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CRISTIANA CORRÊA DIAS
EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DA ESCALA DE
DEPRESSÃO (EDEP) EM UMA AMOSTRA NO
CONTEXTO HOSPITALAR
ITATIBA
2008
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CRISTIANA CORRÊA DIAS
EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DA ESCALA DE
DEPRESSÃO (EDEP) EM UMA AMOSTRA NO
CONTEXTO HOSPITALAR
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu da Universidade São
Francisco para obtenção do título de Mestre em
Psicologia.
ORIENTADOR: Prof. Dr. Carlos Henrique
Sancineto da Silva Nunes
ITATIBA
2008
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Ficha catalográfica elaborada pelas Bibliotecárias do Setor de
Processamento Técnico da Universidade São F
Ficha catalográfica elaborada pelas bibliotecárias do Setor de
Processamento Técnico da Universidade São Francisco.
WP 190 Dias, Cristiana Corrêa.
C531e Evidências de validade da Escala de Depressão
(EDEP) em uma amostra no contexto hospitalar /
Cristiana Corrêa Dias. -- Itatiba, 2008.
119 p.
Dissertação (mestrado) – Programa de
Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da
Universidade São Francisco.
Orientação de: Carlos Henrique Sancineto da Silva
Nunes.
1. Avaliação psicológica. 2. Qualidade de vida.
3. Depressão. 4. Percepção do suporte familiar.
5. Personalidade. 6. Doença Crohn. I. Nunes, Carlos
Henrique Sancineto da Silva. II. Título.
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Universidade São Francisco
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
MESTRADO EM PSICOLOGIA
EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DA ESCALA DE
DEPRESSÃO (EDEP) EM UMA AMOSTRA NO
CONTEXTO HOSPITALAR
Autor(a): Cristiana Corrêa Dias
Orientador: Prof. Dr. Carlos Henrique Sancineto da
Silva Nunes
Este exemplar corresponde à redação final da dissertação de mestrado
defendida por Cristiana Corrêa Dias e aprovada pela comissão
examinadora.
Data: ____ / _____ / _____
COMISSÃO
EXAMINADORA
___________________________________________________________
Prof. Dr.Carlos Henrique Sancineto da Silva Nunes (Orientador)
___________________________________________________________
Prof. Dr. Cláudio Saddy Rodrigues Coy
____________________________________________________________
Prof. Dr. Ricardo Primi
Itatiba
2008
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DEDICATÓRIA
AO PROF. DR. CARLOS HENRIQUE SANCINETO DA SILVA NUNES
Por ter me acolhido, ter-me me concedido esta oportunidade de trabalho,
imprescindível para a minha realização pessoal e profissional. Pela seriedade,
profissionalismo, confiança e amizade que conquistamos no decorrer do curso de pós
graduação.
Por tudo, agradeço e dedico este trabalho
A MINHA FAMÍLIA TARCISO, NEUSA, PATRÍCIA E ROGÉRIA
Por ter sempre acreditado e incentivado a minha formação pessoal e profissional.
Pelo carinho, dedicação e amor incondicional em todas as etapas da minha vida.
Por tudo, agradeço e dedico este trabalho
AOS PACIENTES E ACOMPANHANTES DO AMBULATÓRIO DE DOENÇAS
INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS, GASTROCENTRO / UNICAMP
Vencedores de inúmeras dificuldades da vida e que muito têm contribuído para as
pesquisas científicas, nem sempre recebendo o reconhecimento e o respeito merecidos pelo
sistema de saúde.
Por tudo, agradeço e dedico este trabalho
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AO PROF. DR. JUVENAL RICARDO NAVARRO GOÉS (IN MEMÓRIA)
Por ter sempre incentivado e acreditado numa equipe multiprofissional para o
tratamento de pacientes com Doenças Inflamatórias Intestinais. Por sempre acreditado e
valorizado o trabalho da psicologia junto aos pacientes
Por tudo, agradeço e dedico este trabalho
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por não ter permitido que eu abandonasse o mestrado devido situações
difíceis que enfrentei. Por ter mostrado mais uma vez que mesmo vivendo momentos de
desesperança e angústias sempre mostra o caminho certo e a recompensa.
Ao meu orientador Carlos Nunes obrigada pelo apoio, dedicação, tranqüilidade e
principalmente por ter me devolvido a motivação, alegria e vontade de continuar minha
pesquisa e assim voltado a acreditar no meu esforço e trabalho. Tenho muito orgulho de ter
sido sua primeira orientanda.
À minha família Tarciso, Neusa, Patrícia, Rogéria e Azael pela compreensão, ajuda,
apoio, incentivo, renúncia, silêncio e sublimação. Obrigada por sempre ter me valorizado,
acreditado e lutado junto comigo para chegar ao final do curso. Sem vocês, eu nada seria.
Para Patrícia e Rogéria o meu mais sincero agradecimento por sempre terem
cuidado de mim como se fosse filha de vocês, estando comigo em todos os momentos
felizes e difíceis da minha vida. Graças ao exemplo diário de bondade, dedicação, carinho e
perseverança que vocês duas passam, consegui enfrentar momentos difíceis no decorrer
desse mestrado, pois vocês me ensinaram a nunca desistir e acreditar em momentos
melhores. Vocês duas são meu exemplo de vida e tenho orgulho de ser sua irmã.
Ao meu namorado Vander Lopes pela ajuda, dedicação, apoio, incentivo, paciência
e amor incondicional nessa caminhada. Sem, você eu não teria conseguido.
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Ao Ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinais, GASTROCENTRO
UNICAMP, pela acolhida, apoio e oferecimento de sua estrutura, o que proporcionou a
plena execução desse trabalho.
Aos amigos e colegas do Ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinais,
GASTROCENTRO UNICAMP Prof. Dr. Juvenal Ricardo Navarro Góes (in memória),
Prof. Dr.Cláudio Coy, Prof. Dra. Maria de Lourdes, Prof. Dr. Fagundes, Dra. Raquel, Dr.
Michel, Dra. Patrícia, a psicóloga Daisy e as enfermeiras Catarina e Ana, obrigada pelo
apoio incondicional e pela ajuda no dia-a-dia, com isso viabilizando a coleta de dados dessa
dissertação de mestrado. Sinto-me orgulhoso de fazer parte dessa equipe. Em especial,
agradeço a nutricionista Taciana pelo carinho, paciência, confiança e amizade que foi
construída na convivência semanal no ambulatório, na qual estendemos e construímos uma
amizade verdadeira. Obrigada por tudo.
Aos colegas de caminhada do curso de pós-graduação Ivan, Priscila, Amanda,
Arlete, Poliana e Cíntia obrigada pela convivência e afeição. Em especial, aos amigos Ítor,
Odete, Nelimar, Clarice, e Julia pela amizade, dedicação, lealdade e companheirismo, na
qual foi de extrema importância para solução de incertezas, vidas e encaminhamentos
desse trabalho. Nunca vou esquecer vocês.
A coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior (CAPES) pelo
apoio financeiro dessa pesquisa.
A todos os amigos que de alguma forma, colaboraram no pleno desenvolvimento
desse trabalho.
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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
AOS PACIENTES DO AMBULATÓRIO DE DOENÇAS INFLAMATÓRIAS
INTESTINAIS – GASTROCENTRO / UNICAMP PARTICIPANTES DA
PESQUISA, PELA PACIÊNCIA, COLABORAÇÃO E DISPONIBILIDADE. MEU
ETERNO AGRADECIMENTO. SEM VOCÊS, SERIA IMPOSSÍVEL ESTE
TRABALHO.
AOS ACOMPANHANTES DOS PACIENTES DO GASTROCENTRO / UNICAMP
PARTICIPANTES DESSA PESQUISA, OBRIGADA PELA ATENÇÃO, CARINHO,
DISPONIBILIDADE E INCENTIVO. SEM VOCÊS, SERIA IMPOSSÍVEL A
REALIZAÇÃO DESSE TRABALHO.
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Neste momento, é importante dizer que...
“Pode-se viver no mundo, uma vida maravilhosa,
quando se sabe trabalhar e amar. Trabalhar pelo
que se ama e amar aquilo em que se trabalha”.
Tolstoi
“Eu de fato, não sou um homem da ciência. Não
sou um pesquisador, nem pensador. Por
temperamento, não sou nada, a não ser, um
conquistador ou aventureiro, com toda a
curiosidade deste tipo de gente”.
Sigmund Freud
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RESUMO
Dias, C. C. (2008). Evidências de validade da Escala de Depressão (EDEP) em uma
amostra no contexto hospitalar. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Psicologia, Universidade São Francisco, Itatiba.
A doença de Crohn, devido sua cronicidade e ausência de associação entre o estado
funcional do paciente e os marcadores inflamatórios, requer estudos específicos sobre seus
efeitos psicológicos e interação com as características dos pacientes. Nesse contexto, é de
extrema relevância estudos envolvendo a avaliação do nível de depressão, qualidade de
vida, personalidade e percepção do suporte familiar em pacientes com esta doença, bem
como a validade das medidas para esses construtos. O objetivo principal dessa pesquisa foi
buscar evidências de validade para a Escala de Depressão (EDEP) no contexto hospitalar. A
amostra foi composta por 200 participantes, sendo 100 pacientes do Ambulatório de
Doenças Inflamatórias Intestinais do GASTROCENTRO-UNICAMP e 100 acompanhantes
dos pacientes que freqüentam esse setor. Para a coleta de dados foi utilizada a Escala de
Depressão (EDEP), o Inflammatory Bowel Disease Questionnaire (IBDQ), o Inventário de
Percepção de Suporte Familiar (IPSF), a Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) e um
Questionário Sociodemográfico (QSD). Foi verificado, por meio do teste de correlação de
Pearson, moderadas correlações negativas entre o EDEP total e o IBDQ total (r=-0,71;
p<0,01), e também da EDEP total e o IPSF Total (r=-0,51; p<0,01), e por fim, uma
moderada correlação positiva na dimensão neuroticismo (r=0,48; p<0,01) da BFP.
Adicionalmente, foi verificado, por meio do teste T de Student, se havia diferenças de
média nos escores dos testes entre aos grupos clínico e não clínico, na qual, foi possível
observar que existe diferença significativa entre os grupos em relação a depressão,
mensurada pelo EDEP (t=-3,36; gl=193; p=0,01). Por fim, foi analisado se havia diferença
significativa entre gênero para as variáveis psicológicas, na qual foi possível evidenciar
diferenças significativas com relação a percepção do suporte familiar (t=2,81; gl=198;
p=0,01), na qualidade de vida referente aos aspectos emocionais (t=2,29; gl=98; p=0,02), e
por fim, na EDEP total (t=-3,24; gl=198; p=0,01). Portanto, esses resultados indicam que
foram encontradas evidências de validade convergente, discriminante e de critério para a
Escala de Depressão (EDEP).
Palavras-chave: Avaliação Psicológica; Depressão; Qualidade de Vida; Percepção do
Suporte Familiar, Personalidade e doença Crohn.
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ABSTRACT
Dias, C. C. (2008). Evidences of Validity Scale of Depression (EDEP) in a sample in the
hospital context. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em
Psicologia, Universidade São Francisco, Itatiba.
Crohn's disease, because of its chronic and lack of association between patient's functional
state and inflammatory markers, requires specific studies on their psychological effects and
interaction with the patient's characteristics. In this context it is important studies involving
the assessment of depression level, quality of life, personality and perception of the family
support in patients with this disease, as well as the validity of measures for these constructs.
The objective of this research had been to search evidences of validity for Scale de
Depression (EDEP). The sample comprised 200 participants, being 100 patients from the
Clinic of Inflammatory Illnesses of the GASTROCENTRO-UNICAMP and 100 patient's
companions who frequented this sector. For collection of data were used Scale of
Depression (EDEP), Inflammatory Bowel Disease Questionnaire (IBDQ), Inventory of
Perception of Support Family (IPSF), Factorial Battery of Personality (BFP) and
Questionnaire Sociodemographic (QSD). It was verified, by Pearson’s correlation test,
moderate negative correlations between the totality of EDEP and the totality IBDQ (r=-
0,71; p<0,01), and also of the totality EDEP and totality IPSF (r=-0,51; p p<0,01), and
finally, moderate positive correlations in the dimension neuroticism (r=0,48; p<0,01) of the
BFP. Additionally, it was verified, by using the Student’s T test, if there were differences
scores on the tests between clinical groups and not clinical group, in which it was possible
to see that there is significant difference exists between groups in relation depression,
measure by EDEP (t=-3,36; gl=193; p=0,01).Supplementary, it was analyzed if there was
difference significant between gender, for psychological variables and it was possible to
evidence significant differences regarding perception of the family support (t=2,81; gl=198;
p=0,01), quality of life in relation emotional aspects (t=2,29; gl=98; p=0,024), and finally,
in the totality EDEP (t=-3,24; gl=198; p=0,01).Therefore, these results indicate that were
found evidences of validity convergent, discriminate and criterion for the Scale of
Depression (EDEP).
Keywords: Psychological Avaluation, Depression, Quality life, Perception of Family
Support, Personality and Crohn's disease.
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SUMÁRIO
Lista de Tabelas................................................................................................................. xv
Lista de Siglas.....................................................................................................................
xviii
Resumo................................................................................................................................
x
Apresentação...................................................................................................................... 1
Capítulo 1. Depressão, Qualidade de Vida, Percepção do Suporte Familiar e
Personalidade dos Pacientes com Doença de Crohn......................................................
04
1.1. Aspectos médicos da doença de Crohn............................................................... 04
1.2. Depressão e doença de Crohn.............................................................................. 07
1.3. Traços de personalidade dos pacientes com Crohn.......................................... 11
1.4. Qualidade de vida dos pacientes com a doença de Crohn................................ 14
1.5. A família e o paciente com Crohn....................................................................... 20
Capítulo 2. Desenvolvimento e validação de instrumentos psicológicos no
contexto da saúde...............................................................................................................
23
2.1 . Avaliação psicológica na saúde.......................................................................... 27
3. Objetivos......................................................................................................................... 31
3.1. Objetivo Geral...................................................................................................... 31
3.2. Objetivos Específicos............................................................................................ 31
xii
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4. Método............................................................................................................................ 33
4.1. Participantes......................................................................................................... 33
4.2. Instrumento........................................................................................................... 34
4.2.1. Escala de Depressão (EDEP)...................................................................... 34
4.2.2. Inflammatory Bowel Disease Questionnaire (IBDQ)…………..…. 35
4.2.3. Inventário de Percepção de Suporte Familiar (IPSF).............................. 37
4.2.4. Bateria Fatorial de Personalidade (BFP).................................................. 39
4.2.5. Questionário Sociodemográfico (QSD)..................................................... 42
4.3. Procedimento........................................................................................................ 43
4.4. Plano de análise de dados.................................................................................... 44
5. Resultados e discussão................................................................................................... 46
5.1. Caracterização da amostra.................................................................................. 46
5.2. Resultados dos Testes........................................................................................... 59
5.2.1. Análises da consistência interna dos instrumentos EDEP, IPSF, IBDQ
e BFP.......................................................................................................................
61
5.2.1.1. Comparação das médias dos instrumentos em função do grupo...
70
5.2.2. Associações entre os instrumentos EDEP, IPSF, IBDQ e BFP................
86
6. Considerações finais......................................................................................................
98
7. Referências..................................................................................................................... 103
8. Anexos............................................................................................................................. 113
8.1. Questionário Sociodemográfico (QSD).............................................................. 113
xiii
xiii
xiii
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8.1.1. Questionário Sociodemográfico (QSD). Grupo clínico............................ 113
8.1.2. Questionário Sociodemográfico (QSD). Grupo não clínico..................... 115
8.2. Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)........................................ 117
xiv
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Estatística Descritiva da amostra.....................................................................46
Tabela 2 Freqüência e porcentagem de nível educacional dos participantes ...............47
Tabela 3. Freqüência e porcentagem do nível educacional do pai.................................48
Tabela 4. Freqüência e porcentagem e porcentagem do nível educacional da mãe.....49
Tabela 5. Freqüência e percentual do Estado Civil dos participantes...........................50
Tabela 6. Freqüência e porcentagem de tempo do estado civil......................................51
Tabela 7. Freqüência e porcentagem da renda................................................................51
Tabela 8. Freqüência e porcentagem de religião.............................................................52
Tabela 9. Estatística Descritiva de variáveis clínicas da amostra do Grupo Clínico ...53
Tabela 10. Tempo de demora para diagnóstico referente ao gênero.............................54
Tabela 11. Estatística descritiva do número de internações...........................................55
Tabela 12. Teste T de Student para diferença de média do número de internações por
grupo............................................................................................................................56
Tabela 13. Estatística Descritiva de número de cirurgias...............................................57
Tabela 14. Freqüência e porcentagem de motivo do atendimento psicológico.............58
Tabela 15. Freqüência e porcentagem de doenças crônicas nos acompanhantes.........58
Tabela 16. Escore mínimos, máximo, média e desvio padrão do IPSF (N=200)...........59
Tabela 17. Escore mínimos, máximo, média e desvio padrão do IBDQ (N=100).........59
xv
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Tabela 18. Escore mínimos, máximo, média e desvio padrão da BFP e suas facetas
(N=200) ........................................................................................................................60
Tabela 19. Consistência interna da escala de depressão (EDEP) por grupos...............61
Tabela 20. Consistência interna da escala de depressão (EDEP) por gênero...............61
Tabela 21. Consistência interna do Inventário de Percepção do Suporte Familiar
(IPSF) – Total..............................................................................................................62
Tabela 22. Consistência interna dos fatores do Inventário de Percepção do Suporte
Familiar (IPSF) por Grupos......................................................................................62
Tabela 23. Consistência interna dos fatores do Inventário de Percepção do Suporte
Familiar (IPSF) por gênero. ......................................................................................63
Tabela 24. Consistência Interna do Inflammatory Bowel Disease Questionnaire (IBDQ)
por gênero....................................................................................................................66
Tabela 25. Consistência Interna das dimensões do Inflammatory Bowel Disease
Questionnaire (IBDQ) por gênero.............................................................................66
Tabela 26. Consistência Interna das dimensões e facetas da Bateria Fatorial de
Personalidade (BFP) por grupos...............................................................................67
Tabela 27. Consistência Interna das dimensões e facetas da Bateria Fatorial de
Personalidade (BFP) por gênero...............................................................................69
Tabela 28. Teste T de Student para diferença de média por grupo (Grupo Clínico-
N=100, Grupo Não Clínico- N=100)..........................................................................71
Tabela 29. Teste T de Student comparando os grupos clínicos e não clínicos com a
amostra de normatização da BFP.............................................................................76
xvi
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Tabela 30. Comparação dos escores dos grupos avaliados em relação ao grupo
normativo da BFP.......................................................................................................79
Tabela 31. Teste de regressão logística.............................................................................81
Tabela 32. Teste T de Student para diferença de média por gênero (feminino- N=104,
masculino- N=96)........................................................................................................84
Tabela 33. Correlação EDEP com os instrumentos IPSF, BFP e IBDQ .......................87
Tabela 34. Correlações IPSF com os instrumentos IBDQ e BFP...................................92
Tabela 35. Correlações IBDQ com a BFP........................................................................95
xvii
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LISTA DE SIGLAS
AERA- American Educational Research Association
APA- American Psychological Association
BFP- Bateria Fatorial de Personalidade
DC- Doença de crohn
DII- Doenças Inflamatórias Intestinais
DSQ- Defense Style Questionnaire
EDEP- Escala de Depressão
HDHQ- Hostility and Direction of Hostility Questionnaire
HSS- Health Status Scale
IBDQ- Inflammatory Bowel Disease Questionnaire
IPSF- Inventário de Percepção de Suporte Familiar
NCME- National Council on Measurement in Education
OMS- Organização Mundial de Saúde
QSD- Questionário Sociodemográfico
RCUI- Retocolite Ulcerativa Idiopática
SCL-90-R- Symptom Distress Checklist
STAI- Inventário da ansiedade do estado e do traço
TCLE- Termo de consentimento livre e esclarecido
xiii
1
APRESENTAÇÃO
Atualmente muito se tem discutido a respeito da avaliação psicológica e sua
utilização em diferentes contextos. O número de estudos envolvendo a avaliação
psicológica de pessoas com Doenças Inflamatórias Intestinais, apesar de ainda pequeno,
vem crescendo nos últimos anos. Além disso, os testes psicológicos (psicométricos e
projetivos) vêm sendo utilizados cada vez mais na área hospitalar, com o intuito de auxiliar
o psicólogo no processo de psicodiagnóstico e planejamento dos tratamentos das doenças.
A avaliação psicológica em portadores da doença de Crohn deve contemplar a
forma como estes e seus familiares enfrentam a doença, suas limitações decorrentes, as
repercussões sociais, acadêmicas e familiares. Portanto, nesse contexto, o resultado da
avaliação psicológica tem como finalidade nortear a intervenção e as formas de manejo dos
profissionais da saúde, referente ao tratamento dos portadores da doença de Crohn, visando
também a compreensão das reações emocionais dos pacientes e seus familiares e os
cuidados especiais por partes dos psicólogos que esses pacientes exigem.
O presente estudo, intitulado “Evidências de validade da escala de depressão
(EDEP) em uma amostra no contexto hospitalar”, envolveu a realização de estudos que
buscaram evidências de validade de testes psicológicos que medem os construtos
depressão, qualidade de vida, percepção do suporte familiar e personalidade no contexto da
saúde, tendo como foco principal o primeiro construto. Entende-se que os resultados
encontrados podem colaborar com a área da avaliação psicológica de uma forma mais
ampla, uma vez que seus resultados são compatíveis com pesquisas em outros contextos.
Também possui o objetivo de demonstrar a importância do uso da avaliação psicológica em
pacientes com diagnóstico de doença de Crohn.
2
O primeiro capítulo descreve os aspectos clínicos e emocionais da doença de Crohn,
indicando sua associação aos construtos depressão, qualidade de vida, percepção do suporte
familiar e as características de personalidade dos pacientes com a doença. A escolha de
trabalhar com esses pacientes surgiu com o convite do Dr. Juvenal Ricardo Navarro Góes
(in memória), no qual me apresentou a uma população muito diferenciada devido o caráter
impactante da doença para o paciente, principalmente, devido a suas características clínicas,
tais como a complexidade das manifestações, em que emerge um quadro sintomatológico
limitante e doloroso, a sua cronicidade, além do diagnóstico incerto, provocando um
impacto significativo na qualidade de vida desses pacientes.
Em seguida apresenta-se o segundo capítulo que descreve a importância do uso da
avaliação psicológica na investigação da doença de Crohn demonstrando a importância de
pesquisas que sustentem a aplicabilidade dos testes psicológicos em contexto específico e
suas interpretações. Para tanto, foi feita uma revisão que indica que a psicometria é uma
área que está muito próxima da psicologia da saúde, pois oferece técnicas para o
desenvolvimento, aprimoramento e verificação da qualidade dos instrumentos
desenvolvidos para a avaliação de construtos relevantes. O objetivo de realizar uma
discussão referente ao uso da avaliação psicológica no contexto da saúde e de ressaltar a
importância dos estudos direcionados para contribuir no sentido de aumentar o número de
informações e evidências de validade desses instrumentos para aplicação dentro do
contexto da saúde.
Após o segundo capítulo, apresenta-se o objetivo geral e os específicos dessa
pesquisa, que envolvem estudos de validade da EDEP, relacionando-a com medidas de
personalidade, de percepção de suporte familiar e qualidade de vida. Em seguida, o projeto
descreve o método usado para a realização do projeto, com o detalhamento dos
participantes, instrumentos, procedimento, plano de análise dos dados e as referências.
3
Por fim, a dissertação segue com os anexos dessa pesquisa que contém o
Questionários Sociodemográfico (QSD) (Anexo 8) para o grupo clínico (Anexo 8.1.1), e
para o grupo não clínico (Anexo 8.1.2), e por fim o termo de consentimento livre
esclarecido (Anexo 8.2).
4
CAPÍTULO 1. DEPRESSÃO, QUALIDADE DE VIDA, PERCEPÇÃO DO
SUPORTE FAMILIAR E PERSONALIDADE EM PACIENTES COM DOENÇA DE
CROHN
1.1. ASPECTOS MÉDICOS DA DOENÇA DE CROHN
São denominadas como Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) um grupo de
distúrbios inflamatórios crônicos envolvendo os intestinos delgado e grosso, sendo este
composto pela Retocolite Ulcerativa Idiopática (RCUI), doença de Crohn (DC) e pelas
Colites Indeterminadas (CI), que são doenças que apresentam sinais e sintomas, muitas
vezes semelhantes (Cotran, Kumar & Robbins, 1989; Damião & Sipahi, 2004).
Existem relatos históricos de ocorrência da Retocolite Ulcerativa Idiopática e da
doença de Crohn desde o século XIX, que demonstram que, após a década de 30, ocorreu
um sensível aumento do número de casos registrados no mundo. As duas doenças
apresentam, na atualidade, uma freqüência semelhante, com incidência aproximada de até
20 casos por 100.000 habitantes (Shivananda, Lennard-Jones & Logan, 1996). Regiões que
apresentam uma elevada incidência de Retocolite Ulcerativa também têm uma alta
incidência de doença de Crohn. Existe uma tendência de ocorrência familiar e racial na DII,
possibilitando a afirmativa da importância do fator genético, sendo que uma história
familiar de doença de Crohn está associada a um aumento, tanto para a doença de Crohn
como para a Retocolite Ulcerativa e vice versa (Ekbom, Helmick & Zack, 1991).
A doença de Crohn pode ser descrita como uma doença intestinal inflamatória
ulceroconstritiva crônica e idiopática, caracterizada patologicamente por um acometimento
nitidamente delimitado de todas as camadas da parede do intestino, por meio de um
5
processo granulomatoso sem caseificação (Cotran & cols, 1989; Hanauer, 2001; Rutgeerts,
2002; Vermeire, 2002). Segundo Pereira (2000), esta é uma doença inflamatória intestinal
de fator etiológico desconhecido e caracterizado pelo acometimento focal, assimétrico e
transmural de qualquer parte do tubo digestivo, da boca ao ânus e que possui caráter
impactante para os pacientes, principalmente devido a sua cronicidade, complexidade e
quadro sintomatológico limitante e doloroso. Os segmentos do tubo digestivo mais
freqüentemente acometidos são o íleo, o cólon e a região perianal (Kornbluth, Sachar &
Salomon, 1998; Hanauer & Sandborn, 2001).
Essa doença pode envolver qualquer parte do tubo digestivo e sua manifestação
clínica é variável sendo caracterizada por períodos de remissão e de reincidência como
fístulas (canais de comunicação anormais), abcessos (bolsas de infecção cheias de pus),
obstrução intestinal, entre outros (Cardoso & cols, 2006).
Habitualmente a doença começa com crises intermitentes de diarréia relativamente
leve, febre e dor no quadrante inferior direito do abdômen ou, às vezes periumbilical. Essas
crises são intercaladas por períodos assintomáticos que duram de semanas a vários meses.
Com freqüência, as manifestações estarão presentes por vários anos, antes que seja
estabelecido um diagnóstico definitivo (Cotran & Robbins, 1989; Damião & Sipahi, 2004).
As crises costumam ser desencadeadas por períodos de estresse físico ou emocional. As
influências emocionais não são consideradas como desencadeadoras da doença, mas
contribuem para a sua exacerbação (Cotran & Robbins, 1989).
Como sintomas gerais da doença, podem ser citados a diarréia junto com eliminação
de sangue, muco ou pus e as dores abdominais, geralmente em volta da cicatriz umbilical,
na região mais baixa à direita, muitas vezes confundida com apendicite. Além disto,
ocorrem mal-estar geral, cansaço, náuseas e vômitos, acompanhados de febre moderada,
sensação de distensão abdominal que é aumentada durante as refeições, inapetência e perda
6
de peso, podendo provocar atraso de desenvolvimento e problemas de crescimento em
adolescentes (Cotran & Robbins, 1989, Damião & Sipahi, 2004). Manifestações extra-
intestinais são freqüentes e podem ser limitantes, desencadeados e representados, sobretudo
por dores de cabeça, dores músculo-esqueléticas, úlceras na boca, artrite, letargia e
problemas urinários (Damião & Sipahi, 2004; Zimmerman, 2003).
A causa da doença de Crohn ainda não é conhecida. Fatores infecciosos,
imunológicos e psicogênicos têm sido investigados como possíveis causadores dessa
doença. As pesquisas sobre os fatores infecciosos mostram que os agentes mais
freqüentemente classificados e relacionados à sua gênese são os vírus, dentre eles os
rotavírus, o vírus de Epstein-Barr e alguns RNA vírus citopáticos. Bactérias, semelhantes a
Pseudomonas, anaeróbios entéricos, Mycobacterium kansaii com parede celular defeituosa
e Yersinia enterocolitica também foram associados como causa da doença, porém essa
associação ainda necessita de evidências mais consistentes (Dayal & Delellis, 1991;
Hanauer, 1997; Marcolin, Gonçalves, Dias, Troncon & Duarte, 2001).
Outras possíveis causas da doença de Crohn podem ser relacionadas aos fatores
imunológicos, pois foram observadas alterações da imunidade humoral e celular, como
secreção aumentada de imunoglobulinas de mucosa, anormalidades nos números de
linfócitos B e T circulantes e respostas exacerbadas de macrófagos. Parece que, complexos
antígeno-anticorpo circulantes estão envolvidos na causalidade da doença extra-intestinal.
O conceito mais aceito atualmente é de que ocorre uma resposta imunológica exacerbada e
crônica desencadeada por um fator antigênico e cuja manifestação primária seja
gastrointestinal, de acordo com essa possibilidade, o sistema imunológico do organismo
reagiria a algum vírus ou bactéria, causando inflamação contínua do intestino (Dayal &
Delellis, 1991; Hanauer, 1997; Marcolin & cols, 2001).
7
Adicionalmente, os fatores psicogênicos também devem estar envolvidos, ou seja, o
sistema nervoso pode influenciar as funções motoras, secretoras, vasculares e metabólicas
do sistema digestivo. Assim sendo, os fatores psicogênicos são importantes e contribuem
para as exacerbações sintomáticas (Wyngaarden & Smith, 1990; Dayal & Delellis, 1991;
Hanauer, 1997; Marcolin & cols, 2001).
1.2. DEPRESSÃO E DOENÇA DE CROHN
Os pacientes com as Doenças Inflamatórias Intestinais oscilam entre períodos
relativamente estáveis e aqueles em que se sentem instáveis, tanto em relação aos sintomas
físicos, quanto aos aspectos psicológicos. Ao longo da vida, podem surgir diversos
acontecimentos que desencadeiam alterações afetivas, sexuais, diminuição da auto-estima,
depressão, ansiedade, irritabilidade, agressividade, frustração, hostilidade, desconfiança,
dependência, culpa, entre outros. Os problemas familiares e financeiros, a incerteza médica,
a insatisfação com o trabalho e as próprias distorções do pensamento são relacionados
diretamente a esta instabilidade. A adaptação à doença, por parte do paciente, implica num
esforço significativo e, muitas vezes, pode desencadear uma alteração no estilo de vida não
referente ao paciente, como também aos seus familiares, na tentativa de facilitar essa
adaptação (Pereira, 2000).
A depressão é um dos transtornos psicológicos mais freqüentes na população,
podendo ser desencadeada em qualquer faixa etária. É responsável por altos custos de
tratamento, diretos e indiretos e gera grandes prejuízos para o paciente e para a sociedade,
devido a sua natureza crônica, alta morbidade e mortalidade. Dentre os quadros
psicológicos associados à doença de Crohn, a depressão é um dos principais e que pode
8
gerar maior prejuízo funcional aos pacientes (Matos, Gomes Matos & Gomes Matos Mello,
2006).
Segundo Michelon, (2006), a depressão ocorre em todas as culturas e em todos os
níveis sócio-econômicos. Em portadores de doenças crônicas, quadros depressivos podem
estar presentes de modo independente ou mesmo decorrentes da doença clínica, podendo
causar ou exacerbar sintomas físicos como fadiga, mal-estar, dores, entre outros. Desta
forma, é importante investigar possíveis transtornos depressivos em portadores de doenças
crônicas, pois quando presentes devem ser tratados, para que o paciente consiga melhorar
sua qualidade de vida e bem estar.
Para Michelon (2006), a presença de outros problemas clínicos em comorbidade
com a depressão é muito comum. Dos pacientes com depressão atendidos em serviços de
saúde primária, 65% apresentam diagnóstico, ao mesmo tempo, de transtorno de ansiedade,
transtornos somatoformes ou abuso de substâncias como o álcool. Dentre esses pacientes,
82% apresentam pelo menos um problema médico não psiquiátrico, como hipertensão
(50%), artrite reumatóide (23%), diabetes (17%) e cardiopatia (15%). Sintomas físicos
múltiplos como dor, fadiga, insônia e alterações gastrointestinais estão fortemente
associados a quadros depressivos e ansiosos.
Ballone (2005) relata que no último relatório da Organização Mundial de Saúde
(OMS) foi indicado que a depressão é mais comum no sexo feminino, estimando-se uma
prevalência do episódio depressivo em 1,9% no sexo masculino e em 3,2% no sexo
feminino. Em geral, a depressão afeta de 15 a 20% das mulheres e de 5 a 10% dos homens.
Aproximadamente 66% das pessoas com depressão não fazem tratamento e, dos pacientes
que procuram o clínico geral, apenas 50% são diagnosticados corretamente.
Segundo Kaplan e Sadock (2007), o Transtorno Depressivo Maior é uma condição
comum, com uma prevalência de até 25% nas mulheres. Sua incidência é de 10% entre
9
pacientes em atenção primária e 15% entre os pacientes hospitalizados. O Transtorno
Bipolar I é menos freqüente do que o Transtorno Depressivo Maior, com uma prevalência
durante a vida, de cerca de 1%. Os transtornos afetivos como a distimia e a depressão
maior, podem ter um impacto negativo sobre o paciente, reduzindo a sua capacidade
funcional, prejudicando a sua qualidade de vida e a sua adesão ao tratamento, o que
dificulta a adaptação do paciente à doença. Conseqüentemente, há um aumento do mero
de consultas ambulatoriais, dos custos de saúde e do risco de mortalidade (Ricoo & Cols,
2000). Portanto, estima-se que até o ano de 2020 os transtornos depressivos serão a segunda
maior causa de comprometimento funcional, perdendo apenas para as doenças coronarianas
(Matos & Cols, 2006).
No DSM 4 TR, (APA, 2002), existe a descrição de certos quadros relacionados à
depressão, mas mostra-se mais relevante para este projeto o transtorno depressivo maior,
que é caracterizado por um ou mais episódios depressivos maiores, por pelo menos duas
semanas consecutivas, todos os dias ou na maior parte do dia. Observa-se humor deprimido
ou perda de interesse, acompanhados por mais quatro sintomas, no mínimo, adicionais de
depressão, definidos como alterações de apetite, de peso, do sono e das atividades
psicomotoras, diminuição da energia, sentimentos de desvalia ou culpa; dificuldade para
pensar, concentrar-se ou tomar decisões, presença de pensamentos recorrentes sobre morte
ou ideação suicida ou mesmo engajamento em comportamentos autodestrutivos. Esses
sintomas causam sofrimento significativo e prejuízos sociais e ocupacionais na vida das
pessoas acometidas. Diversos pesquisadores estão investigando possíveis correlações entre
a doença de Crohn e os aspectos emocionais, com o intuito de compreender a influência dos
aspectos clínicos e emocionais no dia-a-dia dos pacientes com esta doença (Heltzer,
Chammas, Norland, Stillings & Alpers, 1984; Song, 1993; Zimmermann, Carvalho & Mari,
2004).
10
Heltzer e cols (1984) investigaram a associação entre a doença de Crohn e doenças
psiquiátricas. Nesse estudo, foi constatado um índice significativo de diagnóstico de
depressão no grupo de pacientes acometidos, em algum momento de suas vidas, quando
comparado ao grupo controle. Nessa pesquisa, não foi encontrada nenhuma associação
entre severidade da doença de Crohn e as desordens psiquiátricas, ou vice-versa. Também
foi possível observar que cerca de 50% dos pacientes apresentaram desordens psiquiátricas
diagnosticáveis, mas, segundo evidências, a depressão quando diagnosticada, não foi
tratada adequadamente. Esses pesquisadores afirmam que é muito importante o tratamento
da depressão para esses pacientes, o apenas pelos sintomas deste quadro, que podem ser
extremamente incapacitantes e limitantes para o paciente, mas também por possíveis
implicações na doença, incluindo a exacerbação dos sintomas e sua evolução.
Song (1993) realizou um estudo no qual comparou um grupo de pacientes com
problemas intestinais (distensão e dores abdominais) com um grupo de pacientes com
doença de Crohn e um terceiro grupo, da população normal. Esse autor identificou uma
prevalência maior de sintomas psiquiátricos, especificamente depressão e ansiedade, nos
pacientes com a doença de Crohn. Apesar de salientarem as restrições metodológicas do
estudo, destacam a importância da consideração desses fatores na compreensão da doença.
Vega e cols. (1994) realizaram um estudo com 92 pacientes com diagnóstico
confirmado de doença de Crohn. Nesse estudo, os pesquisadores perceberam que os
pacientes associavam a dificuldade emocional com as características da doença
(cronicidade, sintomatologia e o prognóstico incerto), ou seja, os pacientes associavam suas
crises emocionais como um fator determinante, que poderia influenciar no seu estilo de
vida. Portanto, esses autores acreditam na possibilidade de considerar os transtornos
psicológicos como uma conseqüência da própria enfermidade, mais do que como um fator
etiológico potencial.
11
1.3. TRAÇOS DE PERSONALIDADE DOS PACIENTES COM CROHN
Segundo Zimmermann e Cols, (2004) a etiologia da depressão é freqüentemente
associada à perda física ou emocional e essas perdas são numerosas e duradouras para os
pacientes. Em pacientes com Doenças Inflamatórias Intestinal, existe a perda ou a
dificuldade da função intestinal, a perda da sensação de bem-estar, as mudanças
significativas no papel do paciente, tanto na família quanto no trabalho, a perda das fontes
de recursos financeiros e da função sexual, entre outras. A essas perdas, podem-se associar
as características de personalidade do paciente, além de uma eventual predisposição
genética para a depressão (Zimmermann, & cols, 2004). Segundo Pontes (1987), dentre as
características de personalidade do paciente com as Doenças Inflamatórias Intestinais,
destaca-se a dificuldade do paciente em sentir o mundo interno e externo. Com essas
dificuldades o paciente permite que os fatores emocionais, tais como a ansiedade, o medo, a
raiva, a depressão, entre outras, somada à personalidade controladora e perfeccionista-
obsessiva e suas características de observação e inteligência diferenciada influencie no seu
dia-a-dia (Miller, 1966; Pontes, 1987; Alexander, 1989; Haynalb & cols 2001). Estudos
reforçam a importância do componente emocional na etiologia e na evolução das Doenças
Inflamatórias Intestinal, descrevendo a dificuldade de elaboração dos pacientes diante de
suas perdas físicas e emocionais (Cotran & Robbins, 1989; Pontes, Miszputen, Ferreira-
Filho, Miranda & Ferraz, 2004).
É importante salientar que várias das características listadas anteriormente são
diretamente relacionadas a fatores gerais ou a facetas específicas da personalidade, no
modelo dos Cinco Grandes Fatores da Personalidade (CGF), também conhecido
internacionalmente na literatura como “Big Five” (Hutz & Cols, 1998; McCrae & Costa,
2003). O modelo dos Cinco Grandes Fatores é uma versão atualizada da Teoria de Traço,
12
representando um avanço conceitual e empírico no campo da personalidade e descrevendo
dimensões humanas básicas de forma consistente e replicável (Hutz & Cols, 1998).
Atualmente, o modelo dos CGF vem sendo considerado como o mais adequado e
com maior poder de síntese, o qual promove uma linguagem comum para psicólogos de
diferentes abordagens. Além disso, vem sendo destacada a sua utilidade na predição do
comportamento humano (Buss, 1989), além de avançar na busca de uma estrutura natural
para organizar a pesquisa e de ser utilizado como guia de uma avaliação compreensiva de
indivíduos (Mccrae & John, 1992).
Este modelo propõe que a personalidade pode ser descrita por meio de cinco
dimensões amplas e ortogonais, intituladas Neuroticismo, Extroversão, Abertura à
Experiência, Socialização e Realização. Em linhas gerais, Neuroticismo é a predisposição
para experimentar afetos negativos e inclui traços relacionados à vulnerabilidade, depressão
e ansiedade. Extroversão descreve a quantidade das interações interpessoais típicas dos
indivíduos, bem como o nível de comunicação, gregariedade e assertividade. O fator
Abertura descreve uma disposição para novas experiências, interesse cultural, sensibilidade
estética e flexibilidade. Já a Socialização, engloba aspectos de altruísmo, cuidado,
confiança nas pessoas e cooperação e, por fim, a Realização, que inclui traços como
persistência, disciplina, responsabilidade e necessidade de realização (McCrae & Costa,
2003).
Na busca de compreender os componentes emocionais que poderiam interferir nas
Doenças Inflamatórias Intestinais alguns autores descreveram os principais traços de
personalidade envolvidos, como insegurança, sentimentos de inferioridade e inadequação,
tensão, ansiedade, depressão, agressividade, dependência, sensibilidade, labilidade
emocional e hiperatividade. Além destes, são identificados também a dificuldade em
expressar seus sentimentos, conflitos sexuais, masoquismo, timidez e desconfiança, aliada à
13
possível personalidade controladora e perfeccionista-obsessiva desses pacientes (Miller,
1966; Pontes, 1987; Gil & Sampson, 1989; Alexander, 1989; Pontes, 1989; Haynalb & cols
2001).
Hyphantis e cols (2005) realizaram um estudo com uma amostra de 39 pacientes
com a Doença de Crohn, 33 pacientes com Retocolite Ulcerativa Idiopática e quatro
pacientes com uma forma intermediária de doença inflamatória intestinal, no qual foram
utilizadas as escalas Symptom Distress Checklist (SCL-90-R), Defense Style Questionnaire
(DSQ), e Hostility and Direction of Hostility Questionnaire (HDHQ). Esses autores
perceberam que os pacientes com a doença de Crohn apresentavam um perfil de
personalidade defensivo e mais imaturo do que os pacientes com Retocolite Ulcerativa
Idiopática. Estas diferenças eram estatisticamente significativas e apresentavam-se
independente da idade, do sexo, do nível educacional, da extensão da doença e do
tratamento farmacológico. Também foi possível detectar, nesse estudo, uma correlação
positiva entre a atividade da doença e os perfis defensivos nos pacientes com Retocolite
Ulcerativa Idiopática e nos pacientes com a doença de Crohn. Esse estudo também
demonstrou que não havia nenhuma diferença estatisticamente significativa entre os
pacientes com Retocolite Ulcerativa Idiopática e pacientes com a doença de Crohn,
referentes aos sintomas psiquiátricos. Esses autores também concluíram que os pacientes
com as Doenças Inflamatórias Intestinais são mais maduros quando se trata de informações
referentes a sua doença, mas apresentam níveis mais baixos de maturidade, quando se trata
de questões referentes às possíveis operações cirúrgicas, fornecendo evidências de que estes
aspectos da personalidade podem influenciar a adaptação dos pacientes para a doença.
Robertson e cols. (1989) realizaram um estudo com 80 pacientes portadores de
Doenças Inflamatórias Intestinais (44 com doença de Crohn e 36 Retocolite Ulcerativa
Idiopática), na qual buscaram levantar um perfil de personalidade e de estados afetivos
14
desses pacientes. Nesse estudo, foi possível observar um percentual elevado de
comportamentos associados a alto neuroticismo e de introversão, comparado ao grupo-
controle (pacientes portadores de outra doença crônica). Outro dado interessante, levantado
nesse estudo, foi que os pacientes acreditavam haver uma ligação estreita entre estresse,
personalidade e atividade da doença, reconhecendo, como causa da doença, um evento
estressante ou uma “personalidade nervosa”. Esses autores identificaram ainda outros dois
fenômenos secundários à enfermidade inflamatória intestinal. O primeiro fenômeno gerado
indica que esses pacientes tendiam a se tornar pessoas mais introvertidas e, o segundo
fenômeno observado foi que, à medida que a doença progredia, a depressão se manifestava
de maneira mais freqüente.
1.4. QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES COM A DOENÇA DE
CROHN
Além dos estudos que relacionam características da personalidade à doença de
Crohn, pesquisadores têm manifestado interesse em estudar sobre a qualidade de vida
desses pacientes alertando sobre o impacto desta variável no processo de tratamento das
doenças Inflamatórias Intestinais (Barbieri, 2000; Pontes, 2004).
O interesse na análise da qualidade de vida dos pacientes com doenças crônicas,
como a doença de Crohn, tem se tornado crescente desde a década de 70. Isso ocorre
devido à característica recorrente da doença, que apresenta episódios agudos intercalados a
períodos de remissão e pela faixa etária de pacientes enquadrados como adultos jovens,
comprovando a hipótese do grande impacto na qualidade de vida dos pacientes acometidos.
Essa doença apresenta um quadro clínico com baixos índices de mortalidade, porém com
15
morbidade acentuada, por afetar as pessoas em uma faixa etária bastante produtiva, sendo
que algumas delas ainda em estruturação de suas características físicas, psicológicas e
sociais (Andrade, Santana,
Santos, Guedes & Lyra, 2005).
Gill e Feinstein (1994) apontaram que a qualidade de vida reflete o modo com que o
paciente percebe e reage à sua saúde e a outros aspectos não-médicos da sua vida. Para
Morton (1995) e McDonough (1997), qualidade de vida é a medida da percepção que o
paciente tem entre a diferença da sua realidade e suas necessidades e a construção
multidimensional que reflete a habilidade funcional do indivíduo, o suporte social, a
compreensão emocional e a ausência de desconforto psicológico.
A avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde tem sido uma prática cada vez
mais freqüente na medicina atual. Alguns autores, como McDonough (1997) e Testa e
Simonsen (2006) demonstraram que, mediante esta avaliação, pode-se verificar a eficácia
de tratamentos do ponto de vista do paciente. Com o aumento da expectativa de vida e,
conseqüentemente, do surgimento de doenças crônicas, o desenvolvimento de instrumentos
que possam medir a qualidade de vida destes pacientes tem sido um desafio para os
pesquisadores, devido a necessidade do instrumento de conseguir medir o que se propõe a
medir (Pagani & Pagani Junior, 2006).
O desenvolvimento de estudos na área de qualidade de vida poderá resultar em
mudanças nas práticas assistenciais e na consolidação de novos paradigmas do processo
saúde-doença. A avaliação da qualidade de vida pode melhorar a relação médico-paciente a
partir de uma percepção mais ampla do processo de doença, que localize as prioridades e
melhore a compreensão, por parte do médico, e a confiança, por parte do paciente
(Castanha & cols, 2007).
Veríssimo e cols (1996) realizaram um estudo que teve como objetivo avaliar a
relação entre a qualidade de vida, a atividade da doença inflamatória intestinal
16
(sintomatologia) e os fatores sócio-demográficos. Nesse estudo, foram analisados 48
pacientes com a doença de Crohn (15 homens e 33 mulheres, com idade média de 35 anos),
e 24 pacientes com colite ulcerosa (11 homens e 13 mulheres, com idade média de 45
anos). A idade média dos participantes desse estudo foi de é 37,05 anos (DP=13,54) e a
duração média da doença foi de 9,79 anos (DP = 7.34).
A atividade da doença foi avaliada pelo Survey CDAI, pela Health Status Scale
(HSS) e, também, foi utilizada a avaliação de um médico especialista para analisar o
impacto da sintomatologia da doença na qualidade de vida. A avaliação da qualidade de
vida dos pacientes com as Doenças Inflamatórias Intestinais foi realizada através do
Inflammatory Bowel Disease Questionnaire (IBDQ) e também da percepção do paciente
em relação ao seu bem-estar (Veríssimo e cols, 1996). Nesse estudo, foi possível verificar
que o IBDQ se correlaciona significativamente (p < 0,001) com a atividade da doença, com
a avaliação clínica e com a percepção que o paciente tem do seu próprio bem-estar. O
mesmo acontece com a HSS (p < 0,001). Também foi possível observar que as mulheres
com colite ulcerosa apresentaram uma pior qualidade de vida, resultante de suas queixas
sistêmicas e dos aspectos emocionais.
Também foi possível observar nesse estudo que uma menor atividade na doença de
Crohn corresponde um nível sócio-econômico mais baixo, caracterizando uma tendência
inversa àquela observada para a colite ulcerosa. Verificou-se ainda que o diagnóstico da
doença de Crohn tem se manifestado mais precocemente. O resultado correlaciona-se
significativamente com a atividade da doença, com a avaliação clínica e com a percepção
que o paciente tem do seu próprio bem-estar. O mesmo tipo de relação verifica-se
igualmente com a escala HSS (Veríssimo & cols, 1996).
17
Na área de pesquisa, os instrumentos de qualidade de vida fornecem informações de
como o processo de doença impede o bem-estar do paciente em várias áreas de sua vida.
Estas informações podem ser direcionadas às políticas de saúde que visam à melhoria da
qualidade de vida da população. No campo econômico, a avaliação de qualidade de vida
auxilia a definição da relação custo-benefício do impacto que uma doença pode determinar
na capacidade produtiva de um sujeito, além de avaliar a qualidade dos recursos de saúde
disponíveis (Seidl & Zannon, 2004).
Um conceito tão amplo quanto qualidade de vida inclui questões como emprego,
família, ambiente e muitas outras condições da vida, que devem ser levadas em
consideração para que este conceito seja útil como medida de saúde. Nas três últimas
décadas, a qualidade de vida tornou-se um novo paradigma, representando os ideais da
medicina moderna. A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu qualidade de vida
como a percepção do indivíduo a respeito de sua posição na vida, dentro do contexto da
cultura e do sistema de valores no qual ele vive, e em relação aos seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações. É um conceito de caráter multidimensional e
abrangente, que incorpora, de uma forma complexa, domínios como a saúde física, o estado
psicológico, o nível de independência, os relacionamentos sociais, as crenças pessoais
(espirituais e religiosas) e as relações desses domínios com características ambientais.
Dessa maneira, a avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde procura abordar as
áreas física, emocional, mental, social e os sintomas relacionados às doenças e seus
tratamentos (Souza, 2005).
O conceito de qualidade de vida no âmbito da saúde, quando visto no sentido mais
amplo, baseia-se na compreensão das necessidades humanas fundamentais, materiais e
espirituais e tem, no conceito de promoção da saúde, seu foco mais relevante (Castanha,
Coutinho, Saldanha & Ribeiro, 2007; Minayo, Hartz & Buss, 2000).
18
Segundo Frayman, Cukiert, Forster, Ferreira e Buratini (1999), qualidade de vida é
um conceito subjetivo e o transporte desse tema para o campo saúde-doença aumenta sua
complexidade, pois o impacto da doença na vida de uma pessoa depende de vários fatores,
nem sempre controláveis. Assim, como saúde não pode ser definida simplesmente como
ausência de doença, qualidade de vida não pode ser considerada apenas como ausência de
queixas e reclamações. É um conceito que prioridade ao ponto de vista individual,
refletindo as diferentes formas que o indivíduo portador de alguma doença pode ver o
mundo e seus objetivos pessoais. A interferência de uma mesma doença na vida de dois
indivíduos com o mesmo tipo de resposta ao tratamento será diferente, dependendo da
forma como cada um percebe as restrições nas atividades da vida diária.
Em outro estudo com uma amostra de 997 pacientes diagnosticados com a doença
de Crohn e a Retocolite Ulcerativa Idiopática, realizado por Drossman, Leserman, Mitchell,
Zagami e Patrick (1990), foram avaliados alguns aspectos emocionais dos pacientes com
essas doenças, como a depressão e a qualidade de vida. Foi verificado que esses pacientes
apresentavam mais dificuldades psico-sociais, as quais estavam associadas ao aumento da
sintomatologia das Doenças Inflamatórias Intestinais. Esse estudo também sugeriu a
necessidade de acompanhamento psicológico, não pela associação das Doenças
Inflamatórias Intestinais com as desordens psiquiátricas (ansiedade e depressão), mas
também porque a doença pode causar uma ruptura na vida profissional, familiar e social
desses pacientes.
O crescente aumento de estudos sobre o construto da qualidade de vida vem
contribuindo para a disponibilidade de diversos instrumentos voltados para a avaliação da
qualidade de vida, embora seja reconhecido que a expectativa de mudança do nível de vida
existente, para um padrão de maior qualidade é, sem dúvida, uma busca interminável,
dinâmica e que passa por vários aspectos. A avaliação da qualidade de vida foi
19
acrescentada nos estudos clínicos como uma das dimensões a ser avaliada para análise dos
indivíduos, compreendendo em sua totalidade, cercado de circunstâncias que interferem
diretamente no seu cotidiano (Freire, 2006). De acordo com Fleck e Cols (2004), no campo
da medicina, a preocupação com o conceito aumentou a partir de um movimento dentro das
Ciências Humanas e das Ciências Biológicas, no sentido de valorizar parâmetros mais
amplos que o controle de sintomas, a diminuição da mortalidade ou o aumento da
expectativa de vida.
Portanto, as doenças crônicas constituem um grande problema da população
moderna, pois a sua evolução tende a ser progressiva, e desencadeadora de várias mudanças
no dia-a-dia dos doentes, podendo desenvolver diferentes impactos no grau de satisfação de
vida das pessoas (Domingues e cols 2006, Etienne 2004 & Pontes, 2004). Devido à
cronicidade da doença de Crohn, assim como a ausência de correlação entre o estado
funcional do paciente e os marcadores inflamatórios, aumenta a importância dos estudos de
instrumentos voltados para medir a qualidade de vida de pacientes portadores de doenças
inflamatórias intestinais (Borgaonkar, 2000 & Pontes, 2004). Deste modo as doenças
inflamatórias intestinais, mais especificamente a doença de Crohn, podem desencadear
diversas mudanças no dia-a-dia dos pacientes, causando um alto impacto para a qualidade
de vida dessas pessoas.
20
1.5. A FAMÍLIA E O PACIENTE COM CROHN
Os pacientes com a doença de Crohn, além de cuidados médicos adequados,
necessitam de um suporte emocional no plano afetivo, social, profissional e familiar que lhe
permita enfrentar os problemas gerados no seu dia-a-dia e também os problemas
desencadeados pela sintomatologia da doença de Crohn (Pereira, 2000; Castelli, A. & Silva,
2007). Pode-se afirmar que o impacto das doenças crônicas sobre o estilo de vida e no
funcionamento psico-social do paciente e seus familiares interfere no seu estilo e qualidade
de vida. As pesquisas referentes aos transtornos mentais apontam a simultaneidade das
doenças crônicas, com a presença de problemas como depressão, ansiedade e abuso de
substâncias nestes pacientes. Além disso, a doença crônica é vista como um agente
estressante de longa duração, que afeta não somente o paciente, mas também seus
familiares ou cuidadores (Ricoo & Cols, 2000).
Segundo Gomes (1999), a família é um grupo de pessoas com características
distintas, formando um sistema social baseado numa proposta de ligação afetiva duradoura
e estabelecendo uma relação de cuidado, dentro de um processo histórico de vida. A noção
de saúde da família depende dos recursos de cada membro e da família como unidade, para
superação de crises e conflitos, evidenciando a busca por normalizar o seu funcionamento
por meio do cuidado e do bem-estar com o outro (Messa, 2003).
A família é considerada uma unidade primária de cuidado, pois corresponde ao
espaço social onde seus membros interagem, trocam informações, apóiam-se mutuamente,
buscam e mediam esforços para amenizar e solucionar problemas. A família deve ser
entendida como um grupo dinâmico, variando de acordo com a cultura e o momento
histórico, econômico, cultural e social que está vivenciando (Messa, 2003; Contim, 2001).
21
As limitações impostas pela doença crônica afetam também a família, que precisa se
adaptar às necessidades do familiar doente, utilizando de novos recursos de enfrentamento
(Messa, 2003). Segundo Romano (1999), uma quebra do equilíbrio dinâmico familiar
diante do processo do adoecer. As mudanças que o tratamento acarretará e as adaptações
que essa família realizará dependem dos recursos disponíveis, de como o evento (no caso a
doença) começou e do significado que atribuiu ao acontecimento. O equilíbrio é buscado
por meio das novas adaptações.
São documentados três tipos de reações da família frente à situação de crise
ocasionada pela doença e pelas limitações causadas. O primeiro tipo é a reação em que o
sistema mobiliza-se, com o intuito de resgate de seu estado anterior. No caso da doença
crônica, esse estado anterior não pode ser resgatado, exigindo que a família alcance outra
identidade. O sistema passa por dificuldades no processo adaptativo, tentando acomodar a
enfermidade (Messa, 2003; Santos & Sebastiani, 2001).
O segundo tipo de reação é a paralisação frente ao impacto da crise. Essa reação
pode ocorrer, sendo superada em maior ou menor tempo. Essa paralisação tende a estar
associada à importância que o indivíduo possui no equilíbrio dinâmico do sistema. O
terceiro tipo ocorre quando o sistema identifica benefícios com a crise e se mobiliza para
mantê-la. O doente é colocado como “bode expiatório”, sendo o depositário de todas as
patologias das reações dentro da família. No caso da doença crônica, o paciente terá
dificuldades em se adaptar à nova realidade, com suas limitações e perdas, devido ao fato
de o sistema não abrir espaço para que ele se coloque, conspirando contra tal tentativa
(Messa, 2003; Santos & Sebastiani, 2001).
Portanto a percepção do suporte familiar é muito importante para os pacientes, pois
pode influenciar os comportamentos de autocuidados em doentes crônicos, que se
observou correlação entre percepção de suporte familiar e aumento de motivação para
22
autocuidados com a saúde. Os programas que incentivam a família como suporte em
diversas situações m recebido grande atenção por parte dos pesquisadores da área
(Baptista, no prelo). Portanto, é importante compreender a importância do suporte familiar
para o paciente e incluir a família no processo de tratamento, informando e orientando, pois
a família será a maior aliada do paciente e da equipe de saúde, no decorrer do tratamento
(Domingues & Dias, 2005).
23
CAPÍTULO 2. DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS
PSICOLÓGICOS NO CONTEXTO DA SAÚDE
Como citado no capitulo anterior, os pacientes com as Doenças Inflamatórias
Intestinais passam por períodos, nos quais sua sintomatologia oscila frequentemente,
podendo desencadear no decorrer da vida desses pacientes diferentes impactos,
representados por alterações afetivas e sexuais, baixa auto-estima, modificação de humor,
depressão, ansiedade, irritabilidade, agressividade, frustração, hostilidade, desconfiança,
dependência, culpa, problemas familiares e financeiros, incerteza médica, insatisfação com
o trabalho, distorções do pensamento, entre outras. A adaptação do paciente referente aos
sintomas da doença de Crohn pode gerar a necessidade de mudanças em seu estilo de vida e
seus hábitos diários. Além da adaptação do paciente torna-se importante a adaptação da
família perante o processo de adoecer do paciente visando facilitar essa adaptação (Castelli,
A. & Silva, 2007).
Uma vez que a tensão emocional pode influenciar no curso e na evolução da doença
de Crohn e que a depressão pode estar associada a esta, torna-se importante o uso da
avaliação psicológica na investigação do tratamento desses pacientes (Ballone, 2005).
Sendo assim, o auxílio do psicólogo é de extrema importância na identificação das
alterações citadas anteriormente, pois, quando presente, o psicólogo deve direcionar seu
atendimento fazendo uso da avaliação psicológica (entrevistas e aplicações de testes) com o
objetivo de contribuir para que o paciente consiga melhorar o seu bem-estar psicológico e
sua qualidade de vida (Teixeira, 2004).
Pasquali (2001) define avaliação psicológica como sendo o uso combinado de
diversos métodos e técnicas para avaliar, descrever e classificar de maneira objetiva o
comportamento. A avaliação é baseada no método científico da observação, e as inferências
24
precisam seguir os procedimentos relacionados ao teste de hipótese. Além dessa etapa, a
avaliação psicológica inclui a identificação das necessidades, os comportamentos e
procedimentos psicológicos, a integração das descrições e dos escores e a inferência.
Atualmente muitas discussões têm sido realizadas a respeito das possibilidades e
limites da avaliação psicológica, especialmente em relação aos testes psicológicos.
Diversos estudos têm enfocado o desenvolvimento de normas nacionais para a utilização
dos testes, além de verificar as evidências de validade dos instrumentos. Esses estudos
também visam a construção de novas técnicas de avaliação, além do levantamento dos
instrumentos psicológicos mais utilizados em diferentes contextos (Alchiere & Bandeira,
2002; Noronha; Primi & Munhoz, 1998).
Um teste psicológico é um instrumento de medida, um procedimento que busca
medir um fenômeno psicológico, estando nele resumidas amostras de comportamentos
relacionados a uma variável psicológica. Nesse sentido, pode-se definir um teste
psicológico como a medida padronizada e objetiva de uma amostra comportamental. De
maneira geral, um teste psicológico se presta a medir diferenças entre pessoas ou as reações
dos mesmos em momentos diferentes (Anastasi & Urbina, 2000).
No entanto, a realização de um processo de avaliação psicológica amplo requer o
uso de técnicas e testes válidos, que apresentem pesquisas que sustentem a sua
aplicabilidade no contexto específico bem como suas interpretações. Para tanto, a
psicometria tem-se mostrado uma área cuja aproximação com a psicologia da saúde é de
extrema importância, uma vez que oferece técnicas para o desenvolvimento,
aprimoramento e verificação da qualidade de instrumentos desenvolvidos para a avaliação
de construtos relevantes para uma melhor intervenção (AERA, APA & NCME, 1999).
Para a elaboração de um teste psicológico, quatro etapas são necessárias para
garantir a sua qualidade e utilização profissional adequada. A primeira etapa para a
25
construção de um teste psicológico refere-se à preparação, elaboração e análise dos itens a
serem utilizados no instrumento. Nesse momento, torna-se importante que os itens
consigam representar amplamente as possíveis variações que o comportamento que está
sendo medido possa assumir, com o objetivo de contemplar a diversidade das respostas,
para medir o comportamento. Associada a esta etapa, geralmente está a avaliação teórica
dos itens e a sua adequação para o público alvo. Esse processo é importante para avaliação
da qualidade de um teste psicológico, pois as informações referentes à forma como os itens
foram elaborados, suas principais características, a base teórica que eles representam as
avaliações realizadas pelos autores dos testes que finalizam a escolha de um determinado
número para o seguimento do processo, deve ser descritas de maneira clara e objetiva
(Anastasi & Urbina, 2000).
A segunda etapa para elaboração de um teste psicológico envolve a verificação da
validade do teste, ou seja, a capacidade de um instrumento em poder descrever um
comportamento de modo a garantir que realmente se possa medir aquilo que se propõe. De
acordo com Anastasi e Urbina (2000), os testes podem ter suas validades evidenciadas com
base em três procedimentos, que são a validação de medidas que é o processo cumulativo, a
descrição dos conteúdos, procedimentos de validação e predição de critérios e
procedimentos identificatórios dos construtos, ou seja, sua precisão. Portanto, buscar
evidências de validade de um teste refere-se à verificação do instrumento em relação o que
ele se propõe a medir, ou seja, um instrumento é valido quando e comprovado sua
capacidade de mensurar as respostas comportamentais do construto.
O trabalho conjuto da American Educational Research Association (AERA), a
American Psychological Association (APA) e o National Council on Measurement in
Education (NCME) (1999) resultou em uma atualização dos padrões para a testagem
educacional e psicológica. Essas associações defendem que a divisão de estudos referentes
26
às validades de conteúdo, critério e construto não são necessárias, pois entendem que
diferentes linhas de evidências de validade podem fornecer informações relevantes para
uma determinada interpretação específica dos escores de um teste. Para AERA, APA e
NCME (1999), validade é um conceito único entendido como "o grau em que todas as
evidências acumuladas suportam a interpretação pretendida dos escores do teste para o
propósito a que se destina" (p. 11). Portanto, as evidências de validade podem ser
fundamentadas no conteúdo do teste, no processo de resposta, na estrutura interna do teste,
nas relações com outras variáveis e nas conseqüências da testagem.
A terceira etapa para elaboração de um teste psicológico envolve estudos de
precisão ou fidedignidade, segundo Anastasi e Urbina (2000) fidedignidade refere-se à
consistência dos escores obtidos pelas mesmas pessoas quando elas são reexaminadas com
o mesmo teste em diferentes ocasiões, ou com diferentes conjuntos de itens equivalentes,
ou sob outras condições variáveis de aplicação. Para AERA e cols (1999) fidedignidade
refere-se à consistência dos dados de avaliação frente aos mesmos procedimentos de
testagem em indivíduos ou em grupos, quando as condições de padronização são mantidas.
A informação sobre o erro de medida, que é associada à precisão do teste, é indispensável
para a própria avaliação e para o uso do instrumento.
A quarta e última etapa é a padronização que se refere às etapas e condições para
aplicação dos testes e para a operalização do material (tipo de materiais necessários). Nessa
etapa, são desenvolvidas as precauções a serem tomadas na aplicação do teste psicológico e
seu levantamento de tal forma que os critérios para a interpretação dos resultados obtidos
sejam mantidos e as inferências validadas sejam preservadas. A padronização implica na
uniformidade do processo de avaliação do teste, portanto, para comparar os resultados
obtidos por diferentes pessoas, as condições de aplicação devem ser iguais para todas, ou
seja, as aplicações dos testes devem ocorrer de forma padronizada, visando os padrões de
27
como deve interpretar um escore obtido por uma pessoa no teste (Alchieri & cols, 2003;
Pasquali, 2001).
2.1. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NA SAÚDE
A área da Psicologia da Saúde é consolidada internacionalmente, e, no Brasil,
está conquistando cada vez mais seu espaço. A Psicologia da Saúde é uma área
relativamente nova que tem se desenvolvido de maneira crescente no Brasil e no exterior, e
pode ser definida como o conjunto de contribuições da Psicologia para a promoção e
manutenção da saúde assim como para a prevenção e tratamento das doenças, participando
na análise do sistema de saúde e na definição de políticas para esta área (Farinati; Rigoni &
Muller, 2006).
Historicamente, a American Psychological Association (APA) foi a primeira
associação de psicólogos a criar um grupo de trabalho na área da saúde em 1970. O
objetivo da APA foi de estudar a natureza e a extensão da contribuição dos psicólogos para
a investigação básica e aplicada sobre os aspectos comportamentais nas doenças físicas e na
manutenção da saúde. Em 1979, foi criada a divisão 38, chamada Health Psychology, cujos
objetivos básicos são avançar no estudo da Psicologia como disciplina que compreende a
saúde e a doença através da pesquisa e encorajar a integração da informação biomédica
com o conhecimento psicológico, fomentando e difundindo a área (Capitão, Scortegagna &
Baptista, 2005).
A Psicologia da Saúde, compreendida como um campo de especialização da
Psicologia com interesse focado nos problemas de saúde, especialmente físicos ou médicos,
com a função de prevenir a ocorrência desses problemas ou de tratá-los, utiliza-se de
metodologia, princípios e conhecimentos da atual Psicologia científica, embasando-se no
28
ponto de vista de que o comportamento constitui, juntamente com causas biológicas e
sociais, os principais determinantes da saúde e da maior parte das doenças e problemas
humanos de saúde atualmente existentes (Farinati; Rigoni & Muller, 2006).
Essa definição se adapta ao conceito de saúde como totalidade, dentro do modelo
proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), apresentando-a como uma disciplina
integradora. Esse modelo propõe que os diferentes elementos (biológicos, psicológicos e
sociais), a conduta saudável ou insana, e os diferentes campos de especialização
(Psicologia, Ciências Biomédicas e Ciências Sociais) interagem com o objetivo de tratar ou
controlar comportamentos, além de prevenir a ocorrência dos comportamentos
inadequados, e por fim assegurar e promover a instauração de comportamentos saudáveis
(Farinati; Rigoni & Muller, 2006).
A Psicologia da Saúde, com base no modelo biopsicosossocial, utiliza os
conhecimentos das ciências biomédicas, da Psicologia Clínica e da Psicologia Social-
Comunitária. Por isso, o trabalho com outros profissionais é imprescindível dentro dessa
abordagem. Essa área fundamenta seu trabalho principalmente na promoção e na educação
para a saúde, que objetiva intervir com a população em sua vida cotidiana antes que haja
riscos ou se instale algum problema de âmbito sanitário. O trabalho é multiplicador, uma
vez que capacita a própria comunidade para ser agente de transformação da realidade, pois
ensina a lidar, controlar e melhorar sua qualidade de vida. Dessa maneira, torna-se evidente
que a Psicologia da Saúde ênfase às intervenções no âmbito social e inclui aspectos que
vão além do trabalho no hospital, como é o caso da Psicologia Comunitária (Gonzalez-Rey,
1997; Castro & Bornholdt, 2004).
Matarazzo (1980) define a Psicologia da Saúde como um o conjunto de
contribuições educacionais, científicas e profissionais específicas da psicologia para a
promoção e manutenção da saúde, prevenção e tratamento das doenças, na identificação da
29
etiologia e diagnósticos relacionados à saúde, à doença e às disfunções, bem como no
aperfeiçoamento do sistema de políticas da saúde.
A Psicologia da Saúde tem como objetivo compreender como os fatores biológicos,
comportamentais e sociais que influenciam na saúde e na doença. Também pode
compreender a Psicologia da Saúde como uma disciplina ou um campo de especialização
da Psicologia que aplica seus princípios, técnicas e conhecimentos científicos para avaliar,
diagnosticar, tratar, modificar e prevenir os problemas físicos, mentais ou qualquer outro
relevante para os processos de saúde e doença. Esse trabalho pode ser realizado em
diversos contextos, como em hospitais, centros de saúde comunitários, organizações não-
governamentais e nas próprias casas dos indivíduos. Também pode compreender a
Psicologia da Saúde como a aplicação da Psicologia Clínica no âmbito médico (Baptista &
Dias, 2003; Capitão & cols, 2005; Castro & Bornholdt, 2004).
De acordo com Camon (2000), Psicologia da Saúde é a prática de levar o paciente a
buscar o bem-estar físico, mental e social, incluindo o desempenho de uma abordagem que
teria que inserir a participação de outros profissionais da área da saúde. A atuação da
Psicologia da Saúde envolve todas as fases do atendimento ao paciente (primária
secundária e terciária). Os limites da atuação da Psicologia da Saúde vão além do próprio
enquadramento com as práticas clínica e médica, estendendo-se também para uma atuação
de intervenção no campo social do paciente.
Segundo Capitão e cols (2005) a avaliação psicológica no contexto da saúde possui
os objetivos de promover e proteger a saúde, potencializar o tratamento das enfermidades,
identificar etiologias e disfunções associadas a doença e propor melhorias no cuidado e nas
políticas públicas de saúde. Segundo Teixeira (2004) para a realização dos objetivos citados
anteriormente os psicólogos utilizam de entrevistas clínicas, aplicações de testes, avaliações
cognitivas e comportamentais, visando as avaliações psicofisiológicas, de personalidade, da
30
qualidade de vida e outras atividades de avaliação clínica em saúde, muito freqüentemente
relacionadas com dor, depressão e ansiedade.
Para Teixeira (2004) o papel dos psicólogos em serviços de saúde (hospitais,
ambulatórios, enfermarias entre outros) pode envolver diferentes aspectos como a
participação em atividades de promoção da saúde e de prevenção da doença; tarefas de
avaliação psicológica de pacientes; intervenções clínicas diretas com os pacientes; tarefas
de consultoria em relação a diferentes projetos de saúde ou diferentes consultas;
participação em projetos de pesquisa; participação em formação e em grupos de trabalho. É
essencial que o papel profissional seja claro e ajustado ao tipo e objetivos específicos do
serviço de saúde, no qual o psicólogo vai trabalhar.
Conseqüentemente, a avaliação psicológica no contexto da saúde é um dos mais
importantes recursos para a sistematização dos vários aspectos do funcionamento dos
usuários dos serviços de saúde e na elaboração de protocolos, podendo desempenhar um
relevante papel social, como ajudar a documentar a efetividade ou não de um tratamento
por que passa um paciente, caracterizar a população atendida, traçar estratégias de
intervenção, prevenção e profilaxia no campo da saúde (Capitão e cols, 2005). Portanto, de
acordo com esses autores, a avaliação psicológica em ambientes médicos pode ser
considerada como um instrumento adequado na apropriação de decisões a respeito do
diagnóstico diferencial, tipo de tratamento necessário e prognóstico.
31
3. OBJETIVOS
3.1. OBJETIVO GERAL
O objetivo amplo deste projeto foi buscar evidências de validade da Escala de
Depressão (EDEP), a partir de sua aplicação em uma amostra de pessoas com doença de
Crohn e um grupo não clínico, composto por pessoas da população geral que não
apresentem Doença Inflamatória Intestinal. Pretendeu-se contribuir, dessa forma, com a
ampliação dos estudos de validade deste instrumento de medida para depressão, conceito
central para muitos processos na área da Avaliação Psicológica, principalmente na área da
saúde. Além disso, pretendeu-se gerar informações complementares sobre os demais
construtos englobado pelo projeto, com o objetivo de auxiliar no acompanhamento e
tratamento da doença de Crohn.
3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
O presente projeto teve como objetivo específico a realização de estudos de validade
de critério da Escala de Depressão (EDEP), a partir da comparação dos resultados obtidos
no grupo clínico e não clínico, com a verificação da capacidade do instrumento em
diferenciar as pessoas desses grupos.
Além disso, foram realizadas análises para examinar se as associações encontradas
entre a Escala de Depressão (EDEP), o Inflammatory Bowel Disease Questionnaire
(IBDQ), o Inventário de Percepção de Suporte Familiar (IPSF) e a Bateria Fatorial de
Personalidade (BFP), eram compatíveis com as indicadas na literatura internacional que
32
relacionam os construtos avaliados. Tal procedimento implicou na busca de validade
convergente, na qual foi verificado se a Escala de Depressão (EDEP), efetivamente
apresentava altas correlações com outras escalas para avaliação de depressão ou construtos
fortemente associados. A validade discriminante também foi averiguada nesta análise com
a verificação se as correlações entre a Escala de Depressão (EDEP), e outras medidas
englobadas nesse projeto que avaliam construtos não relacionados com depressão
efetivamente apresentam baixas correlações com o mesmo.
33
4. MÉTODO
4.1. PARTICIPANTES
A amostra foi composta por 200 participantes, divididos em dois grupos, sendo um
grupo clínico e um grupo não clínico. O Grupo clínico foi composto por 100 pacientes do
Ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinais do GASTROCENTRO - UNICAMP, que
tinham o diagnóstico confirmado da doença de Crohn. O grupo contou com pessoas de
ambos os sexos, com idade superior a 18 anos, independente de naturalidade, condição
social e que aceitaram participar do estudo, mediante a assinatura do Termo de
Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).
Foram excluídos da pesquisa os pacientes que apresentavam antecedentes de
alcoolismo e/ou drogadição. Também não foram avaliadas as pessoas que foram
submetidas a cirurgias de derivação intestinal, do tipo "ostomias", que requer a utilização
da bolsa de colostomia ou ileostomia, devido a provável influência de sua condição nas
respostas a algumas questões do questionário específico de qualidade de vida
(Inflammatory Bowel Disease Questionnaire - IBDQ). Tais informações foram coletadas no
prontuário médico dos pacientes.
O grupo não clínico foi composto por 100 acompanhantes de pacientes que
freqüentam o GASTROCENTRO UNICAMP, de ambos os sexos, com idade superior a
18 anos, que não tinham o diagnóstico confirmado da doença de Crohn e que aceitaram
participar do estudo, mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE).
34
4.2. INSTRUMENTOS
Para a coleta de dados com o grupo clínico foram utilizados a Escala de Depressão
(EDEP), o Inflammatory Bowel Disease Questionnaire (IBDQ), o Inventário de Percepção
de Suporte Familiar (IPSF), a Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) e um Questionário
Sociodemográfico (QSD) (Anexo 8).
A coleta de dados com o grupo não clínico foi realizada com a aplicação dos
mesmos testes citados anteriormente, com exceção do Inflammatory Bowel Disease
Questionnaire (IBDQ), por ser um teste especifico para avaliar a qualidade de vida de
pacientes com as Doenças Inflamatórias Intestinais.
4.2.1. ESCALA DE DEPRESSÃOP (EDEP)
A Escala de Depressão (EDEP) é um instrumento brasileiro desenvolvido por
Baptista e Sisto, em 2006, que pretende medir a sintomatologia da depressão. Esses autores
desenvolveram a EDEP utilizando como base informações sobre as particularidades deste
quadro no Brasil, os manuais psiquiátricos (DSM-IV e CID-10) e as teóricas psicológicas
(Teoria de Beck e a visão comportamental sobre a depressão) (em construção).
Segundo Baptista (em construção) a Escala de Depressão (EDEP) possui 28
indicadores de depressão, a saber, humor deprimido, perda ou diminuição de prazer em
atividades prazerosas, choro, desesperança, desamparo, indecisão, sentimento de
incapacidade, sentimentos de inadequação, carência e dependência, negativismo, esquiva
de situações sociais, queda de produtividade, inutilidade, autocrítica exacerbada
incorporando o negativismo, culpa, diminuição de concentração, pensamento de morte,
35
auto-estima rebaixada e autoconfiança, falta de perspectiva sobre o presente incorporando o
negativismo e desesperança, hipocondria, alteração de apetite, alteração de peso, insônia ou
hipersonia, lentidão e agitação psicomotora, perda de libido e fadiga e perda de energia e
irritabilidade, alguns desses indicadores podem se referir as situações opostas, como por
exemplo, a alteração de apetite, nesse caso, a alteração para mais ou para menos deve ser
captada pelo instrumento (Baptista, em construção).
Os itens da EDEP foram distribuídos em 75 afirmações que foram organizados em
colunas com frases negativas e outra com frases positivas. Esse instrumento encontra-se em
processo de validação (Baptista, em construção).
4.2.2. TESTE INFLAMMATORY BOWEL DISEASE
QUESTIONNAIRE (IBDQ)
O teste Inflammatory Bowel Disease Questionnaire é um instrumento americano
que foi desenvolvido por Mitchell e Cols em 1988, que obteve sua estabilidade teste-reteste
e indicações de validade em vários estudos, mostrando-se útil na mensuração da qualidade
de vida em doentes com as Doenças Inflamatórias Intestinais. A mensuração da qualidade
de vida implica na determinação do grau de bem estar subjetivo atribuível ou associado à
falta de sintomas, estado psicológico e atividades realizadas. O IBDP tem sido utilizado
como instrumento de avaliação em ensaios clínicos e de programas de saúde (Pontes,
Miszputen; Ferreira-Filho; Miranda, & Ferraz, 2004).
Em 1989, Guyatt e Cols, reduziram o instrumento que tinha 150 itens para os 32
atuais, divididos em quatro dimensões. Nessa versão, a primeira dimensão refere-se aos
componentes intestinais, a segunda aos sintomas sistêmicos, a terceira aos aspectos sociais
36
e a última dimensão refere-se aos aspectos emocionais. As questões que compõem cada
dimensão do Inflammatory Bowel Disease Questionnaire apresentam-se no questionário de
modo aleatório, para evitar vieses nas respostas. Cada questão tem sete possibilidades de
resposta e cada opção de resposta vale seu próprio número em pontos, sendo um para a pior
qualidade de vida e 7 correspondendo a melhor. O cálculo dos escores brutos das escalas é
feito com a soma do total de pontos obtidos em cada domínio. A soma simples de todos os
domínios resulta no escore total obtido pelo paciente.
Esse instrumento foi traduzido da língua portuguesa e adaptado para a cultura
brasileira, verificando suas propriedades psicométricas (validade e estabilidade teste-
reteste). A aplicação piloto desse instrumento foi feita em 24 pacientes com a Doença de
Crohn e 26 com a Retocolite Ulcerativa Idiopática, que fazem tratamento no Ambulatório
da Disciplina de Gastroenterologia da Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), atendidos
entre março e dezembro de 1998 (Pontes & Cols, 2004). A tradução desse teste foi
realizada por duas pessoas com proficiência na língua inglesa e portuguesa. Essas pessoas
tinham como língua materna a portuguesa e foram previamente esclarecidos a respeito do
objetivo do questionário e do que se pretendia medir. Após a análise das duas traduções,
estas foram submetidas a uma comissão julgadora constituída por um professor de inglês,
dois gastroenterologistas e uma pessoa experiente em estudos de qualidade de vida, com o
intuito de realizar as modificações necessárias para a obtenção de uma versão consensual
(primeira versão em português). Esta versão consensual foi então traduzida para o inglês,
por meio de dois professores de língua inglesa, cuja língua materna era o inglês, de maneira
independente, sem que soubessem dos objetivos do estudo (Pontes & cols, 2004).
Segundo Pontes e cols (2004), as duas versões em língua inglesa, obtidas a partir da
primeira em português, foram comparadas com o teste original em inglês e analisadas as
divergências (pela mesma comissão). Em seguida, foi realizada uma comparação das duas
37
versões feitas em inglês (tradução cruzada) com o teste original em inglês, para se obter
fidedignidade na tradução para o português. Nesse momento os tradutores sempre que
julgaram necessários reescreveram as perguntas e as respostas em português, com o
objetivo de gerar itens mais precisos. Com esse procedimento foi elaborada a versão
definitiva para o teste.
Para a avaliação da estabilidade teste-reteste, o instrumento foi aplicado em três
ocasiões, sendo duas pelo mesmo observador (em média 12 dias de intervalo entre as
aplicações) e a outra, por um segundo observador, sendo obtidos altos coeficientes para
correlações intra e interobservador (Pontes & cols, 2004).
Estudos para a verificação de evidências de validade do Inflammatory Bowel
Disease Questionnaire foram realizados com comparações desse instrumento com o
Medical Outcome Sutdy 36-Item Short Form Health Survey, em sua versão em língua
portuguesa - SF-36, que é um questionário geral de qualidade de vida. Também foram
avaliados os índices de atividade da doença com o índice gerado pelo Crohn's Disease
Activity Index, para a doença de Crohn e o índice de Lichtiger para a Retocolite Ulcerativa
Idiopática (Pontes & cols, 2004).
4.2.3. INVENTÁRIO DE PERCEPÇÃO DO SUPORTE FAMILIAR
(IPSF)
O inventário de percepção do suporte familiar visa identificar a percepção das
pessoas referente ao suporte familiar, sendo que este instrumento pode ser aplicado para
avaliação da estrutura familiar de base (pai, mãe, irmãos, outros) ou à família de criação
(tios, padrinhos, outros). Esse instrumento também pode ser utilizado para avaliar a
38
percepção que a pessoa tem referente a sua família atual, caso a pessoa seja casada ou
possua uma união estável, tendo ou não filhos (Baptista, 2005).
Segundo Baptista (2005), os itens do IPSF foram construídos com base em diversos
instrumentos nacionais e internacionais para a avaliação do construto como, por exemplo, a
Family Adaptability and Cohesion Evaluation Scale (FACES-III); o Family Assessment
Device (FAD); o Family Awareness Scale (FAZ); o Parental Bonding Instrument (PBI) e o
Questionário de Estilos Parentais de Gomide (QEP).
A versão final do IPSF desenvolvida por Baptista (2007) é composta por 42 itens
divididos em três dimensões ou fatores, a saber, Afetivo-Consistente, Adaptação Familiar e
Autonomia Familiar.
O primeiro fator, denominado Afetivo-Consistente, contém 21 itens e evidencia as
relações afetivas positivas intra-familiares, desde o interesse pelo outro até a expressão
verbal e não-verbal de carinho, clareza nos papéis e regras dos integrantes da família, bem
como a habilidade nas estratégias de enfrentamento de situações-problema. Esse fator
apresentou consistência interna, calculada a partir do Alfa de Cronbach, de 0,91 (Baptista,
2007).
Baptista (2007) classificou o segundo fator de Adaptação Familiar, que contém 13
itens que expressam sentimentos negativos em relação à família, como isolamento,
exclusão, raiva, vergonha, relações agressivas de brigas e gritos, irritação, incompreensão, e
ainda percepção de relações de competição na família, interesse e culpabilidade entre os
membros em situações de conflito. Sendo assim, os itens desse fator foram invertidos para
que pudessem ser calculados com valência igual aos itens das outras duas dimensões. Esse
fator apresentou o valor do Alfa de Cronbach de 0,90 (Baptista, 2007).
Por fim, o terceiro fator do inventário de percepção do suporte familiar refere-se a
Autonomia Familiar e é composto por 8 itens, referentes a percepção de autonomia que a
39
pessoa possui de sua família, indicando as relações de confiança, privacidade e liberdade
entre os membros da família. Para esse fator, foi encontrado Alfa de Cronbach de 0,78.
(Baptista, 2007).
4.2.4. BATERIA FATORIAL DE PERSONALIDADE (BFP)
A Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) foi desenvolvida com o objetivo de
avaliar todos os domínios da personalidade descritos no modelo dos Cinco Grandes Fatores
(Extroversão, Socialização, Realização, Neuroticismo e Abertura). A bateria na sua versão
preliminar era constituída por 167 itens, que foram selecionados dos instrumentos originais
para a avaliação específica dos fatores, a saber, Escala Fatorial de Neuroticismo (Hutz &
Nunes, 2001), Escala Fatorial de Socialização e Escala Fatorial de Extroversão (Nunes,
2005), Escala Fatorial de Abertura (em construção) e Realização (em construção). A
seleção dos itens deu-se a partir da realização de procedimentos da Teoria da Resposta ao
Item (TRI) e houve uma ênfase para a manutenção dos itens que apresentavam baixos
níveis de desajustamento (misfit), alta correlação item-total, e um nível de dificuldade
adequado para o objetivo da bateria.
Entre os fatores avaliados pela BFP, Neuroticismo é de grande importância para a
realização dos estudos de validade convergente propostos no presente projeto, uma vez que
esse fator apresenta medidas específicas para depressão, ansiedade e vulnerabilidade. Os
estudos de validação realizados para a medida de Neuroticismo (Nunes, 2000) indicaram
uma alta correlação entre a sua escala de depressão e a versão adaptada do Beck Depression
Inventory - BDI (r=0,70; p<0,01) (Cunha, 2001).
40
Em um estudo inicial para verificar as características psicométricas da BFP, o
instrumento foi aplicado em 126 pessoas de ambos os sexos (54,8% eram mulheres), com
idade média de 16,5 anos (Desvio Padrão=1.7), de uma instituição de ensino privada do
estado do Paraná. Destas 126 pessoas, 97,2% estavam cursando a terceira e a segunda série
do ensino médio (Nunes & cols, 2007).
Após a análise desses dados, foi possível verificar que os indicadores de
consistência interna dos fatores foram bastante favoráveis, sendo que Abertura e Realização
apresentaram os menores valores. Esse resultado era previsto, pois as outras escalas
haviam sido refinadas em estudos com amostras amplas e em contextos variados (Nunes &
cols, 2007). Devido ao tamanho reduzido da amostra, não foi possível realizar a análise
fatorial da BFP, mas de uma forma exploratória, foram averiguadas as correlações dos
escores brutos dos fatores. Com essa análise de correlações, foi possível verificar que o
Neuroticismo apresentou correlações significativas com Extroversão, Realização e
Socialização (Nunes & cols, 2007).
Devido a necessidade de ampliar os estudos com versão preliminar da Bateria
Fatorial de Personalidade, foi realizada a coleta de dados em uma amostra com 1.729
pessoas, de ambos os sexos, com idade média de 21,9 anos (DP=7,9) sendo que 29,7%
eram do sexo masculino (Nunes, Nunes, & Hutz, em construção). Com essa amostra foram
realizadas análises fatoriais exploratórias com o objetivo de ajudar os autores na extração
dos fatores da bateria e também na identificação dos itens mais importantes e suas facetas.
Para a realização da seleção dos itens, os autores consideraram a sua carga fatorial e
interpretabilidade no fator onde foi alocado, ou seja, os itens com cargas fatoriais inferiores
ou superiores a 0,30 foram eliminados. Com essa análise, a Bateria Fatorial de
Personalidade que na sua versão preliminar era de 167 sofreu uma redução de 41 itens
passando atualmente para 126 itens (Nunes & cols, construção).
41
Segundo os autores, o fator Neuroticismo na Bateria Fatorial de Personalidade, após
a análise fatorial exploratória, ficou com 31 itens subdivididos em quatro facetas, e
apresentou uma consistência interna de 0,90 para a escala completa; 0,77 para
vulnerabilidade (N1); 0,74 para instabilidade (N2); 0,72 para passividade e falta de energia
(N3) e 0,78 para depressão (N4). O fator Extroversão ficou com 25 itens e quatro facetas,
no qual uma consistência interna de 0,84 para toda a escala; 0,77 para o nível de comunição
(E1); 0,64 para altivez (E2); 0,58 para dinamismo e assertividade (E3) e 0,73 para
interações sociais (E4).
Nesse estudo o fator Socialização composto por 28 itens e três subfatores
demonstrou uma consistência interna de 0,85 para toda a escala; 0,85 para Amabilidade
(S1); 0,71 para confiança (S2) e 0,69 para pró-socialização (S3). Outro fator estudado foi a
Realização que ficou composto de 21 itens e três subfatores, apresentando uma consistência
interna de 0,83 para toda a escala; 0,77 para competência (R1); 0,60 para ponderação,
prudência e cautela (R2) e 0,68 para Empenho, dedicação e comprometimento (R3). O
último fator estudado nessa análise fatorial exploratória foi o fator Abertura que ficou
composta de 21 itens divididos em três facetas e sua consistência interna foi de 0,74 para
toda a escala; 0,69 para interesses por novas idéias (A1); 0,58 para liberalismo (A2) e 0,57
para busca por novidades (A3) (Nunes & cols, construção).
A Bateria Fatorial de Personalidade é composta por um caderno de aplicação, um
questionário socioeconômico e uma folha de resposta. Para responder a Bateria deve-se ler
as frases do caderno de aplicação e em seguida deve marcar suas resposta na folha
específica citada anteriormente. A folha de resposta possui uma escala do tipo likert de
concordância, na qual apresenta sete alternativas. Quanto maior a identificação da pessoa
com a frase no caderno de aplicação maior deve ser a alternativa indicada na folha de
42
respostas. Quanto mais a pessoa discorda ou não se identifica com a frase no caderno de
aplicação, menores devem ser as alternativas assinaladas.
4.2.5. QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO (QSD)
O Questionário Sociodemográfico (QSD) foi desenvolvido pela autora dessa
pesquisa, no intuito de obter informações adicionais dos pacientes do Ambulatório de
Doenças Inflamatórias Intestinais e dos acompanhantes desses pacientes que freqüentam o
GASTROCENTRO UNICAMP, visando a compreensão do quadro clínico dos pacientes
e sua evolução e também para compreender o perfil dos pacientes e dos acompanhantes que
freqüentam o GASTROCENTRO. Esse questionário possui nove perguntas referentes a
dados pessoais (nome, sexo, idade, profissão, naturalidade, estado civil, atividade de lazer,
religião e nível de escolaridade) para os grupos clínico e não clínico.
No Questionário Sociodemográfico (QSD) para o grupo clínico foram adicionadas
oito perguntas que englobam o aspecto clínico dos pacientes (surgimento dos primeiros
sintomas, tempo de diagnóstico, prognóstico, cirurgias, tipo de tratamento neste momento,
uso de medicação, internações, cirurgias, tempo de tratamento no ambulatório e origem do
encaminhamento).
Por fim, ao Questionário Sociodemográfico (QSD) para o grupo não clínico foram
adicionadas oito perguntas que envolvem os aspectos clínicos e emocionais do
acompanhante (como possuir ou não uma doença crônica, uso de medicação, cirurgias,
internações, vínculo com o paciente, se é o cuidador ou não, realização de algum
tratamento médico, fisioterápico ou psicológico e por qual motivo).
43
4.3. PROCEDIMENTO
Após a elaboração do projeto, o mesmo foi submetido para avaliação pelo Comitê
de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco. Posteriormente foi encaminhado para
o Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, no
intuito de explicar os objetivos da pesquisa, e obter aprovação para aplicação no
Ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinais, GASTROCENTRO - UNICAMP. Com
a aprovação dos comitês de ética, os pacientes do grupo clínico foram selecionados por
meio da leitura dos prontuários para identificar os critérios de exclusão da pesquisa,
respeitando a hora de chegada dos pacientes no ambulatório.
Após essa leitura dos prontuários, os pacientes foram convidados a participar do
projeto. Neste momento, a pesquisadora explicou os objetivos e a importância da pesquisa,
que tratava-se de uma pesquisa que não oferece nenhum tipo de risco físico ou emocional
aos participantes, e que os nomes dos pacientes que aceitassem participar da pesquisa
seriam mantidos em sigilo absoluto, assim como todos os demais dados referentes ao seu
modo de vida, demonstrando que esses dados serão analisados e interpretados somente para
fins da pesquisa. Também foi garantido para os pacientes o direito de participar ou não da
pesquisa, ou de se retirar da mesma em qualquer momento, sem penalização alguma e sem
prejuízo ao seu cuidado. Para a realização da coleta de dados da pesquisa, o coordenador do
Ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinas, GASTROCENTRO - UNICAMP
designou uma sala para a aplicação dos testes. As aplicações do grupo clínico ocorreram
individualmente e demoraram aproximadamente 100 minutos para a aplicação.
Os participantes do Grupo não clínico foi composto pelos acompanhantes dos
pacientes que freqüentam as salas de espera dos exames como Raios-X, Endoscopia e
Colonoscopia, Ultrassom e também os acompanhantes dos ambulatórios que fazem parte do
44
GASTROCENTRO - UNICAMP. As aplicações do grupo não clínico também ocorreram
individualmente numa sala designada pelo Ambulatório de Doenças Inflamatórias
Intestinais. As aplicações do grupo não clínico demoraram aproximadamente 80 minutos.
4.4. ANÁLISE DE DADOS
As características da amostra foram verificadas a partir do uso da estatística
descritiva. Para tanto, foi verificada a distribuição da amostra completa e dos grupos
avaliados em termos de idade, sexo e nível sócio-econômico.
De uma forma exploratória, foi examinada a consistência interna dos instrumentos
utilizados para a amostra geral e para os grupos específicos. O principal objetivo dessa
análise foi identificar se as medidas utilizadas eram igualmente apropriadas para uso nos
grupos avaliados e se a precisão encontrada era semelhante às apresentadas nos estudos de
validação dos instrumentos.
Para a realização do estudo que objetivou verificar a validade de critério, foi
realizada a comparação das médias dos resultados obtidos pelos grupos avaliados em
relação à Escala de Depressão (EDEP) com uso do teste T de Student.
A validade convergente e discriminante da Escala de Depressão (EDEP) foi
averiguada com a análise das correlações entre este instrumento e as demais medidas
englobadas nesse projeto. Nessa etapa, foi verificado se os padrões de correlações
apresentados na literatura da área e que associa tais construtos eram corroborados nas
amostras do presente projeto. A hipótese inicial foi que os construtos que se associam
fortemente com depressão gerariam evidências de validade com a comparação da EDEP
45
com outros instrumentos, enquanto que construtos com correlações baixas ou não
significativas serviriam como evidências de validade discriminante.
46
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
A amostra foi composta por 200 participantes, os quais foram divididos em dois
grupos, sendo um grupo clínico e um grupo não clínico. A amostra do grupo clínico foi
composta por 100 pacientes do Ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinais,
GASTROCENTRO – UNICAMP, com idade média de 37,71 anos (DP=9,8), sendo a
mínima de 18 anos e a máxima de 62 anos (Tabela 1). Esse grupo foi composto de 52
participantes do gênero feminino e 48 do gênero masculino.
O grupo não clínico foi composto por 100 acompanhantes de pacientes que
freqüentavam as salas de espera dos exames como Raios-X, Endoscopia, Colonoscopia e
Ultrassom, do GASTROCENTRO UNICAMP. A idade média deste grupo foi de 33,99
anos (DP= 11,35), sendo a mínima de 18 anos e a máxima 64 anos (Tabela 1). Em relação à
distribuição dos participantes desse grupo quanto ao gênero, a proporção observada foi a
mesma do grupo clínico. Com a comparação das duas amostras, nota-se que o grupo não
clínico é um pouco mais jovem que o clínico.
Tabela 1. Estatística Descritiva da amostra
Grupos Variáveis N Mínimo Máxima
Média Desvio
Padrão
Idade 100
18
62
37,71
9,83
Tempo do estado
Civil (Anos)
71
1
8
4,17
1,88
Grupo clínico
Renda 100
1
5
2,28
0,65
Idade 100
18
64
33,99
11,35
Tempo do estado
Civil (Anos)
58
1
14
4,12
2,25
Grupo não
clínico
Renda 100
1
5
2,43
0,74
47
Com relação à etnia do grupo clínico, 17% identificaram-se com a raça negra, 82%
a raça branca e 1% com a raça índia. Quanto à etnia do grupo não clínico, 9% se
identificaram como sendo da raça negra, 88% da branca, 1% da asiática e 1% se declarou
índia. A informação sobre a etnia foi coletada com todas as pessoas que compuseram as
amostras.
Outra característica desses grupos refere-se ao local de criação. Em relação a este
ponto, 40% do grupo clínico declarou que sua criação ocorreu na zona rural e 60% na área
urbana, enquanto que o grupo não clínico 21% foram criados na zona rural e 79% na área
urbana.
Com relação ao nível educacional dos participantes dessa pesquisa, no grupo clínico
22% destes declarou possuir o ensino fundamental incompleto, 12% o ensino fundamental
completo e 6% o ensino médio incompleto. O grupo não clínico 9% possui o ensino
fundamental incompleto, 4% o ensino fundamental completo, 8% o ensino médio
incompleto e 49% o ensino médio completo (Tabela 2). Foi possível verificar, portanto, que
o nível educacional dos participantes do grupo não clínico dessa pesquisa, quando
comparado ao grupo clínico, é um pouco mais elevado.
Tabela 2 Freqüência e porcentagem de nível educacional dos participantes
Grupos Nível Educacional do Participante Freqüência Porcentagem
Ensino Fundamental Incompleto 22
22%
Ensino Fundamental Completo 12
12%
Ensino Médio Incompleto 6
6%
Ensino Médio Completo 36
36%
Ensino Superior Incompleto 7
7%
Ensino Superior Completo 14
14%
Outros 3
3%
Grupo clínico
Total
100
100%
48
Grupos Nível Educacional do Participante Freqüência Porcentagem
Ensino Fundamental Incompleto 9
9%
Ensino Fundamental Completo 4
4%
Ensino Médio Incompleto 8
8%
Ensino Médio Completo 49
49%
Ensino Superior Incompleto 10
10%
Ensino Superior Completo 15
15%
Outros 5
5%
Grupo não
clínico
Total 100
100%
Outra característica pesquisada nesse estudo foi o nível de escolaridade dos pais dos
participantes. No grupo clínico, 72% dos pais dos participantes possuem o nível o ensino
fundamental incompleto, 10% o ensino médio completo e 8 % o ensino superior completo
(Tabela 3). O nível de escolaridade dos pais do grupo não clínico ficou definido com 57%
possuem o ensino fundamental incompleto, 10% o ensino médio completo e 14% o ensino
superior completo (Tabela 3).
Tabela 3. Freqüência e porcentagem do nível educacional do pai
Grupos Nível Educacional do Pai Freqüência Porcentagem
Ensino Fundamental Incompleto 72
72%
Ensino Fundamental Completo 8
8%
Ensino Médio Incompleto 2
2%
Ensino Médio Completo 10
10%
Ensino Superior Completo 8
8%
Grupo clínico
Total 100
100%
Ensino Fundamental Incompleto 57
57%
Ensino Fundamental Completo 15
15%
Ensino Médio Incompleto 3
3%
Ensino Médio Completo 10
10%
Ensino Superior Completo 14
14%
Outros 1
1%
Grupo não clínico
Total 100
100%
49
Com relação ao nível de escolaridade das mães dos participantes dessa pesquisa,
75% referente ao grupo clínico possuíam o ensino fundamental incompleto, 12% o ensino
médio completo e 2 % o ensino superior completo (Tabela 4). O grupo não clínico ficou
definido com 57% possuem o ensino fundamental incompleto, 20% o ensino médio
completo e 6 % o ensino superior completo (Tabela 4).
Tabela 4. Freqüência e porcentagem e porcentagem do nível educacional da mãe
Grupos Nível Educacional da Mãe Freqüência
Porcentagem
Ensino Fundamental Incompleto 75
75%
Ensino Fundamental Completo 9
9%
Ensino Médio Incompleto 1
1%
Ensino Médio Completo 12
12%
Ensino Superior Completo 2
2%
Outros 1
1%
Grupo clínico
Total 100
100%
Ensino Fundamental Incompleto 57
57%
Ensino Fundamental Completo 12
12%
Ensino Médio Incompleto 3
3%
Ensino Médio Completo 20
20%
Ensino Superior Completo 6
6%
Outros 2
2%
Grupo não clínico
Total 100
100%
Com relação ao estado civil, o grupo clínico foi caracterizado com 29% dos
participantes se declarando solteiros, 5% moram com outra pessoa, 13% são casados e não
possuem filhos e 41% são casados e têm filhos (Tabela 5). Em relação ao estado civil, do
grupo não clínico ficou caracterizado com 41% dos participantes solteiros, 1% morava com
outra pessoa, 13% eram casados e não tinham filhos e 34% eram casados e com filhos
(Tabela 5). Na comparação dos dois grupos, percebe-se que o clínico apresentou um
número maior de pessoas que possuíam um relacionamento estável (casados com ou sem
filhos ou morando com outra pessoa), totalizando 59% dessa amostra (Tabela 5). Outra
50
diferença refere-se aos participantes solteiros dos dois grupos, ou seja, o grupo não clínico
apresentou uma amostra de 41% dos participantes solteiros, enquanto o grupo clínico 29%
encontra-se solteiros (Tabela 5).
Tabela 5. Freqüência e percentual do Estado Civil dos participantes
Grupos Estado Civil Freqüência
Porcentagem
Solteiro (a) 29
29,0
Morando com outra pessoa 5
5,0
Casado (a) sem filhos 13
13,0
Casado (a) com filhos 41
41,0
Divorciado (a) / Separado (a) 11
11,0
Viúvo (a) 1
1,0
Grupo clínico
Total 100
100,0
Solteiro (a) 41
41,0
Morando com outra pessoa 1
1,0
Casado (a) sem filhos 13
13,0
Casado (a) com filhos 34
34,0
Divorciado (a) / Separado (a) 9
9,0
Viúvo (a) 2
2,0
Grupo não clínico
Total 100
100,0
O tempo do estado civil do grupo clínico teve uma média de 4,17 anos (DP=1,88),
sendo a mínima equivalente a menos de um ano e a máxima, de 35 anos (Tabela 1). O
grupo não clínico evidenciou uma média de 3,95 (DP=1,80), sendo a mínima equivalente a
menos de um ano e a máxima de 45 anos (Tabela 1).
Referente à freqüência do tempo do estado civil nota-se que o grupo clínico 2,8%
dos participantes afirmaram serem casados a menos de um ano, 21,1% entre 1 a 5 anos e
18,3% entre 5 a 10 anos (Tabela 9). No grupo não clínico 3,4% dos participantes relataram
serem casados a menos de um ano, 22,4% entre 1 a 5 anos, 15,5% entre 5 a 10 anos e
25,8% entre 10 a 15 anos (Tabela 6).
51
Tabela 6. Freqüência e porcentagem de tempo do estado civil
Grupos Tempo do Estado Civil Freqüência Porcentagem
Menos de 1 ano 2
2,8%
Entre 1 a 5 anos 15
21,1%
Entre 5 a 10 anos 13
18,3%
Entre 10 a 15 anos 13
18,3%
Entre 15 a 20 anos 9
12,6%
Entre 20 a 25 anos 6
8,4%
Entre 25 a 30 anos 12
16,9%
Entre 30 a 35 anos 1
1,4%
Grupo clínico
Total 71
100%
Menos de 1 ano 2
3,4%
Entre 1 a 5 anos 13
22,4%
Entre 5 a 10 anos 9
15,5%
Entre 10 a 15 anos 15
25,8%
Entre 15 a 20 anos 9
15,5%
Entre 20 a 25 anos 6
10,3%
Entre 25 a 30 anos 1
1,7%
Entre 30 a 35 anos 2
3,4%
Entre 40 a 45 anos 1
1,7%
Grupo não clínico
Total 58
100%
Com relação à renda salarial familiar do grupo clínico, 4% dos participantes ganham
menos que 1 salário mínimo, 70% entre 1 a 5 salários mínimos e 21% entre 5 a 10 salários
mínimos (Tabela 7). Referente aos participantes do grupo não clínico 1% ganham menos
que 1 salário mínimo, 66% entre 1 a 5 salários mínimos e 25% entre 5 a 10 salários
mínimos (Tabela 7). Portanto, nota-se que o grupo não clínico apresentou um poder
aquisitivo maior que o grupo clínico.
Tabela 7. Freqüência e porcentagem da renda
Grupos Renda Familiar Freqüência Porcentagem
Menor que 1 SM 4
4,0
Entre 1 e 5 SM 70
70,0
Grupo clínico
Entre 5 e 10 SM 21
21,0
52
Grupos Renda Familiar Freqüência Porcentagem
Entre 10 e 15 SM 4
4,0
Acima de 15 SM 1
1,0
Total 100
100,0
Menor que 1 SM 1
1,0
Entre 1 e 5 SM 66
66,0
Entre 5 e 10 SM 25
25,0
Entre 10 e 15 SM 5
5,0
Acima de 15 SM 3
3,0
Grupo não clínico
Total 100
100,0
Também foi analisada nessa pesquisa a religião dos participantes, a qual, o grupo
clínico ficou definido com 65% dos participantes católicos, 6% espíritas e 22% evangélicos
(Tabela 8). O grupo não clínico ficou classificado com 61% católicos, 2% espíritas e 28%
evangélicos (Tabela 8). Com relação a religiosidade do grupo clínico 65% praticam sua
religião e 35% não praticam, enquanto no grupo não clínico com 69% dos acompanhantes
freqüentam a missa ou o culto e 31% não freqüentam.
Tabela 8. Freqüência e porcentagem de religião
Grupos Religião Freqüência Porcentagem
Católica 65
65,0
Espírita 6
6,0
Evangélica 22
22,0
Ateu 1
1,0
Adventista 1
1,0
Protestante 1
1,0
Cristão 3
3,0
Umbanda 1
1,0
Grupo clínico
Total 100
100,0
Católica 61
61,0
Espírita 2
2,0
Evangélica 28
28,0
Ateu 2
2,0
Grupo não clínico
Protestante 2
2,0
53
Grupos Religião Freqüência Porcentagem
Cristão 4
4,0
Mórmon 1
1,0
Total 100
100,0
Analisando o grupo clínico referente à idade em que ocorreu o surgimento dos
primeiros sintomas da doença de Crohn, nota-se uma média de 11,55 anos (DP=8,27),
sendo a mínima de 1 ano e a máxima de 44 anos. Com relação ao o tempo de demora para o
diagnóstico da doença de Crohn percebe-se que esse grupo apresentou uma média de 31,98
meses (DP=52,56) sendo a mínima de 1 mês e a máxima de 360 meses (Tabela 9).
Comparando o surgimento dos primeiros sintomas da doença de Crohn por gênero
percebe-se que o gênero masculino apresentou uma média de 31,19 meses (DP= 55,58)
sendo a mínima de 1 mês e a máxima de 360 meses, enquanto que o gênero feminino
evidenciou uma média de 29,29 meses (DP=40,54) sendo a mínima de 1 mês e a máxima
de 228 meses (Tabela 10). Portanto nota-se que o gênero masculino demonstrou maiores
dificuldades para diagnosticar a doença. Adicionalmente, foi investigada por meio do teste
T de Student a comparação de médias para a variável gênero, a qual foi possível evidenciar
que essa variável não apresentou diferenças significativas de médias entre o gênero
masculino e feminino, com relação ao surgimento dos primeiros sintomas.
Tabela 9. Estatística Descritiva de variáveis clínicas da amostra do Grupo Clínico
Grupo Clínico N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
Idade 100
18
62
37,71
9,83
Surgimento dos primeiros
sintomas (Anos)
100
1
44
11,55
8,28
Tempo de diagnóstico
(Meses)
100
1
360
31,98
52,56
Tempo de medicação
(Meses)
100
1
360
56,60
57,43
Número de cirurgias 100
0
14
2,60
2,66
54
Grupo Clínico N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
Número de internações 100
0
300
10,04
30,32
Tempo de tratamento no
Ambulatório
100
1
26
6,18
5,38
Tabela 10. Tempo de demora para diagnóstico referente ao gênero
Grupo Gênero N Mínimo Máximo Média Desvio
Padrão
Masculino 48
1
360
31,19
55,586
Feminino 52
1
228
29,29
40,547
Grupo clínico
Total 100
1
360
30,20
48,112
Referente ao tempo de uso da medicação do grupo clínico para doença de Crohn
percebe-se uma média de 56,60 meses (DP= 57,43), sendo a mínima de 1 mês e a máxima
de 360 meses (Tabela 11). Com relação ao uso de medicação dos participantes do grupo
clínico, 96% tomam medicação para o tratamento da doença de Crohn (Azatioprina,
Mesalazina e outros) e 4% não tomam qualquer medicação. Dos pacientes, 43% utilizam de
uma medicação de alto custo, chamada Infliximab, a qual é fornecida gratuitamente pela
farmácia de alto custo para os pacientes que apresentam sintomas da doença como fistulas e
abscessos. Com relação ao uso de medicação do grupo não clínico, 23% dos
acompanhantes tomam remédios e 77% não utilizam de medicação.
Também foi investigado nessa pesquisa o número de internações dos participantes
do grupo clínico, a qual foi investigada que 91% dos pacientes já foram internados e apenas
9% não tinham sido submetidos a nenhuma internação. Quanto ao número de internações
do grupo clínico, analisado por gênero, foi possível verificar que o gênero masculino
apresentou uma média de 11,25 internações (DP= 42,9), sendo a mínima de 0 internação e a
máxima de 300 internações. O gênero feminino apresentou uma média de 8,92 internações
(DP=9,2), sendo a mínima 0 internação e a máxima de 50 internações (Tabela 11).
55
Além disso, foi investigada nessa pesquisa a variável internação dos participantes
do grupo não clínico, que apresentou que 49% foram submetidos a internações e 51%
(n=100) foram operados. Analisando o número de internações do grupo não clínico
referente ao gênero, foi possível observar que gênero sexo masculino apresentou uma
média de 1, 48 (DP= 3,2) sendo a mínima de 0 internações e a máxima de 20 internações. O
Gênero feminino evidenciou uma média de 1,62 internações (DP= 4,3) sendo a mínima de
0 internações e a máxima de 30 internações (Tabela 11). Adicionalmente, foi realizada a
comparação de médias com o uso do teste T de Student para a variável gênero, a qual, foi
possível observar que não apresentou diferenças significativas entre os gêneros masculino e
feminino, com relação ao número de internações nos grupos clínico e não clínico.
Comparando o grupo clínico e não clínico, percebe-se que a maioria dos
participantes do grupo clínico foi submetida a internações, devido ao impacto da
sintomatologia da doença de Crohn na qualidade de vida desses participantes. Para
averiguar se existe diferença significativa com relação ao número de internações dos grupos
clínico e não clínico foi verificado por meio do teste T de Student (Tabela 12) a
comparação da diferença de média para a variável grupo, com relação ao número de
internações, para a qual foi apresentada uma diferença significativa para o grupo clínico
(t=-2,78; gl=198; p=0,01).
Tabela 11. Estatística descritiva do número de internações
Grupos Gênero N Mínimo Máximo Média Desvio
Padrão
Masculino 48
0
300
11,25
42,906
Feminino 52
0
50
8,92
9,229
Grupo clínico
Total 100
0
300
10,04
30,318
Masculino 48
0
20
1,48
3,275
Grupo não
clínico
Feminino 52
0
30
1,62
4,234
56
Grupos Gênero N Mínimo Máximo Média Desvio
Padrão
Total 100
0
30
1,55
3,786
Tabela 12. Teste T de Student para diferença de média do número de internações por grupo
Número de
Internações
Grupos Média DP t gl p
Grupo Clínico
1,55
3,79
-2,78
198
0,01
Grupo Não Clínico
10,04
30,32
-2,78
102,06
0,01
Também foi analisada nessa pesquisa a freqüência do número de cirurgias nas quais
os participantes desse projeto foram submetidos, a qual, 76% da amostra do grupo clínico já
foram submetidos a um procedimento cirúrgico, sendo que 24% não realizaram nenhuma
cirurgia, enquanto que o grupo não clínico 44% da amostra já foram submetidos a
procedimentos cirúrgicos e 56% não realizaram nenhuma cirurgia.
Analisando o mero de cirurgias do grupo clínico referente ao gênero, nota-se que
o gênero masculino apresentou uma média de 1,92 (DP= 2,3) sendo a mínima de 0 cirurgias
e a máxima de 14 cirurgias, enquanto que o gênero feminino corrobora uma média de 3,23
cirurgias (DP= 2,7) sendo a mínima de 0 cirurgias e a máxima de 10 cirurgias (Tabela 13).
Adicionalmente, foi investigado o número de cirurgias para o grupo não clínico referente ao
gênero masculino que apresentou uma média de 1,04 (DP= 2,4) sendo a mínima de 0 e a
máxima de 15 cirurgias e o gênero feminino que apresentou uma média de 1,42 cirurgias
(DP= 4,1) sendo a mínima de 0 e máxima de 30 cirurgias (Tabela 13).
57
Tabela 13. Estatística Descritiva de número de cirurgias
Grupos Gênero N Mínimo Máximo Média Desvio
Padrão
Masculino 48
0
14
1,92
2,395
Feminino 52
0
10
3,23
2,755
Grupo clínico
Total 100
0
14
2,60
2,659
Masculino 48
0
15
1,04
2,449
Feminino 52
0
30
1,42
4,188
Grupo não
clínico
Total 100
0
30
1,24
3,453
Adicionalmente foram investigadas nessa pesquisa algumas características do grupo
não clínico com o objetivo de compreender essa amostra e diferenciá-la do grupo clínico. A
primeira característica investigada nessa amostra foi referente aos cuidadores dos pacientes,
a qual, 55% da amostra declaram o serem cuidadores dos pacientes e 45% afirmaram
serem os cuidadores. Com relação ao vínculo do acompanhante com o paciente ficou
evidenciado que 23% é pai ou mãe, 6% afirmam ser irmão ou irmã, 3% avó ou avô, 3% tio
ou tia, 25% marido ou esposa, 4% primo ou prima, 17% amigo (a), 2% vizinho (a) e por
fim, 17% é filho (a), sogro (a) e neto (a).
Também foi importante investigar na amostra do grupo não clínico se os
acompanhantes realizam algum tratamento médico, fisioterápico ou outros, na qual ficou
evidenciado que 16% realizam algum tipo de tratamento. Com relação ao tratamento
psicológico dos acompanhantes da amostra do grupo não clínico ficou demonstrado nessa
pesquisa que 18% realizaram ou foram submetidos a um tratamento psicológico e 82%
não realizaram nenhum tratamento psicológico. Além disso, foram investigados os motivos,
na qual os acompanhantes procuraram o tratamento psicológico, ou seja, 5,6% relataram
estresse familiar, 38,9 depressão, 11,1% afirmam que procuram o atendimento para tratar
de ansiedade, 5,6% síndrome do pânico, 11,1% separação conjugal entre outros (Tabela
14).
58
Tabela 14. Freqüência e porcentagem de motivo do atendimento psicológico
Grupo Motivo Atendimento Psicológico Freqüência Porcentagem
Stress familiar 1
5,6%
Depressão 7
38,9%
Ansiedade 2
11,1%
Síndrome do pânico 1
5,6%
Separação conjugal 2
11,1%
Bulimia 1
5,6%
Traição do marido 1
5,6%
Aceitação de um tumor 1
5,6%
Doença do marido para aprender
a lidar com ele
1
5,6%
Alcoolismo 1
5,6%
Grupo não clínico
Total 18
100%
Outra característica investigada no grupo não clínico foi a freqüência de doenças
crônicas nos acompanhantes, a qual, 13% relataram que possui uma doença crônica e 87%
afirmaram não possuir nenhuma doença crônica (Tabela 15).
Tabela 15. Freqüência e porcentagem de doenças crônicas nos acompanhantes
Grupo Doenças Crônicas nos
acompanhantes
Freqüência Porcentagem
Hipertensão 1
7,7
Anemia 1
7,7
Diabete 1
7,7
Labirintite 1
7,7
Arritmia Cardíaca 1
7,7
Artrose 1
7,7
Neurofibromatose 1
7,7
Aids 1
7,7
Neoplasia de colon 1
7,7
Hepatite C 2
15,4
Espondilite Anrkilosante 1
7,7
Sinusite 1
7,7
Grupo Não Clínico
Total 13
100,0
59
5.2. RESULTADOS DOS TESTES
Após a descrição das características dos participantes dessa pesquisa, foram
calculados os resultados dos instrumentos utilizados. Para tanto, conforme as indicações em
seus manuais ou artigos que descreviam seu funcionamento foi realizado o cálculo de seus
resultados em termos globais e de suas facetas.
O resultado geral da EDEP nas aplicações, com uma amostra de 200 participantes,
apresentou uma média de 2,2 (DP= 0,66), sendo pontuação a mínima de 1,05 e a máxima
de 4,4. A média do IPSF total, com uma amostra completa, foi de 2,5 (DP= 0,66), sendo a
pontuação mínima de 1,4 e a máxima de 3,0 (Tabela 16).
Tabela 16. Escore mínimos, máximo, média e desvio padrão do IPSF (N=200)
Teste Mínimo Máximo Média Desvio
Padrão
IPSF TOTAL 1,4
3,0
2,5
0,32
IPSF- F1- Componente afetivo 1,2
3,0
2,3
0,38
IPSF- F2- Componente adaptação familiar 1,0
3,0
2,6
0,38
IPSF- F3- Componente Autonomia familiar 1,2
3,0
2,6
0,38
A média do IBDQ com a amostra completa foi 4,7 (DP= 1,27) para o escore total do
questionário, sendo a mínima de 1,1 e a máxima de 6,8 (Tabela 17). Os resultados da BFP
encontrados para a amostra completa são apresentados na Tabela 18.
Tabela 17. Escore mínimos, máximo, média e desvio padrão do IBDQ (N=100)
Teste Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
IBDQ_TOTAL 1,1
6,8
4,7
1,27
IBDQ- F1- Sintomas Intestinais 1,0
7,0
5,0
1,33
IBDQ- F2- Sintomas sistêmicos 1,0
7,0
4,4
1,43
60
Teste Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
IBDQ- F3- Aspectos sociais 1,0
7,0
4,9
1,66
IBDQ- F4- Aspectos emocionais 1,3
6,8
4,5
1,37
Tabela 18. Escore mínimos, máximo, média e desvio padrão da BFP e suas facetas
(N=200)
Teste Mínimo Máximo
Média Desvio
Padrão
EXTROVERSAO 1,8
6,5
4,2
0,85
E1- Nível de comunicação 1,0
6,8
4,2
1,29
E2- Altivez 1,0
6,3
3,6
1,06
E3- Dinamismo e Assertividade 1,0
6,8
4,7
1,12
E4- Interações Sociais 1,0
7,0
4,5
1,25
SOCIALIZACAO 1,9
6,8
5,2
0,94
S1- Amabilidade 1,0
7,0
5,6
1,33
S2- Confiança 1,1
7,0
5,6
1,18
S3- Sociabilidade 1,4
7,0
4,5
1,02
REALIZACAO 1,5
7,0
5,0
0,97
R1- Competência 1,0
7,0
5,1
1,16
R2- Ponderação, Prudência e cautela 1,5
7,0
4,9
1,24
R3- Empenho, Dedicação e Comprometimento 1,0
7,0
5,0
1,14
ABERTURA 2,3
6,6
4,3
0,69
A1- Interesses por novas idéias 1,8
6,8
4,1
0,90
A2- Liberalismo 1,0
6,8
4,4
1,18
A3- Busca por novidades 1,0
6,8
4,3
1,04
NEUROTICISMO 1,1
6,2
3,5
1,02
N1- Vulnerabilidade 1,0
6,7
3,8
1,22
N2- Instabilidade 1,0
6,5
3,8
1,28
N3- Passividade e Falta de energia 1,0
6,5
3,4
1,25
N4- Depressão 1,0
7,0
2,9
1,33
Para verificar a viabilidade da aplicação dos instrumentos nas amostras avaliadas,
foi calculada a precisão dos instrumentos considerando-se inicialmente a amostra completa
e depois em função do grupo em que estavam alocados. Tal análise buscou verificar se,
mesmo com a baixa escolaridade de parcela da amostra e de outras variáveis que poderiam
interferir nas condições de aplicação dos testes, seus resultados alcançariam um nível de
precisão adequado. Os resultados dessas análises são apresentados na próxima seção.
61
5.2.1. ANÁLISES DA CONSISTÊNCIA INTERNA DOS INSTRUMENTOS
EDEP, IPSF, IBDQ E BFP
A avaliação da consistência interna dos instrumentos utilizados no presente projeto
foi estimada a partir do Alfa de Cronbach. Os resultados encontrados foram comparados
com os de estudos realizados por outros pesquisadores. Tal análise não foi possível com a
Escala de depressão (EDEP), uma vez que este está na fase de validação e seus estudos
ainda estão em processo de elaboração.
A análise da consistência interna da Escala de depressão (EDEP) com toda a
amostra evidenciou um Alfa de Cronbach de 0,96, referente aos 75 itens da escala (Tabela
19). Analisando a precisão dessa escala por grupos (clínico e não clínico) encontrou uma
precisão de 0,96 para o grupo clínico e 0,96 para o grupo não clínico (Tabela 19). Também
foi investigada a consistência interna do instrumento por gênero, na qual foi verificado que
a precisão e muito semelhante para homens e mulheres (Tabela 20).
Tabela 19. Consistência interna da escala de depressão (EDEP) por grupos.
Escala Grupos
Grupo clínico +
Grupo não clínico
(n=200) Alfa
Grupo clínico
(n=100) Alfa
Grupo não clínico
(n=100) Alfa
EDEP Total
0,96
0,96
0,96
Tabela 20. Consistência interna da escala de depressão (EDEP) por gênero.
Escala Gênero Masculino (n=96) Alfa Gênero Feminino (n=104) Alfa
EDEP Total 0,95
0,97
62
A consistência interna do Inventário de Percepção do Suporte Familiar (IPSF)
quando analisada com toda a amostra resultou em um Alfa de Cronbach de 0,76 para os 42
itens do inventário (Tabela 21). Também foi investigada nessa pesquisa a consistência
interna do IPSF por fatores, ou seja, o fator 1 do IPSF, que refere-se ao componente afetivo,
resultou um Alfa de Cronbach de 0,90 para os 21 itens que compõem esse dimensão
(Tabela 21), o fator 2, componente adaptação familiar, apresentou um Alfa de Cronbach de
0,86 (n=200) para os 13 itens do desse fator (Tabela 22) e, por fim, o fator 3 que refere-se
aos componente de autonomia familiar evidenciou um Alfa de Cronbach de 0,76 (n=200)
para os 8 itens que compõem esse fator (Tabela 22).
Tabela 21. Consistência interna do Inventário de Percepção do Suporte Familiar
(IPSF) – Total
Tabela 22. Consistência interna dos fatores do Inventário de Percepção do Suporte
Familiar (IPSF) por Grupos
Dias (2008) Baptista (2007)
Inventário
Grupo clínico +
Grupo não
clínico (n=200)
Alfa
Grupo
clínico
(n=100)
Alfa
Grupo não
clínico
(n=100)
Alfa
N
Alfa
IPSF Total (42 itens) 0,76
0,72
0,79
1064
0,93
Dias (2008)
Baptista
(2007)
Fatores
Grupo clínico +
Grupo não
clínico (n=200)
Alfa
Grupo
clínico
(n=100)
Alfa
Grupo não
clínico
(n=100)
Alfa
N
Alfa
IPSF- F1- Componente
afetivo (21 itens)
0,90
0,89
0,90
1064
0,91
63
Também foi investigada nessa pesquisa a consistência interna do IPSF total por
sexo, na qual ficou evidenciado que a precisão e muito semelhante entre os gêneros, na qual
foi evidenciado que o IPSF total apresentou um Alfa de 0,68 para o gênero Masculino e
0,80 para o gênero feminino (Tabela 23).
Tabela 23. Consistência interna dos fatores do Inventário de Percepção do Suporte
Familiar (IPSF) por gênero.
IPSF Gênero Masculino
(n=96)
Alfa
Gênero Feminino
(n=104)
Alfa
IPSF Total (42 itens) 0,68
0,80
IPSF- F1- Componente afetivo (21 Itens) 0,88
0,90
IPSF- F2- Componente adaptação
familiar (13 itens)
0,85
0,86
IPSF- F3- Componente Autonomia
familiar (8 itens)
0,60
0,82
Os índices de confiabilidade, do Alfa de Cronbach, da escala do Inventário de
Percepção do Suporte Familiar (IPSF), evidenciado nas aplicações do grupo clínico dessa
pesquisa foi de 0,89 para o fator F1 do IPSF, 0,85 para o F2 do IPSF e 0,77 para o fator 3
desse instrumento (Tabela 22), além do valor de 0,72 para o inventário total (Tabela 21).
Dias (2008)
Baptista
(2007)
Fatores
Grupo clínico +
Grupo não
clínico (n=200)
Alfa
Grupo
clínico
(n=100)
Alfa
Grupo não
clínico
(n=100)
Alfa
N
Alfa
IPSF- F2- Componente
adaptação familiar (13 itens)
0,86
0,85
0,87
1064
0,90
IPSF- F3- Componente
Autonomia familiar (8 itens)
0,76
0,77
0,75
1064
0,78
64
Alem disso, também foram investigados nessa pesquisa os índices de confiabilidade
do Alfa de Cronbach do grupo não clínico para o IPSF total e seus fatores, a saber,o Alfa de
Cronbach para o fator F1 foi de 0,90 (Tabela 22), F2 de 0,87 ( Tabela 22), F3 de 0,75
(Tabela 22), e por fim, 0,79 para o IPSF total. (Tabela 21).
Baptista (2007) avaliou uma amostra de 1.064 estudantes de instituições de Ensino
Médio e Superior de universidades ou escolas particulares ou públicas do Estado de São
Paulo, com idade mínima de 17 anos e máxima de 60 anos (DP= 6,05), na qual demonstrou
que o IPSF é um instrumento apropriado para avaliar a percepção do suporte familiar.
Nesse estudo, o pesquisador encontrou um Alfa de Cronbach para o fator 1 do IPSF de
0,91, o fator 2, de 0,90, e o fator 3, de 0,78, além do valor de 0,93 para a escala total.
A comparação dos resultados de Baptista (2007) com a presente pesquisa indica que
os índices de confiabilidade encontrados com as aplicações dessa pesquisa são semelhantes.
Os resultados encontrados com a verificação da precisão do Inventário de Percepção do
Suporte Familiar (IPSF) nas amostras e a sua comparação com os estudos realizados
sugerem que a sua aplicabilidade o foi prejudicada em função das particularidades do
presente estudo.
A consistência interna do Inflammatory Bowel Disease Questionnaire (IBDQ),
também foi investigada nesse estudo. Como esse instrumento é especifico para avaliar a
qualidade de vida dos pacientes com doenças inflamatórias intestinais, esse questionário foi
aplicado somente no grupo clínico dessa pesquisa, no qual é composto por pacientes com a
doença de Crohn. O índice de confiabilidade, calculado por meio do Alfa de Cronbach para
escala total do Inflammatory Bowel Disease Questionnaire (IBDQ), foi de 0,95 para grupo
clínico dessa pesquisa (n=100), considerando-se os 32 itens do instrumento (Tabela 24).
65
A consistência interna dos fatores do IBDQ, a saber, F1 que refere-se aos sintomas
intestinal foi de 0,87 para os 10 itens, F2 foi de 0,83 para os 5 itens que compõem essa
dimensão, F3 que refere-se a dimensão dos sintomas sociais apresentou um Alfa de
Cronbach de 0,84 para os 5 itens e, por fim, foi investigada a consistência interna dos 12
itens que compõem a dimensão F4, que avalia os sintomas emocionais apresentou um alfa
de Cronbach de 0,90 (Tabela 25). Também foi averiguada nessa pesquisa, a consistência
interna do IBDQ total e das dimensões por gênero, na qual resultou que a consistência
interna, como ocorreu nas outras escalas, são muito semelhantes entre o gênero masculino e
feminino (Tabela 25).
Pontes e cols (2004), em seu estudo com uma amostra de 50 pacientes com Doença
Inflamatória Intestinal, sendo 26 com doença de Crohn (DC) e 24 com Retocolite
Ulcerativa Inespecífica (RCUI) realizaram a análise referente à confiabilidade do
Inflammatory Bowel Disease Questionnaire (IBDQ), por meio do Alfa de Cronbach, na
qual encontrou um índice de 0,92 (Tabela 23). Comparando a consistência interna do
Inflammatory Bowel Disease Questionnaire (IBDQ) da pesquisa de Pontes e cols (2004)
com o dessa pesquisa que, foi 0,95 (Tabela 23), percebe-se que em ambas as pesquisas o
Inflammatory Bowel Disease Questionnaire (IBDQ) apresentou um índice de precisão
considerado muito alto de acordo com a literatura em psicometria (Cronbach, 1951). Os
resultados encontrados com essa análise indicam que a precisão do IBDQ foi adequada no
presente estudo.
66
Tabela 24. Consistência Interna do Inflammatory Bowel Disease Questionnaire (IBDQ)
por gênero.
Tabela 25. Consistência Interna das dimensões do Inflammatory Bowel Disease
Questionnaire (IBDQ) por gênero.
IBDQ Grupo clínico
(n=100)
Alfa
Gênero
Masculino
(n=48)
Alfa
Gênero
Feminino
(n=52)
Alfa
Fatores
F1- Sintomas Intestinais
(10 itens)
0,87
0,89
0,87
F2- Sintomas Sistêmicos
(5 itens)
0,83
0,86
0,80
F3- Sintomas Sociais
(5 itens)
0,84
0,88
0,81
F4- Sintomas Emocionais
(12 itens)
0,90
0,89
0,90
Por fim, foi investigada nessa pesquisa a consistência interna da Bateria Fatorial de
Personalidade (BFP), com a amostra completa, na qual ficou evidenciado um Alfa de
Cronbach de 0,89 para Neuroticismo; 0,83 para Extroversão; 0,90 para Socialização; 0,87
para Realização; e, por fim, a dimensão Abertura apresentou um Alfa de Cronbach de 0,63
(Tabela 26).
Analisando a precisão das dimensões desse instrumento para o grupo clínico ficou
evidenciado nessa pesquisa um Alfa de Cronbach para Neuroticismo de 0,88, Extroversão
Dias (2008)
Pontes e cols
(2004)
Escala
Grupo clínico
(n=100)
Alfa
Gênero
Masculino
(n=48)
Alfa
Gênero
Feminino
(n=52)
Alfa
Grupo clínico
Alfa
(n=50)
IBDQ Total (32 itens) 0,95
0,95
0,95
0,92
67
0,83, Socialização 0,89, Realização e Abertura 0,63 (Tabela 25). O grupo não clínico
(n=100) apresentou uma precisão para a dimensão Neuroticismo de 0,90, Extroversão 0,81,
Socialização 0,90, Realização 0,88, por fim, a dimensão Abertura que evidenciou um alfa
0,62 (Tabela 26). Observa-se que as facetas E2 do grupo não clínico, S3 do grupo clínico,
R2 do grupo clínico e não clínico e da amostra total, A1, A2 e A3 da dimensão Abertura
apresentaram uma precisão inferior a 0,60, sendo que todas as dimensões e a maioria de
suas facetas apresentaram consistência interna considerada alta ou muito alta aos padrões
da psicometria, segundo Cronbach (1951).
Tabela 26. Consistência Interna das dimensões e facetas da Bateria Fatorial de
Personalidade (BFP) por grupos.
Dias (2008)
Nunes e cols (no prelo)
BFP
Grupo clínico
+ Grupo não
clínico
(n=200) Alfa
Grupo
clínico
(n=100)
Alfa
Grupo
não
clínico
(n=100)
Alfa
N
Alfa
NEUROTICISMO 0,89
0,88
0,90
1754
0,89
N1- Vulnerabilidade 0,77
0,76
0,77
1843
0,77
N2- Instabilidade 0,70
0,69
0,71
1848
0,74
N3- Passividade e
Falta de energia
0,68
0,65
0,72
1854
0,72
N4- Depressão 0,80
0,77
0,82
2207
0,78
EXTROVERSÃO 0,82
0,83
0,81
1767
0,84
E1- Nível de
comunicação
0,72
0,69
0,75
3134
0,77
E2- Altivez 0,60
0,63
0,54
2380
0,64
E3- Dinamismo e
Assertividade
0,62
0,61
0,63
1859
0,58
E4- Interações
Sociais
0,76
0,78
0,73
1847
0,73
68
Nunes, Nunes e Hutz (no prelo) realizaram uma pesquisa na qual investigaram a
consistência interna da Bateria Fatorial de Personalidade (BFP). Nesse estudo foi possível
observar que as facetas E3, A2 e A3 apresentaram uma precisão inferior a 0,60, sendo que
todas as dimensões e a maioria de suas facetas também apresentaram consistência interna
considerada alta ou muito alta para os padrões sugeridos na literatura psicométrica
(Cronbach, 1951). Comparando a consistência interna da Bateria Fatorial de Personalidade
(BFP) dessa pesquisa com Nunes (no prelo) percebe-se que em ambas as pesquisas a
Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) apresentou um índice de precisão considerado
adequado (Tabela 26).
Adicionalmente foi realizada análise estatística referente à consistência interna da
BFP referente a gênero, na qual foi evidenciado que a dimensão Neuroticismo apresentou
Dias (2008)
Nunes e cols (no prelo)
BFP
Grupo clínico
+ Grupo não
clínico
(n=200) Alfa
Grupo
clínico
(n=100)
Alfa
Grupo
não
clínico
(n=100)
Alfa
N
Alfa
SOCIALIZAÇÃO 0,90
0,89
0,90
1755
0,85
S1- Amabilidade 0,92
0,93
0,92
1819
0,85
S2- Confiança
0,76
0,75
0,78
1846
0,71
S3- Sociabilidade 0,62
0,55
0,68
3257
0,69
REALIZAÇÃO 0,87
0,85
0,88
1772
0,83
R1- Competência 0,85
0,85
0,85
1830
0,77
R2- Ponderação,
Prudência e cautela
0,48
0,42
0,54
2315
0,60
R3- Empenho,
Dedicação e
Comprometimento
0,70
0,65
0,74
1848
0,68
ABERTURA 0,62
0,63
0,62
1763
0,74
A1- Interesses por
novas idéias
0,52
0,46
0,57
1813
0,69
A2- Liberalismo 0,53
0,57
0,47
1849
0,58
A3- Busca por
novidades
0,47
0,51
0,42
1856
0,57
69
um alfa de Cronbach de 0,90 para o gênero masculino e 0,89 para o gênero feminino; para
Extroversão, 0,74 para o gênero masculino e 0,87 para o gênero feminino; para a dimensão
Socialização, 0,91 para o gênero masculino e 0,89 para o gênero feminino; para Realização,
0,88 para o gênero masculino e 0,86 para o gênero feminino; e, por fim, precisão de
Abertura foi de 0,59 para o gênero masculino e 0,66 para o gênero feminino (Tabela 27).
Tabela 27. Consistência Interna das dimensões e facetas da Bateria Fatorial de
Personalidade (BFP) por gênero.
Dias (2008)
Nunes e cols (no prelo) BFP
Gênero
Masculino
(n=96) Alfa
Gênero
Feminino
(n=106) Alfa
N
Gênero
Masculino
N
Gênero
Feminino
NEUROTICISMO 0,90
0,89
553
0,89
1178
0,89
N1- Vulnerabilidade 0,76
0,78
581
0,75
1237
0,78
N2- Instabilidade 0,70
0,71
580
0,74
1243
0,77
N3- Passividade e
Falta de energia
0,72
0,66
580
0,70
1248
0,72
N4- Depressão 0,85
0,76
664
0,78
1508
0,78
EXTROVERSÃO 0,74
0,87
552
0,82
1191
0,85
E1- Nível de
comunicação
0,68
0,75
1054
0,74
2034
0,78
E2- Altivez 0,51
0,67
789
0,62
1559
0,66
E3- Dinamismo e
Assertividade
0,58
0,65
585
0,54
1249
0,60
E4- Interações
Sociais
0,69
0,81
581
0,70
1240
0,74
SOCIALIZAÇÃO 0,91
0,89
554
0,86
1177
0,83
S1- Amabilidade 0,94
0,93
571
0,86
1224
0,83
S2- Confiança 0,77
0,76
581
0,73
1239
0,68
S3- Sociabilidade 0,71
0,51
1064
0,68
1064
0,69
REALIZAÇÃO 0,88
0,86
562
0,84
1187
0,82
R1- Competência 0,84
0,86
579
0,77
1227
0,76
R2- Ponderação,
Prudência e cautela
0,57
0,39
743
0,60
1544
0,61
R3- Empenho,
Dedicação e
Comprometimento
0,75
0,65
581
0,68
1242
0,67
70
As análises da precisão dos instrumentos incluídos no presente estudo indicaram
que, de uma forma geral, estes apresentaram um funcionamento adequado na amostra
avaliada. Após tais análises, foram realizadas comparações das médias dos instrumentos em
função do grupo dos respondentes.
5.2.1.1. COMPARAÇÃO DAS MÉDIAS DOS INSTRUMENTOS EM FUNÇÃO DO
GRUPO.
De acordo com os objetivos propostos neste projeto, foi considerado relevante
verificar se os resultados obtidos pelos participantes dos dois grupos apresentavam
diferenças estatisticamente significativas. Para tanto, foi realizada a comparação de médias
com o uso do teste T de Student para da variável grupo.
Com esse procedimento, foi verificado se havia diferenças de média nos escores dos
testes em função do pertencimento aos grupos clínico e não clínico. Nessa pesquisa, foi
possível observar que existem diferenças significativas entre os grupos em relação à
depressão, mensurada pelo EDEP (t=-3,36; gl=193; p=0,01). Esses resultados são
apresentados na Tabela 28.
Dias (2008)
Nunes e cols (no prelo) BFP
Gênero
Masculino
(n=96) Alfa
Gênero
Feminino
(n=106) Alfa
N
Gênero
Masculino
N
Gênero
Feminino
ABERTURA 0,59
0,66
559
0,75
1181
0,73
A1- Interesses por
novas idéias
0,55
0,50
557
0,69
1212
0,69
A2- Liberalismo 0,65
0,41
579
0,60
1244
0,57
A3- Busca por
novidades
0,37
0,54
582
0,54
1249
0,59
71
Tabela 28.
Teste T de Student para diferença de média por grupo (Grupo Clínico-
N=100, Grupo Não Clínico- N=100)
Teste Grupo Média
DP t gl p
IPSF TOTAL Grupo Não
Clínico
2,5
0,32
1,03
198
0,31
Grupo Clínico
2,4
0,32
1,03
198
0,31
IPSF- F1- Componente afetivo
Grupo Não
Clínico
2,4
0,37
0,81
198
0,42
Grupo Clínico
2,3
0,39
0,81
197
0,42
IPSF- F2- Componente
adaptação familiar
Grupo Não
Clínico
2,6
0,35
1,47
198
0,14
Grupo Clínico
2,5
0,41
1,47
193
0,14
IPSF- F3- Componente
Autonomia familiar
Grupo Não
Clínico
2,6
0,38
-0,08
198
0,93
Grupo Clínico
2,6
0,38
-0,08
198
0,93
EXTROVERSÃO Grupo Não
Clínico
4,3
0,81
1,51
198
0,13
Grupo Clínico
4,1
0,88
1,51
197
0,13
E1- Nível de comunicação Grupo Não
Clínico
4,3
1,31
1,40
198
0,16
Grupo Clínico
4,0
1,27
1,40
198
0,16
E2- Altivez Grupo Não
Clínico
3,7
0,95
1,23
198
0,22
Grupo Clínico
3,5
1,15
1,23
191
0,22
E3- Dinamismo e
Assertividade
Grupo Não
Clínico
4,7
1,12
0,35
198
0,73
Grupo Clínico
4,6
1,13
0,35
198
0,73
E4- Interações Sociais Grupo Não
Clínico
4,6
1,19
1,28
198
0,20
Grupo Clínico
4,4
1,30
1,28
196
0,20
SOCIALIZAÇÃO Grupo Não
Clínico
5,2
0,96
-0,19
198
0,85
Grupo Clínico
5,2
0,92
-0,19
198
0,85
S1- Amabilidade Grupo Não
Clínico
5,5
1,33
-0,60
198
0,55
Grupo Clínico
5,6
1,33
-0,60
198
0,55
S2- Confiança Grupo Não
Clínico
5,6
1,19
0,08
198
0,94
Grupo Clínico
5,6
1,17
0,08
198
0,94
S3- Sociabilidade Grupo Não
Clínico
4,5
1,08
0,17
198
0,86
Grupo Clínico
4,5
0,96
0,17
195
0,86
REALIZAÇÃO Grupo Não
Clínico
4,9
1,01
-1,04
198
0,30
Grupo Clínico
5,1
0,92
-1,04
196
0,30
72
Teste Grupo Média
DP t gl p
R1- Competência Grupo Não
Clínico
5,1
1,17
-0,25
198
0,80
Grupo Clínico
5,2
1,15
-0,25
198
0,80
R2- Ponderação, Prudência e
cautela
Grupo Não
Clínico
4,9
1,27
-0,50
198
0,62
Grupo Clínico
5,0
1,22
-0,50
198
0,62
R3- Empenho, Dedicação e
Comprometimento
Grupo Não
Clínico
4,8
1,16
-1,86
198
0,07
Grupo Clínico
5,1
1,11
-1,86
198
0,07
ABERTURA Grupo Não
Clínico
4,3
0,66
0,04
198
0,97
Grupo Clínico
4,3
0,73
0,04
196
0,97
A1- Interesses por novas
idéias
Grupo Não
Clínico
4,0
0,93
-0,89
198
0,37
Grupo Clínico
4,1
0,87
-0,89
197
0,37
A2- Liberalismo Grupo Não
Clínico
4,4
1,10
0,08
198
0,93
Grupo Clínico
4,4
1,26
0,08
195
0,93
A3- Busca por novidades Grupo Não
Clínico
4,4
0,99
0,76
198
0,45
Grupo Clínico
4,3
1,08
0,76
196
0,45
NEUROTICISMO Grupo Não
Clínico
3,4
1,06
-0,76
198
0,45
Grupo Clínico
3,5
0,98
-0,76
197
0,45
N1- Vulnerabilidade Grupo Não
Clínico
3,7
1,21
-0,82
198
0,41
Grupo Clínico
3,9
1,24
-0,82
198
0,41
N2- Instabilidade Grupo Não
Clínico
3,7
1,27
-1,53
198
0,13
Grupo Clínico
3,9
1,29
1,53
198
0,13
N3- Passividade e Falta de
energia
Grupo Não
Clínico
3,4
1,27
0,13
198
0,90
Grupo Clínico
3,3
1,23
0,13
198
0,90
N4- Depressão Grupo Não
Clínico
2,9
1,42
-0,22
198
0,83
Grupo Clínico
2,9
1,25
-0,22
195
0,83
EDEP TOTAL Grupo Não
Clínico
2,1
0,59
-3,36
198
0,01
Grupo Clínico
2,4
0,69
-3,36
193
0,01
Casteli e Silva (2007) averiguaram em seus estudos que os pacientes com as
doenças inflamatórias intestinais oscilam entre períodos estáveis e instáveis referentes aos
73
seus sintomas físicos e questões que envolvam os aspectos psicológicos desses pacientes.
Essas oscilações podem desencadear alguns problemas como a diminuição da auto-estima,
depressão, ansiedade, irritabilidade, agressividade, frustração, hostilidade, desconfiança,
dependência, culpa entre outros. Tais problemas podem estar associados à incerteza
médica, e às próprias distorções de pensamentos que o paciente desenvolve devido à
cronicidade da doença inflamatória intestinal. Portanto, a adaptação do paciente à doença,
implica num esforço significativo que pode desencadear alterações no estilo de vida dos
pacientes. Portanto, mesmo que os sintomas como gases, diarréia e dores abdominais da
doença inflamatória intestinal, sejam leves, eles podem alterar a integração do pacientes
nos meios social, familiar e profissional.
Devido a essas alterações, o paciente pode se sentir constrangido por suas restrições
referentes à sintomatologia da doença, assim como às restrições referentes à alimentação.
Todos esses fatores podem influenciar o comportamento de isolamento, devido ao
constrangimento do paciente e de sua ansiedade devido os sintomas da doença que podem
alterar severamente a sua qualidade de vida. Tais alterações muitas vezes podem
desencadear alterações de humor, como a depressão (Casteli & Silva, 2007).
Percebe-se que diversos pesquisadores estão estudando possíveis associações entre
a doença de Crohn e os aspectos emocionais, com o objetivo de compreender os aspectos
clínicos e emocionais no dia-a-dia dos pacientes com a doença inflamatória intestinal
(Heltzer & cols, 1984; Song, 1993; Vega, & cols, 1994).
Heltzer, e cols. (1984) evidenciam que a ansiedade e a depressão estão associadas
significativamente com a morbidade física das doenças inflamatórias intestinais. Portanto,
torna-se importante o tratamento da depressão para esses pacientes, não apenas pelos seus
sintomas, que podem ser extremamente incapacitantes e limitantes para o paciente, mas
também por possíveis implicações na doença, incluindo a exacerbação dos sintomas e sua
74
evolução. Outro estudo importante foi realizado por Song, em 1993, no qual identificou
uma incidência maior de sintomas psiquiátricos, especificamente depressão e ansiedade,
nos pacientes com a doença de Crohn. Esse autor também destacou na sua pesquisa a
importância da consideração desses fatores na compreensão da doença.
Vega e cols. (1994) realizaram um estudo que evidenciou que os pacientes
associavam a dificuldade emocional com as características da doença como a cronicidade,
sintomatologia e o prognóstico incerto, e associavam suas crises emocionais como um fator
determinante, que pode influenciar na sua qualidade de vida. Essa associação reitera a
hipótese de que os transtornos psicológicos possam ocorrer como uma conseqüência da
própria enfermidade, mais do que como um fator etiológico potencial.
Foi observado, por meio do teste T de Student (Tabela 28), que existem diferenças
significativas entre os grupos clínico e não clínico em relação a depressão, mensurada pelo
EDEP (t=-3,36; gl=193; p=0,01). Tal resultado sugere que os itens do EDEP são adequados
para a avaliação da depressão, por intermédio de uma das evidências de validade,
denominada validade de critério, segundo os Standards for Educational and Psychological
Testing, produzido pela American Educational Research Association, American
Psychological Association e National Council on Measurement in Education (AERA, APA
&NCME, 1999).
Por fim, pôde-se observar nessa pesquisa que o grupo clínico, composto por
pacientes diagnosticados com a doença de Crohn, que houve associação entre os aspectos
da sintomatologia da doença com as dificuldades emocionais desses pacientes. Essa
associação vem ao encontro com as pesquisas encontradas na literatura (Heltzer & cols,
1984; Song, 1993; Vega, & cols, 1994). Com relação ao grupo não clínico, que foi formado
pelos acompanhantes dos pacientes que freqüentam o GASTROCENTRO UNICAMP,
observa-se que
45% dos acompanhantes afirmaram serem os cuidadores dos pacientes, que
75
estavam acompanhando, o que pode aumentar a chance de que ocorra um nível
diferenciado nos construtos avaliados nesse projeto como a depressão, percepção do
suporte familiar e qualidade de vida, e por fim no construto personalidade.
Adicionalmente, foi verificado os resultados encontrados na análise da comparação
de média entre o grupo clínico e não clínico, que indicaram apenas diferenças significativas
entre os grupos para a EDEP, fez com que fosse levantada a hipótese de que o grupo não
clínico pudesse também apresentar diferenças em relação à população geral. Tal
característica pode ser explicada, na forma de hipótese, pelo fato de que uma parcela
considerável do grupo não clínico é formado por cuidadores de pessoas com enfermidades
específicas. Para verificar tal hipótese a partir de dados empíricos, foi feita a comparação
dos resultados dos grupos avaliados no presente estudo com o grupo normativo da BFP
(Nunes, Hutz & Nunes, em construção). Para tanto, foram consideradas as médias
encontradas no grupo clínico e não clínico e comparadas com as apresentadas pelo grupo
normativo da BFP, com uso do teste T de Student. Os resultados encontrados são
apresentados na tabela 29.
Os resultados encontrados sustentam parcialmente a hipótese de que as pessoas do
grupo não clínico apresentam características que as diferenciam da amostra de
normatização da BFP. Dentre as facetas da BFP, destaca-se a diferença encontrada para N4
(t=5,19; gl=3199; p<0,01), que avalia Depressão na BFP, indicando que esse grupo não
clínico apresenta um nível consideravelmente mais elevado que a população geral. Apesar
da média do grupo clínico ser igual à do não clínico, seu desvio padrão é menor, o que gera
um “t” ainda mais elevado quando este grupo é comparado ao grupo normativo (t=5,59;
gl=3199; p<0,01) da BFP.
76
Tabela 29.
Teste T de Student comparando os grupos clínicos e não clínicos com a
amostra de normatização da BFP.
Teste Grupos Média DP t gl p
EXTROVERSÃO Grupo Não
Clínico
4,3
0,81
-0,27
2857
0,79
Grupo Clínico 4,1
0,88
-2,30
2857
0,02
E1- Nível de comunicação Grupo Não
Clínico
4,3
1,31
-0,10
3091
0,92
Grupo Clínico 4,0
1,27
-2,06
3091
0,04
E2- Altivez Grupo Não
Clínico
3,7
0,95
0,05
2859
0,96
Grupo Clínico 3,5
1,15
-1,65
2859
0,10
E3- Dinamismo e
Assertividade
Grupo Não
Clínico
4,7
1,12
-1,04
1782
0,30
Grupo Clínico 4,6
1,13
-1,57
1782
0,12
E4- Interações Sociais Grupo Não
Clínico
4,6
1,19
-1,89
3093
0,06
Grupo Clínico 4,4
1,30
-3,89
3093
0,01
SOCIALIZAÇÃO Grupo Não
Clínico
5,2
0,96
-1,40
3226
0,16
Grupo Clínico 5,2
0,92
-1,07
3226
0,29
S1- Amabilidade Grupo Não
Clínico
5,5
1,33
-0,82
3223
0,41
Grupo Clínico 5,6
1,33
0,39
3223
0,70
S2- Confiança Grupo Não
Clínico
5,6
1,19
0,18
3229
0,86
Grupo Clínico 5,6
1,17
0,06
3229
0,95
S3- Sociabilidade Grupo Não
Clínico
4,5
1,08
-2,52
3227
0,01
Grupo Clínico 4,5
0,96
-2,77
3227
0,01
REALIZAÇÃO Grupo Não
Clínico
4,9
1,01
-0,10
2251
0,92
Grupo Clínico 5,1
0,92
1,62
2251
0,11
R1- Competência Grupo Não
Clínico
5,1
1,17
-0,68
2252
0,50
Grupo Clínico 5,2
1,15
-0,24
2252
0,81
R2- Ponderação, Prudência e
cautela
Grupo Não
Clínico
4,9
1,27
-0,34
2213
0,74
Grupo Clínico 5,0
1,22
0,38
2213
0,71
R3- Empenho, Dedicação e
Comprometimento
Grupo Não
Clínico
4,8
1,16
0,72
2253
0,47
Grupo Clínico 5,1
1,11
3,46
2253
0,01
ABERTURA Grupo Não
Clínico
4,3
0,66
-6,33
1893
0,01
Grupo Clínico 4,3
0,73
-6,24
1893
0,01
A1- Interesses por novas Grupo Não
-6,17
1894
0,01
77
Teste Grupos Média DP t gl p
idéias Clínico 4,0
0,93
Grupo Clínico 4,1
0,87
-5,09
1894
0,01
A2- Liberalismo Grupo Não
Clínico
4,4
1,10
-4,77
1892
0,01
Grupo Clínico 4,4
1,26
-4,61
1892
0,01
A3- Busca por novidades Grupo Não
Clínico
4,4
0,99
-2,46
1907
0,01
Grupo Clínico 4,3
1,08
-3,51
1907
0,01
NEUROTICISMO Grupo Não
Clínico
3,4
1,06
2,31
3189
0,02
Grupo Clínico 3,5
0,98
3,40
3189
0,01
N1- Vulnerabilidade Grupo Não
Clínico
3,7
1,21
2,08
3220
0,04
Grupo Clínico 3,9
1,24
3,22
3220
0,01
N2- Instabilidade Grupo Não
Clínico
3,7
1,27
-0,05
3197
0,96
Grupo Clínico 3,9
1,29
1,86
3197
0,06
N3- Passividade e Falta de
energia
Grupo Não
Clínico
3,4
1,27
-0,76
2249
0,45
Grupo Clínico 3,3
1,23
-0,94
2249
0,35
N4- Depressão Grupo Não
Clínico
2,9
1,42
5,19
3199
0,01
Grupo Clínico 2,9
1,25
5,59
3199
0,01
Na Tabela 30 são apresentados os resultados dos grupos avaliados em relação ao
normativo nas escalas em que ao menos um dos grupos teve diferenças estatisticamente
significativas. Nessa tabela, além dos escores brutos, são apresentados os resultados em
escore Z. Nessa análise, escores Z com valor absoluto maior que 0,20 apresentaram
diferenças significativas para um nível de significância de ,05.
Esses resultados são importantes de serem considerados conjuntamente com os
encontrados com a EDEP, uma vez que indicam que esta última escala conseguiu
identificar uma diferença entre os grupos que não foi detectada com o uso da BFP. Tal
diferença nos resultados encontrados pode ter ocorrido em função dos tipos de itens
presentes para mensurar depressão nestes testes, mas, de qualquer forma, são favoráveis à
EDEP.
78
Os resultados gerais dos fatores avaliados pela BFP indicam que tanto o grupo
clínico quanto o não clínico apresentaram médias estatisticamente significativas em relação
à amostra normativa em Neuroticismo, sugerindo que as pessoas avaliadas tendem a
vivenciar mais profundamente sofrimentos psicológicos e tendem a um alto nível de
vulnerabilidade emocional (N1) (Nunes, Hutz & Nunes, em construção). Também é
importante notar que, além das facetas já comentadas, ambos os grupos apresentaram
diferenças estatisticamente significativas para S3 (confiança nas pessoas), A1 (interesses
por novas idéias), A2 (liberalismo) e A3 (busca por novidades), sendo que todos os
resultados foram menores que os do grupo normativo (Tabela 30).
79
Tabela 30. Comparação dos escores dos grupos avaliados em relação ao grupo normativo da BFP.
Teste Grupo Média DP t gl p Med_norma DP_norma z
E1- Nível de comunicação Grupo Não
Clínico
4,28
1,31
-0,10
3091
0,92
4,29
1,28
-0,01
Grupo Clínico 4,03
1,27
-2,06
3091
0,04
4,29
1,28
-0,21
E4- Interações Sociais Grupo Não
Clínico
4,63
1,19
-1,89
3093
0,06
4,84
1,10
-0,19
Grupo Clínico 4,41
1,30
-3,89
3093
0,00
4,84
1,10
-0,40
S3- Sociabilidade Grupo Não
Clínico
4,49
1,08
-2,52
3227
0,01
4,75
1,01
-0,26
Grupo Clínico 4,46
0,96
-2,77
3227
0,01
4,75
1,01
-0,28
R3- Empenho, Dedicação e
Comprometimento
Grupo Não
Clínico
4,84
1,16
0,72
2253
0,47
4,76
1,06
0,07
Grupo Clínico 5,14
1,11
3,46
2253
0,00
4,76
1,06
0,36
A1- Interesses por novas idéias Grupo Não
Clínico
4,00
0,93
-6,17
1894
0,00
4,64
1,01
-0,63
Grupo Clínico 4,11
0,87
-5,09
1894
0,00
4,64
1,01
-0,52
A2- Liberalismo Grupo Não
Clínico
4,40
0,93
-4,77
1892
0,00
4,89
1,00
-0,49
Grupo Clínico 4,41
1,06
-4,61
1892
0,00
4,89
1,00
-0,48
A3- Busca por novidades Grupo Não
Clínico
4,39
0,99
-2,46
1907
0,01
4,64
1,02
-0,25
Grupo Clínico 4,27
1,08
-3,51
1907
0,00
4,64
1,02
-0,36
N1- Vulnerabilidade Grupo Não
Clínico
3,72
1,21
2,08
3220
0,04
3,47
1,22
0,21
Grupo Clínico 3,87
1,24
3,22
3220
0,00
3,47
1,22
0,33
N2- Instabilidade Grupo Não
Clínico
3,66
1,27
-0,05
3197
0,96
3,67
1,43
-0,01
Grupo Clínico 3,94
1,29
1,86
3197
0,06
3,67
1,43
0,19
80
Teste Grupo Média DP t gl p Med_norma DP_norma z
N4- Depressão Grupo Não
Clínico
2,87
1,42
5,19
3199
0,00
2,29
1,08
0,53
Grupo Clínico 2,91
1,25
5,59
3199
0,00
2,29
1,08
0,57
ABERTURA Grupo Não
Clínico
4,26
0,65
-6,33
1893
0,00
4,72
0,72
-0,65
Grupo Clínico 4,26
0,70
-6,24
1893
0,00
4,72
0,72
-0,64
EXTROVERSÃO Grupo Não
Clínico
4,32
0,81
-0,27
2857
0,79
4,34
0,87
-0,03
Grupo Clínico 4,14
0,88
-2,30
2857
0,02
4,34
0,87
-0,23
NEUROTICISMO Grupo Não
Clínico
3,40
1,06
2,31
3189
0,02
3,17
1,00
0,24
Grupo Clínico 3,51
0,98
3,40
3189
0,00
3,17
1,00
0,35
81
Por fim, foi realizada uma regressão logística para verificar se as medidas usadas
nessa pesquisa seriam capazes de diferenciar os participantes do grupo clínico e não clínico.
Para tanto, foi adotado o método
Backward Wald
. A tabela 31 apresenta os resultados do
modelo adotado, que considera como variáveis independentes Interações sociais (E4),
Confiança nas pessoas (S3), Empenho (R3), Interesses por novas idéias (A1), Busca por
novidades (A3), Autonomia Familiar (IPSF - F3) e Sintomatologia depressiva (EDEP). O
modelo apresentou uma especificidade de 67%, sensibilidade de 61%, e percentual geral de
acerto nas previsões de 64%. Esses resultados são interessantes, pois como foi indicado na
análise anterior, o grupo não clínico apresentava características que os diferenciavam da
população geral em relação a parte dos traços de personalidade avaliados. Ainda assim, o
modelo gerado na regressão consegue diferenciá-los com relativo sucesso.
Tabela 31.
Teste de regressão logística
Medida B Erro Padrão Wald GL Sig. Exp(B)
E4- Interações Sociais -0.17
0.16
1.22
1
0.27
0.84
S3- Sociabilidade 0.21
0.17
1.67
1
0.20
1.24
R3- Empenho, Dedicação e
Comprometimento
0.34
0.16
4.78
1
0.03
1.40
A1- Interesses por novas
idéias
0.32
0.18
3.11
1
0.08
1.38
A3- Busca por novidades -0.21
0.17
1.52
1
0.22
0.81
IPSF- F3- Componente
Autonomia Familiar
0.62
0.47
1.77
1
0.18
1.86
EDEP Total 1.01
0.30
11.07
1
0.01
2.73
Constante -6.05
2.09
8.37
1
0.01
0.00
Portanto, pode-se concluir que a Escala de Depressão (EDEP), juntamente com as
demais variáveis que entraram no modelo, detectam diferenças entre os grupos clínico e
não clínico, na qual sugere tais medidas são úteis para a avaliação de pessoas com a Doença
de Cronh. Juntamente com os resultados do teste
t
mencionado, no qual indica que a
82
EDEP gera resultados diferenciados para os grupos avaliados, o resultado da regressão
logística serve como evidência de validade para a EDEP, segundo o
Standards for
Educational and Psychological Testing
, produzido pela
American Educational
Research
Association
,
American Psychological
Association
e
National Council on
Measurement in
Education
(AERA, APA &NCME, 1999).
Adicionalmente, foi verificado, por meio do teste T de
Student
, se havia diferenças
de média nos escores dos testes associado ao gênero masculino e feminino. Na Tabela 32
foi possível observar a diferença significativa de gênero com relação a percepção do
suporte familiar, na qual foi evidenciada no IPSF total (
t
=2,81;
gl
=198;
p
=0,01) e nos
fatores F2 (
t
=3,34;
gl
=198;
p
=0,01) e F3 (
t
=2,77;
gl
=198;
p
=0,01) desse instrumento.
Apesar de ter sido verificada diferenças significativas em função do gênero
masculino e feminino (Tabela 31) nessa pesquisa, as análises de associação entre os testes
foram realizadas considerando o grupo como um todo, pois alguns autores como Gomes
(1999); Messa, (1999) e Santos e Sebastiani, (2001), não enfatizam em seus estudos essa
diferença nos escores associadas a essa variável.
Os resultados da comparação das médias dos instrumentos em função do gênero
evidenciados nessa pesquisa apontam uma diferença significativa com relação à percepção
do suporte familiar, na qual foi averiguada no IPSF total e nos fatores de adaptação familiar
(IPSF-F2) e autonomia familiar (IPSF-F3) desse instrumento (Tabela 32). Essa correlação
confirma a importância da compreensão do significado de família evidenciada por Gomes
(1999), Messa (1999) e Contim (2001). Segundo esses autores a família pode ser
compreendida como um grupo de pessoas com características diferentes, que forma um
sistema social com base afetiva duradoura, na qual estabelece uma relação de cuidado,
dentro de um processo do histórico de vida das pessoas.
83
De acordo com esses autores pode-se definir a família como uma unidade primária
de cuidado, na qual representa os aspectos sociais onde seus membros interagem, trocam
informações, apóiam-se mutuamente, buscam e mediam esforços para amenizar e
solucionar os problemas. Portanto, de acordo com esses autores, a família deve ser
entendida como um grupo dinâmico, na qual pode variar de acordo com a cultura e o
momento histórico, econômico, cultural e social que está vivenciando. Portanto, a noção de
saúde da família vária dos recursos de cada integrante desse sistema, na qual permite a
superação de crises e conflitos, por meio do cuidado e do bem-estar com o outro.
Sendo assim, a percepção do suporte familiar torna-se muito importante, pois pode
influenciar os comportamentos de autocuidados das pessoas, que se observou correlação
entre percepção do suporte familiar e o aumento de motivação para autocuidados com a
saúde, na qual não deve esquecer-se de incluir a família no processo de tratamento das
doenças, informando e orientando, pois a família será a maior aliada das pessoas e da
equipe de saúde, no decorrer do tratamento (Domingues & Dias, 2005).
Também foi possível observar a diferença significativa de gênero no fator F4 do
IBDQ que refere-se aos aspectos emocionais dos os pacientes com as doenças inflamatórias
intestinais (
t
=2,29;
gl
=98;
p
=0,02) (Tabela 32). Essas diferenças de gênero encontradas
nessa pesquisa indicam que o gênero masculino valoriza mais a qualidade de vida do que o
gênero feminino, ou seja, o gênero masculino visa melhor qualidade de vida para
manutenção do tratamento da doença de Crohn. Apesar de não ser listada na literatura essa
diferença, os resultados evidenciados nessa pesquisa indicam que a cronicidade da doença
de Crohn, assim como a ausência de correlação entre o estado funcional do paciente e os
marcadores inflamatórios, pode gerar diferentes modificações no dia-a-dia desses pacientes.
Tais modificações podem ser capazes de desenvolver diferentes impactos na percepção da
qualidade de vida dos pacientes (Domingues e cols 2006, Etienne 2004 & Pontes, 2004).
84
Por fim, foi possível observar a diferença significativa de gênero na EDEP total (
t
=-
3,24;
gl
=198;
p
=0,01) (Tabela 32), essa associação confirma o relatório da Organização
Mundial de Saúde (OMS) de 2001, na qual relata que a depressão é mais comum no sexo
feminino, estimando-se uma prevalência do episódio depressivo em 1,9% no sexo
masculino e em 3,2% no sexo feminino. Portanto, a depressão afeta de 15 a 20% das
mulheres e de 5 a 10% dos homens.
Portanto, pode-se evidenciar nessa pesquisa que os itens do IPSF, IBDQ e da EDEP
são adequados para a avaliação dos construtos estudados, a saber, percepção do suporte
familiar, qualidade de vida e depressão, por intermédio de uma das evidências de validade,
denominada validade de critério, segundo os
Standards for
Educational and Psychological
Testing,
produzido pela
American Educational
Research Association, American
Psychological
Association e National Council on
Measurement in Education
(AERA, APA
&NCME, 1999).
Tabela 32.
Teste T de Student para diferença de média por gênero (feminino- N=104,
masculino- N=96)
Testes Gênero Média DP t gl p
IPSF TOTAL Masculino
2,5
0,28
2,81
198
0,01
Feminino
2,4
0,34
IPSF- F1- Componente afetivo Masculino
2,4
0,36
1,62
198
0,11
Feminino
2,3
0,41
IPSF- F2- Componente adaptação
familiar Masculino
2,7
0,35
3,34
198
0,01
Feminino
2,5
0,39
IPSF- F3- Componente
autonomia familiar Masculino
2,6
0,28
2,77
198
0,01
Feminino
2,5
0,44
EXTROVERSÃO Masculino
4,2
0,69
-1,20
198
0,23
Feminino
4,3
0,97
85
Testes Gênero Média DP t gl p
E1- Nível de comunicação Masculino
4,0
1,20
-1,80
198
0,07
Feminino
4,3
1,36
E2- Altivez Masculino
3,5
0,95
-0,75
198
0,46
Feminino
3,6
1,15
E3- Dinamismo e Assertividade Masculino
4,7
1,03
0,36
198
0,72
Feminino
4,6
1,21
E4- Interações Sociais Masculino
4,4
1,09
-1,09
198
0,28
Feminino
4,6
1,38
SOCIALIZAÇÃO Masculino
5,1
0,98
-1,08
198
0,28
Feminino
5,3
0,89
S1- Amabilidade Masculino
5,5
1,35
-0,66
198
0,51
Feminino
5,6
1,32
S2- Confiança Masculino
5,5
1,19
-1,23
198
0,22
Feminino
5,7
1,17
S3- Sociabilidade Masculino
4,4
1,11
-0,69
198
0,49
Feminino
4,5
0,92
REALIZAÇÃO Masculino
5,1
1,01
0,76
198
0,45
Feminino
5,0
0,92
R1- Competência Masculino
5,2
1,08
0,68
198
0,50
Feminino
5,1
1,22
R2- Ponderação, Prudência e
cautela Masculino
5,1
1,29
1,85
198
0,07
Feminino
4,8
1,18
R3- Empenho, Dedicação e
Comprometimento Masculino
4,9
1,21
-0,76
198
0,45
Feminino
5,0
1,09
ABERTURA Masculino
4,2
0,64
-0,24
198
0,81
Feminino
4,3
0,74
A1- Interesses por novas idéias Masculino
4,1
0,89
0,59
198
0,55
Feminino
4,0
0,90
A2- Liberalismo Masculino
4,4
1,26
0,54
198
0,59
Feminino
4,4
1,11
A3- Busca por novidades Masculino
4,2
0,93
-1,62
198
0,11
Feminino
4,4
1,12
NEUROTICISMO Masculino
3,4
1,03
-1,09
198
0,28
Feminino
3,5
1,01
N1- Vulnerabilidade Masculino
3,7
1,16
-1,36
198
0,18
Feminino
3,9
1,27
N2- Instabilidade Masculino
3,7
1,24
-1,12
198
0,27
Feminino
3,9
1,32
86
Testes Gênero Média DP t gl p
N3- Passividade e Falta de
energia Masculino
3,4
1,26
0,18
198
0,86
Feminino
3,3
1,24
N4- Depressão Masculino
2,8
1,37
-1,18
198
0,24
Feminino
3,0
1,29
IBDQ TOTAL Masculino
4,9
1,23
1,69
98
0,10
Feminino
4,5
1,28
IBDQ- F1- Sintomas Intestinais Masculino
5,2
1,31
1,41
98
0,16
Feminino
4,8
1,33
IBDQ- F2- Sintomas sistêmicos Masculino
4,5
1,48
1,16
98
0,25
Feminino
4,2
1,37
IBDQ- F3- Aspectos sociais Masculino
4,9
1,68
0,55
98
0,58
Feminino
4,8
1,64
IBDQ- F4- Aspectos emocionais Masculino
4,8
1,22
2,29
98
0,02
Feminino
4,2
1,44
EDEP TOTAL Masculino
2,1
0,55
-3,24
198
0,01
Feminino
2,4
0,72
5.2.2. ASSOCIAÇÕES ENTRE OS INSTRUMENTOS EDEP, IPSF, IBDQ E
BFP.
Com o objetivo de buscar evidências de validade convergente e discriminante da
EDEP, foram calculadas as suas correlações com os demais instrumentos utilizados neste
projeto. Adicionalmente, foram verificadas as correlações dos demais instrumentos entre si,
com o objetivo de explorar mais detalhadamente a relação entre os construtos
correspondentes.
A Tabela 33 mostra os coeficientes de correlação da Escala de Depressão (EDEP)
com as dimensões e facetas dos instrumentos IPSF, BFP e IBDQ. Nota-se que nessa
pesquisa o EDEP evidenciou correlações com quase todos os fatores dos testes avaliados,
87
com exceção das facetas E2, S1, R3, A2 e A3 da Bateria Fatorial de Personalidade (BFP)
(Tabela 33).
Tabela 33.
Correlação EDEP com os instrumentos IPSF, BFP e IBDQ
Escalas EDEP TOTAL
IPSF TOTAL -0,51
**
IPSF- F1- Componente afetivo -0,37
**
IPSF- F2- Componente adaptação familiar -0,50
**
IPSF- F3- Componente Autonomia familiar -0,44
**
EXTROVERSÃO -0,32
**
E1- Nível de comunicação -0,22
**
E2- Altivez
E3- Dinamismo e Assertividade -0,38
**
E4- Interações Sociais -0,30
**
SOCIALIZAÇÃO -0,23
**
S1- Amabilidade
S2- Confiança -0,15
*
S3- Sociabilidade -0,34
**
REALIZAÇÃO -0,15
*
R1- Competência -0,27
**
R2- Ponderação, Prudência e cautela -0,16
*
R3- Empenho, Dedicação e Comprometimento
ABERTURA
A1- Interesses por novas idéias -0,14
*
A2- Liberalismo
A3- Busca por novidades
NEUROTICISMO 0,48
**
N1- Vulnerabilidade 0,33
**
N2- Instabilidade 0,47
**
N3- Passividade e Falta de energia 0,32
**
N4- Depressão 0,42
**
IBDQ TOTAL -0,71
**
IBDQ- F1- Sintomas Intestinais -0,52
**
IBDQ- F2- Sintomas sistêmicos -0,61
**
IBDQ- F3- Aspectos sociais -0,50
**
IBDQ- F4- Aspectos emocionais -0,80
**
* p<0,05 ** p<0,01
88
As análises realizadas evidenciaram correlações significativas negativas entre o
resultado da EDEP total e o IBDQ total e com as facetas do IBDQ, a saber, F1 (questões
referentes aos sintomas intestinais), F2 (questões que investiga os sintomas sistêmicos), F3
(questões que avalia os aspectos sociais), F4 (questões referentes aos aspectos emocionais)
(Tabela 33).
Com relação a análise realizada entre o EDEP total e o IBDQ total evidenciou uma
forte correlação negativa significativa (r=-0,71; p<0,01), o que indica que quanto maior os
níveis de depressão dos pacientes com a doença inflamatória intestinal, menor a percepção
da qualidade de vida. Tal resultado serve como evidência de validade da EDEP por
corroborar os estudos que associaram tais construtos (Drossman e cols, 1990; Vega e cols,
1994; Castelli e Silva, 2007), que sugerem que pessoas com níveis mais elevados de
depressão tendem a apresentar níveis mais baixos de qualidade de vida e que, níveis baixos
de depressão estão associados a uma maior percepção de qualidade de vida.
Adicionalmente foram investigadas as correlações da EDEP total com as dimensões
ou fatores do IBDQ, a qual apresentou uma moderada correlação negativa para o fator F1
que avalia os sintomas intestinais (r= -0,52; p<0,01), F3 que investiga as questões
referentes aos aspectos sociais (r= -0,50; p<0,01) do IBDQ, que demonstrou uma moderada
correlação negativa entre o aumento dos sintomas depressivos e a diminuição da qualidade
de vida, associadas aos sintomas da doença inflamatória intestinal e aspectos sociais. Por
fim, foram investigadas as correlações entre EDEP total com as questões referentes aos
sintomas sistêmicos, ou seja, o fator F2 do IBDQ (r= -0,61; p<0,01) e o fator F4 do IBDQ
que refere-se as questões do componente dos aspectos emocionais (r= -0,80; p<0,01) que
evidenciou uma forte correlação negativa, na qual demonstra que quanto maior a depressão
ocorre uma diminuição da qualidade de vida, resultante das queixas sistêmicas e questões
emocionais (Tabela 33).
89
Tais correlações vão ao encontro das evidências discutidas na literatura que
demonstram que os pacientes associam as dificuldades emocionais como um fator causador
que poderia influenciar o seu estilo e qualidade de vida, com as características da
cronicidade, sintomatologia e o prognóstico incerto desses pacientes, na qual evidencia a
possibilidade de considerar os transtornos psicológicos como uma conseqüência da própria
enfermidade, mais do que como um fator desencadeador da doença (Drossman & cols,
1990; Vega & cols,1994).
Em seguida, foi verificada a associação do resultado da EDEP total com IPSF Total,
que apresentou uma correlação moderada negativa (r= -0,51; p<0,01) entre os sintomas da
depressão e a percepção do suporte familiar. Também foram investigadas as correlações da
EDEP total com os fatores do IPSF, a saber, F1 que refere-se as questões do componente
afetivo (r= -0,37; p<0,01), F2 que avalia as questões do componente adaptação familiar (r=
-0,50; p<0,01), e por fim, o fator F3 que refere-se e as questões do componente de
Autonomia familiar (r= -0,44; p<0,01) do IPSF, que apresentou uma correlação moderada
negativa entre os sintomas depressivos e o suporte familiar, na qual evidencia dificuldades
nas questões que envolvam as questões afetivas, adaptativas e de autonomia familiar
(Tabela 33). Essas correlações também e encontrada na literatura, na qual foi demonstrado
que os pacientes diagnosticados com as Doenças Inflamatórias Intestinais apresentam
maiores dificuldades psico-sociais, associadas ao aumento da sintomatologia dessas
doenças, na qual desenvolve um impacto na qualidade de vida desses pacientes, não apenas
nas questões referente a depressão ou ansiedade, mas também modificações na vida
profissional, familiar e social desses pacientes (Veríssimo & cols, 1996, Vega e cols,1994;
Drossman & cols, 1990).
Por fim, foram realizadas análises estatísticas da Escala de Depressão (EDEP) e a
Bateria Fatorial de Personalidade (BFP). Essas análises da associação do resultado da
90
EDEP total com as dimensões e facetas da Bateria Fatorial de Personalidade (BFP)
apresentou uma correlação fraca negativa na faceta E1 que refere-se a comunicação (r= -
0,22; p<0,01) indicando o aumento dos sintomas da depressão e a diminuição dos níveis de
comunicação e facilidade de conhecer novas pessoas (Tabela 33).
Também foi possível observar que a faceta S2 que refere-se a confiança (r= -0,15;
p<0,05) apresentou uma fraca correlação negativa, na qual evidenciou o aumento da
depressão e a diminuição da preocupação para o envolvimento em situações de risco e de
seguimento de regras e na faceta R1 (r= -0,27; p<0,01), que corrobora o aumento da
depressão e a diminuição da auto-estima, entre outras. As demais correlações investigadas
nessa pesquisa ocorreram nas facetas R2 (r= -0,16; p<0,05), A1 (r= -0,14; p<0,05) e nas
dimensões Extroversão (r= -0,32; p<0,01), Realização (r= -0,15; p<0,05) e Socialização
(r=-0,23; p<0,01). As demais correlações encontram-se na Tabela 33.
As correlações encontradas entre os resultados da BFP e a EDEP também vêm
sendo discutidas na literatura que classifica características de personalidade como a
Extroversão, que pode ser classificada como a quantidade das interações interpessoais
típicas dos indivíduos, bem como o nível de comunicação, gregariedade e assertividade.
Além da característica de Abertura, definida como uma disposição para novas experiências,
interesse cultural, sensibilidade estética e flexibilidade. o fator Socialização envolve os
aspectos de altruísmo, cuidado, confiança nas pessoas e cooperação e por fim, a Realização,
que inclui traços como persistência, disciplina, responsabilidade e necessidade de
realização (McCrae & Costa, 2002).
Apenas a dimensão Neuroticismo e suas facetas apresentaram correlações positivas
moderadas com a Escala de depressão (EDEP), mais especificamente, a faceta N1 que se
refere à Vulnerabilidade (r= 0,33; p<0,01), demonstrou que quanto maior a depressão
aumenta a possibilidade de baixa auto-estima, insegurança e dependência, na faceta N2 que
91
refere-se a instabilidade emocional (r= 0,47; p<0,01) evidenciou o aumento da depressão e
da agressividade e hostilidade com as demais pessoas e N3 que refere-se a ansiedade (r=
0,32; p<0,01), na qual demonstrou o aumento da depressão e variação de humor e
disposição (Tabela 33).
Essa correlação encontrada nessa pesquisa entre o EDEP e o fator Neuroticismo da
BFP é encontrada na literatura, na qual evidencia que a depressão pode estar associada as
perdas físicas e emocionais, e tais perdas podem desencadear algumas características de
personalidade como o Neuroticismo que é a predisposição para experimentar afetos
negativos e inclui traços relacionados a depressão e ansiedade, entre outros (McCrae &
Costa, 2002).
As correlações mais expressivas ocorreram entre a BFP e o EDEP Total e nas
dimensões Neurotiscismo (r= 0,48, p<0,01) e Extroversão (r=-0,32, p<0,01) e nas facetas já
mencionadas. Tais associações indicam que depressão e extroversão apresentam uma
associação negativa consistente, indicando que níveis elevados de depressão podem estar
associados a um comprometimento no nível de interação das pessoas. A correlação
encontrada entre a EDEP e Neuroticismo, mensurado pela BFP, corrobora estudos
anteriores que associaram esses construtos (Nunes, 2001) e indicam que quanto maior o
nível de depressão em uma pessoa, maior será a sua vulnerabilidade emocional,
instabilidade, ansiedade e sofrimento psicológico.
Essas associações encontradas nessa pesquisa são apontadas na literatura, na qual
evidencia a importância do componente emocional na etiologia e na evolução das Doenças
Inflamatórias Intestinal, na qual descreve a dificuldade de elaboração dos pacientes diante
de suas perdas físicas e emocionais. Tais dificuldades podem desencadear traços de
personalidade, como insegurança, sentimentos de inferioridade e inadequação, tensão,
ansiedade, depressão, agressividade, dependência, sensibilidade, labilidade emocional e
92
hiperatividade. Outros traços evidenciados ocorrem com a dificuldade em expressar seus
sentimentos, conflitos sexuais, masoquismo, timidez e desconfiança, aliada à possível
personalidade controladora e perfeccionista-obsessiva desses pacientes (Miller, 1966;
Pontes, 1987; Gil & Sampson, 1989; Alexander, 1989; Pontes, 1988; Haynalb & cols
2001).
A Tabela 34 mostra os coeficientes de correlação do Inventário Percepção do
Suporte Familiar (IPSF) com as dimensões e facetas dos instrumentos BFP e IBDQ.
Percebe-se que nessa pesquisa o IPSF evidenciou correlações positivas e negativas
significativas, com exceção das facetas E1, E2, R3, A1, A2, A3 e na dimensão abertura da
Bateria Fatorial de Personalidade (BFP).
Tabela 34.
Correlações IPSF com os instrumentos IBDQ e BFP
Escalas IPSF TOTAL IPSF- F1-
Componente
afetivo
IPSF- F2-
Componente
Adaptação
familiar
IPSF- F3-
Componente
Autonomia
familiar
EXTROVERSÃO 0,14
*
0,16
*
E1- Nível de comunicação
E2- Altivez
E3- Dinamismo /
Assertividade
0,22
**
0,21
**
0,15
*
0,18
*
E4- Interações Sociais 0,20
**
0,19
**
0,19
**
SOCIALIZAÇÃO 0,23
**
0,20
**
0,18
*
0,22
**
S1- Amabilidade 0,14
*
S2- Confiança 0,15
*
0,18
*
S3- Sociabilidade 0,29
**
0,22
**
0,28
**
0,24
**
REALIZACÃO 0,17
*
0,17
*
0,14
*
R1- Competência 0,18
**
0,18
*
R2- Ponderação, Prudência e
cautela
0,17
*
0,15
*
0,16
*
R3- Empenho, Dedicação e
Comprometimento
ABERTURA
A1- Interesses por novas
idéias
A2- Liberalismo
93
Escalas IPSF TOTAL IPSF- F1-
Componente
afetivo
IPSF- F2-
Componente
Adaptação
familiar
IPSF- F3-
Componente
Autonomia
familiar
A3- Busca por novidades
NEUROTICISMO -0,33
**
-0,28
**
-0,25
**
-0,32
**
N1- Vulnerabilidade -0,22
**
-0,20
**
-0,23
**
N2- Instabilidade -0,33
**
-0,27
**
-0,25
**
-0,31
**
N3- Passividade e Falta de
energia
-0,23
**
-0,21
**
-0,16
*
-0,21
**
N4- Depressão -0,29
**
-0,22
**
-0,24
**
-0,27
**
IBDQ TOTAL 0,36
**
0,42
**
0,35
**
IBDQ- F1- Sintomas
Intestinais
0,23
*
0,31
**
0,28
**
IBDQ- F2- Sintomas
sistêmicos
0,28
**
0,33
**
0,25
*
IBDQ- F3- Aspectos sociais 0,25
*
0,32
**
IBDQ- F4- Aspectos
emocionais
0,45
**
0,28
**
0,47
**
0,43
**
* p<0,05 ** p<0,01
Foram encontras correlações positivas moderadas do IPSF total (r= 0,36; p<0,01)
com o IBDQ total, na qual evidencia que quanto maior a percepção do suporte familiar
maior a qualidade de vida dos pacientes com a doença de Crohn. Também foram
averiguadas as correlações encontradas nos fatores do IPSF com os fatores do IBDQ
(Tabela 34). Pode-se observar que o fator 2 do IPSF evidenciou uma significativa
correlação moderada positiva com todos os fatores do IBDQ, ou seja, fator 1 (r= 0,31;
p<0,01), fator 2 (r= 0,33; p<0,01), fator 3 (r= 0,33; p<0,01) e fator 4 (r= 0,47; p<0,01) do
IBDQ evidenciando que quanto maior a adaptação familiar, maior o envolvimento referente
as questões dos sintomas intestinais e sistêmicos, assim como nas questões referentes aos
aspectos sociais e emocionais (Tabela 34).
Essa correlação vem de encontro com a literatura, na qual evidencia que além de
cuidados médicos adequados, o paciente com a doença inflamatória intestinal necessita de
um suporte emocional no plano afetivo, social, profissional e familiar que lhe permita
94
enfrentar os problemas gerados no seu dia-a-dia e também os problemas desencadeados
pela sintomatologia da doença de Crohn. Portanto, pode-se verificar que o impacto das
doenças crônicas sobre o estilo de vida e no funcionamento psico-social do paciente e seus
familiares interfere no seu estilo e qualidade de vida (Pereira, 2000; Castelli, A. & Silva,
2007).
Por fim, foram realizadas análises estatísticas entre o IPSF total e seus fatores com
as dimensões e facetas da BFP, na qual demonstrou fracas correlações positivas entre o
IPSF total e seus fatores com a BFP total e suas facetas, na qual evidenciou que quanto
maior a qualidade de vida, aumenta as questões associadas a extroversão, socialização e
realização (Tabela 33). Apenas a dimensão Neuroticismo (r= -0,33; p<0,01) e suas facetas
N1 que investiga a vulnerabilidade (r= -0,22; p<0,01), N3 que avalia a passividade e falta
de energia (r= -0,23; p<0,01) e N4 que refere-se a depressão (r= -0,29; p<0,01) com o IPSF
total apresentaram correlações negativas (Tabela 34).
Essas correlações também são estudadas na literatura, na qual confirma que os
transtornos mentais apontam a simultaneidade das doenças crônicas, com a presença de
problemas como depressão, ansiedade e abuso de substâncias nestes pacientes. Além disso,
a doença crônica é vista como um agente estressante de longa duração, que afeta não
somente o paciente, mas também seus familiares ou cuidadores (Pereira, 2000; Ricoo &
cols, 2000; Castelli, A. & Silva, 2007). As demais correlações do IPSF com as demais
escalas encontram-se na tabela 34.
A Tabela 35 mostra os coeficientes de correlação do
Inflammatory Bowel Disease
Questionnaire
(IBDQ) total com as dimensões e facetas da BFP. Nota-se que nessa
pesquisa o IBDQ demonstrou correlações significativas, com exceção das facetas E1, E2,
E3, R4, S1, S2, R2, R3, A1, A2, A3, N1, N2, N3, também nas dimensões abertura,
extroversão, realização e socialização da Bateria Fatorial de Personalidade (BFP).
95
Tabela 35.
Correlações IBDQ com a BFP
Escalas IBDQ
TOTAL
IBDQ- F1
Sintomas
Intestinais
IBDQ- F2
Sintomas
sistêmicos
IBDQ- F3
Aspectos
sociais
IBDQ- F4
Aspectos
emocionais
EXTROVERSÃO
0,22
*
E1- Nível de comunicação
E2- Altivez
E3- Dinamismo /
Assertividade
0,23
*
0,20
*
0,31
**
E4- Interações Sociais
0,26
**
SOCIALIZAÇÃO
0,20
*
S1- Amabilidade
S2- Confiança
S3- Sociabilidade 0,21
*
0,30
**
REALIZAÇÃO
R1- Competência 0,22
*
0,29
**
R2- Ponderação, Prudência e
cautela
R3- Empenho, Dedicação e
Comprometimento
ABERTURA
A1- Interesses por novas
idéias
A2- Liberalismo
A3- Busca por novidades
NEUROTICISMO -0,21
*
-0,32
**
N1- Vulnerabilidade
-0,21
*
N2- Instabilidade
-0,30
**
N3- Passividade e Falta de
energia
N4- Depressão -0,26
*
-0,21
*
-0,32
**
* p<0,05 ** p<0,01
Em seguida, foram realizadas análises estatísticas das correlações do IBDQ com a
BFP, na qual evidenciou que apenas a dimensão Neuroticismo (r = -0,21; p<0,05)
apresentou uma fraca correlação negativa com o IBDQ total, na qual indica que quanto
maior e a qualidade de vida, menor a predisposição para experimentar afetos negativos
como a depressão, também foi encontrada uma correlação moderada negativa com o fator
96
F4 (r= -0,32; p<0,01) do IBDQ que corrobora que quanto maior a qualidade de vida, menor
os conflitos do aspecto emocional (Tabela 35).
Essas correlações encontradas nessa pesquisa são discutidas na literatura, na qual
apresentou os principais traços de personalidade que podem ser desencadeados pelos
pacientes, com as doenças inflamatórias intestinais, como insegurança, sentimentos de
inferioridade e inadequação, tensão, ansiedade, depressão, agressividade, dependência,
sensibilidade, labilidade emocional e hiperatividade. Além destes, podem ser
desencadeados a dificuldade em expressar seus sentimentos, conflitos sexuais,
masoquismo, timidez e desconfiança, aliada à possível personalidade controladora e
perfeccionista-obsessiva desses pacientes (Miller, 1966; Pontes, 1987; Gil & Sampson,
1989; Alexander, 1989; Pontes, 1988; Haynalb & cols 2001). Assim sendo, pode-se
compreender a doença crônico sendo um grande problema da população moderna, pois a
sua evolução tende a ser progressiva, e desencadeadora de várias mudanças no dia-a-dia
dos doentes, na qual pode desenvolver diferentes impactos no grau de satisfação de vida
dos pacientes (Domingues e cols 2006, Etienne 2004 & Pontes, 2004).
Portanto, devido à cronicidade da doença de Crohn, assim como a ausência de
correlação entre o estado funcional do paciente e os marcadores inflamatórios, aumenta a
importância dos estudos de instrumentos voltados para medir a qualidade de vida de
pacientes portadores de doenças inflamatórias intestinais (Borgaonkar, 2000; Pontes, 2004).
Por fim, foi possível observar uma correlação fraca positiva com a dimensão
Extroversão (r= 0,22; p<0,05) e Socialização (r= 0,20; p<0,05) com o fator F4 do IBDQ, a
qual evidenciou que quanto maior a qualidade de vida, maior envolvimento com as
questões que envolvam os aspectos de extroversão e socialização. Essas correlações
apontam que a qualidade de vida reflete a maneira como paciente percebe e reage a
questões que envolvam sua saúde e a outros aspectos não médicos da sua vida (Gill &
97
Feinstein, 1994). Portanto, pode-se compreender a qualidade de vida sendo medida da
percepção que o paciente tem entre a diferença da sua realidade e suas necessidades e a
construção multidimensional que reflete a habilidade funcional do indivíduo, o suporte
social, a compreensão emocional e a ausência de desconforto psicológico (Morton, 1995; e
McDonough, 1997). As demais correlações encontram na Tabela 35.
98
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de investigar evidências de validade da
Escala de Depressão (EDEP), com um grupo de pessoas com a doença de Crohn, que
corresponde a uma das doenças inflamatórias intestinais, e um grupo de pessoas que não
possui essa doença. Para tanto, foram verificados, nessa pesquisa, seus indicadores de
precisão com o uso do Alfa de Cronbach e, também, foram verificados os efeitos da
variável grupo sobre os resultados dos testes investigados. Estas verificações tiveram como
objetivo encontrar evidências de validade para os instrumentos que fazem parte dessa
pesquisa, segundo o
Standards for
Educational and Psychological Testing,
produzido pela
American Educational
Research Association
,
American Psychological
Association
e
National Council on
Measurement in Education
(AERA, APA &NCME, 1999).
Os estudos referentes à estatística descritiva e principalmente à consistência interna
dos instrumentos dessa pesquisa foram necessários, pois o primeiro passo antes de
averiguar as evidências de validade de um teste psicológico é a verificação dos estudos
referentes a sua consistência interna, ou seja, a precisão das medidas a serem estudadas.
Segundo os
Standards
propostos pela APA, NCME e AERA, 1999, a validade pode ser
compreendida como o grau em que as evidências acumuladas sustentam a interpretação dos
escores do teste em relação a um construto, ou seja, a validade está diretamente ligada à
consistência interna do instrumento, pois, se o teste não for preciso para medir um
determinado construto, conseqüentemente não terá validade. Dessa forma, foi possível
contribuir com um estudo voltado para o desenvolvimento de um instrumento de medida
para depressão, conceito essencial para muitos processos na área da avaliação psicológica e,
especialmente, na área da saúde. Além disso, essa pesquisa também gerou informações
99
sobre os construtos avaliados e por isto, poderá auxiliar no acompanhamento e no
tratamento dos pacientes com a doença de Crohn.
O presente trabalho possibilitou a determinação de evidências de validade de
critério para a Escala de Depressão (EDEP) com a realização da comparação dos resultados
obtidos nos grupos clínico e não clínico e nos resultados encontrados, referente ao gênero
masculino e feminino, com a verificação da capacidade dos instrumentos em diferenciar os
grupos e as pessoas. Esse resultado foi evidenciado por meio do teste T de S
tudent
, que
evidenciou diferença significativa entre os grupos clínico e não clínico para a Escala de
Depressão (EDEP) (t= -3,36; gl=198;
p
= 0,01), o que sugeriu que os itens do EDEP são
adequados para a avaliação da depressão, por intermédio de uma das evidências de
validade, denominada validade de critério, segundo o
Standards for
Educational and
Psychological Testing,
produzido pela
American Educational
Research Association,
American Psychological
Association e National Council on
Measurement in Education
(AERA, APA &NCME, 1999).
Adicionalmente, foi realizada uma análise na qual foram comparados os resultados
obtidos pelos participantes dessa pesquisa com os do grupo normativo da BFP, que é
composto por 6600 pessoas de várias regiões Brasileiras (Nunes, Hutz & Nunes, em
construção). As médias dos grupos foram comparadas com o uso do teste
t
de
Student
e os
resultados encontrados sustentam parcialmente a hipótese de que as pessoas do grupo não
clínico apresentam características que as diferenciam da amostra de normatização da BFP.
Dentre as facetas da BFP, destaca-se a diferença encontrada para N4 (
t
=5,19;
gl
=3199;
p
<0,01), que avalia Depressão na BFP, indicando que esse grupo não clínico apresenta um
nível consideravelmente mais elevado que a população geral. Apesar da média do grupo
clínico ser igual à do não clínico, seu desvio padrão é menor, o que gera um
t
ainda mais
elevado quando este grupo é comparado ao grupo normativo (
t
=5,59;
gl
=3199;
p
<0,01).
100
Também foi evidenciado nessa pesquisa que os fatores da dimensão Neuroticismo
da BFP, indicaram que os grupos clínico e não clínico apresentaram médias
estatisticamente significativas em relação à amostra normativa desse instrumento,
indicando que as pessoas avaliadas tendem a vivenciar mais profundamente sofrimentos
psicológicos e tendem a um alto nível de vulnerabilidade emocional (N1) (Nunes, Hutz &
Nunes, em construção). Adicionalmente, foi evidenciado que em ambos os grupos (clínico
e não clínico) apresentaram diferenças estatisticamente significativas para S3 (confiança
nas pessoas), A1 (interesses por novas idéias), A2 (liberalismo) e A3 (busca por
novidades), sendo que todos os resultados foram menores que os do grupo normativo.
Por fim, foi realizado nessa pesquisa o teste de regressão logística para verificar se
as medidas usadas nessa pesquisa seriam capazes de diferenciar os participantes do grupo
clínico e não clínico, para essa análise foi utilizando o método
Backward Wald
que
demonstrou uma especificidade de 67%, sensibilidade de 61%, e percentual geral de acerto
nas previsões de 64%. Esses resultados são importantes, pois como foi indicado na análise
anterior, o grupo não clínico apresentava características que os diferenciavam da população
geral em relação a parte dos traços de personalidade avaliados. Portanto, o modelo gerado
na regressão logistica consegue diferenciá-los com relativo sucesso.
Adicionalmente, foi verificado, também por meio do teste T
de
Student
, se havia
diferenças de média nos escores dos testes associadas ao gênero masculino e feminino.
Nessa análise foi possível observar a diferença significativa de gênero com relação a
percepção do suporte familiar, na qual foi evidenciada no IPSF total (
t
=2,81;
gl
=198;
p
=0,01) e nos fatores F2 (
t
=3,34;
gl
=198;
p
=0,01) e F3 (
t
=2,77;
gl
=198;
p
=0,01) desse
instrumento. Também foi possível observar a diferença significativa de gênero no fator F4
do IBDQ que refere-se aos aspectos emocionais dos os pacientes com as doenças
101
inflamatórias intestinais (
t
=2,29;
gl
=98;
p
=0,02), e por fim, foi possível observar a
diferença significativa de gênero na EDEP total (
t
=-3,24;
gl
=198;
p
=0,01)
Além disso, foi possível realizar nessa pesquisa análises estatísticas para examinar
se as associações, por meio do teste de correlação de
Pearson
, encontradas entre a Escala
de Depressão (EDEP), o
Inflammatory Bowel Disease Questionnaire
(IBDQ), o Inventário
de Percepção de Suporte Familiar (IPSF) e a Bateria Fatorial de Personalidade (BFP), são
compatíveis com as indicadas na literatura internacional que relacionam os construtos
avaliados. Os principais resultados ocorreram no EDEP total com o IBDQ total (r= -0,71; p
< 0,01), e os fatores F1 (r= -0,52; p < 0,01), F2 (r= -0,61; p < 0,01) F3 (r= -0,50; p < 0,01)
e F4 (r= -0,80; p < 0,01) do IBDQ. Também da EDEP total com o IPSF total (r=-0,51; p <
0,01) e os fatores F1 (r= -0,37; p < 0,01), F2 (r= -0,50; p < 0,01) e F3 (r= -0,44; p < 0,01).
Com relação ao EDEP total com a BFP, foi possível observar que os principais resultados
ocorreram na faceta S3, que se refere à confiança nas pessoas (r = -0,34; p < 0,01) e na
dimensão Neuroticismo (r= -0,48; p < 0,01) e suas facetas N1 (r= 0,33; p < 0,01), N2 (r=
0,47; p < 0,01), N3 (r= 0,32; p < 0,01) e N4 (r= 0,42; p < 0,01).
Com esse resultado, foi possível evidenciar a validade convergente da Escala de
Depressão (EDEP), na qual foram verificadas as correlações moderadas e fortes com outras
escalas que avaliam depressão ou construtos fortemente associados. Tais resultados
sugerem que os itens do EDEP são adequados para a avaliação da depressão, por
intermédio de uma das evidências de validade, denominada validade convergente, segundo
os
Standards for
Educational and Psychological Testing,
produzido pela
American
Educational
Research Association
,
American Psychological
Association
e
National
Council on
Measurement in Education
(AERA, APA &NCME, 1999).
Também foi possível verificar nessa pesquisa a validade discriminante da Escala de
Depressão (EDEP), constatando as baixas correlações entre a Escala de Depressão (EDEP),
102
e outros construtos não relacionados com a depressão. Portanto, esse resultado também
sugere que os itens do EDEP são adequados para a avaliação da depressão, por intermédio
evidências de validade discriminante, segundo o
Standards for
Educational and
Psychological Testing
, produzido pela
American Educational
Research Association
,
American Psychological
Association
e
National Council on
Measurement in Education
(AERA, APA &NCME, 1999).
Por fim, é importante salientar alguns limites do presente estudo. O primeiro deles é
o reduzido tamanho da amostra, o que, além de dificultar a detecção de diferenças
estatisticamente significativas nas análises, aumenta a chance de resultados com vieses em
função do perfil dos participantes. Também deve ser salientado que houve evidência de que
o grupo não clínico apresentou um perfil diferenciado quando comparado com o grupo
normativo da Bateria Fatorial de Personalidade. Levanta-se a hipótese de que seu perfil
pode estar associado ao fato de serem cuidadores de pessoas com enfermidades específicas,
o que pode servir como fator de risco para uma vulnerabilidade psicológica. Apesar dessas
limitações, entende-se que os resultados encontrados no presente projeto representam
evidências de validade da Escala de Depressão (EDEP) para a mensuração dos diferentes
níveis desse construto.
103
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113
8- ANEXO
8.1- QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO (QSD)
ANEXO 8.1.1- QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO- GRUPO CLÍNICO
Entrevista N
°
: ____________________
Data da Entrevista: _____/_____/_____
Horário: _________________________
Duração: _________________ Minutos
1- Nome Completo: _________________________________________________________
2- Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
3- Data de Nascimento: _____/_____/_____ Idade ________ anos
4- Profissão: _______________________________________________________________
5- Naturalidade: ____________________________________________________________
6- Estado Civil:
( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo
( ) Divorciado ( ) União Estável
Há quanto tempo: __________________________________________________________
7- Atividade de lazer: _______________________________________________________
8- Religião (denominação) / Religiosidade (prática): _______________________________
9- Grau de escolaridade:
( ) Ensino Fundamental Incompleto
( ) Ensino Fundamental Completo
114
( ) Ensino Médio Incompleto
( ) Ensino Médio Completo
( ) Ensino Superior Incompleto
( ) Ensino Superior Completo
( ) Outros: ____________________________________________________________
10- Surgimento dos Primeiros sintomas: ________________________________________
11- Tempo de Diagnostico: ___________________________________________________
12- Prognóstico: ___________________________________________________________
13- Cirurgias: ( ) Sim ( ) Não Quantas: __________________
14- Tipo de Tratamento neste momento:
Clínico ( ) ( ) Cirúrgico Qual ______________________
15- Uso de medicação (doença de Crohn e outros)
( ) Sim ( ) Não
Quais:____________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Desde quando: _____________________________________________________________
16- Internações: ( ) Sim ( ) Não Quantas: ________________________
17- quanto tempo está neste serviço e origem do encaminhamento:
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
115
ANEXO 8.1.2- QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO- GRUPO NÃO CLÍNICO
Entrevista N
°
: ____________________
Data da Entrevista: _____/_____/_____
Horário: _________________________
Duração: _________________ Minutos
1- Nome Completo: _________________________________________________________
2- Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
3- Data de Nascimento: _____/_____/_____ Idade ________ anos
4- Profissão: _______________________________________________________________
5- Naturalidade: ____________________________________________________________
6- Estado Civil:
( ) Solteiro (a) ( ) Casado ( ) Viúvo (a)
( ) Divorciado (a) ( ) União Estável
Há quanto tempo: __________________________________________________________
7- Atividade de lazer: _______________________________________________________
8- Religião (denominação) / Religiosidade (prática):_______________________________
_________________________________________________________________________
9- Grau de escolaridade:
( ) Ensino Fundamental Incompleto
( ) Ensino Fundamental Completo
( ) Ensino Médio Incompleto
( ) Ensino Médio Completo
( ) Ensino Superior Incompleto
116
( ) Ensino Superior completo
( ) Outros: ____________________________________________________________
10- Você possui alguma doença Crônica?
( ) Sim ( ) Não
Qual: ____________________________________________________________________
11- Uso de medicação
( ) Sim ( ) Não
Quais:____________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Desde quando: _____________________________________________________________
12- Cirurgias: ( ) Sim ( ) Não Quantas: ________________________
13- Internações: ( ) Sim ( ) Não Quantas: ________________________
14- Você é o cuidador do paciente que está acompanhando no ambulatório geral para
realização de exames?
( ) Sim ( ) Não
15- Qual seu vínculo com o paciente?
( ) Pai ou mãe ( ) Avó ou avô ( ) Primo ou Prima
( ) Irmão ou irmã ( ) Tio ou tia ( ) Amigo (a)
( ) Vizinho (a) ( ) Marido ou esposa ( ) Outro: _____________
16- Você realiza algum tratamento (médico, fisioterápico ou outros)
( ) Sim ( ) Não Qual:_________________________________
17- Você já foi atendido ou está tendo acompanhamento psicológico?
( ) Sim ( ) Não
Por que motivo?
___________________________________________________________
117
ANEXO 8.2-TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DA ESCALA DE DEPRESSÃO (EDEP) EM UMA
AMOSTRA NO CONTEXTO HOSPITALAR
Responsáveis: Cristiana Corrêa Dias (Mestranda em Psicologia)
Prof. Dr. Carlos Henrique Sancineto da Silva Nunes (orientador)
Eu..............................................................................................................................................
idade.................,RG,.................................................,endereço.................................................
...................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................
..................................................................................................................................................,
declaro meu consentimento livre e esclarecido para participar como voluntário do projeto
de pesquisa intitulado “Evidências de Validade da Escala de Depressão (EDEP) em uma
amostra no contexto hospitalar”, sob a responsabilidade do(s) pesquisador(es) Cristiana
Corrêa Dias, Mestranda do programa de Pós-Graduação
Stricto Sensu
em Psicologia da
Universidade São Francisco e do orientador Prof Dr. Carlos Henrique Sancineto da Silva
Nunes, professor do curso de Pós-Graduação
Stricto Sensu
em Psicologia da Universidade
São Francisco.
Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que:
118
1- O objetivo da pesquisa é buscar evidências de validade baseada em outras variáveis do
IPSF e IBDQ para a EDEP;
2- Durante o estudo, deverá responder a Escala de Depressão (EDEP), um questionário
validado e traduzido para o português:
Inflammatory Bowel Disease Questionaire
(IBDQ),
um Inventário de Percepção do Suporte Familiar (IPSF), uma Bateria Fatorial de
Personalidade (BFP) e um Questionário Sociodemográfico (QSD);
3- A participação nesta pesquisa poderá lhe causar constrangimento;
4- A participação neste estudo não lhe acarretará nenhum prejuízo ou benefício terapêutico;
5- Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a
participação do referido estudo;
6- Estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na pesquisa;
7- A interrupção da minha participação não causará prejuízo nenhum ao meu cuidado e
tratamento pela equipe responsável do Ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinal,
UNICAMP;
8- Os dados pessoais serão mantidos em sigilo absoluto e os resultados gerais obtidos
através da pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos
acima, incluída sua publicação na literatura científica especializada;
9- Poderá contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para
apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa através do telefone: 11 - 4534-
8023;
10- Poderá entrar em contato com o responsável pelo estudo, Prof. .Dr. Carlos Henrique
Sancineto da Silva Nunes, sempre que julgar necessário pelo telefone 11- 4534-8040;
119
11- Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em
meu poder e outra com o pesquisador responsável;
Campinas, de de 2008.
____________________________________________________
Assinatura do Voluntário
Cristiana Corrêa Dias
Mestranda do programa de Pós-Graduação
Stricto Sensu
em Psicologia da
Universidade São Francisco
Prof. Dr Carlos Henrique Sancineto da
Silva Nunes
Orientador / Professor do curso de Pós-
Graduação
Stricto Sensu
em Psicologia da
Universidade São Francisco
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