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FELICIA MARIA NOGUEIRA LEITE
FUNGOS AFLATOXIGÊNICOS NA CASTANHA-DO-BRASIL SOB AS
CONDIÇÕES DA FLORESTA E DE ARMAZENAGEM COMUNITÁRIA
NO ACRE
RIO BRANCO
2008
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FELICIA MARIA NOGUEIRA LEITE
FUNGOS AFLATOXIGÊNICOS NA CASTANHA-DO-BRASIL SOB AS
CONDIÇÕES DA FLORESTA E DE ARMAZENAGEM COMUNITÁRIA
NO ACRE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Agronomia, Área de Concentração
em Produção Vegetal, do Centro de Ciências
Biológicas e da Natureza da Universidade Federal
do Acre, como parte das exigências para
obtenção do título de Mestre em Agronomia.
Orientadora: Profª. Dra. Maria Luzenira de Souza
RIO BRANCO
2008
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© LEITE, F. M. N. 2008.
Ficha catalográfica preparada pela Biblioteca Central da Universidade Federal do Acre
L533f
LEITE, Felicia Maria Nogueira. Fungos aflatoxigênicos na
castanha-do-brasil sob as condições da floresta e de
armazenagem comunitária no Acre. 2008. 97f.
Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Pró-Reitoria de
Pesquisa e Pós-Graduação, Universidade Federal do
Acre, Rio Branco – Acre, 2008.
Orientadora: Profª. Dra. Maria Luzenira de Souza
1. Extrativismo, 2. Castanha-do-brasil, 3. Armazenagem,
4. Aflatoxina, 5. Aspergillus flavus, 6. Aspergillus
parasiticus, I. Título
CDU 634.575 (811.2)
FELICIA MARIA NOGUEIRA LEITE
FUNGOS AFLATOXIGÊNICOS NA CASTANHA-DO-BRASIL SOB AS
CONDIÇÕES DA FLORESTA E DE ARMAZENAGEM COMUNITÁRIA NO
ACRE
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Agronomia, Área de
Concentração em Produção Vegetal, do
Centro de Ciências Biológicas e da Natureza
da Universidade Federal do Acre, como parte
das exigências para obtenção do título de
Mestre em Agronomia.
Aprovada em 29 de agosto de 2008.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Profª. Dra. Maria Luzenira de Souza
Universidade Federal do Acre - UFAC
Orientadora
______________________________________
Profª. Dra. Virgínia de Souza Álvares
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa
1º Membro
______________________________________
Prof. Dr. Reginaldo Ferreira da Silva
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa
2º Membro
Rio Branco
2008
À Deus, por permitir nossa existência e
nossa sabedoria, aos meus pais, Jacy
Ferreira Leite e Elvira Nogueira Leite, in
memorian, pela oportunidade do estudo e
ao meu esposo Jordney de Souza
cordeiro e filhas Bruna Fernanda Leite
Cordeiro e Maria Eduarda Leite Cordeiro
pela compreensão.
Dedico
AGRADECIMENTOS
À Deus que ilumina nossos caminhos todos os dias.
À minha família que pelo incentivo e apoio durante o andamento do Curso e
por entenderem a ausência presencial e afetiva no período dedicado
exclusivamente ao recolhimento de dados na floresta e no laboratório.
À Universidade Federal do Acre UFAC e à Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária – Embrapa Acre pela realização do curso de mestrado.
À Secretaria de
Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar –
SEAPROF pela oportunidade.
À equipe do Projeto Safenut/STDF especialmente Monica Olsen (National
Food Administration, Suécia), Catherine Jacqueline Brabet (Centre de Coopération
Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement CIRAD/França)
e à equipe do Laboratório de Controle de Qualidade e Segurança Alimentar do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MAPA na orientação,
supervisão e definição metodológica.
À Professora Maria Luzenira de Souza pela amizade, paciência e bia
orientação na finalização do trabalho.
Ao Prof. Jorge Ferreira Kusdra em especial, pelas sugestões valiosas e
auxílio na análise estatística.
À Lauro Saraiva Lessa pela inestimável ajuda na análise estatística.
À todos os professores do curso, colegas de aula, funcionários da UFAC e
Embrapa Acre pela assistência durante as atividades.
À Cleísa Brasil da Cunha Cartaxo pelo convite para participar do Projeto.
Às pesquisadoras Joana Maria Leite de Souza, Virgínia de Souza Álvares e
aos funcionários Francisco de Sales, Raimundo Nonato Costa de Oliveira e Renato
Teles do Nascimento, ambos da Embrapa Acre pelo empenho, confiança e
companhia durante as longas caminhadas na floresta para coleta de amostras.
Aos produtores do Seringal Porongaba, Brasiléia, Acre, principalmente aos
Senhores Francisco Soares de Melo e Jorge Lima da Silva, pelo acolhimento em
suas residências, pela confiança e amizade.
À Cooperativa Central de Produtores e Extrativistas do Acre
COOPERACRE pela parceria.
“Leia o que está escrito, ouça o que é dito, e
se não compreender, pergunte. Não tenha
vergonha de perguntar o que não sabe. É
assim que se aprende”.
Geraldo Eustáquio de Souza
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi monitorar a influência da aplicação das boas práticas
extrativistas em condições da floresta e armazém comunitário na incidência de
fungos aflatoxigênicos na castanha-do-brasil. De Janeiro a Julho do ano 2008, 84
amostras de castanha-do-brasil de três épocas de coleta (0 a 5, 15 a 20 e 60 dias
após queda dos frutos), três tipos de seleção da amontoa (sem seleção prévia,
selecionadas e descartadas) e de cinco tempos de armazenagem comunitária (0, 15,
30, 60 e 90 dias), foram coletadas no município de Brasiléia, Acre, Brasil. A
temperatura e umidade relativa do ambiente foram aferidas durante as coletas.
Aferições de atividade de água, temperatura da amêndoa e análises de identificação
e quantificação de Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus, outros fungos e
aflatoxina foram realizadas respectivamente no Laboratório de Tecnologia de
Alimentos da Embrapa Acre em Rio Branco e Laboratório de Controle de Qualidade
e Segurança Alimentar do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento em
Belo Horizonte. Na floresta, as médias observadas de temperatura, umidade relativa,
atividade de água e temperatura da amêndoa, foram de 24,6 a 25,4
o
C, 96,98 a 100
% e 0,97 a 0,98, 24,2 a 25,1
o
C. Na armazenagem os valores encontrados para
essas variáveis foram 24,7 a 29,8
o
C, 65,77 a 88,42 %, 0,63 a 0,93 e 24,2 a 25,11
o
C. Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus foram identificados na floresta e
armazenamento com freqüência de 3,88 a 99,09 ufc.g
-1
e 0,8333 a 151,6666 ufc.g
-1
respectivamente. A presença de outros fungos nesta mesma sequência foi de
879,34 a 38.618,91ufc.g
-1
e 855,8285 a 2.480,2905 ufc.g
-1
. Aflatoxinas foram
detectadas nas amostras da floresta onde os tipos e valores foram B
1
(0,04 a 115,69
µ.kg
-1
), B
2
(0,01 a 0,1 µ.kg
-1
), G
1
(0,03 a 0,74 µ.kg
-1
) e
G
2
(0,05
µ.kg
-1
), exceto a
aflatoxina G
2
não encontrada nas amostras da amontoa. Na armazenagem, os tipos
e teores de aflatoxina foram B
1
(0,016 a 40,38 µ.kg
-1
), B
2
(0,016 a 3,35 µ.kg
-1
), G
1
(0,028 a 58,06 µ.kg
-1
) e
G
2
(3,88
µ.kg
-1
). A temperatura, a umidade relativa do
ambiente, a atividade de água e a temperatura das amêndoas das amostras
coletadas na floresta estão dentro da faixa para germinação, crescimento e
produção de aflatoxina. A coleta tardia favorece o crescimento de fungos
aflatoxigênicos. Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus e outros fungos foram
encontrados nas amostras das três épocas de coleta como nos três tipos de seleção
da amontoa. Aflatoxinas foram encontradas nas amostras descartadas da amontoa
sem o crescimento do Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus. As boas práticas
extrativistas aplicadas na floresta favorecem à menor incidência fungos
aflatoxigênicos na castanha-do-brasil. As castanhas armazenadas não estavam com
teor de atividade de água ideal para impedir o crescimento de fungos aflatoxigênicos
e produção de suas toxinas. Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus e aflatoxinas
estiveram presentes em todo o período de armazenagem no armazém comunitário.
A maior concentração de aflatoxina B
1
e G
1
foi encontrada aos 30 dias de
armazenamento. O maior crescimento de fungos aflatoxigênicos não coincidiu com a
maior produção de aflatoxina.
Palavras-chaves: Castanha-do-brasil, Armazenagem, Aflatoxina, Aspergillus flavus
e Aspergillus parasiticus.
ABSTRACT
The research aimed to monitoring the impact of applying good practices in extractive and
storage conditions of the forest communitarian in the incidence of fungi aflatoxigenic in Brazil
nut. From January to July of 2008, 84 samples of Brazil nut than three times of collection (0
to 5, 15 to 20 and 60 days after falling fruit), selection of three types of fruits accumulation
stage (without prior selection, selected and discarded) and five times the communitarian
storage (0, 15, 30, 60 and 90 days) were collected in the city of Brasiléia, Acre, Brazil. The
temperature and relative humidity of the environment were assessed during the collections.
Measurements of water activity, temperature of almonds and analysis for the identification
and quantification from Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus, other fungi and aflatoxin
were held respectively at the Embrapa Food Laboratory of Technology in Rio Branco, Acre
and Laboratory Quality Assurance and Food Security Department of Agriculture Livestock
and Supply in Belo Horizonte. In the forest, the averages of observed temperature, relative
humidity, water activity and temperature of almonds, were 24.6 to 25.4
o
C, 96.98 to 100 %
and 0.97 to 0.98, 24.2 to 25.1
o
C. The values found in storage for these variables were 24.7
to 29.8
o
C, 65.77 to 88.42%, 0.63 to 0.93 and 24.2 to 25.11
o
C. Aspergillus flavus and
Aspergillus parasiticus were identified in the forest and storage with a frequency of 3,88 to
99,09 ufc.g
-1
and 0,8333 to 151,6666 ufc.g
-1
respectively. The presence of other fungi in the
same sequence was 879,34 to 38.618,91ufc.g
-1
and 855,8285 to 2.480,2905 ufc.g
-1
.
Aflatoxins were found in samples of the forest where the types and values were B
1
(0.04 to
115.69 µ.kg
-1
), B
2
(0.01 to 0.1 µ.kg
-1
), G
1
(0.03 to 0.74 µ.kg
-1
) and G
2
(0.05 µ.kg
-1
), except for
aflatoxin G
2
not found in samples of amount. In storage, the types and levels of aflatoxin B
1
were (0.016 to 40.38 µ.kg
-1
), B
2
(0.016 to 3.35 µ.kg
-1
), G
1
(0.028 to 58.06 µ.kg
-1
) and G
2
(3.88 µ.kg
-1
). The temperature, relative humidity of the environment, water activity and
temperature of almonds from samples collected in the forest are within the range for
germination, growth and production of aflatoxin. In collects late favors the growth of fungi
aflatoxigenic. Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus and other fungi were found in
samples of the three times of collection as the selection of three types of amount. Aflatoxins
were found in samples of amount discarded without the growth of Aspergillus flavus and
Aspergillus parasiticus. The good practices applied in the extractive forest favor the lower
incidence fungi aflatoxigenic in Brazil nut. The nuts were not stored with content in water
activity ideal for preventing the growth of fungi aflatoxigenice and production of its toxins.
Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus and aflatoxin were presented throughout the period
of storage in a communitarian warehouse. The highest concentration of aflatoxin B
1
and G
1
was found after 30 days of storage. The biggest fungi growth of aflatoxigenic not coincided
with the increased production of aflatoxin.
Key words: Brazil nuts, Community warehouse, Aflatoxin, Aspergillus flavus and Aspergillus
parasiticus.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Área de ocorrência da castanheira na Amazônia Brasileira........ 17
FIGURA 2 – Castanheira, fruto, sementes e amêndoa.................................... 19
FIGURA 3 – Mapa do Estado do Acre – áreas de ocorrência da castanheira..
22
FIGURA 4 – Esquema de amostragem dentro de um lote para formação de
uma amostra global......................................................................
33
FIGURA 5 – Estrutura de secagem de castanha-do-brasil...............................
61
FIGURA 6 – Quantificação de aflatoxinas em amostras de castanha-do-
brasil coletadas durante armazenagem comunitária....................
74
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 –
Quantidade e número de amostras a serem coletadas em
função do peso do lote.................................................................
32
QUADRO 2 –
Síntese das etapas de coleta na floresta..................................... 35
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Valores médios observados nas variáveis analisadas nas
épocas de coleta na floresta.........................................................
39
TABELA 2 – Valores médios observados nas variáveis analisadas nas
amontoas (tipos de seleção) na floresta.......................................
39
TABELA 3 –
Níveis de contaminação por Aspergillus flavus, Apergillus
parasiticus e níveis de aflatoxina em amostras de castanha-do-
brasil coletadas na floresta em três épocas de coleta.................
44
TABELA 4 –
Níveis de contaminação por Aspergillus flavus, Apergillus
parasiticus e níveis de aflatoxina em amostras de castanha-do-
brasil coletadas na floresta nos tipos de seleção da amontoa.....
50
TABELA 5 – Médias observadas nas variáveis analisadas nas amostras de
castanha-do-brasil provenientes da armazenagem comunitária..
65
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – Valores médios de temperatura e umidade relativa do ar na
floresta durante a coleta de amostras nas três épocas.............
41
GRÁFICO 2 –
Crescimento médio de Aspergillus flavus, A. parasiticus e
outros fungos em castanhas coletadas nas três épocas..........
42
GRÁFICO 3 – Valores médios de temperatura e umidade relativa do ar na
floresta durante as coletas na amontoa....................................
46
GRÁFICO 4 –
Crescimento de Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus e
outros fungos nas amostras coletadas na amontoa..................
47
GRÁFICO 5 – Temperatura e umidade relativa do armazém comunitário
durante o período de coleta.......................................................
66
GRÁFICO 6 – Umidade relativa e atividade de água da amêndoa no período
de armazenamento...................................................................
67
GRÁFICO 7 – Temperatura do ambiente e da amêndoa coletada no período
de armazenagem.......................................................................
68
GRÁFICO 8 – Atividade de água das amêndoas de castanha-do-brasil
durante armazenagem..............................................................
69
GRÁFICO 9 – Atividade de água e fungos aflatoxigênicos das amêndoas de
castanha-do-brasil durante armazenagem comunitária............
70
GRÁFICO 10 –
Crescimento de Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus e
outros fungos em castanha-do-brasil durante armazenagem
comunitária................................................................................
71
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE A –
Fluxograma de produção identificado junto à comunidade.........
88
APÊNDICE B –
Resumo da análise de variância para as épocas de coleta........
90
APÊNDICE C –
Resumo da análise de variância para os tipos de seleção na
amontoa.......................................................................................
91
APÊNDICE D –
Correlação entre os resultados obtidos nas três épocas de
coleta de castanha-do-brasil na floresta......................................
92
APÊNDICE E –
Correlação dos resultados e as variáveis analisadas da
castanha-do-brasil na amontoa (tipos de seleção) na floresta....
93
APÊNDICE F –
Resumo da análise de variância para os tipos de aflatoxina
identificados nas amostras castanha-do-brasil coletadas nos
três tipos de seleção da amontoa na floresta..............................
94
APÊNDICE G –
Resumo da análise de variância para as amostras coletadas
no tempo de armazenagem comunitária.....................................
95
APÊNDICE H –
Correlação dos resultados das variáveis analisadas na
castanha-do-brasil na etapa de armazenagem comunitária.......
96
APÊNDICE I –
Correlação dos resultados das análises de aflatoxina na
castanha-do-brasil e variáveis obtidas na etapa de
armazenagem comunitária..........................................................
97
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO...................................................................................................
15
2
REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................
17
2.1
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA ESPÉCIE...............................................
18
2.2
SISTEMA DE PRODUÇÃO..........................................................................
20
2.3
ASPECTOS ECONÔMICOS DA CASTANHA-DO-BRASIL.........................
21
2.4
CONTAMINAÇÃO DA CASTANHA POR FUNGOS PRODUTORES DE
AFLATOXINA...............................................................................................
23
3
CAPÍTULO I FUNGOS AFLATOXIGÊNICOS NA CASTANHA-DO-BRASIL
SOB CONDIÇÕES DE FLORESTA..................................................................
27
3.1
RESUMO......................................................................................................
28
3.2
INTRODUÇÃO ............................................................................................
30
3.3
MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................
31
3.3.1
Caracterização do experimento...............................................................
31
3.3.2
Coleta das amostras de castanha-do-brasil.............................................
32
3.3.3
Preparo da amostra para análise..............................................................
33
3.3.4
Análise microbiológica para quantificação de fungos...............................
36
3.3.5
Definição do modelo estatístico................................................................
37
4
RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................
38
4.1
ÉPOCA DE COLETA DA CASTANHA.....................................................
40
4.1.1
Análises das variáveis temperatura e umidade relativa do ar na floresta
40
4.1.2
Temperatura, atividade de água e quantificação de fungos na amêndoa
41
4.1.3
Análise de quantificação e identificação de aflatoxina..............................
43
4.2
TIPOS DE SELEÇÃO DA CASTANHA-DO-BRASIL NA AMONTOA..............
45
4.2.1
Análises da temperatura e umidade relativa do ar na floresta.....................
46
4.2.2
Temperatura, atividade de água, quantificação de fungos na amontoa.....
46
4.2.3
Análises de identificação e quantificação de aflatoxina na amontoa...........
49
5
CONCLUSÕES...................................................................................................
51
REFERÊNCIAS
...................................................................................................
52
6
CAPÍTULO II FUNGOS AFLATOXIGÊNICOS NA CASTANHA-DO-BRASIL
EM CONDIÇÕES DE ARMAZENAGEM COMUNITÁRIA .................................
55
6.1
RESUMO.........................................................................................................
56
6.2
INTRODUÇÃO.................................................................................................
58
6.3
MATERIAL E MÉTODOS................................................................................
60
6.3.1
Caracterização do Experimento.................................................................
60
6.3.2
Análise microbiológica para identificação de fungos....................................
63
6.3.3
Definição do modelo estatístico...................................................................
63
6.4
RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................
64
6.4.1
Temperatura e umidade relativa do ambiente ............................................
66
6.4.2
Temperatura e atividade de água da amêndoa e quantificação de fungos.
68
7
CONCLUSÕES...................................................................................................
77
REFERÊNCIAS
...................................................................................................
78
APÊNDICES
...................................................................................................
87
15
1 INTRODUÇÃO
A Castanheira (Bertholletia excelsa, H. B. K.) pertence à família Lecythidacea,
originária da região Amazônica, onde se destaca na floresta pelo grande porte. Seu
fruto chamado ouriço, abriga sementes de casca dura conhecidas como castanha-
do-brasil, que por sua vez, contêm amêndoas comestíveis conhecidas na linguagem
popular como castanha (CLEMENT et al., 2000; MULLER, et al.,1995).
A proteína da amêndoa é considerada completa por apresentar em
quantidades superiores ou equivalentes todos os aminoácidos essenciais, com
destaque para os sulfurados (metionina e cisteína) que são encontrados em menor
teor em proteínas vegetais. Outros constituintes de importância são o selênio, as
fibras e lipídios (SOUZA; MENEZES, 2004; SOUZA, 2003).
A castanha-do-brasil obtida naturalmente, em casca ou in natura é a mais
procurada no mercado internacional. Este tipo de produto é obtido sem ter sido
submetido a qualquer processo de desidratação artificial, apenas limpo e seco
naturalmente. Nestas condições, o Brasil chegou a abastecer 75 % do mercado
mundial (PAS, 2004; MAPA, 1976).
O Acre é um dos principais produtores brasileiros com uma produção de
10.500 toneladas no ano de 2005, sendo que um estudo confirmou a existência de
uma variação na produção individual a cada quatro anos, porém não foi verificado a
tendência do ciclo de quatro anos. A cadeia produtiva da castanha-do-brasil constitui
uma importante fonte de renda, com reflexo social significativo para a população
extrativista no Estado (WADT et al., 2005a; SEPROF, 2000).
Sua exportação para outros países tem sido prejudicada pelo elevado índice
de contaminação por aflatoxina, uma substância considerada cancerígena para
humanos e animais, segundo a Agência Internacional de Pesquisa do Câncer
AIPC. Essa toxina é produzida principalmente pelos fungos Aspergillus flavus e
Aspergillus parasiticus, que o comuns na microbiota do ambiente de produção
desse produto (FAO, 2006; FRANK; BETANCOURT, 1981).
A contaminação de alimentos por micotoxinas é uma preocupação para as
unidades de produção em todo o mundo. Desde o ano de 2003 a Comunidade
Européia estabeleceu princípios e normas gerais na legislação alimentar para a
importação de castanha-do-brasil proveniente do Brasil, após a identificação de
16
vários lotes contaminados com teores excessivos de aflatoxinas B
1
e total
(FERREIRA et al., 2006; CE, 2003).
O baixo nível tecnológico e as condições inadequadas de manejo e manuseio
pós-colheita favorecem a contaminação por bactérias, leveduras e fungos
filamentosos, sendo estes últimos os responsáveis pela presença de micotoxinas
(OLIVEIRA et al., 2006).
A intensificação da coleta na floresta, o uso de equipamentos específicos para
a quebra do ouriço (facão e lona plástica), a proteção contra chuva e contato da
castanha com outros tipos de contaminações durante o transporte, e principalmente
uma estrutura de armazenamento adequado, são recomendações feitas ao
extrativista para melhorar a qualidade da castanha-do-brasil.
Neste contexto, o objetivo deste pesquisa foi monitorar a influência da
aplicação das boas práticas extrativistas em condições da floresta e de armazém
comunitário sobre a incidência de fungos aflatoxigênicos na castanha-do-brasil.
Este trabalho foi realizado no âmbito do Projeto Safenut (http://www.stdf-
safenutproject.com/) financiado pelo programa Standards and Trade Development
Facility – STDF (http://www.standardsfacility.org/).
17
2 REVISÃO DE LITERATURA
A castanheira (Bertholletia excelsa, Humb. and Bonpl.) é uma árvore
pertencente à família Lecythidaceae, originária da região Amazônica, amplamente
encontrada na floresta de terra firme da Amazônia Brasileira, Boliviana e Peruana.
Desenvolve-se melhor em clareiras e em áreas não alagadas com solos argilosos ou
argilo-arenosos. É uma das mais importantes espécies nativas de exploração
extrativista encontrada em maiores concentrações na porção brasileira,
principalmente nos estados da região norte, até o alto Beni na Bolívia (SHANLEY et
al., 1998; MULLER et al.,1995). A região de ocorrência da castanha-do-brasil no
Brasil e proximidades está destacada na FIGURA 1.
FIGURA 1 – Área de ocorrência de castanheiras na Amazônia Brasileira.
FONTE: WADT et al. (2005 a)
18
2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA ESPÉCIE
Mori e Prance
1
(1990) citados por Fernandes (2007) consideram a Bertholletia
excelsa como única espécie do gênero. Referem, entretanto que no estado do Acre
os extrativistas descrevem a existência de dois tipos de castanheiras: as brancas e
as vermelhas. De acordo com as características citadas pelos produtores a diferença
entre os dois tipos são: a cor da madeira, o potencial produtivo, o aspecto geral e o
porte das árvores, além da forma e tamanho dos frutos e sementes.
A árvore destaca-se pelo grande porte, sobressaindo-se no dossel da floresta,
onde pode alcançar até 50 m de altura e dois metros de diâmetro. Seu caule é
cilíndrico, liso, desprovido de ramos a a fronde, copa densa, folhas esparsas,
oblongas (PACHECO; SCUSSEL, 2006; WADT et al., 2005a).
A flor tem estrutura especial que as abelhas grandes (gêneros Xilocopa e
Bombus) conseguem polinizá-las. A floração ocorre entre os meses de outubro a
dezembro e pode variar de acordo com a região. Na região Oeste do Brasil, mais
especificamente, no estado do Acre as árvores florescem antes que na região Leste,
no Pará, sendo de novembro a março o período em que os frutos caem da copa da
castanheira, com o pico da queda nos meses de dezembro a janeiro. Os frutos
(ouriços) contendo as sementes são grandes, constituindo-se de uma resistente
cápsula esférica com diâmetro variável, de 8 a 16 cm, que não se abre
espontaneamente e demoram 14 meses até o completo amadurecimento. As
sementes apresentam casca dura e rugosa, denominadas castanhas e abrigam
amêndoas comestíveis conhecidas mundialmente como castanha-do-brasil, Brazil
nut ou castanha-do-pará (WADT, et al., 2005a; BRASIL, 2002; CAMARGO, et al.,
2000). A árvore, o fruto, a semente e a amêndoa podem ser observadas na FIGURA
2.
Segundo Souza e Menezes (2004) e Souza (2003) a amêndoa apresenta em
média 67,3% de lipídios, 14,3% de proteínas de alto valor biológico e 8% de fibras
totais, é rica em cálcio, fósforo, ferro, vitaminas do complexo B e vitamina E. Além
desses, outro constituinte indispensável a uma boa alimentação, o selênio,
antioxidante que vem sendo referido na prevenção de câncer.
1
MORI, S.A.; PRANCE, G.T. Taxonomy, ecology and economic botany of the Brazil nut (Bertholletia
excelsa Humb. & Bonpl.: Lecythidaceae). Advances in Economic Botany. v.8, p. 130-150, 1990.
19
FIGURA 2. (a) castanheira (b) ouriços (c) sementes ou castanhas (d) amêndoas
(b)
(d
)
(c)
(a)
20
2.2 SISTEMA DE PRODUÇÃO
Apesar de ser uma espécie protegida por lei, grandes concentrações de
castanhais nativos foram dizimados para implantação de pastagens. Os castanhais
remanescentes têm diminuído sua produção devido aos fragmentos florestais não
comportarem condições ecológicas favoráveis a colonização (RIBEIRO; WANDELLI,
2002). Cotta et al (2008) constataram que o sistema de pousio na coleta poderia ser
um reforço para aumentar a densidades de árvores na floresta, o que pode constituir
uma oportunidade para uma maior renda para famílias extrativistas ao mesmo tempo
que contribui para a sustentabilidade e conservação florestal, a longo prazo.
A produção de uma árvore varia em função de vários fatores, entre os quais
se destaca o ano, a região, o diâmetro à altura do peito, a estrutura da copa e as
características genéticas da planta, o que pode influenciar na alteração da produção
de um castanhal de uma safra para outra (KAINER et al., 2007).
Os plantios nacionais de castanheiras no Brasil, localizados nos Estados do
Amazonas e Pará, ainda são alvos de estudos para definição de sistemas de
produção (PAS, 2004).
O cultivo em condições sustentáveis deve ser melhor entendido,
especialmente em sistemas agroflorestais - SAF implantados em áreas degradadas.
Em relação ao crescimento em altura e diâmetro em condições de SAF, os
resultados tem sido satisfatórios, porém para a exploração de frutos, não foi
considerado viável economicamente, sendo necessários estudos sobre a redução do
período de juvenilidade e aumento da produtividade da espécie (PIMENTEL et al.,
2007; RIBEIRO; WANDELLI, 2002).
Segundo Fernandes (2007) a classificação popular da espécie deve ser
considerada para o manejo, especialmente quando se tratar de estratégias que
visem o aumento da produtividade como, por exemplo, o enriquecimento das
populações naturais.
O sistema de produção da castanha por ser predominantemente extrativista
em mata nativa, não envolve investimentos tecnológicos no processo de coleta,
amontoa dos ouriços e quebra das castanhas na unidade produtiva e transporte
imediato para armazéns adequados ou diretamente para a indústria de
beneficiamento (PAS, 2004).
21
Para superar a tendência de instabilidade e declínio quanto à quantidade e
valor da produção de castanha-do-brasil e estruturar o desenvolvimento de caráter
sustentável em longo prazo, a introdução do fator tecnológico pode ser fundamental,
dado que a renda da economia extrativa, nos últimos anos, tem decrescido pela
diminuição da exportação (VILHENA, 2004).
De acordo com informações de produtores, in locu, na cadeia produtiva da
castanha-do-brasil as comunidades do estado do Acre que já aplicam as boas
praticas extrativistas - BPE apresentam como principais atividades a amontoa dos
ouriços, a quebra dos ouriços e seleção das castanhas, descartando aquelas em
estado de decomposição visível e cortadas e/ou quebradas, transporte para o
armazém, secagem e seleção em secador de tela em aço galvanizado e
armazenamento. A descrição do fluxograma de produção na base produtiva
encontra-se no APÊNDICE A.
2.3 ASPECTOS ECONÔMICOS DA CASTANHA-DO-BRASIL
Segundo Gonzaga (2006), o estado do Acre tem aptidão e tradição no
extrativismo da castanha-do-brasil, e toda sua produção é oriunda deste sistema,
constituindo-se como principal atividade econômica para milhares de famílias que
vivem na Amazônia.
A castanha-do-brasil é um produto conhecido nos EUA e na Europa. Os
principais produtores são Brasil, Bolívia e Peru. Até recentemente o Brasil dominava
o mercado, mas desde a década de 90 a Bolívia vem investindo na indústria e hoje
detém 59% do mercado mundial da castanha sem casca, enquanto o Brasil é
responsável apenas por 22%, mas ainda dominando o mercado de castanha com
casca (WADT et al., 2005a). Segundo os mesmos autores, por se tratar de um
produto sem padrões de mercado bem definidos, as variações de preço são
imprevisíveis, onde a questão de qualidade passou a ser um aspecto determinante
nas negociações de compra, principalmente na Europa, onde a amêndoa é
consumida in natura e qualquer contaminação na origem pode ser levada até o
consumidor final.
22
No Acre a coleta de castanha-do-brasil é considerada uma atividade
econômica de grande potencialidade, tanto no mercado local quanto internacional,
onde a castanha in natura e a castanha beneficiada são exportadas principalmente
para a Europa, Bolívia e alguns estados brasileiros como o Amazonas, Pará, além
de algumas regiões do Sul e Sudeste do Brasil e Europa, mas precisamente a Itália
(SEBRAE, 1995).
Conforme a SEAPROF (2000) a região do Alto Acre é citada como a de maior
produtividade, embora a castanheira esteja presente em todo o vale do rio Acre e
parte do Purus, não ocorrendo no vale do rio Juruá. Na região do Alto Acre
destacam-se os municípios de Xapuri e Brasiléia onde se encontram grandes
concentrações de castanheiras, seguindo-se os municípios da Regional do Baixo
Acre (FIGURA 3).
FIGURA 3. Mapa do estado do Acre – áreas de ocorrência de castanheiras.
FONTE: SEAPROF, 2000.
Segundo Dubois (1996), as atividades extrativistas resultaram num acúmulo
de conhecimentos que possibilitaram uma evolução no manejo dos recursos naturais
renováveis, que se tornou mais intensivo e abriu novas alternativas, entre as quais
se destacam os tradicionais castanhais silvestres que integram um cenário de
desenvolvimento sócio-econômico sustentável de maior importância para os estados
produtores.
A elaboração de produtos enriquecidos com castanha-do-brasil em escala
comercial e a difusão das suas propriedades nutritivas podem representar alternativa
23
de utilização da castanha no mercado interno além de diversificar os produtos no
mercado e uma parte significativa da produção é exportada para os países
desenvolvidos, onde se tornam matérias-prima para a elaboração de biscoitos
(“cookies”), sorvetes, chocolates entre outros (SOUZA, et al., 2001).
O extrativismo representa uma atividade importante para as populações que
habitam a floresta amazônica, estimulando o uso sustentável dos recursos naturais
renováveis, bem como o desenvolvimento social com a preservação, evitando assim
a destruição da floresta e a ameaça ao equilíbrio ecológico e do ambiente (FAO,
2008).
Dessa forma, Pimentel et al. (2007) citam que no caso da castanha-do-brasil
ser comercializada in natura, políticas de preços mínimos devem ser implementadas,
para promover a sustentabilidade da cadeia produtiva, além de outras políticas de
incentivo à atividade, as quais possibilitariam a implantação de cultivos comerciais
da castanheira.
A inserção econômica de produtos florestais não madeireiros, como a
castanha-do-brasil, em um mercado mundial de estrutura monopolista, poderá ser
alcançado pela implantação de atividades sicas e estruturais no sistema de
produção, pesquisa, desenvolvimento de novos produtos e ampliação dos
investimentos de microcréditos à pequenos e médios produtores, no sentido de
capitalizar as diversas associações e/ou cooperativas e empreendedores
particulares (VILHENA, 2004).
2.4 CONTAMINAÇÃO DA CASTANHA-DO-BRASIL POR FUNGOS PRODUTORES
DE AFLATOXINA
Segundo Pas (2004) e Frank (1981) as castanhas-do-brasil podem ser
atacadas por bolores já na árvore ou a partir do momento em que os ouriços entram
em contato com o solo. Por apresentar um porte elevado (30 a 50 metros de altura)
as árvores não permitem a colheita dos frutos que caem irregularmente. A umidade
relativa do ar (UR) e temperatura altas, bem como sistemas de armazenagem
precários favorecem o desenvolvimento de fungos filamentosos que podem penetrar
na casca em condições de UR superior a 75 %.
24
As espécies do gênero Aspergillus, são produtoras de micotoxinas,
denominadas aflatoxinas. Esta informação é importante sob dois aspectos: o
econômico, onde o alimento contaminado e deteriorado leva a perdas econômicas
consideráveis, pela rejeição do produto no mercado interno ou externo e o de saúde
pública, mais importante ainda, por ser um agente de toxinfecção alimentar a longo
ou curto prazo. Porém a presença do fungo não implica, obrigatoriamente, em
produção de micotoxina (LEITE; SOUZA, 2002; PEREIRA et al., 2002).
Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus, espécies mais importantes
produtoras de aflatoxina, são saprófitas naturais do solo e ar, e em condições ideais
são capazes de contaminar os alimentos. A ocorrência e magnitude da
contaminação por essas micotoxinas variam de acordo com os fatores geográficos e
sazonais, com as condições locais de crescimento do vegetal e ainda com as
práticas de colheita e estocagem utilizadas. As culturas em áreas tropicais e
subtropicais como o Brasil estão mais sujeitas a contaminação, pois as melhores
condições para o desenvolvimento dos fungos e, conseqüentemente, para a
produção das aflatoxinas são encontradas em áreas com alta temperatura (25 a
30ºC) e umidade relativa elevada (80% a 90%) (BULLERMAN et al., 1984).
A aflatoxina é uma substância produzida principalmente pelos fungos
Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus, considerada cancerígena para humanos
e animais, segundo a Agência Internacional de Pesquisa do Câncer - AIPC (FAO,
2006) e Oliveira e Germano (1997) citam que constituem importantes fatores de
risco, com provável interação sinergística com o vírus da hepatite B, para o
desenvolvimento do carcinoma hepatocelular em populações expostas.
As espécies flavus, parasiticus e nomius são as produtoras de aflatoxina,
destacando-se as duas primeiras como mais importantes. O Aspergillus flavus
produz apenas os tipos de aflatoxina B
1
e B
2
e o Aspergillus parasiticus produz os
tipos B
1
e B
2
e G
1
e G
2
(JOHNSSON, 2006). Dentre as micotoxinas existentes, as
aflatoxinas são as que podem causar maiores danos aos seres humanos e animais,
pela sua alta toxidez e ampla ocorrência, possuindo propriedades carcinogênicas,
mutagênicas, teratogênicas (SYLOS; RODRIGUEZ-AMAYA, 1996) e
imunossupressoras (NORDIN; LUCHESE,1998). Estes efeitos sofrem influência do
estado nutricional, sexo, idade, exposição a outros agentes químicos, dose e
período de exposição à toxina, espécie, freqüência e composição da dieta (AMADO,
1999).
25
São metabólitos secundários, aparentemente sem qualquer função no
metabolismo normal dos fungos e produzidos, ainda que o exclusivamente, na
medida que o fungo atinge a maturidade (FREIRE et al., 2007)
Esses fungos têm sido reconhecidos muito tempo como contaminadores
principais de produtos orgânicos. Por serem comuns do solo, pode contaminar uma
larga escala de produtos agrícolas, cuja medida ideal de controle é a prevenção do
crescimento do fungo e da produção da toxina (FERREIRA et al., 2006).
Para Taniwaki et al. (1993), a produção de toxina uma certa vantagem
seletiva ao organismo produtor e está relacionada às condições ambientais, onde
ocorre interação entre o ambiente e o microrganismo.
Ao detectar a presença de fungos nos alimentos, os países importadores,
passaram a estabelecer padrões e níveis de contaminação aceitáveis quanto à
presença de micotoxinas, instituídos por meio da elaboração de legislações cada
vez mais rígidas, no que dizer respeito aos níveis máximos permitidos, onde os
valores variam conforme o país, os quais flutuam para aflatoxinas totais de 1 µg/kg
na França, 30 µg/kg no Brasil e em outros países (FREIRE et al., 2007; FAO, 2006;
CASTRILLON; PURCHIO, 1988).
No Brasil a Legislação vigente para a castanha-do-brasil em casca e
descascada para exportação ou importação ainda é a descrita na Resolução
CNNPA/MS 34/76, que dispõe sobre os limites de aflatoxina para alimentos em
geral destinados ao consumo humano, na qual é fixado pela Comissão Nacional de
Normas e Padrões para Alimentos - CNNPA a tolerância de 30 ppb.kg
-1
para as
aflatoxinas, resultado obtido pela soma dos conteúdos das aflatoxinas B
1
e G
1
,
determinadas segundo as técnicas que vierem a ser recomendadas pelo laboratório
credenciado (BRASIL, 1977).
Em nível internacional, a Comissão do Codex Alimentarius tem colocado em
discussão o problema da contaminação da castanha-do-brasil, tendo em vista que é
a única árvore que produz nozes entre as principais culturas comercializadas que
emprega o extrativismo como atividade de produção (FAO, 2008).
A contaminação é favorecida pelo clima da floresta amazônica (equatorial,
quente e úmido, temperatura média de 26 ºC e umidade relativa entre 80 a 95%),
principalmente durante a estação chuvosa e na particularidade do extrativismo,
estas condições não podem ser controladas, o que origina efeitos diretos ou
indiretos sobre o crescimento de fungos toxigênicos e a produção de aflatoxina
26
(FAO, 2008; PACHECO; SCUSSEL, 2006; WADT et al., 2005; CARTAXO et al.,
2003). Os fungos podem entrar em contato com a castanha a partir do momento em
que os ouriços caem no solo, durante a coleta, quebra e transporte para o armazém
(PAS, 2004).
Conforme Duarte (2006), os aspectos climatológicos no Leste do estado do
Acre, área de maior concentração de castanheiras, demonstram que a estação
chuvosa se estende de outubro a abril, sendo fevereiro o mês mais chuvoso.
Durante a época das chuvas a umidade relativa é alta, em torno de 88 % e a
oscilação diária varia entre 55 e 98 %. Nestes meses as temperaturas mínimas e
máximas podem variar entre 30,9 a 32,7 ºC.
Para Arrus et al. (2005) a umidade relativa de 97% e temperaturas na faixa de
25-30
o
C promovem a produção de aflatoxina em castanha-do-brasil. Os autores
ressaltam que infelizmente, estas condições são representativas da época da coleta.
O tratamento pós-colheita tem uma influência importante sobre a microflora
de castanhas que são habitualmente colonizados por vários fungos e não por uma
única espécie (BAYMAN et al., 2002).
No estudo conduzido por Marklinder et al. (2005) foi esclarecido que a
castanha-do-brasil é um dos poucos frutos de casca endurecida que os
consumidores podem visualmente separar as sadias das deterioradas antes de
consumir e, portanto, proteger-se contra a exposição a níveis elevados de
aflatoxinas.
Kumar et al. (2007) recomendam um sistema de gestão envolvendo
estratégias de prevenção, controle, práticas de fabricação e de controle de qualidade
em todas as fases de produção, desde o campo até o consumidor final para que o
efeito em cada etapa da cadeia produtiva, ou seja, pré-colheita, colheita e
processamento pós-colheita diminua os riscos de contaminação das amêndoas.
A preocupação com o desenvolvimento sustentável na Amazônia vem
provocando uma ampla e heterogênea aliança em torno da defesa da floresta
amazônica na construção de novas alternativas de desenvolvimento econômico por
meio da gestão dos recursos naturais. No caso da castanha-do-brasil as atividades
compatíveis com essa premissa são as inovações em manejo da castanheira, a
regeneração, o armazenamento, o beneficiamento e formulação de produtos
derivados (GONZAGA, 2006).
27
3 CAPÍTULO I
FUNGOS AFLATOXIGÊNICOS NA CASTANHA-DO-BRASIL SOB CONDIÇÕES
DA FLORESTA
28
3.1 RESUMO
A castanha-do-brasil é um produto extrativista importante para a economia da
Amazônia. Entretanto, é susceptível à contaminação por fungos comuns a
microbiota do ambiente de produção. O objetivo deste trabalho foi monitorar a
influência da aplicação das boas práticas extrativistas em condições da floresta sob
o crescimento de fungos aflatoxigênicos na castanha-do-brasil. Amostras de
castanha provenientes de ouriços com 0 a 5, 15 a 20 e 60 dias após a queda e da
etapa de amontoa e quebra foram coletadas em três castanhais para análises
quanto à atividade de água, identificação e quantificação de Aspergillus flavus,
Aspergillus parasiticus, outros fungos e aflatoxinas as quais foram realizadas
respectivamente nos Laboratórios de Alimentos da Embrapa Acre em Rio Branco e
de Controle de Qualidade e Segurança Alimentar LACQSA do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A temperatura e umidade relativa do
ambiente foram registradas durante as coletas. A atividade de água e temperatura
da amêndoa foram aferidas após o descasque no laboratório. Um total de 54
amostras foram analisadas. As médias observadas de temperatura do ambiente,
umidade relativa, atividade de água, temperatura da amêndoa, Aspergillus flavus,
Aspergillus parasiticus, outros fungos e aflatoxinas B
1
, B
2
, G
1
, G
2
, para as épocas de
coleta foram respectivamente entre 24,65 a 25,38
o
C, 96,98 a 100%, 0,97 a 0,98,
24,20 a 25,06
o
C, 4,37 a 19,44 ufc.g
-1
, 879,34 a 4.355,93 ufc.g
-1
, 0,04 a 1,36 µg.kg
-1
,
0,01 a 0,1 µg.kg
-1
, 0,03 a 0,74 µg.kg
-1
, 0,05 µg.kg
-1
. Quanto aos tipos de seleção na
amontoa os resultados encontrados foram de 24,85 a 25,05
o
C, 99,17 a 99,54 %,
0,97, 24,10 a 24,54
o
C, 3,89 a 99,09 ufc.g
-1
, 3.528,16 a 38.618,91 ufc.g
-1
, 0,05 a
115,69 µg.kg
-1
, 0,01 a 0,09 µg.kg
-1
, 0,06 µg.kg
-1
. A temperatura, umidade relativa do
ambiente, atividade de água e temperatura das amêndoas estão dentro da faixa
para germinação, crescimento e produção de aflatoxina. O retardamento na coleta
dos ouriços é favorável ao crescimento de fungos aflatoxigênicos. Aflatoxinas em
baixos níveis foram detectadas nas condições de floresta, inclusive em amostras
descartadas onde não houve o crescimento do Aspergillus flavus e Aspergillus
parasiticus.
Palavras - chave: Castanha-do-brasil, Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus,
Aflatoxina, boas práticas.
29
ABSTRACT
The Brazil nut is an important product for the extractive economy of the Amazon.
However, it is susceptible to contamination by fungi common to the microbial
production environment. The research aimed to monitor the impact of application of
good practices in extrativism conditions of the forest in the fungi aflatoxigenic growth
in Brazil nut. Samples of each pixed with 0 to 5, 15 to 20 and 60 days after the fall
and the stage of fruits accumulation stages and drop in three nuts were collected for
analysis on the water activity, identification and quantification of Aspergillus flavus,
Aspergillus parasiticus, other fungi and aflatoxins which were held respectively in the
Embrapa Food Laboratories in Rio Branco, Acre and Quality Control and Safety
LACQSA the Department of Agriculture, Livestok and Supply. The temperature and
relative humidity (rh) of the environment were recorded during the collections. The
water activity and temperature of almonds were measured after peeling in the
laboratory. A total of 54 samples were analyzed. The average temperature observed
in the environment, relative humidity, water activity, temperature of almonds,
Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus, other fungi and aflatoxin B
1
, B
2
, G
1
, G
2
, to
the times of collection were respectively from 24.65 to 25.38
o
C, 96.98 to 100 %,
0.97 to 0.98, 24.20 to
25.06
o
C, 4,37 a 19,44 ufc.g
-1
, 879.34 a 4355.93 ufc.g
-1
, 0.04 to
1.36 µg.kg
-1
, 0.01 and 0,1 mg.kg
-1
, 0.03 to 0.74 µg.kg
-1
, 0.05 µg.kg
-1
. As for the types
of of fruits accumulation stages in the selection results were 24.85 to 25.05
o
C, 99.17
to 99.54 %, 0.97, 24.10 to 24.54
o
C, 3.89 to 99.09 ufc.g
-1
, 3528.16 to 38618.91
ufc.g
-1
, 0.05 to 115.69 µg.kg
-1
, 0.01 to 0.09 µg.kg
-1
, 0.06 mg. kg
-1
. The temperature
and relative humidity of the environment, water activity and temperature of almonds
are within the range for germination, of aflatoxin growth and production. The delay in
collection of each pixed is favorable to the growth of fungi aflatoxigenic. Aflatoxins at
low levels were detected under the conditions of forest, including discarded in
samples where there were growth of Aspergillus flavus and Aspergillus parasiticus.
Keys words: Brazil nut, Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus, Aflatoxin, Good
pratices.
30
3.2 INTRODUÇÃO
Nativa da região Amazônica, a castanheira (Bertholletia excelsa, H. B.K.) é
considerada uma das maiores riquezas e responsável pelo sustento de
aproximadamente 4000 mil famílias que residem na floresta (SEAPROF, 2000). Sua
produção é extrativista contribuindo para a economia dos estados produtores por ser
um produto que tem participação expressiva na geração de divisas para a região,
com as exportações para os mercados interno e externo (SOUZA et al., 2004;
MULLER, et al., 1995).
A amêndoa de castanha-do-brasil é muito apreciada no mercado internacional
por apresentar características nutricionais importantes como: lipídios (67,3%),
proteínas de alto valor biológico (14,3%) e de fibras totais (8%), além de outro
constituinte indispensável a uma boa alimentação, o selênio, antioxidante que vem
sendo referido na prevenção de câncer (SOUZA; MENEZES, 2004; SOUZA, 2003).
A contaminação por aflatoxina em castanha-do-brasil vem afetando
diretamente a economia das regiões produtoras nos últimos anos. Desde 2003, a
Comunidade Européia, um dos principais compradores de castanha-do-brasil proibiu
a comercialização deste produto, por estar fora dos padrões de qualidade permitidos
pela Europa (CE, 2003).
A aflatoxina é uma substância produzida principalmente pelos fungos
Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus, considerada cancerígena para humanos
e animais, segundo a Agência Internacional de Pesquisa do Câncer - AIPC e a
legislação sobre micotoxinas apresenta diferentes limites para aflatoxinas variando
de 1 a 30 µg.kg
-1
, sendo que a França é um dos países com menor teor permitido de
1 µg.kg
-1
e o Brasil é um dos países com maior limite de tolerância de aflatoxina em
alimentos, 30 µg.kg
-1
(FAO, 2006). São compostos severamente tóxicos,
imunossupressores, mutagênicos, teratogênicos e carcinogênicos. O principal órgão
atingido pela toxicidade e carcinogenicidade é o fígado (AYCICEK; AKSOY; SAYGI,
2005).
Na produção extrativista da castanha não é possível o uso de tecnologias
avançadas que possam melhorar ou garantir sua qualidade. Após a queda dos frutos
na floresta, nos pontos de coleta e durante o transporte terrestre e fluvial, as
condições são favoráveis ao crescimento de fungos, capazes de penetrar na
amêndoa por meio da casca (FRANK, 1981).
31
Neste contexto o objetivo deste trabalho foi monitorar a influência da
aplicação das boas práticas extrativistas em ambiente da floresta sob o crescimento
de fungos aflatoxigênicos na castanha-do-brasil.
3.3 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Laboratório de Tecnologia de Alimentos da
Embrapa, em Rio Branco, Acre, Brasil, localizada no Km 14, da BR 364. As
amostras de castanha-do-brasil foram coletadas no Seringal Porongaba, no
município de Brasiléia, Acre, localizado à 250 Km de Rio Branco.
O Seringal Porongaba situa-se na área extrativista de conservação de uso
sustentável, Reserva Chico Mendes, com acesso pelo do Km 5 da BR 317 (sentido
Brasiléia/Assis Brasil). As coletas na floresta seguiram as etapas realizadas pelos
extrativistas no sistema de produção atual.
3.3.1 Caracterização do experimento
Para a definição do local de estudo foram identificadas pela Embrapa Acre e
Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar SEAPROF
comunidades que aplicavam na coleta as boas práticas extrativistas (BPE)
previamente recomendadas no Manual de Segurança e Qualidade para a castanha-
do-brasil (PAS, 2004).
A amostragem seguiu os todos contidos no Regulamento da Comunidade
Européia 401/2006 (CE, 2006), onde são determina dos o peso da amostra
global
2
e número de amostras elementares
3
a serem coletadas em função do peso
do lote
4
, como exemplificado no QUADRO 1.
2
Amostra global: a totalidade das amostras elementares colhidas no lote.
3
Amostra elementar: quantidade de material recolhido num só ponto do lote.
4
Lote: quantidade identificável entregue de uma vez, que apresenta características comuns e
designada para efeitos da aplicação do método de amostragem.
32
QUADRO 1. Número e peso de amostras coletadas em função do volume do lote
Peso do lote (toneladas) Número de amostras elementares Peso da amostra global (kg)
0.1 10 3
> 0.1 - 0.2 15 4.5
> 0.2 - 0.5 20 6
> 0.5 - 1 30 9
FONTE: Adaptado do Regulamento da Comunidade Européia N° 401/2006 (Jornal Oficial da União
Européia, 2006).
3.3.2 Coletas das amostras de castanha-do-brasil
O plano de amostragem foi definido após a definição junto à comunidade, das
etapas de produção existentes na base da cadeia produtiva ou Fluxograma de
Produção na floresta (APÊNDICE A).
As amostras de castanha-do-brasil com casca ou in natura foram coletadas
em três castanhais no período de Janeiro a Março de 2008. As coletas foram
programadas conforme a disponibilidade dos extrativistas quanto ao volume de
produção nos castanhais e sem alterações na sua rotina de trabalho. Na floresta
acompanharam-se duas etapas de coleta assim consideradas:
Etapa 1 Época de coleta de ouriços com até cinco dias após a queda
(recém caídos), de ouriços com 15 a 20 dias de queda e de ouriços com 60 dias de
permanência na floresta após a queda (2 meses), que respectivamente foram
chamados épocas de coleta 1, 2 e 3.
Etapa 2 Quebra dos ouriços na amontoa com coleta de três tipos de
seleção que foram sem seleção prévia, selecionadas e descartadas que
concomitantemente foram denominados tipos de seleção 1, 2 e 3.
Em cada ponto de coleta na floresta aferiu-se com um termohigrômetro digital
a porcentagem da umidade relativa do ar (UR) e temperatura do ambiente em °C.
Na medida em que se obtinha a amostra as aferições de temperatura e umidade
relativa eram feitas.
A quantidade de ouriços coletados em cada castanhal e etapa na floresta
foram definidas considerando-se o lote mínimo a ser trabalhado pelo produtor (< 100
kg) e que cada ouriço tem em média 150 g de castanha. Os produtores marcaram
com tinta óleo e pincel os ouriços, após visitas diárias no castanhal. Para os ouriços
com 0 a 5, 15 a 20 e sessenta dias de permanência no solo, consideraram-se lotes
33
de 20 ouriços (+ 3 kg) e três repetições por castanhal. Na etapa de amontoa para
obtenção das amostras sem seleção, foram retirados somente os pedaços de casca
e opérculos (umbigos). Para obter castanhas selecionadas foram retiradas as
castanhas que apresentavam aspecto visual que comprometiam sua qualidade
como as podres, chochas, cortadas e com crescimento visível de mofos sendo
considerados três lotes de 20 ouriços (+ 3 kg), três lotes de 180 ouriços (+ 27 kg) e
três lotes de castanhas descartadas (< 3 kg) para cada tipo respectivamente, em
cada castanhal. A FIGURA 4 ilustra a obtenção de uma amostra global nas etapas
de coleta e o QUADRO 2, a síntese das etapas de coleta.
As amostras de castanha-do-brasil in natura com casca foram acondicionadas
em sacos de poliestireno e envolvidas com saco plástico para proteção contra a
ação da chuva durante o transporte até o laboratório.
FIGURA 4 Esquema de amostragem dentro de um lote para formação de uma
amostra global.
3.3.3 Preparo da amostra para análise
No laboratório, as amostras foram homogeneizadas em caixa plástica e
pesadas. O descascamento foi feito por meio de máquina de quebra manual, de
forma asséptica, porém sem desinfecção superficial das castanhas, exceto aquelas
que se encontravam com excesso de sujidades e muito úmidas que receberam uma
LOTE
Amostra global 30 kg
Junção de amostras elementares (10
-
100) colhidas
em diversos pontos do lote
Amostra elementar (AE)
= 300 g
AE
AE
AE
Amostra para laboratório
34
lavagem rápida com água deionizada e foram secadas imediatamente com papel
absorvente. Depois de descascadas e sem a retirada das castanhas que
apresentavam sinais de deterioração ou fungos visíveis, procedeu-se outra
homogeneização manual e retirou se três amêndoas para análise de atividade de
água. Em seguida, foram moídas a seco em moinho tipo CAF, utilizando-se
sequencialmente os discos de 5 e 3 mm para permitir uma melhor homogeneização
da massa.
Depois de trituradas, retirou-se da amostra 100 g para análise microbiológica,
sendo que 40 g foram destinadas à análise imediata para a quantificação de
Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus e outros fungos. O restante da amostra foi
armazenado em geladeira com temperatura entre 4 a 8
o
C, para eventual
confirmação dos resultados depois da leitura realizada entre 42 a 48 horas após
incubação.
35
QUADRO 2. Síntese das etapas de coleta da castanha-do-brasil na floresta, Brasiléia, Acre, 2008.
Etapa de coleta Descrição do
estudo
População Lote Repetição
por lote
Número de
amostras coletadas
3
Etapa 1 :
Época de coleta
1.1: Ouriços com 0 a 5 dias após
a queda (novos ou recém caídos)
1.2: Ouriços com 15 a 20 dias
após a queda (velhos)
1.3: Ouriços com 60 dias (2
meses) após a queda
Impacto da
intensificação
da coleta
3 castanhais
diferentes
1
3 lotes por população (castanhal) e ponto
1.1: lote = ouriços recém caídos de várias
árvores próximas no castanhal
1.2: lote = ouriços velhos caídos de várias
árvores próximas no castanhal
1.3: lote = ouriços caídos há 2 meses
1
3
amostras
globais
por lote
27
60 ouriços
coletados por ponto
3
Etapa 2 :
Amontoa e quebra dos ouriços
2.1: castanhas sem seleção
2.2: castanhas selecionadas
2.3: castanhas descartadas
Impacto da
seleção das
castanhas
3 castanhais
diferentes
3
3 lotes por população (castanhal) e ponto
2.1: lote = 20 ouriços de cada lote antes da
seleção
2.2: lote = castanhas selecionadas
2.3: lote = castanhas descartadas
1
1 amostra
global por
lote
27
3 amontoas de 150-
200 ouriços por
castanhal
FONTE: Adaptado do Projeto Safenut/STDF, 2008.
35
36
Seguindo as recomendações de preparo da massa para análise de aflatoxina
por Cromatografia Líquida de Alta Performance - HPLC e Imuno-solvente Ligado à
Enzima - Elisa do Laboratório de Controle de Qualidade e Segurança Alimentar
LACQSA do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento/MG, foi adicionada
ao restante da massa de castanha água deionizada para facilitar a redução das
partículas do material até atingir uma granulometria 20 mesh. A aferição do
tamanho indicado de partícula foi feita por meio de uma peneira. O tipo de
equipamento utilizado na trituração da massa foi de acordo com o peso da amostra:
Moinho Tecnal TE-631 para amostras <150 g
Liquidificador Brastemp para amostras > 150 g e < 300 g
Liquidificador industrial para amostras > 300 g e < 3,5 kg
O tempo de homogeneização variou entre 15 a 35 minutos deixando um
intervalo na metade do tempo (7 - 8 min) para homogeneizar a massa.
A temperatura da amostra foi verificada sempre na metade e no final do
preparo, não podendo ultrapassar 60 a 70 °C, sendo a temperatura de 50 °C
considerada como ótimo para a viabilidade do processo.
Alíquotas de 500g para análises de aflatoxinas por HPLC no LACQSA/MG
foram retiradas aleatoriamente de diferentes pontos da massa e identificadas com
etiqueta contendo o número da amostra e a data de coleta e armazenadas a 18
°C.
3.3.4 Análise microbiológica para quantificação de fungos
A técnica utilizada para análise de fungos foi a de plaqueamento com diluição
em superfície, de acordo com Pitt et al. (1983). Após a pesagem de 40 g da amostra,
as diluições iniciais (10
-1
) foram preparadas com água peptonada a 0,1 % e deixadas
imersas por 30 minutos a temperatura ambiente antes da homogeneização para
distribuição nas demais diluições (10
-2
, 10
-3
, 10
-4
, 10
-5
). Para inoculação em placas
foi utilizado o meio seletivo Agar Aspergillus flavus parasiticus AFPA (9 mL/placa)
adicionado de antibióticos clorotetraciclina e cloranfenicol (1 mL da solução para 100
mL de meio).
37
Entre 42 a 48 horas após a incubação das placas em estufa (BOD) à
temperatura de 30 °C foi realizada a leitura das pl acas, contando-se as colônias que
apresentaram reverso de cor alaranjada como Aspergillus flavus e Aspergillus
parasiticus. As demais colônias foram consideradas como outros fungos e neste
caso a maior contagem considerada foi < 100 ufc.g
-1
. De forma a detectar níveis
<100 ufc por grama, considerou-se na contagem a diluição inicial 10
-1
. Os resultados
foram expressos em unidades formadoras de colônia por grama do produto (ufc.g
-1
).
3.3.5 Definição do modelo estatístico
Nos experimentos de época de coleta e de tipos de seleção na amontoa o
delineamento estatístico utilizado foi em blocos ao acaso com três repetições
(castanhais). Para a época de coleta, avaliaram-se três tempos em dias (0 a 5, 15 a
20 e 60). na amontoa foram avaliados os tipos de seleção (castanhas sem
seleção, castanhas selecionadas e castanhas descartadas). Os dados foram
submetidos à análise de variância utilizando-se o programa estatístico SISVAR
(FERREIRA, 2000) e as médias comparadas por meio do teste de Tukey a 5% de
probabilidade. Para analisar as variáveis incidência de Aspergillus flavus, Aspergillus
parasiticus e outros fungos observou-se a necessidade de transformação em raiz
quadrada de X + 1.0 - SQRT ( X + 1.0 ) e Log(X) respectivamente. Na análise dos
resultados da quantificação de aflatoxina, considerou-se metade do limite de
detecção encontrado, sendo que os valores obtidos foram transformados em raiz
quadrada de X + 1. Avaliou-se, ainda, a correlação entre as variáveis por meio do
coeficiente de Pearson, utilizando o programa SAS 9.1 (SAS INSTITUT, 2003).
38
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos nas análises da castanha da floresta estão
apresentados nas TABELAS 1 e 2.
Não foram observadas diferenças significativas para as temperaturas do
ambiente de coleta, da amêndoa, atividade de água e crescimento de Aspergillus
flavus, Aspergillus parasiticus (AFPA) e outros fungos nas épocas de coleta, assim
como nos pontos de seleção da amontoa (sem seleção, selecionadas e
descartadas).
Entretanto observou-se efeito significativo (p < 0,01) para as épocas de coleta
quanto à umidade relativa do ar (UR).
O coeficiente de variação foi baixo para as variáveis temperaturas, umidade
relativa e atividade de água (APÊNDICE B), demonstrando a confiabilidade das
informações geradas. No caso da presença de Aspergillus flavus e Aspergillus
parasiticus e outros fungos, observou-se coeficientes de elevado valor.
Nas amostras coletadas na amontoa, referentes às castanhas sem seleção,
selecionadas e descartadas não foram encontradas diferenças significativas para
nenhuma das variáveis analisadas (TABELA 2).
Quanto à quantificação e identificação de aflatoxina os resultados para as
épocas de coleta e tipos de seleção na amontoa podem ser observados nas
TABELAS 3 e 4.
39
TABELA 1 Valores médios observados nas variáveis analisadas nas diferentes épocas de coleta de castanha-do-brasil na
floresta, floresta, Brasiléia, Acre, Brasil, no período de janeiro a março do ano de 2008.
Variáveis analisadas
Aflatoxinas
.kg
-1
)
Tratamento
Época em dias
após queda do
ouriço
Temperatura
ambiente
(
o
C)
Umidade
relativa
(%)
Atividade
de água
Temperatura da
amêndoa (
o
C)
AFPA (ufc.g
-1
) Outros fungos
(ufc.g
-1
)
B
1
B
2
G
1
G
2
1 0 a 5 25,38 a 96,98 a 0,97 a 24,32 a 13,8889 a 4.345,9338 a 0,1683 a 0,0155 a 0,0867 a 0,0100 a
2 15 a 20 24,70 a 98,11 ab 0,98 a 25,06 a 4,3750 a 4.209,6124 a 0,0220 a 0,0050 a 0,0081 a 0,0050 a
3 60 24,65 a 100,00 b** 0,98 a 24,20 a 19,4444 a 879,3430 a 0,0230 a 0,0055 a 0,0050 a 0,0050 a
Média 24,91 98,37 0,98 24,50 12,8846 3.231,7756 0,0728 0,0088 0,0342 0,0067
CV (%) 3,81 1,88 2,13 5,89 151,35 25,81 10,11 0,91 6,13 0,44
(i) Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade
(ii) Análise de variância apresentada no APÊNDICE B
(iii) ** significativo a 1%
TABELA 2 Valores médios observados nas variáveis analisadas nos tipos de seleção da amontoa da castanha-do-brasil na
floresta, Brasiléia, Acre, Brasil, no período de janeiro a março do ano de 2008.
Variáveis analisadas
Aflatoxinas
.kg
-1
)
Tratamento
amontoa
tipos de seleção das
castanhas
Temperatura
ambiente
(
o
C)
Umidade
relativa
(%)
Atividade
de água
Temperatura
da amêndoa
(
o
C)
AFPA
(ufc.g
-1
)
Outros fungos
(ufc.g
-1
)
B
1
B
2
G
1
G
2
1 Sem seleção 25,05 a 99,17 a 0,97 a 24,54 a 3,8889 a 3.528,1645 a 0,0150 a 0,0050 a 0,0050 a 0,0050 a
2 Selecionadas 25,03 a 99,54 a 0,97 a 24,29 a 99,0909 a 7.304,5838 a 0,0389 a 0,0089 a 0,0127 a 0,0050 a
3 Descartadas 24,85 a 99,46 a 0,97 a 24,10 a 5,5555 a 38.618,9124 a 16,5507 a 0,2221 a 0,0271 a 0,0050 a
Média 24,98 99,39 0,97 24,31 36,1784 16.483,8869 4,6536 0,0672 0,0140 0,0050
CV (%) 4,74 1,00 2,46 5,44 141,05 24,90 138,02 11,30 1,53 - (***)
(i) Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade
(ii) * Significativo a 5 % de probabilidade;
(iii) Análise de variância apresentada no APÊNDICE C;
(iv) (***) A análise de variância para os tipos de aflatoxina não detectou variação no teor de aflatoxina G
2
entre as amostras (APÊNDICE F).
39
40
4.1 ÉPOCAS DE COLETA DE CASTANHA NA FLORESTA
Atualmente, à forma tradicional e secular de coleta de castanhas, que na
maioria das áreas produtoras ainda é realizada apenas no final da safra após a
queda de todos os ouriços, pratica-se a colheita mais intensa efetuada conforme
acúmulo no solo dos frutos que caem da árvore, resultando em atividades
quinzenais ou mensais pelos extrativistas. Neste período, as chuvas são intensas e
dificultam as atividades de coleta sendo necessária a adoção de manejo adequado
para minimizar ou reduzir o crescimento microbiano na base da cadeia produtiva
(etapas de amontoa, quebra, transporte da floresta para o armazém, etc).
As boas práticas extrativistas BPE consistem nas recomendações e
técnicas que devem ser aplicadas antes e depois da etapa de quebra do ouriço na
floresta com objetivo de reduzir a carga microbiana que pode alcançar níveis muito
elevados nas etapas seguintes de produção.
4.1.1 Análises das variáveis temperatura e umidade relativa do ar na floresta
As médias de temperatura ambiente não diferiram estatisticamente nas três
épocas de coleta, não ocorrendo o mesmo quanto à umidade relativa do ar onde
observou-se diferenças significativas (p< 0,01) aos 60 dias com acréscimo de 96,98
% para 100,00 % (GRÁFICO 1).
De acordo as leituras realizadas nos pontos de coleta de amostras, as médias
de temperatura do ambiente e umidade relativa do ar, fatores ambientais críticos
segundo informações de Arrus et al. (2005), se mantiveram dentro dos limites ideais
para a produção de aflatoxina com 24,65 a 25,38
o
C e 96,98 a 100%,
respectivamente.
41
25,37
24,70
24,65
100,00
98,11
96,98
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
0 a 5 15 a 20 60
Épocas de coleta (dias)
Temperatura (
o
C)
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
Umidade relativa (%)
Temperatura Umidade Relativa
GRÁFICO 1 Valores médios de temperatura e umidade relativa do ar na durante a
coleta de amostras nas três épocas realizadas no município de
Brasiléia - Acre, nos meses de janeiro a março de 2008. (Análise de
Variância no APÊNDICE B).
Para Austwick e Ayerst
5
(1963) citados por Baptista et al. (2004) a
temperatura ótima para o crescimento de Aspergillus flavus situa-se entre 29 a 35ºC
e a produção máxima de aflatoxinas por essa espécie ocorre a 24ºC, não havendo
produção em temperaturas menores que 13 e maiores que 42ºC.
Segundo Pas (2004) e Frank (1981) em umidade relativa acima de 75% os
fungos podem penetrar na casca e contaminar a amêndoa.
4.1.2 Temperatura, atividade de água e quantificação de fungos na amêndoa
Nas aferições de temperatura e atividade de água da amêndoa não foram
encontradas diferenças significativas. As médias obtidas dessas variáveis para as
três épocas de coleta da castanha podem ser observadas na TABELA 1.
5
AUSTWICK, P.K.C.; AYERST, G. Toxic products in groundnuts: groundnuts microflora and toxicity.
Chemistry and Industry, v.2, p.55-63, 1963.
42
Os resultados das análises de quantificação de Aspergillus flavus e
Aspergillus parasiticus não apresentaram diferença significativa, porém observou-se
uma maior contagem aos 60 dias, o que indica que a intensificação da coleta
influencia na redução da população desses fungos. Observa-se uma possível
relação de antagonismo entre a microbiota presente tendo em vista que nesta
mesma época houve uma menor incidência de outros fungos nas amostras
coletadas, com aumento, apesar de não significativo na população de fungos
aflatoxigênicos como demonstrado no GRÁFICO 2.
Bayman et al. (2002) citam que uma explicação alternativa é que a
contaminação por uma espécie de Aspergillus torna os frutos mais suscetíveis a
outros Aspergillus e que existe um certo grau de antagonismo por exclusão
competitiva entre Penicillium e os outros fungos.
A contaminação dos produtos agrícolas ocorre por meio do contato com os
esporos do fungo presentes no ambiente, sobretudo no solo, durante os
procedimentos de colheita e secagem (CHU, 1991). Possivelmente isto tenha
favorecido à maior contaminação dos ouriços no solo.
4,3750
13,8889
19,4444
4345,9238
4209,6124
879,3430
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
110,00
120,00
130,00
140,00
150,00
0 a 5 15 a 20 60
Épocas de coleta (dias)
AFPA (ufc.g.
-1
)
0,00
500,00
1000,00
1500,00
2000,00
2500,00
3000,00
3500,00
4000,00
4500,00
5000,00
Outros fungos (ufc.g.
-1
)
AFPA Outros fungos
GRÁFICO 2 Crescimento médio de Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus e outros
fungos em castanhas coletadas após queda do ouriço na floresta, em
Brasiléia, Acre, nos meses de janeiro a março de 2008. (Análise de
Variância no APÊNDICE B).
43
Um estudo realizado por Simões (2004) mostrou que a presença fungos dos
gêneros Aspergillus produtores de aflatoxina somente foi constatada em amostras
provenientes de castanhal sem manejo, com índice de contaminação das amostras
por aflatoxina variando de 6,5 a 41,5 ppb e que a contaminação por outros
microrganismos é muito maior e mais diversificada quando não aplicação das
boas práticas.
Os outros fungos estão relacionados com a deterioração da castanha e
consequentemente na perda de volume da produção, e ao correlacionar os
resultados encontrados para as variáveis analisadas, observou-se que o seu
crescimento está diretamente relacionado com Aspergillus flavus e Aspergillus
parasiticus e estes significativamente (p < 0,05) com a umidade relativa (APÊNDICE
D).
4.1.3 Análises de quantificação e identificação de aflatoxina
Entre todas as amostras analisadas foram detectadas aflatoxinas nas três
épocas de coleta, inclusive em amostras onde não houve crescimento de Aspergillus
flavus e Aspergillus parasitius como pode ser observado na TABELA 3.
Olsen et al. (2008) estudando o relacionamento entre aflatoxina B
1
e G
1
em
amostras de castanha-do-brasil com casca provenientes do Brasil, encontraram
resultados que indicam que os grandes responsáveis pela produção de aflatoxina
podem não ser fungos Aspergillus flavus, que produzem exclusivamente aflatoxinas
do tipo B e sim o Aspergillus nomius, que são bons produtores de ambas as
aflatoxinas B e G.
Os teores detectados foram abaixo do limite permitido pela Legislação de
alimentos para consumo humano de alguns países como França (B
1
= 1 µg.kg
-1
),
Espanha (B
1
= 5 µg.kg
-1
), União Européia (B
1
+B
2
+G
1
+G
2
=4 µg.kg
-1
) e Brasil (B
1
+ G
1
= 30 µg.kg
-
1) (MICOTOXINAS, 2008; BRASIL, 1977).
44
TABELA 3 Níveis de contaminação por Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus
(AFPA) e níveis de aflatoxina em amostras de castanha-do-brasil
coletadas na floresta em três épocas de coleta após a queda do ouriço,
nos meses de Janeiro a Março do ano de 2008, Brasiléia, Acre.
Época (dias)
_______________________________0 a 5 _______________________________
Repetições
AFPA
(ufc.g
-1
) e
Tipos de
aflatoxina
g.kg
-1
)
1 2 3 4 5 6 7 8 9
AFPA 120,00 0,0 0,0 5,00 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
B
1
0,05 <0,03 <0,03 <0,03 <0,03 <0,03 1,36 <0,03 <0,03
B
2
<0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,10 <0,01 <0,01
G
1
<0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,74 <0,01 <0,01
G
2
<0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,05 <0,01 <0,01
______________________________15 a 20 _______________________________
Repetições
AFPA
(ufc.g
-1
) e
Tipos de
aflatoxina
g.kg
-1
)
1 2 3 4 5 6 7 8 9
AFPA 0,00 0,00 0,00 0,00 15,00 NR 0,00 0,00 20,00
B
1
<0,03 <0,03 <0,03 <0,03 0,07 NR <0,03 <0,03 <0,03
B
2
<0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 NR <0,01 <0,01 <0,01
G
1
0,03 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 NR 0,03 <0,01 <0,01
G
2
<0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 NR <0,01 <0,01 <0,01
______________________________60 dias _______________________________
Repetições
AFPA
(ufc.g
-1
) e
Tipos de
aflatoxina
g.kg
-1
)
1 2 3 4 5 6 7 8 9
AFPA 0,00 0,00 0,00 175,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
B
1
0,04 <0,03 <0,03 <0,03 <0,03 <0,03 <0,03 <0,03 0,06
B
2
<0,01 <0,01 <0,01 0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01
G
1
<0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01
G
2
<0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01
NR = não realizada
Este resultados estão de acordo com Pitt e Hocking
6
(1997) e Osborne
7
(1982) citados por Ferreira et al. (2006) os quais citam que o crescimento de
6
PITT, J.L.; HOCKING, A. D. Fungi and food spoilage. Blackie Academic e Professional: London,
1997, 175p.
7
OSBORNE, B. G. Mycotoxins and the Cereal Industry - A Review. Journal of Food Technology,
1982, v 17: 1-9.
45
Aspergillus flavus e a biosíntese da aflatoxina depende do substrato, da umidade, da
temperatura, do pH, da aeração local e da microflora competitiva, entretanto a
ausência de fungos em alimentos suspeito, não significa ausência de micotoxinas,
ou seja, o fungo pode estar ausente, mas a toxina pode estar presente e ativa.
Para Freire et al. (2000) é importante notar que as condições adequadas para
o crescimento e germinação de fungos (atividade de água e temperatura) não são as
mesmas para produção de micotoxinas. Dessa forma, efeitos sobre essas variáveis
podem ser diferentes para duas toxinas produzidas pela mesma espécie e por uma
toxina produzida por duas espécies diferentes.
Para Baptista et al. (2004), o crescimento de fungos toxigênicos e a produção
de micotoxinas estão relacionados com fatores físico-químicos e biológicos.
Pacheco (2007) coloca que a presença de aflatoxina em castanha-do-brasil é
heterogênea e diversos fatores podem agir isoladamente ou em associação para
determinar as condições ideais de produção, principalmente onde as condições são
extremamente dinâmicas a cada safra, sendo essencial os controles de caráter
preventivo para diminuir a contaminação por fungo e produção da toxina.
Embora as condições de temperatura e umidade relativa tenham sido
propícias à proliferação do fungo e produção de aflatoxina, a coleta de ouriços até
15 dias contribuíram para a menor incidência dos Aspergillus flavus e Aspergillus
parasiticus.
4.2 TIPOS DE SELEÇÃO NA AMONTOA DE CASTANHA-DO-BRASIL
As boas práticas extrativistas são recomendações feitas ao extrativista para
melhorar a qualidade higiênico-sanitária da castanha. Devem ser aplicadas durante
as etapas de coleta e quebra dos ouriços (frutos da castanheira). O uso de lona
plástica ou sacos de nylon limpos para a quebra dos ouriços, a higienização dos
instrumentos de corte dos ouriços, a seleção das castanhas no momento da quebra
constituem as principais recomendações de práticas a serem realizadas no âmbito
da floresta.
46
24,8525,03
25,05
99,17
99,54
99,46
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
Sem Seleção Selecionadas Descartadas
Temperatura (
o
C)
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
Tipos de seleção
Umidade relativa (%)
Temperatura
Umidade Relativa
4.2.1 Análises da temperatura e umidade relativa na floresta
Nos castanhais onde foram realizadas as coletas na amontoa, durante o
período do estudo, não foram verificadas diferenças significativas entre as variáveis
do ambiente analisadas conforme TABELA 2.
Os valores de temperatura e umidade relativa mantiveram-se sempre
próximos, conforme descrito no item 4.1.1, e se encontram dentro da faixa propícia
(+ 24
o
C e > 75%) para crescimento e produção de aflatoxina. O GRÁFICO 3 ilustra
as variáveis observadas.
GRÁFICO 3 Valores médios de temperatura e umidade relativa do ar na floresta
durante a coleta na etapa de amontoa,
em Brasiléia, Acre, nos meses
de janeiro a março de
2008 (Análise de Variância no APÊNDICE C).
4.2.2 Temperatura, atividade de água da amêndoa, quantificação de Aspergillus
flavus, Aspergillus parasiticus e outros fungos em amostras provenientes da
etapa de amontoa na floresta
A TABELA 2 apresenta os valores de temperatura das amêndoas analisadas
com pequena variação de 24,10
o
C a 24,54
o
C, porém não significativa. a
atividade de água se manteve em torno de 0,97.
47
99,0909
3,8889
5,5555
38.618,91
7.304,58
3.528,16
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
1 - Sem seleção 2 - Selecionadas 3 - Descartadas
Tipos de seleção
AFPA (ufc.g
-1
)
0,00
5.000,00
10.000,00
15.000,00
20.000,00
25.000,00
30.000,00
35.000,00
40.000,00
45.000,00
Outros fungos (ufc.g
-1
)
AFPA Outros fungos
Para Pacheco (2006) temperaturas variando entre 10
o
C a 35
o
C, umidade
relativa de 65% a maior que 90% e atividade de água de 0,80 a 0,86 os fungos
intermediários, inclusive Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus, crescem em
condições de campo. Os fatores que influenciam o crescimento dos fungos não
atuam sozinhos, mas em conjunto: quantidade de inóculo, temperatura, umidade do
substrato, condições físicas do substrato, crescimento de outros fungos e umidade
do ambiente (CARRILLO, 2008).
As médias observadas para a incidência de fungos aflatoxigênicos (AFPA) em
amostras de castanha-do-brasil sem seleção prévia, selecionadas e descartadas
foram de 3,8889, 99,0909 e 5,5555 ufc.g
-1
, respectivamente. Conforme o GRÁFICO
4 na comparação de médias para contagem de Aspergillus flavus e Aspergillus
parasiticus não observou-se diferença significativa sendo o menor crescimento de
fungos nas amostras de castanhas sem seleção (TABELA 2).
GRÁFICO 4 Crescimento de Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus e outros
fungos nas amostras da amontoa,
em Brasiléia, Acre, nos meses de
janeiro a março de
2008. (Análise de Variância no APÊNDICE C).
O menor crescimento de fungos aflatoxigênicos nas amostras sem seleção
prévia e do descarte pode ser explicado pelo antagonismo entre os microrganismos
48
(BAYMAN et al., 2002) onde se observa elevadas contagens de outros fungos e
menor desenvolvimento de Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus. Uma outra
proposição incide na curva de crescimento dos microrganismos, na qual após a fase
de intenso crescimento ou fase exponencial, existe a fase estacionária e de declínio
ou morte. Na fase estacionária cessa a multiplicação por limitação de um fator
ambiental como nutrientes, por exemplo, e na fase de morte, redução do número
de microrganismos também por falta de nutrientes vitais ou por substâncias tóxicas
excretadas pelos próprios microrganismos, entre outros (PAS, 2000).
Também se ressalta que a amontoa dos ouriços nos castanhais foi realizada
em três situações que foram: amontoa no mesmo dia da coleta de amostras (maior
parte das amostras), amontoa com até sete dias antes da coleta de amostras e
amontoa com 38 a 45 dia antes da coleta de amostras o que originou amostras
descartadas que continham apenas castanhas cortadas no momento da quebra do
ouriço.
Outro procedimento que possivelmente pode ter contribuído para este
resultado foi a lavagem rápida no laboratório antes do descasque, das amostras
coletadas em dois lotes que foram amontoados com antecedência de 38 a 45 dias,
as quais apresentavam excesso de água turva e fétida além de sujidades. Sobre
este aspecto é importante ressaltar que não se recomendada a prática de lavagem
das castanhas na floresta devido a principalmente não se conhecer a qualidade da
água utilizada, apesar de que é uma método comum em outros Estados da região
norte.
A prática de selecionar visualmente as castanhas no momento da quebra
depende do grau de entendimento e interesse do produtor em realizar a tarefa,
existindo neste caso os extrativistas mais atentos e os mais displicentes.
Pelo teste Tukey (p 0,05) na comparação dos resultados das análises de
outros fungos nos castanhais, não foi observado diferença significativa, porém eles
estavam presentes em todas as amostras, e em maior quantidade nas amostras
descartadas.
Na correlação entre os resultados encontrados (APÊNDICE E) foi observada
significância (p < 0,01) entre o crescimento de Aspergillus flavus e Aspergillus
parasiticus e temperatura ambiente e uma relação inversa (-0,09) entre Aspergillus
flavus e Aspergillus parasiticus e outros fungos.
49
4.2.3 Análises de identificação e quantificação de aflatoxinas das amostras da
amontoa na floresta
Nas amostras de castanha-do-brasil onde não houve crescimento de
Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus foram detectadas aflatoxinas B
1
, B
2
, G
1
,
em níveis baixos, com exceção de uma amostra proveniente de descarte que
alcançou 115,59 µg.kg
-1
de aflatoxina B
1
como mostra a TABELA 4. Segundo Freire
et al. (2000) é comum encontrar micotoxinas em comodities sem os fungos
associados estarem presentes. Sendo assim, a seleção das castanhas que
visualmente apresentam sinais de deterioração, mofos e quebradas é importante no
momento da quebra.
Aflatoxinas B
1
, B
2
, G
1
e G
2
apresentam grande risco pela ampla contaminação
de variedades de “commodities” da agricultura e de gêneros alimentícios,
especialmente aqueles contendo alto teor de carboidratos e/ou gorduras, tais como
nozes e seus produtos, amendoim, milho, cereais, trigo, óleo de grãos, figo e uva
passa secos, entre outros (NILÜFER; BOYACIOGLU, 2002).
Neste trabalho, o resultado na amostra descartada, está de acordo com Arrus
et al. (2005) que estudando diversas combinações de temperatura e umidade
relativa na produção de toxina verificaram que castanhas com casca quebrada
continham os mais elevados níveis de aflatoxina total e B
1
(6817 ng.g
-1
e
4483 ng.g
-1
) e com Freire et al. (2000) que encontraram as aflatoxina B
1
e B
2
na
casca de castanha de má qualidade nas concentrações de 27,1 µg.kg
−1
e 2,1µg.kg
−1
respectivamente (total 29,2 µg.kg
−1
).
Pereira et al. (2002) citam que uma vez o Aspergillus estando presente no
alimento é essencial que medidas de controle sejam realizadas de forma a reduzir
as possibilidades de ocorrer a produção de aflatoxinas. Na condição da floresta,
como visto na análise para o tempo de permanência do ouriço após a queda, a o
demora na coleta é uma das medidas a serem aplicadas com a finalidade de reduzir
a incidência dos fungos aflatoxigênicos e o processo de seleção das castanhas na
floresta não tem efeito sobre o nível de aflatoxinas e sim sobre o controle do fungo.
50
TABELA 4 Níveis de contaminação da castanha-do-brasil por Aspergillus flavus,
Aspergillus parasiticus e aflatoxina em amostras coletadas na
amontoa conforme três tipos de seleção durante os meses de janeiro
a março do ano de 2008, Brasiléia, Acre.
Amontoa (Tipo de seleção)
__________________________ Sem seleção _________________________
Repetições
AFPA (ufc.g
-1
)
e
Tipo de
aflatoxina
g.kg)
1 2 3 4 5 6 7 8 9
AFPA
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 5,04 30,00 0,00 0,00
B1
<0,03 <0,03 <0,03 <0,03 <0,03 <0,03 <0,03 <0,03
<0,03
B2
<0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01
<0,01
G1
<0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01
<0,01
G2
<0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01
<0,01
____________________________ Selecionadas _______________________
Repetições
AFPA (ufc.g
-1
)
e
Tipo de
aflatoxina
g.kg)
1 2 3 4 5 6 7 8 9
AFPA 0,00 80,00 0,00 331,8182 445 0,00 30,00 5,00 0,00
B1
<0,03 <0,03 0,05 <0,03 <0,03 0,15 <0,03 <0,03
0,06
B2
<0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01
<0,01
G1
<0,01 <0,01 0,06 <0,01 <0,01 0,06 <0,01 <0,01
0,02
G2
<0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01
<0,01
___________________Descartadas________________
Resultados
AFPA (ufc.g
-1
)
e Tipo de
aflatoxina
g.kg)
1 2 3 4 5 6 7 8 9
AFPA
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 50,00 0,00 0,00
B1
<0,03 <0,03 <0,03 <0,03 0,09 115,69
NR NR <0,03
B2
<0,01 <0,01 ,0,01 <0,03 0,01 1,52 NR NR <0,01
G1
<0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,16 NR NR <0,01
G2
<0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 NR NR <0,01
NR – Não Realizada
51
5 CONCLUSÕES
A temperatura, a umidade relativa do ambiente da floresta no local de estudo,
a atividade de água e temperatura das amêndoas estão dentro da faixa para
germinação, crescimento e produção de aflatoxina;
Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus e outros fungos foram encontrados
na floresta tanto nas amostras provenientes das épocas de coleta como nos tipos de
seleção na amontoa;
Aflatoxinas em baixos níveis foram detectadas nas condições de floresta;
Aflatoxinas foram encontradas em maior teor nas amostras descartadas sem
o crescimento do Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus;
A coleta de castanha tardiamente na floresta indica maior crescimento de
fungos aflatoxigênicos o que sugere que as boas práticas extrativistas quando
aplicadas de forma eficiente na coleta favorecem à menor incidência de fungos
aflatoxigênicos na castanha-do-brasil.
52
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Campinas, 2003.
55
6 CAPÍTULO II
FUNGOS AFLATOXIGÊNICOS NA CASTANHA-DO-BRASIL EM CONDIÇÕES DE
ARMAZÉM COMUNITÁRIO
56
6.1 RESUMO
O objetivo deste trabalho foi monitorar as condições em que a castanha-do-brasil é
armazenada a nível comunitário e o crescimento de fungos aflatoxigênicos.
Castanhas-do-brasil secadas naturalmente a sombra em secador de tela
galvanizada foram analisadas durante os tempos 0 (zero), 15, 30, 60 e 90 dias de
armazenagem. As aferições de temperatura (
o
C) e umidade relativa no ambiente (%)
de armazenagem foram feitas no momento da coleta por meio de um
termohigrômetro digital. A atividade de água e temperatura da amêndoa foram
aferidas por meio de leitura direta em aparelho medidor de atividade de água portátil
após o descasque. Nos Laboratórios de Tecnologia de Alimentos da Embrapa Acre
em Rio Branco e de Controle de Qualidade e Segurança Alimentar do Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento de Belo Horizonte em Belo Horizonte,
realizou-se a identificação e quantificação de Aspergillus flavus, Aspergillus
parasiticus, outros fungos e os níveis e tipos de aflatoxinas respectivamente. As
médias observadas para a temperatura e umidade relativa no ambiente de
armazenagem nos cinco tempos acompanhados variaram de 24,71 a 29,81
o
C e
65,77 a 88,42 %. A atividade de água e temperatura da amêndoa na mesma
sequência foram de 0,76 a 0,93 e 24,17 a 25,11
o
C. O crescimento de Aspergillus
flavus, Aspergillus parasiticus e outros fungos nos tempos de armazenamento
considerados foram de 0,8333 a 151,6666 ufc.g
-1
e 855,8285 a 2.480,2905 ufc.g
-1
.
Foram detectados os quatro tipos de aflatoxina, porém os níveis mais elevados
foram de aflatoxina B
1
e G
1
com 40,38 e 58,06 µg.kg
-1
aos 30 dias, apresentando-se
acima do limite máximo permitido pela legislação brasileira (B
1
e G
1
= 30 µg.kg
-1
). As
castanhas armazenadas não estavam com teor de atividade de água ideal para
impedir o crescimento de fungos aflatoxigênicos e produção de suas toxinas.
Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus e aflatoxinas estiveram presentes em todo
o período de armazenagem no armazém comunitário. O maior crescimento de
fungos aflatoxigênicos não coincidiu com a maior produção de aflatoxina.
Palavras - chave: Castanha-do-brasil, Fungos aflatoxigênicos, Aflatoxina, Armazém
comunitário.
57
ABSTRACT
The research aimed to monitor the conditions under which Brazil nut is stored at
communitarian level and of fungi aflatoxigenic the growth. Brazil nuts dried naturally
in the shadow dryer screen galvanized were analyzed during the times 0 (zero), 15,
30, 60 and 90 days of storage. The measurements of temperature (
o
C) and relative
humidity in the environment (%) of storage were made at collection through a digital
termohigrometer. The water activity and temperature of almonds were measured by
means of direct reading activity gauge of portable water after peeling. In the Embrapa
Food Laboratories in Rio Branco, Acre and Quality Control and Safety of the
Agriculture Livestock Department and Supply of Belo Horizonte, Minas Gerais, there
was the identification and quantification of Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus,
other fungi and the levels and types of aflatoxins respectively. The averages for the
observed temperature and relative humidity in the environment of storage within five
days accompanied ranged from 24.71 to 29.81
o
C and 65.77 to 88.42%. The water
activity and temperature of almonds in the same sequence were 0.76 to 0.93 and
24.17 to 25.11
o
C. The growth of Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus and other
fungi in storage periods were considered 0.8333 to 151.6666 ufc.g
-1
and 855.8285 to
2480.2905 ufc.g
-1
. We found the four types of aflatoxin, but the higher levels were
aflatoxin B
1
and G
1
with 40.38 and 58.06 µg.kg
-1
at 30 days, giving itself above the
maximum allowed by Brazilian legislation (B
1
, G
1
= 30 µg.kg
-1
). The nuts were not
stored with content in water activity ideal for preventing the growth of fungi
aflatoxigenic and production of its toxins. Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus
and aflatoxin were present throughout the period of storage in a warehouse
community. The biggest growth of fungi aflatoxigenic did not coincid with the
increased production of aflatoxin.
Key words: Brazil nuts, Fungi aflatoxigenic, Aflatoxin, Communitarian warehouse.
58
6.2 INTRODUÇÃO
A castanheira-do-brasil ou simplesmente castanheira (Bertholletia excelsa H.
& B. k, família Lecythidaceae) apresenta o tronco mais grosso entre todas as
espécies da floresta amazônica e é considerada espécie social, pois produz frutos e
renda para a população local (SALOMÃO et al., 2006).
É uma árvore que pode atingir até 50 m, ocorre em toda a região amazônica,
sendo característica das matas altas de terra firmes não inundável. Produz ouriços,
que após a retirada das sementes, podem ser usados na confecção de peças de
artesanato ou como combustível. Suas castanhas ou sementes são muito
apreciadas e conhecidas internacionalmente, sendo um dos principais produtos de
exportação da Amazônia. Possui também alto valor protéico devido à quantidade e à
qualidade dos aminoácidos contidos nas amêndoas (SANTOS et al., 2006;
MÜLLER, 1995).
A amêndoa da castanha-do-brasil pode ser consumida sob várias formas,
seja in natura, desidratada, salgada, tostada, coberta com chocolate, caramelo,
açúcar, mel ou outras coberturas. Também tem sido utilizada como cobertura
crocante em sorvetes, chocolates, bolos, doces e biscoitos ou tradicionalmente com
farinha ou “leite” de castanha (FERBERG, 2002).
O mercado é centralizado em dois tipos: castanha com casca ou descascada.
Tradicionalmente, cerca de 60% do valor de exportação tem sido de castanhas
descascadas (LAFLEUR, 1992).
A castanha-do-brasil, uma das riquezas da floresta Amazônica, é importante
componente de exportação da região. Sua exploração desempenha papel
fundamental na organização socioeconômica de grandes áreas extrativistas da
floresta Amazônica (SILVA, 2002).
A contaminação por aflatoxina trouxe prejuízos para a exportação da
castanha com casca brasileira. Esta toxina é um metabólito produzido por espécies
de fungos pertencentes ao gênero Aspergillus comuns do ambiente natural de
produção. No ano de 2003 após a detecção de elevados teores de micotoxina nos
lotes de castanha exportada para a Europa, houve necessidade de uma
regulamentação em nível internacional, baseada em dados científicos, tendo em
59
vista a proteção da saúde humana, com um mínimo impacto sobre o comércio
internacional (FAO, 2008; FERREIRA et al., 2006; CE, 2003; FRANK, 1981).
Na Amazônia, a importância social e econômica dos produtos florestais não
madeireiros (PFNM) é secular. O desenvolvimento inicial desta região teve como
modelo o extrativismo, que foi durante séculos a atividade econômica predominante
e apesar deste setor vir perdendo em importância econômica para outras atividades
de uso do solo, ainda continua sendo um importante gerador de renda na região
amazônica (TONINI et al., 2007).
O nível tecnológico e as condições inadequadas de manejo pós-colheita
favorecem a contaminação por vários microrganismos. Os fungos filamentosos são
responsáveis pela presença de micotoxinas (OLIVEIRA et al., 2006). As boas
práticas de manejo contribuem para a redução da contaminação da castanha-do-
brasil por aflatoxina na floresta. O mesmo autor cita que coloca que as instalações
de armazenamento necessitam de mecanismos de maior controle de umidade e
temperatura para que seja evitada a proliferação fúngica no armazém (SIMÕES,
2004).
Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar incidência de fungos
aflatoxigênicos e de aflatoxinas na castanha-do-brasil em condições de armazém
comunitário.
60
6.3 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Laboratório de Tecnologia de Alimentos da
Embrapa, em Rio Branco, Acre, Brasil, localizada no Km 14, da BR 364. As
amostras de castanha-do-brasil utilizadas foram coletadas no Seringal Porongaba,
no município de Brasiléia, Acre, localizado a 250 Km de Rio Branco.
O Seringal Porongaba situa-se na área extrativista de conservação de uso
sustentável, Reserva Chico Mendes, com acesso por meio do Ramal do Km 05 da
BR 317 (sentido Brasiléia/Assis Brasil).
6.3.1 Caracterização do experimento
Para a escolha do local de estudo foram obtidas informações por meio da
Embrapa Acre e Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção
Familiar SEAPROF de comunidades que aplicavam na coleta da castanha-do-
brasil as boas práticas extrativistas (BPE) previamente recomendadas no Manual de
Segurança e Qualidade (PAS, 2004).
A estrutura de secagem e armazenagem comunitária tem capacidade para
armazenar aproximadamente 20 toneladas de castanha-do-brasil ensacada sendo
esta inferior à produção atual da comunidade e, por conseguinte, castanhas vindas
da floresta aguardam a etapa de secagem na mesma área onde são armazenadas
as que já foram secas.
O secador foi construído em madeira, conjugado ao armazém, com parede
até um metro de altura e com tela de malha de 1 mm até a cobertura. O piso foi feito
com de tela em aço galvanizado de malha de 5 mm onde as castanhas são
depositadas e revolvidas diariamente (FIGURA 5). Após 7 ou 15 dias de secagem à
sombra são ensacadas e armazenadas em sacos de nylon. Este período depende
das condições em que a castanha vem da floresta, enxuta ou molhada.
61
FIGURA 5. Estrutura de secagem para castanha-do-brasil, Brasiléia, Acre, 2008.
As amostras de castanha-do-brasil com casca in natura foram coletadas no
período de fevereiro a julho do ano de 2008. As coletas foram programadas
conforme as castanhas da floresta (amontoa) saíam da etapa de secagem por 15
dias no secador.
A amostragem seguiu a metodologia aplicada no CAPÍTULO I deste trabalho.
A coleta foi realizada no tempo 0 (zero), após homogeneização dos lotes 1 e
2 coletados em cada castanhal depois da secagem. As demais coletas foram nos
intervalos de 15, 30, 60 e 90 dias de armazenamento em armazém comunitário.
Aferiu-se com um termohigrômetro digital a umidade relativa do ar (%) e a
temperatura do ambiente em
o
C no momento da coleta. As amostras de castanha
foram retiradas com auxílio de uma jarra plástica pré-tarada para mais ou menos
300 g e de cada lote foi retirado mais ou menos 3 kg.
As amostras de castanha-do-brasil in natura com casca foram acondicionadas
em sacos de poliestireno e envolvidas com saco plástico para proteção contra a
chuva durante o transporte até o laboratório de processamento e análises.
No laboratório, as amostras foram homogeneizadas em caixa plástica e
pesada. O descascamento foi feito por meio de máquina de quebra manual, de
62
forma asséptica, porém sem desinfecção superficial das castanhas. Depois de
descascadas e sem a retirada das castanhas que se apresentavam deterioradas ou
com fungos visíveis, procedeu-se outra homogeneização manual e retiraram–se três
amêndoas para análise de atividade de água. Em seguida, foram moídas a seco em
moinho tipo CAF, utilizando-se seqüencialmente os discos de 5 e 3 mm para permitir
uma melhor homogeneização da massa.
Depois de trituradas, alíquotas de 100 g foram retiradas e encaminhadas para
análise microbiológica, de onde se retiraram 40 g destinadas à análise imediata para
a identificação e quantificação de Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus e 60g
para armazenamento, visando à necessidade de eventual re-análise.
Seguindo as recomendações de preparo da amostra para análise de
aflatoxinas por Cromatografia Líquida de Alta Performance - HPLC e Imuno-solvente
Ligado à Enzima - Elisa do Laboratório de Controle de Qualidade e Segurança
Alimentar LACQSA do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento/MG, foi
adicionada ao restante da massa de castanha água deionizada para facilitar a
redução das partículas do material até atingir uma granulometria 20 mesh. A
aferição do tamanho das partículas foi feita por meio de uma peneira. O tipo de
equipamento utilizado para trituração da massa foi de acordo com o peso da
amostra:
Moinho Tecnal TE-631 para amostras <150 g
Liquidificador Brastemp para amostras > 150 g e < 300 g
Liquidificador industrial para amostras > 300 g e < 3,5 kg
A proporção de massa de castanha e água deionizada utilizada foi de 1:1,25 a
1:1,5. O tempo de homogeneização variou entre 15 a 35 minutos deixando um
intervalo na metade do tempo (7- 8 minutos) para a mistura da massa.
A temperatura da amostra foi verificada sempre na metade e no final do
preparo e não ultrapassou a temperatura de 60 a 70 °C com o ótimo de 50 °C.
As alíquotas de 500 g para as análises de aflatoxinas por HPLC no LACQSA
foram retiradas aleatoriamente de diferentes pontos da pasta, embaladas e
identificadas com etiqueta contendo o número de identificação da amostra, o número
de divisão e a data da coleta conforme as análises a serem realizadas e,
armazenadas a – 18 °C.
63
6.3.2 Análise microbiológica para quantificação de fungos
A técnica utilizada para análise de fungos foi a de plaqueamento com diluição
em superfície, de acordo com Pitt et al. (1983). Após a pesagem da amostra de 40 g,
as diluições iniciais (10
-1
) foram preparadas com água peptonada a 0,1 % e deixadas
imersas 30 minutos a temperatura ambiente antes da homogeneização para
distribuição nas demais diluições (10
-2
, 10
-3
, 10
-4
, 10
-5
). Para inoculação em placas
foi utilizado o meio seletivo ágar aspergillus flavus parasiticus – AFPA (9 a 10
mL/placa) adicionado de antibióticos clorotetraciclina e cloranfenicol (1 mL para 100
mL de meio).
Entre 42 a 48 horas de incubação em estufa (BOD) à temperatura de 30 °C foi
realizadao a leitura das placas, contando-se as colônias que apresentaram reverso
de cor alaranjada e os resultados expressos em unidades formadoras de colônia por
grama do produto (ufc.g
-1
).
6.3.3 Definição modelo estatístico
O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso com três repetições
(castanhais) e cinco tempos de avaliação (0, 15, 30, 60 e 90 dias de armazenagem
após a secagem). Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e
para os efeitos significativos dos tratamentos, foram ajustados modelos de
regressão linear, utilizando o programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2000). Para
a análise das variáveis Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus e outros fungos
observou-se a necessidade de transformação em Log(x). Nos resultados da
quantificação de aflatoxinas, considerou-se metade do limite de detecção
encontrado, sendo que os valores obtidos foram transformados em raiz quadrada de
X + 1. Avaliou-se a correlação entre as variáveis por meio do coeficiente de Pearson,
utilizando o programa SAS 9.1 (SAS INSTITUT, 2003).
64
6.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As médias dos resultados das variáveis obtidas no experimento podem ser
observadas na TABELA 5.
Não foram observadas diferenças significativas para as temperaturas do
ambiente de produção, da amêndoa, umidade relativa do ar, crescimento de
Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus (AFPA) e outros fungos (OF).
No entanto observou-se efeito significativo (p < 0,05) quanto à atividade de
água da amêndoa. Para as variáveis onde não foram observadas significâncias, não
houve ajuste de equação, sendo os resultados apresentados por meio das médias
do maior valor do coeficiente de determinação.
65
TABELA 5 Médias observadas nas variáveis analisadas na castanha-do-brasil coletada no armazém comunitário, localizado em
Brasiléia-AC, nos meses de fevereiro a julho do ano de 2008.
Variáveis analisadas
Aflatoxina (µg.kg
-1
)
Tratamento
Tempo (dias)
Temperatura
ambiente
(
o
C)
Umidade
Relativa
(%)
Aw Temperatura
amêndoa (
o
C)
AFPA (ufc.g
-1
) Outros fungos (ufc.g
-1
)
B
1
B
2
G
1
G
2
0
29,81 65,77 0,93 25,11 17,5000 1.490,5132 9,8085 0,0167 0,0000 0,0000
15
28,55
75,70 0,91 24,73 151,6666 855,8285 2,2625 0,1720 0,0283 0,0000
30
24,71
76,45 0,87 24,95 80,8333 3.389,4476 40,3850 3,3500 58,0633 3,8800
60
25,83
75,47 0,76 24,63 3,3333 2.480,2906 0,0200 0,0000 0,0133 0,0000
90
27,03
88,42 0,63 24,17 0,8333 2.407,0434 10,2575 0,1170 0,0000 0,0000
Média
27,19 76,36 0,82 24,72 50,8333 2.124,6246 10,5906 0,7378 13,9345 0,7956
CV (%)
14,91 20,44 9,95 5,27 117,97 14,53 88,00 29,13 126,58 48,43
(i) Aw = atividade de água; CV = coeficiente de variação; AFPA = Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus;
(ii) Análise de variância apresentada no APÊNDICE G
65
66
25,83
24,72
28,55
29,82
27,03
65,77
75,70
76,45
75,47
88,42
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
0 15 30 60 90
Tempo de Armazenamento (dias)
Temperatura (
o
C)
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
Umidade Relativa (%)
Temperatura Umidade Relativa
6.4.1 Temperatura e umidade relativa do ambiente
Nas condições de armazenamento estudadas os valores de temperatura e
umidade relativa do ambiente apresentaram pequena variação, porém sem
significância quando feita análise de regressão.
Para Pacheco e Scussel (2006) a temperatura interfere diretamente no
desenvolvimento fúngico sendo menos restritiva que a umidade e, durante a
armazenagem em regiões tropicais a maioria das espécies cresce em temperaturas
em torno de 30°C.
Neste caso, observa-se que a temperatura se manteve na faixa ideal de
crescimento para microrganismos mesófilos conforme GRÁFICO 5.
GRÁFICO 5 Temperatura e umidade relativa do armazém comunitário
durante o período de coleta, em Brasiléia, Acre, Brasil, nos
meses de Fevereiro a Julho do ano de 2008. (Análise de
variância no APÊNDICE G)
Segundo Freire et al. (2000) desde que as condições de umidade do
ambiente sejam mantidas abaixo 10 a 11% (equivalente a 70% UR) a castanha-do-
67
75,47
88,42
76,45
75,70
65,77
0,93
0,91
0,88
0,76
0,63
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
0 15 30 60 90
Tempo de armazenamento (dias)
Umidade relativa (%)
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
Atividade de água
Umidade relativa Atividade de água
brasil pode ser armazenada de forma segura. Contudo, atualmente, o que se
encontra são condições de alta umidade do ambiente durante o armazenamento,
aliado a falta ou ventilação insuficiente, o que explica, em parte, as altas taxas de
deterioração e a produção de aflatoxina na castanha-do-brasil.
Em conformidade com as observações de Freire et al. (2000), observou-se
que nos primeiros quinze dias, houve um aumento na umidade relativa de 65,77%
para 75,70%, onde a atividade de água da castanha era de 0,93 a 0,91 (GRÁFICO
6), justamente neste intervalo, também houve um aumento na população de fungos
aflatoxigênicos com posterior decréscimo. Observa-se também que ocorreu uma
oscilação da umidade relativa com decréscimo da atividade de água até o final da
armazenagem e diminuição da carga microbiana. Esta redução da população é
justificada pela correlação com a redução da atividade de água encontrada, ou seja,
atividade de água de 0,93 baixou para 0,63 linearmente (TABELA 5).
GRÁFICO 6 Umidade relativa e atividade de água da amêndoa no período
de armazenamento, em Brasiléia, Acre, nos meses de
Fevereiro a Julho do ano de 2008. (Análise de variância no
APÊNDICE G)
68
28,55
29,82
24,72
25,83
27,03
25,12
24,63
24,73
24,95
24,17
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
0 15 30 60 90
Tempo de armazenamento (dias)
Temperatura ambiente (
o
C)
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
Temperatura da amêndoa (oC)
Temperatura do ambiente Temperatura da amêndoa
6.4.2 Temperatura, atividade de água e quantificação de fungos aflatoxigênicos e
outros fungos na amêndoa da castanha-do-brasil
As amêndoas apresentaram temperaturas médias que variaram entre 25,11 a
24,17
o
C em temperatura ambiente após refrigeração no laboratório. Apesar de não
encontrado em literatura esta variável aferida diretamente na amêndoa, é importante
considerar sua relação aos demais fatores que interferem no crescimento dos
fungos e produção de aflatoxina.
Ao comparar os valores encontrados com os resultados de temperatura
ambiente (GRÁFICO 7), observa-se que a temperatura da amêndoa manteve-se
logo abaixo. Como possibilidade da estrutura da casca, influenciar na
estabilidade da castanha (ARRUS et al., 2005), estes resultados podem servir de
suporte para estudos posteriores.
GRÁFICO 7 Temperatura do ambiente e da amêndoa coletada no período
de armazenagem, Brasiléia, Acre, Brasil, nos meses de
fevereiro a Julho do ano de 2008. (Análise de variância no
APÊNDICE G).
Com relação aos resultados de atividade de água encontrados na amêndoa,
estes demonstraram um decréscimo linear de 0,93 a 0 (zero) dia para 0,63 a 90 dias
como podemos observar no GRÁFICO 8.
69
y = -0,0034x + 0,9549
R
2
= 0,9776**
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
0 15 30 45 60 75 90
Tempo de Armazenamento (dia)
Atividade de Água
Segundo Córdova (2006), a disponibilidade de água do alimento deve ser
abaixada para um nível onde não exista perigo de crescimento microbiano. Para
Carrillo (2003), o desenvolvimento ótimo de Aspergillus flavus ocorre a 36°C com
uma atividade de água de 0,95, porém o crescimento de Aspergillus é encontrado
não necessariamente no ponto ótimo.
Arrus et al. (2005) trabalhando com castanha citam que nas duas primeiras
semanas de armazenamento, o foi observado o crescimento de fungo em
nenhuma das amostras e o baixo teor de umidade inicial (3,5%) e atividade de água
(0.75) pode ter inibido o crescimento e que em temperatura de 30
o
C, típica de
armazenamento em áreas de processamento na Amazônia, as castanhas devem ser
mantidas em níveis de umidade e atividade de água de 4,5% e 0,68 e de 5,0% 0,75
respectivamente, sendo considerado o procedimento mais rápido após colheita para
controlar a produção de aflatoxina a um limite de 4ng/g por um período de até 60
dias.
GRÁFICO 8 – Atividade de água das amêndoas de castanha-do-brasil durante
armazenagem, em Brasiléia, Acre, nos meses de Fevereiro a Julho
do ano de 2008. Análise de variância no APÊNDICE G)
No presente estudo houve crescimento do fungo em todos os tempos de
armazenamento, porém observa-se que a partir de 30 dias existe uma tendência
70
17,5000
80,8333
0,8333
3,3333
151,6666
0,87
0,76
0,63
0,91
0,93
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
160,00
0 15 30 60 90
Tempo de Armazenamento (dias)
AFPA (ufc.g
-1
)
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
Atividade de Água
AFPA Atividade de água
para o decréscimo significativa (p < 0,01), quando a atividade de água é de 0,87.
Isso confirma a correlação de atividade de água alta com o alto crescimento da
população e atividade de água baixa para o decréscimo da população de fungos
como se observa no GRÁFICO 9.
GRÁFICO 9 Atividade de água e fungos aflatoxigênicos das amêndoas de
castanha-do-brasil durante armazenagem comunitária, em
Brasiléia, Acre, nos meses de Fevereiro a Julho do ano de 2008.
(Análise de variância no APÊNDICE G)
A presença de fungos aflatoxigênicos na castanha-do-brasil foi detectada em
condições de armazenagem comunitária, corroborando com outros achados em
estudos de Pacheco (2007), Simões (2004) e Cartaxo et al. (2003).
O armazenamento em locais úmidos e sem ventilação bem como o transporte
inadequado favorece não apenas a contaminação com esporos, mas também o
crescimento fúngico nos produtos já contaminados (CHU, 1991). Neste caso, o
atraso na coleta dos ouriços, pode ter favorecido a uma maior contaminação pelo
contato com o solo na época chuvosa.
71
3,3333 0,8333
17,5000
151,6666
80,8333
1.490,51
855,8285
3.389,45
2.480,29
2.407,04
0,00
500,00
1000,00
1500,00
2000,00
2500,00
3000,00
3500,00
4000,00
0 15 30 60 90
Tempo de armazenamento (dias)
AFPA (ufc.g
-1
)
0,00
500,00
1.000,00
1.500,00
2.000,00
2.500,00
3.000,00
3.500,00
4.000,00
Outros fungos (ufc.g
-1
)
AFPA Outros fungos
Independente da contaminação advinda de etapas anteriores para o
crescimento de fungos aflatoxigênicos e consequente produção de aflatoxina, a
temperatura e umidade relativa nas condições de armazenamento se mostraram
dentro da faixa ideal para o crescimento de fungos e produção de aflatoxinas, de
acordo com Pas (2004), onde a umidade da amêndoa acima de 16 % e
temperaturas entre 27 e 30
o
C são propícios para a produção de toxinas.
Nas condições de armazenamento estudadas houve crescimento de
Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus desde os primeiros dias de
armazenamento em temperaturas que variaram de 24,7 a 29,8 até o final do período
de estocagem com uma variação no decorrer do processo, porém não significativa.
Também foi observado que no período antes do armazenamento, tempo 0 (zero), a
contagem de outros fungos foi elevada, com redução aos 15 dias de
armazenamento seguindo-se um acréscimo e estabilidade até o tempo de 90 dias.
Mesmo assim, manteve-se em níveis superiores aos de Aspergillus flavus e
Aspergillus parasiticus como se observa no GRÁFICO 10.
GRÁFICO 10 Crescimento de Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus e outros
fungos em castanha-do-brasil durante armazenagem comunitária,
em Brasiléia, Acre, nos eses de Fevereiro a Julho do ano de 2008.
(Análise de variância no APÊNDICE G)
72
Em estudo realizado com castanha-do-brasil por Arrus et al. (2005), na
terceira e quarta semana de armazenamento foi observado o crescimento de fungos
à temperatura entre 25 e 30
o
C e umidade relativa 85 e 97% e entre 15
o
C a 30
o
C e
80% UR e 97% UR concomitantemente. Estes resultados coincidem com o maior
valor de aflatoxinas encontradas aos 30 dias de armazenagem em armazém
comunitário.
Johnsson et al. (2008), verificaram em umidade relativa de 97% ocorreu
rapidamente a formação de aflatoxina e aos 90% de umidade relativa resultou numa
formação de aflatoxina mais lenta e com a umidade relativa de 80%, a formação de
aflatoxina ocorreu esporadicamente. Estes autores observaram que o crescimento
de fungos aflatoxigênicos e formação de aflatoxina aumentou rapidamente entre 40
e 90 dias após a coleta de castanhas.
Os padrões de colonização por fungos na castanha-do-brasil e a íntima
relação entre estes, pode ter profundas implicações para a contaminação de
aflatoxina, uma vez que as castanhas estão expostas a níveis elevados do
inóculo durante a colheita ou processamento (BAYMAN et al., 2002).
Com relação à aflatoxina ocorreu efeito significativo entre os tratamentos, no
entanto, não houve ajuste de equação, em que teores de aflatoxina comportaram-se
como demonstrado na FIGURA 6. Foi observado os tipos B
1
e B
2
em duas amostras
de castanha coletadas antes do armazenamento (tempo 0) sendo que no tempo de
15 dias os níveis ainda se mantiveram baixos 2,26 g.kg
-1
). Aos 30 dias, os
valores de aflatoxinas aumentaram significativamente (p < 0,01) para aflatoxinas B
1
(40,3850), B
2
(3,3500), G
1
(58,0633) e G
2
(3,8800) em concentrações expressas
µg.kg
-1
conforme TABELA 5. Os teores de aflatoxina B
1
+ G
1
(98,4483 µg.kg
-1
)
encontrados ultrapassam em 3,3 vezes o limite permitido pela Legislação brasileira
que é de 30 µg.kg
-1
.
Neste trabalho foi encontrada a maior produção de aflatoxina em temperatura
ambiente, umidade relativa e atividade de água de 24,7
o
C, 76,4 % e 0,87
respectivamente aos 30 dias de armazenagem da castanha. Estes resultados são
diferentes dos valores encontrados por Arrus et al. (2005) que citam a umidade
relativa de 97 % e temperaturas na faixa de 25 a 30
o
C para a produção de
aflatoxina em castanha-do-brasil e dos observados por Carrillo (2003) que encontrou
aflatoxinas em temperatura de 33°C e atividade de á gua de 0,99.
Saleemullah
et al. (2005) citam que quanto maior a umidade mais rápido
ocorre o crescimento de Aspergillus sp e superior é a produção de toxinas. Esta
73
informação está em desacordo com os encontrados neste trabalho. Contudo, pode
ser explicado pela linhagem do fungo contaminante: existem linhagens de fungos
que produzem maiores quantidades de toxinas, entretanto esta eficiência está na
dependência da temperatura, substrato, umidade e microrganismos capazes de
degradar a toxina. Segundo Carrillo (2008), os fatores que influenciam o crescimento
dos fungos o atuam sozinhos, mas em conjunto, entre eles podem ser citados a
quantidade de inóculo, a temperatura, a umidade do substrato, as condições físicas
do substrato, o crescimento de outros fungos e a umidade do ambiente.
74
Aflatoxina B1
10,2575
0,0200
40,3850
2,2625
0,0283
-5,00
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
0 15 30 45 60 75 90
Tempo de armazenamento (dia)
Quantificação g.kg-1)
Aflatoxina B
2
0,1192
0,0050
3,3500
0,1750
0,0200
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
0 15 30 45 60 75 90
Tempo de armazenamento (dia)
Quantificaçãog.kg-
1
)
Aflatoxina G
1
58,0683
11,5425
0,0267
0,0325
0,0050
-10,00
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
0 15 30 45 60 75 90
Tempo de armazenamento (dia)
Quantificação g.kg-
1
)
Aflatoxina G
2
0,0808
0,0050
3,8825
0,0050
0,0050
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
0 15 30 45 60 75 90
Tempo de armazenamento (dia)
Quantificaçãog.kg-
1
)
FIGURA 6 Quantificação de aflatoxinas em amostras de castanha-do-brasil
coletadas durante armazenagem
comunitária, em Brasiléia, Acre nos
meses de fevereiro a Julho do ano de 2008. (Análise de variância no
APÊNDICE G)
75
A presença de aflatoxina em amostras de armazenamento onde o houve
crescimento de Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus é mais um
acontecimento. No estudo realizado por Olsen et al. (2008), os isolados de
Aspergillus nomius foram bons produtores das aflatoxinas tipo B e G, enquanto as
cepas de Aspergillus flavus produziram apenas aflatoxinas tipo B, o que sugere a
presença deste tipo de fungo e a possível causa da detecção das micotoxinas
citadas em nosso estudo. Para Carrillo (2003), tanto em campo como em
armazenamento os fatores ambientais não são constantes e por isso pode ocorrer
que no crescimento fúngico apreciável não se encontre a quantidade de micotoxina
esperada, ou que devido sua estabilidade, as micotoxinas podem persistir quando os
esporos morrem.
Segundo Peterson et al. (2000)
8
e Ito et al. (2001)
9
citados por Carrilo (2003)
Aspergillus flavus produzem aflatoxinas B
1
e B
2
, enquanto Aspergilus parasiticus
aflatoxinas G
1
e G
2
, sendo que Olsen et al. (2008), sugerem que Aspergillus nomius
é um importante produtor de aflatoxinas em castanha-do-brasil e que a sua
ocorrência e de outros produtores aflatoxina B e G, deve ser melhor analisada, com
objetivo de definir estratégias de prevenção e controle de aflatoxinas neste produto.
Para Arrus et al. (2005) uma importante estratégia para evitar aflatoxina em
castanha-do-brasil é o controle do desenvolvimento do fungo após a coleta por meio
de um controle adequado de temperatura e atividade da água durante o
armazenamento, tendo em vista que a 10 º C (97 % UR) ou a 30 º C (75 % UR) não
produção de aflatoxina. Ainda que o fungo possa ser inativado ou retirado
durante o processamento e não estar presente no produto manufaturado, as toxinas
podem permanecer viáveis, pois não são facilmente degradáveis (NUNES et al.,
2003).
Ao correlacionar as variáveis (APÊNDICE H) observaram-se a relação entre
crescimento de outros fungos e atividade de água (p < 0,05). Na correlação dos
resultados das análises de aflatoxina durante o armazenamento observou-se que os
quatro tipos são inversamente proporcionais à temperatura do ambiente, ou seja, à
8
PETERSON, S. W. et alGenetic variation and aflatoxin production in Aspergillus tamarii and A.
caelatus. In: Integration of Modern Taxonomic Methods for Penicillium and Aspergillus Classification.
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9
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76
medida que a temperatura se distancia da faixa ideal para a síntese a produção é
diminuída e vice-versa (APÊNDICE I).
A castanha-do-brasil para ser armazenada na floresta necessita de uma
estrutura de secagem que permita uma rápida redução da atividade de água para
teor seguro (menor que 0,70). Caso contrário a armazenagem prolongada é
recomendada se houver possibilidade de controle local quanto à umidade relativa e
temperatura do ambiente de armazenamento.
A qualidade microbiológica da castanha-do-brasil na base da cadeia produtiva
depende exclusivamente da ação do extrativista, sendo necessário um trabalho de
sensibilização eficiente para que as boas práticas extrativistas sejam aplicadas o
como recomendação técnica, mas como um ato consciente do produtor e que a
melhor qualidade contribui para a manutenção da sua comercialização, seja ela em
casca ou descascada, para a melhoria da economia como um todo e
consequentemente para a manutenção da sustentabilidade da floresta.
77
7 CONCLUSÕES
O processo de secagem utilizado pelos extrativistas resulta em castanhas
com atividade de água média de 0,82, acima do valor ideal para armazenamento e,
portanto propício ao crescimento de fungos aflatoxigênicos e para a produção
aflatoxinas;
As castanhas armazenadas o estavam com teor de atividade de água ideal
para impedir o crescimento de fungos aflatoxigênicos e produção de suas toxinas;
Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus e aflatoxinas estiveram presentes
em todo o período de armazenagem;
A maior concentração de aflatoxina B
1
e G
1
foi encontrada aos 30 dias de
armazenamento;
O maior crescimento de fungos aflatoxigênicos não coincidiu com a maior
produção de aflatoxina.
78
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SYLOS, C. M.; RODRIGUEZ-AMAYA, D. B.; CARVALHO, P. R. N. Occurrence of
aflatoxin M
1
in milk and dairy products commercialized in Campinas, Brazil. Food
Additives and Contaminants, v. 13, n. 2, p. 169-172, 1996.
SIMÕES, A. V. Impactos de tecnologias alternativas e do manejo da castanha-
do-brasil (Bertholettia excelsa, HUMB. & BONPL., 1808) no controle da
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SOUZA, J. M. L.; CARTAXO, C. B. DA C.; LEITE, F. M. N; REIS, F. DA S. Avaliação
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86
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87
APÊNDICES
88
APÊNDICE A - Fluxograma de produção na floresta identificado junto à comunidade
do Seringal Porongaba, Brasiléia, Acre, Brasil, 2007.
LIMPEZA DA ÁREA, COLETA E AMONTOA DOS OURIÇOS
1. Limpeza da área é feito o corte da vegetação rasteira e cipós ao redor da
castanheira que impede o acesso aos ouriços. É realizada com uso de facão e/ou
foice;
2. Amontoa consiste no recolhimento dos ouriços de forma manual à medida que
caem das árvores e juntam um número mínimo de 180 a 200 em média. É feita
dispondo os ouriços diretamente sobre o solo não utilizando nenhuma proteção, ou
em alguns casos, utiliza-se uma camada de folhas de palmeira;
3. Quebra dependendo da quantidade que de ouriços a quebra é realizada no
mesmo dia; quando não, leva uma semana ou até 15 dias para retornar no local
para quebrar; o facão ou foice são os equipamentos utilizados. Corta-se a área
superior (região do opérculo) do ouriço e chamada de chapéu, colocam-se as
castanhas diretamente no saco retirando-se os pedaços de ouriço, os umbigos, as
castanhas cortadas, podres e chochas, antes de colocarem no saco.
4. Transporte para o paiol é realizado manualmente (costa do produtor) ou no
lombo de animal (burro, jumento, boi) com cangalha ou zorra. Dependendo do
volume e da distância deste para o armazém da Associação os produtores
transportam no mesmo dia. Existe um controle e cronograma de coleta para uso do
comboio de animais (FIGURA 1).
FIGURA 1 Controle e cronograma de coleta: (a) Anotações da Associação e (b)
Comboio de animais.
(a)
(b)
89
5. Armazenamento no paiol comunitário o armazenamento é feito a granel,
porém separado por produtor, antes da secagem e depois nos sacos; cada produtor
é responsável pelo revolvimento da sua produção dentro do armazém (FIGURA 2)
FIGURA 2 Sistema de armazenagem comunitária (a) separação individual e (b)
secagem da castanha-do-brasil em secador de tela
6. Transporte para o armazém da Associação os produtores mais próximos
transportam as castanhas para o armazém de animal ou manualmente; outros de
locais mais distantes (um a dois dias de viagem de barco) utilizam animais que
transportam em média 200 kg.
7. Armazenamento no armazém da Associação na recepção da castanha, é
realizado o corte
1
, para verificar questão de qualidade para fins de pagamento do
produto. O responsável avalia também a aparência e aspecto geral da castanha. O
armazenamento é feito a granel, separando-se as castanhas mais molhadas/úmidas
das que estão com aparência mais secas.
8. Transporte para a Cooperativa central em Rio Branco é feito em caminhões,
assim que a estrada permite acesso (abril e maio). Os produtores cujas colocações
estão localizadas em pontos do riozinho muito abaixo do armazém, transportam a
castanha para Rio Branco (armazém Cooperacre) de barco, pois os custos são
menores.
(c)
(d)
90
APÊNDICE B Resumo da análise de variância das variáveis analisadas do ambiente e da castanha-do-brasil das amostras
coletadas em três épocas de coleta na floresta, Brasiléia, Acre, Brasil, no período de Janeiro a Março do ano de
2008.
Quadrado Médio
Aflatoxina
(µ.kg
-1
)
Fonte de
Variação
GL Temperatura
ambiente (
o
C)
Umidade
Relativa
(%)
Atividade
de água
Temperatura
da amêndoa
(
o
C)
Aspergillus
flavus/Aspergillus
parasiticus
(ufc.g
-1
)
Outros Fungos
(ufc.g
-1
)
B
1
B
2
G
1
G
2
Castanhal
(Bloco)
2 0,5879
ns
41,133
**
0,002480
ns
0,8506
ns
1040,6116
ns
22.823.805,6207
ns
0,0641
ns
0,0003
ns
0,0209
ns
0,000074
ns
Época de
coleta
2 1,4513
ns
20,8042
**
0,000649
ns
1,8120
ns
487,8388
ns
34.213.325,0908
ns
0,0627
ns
0,0003
ns
0,0189
ns
0,000074
ns
Resíduo 21 0,9019 3,4138 0,000435 2,0815 1823,8934 32.521.511,1114 0,0702
0,0003 0,0208 0,000079
Total 25 - - - - - - - - - -
Média - 24,91 98,37 0,98 24,50 12,8648 3.231,7756 0,0728 0,0088 0,0342 0,0067
Coeficiente
de variação
- 3,91 1,88 2,13 5,89 151,35 17,86 10,11 0,91 6,13 0,44
(i)
ns
– não significativo, ** - significativo a 1 % de probabilidade
90
91
APÊNDICE C Resumo da análise de variância das variáveis analisadas nas amostras de castanha-do-brasil coletadas em três
tipos de seleção da amontoa na floresta, Brasiléia, Acre, Brasil, no período de Janeiro a Março do ano de 2008.
Quadrado Médio
Fonte de
Variação
GL Temperatura
ambiente
Umidade
Relativa
Atividade de
água
Temperatura da
amêndoa
Aspergillus
flavus/Aspergillus
parasiticus
Outros Fungos
Castanhal
(Bloco)
2 1,5181
ns
1,4048
ns
0,0013
ns
4,0033
ns
17.378,1536
ns
2,6501
ns
Tipo de seleção
2 0,1081
ns
0,3359
ns
0,000078
ns
0,4477
ns
26.722,5883
ns
3,3393
ns
Resíduo
22 1,4031 0,9912 0,000571 1,7511 8.878,9565 2,5031
Total
26 - - - - - -
Média
- 24,98 99,39 0,97 24,31 36,1784 16.483,8869
Coeficiente de
variação
- 4,74 1,00 2,46 5,44 141,05 24,90
(i)
ns
– não significativo
91
92
APÊNDICE D Correlação entre os resultados obtidos nas três épocas de coleta de
castanha-do-brasil na floresta
Correlação Temperatura
do ambiente
(
O
C)
Umidade
relativa
(%)
Atividade
de água
Temperatura
da amêndoa
(
O
C)
Aspergillus
flavus /
parasiticus
Outros
fungos
Temperatura do
ambiente (
O
C)
1.000 -0.073
0.715
-0.206
0.301
-0.747
<.0001
-0.264
0.183
-0.192
0.336
Umidade relativa
(%)
0.073
0.715
1.000 -0.281
0.155
-0.399
0.039
0. 031*
0.875
-0.308
0.060
Atividade de
água
-0.206
0.301
-0.281
0.155
1.000
0.103
0.608
0.163
0.416
0.193
0.334
Temperatura da
amêndoa (
O
C)
-0.747
<.0001
-0.399
0.039
0.103
0.608
1.000
0.470
0.013
0.180
0.368
A.
flavus/parasiticus
-0.264
0.183
0.031*
0.875
0.163
0.416
0.470
0.013
1.000
-0.075
0.708
Outros fungos -0.192
0.336
-0.308
0.117
0.193
0.334
0.180
0.368
-0.075
0.708
1.000
* Significativo a 5%
93
APÊNDICE E Correlação dos resultados e as variáveis analisadas da castanha-
do-brasil na amontoa (tipos de seleção) na floresta, durante os
meses de Fevereiro a Março do ano de 2008.
Correlação
Temperatura
ambiente
(
O
C)
URA
(%)
Aw
Temperatura
da amêndoa
(
O
C)
A. flavus/
parasiticus
Outros
fungos
Temperatura
ambiente
(
O
C)
1.000 -0.242
0.233
-0.290
0.150
-0.440
0.024
-0.017**
0.930
-0.286
0.165
URA (%) -0.242
0.233
1.000
-0.077
0.708
-0.030*
0.882
0.154
0.450
-0.147
0.482
Aw -0.290
0.150
-0.077
0.708
1.000
0.328
0.101
-0.122
0.550
0.112
0.593
Temperatura da
amêndoa
(
O
C)
-0.440
0.024
-0.030*
0.882
0.328
0.101
1.000
0.100
0.625
0.380
0.060
A.
flavus/parasiticus
-0.017*
0.930
0.154
0.450
-0.122
0.550
0.100
0.625
1.000
-0.092
0.659
Outros fungos -0.286
0.165
-0.147
0.482
0.112
0.593
0.380
0.060
-0.092
0.659
1.000
* Significativo a 5%
** Significativo a 1%
94
APÊNDICE F – Resumo da análise de variância para os tipos de aflatoxina identificados nas amostras castanha-do-brasil
coletadas nos três tipos de seleção da amontoa na floresta, Brasiléia, Acre, Brasil, no período de Janeiro a
Março do ano de 2008.
Quadrado Médio
Aflatoxina
(µ.kg
-1
)
Fonte de Variação GL
B
1
B
2
G
1
G
2
*
Castanhal (Bloco) 2 477,1166
ns
0,080063
ns
0,001454
ns
-
Tipo de seleção 2 688,0494
ns
0,116736
ns
0,000976
ns
-
Resíduo 20 525,6242 0,090308 0,001020 -
Total 24 - - - -
Média - 4,6536 0,0672 0,0140 0,0050
Coeficiente de variação - 138,02 11,30 1,53 -
(i)
ns
– não significativo
(ii) * A análise de variância não detectou variação no teor de aflatoxina G
2
entre as amostras.
94
95
APÊNDICE G Resumo da análise de variância para as amostras coletadas no tempo de armazenagem comunitária, Brasiléia,
Acre, durante meses de Fevereiro a Julho do ano de 2008.
Quadrado Médio
Aflatoxina
(µ.kg
-1
)
Fonte de
Variação
GL Temperatura
ambiente
Umidade
Relativa
Atividade
de água
Temperatura
da amêndoa
Aspergillus flavus
/ Aspergillus
parasiticus
Fungos Totais
B
1
B
2
G
1
G
2
Castanhal
(Bloco)
2 76,8250
*
330,1000
ns
0,0136
ns
3,4902
ns
45.185,8333
ns
1.924.511,1651
ns
1.035,5038
*
4,1504
ns
2.665,7273
ns
5,4257
ns
Tempo de
armazenagem
4
25,0971
ns
388,2355
ns
0,0930
**
0,7751
ns
24.402,0833
ns
5.726.965,1028
ns
1.770,7103** 12,8627** 3.801,0397
*
17,8725
*
Resíduo 23 16,4360 243,4960 0,0066 1,6955
22.974,9637
3.706.346,8348
407,9949
1,7494 1.542,2495 7,1847
Total 29 - - - - - - - - - -
Média - 27,19 76,36 0,8220 24,7213 50,8333 2.124,6246 10,5903 0,7338 13,9345 0,7957
Coeficiente de
variação
- 14,91 20,44 9,95 5,27 117,97 14,53 88,00 29,13 126,58 48,43
(i)
ns
– não significativo, * Significativo a 5 % de probabilidade, ** Significativo a 1 % de probabilidade
95
96
APÊNDICE H Correlação dos resultados das análises realizadas e as variáveis
obtidas para a castanha-do-brasil na etapa de armazenagem
comunitária no período de 0 a 90 dias, durante meses de Fevereiro
a Julho do ano de 2008.
Correlação
Temperatura
ambiente
(
O
C)
Umidade
relativa
(%)
Atividade
de água
Temperatura
da amêndoa
(
O
C)
A. flavus/
parasiticus
Outros
Fungos
Aflatoxina
Temperatura
ambiente (
O
C)
1.000
-0.565
0.001
0.349
0.058
0.564
0.001
-0.285
0.126
-0.473
0.008
Umidade relativa
(%)
-0.565
0.001
1.000 -0.422
0.020
-0.454
0.011
0.261
0.163
0.121
0.523
Atividade de
água
0.349
0.058
-0.422
0.020
1.000
0.353
0.055
0.213
0.256
-0.057*
0.762
Temperatura da
amêndoa (
O
C)
0.564
0.001
-0.454
0.011
0.353
0.055
1.000 -0.210
0.264
-0.113
0.550
A.
flavus/parasiticus
-0.285
0.126
0.261
0.163
0.213
0.256
-0.210
0.264
1.000 0.340
0.065
Outros Fungos
Aflatoxina
-0.473
0.008
0.121
0.523
-0.057*
0.762
-0.113
0.550
0.340
0.065
1.000
* Significativo a 5%
97
APÊNDICE I Correlação dos resultados das análises de aflatoxina e as variáveis
obtidas para a castanha-do-brasil na etapa de armazenagem
comunitária no período de 0 a 90 dias, durante meses de Fevereiro
a Julho do ano de 2008.
Correlação
Temperatura
ambiente
(
O
C)
URA (%)
Aw
Temperatura da amêndoa
(
O
C)
Aflatoxina B
1
-
0.3665
0.0463
-0.0497*
0.7939
0.0339*
0.8585
-0.1317
0.4876
Aflatoxina B
2
-0.3654
0.0470
-0.2443
0.1931
0.1277
0.5011
-0.1295
0.4950
Aflatoxina G
1
-0.3695
0.0445
0.0633
0.7395
0.0868
0.6481
-0.1411
0.4568
Aflatoxina G
2
-0.3511
0.0571
-0.0394*
0.8361
0.1494
0.4304
-0.1381
0.4666
(*) Significativo a 5 % de probabilidade
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