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Em animais extraídos na região do estuário de Cananéia-SP por Johnscher-
Fornasaro (1981), uma única espécie foi encontrada (C. rhizophorae).
Em conformidade com Rios (1994) e Varela et al. (2007), foi assumido que as
ostras envolvidas neste trabalho são da espécie Crassostrea rhizophorae.
A ostra-do-mangue C. rhizophorae distribui-se desde o Uruguai até o Caribe e
como o próprio nome sugere, ocorre principalmente em regiões de manguezal, em
enseadas, baías e estuários, fixando-se em rochas e substratos consolidados
(RIOS, 1994). Nos manguezais, encontra-se geralmente fixa aos rizóforos do
mangue vermelho, Rhizophora mangle ocupando a região entremarés (MATTOX,
1949; BACON, 1971; NASCIMENTO, 1983).
A biologia, ecologia e a arte de cultivo da ostra-do-mangue C. rhizophorae vêm
sendo investigadas em diversos locais. A maioria dos estudos foi realizada nos
países do Caribe e no Brasil e abordaram aspectos relativos à biologia e ecologia da
espécie, direcionadas às atividades de cultivo (DE LA MAZA, 1933; PEREZ-
FARFANTE, 1954; ESCABARSSIERE, 1969; RUIZ et al., 1969; BACON, 1971;
VÉLEZ, 1976; NASCIMENTO, 1983; ANGELL, 1986; LITTLEWOOD, 1988; FRIAS;
RODRIGUEZ, 1991;
LODEIROS et al., 2007). Em Cuba, o cultivo atingiu nível
industrial (FRIAS; RODRIGUEZ, 1991), entretanto nos demais lugares, onde esta
espécie é endêmica, os cultivos não obtiveram o mesmo êxito.
No Brasil, as primeiras experiências com o cultivo da ostra nativa C. rhizophorae
foram realizadas no Estado da Bahia, no Canal de Itaparica - Jiriatuba, em 1972.
Porém não obtiveram êxito, já que a tecnologia de engorda não se desenvolveu,
fruto do forte parasitismo, sucumbindo em 1985 (POLI, 2004). Estudos para a
verificação da viabilidade técnica para a implantação da ostreicultura em outros
estados definiram aspectos promissores (FERNANDES; LIMA, 1976; AZEVEDO;
VIANA, 1983; NASCIMENTO, 1983; MIRANDA; GUZENSKI, 1999). No Litoral Sul do
Estado de São Paulo, a partir do trabalho realizado por Wakamatsu (1973), o cultivo
da ostra C. brasiliana se desenvolveu atingindo níveis comerciais, justificando a
criação da Cooperativa de Produtores de Ostras de Cananéia – COOPEROSTRA.
O cultivo de ostras vem despertando o interesse de pescadores artesanais, que
vêem na atividade uma alternativa de subsistência, como também das autoridades
locais, que buscam o desenvolvimento sócio-econômico. No entanto, a falta de
informações sobre as potenciais áreas de cultivo, sobre o comportamento
reprodutivo, recrutamento e técnicas de engorda, levam muitas vezes à inviabilidade