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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
PROGRAMA DE S-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
MESTRADO PROFISSIONAL EM CUIDADO PRIMÁRIO EM SAÚDE
Tatiana Fróes do Nascimento
Avaliação da assistência prestada aos
diabéticos pelas Equipes de Saúde da
Família em Montes Claros - MG.
Montes Claros – MG
Fevereiro/2009
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ii
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
MESTRADO PROFISSIONAL EM CUIDADO PRIMÁRIO EM SAÚDE
Tatiana Fróes do Nascimento
Avaliação da assistência prestada aos diabéticos pelas Equipes de
Saúde da Família em Montes Claros - MG.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação
em Ciências da Saúde, da Universidade Estadual de
Montes Claros – UNIMONTES, como parte integrante das
exigências para obtenção do Título de Mestre em
Ciências da Saúde.
Orientadora: Profª. Drª. Ana Cristina de Carvalho Botelho
Montes Claros – MG
Fevereiro/2009
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Nascimento, Tatiana Fróes do.
N244a Avaliação da assistência prestada aos diabéticos pelas equipes de
Saúde da Família em Montes Claros - MG [manuscrito] / Tatiana Fes
do Nascimento. – 2009.
103 f. : il.
Bibliografia: f. 81-83.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Montes Claros
Unimontes, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde/
PPGCS, 2009.
Orientador: Profª. Drª. Ana Cristina de Carvalho Botelho.
1. Saúde da Família - Montes Claros (MG). 2. Avaliação dos
serviços de saúde – Montes Claros (MG). 3. Diabetes mellitus. 4.
Atenção Primária à Saúde. I. Botelho, Ana Cristina de Carvalho. II.
Universidade Estadual de Montes Claros. III. Título.
Catalogação Biblioteca Central Prof. Antonio Jorge
iii
iv
A todos aqueles que, nos diversos espaços, acreditam, lutam
e participam da construção de um Sistema Público de Saúde
que possa responder cada vez mais e melhor às necessidades
das pessoas que por ele são atendidas.
v
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me acompanhado nesta caminhada, dando-me força, coragem e
determinação para concluir mais esta etapa da minha vida.
A meus pais e irmãos pelo afeto, incentivo e compreensão.
À minha orientadora, Ana Cristina de Carvalho Botelho, pela atenção, paciência e
confiança depositada em mim.
A meu marido, Júnior, pelo apoio imensurável e por compreender meus necessários
momentos de isolamento.
Ao Professor João Felício Rodrigues Neto, por sua atenção e pensamento
visionário, que nos contagia, e principalmente pelo seu esforço em fazer com que
este curso de pós-graduação se concretizasse.
Ao Professor Antônio Prates Caldeira, que, desde a época da residência, esteve
presente na minha vida científica, quando publiquei meu primeiro trabalho, e a quem
tenho profunda admiração, pela sua serenidade e competência.
À Professora Maria Rizoneide Negreiros de Araújo, por aceitar o convite para
compor a banca; motivo de honra para mim e para este programa de pós-
graduação.
À Professora Marise Fagundes, pela colaboração valiosa na análise estatística.
À Professora Maísa Tavares de Souza Leite, exemplo para mim desde os tempos da
graduação, por aceitar compor a banca de suplentes.
Às secretárias do mestrado Kátia e Do Carmo, pelo trabalho dedicado e competente
que desempenham.
Aos professores e colegas do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde,
por me proporcionarem momentos de significativa aprendizagem.
A todos que participaram direta ou indiretamente da longa jornada de confeão
deste trabalho.
vi
RESUMO
Avaliar o desempenho dos serviços de atenção primária à saúde no atendimento
aos pacientes diabéticos é uma importante necessidade para as proposições que
buscam aprimorar a qualidade da atenção prestada a esses pacientes. Diante disso,
foi realizado estudo transversal, quantitativo, com o objetivo de avaliar as condições
da estrutura, do processo e do resultado do cuidado prestado aos pacientes
diabéticos pelas Equipes de Saúde da Família em Montes Claros MG. Foram
pesquisados em 31 equipes da Estratégia Saúde da Família os profissionais
dicos que atendiam pacientes diabéticos e uma amostra aleatória simples de 313
pacientes diabéticos cadastrados nas equipes. Os componentes da estrutura e do
processo de atendimento foram comparados às recomendações para o manejo de
pacientes diabéticos. Os pacientes foram entrevistados em seus domicílios e tiveram
sua glicemia capilar, pressão arterial, circunferência abdominal e IMC avaliados e
comparados a padrões. Os resultados mostraram que o controle glicêmico
insatisfatório esteve presente em 45% dos pacientes entrevistados. Apesar dos
resultados referentes à estrutura e ao processo apresentarem alguns itens que
fugiram aos padrões preconizados, não ficou evidente nenhuma associação desses
fatores com o o controle glicêmico. Após análise multivariada, observou-se
associação do controle insatisfatório da glicemia com as características do paciente:
analfabetismo, uso de insulina, não realização de dieta e IMC maior ou igual a 30. O
estudo concluiu que a associação doo controle glicêmico esteve presente apenas
nas características do próprio paciente e mostra, principalmente, uma necessidade
de aperfeiçoamento do manejo dos pacientes usuários de insulina e intensificação
nas ações que incentivem a realização da dieta e o controle do peso.
DESCRITORES: Diabetes mellitus. Avaliação de serviços de saúde. Atenção
primária à saúde. Saúde da Família.
vii
ABSTRACT
Assessing the performance of the services the primary health care in the diabetic
patients care, is an important necessity to the purposes from the ones who seek to
improve the quality of care to these patients. Facing this, it was performed a cross-
sectional study, quantitative, whit the objective to evaluate the conditions of the
structure, the process and result of the care given to diabetic patients by the Family
Health Strategy Teams. Where 31 teams from the Family Health were researched,
the doctors that were treating diabetic patients in these teams and a randomized
sample of 313 diabetic patients registered in the teams. The components of this
structure and from the process of treatment were compared to the recommendations
to the diabetic patients management. The patients were interviewed in their houses
and had their capillary glucose level, blood pressure, abdominal circumference and
IMC evaluated and compared to standards. The results showed that unsatisfactory
glycemic control was present in 45% of the interviewed. Although the related results
to the structure and process had shown some items that were out of the
standardized, it was not evident any association with those factors with the non
controlled glycemic. After a multivariated analysis, it was observed an association
with the unsatisfactory glycemic control with the characteristics of the patient:
Illiteracy, insulin use, not use of an appropriate diet and IMC higher or the same as
30. The study concluded the association with the non- glycemic control was present
only in the own characteristic of the patient, and shows mainly, the necessity of
improvement in dealing with patients users of insulin and intensifying the actions to
encourage the diet completion and the weigh control.
Keywords: Diabetes mellitus, evaluation of the health services, primary health care.
viii
LISTA DE TABELAS
ARTIGO 1
-
Características da estrutura e do processo para o cuidado aos pacientes
diabéticos pelas Equipes Saúde da Família em Montes Claros – MG
Tabela 1:
Características da estrutura das unidades de saúde da família para a prestação de
cuidados ao paciente diabético em Montes Claros (MG), 2008.
41
Tabela 2:
Características do profissional médico das Equipes de Saúde da Família em
Montes Claros (MG), 2008.
43
Tabela 3:
Características do profissional dico quanto aos fatores relacionados ao
atendimento ao paciente diabético nas Equipes de Saúde da Família em Montes
Claros (MG), 2008.
44
Tabela 4: Características do atendimento clínico e plano terapêutico do paciente diabético
realizados pelo profissional médico das Equipes de Saúde da Família em Montes
Claros (MG), 2008.
46
ARTIGO 2 - Fatores associados ao não controle glicêmico e características dos pacientes
diabéticos atendidos pelas Equipes de Saúde da Família em Montes Claros – MG
Tabela 1:
Características dos pacientes diabéticos quanto à sua doença. Montes Claros
(MG), 2008.
62
Tabela 2:
Características dos pacientes diabéticos quanto à utilização dos serviços e
percepção da assistência prestada pelas Equipes de Saúde da Família em
Montes Claros (MG), 2008.
64
Tabela 3:
Características dos pacientes diabéticos atendidos pelas Equipes de Saúde da
Família quanto aos dados clínicos e de controle da doença. Montes Claros (MG),
2008.
65
Tabela 4:
Associação entre as variáveis referentes às características dos pacientes
diabéticos e o controle da glicemia, análise bivariada (modelo de Poisson); Montes
Claros (MG), 2008.
67
Tabela 5:
Resultado da análise multivariada (modelo de Poisson) para os fatores
relacionados ao não controle glicêmico dos pacientes diabéticos atendidos pelas
Equipes Saúde da Família; Montes Claros (MG), 2008.
68
Outros resultados não contemplados nos artigos
Tabela 1:
Associação entre as variáveis referentes à estrutura dos serviços e o controle da
glicemia, análise bivariada (Modelo de Poisson); Montes Claros (MG), 2008
77
Tabela 2:
Associação entre as variáveis referentes ao processo e o controle da glicemia,
análise bivariada (Modelo de Poisson); Montes Claros (MG), 2008.
78
ix
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
11
2 OBJETIVOS
20
2.1 Objetivo Geral
2.2 Objetivos Específicos
21
21
3 POPULAÇÃO ESTUDADA E MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Localização do estudo
3.2 Método
3.3 Definição de desfecho
3.4 Critérios de inclusão e exclusão
3.5 Amostragem
3.6 Instrumentos de coleta de dados
3.7 Seleção e treinamento dos entrevistadores
3.8 Aspectos éticos
3.9 Coleta de dados
3.10 Processamento e análise de dados
22
23
24
26
27
28
28
29
30
31
31
4 PRODUTOS ALCANÇADOS
32
ARTIGO 1: Características da estrutura e do processo para o cuidado aos
pacientes diabéticos pelas Equipes de Saúde da Família em Montes Claros –
MG
34
ARTIGO 2: Fatores associados ao não controle glicêmico e características dos
pacientes diabéticos atendidos pelas Equipes de Saúde da Família em Montes
Claros – MG
55
5 OUTROS RESULTADOS NÃO CONTEMPLADOS NOS ARTIGOS
76
6 CONSIDERÕES FINAS
79
REFERÊNCIAS
81
APÊNDICES
APÊNDICE A – Questionário sobre a estrutura
APÊNDICE B – Questionário sobre o processo
APÊNDICE C – Questionário sobre características dos pacientes diabéticos
(resultado)
APÊNDICE D – Manual de orientações para coleta de dados clínicos
84
85
87
90
94
x
APÊNDICE E – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
APÊNDICE F - Folder de orientações para os pacientes participantes da
pesquisa.
97
99
ANEXOS
ANEXO A - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
101
102
ANEXO B – Autorização para utilização de questionário 103
11
INTRODUÇÃO E REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
12
1. INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A atenção primária à saúde foi inscrita como princípio universal na
Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada em
Alma-Ata, em 1978, sob a direção da Organização Mundial da Saúde e do Fundo
das Nações Unidas para a Infância
(1)
. Foram definidos por essa conferência os
elementos indispensáveis da atenção primária à saúde, como a educação
sanitária; o saneamento básico; o programa materno-infantil, incluindo imunização
e planejamento familiar; a prevenção de endemias; o tratamento apropriado das
doenças e danos mais comuns; a provisão de medicamentos essenciais; a
promoção da alimentação saudável e de micronutrientes; e a valorizão da
medicina tradicional
(2)
.
Atualmente, as unidades de atenção primária à saúde respondem por um
grande número de consultas e outros procedimentos assistenciais, representando
uma importante porta de entrada para o sistema de atenção à saúde no Brasil. A
esse papel assistencial articulam-se ainda demandas sanitárias, como a vigilância
e controle de doenças, bem como riscos de adoecimento, além da educação em
saúde, constituindo, portanto, uma forma tecnologicamente específica de atenção
que envolve síntese de saberes e complexa integração de ões individuais e
coletivas, curativas e preventivas, assistenciais e educativas
(3)
.
Como forma de organização dos serviços de atenção primária à saúde, o
Ministério da Saúde criou, em 1994, o Programa Saúde da Família (PSF), com
uma proposta centrada na promoção da qualidade de vida e intervenções nos
fatores que colocam em risco a saúde dos indivíduos, permitindo a identificação
13
mais acurada e o melhor acompanhamento dos indivíduos portadores de doenças
crônicas
(4)
.
Para determinar as proposições que tenham como objetivo aprimorar a
qualidade da atenção à saúde prestada por esses serviços é necessário que se
realize a avaliação e o monitoramento
(5)
.
A avaliação é parte do processo de planejamento e gestão dos serviços,
deve servir para direcionar ou redirecionar a execução de ações e atividades. Nos
programas de saúde, a avaliação deve constituir-se em um suporte para tomada
de decisões dirigidas às atividades realizadas
(6)
.
Cabe aproximar a equivalência aferida por Feuerstein (1990) de que a
avaliação nos leva a enxergar para onde e a que velocidade estamos indo,
portanto é ferramenta para prever quando vamos chegar ao objetivo
(7)
.
A avaliação, sendo reconhecida como componente da gestão em saúde,
traduz-se na existência de múltiplas iniciativas voltadas para sua implementação
nas diversas dimensões do Sistema Único de Saúde (SUS), tendo como propósito
fundamental dar suporte aos processos decisórios, subsidiar a identificação de
problemas e a reorientação de ações e serviços desenvolvidos, avaliar a
incorporação de novas práticas sanitárias na rotina dos profissionais e mensurar o
impacto das ações implementadas pelos serviços e programas sobre o estado de
saúde da população
(8)
.
Existem várias propostas metodológicas de avaliação, no entanto, um
dos esforços mais bem sucedido de classificação das abordagens possíveis para
a avaliação em saúde foi desenvolvido por Donabedian, que vem publicando uma
série de importantes trabalhos para a literatura médica nos últimos 20 anos
(9)
.
14
Santos Filho e Costa
(10)
afirmam que Donabedian tem sido o marco
referencial nas abordagens sobre avaliação como requisito para qualidade dos
serviços, sendo aquela relacionada com o modo de vida da população, os
recursos e os objetivos da assistência.
Donabedian concebeu a tríade: estrutura, processo e resultados, a partir
do referencial teórico sistêmico. Para o autor, particularmente preocupado com a
qualidade do cuidado em saúde, a estrutura corresponde às características
relativamente estáveis dos seus provedores, aos instrumentos e recursos, bem
como às condições físicas e organizacionais; o processo corresponde ao conjunto
de atividades desenvolvidas na relação entre profissionais e pacientes; e os
resultados são as mudanças verificadas no estado de saúde dos pacientes que
podem ser atribuídas a um cuidado prévio. Também podem ser consideradas
como resultados as mudanças relacionadas aos conhecimentos e
comportamentos, bem como a satisfação do usuário decorrente do cuidado
prestado
(11,12)
.
Donabedian ainda considera ser o processo o caminho mais direto para o
exame da qualidade do cuidado, os resultados possuem a característica de
refletir os efeitos de todos os insumos do cuidado, podendo, pois, servir de
indicador para a avaliação indireta da qualidade, tanto da estrutura quanto do
processo. O autor também ressalta a importância da estrutura para o
desenvolvimento dos processos e seus consequentes resultados, na medida em
que a própria função de monitoramento é parte da estrutura, além dos diversos
outros aspectos organizacionais e daqueles relacionados com os recursos
materiais que influenciam o processo
(11)
.
15
Considerando que, isoladamente, cada uma dessas alternativas
apresenta problemas e insuficiências, Donabedian
(12)
conclui que a melhor
estratégia para a avaliação da qualidade requer a seleção de um conjunto de
indicadores representativos das três abordagens.
Utilizando a abordagem avaliativa proposta por Donabedian, encontram-
se estudos em rias áreas, havendo destaque para a avaliação dos serviços de
saúde na prestação de cuidados a pacientes com problemas crônicos como o
diabetes
(13)
, que é hoje uma patologia de prevalência crescente e altamente
sensível às ações preventivas e terapêuticas promovidas pela atenção primária à
saúde.
De acordo com definição do Ministério da Saúde, o Diabetes Mellitus é
uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou
incapacidade de ela exercer adequadamente seus efeitos. Caracteriza-se por
hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídeos e
proteínas. As conseqüências do Diabetes Mellitus, a longo prazo, incluem
disfunção e falência de vários órgãos, especialmente rins, olhos, nervos, coração
e vasos sanguíneos
(14)
.
A Organização Mundial da Saúde estimou que, após 15 anos de doença,
2% dos indivíduos acometidos apresentarão cegueira e 10%, deficiência visual
grave. Além disso, estimou que, no mesmo período de doença, 30% a 45%
apresentarão algum grau de retinopatia, 10% a 20%, de nefropatia, 20% a 35%,
de neuropatia e 10% a 25%, de doença cardiovascular
(15)
.
No Brasil, o estudo Multicêntrico sobre Prevalência de Diabetes Mellitus
encontrou uma prevalência geral da doença de 7,6% em pessoas de 30 a 69 anos
(16)
.
16
Para a Sociedade Brasileira de Diabetes, o Diabetes Mellitus é um
problema de importância crescente em saúde pública. Sua incidência e
prevalência estão aumentando e alcança proporções epidêmicas. Está
associado a complicações que comprometem a produtividade, a qualidade de
vida e a sobrevida dos indivíduos. Além disso, acarreta altos custos para seu
controle metabólico e tratamento de suas complicões
(17)
.
Com relação aos custos diretos para o atendimento ao diabetes, estes
variam mundialmente, de 2,5% a 15% dos gastos nacionais em saúde,
dependendo da prevalência local de diabetes e da complexidade do tratamento
disponível. Além dos custos financeiros, o diabetes acarreta tamm outros
custos associados à dor, ansiedade, inconveniência e menor qualidade de vida, o
que afeta os doentes e suas famílias. O diabetes representa tamm carga
adicional à sociedade, em decorrência da perda de produtividade no trabalho,
aposentadoria precoce e mortalidade prematura
(15)
.
Como medida para minimizar este problema, é descrito que o controle
metabólico rigoroso associado a medidas preventivas e curativas relativamente
simples são capazes de prevenir ou retardar o aparecimento das complicações
crônicas do Diabetes Mellitus, resultando em melhor qualidade de vida ao
indivíduo diabético
(17)
.
O manejo adequado do paciente portador de diabetes deve objetivar ao
controle cnico e metabólico da doença, tendo em vista que elimina os sintomas,
evita as complicações agudas e diminui a incidência e a progressão das
complicações microvasculares. Ao combiná-lo com o manejo adequado de outros
problemas associados, como a hipertensão arterial e a dislipidemia, também
previne complicações macrovasculares
(18)
.
17
Ensaios clínicos randomizados têm demonstrado que pacientes
portadores de diabetes mantidos em condições de controle clínico e metabólico,
associado ao enfoque na modificação do estilo de vida, apresentam retardo no
aparecimento e/ou na progressão de complicações crônicas
(19)
.
O manejo do diabetes deve ser feito dentro de um sistema integrado de
saúde, sendo sua base organizativa a atenção primária à saúde. A irracionalidade
da atenção aos portadores de diabetes através de modelos fragmentados de
atenção à sde, voltados para as condições agudas, está no fato de que o custo
de um único episódio de internação por diabetes corresponde a uma atenção
contínua ambulatorial de 10 a 20 de portadores de diabetes durante 1 ano
(20)
.
Sabe-se hoje que a falha no atendimento primário leva à sobrecarga dos
serviços especializados e ao aumento da demanda nos serviços de urgência, o
que resulta em menor qualidade e efetividade do atendimento. Tais aspectos o
responsáveis pela maior morbidade dos pacientes; e isso se traduz em grande
custo social
(21)
.
Na prestação de serviços apropriados para os diabéticos, é preciso levar
em consideração os principais componentes do sistema de saúde, especialmente
a determinação das necessidades e dos recursos locais; o consenso sobre as
normas de atenção; os mecanismos para aplicar os últimos avanços das
investigações; a educação e a utilização de todos os profissionais de saúde e a
contínua avaliação da efetividade e da qualidade do tratamento dos pacientes
(22)
.
O controle do paciente diabético depende de inúmeros fatores, alguns
relacionados ao paciente, outros ao serviço de saúde e ainda outros relacionados
à realidade social em que o cuidado se desenvolve
(23, 24)
. Idealmente, para a
18
avaliação do impacto do cuidado, as intervenções em saúde deveriam ser
desenvolvidas somente após o adequado conhecimento da realidade local
(25)
.
Um estudo realizado em um município de São Paulo
(26)
, com o objetivo
de conhecer a realidade local, analisou questões referentes ao acesso, à
satisfação do usuário e à qualidade da assistência prestada ao paciente com
diabetes e/ou hipertensão pelo PSF. Os resultados evidenciaram o PSF como
uma alternativa válida para aumentar o acesso à saúde, na busca de maior
equidade no atendimento às necessidades da população daquele município. O
estudo mostrou bons índices de usuários satisfeitos com o Programa, porém,
como pontos negativos, destacou-se a falta de oferta de medicação necessária e,
na avaliação do atendimento, observaram-se anamneses incompletas e exames
físicos insatisfatórios.
Estudo realizado em Pelotas RS
(13)
avaliou o atendimento aos
pacientes diabéticos em nível primário sob três aspectos: estrutura, processo e
resultado. Os achados deste estudo mostraram que a estrutura dos postos de
saúde era precária com relação à disponibilidade de suprimentos mínimos
necessários recomendados para o atendimento a pacientes diabéticos. O
processo do cuidado, no caso, baseado exclusivamente no atendimento médico,
deixa lacunas quanto a procedimentos do exame físico e critérios clínicos de
monitoramento do controle da doença. O resultado do atendimento mostrou uma
baixa proporção de pacientes com diabetes mellitus controlado clínica e
metabolicamente.
Revisão de literatura realizada por Batista e colaboradores
(27)
, com o
objetivo de descrever o perfil clínico, bioquímico e nutricional de diabéticos
atendidos em serviços de saúde, analisou estudos nacionais e internacionais e
19
observou controle inadequado do paciente em especial com relação à glicemia e
peso corporal. Porém, estes mesmos autores, analisando estudos de intervenção
por meio de programas de educação em diabetes, mostrou que todos os estudos
apontaram melhora do controle glicêmico, além dos níveis de lipídeos séricos e
pressão arterial após a implementação dos programas.
Visando à melhoria do estado de saúde dos pacientes portadores de
diabetes, que na maioria dos achados descritos não se encontra satisfatória,
torna-se necessário o conhecimento e a avaliação da situação atual dos cuidados
a esses pacientes no nível primário, sendo esta a proposição da presente
pesquisa, que se qualifica como uma iniciativa para subsidiar o estabelecimento
de metas e condutas que atendam, de maneira efetiva, esta população.
20
OBJETIVOS
21
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL:
Avaliar as condições da estrutura, do processo e do resultado do cuidado
prestado aos pacientes diabéticos pelas Equipes de Saúde da Família no
município de Montes Claros – MG.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Descrever a estrutura das Equipes de Saúde da Família do Município de Montes
Claros para o atendimento ao paciente diabético;
- Descrever o processo de trabalho das Equipes de Saúde da Família no
Município de Montes Claros, no que se refere às ações relativas ao manejo do
paciente com diabetes mellitus;
- Identificar as características dos pacientes diabéticos atendidos pelas Equipes
de Saúde da Família do município de Montes Claros;
- Estimar a prevancia de não controle glicêmico dos pacientes diabéticos
atendidos pelas Equipes de Saúde da Família no município de Montes Claros;
- Avaliar a interferência das variáveis relacionadas à estrutura, ao processo e as
características dos pacientes diabéticos com o não controle glicêmico.
22
POPULAÇÃO ESTUDADA E
MÉTODOS
23
3. POPULAÇÃO ESTUDADA E MÉTODOS
3.1 Localização do estudo:
O estudo foi conduzido em Montes Claros, Norte do Estado de Minas
Gerais. Trata-se de um município de porte médio, localizado na bacia do alto
médio São Francisco, cerca de 420 quilômetros de Belo Horizonte. O município
tem área total de 3.576,76 km2, enquanto sua sede ocupa área de 97 km2
(28)
.
A população estimada para 2008 foi de 358.271 habitantes, com
densidade média de 70 habitantes por km2. É pólo de uma região de
aproximadamente 1.500.000 habitantes, que engloba o sul da Bahia e todo o
norte de Minas Gerais
(28)
.
A cidade é referência regional na prestação de serviços de saúde. Possui
cinco hospitais gerais, um hospital psiquiátrico, três pronto-socorros e uma
unidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Conta ainda com
três policlínicas e, referente aos serviços de atenção primária à saúde, a rede
física municipal é dotada de 15 Centros de Saúde e 49 Equipes de Saúde da
Família
(29)
.
A implantação da Estratégia Saúde da Família no município de Montes
Claros se iniciou em 1998 e, a partir de então, foi se expandindo progressiva e
estrategicamente nas regiões periféricas da cidade e da zona rural. Das 49
equipes existentes hoje, 44 estão na área urbana e 05 na área rural e ainda 05
Equipes de Agentes Comunitários de Saúde (EACS), o que representa cobertura
de aproximadamente 50% da população
(30)
.
Um grande avanço na organização da Atenção Primária à Saúde no
município de Montes Claros tem sido a implantação, desde 2007, do Plano Diretor
24
da Atenção Primária à Saúde, projeto da Secretaria de Estado de Saúde de Minas
Gerais (SES/MG). O programa tem o objetivo de melhorar a qualidade das ações
de saúde desenvolvidas pela atenção primária, através de oficinas de capacitação
dos profissionais das equipes, com implantação de linhas-guias de ateão à
saúde e de instrumentos de diagnóstico da situação de saúde, programação e
monitoramento de ações, além de outros instrumentos de gestão
(31)
.
3.2 Método
A presente pesquisa tem o delineamento transversal, com abordagem
quantitativa e descritiva, realizado em três etapas: Estrutura, processo e
resultados.
Para o levantamento dos aspectos relacionados à estrutura dos serviços,
foi aplicado um questionário aos coordenadores (enfermeiros) de cada Equipe de
Saúde da Família - ESF, com o objetivo de identificar os recursos humanos,
físicos e materiais disponíveis nesses locais, bem como a organização local para
o atendimento a pacientes diabéticos, incluindo a programão da equipe no que
se refere ao controle do paciente através de grupos para educação em saúde,
estímulo à atividade física e forma de agendamento de consultas (Apêndice A).
A especificação dos recursos materiais mínimos necessários nas
unidades e sua forma de organização foram baseadas em recomendações do
Ministério da Saúde
(32)
e Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais
(33)
.
Quanto ao processo, foram entrevistados os médicos que atendem
pacientes diabéticos nesses serviços. Foram coletadas, além de características
desses profissionais (tempo de formão, especialidade, tempo de trabalho na
ESF), informações quanto aos fatores relacionados ao atendimento (seguimento
25
de protocolo, encaminhamento de pacientes, adesão do paciente ao tratamento,
dificuldades para realizar o atendimento) e características do manejo de pacientes
portadores de diabetes mellitus, incluindo exame físico, solicitação de exames
complementares e plano terapêutico (Apêndice B).
Os itens referentes ao manejo dos pacientes nas consultas foram
selecionados com base nas recomendações do Ministério da Saúde
(32)
e
SES/MG
(33)
.
Para a avaliação do resultado do atendimento, foram realizadas
entrevistas domiciliares com pacientes diabéticos atendidos pelas Equipes de
Saúde da Família estudadas. Tais pacientes foram identificados através do
cadastro de diabéticos realizado pelo Agente Comunitário de Saúde.
Consideram-se, como resultado, os itens referentes às características
dos pacientes. A cada indivíduo selecionado, foi aplicado um questionário com o
objetivo de obter informações referentes às características demográficas,
socioeconômicas, da doença e do tratamento (Apêndice C). Além disso, foram
aferidas a pressão arterial, a circunferência abdominal e a glicemia capilar, além
do peso e da altura para o cálculo do Índice de Massa Corporal - IMC.
A medida da pressão arterial foi coletada com os entrevistados sentados,
em repouso, utilizando esfigmomanômetro calibrado do tipo aneróide, através do
método palpatório e auscultatório
(34)
. Foi utilizada a média do valor aferido uma
vez em cada braço. Os veis tensionais em mmHg considerados normais,
aceitáveis e insatisfatórios foram, respectivamente, <140/90, <160/95 e >160/95
(35)
.
A medida da circunferência abdominal foi definida como o menor
diâmetro entre o rebordo costal e as cristas ilíacas ântero superiores e aferida no
26
vel da linha axilar média, considerando, para homens, sem risco <94, risco
moderado >94, alto risco > 102 e, para mulheres, sem risco <80, risco moderado
>80 e alto risco > 88
(36)
.
O IMC foi calculado com a relação peso em quilogramas sobre a altura
em metros ao quadrado. Todos os pacientes foram pesados sem sapatos e com
roupas leves em balança portátil, com capacidade de 120 kg e a altura foi medida
com os pacientes descalços, com os pés paralelos e tornozelos unidos e de
costas para uma parede onde foi fixada uma fita métrica a 1 metro do chão.
Consideraram-se os seguintes resultados de IMC: normal a24,9, sobrepeso de
25,0 a 29,9 e obeso > 30
(36)
.
A glicemia capilar foi medida com aparelho glicosímetro da marca Accu-
check Active, que faz a determinação da glicose no sangue capilar fresco. Esse
aparelho é capaz de detectar glicemias capilares situadas entre 10 a 600 mg/dL.
3.3 Definição de desfecho
O desfecho de interesse (variável dependente) foi definido em função do
resultado da glicemia capilar. O ponto de corte utilizado como valor aceitável para
glicemia capilar ao acaso foi menor ou igual a 180 mg/dL
(37)
.
27
3.4 Critérios de inclusão e exclusão
Critérios de Inclusão:
- Estrutura:
- Equipes de Saúde da Família da zona urbana e com mais de 1 ano de
implantação.
- Concordância dos coordenadores (enfermeiros) das equipes em
participar do estudo.
- Processo:
- Profissionais médicos, pertencentes às Equipes de Saúde da Família
incluídas no estudo, concordantes em participar do estudo.
- Resultado (pacientes diabéticos):
- Usuários cadastrados nas ESF, de 20 anos de idade acima, que tinham
diagnóstico de diabetes e estavam sendo acompanhados pela Equipe de
Saúde da Família há mais de um ano.
- Concordância do usuário em participar do estudo.
Critérios de exclusão:
- Estrutura:
- Equipes de Saúde da Família da zona rural e com menos de 1 ano de
implantação.
- Não concordância dos coordenadores (enfermeiros) das equipes em
participar do estudo.
28
- Processo:
- Profissionais médicos, pertencentes às Equipes de Saúde da Família
incluídas no estudo, que o estivessem de acordo em participar do
estudo.
- Resultado (pacientes diabéticos):
- Usuários cadastrados nas ESF, de 20 anos de idade acima, que tinham
diagnóstico de diabetes e estavam sendo acompanhados menos de
um ano.
- Não concordância do usuário em participar do estudo.
3.5 Amostragem
Para o cálculo do tamanho da amostra, utilizou-se um erro amostral de
0,05, um nível de confiança de 95% e uma estimativa da prevalência de controle
do diabetes de 50 %
(13)
, e acrescentado 10% de taxa de não resposta,
totalizando uma amostra de 329 pacientes diabéticos. Os diabéticos que
participaram da amostra foram selecionados através da amostragem aleatória
simples, proporcional à população de diabéticos de cada Equipe de Saúde da
Família pesquisada.
3.6 Instrumentos de coleta de dados
Foram confeccionados três questionários para a coleta de dados
(Apêndices A, B e C) contemplando os objetivos da pesquisa (estrutura, processo
e resultado). Algumas questões foram validadas por estudo piloto, enquanto a
maior parte delas foi validada em estudo semelhante realizado por Assunção,
29
2002
(38)
, valendo salientar que foi obtida autorização da autora para utilização de
algumas variáveis do questionário (Anexo B).
3.7 Seleção e treinamento dos entrevistadores
Foram selecionadas quatro entrevistadoras, enfermeiras graduadas pela
Universidade Estadual de Montes Claros, para a aplicação dos questionários e
coleta de dados dos pacientes. O processo de seleção se baseou na
disponibilidade de horário, experiência pvia em trabalhos de pesquisa e
habilidades no desempenho das técnicas necessárias à coleta dos dados do
trabalho: aferição da pressão arterial, peso, altura, circunferência abdominal e
realização de glicemia capilar.
Foram realizadas reuniões para treinamento e discussão sobre o projeto
de pesquisa, seus objetivos, e para ajuste dos instrumentos de coleta de dados.
Foi realizado um estudo piloto as o qual se identificaram as principais
deficiências dos instrumentos de avaliação que, em seguida, após discussão,
foram corrigidas pelo grupo.
Para a averiguação da concordância intra e entre-examinadores com
relação à coleta das medidas antropométricas (altura, peso e circunferência
abdominal), pressão arterial e glicemia capilar, foi realizado o exercício de
calibração.
A concordância dos resultados foi avaliada pela estatística Kappa. Neste
estudo, a concordância entre-examinadores variou de: 0,98 a 0,99 para a medida
da circunferência abdominal, 0,99 para a aferição do peso, 0,96 a 0,99 para
altura, 0,62 a 0,95 para a aferição da Pressão Arterial. A concordância intra-
30
examinadores variou de 0,99 a 1,00 para a circunferência abdominal, peso e
altura e de 0,84 a 0,96 para a pressão arterial.
Com os resultados da estatística Kappa mostrando uma concordância
aceitável tanto na comparação entre os examinadores como na intra-
examinadores, é improvável que os entrevistadores tenham tido dificuldades na
coleta dos dados clínicos.
Para uma padronização da melhor maneira de se coletar os dados
clínicos dos pacientes, um manual de orientação para a coleta desses dados foi
confeccionado, com base nos manuais do Ministério da Saúde e SES/MG e foram
repassados aos entrevistadores (Apêndice D).
O trabalho de campo ocorreu no período compreendido entre abril e julho
de 2008.
3.8 Aspectos éticos
O projeto foi submetido à aprovação do Comitê de Ética em pesquisa da
UNIMONTES, obtendo do mesmo parecer favorável para sua execução
(Anexo A).
O estudo foi realizado com a anuência formal da Secretaria Municipal de
Saúde de Montes Claros e do coordenador da Estratégia Saúde da Família do
município.
Todos os entrevistados eram solicitados a ler e assinar o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) que versava sobre os objetivos e
procedimentos da pesquisa (Apêndice E).
31
3.9 Coleta de dados
Os enfermeiros, coordenadores das ESF, assim como os médicos,
membros das equipes, após leitura e assinatura do TCLE, foram submetidos à
entrevista. Os pacientes portadores de diabetes, além da submissão à entrevista,
após leitura, explicação e assinatura do TCLE, tiveram aferidos dados
antropométricos: peso, altura e circunferência abdominal, além da pressão arterial
e glicemia capilar.
Após a entrevista, os pacientes recebiam um folder, contendo
informações sobre o diabetes e a anotação das medidas e aferições efetuadas
(Apêndice F).
3.10 Processamento e análise de dados
Os dados coletados foram codificados e digitados em banco de dados
específico no Programa Statistical Package for the Social Sciences - SPSS,
versão 15.0
®
. A relação entre os fatores pesquisados e o controle da glicemia foi
avaliada inicialmente por análise univariada, utilizando o teste Qui-quadrado e,
posteriormente, foram selecionadas aquelas variáveis que se mostraram
significativas até o nível de 20% (p < 0,20) para análise multivariada. Utilizou-se o
modelo Regreso de Poisson para estimativa da razão de prevancia,
admitindo-se um nível de significância de 5% e assumindo um intervalo de
confiança de 95%.
32
PRODUTOS ALCANÇADOS
33
4. PRODUTOS ALCANÇADOS
Obtiveram-se, com este estudo, inicialmente, dois artigos:
O 1º artigo intitula-se: Características da estrutura e do processo para
o cuidado aos pacientes diabéticos pelas Equipes de Saúde da Família em
Montes Claros MG e refere-se à parte inicial do estudo, em que se avaliaram
apenas as características da estrutura e do processo. Como pelos resultados das
análises (realizadas conforme descrito na metodologia) não houve associação
desses fatores com o o controle glicêmico, optou-se por demonstrar no artigo
apenas uma análise descritiva.
O 2º artigo intitula-se: Fatores associados ao não controle glicêmico e
características dos pacientes diabéticos atendidos pelas Equipes de Saúde
da Família em Montes Claros MG e refere-se à parte final do estudo, onde se
pesquisou as características dos pacientes. Como todas as associações com o
não controle glicêmico estiveram relacionadas às próprias características dos
pacientes, optou-se por tratar do assunto nesse outro artigo, demonstrando todas
as análises bivariadas e multivariadas realizadas.
34
ARTIGO 1
CARACTERÍSTICAS DA ESTRUTURA E DO PROCESSO PARA O CUIDADO
AOS PACIENTES DIABÉTICOS PELAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO
MUNICÍPIO DE MONTES CLAROS - MG
Characteristics of the structure and process to the diabetic patients care done by
the team of the Family Health in Montes Claros, Minas Gerais.
RESUMO:
Avaliar o desempenho dos serviços de atenção primária a saúde no atendimento aos
pacientes diabéticos é uma importante necessidade para as proposições que buscam
aprimorar a qualidade da atenção prestada a esses pacientes. Diante disso, foi realizado
estudo transversal, em que foram pesquisadas 31 equipes da Estratégia Saúde da
Família e os médicos que atendiam pacientes diabéticos em tais equipes, analisando,
respectivamente, as características da estrutura e do processo. A maioria das equipes
não realiza o atendimento aos diabéticos de acordo com a classificação de risco e o
atendimento programado, todas as equipes possuíam grupos para diabéticos, 74%
referiram ao espaço físico adequado para os atendimentos; mais da metade das
unidades não forneciam medicamentos para o tratamento do diabetes, 90,3% das
equipes referiram à dificuldade para o encaminhamento dos pacientes às consultas
especializadas e nenhuma equipe informou existir contra-referência dos serviços. Os
profissionais médicos normalmente prescreviam dieta e exercícios sicos, 7,6%
realizavam todos os itens preconizados para o exame físico e 11,5% solicitavam todos os
exames necessários rotineiramente. De acordo com os resultados, observamos uma
necessidade de melhoria nos processos estruturais e organizativos das equipes e um
manejo do paciente, utilizando de forma efetiva os protocolos preconizados.
Palavras-chave: Diabetes mellitus. Avaliação de serviços de saúde. Atenção primária à
saúde.
35
ABSTRACT:
Assessing the performance of the services the primary health care in the diabetic
patients care, is an important necessity to the purposes from the ones who seek to
improve the quality of care to these patients. Facing this, it was performed a cross-
sectional study, where 31 teams from the Family Health Strategy were searched
and the doctors that treated the diabetic patients in these teams, analyzing,
respectively the structure and process characteristics. Most teams did not perform
the service for diabetics, according to the risk classification and scheduled service,
all the teams had groups to diabetics, 74% referred to the suitable physical space
to the medical care; more than half of the units offered no medicines for the
treatment of diabetes, 90,3% of teams reported difficulties for the transport of
patients to specialist consultation and no team informed of any counter-referral
services. Most of the doctors prescribed diet and physical exercises, 7.6%
performed all the recommended items to the physical exam and 11.5%asked all
the necessary examinations routinely. According to the results, it was observed a
need for improvement in the structural and organizational processes of staff and
management of a patient using effectively the recommended protocols.
Key words: Diabetes mellitus. Evaluation of health services. Primary health care.
36
INTRODUÇÃO
Como forma de organização dos serviços de atenção primária à saúde, o
Ministério da Saúde criou, em 1994, o Programa Saúde da Família, com uma
proposta centrada na promão da qualidade de vida e intervenções nos fatores
que colocam em risco a sde dos indiduos, permitindo a identificação mais
acurada e o melhor acompanhamento dos indivíduos portadores de doenças
crônicas (Brasil, 2000).
Avaliar e monitorar o desempenho desses serviços é hoje uma
importante necessidade para as proposições que buscam aprimorar a qualidade
da atenção à saúde (Sala et al., 1998).
Donabedian (1988 e 1992) conclui que a melhor estratégia para a
avaliação da qualidade requer a seleção de um conjunto de indicadores
representativos de três abordagens: estrutura, processo e resultado, a estrutura
corresponderia às características relativamente estáveis dos seus provedores,
aos instrumentos e recursos, bem como às condições físicas e organizacionais; o
processo corresponderia ao conjunto de atividades desenvolvidas na relação
entre profissionais e pacientes; e os resultados seriam as mudaas verificadas
no estado de saúde dos pacientes que pudessem ser atribuídas a um cuidado
prévio.
Utilizando a abordagem avaliativa proposta por Donabedian, encontram-
se avaliações em várias áreas, havendo destaque para a avaliação dos serviços
de saúde na prestação de cuidados a pacientes com problemas crônicos como o
Diabetes (Assunção et al., 2001), que é hoje uma patologia de prevalência
37
crescente e altamente sensível às ações preventivas e terapêuticas promovidas
pela atenção primária à saúde.
No Brasil, o estudo Multicêntrico sobre Prevalência de Diabetes Mellitus
encontrou uma prevalência geral da doença de 7,6% em pessoas de 30 a 69 anos
(Malerbi et al., 1992).
Para a Sociedade Brasileira de Diabetes (2003), o diabetes mellitus é um
problema de significativa importância em saúde pública. Sua incidência e
prevalência eso aumentando e alcançam proporções epidêmicas. Está
associado a complicações que comprometem a produtividade, a qualidade de
vida e a sobrevida dos indiduos. Além disso, acarreta altos custos para o
controle metabólico e tratamento de suas complicões.
Como medida para minimizar esse problema, é descrito que o controle
metabólico rigoroso associado a medidas preventivas e curativas relativamente
simples são capazes de prevenir ou retardar o aparecimento das complicações
crônicas do diabetes mellitus, resultando em melhor qualidade de vida ao
indivíduo diabético (Sociedade Brasileira de Diabetes, 2002).
Sabe-se hoje que a falha no atendimento primário leva à sobrecarga dos
serviços especializados e ao aumento da demanda nos serviços de urgência,
resultando em menor qualidade e efetividade do atendimento. Tais aspectos o
responsáveis pela maior morbidade dos pacientes, e isso se traduz em grande
custo social (Brasil, 1992).
Visando à melhoria do estado de saúde dos diabéticos, que na maioria
dos achados não se encontra satisfatória (Assunção et al., 2001; Batista et al.,
2006), torna-se necessária a avaliação da situação atual para os cuidados aos
pacientes diabéticos em nível primário, sendo esta elemento essencial para o
38
estabelecimento de metas e condutas que atendam à população de maneira
efetiva.
Dessa forma, o presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de
descrever e avaliar a estrutura e o processo para o cuidado com os diabéticos
pelas Equipes de Saúde da Família – ESF em Montes Claros (MG).
2. MÉTODO
Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, realizado a partir de um
recorte dos dados encontrados em estudo sobre a estrutura, o processo e o
resultado dos cuidados aos diabéticos pelas Equipes de Saúde da Família em
Montes Claros – MG.
A pesquisa de campo foi realizada no período entre abril e julho de 2008
e foram inseridas no estudo apenas as Equipes de Saúde da Família da zona
urbana da cidade e que tivessem acima de um ano de implantação.
Para a caracterização de aspectos da estrutura dos serviços, foi aplicado
um questionário aos coordenadores (enfermeiros) de cada equipe, com o objetivo
de identificar os recursos humanos, físicos e materiais disponíveis nesses locais,
bem como a organização local para o atendimento de pacientes diabéticos,
incluindo a programão da equipe no que se refere ao controle do paciente
através de grupos para educação em saúde, estímulo à atividade física e forma
de agendamento de consultas. A especificação dos recursos materiais mínimos
necessários nas unidades e sua forma de organização foram baseadas em
recomendações do Ministério da Saúde (Brasil, 2001) e Secretaria de Estado da
Saúde de Minas Gerais - SES/MG (Minas Gerais, 2006).
39
Para a caracterização dos recursos humanos existentes e do processo de
atendimento, foram entrevistados os médicos que atendem pacientes diabéticos
nesses serviços. Foram coletadas, além de características desses profissionais
(tempo de formação, especialidade, tempo de trabalho na ESF), informações
quanto aos fatores relacionados ao atendimento (seguimento de protocolo,
encaminhamento de pacientes, adesão do paciente ao tratamento, dificuldades
para realizar o atendimento) e características do manejo de pacientes portadores
de diabetes mellitus (exame físico, solicitação de exames complementares e
plano terapêutico). Os itens referentes ao manejo dos pacientes nas consultas
foram selecionados com base nas recomendações do Ministério da saúde (Brasil,
2001) e SES /MG (Minas Gerais, 2006).
Os dados coletados foram codificados, digitados e analisados no
Programa Statistical Package for the Social Sciences - SPSS, versão 15.0
®
.
O projeto foi submetido à aprovação do Comitê de Ética em pesquisa da
Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES, obtendo do mesmo
parecer favorável para sua execução.
3. RESULTADOS
Características do serviço (Estrutura)
Todas as 31 Equipes de Saúde da família identificadas pela amostra
foram pesquisadas através de entrevistas aos enfermeiros (coordenadores)
destas equipes.
A tabela 1 mostra as características das unidades de saúde da família
para o atendimento aos pacientes diabéticos. Dos profissionais que realizam o
atendimento ao paciente diabético, identificou-se o atendimento exclusivo do
40
profissional médico em 13 equipes e em 18 equipes havia o atendimento de
Médicos e Enfermeiros. O número de diabéticos cadastrados nas equipes variou
de um mínimo de 21 e um máximo de 84 pacientes, sendo uma média de 52,5
pacientes por equipe. Quanto ao percentual de diabéticos atendidos no mês
anterior pelas equipes, a média foi de 37,2%.
A forma de agendamento de consultas através do atendimento
programado foi citada por apenas 3 equipes. Todas as 31 equipes possuem
grupos de educação em saúde destinados aos diabéticos, porém 67,7% dessas
equipes afirmam não possuir material educativo disponível para trabalhar com os
grupos. Com relação ao espaço físico, 74,2% e 51,6% das equipes consideraram-
no adequado para a realização dos atendimentos e grupos, respectivamente. A
realização de grupo de atividade física foi relatada por 11 equipes, sendo destes,
8 grupos de caminhada e 3 de ginástica.
Todas as equipes contam com Protocolos para serem utilizados pelos
profissionais no atendimento ao diabético. Em apenas 11 (35,5%) equipes existe
critério de classificação de risco para o atendimento aos diabéticos.
A presença de balanças, antropômetros e glicosímetro foi relatada em
todas as equipes. E no suprimento de tiras reativas para pesquisa de glicemia
capilar, 23 equipes disseram sempre possuir quantidade suficiente para atender a
demanda.
O fornecimento pelo próprio serviço de insulina, hipoglicemiantes orais e
seringas descartáveis para aplicação de insulina para os pacientes ocorre
respectivamente em 41,9%, 45,2%,e 41,9% das equipes. Nenhuma equipe possui
o fornecimento de tiras reativas para os pacientes.
41
Tabela 1: Características da estrutura das Unidades de Saúde da Família para a prestação de
cuidados ao paciente diabético em Montes claros (MG), 2008.
Variável Freqüência (n) Porcentagem (%)
Profissionais que atendem diabéticos
Médicos
Médicos e Enfermeiros
13
18
42
58
Número de diabéticos cadastrados na equipe
Até 25
26 a 50
51 a 75
Acima de 75
1
17
10
3
3,2
54,8
32,3
9,7
Porcentagem de diabéticos atendidos
0 a 25 %
26 a 50 %
51 a 75 %
76 a 100 %
12
13
2
4
38,7
41,9
6,5
12,9
Forma de agendamento
Atendimento programado
Acolhimento
Agente Comunitário de Saúde
Grupo de diabéticos
Livre demanda
3
13
10
3
2
9,7
41,9
32,3
9,7
6,5
Presença de grupo de diabéticos
Sim
31
100
Materiais Educativos
Sim
Não
10
21
32,3
67,7
Espaço físico adequado para atendimentos
Sim
Não
23
8
74,2
25,8
Espaço físico adequado para grupos
Sim
Não
16
15
51,6
48,4
Grupo para realizão de atividade física
Sim
Não
11
20
35,5
64,5
Qual grupo para realização de atividade física
Caminhada
Ginástica
Não possui grupo para atividade física
8
3
20
25,8
9,7
64,5
Protocolo disponível para utilização
Sim
31
100
Critério de classificação de risco
Sim
Não
11
20
35,5
64,5
Presença de balanças e antropômetros
Sim
31
100
Presença de glicosímetro
Sim
31
100
Suprimento de tiras reativas suficiente
Sempre
Às vezes
23
8
74,2
25,8
Fornecimento de insulina
Sim
Não
13
18
41,9
58,1
Fornecimento de hipoglicemiante oral
Sim
Não
14
17
45,2
54,8
Fornecimento de tiras reativas
Não
31
100
Fornecimento de seringas descartáveis para insulina
Sim
Não
13
18
41,9
58,1
Dificuldade para encaminhamentos a consultas especializadas
Sim
Não
28
3
90,3
9,7
Dificuldade para acompanhamento oftalmológico
Sim
Não
19
12
61,3
38,7
Contra-referência dos serviços especializados
Não
31
100
42
A dificuldade para encaminhar os pacientes para consultas
especializadas ocorre em 90,3% das equipes, e para acompanhamento
oftalmológico ocorre em 26%.
Todas as equipes informaram não existir contra-referência dos serviços.
Características do profissional e manejo do paciente (Processo):
Das 31 Equipes de Saúde da Família selecionadas, pesquisou-se o
processo, através de entrevista aos profissionais médicos em 26 Equipes, devido
a 1 recusa, 1 profissional em período de férias e 3 equipes sem o profissional
médico.
A tabela 2 mostra os dados referentes às características do profissional
médico, onde, quanto ao tempo de formado, a maior parcela (38,5%) estava na
faixa entre 2 a 5 anos de formado. E a maior proporção (46%) trabalhava na
equipe atual a menos de 1 ano, sendo uma média de 1 ano e meio. Quanto à
formação, os médicos, na sua maioria (88,4%), possuíam ou estavam cursando
uma especializão ou residência, destes, (61,5%) possuíam ou estavam
cursando a Residência em Medicina de Família e Comunidade. O treinamento em
diabetes foi referido por 76,9% dos médicos.
43
Tabela 2: Características do profissional médico das Equipes de Saúde da Família em Montes
Claros (MG), 2008.
Variável Freqüência (n) Porcentagem (%)
Tempo de formação profissional
Menos de 2 anos
2 a 5 anos
6 a 10 anos
Acima de 10 anos
6
10
1
9
23,1
38,5
3,8
34,6
Tempo de trabalho no PSF
Menos de 1 ano
1 a 2 anos
2 a 4 anos
Acima de 4 anos
12
4
6
4
46,2
15,4
23,1
15,4
Curso de especialização ou residência
Sim
Não
23
3
88,4
11,6
Qual especialização
Medicina de família e comunidade (residência)
Saúde da família (especialização)
Clínica Médica
Otorrino
Angiologia
Medicina Legal
16
3
1
1
1
1
61,5
11,5
3,8
3,8
3,8
3,8
Treinamento diabetes
Sim
Não
20
6
76,9
23,1
Quanto aos fatores relacionados ao atendimento médico, a tabela 3
mostra que o seguimento de um Protocolo no atendimento aos diabéticos é
realizado por 80,8% dos médicos, sendo que destes, 73,1% utilizam o protocolo
da SES/MG. Quanto ao encaminhamento de pacientes diabéticos para outros
serviços, a maioria, 80,8% dos médicos menciona essa necessidade, destes, a
maior proporção (50%) necessita encaminhar para atendimento especializado,
tendo, como principal motivo, pacientes descompensados (53,8%),
O grau de satisfação dos profissionais, na realização dos atendimentos
aos pacientes diabéticos, considerando a realidade do serviço é médio para a
maioria (73,1%). Grande parte dos profissionais também relata como média
(76,9%) a adesão dos pacientes ao tratamento.
44
Tabela 3: Características do profissional médico quanto aos fatores relacionados ao atendimento
ao paciente diabético nas Equipes de Saúde da Família em Montes Claros (MG), 2008.
Variável Freqüência (n) Porcentagem (%)
Segue protocolo:
Sim
Não
21
5
80,8
19,2
Necessidade de encaminhar pacientes a outro serviço:
Sim
Não
21
5
80,8
19,2
Para qual serviço encaminha:
Centro de saúde
Atendimento especializado
Hospital
Atendimento especializado e hospital
1
13
2
5
3,8
50,0
7,7
19,2
Motivos de encaminhamentos:
Diabetes descompensada
Sim
Não
Diabetes tipo 1
Sim
Não
Complicações secundárias
Sim
Não
Pé diabético
Sim
Não
Alterações oftalmológicas
Sim
Não
14
8
7
15
5
17
5
17
4
18
53,8
30,8
26,9
57,7
19,2
65,4
19,2
65,4
15,4
69,2
Grau de satisfação do profissional:
Alto
Médio
Baixo
3
19
4
11,5
73,1
15,4
Adesão dos pacientes ao tratamento:
Alta
Média
Baixa
3
20
3
11,5
76,9
11,5
Dificuldades enfrentadas para o acompanhamento dos pacientes:
Não adesão do paciente ao tratamento
Sim
Não
Grande demanda
Sim
Não
Falta de programação do atendimento
Sim
Não
Quantidade insuficiente de exames
Sim
Não
Dificuldade para agendamento das consultas especializadas
Sim
Não
Condições sócio-econômico e culturais do paciente
Sim
Não
15
11
6
20
3
23
2
24
4
22
6
20
57,7
42,3
23
77
11,5
88,5
7,7
92,3
15,4
84,6
23,1
76,9
Necessidade de aperfeiçoar os conhecimentos:
Diagnóstico
Sim
Não
Manejo insulina
Sim
Não
Prescrição de dieta
Sim
Não
Avaliação e tratamento de pé diabético
Sim
Não
Exame de fundo de olho
Sim
Não
20
6
23
3
19
7
21
5
13
13
76,9
23,1
88,5
11,5
73,1
26,9
80,8
19,2
50
50
45
As dificuldades que os profissionais enfrentam para o atendimento e
acompanhamento adequado aos pacientes são, normalmente, a não adesão dos
pacientes ao tratamento proposto (57,7%), seguido pelas condições sócio-
econômicas e culturais dos pacientes (23,1%) e grande demanda do serviço
(23%).
Quando questionados sobre a necessidade de aperfeiçoar os
conhecimentos em alguma área do atendimento ao paciente diabético, os itens
mais citados foram manejo de insulina (88,5%), avaliação e tratamento de
diabético (80,8%), diagnóstico (76,9%) e prescrição de dieta (73,1%).
As características do manejo do paciente diabético concernente ao
exame físico, solicitação de exames complementares e plano terapêutico são
descritas na tabela 4, mostrando que, em relação ao exame físico, os itens mais
citados foram a aferição da pressão arterial, a ausculta cardíaca e o exame dos
pés, todos relatados por 65,4% dos entrevistados. Apenas 2 profissionais
referiram-se à execução de todos os itens recomendados pela SES/MG para a
consulta inicial. (SES/MG, 2006).
Quando perguntados sobre os exames complementares que costumavam
solicitar rotineiramente para acompanhamento dos pacientes diabéticos, 3
profissionais informaram solicitar todos os exames preconizados pela SES/MG. A
solicitação de hemoglobina glicada foi o exame mais relatado (96,2%), seguido de
glicemia jejum (88,5%).
Quanto ao plano terapêutico, 96,2% dos médicos prescrevem
hipoglicemiantes, 92,3% relataram prescrever dieta e 65,4% exercícios físicos aos
diabéticos por eles atendidos. A orientação antitabagismo foi referida por 34,6%
dos profissionais.
46
Tabela 4: Características do atendimento clínico e plano terapêutico do paciente diabético
realizados pelo profissional dico das Equipes de Saúde da Família em Montes Claros (MG),
2008.
Variável Freqüência (n) Porcentagem (%)
Dados do exame físico que são examinados:
Pesar
Sim
o
Medir
Sim
o
Aferir Pressão Arterial
Sim
o
Exame dos olhos
Sim
o
Exame dos pés
Sim
o
Ausculta cardíaca
Sim
o
Exame do abdome
Sim
o
Examina cavidade oral
Sim
o
Palpação tireóide
Sim
o
13
13
8
18
17
9
10
16
17
9
17
9
9
17
4
22
5
21
50
50
30,8
69,2
65,4
34,6
38,5
61,5
65,4
34,6
65,4
34,6
34,6
65,4
15,4
84,6
19,2
80,8
Exames Solicitados:
Glicemia Jejum
Sim
o
Hemoglobina glicada
Sim
o
Perfil lipídico
Sim
o
Creatinina
Sim
o
Microalbuminúria
Sim
o
Urinálise
Sim
o
ECG
Sim
o
23
3
25
1
16
10
12
14
8
18
9
17
3
23
88,5
11,5
96,2
3,8
61,5
38,5
46,2
53,8
30,8
69,2
34,6
65,4
11,5
88,5
Plano terapêutico:
Medicamento
Sim
o
Dieta
Sim
o
Exercício físico
Sim
o
Orientação anti-tabagismo
Sim
o
25
1
24
2
17
9
9
17
96,2
3,8
92,3
7,7
65,4
34,6
34,6
65,4
47
4. DISCUSSÃO
Avaliação da Estrutura
Dentro dos procedimentos previstos para o atendimento ao paciente
diabético, destaca-se, além de solicitação de exames complementares periódicos,
visitas domiciliares e atividades em grupo, a realizão de consulta médica e de
enfermagem (Minas Gerais, 2006). Neste estudo observou-se a realização de
consulta médica em todas as Equipes de Saúde da Família pesquisadas, exceto
as que se encontravam sem o profissional naquele momento, porém a consulta
de enfermagem, apesar de contar com respaldo legal e está preconizada pelos
protocolos não foi relatada por todas as equipes.
Com base no respaldo fornecido pela Resolução COFEN 159,
percebe-se que a Consulta de Enfermagem pode ser um excelente instrumento
para o controle de diversos agravos à saúde e problemas crônicos e
degenerativos.
Silva (1998) enfatiza que a implantação da consulta de enfermagem
requer mudanças na prática assistencial do enfermeiro, levando-o a compreender
sua complexidade enquanto atividade que necessita de metodologia própria e
objetivos definidos.
O atendimento programado, que, de acordo com a SES, deveria ser
realizado conforme a classificação de risco do diabético, foi mencionado por
apenas 3 equipes. A SES preconiza o atendimento ao diabético segundo a
classificação: usuários de insulina, não usuários de insulina com hipertensão, o
usuário de insulina sem hipertensão e sem tratamento medicamentoso,
estabelecendo a periodicidade das consultas e solicitação de exames baseados
48
nessa classificação, o que consequentemente leva a um acompanhamento mais
sistemático e baseado nas necessidades de cada grupo.
A maioria das equipes pesquisadas considerou o espaço físico da
unidade como satisfatório, porém a estrutura física neste trabalho foi considerada
adequada ou não, conforme a capacidade da unidade de ser compatível com a
realização das atividades propostas pelas Equipes de Saúde da Família, sendo
esta uma limitação do estudo, que, por motivos logísticos, não avaliou a estrutura
física, com verificação das instalações, observando tamanho, características e
checagem da presença de materiais e equipamentos.
O fornecimento de medicamentos, entre eles insulina e hipoglicemiantes
orais, não é realizado por todas as ESF. Nesse caso, o serviço é prestado pelo
centro de saúde de referência. Estudo realizado em serviço de atenção primária
demonstrou que a disponibilidade de medicamentos é um dos principais fatores
preditores de resolubilidade, na percepção dos pacientes pesquisados (Halal et
al., 1994).
A maioria das equipes pesquisadas relatou dificuldade para viabilizar os
encaminhamentos dos pacientes diabéticos a especialistas. A SES/MG coloca a
necessidade de encaminhamento dos pacientes diabéticos para cardiologia,
nefrologia, angiologia e outras especialidades, dentro de alguns critérios (Minas
Gerais, 2006). É necessário, entretanto, averiguar se a dificuldade referida pelas
equipes es relacionada à oferta de vagas ou à falta de critério do profissional em
realizar os encaminhamentos.
De acordo com Mcwhinney (1994), o médico de família deve ser um
gestor de recursos, controlando, dentre outros, o uso de exames complementares
e de envio dos pacientes a especialistas.
49
Outro fator limitante da qualidade do atendimento é o fato de todas as
equipes afirmarem não haver contra-referência dos serviços especializados, o que
es de acordo com o observado em outros trabalhos, como de Juliani et al.
(1999), onde foi constatado que a contra-referência é incipiente em relação aos
encaminhamentos para as especialidades e internações, permitindo afirmar que
praticamente inexistem, sendo os clientes que trazem alguma informação à
unidade de origem.
Avaliação do Processo
O processo do cuidado neste estudo foi baseado exclusivamente na
análise do atendimento médico, apesar de toda a equipe estar envolvida no
processo. Porém, fugiria ao escopo do trabalho avaliar a assistência prestada por
todos os membros da equipe, que seria muito variável de uma categoria para
outra.
O tempo de trabalho do profissional na ESF atual foi menos de 1 ano.
Mendes (2002) demonstra que o turnover de profissionais da atenção primária à
saúde é grande, o que compromete a existência de uma das principais
características necessárias ao cuidado primário – a Longitudinalidade, que é
definida por Starfield (2004. p 247) como “lidar com o crescimento e as mudanças
dos indivíduos ou grupos no decorrer de um período de anos”.
Em pesquisa realizada nos EUA, descobriu-se que os indivíduos com um
médico específico como sua fonte habitual de atenção receberam melhores
prescrições de condutas e exames preventivos, melhor uso dos serviços por parte
dos que apresentavam a saúde fragilizada e menos hospitalizões para
problemas ambulatoriais simples. (Lambrew, J. et al., 1996 apud Starfield 2004).
50
Apesar da grande maioria dos entrevistados utilizarem protocolo,
principalmente o da SES/MG, que está implantado em todas equipes, foi muito
variável a freqüência com que os médicos relataram a execução dos
procedimentos do exame físico e solicitações de exames.
Com relação ao exame físico, apenas 2 profissionais (7,6%) citaram
todos os itens preconizados; e a solicitação de todos dos exames estabelecidos
como necessários foi relatada por 3 profissionais ( 11,5%). Vale, nesse momento,
ressaltar que não há, na rede pública, restrição quanto à realização dos exames
preconizados. Apesar de ser pequeno o mero de profissionais que se referiram
à realização adequada desses aspectos do atendimento, o observado neste
estudo foi superior ao observado por trabalho em Pelotas (Assunção et al., 2001))
onde nenhum profissional solicitava todos os exames e apenas um se referiu à
execução de todos os itens do exame físico.
No presente estudo, por não terem sido realizadas a observação de
consultas e a verificação de prontuários, pode ter ocorrido sub ou superestimação
de alguns dados referentes ao manejo durante o atendimento.
Com relação ao tratamento e orientações recomendadas aos pacientes
diabéticos, temos a dieta como o item fundamental no tratamento de qualquer tipo
de diabetes. (Brasil, 1997).
Neste estudo, apenas 2 profissionais (7,7%) não mencionaram a
prescrição de dieta como um procedimento de manejo da consulta inicial, o que
difere dos 15% observados em Pelotas.
A orientação antitabagismo, no entanto, foi relatada com menor
freqüência, apenas 34% dos entrevistados disseram dar esta orientação aos
diabéticos tabagistas.
51
O risco de morbimortalidade prematura para complicações micro e
macrovasculares associado ao fumo é bem documentado (Brasil, 2001; Brasil,
2006) e tem como recomendação geral que a orientação para abandono do
tabagismo com ou sem uso de terapia farmacológica específica deve fazer parte
da rotina dos cuidados com pacientes portadores de diabetes.
Quanto aos encaminhamentos dos pacientes para atendimento em outro
serviço, temos como os principais motivos o diabetes tipo 1 e diabetes
descompensada, o que es diretamente relacionado com a principal
necessidade de aperfeiçoamento mais relatada pelo profissional.
Segundo o profissional entrevistado, a adesão dos pacientes diabéticos
ao tratamento prescrito é na maioria média, seguido de baixa, fato que foi
considerado pelos profissionais como o principal entrave no acompanhamento
dos pacientes pelo serviço.
A falta de adesão ao tratamento, ou seja, a dificuldade do paciente em
usar a medicação prescrita, seguir a dieta ou modificar seu estilo de vida, de
acordo com as orientações da equipe multidisciplinar, é um problema frequente
na prática clínica. Estima-se que apenas 1/3 dos pacientes tem adesão adequada
ao tratamento (Valle et al., 2000).
Quanto à satisfação do profissional no atendimento aos pacientes na
ESF, foi considerada alta apenas por 11% dos entrevistados.
A satisfação do profissional tem sido sugerida como uma dimensão
importante da avaliação da qualidade dos serviços de saúde e está diretamente
associada à melhor qualidade da relação com o paciente e com uma expectativa
prognostica mais favorável (Halal et al., 1994).
52
De acordo com os dados apresentados, alguns itens da estrutura e do
processo para o cuidado aos pacientes diabéticos fogem do preconizado, sendo
observada, assim, uma necessidade de melhoria nos processos estruturais e
organizacionais das equipes e um manejo do paciente, utilizando, de forma mais
efetiva, os protocolos preconizados. Pois, já se têm evidências de que uma
estrutura adequada aumenta a probabilidade de um processo adequado e isso
reflete um aumento da probabilidade de bons resultados aos pacientes.
53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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54
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tratamento. Revista Brasileira de Clínica Terapêutica. 2000; 26(3)83 – 6.
55
ARTIGO 2
FATORES ASSOCIADOS AO NÃO CONTROLE GLICÊMICO E
CARACTERÍSTICAS DOS PACIENTES DIABÉTICOS ATENDIDOS PELAS
EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE MONTES CLAROS - MG
Associated factors of non-glycemic control and characteristics of the diabetic
patients treated by the team of the Family Health in Montes Claros – MG.
RESUMO:
O Diabetes Mellitus vem se tornando um dos principais problemas de saúde
pública no Brasil. Portanto, conhecer os fatores que influenciam no controle dessa
doença é uma importante necessidade para as proposições que buscam
aprimorar a qualidade da atenção à saúde de seus portadores. Diante disso, o
presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de descrever as características
dos pacientes diabéticos atendidos pela Estratégia Saúde da Família e os fatores
que estão relacionados com o controle glicêmico desse paciente. Trata-se de um
estudo transversal, em que foram pesquisados 313 pacientes diabéticos maiores
de 20 anos, cadastrados nas equipes da Estratégia Saúde da Família. A cada
indivíduo selecionado, foi aplicado um questionário com o objetivo de obter
informações referentes às características demográficas e socioeconômicas da
doença, do tratamento e da utilização do serviço. Além disso, foram aferidas a
pressão arterial, a circunferência abdominal, a glicemia capilar e o IMC. O
controle glicêmico insatisfatório esteve presente em 45% dos entrevistados. Após
análise multivariada, observou-se associação do controle insatisfatório da
glicemia com as características do paciente: analfabetismo, uso de insulina, não
realização de dieta e IMC maior ou igual a 30. Os resultados mostram,
principalmente, uma necessidade de aperfeiçoamento do manejo dos pacientes
usuários de insulina e intensificação das ações que incentivem a realização da
dieta e o controle do peso.
Palavras-chave: Diabetes mellitus. Avaliação de serviços de saúde. Atenção
primária à sde.
56
ABSTRACT:
Associated factors of non-glycemic control and characteristics of the diabetic
patients treated by the team of the Family Health Strategy in Montes Claros, Minas
Gerais. Diabetes mellitus is becoming one of the major public health problems in
Brazil. Therefore knowing the factors that influence the control of this disease, it is
an important need for the purposes that seek to improve the quality of health care
to its carriers. Facing it, the present study was developed with the objective of
describing the characteristics of the diabetic patients served by the Family Health
Strategy and the factors that are related to glycemic control of the patient. It is a
cross-sectional study, which surveyed 313 diabetic patients, age: 20 years old and
over, registered in teams of the Family Health Strategy. To each selected
individual was applied a questionnaire in order to obtain information concerning to
the demographic, socioeconomic characteristics the disease, the treatment, and
the use of the service. In addition, it was measured the blood pressure, the waist
circumference, the CBG and BMI. The poor glycemic control was present in 45%
of the interviewed. After multivariate analysis, it was observed a significant
association of poor control of blood glucose with the characteristics of the patient:
illiteracy, use of insulin, no use of a diet and BMI greater than or equal to 30. The
results show mainly to a need for improving the management of patients and users
of insulin, intensifying the actions that encourage the implementation of the diet
and weight control.
Key-words: Diabetes mellitus; evaluation of health services; primary health care.
57
INTRODUÇÃO
De acordo com definição do Ministério da Saúde, o Diabetes Mellitus é
uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou
incapacidade da insulina exercer adequadamente seus efeitos. Caracteriza-se por
hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídeos e
proteínas. As conseqüências do Diabetes Mellitus, a longo prazo, incluem
disfunção e falência de vários órgãos, especialmente rins, olhos, nervos, coração
e vasos sanguíneos
(1)
.
A Organização Mundial da Saúde estimou que, após 15 anos de doença,
2% dos indivíduos acometidos apresentarão cegueira e 10%, deficiência visual
grave. Além disso, estimou que, no mesmo período de doença, 30% a 45%
apresentarão algum grau de retinopatia, 10% a 20%, de nefropatia, 20% a 35%,
de neuropatia e 10% a 25%, de doença cardiovascular
(2)
.
No Brasil, o estudo Multicêntrico sobre Prevalência de Diabetes Mellitus
encontrou uma prevalência geral da doença de 7,6% em pessoas de 30 a 69 anos
(3)
.
Para a Sociedade Brasileira de Diabetes, o Diabetes Mellitus é um
problema de importância crescente em saúde pública. Sua incidência e
prevalência eso aumentando e alcançam proporções epidêmicas. Está
associado a complicações que comprometem a produtividade, a qualidade de
vida e a sobrevida dos indiduos. Além disso, acarreta altos custos para o
controle metabólico e tratamento de suas complicões
(4)
.
Como medida para minimizar esse problema, é descrito que o controle
metabólico rigoroso associado a medidas preventivas e curativas relativamente
58
simples são capazes de prevenir ou retardar o aparecimento das complicações
crônicas do Diabetes Mellitus, resultando em melhor qualidade de vida ao
indivíduo diabético
(4)
.
Dentre as formas de enfrentamento ao diabetes atualmente
desenvolvidas no Brasil, destaca-se o trabalho do Saúde da Família, que é uma
estratégia que visa à reorganização da atenção básica à saúde com uma
proposta centrada na promão da qualidade de vida e intervenções nos fatores
que colocam em risco a sde dos indiduos, permitindo a identificação mais
acurada e o melhor acompanhamento dos indivíduos portadores de doenças
crônicas
(5,6)
.
Visando à melhoria do estado de saúde dos diabéticos, que na maioria
dos achados descritos, não se encontra satisfatória
(7,8)
, torna-se necessário o
conhecimento da situação atual dos pacientes diabéticos, sendo esta elemento
essencial para o estabelecimento de metas e condutas que atendam à população
de maneira efetiva.
Diante disso, o presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de
descrever as características dos pacientes diabéticos atendidos pelas Equipes de
Saúde da Família (ESF) e os fatores que estão relacionados ao controle glicêmico
desses pacientes, pois conhecer os fatores que influenciam no controle desta
doença é uma importante necessidade para as proposições que buscam
aprimorar a qualidade da atenção à saúde de seus portadores.
59
MÉTODO
Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, realizado em Montes
Claros – MG, no período entre abril e julho de 2008.
Foi realizado inquérito domiciliar, onde foram pesquisados pacientes
diabéticos, com idade acima de 20 anos e que estavam sendo acompanhados
pelas Equipes Saúde da Família estudadas no mínimo 1 ano. Os pacientes
foram identificados através do cadastro de diabéticos realizado pelo Agente
Comunitário de Saúde – ACS.
A cada indivíduo selecionado foi aplicado um questionário com o objetivo
de obter informões referentes às características demográficas e
socioeconômicas da doença e do tratamento. Além disso, foram aferidas a
pressão arterial, a circunferência abdominal e a glicemia capilar, além do peso e
da altura para o cálculo do IMC.
A medida da pressão arterial foi coletada com os entrevistados sentados,
em repouso, utilizando esfigmomanômetro calibrado do tipo aneróide, através do
método palpatório e auscultatório
(9)
. Foi utilizada a média do valor aferido uma
vez em cada braço. Os veis tensionais em mmHg considerados normais,
aceitáveis e insatisfatórios foram, respectivamente, <140/90, <160/95 e >160/95
(10)
.
A medida da circunferência abdominal foi definida como o menor
diâmetro entre o rebordo costal e as cristas ilíacas ântero superiores e aferida no
vel da linha axilar média, considerando, para homens: sem risco <94, risco
moderado >94, alto risco > 102; e para mulheres: sem risco <80, risco moderado
>80 e alto risco > 88
(11)
.
60
O IMC foi calculado com a relação peso em quilogramas sobre a altura
em metros ao quadrado. Todos os pacientes foram pesados sem sapatos e com
roupas leves em balança portátil, com capacidade de 120 kg e a altura foi medida
com os pacientes descalços, com os pés paralelos e tornozelos unidos e de
costas para uma parede onde foi fixada uma fita métrica a 1 metro do chão.
Consideraram-se os seguintes resultados de IMC: normal até 24,9, sobrepeso de
25,0 a 29,9 e obeso > 30
(11)
.
A glicemia capilar foi medida com aparelho glicosímetro da marca Accu-
check Active, que faz a determinação da glicose no sangue capilar fresco. Esse
aparelho é capaz de detectar glicemias capilares situadas entre 10 a 600 mg/dL.
O desfecho de interesse (variável dependente) foi definido em fuão do
resultado da glicemia capilar. O ponto de corte utilizado para glicemia capilar ao
acaso foi menor ou igual a 180 mg/dL
(12)
.
Para o cálculo do tamanho da amostra, utilizou-se um erro amostral de
0,05, um nível de confiança de 95% e uma estimativa da prevalência de controle
do diabetes de 50%
(7)
, e acrescentando 10% de taxa de não resposta, totalizando
uma amostra de 329 pacientes diabéticos.
Os diabéticos que participaram da amostra foram selecionados através
da amostragem aleatória simples, proporcional à população de diabéticos de cada
ESF pesquisada.
Os dados coletados foram codificados e digitados em banco de dados
específico no Programa Statistical Package for the Social Sciences - SPSS,
versão 15.0
®
. A relação entre os fatores pesquisados e o controle da glicemia foi
avaliada inicialmente por análise bivariada, utilizando o teste Qui-quadrado e,
posteriormente, foram selecionadas aquelas variáveis que se mostraram
61
significativas até o nível de 20% (p < 0,20) para análise multivariada. Utilizou-se o
modelo Regreso de Poisson para estimativa da razão de prevancia,
admitindo-se um nível de significância de 5% e assumindo um intervalo de
confiança de 95%.
RESULTADOS
Da amostra de 329 diabéticos selecionados para o estudo, 2 recusaram-
se a participar, e 14 não foram encontrados após duas visitas em horários e dias
diferentes, o que resultou em um total de 4,8% de perdas e recusas, o que o
compromete a fidedignidade da amostra, uma vez que esta foi calculada
considerando uma porcentagem de 10% de não resposta. Foram, portanto,
entrevistados 313 pacientes diabéticos.
Os pacientes diabéticos eram predominantemente do sexo feminino
(80,2%) cuja idade variou de 24 a 98 anos, com mediana de 61 anos, sendo a
faixa etária mais prevalente de 50 a 59 anos (34,2%). O estado civil casado ou
vivendo com companheiro foi característica de 60,4% dos entrevistados. Quanto à
escolaridade, 38,7% dos pacientes eram analfabetos e dos que estudaram, a
maioria (59,4%) estudou até 4 anos.
Como fonte renda, 33,6% dos entrevistados tinham a aposentadoria,
seguidos de 28,4% que relataram não ter fonte de renda própria e 15% eram
pensionistas. A renda familiar observada foi (38%) de 2 salários mínimos.
A tabela 1 apresenta as características dos pacientes diabéticos quanto à
sua doença. Podemos observar que o tempo de diagnóstico de diabetes foi
menos de 5 anos para 41,9% dos entrevistados e a presença de diabetes na
família foi relatado por 50,2%, destes, a maioria (47,1%) citou a presença do
62
diabetes em irmãos. O uso de insulina foi referido por 16,3% dos diabéticos e os
hipoglicemiantes orais eram utilizados por 83,1 %. A presença de ferimentos nos
pés foi relatada por 16,9% dos entrevistados. Destes, a maioria (58,5%) informou
que o tempo de cicatrização foi inferior a 3 meses. Além disso, a amputação foi
relatada por 12 entrevistados.
Tabela 1: Características dos pacientes diabéticos quanto à sua doença. Montes Claros (MG),
2008.
Variável
Freqüência (n)
Porcentagem (%)
Tempo de diagnóstico de diabetes
Menos de 5 anos
6 a 10 anos
11 a 20 anos
Acima de 20 anos
131
77
78
27
41,9
24,6
24,9
8,6
Diabetes na família
Sim
Não
Não sabe
157
95
61
50,2
30,4
19,5
Quem tem diabetes na família
Pais
Irmãos
Tios
Filhos
Avós
62
74
15
3
5
39,4
47,1
9,5
1,9
3,1
Uso de insulina
Sim
Não
51
262
16,3
83,7
Tempo de uso de insulina
Até 1 ano
2 a 4 anos
5 a 10 anos
Acima de 10 anos
14
20
13
4
27,4
39,2
25,4
7,8
Uso de medicação oral
Sim
Não
260
53
83,1
16,9
Ferimento nos pés
Sim
Não
53
260
16,9
83,1
Tempo de cicatrizão
Menos de 3 meses
3 meses a 1 ano
2 a 3 anos
Acima de 3 anos
31
15
5
2
58,5
28,3
9,4
3,8
Amputação
Sim
Não
12
301
3,8
96,2
63
Com relação aos dados referentes às orientações e condutas feitas pela
equipe de Saúde da Família, bem como o seguimento dessas orientações pelos
pacientes, observou-se que, quando perguntados sobre orientações alimentares
recebidas pela ESF, 92,3% dos entrevistados informou recebê-las, porém a
realização de dieta foi mencionada apenas por 54% dos entrevistados. Dos
entrevistados, 8,3% eram tabagistas, dentre eles, 69,2% informaram ter recebido
orientações antitabagismo pela ESF. A orientação para realização de atividade
física foi relatada por 91,7%, porém apenas 27,8% realizam algum tipo de
atividade física, geralmente a caminhada (70,1%).
A tabela 2 demonstra as características dos pacientes diabéticos quanto
à utilização dos serviços e percepção da assistência prestada pela ESF. O tempo
que de acompanhamento do paciente pela ESF foi (36,1%) de 3 a 4 anos. A
obtenção tanto de insulina quanto de hipoglicemiantes orais acontece
normalmente (60,8%) no Centro de Saúde. A participação em grupo para
diabéticos foi definida como satisfatória por 47,6% dos entrevistados. A procura
de outro local para consultar foi relatada por 31% dos entrevistados. Destes,
48,5% informou procurar consultório médico particular.
Quanto ao agendamento das consultas na ESF, 51,4% relataram ter
dificuldade para realizá-lo e, 87,9% não têm a data do retorno definida na
consulta. A dificuldade para o agendamento de encaminhamentos para consultas
e exames especializados foi informada por 53,7% dos entrevistados.
Quando perguntados se consultam sempre com o mesmo médico na
ESF, 50,8% informaram que o. O grau de satisfação com o trabalho prestado
pela ESF foi relatado como alto por 55% dos entrevistados, e, quando
64
perguntados sobre a necessidade de melhoria no PSF, 124 entrevistados citaram
agendamento de consulta.
Tabela 2: Características dos pacientes diabéticos quanto à utilização dos serviços e percepção
da assistência prestada pelas Equipes de Saúde da Família em Montes Claros (MG), 2008.
Variável Freqüência (n) Porcentagem (%)
Tempo de consulta no PSF
1 a 2 anos
3 a 4 anos
5 a 6 anos
Acima de 6 anos
34
113
75
91
10,9
36,1
24
29
Onde obtém medicamentos
PSF
Centro de saúde
Compra com recursos próprios
99
175
14
34,4
60,8
4,8
Grupo para diabéticos
Sempre
o
Às vezes
149
31
133
47,6
9,9
42,4
Procura outro local para consultar
Sim
o
97
216
31
69
Qual local procura para consultar
Centro de Saúde
Policlínica
Pronto socorro/ pronto atendimento
Consultório particular
9
29
12
47
9,2
29,9
12,4
48,5
Quando consulta, agenda o retorno
Sim
o
38
275
12,1
87,9
Dificuldade para agendar consulta
Sim
o
Às vezes
161
107
45
51,4
34,2
14,4
Dificuldade para agendar encaminhamentos
Sim
o
Às vezes
168
112
33
53,7
35,8
10,5
Consulta sempre com o mesmo médico
Sim
o
154
159
49,2
50,8
Grau de Satisfação
Alto
Médio
Baixo
172
101
40
55
32,3
12,8
Necessidade de melhoria
o precisa melhorar
Aumentar o número de visitas domiciliares
Agendamento de consultas
Qualidade do atendimento
Agendamento de encaminhamentos e exames
Diminuir rotatividade dos médicos
Ter médico especialista
Qualidade do trabalho do ACS
Aumentar os cuidados domiciliares
Oferecer medicamentos
Organização do atendimento
o faltar medicamento
Agendamento de consultas, exames e encaminhamento
IGN
41
23
124
35
22
4
2
9
4
1
2
2
2
42
13,1
7,3
39,6
11,2
7,0
1,3
,6
2,9
1,3
,3
,6
,6
,6
13,4
65
A tabela 3 mostra os dados clínicos dos pacientes diabéticos: 43,5% dos
entrevistados tinham a pressão arterial fora do padrão de normalidade no
momento da coleta dos dados, 45% estavam com o valor de glicemia
insatisfatório; o IMC encontrado em 46,4% dos entrevistados foi sobrepeso e a
circunferência abdominal dos entrevistados foi na sua maioria (63,7%) alto risco.
Vale, neste momento, salientar que, da amostra de 313 pacientes diabéticos
pesquisados, 9 não possuíam condições de ter sua circunferência abdominal,
peso e estatura verificados devido ao fato de serem acamados.
Tabela 3: Características dos pacientes diabéticos atendidos pelas Equipes de Saúde da Família,
quanto aos dados clínicos e de controle da doença. Montes Claros (MG), 2008.
Associação das variáveis com o não controle da glicemia
A análise bivariada evidenciou associação do controle insatisfatório da
glicemia apenas com as seguintes características dos pacientes: analfabetismo,
uso de insulina, não realização de dieta, IMC insatisfatório (maior ou igual a 30 -
obeso) e circunferência abdominal maior ou igual a 102 em homens e maior ou
Variável
Freqüência (
n)
Porcentagem (%)
IMC
Normal
Sobrepeso
Obeso
72
142
92
23,6
46,4
30
Circunferência abdominal
Sem risco
Risco moderado
Alto risco
21
90
195
6,9
29,4
63,7
Preso arterial
Normal
Aceitável
Insatisfatório
177
61
75
56,5
19,5
24
Glicemia capilar
Aceitável
Insatisfatório
172
141
55
45
66
igual a 88 em mulheres (alto risco), todas elas com o nível de significância
estatística p<0,05 (tabela 4).
Para a análise multivariada, além dessas variáveis descritas, foram
selecionadas aquelas que também apresentaram associação com o não controle
da glicemia, com o nível descritivo de a20% (p<0,20), quais sejam: internação
consequente do diabetes (p=0,18) e pressão arterial insatisfatória (p=0,15).
Para a análise multivariada, algumas variáveis foram dicotomizadas em
apenas 2 categorias, optando-se por pontos de corte matematicamente mais
viáveis, favorecendo um melhor ajuste para o modelo de regressão.
Na tabela 5, encontram-se os resultados da análise multivariada. Nela se
mantiveram associadas ao não controle da glicemia com p<0,05 as variáveis:
analfabetismo, uso de insulina, não realização de dieta, IMC insatisfatório (maior
ou igual a 30).
67
Variável
Controle
aceitável
n %
Controle
insatisfatório
n %
p
RP
(IC=95%)
Sexo
Masculino
Feminino
34
138
54,8
55
28
113
45,2
45
0,98
1,00 (0,74 – 1,37)
Idade
60 anos acima
20 a 59 anos
86
86
56,2
53,8
67
74
43,8
46,3
0,66
0,95 (0,74 – 1,21)
Estado Civil
Solteiro, separado ou viúvo
Casado ou vive com o companheiro
70
102
56,5
54
54
87
43,5
46
0,67
0,95 (0,74- 1,22)
Alfabetizado
Não
Sim
52
120
42,3
63,2
71
70
57,7
36,8
0,00
1,57 (1,23 – 1,99)
Anos estudados
Até 4 anos
5 a 8 anos
9 anos acima
81
39
11
64,3
62,9
52,4
45
23
10
35,7
37,1
47,6
0,53
0,75 (0,45 - 1,24)
0,78 (0,45 – 1,38)
Fonte de renda
Não tem renda própria
Tem fonte de renda
47
125
52,8
55,8
42
99
47,2
44,2
0,63
1,07 (0,82 – 1,39)
Valor da renda
Até 2 salários mínimos
3 salários acima
114
58
55,6
53,7
91
50
44,4
46,3
0,96
0,96 (0,74 – 1,24)
Tempo de consulta
1 a 2 anos
3 anos acima
31
141
58,5
54,2
22
119
41,5
45,8
0,57
0,91 (0,64 – 1,28)
Anos de diagnóstico de diabetes
Acima de 10 anos
Até 10 anos
49
123
46,7
59,1
56
85
53,3
40,9
0,31
1,30 (1,02 – 1,66)
Uso de insulina
Sim
Não
16
156
31,4
59,5
35
106
68,6
40,5
0,00
1,70 (1,34 – 2,15)
Uso de hipoglicemiante oral
Não
Sim
33
139
62,3
53,5
20
121
37,7
46,5
0,24
0,81 (0,56 – 1,17)
Faz dieta
Não
Sim
63
109
43,8
64,5
81
60
56,3
35,5
0,00
1,58 (1,24 – 2,03)
Fuma
Sim
Não
16
156
61,5
54,4
10
131
38,5
45,6
0,49
0,84 ( 0,51 – 1,39)
Faz exercício sico
Não
Sim
123
49
54,4
56,3
103
38
45,6
43,7
0,76
1,04 (0,79 – 1,38)
Dificuldade para marcar consulta no PSF
Sim
Às vezes
Não
90
26
56
55,9
57,8
52,3
71
19
51
44,1
42,2
47,7
0,78
0,93 (0,71 – 1,20)
0,89 (0,60 – 1,31)
Dificuldade para agendar exames e encaminhamentos
Sim
Às vezes
Não
94
17
61
56
51,5
54,5
74
16
51
44
48,5
45,5
0,89
0,97 (0,74 – 1,26)
1,07 (0,71 – 1,60)
Internação conseqüente ao diabetes
Sim
Não
13
159
43,3
56,2
17
124
56,7
43,8
0,18
1,29 (0,92 – 1,82)
Satisfação do paciente
Baixa
Média
Alta
23
57
92
57,5
56,4
53,5
17
44
80
42,5
43,6
46,5
0,84
0,91 (0,61 – 1,36)
0,94 (0,71 – 1,23)
Pressão arterial
Insatisfatório
Aceitável
Normal
37
40
95
49,3
65,6
53,7
38
21
82
50,7
34,4
46,3
0,15
1,09 (0,83 – 1,44)
0,74 (0,51 – 1,09)
IMC
Insatisfatório
Aceitável
Normal
31
89
47
33,7
62,7
65,3
61
53
25
66,3
37,3
34,7
0,00
1,91 (1,35 – 2,70)
1,08 (0,73 – 1,58)
Circunferência abdominal
Alto risco
Risco moderado
Sem Risco
96
58
13
49,2
64,4
61,9
99
32
8
50,8
35,6
38,1
0,04
1,33 (0,76 – 2,33)
0,93 (0,51 – 1,72)
Tabela 4:
Associação entre as variáveis referentes às características dos pacientes diabéticos e o
controle da glicemia, análise bivariada (Modelo de Poisson); Montes Claros (MG), 2008.
68
Tabela 5: Resultado da análise multivariada (modelo de Poisson) para os fatores relacionados ao
não controle glicêmico dos pacientes diabéticos atendidos pelas Equipes de Saúde da Família;
Montes Claros(MG), 2008.
DISCUSSÃO
O presente estudo apresenta algumas limitações, e a principal está
relacionada ao fato de não ter sido utilizado como medida de verificação de
controle glicêmico a hemoglobina glicosilada ou glicemia de jejum (laboratorial),
por motivos logísticos e financeiros.
Alguns artigos citam o uso de monitores de glicemia capilar como limitação,
devido a alguns fatores que podem interferir na validade do resultado, como
alterações extremas no hematócrito e variações na temperatura e umidade
ambientais. Como o sangue capilar é uma mistura de sangue venoso e arterial, a
concentração de glicose medida pode ser um pouco mais alta do que a que se
verificaria no sangue venoso
(13)
.
Apesar disso, alguns estudos demonstraram que a glicemia capilar é
bastante útil em estudos de base populacional, e no monitoramento do diabetes, é
Variável
p
RP
(IC=95%)
Alfabetizado
Não
Sim
0,00
1,86 (1,47 – 2,34)
1
Uso de insulina
Sim
Não
0,00
1,88 (1,50 – 2,35)
1
Realização de dieta
Não
Sim
0,04
1,28 (1,00 – 1,64)
1
IMC
Insatisfatório
Aceitável
0,00
1,60 (1,27 – 1,99)
1
69
um grande avanço. Frequentemente realizada com amostras coletadas em ponta
de dedo, é imprescindível no controle do diabetes mellitus e de substancial
importância na avaliação do paciente diabético
(3, 14, 15)
.
Acredita-se que a medida da glicemia capilar ao acaso refletiu o controle
do paciente no momento da entrevista.
A prevalência do não controle glicêmico encontrada neste estudo foi de
45%, o que se aproxima dos 50% encontrado em estudo sobre a atenção primária
em diabetes em Pelotas – RS
(7)
.
Com relação a algumas características mais relevantes dos diabéticos, é
documentado que os problemas com os pés representam uma das mais
importantes complicações crônicas do diabetes. A ulceração é a causa mais
comum de amputações o traumáticas de membros inferiores, ocorrendo em
15% dos diabéticos e é responsável por 6% a 20% das hospitalizações
(16)
.
Foi encontrado neste trabalho 16,9% dos entrevistados com história de
ferimentos nos pés. Vieira Santos et al
(17)
, em pesquisa sobre prevalência de
diabético, observou uma prevalência de 9%. Nesse sentido, tal resultado é
significativamente relevante quando se associa a ocorrência de diabético a
uma possível amputação. Esse fato determina graves prejuízos sociais na
qualidade de vida da população acometida.
Outra característica predominante dos diabéticos é a hipertensão arterial,
que esteve presente em 43% dos entrevistados neste estudo; fato concordante
com a literatura, ao afirmar que a hipertensão arterial é cerca de duas vezes mais
frequente entre os pacientes diabéticos quando comparado à população geral. A
doença cardiovascular é a principal responsável pela redução da sobrevida de
diabéticos, sendo a causa mais frequente de mortalidade
(18)
.
70
Com relação à utilização dos serviços, menos da metade dos
entrevistados mencionaram a procura de outro local para consultar, porém 50,5%
dos pacientes informaram não consultar sempre com o mesmo médico na ESF.
é documentado que o turnover de profissionais da atenção primária à
saúde é grande
(19)
, o que compromete a existência de uma das principais
características necessárias ao cuidado primário – a Longitudinalidade, que é
definida por Starfield
(20)
, como “lidar com o crescimento e as mudanças dos
indivíduos ou grupos no decorrer de um período de anos”.
Em pesquisa realizada nos EUA, descobriu-se que os indivíduos com um
médico específico como sua fonte habitual de atenção, receberam melhores
prescrições de condutas e exames preventivos, melhor uso dos serviços por parte
dos que apresentavam a saúde fragilizada e menos hospitalizações para
problemas ambulatoriais simples
(21)
.
Apesar de ter sido grande o número de pacientes que mostraram ter
dificuldade para agendar consultas e encaminhamentos, o grau de satisfação com
a assistência prestada pela ESF foi alto para a maioria dos entrevistados (55%),
assim como em pesquisa realizada em o Paulo
(22)
, que mostrou uma grande
proporção de pacientes satisfeitos (68,8%), apesar de relatarem algumas
dificuldades, principalmente relativas à falta de medicão.
Quanto à associação das variáveis pesquisadas com o valor da glicemia,
observou-se que a associação do não controle glicêmico com o analfabetismo
não foi demonstrada em outros estudos realizados com diabéticos no Brasil. No
entanto, os resultados de um inquérito de Saúde da Região Metropolitana de Belo
Horizonte
(23)
, realizado com 13.851 adultos participantes, utilizando a
escolaridade como indicador da situação socioeconômica, são coerentes com
71
essas observações. Eles revelaram que os idosos com pior escolaridade, bem
como os mais jovens, eram mais sedentários e ingeriam menos frutas, verduras
ou legumes frescos.
A escolaridade é avaliada como pressuposto para o entendimento da
capacidade de autocuidado, como padrão alimentar, controle de peso,
intervenção oportuna em caso de doenças e abstração das orientações dadas por
profissionais de saúde.
Estudo europeu realizado por Goudswaard
(24)
encontrou associação
entre menor escolaridade com o mau controle da glicemia.
É importante salientar que, neste estudo, a prevalência de analfabetismo
foi de 38,7%, enquanto o último censo do IBGE
(25)
encontrou uma taxa de
analfabetismo de 13,3% na população adulta acima de 15 anos, e 35,2% nos
idosos. Como a maior parte da amostra deste estudo é composta por pessoas de
50 a 59 anos de idade, percebemos uma prevalência de analfabetismo superior à
esperada.
Com relação ao uso de insulina, observamos 16,3% dos diabéticos da
amostra fazendo uso desse tipo de tratamento. Levando em consideração que a
amostra estudada foi composta de diabéticos tipo 1 e 2, não sendo feita
discriminação entre eles, não pode se precisar a prevalência do uso de insulina
em cada um desses extratos, porém, segundo o Ministério da Saúde
(26),
é um
consenso internacional de que cerca de 25% dos diabéticos tipo 2 requerem o
uso de insulina para controle metabólico. No Brasil, essa proporção é de
cerca de 8%, o que provavelmente indica a falta de preparação entre os médicos
para prescrever insulina para esses doentes, bem como relutância dos pacientes
em usar este tipo de medicão
(27, 28)
.
72
O uso de insulina, na pesquisa, esteve associado ao não controle
glicêmico, o que é consistente com resultados de outros estudos
(24, 29)
, que
mostram este achado refletindo tanto no agravamento do diabetes ao longo do
tempo, bem como na insuficiência no esquema terapêutico aplicado para atingir
as metas de atendimento.
A orientação nutricional, inclusive com observação da qualidade e
quantidade de carboidratos, valorizando também o índice glicêmico dos
alimentos, e exercício físico compõem a base do tratamento do paciente diabético
(30)
.
Nesse estudo, 92,3% dos entrevistados afirmaram ter recebido
orientações alimentares dadas pela ESF, porém 54% dos diabéticos não fizeram
a dieta. Destes, 81% estavam com o controle glicêmico insatisfatório.
Com relação à obesidade, resultados de diversos inquéritos
populacionais mostram que a incidência de diabetes aumenta com a média de
peso da população
(31)
, e evidências sugerem que mesmo uma redução de 5 a
10% no peso corporal melhora a tolerância à glicose
(32)
.
Este estudo evidenciou, nos diabéticos, uma prevalência de 76% de
indivíduos com IMC alterado, sendo 46,4% sobrepesos e 30% obesos, o que está
de acordo com estudo multicêntrico nacional realizado com pacientes diabéticos
que identificou 75% dos entrevistados fora do peso ideal
(33)
.
Diante dos resultados expostos, vê-se, primordialmente, uma
necessidade dos serviços se aperfeiçoarem no manejo dos pacientes usuários de
insulina, no atendimento aos pacientes sem escolaridade e intensificarem as
ões que incentivem o autocuidado, o que engloba, dentre outras coisas, a
realização da dieta e o controle do peso pelos diabéticos.
73
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76
OUTROS RESULTADOS
NÃO CONTEMPLADOS
NOS ARTIGOS
77
5. OUTROS RESULTADOS NÃO CONTEMPLADOS NOS ARTIGOS
Associação entre as variáveis referentes à estrutura e o controle da glicemia
Controle
aceivel
Controle
insatisfatório
Variável
n % n %
p
RP
(IC=95%)
Profissionais que atendem diabéticos
Médico
Médico e enfermeiro
87
85
56,5
53,5
67
74
43,5
46,5
0,59
0,94 (0,73 – 1,20)
Forma de agendamento
Livre demanda
Grupo de diabéticos
Agente Comunitário de Saúde
Acolhimento
Atendimento Programado
7
7
66
75
17
63,6
46,7
55,9
54
56,7
4
8
52
64
13
36,4
53,3
44,1
46
43,3
0,93
0,84 (0,35 – 2,03)
1,23 (0,66 – 2,30)
1,02 (0,64 – 1,61)
1,06 (0,68 – 1,67)
Grupo de atividade física
Não
Sim
116
56
54,7
55,4
96
45
45,3
44,6
0,90
1,02 (0,78 – 1,32)
Classificação de risco
Não
Sim
117
55
54,9
55
96
45
45,1
45
0,99
1,00 (0,77 – 1,30)
Número de diabéticos cadastrados
Acima de 50
Até 50
92
80
55,8
54,1
73
68
44,2
45,9
0,76
0,96 (0,75 – 1,23)
Porcentagem de diabéticos atendidos
Até 50 %
Acima de 50 %
141
31
55,1
54,4
115
26
44,9
45,6
0,92
0,99 (0,72 – 1,34)
Dificuldade para agendar encaminhamentos
Sim
Não
157
15
55,1
53,6
128
13
44,9
46,4
0,88
0,97 (0,64 – 1,47)
Disponibilidade de material educativo
Não
Sim
116
56
55,5
53,8
93
48
44,5
46,2
0,78
0,96 ( 0,75 1,25)
Espaço adequado para grupos
Não
Sim
81
91
56,3
53,8
63
78
43,8
46,2
0,70
0,95 (0,75 – 1,21)
Espaço adequado para atendimentos
Não
Sim
44
128
52,4
55,9
40
101
47,6
44,1
0,58
1,08 (0,83 – 1,410
Suprimento de tiras reativas suficientes
Às vezes
Sempre
47
125
58,8
53,6
33
108
41,3
46,4
0,43
0,89 ( 0,66 1,20)
Tabela 1
:
Associação entre as variáve
is refere
ntes à estrutura dos serviços e
o controle da glicemia,
análise bivariada (Modelo de Poisson); Montes Claros (MG), 2008.
78
Associação entre as variáveis referentes ao processo e o controle da glicemia
Controle
aceivel
Controle
insatisfatório
Variável
n % n %
p
RP
(IC=95%)
Tempo de formação do profissional
Menos de 2 anos
De 2 a 5 anos
Acima de 5 anos
39
62
54
52,7
60,2
55,7
35
41
43
47,3
39,8
44,3
0,59
1,07 (0,77 – 1,45)
0,90 (0,65 – 1,30)
Tempo de trabalho no PSF
Menos de 2 anos
Acima de 2 anos
97
58
57,7
54,7
71
48
42,3
45,3
0,62
0,93 (0,71 – 1,22)
Residência em saúde da família
Não
Sim
59
96
58,4
55,5
42
77
41,6
44,5
0,64
0,93 (0,70 – 1,24)
Segue protocolo
Não
Sim
17
138
56,7
56,6
13
106
43,3
43,4
0,99
0,99 (0,65 -1,53)
Protocolo seguido
SES
MS
SES e MS
14
111
14
51,9
57,8
53,8
13
81
12
48,1
42,2
46,2
0,80
1,04 (0,60 – 1,85)
0,91 (0,56 – 1,43)
Treinamento em diabetes
Não
Sim
35
120
53,8
57,4
30
89
46,2
42,6
0,61
1,08 (0,80 – 1,48)
Exame sico
Incompleto
Completo
139
16
55,2
72,7
113
6
44,8
27,3
0,11
1,64 (0,82 – 3,30)
Prescrição de dieta
Não
Sim
6
149
54,5
56,7
5
114
45,5
43,3
0,89
1,04 (0,54 – 2,03)
Orientação para realização de atividade física
Não
Sim
58
97
61,1
54,2
37
82
38,9
45,8
0,28
0,85 (0,63 – 1,14)
Orientação anti-tabagismo
Não
Sim
107
48
58,5
52,7
76
43
41,5
47,3
0,88
0,88 (0,67 – 1,16)
Solicitação de exames laboratoriais
Incompleta
Completa
133
22
54,7
71,0
110
9
45,3
29,0
0,87
1,56 (0,88 – 2,75)
Encaminhamento dos pacientes para outros
serviços
Não
Sim
36
119
61,0
55,3
23
96
39,0
44,7
0,45
0,87 (0,61 – 1,24)
Satisfação profissional
Baixa
Média
Alta
22
111
22
55,0
56,3
59,5
18
86
15
45,0
43,7
40,5
0,92
1,11 (0,66 – 1,87)
1,07 (0,70 – 1,64)
Adesão dos pacientes
Baixa
Média
Alta
19
124
12
55,9
57,1
52,2
15
93
11
44,1
42,9
47,8
0,89
0,92 (0,52 – 1,63)
0,89 (0,57 – 1,41)
Tabela 2
:
Associação entre as variáveis referentes ao processo e o controle da glicemia, análise
bivariada (Modelo de Poisson); Montes Claros (MG), 2008.
79
CONSIDERAÇÕES FINAIS
80
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados expostos, observa-se que algumas características
da estrutura e do processo oferecidas pelas Equipes de Saúde da Família para o
cuidado aos pacientes diabéticos fogem do recomendado, sendo verificados,
assim, uma necessidade de melhoria nos processos estruturais e organizacionais
das equipes e um manejo do paciente, utilizando, de forma mais efetiva, os
protocolos preconizados.
Apesar do estudo não ter encontrado associação entre os itens
relacionados à estrutura e ao processo para o cuidado ao paciente diabético com
o seu controle glicêmico, vimos que é salientado pela literatura que uma estrutura
adequada aumenta a possibilidade de um processo adequado e isso repercute
em um aumento da probabilidade de bons resultados aos pacientes.
As associações com o o controle glicêmico do paciente diabético
encontradas neste estudo estiveram relacionadas com as próprias características
dos pacientes e mostram, primordialmente, uma necessidade dos serviços se
aperfeiçoarem no manejo dos pacientes usuários de insulina, no atendimento aos
pacientes sem escolaridade e intensificarem as ões que incentivem o
autocuidado, o que engloba, dentre outras coisas, a realização da dieta e o
controle do peso pelos diabéticos.
As evidências mostram que os resultados do controle clínico dos usuários
de um serviço de saúde refletem os efeitos de todos os insumos do cuidado
prestado por aquele serviço, podendo, com isso, servir de indicador para a
avaliação indireta da qualidade da assistência prestada.
81
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pacientes atendidos na rede de atenção primária à saúde [tese de doutorado].
Pelotas - RS, 2002.
84
APÊNDICES
85
APÊNDICE A – Questionário sobre a estrutura
CARACTERÍSTICAS DO SERVIÇO/ESTRUTURA
Número da Entrevista:_ _ _
Data da Entrevista: ___/___/___
Entrevistador:_______________________________________________
PSF:______________________________________________________
Função do Entrevistado:______________________________________
Formação Profissional do Entrevistado:__________________________
1. Quais os profissionais trabalham atendendo pacientes diabéticos neste PSF?
1( ) Médicos 2 ( ) Enfermeiros
( ) Outros. Quais? ______________________
proatdia _
2. Qual o número de diabéticos cadastrados na equipe? ____________
ndiacada _ _
3. Qual foi o número de diabéticos atendidos pela equipe no último mês?__________
ndiatend _ _
4. Qual é a forma de agendamento dos atendimentos aos diabéticos?
1 ( ) Atendimento programado 2 ( ) Acolhimento 3 ( ) Agente Comunitário de
Saúde 4 ( ) Grupo de diabéticos
5 ( ) Demanda Expontânea
( ) outra. Qual? ____________________________
agendam _
5. O PSF possui grupo de diabéticos?
1 ( ) Sim 2 ( ) Não
grupodia _
6. O PSF dispõe de materiais educativos para serem utilizados nos grupos de diabéticos?
1 ( ) Sim 2 ( ) Não
mateduc _
7. A USF ( Unidade de Saúde da Família) possui espaço físico adequado para realização
das atividades propostas pela equipe?
Consultas: 1 ( ) Sim 2 ( ) Não
Grupos: 1( ) Sim 2( ) Não
espgrup _
espatend _
8. O PSF possui grupo para realização de atividade física com os pacientes diabéticos?
1 ( ) sim 2 ( ) não
Se sim qual?________________________________
gratfisi _
qgratifisi _
9. Existe no PSF um Protocolo a ser seguido para o atendimento dos pacientes
diabéticos?
1 ( ) sim 2 ( ) não
Se sim qual?________________________________
exprotoc _
qprotoc _
PESQUISA SOBRE AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM DIABETES
86
10. Existe critério de classificação de risco para o atendimento aos diabéticos?
1 ( ) Sim 2( ) Não
clasrisc
11. A USF dispõe de balanças e antropômetros que possam ser usados pelos
profissionais que atendem os diabéticos?
Balanças: 1( ) Sim 2( ) Não
Antropômetros: 1( ) Sim 2( ) Não
balança _
antropôm _
12. A USF dispõe de glicosímetro?
1( ) sim 1( ) não
glicosím _
13. A unidade possui suprimento de tiras reativas para teste de glicemia suficiente para
atender à demanda?
1( ) Sempre 2( ) Às vezes 3( ) Nunca
tirasrea _
14. Existe no serviço para fornecimento aos pacientes:
- Insulina :1( )Sim 2( ) Não
- Hipoglicemiantes Orais: 1( )Sim 2( ) Não
- Tiras para pesquisa de glicemia capilar: 1( )Sim 2( ) Não
- Seringas descartáveis para aplicação insulina: 1( )Sim 2( ) Não
insulpac _
hipopac _
tiraspac _
serinpac _
15. Existe dificuldade para encaminhar o paciente diabético para consultas
especializadas como endocrinologista, neurologista e cardiologista na rede?
1( )Sim 2( ) Não
dificenc _
16. Existe contra-referência dos serviços especializados quando os pacientes são
encaminhados?
1( )Sim 2( ) Não
contrare _
17. Tem dificuldade para encaminhar o paciente diabético para acompanhamento
oftalmológico?
1( )Sim 2( ) Não
oftalmo _
87
APÊNDICE B – Questionário sobre o processo
CARACTERÍSTICA DO PROFISSIONAL /MANEJO DO PACIENTE (PROCESSO)
Número da Entrevista:_ _ _
Data da Entrevista: ___/___/___
Entrevistador:____________________________________________________
PSF:___________________________________________________________
Formação Profissional do Entrevistado:_______________________________
1.Há quanto tempo o(a) Sr(a) é formado? ______
tempform _ _
2. quanto tempo o Sr(a) trabalha neste PSF?
________ meses ou _______anos
temppsf _
3. Fez algum curso de especialização ou residência?
1( ) Sim 2( ) Não
Se SIM, em que área(s)? _________________________________________
especial _
qespecia _ _
4. O(a) Sr(a). segue algum protocolo para o atendimento ao paciente diabético?
1( ) Sim 2( ) Não
Se SIM, qual protocolo utilizado?
1- ( )SES 2- ( )MS
Se outro, qual? _______________________
segproto _
qprotoco
5 . O(a) Sr(a). já recebeu treinamento sobre Diabetes por parte da Secretaria Municipal de
Saúde?
1 ( ) Sim 2( ) Não
treindia _
6. O(a) Sr(a) já teve que encaminhar pacientes diabéticos para atendimento em outros
serviços, para tratamento do diabetes?
1( ) Sim 2( ) Não
encdia _
7. Se SIM, para que tipo de servo?
1 ( ) Centro de Saúde
2 ( ) Atendimento especializado
3 ( )Hospital
Se outro, qual? _____________________________________
ondencam _
8. Se SIM, quais os principais motivos que o(a) levam a encaminhar pacientes à outro
serviço?
Motivo 1: _________________________________________
Motivo 2: _________________________________________
Motivo 3: _________________________________________
motivenc1 _
motivenc2 _
motivenc3_
PESQUISA SOBRE AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM DIABETES
88
9. Quando o (a) Sr(a) atende um diabético pela primeira vez aqui no PSF, quais são os
dados do exame físico que o Sr(a) costuma investigar ?
Pesar o paciente – 1( ) Sim 2( ) Não
Medir o paciente – 1( ) Sim 2( ) Não
Medir pressão arterial – 1( ) Sim 2( ) Não
Exame de olhos – 1( ) Sim 2( ) Não
Exame dos pés – 1( ) Sim 2( ) Não
Exame das mãos – 1( ) Sim 2( ) Não
Ausculta cardíaca – 1( ) Sim 2( ) Não
Exame do abdômen – 1( ) Sim 2( ) Não
Exame da cavidade oral – 1( ) Sim 2( ) Não
Palpação da tireóide – 1( ) Sim 2( ) Não
Outros:___________________________________________
pesar _
medir _
pressão _
olhos _
pés _
mãos _
ausculta _
abdomem _
oral _
tiride _
10. E quanto ao tratamento, o que o(a) Sr(a) costuma indicar nas consultas dos pacientes
diabéticos aqui no PSF?
Medicamentos- 1( ) Sim 2( ) Não
Dieta – 1( ) Sim 2( ) Não
Prática de exercícios físicos – 1( ) Sim 2( ) Não
Orientação anti-tabagismo, se o paciente for fumante 1( ) Sim 2( ) Não
Outro: ________________________________________________
ttmedic _
ttdieta _
ttexerc _
tttabagi _
ttetilis _
11. Dentre os exames laboratoriais possíveis de serem realizados, através do PSF, quais o
Sr(a) costuma solicitar rotineiramente para avaliar o grau de controle do paciente diabético?
Glicemia plasmática 1( ) Sim 2( ) Não
Hemoglobina glicada 1( ) Sim 2( ) Não
Colesterol 1( ) Sim 2( ) Não
Triglicérides 1( ) Sim 2( ) Não
Creatinina 1( ) Sim 2( ) Não
Microalbuminúria 1( ) Sim 2( ) Não
Urina Rotina 1( ) Sim 2( ) Não
ECG 1( ) Sim 2( ) Não
Outros:___________________________________________
glicemia _
hbglicad _
lipídios _
creatini _
microalb _
urina _
ecg _
12. Em relação à sua atuação nesse serviço atendendo diabéticos, como está seu grau de
satisfação, levando em consideração a realidade do mesmo?
1( )Alto 2( ) Médio 3( ) Baixo
satisfaç _
13. E em relação à adesão (resposta) dos pacientes ao tratamento proposto?
1( ) Alta 2( ) Média 3( ) Baixa
adesão _
14. Quais são as maiores dificuldades enfrentadas para o atendimento e acompanhamento
adequado dos pacientes diabéticos aqui no PSF?
__________________________________________________________________________
____________________________________________________
dificuld _
89
15. O(a) Sr(a) tem necessidade de aperfeiçoar seus conhecimentos em alguma área do
atendimento ao paciente diabético?
1-Diagnóstico ( ) Sim ( ) Não
2-Prescrição de insulina ( ) Sim ( ) Não
3-Prescrição de dieta ( ) Sim ( ) Não
4-Avaliação de pé diabético ( ) Sim ( ) Não
Outros:___________________________________________
aperfeiç _
90
APÊNDICE C Questionário sobre características dos pacientes diabéticos
(resultado)
CARACTERÍSTICAS DO PACIENTE DIABÉTICO (RESULTADOS)
PSF: _______________________________________________________
Nome do paciente: ____________________________________________
Endereço: _________________________________________________
Telefone de contato: _____________
Data da entrevista: __/__/__
Entrevistador:__________________________________________
1. Sexo: 1( ) Masculino 2( ) Feminino
sexopcte _
2. Qual a sua idade? _______anos
idadepct _
3. Qual seu estado civil?
1 ( ) Solteiro (a)
2 ( ) Casado(a) ou vive com companheiro(a)
3 ( ) Separado(a)
4 ( ) Viúvo(a)
estcivil _
4. O (a) Sr. (a) sabe ler?
1( ) Sim 2( ) Não
sabeler _
5.O (a) Sr. (a) sabe escrever?
1( ) Sim 2( ) Não
sabescre _
6. O (a) Sr. (a) estudou em escola?
1( )Sim 2( ) Não
Se sim, até a _____série do ____grau
estudou _
tempest _
7. Qual é a fonte de renda do (a) Sr. (a)?
1 ( ) não tem fonte de renda
2 ( ) aposentado
3 ( ) pensionista
4 ( ) encostado
5 ( ) trabalhador manual especializado
6 ( )trabalhador manual semi-especializado
7 ( )trabalhador manual não qualificado
Outra situação_________________________
renda _
PESQUISA SOBRE AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM DIABETES
91
8. quanto tempo o (a) Sr.(a) consulta neste PSF? ______________
tempcons _
9. Que idade o (a) Sr.(a) tinha quando soube que era diabético? ______ anos
idadedia _
10. Na sua família (pais, tios, avós, irmãos) tem ou tinha alguém com diabetes?
1( ) Sim 2( ) Não 3 ( ) Não sabe
Se sim, quem? ________________________
famildia _
quemdia _
11. Atualmente está usando insulina?
1 ( ) Sim
2 ( ) Não. Foi receitado mas não usa
3 ( ) Não. o foi receitado
Se sim, há quanto tempo usa insulina?______________
usainsul _
tempinsu _
12. O (a) Sr(a) toma comprimido(s) para o tratamento do diabetes?
1( ) Sim
2( ) Não. Foi receitado mas não usa.
3( ) Não. Não foi receitado.
4( ) Não, mas já usou
tomacomp _
13. O (a) Sr(a) tem problema de pressão alta?
1( ) Sim 2( ) Não 3( ) Não sabe
temha _
14. O(a) Sr(a) tem problemas de coração?
1( ) Sim 2( ) Não 3( ) Não sabe
temcoraç _
15. O(a) Sr(a) tem problemas de rins?
1( ) Sim 2( ) Não 3( ) Não sabe
temrins _
16. O(a) Sr(a) tem problemas para enxergar (falta de visão)?
1( ) Sim 2( ) Não
temvisão _
17. O(a) Sr(a) já teve algum ferimento nos pés, que custou a cicatrizar?
1( ) Sim 2 ( ) Não 3( ) Não lembra
Se SIM, quanto tempo levou para cicatrizar?______________
tempes _
tempcica _
18. O Sr(a) já fez alguma amputação?
1( ) Sim 2( ) Não
fezamput _
19. O Sr(a) já recebeu, no PSF em que esta se tratando agora, alguma orientação sobre
como tem que ser a sua alimentação para controlar o diabetes?
1( ) Sim
2( ) Não, nunca recebeu
3( ) Não, porque já tinha recebido orientação em outro serviço
oriediet_
92
20. O(a) Sr(a) está fazendo dieta, para o controle do Diabetes?
1( ) Sim 2( ) Não
fazdieta _
21. O Sr(a) fuma?
1( ) Sim 2( ) Não 3( ) Ex-fumante
fuma _
22. Se SIM, alguma vez os profissionais deste PSF lhe falaram em parar de fumar?
1( ) Sim 2( ) Não
oriefumo _
23. Algum profissional deste PSF já lhe orientou a fazer exercícios físicos?
1( ) Sim 2( ) Não
orieexer _
24. No último mês o(a) Sr(a) fez algum tipo de exercício sico?
1( ) Sim 2( ) Não
Se sim, qual tipo de exercício?____________________
E o local realizado ?____________________________
fazexerc _
25. O (a) Sr.(a) participa de grupos para os diabéticos no PSF?
1( )Sim 2( )Não
grupodia _
26. Depois que começou a consultar nesse PSF, já procurou outro lugar para consultar
para o diabetes?
1( ) Sim 2( ) Não
outlocal _
27. Se SIM, qual outro lugar que o(a) Sr(a) procurou para consultar?
1( ) Centro de saúde
2( ) Policlínica
3( ) Pronto Socorro / Pronto Atendimento
4( ) Consultório Médico particular
Outro local. Qual?___________________________________
qualocal _
28. Quando o(a) Sr(a) vai consultar no PSF, marcam lhe o dia em que deverá voltar
para outra consulta?
1( ) Sim 2( ) Não
marconsu _
29. O (a) Sr(a) tem dificuldades para marcar a sua consulta no PSF?
1( ) Sim 2( ) Não
difmarca _
30. O (a) Sr(a) tem dificuldades para agendar os exames e encaminhamentos no PSF?
1( ) Sim 2( ) Não 3 ( ) Às vezes
difexame _
31. Onde o (a) Sr(a) obtém os medicamentos que utiliza para o tratamento do Diabetes?
1( ) PSF
2( ) Centro de Saúde
3( ) Doação
4( ) Compra com recursos próprios
Outro: ____________________________
ondmedica _
93
32.O(a) Sr(a) consulta sempre com o mesmo médico quando vai ao PSF por causa do
diabetes?
1( ) Sim 2( ) Não
mesmedic _
33. Desde que o(a) Sr(a) se trata neste PSF, já precisou internar por causa do
diabetes?
1( ) Sim 2( ) Não
internar _
34. Como estar o seu nível de satisfação com o atendimento recebido pela equipe do
PSF?
1( ) Alto ( ) Médio ( ) Baixo
satispct _
35. Na opinião do(a) Sr(a), o quê poderia melhorar no atendimento realizado pelo PSF?
______________________________________________________________________
________________________________________________________
oqmelhor _
Agora eu gostaria de pesar-lo, medi-lo, verificar a sua pressão arterial e medir o seu
açúcar no sangue:
Roupas usadas:
_______________________________________________________________
Peso: _ _ _,_ Kg
Altura: _ _ _,_ cm
Circunferência Abdominal: _ _ _ cm
Pressão Arterial / Braço esquerdo _ _ _ x _ _ _ mm Hg
Pressão Arterial / Braço direito _ _ _ x _ _ _ mm Hg
Horário da última refeição: _ _h _ _ min.
Horário do exame: _ _h _ _min.
Glicemia: _ _ _ mg/dl
peso _
altura _
circabdm _
pasistol _
pabdiasto _
horrefei _
horexame _
glicap _
94
APÊNDICE D – Manual de orientações para coleta de dados clínicos
MANUAL DE ORIENTAÇÃO PARA COLETA DE DADOS CLÍNICOS
Técnica para medida da Circunferência Abdominal:
1. Medir no menor diâmetro entre o rebordo costal e as cristas ilíacas ântero superiores e aferida
no nível da linha axilar média
Técnica para coleta de peso:
1. A pessoa deve ficar sobre o centro da plataforma da balança com o peso do corpo distribuído
entre os dois pés.
2. A pessoa deve estar vestindo roupas leves e deve ser registrada a roupa que está sendo usada.
3. O entrevistador deve colocar-se exatamente em frente ao visor da balança e fazer a leitura.
4. O peso deve ser registrado claramente com precisão de 1Kg.
Técnica de coleta da altura:
1. Deverá consistir de uma superfície vertical rígida, com uma escala em centímetros, e fixada a
ela uma superfície horizontal móvel, em ângulo reto. Pode-se utilizar como superfície vertical uma
parede, que deverá estar esquadrada corretamente em 90°, fixando-se uma fita inextensível a 1
metro do chão.
2. A pessoa deve estar descalça, vestindo pouca roupa, de forma que a posição do corpo possa
ser vista.
3. A pessoa deve se posicionar de maneira tal que seus calcanhares, glúteos e cabeça estejam
em contato com a superfície vertical.
4. O peso deve ser distribuído igualmente nos dois pés e a cabeça deve permanecer no plano
horizontal.
5. Os braços devem estar soltos livremente ao lado do corpo, com as palmas das mãos viradas
para as coxas.
6. A pessoa deve respirar profundamente e manter-se em posição completamente ereta sem
alterar a carga nos calcanhares.
7. Desliza-se, então, a superfície horizontal ao longo do plano vertical, até que se encontre o ponto
mais alto da cabeça, com pressão suficiente para comprimir o cabelo, mas sem forçar o indivíduo
a encolher-se. Nesse momento se realiza a leitura correspondente.
8. A medida deve ser registrada com uma aproximação de 0,1cm e anotada no momento da
coleta.
95
Técnica para aferição de pressão arterial:
1. O indivíduo deve estar sentado ou deitado, em respiração tranqüila, sem falar e sem demonstrar
qualquer inquietação ou ansiedade. A tomada da pressão arterial não deve ser feita com o
indivíduo em pé.
2. A medida da pressão arterial deve ser realizada nos dois braços, estando estes apoiados na
altura da região mamária.
3. O manguito deve ser colocado no braço do indivíduo, ficando a sua borda inferior cerca de um
dedo acima da dobra do cotovelo. O manguito deve estar bem ajustado, sem dobras e sem
torções.
4.Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria braquial.
5. Estimar o nível da pressão sistólica (palpar o pulso radial e inflar o manguito até seu
desaparecimento, desinflar rapidamente e aguardar 1 minuto antes da medida).
6. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula do estetoscópio sem
compressão excessiva.
7. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg do nível estimado da pressão sistólica.
8. Proceder a deflação lentamente ( velocidade de 2 a 4 mmHg por segundo)
9. Determinar a pressão sistólica na ausculta do primeiro som ( fase I de Korotkoff), que é um som
fraco seguido de batidas regulares, e, após aumentar ligeiramente a velocidade de deflação.
10. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento do som (fase V de Korotkoff).
11. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e
depois proceder à deflação rápida e completa.
12. Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão diastólica no abafamento
dos sons (fase IV de Korotkoff) e anotar valores da sistólica/diastólica/zero.
13. Esperar 1 a 2 minutos antes de novas medidas.
Técnica para coleta de glicemia capilar
1. O entrevistador deve colocar luvas.
2. Realizar assepsia do dedo do entrevistado com algodão embebido em álcool a 70%.
3. Retirar uma tira reagente do tubo e em seguida fechar o mesmo para proteger seu conteúdo da
umidade e da luz.
4. Segurar a tira reagente com a parte laranja virada para cima. Colocar a fita no aparelho,
seguindo o sentido das setas.
5. Comparar o número do código que aparece no visor com o código do rótulo da embalagem das
tiras reagentes. Esses têm que ser iguais.
6. Puncionar a face lateral do dedo do indivíduo com a lanceta descartável.
7. Pressionar levemente o dedo, da base para a ponta, para que saia uma gota de sangue
suficiente para cobrir toda a área laranja da tira.
96
8. Com a região do dedo puncionado voltada para baixo, colocar a gota de sangue na superfície
demarcada da tira. Não encostar o dedo do indivíduo na tira, o esfregar a gota de sangue para
estendê-la e nem colocar uma segunda gota.
9. Aguardar que o aparelho faça a leitura (20 segundos).
10. Registrar o valor fornecido.
11. Descartar o material utilizado em recipientes próprios para posterior destinação.
12. Efetuar a limpeza dos materiais utilizados com algodão embebido em álcool.
13. Anotar no folder todas as medidas efetuadas e entregar este ao entrevistado
RAMOS JJr. Semiotécnica da Observação Clínica. 8ª ed. Sarvier: São Paulo, 1998.
Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de atenção básica. Área técnica de Diabetes e Hipertensão
Arterial. Hipertensão arterial sistêmica e Diabetes mellitus: protocolo. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.
Minas Gerais. Secretaria de Estado da Saúde. Atenção a saúde do adulto: hipertensão e diabetes. Belo
Horizonte: SAS/MG, 2006.
97
APÊNDICE E – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PARTICIPAÇÃO EM PESQUISA
Título da pesquisa: Avaliação da Atenção Primária em diabetes no Município de Montes
Claros: uma análise da estrutura, do processo e dos resultados do cuidado aos diabéticos nas
Equipes do Programa Saúde da Família.
Instituição promotora: Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes
Coordenador: Tatiana Fróes do Nascimento (Pesquisadora)
Ana Cristina de Carvalho Botelho (Orientadora)
Atenção:
Antes de aceitar participar desta pesquisa, é importante que você leia e compreenda a seguinte
explicação sobre os procedimentos propostos. Esta declaração descreve o objetivo,
metodologia/procedimentos, benefícios, riscos, desconfortos e precauções do estudo. Também
descreve os procedimentos alternativos que estão disponíveis a você e o seu direito de sair do
estudo a qualquer momento. Nenhuma garantia ou promessa pode ser feita sobre os resultados
do estudo.
Objetivo: Descrever e avaliar as condições da estrutura, do processo e do resultado do cuidado
prestado aos pacientes diabéticos por meio das Equipes do Programa Sde da Família no
município de Montes Claros – MG.
Metodologia/procedimentos: Trata-se de um estudo transversal, de natureza quali-
quantitativa que será realizado nas Equipes do Programa Saúde da Família do município de
Montes Claros – MG.
As informações a serem obtidas se referirão à estrutura dos serviços de saúde, ao processo e ao
resultado do atendimento aos pacientes diabéticos. A Estrutura compreende os recursos materiais
e humanos disponíveis no serviço, assim como sua própria estrutura organizacional. O Processo
engloba o que de fato está sendo feito em termos de manejo dos problemas apresentados pelos
pacientes. O Resultado significa o efeito dos cuidados no estado de saúde dos pacientes,
resultante da interação desses com o serviço.
Justificativa: O manejo do diabetes deve ser feito dentro de um sistema de saúde, onde a base
seja o nível primário. A resolubilidade no nível da atenção primária à saúde pode ser otimizada se
os recursos financeiros, materiais, humanos e organizacionais estiverem adequados.
Diante disso, um trabalho de avaliação dos cuidados dispensados aos diabéticos na rede de
atenção primária à saúde, que permita a identificação das necessidades locais, se um
importante auxílio para futuras propostas de intervenção.
Benefícios: Sua participação neste Estudo possibilitará maior conhecimento sobre o cuidado
que tem sido prestado às pessoas portadoras de Diabetes residentes nas áreas de abrangência
do Programa Saúde da Família. Através deste conhecimento, será identificado os pontos que
estão falhos, o que poderá servir de subsídio para melhoria do atendimento prestado àqueles que
têm Diabetes, e, consequentemente um melhor controle da doença.
Desconfortos e riscos: Aos funcionários do serviço, onde os dados serão coletados através de
questionário, nenhum risco potencial identificado.
Para os pacientes que terão além de questionário, dados clínicos coletados, todo material
utilizado será descartável, portanto isento de risco de contaminação.
Danos: Inexistentes
Metodologia/procedimentos alternativos disponíveis: Para obtenção dos dados se
aplicado questionário, que seo respondidos pelos funcionários do serviço: médicos e
enfermeiros. Aos pacientes, além da aplicação de questionário serão coletados dados clínicos:
peso, estatura, aferição da pressão arterial e medição da glicemia capilar.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
98
Confidencialidade das informações: Toda informação obtida neste trabalho é considerada
CONFIDENCIAL, ocorrendo oportunidade de desistência em qualquer etapa da pesquisa.
Compensação/indenização: Inexistente
CONSENTIMENTO
Li e entendi as informações precedentes. Tive oportunidade de fazer perguntas e todas as minhas
dúvidas foram respondidas a contento. Este formulário está sendo assinado
voluntariamente por mim, indicando meu consentimento para participar nesta pesquisa,
até que eu decida o contrário. Receberei uma cópia assinada deste consentimento.
____________________
______ __________________________ ______
Nome do participante Assinatura do participante Data
__________________________ __________________________ ______
Nome da testemunha Assinatura da testemunha Data
__________________________ __________________________ _______
Nome do coordenador da pesquisa Assinatura do coordenador da pesquisa Data
99
APÊNDICE F - Folder de orientações para os pacientes participantes da
pesquisa.
100
101
ANEXOS
102
ANEXO A - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
103
ANEXO B - Autorização para utilizão de questionário
A U T O R I Z A Ç Ã O
Eu, Maria Cecília Formoso Assunção, autora do trabalho: Fatores relacionados ao controle do Diabetes
Mellitus em pacientes atendidos na Rede de Atenção Primária à Saúde”, autorizo Tatiana Fróes do
Nascimento a utilizar o questionário contido em meu trabalho como base para coleta de dados para o seu
trabalho que avalia assistência prestada aos diabéticos pelas Equipes de Saúde da Família em Montes
Claros MG.
_____________________________________
Maria Cecília Formoso Assunção
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
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