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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO TECNOLÓGICO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
LUIZ IVAN ROCHA DOS SANTOS
PROPOSTA DE UM MODELO
CONCEITUAL-TEÓRICO PARA A MANUTENÇÃO DE
PRAÇAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA-ES:
ESTUDO DE CASO
VITÓRIA
2007
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LUIZ IVAN ROCHA DOS SANTOS
PROPOSTA DE UM MODELO
CONCEITUAL-TEÓRICO PARA A MANUTENÇÃO DE
PRAÇAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA-ES:
ESTUDO DE CASO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Civil da
Universidade Federal do Espírito Santo, como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Engenharia Civil, área de
concentração Construção Civil.
Orientador: Prof. Dr. Marcel Olivier Ferreira
de Oliveira.
VITÓRIA
2007
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Dados Internacionais de Catalogação–na-publicação (CIP)
(Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)
Luiz Ivan Rocha dos Santos, 1962.
Proposta de um modelo conceitual-teórico para manutenção de praças públicas no
município de Vitória-ES: estudo de caso / Luiz Ivan Rocha dos Santos – 2008.
110f. : il
Orientador: Prof. Dr. Marcel Olivier Ferreira Oliveira.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Espírito Santo, Centro
Tecnológico.
Inclui bibliografia.
1.Manutenção. 2. Praças. 3. Qualidade de vida. I. Oliveira, Marcel Olivier Ferreira de.
II. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro tecnológico. III. Título.
CDU:625
LUIZ IVAN ROCHA DOS SANTOS
PROPOSTA DE UM MODELO
CONCEITUAL-TEÓRICO PARA A MANUTENÇÃO
DE PRAÇAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE
VITÓRIA-ES: ESTUDO DE CASO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do
Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil na área do
concentração Construção Civil.
Aprovada em 22 de abril de 2008.
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Dr. Marcel Olivier Ferreira de Oliveira
Universidade Federal do Espírito Santo
Orientador
Prof. Dr. Luiz Herkenhoff Coelho
Universidade Federal do Espírito Santo
Prof. Dr. Béda Barkokébas Júnior.
Universidade Federal de Pernambuco
AGRADECIMENTOS
A Deus que nos dá a vida.
À Ana Néri, minha esposa preciosa e aos meus filhos Miguel e Vinícius pelo apoio e
pelo incentivo de sempre.
Ao professor Marcel Olivier Ferreira de Oliveira por sua orientação, cobrança,
competência e paciência, sempre úteis na confecção deste trabalho.
Aos meus pais pelo apoio. Principalmente meu pai, pelo exemplo e incentivo a
realizar mais esta difícil jornada, e minha mãe pelas orações a meu favor.
A todos os professores do mestrado que direta e indiretamente me ajudaram para a
realização do mestrado e deste trabalho, em especial aos professores João Luiz
Calmon Nogueira da Gama e Luiz Herkenhoff Coelho, por fazer despertar em mim o
interesse pela pesquisa, e Maristela Gomes Silva, por me mostrar como realizar este
sonho.
À secretária do mestrado Andréia Breciani pela ajuda inestimável.
A todos os colegas do mestrado, que sempre me ajudaram no que precisei.
Aos amigos que dedicaram o seu precioso tempo para me ajudar, Kátia, Marcus,
Júlio, Ronaldo, Vitor.
A todos que direta e indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.
“Rendei graças ao SENHOR, porque ele é bom
e sua misericórdia dura para sempre.” (Salmos 107:1)
À minha família,
pela importância que tem em minha vida.
“Ora, a praça não deve ser conservada porque é
uma paisagem notável. Mas simplesmente – e
basta – porque é uma praça.”
Paulo Affonso Leme Machado
RESUMO
No presente trabalho objetivou-se compreender o processo de urbanização e
manutenção de algumas praças do município de Vitória/ES, buscando, dentro de um
contexto histórico, identificar a dinâmica de ocupação deste espaço, os atores
sociais inseridos neste processo, bem como observar os possíveis impactos
provenientes do projeto previsto para a área. Demonstramos que a qualidade do
ambiente urbano está relacionada aos aspectos físicos, psicológicos e visuais da
paisagem. Sendo assim, é fundamental para a cidade a presença de espaços livres
contendo áreas verdes, pois a vegetação está intrinsecamente relacionada à
melhoria e manutenção da qualidade ambiental urbana. Assim, o objetivo desse
estudo é levantar junto à população de uma área urbana, da cidade de Vitória-ES,
quais suas expectativas frente tal instrumento urbano e a qualidade de vida dentro
do urbano. Para a constituição deste estudo, foram efetivadas pesquisas
bibliográficas e documentais, bem como pesquisa de campo, baseadas em
entrevistas, observações e registros fotográficos no período compreendido entre
agosto de 2006 e agosto de 2007. As entrevistas foram aplicadas junto a moradores
da área, lideranças comunitárias e técnicos envolvidos na execução do projeto de
urbanização e manutenção dessas praças. Os resultados da pesquisa apontam que
o projeto de urbanização e manutenção das praças, implementado em Vitória-ES,
apontam para impactos positivos.
Palavras-chave: manutenção, praças, qualidade de vida, espaços livres, dinâmica
urbana e urbanismo.
ABSTRACT
In the present study was aimed at understanding the process of urbanization and
maintenance of some squares of the city of Vitoria / ES, seeking, in a historical
context, identify the dynamics of occupation of this area, the social actors included in
this process, and noted the possible impacts from the project planned for the area.
We demonstrate that the quality of the urban environment is related to aspects
physical, psychological and visual landscape. Being so, it is essential to the city the
presence of free spaces containing green areas, because the vegetation is
intrinsically related to the improvement and maintenance of urban environmental
quality. Thus, the goal of this study is to raise close to the population of an urban
area, the town of Vitória/ES, what their expectations such front urbane instrument
and the quality of life within the town. For the constitution of this study were effective
bibliographic searches and documentary, and search the field, based on interviews,
observations and photographic records of August 2006 to August 2007. The
interviews was applied with residents of the area, community leaders and technicians
involved in the implementation of the project of urbanization and maintenance of
these parks. The results indicate that the project of urbanization and maintenance of
parks, implemented in Vitoria/ES, they point to positive impacts positive .
Key-words: maintenance, squares, quality of life, free spaces, urban dynamics and
town planning.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Praça Costa Pereira ......................................................................... 40
Figura 2 - Centro da cidade em 1930 ............................................................... 48
Figura 3 - Horto de Maruípe na década de 80 ................................................. 52
Figura 4 - Horto de Maruípe em 2007 .............................................................. 52
Figura 5 - Mapa indicativo do Plano do Novo Arrabalde - executado entre
1940 e 1960 ..................................................................................... 53
Figura 6 - Avenida Saturnino de Brito no início do século XX ......................... 55
Figura 7 - Subdivisões do município de Vitória-ES .......................................... 58
Figura 8 - Praças por regional em números absolutos ..................................... 66
Figura 9 - Avaliação do estado de manutenção dos bancos ............................ 69
Figura 10 - Estrutura apresentando patologia em estado avançado de
corrosão ......................................................................................... 76
Figura 11 - Mesa apresentando problemas ...................................................... 77
Figura 12 - Mesa vandalizada .......................................................................... 77
Figura 13 - Mesa em manutenção .................................................................... 77
Figura 14 - Mesa sendo recuperada ................................................................ 77
Figura 15 - Estrutura apresentando degradações, embora estabilizada .......... 78
Figura 16 - Estrutura apresentando defeitos progressivos ...............................
78
Figura 17 - Praça apresentando falta de manutenção ..................................... 79
Figura 18 - Praça abandonada ......................................................................... 79
Figura 19 - Banco danificado ............................................................................ 80
Figura 20 - Bancos recuperados ...................................................................... 80
Figura 21 - Praça com a devida manutenção ................................................... 81
Figura 22 - Praça bem cuidada ........................................................................ 81
Figura 23 - Metodologia de Checkland ............................................................ 84
Figura 24 - Modelo conceitual teórico do subsistema da praça pública .......... 88
Figura 25 - Lei de evolução de custos ............................................................. 99
Figura 26 - Modelo de fluxograma para um plano de manutenção ................. 100
Figura 27 - Modelo de desempenho de uma estrutura sob manutenção
periódica ........................................................................................ 101
Figura 28 - Proposta de modelo para desempenho da estrutura das praças
do município de Vitória-ES ............................................................ 102
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Tipos de pesquisa segundo seus objetivos ................................ 24
Quadro 2 - Estratégias de pesquisa .............................................................. 25
Quadro 3 - Tipos de abordagem do problema ........................................... 26
Quadro 4 - Instrumentos de coleta de dados ................................................ 27
Quadro 5 - Praças por regional em números absolutos ................................ 65
Quadro 6 - Análise das praças, equipamento urbano e uso e apropriação .. 67
LISTA DE TABELAS
Tabela1 - Avaliação das entrevistas ................................................................ 67
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
........................................................................................
17
1.1 PROBLEMÁTICA E MOTIVAÇÃO
..................................................
19
1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA....................................................
20
1.3 HIPÓTESES .........................................................................................
21
1.4 OBJETIVOS ..........................................................................................
21
1. 4.1 Objetivo Geral ................................................................................
21
1. 4. 2 Objetivos Específicos ................................................................
21
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .................................................
22
2 ASPECTOS METODOLÓGICOS E METODOLOGIA..................
24
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...........................................................
29
3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS ÁREAS VERDES URBANAS .
29
3.2 A PRAÇA COMO UM ESPAÇO LIVRE PÚBLICO .....................
31
3.3 ASPECTOS HISTÓRICOS DA EVOLUÇÃO DOS ESPAÇOS
LIVRES PÚBLICOS
...........................................................................
36
3.4 A IMPORTÂNCIA DA PRAÇA COMO ESPAÇO URBANO DE
LAZER
...................................................................................................
40
3.5 IMPORTÂNCIA DAS ÁREAS VERDES..........................................
41
3.5.1 Importância ecológico-ambiental ............................................
42
3.5.2 Importância estética .....................................................................
43
3.5.3 Importância psico-social ............................................................
44
3.6 URBANIZAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA.....................................
44
4 ESTUDO DE CASO ...............................................................................
47
4.1 A CIDADE DE VITÓRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
47
4.2 OCUPAÇÃO URBANA DE VITÓRIA - BAIRROS ......................
47
4.2.1 Centro de Vitória ............................................................................
47
4.2.2 Santa Tereza ....................................................................................
49
4.2.3 Bela Vista e Nossa Senhora Aparecida .................................
49
4.2.4 Bairro de Lourdes ..........................................................................
49
4.2.5 Bento Ferreira - Jesus de Nazareth ........................................
50
4.2.6 Maruípe ..............................................................................................
50
4.2.7 Praia do Suá, Morro de São José e Santa Helena .............
53
4.2.8 Praia do Canto ................................................................................
53
4.2.9 Goiabeiras e Bairro República ..................................................
56
4.2.10 Sólon Borges ................................................................................
56
4.2.11 Antônio Honório ..........................................................................
56
4.2.12 Segurança do Lar........................................................................
56
4.2.13 Jabour ..............................................................................................
57
4.2.14 Jardim Camburi ...........................................................................
57
4.3 GERÊNCIAS REGIONAIS DA PREFEITURA MUNICIPAL
DE VITÓRIA
........................................................................................
58
4.3.1 Subdivisões do Município de Vitória ......................................
59
4.3.1.1 Regional Centro ............................................................................
59
4.3.1.2 Regional Santo Antônio ..............................................................
60
4.3.1.3 Regional São Pedro .....................................................................
60
4.3.1.4 Regional Bento Ferreira/Jucutuquara .....................................
60
4.3.1.5 Regional Praia do Canto ............................................................
61
4.3.1.6 Regional Maruípe .........................................................................
61
4.3.1.7 Regional Continental ...................................................................
61
4.3.1.8 Regional Jardim Camburi ...........................................................
61
4.3.2 Subdivisões do Município de Vitória - Portal de Gestão:
Praças de Vitória
......................................................................................
62
4.3.2.1 Administração Regional I: ..........................................................
62
4.3.2.2 Administração Regional II: .........................................................
62
4.3.2.3 Administração Regional III: ........................................................
63
4.3.2.4 Administração Regional IV .........................................................
63
4.3.2.5 Administração Regional V: .........................................................
63
4.3.2.6 Administração Regional VI: ........................................................
64
4.3.2.7 Administração Regional VII: ......................................................
64
4.3.2.8 Administração Regional VIII: .....................................................
65
4.4 PRAÇAS POR REGIONAL ...............................................................
65
4.5 PARTICIPAÇÃO POPULAR: DIREITO AO LAZER NAS
PRAÇAS
...............................................................................................
69
4.6 A ESFERA MUNICIPAL ....................................................................
70
4.7 PATOLOGIAS E DURABILIDADE ..................................................
74
4.7.1 Manifestações patológicas nas praças públicas do
município de Vitória-ES
.........................................................................
75
5 PROPOSTA DE UM MODELO CONCEITUAL PARA A
MANUTENÇÃO DAS PRAÇAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO
DE VITÓRIA-ES
.......................................................................................
82
5.1 TEORIA DE SISTEMAS - CONCEITOS .......................................
82
5.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS ............
85
5.3 MANUTENÇÃO DAS PRAÇAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO
DE VITÓRIA - UM MODELO CONCEITUAL
..............................
87
5.4 PROPOSTA PARA ROTINA E PROCEDIMENTO DA
CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO DAS PRAÇAS
PÚBLICAS DE ESPORTE E LAZER
............................................
93
5.4.1 Execução dos Serviços ...............................................................
93
5.4.2 Equipamentos, infra-estrutura e elementos
complementares
............................................................................
93
5.4.3 Tratamentos .....................................................................................
94
5.4.3.1 Das alvenarias ..............................................................................
94
5.4.3.2 Das pinturas ...................................................................................
94
5.4.3.3 Dos revestimentos de piso .........................................................
94
5.4.3.4 Das coberturas ..............................................................................
94
5.4.3.5 Das impermeabilizações ............................................................
95
5.4.3.6 Das pavimentações em concreto .............................................
95
5.4.3.7 Dos pavimentos em blocos de concreto .................................
95
5.4.3.8 Nas estruturas metálicas ............................................................
95
5.4.3.9 Das estruturas de concreto ........................................................
96
5.4.3.10 Das estruturas de madeira ......................................................
96
5.4.3.11 Das instalações hidráulicas e sanitárias ..............................
97
5.4.3.12 Periodicidade das inspeções ..................................................
97
5.5 LEGISLAÇÃO .......................................................................................
102
5.5.1 Programa de parceria público-privada ..................................
102
5.5.2 Programa de adoção de praças públicas .............................
103
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................
104
7 REFERÊNCIAS
.......................................................................................
106
ANEXOS
.......................................................................................................
111
17
1 INTRODUÇÃO
Praça! Cenário de festas, passeios, reuniões, comércio, permanência, encontros e
desencontros, descanso, convulsões sociais; obra do Homem no arco do tempo que
transcende o próprio; registro vivo a perpetuar na História. Modismos e estilos de
cada época. Senhora dos espaços públicos, desafiou séculos. Impassível, superou o
abandono, a indiferença e as transformações ao longo do tempo. As praças são as
mãos de uma cidade. Lugar de encontro ou de promessa de encontro. Essa palavra
que provem do latim platea, e do grego platýs, resume o sentido da ágora grega e
do fórum romano: o espaço do público, da reunião.
Depois do abrigo, da família e do alimento que satisfazem as suas necessidades
instintivas, o homem teve necessidade de qualquer outra coisa para satisfazer sua
componente racional. Essa qualquer outra coisa insere-se, naturalmente, em uma
clareira, no campo, na praça, o local onde surge, de improviso, a figura esculpida de
um deus, um totem ou onde se acende uma fogueira e se esboçam sinais mágicos
para manter distante o espectro da desagregação.
É o medo da solidão que leva à praça; a necessidade do contato com o outro; o ver
o outro e o se fazer ver. A praça reúne, converge e é um espaço aberto na natureza,
em sendo aberta, é épica, convexa, extrovertida, retém a história: pessoal e do
mundo.
Do romantismo à praticidade, funções e conceitos sobre as praças existem os mais
diversos; porém, todos têm um ponto em comum: é o local da reunião, do encontro.
As praças são locais onde as pessoas se reúnem para fins pessoais, comerciais,
políticos, sociais ou religiosos ou, ainda, onde se desenvolvem atividades de
entretenimento.
Microcosmos da vida urbana, as praças oferecem excitação e descanso, comércio e
cerimônias públicas, um lugar para encontrar amigos e para ver o mundo passar,
18
exprime-se bem o caráter das praças quando a tomamos por um lugar que propicia
tanto ver como ser visto, tanto passear quanto fazer política, bem como comprar e
fazer negócios.
Lugar fundamental da vida social, espaço de encontro, de trocas de palavras e
mercadorias, a praça, é considerada o âmbito da visibilidade, onde aparecer significa
existir na qualidade de ator social.
Entende-se a praça como o lugar privilegiado e tradicional de trocas, ponto de
convergência de ruas, teatro de todas as forças sociais, eixo de cada movimento.
Na abordagem a respeito do caráter comunitário das praças, pode-se colocar que a
idéia de praça vai indicar o espaço público, com específico desligamento em relação
à moradia privada. As praças, nas cidades construídas em todos os quadrantes e
em todos os âmbitos culturais, ligam-se às finalidades mais genéricas, ao espaço
comum - no sentido comunitário do termo -, ao âmbito político, à finalidade
econômica, à dimensão religiosa ou militar da vida social.
A óbvia extensão espacial da praça não é apenas extensão espacial: ela
corresponde a um significado social, correlato do próprio espírito da cidade onde se
insere.
Indubitavelmente, não há como negar que a função da praça alterou-se ao longo do
tempo. Na Antigüidade, sua função era bem mais rica de significado, não se
limitando a lugar de cruzamento das vias públicas, estacionamento para automóveis
ou de ponto para comércio de mercadorias as mais diversas.
Esse estreitamento de sua função deu-se a partir do momento em que as estruturas
logísticas dos mercados, a troca de informação e a própria informatização, aliados
ao processo de globalização, sem dizer do poder com seus meios e seus símbolos,
distanciaram-se da dimensão comunitária da coletividade, e se aproximaram do
privado na sua dimensão familiar, senão ao seu isolamento individual.
19
Na construção civil, no que concerne à obra física, materialização das concepções
projetuais o estudo de problemas patológicos vem crescendo com bastante
intensidade, em função de diversos fatores. Isso se deve ao fato de que há bem
pouco tempo, pensava-se que as estruturas de concreto durariam indefinidamente.
Atualmente, constatou-se a não ocorrência desse fato, daí a importância dos
estudos patológicos, pois toda estrutura, para atingir uma vida útil para qual foi
projetada, necessita de manutenção.
A manutenção é, portanto, o fator fundamental na durabilidade e na longevidade das
construções, mais ainda em obras públicas, para as quais, normalmente, o governo
não tem verba, uma vez que as políticas governamentais não concedem atenção a
esse aspecto, fazendo com que muitas construções, mesmo em precárias
condições, sejam utilizadas das mais diversas formas possíveis.
1.1 PROBLEMÁTICA E MOTIVAÇÃO
As cidades que se desenvolvem em um ambiente agitado, com poluição sonora e
ambiental, podem causar desgaste físico e mental em seus cidadãos. Os espaços
livres, em especial as praças, quando deles fazem parte à vegetação, podem
atenuar a poluição atmosférica e sonora, melhorando a qualidade de vida das
cidades. Podem ser agradáveis recantos para a restauração corporal e espiritual,
podem ser sítios para entretenimento nas horas de lazer, facilitando e propiciando as
relações entre as pessoas.
Diante disso, questiona-se: Por que essas áreas urbanas que geram benefícios à
população não justificariam investimentos apropriados? Quais os problemas que
levam esses espaços a serem subutilizados? Quais os fatores principais
considerados pelos usuários em sua ocupação?
A manutenção é, portanto, o aspecto fundamental na durabilidade e longevidade das
construções, fazendo com que muitos projetos, mesmo precários, sejam utilizados
das mais diversas formas possíveis.
20
Ao projetar espaços urbanos, os projetistas se perdem em atitudes analíticas que
priorizam a instância do desenho, esquecendo que o mais importante são as
pessoas que deles se apropriam e que o projeto precisa permitir essa apropriação.
Para aperfeiçoar os espaços livres públicos, mais precisamente as praças, foco
desta pesquisa, faz-se necessário adequá-las às necessidades dos usuários e, para
isso, é preciso fazer uma avaliação dos fatores principais, tais como, conforto
ambiental, localização, visualização, composição espacial, etc., que melhoram a
qualidade de ocupação desses ambientes. Contudo, nem sempre as informações a
respeito da preferência dos usuários são conhecidas.
Encontra-se pouco material referente às preferências dos usuários em espaços
livres públicos, sendo necessário, portanto, buscar métodos que avaliem a opinião
dos usuários para dar subsídios aos projetistas ao criarem ou reformarem esses
espaços.
1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
Com o exposto, podem-se realizar alguns questionamentos inerentes ao assunto,
voltados para o Estado do Espírito Santo, como a seguir:
a) Como a problemática de uso e de manutenção das praças públicas do município
de Vitória-ES é tratada? Como ela é realizada? Quem são os responsáveis?
b) Existem documentos que tratam de manutenção ou de consulta a usuários de
praças públicas na cidade de Vitória-ES?
c) Consegue-se identificar e descrever precisamente o mecanismo, as origens e as
causas responsáveis pelo problema patológico, a partir da existência de uma ou
mais manifestações patológicas em uma estrutura de concreto, conforme expressa
Helene (1993).
21
1.3 HIPÓTESES
Com os questionamentos formulados anteriormente algumas hipóteses podem ser
levantadas a respeito do objeto de investigação, as praças, visando, posteriormente,
verificá-las. São elas:
a) Não há suficiente manutenção preventiva nas praças públicas do município de
Vitória do Espírito Santo.
b) Não existe uma metodologia para a manutenção das praças públicas no referido
município.
c) A partir da existência de uma ou mais manifestações patológicas nas praças,
poder-se-á identificar e descrever as origens e causas responsáveis pelos
problemas encontrados.
1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Objetivo Geral
O objetivo geral deste trabalho é contribuir com a melhoria da gestão de
manutenção dos espaços livres públicos, em particular as praças, destinadas ao
lazer e ao convívio da população no município de Vitória-ES, mapeando-se, nesse
estudo, as praças do referido município.
1.4.2 Objetivos Específicos
Este trabalho tem como objetivos específicos:
a) Realizar um estudo bibliográfico referente à manutenção das praças.
22
b) Sugerir métodos capazes de tornar eficiente um programa de inspeção e um
plano de manutenção para os espaços públicos das praças no município de Vitória-
ES.
c) Contribuir com um banco de dados que possibilite alimentar Projeto e
empreendimentos a partir das informações padronizadas.
d) Analisar manuais de inspeção e diagnóstico de praças públicas em nível nacional
e internacional.
e) Propor um projeto conceitual-teórico, que contemple metodologia projetual para
manutenção dos espaços públicos existentes mantidos pela administração direta da
Prefeitura Municipal da cidade de Vitória, doravante PMV.
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Este trabalho está organizado em sete capítulos.
O primeiro capítulo justifica o desenvolvimento do tema, com sua problemática e
motivação traçando os objetivos a serem percorridos na presente pesquisa.
No segundo capítulo, detalham-se as metodologias utilizadas para a realização do
trabalho, mostrando os tipos de pesquisas existentes e a pesquisa utilizada neste
trabalho.
O terceiro capítulo revisa a literatura necessária para conhecer os espaços livres
públicos, buscando considerações e definições de espaços livres públicos, sua
importância para a cidade e seus aspectos históricos no Brasil, situa também a
praça dentro dos espaços livres bem como apresenta suas funções.
O quarto capítulo apresenta uma breve descrição, da ocupação urbana do município
de Vitória-ES, por períodos, considerando suas subdivisões regionais, aproveitando
23
o levantamento da manutenção das praças por região administrativa e avaliação das
entrevistas.
No capítulo cinco propõe-se um modelo conceitual para a manutenção das praças
públicas, adequado à realidade das secretarias municipais responsáveis no
município de Vitória-ES.
Finalizando, os capítulos seis e sete respectivamente apresentam as considerações
finais sobre o trabalho e as referências bibliográficas.
24
2 ASPECTOS METODOLÓGICOS E METODOLOGIA
Neste capítulo, pretende-se detalhar as metodologias utilizadas para a realização do
trabalho, mas, antes de tratar das metodologias adotadas na pesquisa, e para
entender melhor o tipo de pesquisa adotada neste trabalho, é importante
caracterizar os tipos de pesquisa existentes e classificá-los.
Segundo Gil (1999) e também Lavoranti (2005) a pesquisa pode ser classificada
segundo seus objetivos, por tipos de pesquisas, conforme expressa o quadro a
seguir.
Tipo de Pesquisa Descrição, Objetivos e
Recomendações
Forma de levantamento das
informações
Exploratória
Objetiva proporcionar maior
familiaridade com o problema
torná-lo mais explícito ou
facilitar a formulação de
hipóteses (GIL, 1999;
MARCONI; LAKATOS, 2002;
LAVORANTI, 2005).
Segundo Cervo e Bervian
(2002) recomendam-se o
estudo exploratório quando
há poucos conhecimentos
sobre o problema a ser
estudado.
Utiliza-se de levantamento bibliográfico e
documental, entrevistas não
padronizadas com pessoas que
possuem prática com o problema de
pesquisa, análise de exemplos que
estimulem a compreensão e estudos de
caso (GIL, 1999; MARCONI; LAKATOS,
2002; LAVORANTI, 2005).
Descritiva
Objetiva observar, descrever,
registrar, analisar e
interpretar as características
de determinada população ou
fenômeno atual, (sem
manipulá-los) como sua
freqüência, natureza e
relação com outros
fenômenos, variáveis e fatos,
ou o estabelecimento de
relações entre variáveis
(REY, 1997 apud COSTA,
2001). Segundo Cervo e
Bervian (2002) a pesquisa
descritiva pode assumir a
forma de estudo exploratório,
estudos descritivos, pesquisa
de opinião, de motivação,
estudo de caso e pesquisa
documental.
Utiliza técnicas padronizadas de coleta
de dados, com questionário e
observação sistemática. Assume, em
geral, a forma de levantamento
(LAVORANTI, 2005).
25
Explicativa Objetiva identificar os fatores
que determinam ou
contribuem para a ocorrência
dos fenômenos,
aprofundando o
conhecimento da realidade,
pois explica a razão e o
porquê das coisas (GIL,
1999; MARCONI; LAKATOS,
2002; LAVORANTI, 2005).
Quando realizada nas ciências naturais,
requer o uso do método experimental, e
nas ciências sociais requer o uso do
método observacional. Em geral, assume
a forma de Pesquisa Experimental e
Expost-Facto (GIL, 1999; MARCONI;
LAKATOS, 2002; LAVORANTI, 2005).
QUADRO 1 - TIPOS DE PESQUISA SEGUNDO SEUS OBJETIVOS
Fonte: Gil, 1999; Lavoranti, 2005, apud Fiorot, 2006.
Do ponto de vista técnico, ou de estratégias, as pesquisas, conforme segue no
quadro 2, podem ser:
Tipo de Pesquisa Descrição
Bibliográfica Constitui parte da pesquisa descritiva e experimental, quando é
realizada com a intenção de recolher informações e conhecimentos
prévios sobre um problema para o qual se procura a resposta ou sobre
uma hipótese que se quer experimentar (CERVO; BERVIAN, 2002).
Realizada a partir de material já elaborado, publicado, constituído
principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com
material disponibilizado na Internet (GIL, 1999; LAVORANTI, 2005).
Documental Assemelha-se à pesquisa bibliográfica, diferenciando-se apenas por
utilizar fontes que se apóiam em materiais que ainda não receberam
análise e tratamento analítico (GIL, 1999; LAVORANTI, 2005).
Experimental Consiste na realização de um experimento, determinando um objeto de
estudo, selecionando as variáveis que sejam capazes de influenciá-lo,
definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável
produz no objeto (GIL, 1999; LAVORANTI, 2005).
Levantamento Pesquisa que envolve a interrogação direta de um grupo significativo de
pessoas acerca do problema estudado, cujo comportamento se deseja
conhecerem, para em seguida, mediante análise quantitativa, obter as
conclusões correspondentes aos dados coletados (GIL, 1999;
LAVORANTI, 2005).
Estudo de Caso Estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de pesquisa, de
modo que possa obter seu conhecimento amplo e detalhado, o que
praticamente é impossível mediante os outros tipos de pesquisa (GIL,
1999; LAVORANTI, 2005).
Expost-facto Pesquisa quando um experimento se realiza depois dos fatos. O
pesquisado não tem controle sobre as variáveis independentes (GIL,
1999; LAVORANTI, 2005).
Ação Pesquisa concebida e realizada em estreita associação com uma ação
ou com a resolução de um problema coletivo, onde os pesquisadores e
participantes representativos da situação ou do problema estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo (LAVORANTI, 2005).
Participante Quando se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e
membros das situações investigadas. Diferencia-se da pesquisa ação
por não ser uma ação planejada (LAVORANTI, 2005).
QUADRO 2 - ESTRATÉGIAS DE PESQUISA
Fonte: Gil (1999) e Lavoranti (2005), apud Fiorot (2006).
26
Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, uma parte deste trabalho utilizou a
pesquisa bibliográfica realizada a partir de material publicado em livros, artigos de
periódicos ou materiais disponibilizados na Internet.
Uma outra parte do trabalho dissertativo se realizou através de pesquisa descritiva,
com a intenção de recolher informação e conhecimentos prévios sobre o assunto
bem como para responder às perguntas da pesquisa e alcançar os objetivos
preconizados neste trabalho, que foram: observar, descrever e analisar as
características evidenciadas em praças públicas do município de Vitória-ES. Assim,
a pesquisa assumiu a forma de estudo de caso, em que se trabalhou com
levantamentos de dados qualitativos obtidos através de pesquisa documental.
E do ponto de vista da abordagem do problema, pode-se ter, como descrito abaixo
no quadro 3:
Tipo de pesquisa Descrição, objetivos e
recomendações
Recursos utilizados
Quantitativa Pesquisa que considera que tudo pode
ser quantificável, traduzindo em
números as opiniões e informações,
para classificá-las e analisá-las
(LAVORANTI, 2005).
Utiliza recursos e técnicas
estatísticas (percentagem, média,
moda, mediana, desvio-padrão,
coeficiente de correlação, análise
de regressão, etc.) (LAVORANTI,
2005).
Qualitativa Pesquisa que considera que há uma
relação dinâmica entre o mundo real e
o sujeito, isto é, um vínculo
indissociável entre o mundo objetivo e
a subjetividade do sujeito que não
pode ser traduzido em números. A
interpretação dos fenômenos e a
atribuição de significados são básicas
no processo de pesquisa qualitativa. É
uma pesquisa descritiva. Os
pesquisadores tendem a analisar seus
dados indutivamente. O processo e
seu significado são os focos principais
de abordagem (LAVORANTI, 2005).
Não utiliza métodos e técnicas
estatísticas. A fonte direta para
coleta de dados é o ambiente
natural e o instrumento-chave é o
pesquisador (LAVORANTI, 2005).
QUADRO 3 - TIPOS DE ABORDAGEM DO PROBLEMA
Fonte: Lavoranti; 2005, apud Fiorot, 2006.
27
Para esta pesquisa os dois tipos de abordagem foram usadas.
De acordo com Gil (1999), Lavoranti (2005) e Cervo e Bervian (2002), os
instrumentos de coleta de dados são os seguintes, conforme o Quadro 4:
Instrumentos de Coletas de Dados Descrição
Observação Quando os dados de determinados aspectos da
realidade são obtidos através dos sentidos (GIL, 1999;
LAVORANTI, 2005).
Entrevista As informações sobre determinado assunto ou
problema são obtidas através de um entrevistado (GIL,
1999; LAVORANTI, 2005).
Padronizada ou estruturada Há um roteiro previamente estabelecido, consistindo
em se fazer uma série de perguntas a um informante,
segundo um roteiro pré-estabelecido. O teor e a ordem
das perguntas não podem ser alterados (GIL, 1999;
LAVORANTI, 2005).
Despadronizada ou Não-Estruturada Não existe rigidez de roteiro. Podem-se explorar mais
amplamente algumas questões. Composta por
conversações informais, que pode ser alimentada por
perguntas abertas, com maior liberdade para o
informante (GIL, 1999; LAVORANTI, 2005).
Questionário Consiste em uma série ordenada de perguntas que
devem ser respondidas por escrito pelo informante.
Deve ser objetivo, limitado em extensão e estar
acompanhado de instruções, que esclareçam o
propósito de sua aplicação, ressaltam a importância
da colaboração do informante e facilitam o
preenchimento. As perguntas podem ser abertas,
como ‘Qual a sua opinião?’, fechadas, de duas
escolhas: sim ou não ou de múltipla escolha, com uma
série de respostas possíveis (GIL, 1999; LAVORANTI,
2005).
Formulário Composto de uma coleção de questões, anotadas por
um entrevistador numa situação face a face com a
outra pessoa (o informante) (GIL, 1999; LAVORANTI,
2005).
QUADRO 4 - INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
Fonte: Gil, 1999, Cervo e Bervian, 2002, Lavoranti, 2005, apud Fiorot 2006.
O estudo de caso foi realizado através da coleta de informação nas secretarias da
prefeitura municipal de Vitória e bairros onde se localizam as praças pesquisadas.
Utilizou-se o estudo de caso como objeto de pesquisa, para se obter conhecimento
sobre manutenção nas praças de Vitória-ES. Para então propor um modelo
conceitual para a manutenção das praças públicas de Vitória-ES como alternativa
que poderá ser adotada pela PMV.
28
Os pontos relevantes principais determinados foram: manutenção preventiva e
corretiva, diagnóstico de praças, manual para inspeção e manutenção, responsáveis
pela inspeção e manutenção, treinamento e freqüência de inspeção.
29
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS ÁREAS VERDES URBANAS
As populações ancestrais consideravam cultura e natureza como intimamente
relacionadas. Com o advento da revolução agrícola, a natureza tornou-se forma de
sustento, porém as sociedades ainda viviam em ritmos naturais. Com o passar do
tempo o distanciamento foi progressivo e a natureza foi relegada a um plano
secundário, oposto ao progresso e o desenvolvimento (GONÇALVES, 2007).
Brandão e Brandão (1992) afirmam que as áreas verdes urbanas correspondem a
toda a cobertura vegetal natural preservada ou artificialmente implantada pelo
homem nas cidades, e que possui a função de atuar como elemento de bem-estar e
lazer, dentre outras.
Terra (1994) considera como área verde qualquer área, no âmbito urbano ou rural,
de propriedade pública ou privada, que apresente algum tipo de vegetação com
significativas dimensões vertical e horizontal e que sejam utilizadas com objetivos
sociais, científicos ou culturais.
Até o século XIX as áreas verdes eram vistas como complemento decorativo, como
forma de embelezar as cidades. Em função disso, não se pensava em área verde
como uma forma de melhorar a qualidade de vida futura, pois não se observava a
necessidade de melhorar o ambiente urbano, prejudicado pela industrialização. Já
no século XX, o estabelecimento de áreas verdes, tanto na cidade quanto fora dela,
deixou de ser mero complemento, passando a atender às necessidades sociais
criadas pela industrialização e pelo crescimento populacional urbano (TERRA,
1994).
Desde tempos imemoriais o ser humano tem sua origem ligada à natureza. Em
relatos históricos percebe-se uma preocupação entre os diversos tipos de civilização
em manter ou restabelecer o elo existencial imprescindível, como nos “Jardins
30
Suspensos da Babilônia” No Brasil, os primórdios do paisagismo estão ligados à
chegada de D. João VI no Rio de Janeiro (1808), quando se deu a urbanização da
cidade para instalação da corte real. Foram, então, criadas várias praças e parques,
ajardinou-se o paço e implantou-se uma nova paisagem no visual da região
(BARBOSA, 2000). Historicamente, as primeiras árvores de áreas verdes
urbanamente construídas foram trazidas do Jardim Gabrielle, na França, em 1808,
para fazer sombra e proteger as especiarias vindas das Índias orientais (ASSIS,
1997).
Segundo Franco (1997) a visão do paisagismo se transformou quando a dimensão
da crise ambiental foi percebida pela população. Essa mudança se iniciou após a
Segunda Guerra Mundial e especialmente durante a Guerra do Vietnã, quando se
percebeu que os recursos do planeta não eram inesgotáveis. O crescimento
explosivo da urbanização após a Segunda Guerra transformou a forma física das
cidades e a percepção humana da terra e do ambiente. Dessa forma, o desenho da
paisagem baseado apenas nos valores estéticos e na funcionalidade perderam a
razão de ser. Surgiram então, expoentes da arquitetura paisagística, como Roberto
Burle Marx, no Brasil; Luiz Barragán, no México; Sylvia Crowe, no Reino Unido; e
Thomas Church, Garret Eckbo, Ian McHarg, Lawrence Halprin, Jane Jacobs, nos
Estados Unidos, e muitos outros, em muitas partes do mundo.
Nesse contexto, surgiram também leis para assegurar a preservação ambiental,
como a Lei Federal 6.766/79, de 1979, através da qual passou a ser obrigatória a
preservação de 10% das áreas verdes das cidades de todo o Brasil, com o intuito de
construir parques, praças e jardins (ASSIS, 1997).
O Desenho Ambiental pode indicar caminhos mais econômicos e de participação
social na modelagem da paisagem urbana, não fazendo no imaginário um lugar
impossível onde tudo esteja bem, mas fazendo o melhor e maior de cada um de
todos os lugares, especialmente do lugar onde vivemos (FRANCO, 1997).
31
São consideradas áreas verdes tanto áreas públicas quanto particulares. O termo
área verde costuma ser substituído na literatura corrente por denominações como
“áreas livres” ou “espaços livres”, sendo que o termo “livre” normalmente é utilizado
para expressar área fora do processo de urbanização, e assim sendo, esse termo
sugere “espaço aberto” ao invés de livre. Assim, áreas verdes urbanas, isto é, “áreas
livres” ou “espaços livres” podem ser jardins, praças, parques, bosques, alamedas,
balneários, campings, praças de esporte, playgrounds, cemitérios, aeroportos e etc
(DEMATTÊ, 1997).
No entanto, ainda hoje observamos que recreação e amenidades são vistas como
prioridades dos parques urbanos, cuja elaboração e manutenção são norteadas pela
memória de velhas tradições culturais e paisagísticas, e não pela ecologia. A
solução seria a busca por funções alternativas para os parques, por uma base
relevante para a estética do desenho urbano.
3.2 A PRAÇA COMO UM ESPAÇO LIVRE PÚBLICO
As praças podem ser comparadas à ágora grega e ao fórum romano, espaços
sociais, funcionando: ora como local de encontro, de tomada de decisões de
interesse da comunidade, de espetáculo, execuções, ofício religioso, comércio,
festas, enfim, a vida da cidade tinha necessariamente que passar por ela (DE
ANGELIS, 2000).
As áreas das praças representam uma forma de adquirir referência espacial de
orientação numa cidade, como também trazem a representatividade de sua história
e momento político atual.
Com o advento de formas alternativas de lazer e de novos locais para
estabelecimento do comércio, associados ao descaso do poder público frente à
manutenção das praças, esses espaços passaram a se constituir em um fragmento
a mais dentro da malha urbana.
32
A importância que lhe é dada nos dias de hoje não condiz com a necessidade
crescente que seus habitantes e, por conseguinte, as cidades, têm desses espaços.
Em várias partes do mundo, no ocidente ou no oriente, as praças surgiram da cultura
religiosa e política. A cultura islâmica possuía um espaço livre denominado de
“madjan” e na Itália as praças eram vitais para o funcionamento do poder político,
esse e outros exemplos estão presentes em muitas culturas.
No Brasil, tem-se o exemplo de São Paulo, em que as praças também tiveram
ligações estreitas com o poder político e religioso, o comércio e as estações de trem
(BURGOS, 2003).
Definir conceitos e categorias em relação aos aspectos urbanos, nem sempre é fácil,
tendo em vista as profundas transformações ocorridas nas concepções do
urbanismo moderno, o que causa muitas vezes interpretações contraditórias. Por
isso a importância em expor alguns conceitos e classificações para situar o objeto de
estudo a ser avaliado.
Conforme anteriormente abordado, existem áreas que estão dentro do processo de
urbanização e áreas a parte desse processo, esses dois tipos de espaço compõem a
cidade, assim, os centros urbanos são formados de espaços que podem ser
fechados (espaços com edificações) ou livres (espaços livres de edificações), daí, as
denominações áreas ou espaços livres e fechados.
Numa tentativa de delimitar mais o que seja espaço livre, pode-se defini-lo como
todo espaço não ocupado pelo volume das edificações, esses espaços podem se
públicos ou privados, como já descritos acima. Espaços livres privados são
relacionados com jardins particulares de residências ou outros estabelecimentos
privados, espaços livres públicos são os locais onde todas as pessoas têm acesso
livre, além de possuir áreas abertas para lazer, descanso (canchas de esporte,
campos, passeios, parques).
33
Mesquita e Sá Carneiro (2003) definem espaços livres como áreas parcialmente
edificadas com a mínima proporção de elementos construídos, como as avenidas,
ruas passeios, vielas, pátios, etc. Ou com a presença de vegetação, como parques,
jardins, praças. Cujas funções principais são circulação, recreação, composição
paisagística e de equilíbrio ambiental, e, ainda, permitem a distribuição e a prestação
dos serviços em geral.
Barcellos (1999) faz uma síntese das categorias de análise da paisagem,
relacionando-as a algumas tipologias de configuração físico-espacial dos espaços
livres que mais habitualmente são encontrados nas cidades. Essa síntese é
apresentada abaixo:
¾ Espaços livres urbanos
Privados: Jardins residenciais ou comerciais, pátios, quintais, etc.
Públicos: Parques, praças, ruas, largos, becos, etc.
¾ Espaços livres de urbanização
Privados: As diferentes modalidades de propriedade rural particular.
Públicos: Terras do poder público em geral, faixas de estradas, terras devolutas,
áreas da marinha, parques.
Barcellos (1999) considera, então, espaços livres urbanos são os espaços não
ocupados com edificações, sejam eles públicos ou privados. Os espaços livres de
urbanização se referem à escala maiores da paisagem, em regiões não urbanizadas,
e podem ser de propriedade particular ou pública. Quanto à definição de espaço livre
público, no que concerne a esse autor, compreende os espaços que não são de
propriedade particular. Dentre eles pode-se considerar as rua e as praças. São
34
espaços livres administrados por órgãos públicos destinados ao uso geral da
população.
As fronteiras entre os conceitos de espaço público e privado são muitas vezes
discutíveis, e não podem ser fixadas de forma unilateral. Cada caso deve ser
observado particularmente quando for necessário.
Há alguns casos em que se utiliza a expressão área verde para designar espaços
livres destinados ao lazer. Essa mesma expressão também é usada para determinar
porções de superfície de espaços livres cobertos por vegetação, incluindo um leque
de espaços livres que vai do simples canteiro até o bosque, em outros momentos
refere-se às praças e parques de uma cidade.
A expressão área verde é genérica demais para diferenciar distintas situações, pois
como é sabido nem todas as áreas verdes destinam-se ao lazer e à recreação,
assim como nem todas as praças contêm necessariamente áreas ajardinadas
(MACEDO, 1995/1999).
Dos espaços livres de uso público, podem-se categorizar elementos como as
praças, os sistemas de parques, o sistema de ruas e outros sistemas encontrados
na cidade. Na pesquisa desenvolvida, escolheu-se a praça como objeto de estudo.
Os espaços livres, quando relacionados com as áreas verdes urbanas,
desempenham um importante papel na cidade. A manutenção dos espaços
existentes e a criação de novos espaços possibilitam a conservação de valores da
comunidade.
Esses valores podem ser caracterizados, conforme Bartalini (1986) em visuais ou
paisagísticos, recreativos e ambientais. Para os valores visuais ou paisagísticos, os
espaços livres e as áreas verdes podem exercer um importante papel na identidade
dos lugares, quer enfatizando a característica física do sítio, quer atuando como
limites de áreas urbanizadas ou formando compartimentos da paisagem. Nas
35
funções de caráter visual, destaca-se o papel das áreas verdes como
“amortecedores” entre massas construídas, como contraponto à geometria de plano
de fundo.
Com relação aos valores recreativos, os espaços livres contribuem nos momentos
de lazer das pessoas proporcionando ao indivíduo atividades esportivas, espaços
contemplativos, playground, atividades culturais, ambientes de estar, etc. Enfim, uma
variedade de atividades onde os cidadãos podem relaxar e desfrutar o seu dia
renovando suas energias físicas e mentais, além de propiciarem aos indivíduos
possibilidades de integração.
Porém, o crescimento urbano cria uma situação contraditória no tocante a esses
espaços livres de recreação. A demanda de áreas públicas para esta função pode
ser pequena ou nula, e o preço da terra muitas vezes coloca fora de cogitação a
aquisição de novas áreas ou a possibilita em locais muito afastados e de difícil
acesso pela população.
Esta situação leva a considerar as possibilidades de aproveitamento do conjunto de
espaços livres públicos e privados disponíveis, abrindo alternativas para suprir a
carência desse setor.
Na previsão da demanda futura, o aproveitamento do potencial de espaços livres
existentes pode não ser suficiente, fazendo-se necessário à aquisição ou à reserva
de novas áreas. O critério de aquisição, baseado na maior superfície pelo menor
preço não satisfaz plenamente, sendo necessário considerar a localização, as
funções que se desenvolvem em seu entorno e sua acessibilidade física e visual.
Com relação aos valores ambientais, pode-se dizer que as áreas verdes influem na
qualidade ambiental urbana, exercendo um papel importante na proteção do meio
ambiente, principalmente pelo efeito de amenizar a temperatura. A temperatura das
áreas cobertas de vegetação é sensivelmente menor que das áreas nuas e
edificadas, produzindo variações térmicas que podem contribuir para a ventilação da
36
cidade. Assim, a arborização urbana pode atenuar os efeitos das “ilhas de calor” que
tendem a se formar sobre as cidades, influindo na temperatura, nos ventos e no
índice pluviométrico, enfim, nas condições climáticas.
As vegetações em grandes maciços, associada aos desníveis topográficos, podem
contribuir para o controle de ruídos, para criar correntes de ventilação que auxiliam
na dispersão do ar poluído, sendo verificado, ainda, que a vegetação têm eficiência
na retenção de poeira.
Os espaços livres, simultaneamente, assumem um papel preponderante na
amenização dos microclimas e na valorização da paisagem urbana, isso favorece a
drenagem pluvial e contribui para mitigar enchentes, além de propiciar ambiente
favorável ao convívio social (MESQUITA; SÁ CARNEIRO, 2003).
Um bom desempenho dos espaços livres não significa o uso de formas complexas,
nem o uso de materiais sofisticados, mas sim levar em conta a adequação ao meio e
aos usuários.
3.3 ASPECTOS HISTÓRICOS DA EVOLUÇÃO DOS ESPAÇOS
LIVRES PÚBLICOS
Os espaços públicos podem ser classificados em três categorias: o ecletismo, que
se inicia formalmente em 1783 com a abertura do Passeio Público no Rio de Janeiro,
o modernismo, que se inicia em 1934 com os jardins da Praça de Casa Forte de
Burle Marx em Recife, e o contemporâneo, em 1990, com o Parque das Pedreiras
em Curitiba (MACEDO, 1995/1999).
Ressalte-se que, de forma geral, essas três categorias são predominantes nos
períodos citados, embora não se possa dizer que para cada período se verifique de
forma exclusiva apenas uma delas.
37
O ecletismo situa-se entre o século XVII e XIX, reflexo da cidade industrial, reflete
uma forma romântica de encarar o espaço livre. Anteriormente os espaços livres
estavam confinados nos jardins dos palácios, castelos e conventos. Só a partir do
século XVIII, em função da burguesia em ascensão, o espaço urbano começa a ser
tratado com jardins abertos, destinados a um público restrito.
No Brasil colônia, a urbanização é marcada pela cópia, sem uma crítica profunda,
dos hábitos das duas principais capitais do período, Londres e Paris. Os espaços
públicos eram singulares, sem preocupação estética, ocupados por mascates e
ambulantes, nos quais esporadicamente se observavam comemorações de caráter
religioso. A vegetação era praticamente ausente, sendo chafarizes e “cruzeiros” os
únicos elementos que se destacavam nesse espaço público.
No Brasil, depois da construção do passeio público até a virada do século XX, as
iniciativas relacionadas às praças públicas são poucas, principalmente se
comparadas às iniciativas que ocorreram no contexto europeu e americano.
Esse processo é o resultado da expansão da urbanização brasileira, que levou a
maioria da população a habitar em cidades, fato que, naturalmente, abre uma
demanda para o uso e construção de espaços livres, objeto central do trabalho do
arquiteto paisagista nacional. Parques, praças, jardins públicos e particulares são
concebidos dentro de uma idéia que objetiva resgatar as raízes nacionais e nelas
buscar novas fontes de inspiração (MACEDO, 1999).
Desenvolvem-se nos espaços livres hábitos dedicados ao lazer, tais como,
instalação de quadras esportivas para práticas esportivas, canchas de bocha e
campos gramados de futebol. A partir dos anos 40, chega aos espaços públicos o
playground” (criação tipicamente norte-americana).
A sociedade do século XX destrói grandes espaços públicos, privilegiando atividades
esportivas, fazendo desaparecer os contornos e os jardins floridos. Os elementos de
características pitorescas cedem lugar aos ambientes destinados às atividades
38
esportivas, ao encontro das famílias e até ao lazer contemplativo, sendo concebido
formalmente a partir da imagem que a vegetação nativa tropical transmite aos
projetistas. Os princípios de manutenção pragmáticos modernos caracterizam uma
nova praça pública, até então desconhecida.
A partir dos anos 50, quando a arquitetura brasileira ganha reconhecimento
internacional e os nomes de Oscar Niemayer, Lúcio Costa e Burle Marx se
sobressaem, surgem com maior intensidade os parques públicos. Duas das mais
notáveis realizações da época, o Parque Ibirapuera, em São Paulo, construído para
a comemoração do IV Centenário da fundação cidade, ano de 1954, e o Parque do
Flamengo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, construído na década de 60 sobre um
aterro da baía de Guanabara, chamam a atenção, assim
O Parque Ibirapuera ainda permanece de certo modo vinculado à idéia do
parque como espaço destinado às práticas de lazer mais contemplativas,
mesmo porque sua principal função era servir de cenário para pavilhões da
exposição do IV Centenário, o Parque do Flamengo traz como inovação à
distribuição de uma grande quantidade e diversidade de equipamentos para
o lazer e a recreação (quadras esportivas, playground, pistas de
aeromodelismo, teatro ao ar livre, sala de dança...). Tal concepção é
resultado da adoção de uma visão que atribui às práticas de lazer o papel
de instrumento de melhoria de qualidade de vida (BARCELLOS, 1999, p.
57-58).
São exemplos dessa época as obras de Burle Marx, considerado o arquiteto
paisagístico nacional mais renomado de todos os tempos. Suas obras mostram
variações de formas de temas antigos, com as formas orgânicas e a vegetação
tropical, e a água onipresente é concebida de modo informal como nos lagos do
ecletismo. O autor exibe um desenho forte e pessoal capaz de exprimir suas
concepções inovadoras.
Os anos 90 são marcados pelo surgimento de uma nova ruptura, em que se
valorizam princípios ecológicos e se criticam os danos causados à natureza. Essa
década é representativa dos espaços públicos contemporâneos.
39
Assim, passam a ser valorizados ecossistemas nativos dentro das cidades. Os
espaços públicos tendem a se diversificar ou se especializar ao extremo, sendo
exemplo típico desse tempo as praças de alimentação, as ciclovias e as quadras.
Os vendedores ambulantes disputam lugar com os transeuntes, criando situações
conflitantes na cidade por falta de local adequado para essas atividades, o que
ocasiona muitas vezes destruição do equipamento urbano, congestionamento e
insalubridade do espaço público.
A linha projetual brasileira contemporânea é marcada por um forte pluralismo, tanto
formal quanto funcional. Caracteriza-se pela diversidade e pela pesquisa de formas.
Dois conceitos se sobressaem: a conservação do ecossistema e a renovação da
reciclagem urbana. Um exemplo notável, que assimila esses dois conceitos ao
mesmo tempo, é a criação e organização de uma rede de parques a partir de
preocupações ambientais em Curitiba, os parques resultaram de um planejamento
estratégico levando em consideração a conservação do ecossistema.
O objetivo era a conservação de fundos de vales, dos remanescentes
florestais e das áreas identificadas como ambientalmente sensíveis.[...]
inicialmente não havia preocupações com o projeto paisagístico dessa rede
de parques, mais tarde os parques passaram a incluir estruturas de caráter
ornamental, simbólico e utilitário, numa inteligente estratégia que se por um
lado buscava a colaboração e o comprometimento da população com os
parques, mediante incentivos ao seu uso, por outro visava explorar as
possibilidades turísticas (BARCELLOS, 1999, p. 64-65).
Apesar da possibilidade em classificar os espaços públicos dentro da evolução da
arquitetura brasileira, há exceções em que os espaços públicos sobrevivem sem
modificações por gerações sucessivas, mantendo sua estrutura morfológica e
funcional independente das tendências projetuais da época.
Como exemplo, pode-se citar a Praça Costa Pereira, considerada o “coração do
centro da cidade de Vitória”, no Espírito Santo.
40
Figura 1 - Praça Costa Pereira
Fonte: Arquivo PMV (2006).
3.4 A IMPORTÂNCIA DA PRAÇA COMO ESPAÇO URBANO DE
LAZER
Como um espaço livre público, a praça tem grande importância na formação do
espaço urbano, tanto na vida social quanto no traçado urbano. Essa importância se
caracteriza desde a ágora grega e o fórum romano, ou na praça medieval européia.
A tipologia praça, ao longo da história tem assumido distintas conformações
em respostas a distintos fatores tais como: evolução urbana x natureza,
entre outros. A praça poderia ser caracterizada fisicamente como uma
manifestação espacial resultante da malha urbana e tradicionalmente
presente desde a cidade medieval ou mais remotamente, desde a ágora
grega e o fórum romano, assumindo diversas formas de expressão, porém
sempre produto de uma necessidade funcional mais ou menos evidente, de
caráter civil, militar ou religioso. É um local de reuniões, notícias e
intercâmbios (ORNSTEIN; BRUNA; LIMA, 1994, p. 29-30).
No Brasil existem muitas praças, que se modificaram ao longo do tempo, ora
seguindo tendências estrangeiras, ora se adaptando às necessidades da população
41
local. Atualmente, as praças contemporâneas abrangem áreas destinadas ao lazer e
são encontradas tanto em bairros residenciais quanto em áreas maiores em espaços
centrais da cidade, com um número maior de atividades.
Juntamente com a rua, a praça consiste em um dos mais importantes espaços
públicos urbanos da história da cidade no país, tendo, desde os primeiros tempos de
colônia desempenhado um papel fundamental no contexto das relações sociais em
desenvolvimento. De simples terreiro, a sofisticado jardim, de campos de jogos
incultos a centro esportivo complexo, a praça é por excelência um centro, um ponto
de convergência da população, que a ela recorre para o ócio, para comerciar, para
trocar idéias, para encontros românticos ou políticos, enfim, para desempenho da
vida urbana ao ar livre (MACEDO, 2002).
O lazer ativo e lazer passivo são definidos conforme o grau de sedentarismo
envolvido na prática da descontração, considerando a contemplação de paisagens,
meditação, consumo como lazer passivo e atividade que envolve algum esforço
físico maior como lazer ativo (CUNHA ARAÚJO, 2002).
Pode se concluir que o lazer ativo está para os ambientes de movimento das praças
(circulação), como o lazer passivo está para os ambientes de permanência da praça
(reunião). Para cada atividade realizada na praça, e no seu ambiente,
correspondente existem um ou mais elementos urbanos que configuram e definem
os espaços.
3.5 A IMPORTÂNCIA DAS ÁREAS VERDES
As áreas verdes devem satisfazer a três objetivos principais: ecológico-ambiental,
estético e de lazer. Essas funções agem diretamente sobre a saúde física e mental
do homem e no metabolismo da cidade (HOEHNE, 1944).
42
Sousa e Bueno (2002) citam ainda o valor econômico atribuído aos benefícios das
áreas verdes. Silva (2000) também afirma que a vegetação agrega valor aos imóveis
e reduz os custos de energia.
Nas atividades do paisagismo - a ciência e a arte que ordena o espaço em relação
ao homem - estão inerentes alguns aspectos: a proteção do solo, tendo em vista as
relações entre topografia, formação do solo, controle da erosão, absorção de águas
pluviais, proteção e preservação de nascentes; a criação de um ambiente favorável
ao homem por força de medidas físicas, materiais e psicológicas, que implicam
medidas de higiene, saúde, proteção ao pó, estética, liberdade, facilidade de
movimentos, equilíbrio na vida individual e familiar; enfim, a criação de um ambiente
em harmonia biológica, no qual fauna e flora estejam em equilíbrio (DEMÉTRIO,
2000).
São funções das áreas verdes: a contemplação, a circulação, o estar, a recreação, o
esporte, a distribuição de tráfego, a decoração, o simbolismo, o emolduramento e as
relações sociais, ecológicas, culturais e produtivas (PAIVA; GONÇALVES, 2002).
As áreas verdes, as áreas livres e a arborização viária são fundamentais na melhoria
da qualidade do ambiente urbano. Os benefícios ambientais da vegetação urbana
são tão mais necessários à saúde ambiental do ecossistema urbano quanto maior o
nível de urbanização (MENEGHETTI, 2003).
3.5.1 Importância ecológico-ambiental
A função ecológico-ambiental deve-se às melhorias no clima e na qualidade do ar,
água e solo; contrapondo-se à função estética, que diz respeito à diversificação da
paisagem construída e ao embelezamento da cidade; e a função de lazer, que diz
respeito ao contato do indivíduo com elementos naturais gerando bem-estar
psicológico.
43
A retenção da poeira do ar pelas plantas realiza-se através de processos de
deposição, adsorção ativa e absorção pela ou sobre a superfície foliar, já os
poluentes químicos, à medida que não existam em níveis permanentemente tóxicos,
várias espécies vegetais têm capacidade de biofiltração e mesmo metabolização e
transferência de compostos como SO
2
, NO
2
, O
3
e derivados de cloro e flúor (SILVA,
2000).
As áreas verdes favorecem a composição atmosférica, pois fixam poeira, resíduos e
suspensão, bactérias e outros microorganismos, reciclam gases pelo processo da
fotossíntese e fixam gases tóxicos. Ainda melhoram o microclima, ao promoverem o
equilíbrio solo-clima-vegetação, reduzem a reflexão de radiações, aumentam a
umidade atmosférica, suavizando temperaturas extremas, conservando a umidade
do solo, reduzindo a velocidade do vento, mantendo a permeabilidade e a fertilidade
do solo, influenciando no balanço hídrico, e ainda reduzem a poluição sonora,
amortecendo os sons (PAIVA; GONÇALVES, 2002; SILVA, 2000).
Furlan (2004) cita como benefícios ecológicos desempenhados pela cobertura
vegetal no ambiente urbano: função estabilizadora do relevo; proteção da qualidade,
filtragem do ar e efeitos indiretos na redução de poluentes, tais como resgate de
CO
2
; influência na evapo-transpiração e, portanto, no balanço hídrico; efeitos no
microclima, principalmente na umidade relativa do ar; fonte de alimento; proteção às
nascentes e áreas de mananciais; corredor de fauna e suporte para a vida silvestre;
obstáculo contra ventos e efeitos sobre a temperatura; proteção da biodiversidade.
3.5.2 Importância estética
Os elementos verdes possuem também a função decorativa, com inúmeras
possibilidades, já que a vegetação transforma-se incansavelmente com as estações
do ano, com as circunstâncias de cada dia e com a incidência da luz do sol a cada
hora.
44
A missão que o plano estético deve cumprir é acentuar a relação homem-natureza,
por meio de uma adequada distribuição compositiva. Porém, independente da
beleza intrínseca da vegetação, é necessário um adequado tratamento para manter
ou melhorar a composição das paisagens urbanas.
As plantas possuem funções estéticas como: suavizar linhas arquitetônicas e
acentuar detalhes estruturais; formar perspectivas, molduras, fornecer pontos de
focalização e definir espaços; aliviar a monotonia de pavimentos e alvenaria; tornar
mais atraentes as áreas de lazer; particularmente as árvores, devem fornecer
sombra, fragrâncias agradáveis e tornar locais mais serenos; criar a impressão de
bem-estar em novas áreas residenciais; unificar cenários visivelmente caóticos; e
realçar as estações do ano (GREY; DENEKE, 1978).
3.5.3 Importância psico-social
A realização social da personalidade é favorecida pela existência de áreas verdes e
livres nas cidades, já que essas áreas facilitam o contato entre as pessoas, a prática
de esportes e a brincadeira das crianças
A vegetação em espaços urbanos, além de suas funções estéticas, ecológicas e
econômicas, proporciona também benefícios sociais, agindo como fator de equilíbrio
psicológico (SILVA, 2000).
Os parques urbanos públicos atualmente encontram-se num contexto de
apropriação mediada por valores de uso, sendo segregados. Segundo o autor,
conforme onde estão e para quem são cada parque expressa as diferenças dos
conteúdos sociais, econômicos e culturais das classes sociais que
predominantemente deles se apropriam (BURGOS, 2003).
3.6 URBANIZAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA
A melhor qualidade de vida está cada vez mais distante, porque o homem está
apenas interessado em uma participação maior na riqueza social e desenvolvimento
45
econômico, o que leva aos ataques cada vez de mais substâncias aos recursos
naturais. Esquece-se que a felicidade não consiste em possuir mais riquezas, [e sim]
mas em poder participar mais do bem-estar físico e mental (BAPTISTA FILHO,
1977).
A crise ambiental mundial tem sido largamente discutida, porém, a questão do
ambiente urbano é sempre relegada ao segundo plano, tanto na teoria quanto na
prática dos movimentos ambientalistas e ecológicos (BUSARELLO, 1990).
O meio ambiente urbano é uma resultante de fatores naturais, biológicos e sócio-
econômicos que compreendem o meio físico e o meio edificado pelo homem
(LOMBARDO, 1990).
Diante disso, pode-se dizer que, na atualidade, as áreas verdes são uma
necessidade fundamental para a sobrevivência dos habitantes das grandes cidades,
já que se busca o equilíbrio do ecossistema já violentado pelo grande número de
construções em concreto, pavimentações asfálticas e poluição industrial. As áreas
de grande circulação populacional nas grandes metrópoles tornam-se suportáveis
para a vida humana, quando nelas se implantam arborização e ajardinamento
(BARBOSA, 2000).
O papel subjetivo do verde em um núcleo urbano é maior que o de mero agente
despoluidor, pois, resulta de um somatório de aspectos dificilmente mensuráveis,
mas que estão claramente associados à qualidade de vida urbana.
A que medida que novas áreas verdes são oferecidas à população, desde os
centros mais desenvolvidos até os mais periféricos, pode-se alterar decisivamente o
tipo de vida e a integração da comunidade.
Em decorrência do desenvolvimento e crescimento das cidades, a paisagem urbana
vem sofrendo diversas modificações, com o desaparecimento e alteração de muitas
áreas verdes urbanas. Essas transformações da paisagem em um cenário urbano
46
modificam os elementos naturais, tais como, solo, temperatura, umidade,
nebulosidade, mecanismos de vento, pluviosidade, flora e fauna, elementos estes
responsáveis pelas condições de conforto ambiental e qualidade do ar (CARVALHO,
2001).
A qualidade de vida depende da qualidade do ambiente para se chegar a um
desenvolvimento equilibrado e saudável, porém está também associada a formas
inéditas de identidade, cooperação, solidariedade, participação e realização, que
entrelaçam a satisfação das necessidades e aspirações derivadas do consumo, com
diferentes formas de realização, através do processo de trabalho, de funções
criativas e de atividades recreativas (LEFF, 2001).
As árvores urbanas não são amenidades, mas parte de infra-estrutura de qualquer
cidade, e tão necessárias quanto ruas, esgoto e eletricidade. Os espaços
arborizados ao ar livre amenizam o congestionamento domiciliar, oferecem espaços
mais adequados e criativos às crianças, trazem saúde física e psicológica,
aumentam a satisfação com seu local de moradia, colaboram para a redução de
estresses cotidianos, além de outros benefícios (KUO; SULLIVAN, 2001).
As praças são áreas pertencentes ao espaço público urbano, livre de edificações e
acessíveis à população, sejam grandes ou pequenas, onde se desenvolvem
atividades relacionadas com o lazer.
47
4 ESTUDO DE CASO
4.1 A CIDADE DE VITÓRIA DO ESTADO DO ESPIRÍTO SANTO
A Capital do Espírito Santo surgiu em 1551 e da Vitória de outrora existe muito
pouco, atualmente são 74 bairros espalhados pela ilha e região continental, alguns
surgidos a partir de invasões, aterros e loteamentos.
A evolução da ocupação urbana do Município de Vitória é caracterizada pela
implantação de bairros e loteamentos, instalações aeroportuárias e aterros de
mangues e praias.
4.2 OCUPAÇÃO URBANA DE VITÓRIA - BAIRROS
O período compreendido entre 1990 e 1997 ficou caracterizado pela urbanização e
adensamento dos bairros, restando poucos lotes dentro da cidade para serem
ocupados. As áreas vazias dão espaços aos últimos loteamentos de Vitória, como é
o caso do Santa Terezinha, localizado próximo a Jardim Camburi. Pode-se afirmar
que a mancha urbana até aqui atinge todos os limites do município.
À exceção do Maciço Central, dos topos rochosos dos morros, dos mangues do
Lameirão e estuário do rio Santa Maria e da área do Aeroporto, a mancha urbana
estende-se em todas as direções e, não fora os limites do município com a baía e o
oceano, ligar-se-ia, efetivamente, formando um todo, com as manchas de Vila Velha,
Cariacica e Serra – municípios limítrofes.
4.2.1 Centro de Vitória
O Centro de Vitória surgiu no trecho hoje conhecido como Cidade Alta. A área
compreendia a parte onde se instalou o centro administrativo do Estado e o morro
onde se localiza o Mosteiro de São Francisco, colonizado por portugueses a partir do
48
ano de 1550. Posteriormente, a ocupação se espalhou pela baixada, dividindo-se
em parte alta e baixa.
Figura 2 - Centro da cidade em 1930
Fonte: Arquivo PMV (2007).
Na década de 20 foi construído o viaduto Caramuru, especialmente para melhorar o
sistema de transporte através de bondes.
Nessa época, iniciavam-se os aterros aos mangues que circundavam a Cidade Alta
e a população passou a ocupar áreas para moradia. As famílias mais bem sucedidas
dirigiram-se para a região do Parque Moscoso; para a Vila Rubim, os portuários; em
direção à rua Sete de Setembro, os funcionários públicos, já na rua Gama Rosa, o
Estado construiu um conjunto de casas onde alojou parte de seus funcionários.
A Cidade Alta ficou por muitas décadas sem opção de transporte coletivo. Suas ruas
estreitas estão invariavelmente cheias de carros estacionados e é uma das poucas
áreas que tende a se manter como residencial no trecho do antigo mosteiro de São
Francisco, já que o comércio preferiu se expandir pela baixada, onde a oferta de
serviços coletivos está presente. A população passou a ser servida por transporte
coletivo no primeiro trimestre de 1999, quando a Prefeitura de Vitória criou o
transporte complementar, realizado por microônibus.
49
4.2.2 Santa Tereza
O bairro Santa Tereza teve origem através de um loteamento feito em 1964, em
Caratoíra, de propriedade do Sr. Manoel Rozindo da Silva e de outro pequeno
loteamento feito em 1965, de propriedade do Sr. Constant Furlani, na área do Morro
do Quadro. Atualmente a região de Santa Tereza abrange as comunidades dos
morros do Quadro, do Bananal e de Presidente Kennedy.
Santa Tereza foi criado pela Lei nº. 1.192/64 e no mesmo ano, através da Lei nº.
1.267 foi criado Presidente Kennedy.
4.2.3 Bela Vista e Nossa Senhora Aparecida
A comunidade de Bela Vista teve início há aproximadamente 20 anos, quando os
padres pavonianos, proprietários da área, resolveram lotear o local.
Já a comunidade de Nossa Senhora Aparecida surgiu de uma invasão entre 1983 e
1984, num terreno que estava sub judice para definição do proprietário e foi "criado"
pela Lei nº. 3.446/87.
4.2.4 Bairro de Lourdes
O bairro é originário de vários loteamentos feitos na antiga Fazenda Monjardim,
adquirida de Yolanda Monjardim Faria Santos.
O nome Bairro de Lourdes, segundo antigos moradores, foi uma homenagem feita
por Dyonízio Abaurre, dono de uma grande área loteada em 1969, à sua esposa,
Lourdes Benezath Abaurre.
50
4.2.5 Bento Ferreira - Jesus de Nazareth
O bairro possui aproximadamente 40 anos, surgiu de um aterro feito pelo governo e
é caracterizado pela ocupação por prédios institucionais ao longo da avenida
Mascarenhas de Moraes – Beira-Mar. Segundo moradores antigos, quando o SENAI
foi transferido de Jardim América – Cariacica para lá, os funcionários eram
transportados até a Praia do Suá, de onde passavam por um caminho cheio de
barro até a nova sede regional.
A Rua Fábio Ruschi era cortada por um valão e o mangue dominava a paisagem. A
área que mais tarde cederia lugar à sede da Prefeitura era utilizada como área de
lazer e o Colégio Martinho Lutero era apenas um internato luterano.
As Ilhas de Santa Maria e da Fumaça eram utilizadas para a prática da pesca. Com
a realização de melhorias, principalmente o calçamento, feito num curto período de
tempo, o bairro transformou-se em área para residência da classe média, extensão
de outros bairros como Praia do Canto e Praia do Suá. Antes conhecido como Morro
Bento Ferreira, passou a chamar-se bairro Jesus de Nazareth.
A ocupação dos espaços pelos prédios em lugar de casas e comércio está restrita à
Avenida Beira-Mar e há sedes de algumas empresas no interior do bairro. A Avenida
Beira-Mar concentra o movimento de veículos que se dirigem à região norte da
cidade. Nela se encontra parte do centro politico-administrativo de Vitória. Existe, na
mesma avenida, a Secretaria Estadual de Saúde, o SENAI, o SENAC, Clube de
Natação e Regatas Álvares Cabral, o Instituto Braille, o Departamento Nacional de
Estradas de Rodagem (DNIT/ES), entre outros.
4.2.6 Maruípe
A história da ocupação da região de Maruípe está relacionada, por um lado, ao
loteamento "Vila Maria", em "Maruhype", aos parcelamentos da Fazenda Maruípe e
das glebas pertencentes aos herdeiros do Barão Monjardim; por outro lado, ao
51
loteamento Nossa Senhora da Consolação, em Gurigica, e às invasões nos morros e
mangues.
Em 1897, a Fazenda Maruípe, segundo descrições do Adelpho Monjardim no livro
Vitória Física, localizava-se ao lado da Fazenda Jucutuquara, compreendendo uma
área total de 4.620.000,00 m² que se estendia do atual Bairro Santa Cecília até a
Ponte da passagem. Durante o Império, a fazenda pertenceu ao Dr. Inácio Accioli de
Vasconcelos, ouvidor da Comarca de Vitória, nomeado por D. Pedro I para o
governo do Estado.
Posteriormente foram doadas várias áreas para abrigar equipamentos públicos de
grande porte, tais como: o cemitério, em 1928; o Quartel, antigo Esquadrão da
Cavalaria do ES, em 1936; o Hospital dos Tuberculosos do ES, atual Escola de
Medicina, em 1951, atualmente campi da UFES, de nome Hospital Cassiano Antônio
Moraes, denominado Hospital das Clínicas; a Estrada do Contorno e o Horto
Municipal.
Em alguns livros e recortes de jornais consta como proprietários de parte da
Fazenda um nobre inglês, Mr. Bhering, que ao falecer não deixou herdeiros, suas
terras então passaram para o domínio do Estado. Historicamente, devido à sua
localização distante do Centro, Maruípe foi um local destinado pela sociedade para a
instalação de equipamentos institucionais de grande porte, hospital, quartel e
cemitério.
Em 1930, a firma Santos Soares e Paiva, aprovou o loteamento "Vila Maria", com
209 lotes e área total de 90.537 m². Atualmente este loteamento está inserido entre
Tabuazeiro e Eucalipto. Consta, ainda, no cadastro imobiliário da PMV, dois
loteamentos localizados próximos à Vila Maria. O primeiro feito em 1957 era de
propriedade de Américo Martins Figueiredo, e o segundo, sem dados sobre o
proprietário, com área total de 18.272,00 m². À medida que a área de Maruípe foi
sendo ocupada e parcelada, diminuiu progressivamente a abrangência do que se
convencionou chamar Bairro Maruípe. Isso pode ser explicado pelo fato de novos
52
parcelamentos possuírem outros nomes como: Santa Cecília (ex-fazenda do Sr.
Aurinho), Penha, Itararé, São Cristóvão, Tabuazeiro, entre outros.
A origem do nome do bairro é atribuída ao mosquito de picada forte - Maruí de
Maruim, sendo Maruípe "caminho de mosquitos". Para os moradores era
constrangedor ser identificado como habitante de uma área infestada de mosquitos.
Figura 3 - Horto de Maruípe na década de 80
Fonte: Arquivo PMV (2006).
Figura 4 - Horto de Maruípe em 2007
Fonte: Arquivo PMV (2007).
53
4.2.7 Praia do Suá, Morro de São José e Santa Helena
É um dos bairros mais antigos de Vitória. Durante vários anos abrigou uma colônia
de pescadores. Posteriormente, começou a ser ocupado por população de classe
média para moradia, porém os pescadores permaneceram no local.
Duas grandes intervenções governamentais modificaram a vida do bairro. Uma foi a
construção do Hospital São Pedro e a outra foi o aterro da Praia do Suá.
Com o aterro, realizado na década de 70, os pescadores tiveram de transferir o cais
de suas embarcações para as proximidades do morro Jesus de Nazareth.
Atualmente, existem neste local, pequenos estaleiros e companhias de pesca. O
bairro possui uma festa tradicional realizada todos os anos em junho, dedicada a
São Pedro, padroeiro local.
Dentro do bairro localizam-se duas invasões: no morro que margeia a Avenida César
Hilal, conhecidas como morro São José e em Santa Helena.
4.2.8 Praia do Canto
O bairro Praia do Canto originou-se de um loteamento - Plano Novo Arrabalde, cujo
autor foi o Engenheiro Saturnino de Brito, que baseado em influências do urbanismo
sanitarista, projetou ruas largas, tendo como eixo central a Avenida Nossa Senhora
da Penha, formando um desenho semelhante a uma espinha de peixe.
Figura 5 - Mapa indicativo do Plano do novo Arrabalde - executado entre 1940 e 1960
Fonte: Saturnino de Brito [s. d.] apud Campos Júnior (1985).
54
O loteamento abrangia parte do bairro Santa Lúcia, devido ao prolongamento das
avenidas Rio Branco, Aleixo Neto e Constante Sodré.
Na época, o bairro era utilizado como área de lazer e moradia próximo ao mar.
Existiam as Praias do Barracão, das Castanheiras, do Canto, Comprida e de Santa
Helena, além das Ilhas do Boi e do Frade. Com o aterro, realizado pela Companhia
de Melhoramentos e Desenvolvimento Urbano Sociedade Anônima - COMDUSA, em
1972, as referências dessas praias desapareceram e o nome Praia do Canto se
consolidou.
Os bondes faziam ponto final na Rua Aleixo Neto, trazendo moradores do Centro e
Jucutuquara para a Praia do Barracão, quando saíram de circulação, no final da
década de 50. Em Santa Helena, próximo a atual Praça do Cauê, sobre o morro
Itapebuçu, localizava-se o Western Telegraph Ltda que "ligava Vitória ao mundo".
Em 1970, o terreno foi vendido e loteado para a construção de grandes casas para
classe média alta.
No final da Rua João da Cruz, existia um mangue onde moravam os pescadores,
sendo os mais conhecidos o velho DonDon, já falecido, e o Sizino. Os bares mais
antigos são o Miramar, na Avenida Saturnino de Brito e outro na esquina das ruas
Eugênio Neto e Fortunato Ramos. Algumas atividades marcaram o bairro, como os
clubes Iate e Praia Tênis, freqüentados pelos mais privilegiados e o Centenário e
Navegantes, freqüentado pelos mais pobres; Itaúnas Futebol Clube, a Escola Sacre-
Couer, a Escola de Samba Mocidade da Praia e as peladas de rua.
A Praia do Canto é o bairro de Vitória que apresenta uma infra-estrutura mais bem
desenvolvida do que outros locais, caracterizando-se, durante vários anos, como
local de moradia de classe média alta.
A Praia se transformou num bairro comercial, onde, junto aos grandes edifícios de
apartamentos e das casas ainda não demolidas, proliferam os escritórios, as lojas,
os consultórios médicos, agências bancárias, restaurantes e bares. Em 1980
55
começou a funcionar o primeiro Shopping Center – o Centro da Praia. Dezenas de
casas foram substituídas por prédios e a explosão do mercado imobiliário fez com
que os antigos limites do bairro se expandissem.
Durante um período, a construção de prédios no bairro foi inferior ao bairro de
Jardim Camburi, porque os terrenos em sua maioria eram de Marinha, o que
dificultava sua legalização junto a Secretaria de Patrimônio da União (SPU). Hoje, a
maioria da população do bairro é composta de servidores públicos, professores,
pequenos empresários, operários especializados e bancários, pessoas que
adquiriram apartamentos financiados pelo Banco Nacional de Habitação (BNH). As
famílias de classe média alta se mudaram para Avenida Saturnino de Brito e ilhas do
Boi e do Frade.
Na região da Praia do Canto, ainda existem trechos conhecidos pelos seus nomes
de origem como Bomba (Santa Luiza), trecho que faz divisa com Avenida Nossa
Senhora da Penha e Canal de Camburi; Santa Helena, próximo ao morro da
Western Telegrarph; a antiga praia aterrada – atual praça do pedágio da 3ª Ponte;
Praia Comprida – atual trecho da Praça dos Namorados e Desejos. Abaixo,
fotografia da Avenida Saturnino de Brito no início do século.
Figura 6 – Avenida Saturnino de Brito no início do século XX
Fonte: Arquivo PMV (2006).
56
4.2.9 Goiabeiras e Bairro República
A região de Goiabeiras começou a ser ocupada há mais de 80 anos e era
constituída de baixadas cobertas de manguezais. O ponto mais alto era o Morro Boa
Vista. Das tradições antigas, das que ainda permanecem, pode-se destacar o
trabalho desenvolvido pelas paneleiras, que vem sendo transmitido de geração a
geração e o torneio entre os clubes de futebol, outra grande tradição. Goiabeiras I é
conhecida como Goiabeiras Velha, pois, caracteriza o núcleo inicial da ocupação.
Separando a parte "velha" dos conjuntos habitacionais da Companhias de Habitação
do Espírito Santo - COHAB-ES, construídos em 1969 – Goiabeiras II e 1971 –
Goiabeiras III, está a Avenida Fernando Ferrari. Goiabeiras II e III são hoje
conhecidas por um só nome: Bairro República.
4.2.10 Solon Borges
Conjunto Habitacional de 300 unidades, construído na década de 70 pela COHAB-
ES. Situado entre a Avenida Fernando Ferrari e o Bairro Maria Ortiz.
4.2.11 Antônio Honório
Conjunto Habitacional com 305 unidades, construído pelo Instituto da Previdência e
Assistência Jerônimo Monteiro, na década de 70.
4.2.12 Segurança do Lar
Surgiu de um loteamento feito em 1972, numa área de propriedade do Sr. José
Ribeiro.
57
4.2.13 Jabour
O bairro Jabour, localizado nas proximidades do aeroporto, foi inaugurado em 1963
com 63 casas, através de uma experiência pioneira da iniciativa privada na
construção de conjuntos populares. Paralelamente à construção das 63 casas, foi
feito um loteamento em uma área de 20.000 m
2
da Jabour Exportadora e
Importadora de Vitória, de propriedade do Sr. João Jabour, o mesmo Jabour cedeu o
nome ao local. A explosão populacional fez surgir uma invasão de grande área de
mangue, hoje conhecida como Maria Ortiz.
4.2.14 Jardim Camburi
Surgiu de um loteamento aprovado em 1928 onde, somente em 1967, foram
construídas 100 casas. Esse loteamento, de propriedade da Imobiliária Camburi
(José Maria Vivacqua), não realizou as obras de infra-estrutura necessárias à
ocupação.
Dentro da área do bairro estão inseridos vários conjuntos residenciais de prédios,
tais como: Village de Camburi, Atlântica Ville e Residencial Clube.
Consta também um loteamento, complementar ao bairro, feito em 1970: Balneário
de Camburi, com área total de 809.991,00m
2
. Devido à distância do bairro em
relação ao Centro da cidade e bairros vizinhos, surgiram instalações comerciais e de
serviços de uso cotidiano.
58
4.3 GERÊNCIAS REGIONAIS DA PREFEITURA MUNICIPAL DE
VITÓRIA
A cidade de Vitória possui oito subdivisões, também conhecidas como regionais.
Com a criação dessas oito Gerências Regionais, a Prefeitura Municipal de Vitória
estabeleceu canais de acesso direto para as reivindicações e atendimento mais
rápido às necessidades de cada região. A figura 6 mostra a cidade de Vitória-ES
dividida em 7 administrações regionais, sendo que, no ano de 2007 foi criada a
regional 8 no bairro de Jardim Camburi, que não consta ainda da figura, por ser de
formação recente:
Figura 7 - Subdivisões do município de Vitória-ES
Fonte: Arquivo PMV (2007).
O Decreto 12.651 de 2006 estabelece que as Gerências Regionais tem as seguintes
atribuições:
- Coordenar o atendimento aos munícipes em sua Região, orientando o acesso e a
utilização dos serviços sob responsabilidade da Gerência Regional;
- Promover o gerenciamento técnico da Gerência Regional;
- Gerenciar e acompanhar a fiscalização dos aspectos operacionais dos serviços de
saneamento, executada diretamente ou por terceiros, buscando garantir a
59
preservação dos sistemas, assim como a qualidade dos serviços prestados, ficando
sob sua responsabilidade a supervisão, inspeção e auditoria dos serviços;
- Articular-se com órgãos que mantenham parceria com a Subsecretaria de
Gerências Regionais, objetivando agilizar as ações a serem implementadas no
âmbito da Regional;
- Promover o acompanhamento técnico gerencial dos projetos e das obras públicas
a serem fiscalizadas pela Gerência Regional quer sejam de execução direta ou
contratados, inclusive realizando o acompanhamento e monitoramento dos
processos licitatórios de interesse da Regional.
Subdivisões Regionais do município de Vitória, incluindo a nova regional: Regional
Centro, Regional Santo Antônio, Regional São Pedro, Regional Bento
Ferreira/Jucutuquara, Regional Praia do Canto, Regional Maruípe, Regional
Continental e Regional Jardim Camburi.
4.3.1 Subdivisões do Município de Vitória
4.3.1.1 Regional Centro
Compreende 10 bairros, com cerca de 1,6 milhão de metros quadrados, com
população aproximada de 18 mil pessoas.
Essa região caracteriza-se por ser o berço da cidade, fundada em 8 de setembro de
1551. Abriga construções históricas, tem os morros ocupados e resume o que era a
Capital até o início do século.
Com o crescimento e a expansão da cidade para outras áreas, o centro da cidade
viveu nos últimos anos um processo de esvaziamento. Com o Projeto de
Revitalização do Centro e, atualmente, com a implantação da administração
regional, sugestão: que está priorizando o cuidado e a restauração de construções
históricas, como o antigo Mercado Vila Rubim, dá-se um novo impulso ao
enfrentamento dos problemas da área.
60
4.3.1.2 Regional Santo Antônio
Compreende 13 bairros, com cerca de 2,4 milhões de metros quadrados, com
população aproximada de 37 mil pessoas.
A região abriga, ao mesmo tempo, bairros antigos da capital e áreas de urbanização
mais recentes.
4.3.1.3 Regional São Pedro
Compreende 10 bairros, cerca de 3 milhões de metros quadrados, com população
aproximada de 7,5 mil pessoas.
Região mais carente de Vitória e de povoação mais recente. Os bairros surgiram a
partir da ocupação do lixão da cidade e da invasão de áreas de manguezal, no final
da década de 70.
A partir dos anos 90, intensificaram-se os investimentos em urbanização,
desenvolvimento sócio-econômico, recuperação e preservação ambiental.
4.3.1.4 Regional Bento Ferreira/Jucutuquara
Compreende 13 bairros, cerca de 4,9 milhões de metros quadrados, com população
aproximada de 34 mil pessoas.
As áreas planas resultaram de aterros, ficando ao nível ou até mesmo abaixo do
nível do mar, o que vem demandando altos investimentos em sistemas de
drenagem. Cortam essa região as principais vias de tráfego da cidade.
61
4.3.1.5 Regional Praia do Canto
Compreende 9 bairros, cerca de 5,2 milhões de metros quadrados, com população
aproximada de 28 mil pessoas.
É a região com melhor infra-estrutura da cidade, abriga ilhas, praças e praias
famosas e tem intensa atividade de comércio e serviços.
4.3.1.6 Regional Maruípe
Compreende 12 bairros, cerca de 3,6 milhões de metros quadrados, com população
aproximada de 53 mil pessoas.
De ocupação antiga, a região guarda um pouco da história da cidade no Museu
Solar Monjardim, abriga o Hospital Universitário e o Parque do Horto de Maruípe, o
maior da cidade.
4.3.1.7 Regional Continental
Compreende 13 bairros, cerca de 12,5 milhões de metros quadrados, com
população aproximada de 59 mil pessoas.
Localizada ao Norte da Baia de Vitória, a região abriga a Universidade Federal do
Espírito Santo e os locais de produção de panelas de barro, utilizadas para preparar
a moqueca capixaba artesanato de origem indígena com mais de 400 anos.
4.3.1.8 Regional Jardim Camburi
Cerca de 2,6 milhões de metros quadrados, com população aproximada de 2,4 mil
pessoas. Localizada ao Norte da Baia de Vitória, a regional é formada pelo bairro
Jardim Camburi e abriga a praia de Camburi, uma das mais famosas da cidade.
62
4.3.2 Subdivisões do Município de Vitória - Portal de Gestão: Praças
de Vitória
Relação de praças e datas para a manutenção no município de Vitória, por área
administrativa:
4.3.2.1 Administração Regional I:
Local: Centro de Vitória
Período: Dezembro, 2006.
Praça Oito de Setembro (Jerônimo Monteiro)
Praça Ubaldo Ramalhete Maia (ponto de referência: Rua 7)
Praça Presidente Getúlio Vargas
Praça Costa Pereira,
Praça Irmã Joshepha Hosanah
Praça Misael Pena
4.3.2.2 Administração Regional II:
Local: Grande Santo Antônio
Período: Janeiro, 2007.
Praça João Coelho de Oliveira (bairro Santa Teresa)
Praça Caitano Bassini (bairro Bela Vista)
63
Praça do Flamboyant (bairro Universitário)
4.3.2.3
ADMINSTRAÇÃO REGIONAL III:
Local: Bento Ferreira
Período: Novembro, 2006.
Praça Asdrúbal Soares (bairro Jucutuquara)
Praça Prefeito Oswaldo Guimarães (bairro Bento Ferreira)
Praça Altemar Dutra (bairro de Lurdes)
4.3.2.4 Administração Regional IV
Local: Maruípe
Período: Novembro, 2006.
Praça Victor Fritoli Navarro
Praça Daniel Acioli
Praça Vicente Guida
4.3.2.5 Administração Regional V:
Local: Praia do Canto
Período: Outubro 2006, Novembro a Março, 2007.
Praça Dr. Durval Avidos (Enseada do Suá)
64
Praça Cristóvão Jacques (do Cauê)
Praça Dr. Demócrito Freitas
Praça dos Desejos
Praça dos namorados
4.3.2.6 Administração Regional VI:
Local: Região Continental
Período: Dezembro, 2006.
Praça Irene Terezinha Grecchi (bairro República),
Praça Cacilda Caulit Schwab (bairro Sólon Borges)
Praça Prof. Collares Júnior (bairro Sólon Borges)
Praça Odilon Grijó (bairro Sólon Borges)
Praça Leonardo Moreira da Silva (bairro Jabour)
4.3.2.7 Administração Regional VII:
Local: São Pedro
Período: Julho a Setembro, 2007.
Praça Rita de Cássia (bairro Resistência)
Praça dos pescadores (bairro São Pedro I)
65
Praça da Igreja Católica (bairro São Pedro I)
Praça 22 de dezembro (bairro São Pedro II)
Praça do Centro de Educação Ambiental (bairro Conquista)
4.3.2.8 Administração Regional VIII:
Local: Jardim Camburi
Período: Julho a Setembro, 2007.
Praça Maria Soares Alves
Praça Sagrada Família
Praça Mário Elias da Silva
Praça Miguel Arcanjo Fraga
4.4 PRAÇAS POR REGIONAL
REGIONAL QUANTIDADE PORCENTAGEM
1 - Centro 27 16%
2 - Santo Antônio 27 16%
3 - Bento Ferreira 19 11%
4 - Maruípe 22 13%
5 - Praia do Canto 17 10%
6 - Continental 34 21%
7 - São Pedro 8 5%
8 - Jardim Camburi 13 8%
TOTAL 167 100%
QUADRO 5 - PRAÇAS POR REGIONAL EM NÚMEROS ABSOLUTOS
Fonte: PMV (2005).
66
Figura 8 - Praças por regional
Fonte: PMV (2005).
Para atingir os objetivos propostos foram adotadas etapas para o desenvolvimento
do trabalho, assim podendo ser preliminarmente descritas:
a) Levantamento de áreas públicas existentes no município de Vitória-ES, nos limites
das regionais administrativas, através de, visitas a campo e coleta geral de
informações;
b) Levantamento das áreas previamente classificadas como praças, seguindo
conceito proposto através de ida a campo e registro da situação atual;
c) Registro das informações por regionais;
d) Análises com base em aspectos qualitativos e quantitativos
e) Mapeamento e registro das análises através de mapas, textos, fotos e etc;
PRAS POR REGIONAL
16%
16%
11%
13%
10%
21%
5%
8%
1 – Centro
2 – Santo Antônio
3 – Bento Ferreira
4 - Maruípe
5 – Praia do Canto
6 – Continental
7 – São Pedro
8 – J. Camburi
67
1
2
3
1
2
3
PRAÇA ENQUANTO EQUIPAMENTO URBANO
Localização em relação à região administrativa
Atividades realizadas
Usuários eventuais
Entender quais são os materiais em utilização (manutenção e especificação)
Qualificar os tipos de espaços da praça: áreas verdes, configuração, elementos complementares.
USO E APROPRIAÇÃO
Perfil do usuário (atividades, freqüência, atributos prioritários, conforto, satisfação e motivação )
QUADRO 6 - ANÁLISE DAS PRAÇAS, EQUIPAMENTO URBANO E USO E APROPRIAÇÃO
Fonte: Santos (2008).
Nos levantamentos de campo, foi preenchido um cadastro de praças (ANEXO), com
a opinião dos eventuais freqüentadores das praças pesquisadas.
Na tabela a seguir foi feita uma síntese das respostas colhidas.
TABELA 1 - AVALIAÇÃO DAS ENTREVISTAS
Homens
Mulheres
Questão 1
Freqüência na praça dos usuários:
Costumam freqüentar (54,55%).
Freqüentam pouco (45,45%).
Costumam freqüentar (56,63%).
Freqüentam pouco (43,37%).
Questão 2
Atividades: Esperar o comércio
abrir (42,17%) Atividade não
definida (38,55%).
Esperar o comércio abrir
(39,77%) Atividade não definida
(34,09%).
Questão 3
Atributos prioritários: A primeira
opção indica critério de conforto
ambiental (sombra 53% - ventos
22,89%). A segunda opção critério
de localização (proximidade do
entorno) e visualização.
A primeira opção indica critério
de localização (proximidade do
entorno 32,95% e visualização
20,45%). A segunda opção
critério de conforto ambiental
(sombra/sol 19,32%).
68
Questão 4
Conforto dos bancos: Banco bom
(60,24), ruins (25,03%) e ótimo
(14,46%).
Banco bom - 54,55%, ruins
(30,68%) e ótimo (14,77%).
Questão 5
Entorno que freqüenta: Comércio
(55,42%). Agências bancárias
(20,48%).
Comércio (61,36%). Agências
bancárias (17,15%).
Questão 6
Insatisfação em relação à praça:
Manutenção da praça (51,85%).
Estão satisfeitos com tudo
(22,22%). Melhoria de
equipamentos (16,05%). Criação
de atrações (3,70%). Estética da
praça (2,40%).
Manutenção da praça (38,20%).
Estão satisfeitos com tudo
(25,84%). Melhoria de
equipamento (14,60%). Criação
de atrações (13,48%). Estética
da praça (7,86%).
Fonte: Santos (2008).
Os ambientes das praças definidos para a avaliação desta pesquisa foram os
ambientes de permanência relacionados com os espaços de bem estar, como por
exemplo, os bancos (Item 4 - Tabela 1).
A partir das definições do ambiente da praça que pretendeu avaliar, identificou-se o
objeto de estudo que melhor representa essa proposta dentro da área urbana
prevista para avaliação.
Para tanto, foram entrevistados aleatoriamente, alguns usuários das praças em
estudo e o resultado apresentado na figura 9 demonstra, por exemplo, relacionado
ao quesito conforto, a situação dos bancos:
69
Figura 9 - Avaliação do estado de manutenção dos bancos
Fonte: Santos (2008).
4.5 PARTICIPAÇÃO POPULAR: DIREITO AO LAZER NAS PRAÇAS
A Constituição Federal de 1988 definiu um novo pacto federativo que resultou em
grandes transformações quanto à transferência de capacidade decisória, funções e
recursos para os Estados e, fundamentalmente, para os municípios.
Mas é também de conhecimento que a descentralização de corte municipalizante
acarretou a indefinição das competências e atribuições dos Estados, criando um
vazio no que tange à atenuação das desigualdades regionais.
Com efeito, tais mudanças requerem um processo de transição em que a instituição
de novas relações intergovernamentais está condicionada pela capacidade de
negociação de diversos conflitos e interesses, como também dependem da
redefinição de objetivos, funções e reforma administrativa das agências
governamentais, que agora possuem novas atribuições.
Mas, ainda que o poder local, hoje, se invista de uma relevância inegável, muitos
autores têm chamado atenção para a importância estratégica do poder central em
CONFORTO DOS BANCOS
14%
61%
25%
ÓTIMO
BOM
RUIM
70
Estados Federativos na promoção, por exemplo, de medidas regulatórias e
corretoras das distorções inter-regionais.
Pode-se então dizer que é precisamente no estudo de contextos sociais como os
que são marcados pela presença do poder local que se consegue entender por que
razões o poder é algo importante, ou mesmo algo de precário, mas fundamental
para a existência de uma sociedade democrática.
De acordo com a apresentação das teorias do poder, arroladas em DOWBOR
(1994), tem-se o poder do Estado (figura maior do poder), os poderes das classes,
grupos sociais ou das elites, o poder inscrito nas microestratégias do cotidiano, e
ainda, outros poderes de influência, como o da Igreja ou o dos meios de
comunicação. Essa pluralidade de poderes surge quando colocada no contexto mais
restrito do poder local.
O poder local aparece sempre mediado pela figura do poder do Estado, uma vez
que é no cruzamento das várias concepções do Estado e das lutas simbólicas por
elas desencadeadas que se projeta igualmente a idéia da atuação do Estado em
nível local.
4.6 A ESFERA MUNICIPAL
O que está em jogo atualmente é a capacidade da esfera municipal para gerir de
forma eficiente as políticas públicas locais. Porém, o efetivo exercício dessas novas
competências está permeado por atributos locais de natureza variada, tais como
capacidade econômica, grau de desenvolvimento urbano, perfil de distribuição da
renda, localização geográfica, competência técnica, capacidade de governança,
capital cívico, dentre outros fatores.
Os estudos realizados sobre o problema têm enfatizado o sentido incremental desta
capacidade de gestão. Não se trata de conceber o estágio atual como ponto de
partida, a partir do qual se caminharia gradualmente para uma gestão ótima,
71
democrática e eficaz. O que se põe em relevo é que se vem construindo no país
uma trajetória particular e cumulativa, de descentralização efetiva, que se processa
em meio a um contexto no qual se redefinem competências e responsabilidades no
nível legal, as quais são incorporadas diversamente pelas diferentes estruturas
locais e pelos atores sociais aí atuantes, contribuindo para o amadurecimento do
próprio processo em si.
Cabe lembrar que a implementação das políticas de corte social teve
freqüentemente o nível local como co-participante, em geral na condição de nível
executor. O que muda nas circunstâncias atuais, como vimos, é o aumento da
competência dos espaços locais na definição e gestão destas políticas (DOWBOR,
1996).
No Brasil, é consenso entre os autores que o viés centralizador se explicita, em sua
dimensão mais acabada, nas políticas sociais. É no terreno da redefinição de
competências entre esferas de governo, na promoção de políticas e programas
sociais, que surgem com nitidez os dilemas envolvidos no redesenho do Pacto
Federativo entre nós. Tais dilemas se apresentam na medida em que, desde suas
origens no pós-30, a intervenção governamental na esfera social tem sido realizada
em meio à centralização política e à concentração de poder decisório no Executivo
federal.
Mais do que isso, é no contexto autoritário e centralizador dos anos 60-70 que se
molda o perfil da política social no Brasil em seu sentido amplo, uma vez que até
então a intervenção do Estado na questão social no Brasil teve um caráter
fragmentário, com baixo índice de cobertura, e frágeis aportes financeiros.
Os municípios enfrentam atualmente novas demandas na área sócio-econômica.
Apesar de manter a infra-estrutura, as prefeituras municipais desenvolvem
atividades em saúde, educação e fomento do desenvolvimento.
72
Por ser a instância que tem maior proximidade com a sociedade civil, o município é o
que mais permite democratizar os recursos e a gestão pública. Desse modo, o
exercício de cidadania política, que é a convivência harmônica e complementar da
democracia direta e da democracia representativa, só é possível na instância local
de poder, nos municípios, nas cidades, onde vivem os cidadãos.
As prefeituras municipais, por sua proximidade ao cidadão, estão em grandes
condições para elaborar respostas múltiplas, específicas, diferenciadas frente aos
distintos problemas das populações. Isso lhes permite precisar as características do
grupo-objetivo e desenhar ações adaptadas a ele. Assim, ingressam no terreno das
políticas sociais e econômicas, ocupando um espaço até agora reservado ao Estado
central. Em meio a transformações, os municípios aparecem como uma instituição
capaz de assumir os desafios emergentes.
Essas ações dependem vitalmente de soluções locais e de momentos políticos, e as
propostas demasiado globais simplesmente não funcionam, na medida em que
enfrentam interesses dominantes organizados, e complexidades políticas que
inviabilizam os projetos. Enfim e, sobretudo, o município permite uma
democratização das decisões, na medida em que o cidadão pode intervir com muito
mais clareza e facilidade em assuntos da sua própria vizinhança, e dos quais tem
conhecimento direto, sem a mediação de grandes estruturas políticas (BAVA, 1996).
A incapacidade do Estado central em proporcionar serviços básicos à população, faz
com que esta pressione o poder municipal, através dos movimentos sociais, para
que aquele se responsabilize por suas necessidades. Além disso, passa a ocorrer
um processo de inovações municipais realizado por setores democrático-
progressistas, cujo destaque é dado pelo que trazem de inovações democráticas
conjugadas a tentativas de enfrentar localmente a crise dos serviços e das finanças
públicas.
Isso pressupõe o rompimento com alguns traços dos governos locais que eram
predominantes, como a dependência ou subordinação às outras esferas; a relação
73
de identidade com o poder econômico e elites locais e o distanciamento ou o
paternalismo com as classes subalternas (PINHO, 1996).
A importância de um papel mais significativo da instituição municipal está em estreita
relação com o aumento das instâncias de participação democrática na vida local. O
cidadão deve encontrar nas instituições locais a possibilidade de atuar e de realizar
propostas. A noção de cidadania local, para além de desvios clientelistas, deveria
ser desenvolvida como instrumento de democracia local, de participação e de
compromisso da população com os destinos de sua localidade. Alguns autores
defendem que é possível enfrentar os problemas locais e implementar políticas
sociais que visem à melhoria da qualidade de vida através de formas criativas e de
experiências inovadoras, com a participação da população na gestão municipal,
obtendo-se resultados espetaculares a curto prazo.
Não só se reconhece a capacidade da população de tomar decisões políticas e
torná-las práticas sociais efetivas, mas vai-se além, atribuindo às prefeituras a
responsabilidade de estimular esse tipo de participação e contribuir para o
florescimento de uma nova cultura política, isso demanda a necessidade de imprimir
transparência às ações de governo, criar mecanismos que permitam o acesso da
população às informações, promover iniciativas que estimulem a organização
popular e possibilite o acompanhamento, a fiscalização dos projetos
governamentais, além de criar espaços públicos plurais de formulação, negociação e
decisão das políticas municipais. É a partir do debate sobre descentralização, Pacto
Federativo e reforma do Estado na década de 80 que se retoma a valorização do
poder local (DOWBOR, 1994; BAVA, 1996).
A municipalização das políticas públicas vem tornando-se um assunto comum nas
discussões sobre a modernização do Estado, por ser o meio mais viável de reduzir
as grandes desigualdades existentes entre as regiões do país e uma maneira para
melhorar a eficiência, eficácia ou a efetividade da administração pública.
74
O dimensionamento do novo desenho adquirido pelos espaços locais, depositários
de grandes responsabilidades políticas, impõe a necessidade de estudos que
tenham por objeto análises territorialmente localizadas. A análise de como a
instância de governo local vem respondendo às novas exigências postas ao
desenvolvimento e à gestão da política pública de lazer fomenta indagações
relevantes sobre o imbricamento entre os marcos institucionais atuais da política
formulada para o setor e as retraduções no plano da sua implementação,
potencializadas ou limitadas pelo perfil do poder político em cada caso específico
(COELHO, 1996).
Com o objetivo de reduzir o alvo do governo federal, transfere-se o poder decisório
através do desenvolvimento de políticas locais, sendo a participação social
fundamental para esse processo. Pode-se dizer que a participação social permite
que haja maior efetividade no processo de descentralização, mas ela depende da
maturação de condições históricas e sociais inerentes a cada região ou localidade.
A administração local deve assumir um papel catalizador das forças sociais não só
em relação aos serviços básicos, mas também dos grandes objetivos de médio e
longo prazo da comunidade. Ressalte-se também a impossibilidade dos vereadores
representarem efetivamente os interesses complexos e em plena transformação dos
principais atores sociais do município.
4.7 PATOLOGIAS E DURABILIDADE
Em função de diversos fatores tais como: preocupação com a segurança do usuário,
acidentes que aconteceram recentemente, o imenso número de edificações com
sintomas patológicos (incluindo as obras públicas, no caso as pontes rodoviárias),
alteração do meio ambiente no qual a edificação está inserida, o estudo dos
problemas nas construções tem crescido de maneira acentuada.
75
Quando se estuda Patologia, deve-se ter em mente algumas definições básicas para
o perfeito entendimento do assunto. Segundo Souza e Ripper (1998), podem-se
definir os seguintes conceitos:
Durabilidade: Capacidade de um material manter-se acima das condições mínimas
de segurança e utilização, mantendo suas propriedades iniciais, para qual foi
projetado.
Vida Útil: Período de tempo em que as propriedades de um material permanecem
acima das condições mínimas de segurança e utilização (desempenho).
Manutenção: Ações destinadas a manter o material em condições de uso.
Desempenho: comportamento em serviço de cada produto, ao longo da vida útil, e a
sua medida relativa espelhará, sempre, o resultado do trabalho desenvolvido nas
etapas de projeto, construção e manutenção.
Os problemas patológicos salvo raras exceções apresentam manifestação externa
característica, a partir da qual se pode deduzir qual a natureza, a origem e os
mecanismos dos fenômenos envolvidos, assim como se pode estimar suas
prováveis conseqüências.
Como se nota, o processo de execução é muito importante quando se trata de
prevenção de problemas de manutenção.
4.7.1 Manifestações patológicas nas praças públicas do município
de Vitória-ES
Várias são as falhas possíveis de ocorrer durante a etapa de concepção das
estruturas. Elas podem se originar durante o estudo preliminar (concepção e
lançamento da estrutura), na execução do anteprojeto, ou durante a elaboração do
projeto de execução, também chamado de projeto final de engenharia.
76
Iniciada a execução, podem ocorrer falhas das mais diversas naturezas, associadas
às causas tão variadas como a falta de condições locais de trabalho (cuidados e
motivação), não capacitação profissional da mão-de-obra, inexistência de controle
de qualidade de execução, má qualidade de materiais e componentes,
irresponsabilidade técnica e até mesmo sabotagem.
Acabadas as etapas de concepção e de execução, e mesmo quando as mesmas
foram executadas com qualidade adequada, as estruturas podem vir a apresentar
problemas patológicos originados da utilização errônea ou da falta de um programa
de manutenção adequada, como demonstrado na figura 10.
Figura 10 - Estrutura apresentando patologia em estado avançado de corrosão
Fonte: Coordenação de Manutenção de Parques e Praças da PMV (2007).
77
Figura 11 - Mesa apresentando problemas Figura 12 - Mesa vandalizada
Fonte: Coordenação de Manutenção de Parques e Fonte: Coordenação de Manutenção de parques e
Praças da PMV (2007). Praças da PMV (2007).
Figura 13 - Mesa em manutenção Figura 14 - Mesa sendo recuperada
Fonte: Coordenação de Manutenção de Parques e Fonte: Coordenação de Manutenção de Parques e
Praças da PMV (2007). Praças da PMV (2007).
Uma vez decidida as medidas que serão tomadas e se entre elas estão a reparação
ou reforço da estrutura, será necessária a elaboração de um projeto. Esse projeto
poderá ser simples, no caso de pequenas reparações ou complexo, quando o
mesmo envolve reforços importantes, pois além do próprio reforço, o projeto deverá
contemplar os condicionantes de caráter funcional.
78
Figura 15 - Estrutura apresentando degradações, embora estabilizada
Fonte: Coordenação de Manutenção de Parques e Praças da PMV (2007).
Figura 16 - Estrutura apresentando defeitos progressivos
Fonte: Coordenação de Manutenção de Parques e Praças da PMV (2007).
79
Figura 17 - Praça apresentando falta de manutenção
Fonte: Coordenação de Manutenção de Parques e Praças da PMV (2007).
Figura 18 - Praça abandonada
Fonte: Coordenação de Manutenção de Parques e Praças da PMV (2007).
80
Figura 19 - Banco danificado
Fonte: Coordenação de Manutenção de Parques e Praças da PMV (2007).
Figura 20 - Bancos recuperados
Fonte: Coordenação de Manutenção de Parques e Praças da PMV (2007).
81
Figura 21 - Praça com a devida manutenção
Fonte: Coordenação de Manutenção de Parques e Praças da PMV (2007).
Figura 22 - Praça bem cuidada
Fonte Coordenação de Manutenção de Parques e Praças da PMV (2007).
82
5 PROPOSTA DE UM MODELO CONCEITUAL PARA A
MANUTENÇÃO DAS PRAÇAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE
VITÓRIA - ES
O diagnóstico encontrado no processo de manutenção das praças públicas de
Vitória do Estado do Espírito Santo identificou significativos problemas existentes no
mesmo.
Com o objetivo propor um modelo conceitual para a manutenção das praças
públicas do município de Vitória do Estado do Espírito Santo, neste capítulo são
apresentados alguns conceitos sobre a teoria de sistemas, desenvolvimento e
construção sustentável, para a posteriori, propor-se o modelo conceitual teórico.
5.1 TEORIA DE SISTEMAS - CONCEITOS
Para facilitar o entendimento do modelo é indispensável relembrar alguns conceitos
do estudo de sistemas.
Sistema pode ser definido como: “[...] um conjunto de elementos inter-relacionados
de qualquer tipo [...]” (ACKOFF, 1973, apud CALMON, 1987, apud FIOROT, 2006,
p.199).
Um sistema é mais do que a soma de suas partes, é um todo indivisível. Ele
perde suas propriedades essenciais quando é considerado decomposto. Os
próprios elementos de um sistema podem ser sistemas, e todo sistema
pode ser parte de um grande sistema (ACKOFF, 1973, apud CALMON
1987, apud FIOROT, 2006, p.199).
De acordo com Calmon (1987, p. 7):
É válido salientar que a preocupação com os sistemas trouxe com ela um
modo sistêmico de pensar e com ele a era de sistemas, na qual há maior
interesse em considerar as coisas ou objetos em conjunto do que em tomá-
los em separado (CALMON, 1987, apud CALMON, 1997, apud FIOROT,
2006, p. 200).
83
Para Ackoff (1973), esse modo sistêmico de pensar, quando aplicado aos problemas
de sistemas, pode ser chamado de abordagem de sistemas.
Checkland (1983), define sistema de atividades humanas como:
Um sistema imaginário intencional que expressa alguma atividade humana
com objetivo, atividade que poderia em princípio ser determinada no mundo
real. Tais sistemas são imaginários no sentido de que eles não são
descrições das atividades do mundo real, mas são construções intelectuais;
são tipos ideais que são usados em debates sobre possíveis mudanças que
devem ser introduzidas nas situações problema do mundo real
(CHECKLAND, 1983, apud CALMON, 1987, apud FIOROT, 2006, p. 200).
É importante lembrar, ainda, que para Calmon (1987), no conjunto dos sistemas de
atividades humanas, podem-se colocar quaisquer tipos de organizações nas quais
se buscam tomar decisões.
A definição de modelo conceitual, na metodologia de sistemas, compreende as
atividades que o sistema deve executar (CALMON, 1987, apud FIOROT, 2006).
Um conjunto estruturado das atividades ligadas entre si, pode ser tomado como “um
sistema”, uma vez que essas atividades podem ser descritas em função de
propriedades emergentes, como hierarquia, comunicação e controle.
Checkland (1972, apud CALMON, 1987, apud FIOROT, 2006) desenvolveu uma
metodologia de sistemas, que possui dois tipos de atividades: atividades que
envolvem pessoas da situação problema e estabelecem-se no “mundo real”
(estádios 1, 2, 5, 6 e 7) e as que se estabelecem através do pensamento de
sistemas, que podem ou não envolver pessoas da situação problema, o que
depende das circunstâncias individuais do estudo (estádios 3, 4, 4a e 4b).
A Figura 23 abaixo usada como referência ilustra melhor os dois tipos de atividades,
aquelas desenvolvidas no “mundo real” e aquelas que se desenvolvem através do
pensamento de sistemas.
84
Figura 23 - Metodologia de Checkland
Fonte: Checkland (1972) apud CALMON (1987) apud Fiorot (2006).
Wilson (1984) esclarece que na construção dos modelos conceituais, as atividades
neles contidos são as mínimas necessárias para um dado nível de resolução, ou
grau de detalhe. O nível de detalhe pode ser aumentado redefinindo-se um conjunto
de atividades selecionadas ou cada atividade do modelo inicial, como um sistema e
através do mecanismo das definições básicas, produzindo-se modelos conceituais
num segundo nível de resolução. Dessa forma, os níveis de resolução podem ser
cada vez mais aumentados, estabelecendo-se um processo de desenvolvimento
hierárquico conforme já ilustrado na Figura 23.
“Um modelo conceitual é um modelo de um sistema de atividades e, portanto, estas
atividades devem ser expressas por verbos [...] e montadas numa seqüência lógica”
(CALMON, 1987, p. 47).
Uma visão mais completa da Teoria de Sistemas se encontra também nesse autor.
Para Calmon (1987), em princípio, a aplicação da metodologia pode ser feita em
qualquer estádio, inclusive a interação entre os vários estádios e o retrocesso
85
durante a sua aplicação são essenciais, conforme tem mostrado a experiência dos
que a tem usado. Deve-se usá-la como um quadro de referência de receita.
5.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS
Segundo a visão de Capra (1999), citado por Fiorot (2006), o desenvolvimento
sustentável não faz referência apenas ao tipo de interação humana com o mundo
que preserva ou conserva, em especial para não comprometer os recursos naturais
das gerações futuras, ou visa unicamente à manutenção prolongada de entes ou
processos econômicos, sociais, culturais, políticos, institucionais ou físico-territoriais.
O desenvolvimento sustentável tem uma função complexa, que combina de uma
maneira particular, cinco variáveis de estado relacionadas às características acima.
Salienta ainda que se podem aprender valiosas lições extraídas do estudo de
ecossistemas, que são comunidades sustentáveis de plantas, de animais e de
microorganismos. E ainda, para compreender essas lições, precisam-se entender os
princípios de organização das comunidades ecológicas e usar esses princípios para
criar comunidades humanas sustentáveis.
Na verdade, os padrões sustentáveis de produção e de consumo precisam ser
cíclicos, imitando os processos cíclicos da natureza. A parceria é uma característica
essencial das comunidades sustentáveis.
A construção civil é o setor que mais consome material. A transformação desses
materiais brutos em bens e muitas vezes a necessidade de transportar os materiais
por longas distâncias exige uma quantidade adicional de recursos, ocasionando
cargas ambientais significativas (JOHN et al., 2001). Recursos adicionais de
manutenção, desmobilização e demolição são consumidos após a etapa de
construção do ambiente construído. Em função disso, o setor é também responsável
pelo consumo de parte significativa de energia, água e pela geração de poluentes
(JOHN et al., 2001, apud FIOROT, 2006).
86
A durabilidade expressa pela distribuição de vida útil de um conjunto de
componentes desempenha uma função importante para a obtenção de uma
construção sustentável. Ao relatar conceitos de construção sustentável do ponto de
vista de diferentes países, levantados pela comissão W82 do CIB, Bordeau (1999)
observa que em algumas línguas como o alemão, o finlandês, o romeno ou o
francês, “sustentável” é traduzido como “durável”.
Essa confusão entre sustentabilidade e durabilidade faz sentido, pois uma forma de
aumentar a produtividade dos recursos é aumentar a vida útil dos produtos. Por
outro lado, aumentando-se a durabilidade reduz-se também a quantidade de
resíduos de construção e de demolição (FIOROT, 2006).
O desafio de reduzir o impacto dos seres humanos sobre o planeta não é simples.
Para muitas pessoas, alcançar o desenvolvimento sustentável significa assegurar
acesso a mais recursos, não a menos, e em geral as soluções estão em corrigir
estas desigualdades bem como atingir uma redução global do consumo e do
disperdício (AGENDA 21, 2007).
A construção sustentável é um sistema construtivo que promove intervenções sobre
o meio ambiente, adaptando-o para as necessidades de uso, produção e consumo
humano, sem esgotar os recursos naturais, preservando-os pra as gerações futuras
(ARAÚJO, [19--?])
A humanidade tem a capacidade de tornar o desenvolvimento sustentável, de
assegurar que esse desenvolvimento atenda às necessidades do presente sem
comprometer a capacidade das futuras gerações e que atenda às nossas próprias
necessidades.
87
5.3 MANUTENÇÃO DAS PRAÇAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE
VITÓRIA - UM MODELO CONCEITUAL
Depois da incubação da análise da situação encontrada na Prefeitura municipal de
Vitória no Estado do Espírito Santo, concernente ao processo de manutenção das
praças públicas, pode-se também, elaborar um modelo conceitual de manutenção.
Toda a filosofia do modelo conceitual aqui proposto está baseada em conceitos da
teoria de sistemas, conceitos do desenvolvimento e da construção sustentável. Ao
mesmo tempo em que se buscou a elaboração do modelo conceitual buscou-se
coligar alguns subsistemas relevantes do sistema da instituição pública hipotética,
sendo eles: meio ambiente, saúde, transportes, educação, segurança, econômico-
financeiro, gestão da durabilidade de edificações e infra-estrutura (conhecido como
Obras em instituições públicas), e os outros subsistemas componentes do sistema
da instituição pública hipotética.
Na figura 24 se apresenta o modelo conceitual desenvolvido, em um primeiro nível
de resolução. Verifica-se que a praça é vista como um sistema maior, constituído
dos seus vários subsistemas. Uma vez que não é intenção aqui detalhar todos os
subsistemas relevantes da praça, optou-se por condensá-los nos outros
subsistemas.
88
Figura 24 - Modelo conceitual teórico do subsistema da praça pública
Fonte: Checkland (1972) apud CALMON (1987) apud Fiorot (2006).
Analisa-se que o símbolo apresentado na legenda da figura 24, concebe intercâmbio
entre os diversos subsistemas que compõem o sistema maior; e manifesta que há
uma comunicação entre todos esses subsistemas. Há ainda a interação dos diversos
subsistemas com o ambiente.
O sistema da praça se comunica ainda com o sistema político existente e ainda com
o ambiente do sistema, ou seja, tudo que está fora do sistema da praça como outras
organizações e, com a população em geral.
O subsistema de gestão da durabilidade de edificações e infra-estrutura é visto como
um sistema e ser subdividido em subsistemas, mais detalhados, que são:
planejamento, projeto, construção e uso e manutenção. Esses subsistemas
constituem as etapas principais nos processos de concepção e uso e manutenção
de uma infra-estrutura.
Cada passo do planejamento abraça todas as ações tomadas antes mesmo da
elaboração do projeto. Já na fase de projeto estão envolvidas as características dos
89
materiais, exigências de normas e memoriais, dentre outras para a elaboração do
mesmo.
A etapa de construção, como o próprio nome já diz, entende-se pela construção
propriamente dita da infra-estrutura, envolvendo características técnicas e práticas
de execução.
E por fim, a etapa de uso e manutenção das edificações ou infra-estruturas,
constituída de atividades de manutenção preventiva e corretiva nas praças. É
importante ressaltar que todos esses subsistemas, dentro do sistema de gestão da
durabilidade de edificações e infra-estrutura, têm como um dos seus objetivos, o de
proporcionar uma maior durabilidade em longo prazo da estrutura, comunicando-se
e interagindo entre si.
Não há possibilidade de haver durabilidade das estruturas se esses subsistemas
não interagirem e se comunicarem, por exemplo, o subsistema de uso e manutenção
envia informações ao subsistema de projeto, de problemas que afetaram a
durabilidade da estrutura, proveniente de algum erro de projeto.
Para o subsistema de gestão da durabilidade de edificações e infra-estrutura,
formulou-se como definição básica do subsistema de uso e manutenção o seguinte:
um subsistema do sistema de gestão da durabilidade de edificações e infra-estrutura
deve eficientemente e eficazmente inspecionar, diagnosticar e manter suas
edificações e infra-estruturas com a maior durabilidade e tempo de vida possível,
visando o desenvolvimento sustentável e a otimização dos recursos financeiros.
O subsistema de uso e manutenção, que faz parte do sistema de gestão da
durabilidade de edificações e infra-estrutura, no modelo conceitual proposto, pode
ser ainda expandido, e se subdividir em outros dois subsistemas, que são os
subsistemas estrutura de concreto e outras estruturas, bem como outros
componentes da edificação ou infra-estrutura.
90
Tanto o subsistema estrutura de concreto, como o subsistema outras estruturas e
outros componentes da edificação ou infra-estrutura são compostos pelas seguintes
atividades: inspeção, diagnóstico, manutenção, recuperação e acompanhamento de
estruturas.
Observa-se que, sendo essa uma etapa (uso e manutenção) bastante expressiva
com relação aos seus custos, e considerando ainda que, como todos os
subsistemas do sistema de gestão da durabilidade de edificações e infra-estrutura
devem interagir entre si e proporcionar informações para os demais, este trabalho
apresenta como foco o subsistema de uso e manutenção do sistema de gestão da
durabilidade de edificações e infra-estrutura, e mais particularmente o subsistema de
estruturas de concreto. O subsistema de outras estruturas e outros componentes
das edificações e infra-estruturas não foi enfoque deste trabalho.
Constata-se que o diagnóstico das estruturas é uma atividade componente do
subsistema das praças, dentro do subsistema de uso e manutenção de edificações
ou infra-estruturas. De maneira que se pode definir de forma básica do subsistema
de praça, o componente do subsistema de uso e manutenção de edificações e infra-
estruturas, esperando-se o seguinte: um subsistema que deve eficientemente e
eficazmente inspecionar, diagnosticar e manter suas estruturas de concreto com a
maior durabilidade e tempo de vida possível, visando o desenvolvimento sustentável
e a otimização dos recursos financeiros.
No modelo conceitual do sistema de uma praça qualquer em um 1º nível de
resolução, modelo conceitual do subsistema de gestão da durabilidade de
edificações e infra-estruturas em um 1º nível de resolução, modelo conceitual do
subsistema de uso e manutenção de edificações e infra-estruturas em um 1º nível de
resolução.
Pode-se ainda, a partir do modelo conceitual do subsistema da praça pública, dentro
do sistema de uso e manutenção de estruturas, descrever as seguintes atribuições
91
para a manutenção da praça pública, dentro da gerência de uso e manutenção, uma
vez que ela é o foco deste trabalho:
a) Elaborar manuais de manutenção rotineira, preventiva, corretiva e de recuperação
de estruturas, para servir de guia;
b) Realizar inspeções rotineiras nas praças públicas, de modo a identificar a
necessidade de manutenções rotineira e preventiva;
c) Realizar manutenções rotineira e preventiva nas praças públicas, a partir das
constatações das inspeções rotineiras realizadas, baseados nos manuais de
manutenções rotineira e preventiva;
d) Realizar inspeção, diagnóstico e prognóstico, das praças públicas.
e) Realizar manutenções corretivas e recuperações nas estruturas, quando
apropriado;
d) Garantir que as equipes recebam treinamentos para inspeção, diagnóstico e
manutenção das praças;
e) Manter o banco de dados (inventário) das praças atualizado, contendo dados de
projeto, construção e inspeções, com auxílio de sistemas de localização via satélite;
e, ainda, com informações de manutenções preventivas, corretivas e recuperações
realizadas, inclusive seus custos;
f) Planejar as manutenções necessárias nas praças públicas, elaborando o
orçamento das mesmas;
g) Supervisionar a vida útil e residual das praças públicas, através dos dados do
banco de dados e das informações das inspeções, diagnóstico e prognóstico;
92
h) Realizar a tomada de decisão quanto à manutenção, recuperação ou demolição
de estruturas das praças públicas, embasada nos aspectos técnicos, de segurança e
custo;
i) Propiciar dados para integrar a Gerência de Uso e Manutenção às demais
Gerências, de Planejamento, de Projeto e de Obras, quanto às necessidades de
melhorias nas mesmas, visando maior durabilidade das reformas nas praças
públicas e subsidiando as informações necessárias;
j) Elaborar orçamento para solicitação de recursos à Secretaria de Gestão Integrada
de Planejamento, Projeto, Construção e Uso e Manutenção das praças públicas de
Estruturas, mediante inspeções e diagnósticos realizados nas praças públicas.
Espera-se que com a utilização do modelo sistêmico ou global de pensar, conforme
descrito, a visão da PMV - Prefeitura Municipal de Vitória seja sempre a de
durabilidade.
Ao final, todo este trabalho visa durabilidade o que vai ao encontro dos princípios do
desenvolvimento e da construção sustentável e da otimização na utilização de
recursos.
Todo o detalhamento em termo de organograma, dos subsistemas de uso e
manutenção das praças públicas, pode ser transferido para o outro subsistema de
outras estruturas e outros componentes de edificações e infra-estruturas.
Na pesquisa de Brasiliano (2000) é oferecido um ensaio de aproveitamento dos
conceitos de Engenharia Simultânea na etapa de projeto de empreendimentos na
PMV.
93
5.4 PROPOSTA PARA ROTINA E PROCEDIMENTO DA
CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO DAS PRAÇAS PÚBLICAS DE
ESPORTE E LAZER
Estabelece-se então as diretrizes gerais para a execução de serviços de
conservação e manutenção das praças de Vitória-ES nos subtópicos seguintes:
5.4.1 Execução dos Serviços
Os serviços de conservação e manutenção correspondem às atividades de
inspeção, limpeza e reparos dos componentes e sistemas da edificação ou conjunto
de edificações executadas em obediência a um plano ou programa de manutenção,
baseado em rotinas e procedimentos periodicamente aplicados nos componentes
das praças.
5.4.2 Equipamentos, infra-estrutura e elementos complementares
Todos os componentes da edificação deverão ser periodicamente limpos, de
conformidade com as especificações e periodicidade estabelecidas no plano de
manutenção.
Os serviços de conservação normalmente restringem-se à substituição de elementos
quebrados ou deteriorados. Essa substituição deve ser feita após a renovação do
elemento falho e da reconstituição original, se assim for o caso, de sua base de
apoio, adotando-se então, o mesmo processo construtivo descrito nas Práticas de
Construção correspondentes.
Conforme o caso será necessário a substituição de toda uma área ao redor do
elemento danificado, de modo que, na reconstituição do componente, não sejam
notadas áreas diferenciadas, manchadas ou de aspecto diferente, bem como seja
garantido o mesmo desempenho do conjunto.
94
5.4.3 Tratamentos
5.4.3.1 Das alvenarias
Deve-se descascar ou retirar todo o revestimento do elemento, deixando à mostra a
trinca, rachadura ou área danificada, procedendo então a verificação da causa para
correção. Após correção recomenda-se preenchimento com argamassa de cimento
e areia, até o nivelamento da superfície.
No acabamento, quando do revestimento da alvenaria, é preciso estar atento para a
não formação de áreas com aspectos diferentes.
5.4.3.2 Das pinturas
Tanto na manutenção corretiva quanto na preventiva de qualquer pintura de
componente da edificação, deve-se fazer o lixamento completo da área ou parte
comprometida, tratamento da causa ou falhas quando detectadas. Posteriormente
procede-se a recomposição da pintura como a original ou a nova pintura [que]
desejada.
5.4.3.3 Dos revestimentos de piso
Deve ser verificado se existem problemas na estrutura do piso retirando o
revestimento em placas ou peças. Se houver problemas com a dilatação excessiva,
recomenda-se a execução de juntas para dilatação.
5.4.3.4 Das coberturas
Sempre que houver vazamento ou telhas quebradas recomenda-se recomposição,
seguindo sempre os manuais dos fabricantes e nunca inspecionar ou trocar as
telhas se estivem molhadas.
95
5.4.3.5 Das impermeabilizações
Devem ser refeitas no período recomendado pelos fabricantes. Recomenda-se
retirada total do cobrimento, limpeza das áreas, verificação dos caimentos, das
furações, e nova impermeabilização. Onde for possível substituir por telhado.
5.4.3.6 Das pavimentações em concreto
Recomenda-se substituição de placas danificadas ou restauração parcial com
limpeza das juntas, recuperando as que estiverem ruins, adotando-se processos
construtivos tecnicamente recomendados.
5.4.3.7 Dos pavimentos em blocos de concreto
Devem-se delimitar áreas com afundamento nas inspeções periódicas, realizando
remoção dos blocos para recomposição da camada de base e recolocação de peças
não danificadas.
5.4.3.8 Nas estruturas metálicas
Realiza-se limpeza que pode ser manual ou com escova de aço ou mecânica com
esmeril. Depois da limpeza, mede-se a espessura da chapa no local afetado para
avaliação quanto à segurança e necessidade de reforço da estrutura.
A existência de parafusos frouxos indica uma estrutura com movimentação atípica,
não prevista em projeto. O afrouxamento constante indica possível necessidade
estrutural, pois o mesmo poderá levar à estrutura a ruína por fadiga do material.
Deve-se recuperar trincas em solda, pois o freqüente aparecimento de trincas no
mesmo lugar justifica reforço de estrutura.
96
As falhas ou manchas na pintura da estrutura metálica deverão ser recuperadas
seguindo as recomendações dos fabricantes e o conhecimento do técnico autor do
projeto.
5.4.3.9 Das estruturas de concreto
Problemas na estrutura da edificação podem ser indicados por fissuras, pontos de
corrosão nas armaduras ou deslocamentos excessivos fora do padrão normal.
A análise das características e aspectos dos problemas permite relacioná-las com as
prováveis causas geradoras. Um parecer técnico elaborado por profissional
habilitado será importante no que concerne à definição para a solução do problema.
5.4.3.10 Das estruturas de madeira
Deverá ser observado, durante as inspeções periódicas, se existe deterioração das
peças de madeira, provocada pelo ataque de fungos ocorrentes no conjunto de
condições favoráveis de umidade e temperatura.
Deverá ser removido qualquer acúmulo de água em pontos localizados.
Deve-se dar atenção especial às peças estruturais em contato com o solo, onde
ocorrem as condições favoráveis à deterioração do material.
É preciso avaliar a extensão dos danos e a necessidade de reforço ou substituição
das peças enfraquecidas.
Deve-se contar, ainda, com parecer técnico do projetista ou técnico especializado.
97
5.4.3.11 Das instalações hidráulicas e sanitárias
Os serviços de conservação e manutenção das instalações, preferencialmente serão
executados por empresas e/ou profissionais especializados indicados pelos
fabricantes dos equipamentos ou, se o problema for de rede, por técnico de
comprovada experiência.
O mesmo procedimento deve ser adotado com as Instalações Elétricas e
Eletrônicas.
5.4.3.12 Periodicidade das inspeções
A manutenção de uma praça pública compreende um conjunto de atividades
técnicas, cujo planejamento deve compreender, necessariamente, os períodos
relacionados a duas etapas, conforme determina a Federação Internacional de
Protensão:
a) Manutenção preventiva – envolve o conjunto de ações técnicas realizadas para
prevenir a ocorrência de falhas ou lesões, tomadas com antecedência e a previsão
de intervalos de tempo, durante o período de uso da estrutura. Baseia-se no
diagnóstico apropriado de sintomas patológicos mediante inspeções periódicas
competentes, condicionadas à natureza das ações, tais como, agressividade do
ambiente e a quantidade de vidas envolvidas (FIP, 1988).
Um plano de manutenção preventiva deve ser sempre baseado nos dados obtidos
de inspeções periódicas, como indicam Souza e Ripper (1998), A inspeção periódica
é elemento indispensável na metodologia de manutenção preventiva.
Quando bem executada, é instrumento essencial para a garantia de durabilidade da
construção.
98
Para definir a periodicidade das inspeções, o principal fator a ser considerado é o
acompanhamento das partes reparadas nas primeiras intervenções de recuperação
realizadas. Esse acompanhamento será fundamental para avaliar se as medidas
tomadas cumpriram as funções pretendidas.
Nesse sentido, recomenda-se utilizar duas categorias de inspeções, adaptadas da
metodologia da Federação Internacional de Protensão.
- Inspeção rotineira: realizada em intervalos de no máximo seis meses, elaboradas
pelos técnicos responsáveis pela Divisão de Engenharia da Prefeitura municipal de
Vitória-ES e,
- Inspeção extensiva: também realizada a cada um ano, intercalada com as
rotineiras, objetivando uma investigação mais minuciosa dos elementos e das
características dos materiais componentes da praça, executadas por profissionais
qualificados.
Sugere-se que a estrutura dos bancos e pisos das praças passe por inspeções
alternadas: uma rotineira e outra extensiva.
As inspeções devem ser capazes de indicar os procedimentos necessários de
reparo, com os prazos prescritos de intervenção cumpridos rigorosamente. De
preferência, assim que forem detectadas, as eventuais lesões devem ser reparadas,
evitando que ultrapassem a “fase de iniciação” e sejam impedidas de atingir a “fase
de propagação”, em que a deterioração se agrava e os custos de reparo sobem
consideravelmente.
No caso específico de manutenção de estruturas, a “lei de evolução dos custos”,
(SITTER, 1984 apud HELENE, 1992), indica que adiar uma intervenção pode
significar o aumento dos custos diretos e indiretos em uma progressão geométrica
de razão cinco. O diagrama proposto na Figura 25 expressa claramente essa
situação:
99
Figura 25 - Lei de evolução de custos
Fonte: SITTER, 1984 apud Helene, 1992
Em outras palavras, se aos recursos despendidos com o projeto e a execução
corretos forem atribuídos o valor unitário, o custo da manutenção preventiva seria
cinco vezes maior.
No caso das praças do município de Vitória-ES, cuja prefeitura não dispõe de um
corpo técnico específico para a área de manutenção, propõe-se que se delegue um
departamento que se incumba das inspeções rotineiras, para tanto, julga-se
necessário a adoção de um planejamento das atividades de inspeção. Para melhor
resultado os técnicos devem ser treinados no emprego da metodologia e as
atividades devem ser realizadas de forma contínua, inclusive considerando as
eventuais mudanças do corpo técnico existente.
b) Manutenção corretiva - Conjunto de ações técnicas cuja realização é decidida a
partir do diagnóstico de problemas, que causem o mau desempenho ou afetem a
essência funcional da edificação. As ações podem se propor a recuperar, reforçar ou
mesmo, substituir parte(s) do sistema (FIP, 1988).
Hoje, com a evolução do conhecimento, sabe-se que a vida útil da estrutura
depende, substancialmente, de níveis adequados de manutenção, principalmente
porque os eventuais problemas estruturais, sendo descobertos em seu inicio, teriam
seus efeitos minorados e, como visto, os custos de reparo seriam reduzidos.
Portanto, é fundamental fazer prevalecer o conceito de que as estruturas, mesmo
bem projetadas e construídas, dependem de manutenção.
100
Na figura 26 é apresentado um fluxograma com as etapas que compreendem o
plano de manutenção proposto.
Figura 26 - Modelo de fluxograma para um plano de manutenção
Fonte: Adaptado de Castro et al. (2003).
Um programa de manutenção deve ser precedido de uma metodologia de
elaboração e operação e justificado pelas vantagens que poderão ser observadas no
desempenho da estrutura, ou seja, no prolongamento de sua vida útil.
No limite da vida da estrutura, o sistema tenderia para uma exigência de serviços e
intervenção de reforço. Assim, é necessário ter consciência de que a manutenção é
fundamental para que as estruturas desempenhem as funções para as quais foram
projetadas.
A representação esquemática, mostrada na Figura 27, relaciona o uso
(desempenho) de uma estrutura com a sua vida útil (tempo).
101
Figura 27 - Modelo de desempenho de uma estrutura sob manutenção periódica
Fonte: Adaptado de Cunha (2002).
O gráfico da Figura 27 considera o desempenho de uma estrutura sujeita apenas a
efeitos de seu desgaste natural, passando por manutenção periódica preventiva.
Observa-se que sempre haverá uma perda residual de desempenho. Uma vez
ultrapassado o desempenho limite, previsto para a manutenção preventiva, é
necessário programar a realização de serviços de recuperação para manutenção
corretiva, antes de se ultrapassar o limite crítico de aceitação.
Para a estrutura das praças, tendo por base o modelo de desempenho da Figura 28,
uma proposta de programa de manutenção pode ser representada pelo gráfico,
presente na referida figura, que segue abaixo, em presença das inspeções e dos
estudos efetuados neste trabalho.
102
Figura 28 - Proposta de modelo para o desempenho da estrutura das praças do município de Vitória-ES
Fonte: Adaptado de Cunha (2002).
O trecho (a), na Figura 28, busca representar o desempenho atual da estrutura das
Praças, em que o nível de deterioração calculado para alguns elementos foi
considerado crítico, mesmo com as obras de reparo realizadas. Assim, a estrutura já
teria ultrapassado o primeiro limite de manutenção preventiva, sendo indicada a
recuperação dos elementos afetados, como uma ação de manutenção corretiva, de
modo a readquirir um nível satisfatório de desempenho, simulado pelo trecho (b) da
figura. Uma vez restabelecido um desempenho aceitável, passa a ser necessária a
implantação de um programa de manutenção preventiva periódica para garantir o
prolongamento da vida útil, representado pelo trecho (c).
5.5 LEGISLAÇÃO
5.5.1 Programa de parceria público-privado
São parcerias das Prefeituras com a iniciativa privada para a gestão e prestação dos
serviços públicos que atendam ao interesse da população.
A parceria público-privada (PPP) é concebida como um acordo firmado entre a
administração pública e entes privados, que estabelece vinculo jurídico entre eles,
visando a implantação ou gestão, no todo ou em parte, de serviços,
103
empreendimentos e atividades de interesse público. O programa tem como base a
lei federal das PPP – Parceria Público-Privada (Lei 11079/04).
É preciso criar um fundo garantidor, que salde dívidas, caso o projeto seja
abandonado. O projeto poderá ter prazo máximo de 35 anos, com a possibilidade de
reversão de bens para o município ao final do prazo.
Por iniciativa do Prefeito, o programa pode ser adotado na manutenção de praças e
parques, em obras de pavimentação, no transporte público, na área cultural, entre
outros. Todas as sugestões de PPP devem passar por uma comissão de gerência
do programa municipal, somente depois de analisado tecnicamente, o projeto ou a
proposta podem ser implementados.
5.5.2 Programa de adoção de praças públicas
Pode ser usado para promover a participação da sociedade civil organizada e as
pessoas jurídicas, nos cuidados e na manutenção das praças públicas em conjunto
com o poder público municipal .Permitir que grupos organizados da população
elaborem projetos de utilização das praças públicas para esporte e lazer. Incentivar
o uso mais intensivo das praças por associações esportivas de lazer e de cultura.
104
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse chamado meio ambiente urbano, as praças públicas são bens de uso comum
do povo e contribuem para o embelezamento das cidades, auxiliando, sobremaneira,
na melhoria das condições de saúde dos núcleos urbanos e promovendo o
intercâmbio social e cultural dos cidadãos.
As praças devem ser vistas como espaços territoriais urbanos de relevante valor
ambiental, cabendo, a todos os cidadãos, o dever de protegê-las, mantê-las e
preservá-las, como manda a Constituição Federal de 1998 no seu art. 225, inciso III.
Este trabalho mostra que as praças de Vitória-ES, devem ser inspecionadas
rotineiramente a cada seis meses e extensivamente a cada ano, para indicar os
procedimentos necessários aos reparos.
Uma dificuldade observada durante a pesquisa foi o levantamento do histórico das
manutenções nas praças, as empresas participantes, os serviços realizados, dentre
outras informações importantes para a pesquisa.
Os resultados obtidos a partir do estudo de caso evidenciam a importância de um
controle de qualidade no processo de manutenção das praças de Vitória-ES.
Em relação a fase de projetos deve ser levado em consideração que o conforto
ambiental é muito importante e independe das atividades dos usuários.
A pesquisa realizada aponta que os atributos de localização e visualização são
prioritários para os usuários, mas, em relação à fase de execução, muitas patologias
podem ter ocorrido por falhas humanas e/ou mão de obra inadequada, bem como a
má qualidade dos materiais empregados. Já em relação à fase de uso, a
deterioração dos materiais e componentes pode ser verificada por má utilização dos
usuários, vandalismo e ausência de manutenção, principais causas desses
problemas.
105
Como contribuição, este trabalho apresenta um modelo de fluxograma para um
plano de manutenção das praças de Vitória-ES e apresenta também um modelo
conceitual para a manutenção das praças públicas do município de Vitória-ES,
propondo atribuições para uma gerência de uso e manutenção, estabelecendo
diretrizes gerais para a execução de serviços de conservação das praças públicas
de esporte e lazer.
Com base nesta pesquisa, pode-se observar, ainda, a necessidade de implantação
de um programa de manutenção das praças, que deveria ser priorizado no
planejamento estratégico da PMV. A nosso ver, a administração municipal deve,
juntamente com empresas privadas interessadas nesse equipamento de esporte e
lazer, investir na manutenção preventiva e corretiva desses espaços, reduzindo seus
custos e ampliando sua vida útil.
A conservação das praças, com todos os seus atributos, pode ser o ponto de partida
numa grande cruzada de resgate da qualidade de vida nas cidades brasileiras.
106
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Botânica, São Paulo: Secretaria da Agricultura, Indústria e comércio de São
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35 JOHN, V. M. et al. Durabilidade e Sustentabilidade: Desafios para a
Construção Civil Brasileira. In: WORKDUR - WORKSHOP SOBRE
DURABILIDADE DAS CONSTRUÇÕS, 2., 2001, São José dos Campos.
Anais... São José dos Campos: ITA, 2001. 1 CD-ROM.
109
36 KUO, F. E.; SULLIVAN, W. C. Agression and violence in the inner city: effects
of environment via mental fatigue. Environment and Behavior, n. 33, p. 543-
571, 2001.
37 LAVORANTI, Osmir J. Técnicas de Pesquisa. Paraná, 2005. Disponível em:
<www.est.ufpr.br/~osmir/e220a/T%E9cnicas%20de%20Pesquisa.pdf>.
Acesso em: 09 set. 2005.
38 LEFF, E. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade,
poder. Petrópolis: Vozes, 2001.
39 LOMBARDO, M. A. O processo de urbanização e a qualidade ambiental: os
efeitos adversos do clima. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v.
52, n. 4, p. 44, 1990.
40 MACEDO, S.; ROBBA, F. Praças brasileiras. São Paulo: EDUSP, 2002.
41 MACEDO, S. S. (Org.). Paisagem Ambiente – Ensaios, São Paulo-FAUUSP,
v.1, n. 10, 1995/1999.
42 MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e
execução de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. 5. ed.
São Paulo: Atlas, 2002.
43 MENEGHETTI, G. I. P. Estudo de dois métodos de amostragem para
inventário de arborização das ruas dos bairros da orla marítma do
município de Santos – SP. 2003. 100f. Dissertação (Mestrado em Recursos
florestais). Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, 2003.
44 MESQUITA, L.; SÁ CARNEIRO, A.R.O. Papel dos espaços livres no resgate
da qualidade ambiental do Recife. Disponível em: <http:// www.ceci-
br.org/pesquisas.html >Acesso em: 03 jul. 2005.
45 O que é sustentabilidade. Disponível em:
<http://www.agenda21local.com.br/con2a.htm> Acesso em: 01 out. 2007.
46 ORNSTEIN, S.; BRUNA, G.; LIMA, C. Espaços públicos e semi-públicos: uma
experiência interdisciplinar – Avaliação Pós-Ocupação (APO) como
metodologia de projeto. Boletim técnico, São Paulo-FAUUSP, v. 1, p.29-39,
1994.
47 PAIVA, H. N.; GONÇALVES, W. Florestas Urbanas: Planejamento para
melhoria da qualidade de vida. Série Arborização Urbana. Viçosa: Ed. Aprenda
Fácil, 2002.
48 PINHO, Paulo. A propósito do conceito de qualidade do ambiente urbano:
contributos para a crítica do Livro Verde da União Européia. Revista
INFORGEO, [S.l.], n. 9/10, 1996.
110
49 SILVA, Francisco Assis. História do Brasil: Império e República. São Paulo:
Moderna, 1997.
50 SILVA, Vanessa Gomes da. Avaliação do desempenho ambiental de edifícios.
Qualidade na Construção – Sinduscon, São Paulo, ano III, n. 25, p. 14-22,
2000.
51 SOUZA, Vicente Custódio Moreira de; RIPPER, Thomaz. Patologia,
recuperação e reforço de estruturas de concreto. São Paulo: Pini,
1998.
52 TERRA, C. G. A Escultura Decorativa na Arquitetura Eclética da América
Latina. In: Semana de Cultura e Literatura Hispano-Americanas, 6., 1994, Juiz
de Fora-MG, Anais dos 500 Anos de Hispano-América. Juiz de Fora-MG,
1994, p. 318-320.
53 WILSON, B. Systems: concepts, methodologies and applications. New York:
John Wiley & Sons, 1984.
111
ANEXO A - Entrevista estruturada
PRAÇA: nº árvore: banco:
NOME:
IDADE: data: horário:
PROFISSÃO: Peso/altura: Tempo:
Origem:
ENTREVISTA ESTRUTURADA
1) Você costuma freqüentar a praça?
( ) sim ( ) não
2) Qual a atividade que você está fazendo na praça?
1-( ) apoio 2-( ) ativ. não definidas 3-( ) esperar o com. abrir/pessoas 4-( ) conversar
5-( ) engraxar sapatos 6-( ) ler/escrever 7-( ) lanchar 8-( ) circular 9-( ) esperar,
telefonar 10-( ) fazer trab. Manuais 11-( ) namorar 12-( ) lazer crianças
3) Porque você escolheu este lugar na praça? Escolha três opções por ordem
de importância.
( ) Proximidade com o entorno. (banco, comércio, rua, moto-taxi....)
( ) Visuais (comércio, porto, movimento de pessoas, ruas...)
( ) Fluxos: menor( ) ou maior( )
( ) Integração (dialogar com outras pessoas)
( ) Privacidade
( ) Sombra ( ) Sol
( ) Vento
4) Os bancos são confortáveis?
( ) Bom ( ) Ruim ( ) Ótimo
O que considera ruim: ( ) encosto ( ) assento ( ) altura ( ) material ( ) outros
5) Qual o lugar que você mais freqüenta próximo (entorno) (da) à praça?
( ) Agência Bancária(REAL) ( ) Comércio(rua principal)
( ) Agência Bancária(CAIXA ECONÔMICA) ( ) Receita Federal ( ) Outros
Qual?______________________________________
6) Qual sua insatisfação em relação a esta praça?
112
ANEXO B – Formulário para manutenção de praças
PREFEITURA MUNICIPAL DE VITÓRIA
SEMOB
GMS – Gerência de Manutenção e Serviços
MANUTENÇÃO DE PRAÇAS
(inspeção)
Vitória, / /
Praça:
Regional / Endereço:
Ponto de referência:
Infra-estrutura e Equipamentos
1 Quadra (s)
Precisa (m) de manutenção? ( ) SIM ( ) NÃO
1.1 Alambrado (s) da(s) quadras(s)
Precisa(m) de manutenção? ( ) SIM ( ) NÃO
2 Playground
Precisa de manutenção? ( ) SIM ( ) NÃO
2.1 Alambrado ( ) SIM ( ) NÃO
2.2 Brinquedos ( ) SIM ( ) NÃO
End.: Av. Robert Kennedy, s/n – Bairro Itararé
Tel. 3382 3479 (fax) / 3382 3480
113
PREFEITURA MUNICIPAL DE VITÓRIA
SEMOB
GMS – Gerência de Manutenção e Serviços
3 Banheiros.
Precisa de manutenção? ( ) SIM ( ) NÃO
4 Bancos.
Precisam de manutenção? ( ) SIM ( ) NÃO
5 Campo de Bocha, Guaritas, Papeleiras.
Precisa de manutenção? ( ) SIM ( ) NÃO
6 Equipamentos para exercícios físicos.
Precisam de manutenção? ( ) SIM ( ) NÃO
7 Mesa(s) para jogos.
Precisa(m) de manutenção?
( ) SIM ( ) NÃO
8 Pista(s) (skate, patins e etc.)
Precisa(m) de manutenção? ( ) SIM ( ) NÃO
9 Grades dos canteiros
Precisam de manutenção? ( ) SIM ( ) NÃO
10 Pavimento(s)
Precisa(m) de manutenção? ( ) SIM ( ) NÃO
11 Outros (orelhão, PEV, Monumentos, gola de arvore, Torneiras e etc.)
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
End.: Av. Robert Kennedy, s/n – Bairro Itararé
Tel. 3382 3479 (fax) / 3382 3480
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