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i
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR E FORÇA MUSCULAR
RESPIRATÓRIA EM INDIVÍDUOS COM RETARDO MENTAL,
PORTADORES E NÃO PORTADORES DA TRISSOMIA 21 NO
DISTRITO FEDERAL
Vinícius Zacarias Maldaner da S
ilva
2008
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i
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR E FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM
INDIVÍDUOS COM RETARDO MENTAL, PORTADORES E NÃO PORTADORES DA
TRISSOMIA 21 NO DISTRITO FEDERAL.
VINÍCIUS ZACARIAS MALDANER DA SILVA
Dissertação apresentada à
Faculdade de
Educação Física da Universidade de Brasília
como requisito parcial para a obtenção do grau
de Mestre em Educação Física.
Orientador:
Professor Doutor Jônatas de França Barros
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ii
SILVA, Vinícius Zacarias Maldaner da Silva
AVALIA
ÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR E FORÇA MUSCULAR
RESPIRATÓRIA EM INDIVÍDUOS COM RETARDO MENTAL,
PORTADORES E NÃO PORTADORES DA TRISSOMIA 21 NO
DISTRITO FEDERAL.
.
100 p.
Dissertação
Mestrado
Universidade de Brasília.
Programa de Pós Graduação em Educação Físic
a
2008.
1.
Deficiência mental; 2. Síndrome de Down;
3. Espirometria; 4. Composição Corporal.
iii
AGRADECIMENTOS
Ao orientador e amigo, Professor Doutor Jônatas de França Barros pelo
conhecimento técnico
científico dispensado du
rante a elaboração do trabalho, além de
ser um exemplo de homem que vive com humildade, simplicidade, alegria, conciliando
com a responsabilidade. Passou um exemplo de profissional para a minha pessoa.
Aos meus novos amigos, sujeitos com deficiência mental
, sem os quais seria
impossível a realização desse trabalho.
Aos meus pais, Zacarias da Silva Filho e Maria Lisete Maldaner da Silva, que me
deram totais condições de me aperfeiçoar em minha vida acadêmica.
Aos meus irmãos, Felipe e Daniele, pela amizade
e companheirismo.
A minha namorada, Patrícia, por entender os momentos de dedicação e os finais
de semana perdidos para a realização desse trabalho.
Ao professor Mestre José Roberto Pimenta de Godoy, que despertou meu
interesse pela ciência e vida univer
sitária.
A todos os profissionais que fazem parte da equipe multidisciplinar de
atendimento aos indivíduos com deficiência mental, em especial aos diretores e
professores da AMPARE
DF, APAE
DF, CIEE e Sociedade PESTALOZZI, por terem
aceitado a propost
a e permitindo a realização dessa pesquisa.
Ao laboratório de imagem da Universidade Católica de Brasília e seus cnicos
Júlio e Renato André.
Ao UNICEUB, instituição de ensino superior que investe na qualificação do seu
corpo docente e se preocupa em fo
rmar profissionais aptos para o exercício da
profissão com compromisso ético e moral, em especial a pessoa da professora Renata
Rebouças, coordenadora do curso de Fisioterapia.
Ao amigo Alan pela ajuda na análise estatística.
A todas as pessoas não mencio
nadas que participaram direta ou indiretamente
na realização desse trabalho.
iv
SUMÁRIO
Página
Lista de Quadros.............................................................................................................vii
Lista de Tabelas...............
................................................................................................viii
Lista de Gráficos................................................................................................................ix
Lista de Figuras.......
..........................................................................................................x
Lista de Anexos................................................................................................................xi
Lista de Siglas, A
breviações e Símbolos.........................................................................xii
Resumo............................................................................................................................xiv
Abstract................
...........................................................................................................xvi
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................................1
1.1 O Problema e su
a Importância............................................................................1
1.2
Objetivos..............................................................................................................4
1.2.1 Objetivo Geral....................
.........................................................................4
1.2.2 Objetivos Específicos..................................................................................4
1. 3 Hipótese Estudada................................................
.............................................5
1.4 Relevância do Estudo..........................................................................................5
1.5 Delimitações do Estudo...................................................................
....................6
1.6 Glossário..............................................................................................................6
2. REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................................
..8
2.1 Deficiência mental...............................................................................................8
2.2 Histórico da Trissomia 21 (Síndrome de Down)..................................................9
2.3 Classificação e Característic
as da Trissomia 21 (Síndrome de Down)............11
2.4 Alterações Respiratórias na Trissomia 21 (Síndrome de Down)......................13
2.5 Músculos Ventilatórios......................................................................................15
2
.5.1 Músculo Diafragma...................................................................................16
2.5.2 Músculos Intercostais...............................................................................17
2.5.3 Músculos Acessórios..............
..................................................................18
2.6 Força Muscular Respiratória............................................................................19
v
2.7 Mecânica da Ventilação...................................................
................................21
2.8 Volumes e Capacidades Pulmonares..............................................................23
2.9 Espirometria.....................................................................................................25
2.10 Composição Corporal....................................................................................27
2.11 Obesidade e Função Pulmonar.....................................................................33
2.12 Tonicidade Muscular.................
.....................................................................34
3. MATERIAL E MÉTODOS...........................................................................................38
3.1 Delineamento do Estudo...........................................
......................................38
3.2 Amostra do estudo...........................................................................................39
3.2.1 Critérios de Inclusão.........................................................................
........39
3.2.2 Critérios de Exclusão................................................................................39
3.2.3 Características da Amostra.......................................................................39
3.3 Apreciação do Comitê de É
tica em Pesquisa..................................................40
3.4 Instrumentos de Coleta de Dados...................................................................40
3.4.1 Manovacuômetro..............................................................
........................40
3.4.2 Densímetro Ósseo de Raios X
-
DXA DXA.............................................41
3.4.3 Espirômetro..............................................................................................41
3.5 Procedimentos do Es
tudo................................................................................42
3.5.1 Participantes.............................................................................................42
3.5.2 Força Muscular Respiratória.....................
...............................................43
3.5.3 Espirometria.............................................................................................44
3.5.4
Avaliação do percentual de Gordura Corporal (DXA)..............................45
3.6
Tratamento Estatístico.....................................................................................46
4. RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS..................................................................49
4.1 Comparações entre gêneros...............
............................................................50
4.1.1 Espirometria (Prova de Função Pulmonar)..............................................50
4.1.2 Força Muscular Respiratória..................................................................
..54
4.1.3 Percentual de Gordura Corporal..............................................................56
4.2 Comparações entre as populações................................................................57
vi
4.2.1 Percentual de Gordura Corporal............
..................................................57
4.2.2 Espirometria (Prova de Função Pulmonar)...............................................60
4.2.3 Força Muscular Respiratória.....................................................................65
4.3
Limitações do Estudo......................................................................................69
5. CONCLUSÃO..............................................................................................................71
6. SUGESTÕES........
......................................................................................................73
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................74
vii
LISTA DE QUADROS
QU
ADRO 1
Valores previstos para Pi
Max
e Pe
Max
em indivíduos saudáveis.................20
QUADRO 2
Identificação das Doenças Restritivas e Obstrutivas................................27
QUADRO 3
Classificação dos Indivíduos em relação ao percentual de go
rdura
corporal baseada nos padrões de referência de LOHMAN (1992)..................................32
viii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1
-
Distribuição dos indivíduos por grupo, gênero, média e desvio padrão da
idade, estatura e peso. Brasí
lia, 2008. ............................................................................50
TABELA 2
-
Valores Médios e Desvio Padrão do Volume Expiratório Forçado no
primeiro segundo (VEF
1
) entre os gêneros para os grupos Síndrome de Down (SD),
Deficiência
mental (DM) e Indivíduos Normais (GIN). Brasília
2008.................................................................................................................................51
TABELA 3: Valores Médios e Desvio Pado da Capacidade Vital Forçad
a (CVF) entre
os gêneros para os grupos Síndrome de Down (SD), Deficiência mental (DM) e
Indivíduos Normais (GIN) .Brasília
2008 ......................................................................50
TABELA 4
-
Valores Médios e Desvio Padrão do Pico d
e Fluxo Expiratório (PFE) entre
os gêneros para os grupos Síndrome de Down (SD), Deficiência mental (DM) e
Indivíduo Normais (GIN). Brasília
2008.........................................................................52
TABELA 5
-
Valores Médios e Desv
io Padrão do índice de Tiffenau (VEF
1
/CVF) entre os
gêneros para os grupos Síndrome de Down (SD), Deficiência mental (DM) e Indivíduos
Normais (GIN). Brasília
2008.......................................................................................52
TABELA 6
-
Valores Médios e Desvio Padrão da força muscular inspiratória (Pi
Máx
) entre
os gêneros para os grupos Síndrome de Down (SD), Deficiência mental (DM) e
Indivíduos Normais (GIN). Brasília
-
2008....................................................
....................54
TABELA 7
-
Valores Médios e Desvio Padrão da força muscular expiratória (Pe
Máx
) entre
os gêneros para os grupos Síndrome de Down (SD), Deficiência mental (DM) e
Indivíduos Normais (GIN). Brasília
2008 ............................
..........................................55
TABELA 8
-
Valores Médios e Desvio Padrão do percentual de Gordura Corporal (%GC)
entre os gêneros para os grupos Síndrome de Down (SD), Deficiência mental (DM) e
Indivíduos Normais (GIN). Brasília
-
2008......
..................................................................56
ix
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1
-
Comparação dos valores dios e desvio padrão do percentual de
Gordura Corporal (%GC) entre os grupos Síndrome de Down (SD), Deficiência mental
(DM) e
Indivíduos Normais (GIN). Brasília
2008...........................................................58
GRÁFICO 2
Comparação dos valores médios e desvio padrão do Volume Expiratório
Forçado no primeiro segundo (VEF
1
) entre os grupos Síndrome de Down (SD
),
Deficiência mental (DM) e Indivíduos Normais (GIN). Brasília
2008............................60
GRÁFICO 3
-
Comparação dos valores médios e desvio padrão da Capacidade Vital
Forçada (CVF) entre os grupos Síndrome de Down (SD), Deficiência mental (DM
) e
Indivíduos Normais (GIN). Brasília
2008.......................................................................61
GRÁFICO 4
-
Comparação dos valores médios e desvio padrão do Pico de Fluxo
Expiratório (PFE) entre os grupos Síndrome de Down (SD), Defi
ciência mental (DM) e
Indivíduos Normais (GIN).................................................................................................62
GRÁFICO 5
-
Comparação dos valores médios e desvio padrão da relação VEF1/CVF
ou índice de Tiffenau entre os
grupos Síndrome de Down (SD), Deficiência mental (DM)
e Indivíduos Normais (GIN). Brasília
-
2008....................................................................63
GRÁFICO 6
-
Comparação dos valores médios e desvio padrão da Pressão Inspiratória
Máx
ima (Pi
Máx
) entre os grupos Síndrome de Down (SD), Deficiência mental (DI) e
Indivíduos Normais (GIN). Brasília
2008.......................................................................66
GRÁFICO 7
-
Comparação dos valores médios e desvio padrão da Pr
essão Expiratória
Máxima (Pe
Máx
) entre os grupos Síndrome de Down (SD), Deficiência mental (DI) e
Indivíduos Normais (GIN). Brasília
2008.......................................................................67
x
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1
Princ
ipais músculos ventilatórios................................................................15
FIGURA 2
Pressões, fluxos e volumes envolvidos na ventilação.................................22
FIGURA 3
Volumes e Capacidades Pulmonares....................
......................................23
FIGURA 4
Manovacuômetro.........................................................................................40
FIGURA 5
Dual Energy X
-
Ray Absortometry........................................................
.......41
FIGURA 6
Espirômetro.................................................................................................42
FIGURA 7
-
Posicionamento dos indivíduos para avaliação através do método DXA... 45
xi
LISTA DE ANEXOS
A
NEXO 1
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.............................................80
ANEXO 2
Declaração de Ciência Institucional.............................................................81
ANEXO 3
Questionário para identificação das me
dicações utilizadas.........................82
ANEXO 4
Aprovação do CEP da Faculdade de Ciências da Saúde da Unb..............84
xii
LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS
AMPARE
-
Associação de Mães, Pais, Amigos e Reabilitadores de
Excepcionais
APAE
-
DF
-
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
CCK
-
colecistoquinina
CI
Capacidade Inspiratória
cm H
2
O
centímetros de água
Unidade de medida de pressão
CPT
Capacidade Residual Funcional
CRF
Capacidade Residual Funcional
CV
Capacidade Vital
CVF
-
Capacidade Vital Forçada
CO
2
Dióxido de Carbono
DF
Distrito Federal
DXA
-
Dual energy X
-
Ray absortometry
GIN
Grupo de Indivíduos Normais
g/cm
2
gramas por centímetro quadrado
IG
Imunoglobulinas
Kg
-
quilos
unidade de med
ida de peso
IMC
Índice de Massa Corporal
mm
milímetros
p
Probabilidade Estatística
Pe
Max
Pressão Expiratória Máxima
Pi
Max
-
Pressão Inspiratória Máxima
PFE
Pico de Fluxo Expiratório
P
trans
Pressão Transpulmonar
QI
Quociente de Inteligência
DM
Deficiência mental
SD
-
Síndrome de Down
VC
Volume Corrente
xiii
VO
2Max
Consumo Máximo de Oxigênio
VR
Volume Residual
VRI
Volume de Reserva Inspiratório
VRE
Volume de Reserva Expiratório
VEF
1
Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo
%
-
percentual
%GC
Percentual de Gordura Corporal
xiv
RESUMO
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR E FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM
INDIVÍDUOS COM RETARDO MENTAL, PORTADORES E NÃO PORTADORES DA
TRISSOMIA 21 NO DISTRITO FEDERAL.
Autor:
Vinicius
Zacarias Maldaner da Silva
Orientador:
Jônatas de França Barros
Indivíduos com deficiência mental (DM) apresentam grande tendência a um estilo de
vida sedentário e à obesidade. Além disso, a Trissomia 21, principalmente a Síndrome
de Down (SD) apresenta
ainda como fatores associados à hipotonia muscular
generalizada, que pode contribuir para alterações nas provas de função pulmonar e
força muscular respiratória. Com isso, o objetivo desse estudo foi avaliar a função
pulmonar, força muscular respiratória e
composição corporal em indivíduos com DI e
SD, e comparar seus valores a população sem essas alterações. Foi realizado um
estudo analítico Transversal com 78 indivíduos, divididos em 3 grupos: grupo DM (idade
28,14 ± 5,61 anos, peso 73,9 ± 4,6 Kg e %GC 21
,16 ± 6,65), grupo SD (idade 26,92 ±
7,14 anos, peso 77,2 ± 3,5 Kg e %GC 26,76 ± 10,35) e grupo Indivíduos Normais (idade
24,06 ± 4,21 anos, peso 72,1 ± 5,25 Kg e %GC 18,21 ± 5,70) , sendo 13 indivíduos do
sexo masculino e 13 do sexo feminino para cada gru
po. Foi realizada a espirometria,
através do espirômetro, obtendo
-
se o volume expiratório forçado no primeiro segundo
(VEF
1
), capacidade vital forçada (CVF), pico de fluxo expiratório (PFE) e relação
VEF
1
/CVF ou índice de Tiffenau; e a manovacuometria, atr
avés do manovacuômetro
para mensuração da pressão Inspiratória Máxima (Pi
Max
) e pressão expiratória máxima
(Pe
Max
) em todos os indivíduos. Os valores foram descritos pelo valor percentual predito
para a população brasileira. Foi utilizado o
Dual Energy X
-
R
ay Absortometry
(DXA) para
avaliação do percentual de Gordura Corporal (%GC). O procedimento para a
tratamento dos dados foi realizado através do software
GRAPHPAD PRISM for
WINDOWS
versão 4.0. Para a comparação dos dados, utilizou
-
se o teste ANOVA
one
wa
y
com post Hoc de Tukey, sendo considerada diferença significativa valores de p <
0,05. Como resultado, não foi encontrado diferença significativa entre os gêneros para
as variáveis analisadas. Houve diferença altamente significativa (p < 0,01) nas variáve
is
VEF
1
, CVF, PFE, Pi
Max
, Pe
Max
e %GC entre os grupos SD e DM, DM e controle e SD e
indivíduos normais (p = 0,2745). A relação VEF
1
/CVF não apresentou diferença
significativa entre os grupos. A análise da prova espirométrica indicou um padrão
restritivo pa
ra os grupos DM e SD (VEF
1
73,69
± 9,48 %; CVF 77,61 ± 9,98, VEF
1
/CVF
87,23 ± 7,54, PFE 66,03 ± 11,02 para o grupo SD e VEF
1
81,42 ± 12,12; CVF 87,81 ±
10,53 e VEF
1
/CVF 86,06 ± 7,58, PFE 88,96% ± 9,69 para o grupo DI). Conclui
-
se que
Indivíduos portadores
de DM, com e sem SD, apresentam maior percentual de gordura
xv
corporal, quando comparados a indivíduos saudáveis da mesma faixa etária em ambos
os gêneros, provavelmente relacionado ao estilo de vida sedentário, hábitos alimentares
e alterações fisiológicas
presentes, principalmente na população com SD. Indivíduos
portadores de DM, com e sem SD, apresentam redução dos parâmetros de função
pulmonar (VEF
1
, CVF, PFE), quando comparados a indivíduos saudáveis na mesma
faixa etária em ambos os gêneros. Indivíduos
com SD apresentam redução mais
significativa desses parâmetros quando comparados a indivíduos com DM,
provavelmente por apresentarem maior percentual de gordura corporal e hipotonia
generalizada. Indivíduos portadores de DM, com e sem SD, apresentam reduçã
o da
força muscular respiratória (Pi
Max
e Pe
Max
), quando comparados a indivíduos saudáveis
na mesma faixa etária em ambos os gêneros. Não houve diferença significativa para os
parâmetros de função pulmonar e força muscular respiratória entre os gêneros par
a
todos os grupos.
Palavras
-
Chaves
: Deficiência mental; Síndrome de Down; Espirometria; Composição
Corporal.
xvi
ABSTRACT
EVALUATION OF THE PULMONARY FUNCTION, RESPIRATORY MUSCULAR
STRENGHT AND BODY COMPOSITION IN INDIVIDUALS WITH DOW
N SYNDROME,
MENTAL DEFICIENCY AND INDIVIDUALS WITHOUT ALTERATIONS IN DISTRITO
FEDERAL
Actor: Vinícius Zacarias Maldaner da Silva
Advisor: Jônatas de França Barros
Individuals with mental deficiency (MD) present great trend to a sedentary style of life
and obesity. Moreover, the 21 trissomy, mainly Down Syndrome
(DS) still presents
factors associated with generalized muscular hypotonia, that can contribute for
alterations in the tests of pulmonary function and respiratory muscular strength. So, the
obj
ective of this study was to evaluate the pulmonary function, respiratory muscular
strength and body composition in individuals with MD and DS, and to compare its values
among the population without these alterations. A Transversal analytical study with 78
individuals, divided in 3 groups was carried through: MD group (age 28,14 ± 5.61 years,
weight 73,9 ± 4,6 21,16 kg and Body fat percent (%BF) 21,16 ± 6,65), DS group (age
26,92 ± 7,14 years, 3,5 77,2 weight ± 26,76 kg and %BF 26,76 ± 10,35) and normal
ind
ividuals group
-
NIG (24,06 age ± 4.21 years, 5,25 72.1 weight ± 18.21 kg and %BF
18,21 ± 5,70), being 13 males and 13 females for each group.
.
The espirometry was
carried through, using an espirometer, getting itself the Forced expiratory volume in the
fi
rst second (FEV
1
), Forced vital capacity (VFC), peak of expiratory flow (PEF) and the
relation FEV
1
/FVC or index of Tiffenau; and the manovacuometry
,
through the use of
manovacuometer, for measurement of the maximum inspiratory pressure (Pi
Max
) and
m
aximum expiratory pressure (Pe
Max
) in all individuals. The values were described for
the predicted percentile value for the Brazilian population. Dual Energy X
-
Ray
Absortometry (DXA) for evaluation of the percentage of Body Fat was used (%BF). The
procedur
e for the treatment of the data was carried through the use of software
GRAPHPAD PRISM of WINDOWS version 4.0. For the comparison of the data, test
ANOVA one way was used with post Hoc of Tukey, being considered significant
difference values of p < 0,05. A
s results, difference was not found significant among the
gender for the analyzed variable. It had highly significant difference (p < 0.01) in the
variables FEV
1
, FVC, PEF, Pi
Max
, Pe
Max
and %BF among groups DS and MD, MD and
NIG and DS and NIG. Relation FE
V
1
/FVC did not present significant difference among
the groups (p = 0,2745).
The analysis of the espirometric test indicated a restrictive standard for groups DM and
DS ( FEV
1
73,69 ±9,48; FVC 77.61 ± 9,98, FEV
1
/FVC 87,23 ± 7,54, PEF 66,03 ± 11,02
for g
roup DS and FEV
1
81,42 ± 12,12; FVC 87,81 ± 10,53 and FEV
1
/FVC 86,06 ± 7,58,
PEF 88,96 ± 9,69 for group MD). The conclusion is that carrying individuals of DM, with
and without DS, present larger percentile of corporal fat, when compared with healthful
i
ndividuals of the same age band in both genders, probably related to the sedentary style
xvii
of life, diet and physiological alterations observed, mainly in the population with DS.
Carrying individuals of MD, with and without DS, present reduction of the param
eters of
pulmonary function (FEV
1
, FVC, PEF), when compared with healthful individuals in the
same age band in both genders. Individuals with DS present more significant reduction
of these parameters when compared with individuals carring MD, probably for
presenting
larger percentile of generalized corporal fat and hypotonia. Carrying individuals of MD,
with and without DS, present reduction of the respiratory muscular strength (Pi
Max
and
Pe
Max
), when compared with healthful individuals in the same age band
in both sex.
Individuals with DS present more significant reduction of these parameters when
compared with individuals carring MD, probably for presenting generalized hypotonia.
There is no significant difference for the parameters of pulmonary function a
nd
respiratory muscular strength among male
and female for all the groups.
Key
-
words: Mental Retardation; Down Syndrome; espirometry; Body composition.
1
1. INTRODUÇÃO
1.1
O problema e a sua importância
A problemática das pessoas com defici
ência mental sempre esteve presente na
história da humanidade. A eliminação, o isolamento e a segregação prevaleciam na
antiguidade. Atualmente, com o paradigma da inclusão social, a sociedade tenta levar o
princípio da equidade para todos os indivíduos. A
assembléia Geral das Nações Unidas,
em dezembro de 2006, por meio da resolução número 45/06, determina que até o ano
de 2010 devamos implementar no planeta uma sociedade inclusiva, orientada pelo
princípio:
Todas as pessoas têm o mesmo valor
.” Essa inclu
são deve abranger para
esses indivíduos oportunidades no mercado de trabalho, educação e lazer (BARROS,
CAVALCANTE & OLIVEIRA, 2000).
As pessoas com deficiência mental são alvos do preconceito da sociedade, em
virtude da pequena valorização das habilidad
es funcionais e intelectuais desses
indivíduos. Por falta de estímulos adequados, essas se tornam inativas e sedentárias na
fase adulta. (PITETTI
et al.
, 1993).
A Síndrome de Down é a patologia mais prevalente que leva os indivíduos a
alterações cognitiva
s. Também conhecida como Trissomia do cromossomo 21, ela é
definida como um atraso do desenvolvimento, tanto nas funções motoras quanto nas
funções mentais. A ndrome é vista em cerca de 1 em cada 800 nascimentos, com
maior prevalência no sexo masculino e
em gestantes com idade avançada (ROWLAND,
1997).
Esta Síndrome é uma das principais causas de deficiência mental em crianças,
onde 18% das crianças que possuem a deficiência mental a apresentam (MOREIRA, EL
HANI & GUSMÃO, 2000).
2
O cromossomo 21 é o respon
sável pelas características cardiorrespiratórias e
intelectuais dos seres humanos. Acredita
-
se que essa alteração é decorrente de uma
falha na distribuição cromossomial que ocorre no desenvolvimento do óvulo, do
espermatozóide ou durante as divisões do ovo
fertilizado (LOPES, 1995).
Algumas características cardiorrespiratórias e fisiológicas devem ser
consideradas em portadores da Síndrome de Down para a prática de atividade
cardiorrespiratória, dentre elas estão: atraso no desenvolvimento motor, baixo peso
e
estatura, cardiopatias congênitas, hipotonia muscular generalizada, obesidade, cavidade
nasal achatada e grau de comprometimento cognitivo variado, que pode servir como
orientador para aquisição ou desenvolvimento de aptidões para determinadas
atividade
s. Essas características demonstram que os portadores de Síndrome de Down
possuem menor aptidão cardiorrespiratória quando comparados a indivíduos normais
(BARROS, CAVALCANTE & OLIVEIRA, 2000).
A obesidade está associada a altos índices de morbimortalidade
e doenças
crônicos
-
degenerativas, como: hipertensão arterial, diabetes mellitus, doenças
pulmonares crônicas, dislipidemia, apnéia obstrutiva do sono e osteoartrose (MAGEE
et
al.
, 2008).
A obesidade apresenta importante papel para a redução dos volumes
pulmonares, pelo tecido adiposo presente na caixa torácica ser uma carga constante ao
sistema respiratório, diminuindo a expansibilidade torácica. As principais alterações da
mecânica respiratória e da função ventilatória encontradas nos obesos são: dimin
uição
da complacência da caixa torácica e pulmonar, diminuição da expansibilidade
diafragmática, redução da capacidade vital forçada (CVF) e diminuição da capacidade
de perfusão do dióxido de carbono (CO
2
). Essas alterações podem aumentar o risco de
doença
s cardiorrespiratórias em indivíduos com essa alteração (PELOSI
et al.
, 1998).
A hipotonia generalizada pode levar os indivíduos com Síndrome de Down a
alterações na caixa torácica, redução da força muscular respiratória, menor atividade
3
muco
ciliar e r
edução dos volumes e capacidades pulmonares, que pode gerar nesses
indivíduos infecções respiratórias (SOARES
et al.
, 2004).
A partir da avaliação da função pulmonar e força muscular respiratória, podemos
identificar precocemente doenças respiratórias, cla
ssificar sua gravidade e avaliar
respostas terapêuticas (VENKATESHIAH & IOCHIMESCU, 2008).
A deficiência mental leva ao aumento da incidência de doenças
cardiorrespiratórias e diminuição da expectativa de vida (FERNHALL, 1993). Esse fator
pode estar assoc
iado a diversas alterações encontradas nessa população, como a
obesidade, fraqueza muscular e sedentarismo (BARROS, CAVALCANTE & OLIVEIRA,
2000; PRASHER, 1995). A mensuração da função pulmonar e força muscular
respiratória pode diagnosticar precocemente al
terações respiratórias, e a partir desse
ponto estratégias para diminuir o risco de aparecimento de doenças podem ser
traçadas.
Não há estudos definindo os valores de função pulmonar e força muscular
respiratória em indivíduos portadores da Trissomia 21 (S
índrome de Down) e indivíduos
com deficiência mental.
A partir dessas informações, três problemas de pesquisa levam ao
desenvolvimento desse estudo:
1
-
As variáveis da fuão pulmonar (Capacidade Vital Forçada
-
CVF,
Volume Expiratório Forçado
-
VEF
1
, Pico d
e Fluxo Expiratório PFE, e
relação VEF
1
/CVF ou índice de Tiffenau)
dos indivíduos com Trissomia
21 (Síndrome de Down), indivíduos com deficiência mental, e
indivíduos sem essas alterações comportam
-
se de maneira
semelhante?
2
-
As variáveis da força muscular r
espiratória (Pi
Máx
e Pe
Máx
)
dos
indivíduos com Trissomia 21 (Síndrome de Down), indivíduos com
deficiência mental, e indivíduos sem essas alterações comportam
-
se
de maneira semelhante?
4
3
-
O percentual de gordura corporal (%GC) dos indivíduos com Trissomia
21
(Síndrome de Down), indivíduos com deficiência mental, e
indivíduos sem essas alterações comportam
-
se de maneira
semelhante?
1.2
Objetivos
1.2.1
Objetivo Geral
-
Avaliar a função pulmonar, força muscular respiratória e composição corporal
em indivíduos portadores d
a Trissomia 21 (Síndrome de Down), indivíduos
com deficiência mental, e indivíduos sem essas alterações em ambos os
gêneros, com idade compreendida entre 20 e 40 anos.
1.2.2
Objetivos Específicos
-
Verificar se os gêneros (masculino ou feminino) influenciam nos p
arâmetros
de função pulmonar, força muscular respiratória e percentual de gordura
corporal entre indivíduos portadores da Trissomia 21 (Síndrome de Down),
indivíduos portadores com deficiência mental e indivíduos ditos normais;
1.3
Hipótese Estudada
1
-
Indivídu
os portadores da Trissomia 21 (Síndrome de Down), e indivíduos com
deficiência mental apresentam déficit na função pulmonar quando comparados
a indivíduos sem essas alterações;
2
-
Indivíduos portadores da Trissomia 21 (Síndrome de Down), e indivíduos com
defi
ciência mental apresentam déficit na força muscular respiratória quando
comparados a indivíduos sem essas alterações;
3
-
Indivíduos portadores da Trissomia 21 (Síndrome de Down), e indivíduos com
deficiência mental apresentam maior percentual de gordura corpo
ral, quando
comparado a indivíduos sem essas alterações.
5
1.4
Relevância do Estudo
Indivíduos com Deficiência mental apresentam estilo de vida sedentário e grande
tendência à obesidade. Além disso, os indivíduos portadores da trissomia 21 (Síndrome
de Down) a
presentam hipotonia muscular generalizada. Essas características dessa
população podem afetar a função pulmonar e força muscular respiratória.
Indivíduos com deficiência mental, com e sem Síndrome de Down, apresentam
baixos níveis de aptidão cardiorrespir
atória. (FERNHALL, 1993; PITTETI
et al.
, 1993). A
obesidade, sedentarismo e alterações autonômicas (principalmente nos indivíduos com
Síndrome de Down) são descritas como as principais causas para essa alteração.
Indivíduos com baixos volumes pulmonares e
alterações na força muscular respiratória
podem contribuir para menores valores do consumo máximo de Oxigênio (VO
2Max
)
(CRINER, 1997).
MCGROTHER & MARSHALL (1990) avaliaram as principais causas de
morbidade em indivíduos com Síndrome de Down. As infeões
respiratórias foram a
principal causa de morbidade e mortalidade, seguidas pelas cardiopatias.
A obesidade é um importante fator de risco para doenças cardiovasculares, além
de contribuir com as redões dos volumes pulmonares, em virtude da carga mecânica
imposta a caixa torácica. Com isso, verifica
-
se a importância de avaliar a composição
corporal, principalmente nas populações com deficiência mental, portadores e não
portadores da Trissomia 21 (Síndrome de Down).
A mensuração dos volumes e capacidades
pulmonares, junto com a força
muscular respiratória, é de grande importância para a prevenção de afecções
cardiorrespiratórias em indivíduos com deficiência mental, portadores da trissomia 21
(MCGROTHER & MARSHALL, 1990). Baixos volumes pulmonares estão as
sociados ao
acúmulo de secreções, em virtude do baixo fluxo expiratório; assim como uma
diminuição da força muscular expiratória está intimamente relacionada com uma tosse
6
ineficaz, devido a esse mecanismo de defesa ser gerado pela contração dos músculos
a
bdominais, que são músculos acessórios da expiração, utilizados para auxiliar e
aumentar o fluxo expiratório (SCANLAN, WILKINS & STOLLER, 2002).
Portanto, a mensuração da função pulmonar e força muscular respiratória permite
a identificação de alterações f
uncionais respiratórias, que se devidamente corrigidas
podem modificar a qualidade e expectativa de vida na população com deficiência
mental, portadores e não portadores da Trissomia 21 (Síndrome de Down).
1.5.
Delimitações do Estudo
Este estudo limita
-
se à p
opulação de indivíduos com deficiência mental,
portadores e não portadores da Trissomia 21 (Síndrome de Down) no Distrito Federal
(DF) e indivíduos sem essas alterações, na faixa etária compreendida entre 20 e 40
anos e que freqüentam as seguintes Institui
ções Filantrópicas do DF: Associação de
Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE
-
DF), Sociedade Pestalozzi
-
DF e Associação
de Mães, Pais, Amigos e Reabilitadores de Excepcionais (AMPARE
-
DF) e Centro
Integrado de Ensino Especial da Secretaria de Educação do D
F, Centro Universitário de
Brasília (UNICEUB) e Universidade Católica de Brasília (UCB).
1.6
Glossário
Acrocianose:
Distúrbio circulatório em que as mãos, e menos comumente os pés
estão frios e azuis (TABER, 2000).
Aplasia:
Desenvolvimento defeituoso ou ausên
cia congênita de um órgão ou
tecido (TABER, 2000).
Braquicefalia:
Cabeça curta, com um índice encefálico de 81 a 85,4 cm (TABER,
2000).
Cariótipo:
Microfotografia de uma célula isolada no estágio de metáfase da
divisão celular e que é arranjada de modo a e
xibir os cromossomos em ordem
descendente de tamanho (TABER, 2000).
Clinodactilia:
Deflexão medial ou lateral permanente de um ou mais dedos da
mão (MARCONDES, 1978).
7
Cromossomo Acocêntrico:
Tipo de cromossomo que tem um centríolo perto da
extremidade do c
romossomo da replicação, de tal modo que um braço é muito
mais longo que outro (TABER, 2000).
Dermatóglifos
: Marcas superficiais na pele, especialmente nas mãos e pés
(TABER, 2000).
Hipoplasia
: Relacionado ao menor desenvolvimento de uma estrutura (TABER,
2000).
Potencial Bronco
espástico:
Capacidade que a via aérea tem de aumentar
seu tônus motor (TABER, 2000).
Região Halucal
: Relativo ao hálux, nome dado ao dedo mais medial do dos pés
(MARCONDES, 1978).
Síndrome de Down
: Conjunto de sinais e sintomas r
esultante de uma alteração
biológica alterada por fator genético (MUSTACCHI & ROZONE 1990).
Trirádio Palmar
: Figura na base de cada dedo e na palma da mão, produzida por
fileiras de papilas que correm em três direções, a fim de foRMar um triângulo
(TABER,
2000).
8
REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Deficiência mental
A deficiência mental ou deficiência intelectual (DM), expressão usada pela
Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde
-
10°
Revisão (CID 10), indica o conjunto d
e sintomas ou comportamentos reconhecíveis
clinicamente, acompanhados na maioria dos casos de sofrimento e interferência nas
funções pessoais (BATTAGLIA & CAREY, 2003).
A taxa de prevalência tradicionalmente citada para essa alteração é de 1% da
população
adulta, porém há estimativas de até 10% (VASCONCELOS, 2004).
O diagnóstico do DM é realizado através da análise de três critérios: alterações
de humor e comportamento, quociente de inteligência menor que 70 e deficiência na
habilidade em pelo menos duas
dessas áreas: comunicação, auto
-
cuidados,
habilidades sociais
interpessoais, rendimento escolar e lazer (BATAGLIA & CAREY,
2003).
As principais causas de DM são: alterações cromossômicas, paralisia cerebral,
infecções, distúrbios endócrinos ou metabóli
cos, traumatismos, intoxicações,
malformações cerebrais e neoplasias. Dentre as alterações Cromossômicas, a
Síndrome de Down é a alteração mais prevalente entre a população brasileira
(VASCONCELOS, 2004).
pouco tempo utilizava
-
se o quociente de intelig
ência (QI) como forma de
graduação da deficiência mental. O QI considerado normal é acima de 85. Os indivíduos
com QI entre 71 e 84 estão em situação limítrofe. Indivíduos com QI entre 55 e 70
apresentam deficiência mental de grau leve; Indivíduos com QI e
ntre 35 e 55
apresentam deficiência mental de grau moderado e abaixo de 35 identifica
-
se retardo de
grau severo (VASCONCELOS, 2004).
Entretanto o teste do QI avalia a capacidade do indivíduo em resolver questões e
situações específicas, não avaliando sua c
apacidade social e de adaptação dos
9
indivíduos a diversos ambientes. Com isso, atualmente a avaliação do grau de
comprometimento cognitiva é realizada através de profissional especializado, que utiliza
o QI apenas como um dos seus critérios de avaliação (V
ASCONCELOS, 2004).
Indivíduos com DM em geral possuem baixos níveis de atividade física e
habilidades motoras, quando comparados a população não retardada. Também relata
-
se a essa população redução na performance de equilíbrio, direção, propriocepção,
lat
eralidade e força muscular (ANGELOPOULOU, 2000).
2.2. Histórico da Trissomia 21 (Síndrome de Down)
A Síndrome de Down é a principal alteração cromossômica que leva à deficiência
mental. O registro antropológico mais antigo da Trissomia 21 (Síndrome de D
own)
deriva das escavações de um crânio saxônico, datado do culo VII, que apresentava
modificações estruturais vistas com freqüência em crianças com Síndrome de Down.
Algumas pessoas acreditam que a Síndrome de Down tenha sido representada em
esculturas
e pictografias. Os traços faciais de estatuetas esculpidas pela cultura Olmec
quase 3000 anos foram considerados semelhantes aos de pessoas com Síndrome
de Down. O exame cuidadoso dessas estatuetas, entretanto gera dúvidas sobre essa
afirmação (PUESCHEL
, 1997).
Apesar das conjecturas históricas, nenhum relatório bem documentado sobre
pessoas com Síndrome de Down foi publicado antes do século XIX. várias razões
para isso: em primeiro lugar, havia poucas revistas médicas disponíveis naquela época;
em se
gundo, somente alguns poucos pesquisadores estavam interessados em crianças
com problemas genéticos e deficiência mental; em terceiro, outras doenças, como
infecções e a desnutrição predominavam naquela época, ofuscando muitos dos
problemas genéticos e de
malformação; e em quarto, até em meados do século XIX,
somente metade das mães sobrevivia além dos 35 anos de idade sabido sobre o
aumento de incidência de Síndrome de Down em mães de idade avançada) e muitas
das crianças certamente acometidas dessa Sín
drome provavelmente morriam na
primeira infância (SCHWARTZMAN
et al.
, 1999).
10
A primeira descrição de uma criança que se presume tinha Síndrome de Down foi
fornecida por Jean Esquirol em 1838. Logo a seguir, em 1846, Edoug Seguin descreveu
um paciente com f
eições que sugeriam Síndrome de Down, denominando a condição de
“idiotia furfurácea”. Em 1866, Duncan registrou uma menina “com uma cabeça pequena
e redonda, olhos parecidos com chineses, projetando uma grande língua e que
conhecia algumas palavras”. Na
quele mesmo ano, John Langdon Down publicou um
trabalho no qual descreveu algumas características da Síndrome que hoje leva o seu
nome (PUESCHEL, 1997).
John Langdon Down merece o crédito pela descrição de características clássicas
dessa condição, assim di
stinguindo essas crianças de outras com deficiência mental,
em particular aquelas com cretinismo (desordem congênita da glândula tireóide). Assim,
a grande contribuição de John Langdon Down foi seu reconhecimento das
características e sua descrição da cond
ição como entidade distinta e separada
(SCHWARTZMAN
et al.
, 1999).
Assim como muitos cientistas contemporâneos dos meados do século XIX, John
Langdon Down foi certamente influenciado pelo livro de Charles Darwin, A origem das
espécies. Em conformidade com
a teoria da evolução de Darwin, Down acreditava que a
condição que agora chamamos de Síndrome de Down era um tipo racial mais primitivo.
Ao reconhecer nas crianças afetadas uma aparência oriental, Down criou o termo
“mongolismo” e chamou a condição inadequ
adamente de “idiotia mongolóide”. Hoje
sabemos que as implicações raciais são incorretas (SCHWARTZMAN
et al.
, 1999).
Após 1866, nenhum registro de Síndrome de Down foi publicado por cerca de
uma década, até que J. Frase e A. Mitchell descreveram, em 1876,
pacientes com essa
condição, denominando
-
os “idiotia Kalmuk”. Mitchell chamou atenção para o pescoço
encurtado (braquicefalia) e para a idade mais avançada das mães quando deram a luz.
Frase e Mitchell merecem o crédito por terem fornecido o primeiro relat
o científico da
Síndrome de Down em uma reunião científica em Edimburgo, em 1875, quando Mitchell
11
apresentou observações de 62 pessoas com Síndrome de Down (SCHWARTZMAN
et
al.
, 1999).
Na segunda década do século XX, Bleyer e Pentose, em trabalhos isolados,
haviam sugerido que o “mongolismo” poderia resultar de uma não
-
disjunção
cromossômica, fenômeno esse que consiste na incorporação de um mesmo núcleo, de
ambos os cromossomos que deveriam deslocar
-
se a cleos diferentes durante a
divisão celular, porém em
1959, Lejune demonstrou nesses casos, a presença de um
pequeno cromossomo acrocêntrico adicional, identificado como cromossomo 21,
provando que, na maioria dos casos, existe uma trissomia com um total de 47
cromossomos. Dessa forma, a Síndrome de Down foi
a primeira aberração
cromossômica descrita na espécie humana por Lejune em 1959, e pela primeira vez no
mundo estabelecia
-
se um vínculo entre um estado de deficiência mental e uma
aberração cromossômica. Isso foi confirmado por Beçak em 1962 (MUSTACCHI e
ROZONI, 1990).
2.3.
Classificação e Características da Trissomia 21 (Síndrome de Down)
Existem três tipos de Trissomia 21, detectadas por um exame chamado cariótipo.
São eles:
-
Trissomia 21 simples (ou padrão): pessoa que possui 47 cromossomos em todas
as
células. (ocorre em 95% dos casos);
-
Mosaico: a alteração genética compromete apenas parte das células, ou seja,
algumas células têm 47 e outras 46 cromossomos (2% dos casos);
-
Translocação: o cromossomo extra do par 21 fica “grudado” em outro
cromossomo.
Neste caso embora o indivíduo tenha 46 cromossomos, ele é portador da
Síndrome (3% dos casos).
É importante saber que no caso da Síndrome de Down por translocação, os pais
devem submeter
-
se a um exame genético, pois eles podem ser portadores de
translocaçã
o e têm grandes chances de gerar outro filho com Síndrome de Down
(SCHWARTZMAN et al., 1999).
12
Segundo MARCONDES (1978), os indivíduos com Síndrome de Down exibem
certos traços típicos, como: A face é caracteristicamente redonda e achatada; o occipital
é ch
ato e o aspecto geral do crânio é braquicefálico ou encurtado no diâmetro antero
-
posterior. A ponte nasal é achatada e as fissuras palpebrais são delicadas, estreitas e
oblíquas, isto é, inclinadas no sentido látero
-
superior. É comum a presença de pregas
e
picânticas, que costumam ser bastante evidentes, exceto no período neonatal. Vários
tipos de opacidades lenticulares são encontrados nos pacientes com Síndrome de
Down, inclusive cataratas congênitas que envolvem grandes porções do cristalino. O
estrabismo
é comum, assim como as manchas de Brushfield, que são pequenas
manchas brancas que formam um anel na zona média da íris. As orelhas são
geralmente pequenas, lice dobrada e o lóbulo pequeno ou ausente. O nariz é curto
com ponta achatada. A boca freqüente
mente é mantida aberta, a língua é profusa com a
superfície fissurada. A erupção do primeiro dente ocorre após um ano de idade em 60%
dos casos e os dentes são pequenos e, freqüentemente de alinhamento anormal. Pode
haver aplasia do esmalte ou ausência de
vários dentes permanentes. O pescoço é
geralmente curto e largo e pode haver excesso de pele nas regiões posterior e laterais
do mesmo.
A pele que no recém
-
nascido
mostra acrocianose ou “cutis marmorata”,
posteriormente pode parecer pálida e de consistênci
a pastosa; nos pacientes mais
velhos é áspera, seca e enrugada prematuramente. O cabelo é fino e esparso. Possuem
pelve menor, com diminuição dos ângulos acetabulares e ossos ilíacos alargados; na
coluna vertebral, o canal cervical é estreito e a subluxaçã
o do processo atlanto
-
axial
pode levar a para ou tetraplegias; poucos casos requerem fusão óssea posterior,
devendo
-
se indicar radiografia dessa região se houver intenção de práticas desportivas
(MARCONDES, 1978).
O encurtamento das extremidades é típico:
os pés caracterizam
-
se por serem
curtos, largos e grossos, e a presença de uma distância aumentada entre o primeiro e
segundo artelho é comum (MARCONDES, 1978).
13
As mãos são curtas e largas e os dedos apresentam uma redução relativamente
maior em compriment
o. É comuM a presença de anormalidades no quinto dedo com
encurtamento e encurvamento (clinodactilia). A redução no comprimento é devida
principalmente à presença de uma falange média curta ou hipoplástica. Costuma haver
apenas uma prega de flexão no quint
o dedo. Os polegares podem ser implantados
proximamente e uma prega palmar única (simiesca) ocorre freqüentemente em uma ou
ambas as mãos (MARCONDES, 1978).
Nos dermatóglifos é muito freqüente a presença de presilhas ulnares nos 10
dedos. Presilhas radiais
são encontradas, às vezes no quarto e quinto dedos, ao passo
que padrões em verticilos e arcos são muito raros. O trirádio palmar está deslocado
distalmente e localiza
-
se geralmente no centro da palma. Nas regiões plantares é muito
comum a presença de um
arco tibial na região halucal (MARCONDES, 1978).
MUSTACCHI e ROZONE (1990) descrevem a hipotonia muscular, uma das
características clínicas da Síndrome de Down, como relacionada ao retardo do
desenvolvimento motor, às hérnias umbilicais e inguinais e às di
ástases do músculo reto
abdominal. Da mesma forma que a hipotonia ocorre na musculatura estriada, também
ocorre na musculatura lisa, diminuindo inclusive o potencial bronco
espástico,
favorecendo um acúmulo de secreção e produzindo meio adequado, por est
ase, para
proliferação bacteriana e consequentemente afecções ao sistema respiratório.
2.4 Alterações Respiratórias na Trissomia 21 (Síndrome de Down)
Os distúrbios respiratórios estão entre as principais causas de mortalidade e
internação hospitalar em
indivíduos com deficiência mental, incluindo os indivíduos com
Síndrome de Down (SOARES
et al.
, 2004).
A anormalidade cromossômica pode gerar diversas alterações fisiológicas e
anatômicas em indivíduos com Síndrome de Down, que colocam esses indivíduos ma
is
susceptíveis a infecções respiratórias (SOARES
et al.
, 2004). As principais alterações
encontradas são: obstrução das vias aéreas superiores, hipertensão pulmonar,
hipoplasia pulmonar, apnéia obstrutiva do sono e imunodeficiência (SCHWARTZMAN,
2003).
14
E
m relação à obstrução das vias aéreas superiores, estão relacionadas a
hipertrofia das tonsilas e presença de adenóides, diminuindo as conchas nasais,
aumentando a incidência de rinites e sinusites, patologias comuns nessa população
(SOARES
et al.
, 2004).
A hipertensão pulmonar é a alteração mais prevalente do sistema respiratório.
Esse aumento na pressão pulmonar deve
-
se a redução do mero de capilares
pulmonares, que diminuiria a área de secção transversal do sistema arterial pulmonar,
que aumentaria a
resistência arterial e consequentemente a pressão arterial pulmonar
(SCHWARTZMAN, 2003).
Esse aumento na pressão arterial pulmonar diminui a perfusão pulmonar, que
leva a uma menor nutrição tecidual, que leva a uma hipoplasia pulmonar. Essa
hipoplasia é
caracterizada principalmente a redução dos ductos alveolares e menor
crescimento radial pulmonar (SUZUKI et al., 2000).
A apnéia obstrutiva do sono está relacionada à obstrução das vias reas
superiores, além da hipotonia da musculatura lisa das vias aér
eas, que favorecem ao
colapso, diminuindo a passagem de oxigênio aos alvéolos. A obesidade, fator presente
nessa população, também favorece o aparecimento da apnéia obstrutiva do sono
(SOARES
et al.
, 2004).
Os indivíduos com Síndrome de Down apresentam le
ucopenia, o que afeta a
imunidade celular e humoral. A natureza dos problemas de imunidade nessa população.
A redução da função fagocitária celular, deficiência térmica, alterações nas
imunoglobulinas IG 2 e IG 4 têm sido documentadas, o que favorece o apa
recimento de
pneumonias em repetição (SUZUKI et al., 2000).
2.5 Músculos Ventilatórios
Os músculos respiratórios juntamente com os ossos do tórax funcionam como
uma bomba respiratória que impulsiona ar para dentro e fora do pulmão, gerando o fluxo
aéreo
no interior das vias aéreas (CRINER, 1997).
15
Esse grupo muscular é do tipo esquelético estriado que, comparados aos
músculos da periferia apresentam uma maior resistência à fadiga, fluxo sanguíneo
elevado, maior rede capilar e maior capacidade oxidativa.
Essa característica é de suma
importância, pois os músculos respiratórios necessitam vencer cargas resistivas e visco
-
elásticas para manter uma ventilação satisfatória aos seres humanos (WEST, 1999).
Vários músculos contribuem para o movimento do gás para
dentro e fora dos
pulmões. Esses músculos podem ser divididos em músculos respiratórios principais e
acessórios. Os músculos principais são ativos tanto durante a respiração basal quanto
no exercício. os sculos acessórios auxiliam os músculos princip
ais quando a
demanda ventilatória aumenta. Dentre os músculos principais, estão o diafragma e os
intercostais; e os músculos acessórios são os escalenos, esternocleidomastóideo,
peitorais maiores e abdominais
(CRINER, 1997). A figura 1 mostra um esquema do
s
principais músculos inspiratórios e expiratórios envolvidos no processo da ventilação.
Figura 1
-
Principais Músculos Ventilatórios
Fonte: CRINER, G.
Fisiopatologia Pulmonar
. p, 27. São Paulo: Editora Atheneu, 1997.
2.5.1 Músculo Diafragma
O diafragm
a é o principal músculo da respiração. Ele é responsável por
aproximadamente 70% da alteração do volume torácico durante a respiração basal.
16
Esse músculo origina
-
se da primeira a terceira vértebra lombar, da margem interna da
sétima a décima
-
segunda cost
ela e processo xifóide. As suas fibras convergem para a
região central, formando uma bainha larga chamada tendão central. Na sua forma, o
diafragma apresenta
-
se em forma de cúpula e separa o tórax do abdômen. (CRINER,
1997).
O tendão central do diafragma c
ombina
-
se com o pericárdio para dividir a pula
em duas hemicúpula: direita e esquerda. Como o fígado está imediatamente abaixo da
hemicúpula direita, esta se encontra aproximadamente um centímetro mais alto do que
o esquerdo no final da respiração basal.
A hemicúpula direita posiciona
-
se na altura da
nona vértebra torácica posteriormente e da quinta costela anteriormente; e a hemicúpula
esquerda encontra
-
se na altura da décima costela posteriormente e da sexta costela
anteriormente (SCALAN, WILKINS & STOL
LER, 2002).
A inervação do diafragma é feita pelos nervos frênicos. Cada hemicúpula tem o
seu próprio ramo nervoso, o que permite que cada hemicúpula funcione
independentemente. Porém, o movimento das hemicúpulas é sincrônico em indivíduos
saudáveis
(CRI
NER, 1997).
O músculo diafragma apresenta dois importantes efeitos mecânicos. Quando o
diafragma contrai, o tendão central é levado para baixo. Isso achata o diafragma,
empurra o conteúdo abdominal para baixo, aumenta a pressão intra
-
abdominal,
diminuindo
a pressão intratorácica e aumentando o volume pulmonar. O segundo efeito
é realizado pelas fibras que se originam na margem das costelas, que quando se
contrai, eleva as margens laterais das costelas. Essa contração contínua das fibras
diafragmáticas leva
o gradil costal para frente e para fora, permitindo um maior volume
pulmonar, comparando apenas com o movimento superior
-
inferior do diafragma
(WEST,
1999).
A área costal do diafragma que é contígua ao gradil costal é denominada zona de
aposição. Esta zon
a melhora a ação mecânica do diafragma ao permitir a utilização das
vísceras como um fulcro para elevar a parte inferior do gradil costal (SCALAN, WILKINS
& STOLLER, 2002).
17
O diafragma participa passivamente da expiração. Ele retorna a sua posição
original
, durante a retração passiva do tórax, aumenta a pressão intratorácica e favorece
a saída do ar nos pulmões. Na expiração forçada, o diafragma atua como um pistão,
aumentando a pressão intra
-
abdominal, favorecendo ainda mais a saída do ar pelos
pulmões
(CR
INER, 1997).
Mesmo sendo o principal músculo respiratório, ele não é essencial para a
sobrevivência. A ventilação pode ser mantida com a utilização dos músculos acessórios,
se por acaso acontecer uma paralisia diafragmática. Durante a respiração basal, o
diafragma pode ficar imóvel ou mover
-
se em qualquer direção. As pressões sobre o
diafragma paralisado tendem a fazê
-
lo subir durante a inspiração
(SCALAN, WILKINS &
STOLLER, 2002).
A ação do diafragma pode ser alterada por várias situações fisiopatológicas
,
como a hiperinsuflação dinâmica. Essa alteração deslocada o músculo para uma
posição mais baixa e achatada. Diminuindo a sua incursão vertical. Outras situações,
como a imobilidade da parede abdominal, também comprometem a sua ação muscular
(WEST, 1999).
2.5.2 Músculos Intercostais
Os músculos intercostais estão localizados em cada par de costelas. Eles são
divididos em externos e internos. Os intercostais externos originam
-
se na borda inferior
das costelas e insere
-
se na borda superior da costela subjace
nte. Os intercostais
internos originam
-
se na borda inferior das costelas e insere
-
se na borda superior da
costela suprajacente
(CRINER, 1997).
Existe controvérsia sobre a função dos músculos respiratórios. Vários estudos
descrevem que os intercostais exter
nos e a porção cartilaginosa dos intercostais
internos são ativos durante a respiração. A contração desses músculos na inspiração
eleva as costelas, aumentando o volume pulmonar. Esses músculos possivelmente
estabilizam a parede torácica e impedem a retraç
ão ou protusão intercostal durante
grandes alterações da pressão intratorácica (WEST, 1999).
18
As retrações intercostais são movimentos para dentro dos tecidos entre as
costelas da parede torácica durante a inspiração. Durante a respiração basal, a queda
da
pressão intratorácica não é acentuada. Entretanto, se ocorrer obstrução grave das
vias aéreas, um esforço inspiratório maior será necessário para vencer a resistência ao
fluxo aéreo. Esse esforço gera uma maior queda da pressão intratorácica, que “suga” os
tecidos moles localizados entre as costelas para dentro, causando as retrações
intercostais
(CRINER, 1997).
2.5.3 Músculos Acessórios
Os músculos acessórios o acionados sempre que a demanda ventilatória
aumenta. Dentre os principais músculos os escaleno
s (anterior, médio e posterior),
esternocleidomastóideo e o peitoral maior (SCALAN, WILKINS & STOLLER, 2002).
Os escalenos originam
-
se nos processos transversos das cinco vértebras
cervicais inferiores, os escalenos anterior e médio inserem
-
se na primeira
costela. O
escaleno posterior insere
-
se na segunda costela. A contração dos escalenos eleva as
duas primeiras costelas
(SCALAN, WILKINS & STOLLER, 2002).
O esternocleidomastóideo origina
-
se no manúbrio esternal e clavícula e insere
-
se
no processo mastóideo
do crânio. Esse músculo em ação respiratória eleva as
primeiras costelas e o esterno. Nas doenças obstrutivas, o esternocleidomastóideo
está ativo durante todo o processo inspiratório, pois o diafragma está em posição está
em posição de desvantagem mecâni
ca e não consegue manter uma ventilação
adequada (SCALAN, WILKINS & STOLLER, 2002).
O peitoral maior é um músculo potente. Ele é de suma importância para a
articulação o ombro, porém ele também pode exercer uma ação inspiratória, tracionando
o esterno e as
costelas para cima, aumentando o diâmetro anterior
-
posterior do tórax
(WEST, 1999).
Os sculos abdominais o basicamente músculos acessórios da expiração.
Eles são divididos basicamente em: oblíquos interno e externo, reto do abdômen e
transverso do ab
dômen. A sua ação expiratória é por diminuir o diâmetro transverso do
19
tórax, desinsuflando os pulmões. Eles também podem contribuir com a inspiração, com
a sua contração ao final da expiração, pois o aumento da pressão abdominal aumenta o
comprimento e o r
aio da curvatura do diafragma, auxiliando assim o próximo processo
inspiratório (WEST, 1999).
2.6
Força Muscular Respiratória
Para mantermos uma ventilação adequada, é necessário que os músculos
respiratórios vençam as cargas elásticas e resistivas presentes n
o sistema respiratório,
gerando um gradiente de pressão entre a atmosfera e as vias aéreas. Portanto, os
músculos respiratórios são os principais geradores de variação de pressão no sistema
respiratório (WEST, 1999).
Os músculos respiratórios são divididos
em inspiratórios e expiratórios. A força
gerado pelos músculos inspiratórios é denominada Pi
Máx
, e a força gerada pelos
músculos expiratórios é denominada Pe
Máx
. Essas variáveis são mensuradas através de
um dispositivo chamado de manovacuômetro.
O manovac
uômetro é um manômetro que registra pressões positivas e negativas
ligado a um bocal, onde o paciente fará inspirações e expirações ximas por esse
bocal e o registro do seu valor será visualizado no manômetro. A Pi
Máx
é mensurada
com o paciente realizand
o anteriormente uma expiração até o seu volume residual, e
logo após realizará uma inspiração máxima profunda no bocal. O registro da pressão é
negativo, podendo variar de
-
1 a
-
120 (SCALAN, WILKINS & STOLLER, 2002).
A Pe
Máx
é medida como paciente realiza
ndo uma inspiração profunda até a
capacidade pulmonar total, e posteriormente fará uma expiração máxima no bocal. O
registro da pressão é positivo, podendo variar de 1 a 120 (FROWNFELTER & DEAN,
2004).
NEDER
et al.
(1999) realizaram um estudo para propor v
alores de referência de
força muscular respiratória em indivíduos saudáveis. Os dados da Pi
Máx
e Pe
Máx
previstos estão descritos no quadro 1.
20
QUADRO 1
-
Valores previstos para Pi
Máx
e Pe
Máx
em indivíduos saudáveis
Fonte: NEDER, J.A, et al.. Valores preditivos da força muscular respiratória para indivíduos saudáveis. Jornal
Brasileiro de Pneumologia 25: pp.168
-
71, 2000.
A part
ir desses valores de referências, podemos graduar os indivíduos em: foa
preservada (> 80% predito); fraqueza leve (60
-
80% do predito); fraqueza moderada (40
-
60% predito) e fraqueza grave (< 40% predito) (NEDER
et al.
, 2000).
Diversos fatores podem cont
ribuir para a redução da força muscular respiratória,
dentre eles: alterações na caixa torácica (como escolioses severas), redução do tônus
muscular ou alterações no neurônio motor (como ocorre em lesados medulares),
obesidade, afecções na placa motora, (c
omo a
miastenia gravis
), o envelhecimento e
sedentarismo (NEDER
et al.
, 2000).
A fraqueza muscular respiratória está relacionada a diversas alterações. Dentre
elas, estão a diminuição do volume corrente, retenção de gás carbônico (CO
2
),
distúrbios no eq
uilíbrio ácido
básico, relacionados à fraqueza muscular inspiratória; e
déficit no mecanismo de tosse e alterações na caixa torácica, relacionados a fraqueza
muscular expiratória (FROWNFELTER & DEAN, 2004).
2.7
Mecânica da Ventilação
A ventilação normal é
uma atividade cíclica que possui duas fases: inspiração e
expiração. Ela ocorre em respostas aos gradientes de pressão criados pela expansão e
contração torácica. O principal gradiente da ventilação é o gradiente de pressão
Força
Masculino
Feminino
Pi
Max
Pe
Máx
14
3
-
(0.55 X idade)
268
-
(1.03 X idade)
104
-
(0.51 X idade)
170
-
(0.53 X idade)
21
transpulmonar (P
trans
), variação
existente entre a diferença entre a pressão alveolar e
pressão pleural. Quanto maior for o gradiente de pressão transpulmonar, maior será a
expansão pulmonar (WEST, 1999).
Antes de iniciar a inspiração, a pressão pleural é de aproximadamente
-
5 cmH
2
O
e
a pressão alveolar é de 0. O gradiente de P
trans
é de 5 cm H
2
O, e esse gradiente
mantém o pulmão aberto em repouso. A inspiração começa quando o esforço muscular
expande o tórax. A expansão promove uma queda da pressão pleural, aumentando a
P
trans
, fazend
o com que os alvéolos se expandam. Quando os alvéolos se expandem, há
uma queda na pressão alveolar, deslocando o ar para o interior do pulmão, aumentando
o seu volume. Ao final da expiração, com o aumento do volume alveolar, a pressão
alveolar volta a ser
0 (LEVITSKY, 2004).
Na expiração, o tórax se retrai, aumenta a pressão pleural, o alvéolo se estreita,
aumentando a pressão alveolar, permitindo um movimento de saída do ar do sistema. A
medida que o ar vai saindo, a pressão alveolar cai até atingir 0 no
vamente. Nesse
ponto, tem o início um novo ciclo ventilatório. A demonstração das pressões, fluxos e
volumes durante um ciclo ventilatório está descrita na Figura 2.
Figura 2
Pressões, Volumes e Fluxos envolvidos na ventilação
Fonte: SCANLAN, C; WIL
KINS, R; STOLLER,J.
Fundamentos da terapia respiratória de Egan
. 2º edição, p. 207.
Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2002.
22
Para gerar esses gradientes, os pulmões devem vencer forças de oposição
elásticas, presentes tanto na caixa torácica quant
o no tecido pulmonar. O pulmão como
órgão elástico, possui grande tendência ao colabamento na expiração, em virtude do
retorno após a distensão. A caixa torácica tende a expandir a baixos volumes
pulmonares e retrair a altos volumes. Ou seja, a caixa torác
ica se opõe a tendência ao
fechamento pulmonar a expiração, sendo esse um dos principais fatores para a
manutenção dos volumes pulmonares (LEVITSKY, 2004).
O sistema pulmão
parede torácica pode ser comparada a duas molas que se
tracionam mutuamente. A
mola da parede torácica tende a expandir, enquanto a dos
pulmões tende a contrair. No repouso, as forças do parênquima pulmonar e da parede
torácica estão equilibradas. A tendência da parede torácica de expandir é
contrabalanceada pela tendência ao fecham
ento dos pulmões. A energia dos músculos
respiratórios se sobrepõe à força contrátil do pulmão, que facilita a expansão pulmonar
(SCALAN, WILKINS & STOLLER, 2002).
Doenças ou situações patológicas que alteram a tensão da parede pulmonar
rompem esse equilíb
rio. Reduções no tônus da musculatura da caixa torácica podem
reduzir os volumes pulmonares, por reduzir a tendência à expansão da caixa torácica e
consequentemente gerar um desequilíbrio entre pulmão e caixa torácica, com tendência
ao fechamento do pulmã
o, além de menores volumes inspiratórios e expiratórios
(SCALAN, WILKINS & STOLLER, 2002; LEVITSKY, 2004).
2.8
Volumes e Capacidades Pulmonares
O volume pulmonar depende da mecânica do pulmão, da parede torácica, da
atividade dos músculos inspiratórios e exp
iratórios. Existem quatro volumes pulmonares
padrões: O volume corrente (VC), O volume de reserva inspiratório (VRI), o volume de
reserva expiratória (VRE) e o volume residual (VR). Além disso, temos quatro
capacidades pulmonares, que consistem na soma de
dois ou três volumes pulmonares
23
(LEVITSKY, 2004). A figura 3 mostra a relação existente entre os volumes e
capacidades pulmonares.
Figura 3
Volumes e Capacidades Pulmonares.
Fonte: LEVITZKI, F.
Fisiologia Pulmonar
. p. 28: São Paulo: Editora Manole, 20
04
.
O VC é o volume de ar que entra ou sai do nariz ou da boca por respiração,
sendo determinado pela atividade dos centros do controle respiratório no sistema
nervoso central. O VC de um adulto normal fica em torno de 6 a 8 ml/Kg de peso ideal
(LEVISTKY,
2004).
O VRI é o volume de gás inalado para o interior dos pulmões durante uma
inspiração máxima forçada que se inicia após uma inspiração corrente normal. Ele é
determinado principalmente pela ação dos músculos inspiratórios (WEST, 1999).
O VRE é o volume
de gás exalado para o exterior dos pulmões durante uma
expiração xima forçada que se inicia após uma expiração corrente normal. Ele é
determinado principalmente pela ação dos músculos expiratórios (WEST, 1999).
O VR é o volume de gás que permanece no pu
lmão após uma expiração máxima,
ou que não consegue ser deslocado pelo sistema respiratório. Doenças obstrutivas e
restritivas podem alterar o seu valor (LEVISTKY, 2004).
Dentre as capacidades pulmonares, temos a capacidade residual funcional
(CRF), capac
idade inspiratória (CI), capacidade Vital (CV) e capacidade pulmonar total
(CPT).
A CRF é o volume de gás que permanece nos pulmões após uma expiração
normal. Ela é a soma do VR com o VRE. Habitualmente, considera
-
se a CRF como o
ponto de equilíbrio do si
stema respiratório, pois verifica
-
se que os músculos respiratórios
não estão contraídos ao final da expiração (WEST, 1999).
24
A CI é o volume de ar inalado durante o esforço inspiratório máximo a partir de
uma expiração normal. Portanto, ela é a soma do VC
com a VRI (WEST, 1999).
A CV é o volume de ar expelido dos pulmões durante uma expiração máxima
forçada que se inicia após uma inspiração máxima forçada. É a soma de todos os
volumes que podem ser deslocados no sistema respiratório, como o VC, VRI e VRE.
A
CPT é a soma de todos os volumes pulmonares (VC, VRI, VRE e VR). Em um
indivíduo saudável de 70 Kg esse valor é de aproximadamente 6 litros (LEVISTKY,
2004).
Além desses volumes e capacidades descritos, temos o Volume Expiratório
Forçado no primeiro se
gundo (VEF
1
) e a Capacidade Vital Forçada (CVF). O VEF
1
é o
volume de gás exalado por uma expiração forçada em um segundo a partir de uma
inspiração completa. A CVF representa o volume máximo de ar exalado com esforço
máximo, a partir do ponto de máxima in
spiração (LEVITZKI, 2004).
A análise dos volumes e capacidades pulmonares é de suma importância para
verificar a integridade do sistema respiratório e para identificação de afecções a esse
sistema. A análise desses parâmetros é feita principalmente atravé
s de um exame
denominado espirometria (WEST, 1999).
2.9
Espirometria
Através dos testes de função pulmonar
conseguimos verificar como os pulmões
doentes trabalham. O teste mais simples de realizar
-
se é a espirometria. Esse teste
exige poucos equipamentos para
a sua realização. A maioria dos pacientes com
doenças pulmonares apresenta uma expiração anormal e as informações obtidas nesse
teste são de grande valia para o prognóstico desses pacientes (PEREIRA
et al.
, 2002).
Os principais índices obtidos na prova d
e expiração forçada são: volume
expiratório no primeiro segundo (VEF
1
) e capacidade vital forçada (CVF). O VEF
1
geralmente está reduzido no enfisema (pela perda do suporte elástico das pequenas
vias aéreas), doenças do parênquima pulmonar (fibrose pulmonar
) ou alterações na
caixa torácica (escoliose grave ou obesidade) (SCANLAN, C.; WILKINS, R; STOLLER,
2002).
25
A CVF pode ser reduzida em outras situações, como doenças neuromusculares,
obesidade, alterações da caixa torácica, doenças intersticiais pulmonares
e
sedentarismo (LEVITZKY, 2004).
O VEF
1
é um índice que se correlaciona com o prognóstico e a gravidade dos
sintomas das doenças obstrutivas. Os distúrbios ventilatórios obstrutivos são
caracterizados por redução do fluxo expiratório em relação ao volume
de ar expirado. A
obstrução resulta na perda da retração elástica pulmonar ou no aumento da resistência
das vias aéreas (WEST, 1999).
Em situações de baixos volumes inspiratórios, o VEF
1
também pode estar
reduzido, em virtude menor volume pulmonar ao iníc
io da expiração (LEVITZKY, 2004).
Um adulto normal expira 80% da sua CVF no primeiro segundo. Com isso, a
verificação da relação VEF
1
/CVF ou índice de Tiffenau é de suma importância,
principalmente para descartarmos as doenças com padrão restritivo, pois o
s indivíduos
que possuem uma baixa CVF provavelmente terão um VEF
1
baixo, pom a sua relação
não terá uma diferença negativa significativa, o que caracteriza um padrão restritivo
(CRINER, 1997).
As doenças obstrutivas são identificadas na presença de VEF
1
e VEF
1
/CVF
reduzidos. Através do valor do VEF
1
, CVF e da relação VEF
1
/CVF obtidos através da
espirometria podemos graduar o grau e obstrução das vias aéreas. Um VEF
1
menor que
80% do valor predito (da CVF) com relação VEF
1
/CVF menor que 70% do predito
in
dicam limitação ao fluxo aéreo. Essa obstrução pode ser classificada como: leve (VEF
1
entre 70 e 99% do predito com relação VEF
1
/CVF menor que 70); moderada (VEF
1
entre
30 e 69% do predito com relação VEF
1
/CVF menor que 70) e grave (VEF
1
menor que
30% do p
redito com relação VEF
1
/CVF menor que 70 (PEREIRA
et al.
, 2002;
LEVITZKY, 2004).
As doenças restritivas são identificadas na presença do VEF
1
e CVF reduzidos
com VEF
1
/CVF ou índice de Tiffenau maior ou igual a 70. Quanto à gravidade, a
redução da CVF até
60% do previsto indica restrição leve, abaixo de 50% indica
26
restrição grave e o valor intermediário indicas restrição moderada (PEREIRA
et al.
,
2002). O quadro 2 resume o diagnóstico de doenças restritivas e obstrutivas
Quadro 2
Identificação das doença
s Restritivas e Obstrutivas
Normal
Restritivo
Obstrutivo
VEF
1
/CVF
Normal
Normal
Reduzido
CVF
Normal
Reduzido
Normal ou
Reduzido
VEF
1
Normal
Reduzido
Reduzido
Fonte: PEREIRA
et al.
. Referências para espirometria em indivíduos brasileiros adultos saudá
veis. Jornal
Brasileiro de Pneumologia 28(3), S2
-
S16, 2002.
O Pico de Fluxo Expiratório (PFE) também é outro fator analisado através das
provas espirométricas. Ele está alterado tanto em distúrbios obstrutivos (instabilidade de
pequenas vias aéreas) quant
o restritivos (doenças neuromusculares). Ele reproduz a
capacidade do indivíduo de conseguir eliminar grandes volumes pulmonares em curto
período de tempo, como acontece no ato de tossir. Valores de PFE abaixo de 120 l/min
(ou 40% predito) estão relacionad
os com a redução da eficácia da tosse, um dos
principais mecanismos de retirar secreções das vias aéreas inferiores e proteção ao
sistema respiratório (PEREIRA
et al.
, 2002; CRINER, 1997).
2.10
Composição Corporal
A composição corporal é um componente chave par
a a saúde, pois identifica o
perfil individual de aptidão física, além de permitir a classificação dos indivíduos em
obesos e não obesos (NEGRÃO & BARRETO, 2005).
Quando não patológico, o excesso de gordura corporal é explicado quando se
consome mais ener
gia do que se gasta. O resultado é o armazenamento dessa energia
na forma de gordura no tecido adiposo, o que ocasiona o aumento da massa corporal.
O risco para a saúde a curto e longo prazo associados à obesidade contribuíram
para sua crescente não aceit
ação. Muitos estudos mostraram associações entre
obesidade e resistência a insulina, Diabetes Mellitus, hipertensão arterial, dislipidemias e
27
colicistites, am do aumento na incidência de determinados tipos de neoplasias (PI
-
SUNYER, 2002; FIELD
et al.
, 20
01).
Alguns mecanismos fisiológicos podem determinar o padrão alimentar. Estes
dependem de uma série de interações neuro hormonais centrais e periféricas (NEGRÃO
& BARRETO, 2005).
O circuito neuronal do hipotálamo responsável pelo balanço energético é
com
posto basicamente por duas vias: ARC
-
PVN (núcleos arqueado e paraventricular)
e ARC
LHA (núcleo arqueado e hipotálamo lateral). Nessas localizações, existem
importantes peptídios anabólicos, como Neuropeptídeo Y (NPY),
Agouti
Related
Protein
(AgRP),
melanin
concentrating hoDIone
(MCH) e orexina; além dos peptídeos
catabólicos, como hoDIônio liberador de corticotropina (CRH
derivado) e o precursor
da melanocortina. Esses neuropeptídios são expressos e liberados de acordo com o
mecanismo de
feedback,
aumentando ou diminuindo a ingestão de alimentos para
manter a homeostase do balanço energético e têm como principais sinalizadores
periféricos como a insulina e leptina (NEGRÃO & BARRETO, 2005).
O controle da saciedade é dividido em agudo e crônico. O c
ontrole agudo (logo
após a refeição) é dado por sinais humorais que vão do fígado ao intestino. Esse
controle depende da presença do alimento no tubo gastro
intestinal e integridade do
sistema nervoso autônomo. A colecistoquinina (CCK), quando liberada,
diminui o
esvaziamento gástrico, incrementa a ação de enzimas gastro
intestinais, promovendo
a saciedade e o término da refeição (JUNIOR, 2004).
O controle crônico apresenta como principais sinalizadores a insulina e leptina. A
leptina é um potente anor
exígeno, controlando a ingestão calórica e o gasto energético.
Se um indivíduo reduz a ingestão calórica e/ou aumenta o gasto energético, a síntese
de leptina diminui para fazer com que o organismo aumente o estímulo para ingestão de
alimentos ou diminua o
gasto energético. Em compensação, se uma pessoa passa a
ingerir alimentos excessivamente e /ou reduz o seu gasto energético, a concentração de
leptina aumenta para tentar manter o peso do indivíduo em patamar estável (JUNIOR,
2004).
28
A concentração de lep
tina aumenta à medida que a quantidade de gordura
corporal aumenta. Indivíduos obesos apresentam maior quantidade sérica de leptina,
provavelmente relacionado a resistência a esse hormônio, que implicaria em ausência
do controle da saciedade e desequilíbr
io na relação ingestão calórica e gasto
energético. Indivíduos com Síndrome de Down apresentam altos níveis de leptina, que
pode indicar uma resistência a esse hormônio nessa população, que pode contribuir
com o alto percentual de gordura corporal encontra
do nessa população (MAGEE
et al.
,
2008).
A aferição da quantidade de gordura corporal se torna relevante, pois pode
-
se
classificar os indivíduos em obesos e não obesos. As referências mais utilizadas para
determinar o peso ideal são as tabelas elaboradas
pela
Metropolitan Life Insurance
Company
(Companhia Metropolitana de Seguros de Vida) onde são utilizados apenas
os dados de altura, sexo e idade, sem se preocupar com os constituintes desse peso.
Os pesos constantes da tabela foram obtidos entre os segura
dos que se encontravam
saudáveis e estavam associados com taxas de mortalidade menores, portanto o
devem ser utilizados para a população em geral (BERNARDOT, 1993).
Atualmente um valor muito utilizado na avaliação da condição nutricional é o
Índice de Ma
ssa Corporal (IMC) que se originou das estatísticas coletada por um
astrônomo e matemático belga chamado Adolphe Quetelet (BURKE
et al.
, 1994). O IMC
é obtido dividindo
-
se o peso em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Ainda
que haja correlação f
orte entre IMC e gordura corporal, pode
-
se levar a classificações
equivocadas quando se utiliza somente o peso do indivíduo sem levar em consideração
as diferenças individuais e a composição corporal.
Existem várias propostas para a determinação da composi
ção corporal: O modelo
químico, onde se divide o corpo em gorduras, proteínas, carboidratos, água e minerais;
o modelo anatômico onde se faz referência ao tecido adiposo, músculos, órgãos, ossos
e outros tecidos; outros modelos que dividem o corpo em dois
componentes, a massa
gorda (% de gordura corporal) e a massa magra (todo tecido corporal que não é
gordura) (WILLMORE et al., 1998).
29
Existem diferentes técnicas para determinação da composição corporal, sendo a
mais exata a densitometria, na qual se estima
a densidade do corpo através da
pesagem hidrostática, método utilizado para validar as demais técnicas. As limitações
derivadas da necessidade de realizar estas medidas em um ambiente de laboratório e o
incômodo que resulta em muitos sujeitos que se subme
tem a esta técnica, levaram ao
desenvolvimento de técnicas para determinação da composição corporal, dentre as
quais a mais utilizada é a medida da espessura das dobras cutâneas (WILLMORE
et al.
,
1998).
Segundo FOSS & KETEYAN (2000), a lógica para a avalia
ção da composição
corporal através das dobras cutâneas consiste no fato de que aproximadamente metade
do conteúdo total de gordura do corpo localiza
-
se nos depósitos adiposos existentes no
tecido subcutâneo e está diretamente relacionada com a gordura tota
l. A medida da
espessura das dobras cutâneas em determinados locais pode ser um bom subsídio para
estimar a quantidade de gordura corporal.
A literatura especializada menciona a existência de 93 possíveis locais
anatômicos onde uma dobra cutânea pode ser d
estacada, porém, a utilização de tantas
medidas tornaria o método extremamente demorado e tornaria o trabalho inviável.
Normalmente são utilizadas de 3 a 8 locais de medida, que são suficientes para nos dar
uma visão significativa do componente de gordura
subcutânea. As dobras mais
utilizadas o as do bíceps, tríceps, peitoral, subescapular, supra
-
ilíaca, abdominal,
coxa, axilar medial e panturrilha medial (JOHNSON & NELSON, 1986).
O aparelho mais utilizado para a medida da espessura do tecido subcutâneo é
o
compasso de dobras, também conhecido como espessímetro ou plicômetro, que deve
apresentar uma pressão máxima de 10 g/cm
2
sobre o tecido a ser medido. Existem
vários modelos de compasso, sendo que se optou por usar o LANGE, que apresenta
uma definição de
leitura de 0,1 mm.
A medida das dobras cutâneas requer instrumentos precisos, desenhados para
aplicar tensão constante na pele (JOHNSON & NELSON, 1986).
30
As medidas da espessura das dobras cutâneas devem ser realizadas com o
avaliado estando de pé, no hemi
-
corpo direito, utilizando
-
se o dedo indicador e o polegar
da mão esquerda para destacar o tecido adiposo subcutâneo do tecido muscular, e a
aproximadamente 1 cm abaixo do ponto de reparo pinçado pelos dedos devem ser
colocadas as pontas do compasso. Para
a execução da leitura deve
-
se esperar dois
segundos, e é importante observar que as hastes do compasso estejam perpendiculares
à superfície da pele no local da medida (GUEDES, 1994).
Sugere
-
se serem colhidas três medidas o consecutivas de cada dobra
esco
lhida, ou seja, são medidas e anotadas todas as dobras, em seguida repete
-
se a
operação e ao final, mais uma vez. O objetivo deste procedimento é evitar que
“viciemos” as medidas, o que nos faz encontrar três valores iguais, ou muito próximos.
Quando encon
tramos uma diferença superior a 5% entre uma medida e as demais
realizadas no mesmo ponto, deve
-
se realizar uma nova rie de medidas. Além desse
cuidado, deve
-
se utilizar a mediana das medidas colhidas em cada local, para eliminar
os valores extremos (HEY
WARD, 1997).
As medidas não devem ser colhidas após a realização de atividade física, em
ambiente muito quente, em pessoas com problemas que causam retenção de líquidos,
pois o nível de hidratação pode aumentar ou diminuir a espessura das dobras cutâneas
(
GUEDES, 1994).
Os valores obtidos são utilizados em equações para a predição da densidade
corporal e/ou da porcentagem de gordura corporal. A utilização dos valores absolutos
pode ser feita estudando
-
se isoladamente a espessura de cada dobra, o que nos
uma noção da distribuição da gordura corporal, ou através da somatória da espessura
de várias dobras, que nos leva a verificar a variação da quantidade de gordura corporal
em fuão da diminuição ou aumento da soma das espessuras das dobras cutâneas
(WILLM
ORE et al., 1998).
A aferição do percentual de gordura corporal (%GC) torna
-
se relevante, pois
pode
-
se classificar o avaliado em obeso ou não obeso (HEYWARD, 1997). Uma tabela
31
prática para a classificação de indivíduos em relação ao % GC é baseada nos pa
drões
de referência de LOHMAN, 1992. Essa tabela está descrita no Quadro 3.
Quadro 3
Classificação dos indivíduos em relação ao percentual de Gordura Corporal
baseada nos padrões de referência de LOHMAN
1992.
Classificação
Percentual
Muito Abaixo da M
édia
5%
Abaixo da Média
5,01
-
14%
Média
14,01
-
15,99%
Acima da Média
16
24,99%
Obesidade
25%
Fonte: Heyward, V.H. Advanced Fitness assessment & Exercise Prescription.
3
rd
. USA; Human Kinetics, p. 146, 1997.
Nesse trabalho, optou
-
se por aval
iar as características antropométricas
(composição corporal) utilizando o
Dual Energy X
-
Ray Absortometry
(DXA). DXA é um
método de avaliação que está sendo reconhecido como um método de referência na
investigação da composição corporal (MARQUES, HEYWARD
& PAIVA, 2000). Esse
método avalia a composição corporal com o uso da conversão de raios X em altos e
baixos picos de energia para estimativa de gordura, densidade óssea e tecidos magros
livres de minerais. O método DXA é altamente confiável e apresenta al
to grau de
concordância com a estimativa de percentual por pesagem hidrostática (HEYWARD,
1997; PEIXOTO, 2001).
A aplicabilidade geral do DXA em pessoas de todas as idades resulta em baixa
exposição a radiação. A exposição para o exame de toda a extensão d
o corpo varia de
0,05 rem a 1.5 rem, dependendo do instrumento e da velocidade de processamento. Ela
é menor do que a radiação recebida durante um vôo intercontinental sobre os Estados
32
Unidos (4 a 6 rem) e muito menor que a exposição aos métodos diagnóstic
os por raios
X (LOHMAN, 1992).
Alguns sujeitos não podem ser precisamente medidos pelo DXA. Como o exame
deve ser realizado em toda a extensão do corpo, para os sujeitos com mais de 193 cm
de altura ou mais largos do que a área de processamento do aparelho
(58 a 65 cm) os
resultados não podem ser obtidos, pois parte do corpo ficará fora da área de
processamento do exame (LOHMAN, 1992).
2.11
Obesidade e Função Pulmonar
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade é caracterizada
pela deposição
excessiva de tecido adiposo, e sua incidência vem aumentando na
população mundial, podendo ser considerado uma pandemia pelo fato de afetar pses
em todo mundo, não somente os países desenvolvidos. Desta forma, é vista como um
dos principais problemas de
saúde pública (TADDEI, 2000).
Existem diferentes classificações para obesidade, baseadas na distribuição
regional de gordura, dentre as quais a mais conhecida é denominada de obesidade do
tipo ginóide e andróide. A obesidade do tipo ginóide é conhecida co
mo periférica ou em
forma de pêra, sendo caracterizada pelo acúmulo de gordura abaixo da cintura, na
região glúteo
-
femural. A obesidade do tipo andróide é conhecida como obesidade
central ou em forma de maçã, caracterizada pelo acúmulo de gordura na região
intra
abdominal (WOOD, 1995).
A obesidade também é uma constante na população com deficiência mental.
Além dos riscos para a saúde, os indivíduos obesos com deficiência mental são
prováveis objetos de preconceito social, aumentando a não aceitação (FOX
&
ROTATORI, 1982).
FOX & ROTATORI (1982) realizaram um estudo com 1152 indivíduos com
deficiência mental, encontrando uma alta prevalência de obesos nessa população
(27,9% dos homens e 38,2% nas mulheres). Concluíram que existe uma maior
proporção de mulhe
res obesas em relação aos homens, uma proporção mais alta de
33
pessoas com retardo moderado estava obesa quando comparado ao grupo de severos
e leves, e a incidência da obesidade aumentava com a idade.
A obesidade é um importante fator para o desenvolviment
o de doenças crônicas
não transmissíveis, como Diabetes Mellitus, hipertensão arterial e complicações
pulmonares (TADDEI, 2000).
As complicações pulmonares são um importante motivo de aumento na
permanência hospitalar e é importante causa de morte. A obes
idade impõe profundas
alterações no sistema respiratório e na demanda metabólica (LUCE,1980).
Em meados de 1962, Cullen e Formel descreveram as alterações respiratórias
em obesos. A diminuição da elasticidade pulmonar frente a resistência da parede
toráci
ca, elevação diafragmática pela compressão visceral, dificuldade na
expansibilidade, resistência ao fluxo reo e redução do volume de reserva expiratório.
Essa restrição é denominada síndrome restritiva, atribuída à gordura ao redor da caixa
torácica (LUC
E, 1980).
As principais alterações da mecânica respiratória e da função ventilatória
encontradas nos obesos são: diminuição da complacência da caixa torácica e pulmonar,
diminuição da expansibilidade diafragmática, redução da capacidade vital forçada
(CVF)
, do volume de reserva expiratório (VRE) e volume residual (VR), e diminuição da
capacidade de perfusão do dióxido de carbono (CO
2
) (LAABAN, 1993).
A obesidade gera um aumento na área corporal total, que gera uma sobrecarga
ao sistema cardiovascular, aume
ntando o gasto energético basal dos indivíduos,
levando uma maior demanda de Oxigênio ao organismo. Esse fator associado às
alterações da caixa torácica e diafragma é inerente a sobrecarga imposta ao sistema
respiratório pela obesidade (BYRNE, 2001).
2.12
Tonicidade Muscular
A hipotonia generalizada é geralmente evidente na primeira infância. O tono
muscular melhora com a idade. Ainda na criança mais jovem, o abdome é proeminente
e há, freqüentemente, diástase do reto e hérnia umbilical (MARCONDES, 1978).
34
A hipotonia e a frouxidão ligamentar, impedem que a força muscular resultante da
atividade de diferentes grupos musculares e articulações sejam eficientes para que se
atinja o resultado pretendido. O sistema de alavanca frouxo consome todo o esfoo
para
realização dos movimentos desejados (MARCONDES, 1978).
MUSTACCHI e ROZONE (1990) descrevem a hipotonia muscular, uma das
características clínicas da Síndrome de Down, como relacionada ao retardo do
desenvolvimento motor, às hérnias umbilicais e inguinais e
as diástases do músculo reto
abdominal. Da mesma forma que a hipotonia ocorre na musculatura estriada, também
ocorre na musculatura lisa, diminuindo inclusive o potencial bronco
-
espástico. É nessa
musculatura que se apóia o epitélio pseudo
-
estratificado,
que vibra, produzindo o
movimento do muco gerado pelas células caliciformes. O muco tem funções de
umidificação, filtro, aquecimento e defesa imunológica. Uma provável diminuição das
vibrações ciliares pode ser decorrência da hipotonia da musculatura lisa,
caracterizando
uma alteração de inter
-
relação do conjunto epitélio respiratório e sua musculatura
favorecendo um acúmulo de secreção e produzindo meio adequado, por estase, para
proliferação bacteriana.
Segundo DORETTO (1996), o cerebelo está continuament
e atuando e recebendo
informações sobre as atividades motoras, através da via vestibulo
-
coclear, relacionadas
aos movimentos cefálicos; da via espino
-
cerebelar anterior e posterior recebe
informações a cerca da propriocepção consciente (posicionamento dos
membros e
articulações em relação ao espaço); e da via córtico cerebelar, todas relacionadas à
mensagem de programação motora. A hipotonia resulta da perda do controle superior
dos motoneurônios gama estáticos, exercido pelo cerebelo. A hipotonia costuma s
er
evolutiva, pois ocorre hipoativação dos motoneurônios gama estáticos, pelo
acometimento da raiz posterior, interrompendo as vias sensitivas.
DORETTO (1996), afirma que a via espino cerebelar controla a execução dos
movimentos e regula o tônus muscular.
Tais funções são executadas ao regular o
aparato muscular periférico para compensar pequenas variações em carregamentos
contados durante o movimento e para suavizar pequenas oscilações (tremor fisiológico).
35
Este controle parece ser dependente tanto em info
rmação que a via recebe das áreas
motoras corticais sobre o comando motor desejado, quanto da retroalimentação da
medula espinal e da periferia, a qual provê detalhes sobre o movimento envolvido.
Esses dados dirigem
-
se ao cerebelo para corrigir as derivaçõ
es do movimento
intencionado.
A importância da via espino
-
cerebelar em manter o tônus muscular foi pela
primeira vez reconhecida por Gordon Holmes, que descreveu pacientes com lesões
cerebelares causadoras de uma diminuição na tensão muscular tônica, ou hi
potonia.
Defeitos similares são também vistos em macacos seguindo lesões do mediador do
núcleo fastigial. Sid Gilman descobriu que a atividade dos motoneurônios gama é
profundamente reduzida. Esta diminuição no percurso fusimotor para os fusos
musculares p
roduz uma diminuição no nível de base da atividade aferente do fuso e
uma redão na entrada dos motoneurônios durante a movimentação de algum membro
DORETTO (1996).
Pelo fato de receberem duplas entradas de informação da periferia e do córtex
-
motor e sens
ório
-
primário, os neurônios mediadores são modulados pelas entradas
periféricas e pelos movimentos engatilhados do comando central. Esta modulação é
especialmente pronunciada em resposta a perturbações mecânicas dos membros. Eles
também são modulados um po
uco antes de movimentos voluntários autocompassados.
Desordens do cerebelo resultam em sintomas distintos e sinais descritos pela
primeira vez por Gordon Holmes nas décadas de 1920 e 1930. Dos seus estudos de
pacientes que sustentavam tiros de armas próxim
os a altura do cerebelo na guerra
mundial, Holmes descreveu a hipotonia como o primeiro de três déficits. É manifestada
como uma resistência diminuída para deslocamentos de membros passivos e em um
atraso na resposta para os movimentos impostos rapidame
nte. Este último sinal,
também chamado falta de padrão, reflete a inabilidade do paciente parar o membro
rapidamente, tanto que o membro passa do limite desejado e pode ressaltar
excessivamente. É também manifestado nos reflexos pendulares (DORETTO, 1996).
36
A hipotonia muscular também afeta o sistema respiratório. A entrada de ar no
sistema respiratório depende de variações de pressões existentes em seu sistema. Os
responsáveis pela geração dessa variação de pressão são os músculos respiratórios,
que ao rea
lizarem a expansão e retração da caixa torácica, modificam a pressão pleural,
gerando fluxos de ar no sistema. Com a hipotonia, ocorre redução na capacidade da
bomba ventilatória e menores variações de pressões no sistema, que pode levar a
hipoventilação e
redução dos volumes pulmonares (WEST, 1999).
37
3
-
MATERIAL E MÉTODO
3.1 Delineamento do Estudo
Estudo de caráter analítico transversal, no qual identificaremos a função pulmonar
e força muscular respiratória em indivíduos com Defi
ciência mental, portadores e não
portadores da Trissomia 21 (Síndrome de Down) e indivíduos sem essas alterações em
ambos os gêneros (masculino e feminino), na faixa etária entre 20 e 40 anos, no âmbito
do Distrito Federal (PEREIRA, 1997).
O estudo transve
rsal pode ser usado como um estudo analítico, ou seja, para
avaliar hipóteses de associações entre exposição ou características e evento. O estudo
transversal pode ser considerado verdadeiramente analítico quando o fator de
exposição não sofre influência d
o tempo, isto é, estão presentes desde o nascimento
(HULLEY et al., 2003).
Como os estudos transversais descrevem o que ocorre com um determinado
grupo e em um determinado momento, eles são importantes guias para tomadas de
decisões no planejamento de saúd
e (PEREIRA, 1997).
PEREIRA (1997), lista vantagens e limitações para o estudo transversal. As
principais vantagens são:
1
-
Simplicidade e baixo custo;
2
-
Rapidez e objetividade na coleta, pois os dados referem
-
se a um único momento e
podem ser coletados em cur
to espaço de tempo;
3
-
Não é necessário acompanhamento das pessoas envolvidas;
4
-
Facilidade para obtenção de amostra representativa;
5
-
Boa opção para descrever as características dos eventos na população;
As principais limitações são:
38
1
-
Condições de baixa prevalênc
ia exigem amostras muito grandes, que levam a
dificuldades operacionais, o que não é o caso do estudo;
2
-
Possibilidades de erro na classificação, pois os casos podem não ser mais casos no
momento da coleta de dados pelo fato da exposição atual não representa
r a
exposição passada;
3
-
Muitas vezes a relação causa
-
efeito é prejudicada, ou impossível de ser realizada,
embora os dados descritivos sobre ela sejam muito úteis para formulação de
hipóteses;
3.2.
Amostra do Estudo
Ao se extrair um conjunto de observações
de uma população, tomando
-
se parte
desta para a realização do estudo, tem
-
se a amostra. É a partir da amostra que na
prática pode
-
se fazer inferências para a população (HULLEY
et al.
, 2003).
A amostra do estudo foi do tipo conveniência ou não probabilísti
ca, com a
participação de 30 indivíduos que não apresentam a Trissomia 21 e deficiência mental
(Grupo de Indivíduos Normais
-
GIN), 30 indivíduos com a Trissomia 21
Síndrome de
Down (Grupo de Estudo 1
SD), e 30 indivíduos com deficiência mental (Grupo
Estudo
2
DM), sendo 15 homens e 15 mulheres em cada grupo, com idade compreendida
entre 20 e 40 anos.
3.2.1
Critérios de Inclusão
-
Ser portador de Deficiência mental e Síndrome de Down (ou Trissomia 21);
-
Apresentar déficit cognitivo de grau leve e moderado
-
Ter
idade entre 20 e 40 anos.
-
Não praticar atividade física regular nos últimos 6 meses
-
Interesse em participar do Estudo.
-
Apresentar Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelo
responsável
3.2.2
Critérios de Exclusão
-
Doenças cardíacas congênitas;
39
-
Apre
sentar comprometimento cognitivo tal, que não compreenda as instruções
necessárias para coleta dos dados;
-
Apresentar distúrbios osteoarticulares graves que impeça a realização dos
testes de aptidão física;
-
Estar fora da faixa de idade proposta;
-
Utilizar ps
icotrópicos ou medicações que possam interferir na função pulmonar
nas últimas cinco semanas
3.2.3
Características da Amostra
Dos 90 participantes do estudo, seis indivíduos foram excluídos do estudo (quatro
com a Trissomia 21
-
Síndrome de Down e dois indivíduo
s com deficiência mental,
obtendo um total de oitenta e quatro participantes do estudo (26 no grupo SD, 28 no
grupo DM e 30 no grupo GIN). Um indivíduo com Síndrome de Down apresentava grau
moderado de insuficiência cardíaca congestiva, diagnosticado pelo
ecocardiograma; e
três indivíduos com Síndrome de Down e dois indivíduos com deficiência mental sem a
Síndrome de Down foram excluídos por não conseguir assimilar as orientações para a
execução dos testes de espirometria e manovacuometria.
Foram também ex
cluídos da análise dos dados dois indivíduos do grupo DM e 4
indivíduos do grupo GIN, para manter o mesmo número de indivíduos nos 3 grupos,
para a aplicação dos testes estatísticos propostos. Essa exclusão foi realizada através
de sorteio, sendo colocado
um número de 1 a 28 no grupo DM e de 1 a 30 no grupo GIN
em uma urna, sendo retirado um indivíduo do gênero masculino e um indivíduo do
gênero feminino no grupo DI; e dois indivíduos do gênero masculino e dois indivíduos do
gênero feminino no grupo GIN.
A
amostra selecionada para o estudo foi formada por 78 indivíduos, distribuídos
nos três grupos: 26 indivíduos no grupo Síndrome de Down (SD), 26 indivíduos no grupo
Deficiência mental (DM) e 26 indivíduos no grupo Indivíduos Normais (GIN), sendo 13
indivíd
uos do gênero masculino e 13 indivíduos do gênero feminino.
As características gerais da amostra estão descritas na tabela 1. Verifica
-
se que
a dia de idade do grupo SD foi de 29 anos, enquanto para os outros dois grupos foi
40
de 28 anos (grupo DM) e 23 a
nos (grupo GIN). Quanto à altura, a dia foi de 153 cm
para o grupo SD, a do grupo DM foi de 169 cm e 173 cm para o grupo GIN, que
demonstra menor estatura ao grupo SD. A média do peso foi 76,2 Kg para o grupo SD,
73,9 Kg para o grupo DM e 69,3 Kg para o
grupo GIN, demonstrando maior peso para o
grupo SD.
Tabela 1
-
Distribuição dos indivíduos por grupo, gênero, média e desvio padrão da
idade, estatura e peso. Brasília, 2008.
Variáveis
Grupo SD
Grupo DM
Grupo GIN
N
de Indivíduos
26
26
26
Gênero Mascul
ino
13
13
13
Gênero Feminino
13
13
13
Idade
28,75 ± 7,71
28,14 ± 5,61
23,57 ± 3,87
Estatura (cm)
153,2 ± 1,9
169,1 ± 3,1
173 ± 4,81
Peso (kg)
76,2 ± 3,5
73,9 ± 4,6
69,3 ± 4,64
3.3
Apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa
Este projeto foi submetido a uma
avaliação pelo Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) da Faculdade de Ciências da Saúde (FS), da Universidade de Brasília (UNB)
conforme resoluções 196/96 e 251/97, sendo aprovado por esse comitê, e considerado
de conformidade com os aspectos éticos que dever
reger a pesquisa que envolve os
seres humanos (anexo 4).
3.4
Instrumentos de Coleta de Dados
3.4.1 Manovacuômetro
O manovacuômetro GERAR
®
(Figura 4) é um manômetro que registra pressões
positivas e negativas ligado a um bocal, onde o paciente fará inspiraçõe
s e expirações
máximas por esse bocal e o registro do seu valor será visualizado no manômetro. O
registro da Pi
Máx
varia de 0 a
120 e a Pe
Máx
de 0 a 120 cm H
2
O.
41
Figura 4
-
Manovacuômetro
Fonte: Pesquisa do Autor, 2008
.
3.4.2 Densímetro Ósseo de Rai
os X
-
DXA
Dual energy X
-
Ray absortometry (DXA),
consiste de um densímetro ósseo de
raios
-
X com smartscan, DPX
-
IQ, versão 4.7E. DXA (Figura 5) é uma tecnologia
praticamente nova que esta sendo reconhecida como um método de referência na
investigação da com
posição corporal. Este método avalia a composição corporal com o
uso de conversão de raios
-
X em picos de energia de altos e baixos para estimativa de
gordura, densidade óssea e tecidos magros livre de minerais (HEYWARD, 1997).
Figura 5
-
Dual energy X
-
Ray
absortometry (DXA)
Fonte: http://
www.childrenhospital.org
. Acessado em 25/05/08
42
3.4.3 Espirômetro
Esse instrumento marca Vitalograph
®
(Figura 6) tem como objetivo avaliar os
volumes e capacidades pulmonar
es. Ele possui acoplado um pneumotacógrafo com
tecnologia “FLEISCH”, ligado a um computador IBM PC compatível, para determinação
da Capacidade Vital Forçada (CVF), VEF
1
, Pico de Fluxo Expiratório (PFE) e relação
VEF
1
/CVF ou índice de Tiffenau.
Figura 6
-
Espirômetro
Fonte: HTTP:// www. Vitalograph.com. Acessado em 08/05/2008.
A altura dos voluntários foi mensurada utilizando
-
se um estadiômetro de madeira,
com uma fita métrica anexada, da marca Corrente, resolução em milímetros,
certificada e aferida pe
lo INMETRO.
Os voluntários foram pesados, usando roupas leves e descalços, numa balança
digital marca Plenna
modelo 007700, calibrada previamente, com capacidade
máxima de pesagem de 150 kg.
43
3.5 Procedimentos do Estudo
3.5.1 Participantes
Um total de
90 participantes, 30 indivíduos com deficiência mental não portadores
da Trissomia 21 (Síndrome de Down), 30 indivíduos com deficiência mental portadores
da Trissomia 21 (Síndrome de Down) e 30 indivíduos sem essas alterações fizeram
parte do estudo. Os in
divíduos com deficiência mental portadores e não portadores da
Síndrome de Down foram recrutados em instituições filantrópicas especializadas para
atendimento a essa população. Os responsáveis pelas Instituições Filantrópicas (APAE
-
DF, Sociedade Pestalozzi
-
DF e AMPARE) e Centro Integrado de Ensino Especial da
Secretaria de Educação do DF, receberam uma cópia do projeto de pesquisa e do termo
de aprovação do estudo pelo conselho de ética da UNB, bem como assinaram uma
Declaração de Ciência
Institucional (ane
xo 2).
Todos os indivíduos que participaram do estudo, diretamente (GIN) ou
indiretamente por terem sido autorizados pelos seus responsáveis (Grupos SD e DI),
foram informados através de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecidos, sobre
os procedimento
s e objetivos do estudo (anexo 1).
Esses indivíduos realizaram uma avaliação cognitiva com a psicóloga da
instituição para definir se o seu comprometimento cognitivo impedia a realização dos
testes propostos pelo estudo. Para a exclusão de doenças cardíaca
s, os indivíduos com
deficiência mental portadores da Trissomia 21 (Síndrome de Down) realizaram um
ecocardiograma no ambulatório de Cardiologia do Hospital Universitário de Brasília
(HUB), pois algumas alterações cardíacas podem influenciar no resultado d
a função
pulmonar. Para excluir medicamentos que possam influenciar na função pulmonar, foi
enviado aos responsáveis pelos indivíduos com deficiência mental um questionário
(anexo 3) para identificação das medicações e se as mesmas foram utilizadas nas 5
s
emanas anteriores as avaliações. As medicações utilizadas nessa população
colocadas como critérios de exclusão foram os beta
-
bloqueadores e psicotrópicos, por
sua atuação no nus motor das vias aéreas de pequeno calibre (SCALAN, WILKINS &
STOLLER, 2002)
.
44
Os indivíduos do grupo GIN foram recrutados na faculdade de Educação
Física e Fisioterapia da Universidade Católica de Brasília (UCB) e Centro Universitário
de Brasília (UNICEUB). Eles informaram que não praticavam atividade física regular nos
últimos 0
6 meses.
3.5.2 Força Muscular Respiratória
A Pi
Máx
e Pe
Máx
foram mensurados através do manovacuômetro. Para a medida
da Pi
Máx
e Pe
Máx
, foi utilizada a metodologia proposta por
BLACK & HYATT (1969)
.
O
indivíduo foi orientado a realizar manobras de expira
ção forçada na posição sentada,
com o quadril e joelhos fletidos a 90 graus, com a lombar totalmente apoiada na parte
posterior da cadeira. Para a Pi
Máx
, realizou
-
se uma inspiração máxima, contra a válvula
ocluída, a partir do seu volume residual. Para a P
e
Máx
foi realizada uma expiração
máxima a partir da capacidade pulmonar total, com a mesma válvula ocluída. As
manobras deveriam ser sustentadas por um tempo mínimo de 2 segundos. Todas as
medidas foram realizadas com as narinas vedadas com um clipe nasal.
Foram realizadas manobras de Pi
Máx
e Pe
Máx
com objetivo de obter o maior valor
para essas variáveis. As medidas foram consideradas válidas somente quando um
indivíduo conseguisse obter valores de Pi
Máx
e Pe
Máx
com variação menor ou igual a
10% entre tr
ês testes consecutivos. O tempo de descanso entre os testes foi de 10
minutos.
Os valores foram convertidos para o valor percentual predito da população
brasileira para o sexo e idade, conforme descrito por NEDER
et al.
(2000).
3.5.3 Espirometria
Foram re
alizadas manobras de inspiração e expiração forçada na posição
sentada, com o quadril e joelhos fletidos a 90 graus, com a lombar totalmente apoiada
na parte posterior da cadeira, sendo escolhida pelo pprio aparelho a curva com o
melhor desempenho, crité
rios de aceitabilidade e reprodutibilidade recomendados pela
American Thoracic Society
(ATS, 2002) As variáveis do exame que serão utilizadas no
estudo são a CVF, PFE, VEF
1
e índice de Tiffenau (VEF
1
/CVF). Serão medidos os
45
valores absolutos e calculados os
percentuais relativos aos preditos para sexo, altura e
idade, para a população brasileira, seguindo tabela descrita por PEREIRA
et al.
(1992),
gravadas na memória do aparelho. As variáveis serão consideradas válidas se o
indivíduo realizar três testes
consecutivos com variação menor que 10% entre as
variáveis. O tempo de descanso entre os testes foi de 10 minutos.
3.5.4 Avaliação do percentual de Gordura Corporal (DXA)
Para avaliação do percentual de gordura corporal no DXA, o participante deve
perman
ecer deitado em decúbito dorsal, com os braços ao longo do corpo. Não deve
haver em sua vestimenta nenhum tipo de metal, tal como fivelas ou botões, que
pudessem inferir no resultado do teste, conforme demonstrado na figura 7. Nenhum dos
participantes pode
ser submetido a exames radiológicos contrastados nos últimos sete
dias. Os testes constam de uma varredura completa no corpo do sujeito, através de uma
série de escaneamentos transversais ao eixo longitudinal do corpo. Cada um dos
escaneamentos transversa
is medirá entre 0.6 e 1.0 cm. A velocidade de escaneamento
seguiu pametro constante no manual do operador do equipamento (
↑75 Kg
padrão;
↓75 Kg
prolongada). Antes de iniciar o procedimento, todos os indivíduos tiveram
mensurado seu peso (através da b
alança marca Plenna
modelo 007700) e altura
(através do estadiômetro marca Corrente).
A análise dos dados foi realizada por apenas um dos técnicos de nível superior
da Universidade Católica de Brasília e foi acompanhada pelo pesquisador.
46
Figura 7
-
Posicionamento dos indivíduos para avaliação através do método DXA.
Fonte: Pesquisa do autor, 2007
3.6. Tratamento Estatístico
Após a coleta, os dados referentes à função pulmonar e força muscular
respiratória, foram tabulados para serem feitos os es
tudos estatísticos de acordo com
cada objetivo e hipótese.
Primeiramente, foi realizada uma análise de normalidade das amostras para
verificar a sua distribuição em relação às variáveis. Foram aplicados os testes de
normalidade de Kolmogorov
Smirnov, Sha
piro
Wilk, Cramer Von
Misses e
Anderson
Darling. Esses testes foram realizados através do software
Statistical
Analysis System
-
SAS
®
versão 8.2.
Os dados serão agrupados para que haja um panorama geral das variáveis
contrastando os grupos (SD, DI e
GIN). A análise descritiva dos dados quantitativos
fornece como medida de localização (tendência central)
-
Média
-
e de dispersão dos
dados
Desvio Padrão.
-
Média
A média aritmética é a medida mais comum de localização dos dados.
Corresponde a soma das
observações dividida pelo número delas (BEIGUELMAN,
1996).
47
A média amostral ou simplesmente média, que se representa por
é uma
medida de localização do centro da amostra (ZAR, 1998) (BEIGUELMAN, 1996).
-
Desvio Padrão
A Variância e o Desvio Padrão são a
s medidas mais utilizadas de variabilidade
dos dados. Uma vez que a variância envolve a soma de quadrados, a unidade em que
se exprime não é a mesma que a dos dados (BEIGUELMAN, 1996). Assim, para obter
uma medida da variabilidade ou dispersão com as mesma
s unidades que os dados,
tomamos a raiz quadrada da variância e
obtemos o desvio padrão.
Após a determinação da forma de distribuição da população estudada (normal ou
não), será aplicado o teste específico para identificar diferenças entre as variáveis
ana
lisadas. Se a distribuição for normal, será aplicado o teste de ANOVA; e se a
distribuição for não normal, será aplicado o teste não paramétrico Kruskal
Wallis.
ANOVA
Será utilizado o teste ANOVA
one
-
way
para amostras independentes, que visa
comparar as
amostras para saber se houve significância na diferença entre os grupos
(HULLEY et al., 2003)
.
O teste determina se as médias de duas ou mais populações são iguais. Este
teste baseia
-
se numa amostra extraída da população. Formulam
-
se então duas
hipóteses:
nula e alternativa. O objetivo é verificar se os grupos foram distribuídos de
maneira adequada: H0 = As médias das populações são todas iguais e H1 = As médias
das populações não são iguais.
Se a análise de variância nos levar a rejeitar a hipótese nula,
conclui
-
se que: as
diferenças observadas entre as médias amostrais são devidas a variações aleatórias na
amostra. No caso de rejeição da hipótese nula, entende
-
se que as difereas entre as
médias amostrais são demasiadamente grandes para serem devidas à
chance (e,
assim, que as médias das populações)
(HULLEY et al., 2003)
.
48
Para identificar entre quais grupos ocorre à diferença encontrada, foi realizado um
teste
post
Hoc
de Tukey, sendo considerado como diferença significativa um valor de p
<0,05.
KRUSKA
L WALLIS
O teste não paramétrico de Kruskal Wallis pode ser aplicado em situações onde
as suposições de normalidade da ANOVA não se aplicam, e nada mais é que um
teste de igualdade entre média
(HULLEY et al., 2003)
.
Da mesma forma que a ANOVA, Se o teste
nos levar a não rejeitar a hipótese
nula, conclui
-
se que: as diferenças observadas entre as médias amostrais são devidas a
variações aleatórias na amostra. No caso de rejeição da hipótese nula, entende
-
se que
as diferenças entre as médias amostrais são dem
asiadamente grandes para serem
devidas à chance (e, assim, que as médias das populações).
Para a realização da estastica descritiva e dos testes de comparação entre os
grupos, foi utilizado o software
GRAPHPAD PRISM for Windows
versão 4.0.
49
4. A
NÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Comparações entre os Gêneros
4.1.1 Espirometria (Prova de Função Pulmonar)
Primeiramente, deseja
-
se saber se existe diferença nos valores do Volume
Expiratório Forçado no primeiro segundo (VEF
1
) entre os gêneros em cad
a população.
O teste de normalidade para essa variável foi significativo (p < 0,05) apenas para o
grupo SD. Com isso, foi aplicado o teste de Kruskal
-
Wallis para esse grupo. Para os
outros grupos, foi utilizado o teste ANOVA. o foi encontrada diferença
significativa
(p= 0,1973 para o grupo SD, p= 0,6610 para o grupo DM e p= 0,6610 para o grupo GIN)
entre os gêneros para essa variável, conforme descrito na tabela 2. Isso mostra que as
características da variável são similares quanto ao gênero.
Tabela 2
-
Valores Médios e Desvio Padrão do Volume Expiratório Forçado no primeiro
segundo (VEF
1
) em percentual predito (%pred) entre os gêneros para os grupos
Síndrome de Down (SD), Deficiência mental (DM) e Indivíduos Normais (GIN). Brasília
2008.
População
Masculino(%pred)
Feminino (%pred)
Média ± Desvio Padrão
Média ± Desvio Padrão
Síndrome de Down (SD)
71,89 ± 8,59
74,69 ± 10,48
Deficiência mental (DM)
82,65 ± 11,52
84,21 ± 10,12
Indivíduos Normais (GIN)
92,21 ± 10,51
94,13 ± 11,21
SD
Teste de Kru
skal Wallis, p= 0, 1973; DI
Teste ANOVA, p= 0, 6610; GIN
Teste ANOVA, p= 0, 1570.
Para identificar a diferença entre os gêneros para a Capacidade Vital
Forçada (CVF) em cada população, o teste de normalidade foi significativo para os
grupos SD e GIN
, sendo aplicado o teste de Kruskal
-
Wallis. Para o grupo DM, foi
utilizado o teste ANOVA. Não foi encontrada diferença significativa (p= 0,3029 para o
grupo SD, p= 0,6786 para o grupo DI e p= 0,1344 para o grupo GIN) para essa variável,
conforme descrito
na tabela 3. Isso mostra que as características da variável são
similares quanto ao gênero.
50
Tabela 3
-
Valores Médios e Desvio Padrão da Capacidade Vital Forçada (CVF) em
percentual predito (%pred) entre os gêneros para os grupos Síndrome de Down (SD),
D
eficiência mental (DM) e Indivíduos Normais (GIN). Brasília
2008.
População
Masculino (%pred)
Feminino (%pred)
Média ± Desvio Padrão
Média ± Desvio Padrão
Síndrome de Down (SD)
74,08 ± 15,18
77,61 ± 9,98
Deficiência mental (DM)
92,18 ± 10,36
91,07 ±
9,88
Indivíduos Normais (GIN)
100,46 ± 7,12
94,42 ± 9,58
SD
Teste de Kruskal Wallis p= 0, 3029; DI
Teste ANOVA p= 0, 6786; GIN
Teste de Kruskal Wallis p= 0, 1344
Para identificar a diferença entre os gêneros para o Pico de Fluxo Expiratório
(PFE)
em cada população, utilizou
-
se o teste ANOVA, pois o teste de normalidade não
foi significativo (P > 0,05). Não foi encontrada diferença significativa (p= 0,069 para o
grupo SD, p= 0,7691 para o grupo DM e p= 0,1029 para o grupo GIN) para essa
variável, c
onforme descrito na tabela 4. Isso mostra que as características da variável
são similares quanto ao gênero.
Tabela 4
-
Valores Médios e Desvio Padrão do Pico de Fluxo Expiratório (PFE) em
percentual predito (%pred) entre os gêneros para os grupos Síndro
me de Down (SD),
Deficiência mental (DM) e Indivíduos Normais (GIN). Brasília
2008.
População
Masculino (%pred)
Feminino (%pred)
Média ± Desvio Padrão
Média ± Desvio Padrão
Síndrome de Down (SD)
63,58 ± 12,18
69,38 ± 9,63
Deficiência mental (DM)
88,8
1 ± 10,53
88,86 ± 9,69
Indivíduos Normais (GIN)
96,93 ± 7,64
93,42 ± 10,16
SD
Teste ANOVA p= 0, 069; DI
Teste ANOVA p= 0, 7691; GIN
Teste ANOVA p= 0, 1029
Para identificar a diferença entre os gêneros para a relação VEF
1
/CVF ou índice
de Tiffenau
em cada população, utilizou
-
se o teste ANOVA, pois o teste de normalidade
não foi significativo (p > 0,05). Não foi encontrada diferença significativa (p= 0,1069 para
o grupo SD, p= 0,2766 para o grupo DM e p= 0,1663 para o grupo GIN) para essa
51
variável,
conforme descrito na tabela 5. Isso mostra que as características da variável
são similares quanto ao gênero.
Tabela 5
-
Valores Médios e Desvio Padrão do índice de Tiffenau (VEF
1
/CVF) em
percentual predito (%pred) entre os gêneros para os grupos Síndrom
e de Down (SD),
Deficiência mental (DM) e Indivíduos Normais (GIN). Brasília
2008.
População
Masculino (%pred)
Feminino (%pred)
Média ± Desvio Padrão
Média ± Desvio Padrão
Síndrome de Down (SD)
81,83 ± 8,44
83,23 ± 7,54
Deficiência mental (DM)
86,0
6 ± 7,58
86,67 ± 7,25
Indivíduos Normais (GIN)
94,00 ± 8,56
91,42 ± 10,17
SD
Teste ANOVA p= 0, 1069; DI
Teste ANOVA p= 0, 2766; GIN
Teste ANOVA p= 0, 1663
No nosso estudo, não foram encontradas diferenças significativas para as
variáveis da prova
de função pulmonar entre os gêneros para os 3 grupos. Isso pode ser
explicado pelos dados serem expressos em percentual do valor predito para a idade,
sexo, peso, altura e raça. Com isso, os valores são corrigidos para cada indivíduo. Além
disso, o tamanho
reduzido da amostra de cada grupo analisado (13 indivíduos para
cada gênero) pode ter influenciado no resultado desse estudo.
As diferenças na função pulmonares em repouso entre os gêneros ocorrem
principalmente por alterações anatômicas encontradas no gê
nero feminino. As mulheres
apresentam menores volumes pulmonares e fluxos expiratórios máximos, quando
comparado aos homens da mesma faixa etária. Isso pode ser explicado pelo menor
número de alvéolos e menor diâmetro de vias aéreas para o gênero feminino.
Entretanto, a maioria dos trabalhos que investigaram a diferença na função pulmonar
entre os gêneros apresentam um desenho de investigação inapropriado, especialmente
por não controlarem alguns fatores, como o tamanho do pulmão, fase do ciclo menstrual
e
nível de atividade física (HADIS & ROSENKRANZ, 2008).
Como as mulheres apresentam menor diâmetro das vias aéreas, elas apresentam
uma grande limitação menica para o fluxo expiratório. Além disso, os níveis de
progesterona durante o ciclo menstrual alt
eram
-
se significativamente, e esse hormônio
52
apresenta um efeito de contração da musculatura lisa das vias aéreas, contribuindo para
a redução dos fluxos (HADIS & ROSENKRANZ, 2008).
THYAGARAJAN
et al.
(2008) e HAKALA & SOVEJARVI (2000) encontraram
difere
nças significativas para a CVF, VEF
1
e PFE em indivíduos obesos entre os
gêneros, com redução para o gênero masculino. Porém, os dois trabalhos utilizaram os
valores absolutos das variáveis, que pode justificar as diferenças encontradas.
Esperava
-
se enco
ntrar menores valores para o gênero masculino quando
comparado ao grupo feminino. As mulheres apresentam uma distribuição da gordura do
tipo ginóide, ou preferencialmente na região periférica (principalmente quadril)
(QUEIROZ, 2006). Com isso, elas apresen
tariam menor quantidade de gordura na caixa
torácica, e consequentemente menor repercussão nos volumes pulmonares. Porém, não
foi encontrada essa diferença nesse estudo.
4.1.2 Força Muscular Respiratória
Para identificar a diferença entre os gêneros par
a a Pressão Inspiratória Máxima
(Pi
Máx
) em cada população, utilizou
-
se o teste ANOVA, pois o teste de normalidade não
foi significativo (p > 0,05). Não foi encontrada diferença significativa (p= 0,0639 para o
grupo SD, p= 0,0766 para o grupo DM e p= 0,363
9 para o grupo GIN) para essa
variável, conforme descrito na tabela 6. Isso mostra que as características da variável
são similares quanto ao gênero.
Tabela 6
-
Valores Médios e Desvio Padrão da força muscular inspiratória (Pi
Máx
) em
percentual predito (
%pred) entre os gêneros para os grupos Síndrome de Down (SD),
Deficiência mental (DM) e Indivíduos Normais (GIN). Brasília
2008.
População
Masculino (%pred)
Feminino (%pred)
Média ± Desvio Padrão
Média ± Desvio Padrão
Síndrome de Down (SD)
51,84 ±
9,84
46,91 ± 6,36
Deficiência mental (DM)
71,00 ± 13,39
66,14 ± 13,09
Indivíduos Normais (GIN)
104,6 ± 8,74
101,92 ± 7,96
SD
Teste ANOVA p= 0, 0639; DI
Teste ANOVA p= 0, 0766; GIN
Teste ANOVA p= 0, 3639
53
Para identificar a diferença entre os gêne
ros para a Pressão Expiratória
Máxima (Pe
Máx
) em cada população, utilizou
-
se o teste ANOVA, pois o teste de
normalidade não foi significativo (p > 0,05).. Não foi encontrada diferença significativa
(p= 0,0515 para o grupo SD, p= 0,0816 para o grupo DM e p=
0,8757 para o grupo GIN)
para essa variável, conforme descrito na tabela 7. Isso mostra que as características da
variável são similares quanto ao gênero.
Tabela 7
-
Valores Médios e Desvio Padrão da força muscular expiratória (Pe
Máx
) em
percentual pre
dito (%pred) entre os gêneros para os grupos Síndrome de Down (SD),
Deficiência mental (DM) e Indivíduos Normais (GIN). Brasília
-
2008
População
Masculino (%pred)
Feminino (%pred)
Média ± Desvio Padrão
Média ± Desvio Padrão
Síndrome de Down (SD)
53,2
5 ± 10,66
47,30 ± 8,82
Deficiência mental (DM)
72,00 ± 11,62
77,03 ± 12,25
Indivíduos Normais (GIN)
103,33 ± 7,71
102,71 ± 6,13
SD
Teste ANOVA p= 0, 0515; DI
Teste ANOVA p= 0, 0816; GIN
Teste ANOVA p= 0, 8757
No nosso estudo, não foram encontrada
s diferenças significativas para as
variáveis da força muscular respiratória entre os gêneros para os 3 grupos. Isso pode
ser explicado pelos dados serem expressos em percentual do valor predito para a idade
e sexo. Com isso, os valores são corrigidos para
cada indivíduo. Além disso, o tamanho
reduzido da amostra de cada grupo analisado (13 indivíduos para cada gênero) pode ter
influenciado no resultado desse estudo.
Era esperada uma menor força muscular respiratória para o gênero feminino,
quando comparad
o ao gênero masculino. FREI & RIMMER (1995) descrevem que as
mulheres com DM e SD apresentam menor incentivo a prática de atividade física, tendo
maior tendência ao sedentarismo, fator que afeta diretamente na força muscular
respiratória (FOSS & KETEYAN, 2
000). GONZALES (2003) relataram uma menor força
muscular respiratória no gênero feminino, quando comparado ao gênero masculino. As
mulheres apresentam menor quantidade fibras do tipo 2 nos músculos respiratórios, o
54
que pode justificar os menores valores de
força muscular. Além disso, o gênero feminino
geralmente apresenta menor massa muscular global do que o gênero masculino, com
menor capacidade de gerar força e consequentemente reduzindo os picos de Pi
Máx
e
Pe
Máx
(PAISANI, CHIAVEGATO & FARESIN, 2005).
Resultado semelhante foi encontrado por HAKÓNARSON
et al.
(1995), que
estudou a função e força muscular respiratória em indivíduos com a Síndrome de Prader
Willi, que apresenta como características principais o deficiência mental e hipotonia
muscular,
semelhante as características da população desse estudo. Não foi encontrada
diferença nesses parâmetros entre os gêneros para essa população.
4.1.3 Percentual de Gordura Corporal
Para identificar a diferença entre os gêneros para o percentual de Gordura
C
orporal (%GC) em cada população, utilizou
-
se o teste ANOVA, pois o teste de
normalidade não foi significativo (p > 0,05). Não foi encontrada diferença significativa (p=
0,1235 para o grupo SD, p= 0,1954 para o grupo DM e p= 0,1918 para o grupo GIN)
para es
sa variável, conforme descrito na tabela 8.
Tabela 8
-
Valores Médios e Desvio Padrão do percentual de Gordura Corporal (%GC)
entre os gêneros para os grupos Síndrome de Down (SD), Deficiência mental (DI) e
Indivíduos Normais (GIN). Brasília
-
2008.
Pop
ulação
Masculino (%GC)
Feminino (%GC)
Média ± Desvio Padrão
Média ± Desvio Padrão
Síndrome de Down (SD)
29,36 ± 8,49
33,93 ± 10,55
Deficiência mental (DI)
22,74 ± 5,58
24,16 ± 6,65
Indivíduos Normais (GIN)
19,83 ± 5,05
20,11 ± 6,03
SD
Teste ANOVA p
= 0, 1235; DI
Teste ANOVA p= 0, 1954; GIN
Teste ANOVA p= 0, 1918
No nosso estudo, não foram encontradas diferenças significativas para o %GC
entre os gêneros para os 3 grupos. Isso pode ser explicado pelo tamanho reduzido da
55
amostra de cada grupo ana
lisado (13 indivíduos para cada gênero), que pode ter
influenciado no resultado desse estudo.
Era esperado um maior % GC para o gênero feminino comparado ao gênero
masculino. PITETTI
et al.
(1993) descrevem que a população com DM e SD apresentam
estilo d
e vida sedentário e hábitos alimentares inadequados, principalmente para o
gênero feminino.
GODOY (2004) encontrou um maior % GC em indivíduos com SD do gênero
feminino quando comparado ao gênero masculino (41,48%
-
Feminino contra 28,89%
-
Masculino), u
tilizando o método DXA para sua determinação. Não foram encontrados
estudos utilizando o DXA para determinação do %GC na população com DI.
Comparando com os dados da literatura, MARQUES
et al.
(2000) e PEIXOTO (2001)
verificaram respectivamente nos gêneros
feminino e masculino o % GC através do
método DXA em indivíduos sem alterações, encontrando maior % GC para o gênero
feminino (26,25% e 17,09%). Porém, não foi encontrada essa diferença nesse estudo.
De forma geral, verifica
-
se que as características da
função pulmonar, força
muscular respiratória e percentual de gordura corporal apresentam
-
se de forma similar
quanto ao gênero, o que evidencia que o gênero não influencia nos valores dessas
variáveis nas populações estudadas.
4.2 Comparação entre as Popul
ações
Para realizar comparações das variáveis do estudo entre as populações (grupos
SD, DM e GIN) foi utilizado o teste ANOVA. Quando o teste indicasse uma diferença
significativa ( p <0,05), utilizou
-
se o teste
post hoc
de Tukey, para identificar entre qu
ais
grupos ocorria a diferença.
4.2.1 Percentual de Gordura Corporal
A comparação para a variável %GC entre os grupos está demonstrada através do
gráfico 1. O grupo SD apresentou média de 32,65 % do predito e desvio padrão de ±
9,95; o grupo DI apresentou
média de 25,62% do predito e desvio padrão de ± 7,17; e o
56
grupo GIN apresentou média de 19,99 com desvio padrão de ± 4,36. O teste ANOVA
indicou diferença significativa entre os grupos para essa variável, e o
post
hoc
de
Tukey indicou diferenças signific
ativas entre os grupos SD e GIN ( p <0,0001), DM e
GIN ( p= 0,0054) e grupos DM e SD (p < 0,01). Ou seja, todos os grupos apresentam
-
se
distintos para essa variável.
Gráfico 1
-
Comparação dos valores médios e desvio padrão do percentual de Gordura
Corpor
al (%GC) em percentual predito (%pred) entre os grupos Síndrome de Down
(SD), Deficiência mental (DM) e Indivíduos Normais (GIN). Brasília
2008.
SD
DM
Indivíduos Ditos Normais
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
**
p < 0,0001
*#
Percentual de Gordura Corporal (%GC)
Teste ANOVA: p < 0,0001
* Post Hoc de Tukey entre Grupo SD e Grupo GIN : p < 0
,0001; ** Post Hoc de Tukey entre Grupo DI e Grupo GIN: p = 0, 0054
# Posto Hoc de Tukey entre Grupo SD e Grupo DI: p < 0,01
Em relação ao percentual de gordura corporal (%GC), houve diferença
significativa entre os grupos DM e SD, quando comparados ao gr
upo GIN. Sendo que
esses grupos apresentaram um maior %GC do que o grupo GIN. O grupo SD
apresentou diferença significativa para o grupo DM.
A obesidade oferece risco para a saúde a curto e longo prazo, representando um
potencial problema de saúde para a
população retardada, sendo constante
principalmente na população com SD (PRASHER, 1995).
57
Na população com DM, essa alteração está associada a um estilo de vida
sedentário, hábitos alimentares inapropriados e falta de oportunidades para desenvolver
o autoco
ntrole (PRASHER, 1995).
Desde o seu desenvolvimento, o DXA emergiu como um dos métodos mais
amplamente aceitos para medir a composição corporal humana. Sua popularidade pode
ser atribuída em parte pela sua velocidade, facilidade de desempenho e baixa expo
sição
à radiação (PIETROBELLI, 1996).
HEYWARD (2004) não faz distinção de idade para valores de % GC, e se refere
em termos médios (15% para os homens e 23% para as mulheres).
Dados coletados para os grupos SD e DM relativos ao % GC, demonstram um
valor
de 32,65 ± 9,95 para o grupo SD e 25,62 ± 7,17 para o grupo DI, o que coloca os
dois grupos em níveis considerados como obesidade (LOHMAN, 1992). Esses
resultados estão próximos aos encontrados por GODOY (2004), que identificou um
%GC para indivíduos co
m SD de 35,48% utilizando o método DXA para sua
determinação.
Não foram encontrados dados de %GC para a população DI utilizando o método
DXA.
FREY & RIMMER (1995) relataram que a ingestão calórica, o gasto energético, o
estilo de vida e caractesticas me
tabólicas são as principais razões para o aumento no
%GC na população com DM.
A obesidade está relacionada ao aumento da resistência a leptina, hormônio que
apresenta função do controle da saciedade a longo prazo e efeito de lipólise. MAGGE
et
al.
(2008)
realizaram um estudo com 35 crianças com SD e identificaram altos níveis de
leptina nessa população. Esse nível elevado de leptina correlaciona
-
se positivamente
com o percentual de Gordura Corporal. Esses resultados indicam um aumento da
resistência a lep
tina nessa população, que favorece a deposição e aumento de volume
das lulas adipócitas nesses indivíduos (JUNIOR, 2004). A alteração cromossômica
presente na Síndrome pode alterar a produção desse hormônio e de seus respectivos
58
receptores celulares. Ess
a resistência aumentada a leptina pode explicar os altos
índices de obesidade encontrados na população com SD.
4.2.2 Espirometria
A comparação para a variável VEF
1
entre os grupos está demonstrada através do
gráfico 2. O grupo SD apresentou média de 66,34
% do predito e desvio pado de
±12,44; o grupo DM apresentou média de 85,03% do predito e desvio padrão de ±10,30;
e o grupo GIN apresentou média de 95,33 com desvio padrão de ±8,45. O teste ANOVA
indicou diferença significativa entre os grupos para essa
variável, e o
post
hoc
de
Tukey indicou diferenças significativas entre os grupos SD e GIN ( p <0,0001), DM e
GIN ( p= 0,0253) e grupos SD e DM (p < 0,0001). Ou seja, todos os grupos apresentam
-
se distintos para essa variável.
Gráfico 2
Comparação d
os valores médios e desvio padrão do Volume Expiratório
Forçado no primeiro segundo (VEF
1
) em percentual predito (%pred) entre os grupos
Síndrome de Down (SD), Deficiência mental (DM) e Indivíduos Normais (GIN). Brasília
2008.
SD
DM
Indivíduos Ditos Normais
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
p < 0,0001
**
*#
Volume Expirario Forçado no primeiro segundo
(VEF1) - %predito
Teste ANOVA: p < 0,0001
*
Post Hoc
de Tukey entre Grupo SD e Grupo GIN : p < 0,0001; **
Post Hoc
de Tukey entre Grupo DI e Grupo GIN: p = 0, 0253;
#
Post Hoc
de Tukey entre Grupo SD e Grupo DI: p < 0, 0001
59
A comparação para a variável CVF entre os
grupos está demonstrada através do
gráfico 3. O grupo SD apresentou média de 76 % do predito e desvio padrão de ±12,35;
o grupo DM apresentou média de 91,07% do predito e desvio padrão de ±9,98; e o
grupo GIN apresentou média de 97,80 com desvio padrão de
±8,75. O teste ANOVA
indicou diferença significativa entre os grupos para essa variável, e o
post
hoc
de
Tukey indicou diferenças significativas entre os grupos SD e GIN (p <0,0001), DM e GIN
( p= 0,0458) e grupos SD e DM (p < 0,0001). Ou seja, todos os
grupos apresentam
-
se
distintos para essa variável.
Gráfico 3
-
Comparação dos valores médios e desvio padrão da Capacidade Vital
Forçada (CVF) em percentual predito (%pred) entre os grupos Síndrome de Down (SD),
Deficiência mental (DM) e Indivíduos Norma
is (GIN). Brasília
2008.
SD
DM
Indivíduos Ditos Normais
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
p < 0,0001
**
*#
Capacidade Vital Forçada (CVF) - % predito
Teste ANOVA: p < 0,0001
*
Post Hoc
de Tukey entre Grupo SD e Grupo GIN : p < 0,0001; **
Post Hoc
de Tukey entre Grupo DI e Grupo GIN: p = 0, 0458
#
Post Hoc
de Tukey entre Grupo SD e Grupo DI: p <
0, 0001
A comparação para a variável PFE entre os grupos está demonstrada através do
gráfico 4. O grupo SD apresentou média de 66,03 % do predito e desvio pado de
±11,02; o grupo DI apresentou média de 88,96% do predito e desvio padrão de ±9,69; e
60
o g
rupo GIN apresentou média de 96,13 com desvio padrão de ±9,15. O teste ANOVA
indicou diferença significativa entre os grupos para essa variável, e o
post
hoc
de
Tukey indicou diferenças significativas entre os grupos SD e GIN (p <0,0001), DM e GIN
( p= 0
,0354) e grupos SD e DM (p < 0,0001). Ou seja, todos os grupos apresentam
-
se
distintos para essa variável.
Gráfico 4
-
Comparação dos valores médios e desvio padrão do Pico de Fluxo
Expiratório (PFE) em percentual predito (%pred) entre os grupos Síndrome
de Down
(SD), Deficiência mental (DM) e Indivíduos Normais (GIN). Brasília
2008.
SD
DM
Indivíduos Ditos Normais
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
p < 0,0001
*#
**
Pico de Fluxo Expiratório (PFE) - % predito
Teste ANOVA: p < 0,0001
* Post Hoc de Tukey entre Grupo SD e Grupo GIN : p < 0,0001; ** Post Hoc de Tukey entre Grupo DI e Grupo GIN: p =
0,0354
# Post Hoc de Tukey entre Grupo SD e Grupo DI: p < 0,0001
A comparação para a variável VEF
1
/CVF entre os grupos está demonstrada
através do gráfico 5. O grupo SD apresentou média de 84,61 % do predito e desvio
padrão de ±8,11; o grupo DM apresent
ou média de 86,67% do predito e desvio padrão
de ±7,25; e o grupo GIN apresentou média de 93,16 com desvio padrão de ±9,45. O
teste ANOVA o indicou diferença significativa entre os grupos para essa variável (p =
0,2745). Isso mostra que não houve diferen
ças entre os grupos para essa variável.
61
Gráfico 5
-
Comparação dos valores médios e desvio padrão da relação VEF1/CVF ou
índice de Tiffenau em percentual predito (%pred) entre os grupos Síndrome de Down
(SD), Deficiência mental (DM) e Indivíduos Normais
(GIN). Brasília
2008.
SD
DM
Indivíduos Ditos Normais
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
p= 0,2745
Relação VEf1/CVF - % predito
Teste ANOVA: p = 0, 2745
Este é o primeiro estudo que examina a função pulmonar em indivíduos com
deficiência mental (DM), com e sem Síndrome de Down (SD). Nessa investigação,
encontramos uma redução s
ignificativa dos parâmetros de função pulmonar para os
grupos SD e DI (exceto a relação VEF
1
/CVF), quando comparados ao grupo GIN. Essa
redução é mais significativa para o grupo SD.
Em relação à função pulmonar, muitos fatores podem influenciar seus valo
res. A
mecânica ventilatória, redução da complacência da caixa torácica, tendência a
fechamento das pequenas vias aéreas e motivação são os principais fatores que
explicam a redução desses parâmetros. Esses parâmetros estão presentes em
indivíduos com alt
o % GC. (SAHEBJAMI & GARTSIDE, 1996).
62
Em indivíduos obesos, a gordura abdominal eleva o diafragma, diminuindo sua
incursão ventilatória. Além disso, o tecido adiposo localizado na caixa torácica,
principalmente na região do gradil costal, diminui a expan
sibilidade torácica e
consequentemente a complacência pulmonar. Esses dois fatores reduzem os picos de
fluxo inspiratório e expiratório, o que influencia diretamente nos valores da espirometria
(PELOSI
et al.
, 1997).
THYAGARAJAN
et al.
(2008) estudaram
a função pulmonar em indivíduos
adultos obesos não fumantes. Foram encontradas reduções significativas no VEF
1
,
CVF, PFE, sem alterações na relação VEF
1
/CVF, o que indica um padrão restritivo para
a prova de função pulmonar. Resultados semelhantes foram e
ncontrados por
WANNAMETHEE et al. (2005), que encontraram relação inversa entre o %GC e os
parâmetros de função pulmonar em indivíduos com obesidade mórbida.
Os indivíduos dos grupos DM e SD apresentam característica restritiva na prova
de função pulmonar
, pela redução significativa do VEF
1
e CVF, com a relação
VEF
1
/CVF acima de 70 nos dois grupos. Os dois grupos apresentaram grau de restrição
leve, pois em média a CVF apresentou valores acima de 60% (VEF
1
66,34 ± 12,44
grupo SD e 85,03 ± 10,30 grupo DM; e
CVF 76 ± 12,35 grupo SD e 91,07 ± 9,98 grupo
DM). Entretanto, no grupo SD 2 indivíduos apresentaram características de restrição
moderada e 1 indivíduo apresentou restrição grave (CVF 48%). As características
restritivas moderada e grave podem gerar situ
ações de hipoventilação, com
desenvolvimento de hipoxemia e hipercapnia, sinais iniciais de insuficiência respiratória
(PEREIRA
et al.
, 2002).
HAKALA & SOVERJARVI (2000) realizou um estudo com 11 obesos mórbidos
para identificar se a perda de peso atrav
és de dietas influenciaria nos valores de função
pulmonar. Foram encontrados aumentos significativos nos volumes pulmonares após 6
semanas de dieta. Isso mostra a influência direta do peso corporal sobre os parâmetros
de função pulmonar, e se forem aplicad
as estratégias para a redução do peso, pode
-
se
obter melhoras para essas variáveis.
63
O grupo SD apresentou reduções mais significativas nos parâmetros de função
pulmonar e força muscular respiratória, quando comparado aos indivíduos com DM.
Uma das razões p
ara explicar essa diferença (além da obesidade) é a hipotonia
muscular. HAKÓNARSON
et al.
(1995) investigaram a função pulmonar e força
muscular respiratória em indivíduos com a Síndrome de Prader
Willi, uma alteração
cromossômica que apresenta hipotonia
, obesidade e baixa estatura como
características, que se assemelham as características dos indivíduos com SD. Eles
encontraram reduções significativas em todas as variáveis, exceto na relação
VEF
1
/CVF, dados semelhantes aos encontrados no nosso estudo.
A
hipotonia muscular diminui a retração externa da caixa torácica, que é de suma
importância para a determinação dos volumes pulmonares. Com essa redução, a
retração interna do pulmão tende a prevalecer. Com isso temos a tendência o
fechamento de pequenas v
ias reas e a formação de pequenas áreas de atelectasia
(ausência de ventilação em determinadas áreas pulmonares). Essa situação pode
contribuir para a redução mais acentuada dos volumes pulmonares na população com
SD, que foi encontrada em nosso estudo.
(WEST, 1999; LEVITSKY, 2004;
HAKÓNARSON
et al.,
1995).
4.2.3 Força Muscular Respiratória
A comparação para a variável Pi
Máx
entre os grupos está demonstrada através do
gráfico 6. O grupo SD apresentou média de 47,30 % do predito e desvio padrão de ±
7,29
; o grupo DM apresentou média de 69,07% do predito e desvio padrão de ±13,08; e
o grupo GIN apresentou média de 103,53% com desvio padrão de ±8,28. O teste
ANOVA indicou diferença significativa entre os grupos para essa variável, e o
post
hoc
de Tukey in
dicou diferenças significativas entre os grupos SD e GIN ( p < 0,0001), DM e
GIN ( p < 0,0001) e SD e DM (p < 0,0001). Ou seja, todos os grupos apresentam
-
se
distintos para essa variável.
64
Gráfico 6
-
Comparação dos valores médios e desvio padrão da Press
ão Inspiratória
Máxima (Pi
Máx
) em percentual predito (%pred) entre os grupos Síndrome de Down (SD),
Deficiência mental (DM) e Indivíduos Normais (GIN). Brasília
2008.
.
SD
DM
Indivíduos Ditos Normais
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
p < 0,0001
**
*#
Pressão Inspiratória Máxima (PiMax) - % predito
Teste ANOVA: p < 0,0001
* Post Hoc de Tukey entre Gr
upo SD e Grupo GIN : p < 0,0001;** Post Hoc de Tukey entre Grupo DI e Grupo GIN: p < 0, 0001
# Post Hoc de Tukey entre Grupo SD e DI : p < 0,0001
A comparação para a variável Pe
Máx
entre os grupos está demonstrada através
do gráfico 7. O grupo SD aprese
ntou média de 51,80 % do predito e desvio padrão de
±15; o grupo DM apresentou média de 79,19% do predito e desvio padrão de ±14,41; e
o grupo GIN apresentou média de 103,19 com desvio padrão de ±6,81. O teste ANOVA
indicou diferença significativa entre os
grupos para essa variável, e o
post
hoc
de
Tukey indicou diferenças significativas entre os grupos SD e GIN (p <0,0001), DM e GIN
65
( p < 0,0001) e SD e DM (p < 0,0001). Ou seja, todos os grupos apresentam
-
se distintos
para essa variável.
Gráfico 7
-
Co
mparação dos valores médios e desvio pado da Pressão Expiratória
Máxima (Pe
Máx
) em percentual predito (%pred) entre os grupos Síndrome de Down (SD),
Deficiência mental (DM) e Indivíduos Normais (GIN). Brasília
2008.
SD
DM
Indivíduos Ditos Normais
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
p < 0,0001
**
*#
Pressão Expiratória Máxima (PeMax) - % predito
Teste
ANOVA: p < 0,0001
* Post Hoc de Tukey entre Grupo SD e Grupo GIN : p < 0,0001; ** Post Hoc de Tukey entre Grupo DI e Grupo GIN: p < 0, 0001
# Post Hoc de Tukey entre Grupo SD e DI : p < 0,0001
Este é o primeiro estudo que examina a força muscular resp
iratória em indivíduos
com deficiência mental (DM), com e sem Síndrome de Down (SD). Nessa investigação,
encontramos uma redução significativa dos parâmetros de força muscular respiratória
para os grupos SD e DM, quando comparados ao grupo GIN. Essa reduçã
o é mais
significativa para o grupo SD.
A força muscular respiratória foi menor nos grupos SD e DM (Pe
Máx
51,80% ± 15
e Pi
Máx
47,30% ± 7,29 grupo SD; Pe
Máx
79,19% ± 14,41 e Pi
Máx
69,07% ± 13,09% grupo
DM, quando comparados ao grupo GIN.
66
A força de contra
ção da musculatura estriada esquelética depende da interação
existente entre diversos fatores. A força muscular é relacionada com o comprimento e
área de secção transversa do músculo, sendo o primeiro relacionado com a altura e o
último com o peso corporal
(MERCER & LEWIS, 2001). Os grupos DM e SD
apresentam baixa estatura e aumento no %GC, que são fatores que podem explicar a
redução de força encontrada nesses grupos.
A função dos sculos respiratórios e a movimentação diafragmática estão
prejudicadas em
indivíduos com alto percentual de gordura corporal. Porém alguns
estudos demonstram grande variabilidade nos valores de Pi
Máx
e Pe
Máx
em indivíduos
obesos, com valores reduzidos (SAHEBJAMI & GARTSIDE, 1996), normais (PAISANI,
CHIAVEGATO & FARESIN, 2005) e
até aumentados (QUEIROZ, 2006). Essa
divergência nos resultados pode ser explicada pelas diferenças nas metodologias
aplicadas para a mensuração desses parâmetros, pelo tipo de obesidade (mórbida ou
não) e tempo de obesidade, que os obesos apresentam m
aior sobrecarga aos
músculos respiratórios, promovendo dessa forma um efeito de treinamento sobre essa
musculatura, o que poderia resultar em menores reduções da Pi
Máx
e Pe
Máx
(PAISANI,
CHIAVEGATO & FARESIN, 2005).
O sedentarismo é um importante fator
que contribui para a redução dos volumes
pulmonares e força muscular respiratória (SCANLAN, C.; WILKINS, R; STOLLER,
2002). E esse fator es presente na população com Deficiência mental, principalmente
nos indivíduos com SD (MARQUES; NAHAS & MAURO, 2001)
.
O sedentarismo leva a
uma redução do número de sarcômeros e consequentemente da área de secção
transversa, que reduz a capacidade do músculo em gerar força (FOSS & KETEYAN,
2000). Com isso, na população sedentária temos menores valores de Pressões
respira
tórias Estáticas (como a Pi
Máx
e Pe
Máx
), com menores fluxos inspiratórios e
expiratórios, que repercute nas provas de função pulmonar, com tendência a padrão
restritivo nessa prova (NEDER
et al.
, 2000). Isso pode explicar a redução dos
parâmetros de função
pulmonar e força muscular respiratória encontrada nos grupos
DM e SD.
67
A alteração restritiva ventilatória também é encontrada em outras populações
hipotônicas, como a Distrofia Muscular de Duchenne e Distrofia Muscular Congênita
(KANG et al., 2006). As
mensurações da Pi
Máx
e Pe
Máx
nos fornece um método de
quantificar a fraqueza muscular respiratória em pacientes com doenças
neuromusculares.
A fraqueza dos músculos respiratórios induz a doenças pulmonares restritivas e
ineficácia da tosse (SCANLAN, C.; WI
LKINS, R; STOLLER, 2002). Quando a Pe
Máx
apresenta valores abaixo de 40% do predito, os indivíduos podem não conseguir realizar
expirações profundas, perdendo a eficácia da tosse, levando a uma tendência a
retenção de secreções e aumento de infecções no t
rato respiratório (KANG et al., 2006).
No nosso estudo, três indivíduos com SD apresentaram Pe
Máx
abaixo de 40% do
predito. Esses indivíduos apresentam alto risco de obter doenças pulmonares
infecciosas em virtude da inabilidade em retirar secreções das v
ias aéreas inferiores.
HILTON; FITZGERALD & COOPER (1999) identificaram as pneumonias como a
principal causa de hospitalização em indivíduos com SD.
O grupo SD apresentou menores valores de Pi
Máx
e Pe
Máx
quando comparado ao
grupo DM. Um fator que pode exp
licar essa redução mais acentuada para esse grupo é
a hipotonia muscular, que leva os músculos respiratórios a uma menor capacidade de
gerar força (LEVITSKY, 2004). foi descrito que os valores de Pi
Máx
e Pe
Máx
são
menores em indivíduos com DI hipotônico
s, quando comparados aos não hipotônicos
(HAKÓNARSON
et al.
1995).
4.3
-
Limitações do Estudo
SHEPARD (1994) descreveu que indivíduos com DM e SD apresentam notória
inabilidade ou dificuldade em motivação para mobilizar seus mecanismos
neuromusculares e p
roduzir máximo esforço em testes, fator esse que pode ser
apontado como limitação do nosso estudo. Os testes de função pulmonar e força
muscular respiratória são “esforço dependente”, e os indivíduos dos grupos SD e DM
apresentam déficit cognitivo, o que p
ode influenciar nos valores dos parâmetros
analisados. GAULD
et al.
(2005) verificou que indivíduos com Distrofia Muscular de
68
Duchenne que apresentaram maior Quociente de Inteligência (QI) obtiveram maiores
valores de função pulmonar e força muscular respi
ratória.
Nesse estudo tentou
-
se assegurar que todos os indivíduos realizaram um
esforço máximo, através da reprodução dos testes sempre 03 vezes, excluindo os que
apresentaram variabilidade maior que 10% entre eles. PEREIRA
et al.
(2002) sugerem
que os i
ndivíduos devem ter como mínimo de função intelectual para a realização dos
testes de função pulmonar duas situações: identificar e responder a comandos verbais.
Todos os indivíduos dos grupos DM e SD incluídos nesse estudo apresentavam
esse critério míni
mo. Com isso, acreditamos que o fator cognitivo não foi o fator
primordial para as redões dos valores de função pulmonar e força muscular
respiratória encontrados.
69
5. CONCLUSÃO
Com base nos dados da função pulmonar, força muscular res
piratória e
percentual de Gordura corporal nos grupos de indivíduos portadores da Trissomia 21
(Síndrome de Down), indivíduos com Deficiência mental e Indivíduos ditos Normais no
Distrito Federal, em relação aos resultados obtidos e os achados descritos na
literatura,
pode
-
se concluir que:
1
-
Indivíduos portadores de Trissomia 21 (Síndrome de Down), indivíduos com
Deficiência mental apresentam maior percentual de gordura corporal, quando
comparados a indivíduos ditos normais da mesma faixa etária em ambos os
g
êneros, provavelmente relacionado ao estilo de vida sedentário, hábitos
alimentares e alterações fisiológicas presentes, principalmente na população
com Síndrome de Down.
2
-
Indivíduos portadores de Trissomia 21(Síndrome de Down), indivíduos com
Deficiência m
ental apresentam redução dos parâmetros de função pulmonar
(VEF
1
, CVF, PFE), quando comparados a indivíduos ditos normais na mesma
faixa etária em ambos os gêneros. Indivíduos com SD apresentam redução
mais significativa desses pametros quando comparados
a indivíduos com
DM, provavelmente por apresentarem maior percentual de gordura corporal e
hipotonia generalizada.
3
-
Indivíduos portadores de Trissomia 21 (Síndrome de Down), indivíduos com
Deficiência mental, apresentam redução da força muscular respirató
ria (Pi
Max
e Pe
Max
), quando comparados a indivíduos ditos normais na mesma faixa
etária em ambos os gêneros. Indivíduos com SD apresentam redução mais
significativa desses parâmetros quando comparados a indivíduos com DM,
provavelmente por apresentarem hip
otonia generalizada.
4
-
Alguns indivíduos do grupo de Trissomia 21(Síndrome de Down) apresentam
níveis de Pe
Max
críticos ( < 40 % do predito), que pode influenciar na sua
capacidade de eliminar secreções, tendo assim grande probabilidade em
desenvolver infecç
ões respiratórias.
70
5
-
Não houve diferença significativa para os parâmetros de função pulmonar e
força muscular respiratória entre os gêneros para todos os grupos.
71
6. SUGESTÕES
1.
É importante que sejam realizados novos estudos, com a
mostras maiores,
para que se possam criar parâmetros para reabilitação pulmonar em
indivíduos com deficiência mental portadores e não portadores da Trissomia
21, após cirurgias ou traumas;
2.
Sugerem
-
se novos estudos que verifiquem se a redução do percentual
de
gordura corporal influencia na função pulmonar e força muscular respiratória
nessa população;
3.
Sugerem
-
se novos estudos que verifiquem o treinamento muscular
respiratório ou a prática de atividade física promovam aumento nos volumes e
capacidades pulmona
res, além da força muscular respiratória;
4.
É importante estimular a prática de atividade física entre os indivíduos com
deficiência mental, visando melhoria da qualidade de vida e conseqüente
melhor desempenho nas atividades de vida diária.
72
7
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79
ANEXO 1
UNB
Universidade de Brasília
Faculdade de Educação Física
Projeto de Pesquisa:
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR E FOA MUSCULAR
RESPIRATÓRIA EM INDIVÍDUOS COM RETARD
O MENTAL, PORTADORES E NÃO
PORTADORES DA TRISSOMIA 21 NO DISTRITO FEDERAL.
Pesquisador responsável:
Vinicius Zacarias Maldaner da Silva
TEDIO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu,_____________________________________________, responsável legal do(a)
al
uno(a)______________________________________________, declaro ter sido
informado, após ler ou ouvir o presente documento e compreendido o seu significado
que informa o seguinte:
1
-
Estou autorizando de minha livre vontade, que meu tutelado seja submetido(a)
a
avaliação para determinação da aptidão cardiorrespiratória por meio do teste
ergoespirométrico e da função pulmonar, o que não lhe causará mal algum;
2
-
O Presente trabalho objetiva avaliar a função pulmonar, força muscular respiratória e
composição corpora
l, para estabelecer padrões de funcionalidade e estabelecer uma
relação entre os índices analisados;
3
-
Para coleta dos dados serão utilizados aparelhos específicos para estes fins
denominados Manovacuômetro, que consiste de um medidor da força; um
espirômetr
o, para mensurar os volumes e capacidades pulmonares, um
Dual Energy
X
-
Ray Absortometry (DXA).
Todos os testes serão acompanhados por um médico
responsável, que também será responsável pelos laudos de cada exame;
4
-
Fui esclarecido(a) de que a participação é
voluntária (sem qualquer forma de
pagamento), estando garantido o sigilo dos dados envolvidos na pesquisa. As
informações provenientes deste trabalho serão utilizadas com fins de publicação e
produção científica da presente tese de mestrado;
Brasília/DF,_
___de____________de________
__________________________ __________________________
Pai ou responsável
Testemunha
________________________________
Pesquisador responsável
Pesquisador responsável: Vinicius Z Maldaner
T
els: (61) 81225448/33468374
80
ANEXO 2
UNB
Universidade de Brasília
Faculdade de Educação Fís
ica
Projeto de Pesquisa:
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR E FOA MUSCULAR
RESPIRATÓRIA EM INDIVÍDUOS COM RETARDO MENTAL, PORTADORES E NÃO
PORTADORES DA TRISSOMIA 21 N
O DISTRITO FEDERAL.
Pesquisador responsável:
Vinícius Zacarias Maldaner da Silva
DECLARAÇÃO DE CIÊNCIA INSTITUCIONAL
Eu, de livre e espontânea vontade autorizo a participação na pesquisa “Avaliação
da Aptidão Cardiorrespiratória e Função Pulmonar em Port
adores da Trissomia 21 no
Distrito Federal” dos(as) alunos(as) da
_________________________________________ sob minha responsabilidade.
Informo que, quando julgar necessário e sem qualquer prejuízo, poderei cancelar
o presente termo de consentimento livre
e esclarecido.
Autorizo os(as) alunos(as) a realizarem os seguintes procedimentos de avaliação
para medir a aptidão cardiorrespiratória e função pulmonar:
-
Mensuração da força muscular respiratória;
-
Mensuração dos volumes e capacidades pulmonares;
-
Avaliação
da Composição Corporal pelo DXA
Fui informado de que estes procedimentos de avaliação não acarretarão nenhum
prejuízo ou dano para o(a) aluno(a), e que contribuirão muito no sentido de avaliar a
aptidão cardiorrespiratória e função pulmonar em portadores
da trissomia 21.
Haverá acompanhamento médico antes e durante a realização das avaliações
presentes no estudo.
Estou ciente de não haverá risco ao indivíduo, pois os procedimentos não
causam dor e não são de cunho invasivo.
Certifico de que tive a oportuni
dade de ler e entender o conteúdo das palavras
contidas no termo, sobre o qual me foram dadas explicações.
Brasília
-
DF, ______ de _______________ de __________.
________________________________________
Responsável pela Instituição
_______________________
___________________________________________
Pesquisador responsável: Vinicius Z. Maldaner
Tels: (61) 81225448/33468374
81
ANEXO 3
Projeto de Pesquisa:
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR E FOA MUSCULAR
RESPIRATÓRIA EM INDIVÍDUOS COM RETARDO MENTAL, PORTADOR
ES E NÃO
PORTADORES DA TRISSOMIA 21 NO DISTRITO FEDERAL.
Questionário para identificação de medicações utilizadas
Nome
:______________________________________________
Instituição
:___________
Idade
: ________
Sexo
:
M
F
Altura
: ________
Peso
: _
_______
IMC
: ________
Qual a finalidade terapêutica do uso da fluoxetina?
Depressão
bulimia nervosa
transtorno obsessivo compulsivo (TOC)
Outros: ____________________________________________________________
Há quanto tempo utiliza fluoxetina?
______________________
Qual o tempo de tratamento previsto? _____________________
Qual a dose prescrita e a posologia? ___________________________________________
Qual a forma farmacêutica utilizada? ____________e via de administração?_____________
Qual o
horário de administração do fármaco? ____________________________________
Qual a finalidade terapêutica do uso de beta bloqueadores?
Arritmias
Síndrome Vaso Vagal
Valvulopatias cardíacas
Outros: __________________________________________________
__________
Há quanto tempo utiliza beta bloqueador? ______________________
Qual o tempo de tratamento previsto? _____________________
Qual a dose prescrita e a posologia? ___________________________________________
Qual a forma farmacêutica utilizada? ___
_________e via de administração?_____________
Qual o horário de administração do fármaco? ____________________________________
Faz tratamento de outras patologias além das acima prescritas?
não
sim
Em caso afirmativo, assinale a patologia:
h
ipertensão
angina
tuberculose
diabetes
Chagas
doenças hematológicas :
anemias
leucemias
anemia falciforme
asma
câncer, qual?__________
DST, qual? __________
hepatites
82
Out
ras patologias não descritas anteriormente
: __________________________________
Caso a resposta anterior seja afirmativa, quais medicamentos foram utilizados nas últimas
05 semanas?
Dentre os medicamentos utilizados, quais são utilizados no mesmo horário
da fluoxetina ou beta
bloqueador? ______________________________________________________
diuréticos
vasodilatadores
broncodilatadores
antialérgicos
antiácidos
antisecretores
antidepressivos
antipsicóticos
antineoplásicos
antieméticos
descongestionantes nasais
hormônios sexuais
hormônios tireoideanos
anticoagulantes
vitaminas
descongestionante nasal
antibióticos
imunossupressores
hipoglicemiantes orais
Outros: ___________________________________
Efeitos adversos apr
esentados:
sedação
tontura
dor de cabeça
constipação
parestesia
boca seca
neuropatia periférica
trombose venosa profunda
embolia pulmonar
encurtamento da respiração
Observações:
Responsável: _________________________________________
___________
Pesquisador responsável: Vinicius Z. Maldaner
Tels: (61) 81225448/33468374
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