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As investigações comparativas internacionais têm-se tornado cada
vez mais sofisticadas. Em conjunto com os julgamentos dos
especialistas sobre o modo como o currículo da Matemática deve ser
representado internacionalmente, têm sido feitas análises cuidadosas
de documentos oficiais e materiais escritos. Foram efetuadas
análises a variáveis como o tempo reservado para vários tópicos em
diferentes sistemas, a proporção de sistemas que tratam um dado
tópico em cada ano, a forma como varia, nos manuais, o espaço
concedido a um tópico, e como difere a organização dos manuais
nos diferentes sistemas. Mesmo assim, o currículo internacional
idealizado, definido por um conjunto comum de tarefas organizadas
por tópicos de conteúdo, continua a ser a norma para medir o
desempenho. Não é concedida nenhuma tolerância pelo fato de
existirem objetivos, questões, histórias e contextos que são
diferentes entre os currículos de Matemática dos sistemas em
estudo. Ninguém aborda realmente em que medida os alunos de um
dado sistema estão aprendendo o currículo de Matemática que o seu
sistema lhes oferece. (Keitel e Kilpatrick, p. 73, 1998)
Esses mesmos autores destacam um ponto bastante importante sobre a
participação dos professores, quando fazem referência a “currículos
planejados” e “currículos implementados”:
Uma tentativa para lidar com a complexidade curricular foi a de
distinguir entre o currículo planejado e o currículo implementado.
Uma distinção entre o currículo planejado (tal como está
representado em documentos oficiais, manuais, ou em ambos) e o
currículo implementado (normalmente medido por meio de
questionários aos professores) foi feita no Second International
Mathematics Study — SIMS (Travers e Westbury, 1989). A distinção
já tinha sido antecipada no First International Mathematics Study —
FIMS (Husén, 1967) — pela utilização de classificações dos
professores das oportunidades de aprendizagem dos conteúdos
relativos a cada item testado. Apesar dos termos planejado e
implementado transportarem a infeliz conotação de que as únicas
intenções que contam são as oficiais, e de que os professores não
passam de meros executores que implantam no terreno planos de
outras pessoas, esta distinção foi útil, na medida em que ajudou a
distinguir o planejado do que é a realidade curricular. (Keitel e
Kilpatrick, p. 76, 1998
)
Pires (2003) destaca que no Brasil, um fenômeno comum a diferentes
níveis do sistema de ensino é a introdução, em determinados períodos, de
mudanças curriculares que nem sempre têm o apoio de experiências concretas
anteriores nem o envolvimento dos professores, protagonistas de sua