Download PDF
ads:
FERNANDA BOESING
CIRURGIA BARIÁTRICA: EFEITOS SOBRE O ESTADO ANTIOXIDANTE E
ESTRESSE OXIDATIVO
FLORIANÓPOLIS 2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
FERNANDA BOESING
CIRURGIA BARIÁTRICA: EFEITOS SOBRE O ESTADO ANTIOXIDANTE E
ESTRESSE OXIDATIVO
FLORIANÓPOLIS 2008
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Nutrição, do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade
Federal de Santa Catarina, para obtenção do título de
Mestre em Nutrição.
Orientadora: Prof
a
Dr
a
Emília Addison Machado Moreira.
ads:
3
FERNANDA BOESING
CIRURGIA BARIÁTRICA: EFEITOS SOBRE O ESTADO ANTIOXIDANTE E
ESTRESSE OXIDATIVO
Esta dissertação foi julgada adequada para obtenção do título de MESTRE EM NUTRIÇÃO –
Área de Concentração em Metabolismo e Dietética – e aprovada em sua forma pelo Programa
de Pós-Graduação em Nutrição do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal de
Santa Catarina.
Florianópolis, 29 de fevereiro de 2008.
_____________________________________________
Prof
a
Dr
a
Vera Lúcia Cardoso Garcia Tramonte
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Nutrição
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Prof
a
Dr
a
Emília Addison Machado Moreira
Presidente
_____________________________________________
Prof. Dr. Alceu Afonso Jordão Júnior
Membro
_____________________________________________
Prof. Dr. Danilo Wilhelm Filho
Membro
_____________________________________________
Prof
a
Dr
a
Elisabeth Wazlawik
Membro
4
AGRADECIMENTOS
À Deus, por preservar minha saúde e guiar minhas palavras, pensamentos e atitudes,
permitindo a concretização deste trabalho ao longo destes dois anos.
Aos meus pais, Sérgio e Jocelita, pelo apoio único e incondicional em toda a minha vida, e em
especial, em mais esta etapa.
À meu irmão, Matheus, pelos momentos de descontração, essenciais nesta caminhada.
Obrigada por existir!
À minha querida orientadora Profª. Dr
a
Emília Addison Machado Moreira, pelos
ensinamentos, apoio, disponibilidade, dinamismo e persistência em toda essa jornada.
A todos os pacientes estudados, pois sem sua colaboração jamais se realizaria a presente
dissertação.
À Georgen, por ter entrado em minha vida e acreditar em mim.
Aos colegas do mestrado, com quem, de alguma forma, compartilhei alegrias, experiências e
angústias.
Aos professores do mestrado, que, sem dúvida alguma, só vieram adicionar.
Ao professor Erasmo, pela paciência e disposição em sempre ajudar e nunca deixar
desanimar.
Aos professores Danilo, Alceu, Elisabeth e Regina, pela disponibilidade e gentileza ao
aceitarem serem membros da banca examinadora e, dessa forma, compartilharem de sua
experiência e conhecimento.
Aos professores Hélio, Alceu, Tânia, Rozângela e Danilo, por permitirem a realização das
análises bioquímicas em seus laboratórios de pesquisa.
Aos funcionários do Hospital Universitário, tanto da Clínica Cirúrgica I, como do
Laboratório de Bioquímica, pela disposição em sempre ajudar e pela paciência.
À Luiz, Duda, Edu, Guilherme, Mônica, Silvana e Paty, pela cooperação nas análises
bioquímicas. Vocês são verdadeiros anjos!
À Altay, pela ajuda e aprendizado na análise estatística.
A todas as pessoas que, de diferentes formas, contribuíram para a concretização deste
trabalho.
Dedico este trabalho:
Dedico este trabalho: Dedico este trabalho:
Dedico este trabalho:
Aos meus pais, pelo incentivo, aconchego, apoio e amor sem igual...
Obrigada por acreditarem que vale a pena!
5
BOESING, F. Cirurgia bariátrica: efeitos sobre o estado antioxidante e estresse
oxidativo. 2008. 87f. Dissertação (Mestrado em Nutrição) Programa de Pós-Graduação em
Nutrição, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
RESUMO
O estresse oxidativo é uma condição associada à obesidade. Apesar de a cirurgia bariátrica
constituir a opção de tratamento predominante para indivíduos com obesidade mórbida, as
implicações que a perda de peso cirúrgica pode causar ao estado antioxidante e ao estresse
oxidativo ainda não estão esclarecidas. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da perda de
peso cirúrgica sobre a ingestão calórica, concentrações séricas de vitamina C, β-caroteno e
vitamina E, glutationa reduzida (GSH), catalase (CAT), mieloperoxidase (MPO) e substâncias
reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS). Um estudo clínico foi realizado no Hospital
Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina com um grupo controle (GC) e um
grupo bariátrico (GB), sendo 20 indivíduos em cada grupo. A idade média foi de 38±11 anos
em ambos os grupos e o Índice de Massa Corporal (IMC) foi de 22,4±2,4 kg/m
2
e 48±8,7
kg/m
2
, respectivamente. O GC foi avaliado em único momento e o GB no período basal, 3 e 6
meses após gastroplastia Bypass em Y de Roux. A ingestão calórica (3119±799 para
1164±429 kcal/dia) e a MPO (384,18±18,20 para 232,79±69,20 mU/mL) reduziram
significativamente aos seis meses pós-cirúrgicos em relação ao basal. Além disso, houve
aumento da vitamina C (0,46±0,14 para 0,76±0,35 mg/dL), β-caroteno (0,51±0,53 para
1,72±0,23 µM), vitamina E corrigida (0,006±0,003 para 0,013±0,007 µmol/ mg), CAT
(15,98±6,41 para 24,86±9,78 mmol H
2
O
2
/ min/mL) e TBARS (14,59±2,42 para 26,89±6,70
nmol/ mL) seis meses após a cirurgia. Estes resultados foram semelhantes ao GC. As
correlações significantes no grupo bariátrico foram entre o IMC e a vitamina C, β-caroteno,
TBARS e MPO (rho= -0,269; -0,492; -0,346 e 0,576, respectivamente). Concluindo, o estudo
proposto evidenciou redução do peso e da ingestão calórica após a cirurgia. Houve uma
melhora nos veis de vitamina E, vitamina C e β-caroteno, diminuição nos níveis de MPO e
aumento nos níveis de CAT e TBARS após intervenção cirúrgica.
PALAVRAS-CHAVE: cirurgia bariátrica, estresse oxidativo, antioxidantes.
6
BOESING, F. Bariatric surgery: effects on antioxidant balance and oxidative stress.
2008. 87f. Dissertação (Mestrado em Nutrição) Programa de Pós-Graduação em Nutrição,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
ABSTRACT
Oxidative stress is associated with obesity. Although bariatric surgery is the predominant
treatment for individuals with morbid obesity, implications of the surgical weight loss to the
antioxidant balance and oxidative stress are not clarified yet. The objective of this study was
to evaluate the effect of surgical weight loss on caloric ingestion, sanguineous levels of
vitamin C, β-carotene, vitamin E, reduced glutathione (GSH), catalase (CAT) and
myeloperoxidase (MPO) activities and thiobarbituric acid-reactive substances (TBARS). A
clinical study was realized in the University Hospital of the Federal University of Santa
Catarina with a control group (GC) and a bariatric group (GB), both with 20 individuals. The
mean age was 38±11 years in both groups and Body Mass Index (BMI) was 22,4±2,4 kg/m
2
and 48±8,7 kg/m
2
, respectively. The GC was evaluated in only one moment and GB was
evaluated before surgery (baseline), 3 and 6 months after Roux-en-Y gastric bypass. The
caloric ingestion (3119±799 to 1164±429 calories/day) and MPO (384,18±18,20 to
232,79±69,20 mU/mL) significantly decreased in six after surgical months in relation to
baseline. Moreover, the study showed an increase in vitamin C (0,46±0,14 to 0,76±0,35
mg/dL), β-carotene (0,51±0,53 to 1,72±0,23 µM), vitamin E - corrected ratio - (0,006±0,003
to 0,013±0,007 µmol/ mg), CAT (15,98±6,41 to 24,86±9,78 mmol H
2
O
2
/ min/mL) and
TBARS (14,59±2,42 to 26,89±6,70 nmol/ mL) in six after surgical months. These results had
been similar to the GC. The significant correlations in GB were demonstrated between BMI
and vitamin C, β-carotene, TBARS and MPO (rho= -0,269; -0,492; -0,346 e 0,576,
respectively). Concluding, this study evidenced weight reduction and caloric ingestion
decrease after surgery. It presented an improvement in vitamin E, vitamin C and β-carotene
levels, a reduction in MPO levels and an increase in CAT and TBARS levels after surgical
intervention.
KEY-WORDS: bariatric surgery, oxidative stress, antioxidant balance.
7
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9
2 JUSTIFICATIVA E HIPÓTESE ...................................................................... 12
3 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 13
3.1 RADICAIS LIVRES/ ESPÉCIES REATIVAS .................................................... 13
3.2 ESTRESSE OXIDATIVO .................................................................................... 16
3.3 ANTIOXIDANTES .............................................................................................. 18
3.4 β-CAROTENO, VITAMINA C E VITAMINA E COMO ANTIOXIDANTES . 19
3.5 ESTRESSE OXIDATIVO E OBESIDADE ......................................................... 27
4 OBJETIVOS ........................................................................................................ 33
4.1 GERAL ................................................................................................................. 33
4.2 ESPECÍFICOS ...................................................................................................... 33
5 SUJEITOS E MÉTODOS .................................................................................. 34
5.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO ....................................................................... 34
5.2 POPULAÇÃO DE ESTUDO ............................................................................... 37
5.2.1. Grupo controle ...................................................................................................... 37
5.2.2. Grupo bariátrico ................................................................................................... 37
5.3 AMOSTRA ........................................................................................................... 37
5.3.1. Grupo controle ...................................................................................................... 37
5.3.2. Grupo bariátrico ................................................................................................... 38
5.4 PROTOCOLO DE PESQUISA ............................................................................ 38
5.5 COLETA DE DADOS .......................................................................................... 38
5.5.1 Identificação do paciente ................................................................................... 38
5.5.2 Avaliação do estado nutricional ......................................................................... 39
8
5.5.2.1
Índice de Massa Corporal (IMC) .......................................................................... 39
5.5.3 Determinações bioquímicas ............................................................................... 40
5.5.3.1 Determinação da vitamina E (α-tocoferol) e β-caroteno ...................................... 40
5.5.3.2 Determinação da vitamina C ................................................................................. 42
5.5.3.3 Determinação da glutationa reduzida (GSH) ........................................................ 42
5.5.3.4 Atividade da catalase ............................................................................................ 43
5.5.3.5 Atividade da mieloperoxidase (MPO) .................................................................. 43
5.5.3.6 Determinação da lipoperoxidação......................................................................... 44
5.5.4 Questionário de freqüência alimentar semiquantitativo .................................... 44
5.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................... 45
6 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 45
APÊNDICE 1 .................................................................................................................... 56
APÊNDICE 2 .................................................................................................................... 57
APÊNDICE 3 – Resumo de artigo submetido à publicação durante o mestrado ............. 58
APÊNDICE 4 - Resumo de artigo aceito para publicação durante o mestrado ................ 60
ANEXO 1 ........................................................................................................................ 62
7 ARTIGO CIENTÍFICO REFERENTE À DISSERTAÇÃO .......................... 66
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 87
9
1 INTRODUÇÃO
A obesidade é definida como uma condição de deposição de gordura anormal ou
excessiva no tecido adiposo, tendo como resultado danos à saúde. Caracteriza-se por ser
multifatorial, de origem genética e metabólica, agravada pela exposição a fenômenos
ambientais, culturais, sociais e econômicos, ligados a fatores demográficos e também ao
sedentarismo. Seus prejuízos podem incluir diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão,
hiperlipidemias, derrame cerebral, doenças músculo-esqueléticas e certas formas de câncer
(WHO, 1998). Além disso, em pessoas obesas parece haver um aumento do estresse
oxidativo, conduzindo à disfunção endotelial, aterogênese e aumento da agregação plaquetária
(UZUN et al., 2004).
A obesidade é considerada uma doença epidêmica na América do Norte e em vários
países do mundo (WHO, 1998). No Brasil, entre 1974 a 2003, a proporção de mulheres com
obesidade aumentou de 7,8% para 12,7%; e entre os homens, de 2,2% para 8,8%. Esta
tendência foi registrada em todas as regiões do país e em todas as faixas etárias (MONTEIRO
et al., 2000).
Em muitos indivíduos que estão acima do peso, a redução ponderal é obtida através de
redução calórica moderada e aumento na atividade física, mas a manutenção do peso ideal
pode ser desafiadora. O tratamento farmacológico também tem certa eficácia e pode ajudar
pacientes obesos a perder peso, mas sua segurança em longo prazo de uso ainda não está
completamente estabelecida (MANGO & FRISHMAN, 2006).
A cirurgia bariátrica tem se tornado uma crescente opção de tratamento para indivíduos
com obesidade mórbida (Índice de massa corporal - IMC - maior ou igual a 40 kg/ m
2
) ou
obesidade menos severa acompanhada de comorbidezes significantes (SARWER et al., 2005),
e, segundo O’Brien et al (2005) é o tratamento que mais tem demonstrado satisfação e perda
de peso durável. Os objetivos principais das operações bariátricas são, além da redução
10
ponderal, redução das comorbidezes e melhora da qualidade de vida (SEGAL & FANDIÑO,
2002).
As cirurgias são classificadas em disabsortivas e/ou restritivas. A técnica predominante,
no entanto, reúne a restrição à disabsorção e é chamada de cirurgia de Capella. Nesta, a
gastroplastia está associada a uma derivação gastrojejunal em formato de Y (Y de Roux). Este
terceiro procedimento consiste na restrição do estômago para se adaptar a um volume
geralmente menor que 30 mL, que é obtido através da colocação de um anel de contenção na
saída do compartimento formado e posterior conexão com uma alça intestinal, sendo também
o método que mostra melhores resultados até dois anos após o procedimento (CLAO, 1999).
Outros dois métodos cirúrgicos também são reconhecidos e realizados, a operação proposta
por Scopinaro e uma variação sua, o Duodenal Switch. Ambas são derivações
biliopancreáticas classificadas como má-absortivas, nas quais a restrição volumétrica não
representa papel importante (IFSO, 2001).
A técnica mais comumente utilizada no Brasil e no mundo é a gastroplastia com
anastomose gastrojejunal em Y de Roux (DIAS et al., 2006). Pacientes submetidos à técnica de
desvio gástrico mostram-se particularmente vulneráveis à má absorção de microminerais,
porque o duodeno e vários segmentos do jejuno, que são os maiores sítios de absorção, são
excluídos do trânsito digestivo normal. Ainda, devido à redução da secreção do ácido gástrico,
a absorção de ferro, cobalamina e ácido fólico é bastante limitada (HALVERSON, 1986;
RHODE & MCLEAV, 2000). A ingestão de carboidratos simples também pode ocasionar uma
síndrome, que geralmente desempenha um importante papel na manutenção da perda de peso,
a chamada síndrome de "dumping", caracterizada por náuseas, vômitos, rubor, dor epigástrica
e sintomas de hipoglicemia (FANDIÑO et al., 2004; SEGAL & FANDIÑO, 2002).
As deficiências nutricionais são proporcionais ao comprimento da área absortiva e a
porcentagem de perda de peso. Os principais nutrientes afetados pela cirurgia são a proteína,
11
vitamina B
12
, folato, ferro e cálcio. Baixos níveis de ferro, vitamina B
12
, vitamina D e cálcio
são predominantes depois do desvio gástrico em Y de Roux. Deficiências de proteína e
vitaminas lipossolúveis são detectadas principalmente depois da derivação biliopancreática. A
deficiência de tiamina é comum em pacientes com vômitos freqüentes (ALVAREZ - LEITE,
2004; PARKES, 2006).
A cirurgia de desvio gástrico em Y de Roux causa diminuição da absorção de nutrientes de
forma semelhante à Síndrome do Intestino Curto, e esta perda da superfície absortiva causa
redução significante não de nutrientes, mas também de eletrólitos e sais biliares, além do
que, a absorção de gorduras, evidenciada pela esteatorréia também é bastante comum em
pacientes submetidos a este tipo de cirurgia (MALINOWSKI, 2006).
Deste modo, apesar da significante redução de peso e da melhora nas comorbidezes, a
cirurgia bariátrica pode causar uma série de complicações nutricionais e metabólicas. Essas
complicações são em grande parte devido às extensivas mudanças anatômicas no trato
gastrointestinal, induzidas pela própria cirurgia, principalmente em se tratando de anastomoses
gastrojejunais em Y de Roux e derivações biliopancreáticas (MALINOWSKI, 2006).
Por outro lado, a perda de peso obtida através da cirurgia bariátrica tem demonstrado ser
útil em atenuar o estresse oxidativo, tanto através da diminuição de fatores oxidantes, como
do aumento das substâncias antioxidantes (KISAKOL et al., 2002; UZUN et al., 2004).
No entanto, é preciso considerar que as deficiências nutricionais podem progredir a médio
e/ou em longo prazo após a intervenção cirúrgica (ALVAREZ - LEITE, 2004), e que o
estresse oxidativo tem papel crítico no aparecimento e no desenvolvimento das comorbidezes
associadas à obesidade (MELISSAS et al., 2006). Neste contexto, torna-se de suma
importância a avaliação de substâncias antioxidantes exógenas e endógenas, tanto no período
que antecede o processo cirúrgico, como no após, bem como o monitoramento de alguns
marcadores do estresse oxidativo.
12
2 JUSTIFICATIVA E HIPÓTESE
Um desequilíbrio entre a produção de radicais livres e outras espécies reativas (oxidantes),
e a defesa antioxidante gera um estado de desequilíbrio denominado estresse oxidativo, o qual
está envolvido em muitas doenças (SIES, 1895), inclusive na obesidade (MELISSAS et al.,
2006; HIGDON & FREI, 2003; KHAN et al., 2006; SUZUKI et al., 2003; KEANEY et al.,
2003). A perda de peso, obtida através da cirurgia bariátrica, pode trazer efeitos positivos
como a melhora de determinadas comorbidezes, e efeitos negativos, como deficiências de
macro e micronutrientes (MALINOWSKI, 2006). Em se tratando especificamente das
implicações que a cirurgia bariátrica pode trazer aos níveis dos principais antioxidantes
dietéticos e até mesmo endógenos, bem como ao estado oxidante, as informações são
escassas, o que justifica o interesse pelo estudo do estresse oxidativo em obesos submetidos à
intervenção cirúrgica.
Os estudos existentes (KISAKOL et al., 2002; UZUN et al., 2004; MELISSAS et al.,
2006), evidenciam atenuação do estado de estresse oxidativo após perda de peso cirúrgica.
Além disso, são vários os mecanismos que contribuem para o estresse oxidativo na obesidade
e que podem ser atenuados após a perda de peso, dentre os quais se incluem hiperglicemia,
hiperlipidemias, inflamação crônica, hiperleptinemia, aumento da atividade muscular em
decorrência do excesso de peso, entre outros (VINCENT & TAYLOR, 2006).
A hipótese do presente estudo é que a perda de peso cirúrgica seja um determinante para
um aumento nos níveis dos antioxidantes analisados, bem como para a diminuição dos fatores
oxidantes, abrandando o estado de estresse oxidativo presente na obesidade. Assim, pretende-
se verificar se existe um desequilíbrio nas concentrações dos antioxidantes β-caroteno,
vitamina C e vitamina E, glutationa reduzida e da enzima catalase, bem como nos veis de
malondialdeído e mieloperoxidase, marcadores de estresse oxidativo, no período pré-
operatório e após redução ponderal decorrente da intervenção cirúrgica.
13
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 RADICAIS LIVRES/ ESPÉCIES REATIVAS
Os elétrons normalmente encontram-se em pares na estrutura dos átomos e das moléculas.
Radicais livres (RLs) ou espécies reativas de oxigênio (EROs), nitrogênio e cloro são espécies
independentes que contêm um ou mais elétrons não pareados (HALLIWELL &
GUTTERIDGE, 1999c), sendo bastante conhecidas por contribuírem para o desenvolvimento
de muitas doenças humanas, estabelecendo um estado de “dano oxidativo” (HALLIWELL &
WHITEMAN, 2004).
Entre algumas das mais de duas centenas de doenças com as quais o dano oxidativo vem
sendo relacionado encontram-se, aterosclerose, câncer e diabetes (HALLIWELL &
WHITEMAN, 2004), sendo estas associadas à obesidade (WHO, 2003).
O RL é bastante instável e busca o pareamento eletrônico de suas órbitas, reagindo com
qualquer composto situado próximo a sua órbita mais externa, tendo assim uma função
oxidante (retira o elétron de outro composto para se estabilizar) ou redutora (doa o elétron
com o mesmo objetivo). Os RLs podem ser eletricamente neutros, terem carga positiva ou
negativa (HALLIWELL & GUTTERIDGE, 1999a).
O oxigênio é o principal fornecedor de RLs, em torno de 98% do oxigênio consumido
durante o metabolismo aeróbico é utilizado nas mitocôndrias com o objetivo de produzir
energia, mas o restante não é totalmente reduzido em água e produz RLs (CLARK, 2002).
Dentre as espécies reativas estão incluídos o oxigênio singlete (
1
O
2
), o ânion superóxido
(O
2
), o radical hidroxil (OH), além do peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
), dióxido de nitrogênio
(NO
2
), radical semiquiniona (Q
), óxido nítrico (
NO), entre outros (BIANCHI &
ANTUNES, 1999; HALLIWELL & GUTTERIDGE, 1999c).
Entre as principais formas reativas de oxigênio, o ânion superóxido (O
2
) apresenta baixa
14
capacidade de oxidação, já o radical hidroxil (•OH) é o mais reativo na indução de lesões nas
moléculas celulares. O peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
) apesar de o ser considerado um RL
verdadeiro - pela ausência de elétrons desemparelhados na última camada - é capaz de
atravessar a membrana nuclear e induzir danos na molécula de DNA por meio de reações
enzimáticas (ANDERSON, 1996).
Um RL tem a capacidade de oxidar lipídios, proteínas, organelas citoplasmáticas e até
mesmo material genético, apesar de possuir uma vida média bastante curta (SIES & STAHL,
1995). São produzidos principalmente por eosinófilos, neutrófilos e células endoteliais. Os
principais indutores de sua produção pelos neutrófilos são os microorganismos fagocitados,
mas contribuem também para esta liberação os complexos imunes, o ácido aracdônico, os
leucotrienos e o fator de ativação plaquetária (HALLIWELL, 1997). O sistema de elétrons,
localizado no interior da membrana mitocondrial, é o principal responsável pela produção dos
RLs (WOODS et al., 1998).
A mieloperoxidase (MPO) é uma enzima que compõe um eficiente sistema
antimicrobiano, presente nos neutrófilos. Seu mecanismo de ação baseia-se na síntese do
H
2
O
2
, pelos neutrófilos, a partir de duas moléculas de superóxido (O
2
). A mieloperoxidase
converte o H
2
O
2
, na presença de uma hialida (como o cloreto), em ácido hipocloroso que
também é um poderoso oxidante. Isto mata as bactérias por oxidar a sua membrana plasmática
e criar ligações moleculares prejudiciais (FRODE & MEDEIROS, 2001).
O ânion superóxido (O
2
) é gerado pela reação entre moléculas que participam da cadeia
de transporte de elétrons na mitocôndria e no retículo endoplasmático, com o oxigênio. As
células fagocitárias produzem superóxido como mecanismo de defesa imunológica; mas nas
doenças inflamatórias, esta produção torna-se excessiva, provocando lesões nos tecidos. Se o
O
2
é parcialmente reduzido pela recepção de dois elétrons, o produto é o peróxido de
hidrogênio (H
2
O
2
); se receber apenas um elétron, o produto será o radical superóxido (O
2
).
15
Estas duas espécies são tóxicas porque atacam os ácidos graxos das membranas celulares,
causando lesão celular e sua maior toxicidade se deve, em grande parte, à conversão em
radical hidroxil (•OH). Radicais como o hidroxil causam quebra e modificações nas bases de
DNA, levando à alteração na expressão genética, mutação e apoptose celular, alterações de
cadeias de proteínas, peroxidação lipídica e conseqüente prejuízo do transporte intercelular
(HALLIWELL, 1997).
No organismo existem alguns antioxidantes enzimáticos de primeira linha que eliminam
os radicais. Os mais importantes e conhecidos são a enzima superóxido dismutase (SOD), a
glutationa peroxidase (GPx) e a catalase (CAT) (HALLIWELL & GUTTERIDGE, 1999c ).
Através da enzima SOD um radical O
2
pode ser reduzido a H
2
O
2
e outro oxidado a O
2
. Já
CAT e a GPx podem degradar a molécula de H
2
O
2,
fazendo com que esta se converta em O
2
e
H
2
O (HALLIWELL, 2006).
A GPx possui selênio em seu sítio catalítico, e utiliza o tripeptídeo glutationa reduzida
(GSH) como doador de elétrons para a redução do H
2
O
2
e outros peróxidos orgânicos, como
os provenientes de lipoperoxidação lipídica. Durante o processo catalisado pela GPx, ocorre a
oxidação da glutationa, formando-se uma ponte de dissulfeto entre duas moléculas de GSH,
originando a forma oxidada (GSSG) (KELLING & SMITH, 1982).
Com relação ao H
2
O
2,
sua toxicidade ainda
pode ser potencializada pela presença de Fe
2+
(ferro ferroso), pois as duas espécies podem reagir rapidamente originando um radical •OH,
através de uma reação conhecida por Reação de Fenton (HALLIWELL, 2006).
Desta forma, considera-se que, o excesso de espécies reativas pode trazer diversas formas
de dano celular (GRACY et al., 1999).
16
3.2 ESTRESSE OXIDATIVO
O termo estresse oxidativo, em essência, refere-se a um sério desequilíbrio entre a
produção de espécies reativas e a defesa antioxidante (SIES, 1985). Portanto, pode resultar de
uma diminuição dos níveis dos antioxidantes, como por exemplo, mutações afetando a
atividade das enzimas antioxidantes e/ou de um aumento na produção de espécies reativas,
por exemplo, pela exposição de organismos a elevados níveis de O
2
(HALLIWELL &
WHITEMAN, 2004).
O estresse oxidativo pode ser benéfico nos casos de infecção, quando as células
fagocitárias produzem RLs para eliminar microorganismos invasores, mas passa a ser
prejudicial quando a inflamação se torna sistêmica, ocorrendo perda de controle da produção
dos radicais podendo ocasionar danos teciduais (GRIMBLE, 1994).
As conseqüências do estresse oxidativo podem incluir: adaptação da célula ou organismo
através da regulação dos sistemas de defesa, que podem proteger completamente contra o
dano oxidativo, proteger, mas não completamente contra o dano ou superproteger contra o
mesmo; injúria celular, que pode envolver danos a lipídios, DNA, proteínas, carboidratos, e
morte celular, por apoptose ou necrose (HALLIWELL & WHITEMAN, 2004).
Os RLs lesam a célula diretamente ou danificam os ácidos nucléicos e as proteínas. Além
disso, atuam como mensageiros das vias de sinalização intracelular das células inflamatórias,
por exemplo, através da ativação do fator nuclear kappa β (NF kappa β), induzida pelo H
2
O
2
e
bloqueada por vários antioxidantes, inclusive a vitamina E (GRIMBLE, 1994).
Apesar de todos os componentes celulares serem suscetíveis à ação de diferentes espécies
reativas, a membrana é um dos mais atingidos em decorrência da peroxidação lipídica uma
das conseqüências mais estudadas do estresse oxidativo que causa alterações não na
estrutura, mas também na permeabilidade da membrana. Assim, perda da seletividade na
troca iônica, liberação do conteúdo de organelas e formação de produtos citotóxicos,
17
ocasionando morte celular (MELLO FILHO et al., 1983). Porém, nem sempre a
lipoperoxidação é prejudicial, pois seus produtos são importantes na reação em cascata a
partir do ácido aracdônico e, portanto, na inflamação, mas o excesso de tais produtos pode ser
lesivo. A reação de peroxidação é representada pelas etapas de iniciação, propagação e
terminação (HALLIWELL & GUTTERIGDE, 1990).
Muitos indicadores de peroxidação lipídica têm sido propostos como sendo úteis para
investigação do estresse oxidativo, em especial pode-se citar o malondialdeído (MDA),
determinado pelo método das substâncias reativas ao ácido tiobárbitúrico (TBARS), que
indica o dano celular. Enquanto que o conteúdo de vitamina E, por exemplo, é útil para
avaliar o status antioxidante (MOHN et al., 2005).
Além disso, outros biomarcadores têm sido utilizados para refletir o grau de peroxidação
lipidica in vivo, entre eles podem-se citar os dienos conjugados, pentano, etano e os F
2
-
isoprostanos, todos medidos no plasma, urina ou respiração (IOM- DRIs, 2000).
As proteínas são outros componentes celulares comumente atacados pelos RLs,
principalmente aquelas com ligações com enxofre e DNA (YOSHIDA, 1996). O dano
oxidativo à proteína pode ocorrer tanto nela mesma - afetando a função de receptores,
enzimas, gerando novos antígenos, que provocam respostas imunes - como pode provocar
danos secundários a outras moléculas. O ataque de RLs a estes componentes gera radicais
aminoácidos, que podem ligar-se ou reagir com O
2,
formando radicais peroxil (HOO•)
(HALLIWELL & WHITEMAN, 2004).
Com relação aos métodos mais utilizados para verificação de lesões oxidativas,
destacam-se os espectrofotométricos e cromatométricos, que medem a atividade enzimática
(SOD, CAT e GPx) e/ou a concentração de tripeptídeos: glutationa total (GT), reduzida
(GSH) e oxidada (GSSG) e aldeídos (MDA). Estas medidas podem ser realizadas em tecidos,
sangue e outros fluidos. O estresse oxidativo também pode ser monitorado pelo cálculo de
18
GSSG e/ou pela razão GSSG/GSH (FERREIRA & MATSUBARA, 1997).
3.3 ANTIOXIDANTES
O organismo humano está continuamente exposto a oxidantes, tanto de fontes endógenas
como exógenas. De uma forma geral, as fontes endógenas incluem principalmente a
respiração mitocondrial, enzimas como as lipoxigenases e a xantina oxidase e o sistema de
fagócitos NADPH oxidase/mieloperoxidase (MPO). Quanto às fontes externas de substâncias
oxidantes pode-se citar os constituintes dietéticos, a radiação ultravioleta, os gases radioativos
e os poluentes ambientais (FREI et al., 1989).
Com o intuito de remover ou inativar esses oxidantes, o organismo conta tanto com os
antioxidantes endógenos, como por exemplo, as enzimas antioxidantes, a GSH e o urato,
como com os antioxidantes exógenos, derivados principalmente da dieta (vitamina E, C, β-
caroteno, entre outros) (MELISSAS et al., 2006).
O termo antioxidante pode ser definido como uma substância que, mesmo quando
presente em baixas concentrações, comparada aos substratos oxidáveis (todo tipo de molécula
encontrado in vivo), retarda ou previne significativamente a oxidação destes substratos
(HALLIWELL & GUTTERIDGE, 1999b).
Ainda, conforme preconizado pelas Dietary Reference Intakes (IOM-DRIs, 2000), um
antioxidante dietético pode ser definido como uma substância contida nos alimentos que
diminui significativamente os efeitos adversos de espécies reativas, como as de oxigênio e
nitrogênio, em funções fisiológicas normais em humanos.
Os antioxidantes interceptam os RLs gerados pelo metabolismo celular ou por fontes
exógenas, impedindo o ataque sobre os lipídios, as proteínas, os ácidos graxos poliinsaturados
e as bases do DNA, evitando desta maneira, lesões e perda da integridade celular (BIANCHI
& ANTUNES, 1999).
19
A importância relativa à atuação dos antioxidantes no organismo depende de fatores
como: tipos de RLs formados; onde e como são gerados os mesmos; análise e métodos para a
identificação dos danos, e doses ideais para obter proteção (BIANCHI & ANTUNES, 1999).
As principais defesas antioxidantes enzimáticas são a superóxido dismutase (SOD),
dependente de cobre e zinco, a catalase (CAT), e a glutationa peroxidase (GPx), que fazem
parte do grupo dos antioxidantes endógenos, as quais são dependentes de substâncias que
derivam principalmente da dieta, como no caso dos elementos-traço, zinco, cobre e selênio
(VALKO et al., 2006). Também faz parte dos componentes de defesa, os antioxidantes não
enzimáticos, como o ácido úrico e as vitaminas E, C, β-caroteno, além de outras substâncias
encontradas em plantas, entre os quais compostos fenólicos e polifenólicos, como os
flavonóides e as catequinas (FANG et al., 2002).
Sendo assim, o sistema antioxidante tanto endógeno como exógeno, mostra-se
extremamente importante na interceptação dos RLs (BIANCHI & ANTUNES, 1999; SIES &
STAHL, 1995). No item seguinte, uma atenção especial será dada aos antioxidantes
provenientes do consumo alimentar.
3.4 β-CAROTENO, VITAMINA C E VITAMINA E COMO
ANTIOXIDANTES
Micronutrientes tais como vitaminas E, C e β-caroteno são considerados excelentes
antioxidantes, capazes de seqüestrar e neutralizar os RLs com grande eficiência (BIANCHI &
ANTUNES, 1999; KRINSKY, 1998), reagindo de forma notável com radicais peroxil e com
oxigênio singlete (SIES & STAHL, 1995). No entanto, o uso de medicamentos, o tabagismo,
as condições nutricionais, o consumo de álcool, a poluição do ar e outros fatores podem
diminuir os níveis de antioxidantes celulares (BIANCHI & ANTUNES, 1999).
A vitamina A é a expressão genérica usada para descrever o retinol e todos os
20
carotenóides dietéticos que têm atividade biológica de transretinol (GOMES et al., 2005). Esta
vitamina ocorre naturalmente em duas formas: ativa - retinol lipossolúvel - que deriva
principalmente de tecidos animais; e na forma de um precursor hidrossolúvel - pró-vitamina A
- também conhecido como β-caroteno, o qual deriva de plantas e é convertido a retinol pelo
fígado em uma relação de 3:1 (SOWERS & LACHANCE, 1999).
Pelo fato da ação antioxidante da vitamina A ter ganhado destaque nos últimos anos,
ocorreu um impulso na investigação de seus precursores, particularmente dos carotenóides,
que anteriormente eram reconhecidos apenas por sua atividade pró-vitamínica (NAGEL et al.,
1997), mas atualmente são considerados também importantes antioxidantes (RAMALHO et
al., 2003).
Carotenóides são pigmentos encontrados em plantas e microorganismos (VALKO et al.,
2006), e entre eles estão incluídos, o β-caroteno, o α-caroteno, a β-criptoxantina, luteína e
zeaxantina e o licopeno (KIRSH et al., 2006). Desses, o β-caroteno é o mais potente precursor
de retinol (RUSSEL, 1998).
A vitamina A é encontrada na forma de retinol em alimentos como fígado, ovo e leite e
como β-caroteno em vegetais amarelos e verdes escuros e frutas (PARKER, 1989). Além
disso, os carotenóides são encontrados em uma variedade de frutas e vegetais alaranjados ou
amarelos, bem como em alguns vegetais folhosos verdes escuros, como espinafre e couve
(KIRSH et al., 2006). São absorvidos pelas células da mucosa duodenal por mecanismo de
difusão passiva, semelhante ao colesterol e aos produtos da lipólise dos triglicerídeos
(PARKER, 1996), sendo o processo de absorção facilitado pela formação de micelas de ácido
biliar (HOLLANDER & RUBLE, 1978). Os carotenóides são transportados no plasma de
humanos e animais exclusivamente pelas lipoproteínas. Com relação ao metabolismo do β-
caroteno, pode-se dizer que os ésteres de retinil são seus maiores produtos (PARKER, 1996).
As ingestões dietéticas de referência ainda não foram estabelecidas para o β-caroteno,
21
bem como para nenhum dos carotenóides, incluindo os que não tem atividade pró-vitamínica
A (IOM-DRIs, 2000).
Os carotenóides são conhecidos por desativar radicais livres. O β-caroteno, em especial,
pode exercer outros efeitos antioxidantes, entre eles, inibição da peroxidação lipídica,
complementando a ação de outros antioxidantes (SOWERS & LACHANCE, 1999), além de
ter se mostrado bastante efetivo contra danos ao DNA (YOUNG & LOWE, 2001). Uma única
molécula de β-caroteno ou retinol é capaz de inativar vários radicais oxigênio singlete antes
de ser metabolizada (RAMALHO et al., 2003). Bendich e Olson haviam enfatizado, em
1989, a habilidade do β-caroteno e dos carotenóides em remover o oxigênio singlete.
Além da excelente habilidade em inativar oxigênio singlete, o β-caroteno tem uma
reatividade química bastante forte com radicais peroxil, hidroxil e superóxido (VALKO et al.,
2006). Entre estes, sua maior reatividade é em relação aos radicais peroxil (YOUNG &
LOWE, 2001).
Os carotenóides parecem realçar as funções dos macrófagos, modulando desta forma, a
produção de EROs e controlando as ações de outras células imunes. Inclusive, as principais
funções imunológicas dos carotenóides parecem ser protagonizadas pelo β-caroteno
(SOWERS & LACHANCE, 1999). Além disso, os carotenóides têm a capacidade de modular
as atividades das enzimas lipoxigenases, cujos produtos são moléculas proinflamatórias e
imunomoduladoras (BENDICH, 1993; FREI, 1994).
O comportamento antioxidante do β-caroteno é, em parte, dependente da pressão parcial
do oxigênio. A uma baixa pressão, o β-caroteno parece agir mais eficientemente na célula,
enquanto a uma alta pressão parece perder sua habilidade e até mesmo exibir um
comportamento pró-oxidante, ao contrário do α-tocoferol (uma das formas da vitamina E),
que é um antioxidante efetivo a altas pressões de oxigênio (YOUNG & LOWE, 2001). No
entanto, o β-caroteno e o α-tocoferol parecem agir sinergicamente com o intuito de fornecer
22
uma barreira mais eficaz contra a oxidação (PALOZZA, 1998).
A vitamina C (ácido ascórbico) é quimicamente a menos complexa das vitaminas. O
ácido ascórbico é facilmente absorvido pelo intestino delgado, tanto por mecanismo ativo
como por difusão. A média de absorção é de 90% para ingestões entre 20 e 120 mg/ dia, no
entanto, em se tratando de altas concentrações (1,2g), geralmente auto administradas por
suplementos, a absorção é menor que 20% (SOWERS & LACHANCE, 1999).
O termo vitamina C refere-se tanto ao ácido ascórbico como ao ácido deidroascórbico
(DHA), desde que ambos mostraram possuir atividade antiescorbútica. O ácido ascórbico é a
forma funcional in vivo da vitamina C e seu produto de oxidação, o radical ascorbil, sofre
dismutação à ascorbato e DHA, sendo que tanto o radical ascorbil como o DHA são reduzidos
novamente a ácido ascórbico in vivo. O DHA é a forma da vitamina que cruza as membranas
das células sanguíneas e intestinais, depois do qual é reduzido intracelularmente à acido
ascórbico (IOM-DRIs, 2000).
A vitamina C é o principal antioxidante hidrossolúvel, encontrado principalmente na
acerola e frutas cítricas como morangos, laranjas, limões, tomates, bem como, brócolis e
pimentões
(VANDERSLICE & HIGGS, 1991). É também um cofator para enzimas
envolvidas na biossíntese de colágeno, carnitina e neurotransmissores in vitro, podendo
remover uma variedade de EROs e nitrogênio em fases aquosas (ENGLARD & SEIFTER,
1986).
Para o fornecimento de proteção antioxidante, as ingestões dietéticas recomendadas para
vitamina C, de acordo com as RDA (Recommended Dietary Allowance), são de 75mg/ dia
para mulheres adultas e de 90mg/ dia para homens. Para fumantes, essa recomendação é
acrescida em 35mg/ dia, devido ao aumento do estresse oxidativo ocasionado pelo cigarro
(IOM-DRIs, 2000).
Os maiores parceiros antioxidantes da vitamina C são os carotenóides e a vitamina E,
23
bem como as enzimas antioxidantes (VALKO et al., 2006), isto porque a vitamina C parece
ser importante, em se tratando de poupar ou reciclar a vitamina E, assim como poupar
carotenóides (SOWERS & LACHANCE, 1999).
A vitamina C coopera com a vitamina E para regenerar o α
-tocoferol. O envolvimento da
vitamina C na reciclagem do α
-tocoferil em α-tocoferol resulta no radical ascorbil, e este pode
ser removido por dismutação, produzindo ascorbato (HALLIWELL & GUTTERIDGE,
1999b).
O ácido ascórbico pode reagir com o radical hidroxila, peróxido de hidrogênio e radical
superóxido formando os radicais semidehidroascorbato ou radical ascorbil (A
) e
dehidroascorbato (A), desta forma, o ascorbato pode captar os radicais de oxigênio (KITTS,
1997). A vitamina C também tem se mostrado eficiente em remover hipoclorito, radicais
peroxil e oxigênio singlete (SIES & STAHL, 1995).
No plasma humano, o ascorbato é o único antioxidante endógeno que pode proteger
completamente os lipídios do dano de peroxidação induzido pelos radicais peroxil (FREI et
al., 1989). O ascorbato parece prender todos os radicais peroxil na fase aquosa, antes que
possam difundir-se nos lipídios do plasma (FREI et al., 1989), no entanto, uma vez que a
capacidade antioxidante do ascorbato tenha sido consumida, os antioxidantes hidrossolúveis
restantes, como o ácido úrico e bilirrubina, podem neutralizar somente uma parte dos radicais
peroxil e os que escapam são capazes de iniciar a peroxidação lipídica (SOWERS &
LACHANCE, 1999). Por esta razão, a vitamina C é considerada a primeira linha de defesa
dos antioxidantes vitamínicos (FREI et al., 1989).
Apesar de o ascorbato reagir rapidamente com radicais peroxil e superóxido, age ainda
mais rápido com radicais hidroxil; também remove o oxigênio singlete e combina
rapidamente com o ácido hipocloroso em locais da inflamação (SOWERS & LACHANCE,
1999).
24
O ácido ascórbico, além disso, demonstra ter habilidade em influenciar a expressão do
gene e outras funções celulares, incluindo a função de modulador do sistema imunológico e
de protetor contra a morte celular (VALKO et al., 2006), além de proteger o esperma humano
contra o dano oxidativo ao DNA, o que poderia afetar a integridade do esperma e aumentar o
risco de defeitos genéticos (FRAGA et al., 1991).
A vitamina C pode promover resistência a infecções, alterando a atividade imunológica
dos leucócitos, a produção de interferon, a resposta inflamatória, ou a integridade das
membranas mucosas. Além disso, tem um papel importante na função dos fagócitos e parece
também possuir efeitos de diminuição na produção de citocinas (SOWERS & LACHANCE,
1999).
Por outro lado, essa vitamina na presença de metais de transição, como o ferro e o cobre
pode ter um efeito pró-oxidante e gerar peróxido de hidrogênio e hidroxil. Felizmente, esses
metais estão disponíveis em quantidades pequenas e as propriedades antioxidantes dessa
vitamina predominam (ODIN, 1997).
A vitamina E é um termo coletivo para oito tocoferóis e tocotrienóis, com α, β, γ e δ
vitâmeros para cada, sendo que o γ-tocoferol é a forma mais prevalente de vitamina E na dieta
(JIANG et al., 2001). No entanto, o α-tocoferol é a forma mais biodisponível por ser
preferencialmente retida no plasma e transportada aos tecidos, sendo esta também a forma
mais encontrada nos suplementos alimentares (TRABER & ARAI, 1999). O RRR- α-
tocoferol é o maior composto antioxidante lipossolúvel do grupo da vitamina E (SIES &
STAHL, 1995).
A absorção da vitamina E é relativamente ineficiente, entre 20-30%, sendo sua
propriedade antioxidante a função química mais importante (SOWERS & LACHANCE,
1999), no entanto, essa função não pode ser desempenhada por qualquer antioxidante. A
vitamina E plasmática é aparentemente regulada pela proteína hepática de transferência de α-
25
tocoferol (α-TTP) (TRABER, 1994), a qual é necessária para a transferência hepática
intracelular de α-tocoferol e, também necessária para a incorporação de α-tocoferol nas
lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDLs) (TRABER et al., 1993).
A absorção da vitamina E ocorre na porção superior do intestino delgado e depende de
emulsificação, solubilização, difusão através de camada de água, permeação pelos eritrócitos,
incorporação às partículas de lipoproteínas e transporte da mucosa para a circulação (COHN,
1997), sendo controlada por mecanismo de difusão passiva (TRABER et al., 1998). A partir
da absorção, a vitamina E é incorporada aos quilomicras e secretada na corrente linfática
(COHN, 1997). Seu estoque ocorre no gado e nos tecidos gordurosos (SOWERS &
LACHANCE, 1999). A principal via de excreção da vitamina E ingerida é a eliminação fecal,
em razão de sua reduzida absorção intestinal (TRABER & KAYDEN, 1989).
Os valores de ingestão dietética de referência para homens e mulheres adultos são de 15
mg/dia de vitamina E (IOM-DRIs, 2000). Óleos vegetais, castanhas e gos são as principais
fontes alimentares desta vitamina (MCLAUGHLIN & WEIHRAUCH, 1979). Apesar de
grandes quantidades de vitamina E serem encontradas em óleos de sementes, poucas
quantidades são encontradas em gorduras de frutas, vegetais, e animais. Óleos de amendoin,
oliva, coco e peixe também são fontes pobres (SOWERS & LACHANCE, 1999).
Nos alimentos a vitamina E age para prevenir a peroxidação dos ácidos graxos
polinsaturados (AGPIs). Ela realça a atividade da vitamina A prevenindo sua oxidação no
trato intestinal. Em nível celular, através da “limpeza” dos radicais livres que contém
oxigênio, a vitamina E parece proteger as membranas celulares do dano oxidativo. Na
ausência desta, os radicais livres catalizam a peroxidação dos AGPIs, componentes estruturais
das membranas celulares. Por ser uma vitamina lipossolúvel, com uma estrutura flexível, a
vitamina E tem sua função antioxidante facilitada (SOWERS & LACHANCE, 1999).
A prevenção da peroxidação lipídica é a principal função deste micronutriente, que no
26
plasma e nas células sanguíneas vermelhas é considerado o maior antioxidante lipossóluvel
(SIES & STAHL, 1995). Sua capacidade antioxidante é consumida somente depois que
eliminou um número considerável de radicais livres (SOWERS & LACHANCE, 1999).
O α-tocoferol tem a capacidade de reduzir os radicais peroxil provenientes de AGPIs em
fosfolipídios de membranas ou de lipoproteínas, depois da redução de hidrogênio ou adição
de uma molécula de oxigênio (SIES & STAHL, 1995).
Um elétron do grupo hidroxila pode ser transferido a um lipídio ou a um radical peroxil,
convertendo α-tocoferol à sua forma de radical, α-tocoferoxil. Ao contrário das formas de
radicais de algumas moléculas, o α-tocoferoxil é bastante estável. A propagação dos radicais
livres excessivos é controlada pela vitamina E, oxidando α-tocoferoxil à α-tocoferil quinona
ou reduzindo-o novamente a α-tocoferol na presença de vitamina C (BURTON & TRABER,
1990), por isso o α-tocoferol e o ácido ascórbico parecem funcionar juntos em um processo
cíclico (VALKO et al., 2006).
Determinados antioxidantes são capazes de regenerar outros e desta forma restaurar sua
função original. Este processo chama-se “rede de antioxidantes”. Os ciclos “redox” das
vitaminas E e C, por exemplo, dão forma a uma rede antioxidante (GEY, 1998). O efeito
cooperativo entre as vitaminas C e E foi mencionado por Gey (1998), mostrando que a
interação dessas vitaminas é efetiva na inibição da peroxidação dos lipídios da membrana e na
proteção do DNA. Importante também é a contribuição da GSH na recuperação da vitamina E
e na reciclagem de dehidroascorbato a ascorbato, por uma via enzimática onde a GSH-
dehidroascorbato-redutase é preponderante (MAY et al., 1997).
A vitamina E, o β-caroteno e a vitamina C, como visto, parecem inibir a oxidação das
LDL e essa ação pode influenciar de forma positiva o processo da aterosclerose e
consequentemente, a progressão da doença coronariana (MARCHIOLI et al., 2001).
A inclusão de antioxidantes exógenos a dieta é, portanto, essencial para complementar e
27
aprimorar os efeitos dos antioxidantes endógenos, além do que, o consumo de frutas e
vegetais fontes destas substâncias está relacionado com diminuição do risco do
desenvolvimento de doenças associadas ao estresse oxidativo (POMPELLA, 1997).
3.5 ESTRESSE OXIDATIVO E OBESIDADE
A obesidade está associada com um maior risco de desenvolvimento de doenças como
diabetes, inflamação, aterosclerose e doenças coronarianas (WHO, 1998; WHO, 2003) e esta
relação está amplamente ligada com inúmeros danos metabólicos e acompanhada de
distúrbios de estresse oxidativo (MORENO-ALIAGA, 2005). Além disso, na obesidade a
inflamação está presente, e esta é uma fonte de estresse oxidativo (HIGDON & FREI, 2003).
A obesidade está associada a um aumento na taxa metabólica dos indivíduos (IOM-DRIs,
2000), e segundo Dandona et al (2001) é provável que um processo metabólico acelerado
possa também estar associado a um aumento na geração de EROs, podendo assim resultar em
injúria oxidativa de lipídios e proteínas, principalmente. As LDL, por exemplo, são
danificadas por espécies oxidativas originadas por macrófagos no endotélio. Assim, as EROs
podem promover peroxidação lipídica, conduzindo a doenças cardiovasculares através do
estímulo do estresse oxidativo (HIGDON & FREI, 2003; DANDONA et al., 2001; FAN &
WATANABE, 2003).
O estresse oxidativo e a inflamação parecem estar envolvidos na iniciação e no progresso
não da obesidade, mas também do diabetes mellitus. O objetivo de um estudo conduzido
por Virgolici et al (2005) com indivíduos saudáveis, obesos sem e com diabetes mellitus tipo
2, foi encontrar indicadores de estresse oxidativo. Segundo os autores, tanto no diabetes,
como na obesidade, os parâmetros plasmáticos de estresse oxidativo (ceruloplasmina,
metabólitos determináveis de espécies reativas, alfa-dicarbonil e capacidade antioxidante) são
28
modificados da mesma maneira, podendo o estresse oxidativo ser um conector entre as duas
doenças. De acordo com os pesquisadores, a redução da gordura corporal provavelmente
diminui a formação de oxidantes, bem como a incidência de doenças relacionadas à
obesidade, como, por exemplo, o diabetes mellitus.
Ainda, partindo do fato de que dados sobre estresse oxidativo e resistência à insulina em
obesos são limitados, Atabek et al (2006) investigaram o dano oxidativo às proteínas como
um marcador de estresse oxidativo na obesidade e na resistência à insulina, em crianças e
adolescentes obesos e saudáveis. Os níveis de oxidação de proteínas nos obesos mostraram-se
significativamente maiores quando comparados ao grupo controle. Nos indivíduos com
resistência à insulina, a oxidação protéica foi maior, porém sem diferença significativa.
De acordo com estes mesmos autores, a oxidação de proteínas na obesidade pode ser um
bom marcador do estresse oxidativo, e a resistência à insulina também pode ter um importante
papel como fonte do estresse oxidativo no desenvolvimento de outras doenças após a
adolescência (ATABEK et al., 2006). Além disso, conforme Couillard et al (2005), medidas
de peroxidação lipídica do plasma e oxidação das lipoproteínas também são frequentemente
utilizadas como indicadores de estresse oxidativo, e um aumento na peroxidação lipídica é
bastante observado em sujeitos com resistência à insulina.
Em um estudo realizado no Japão por Suzuki et al (2003), foi investigada a relação entre
a obesidade e alguns marcadores de estresse oxidativo em adultos obesos e não obesos. Este
foi mais um estudo em que a obesidade mostrou-se associada a altos níveis de estresse
oxidativo, sugerindo que isto pode ter um importante papel na associação entre altos valores
de IMC e alguns cânceres, bem como doenças cardiovasculares.
Apesar de a obesidade ser extensivamente relacionada a doenças tais como diabetes
mellitus, hiperlipidemias, ncer de cólon e doenças cardiovasculares, alguns autores têm
relatado que a mesma pode ser um fator de risco independente para a diminuição das
29
atividades de antioxidantes em humanos e para o estresse oxidativo sistêmico associado;
como é o caso de um estudo realizado por Khan et al (2006). Neste trabalho sugeriram que
um valor de IMC aumentado parece estar associado com uma significante diminuição da
concentração de glutationa reduzida (GSH) nos eritrócitos. Através dessas observações, os
autores concluíram que a obesidade, mesmo na ausência de comorbidezes associadas, pode
diminuir a atividade dos antioxidantes protetores e realçar o estresse oxidativo, devendo desta
forma, receber a mesma atenção que a obesidade com complicações.
Keaney et al (2003), em um estudo realizado com adultos, cujo objetivo era determinar as
condições clínicas associadas ao estresse oxidativo, também haviam sugerido que a
obesidade pode ser um fator de risco independente para o estresse oxidativo. Neste estudo,
fatores como diabetes e fumo também mostraram estarem associados independentemente a
este estado de desequilíbrio oxidativo.
O estresse oxidativo tem papel especial no desenvolvimento da disfunção endotelial,
hipertensão, inflamação e doença cardiovascular aterosclerótica (ROBERTS et al., 2006). Os
mecanismos bioquímicos da aterosclerose vêm sendo bastante estudados e tem sido
demonstrado que o estresse oxidativo tem um papel central em sua etiologia. A ligação entre
estresse oxidativo e aterosclerose deriva de modificações oxidativas nas lipoproteínas de
baixa densidade (LDL) (MOHN et al., 2005).
O estudo desenvolvido por Couillard et al (2005) tinha como objetivo descrever as
associações entre acúmulo de gordura abdominal, estresse oxidativo e disfunção endotelial em
homens. O perfil físico e metabólico foi avaliado em homens com uma expressiva área de
adiposidade e com um aumento de LDL plasmático oxidado. Como resultado, os autores
observaram que a adiposidade abdominal visceral estava positivamente associada com LDL
oxidado no plasma. O estudo sugeriu que os níveis de LDL oxidado e de inflamação sistêmica
aumentam em homens com acumulação de tecido adiposo visceral. Além disso, mostrou-se
30
que a resistência insulínica está associada com a disfunção endotelial. No geral, as
observações sustentaram as evidências de que os riscos de doenças cardiovasculares
aumentam entre indivíduos obesos e com resistência a insulina.
Intervenções nutricionais por meio de dietas hipocalóricas podem produzir efeito protetor
contra o desequilíbrio oxidativo. Além disso, dietas enriquecidas com antioxidantes podem
ser utilizadas na terapia nutricional para a obesidade, aumentando os benefícios relacionados à
perda de peso e fornecendo proteção contra o ataque de RLs, diminuindo o risco de doenças
coronarianas. Esse efeito de proteção contra doenças cardiovasculares pode ser relacionado à
diminuição da suscetibilidade da oxidação das LDL ou estímulo de outros processos
antioxidantes (CRUJEIRAS et al., 2006).
Dandona et al (2001) investigaram se a geração de EROs pelos leucócitos e outros
índices de dano oxidativo no corpo, reduzem com restrição dietética calórica, e conseqüente
perda de peso em adultos obesos. Ficou claro ao final do experimento, um aumento no dano
induzido pelas EROs aos lipídios, proteínas e aminoácidos nos obesos, bem como uma
diminuição na geração de EROs por leucócitos e no dano oxidativo aos componentes
avaliados depois da restrição dietética (mesmo que por um período curto, de quatro semanas)
e perda de peso. Além disso, os pesquisadores sugeriram que é possível que o dano oxidativo
na obesidade seja reduzido apenas com restrição dietética calórica e conseqüente perda de
peso, sem terapia antioxidante, pois nenhum dos obesos estudados fazia uso destes
suplementos. Esta diminuição de peso pode auxiliar na redução de implicações relacionadas
ao desenvolvimento da peroxidação lipídica e de outros aspectos da injúria oxidativa em
obesos.
No entanto, vale ressaltar que, de acordo com Higdon e Frei (2003), se a obesidade é uma
condição que acarreta aumento do estresse oxidativo, indivíduos obesos devem sim ser
beneficiados pela suplementação de antioxidantes.
31
Os status oxidante e antioxidante também foram investigados por Mohn et al (2005), em
relação a um programa de restrição alimentar para perda de peso. O estudo foi conduzido em
um grupo de crianças pré-púberes severamente obesas em comparação com sujeitos
saudáveis. O status oxidante mostrou-se normal seis meses após a restrição calórica, o que foi
relacionado com uma redução do Índice de Massa Corporal (IMC) e massa gorda, mas
retornou aos níveis de base, junto com os índices de gordura, depois de outros seis meses de
dieta livre (sem a intervenção). Estes resultados evidenciam que crianças pré-púberes obesas
podem ser beneficiadas com um programa de restrição alimentar para perda de peso, com
conseqüente equilíbrio do índice de oxidantes/antioxidantes.
O objetivo de um estudo realizado por Crujeiras et al (2006) foi estimar a eficiência de
duas dietas hipocalóricas, com diferentes conteúdos de frutas, em biomarcadores
antioxidantes relacionados à peroxidação lipídica em mulheres obesas. Para tal, quinze
mulheres obesas foram submetidas a dois tratamentos dietéticos diferentes, por oito semanas.
As dietas hipocalóricas continham 15% ou 5% da energia provinda da frutose (frutas).
Nenhuma diferença significativa em relação ao peso foi observada entre as duas dietas. Os
níveis plasmáticos das lipoproteínas de baixa densidade (LDL) diminuíram significativamente
nas obesas que seguiram a dieta rica em frutas, o que foi acompanhado por uma diminuição
significante na taxa do marcador de estresse oxidativo e/ou dano celular, malondialdeído
(MDA). Como conclusão, os autores observaram que uma dieta hipocalórica enriquecida com
frutas mostrou ser mais efetiva contra o estresse oxidativo, isto porque o consumo de
substâncias antioxidantes contidas nas frutas poderia ser uma estratégia útil no planejamento
de dietas hipocalóricas, pois, além de contribuir para a perda de peso, estaria também
contribuindo para a melhora dos fatores de risco cardiovasculares relacionados à obesidade.
Skrha et al (2005) observaram, no entanto, que o diabetes mellitus pode ser um fator que
causa resistência aos efeitos de uma dieta hipocalórica no estresse oxidativo, fato este que foi
32
observado em um estudo realizado com obesos diabéticos e não diabéticos, no qual a redução
do estresse oxidativo foi maior para os pacientes obesos não diabéticos, depois de uma
semana de dieta hipocalórica.
Ainda, se tratando do papel das vitaminas antioxidantes, Galan et al (2005), constataram
em um estudo realizado com mulheres e homens adultos, que os níveis séricos de β-caroteno
e vitamina C mostraram-se mais baixos em sujeitos obesos, reforçando desta forma, que a
obesidade é sem dúvida um entre muitos fatores que influenciam as concentrações de
antioxidantes séricos.
Estudos que associam indicadores de estresse oxidativo à perda de peso obtida através de
tratamento cirúrgico, mostram resultados semelhantes aos que apenas foram submetidos à
restrição dietética calórica.
Um estudo desenvolvido por Kisakol et al (2002), mostrou que a geração de radicais
livres reduz marcadamente em associação com a perda de peso após a cirurgia bariátrica. A
cirurgia leva à perda de peso, e esta parece conduzir à diminuição significativa da produção
oxidante (MDA), associada ao aumento plasmático de algumas vitaminas antioxidantes (α-
tocoferol e β-caroteno). Além disso, segundo os autores, o decréscimo da geração de radicais
livres e a correção do balanço entre radicais livres e vitaminas antioxidantes têm importantes
implicações para os mecanismos oxidativos subjacentes a desordens associadas à obesidade.
A proposta de um estudo realizado por Melissas et al (2006) foi medir a capacidade
antioxidante total do plasma (TAC), bem como a TAC corrigida (cTAC) um índice de
antioxidantes fornecidos exogenamente - em pacientes obesos mórbidos antes e após a
cirurgia. Os pacientes foram avaliados antes e seis meses após a implantação de um balão
intragástrico e doadores de sangue saudáveis também foram avaliados como grupo controle.
Os valores de TAC e cTAC no grupo dos obesos mórbidos foram mais baixos no pré-
operatório, comparados ao grupo controle e os valores de cTAC nos obesos mórbidos
33
aumentaram significativamente seguidos da perda de peso. Através dessas observações os
autores concluíram que os valores de TAC e cTAC são prejudicados em pacientes obesos
mórbidos. A perda de peso através do balão intragástrico mostrou-se associada ao aumento
significativo dos valores de cTAC, os valores de TAC, depois da perda do peso
remanesceram sem alterações, possivelmente devido a uma diminuição no ácido úrico, um
antioxidante endógeno importante.
Através dessas observações, fica clara a idéia de que a obesidade possa contribuir para
um estado de estresse oxidativo, possivelmente envolvido com inflamação (HIGDON &
FREI, 2003), aumentando desta forma, a importância do desenvolvimento de estratégias de
prevenção e tratamento efetivos para a mesma, que a perda de peso parece acarretar em
benefícios dentro deste contexto.
4 OBJETIVOS
4.1 GERAL
Verificar o efeito da perda de peso, em conseqüência da cirurgia bariátrica, sobre as
concentrações séricas de β-caroteno, vitamina C e vitamina E, bem como sobre o estado de
estresse oxidativo.
4.2 ESPECÍFICOS
Diagnosticar estado nutricional pelo Índice de Massa Corporal (IMC);
Analisar a freqüência alimentar semiquantitativa;
Avaliar as concentrações séricas de β-caroteno, vitamina C e vitamina E;
Avaliar as enzimas catalase (CAT) e mieloperoxidase (MPO), e níveis de
glutationa reduzida (GSH), e substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico
34
(TBARS);
Verificar se houveram diferenças nas concentrações das vitaminas antioxidantes, e
nos veis de CAT, GSH, MPO e TBARS entre os grupos (controle - bariátrico) e
entre os períodos do grupo bariátrico;
Correlacionar as vitaminas antioxidantes (β-caroteno, vitamina C e vitamina E),
CAT, GSH, MPO e TBARS com o IMC.
5 SUJEITOS E MÉTODOS
5.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO
Esta pesquisa faz parte do Projeto Aspectos odontológicos e nutricionais de indivíduos
submetidos à cirurgia bariátrica Hospital Universitário, protocolado sob 072/2006 no
Comitê de Ética em pesquisa com Seres Humanos CEPSH e Financiado pela Fundação de
Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do estado de Santa Catariana (FAPESC), contrato
n°: COM 14191/ 2007-7.
Este estudo é caracterizado como um estudo clínico com controles, desenvolvido entre os
períodos de abril a dezembro de 2007, no Hospital Universitário da Universidade Federal de
Santa Catarina. Os dados do grupo controle, avaliado em um único momento, foram
comparados com o grupo bariátrico (submetido à cirurgia bariátrica). Além disso, o grupo
bariátrico teve os distintos momentos: período pré-cirúrgico/basal (três dias antes da cirurgia)
e período pós-cirúrgico (três e seis meses após a mesma), avaliados e comparados entre si
(Fig. 1). Foram avaliados os níveis séricos dos antioxidantes vitamina E, vitamina C, β-
caroteno; os veis de glutationa reduzida (GSH) no sangue total e o estado nutricional dos
pacientes através da antropometria (Índice de Massa Corporal/IMC). Também foram
analisadas as enzimas catalase (CAT) e mieloperoxidase (MPO) e as substâncias reativas ao
35
ácido tiobarbitúrico (TBARS), além de ter sido aplicado um questionário de freqüência
alimentar semiquantitativo, com o intuito de verificar a ingestão calórica e de antioxidantes.
Figura 1- Delineamento do Estudo
As variáveis presentes no estudo são: independentes (grupo controle e grupo bariátrico:
pré-operatório, 3 meses e 6 meses pós-operatório) e dependentes (sexo, idade, índice de massa
corporal, níveis séricos de vitamina E, vitamina C e β-caroteno, vitamina E corrigida, além
dos níveis sanguíneos de GSH, CAT, TBARS, MPO e valores diários de ingestão calórica e
consumo de vitaminas C, E e β-caroteno). As variáveis estão classificadas no quadro 1.
Pré-cirurgia
Pós-cirurgia
Tempo de
coleta
(em dias)
3 meses 6 meses
Instrumento de identificação
IMC
Níveis séricos de vitaminas E, C e β-caroteno
Antes da cirurgia
TBARS
GSH
CAT
MPO
QFASQ (análise de consumo alimentar)
TCLE
36
VARIÁVEL TIPO/ CLASSIFICAÇÃO MENSURAÇÃO
Sexo Nominal dicotômica Masculino
Feminino
Idade Intervalar/ Discreta Anos completados na data
anterior a cirurgia -
entrevista/ exame
Índice de massa
corporal (IMC)
Intervalar/Contínua Quilogramas/ metros
quadrados (kg/ m²)
Níveis séricos de
vitamina C
Intervalar/Contínua Miligrama/decilitro
(mg/dL)
Níveis séricos de
β
-
caroteno
Intervalar/Contínua Micromol/litro
(µM)
Níveis séricos de
α
-
tocoferol (vitamina E)
Intervalar/Contínua Micromol/litro
(µM)
Vitamina E/colesterol
+ triglicerídeos
(correção)
Intervalar/Contínua Micromol/miligrama
(µmol/ mg)
Determinação da
glutationa reduzida
(GSH)
Intervalar/Contínua Micromol/mililitros
(µmol/ mL)
Atividade da
mieloperoxidase
(MPO)
Intervalar/Contínua Miliunidade/mililitros
(mU/ mL)
Determinação da
catalase (CAT)
Intervalar/Contínua Milimol de
H
2
O
2
/minuto/mililitros
(mmol H
2
O
2
/ min/ mL)
Determinação da
lipoperoxidação
(TBARS)
Intervalar/Contínua Nanomol/mililitro
(nmol/ mL)
Ingestão calórica diária Intervalar/Contínua Calorias/dia
(Kcal/ dia)
Consumo diário de
vitaminas C e E
Intervalar/Contínua Miligramas/dia
(mg/ dia)
Consumo diário de
betacaroteno
Intervalar Contínua Microgramas/dia
(µg/ dia)
Quadro 1 - Relação, classificação e mensuração das variáveis.
37
5.2 POPULAÇÃO DE ESTUDO
5.2.1. Grupo controle
Indivíduos eutróficos foram convidados a participar do estudo formando o grupo
denominado controle. Estes foram pareados em idade e sexo de acordo com o grupo bariátrico
para posteriores comparações.
5.2.2. Grupo bariátrico
Fizeram parte do estudo todos os pacientes (n inicial= 24), que durante o período de abril
a julho de 2007, internaram para realização da cirurgia bariátrica no Hospital Universitário da
Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC). Estes indivíduos constituíram o grupo
bariátrico.
5.3 AMOSTRA
5.3.1. Grupo controle
Os critérios de inclusão para o grupo controle (n= 20) foram: preenchimento do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, IMC de 18,5 a 24,9 kg/ m
2
(pessoas eutróficas) e jejum
de 10 a 12 horas. Critérios de exclusão: diabetes, doenças inflamatórias crônicas e agudas,
anemias, fazer uso de antibióticos ou de drogas, história de trauma, intolerância a glicose,
doenças cardiovasculares, alcoólatras, doenças psiquiátricas, fazer uso de medicamentos para
distúrbios lipídicos, fumantes, estar no ciclo menstrual no caso de mulheres.
38
5.3.2. Grupo bariátrico
Todos os pacientes (n final= 20) que, depois da explanação dos objetivos da pesquisa,
aceitaram participar da mesma e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(apêndice 1), além de se enquadrarem nos critérios de inclusão do estudo, ou seja: estar em
jejum de 10 a 12 horas; apresentar IMC ≥ 40 kg/ m
2
ou > 35 kg/ m
2
com alguma comorbidade
associada no período pré-operatório e submeter-se à cirurgia bariátrica no HU-UFSC.
Critérios de exclusão: apresentar transtorno psíquico grave; ser fumante; possuir dependência
alcoólica ou drogas-dependência; submeter-se à cirurgia por outra técnica que não a de Y de
Roux.
Os quatro indivíduos que não participaram da pesquisa (o número inicial de pacientes era
24), desistiram de dar seguimento à mesma no período pós-operatório.
5.4 PROTOCOLO DE PESQUISA
O protocolo da pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos de acordo com as normas 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, e de acordo com
a Declaração de Helsinki da Associação Médica Mundial de 1964 e suas emendas (1975,
1983, 1989, 1996, 2000). O protocolo foi aprovado sob o número 072/06.
5.5 COLETA DE DADOS
5.5.1 Identificação do paciente (apêndice 2)
- Dados pessoais do paciente: nome, idade, data de nascimento, sexo, estado civil,
escolaridade, ocupação profissional.
- História clínica: comorbidezes presentes, medicamentos e/ou suplementos utilizados,
uso de álcool e/ou cigarro.
39
5.5.2 Avaliação do estado nutricional (apêndice 2)
A avaliação do estado nutricional dos pacientes foi realizada através de medidas
antropométricas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995), esta
consiste no processo de mensuração do corpo humano, utilizada para graduar adiposidade e
estimar a prevalência de sobrepeso e obesidade em determinada população.
5.5.2.1 Índice de Massa Corporal (IMC)
O IMC é um indicador do estado nutricional atual. Este é calculado através da fórmula: P/
(A)
2
, sendo P = peso, em quilogramas, e A= altura, em metro elevado ao quadrado (kg/ m
2
)
(WHO, 1995).
O peso corporal foi verificado através de balança antropométrica da marca Filizola
®
modelo PL 180 (Indústrias Filizola S/A, São Paulo-SP, Brasil), com precisão de 100g, e para
tal foram seguidas as recomendações da Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995), ou
seja, o indivíduo deveria estar descalço, com o mínimo de roupas possível e ficaria em no
centro da plataforma da balança para que distribuísse igualmente o peso do corpo, além de
que os braços deveriam estar soltos ao longo do tronco. A altura foi medida com auxílio de
um estadiômetro, com especificidade de 0,01m, acoplado à mesma balança utilizada para
verificação do peso, estando o paciente em posição ereta, com os pés juntos, mãos ao lado do
corpo e cabeça posicionada num ângulo de 90
o
. O avaliado foi orientado a inspirar
profundamente, e, em apnéia respiratória, foi tomada a medida de altura com uma
aproximação de 0,1cm. A referência para a mensuração foi o ponto mais alto da cabeça com
pressão suficiente para comprimir o cabelo, conforme preconizado pela WHO (1995).
A classificação do estado nutricional, após cálculo do IMC, também foi realizada de
acordo com a Organização Mundial de Saúde (WHO, 1998), para população adulta (quadro
2).
40
Classificação IMC
Adequado (Eutrofia)
Pré-obesidade (Sobrepeso)
Obesidade classe I
Obesidade classe II
Obesidade classe III
18,50 – 24,99
25,00 – 29,99
30,00 – 34,99
35,00 – 39,99
> 40,0
Quadro 2 - Classificação do estado nutricional, através do IMC (WHO, 1998).
5.5.3 Determinações bioquímicas
Para a coleta de sangue, os participantes do estudo estavam em jejum de 10 a 12 horas.
A coleta foi realizada por sistema a vácuo na região cubital. Em seguida, as amostras foram
centrifugadas a 2500 rpm, por 10 minutos para obtenção do soro ou plasma e seguiram para
determinação de acordo com cada metodologia.
5.5.3.1 Determinação da vitamina E (α-tocoferol) e β-caroteno
As determinações séricas de β-caroteno e vitamina E foram realizadas de acordo com as
seguintes etapas: misturou-se 0,5 mL de soro em 1,0 mL de etanol, agitou-se em vortex por 1
minuto, colocou-se 1 mL de hexano e agitou-se por 2 minutos em vortex, centrifugou-se a
3000 rpm por 10 minutos a 4 °C. Após essa centrifugação, retirou-se 0,5 mL do sobrenadante,
colocando em outro tubo para secar em nitrogênio (N
2
). Reconstitui-se com 0,5 mL de fase
móvel ou metanol para injeção em HPLC (High Performance Liquid Chromatography)
modelo 10AT VP (Shimadzu Co., Japão), em coluna ODS2 (Spherisorb, 5 micra). Utilizou-se
a fase móvel de metanol/ diclorometano/ acetonitrila (10:20:70) em fluxo de 1 mL/ min, com
detecção UV/VIS. Os picos de tocoferol e β-caroteno foram anotados nos comprimentos de
41
onda de 292 nm e 450 nm, respectivamente. As concentrações foram calculadas por meio de
padrão externo de α-tocoferol e de β-caroteno (ARNAULD et al., 1991).
Pelo fato da vitamina E circular associada a lipídios, foi realizada uma correção do valor
sérico da mesma baseada na taxa proposta por Horwitt et al, (1972), que divide os valores
séricos de vitamina E pelos valores de lipídios totais (colesterol total + triglicérides). Esse
ajuste é indicado para determinação do status da vitamina E, pois, quando as concentrações
séricas de lipídios aumentam, a vitamina E parece separar-se do compartimento da membrana
celular e juntar-se às frações circulantes de lipoproteínas, resultando em elevação das
concentrações séricas de vitamina E durante situações de hiperlipidemia, e em baixa ação
antioxidante, mesmo com níveis séricos normais. Sendo assim, em situações onde o colesterol
total e triglicérides estão elevados, uma deficiência clínica de alfa-tocoferol pode acontecer,
mesmo com níveis normais (BIERI et al., 1977; SOKOL et al., 1985; KISAKOL et al., 2002).
Os valores de colesterol total e triglicérides foram determinados por meio de kits
enzimáticos comerciais: Colesterol Liquifor e Triglicérides Liquiform® (Labtest
Diagnostica S/A, Lagoa Santa-MG, Brasil). Os ésteres de colesterol são hidrolisados pela
colesterol esterase a colesterol livre e ácidos graxos. O colesterol livre é oxidado pela
colesterol oxidase a colest-4-en-ona e peróxido de hidrogênio. Na presença de peroxidase e
peróxido de hidrogênio, o fenol e a 4-aminoantipirina são oxidados, formando a
antipirilquinonimina, que tem absortividade máxima em 500 nm. Da mesma forma, a lipase
da lipoproteína promove a hidrólise dos triglicérides liberando glicerol, que é convertido, pela
ação da glicerolquinase, em glicerol-3-fosfato. Este é oxidado a dihidroxiacetona e peróxido
de hidrogênio na presença da glicerolfosfato oxidase. Em seguida, ocorre uma reação de
acoplamento entre peróxido de hidrogênio, 4-aminoantipirina e 4-clorofenol, catalisada pela
peroxidase, produzindo uma quinoneimina que tem máximo de absorbância em 505 nm
(TRINDER, 1969).
42
5.5.3.2 Determinação da vitamina C
Reação colorimétrica com 2,4-dinitrofenilhidrazina e posterior leitura
espectrofotométrica no comprimento de onda de 520 nm. No preparo da amostra, adicionou-
se 4 mL de ácido tricloroacético (5%) a 1 mL de soro. Após centrifugação em centrífuga
refrigerada por 10 min a 2500 rpm, retirou-se 0,3 mL do sobrenadante (em triplicata) para um
tubo de ensaio e adicionou-se 0,1 mL do reagente de cor (DTC – dinitrofenilhidrazina+
tiouréia+ sulfato de cobre). Após 4 horas de reação em banho de água a 37 ºC adicionou-se
0,5 mL de H
2
SO
4
a 65%. Após 20 minutos ao abrigo da luz foi realizada a leitura em
espectrofotômetro UV-Vis Q-108U (Quimis Aparelhos Científicos LTDA., Diadema-SP,
Brasil). A concentração de vitamina C foi determinada por meio de uma curva de calibração
(BESSEY, 1960).
5.5.3.3 Determinação da glutationa reduzida (GSH)
A concentração de glutationa reduzida no sangue total foi determinada pelo método de
Beutler, Duron e Kelly (1963). A adição de 0,2 mL de ácido nitrobenzóico (DTNB) 2,525
mM nas cubetas contendo 1,9 mL de tampão fosfato 0,8 M, pH 8.0 e 0,1 mL do extrato ácido
(0,2 mL de TCA a 12% e 0,8 mL de sangue total), permitia, após 2 minutos, a obtenção da
formação máxima do ânion tiolato (TNB), de cor amarela, mensurável em 412 nm, em
espectrofotômetro GBC UV/VIS modelo 916 (Sidney-NSW, Austrália). Cálculo: GSH =
(A
412
/ 14,1) x diluições (extrato ácido x cubeta x DTNB), onde A
412
corresponde à
absorbância em 412 nm e 14,1 ao coeficiente de extinção molar do ânion tiolato (TNB).
43
5.5.3.4 Atividade da catalase
A catalase eritrocitária foi determinada em lisados de hemácias utilizando-se o método
descrito por Aebi (1984). Este ensaio quantifica a velocidade de decomposição do H
2
O
2
em
240 nm pela enzima presente na amostra. Nesta determinação, realizada em espectrofotômetro
GBC UV/VIS modelo 916 (Sidney-NSW, Austrália), foi utilizado 3 mL de uma solução de
H
2
O
2
10 mM em tampão fosfato 50 mM, pH 7.0, preparada e titulada no dia da análise, à qual
foi adicionado 30 µL da amostra e o valor da constante de velocidade da atividade da enzima
(K) calculado nos segundos iniciais. Todas as amostras foram analisadas em duplicata.
Cálculo: CAT = K x fatores de diluição x 1,5 (corresponde à divisão de 60 segundos por 40
que é o coeficiente de extinção molar do H
2
O
2
em 240 nm), onde K é o valor correspondente
à variação de absorbância por unidade de tempo (s).
5.5.3.5 Atividade da mieloperoxidase (MPO)
Volumes de 100 µL do soro foram transferidos para cubetas e a reação bioquímica foi
iniciada com a adição de 360 µL de meio tampão (0,167 mg/ mL de o-dianisidina 2HCl e
0,0005% de H
2
O
2
(RAO et al., 1993). Após 15 min de incubação, à temperatura ambiente, a
reação enzimática foi interrompida com a adição de 30 µL de azida sódica (1%). A seguir, as
amostras foram centrifugadas e o sobrenadante transferido em cubetas, para posterior leitura
das densidades óticas (450 nm) em espectrofotômetro
Organon Teknika (Roseland-NJ, EUA).
Curvas-padrão com concentrações conhecidas da mieloperoxidase (0,7-140 mU/mL) também
tiveram suas densidades ópticas determinadas, permitindo a quantificão dos valores
desconhecidos com o auxílio da equação da reta.
44
5.5.3.6 Determinação da lipoperoxidação
As substâncias que reagem com o ácido tiobarbitúrico (TBARS) foram medidas no
plasma dos indivíduos. O teste usado para avaliar o dano celular pela lipoperoxidação foi
baseado no trabalho descrito por Ohkawa, Oshishi e Yagi (1979) e Bird e Draper (1984). O
plasma foi precipitado pela adição de ácido tricloroacético (TCA) a 12% e agitado
vigorosamente por 5 segundos (1 mL de TCA 12% para 100 µL da amostra). Em seguida, foi
incubado por 60 minutos a 100ºC na presença de 0,9 mL de tampão Tris-HCL 60 mM, pH 7.4
(0,1mM DPTA) e 1 mL de ácido tiobarbitúrico (TBA) 0,73%. Após a incubação, o material
foi resfriado durante 30 minutos a 5ºC, e posteriormente centrifugado por 5 minutos a 2000 g.
A leitura foi realizada em 535 nm, em espectrofotômetro GBC UV/VIS modelo 916 (Sidney-
NSW, Austrália). Cálculo: TBARS = A
535
/ 153 (representa o coeficiente de extinção molar do
malondialdeído, ε535 = 153mM-1 cm-1) x fatores de diluição.
5.5.4 Questionário de freqüência alimentar semiquantitativo
Para avaliação do consumo alimentar diário, foi utilizado o questionário de freqüência
alimentar semiquantitativo (Anexo 1) proposto por Sichieri e Everhart (1998), do qual obteve-
se uma média do consumo diário de vitaminas E, C e β-caroteno e ingestão calórica diária. No
terceiro e sexto mês de cirurgia foram computados junto aos cálculos do consumo alimentar,
os valores correspondentes à suplementação vitamínica (Centrum® Wyeth, São Paulo-SP,
Brasil), prescrita aos pacientes do grupo bariátrico como parte do protocolo pós-cirúrgico da
instituição hospitalar (30 mg/ dia de vitamina E, 60 mg/ dia de vitamina C e 3000 µg/ dia de
β-caroteno). Para o cálculo dos nutrientes, a tabela de composição de alimentos do
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, Washington/DC, EUA) foi
utilizada.
45
5.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados foram organizados com dupla entrada, em arquivos do programa Excel 97-
2003, utilizado na montagem do banco de dados e elaboração dos gráficos. A apresentação
dos resultados constituiu-se de uma parte descritiva, sob a forma de tabelas e gráficos, na qual
os dados (variáveis) foram apresentados na forma de média, desvio-padrão e freqüência (%).
Na análise estatística, foi inicialmente aplicado o teste de homogeneidade de Levenne,
verificando que as variáveis dependentes observadas não eram homogêneas (Levenne <0,05).
Assim, para diferenças entre médias de variáveis foi utilizado o teste estatístico Kruskall
Wallis (não paramétrico), equivalente ao teste ANOVA para dados não homogêneos. Com o
intuito de verificar onde ocorreram as diferenças entre grupos, utilizou-se o teste post hoc
Tahmane T. Para correlações entre IMC e demais variáveis a correlação de Spearman foi
aplicada. Foi utilizado o programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences
(SPSS) versão 14.0 for Windows (SPSS Inc, 2006, Chicago, IL, USA). Como nível de
significância foi utilizado p<0,05.
6 REFERÊNCIAS
AEBI, H. Catalase in vitro. Methods in Enzymology, v.105, p.121-126, 1984.
ALVAREZ-LEITE, J. Nutrient deficiencies secondary to bariatric surgery. Current Opinion
in Clinical Nutrition and Metabolic Care, v.7, p.569–575, 2004.
ANDERSON, D. Antioxidant defenses against reactive oxygen species causing genetic and
other damage. Mutation Research, v.350, n.1, p.103-108, 1996.
ARNAULD, J et al. Simultaneous determination of retinol, alpha-tocopherol and beta-
carotene in serum by isocratic hight-performace liquid chromatography. Journal of
Chromatography, v.572, n.1-2, p.103-116, 1991.
46
ATABEK, M.E et al. Protein oxidation in obesity and insulin resistance. European Journal
of Pediatrics, v.165, n.11, p.753-756, 2006.
BENDICH, A; OLSON, J.A. Biological actions of carotenoids. FASEB Journal, v.3, n.8, p.
1927-1932, 1989.
BENDICH, A. Biological functions of dietary carotenoids. Annals of the New York
Academy of Sciences, v.691, p.61-67, 1993.
BESSEY, O.A. Ascorbic acid microchemical methods. In: Vitamin Methods. New York:
Academic Press, 1960, v.1, p.303.
BEUTLER, E; DURON, O; KELLY, B. M. Improved method for the determination of blood
glutatione. The Journal of Laboratory and Clinical Medicine, v.61, p.882-890, 1963.
BIANCHI, M.L.P; ANTUNES, L.M.G. Radicais Livres e os principais antioxidantes da dieta.
Revista de Nutrição, v.2, n.12, p.123-130, 1999.
BIERI, J.G; POUKKA, R; THORP, S. Factors affecting the exchange of tocopherol between
red blood cells and plasma. American Journal of Clinical Nutrition, v.30, p.686-690, 1977.
BIRD, R.P; DRAPER, A.H. Comparative studies on differents methods of malondyaldehyde
determination. Methods in Enzimology, v.105, p.295-305, 1984.
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução 196/96 sobre
pesquisa envolvendo seres humanos. Bioética, v.4, n.2, p.15-25, 1996.
BURTON, G.W; TRABER, M.G. Vitamin E: Antioxidant activity, biokinetics, and
bioavailability. Annual Review of Nutrition, v.10, p.357- 382, 1990.
CLAO - CONSENSO LATINO AMERICANO DE OBESIDADE. Arquivos Brasileiros de
Endocrinologia e Metabologia
, v.43, p.21-67, 1999.
CLARK, S.F. The biochemistry of antioxidants revisited. Nutrition in Clinical Practice,
v.17, p.5-17, 2002.
COHN, W. Bioavailability of vitamin E. European Journal of Clinical Nutrition, v.51,
47
p.S80-S85, 1997.
COUILLARD, C et al. Circulating Levels of Oxidative Stress Markers and Endothelial
Adhesion Molecules in Men with Abdominal Obesity. Journal of Clinical Endocrinology
and Metabolism, v.90, p.6454–6459, 2005.
CRUJEIRAS, A.B et al. A role for fruit content in energy-restricted diets in improving
antioxidant status in obese women during weight loss. Nutrition, v.22, p.593–599, 2006.
DANDONA, P et al. The suppressive effect of dietary restriction and weight loss in the obese
on the generation of reactive oxygen species by leukocytes, lipid peroxidation, and protein
carbonylation. Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, v.86, p.355– 362, 2001.
DIAS, M.C.G et al. Dietary Intake Of Female Bariatric Patients After Anti-Obesity
Gastroplasty. Clinics, v.61, n.2, p. 93-98, 2006.
ENGLARD, S; SEIFTER, S. The biochemical functions of ascorbic acid. Annual Review of
Nutrition, v.6, p.365-406, 1986.
FAN, J; WATANABE, T. Inflammatory reactions in the pathogenesis of atherosclerosis.
Journal of Atherosclerosis and Thrombosis, v.10, p.63-71, 2003.
FANDIÑO, J et al. Cirurgia bariátrica: aspectos clínico-cirúrgicos e psiquiátricos. Revista de
psiquiatria do Rio Grande do Sul, v.26 n.1, p.47-51, 2004.
FANG, Y.Z; YANG, S; WU, G. Free Radicals, Antioxidants and Nutrition. Nutrition, v.18,
p. 872-879, 2002.
FERREIRA, A.L.A.; MATSUBARA, L.S. Radicais livres: conceitos, doenças relacionadas,
sistema de defesa e estresse oxidativo. Revista da Associação Médica Brasileira, v.43, n.1,
p.61-68, 1997.
FRAGA, C.G et al. Ascorbic acid protects against endogenous oxidative DNA damage in
human sperm. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of
America, v.88, p.11003-11006, 1991.
FREI, B; ENGLAND, L; AMES, BN. Ascorbate is an outstanding antioxidant in human
blood plasma. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of
America, v. 86, n.16, p.6377-6381, 1989.
48
FREI, B. Reactive oxygen species and antioxidant vitamins: mechanisms of action. American
Journal of Medicine, v.97, p.5-13, 1994.
FRODE, T. S.; MEDEIROS, Y. S. Myeloperoxidase and adenosine-deaminase levels in the
pleural fluid leakage induce by carrageenan in the mouse model of pleurisy. Mediators of
Inflamation, v.10, p.223-227, 2001.
GALAN, P et al. Serum concentrations of β-carotene, vitamins C and E, zinc and selenium
are influenced by sex, age, diet, smoking status, alcohol consumption and corpulence in a
general French adult population. European Journal of Clinical Nutrition, v.59, p.1181-
1190, 2005.
GEY, K.F. Vitamins E plus C and interacting conutrients required for optimal health. A
critical and constructive review of epidemiology and supplementation data regarding
cardiovascular disease and cancer. Biofactors, v.7, n.1/ 2, p.113-174, 1998.
GOMES, M.M; SAUNDERS, C; ACCIOLY, E. Papel da vitamina A na prevenção do
estresse oxidativo em recém-nascidos. Revista Brasileira de Saúde Materno-Infantil, v.5,
n.3, p. 275-282, 2005.
GRACY, R.W et al. Reactive oxygen species: the unavoidable environmental insult?
Mutation Research, v.428, n.1-2, p. 17-22, 1999.
GRIMBLE, R.F. Nutritional antioxidants and the modulation of inflammation: theory and
practice. New Horizons, v.2, n.2, p.175-185, 1994.
HALLIWELL, B; GUTTERIDGE, J.M.C. Role of free radicals and catalytic metal ions in
human disease: an overview. Methods in Enzymology, v.186, p.1-85, 1990.
HALLLIWELL, B. Antioxidants. In: ZIEGLER, E.E; FILER JR, L.J. Conocimientos
actuales sobre nutrición. 7ed . Washington: OMS, 1997, p.636-644.
HALLIWELL, B; GUTTERIDGE, J.M.C. The chemistry of free radicals and related “reactive
species”. In: Free Radicals in Biology and Medicine. 3ed. Oxford: Clarendon Press, 1999a,
p.36-104.
HALLIWELL, B; GUTTERIDGE, J.M.C. Antioxidant defenses. In: Free Radicals in
Biology and Medicine. 3ed. Oxford: Clarendon Press, 1999b, p.105-245.
49
HALLIWELL, B; GUTTERIDGE, J.M.C. Oxygen is a toxic gas an introduction to oxygen
toxicity and reactive oxygen species. In: Free Radicals in Biology and Medicine. 3ed.
Oxford: Clarendon Press, 1999c, p.1-35.
HALLIWELL, B; WHITEMAN, M. Measuring reactive species and oxidative damage in vivo
and in cell culture: how should do it and what do the results mean? British Journal of
Pharmacology, v.142, p. 231-255, 2004.
HALLIWELL, B. Reactive Species and Antioxidants. Redox Biology Is a Fundamental
Theme of Aerobic Life. Plant Physiology, v.141, p.312-322, 2006.
HALVERSON, J.D. Micronutrient deficiencies after gastric bypass for morbid obesity. The
American Surgeon, v.52, p.594-598, 1986.
HIGDON, J.V; FREI, B. Obesity and oxidative stress: a direct link to CVD? Arteriosclerosis,
Thrombosis, and Vascular Biology, v.23, p.365–367, 2003.
HOLLANDER, D; RUBLE, R.E. Beta-carotene intestinal absorption: bile, fatty acid, Ph, and
flow rate effects on transport. American Journal of Physiology, v.235, p.686-691, 1978.
HORWITT, M.K et al. Relationship between tocopherol and serum lipid levels for
determination of nutritional adequacy. Annals of the New York Academy of Sciences,
v.203, p.223-236, 1972.
IFSO - INTERNATIONAL FEDERATION FOR THE SURGERY OF OBESITY. Website
Patient selection for bariatric surgery. 2001. Disponível em: <http://www.obesity-
online.com/ifso> acesso em: 13 Jun 2006.
IOM (Institute of Medicine). DRIs - Dietary Reference Intakes for vitamin C, vitamin E,
selenium, and carotenoids. Washington (DC): National Academy Press, 2000, 506p.
JIANG, Q et al. Gamma-tocopherol, the major form of vitamin E in the US diet, deserves
more attention. American Journal of Clinical Nutrition, v.74, p.714-722, 2001.
KEANEY, J.F et al. Obesity and Systemic Oxidative Stress: clinical correlates of oxidative
stress in the Framingham Study. Arteriosclerosis, Thrombosis, and Vascular Biology, v.23,
n.3, p.434-439, 2003.
50
KELLING, P. L.; SMITH, L. L. Relevance of NADPH depletion and mixed disulphide
formation in rat lung to the mechanism of cell damage following paraquat administration.
Biochemical Pharmacology, v.31, p.3243-3249, 1982.
KHAN, N.I; NAZ, L; YASMEEN, G. Obesity: an independent risk factor for systemic
oxidative stress. Pakistan Journal of Pharmaceutical Sciences, v.19, n.1, p.62-65, 2006.
KIRSH, V. A et al. Supplemental and Dietary Vitamin E, β-Carotene, and Vitamin C Intakes
and Prostate Cancer Risk. Journal of the National Cancer Institute, v.98, p.245 -254, 2006.
KISAKOL, G et al. Effect of Surgical Weight Loss on Free Radical and Antioxidant Balance:
a Preliminary Report. Obesity Surgery, v.12, n.6, p.795-800, 2002.
KITTS, D.D. An evaluation of the multiple effects of the antioxidant vitamins. Trends in
Food Science e Technology, v.8, p.198-203, 1997.
KRINSKY, N.I. The antioxidant and biological properties of the carotenoids. Annals of the
New York Academy of Sciences, v.854, p.443-447, 1998.
MALINOWSKI, S.S. Nutritional and metabolic complications of bariatric surgery. American
Journal Medical of Science, v.331, n.4, p.219- 225, 2006.
MANGO, V.L; FRISHMAN, W.H. Physiologic, Psychologic, and Metabolic Consequences
of Bariatric Surgery. Cardiology in Review, v.14, n.5, p.232-237, 2006.
MARCHIOLI, R et al. Antioxidant vitamins and prevention of cardiovascular disease:
epidemiological and clinical trial data. Lipids, v.36, Suppl:S53-63, 2001.
MAY, J et al. Reduction of dehydroascorbate to ascorbate by selenoenzyme thioredoxin
reductase. Journal of Biological Chemistry, v.271 n.36, p.22607-22610, 1997.
MCLAUGHLIN, P.J; WEIHRAUCH, J.L. Vitamin E content of foods. Journal of American
Dietetic Association, v.75, p.647-665, 1979.
MELISSAS, J et al. Plasma Antioxidant Capacity in Morbidly Obese Patients Before and
After Weight Loss. Obesity Surgery, v.16, n.3, p.314-320, 2006.
51
MELLO FILHO, A.C; HOFFMAN, M.E; MENEGHINI, R. Cell killing and DNA damage by
hydrogen peroxide are mediated by intracellular iron. Biochemical Journal, v.218, p.273-
275, 1983.
MOHN, A et al. Increased Oxidative Stress in Prepubertal Severely Obese Children: Effect of
a Dietary Restriction-Weight Loss Program. Journal of Clinical Endocrinology and
Metabolism, v.90, p.2653–2658, 2005.
MONTEIRO, C.A et al. Shifting obesity trends in Brazil. European Journal of Clinical
Nutrition, v.54, n.4, p.342-346, 2000.
MORENO-ALIAGA, M.J et al. Adiposity and proinflammatory state: the chicken or the egg.
Adipocytes, v.1, p.1-16, 2005.
NAGEL, E et al. Antioxidative vitamins in prevention of ischemia/reperfusion injury.
Internacional Journal for Vitamin and Nutrition Research, v.67, p.298-306, 1997.
O’BRIEN, P.E; BROWN W.A; DIXON, J.B. Obesity, weight loss and bariatric surgery. The
Medical Journal of Australia, v.183, n.6, p.310-314, 2005.
ODIN, A.P. Vitamins as antimutagens: advantages and some possible mechanisms of
antimutagenic action. Mutation Research, v.386, n.1, p.39-67, 1997.
OHKAWA, H; OSHISHI, N; YAGI, K. Assay for lipid peroxides in animal tissues by
thiobarbituric acid reaction. Analytical Biochemistry, v.95, n.2, p.351-358; 1979.
PALOZZA, P. Prooxidant actions of carotenoids in biologic systems. Nutrition Reviews,
v.56, n.9, p.257-265, 1998.
PARKER, R.S. Carotenoids in human blood and tissues. Journal of Nutrition, v.119, n.1,
p.101-104, 1989.
PARKER, R.S. Absorption, metabolism, and transport of carotenoids. The FASEB Journal,
v.10, n.5, p.542-551, 1996.
PARKES, E. Nutritional Management of Patients after Bariatric Surgery. The American
Journal of Medical Science, v.331, n.4, p. 207-213, 2006.
52
POMPELLA, A. Biochemistry and histochemistry of oxidant stress and lipid peroxidation.
International Journal of Vitamin and Nutrition Research, v.67, n.5, p.289-297, 1997.
RAMALHO, R.A; ACCIOLY, E; SILVA, L.M. Doenças cardiovasculares: efeito
antioxidante das vitaminas A, C e E. Revista de metabolismo e nutrição, v.7, p.6-9, 2003.
RAO, C. et al. Comparative evaluation of arachidonic acid (aa) and tretadecanoylphorbol
acetate (tpa)-induced derma inflamation. Inflamation, v.17, p.723-741, 1993.
RHODE, B.M; MCLEAV, L.D. Vitamin and Mineral Supplementation after gastric bypass.
In: DEITEL, M; COWAN JR, G.S.M. Update: Surgery for themorbidly obese patient.
Toronto: FD-Communication, 2000, p.161-170.
ROBERTS, C.H et al. Oxidative stress and dysregulation of NAD(P)H oxidase and
antioxidant enzymes in diet-induced metabolic syndrome. Metabolism Clinical and
Experimental, v.55, p. 928– 934, 2006.
RUSSEL, R.M. Physiological and clinical significance of carotenoids. The International
Journal for Vitamin and Nutrition Research, v.68, p.349-353, 1998.
SARWER, D.B; WADDEN, T.A; FABRICATORE, A.N. Psychosocial and behavioral
aspects of bariatric surgery. Obesity Research, v.13, n.4, p.639-648, 2005.
SEGAL, A; FANDIÑO, J. Indicações e contra-indicações para realização das operações
bariátricas. Revista Brasileira de Psiquiatria, v.24, n.3, p.68-72, 2002.
SICHIERI, R; EVERHART, J.E. Validity of a brazilian frequency questionnaire against
dietary recalls and estimated energy intake. Nutrition Research, v.18, n.10, p.1649-1659,
1998.
SIES, H. Oxidative stress: introductory remarks. In: SIES, H. Oxidative Stress. USA:
Academic Press, 1985, p.1-7.
SIES, H; STAHL, W. Vitamins E and C, β-carotene and other carotenoids as antioxidants.
American Journal of Clinical Nutrition, v.62, supl, p.1315S- 1321S, 1995.
ŠKRHA, J et al. Short-Term Very Low Calory Diet Reduces Oxidative Stress in Obese Type
2 Diabetic Patients. Physiological Research, v.54, p.33-39, 2005.
53
SOKOL, R.J et al. Vitamin E deficiency in adults with chronic liver disease. American
Journal of Clinical Nutrition, v.41, p.66-72, 1985.
SOWERS, M; LACHANCE, L. Vitamins and arthritis. The roles of vitamins A, C, D, and E.
Rheumatic Disease Clinics of North America, v.25, n.2, p.315-32, 1999.
SUZUKI, K et al. Relationship between obesity and serum markers of oxidative stress and
inflammation in Japanese. Asian Pacific Journal of Cancer Prevention, v.4, n.3, p. 259-
266, 2003.
TRABER, M.G; KAYDEN H.J. Alpha-tocopherol as compared with gamma-tocopherol is
preferentially secreted in human lipoproteins. Annals of the New York Academy of
Sciences, v.570, p.95-108, 1989.
TRABER, M.G et al. Impaired discrimination between stereoisomers of alpha-tocopherol in
patients with familial isolated vitamin E deficiency. Journal of Lipid Research, v.34, n.2, p.
201-10, 1993.
TRABER, M.G. Determinants of plasma vitamin E concentrations. Free Radical Biology e
Medicine, v.16, n.2, p.229-239, 1994.
TRABER, M.G; ELSNER, A; BRIGELIUS-FLOHÉ, R. Synthetic as compared with natural
vitamin E is preferentially excreted as - CEHC in human urine; studies using deuterated -
tocopheryl acetates. FEBS Letters, v.437, p.145-148, 1998.
TRABER, M.G; ARAI, H. Molecular mechanisms of vitamin E transport. Annual Review of
Nutrition, v.19, p.343-355, 1999.
TRINDER, P. Determination of glucose in blood using glucose oxidase with an alternative
oxygen acceptor. Annals of Clinical Biocheministry, n.6, p.24–28, 1969.
USDA (United States Department of Agriculture). Disponível em:
http://www.nal.usda.gov/fnic/foodcomp/search/. Acesso: 06 maio 2007.
UZUN, H et al. Changes in leptin, plasminogen activator factor and oxidative stress in
morbidly obese patients following open and laparoscopic Swedish adjustable gastric banding.
Obesity Surgery, v.14, n.5, p. 659-65, 2004.
VALKO, M et al. Free radicals, metals and antioxidants in oxidative stress-induced cancer.
54
Chemico-Biological Interactions, v.160, p.1-40, 2006.
VANDERSLICE, J.T; HIGGS, D.J. Vitamin C content of foods: sample variability.
American Journal of Clinical Nutrition, v.54, p.1323S-1327S, 1991.
VINCENT, H.K; TAYLOR, A.G. Biomarkers and potential mechanisms of obesity-induced
oxidant stress in humans. Internacional Journal of Obesity, v.30, p.400-418, 2006.
VIRGOLICI, B et al. A comparative oxidative stress study--obesity with and without diabetes
mellitus. Romanian Journal of Internal Medicine, v.43, n.3-4, p.261-268, 2005.
WOODS, Jr; PLESSINGER, M.A; FANTEL, A. An introduction to reactive oxygen species
and their possible roles in substance abuse. Obstetrics and Gynecology Clinics of North
America, v.25, p.219-236, 1998.
WHO (WORLD HEALTH ORGANIZATION). Physical Status: the use and interpretation
of anthropometry. WHO technical report series 854. Geneva: WHO, 1995. 453p.
WHO (WORLD HEALTH ORGANIZATION). Obesity: preventing and managing the
global epidemic. Report of a WHO consultation on obesity. Geneva, 1998.
WHO (WORLD HEALTH ORGANIZATION). Global Strategy on Diet, Physical Activity
and Health. Obesity and Overweight. Geneva, 2003.
WMA (World Medical Association). Declaration of Helsinki. Helsinki, Finland: 18
th
WMA
General Assembly. 1964. Disponível em: <http://www.wma.net>. Acesso em: 25 jun 2006.
WMA (World Medical Association). Declaration of Helsinki. Tokyo, Japan: 29
th
WMA
General Assembly. 1975. Disponível em: <http://www.wma.net>. Acesso em: 25 jun 2006.
WMA (World Medical Association). Declaration of Helsinki. Venice, Italy: 35
th
WMA
General Assembly. 1983. Disponível em: <http://www.wma.net>. Acesso em: 25 jun 2006.
WMA (World Medical Association). Declaration of Helsinki. Hong Kong: 41
st
WMA
General Assembly. 1989. Disponível em: <http://www.wma.net>. Acesso em: 25 jun 2006.
WMA (World Medical Association). Declaration of Helsinki. Somerset West, Republic of
South Africa: 48
th
WMA General Assembly. 1996. Disponível em: <http://www.wma.net>.
55
Acesso em: 25 jun 2006.
WMA (World Medical Association). Declaration of Helsinki. Edinburgh, Scotland: 52
nd
WMA General Assembly. 2000. Disponível em: <http://www.wma.net>. Acesso em: 25 jun
2006.
YOSHIDA, W.B. Radicais livres na síndrome da isquemia e reperfusão. Cirurgia Vascular e
Angiologia, v.12, p.82-95, 1996.
YOUNG, A.J; LOWE, G.M. Antioxidant and Prooxidant Properties of Carotenoids. Archives
of Biochemistry and Biophysics, v.385, n.1, p.20-27, 2001.
56
APÊNDICE 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Nome do adulto participante: _______________________________________________________________
As informações contidas neste documento têm o objetivo de firmar por escrito, mediante o qual, o voluntário da pesquisa
autoriza sua participação, com pleno conhecimento da natureza dos procedimentos a que se submeterá, com capacidade de
livre arbítrio e sem qualquer coação.
1. Título do trabalho: Aspectos odontológicos e nutricionais de indivíduos submetidos à cirurgia bariátrica – Hospital
Universitário/UFSC. Objetivo: Avaliar a condição bucal e nutricional, dos familiares e dos indivíduos submetidos à cirurgia
bariátrica antes e após a intervenção cirúrgica.
2. Títulos dos Sub-Projetos: Cirurgia Bariátrica: efeito sobre os antioxidantes β-caroteno, vitamina C e vitamina E./ Cirurgia
Bariátrica: efeito sobre o estresse oxidativo e imunológico.
3. Objetivos dos Sub-projetos: Verificar o efeito da cirurgia bariátrica sobre os níveis séricos de β-caroteno, vitamina C e
vitamina E nos períodos pré e pós-operatórios./ Avaliar o estresse oxidativo e sua relação com a imunidade.
4. Justificativa: Escolheu-se esta população, devido à inexistência de programas preventivos e de assistência direcionados
a ela. Espera-se que o presente estudo possa contribuir com a obtenção de informações relativas tanto a condição bucal
quanto ao estado nutricional dos participantes, além de contribuir para a formulação apropriada de políticas públicas e
desenvolvimento de ações de assistência para a coletividade.
5. Procedimentos realizados no estudo: O estudo será desenvolvido através de dados obtidos com a realização dos
seguintes procedimentos: questionário de freqüência alimentar; medidas corporais como peso, altura e circunferências
corporais; coleta de sangue para a determinação de micronutrientes (vitamina C, vitamina E e Beta-caroteno), marcadores
de estresse oxidativo e inflamação.
6. Desconforto ou risco: Nenhum tipo de risco é esperado neste tipo de pesquisa, pois será realizada dentro das normas
de segurança, ou seja, usando material descartável e coletas por pessoal qualificado. Os métodos que serão utilizados
são indolores e não geram desconforto ao participante.
7. Benefícios do estudo: Através do presente estudo o participante será beneficiado com informações sobre a condição
nutricional e bucal, além de ser informado sobre como evitar eventuais problemas futuros relacionados à nutrição e a
odontologia. Contribuir com a comunidade científica que, atualmente, dispõe de poucos estudos de coletividade referentes
à correlação do estado nutricional com a condição bucal, especialmente em relação a esta população. Além disto, poderá
contribuir na formulação apropriada de políticas públicas e desenvolvimento de ações de assistência para os mesmos.
8. Informações: Os pesquisadores assumem o compromisso de fornecer informações atualizadas obtidas durante o estudo,
ainda que estas possam afetar a vontade do indivíduo em continuar participando. Os resultados obtidos na pesquisa
serão utilizados somente para fins de publicações científicas e/ ou cursos, palestras e aulas.
9. Aspecto legal: Este projeto foi elaborado de acordo com as diretrizes e normas que regulamentam as pesquisas
envolvendo seres humanos, atendendo às resoluções 196/96, 251/97 e 292/99 do Conselho Nacional de Saúde/
Ministério da Saúde – Brasília – DF.
10. Garantia de sigilo: A participação do voluntário neste estudo é confidencial e nenhum nome será divulgado em qualquer
tipo de publicação. Todas as informações coletadas só serão utilizadas para fins científicos.
11. Retirada do consentimento: A participação neste estudo é voluntária, podendo o participante retirar-se a qualquer
momento e por qualquer razão, sem alguma penalidade. No entanto, pedimos que caso deseje retirar-se do estudo entre
em contato com os pesquisadores pessoalmente ou por telefone (48-8425-5912, Fernanda (Nutricionista)).
Consentimento pós- informação:
Eu,___________________________________________________________, certifico que tendo lido as informações
acima e estando suficientemente esclarecido (a) de todos os itens propostos, estou de pleno acordo com os dados a serem
coletados, podendo os mesmos serem utilizados para a realização da pesquisa.
Florianópolis,_____de_______________de 2007
RG:_______________________
Assinatura:__________________________________________________
57
APÊNDICE 2
PRONTUÁRIO CLÍNICO
Dados pessoais
Nome: .................................................................................................................................................................
Data Nasc.: ......../......../........ etnia: ................................. sexo: ......... peso: ................... altura:.....................
Filiação:...............................................................................................................................................................
RG: ...............................................CPF: ...............................................
Naturalidade: ..................................... Nacionalidade:.................................. estado civil: .................................
Nome do cônjuge: ..............................................................................................................................................
Endereço: ...........................................................................................................................................................
Telefones:...........................................................................................................................................................
Escolaridade:................................................................. Profissão: ...................................................................
Local de Trabalho: ............................................................................... Cargo: .................................................
Endereço/fone:....................................................................................................................................................
História Clínica
Médico: .................................................................................... especialidade: ..................................................
Endereço/ fone: ...................................................................................................................................................
Enfermidades acometidas (comorbidezes)..........................................................................................................
Internações hospitalares: ....................................................................................................................................
Alergias alimentares ( ) Não ( ) Sim A que? .......................................................................................
Alergias Medicamentosas ( ) Não ( ) Sim Qual?.......................................................................................
Distúrbios: ( ) respiratório ( ) cardiovascular ( ) endócrino ( ) gastrointestinal ( ) renal
( ) neurológico ( ) sanguíneo ( ) ósseo ( ) hepáticos ( ) salivares ( ) outras
Doenças Transmissíveis:.....................................................................................................................................
Atividade física ..................................................................................................................................................
Fumante:....................................................................... Bebidas.........................................................................
Suplementação ( ) Não ( ) Sim Qual?.......................................................................................................
Data da realização (cirurgia):............................... CTI qtos dias?.................. data da alta:.................................
Tipo de cirurgia:......................................................................................... IMC:................................................
Complicações:.....................................................................................................................................................
.............................................................................................................................................................................
Medicamentos prescritos:....................................................................................................................................
............................................................................................................................................................................
Recomendações:.................................................................................................................................................
.............................................................................................................................................................................
Avaliação Nutricional
Período: ( ) antes da cirurgia ( ) 3 meses após ( ) 6 meses após
Peso:………………………………………………………………………………………………………
Altura:……………………………………………………………………………………………………
….
58
APÊNDICE 3 – Resumo de artigo submetido à publicação durante o mestrado
Obesidade mórbida e o tratamento cirúrgico: uma reflexão*
Morbid obesity and the surgery treatment: one reflection *
* Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina – Florianópolis.
Submetido à Revista de Epidemiologia.
Viviane Rodrigues Gonçalves da SILVA
1
Ana Claudia Baladelli SILVA
2
Fernanda BOESING
1
Juliana Xavier de MIRANDA
3
Emilia Addison Machado MOREIRA
4
1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Santa
Catarina.
2
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade
Federal de Santa Catarina.
3
Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
Científica. Curso de Graduação em Nutrição Universidade Federal de Santa Catarina.
4
Professora Titular dos Programas de Pós-Graduação em Nutrição e Odontologia da
Universidade Federal de Santa Catarina.
59
RESUMO
Objetivo
Identificar a idade, o sexo e as características clínicas e nutricionais de indivíduos submetidos
à cirurgia bariátrica.
Métodos
Trata-se de um estudo piloto, transversal, retrospectivo, realizado em 158 prontuários de
pacientes submetidos à cirurgia bariátrica entre os períodos de abril de 1999 a dezembro de
2006 no Hospital Universitário de Florianópolis.
Resultados
A amostra apresentou média de idade de 39,9 (±10,1) anos, predominância de sexo feminino
(79%) e Índice de Massa Corporal médio de 47,9±7,6Kg/m
2
. A maioria dos pacientes (75,3%)
possuía comorbidezes associadas, sendo as mais prevalentes, hipertensão arterial sistêmica
(58,2%), diabetes mellitus (20,9%) e doenças respiratórias (20,2%). Houve associação
significativa entre o Índice de Massa Corporal acima de 50Kg/m
2
e a presença de duas ou
mais comorbidezes (χ
2
=4,022; P=0,044). Foram a óbito 3,8% dos pacientes. Das 158
cirurgias realizadas, observou-se que o período de 2005/2006 foi o de maior realização, com
62,7% (n=99) do total de procedimentos cirúrgicos executados na instituição, o que mostra
um aumento no número de cirurgias bariátricas com o passar dos anos.
Conclusão
A realização de cirurgias bariátricas no Hospital Universitário de Florianópolis apresentou um
aumento considerado nos últimos dois anos. Os indivíduos que buscaram o tratamento
cirúrgico para a obesidade foram predominantemente adultos jovens, com idade média
inferior a 40 anos, sexo feminino e com comorbidezes associadas.
Termos de Indexação: Obesidade mórbida. Tratamento cirúrgico. Idade. Sexo.
60
APÊNDICE 4 - Resumo de artigo aceito para publicação durante o mestrado
The interface between obesity and periodontitis with emphasis on oxidative stress and
inflammatory response
Running title: Obesity and periodontitis
Submetido à Revista Obesity Reviews
Fernanda BOESING
1
Juliana Sedrez Reis PATIÑO
2
Viviane Rodrigues Gonçalves DA SILVA
1
Emilia Addison Machado MOREIRA
3
1
Graduate student (MSc degree) of the Post Graduation Program in Nutrition at the Federal
University of Santa Catarina.
2
Graduate student (PhD degree) of the Post Graduation
Program in Dentistry at the Federal University of Santa Catarina.
3
Professor of the Post
Graduation Programs in Dentistry and Nutrition at the Federal University of Santa Catarina
61
ABSTRACT
Obesity is characterized by the abnormal or excessive deposition of fat in the adipose tissue.
Its consequences go far beyond adverse metabolic effects on health, causing an increase in
oxidative stress that leads not only to endothelial dysfunction but also to negative effects in
relation to periodontitis, due to the increase in proinflammatory cytokines. Thus, obesity
appears to participate in the multifactorial phenomenon of causality of periodontitis, through
the increased production of reactive oxygen species. Within this context, this paper aims to
highlight, by analysis and description of previous studies, the interface between obesity and
periodontitis with emphasis on oxidative stress and the inflammatory response.
KEY WORDS: obesity, periodontal disease, oxidative stress
62
ANEXO 1 – Questionário de frequência alimentar semiquantitativo
63
64
65
66
7 ARTIGO CIENTÍFICO REFERENTE À DISSERTAÇÃO
Fernanda Boesing
1
Emília Addison Machado Moreira
2
Danilo Wilhelm Filho
3
Tânia Silvia Frode
4
Guilherme Vannuchi Portari
5
Alceu Afonso Jordão Júnior
5
Erasmo Benício Santos de Moraes Trindade
2
Gastroplastia com Bypass em Y de Roux: marcadores de estresse oxidativo após seis
meses de cirurgia
1
Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil.
2
Departamento de Nutrição e Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade
Federal de Santa Catarina, Brasil.
3
Departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil.
4
Departamento de Análises Clínicas da Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil.
5
Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo, Brasil.
Endereço para correspondência: Emília Addison Machado Moreira. Departamento de
Nutrição, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina, Campus
Universitário, Trindade, s/n CEP: 88.040-970 Florianópolis - SC. Tel: 48-3721-9784.
Título curto: Gastroplastia e estresse oxidativo
Fontes de Financiamento: Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado
de Santa Catarina FAPESC Processos COM 14191/2007-7. Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.
Artigo dentro das normas para ser submetido à publicação.
67
RESUMO
Introdução A perda de peso cirúrgica pode influenciar o estresse oxidativo. O objetivo deste
estudo foi avaliar o efeito da perda de peso sobre a ingestão calórica, vitamina C, β-caroteno e
vitamina E, glutationa reduzida (GSH), catalase (CAT), mieloperoxidase (MPO) e substâncias
reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS).
Métodos Estudo clínico com grupo controle (GC) e grupo bariátrico (GB) sendo 20
indivíduos em cada grupo. A idade média foi de 38±11 anos em ambos os grupos e o Índice
de Massa Corporal (IMC) de 22,4±2,4 kg/m
2
e 48±8,7 kg/m
2
, respectivamente. O GC foi
avaliado em único momento e o GB no período basal, 3 e 6 meses após gastroplastia Bypass
em Y de Roux.
Resultados A ingestão calórica (3119±799 para 1164±429 kcal/dia) e a MPO (384,18±18,20
para 232,79±69,20 mU/mL) reduziram significativamente aos seis meses pós-cirúrgicos em
relação ao basal. Além disso, houve aumento da vitamina C (0,76±0,35 mg/ dL), β-caroteno
(1,72±0,23 µM), vitamina E corrigida (0,013±0,007 µmol/ mg), CAT (24,86±9,78 mmol
H
2
O
2
/ min/ mL) e TBARS (26,89±6,70 nmol/ mL) seis meses após a cirurgia. Estes resultados
foram semelhantes ao GC. As correlações significantes no grupo bariátrico foram entre o IMC
e a vitamina C, β-caroteno, TBARS e MPO (rho= -0,269; -0,492; -0,346 e 0,576
respectivamente).
Conclusões O estudo proposto evidenciou redução do peso e da ingestão calórica após a
cirurgia. Houve uma melhora nos níveis de vitamina E, vitamina C e β-caroteno, diminuição
nos níveis de MPO e aumento nos níveis de CAT e TBARS após intervenção cirúrgica.
Palavras-chave cirurgia bariátrica, estresse oxidativo, antioxidantes.
68
Introdução
A obesidade e suas comorbidezes têm sido associadas ao estresse oxidativo [1-3]. Os
antioxidantes enzimáticos, dentre os quais a catalase (CAT) [4] e os não enzimáticos como as
vitaminas E, C e β-caroteno [5], participam no processo de eliminação das espécies reativas
como parte dos componentes de defesa do organismo [4], da mesma forma que, o tripeptídeo
glutationa reduzida (GSH) doa elétrons para redução do peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
) e
outros peróxidos orgânicos, como os provenientes da peroxidação lipídica [6].
Um dos indicadores de peroxidação lipídica é o malondialdeído (MDA), determinado
por meio da dosagem do ácido tiobarbitúrico (TBARS), que indica o dano celular [7].
Associada a este indicador de dano celular, a mieloperoxidase (MPO) está envolvida não
com a geração de espécies reativas, como também na resposta inflamatória, presente na
obesidade [2,8].
A obesidade tem sido associada a baixos níveis de vitaminas antioxidantes [7,9,10],
dentre as quais as vitaminas E, C e β-caroteno [11].
Se por um lado a obesidade tem promovido inúmeros prejuízos, por outro, a perda de
peso tem conferido alguns benefícios significantes à saúde, que incluem redução da
mortalidade por diabetes e câncer, diminuição nos níveis da pressão sistólica e diastólica, e
nas hiperlipidemias [12], além de minimizar problemas de doenças músculo esqueléticas [13].
No entanto, a perda de peso obtida através de técnicas convencionais, que envolvem dieta,
aumento da atividade física e medicamentos, é desafiadora e mostra sucesso reduzido [14].
Neste sentido, a cirurgia bariátrica tem sido uma opção de tratamento para indivíduos com
obesidade mórbida [15].
Considerando o fato de que as deficiências nutricionais podem progredir a médio e/ ou
em longo prazo após a intervenção cirúrgica [16, 17] e que o estresse oxidativo tem papel
69
crítico no aparecimento e/ ou no desenvolvimento das comorbidezes associadas à obesidade
[18], o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da perda de peso cirúrgica sobre o estresse
oxidativo avaliando a catalase (CAT), mieloperoxidase (MPO) e substâncias reativas ao ácido
tiobarbitúrico (TBARS) e os níveis de alguns antioxidantes, glutationa reduzida (GSH),
vitamina E, vitamina C e β-caroteno.
Materiais e métodos
Delineamento Estudo clínico com controles, desenvolvido no período de abril a dezembro de
2007, no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (Florianópolis/
Brasil). O protocolo da pesquisa foi aprovado sob o número 072/06 pelo Comitê de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina e está de acordo
com a World Medical Association - Declaration of Helsinki [19]. Todos os participantes do
estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e estavam cientes dos
objetivos e técnicas da pesquisa.
Sujeitos O estudo foi constituído de 40 indivíduos distribuídos em dois grupos, o grupo
controle (GC) e o grupo bariátrico (GB). O GC, avaliado em um único momento, foi
composto de vinte sujeitos normais para o peso (3 homens, 17 mulheres), com valores médios
de: 38 ± 11 anos de idade, peso de 60 ± 10 kg e Índice de Massa Corporal (IMC) de 22,4 ±
2,4 kg/m
2
. Critérios de inclusão: pareado em idade e sexo com GB, IMC entre 18,5 a 24,9 kg/
m
2
e critérios de exclusão: sujeitos com diabetes, doenças inflamatórias crônicas e agudas,
anemias, que faziam antibioticoterapia ou uso de antiinflamatórios, para distúrbios lipídicos,
com história de trauma, intolerância a glicose, doenças cardiovasculares, dependência
alcoólica ou drogas-dependência, doenças psiquiátricas, fumantes, e mulheres que estivessem
70
no ciclo menstrual. No GB foram avaliados vinte obesos (3 homens, 17 mulheres) submetidos
a gastroplastia Bypass Gástrico Y de Roux, com valores médios de: idade de 38 ± 11 anos de
idade; peso de 129 ± 28,7 kg e IMC de 48 ± 8,7 kg/ m
2
. Estes foram avaliados no período pré
cirúrgico, denominado período basal (3 dias antes da cirurgia) e no período pós-cirúrgico (3 e
6 meses). Critérios de inclusão: IMC ≥ 40 ou > 35 kg/ m
2
com alguma comorbidade associada
no período pré-operatório. Critérios de exclusão: apresentar transtorno psíquico grave; ser
fumante; possuir dependência alcoólica ou drogas-dependência, antibioticoterapia e/ou terapia
com antiinflamatórios.
Avaliação do estado nutricional Realizada pelo IMC, definido pela relação entre o peso (kg) e
altura (m) ao quadrado. Resultado expresso em kg/ m
2
[20]. O peso corporal foi aferido com
balança Filizola
®
modelo PL 180 (Indústrias Filizola S/A, São Paulo-SP, Brasil), com
precisão de 100g. A altura foi medida com um estadiômetro acoplado à balança, com
especificidade de 0,01 m. O diagnóstico nutricional foi estabelecido pelo IMC, segundo
World Health Organization [1].
Avaliação do consumo calórico e vitamínico O consumo calórico, e das vitaminas C, β-
caroteno e vitamina E foram obtidos pelo questionário de freqüência alimentar
semiquantitativo, proposto por Sichieri e Everhart [21] e ajustado em relação ao valor calórico
total da dieta [22]. A composição química e calórica da dieta foi obtida pela tabela de
composição de alimentos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA,
Washington/DC, EUA) [23]. Na avaliação do consumo das vitaminas estudadas considerou-se
a suplementação, pois todos os pacientes foram instruídos a ingerir 60 mg/ dia de vitamina C,
3000 µg/ dia de β-caroteno e 30 mg/ dia de vitamina E fornecidas pelo polivitamínico e
mineral (Centrum® Wyeth, São Paulo, SP, Brasil) como parte do protocolo pós-cirúrgico da
71
instituição hospitalar.
Determinações Bioquímicas A coleta de sangue foi realizada por sistema a cuo na região
cubital, com os sujeitos em jejum de 10 a 12 horas. Quando necessário, as amostras foram
centrifugadas para obtenção do soro ou plasma. Todas as amostras foram analisadas em
duplicata e/ ou triplicata, quando apropriado. As drogas utilizadas eram da marca Sigma (St
Louis, Mo, USA) e Merck (São Paulo, SP, Brasil).
Vitamina C A concentração de vitamina C foi obtida pela reação colorimétrica com 2,4-
dinitrofenilhidrazina e posterior leitura espectrofotométrica no comprimento de onda de 520
nm em espectrofotômetro UV-Vis Q-108U (Quimis Aparelhos Científicos LTDA., Diadema-
SP, Brasil). Resultados expressos em mg/dL [24].
Vitamina E e β-caroteno A concentração de β-caroteno e vitamina E (tocoferol) foi obtida por
meio do HPLC (High Performance Liquid Chromatography) modelo 10AT VP (Shimadzu
Co., Japão), em coluna ODS2 (Spherisorb, 5 micra). Utilizou-se a fase móvel de metanol/
diclorometano/ acetonitrila (10: 20: 70) em fluxo de 1 mL/ min, com detecção UV/VIS. Os
picos de tocoferol e β-caroteno foram anotados nos comprimentos de onda de 292 nm e 450
nm, respectivamente. Resultados expressos em µM. [25]. O valor sérico da vitamina E foi
corrigido de acordo com o que propõe Horwitt et al [26], que divide os valores séricos de
vitamina E pelos valores de lipídios totais (colesterol total + triglicérides). Os valores de
colesterol total e triglicérides foram determinados por meio de kits enzimáticos comerciais:
Colesterol Liquiform® e Triglicérides Liquiform® (Labtest Diagnostica S/A, Lagoa Santa-
MG, Brasil).
72
Glutationa Reduzida (GSH) A concentração de GSH no sangue total foi determinada pelo
método de Beutler, Duron & Kelly [27] usando reagentes de Elmann, ácido ditionitrobenzóico
(DTNB) a 412 nm, em espectrofotômetro GBC UV/VIS modelo 916 (Sidney-Nova Gales do
Sul, Austrália). Resultados expressos em µmol/ mL
de glutationa reduzida.
Catalase (CAT) A CAT foi determinada nas hemácias utilizando-se o método descrito por
Aebi [28]. Este ensaio quantifica a velocidade de decomposição do peróxido de hidrogênio
em 240 nm durante 60 segundos, pela enzima presente na amostra preparada com uma
solução de 10 mM peróxido de hidrogênio. Foi utilizado espectrofotômetro GBC UV/VIS
modelo 916 (Sidney-Nova Gales do Sul, Austrália). Resultados expressos em mmol H
2
O
2
/
min/ mL.
Atividade da Mieloperoxidase (MPO) A atividade da mieloperoxidase foi medida de acordo
com o método desenvolvido por Rao e col [29] e foi realizada por ensaios colorimétricos em
450 nm utilizando-se leitor de ELISA (Organon Teknika - Roseland-NJ, USA). Resultados
foram expressos em mU/ mL.
Avaliação da lipoperoxidação As substâncias que reagem com o ácido tiobarbitúrico
(TBARS) foram medidas no plasma dos indivíduos. O teste usado para avaliar o dano celular
foi baseado no trabalho descrito por Ohkawa, Oshishi & Yagi [30] e Bird & Draper [31]. O
plasma foi precipitado pela adição de ácido tricloroacético (TCA) 12% e agitado
vigorosamente por 5 segundos (1 mL de TCA a 12% para 100 µL da amostra). Em seguida,
foi incubado por 60 minutos a 100°C na presença de 0,9 mL de tampão Tris-HCL 60 mM, pH
7.4 (0,1 mM DPTA) e 1 mL de ácido tiobarbitúrico (TBA) 0,73%. Após a incubação, o
material foi resfriado durante 30 minutos a 5°C, e posteriormente centrifugado. A leitura foi
73
realizada em 535 nm, em espectrofotômetro GBC UV/VIS modelo 916 (Sidney-Nova Gales
do Sul, Austrália). Resultados expressos em nmol/ mL.
Análise Estatística A diferença entre médias foi observada pelo teste Kruskall Wallis seguido
do post hoc Tahmane T. A correlação de Spearman foi feita para verificar as associações
entre o Índice de Massa Corporal e as variáveis (Vitamina E, C e β-caroteno, catalase, GSH,
MPO e TBARS). Foi utilizado o programa estatístico Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS Inc, 2006, Chicago, IL, USA) versão 14.0 for Windows. Como nível de
significância foi utilizado p < 0,05.
Resultados
O peso e o IMC reduziram significativamente em três meses após a cirurgia em 20,5% (P =
0,018) e 27,4% (P < 0,001) em seis meses. No GB, o consumo calórico diminuiu
significativamente (61,1% e 62,7%, respectivamente, P < 0, 001) aos três e aos seis meses. O
consumo alimentar das vitaminas C, β-caroteno e vitamina E, acrescido da suplementação,
foram ajustados em relação às calorias totais ingeridas. Houve aumento significante para a
vitamina E e β-caroteno, no terceiro e sexto mês, quando comparado ao basal. A vitamina C
foi significantemente maior somente entre o grupo controle e o basal dos bariátricos (tabela
1).
Tabela 1
Os níveis séricos de vitamina C e β-caroteno estavam significativamente menores em
31,3% (P = 0,001) e 71,3% (P < 0,001) respectivamente, no período basal do grupo dos
bariátricos, quando comparados ao grupo controle. Houve um aumento sérico significante
destes antioxidantes aos seis meses pós-cirúrgico de 65,2% (P = 0,009) e 237,2% (P = 0,001)
74
respectivamente. A vitamina E sérica, em valor absoluto, não mostrou diferenças entre os
grupos e tampouco nos bariátricos. No entanto, houve diferença estatística aos três e aos seis
meses após a cirurgia, quando a mesma foi corrigida pelos valores de colesterol e
triglicerídeos, onde houve um aumento significante ao terceiro e sexto mês pós-cirúrgico
(66,7%, P = 0,01 e 116,7%, P = 0,001, respectivamente) e além disso, o grupo basal teve um
valor abaixo do controle em 45,4% (P < 0,001). A GSH foi estatisticamente diferente entre os
grupos controle e o período basal (34,9% menor no basal, P < 0,001) (tabela 2). A CAT e o
TBARS aumentaram significativamente após seis meses de cirurgia (55,6%, P = 0,01 e
84,3%, P < 0,001, respectivamente). No entanto, níveis aumentados (394,6%, P < 0,001) e
significantes de TBARS foram observados no período basal do grupo bariátrico quando
comparados ao controle. A MPO diminuiu significativamente ao longo dos seis meses pós
cirúrgico nos bariátricos (24,9%, P = 0,05 e 39,4%, P < 0,001 aos três e seis meses
respectivamente) (tabela 2).
Tabela 2
As correlações significantes entre Índice de Massa Corporal foram para a vitamina C,
β-caroteno, TBARS e MPO (rho= -0,269; -0,492; -0,346 e 0,576 respectivamente) (tabela 3).
Tabela 3
Discussão
A perda de peso observada ocorreu de forma mais intensa nos primeiros três meses. Fato
semelhante foi encontrado em outro estudo [32], onde os pacientes foram avaliados até os seis
meses de pós-operatório e perderam 18% do peso nas primeiras 12 semanas.
A redução da ingestão calórica observada no pós-operatório foi compatível à técnica
cirúrgica realizada (Y de Roux), e semelhante a outro estudo em que foram investigadas pelo
75
período de um ano, 40 mulheres bariátricas em Y de Roux e no qual se observou uma redução
no consumo calórico diário nos três e seis meses pós-cirúrgico (529 e 711 kcal/ dia,
respectivamente) [33]. Sugere-se que o consumo aumentado de β-caroteno, observado no
grupo bariátrico, ocorreu devido à suplementação de 3.000 µg/ dia, pois no período basal o
mesmo não era significante quando comparado ao grupo controle. Da mesma forma, a
ingestão da vitamina E após a cirurgia foi também influenciada pela suplementação, embora o
valor basal dos pacientes fosse inferior significativamente em relação aos controles. O
consumo de vitamina C não apresentou diferenças em 3 e 6 meses, nem mesmo após a
suplementação de 60 mg/ dia após a cirurgia, sendo o mesmo verificado em outro estudo com
40 pacientes [33]. Assim, pode-se explicar por que alguns autores têm sugerido que a
prescrição da suplementação vitamínica atinja ao menos 100% das Dietary Reference Intakes/
Recommended Dietary Allowances (DRIs-RDA) [34].
A observação de veis séricos reduzidos dos antioxidantes verificados nesta
investigação (vitamina C, β-caroteno, vitamina E corrigida e GSH) no grupo bariátrico no
momento basal, quando comparados ao grupo controle, está de acordo com diferentes autores,
os quais evidenciam que a obesidade está associada à diminuição das defesas antioxidantes [7,
9, 10, 35, 36].
Da mesma forma, no presente estudo, o IMC correlacionou-se inversamente com a
vitamina C e β-caroteno no grupo bariátrico, dado não observado para o β-caroteno em um
estudo semelhante com vinte e dois indivíduos bariátricos, após três e seis meses de cirurgia,
apesar de o mesmo ter reportado aumento significativo para a vitamina E sérica e correlação
negativa da taxa de vitamina E corrigida no sexto mês pós-cirúrgico para com o IMC [32]. O
contrário, no entanto também foi reportado por outra investigação, que encontrou que o
bypass gástrico pode gerar uma diminuição nos níveis séricos das vitaminas C e β-caroteno,
logo nos primeiros dois dias de pós-operatório [37]. Na presente investigação, os dados foram
76
semelhantes aos observados por Kisakol et al [32], ressaltando que o aumento das vitaminas
antioxidantes, verificado ao sexto mês pós-cirúrgico, pode ter ocorrido pela redução de sua
utilização pelo organismo. Alguns autores, em estudo de revisão, no entanto, têm encontrado
deficiência de vitamina A em 10% dos bariátricos em Y de Roux [38]. Da mesma forma que,
em estudo com 232 bariátricos a deficiência de vitamina E foi observada em 2,2% dos
pacientes [39].
Em se tratando especificamente de vitamina C e obesidade, foi encontrado que os
níveis de vitamina C plasmática mostraram-se inversamente relacionados não só com o IMC,
mas também com a porcentagem de gordura em adultos com obesidade e sobrepeso [40]. No
presente estudo, além de terem sido encontrados resultados semelhantes na correlação do IMC
com a vitamina C sérica, após seis meses de cirurgia bariátrica os níveis desta vitamina
mostraram-se elevados em relação ao grupo basal.
Apesar de a GSH apresentar concentrações mais baixas para indivíduos obesos quando
comparados a indivíduos normais para o peso, esta, permaneceu inalterada após a perda de
peso cirúrgica, não mostrando recuperação. Resultados semelhantes foram verificados em um
estudo, no qual a concentração de GSH não apresentou alteração significativa após perda de
peso através de redução calórica. Segundo os autores, uma das explicações para tal fato, é que
a síntese da GSH eritrocitária pode encontrar-se diminuída em resposta a uma perda de peso
muito rápida [41]. Por outro lado, outros pesquisadores relataram que a GSH aumentou
significativamente após a perda de peso ao sexto mês pós-cirúrgico em vinte e dois sujeitos
severamente obesos [42], fato este que contradiz o encontrado neste estudo.
As atividades das enzimas antioxidantes também parecem estar inadequadas em
situações de obesidade. Nesta investigação, ao sexto mês de cirurgia, a CAT aumentou de
maneira expressiva com a diminuição do IMC. Fato similar foi observado por outros autores,
que concluíram que o índice Total Antioxidant Capacity (TAC) corrigido aumentou após a
77
perda de peso cirúrgica. Estes mesmos autores propõem que pode ocorrer um aumento da
atividade das enzimas antioxidantes a partir de alguns efeitos da cirurgia, que pode ser a
redução calórica, a perda de peso ou a restrição gástrica [18].
Vários estudos têm relacionado a obesidade ao aumento da concentração de TBARS
[43-47], importante indicador de peroxidação lipídica [7]. Neste estudo e nas pesquisas
citadas, os níveis de TBARS foram consideravelmente mais altos para os obesos do pré-
operatório, quando em comparação ao grupo controle. Entretanto, neste estudo, o IMC no
grupo dos bariátricos correlacionou-se inversamente com os níveis de TBARS. Além disso,
antes da cirurgia, os obesos apresentavam altas taxas de colesterol total e triglicerídeos,
quando comparados aos sujeitos normais para o peso. Achado interessante do presente estudo
foi que, a perda de peso cirúrgica não influenciou na diminuição nos níveis de TBARS, os
quais aumentaram nos bariátricos. Entretanto, outros pesquisadores têm relatado que com a
perda de peso, seja por intervenção dietética ou cirúrgica, os obesos são beneficiados com
níveis mais baixos de MDA ou TBARS [3, 7, 28, 45]. Todavia, os valores aumentados de
CAT, observados no sexto mês pós-cirúrgico, podem favorecer a persistência dos valores de
TBARS no pós-operatório, que a taxa catalítica da CAT é proporcional à formação de
hidroperóxidos [48]. Outra razoável explicação para este fato pode ter uma base no estudo de
van Dielen et al [49], que sugere que alguns mediadores inflamatórios, como a proteína C
reativa (CRP), permanece elevada por no mínimo três meses após a cirurgia bariátrica, e
outros, como o fator de necrose tumoral α (TNFα) diminuem expressivamente com dois
anos de pós-operatório.
Em relação à MPO os achados são conflitantes à medida que a MPO é uma proteína
secretada por leucócitos capaz de gerar intermediários reativos que provocam a peroxidação
lipídica [50]. Os valores da MPO apresentaram-se diminuídos com a cirurgia, o que
representa um aspecto positivo tanto em relação à formação de radicais livres como à
78
inflamação.
Em resumo, o estudo proposto evidenciou redução do peso e da ingestão calórica após a
cirurgia. Houve uma melhora nos níveis de vitamina E corrigida, vitamina C e β-caroteno,
diminuição nos veis de MPO e aumento nos níveis de CAT e TBARS após intervenção
cirúrgica. O conhecimento das implicações que a perda de peso cirúrgica pode trazer ao
balanço antioxidante/ oxidante pode possibilitar o monitoramento adequado dos pacientes
neste contexto, prevenindo futuras complicações e tratando as atuais.
Referências
1. World Health Organization (WHO). Obesity: preventing and managing the global
epidemic. Report of a WHO consultation on obesity. Geneva: WHO/NUT/NCD/981, 1998.
2. Higdon JV, Frei B. Obesity and oxidative stress: a direct link to CVD? Arterioscler Thromb
Vasc Biol 2003; 23: 365–7.
3. Uzun H, Zengin K, Taskin M et al. Changes in leptin, plasminogen activator factor and
oxidative stress in morbidly obese patients following open and laparoscopic Swedish
adjustable gastric banding. Obes Surg 2004; 14: 659-65.
4. Halliwell B, Gutteridge JMC. Oxygen is a toxic gas an introduction to oxygen toxicity
and reactive oxygen species. In: Free Radicals in Biology and Medicine. Oxford: Clarendon
Press 1999: 1-35.
5. Fang YZ, Yang S, Wu G. Free Radicals, Antioxidants and Nutrition. Nutrition 2002; 18:
872-9.
6. Kelling PL, Smith LL. Relevance of NADPH depletion and mixed disulphide formation in
rat lung to the mechanism of cell damage following paraquat administration. Biochem Pharm
1982; 31: 3243-9.
7. Mohn A, Catino M, Capanna R et al. Increased Oxidative Stress in Prepubertal Severely
79
Obese Children: Effect of a Dietary Restriction-Weight Loss Program. J. Clin. End. & Metab
2005; 90: 2653–8.
8. Arnhold, J. Properties, Functions, and Secretion of Human Myeloperoxidase. Biochemistry
2004; 69: 8-15.
9. Galan P, Viteri FE, Bertrais S et al. Serum concentrations of β-carotene, vitamins C and E,
zinc and selenium are influenced by sex, age, diet, smoking status, alcohol consumption and
corpulence in a general French adult population. Eur J Clin Nutr 2005; 59: 1181-90.
10. Strauss RS. Comparison of serum concentrations of alpha-tocopherol and beta-carotene in
a cross-sectional sample of obese and nonobese children (NHANES III). J Pediatr 1999; 134:
160-5.
11. Sies H, Stahl W. Vitamins E and C, β-carotene and other carotenoids as antioxidants. Am
J Clin Nutr 1995; 62: supl 1315S-21S.
12. Jung R. Obesity as a disease. Br. Med. Bull 1997; 53: 307-21.
13. Deitel M, Shahi B, Deitel FH. Effect of weight loss in the morbidly obese patient with
severe disability. Obes Surg 1991; 1: 419-21.
14. Mango VL, Frishman WH. Physiologic, Psychologic, and Metabolic Consequences of
Bariatric Surgery. Cardiol Rev 2006; 14: 232-7.
15. Buchwald H. The future of bariatric surgery. Obes Surg 2005; 15: 598-605.
16. Malinowski SS. Nutritional and metabolic complications of bariatric surgery. Am J Med
Sci 2006; 331: 219-25.
17. Alvarez-leite J. Nutrient deficiencies secondary to bariatric surgery. Curr Opin Clin Nutr
Metab Care 2004; 7: 569–75.
18. Melissas J, Malliaraki N, Papadakis JA et al. Plasma Antioxidant Capacity in Morbidly
Obese Patients Before and After Weight Loss. Obes Surg 2006; 16: 314-20.
19. World Medical Association (WMA). Declaration of Helsinki. Edinburgh, Scotland: 52nd
80
General Assembly-WMA. 2000. [cited 2006 Feb 25]; Available from: URL:
http://www.wma.net
20. World Health Organization (WHO). Physical Status: the use and interpretation of
anthropometry. WHO technical report series 854. Geneva: WHO, 1995. 453p.
21. Sichieri R, Everhart JE. Validity of a Brazilian frequency questionnaire against dietary
recalls and estimated energy intake. Nutr Res 1998; 18: 1649-59.
22. DRIs - Dietary Reference Intakes: Applications in Dietary Assessment. Washington (DC):
National Academy Press, 2000. 285p.
23. United States Department of Agriculture (USDA). Disponível em:
http://www.nal.usda.gov/fnic/foodcomp/search/. Acesso: 06 maio 2007.
24. Bessey OA. Ascorbic acid microchemical methods. In: Gyorgy P, ed. Vitamin Methods.
New York: Academic Press 1960: 303.
25. Arnauld J, Fortis I, Blachier S et al. Simultaneous determination of retinol, alpha-
tocopherol and beta-carotene in serum by isocratic hight-performace liquid chromatography.
J Chromatogr 1991; 572: 103-16.
26. Horwitt MK, Harvey CC, Dahm CH, Scarcy MT. Relationship between tocopherol and
serum lipid levels for determination of nutritional adequacy. Ann NY Acad Sci 1972; 203:
223-36.
27. Beutler E, Duron O, Kelly BM. Improved method for the determination of blood
glutatione. J Lab Clin Med 1963; 61: 882-90.
28. Aebi H. Catalase in vitro. Methods Enzymol 1984; 105: 121-126.
29. Rao TS, Curie JL, Shaffer AF et al. Comparative evaluation of arachidonic acid (AA) and
tetradecanoylphorbol acetate (TPA)-induced dermal inflammation. Inflamm 1993; 17: 723-
41.
30. Ohkawa H, Oshishi N, Yagi K. Assay for lipid peroxides in animal tissues by
81
thiobarbituric acid reaction. Anal Biochem 1979; 95: 351-8.
31. Bird RP, Draper AH. Comparative studies on differents methods of malondyaldehyde
determination. Methods Enzymol 1984; 105: 295-305.
32. Kisakol G, Guney E, Bayraktar F et al. Effect of Surgical Weight Loss on Free Radical
and Antioxidant Balance: a Preliminary Report. Obes Surg 2002; 12: 795-800.
33. Dias MCG, Ribeiro AG, Scabim VM et al. Dietary intake of female bariatric patients after
anti-obesity gastroplasty. Clinics 2006; 61: 93-8.
34. Bernet CP, Ciangura C, Coupaye M et al. Nutritional deficiency after gastric bypass:
diagnosis, prevention and treatment. Diabetes Metab 2007; 33: 13-24.
35. Khan NI, Naz L, Yasmeen G. Obesity: an independent risk factor for systemic oxidative
stress. Pak J Pharm Sci 2006; 19: 62-5.
36. Moor de Burgos A, Wartanowicz M, Ziemlanski S. Blood vitamin and lipid levels in
overweight and obese women. Eur J Clin Nutr 1992; 46: 803-8.
37. Nanji AA, Freeman JB. Gastric bypass surgery in morbidly obese patients markedly
decreases serum levels of vitamins A and C and iron in the perioperative period. Int J Obes
1985; 9: 177-9.
38. Shah M, Simha V, Garg A Review: Long-term impact of bariatric surgery on body
weight, comorbidities, and nutritional status. J Clin Endocrinol Metab 2006; 91: 4223-31.
39. Ernst B, Thurnheer M, Schmid SM, Schultes B. Evidence for the necessity to
systematically assess micronutrient status prior to bariatric surgery. Obes Surg
2009; 19(1): 66-
73.
40. Johnston CS, Beezhold BL, Mostow B et al. Plasma vitamin C is inversely related to body
mass index and waist circumference but not to plasma adiponectin in nonsmoking adults. J
Nutr 2007; 137: 1757-62.
41. Faber P, Johnstone AM, Gibney ER et al. The effect of rate of weight loss on erythrocyte
82
glutathione concentration and synthesis in healthy obese men. Clin Sci 2002; 102: 569-77.
42. Uzun H, Konukoglu D, Gelisgen R et al. Plasma Protein Carbonyl and Thiol Stress Before
and After Laparoscopic Gastric Banding in Morbidly Obese Patients. Obes Surg 2007; 17:
1367:73.
43. Furukawa S, Fujita T, Shimabukuro M et al. Increased oxidative stress in obesity and its
impact on metabolic syndrome. J Clin Invest 2004; 114: 1752-61.
44. van Gaal LF, Vertommen J, De Leeuw IH. The in vitro oxidizability of lipoprotein
particles in obese and non-obese subjects. Atherosclerosis 1998; 137: S39–S44.
45. Dandona P, Mohanty P, Ghanim H et al. The suppressive effect of dietary restriction and
weight loss in the obese on the generation of reactive oxygen species by leukocytes, lipid
peroxidation, and protein carbonylation. J Clin Endocrinol Metab 2001; 86: 355-62.
46. Ozata M, Mergen M, Oktenli C et al. Increased oxidative stress and hypozincemia in male
obesity. Clin Biochem 2002; 35: 627-31.
47. Konukoglu D, Serin O, Ercan M et al. Plasma homocysteine levels in obese and non-
obese subjects with or without hypertension; its relationship with oxidative stress and copper.
Clin Biochem 2003; 36: 405-8.
48. Kirkman HN, Gaetani GF. Mammalian catalase: a venerable enzyme with new misteries.
Trends Biochem Sci 2007; 32: 44-50.
49. van Dielen FMH, Buurman WA, Hadfoune M et al. Macrophage Inhibitory Factor,
Plasminogen Activator Inhibitor-1, Other Acute Phase Proteins, and Inflammatory Mediators
Normalize as a Result of Weight Loss in Morbidly Obese Subjects Treated with Gastric
Restrictive Surgery. J Clin Endocrinol Metab 2004; 89: 4062–8.
50. Zhang R, Brennan ML, Zhongzhou S et al. Myeloperoxidase Functions as a Major
Enzymatic Catalyst for Initiation of Lipid Peroxidation at Sites of Inflammation. J Biol Chem
2002; 277: 46116-22.
83
Tabela 1 Ingestão calórica e consumo de vitaminas E, C e β-caroteno, ajustados pelo consumo calórico do grupo controle e do grupo bariátrico,
considerando a suplementação pós-cirúrgica (período basal, 3 e 6 meses pós-cirúrgico).
Controle n= 20 Obesos n= 20
Variáveis
Basal 3
o
mês 6
o
mês
Média ± DP Mediana Média ± DP Mediana Média ± DP Mediana Média ± DP Mediana
Calorias
(Kcal/ dia)
2839 ± 1080 2557 3119 ± 799 3125 1214 ± 391 1264
1164 ± 429 1205
Vitamina E
(mg/ dia)
6,55 ± 1,11 6,22 4,88 ± 1,67 4,82
31,85
± 0,35 31,94
32,39 ± 1,61 32,63
Vitamina C
(mg/ dia)
238,65 ±
82,83
226,53
411,04 ±
27,63
408,17
258,43 ±
15,33
260,57
232,58 ±
62,82
245,95
β-caroteno
ð
(µg/ dia)
4189,95 ±
635,86
4189,95
4619,53 ±
795,15
4814,06
5722,53 ±
267,52
5713,24
5878,85 ±
1599,35
5878,85
¥
DP= desvio padrão, = 30 mg/ dia provindos de suplementação. = 60 mg/ dia provindos de suplementação. ð = 3000 µg/ dia provindos de
suplementação. Diferença estatística significante: p
= 0,01, p
= <0,001, p
¥
= 0,001,
usando Teste Kruskall Wallis seguido de Post Hoc de Tahmane T
para comparar a mediana entre o grupo controle e o basal, 3 meses e 6 meses do grupo bariátrico.
84
Tabela 2 Concentrações séricas de vitamina C, β-caroteno, vitamina E, E-corrigida, colesterol total e triglicerídeos, glutationa reduzida, catalase,
mieloperoxidase e substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico do grupo controle e do grupo bariátrico (período basal, 3 e 6 meses pós-cirúrgico).
Controle n= 20 Obesos n= 20
Variáveis
Basal 3
o
mês 6
o
mês
Média ± DP Mediana Média ± DP Mediana Média ± DP Mediana Média ± DP Mediana
Vit. C (mg/dL)
0,67 ± 0,19 0,53 0,46 ± 0,14 0,47
¥
0,38 ± 0,14 0,395 0,76 ± 0,35 0,84
β-Car. (µM)
1,78 ± 0,94 1,04 0,51 ± 0,53 0,34
1,12 ± 0,21 0,775 1,72 ± 0,23 1,42
¥
Vit. E (µM)
25,97 ± 6,64 25,33 25,84 ± 8,09 24,48 23,84 ± 10,02 23,63 29,40 ± 13,67 32,84
Vit E-cr (µmol/mg)
0,011±0,003 0,011 0,006±0,003 0,006
0,010 ±0,004 0,010
0,013±0,007 0,013
¥
CT (mg/ dL)
200,95±37,34 175,36 273,26±74,36 256,88
¥
150,60±31,83 148,14
¥
147,61±30,40 147,57
TG (mg/ dL)
48,04 ± 21,63
87,21
156,13 ±57,82
149,0
89,96 ±24,35 84,43
104,28±58,00 90,66
GSH (µmol/ mL)
1,66 ± 0,42 1,14 1,08 ± 0,35 0,99
1,14 ± 0,22 1,12 0,91 ± 0,38 0,90
CAT
(mmol H
2
O
2
/min/mL)
22,86 ± 11,01 22,86 15,98 ± 6,41 15,90 21,18 ± 8,09 19,28 24,86 ± 9,78 21,75
MPO (mU/mL)
307,44±95,58 272,50 384,18±18,20 361,55 288,57±56,92 295,02
232,79±69,20 210,69
TBARS (nmol/mL)
2,95 ± 1,44 2,75 14,59 ± 2,42 14,41
17,03 ± 5,19 15,39 26,89 ± 6,70 27,44
85
DP = desvio padrão, Vit C = vitamina C, β-Car. = β-caroteno, Vit E = vitamina E, Vit E-cr = vitamina E / colesterol + triglicerídeos, CT = colesterol
total, TG = triglicerídeos, GSH= glutationa reduzida, CAT= catalase, MPO= mieloperoxidase, TBARS= ácido tiobarbitúrico.
Diferença estatística significante: p
< 0,05, p
= 0,01, p
¥
= 0,001, p
< 0,001, usando Teste Kruskall Wallis seguido de Post Hoc de Tahmane T para
comparar a mediana entre o grupo controle e o basal, 3 meses e 6 meses do grupo bariátrico.
Tabela 3 Associações entre o Índice de Massa Corporal e as variáveis: vitamina C, β-
caroteno, vitamina E, E- corrigida, glutationa reduzida, catalase, mieloperoxidase e
substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico do grupo bariátrico (período basal, 3 e 6 meses
pós-cirúrgico).
Variáveis
rho (Coeficiente de correlação de
Spearman)
p valor
Vitamina C (mg/dL)
-0,269 0,037*
β-Caroteno (µM)
-0,492 < 0,001***
Vitamina E (µM)
0,061 0,643
Vitamina E-corrigida
(µmol/mg)
-0,173 0,185
GSH (µmol/ mL)
-0,052 0,691
Catalase
(mmol H
2
O
2
/min/mL)
-0,221 0,089
Mieloperoxidase (mU/mL)
0,576 < 0,001***
TBARS (nmol/mL)
-0,346 0,007**
GSH= glutationa reduzida; TBARS= substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico.
Diferença estatística significante: *p < 0,05, **p
< 0,01, ***p< 0,001.
87
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a cirurgia bariátrica ocorreu diminuição significativa do peso e da ingestão
calórica. Indivíduos obesos parecem apresentar um estado antioxidante prejudicado, bem
como maior peroxidação lipídica em relação a indivíduos eutróficos, sendo que a perda de
peso cirúrgica pode trazer uma melhora nos níveis dos antioxidantes, diminuição nos níveis
de mieloperoxidase e aumento nos níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico.
A curta duração do estudo e a cnica de freqüência utilizada para a avaliação do
consumo alimentar podem ser limitações do estudo.
O conhecimento das implicações que a perda de peso cirúrgica pode trazer ao balanço
antioxidante/ oxidante pode possibilitar o monitoramento adequado dos pacientes neste
contexto, prevenindo futuras complicações e tratando as atuais.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo