Entre nós, a idéia de Educação Popular vem infalivelmente associada ao nome de
Paulo Freire. Não porque Paulo Freire tenha inventado não sei que teoria ou método
de educação. Nada mais falso e nada mais contrário ao pensamento do próprio Paulo
Freire. Mas não há dúvida de que este tem o mérito histórico de ter sido o que
melhor interpretou e com mais felicidade formulou uma verdadeira pedagogia do
oprimido, uma autêntica educação libertadora que se busca praticar em diferentes
áreas de trabalho popular, seja em nível sindical, partidário, seja nas mais diversas
associações e movimentos sociais. Paulo Freire representa socialmente esse novo
modo de aproximação do povo oprimido, de sorte que diz” Educação Paulo Freire” e
já definir uma postura específica de acercamento da realidade popular, postura feita
de humildade, escuta e respeito, diálogo e confiança, crítica, interrogação e
envolvimento transformador. Numa palavra, trata-se de educação como ato
amoroso, dando ênfase igualmente a dois termos; ato como ação, prática libertação e
amoroso; como bem-querer, confiança e reciprocidade. O sentido histórico da
pedagogia do oprimido é uma marca em contraposição à pedagogia tradicional. É
uma ruptura histórica que se estabelece na medida em que volta sua atenção
especificamente ao oprimido como sujeito de sua libertação. Efetivamente, a
tradição educativa secular, sob a intenção manifesta de se ocupar com a pessoa
humana, acaba se ocupando com a elite, finalmente com o opressor. Por isso mesmo
a pedagogia do oprimido conferiu ao processo educativo um conteúdo
decididamente social e não mais individualístico, além disso, uma dimensão
ativamente política e não mais simplesmente passiva e reprodutora do status quo.
Daí porque a noção de educação popular em Paulo Freire inclui ao mesmo tempo a
consciência do mundo, a palavra e o poder, o conhecimento e a política, em breve,
teoria e prática. (BOFF, 1989, p. 10).
Assim contextualizando as conceituações de educação popular, percebe-se que ela não
é somente entendida como um processo de “conscientizar” ou tornar a pessoa um crítico, mas
de dar sentido aos envolvidos nesse processo de consciência solidária, a partir da sua classe,
para que essa educação popular se torne uma prática transformadora na medida em que se
converte em solidariedade, sensibilizada com o homem enquanto semelhante e conectada com
o mundo, sempre com uma intervenção pedagógica dialogal, com uma ação cultural
libertadora. O que torna a educação popular um diferencial das outras formas de educar é que,
nela, deve-se levar em conta a idéia de que a pessoa é uma totalidade de existência em seu
mundo e que ela vive como uma corporeidade inserida concretamente em um momento e em
um espaço determinado por suas possibilidades de relações.
Existem várias concepções sobre a educação popular, como educação oferecida a toda
a população, que permite o acesso de todas as camadas sociais ao ensino escolar
proporcionado pelo Poder Público. Há uma segunda concepção em que é vista como educação
dirigida a pessoas adultas das classes populares, uma forma especial de educação, uma oferta
tardia de conhecimentos a adultos não escolarizados na idade adequada. Esta concepção
comporta uma variedade de experiências de educação não-formal, que incluem os trabalhos
de alfabetização pura e simples, de educação comunitária, de formação profissional e ensino
supletivo. E, por fim, uma terceira concepção vinculada à educação politizada, que passa pela