1.2 Redes de cooperação
Os seres humanos juntam esforços para atingir seus objetivos, demonstrado na
explicação de Demócrito, apresentada por Cartledge (2001, p. 33-34),
Os primeiros seres humanos levavam uma vida cheia de penúria, pois nada
das coisas que usamos em nossas vidas haviam sido descobertas: eles não
tinham roupas, não sabiam nada de habitação ou do fogo e eram totalmente
ignorantes da agricultura. Já que eles não sabiam como cultivar alimentos
silvestres, eles não guardavam nenhum fruto para os tempos de
necessidade. Assim sendo, muitos morriam durante os invernos, por causa
do frio e da falta de comida; mas eles foram aprendendo gradualmente, com
a experiência, como se refugiar em cavernas durante o inverno e como
podiam armazenar aqueles frutos que podiam ser guardados. E, quando
passaram a conhecer o fogo e as outras coisas úteis, gradualmente também
aprenderam as artes manuais e as outras coisas que facilitam a vida da
comunidade. Pois, como regra geral, em todas as coisas, a própria
necessidade foi à professora das pessoas, fornecendo a instrução
adequada em cada área para uma criatura que era, ao mesmo tempo, bem-
dotada pela natureza e tinha ajudantes para tudo, isto é, mãos e linguagem
e uma mente perspicaz.
Com o passar do tempo às relações se tornaram mais complexas, apesar do
comportamento humano manter instintos e princípios primitivos. Maturana (1987, p.
50) escreve acerca da cooperação social, afirmando que esta surge:
[...] na condição primária do social, o compartilhar tal conhecimento não
pode senão expandir nossos espaços de cooperação e realização mútua.
Por isso, o desenvolvimento socioeconômico da comunidade humana
encontra-se então no mesmo eixo (ético e operacional) do processo de
desenvolvimento de toda vida individual, e portanto, não pode o primeiro se
realizar a expensas deste último, sem se transformar num mecanismo
constitutivamente anti-social.
A cooperação entre os indivíduos está intrinsecamente relacionada com o
desenvolvimento da sociedade, o ser social tem na organização de objetivos
comuns (individuais e coletivos) uma maneira de ampliar e melhorar sua condição de
vida. Portanto, pode-se dizer que o ser social existe a partir de uma rede de
relações e cooperação.
Para Capra (1996, p. 78), as redes são os formatos que se mostram mais
adequados para explicar a vida, pois, “onde quer que encontremos sistemas vivos –
organismos, partes de organismos ou comunidades de organismos – podemos
observar que seus componentes estão arranjados à maneira de rede. Sempre que