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ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE OLIVEIRA
SUBMETIDAS À APLICAÇÃO DE
FERTILIZANTES ORGÂNICOS E AIB
MARCELO CAETANO DE OLIVEIRA
2009
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MARCELO CAETANO DE OLVIERA
ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE OLIVEIRA SUBMETIDAS À
APLICAÇÃO DE FERTILIZANTES ORGÂNICOS E AIB
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Agronomia,
área de concentração Fitotecnia, para a
obtenção do título de “Mestre”.
Orientador
Prof. Dr. José Darlan Ramos
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2009
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Oliveira, Marcelo Caetano de.
Enraizamento de estacas de oliveira submetidas à aplicação de
fertilizantes orgânicos e AIB / Marcelo Caetano de Oliveira. – Lavras :
UFLA, 2009.
52 p. : il.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Lavras, 2009.
Orientador: José Darlan Ramos.
Bibliografia.
1. Olea europaea L. 2. Olivicultura. 3. Propagação. 4. Nutrição I.
Universidade Federal de Lavras. II. Título.
CDD – 634.6389
Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
MARCELO CAETANO DE OLIVERA
ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE OLIVEIRA SUBMETIDAS À
APLICAÇÃO DE FERTILIZANTES ORGÂNICOS E AIB
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Agronomia,
área de concentração Fitotecnia, para a
obtenção do título de “Mestre”.
Aprovada em 17 de fevereiro de 2009
Prof. Dr. Rafael Pio UNIOESTE
Pesquisador Dr. Ângelo Albérico Alvarenga EPAMIG
Prof. Dr. José Darlan Ramos
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
A minha querida Helen; ao meu pai, Nilton; minha mãe, Auxiliadora e aos
meus irmãos, Lucas e Adriana, por todo o apoio.
DEDICO.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me dar força e sabedoria para realizar este trabalho.
Ao meu pai, Nilton Caetano de Oliveira, figura sempre presente e parte
fundamental deste trabalho.
A minha querida mãe, que, em todos os momentos, soube ter paciência e
me incentivar.
A meu grande amigo e irmão, Lucas.
A minha querida irmã Adriana e ao Enilson, pela amizade
À querida Helen, grande companheira de todos os momentos e também a
linda Victória.
Ao professor Dr. José Darlan Ramos, pessoa sempre presente e
participativa na orientação.
A Marli, Rafael Pio e João Vieira Neto, pelo auxílio e participações
fundamentais neste trabalho.
Ao apoio e à participação dos pesquisadores Ângelo Albérico Alvarenga,
Enilson Abrahão, Moacir Pasqual, Adelson Francisco de Oliveira e Nilton Nagib
Jorge Chalfun.
Ao Emerson, Renato, Marina e a todos os demais funcionários da
Epamig Maria da Fé.
A todos os colegas de pesquisas e estudos do Departamento de
Agricultura.
À Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), por
ceder toda a estrutura para realização deste trabalho.
Ao apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes).
À Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), pelo
financiamento deste projeto.
A todos que contribuíram para que este trabalho fosse realizado com
sucesso,
o meu muito obrigado.
GE
SUMÁRIO
RESUMO GERAL.......................................................................................
i
GENERAL ABSTRACT.............................................................................
iii
CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO GERAL.................................................. 1
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 1
2 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................... 2
2.1 Aspectos botânicos e econômicos da olivicultura.................................... 2
2.2 Produção de mudas de oliveira................................................................. 4
2.2.1 Estaquia................................................................................................. 6
2.2.2 Ácido indolbutírico............................................................................... 8
2.2.3 Potencial genético de enraizamento...................................................... 9
2.2.4 Fertilizante no enraizamento................................................................. 9
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 13
CAPÍTULO II. ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE CULTIVARES
DE OLIVEIRA SUBMETIDAS À APLICAÇÃO DE DIFERENTES
FERTILIZANTES..........................................................................................
17
RESUMO........................................................................................................ 17
ABSTRACT.................................................................................................... 18
1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 19
2 MATERIAL E MÉTODOS......................................................................... 21
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 23
4 CONCLUSÕES............................................................................................ 29
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 30
CAPÍTULO III. ENRAIZAMENTO E ESTACAS DE OLIVEIRA
SUBMETIDAS À APLICAÇÃO DE FERTILIZANTES ORGÂNICOS E
AIB..................................................................................................................
34
RESUMO........................................................................................................ 34
ABSTRACT.................................................................................................... 35
1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 36
2 MATERIAL E MÉTODOS......................................................................... 39
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 41
4 CONCLUSÕES........................................................................................... 49
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 49
ii
i
RESUMO GERAL
OLIVEIRA, Marcelo Caetano. Enraizamento de estacas de oliveira
submetidas à aplicação de fertilizantes orgânicos e AIB. 2009. 52 p.
Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Lavras,
Lavras.
O cultivo da oliveira é tradicionalmente difundido por diversas regiões do
mundo e, nos últimos anos, este vem se tornando realidade na América do Sul.
No Brasil, diversos estudos vêm demonstrando a viabilidade do cultivo de
olivais em determinadas regiões. Nesse sentido, a propagação de plantas
produtivas de forma eficiente e qualitativa é fundamental para sucesso desta
atividade no Brasil. Sendo assim, este trabalho foi realizado com o objetivo de
avaliar o índice de enraizamento de estacas de oliveira com a aplicação de
fertilizantes no substrato conduzido em casa de vegetação, com sistema de
nebulização intermitente automatizada. As estacas foram plantadas em bancadas
de propagação, a uma profundidade de quatro centímetros, utilizando como
substrato perlita, sem aquecimento do leito de enraizamento. Entre setembro de
2007 e maio de 2008, foram executados, na Fazenda Experimental da Epamig
em Maria da Fé, dois experimentos buscando avaliar o índice de enraizamento
das estacas. No primeiro experimento, as estacas foram preparadas com,
aproximadamente, 12 cm de comprimento e, em seguida, foram imersas na base
com 3.000 mg L
-1
, durante 5 segundos, com solução contendo AIB. A partir daí
foi adotado o esquema fatorial 2 x 7, sendo duas variedades (Arbequina e
Ascolano 315) e seis diferentes fertilizantes (Biofertilizante, Nippoterra, Fert
Bokashi, Ativo, na concentração de 25 mL L
-1
, Nutricafé e Rocksil, na
concentração de 25 g L
-1
, mais a testemunha sem a aplicação de produto). Os
produtos foram aplicados no substrato com regador manual, antes da introdução
das estacas. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro
repetições, sendo cada parcela constituída por 25 estacas. No segundo
experimento, buscou-se obter a melhor dose dentre os produtos selecionados,
Biofertilizante e Nippoterra. Sendo assim, estacas semilenhosas de oliveira
foram cortadas com 12 cm e tratadas ou não em solução contendo 3.000 mg L
-1
de AIB, durante 5 segundos. O trabalho foi dividido em dois experimentos
separadamente, sendo cada um executado com um dos fertilizantes nas seguintes
dosagens: 0, 20, 40 e 60 mL L
-1
. Adotou-se o delineamento experimental
inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 x 4, sendo ausência ou
aplicação de AIB (3.000 mg L
-1
)
e o segundo fator as dosagens de cada
1
Orientador: Prof. Dr. José Darlan Ramos - UFLA
ii
ii
fertilizante orgânico. Nos dois experimentos, foram mensurados a porcentagem
de estacas com calo, a porcentagem de estacas enraizadas, a porcentagem de
estacas enraizadas e ou com calo, o número médio de raízes e o comprimento
médio das raízes. No primeiro trabalho verificou-se que os produtos
Biofertilizante e Nippoterra apresentaram índices superiores dos itens
mensurados. No segundo trabalho, o produto Biofertilizante apresentou
resultado superior, com 62% de enraizamento na dosagem de 36 mL L
-1
.
Palavras-chave: Olea europaea L., olivicultura, propagação, nutrição.
Orientador: Prof. Dr. José Darlan Ramos - UFLA
ii
iii
GENERAL ABSTRACT
OLIVEIRA, Marcelo Caetano. Olive Tree Stakes Rooting Submitted to
Organic Fertilizers Application and IBA. 2009. 52 p. Dissertation (Master
Crop Science) – Universidade Federal de Lavras, Lavras.
The olive tree cultivation is traditionally a worldwide activity and, in the last few
years, it has been turning into a reality in South America. In Brazil, lots of
studies have been demonstrating the viability of olive-yards cultivation in certain
regions of the country. In this sense, the propagation of productive plants in an
efficient and qualitative way happens to be fundamental in its success in Brazil.
The olive tree propagation features variations and low rooting rate when
conducted under the propagation system without the rooting berth heating.
Therefore, this work had as objective the evaluation of rate of olive tree stakes
rooting with application of fertilizers in the substrate conducted in a vegetation
house, with an intermittent nebulization system (automatized by a regulated
temporizer to turn on at 6 h and to turn off at 22h, with nebulization turned on
every five minutes for a period of 10 seconds), with controlled temperature (20
± 2ºC), the stakes being planted in propagation support, at four centimeters of
depth, using perlita as substrate. For 2 years 3 experiments for the verification
on the stakes rooting rate evaluation were carried out on the EPAMIG
Experimental Farm in Maria da Fé. In the first work, the stakes were prepared
featuring approximately 12 cm in length, and afterwards they were immersed
into the basis with 3000 mg L
-1
for 5 seconds with solution containing IBA.
From then on the factorial scheme 2 X 7 considering two varieties (Arbequina
and Ascolano 315) and seven fertilizers ( Biofertilizant, Nippoterra, Fert
Bokashi, Ativo, in the proportion of 25 mL L
-1
,Nutricafé and Rocksil, in the
proportion of 25 g L
-1
).was adopted The products were applied into the
substrate, via manual sprinkler, before the introduction of the stakes. The
utilized delineation was the completely casual one with 4 repetitions, each parcel
featuring 25 stakes. In the second work a search was carried out for the best
dosage among the selected products from the first experiment. Thus, olive tree
semi hardwood stakes were cut at 12 cm and treated or not with 3000 mg L
-1
for
5 seconds in solution containing IBA. The work was divided into 2 experiments
each one being executed with one of the selected fertilizers. The experimental
completely casual delineation, in a 2 X 7 factorial scheme was adopted, being
the absence or application of IBA (3000 mg L
-1
) while the second factor was the
dosages of each organic fertilizer. In both works, the percentage of stakes with
Orientador: Prof. Dr. José Darlan Ramos - UFLA
ii
iv
callus, the percentage of rooted stakes, the percentage of rooted stakes and / or
with callus, the average number of roots and average length of the roots were
measured. In the first work it was verified that the products Biofertilizante and
Nippoterra presented superior rates as compared to the measured items whereas
in the second work, the product Biofertilizante showed higher results, with 62%
of rooted stakes at dosage of 36 mL L
-1
.
Key words: Olea europaea L., olive-culture, propagation, nutrition.
Orientador: Prof. Dr. José Darlan Ramos - UFLA
1
CAPÍTULO I
1 INTRODUÇÃO
Apesar de a oliveira ter sido introduzida no Brasil no início do século
XX, principalmente nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do
Sul, foram instalados olivais sem bases técnicas, o que não permitiu maximizar
o seu desenvolvimento. Nos últimos anos, a olivicultura passou a despertar o
interesse dos produtores, com novos plantios comerciais iniciados na região sul
do estado de Minas Gerais. Isso levou a Empresa de Pesquisa Agropecuária de
Minas Gerais (Epamig) a intensificar os trabalhos de seleção varietal e manejo
cultural dessa frutífera, principalmente quanto à produção de mudas de
qualidade em escala comercial (Oliveira, Antunes & Schuch, 2006).
O cultivo dessa frutífera, além de diminuir os gastos com importações,
possibilitará também maior arrecadação de impostos diretos. Atualmente, 100%
de todo o azeite consumido no Brasil é oriundo da Argentina, Portugal e
Espanha, com importações anuais na ordem de 25 mil t (Mesquita et al., 2006).
O método de multiplicação da oliveira adotado até o final do século XX
foi o enraizamento de estacas lenhosas de 60 cm de comprimento, alocadas
diretamente na cova de plantio. No entanto, esse método apresenta inúmeras
desvantagens, como o tamanho do propágulo, onerando o processo de
multiplicação em larga escala, devido ao gasto excessivo de material e, ainda, o
fato da coleta das estacas serem realizada apenas uma vez ao ano.
Atualmente, a multiplicação das oliveiras é realizada por meio de estacas
semilenhosas de 12 centímetros de comprimento, dotadas de quatro folhas e
enraizadas sob nebulização intermitente (Caballero & Del Rio, 2006).
O enraizamento de estacas semilenhosas, em canteiros com estrutura de
nebulização intermitente e com mecanismos que permitam o aquecimento do
2
substrato, instalados em casa de vegetação, possibilitou avanços no
enraizamento de estacas de oliveira. Entretanto, são necessários investimentos
financeiros iniciais altos, com a construção de instalações apropriadas, o que
pode dificultar a adoção dessa tecnologia por muitos viveiristas ou pequenos
agricultores. Apesar de toda essa tecnologia, o enraizamento ainda é considerado
baixo, a exemplo do trabalho desenvolvido por Oliveira et al. (2006) em que se
conseguiu apenas 30,3% de enraizamento de estacas ‘Ascolano 315’, tratadas
com 3.000 mg L
-1
de AIB em câmara de nebulização intermitente com sistema
de aquecido de substrato.
Até o momento, não foram quantificados possíveis incrementos à
rizogênese das estacas via aplicação de fertilizantes não salinos no substrato
durante o enraizamento. Como os nutrientes são essenciais à emissão das raízes
nas estacas e alguns ainda participam como cofatores às auxinas, a exemplo do
boro e zinco, os resultados com a fertilização suplementar ao substrato utilizado
no leito de estaquia poderão aumentar os índices de enraizamento das estacas.
O presente trabalho foi realizado com o objetivo de estudar o
enraizamento de estacas de cultivares de oliveira submetidas à aplicação de
fertilizantes orgânicos e AIB sem aquecimento do leito de enraizamento.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Aspectos botânicos e econômicos da olivicultura
A oliveira (Olea europaea L.) pertence à família Oleaceae, incluindo
mais de trinta gêneros, como Fraxinus, Lygustrum, Syringa e Olea (Oliveira,
Antunes & Schuch, 2006). Quando comumente cultivada, é uma árvore de
tamanho médio e formato arredondado cujo porte, densidade da copa,
comprimento de entrenós e cor da madeira variam em função da variedade e de
condições de cultivo.
3
A oliveira apresenta polimorfismo com duas fases bem diferenciadas: a
juvenil e a adulta. Estas fases se distinguem pela capacidade reprodutora,
potencial de enraizamento e na aparência de folhas e ramos. Durante a fase
juvenil, ela não é capaz de produzir e apresenta maior potencial de enraizamento
de estacas, folhas mais curtas e grossas e ramos nos quais o comprimento dos
entrenós é menor. Ao contrário, na fase adulta, as folhas são maiores e mais
delgadas e os ramos apresentam entrenós com maiores comprimentos (Rapoport,
1998).
A oliveira é uma das plantas mais antigas da região do Mediterrâneo,
onde ocorrem os maiores plantios do mundo e também são produzidos 82% do
azeite de oliva e mais de 90% das azeitonas de mesa. Sua expansão ocorreu do
oriente ao ocidente, especialmente em toda a região mediterrânea, onde se
encontram grandes extensões de plantio. Mais tarde, se estendeu também à
América, à Austrália e a regiões do extremo oriente, como China e Japão
(Civantos, 1998).
O cultivo de oliveiras adquiriu especial relevância em todo o mundo,
pelo fato de o azeite de oliva ser comprovadamente benéfico à saúde,
principalmente na proteção de enfermidades cardiovasculares e por ser muito
utilizado como veículo na confecção de produtos farmacêuticos (Barcelos et al.,
2006).
Os frutos da oliveira são ricos em polifenóis, como flavonoides,
verbascoside e antocianina (Romani et al., 1999). Não só os frutos dessa planta
milenar possuem propriedades nutriterapêuticas, mas os extratos de folhas são
ricos em compostos fenólicos, principalmente flavonoides com capacidade
antioxidante (Benavente-García et al., 2000). Por esses e outros motivos, assim
com pelos aspectos benéficos das oliveiras, o consumo de azeitonas e extratos é
tão apreciado e requerido pela humanidade.
4
A oliveira tem sido a base da agricultura dos países mediterrâneos, com
grande importância econômica e social. Em Portugal, somente no norte do país,
na região de Trás-os-Montes, o cultivo de oliveiras cobre uma área de 70 mil ha,
próximo a 6% do território (Figueiredo et al., 2002).
O Brasil é um dos maiores importadores de produtos da oliveira da
América do Sul, sendo a Argentina um dos maiores fornecedores, além de
Espanha e Portugal (Castro et al., 1997). Mesmo com um mercado consumidor
de azeitonas e azeite de oliva, não se conseguiu que a olivicultura no Brasil se
tornasse uma alternativa rentável e viável para os produtores (Oliveira et al.,
2001).
O cultivo de oliveiras no Brasil é recente, com novos plantios comerciais
iniciados na região sul do estado de Minas Gerais. Já se observa, pelas
estatísticas do ano de 2007 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o
cultivo de 6 ha comerciais em produção (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, 2009), além de vários pomares em fase de formação.
2.2 Produção de mudas de oliveira
A propagação da oliveira por meio de sementes resulta na obtenção de
plantas que apresentam forte caráter juvenil, com folhas mais curtas e grossas,
ramos com entrenós menores, longo período sem produzir frutos, mas, nesta
fase, com alta capacidade de emissão de raízes, a maioria acima de 90%
(Rapoport, 1998). Além disso, por esse método, as plantas resultantes são
geneticamente distintas da planta mãe, da qual foram coletadas, apresentando o
inconveniente de apenas 50% das sementes germinarem. Já por via assexuada ou
vegetativa, a oliveira pode ser propagada por enxertia ou por estaquia.
A enxertia é uma forma de propagação assexuada de plantas superiores,
em que se juntam partes de tecidos de duas plantas, de maneira que se unam e
continuem seu crescimento como uma única planta (Hartmann et al., 2002). Em
5
geral, é constituída de duas partes, enxerto e porta-enxerto (Fachinello et al.,
2005).
A enxertia é utilizada para a propagação de espécies que não se adaptam
a outros métodos, para obter benefícios determinados pelos porta-enxertos ou
por enxertos, para trocar variedades copa, para acelerar o crescimento de plantas
de interesse, para recuperar partes danificadas de plantas e para estudar doenças
causadas por vírus (Hartmann et al., 2002).
Em estudos de enxerto e porta-enxerto, Caballero & Del Rio (1997)
verificaram que, em oliveira, existe forte interação que determina as
características agronômicas e pomológicas da combinação utilizada. Segundo
estes autores, os ensaios realizados mostram que, mediante o emprego de porta-
enxertos, podem-se modificar algumas características da planta, a produção de
azeitonas e azeite e o peso médio da fruta obtida. Assim, a direção das respostas
é variável em função das cultivares utilizadas, justificando a necessidade de
estudos individuais de cada uma das possíveis combinações.
Jacoboni et al. (1976) foram os primeiros pesquisadores a estudar
melhores combinações para enxertia nesta cultura, utilizando porta-enxertos de
gênero e espécie distintos. Posteriormente, outros estudos foram realizados com
o objetivo de verificar as possibilidades do uso de porta-enxertos de espécies de
gêneros distintos, tais como Phyllirea, Ligustrum, Syringa, Chionantus,
Fontanesia, Forsithia, Fraxinus e Forestiera.
Os enxertos de variedades de Olea europaea L. em porta-enxertos de
outras espécies de Olea, como Olea ferruginea, Olea verrucosa e Olea
chrysophilla, apesar de, nos primeiros meses após a enxertia, apresentarem um
crescimento vigoroso do enxerto, não proporcionaram resultados satisfatórios.
Foi observado um crescimento excessivo no ponto de enxertia, além da
produção de numerosos frutos inaptos, seguida de um amarelecimento de folhas,
murcha e queda destas, resultando na morte das plantas após dez a doze anos.
6
Contudo, estudos sobre esse método de propagação para a oliveira são
bastante escassos, não existindo um protocolo estabelecido para o sucesso da
obtenção de mudas por meio da enxertia.
2.2.1 Estaquia
A utilização de métodos alternativos de propagação, como a estaquia,
tem grande importância, proporcionando maior homogeneidade, uma vez que
pomares para fins de industrialização devem apresentar plantas uniformes, bem
formadas e produtoras de frutos com características botânicas e agronômicas
bem definidas. Portanto, para a obtenção dessas características, é fundamental
que se utilizem processos propagativos por vias assexuais (Fachinello et al.
2005).
A propagação assexuada consiste na reprodução de indivíduos a partir de
partes vegetativas das plantas, sendo possível devido à capacidade de
regeneração apresentada por esses diversos órgãos vegetais (Scarpare Filho,
1990).
Segundo Pasqual et al. (2001), a estaquia, ou propagação por estaca, é
um método de propagação assexuada em que segmentos destacados de uma
planta, sob condições adequadas, emitem raízes e originam uma nova planta,
com características idênticas àquela que lhe deu origem.
As estacas oriundas do caule são as mais utilizadas na propagação da
oliveira. Estas podem ser divididas em três grupos, de acordo com a natureza do
lenho: estacas lenhosas (apresentam tecidos lignificados, ausentes de folhas e
coletadas na época da poda hibernal), estacas herbáceas (apresentam tecidos
tenros, coletadas na época de desenvolvimento vegetativo da planta, requerendo
a presença de folhas) e estacas semilenhosas ou semi-herbáceas, que apresentam
um estágio intermediário entre os dois extremos, sendo coletadas no final do
verão, ainda foliadas (Hartmann et al., 2002). Segundo estes autores, existem
7
grandes diferenças na capacidade de enraizamento entre os diferentes grupos de
estacas, dependendo da espécie em questão e, até mesmo, entre plantas da
mesma espécie.
Vários fatores podem influenciar o enraizamento de estacas, tanto os
intrínsecos, relacionados à própria planta, como os extrínsecos, relacionado às
condições ambientais. Condições internas da planta podem ser traduzidas pelo
balanço hormonal entre inibidores, promotores e cofatores de enraizamento que
interferem no crescimento das raízes (Fachinello et al. 2005).
A estaquia de fragmentos caulinares é o método de propagação
assexuada mais utilizado na propagação da oliveira, mas o sistema tradicional de
propagação, estacas lenhosas de 60 cm enraizadas diretamente na área de
plantio, requer muito material vegetal (Caballero & Del Rio, 1998).
A utilização de estacas poderia suprir esta inconveniência, mas, a coleta
de material vegetativo em matrizes adultas é de baixo rendimento, pois apresenta
limitações, como reduzido percentual de estacas enraizadas e danos às plantas
matrizes. Torna-se necessário utilizar grande quantidade de ramos vegetativos,
maiores dificuldades no controle sanitário e épocas do ano bem definidas para a
sua coleta, configurando um entrave para a produção de maiores quantidades de
mudas.
Para tanto, uma solução seria a formação de jardim clonal destinado
apenas ao fornecimento de material propagativo para o enraizamento de estacas.
Por meio desse jardim clonal, a retirada de material propagativo poderia ser
realizada em qualquer época do ano, sem atingir plantas matrizes que, muitas
vezes, podem estar em produção, levando a uma maior obtenção de mudas.
Ainda assim, o processo de enraizamento de estacas é altamente
influenciado por características internas da planta e também características
externas que irão contribuir para o sucesso deste processo.
8
2.2.2 Ácido indolbutírico
Hormônio vegetal é um composto orgânico, não nutriente, de ocorrência
natural, produzido na planta, que, em baixas concentrações, promove, inibe ou
modifica processos morfológicos e fisiológicos do vegetal. Difere dos
reguladores vegetais, que são substâncias sintetizadas, as quais, aplicadas
exogenamente, desempenham ações similares às grupos de hormônios vegetais
conhecidos (Castro & Vieira, 2001).
A aplicação de reguladores vegetais, em estacas de algumas espécies, é
decisiva para a formação de raízes (Kester & Satori, 1966; Fiori & Zucconi,
1968), sendo este um fator determinante para o enraizamento de estacas de
oliveira.
O regulador vegetal mais utilizado e mais eficiente para um grande
número de plantas tem sido o ácido indolbutírico (AIB), uma auxina que
influencia o processo de divisão celular das plantas (Bose & Mandal, 1972). O
AIB é a substância mais utilizada para o aumento do potencial rizogênico das
estacas, por se tratar de uma substância fotoestável, de ação localizada e menos
sensível à degradação biológica, em comparação às demais auxinas sintéticas
(Hinojosa, 2000).
A ação das auxinas ocorre, inicialmente, em âmbito celular, nos
meristemas primário e secundário, estimulando a divisão celular e o subsequente
alongamento das células ( Potesch et al., 1972). Segundo Hartmann et al. (2002),
esta ação inicial das auxinas culmina com a formação das raízes, que são
resultantes das alterações morfogenéticas e da diferenciação das células das
estacas.
Em trabalho realizado por Pio et al. (2005), utilizando doses de AIB para
o enraizamento de estacas semilenhosas de oliveira, observou-se que os
melhores resultados foram encontrados com a dose 2000 mg L
-1
, promovendo
esta um maior percentual de enraizamento.
9
Segundo Alvarenga & Carvalho (1983), o estímulo ao enraizamento se
dá até uma determinada concentração de regulador diferente para cada espécie, a
partir da qual o efeito começa a ser inibitório.
2.2.3 Potencial genético de enraizamento
Haissig & Reimenschneider (1988) afirmam que a formação de raízes
adventícias em estacas pode ser direta e indiretamente, controlada por genes.
Segundo estes autores, não têm sido muito estudados e discutidos os aspectos
genéticos que influenciam o processo de enraizamento de estacas, sendo tais
efeitos considerados sem importância.
A potencialidade de uma estaca em formar raízes é variável com a
espécie e cultivar, podendo ser feita uma classificação entre espécies ou
cultivares de fácil, médio ou difícil capacidade de enraizamento, ainda que a
facilidade de enraizamento seja resultante da interação de diversos fatores e não
apenas do potencial genético (Fachinello et al. 2005).
2.2.4 Fertilizantes no enraizamento
O estado nutricional da planta matriz é um fator a considerar no
momento da escolha das estacas. Os macronutrientes (N, P, K, Ca e Mg) e os
micronutrientes (Zn e B) são de grande importância, pois estão envolvidos nos
inúmeros processos metabólicos.
O zinco é necessário para a produção do triptofano, que é um precursor
da auxina. Portanto, as aplicações de zinco aumentam os teores de auxina
endógena dos ramos e, consequentemente, das estacas.
Segundo Kersten & Ibanez (1993), em trabalho de enraizamento de
estacas de ameixeira, utilizando pulverizações com zinco e boro, houve um
aumentou significativo no enraizamento, passando de 27,91% para 42,50% no
10
enraizamento de suas estacas, mostrando o considerável efeito desses
micronutrientes.
Muitas vezes, a adubação nitrogenada das plantas matrizes influencia
mais no enraizamento das estacas do que a aplicação de outros macronutrientes.
Blazich (1988), em revisão sobre a influência da nutrição mineral no
enraizamento de estacas, relatou que estacas de uva enraizavam mais facilmente
aplicando-se zinco nas plantas matrizes.
Blazich (1988) constatou que cultivares de abacateiro que apresentam
dificuldade para o enraizamento de estacas possuem níveis elevados de
manganês nas folhas. O manganês é conhecido como ativador da IAA-oxidase,
que destrói a auxina endógena das estacas, prejudicando o processo.
Até o momento, não foram quantificados possíveis incrementos à
rizogênese das estacas via aplicação de fertilizantes não salinos no substrato
durante o enraizamento (Nicoloso et al., 1999). Como os nutrientes são
essenciais à emissão das raízes nas estacas e alguns ainda participam como
cofatores às auxinas, a exemplo do boro e zinco, os resultados com a fertilização
suplementar ao substrato utilizado no enraizamento poderão aumentar os índices
de enraizamento das estacas.
Os constituintes internos da planta matriz, tais como teores de reservas e
nutrientes, devem estar em níveis adequados para favorecer o enraizamento das
estacas, uma vez que o estado fisiológico da planta irá influenciar diretamente
no metabolismo das estacas para a iniciação radicular (Vale, 2003).
O conteúdo de carboidratos endógenos presentes nas estacas pode ser
um fator limitante durante o processo de enraizamento. Dessa forma, o
suprimento exógeno de sacarose na solução com auxina pode contribuir de
forma benéfica, podendo haver um efeito sinérgico entre auxina/sacarose no
enraizamento de estacas (Chalfun et al., 1992; Pio, 2002).
11
Também em oliveira, a concentração de hidratos de carbono nas plantas
matrizes tem importância na formação do sistema radicular. A presença de
folhas e gemas nessas estacas favorece o processo de iniciação e crescimento de
raízes (Fontanazza & Rugini, 1977; Avidan & Lavee, 1978).
Segundo Pio et al. (2003), a utilização de sacarose proporciona melhores
resultados para as variáveis comprimento de maior raiz (6,49 cm) e massa seca
de raízes (157,13 mg). Para Ferri (1997), após o tratamento das estacas com
regulador de crescimento indutor de enraizamento, ocorre translocação de
carboidratos para área tratada, aumentando a taxa respiratória, ocorrendo a
aceleração do metabolismo normal e resultando no aumento do número de
primórdios radiculares.
A relação de carbono/nitrogênio (C/N), quando se trata de relações
elevadas, propicia um maior enraizamento, mas com pequeno desenvolvimento
da parte aérea. Veierskov (1988) verificou que a relação C/N é importante na
habilidade de enraizamento de estacas, pois experimentos demonstraram que
segmentos contendo alta relação C/N enraízam melhor em relação aos de baixa
relação, devido ao alto teor de nitrogênio e, consequentemente, maior
concentração de compostos relacionados com o enraizamento.
Mindêllo Neto, Telles & Biasi (2005), em trabalho com enraizamento de
estacas de pessegueiro, utilizando ácido indolbutírico associado à turfa fértil,
relataram que a percentagem de estacas enraizadas aumentou em relação aos
tratamentos em que não foi feita a aplicação do fertilizante orgânico. Isso sugere
que os elementos que compõem o produto orgânico, de certa forma, devem ter
aumentado o conteúdo de carboidratos nas estacas, favorecendo o enraizamento.
Segundo Fachinello et al. (2005), a quantidade desses nutrientes depende
do material utilizado, não se obtendo respostas satisfatórias na tentativa de
adequação dessa relação.
12
Neste trabalho, foram utilizados seis diferentes fertilizantes, sendo cinco
produtos comerciais, Nippoterra, Fert Bokashi, Ativo, Nutricafé e Rocksil, além
do produto denominado biofertilizante (supermagro), o qual pode ser elaborado
na própria propriedade. Os ingredientes (tabela 1) e o método de obtenção do
biofertilizante utilizado neste trabalho estão descritos abaixo:
TABELA 1 Ingredientes utilizados na elaboração do biofertilizante
INGREDIENTES UNIDADE QUANTIDADE
Esterco de vaca kg 30
Água litro 140
Leite litro 7
Melaço litro 7
Sulfato de zinco kg 2
Sulfato de magnésio kg 2
Sulfato de manganês kg 0,3
Sulfato de cobre kg 0,3
Cloreto de cálcio kg 2
Ácido bórico kg 3
Sulfato de ferro kg 0,2
Fonte: Adaptado Souza & Resende (2003)
Método de preparo
Para elaborar o volume de total de 200 litros do biofertilizante, devem-se
adicionar, primeiramente, 100 litros de água e 20 litros de esterco fresco em um
tambor. Em seguida, adiciona-se, a cada três dias, um dos sais, conforme Tabela
1, dissolvidos em 1 litro de água morna, 1 litro de leite e 1 litro de melaço (ou
0,5 kg de açúcar), misturando na solução em fermentação.
Quando for colocar o quinto nutriente, adicionar, simultaneamente, 10
kg de esterco fresco.
Após adicionar todos os sais minerais, completar até o volume total de
200 litros e deixar fermentar, no verão, por 30 dias e no inverno, por 45 dias.
13
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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17
CAPÍTULO II
ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE CULTIVARES DE OLIVEIRA
SUBMETIDAS À APLICAÇÃO DE DIFERENTES FERTILIZANTES
RESUMO
Este trabalho foi executado devido ao baixo índice de enraizamento obtido na
propagação da oliveira atualmente, cerca de 30% e por haver poucos trabalhos
utilizando fertilizantes no leito de enraizamento. Estacas semilenhosas da região
mediana da copa de plantas de oliveiras ‘Ascolano 315’ e ‘Arbequina’ foram
preparadas com, aproximadamente, 12 cm de comprimento e quatro folhas,
sendo, em seguida, tratadas com 3.000 mg L
-1
de AIB, por 5 segundos. O
experimento foi conduzido em casa de vegetação, com sistema de nebulização
intermitente, sendo as estacas colocadas em bancadas de propagação contendo a
perlita como substrato. Antes do plantio das estacas, foram aplicados os
seguintes fertilizantes: biofertilizante, Nippoterra, Fert Bokashi, Ativo, na
concentração de 25 mL L
-1
e Nutricafé e Rocksil, na concentração de 25 g L
-1
.
Os produtos foram aplicados nas parcelas experimentais com regador manual,
em dosagem única. Passados 67 dias, foram mensurados porcentagem de estacas
com calo, enraizadas, enraizadas e/ou com calo, número e comprimento médio
das raízes. Concluiu-se que o biofertilizante propiciou os melhores resultados,
com 65% de enraizamento para a variedade Ascolano 315 e 44% para a
Arbequina.
Palavras-chave: Olea europaea L., olivicultura, propagação, nutrição.
18
ABSTRACT
This work was developed due the low rate of rooting obtained in the propagation
of olive plants at present times, about 30%, and to the fact that there are few
works on the use of fertilizers in substrate. Semi hardwood cutting was
collected from the middle portion of the ‘Ascolano 315’ and ‘Arbequina’ olive
trees. They were prepared at approximately 12 cm of length and four leaves,
being then treated with 3000 mg L
-1
of IBA for five seconds. The experiment
was carried out at a vegetation house having a system of intermittent
nebulization, being the cut pieces placed in propagation supports, containing the
perlita as substrate. Before planting the cut pieces, the following fertilizers were
applied: Biofertilizante, Nippoterra, Fert Bokashi, Ativo, in the proportion of 25
mL L
-1
, Nutricafé and Rocksil, in the proportion of 25 g L
-1
. The products were
applied into the experimental portions in a single dose. 67 days later, the
percentage of cut pieces with callus, rooted, rooted and/or with callus, average
number of roots average length of the roots were evaluated. Biofertilizante fared
best results, in comparison to the other fertilizers, and the ‘Ascolano 315’ olive
tree presented the best root indexes.
Key words: Olea europaea L., olive-culture, propagation, nutrition.
19
1 INTRODUÇÃO
O método de multiplicação da oliveira (Olea europaea L.) adotado até o
final do século XX foi o enraizamento de estacas lenhosas de 60 cm de
comprimento, alocadas diretamente na cova de plantio. No entanto, esse método
apresenta inúmeras desvantagens, com maior ênfase ao tamanho do propágulo,
onerando o processo de multiplicação em larga escala, devido ao gasto excessivo
de material e, ainda, ao fato de a coleta das estacas se restringir somente à época
de poda, realizada apenas uma vez ao ano (Caballero, 1981).
Atualmente, a multiplicação das oliveiras é realizada por meio de
estacas semilenhosas de 12 cm de comprimento, dotadas de quatro folhas e
enraizadas sob nebulização intermitente, o que vem permitindo a produção de
mudas de qualidade superior e em quantidade suficiente para atender à demanda
da moderna olivicultura (Caballero & Del Rio, 2006).
Apesar de a oliveira ter sido introduzida no Brasil há muitas décadas,
principalmente na região sudeste, foram instalados olivais sem bases técnicas, o
que não permitiu maximizar o seu desenvolvimento. Entretanto, nos últimos
anos, a olivicultura passou a despertar interesse entre os produtores rurais no Sul
de Minas Gerais, o que levou a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas
Gerais (Epamig) a intensificar os trabalhos de seleção varietal e manejo cultural
dessa frutífera, principalmente quanto à produção de mudas de qualidade em
larga escala (Oliveira et al., 2006a).
O cultivo de oliveiras no Brasil é um fato recente, com novos plantios
comerciais iniciados na região sul do estado de Minas Gerais. Esta commodity,
além de diminuir os gastos com importações, pois 100% de todo o azeite e
azeitonas consumidos no Brasil originam-se da Argentina, Portugal e Espanha,
20
possibilitará também maior arrecadação de impostos diretos (Mesquita et al.,
2006).
O enraizamento de estacas semilenhosas, em canteiros com estrutura de
nebulização intermitente e com mecanismos que permitem o aquecimento do
substrato, instalados em casa de vegetação, possibilitou avanços no
enraizamento de estacas de oliveira. Entretanto, são necessários investimentos
financeiros iniciais altos, com a construção de instalações apropriadas, o que
pode dificultar a adoção dessa tecnologia por muitos viveiristas ou pequenos
agricultores. Apesar de toda essa tecnologia, o enraizamento ainda é considerado
baixo, a exemplo do trabalho desenvolvido por Oliveira et al. (2006b), no qual
se conseguiu apenas 30,3% de enraizamento de estacas ‘Ascolano 315’, tratadas
com 3.000 mg L
-1
de AIB em câmara de nebulização intermitente com sistema
de aquecido de substrato.
Tem sido observado que a formação de raízes adventícias se deve à
interação de fatores existentes nos tecidos e da translocação de substâncias
sintetizadas nas folhas e gemas em desenvolvimento das estacas. Entre esses
fatores, os fito-hormônios e os nutrientes minerais são de fundamental
importância (Wang & Andersen, 1989; Henry et al., 1992).
Até o momento, não foram quantificados possíveis incrementos à
rizogênese das estacas via aplicação de fertilizantes não salinos ao substrato,
durante o enraizamento (Nicoloso et al., 1999). Como os nutrientes são
essenciais à emissão das raízes nas estacas e alguns ainda participam como
cofatores às auxinas, a exemplo do boro e de zinco, os resultados com a
fertilização suplementar ao substrato utilizado no enraizamento poderão
aumentar os índices de enraizamento das estacas.
Na tentativa de aumentar o potencial rizogênico de estacas semilenhosas
de oliveira em câmara de nebulização ausente de estruturas de aquecimento,
realizou-se o presente trabalho. O objetivo foi quantificar os índices rizogênicos
21
de duas cultivares de oliveira submetidas à aplicação de diferentes fertilizantes
orgânicos, durante o enraizamento.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado nas dependências da Fazenda
Experimental de Maria da Fé (FEMF), da Epamig, em Maria da Fé, MG.
Estacas semilenhosas foram coletadas em setembro de 2007, na região
mediana em torno da copa, em plantas de oliveiras ‘Ascolano 315’ e
‘Arbequina’ pertencentes ao banco de germoplasma da Epamig. Essas estacas
foram preparadas com, aproximadamente, 12 cm de comprimento e com quatro
internódios, mantendo na região apical das mesmas quatro folhas. A base de
todas as estacas foi imersa por cinco segundos em solução de 3.000 mg L
-1
de
AIB.
O experimento foi conduzido em casa de vegetação, com sistema de
nebulização intermitente (automatizada por um temporizador regulado para
acionar às 6 horas e desligar às 22 horas, com nebulizações acionadas a cada 10
minutos, por um período de 10 segundos), com temperatura controlada
(25±2ºC). As estacas foram plantadas em bancadas de propagação, à
profundidade de quatro centímetros, utilizando-se como substrato a perlita.
Antes do plantio das estacas, após a saturação do substrato com água do
sistema de nebulização, foram aplicados os seguintes fertilizantes orgânicos:
biofertilizante, Nippoterra, Fert Bokashi, Ativo (diluído a 25 mL L
-1
), Nutricafé
e Rocksil (diluído a 25 g L
-1
). Os produtos foram aplicados nas parcelas
experimentais com regador manual, em dosagem única. A porcentagem dos
nutrientes contidos nos fertilizantes encontra-se na Tabela 1. Cada parcela
apresentava dimensão de 1 x 0,16 x 0,2 m, com 32 litros de perlita, sendo regada
22
com 2 L de solução. Logo em seguida, as estacas fora enterradas, a 2/3 de seu
comprimento, no substrato.
TABELA 1 Porcentagem de nutrientes em cada fertilizante utilizado no referido
trabalho. Epamig, UFLA, Lavras, MG, 2009.
Nutriente
Biofertilizante
g/L
-1
Nippoterra
%
Bokashi
%
Ativo
%
Nutricafé
%
Rocksil
%
N
- 8 1 - - -
P
- 6 - - - 0,1
K
- 15 - - 10 -
Zn
2 0,2 - 1 5 -
Cu
0,7 0,05 - 0,3 10 -
Fe
0,6 0,2 - 0,5 - 0,16
Mn
0,9 0,5 - 0,5 2 -
B
0,9 0,4 - 0,5 3 -
Co
- - - - - -
Mo
- 0,05 - 0,1 - -
S
3,2 - - 2 10 9,82
Mg
1,6 - - 1 1 0,18
Al
- - - - - 20,56
Si
- - - - - 17,43
Ca
2,7 - - - - 1,31
Ti
- - - - 0,34
MO
35 0,05 8 - - -
Sacarose
35 - - - - -
O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, em esquema
fatorial 2 x 7. O primeiro fator foram as duas cultivares de oliveira e o segundo
fator, os seis fertilizantes e o controle (ausência de tratamento), com quatro
repetições e cada parcela constituída por 25 estacas. Passados 67 dias, foram
mensuradas a porcentagem de estacas com calo, a porcentagem de estacas
enraizadas, a porcentagem de estacas enraizadas e ou com calo, o número e o
comprimento médio das raízes.
23
Os dados coletados foram analisados estatisticamente utilizando-se o
programa Sisvar. As porcentagens de estacas com calo, estacas enraizadas e
estacas enraizadas e com calo foram transformadas por arc sen
21
)100/x( , com
a finalidade de proporcionar a normalidade dos erros.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a análise estatística, houve diferença significativa entre
as cultivares de oliveira para a porcentagem de estacas enraizadas, enraizadas e
ou calejadas e o comprimento médio das raízes, e diferença estatística para a
aplicação dos fertilizantes, em todas as variáveis mensuradas. Não se constatou
diferença significativa entre a interação dos fatores, para todas as características
estudadas (Tabela 2).
TABELA 2 Resumo da análise de variância para porcentagem de estacas com
calo (PEC), porcentagem de estacas enraizadas (PEE),
porcentagem de estacas enraizadas e/ou com calo (PEEC),
número médio de raízes (NMR) e comprimento médio das raízes
(CMR, cm) de estacas de oliveira (Olea europaea L.). UFLA,
Lavras, MG, 2009.
Quadrados médios
FV GL PEC
1
PEE
1
PEEC
1
NMR CMR
Cultivares (C) 1 0,14 8,58* 4,32* 0,79 2,38*
Fertilizante (F) 6 10,93* 53,43* 44,01* 20,81* 28,12*
C x F 6 1,34 1,12 1,26 3,83 0,37
Erro 41 44,94 1,01 1,51 2,35 0,48
1
Valores originais transformados por arc sen
21
)100/(x .
* Significativo, a 5% de probabilidade.
24
A oliveira ‘Ascolano 315’ apresentou maior porcentagem de estacas
enraizadas (19%, incremento de 6,3% em relação à ‘Arbequina’), porcentagem
de estacas enraizadas e ou calejadas (34,8%) e comprimento médio das raízes
(2,3) (Tabela 3). Vale ressaltar que se optou por trabalhar com estas variedades,
pois verificou-se que a variedade Ascolano 315’ tem apresentado porcentagem
de enraizamento superior à da Arbequina e à das demais. Além disso, estas
variedades estão entres as mais promissoras atualmente e apresentam finalidades
diferentes, sendo a primeira recomendada na obtenção de azeitona em conserva
e segunda, na extração de azeite.
No entanto, esse enraizamento ainda é considerado baixo, tomando-se
por base o trabalho desenvolvido por Pio et al. (2005), que obtiveram 45,81% de
enraizamento em estacas semilenhosas com um par de folhas de oliveira
‘Grapollo’ tratadas com AIB, em sistema de nebulização intermitente.
TABELA 3 Porcentagem de estacas com calo (PEC), porcentagem de estacas
enraizadas (PEE), porcentagem de estacas enraizadas e/ou com
calo (PEEC), número médio de raízes (NMR) e comprimento
médio das raízes (CMR, cm) em estacas de duas cultivares de
oliveira (Olea europaea L.). UFLA, Lavras, MG, 2009.
Variáveis analisadas*
Cultivares
PEC PEE PEEC NMR CMR (cm)
Ascolano 315 15,8
ns
19,0 a 34,8 a 2,6
ns
2,3 a
Arbequina 14,4 12,7 b 27,1 b 2,4 1,9 b
C.V. (%) 32,33 33,24 24,62 44,78 26,71
* Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem significativamente
entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.
ns
– não significativo, segundo o teste F.
A potencialidade de uma estaca em formar raízes é variável com a
espécie e a cultivar, podendo ser feita uma classificação entre espécies ou
cultivares de fácil, médio e difícil capacidade de enraizamento, ainda que a
25
facilidade de enraizamento seja resultante da interação de diversos fatores e não
apenas do potencial genético (Fachinello et al., 2005).
Quanto à aplicação dos fertilizantes ao substrato, o biofertilizante, o
Nippoterra, o Ativo e o Nutricafé favoreceram melhores resultados para a
porcentagem de estacas calejadas (Tabela 4). Analisando-se os dados da Tabela
1, verifica-se que esses quatro fertilizantes mencionados foram os únicos que
apresentaram o zinco (Zn) em sua composição, elemento imprescindível para a
melhoria da rizogênese em estacas. Além disso, esses produtos, quando
comparados a sais utilizados em outros trabalhos, possuem baixa concentração
dos nutrientes. Verifica-se, pelos dados da Tabela 1, que o biofertilizante
apresenta concentração inferior não só do Zn com 2 g/L
-1
, mas também dos
demais nutrientes, quando comparado a produtos como o Nutricafé, que possui
5% do nutriente em sua composição. Isso pode explicar os resultados obtidos.
TABELA 4 Porcentagem de estacas com calo (PEC), porcentagem de estacas
enraizadas (PEE), porcentagem de estacas enraizadas e ou com
calo (PEEC), número médio de raízes (NMR) e comprimento
médio das raízes (CMR, cm) em estacas de oliveira (Olea
europaea L.) submetidas à aplicação de diferentes fertilizantes
durante a rizogênese. UFLA, Lavras, MG, 2009.
Variáveis analisadas*
Fertilizante
PEC PEE PEEC NMR CMR
Controle 6,5 b 0 c 6,5 c 0 d 0 d
Biofertilizante
21,0 a 54,5 a 75,5 a 4,5 a 4,8 a
Nipoterra
15,5 a 22,5 b 38,0 b 4,2 a 3,7 b
Fert Bokashi
9,5 b 2,0 c 11,5 c 1,1 c 0,4 d
Ativo
20,5 a 21,0 b 41,5 b 2,9 b 3,5 b
Nutricafé
25,5 a 7,5 c 33,0 b 2,9 b 1,2 c
Rocksil
6,3 b 2,3 c 8,6 c 1,8 c 1,2 c
C.V. (%) 32,33 33,24 24,62 44,78 26,71
* Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem significativamente
entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.
26
O Zn é requerido na síntese do triptofano, um precursor do ácido
indolacético, que é um fito-hormônio envolvido na formação de raízes
adventícias (Mengel &Kirkby, 1979; Blakesley et al., 1991).
O aminoácido é comum em plantas como constituinte de proteínas e
precursor intermediário da biossíntese de várias substâncias indólicas e ácido
indolacético (Haggquist et al., 1988). É originário da rota do ácido shiquímico
(Fregoni, 1985) e forma auxinas endógenas via ácido indolpirúvico, triptamina,
indolacetoaldoxima (C
OLL et al., 1990). A conversão via ácido indolpirúvico é
feita por transaminação (Truelsen, 1973), sendo citado também que há a
possibilidade de transformação de L-triptofano em ácido indolacético via
indolacetoaldoxima (Ludwig-Muller & Hilgenberg, 1988). Tanto a forma “L”
como a forma “D” triptofano podem ser precursoras de ácido indolacético.
Porém, o grande efeito da forma D-triptofano induz à suposição de que este é o
precursor mais direto.
Quanto à porcentagem de estacas enraizadas e de estacas enraizadas e ou
calejadas, o biofertilizante foi o que proporcionou os melhores resultados
(54,5% e 75,5%, respectivamente) (Tabela 4). Com isso, verificou-se a
superioridade desse método em relação a trabalhos como o de Oliveira et al.
(2006b), que obtiveram 30,3% de enraizamento com a utilização de AIB e
substrato aquecido na mesma variedade. Essa superioridade pode estar
relacionada à presença de carbono orgânico em sua composição (0,27%), no
entanto, em níveis aceitáveis em relação ao Fert Bokashi, que possui 8% em sua
composição.
Diversos estudos mostram a necessidade de um determinado equilíbrio
entre auxina e hidratos de carbono para a ótima produção de raízes, já que,
durante o processo de enraizamento, ocorrem contínuas perdas de amido e
açúcares solúveis na base da estaca, a qual comporta um forte dreno de
assimilados. De acordo com Hartmann
et al. (2002), há uma relação entre o
27
enraizamento e o conteúdo de hidratos de carbono presentes nas estacas de
algumas espécies, inclusive para oliveira (Rallo & Del Rio, 1990; Del Rio &
Caballero, 1991).
Para o número médio de raízes, os fertilizantes Nippoterra e
biofertilizante apresentaram melhores resultados (4,2 e 4,5 raízes,
respectivamente), tendo esse último favorecido o maior comprimento das raízes
formadas (Tabela 4). Essa superioridade do biofertilizante pode estar relacionada
aos níveis adequados de boro (B) em sua composição (0,18%, Tabela 1). Tem-se
observado que a deficiência de B provoca distúrbios no desenvolvimento dos
tecidos meristemáticos, como morte dos ápices das raízes e tecidos do câmbio
(Mengel & Kirkby, 1979). A iniciação de raízes nas estacas é estimulada pela
auxina, devendo-se o posterior crescimento ao B (Middlenton et al., 1978).
Henry et al. (1992) observaram correlação significativa entre níveis de B
encontrados nas estacas de Juniperus virginiana L. e a resposta ao enraizamento.
Apesar de não ter ocorrido diferença estatística na interação entre os
dois fatores, no desdobramento das cultivares dentro de cada nível dos
fertilizantes, constatou-se diferença estatística para a porcentagem de estacas
enraizadas e na porcentagem de estacas enraizadas e/ou calejadas, para o
biofertilizante e o Ativo (Tabela 5).
28
TABELA 5 Resumo do desdobramento da análise de variância das cultivares
dentro de cada nível dos fertilizantes e dos fertilizantes dentro de
cada nível dos cultivares, para porcentagem de estacas enraizadas
(PEE) e porcentagem de estacas enraizadas e/ou com calo (PEEC)
de estacas de oliveira (Olea europaea L.). UFLA, Lavras, MG,
2009.
Quadrados médios
FV GL PEE
1
PEEC
1
Desdobramento: cultivares dentro de cada nível dos fertilizantes
Controle 1 0,00 2,00
Biofertilizante
1 882,00* 722,00*
Nipoterra
1 50,00 72,00
Fert Bokashi
1 32,00 2,00
Ativo
1 288,00* 1250,00*
Nutricafé
1 18,00 32,00
Rocksil
1 4,76 19,04
Erro 41 61,72 106,40
Desdobramento: fertilizantes dentro de cada nível dos cultivares
Ascolano 315 6 2105,33* 3223,23*
Arbequina 6 1001,75* 1741,33*
Erro 41 61,72 106,40
1
Valores originais transformados por arc sen
21
)100/(x .
* Significativo, a 5% de probabilidade.
Assim, pelos dados da Tabela 6, comprova-se novamente a
superioridade do biofertilizante, que proporcionou melhores resultados em
comparação ao Ativo, nas duas variáveis mensuradas e dentro das duas
cultivares. Analisando-se o comportamento das duas cultivares dentro do
biofertilizante, verifica-se que estacas da oliveira ‘Ascolano 315’ apresentaram
65% de enraizamento contra 44% de estacas da oliveira ‘Arbequina’
(incremento de 21%) e 85% de estacas enraizadas e/ou calejadas. Este
desdobramento demonstra a superioridade no enraizamento de estacas da
variedade Ascolano 315’.
29
TABELA 6 Porcentagem de estacas enraizadas (PEE) e porcentagem de estacas
enraizadas e/ou com calo (PEEC) em estacas de duas cultivares
oliveira (Olea europaea L.) submetidas à aplicação de
biofertilizante e Ativo, durante a rizogênese. UFLA, Lavras, MG,
2009.
PEE* PEEC
Cultivares
Biofertilizante Ativo Biofertilizante Ativo
Ascolano 315 65,0 Aa 27,0 Ba 85,0 Aa 54,0 Ba
Arbequina 44,0 Ab 15,0 Bb 66,0 Ab 29,0 Bb
C.V. (%) 33,24 24,62
* Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna,
não diferem significativamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.
Segundo Oliveira et al. (2003), é possível realizar o enraizamento de
estacas semilenhosas de oliveira da ‘Ascolano 315’, utilizando-se instalações
sem qualquer controle ambiental, podendo-se obter 29,85% de estacas
enraizadas. Oliveira
et al. (2006b) obtiveram 30,3% de enraizamento em estacas
da ‘Ascolano 315’, em câmara de nebulização com substrato aquecido
(incremento de 0,45%). No entanto, com a utilização do biofertilizante e
utilizando-se câmara de nebulização intermitente sem aquecimento do substrato,
houve 35% de aumento nos índices de enraizamento, em relação aos trabalhos
mencionados.
Por esses resultados, comprova-se que a utilização do biofertilizante no
enraizamento de estacas de oliveira incrementa o potencial rizogênico das
estacas, auxiliando na redução dos custos de produção das mudas, em relação a
não utilização de substrato aquecido.
4 CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que:
30
- a aplicação de fertilizantes ao leito de enraizamento durante a estaquia
da oliveira aumenta o potencial rizogênico;
- o biofertilizante propiciou melhores resultados, em comparação aos
demais fertilizantes;
- a cultivar Ascolano 315 apresentou 65% de enraizamento com o uso do
biofertilizante.
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between stock plant cultivar, age, environment and growth regulator treatments.
Acta Horticulturae, Heverlee, v.245, p.289-309, 1989.
O capitulo 2 foi transcrito em formato de artigo e encaminhado para a submissão
do Periódico Científico Bragantia
33
Marcelo Caetano de Oliveira
1
, João Vieira Neto
2
, Ricardo de Souza Oliveira
1
,
Rafael Pio
3
, Nilton Caetano de Oliveira
2
, José Darlan Ramos
1
.
1
Departamento de Agricultura, Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG,
Brasil. Caixa Postal 37, 37200-000; e-mail: [email protected]
.
2
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - EPAMIG, Bairro
Vargedo, 35517-000, Maria da Fé-MG; e-mail: femf@epamig.br
3
Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE. Rua Pernambuco, nº
1777, Caixa Postal 1008, Centro, 85960-000, Marechal Cândido Rondon-PR; e-
Os autores agradecem a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior) e à FAPEMIG (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado
de Minas Gerais) pelos auxílios concedidos para a realização desse trabalho.
34
CAPÍTULO III
ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE OLIVEIRA SUBMETIDAS À
APLICAÇÃO DE FERTILIZANTES ORGÂNICOS E AIB
RESUMO
Estacas semilenhosas de oliveiras ‘Ascolano 315’ foram preparadas com,
aproximadamente, 12 cm de comprimento e quatro folhas, sendo, em seguida,
tratadas ou não com 3.000 mg L
-1
de AIB, por cinco segundos O experimento foi
conduzido em casa de vegetação, com sistema de nebulização intermitente,
sendo as estacas colocadas em bancadas de propagação, contendo a perlita como
substrato. Antes do plantio das estacas, foram aplicados os fertilizantes
orgânicos biofertilizante e Nippoterra, nas dosagens 0, 20, 40 e 60 mL L
-1
. Os
produtos foram aplicados nas parcelas experimentais com regador manual, em
dosagem única. Passados 58 dias, foram mensurados a porcentagem de estacas
com calo, enraizadas, enraizadas e ou com calo, o número médio de raízes e o
comprimento médio das raízes. Concluiu-se que a dosagem de 40 mL L
-1
de
biofertilizante propiciou melhores resultados, com a utilização de AIB.
Palavras-Chave: Olea europaea L., olivicultura e propagação.
35
ABSTRACT
Semi hardwood cuttings collected from the middle portion of ‘Ascolano 315’
olive trees, were prepared to 12 cm of length and four leaves, treated or not with
3000 mg L
-1
of IBA for five seconds. The experiment was carried out at a
vegetation house, featuring a system of intermittent nebulization, the cutting
placed being on a support of propagation, containing perlita as substrate. Before
the planting of the cuttings, the organic fertilizers Biofertilizante and Nippoterra
were applied, in the proportions of 0, 20, 40 and 60 mL L
-1
. The products were
applied into the experimental portions in a single dosage. 58 days later, the
percentage of cuttings with callus, rooted, rooted and/or with callus, average
number of roots and average length of the roots were evaluated. The 40 mL L
-1
of Biofertilizante fared the best results, with IBA.
Key words: Olea europaea L., olive-culture and propagation.
36
1 INTRODUÇÃO
A oliveira (Olea europaea L.) tem sido a base da agricultura dos países
mediterrâneos, com grande importância econômica e social. Em Portugal,
somente no norte do país, na região de Trás-os-Montes, o cultivo de oliveiras
cobre uma área de 70 mil ha, próximo a 6% do território (Figueiredo et al.,
2002).
O grande interesse pelo consumo de azeitonas se deve às propriedades
benéficas dos compostos encontrados nos frutos e mantidos durante o
processamento, principalmente na fabricação do azeite. Os frutos da oliveira são
ricos em polifenóis, como flavonoides, verbascoside e antocianina (Romani et
al., 1999). Não só os frutos dessa planta milenar possuem propriedades
nutriterapêuticas, sendo os extratos de folhas ricos em compostos fenólicos,
principalmente flavonoides com capacidade antioxidante (Benavente-García et
al., 2000). Por esses e outros motivos, quanto aos aspectos benéficos das
oliveiras, o consumo de azeitonas e extratos é tão apreciado e requerido.
Apesar de a oliveira ter sido introduzida no Brasil no início do século
XX, principalmente em Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul, foram
instalados olivais sem bases técnicas, o que não permitiu maximizar o seu
desenvolvimento. Nos últimos anos, a olivicultura passou a despertar o interesse
dos produtores rurais no sul de Minas Gerais, o que levou a Empresa de
Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) a intensificar os trabalhos de
seleção varietal e manejo cultural dessa frutífera, principalmente quanto à
produção de mudas de qualidade em escala comercial (Oliveira et al., 2006a).
O cultivo de oliveiras no Brasil é um fato real e recente, com novos
plantios comerciais iniciados na região sul do estado de Minas Gerais. O cultivo
dessa frutífera, além de diminuir os gastos com importações, pois 100% de todo
o azeite consumido no Brasil é oriundo da Argentina, Portugal e Espanha, com
37
importações anuais na ordem de 25 mil t, possibilitará também maior
arrecadação de impostos diretos (Mesquita et al., 2006).
O método de multiplicação da oliveira adotado até o final do século XX
foi o enraizamento de estacas lenhosas de 60 cm de comprimento, alocadas
diretamente na cova de plantio. No entanto, esse método apresenta inúmeras
desvantagens, como o tamanho do propágulo, onerando o processo de
multiplicação em larga escala, devido ao gasto excessivo de material e, ainda, o
fato de a coleta das estacas ser realizada apenas uma vez ao ano. Atualmente, a
multiplicação das oliveiras é realizada por meio de estacas semilenhosas de 12
centímetros de comprimento, dotadas de quatro folhas e enraizadas sob
nebulização intermitente (Caballero & Del Rio, 2006).
Uma das formas mais estudadas no favorecimento do balanço hormonal
para o enraizamento é a aplicação exógena do fitoregulador AIB, por se tratar de
uma substância fotoestável, de ação localizada e menos sensível à degradação
biológica, em comparação às demais auxinas sintéticas, podendo, em muitas
espécies de difícil enraizamento, viabilizar a produção de mudas por meio da
estaquia (Hartmann et al., 2002). Na estaquia, muitas vezes, a aplicação de
fitorreguladores é decisiva para a formação de raízes e tem a finalidade de
aumentar a porcentagem de estacas que formam raízes, acelerar sua iniciação,
aumentar o número e a qualidade das raízes formadas e uniformizar o
enraizamento (Fachinello et al., 2005).
Segundo Mancuso (1998), as estacas semilenhosas de oliveira possuem
enraizamento na ordem de 20%-30%. Dependendo do cultivar, mesmo
aplicando-se AIB à base das estacas, não há incrementos expressáveis, conforme
observado por Sebastiani & Tognetti (2004), que constaram apenas 10% de
enraizamento das estacas do cultivar Gentile di Larino.
O enraizamento de estacas semilenhosas, em canteiros com estrutura de
nebulização intermitente e com mecanismos que permitem o aquecimento do
38
substrato, instalados em casa de vegetação, possibilitou notáveis avanços no
enraizamento de estacas de oliveira. Apesar de toda essa tecnologia, o percentual
de enraizamento ainda é considerado baixo, a exemplo do que ocorreu no
trabalho de Oliveira et al. (2006b), que conseguiram apenas 30,3% de
enraizamento de estacas ‘Ascolano 315’ tratadas com 3000 mg L
-1
de AIB em
câmara de nebulização intermitente com sistema de aquecido de substrato.
Tem sido observado que a formação de raízes adventícias se deve à
interação de fatores existentes nos tecidos e da translocação de substâncias
sintetizadas nas folhas e gemas em desenvolvimento das estacas. Entre estes
fatores, os fito-hormônios e os nutrientes minerais são de fundamental
importância (Henry et al., 1992).
Até o momento, não foram quantificados possíveis incrementos à
rizogênese das estacas via aplicação de fertilizantes não salinos no substrato
durante o enraizamento. Como os nutrientes são essenciais à emissão das raízes
nas estacas e alguns ainda participam como cofatores às auxinas, a exemplo do
boro e zinco, os resultados com a fertilização suplementar ao substrato utilizado
no enraizamento poderão aumentar os índices de enraizamento das estacas.
Na tentativa de se maximizar o potencial rizogênico de estacas
semilenhosas de oliveira, realizou-se o presente trabalho, com o objetivo de
quantificar os índices rizogênicos de estacas de oliveira ‘Ascolano 315’
submetidas à aplicação de ácido indolbutírico (AIB) e diferentes doses de
fertilizantes orgânicos, durante o enraizamento.
39
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado nas dependências da Fazenda
Experimental de Maria da Fé (FEMF), da Epamig, em Maria da Fé, MG. Estacas
semilenhosas foram coletadas em novembro de 2007, na região mediana dos
ramos em torno da copa, em plantas de oliveira ‘Ascolano 315’ pertencentes ao
banco de germoplasma da Epamig. As estacas foram padronizadas com,
aproximadamente, 12 cm de comprimento e com quatro internódios, mantendo-
se na região apical quatro folhas.
O experimento foi conduzido em casa de vegetação, com sistema de
nebulização intermitente (automatizada por um temporizador regulado para
acionar às 6 horas e desligar às 22 horas, com nebulização acionada a cada cinco
minutos por um período de 10 segundos), com temperatura controlada (25±2ºC).
As estacas foram plantadas em bancadas de propagação, à profundidade de
quatro centímetros, utilizando como substrato a perlita.
Antes do plantio das estacas, após a saturação do substrato com água,
foram aplicados os fertilizantes orgânicos comerciais biofertilizante e
Nippoterra, nas dosagens 20, 40 e 60 mL L
-1
, além da testemunha, composta
somente com água sobre o substrato. Os produtos foram aplicados nas parcelas
experimentais com regador manual, em dosagem única. Cada parcela
apresentava dimensão de 1 x 0,16 x 0,2 m, com 32 litros de perlita, sendo regada
com 2 litros de solução. As porcentagens dos nutrientes contidos nos
fertilizantes estão especificadas na Tabela 1.
Metade da base das estacas foi imersa por cinco segundos em solução
hidroalcoólica de 3.000 mg L
-1
de AIB e a outra metade permaneceu sem
aplicação do fitorregulador. Logo em seguida, as estacas foram enterradas a 2/3
de seu comprimento no substrato.
40
TABELA 1 Porcentagem de nutrientes em cada fertilizante orgânico utilizado
nos referidos experimentos. UFLA, Lavras, MG, 2009.
Nutriente
Biofertilizante
g/L
-1
Nippoterra
%
N
- 8
P
- 6
K
- 15
Zn
2 0,2
Cu
0,7 0,05
Fe
0,6 0,2
Mn
0,9 0,5
B
0,9 0,4
Co
- -
Mo
- 0,05
S
3,2 -
Mg
1,6 -
Al
- -
Si
- -
Ca
2,7 -
Ti
-
MO
35 0,05
Sacarose
35 -
O trabalho foi dividido em dois experimentos, separadamente, para cada
fertilizante orgânico. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente
casualizado, em esquema fatorial 2 x 4, sendo ausência ou aplicação de AIB
(3000 mg L
-1
)
e o segundo fator, as dosagens de cada fertilizante orgânico, com
quatro repetições e cada parcela constituída por 25 estacas. Passados 58 dias,
foram mensurados a porcentagem de estacas com calo, a porcentagem de estacas
enraizadas, a porcentagem de estacas enraizadas e ou com calo, o número médio
de raízes e o comprimento médio das raízes. Os dados coletados foram
41
analisados estatisticamente utilizando-se o programa Sisvar (Ferreira, 2000). As
porcentagens de estacas com calo, estacas enraizadas e estacas enraizadas e com
calo foram transformadas por arc sem
21
)100/x( , com a finalidade de
proporcionar a normalidade dos erros.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para o experimento envolvendo o fertilizante orgânico biofertilizante,
houve diferença estatística para porcentagem de estacas enraizadas, porcentagem
de estacas enraizadas e ou com calo e número médio de raízes quanto à
utilização de AIB. Quanto ao emprego de diferentes dosagens do fertilizante
orgânico biofertilizante, observaram-se diferenças estatísticas em todas as
variáveis mensuradas, à exceção do comprimento médio das raízes. A interação
entre esses dois fatores pode ser observada na Tabela 2, apenas para
porcentagem de estacas enraizadas.
TABELA 2 Resumo da análise de variância para porcentagem de estacas com
calo (PEC), porcentagem de estacas enraizadas (PEE),
porcentagem de estacas enraizadas ou com calo (PEEC), número
médio de raízes (NMR) e comprimento médio das raízes (CMR,
cm) de estacas de oliveira ‘Ascolano 315’ (Olea europaea L.)
submetidas à aplicação de 3.000 mg L
-1
de AIB e dosagens de
biofertilizante. UFLA, Lavras, MG, 2009.
Quadrados médios
FV GL PEC
1
PEE
1
PEEC
1
NMR CMR
AIB (A) 1 2,37 159,58* 117,23* 86,45* 4,20
Doses biofertilizante (F) 3 30,99* 29,98* 60,20* 9,86* 2,54
A x F 3 2,26 12,55* 10,03 9,48 1,21
Erro 23 1,42 0,97 1,47 3,23 1,03
1
Valores originais transformados por arc sen
21
)100/(x .
* Significativo, a 5% de probabilidade.
42
Para o experimento envolvendo o fertilizante orgânico Nippoterra, foi
verificada diferença estatística para as porcentagens de estacas enraizadas e de
estacas enraizadas e ou com calo quanto à aplicação de AIB. Diferenças
estatísticas quanto às dosagens do fertilizante orgânico Nippoterra foram
verificadas para todas as variáveis, à exceção do comprimento médio das raízes.
Foi observada interação entre os fatores (Tabela 3) para a porcentagem de
estacas enraizadas e a porcentagem de estacas enraizadas e/ou com calo.
TABELA 3 Resumo da análise de variância para porcentagem de estacas com
calo (PEC), porcentagem de estacas enraizadas (PEE),
porcentagem de estacas enraizadas ou com calo (PEEC), número
médio de raízes (NMR) e comprimento médio das raízes (CMR,
cm) de estacas de oliveira ‘Ascolano 315’ (Olea europaea L.)
submetidas a aplicação de 3.000 mg L
-1
de AIB e dosagens de
Nippoterra. UFLA, Lavras, MG, 2009.
Quadrados médios
FV GL PEC
1
PEE
1
PEEC
1
NMR CMR
AIB (A) 1 2,21 30,49* 28,54* 5,92 0,28
Doses de Nippoterra (F) 3 4,70* 35,22* 40,97* 22,53* 8,06
A x F 3 4,35 20,47* 25,14* 2,27 2,11
Erro 23 1,09 1,74 1,72 3,57 1,08
1
Valores originais transformados por arc sen
21
)100/(x .
* Significativo, a 5% de probabilidade.
Quanto à aplicação de AIB em estaca da oliveira ‘Ascolano 315’, houve
superioridade dos resultados com a aplicação exógena desse fitorregulador em
todas as variáveis que vieram a apresentar diferença estatística (Tabelas 4 e 5).
Esses resultados concordam com os de Oliveira et al. (2003) e Pio et al. (2005),
que também verificaram incrementos significativos com a utilização de AIB, no
potencial rizogênico de estacas semilenhosas de oliveira.
43
TABELA 4 Porcentagem de estacas com calo (PEC), porcentagem de estacas
enraizadas (PEE), porcentagem de estacas enraizadas e ou com
calo (PEEC), número médio de raízes (NMR) e comprimento
médio das raízes (CMR, em centímetros) em estacas de oliveira
‘Ascolano 315’ (Olea europaea L.) com ou sem a aplicação de
AIB no experimento com biofertilizante. UFLA, Lavras, MG,
2009.
Variáveis analisadas*
AIB
PEC PEE PEEC NMR CMR
Sem 10,7
ns
3,7 b 14,5 b 0,9 b 1,1
ns
3000 mg L
-1
13,6 43,7 a 57,3 a 4,3 a 1,8
C.V. (%) 42,81 27,31 25,04 49,90 56,39
* Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem significativamente
entre si, pelo teste de Tukey (P 0,05). ns – não significativo, segundo o teste F.
TABELA 5 Porcentagem de estacas com calo (PEC), porcentagem de estacas
enraizadas (PEE), porcentagem de estacas enraizadas e ou com
calo (PEEC), número médio de raízes (NMR) e comprimento
médio das raízes (CMR, em centímetros) em estacas de oliveira
‘Ascolano 315’ (Olea europaea L.) com ou sem a aplicação de
AIB no experimento com Nippoterra. UFLA, Lavras, MG, 2009.
Variáveis analisadas*
AIB
PEC PEE PEEC NMR CMR
(cm)
Sem 1,7
ns
6,2 b 8,0 b 1,5
ns
1,3
ns
3000 mg L
-1
3,7 24,5 a 28,3 a 2,4 1,5
C.V. (%) 34,55 38,42 43,34 32,29 58,69
* Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem significativamente
entre si, pelo teste de Tukey (P 0,05). ns – não significativo, segundo o teste F.
Houve 6,09% de estacas enraizadas com o emprego de 40 mL L
-1
do
fertilizante orgânico biofertilizante e sem o uso de AIB (Figura 1). Baixo
percentual também foi observado com a utilização da dosagem de 60 mL L
-1
do
fertilizante orgânico Nippoterra sem AIB, obtendo-se apenas 11,3% de
44
enraizamento, incremento 9,6% em relação à testemunha (Figura 2). Por esses
resultados, verifica-se que, apesar de o enraizamento ser considerado baixo, há
aumento do potencial rizogênico das estacas com o emprego dos fertilizantes
orgânicos.
No entanto, com a utilização de AIB, a 3.000 mg L
-1
, os resultados para
a porcentagem de enraizamento obtidos foram de 62%, com 36 mL L
-1
do
fertilizante orgânico biofertilizante (Figura 1) e 50,3% com 34 mL L
-1
do
fertilizante orgânico Nippoterra (Figura 2).
y = -0,0031x
2
+ 0,2925x - 0,65 R
2
= 0,77 - sem AIB
y = -0,0417x
2
+ 2,9801x + 8,76 R
2
= 0,84 - com AIB
0
10
20
30
40
50
60
70
0204060
Doses do fertilizante orgânico Biofertilizante (mL L
-1
)
% estacas enraizadas
sem AIB
com AIB
FIGURA 1 Porcentagem de estacas enraizadas de oliveira ‘Ascolano 315’
(Olea europaea L.), tratadas ou não com AIB e submetidas à
aplicação de diferentes dosagens do fertilizante orgânico
Biofertilizante. UFLA, Lavras, MG, 2009.
62%
40 mL L
-1
45
y = 0,16x + 1,7 R
2
= 0,78 - sem AIB
y = -0,0544x
2
+ 3,457x - 4,35 R
2
= 0,84 - com AIB
0
10
20
30
40
50
0 204060
Doses do fertilizante ornico Nippoterra (mL L
-1
)
% estacas enraizadas
sem AIB
com AIB
FIGURA 2 Porcentagem de estacas enraizadas de oliveira ‘Ascolano 315’
(Olea europaea L.), tratadas ou não com AIB e submetidas à
aplicação de diferentes dosagens do fertilizante orgânico
Nippoterra. UFLA, Lavras, MG, 2009.
Para a porcentagem de estacas enraizadas e ou com calo, registraram-se
58% com a aplicação do fertilizante orgânico biofertilizante, com a dosagem de
60 mL L
-1
, incremento de 44,83% em relação à testemunha
(Figura 3A). Já para
o fertilizante orgânico Nippoterra, foram obtidos 13,1% com a dosagem de 60
mL L
-1
e sem AIB e 58,42% com a dosagem de 32 mL L
-1
e com AIB (Figura
3B).
50,3 %
40 mL L
-1
46
FIGURA 3 Porcentagem de estacas calejadas ou enraizadas de oliveira
‘Ascolano 315’ (Olea europaea L.), tratadas ou não com AIB e
submetidas à aplicação de diferentes dosagens dos fertilizantes
orgânicos biofertilizante (A) e Nippoterra (B). UFLA, Lavras,
MG, 2009.
Segundo Oliveira et al. (2003), é possível obter o enraizamento de
estacas semilenhosas de oliveira da ‘Ascolano 315’ utilizando-se instalações
sem qualquer controle ambiental, podendo-se obter 29,85% de estacas
enraizadas. Oliveira et al. (2006b) obtiveram 30,3% de enraizamento em estacas
da ‘Ascolano 315’, em câmara de nebulização com substrato aquecido
(incremento de 0,45%). No entanto, com a utilização de 40 mL L
-1
do
fertilizante orgânico biofertilizante em estacas tratadas com AIB e adotando-se a
utilização de câmara de nebulização intermitente sem aquecimento do substrato,
houve 31% de aumento nos índices de enraizamento, em relação aos trabalhos
mencionados.
Os bons resultados obtidos para a porcentagem de enraizamento com a
utilização dos fertilizantes orgânicos podem estar associados à presença de zinco
(Zn) em ambos os fertilizantes (Tabela 1), elemento imprescindível para a
y = 0,7496x + 13,17 R
2
= 0,76 - Biofertilizante
0
10
20
30
40
50
60
70
0204060
% estacas calejadas ou
enraizadas
Doses do fertilizante orgânico Biofertilizante
(mL L
-1
)
A
y = 0,195x + 1,4 R
2
= 0,91 - Nippoterra sem AIB
y = -0,0631x
2
+ 3,962x -3,75 R
2
= 0,90 - Nippoterra com AIB
0
10
20
30
40
50
60
70
0 204060
% estacas calejadas ou
enraizadas
Doses do fertilizante orgânico Nippoterra
(mL L
-1
)
sem AIB
com AIB
B
58 %
60 mL L
-1
58,42 %
32 mL L
-1
47
melhoria da rizogênese em estacas que, em sinergismo ao AIB, proporcionou
esse efeito em estacas de oliveira.
O Zn é requerido na síntese do triptofano, um precursor do ácido
indolacético, que é um fito-hormônio envolvido na formação de raízes
adventícias (Blakesley et al., 1991).
O aminoácido é comum em plantas como constituinte de proteínas e
precursor intermediário da biossíntese de várias substâncias indólicas e ácido
indolacético. É originário da rota do ácido shiquímico e forma auxinas
endógenas via ácido indolpirúvico, triptamina, indolacetoaldoxima. A conversão
via ácido indolpirúvico é feita por transaminação (Truelsen, 1973). Cita-se
também que há a possibilidade de transformação de L-triptofano em ácido
indolacético via indolacetoaldoxima (Ludwig-Müller & Hilgenberg, 1988).
Tanto a forma “L” como a “D” triptofano podem ser precursoras de ácido
indolacético. Porém, o grande efeito da forma D-triptofano induz à suposição de
que este é o precursor mais direto.
Efeitos positivos com o emprego dos fertilizantes orgânicos foram
constatados para a porcentagem de estacas calejadas, apresentando 24,3% com a
utilização de 60 mL L
-1
do fertilizante orgânico biofertilizante e AIB (Figura
4A). No entanto, para o fertilizante orgânico Nippoterra, foram obtidos apenas
4,92% com 30 mL L
-1
(Figura 4B). Quanto ao número médio de raízes, dosagens
entre 20 e 40 mL L
-1
dos fertilizantes orgânicos propiciaram a emissão de três
raízes por estaca (Figuras 5A e 5B).
48
FIGURA 4 Porcentagem de estacas calejadas de oliveira ‘Ascolano 315’ (Olea
europaea L.) submetidas à aplicação de diferentes dosagens dos
fertilizantes orgânicos biofertilizante (A) e Nippoterra (B). UFLA,
Lavras, MG, 2009.
FIGURA 5 Número médio de raízes em estacas de oliveira ‘Ascolano 315’
(Olea europaea L.) submetidas à aplicação de diferentes dosagens
dos fertilizantes orgânicos biofertilizante (A) e Nippoterra (B).
UFLA, Lavras, MG, 2009.
Foi observado, em algumas variáveis mensuradas, que as dosagens
crescentes do fertilizante orgânico Nippoterra proporcionaram decréscimo a
partir da melhor dosagem obtida, o que levou à equação de segundo grau a se
ajustar aos dados. Pelos dados da Tabela 1, verifica-se que esse fertilizante
y = 0,3675x + 1,35 R
2
= 0,82 - Biofertilizante
0
5
10
15
20
25
0 204060
% de estacas calejadas
Doses do fertilizante orgânico Biofertilizante
(mL L
-1
)
A
y = -0,0046x
2
+ 0,2843x + 0,535 R
2
= 0,70 -Nippoterra
0
1
2
3
4
5
6
7
0204060
% de estacas calejadas
Doses do fertilizante orgânico Nippoterra
(mL L
-1
)
B
24,3 %
60 mL L
-1
4,92 %
40 mL L
-1
y = -0,003x
2
+ 0,195x + 0,33 R
2
= 0,73 - Nippoterra
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
0 204060
médio de raízes
Doses do fertilizante orgânico Nippoterra
(mL L
-1
)
B
3 raízes
3 raízes
y = -0,002x
2
+ 0,1314 + 1,33 R
2
= 0,73 - Nippoterra
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
0 204060
Nº médio de raízes
Doses do fertilizante orgânico Biofertilizante
(mL L
-1
)
A
49
orgânico possui 8% de nitrogênio em sua constituição. Possivelmente, altas
dosagens proporcionaram a acidificação do substrato. Assim, na escolha dos
fertilizantes orgânicos, deve-se dar preferência para aqueles que não possuem
nitrogênio em sua constituição.
No geral, a utilização do fertilizante orgânico biofertilizante
proporcionou melhores resultados em relação ao fertilizante orgânico
Nippoterra.
Segundo Wiesman & Lavee (1995), as estacas de oliveira possuem
dificuldade em emitir raízes e, quando se adiciona sacarose ao meio de
enraizamento, há incremento do potencial rizogênico. Pelo fato de o fertilizante
orgânico biofertilizante possuir carbono orgânico em sua composição (Tabela 1),
este pode ser um indício da superioridade dos resultados obtidos com a
utilização desse fertilizante orgânico.
4 CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos, concluiu-se que:
- a utilização do AIB foi imprescindível na melhoria da rizogênese das
estacas de oliveira;
- a aplicação de fertilizantes orgânicos ao leito de enraizamento durante
a estaquia da oliveira aumenta o potencial rizogênico;
- deve-se aplicar a dosagem de 40 mL L
-1
do fertilizante orgânico
biofertilizante no leito de enraizamento.
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butyric acid in olive cuttings. Australian Journal of Plant Physiology,
Collingwood, v.22, n.5, p.811-816, 1995.
52
O capitulo 3 foi transcrito em formato de artigo e encaminhado para a submissão
sendo aceito para publicação pelo Periódico Científico Ciência e Agrotecnologia
Marcelo Caetano de Oliveira
1
, João Vieira Neto
2
, Adelson Francisco de
Oliveira
2
, Rafael Pio
3
, José Darlan Ramos
1
.
1
Departamento de Agricultura, Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG,
Brasil. Caixa Postal 37, 37200-000; e-mail: [email protected]
2
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - EPAMIG, Bairro
Vargedo, 35517-000, Maria da Fé-MG; e-mail: femf@epamig.br
3
Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE. Rua Pernambuco, nº
1777, Caixa Postal 1008, Centro, 85960-000, Marechal Cândido Rondon-PR;
Os autores agradecem a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior) e à FAPEMIG (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado
de Minas Gerais) pelos auxílios concedidos para a realização desse trabalho.
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