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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO
CAROLINA CHIUSOLI DE MIRANDA ROCCO
Aspectos Neurofisiológicos e sua Relação com o
Acometimento Clínico e Funcional dos Pacientes com Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica.
São Paulo, SP
2009
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ii
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO
CAROLINA CHIUSOLI DE MIRANDA ROCCO
Aspectos Neurofisiológicos e sua Relação com o
Acometimento Clínico e Funcional dos Pacientes com Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica.
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Ferrari Corrêa
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação da Universidade Nove de
Julho, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Ciências
da Reabilitação.
São Paulo, SP
2009
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iii
Rocco, Carolina Chiusoli de Miranda.
Aspectos neurofisiológicos e sua relação com o
acometimento clínico e funcional dos pacientes com doença
pulmonar obstrutiva crônica. Carolina Chiusoli de Miranda Rocco.
2009.
80 f.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Nove de Julho, 2009.
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Ferrari Corrêa.
1. DPOC 2. Neurofisiologia 3. Prognóstico 4. Doença Pulmonar
CDU : 615.8
iv
DEDICATÓRIAS
DEDICATÓRIASDEDICATÓRIAS
DEDICATÓRIAS
Ao meu marido...
Pelo companheirismo, compreensão, apoio e incentivo. Pelas palavras de conforto, amor e
perseverança. Pelo carinho que me força para continuar sempre crescendo, sempre buscando e
realizando sonhos. Obrigada Amor!
Aos meus pais José Leonel e Nilza...
Obrigada pela oportunidade que me deram de aprendizado desde criança, pela semente cultivada.
Aqui está mais um fruto! Sem a dedicação de vocês nada disso seria possível.Minha mãe em especial
pelo sentimento de (suas orações são poderosas), pela sensibilidade amiga de todas as horas. Meu
pai, obrigada pela razão estimulada nos momentos de fragilidade de decisões.
A um amigo especial, Sr. Aníbal, o Binha (in memorian)...
Paciente querido que se transformou em um grande amigo e que me inspirou a estudar e pesquisar
sobre doença pulmonar. Você continua vivo no meu coração!
Esta conquista também é de vocês!
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AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. João Carlos Ferrari Corrêa,
Que desde o começo acreditou neste trabalho. Obrigada pela confiança, pela dedicação estando sempre
ao meu lado em todas as horas, montando e desmontando o laboratório, em todas as coletas de dados
até os resultados finais. Obrigada pelo conhecimento adquirido, novas descobertas e desafios.
A Prof. Carla Malagutti,
Obrigada pelas aulas esclarecedores de metodologia científica, onde tudo começou...
A Prof. Luciana Malosá,
Sempre pronta a ajudar, tirando dúvidas, dando apoio e conhecimento. Obrigada Professora e Amiga
Lú!
A Prof. Simone Dal Corso,
Em especial pela ajuda no tratamento dos dados. Pelos comentários construtivos para o meu
crescimento durante todo projeto até qualificação. Sem contar as aulas minuciosas sobre doença
pulmonar obstrutiva crônica e bioestatística, meu muito obrigado.
Ao Prof. Jorge Willian meu agradecimento pelos artigos cedidos, foi uma ajuda e tanto.
A Prof. Daniela pelo conhecimento adquirido em eletromiografia, pelo tempo compartilhado no
laboratório entre coletas e análises.
A Prof. Cláudia pela troca de experiência e dedicação que muito me ajudaram na utilização da
plataforma de “força”.
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A Prof. Nádia pela compreensão a falta e saídas no meio da aula de “sexta-feira à tarde” devido
horário do fretado.
Ao Prof. Dirceu Costa que sempre esteve presente em minha vida acadêmica através dos livros, e que
agora, honradamente tem contribuído pessoalmente desde a qualificação.
Ao colega de Mestrado Rafael pela ajuda inesgotável com os voluntários de Guarulhos que
participaram do grupo controle, muito obrigada, nunca vou esquecer da sua ajuda.
Aos Novos Amigos...
Carol e Irlei, pelas horas de conversas, almoços e estudos. Foi muito bom conhecê-los!
A Secretária Juliana, obrigada pela atenção e dedicação.
Ao Dr. Roberto Stirbulov por aceitar o convite. Sem os pacientes da Santa Casa o trabalho não seria
viável.
Aos Médicos Pneumologistas do Ambulatório da Santa Casa: Tânia, Valéria, Ethel e Igor, obrigada
pela atenção em meio a tantos residentes, pacientes e médicos sempre colaboraram para a triagem dos
pacientes do meu trabalho.
Agradecimento a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo – FAPESP.
Aos voluntários...
Vocês são a razão deste momento! Sem vocês nada disso teria sentido. Agradeço a compreensão, a
dedicação e doação. Alguns vieram de longe, sempre pontuais, dispostos mesmo quando na presença
vii
vii
de alguma limitação, e pacientes esperaram com uma delicadeza inesgotável o resultado das
avaliações. Este aprendizado eu levo comigo, do lado esquerdo do peito!
A Deus,
Pela força divina, pelas pessoas que colocastes em meu caminho, por iluminar meus momentos de
angústia e também os momentos de felicidade. Obrigada!
“Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal”
(Nietzsche).
viii
viii
RESUMO
Alterações neurofisiológicas comprometem a atividade normal da musculatura
esquelética e, em associação com outras manifestações pertinentes da Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), influenciam na inatividade física. Neste
estudo, a eletromiografia de superfície foi utilizada para avaliação dos reflexos
monossinápticos patelar e aquileu e para avaliação da força muscular
periférica; o equilíbrio estático foi analisado pela plataforma de força e o
dinâmico pela Escala de Tinetti; e por fim, a capacidade funcional obtida pelo
teste senta-levanta (TSL). O objetivo foi de análise e comparação destes
aspectos neurofisiológicos com idosos saudáveis e de correlacioná-los com o
Índice de BODE, devido associação com prognóstico na DPOC. Num segundo
momento, os reflexos foram correlacionados com a idade e altura dos
indivíduos com DPOC para verificar a possibilidade de um marcador para o
prognóstico funcional desta doença. O tempo de latência reflexo na DPOC
encontra-se lentificado em relação ao grupo controle, assim como diminuição
da força muscular periférica e da capacidade funcional no TSL. Não
encontramos diferenças em relação à avaliação do equilíbrio. O Índice de
BODE apresentou correlações, forte a moderada, com a Escala de Tinetti e
com o TSL, respectivamente, em que podemos concluir que escores maiores
do BODE são evidenciados em indivíduos com menor nível de capacidade
funcional. Alteração do tempo de latência do reflexo patelar foi associado com
a variável idade do grupo DPOCt. Sugerimos que estes resultados podem
refletir como um marcador funcional ou ainda prognóstico, entretanto mais
estudos são necessários para que este objetivo alcance a proposta desejada.
Palavras-chave: DPOC, Neurofisiologia, Prognóstico.
ix
ix
ABSTRACT
Neurophysiologics alterations compromise the normal activity of the muscles,
and in association with other pertinent manifestations of Chronic
Obstructive Pulmonary Disease (COPD) they influence in the physical inactivity
of this population. In this study, the surface electromyography was used for
evaluation of the latency time of the patellar and achilles monosynaptic reflex
and for evaluation of the peripheral muscular force of quadriceps muscle; the
static balance was analyzed by means of the evaluation of the oscillatory center
of pressure (COP) for the ground platform and the dynamic for Tinetti Scale; e
finally, the functional capacity gotten by the test sit-and-up. The objective was of
analysis and comparison of these neurophysiologics aspects with healthful
aged and correlating them with the BODE Index. At as a moment the
consequences also had been correlated with the age and height of the
individuals with COPD to verify the possibility of plus a marker for the functional
prognostic of this illness. The reflected latency time in the COPD meets
reduction in relation to the group has controlled, as well as reduction of the
peripheral muscular force and the functional capacity in the test sit-and-up.
We
don’t find differences in relation to the evaluation of the balance.
Higher
BODE Index presented correlations with functional activities, Tinetti and test sit-
and-up, are evidenced in individuals with lesser level of functional capacity. The
alteration of the latency time of the consequence to patellar was associated with
the age of COPD group, and these results can reflect as a marker functional or
still prognostic, however more studies are necessary so that this objective reach
the proposal desired.
Keywords: COPD, Neurophysiology, Prognosis.
x
x
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................. ix
ABSTRACT ..............................................................................................
x
LISTA DE TABELAS E FIGURAS ........................................................... xii
ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS ............................................................... xiii
CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................................................... 1
ARTIGO I: “Aspectos Neurofisiológicos e sua Relação com o
Acometimento Clínico e Funcional dos Pacientes com Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica” .............................................................. ....
6
ARTIGO II: “Análise do Período de Latência Reflexa em Pacientes com
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica” ....................................................
26
DISCUSSÃO ............................................................................................
42
CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................
45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 47
APÊNDICES ............................................................................................ 50
Apêndice A: Termo de Consentimento Livre Esclarecido Grupo
Controle ...................................................................................................
51
Apêndice B: Termo de Consentimento Livre Esclarecido Grupo DPOC . 54
Apêndice C: Ficha de Avaliação .............................................................. 57
Apêndice D: Tabela Demonstrativa dos Dados Individuais de Cada
Participante ..............................................................................................
59
ANEXOS .................................................................................................. 60
Anexo A: Parecer do Comitê de Ética – Uninove .................................... 61
Anexo B: Parecer do Comitê de Ética – IMSCSP ....................................
62
Anexo C: Escala de Dispnéia Borg ..........................................................
63
Anexo D: Escala de Dispnéia MRC ......................................................... 64
Anexo E: Frases de Incentivo para o TC6’ .............................................. 65
Anexo F: Escala de Tinetti – Equilíbrio .................................................... 66
Anexo G: Escala de Tinetti – Marcha ...................................................... 67
xi
xi
LISTA DE TABELAS E FIGURAS
ARTIGO I: “Aspectos Neurofisiológicos e sua Relação com o
Acometimento Clínico e Funcional dos Pacientes com Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica”.
Tabela 01: Características demográficas, Índice de BODE e variáveis
que compõe o Índice de BODE ............................................................ 16
Tabela 02: Dados médios e respectivos desvios padrão referentes às
avaliações neurofisiológicas ................................................................. 17
Tabela 03: Correlação entre o BODE e as variáveis neurofisiológicas
do grupo DPOCt ................................................................................... 18
Figura 01: Correlação entre o Índice de BODE e a Escala de Tinetti
do grupo DPOCt ................................................................................... 18
Figura 02: Correlação entre o Índice de BODE e o TSL do grupo
DPOCt .................................................................................................. 19
ARTIGO II: “Análise do Período de Latência Reflexa em
Pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica”.
Tabela 01: Características antropométricas, função pulmonar e
capacidade funcional dos participantes ................................................ 33
Tabela 02: Dados médios e respectivos desvios padrão referentes
ao período de latência dos reflexos tendinosos ................................... 34
Tabela 03: Correlação entre a altura e idade e as variáveis
neurofisiológicas ................................................................................... 34
Figura 01: Correlação entre período de latência do reflexo patelar e a
altura dos pacientes com DPOC .......................................................... 35
Figura 02: Correlação entre período de latência do reflexo patelar e a
idade dos pacientes com DPOC .......................................................... 35
xii
xii
ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ACSM: American College of Sports Medicine
ATS: American Thoracic Society
BODE: índice de prognóstico mortalidade para DPOC (B = body; O =
obstructive; D = dyspnea; E = effort)
CNS: Conselho Nacional de Saúde
COP: centro de pressão oscilatório
CVF: capacidade vital forçada
GC: grupo controle
GDPOC: grupo DPOC sem uso de O
2
GDPOCO
2
: grupo DPOC com uso de O
2
suplementar
GOLD: Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease
MRC: índice de dispnéia modificado do Medical Research Council
NP: neuropatia periférica
PaO
2
: pressão parcial de oxigênio no sangue
RF: músculo reto femoral
SatO
2
: saturação periférica de oxigênio
SENIAM: Surface Electromyography for the Non-Invasive Assessment of
Muscles
SO: músculo sóleo
TA: músculo tibial anterior
TC6’: teste de caminhada de seis minutos
TSL: teste senta-levanta
VEF
1
: volume expiratório forçado no primeiro segundo
VEF
1
/CVF: relação entre volume expiratório forçado no primeiro segundo e
capacidade vital forçada
VL: músculo vasto lateral
xiii
xiii
CONTEXTUALIZAÇÃO
1
xiv
Contextualização
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma causa de
morbidade e mortalidade muito importante, com conseqüências sócio-
econômica e psicológica relevantes, pois sua evolução crônica leva a redução
da capacidade física e laboral
1
.
O principal fator de risco é causado pela dependência do cigarro. A
prevalência da doença esta aumentando pelo elevado consumo de cigarros e
pelo aumento da expectativa de vida
1,2
.
Tosse e expectoração crônica associados à dispnéia são indicativos de
DPOC que é uma resposta inflamatória anormal dos pulmões a um
determinado agente, causando limitação ao fluxo aéreo. Entretanto o
diagnóstico deve ser confirmado pela espirometria
1,2
.
Embora acometa primariamente os pulmões, diversas manifestações
sistêmicas têm sido descritas. um aumento anormal de citocinas pró-
inflamatórias e uma sobrecarga oxidativa, pelo desequilíbrio entre a formação
de radicais livres e sua capacidade antioxidante, sendo provavelmente os
causadores destas manifestações
3,4,5,6,7
.
Estas alterações interferem diretamente na qualidade de vida dos
portadores da DPOC, que apresentam como características perda de peso,
algumas vezes desnutrição, e disfunção da musculatura esquelética, que
somado a outros fatores como uso de corticoesteróides, envelhecimento e a
própria limitação ventilatória repercutem com diminuição da capacidade
funcional e assim, inatividade física
2,3,4,5
.
Muito tem se estudado sobre a musculatura esquelética na DPOC e
contribuições esclarecedoras a cerca do que alterações bioquímicas,
estruturais e metabólicas do músculo podem implicar sobre atividades
funcionais do indivíduo são de extrema relevância.
Mudanças na musculatura esquelética incluem reduções das fibras do
tipo I, atrofia de ambos os tipos de fibras (I e II), alteração do metabolismo com
redução da capacidade oxidativa e predomínio do anaeróbico láctico, além da
redução na densidade dos capilares musculares. Os principais fatores
relacionados a esta disfunção são a hipóxia /hipercapnia, desnutrição crônica,
inatividade física com perda do condicionamento muscular e inflamação
crônica
3,4,5,8
.
2
xv
A força muscular periférica e endurance encontram-se reduzidas
dificultando a realização de atividades que o limitadas por fatores
ventilatórios, aumentando ainda mais a sensação de dispnéia
4,9,10
.
A avaliação da capacidade funcional através do Teste de Caminhada de
6’ (TC6’) em pacientes com DPOC é de extrema importância para
conhecimento da condição física, acompanhamento num processo de
reabilitação pulmonar e foi descrito por Pitta et al
9
. como sensível marcador
prognóstico, mais que idade, força muscular, obstrução pulmonar, IMC ou co-
morbidades associada a DPOC.
Avaliação do prognóstico da DPOC também foi descrita por Celli et al.
11
por meio do Índice de BODE que avalia além do grau de obstrução aérea pelo
VEF
1
como baseado pelo GOLD
1
, a sensação da dispnéia, o índice de massa
corporal e o TC6’. Outro trabalho realizado por Pitta et al.
12
concluiu que o
Índice de BODE pode predizer se o paciente com DPOC é fisicamente inativo
na vida diária melhor que a avaliação isolada do VEF
1
.
Outros estudos focados nas alterações neurofisiológicas tem sido
descritos na literatura, alguns demonstrando altas incidências nesta
população
13,14,15
. Entretanto, não encontramos relatos de comparação entre
estes achados neurofisiológicos e avaliações funcionais e a mesmo
prognósticas nos indivíduos com DPOC.
Alterações neurofisiológicas foram correlacionadas com o tabagismo,
severidade da doença, hipoxemia, hipercapnia, idade e pico de fluxo expiratório
e sua incidência nesta população apresenta muita variação devido aos
diferentes protocolos de estudos realizados
13
.
A avaliação do tempo de resposta reflexa muscular pode ser realizada
por meio da eletromiografia (EMG) de superfície a um dado estímulo e um
aumento deste tempo de latência pode significar uma alteração da condução
nervosa
16,17
.
Os estímulos nervosos são capazes de contrair os músculos de forma
ordenada em termos de força e precisão de movimentos, também são
responsáveis pela percepção de estímulos como o calor, o tato, a temperatura,
a vibração e a dor, transmitindo-os ao sistema nervoso central para serem
interpretadas. Uma alteração da função dos nervos periféricos pode causar
perda sensorial, atrofia e fraqueza muscular, além de decréscimos nos reflexos
3
xvi
profundos, como o aquileu e patelar. O envolvimento motor somado a
deficiência proprioceptiva ou sensorial pode conduzir a anormalidades de
marcha
16
.
É evidente que prejuízo funcional e envolvimento das atividades de
vida diária nesta situação. Outros autores como Butcher et al.
18
se propuseram
a investigar o equilíbrio, a coordenação e a mobilidade e observaram menores
escores para os indivíduos com DPOC quando comparados ao grupo controle
e os atribuiu ao grau de severidade da doença, avaliado pelo VEF
1
.
De acordo com Richardson et al.
19
, neuropatias periféricas contribuem
para as quedas na população idosa. também a hipótese de que um longo
período de latência na resposta dos músculos periféricos, interrupção das
respostas de organização temporal dos músculos posturais e coativação
agonista/antagonista de longa duração podem afetar o equilíbrio corporal
20
.
A força muscular afeta o equilíbrio, sendo que indivíduos com maior
força muscular possuem menor risco de quedas
21
. E fadiga muscular também
tem influência sobre o controle postural, pois a musculatura fadigada não
suporta adequadamente o peso do corpo do indivíduo contra a gravidade
22
.
O equilíbrio corporal é um processo complexo que integra informações
do sistema vestibular, dos receptores visuais e do sistema somatosensorial. O
sistema sensorial fornece o posicionamento dos segmentos corporais em
relação ao ambiente, enquanto o sistema motor ativa, correta e
adequadamente, os músculos para realização do movimento e o sistema
nervoso central é a conexão entre o ambos, enviando impulsos nervosos aos
músculos esqueléticos
23,24
.
A instabilidade postural ocorre pela diminuição da capacidade
compensatória em virtude de uma alteração em algum dos sistemas
envolvidos, podendo haver um declínio na capacidade de detectar e controlar
as oscilações latero-lateral e ântero-posterior do corpo tanto na posição
estática quanto durante o movimento
24
.
Essas alterações necessitam de maior atenção e avaliação mais
detalhada, tanto para melhor esclarecimento, como também para subsidiar
possíveis tratamentos.
A capacidade funcional do indivíduo com DPOC é comumente avaliada
pelo TC6’, entretanto outros testes funcionais vem sendo utilizados para
4
xvii
avaliação de idosos e que refletem atividades de vida diária, como levantar e
sentar de uma cadeira. Ozalevli et al.
25
, comparou o TC6’ com o Teste Senta-
Levanta (TSL) e concluiu que o TSL pode determinar a condição funcional dos
pacientes com DPOC tanto quanto o TC6’, e que fatores como equilíbrio e
mobilidade, podem influenciar nos testes, porém destacam a força muscular
como a mais importante variável para seu desempenho.
O objetivo principal deste estudo foi relacionar as respostas
neurofisiológicas analisadas, com o acometimento clínico e funcional dos
pacientes com DPOC de acordo com o Índice de BODE, que tem caráter
prognóstico na DPOC. Os valores dos períodos de latências dos reflexos
monossinápticos, patelar e aquileu, também foram correlacionados com a
altura e idade de pacientes com DPOC, para que fossem comparados com
valores da população idosa saudável.
Para os aspectos neurofisiológicos a eletromiografia de superfície foi
utilizada para avaliação do tempo de latência dos reflexos monossinápticos
patelar e aquileu, a célula de carga para avaliação da força muscular periférica
do quadríceps, o equilíbrio estático foi analisado por meio da avaliação do
centro oscilatório de pressão pela plataforma de força e o dinâmico pela Escala
de Tinetti.
Estas alterações podem trazer prejuízos funcionais e limitações nas
atividades de vida diária; justificando esse estudo que possibilitará a
investigação de novas modalidades de avaliação com objetivo prognóstico, de
fácil aplicação e baixo custo.
5
xviii
ARTIGO I
ASPECTOS NEUROFISIOLÓGICOS E SUA RELAÇÃO COM O
ACOMETIMENTO CLÍNICO E FUNCIONAL DOS PACIENTES
COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA.
6
xix
Aspectos Neurofisiológicos e sua Relação com o Acometimento Clínico e
Funcional dos Pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
Carolina Chiusoli de Miranda Rocco; Luciana Maria Malosá Sampaio; Roberto
Stirbulov; João Carlos Ferrari Corrêa
RESUMO
As alterações neurofisiológicas encontradas com alta freqüência nos pacientes
com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) estão associadas com a
gravidade da doença. Outros fatores como redução do índice de massa
corporal, endurance, força muscular, entre outras condições que afetam o
músculo esquelético periférico e o paciente como um todo, podem contribuir
negativamente para as alterações neurofisiológicas, prejudicando suas
atividades funcionais. A proposta desse estudo foi avaliar o equilíbrio estático e
dinâmico, reflexos monossinápticos, força muscular periférica e teste senta-
levanta (TSL), relacionando estas respostas neurofisiológicas com o Índice de
BODE, para identificar uma possível avaliação funcional e prognóstica na
DPOC. Foi realizado um estudo transversal, em três grupos de pacientes:
DPOC (não dependente de oxigênio); DPOCO
2
(dependente de oxigênio) e GC
(controle saudável da mesma idade). Após coleta dos dados, as variáveis
foram analisadas e comparadas entre os grupos. Os indivíduos portadores da
DPOC apresentaram uma diminuição da resposta reflexa observada pelo
aumento no tempo de latência dos reflexos patelar e aquileu, menor número de
repetições no TSL e menor força muscular periférica do músculo quadríceps
femoral, quando comparados ao GC. Entretanto não observou-se diferença
estatística entre os grupos DPOC e DPOCO
2
, em relação aos aspectos
neurofisiológicos analisados. O Índice de BODE demonstrou correlações com
avaliação do equilíbrio, realizada pela escala de Tinetti, e com o TSL. Ambos
são testes funcionais, de baixo custo e factíveis, sendo que menores escores
sugerem pior prognóstico para indivíduos com DPOC.
Palavras-chave: DPOC, neurofisiologia, prognóstico.
7
xx
INTRODUÇÃO
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é caracterizada pela
presença de obstrução ao fluxo aéreo causada por uma inflamação local das
vias aéreas e parênquima pulmonar na presença de partículas ou gases
nocivos
1
.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) no Brasil, sete
milhões de pessoas sofrem dessa doença
1
. Em 2003, foi a quinta maior causa
de internações em maiores de 40 anos no sistema público de saúde do Brasil,
correspondendo a 196.698 internações e um gasto aproximado de 72 milhões
de reais, com aumento da taxa de mortalidade nos últimos 20 anos
2
.
A limitação ao fluxo aéreo, causada pela fibrose e estreitamento das vias
aéreas, perda do recolhimento elástico e destruição do suporte alveolar que
mantém as vias aéreas desobstruídas é irreversível na DPOC
1
.
Tosse, expectoração e dispnéia são sintomas da DPOC, sendo a
dispnéia o principal deles, devida associação à incapacidade física, redução da
qualidade de vida e pior prognóstico. A espirometria é o exame padrão-ouro
para avaliação da função pulmonar e diagnóstico da DPOC
1,2
.
Contudo, a DPOC é uma doença sistêmica. O acometimento pulmonar é
apenas um dos sintomas e, mecanismos como estresse oxidativo e inflamação
podem estar envolvidos no desenvolvimento dos efeitos sistêmicos com danos
celulares que repercutem em alterações fisiológicas e/ou bioquímicas
3,4,5,6,7
.
A musculatura esquelética é afetada, e alterações quanto ao tipo de
fibra e massa muscular, metabolismo enzimático e capilarização dos vasos
sanguíneos ocasionado por distúrbio eletrolítico, liberação de mediadores pró-
inflamatórios e ativação de fatores de transcrição. Estas alterações podem
ainda ser potencializadas pela associação de outros fatores como o uso de
corticóides, inatividade física, desnutrição e hipoxemia
3,4,5
.
Os pacientes com DPOC apresentam uma predominância do tipo II de
fibra muscular nos membros inferiores, caracterizadas por fibras de contração
rápida, não resistentes à fadiga, levando a diminuição da endurance;
entretanto, sua força muscular periférica, também está comprometida devido à
redução da área seccional transversa do quadríceps, pela redução de ambos
tipos de fibras musculares
3,4,8,9
. Área seccional transversa do quadríceps
8
xxi
menor que 70 cm
2
, observada através da tomografia computadorizada, foi
apontada como o principal preditor de mortalidade, melhor que o índice de
massa corporal (IMC), sugerindo um impacto significativo na estrutura e função
da musculatura periférica no estado geral dos pacientes com DPOC
10
. A
depleção de massa magra que envolve principalmente musculatura esquelética
periférica é observada nos indivíduos mais graves, afetando o desempenho
nas atividades de vida diária
2,3,4
.
A fraqueza muscular é proporcional à perda de massa muscular, sendo
predominante nos membros inferiores e podem ser explicadas pelo
sedentarismo ocasionado pela dispnéia; em que verifica-se aumento da
demanda ventilatória e redução da capacidade aeróbica, diminuindo o
condicionamento (ciclo dispnéia-sedentarismo-dispnéia)
2,3,4
.
As alterações metabólicas também contribuem para intolerância ao
exercício devido uma lactacidose precoce decorrente da redução da
capacidade oxidativa e à diminuição do metabolismo anaeróbico aláctico
4
.
Estudos demonstraram que a capacidade funcional avaliada pelo teste
de caminhada é um sensível marcador prognóstico, mais que idade, força
muscular, obstrução pulmonar, IMC ou co-morbidades associada a DPOC
2,8
.
As alterações nutricionais na DPOC, como redução do IMC, também
estão associadas a prognósticos negativos de sobrevida. Talvez a principal
causa seja a liberação de mediadores inflamatórios contribuindo para o
desenvolvimento do hipermetabolismo, diminuição da ingestão energética e
resposta inadequada à ingestão alimentar
2,4
.
O Índice de BODE foi descrito por Celli et al.
11
como um escore de
prognóstico de sobrevida, para os pacientes com DPOC, tendo como base a
avaliação da massa corporal (IMC), obstrução das vias aéreas (VEF
1
),
sensação de dispnéia (índice de Dispnéia Modificado do Medical Research
Council) e capacidade funcional (Teste de Caminhada). Pitta et al
12
.
observaram que o Índice de BODE determina melhor o nível de atividade física
destes indivíduos do que o VEF
1
1
isoladamente, apoiando o conceito de que a
inatividade aumenta o risco de mortalidade.
Outras alterações podem ser observadas nesta população de pacientes,
e estão relacionadas aos aspectos neurofisiológicos.
9
xxii
A eletromiografia (EMG) pode ser útil na detecção de atividade elétrica
muscular anormal, sendo que uma diminuição substancial na velocidade da
resposta reflexa pode corresponder a alguma patologia de condução nervosa,
como as neuropatias periféricas, sejam elas com sede primariamente no
músculo ou secundárias a DPOC. A função do reflexo é garantir o tônus
muscular, o controle sobre o comprimento muscular e proteger contra
estiramento passivo excessivo
13,14
.
Alterações neurofisiológicas foram correlacionadas ao tabagismo,
gravidade da doença, hipoxemia, idade, hipercapnia e pico de fluxo
expiratório
15
, entretanto não foram comparadas com a capacidade funcional e
outros preditores como o Índice de BODE.
A presença de alterações neurofisiológicas foi descrita pela primeira vez
em 1968 por Appenzeller et al.
16
, havendo uma associação com a DPOC em
pacientes desnutridos.
Kayacan et al.
17
, encontraram alteração neurofisiológica em 93,8% dos
pacientes com DPOC, mas os diferentes protocolos de estudos feitos nesta
área tornam esta prevalência um tanto quanto variável.
Déficit motor encontrado em simples movimento funcional e no tempo de
reação podem ser observados provavelmente pelo marcado prejuízo no
controle sensório-motor dos músculos esqueléticos na presença de
hipoxemia
18,19
.
Jann et al.
20
observaram pequena redução da velocidade da condução
nervosa e diminuição da amplitude do potencial de ação da unidade motora na
insuficiência respiratória crônica, sugerindo a ocorrência de neuropatia
periférica.
No estudo realizado por Faucher et al.
21
, observou-se que após correção
da hipoxemia em pacientes com DPOC os valores normais de PaO
2
são
restabelecidos com efeitos significantes na função do músculo periférico e de
seu metabolismo, ocorrendo um modesto aumento na produção de força
máxima, melhora do controle neuromuscular e também do estresse oxidativo
induzido pelo exercício. Entretanto, a maioria desses efeitos desaparece após
recuperação pelo paciente da sua condição hipoxêmica basal.
A força muscular periférica tem sido bem estudada no âmbito da
reabilitação pulmonar, entretanto O’Shea et al.
22
sugerem que mais
10
xxiii
investigações devem ser feitas sobre o impacto da força na performance
funcional do indivíduo com DPOC e no que o aumento de força poderia resultar
para melhora da sua atividade funcional inclusive através da mensuração do
equilíbrio.
Butcher et al.
18
investigaram equilíbrio, mobilidade e coordenação nos
pacientes com DPOC e encontraram escores significantemente menores no
grupo que era dependente de oxigênio, entretanto as diferenças encontradas
não foram atribuídas ao suplemento de oxigênio, mas sim a gravidade da
doença, ou seja, menor VEF
1
e capacidade funcional. Ressaltam que o
equilíbrio e a coordenação são importantes elementos para a maioria das
AVD’s e que o American College of Sports Medicine (ACSM) recomenda a
avaliação e o tratamento do equilíbrio em pacientes com DPOC que passam
pela reabilitação pulmonar, mas que estes dados não foram analisados. Outro
estudo observou redução da força muscular, mobilidade e coordenação em
pacientes hipoxêmicos ao repouso
23
.
Os sistemas somato-sensorial, visual e vestibular demonstram
alterações com o envelhecimento e podem posteriormente, fornecer feedback
reduzido ou inapropriado para os centros de controle postural. A associação
dessas modificações com enfermidades, como no caso da DPOC, tornam os
idosos mais susceptíveis as alterações do equilíbrio
24
.
O teste de caminhada de seis minutos (TC6’) é o mais frequente teste
usado para avaliação da capacidade funcional. Outros testes têm procurado a
mesma eficácia do teste de caminhada, porém em um menor espaço,
facilitando sua execução. Um deles é o teste do senta-levanta (TSL). Ozalevli
et al.
25
compararam ambos os testes e concluíram que o TSL pode determinar
a condição funcional dos pacientes com DPOC moderado-grave tanto quanto o
TC6’, além de refletir em menor estresse hemodinâmico. Relatam que vários
fatores associados, como equilíbrio e mobilidade, podem influenciar nos testes,
porém evidenciam a força muscular como a mais importante variável para seu
desempenho e que o teste mostrou-se capaz de identificar fraqueza muscular
periférica nestes pacientes
25
. Porém, a falta de padronização e valores de
referências confiáveis, torna o teste de caminhada a opção mais eficiente para
a avaliação da capacidade funcional.
11
xxiv
Os efeitos crônicos da doença em relação às alterações
neurofisiológicas, especificamente em pacientes com DPOC, e no que isso
pode refletir na sua funcionalidade, não estão bem esclarecidas
21,23
.
A proposta desse estudo foi avaliar o equilíbrio estático e dinâmico,
reflexos monossinápticos, força muscular periférica e TSL, comparando com
idosos saudáveis e correlacionar estas respostas neurofisiológicas com o
acometimento clínico e funcional dos pacientes com DPOC de acordo com o
Índice de BODE, para verificar associações destes achados com prognóstico
da DPOC.
MATERIAIS E MÉTODOS
Amostra:
Após cálculo estatístico da amostra (n=18), foi realizada a triagem dos
indivíduos com DPOC no Ambulatório de Pneumologia da Santa Casa de
Misericórdia de São Paulo, onde vinte e dois pacientes com idade superior a 60
anos, apresentando DPOC moderado a grave (VEF
1
< 50% do previsto pós-
broncodilatador)
1
foram divididos em dois grupos: os não dependentes de O
2
(DPOC 15 indivíduos) e os dependentes de O
2
(DPOCO
2
7 indivíduos).
Estabilidade clínica por pelo menos quatro semanas prévias antes da entrada
no estudo e não participar de um programa de reabilitação pulmonar pelo
menos um ano, foram outros critérios de inclusão. Um terceiro grupo, com 11
idosos saudáveis, porém sedentários, constituiu-se o grupo controle (GC).
Todos participantes deveriam ser atualmente não-fumantes.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, tanto pela
Universidade Nove de Julho Uninove/SP, quanto pela Irmandade da Santa
Casa de Misericórdia de São Paulo ISCMSP. Todos envolvidos na pesquisa
foram informados e consentiram sua participação no estudo por meio do Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido.
Procedimento/ Protocolo:
O uso do oxigênio suplementar foi utilizado durante as avaliações, caso
o paciente tenha apresentado queda da SatO
2
maior que 4% da sua condição
12
xxv
basal
2
ou queda acentuada, com sinais clínicos que indiquem o uso de
oxigênio suplementar.
Todos pacientes encaminhados vieram para as avaliações com o laudo
da espirometria, visto que eles são acompanhados em Ambulatório e realizam
este exame semestralmente. O GC realizou a espirometria no próprio
Laboratório de Biodinâmica do Movimento antes das demais avaliações, sendo
utilizada a norma da American Thoracic Society (ATS)
26
. As variáveis
analisadas foram: Capacidade Vital Forçada (CVF), Volume Expiratório
Forçado no primeiro segundo (VEF
1
), relação VEF
1
/CVF, sendo calculado os
valores relativos previstos para o sexo, a idade e a altura, considerando os
valores descritos por Knudson et al.
27
.
Avaliação do Índice de BODE
Este índice tem uma pontuação que varia de 0 (ótimo) a 10 (pior),
apresentando uma correlação com sobrevida para DPOC
2,11
. Quatro fatores
são analisados: 1. Índice de Massa Corporal (IMC): calculado pela rmula
peso/altura
2
(Kg/m
2
); 2. Obstrução ao Fluxo Aéreo: avaliação do VEF
1
(%
previsto pós-broncodilatador) por meio da espirometria
26,27
; 3. Escala da
Dispnéia: índice de Dispnéia Modificado do MRC (Medical Research Council)
28
;
4. Teste Caminhada de Seis Minutos: avaliação da capacidade funcional como
preconizado pela ATS
29
.
Testes para Avaliação dos Aspectos Neurofisiológicos
Avaliação Eletromiográfica
Foi utilizado eletromiógrafo, módulo condicionador de sinais e 04 pares
de eletrodos de superfície. Os componentes do sistema de aquisição de sinais,
eletrodos, foram conectados a um módulo condicionador de sinais, onde os
sinais analógicos, amplificados em 10 vezes são amplificados novamente, com
um ganho de 100 vezes, totalizando, portanto, um ganho final de 1000, e
filtrados com filtro passa banda de 10 Hz a 500 Hz. Quatro pares de eletrodos
de superfície do tipo ativo, bipolar, diferencial e razão do modo comum de
rejeição igual a 80 dB, foram colocados sobre o ponto motor dos músculos reto
femoral (RF), vasto lateral (VL), tibial anterior (TA), e sóleo (SO), conforme
13
xxvi
recomendações do Projeto SENIAM (
Surface Electromyography for the Non-
Invasive Assessment of Muscles)
30
.
O sinal eletromiográfico foi coletado durante duas situações distintas:
reflexo monossináptico e força muscular periférica.
Teste de Reflexo Monossináptico: realizado por meio do martelo de
exame neurológico adaptado com um switch em sua área de percussão. Para o
reflexo patelar o paciente manteve-se sentado com as pernas pendentes para
percussão do tendão patelar com um golpe curto e rápido, observando a
extensão do joelho; já para o reflexo aquileu, o paciente manteve-se na mesma
posição, e seu tendão de Aquiles foi levemente tensionado por meio de uma
discreta dorsiflexão do pé, para testá-lo, percutiu-se o tendão induzindo a uma
flexão plantar involuntária
31
.
Força Muscular Periférica: paciente sentado realizou-se extensão do
joelho sob resistência na sua capacidade máxima de força, ou seja, o pico de
força da contração isométrica do quadríceps direito foi coletado por meio da
célula de carga em Kg/força
32
.
Avaliação do Equilíbrio Estático
Utilizado plataforma de força da marca TeKScan, modelo MatScan
(0,50X0,60 cm), onde as oscilações dos pontos de pressão em relação a
velocidade e ao deslocamento ântero-posterior e latero-lateral foram
analisadas, permitindo avaliar o equilíbrio por meio do COP (centro de pressão
oscilatório), que nada mais é que uma resultante dessas duas variáveis. Foi
solicitado para que cada paciente permanecesse estático na plataforma
mantendo uma distância entre os pés similar à distância dos ombros. Após a
calibração do sistema de acordo com o peso corporal do paciente,
permaneceram parados na posição bípede por 60 segundos, com a cabeça
alinhada, focalizando um ponto específico na parede na altura dos olhos de
cada paciente
33
.
Escala Tinetti – Marcha e Equilíbrio
Para avaliação da marcha e do equilíbrio estático e dinâmico, foi
utilizado a Escala de Tinetti
34
que consiste em uma escala de 16 tarefas
analisadas por meio da observação do examinador. Preconiza-se um tempo de
14
xxvii
realização entre 10 a 15 minutos. Três pontuações são mensuradas: a
avaliação total dos pontos no que se refere à marcha (máximo de 12 pontos),
outra avaliação do equilíbrio estático e dinâmico (máximo de 16 pontos) e a
combinação desses dois itens (máximo de 28 pontos). Em geral, os pacientes
que atingem valores entre 19 e 24 pontos apresentam baixo risco de quedas,
aqueles que apresentam valores menores a 19, considera-se alto o risco para
quedas.
Teste Senta-Levanta
Para realização deste teste utilizou-se uma cadeira padrão (altura 46cm)
sem os descansos do braço. Após demonstração foi solicitado que iniciassem o
movimento, levantando e sentando da cadeira sem o apoio das mãos,
repetindo o procedimento tantas vezes quanto possível no período de 1 minuto
a uma velocidade definida por eles mesmos que lhes fizessem sentir seguros e
confortáveis. O número de repetições foi registrado
25
.
ANÁLISE ESTATÍSTICA
Foi aplicado o teste de Kolmogorov-Smirnov e observou-se distribuição
normal para todos os dados.
Nível de significância de 5% foi adotado, sendo então estabelecido um α
de 0,05 e um β de 0,01.
Como os dados foram paramétricos, One-Way Anova foi utilizado para
comparar a média dos dados entre os três grupos e o teste de comparação
múltipla de médias DHS de Tukey na presença de significância para análise
entre postos.
Test t de Student foi utilizado para comparação entre médias dos grupos
DPOC e DPOCO
2
somente para o escore total do Índice de BODE.
A análise de correlação de Pearson foi utilizado para verificar o grau de
associação entre duas variáveis no mesmo grupo.
15
xxviii
RESULTADOS
Participaram deste estudo 33 indivíduos distribuídos em três grupos
distintos: GC (n=11), DPOC (n=15) e DPOCO
2
(n=7), conforme tabela 01.
Na amostra inicial havia 43 pacientes, sendo que 10 foram excluídos.
Quatro destes por apresentarem doenças associadas como seqüelas de
tuberculose e acidente vascular cerebral, osteoporose, dois com episódios de
internação nas últimas quatro semanas que antecederam a avaliação, três por
não comparecerem na data da avaliação e um por motivo de óbito, finalizando
a amostragem (tabela 01).
Tabela 01. Características demográficas, Índice de BODE e variáveis que
compõe o Índice de BODE (VEF
1
, TC6’, Dispnéia e IMC), dos participantes (n =
33).
GC
n = 11
DPOC
n = 15
DPOCO
2
n = 07
Idade (anos)
68 (± 6,56) 69 (± 4,16) 72 (± 10,41)
Peso (Kg)
77,16 (± 18,86) 67,53 (± 13,52) 66,57 (±10,58)
Altura (m)
1,59 (± 0,09) 1,62 (± 0,06) 1,63 (± 0,08)
BODE - Escore Total
...
3,36 (
±1,5
)
4,5 (± 1,51)
BODE – variáveis:
VEF
1
(% do previsto)
147 (± 27,72) †* 38,16 (± 17,46)† 34 (± 6,81)*
TC6’ (m)
491,9 (± 49,52)† 443,66 (± 87)* 360,85 (±85,9)*†
Dispnéia (MRC)
0,54 (± 0,68)†* 1,73 (± 0,96)† 2,14 (± 0,69)*
IMC (Kg/m
2
)
30,08 (± 6)†* 25,55 (± 3,79)† 24,84 (± 3,17)*
VEF
1
: volume expirado no segundo; TC6’: teste de caminhada de 6 minutos;
MRC: dispnéia modificado do Medical Research Council; IMC: índice de massa
corporal.
Valor p teste One-Way Anova e post hoc de Tukey: * † p < 0,05.
Foi realizado Test t entre os grupos com DPOC para o escore total do BODE.
Conforme podemos observar na tabela 01, os grupos mostraram-se
semelhantes, sem diferença estatisticamente significante, em relação à idade,
peso e altura (p > 0.05).
Como o índice de BODE não foi desenvolvido para indivíduos saudáveis,
a avaliação do escore total foi realizada apenas entre os grupos com DPOC,
através do Test t. Não houve diferença estatisticamente significante (p > 0,05)
16
xxix
entre o grupo DPOC e o DPOCO
2
em relação ao escore total do Índice de
BODE (tabela 01).
Os valores para cada variável do Índice de BODE também estão
apresentados na tabela 01, demonstrando que o GC foi estatisticamente
diferente em relação ao VEF
1
, dispnéia e IMC aos grupos com DPOC,
demonstrando função pulmonar dentro dos padrões de normalidade e menor
escore para sensação da dispnéia. A única diferença encontrada entre DPOC
e DPOCO
2
foi em relação ao TC6’, em que o grupo DPOCO
2
obteve distância
percorrida menor que o grupo DPOC e também, que ao GC.
Avaliação dos Aspectos Neurofisiológicos:
Em relação aos aspectos neurofisiológicos, observou-se que para
maioria das variáveis analisadas, houve diferença estatisticamente significante
(p < 0,05) entre os grupos, entretanto, estas diferenças não estavam presentes
entre os grupos DPOC e DPOCO
2
(tabela 02). Desta forma, GC diferiu de
ambos grupos com DPOC, apresentando menor tempo de latência dos reflexos
patelar e aquileu, melhor desempenho no TSL com maior número de
repetições e maior valor também para a força muscular periférica, analisada
através do músculo quadríceps femoral.
Tabela 02. Dados médios e respectivos desvios padrão referentes às
avaliações neurofisiológicas.
GC
n = 11
DPOC
n = 15
DPOCO
2
n = 07
Desvio L-L (cm) 1,81 (±0,76) 1,96 (±0,87) 1,74 (±0,59)
Desvio A-P (cm) 2,75 (±0,58) 3,25 (±1,43) 2,69 (±1,21)
Reflexo Patelar (ms) 24,81 (±8,7)†* 35,13 (±3,92)† 38 (±4,72)*
Reflexo Aquileu (ms) 24,29 (±12,31)†* 41,73 (±5,84)† 44,85 (±10,66)*
TSL 22,4 (±4,55)†* 20 (4,85)† 20,14 (±3,18)*
Força mm (Kg/f) 32,30 (±6,49)†* 26,94 (±8,63)† 25,01 (±10,25)*
TINETTI 27,81 (±0,4) 27 (±1,69) 26,57 (±1,81)
Desvio L-L: desvio latero-lateral; Desvio A-P: desvio ântero-posterior; TSL:
teste senta-levanta (número de repetições); Força mm: força muscular do
quadríceps; TINETTI: escala de equilíbrio e marcha de TINETTI.
Valor p teste One-Way Anova e post hoc de Tukey: * † p < 0,05.
17
xxx
Observou-se que os dois grupos com DPOC possuem características
semelhantes quanto ao escore total de BODE (tabela 01) e aspectos
neurofisiológicos (tabela 02), o que justifica a junção dos grupos para análise
da correlação (tabela 03) entre estas variáveis (Grupo DPOCt).
As figuras 01 e 02 ilustram uma correlação negativa, estatisticamente
significante (p < 0,05), forte e moderada para a escala de Tinetti e TSL,
respectivamente. As correlações foram muito fracas para as demais variáveis
como pode ser observado na tabela 03.
Tabela 03. Correlação entre o BODE e as variáveis
neurofisiológicas do grupo DPOCt.
Escore Total do BODE (n=22)
r
Desvio L-L 0,06
Desvio A-P 0,11
Reflexo Patelar 0,03
Reflexo Aquileu 0,22
TSL -0,59*
Força Muscular -0,26
TINETTI -0,78*
r = teste de correlação de Pearson.
* p < 0,05.
Escala deTinetti
Escore total do Índice de BODE
28272625242322
7
6
5
4
3
2
Correlação entre Índice de BODE e Tinetti - DPOC
r = -0,78
p = 0,001*
Figura 01. Correlação entre o Índice de BODE e a Escala de
Tinetti do grupo DPOCt (* p < 0,05).
18
xxxi
Número de Repetições do TSL
Escore total do Índice de BODE
262422201816141210
7
6
5
4
3
2
Correlação entre Índice de BODE e TSL - DPOC
r = -0,59
p = 0,009*
Figura 02. Correlação entre o Índice de BODE e o TSL no grupo
DPOCt (* p < 0,05).
DISCUSSÃO
O principal objetivo desse estudo foi verificar possíveis alterações
neurofisiológicas causadas pela DPOC e, secundariamente, correlacioná-las
com o escore prognóstico do Índice de BODE. Como era esperado, de acordo
com estudos prévios, indivíduos portadores da DPOC apresentaram piores
resultados quando comparados ao grupo controle quanto à velocidade de
condução nervosa, patelar e aquileu
15,17,20,21
, número de repetições do TSL
25
e
força muscular periférica
8
.
Durante triagem, sete indivíduos com DPOC eram dependentes de
oxigênio crônicos, o que resultou na formação de um terceiro grupo, visto que
estudos anteriores consideraram a hipoxemia como um fator predominante
para as alterações neurofisiológicas
15,17,18,19,20,21
. Após análise prévia,
verificamos que o grupo dependente de oxigênio apresentou menor VEF
1
,
menor distância percorrida no TC6’ e maior dispnéia a menores esforços.
O grupo DPOCO
2
apesar de se apresentar com maior gravidade
obstrutiva e com uma capacidade funcional diminuída em comparação ao não
dependente de O
2
, mostrou-se semelhante a esses, em relação aos aspectos
neurofisiológicos e ao escore total do Índice de BODE. Acreditamos que isso
19
xxxii
possa ter ocorrido devido uma adaptação ao uso crônico do oxigênio, fator que
pode ter mascarado os resultados, além do uso durante as avaliações,
principalmente no teste de caminhada. O uso de oxigênio suplementar foi
utilizado por aqueles que dessaturaram durante o teste, para que não
obtivessem implicações clínicas mais graves, devido ao esforço.
De acordo com nossos objetivos, ao verificarmos as diferenças entre as
características da amostra, dados antropométricos, Índice de BODE e aspectos
neurofisiológicos com o GC, deu-se início a fase de correlações entre os
dados. Para o escore total do Índice de BODE com as variáveis
neurofisiológicas formou-se o que se pode denominar de quarto grupo, ou seja,
grupo DPOCt, constituído por todos indivíduos com DPOC, dependentes e não
dependentes de O
2
, pois tanto para o BODE total quanto para os aspectos
neurofisiológicos, diferenças significativas não foram encontradas.
A correção da hipoxemia através do oxigênio suplementar pode
mascarar seu efeito deletério comparado ao grupo o dependente de
oxigênio, apesar de que Butcher et al.
18
em seu estudo, demonstraram que as
diferenças encontradas no equilíbrio, coordenação e mobilidade entre os
grupos não estavam relacionadas ao suplemento de oxigênio, mas a gravidade
da doença. Estes autores avaliaram o equilíbrio por meio da posturografia e da
Community Balance and Mobility Scale, e mobilidade e coordenação por testes
funcionais, comparando indivíduos portadores de DPOC (O
2
dependente e não
dependente) e grupo controle, com idade acima de 50 anos. O principal
resultado encontrado foi que o grupo dependente de O
2
apresentou escores
significantemente piores que o grupo controle na maioria das mensurações
para equilíbrio, coordenação e mobilidade; e escores significantemente piores
para algumas delas quando comparado com grupo sem O
2.
No estudo atual
não encontramos diferença estatisticamente significante tanto pela plataforma,
onde o equilíbrio foi avaliado pela oscilação do centro de pressão, por meio dos
desvios A-P e L-L, quanto pela escala de Tinetti, apesar de que os valores do
estudo anterior possam estar superestimados, pois o grupo controle era ativo,
aumentando as diferenças observadas.
O tempo de latência dos reflexos patelar e aquileu foram
estatisticamente diferentes entre o GC e os demais grupos com DPOC. Apesar
de não encontrarmos diferenças entre os grupos DPOC e DPOCO
2
, a resposta
20
xxxiii
reflexa do grupo que não depende O
2
foi mais rápida que do grupo dependente.
A velocidade da condução nervosa pode estar prejudica por doenças
secundárias ao músculo esquelético, como a DPOC
13
. Appenzeller et al.
16
associou a presença desta alterações com a DPOC em pacientes desnutridos.
Kayacan et al.
17
, encontrou alteração neurofisiológica em 93,8% dos
pacientes com DPOC, entretanto relataram que esta alta incidência pode ser
devido à severidade da hipoxemia do grupo estudado, em comparação a outros
estudos a incidência variou de 28-87%. Em seu estudo, concluíram que o
tabagismo, a obstrução ao fluxo aéreo da DPOC e tempo de doença resultam
em mudanças dos valores gasométricos (hipoxemia, hipercapnia, acidose
respiratória) podendo lentificar a velocidade da condução dos nervos
periféricos e ser a causa das alterações neurofisiológicas nos pacientes com
DPOC, o que corrobora com os dados encontrados por Jann et al.
20
.
Agrawall et al.
15
realizaram um estudo em que excluíram o fator idade e
hipoxemia dos indivíduos com DPOC que variavam em relação à gravidade da
obstrução e analisaram velocidade de condução, amplitude e latência nervos
motores e sensoriais. Obtiveram uma prevalência de 16,7% de acometimento
sensorial, com acometimento motor em apenas cinco numa análise individual,
e associaram a neuropatia com o tabagismo, gravidade da doença pelo VEF
1
e
tempo da doença.
Não encontramos nenhum trabalho que correlacionasse as alterações
de velocidade de condução nervosa na DPOC com outras variáveis, como
testes funcionais. Em nosso estudo, encontramos fraca correlação entre o
tempo de latência dos reflexos patelar e aquileu com o Índice de BODE. Os
gráficos de correlação para estas variáveis demonstraram uma grande
variabilidade da amostra (coeficiente de variabilidade [C.V.] de 10,93 a
37,43%), em que indivíduos com mesmo Índice de BODE apresentam
diferentes tempos de latência reflexa.
O TSL foi uma das avaliações feitas para análise dos aspectos
neurofisiológicos. Ozalevli et al.
25
compararam o TSL com o TC6’ e
constataram que o TSL pode determinar a capacidade funcional tanto quanto o
TC6’ com menor estresse hemodinâmico em pacientes com DPOC moderado a
grave e que o teste correlacionou-se com a dispnéia e com força muscular
periférica, e o com o VEF
1
. Sugerimos que o TSL é um teste que pode
21
xxxiv
refletir em piores prognósticos para o indivíduo com DPOC, devido associação
estatisticamente significante com o Índice de BODE.
A força muscular periférica, como as demais variáveis neurofisiológicas,
não diferiu entre o grupo DPOC e DPOCO
2
, mas como era esperado, em
comparação ao GC houve diferença estatisticamente significante, com redução
da força nos indivíduos com DPOC
8
. A força muscular periférica está
comprometida devido à redução da área seccional transversa do quadríceps,
pela redução de ambos tipos de fibras musculares, e foi apontada como o
principal preditor de mortalidade na DPOC
10
. Este resultado sugere um impacto
significativo da estrutura e função musculatura periférica no estado geral dos
pacientes com DPOC
2,8,9
.
LIMITAÇÕES DO ESTUDO
Apesar do cálculo estatístico da amostra, provavelmente uma amostra
maior poderia demonstrar diferenças em relação aos aspectos
neurofisiológicos entre os grupos dependentes e não dependentes de oxigênio.
Outro fator responsabilizado por nós, nesse estudo, foi o pequeno
número da amostra. Pacientes mais graves tendem a constituir amostras mais
homogêneas, e possivelmente um aumento deste grupo representaria em
diferenças significantes.
CONCLUSÃO
Os indivíduos portadores da DPOC apresentaram uma diminuição da
resposta reflexa observada pelo aumento no tempo de latência dos reflexos
patelar e aquileu, menor número de repetições no teste funcional SL e menor
força muscular periférica do quadríceps femoral em relação ao GC. Entretanto,
observou-se que o grupo dependente de oxigênio quando comparado ao não
dependente de oxigênio, mesmo sendo diferente em relação à capacidade
funcional e função pulmonar, foram semelhantes quanto aos aspectos
neurofisiológicos e ao Índice de BODE.
O Índice de BODE apresentou correlações com as avaliações
neurofisiológicas de equilíbrio, pela escala de Tinetti, e do Teste Senta-
22
xxxv
Levanta. Ambos são testes funcionais e escores mais baixos sugerem pior
prognóstico para indivíduos com DPOC, o que nos incita a novas
investigações.
Estes testes são de fácil aplicabilidade, de baixo custo e factível,
principalmente o TSL, e podem representar uma nova modalidade de avaliação
sobre o prognóstico na DPOC, mais facilmente que o Índice de BODE.
Agradecimento: FAPESP, processo n° 2007/06078-0.
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25
xxxviii
ARTIGO II
ANÁLISE DO PERÍODO DE LATÊNCIA REFLEXA EM
PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA
CRÔNICA.
26
xxxix
Análise do Período de Latência Reflexa em Pacientes com Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica
Carolina Chiusoli de Miranda Rocco; Luciana Maria Malosá Sampaio; Roberto
Stirbulov; João Carlos Ferrari Corrêa
RESUMO
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma doença sistêmica e
alterações relacionadas às respostas neurofisiológicas podem estar presentes.
Estudos sobre o período de latência da resposta reflexa do tendão patelar e
aquileu são descritos na literatura em indivíduos saudáveis, contudo uma
relação entre esses valores em indivíduos com DPOC não é apresentada. A
proposta foi investigar os valores do período de latência das respostas reflexas
monossinápticas do tendão patelar e aquileu, relacionando-as com a altura e
idade dos pacientes com DPOC. Foi realizado um estudo transversal com 22
idosos com diagnóstico de DPOC, moderada a grave, sendo 15 não
dependentes de oxigênio (DPOC) e 7 dependentes de oxigênio (DPOCO
2
),
além de 11 indivíduos saudáveis que constituíram o grupo controle (GC). A
avaliação foi feita por eletromiografia, utilizando dois pares de eletrodos de
superfície e um martelo de exame neurológico adaptado com um switch na
área de percussão. Após análise dos dados, constatou-se diferença
significativa para o período de latência de ambos os reflexos entre os grupos
com DPOC e o grupo controle. Correlação foi observada entre a idade e o
tempo de latência do reflexo patelar nos indivíduos portadores da DPOC. A
redução do tempo reflexo destes indivíduos é um dado importante devido a
alterações sistêmicas associadas, que interferem nas atividades funcionais.
Respostas reflexas estão envolvidas no controle sensório-motor e sua
avaliação e interpretação podem auxiliar na compreensão da função da
musculatura esquelética periférica na DPOC, bem como colaborar para
maiores investigações no processo de reabilitação destes indivíduos.
Palavras-chave: DPOC; Reflexo Monossináptico; Tempo de Reação.
27
xl
INTRODUÇÃO
Estudos sobre o período de latência da resposta reflexa do tendão
patelar e aquileu são amplamente apresentados na literatura, contudo,
correlações entre estas variáveis em indivíduos com Doença Pulmonar
Obstrutiva Crônica (DPOC) o são apresentados, justificando estudos que
possam esclarecer as alterações funcionais relacionadas aos aspectos
neurofisiológicos.
A DPOC é uma doença sistêmica, com acometimento evidente
pulmonar, caracterizada pela presença de obstrução ao fluxo aéreo causada
por uma inflamação local das vias aéreas e parênquima pulmonar na presença
de partículas ou gases nocivos, sendo a dispnéia o principal sintoma devida
associação à incapacidade física, redução da qualidade de vida e pior
prognóstico
1,2
.
Estresse oxidativo e inflamação sistêmica podem estar envolvidos nos
mecanismos de desenvolvimento dos efeitos sistêmicos com danos celulares
que repercutem em alterações fisiológicas e/ou bioquímicas
3,4,5,6,7
.
A musculatura esquelética é afetada. uma alteração quanto ao tipo
de fibra e massa muscular, metabolismo enzimático e capilarização dos vasos
sanguíneos, com diminuição da força muscular e endurance. Fatores como o
uso de corticóides, inatividade física, desnutrição e hipoxemia comuns nesta
doença, podem prejudicar ainda mais a função da musculatura
esquelética
3,4,5,8,9
.
A fraqueza muscular é proporcional à depleção de massa magra, sendo
predominante nos membros inferiores e pode ser explicada pelo ciclo dispnéia-
sedentarismo-dispnéia, em que verifica-se aumento da demanda ventilatória e
redução da capacidade aeróbica, afetando o desempenho nas atividades de
vida diária, principalmente nos indivíduos mais graves
2,3,4
.
As alterações nutricionais na DPOC, como redução do IMC, também
estão associadas a prognósticos negativos de sobrevida. Talvez a principal
causa seja a liberação de mediadores inflamatórios contribuindo para o
desenvolvimento do hipermetabolismo, diminuição da ingestão energética e
resposta inadequada à ingestão alimentar
2,3,4
.
28
xli
Outras alterações podem ser observadas nesta população, e estão
relacionadas aos aspectos neurofisiológicos, por exemplo, o reflexo, que é o
resultado da estimulação do fuso neuromuscular, resultando em contração
reflexa do músculo. No reflexo monossináptico, como reflexos tendinosos
patelar e aquileu, o tempo decorrido entre o estímulo e a resposta denomina-se
latência e é expressa em milisegundos (m/s)
10
.
A eletromiografia (EMG) pode ser útil na detecção da atividade elétrica
muscular anormal, sendo que uma diminuição substancial na velocidade da
resposta reflexa pode corresponder a alguma patologia de condução nervosa,
como as neuropatias periféricas. A função do reflexo é garantir o tônus
muscular, o controle sobre o comprimento muscular e proteger contra
estiramento passivo excessivo
10
.
Alterações neurofisiológicas na DPOC foram correlacionadas ao
tabagismo, gravidade da doença, hipoxemia, idade, hipercapnia e pico de fluxo
expiratório
11
. A presença de alterações neurofisiológicas foi descrita pela
primeira vez em 1968 por Appenzeller et al.
12
, havendo uma associação com a
DPOC em pacientes desnutridos.
Kayacan et al.
13
, encontraram alteração neurofisiológica em 93,8% dos
pacientes com DPOC, mas os diferentes protocolos de estudos feitos nesta
área tornam esta prevalência um tanto quanto variável.
Déficit motor encontrado em simples movimento funcional e no tempo de
reação podem ser observados provavelmente pelo marcado prejuízo no
controle sensório-motor dos músculos esqueléticos na presença de
hipoxemia
14,15
.
Jann et al.
16
observaram pequena redução da velocidade da condução
nervosa e diminuição da amplitude do potencial de ação da unidade motora na
insuficiência respiratória crônica, sugerindo a ocorrência de neuropatia
periférica.
No estudo realizado por Faucher et al.
17
, observou-se que após correção
da hipoxemia em pacientes com DPOC os valores normais de PaO
2
são
restabelecidos com efeitos significantes na função do músculo periférico e de
seu metabolismo, ocorrendo um modesto aumento na produção de força
máxima, melhora do controle neuromuscular e também do estresse oxidativo
29
xlii
induzido pelo exercício. Entretanto, a maioria desses efeitos desaparece após
recuperação pelo paciente da sua condição hipoxêmica basal.
Os efeitos crônicos da doença em relação às alterações
neurofisiológicas especificamente em pacientes com DPOC e no que isso pode
refletir na sua capacidade funcional, não estão bem esclarecidas
17,18
.
Como sugerido por outros autores, estudo do período de latência reflexa
pode providenciar um simples e importante método para exploração da
condução nervosa periférica
19,20
. Entretanto, não estudos que avaliam estas
características na DPOC.
Com isso, a proposta desse estudo foi estudar valores para o período de
latência da resposta reflexa monossinápticos do tendão patelar e aquileu,
relacionando estas respostas neurofisiológicas com a altura e idade de
pacientes com DPOC, tendo em vista identificar uma correlação com indivíduos
saudáveis.
MATERIAIS E MÉTODOS
Amostra:
Após triagem realizada no Ambulatório de Pneumologia da Santa Casa
de Misericórdia de São Paulo, vinte e dois pacientes com idade superior a 60
anos apresentando DPOC moderado a grave, VEF
1
< 50% do previsto s-
broncodilatador
1
, foram divididos em dois grupos: DPOC – não dependentes de
O
2
(15 indivíduos) e DPOCO
2
dependentes de O
2
(7 indivíduos), após cálculo
estatístico do tamanho da amostra (n=18), tendo-se uma alteração
neurofisiológica de mais de 4% após o agravamento da capacidade funcional
como variável-alvo, admitindo-se erro α de 5% e erro β de 20%
11
. Os pacientes
com DPOC deveriam estar estáveis clinicamente por pelo menos quatro
semanas, ter abandonado a dependência do tabaco e não participar de um
programa de reabilitação pelo menos um ano. Um terceiro grupo com 11
idosos saudáveis e sedentários, igualmente descartado a possibilidade atual de
tabagismo, constituiu-se o grupo controle (GC).
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, tanto pela
Universidade Nove de Julho Uninove/SP, quanto pela Irmandade da Santa
Casa de Misericórdia de São Paulo – ISCMSP.
30
xliii
Procedimentos/Protocolo:
O trabalho foi iniciado com a triagem dos pacientes, após assinarem
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme critérios de inclusão.
O uso do oxigênio suplementar foi utilizado durante as avaliações, caso
o paciente tenha apresentado queda da SatO
2
maior que 4% da sua condição
basal
2
ou queda acentuada, com sinais clínicos que indiquem o uso de
oxigênio suplementar.
Todos os pacientes encaminhados, vieram para as avaliações com o
laudo da espirometria, visto que eles são acompanhados em Ambulatório e
realizam este exame semestralmente. O GC realizou a espirometria no próprio
Laboratório de Biodinâmica do Movimento antes das demais avaliações, sendo
utilizada a norma da American Thoracic Society (ATS)
21
. As variáveis
analisadas foram: Capacidade Vital Forçada (CVF), Volume Expiratório
Forçado no primeiro segundo (VEF
1
), relação VEF
1
/CVF, sendo calculado os
valores relativos previstos para o sexo, a idade e a altura, considerando os
valores descritos por Knudson et al.
22
.
Avaliação Eletromiográfica:
Para a avaliação eletromiográfica, foi utilizado um módulo condicionador
de sinais e dois pares de eletrodos de superfície. Os componentes do sistema
de aquisição de sinais, eletrodos, foram conectados ao módulo condicionador
de sinais, onde os sinais analógicos, amplificados em 10 vezes o
amplificados novamente, com um ganho de 100 vezes, totalizando, portanto,
um ganho final de 1000, e filtrados com filtro passa banda de 10 Hz a 500 Hz.
Os pares de eletrodos de superfície do tipo ativo, bipolar, diferencial e razão do
modo comum de rejeição igual a 80 dB, foram colocados sobre o ponto motor
dos sculos reto femoral (RF) e sóleo (SO). O sinal eletromiográfico foi
coletado durante a avaliação dos reflexos miotáticos; realizado através do
martelo de exame neurológico adaptado com um switch na área de percussão.
Para o reflexo patelar o paciente manteve-se sentado com as pernas
pendentes para percussão do tendão patelar com um golpe curto e rápido,
observando a extensão do joelho; para o reflexo aquileu, o paciente
manteve-se na mesma posição, e seu tendão de Aquiles foi levemente
31
xliv
tensionado por meio de uma discreta dorsiflexão do pé, para testá-lo, percutiu-
se o tendão induzindo a uma flexão plantar involuntária
23
.
ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para testar a normalidade ou não da amostra foi utilizado o teste
Kolmogorov-Smirnov (KS). Como as variáveis estudadas apresentaram
distribuição normal, para realizar a análise estatística dos resultados foi
utilizado o teste One-Way Anova para comparar a dia dos dados entre os
três grupos. Na presença de diferença entre os grupos (α = 0,05) aplicou-se
teste de comparação múltipla de médias DHS de Tukey; além da análise de
Correlação de Pearson para verificar o grau de associação entre duas variáveis
no mesmo grupo.
RESULTADOS
Participaram deste estudo 33 indivíduos distribuídos em três grupos
distintos: GC (n=11); DPOC (n=15) e DPOCO
2
(n=7), conforme Tabela 01.
Na amostra inicial havia 43 pacientes, sendo que 10 foram excluídos.
Quatro destes por apresentarem doenças associadas como seqüelas de
tuberculose e acidente vascular cerebral, osteoporose, dois com episódios de
internação nas últimas quatro semanas que antecederam a avaliação, três por
não comparecerem na data da avaliação e um por motivo de óbito, finalizando
a amostragem (tabela 01).
32
xlv
Tabela 01. Características Antropométricas, Função Pulmonar e Capacidade
Funcional (Média e Desvio Padrão) dos Participantes (n=33).
GC
n = 11
DPOC
n = 15
DPOCO
2
n = 07
Idade (anos)
68 (±6,56) 694,16) 72 (±10,41)
Peso (Kg)
77,16 (±18,86) 67,53(±13,52) 66,57 (±10,58)
Altura (m)
1,59 (±0,09) 1,62 (±0,06) 1,63 (±0,08)
VEF
1
(% do previsto)
147 (±27,72)†* 38,16 (±17,46)† 34 (±6,81)*
TC6’ (m)
491,9 (±49,52)† 443,66 87)* 360,85 (±85,9)*†
Dispnéia (MRC)
0,54 (±0,68)†* 1,73 (±0,96)† 2,14 (±0,69)*
IMC (Kg/m
2
)
30,08 (±6)†* 25,55 (±3,79)† 24,84 (±3,17)*
VEF
1
: volume expirado no 1° segundo; TC6’: teste de caminhada de 6 minutos;
MRC: dispnéia modificado do Medical Research Council; IMC: índice de massa
corporal.
Valor p teste One-Way Anova e post hoc de Tukey: * † p < 0,05.
Como pode ser observado, na tabela 01, os grupos mostraram-se
semelhantes, sem diferença estatisticamente significante, em relação à idade,
peso e altura (p>0,05). Todos os indivíduos portadores de DPOC
apresentavam obstrução moderada a grave, entretanto sete deles utilizavam
oxigênio suplementar por mais de 12h/dia, e se diferiram dos demais, com
valor estatisticamente significante (p<0,05) em relação à capacidade funcional
observada pelo TC6’, o que nos levou a formação de um terceiro grupo,
denominado DPOCO
2
(dependente de oxigênio).
Avaliação dos Aspectos Neurofisiológicos:
Em relação aos aspectos neurofisiológicos, observou-se que para todas
variáveis analisadas houve diferença estatisticamente significante (p<0,05)
entre os grupos, entretanto, estas diferenças não estavam presentes entre os
grupos DPOC e DPOCO
2
(tabela 02). Desta forma, o GC diferiu de ambos
grupos com DPOC, apresentando menor tempo de latência dos reflexos
tendinosos patelar (RTP) e aquileu (RTA).
33
xlvi
Tabela 02. Dados médios e respectivos desvios padrão referentes ao período
de latência dos reflexos tendinosos.
GC
n = 11
DPOC
n = 15
DPOCO
2
n = 07
Latência RTP (ms)
24,81 (±8,7)†* 35,13 (±3,92)† 38 (±4,72)*
Latência RTA (ms)
24,29 (±12,31)†* 41,73 (±5,84)† 44,85 (±10,66)*
RTP: reflexo tendinoso patelar; RTA: reflexo tendinoso aquileu.
Valor p teste One-Way Anova e post hoc de Tukey: * † p < 0,05.
Após análise que envolve capacidade funcional (TC6’) e função
pulmonar (VEF
1
) observou-se que os dois grupos com DPOC possuem
características distintas, entretanto, esta diferença não foi observada quanto
aos aspectos neurofisiológicos. Desta forma, as correlações entre as variáveis
independentes (altura e idade) e as variáveis dependentes (aspectos
neurofisiológicos) foram realizadas para os dois grupos de forma conjunta, ou
seja, um único grupo denominado DPOCt (n=22), identificando possíveis
associações entre as variáveis em ambos os grupos (tabela 03).
Tabela 03. Correlação entre a altura e idade e as variáveis neurofisiológicas.
GC
n = 11
DPOCt
n = 22
r r
Latência RTP:
Altura 0,443 0,293
Idade 0,191 0,459*
Latência RTA:
Altura 0,667* 0,352
Idade 0,064 0,255
r = teste de correlação de Pearson (*p<0,05).
Podemos verificar na tabela 03, que tanto a altura quanto a idade o
demonstraram forte correlação com o tempo de latência dos RTP e RTA,
mesmo apresentando diferença estatisticamente entre o RTA e a altura para o
GC (p=0,025), e o RTP e a idade para o grupo DPOC (p=0,032).
As figuras 01 e 02 ilustram a correlação do RTP entre a altura e a idade,
respectivamente, do grupo DPOC.
34
xlvii
Figura 01. Correlação entre período de latência do reflexo patelar e a altura
dos pacientes com DPOC, com intervalo de confiança (95%) (* p < 0,05).
Figura 02. Correlação entre período de latência do reflexo patelar e a idade
dos pacientes com DPOC, com intervalo de confiança (95%) (* p < 0,05).
Correlação entre Reflexo Patelar e Idade
25
27
29
31
33
35
37
39
41
43
45
58
63
68 73 78
83
88
Idade (anos)
Reflexo Patelar (ms)
r = 0,45
p = 0,03*
Correlação entre Reflexo Patelar e Altura
28
32
36
40
44
1,46 1,51
1,56
1,61 1,66
1,71
1,76
Altura (m)
Reflexo Patelar (ms)
r = 0,29
p = 0,18
35
xlviii
DISCUSSÃO
Mensuração do período de latência dos reflexos tendinosos pode ser um
valioso método de avaliação das alterações neurofisiológicas, especialmente
das neuropatias periféricas. A investigação é simples, não invasiva e não
dolorosa, o que pode ser considerado uma vantagem para outros métodos
diagnósticos.
Em nosso estudo, os tempos de latência dos RTP e RTA foram
estatisticamente diferentes entre o GC e o grupo com DPOC. Feinberg
24
aponta que a velocidade da condução nervosa pode estar prejudicada por
doenças secundárias ao músculo esquelético.
Appenzeller et al.
12
associou a presença de neuropatias periféricas com
a DPOC em pacientes desnutridos, e outros estudos ao tabagismo, gravidade
da doença, hipoxemia, idade, hipercapnia e pico de fluxo expiratório
11,16
.
Kayacan et al
13
, encontrou alteração neurofisiológica em 93,8% dos
pacientes com DPOC, entretanto relataram que esta alta incidência pode ser
devido à severidade da hipoxemia do grupo estudado. Em comparação a
outros estudos, a incidência variou de 28-87%
11
. Em seu estudo, concluíram
que o tabagismo, obstrução ao fluxo aéreo e tempo de doença resultaram em
mudanças dos valores gasométricos (hipoxemia, hipercapnia, acidose
respiratória) podendo lentificar a velocidade da condução dos nervos
periféricos e ser a causa das alterações neurofisiológicas nos pacientes com
DPOC
13
, o que corrobora com os dados encontrados por Jann et al.
16
.
Agrawall et al.
11
realizaram um estudo em que excluiu o fator idade e
hipoxemia dos indivíduos com DPOC que variavam em relação à gravidade da
obstrução e analisaram velocidade de condução, amplitude e período de
latência dos nervos motores e sensoriais. Obtiveram uma prevalência de 16,7%
de acometimento sensorial, com acometimento motor em apenas cinco numa
análise individual, e associaram a neuropatia com o tabagismo, gravidade da
doença pelo VEF
1
e tempo da doença.
Nossos resultados corroboram com os estudos de Kayacan et al.
13
e
Agrawall et al.
11
, entretanto não apontam para nenhuma correlação entre tais
alterações neurofisiológicas com a altura e a idade nesta população. No nosso
trabalho encontramos fraca correlação, porém estatisticamente significante,
36
xlix
entre a idade e o reflexo patelar do grupo DPOC. Na figura 01 (RTP e altura),
observa-se três indivíduos portadores de DPOC, com a mesma altura de
1,68m, mas com períodos de latência bem distintos, 32, 34 e 44 ms.
Sabemos que pacientes mais graves tendem a constituir amostras mais
homogêneas, contudo nossa amostra, apesar de ser constituída apenas de
indivíduos portadores de DPOC com obstrução moderada a grave (VEF
1
menor
que 50
% do previsto)
, não demonstrou, aparentemente, tal homogeneidade,
corroborando com o estudo Butcher et al.
14
, que demonstraram diferenças
encontradas no equilíbrio, coordenação e mobilidade entre os grupos com
portadores de DPOC, estariam mais relacionadas à gravidade da doença, e
não ao suplemento de oxigênio.
Outro estudo que apresenta resultados semelhantes ao nosso é o
realizado por Frijns et al.
25
, com indivíduos saudáveis, em que nos apresentam
na amplitude reflexa uma grande variação intra- e inter-indivíduos
26,27
,
entretanto o período de latência, mostrou-se constante, mesmo com diferentes
amplitudes de resposta
25
.
Stare e Crevel
27
apresentaram medidas de reflexo tendinoso em 40
indivíduos, com idade entre 19 e 31 anos, utilizando um martelo manual, com
um transdutor piezoelétrico, gerando um pulso start no momento da
percussão. Os valores para o período de latência dos RTP e RTA foram,
respectivamente, de 21,2±1,68 e 35,6±2,94. A correlação entre o período de
latência tendinoso patelar e aquileu foram, respectivamente, de 0,44 (p<0,005)
e 0,71 (p<0,001). Já a correlação para a idade não foi apresentada.
Husemann e Behse
28
estudaram o período de latência do reflexo patelar
em diferentes grupos de pacientes portadores de neuropatias periféricas, e
compararam os valores obtidos com um grupo de 39 indivíduos controle, com
idade variando de 25 a 79 anos. A correlação entre o período de latência
tendinoso patelar com a altura foi de 0,72 (p<0,01). a correlação com a
idade foi de 0,19 (p<0,01). Contudo, 70 medidas foram obtidas de 39
indivíduos, implicando que o período de latência foi obtido de ambas as pernas.
Usando de ambas as extremidades do mesmo indivíduo tem-se um prejuízo
estatístico, em virtude da variabilidade intra- e inter-indivíduo não mais ser a
mesma
29
. A variação do período de latência do reflexo tendinoso patelar foi
15,8 a 22,2 ms (mediana de 19,4)
28
.
37
l
Kuruoglu e Oh
30
apresentaram valores normais de RTP (17,2±2) e RTA
(32,1±3) em 24 voluntários, com idade entre 23 e 58 anos (média de 36 anos),
contendo valores de 48 membros. O período de latência foi correlacionado com
a idade (r=0,56, p<0,01 e r=0,563, p<0,001) e altura (r=0,578, p<0,001 e
r=0,713, p<0,001), para RTP e para RTA, respectivamente.
Nossos
resultados apontam para um acerto da escolha da metodologia
utilizada, uma vez que para o GC, nossos dados são semelhantes aos estudos
apresentados, além de apontar a existência de uma alteração significativa de
condução neurofisiológica, conforme apresentado por Kayacan et al
13
, que
pode significar algum marcador diagnóstico, funcional ou ainda prognóstico,
contudo mais estudos são necessários, no sentido de verificar uma correlação
forte e positiva das variáveis aqui analisadas e avançar na proposta sugerida.
CONCLUSÃO
Medidas do período de latência do reflexo tendinoso podem tornar-se
um método simples e acessível de avaliar a condução nervosa periférica. Para
estudar e comparar valores normais das alterações neurofisiológicas do
período de latência do reflexo patelar e aquileu podemos utilizar valores
observados e descritos na literatura, contudo uma melhor padronização da
metodologia utilizada, e principalmente da validação dos resultados faz-se
necessário.
Para os portadores da DPOC esta avaliação se faz importante devido
alterações sistêmicas associadas que interferem nas atividades funcionais.
Respostas reflexas são importantes para controle sensório-motor e sua
avaliação e interpretação podem colaborar para maiores investigações no
âmbito diagnóstico e reabilitacional destes indivíduos.
Agradecimento: FAPESP, processo n° 2007/06078-0.
38
li
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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the diagnosis, management, and prevention of chronic obstructive pulmonary
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41
liv
DISCUSSÃO
42
lv
Discussão
O objetivo deste trabalho foi de análise e comparação de aspectos
neurofisiológicos dos indivíduos com DPOC com idosos saudáveis e de
correlacioná-los com o Índice de BODE, visto ser melhor que o VEF
1
isoladamente para verificar prognóstico da doença
11
e também como meio de
identificar nível de atividade física
12
. A correlação dos reflexos
monossinápticos também foi realizada com as variáveis idade e altura.
Durante a triagem dos indivíduos com DPOC no ambulatório da Santa
Casa, dos vinte e dois, sete indivíduos eram dependentes de oxigênio crônico o
que nos conduziu a formação de dois grupos com DPOC (DPOC e DPOCO
2
),
especialmente pelo fato de que alguns estudos prévios apontam a hipoxemia
como um fator para alterações neurofisiológicas
13,14,15,26
. O aumento da
amostra do grupo DPOC dependente de oxigênio poderia refletir em diferenças
significantes entre os dois grupos, dependentes e não dependentes de
oxigênio, o que não pode ser observado no presente estudo.
Por meio deste estudo, podemos observar que o tempo de latência dos
reflexos patelar e aquileu, a força muscular periférica do quadríceps femoral e a
capacidade funcional observada pelo TSL, quando comparados ao grupo
controle, foram estatisticamente diferentes, com piores resultados, exceto para
a avaliação do equilibro (desvio L-L, desvio A-P e escala de Tinetti),
independente do uso crônico de oxigênio.
A utilização do oxigênio por tempo prolongado e também durante as
avaliações pode ter sido outro fator, além da amostra reduzida, contribuinte
para não diferença entre os grupos com DPOC. Verificou-se que o grupo
dependente de oxigênio tinha um maior grau de obstrução das vias aéreas pelo
VEF
1
, menor capacidade funcional pelo TC6’ e maior sensação de dispnéia,
em relação ao grupo não dependente, mas foram semelhantes nas avaliações
dos aspectos neurofisiológicos.
Estudos que analisaram neuropatias periféricas (qualquer condição que
comprometa a condução nervosa) na DPOC detectaram alterações que variam
de 28 a 95% de incidência nesta população
13,14,15
. Esta variância deve-se
provavelmente pela falta de padronização de um protocolo de estudo.
Estas alterações foram associadas ao tabagismo, VEF
1
, hipoxemia,
hipercapnia, pico de fluxo expiratório e idade
13
, mas não encontramos nenhum
43
lvi
trabalho onde estas alterações fossem comparadas com a capacidade
funcional e outros preditores como o Índice de BODE.
Portanto, após análise neurofisiológica, os dados foram correlacionados
com o Índice de BODE. Como o grupo DPOC era semelhante ao DPOCO
2
,
formamos o DPOCt para esta correlação, que demonstrou-se negativa,
estatisticamente significante, forte e moderada, para a escala de Tinetti e TSL,
respectivamente.
Outra correlação realizada foi entre a idade e altura dos participantes
com o tempo de latência dos reflexos monossinápticos, sendo apenas
significante entre a idade e o reflexo patelar no grupo DPOC.
Uma possível explicação para este resultado é que a alteração da
função dos nervos periféricos pode causar perda sensorial, atrofia e fraqueza
muscular, além de decréscimos nos reflexos profundos, como o aquileu e
patelar
16
. A fraqueza na DPOC está associada a alterações na musculatura
esquelética periférica, no metabolismo e nutricionais, mas viu-se que outras
variáveis podem contribuir para a perda funcional da musculatura, tanto em
força quanto endurance, que corroboram com nosso estudo
3,4,5,9,10
.
Déficit motor encontrado em simples movimento funcional e no tempo de
reação podem ser observados provavelmente pelo marcado prejuízo no
controle sensório-motor dos músculos esqueléticos na presença de
hipoxemia
18
. No nosso trabalho o grupo DPOCO
2
não foi diferente ao DPOC,
resultado semelhante ao do estudo dos Butcher et al
18
., no qual atribuíram as
alterações encontradas no equilíbrio, coordenação e mobilidade a gravidade da
doença, não ao suplemento de oxigênio nos indivíduos com DPOC.
De acordo com Richardson et al.
19
, neuropatias periféricas contribuem
para as quedas na população idosa. também a hipótese de que um longo
período de latência na resposta dos músculos periféricos pode afetar o
equilíbrio corporal
20
, entretanto não encontramos alteração tanto do equilíbrio
estático quanto do dinâmico nos grupos com DPOC.
O TSL foi uma das avaliações realizadas em nosso trabalho, visto que
Ozalevli et al.
25
verificaram que ele poderia determinar a capacidade funcional
tão bem quanto ao TC6’. Nossos resultados sugerem que uma redução no
número de repetições do TSL pode significar pior prognóstico para o indivíduo
com DPOC, devido associação estatística com o Índice de BODE.
44
lvii
CONSIDERAÇÕES FINAIS
45
lviii
Considerações Finais
As alterações em relação aos aspectos neurofisiológicos eram
esperadas, entretanto estudos voltados ao período de latência dos reflexos
monossinápticos patelar e aquileu na DPOC não foram encontrados o que
poderá traduzir numa nova modalidade de investigação diagnóstica nesta
população. Neuropatias periféricas podem comprometer a capacidade
funcional do indivíduo e estudos que retratam estas alterações devem ser
incentivadas.
O indivíduo com DPOC apresenta um retardo no tempo de latência dos
reflexos patelar e aquileu e redução da força muscular periférica do quadríceps
e da capacidade funcional avaliada pelo TSL.
O Índice de BODE apresentou correlações com a Escala de Tinetti e o
TSL, sendo que uma pontuação mais baixa nestes testes funcionais pode
sugerir pior prognóstico da DPOC.
o fator idade apresentou uma correlação com o reflexo patelar no
grupo dos indivíduos com DPOC, sendo que quanto maior a idade, mais
lentificado será o tempo do reflexo.
Como descrito talvez um aumento no mero da amostra, poderia
traduzir em resultados mais expressivos em relação às diferenças entre os
grupos dependentes e não dependentes de oxigênio quanto aos aspectos
neurofisiológicos e o escore total do Índice de BODE.Além disso, acreditamos
que possa ter ocorrido uma adaptação ao uso crônico do oxigênio, fator que
pode ter mascarado os resultados.
A possibilidade do TSL refletir em prognóstico na DPOC, é a busca de
uma nova modalidade de avaliação prática e de fácil aplicabilidade para os
profissionais da saúde.
46
lix
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease. Global strategy for
the diagnosis, management, and prevention of chronic obstructive pulmonary
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49
lxii
APÊNDICES
50
lxiii
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
(GRUPO CONTROLE)
Aspectos Neurofisiológicos e sua Relação com o Acometimento Clínico e
Funcional dos Pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica”
Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, em uma
pesquisa. Após ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de
aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento.
O objetivo principal deste estudo é relacionar as respostas
neurofisiológicas, ou seja, comparar o resultado das avaliações a serem feitas
a respeito da marcha, reflexos, equilíbrio, força muscular e um teste de sentar e
levantar de uma cadeira, com o acometimento clínico e funcional dos
pacientes (espirometria – “exame do sopro”, teste de caminhada de seis
minutos, cálculo do índice de massa corporal e escore relativo à sensação
subjetiva do desconforto respiratório). Alterações associadas desses fatores
citados acima podem trazer alguma limitação para a realização de atividades
diárias, justificando a atual pesquisa.
Após sua aceitação para participação da pesquisa, será agendado um
horário no Laboratório de Biodinâmica do Movimento Humano, Universidade
Nove de Julho UNINOVE, localizada a Av. Francisco Matarazzo, 612, CEP
05001-100, São Paulo – SP. A avaliação terá uma duração média de uma hora
e trinta minutos.
Inicialmente será preenchida uma ficha com dados pessoais, físicos e
condição de saúde atual.
Peso e altura serão verificados para o cálculo do índice de massa
corporal.
51
lxiv
A primeira avaliação será a espirometria, que é uma medida feita pela
inspiração e expiração pela boca do indivíduo num bocal descartável para
análise da função pulmonar.
A seguir, realizará o teste de caminhada de seis minutos. Monitorado pelo
pesquisador caminhará durante seis minutos num corredor, na sua velocidade
máxima, sendo permitido pausas durante este tempo de acordo com a
tolerância individual. Todo suporte será oferecido, inclusive oxigênio
suplementar para quem necessitar ou para aqueles que já são dependentes do
mesmo.
A avaliação do equilíbrio é o próximo passo, onde você permanecerá em
pé numa plataforma durante um minuto sem se mexer.
Para as demais avaliações, faz-se necessária à colocação de quatro
eletrodos adesivos que serão colados à pele, na região da coxa e perna direita
afim de que os dados coletados sejam transmitidos para o computador para
posterior análise. Para isso, o comparecimento com vestuário adequado que
permita correta avaliação é indispensável.
Segue-se com a avaliação dos reflexos, onde o examinador com pequeno
martelo específico para testes de reflexos, irá percutir levemente na região do
joelho e também do tornozelo.
Após, realizará o ato de levantar e sentar de uma cadeira por um minuto,
sendo permitido pausas dentro deste tempo caso se sinta muito cansado.
A avaliação da marcha será através de uma breve caminhada na esteira,
em velocidade confortável graduada por você mesmo.
A seguir, a avaliação da força muscular do quadríceps da perna direita.
Será realizada uma extensão do joelho a partir da posição sentada, ou seja, irá
esticar o joelho e ao sentir a resistência da alça que estará no tornozelo,
deverá manter esticada na sua força máxima por alguns segundos.
Então os eletrodos podem ser retirados para a última avaliação, que é a
execução de simples tarefas que possibilitam a mensuração do equilíbrio e da
marcha através de uma escala.
52
lxv
Não riscos decorrentes destas avaliações, porém, se durante a
avaliação sentir qualquer desconforto ou mal-estar, poderá imediatamente
desistir da participação do estudo e terá nosso apoio no que desrespeito a
estes sintomas.
Demos garantia que recebe respostas a qualquer pergunta ou
esclarecimento de qualquer dúvida quanto aos procedimentos, riscos
benefícios e outros assuntos relacionados com pesquisa. Além do que, os
pesquisadores asseguram a privacidade dos pacientes quanto aos dados
confidenciais envolvidos na pesquisa.
Estamos à disposição para eventuais dúvidas:
Telefones dos Pesquisadores para Contato: Prof. Dr. João Carlos Ferrari
Corrêa (011) 3365-9325, Aluna Carolina Chiusoli de Miranda Rocco (013)
9169-6829.
Consentimento Pós-Informação:
Eu, ________________________________________________, após leitura e
compreensão deste termo de informação e consentimento, entendo que minha
participação é voluntária, e que posso sair a qualquer momento do estudo,
sem prejuízo algum. Confirmo que recebi cópia deste termo de consentimento,
e autorizo a execução do trabalho de pesquisa e a divulgação dos dados
obtidos neste estudo no meio científico.
* Não assine este termo se ainda tiver alguma dúvida a respeito.
São Paulo, de de 2008.
Nome (por extenso):______________________________________________.
Assinatura:_____________________________________________________.
53
lxvi
APÊNCICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
(GRUPO DPOC)
Aspectos Neurofisiológicos e sua Relação com o Acometimento Clínico e
Funcional dos Pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica”
Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, em uma
pesquisa. Após ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de
aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento.
O objetivo principal deste estudo é relacionar as respostas
neurofisiológicas, ou seja, comparar o resultado das avaliações a serem feitas
a respeito da marcha, reflexos, equilíbrio, força muscular e um teste de sentar e
levantar de uma cadeira, com o acometimento clínico e funcional dos
pacientes (espirometria “exame do sopro”, teste de caminhada de seis
minutos, cálculo do índice de massa corporal e escore relativo à sensação
subjetiva do desconforto respiratório). Alterações associadas desses fatores
citados acima podem trazer alguma limitação para a realização de atividades
diárias, justificando a atual pesquisa.
Após sua aceitação para participação da pesquisa, será agendado um
horário no Laboratório de Biodinâmica do Movimento Humano, Universidade
Nove de Julho UNINOVE, localizada a Av. Francisco Matarazzo, 612, CEP
05001-100, São Paulo – SP. A avaliação terá uma duração média de uma hora
e trinta minutos.
Inicialmente será preenchida uma ficha com perguntas relacionadas a sua
condição atual, sintomas e medicações. Resultados de exames
complementares como, espirometria e gasometria recentes, deverão ser
anotados pelo pesquisador a partir do prontuário do paciente no Ambulatório
da Santa Casa no dia da triagem dos voluntários.
54
lxvii
Caso não tenha feito uma espirometria recente, será agendado um dia
adicional para a realização da mesma na própria Universidade.
Peso e altura serão verificados para o cálculo do índice de massa
corporal.
A seguir, realizará o teste de caminhada de seis minutos. Monitorado pelo
pesquisador caminhará durante seis minutos num corredor, na sua velocidade
máxima, sendo permitido pausas durante este tempo de acordo com a
tolerância individual. Todo suporte será oferecido, inclusive oxigênio
suplementar para quem necessitar ou para aqueles que já são dependentes do
mesmo.
A avaliação do equilíbrio é o próximo passo, onde você permanecerá em
pé numa plataforma durante um minuto sem se mexer.
Para as demais avaliações, faz-se necessária à colocação de quatro
eletrodos adesivos que serão colados à pele, na região da coxa e perna direita
afim de que os dados coletados sejam transmitidos para o computador para
posterior análise. Para isso, o comparecimento com vestuário adequado que
permita correta avaliação é indispensável.
Segue-se com a avaliação dos reflexos, onde o examinador com pequeno
martelo específico para testes de reflexos, irá percutir levemente na região do
joelho e também do tornozelo.
Após, realizará o ato de levantar e sentar de uma cadeira por um minuto,
sendo permitido pausas dentro deste tempo caso se sinta muito cansado.
A avaliação da marcha será através de uma breve caminhada na esteira,
em velocidade confortável graduada por você mesmo.
A seguir, a avaliação da força muscular do quadríceps da perna direita.
Será realizada uma extensão do joelho a partir da posição sentada, ou seja, irá
esticar o joelho e ao sentir a resistência da alça que estará no tornozelo,
deverá manter esticada na sua força máxima por alguns segundos.
Então os eletrodos podem ser retirados para a última avaliação, que é a
execução de simples tarefas que possibilitam a mensuração do equilíbrio e da
marcha através de uma escala.
55
lxviii
Não riscos decorrentes destas avaliações, porém, se durante a
avaliação sentir qualquer desconforto ou mal-estar, poderá imediatamente
desistir da participação do estudo e terá nosso apoio no que desrespeito a
estes sintomas.
Demos garantia que recebe respostas a qualquer pergunta ou
esclarecimento de qualquer dúvida quanto aos procedimentos, riscos
benefícios e outros assuntos relacionados com pesquisa. Além do que, os
pesquisadores asseguram a privacidade dos pacientes quanto aos dados
confidenciais envolvidos na pesquisa.
Estamos à disposição para eventuais dúvidas:
Telefones dos Pesquisadores para Contato: Prof. Dr. João Carlos Ferrari
Corrêa (011) 3365-9325, Aluna Carolina Chiusoli de Miranda Rocco (013)
9169-6829.
Consentimento Pós-Informação:
Eu, ________________________________________________, após leitura e
compreensão deste termo de informação e consentimento, entendo que minha
participação é voluntária, e que posso sair a qualquer momento do estudo,
sem prejuízo algum. Confirmo que recebi cópia deste termo de consentimento,
e autorizo a execução do trabalho de pesquisa e a divulgação dos dados
obtidos neste estudo no meio científico.
* Não assine este termo se ainda tiver alguma dúvida a respeito.
São Paulo, de de 2008.
Nome (por extenso):______________________________________________.
Assinatura:_____________________________________________________.
56
lxix
APÊNDICE C
FICHA DE AVALIAÇÃO
Nome:__________________________________________ Idade: _____ anos.
Peso: _______ Kg Sexo: M
F.
Altura: _______ m
Tabagista: Não Sim Quanto tempo: ____________________________.
Sedentarismo: Não Sim
Medicamento: Não Sim
Quais: _________________________________________________________.
Alguma doença conhecida: _________________________________________.
Dispnéia (MRC): 0 1 2 3 4 (repouso)
Espirometria (VEF
1
): ______________________________________________.
Usa oxigênio suplementar? Quantos L/min diário? ______________________.
Estabilidade Clínica: ______________________________________________.
TC6’: __________ m (previsto)
Melhor teste: _________ m
teste:
_____ m
FC
f
PA
SatO
2
BORG
O
2
Dispnéia MMII
Repouso
3 minutos
Final
teste:
_____ m
FC
f
PA
SatO
2
BORG
O
2
Dispnéia MMII
Repouso
3 minutos
Final
IMC: _______ Kg/m
2
Homens: DP = (7,57 x alt cm) – (5,02 x idade) – (1,76 x peso Kg) – 309 m
Mulheres: DP = (2,11 x alt cm) – (2,29 x peso Kg) – (5,78 x idade) + 667 m
57
lxx
Equilíbrio estático
Desvio L-L: __________.
Desvio A-P: __________.
EMG
Reflexo Patelar: _______ ms (RF)
Reflexo Aquileu: _______ ms (SO)
Força Quadríceps D: _______ Kg
Senta-levanta: _______ (n° de repetições)
Marcha: realizado em esteira
TINETTI
Marcha: ______ pontos
Equilíbrio: _____ pontos
TOTAL: _______ pontos
Pontos no Índice de BODE
Variáveis 0 1 2 3
VEF
1
(% previsto)
65 50 - 64 36 - 49 35
TC6’ (m)
350 250 - 349 150 - 249 149
Dispnéia (MRC)
0 – 1 2 3 4
IMC
> 21 21
Valor Total BODE: _______ pontos
S-L SatO
2
FC
Repouso
Final
58
lxxi
APÊNDICE D
TABELA DEMONSTRATIVA DOS DADOS INDIVIDUAIS DE
CADA PARTICIPANTE – IDOSOS SAUDÁVES E GRUPO DPOC
n
Idade Peso
Altura
IMC MRC
VEF-1
TC6'
Desvio
L-L
Desvio
A-P RF ms
SO ms
TSL Força Tinetti BODE
1 65 121 1,68 42,87 1 - 514 1,5 3,22 9 10 23 43,54 28 0
1 79 83,8 1,71 28,66 0 - 490 2,12 3,35 18 9 28 41,77 27 0
1 71 82 1,66 29,76 0 - 455 1,41 2,21 21 13 24 31,58 28 0
1 70 78 1,77 24,90 1 - 538 1,85 2,02 28 20 21 33,42 28 0
1 66 75 1,55 31,22 2 - 470 2,6 3,4 26 24 21 28,63 27 0
1 61 64 1,59 25,32 0 - 450 1,81 2,61 22 21 20 28,14 28 0
1 77 97 1,56 39,86 1 - 390 1,05 2,43 23 29 19 29,6 28 0
1 57 64 1,55 26,64 0 187 544 0,73 1,89 18 15 31 34,64 28 0
1 71 55 1,49 24,77 0 144 555 1,18 2,87 29 24 22 29,93 28 0
1 71 67 1,5 29,78 1 126 480 3,39 3,58 32 28 25 28,79 28 0
1 64 62 1,51 27,19 0 131 525 2,36 2,69 26 24,2 - - 28 0
2 68 86 1,68 30,47 4 56 371 1,38 3,97 32 39 10 33,07 27 4
2 74 83 1,65 30,49 3 31 510 3,58 6,72 38 32 21 38,89 26 3
2 72 66 1,55 27,47 2 48 500 3,22 3,81 38 41 16 18,67 28 2
2 70 67 1,56 27,53 3 42 292 2,46 2,92 29 42 20 20,66 25 5
2 67 67 1,68 23,74 1 - 470 3,21 4,44 34 42 19 32,67 28 -
2 65 59 1,61 22,76 2 - 526 1,11 1,59 35 41 16 29,35 28 -
2 67 64,5 1,62 24,58 2 51 524 0,51 1,31 37 43 23 23,66 27 2
2 74 86 1,71 29,41 1 37 486 1,75 4,5 37 48 25 25,29 28 2
2 63 55 1,56 22,60 2 48 498 0,76 1,3 36 45 20 14,36 28 3
2 69 86 1,73 28,73 2 40 443 2,07 4,38 39 52 24 27,46 28 3
2 74 59 1,62 22,48 1 42 387 1,92 2,78 38 43 19 19,95 26 2
2 66 76 1,65 27,92 1 - 512 1,91 2,89 35 43 23 34,75 28 -
2 77 45 1,5 20,00 2 30 240 1,85 2,96 34 39 12 16,5 22 7
2 64 66 1,57 26,78 2 48 416 1,97 2,9 36 44 22 25,5 28 3
2 69 47,5 1,61 18,32 1 48 480 1,81 2,37 39 44 23 23,69 28 3
3 69 65 1,66 23,59 2 27 338 1,62 1,94 41 42 22 27,12 28 4
3 80 52 1,66 18,87 4 36 365 1,81 1,84 36 38 16 19,24 27 5
3 64 55 1,49 24,77 2 - 408 2,36 2,99 36 39 20 21,3 28 -
3 87 81 1,68 28,70 3 32 180 2,46 5 44 67 15 18,96 23 7
3 60 75 1,75 24,49 3 29 362 0,93 1,4 37 47 18 37,42 28 3
3 81 73 1,63 27,48 3 31 392 1,06 3,35 42 41 18 22,17 26 5
3 64 65 1,58 26,04 2 42 431 2 2,37 36 46 22 18,99 26 3
59
lxxii
ANEXOS
60
lxxiii
ANEXO A
61
lxxiv
ANEXO B
62
lxxv
ANEXO C
ESCALA DE BORG MODIFICADA
0
Nenhuma
0,5
Muito, muito leve
1
Muito leve
2
Leve
3
Moderada
4
Um pouco forte
5
Forte
6
7
Muito forte
8
9
Muito, muito forte
10
Máxima
63
lxxvi
ANEXO D
Escala da Dispnéia
0 Tenho falta de ar ao realizar exercício intenso.
1
Tenho falta de ar quando apresso o meu passo, ou subo
escadas ou ladeira.
2
Preciso parar algumas vezes quando ando no meu
passo, ou ando mais devagar que outras pessoas de
minha idade.
3
Preciso parar muitas vezes devido à falta de ar quando
ando perto de 100 metros, ou poucos minutos de
caminhada no plano.
4
Sinto tanta falta de ar que não saio de casa, ou preciso
de ajuda para me vestir ou tomar banho sozinho.
64
lxxvii
ANEXO E
FRASES DE INCENTIVO PARA O TC6’
1’: Você está indo bem! Faltam 5’.
2’: O Sr(a) está fazendo um bom trabalho! Faltam 4’.
3’: Você está indo bem! O Sr(a) completou metade do percurso.
4’: O Sr(a) está fazendo um bom trabalho! Faltam somente 2’.
5’: Você está indo bem! Falta somente 1’.
(faltando 15s dizer: “daqui a pouco eu estarei pedindo para o Sr(a)
parar. Quando eu pedir, somente pare e espere que eu irei até
você”)
6’: PARE!
65
lxxviii
ANEXO F
TINETTI: EQUILÍBRIO
Tarefas Descrição do Equilíbrio Possibilidades
Pontos
1. Equilíbrio sentado
(sem encostar)
Inclina-se na cadeira
Estável/seguro
= 0
= 1
2. Levantar Não capaz, sem ajuda
Capaz, usando os braços
Capaz, sem uso dos braços
= 0
= 1
= 2
3. Tentativas de se levantar Não capaz, sem ajuda
Capaz, requer mais que uma tentativa
Capaz, em uma tentativa
= 0
= 1
= 2
4. Equilíbrio na posição em
pé (1
os
5 seg)
Não sustenta
Sustenta-se com uso de órtese
Sustenta-se sem órtese
= 0
= 1
= 2
5. Equilíbrio ortostático Não sustenta
Sustenta, mas balança (base alargada
> 10 cm) e usa bengala ou outro
suporte
Sustenta sem suporte
= 0
= 1
= 2
6. Com os pés mais
próximos possível,
empurrado com a palma da
mão no esterno 3x
Perde o equilíbrio
Desconcerta-se, agarra-se
Em pé, sustenta
= 0
= 1
= 2
7. Olhos fechados (item 6) Não sustenta
Sustenta
= 0
= 1
8. Girar 360° Passos descontínuos
Passos contínuos
= 0
= 1
Perde equilíbrio
Mantêm-se em equilíbrio
= 0
= 1
9. Sentar Não seguro (erra distância, cai na
cadeira)
Usa braços ou não tem um
movimento preciso
Seguro, movimento preciso
= 0
= 1
= 2
TOTAL:
66
lxxix
ANEXO G
TINETTI: MARCHA
Tarefas Descrição da Marcha Possibilidades
Pontos
10. Iniciação da marcha
(imediatamente após dizer
“vai”)
Qualquer hesitação ou múltiplas
tentativas para iniciar
Sem hesitação
= 0
= 1
11. Comprimento e altura do
passo
a. Balanceio do pé D não
ultrapassa o pé E apoiado
b. Pé D ultrapassa o pé E apoiado
= 0
= 1
c. Pé D não fica completamente
fora do solo no passo
d. Pé D fica completamente fora
do solo no passo
= 0
= 1
e. Balanceio do pé E não
ultrapassa o pé D apoiado
f. Pé E ultrapassa o pé D apoiado
= 0
= 1
g. Pé E não fica completamente
fora do solo no passo
h. Pé E fica completamente fora
do solo no passo
= 0
= 1
12. Simetria do passo Comprimento dos passos D e E
não são iguais (estimado)
Comprimento dos passos D e E
são iguais
= 0
= 1
13. Continuidade dos passos Descontinuidade ou parada entre
os passos
Passos contínuos
= 0
= 1
14. Trajetória (estimada em
relação ao solo. Excursão de
um pé sobre o outro durante 10
passadas)
Desvio expressivo
Médio/moderado desvio ou uso de
órtese
Marcha livre de auxílios e reta
= 0
= 1
= 2
15. Tronco Expressivo balanço ou uso de
órtese
Sem balanço mas flexão de
joelhos ou costas ou apóia braços
Sem balanço, flexões, uso de
braços ou órteses
= 0
= 1
= 2
16. Postura durante a marcha Base alargada (calcanhares
separados)
Calcanhares podem encontrar-se
durante a passada
= 0
= 1
TOTAL :
EQUILÍBRIO + MARCHA TOTAL:
67
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