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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Biotecnologia Vegetal
Catharina Eccard Fingolo
Expressão Química, Biológica e
Nutricional das Inflorescências de
Musa acuminata
Colla (Musaceae)
Rio de Janeiro
2009
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Catharina Eccard Fingolo
Expressão Química, Biológica e
Nutricional das Inflorescências de
Musa acuminata
Colla (Musaceae)
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Biotecnologia Vegetal, Centro
de Ciências da Saúde, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre
em Ciências.
Orientadores: Dra. Maria Auxiliadora Coelho Kaplan
Dr. Ricardo Machado Kuster
Rio de Janeiro
2009
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Expressão Química, Biológica e
Nutricional das Inflorescências de
Musa acuminata
Colla (Musaceae)
Catharina Eccard Fingolo
Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 2009.
Banca Examinadora:
____________________________________
Profa. Dra. Maria Auxiliadora Coelho Kaplan (orientador)
____________________________________
Profa. Dra. Maria Raquel Figueiredo (FIOCRUZ, RJ)
____________________________________
Profa. Dra. Mirian Ribeiro Leite Moura (FF, UFRJ)
____________________________________
Profa. Dra. Maria Isabel Sampaio dos Santos (FF, UFRJ)
FICHA CATALOGRÁFICA
Fingolo, Catharina Eccard
Expressão Química, Biológica e Nutricional das Inflorescências de Musa acuminata Colla
(Musaceae). Rio de Janeiro. Programa de Biotecnologia ,Vegatal-CCS, UFRJ. 2009.
IX, 87 p.: il.
Dissertação (Mestrado em Ciências) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Centro de
Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Vegetal, 2009.
Orientadores: Profa. Dra. Maria Auxiliadora Coelho Kaplan e Prof. Dr. Ricardo Machado
Kuster
1-Musaceae. 2- Musa. 3- Musa acuminata. 4- Inflorescências. 5- Atividade antimicrobiana.
6-Atividade antienvenenamento ofídico. 7- Atividade antiviral. 8- Atividade antioxidante.
9- Avaliação nutricional. 9- Fitoquímica – Teses.
I. Universidade Federal do Rio de Janeiro
II. Título
Dedico essa Dissertação de Mestrado ao meu
marido Ricardo C. Fingolo por ter acreditado em mim e,
sobretudo pelo companheirismo, incentivo incansável e
paciência.
Ao meu avô paterno Alceu Eccard, grande
mestre, e aos meus pais Anilton e Clara por
estarem sempre ao meu lado.
À professora Maria Auxiliadora Coelho Kaplan,
pela orientação, carinho, ricos ensinamentos e por me
acolher em seu laboratório.
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida e por me permitir buscar novos desafios sempre.
Ao meu marido Ricardo pelo apoio diário, companheirismo e estímulo constante em minha
formação acadêmica e educação.
Aos meus pais pelo apoio e pelo compromisso firmado em todas as coletas realizadas.
Ao meu irmão Geison pelo incentivo e a minha irmã Clarissa por todos os momentos em que
trabalhou como aluna de iniciação científica, expressando muita força na bancada sempre que
possível.
Aos meus orientadores, a professora Maria Auxiliadora Coelho Kaplan pelo valioso
ensinamento de vida, orientação científica, paciência, carinho e estímulo constantes. Ao
professor Ricardo Machado Kuster pela orientação.
A todos do laboratório do professor Ricardo, principalmente à Dra. Naomi K. Simas pela
receptividade no laboratório e ajuda.
Aos amigos do laboratório, Alan, Alyne, Vagner, Tiago, Ana Clarissa, Bruna, Raphael, Ana
Paula, Janaina, Bárbara e especialmente Ana Paula Felix Trindade e André Mesquita Marques
por todos os momentos em que passamos juntos, pelas importantes contribuições nos
procedimentos de laboratório e por estarem ao meu lado em todos os momentos de estresse,
que não foram poucos.
Ao professor Dr. Leosvaldo S. Velozo pelo apoio e incentivo à pesquisa.
Às professoras Dra. Maria Raquel Figueiredo, Dra. Mirian R. L. Moura, Dra. Maria Isabel S.
dos Santos, Dra. Yocie Y. Valentin e Dra. Naomi K. Simas pela composição da Banca
Examinadora e à professora Dra. Isabel S. dos Santos pela revisão da dissertação de Mestrado.
Aos amigos Cristiane, Débora, Deborah, Edilaine, Fábio, Patrícia, Raquel e professor Dr.
Fábio de Sousa Menezes pelo incentivo inicial ao mundo da pesquisa, pois fizeram parte de
minha vida desde o terceiro período da Faculdade de Farmácia.
Ao amigo Sidnei Bessa de O. Fernandes pela paciência em ensinar durante meu período de
Iniciação Científica.
Aos doutorandos Luiza Camargo, Maria Fernanda Corrêa, Douglas Chaves e Ricardo Borges
pela amizade.
À Dra. Maria Raquel Figueiredo e ao Dr. Davyson de Lima Moreira do Laboratório PN3-
FIOCRUZ pela realização dos espectros de RMN e técnicas cromatográficas.
Ao Dr. João Marcelo Alvarenga Braga do Jardim Botânico/RJ pela identificação da espécie
estudada e ao MSc Ricardo Loyola de Moura pela herborização no Herbário da Faculdade de
Formação de Professores da UERJ - São Gonçalo/RJ.
À Dra. Celuta Sales Alviano e Dra. Daniela Sales Alviano e mestrando Davi Oliveira e Silva
pela realização dos ensaios antimicrobianos.
À Dra. Maria Teresa Villela Romanos e sua aluna de iniciação científica Fernanda Martins
pela realização dos testes de atividade antiviral.
Ao Dr. Paulo de Assis Melo e seus alunos Bruno Lemos Cons e Thiago Felix pela realização
dos ensaios de atividade antienvenenamento ofídico.
À Dra. Mirian Ribeiro Leite Moura pela realização de toda a parte de avaliação nutricional e
por me acolher com muito carinho e atenção em seu laboratório no período dos testes.
Aos colegas Eduardo, Matheus e Ana Cristina e aos técnicos Izaias e Ângelo, pela ajuda nos
procedimentos do laboratório da professora Mirian R.L.Moura.
Ao Programa de Biotecnologia Vegetal (PBV).
À Central Analítica do NPPN e aos funcionários Ari, Camila, Cristina, Celso, Francisco e
Gisele pelo bom trabalho realizado e pelo cuidado especial com minhas amostras. Ao NPPN e
todos os seus professores e funcionários pelo suporte e à Central Analítica de Far-
manguinhos, FIOCRUZ.
À CAPES pelo apoio financeiro.
“A mente que se abre a uma nova idéia jamais retoma seu tamanho original”
(Albert Einstein)
RESUMO
FINGOLO, Catharina Eccard. Expressão Química, Biológica e Nutricional das
Inflorescências de Musa acuminata Colla (Musaceae). Rio de Janeiro, 2009. Dissertação
(Mestrado em Ciências) Programa de Biotecnologia Vegetal, Universidade Federal do Rio
de Janeiro, 2009.
A família Musaceae pertence à superordem Zingiberiflorae, ordem Zingiberales e é
formada por 2 gêneros, Ensete e Musa, com cerca de 35 espécies de distribuição
paleotropical. O presente trabalho tem como objetivo contribuir para o conhecimento da
espécie Musa acuminata Colla de 2 regiões do Estado do Rio de Janeiro, Petrópolis e Magé,
através do estudo da composição química, avaliação de atividades biológicas e do valor
nutricional de suas inflorescências. Foi realizado o levantamento bibliográfico do perfil
químico e de atividades biológicas de espécies do gênero Musa, relacionando os diferentes
órgãos das bananeiras com suas respectivas substâncias isoladas e suas atividades
farmacológicas, fornecendo um rico acervo bibliográfico. O estudo fitoquímico envolveu:
preparo de extrato, fracionamento cromatográfico desse extrato, análise por CG/EM e por
RMN. O extrato etanólico de inflorescências provenientes de Petrópolis foi submetido à
partição quido-líquido com diversos solventes. Análise cromatográfica das misturas
resultantes levou ao conhecimento de diferentes metabólitos das inflorescências de M.
acuminata. A fase hexânica forneceu mistura de ésteres de ácidos graxos (palmitato de etila,
linoleato de etila e linolenato de metila), de ácido graxo (ácido palmítico) e dos esteróides:
campesterol, estigmasterol, sitosterol e fucosterol, além dos esteróides 3-desbenzoiloxi-
anidrocarpesterol e ciclopropa[5,6]estigmat-22-en-3-ona. A fase diclorometânica forneceu
mistura dos esteróides campesterol, estigmasterol e sitosterol, não estando presente nessa fase
o fucosterol, substância abundante em organismos marinhos. A fase em acetato de etila foi
fracionada utilizando a cromatografia contracorrente de alta velocidade, fornecendo
substâncias bastante polares. A solução metanólica (MaML) do látex das inflorescências
coletadas em Magé foram submetidas à partição líquido-líquido com diversos solventes e em
coleta posterior obteve-se o látex puro (MaL). Análise cromatográfica das fases hexânica e
diclorometânica de MaML evidenciou a presença de derivados do ácido cinâmico (m-
hidroxicinamato de metila, p-hidroxicinamato de metila e 4-hidroxi-3-metoxicinamato de
metila). O látex de M. acuminata (MaL) mostrou-se ativo contra o fungo Microsporum
gypseum. Entretanto avaliações de atividades antimicrobianas utilizando o fungo Candida
albicans e as bactérias Staphylococcus aureus MRSA e Escherichia coli para o extrato
etanólico, além dos fungos Candida albicans, Criptococcus neoformans, Microsporum canis
e Fonsecaea pedrosoi para a fase hexânica do extrato etanólico da amostra proveniente de
Petrópolis e para o látex originário da planta de Magé não mostraram resultados positivos. O
extrato etanólico e as fases hexânica, diclorometânica, em acetato de etila e butanólica
provenientes das inflorescências coletadas em Petrópolis, o látex, o decocto e o infuso
preparados de amostra coletada em Magé foram avaliados quanto à atividade antiviral, sendo
que apenas o extrato butanólico e o decocto apresentaram atividade para os 2 vírus avaliados:
Herpes Simplex tipo 1 e Herpes Simplex tipo 2, com percentagem de inibição viral acima de
85% para os 2 vírus testados. As fases diclorometânica (CE
50
34,72µg/ml), em acetato de etila
(CE
50
30,79µg/ml), e em butanol (CE
50
28,05µg/ml), apresentaram excelente atividade
antioxidante, superando a atividade do padrão Ginkgo biloba (CE
50
38,91µg/ml). A solução
metanólica do látex (MaML) e o látex puro (MaL) foram testados para atividade
antienvenenamento ofídico contra o veneno de serpentes do gênero Bothrops. A fração
MaML foi avaliada para atividade fosfolipásica do veneno de Bothrops jararacussu,
mostrando-se muito ativa de forma dependente da concentração e a fração MaL foi testada
quanto a atividade hemorrágica do veneno de Bothrops jararaca, revelando-se bastante ativa.
As inflorescências de M. acuminata foram analisadas para composição nutricional e
mostraram-se ricas em nutrientes e com baixo valor calórico. Além disso, a inflorescência
desidratada destaca-se como grande complemento alimentar devido seu elevado teor de
potássio e de fibras, sugerindo ser uma nova opção de alimento funcional e nutricional para a
população.
ABSTRACT
FINGOLO, Catharina Eccard. Expressão Química, Biológica e Nutricional das
Inflorescências de Musa acuminata Colla (Musaceae). Rio de Janeiro, 2009. Dissertação
(Mestrado em Ciências) Programa de Biotecnologia Vegetal, Universidade Federal do Rio
de Janeiro, 2009.
The family Musaceae belongs to the superorder Zingiberiflorae, order Zingiberales
and it is formed by 2 genera and about 35 species. This study aims to contribute to the
knowledge of the Musa acuminata Colla, harvested in 2 regions of Rio de Janeiro State
(Petrópolis and Magé), through its chemistry, biological activity and nutritional value.
Literature review of the chemical and biological activity profiles of species belonging to the
genus Musa, provided a rich data bank. The phytochemical investigation involved extract
preparation, chromatographic fractionation and structural evaluation. The inflorescence
hexane phase from Petrópolis sample yielded a mixture of hydrocarbons (n-pentacosane e n-
heptacosane); an acid compound (palmitic acid); ester mixture (ethyl palmitate, ethyl
linoleate and methyl linolenate); the steroids (campesterol, stigmasterol, sitosterol, fucosterol)
besides cyclopropa[5,6]stigmast-22-en-3-one and 3-debenzoyloxy-anhydrocarpesterol. The
dichloromethane phase gave a mixture of the steroids: campesterol, stigmasterol and
sitosterol. The ethyl acetate phase afforded by high-speed counter-current chromatography
(HSCCC) a very polar fraction. The inflorescence latex harvested in Magé was either
collected directly in methanol to produce a methanol solution (MaML) or it was promptly
lyophilized in order to obtained the pure solid latex (MaL). Chromatographic analyses of the
hexane and the dichloromethane phases showed the presence of cinnamic acid derivatives
(ethyl m-hydroxycinnamate, ethyl p-hydroxycinnamate and methyl 4-hydroxy-3-
methoxycinnamate. The latex of M. acuminata showed activity against the fungus
Microsporum gypseum. However, no biological activity results were achieved from the
ethanol extract on the fungus Candida albicans and on the bacteria Staphylococcus aureus
MRSA and Escherichia coli and from the hexane phase of the Petrópolis sample as well as for
the latex of Magé sample on the fungi Candida albicans, Criptococcus neoformans,
Microsporum canis and Fonsecaea pedrosoi. The ethanol extract and the hexane-,
dichloromethane-, ethyl acetate- and butanol-phases from inflorescences harvested in
Petrópolis and the latex, decoct and infuse from Magé were evaluated to antiviral activity.
The butanol phase and the decoct showed strong activity against Herpes Simplex type 1 and 2.
Dichloromethane phase (CE
50
34,72µg/ml), ethyl acetate phase (CE
50
30,79µg/ml) and
butanol phase (CE
50
28,05µg/ml), showed very good antioxidant activities. The methanol
solution of the latex (MaML) and the pure latex (MaL) were tested for anti-ophidic activity
against snake venom of the genus Bothrops. MaML was evaluated for phospholipase A
2
activity against the venom of Bothrops jararacussu, showing a very good activity in a
concentration dependent way and MaL fraction was tested for hemorrhagic activity of
Bothrops jararaca venom, showing a high activity. The inflorescences of M. acuminata were
analyzed for the nutritional composition showing richness in nutrients as well as a low caloric
value. Furthermore, the dehydrated inflorescence stands out as a great food complement for
its high content of potassium and fiber, suggesting a new option as functional and nutritional
food for the population.
Substâncias Identificadas nas Fases do Extrato Etanólico de
Musa acuminata de Petrópolis-RJ
n
-
hep
n-pentacosano
ácido palmítico
ciclopropa[5,6]estigmat-22-en-3-ona
3-desbenzoiloxi-anidrocarpesterol
OH
OH
sitosterol
campesterol
estigmasterol
fucosterol
palmitato de etila
linoleato de etila
linolenato de metila
OH
O
O
11
O
O
21
23
OH
O
O
OH
O
O
O
Substâncias Identificadas no Látex de
Musa acuminata de Magé-RJ
O
O
OH
O
O
OH
O
OH
O
O
m
-
hidroxicinamato de metila
p
-
hidroxicinamato de metil
a
4-hidroxi-3-metoxicinamato de metila
OH
OH
24
-
metilenocicloartanol
ciclolaudenol
I
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
A
A
Absorção do branco
A
B
Absorção da solução
AcOEt Acetato de Etila
ACVr Aciclovir
AF Ácido Fórmico
Bjca venom Veneno de Bothrops jararaca
BuOH Butanol
Ca Cálcio
CaCl
2
Cloreto de Cálcio
CC Cromatografia em Coluna
CC
50
Efeito Tóxico em 50% das Células em Cultura
CCC Cromatografia Contracorrente
CCD Cromatografia em Camada Delgada
CDCl
3
Clorofórmio Deuterado
CE
50
Concentração Efetiva pra obter metade do efeito máximo estimado em 100%
CH
2
Cl
2
Diclorometano
CHCl
3
Clorofórmio
CG Cromatografia com Fase Gasosa
CG/DIC Cromatografia com Fase Gasosa acoplada a Detector de Ionização de Chamas
CG/EM Cromatografia com Fase Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas
CH
2
Cl
2
Diclorometano
CMNT Concentração Máxima não Tóxica
CO
2
Gás Carbônico
Cu Cobre
DMSO Dimetilsulfóxido
DO Densidade Óptica
DP Desvio Padrão
DPPH 2,2-difenil-1-picrilidrazila
EGb Extrato Padronizado de Ginkgo biloba
EM Espectrometria de Massas
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EtOH Etanol
eV Eletron-Volts
FDA Fibra Detergente Ácida
FDN Fibra Detergente Neutra
Fe Ferro
FI Fase Inferior
FS Fase Superior
H
2
O Água
HCl Ácido Clorídrico
Hex Hexano
HOAc Ácido Acético
H
2
SO
4
Àcido Sulfúrico
HSCCC High-Speed Counter-Current Chromatography
HSV-1 Vírus Herpes Simplex tipo I
HSV-2 Vírus Herpes Simplex tipo II
IDR Ingestão Diária Recomendada
II
K Potássio
LEDAC Laboratório Experimental de Drogas Antivirais e Citotóxicas
m Multipleto
m/z Relação massa/carga
M
+
. Íon Molecular
MEM-Eagle Meio Mínimo Essencial de Eagle
MHz MegaHertz
Ma Musa acuminata
MaA Fase em acetato de etila do extrato etanólico das inflorescências de Musa
acuminata proveniente de Petrópolis
MaD Fase diclorometânica do extrato etanólico das inflorescências de Musa
acuminata proveniente de Petrópolis
MaE Extrato etanólico bruto das inflorescências de Musa acuminata proveniente de
Petrópolis
MaH Fase hexânica do extrato etanólico das inflorescências de Musa acuminata
proveniente de Petrópolis
MaML Solução metanólica do látex das inflorescências de Musa acuminata de Magé
MaL Látex puro das inflorescências de Musa acuminata de Magé
Mg Magnésio
ml mililitro
mM milimolar
Mn Manganês
MRSA Staphylococcus aureus meticilina-resistente
MeOH Metanol
Na Sódio
NaCl Cloreto de Sódio
ND Não determinado
P Fósforo
PI Percentagem de inibição
PSS Physiologic Saline Solution
RDC Resolução da Diretoria Colegiada
RMF Resíduo Mineral Fixo
RMN
1
H Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio
SE Solução Estoque
S
f
Sangramento de Fase Estacionária
SFB Soro Fetal Bovino
ST Solução Trabalho
TMS Tetrametilsilano
TR Tempo de Retenção
VCT Valor Calórico Total
Zn Zinco
δ Deslocamento Químico
III
LISTA DE FOTOS
Pág.
Foto 1: Musa acuminata Colla e detalhes da inflorescência e do fruto. 7
Foto 2: Detalhes da inflorescência de Musa acuminata Colla. 7
Foto 3: Exsicata de Musa acuminata Colla. 16
Foto 4: Extração do látex das inflorescências de M. acuminata. 21
Foto 5: Aparelho de Soxhlet utilizado na extração dos lipídios. 33
Foto 6: Dosi-fibra com 6 placas (Tecnal), enfatizando apenas 3 placas. 37
Foto 7: Avaliação da atividade hemorrágica do veneno de Bothrops jararaca (0,1-
1,0mg/kg) em camundongos, quando pré-incubado com a solução metanólica do látex
de M. acuminata (MaML) em concentrações de 10,0 e 100,0mg/kg.
73
IV
LISTA DE TABELAS
Pág.
Tabela 1: Regiões e países produtores de banana. 5
Tabela 2: Perfil químico de espécies do gênero Musa. 38
Tabela 3: Atividades farmacológicas de espécies do gênero Musa. 41
Tabela 4: Dados referentes a quantidade das fases obtidas após partição líquido-líquido
do extrato etanólico de inflorescências de M. acuminata e a percentagem relativa das
fases em relação ao extrato bruto e à planta fresca.
42
Tabela 5: Dados da mistura eluída da fração 45-46. 47
Tabela 6: Dados da mistura de esteróides eluídos na fração [11-22]. 54
Tabela 7: Dados da mistura eluída na fração 72-75. 55
Tabela 8: Condições de análise em HSCCC Analítico x HSCCC Preparativo. 20
Tabela 9: Dados da análise por CG/EM da fase hexânica obtida da partição quido-
líquido da solução metanólica do látex de M. acuminata.
65
Tabela 10: Dados da análise por CG/EM da fase diclorometânica obtida da partição
líquido-líquido da solução metanólica do látex de M. acuminata.
65
Tabela 11: Atividade antimicrobiana do extrato bruto etanólico de M. acuminata
investigada pela formação do halo de inibição em diâmetro (cm).
68
Tabela 12: Atividade antimicrobiana da fase hexânica do extrato etanólico da amostra
de Petrópolis e do látex proveniente de inflorescências de Magé de M. acuminata
investigada pela formação do halo de inibição em diâmetro (cm).
69
Tabela 13: Valores de CE
50
das fases, do extrato etanólico de M. acuminata e do
extrato padronizado de Ginkgo biloba (EGb 761
®
), utilizado como controle positivo.
69
Tabela 14: Dados da atividade antiviral de inflorescências de M. acuminata. 74
Tabela 15: Composição nutricional das inflorescências de M.acuminata (g/100g em
base fresca).
76
Tabela 16: Composição nutricional das inflorescências de M.acuminata (g/100g de
amostra desidratada).
76
Tabela 17: Dados da concentração mineral das inflorescências de M. acuminata (mg/g
de amostra desidratada).
77
Tabela 18: Resultado do teor de nutrientes na casca e no fruto da banana (mg/100g de
amostra in natura).
78
Tabela 19: Análise de fibras das inflorescências de M.acuminata (g/100g amostra
desidratada).
79
Tabela 20: Valores Diários de Referência de Nutrientes (VDR) para adultos. 79
V
LISTA DE FIGURAS
Pág.
Figura 1: Diagrama de classificação de Dahlgren (1980), com as superordens de
Angiospermae destacando a superordem Zingeberiflorae.
2
Figura 2: Esquema geral de uma bananeira, com suas diversas partes constituintes. 4
Figura 3: Detalhes da morfologia de Musa acuminata Colla e Musa rubra Wallich ex
Kurz.
6
Figura 4: Regiões de coleta no Estado do Rio de Janeiro. 7
Figura 5: Dados das porcentagens das fases provenientes da partição quido-líquido do
extrato etanólico de inflorescências de M. acuminata da região de Petrópolis.
43
Figura 6: Esquema da partição líquido-líquido do extrato etanólico de inflorescências de
M. acuminata entre água e diferentes solventes orgânicos.
44
Figura 7: Esquema do fracionamento da fase hexânica do extrato etanólico de
inflorescências de M. acuminata (MaH).
45
Figura 8: Esquema do fracionamento da fase diclorometância do extrato etanólico de
inflorescências de M. acuminata (MaD).
61
Figura 9: Esquema do fracionamento da fase em acetato de etila de inflorescências de
M. acuminata (MaA).
62
Figura 10: Perfil cromatográfico da fase em acetato de etila (MaA) no sistema de
solvente AcOEt:BuOH:H
2
O (1:0,5:1).
63
Figura 11: Perfil das frações eluídas da CCC da fase em acetato de etila do extrato
etanólico de inflorescências de M. acuminata.
63
Figura 12: Redução do radical livre estável DPPH (2,2-difenil-1-picrilidrazila) gerando
DPPH-H, sua hidrazina correspondente.
27
Figura 13: Esquema da descoloração da solução de DPPH durante a redução do radical. 70
Figura 14: Atividade antioxidante pelo método do DPPH do extrato etanólico bruto e
das fases do extrato etanólico de M. acuminata.
70
Figura 15: Fluxograma da determinação da fibra detergente ácida (FDA). 35
Figura 16: Fluxograma da determinação da fibra detergente neutra (FDN). 35
Figura 17: Fluxograma da determinação do conteúdo de lignina. 36
VI
Figura 18: Dados da atividade fosfolipásica do veneno de B. jararacussu (10,0µg/ml)
em relação ao controle na presença de diferentes concentrações (30,0-500,0µg/ml) do
látex puro de M. acuminata (MaL).
71
Figura 19: Dados da curva Absorbância vs. Concentração do veneno de B. jararacussu. 72
Figura 20: Avaliação da atividade fosfolipásica do veneno de Bothrops jararacussu em
camundongos, quando pré-incubado com o látex puro de M. acuminata (MaL) em
diferentes concentrações e também da atividade do controle e do veneno isoladamente,
através da medição da absorbância.
72
Figura 21: Dados da atividade hemorrágica do veneno de Bothrops jararaca expresso
em unidades arbitrárias, mostrando os grupos: controle negativo (PSS), controle positivo
(veneno) e grupo tratamento (veneno + MaML).
73
Figura 22: Dados da contribuição de macro elementos das inflorescências de
M.acuminata para a alimentação, comparados com dados de Ingestão Diária
Recomendada.
78
Figura 23: Dados da contribuição de micro elementos das inflorescências de
M.acuminata para a alimentação, comparados com dados de Ingestão Diária
Recomendada.
78
VII
LISTA DE CROMATOGRAMAS
Cromatograma 1: Cromatograma da fração [19-30] eluída da coluna MaH de
inflorescências de M. acuminata.
46
Cromatograma 2: Cromatograma da fração 45-46 eluída da coluna MaH de
inflorescências de M. acuminata.
48
Cromatograma 3: Cromatograma da fração [37-38] eluída da coluna 45-46 de
inflorescências de M. acuminata.
49
Cromatograma 4: Cromatograma da fração [39-41] eluída da coluna 45-46 de
inflorescências de M. acuminata.
50
Cromatograma 5: Cromatograma da fração [43-44] eluída da coluna 45-46 de
inflorescências de M. acuminata.
51
Cromatograma 6: Cromatograma da fração [45-51] eluída da coluna 45-46 de
inflorescências de M. acuminata.
52
Cromatograma 7: Cromatograma da fração [11-22] eluída da coluna 64-71 em
Hex/AcOEt 15% de inflorescências de M. acuminata.
54
Cromatograma 8: Cromatograma da fração 72-75 eluída da coluna MaH em
hexano/acetato de etila 15% de inflorescências de M. acuminata.
55
Cromatograma 9: Cromatograma da fração [15-21] eluída da coluna 72-75 de
inflorescências de M. acuminata.
56
Cromatograma 10: Cromatograma da fração [22-24] eluída da coluna 72-75 de
inflorescências de M. acuminata.
57
Cromatograma 11: Cromatograma da fração [25-28] eluída da coluna 72-75 de
inflorescências de M. acuminata.
58
Cromatograma 12: Cromatograma da fração [12-30] eluída da coluna MaD de
inflorescências de M. acuminata.
61
Cromatograma 13: Cromatograma da fase hexânica da fase metanólica do látex de
inflorescências de M. acuminata.
63
Cromatograma 14: Cromatograma da fase diclorometânica da fase metanólica do
látex de inflorescências de M. acuminata.
64
Cromatograma 15: Cromatograma obtido da parte solúvel do látex puro em metanol
de inflorescências de M. acuminata.
67
VIII
LISTA DE ESPECTROS
Espectro 1: Espectro de massas do n-pentacosano. 46
Espectro 2: Espectro de massas do n-heptacosano. 47
Espectro 3: Espectro de massas do palmitato de etila. 49
Espectro 4: Espectro de massas do linoleato de etila. 50
Espectro 5: Espectro de massas do linolenato de metila. 51
Espectro 6: Espectro de massas do 3-desbenzoiloxi-anidrocarpesterol. 52
Espectro 7: Espectro de massas do ciclopropa[5,6]estigmat-22-en-3-ona. 53
Espectro 8: Espectro de massas do ácido palmítico. 56
Espectro 9: Espectro de massas do campesterol. 58
Espectro 10: Espectro de massas do estigmasterol. 59
Espectro 11: Espectro de massas do sitosterol. 59
Espectro 12: Espectro de massas do fucosterol. 59
Espectro 13: Espectro de RMN
1
H dos esteróides campesterol, estigmasterol, sitosterol
e fucosterol encontrados na fração [25-28] eluída da coluna 72-75 de inflorescências de
M. acuminata.
60
Espectro 14: Espectro de massas do p-hidroxicinamato de metila. 66
Espectro 15: Espectro de massas do m-hidroxicinamato de metila. 66
Espectro 16: Espectro de massas do 4-hidroxi-3-metoxicinamato de metila. 66
Espectro 17: Espectro de massas do 24-metilenocicloartanol. 67
Espectro 18: Espectro de massas do ciclolaudenol. 67
IX
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1
Família Musaceae
2
Musa acuminata Colla
6
OBJETIVO
13
PARTE EXPERIMENTAL
14
Material e Métodos
14
Estudo Fitoquímico
17
Musa acuminata proveniente de Petrópolis 17
Musa acuminata proveniente de Parada Modelo/Magé Látex /
Solução metanólica
21
Musa acuminata proveniente de Parada Modelo/Magé - Látex 22
Musa acuminata proveniente de Parada Modelo/Magé - Decocto 22
Musa acuminata proveniente de Parada Modelo/Magé - Infuso 22
Atividades Biológicas
23
Atividade Antimicrobiana das Inflorescências de M.acuminata 23
Atividade Antienvenenamento Ofídico das Inflorescências de
M.acuminata
24
Atividade Antioxidante das Inflorescências de M.acuminata 27
Atividade Antiviral das Inflorescências de M.acuminata 28
Avaliação Nutricional das Inflorescências de M.acuminata 32
RESULTADOS E DISCUSSÃO
38
Perfil químico
38
Importância econômica 41
Fase Hexânica do Extrato Etanólico das Inflorescências de
M.acuminata (MaH)
44
Fase Diclorometânica do Extrato Etanólico das Inflorescências de
M.acuminata (MaD)
60
Fase em Acetato de Etila do Extrato Etanólico das Inflorescências de
M.acuminata (MaA)
62
Solução Metanólica do Látex de Inflorescências de M. acuminata
(MaML) de Magé
63
Látex puro obtido de Inflorescências de M. acuminata (MaL) de
Magé
66
Avaliação da Atividade Antimicrobiana 68
Avaliação da Atividade Antioxidante 69
Avaliação da Atividade Antienvenenamento Ofídico 71
Avaliação da Atividade Antiviral 74
Avaliação Nutricional das Inflorescências de M. acuminata 75
CONCLUSÕES
81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
83
Introdução
INTRODUÇÃO
A importância terapêutica das plantas e seu valor econômico têm motivado vários
estudos etnofarmacológico, fitoquímico e farmacológico, resultando na descoberta de muitas
de suas propriedades medicinais (Coe e Anderson, 2005; Rochfort et al., 2008).
A história do Brasil está intimamente ligada ao comércio de produtos naturais. Do pau-
brasil (Caesalpinia echinata) era obtido o corante de cor vermelha, muito útil para tingimento
de tecidos. A convivência e o aprendizado com os mais diferentes grupos étnicos trouxeram
valiosas contribuições para o desenvolvimento da pesquisa em produtos naturais. No séc.
XIX, foi isolado o principal constituinte do curare, a tubocurarina e, posteriormente outros
constituintes alcaloídicos foram também obtidos. Outro fato marcante na história dos produtos
naturais foi a descoberta dos alucinóginos. Em 1804, foi isolada a morfina, o constituinte
majoritário do ópio. Em 1820, a quinina foi isolada, tornando-se responsável pelo
desenvolvimento dos antimaláricos sintéticos do grupo tais como: a cloroquina e a primaquina
(Montanari e Bolzani, 2001).
Devido a obtenção e a elucidação estrutural de substâncias orgânicas já são conhecidos
cerca de 50000 metabólitos secundários isolados de plantas, muitos desses ainda sem
avaliação do potencial farmacológico. A separação, a identificação e a determinação estrutural
das substâncias biologicamente ativas são facilitadas pelo desenvolvimento contínuo de
métodos de análise cromatográfica e espectroscópica (Phillipson, 2007).
Etnobotânica compreende o estudo de sociedades humanas em suas relações com as
plantas, buscando o conhecimento tradicional e a compreensão da relação direta entre pessoas
de cultura vivente e as plantas do seu meio, ou melhor, o estudo das conceituações de
populações com o ambiente botânico (Rodrigues e Carvalho, 2001; Wondimu, 2007).
O uso de plantas medicinais pela população mundial tem sido muito significativo nos
últimos tempos. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que um grande
Introdução 2
percentual da população mundial faz o uso de algum tipo de erva na busca de alívio de
alguma sintomatologia dolorosa ou desagradável. Muitos fatores econômicos e sociais vêm
colaborando no desenvolvimento de práticas de saúde para plantas medicinais em diferentes
regiões ao redor do mundo (Herbário, 2008).
Família Musaceae
A superordem Zingiberiflorae (Figura 1) é formada por uma única ordem
Zingiberales, com suas oito famílias: Musaceae, Strelitziaceae, Heliconiaceae, Lowiaceae,
Zingiberaceae, Costaceae, Cannaceae e Marantaceae (Pugialli et al., 1993).
Figura 1: Diagrama de classificação de Dahlgren (1980), com as superordens de Angiospermae destacando a
superordem Zingiberiflorae.
Introdução
3
Segundo Souza e Lorenzi (2005), a família Musaceae é composta por ervas robustas,
perenes, rizomatosas, com crescimento simpodial. O pseudocaule é formado pelo conjunto
das bainhas foliares, o látex é geralmente incolor e as folhas são alternas espiraladas,
peniparalelinérveas. A inflorescência é formada por cimeiras com brácteas vistosas, as flores
são bissexuadas ou unissexuadas, zigomorfas e diclamídeas e os frutos o em baga (Figura
2). A família Musaceae possui distribuição paleotropical, incluindo 2 gêneros e cerca de 35
espécies. No Brasil, não ocorrem espécies nativas, mas as bananeiras são plantas tão
amplamente cultivadas que chegam a ser confundidas com as plantas nativas. Musa ornata
(bananeira-ornamental) é uma espécie asiática ornamental e tornou-se uma invasora bastante
agressiva em alguns trechos da Mata Atlântica, com frutos que produzem sementes viáveis,
dispersas por animais silvestres por toda a mata. Além dessa espécie, outras como a
bananeira-vermelha (Musa coccinea) e a bananeira-da-abissínia (Ensete ventricosum) são
cultivadas como ornamentais. Do ponto de vista econômico destacam-se as bananeiras
(Musa paradisiaca) que produzem frutos partenocárpicos comestíveis, representando uma das
frutas mais comercializadas no mundo. Os gêneros Heliconia e Strelitzia foram incluídos
entre as Musaceae. Os trabalhos recentes de filogenia não apóiam este posicionamento,
confirmando a inclusão desses dois gêneros em famílias distintas, Heliconiaceae e
Strelitziaceae respectivamente e introduzindo em Musaceae apenas os gêneros Ensete e Musa.
O falso tronco da bananeira é esguio, formado por camadas de folhas dispostas em
espiral e pode atingir 15 metros de altura. No topo uma coroa de grandes folhas
(DeCS, 2009).
Introdução
4
Figura 2: Esquema geral de uma bananeira, com suas diversas partes constituintes (Champion, 1968 apud
Coelho et al., 2001).
A banana (Musa spp.) é uma das frutas mais consumidas no mundo, sendo cultivada
na maioria dos países tropicais. No Brasil a banana destaca-se entre os principais produtos
agrícolas, ocupando o segundo lugar dentre as frutas, na preferência dos consumidores
(Bernardi et al., 2004).
As espécies das bananeiras silvestres, Musa acuminata e Musa balbisiana, são
consideradas ancestrais de variedades de bananas comestíveis (Musa paradisiaca). Essas
variedades comestíveis diferem das espécies ancestrais devido a presença de genes
responsáveis pela partenocarpia (sem fertilização), que permitem a produção de frutos a partir
do desenvolvimento do ovário, sem que os óvulos das flores sejam fecundados. Sem
Introdução
5
fecundação, não haverá formação de sementes (Girnos e Saraiva, 2007). Os frutos das
bananeiras cultivadas, que diferem em características como forma, tamanho, cor da casca e
sabor, são representados por uma baga contendo muitos óvulos, mas não sementes (Cano et
al., 1996).
A palavra banana teve sua origem nas línguas serra-leonesa e liberiana (costa ocidental
da África), e foi simplesmente incorporada ao português. Atualmente, admite-se que a banana
seja oriunda do Oriente, do sul da China ou da Indochina. Há referências da sua presença na
Índia, na Malásia e nas Filipinas, onde tem sido cultivada mais de 4.000 anos. Por se tratar
de uma planta tipicamente tropical, a bananeira exige, para bom desenvolvimento, calor
constante e elevada umidade. Essas condições são, geralmente, registradas na faixa entre os
paralelos de 30° norte e sul, nas regiões onde as temperaturas permanecem acima de 10°C e
abaixo de 40°C. Entretanto, possibilidade de seu cultivo em latitudes maiores de 30°,
contanto que a temperatura o permita. Com relação ao cultivo da banana em determinados
países e áreas, a expansão de um cultivar é função da sua aclimatação, do interesse de
mercado local ou do importador. Verifica-se, portanto, uma relativa diversificação de
cultivares entre as regiões produtoras de banana. A Tabela 1 indica como os principais países
que produzem banana podem ser agrupados por regiões (UFRGS, 2008).
Tabela 1: Regiões e países produtores de banana.
África
Angola, Costa do Marfim, Guiné, Ilha Madeira (Portugal), Madagascar,
Moçambique, República dos Camarões Ocidental, República dos Camarões
Oriental, Somália e Zaire (Congo).
Região do Caribe
Cuba, Guadalupe (França), Ilhas Windward, Jamaica, Martinica (França) e
República Dominicana.
Oriente Médio
Israel, Jordânia e Líbano.
América do Sul
Argentina, Brasil, Colômbia, Equador, Guianas, Paraguai e Venezuela.
América Central
Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua e Panamá.
Introdução
6
Musa acuminata Colla
É uma espécie comestível, com flores e frutos vistosos e folhas sempre verde. Possui
floração sazonal, com flores variando de creme a amarelo. É nativa do sudeste da Ásia e do
norte de Queensland (Missouri Botanical Garden, 2009a).
Figura 3: Detalhes da morfologia de Musa acuminata Colla (1-2) e Musa rubra Wallich ex Kurz (3-5)
(Missouri Botanical Garden on line, 2009b). 1e 3- pseudocaule; 2 e 4- flor; 5- fruto.
Introdução
7
Foto 1: Musa acuminata Colla e detalhes da inflorescência e do fruto (Catharina E. Fingolo, 2006).
Foto 2: Detalhes da inflorescência de Musa acuminata Colla (Catharina E. Fingolo, 2006).
Introdução
8
Importância econômica e atividade biológica
Um grande número de trabalhos registra a produção diversificada de metabólitos
secundários, muitos deles são abordados com ênfase na produção de fitoalexinas, destacando
a defesa química nessas plantas (Luis, 1998; Takikawa, 1999; Luque-Ortega, 2004).
De acordo com a literatura vigente, algumas espécies de Musa caracterizam-se pela
presença de substâncias com interessante apelo farmacológico.
Uma das possíveis aplicações de produtos obtidos de espécies de Musa é o tratamento
do envenenamento por serpentes do gênero Bothrops. Segundo Borges (2005), a inibição das
proteínas do veneno de Crotalidae pelo extrato de Musa paradisiaca L. (Musaceae) foi muito
efetiva, quando esse extrato foi previamente misturado com o veneno, tendo ocorrido a
inibição significativa de fosfolipase A
2
(PLA
2
); das atividades miotóxica e hemorrágica; e da
letalidade em ratos. Essas atividades foram exibidas quando diferentes quantidades do extrato
de M. paradisiaca foram misturadas com esses venenos antes dos ensaios. Ratos que
receberam extrato e veneno sem mistura prévia ou em momentos diferentes, não foram
protegidos contra a toxidade do veneno.
São poucos os estudos sobre a atividade antioxidante no gênero Musa. E o interesse
pelos produtos polifenólicos antioxidantes aumentou notavelmente na última década devido a
facilidade de verificação da sua elevada capacidade em estabilizar os radicais livres
associados a diversas doenças (Silva et al., 2007).
Sabe-se que a produção de radicais livres é controlada nos seres vivos por diversos
produtos antioxidantes, os quais podem ter origem endógena (por exemplo, superóxido
dismutase), ou serem provenientes da dieta alimentar e de outras fontes (Sousa et al., 2007).
Esses radicais livres são os grandes responsáveis pelo envelhecimento e por inúmeras doenças
degenerativas associadas ao envelhecimento, como câncer, aterosclerose, doenças cárdio- e
cerebrovasculares, catarata e declínio do sistema imune (Wang et al., 1996; Sun et al., 2002;
Introdução
9
Atoui et al., 2005). Várias classes de substâncias antioxidantes derivadas do metabolismo
secundário das plantas, como as substânicias fenólicas: fenóis simples, ácidos fenólicos
(derivados de ácidos benzóico e cinâmico), cumarinas, estilbenos, taninos condensados e
hidrolisáveis, lignanas, ligninas e flavonóides (flavonas, isoflavonas, flavanonas,
antocianinas, catequinas e isocatequinas) (Naczk e Shahidi, 2004) entre outros, promovem
proteção contra uma série de doenças devido a capacidade de combater os radicais livres
(Ramadan et al., 2007).
Grande parte dos trabalhos da literatura refere-se à avaliação nutricional da banana
(nutracêuticos, composição mineral, várias aplicações das fibras), mas não existem ainda
estudos sobre a composição nutricional das inflorescências da bananeira.
Essas inflorescências são complementos nutricionais para muitas populações, tendo
em vista os teores de minerais e fibras. Ressalta-se que muitos alimentos, consumidos
tradicionalmente pela população, principalmente em áreas rurais, possuem características
interessantes sob o ponto de vista da saúde, sustentados por conhecimentos empíricos, no que
tange as suas propriedades. Portanto, o homem sempre buscou associar nutrição e saúde,
inferindo uma lógica ao longo da sua existência.
As inflorescências são utilizadas na culinária para fazer recheio de pastel, refogados,
saladas e, após fervura podem ser cozidas como palmito e, sobretudo para aumentar o
rendimento de refeições através da mistura com diferentes tipos de carne.
Pelo fato do valor nutritivo das inflorescências nunca ter sido estudado torna-se de
grande importância, principalmente na atualidade em que se fala tanto em preocupação com o
meio ambiente e economia de alimentos, investigar o potencial nutritivo desse órgão das
bananas que é descartado no solo dos bananais para apenas desempenhar o papel de adubo
orgânico.
Introdução
10
Cada pseudocaule uma inflorescência e, por conseguinte, um cacho, para
depois morrer ou ser cortado. Mas a produção fica assegurada pelo desenvolvimento de outros
rebentos lançados pelo rizoma. A propagação da bananeira é feita por via vegetativa, com o
plantio, de uma maneira geral, de partes do rizoma que sejam portadores de brotos.
Muitos são os produtos obtidos das partes não aproveitadas corriqueiramente da
bananeira (Coelho et al., 2001). A utilização racional de restos de culturas, como a
inflorescência da bananeira visando a possível produção de alimentos que venham a servir ao
homem, necessita de estudos mais aprofundados.
A busca por novas opções de cultivo para produção de palmito tem despertando o
interesse de agricultores em todo o país pelo cultivo da pupunheira (Bactris gasipaes Kunth)
(Bovis, 1998, apud Verruma-Bernardi, 2007) porque o tempo de maturação da cultura do açaí
(Euterpe oleracea Mart.) e da juçara (Euterpe edulis Mart.) é em torno de quatro e oito anos,
respectivamente, levando a um baixo rendimento de palmito por hectar/ano e a necessidade de
sombreamento na fase inicial do plantio. A juçara apresenta ainda a inconveniência de ser
monocaule (não perfilhar), necessitando de replantio após o corte (Araújo, 1996, apud
Verruma-Berbardi, 2007). Uma das vantagens da pupunha é o rendimento, relativamente alto,
de palmito caulinar que constitui um produto para elaboração de diversos tipos de conserva
(Gomes et al., 2006).
Segundo Gómez (1967) semelhança da composição nutricional do pseudocaule da
bananeira com a do palmito, embora o pseudocaule da bananeira apresente o dobro do
conteúdo de fibras do palmito, considerando o material fresco.
Os efeitos benéficos da fibra alimentar são conhecidos pela prevenção ou tratamento
de várias afecções, como diabetes mellitus, a arteriosclerose, o câncer de cólon, a síndrome do
intestino curto e a doença diverticular dos cólons (Lupatini, 2006).
Introdução
11
Fibras podem ser constituídas de carboidratos complexos classificados de acordo com
sua solubilidade, em solúveis e insolúveis. As fibras solúveis são representadas pela pectina
(frutas) e pelas gomas (aveia, cevada e leguminosas: feijão, grão de bico, lentilha e ervilha).
As insolúveis aumentam a saciedade, auxiliando na redução da ingestão calórica, contribuindo
para a saúde da população. Elas são representadas pela celulose (trigo), hemicelulose (grãos) e
lignina (hortaliças) (Sposito, 2007). Enquanto as fibras insolúveis são importantes para
fornecer a massa necessária para a ação peristáltica do intestino, as fibras solúveis têm a
propriedade de se ligarem à água, formando um gel que reduz a absorção de lipídios e
açúcares, tornando-se substrato para a formação de rica flora bacteriana (Gonçalves et al.,
2007).
Atualmente, a valorização dos alimentos funcionais, já amplamente consumidos, deve-
se aos inúmeros estudos científicos comprovando que além das funções nutricionais sicas,
quando consumido na dieta normal, produzem efeitos metabólicos, fisiológicos e/ou efeitos
benéficos à saúde. Mais recentemente o uso de alimentos não convencionais, como alguns
frutos e leguminosas regionalizados, vem merecendo atenção por seu valor nutricional.
Coelho e colaboradores (2001) testaram uma metodologia adaptada do processamento
do palmito tradicional para o processamento do pseudocaule da bananeira e realizaram novas
análises químicas desse produto processado. O aproveitamento das inflorescências da
bananeira como alimento humano representa importante fonte de divisas para o país, pois a
banana destaca-se por ser a segunda fruta mais produzida no Brasil. Com esse intuito,
Cardoso (2006) patenteou o processamento do “coração da bananeira” incluindo a etapa de
apertização que garante a esterilidade comercial ao produto envasado. O produto apresenta
propriedades sensoriais próximas àquelas apresentadas pelo palmito em conserva, ou seja,
coração de palmeira em conserva. De acordo com a literatura, várias espécies de Musa são
utilizadas para o processamento em palmito, utilizando o pseudocaule.
Introdução
12
A análise dos minerais também é importante. Segundo Lupatini (2006) o potássio é
essencial para síntese de proteínas, para o metabolismo de carboidratos e a contração da
musculatura cardíaca. O lcio é importante nos processos de coagulação sanguínea e na
mineralização de ossos e dentes. O fósforo é um co-fator de muitos sistemas enzimáticos do
metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas. Componente de ATP (fosfato de alta
energia) é importante para a mineralizacão da estrutura óssea, para a síntese de colágeno e
homeostase do cálcio, como regulador da excreção renal e da utilização vitamínica (complexo
B).
Dentre as plantas medicinais utilizadas na região da Floresta Tropical Atlântica na
região de São Paulo (Vale do Ribeira sul do Estado de São Paulo), Brasil, destacam-se as
inflorescências de Musa acuminata Colla indicadas para tosse e asma (preparação tradicional:
macerado em água) e bronquite (preparação tradicional: xarope) (Stasi et al., 2002).
Para asma e bronquite, o xarope de “umbigo” (inflorescência de bananeira) preparado
intercalando-se uma camada de açúcar e uma de “umbigo” também é muito popular (Silva,
2008).
No Parque Nacional de Itatiaia, Rio de Janeiro observa-se freqüentemente que os
macacos quebram o topo exclusivo da bananeira “prata” e tomam o líquido existente na parte
superior.
O uso de decocto da raiz de Musa acuminata Colla durante a menstruação serve para
prevenir a concepção na zona rural de Honduras (Ticktin e Dalle, 2005).
Pedaços da casca do fruto de Musa acuminata Colla são espremidos e misturados com
água para preparar uma maceração para ser tomada oralmente três vezes por dia para
tratamento de diarréia, de febre e de dores gástricas na área de Bushi, no sul da Província de
Kivu, República Democrática do Congo (Chifundera, 2001).
Objetivo 13
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é contribuir para o conhecimento de uma espécie de
Musaceae do Estado do Rio de Janeiro, através do estudo da composição química, avaliação
de atividades biológicas com enfoque especial para o isolamento e caracterização estrutural
do material responsável pela sua ação e determinação nutricional das inflorescências (flores e
brácteas) de Musa acuminata Colla, conhecida popularmente como banana ouro.
Parte Experimental Estudo Fitoquímico 14
PARTE EXPERIMENTAL
Material e Métodos
Os solventes utilizados para avaliação dos constituintes químicos de Musa acuminata
foram de graus PA e espectroscópico, das marcas Merck, Tedia e Vetec.
A concentração de extratos brutos, fases e de frações obtidas de colunas
cromatográficas foi feita sob pressão reduzida, utilizando o evaporador rotatório Büchi,
equipado com banho aquecedor, com temperatura controlada.
O isolamento e a purificação de substâncias químicas por cromatografia de adsorção
em coluna, foram feitos utilizando como adsorvente gel de sílica 60 (0,063-0,200mm e 0,040-
0,063mm; Merck). As placas utilizadas para cromatografia de adsorção em camada fina
analítica (CCD) foram cromatofolhas de gel de sílica 60 F
254
Merck, com 0,2 mm de
espessura. Os eluentes foram preparados em concentração v/v e os reveladores utilizados para
a cromatografia em camada delgada foram: a visualização sob luz ultravioleta (254nm e
365nm); solução de sulfato cérico em ácido sulfúrico e solução de orcinol em ácido sulfúrico
seguido de aquecimento em placa aquecedora (Wagner et al., 1984).
Para identificação das substâncias químicas voláteis e apolares utilizou-se a
cromatografia com fase gasosa com detector de ionização de chama (CG/DIC) em aparellho
Varian série Star 3400 CX e cromatografia com fase gasosa acoplada à espectrometria de
massas (CG/EM) em aparelho GC/MS QP5000 Shimadzu, a 70eV provido de uma coluna
capilar ZB-5MS (30m x 0,25mm x 0,25µm), injetor a 270ºC, interface a 230ºC, operando com
variação de temperatura de 60ºC a 290ºC (10ºC/min) sendo hélio o gás de arraste (1ml/min).
Os fragmentos foram descritos como relação entre as unidades de massa atômica e carga (m/z)
com a abundância relativa expressa em valores percentuais.
Parte Experimental Estudo Fitoquímico 15
Espectro de ressonância magnética nuclear de hidrogênio (RMN de
1
H) foi obtido em
aparelho Brüker operando a 400MHz/100MHz utilizando o solvente deuterado CDCl
3
. Os
valores de deslocamento químico (δ), em unidade adimensional, foram referidos a um padrão
interno (TMS), sendo representados em partes por milhão (ppm) da freqüência aplicada para
cada experiência.
A pesagem das inflorescências, do extrato etanólico, das fases obtidas após partição
líquido-líquido, das frações e das substâncias identificadas foram realizadas em balanças
analíticas de modelo AB204-S Mettler-Toledo.
Para a secagem das amostras que permaneceram com água proveniente do material
fresco, foi utilizado liofilizador Labconco. A leitura da reação ocorrida para avaliar a
atividade antioxidante das amostras sobre o radical livre DPPH foi realizada em
espectrofotômetro Shimadzu-U.V. 2200, em 518nm.
Foi feito o levantamento do perfil químico de espécies do gênero Musa no Chemical
Abstracts de 1907 até 2007 para uma primeira avaliação da produção metabólica do táxon
(Tabela 2, pág. 38). O levantamento dos registros relativos às atividades biológicas de
representantes do gênero Musa forneceu informações interessantes (Tabela 3, pág. 41).
Material Botânico
A espécie Musa acuminata Colla foi coletada no Sítio Santa Isabel, na rodovia Rio-
Petrópolis, Km 87,5, no município de Petrópolis-RJ, em novembro e dezembro de 2006. O
material botânico foi identificado pelo botânico Dr. João Marcelo Alvarenga Braga, Jardim
Botânico/RJ e depositado no Herbário da Faculdade de Formação de Professores por Ricardo
de Moura Loyola, Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), São Gonçalo, Rio de
Janeiro, Brasil, sob o número RFFP 9606 (Foto 3).
Parte Experimental Estudo Fitoquímico 16
Foto 3: Exsicata de Musa acuminata Colla (Herbário da Faculdade de Formação de Professores/UERJ, registro
RFFP 9606) (Catharina E. Fingolo, 2009).
Essa espécie também foi coletada no Parque Santo Eugênio, na rodovia Rio-
Teresópolis, Km 107, em Parada Modelo, no município de Magé-RJ, em abril de 2007 e em
julho de 2008. Esse material foi destinado à avaliação do potencial nutritivo das
inflorescências e também à extração do látex para posteriores análises química e
farmacológica. O material botânico foi identificado pelo botânico Dr. João Marcelo
Alvarenga Braga, Jardim Botânico/RJ e detém exsicata depositada no Herbário do Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, sob o registro RB 402574A.
Parte Experimental Estudo Fitoquímico 17
Figura 4: Regiões de coleta no Estado do Rio de Janeiro (adaptado de Ministério Público do Trabalho, 2008).
Estudo Fitoquímico
Musa acuminata proveniente de Petrópolis
Após as coletas, o total de material vegetal (inflorescências) atingiu 2,6kg. Esse
material, ainda fresco, foi reduzido a pequenos fragmentos utilizando faca e, em seguida, foi
submetido à maceração estática com etanol, com troca sucessiva do solvente a cada 48h. Os
filtrados resultantes foram reunidos e concentrados sob pressão reduzida em rotaevaporador,
mantendo a temperatura do banho perto de 40ºC. O extrato etanólico bruto obtido pesou
39,7g, dos quais 5g foram reservados para avaliação de atividades biológicas (Tabela 4, pág.
42 e Figura 5, pág. 43).
O extrato etanólico suspenso em EtOH/H
2
O (1:4) foi submetido à partição líquido-
líquido em seqüência, com hexano, diclorometano, acetato de etila e butanol (Figura 6,
pág. 44). O extrato bruto etanólico e as fases resultantes das partições líquido-líquido desse
extrato com os solventes descritos foram fracionados por metodologia cromatográfica.
Parada Modelo / Ma
Petrópolis
Parte Experimental Estudo Fitoquímico 18
O fracionamento cromatográfico foi acompanhado por testes biológicos para avaliação de
substâncias com atividade biológica.
Fase Hexânica do Extrato Etanólico de Inflorescências de M. acuminata (MaH)
A fase hexânica do extrato etanólico de inflorescências (9,2g) foi separada em duas
porções: cerca de 4,0g foram reservados para realização de testes biológicos e 5,2g para
estudo fitoquímico.
A fase hexânica (5,2g) foi fracionada em coluna cromatográfica de gel de sílica, eluída
com sistemas de solventes preparados com misturas binárias de hexano, acetato de etila e
metanol em gradiente crescente de polaridades, além dos solventes puros, resultando em 149
frações. As frações foram reunidas com base na análise comparativa por cromatografia de
adsorção em camada delgada sobre gel de sílica (Figura 7, pág. 45).
A fração 19-30 (281,0mg), eluída da coluna MaH com hexano puro, apresentou-se
com aspecto de cera e foi analisada por CG/EM e permitiu a identificação de uma mistura de
hidrocarbonetos.
A fração reunida 45-46 (587,0mg), de aspecto oleoso e de coloração amarela, eluída
da coluna MaH com Hex/AcOEt 3% foi analisada por CG/EM (Tabela 5, pág. 47) e também
foi submetida à cromatografia em coluna sobre gel de sílica (34,0cm x 1,3cm) na tentativa de
separar os principais constituintes da mistura identificados por CG/EM. Esse procedimento
rendeu 4 novas frações reunidas segundo o perfil cromatográfico em CCD: [37-38], [39-41],
[43-44] e [45-51].
A fração 64-71 (212,0mg) foi eluída com Hex/AcOEt 15% da coluna MaH e foi
submetida a uma nova coluna cromatográfica sobre gel de sílica (36,0cm x 0,6cm). Foram
utilizados como eluente, misturas binárias de hexano e acetato de etila, em gradiente crescente
de polaridades, além dos solventes puros, obtendo-se 41 frações. A nova fração [11-22],
Parte Experimental Estudo Fitoquímico 19
eluída com Hex/AcOEt 15%, foi analisada por CG/EM mostrando uma mistura de esteróides
(Tabela 6, pág. 54).
A fração 72-75 (119,2mg), eluída da coluna MaH em Hex/AcOEt 15%, foi analisada
por CG/EM mostrando a presença de um ácido e da mistura dos esteróides também obtida na
fração 64-71 da mesma coluna MaH (Tabela 7, pág. 55).
Essa fração 72-75 também foi cromatografada em coluna de gel de sílica (22,0cm x
0,6cm) na tentativa de separar o ácido da mistura de esteróides, resultando em 63 novas
frações. Das novas frações eluídas e reunidas segundo seu perfil cromatográfico em CCD,
3 foram analisadas: [15-21], [22-24] e [25-28].
Fase Diclorometânica do Extrato Etanólico de Inflorescências de M. acuminata (MaD)
A fase diclorometânica do extrato etanólico de inflorescências de M. acuminata
(400,0mg) foi fracionada em coluna cromatográfica de Sephadex LH-20, eluída com sistemas
de solventes preparados com misturas binárias de metanol e diclorometano em modo
isocrático de MeOH/CH
2
Cl
2
10%, resultando em 23 frações. As frações foram reunidas com
base na análise comparativa por cromatografia de adsorção sobre gel de sílica em CCD
(Figura 8, pág. 61).
A fração 7-19 foi submetida a nova cromatografia em coluna sobre gel de sílica
(38,0cm x 0,5cm). A nova fração [12-30], por recristalização com metanol, forneceu cristais
brancos em agulha relativos à mistura de esteróides, identificados por CG/EM.
Fase em Acetato de Etila do Extrato Etanólico de Inflorescências de M. acuminata (MaA)
A fase em acetato de etila (500,0mg) do extrato etanólico das inflorescências foi
fracionada utilizando cromatografia contracorrente de alta velocidade (HSCCC). Essa técnica
é essencialmente, uma forma de cromatografia de partição quido-líquido, na qual a fase
Parte Experimental Estudo Fitoquímico 20
líquida estacionária é retida no aparelho sem o uso de suportes sólidos. As vantagens incluem
a boa resolução e a recuperação total da amostra, eliminando-se as complicações causadas
pelo uso de suportes sólidos, como a perda de amostra por adsorção, desativação, dessorção
lenta e contaminação.
Os parâmetros para separação dos componentes da fase em acetato de etila foram
testados primeiramente em HSCCC analítico e as condições otimizadas foram ajustadas para
o HSCCC preparativo (Tabela 8).
Tabela 8: Condições de análise em HSCCC Analítico x HSCCC Preparativo.
HSCCC Analítico
HSCCC Preparativo
Quantidade de amostra
50,0mg
500,0mg
Volume da coluna
26ml
95ml
Volume para solubilizar
amostra
1ml
5ml
Fluxo
1ml/min
2ml/min
Volume por tubo
1ml
4ml
S
f
27%
77%
A amostra foi dissolvida em 5ml do sistema de solvente de acordo com a capacidade
de injeção do equipamento. O sistema de solventes utilizado foi uma mistura de acetato de
etila:butanol:água (1:0,5:1), usando a fase superior (orgânica) como fase móvel. A otimização
do sistema de solventes utilizado foi determinada baseada no comportamento da amostra em
CCD (Figura 9, pág. 62) após partição líquido-líquido de pequenas quantidades de amostra
em diferentes sistemas testados.
Inicialmente a coluna (95ml) do HSCCC foi preenchida com fase estacionária (FI) e o
aparelho foi estabelecido para operar no sentido cauda-cabeça. Em seguida o aparelho foi
Parte Experimental Estudo Fitoquímico 21
submetido à rotação de 850rpm, enquanto a fase móvel (FS) foi bombeada para a coluna a um
fluxo de 2ml/min.
A retenção da fase estacionária na coluna foi de 76,84% (Sf = 0,77). Foram coletadas
80 frações de 4ml, com a mesma rotação e fluxo.
Todas as frações obtidas do HSCCC foram analisadas por CCD utilizando
AcOEt:AF:HOAc:H
2
O (7:1,1:1,1:2,7) como eluente e orcinol sulfúrico foi usado como
revelador químico. Análise do perfil químico das 80 frações por CCD permitiu a sua reunião
em 10 grupos (Figura 10, pág. 63).
Foi verificado um sangramento de fase estacionária nos tubos das frações reunidas 62-
67 e 70-71, o que forçou a separação e análise, por CCD, das 2 fases nessas frações
(Figura 11, pág. 63).
Musa acuminata proveniente de Parada Modelo/Magé – Látex / Solução metanólica
Látex: o exsudato (ou látex) foi recolhido em metanol através de cortes nas inflorescências
das plantas coletadas em Magé-RJ em abril de 2007 (Foto 4).
Foto 4: Extração do látex das inflorescências de M. acuminata (Catharina Eccard Fingolo).
A solução metanólica (MaML) foi suspensa em MeOH:H
2
O (3:7) e submetida à
partição líquido-líquido com os diferentes solventes em sequência: hexano, diclorometano,
acetato de etila e butanol. As fases hexânica e diclorometânica foram analisadas por CG/DIC
e CG/EM (Tabela 9, pág. 65).
MeOH
Parte Experimental Estudo Fitoquímico 22
Musa acuminata proveniente de Parada Modelo/Magé – Látex
O material vegetal foi coletado novamente em julho de 2008, para obtenção do látex
puro. O exsudato (MaL) foi recolhido como tal através de cortes nas inflorescências, em
atmosfera de N
2
, sendo então congelado para a posterior etapa de liofilização.
Os materiais MaML e MaL obtidos foram submetidos aos testes farmacológicos:
atividade antimicrobiana, atividade antienvenenamento ofídico e atividade antiviral.
Musa acuminata proveniente de Parada Modelo/Magé – Decocto
A decocção das inflorescências foi realizada a 40%, utilizando 200,0g de material
vegetal fresco em 500ml de água destilada.
Musa acuminata proveniente de Parada Modelo/Magé – Infuso
A infusão foi realizada também a 40%, utilizando 400,0g de flores em 1000ml de água
destilada.
Tanto o infuso quanto o decocto foram submetidos ao teste de atividade antiviral.
Parte Experimental Estudo Farmacológico 23
Atividades Biológicas
O material botânico em estudo foi submetido a uma série de ensaios para avaliação de
sua atividade biológica. Foram avaliadas as atividades antimicrobiana, antienvenenamento
ofídico, antiviral e antioxidante. A composição nutricional das inflorescências também foi
determinada.
Atividade Antimicrobiana das Inflorescências de M. acuminata
Os ensaios foram realizados no Laboratório de Estrutura de Superfície de
Microorganismos I e II, Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes, UFRJ, em
colaboração com a Prof. Dra. Celuta Sales Alviano e a Dra. Daniela Sales Alviano.
Vários microrganismos de importância médica foram utilizados nos testes para
determinação da atividade antimicrobiana do extrato etanólico de inflorescências de M.
acuminata: a bactéria Gram positiva Staphylococcus aureus MRSA (BMB9393), a bactéria
Gram negativa Escherichia coli e o fungo Candida albicans Sorotipo B ATCC 36802. A fase
hexânica do extrato etanólico da amostra de Petrópolis e o látex puro da amostra de Magé
foram testados sobre os fungos: Candida albicans, Criptococcus neoformans, Microsporum
canis, Microsporum gypseum e Fonsecaea pedrosoi.
As atividades antimicrobianas das amostras: extrato etanólico bruto, fase hexânica do
extrato etanólico e látex puro (MaL), foram determinadas por meio da técnica de difusão em
ágar descrita por Hili e colaboradores (1997), que consiste em adicionar a amostra (10µl)
diretamente na superfície do meio de cultura previamente inoculado com o microrganismo
teste de modo confluente, com o auxílio de um bastão. Após o período de incubação os halos
correspondentes à inibição do crescimento microbiano foram medidos e devidamente
registrados.
Parte Experimental Estudo Farmacológico 24
O extrato etanólico, a fase hexânica e o látex puro foram solubilizados inicialmente em
dimetilsulfóxido (DMSO) para obtenção de uma concentração final de 100,0mg/ml e diluídos
até uma concentração 1:3 v/v em água destilada estéril, para eliminação da toxidade do
DMSO para os microrganismos, antes de serem colocados na superfície do meio.
Os microrganismos (2,0 x 10
5
células/ml) foram semeados em placas de Petri contendo
meio BHI (infusão de cérebro e coração bovino) sólido e, depois de 10min, foram adicionados
10µl de cada amostra na superfície do meio inoculado. Todas as placas foram incubadas a
37
°
C por 24h (bactérias) ou a temperatura ambiente por 48h (Candida albicans). Após esse
período o diâmetro do halo de inibição foi medido com régua, em centímetros. O controle foi
feito com anfotericina B (1,0mg/ml) para os fungos e vancomicina (1,0mg/ml) para as
bactérias. A formação do halo de inibição no local onde foi aplicada a amostra indica a
sensibilidade do microrganismo para a mesma, sendo passível de ocorrer resultados atípicos
principalmente em testes com microrganismos mutantes ou resistentes. Nesse caso é
observado um halo de inibição, mas com a presença de algumas colônias na região.
Atividade Antienvenenamento Ofídico das Inflorescências de M. acuminata
Os ensaios foram realizados no Departamento de Farmacologia Básica e Clínica,
UFRJ, em colaboração como a Prof. Dr. Paulo de Assis Melo.
Atividade fosfolipásica
A atividade fosfolipásica foi determinada através da adaptação do método
turbidimétrico de Marinetti (1965) utilizando como substrato suspensão de gema de ovo de
galinha. Para o preparo da solução estoque (SE), a gema de ovo fresca foi separada da clara,
coada e diluída em solução de NaCl 150mM a o volume de 100ml. A partir da SE, foi
preparada uma diluição de 10% (v/v) chamada solução de trabalho (ST). Uma alíquota de
Parte Experimental Estudo Farmacológico 25
330µl da ST foi adicionada à solução salina contendo CaCl
2
(10mM), taurocolato de sódio
(0,01%), tris-HCl (pH 7,0; 5mM) ajustados para um volume final de 2ml e a leitura de
absorbância foi realizada em espectrofotômetro a 925nm. A ST foi diluída ou concentrada
pela adição de NaCl 150mM ou SE, respectivamente, de forma que, ao ser adicionada aos
reagentes, proporcione uma leitura de absorbância entre 0,60 e 0,70. Esta leitura é relacionada
ao grau de turbidez da suspensão. Para a determinação da curva de atividade fosfolipásica de
veneno ou de toxina isolada, a ST ajustada (a 37ºC e sob agitação branda e constante) sofreu a
adição dos reagentes e, em seguida, a adição da solução do veneno para atingir a concentração
de 10,0µg/ml no volume final de 2ml. A reação é cronometrada a partir do contato do veneno
ou da toxina com a ST e a absorbância é lida a cada 5min. Os resultados são apresentados em
percentuais de absorbância em relação à leitura no tempo zero, sendo considerado 100% a
absorbância do substrato sozinho no tempo zero. Para os demais ensaios é escolhida como
100% de atividade a redução percentual da absorbância promovida pela concentração
de ~10µg/ml de veneno ou toxina em relação ao substrato sozinho no tempo de 30min. Para
os ensaios de inibição o veneno (Bothrops jararacussu 10,g/ml), foi pré-incubado durante
30min a 37ºC na presença do látex puro (MaL) nas concentrações de 30,0 – 500,0µg/ml.
Os resultados são expressos em % da atividade do controle B. jararacussu (10,0µg/ml)
versus concentrações de MaL.
Atividade hemorrágica
A atividade hemorrágica foi determinada utilizando o método modificado por Melo e
colaboradores (1994), injetando-se, por via intradérmica (i.d.), o veneno bruto de Bothrops
jararaca, diluído em PSS no volume final de 100µl no abdômen de camundongos machos na
região de convergência dos vasos epigástricos. Camundongos pesando cerca de 20,0g foram
inicialmente separados em dois grupos para demonstração da atividade hemorrágica do
Parte Experimental Estudo Farmacológico 26
veneno que corresponde ao controle positivo para os tratamentos. Nesta experiência, cada
grupo de animais recebeu injeção i.d. do veneno (1,0µg/g).
Protocolo (pré-incubação)
O veneno de B. jararaca (1,0µg/g) foi pré-incubado sozinho e na presença da solução
metanólica do látex (MaML) durante 30min a temperatura ambiente e injetado por via i.d. em
volume de 100µl.
Os animais foram agrupados em:
I. Grupo i.d. de PSS;
II. Grupo i.d. de veneno;
III. Grupo i.d. de veneno (1,0µg/g) pré-incubado com o MaML nas doses de 10,0 e
100,0mg/kg.
Processamento do material e avaliação da atividade hemorrágica
Duas horas após a injeção do veneno, os animais foram sacrificados por inalação de
éter etílico. As peles foram retiradas, estiradas e estocadas por 72h a temperatura ambiente
(25ºC). Depois de secas, as peles foram raspadas e recortadas em quadrados de 3cm de lado
ao redor do ponto central da hemorragia. A intensidade da lesão hemorrágica foi determinada
por quantificação da densidade óptica, empregando luz policromática em equipamento
desenvolvido no laboratório (MELO, 1988). Resultados diretos das leituras foram utilizados
para determinação das curvas dose-resposta do veneno. Para os resultados dos tratamentos, as
leituras das regiões de hemorragia decorrentes da injeção de PSS ou da injeção de veneno de
B. jararaca (1,0µg/g) foram tomadas como 0% e 100% de atividade, respectivamente. As
leituras dos valores obtidos nos tratamentos foram expressas em % da hemorragia de 1,0µg/g
do veneno de B. jararaca (MELO, 1994).
Parte Experimental Estudo Farmacológico 27
Atividade Antioxidante das Inflorescências de M. acuminata
Essa atividade foi realizada pelo método do DPPH, baseado na medida do efeito
antioxidante no radical livre estável 2,2-difenil-1-picrilidrazila (DPPH), que possui absorção
máxima em 518nm e coloração violeta. A coloração passa de violeta para amarelo quando o
elétron desemparelhado do radical DPPH emparelha com o hidrogênio de um antioxidante
estabilizador de radical livre formando o DPPH-H reduzido, sua hidrazina correspondente
(Figura 12).
Figura 12: Redução do radical livre estável DPPH (2,2-difenil-1-picrilidrazila) gerando DPPH-H, sua
hidrazina correspondente.
A descoloração resultante (Figura 13) é estequiométrica e respeita o número de elétrons
capturados.
Figura 13: Esquema da descoloração da solução de DPPH durante a redução do radical, de violeta a amarelo
nas concentrações de 5 a 250µg/ml, respectivamente, ocorrida após 30min a partir da aplicação do reagente.
NO
2
N
N
.
O
2
N
NO
2
NO
2
NO
2
O
2
N
NH
N
H
. .
R
Parte Experimental Estudo Farmacológico 28
O extrato bruto etanólico e as fases de M. acuminata obtidas após metodologia de
partição líquido-líquido foram testados, em triplicata, para avaliação de atividade antioxidante
pelo método fotocolorimétrico do radical livre estável DPPH.
As amostras (20,0mg) foram solubilizadas em 20ml de etanol, fornecendo uma solução-
mãe na proporção 1:1. A partir de diluições dessa solução, foram preparadas soluções de
trabalho nas concentrações de 250, 125, 50, 25, 10 e 5µg/ml. Um mililitro (1,0ml) da solução
de DPPH na concentração de 0,3mM em etanol foi adicionado a 2,5ml de cada uma das
soluções de trabalho e ao controle positivo (2,5ml EtOH + 1,0ml de DPPH). A reação foi
mantida em temperatura ambiente durante 30min, e em seguida foi realizada a leitura em
espectrofotômetro em 518nm. Foi realizado ensaio em branco (1,0ml EtOH + 2,5ml extrato
diluído) para cada amostra testada. O extrato padronizado comercial de Ginkgo biloba (EGb
761
®
) foi utilizado como controle positivo, devido a sua elevada atividade antioxidante.
Foi elaborado um gráfico (Figura 14, pág. 70) Atividade antioxidante vs. Concentração,
a partir do qual foi possível determinar a CE
50
.
A atividade antioxidante percentual foi calculada pela seguinte fórmula:
Atividade Antioxidante (%) = (A
B
– A
A
) x 100
A
B
Sendo A
B
a absorção do branco e A
A
a absorção da solução do extrato testado.
Atividade Antiviral das Inflorescências de M. acuminata
Cultura de Células e Vírus
Para a realização desse estudo foi utilizada a cultura de células Vero (fibroblasto de
rim de macaco verde africano Cercopitheccus aethiops).
Parte Experimental Estudo Farmacológico 29
Uma vez tratadas com tripsina, as células foram ressuspendidas em meio Mínimo
Essencial de Eagle (MEM-Eagle) acrescido de 0,03mg/ml de glutamina, 50,0µg/ml de
garamicina, 2,5mg/ml de fungizona, solução de bicarbonato de sódio a 0,25%, HEPES
10,0mM e 10% de soro fetal bovino (SFB). As células em cultura foram incubadas a 37ºC por
48h, de modo a formar uma monocamada confluente.
As amostras de vírus Herpes Simplex tipo 1 (HSV-1) e Herpes Simplex tipo 2
(HSV-2), ambas resistentes ao aciclovir (HSV-ACVr), pertencem à coleção do LEDAC
(Laboratório Experimental de Drogas Antivirais e Citotóxicas), sob a responsabilidade da
Profa. Dra. Maria Teresa Villela Romanos, do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes,
Departamento de Virologia - UFRJ. Essas amostras foram isoladas a partir de vesículas
características de herpes labial (HSV-1) e herpes genital (HSV-2).
Preparo dos Extratos e Frações de M. acuminata
Os extratos e as fases de inflorescências de M. acuminata foram pesados,
separadamente, em balança analítica para uma concentração inicial de 400,0µg/ml,
solubilizados em 1% de DMSO e adicionados de água destilada para o volume final desejado.
Foram filtrados em membrana Millipore (0,22µm), divididos em pequenos volumes e
conservados em temperatura de –20
o
C.
Citotoxidade dos Extratos e Frações
A citotoxidade é determinada baseando-se na alteração morfológica (células
arredondadas, vacúolos e/ou deslocamentos da monocamada da superfície suporte) e na
viabilidade das células Vero (Neyndorff et al., 1990).
Parte Experimental Estudo Farmacológico 30
Alteração Morfológica Celular
Os extratos e as fases de inflorescências de M. acuminata foram submetidos a
diluições seriadas ao dobro, utilizando-se meio de cultura sem soro como diluente e colocados
em contato com as monocamadas de células confluentes.
Após 48h de incubação, as células foram examinadas ao microscópio óptico invertido
e comparadas com o controle (células + meio de manutenção) buscando-se possíveis
alterações morfológicas (Rodriguez et al., 1990). A maior concentração da substância em que
não houver efeito citotóxico é denominada de concentração máxima não tóxica (CMNT) e
utilizada para os estudos antivirais.
Viabilidade Celular
O efeito na viabilidade celular na presença das substâncias foi avaliada segundo a
técnica de Neyndorff e colaboradores (1990) com pequenas modificações. A técnica consistiu
na incorporação do corante vermelho neutro pelas células vivas e posterior quantificação por
leitura em espectrofotômetro, em comprimento de onda de 492nm. A percentagem de células
viáveis é obtida pela fórmula:
DO amostra) – (DO controle de células) x 100
Viabilidade celular=
(DO corante) – (DO controle de células)
Sendo DO a densidade óptica.
Fazendo um gráfico com os valores de porcentagem de células viáveis (obtidas para
cada concentração testada de amostra), obtém-se a concentração capaz de causar efeito tóxico
em 50% das células em cultura (CC
50
).
Parte Experimental Estudo Farmacológico 31
Avaliação da Atividade Antiviral
Redução do Título Viral
Monocamadas de células Vero foram tratadas com as amostras de M. acuminata na
concentração máxima o tóxica (CMNT), imediatamente inoculadas em diluições
logarítmicas decimais dos vírus e incubadas durante 48h a 37ºC, em ambiente contendo 5%
de CO
2
. Paralelamente fez-se a titulação viral em cultura de células não tratadas (controle de
vírus).
O título viral em cultura de células tratadas e não tratadas foi determinado segundo
método estatístico de Reed e Muench (Almeida, 2005).
A atividade antiviral foi avaliada pela observação da redução do título viral das células
tratadas em relação ao controle, sendo expressa em percentagem de inibição (PI), de acordo
com a fórmula proposta por Nishimura, Toku e Fukuyasu (1977):
Sendo T as unidades infecciosas na cultura de células tratadas com os extratos e frações e C as unidades
infecciosas na cultura de células não tratadas (controle de vírus).
PI = 1- antilog T x 100
antilog C
Parte Experimental Estudo Nutricional 32
Avaliação Nutricional das Inflorescências de M. acuminata
Os ensaios foram realizados no Laboratório de Controle Bromatológico (LabCBrom),
no Departamento de Produtos Naturais e Alimentos, Bloco A, na Faculdade de Farmácia,
UFRJ, em colaboração com a Profa. Dra. Mirian Ribeiro Leite Moura.
As inflorescências de M. acuminata foram coletadas em Magé/RJ, em abril e julho de
2008. A primeira coleta foi destinada aos ensaios realizados com a amostra fresca e o material
botânico proveniente da segunda coleta foi reservado para todos os testes feitos com a
amostra desidratada.. As inflorescências da última coleta foram cortadas manualmente e secas
a 40°C em estufa (MA 037, Marconi) com temperatura controlada e circulação de ar.
As inflorescências (in natura e desidratada) foram submetidas aos processos de
análise química para determinação da composição nutricional: umidade, proteína bruta,
lipídios totais, resíduo mineral fixo (RMF) ou cinzas, análise mineral (micro e macro
elementos) e de fibras. As análises foram realizadas em triplicata, com exceção dos minerais,
que tiveram 6 determinações.
Composição nutricional
Umidade
É determinada gravimetricamente por perda de peso em estufa a 105ºC até peso
constante (IAL, 2005).
Proteína Bruta
O teor de nitrogênio total foi obtido pelo método de Kjeldahl (IAL, 2005). A
quantidade de proteínas a ser indicada é calculada mediante a seguinte fórmula:
Proteína = conteúdo total de nitrogênio (Kjeldahl) x fator.
Sendo utilizado o fator de 5,75 para proteína vegetal (Brasil, 2003).
Parte Experimental Estudo Nutricional 33
Carboidratos ou Nifext
O teor de carboidratos corresponde a amostra livre de nitrogênio (nitrogen free
extract). Essa fração é obtida por diferença entre 100 e a soma das percentagens de água,
proteína, ipídios totais, cinzas e fibra alimentar (Brasil, 2003).
Valor calórico total (VCT)
O valor calórico total é calculado utilizando-se os seguintes fatores de conversão
(Brasil, 2003):
9 kcal/g para lipídios e 4 kcal/g para carboidratos e proteínas
Lipídios Totais
O valor de lipídios totais é obtido por extração contínua com éter etílico, em aparelho
de Soxhlet (IAL, 2005) (Foto 5).
Foto 5: Aparelho de Soxhlet utilizado na extração dos lipídios (Catharina E. Fingolo, 2008).
Cinzas
A quantidade de cinzas é determinada por incineração do material em mufla a 550ºC
(IAL, 2005).
Parte Experimental Estudo Nutricional 34
Quantificação de Minerais
Os teores de Mg, P, K, Ca, Na, Mn, Fe, Cu e Zn foram determinados por
espectrofotometria de emissão óptica (ICP-OES - Spectroflame Model P; potência de
1200W), com mara de nebulização ciclônica e nebulizador concêntrico para alto teor de
sólidos dissolvidos (Sea Spray), com óptica seqüencial e simultânea, e visualização da tocha
radial (AOAC, 2000, método 999.08) no Laboratório de Minerais, da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, Pedra de Guaratiba, Rio de Janeiro. A mineralização
por cinzas foi determinada segundo AOAC (2000) método 999.11.
Antes de iniciar a digestão, todo o material necessário foi descontaminado de acordo
com o método 991.12 (AOAC, 2000). O material utilizado foi imerso em solução de ácido
nítrico e água destilada na proporção 1:1 e deixado por 12h, em seguida retirado da solução e
imerso em água destilada por 1h, seguindo 4 lavagens com água desmineralizada.
No processo de digestão, 2,0g de amostra desidratada foram incinerados, em capela,
com o cadinho destampado, até que não houvesse qualquer desprendimento de fumaça e/ou as
bordas do grumo carbonizado ficassem cinzentas. Após essa etapa, os cadinhos devidamente
tampados o colocados em mufla a 450ºC por 8h ou até que toda matéria orgânica estivesse
decomposta; 6ml de ácido nítrico são então adicionados. O sistema é deixado em repouso por
30min até solubilização do resíduo e adiciona-se então 1ml de peróxido de hidrogênio e
aguarda-se por mais 30min. O conteúdo do cadinho é transferido quantitativamente, com
auxílio de um funil, para balão volumétrico de 50ml e o volume completado com água
desmineralizada.
Fibra Alimentar Insolúvel
A fibra detergente ácida (FDA) e a fibra detergente neutra (FDN) foram avaliadas de
acordo com o procedimento descrito por Van Soest, 1963a (Figura 15) e por Mendez et al.,
Parte Experimental Estudo Nutricional 35
1985 (Figura 16), respectivamente, usando um equipamento Dosi-fibra com 6 placas (Tecnal)
(Foto 6).
Figura 15: Fluxograma da determinação da fibra detergente ácida (FDA).
Figura 16: Fluxograma da determinação da fibra detergente neutra (FDN).
cadinho + FDA
±
0,5 g da amostra (integral ou dessecada)
100ml de sol. detergente ácida
(1h)
Filtrar a solução através de cadinho (previamente seco e tarado)
Lavar o resíduo com água quente e acetona
Secar o cadinho em estufa 100ºC por 8h
Esfriar em dessecador por 30min e pesar
%FDA= (Peso
cadinho com FDA
Peso cadinho vazio
)
x100
cadinho + FDN
cadinho + FDN
±
0,1 g da amostra (integral ou dessecada)
100ml de sol. detergente neutra
(1h)
Filtrar a solução através de cadinho (previamente seco e tarado)
Lavar o resíduo com água quente e acetona
Secar o cadinho em estufa 100ºC por 8h
Esfriar em dessecador por 30min e pesar
Colocar o dadinho na mufla (550ºC) por 1h
Esfriar em dessecador e pesar o mineral retido
cadinho + cinza
Parte Experimental Estudo Nutricional 36
Hemicelulose= FDN - FDA
Cálculo de FDA:
Cálculo de FDN:
O conteúdo de hemicelulose (Tabela 17, g. 77) foi determinado pela diferença entre
FDN e FDA, segundo a equação:
O conteúdo de lignina e celulose (Tabela 18, pág. 78) também foi determinado (Van
Soest, 1963b) (Figura 17). A lignina foi separada da celulose por meio de ácido sulfúrico a
72% e quantificada gravimetricamente.
Figura 17: Fluxograma da determinação do conteúdo de lignina.
(2) – (1)= X X-Y-Branco= Zg fibra -----------
±
0,1g amostra
(3) - (1)= Y %fibra ----------- 100g amostra
Sendo:
Peso do cadinho (1) Peso do cadinho (2) Peso do cadinho + cinza (3)
cadinho + lignina(resíduo)
cadinho + FDN
Resíduo de FDA + H
2
SO
4
72% (m/m) necessário para
cobrir a amostra
Reação por 3h sob agitação a cada 30min
Lavagem exaustiva do resíduo até água de lavagem atingir pH=5
Secar o cadinho em estufa a 105ºC (8h)
Esfriar em dessecador por 30min e pesar
cadinho + lignina (resíduo)
(Peso
cadinho com FDA
– Peso
cadinho vazio
)
% FDA= x 100
Amostra seca
Parte Experimental Estudo Nutricional 37
Celulose= FDA - Lignina
Cálculos:
A celulose foi calculada pela diferença entre os valores obtidos para a fibra detergente
ácida e a lignina, segundo a equação:
Foto 6: Dosi-fibra com 6 placas (Tecnal), enfatizando apenas 3 placas (Catharina E. Fingolo, 2008).
(Peso
cadinho filtro com lignina
– Peso
cadinho filtro vazio
)
% lignina= x 100
Peso amostra seca proveniente do ensaio de FDA
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 38
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Perfil químico
O perfil químico de espécies de Musa está bem referenciado na Tabela 2 de acordo
com o levantamento realizado de todos os artigos científicos registrados no Chemical
Abstracts de 1907 até 2007 com o termo Musa.
Tabela 2: Perfil químico de espécies do gênero Musa.*
Espécie
Parte da planta – Composição química
Musa paradisiaca L. Casca - butirato de isoamila e isovalerato de isoamila
Flor - 4α,14α,dimetil-9,19-ciclocolestan-20-en-3-ona (ext. éter de petróleo)
Flor - triterpenóide ((24R)-4α,14α,24-trimetil-5α-colesta-8,25(27)-dien-3β-ol)
Flor - 31-nor-24β-metil-9,19-ciclolanost-25-en-3α-ol (ext. éter de petróleo)
Fruto – esterilglicosídeos (sitoindosídeos I e II)
Fruto - sitoindosídeo III e sitoindosídeo IV, gentiobiosídeo de sitosterol e mioinositil-β-D-
glicosídeo de sitosterol
Fruto - catecolaminas e serotonina
Folha e fruto - irenolona e emenolona (fitoalexina)
Flor - glicosídeo hemiterpenóide (álcool 1,1-dimetilalil-β-glicosídeo), álcool benzil glicosídeo,
siringina e (6S,9R)-rosesida
Bráctea - antocianinas
Fruto - (sinonímia: M. sapientum L., M. acuminata, M. balbisiana Colla): diarileptanóide
biciclo, 1,2-diidro-1,2,3-triidroxi-9-(4-metoxifenil)fenaleno, hidroxianigorufona, anidrido 2- (4-
hidroxifenil)naftálico e 1,7-bis(4-hidroxifenil)hepta-4(E), 6(E)-dien-3-ona
Casca - catecolamina
Musa sapientum L. Flor - saponinas, taninos, açúcares redutores e não redutores, esteróis, glicosídeos, substâncias
não saturadas, ceras, gorduras e ácidos graxos
Flor - triterpeno ou substância esteroídica
Casca, pedúnculo, rizoma, folhas e polpa: 31-norciclolaudenona.
Casca - fitosteróis
Flor - serotonina, noradrenalina, dopamina, dopa, ácido cinâmico, ácido p-cumárico, ácido
ferúlico, ácido protocatecúico, ácido cafeico, ácido gálico, β-sitosterol, estigmasterol,
campesterol, ciclomusalenona, ciclomusalenol, alcanos de cadeia longa, ésteres graxos de cadeia
longa e álcoois de cadeia longa (ext. acetona/EtOH 70%)
Fruto - catecolaminas e serotonina
Fruto - acetato, butanoato, 3-metilbutanoato e pentanoato de: hex-4(Z)-en-1-ol, hept-4(Z)-en-2-
ol, oct-4(Z)-en-1-ol e dec-4(Z)-en-1-ol; butanoato de hexan-2-ila, 3-metilbutanoato, pentonoato e
pentan-2-ila
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 39
Semente - (-)-(2S,3S,4R)-2,3-cis-3,4-trans-4’,7- diidroxiflavan-3,4diol, (-)-(2S,3R,4R)-2,3-trans-
3,4-cis-4’,7-diidroxiflavan-3,4-diol, (-)-(2S,3R,4R)-2,3-trans-3,4-cis-4’-hidroxiflavan-3,4-diol e
(-)-(2S,3R,4R)-2,3-cis-3,4-trans-4’,5,7-triidroxiflavan-3,4-diol
Semente - flavan-3,4,4’,7-tetraol, flavan-3,4,4’-triol, flavan-3,4,4’,5,7-pentaol e 2’,3’,4’-
triidroxiflavona
Casca - 2 triterpenos 3-oxo-28-norcicloartano (4-epicicloeucalenona e 4-epiciclomusalenona) e 2
triterpenos 3-oxo-29-norcicloartanos (cicloeucalenona e ciclomusalenona) (ext. hexânico)
Casca - triterpenos do tipo cicloartano: 3-epicicloeucalenol, 3-epiciclomusalenol, 24-
metilenopolinastanona, 28-norciclomusalenone e 24-oxo-29-norcicloartanona (lipídios não
saponificáveis do ext. MeOH)
Folha e flor - n-nonano, n-nonanal, terpinoleno, timol, eugenol, hidroxitolueno butilado,
hexadecano, heptadecano e octadecano
Folha - lipídeos e flavonóides; fitol e ácido octadecatrienóico ext. hexânico; 6 triterpenos
(ciclomusalenol, ciclomusalenona, 24-metilenocicloartanol, estigmast-7-en-3-ol, lanosterol e
amirina); 8 flavonóides (quercetina e derivados: galactosídeos 3-O-galactosídeo, 3-O-glicosídeo
e 3-O-ramnosila; campferol e derivados: glicosídeos 3-O-galactosídeo, 3-O-glicosídeo e 3-O-
ramnosila)
Fruto - acetato de 2-heptila, acetato de isoamila e acetato de 2-metilbutila
Polpa - acetato de isoamila, isobutirato de isoamila, valerato de isoamila, valerato de butila,
acetato de pentila, 2-metilpentanol, acetato de isobutila, butirato de isoamila e butirato de
isobutila
Musa sapientum L. var.
paradisiaca.
Polpa verde - flavonóide leucocianidina (leucoantocianidina ou flavan-3,4-diol)
Musa sapientum L. var.
Lamb.
Casca - óleos/ácidos graxos
Musa acuminata Colla Semente, polpa e flor - glicosídeos de proantocianidina
Bráctea - antocianinas
Rizoma - 4-fenilfenalenona (I e II)
Fruto verde - anidrido 2-(4’-hidroxifenil)-naftálico (fitoalexina) e carbamato de 2-metil
benzimidazol
Rizoma - 4 fitoalexinas do tipo fenalenona
Rizoma – 4 musanolonas (C-F) 9-fenilfenalenonas (fitoalexinas do tipo fenalenona)
Casca da banana verde - anidrido 2-(4)-hidroxifenila) naftaleno-1,8-dicarboxílico (fitoalexina)
Fruto verde - 6 novos derivados de fenilfenalenonas
Casca – 24 fenilfenalenonas
Musa acuminata Grand
Nain
Rizoma - 3 intermediários (1 - 3) com implicações biossintéticas na produção de novo de
fenilfenalenona do tipo fitoalexinas
Musa acuminata var.
Pisang sipulu
Raiz - fitoalexinas
Musa acuminata [AAA]
cv Bungulan.
Fruto verde - (+)-cis-2,3-diidro-2,3-diidroxi-4-(4’-hidroxifenil)fenalen-1-ona, 9-(3’,4’-
dimetoxifenil)-2-metoxifenalen-1-ona e 9-(4’-hidroxifenil)-2-metoxifenil)-2-metoxifenalen-1-
ona
Musa acuminata var.
Yangambi Km 5
Rizoma - 2 substâncias do tipo perinaftenona (1 e 2) e 4 fenilfenalenonas (3-6)
Musa acuminata Colla
var. cavendish
Rizoma - fenilfenalenonas diméricas (anogorootina, 4’-hidroxianigorootina e 4’,4’’-
diidroxianigorootina) (ext. AcOEt)
Musa cavendish Lamb.
ex Paxton
Fruto - trans e cis-4-hexen-1-ol, octen-1-ol, alcanos, 2-metilpropanol, 3-metilbutanol, 2-
pentanol, 2-pentanona e 2-heptanona
Polpa, casca e folhas - carotenóides
Rizoma - dímero de resveratrol (anigopreissina A (I))
Tabela 2: Continuação
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 40
Folha e flor fresca - n-nonano, n-nonanal, terpinoleno, timol, eugenol, hidroxitolueno butilado,
hexadecano, heptadecano e octadecano
Folha - lipídeos e flavonóides; fitol e ácido octadecatrienóico ext. hexânico; 6 triterpenos
(ciclomusalenol, ciclomusalenona, 24-metilenocicloartanol, estigmast-7-en-3-ol, lanosterol e
amirina); 8 flavonóides (quercetina e derivados: galactosídeos 3-O-galactosídeo, 3-O-glicosídeo
e 3-O-ramnosila; campferol e derivados: glicosídeos 3-O-galactosídeo, 3-O-glicosídeo e 3-O-
ramnosila)
Casca e polpa - dopamina (forte antioxidante); polpa - dopamina e ácido ascórbico, os
antioxidantes fitoquímicos glicosídeo de naringina e flavonol glicosilado de rutina
Casca e polpa (menor quantidade) - galocatequina
Casca - polifenol oxidase (repelente de mosquito)
Musa balbisiana Colla Bráctea - antocianinas
Semente - hidroxicetona (n-octacosan-1-ol-22-ona)
Semente - 3 diterpenóides neo-clerodanos (musabalbisianas A-C)
Semente - esterol (25-metilcolest-1(2),7-dien-3-on-5α-ol)
Fruto - derivados de ciclomusalenona (ciclomusalenol, 3-epiciclomusalenol, 3-O-acetil-
ciclomusalenol e 4-epiciclomusalenona)
Semente - mistura de ésteres graxos de fitol e flavan (+)-epiafzelequina (ext.acetona e CHCl
3
)
Casca - 24 fenilfenalenonas
Musa nana sensu
Parham, non Lour
Caule e pericarpo - taninos e açúcares redutores e não redutores (ext. aq.)
Musa zebrina Van
Houtte ex Planch
Folha – quercetina, campferol, cianidina e 3-rutinosídeo de peonidina
Musa “Bhimkol” Fruto maduro - ácidos aminados (ácido aspártico, ácido glutâmico e leucina)
Musa textilis Nee Fibras de folha – fenilfenalenona (1R)-2,3-diidro-4,9-diidroxi-8-metoxi-1-fenilfenalenona
Fibras de folha - lignina e ácido p-hidroxicinâmico
“Dwarf Cavendish” Bainhas de folha - lignina
Diferentes partes - campesterol, estigmasterol, sitosterol e ácidos graxos (ácidos palmítico,
esteárico, linoleico, linolênico, 22-hidroxidocosanóico, 24-hidroxitetracosanóico e 26-
hidroxihexacosanóico), substâncias aromáticas, alcanos e álcoois graxos (ext. CH
2
Cl
2
)
Musa spp. Casca - esteróis e triterpenos (β-sitosterol, estigmasterol, campesterol, cicloeucalenol,
cicloartenol e palmitato de 24-metileno cicloartanol)
Casca - tanino
Rizoma - derivado acenaftileno (I) e 2 fenilfenalenonas diméricas (II e III)
Rizoma - 4’-desidroxiirenolona (fitoancipina)
Caule - taninos
Folha - taninos
Suco da banana fresca - acetato de isoamila, butirato de isoamila, valerato de isoamila,
isoelemicina
Casca - pectina
* As referências desta Tabela fazem parte do acervo do autor.
Tabela 2: Continuação
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 41
Importância econômica
A importânica biológica de espécies do gênero Musa é tão grande, que muitos grupos
de pesquisa testaram, separadamente, atividades dos extratos de diferentes órgãos da planta
(Tabela 3).
Tabela 3: Atividades farmacológicas de espécies do gênero Musa.*
Espécie
Parte da planta - Atividade farmacológica
Musa paradisiaca L. Flor - atividade antibacteriana contra Micrococcus pyogenes var. aureus
Casca - atividade fungicida contra 7 microrganismos (butirato de isoamila e isovalerato de
isoamila)
Fruto - atividade antiúlcera (esterilglicosídeos: sitoindosídeos I e II)
Raiz - atividade bactericida e fungicida (extrato benzênico); atividade contra Streptococcus β-
haemolyticus e Klebsiella aerogenes (ext. EtOH); atividade contra bactérias e fungos
(Staphylococcus aureus, Staphylococcus albus, Streptococcus β.haemolyticus, Bacillus subtilis,
Escherichia coli, Klebsiella aerogenes, Pseudomonas aeruginosa, Aspergillus niger,
Aspergillus flavus, Fusarium oxysporum, Geotrichum candidum (ext. hexânico)
Polpa da banana verde - atividade antiúlcera
Pseudocaule - inibição de: atividade da fosfolipase A
2
; atividades miotóxica e hemorrágica; e de
venenos de Crotalidae
Musa sapientum L. Flor - ação hipoglicêmica (extratos orgânicos/ext. CHCl
3
)
Flor - atividade hipoglicêmica (triterpeno ou substância esteroídica)
Suco do caule (talo da inflorescência) - diminuição do colesterol e de triglicerídeos
(polissacarídeo contendo ácido urônico)
Musa sapientum L. var.
paradisiaca
Polpa verde - efeito antiulcerogênico (leucocianidinas/ext. aq.)
Musa acuminata Colla Fruto verde - atividade antifúngica (carbamato de 2-metilbenzimidazol)
Fruto verde - atividade antifúngica (Colletotrichum musae)
Folha, frutos e rizoma - atividade antifúngica Fusarium oxysporum (fenilfenalenona -
fitoalexina)
Musa acuminata var.
Yangambi Km 5
Rizoma - atividade Mycosphaerella fijiensis
Musa cavendish Lamb.
ex Paxton
Polpa e casca - atividade antioxidante (dopamina)
Casca - atividade antioxidante (ext. AcOEt/galocatequina)
Musa balbisiana Colla Semente - atividade inseticida Cryptolestes pusillus (ext. acetona e CHCl
3
)
Musa spp. Talo de folha e tronco – contratilidade das musculaturas lisa e cardíaca (exsudato)
Fruto, folha, raiz e talo de bananeira - febre do deleite, queimadura, diarréia, dores e
inflamação por picada de cobra.
* As referências desta Tabela fazem parte do acervo do autor.
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 42
O perfil químico de espécies de Musa permitiu verificar que diferentes órgãos da
planta foram submetidos ao estudo dos produtos do seu metabolismo, tais como: bráctea,
casca, flor, folha, fruto, pseudocaule, raiz, rizoma e semente. Vale a pena ressaltar que apesar
de todas as partes terem sido estudadas do ponto de vista químico, pouquíssimo registro
sobre a química das inflorescências.
A importância econômica é ressaltada não pela produção do fruto, difundida pelo
mundo todo, mas também pelo valor das atividades farmacológicas registradas para os
extratos dos vários órgãos da planta, tais como: atividade antibacteriana, antiúlcera, inseticida
dentre outras. É importante notar que não foi encontrado qualquer registro sobre atividade
antiviral para os órgãos considerados.
Análise do material obtido
As inflorescências de M. acuminata coletadas na região de Petrópolis foram extraídas
com etanol e a amostra de Parada Modelo/Magé (látex) foi coletada uma parte diretamente em
metanol e outra parte foi recolhida em atmosfera de N
2
e isenta de solvente. Avaliação do
processo extrativo do material de Petrópolis permitiu a elaboração da Tabela 4 e da Figura 5.
Tabela 4: Dados referentes a quantidade das fases obtidas após partição líquido-líquido do extrato etanólico
de inflorescências de M. acuminata e a percentagem relativa das fases em relação ao extrato bruto e à planta
fresca.
Extratos
Quantidade (fases/extrato bruto)% (fases/planta fresca*)%
Fases
Etanólico 29,7g 1,14
Hexânica 9,2g 32,0 0,35
Diclorometânica 0,7g 2,4 0,03
Acetato de etila 0,9g 3,0 0,04
Butanólica 8,0g 27,0 0,31
Aquosa 8,6g 29,0 0,33
* Peso
(planta fresca)
= 2,6kg
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 43
Porcentagens das frações em relação ao
extrato bruto
32%
29%
7%
27%
3%
2%
Fase hexânica Fase diclorometânica
Fase em acetato de etila Fase butanólica
Fase aquosa Perdas
Análise dos dados obtidos para a amostra de Petrópolis em relação ao extrato bruto
permite verificar um rendimento significativo para as fases hexânica (32,0%), butanólica
(27,0%) e aquosa (29,0%) ao contrário das frações em acetato de etila (3,0%) e
diclorometânica (2,4%) (Figura 5).
O rendimento das fases em relação à planta fresca não foi significativo porque a
quantidade de água presente na inflorescência corresponde a 90% do seu peso, de acordo com
secagem, realizada em estufa, de pequena quantidade da amostra para verificar o teor de
umidade.
Figura 5: Dados das porcentagens das fases provenientes da partição líquido-líquido do extrato etanólico de
inflorescências de M. acuminata da região de Petrópolis.
As fases resultantes da partição líquido-líquido do extrato etanólico das amostras de
Petrópolis somam 93% em relação ao extrato bruto. As perdas foram muito pequenas (7%)
evidenciando a excelência da técnica utilizada (Figura 5).
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 44
Figura 6: Esquema da partição líquido-líquido do extrato etanólico de inflorescências de M. acuminata entre
água e diferentes solventes orgânicos.
Fase Hexânica do Extrato Etanólico das Inflorescências de M. acuminata (MaH)
A fase hexânica (5,2g) do extrato etanólico de inflorescências de M. acuminata (MaH)
foi submetida à cromatografia de adsorção sobre gel de sílica (Figura 7). Procedimentos
cromatográficos variados com esse material permitiram o isolamento de diferentes frações.
Fase
butanólica
8,0g
Fase
h
exânica
9,2g
EtOH/H
2
O (1:4)
Hexano
CH
2
Cl
2
0,5
Extrato etanólico de
Musa acuminata
29,7g
Resíduo 1
Fase
diclorometânica
730mg
Resíduo 2
Fase em
acetato de etila
940mg
Resíduo 3
Resíduo aquoso
8,6g
AcOEt
BuOH
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 45
OH
OH
Figura 7: Esquema do fracionamento da fase hexânica do extrato etanólico de inflorescências de
M. acuminata (MaH).
linoleato de etila
ácido palmítico
ciclopropa[5,6]estigmat-22-en-3-ona
MaH
5,2 g
149 Frações
19-30
Hex 100%
281,0mg
45-46
Hex/AcOEt 3%
587,0mg
64-71
Hex/AcOEt 15%
212,0mg
72-75
Hex/AcOEt 15%
119,0mg
4 Frações
41 Frações
63 Frações
[11-22]
CC
gel de sílica
CC gel de sílica
CG/EM
[22-24]
[25-28]
CC gel de sílica
CG/EM
CG/EM
CC gel de sílica
[15-21]
OH
OH
O
O
O
O
O
21
23
OH
O
11
O
O
11
[37-38]
[43-44]
[39-41]
[45-51]
n-pentacosano
n-heptacosano
palmitato de etila
linolenato de metila
linoleato de etila
c
ampesterol
estigmasterol
s
itosterol
fucosterol
3-desbenzoiloxi-
anidrocarpesterol
O
O
palmitato de etila
O
O
11
O
O
O
O
palmitato de etila
11
linoleato de etila
O
O
3-desbenzoiloxi-
anidrocarpesterol
ciclopropa[5,6]estigmat-
22-en-3-ona
O
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 46
A fração 19-30 (281,0mg), eluída da coluna MaH com hexano puro (Figura 6),
apresentou-se com aspecto de cera e foi analisada por CG/EM (GC/MS QP5000 Shimadzu)
(Cromatograma 1).
Cromatograma 1: Cromatograma da fração 19-30 eluída da coluna MaH de inflorescências de M.
acuminata.
n-pentacosano: CG/EM m/z (int. rel.): [M]
+.
352 (4), 113 (12), 99 (21), 85 (58), 71 (75), 57 (100).
n-heptacosano: CG/EM m/z (int. rel.): [M]
+.
380 (4), 113 (12), 99 (21), 85 (58), 71 (75), 57 (100).
A análise dos espectros de massas permitiu a identificação do n-pentacosano (C
25
H
52
;
m/z 352; Espectro 1) e do n-heptacosano (C
27
H
56
; m/z 380; Espectro 2), compreendendo
42,03% da mistura de hidrocarbonetos analisada.
Espectro 1: Espectro de massas do n-pentacosano.
C
25
H
52
C
27
H
56
21
23
21
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 47
Espectro 2: Espectro de massas do n-heptacosano.
A fração reunida 45-46 (587,0mg), de aspecto oleoso e de cor amarela, eluída da
coluna MaH com Hex/AcOEt 3% foi analisada por CG/EM. O Cromatograma 2 mostra a
presença de 5 componentes principais na mistura que foram identificados como: palmitato de
etila, linoleato de etila, linolenato de metila, 3-desbenzoiloxi-anidrocarpesterol e
ciclopropa[5,6]estigmat-22-en-3-ona somando 88,14% da mistura (Tabela 5).
Tabela 5: Dados da mistura eluída da fração 45-46.
TR % Relativa Substância Fórmula
20,84 19,89 palmitato de etila C
18
H
36
O
2
22,54 20,35 linoleato de etila C
20
H
36
O
2
22,60 13,96 linolenato de metila C
19
H
32
O
2
39,93 12,14 3-debenzoiloxi-anidrocarpesterol C
30
H
48
O
40,39 21,80 ciclopropa[5,6]estigmat-22-en-3-ona C
30
H
48
O
TR= Tempo de retenção em minutos, obtidos da CG.
Essa fração foi submetida a uma nova cromatografia em coluna sobre gel de sílica
(34,0cm x 1,3cm) na tentativa de separar os principais constituintes da mistura. Os
Cromatogramas 3-6 mostram as novas frações [37-38], [39-41], [43-44] e [45-51], eluídas
da coluna da fração 45-46 de inflorescências de M. acuminata enriquecidas com os
componentes da mistura 45-46 de MaH, identificados por CG/EM (Espectros 3-7).
23
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 48
Cromatograma 2: Cromatograma da fração 45-46 eluída da coluna MaH de inflorescências de
M. acuminata.
palmitato de etila: CG/EM m/z (int. rel.): [M]
+.
284 (4), 157 (9), 101 (44), 88 (100), 70 (20), 55 (35), 71 (75),
57 (100)
linoleato de etila: CG/EM m/z (int. rel.): [M]
+.
308 (3), 109 (21), 95 (44), 81 (70), 55 (84), 67 (100)
linolenato de metila: CG/EM m/z (int. rel.): [M]
+.
292, 149 (9), 135 (12), 121 (17), 108 (36), 95 (52), 67 (77),
55 (85), 79 (100).
3-desbenzoiloxi-anidrocarpesterol: CG/EM m/z (int. rel.): [M]
+.
424 (5), 381 (2), 299 (6), 203 (5), 189 (4),
175 (9), 149 (8), 136 (9), 123 (12), 107 (11), 95 (18), 69 (32), 55 (80), 41 (100).
5β,6α, 22E,3’,6-diidrociclopropa[5,6]estigmat-22-en-3-ona: CG/EM m/z (int. rel.): [M]
+.
424 (5), 381 (6),
299 (3), 203 (6), 189 (6), 175 (9), 163 (9), 149 (10), 136 (9), 123 (12), 107 (13), 95 (19), 69 (32), 55 (100).
Análise da Fração [37-38]:
Análise da fração [37-38] por CG/EM (Cromatograma 3) permitiu a identificação do
componente majoritário como sendo o palmitato de etila (C
18
H
36
O
2
; m/z 284; Espectro 3)
com abundânica de 47,25%.
C
30
H
48
O
C
18
H
36
O
2
C
19
H
32
O
2
C
20
H
36
O
2
C
30
H
48
O
O
O
O
O
O
O
O
11
O
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 49
Cromatograma 3: Cromatograma da fração [37-38] eluída da coluna 45-46 de inflorescências de
M. acuminata.
Espectro 3: Espectro de massas do palmitato de etila.
O
O
11
C
18
H
36
O
2
C
20
H
36
O
2
O
O
O
O
11
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 50
Espectro 4: Espectro de massas do linoleato de etila.
Análise da Fração [39-41]:
Análise da fração [39-41] por CG/EM (Cromatograma 4) permitiu a identificação
dos componentes: palmitato de etila (C
18
H
36
O
2
; m/z 284; Espectro 3) com abundânica de
49,79%, linoleato de etila (C
20
H
36
O
2
; m/z 308; Espectro 4) e linolenato de metila (C
19
H
32
O
2
;
m/z 308; Espectro 5).
Cromatograma 4: Cromatograma da fração [39-41] eluída da coluna 45-46 de inflorescências de
M. acuminata.
O
O
C
18
H
36
O
2
C
20
H
36
O
2
O
O
O
O
O
O
11
C
19
H
32
O
2
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 51
Espectro 5: Espectro de massas do linolenato de metila.
Análise da Fração [43-44]:
Análise da fração [43-44] por CG/EM (Cromatograma 5) permitiu a identificação do
palmitato de etila, do linoleato de etila, e dos esteróides, com respectivas fórmulas
moleculares, C
18
H
36
O
2
,
C
20
H
36
O
2
,
C
30
H
48
O e C
30
H
48
O.
Cromatograma 5: Cromatograma da fração [43-44] eluída da coluna 45-46 de inflorescências de
M. acuminata.
C
20
H
36
O
2
C
18
H
36
O
2
C
30
H
48
O
C
30
H
48
O
O
O
O
O
O
11
O
O
O
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 52
Análise da Fração [45-51]:
Análise da fração [45-51] por CG/EM (Cromatograma 5) permitiu a identificação
das substâncias 3-desbenzoiloxi-anidrocarpesterol (C
30
H
48
O
3
;
m/z
424; Espectro 5) e
ciclopropa[5,6]estigmat-22-en-3-ona (C
30
H
48
O; m/z
424; Espectro 6) com perdominância de
33,82% e 63,08% respectivamente.
Cromatograma 6: Cromatograma da fração [45-51] eluída da coluna 45-46 de inflorescências de
M. acuminata.
Espectro 6: Espectro de massas do 3-desbenzoiloxi-anidrocarpesterol.
O
C
30
H
48
O
C
30
H
48
O
O
O
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 53
Espectro 7: Espectro de massas do ciclopropa[5,6]estigmat-22-en-3-ona.
A fração 64-71 (212,0mg), eluída com Hex/AcOEt 15% da coluna MaH, foi
submetida a uma nova coluna cromatográfica sobre gel de sílica (36,0cm x 0,6cm). Foram
utilizados como eluente, misturas binárias de hexano e acetato de etila, em gradiente de
polaridades crescente, além dos solventes puros, obtendo-se 41 frações. A nova fração [11-22]
eluída com Hex/AcOEt 15% foi analisada por CG (Cromatograma 7) acoplada à
espectrometria de massas mostrando uma mistura de esteróides que foi comparada com dados
da literatura especializada, evidenciando a presença majoritária de 4 esteróides: campesterol,
estigmasterol, sitosterol e fucosterol na proporção 5:7:14:1, pela primeira vez evidenciada nas
inflorescências de Musa acuminata (Tabela 6; Espectros 9-12 ).
O
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 54
Tabela 6: Dados da mistura de esteróides eluídos na fração [11-22].
TR % Relativa Substância Fórmula
33,222 19,04 campesterol C
28
H
48
O
33,919 25,92 estigmasterol C
29
H
48
O
35,737 49,87 sitosterol C
29
H
50
O
36,029 3,66 fucosterol C
29
H
48
O
campesterol
estigmasterol
sitosterol
fucosterol
TR= Tempo de retenção em minutos, obtidos da CG.
Cromatograma 7: Cromatograma da fração [11-22] eluída da coluna 64-71 em Hex/AcOEt 15% de
inflorescências de M. acuminata.
OH
OH
OH
OH
O
H
OH
OH
OH
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 55
A fração 72-75 (119,2mg), eluída da coluna MaH em Hex/AcOEt 15%, foi analisada
por CG/EM (Cromatograma 8) mostrando a presença de ácido palmítico e da mistura dos
esteróides campesterol, estigmasterol, sitosterol e fucosterol na proporção de 3:3:11:1,
esteróides já obtidos na fração 64-71 da mesma coluna MaH (Tabela 7).
Tabela 7: Dados da mistura eluída na fração 72-75.
TR % Substância Fórmula
20,128 58,41 ácido palmítico C
16
H
32
O
2
35,397 4,40 campesterol C
28
H
48
O
36,030 5,26 estigmasterol C
29
H
48
O
37,752 17,12 sitosterol C
29
H
50
O
38,072 1,58 fucosterol C
29
H
48
O
TR= Tempo de retenção em minutos, obtidos da CG.
Cromatograma 8: Cromatograma da fração 72-75 eluída da coluna MaH em hexano/acetato de etila 15% de
inflorescências de M. acuminata.
C
16
H
32
O
2
OH
OH
OH
OH
OH
O
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 56
Essa fração 72-75 também foi cromatografada em coluna de gel de sílica (22,0cm x
0,6cm), resultando em 63 novas frações (Figura 7) na tentativa de separar o ácido palmítico
da mistura de esteróides. Das frações eluídas, 3 foram analisadas por CG/EM: [15-21] e [22-
24] (Hex/AcOEt 7%) e [25-28] (Hex/AcOEt 10%).
Análise da Fração [15-21]:
Análise inicial da nova fração [15-21] por CG/EM (Cromatograma 8) permitiu a
identificação do ácido palmítico por comparação aos dados de CG/EM da fração 72-75 e com
o banco de dados do aparelho. A análise do espectro de massas (Espectro 8, TR 19,85min)
mostrou a presença do íon molecular m/z 256, concordante com a fórmula molecular
C
16
H
32
O
2
.
Cromatograma 9: Cromatograma da fração [15-21] eluída da coluna 72-75 de inflorescências de
M. acuminata.
Espectro 8: Espectro de massas do ácido palmítico.
ácido palmítico: CG/EM m/z (int. rel.): [M]
+.
256 (7), 213 (5), 129 (13), 73 (47), 60 (62), 43 (100).
C
16
H
32
O
2
OH
O
OH
O
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 57
Análise da Fração [22-24]:
Análise dos dados CG/EM da fração [22-24] (Cromatograma 10) permitiu identificar
com base comparativa dos dados de CG/EM da fração 72-75 as substâncias: ácido palmítico,
e os esteróides campesterol, estigmasterol, sitosterol e fucosterol. Os espectros de massas dos
componentes da fração [22-24] (Espectros 8-12) confirmam essa prosposta com base nos
íons moleculares: m/z 256 (ácido palmítico, m/z 400 (campesterol), m/z 412 (estigmaterol),
m/z 414 (sitosterol) e m/z 412 (fucosterol). Essas substâncias somam 93,36% da mistura,
sendo 56,9% referentes à mistura de esteróides.
Cromatograma 10: Cromatograma da fração [22-24] eluída da coluna 72-75 de inflorescências de
M. acuminata.
Análise da Fração [25-28]:
Análise dos dados de CG/EM da fração [25-28] (Cromatograma 11) permitiu
identificar a mistura de esteróides separada do ácido palmítico, eluído na fração [15-21], por
cromatografia em coluna sobre gel de sílica.
C
16
H
32
O
2
OH
O
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 58
Cromatograma 11: Cromatograma da fração [25-28] eluída da coluna 72-75 de inflorescências de
M. acuminata.
campesterol: CG/EM m/z (int. rel.): [M]
+.
400 (10), 315 (6),289 (6), 213 (6), 145 (12), 81 (14), 55 (40), 43 (100).
estigmasterol: CG/EM m/z (int. rel.): [M]
+.
412 (9), 300 (15), 255 (9), 159 (15), 133 (14), 83 (30), 69 (34),
43 (55), 55 (100).
sitosterol: CG/EM m/z (int. rel.): [M]
+.
414 (11), 329 (7), 255 (4), 213 (6), 145 (12), 133 (7), 69 (15), 55 (42),
43 (100).
fucosterol: CG/EM m/z (int. rel.): [M]
+.
412 (2), 314 (40), 281 (12), 229 (12), 145 (11), 69 (31), 55 (100), 41 (60).
Espectro 9: Espectro de massas do campesterol .
OH
OH
OH
OH
OH
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 59
Espectro 10: Espectro de massas do estigmasterol .
Espectro 11: Espectro de massas do sitosterol .
Espectro 12: Espectro de massas do fucosterol.
OH
OH
OH
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 60
Espectro de RMN
1
H da mistura (Espectro 13) evidenciou envelope de sinais relativos
aos grupos metílicos dos 4 esteróides em δ 0,65-1,01; sinais em δ 3,5 (multipleto) atribuídos
aos átomos de hidrogênio carbinólicos (H-3); sinais em δ 5,35 (dupleto largo) relativos aos
átomos de hidrogênios olefínicos (H-6) e em δ 5,16 (multipleto) relativos aos hidrogênios
olefínicos do estigmasterol e do fucosterol (H-22; H-28), respectivamente, e δ 5,00
(multipleto) (H-23) relativos aos hidrogênios olefínicos do estigmasterol e do fucosterol,
respectivamente.
Espectro 13: Espectro de RMN
1
H em CDCl
3
dos esteróides campesterol, estigmasterol, sitosterol e
fucosterol encontrados na fração [25-28] eluída da coluna 72-75 de inflorescências de M. acuminata.
Fase Diclorometânica do Extrato Etanólico das Inflorescências de M. acuminata (MaD)
A fase MaD foi submetida à cromatografia em Sephadex resultando em 23 frações,
das quais a fração reunida [7-19] foi submetida a uma nova coluna sobre gel de sílica
(180,0 x 0,5cm). Material eluído da nova coluna após processos de recristalização com
metanol, forneceu a mistura de esteróides (fração [12-30]): campesterol, estigmasterol e
sitosterol (Figura 8).
H
6
H
22
H
28
H
23
Envelope de sinais
referentes aos
hidrogênios metílicos
H
3
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 61
Figura 8: Esquema do fracionamento da fase diclorometânica do extrato etanólico de inflorescências de M.
acuminata (MaD).
Análise da Fração [12-30]:
O espectro de massas da fração [12-30] apresentou os sinais referentes aos íons
moleculares m/z 400, m/z 412 e m/z 414 concordante com as fórmulas moleculares: C
28
H
48
O,
C
29
H
48
O e C
29
H
50
O, respectivamente. Da mesma forma que a fase hexânica, a fase
diclorometânica apresenta-se abundante nos esteróides campesterol, estigmasterol e sitosterol.
O sitosterol é o majoritário também nessa fase, mas o esteróide encontrado em menor
concentração na fase hexânica, o fucosterol, não foi encontrado na fase diclorometânica.
Cromatograma 12: Cromatograma da fração [12-30] eluída da coluna MaD de inflorescências de
M. acuminata.
CC Sephadex LH-20
MaD
400,0mg
CC gel de sílica
Recristalização
CG/EM
23 frações
[7-19]
180,4mg
[12
-
30]
OH
O
H
OH
campesterol sitosterol estigmasterol
OH
OH
OH
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 62
Fase em Acetato de Etila do Extrato Etanólico das Inflorescências de M. acuminata (MaA)
O fracionamento de MaA foi alternativamente testado através da cromatografia
contracorrente (CCC) que se mostra como um procedimento interessante para separação de
produtos naturais e alguns exemplos são descritos na literatura, mas é a primeira vez que
essa técnica é utilizada para separação de constituintes de Musaceae (Figura 9).
Figura 9: Esquema de fracionamento da fase em acetato de etila do extrato etanólico de inflorescências de
M. acuminata (MaA).
A escolha do sistema de solventes utilizado AcOEt:BuOH:H
2
O (1:0,5:1) para o
fracionamento da fase em acetato de etila de M. acuminata foi perfeita (Figura 10), pois após
a coleta de 80 frações, nenhuma amostra ficou retida na fase estacionária (FI), indicando que
o método foi eficaz.
O perfil cromatográfico em CCD, das 80 frações eluídas da coluna, mostra a riqueza
de substâncias polares na fase em acetato de etila. A fase móvel utilizada é bastante polar
AcOEt:AF:HOAc:H
2
O (7:1,1:1,1:2,7) e a revelação química da placa com orcinol sulfúrico
permite vizualizar que as últimas frações eluídas do HSCCC apresentam manchas intensas de
coloração azulada sugerindo a concentração de substâncias glicosiladas nas frações
(Figura 11). A fase em acetato de etila também apresentou bastante atividade antioxidante,
reafirmando a presença de substâncias polares.
MaA
500,0mg
10 grupos
HSCCC
[14-22]
124,0
mg
[23-28]
26,6mg
[29-35]
8,5mg
[36-41]
10,0mg
[42-49]
13,0mg
[50-61]
27,0mg
[62-80]
15,0mg
[
62
-
67
]
26,0mg
[70-71]145,0mg
[1-13]
-----
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 63
Figura 10: Perfil cromatográfico da fase em acetato de etila (MaA) no sistema de solvente AcOEt:BuOH:H
2
O
(1:0,5:1). FS: fase superior e FI: fase inferior.
Figura 11: Perfil das frações eluídas da CCC da fase em acetato de etila do extrato etanólico de
inflorescências de M. acuminata.
Solução Metanólica do Látex de Inflorescências de M. acuminata (MaML) de Magé
As fases hexânica e diclorometânica da solução metanólica do látex de M. acuminata
foram analisadas por CG/EM (Cromatogramas 13 e 14), mostrando como componente
majoritário o p-hidroxinamato de metila.
Cromatograma 13: Cromatograma da fase hexânica da solução metanólica do látex de inflorescências de
M. acuminata.
Fração 70-71 (fase inferior)
Fração
62
-
80
(fase
superior
)
Fração
62
-
67
(fase inferior)
Fração 50-61
Sangramento
Ma
A
FS
FI
C
31
H
52
O
C
31
H
52
O
OH
OH
C
10
H
10
O
3
C
10
H
10
O
3
C
11
H
12
O
4
O
O
OH
O
O
OH
O
OH
O
O
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 64
Cromatograma 14: Cromatograma da fase diclorometânica da solução metanólica do látex de
inflorescências de M. acuminata.
Análise da Fase Hexânica obtida após partição líquido-líquido da Fase Metanólica doLátex:
Os espectros de mass
as da fase hexânica da solução metanólica do látex de
M. acuminata confirmam a proposta de identificação do m-hidroxicinamato de metila
(C
10
H
10
O
3
;
m/z 178; Espectro 14), do p-hidroxicinamato de metila (C
10
H
10
O
3
;
m/z 178;
Espectro 15), do 4-hidroxi-3-metoxicinamato de metila (C
11
H
12
O
4
;
m/z 208; Espectro 16), do
24-metilenocicloartanol (C
31
H
52
O;
m/z 440; Espectro 17) e do ciclolaudenol (C
31
H
52
O;
m/z 440; Espectro 18) (Tabela 8).
m-hidroxicinamato de metila: CG/EM m/z (int. rel.): [M]
+.
178 (76), 147 (100), 119 (33), 91 (38), 65 (24).
p-hidroxicinamato de metila: CG/EM m/z (int. rel.): [M]
+.
178 (62), 147 (100), 119 (38), 91 (29), 65 (14).
4-hidroxi-3-metoxicinamato de metila: CG/EM m/z (int. rel.): [M]+.208 (100), 177 (62), 137 (19), 77 (19),
51 (19).
24-metilenocicloartanol: CG/EM m/z (int. rel.): [M]
+.
440, 422 (33), 407 (43), 379 (14), 300 (29), 203 (29), 175
(43), 161 (33), 147 (38), 135 (48), 107 (71), 95 (100), 81 (71), 69 (62).
ciclolaudenol: CG/EM m/z (int. rel.): [M]+.440 (15), 422 (25), 407 (35), 379 (15), 353 (15), 300 (30), 203 (25),
175 (40), 147 (35), 135 (40), 121 (50), 107 (60), 95 (100), 81 (65), 55 (90).
C
10
H
10
O
3
C
10
H
10
O
3
C
11
H
12
O
4
O
O
OH
O
O
OH
O
OH
O
O
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 65
Tabela 9: Dados da análise por CG/EM da fase hexânica obtida da partição líquido-líquido da fase metanólica
do látex de M.acuminata.
TR= Tempo de retenção em minutos, obtidos da CG.
Análise da fase diclorometânica obtida após partição líquido-líquido da fase metanólica do
látex:
Análise dos espectros de massas da fase diclorometânica da solução metanólica do
látex de M. acuminata permitiu a identificação do m-hidroxicinamato de metila (C
10
H
10
O
3
;
m/z 178; Espectro 14), do p-hidroxicinamato de metila (C
10
H
10
O
3
;
m/z 178; Espectro 15) e
do 4-hidroxi-3-metoxicinamato de metila (C
11
H
12
O4;
m/z 208; Espectro 16), sendo que o
componente p-hidroxicinamato de metila representa 63,61% da mistura (Tabela 9).
Tabela 10: Dados da análise por CG/EM da fase diclorometânica obtida da partição líquido-líquido da fração
metanólica do látex de M. acuminata.
TR= Tempo de retenção em minutos, obtidos da CG.
Tanto a fase hexância quanto a fase diclorometânica da solução metanólica do látex de
M. acuminata mostraram-se ricas em derivados do ácido cinâmico: m-hidroxicinamato de
metila, p-hidroxicinamato de metila e 4-hidroxi-3-metoxicinamato de metila.
TR % Relativa Substância Fórmula
13,74 4,69 m-hidroxicinamato de metila C
10
H
10
O
3
14,97 33,62 p-hidroxicinamato de metila C
10
H
10
O
3
15,93 5,16 4-hidroxi-3-metoxicinamato de metila C
11
H
12
O
4
34,23 5,76 24-metilenocicloartanol C
31
H
52
O
34,55 6,45 ciclolaudenol C
31
H
52
O
TR % Relativa Substância Fórmula
13,79 13,81 m-hidroxicinamato de metila C
10
H
10
O
3
15,09 63,61 p-hidroxicinamato de metila C
10
H
10
O
3
15,97 5,69 4-hidroxi-3-metoxicinamato de metila C
11
H
12
O
4
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 66
Espectro 14: Espectro de massas do p-hidroxicinamato de metila.
Espectro 15: Espectro de massas do m-hidroxicinamato de metila.
Espectro 16: Espectro de massas do 4-hidroxi-3-metoxicinamato de metila.
Látex puro obtido de Inflorescências de M. acuminata (MaL) de Magé
Uma fração de 1,0mg do látex liofilizado foi solubilizada em 1,0ml de metanol para
análise por CG/EM (Cromatograma 15). O espectro de massas mostrou como constituintes
majoritários os esqueletos triterpenoídicos 24-metilenocicloartanol e ciclolaudenol, presentes
na fase hexânica da solução metanólica do látex (MaML).
O
O
OH
O
O
OH
O
OH
O
O
Resultados e Discussão Estudo Fitoquímico 67
Cromatograma 15: Cromatograma obtido da parte solúvel do látex puro em metanol de inflorescências de
M. acuminata.
Espectro 17: Espectro de massas do 24-metilenocicloartanol.
Espectro 18: Espectro de massas do ciclolaudenol.
OH
OH
OH
OH
Resultados e Discussão Estudo Farmacológico 68
Avaliação da Atividade Antimicrobiana
O extrato etanólico bruto da amostra coletada em Petrópolis de M. acuminata foi
testado quanto a atividade antimicrobiana sobre a bactéria Gram positiva Staphylococcus
aureus MRSA, sobre a Gram negativa Escherichia coli e também sobre o fungo Candida
albicans. A fase hexânica do extrato etanólico da amostra de Petrópolis e o látex puro da
amostra de Magé foram testados sobre os fungos: Candida albicans, Criptococcus
neoformans, Microsporum canis, Microsporum gypseum e Fonsecaea pedrosoi.
O extrato etanólico de Petrópolis o mostrou atividade antifúngica e também o
apresentou qualquer atividade antibacteriana nas condições da experiência, pois o
promoveu inibição do crescimento do fungo e das bactérias testados (Tabela 11). A fase
hexânica do extrato etanólico proveniente de Petrópolis também não mostrou atividade
antifúngica para todos os fungos testados. Entretanto, o látex da planta de Magé apresentou
atividade sobre o fungo M. gypseum (Tabela 12).
Os estudos para avaliação da atividade antimicrobiana de M. acuminata não indicam o
extrato bruto etanólico e a fase hexânica do extrato etanólico da amostra de Petrópolis como
fonte de potenciais agentes antifúngicos ou antibacterianos para as espécies testadas.
Tabela 11: Atividade antimicrobiana do extrato bruto etanólico de M. acuminata investigada pela formação
do halo de inibição em diâmetro (cm).
Amostra Fungo Bactérias
C. albicans S. aureus
E. coli
MaE - -
-
Controle 1,7cm 1,5cm
ND
Controle para as bactérias: vancomicina (1,0mg/ml) e para os fungos, anfotericina B (1,0mg/ml).
MaE: extrato etanólico de Petrópolis; MaH: fase hexânica do extrato etanólico de Petrópolis
- não inibe o crescimento; ND não determinado.
Resultados e Discussão Estudo Farmacológico 69
Tabela 12: Atividade antimicrobiana da fase hexânica do extrato etanólico da amostra de Petrópolis e do látex
proveniente de inflorescências de Magé de M. acuminata investigada pela formação do halo de inibição em
diâmetro (cm).
Amostra Fungos
C. albicans C. neoformans M. canis M. gypseum F. pedrosoi
MaH - - - - -
MaL - - - 0,7 -
Controle 1,6cm 1,6cm 1,1cm 1,4cm 1,6cm
Controle: anfotericina B (1,0mg/ml).
Avaliação da Atividade Antioxidante
O extrato etanólico de M. acuminata e as fases resultantes da partição líquido-líquido
do extrato etanólico de M. acuminata (em hexano, em diclorometano, em acetato de etila e em
butanol) foram testados pelo método do DPPH. Como controle positivo utilizou-se o extrato
etanólico comercial de Ginkgo biloba (EGb 761
®
), por sua conhecida atividade antioxidante,
na concentração de 1,0 mg/ml, o qual foi tratado da mesma maneira que as amostras. Todos
os testes foram realizados em triplicata e os resultados foram expressos como percentual da
atividade antioxidante.
Na Tabela 13 o mostrados os valores de CE
50
para o extrato etanólico e para as
partições de M. acuminata, assim como para o extrato padronizado de Ginkgo biloba.
Tabela 13: Valores de CE
50
das fases, do extrato etanólico de M. acuminata e do extrato padronizado de
Ginkgo biloba (EGb 761
®
), utilizado como controle positivo.
Amostra
CE
50
± DP (µ
µµ
µg/ml)
a
Fase Hexânica 192,08 ± 1,35
Fase Diclorometânica 34,72
±
1,81
Fase em Acetato de Etila 30,79
±
1,17
Fase Butanólica 28,05
±
0,41
Extrato Etanólico 62,84
±
1,01
Ginkgo biloba (EGb 761
®
) 38,91
±
1,32
a
Resultado de 3 determinações ± DP.
Resultados e Discussão Estudo Farmacológico 70
-20
0
20
40
60
80
100
120
0 50 100 150 200 250 300
Concentração (µg/ml)
A tiv id ad e a n tio x id a n te %
Extrato etalico CE50= 62,84µg/ml Fase hexânica CE50= 192,08µg/ml
Fase diclorometânica CE50= 34,72µg/ml Fase em acetato de etila CE50= 30,79µg/ml
Fase butanólica CE50= 28,05µg/ml Extrato Gingko biloba CE50= 38,91µg/ml
Na Figura 14 são mostrados os valores do percentual da atividade antioxidante para as
amostras de M. acuminata nas diferentes concentrações testadas. Com esses valores
mostrados no gráfico, escolheu-se a melhor curva que descrevesse o perfil da atividade de
cada amostra e a partir dessas curvas foram calculados os valores de CE
50
(a concentração
necessária para se obter metade do efeito antioxidante máximo estimado em 100%).
Figura 14: Atividade antioxidante pelo todo do DPPH do extrato etanólico bruto e das fases do extrato
etanólico de M. acuminata.
As fases diclorometânica, em acetato de etila e butanólica apresentaram alta atividade
antioxidante quando comparados ao extrato de EGb 761
, apresentando CE
50
de 34,72; 30,79
e de 28,05µg/ml, respectivamente, valores menores que a CE
50
do Ginkgo biloba
(38,91µg/ml), um excelente extrato antioxidante, utilizado na terapêutica (Tabela 12). Os
resultados da atividade antioxidante demonstram um grande potencial farmacológico para a
espécie M. acuminata.
Resultados e Discussão Estudo Farmacológico 71
Avaliação da Atividade Antienvenenamento Ofídico
Atividade fosfolipásica do látex puro (MaL)
O látex puro de inflorecências de M. acuminata de Magé (MaL) foi testado para
atividade fosfolipásica do veneno de Bothrops jararacussu e mostrou capacidade de inibição
de 90 a 100%. O extrato MaL (30,0-500,0µg/ml) inibiu, de forma dependente de
concentração, a atividade fosfolipásica do veneno de Bothrops jararacussu (Figura 18).
Figura 18: Dados da atividade fosfolipásica do veneno de B. jararacussu (10,0µg/ml) em relação ao controle
na presença de diferentes concentrações (30,0-500,0µg/ml) do látex puro de M. acuminata (MaL).
O resultado da atividade fosfolipásica é medido em função do grau de turbidez da
suspensão. A Figura 19 mostra a variação da absorbância com o aumento da quantidade de
veneno de B. jararacussu.
Resultados e Discussão Estudo Farmacológico 72
B. jararacussu (µg/mL)
0 1 3 7 10
Absorbância (925 nm)
300
350
400
450
500
550
600
650
Figura 19: Dados da curva Absorbância vs. Concentração do veneno de B. jararacussu.
A Figura 20 apresenta os resultados da atividade fosfolipásica do veneno de Bothrops
jararacussu quando pré-incubado com o lálex puro (MaL) em diferentes concentrações em
função da absorbância.
Figura 20: Avaliação da atividade fosfolipásica do veneno de Bothrops jararacussu em camundongos,
quando pré-incubado com o látex puro de M. acuminata (MaL) em diferentes concentrações e também da
atividade do controle e do veneno isoladamente, através da medição da absorbância.
Resultados e Discussão Estudo Farmacológico 73
Atividade hemorrágica do veneno de B. jararaca na presença de MaML
A solução metanólica do látex de inflorecências de M. acuminata de Magé (MaML)
foi testada para atividade hemorrágica do veneno de Bothrops jararaca. A Foto 7 mostra as
peles secas ao redor do ponto central da hemorragia.
Foto 7: Avaliação da atividade hemorrágica do veneno de Bothrops jararaca (0,1-1,0mg/kg) em
camundongos, quando pré-incubado com a solução metanólica do tex de M. acuminata (MaML) em
concentrações de 10,0 e 100,0mg/kg. PSS= Solução salina (controle); Bjca venom= veneno de B. jararaca.
A dose de 100,0mg/kg da fração MaML quando pré-incubada com o veneno
promoveu a redução da atividade hemorrágica que se mostrou bem próxima ao controle
negativo (PSS) (Figura 21).
Grupos
Unidades arbitrárias
0
100
200
300
400
500
Controle PSS
Veneno 1mg/kg
MsE 10 mg/kg + Veneno 1mg/kg
MsE 100 mg/kg + Veneno1mg/kg
Figura 21: Dados da atividade hemorrágica do veneno de Bothrops jararaca expresso em unidades arbitrárias,
mostrando os grupos: controle negativo (PSS), controle positivo (veneno) e grupo tratamento (veneno + MaML).
MaML 10mg/kg + Veneno 1mg/kg
MaML 100mg/kg + Veneno 1mg/kg
Resultados e Discussão Estudo Farmacológico 74
Avaliação da Atividade Antiviral
O extrato etanólico (MaE) e as fases hexânica (MaH), diclorometânica (MaD), em
acetato de etila (MaA) e butanólica (MaB) provenientes das inflorescências de M. acuminata
coletadas na região de Petrópolis e o decocto, o infuso, o látex (MaL) e a solução metanólica
do látex (MaML) de amostras de Magé foram testados para atividade sobre os vírus Herpes
Simplex tipos 1 e 2, in vitro (Tabela 14).
Para a avaliação da atividade antiviral, foram empregadas amostras nas suas
respectivas CMNT, que variaram de 25,0 a 200,0µg/ml.
Tabela 14: Dados da atividade antiviral de inflorescências de M. acuminata.
Amostras
Atividade antiviral
CMNT
CC
50
HSV-1-ACVr (PI) HSV-2-ACVr (PI)
MaE 100 > 200 86,8 58,3
MaH 25 > 200 90 25,9
MaD 25 > 200 76,5 41,1
MaA 200 > 200 58,3 92,6
MaB
200 > 200 86,8 86,8
Decocto
100 >200 91,3 91,3
Infuso 100 >200 29,2 59,3
MaL 50 >200 29,2 55,3
MaML 25 >200 0 59,3
HSV-1-ACVr = vírus Herpes Simplex tipo 1 resistente ao aciclovir; HSV-2-ACVr = vírus Herpes Simplex tipo 2
resistente ao aciclovir; CMNT = concentração máxima não tóxica (µg/ml); CC
50
= concentração citotóxica para
50% das culturas de células (µg/ml); PI = percentagem de inibição.
A fase butanólica (MaB) do extrato etanólico de M. acuminata de Petrópolis e o
decocto de M. acuminata de Magé apresentram interessantes atividades quando comparadas
as outras amostras testadas, com percentagem de inibição superior a 85% para os dois vírus
avaliados, sem apresentar toxidade para as células nas concentrações empregadas de
200,0µg/ml e 100,0µg/ml, respectivamente.
Resultados e Discussão Estudo Nutricional 75
Avaliação Nutricional das Inflorescências de M. acuminata
As inflorescências, secas e frescas de M. acuminata, coletadas em Magé/RJ foram
avaliadas quanto o teor de umidade, proteína, carboidratos totais, lipídios, cinzas, valor
calórico total, minerais (micro e macronutrientes) e de fibras.
Composição Nutricional
Muitos são os estudos sobre o uso do pseudocaule da bananeira como palmito. Coelho
e colaboradores (2001) descreveram os teores de composição química em base úmida
próximos aos valores encontrados para as inforescências de M. acuminata. Esse grupo de
pesquisa avaliou tanto o pseudocaule da bananeira como o palmito tradicional e os valores de
umidade encontrados foram entre 91,70 e 94,54%; proteína 1,10 e 2,27%; carboidratos totais
1,63 e 3,07%; lipídios 0,53 e 1,92%; cinzas 0,76 e 1,17% e fibras 0,90 e 1,65%.
Estudo semelhante foi realizado com as inflorescências de M. acuminata e os
resultados obtidos são: umidade 91,00%; proteínas 1,79%; carboidratos totais 5,19%; lipídios
0,43% e cinzas 1,56% (Tabela 15). O único valor que se distancia da dia dos valores
obtidos nos trabalhos utilizados para comparação está relacionado aos carboidratos totais. Isso
ocorreu porque o teor de fibra bruta foi determinado naquele trabalho e no presente estudo
essa análise não foi realizada para a planta fresca. Como o cálculo de carboidratos é feito
através da diferença entre os valores encontrados para os conteúdos de umidade, proteína,
lipídios, cinzas e fibra bruta, o valor alto de 5,19% para as inflorescências da bananeira é
justificado.
Gomez (1967) foi o primeiro autor a estudar a composição nutricional do pseudocaule
da bananeira e verificou as possibilidades do seu uso como alimento, levando em
consideração a semelhança com o palmito utilizado na culinária brasileira. E ainda inferiu que
Resultados e Discussão Estudo Nutricional 76
os minerais encontrados nas cinzas tornam o talo da bananeira alimento importante para
muitas dietas, em especial aquelas que exigem alimentos ricos em potássio.
A Tabela 15 mostra o conteúdo de umidade, proteína, carboidratos totais, lipídios,
cinzas e o valor calórico total das inflorescências frescas de M. acuminata.
Tabela 15: Composição nutricional das inflorescências de M. acuminata (g/100g em base fresca).
Componentes Conteúdo
a
Umidade 91,03 ± 0,54
Proteína 1,79 ± 0,23
Carboidratos Totais 5,19 ± 0,14
Lipídios 0,43 ± 0,10
Cinzas 1,56 ± 0,04
VCT (kcal/g) 31,79 ± 1,57
a
Resultados de 3 determinações ± DP.
As Tabelas 16 e 17 apresentam os resultados da composição nutricional e de minerais
das inflorescências da banana nas amostras desidratadas, visando ressaltar os teores de
minerais e de fibra alimentar insolúvel (celulose, lignina e hemicelulose).
Tabela 16: Composição nutricional das inflorescências de M. acuminata (g/100g de amostra desidratada).
Componentes Conteúdo
a
Umidade 8,21 ± 0,17
Proteína 14,50 ± 0,40
Carboidratos Totais 7,53 ± 1,32
Lipídios 4,04 ± 0,07
Cinzas 14,43 ± 0,64
Fibra Alimentar Insolúvel 49,83 ± 3,12
a
Resultados de 3 determinações ± DP.
As inflorescências mostraram-se ainda ricas em fibra alimentar, apresentando teor
médio de 49,83%, na amostra desidratada (Tabela 16). Considerando o valor diário
recomendado em dieta balanceada de um adulto saudável pelas normas brasileiras (Tabela
20), a adição dessa parte da bananeira ao cardápio pode ser uma importante fonte de fibra
alimentar.
Resultados e Discussão Estudo Nutricional 77
Tabela 17: Dados da concentração mineral das inflorescências de M. acuminata (mg/100g de amostra
desidratada).
Mineral Conteúdo
a
(mg/100g)
Macro
Magnésio 250,14 ± 14,47
Fósforo 365,86 ± 18,66
Potássio 5008,26 ± 86,92
Cálcio 377,63 ± 23,98
Sódio 39,69 ± 11,02
Micro
Manganês 8,77 ± 0,45
Ferro 3,69 ± 0,78
Cobre 1,37 ± 0,35
Zinco 4,01 ± 0,67
a
Resultados de 6 determinações ± DP.
De acordo com a Tabela 17, as inflorescências mostraram-se muito ricas em potássio
(5008,26mg/100g), manganês (8,77mg/100g) e cobre (1,37mg/100g), contribuindo com
106,56; 381,30 e 152,22% da Ingestão Diária Recomendada (IDR), respectivamente (Figuras
22 e 23). O potássio foi o elemento mais abundante nas inflorescências da banana, seguido de
cálcio (377,63mg/100g) e de fósforo (365,86mg/100g). Os outros elementos, em ordem
decrescente por quantidade, foram o magnésio, sódio, manganês, zinco, ferro e o cobre.
Os resultados mostram que uma grande contribuição foi observada na composição
quantitativa de potássio. É importante ressaltar que o dados na literatura sobre o valor
nutricional da inflorescência, embora faça parte da dieta da população em diferentes regiões
do país.
A Tabela 18 mostra os dados comparativos dos minerais encontrados na casca e no
fruto da banana. Mais uma vez destaca-se o elevado teor de minerais encontrados nas
inflorescências de M. acuminata (Tabela 17), superando todos os teores destacados na
Tabela 18 em mais de 10 vezes, exceto para os valores de cálcio e de sódio, superados ainda
mais.
Resultados e Discussão Estudo Nutricional 78
2
5
0
,
1
4
3
7
7
,
6
3
3
9
,
6
9
5
0
0
8
,
2
6
3
6
5
,
8
6
4
7
0
0
7
0
0
2
6
0
1
0
0
0
2
4
0
0
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Conteúdo IDR
8,77
3,69
1,37
4,0
1
7
0,9
14
2
,3
0
4
8
12
16
Conteúdo IDR
Tabela 18: Resultado do teor de nutrientes na casca e no fruto da banana (mg/100g de amostra in natura).
Componentes Casca da banana* Fruto**
Magnésio 29,96 24,00
Potássio 300,92 328,00
Cálcio 66,71 0
Sódio 54,27 < 0,40
Ferro 1,26 0,30
Zinco 1,00 0,30
Cobre 0,10 0,05
*Gondim et al., 2005
**Franco, G.V.E.(1982) apud Gondim et al., 2005
As Figuras 22 e 23 mostram a contribuição das inflorescências para a alimentação,
comparados com a Ingestão Diária Recomendada (IDR) de macro e micro elementos.
Figura 22: Dados da contribuição de macro elementos das inflorescências de M.acuminata para a
alimentação, comparados com dados de Ingestão Diária Recomendada. IDR: Ingestão diária recomendada para
adultos (*Brasil, 2005 e **Brasil, 2003).
Figura 23: Dados da contribuição de micro elementos das inflorescências de M.acuminata para a alimentação,
comparados com dados de Ingestão Diária Recomendada. IDR: Ingestão diária recomendada para adultos
(*Brasil, 2005).
Contribuição=
(Conteúdo/IDR)x100
Mg 96,21
P 52,26
K 106,56
Ca 37,76
Na 1,65
Contribuição=
(Conteúdo/IDR)x100
Mn 381,30
Fe 26,36
Cu 152,22
Zn 57,28
*
*
**
*
*
Mg P K Ca Na
*
*
*
*
Mn
Fe
Cu
Resultados e Discussão Estudo Nutricional 79
No Brasil não legislação sobre o valor diário recomendado para o potássio. O valor
4700mg/dia refere-se aos dados de “National Policy and Resource Center on Nutrition and
Aging”, 2004.
Análise de Fibras
A Tabela 19 mostra o teor de fibra alimentar insolúvel (celulose, lignina e
hemicelulose) nas inflorescências de M. acuminata.
Tabela 19: Análise de fibras das inflorescências de M.acuminata (g/100g amostra desidratada).
Fibras Conteúdo
a
Lignina 14,80 ± 1,15
Celulose 14,39 ± 0,84
Hemicelulose 20,64 ± 1,02
a
Resultados de 3 determinações ± DP.
Considerando os valores diários de referência mostrados na Tabela 20, ressalta-se
que a inflorescência de M.acuminata apresenta um elevado teor de fibras insolúveis (lignina,
celulose e hemicelulose) apresentando, assim, propriedades funcionais importantes, que
pela legislação brasileira, Resolução RDC (360, 2003), um adulto deve ingerir 25g de fibras
ao dia.
Tabela 20: Valores Diários de Referência de Nutrientes (VDR) para adultos.
Valor energético 2000 kcal - 8400kJ
Carboidratos 300g
Proteínas 75g
Gorduras totais 55g
Fibra alimentar 25g
Fonte: RDC 360, 2003.
Resultados e Discussão Estudo Nutricional 80
Azzini et al. (1992), procederam a extração e a caracterização do palmito de ponta de
cana como alimento humano, determinando algumas de suas propriedades químicas e
comparou com os dados do palmito (Euterpe edulis) e do broto de bambu (Dendrocalamus
giganteus).
Segundo o mesmo autor, os teores de matéria graxa, açúcares totais e fibra do palmito
de cana são semelhantes ao broto de bambu, produto típico da cozinha oriental,
principalmente chinesa e japonesa. Além do aspecto químico, esses produtos são semelhantes,
também, no aspecto físico, pois apresentam coloração clara, textura macia e estrutura
segmentada.
A partir desses dados, pode-se inferir que as inflorescências de M.acuminta fazem
parte de um novo grupo de alimentos com semelhança física e nutricional ao palmito
tradicional e aos produtos que o substituem na cozinha brasileira, como o broto de bambu e o
palmito de ponta de cana.
Conclusões 81
CONCLUSÕES
O levantamento bibliográfico referenciando os perfis químico e de atividades
biológicas de diferentes órgãos de espécies de Musa forneceu um rico acervo de substâncias
isoladas dessa planta com interessante apelo farmacológico.
O estudo químico de Musa acuminata Colla resultou na caracterização estrutural de
ácidos e ésteres graxos, de esteróides e de hidrocarbonetos na fase hexânica, de esteróides na
fase diclorometânica, e de produtos bastante polares fracionados por cromatografia
contracorrente de alta velocidade na fase em acetato de etila. Essas fases foram obtidas da
partição líquido-líquido do extrato etanólico das inflorescências da planta. Ficou evidenciada
a rica composição de esteróides nas fases mais apolares, sendo que o esteróide fucosterol,
produto de grande abundância em organismos marinhos, foi encontrado somente na fase
hexânica.
As fases diclorometânica, em acetato de etila e butanólica apresentaram atividade
antioxidante pelo método do DPPH superior a do padrão de Ginkgo biloba (EGb761®).
Avaliação da atividade antimicrobiana do látex (MaL) de M. acuminata proveniente
de Magé mostrou atividade sobre o fungo Microsporum gypseum. Entretanto em ensaio
microbiológico de M. acuminata proveniente de Petrópolis não evidenciou atividade para o
extrato etanólico contra o fungo Candida albicans e contra as bactérias Staphylococcus
aureus MRSA e Escherichia coli. A fase hexânica do extrato etanólico de Petrópolis também
não apresentou atividade para os fungos Candida albicans, Criptococcus neoformans,
Microsporum canis, Microsporum gypseum e Fonsecaea pedrosoi.
Conclusões 82
A fase butanólica do extrato etanólico das inflorescências de M. acuminata de
Petrópolis, e o decocto das inflorescências coletadas em Magé foram capazes de inibir a
infecção de células Vero por HSV-1-ACVr e HSV-2-ACVr, patógenos de grande abrangência
na população e de grande facilidade de contaminação. A principal porta de entrada para HSV-
1 e HSV-2 é a presença de abrasões nas camadas de células epiteliais das mucosas oral e
genital, respectivamente. Esses materiais testados mostrando-se expressivos para infecções
desses vírus, caracterizam as inflorescências de M. acuminata como um importante produto
contra Herpes.
A fração MaL foi avaliada para atividade fosfolipásica do veneno de Bothrops
jararacussu, mostrando-se muito ativa de forma dependente da concentração e a fração
MaML foi testada quanto a atividade hemorrágica do veneno de Bothrops jararaca,
revelando-se bastante ativa. A expressiva atividade, exibida pelo látex com a metodologia
utilizada, aponta M. acuminata para o uso no tratamento contra veneno de serpentes do
gênero Bothrops.
As análises para composição nutricional revelaram que as inflorescências de
M. acuminata, possuem teor nutritivo considerável e baixo valor calórico, o que poderá
contribuir de maneira favorável para a dieta da população. Esse material, muito abundante nas
culturas de bananeiras, não apresenta problemas de desequilíbrio ecológico e degradação do
meio ambiente, é desperdiçado ao se separar do cacho para comercialização da banana; e
representa mais uma opção para alimentação balanceada. Além disso, a inflorescência
desidratada destaca-se como grande complemento alimentar devido seu elevado teor de
potássio e de fibras. Tendo em vista o seu alto teor nutricional e funcional, a inflorescência de
M. acuminata também pode ser utilizada na dieta na forma dessecada (farinha), facilmente
incorporada à alimentação.
Referências Bibliográficas 83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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the Association of official analytical chemists, 17ª edição, v. I e II, Gaithersburg.
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