTAS
A principal diferença entre a porta convencional e a tecnologia “portas prontas” está no
processo de instalação da porta. O conjunto das portas prontas já vem todo completo,
com fechadura e dobradiças colocadas e sua instalação só acontece no final da obra.
Essa tecnologia exige que o produto seja definido desde a fase de planejamento da
obra, em função principalmente da padronização dos vãos que deverão ser previstos
para o futuro encaixe da porta pronta.
6.2.1 Características da própria tecnologia
Na análise da decisão da adoção das ”portas prontas”, de aceitar ou rejeitar a nova
tecnologia, verificou-se a realização pelas empresas de algum estudo comparativo da
nova tecnologia com a tecnologia que ela substitui, no momento dessa decisão. O
resultado encontrado foi que 79,7% das empresas fizeram comparação entre a porta
convencional e a porta pronta (Tabela 6.1).
Como resultado da comparação econômica, o mais citado pelas empresas foi que a
porta pronta teria o seu custo um pouco menor que a tecnologia que ela substitui.
TABELA 6.1 – Realização de estudo comparativo para a decisão da adoção da “porta pronta”.
Foi realizado estudo
Nº empresas
Percentual
%
Sim
47 79,7
Não
10 16,9
Não sabe
2 3,4
Total
59 100,0
Antes de se analisar as características da tecnologia de forma direta, por meio de uma
tabela; foi perguntado de forma espontânea e aberta ao entrevistado a sua opinião
sobre qual é o principal fator que interfere negativamente na difusão das portas prontas
no Espírito Santo. O fator mais citado foi a falta de fornecedores especializados
(de
qualidade).
181
Como resultado da análise das características da própria tecnologia “portas prontas”,
têm-se que 96,6% das empresas pesquisadas consideram que a tecnologia possui, de
forma geral, vantagem relativa
em relação à tecnologia que substitui, ou seja, ela é
melhor que a antiga. A vantagem relativa também foi medida de forma específica,
considerando: vantagem econômica, superioridade técnica e prestígio social. Os
resultados encontrados foram: que 80,7% das empresas consideram que a tecnologia
possui maior vantagem econômica; que 89,7% das empresas consideram que as
portas prontas possuem superioridade técnica com relação às portas convencionais; e
que 61,4% consideram que ela trará prestígio social à empresa, com a sua utilização
(Tabela 6.2).
Com relação à compatibilidade,
a Tabela 6.2 mostra que 84,7% das empresas
pesquisadas percebem que a tecnologia é compatível com os demais processos
construtivos da empresa, com a cultura local e com as normas sociais.
Na análise da complexidade
, nenhuma das empresas pesquisadas considerou que a
tecnologia portas prontas é complexa, ou seja, todas as empresas percebem que é
fácil sua compreensão e utilização (Tabela 6.2).
Com relação à possibilidade de experimentação
e de observação, os resultados
encontrados foram que 94,8% das empresas pesquisadas consideram que a tecnologia
pode ser testada na empresa antes de sua aquisição, e que 98,3% disseram ter a
possibilidade de observar a tecnologia em outra empresa, para análise dos seus
resultados (Tabela 6.2).
Na análise da modificabilidade
, encontrou-se que 91,1% das empresas consideram
que a tecnologia pode ser modificada ou recriada para se adequar às mudanças e
necessidades da empresa (Tabela 6.2).
Quando foi perguntado à empresa se a tecnologia portas prontas é um risco, devido à
incerteza quanto ao desempenho, à perda econômica, ou à perda de qualidade; como
resultado encontrou-se que 94,8% das empresas responderam que não consideram
que a tecnologia seja um risco (Tabela 6.2).
Como resultado da análise do preço de aquisição
e do custo da tecnologia, encontrou-
se que 86,4% das empresas não consideram a tecnologia com o preço de aquisição
182
muito alto; e que 89,8% também não consideram que ela possui alto custo para
implantar nos processos produtivos da empresa (Tabela 6.2).
Na análise da necessidade de substituição da tecnologia antiga pelas portas prontas
devido a problemas com a tecnologia atual, solicitação de clientes, ou exigências
externas (Normas e exigências legais); encontrou-se que 57,6% das empresas a
consideram necessária para substituir a porta convencional (Tabela 6.2).
TABELA 6.2 – Características percebidas da própria tecnologia “portas prontas”.
Sim Não
Na sua opinião, a tecnologia portas prontas:
Empresas*
34
%
E
mpresas*
%
A – Possui vantagem relativa em relação à
tecnologia que substitui?
57 96,6
2 3,4
B – Possui maior vantagem econômica?
46 80,7
11 19,3
C – Possui superioridade técnica?
52 89,7
6 10,3
D – Trará prestígio social à sua empresa?
35 61,4
22 38,6
E – É compatível com: os demais processos
construtivos da empresa e com a cultura local?
50 84,7
9 15,3
F – É considerada pela empresa uma tecnologia
complexa?
0 0,0 59 100
G – Tem a possibilidade de ser testada, na
empresa, antes de sua aquisição?
55 94,8
3 5,2
H – Tem a possibilidade de ser observada, em
outra empresa?
58 98,3
1 1,7
I – Pode ser modificada ou recriada para se
adequar à empresa?
51 91,1
5 8,9
J – É um risco, devido à incerteza quanto ao
desempenho, à perda econômica, à perda de
qualidade?
3 5,2 55 94,8
K – É uma tecnologia com o preço de aquisição
muito alto?
8 13,6 51 86,4
L – Possui alto custo para implantar nos
processos produtivos da empresa?
6 10,2 53 89,8
M – É necessária para substituir a tecnologia
antiga?
34 57,6
25 42,4
Como complemento à análise, as empresas escolheram na Tabela 6.2 quais as
características da própria tecnologia, que na opinião delas, mais interferem
34
* Importante observar que algumas características não foram respondidas por algumas empresas, por
considerarem não ter condições de analisar aquela característica específica; com isso percebe-se que o
número total de respondentes nem sempre é o mesmo na Tabela 6.2.
183
negativamente na difusão das portas prontas. Como resultado têm-se os dados da
Tabela 6.3 que mostra os 03 (três) fatores mais citados pelas empresas.
Importante destacar que o mais citado pelas empresas foi que na opinião delas
nenhuma das características listadas na Tabela 6.2 interfere na difusão da tecnologia
.
O resultado encontrado foi que 29 empresas (48,3% do total) consideraram que
nenhuma das características analisadas interfere negativamente na difusão das portas
prontas. Isso mostra que quase metade das empresas considerou que não existe
nenhuma característica da própria tecnologia que interfere na sua difusão (Tabela 6.3).
Os outros 02 (dois) fatores mais citados pelas empresas como aqueles que mais
interferem negativamente na difusão das portas prontas no Estado foram: o fato da
tecnologia não ser considerada necessária para substituir a tecnologia antiga, mesmo
assim ela foi citada por apenas 11 empresas (18,7% do total); e o alto preço de
aquisição, que foi apontado por 10 empresas (16,7%).
TABELA 6.3 – Fatores da própria tecnologia que mais interferem negativamente na difusão das “portas
prontas”.
Fatores que interferem negativamente na difusão da
tecnologia portas prontas
empresas
%
Nenhuma das características interfere na difusão
29 48,3
Ela não é necessária para substituir a tecnologia antiga
11 18,3
É uma tecnologia com o preço de aquisição muito alto
10 16,7
Os resultados obtidos mostram que o fator que mais interfere negativamente na difusão
da “porta pronta” não está nas características da própria tecnologia e sim nos fatores
da indústria ofertante, pois está relacionado com a falta de fornecedores especializados
e de qualidade.
6.2.2 Análise das portas prontas pelas empresas que utilizam a tecnologia
Além das características da própria tecnologia, foram coletados outros dados para
complementar as informações sobre as portas prontas.
184
Encontrou-se que 42 empresas, ou seja, 70% das empresas utilizam a tecnologia.
Como já foi visto no subitem 4.1.7 do capítulo 4 desta pesquisa, essa tecnologia teve
uma velocidade de difusão rápida, ou seja, ela já está sendo utilizada por mais de 2/3
(66,67%) do total das empresas pesquisadas.
Das 18 empresas que não utilizam a tecnologia, 14 empresas disseram que pretendem
usar, 1 empresa disse não ter interesse em utilizar a porta pronta, 2 empresas não
sabem se vão utilizar a tecnologia e 1 já usou e não usa mais. Esse resultado mostra
que existe uma expectativa de que as portas prontas atinjam a grande maioria das
empresas (Tabela 6.4).
Das 60 empresas pesquisadas, 57 empresas disseram conhecer a tecnologia e ter
bastante informação, 02 empresas disseram conhecer apenas superficialmente, e 01
empresa disse não conhecer a tecnologia (Tabela 6.4).
TABELA 6.4 – Uso e conhecimento da tecnologia “portas prontas”.
Uso e conhecimento sobre a tecnologia
Nº empresas
Percentual
(%)
Conhece
Sim, e tenho bastante informação 57
95,0
Sim, conheço superficialmente 2
3,3
Não conheço 1
1,7
A empresa utiliza a tecnologia
Sim 42
70,0
Não 18
30,0
Se não utiliza, pretende usar
Sim 14
77,7
Não 1
5,6
Não sabe 2
11,1
Já utilizou 1 5,6
Os dados para a análise da utilização das portas prontas foram obtidos dos
questionários respondidos pelas 42 empresas que utilizavam a tecnologia no momento
da pesquisa. Este item mostra os resultados desses dados coletados.
Todas as empresas que utilizavam a tecnologia portas prontas no momento da
pesquisa disseram ter interesse em continuar usando a tecnologia (Tabela 6.5).
185
TABELA 6.5 - Interesse em continuar usando as “portas prontas”.
A empresa tem interesse em continuar usando a
tecnologia?
Nº empresas Percentual
Sim
42 100,0
Não
0 0,0
Não sabe
0 0,0
Total
42 100,0
No questionário respondido pelas empresas foram feitas algumas perguntas por meio
de questões abertas, respondidas de forma espontânea pelo entrevistado. Dentre elas
temos: qual foi a razão para se adotar a tecnologia e quais as principais dificuldades
encontradas com o seu uso.
Com relação à pergunta sobre qual a razão para adotar a tecnologia portas prontas
, as
mais citadas foram: a rapidez na montagem (produtividade), produto de melhor
qualidade, boa relação custo x benefício, e problemas com a tecnologia anterior (os
marcos se danificam no decorrer da obra). Outras razões citadas foram: a postergação
do desembolso, a racionalização de alguns serviços, a praticidade, a industrialização
do processo, a garantia, a má qualidade da mão-de-obra atual (marceneiro), a limpeza
da obra e, para acompanhar o desenvolvimento do setor (essa razão mostra que o
adotante está na categoria dos adotantes da maioria final, que são aqueles em que a
pressão social pelo uso da tecnologia é um fator importante de convencimento).
Com relação às principais dificuldades encontradas na utilização da porta pronta
, as
duas mais citadas foram: a falta da cultura de padronização e os problemas com
fornecedores. Outras dificultadas citadas foram: a falta de fornecedor especializado,
dificuldade em encontrar gabaritos, e o armazenamento necessário.
Das 42 empresas que utilizam a tecnologia, 28 delas (66,7%) disseram existir mudança
quanto à gestão da mão-de-obra para a execução das portas prontas na empresa
(Tabela 6.6). As mudanças citadas foram: a exigência de treinamento da mão-de-obra,
a diminuição do número de trabalhadores na obra, a substituição do marceneiro pelo
montador e o aperfeiçoamento na gestão da mão-de-obra.
186
TABELA 6.6 - Gestão de mão-de-obra para execução das “portas prontas”.
Existe mudança quanto à gestão da mão-de-obra? Nº empresas Percentual
Sim
28 66,7
Não
14 33,3
Total
42 100,0
Na caracterização da relação do fornecedor da porta pronta com o usuário foram
analisados: a localização da empresa que fornece a tecnologia, sua relação com a
empresa usuária, quantos fornecedores existem na Grande Vitória e se é o próprio
fornecedor que realiza a execução (ou colocação) da tecnologia na empresa. Foi
analisado também se a empresa usuária tem facilidade em encontrar mão-de-obra
especializada na colocação da porta pronta.
Como resultado encontrou-se que 69% das empresas que utilizam as portas prontas
possuem fornecedores localizados na Grande Vitória e 9,6% possuem fornecedores de
outras cidades do Espírito Santo, resultando num total de 78,6% das empresas com
fornecedores no Estado. Encontrou-se também que 21,4% das empresas possuem
fornecedores localizados em outros estados brasileiros (Tabela 6.7).
TABELA 6.7- Localização da empresa que fornece as “portas prontas”.
Localização
Nº empresas Percentual
Na Grande Vitória
29 69,0
Nas outras cidades do Espírito Santo
4 9,6
Em outros estados brasileiros
9 21,4
Total
42 100,00
Na análise da relação das empresas usuárias, com os fornecedores da tecnologia
encontrou-se que 92,9% disseram ter uma relação satisfatória, e que apenas 7,1%
disseram não ter uma boa relação com o fornecedor. Esse resultado não era esperado,
quando se compara com uma das principais dificuldades encontradas na utilização da
porta pronta que são os problemas com os fornecedores. Apesar da empresa ter dito
anteriormente que tem problemas com o fornecedor, a maioria delas diz que a sua
relação com o fornecedor é satisfatória (TABELA 6.8
).
187
TABELA 6.8 - Relação da empresa com o fornecedor das “portas prontas”.
A relação da sua empresa com o fornecedor das
portas prontas é satisfatória?
Nº empresas Percentual
Sim 39 92,9
Não 3 7,1
Total 42 100,0
Com relação ao número de empresas fornecedoras das portas prontas, como resultado
obteve-se os valores da Tabela 6.9, no qual se verifica que não houve consenso sobre
o número de empresas fornecedoras existentes na Grande Vitória, pois 38,1%
disseram ter 02 empresas, 28,6% disseram 03 empresas, 19% falaram em mais de 03,
e 4,8% em 01 empresa. Isso pode estar acontecendo pela falta de informação e
poderia ser evitado com uma melhor divulgação das empresas.
TABELA 6.9 – Número de empresas fornecedoras da tecnologia na Grande Vitória.
Nº empresas fornecedoras na Grande Vitória Nº empresas Percentual
Uma 2 4,8
Duas 16 38,1
Três 12 28,6
Mais de três 8 19,0
Não sabe 4 9,5
Total 42 100,0
Com relação a quem executa a colocação das portas prontas nas empresas; em 42,9%
das empresas quem realiza essa atividade é o próprio fornecedor da tecnologia, em
35,7% é outra empresa contratada, e em 21,4% quem executa é a própria empresa
usuária (Tabela 6.10). Isso demonstra que não há um padrão com relação a quem
realiza essa atividade nas empresas usuárias da porta pronta.
TABELA 6.10 – Colocação das ”portas prontas”.
Quem realiza a colocação das portas prontas? Nº empresas Percentual
A própria empresa 9 21,4
O fornecedor 18 42,9
Outra empresa 15 35,7
Total 42 100,0
188
Para as empresas que responderam “a própria empresa” ou “outra empresa” na Tabela
6.10 anterior, foi analisado se elas tinham facilidade em encontrar mão-de-obra ou
empresa especializada na colocação da porta pronta. Como resultado encontrou-se
que 62,5% disseram ter facilidade em encontrar profissionais ou empresas
especializadas para a colocação das portas prontas, enquanto que 37,5% disseram
não ter essa facilidade (Tabela 6.11).
TABELA 6.11 – Facilidade de mão-de-obra e empresa especializada.
Facilidade em encontrar mão-de-obra ou empresa
especializada na colocação da porta pronta?
Número Percentual
Sim 15 62,5
Não 9 37,5
Total 24 100,0
6.2.3 Comparação entre as empresas usuárias e não usuárias das portas
prontas
Como resultado da comparação entre as usuárias e não-usuárias, percebe-se que não
houve muita diferença entre a porcentagem de empresas que realizaram algum estudo
no momento da decisão da adoção. Pois, 81% das empresas usuárias disseram
realizar estudo comparativo e 76,5% das não-usuárias das portas prontas também
realizaram estudo no momento da decisão da adoção (Tabela 6.12).
TABELA 6.12 – Estudo comparativo na decisão de aceitar ou rejeitar a tecnologia.
Usuária da tecnologia
Não usuária da
tecnologia
Foi realizado estudo
empresas
%
empresas
%
Sim 34 81,0 13 76,5
Não 7 16,6 3 17,6
Não sabe 1 2,4 1 5,9
Total
42 100,0 17 100,0
Entretanto, os estudos comparativos realizados pelas empresas, geraram resultados
bem diferentes, quando se compara o resultado das usuárias e não-usuárias da
189
tecnologia. Nas empresas usuárias das portas prontas o resultado econômico mais
citado foi que a nova tecnologia tem um custo menor
em relação a tecnologia que
substitui. Entretanto, para as empresas não-usuárias, o resultado econômico mais
citado foi que a nova tecnologia é mais cara
que a tecnologia atual.
Esse resultado está de acordo com o trabalho de Mansfield (1993) onde ele relata que
as empresas usuárias das tecnologias têm uma expectativa de taxa de retorno maior
do que as empresas não-usuárias.
Na Tabela 6.13 está demonstrada a comparação entre o principal fator que mais
interfere negativamente na difusão das portas prontas na opinião dos entrevistados. O
mais citado na opinião tanto das empresas usuárias como das não-usuárias da
tecnologia é que nenhum dos fatores da própria tecnologia interfere na sua difusão no
Espírito Santo.
A Tabela 6.13 mostra que esse resultado foi citado por 22 (52,4%) empresas usuárias
das portas prontas e por 7 (38,9%) empresas não-usuárias da tecnologia.
TABELA 6.13 – Comparação da percepção entre as empresas usuárias e não-usuárias dos fatores que
mais interferem negativamente na difusão das “portas prontas”.
Usuárias Não usuárias
Fator que mais interfere negativamente na difusão
da tecnologia portas prontas no Espírito Santo
Empresas
%
Empresas
%
Nenhuma das características interfere na difusão 22 52,4 7 38,9
Esse resultado rejeita a hipótese inicial deste trabalho onde se propôs que as principais
características das tecnologias que impactam o seu processo de difusão são
percebidas de forma diferente pelas empresas adotantes e não-adotantes. Também
não está de acordo com o artigo de Frambach e Schillewaert (2002) que relata sobre
vários autores que mostram que as principais características das tecnologias que
impactam o seu processo de difusão são percebidas de forma diferente entre as
empresas usuárias e não-usuárias.
190
6.3 DRY-WALL
O dry-wall é uma expressão em inglês que significa “parede seca” e é assim
denominado por não necessitar de argamassa para a sua construção, como ocorre
com a alvenaria. As paredes em dry-wall são constituídas por chapas de gesso
aparafusadas em ambos os lados de uma estrutura de aço galvanizado que pode ser
simples ou dupla (Manual de Projetos de Sistemas DRYWALL, 2006). O sistema dry-
wall, também conhecido como painéis de gesso acartonado, é utilizado principalmente
para paredes internas de vedações e para forros (ver Figura 6.1). Na utilização como
forros, o dry-wall substitui as tradicionais placas de gesso.
As chapas de gesso são fabricadas industrialmente mediante um processo de
laminação contínua de uma mistura de gesso, água e aditivos entre duas lâminas de
cartão. Os perfis utilizados no sistema dry-wall são fabricados industrialmente num
processo de conformação contínua a frio, por seqüência de rolos a partir de chapas de
aço galvanizadas pelo processo de imersão a quente (Manual de Projetos de Sistemas
DRYWALL, 2006).
FIGURA 6.1 – Parede em dry-wall.
Fonte: DRYWALL (2008).
191
6.3.1 Características da própria tecnologia
Na análise da decisão da adoção do ”dry-wall”, de aceitar ou rejeitar a nova tecnologia,
foi verificado se as empresas realizaram algum estudo comparativo do dry-wall com a
tecnologia que ele substitui, no momento dessa decisão. O resultado encontrado foi
que 57,6% das empresas fizeram comparação entre a utilização do dry-wall e a
tecnologia que substitui (Tabela 6.14).
Como resultado econômico mais citado foi que o dry-wall teria um custo um pouco
mais alto que a tecnologia que ele substitui.
TABELA 6.14 – Realização de estudo comparativo para a decisão da adoção do “dry-wall.
Foi realizado estudo
Nº empresas Percentual
Sim
34 57,6
Não
22 37,3
Não sabe
3 5,1
Total
59 100,0
Na pergunta feita ao entrevistado sobre qual o fator, que na sua opinião, mais interfere
negativamente na difusão do dry-wall no Espírito Santo, o mais citado foi a “cultura do
cliente”. Para citar algumas das frases ditas pelos entrevistados: “acham que é um
produto frágil, que provoca eco”, “o cliente acredita que a parede faz parte da
estrutura”, “o cliente tem dúvidas: como pendurar um quadro?; o ladrão pode cortar a
parede?”.
Como resultado da análise das características da própria tecnologia “dry-wall”, têm-se
que 84,2% das empresas pesquisadas consideram que a tecnologia possui, de forma
geral, vantagem relativa
em relação à tecnologia que substitui. Na vantagem relativa foi
considerada: a vantagem econômica, superioridade técnica e prestígio social. Das
empresas pesquisadas 82,5% consideram que o dry-wall possui superioridade técnica.
Já para a vantagem econômica e prestígio social os resultados deram diferente do
encontrado para a vantagem relativa, pois apenas 37,7% das empresas consideram
192
que a tecnologia possui vantagem econômica e apenas 31,0% das empresas
consideram que o dry-wall trará prestígio social à empresa, com a sua utilização
(Tabela 6.15).
Com relação à compatibilidade,
70,7% das empresas pesquisadas percebem a
tecnologia como incompatível com os demais processos construtivos da empresa, com
a cultura local e com as normas sociais (Tabela 6.15).
Na análise da complexidade
, 72,4% das empresas pesquisadas consideraram que o
dry-wall não é uma tecnologia complexa, ou seja, que é fácil sua compreensão e
utilização (Tabela 6.15).
Com relação à possibilidade de experimentação
e de observação, os resultados
encontrados foram que 87,7% das empresas pesquisadas consideram que a tecnologia
pode ser testada na empresa antes de sua aquisição, e todas disseram ter a
possibilidade de observar a tecnologia em outra empresa, para análise dos seus
resultados (Tabela 6.15).
Na análise da modificabilidade
, encontrou-se que 83,6% das empresas consideram
que a tecnologia pode ser modificada ou recriada para se adequar às mudanças e
necessidades da empresa (Tabela 6.15).
Quando foi perguntado à empresa se a tecnologia dry-wall é um risco, devido à
incerteza quanto ao desempenho, à perda econômica, ou à perda de qualidade; como
resultado encontrou-se que 64,3% das empresas não a consideram um risco (Tabela
6.15).
Como resultado da análise do preço de aquisição
e do custo da tecnologia, encontrou-
se que 55,4% das empresas consideram a tecnologia com o preço de aquisição muito
alto; e que 57,9% não consideram que ela possui alto custo para implantar nos
processos produtivos da empresa (Tabela 6.15).
Na análise da necessidade de substituição da tecnologia antiga pelo dry-wall devido a
problemas com a tecnologia atual, solicitação de clientes, ou exigências externas
(Normas e exigências legais); encontrou-se que 55,4% das empresas não a
consideram necessária para substituir a tecnologia antiga (Tabela 6.15).
193
TABELA 6.15 – Características percebidas da própria tecnologia “dry-wall”.
Sim Não
Na sua opinião, a tecnologia dry-wall:
empresas
%
empresas
%
A – Possui vantagem relativa em relação à
tecnologia que substitui?
48 84,2
9 15,8
B – Possui maior vantagem econômica?
20 37,7
33 62,3
C – Possui superioridade técnica?
47 82,5
10 17,5
D – Trará prestígio social à sua empresa?
18 31,0
40 69,0
E – É compatível com: os demais processos
construtivos da empresa e com a cultura local?
17 29,3
41 70,7
F – É considerada pela empresa uma tecnologia
complexa?
16 27,6 42 72,4
G – Tem a possibilidade de ser testada, na
empresa, antes de sua aquisição?
50 87,7
7 12,3
H – Tem a possibilidade de ser observada, em
outra empresa?
58 100
0 0,0
I – Pode ser modificada ou recriada para se
adequar à empresa?
46 83,6
9 16,4
J – É um risco, devido à incerteza quanto ao
desempenho, à perda econômica, à perda de
qualidade?
20 35,7 36 64,3
K – É uma tecnologia com o preço de aquisição
muito alto?
31 55,4 25 44,6
L – Possui alto custo para implantar nos
processos produtivos da empresa?
24 42,1 33 57,9
M – É necessária para substituir a tecnologia
antiga?
25 44,6
31 55,4
Como complemento à análise, as empresas escolheram na Tabela 6.15 anterior, quais
as características da própria tecnologia, que na opinião delas, mais interferem
negativamente na difusão do dry-wall.
Como resultado têm-se os dados da Tabela 6.16, onde se verifica que a característica
mais citada, por 58,3% das empresas, foi o fato da tecnologia ser considerada
incompatível com os demais processos construtivos, com a cultura local ou com as
normas sociais. Os outros dois fatores mais apontados como que mais interferem na
difusão da tecnologia são o alto preço de aquisição e o alto custo para implantar nos
processos produtivos da empresa, apontados em 30,0% e 28,3% das empresas,
respectivamente (Tabela 6.16).
194
TABELA 6.16 – Fatores da própria tecnologia que mais interferem negativamente na difusão do
dry-wall”.
Fatores que interferem negativamente na difusão da
tecnologia dry-wall
empresas
%
É incompatível com os demais processos construtivos da
empresa, com a cultura local e com as normas sociais
35 58,3
É uma tecnologia com o preço de aquisição muito alto
18 30,0
Possui alto custo para implantar nos processos produtivos da
empresa
17 28,3
Percebe-se uma relação, quando se compara esse resultado com o que foi encontrado
anteriormente, onde os entrevistados citaram a cultura do cliente como o principal fator
que interfere na difusão da tecnologia. Com isso pode-se concluir que o fator que mais
interfere negativamente na sua difusão é a incompatibilidade com a cultura local
.
Esse resultado confirma a hipótese inicial desta pesquisa que cita a cultura local, como
principal fator que interfere na difusão do “dry-wall” na Grande Vitória.
6.3.2 Análise do dry-wall pelas empresas que utilizam a tecnologia
Além das características da própria tecnologia, foram coletados outros dados para
complementar as informações sobre o dry-wall.
Encontrou-se que 15 empresas (25%) utilizam a tecnologia. Das 45 empresas que não
utilizam a tecnologia, 20 disseram que pretendem usar, 09 empresas disseram não ter
interesse em utilizar a tecnologia, 12 não sabem se vão utilizar e 4 já usaram o dry-wall
e não usam mais (Tabela 6.17).
Das 60 empresas pesquisadas, 52 disseram conhecer a tecnologia e ter bastante
informação e 08 empresas disseram conhecer apenas superficialmente a tecnologia
(Tabela 6.17).
195
TABELA 6.17 – Uso e conhecimento do “dry-wall”.
Uso e conhecimento Nº empresas
Percentual
(%)
Conhece
Sim, e tenho bastante informação 52 86,7
Sim, conheço superficialmente 8 13,3
A empresa utiliza a tecnologia
Sim 15 25,0
Não 45 75,0
Se não utiliza, pretende usar
Sim 20 44,4
Não 9 20,0
Não sabe 12 26,7
Já utilizou 4 8,9
Das 15 empresas que estão utilizando o dry-wall, 08 empresas o utilizam em obras
residenciais, num total de 53,33% das empresas e 07 o utilizam em obras comerciais,
num total de 46,67% (Tabela 6.18).
Importante destacar as observações feitas pelos respondentes dos questionários que
são usuários do dry-wall que comentaram sobre a sua utilização do dry-wall nas
edificações residenciais e comerciais. Segundo os usuários é unânime a continuidade
da utilização do dry-wall como solução para o sistema de vedação nas edificações
comerciais, principalmente devido a sua flexibilidade. Já a utilização do dry-wall nas
edificações residenciais
, os usuários disseram que essa certeza já não existe, depende
do projeto solicitado e de outros fatores.
TABELA 6.18 – Utilização do “dry-wall” relacionado com o tipo de edificação.
Tipo de edificação Nº empresas Percentual
Obra residencial
08 53,33
Obras comercial (hotéis e shopping)
07 46,67
Total
15 100,00
Os dados para a análise da utilização do dry-wall foram obtidos dos questionários
respondidos pelas 15 empresas que utilizavam a tecnologia no momento da pesquisa.
196
Todas as empresas que utilizavam a tecnologia dry-wall no momento da pesquisa,
disseram ter interesse em continuar usando a tecnologia (Tabela 6.19).
TABELA 6.19 - Interesse em continuar usando o “dry-wall”.
A empresa tem interesse em continuar usando a
tecnologia?
Nº empresas Percentual
Sim
15 100,0
Não
0 0,0
Não sabe
0 0,0
Total
15 100,0
Por meio do questionário, foram feitas perguntas aos entrevistados de forma a obter
respostas não direcionadas, respondidas de forma espontânea. Dentre essas
perguntas temos: qual a razão para se adotar o dry-wall e quais as principais
dificuldades encontradas com o seu uso.
Com relação à pergunta sobre qual a razão para se adotar a tecnologia dry-wall
, as
razões citadas foram: a rapidez (velocidade), o desempenho, a limpeza, a flexibilidade,
e a praticidade. Dentre as empresas que utilizam a tecnologia, duas disseram que:
“para obras comerciais e shopping, tem que ser o dry-wall, devido à flexibilidade que
ele gera”.
Com relação às principais dificuldades encontradas na utilização do dry-wall
, foram
citadas: encontrar fornecedor de montagem/execução do dry-wall, mão-de-obra
qualificada, poucos fornecedores e a necessidade de espaço para armazenamento.
Interessante destacar que uma das empresas citou como dificuldade no uso do dry-wall
o fato de precisar “convencer” o mestre de obra a usar a tecnologia.
Das 15 empresas que utilizam a tecnologia, 10 delas (66,7%) disseram existir mudança
quanto à gestão da mão-de-obra para a execução do dry-wall na empresa (Tabela
6.20). As mudanças citadas foram: mão-de-obra mais qualificada, terceirização do
serviço e processo mais industrial. Uma empresa informou que muda todo o sistema e
citou como exemplo o fato da pintura ser diferente, a instalação elétrica ser diferente, e
também os cuidados especiais na hora de executar.
197
TABELA 6.20 - Gestão de mão-de-obra para execução do “dry-wall”.
Existe mudança quanto à gestão da mão-de-obra? Nº empresas Percentual
Sim
10 66,7
Não
5 33,3
Total
15 100,0
Na caracterização da relação do fornecedor do dry-wall com o usuário, foi analisada; a
localização da empresa que fornece a tecnologia, sua relação com a empresa usuária,
quantos fornecedores existem na Grande Vitória e se é o próprio fornecedor quem
realiza a execução da tecnologia na empresa. Foi analisado também se a empresa tem
facilidade em encontrar mão-de-obra especializada na execução do dry-wall.
Como resultado encontrou-se que 60% das empresas que utilizam o dry-wall possuem
fornecedores localizados na Grande Vitória e que 40,0% das empresas possuem seus
fornecedores localizados em outros estados brasileiros (Tabela 6.21).
TABELA 6.21 - Localização da empresa que fornece o “dry-wall”.
Localização
Nº empresas Percentual
Na Grande Vitória
9 60,0
Nas outras cidades do Espírito Santo
0 0,0
Em outros estados brasileiros
6 40,0
Total
15 100,0
Na análise da relação das empresas usuárias com os fornecedores da tecnologia
encontrou-se que todas as empresas que utilizam o dry-wall disseram ter uma relação
satisfatória com o fornecedor (TABELA 6.22
).
TABELA 6.22- Relação da empresa com o fornecedor do “dry-wall”.
A relação da sua empresa com o fornecedor do
dry-wall é satisfatória?
Nº empresas Percentual
Sim 15 100,0
Não 0 0,0
Total 15 100,0
198
Com relação ao número de empresas fornecedoras do dry-wall, como resultado
obteve-se os valores da Tabela 6.23, onde se verifica que não houve consenso sobre o
número de empresas existentes, pois 33,3% disseram ter uma empresa, 13,3%
disseram 02 empresas, 20,0% disseram 03 empresas, 26,7% falaram em mais de 03, e
6,7% não souberam dizer quantas empresas fornecedoras de dry-wall existem na
Grande Vitória.
Assim como para a tecnologia analisada anteriormente, também para o dry-wall pode
estar acontecendo falta de informação, o que poderia ser evitado com uma melhor
divulgação das empresas fornecedoras.
TABELA 6.23 - Número empresas fornecedoras do dry-wall na Grande Vitória.
Nº empresas fornecedoras na Grande Vitória Nº empresas Percentual
Uma 5 33,3
Duas 2 13,3
Três 3 20,0
Mais de três 4 26,7
Não sabe 1 6,7
Total 15 100,0
Com relação a quem executa a colocação do dry-wall nas empresas; apenas uma
disse que ela própria executa a colocação do dry-wall. Em 26,7% das empresas ela é
realizada pelo próprio fornecedor do dry-wall, e na grande maioria das empresas, em
66,6% é realizada por outra empresa (Tabela 6.24). Com esse resultado percebe-se
que um grande número de empresas terceirizam a execução do dry-wall.
TABELA 6.24 – Execução do “dry-wall”.
Quem realiza a execução do dry-wall? Nº empresas Percentual
A própria empresa 1 6,7
O fornecedor do dry-wall 4 26,7
Outra empresa 10 66,6
Total 15 100,0
Para as empresas que responderam “a própria empresa” ou “outra empresa” na Tabela
6.24, foi analisado se elas tinham facilidade em encontrar mão-de-obra ou empresa
199
especializada na colocação do dry-wall. Como resultado encontrou-se que 81,8%
disseram não ter facilidade em encontrar empresa especializada para a execução do
dry-wall (Tabela 6.25).
As Tabelas 6.24 e 6.25 mostram que grande parte das empresas terceirizam a
execução do dry-wall para outras empresas, e que a grande maioria das usuárias não
tem facilidade de encontrar empresa especializada. Essas tabelas têm relação com o
resultado encontrado sobre as dificuldades citadas pelas empresas na utilização do
dry-wall e que a mais citada foi a dificuldade em encontrar o fornecedor de
montagem/execução do dry-wall .
TABELA 6.25 - Facilidade de mão-de-obra e empresa especializada para montagem do “dry-wall”.
Facilidade em encontrar mão-de-obra ou empresa
especializada na execução do dry-wall?
Nº empresas Percentual
Sim 2 18,2
Não 9 81,8
Total 11 100,0
Como complemento à análise do dry-wall foi perguntado às empresas usuárias da
tecnologia, quem elabora os projetos de dry-wall da sua empresa. Como resultado têm-
se os dados da Tabela 6.26, que demonstram que não existe uma modalidade única de
contratação para a realização dos projetos. Em 40,0% das empresas a elaboração dos
projetos é realizada pela própria empresa, em 26,7% é realizada pelo fornecedor do
dry-wall, e em 33,3% é realizada por uma empresa especializada.
TABELA 6.26 – Elaboração dos projetos de “dry-wall”.
Quem elabora os projetos Nº empresas Percentual
A própria empresa
6 40,0
O fornecedor
4 26,7
Outra empresa
5 33,3
Total
15 100,0
200
6.3.3 Comparação entre as empresas usuárias e não usuárias do dry-wall
Como resultado da comparação entre as usuárias e não-usuárias, tem-se que 80% das
empresas usuárias da tecnologia realizaram algum estudo na decisão da adoção do
dry-wall, enquanto que para as não-usuárias, apenas 50% das empresas disseram
realizar estudo na decisão de rejeitar a nova tecnologia (Tabela 6.27).
TABELA 6.27 – Número de empresas que realizaram estudo comparativo na decisão de aceitar ou
rejeitar a tecnologia “dry-wall”.
Usuária da tecnologia
Não-usuária da
tecnologia
Foi realizado estudo
empresas
%
empresas
%
Sim
12 80,0 22 50,0
Não
3 20,0 19 43,2
Não sabe
0 0,0 3 6,8
Total 15 100,0 44 100
Os estudos comparativos realizados pelas empresas, também geraram expectativas
diferentes entre as empresas, quando se compara o resultado esperado das usuárias e
não-usuárias da tecnologia.
Nas empresas usuárias do dry-wall, o resultado econômico mais citado no estudo
realizado no momento da decisão da adoção foi que a tecnologia é economicamente
mais satisfatória que a tecnologia que substitui. Entretanto, para as empresas não-
usuárias, o resultado econômico mais encontrado foi que a tecnologia tem custo mais
alto que a tecnologia que substitui.
Esse resultado está de acordo com o trabalho de Mansfield (1993) onde ele relata que
as empresas usuárias das tecnologias possuem uma expectativa de retorno econômico
maior do que as empresas não-usuárias com a utilização da nova tecnologia.
Na Tabela 6.28 está demonstrada a comparação das usuárias e não-usuárias do dry-
wall, sobre o principal fator que mais interfere negativamente na sua difusão no Espírito
Santo. O mais citado tanto pelas empresas usuárias como pelas não-usuárias do dry-
201
wall é que a tecnologia é incompatível com os processos construtivos da empresa e
com a cultura local.
A Tabela 6.28 mostra que esse resultado foi citado por 46,7% das empresas usuárias e
por 62,2% das não-usuárias.
TABELA 6.28 – Comparação da percepção entre as empresas usuárias e não-usuárias do fator que
mais interfere negativamente da difusão dodry-wall.
Usuárias Não usuárias
Fator que mais interfere negativamente na difusão
da tecnologia dry-wall no Espírito Santo
Empresas
%
Empresas
%
É incompatível com os demais processos
construtivos da empresa e com a cultura local
7 46,7 28 62,2
Esse resultado rejeita a hipótese inicial deste trabalho onde se propôs que as principais
características das tecnologias que impactam o seu processo de difusão são
percebidas de forma diferente pelas empresas adotantes e não-adotantes. Também
não está de acordo com o artigo de Frambach e Schillewaert (2002) que relata sobre
vários autores que mostram que as principais características das tecnologias que
impactam o seu processo de difusão são percebidas de forma diferente entre as
empresas usuárias e não-usuárias.
202
CAPÍTULO 7
CONCLUSÕES
Esta pesquisa foi desenvolvida para responder às seguintes perguntas: “Qual o grau de
difusão de um grupo específico de tecnologias nas edificações da Grande Vitória?”;
“Por que algumas empresas, antes que outras, adotam novas tecnologias?”; e “Quais
os fatores que impactam o processo de difusão de um grupo específico de
tecnologias?”.
As conclusões deste trabalho foram divididas em 4 (quatro) partes. Inicialmente têm-se
as conclusões sobre a difusão das 18 tecnologias, respondendo à primeira pergunta
desta pesquisa. Na segunda parte têm-se as conclusões sobre as características das
empresas adotantes primeiro, onde buscou-se responder porque algumas empresas
adotam primeiramente novas tecnologias e na terceira parte as conclusões sobre os
fatores que influenciam no processo de adoção e difusão das portas prontas e do dry-
wall. Na última parte das conclusões estão as sugestões para trabalhos futuros.
7.1 CONCLUSÕES SOBRE A DIFUSÃO DAS 18 TECNOLOGIAS
7.1.1 Conclusões sobre as hipóteses da difusão
Inicialmente avaliam-se as hipóteses formuladas no início deste trabalho referente a
esse item que foram:
203
a) As tecnologias “portas prontas” e “dry-wall” possuem uma difusão menor do que 1/3
do total das empresas de edificações pesquisadas.
Com base no levantamento realizado, para a tecnologia “portas prontas” a hipótese
desta pesquisa foi rejeitada, sendo utilizada por 42 (vinte e duas) das 60 empresas
pesquisadas, num total de 70,00% das empresas; ou seja, ela está sendo utilizada
por mais de 2/3 (66,67%) do total das empresas pesquisadas. Já para a tecnologia
dry-wall a hipótese foi confirmada
, sendo utilizada apenas por 25% das empresas;
menos do que os 33,33% (1/3) previstos.
b) A argamassa colante flexível já alcançou 2/3 das empresas de edificações
pesquisadas.
Foi encontrado que a argamassa colante flexível está sendo utilizada por 93,3%
das empresas pesquisadas. Esse resultado confirma a hipótese inicial
desta
pesquisa de que a tecnologia já teria alcançado 2/3 (66,7%) das empresas.
7.1.2 Considerações sobre a difusão
Algumas considerações finais a serem feitas sobre a difusão das tecnologias são:
Seria importante constar no questionário a pergunta sobre a data de desuso das
tecnologias pesquisadas, que é a data em que a tecnologia deixou de ser utilizada
pela empresa depois de sua adoção. Com isso, teria-se informações
complementares para análise e o gráfico de difusão das tecnologias ficaria mais
completo, pois faltou a data de desuso das tecnologias.
Durante a pesquisa nas empresas percebeu-se uma grande dúvida entre os
entrevistados sobre o uso ou não de plastificantes no concreto, e também dúvida
sobre a diferença entre plastificantes e superplastificantes, já que as construtoras
utilizam concreto usinado, ou seja, as construtoras utilizam o concreto que é
fabricado pelas concreteiras. Isso provavelmente pode ter influenciado no resultado
de difusão desta tecnologia.
204
A tecnologia “portas prontas” está sendo utilizada por 42 (quarenta e duas) das 60
empresas pesquisadas, num total de 70,00% das empresas; ou seja, ela está
sendo utilizada por mais de 2/3 (66,67%) do total das empresas pesquisadas. Com
isso, o resultado se enquadra na categoria de difusão rápida, que é a categoria
onde as tecnologias alcançarão 2/3 de sua aplicação potencial de mercado até
2009. Como essa porcentagem já foi atingida, pode-se afirmar que a porta pronta
se enquadra na categoria de difusão rápida; diferente do trabalho do SENAI (2005)
que previu uma difusão tradicional para as portas prontas.
A tecnologia dry-wall está sendo utilizada por 15 (quinze) das 60 empresas
pesquisadas, num total de 25% das empresas; ou seja, ela está sendo utilizada por
menos de 1/3 (33,3%) do total das empresas pesquisadas. Esse resultado ainda
não se enquadra na prospecção realizada no trabalho do SENAI (2005) que previu
a categoria de difusão tradicional para o dry-wall.
Das 15 empresas que estão utilizando o dry-wall, 8 utilizam em obras residenciais,
num total de 13,33% das empresas e 7 em obras comerciais (hotéis e shopping),
num total de 11,67%. Das observações feitas pelos respondentes dos
questionários, pode-se concluir que é unânime a continuidade de utilização do dry-
wall nas edificações comerciais
, como solução ideal para o sistema de vedação,
principalmente devido a sua flexibilidade; já a utilização do dry-wall nas edificações
residenciais, essa certeza não existe, depende do projeto solicitado e de outros
fatores.
A tecnologia argamassa colante flexível está sendo utilizada por 56 (cinqüenta e
seis) das 60 empresas pesquisadas, num total de 93,33% das empresas; ou seja,
ela está sendo utilizada por mais de 2/3 (66,67%) do total das empresas
pesquisadas. Com isso, a tecnologia teve uma difusão rápida nas empresas
pesquisadas; o que confirma a previsão estimada no trabalho do SENAI (2005).
Com esse resultado encontrado, pode-se considerar que a tecnologia já se difundiu
em todo o mercado potencial. Interessante destacar que de todas as empresas que
adotaram a tecnologia, nenhuma deixou de usar a argamassa colante flexível,
depois de adotá-la pela primeira vez.
205
Na comparação entre o resultado do grau de difusão das 18 tecnologias nas
edificações da Grande Vitória e a previsão da velocidade de difusão feita pelo
trabalho do SENAI (2005), encontrou-se 04 resultados conclusivos e 14 resultados
que apenas podem ser considerados indicativos.
Desses 04 resultados conclusivos, apenas 01 resultado confirma a previsão feita no
trabalho do SENAI (2005), que é a difusão rápida para a argamassa colante
flexível; enquanto que para os outros 03 resultados, a previsão da difusão das
tecnologia foi deferente do encontrado.
Para os resultados indicativos, têm-se que 06 resultados confirmam a previsão feita
e 02 resultados deram diferentes do previsto no trabalho do SENAI (2005).
Também como resultado indicativo encontrou-se que 06 tecnologias mostram que
existe uma tendência de que se confirme a velocidade prevista no trabalho do
SENAI.
Do total, encontrou-se resultados diferentes para 05 (cinco) tecnologias.
As adoções das tecnologias do segmento sistemas de vedação, que são:
alvenarias racionalizadas, portas prontas e painéis de gesso acartonado (dry-wall);
iniciaram entre 1994 e 1997. A partir do ano 2000, houve uma diminuição do
crescimento da alvenaria racionalizada, quando ocorreu um aumento da taxa de
difusão do dry-wall. Com essa análise, pode-se supor que existe uma relação entre
a taxa de difusão da alvenaria racionalizada e o dry-wall.
Grande parte das tecnologias está na fase da adoção pelas empresas que estão na
categoria “maioria inicial”, que são os adotantes pragmáticos, aqueles que decidem
pela adoção somente quando os benefícios da tecnologia estão bem comprovados.
Isso significa que essas tecnologias já foram adotadas pelos “adotantes iniciais”. As
tecnologias que estão nessa categoria de empresas são (web para
desenvolvimento de projetos, Isolantes com lã de vidro ou rocha, dry-wall, formas
metálicas, aditivo superplastificante, alvenaria estrutural, web gerenciamento de
obra, alvenaria racionalizada, sistema de pallets, shafts visitáveis e concreto
protendido).
206
A maioria das tecnologias teve sua primeira adoção pelas empresas entre 1990 e
1998, com isso pode-se considerar que existe um período de decisão de adoção
das tecnologias. Das 18 tecnologias, 15 foram adotadas primeiramente nesse
período; apenas ficando de fora 03 (três) tecnologias. Com esse resultado, pode-se
considerar a década de 90, como o período em que a maioria das tecnologias
pesquisadas foi adotada pela primeira vez pelas empresas.
Uma explicação para esse “período de decisão da adoção” pode ser principalmente
devido à estabilização da economia brasileira na década de 90 com o Plano Real,
pois com o controle da inflação, a produtividade passa a ser importante.Começa-se
então a busca pela racionalização dos processos e aumento da produtividade para
a redução dos custos. Pois até esse momento, o preço de venda das edificações
era definido pelo custo da empresa mais o lucro desejado. A inflação desse período
era repassada para o consumidor. Já a partir da estabilização, o lucro passou a ser
definido pelo preço do mercado menos os custos da empresa. Isso gerou a busca
de tecnologias para a racionalização e industrialização dos processos, e que foi
facilitada também pela abertura do mercado brasileiro na década de 90.
Numa análise da difusão das 18 (dezoito) tecnologias desta pesquisa, observou-se
que existe um período de grande crescimento da adoção de novas tecnologias
pelas empresas pesquisadas, entre 2000 e 2005, quando ocorreu a decolagem da
maioria das tecnologias. Esse resultado sugere que existiu um período de
decolagem da difusão das tecnologias nas empresas capixabas de
edificações e provavelmente no Brasil.
As explicações para esse período podem ser as mudanças ocorridas no setor da
construção citadas por Rezende (2003) e principalmente a implantação de sistemas
de qualidade nas empresas construtoras do Espírito Santo, o PBQP-H, a partir de
1999.
207
7.2 CONCLUSÕES SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS
ADOTANTES PRIMEIRO
Nas comparações entre as características das empresas adotantes primeiro e as
demais empresas, chegou-se às conclusões abaixo:
7.2.1 Conclusões sobre as hipóteses das características das empresas
As hipóteses formuladas no início deste trabalho referentes a esse item foram:
a) A característica empresarial que implica uma maior propensão em adotar uma nova
tecnologia é a sua estratégia de inovação.
Essa hipótese não foi muito bem formulada, pois não foi especificado em relação a
qual característica da postura estratégica ela está relacionada; com isso ela não
pode ser comparada diretamente. Entretanto, se considerarmos a percepção da
importância da sua empresa para o setor como caracterização da postura
estratégica de inovação, pode-se considerar que a hipótese inicial foi confirmada.
Se considerarmos a percepção da importância da empresa para o setor da
construção civil, encontrou-se que 50% das empresas adotantes primeiro disseram
considerar sua empresa muito importante para o setor; enquanto que das demais,
apenas 16% se consideram muito importantes; demonstrando que na comparação
entre as adotantes primeiro e as demais empresas, existe uma diferença estatística
significante, pois encontrou-se p=0,031 < p=0,05. Esse resultado confirma a
hipótese de que o status social relacionado com a autopercepção de identificação e
de prestígio com o setor; implica uma maior propensão em adotar uma nova
tecnologia.
208
b) As empresas maiores adotam primeiramente novas tecnologias.
Na caracterização do tamanho da empresa encontrou-se que 70% das adotantes
primeiro são médias e grandes empresas; enquanto que das demais, apenas
37,5% são médias e grandes. Apesar do teste exato de Fisher não mostrar
diferença estatística significante, pois p=0,063 > p=0,05; como o valor deu próximo
à área de rejeição, menor que 0,10 (10%), considera-se que o resultado é
tendencioso.
O trabalho realizado nas empresas de edificações da Grande Vitória permitiu
verificar que existe uma tendência de que as empresas “médias e grandes” adotem
primeiro, sugerindo que a hipótese inicial desta pesquisa tende a acontecer.
c) As empresas que possuem sistema de gestão implantado adotam primeiramente
novas tecnologias.
Encontrou-se que 80% das adotantes primeiro possuem algum sistema de gestão
implantado na empresa, enquanto que das demais empresas, apenas 62%
possuem sistema de gestão. Esse resultado não mostrou diferença estatística
entre as empresas, pois p=0,239 > p=0,05 e demonstra que a utilização de
sistemas de gestão pela empresa não é uma característica diferenciadora, e não
confirma a hipótese inicial desta pesquisa, de que as empresas que possuem
algum sistema de gestão implantado, adotam primeiramente novas tecnologias.
Logo, o fato da empresa possuir sistemas de gestão não é uma característica que a
diferencia como “adotante primeiro”.
Entretanto, a implantação de sistemas de gestão poderia ser uma das sugestões de
hipótese para análise de trabalhos futuros, tentando explicar os períodos
detectados neste trabalho; o de decisão de adoção das tecnologias e o período de
decolagem da difusão das tecnologias nas empresas capixabas de edificações,
relacionando assim a implantação de programas de qualidade com esses períodos.
209
7.2.2 Considerações sobre as características diferenciadoras das empresas
Algumas considerações finais a serem feitas sobre as características diferenciadoras
das empresas “adotantes primeiro” são:
O trabalho realizado nas empresas de edificações da Grande Vitória permitiu
verificar uma tendência de as empresas com maior número de departamentos
diretamente subordinados ao proprietário adotarem primeiro. Como resultado da
departamentalização
; encontrou-se que 90% das adotantes primeiro possuem no
mínimo 03 departamentos diretamente subordinados ao proprietário (ou principal
executivo); enquanto que das demais empresas, o valor cai para apenas 60%,
encontrando-se o valor de p=0,070, que está próximo à área de rejeição. Com esse
resultado pode-se dizer que existe uma tendência de que as empresas que
possuem 3 ou mais departamentos diretamente abaixo do nível da gerência ou
proprietário da empresa, adotem primeiro.
Verificou-se também que as características significativas das empresas adotantes
primeiro, que as diferenciam das demais com relação ao envolvimento dos
membros da empresa em atividades de comunicação externa
são: o fato dos
membros da empresa viajarem mais para assistir a reuniões profissionais e a
empresa ser bastante procurada para dar informações sobre novas tecnologias.
Encontrou-se que 40% dos membros das adotantes primeiro sempre viajam para
assistir a reuniões profissionais, enquanto que das demais empresas, apenas 8%
disseram que sempre viajam; demonstrando que existe diferença estatística nessa
comparação, encontrando-se p=0,021 < 0,05. Com isso conclui-se que as
adotantes primeiro viajam mais para assistir a reuniões profissionais.
Também foi encontrado que 60% das adotantes primeiro são sempre procuradas
por outras empresas para dar informação e conselho sobre novas tecnologias,
enquanto que apenas 18% das demais empresas disseram serem procuradas para
dar informação, encontrando-se p=0,011 < 0,05. Esse resultado mostra que existe
diferença estatística significante e pode-se concluir que as empresas que primeiro
210
adotam, são as mais procuradas para dar conselhos e informações sobre novas
tecnologias.
Na análise do numero de sócios proprietários da empresa
, encontrou-se que
metade das empresas “adotantes primeiro” possuem mais de 03 sócios
proprietários; enquanto que para as demais, apenas 18,7% possuem mais de 03
sócios, encontrando-se p=0,05. Esse resultado demonstra que na comparação
entre as empresas que primeiro adotaram as tecnologias e as demais empresas
existe uma diferença estatística significativa. Com isso, pode-se afirmar que o
número de sócios proprietários da empresa é uma característica diferenciadora das
adotantes primeiro; e que empresas com mais de 3 sócios proprietários adotam
primeiramente novas tecnologias.
A empresa que mais adotou as tecnologias foi a que mais apareceu como adotante
primeiro. Importante destacar a frase citada pelo decisor dessa empresa, onde ele
diz: “gosto de tentar coisas novas”. O perfil do decisor dessa empresa confirma a
categorização dos adotantes, que destaca o adotante pioneiro como um decisor
que lida bem com o alto grau de incerteza e é audacioso.
Outra conclusão complementar desta pesquisa é que existe uma correlação
positiva moderada entre as empresas que primeiro adotam e as empresas que mais
adotam novas tecnologias, se considerarmos as 10 empresas “adotantes primeiro”,
pois as duas variáveis caminham num mesmo sentido.
Para o nível de escolaridade do principal decisor da empresa encontrou-se como
resultado que nenhuma das empresas adotantes primeiro possuem decisores com
pós-graduação completa; enquanto que das demais empresas, 34,7% delas
possuem decisores com pós-graduação. Esse resultado demonstra que na
comparação entre as empresas, existe uma diferença estatística significante; ou
seja, os decisores das adotantes primeiro possuem escolaridade inferior aos
decisores das demais empresas, pois encontrou-se p= 0,023. Esse resultado foi
contrário ao esperado, pois supõe-se que as empresas que primeiro adotam novas
tecnologias possuem decisores com mais anos de educação do que as demais
211
empresas. O entendimento desse resultado poderia ser uma sugestão de análise
para trabalhos futuros.
7.3 CONCLUSÕES SOBRE OS FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO DE
ADOÇÃO E DIFUSÃO DAS TECNOLOGIAS
As hipóteses formuladas no início deste trabalho referente a esse item foram:
a) As principais características das tecnologias que impactam o seu processo de
difusão são percebidas de forma diferente pela empresas adotantes e não-
adotantes.
Essa hipótese foi analisada separadamente tanto para as características da
tecnologia portas prontas quanto para o dry-wall e estão analisadas nos sub-itens
7.3.1.1 e 7.3.2.2 desta pesquisa.
7.3.1 Fatores relacionados com o processo de adoção e difusão das portas
prontas.
7.3.1.1 Conclusões sobre as hipóteses das características da porta pronta
A hipótese formulada no início deste trabalho referente a esse item foi:
a) As principais características das tecnologias que impactam o seu processo de
difusão são percebidas de forma diferente pelas empresas adotantes e não-
adotantes.
O mais citado na opinião tanto das empresas usuárias como das não-usuárias das
portas prontas é que nenhum dos fatores da própria tecnologia interfere na sua
212
difusão no Espírito Santo. Esse resultado rejeita a hipótese inicial deste trabalho
onde se propôs que as principais características das tecnologias que impactam o
seu processo de difusão são percebidas de forma diferente pelas empresas
adotantes e não-adotantes.
7.3.1.2 Considerações sobre as características das portas prontas
Na pergunta realizada de forma espontânea e aberta ao entrevistado sobre qual, na
sua opinião, é o principal fator que interfere negativamente na difusão das portas
prontas no Espírito Santo, o mais citado foi a falta de fornecedores especializados
(de qualidade).
Com relação à razão para adotar a tecnologia portas prontas, as mais citadas
foram: a rapidez na montagem (produtividade), produto de melhor qualidade, boa
relação custo x benefício, e problemas com a tecnologia anterior (os marcos se
danificam no decorrer da obra). Outras razões citadas foram: a postergação do
desembolso, a racionalização de alguns serviços, a praticidade, a industrialização
do processo, a garantia, a má qualidade da mão-de-obra atual (marceneiro), a
limpeza da obra e também para acompanhar o desenvolvimento do setor.
Com relação às principais dificuldades encontradas na utilização da porta pronta, as
duas mais citadas foram: a falta da cultura de padronização e os problemas com
fornecedores. Outras dificultadas citadas foram: a falta de fornecedor especializado,
dificuldade em encontrar gabaritos, e o armazenamento necessário.
Na pergunta feita à empresa sobre quais as características da própria tecnologia
que mais interferem negativamente na difusão das portas prontas, o resultado mais
citado é que as empresas consideram que nenhum dos fatores da própria
tecnologia interfere negativamente da sua difusão.
Os resultados obtidos mostram que o fator que mais interfere negativamente na
difusão da “porta pronta” não está nas características da própria tecnologia e sim
213
nos fatores da indústria ofertante, pois está relacionado com a falta de fornecedores
especializados e de qualidade.
A maioria das empresas que utiliza a tecnologia disse ter uma relação satisfatória
com o fornecedor. Esse resultado é contraditório quando comparado com uma das
principais dificuldades encontradas na utilização da porta pronta que são os
problemas com os fornecedores. Apesar da empresa ter dito anteriormente que tem
problemas com o fornecedor, a maioria delas diz que a sua relação com o
fornecedor é satisfatória.
Os estudos comparativos entre a tecnologia “portas prontas” e a porta
convencional, realizados pelas empresas no momento da decisão da adoção,
geraram resultados bem diferentes entre as empresas usuárias e não-usuárias da
tecnologia.
Nas empresas usuárias das portas prontas, o resultado econômico mais citado foi
que a nova tecnologia tem um custo menor
em relação a tecnologia que substitui.
Entretanto, para as empresas não-usuárias, o resultado econômico mais citado foi
que nova tecnologia é mais cara
que a tecnologia atual.
7.3.2 Fatores relacionados com o processo de adoção e difusão do dry-wall
7.3.2.1 Conclusões sobre as hipóteses das características do dry-wall
a) O principal fator que impacta negativamente a difusão do “dry-wall” na Grande
Vitória é a cultura local.
Na pergunta realizada de forma espontânea e aberta ao entrevistado, sobre qual na
sua opinião é o principal fator que interfere negativamente na difusão do dry-wall no
Espírito Santo, o mais citado foi a “cultura do cliente”.
Como resultado da análise sobre o fator da própria tecnologia dry-wall que mais
interfere negativamente na sua difusão, o mais citado foi o fato da tecnologia ser
214
considerada incompatível com os demais processos construtivos da empresa, com
a cultura local ou com as normas sociais.
Esse resultado quando comparado com o que foi encontrado anteriormente, onde
os entrevistados citaram a cultura do cliente como o principal fator que interfere na
difusão da tecnologia, percebe-se uma relação. Com isso pode-se concluir que o
fator que interfere negativamente na sua difusão é a incompatibilidade com a
cultura local. Esse resultado confirma a hipótese inicial desta pesquisa que cita a
cultura local, como principal fator que interfere na difusão do “dry-wall” na Grande
Vitória.
b) As principais características das tecnologias que impactam o seu processo de
difusão, são percebidas de forma diferente pela empresas adotantes e não-
adotantes.
Com relação aos fatores que mais interferem na difusão do “dry-wall” no Espírito
Santo; tanto as empresas usuárias como as não-usuárias, consideraram que o fator
que mais interfere negativamente na sua difusão, é a incompatibilidade com os
processos construtivos da empresa e com a cultura local.
Esse resultado rejeita a hipótese inicial deste trabalho onde se propôs que as
principais características das tecnologias que impactam o seu processo de difusão
são percebidas de forma diferente pelas empresas adotantes e não-adotantes.
7.3.2.2 Considerações sobre as características do dry-wall
Grande parte das empresas terceirizam a execução do dry-wall para outras
empresas, e não tem facilidade de encontrar empresa especializada para esse
serviço. Além disso, elas citaram como principal dificuldade na utilização da
tecnologia, a falta de fornecedores de montagem/execução do dry-wall. Conclui-se
215
então que um dos grandes problemas na utilização do dry-wall é a dificuldade em
se encontrar empresas de montagem do dry-wall.
Com relação às razões para se adotar a tecnologia dry-wall, as citadas foram: a
rapidez (velocidade), o desempenho, a limpeza, a flexibilidade, e a praticidade.
Dentre as empresas que utilizam a tecnologia, duas disseram que: “para obras
comerciais e shopping, tem que ser o dry-wall, devido à flexibilidade que ele gera”.
Com relação às principais dificuldades encontradas na utilização do dry-wall, foram
citadas: encontrar fornecedor de montagem/execução do dry-wall, mão-de-obra
qualificada, poucos fornecedores e a necessidade de espaço para armazenamento.
Os estudos comparativos realizados pelas empresas no momento da decisão da
adoção geraram expectativas diferentes entre as empresas usuárias e não-usuárias
da tecnologia dry-wall.
Nas empresas usuárias do dry-wall, o resultado econômico mais citado foi que a
nova tecnologia é economicamente mais satisfatória
em relação à tecnologia que
substitui. Entretanto, para as empresas não-usuárias, o resultado econômico mais
citado foi que a nova tecnologia tem custo mais alto
que a tecnologia que substitui.
Esse resultado está de acordo com o trabalho de Mansfield (1993) onde ele relata
que as empresas usuárias das tecnologias possuem uma expectativa de retorno
econômico maior do que as empresas não-usuárias com a utilização da nova
tecnologia.
7.4 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
De acordo com os resultados encontrados neste trabalho, pode-se sugerir os seguintes
trabalho futuros:
Realizar estudos para responder a alguns questionamentos: Os problemas na
alvenaria comum, geraram a necessidade de novos processos em substituição à
essa tecnologia? A evolução do sistema construtivo da alvenaria comum, pode
216
estar inibindo a difusão de novas tecnologias, tipo o dry-wall? Existe uma relação
entre a taxa de difusão da alvenaria racionalizada e do dry-wall?
Realizar pesquisa para explicar o período encontrado neste trabalho, de decisão de
adoção das tecnologias nas empresas de edificações capixabas, de 1990 a 1998;
buscando justificar porque a década de 90 foi o período em que a maioria das
novas tecnologias teve sua primeira adoção.
Outra sugestão de trabalho futuro seria relacionar os períodos detectados neste
trabalho, de decisão de adoção das tecnologias e o período de decolagem da
difusão das tecnologias nas empresas capixabas de edificações, com a
implantação de programas de qualidade.
Neste trabalho encontrou-se que as empresas que primeiro adotam, possuem
decisores com nível de escolaridade menor, resultado contrário ao esperado. O
entendimento do porquê desse resultado é uma sugestão de análise para trabalho
futuro. Como uma hipótese, verificar se existe relação entre a escolaridade dos
decisores das “adotantes primeiro” e a idade dessas empresas.
Fazer uma melhor análise de algumas características, considerando o número de
terceirizados. Dentre eles o profissionalismo, que é medido pela porcentagem entre
o número de funcionários com nível superior dividido pelo número total de
funcionários da empresa; e a intensidade administrativa, que foi medida pela
porcentagem entre o número de gerentes e engenheiros da empresa, dividido pelo
número total de funcionários.
Na realização das pesquisas futuras sobre a difusão de tecnologias nas edificações
da Grande Vitória, acrescentar as tecnologias que foram adotadas pelos
respondentes nos últimos anos, que são: reaproveitamento e reuso das águas nas
edificações (chuva e esgoto), sistema de aquecimento solar, cabeamento
estruturado, gesso corrido, granito aerado nas fachadas, argamassa projetada,
projeto para execução, sistema de segurança em edifícios, uso do escantilhão,
escoramento metálico, laje com forma de PVC, e laje nervurada.
217
Realizar estudos em outros Estados do Brasil para identificar as características
empresariais que implicam uma maior propensão a adotar uma nova tecnologia,
semelhantes ao apresentado neste trabalho, para comparar os resultados com as
características encontradas nesta pesquisa.
Como última sugestão de trabalho futuro, realizar novamente no ano de 2015,
pesquisa descritiva sobre a difusão das 18 tecnologias nas empresas de
edificações residenciais e comerciais da Grande Vitória; para confirmar ou rejeitar
as velocidades de difusão rápida, tradicional e lenta dessas tecnologias, propostas
no trabalho do SENAI (2005).
218
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230
APENDICE A
QUESTIONÁRIO DA PESQUISA
DADOS DO(S) RESPONDENTE(S):
DADOS CADASTRAIS DA EMPRESA:
BLOCO 1 – CARACTERIZAÇÃO DO ESTABELECIMENTO
-Qual o ano de início de funcionamento da empresa? !
-Qual é a principal atividade da empresa? Marque com um “X”.
-Qual o tipo de edifício mais executado pela sua empresa?
-Caracterizar o tamanho da empresa pela receita bruta anual.
-A empresa possui algum projeto de Expansão/Modernização para os próximos 05 (cinco) anos?
BLOCO 2 – CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS ADOTANTES INICIAIS
-Qual o número de Departamentos ou Unidades diretamente abaixo do nível da gerência ou dono da
empresa?
-Qual o grau de escolaridade dos funcionários da empresa?
-Qual a % da “receita bruta anual” que a empresa reserva para a capacitação dos funcionários?
-Qual o número de Gerentes e Engenheiros da empresa?
-Qual o número de funcionários da empresa no momento da pesquisa?
-Qual a % da “receita bruta anual” que a empresa reserva para: investir em inovações, e/ou sustentar os
custos da implementação de inovações e/ou explorar novas idéias?
-A empresa é associada a algum sindicato ou entidade de classe?
-Qual o grau de envolvimento dos membros da empresa nas seguintes atividades?
-Qual o número de níveis hierárquicos da empresa?
-Sua empresa utiliza algum Sistema de Gestão?
-Indique qual(ais) das Técnicas de Gestão abaixo são adotadas pela empresa?
-A empresa possui uma estratégia de marketing orientada para novas tecnologias? Ela utiliza a “adoção
de novas tecnologias” como Marketing em sua empresa?
-Existe uma gerência específica de inovação na empresa?
-Qual a idade do principal Decisor da empresa, quando o assunto é Adoção de Novas Tecnologias?
-Qual a escolaridade do principal Decisor da empresa, quando o assunto é Adoção de Novas
Tecnologias?
-Na sua opinião, qual o grau de importância da ciência para o desenvolvimento do setor?
-Na sua percepção, qual o grau de importância da sua empresa para o setor da construção civil?
-Qual o nº de sócios proprietários da empresa?
-Qual o tipo de administração da empresa? Familiar, Profissional ou Mista?
BLOCO 3 – ADOÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS
Realizada para as 18 tecnologias: Aditivos super-plastificantes para concreto, Formas metálicas para
estruturas de concreto, Estruturas mistas de concreto e aço, Estruturas de concreto protendido,
Alvenaria estrutural de blocos, Argamassa colante flexível para assentamento de placas cerâmicas,
Argamassas industrializadas para revestimentos internos e externos, Isolantes térmicos e acústicos para
vedações com lã de vidro ou rocha, Equipamentos a laser para controle geométrico de obras, Sistemas
de pallets para transporte de materiais, Tecnologias da informação utilizadas em sistemas de gestão,
Shafts visitáveis e instalações não embutidas, Alvenaria Racionalizada sem função estrutural, portas
prontas e dry-wall.
-Você conhece a tecnologia?
-A empresa utiliza a tecnologia?
-Qual o ano de início de utilização da tecnologia pela empresa?
-A empresa tem interesse em adotar a tecnologia nos próximos 10 anos?
231
BLOCO 4 – CARACTERÍSTICAS DA PRÓPRIA TECNOLOGIA (ANÁLISE DAS TECNOLOGIAS:
“PORTAS PRONTAS” E “DRY-WALL”)
-Qual a razão para se adotar essa tecnologia?
-A empresa tem interesse em continuar usando a tecnologia?
-Quais mudanças ocorreram na empresa com a utilização da tecnologia?
-Quais as principais dificuldades encontradas na utilização da tecnologia?
-Existe alguma mudança quanto à “gestão da mão-de-obra” para a utilização da tecnologia?
-Onde está localizada a empresa que fornece a tecnologia para sua empresa?
-Na sua opinião; a relação da sua empresa com o “fornecedor da tecnologia” é satisfatória?
-Quantas empresas fornecedoras da tecnologia existem no mercado da Grande Vitória?
-Quem realiza a execução/montagem da tecnologia?
-A empresa tem facilidade em encontrar mão-de-obra e empresa especializada para executar a
tecnologia?
Análise das características da própria tecnologia:
-Na decisão da adoção (de aceitar ou rejeitar a nova tecnologia), foi realizado algum estudo comparativo
com a tecnologia que substitui?
-Qual o resultado encontrado?
-Na sua opinião qual o principal fator que interfere negativamente na difusão da tecnologia no Espírito
Santo? (Pergunta aberta)
-Características da própria tecnologia analisadas:
Características da própria tecnologia
A-Possui vantagem relativa em relação à tecnologia que substitui? (ela é melhor do que a
tecnologia antiga?)
B-Possui maior vantagem econômica em relação à tecnologia que substitui? (melhor
relação custo x benefício?).
C-Possui superioridade técnica em relação à tecnologia que substitui? (É melhor do que a
tecnologia antiga?)
D-Trará prestígio social à sua empresa com a sua utilização?
E compatível com os demais processos construtivos da empresa, com a cultura local e
com as normas sociais? (é apenas inovação incremental)
F-É considerada pela empresa uma tecnologia complexa? difícil sua compreensão e
utilização?)
G-Tem a possibilidade de ser testada, na empresa, antes de sua aquisição? (pode ser
implantada parcialmente?)
H-Tem a possibilidade de ser observada, em outra empresa, para análise dos seus
resultados?
I-Pode ser modificada ou recriada para se adequar às mudanças e necessidades da
empresa?
J-É um risco, devido à incerteza quanto ao desempenho, à perda econômica, à perda de
qualidade, etc...?
K-É uma tecnologia com o preço de aquisição muito alto? (por exemplo, exigindo
financiamento necessário para sua aquisição)
L-Possui um alto custo para implantar nos processos produtivos da empresa? (está
relacionado com o treinamento dos funcionários, adaptação da empresa, compra de outros
equipamentos e ferramentas complementares, etc....)
M necessária para substituir a tecnologia antiga, pois existem problemas com a
tecnologia atual? (ou é solicitada pelo cliente/usuário? Ou por exigências externas? ou é
uma exigência Legal/Normas?).
-No quadro acima, escolha as características, que na sua opinião, são as que mais interferem
negativamente na difusão da tecnologia.
-Cite outras inovações que foram adotadas pela empresa nos últimos 05 anos.
232
APENDICE B
RELAÇÃO DAS EMPRESAS PESQUISADAS
NOME DA EMPRESA ENTREVISTADO
AGATA CONSTRUTORA E INCORPORADORA Otílio Malfitano Arantes
A
LBA MAR CONSTRUTORA E INCORPORADORA Carlos José P. L. Borges
ARCOS ENGENHARIA Laírcio Almeida Santos Júnior
ARGO CONST. INCORPORADORA Jair Sanches Torres
A
RK DECOTTIGNIES CONSTRUÇÃO E INCORP. Dionathan Santos Rodrigues
A
SA BRANCA ENGENHARIA Alexander Tavares Picoli
BARBOSA BARROS CONST. E INCORPORADORA Marcelo Galdino da Silva
BLOKOS ENGENHARIA Fábio Andrade
BOZI CONST. E INCORPORADORA Ilson Xavier Bozi / Maria Aparecida B. N.
CAPITANIA CONSTRUTORA Wagner Oliveira Marque
CASA NOVA EMPREEND. IMOBILIÁRIOS Diego Rocha Moreira
CASAMORADA ENGENHARIA Rodrigo Gomes Carvalho
CHAMON EMPREEND. IMOB. E PROMOCIONAIS Ricardo Chamon Ribeiro
CITTA ENGENHARIA Pedro Henrique Puppim
CONSTRUTORA MAR DEL PLATA Jadenilson Nunes Machado
CONSTRUTORA ABAURRE Marco Aurélio Ribeiro Brunetti
CONSTRUTORA E INCORP. VIGA Sílvia Mara Gomes Salvador/Wilson
CONSTRUTORA VILA REAL Viviane Lima Esquerdo
CONTRUTORA SPALENZA Jairo Lupércio Antônio Spalenza
DACAZA INCORPORADORA E CONST. CIVIL José Pedro Zamborlini
D
Á
NGELO ENGENHARIA Gilberto Dángelo Carneiro
DELANI CONST. E INCORPORADORA Azemiro Delani Zorzal
EPURA CONSTRUTORA Mênara Moscon
FERPA ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES Fernando Rosa Agostinho
FORMA CONSTRUTORA E INCORPORADORA Carlos Alexandre Gomes Braga
FRANCAVILLA CONTRUTORA E INCORPORADORA Waldimar Bermudes Rangel
GALWAN CONST. INCORPORADORA Heberson Bastos Lacerda
GS EMPRE. E CONSTRUÇÕES Wanessa Tatiany Sarcinelli
IMPACTO ENGENHARIA Marcelo Gobbo Figueiredo
INCORTEL CONSTRUÇÕES Alexandre Scola
ITAPE CONSTRUTORA Sebastião Constrantico Dadalto
JL ANDRADE ENGENHARIA Jovino Intra de Andrade
LITTIG ENGENHARIA Paulo Laerte F. de Assis
LORENGE CONSTRUTORA E INCORPORADORA Donizete Entringer
MAZZINI GOMES CONST. E INCORPORADORA Luiz Cláudio Mazzini Gomes
METRON ENGENHARIA Jovelino Uliana/Antônio M. César Jr.
MORAR CONSTRUTORA E INCORPORADORA Luciano Franco
ORION ENGENHARIA Eduardo Zerbone da Costa
PACÍFICO CONSTRUÇÕES Luís Fernando Capistrano Stefenoni
PAULO GALO ENGENHARIA Paulo Ernani Alves Galo
PINHEIRO DE SÁ ENGENHARIA Ricardo De Martin
PROENG CONSTRUTORA E INCORPORADORA Eduardo Cândido Ognibene
QUINTELA TORRES INCORPORADORA Marcelo Júdice Torres
RDJ RESIDENCIAL Ronaldo Damázio de Jesus
233
RS CONST. E INCORPORADORA Ronaldo Assis Gripp
S
Á
CAVALCANTE CONSTRUTORA Sinval Cardozo
SAN JUAN EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS Lia Pompéia Faria Gaede
SANTOS NEVES PLANEJ. E INCORPORAÇÕES Gustavo Henrique Mattos Schneider
SERELI CONSTRUTORA E INCORPORADORA Sérgio Nilton Regiane
SOLAR EMPREENDIMENTOS Mário Augusto Santos Nader
S
Ó
LIDA ENGENHARIA Dalva Noia Matto
STALC CONSTRUTORA INCORPORADORA Fábio Andrade
TEMPO AD ENGENHARIA Eduardo Paiva Said
TERCASA ENGENHARIA Marcelo De Vargas Correa
TETRA-G ENGENHARIA, COMERCIO E INDÚSTRIA Fabiano Guimarães Gama
TURBAY PLANEJAMENTO Fabiano Turbay
UNI CONSTRUTORA E INCORPORADORA Djanira Mazioli Chagas
VIGAR EMPREEND. IMOBILIÁRIOS Antônio Ferreira Biajoli/Mário Antônio S.
VIPLAN VITÓRIA ENGENHARIA Roberto Silly
VIVER CONSTRUTORA E INCORPORADORA Aylton Bermudes
234
APENDICE C
METODOLOGIA ESTATÍSTICA
01) Cálculo da amostra
Para confirmação da significância estatística dos dados levantados nas 60 empresas,
inicialmente foi calculado o tamanho da amostra. Foi definida uma amostra
representativa dessa população para a coleta de dados. A amostra foi calculada
usando-se as equações abaixo para pequenas populações (BARBETTA, 2005, p.188)
.
196
07,0
5,05,096,1
2
2
2
2
0
=
××
=
××
=
ε
α
qpz
n
58
83196
83196
0
0
=
+
×
=
+
×
=
Nn
Nn
n
Onde:
n
o
= tamanho da amostra inicial para pequenas populações
Z
= nível de confiança (α) Æ 1,96, para 95% de confiança
p = proporção de uso de novas tecnologias (50%)
q = proporção de não uso de novas tecnologias (1 – p)
ε
= margem de erro adotado
N = População (83)
n = tamanho da amostra
O tamanho da amostra (n) encontrado foi de 58 (cinqüenta e oito) empresas e a
pesquisa foi realizada em 60 empresas. Com isso pode-se considerar que os
resultados encontrados representam toda a população das 83 empresas
cadastradas, com 95% de confiança.
235
02) Análise dos dados
Capítulo 4 - Para representar os resultados da pesquisa descritiva feita nas empresas
de edificações sobre a difusão das tecnologias, que refere-se ao número acumulado de
usuários das novas tecnologias nas empresas, foram utilizadas tabelas de freqüências
com número e percentual. A curva de difusão é representada por uma “curva S” em
relação ao tempo e foi utilizada na representão dos resultados do capítulo 4.
Capítulos 5 e 6 - Na comparação dos percentuais entre os grupos de empresas
“adotantes primeiro” x “adotantes depois”, buscando identificar as características
empresariais que implicam uma maior propensão em adotar uma nova tecnologia; foi
realizado o teste qui-quadrado e teste exato de Fisher. Os resultados mais relevantes
foram mostrados em gráficos de colunas. Foi utilizado o pacote estatístico Statistical
Package for the Social Sciences – SPSS (2007) para esta análise e o nível de
significância adotado nos testes foi p = 0,05; ou seja, para valores menores que 5%
(BARBETTA, 2005). Esses resultados mais relevantes foram considerados
significantes e mostrados em gráficos de colunas.
Essa análise também foi utilizada na comparação entre os grupos de empresas
usuárias e não-usuárias das tecnologias portas prontas e dry-wall.
Conforme Barbetta (2005), valores entre 5 e 10% estão próximos a área de rejeição.
Para esses valores entre 0,05 e 0,10, foi considerado que existe uma tendência para o
resultado encontrado, ou seja, para o nível de até 10%, os dados encontrados foram
considerados como tendenciosos.
*O teste qui-quadrado serve para tabelas N x M (n linhas por m colunas). Já o teste
exato de Fisher serve somente para tabelas 2 x 2 (ou seja duas linhas por duas
colunas). O teste exato é uma adaptação para o teste qui-quadrado e é aplicado
quando o teste qui-quadrado não satisfaz duas condições. Uma dessas condições é
que não pode haver valor zero em nenhuma das caselas das tabelas. A outra condição
236
diz que não pode haver mais de que 20% das caselas com valores esperados menores
5.
O cálculo do valor Pearson Chi-Square (qui-quadrado) está abaixo apresentado:
O teste qui-quadrado serve para avaliar diferenças entre grupos quando a variável é
nominal. O Teste exato de Fisher é uma adaptação do teste qui-quadrado e é usado
quando alguma casela da tabela tem valor esperado abaixo de 5 ou algum valor zero.
Teste qui-quadrado:
Resposta DA DD Total
Sim
0 (2)
4 (2)
4
Não 15 (13)
11 (13)
26
Total 15 15 N=30
O teste qui-quadrado está somando diferenças entre valores observados e esperados.
Em negrito está o valor Esperado (E) para a casela. O que não está em negrito, é o
valor Observado (O). Para calcular o valor esperado temos que multiplicar os totais das
linhas e colunas e dividir pelo N=30.
Exemplos: (15*4)/30=2. (15*26)/30=13 e assim para as outras duas caselas.
Quanto maior for esta diferença mais dependente são as respostas em relação a seu
grupo, já que o teste qui-quadrado está supondo que as respostas para os grupos são
independentes (H
0
).
615,4307,0307,022
13
4
13
4
2
4
2
4
13
)1311(
13
)1315(
2
)24(
2
)20()(
22222
2
=+++=+++=
+
+
+
=
=
E
EO
χ
237
Para uma tabela 2*2 o valor crítico (p<0,05) é 3,86. No exemplo o valor do χ2 foi maior
que 3,86 o que mostra que temos que rejeitar a hipótese nula (independência das
respostas) e aceitar o hipótese alternativa (dependência das respostas).
Na análise da correlação entre as empresas que primeiro adotam e as que mais
adotam novas tecnologias, foi feita uma análise para verificar se havia uma relação
entre essas duas variáveis.
Diz-se que duas variáveis X e Y estão positivamente correlacionadas quando elas
caminham num mesmo sentido, ou seja, elementos com valores pequenos de X
tendem a ter valores pequenos de Y, e elementos com valores grandes de X tendem a
ter valores grandes de Y (BARBETTA, 2005, p.271).
Para qualquer conjunto de dados, o valor do coeficiente de correlação de Pearson, r,
está no intervalo entre -1 a 1. Será positivo quando os dados apresentarem correlação
linear positiva; será negativo quando os dados apresentarem correlação linear negativa
(BARBETTA, 2005, p.278).
*Importante destacar que todos os resultados encontrados possuem 95% de confiança.
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