Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA: CIÊNCIAS MÉDICAS
Cirurgia de alta freqüência fracionada, nas lesões de alto grau de colo uterino:
uma proposta
Waldemar Augusto Rivoire
Orientador: Profa. Dra. Maria Isabel Edelweiss
Co-Orientador: Prof. Dr. Edison Capp
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Medicina: Ciências Médicas, UFRGS, como
requisito para obtenção do título de Doutor.
Porto Alegre, dezembro de 2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
R626c Rivoire, Waldemar Augusto
Cirurgia de alta freqüência fracionada, nas lesões de alto grau de
colo uterino : uma proposta / Waldemar Augsto Rivoire ; orient. Maria
Isabel Edelweiss ; co-orient. Edison Capp. – 2006.
116 f.
Tese (doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação Medicina:
Ciências Médicas. Porto Alegre, BR-RS, 2006.
1. Colo uterino 2. Ferimentos e lees 3. Cirirgia I. Edelweiss, Maria
Isabel Albano II. Capp, Edison III. Título.
NLM: WP 470
Catalogação Biblioteca FAMED/HCPA
ads:
“We are but as the instrument of Heaven.
Our work is not design, but destiny”
Clytemnestra (pt. XIX), Lord Edward Robert Bulwer Lytton
A Lenira
Companheira de uma vida
A Daniela, Tiago, Monique, Sofia, Vera Lúcia e
Gabriel
Por existirem
A meus pais
Antonietta e Wolmar (in memoriam)
A meus irmãos
Dagoberto (in memoriam)
Eneida
Wylma
Wolmar
Wolney
Wally
Os primeiros e eternos amigos
Ao Prof. Werner Soldan
Mestre, modelo e amigo, que me ensinou a arte da
Oncologia Genital Feminina
AGRADECIMENTOS
A Profa. Dra. Maria Isabel Edelweiss, pela paciência, dedicação, conferindo perto de
mil lâminas. E também pelo amor ao ensino da pesquisa em Medicina.
Ao Prof. Dr. Edison Capp, aluno, colega, amigo, irmão mais novo. Excedeu a linha
do dever. Fez um legítimo tutorial de como se faz uma pesquisa. Nenhum agradecimento
será suficiente.
Ao Prof. Dr. Carlos Henrique Menke, colega, compadre, irmão, pelo companheirismo,
apoio e estímulo constantes, desde os bancos escolares da nossa Faculdade.
À Dra. Daniela Dornelles Rosa, pelo auxílio na revisão do inglês.
Ao Prof. Dr. Fernando Monteiro de Freitas, Professor, Chefe, amigo, incentivador.
Ao Prof. Dr. Sérgio Pinto Machado, aluno, colega, Presidente do Hospital de Clínicas
de Porto Alegre, mas sobretudo amigo.
Ao Prof. Dr. Amarílio Vieira de Macedo Neto, colega, Chefe, amigo.
Ao Prof. Dr. Mauro Antonio Czepielewski, colega, Diretor, amigo.
Ao Prof. Cláudio, colega, Vice-Diretor da Faculdade de Medicina.
A Enfermeiras e Enfermeiros da Zona 6 e do Centro Cirúrgico Ambulatorial.
A Equipe de Oncologia Genital Feminina:
Dra. Heleusa Monego, aluna,colega, amiga, irmã. Orgulho da Medicina gaúcha.
Passo a ti o bastão que me foi passado pelo Mestre Soldan.
Dr. Ricardo dos Reis, que me honrou com o cognome de segundo pai. Aluno, médico
brilhante, colaborador incondicional, amigo para sempre.
Dra. Márcia Appel, aluna, colaboradora competente, médica exemplar, amiga.
Ao Prof. Jorge Buchabqui, Obstetra de nossa Equipe, companheiro de lutas e amigo.
Aos Profs. Solange Accetta e Alberto Abeche pela parceria e companherismo no do
Setor de Ginecologia Infanto-Puberal .
A Bel. Helen Rose Flores de Flores, Bibliotecária Chefe da Faculdade de Medicina,
pelo auxilio e orientação na obtenção dos artigos científicos.
Ao Prof. Dr. Flávio Fuchs, intransigente com a correção, mas flexível quando a
inteligência emocional ordena.
Aos Funcionários da Faculdade de Medicina, pela assistência constante.
8
Aos Funcionários da Zona 6 e Centro Cirúrgico Ambulatorial do Hospital de Clínicas
de Porto Alegre, pelo apoio constante.
A Leopoldo Konzen, aluno, amigo. Pela colaboração na organização da coleta de
dados.
Ao Dr. Luciano Hammes, pela disposição e auxílio na preparação da apresentação.
Aos Médicos Contratados e Residentes do Seviço de Ginecologia e Obstetrícia do
Hospital de Clínicas de Porto Alegre, pela execução dos muitos procedimentos cirúrgicos e
pelo companheirismo.
A Dra. Pola Mira Rynkyewicz, pela competência na condução da anestesia, tornando
sem percalços os procedimentos.
Aos Professores do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da FAMED, queridos
amigos. Professores, médicos contratados e residentes do Serviço de Patologia do HCPA.
Aos Professores do Curso de Pós- Graduação em Ciências Médicas, pelo
entusiasmo, competência e cordialidade.
A Profa. Dra. Sandra Fuchs, pela competência, pelo zelo com que guarda nosso pós-
graduação. Pelo amor à Ciência Médica.
Ao Prof. Dr. Sérgio Barros, incentivador de primeira hora. Facilitador para que os
professores da Faculdade de Medicina façam pós-graduação.
Ao Prof. Dr. Sotero Mengue, que teve a inteligência e a sensibilidade de encontrar
soluções desiguais para situações desiguais.
A Valentino Magno, aluno, colega, amigo. Pelo apoio e colaboração na execução dos
procedimentos e na revisão bibliográfica.
A Vânia Hirakata, pela competência pelo auxílio na análise dos dados.
Ao Dr. Itamar Antônio Dumcke, amigo de infância, irmão, incentivador de toda uma
vida.
Ao Prof. Arnaldo Nicola Ferrari, mestre, amigo, que sempre me apoiou e incentivou
nesta longa jornada.
Ao Prof. Eloi Garcia, Professor de Biofísica, no primeirdo da Faculdade, modelo em
minha formação.
A todos o meu eterno agradecimento.
Waldemar Augusto Rivoire
Dezembro, 2006
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................................10
REVISÃO DA LITERATURA.....................................................................................12
Resenha Histórica .................................................................................................12
A história da eletrocirurgia.....................................................................................20
Princípios da eletrocirurgia ....................................................................................22
Aspectos anatômicos e funcionais do colo uterino ................................................26
Revisão bibliográfica contemporânea....................................................................35
Sangramento.....................................................................................................36
Margens cirúrgicas ............................................................................................37
Mensuração da peça .........................................................................................41
Fragmentação da peça......................................................................................42
Dano térmico e interpretabilidade......................................................................43
Condições do canal cervical pós-tratamento.....................................................44
Adenocarcinoma in situ .....................................................................................46
Seguimento........................................................................................................49
Futuro gestacional.............................................................................................52
OBJETIVOS..............................................................................................................53
Geral......................................................................................................................53
Específicos ............................................................................................................53
REFERÊNCIAS.........................................................................................................54
ARTIGO EM PORTUGUÊS.......................................................................................64
ARTIGO EM INGLÊS................................................................................................92
INTRODUÇÃO
As campanhas de prevenção do câncer de colo uterino têm a função de
detectar neoplasia intra-epitelial (NIC), principalmente de grau II e III. Tratamento
neste estágio tem, teoricamente, uma taxa de 100 % de cura (1). Contudo, o câncer
de colo uterino ainda se destaca, como causa de morte, no Brasil (2). Existem
grandes diferenças regionais entre os diversos estágios da doença, refletindo
influência de fatores econômicos e sociais, campanhas de prevenção e tratamento
de lesões pré-invasivas (3). A incidência de adenocarcinoma invasivo da cérvice
uterina tem aumentado de incidência, particularmente em mulheres jovens,
aumentando a responsabilidade com relação à excisão completa das lesões do
canal cervical (4).
Dos procedimentos ambulatoriais para o tratamento de NIC II e III: cone frio,
crioterapia, laserterapia e cirurgia de alta freqüência (CAF), este último é o mais
utilizado (5). Há controvérsias em relação a custo, segurança, facilidade de uso,
complicações e potencial de permanência de células com grande carga viral (HPV -
Human Papiloma Virus) (6-8). Crioterapia e laserterapia são métodos destrutivos
locais e não produzem peça para exame histopatológico. São caros e requerem
maior treinamento, existindo ainda riscos, para o médico, de lesões oculares e
queimaduras, no caso do laser (1).
Até o final da década de 80 do século XX, a conização a frio do colo uterino
foi o procedimento padrão, para diagnóstico e tratamento das lesões pré-malignas.
Na maior parte dos casos, ela vem sendo substituída por um procedimento que
Prendville (9) denominou “LLETZ” (Large Loop Excision Transformation Zone =
11
Excisão da Zona de Transformação com Alça Grande). Posteriormente, surgiu a
denominação LEEP (Loop Electrosurgical Excision Procedure = Procedimento de
Excisão Eletrocirúrgica com Alça), para o mesmo procedimento. Esta técnica
rapidamente teve aceitação mundial, tornando-se, hoje, o tratamento de escolha
para a esmagadora maioria dos casos de “Lesão Intra-epitelial de Alto Grau” no colo
uterino. Vários milhares de trabalhos surgiram e continuam sendo publicados,
enaltecendo a excelência do método, consagrando o seu criador (1, 6, 7, 10-15).
Embora teoricamente o procedimento idealizado por Prendville (9) deva
fornecer uma peça única, semelhante ao cone obtido com a técnica tradicional, com
bisturi frio, na prática, freqüentemente isto não ocorre. Na impossibilidade de se usar
uma alça suficientemente grande, para retirar toda lesão em um só bloco, quando
ela é maior que 2 cm no diâmetro antero-posterior, acaba-se fragmentando o
pretendido cone em várias porções. Isto dificulta para o patologista o julgamento de
comprometimento ou não das margens cirúrgicas. Artefatos térmicos podem também
prejudicar a avaliação das margens (11, 14). As dimensões exíguas do fundo
vaginal, onde se localiza o colo uterino, são o fator limitante, levando-se em conta
que a alça não pode tocar nas paredes vaginais, sob pena de ocasionar lesão de
bexiga, reto e até ureter, em casos extremos (15). Assim, o objetivo deste trabalho
foi avaliar uma modificação da técnica de conização de colo uterino com Cirurgia de
Alta Freqüência (CAF), visando o fornecimento de peça mais adequada para o
exame histopatológico. Denominamos a técnica proposta Cirurgia de Alta
Freqüência Fracionada (CAFFr).
REVISÃO DA LITERATURA
Resenha Histórica
O primeiro “atendimento médico” que a História registra, remonta a 40000
anos e consistiu da assistência ao parto, feita, presumivelmente, pelo companheiro
da parturiente.
Portanto, a História da Medicina principiou com a Obstetrícia. Na cidade de
Komombo, às margens do rio Nilo, no Egito, há um baixo-relevo datado de vários
milênios antes de Cristo, simbolizando uma parturiente sentada numa “cadeira de
partos”. A primeira prescrição médica que a Historia registra coube aos sumérios,
alguns milênios antes de Cristo, em caracteres pictográficos gravados sobre uma
rocha.
O primeiro procedimento relatado sobre o colo uterino remonta ao século XVI.
A idéia partiu de Ambroise Paré, mas coube a Nikolas Tulpius d’Amesterdam, em
1652, a primeira amputação de colo uterino. A primeira conização, como a que é
conhecida hoje, foi realizada por Lisfranc, em 1815 (16). O segundo registro de
retirada do colo aconteceu em 1870 e pertence a Marion Sims, presumivelmente por
apresentar um tumor. Freund, em 1877, fez a primeira retirada do útero, por
apresentar um câncer (17).
Em 1831, Brown, estudando as células da orquídea, descobriu o núcleo, um
dos componentes fundamentais e constantes da célula. A membrana celular fora
13
descoberta no século XVII. O conteúdo do citoplasma era descrito como gelatinoso,
mucinoso ou mucilaginoso. Purkinge e Von Mohl criaram o termo protoplasma (do
grego protos = primeiro + plasma = formação), baseados em estudos daquele
conteúdo, feitos por Dujardin (18). Hertwig, em 1892, considerava que o protoplasma
era composto por um núcleo, circundado por uma substância “vivente”
(posteriormente, substituiu-se o termo protoplasma por citoplasma). A Citologia,
como ramo da Biologia, surgiu com a monografia de Hertwig, “A célula e os tecidos”
em 1892 (18).
No primeiro quarto do século XX, na Alemanha, por volta de 1911,o Prof. Von
Franqué, diretor da Clínica Ginecológica, na cidade de Giesen influenciou Hans
Hinselmann, seu assistente,a criar um método que possibilitasse enxergar
alterações no colo uterino, que prenunciassem a formação de um câncer, com o fim
de evitá-lo a tempo.
Coroando seus estudos sobre o câncer de colo uterino, iniciados mais de uma
década antes, Hinselmann, já lecionando no Departamento de Ginecologia do
Hospital Municipal de Altona cria, em 1924, o aparelho que denominou colposcópio
(do grego kolpos = vagina + skopeo = olhar com atenção). Kolpos significa também,
um acidente geográfico em forma de fenda, pela qual o mar penetra no continente.
O novo aparelho, destinado a observar e identificar lesões pré-malignas no colo
uterino, foi divulgado no ano seguinte.
Hinselmann criou os termos “atipia epitelial”, para denominar as lesões que
ele relacionava a gênese do carcinoma invasor (19). Eram as matrizes
colposcópicas: leucoplasia, base de leucoplasia e mosaico. Dele também são os
14
termos “hiperplasia epitelial” e distrofia, este último, para designar os processos
regenerativos no colo uterino (20). Introduziu, também, a aplicação de ácido acético
a 2 %, a fim de clarificar a imagem, tornando as áreas de epitélio displásico
brancacentas, pela precipitação das proteínas dos núcleos aumentados e com
arranjo grosseiro da rede de cromatina. Outra ação consiste em contrair os
capilares,provocando, em seguida, uma vasodilatação reativa, aumentando seu
calibre, facilitando assim sua visualização. Hinselmann chamava as alterações
vasculares no colo de “hipertrofia vascular de adaptação” e Stoeckel,
“vascularização carcinomatosa”. Glataar e Kolstadt também deram grandes
contribuições ao estudo da vascularização do colo (21, 22).
O termo ectopia também foi cunhado por Hinselmann. Robert Mayer, o mais
famoso patologista da época defendia a idéia de que a mucosa escamosa se
erosava e era, então substituída pela mucosa cilíndrica, daí surgindo a ectopia de
Hinselmann. Um brasileiro, Eithel Duarte, em 1953, baseado em seus estudos,
contrariou a teoria de Robert Mayer, afirmando que não havia erosão, mas sim o
rolamento da mucosa cilíndrica para fora do orifício externo. Em 1958, Hamperl e
Kaufmann, do grupo Colônia-Bonn, visitam Duarte no Rio de Janeiro e se põem a
par de seus estudos, baseados em cortes histológicos. Oferecem-se para publicar o
trabalho na Europa. Confirmam seus resultados e, efetivamente, publicam um
trabalho sobre o tema (23). Segundo palavras do próprio Duarte, a nós dirigidas,
relata que, não só não lhe deram os créditos da idéia e primeira pesquisa, como
também omitiram seu nome. Isto lhe causou grande desgosto por toda vida.
15
Schiller, em 1928, criou o método cromático que leva seu nome e que
consiste na aplicação de uma solução de lugol, constituída por iodo metalóide e
iodeto de potássio, a uma concentração de 0,33 % (19). Hinselmann usava a
concentração de 2 % e Mestwerdt, a 1 %. Hinselmann denominou “colposcopia
alargada”, a inspeção do colo após a aplicação do lugol. Riepper, no Brasil, usava
essa expressão para caracterizar o exame colposcópico, feito após a aplicação do
ácido acético. O principio no qual se fundamenta o teste de Schiller é que, nos
epitélios displásicos, o glicogênio, presente no citoplasma das células da camada
intermediária do epitélio escamoso, está ausente. Destarte, a reação cromática não
acontece, apontando, com precisão a área a biopsiar (24). Durante a crise genital do
pós-parto, de 6 a 8 semanas, a carga de glicogênio está diminuída, devido à baixa
dos níveis de hormônios. Devido a isto, o teste fica prejudicado. O mesmo ocorre
com a mulher pós-menopáusica, pela mesma razão (25).
Hinselmann e Moglia já prenunciavam que a Zona de Transformação, outra
expressão criada pelo primeiro, formava-se pelo processo de metaplasia e não
através do recobrimento do epitélio cilíndrico pelo pavimentoso (26). Hamperl
chamou de “última glândula”, o orifício glandular ou cisto de retenção localizado mais
perifericamente, no colo. Embora no singular,, quer dizer, até onde a ectopia se
estendeu, naquele raio. Portanto, pode haver muitas “últimas glândulas” (22).
Mestwerdt e Wespi, em 1961, descreveram o “mosaico côncavo”, como indicativo de
micro-invasão (24).
O epitélio escamoso é composto por varias camadas de células. A camada
basal se divide em zona basal profunda (extrato cilíndrico germinativo) e zona basal
16
externa (extrato espinhoso profundo). A camada intermediária (extrato espinhoso
superficial) constitui a camada clara. A camada superficial é composta pela zona
profunda ou de queratinização intra-epitelial e a zona superficial propriamente dita
(extrato córneo) (27). O epitélio escamoso divide-se em: camada germinal, camada
transicional ou basal e camada superficial.
A relativa rara descamação das células glandulares e sua lise mais freqüente
que as células escamosas, dificultam a interpretação dos esfregaços. É uma das
explicações do por que do exame citopatológico ser freqüentemente negativo no
adenocacinoma in situ. A expressão “adenocarcinoma in situ “foi cunhada por
Friedell e McKay em 1953 (28). Sua freqüência é muito menor do que a do
adenocarcinoma invasor. Seria um período de transição muito curto até a invasão ou
é mal diagnosticado? Já em 1972, Schlaen chamava a atenção: a citologia cervical
não é um método adequado para detectar adenocarcinoma, especialmente os
endometriais (29).
O exame citológico, pedra angular do rastreio das lesões pré-malignas no
colo uterino, foi idealizado em 1928, por George Papanicolaou, um médico grego
que se transferiu para os Estados Unidos da América. Já em 1917, ele concluiu que
podia obter células esfoliadas da vagina. Mas só em 1943, em plena segunda guerra
mundial, é que o método foi implementado para largo uso, em todo mundo (30). Este
consiste na retirada por raspagem de células do colo, através de uma espátula de
madeira, idealizada por Ayre, em 1947 (31). O exame se baseia nas alterações
nucleares (discariose): macronucleose, anisocariose, hipercromasia, condensação
da cromatina nuclear, bi-nucleação, aumento do número e volume dos nucléolos,
17
como as principais. A par disto, uma maior ou menor perda de diferenciação, o que
dará o grau da displasia (do grego dis = disfunção + plasis = formação). O
citoplasma não se altera nas displasias. Já no câncer invasor, os núcleos têm
alterações mais marcantes, aparecendo mitoses atípicas e o citoplasma assume
formas bizarras, como fibras ou girino, entre outras (32). O termo diferenciação foi
introduzido por Conklin, em 1924: “toda diferenciação consiste em transformação de
uma condição mais geral e homogênea em outra, mais especializada e
heterogênea” (33).
Em 1938, Kraatz introduziu o filtro verde, que tem por finalidade salientar a
presença de vasos, fazendo com que eles pareçam quase pretos. Isto porque, ao
natural, os vasos são vermelhos sobre fundo rosa, o que não dá muito contraste
(19).
Mestwerdt e Wespi, em 1974, já usavam o teste do azul de toluidina a 1 %,
um corante nuclear, a fim de evidenciar a maior presença de cromatina, no núcleo
das células imaturas que chegavam à superfície na displasia acentuada. A displasia,
termo cunhado por Reagan, na Alemanha, se dividia em leve, moderada e grave,
conforme a altura que atingia a desdiferenciação, na espessura do epitélio
escamoso. Entretanto, eles não lhe deram muita importância. Coube a Richart, nos
Estados Unidos da América, reabilitá-lo e divulgá-lo para todo o mundo (Mestwerdt,
Wespi). Posteriormente, Collins, em 1966, utilizou-o na vulva, e um dentista, na
cavidade oral. Em 1987, Barrasso, na França, introduziu-o na peniscopia (34).
Ainda no âmbito da colposcopia, a Zona de Transformação Atípica (ZTA) era
caracterizada por um epitélio acinzentado, de características confusas, de difícil
18
compreensão. Um achado pouco freqüente é a “base papilar”, em que as papilas do
epitélio escamoso estão aumentadas, deixando ver sua alça capilar dilatada. É típica
do carcinoma “in situ” do colo uterino (35). Coppleson (36), em 1974 na Austrália,
redefiniu a ZTA, como sendo todo o epitélio com pelo menos uma das matrizes
colposcópicas de Hinselmann, com ou sem vasos bizarros (atípicos). Previamente,
ele era considerado epitélio atípico, juntamente com a ZTA. Hinselmann avaliava em
20-40 % a freqüência dos epitélios atípicos, Limberg, em 50,5 % e Mestwerdt, em 8
% (37). A ZTA costuma ter uma extensão de 5-22 mm, raramente ascende, no canal,
acima de 15 mm e praticamente nunca chega a 20 mm (38).
Em 1972, retornando do I Congresso Mundial de Colposcopia, em Mar Del
Plata, Argentina, onde Coppleson expôs sua nova caracterização da ZTA, Soldan,
de Porto Alegre, Brasil, baseado em estudos preliminares, graduou a ZTA em três
graus, que correspondiam a NIC I, II e III (39). Richart em 1966 dividiu as displasias
de células escamosas em três graus: NIC I (neoplasia intra-epitelial grau I), NIC II
(neoplasia intra-epitelial grau II) e NIC III (neoplasia intra-epitelial grau III) (19).
Processos irritativos crônicos, atuando no epitélio escamoso, poderiam levar
ao contínuo biológico, propiciando a progressão da neoplasia cervical intra-epitelial
(NIC) do grau I até o grau III, e daí ao câncer (40). Qualquer atipia epitelial possui o
potencial para invasão. A chance para isto acontecer depende do grau da atipia (41).
Parsons e Sommers, em 1962, apresentam em seu livro (42) um sugestivo desenho,
de autor desconhecido, mostrando a passagem de um anjinho, que representa o
colo normal, até um diabinho, que é o câncer, passando por diversas fases
intermediárias. Durante décadas acreditou-se nesse contínuo biológico. Com o
19
advento do conhecimento da gênese das lesões pré-malignas do colo por ação do
HPV (vírus do papiloma humano), esta teoria vem caindo por terra (39).
As verrugas genitais são conhecidas desde Celsus, no ano 25 AC. Sua
origem viral foi postulada, pela primeira vez, por Ciuffo, em 1907, que se inoculou,
na própria mão, material proveniente de verrugas. Comprovou assim, a etiologia
ligada a um microorganismo, no caso um vírus. A relação entre comportamento
sexual e aparecimento de câncer cervical foi sugerida por Broussais em 1826 e,
posteriormente por Wirchow em 1863. Em 1842, Rigoni-Stern notou que o câncer de
colo uterino era raro em pacientes sem vida sexual ativa. Em 1940, com o advento
da microscopia eletrônica, isto foi confirmado. Rous e Beard, em 1935, compararam
a transformação maligna do papiloma do coelho com o condiloma humano e
sugeriram que ele poderia representar um precursor do câncer humano (43).
Gagnon em 1950 e Jones, em 1958 corroboraram a influência sexual, ressaltando o
inicio precoce das relações e a multiplicidade de parceiros, como fatores
predisponentes ao câncer cervical (44). Em 1966, Rous recebeu o Prêmio Nobel
pela descoberta de tumores induzidos por vírus (45).
Em 1974 Zur Hausen ligou o HPV à gênese do câncer do colo uterino (46).
Meisels refere que há presença do HPV em 80-90 % dos casos de câncer cervical
(47). Estima-se que a infecção pelo HPV tem inicio por volta dos 15 anos, com
prevalência máxima aos 25 anos (48). No final da década de 80 do século XX,
conheciam-se cerca de 40 sorotipos do vírus (49). Hoje, já ultrapassamos 130 tipos
(50). Outros vírus oncogênicos são: vírus da hepatite B, no câncer hepático; vírus
Epstein-Barr no linfoma de Burkit e citomegalovírus, no câncer prostático (44).
20
Em 1988, na cidade de Bethesda (EUA) criou-se a nomenclatura citológica
que leva o nome da cidade (51, 52). Por ela, a NIC I passa a ser denominada Lesão
Intra-epitelial Escamosa de Baixo Grau (LIEBG) e é considerada somente uma
infecção. Seu potencial para progressão situa-se em torno de 10-15 %. A NIC II, NIC
III e o carcinoma intra-epitelial (“in situ “) são agrupados e passam a denominar-se
Lesão Intra-Epitelial de Alto Grau (LIEAG), com potencial de invasão de 10 %. Assim
sendo, uma LIEBG tem somente 1-1,5 % de chance de evoluir para um câncer
invasivo.
Para Nasiell, 16 % dos casos de NIC I podem evoluir para NIC III, em 39
meses, contra 30 % dos casos de NIC II, no espaço de 70 meses. Ele refere que
somente 0,3 % podem chegar ao câncer (53). O carcinoma intra-epitelial pode levar
de 10 a 15 anos, para invadir o estroma subjacente (54).
Com relação ao efeito e associação com o HPV, os tipos 6 e 11 são, via de
regra, os responsáveis pelas LIEBG, enquanto que os tipos 16 e 18, principalmente,
podem causar LIEAG. Outro tipos oncogênicos com potencial intermediário são o 31,
33, 45 e outros (55, 56).
A história da eletrocirurgia
O primeiro uso de energia térmica usada para tratamento de um ser humano,
consta do Papirus Edwin Smith. Esqueletos arqueológicos evidenciaram provável
uso de ferro em brasa para cauterizar lesões, não necessariamente tumores. Na
Índia e Oriente Extremo, há indícios do uso deste tipo de procedimento. O Deus
hindu da cirurgia disse “cáustico é melhor do que faca. Cautério é melhor ainda”. É
atribuído a Hipócrates: “fogo terá sucesso onde outros métodos falharam”. O
21
cautério foi usado, na antiguidade, por gregos e romanos. Seu uso mais comum foi
em feridas e áreas sangrantes (57).
Pranes e Recamier (1774-1856) relataram uso de eletro-cautério para destruir
tumor do colo uterino. Mas o primeiro uso bem documentado coube a Gustav
Crusell, em 1847, em um tumor de face, usando corrente contínua (corrente
galvânica) (57).
No final do século XIX, Arsène D’Arsonval, um fisiologista/inventor francês, foi
o primeiro a usar alta freqüência com corrente alternada, que era denominada
sinusoidal (57).
O termo fulguração foi introduzido por Pozzi, em 1907. O termo diatermia, que
significa “geração de calor num tecido, mediante oscilação molecular, em resposta a
uma corrente de alta freqüência”, foi introduzido por Carl Frans Nagelschmidt. Ficou
mundialmente consagrado e hoje é usado para designar qualquer tipo de
eletrocirurgia(57).
Nos Estados Unidos (EUA), Oudin construiu o “ressonador”, aparelho que
aplica terapeuticamente a diatermia. Foi aperfeiçoado, em trabalho conjunto com
D’Arsonval (57).
Na fulguração, a temperatura pode atingir até 600º C. Na
diatermocoagulação, não ultrapassa 70º C (57).
O primeiro a utilizar uma alça, como eletrodo, foi Hyam, em 1928, para retirar
o núcleo de uma lesão no colo, para exame anátomo-patológico. Era uma alça de
forma triangular (57). Ela tinha forma elíptica, com 6 mm de diâmetro. Cartier
apresentou sua alça, pela primeira vez, no IV Congresso Mundial de Colposcopia,
em 1981. Ela tinha a forma retangular, com 5 X 7 cm. Era constituída por um fio de
22
aço, com 0,2 cm de espessura. Em 1989, Prendville publicou seu primeiro trabalho,
usando alças maiores, com fio de tungstênio, com 0,2 mm de diâmetro (9).
A partir de 1970, surgiu, nos Estados Unidos,o processo “solid-state
electronics generator”, o qual permite o “blend”, associando a diatermocoagulação à
fulguração, iniciando a era da eletrocirurgia.
Princípios da eletrocirurgia
A fim de melhor compreender o processo de diatermocoagulação, devemos
rememorar os princípios físicos e biológicos que regem o procedimento e os
aparelhos utilizados. A seguir é apresentado um glossário de nomes e siglas:
A = 1 Coulomb/segundo.
AM – amplitude modulada (550 KH a 3 MH).
Ampere (A) – unidade de media do fluxo de elétrons, através de um circuito
elétrico. Exemplo: A = 1 Coulomb/segundo.
A = Watt/Volt
Blended current – combinação dos efeitos eletrocirúrgicos com coagulação.
Corrente – fluxo de elétrons através de um condutor. Ela é medida em
amperes.
Corrente alternada – fluxo alternado de elétrons, de um pólo a outro.
Corrente contínua – fluxo contínuo de elétrons, no mesmo sentido.
Coulomb: 6,24 X 10
18
elétrons
FM – Freqüência modulada ( 88 MH a 108 MH).
Freqüência – o número de ciclos por segundo.
Galvanismo- uso terapêutico de uma corrente contínua (Luigi Galvani).
23
Hertz – unidade de freqüência, ciclos/segundo (Hz).
Impedância – resistência ao fluxo de elétrons de uma corrente.
Joule –unidade de energia (trabalho).
Ohm – unidade de medida de resistência elétrica. É a resistência oferecida
por uma coluna de mercúrio (HG), com 106,3 cm de extensão e 1 mm
2
de área.
Exemplo: 1 ohm = quantidade de resistência necessária para 1 Volt causar uma
corrente de 1 ampere.
Rádio freqüência – freqüência superior a 15 kilohertz, (kHz), limiar do ouvido
humano. Varia de 550 kHz a 3 MHz.
Solid-state – circuito que usa transistores em lugar de tubo de vácuo ou
centelha elétrica.
Tubo de raios catódicos– uma centelha elétrica ioniza um gás nobre , que faz
a corrente fluir, produzindo luz e som.
Volt – unidade de medida de voltagem. Exemplo: 1 volt = diferença de
potencial necessária para uma corrente de 1 ampere fluir através de um condutor de
10 ohms.
Voltagem – gradiente de potencial que faz com que os elétrons fluam através
de um circuito.
Watt – unidade de medida de potência elétrica.
A eletrocirurgia utiliza miliamperes e baixa voltagem. Os aparelhos utilizam de
2000 a 12000 volts.
Impedância, nos tecidos biológicos: 100000 Ohms (os não-condutores) a 200
Ohms (bons- condutores). Os bom-condutores,como o colo, apresentam alto índice
de água e eletrólitos, ao contrário dos não-condutores, como o osso.
24
Quanto maior a resistência de um tecido, maior será a quantidade de volts
empregados, para promover o fluxo de elétrons, e causar menor dano tecidual.
Como o colo oferece menor resistência, pode-se usar o que, no caso, é considerada
uma baixa voltagem (em torno de 500 V).
Como vimos, 1 watt produz 1 joule de calor por segundo. A periodicidade com
que o fluxo de elétrons muda a polaridade, na corrente alternada, chama-se Hertz
(Hz) 1 Hz = 1 ciclo/seg. A corrente alternada pode ter freqüência de 1 Hz a 880
Mega Hz (MHz). Antigamente, a corrente usada no país utilizava a freqüência de 50
Hz. Há várias décadas foi mudada para 60 Hz. Alguns países permanecem com 50
Hz. Enquanto acorrente que sai da tomada de nossas casas tem freqüência baixa e
fixa, os diversos aparelhos eletrônicos utilizam freqüências variáveis, de acordo com
sua finalidade. O rádio-receptor pode usar a amplitude modulada (AM) e uma
determinada freqüência, em torno de 550 kHz a 1,5 MHz. Já no aparelho FM, faz-se
a sintonia, variando a freqüência,que é bem mais alta que nos aparelhos AM. Situa-
se na casa dos Mega Hertz (88 a 108 MHz). Já a TV usa freqüência bem maior
ainda, de 54-800 MHz. A banda larga, então atinge vários Giga Hertz (GHz). O
processador do microcomputador trabalha com 1, 2 ou mais GHz.
Efeitos da eletrocirurgia
Os danos causados por este método podem ser de três natureza: farádicos,
eletrolíticos, térmicos.
Efeitos farádicos – o termo farádico foi dado em homenagem Faraday. D’Arsonval
denominou assim a dor e a contração muscular (100 Hz). A partir de 300 Hz não há
mais despolarização da membrana celular e eles cessam
25
Efeitos eletrolíticos – quando os íons positivos (+) ficam polarizados. Isto produz
uma cauterização química. É usado nas Clínicas de Beleza para depilação.Funciona
bem com corrente contínua. Com corrente alternada, não dá tempo de os íons se
deslocarem, mas a energia cinética aplicada aumenta a temperatura dos tecidos e
provoca o rompimento das células.
Efeitos térmicos – Depende da água celular e do fluxo sanguíneo.. 40-45º C
aplicados por várias horas, podem causar a morte celular. A partir de 50 ºC, advém a
acidose lática e a morte tecidual é mais rápida. Ocorre a desnaturação (coagulação)
das proteínas em 10 segundos.A 70°C, isto ocorre em apenas 1 segundo.A partir
desta temperatura já começa a evaporação, culminando com a ebulição, quando são
atingidos 100 ºC. Paradoxalmente, diminui a temperatura, pela evaporação, mas se
inicia a dessecação celular, azumentando a resistência à passagem da corrente. A
100ºC, ocorre a ebulição inatra e extra-celular.O volume de água evaporado é 6
vezes maior que a água residual.Mesmo assim, esta água expande suas moléculas
e se rompe,antes de evaporar, rompendo a membrana celular, tendo, como
conseqüência, o rompimento tecidual, menos de i mili-segundo após a temperatura
ter atingido os 100º C.
O principio que rege o uso da eletrocirurgia, baseia-se na Lei de Ohm modificada
Q = 0,24 x I_ (quadrado)x Rx T
Sendo :
Q = quantidade de calor em calorias-grama (calgrama)
I = intensidade da corrente (amperes)
R = resistência elétrica do tecido
T = tempo do fluxo da corrente, em segundos.
26
Aplicando uma corrente de 500 miliamperes (mA) em um tecido com 100
Ohms de resistência em 1 segundo, cada caloria aumentará 1º C em 1 cm_3
(cúbico) de água.
Para a coagulação de vasos, não se forma o arco elétrico e não há
vaporização de células, mas sim a ação por contato direto do eletrodo,a menos de
100 º C., provocando a coagulação e dessecação dos tecidos Neste caso,não se
forma o “envelope” de vapor que circunda a alça.Esta é a função do “blend” do
aparelho. A hemostasia é mais efetiva com o efeito tradicional da eletrocoagulação,
sem vaporização dos tecidos. Por isto, muitos não recomendam o uso do blend no
tempo de corte, deixando para aplicar o efeito coagulação para a hemostasia, após
retirar a peça.
Aspectos anatômicos e funcionais do colo uterino
O útero é composto por duas partes, a saber: corpo e colo. É suspenso por
três estruturas principais: ligamentos redondos, na parte ântero-superior; ligamentos
cardinais de Mackenrodt, lateralmente, na base do ligamento largo, fixando-o às
paredes laterais da pelve; e ligamentos útero-sacros, na parte póstero-inferior,
fixando o órgão ao sacro. Embora fazendo parte da mesma estrutura, possuem
características estruturais e funcionais distintas, embora harmônicas. Não é diferente
com a patologia que acomete as duas estruturas.
Para Willard Cooke,(1943) “o colo e o corpo, embora com continuidade
anatômica, deveriam ser considerados como estruturas distintas” (23).
O corpo, maior, situa-se totalmente dentro da cavidade abdominal, enquanto
que o colo ocupa uma parte intra-abdominal, denominada supra-vaginal e outra
27
intra-vaginal. O corpo tem forma globosa, tendendo ao ovóide, com a porção cranial
mais volumosa. O colo tem forma cilíndrica, com leve tendência à cônica. Os
clássicos denominavam-no “portio vaginalis “e comparavam-no ao “focinho de
tenca”, uma espécie de peixe (58). Também é chamado de cérvice uterina. A linha
transversal que separa o corpo do colo denomina-se istmo, que, na gestação se
alarga, formando o segmento inferior, local da incisão, na operação cesariana. A
extensão do colo é variável, conforme a faixa etária da mulher. Mede 3 cm, em
média, com diâmetro de 2,5 cm,na idade adulta.
O “status hormonal” tem grande influência sobre as dimensões do colo. Na
infância, o corpo tem dimensões diminutas, com a relação corpo/colo amplamente
favorável ao segundo. Durante a menacme, principalmente em multíparas, a
proporção é inversa, ou seja 3/1 em favor do corpo. Na senilidade, corpo e colo
estão atrofiados.
A conexão entre cavidade uterina e tubo vaginal se dá através do canal
endocervical, que está limitado, cranialmente, pelo orifício interno e caudalmente,
pelo orifício externo. O canal não é cilíndrico. Assume diâmetro maior, na situação
transversal, medindo 7-8 mm. É uma cavidade virtual, tendo a parede anterior quase
colabada sobre a posterior, repousando sobre um colchão de muco. Em um corte
transversal, assume a forma de um H. O tecido que reveste internamente o corpo
denomina-se mucosa endometrial,enquanto que o que reveste o colo é chamado de
mucosa endocervical. Esta última também é conhecida como mucosa colunar ou
glandular, embora não existam glândulas verdadeiras, no colo,mas somente pregas
teciduais, de onde verte abundante muco, produzido pelas células caliciformes. O
28
epitélio de revestimento do canal é do tipo mono-estratificado, disposto em paliçada,
com núcleo situado na base da célula. No outro pólo celular há inúmeros cílios. A
visualização do canal pode ser feita, ao colposcópio com a introdução do afastador
de canal de Menken-Koogan. Um brasileiro, Schivartche, acoplou uma cremalheira
fixadora, que permite a ela tornar-se auto-estática, o que é de grande utilidade. Com
isto, pode-se visualizar o canal até 10 mm, na multípara, e 5 mm, na nulípara (59) A
ectocérvice é revestida, na menacme, por dois tipos de mucosa: a glandular, quando
está exteriorizada através do orifício externo do colo, e a escamosa ou pavimentosa,
na parte mais externa do colo. Esta mucosa, também chamada de malpighiana, é
muito diferente da anterior, pois se apresenta com células de tamanhos variados,
aumentando da base até a superfície do epitélio e é composta por diversas camadas
celulares, sendo portanto pluriestratificada. Menos freqüente é o limite entre as duas
mucosas coincidir com o orifício externo, nesta fase da mulher.
A mucosa original, ou seja, colo totalmente revestido por epitélio escamoso,
pode variar de 1,7 a 15 % dos casos, entre vários autores. Em virgens, situa-se em
torno de 32 %. O ponto de contato entre as duas mucosas convencionou-se chamar
de junção escamo-colunar (JEC) A localização desta junção pode variar
enormemente. Como vimos, durante a vida reprodutiva, ela, se localiza na
ectocérvice, configurando a ectopia ou eversão. Na infância e na pós-menopausa,
encontra-se no interior do canal cervical. Teoricamente, ela deveria localizar-se ao
nível do orifício externo mas, como em biologia o conceito de normal obedece ao
que é mais freqüente, então o normal é a mulher, na menacme, ter ectopia. Esta é
duas vezes mais freqüente no lábio anterior (60).
29
A arquitetura do colo é composta, em sua quase totalidade, pelo estroma,
(córion ou lâmina própria) que define sua massa e forma. Esse é constituído de
tecido fibro-muscular denso (tecido colagenoso, fibras musculares lisas e
mucopolissacarídeos). Nele, podem ser visualizados os vasos sanguíneos, os vasos
linfáticos e os nervos. Como o útero é um órgão de localização central, estes
elementos são dispostos em espelho, em ambos os lados. O suporte sanguíneo é
fornecido, primariamente, pela artéria hipogástrica, cujo segundo ramo é a artéria
uterina (o primeiro é a glútea), que irriga, também, o tubo vaginal. Há uma gama
considerável de variações anatômicas e anastomoses com as artérias vaginais e
hemorroidárias médias. A artéria uterina, via de regra, atinge o colo na altura do
istmo, transversalmente,com ramificação ascendente, ladeando o corpo,seguindo
junto à tuba uterina, até anastomosar-se com a artéria ovariana. O ramo
descendente corre ao longo do colo. A localização mais freqüente, no colo, é na
altura de 3 e 9 horas do mostrador do relógio. Segue caudalmente até anastomosar-
se com a artéria vaginal. Em raros casos, a artéria uterina se origina como ramo da
pudenda interna ou obturadora (61). Os capilares não assumem a forma espiralada
no colo normal (62).
A circulação venosa é paralela e justaposta à arterial, com denominações
correspondentes as das arteriais. A inervação é exclusivamente sensitiva e deriva do
plexo hipogástrico, chegando ao útero através dos ligamentos útero-sacros.
Compõe-se de fibras simpáticas e para-simpáticas. A instrumentação do colo, como
dilatação e curetagem podem desencadear reação vagal, com conseqüente
bradicardia. A ectocérvice, por ser menos inervada, é menos sensível.
30
A drenagem linfática é complexa e variada e inclui os linfonodos parametriais,
obturadores, hipogástricos, ilíacos internos e externos, ilíacos comuns, paraaórticos
e paracavais, em sentido ascendente. e segue o trajeto dos grandes vasos.
Do ponto de vista embriológico, a mucosa que reveste o canal (glandular),
ectocérvice e dois terços superiores da vagina (pavimentosa), é oriunda da fusão
dos ductos de Muller, a partir da 8ª semana de vida intra-uterina. Por volta da 25ª ou
26ª semana, a proliferação estromal ao redor dos ductos fusionados, dá origem ao
colo uterino.
Em detalhe, o revestimento da ectocérvice, no que tange à mucosa
escamosa, é em tudo semelhante ao da vagina, com a exceção do pregueamento
mucoso. O pregueamento das paredes vaginais obedece à necessidade biológica de
alargamento e alongamento da mesma, por ocasião do coito e da parturição. A única
modificação de vulto, perceptível na ectocérvice é referente à forma do orifício
externo,que é circular, na nulípara, e em forma de fenda transversal, nas mulheres
que tiveram parto vaginal. Nas pacientes que são submetidas à cesariana, não há
modificação da forma do orifício externo (OE), mas pode ocorrer ectopia. Mais
raramente, o OE pode apresentar-se em forma de fenda oblíqua, estrelada ou com
laceração das comissuras labiais, em conseqüência de partos laboriosos e com
concepto de grande peso.
O epitélio escamoso é constituído por quatro tipos de células, desde a
membrana basal até a superfície: basais, parabasais, intermediárias e superficiais. O
diâmetro do núcleo é crescente, enquanto que o do citoplasma é decrescente. Esta
evolução, a partir da base até a superfície denomina-se maturação ou diferenciação.
31
Epitélio maduro possui abundantes vacúolos de glicogênio, em sua camada
intermediária, cuja função é transformar-se em ácido lático,a partir da ação dos
lactobacilos acidófilos, elementos da flora habitual da vagina. Deste processo
redunda a acidificação do meio vaginal, em torno de pH 4,5, condição indispensável
para manter a higidez vaginal. Schroeder classificou a flora vaginal em três grupos:
flora I, quando no esfregaço vaginal, estão presentes, exclusivamente os
lactobacilos; flora II ou mista, quando, além deles, há também, cocos ou bacilos ;
flora III, quando os lactobacilos estão ausentes. Tricomonas e fungos, como não são
bacilos, não fazem parte desta classificação. A maturação e a glicogenação do
epitélio escamoso são influenciadas pelos hormônios ovarianos. O estradiol,
presente em todo o ciclo menstrual,promove a maturação, glicogenação e
descamação do epitélio. Em contrapartida, a progesterona, que age na segunda
metade do ciclo, inibe a maturação superficial. A diminuição da esteroidogênese na
pós-menopausa, reduz drasticamente a oferta de estrogênio, levando à hipotrofia
crescente, chegando até a atrofia. Hipotrofia também costuma ocorrer em mulheres
que usam, por longos períodos, progestágenos, como método anticoncepcional, ou
outra indicação. A perda de diferenciação é corolário dos processos displásicos do
colo. Nos epitélios atróficos, ela também ocorre. A diferença é que, nestes,não há
discariose, como naqueles. A espessura média do epitélio pluriestratificado situa-se
em torno de 200 micra. Na atrofia ele é sensivelmente mais fino. O epitélio glandular,
monoestratificado, atinge, via de regra, de um terço a metade da espessura do
escamoso.
Na vagina, como vimos, as pregas são transversais ou ligeiramente oblíquas,
para contemplar, principalmente o alongamento, mas também o aumento do
32
diâmetro, conforme a necessidade. A vagina, em repouso, tem comprimento médio
de 9 cm, na parede posterior e 7,5 cm,na anterior. Na endocérvice, preponderam as
pregas longitudinais, pela necessidade de aumento do diâmetro do canal, por
ocasião do parto. Mas há, também, as criptas, menos profundas, de disposição
oblíqua, tendendo ao transversal, que Hinselmann denominou “arbor vitae ou plicae
palmate” (63). Sua finalidade não é mecânica, mas sim a de mimetizarem glândulas,
para a produção de muco. A profundidade das criptas, no estroma, varia de 5-7 mm.
Toda a coloração vermelha, em nosso organismo, provém do pigmento
hemoglobina, do sangue. Assim sendo, a ectocérvice, bem como a vagina,
apresenta-se de cor rosada, pois os capilares do estroma têm o matiz da cor
vermelha amenizado pela espessura do epitélio pluriestratificado que o recobre. Já a
mucosa glandular, com epitélio mais fino, monoestratificado, filtra menos a
intensidade da cor e por isto se apresenta de cor vermelho-vivo, devido ao somatório
dos milhares de capilares do estroma. Ao colposcópio, além da diferença de cor, o
aspecto liso da ectocérvice contrasta com a visualização das papilas do epitélio
glandular, dando um aspecto de morango ou racimo de uva.
Acredita-se que o processo de metaplasia se inicia precocemente, na vida
intra-útero, devido aos hormônios da mãe. Por razões desconhecidas, é interrompido
no 5° mês de gestação e retorna no primeiro influxo hormonal,na adolescência, e no
segundo, durante a primeira gestação (64). A partir da puberdade, mas
principalmente após a primeira gestação, há um deslocamento da JEC para fora do
OE do colo, configurando a ectopia, termo criado por Hinselmann. O epitélio
cilíndrico, na ectocérvice, pode estar presente em recém-nascidas, adolescentes ou
33
grávidas. A ectopia, isoladamente, pode estar presente em 20 % dos casos, mas é
encontrada, mais comumente, associada à Zona de Transformação (21). Os
contraceptivos hormonais também influenciam seu aparecimento. No passado, a
ectopia era chamada de “mácula rubra “ ou, popularmente, “ferida no colo “, por seu
aspecto. Era prática comum cauterizar a suposta lesão. Hoje sabemos que não é
uma lesão e não necessita tratamento, a não ser em situações especiais, como
infecções recorrentes, sangramento de contato, sinusorragia ou mucorréia
abundante, permanentemente. Apesar de ser considerado um achado fisiológico, a
própria natureza se encarrega de substituir o frágil epitélio glandular pelo escamoso,
através do processo de metaplasia indireta. Isto porque o meio vaginal expõe o
epitélio glandular ectópico a condições diferentes de seu local de origem, a
endocérvice. Lá o pH é alcalino. Segundo Lamar, o muco cervical tem pH em torno
de 7,2 (6,8 a 7,6 na fase estrogênica) 5,2 a 6,6, na fase luteínica (65). Só
excepcionalmente está sujeito a agressões mecânicas, químicas e biológicas. A
Chlamidia tracomatis e o estreptococo são, praticamente, os únicos
microorganismos que penetram o tampão mucoso do colo. A função primordial do
muco cervical é capacitar o espermatozóide em sua longa jornada em direção às
tubas uterinas, a fim de fecundar o óvulo. Mas a segunda função, também muito
importante, é a de oferecer uma poderosa barreira à penetração de germes. Não
fora assim, a cavidade peritoneal, que tem ligação direta com a cavidade vaginal,
através dos ovidutos e cavidade endometrial, estaria permanentemente exposta a
infecções.
Hinselmann criou o termo metaplasia, para denominar a transformação do
epitélio cilíndrico em escamoso; Fisher-Wasels acrescentou o termo indireta, para
34
salientar que ela se dá a partir das células subcilíndricas de reserva. A expressão
“células de reserva “ se deve, provavelmente a Carmichael (1939) e Jefferson
(1941). Robert Mayer (1910) e Ruge (1918) já haviam descrito a natureza epitelial
destas células (66). Transformando o epitélio glandular em escamoso, o colo fica
protegido pelo epitélio mais espesso e mais adequado à função de revestimento
Estas células são totipotenciais, podendo diferenciar-se em glandulares ou
escamosas. São originadas no estroma e localizam-se junto à membrana basal (63).
Como a dupla paternidade não é muito incomum, em ciência, elas também são
conhecidas como “células de reserva de Fluhmann". Constitui-se, então, a terceira
mucosa, ou seja, o epitélio é do tipo escamoso, mas o estroma contém pseudo-
glândulas. Wespi, seguido por Glathaar, salientou a importância da metaplasia
escamosa na gênese do carcinoma de colo uterino (67). Muitas glândulas
permanecem em contato com a superfície através dos orifícios glandulares; outras
são obstruídas, formando os cistos de retenção (cistos de Naboth).
Colposcopicamente, denominamos esta alteração de Zona de Transformação.
Acredita-se que o vírus do papiloma humano, consagrado com a sigla HPV (Human
Papiloma Vírus), em suas cepas oncogênicas (principalmente 16 e 18), atua
preferencialmente próximo à junção escamo-colunar neoformada, em plena
ectocérvice. Isto se dá durante o processo de replicação celular rápida da metaplasia
escamosa. Nesta ocasião, o vírus rompe o plasmídio, penetra no núcleo da célula,
abre a dupla hélice de DNA e se inscreve em seu genoma, codificando proteínas,
imortalizando-a e partindo para atacar outra célula. Estamos, então, na presença da
gênese da displasia, que pode evoluir para o câncer invasor.
35
O vírus HPV tipo 16 tem predileção pelo epitélio escamoso (39). O vírus tipo
18 atua principalmente junto ao epitélio glandular O adenocarcinoma origina-se no
1/3 inferior do canal. Por isto, muitas vezes pode ser visualizado pela colposcopia.
Sua gênese difere da do câncer escamoso, pois não depende do processo de
metaplasia. Há evidências de que todo processo neoplásico do colo se origine no
epitélio glandular. Talvez isto explique a associação não rara de alterações
glandulares e escamosas (68).
A imunidade humoral, medida pelo anticorpo anti-IgA, e a imunidade celular,
atuam no colo, tanto no epitélio quanto no estroma. Estão presentes macrófagos,
como as células de Langherans e linfócitos. Estes são protagonistas importantes, na
vigilância imunitária, quando da infecção pelo HPV, e vão traçar o destino da
paciente atingida. A presença de vírus parece necessária, mas não suficiente, para
desencadear o processo maligno.
Revisão bibliográfica contemporânea
Nesta sessão serão abordados aspectos relacionados à utilização da CAF em
lesões de alto grau do colo uterino, destacando aspectos microscópicos da peça e
complicações do procedimento. O procedimento padrão, diagnóstico e terapêutico,
para as Lesões de Alto Grau do colo uterino, foi a conização a frio, até meados dos
anos 70 do século passado. Cartier, então, introduziu a Alça Diatérmica,
abandonando o conceito de peça em monobloco, pois retirava tiras da mucosa
cervical, com orientação radiada, em relação ao orifício externo. Apesar de
relativamente difundida, inclusive no nosso país, muitos a criticavam pela dificuldade
36
de avaliar as margens cirúrgicas, devido à fragmentação da peça. Em 1989,
Prendville introduziu a técnica de retirada da Zona de Transformação alterada,
utilizando uma alça fina, de tungstênio, em forma de domo de igreja, com a base e o
cabo recobertos por material isolante elétrico (9). Utilizou um aparelho que fornecia
baixa voltagem e alta freqüência (radiofreqüência). Apesar da ampla aceitação pela
comunidade científica mundial, houve restrições a seu uso indiscriminado e por
profissionais com reduzida experiência cirúrgica e sem conhecimento suficiente da
patologia do colo uterino. Além disto, foi questionada a semelhança de abrangência
da nova técnica, em relação ao cone frio, salientando a menor quantidade de tecido
retirado, com receio de tratamento incompleto, em se tratando de uma lesão pré-
invasiva.
Sangramento
Segundo a maioria dos autores, uma das vantagens da CAF é o menor
sangramento, com este procedimento, em relação à conização a frio. Este fato era
previsível, pois, quanto mais profunda a incisão, mais calibrosos são os vasos
seccionados, caso da conização a frio. Ademais, na CAF parte da hemostasia é feita
concomitante ao corte, pelo uso da eletrocirurgia. Esse dado não é uma variável
muito pesquisada. O sangramento pode variar de 5 a 150 cc ou mais, mas na
maioria dos casos situa-se em torno de 50 cc (69).
A maioria dos procedimentos é realizada no consultório ou ambulatório. Por si
só, isto já induz o médico a não aprofundar muito a incisão, o que resulta em menor
sangramento do que nos casos que são realizados em sala cirúrgica, mormente se
37
sob anestesia geral. O sangramento tardio também é raro, mas não inevitável
Eventualmente, pode necessitar hospitalização para reposição de perdas
sangüíneas (6, 70).
Margens cirúrgicas
Independentemente da técnica utilizada, se cone frio ou CAF, a variável mais
importante para o sucesso da intervenção é a negatividade das margens. Por isto, a
maior parte das publicações é centrada nesta variável, correlacionando o “status”
das margens com a doença residual ou com a recidiva. É difícil distinguir entre
doença residual e recidiva. Para alguns, recidiva ocorre quando a lesão reaparece
além de 6 meses após o procedimento. Outros preferem 9 ou 12 meses como ponto
de corte. Por isto, a maioria dos autores prefere usar o binômio doença
residual/recidiva, sem distinção entre as duas. Burghardt (71), 1980, não valoriza o
comprometimento das margens, devido ao não desprezível número de casos de
recidiva, quando as margens da peça eram negativas. Quando se utiliza a conização
a frio, não há problemas para a avaliação das margens, a não ser um eventual
descolamento transoperatório do epitélio, o que é infreqüente. Já nos casos tratados
com CAF, podem surgir dificuldades, devido ao freqüente dano térmico, eventual
fragmentação da peça e cirurgias prévias no colo, deformando-o e podendo ocultar
uma lesão que será diagnosticado (72).
Margens cirúrgicas positivas não significam, sempre, a presença de doença
residual. A resposta inflamatória à injúria térmica e o processo de regeneração dos
38
tecidos podem explicar a ausência de doença residual em, praticamente metade dos
casos.
Parece haver correlação entre o tabagismo e persistência da lesão, em
margens positivas, e recidiva, em margens negativas (73). Da mesma forma,
margens negativas não são segurança de excisão completa da lesão. Este aparente
paradoxo pode ser explicado, ao menos em parte, devido a: margens exíguas
podem ter sido dadas como positivas; cauterização das margens periféricas do colo
restante e leito da excisão; efeito regenerativo cicatricial destruinod a lesão do colo
restante (74).
As tabelas 1 e 2 mostram a correlação entre margens positivas e doença
residual/recidiva, independente do método cirúrgico usado (cone frio ou CAF),
segundo diversos autores.
39
Tabela 1 – Correlação entre margens positivas e doença residual/recidiva
Autor Residual/Recidiva Referência
Bertelsen, 1999 38,0 % (75)
Briggig, 1994 33,0 % (74)
Chang, 1996 84,8 % (76)
Denehy, 1997 70,0 % (77)
Felix, 1994 64,0 % (78)
Gardeil, 1997 16,5 % (79)
Hanau, 1997 38,5 % (80)
Hulmann, 1998 30,1 % (72)
Husseinzadeh, 1989 57,8 % (81)
Lapaquette, 1993 57,0 % (82)
Moore, 1995 40,7 % (83)
Murdoch, 1992 44,0 % (74)
Murta, 1999 60,7 % (84)
Tabela 2 – Correlação entre margens negativas e doença residual/recidiva
Autor Residual/Recidiva Referência
Murdoch, 1992 21,0 % (74)
Felix, 1994 5,0 % (78)
Murta, 1999 16,5 % (84)
Maluf, 2004 12,9 % (85)
Como podemos observar, há uma nítida diferença entre as duas situações.
Mesmo assim, baseados em outros parâmetros, como vimos muitos não dão muita
40
importância às margens. Aumenta o risco de doença residual quando a margem
endocervical está comprometida e quando as duas margens também estão (81, 84).
A curetagem do canal endocervical, imediatamente após a CAF ou conização
a frio, tem sido defendida por muitos autores, mesmo antes, portanto, de conhecer o
diagnóstico histopatológico. Grainger (1987), realizando curetagem imediata do
canal restante, após cone frio, encontrou 69,7 de displasias, quando o exame
histopatológico da peça foi positivo (86). Destas, 62,7 % eram Neoplasia Intra-
epitelial Grau III (NIC III). Para ele, curetagem endocervical positiva é preditiva de
doença residual/recidiva (86).
Para Kalogirou (1997) o “status” das margens não é preditivo de doença
residual. Mais importantes são:
1) Idade crescente da paciente
2) Grau da lesão
3) Envolvimento glandular
Para alguns, existe forte correlação entre margens positivas e doença residual
(87).
Margens negativas e curetagem endocervical imediata também negativa, não
asseguram ausência de doença residual (77). Phelps (1994) encontrou VPP de 47 %
para doença residual quando as margens foram positivas e VPN de 77 % quando as
margens foram negativas. Conclui que margens negativas são preditivas de
ausência de invasão, mais do que ausência de doença residual (88).
41
Para Chang (1996), margens positivas requerem seguimento e não
reintervenção (89).
Denehy (1997) encontrou 67 % de doença residual quando a curetagem foi
negativa e 79 % quando foi positiva. Quando as margens foram negativas, 20 % dos
casos tiveram doença residual, contra 70 %, quando as margens foram positivas.
Conclui que margem negativa é melhor que curetagem endocervical negativa, para
determinar o valor preditivo negativo (77).
Há uma correlação entre infecção pelo vírus da imunodeficiência humana
(HIV) e comprometimento das margens, devido ao estado imunológico da paciente.
Quando a paciente é HIV positiva, as margens estão comprometidas em 47 % dos
casos, contra 32,7 %, sem HIV (90).
Mensuração da peça
Existe uma variação muito grande entre medidas, volume e peso das peças
obtidas com a cirurgia de alta freqüência. Nem todos fornecem todos esses dados. A
medida mais divulgada é da altura da peça, ou seja, da extensão do canal. Se o
procedimento for realizado, não somente para retirada da Zona de Transformação
(pouca profundidade), mas com intenção de “conizar” o colo, obtem-se peça mais
adequada, não só para o exame histopatológico, mas também como tratamento
mais confiável, no que se refere à excisão completa da lesão. Nestas condições, a
conização a frio fornece uma peça de volume 50 % maior e 100 % mais pesada (91).
A tabela 3 compara a altura do cone frio com a CAF, em centímetros.
42
Tabela 3 – Altura no cone frio e na CAF
Autor Cone Frio CAF Referência
Oysanya, 1993 2,1 1,9 (69)
Bretelle, 2000 1,59 1,0 (92)
Brun, 2002 1,83 1,28 (93)
Fanning, 2002 1,5 1,0 (91)
Fragmentação da peça
Quanto maior a lesão, maior a chance de fragmentar a peça durante o
procedimento operatório. Nestas circunstâncias, a avaliação das margens fica
comprometida (94). Lesões grandes requerem que a alça seja utilizada duas ou três
vezes, fragmentando a peça. Quando a lesão adentra o canal, a alça é utilizada uma
vez na ectocérvice e uma segunda vez no canal, com a alça quadrada de 1 cm de
lado. Com isto, evita-se o uso de alça muito grande, poupando 2 ou 3 cm
3
de
estroma, o que é importante para a regeneração do colo (95, 96). Por outro lado, há
o risco de ressecção incompleta da lesão (91).
O uso da CAF deve ser reservado a “experts” e com experiência em patologia
cervical, e não é recomendável seu largo uso, como vem ocorrendo no mundo (96).
Sadek (2001) cita vários autores para relatar que o fracasso na obtenção de
peça única é mais comum do que se possa pensar. Diversos autores relatam até 70
% dos casos com fragmentação em dois ou mais fragmentação (97). Quase metade
dos casos pode apresentar fragmentação em superfície, além de necessitar a
segunda passada em profundidade. Questiona- se: CAF substitui cone frio em todos
os casos? Parece que os ótimos resultados publicados, na maioria dos casos, não
refletem a realidade do uso no dia a dia, pois o método é utilizado por médicos com
43
os mais variados níveis de treinamento. As pesquisas são feitas, em sua grande
maioria, por pessoal altamente treinado, geralmente em ambiente universitário (98).
O que não reflete a realidade do dia a dia da prática médica em ginecologia (98).
Em seu trabalho original, Prendville (9) admite a retirada da peça em mais de
um fragmento, nas lesões maiores. A segunda passagem da alça em profundidade
pode ser realizada mesmo com Junção Escamo-Colunar (JEC) visível, pois pode
haver lesão na profundidade das glândulas, próximo à margem cirúrgica (99).
Dano térmico e interpretabilidade
O advento da Cirurgia de Alta Freqüência levou os patologistas a depararem
com um problema novo: o dano térmico dos tecidos. Na técnica de conização a frio,
este problema não ocorria. Quando a lesão está distante das margens cirúrgicas,
isto carece de importância. Entretanto, em margens exíguas, fica a dúvida se a lesão
atingiu as margens ou terminou na zona danificada. Os danos térmicos podem ser
de distorção, coagulação ou, o mais grave, carbonização dos tecidos.
O uso de “puro corte” ao invés de “blend”, pode evitar os efeitos indesejáveis
referidos. Isto pode ser explicado porque, o efeito “coagulação” do aparelho não
segue o princípio da “alta freqüência”, mas o da eletrocirurgia convencional
(fulguração), isto é não há vaporização dos tecidos, mas sim coagulação por
queimadura (16). Isto danifica ainda mais os tecidos. Entretanto, muitos autores não
constataram diferença nos achados histológicos. É um assunto controverso.
44
A profundidade do dano térmico, em qualquer grau, pode variar de 150 a 830
micra, com uma média de 396 micra (100), 220 micra a 1,28 mm (97). A coagulação
costuma atingir profundidade maior, 150 a 500 micra e a carbonização, entre 20 e 30
micra. É possível, também, que a distorção dos tecidos se deva a uma passagem
muito rápida da alça. Mas se distância entre a lesão e a margem não for exígua,
pode não haver prejuízo para a interpretabilidade do exame, mormente se o método
for utilizado só para o diagnóstico e não para o tratamento (101). Existe uma
variabilidade considerável entre os autores quanto ao percentual de peças com dano
térmico. Pode variar de 4,4 % (102); 11,4 % na ectocérvice e 17,1 %, na endocérvice
(103); 1,5-17,3 % (104); 31 % (6); 31,5 % (80); 27-35 % (90).
Montz, em 1994, refere 50 % de perda na acurácia do exame das margens,
devido a dano térmico. 32 % eram de margens ectocervicais e 48 %, endocervicais
(distorção tecidual) (98).
Os artefatos térmicos podem, também, ser classificados em:
- Leves, 51,5 %;
- Moderados, 36,2 %;
- Graves, 12,3 % (105).
Condições do canal cervical pós-tratamento
As condições do canal cervical pós-tratamento operatório para lesão intra-
epitelial sempre foram um desafio para o médico. A complicação mais temida, com a
45
conização a frio, é a estenose do canal, tendo como conseqüência a dismenorréia,
em graus variáveis e, o dano extremo, o hematometra, muitas vezes necessitando
de histerectomia, para aliviar os sintomas. A estenose pode ser definida como a
impossibilidade de penetração da vela de Hegar de 25 mm de diâmetro (106). Outro
efeito indesejável é a Junção Escamo-colunar (JEC) ter nova localização, qual seja,
no interior do canal, tornando-a, no mais das vezes, não visualizável à colposcopia,
levando a ausência de representatividade da JEC, no esfregaço citológico.
Boulanger, 1989, correlacionou a estenose do canal com a altura (comprimento) do
cone frio. Quando o cone media até 25 mm (altura), a estenose ocorria em 12,8 %
dos casos. Já quando ultrapassava 25 mm, a estenose ocorria em 24 % (16). Com o
advento da CAF, estas complicações praticamente desapareceram,mas foram
substuídas por outras.
A estenose, primariamente, e a não visualização da junção escamo-colunar,
secundariamente, não despareceram com a CAF, mas diminuíram sensivelmente. O
risco de estenose aumenta proporcionalmente à profundidade da excisão, pela
maior retirada de estroma. Uma medida de 7 mm parece ser suficiente, se a lesão
não avança muito no canal. Com isto, 99 % das lesões são excisadas
satisfatoriamente. A estenose pode ser tão pouco freqüente como 0,5-4,3 % (97). O
risco maior de estenose ocorre na pós-menopausa: RR = 3,07 Além da altura do
corte (profundidade no canal), a lesão que se apresenta totalmente dentro do canal
é também fator de risco (106).
As dimensões do canal restante também são importantes. Pode haver
encurtamento do canal, comprometendo o futuro reprodutivo da paciente. Devido a
46
suas dimensões pequenas, diferenças de 0,6 mm podem ser significativas. A
regeneração completa ocorre entre 6 e 12 meses pós tratamento (107).
A visualização da junção escamo-colunar (JEC) é fundamental, no que tange
à prevenção do câncer de colo uterino ou no seguimento de pacientes tratadas por
neoplasia intra-epitelial de alto grau. A JEC não visualizada, após tratamento, pode
variar de 1,3 % a 19 % (6) ou 29 % dos casos (69). Mas, sem dúvida nenhuma, esta
complicação é muito menos freqüente que na conização a frio (50 % ou mais) (6).
Adenocarcinoma in situ
O adenocarcinoma “in situ” exige um enfoque distinto daquele da Lesão Intra-
epitelial Escamosa (LIE). Isto porque sua evolução fisiopatológica não segue o
roteiro biológico da última. Isto se deve ao fato de não haver estratificação do
epitélio, mas uma única camada celular, disposta em paliçada. Não se pode,
portanto, falar em displasia, termo criado exclusivamente para a perda de
diferenciação, associada à discariose,nos epitélios afetados.
Em estudo de Goldstein (2000), referente à conização a frio, foi encontrada
doença residual em 44 % dos casos com margens positivas, contra 30 %, quando as
margens eram livres (108). Refere outros estudos, em que 23 % dos casos tiveram
doença residual, quando as margens do cone eram livres. Para Bertrand (109) e
Ostor (110), 13 % dos adenocarcinomas são multicêntricos. Bertrand achou 30,3 %
de doença residual, mesmo as margens cirúrgicas sendo livres (109). Goldstein
conclui que só a multicentricidade não é suficiente para explicar o alto número de
47
casos de doença residual, mesmo as margens sendo negativas. Uma explicação
possível seria a de que muitos casos foram liberados como tendo margens livres
erroneamente, ou seja, o corte teria passado em tecido livre de doença, em algum
local, mas, abaixo da linha de corte haveria fundo de glândulas com núcleos
malignos. Isto é bem plausível, posto que numa mesma glândula pode-se ter área
hígida e outra comprometida. Para evitar isto, recomenda para segurança da
paciente uma distância de 10 mm da lesão até a margem, pois não teve nenhum
caso de doença residual quando a margem foi superior àquela cifra (108).
Para Im (1995), 61 % dos casos tiveram margens livres. Destes, 44 %
apresentaram doença residual. Quando as margens foram comprometidas (33 %),
67 % tiveram doença residual. O autor adverte que margens negativas não são
segurança de excisão completa da lesão (111).
Comparando conização a frio e cirurgia de alta freqüência, Widrich (1996)
encontrou margens positivas em 33 %, no cone frio, contra 50 % na CAF.
Recomenda, baseado nestes dados, conização a frio, nos casos de adenocarcinoma
detectado pela citologia, pela dificuldade de saber o limite superior da lesão e
limitações da CAF, neste particular (112).
Importante lembrar que as lesões podem vir associadas, isto é, alterações
escamosas e glandulares, concomitantemente. Para Denehy (1997), esta
associação ocorreu em 64 % dos casos. Encontrou 20 % de doença residual, com
margens livres, contra 70 %, em margens positivas. Quanto à curetagem imediata do
canal restante, no pós-cone, encontrou 67 % de doença residual, com curetagem
negativa e 79 %, com curetagem positiva. Devido ao alto número de doença
48
residual, mesmo com curetagem negativa, avalia que este procedimento só tem
valor quando positivo. Mesmo quando margem e curetagem são negativas, não há
certeza de ausência de doença residual (77). Soutter (2001) teve 16,7 % de doença
residual, em até 4 anos de seguimento, em casos de margens livres (113).
Analisando casuística de diversos autores, Denehy (1997) refere ter sido
encontrada lesão glandular até uma profundidade de 4 mm. Não confundir este fato
com invasão estromal, mas sim localização de glândulas comprometidas até aquela
profundidade. Nessa análise encontrou, também, que o adenocarcinoma “in situ” se
estende, no canal, até 30 mm, no sentido cefálico, acima, portanto, da lesão intra-
epitelial, que comumente se localiza, quando no canal,na sua porção caudal. Refere,
também, que outros autores encontraram 33-50 % de doença residual, com margens
do cone livres (77).. Diversos estudos apontaram 25-44 % de margens positivas na
conização a frio, demonstrando a dificuldade de excisão total da lesão. Para Widrich,
margem positiva e curetagem também positiva são responsáveis por 80 % de
recidiva (112).
Uma dúvida que tem sido levantada é o alto número de exames
citopatológicos negativos ou com lesão escamosa, ao invés de lesão glandular, no
rastreio do adenocarcinoma “in situ”. Talvez isto possa ser explicado pelo alto
número de associação entre Lesão Intra Epitelial Escamosa e adenocarcinoma in
situ (50-58 %) segundo diversos autores (77).
Para Selvaggi (1997), há dificuldade em distinguir hiperplasia micro-glandular
e metaplasia tubária do adenocarcinoma, no exame citopatológico (114). A relação
49
entre adenocarcinoma “in situ” e Lesão Intra-epitelial Escamosa tem sido 1/25000-
1/475000, segundo Azodi (115).
Seguimento
Não está estabelecido um prazo fixo, até onde o seguimento deva ser feito,
nem tampouco a periodicidade das visitas da paciente ao médico. O bom senso tem
norteado os médicos, na falta de dados científicos sobre o assunto. Também,
estabelecidos prazos com as pacientes, não quer dizer que serão cumpridos. Os
índices de aderência são variáveis, principalmente nos países emergentes,por
problemas sócio-econômicos e culturais.
Costa (2002) refere100 % de comparecimento à primeira visita programada,
na segunda, 97 % e na terceira, 34 % (116).
Os intervalos entre as visitas podem variar de 3 a 6 meses e o prolongamento
do seguimento pode variar de 2 a 6 anos ou mais. Flanelly (1997) recomenda
seguimento de 4-6 anos, pois acha que um ano seria muito pouco. Parece haver
consenso quanto a este fato (117).
Para Orbo (2004), o seguimento deveria estender-se por até 10 anos, pelo
risco de encontrar-se carcinoma invasor, durante o seguimento, em 1,1 % dos casos
(118). Quanto mais cedo, no pós-tratamento, achar-se lesão invasora, tanto mais
provável será tratar-se de invasão pré-existente. Maluf (2004) encontrou um período
médio de 3,2 anos, para a manifestação de recidivas (85). Convém lembrar que é
difícil distinguir doença residual de recidiva. Do ponto de vista prático não parecer
haver diferença quanto ao prognóstico.
50
Hanau (1997) refere que o seguimento deve ser cuidadoso, mesmo quando
as margens forem negativas, pois, como vimos, não são certeza de ressecção
completa da lesão (80).
Reich (2001) encontrou recidivas de 5-30 anos, com tempo médio de 18 anos,
em pacientes submetidas à conização a frio (119). Como as pacientes
permaneceram com o colo uterino, após o tratamento inicial, o mais provável é que
se trate, após período tão longo, de nova lesão, sem relação com a primeira. Por isto
é importante salientar que o seguimento deve ser encarado como dirigido à
paciente, e não à lesão. Isto porque, quando excisamos a lesão, não liberamos a
paciente dos fatores que a levaram a tê-la. Se ela teve, supostamente, contato com
o HPV, não está descartada a permanência de sua presença, nem de uma nova
infecção. Reich (2002), analisando conização a frio, refere seguimento de 6-30 anos,
com média de 19 anos. Encontrou recidiva geral de 22 %. Quando só uma margem
estava comprometida (ecto- ou endocervical), houve 17 % de recidiva. Quando as
duas margens estavam comprometidas, a recidiva respondeu por 52 % dos casos
(120).
Quando se tratou de adenocarcinoma in situ, Soutter (2001), encontrou 16,7
% de recidiva, em quatro anos de seguimento (113).
Felix (1994) encontrou só uma recidiva em 38 casos, no primeiro ano. Isto
não deve ser levado em conta, pois sabemos que as recidivas podem surgir até bem
mais tarde (78). Já Dietrich (2002) encontrou recidiva de 29 %,com a cirurgia de alta
freqüência. Destas, 40 % ocorreram em tempo médio de 6 meses. O risco relativo foi
de 1. 2 para lesão de baixo grau e 2. 0 para lesão de alto grau (121).
51
Flannelly (1997) encontrou falha no tratamento em 71 % dos casos no
primeiro ano e 24 % no segundo ano. Recomenda seguimento de 6 anos (117). Já
Briggig (1994) encontrou 5 % de recidiva no primeiro ano e 0,6 % no segundo.
Quando o citopatológico foi positivo, 89 % recidivaram, contra 18 %, quando exame
foi negativo (122).
Murta (1999) obteve 16,5 % de recidivas, com margens livres. No seguimento,
não houve nenhum caso de recidiva, com citopatológico negativo, mas quando o
exame foi positivo, teve 57 %. Depreende-se, então, que houve 43 % de exames
falso-positivos (84).
A sensibilidade do exame citopatológico, no seguimento pós-cirurgia de alta
freqüência pode chegar a 83 %, contra 89 % da colposcopia. A especificidade foi de
14 % para a citologia e 17 % para a colposcopia. A acurácia foi de 62 % para a
citologia e de 65 % para a colposcopia. Outros autores encontraram sensibilidade de
69-99 % e especificidade de 30-93 % para a colposcopia (94). Oyesanya (1993)
encontrou 10,2 % de colposcopia insatisfatória após cirurgia de alta freqüência (69).
O uso da tipagem viral, que não tem demonstrado maior utilidade no rastreio
das lesões do colo, talvez tenha melhor indicação na predição de doença
residual/recidiva, pós–tratamento. Quando o HPV-DNA foi positivo, no seguimento,
houve 36 % de doença residual. Quando as margens da peça eram negativas e a
tipagem viral também, a ausência de doença residual foi de 100 %. HPV negativo é
melhor preditor de ausência de doença do que HPV positivo é para recidiva (123).
Jain (2001) encontrou HPV-DNA positivo em 78,7 % dos casos de margens
positivas e somente 22 % quando as margens foram negativas. Conclui que HPV-
52
DNA negativo é preditor para excisão completa e HPV-DNA positivo é preditor para
tratamento incompleto. Acha que HPV-DNA negativo é melhor preditor que
citopatológico para ausência de lesão (124). Azodi (1998) não recomenda
seguimento baseado somente no citopatológico no adenocarcinoma, devido a seu
alto índice de falso-negativo (115).
Futuro gestacional
Nenhum procedimento utilizado para tratar lesão pré-maligna do colo uterino
é livre de possíveis seqüelas. As do cone frio são sobejamente conhecidas. A CAF,
apesar de retirar menos tecido, embora em menor monta, também tem suas
conseqüências. O parto pré-termo e o baixo peso do recém-nascido são as
principais complicações. A razão de chance (odds ratio) para parto pré-termo pode
ser de 4,0 e para baixo peso, de 14,0. Ambos foram significativos (125). Em revisão
sistemática de vinte e sete estudos publicada recentemente (126), comparando cone
frio e CAF, foi demonstrado que, quando a gestação não ultrapassou 37 semanas, o
pré-termo foi de 14 % para o cone frio e 11 % para a CAF; o peso do recém-nascido
foi menor que 2500 g em 9 % dos casos de cone frio e de 8 % nos de CAF. Ambos
os métodos causam algum dano, mas não houve diferença significativa entre eles.
Outro parâmetro que contribui para o pré-termo é a profundidade da incisão (altura
da peça), maior que 10 mm (126). Quando a altura da peça foi maior que 10 mm,
houve 23 % de pré-termo; quando a altura não ultrapassou 10 mm, o pré-termo
ocorreu em 5 % dos casos. Foi estimado que canal restante menor do que 15 mm é
fator de risco para pré-termo (107).
OBJETIVOS
Geral
Avaliar a técnica modificada de CAF (CAF Fracionada - CAFFr) em relação à
qualidade da peça cirúrgica para exame histológico e complicações.
Específicos
Avaliar: sangramento, fragmentação da peça, necessidade de pontos
hemostáticos, lesões acidental de vagina, status das margens cirúrgicas, dano
térmico, estenose do canal cervical pós-cirúgica; volume, peso e altura da peça
cirúrgica.
REFERÊNCIAS
1. Cox JT. Management of cervical intraepithelial neoplasia. Lancet. 1999 Mar
13;353(9156):857-9.
2. INCA. Estimativa da incidência e mortalidade por câncer no Brasil 1999.
Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer.
1999:
http://www.inca.org.br/epidemiologia/estimativa99/mortalidade.html, acessado
15/04/2001.
3. Schoell WM, Janicek MF, Mirhashemi R. Epidemiology and biology of cervical
cancer. Semin Surg Oncol. 1999 Apr-May;16(3):203-11.
4. Arends MJ, Buckley CH, Wells M. Aetiology, pathogenesis, and pathology of
cervical neoplasia. J Clin Pathol. 1998 Feb;51(2):96-103.
5. Ueda M, Ueki K, Kanemura M, Izuma S, Yamaguchi H, Nishiyama K, et al.
Diagnostic and therapeutic laser conization for cervical intraepithelial neoplasia.
Gynecol Oncol. 2006 Apr;101(1):143-6.
6. Mathevet P, Dargent D, Roy M, Beau G. A randomized prospective study
comparing three techniques of conization: cold knife, laser, and LEEP. Gynecol
Oncol. 1994 Aug;54(2):175-9.
7. Mitchell MF, Tortolero-Luna G, Cook E, Whittaker L, Rhodes-Morris H, Silva E.
A randomized clinical trial of cryotherapy, laser vaporization, and loop electrosurgical
excision for treatment of squamous intraepithelial lesions of the cervix. Obstet
Gynecol. 1998 Nov;92(5):737-44.
8. Suh-Burgmann EJ, Whall-Strojwas D, Chang Y, Hundley D, Goodman A. Risk
factors for cervical stenosis after loop electrocautery excision procedure. Obstet
Gynecol. 2000 Nov;96(5 Pt 1):657-60.
9. Prendiville W, Cullimore J, Norman S. Large loop excision of the
transformation zone (LLETZ). A new method of management for women with cervical
intraepithelial neoplasia. Br J Obstet Gynaecol. 1989 Sep;96(9):1054-60.
10. Duggan BD, Felix JC, Muderspach LI, Gebhardt JA, Groshen S, Morrow CP,
et al. Cold-knife conization versus conization by the loop electrosurgical excision
procedure: a randomized, prospective study. Am J Obstet Gynecol. 1999 Feb;180(2
Pt 1):276-82.
11. Jakus S, Edmonds P, Dunton C, King SA. Margin status and excision of
cervical intraepithelial neoplasia: a review. Obstet Gynecol Surv. 2000
Aug;55(8):520-7.
55
12. Krebs HB, Pastore L, Helmkamp BF. Loop electrosurgical excision procedures
for cervical dysplasia: experience in a community hospital. Am J Obstet Gynecol.
1993 Aug;169(2 Pt 1):289-93; discussion 93-5.
13. Mossa MA, Carter PG, Abdu S, Young MPA, Thomas VA, Barton DPJ. A
comparative study of two methods of large loop excision of the transformation zone.
BJOG: An International Journal of Obstetrics and Gynaecology. 2005;112(4):490-4.
14. Nagar HA, Dobbs SP, McClelland HR, Price JH, McClean G, McCluggage
WG. The large loop excision of the transformation zone cut or blend thermal artefact
study: a randomized controlled trial. Int J Gynecol Cancer. 2004 Nov-Dec;14(6):1108-
11.
15. Sieunarine K, Lawton F, Smith JR. Chronic pelvic pain: a rare complication
following a large-loop excision of the transformation zone. International Journal of
Gynecological Cancer. 2006;16(2):620-2.
16. Boulanger JC, Vitse M, Gondry J, Thomas E, Naepels P. Electro-conization of
the cervix uteri. Rev Fr Gynecol Obstet. 1989 Oct;84(10):663-72.
17. Corscaden JA. Gynecologic Cancer. New York: Thomas Nelson & Sons;
1951.
18. De Robertis EDP, Nowinski W, W,, Sáez FA. Citologia General. Buenos Aires:
Editoria El Ateneo; 1952.
19. Rivoire WA, Capp E, Monego HI, Appel M, Reis R. A lesão epitelial no colo
uterino. In: Freitas FM, Menke CH, Rivoire WA, Passos EP, editors. Rotinas em
Ginecologia. Porto Alegre: Artmed; 2006. p. 307-30.
20. Cramer H. La Pretique de La Colposcopie Rhode-Saint-Genèse, Belgique:
Compagne Belge d’ Editions S.P.R.L.; 1964.
21. Rieper JP, Fonseca NM. Patologia Cervical. São Paulo: Ed.Manole Ltda;
1978.
22. Salgado C, Rieper JP. Colposcopia 2ed. Rio de Janeiro: Ministério de
Educação e Cultura, Fundação Nacional de Material Escolar; 1970.
23. Rodrigues FV. Colo Uterino. Rio de Janeiro: Ed. Faculdade de Medicina,
Universidade Federal do Rio de Janeiro; 1962.
24. Mestwerdt G. Atlas der Kolposkopie. Stuttgart: Gustav Fischer Verlag; 1961.
25. Pundel JP, Van Meensel F. Gestation et Cytologie Vaginale. Liège: Éditions
Desoer; 1951.
26. Bibiloni P. La Colposcopia. Buenos Ayres: Tecnografia Argentina; 1943.
27. Pundel JP. Les Frotis Vaginaux Endocriniens. Liège: Éditions Desoer; 1952.
56
28. Gonzales ZR. Atlas de Citopatologia/Ginecologia. Assunción, Paraguay
Editorial EFACIM; 1987.
29. Schlaen I. Citologia Y Detección de Câncer Cérvico-Uterino. Rosário,
Argentina: Editorial La Medica 1972.
30. Papanicolaou G, Traut HF. Diagnosis of uterine Cancer by the Vaginal Smear.
New York: The Common Wealth Fund; 1943.
31. Ayre JE. Cancer Cytology of The Uterus. New York: Grune & Stratton; 1951.
32. Tortora M, Nappi R, Tagliani L. Prevención Del Cancer Del Útero Y de La
Mama. Ferrara, Itália: Ed. Universidad Arcispedale S. Anna 1970.
33. Cowdry EV. Cancer Cells. Philadelphia-London W B Saunders Company;
1995.
34. Almeida JC, Maldonado P. HPV - Infecção Genital Feminina e Masculina. Rio
de Janeiro: Editora Revinter Ltda; 1994.
35. Ganse R. Kolpofotogramme Berlin: Akademie - Verlag; 1953.
36. Coppleson M, Pixley E. Colposcopia. Barcelona: Ediciones Toray; 1974.
37. Botella-LLusia J, Ruiz M, Gonzáles M, Ortiz N. El Diagnóstico Precoz Del
Câncer Uterino. Madrid: Associación Española contra el Câncer; 1961.
38. Remotti G. The Cervix and The Lower Genital Tract Milano, Italia: Societá
Milanese di Studi Gineecologici; 1983.
39. Rivoire WA, Capp E, Corleta VE, Brum I. Bases biomoleculares da
oncogênese cervical. Revista Brasileira de Oncologia. 2001;47(2):179-84.
40. Novak ER, Woodruff JD. Gynecologic and Obstetric Pathology. Philadelphia:
W.B. Saunders Campany; 1962.
41. Burghardt E. Early Histological Diagnosis of Cervical Cancer. Philadelphia,
London, Toronto WB Saunders Company; 1973.
42. Parsons L, Sommers SC. Gynecology. Philadelphia, London WB Saunders
Company; 1962.
43. Wallis YL, Macdonald F. Demystified ... oncogenes. Mol Pathol. 1999
Apr;52(2):55-63.
44. Knapp RC. Gynecologic Oncology. New York McGraw- Hill Inc.; 1993.
45. Krebs HB. Milestones in HPV Research in Clinics Obstetrics and Gynecology
Pensylvania JP Lippincott Company; 1989.
57
46. Barker HRK. Gynecologic Oncology. Philadelphia: JB Lipincott Company;
1989.
47. Robbins SL, Kunar V. Basic Pathology. Philadelphia WB Saunders Company;
1987.
48. Carvalho JP, Carvalho FM, Pincerato KM, Pereyra EA. Conization, frozen
section examination, and planned hysterectomy in the treatment of high-grade
cervical intraepithelial neoplasia. Rev Hosp Clin Fac Med Sao Paulo. 2001 Nov-
Dec;56(6):169-72.
49. Di Saia PJ, Creasman WT. Clinical Gynecological Oncology. 4 ed. St Louis-
Missouri Mosby - Year Book Inc.; 1993.
50. Sanclemente G, Gill DK. Human papillomavirus molecular biology and
pathogenesis. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2002 May;16(3):231-40.
51. Smith JH. Bethesda 2001. Cytopathology. 2002 Feb;13(1):4-10.
52. Crothers BA. The Bethesda System 2001: update on terminology and
application. Clin Obstet Gynecol. 2005 Mar;48(1):98-107.
53. Morrow CP, Curtin JP. Gynecologic Cancer Surgery. New York: Churchill
Livingstone; 1996.
54. Monsonego J. Dysplasies du col utérin et Papillomavirus Humains. Paris:
Maloine S A Éditeurs; 1988.
55. Capp E, Monego HI, Brum I, Rivoire WA. Biologia do câncer cervical. In:
Freitas FM, Menke CH, Passos EP, Rivoire WA, editors. Rotinas em Ginecologia.
Porto Alegre: Artmed; 2006.
56. Kaufman RH, Adam E, Vonka V. Human papillomavirus infection and cervical
carcinoma. Clin Obstet Gynecol. 2000 Jun;43(2):363-80.
57. Wright TC, Richart RM, Ferenczy A. Electrosurgery for HPV - Related
Diseases of The Lower Genital Tract. Anjou, Quebec: Arthur Vision Incorporated
1992.
58. Ahumada JC. Tratado de Ginecologia. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara
Waismann, Koogan Ltda; 1942.
59. Gross GE, Barrasso R. Human Papilloma Virus Infection. Berlin/Wiesbaden:
Ullstein Mosby GmbH & Co.; 1997.
60. Crum PC, Nuovo GJ. Genital Papilloma Viruses and Related Neoplasm. New
York: Raven Press Ltda; 1991.
61. Meigs JV. Terapeutica Quirúrgica del Cancer de Cuello Uterin. Barcelona -
Madrid Salvat Editores SA; 1959.
58
62. Kolstad P, Stafl A. Atlas of Colposcopy. Denmark Universitetsforlaget; 1972.
63. Fluhmann CF. The Management od Menstrual Disorders. Philadelphia -
London: WB Saunders Company; 1957.
64. Morrow CP, Townsend DE. Synopsis of Ginecologic Oncology. New York:
John Wiley & Sons Inc; 1975.
65. Bernstine JB, Rakoff AE. Vaginal Infections, Infestations and Discharges.
Toronto The Blakiston Company Inc; 1953.
66. Haines M, Taylor CW. Gynaecological Pathology. London J & A Churchill Ltd;
1962.
67. Burghardt E. Colposcopy - Cervical Pathology. Stuttgart: George Thieme
Verlag; 1991.
68. Luzzatto R, Boon ME. Contribution of the endocervical Cytobrush sample to
the diagnosis of cervical lesions. Acta Cytol. 1996 Nov-Dec;40(6):1143-7.
69. Oyesanya OA, Amerasinghe C, Manning EAD. A Comparison between Loop
Diathermy Conization and Cold-Knife Conization for Management of Cervical
Dysplasia Associated with Unsatisfactory Colposcopy. Gynecologic Oncology. 1993
Jul;50(1):84-8.
70. Saidi MH, Setzler FD, Sadler RK, Farhart SA, Akright BD. Comparison of
Office Loop Electrosurgical Conization and Cold Knife Conization. Journal of the
American Association of Gynecologic Laparoscopists. 1994 Feb;1(2):135-9.
71. Burghardt E, Holzer E. Treatment of Carcinoma Insitu - Evaluation of 1609
Cases. Obstetrics and Gynecology. 1980;55(5):539-45.
72. Hulman G, Pickles CJ, Gie CA, Dowling F, Stocks P, Dixon R. Frequency of
cervical intraepithelial neoplasia following large loop excision of the transformation
zone. Journal of Pathology. 1998;186:25A-A.
73. White CD, Cooper WL, Williams RR. Cervical Intraepithelial Neoplasia
Extending to the Margins of Resection in Conization of the Cervix. Journal of
Reproductive Medicine. 1991 Sep;36(9):635-8.
74. Murdoch JB, Morgan PR, Lopes A, Monaghan JM. Histological Incomplete
Excision of Cin after Large Loop Excision of the Transformation Zone (Lletz) Merits
Careful Follow-up, Not Retreatment. British Journal of Obstetrics and Gynaecology.
1992 Dec;99(12):990-3.
75. Bertelsen B, Tande T, Sandvei R, Hartveit F. Laser conization of cervical
intraepithelial neoplasia grade 3: free resection margins indicative of lesion-free
survival. Acta Obstet Gynecol Scand. 1999 Jan;78(1):54-9.
59
76. Chang DY, Cheng WF, Torng PL, Chen RJ, Huang SC. Prediction of residual
neoplasia based on histopathology and margin status of conization specimens.
Gynecol Oncol. 1996 Oct;63(1):53-6.
77. Denehy TR, Gregori CA, Breen JL. Endocervical curettage, cone margins, and
residual adenocarcinoma in situ of the cervix. Obstetrics and Gynecology. 1997
Jul;90(1):1-6.
78. Felix JC, Muderspach LI, Duggan BD, Roman LD. The Significance of Positive
Margins in Loop Electrosurgical Cone Biopsies. Obstetrics and Gynecology. 1994
Dec;84(6):996-1000.
79. Gardeil F, Barry-Walsh C, Prendiville W, Clinch J, Turner MJ. Persistent
intraepithelial neoplasia after excision for cervical intraepithelial neoplasia grade III.
Obstet Gynecol. 1997 Mar;89(3):419-22.
80. Hanau CA, Bibbo M. The case for cytologic follow-up after LEEP. Acta Cytol.
1997 May-Jun;41(3):731-6.
81. Husseinzadeh N, Shbaro I, Wesseler T. Predictive Value of Cone Margins and
Post-Cone Endocervical Curettage with Residual Disease in Subsequent
Hysterectomy. Gynecologic Oncology. 1989 May;33(2):198-200.
82. Lapaquette TK, Dinh TV, Hannigan EV, Doherty MG, Yandell RB, Buchanan
VS. Management of Patients with Positive Margins after Cervical Conization.
Obstetrics and Gynecology. 1993 Sep;82(3):440-3.
83. Moore BC, Higgins RV, Laurent SL, Marroum MC, Bellitt P. Predictive factors
from cold knife conization for residual cervical intraepithelial neoplasia in subsequent
hysterectomy. Am J Obstet Gynecol. 1995 Aug;173(2):361-6; discussion 6-8.
84. Murta EFC, Resende AV, Souza MAH, Adad SJ, Salum R. Importance of
surgical margins in conization for cervical intraepithelial neoplasia grade III. Archives
of Gynecology and Obstetrics. 1999 Nov;263(1-2):42-4.
85. Maluf PJ, Adad SJ, Murta EF. Outcome after conization for cervical
intraepithelial neoplasia grade III: relation with surgical margins, extension to the
crypts and mitoses. Tumori. 2004 Sep-Oct;90(5):473-7.
86. Grainger DA, Roberts DK, Wells MM, Horbelt DV. The Value of Endocervical
Curettage in the Management of the Patient with Abnormal Cervical Cytologic
Findings. American Journal of Obstetrics and Gynecology. 1987 Mar;156(3):625-8.
87. Moore BC, Higgins RV, Laurent SL, Marroum MC, Bellitt P. Predictive Factors
from Cold Knife Conization for Residual Cervical Intraepithelial Neoplasia in
Subsequent Hysterectomy. American Journal of Obstetrics and Gynecology. 1995
Aug;173(2):361-8.
60
88. Phelps JY, Ward JA, Szigeti J, Bowland CH, Mayer AR. Cervical Cone
Margins as a Predictor for Residual Dysplasia in Post-Cone Hysterectomy
Specimens. Obstetrics and Gynecology. 1994 Jul;84(1):128-30.
89. Chang DY, Cheng WF, Torng PL, Chen RJ, Huang SC. Prediction of residual
neoplasia based on histopathology and margin status of conization specimens.
Gynecologic Oncology. 1996 Oct;63(1):53-6.
90. Boardman LA, Peipert JF, Hogan JW, Cooper AS. Positive cone biopsy
specimen margins in women infected with the human immunodeficiency virus.
American Journal of Obstetrics and Gynecology. 1999 Dec;181(6):1395-9.
91. Fanning J, Padratzik J. Cold knife conization vs. LEEP - Are they the same
procedure? Journal of Reproductive Medicine. 2002 Jan;47(1):33-5.
92. Bretelle F, Cravello L, Yang L, Benmoura D, Roger V, Blanc B. Management
of patients with positive margins after cervical conization. Annales De Chirurgie. 2000
Jun;125(5):444-9.
93. Brun JL, Youbi A, Hocké C. Complications, séquelles et devenir du col traité
par conisation: évaluation à travers 3 techniques opératoires. J Gynecol Obstet Biol
Reprod. 2002;31:558-64.
94. Howe DT, Vincenti AC. Is Large Loop Excision of the Transformation Zone
(Lletz) More Accurate Than Colposcopically Directed Punch Biopsy in the Diagnosis
of Cervical Intraepithelial Neoplasia. British Journal of Obstetrics and Gynaecology.
1991 Jun;98(6):588-91.
95. Baggish MS, Noel Y, Brooks M. Electrosurgical Thin Loop Conization by
Selective Double Excision. Journal of Gynecologic Surgery. 1991 Sum;7(2):83-6.
96. Vejerslev LO, Schouenborg L, Sorensen F, Nielsen D, Sorensen SS, Juhl BR,
et al. Loop diathermy or laser excisional conization for cervical intraepithelial
neoplasia. Acta Obstetricia Et Gynecologica Scandinavica. 1999 Nov;78(10):900-5.
97. Sadek AL. Needle excision of the transformation zone: A new method for
treatment of cervical intraepithelial neoplasia. Am J Obstet Gynecol. 2000
Apr;182(4):866-71.
98. Montz FJ, Holschneider CH, Thompson LD. Large-loop excision of the
transformation zone: effect on the pathologic interpretation of resection margins.
Obstet Gynecol. 1993 Jun;81(6):976-82.
99. Prevost MR, Fung MF, Senterman M, Faught W. Should endocervical excision
and curettage be done during LEEP? Eur J Gynaecol Oncol. 1997;18(2):104-7.
100. Wright TC, Jr., Richart RM, Ferenczy A, Koulos J. Comparison of specimens
removed by CO2 laser conization and the loop electrosurgical excision procedure.
Obstet Gynecol. 1992 Jan;79(1):147-53.
61
101. Chen RJ, Lee EF, Shih JC. Does the loop electrosurgical excision procedure
adversely affect the histopathological interpretation of cervical conization specimens?
Acta Obstet Gynecol Scand. 1994 Oct;73(9):726-9.
102. Simmons JR, Anderson L, Hernandez E, Heller PB. Evaluating cervical
neoplasia. LEEP as an alternative to cold knife conization. J Reprod Med. 1998
Dec;43(12):1007-13.
103. Perlman SE, Lubianca JN, Kahn JA. Characteristics of a group of adolescents
undergoing loop electrical excision procedure (LEEP). J Pediatr Adolesc Gynecol.
2003 Feb;16(1):15-20.
104. Fischer NR. A randomized trial of the Fischer cone biopsy excisor and loop
electrosurgical excision procedure. Obstet Gynecol. 2005 Feb;105(2):450-1.
105. Khunamornpong S, Raungrongmorakot K, Siriaunkgul S. Loop electrosurgical
excision procedure (LEEP) at Maharaj Nakorn Chiang Mai Hospital: problems in
pathologic evaluation. J Med Assoc Thai. 2001 Apr;84(4):507-14.
106. Baldauf JJ, Dreyfus M, Ritter J, Meyer P, Philippe E. Risk of cervical stenosis
after large loop excision or laser conization. Obstet Gynecol. 1996 Dec;88(6):933-8.
107. Mazouni C, Porcu G, Haddad O, Dales JP, Taranger-Charpin C, Piana L, et al.
Conservative treatment of cervical intraepithelial neoplasia using a cold-knife section
technique. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2005 Jul 1;121(1):86-93.
108. Goldstein NS, Mani A. The status and distance of cone biopsy margins as a
predictor of excision adequacy for endocervical adenocarcinoma in situ. Am J Clin
Pathol. 1998 Jun;109(6):727-32.
109. Bertrand M, Lickrish GM, Colgan TJ. The anatomic distribution of cervical
adenocarcinoma in situ: implications for treatment. Am J Obstet Gynecol. 1987
Jul;157(1):21-5.
110. Ostor AG, Pagano R, Davoren RA, Fortune DW, Chanen W, Rome R.
Adenocarcinoma in situ of the cervix. Int J Gynecol Pathol. 1984;3(2):179-90.
111. Im DD, Duska LR, Rosenshein NB. Adequacy of conization margins in
adenocarcinoma in situ of the cervix as a predictor of residual disease. Gynecol
Oncol. 1995 Nov;59(2):179-82.
112. Widrich T, Kennedy AW, Myers TM, Hart WR, Wirth S. Adenocarcinoma in situ
of the uterine cervix: management and outcome. Gynecol Oncol. 1996
Jun;61(3):304-8.
113. Soutter WP, Haidopoulos D, Gornall RJ, McIndoe GA, Fox J, Mason WP, et al.
Is conservative treatment for adenocarcinoma in situ of the cervix safe? Bjog. 2001
Nov;108(11):1184-9.
62
114. Selvaggi SM, Haefner HK. Microglandular endocervical hyperplasia and tubal
metaplasia: pitfalls in the diagnosis of adenocarcinoma on cervical smears. Diagn
Cytopathol. 1997 Feb;16(2):168-73.
115. Azodi M, Chambers SK, Rutherford TJ, Kohorn EI, Schwartz PE, Chambers
JT. Adenocarcinoma in situ of the cervix: management and outcome. Gynecol Oncol.
1999 Jun;73(3):348-53.
116. Costa S, De Nuzzo M, Infante FE, Bonavita B, Marinelli M, Rubino A, et al.
Disease persistence in patients with cervical intraepithelial neoplasia undergoing
electrosurgical conization. Gynecol Oncol. 2002 Apr;85(1):119-24.
117. Flannelly G, Langhan H, Jandial L, Mana E, Campbell M, Kitchener H. A study
of treatment failures following large loop excision of the transformation zone for the
treatment of cervical intraepithelial neoplasia. Br J Obstet Gynaecol. 1997
Jun;104(6):718-22.
118. Orbo A, Arnesen T, Arnes M, Straume B. Resection margins in conization as
prognostic marker for relapse in high-grade dysplasia of the uterine cervix in northern
Norway: a retrospective long-term follow-up material. Gynecol Oncol. 2004
May;93(2):479-83.
119. Reich O, Pickel H, Lahousen M, Tamussino K, Winter R. Cervical
intraepithelial neoplasia III: long-term outcome after cold-knife conization with clear
margins. Obstet Gynecol. 2001 Mar;97(3):428-30.
120. Reich O, Lahousen M, Pickel H, Tamussino K, Winter R. Cervical
intraepithelial neoplasia III: long-term follow-up after cold-knife conization with
involved margins. Obstet Gynecol. 2002 Feb;99(2):193-6.
121. Dietrich CS, 3rd, Yancey MK, Miyazawa K, Williams DL, Farley J. Risk factors
for early cytologic abnormalities after loop electrosurgical excision procedure. Obstet
Gynecol. 2002 Feb;99(2):188-92.
122. Bigrigg A, Haffenden DK, Sheehan AL, Codling BW, Read MD. Efficacy and
Safety of Large-Loop Excision of the Transformation Zone. Lancet. 1994
Jan;343(8888):32-4.
123. Lin H, Chang HY, Huang CC, Changchien CC. Prediction of disease
persistence after conization for microinvasive cervical carcinoma and cervical
intraepithelial neoplasia grade 3. Int J Gynecol Cancer. 2004 Mar-Apr;14(2):311-6.
124. Jain S, Tseng CJ, Horng SG, Soong YK, Pao CC. Negative predictive value of
human papillomavirus test following conization of the cervix uteri. Gynecol Oncol.
2001 Jul;82(1):177-80.
125. Acharya G, Kjeldberg I, Hansen SM, Sorheim N, Jacobsen BK, Maltau JM.
Pregnancy outcome after loop electrosurgical excision procedure for the
management of cervical intraepithelial neoplasia. Arch Gynecol Obstet. 2005
Jul;272(2):109-12.
63
126. Kyrgiou M, Koliopoulos G, Martin-Hirsch P, Arbyn M, Prendiville W,
Paraskevaidis E. Obstetric outcomes after conservative treatment for intraepithelial or
early invasive cervical lesions: systematic review and meta-analysis. Lancet. 2006
Feb 11;367(9509):489-98.
64
ARTIGO EM PORTUGUÊS
CIRURGIA DE ALTA FREQUÊNCIA FRACIONADA: UMA PROPOSTA
MODIFIED LOOP ELECTOSURGICAL CONIZATION: A PROPPOSAL
Waldemar Augusto Rivoire
1,2,3
,
Heleusa Ione Monego
2
, Ricardo dos Reis
1,2
, Márcia
Binda
2
, Valentino Magno
1,2
, Eduardo Belmonte Tavares
3
, Edison Capp
1,2,3
, Maria
Isabel Edelweiss
1,4
1
Programa de Pós-Graduação em Medicina: Ciências Médicas, Faculdade de
Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
2
Setor de Oncologia Genital Feminina, Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Hospital
de Clínicas de Porto Alegre
3
Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Faculdade de Medicina, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul
4
Departamento de Patologia, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul
Correspondência para:
Waldemar Augusto Rivoire
Serviço de Ginecologia e Obstetrícia
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Rua Ramiro Barcelos, 2350, 11º andar sala 1135
CEP 90 035 903 - Porto Alegre, RS, Brasil
Telefone: 051 2101 8117
65
Resumo
Uma parte muito importante da prevenção do câncer cervical requer a
erradicação da lesão precursora denominada neoplasia intra-epitelial cervical Grau II
e III (NIC II-III). Objetivo: avaliar a técnica modificada de CAF (CAF Fracionada -
CAFFr) em relação à qualidade da peça cirúrgica para exame histológico e
complicações. Avaliar: sangramento, fragmentação da peça, necessidade de pontos
hemostáticos, lesões acidental de vagina, status das margens cirúrgicas, dano
térmico, estenose do canal cervical pós-cirúrgica; volume, peso e altura da peça
cirúrgica. Métodos: foi realizado estudo experimental, controlado, prospectivo, no
Hospital de Clínicas de Porto Alegre, comparando 55 pacientes tratadas pela técnica
modificada, com 51 pacientes tratadas pela técnica convencional (CAF). Foram
coletadas informações cirúrgico-patológicas, como sangramento cirúrgico, peso,
volume e altura da peça, características do procedimento cirúrgico, condições das
margens, distância entre as margens de ressecção e a lesão, danos térmicos, e
seqüelas do procedimento. A análise estatística foi realizada com o teste t de
Student, ANOVA, Mann-Whitney e teste exato de Fischer. Resultados: as médias de
idade foram : 35,9 anos no grupo CAFFr e 34,5 anos no grupo CAF (P=0.44).
Pacientes do grupo CAFfr não foram diferentes de pacientes do grupo CAF, em
relação à perda sangüínea, lesão acidental de vagina, dano de margens,
prejudicando a interpretabilidade do exame e estenose do canal cervical. Embora
não tenha sido estatisticamente significativo, mais amostras do grupo CAF tiveram
fragmentação do que o grupo CAFFr (5,9 % vs 0%; P=0.10). O peso foi maior (5,04
g) com a CAFFR do que com a a CAF ( 3,20 g; P = 0,01). A altura da peça foi de
66
(1,0 cm vs 1,2cm; P<0,001); P = 0,001) respectivamente. O volume das peças foi
maior no grupo CAFFr do que no grupo CAF (4,97 cm
3 vs
2,78 cm
3
; P < 0,001). A
freqüência do dano térmico não foi diferente entre as duas técnicas. Na avaliação do
status das margens, o grupo CAFFr teve menor freqüência de margens ectocervicais
positivas do que amostras do grupo CAF (12,7% vs 33,3%; P=0.021). Não houve
diferença no status das margens endocervicais entre os grupos. Conclusões: neste
estudo foi observado que pacientes submetidas a CAFFr não tiveram fragmentação
da amostra, uma área maior de ectocérvice foi removida e tiveram uma maior
distância da lesão até a margem. Mesmo com uma altura menor, as amostras
obtidas com CAFFr foram capazes de remover mais tecido conjuntivo, contendo
glândulas, que o procedimento CAF convencional.
Palavras-chave
Cirurgia de Alta Freqüência, margens cirúrgicas, dano térmico, seqüelas,
Neoplasia Intraepitelial Cervical, lesão de alto grau do colo uterino
67
Abstract
Background: A very important part of cervical cancer prevention requires the
eradication of cancer precursor lesions referred to as cervical intraepithelial neoplasia
Grade II-III (CIN II-III). Objective: The purpose of this study was to evaluate a
proposal of modified loop electrosurgical conization (MLEC) in order to obtain a more
adequate specimen concerning to histopathological examination. Methods: An
experimental, prospective and controlled study was designed in our institution to
compare 55 patients treated by MLEC and 51 patients treated by conventional loop
electricsurgical conization (LEC) Surgical-pathological characteristic data collected
included bleeding, weigh, high and volume of specimen, surgical procedure
characteristics, margins status, distance between resection margins and lesion,
thermal injuries and cervical sequelae. Student t test, Mann-Whitney test and Fischer
exact test were used for statistical analysis. Results: Median age was 35.9 years in
the MLEC group and 34.5 years in the LEC group (P=0.44). MLEC patients were not
significantly different compared to LEC patients regarding blood loss, vaginal injuries,
damaged margins and cervix stenosis. Although not statistically significant, the MLEC
group showed no specimen fragmentation compared to LEC group ( 0% vs 5,9 %
P=0.10). MLEC and LEC specimens did have a significantly different height (1.0 cm
vs 1,2 cm; P<0.001) and specimen weight (5.04 g vs 3.20 g; respectively P=0.01).
The MLEC specimen volume was bigger than LEC( 4.97 cm3 vs 2,78 cm3 P<0.001).
The thermal injury was not different between these two techniques. On evaluation of
margins status, MLEC specimens did have lesser positive ectocervical margins
compared to LEC specimens (12.7% vs 33.3%; P=0.021). There was no difference
68
between the status of endocervical margins in two groups. The MLEC specimens did
have a significantly different distance between lesion and ectocervical margin,
compares to LEC specimen (50 % vs 13.3 %; P = 0.048). Conclusions: In this study
we have observed that patients submitted to MLEC did not have specimen
fragmentation, had bigger ectocervix area removed and a bigger distance between
lesion and ectocervical margins. We could observe that even with a smaller height of
specimen, MLEC was able to remove more stromal tissue, containing glands than
LEC procedure
Keywords
Loop electrosurgical conization (LEC), surgical margins, thermal injury, sequelae,
cervical intraepithelial neoplasia (CIN), HSIl
69
Introdução
As campanhas de prevenção do câncer de colo uterino têm a função de
detectar neoplasias intraepiteliais (NICs), principalmente de graus II e III. O
tratamento neste estágio tem, teoricamente, uma taxa de 100 % de cura (1).
Contudo, o câncer de colo uterino ainda se destaca, como causa de morte, no Brasil
(2). Existem grandes diferenças regionais entre os diversos estágios da doença,
refletindo a influência de fatores econômicos e sociais, campanhas de prevenção e
tratamento de lesões pré-invasivas (3). A incidência de adenocarcinoma invasivo da
cérvice uterina tem aumentado de incidência, particularmente em mulheres jovens,
aumentando a responsabilidade com relação à excisão completa das lesões do
canal cervical (4).
Dos procedimentos ambulatoriais para o tratamento de NIC II e III: cone a frio,
e Cirurgia de Alta Freqüência (CAF) são os mais utilizados (5). Há controvérsias em
relação a custo, segurança, facilidade de uso, complicações e potencial de
permanência de células com grande carga viral (HPV - Human Papiloma Virus) (6,
7). Crioterapia e laserterapia são métodos destrutivos locais e não produzem peça
para exame histopatológico . São caros e requerem maior treinamento, existindo
ainda riscos para o médico de lesões oculares e queimaduras, no caso do laser (1).
A Cirurgia de Alta Freqüência com alça fina de tungstênio,foi introduzida em
1989, por Prendville e consistia na ressecção da Zona de Transformação (Large
Loop Excision Transformation Zone - LLETZ (8). Posteriormente, nos Estados
Unidos da América, foi chamada de Loop Electricsurgical Excision Procedure
70
(LEEP)e , na maioria dos casos, vem substituindo a conização a frio, no tratamento
das lesões de alto grau do colo uterino (NIC II-III) .
Embora teoricamente o procedimento idealizado por Prendville deva fornecer
uma peça única, semelhante ao cone obtido com a técnica tradicional, com bisturi a
frio, na prática, freqüentemente isto não ocorre. Na impossibilidade de se usar uma
alça suficientemente grande, para retirar toda lesão em um só bloco, quando ela é
maior que 2 cm no diâmetro ântero-posterior, acaba-se fragmentando a peça, não
raro, em várias porções. Isto dificulta para o patologista o julgamento de
comprometimento ou não das margens cirúrgicas. Artefatos térmicos podem também
prejudicar a avaliação das margens (9, 10). As dimensões exíguas do fundo vaginal,
onde se localiza o colo uterino, é o fator limitante, levando-se em conta que a alça
não pode tocar nas paredes vaginais, sob pena de ocasionar lesão de bexiga, reto e
até ureter, em casos extremos (11). O objetivo deste trabalho foi avaliar uma
modificação da técnica de conização de colo uterino com Cirurgia de Alta Freqüência
(CAF) , visando o fornecimento de peça mais adequada para o exame
histopatológico. Denominamos a técnica proposta Cirurgia de Alta Freqüência
Fracionada (CAFFr)
Método
Delineamento do estudo
Foi realizado estudo experimental, controlado, prospectivo.
População e amostra
71
Participaram deste estudo pacientes com diagnóstico de neoplasia
intraepitelial de colo uterino graus II e III, atendidas no Setor de Oncologia Genital
Feminina do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Clínicas de Porto
Alegre, no período de março de 2001 a agosto de 2005, diagnosticadas por
colposcopia (alterações maiores) confirmadas por exame anátomo-patológico.
Foram excluídas pacientes com infecção ou infestação vaginal, lesão adentrando o
canal mais que 0,5 cm, extensão para vagina. As pacientes foram distribuídas
aleatoriamente entre grupo1 (CAFFr) e grupo 2 (CAF).
O comprometimento das margens cirúrgicas é variável, na literatura mundial,
podendo chegar a 50% (Mathevet 1994). Assim, utilizando uma importância clínica
de 30 % entre os grupos 1 e 2 no percentual de margens comprometidas, foi
calculado um número total de 45 pacientes para cada grupo. O poder estatístico
utilizado desta amostra seria de 80 % e o nível de significância de 0,05.
Instrumentos e procedimentos
Após randomização em blocos de 6 pacientes, as participantes realizaram:
Grupo 1 (CAFFr, 57 pacientes): exposição do colo, com espéculo revestido por
material isolante para eletricidade e cânula de conexão ao látex do
aspirador.Introdução de histerômetro ou haste de material não condutor de
eletricidade, com a finalidade de impedir que a alça encoste na parede oposta do
canal cervical. Escolha da alça adequada para o tamanho da lesão. Aplicação do
teste de Schiller, para delimitação da lesão. Regulagem do aparelho de alta
72
freqüência (Valley Lab) para a posição de corte exclusivo, em 40-60 watts,
dependendo do tamanho da alça . Secção com a espátula eletro-cirúrgica das duas
comissuras labiais do colo, em 0,5 cm de profundidade. Passagem da alça
verticalmente no sentido das 6 horas do mostrador do relógio, até a fenda do orifício
externo, retirando a peça (Lábio Posterior). Hemostasia com eletrodo de bola ou
espátula, no caso de fendas em que o eletrodo não alcance a área sangrante.
Repete-se o mesmo procedimento no Lábio Anterior, movimentando a alça de 12
horas até o Orifício Externo. Prefere-se iniciar o procedimento pelo Lábio Posterior, a
fim de evitar sangramento sobre a área que está sendo operada, pelo efeito da
gravidade. Não utilizamos gel hemostático.Eventualmente podem ser necessários
pontos hemostáticos. Tingimento das margens cirúrgicas, com tinta nanquim, das
duas peças obtidas: hemi-colo anterior e hemi-colo posterior, para auxiliar na
orientação do patologista. As margens correspondentes a secções, nas comissuras
labiais, não devem ser coradas para não serem confundidas com margens
comprometidas, na eventualidade de haver lesão presente nestes locais.
Grupo 2 (CAF, 51 pacientes): Exposição do colo, com espéculo revestido por
material isolante para eletricidade e cânula de conexão ao látex do aspirador. Neste
caso não há indicação de introduzir o histerômetro plástico, pelo tipo de
procedimento. Escolha da alça adequada para o tamanho da lesão. Aplicação do
teste de Schiller, para delimitação da lesão . Regulagem do aparelho de alta
freqüência para a posição de corte exclusivo, em 40-60 Watts (Valley-lab), de acordo
com o tamanho da lesão. Passagem da alça no sentido da comissura labial
esquerda para a comissura labial direita, (3-9 horas) interessando lábio anterior e
posterior, num só movimento do colo. Hemostasia como descrita para o grupo
73
anterior. O sangramento foi avaliado através da pesagem de gases, descontando-se
a tara de 2 g por folha. As peças foram imersas em frasco com formalina a 10 %, em
frascos separados, colo total (CAF), lábio anterior e lábio posterior (CAFFr). No
Laboratório de nosso hospital, o material foi incluído em parafina. O exame
histopatológico foi realizado pela técnica de cortes escalonados, fornecendo de 12 a
20 lâminas, conforme o tamanho das peças. As lâminas foram coradas com
Hematoxilina eosina.
As seguintes variáveis foram avaliadas: sangramento; necessidade de pontos
no colo; necessidade de pontos na vagina; fragmentação acidental da peça; peso,
altura, área da base e volume da peça; comprometimento das margens; distância da
lesão às margens ecto e endocervicais, nos dois lábios; dano térmico nas margens,
impedindo a interpretabilidade; estenose do canal cervical, no seguimento. Para
determinar o volume das peças CAFFr e CAF, o melhor seria pela técnica do
deslocamento da água, na imersão das mesmas. Entretanto, por tratar-se de peças
muito pequenas e não dispormos de aparelhagem adequada, optamos por adotar o
volume do ovóide, por verossimilhança, como se faz com o ovário. O volume do
cone foi avaliado pela fórmula tradicional, apesar de tratar-se de um tronco de cone.
V = Pi x D1 x D2 x D3/6
A permeabilidade do orifício cervical externo foi verificada através da
passagem de vela de Hegar de 2,5 mm de diâmetro após o procedimento, na 2
a
. e
4
a
. semana pós-operatória, aos 3 e 6 meses
74
Aspectos éticos
Este projeto está, ética e metodologicamente, de acordo com as Diretrizes e
Normas Regulamentadoras de Pesquisa envolvendo Seres Humanos (Resolução
196/96 do conselho Nacional de Saúde). As pacientes foram informadas sobre os
objetivos deste trabalho e concordaram em participar assinando termo de
consentimento livre e esclarecido. Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (01-247)
Análise estatística
O processamento e análise dos dados foi realizado com auxílio dos pacotes
estatísticos SPSS 10 e Epi-Info 6.0. Idade, volume e peso das peças das pacientes
tiveram distribuição normal e homogeneidade de variância entre os grupos, são
apresentadas como média ± erro padrão da média (EPM) e foram comparadas com
teste t de Student ou ANOVA de uma via (quando comparados os três grupos). Os
dados de sangramento não tiveram distribuição normal, são apresentados como
mediana e intervalo interquartis e foram comparados pelo teste de Mann-Whitney. O
comprometimento das margens na ecto- e endocérvice dos lábios anterior e
posterior foi comparado pelo teste do qui-quadrado ou teste exato de Fischer: P =
0,014 . Foram consideradas significantes diferenças estatísticas com valor de p
inferior a 0,05.
Resultados
75
A idade das pacientes foi semelhante no grupo da CAFFr (35,9 ± 9,5) e no
grupo da CAF (34,5 ± 9,7, P = 0,441).
A tabela 1 apresenta os diagnósticos histopatológicos encontrados em cada
grupo.
O sangramento foi avaliado em gramas. O resultado não mostrou diferença
significativa entre CAFFr (56,3 ± 44,4) e CAF (50,0 ± 51,7) (P = 0,215). A
necessidade de pontos hemostáticos no colo foi de 1.8 % e 15. 7 % na CAFFr e
CAF, respectivamente (P = 0,014 ). Não houve também diferença na freqüência de
lesão acidental de vagina com CAFFr (7,4 %) e na CAF (3. 9 %) (P = 0,679). Na
CAFFr não houve fragmentação da peça e na CAF, a fragmentação foi detectada em
5.9 %, sem diferença estatística (P = 0,108).
A altura da peça (distância do vértice até a extremidade do orifício externo) foi
ligeiramente menor na CAFFr (1,0 cm) do que na CAF (1,2 cm) (P < 0,001) (figura
1). Foi medida também a área da base da peça na ectocérvice. Na CAFFr, a área foi
de 7,3 ± 2,1 cm
2
e na CAF 3,3 ± 1,5 cm2 (P =0,001, figura 2). O volume da CAFFr
(4,97 ± 0,33 cm
3
foi maior que na CAF (2,78 ± 0,26 cm
3
) (P = 0,001) (figure 3). A
peça da CAFFr mostrou peso de 5,04 ± 0,33 g e 3,20 ± 0,28 g na peça da CAF (P =
0,01, figura 4). Foram somados os pesos dos lábios anterior e posterior na CAFFr.,a
fim de obter o peso total da peça. Considerando o comprometimento das margens
na ecto ou na endocérvice, houve uma menor freqüência de comprometimento de
margens na ectocérvice na CAFFr (12,7 %) que na CAF 33,3 % (P = 0,021) (tabela
2).
76
Com relação à distância das lesões às margens, houve diferença significativa
na ectocérvice, lábio posterior (P = 0,008) (tabela 3).
Não houve diferença entre as duas técnicas (CAF X CAFr), com relação à
freqüência de margens danificadas ( 2 X 4) ou estenose do canal cervical (0 X 1).
Discussão
Neste estudo os resultados demonstraram que, embora fosse esperado maior
sangramento na CAFFr devido à retirada de um tecido maior, isto não ocorreu. Na
maioria dos trabalhos, a CAF apresenta menor sangramento do que a conização à
frio. É possível que uma das explicações para pequenas quantidades de
sangramento, relatadas na literatura (5-10 cc) esteja no fato de que a maioria dos
procedimentos é feita em consultório, o que pode acarretar uma menor profundidade
de incisão e assim, menor risco de hemorragia. Sempre que possível, preferimos
realizar o procedimento em sala cirúrgica e com anestesia geral., pois entendemos
que estamos tratando uma lesão com grande potencial maligno.
Não tivemos nenhum caso de sangramento tardio. Na literatura são relatados
alguns casos, inclusive necessitando hospitalização (12, 13).
Ainda com relação ao sangramento, houve menor necessidade de pontos
hemostáticos no colo na CAFFr do que na CAF. Isto se deve, provavelmente, ao fato
da incisão separada dos lábios e subseqüente hemostasia de uma área antes de
incisar a outra.
77
As lesões acidentais de vagina também tendem a desaparecer à medida que
o profissional adquire maior experiência. Além disso, o uso de afastador vaginal
emborrachado, protege as paredes vaginais, aumentando a segurança do
procedimento.
O baixo número de casos de fragmentação da peça cirúrgica após CAF nos
surpreendeu . Provavelmente isto se deva ao número de casos estudados.
Provavelmente com um número maior de casos haja uma diferença significativa,
pois com a CAFFr, não houve nenhum caso de fragmentação . .
Outra dificuldade para a interpretação histopatológica é a segunda passada,
na profundidade do canal, depois d retirada a peça principal, com uma alça
quadrada, de 1 cm de lado. (14, 15). Não adotamos esta técnica, pois a segunda
peça, sendo de pequenas dimensões sofre mais com o dano térmico e fica
praticamente impossível avaliar as margens no canal. Sadek cita vários autores para
relatar que o fracasso na obtenção de peça inteira é mais comum do que se possa
imaginar (16). Há relatos de até 70% dos casos com 3 ou mais fragmentos (16).
Prendville, em seu trabalho original, já referia a necessidade de mais de uma
passada nas lesões extensas na ectocérvice (17).
No planejamento da pesquisa imaginávamos que a altura da peça na CAFFr
seria maior do que na CAF, aproximando-a à do cone frio. Porém, ao contrário do
esperado, a altura foi maior na CAF. É possível retirar-se uma peça mais alta
(profunda) com a CAFFr, porém isto não é aconselhável pelo risco de sangramento
e pelas seqüelas de retirada extensa do canal. Não há consenso, porém acredita-se
que a retirada em torno de um 1 cm de canal seja suficiente e que porções maiores
78
de tecido possam ocasionar seqüelas importantes, como o risco de parto pré-termo
e baixo peso do concepto (23% quando a extensão do canal retirado ultrapassou 1
cm contra 5% no outro grupo). A razão de chance (odds ratio) para parto prematuro
pode ser de 4,0 para baixo peso e de 14,0 para parto pré-termo (19). A dimensão do
canal restante também parece ter papel fundamental, pois quando foi menor que 1,5
cm houve maior risco de parto pré-termo (20). Entretanto, parece não haver
influência do volume e da altura da peça nos desfechos desfavoráveis (21).
O cone frio tem, em média, o volume 50 % maior e o peso 100 % maior do
que a CAF (84). Comparamos volume e peso da CAFFr com a CAF e houve
diferença significativa a favor da CAFFr (maior peso e maior volume). Já o volume
da CAFFr não teve diferença significativa em relação ao cone frio. Mesmo assim a
CAFFr poupou mais estroma do que aquele, o que parece importante, em se
tratando de peça tão pequena (1 cm
2
) (15).
Outra forma de avaliar a quantidade de tecido retirado é pesar a peça
cirúrgica retirada. No estudo, a CAFFr obteve peso total (lábio anterior e lábio
posterior) significativamente maior do que a CAF. Quando se avalia somente a altura
da peça, temos as dimensões do canal retirado, mas não a certeza de que a alça
passou a mais de 7 mm na profundidade do estroma. Isto pode nos induzir a uma
falsa impressão de adequação da peça. É Interessante evidenciar que existe uma
correspondência linear entre o volume e o peso do tecido cervical (1 cm 3 pesa
aproximadamente 1 grama).
Considerando o colo como um todo (lábio anterior e lábio posterior), houve
diferença significativa em favor da CAFFr, com relação ao menor número de
79
margens positivas na ectocérvice. Na endocérvice, as técnicas foram equivalentes.
Sabe-se que o valor do status das margens é controverso como preditor de risco
para doença residual ou recidiva. A própria conceituação é polêmica em relação a
quanto tempo é necessário para definir uma lesão como residual ou recidivada. Do
ponto de vista prático, não se sabe se este dado faz diferença. Assim como margens
positivas não são sempre indicativas de doença residual/recidiva, margens negativas
não oferecem segurança da ausência de recidiva . A prática de cauterizar as bordas
da ferida operatória, a fim de evitar a nova localização da junção escamo-colunar
dentro do canal, pode ser uma das responsáveis por ausência de recidiva, nos
casos de margens positivas. Outros fatores a considerar são a necrose dos bordos
da ferida operatória, devido a eletrocoagulação e a regeneração tecidual, no
processo de cicatrização do colo (22).
Para Kalogirou, margens não são bons preditores para recidiva ou não (23). O
autor considera mais importante para o ocorrência de recidiva,a idade crescente da
paciente,o grau da lesão e o envolvimento glandular (23). Com margens positivas, o
VPP foi de 47% para doença residual/recidiva. Quando as margens foram negativas,
o VPN foi de 77% (24) A correlação entre margens positivas e doença
residual/recidiva variou de 30,1 a 70% (22, 25-28). Quando as margens foram
negativas, a doença residual/recidiva variou de 5,0 a 21% (22, 26, 28).
O risco de doença residual/recidiva aumenta quando a margem endocervical
está positiva e é maior ainda, quando as duas margens estão comprometidas (ecto e
endo) (28).
80
A curetagem do canal restante, após a retirada da peça, também é
controversa. Margens e curetagem endocervical negativas não asseguram ausência
de doença residual. Denehy encontrou 67% de doença residual quando a curetagem
do canal foi negativa e 79%, quando foi positiva (29) e conclui que margem negativa
foi melhor preditor que a curetagem negativa (27). Avaliando-se as margens, além
da multicentricidade, outro fator de falso-negativo pode ser devido a alça passar em
glândulas livres de doença em sua parte superior, mas com neoplasia no fundo das
mesmas (30).
Avaliamos neste estudo o dano térmico que prejudicasse a interpretação do
exame. O valor encontrado foi muito baixo e não houve diferença entre as duas
técnicas. O dano pode ser por distorção, coagulação e carbonização. Na distorção
não há destruição celular, como nos outros, mas as células sofrem um desvio em
sua orientação. No estudo utilizamos o cautério no corte puro, onde só o princípio da
vaporização está presente, sem os prejuízos da fulguração. Entretanto, sabemos
que este dado é controverso na literatura (18)
Outro fator importante para ser avaliado é a estenose do canal, caracterizada
pela impossibilidade de passagem das velas de Hegar de 25 mm (100). Constitui-se
no efeito adverso mais temido na conização a frio, sendo pouco observado na
eletrocirurgia. Não houve diferença significativa entre as duas técnicas e os índices
foram muito baixos. Boulanger correlacionou a estenose do canal com a altura da
peça, na conização a frio. Quando o canal retirado mediu 25 mm, ocorreu 12,8 % de
estenose,contra 24%,quando excedeu essa medidas (18).
Como vemos, a eletrocirurgia retira em torno de 10 mm do canal ou pouco
mais e, portanto, esta não é uma complicação temida. Para um autor, com 7 mm de
81
retirada do canal, 99% das lesões são completamente extirpadas com estenose de
0,5 – 4,3 % (16).
Considerações finais
A CAFFr forneceu peça cirúrgica sem fragmentação em todos os casos além
disso, houve menor número de casos com margens positivas em relação à
ectocérvice. Com relação à positividade de margens endocervicais não houve
diferença entre as duas técnicas. A CAFFr propiciou maior distâncias entre a lesão e
as margens cirúrgicas na ectocérvice. Não houve diferença entre as duas técnicas
com relação à distância da lesão às margens na endocérvice. A CAFFr se apresenta
como alternativa à CAF principalmente nas lesões extensas da ectocérvice. A CAFFr
apresenta peça sem fragmentação (considerando cada lábio como uma peça), o que
não ocorre sempre com a CAF.
Embora reconhecendo que é possível realizar o procedimento de
eletrocirurgia em consultório e com anestesia local, há risco aumentado de sub-
tratamento. Também é muito importante definir a quantidade desejada de tecido, já
que pode ser muito diferente nos casos terapêuticos ou diagnósticos. Julgamos que,
para substituir o padrão ouro para o tratamento da NIC II e III (conização a frio), o
ideal é realizar o procedimento em sala cirúrgica e com anestesia geral, sempre que
possível. Nos países do terceiro mundo, talvez seja a única oportunidade de evitar
que a paciente volte com um câncer inoperável, pois é baixa a aderência ao
seguimento. Embora controverso, devemos procurar obter peças cirúrgicas com
margens negativas e oferecer ao patologista uma peça nas melhores condições
possíveis para interpretação.
82
Referências
1. Cox JT. Management of cervical intraepithelial neoplasia. Lancet. 1999 Mar
13;353(9156):857-9.
2. INCA. Estimativa da incidência e mortalidade por câncer no Brasil 1999.
Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer.
1999:
http://www.inca.org.br/epidemiologia/estimativa99/mortalidade.html, acessado
15/04/2001.
3. Schoell WM, Janicek MF, Mirhashemi R. Epidemiology and biology of cervical
cancer. Semin Surg Oncol. 1999 Apr-May;16(3):203-11.
4. Arends MJ, Buckley CH, Wells M. Aetiology, pathogenesis, and pathology of
cervical neoplasia. J Clin Pathol. 1998 Feb;51(2):96-103.
5. Ueda M, Ueki K, Kanemura M, Izuma S, Yamaguchi H, Nishiyama K, et al.
Diagnostic and therapeutic laser conization for cervical intraepithelial neoplasia.
Gynecol Oncol. 2006 Apr;101(1):143-6.
6. Mitchell MF, Tortolero-Luna G, Cook E, Whittaker L, Rhodes-Morris H, Silva E.
A randomized clinical trial of cryotherapy, laser vaporization, and loop electrosurgical
excision for treatment of squamous intraepithelial lesions of the cervix. Obstet
Gynecol. 1998 Nov;92(5):737-44.
7. Suh-Burgmann EJ, Whall-Strojwas D, Chang Y, Hundley D, Goodman A. Risk
factors for cervical stenosis after loop electrocautery excision procedure. Obstet
Gynecol. 2000 Nov;96(5 Pt 1):657-60.
8. Duggan BD, Felix JC, Muderspach LI, Gebhardt JA, Groshen S, Morrow CP,
et al. Cold-knife conization versus conization by the loop electrosurgical excision
procedure: a randomized, prospective study. Am J Obstet Gynecol. 1999 Feb;180(2
Pt 1):276-82.
9. Jakus S, Edmonds P, Dunton C, King SA. Margin status and excision of
cervical intraepithelial neoplasia: a review. Obstet Gynecol Surv. 2000
Aug;55(8):520-7.
10. Nagar HA, Dobbs SP, McClelland HR, Price JH, McClean G, McCluggage
WG. The large loop excision of the transformation zone cut or blend thermal artefact
study: a randomized controlled trial. Int J Gynecol Cancer. 2004 Nov-Dec;14(6):1108-
11.
11. Sieunarine K, Lawton F, Smith JR. Chronic pelvic pain: a rare complication
following a large-loop excision of the transformation zone. International Journal of
Gynecological Cancer. 2006;16(2):620-2.
83
12. Saidi MH, Setzler FD, Sadler RK, Farhart SA, Akright BD. Comparison of
Office Loop Electrosurgical Conization and Cold Knife Conization. Journal of the
American Association of Gynecologic Laparoscopists. 1994 Feb;1(2):135-9.
13. Mathevet P, Dargent D, Roy M, Beau G. A randomized prospective study
comparing three techniques of conization: cold knife, laser, and LEEP. Gynecol
Oncol. 1994 Aug;54(2):175-9.
14. Prevost MR, Fung MF, Senterman M, Faught W. Should endocervical excision
and curettage be done during LEEP? Eur J Gynaecol Oncol. 1997;18(2):104-7.
15. Vejerslev LO, Schouenborg L, Sorensen F, Nielsen D, Sorensen SS, Juhl BR,
et al. Loop diathermy or laser excisional conization for cervical intraepithelial
neoplasia. Acta Obstetricia Et Gynecologica Scandinavica. 1999 Nov;78(10):900-5.
16. Sadek AL. Needle excision of the transformation zone: A new method for
treatment of cervical intraepithelial neoplasia. Am J Obstet Gynecol. 2000
Apr;182(4):866-71.
17. Prendiville W, Cullimore J, Norman S. Large loop excision of the
transformation zone (LLETZ). A new method of management for women with cervical
intraepithelial neoplasia. Br J Obstet Gynaecol. 1989 Sep;96(9):1054-60.
18. Boulanger JC, Vitse M, Gondry J, Thomas E, Naepels P. Electro-conization of
the cervix uteri. Rev Fr Gynecol Obstet. 1989 Oct;84(10):663-72.
19. Acharya G, Kjeldberg I, Hansen SM, Sorheim N, Jacobsen BK, Maltau JM.
Pregnancy outcome after loop electrosurgical excision procedure for the
management of cervical intraepithelial neoplasia. Arch Gynecol Obstet. 2005
Jul;272(2):109-12.
20. Mazouni C, Porcu G, Haddad O, Dales JP, Taranger-Charpin C, Piana L, et al.
Conservative treatment of cervical intraepithelial neoplasia using a cold-knife section
technique. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2005 Jul 1;121(1):86-93.
21. Samson SL, Bentley JR, Fahey TJ, McKay DJ, Gill GH. The effect of loop
electrosurgical excision procedure on future pregnancy outcome. Obstet Gynecol.
2005 Feb;105(2):325-32.
22. Murdoch JB, Morgan PR, Lopes A, Monaghan JM. Histological Incomplete
Excision of Cin after Large Loop Excision of the Transformation Zone (Lletz) Merits
Careful Follow-up, Not Retreatment. British Journal of Obstetrics and Gynaecology.
1992 Dec;99(12):990-3.
23. Kalogirou D, Antoniou G, Karakitsos P, Botsis D, Kalogirou O, Giannikos L.
Predictive factors used to justify hysterectomy after loop conization: Increasing age
and severity of disease. European Journal of Gynaecological Oncology.
1997;18(2):113-6.
84
24. Lapaquette TK, Dinh TV, Hannigan EV, Doherty MG, Yandell RB, Buchanan
VS. Management of Patients with Positive Margins after Cervical Conization.
Obstetrics and Gynecology. 1993 Sep;82(3):440-3.
25. Hulman G, Pickles CJ, Gie CA, Dowling F, Stocks P, Dixon R. Frequency of
cervical intraepithelial neoplasia following large loop excision of the transformation
zone. Journal of Pathology. 1998;186:25A-A.
26. Bigrigg A, Haffenden DK, Sheehan AL, Codling BW, Read MD. Efficacy and
Safety of Large-Loop Excision of the Transformation Zone. Lancet. 1994
Jan;343(8888):32-4.
27. Murta EFC, Resende AV, Souza MAH, Adad SJ, Salum R. Importance of
surgical margins in conization for cervical intraepithelial neoplasia grade III. Archives
of Gynecology and Obstetrics. 1999 Nov;263(1-2):42-4.
28. Maluf PJ, Adad SJ, Murta EFC. Outcome after conization for cervical
intraepithelial neoplasia grade III: Relation with surgical margins, extension to the
crypts and mitoses. Tumori. 2004 Sep-Oct;90(5):473-7.
29. Denehy TR, Gregori CA, Breen JL. Endocervical curettage, cone margins, and
residual adenocarcinoma in situ of the cervix. Obstetrics and Gynecology. 1997
Jul;90(1):1-6.
30. Goldstein NS, Mani A. The status and distance of cone biopsy margins as a
predictor of excision adequacy for endocervical adenocarcinoma in situ. Am J Clin
Pathol. 1998 Jun;109(6):727-32.
85
Tabela 1
Diagnósticos histopatológicos
Lábio anterior Lábio posterior
Sem lesão
31 (29,2 %) 44 (41,5 %)
NIC I
10 (9,4 %) 7 (6,6 %)
NIC II
3 (2,8 %) 5 (4,7 %)
NIC III
59 (38,1 %) 49(46,2 %)
adenoCa in situ
2 (1,3 %) 0 (0 %)
Ca invasor
1 (0,6 %) 1 (0,9 %)
Total
106 (100 %) 106 (100 %)
86
Tabela 2
Comprometimento de margens
CAF CAFFrr Total P*
Ectocérvice + Endocérvice
Margens comprometidas
17 (33,3 %) 7 (12,7 %) 24 (22,6 %)
Margens livres
34 (66,7 %) 48 (87,3 %) 82 (77,4 %)
Total
51 (100,0 %) 55 (100,0 %) 106 (100,0 %)
0,021
Ectocérvice
Margem comprometida
10 (19,6 %) 1 (1,8 %) 11 (10,4 %)
Margem livre
95 (89,6 %) 41 (80,4%)
Total
51 (100,0 %) 55 (100,0%) 106 (100,0 %)
0,007
Endocérvice
Margem comprometida
13 (25,5 %) 7 (12,7 %) 20 (18,9 %)
Margem livre
38 (74,5 %) 48 (87,3 %) 86 (81,1 %)
Total
51 9100,0 %) 55 (100,0 %) 106 (100,0 %)
0,13
* Teste do qui-quadrado com correção de Yates.
87
Tabela 3
Distância da lesão às margens
CAF CAFFr P
Ectocérvice lábio anterior 5,4 ± 3,3 5,8 ± 2,8 0,670
Endocérvice lábio anterior 4,9 ± 2,3 3,7 ± 2,2 0,061
Ectocérvice lábio posterior 5,1 ± 2,2 7,6 ± 3,8 0,008
Endocérvice lábio posterior 5,5 ± 3,35 5,4 ± 4,0 0,890
Teste t de Student.
88
Figura 1
Altura da peça
CAFCAFFr
Altura da peça (cm)
2,0
1,0
0,0
Teste t de Student: P < 0,001.
89
Figura 2
Área da base da peça
Teste t de Student: P < 0,001
90
Figura 3
Volume das peças obtidas pela CAF, CAFFr
CAFFrCAF
Volume total cm3)
7
6
5
4
3
2
1
0
Teste t de Student P < 0,05
91
Figura 4
Peso das peças obtidas por CAF e CAFFr
Teste t de Student P < 0,05
92
ARTIGO EM INGLÊS
Modified Loop Electrosurgical Conization in High Grade Squamous
Intraepithelial Neoplasia: A New Approach
Waldemar Augusto Rivoire
1,2,3
,
Heleusa Ione Monego
2
, Ricardo dos Reis
1,2
, Márcia
Binda
2
, Valentino Magno
1,2
, Eduardo Belmonte Tavares
3
, Edison Capp
1,2,3
, Maria
Isabel Edelweiss
1,4
1
Post Graduation Program in Medicine: Medical Sciences, School of Medicine,
Federal University of Rio Grande do Sul
2
Division of Gynecologic Oncology , Service of Gynecology and Obstetrics Hospital
de Clínicas de Porto Alegre
3
Department of Gynecology and Obstetrics, School of Medicine, Federal University
of Rio Grande do Sul
4
Department of Pathology, School of Medicine, Federal University of Rio Grande do
Sul
Correspondence address:
Waldemar Augusto Rivoire
Serviço de Ginecologia e Obstetrícia
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Rua Ramiro Barcelos, 2350, 11º andar sala 1135
CEP 90 035 903 - Porto Alegre, RS, Brasil
Telefone: 051 2101 8117
93
Abstract
Background: Cervical cancer is a highly preventable disease, mainly through the
eradication of cervical intraepithelial neoplasia grades II-III (CIN II-III). Objective: The
aim of this study was to compare a modified loop electrosurgical conization (MLEC)
with the conventional loop electrosurgical conization (LEC). The outcomes analysed
were type of specimen obtained for histopathological examination, occurrence of
bleeding, fragmentation, haemostatic sutures, lesions of vagina, status of margins,
thermal injury and cervical os stenosis, and the volume, area, weight and height of
surgical specimen. Methods: A randomized, controlled trial was performed in our
institution, including 55 patients treated by MLEC and 51 patients treated by LEC.
Student t test, Anova, Mann-Whitney test and Fischer exact test were used for
statistical analysis. Results: The median age was 35.9 years in the MLEC group and
34.5 years in the LEC group (P=0.44). There were no differences between the
groups regarding blood loss, vaginal injuries, damaged margins and presence of
cervix stenosis. Although not statistically significant, the MLEC group showed less
specimen fragmentation than the LEC group (0% vs 5,9 % P=0.10). MLEC and LEC
specimens had different heights (1.0 cm vs 1,2 cm, respectively; P<0.001) and
weights (5.04 g vs 3.20 g, respectively; P=0.01). The MLEC specimen volume was
higher than the LEC volume (4.97 cm3 vs 2,78 cm3, respectively; P<0.001). The
rates of thermal injury was not different between the groups. MLEC specimens
showed a less frequency of positive ectocervical margins than LEC specimens
(12.7% vs. 33.3%, respectively; P=0.021). There was no difference between the
status of endocervical margins between the two groups. MLEC specimens had a
94
higher distance between the lesion and the ectocervical margin, when compared to
LEC specimens (50 % vs 13.3 %; P = 0.048). Conclusions: In this study we observed
that patients submitted to MLEC showed no specimen fragmentation, had larger
ectocervix area removed and showed a higher distance between the lesion and the
ectocervical margins. We observed that even for smaller specimens, MLEC was able
to remove more stromal tissue containing glands than LEC
Keywords
Loop electrosurgical conization, high grade squamous intraepithelial lesion, cervical
intraepithelial neoplasia
95
Introduction
Cervical cancer is a highly preventable disease, mainly through the eradication
of cervical intraepithelial neoplasia grades II-III (CIN II-III, or high grade squamous
intraepithelial lesion, HSIL). When treated at this stage, these lesions can be cured in
virtually 100% of the cases (1). However, due to ineffective screening, cervical
cancer remains an important cause of death in Brazil (2).There are important regional
differences among the various stages of the disease, reflecting the influence of
economical and social factors and also differences in strategies of treatment. (3). The
incidence of adenocarcinoma in situ (AIS) and invasive adenocarcinoma has
increased, especially in young women (4).
In Brazil, the most well known procedures for the treatment of HSIL are the
cold-knife conisation and the loop electrosurgical excision procedure (LEEP) (5).
There are controversies regarding costs, safety, technique complications and the risk
of leaving a high viral load in the cells (from Human Papiloma Virus, HPV) (6, 7).
Cryotherapy and laser therapy are local destructive methods that do not leave
specimens for histopathology examination, with the exception of laser conization.
However, the later is expensive and requires training, not without risks for the
surgeon (like eye lesion and burdens, due to the laser manipulation) (1).
The concept of large loop electrosurgical excision transformation zone
(LLETZ) was introduced by Prendville, in 1989 (8). Thereafter, other denominations
appeared, like loop electrosurgical excision procedure (LEEP) and loop
electrosurgical conization (LEC). For the present study, a modified technique was
introduced, called modified loop electrosurgical conization (MLEC).
96
Although in theory the procedure idealized by Prendville should produce a
unique specimen, this frequently does not occur. When the lesion is very large in the
ectocervix, it may be difficult or even impossible to obtain its whole excision,
regardless of the size of the loop used. Therefore, two or more pieces of tissue are
excised, misleading the interpretation of the pathologist, which has no way to
evaluate the presence of invasion of the surgical margins. Thermal damage of
tissues can also hide margin assessment (9, 10). The small dimensions of the
vaginal fundus is a limiting factor, considering that during the procedure the loop
cannot touch the vaginal walls (to avoid lesions of the bladder, rectum and ureter)
(11). The objective of this study is to propose an alternative technique for LEC in
large ectocervical lesions, in order to avoid fragmentation of specimen and, therefore,
to contribute for an adeqate diagnosis of the surgical margins status.
Methods
Design
Randomized trial.
Population and sample
Patients with HSIL diagnosed by pap smear, colposcopy and cervical biopsy
at Hospital de Clínicas de Porto Alegre were included in the study, from March 2001
to August 2005. Patients were randomly assigned to group 1 (MLEC) or group 2
(conventional LEC).
97
According to the literature (12), it is estimated that up to 50 % of the
endocervix and ectocervix margins are compromised when the conventional LEEP
technique is used. Thus, by using a clinical important difference of 30 % between
groups 1 and 2 in the percentage of compromised margins, a total number of 45
patients for each group was considered. The statistical power used in the sample
calculation was 80% and the significance level, 0.05.
Material and Methods
Randomization was performed in blocks of 6 patients. Both groups were
operated at surgical room, under general anesthesia. The surgical procedures were
as follows:
- Group 1 (MLEC): cervix exhibition with a speculum covered by an electric insulating
material and a cannula connected to a vacuum latex. The choice of the size of the
loop was made according to the dimension of the lesion. Schiller test was performed,
to define the lesion. Graduation of Valley Lab, force 1 at 40-60 W, was done
according to the size of the loop. A plastic histerometer was introduced in the
external os, in order to direct the loop, avoiding burning of the opposite endocervical
wall. Cervical extremities of external os were sectioned (labial comissures) with an
electricsurgical knife at 3 and 9 o’clock, with a depth of 0,5 cm..The first pass of the
loop was done in the posterior lip, starting at 6 o’clock, toward the external os,
deeply, in a vertical movement. As soon as the loop touched the histerometer, the
former was pulled back, horizontally, along the endocervical canal, guided by the
later, emerging through the previous section made in the extremities of the external
98
os, finishing the first part of procedure. The hemostasia was performed with a ball
electrode. The same procedure was performed in the anterior lip, starting at 12
o’clock, directing the loop to the external os, deeply and vertically, until reaching the
hysterometer. Then the loop was pulled horizontally across the previous section of
the extremeties of the external os. Immediate hemostasia with a ball electrode was
performed. The stromal sides of both pieces were inked with nanking (except the
surface incised at 3 and 6 o’clock), in order to inform the pathologist, about the true
margins to be considered in the histopathologic examination.
- Group 2 (LEC): All the steps of Group 1 were also performed, except the incision in
the extremeties of the external os and the introduction of the hysterometer, that was
unnecessary. The loop was placed at 3 o’clok following an horizontal trajectory,
directed to the right extremity of the external os (9 o’clock) (labial comissures). The
hemostatic procedure was performed.
Bleeding was reported in grams. The specimens were fixed in a formol
solution at 10%.
For MLEC and LEC, the formula used was that of ovoid, by similarity, like used
for ovary: V = (Pi x D1x D2x D3)/6. For the area of MLEC and LEC, we have chosen
the area of ellipsoids. We compared the weight of MLEC and LEC specimen. Then,
both with cold knife conization (CKC) specimen.
The ectocervical and endocervical margins were assessed (compromised or
not). The distance from the lesions to the ectocervical and endocervical margins were
assessed, as well as the specimen basal area in the ectocervix; the presence of
important thermal artifacts in the specimen (burning of the margins) was evaluated;
99
the permeability of the external os and of the canal was verified in the follow up of the
patients at least three times, from four weeks to six months after the procedure.
Ethical aspects
This project ethically and methodogically in agreement with the Directives and
Standards Regulations for Research involving Humans (Resolution 196/96 of the
Brazilian National Health Council). Patients were informed on the objectives of the
work and have agreed in participating, signing a consent form. This project was
submitted and approved by the Hospital de Clínicas de Porto Alegre’s Ethics
Committee, under number 01-247.
Statistics analysis
Data processing and analysis was performed using the softwares SPSS 10.0
and Epi-Info 6.0. Patients’s age and specimen’s volume and weight showed a normal
distribution and are presented as means ± standard errors of the mean (SEM);
comparisons of these variables were done using the Student’s t-test or the one-way
ANOVA (when the three groups were compared). The bleeding data did not have a
normal distribution, therefore, it is presented as interquartile intervals and medians
and comparisons between the groups were done using the Mann-Whitney test. The
compromise of the margins in the ectocervix and the endocervix of the anterior and
posterior labia were compared by the qui-square test or the Fischer exact test.
Statistical differences that reached a P value of less than 0.05 were considered
significant.
100
Results
Patient’s age was similar in the group 1 (MLEC) (35.9 years ± 9.5) and in the
group 2 (LEC) (34.5 years ± 9.7, P = 0.441). Table 1 presents the histopathological
diagnosis for each group.
Regarding the presence of bleeding, there were no differences between the
two groups (P = 0.215). Patients submitted to MLEC needed less hemostatic suturing
in the cervix than patients submitted to LEC (1.8 % vs 15. 7 %, respectively; P =
0.014 ). There were no differences in the frequency of accidental vaginal lesions
comparing the MLEC (7.4 %) and the LEC procedures (3. 9 %) (P = 0,679). In the
MLEC group there was no fragmentation of the specimen during the procedure and,
in the LEC group, fragmentation was detected in 5. 9 % of specimens (P = 0,108).
The height of the specimen was 1.0 cm in MLEC and 1.2 cm in LEC (P <
0,001) (figure 1). The specimen basal area in the ectocervix was 7.3 ± 2.1 cm
2
in the
MLEC group and 33.3 ± 1.5 cm
2
in the LEC group (P =0.001, figure 2). The volume in
the MLEC group was higher than in the LEC group ((4.97 ± 0.33 cm
3
vs 2,78 ± 0,26
cm
3
, respectively; P < 0.001) (figure 3). The specimens had a mean weight of 5.04 ±
0.33 g in the MLEC group and 3.20 ± 0.28 g in the LEC group (P = 0.01, figure 4).
The weights, volumes and areas in the anterior and posterior labia in patients
submitted to MLEC were calculated adding one to another, in order to represent the
total weight of the cervix. Considering the presence of positive margins at the
ectocervix and at the endocervix, there was a significant difference between the
groups, with 12.7 % in the MLEC and 33.3% in the LEC groups (P = 0.021) (table 2).
101
Regarding the distance of the lesion from the margin to the ectocervix of
posterior lip, there were no significant differences between the groups (P = 0,008,
table 3).
There were no differences between the two groups in relation to the frequency
of both thermal injury and stenosis of the cervical os.
Discussion
In this study we showed that, even though bleeding was expected to occur in
higher frequencies in the MLEC group, due to the excision of larger amounts of tissue
than in LEC group, surprisingly it did not happen. A low amount of bleeding (5-10 cc)
was also shown by other authors in the literature. One of the explanations for that is
the attempt to excise the tissue less deeply when the patients are treated under local
anesthesia (like in the MLEC situation) , due to concerns of causing uncontrolled
hemorrhage. In our opinion, the procedure should be done in the operating room,
under general anesthesia. However, we understand that in some centers this is not
possible, and the local. anesthesia is, therefore, the only suitable procedure.
Some cases of late bleeding were reported in the literature, with the need of
hospitalization (12, 13). In our study, there were no cases of late bleeding.
The lower frequency of hemostatic suturing in the cervix in the MLEC group
compared to the LEC group was probably due to the presence of an immediate
hemostatic procedure after each excision. These immediate hemostatic procedures
allow a smaller bleeding area.
102
Accidental vaginal lesions also tend to occur in lower frequencies as soon as
the physician achieves experience. Also, the use of insulated vaginal retractors
protects the vaginal walls, improving the safety of the procedure.
The low number of fragmented specimens in LEC in our study was surprising.
Probably this was due to the low number of cases studied. According to the literature,
the larger the number of cases, the higher the probability of finding significant
differences in the frequency of fragmented specimens. The two specimen obtained in
MLEC should not be considered fragmentation for this purpose.
The second phase of the procedure (when the lesion extends into the
endocervical canal) might turn the interpretation of the histopathological examination
difficult. (14, 15). We decide not to adopt this technique, since the second specimen
(with small dimensions) can suffer important thermal injuries, with distortion,
coagulation or carbonization of the tissue (depending on the skill of the surgeon).
Sadek et al mention showed that the failure in obtaining the entire specimen is more
frequent than reported (16). There are reports of up to 70% of cases with 3 or more
fragments (16). Prendville et al, in his original report, stablished the need of more
than an one-step procedure in cases of extensive ectocervix lesions (17).
In our study, we expected that the height of the specimen in the MLEC would
be higher than in the LEC, a result very similar to that obtained with cold-knife
conization. However, on the contrary, it was higher in the LEC group. Neverthless, it
was possible to retrieve a deeper specimen with the MLEC, however, it is not
recommendable, due to the risk of bleeding and complications from the extensive
excision of the canal. There is no consensus, but it is believed that the retrieval of
103
around 1 cm of the canal is enough and that larger tissue portions might cause
important late effects, such as risk of a pre-term delivery and low weight of the
conceptus (23% when the extension of the retrieved canal is more than 1 cm,
compared to 5%). The odds ratio can be of 4.0 for low weight of the conceptus and
14.0 for pre-term delivery (18). The dimension of the remaining canal seems also
very important, since when it is less than 1.5 cm there is a higher risk of pre-term
delivery (19). However, it is still a matter of controverse. It seems that the the volume
and the height of the specimen had no influence in the rate of complications. (20).
In comparison with LEC, cold-knife conization presents (CKC), in average, a
50 % higher volume and a 100% higher weight (84). In our study, MLEC obtained
specimens with higher weight and volume, when compared to LEC. Another way of
assessing the amount of excised stroma is to weight the surgical specimen. In the
study, the MLEC obtained a total weight (anterior and posterior labia) significantly
higher than the LEC. The assessment of the specimens’ height can give the
dimensions of the excised canal, but cannot evaluate with certainty what depth was
reached with the loop (that is, if the loop went through more than 7 mm). Therefore,
there might be a false interpretation of the adequacy of the specimen. Interestingly,
there is a linear correspondence between the volume and the weight of the cervical
tissue (1 cm
3
weights approximately 1 gram).
There was a lesser frequency of positive margins in the ectocervix with MLEC
than with LEC, when considering the cervix as a whole (anterior and posterior labia).
In the endocervix, both techniques were equivalent. The margin status is
controversial as a predictor factor for residual disease and for disease recurrence.
104
Therefore, positive margins do not always indicate a residual/recurrent disease and
negative margins do not always mean absence of residual disease or disease
recurrence. The recommendation of cauterizing the edge of the operative wound in
order to avoid a new location of the squamo-columnar junction within the canal, can
avoid disease recurrence in cases with positive margins. Although there might be
necrosis at the edges of the operative wound (due to coagulation), both inflammatory
reaction and tissue regeneration occur in the process of cervix healing (21).
For Kalogirou et al, the status of margins is not a good predictor for
recurrence. Better predictors are the increasing age of patient, the degree of the
lesion and the presence of glandular involvement (22). With positive margins, the
positive predictive value (PPV) was 47% for residual/recurrent disease. When
margins were negative, the negative predictive value (NPV) was 77% (23) The
correlation between positive margins and residual/recurrent disease varied from 30.1
to 70% (21, 24-27). When the margins were negative, the residual/recurrent disease
varied from 5.0 to 21% (21, 25, 27).
The risk of residual/recurrent disease increases when the endocervical margin
is positive, being higher when both margins (ectocervical and endocervical) are
compromised (27).
The value of the curettage of the remaining canal after removal of the
specimen is also controversial. The presence of negative endocervical margins after
a curettage do not assure the absence of residual disease. Denehy et al found 67%
of residual disease when the curettage of the canal was negative and 79% when it
was positive (28). Therefore, one can conclude that negative margins may be a
105
better predictor of residual/recurred disease than negative curettage (26).In cases of
adenocarcinoma in situ, there is another reason for false negative margins, besides
multicentricity: the loop may go through free glands, on the top, leaving neoplasia in
their bottom (29).
In this study, we also assessed the presence of thermal damage, which may
mislead the histopathologic examination. There was no difference between the two
techniques regarding thermal injuries. Usually, the damage can be due to distortion,
coagulation or carbonization. In the distortion cases, there is no cellular destruction,
but the cells suffer a deviation in their orientation. In this study we used the cautery
only with the principle of vaporization, without the harm of fulguration. However, we
know that this procedure is controversial in literature (30).
Another important factor to be assessed is the presence of stenosis of the
cervix canal, characterized by the impossibility of putting a 25 mm Hegar’s dilatator
through the canal (100). It is the most important side effect of cold-knife conization,
but it is uncommon with electrosurgery. There was no significant difference between
the two techniques and the rates of canal stenosis were very low. Boulanger et al
analyzed the presence of canal stenosis and compared it with the height of the
specimen retrieved by cold-knife conization. When the retrieved canal measured 25
mm, stenosis occurred in 12.8 % of cases; when the retrieved canal measured more
than 25 mm, stenosis occurred in 24% of the cases (30). As we can see,
electrosurgery can retrieve around 10 mm of canal, so stenosis is a rare
complication. With 7 mm of canal retrieved, 99% of the lesions were completely
excised, with stenosis occurring in only 0.5 – 4.3 % (16).
106
Conclusions
Even though recognizing that it is possible to perform the electrosurgical
procedure in the outpatient setting, under local anesthesia, there is an increased risk
of under-treatment, unless the procedure is performed only for diagnosis. We
consider that, in order to substitute the gold standard for the treatment of HSIL, that
is, cold-knife conization, it is safer to perform MLEC in a surgical room, under general
anesthesia. In this study, patients submitted to MLEC showed no specimen
fragmentation, had larger ectocervix area removed and showed a higher distance
between the lesion and the ectocervical margins, when compared to patients
submitted to LEC. MLEC was able to remove more stromal tissue containing glands
than LEC. In developing countries, treatment of HSIL is probably the only chance that
patients have to avoid developing an invasive cancer in the future. As the prevention
programs are still precarious and there is a low adherence of patients to an adequate
follow up, the option of complete excision of a HSIL must not be wasted.
107
References
1. Cox JT. Management of cervical intraepithelial neoplasia. Lancet. 1999 Mar
13;353(9156):857-9.
2. INCA. Estimativa da incidência e mortalidade por câncer no Brasil 1999.
Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer.
1999:
http://www.inca.org.br/epidemiologia/estimativa99/mortalidade.html, acessado
15/04/2001.
3. Schoell WM, Janicek MF, Mirhashemi R. Epidemiology and biology of cervical
cancer. Semin Surg Oncol. 1999 Apr-May;16(3):203-11.
4. Arends MJ, Buckley CH, Wells M. Aetiology, pathogenesis, and pathology of
cervical neoplasia. J Clin Pathol. 1998 Feb;51(2):96-103.
5. Ueda M, Ueki K, Kanemura M, Izuma S, Yamaguchi H, Nishiyama K, et al.
Diagnostic and therapeutic laser conization for cervical intraepithelial neoplasia.
Gynecol Oncol. 2006 Apr;101(1):143-6.
6. Mitchell MF, Tortolero-Luna G, Cook E, Whittaker L, Rhodes-Morris H, Silva E.
A randomized clinical trial of cryotherapy, laser vaporization, and loop electrosurgical
excision for treatment of squamous intraepithelial lesions of the cervix. Obstet
Gynecol. 1998 Nov;92(5):737-44.
7. Suh-Burgmann EJ, Whall-Strojwas D, Chang Y, Hundley D, Goodman A. Risk
factors for cervical stenosis after loop electrocautery excision procedure. Obstet
Gynecol. 2000 Nov;96(5 Pt 1):657-60.
8. Duggan BD, Felix JC, Muderspach LI, Gebhardt JA, Groshen S, Morrow CP,
et al. Cold-knife conization versus conization by the loop electrosurgical excision
procedure: a randomized, prospective study. Am J Obstet Gynecol. 1999 Feb;180(2
Pt 1):276-82.
9. Jakus S, Edmonds P, Dunton C, King SA. Margin status and excision of
cervical intraepithelial neoplasia: a review. Obstet Gynecol Surv. 2000
Aug;55(8):520-7.
10. Nagar HA, Dobbs SP, McClelland HR, Price JH, McClean G, McCluggage
WG. The large loop excision of the transformation zone cut or blend thermal artefact
study: a randomized controlled trial. Int J Gynecol Cancer. 2004 Nov-Dec;14(6):1108-
11.
108
11. Sieunarine K, Lawton F, Smith JR. Chronic pelvic pain: a rare complication
following a large-loop excision of the transformation zone. International Journal of
Gynecological Cancer. 2006;16(2):620-2.
12. Mathevet P, Dargent D, Roy M, Beau G. A randomized prospective study
comparing three techniques of conization: cold knife, laser, and LEEP. Gynecol
Oncol. 1994 Aug;54(2):175-9.
13. Saidi MH, Setzler FD, Sadler RK, Farhart SA, Akright BD. Comparison of
Office Loop Electrosurgical Conization and Cold Knife Conization. Journal of the
American Association of Gynecologic Laparoscopists. 1994 Feb;1(2):135-9.
14. Prevost MR, Fung MF, Senterman M, Faught W. Should endocervical excision
and curettage be done during LEEP? Eur J Gynaecol Oncol. 1997;18(2):104-7.
15. Vejerslev LO, Schouenborg L, Sorensen F, Nielsen D, Sorensen SS, Juhl BR,
et al. Loop diathermy or laser excisional conization for cervical intraepithelial
neoplasia. Acta Obstetricia Et Gynecologica Scandinavica. 1999 Nov;78(10):900-5.
16. Sadek AL. Needle excision of the transformation zone: A new method for
treatment of cervical intraepithelial neoplasia. Am J Obstet Gynecol. 2000
Apr;182(4):866-71.
17. Prendiville W, Cullimore J, Norman S. Large loop excision of the
transformation zone (LLETZ). A new method of management for women with cervical
intraepithelial neoplasia. Br J Obstet Gynaecol. 1989 Sep;96(9):1054-60.
18. Acharya G, Kjeldberg I, Hansen SM, Sorheim N, Jacobsen BK, Maltau JM.
Pregnancy outcome after loop electrosurgical excision procedure for the
management of cervical intraepithelial neoplasia. Arch Gynecol Obstet. 2005
Jul;272(2):109-12.
19. Mazouni C, Porcu G, Haddad O, Dales JP, Taranger-Charpin C, Piana L, et al.
Conservative treatment of cervical intraepithelial neoplasia using a cold-knife section
technique. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2005 Jul 1;121(1):86-93.
20. Samson SL, Bentley JR, Fahey TJ, McKay DJ, Gill GH. The effect of loop
electrosurgical excision procedure on future pregnancy outcome. Obstet Gynecol.
2005 Feb;105(2):325-32.
21. Murdoch JB, Morgan PR, Lopes A, Monaghan JM. Histological Incomplete
Excision of Cin after Large Loop Excision of the Transformation Zone (Lletz) Merits
Careful Follow-up, Not Retreatment. British Journal of Obstetrics and Gynaecology.
1992 Dec;99(12):990-3.
22. Kalogirou D, Antoniou G, Karakitsos P, Botsis D, Kalogirou O, Giannikos L.
Predictive factors used to justify hysterectomy after loop conization: Increasing age
and severity of disease. European Journal of Gynaecological Oncology.
1997;18(2):113-6.
109
23. Lapaquette TK, Dinh TV, Hannigan EV, Doherty MG, Yandell RB, Buchanan
VS. Management of Patients with Positive Margins after Cervical Conization.
Obstetrics and Gynecology. 1993 Sep;82(3):440-3.
24. Hulman G, Pickles CJ, Gie CA, Dowling F, Stocks P, Dixon R. Frequency of
cervical intraepithelial neoplasia following large loop excision of the transformation
zone. Journal of Pathology. 1998;186:25A-A.
25. Bigrigg A, Haffenden DK, Sheehan AL, Codling BW, Read MD. Efficacy and
Safety of Large-Loop Excision of the Transformation Zone. Lancet. 1994
Jan;343(8888):32-4.
26. Murta EFC, Resende AV, Souza MAH, Adad SJ, Salum R. Importance of
surgical margins in conization for cervical intraepithelial neoplasia grade III. Archives
of Gynecology and Obstetrics. 1999 Nov;263(1-2):42-4.
27. Maluf PJ, Adad SJ, Murta EFC. Outcome after conization for cervical
intraepithelial neoplasia grade III: Relation with surgical margins, extension to the
crypts and mitoses. Tumori. 2004 Sep-Oct;90(5):473-7.
28. Denehy TR, Gregori CA, Breen JL. Endocervical curettage, cone margins, and
residual adenocarcinoma in situ of the cervix. Obstetrics and Gynecology. 1997
Jul;90(1):1-6.
29. Goldstein NS, Mani A. The status and distance of cone biopsy margins as a
predictor of excision adequacy for endocervical adenocarcinoma in situ. Am J Clin
Pathol. 1998 Jun;109(6):727-32.
30. Boulanger JC, Vitse M, Gondry J, Thomas E, Naepels P. Electro-conization of
the cervix uteri. Rev Fr Gynecol Obstet. 1989 Oct;84(10):663-72.
110
Table 1
Histopathological diagnosis
Anterior labia Posterior labia
Without lesion 31 (29.2 %) 44 (41.5 %)
CIN I 10 (9.4 %) 7 (6.6 %)
CIN II 3 (2.8 %) 5 (4.7 %)
NIC III 59 (38.1 %) 49(46.2 %)
adenoCa in situ 2 (1.3 %) 0 (0 %)
Ca invasor 1 (0.6 %) 1 (0.9 %)
Total 106 (100 %) 106 (100 %)
111
Table 2
Margin lengths
HFS HFSFr Total P*
Ectocervix + Endocervix
Compromised margins 17 (33.3 %) 7 (12.7 %) 24 (22.6 %)
Free margins 34 (66.7 %) 48 (87.3 %) 82 (77.4 %)
Total 51 (100.0 %) 55 (100.0 %) 106 (100.0 %) 0.021
Ectocervix
Compromised margin 10 (19.6 %) 1 (1.8 %) 11 (10.4 %)
Free margin 95 (89.6 %) 41 (80.4%)
Total 51 (100.0 %) 55 (100.0%) 106 (100.0 %) 0.07
Endocervix
Compromised margin 13 (25.5 %) 7 (12.7 %) 20 (18.9 %)
Free margin 38 (74.5 %) 48 (87.3 %) 86 (81.1 %)
Total 51 9100.0 %) 55 (100.0 %) 106 (100.0 %) 0.13
* Qui-square test with Yates correction.
112
Table 3
Distance from the lesion to the margin
LEC MLEC P
Ectocervix anterior labia 5.4 ± 3.3 5.8 ± 2.8 0.670
Endocervix anterior labia 4.9 ± 2.3 3.7 ± 2.2 0.061
Ectocervix posterior labia 5.1 ± 2.2 7.6 ± 3.8 0.008
Endocervix posterior labia 5.5 ± 3.35 5.4 ± 4.0 0.890
T-Student test.
113
Figure 1
Specimen height
LECMLEC
Height (cm)
2,0
1,0
0,0
Student t test: P < 0.001.
114
Figure 2
Area of the base
MLECLEC
Basis area (cm2)
8
7
6
5
4
3
2
1
0
T-Student test: P < 0.001
115
Figure 3
Volume of the specimens
MLEcLEC
Volume (cm3)
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Student’s t test P < 0,05
116
Figure 4
Weight of the specimen
MLECLEC
Weight (g)
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo