Download PDF
ads:
1
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Programa de Pós-Graduação em Letras
COMPREENSÃO DE HISTÓRIA
E CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA DE CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES
Dissertação de Mestrado
CLARICE LEHNEN WOLFF
Orientador: Prof. Dr. Vera Wannmacher Pereira
Porto Alegre
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
CLARICE LEHNEN WOLFF
COMPREENSÃO DE HISTÓRIA
E CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA DE CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES
Porto Alegre
2008
ads:
3
CLARICE LEHNEN WOLFF
COMPREENSÃO DE HISTÓRIA E CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
DE CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES
Dissertação apresentada como requisito para
obtenção do grau de Mestre, pelo Programa de
Pós-graduação da Faculdade de Letras da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul.
Aprovada em 15 /01/ 2008.
4
5
Dedico esta dissertação aos meus filhos,
pelo aprendizado que tivemos juntos, e à minha
família, que sempre alimentou com amor e respeito o
meu crescimento como ser humano.
6
AGRADECIMENTOS
Agradeço imensamente aos meus filhos, Francisco e João Lucas, pelos momentos
em que souberam compreender e apoiar. Eles certamente são inspiração e força
para meu desenvolvimento humano.
Ao meu marido João Pedro, que apóia também me lembrando de viver.
Aos meus pais, Cléris e Gilberto, meu suporte, desde pequena e sempre, por tudo o
que levo como exemplo deles dentro de mim. O apoio de vocês foi imprescindível. E
a fé que vocês me transmitiram também...
Aos meus irmãos Celso e Paulo, pelo incentivo e carinho que sempre encontro
neles.
Às crianças do nível III do Colégio Champagnat e suas famílias, que com tão boa
vontade participaram desse projeto, proporcionando momentos de alegre convívio
durante a pesquisa.
À direção do Colégio Champagnat, à coordenadora Vivian e às professoras Vergínia
e Gabriela, pela receptividade ao meu projeto de pesquisa, por todo apoio que me
deram na sua realização.
Aos amigos... Amigos que de tantas formas me ajudaram, mesmo que tenha sido
respeitando minhas ausências.
Às colegas que participaram mais de perto, compartilhando tantos momentos de
angústias, cansaço, dúvidas, cafés, risos,... que se tornaram novas amigas assim.
Em especial, à Gracielle Nazari pela amizade, parceria e disponibilidade ao me
auxiliar na coleta de dados. À Queiti Carvalho, pelas alegrias e tristezas divididas e
ricas discussões no aprofundamento dos trabalhos. E também à Bárbara Lavra
Pinto, Ângela Klein, Susiele Machry e Rita de Cássia Oliveira, colegas e amigas
leais.
À minha orientadora Vera Wannmacher Pereira, que literalmente me acolheu e me
incentiva constantemente, por ter me oportunizado participar de um projeto em
alfabetização que muito me ensinou, e pelas reflexões e experiências
compartilhadas durante este período de orientação.
Ao professor JoMarcelino Poersch, que me inspirou na Psicolingüística com suas
aulas instigantes.
7
Ao prof.dr. Lori Viali, por sua dedicada orientação estatística.
À Marta Villagra, pela amizade e pronta colaboração com a tradução do abstract
desta pesquisa.
A Jonas Rodrigues Saraiva, pela parceria animada no projeto de Poesias e pela
colaboração com as ilustrações dos instrumentos de avaliação.
A todos que das mais variadas formas colaboraram e me incentivaram para
conseguir superar e crescer com esse desafio, o meu muito obrigado.
8
Enquanto mamãe estudava textos de psicolingüística, o comentário
espontâneo do filho mais novo, sentado ao lado, lendo um livrinho:
“Por que eu gosto de ler? Porque eu aprendo e meu cérebro fica mais
envolvido.” (João Lucas – 03.11.07 6 anos)
9
RESUMO
O presente estudo insere-se na área de pesquisa da Psicolingüística. Teve por
objetivo verificar as correlações entre o grau de desenvolvimento da consciência
fonológica e o desempenho em tarefas de compreensão de uma história ouvida. A
pesquisa abrangeu crianças da faixa etária de cinco e seis anos que freqüentam
escola infantil da rede privada de Porto Alegre, com amostra de 27 sujeitos. Para
obter-se um perfil do desenvolvimento da consciência fonológica desses, aplicou-se
uma adaptação do Confias (Consciência Fonológica instrumento de avaliação
seqüencial - MOOJEN e col., 2001) e para a avaliação do desempenho da
compreensão de uma história ouvida, utilizou-se o modelo de perguntas inferenciais
a partir da leitura de uma história proposto por Brandão e Spinillo (1998). Devido à
complexidade do processo compreensivo, que envolve diferentes mecanismos
cognitivos e lingüísticos, utilizou-se a composição de mais de um instrumento de
avaliação, de acordo com o que propõem Farr e Carey (1986) e Brandão e Spinillo
(1998). Acrescentou-se uma tarefa de retiradas de figuras não pertencentes à
narrativa ouvida; e outra de ordenação de figuras da história com a respectiva
justificativa da ordem dada. Os resultados mostraram correlação positiva entre os
escores de desempenho nos instrumentos utilizados. De forma geral, os sujeitos
mais velhos apresentaram maior precisão nas respostas às perguntas sobre a
história em relação aos sujeitos mais novos, corroborando os resultados
encontrados por Brandão e Spinillo (1998), e também melhores escores de
desempenho na ordenação e justificativa da ordem das figuras. Também se verificou
correlação positiva entre o grau de desenvolvimento de consciência fonológica dos
sujeitos e o desempenho nas tarefas de compreensão da história ouvida,
especialmente considerando-se as tarefas de reconhecimento e produção de
palavras a partir de fonema inicial. Assim, conclui-se que há relação entre o grau de
desenvolvimento da consciência fonológica da criança e o seu desempenho em
tarefas de compreensão de história ouvida.
Palavras-Chave: compreensão de história. Consciência fonológica. Desenvolvimento
de pré-escolares.
10
ABSTRACT
The present work belongs to the area of Psycholinguistics research. It aimed at
verifying the correlations between the phonological awareness development and the
performance in comprehension tasks related to a listened story. The research
embraced five and six year old children who attend classes at a private school in
Porto Alegre, taking a sample of 27 individuals. In order to obtain a phonological
awareness development profile about this group, an adaptation of Confias
Consciência Fonológica: Instrumento de Avaliação Sequencial (MOOJEN and col.,
2001) was applied and in the comprehension performance assessment of a listened
story it was applied a model based on inferential questions regarding the reading of
a story which was proposed by Brandão and Spinillo (1998). Due to the complexity of
the comprehensive process which involves different cognitive and linguistic
mechanisms, the composition of more than one assessment tool was required,
taking into account what Farr and Carey (1986) and Brandão and Spinillo (1998)
have proposed. Two tasks were added: taking out pictures not related to the listening
and organizing the narrative‟s pictures according to the correspondent justification.
The results showed a positive correlation among the performance scores of the
instruments. In general manner, the oldest individuals presented more accuracy in
their answers to the questions about the story if compared to the youngest
individuals, corroborating the results that were found by Brandão and Spinillo (1998),
and they reached better performance scores in ordering and justification concerning
the organization of the pictures as well. Positive correlation was verified between the
level of the phonological awareness development in these individuals and their
performance in comprehension of reading tasks, especially considering recognition
tasks and word production, having an initial phoneme as departure point. Therefore,
the present study leads us to the conclusion that there is a relation between the level
of phonological awareness development in children and their performance in
comprehension tasks with regard to a listened story.
Key-words: story comprehension. Phonological Awareness. Development of
preschool children.
11
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1:
Quadro 1:
Estrutura interna da sílaba conforme Selkirk (1982)..........................
Perguntas inferenciais e sobre o que tratam...................................
Quadro 2:
Exemplos dos tipos de respostas às perguntas inferenciais...........
Quadro 3:
Descrição do peso atribuído às figuras ordenadas e às justificativas
Quadro 4:
Exemplo da classificação A para a justificativa da ordem dada às
figuras..................................................................................................
Quadro 5:
Quadro 6:
Quadro 7:
Quadro 8:
Quadro 9:
Quadro 10:
Quadro 11:
Quadro 12:
Quadro 13:
exemplo da classificação B para a justificativa da ordem dada às
figuras..................................................................................................
exemplo da classificação C para a justificativa da ordem dada às
figuras....................................................................................................
exemplo da classificação D para a justificativa da ordem dada às
figuras...................................................................................................
exemplo da classificação E para a justificativa da ordem dada às
figuras....................................................................................................
Exemplo da classificação F para a justificativa da ordem dada às
figuras...................................................................................................
Classificação das respostas por perguntas...........................................
Diagrama de dispersão: correlação entre idades (meses) e as três
tarefas de compreensão........................................................................
Diagrama de dispersão: correlação linear de Pearson - consciência
fonológica e tarefas de compreensão..................................................
Diagrama de dispersão: correlação linear entre idade (meses) e
escores de consciência fonológica........................................................
12
TABELAS
Tabela 1:
Classificação das respostas às questões e escore total da tarefa de
perguntas inferenciais........................................................................
70
Tabela 2:
Figuras retiradas e escore total por
sujeito.................................................................................................
72
Tabela 3:
Ordenação das figuras por sujeito, classificação da justificativa e
cálculo do escore total na
tarefa..................................................................................................
74
Tabela 4:
Idades dos sujeitos (meses) e escores dos instrumentos utilizados
para verificar a compreensão da
leitura..................................................................................................
76
Tabela 5:
Correlação entre sexo, idade e as três tarefas de compreensão
leitora.................................................................................................
76
Tabela 6:
Índices de consciência fonológica por idade, sexo e por tarefa
realizada..........................................................................................
79
Tabela 7:
Totais parciais e totais gerais (TG) do instrumento de consciência
fonológica e escores dos instrumentos de
compreensão.....................................................................................
81
Tabela 8:
Correlação entre os totais parciais e gerais do instrumento de
consciência fonológica, escores dos instrumentos de compreensão
e idade dos sujeitos..........................................................................
82
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 15
2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS 18
2.1 A compreensão de histórias 18
2.1.1 Desenvolvimento da capacidade de compreensão da criança 19
2.1.2 Classificação da memória, base da recordação e da compreensão 24
2.1.3 O desenvolvimento da compreensão de histórias pela criança 26
2.1.4 Recursos para acessar a compreensão de histórias por crianças 32
2.2 A consciência fonológica 35
2.2.1 A consciência fonológica e a cognição 35
2.2.2 Consciência fonológica como comportamento de consciência lingüística 37
2.2.3 Níveis de consciência fonológica 39
2.2.4 Protocolos de avaliação da consciência fonológica 43
2.3 Relação entre compreensão de histórias e consciência fonológica 44
3 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA 49
3.1 Apresentação dos objetivos 49
3.2 Formulação das Hipóteses 49
3.3 Discriminação e operacionalização das variáveis 49
4 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS 51
4.1 População e Amostragem 51
4.2 Etapas da pesquisa 51
4.3 Caracterização da amostra 52
4.4 Descrição e aplicação dos instrumentos de pesquisa 54
4.4.1 Compreensão da história 54
4.4.1.1 Tarefa de perguntas inferenciais 55
4.4.1.2 Tarefa de retirada das figuras não-pertencentes à história 57
14
4.4.1.3 Tarefa de ordenação das figuras da história e justificativa 58
4.4.2 Consciência fonológica 58
4.5 Levantamento de dados 61
4.5.1 Compreensão de história 61
4.5.1.1 Tarefa de perguntas inferenciais 61
4.5.1.2 Tarefa de escolha das figuras pertencentes à história 63
4.5.1.3.Tarefa de ordenação das figuras da história e justificativa 64
4.5.2 Consciência fonológica 68
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 69
5.1 Avaliação das hipóteses 84
6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 86
6.1 Correlação entre os escores de desempenho das tarefas
de avaliação e características dos instrumentos utilizados 86
6.2 Finalidades dos instrumentos, critérios e classificações 90
6.3 Tarefas de compreensão e idade dos sujeitos 91
6.4 Nível de dificuldade com as diferentes partes do texto 92
6.5 Correlação entre os escores de desempenho das tarefas
de consciência fonológica e de compreensão de história ouvida 93
7 CONCLUSÃO 97
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 100
APÊNDICE A - Consentimento informado para participação em pesquisa 107
APÊNDICE B Protocolo de compreensão de história lida para a criança 108
APÊNDICE C figuras da história para as tarefas de retirada de
figuras não-pertencentes à história e ordenação de figuras com
justificativa 110
APÊNDICE D - Consciência Fonológica - protocolo de respostas 112
ANEXO A Texto e perguntas 114
15
1 INTRODUÇÃO
A compreensão é um processo fundamental no desenvolvimento de
linguagem, pois possibilita e enriquece a interação social da criança e dela depende
o desenvolvimento expressivo.
Difícil de ser medida, por ser um processo cognitivo, pode também ser
analisada sob diferentes pontos de vista. São encontrados instrumentos de
avaliações e medidas de compreensão de crianças pré-escolares na literatura
científica, mas normalmente relacionados a palavras e sentenças. a
compreensão da criança quanto a uma história lida para ela é pouco conhecida
nessa faixa. Pode-se ter uma noção do que a criança assimilou aos seus
conhecimentos pela leitura através de seus comentários, comportamentos e até
mesmo de um desenho, mas entender esse processo mais profundo de reflexão e o
que é esperado de acordo com as condições cognitivas desse momento do
desenvolvimento constitui um desafio maior.
A leitura de histórias para as crianças certamente é um ato importante, por
apresentar a elas múltiplas visões de mundo, enriquecer seu vocabulário e
expressões lingüísticas, e por ser um valioso alimento da imaginação e da interação
afetiva.
As crianças ouvem histórias, em casa e na escola, mas na verdade não
clareza quanto ao que e como a criança está compreendendo aquilo que é lido para
ela.
Da mesma forma, a consciência fonológica, que pode ser tomada como “a
habilidade de refletir sobre os sons da fala e sua organização na formação das
palavras” (MENEZES, 1999), é uma habilidade que amadurece durante a aquisição
da linguagem, e, portanto, na interação familiar e social da criança. Debruça-se
sobre o produto da linguagem, ou seja, as palavras e os sons que as formam. O
contato com textos escritos e sua leitura favorece seu desenvolvimento aos níveis
mais complexos, que culminam com a consciência da segmentação da fala em
fonemas.
Neste estudo visa-se explicitar se há uma correlação entre os níveis de
compreensão de um texto lido para a criança e o desenvolvimento de suas
habilidades de consciência fonológica.
16
O interesse por este assunto na verdade vem de longa data, na atividade
da autora na área de fonoaudiologia educacional. Entre os eixos de trabalho na
equipe interdisciplinar da qual fazia parte na escola, visando à prevenção a
distúrbios de linguagem e aprendizagem, um deles era uma triagem fonoaudiológica,
que avaliava o desenvolvimento de linguagem e acuidade auditiva das crianças de
cinco a seis anos de idade. Nesse momento, elas eram entrevistadas, e, por
curiosidade, sempre era perguntado às crianças se alguém lia para elas em casa ou
não, suas preferências de livros, e se recordavam alguma história lida de que
tivessem gostado muito.
De forma empírica, a autora observava que normalmente as crianças com
desenvolvimento adequado de linguagem contavam com este suporte: um pai, uma
mãe, uma avó, um avô, uma babá, ou um irmão mais velho que lia para elas.
Alguns, leitores, diziam com orgulho: “eu leio sozinho”, mas provavelmente este
interesse pela leitura que os fez avançar nesse processo antes de uma instrução
“formal” para essa aprendizagem, partiu de um ambiente que possibilitou que este
enlace com a leitura acontecesse.
Da mesma forma, as crianças que tinham alguma dificuldade de linguagem,
em especial aquelas acometidas por otites de repetição, que diminuíam a acuidade
auditiva por períodos transitórios, mas suficientes para interferir nos registros
fonológicos da linguagem, pareciam se beneficiar da recomendação de leitura de
histórias pelo adulto em casa. Este ato, além da troca afetiva que traz em si,
favorece a atenção auditiva da criança à linguagem, a discriminação entre palavras
presentes no texto, que enriquecem seu vocabulário, e a noção de semelhanças e
diferenças entre a sonoridade das palavras.
A leitura que desperta o interesse da criança e lhe é significativa parece
proporcionar um maior desenvolvimento da consciência lingüística.
A maioria dos estudos que relacionam os aspectos aqui pesquisados leva em
conta a consciência fonológica e a compreensão leitora do aluno como agente da
realização da leitura pela decodificação visual. Portanto, envolvem crianças maiores
e com experiência escolar de alfabetização. É consenso entre as pesquisas que são
realizadas cerca de quarenta anos nessa área que existe uma inter-relação entre
esses processos, que alguns aspectos da consciência fonológica parecem ser
necessários à aprendizagem da escrita e da leitura, enquanto outros se
17
desenvolvem mais como conseqüência do contato com o alfabeto, principalmente os
que dizem respeito à consciência fonêmica.
Este estudo visa à faixa etária de cinco a seis anos, por justamente ser o
momento anterior ao primeiro ano do ensino fundamental, quando normalmente
ainda não ocorre a instrução formal da leitura e da escrita. Mesmo tendo crianças
leitoras iniciais, a proposta da pesquisa foi a compreensão da leitura mediada pelo
adulto, ouvida, portanto. E a correlação desta com a consciência fonológica em
evolução, destacando-se os três níveis de consciência (silábico, intra-silábico e
fonêmico) em atividades de recepção e produção.
Ainda poucas pesquisas sobre a compreensão de histórias nessa faixa
etária, e, dessa forma, esse trabalho visa contribuir para o enriquecimento dos
conhecimentos nessa área e para a prevenção a problemas de aprendizagem.
18
2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
O ato de contar e ler histórias favorece o desenvolvimento verbal, cultural e
afetivo da criança, bem como sua consciência lingüística, pela diversidade de
experiências com diferentes sons e significados das palavras contidas nos diferentes
textos escritos, que se tornam objeto de atenção.
Como parte da consciência lingüística, as etapas que levam à consciência
fonológica se desenvolvem através de um continuum. Não são etapas estanques
que se sucedem. Os comportamentos se modificam na interação entre os novos
conhecimentos adquiridos no meio e os pré-existentes, conforme as possibilidades
que o amadurecimento cognitivo oferece. É um processo de crescente
complexidade, como a compreensão da linguagem.
Esta seção será dividida em três tópicos principais: a compreensão de
histórias, a consciência fonológica e as relações entre essas duas habilidades no
desenvolvimento pré-escolar. No primeiro, será abordada a capacidade de
compreensão infantil, a memória como base da recordação e compreensão, o
desenvolvimento da compreensão de histórias pela criança e recursos para acessar
o processo de compreensão de histórias. Dentro do tópico de consciência
fonológica, será abordada a formação da consciência lingüística e fonológica, seus
níveis de desenvolvimento e recursos de avaliação.
2.1 A compreensão de histórias por crianças
O processo de desenvolvimento da compreensão começa muito cedo na vida
da criança, em seu convívio familiar. A constituição do sujeito é a condição básica do
desenvolvimento infantil e da aparição da linguagem, como preconizado pelo
enfoque psicanalítico (JERUSALINSKY, 1988). A partir daí existem aspectos
funcionais que concorrem para o desenvolvimento da linguagem, que é
caracterizada por comportamentos integrados de compreensão e expressão.
De acordo com Golbert (1988), três aspectos são considerados para que
ocorram diferenças no grau e forma no domínio das estruturas lingüísticas: uma
base orgânica sadia, que possibilite o funcionamento integrado dos mecanismos de
19
recepção e produção da linguagem; a qualidade e a coerência da estimulação
lingüística na interação estabelecida com o adulto; e a cognição, que permite que a
criança interprete e compreenda a fala, fazendo antecipações com base em seu
conhecimento de mundo. Dessa forma, a aquisição da linguagem consiste em
descobrir expressões lingüísticas para significados elaborados, que tomam
sentido na interação.
A prática da leitura ou contação de histórias faz parte das oportunidades de
experiências verbais que estimulam a comunicação da criança e alimentam suas
capacidades lingüísticas.
Para conhecer como se dá a compreensão de histórias por crianças,
reuniram-se elementos da área da Psicolingüística como base da revisão teórica
desta pesquisa, que serão apresentados a seguir, partindo de um entendimento
mais amplo do desenvolvimento do processo de compreensão.
2.1.1 O desenvolvimento da capacidade de compreensão da criança
A compreensão antecede a expressão no desenvolvimento de linguagem,
constituindo-se, inclusive, em um importante referencial na avaliação de crianças
com possíveis atrasos nessa área. Seu acesso, porém, é o mais difícil, por ser um
processo cognitivo e seu produto nem sempre ser observável, e também pela
própria dificuldade em quantificá-la.
Sobre a dificuldade em acessar a compreensão verbal, Zorzi e Hage (2004)
comentam que nesse tipo de avaliação é sempre muito difícil separar o que foi
entendido da informação lingüística propriamente dita daquilo que foi assimilado
pelas pistas contextuais. Esse é o caso, por exemplo, daquelas crianças com
atrasos de linguagem que na escola seguem as instruções dadas em sala de aula,
mas comumente por observarem e seguirem a conduta dos colegas e não
propriamente por entenderem a informação verbal.
Conforme Smith (2003), expoente dos estudos sobre a leitura, o entendimento
ou compreensão, é a base da leitura e do aprendizado desta. O autor considera a
compreensão como o fator que relaciona os aspectos relevantes do mundo à nossa
volta às intenções, conhecimento e expectativa que possuímos em nossas
20
mentes. Para ele, compreensão e aprendizado são fundamentalmente a mesma
coisa: um processo que relaciona o novo ao já conhecido.
Para este estudo, buscou-se o entendimento dos fundamentos do processo
compreensivo nos estudos de Luria (1987), neuropsicólogo que procurou integrar
conhecimentos das funções corticais, da psicologia do desenvolvimento, a partir de
estudos com seu mestre Vigotski, e de concepções lingüísticas de Roman Jakobson.
Para Luria (op cit), o elemento fundamental da linguagem é a palavra, que
codifica a nossa experiência. Esta nomeia as coisas, individualiza suas
características, designa ações, relações e reúne objetos em determinados sistemas.
A palavra como referência objetal pode assinalar o objeto, o traço, a ação ou
a relação, como preposições e conjunções. Com essa característica ela permite
duplicar o mundo para o homem, oferecendo-lhe a possibilidade de operar
mentalmente com objetos, inclusive na ausência destes (p.32). Com a aparição da
linguagem como sistema de códigos o homem adquire como que uma nova
dimensão da consciência, onde se formam imagens subjetivas do mundo objetivo
que são manipuláveis cognitivamente.
Na realidade, a estrutura semântica da palavra é muito mais complicada do
que a idéia de que ela seja um simples rótulo que designa um objeto. O fenômeno
da polissemia, ou de múltiplos significados de uma palavra, parece ser mais a regra
do que a exceção nas línguas humanas. Junto ao significado, que é objetivo e
formado ao longo da história, cada palavra tem um sentido, que separa, neste
significado, os aspectos ligados à situação dada e às vivências afetivas do sujeito.
Dessa forma, se o significado referencial é o elemento fundamental da linguagem, o
significado social-comunicativo ou sentido é a unidade fundamental da comunicação.
A palavra converte-se em um elo de toda uma rede de imagens que ela
evoca, denominada rede semântica. Conforme Luria (1987, p.35), “aquele que fala
ou que escuta contém, inibe, toda esta rede de palavras e imagens evocadas pela
palavra, para poder escolher o significado „imediato‟ necessário no caso ou
situações dadas”. Assim, ela se transforma na base da generalização (instrumento
do pensamento) e meio de comunicação (instrumento da comunicação verbal).
No desenvolvimento infantil, a referência objetal das palavras e seu
significado não permanecem imutáveis; eles se desenvolvem em relação tanto à sua
estrutura semântica como ao sistema de processos psíquicos que a ancoram, o que
também se reflete em mudanças na estrutura da consciência. fundamentos para
21
se considerar que a compreensão das palavras pela criança inicia de forma
simpráxica, ou seja, entrelaçam-se fatores não-verbais, situacionais específicos à
presença de determinada palavra. Depois, há uma progressiva emancipação da
situação simpráxica imediata, com a função designativa mudando conforme a
situação em que a palavra apareça. Aqui ela ainda não se separou do gesto e ação
correspondentes. Somente pelo segundo ano de vida é que a palavra adquire uma
relação objetal permanente e independente. Mas, mesmo emancipada da situação
prática, a referência objetal da palavra ainda conserva estreitos laços com esta,
designando traços do objeto e não o objeto em si. Após esta ser estabilizada, o
desenvolvimento do significado, ou seja, de sua função generalizadora e analítica.
Mesmo que mantenha a mesma referência objetal, o sistema de enlaces e
generalizações da palavra muda e se enriquece.
O significado evolui de um sentido afetivo da palavra, num primeiro momento,
para avançar, na criança pré-escolar, para um sentido concreto e funcional. Nesse
momento de vida, o papel principal é desempenhado pela imagem imediata, sua
memória, que reproduz uma situação conhecida (p.52). Para o adulto, prevalecem
os enlaces lógicos da palavra, que adquire um caráter paradigmático, incluindo o
objeto em um sistema hierárquico de contraposições abstratas. Assim, por exemplo,
a palavra supermercado pode num primeiro momento significar o momento de
passear com a mãe e andar no carrinho, a partir de seu universo afetivo. Para a
criança pré-escolar ou escolar das séries iniciais, por trás da palavra supermercado
pode aparecer a experiência concreta de fazer compras, pagar por elas no caixa,
colocar os produtos comprados em sacolas para levar para casa, etc.. Nas etapas
seguintes, a estrutura da palavra supermercado começa a entrar em um sistema de
categorias enlaçadas hierarquicamente e mutuamente subordinadas. Assim, um
supermercado não é uma farmácia, nem um posto de gasolina, mas estes todos são
locais para onde nos dirigimos com a finalidade de adquirir produtos; é um local
construído e o da natureza; é de uso coletivo e não individual; e assim por diante.
Com este exemplo, podemos observar que no estágio dos conceitos concretos
predominam os enlaces situacionais diretos, e, no estágio de conceitos abstratos, há
um papel decisivo dos enlaces lógico-verbais (p.54). Isto assinala não somente a
mudança do significado da palavra, ao longo do desenvolvimento infantil, mas
também como se estrutura a consciência, que sofre mudanças na estrutura
semântica e sistêmica.
22
É evidente que a compreensão não pode ser reduzida apenas ao
entendimento de palavras isoladas ou à tomada das expressões como um somatório
de palavras. A palavra é considerada a unidade de linguagem, mas a frase é a
unidade da língua viva para Luria (1987, p.120); ela é a expressão de um
pensamento, de um julgamento determinado. Também acrescenta que para a
compreensão é central o processo da busca de sentido; “já nas primeiras etapas da
percepção da comunicação surgem hipóteses ou suposições sobre o sentido da
comunicação (p.174).
Luria aponta várias condições para a compreensão, que podem ser
encontradas na obra que reúne suas últimas conferências, reunidas sob o título
Pensamento e Linguagem. Por hora, os fundamentos destacados parecem ser
suficientes para a identificação de comportamentos que reflitam o grau do processo
compreensivo da criança, sendo complementada esta revisão com alguns autores
da Psicolingüística.
Rossa (2002), psicolingüista com enfoque conexionista, destaca os aspectos
cerebrais envolvidos na aprendizagem da criança, e, portanto, no processo de
compreensão da linguagem. Os estudos com imagens mostram o desenvolvimento
de mudanças estruturais cerebrais em resposta às experiências, e como adaptação
a condições mutantes e estímulos repetidos. O trabalho com a multiplicidade de
informações e a necessidade de armazená-las favorece novas conexões sinápticas
(entre neurônios). Assim, quanto mais houver reforços de ligações sinápticas e a
construção de novas “pontes” entre as redes de neurônios, mais facilmente a criança
elaborará um significado com suas próprias palavras e recordará seus pensamentos.
Essa possibilidade de debruçar-se sobre o pensamento é essencial para que a
criança possa refletir. O que passa pela consciência, aliado à atenção, é a base do
aprendizado. Assim, para essa autora, a primeira generalização de uma criança é
tão importante quanto sua primeira palavra (p.134). O estabelecimento de relações
entre as coisas do mundo corresponde aos ajustamentos nas ligações entre os
neurônios no cérebro. Nesse sentido, o estímulo ao pensamento dedutivo e reflexivo
ativa mais conexões interneuroniais no cérebro infantil, o que pode ser observado
em mapeamentos cerebrais, em contraste às crianças que recebem pouco estímulo.
Acrescenta que, em idade pré-escolar, o cérebro infantil é capaz de fazer
generalizações bastante complexas.
23
Zimmer (2003, p.22) também destaca aspectos cerebrais envolvidos no
processamento de informações no desenvolvimento infantil. O fato de uma criança
deparar-se continuamente com novos dados de linguagem serve como estímulo
para a formação de sinapses que codificam novas informações lingüísticas,
integrando-as as codificadas no substrato neuronial, num processamento feito em
paralelo. Este processamento simultâneo de vários tipos de informações
(fonológicas, sintáticas, semânticas) é que permite à criança aprender e construir
sentido ao ouvir a fala.
Slobin (1980) salientou a importância dos aspectos da memória nos estudos
da compreensão. Refere que a atribuição de sentido é feita a partir de vários níveis
da experiência do sujeito, e o que fica retido na memória é uma versão abreviada e
esquematizada do que foi ouvido, podendo ser acrescidos detalhes e interpretações
plausíveis ao ouvinte, não declaradas explicitamente. Dessa forma, as informações
provindas de várias frases são integradas, formando estruturas semânticas globais.
Esquecem-se as frases e palavras exatas, e retêm-se as inferências e
interpretações do indivíduo, que os conhecimentos de língua e de mundo
interagem na compreensão da linguagem. A busca de sentido afeta e dirige a
percepção acústica. A tarefa do ouvinte, segundo esse autor, é formar significados
partindo dos sons, de um nível acústico para um nível semântico.
A entonação dos sons da fala e a identificação de segmentos menores na
cadeia da palavra são abordadas por Zorzi e Hage (2004). Esses autores salientam
a entonação como um facilitador da compreensão inicial, que ocorre de forma
holística quanto a frases e palavras. Conforme as crianças vão acrescentando
palavras ao seu vocabulário, vão substituindo a estratégia de compreensão baseada
no contorno da palavra pela diferenciação de segmentos menores que constituem as
mesmas, formando representações dos segmentos abstratos subjacentes na
memória de longo prazo
1
.
1
Os termos de classificações de memória serão apresentados resumidamente na seção a seguir,
como embasamento para o entendimento de recordação. Para aprofundamento das operações de
memória envolvidas na linguagem, que não são o foco principal desse trabalho, consultar Gathercole
e Baddeley (1993); Izquierdo (2007); obras recentes de Baddeley. Para aprofundamento da emoção
na recordação consultar Castro (2007).
24
Para acessar a compreensão de crianças pequenas, Zorzi e Hage (op.cit.)
sugerem dois critérios de análise: nível de representação e extensão dos
enunciados.
Quanto ao nível de representação, é esperado que uma criança pequena
demonstre um razoável nível de entendimento da linguagem oral antes mesmo de
começar a falar. Os níveis iniciais correspondem ao que é compreendido por
informações contextuais, ligadas aos aspectos situacionais concretos. Conforme vai
se desenvolvendo, a criança deve atingir níveis maiores de compreensão,
independentes do contexto imediato, o que corresponde à emancipação da palavra
da situação, conforme estudos de Luria. Para isso, fatores como o reconhecimento
fonológico, o domínio das regras morfossintáticas, a identificação lexical e a
capacidade para entender o propósito do interlocutor são mobilizadas (p.33). É
importante, portanto, reconhecer que nível de representação a criança demonstra e
se este corresponde ao que é esperado.
Quanto à extensão dos enunciados, deve-se observar a habilidade
progressiva da criança em lidar com enunciados longos e emitidos com rapidez.
Esse aspecto está ligado às habilidades perceptivas auditivas, mais especificamente
com a memória fonológica de curto prazo. Dessa forma, é importante estar atento ao
domínio a instruções com enunciados curtos, longos, e instruções discursivas, como
é o caso da compreensão de histórias.
2.1.2 Classificação da memória, base da recordação e da compreensão
A memória é o processo cerebral que permite ao sujeito registrar e conservar
dados da experiência possibilitando que sejam recuperados posteriormente. De
acordo com Castro (2007), o armazenamento não se localiza em uma zona
específica, mas envolve diferentes estruturas cerebrais, de acordo com o tipo de
aprendizado, nem se pelo mesmo período de tempo. Em vista disso, Izquierdo
(2002) classifica as memórias quanto ao conteúdo (declarativa e procedimental), à
função (memória de trabalho) e à duração (memória de curta duração e memória de
longa duração).
Quanto ao conteúdo, a memória declarativa registra fatos, eventos ou
conhecimentos que podemos declarar; ou seja, as informações que podem ser
25
expressas verbalmente. Subdivide-se em: memória episódica, que se refere a
eventos que participamos ou assistimos, tendo um caráter autobiográfico, que inclui
lembranças de rostos conhecidos, de filmes vistos, de experiências escolares, por
exemplo; e memória semântica, que acessa o conhecimento dos fatos em geral de
forma descontextualizada, como os conhecimentos de matemática, de literatura, de
receitas culinárias. As memórias de procedimentos envolvem capacidades ou
habilidades motoras ou sensoriais e o que chamamos de „hábitos‟, como andar de
bicicleta ou saltar; são demonstradas, e não declaradas.
Acrescenta-se às classificações de conteúdo, a divisão da memória pela
forma como se o aprendizado, implícito ou explícito. As memórias de
procedimento são em geral adquiridas de forma implícita, sem o sujeito perceber de
forma clara que está aprendendo; são habilidades motoras ou perceptivas às quais a
consciência não tem acesso. Muitas das memórias semânticas são também
implícitas, como a aquisição da língua materna (Izquierdo, 2002). O segundo tipo,
explícito, são as memórias adquiridas com intervenção da consciência. Refere-se ao
conhecimento acessível à consciência, sobre o que são coisas, pessoas, lugares
(Castro, 2007).
Quanto à função, a memória de trabalho se apresenta como uma capacidade
de reter informações por poucos segundos ou no máximo 3 minutos, a fim de
permitir que se analisem as informações que chegam constantemente ao cérebro e
compará-las com as que existem nas demais memórias. Seu papel não é o de
formar arquivos. “A memória de trabalho funciona como um gerenciador central na
medida em que verifica o contexto em que os fatos ocorrem e a necessidade ou não
de criar uma nova memória desses fatos”, comenta Castro (2007). A retenção
momentânea de palavras de frase lida ou ouvida para serem conectadas com as
palavras subseqüentes é desempenhada por essa memória.
Quanto à duração, a memória de curta duração estende-se desde os
primeiros segundos ou minutos seguintes ao aprendizado até no máximo 6 horas
(Izquierdo, 2002) Ela não sofre extinção após esse período, mas nesse intervalo ela
é gradativamente substituída pela memória de longa duração. Essas memórias
possuem similaridades quanto ao conteúdo cognitivo, porém, as diferenças indicam
claramente que elas não são parte de um mesmo processo, mas sim duas séries de
processos paralelos e independentes (op.cit., 2002).
26
A recordação ou evocação da memória não consiste na simples repetição dos
procedimentos envolvidos no armazenamento da informação (Castro, 2007). É um
processo complexo, que pode ocorrer espontaneamente ou através de uma busca
laboriosa. Quanto mais estímulos sensoriais forem associados a um aprendizado,
mais facilmente ele será memorizado e recuperado.
É importante salientar que muitas vezes a recordação se a partir de um
fragmento do fato original, que nosso cérebro processa as informações de forma
distribuída. A reconstrução da informação também pode sofrer distorções, que
ocorre quando as pessoas tendem a acrescentar a ela fatos diferentes dos originais,
gravados de outros momentos ou próprios da personalidade do indivíduo (Castro,
2007).
A importância da memória é lembrada por Rossa (2002) no processo de
aprendizagem. Segundo a autora, “lembrar dos pensamentos é essencial para que a
criança possa refletir: sem lembrança não há como se debruçar sobre o próprio
pensamento” (p.134) O favorecimento à conscientização funciona como um reforço
às sinapses cerebrais, que, aliada à atenção volitiva, são ingredientes básicos para
que algo seja aprendido.
2.1.3 O desenvolvimento da compreensão de histórias por crianças
A leitura, conforme Leybaert, Alégria, Deltour e Skinkel (1997), é uma
atividade complexa que envolve a intervenção de diversos mecanismos de
comportamento: identificação de letras, reconhecimento de palavras, acesso ao
significado, integração sintática e semântica. Uma parte desses comportamentos é
comum à leitura e ao reconhecimento de fala, enquanto outros têm maior
especificidade com a leitura e a escrita, como é o caso da identificação e produção
de palavras escritas (p.143).
Nesta pesquisa o destacados os aspectos de compreensão da leitura a
partir de uma história lida oralmente para a criança, que está na posição ativa de
compreender o texto que ouve, e não na de leitor a partir da decodificação visual do
texto escrito. Muitos aspectos são comuns aos dois processos de compreensão. O
modo como se e o que envolve o processo de compreender um texto será
27
apresentado a partir de concepções psicolingüísticas clássicas de compreensão
leitora e estudos recentes, buscando enfatizar aspectos que permitam construir um
referencial de como esse processo ocorre na recepção oral da leitura.
A compreensão da leitura, para Smith (2003), “não pode ser absolutamente
medida” (p.72), uma vez que não é a quantidade de qualquer coisa. Para esse autor,
a compreensão é mais apropriadamente um estado, o oposto de confusão. Ela é a
“possibilidade de se relacionar o que quer que estejamos observando no mundo a
nossa volta, ao conhecimento, às intenções e às expectativas que possuímos em
nossas cabeças” (p.72). Na sua concepção, os leitores têm questões propostas ao
texto e procuram reduzir incertezas procurando as respostas nele. Assim, a
compreensão da leitura existe quando a extração de sentido do texto,
relacionando o que se conhece com aquilo que se quer saber ou experimentar.
Ressalta que o modo como se compreende algo em determinado momento pode
provar ser inapropriado mais tarde. Goodman (1991) também enfatiza a
reconsideração e reconstrução do que foi compreendido durante o texto; “o leitor
pode mudar o que ele entendeu com base nas questões sobre o texto que parecem
dirigir a atenção para respostas e visões específicas”. (p.33)
Goodman (1976) conceitua a leitura como um “jogo psicolingüístico de
adivinhação”, descrevendo o ato de ler como uma atividade de reconstrução do texto
pelo leitor através das pistas colocadas pelo escritor. Esse autor destaca que para a
leitura é importante o propósito do leitor, sua cultura social, seu conhecimento
prévio, e seus esquemas lingüísticos e conceituais. Nessa atividade de
reconstrução, o texto do leitor envolve inferências, referências e co-referências
baseadas nos esquemas que ele traz para o texto (GOODMAN, 1991, p.28). Assim,
diferentes pessoas lendo o mesmo texto podem apresentar variações no que se
refere à compreensão deste, segundo a natureza de suas contribuições pessoais ao
significado.
Morais (1996) salienta que a leitura não atinge seu objetivo sem a
compreensão, mas que os processos específicos da leitura não constituem em si
mesmos processos de compreensão, mas que levam à compreensão (p.114). Para
compreender os textos, são usadas nossas competências lexicais, processos de
análise sintática e de integração semântica, e até o conhecimento de mundo e a
experiência pessoal, mas todos esses processos e conhecimentos também atuam
quando a linguagem falada é compreendida. Processos e conhecimentos desse tipo
28
são desenvolvidos bem antes de a criança aprender a ler. Nesse ponto, Morais
(op.cit.) é categórico quanto à importância da leitura feita pelos pais aos filhos para o
desenvolvimento de sua aprendizagem, e da necessidade da escola maternal dar
continuidade a esse tipo de atividade:
Pela própria estrutura da história contada, pelas questões e
comentários que ela sugere, pelos resumos que provoca, ela
ensina a compreender melhor os fatos e os atos, a melhor
organizar e reter a informação, a melhor elaborar os roteiros e
os esquemas mentais (p.171).
Este aspecto do estímulo do ambiente também é referido por Scliar-Cabral
(2003). Essa autora enfatiza que o objetivo principal da leitura é compreender e
interpretar um texto para sobre ele refletir, retendo as informações necessárias ao
aprofundamento e ampliação do conhecimento (p.21). Enquanto a criança não
possui o domínio dos passos envolvidos na leitura, espera-se que um adulto ou
outra criança mais velha, como um irmão, faça o papel de leitor para que a criança
interprete e amplie seus conhecimentos e informações lingüísticas. O fato de uma
criança ouvir desde cedo narrativas recontadas ou lidas traz uma ativação positiva
para o desenvolvimento dos esquemas mentais.
As estratégias cognitivas são discutidas por Goodman (1991) para a
construção de sentido nos eventos de leitura. Ele destaca sete aspectos: iniciação
ou reconhecimento da tarefa, que é a decisão explícita de ativar as estratégias e
esquemas apropriados para a leitura; amostragem e seleção, que é o
direcionamento da atenção aos dados relevantes que se deseja decodificar, pois os
processos do pensamento seriam sobrecarregados com dados irrelevantes se não
houvesse uma seleção; inferência, que é uma estratégia geral de adivinhação, com
base no que é conhecido, de qual informação é necessária mas não conhecida, que
é utilizada durante o processo de leitura, a partir das informações grafofônicas,
sintáticas, semânticas “nossos esquemas e estruturas não tornam possível tomar
decisões confiáveis, com base em informações parciais, inferindo a informação que
falta.” (p.36); predição, que é a habilidade de antecipar o que está por vir e faz com
que o processo flua suavemente à medida que o leitor constrói texto e sentido, pois
ao contrário o processamento seria sempre retrospectivo; confirmação e
desconfirmação, que corresponde à auto-monitoração feita durante a leitura para
29
certificar-se das inferências e predições feitas, que o especulativas “há uma
interação de estratégia e uma economia de processamento, pois a mesma
informação usada para confirmar decisões passadas é usada para fazer novas
inferências e predições” (p.37); correção, que são as estratégias para recuperação
do sentido na reconstrução do texto; finalização, quando se toma a decisão
deliberada de interromper ou finalizar a leitura.
Poersch (1991) compartilha do conceito de compreensão do texto como
sendo uma atividade de processamento da informação, que envolve habilidades
cognitivas e lingüísticas, levando à construção de sentido. Nessa construção, propõe
distinguir dois critérios: o de abrangência textual, onde a compreensão lexical,
frasal e textual; e o de profundidade de compreensão, onde temos os veis
explícito, implícito e metaplícito.
Na abrangência textual, estão relacionados os significados referenciais das
palavras; a disposição e função de elementos inter-relacionados das frases; e o
sentido global do texto, processado para a memória. Corresponde aos processos
cognitivos ascendentes, que partem da construção do significado através da análise
e síntese do significado das partes do texto (Kato, 2007). No critério de profundidade
de compreensão verifica-se se o sentido é extraído dos dados expressos no texto,
dos dados omitidos no texto, ou dos dados relativos à situação de produção (p.131).
Corresponde aos processos cognitivos descendentes, que vão na direção da macro
para a microestrutura (Kato, 2007). Assim, o conteúdo explícito é o que está dito
claramente, expresso nas linhas do texto. O conteúdo implícito corresponde àquele
sentido que deve ser lido embora não esteja escrito. Esse conteúdo faz parte do
texto, embora não expresso diretamente, e corresponde a tudo aquilo que pode ser
recuperado pela via lingüística, por pressuposições, ou por inferências, a partir dos
dados do texto e do conhecimento que o leitor possui da língua como código e como
produto cultural. O autor considera as pressuposições como atividade de associação
automática e as inferências como resultado de raciocínio. o conteúdo metaplícito
“é aquele que pode ser construído mediante a situação de comunicação”; varia
de leitor para leitor, pois depende da quantidade e qualidade de dados que ele
possui sobre o contexto onde a situação de comunicação é inserida.
Poersch e Rossa (2007) afirmam que a compreensão é possível via
memória, pois compreender é recordar e aprender. Golbert (1988), destacando a
importância dos aspectos de memória no processo compreensivo, lembra que, para
30
a dedução de significados, as palavras e frases iniciais devem ser continuamente
relacionadas com as posteriores, num exercício de memória seqüencial, que pode
ser tratada como a memória de trabalho, como descrita na seção 2.1.2.
Referindo-se ao ato de compreender, Colomer e Camps (2008) comentam
que, para a Psicologia Cognitiva, os processos de obtenção de informação
funcionam basicamente da mesma forma entre as pessoas, requerendo
mecanismos mentais que captam a informação mediante os sentidos e a
armazenam em estruturas esquemáticas do conhecimento. Assim, ler ou “escutar”
seguem um processo semelhante de interpretação da informação; uma
reorganização das redes em que estão organizados os conhecimentos, modificando
as estruturas prévias ao entendimento da nova informação. (p.33) O modelo de
Mayer (1985) citado por essas autoras engloba:
- a percepção que é o primeiro passo para a captação de determinado
estímulo mediante os sentidos e em estreita relação com as intenções do sujeito na
seleção da informação;
- a memória faculdade humana de vital importância para qualquer processo
de obtenção e elaboração de informação, pois só se pode pensar a partir dos dados
de que o nosso cérebro dispõe em um determinado momento. O estudo de como se
compreende está intimamente ligado àqueles de como se retém. Existem vários
tipos de memória, dependendo da perspectiva de estudo, (como explicitado na
seção 2.2.1). Basicamente, para a compreensão, é preciso distinguir a memória de
curto prazo e a de longo prazo. A de curto prazo tem uma capacidade limitada de
tempo e quantidade de informação retida. A de longo prazo é definida por sua
duração e capacidade, desde que a informação tenha sido organizada de forma
compreensível e seja significativa para o sujeito;
- a representação de mundo nessa concepção teórica, é utilizada a noção
de esquemas, que são as estruturas mentais que o sujeito constrói na interação com
o ambiente, e que organizam seu conhecimento e o modo de usá-lo. Para ser
realmente compreendida, a informação deve integrar-se nesses esquemas. Isso
permite que os nossos conhecimentos não avancem como uma soma de
informações, mas como um sistema de conexões que é ativamente reestruturado.
À medida que o indivíduo avança em faixas de idade e escolaridade o nível
de compreensão cresce sistematicamente, afirma Poersch (1991), a partir de seus
estudos.
31
Trazendo informações que descrevem o avanço da habilidade de recontar e
de criar narrativas, Zorzi e Hage (2004) mostram o que é esperado entre as faixas
etárias de 3 a 6 anos de idade: aos 3 anos as crianças fazem relatos de
experiências imediatas, não se atendo a elementos secundários e inserindo fatos
não verdadeiros ao recontar uma história, podendo apresentar falhas na coesão e
coerência; aos 4 anos, narram uma história conhecida sem ajuda do outro e sem
apoio de figuras, ainda tendo elementos coesivos da narração falhos; aos 5 anos,
conseguem manter a organização temporal dos eventos, mesmo que omitam alguns
fatos secundários que parecem não prejudicar o entendimento da narrativa, o
sendo esperado que insiram fatos não verdadeiros para manter a narrativa: se não
lembram, dizem que não lembram; aos 6 anos, narram com detalhes histórias
conhecidas e relatos pessoais, e inventam propositalmente histórias com coerência
entre os fatos.
Brandão e Spinillo (1998) citam alguns estudos específicos de compreensão
de histórias realizados com crianças pequenas. Buarque, Higino, Miranda, Dubeux
e Pedrosa (1992) examinaram crianças de primeira a quarta série e constataram que
a habilidade complexa de estabelecer inferências envolve processos cognitivos
básicos e o avanço da escolaridade não garante seu avanço automático, sendo que
o desempenho em questões inferenciais avançou de modo tímido entre as crianças
das séries estudadas.
Takahashi (1992), em pesquisa com crianças de três a cinco anos,
envolvendo reprodução oral de história narrada e apresentada com seqüência de
figuras através do computador, observou que as crianças mais novas apresentavam
dificuldade em serem fiéis ao texto ouvido, tendendo a incluir conteúdos de outras
histórias e criações de novas histórias. Houve uma melhora significativa do recontar
com a idade.
Brandão e Spinillo (1998) realizaram estudo para investigar se crianças pré-
escolares, que ainda não dominam a leitura, constroem inferências a partir de um
dado texto. Os detalhes desse estudo serão abordados na próxima seção, visto que
o uso de parte dos recursos para acessar a compreensão na presente pesquisa é
replicado desse trabalho, que é um referencial nos estudos de compreensão por
crianças pequenas no Brasil.
32
2.1.4 Recursos para acessar a compreensão de histórias por crianças pré-
escolares
Em publicação de Farr e Carey (1986), sobre o que pode ser medido em
leitura, são apresentadas controvérsias sobre como avaliar a compreensão, por este
ser um conceito discutível no meio acadêmico, resultando em dúvidas sobre o que
exatamente está sendo medido, sobretudo quando se considera que diferentes
processos cognitivos envolvidos na compreensão. Os testes que solicitam a
compreensão literal parecem mais próximos ao conteúdo dos textos; os testes
inferenciais parecem favorecer o uso do conhecimento prévio do leitor (p.41).
Nesse sentido, esses autores consideram que uma boa avaliação precisa
assegurar que o examinado compreenda um conceito, fato ou sentimento com base
naquele texto específico, mesmo que seu conhecimento prévio possa lhe oferecer
respostas (p.44). Salientam que a interpretação dos dados de um instrumento de
compreensão pode ser aplicada no seu próprio contexto, não sendo adequada
sua generalização. Sugerem a administração de mais de um tipo de avaliação, e a
observação informal em situações mais naturais, porque um teste apenas não reflete
todo o comportamento de leitura e compreensão (p.51).
Poersch e Rossa (2007) identificam como recursos utilizados por
pesquisadores e professores para avaliar o quanto um leitor compreendeu de um
texto a produção de resumos e respostas a questões sobre o mesmo. O resumo
possibilita um acesso ao modelo cognitivo do texto construído pelo leitor, permitindo
supor, na comparação entre o que foi lido e as informações do resumo, o que ele
aprendeu a partir do texto. As perguntas sobre o conteúdo do texto podem alcançar
diferentes graus de profundidade de compreensão leitora; podem também levar o
leitor a ‟ver‟ e aprender informações que ele poderia não ter compreendido num
primeiro momento, desde que elas favoreçam a compreensão não dos dados
explícitos como também das informações contidas nas entrelinhas do texto (p.61).
Brandão e Spinillo (1998) também apontam que, de modo geral, a
compreensão de textos é acessada através de tarefas de reprodução do texto
apresentado (lido, ouvido, apresentado em gravuras) ou através de respostas a
perguntas sobre ele. Acrescentam que tarefas de reprodução são geralmente
aplicadas de forma oral e com crianças pequenas; enquanto tarefas de perguntas
costumam ser propostas a sujeitos mais velhos, envolvendo a leitura de textos.
33
Como a compreensão de um texto necessita da construção de significados, criação
de rede de relações entre os enunciados, integração das informações neles contidas
e das partes que compõem este mesmo texto, capacidade de inferência,
reconhecimento e seleção de informações relevantes, e ainda, o acionamento de
conhecimentos de mundo e de conhecimentos lingüísticos, essas autoras também
ressaltam que não é possível supor um único instrumento para revelar todos os
mecanismos envolvidos na compreensão.
Em seu estudo sobre aspectos gerais e específicos na compreensão de textos
(BRANDÃO e SPINILLO, 1998), um dos recursos utilizados para acessar a
compreensão de história por crianças de 4 e 6 anos de idade foi adotado nesta
pesquisa. Dessa forma, a investigação conduzida por elas seapresentada aqui de
forma mais detalhada.
A fim de investigar o nível de compreensão do sujeito em relação ao texto
originalmente apresentado, foram utilizadas tarefas de perguntas e reprodução (ao
contrário de outros estudos, que utilizaram ou um ou outro tipo de tarefa), que foram
aplicadas a 40 crianças pré-escolares de escola de classe média, em dois grupos de
idade, de 4 e 6 anos. Nesse estudo, as respostas foram avaliadas em função do
número de acertos, para que fossem indicadores reais de compreensão,
considerando-se a precisão de respostas em comparação ao texto original
apresentado. A história apresentada às crianças foi analisada a partir da divisão do
texto em blocos de informação, conforme proposto por Marcuschi (1989). As autoras
se interessaram em verificar se reproduzir um texto reflete as mesmas habilidades
de compreensão que responder a perguntas sobre esse mesmo texto; também
buscaram examinar se haveria dificuldades de compreensão específicas a
determinadas partes do texto. Este tipo de comparação entre tarefas com crianças
pré-escolares não é documentado na literatura.
Os resultados mostraram que a maior dificuldade de compreensão se localiza
na parte da história que trata da resolução e das conseqüências das ações dos
personagens para a resolução da situação problema. Esta dificuldade foi mais
acentuada aos 4 anos do que aos 6 anos. A complexidade com a resolução e
conseqüência foi observada tanto na produção como na reprodução. Quanto mais
elaborada a produção, mais respostas precisas às questões propostas (50% aos 4
anos e 92% aos 6 anos). Dessa forma, os resultados indicaram uma progressão
entre as idades em relação à compreensão na reprodução da história ouvida e nas
34
respostas às perguntas. Na reprodução, Brandão e Spinillo (op.cit.) observaram a
capacidade crescente das crianças em dois pontos: considerar a história original
como um modelo a ser reproduzido, tanto em termos de informação como em
estrutura (entre textos); elaborar um texto que apresente integração e unidade
(intratexto).
Na tarefa de perguntas, este desenvolvimento foi expresso pela precisão
crescente nas respostas, principalmente em relação a partes do texto consideradas
problemáticas, como a resolução e a conseqüência. Parece existir uma gradação de
dificuldade que varia em função das partes do texto colocadas em evidência através
das perguntas, referem as autoras. As crianças mais novas tiveram maior precisão
em perguntas relacionadas à situação-problema do que naquelas relacionadas à
resolução e conseqüência. Já as crianças maiores conseguiram maior precisão
mesmo nas perguntas mais difíceis.
Essa pesquisa utilizou uma abordagem de tipos de respostas, replicada no
presente trabalho, ao invés de adotar o padrão acerto/erro, o que permitiu analisar a
precisão das respostas e as dificuldades em relação às partes da história.
Das especificidades das tarefas propostas, foi observado que a de reprodução
é uma atividade de compreensão global, que exige a seleção dos aspectos mais
relevantes do texto original e suas relações essenciais. A tarefa de responder a
perguntas é pontual, pois estas focalizam partes específicas do texto. As perguntas
se encarregam de selecionar as informações, no lugar da criança. Assim, em cada
tarefa há habilidades distintas a serem testadas; na reprodução habilidades de
compreensão mais amplas e integradoras, e nas perguntas aspectos mais
específicos da compreensão, particulares a determinadas informações e partes do
texto (estrutura).
2.2 A consciência fonológica
A consciência fonológica é um dos aspectos da consciência lingüística, que
será abordada nesta seção. Para compreender seu desenvolvimento e importância,
faz-se necessário explicitar o seu papel na cognição e no desenvolvimento de
linguagem, bem como os recursos para acessá-la.
35
2.2.1 A consciência fonológica e a cognição
Para a abordagem dos aspectos da formação da consciência fonológica,
julgou-se importante primeiramente explicitar conceitos e discussões que existem
em torno do que é chamado de consciência, metacognição e metalinguagem, na
visão da psicolingüística, bem como compreender a relação da consciência
fonológica com outros comportamentos cognitivos ligados às atividades com os sons
da fala.
De acordo com Poersch (1998) a consciência, na psicolingüística, tem seu
conceito fundamentado pela psicologia geral. Refere-se ao conhecimento que as
pessoas têm de seus objetos mentais, sejam eles percepções, imagens ou
sentimentos. O processo de conscientização é tomado como um continuum. O
patamar inicial é o inconsciente; no outro extremo está a consciência plena, que
permite controlar, manipular, refletir e descrever o objeto em foco. Entre os dois
extremos temos diferentes níveis de conscientização.
Ainda seguindo a linha de raciocínio desse autor, metacognição e
metalinguagem são conceitos que pressupõem consciência. A metacognição é
definida pela psicologia cognitiva como a cognição sobre a cognição. A
metalinguagem é definida pela lingüística clássica como a linguagem sobre a
linguagem.
A metacognição diz respeito aos processos conscientes da cognição. Ao
mesmo tempo em que desempenha uma atividade cognitiva, o indivíduo
voluntariamente lança mão de algumas estratégias de ação e de reflexão para
atingir determinado objetivo (POERSCH, 1998, p.10). É como um monitoramento
sobre o próprio comportamento. Está mais ligada aos processos lingüísticos da
comunicação.
A metalinguagem debruça-se sobre o produto da comunicação. Possibilita a
reflexão em relação aos objetos lingüísticos e sua manipulação. Pressupõe a
consciência, que permite que se façam declarações explícitas sobre a linguagem e
seus usos. Gombert (1992) a conceitua como a capacidade para refletir sobre a
expressão lingüística, já que a própria língua é tomada como objeto para a cognição.
De acordo com Poersch (1998; p.8):
36
A linguagem consiste no uso de um sistema verbal para fins
comunicativos. Nessa linguagem distinguimos o produto e o
processo. Tanto podemos analisar um quanto outro. Se nos
debruçarmos sobre o produto e o descrevermos, teremos a
metalinguagem. O processo presente nas atividades lingüísticas da
fala, da compreensão, da escritura, da leitura, da tradução faz parte
da cognição. O debruçar-se sobre esses processos para melhor
entendê-los e para descrevê-los constitui metacognição: saber o que
se sabe e como se sabe.
Menn & Stoel-Gammon (1997) observam que a metalinguagem desenvolve-
se gradualmente na infância, estando totalmente estabelecida por volta dos oito
ou nove anos de idade. Antes, as crianças pequenas parecem mais preocupadas
em usar a linguagem como meio de comunicação, com ênfase em seu conteúdo e
uso, e não na sua forma. Ainda a respeito dessa questão, Magnusson (1990)
considera que somente quando existe uma nítida evidência de que as crianças
desprezam o conteúdo e refletem a respeito da forma, fazendo comentários
explícitos sobre, ou manipulando conscientemente características lingüísticas, é que
estamos autorizados a afirmar que possuem habilidades metalingüísticas.
Cognitivamente, estudiosos da consciência fonológica a situaram como uma
das habilidades do processamento fonológico, que envolve as operações mentais de
processamento de informação baseadas na estrutura fonológica da linguagem oral
(CAPOVILLA E CAPOVILLA, 2004; ANTHONY E FRANCIS, 2005). O
processamento fonológico envolve, além da consciência fonológica, a memória de
trabalho fonológica e o acesso fonológico à memória lexical. A memória de trabalho
fonológica refere-se à codificação da informação em um sistema de representação
sonora para armazenamento temporário. Está ligada tanto ao processamento ativo
como transitório de informações fonológicas. O acesso fonológico à memória lexical
refere-se à eficiência em recuperar codificações fonológicas da memória. Essa
eficiência no acesso ao léxico parece facilitar o uso de informações fonológicas nos
processos de decodificação e codificação durante a leitura e a escrita. A consciência
fonológica refere-se ao grau de sensibilidade do sujeito à estrutura sonora da fala
(CAPOVILLA E CAPOVILLA, 2004; ANTHONY E FRANCIS, 2005).
Essas habilidades são altamente inter-relacionadas e fortemente ligadas à
aquisição da leitura. A consciência fonológica é reconhecidamente a mais
relacionada à capacidade de ler e escrever, e um intenso debate sobre quais das
habilidades englobadas na consciência fonológica influenciam mais diretamente a
alfabetização.
37
2.2.2 Consciência fonológica como comportamento de consciência lingüística
A consciência fonológica constitui um dos níveis de conhecimento da
consciência lingüística ou metalinguagem, mais ampla, que também abrange os
aspectos morfológico, semântico, sintático e pragmático da linguagem.
Liberman, Shankweiller, e Mattingly foram precursores no desenvolvimento
do conceito de consciência fonológica, cerca de quarenta anos, em função dos
estudos de dislexia e problemas de leitura. Descobriram que aspectos visuais não
eram os predominantes nesse tipo de patologia, como era a teoria vigente, e havia
alguma questão problemática relacionada à decodificação, na integração entre as
letras e sua representação sonora. Constatou-se que havia uma capacidade que
permitia ao leitor iniciante dar-se conta de que a codificação escrita representava
palavras faladas, a consciência fonológica. A partir daí, inúmeros estudos se
desenvolveram no mundo todo (Mann, 2005)
Os conceitos de consciência fonológica ou metafonologia basicamente se
assemelham na literatura.
Ávila (2004) explica a consciência fonológica como uma capacidade
metalingüística, na qual a percepção é dirigida aos segmentos sonoros da fala,
permitindo sua identificação e manipulação. A intencionalidade é sua característica
principal. Ela evolui da identificação de rimas e sílabas para a possibilidade da
identificação de elementos discretos (fonemas) que existem na fala. O tipo de
experiência da criança influencia no desenvolvimento da consciência fonológica.
Dessa forma, por exemplo, a falta de contato com a cultura escrita pode lhe trazer
menos oportunidade de reflexão lingüística.
Cardoso-Martins (1991) a conceitua como a consciência dos sons que
compõem as palavras que são ouvidas e faladas. Através da consciência fonológica,
identificam-se rimas, palavras que começam ou terminam com os mesmos sons e
manipulam-se os fonemas para a criação de novas palavras.
Moojen et al. (2003) salientam que a consciência fonológica abrange não a
capacidade de reflexão (constatar e comparar), mas também a de operação com
fonemas, sílabas, rimas e aliterações (contar, segmentar, unir, adicionar, suprimir,
substituir e transpor).
Morais et al. (1998) explicam a consciência fonológica como a capacidade de
representar propriedades fonológicas conscientemente. Esse conceito é geral, e é
38
complementado quando se especifica de qual propriedade o sujeito está consciente.
Assim, a consciência fonológica torna-se necessária quando alguém precisa decidir,
por exemplo, qual de duas palavras ouvidas é maior, ou se duas palavras são ou
não idênticas. Essas tarefas exigem um julgamento fonológico intencional e não uma
mera ativação de estruturas fonológicas.
Os processos usados por crianças ainda não alfabetizadas parecem menos
direcionados à extração de informações segmentais do que os utilizados por
crianças mais velhas, alfabetizadas. Menezes (1999) considera que a consciência
fonêmica exige um alto nível de consciência fonológica, já que a percepção da
criança é dificultada por estar lidando com unidades colocadas em um segmento
sonoro contínuo, sem a individualização da realização concreta de cada uma. A
atenção fonêmica, sob a influência do letramento, permite o desenvolvimento mais
fácil da representação consciente dos fonemas, a consciência fonêmica.
As pessoas podem ser sensíveis a propriedades fonológicas sem, no
entanto, serem conscientes dessas (MORAIS et al., 1998). Assim, esses autores
distinguem sensibilidade de consciência fonológica. Para eles, sensibilidade
fonológica é um componente da compreensão da linguagem oral e é demonstrado
por comportamentos que permitem reconhecer, por exemplo, que as palavras do
português “capa” e “mapa” são diferentes, mesmo que apresentadas isoladamente.
Gombert (1992) também distingue da habilidade de analisar a fala
explicitamente em seus componentes fonológicos daqueles processos inconscientes
e automáticos de análise pelos quais a fala é habitualmente percebida e
compreendida. É diferente tomar uma palavra como objeto e perceber que ela é
constituída por segmentos isoláveis, como sílabas e fonemas, por exemplo, do que
perceber as palavras como unidades de diferentes tamanhos. Porém, esse mesmo
autor ressalta a importância dessas habilidades precoces de distinguir sons
lingüísticos, que constituem um pré-requisito não apenas para as habilidades de
consciência fonológica, mas para a compreensão da linguagem.
2.2.3 Níveis de consciência fonológica
A evolução das pesquisas em consciência fonológica permitiu desvendar uma
seqüência geral de seu desenvolvimento, a partir de estudos com pessoas de
39
diferentes idades, línguas e níveis de leitura. Dois padrões de desenvolvimento
ficaram evidentes (ANTHONY et al., 2003):
1 as crianças se tornam gradativamente mais sensíveis a partes menores das
palavras conforme amadurecem; podem detectar ou manipularlabas antes de
detectar ou manipular onsets e rimas, e podem detectar ou manipular onsets e rimas
antes de poder detectar ou manipular fonemas individuais dentro de unidades intra-
silábicas da palavra. Para a compreensão dos termos citados, torna-se importante
compreender a estrutura silábica no português. A sílaba pode ser constituída por
três elementos: onset, núcleo, coda, sendo o núcleo o único elemento obrigatório
nessa estrutura. Segunda a abordagem métrica, a sílaba pode ser assim
representada:
Sílaba
(Onset) Rima
Núcleo (coda)
M a r
(figura 1 estrutura interna da sílaba conforme Selkirk, 1982)
O cleo é sempre ocupado por uma vogal, e as consoantes ficam nas margens
silábicas, nas posições de onset e/ou coda (Matzenauer, 2004).
2
2 as crianças podem detectar palavras que soam de forma semelhante ou
diferente antes que possam manipular sons dentro das palavras, e geralmente
podem combinar/sintetizar informações fonológicas antes de segmentar informações
de mesma complexidade lingüística.
O ritmo dessa seqüência de aquisições pode sofrer variações entre os
falantes das diversas línguas, o que levou à constatação de que a linguagem oral
2
A explanação realizada contempla a teoria Fonológica, com a finalidade de esclarecimento de
termos. Para os estudos da consciência fonológica, porém, o conceito de rima costuma ser tomado
de forma mais ampla, referindo-se às semelhanças de sonoridade na terminação de duas ou mais
palavras, como será exemplificado no decorrer da presente seção.
40
exerce um importante papel no desenvolvimento da consciência fonológica
(ANTHONY E FRANCIS, 2005). Assim, examinando esses diferentes falantes,
cientistas descobriram que características da linguagem oral favorecem o
desenvolvimento de determinada habilidade de consciência fonológica, a depender
das características da estrutura da palavra predominantes na língua em questão, os
determinantes de complexidade lingüística, como a posição dos fonemas nas
palavras e fatores articulatórios.
No Português, a estrutura silábica predominante é CV (consoante + vogal),
que está presente em todas as línguas do mundo e costuma ter emergência mais
precoce no processo de aquisição nos diferentes sistemas lingüísticos (Matzenauer,
2004).
Anthony et al. (2003) definem o desenvolvimento da consciência fonológica
como um continuum heterotípico, sendo que as crianças refinam habilidades já
adquiridas enquanto estão aprendendo outras novas.
Freitas (2004a) apresenta os níveis de consciência fonológica preconizados
por Goswami e Bryant (1990): nível das sílabas; nível das unidades intra-silábicas;
nível dos fonemas.
O primeiro nível refere-se à capacidade da criança em dividir as palavras em
sílabas. Gombert (1992) propõe que a sílaba é a unidade natural de segmentação
da fala, sendo mais fácil para a criança do que as unidades intra-silábicas e
fonêmicas. Desde cedo, as crianças apresentam a habilidade de dividir uma palavra
em suas sílabas oralmente, sendo um excelente indicativo de que possuem um nível
de consciência fonológica, destaca Freitas (2004a). Rueda (1995) salienta que esse
nível pode ser adquirido e desenvolvido antes de a criança aprender a ler.
O nível das unidades intra-silábicas se refere à capacidade de reconhecer
que palavras podem iniciar ou terminar com os mesmos sons, constituindo as
aliterações (braço brisa, maçã milho) e rimas (irmão coração),
respectivamente. As rimas se caracterizam basicamente pela presença de sons
iguais desde a vogal ou ditongo tônico até o último fonema (gato mato); podem
constituir sílabas inteiras (mamão limão), a rima da sílaba (chulé cafuné),
mais do que uma sílaba (história vitória), e em palavras monossílabas oxítonas
são um elemento intra-silábico, reconhecido na distinção onset-rima (véu céu)
(Freitas, 2004a).
41
As rimas parecem fazer parte ao natural do desenvolvimento lingüístico,
aparecendo na vida das crianças desde cedo, em músicas, histórias infantis e
brincadeiras. Talvez seja uma tarefa que ofereça certa facilidade por não exigir
propriamente uma competência analítica, mas uma sensibilidade a similaridades
fonológicas (MAGNUSSON, 1990). Rueda (1995) comenta que este nível é
controverso quanto a sua contribuição para a aprendizagem da leitura, mas os
estudos indicam que esta habilidade auxilia para as analogias entre as palavras.
O terceiro nível refere-se à capacidade de dividir as palavras em fonemas, ou
seja, nas menores unidades de som que podem modificar o significado de uma
palavra. Também é chamada consciência fonêmica. Como já referido, é a habilidade
que reflete maior desenvolvimento de consciência fonológica, e costuma estar
relacionada ao contato com a escrita, mesmo que não seja dentro de um sistema
convencional de ensino. Em uma progressão, a criança que é capaz de realizar
corretamente tarefas de omissões de sons deve possuir um conhecimento
fonológico completo. Por exemplo: se é solicitada que retire o /k/ de /kãma/, a
criança precisa segmentar a palavra em seus componentes sonoros e buscar na
memória o que coincide com o que tem que retirar, emitindo, por último, a nova
palavra /ãma/ (Rueda, 1995).
Rueda (1995) considera que pode existir um nível intermediário entre a sílaba
e o fonema, considerando a hierarquia da sílaba, de onset-rima, mas que
normalmente este é classificado dentro do mesmo nível de rimas e aliterações, pois
para o sujeito identificar a rima entre duas palavras precisa ter habilidade em
identificar o princípio e a rima, o que confirma a existência de uma gradação na
aquisição do conhecimento fonológico
3
.
De modo geral, Rueda (op.cit.) defende que a dificuldade das tarefas que
medem conhecimento fonológico depende, por um lado, dos processos cognitivos
que a criança precisa ter desenvolvido para alcançar seu objetivo; por outro, do nível
lingüístico que se pretende medir com essa tarefa.
Cielo (2001) encontrou nos resultados de sua pesquisa que, pelo critério de
êxito nas tarefas de habilidades em consciência fonológica, estão consolidadas aos
quatro anos a consciência de sílabas; aos cinco e seis anos, também a consciência
3
Rueda (1995) opta pelo termo conhecimento fonológico por considerar que esta expressão engloba
as demais (consciência fonológica, sensibilidade fonológica, conhecimento fonêmico ou
conhecimento segmental) em seus diferentes matizes, com análogo significado (p.65).
42
de rimas, e o início da análise fonêmica; e aos sete e oito anos todos os tipos de
habilidades em consciência fonológica, inclusive o nível fonêmico, parecem
consolidados (p.105).
2.2.4 Protocolos de avaliação da consciência fonológica
No Brasil, protocolos de avaliação têm sido propostos para verificar os
diferentes níveis de consciência fonológica, com objetivos de pesquisa, aplicação
clínica ou prevenção a dificuldades de aprendizagem. Inicialmente eram adaptados
de instrumentos utilizados em outros países.
Ávila (2004) apresenta quatro aspectos que costumam ser contemplados
nessas testagens:
- o tipo de tarefa cognitiva a ser realizada (exemplos: análise, síntese, subtração,
seqüenciação, substituição, reversão, manipulação, transposição, aliteração,
julgamento, emparelhamento, contagem, isolamento, apagamento, elisão, entre
outros);
- a extensão do elemento a ser identificado ou manipulado (palavras de uma frase;
rimas de diferentes palavras; sílabas de uma palavra; fonemas de uma sílaba);
- a carga de significado do elemento (palavras; não-palavras; morfemas
principalmente em rimas; fonemas);
- a posição do segmento a ser identificado ou manipulado dentro da estrutura sonora
à qual pertence.
A conjunção desses aspectos determinará um maior ou menor grau de
dificuldade da tarefa proposta.
Nesta pesquisa serão utilizadas tarefas de um instrumento de avaliação
padronizado e utilizado por profissionais da área da aprendizagem, que atuam
preventiva e terapeuticamente, o CONFIAS (Consciência Fonológica: Instrumento
de Avaliação Seqüencial, 2003), que foi desenvolvido por Moojen e colaboradores.
O CONFIAS diferencia-se de outros instrumentos de avaliação por levar em
conta as características fonológicas do português e por ter uma preocupação tanto
com os dados quantitativos como qualitativos. É um teste abrangente e seqüencial,
graduando a dificuldade em tarefas que vão do simples ao complexo. Possibilita a
investigação das capacidades fonológicas relacionadas às hipóteses de escritura
43
elaboradas por Ferreiro e Teberosky (1991). Dessa forma, tem seu uso indicado
para o trabalho com crianças não alfabetizadas e em processo de alfabetização,
bem como para o tratamento de dificuldades de aprendizagem, tendo aplicação
recomendada para crianças a partir de quatro anos. O instrumento é dividido em
duas partes. A primeira corresponde à consciência da sílaba e é composta por
tarefas de:
- síntese,
- segmentação,
- identificação de sílaba inicial,
- identificação de rima,
- produção de palavra com a sílaba fornecida,
- identificação de sílaba medial,
- produção de rima,
- exclusão de sílaba,
- transposição silábica.
A segunda parte corresponde à consciência fonêmica e é composta por
tarefas de:
- produção de palavra que inicia com o som fornecido,
- identificação de fonema inicial,
- identificação de fonema final,
- exclusão,
- síntese,
- segmentação,
- transposição.
A fim de reduzir a interferência da memória operacional (de curto prazo) e da
fadiga, incluiu gravuras coloridas, que são apresentadas em “janelinhas” para a
criança, uma de cada vez.
No CONFIAS foram utilizados determinados critérios dos quais ressaltamos:
- seleção de palavras que costumam fazer parte do vocabulário da criança;
- utilização de figuras correspondentes às palavras-modelo para auxiliar a
memória das crianças e obter um instrumento lúdico;
- nos itens de identificação, utilização de palavras sem relação de significado
com a palavra-modelo, para evitar interferência semântica (ex.: para a palavra-
modelo “cachorro”, não oferecer outro animal como opção);
44
- atenção ao número de sílabas e uso prevalente de estruturas simples, do
tipo consoante-vogal.
Como apontado por Moojen et al. (2003), um grande desafio é construir uma
escala de habilidades em consciência fonológica ordenada em grau crescente de
dificuldade. A maioria das pesquisas sobre o assunto verifica se o sujeito consegue
ou não realizar determinada tarefa, mas não as estratégias utilizadas pela criança
para a execução da atividade. Citam a importância de gestos corporais, direção do
olhar e apoio articulatório como exemplos de estratégias que não devem ser
descartadas na resolução das tarefas propostas. Pode ser acrescentado que os
aspectos fonológicos envolvidos, o tipo de tarefa e o fato de ser produtiva ou
receptiva, interferem na resolução da tarefa, e parece importante começar a
especular sobre porque em algumas tarefas que envolvem o mesmo processo
cognitivo as crianças parecem obter mais sucesso do que em outras.
2.3 Relação entre compreensão de histórias e consciência fonológica
De acordo com Rossa (2002), o aprendizado humano aparentemente simples
e natural diz respeito desde as respostas automáticas e inconscientes de nosso
corpo, buscando sobrevivência e adaptação, até as questões mais complexas
relacionadas às emoções, capacidades e habilidades individuais. Tudo isso
fortemente influenciado pelo meio, pelas experiências. (p.129)
Nesse sentido, Pereira (2002) comenta a importância de se oferecer
atividades que favoreçam a consciência lingüística da criança a partir da leitura. No
contato com textos, a criança pode constatar o limite da letra na palavra e no texto, a
variação do número de letras, a correlação entre a extensão da emissão fônica e a
extensão da representação gráfica. De acordo com essa autora, ler implica
reconstituir as condições em que a escrita ocorreu (nível pragmático), assim como
os traços semânticos, morfossintáticos e fônico-ortográficos produzidos pelo escritor.
Dessa forma, ler reconstitui o ato de escrever. Pereira (op.cit.) comenta que as
pesquisas sobre as relações entre produção escrita e compreensão em leitura
constatam que, nas turmas escolares em que o ensino de leitura e escrita é
integrado, os alunos apresentam melhor desempenho em ambas.
45
Golbert (1988), em pesquisa sobre audibilização com crianças de cinco a sete
anos de idade, conclui que ficou evidente a integração funcional e evolutiva dos
sistemas de linguagem. Os três fatores estudados, discriminação fonemática,
memória e conceituação, tiveram correlação positiva entre si, de modo que enquanto
crianças com alto nível de conceituação revelaram altos índices de memória e de
discriminação fonemática, crianças com poucas possibilidades conceituais
apresentaram defasagens em termos de memória e discriminação de sons. Assim, é
possível afirmar que as capacidades de conceituação favorecem as tarefas de
memorização e de discriminação fonemática das novas informações lingüísticas, da
mesma forma que a adequada discriminação de sons facilita as tarefas de
memorização e de significação. Na pesquisa realizada por Golbert (1988),
evidenciou-se um grupo de crianças que apresentava altos níveis de discriminação
fonemática, memória e conceituação, com absoluto sucesso nas aquisições de
leitura e escrita (p.16). Uma das importantes conclusões dessa pesquisa diz respeito
à correlação positiva entre dificuldades na discriminação dos sons e baixos
desempenhos nas aquisições de leitura e escritura. Essa constatação traz a
implicação pedagógica de que antes de lidar com a representação gráfica dos sons,
as crianças precisam de mais vivência, exploração e conscientização dos sons da
língua.
Um ambiente rico em narrativas, poesia e música, incentivará o
desenvolvimento da consciência fonológica da criança, que poderá ter mais refinada
a capacidade de interpretar e estabelecer significados, a memória auditiva e visual
enriquecidas e um maior léxico. Dessa forma, aponta Ramos (2003), quanto mais
rico o conhecimento da língua oral, maior a base sobre a qual se estabelecerão
habilidades para a leitura e a escrita.
A leitura mediada pelo adulto permite o importante desenvolvimento da
consciência lingüística e da habilidade de compreensão, ao exercitar a memória e as
relações de sentido contidas em um texto. A participação ativa da criança na
construção do significado é um aspecto importante na construção do vocabulário
(WHITEHURST et al., 1988).
Soroka (1998) revisa pressupostos teóricos a respeito da aquisição da
linguagem e das habilidades metalingüísticas. Enfatiza que, apesar da produção e
da compreensão de linguagem constituir uma realização lingüística diferente da
habilidade metalingüística, que permite refletir sobre a natureza e as propriedades
46
da linguagem, elas estão significativamente relacionadas e se retroalimentam. Essa
autora conclui que certo paralelismo entre aquisição da linguagem e habilidades
metalingüísticas, mesmo que a consciência lingüística possa se desenvolver mais
tarde do que as habilidades de produção e compreensão de linguagem.
Cagliari (2001) afirma que a compreensão do texto escrito é tão relativa, fácil
ou difícil quanto à compreensão oral do mesmo. A consciência lingüística fornecida
pela linguagem oral permitirá, por exemplo, que a criança aprenda as segmentações
do contínuo da fala em partes menores, como as palavras e as sílabas, e, em
determinado momento no continuum da conscientização fonológica, dos fonemas.
Considera que a unidade básica da ngua é sempre a palavra, a qual tem uma
estrutura fonética própria e uma estrutura de escrita também própria. O domínio
dessas estruturas é que garante o progresso da criança na leitura e na escritura.
Capovilla e Capovilla (2004) salientam que os estágios iniciais da consciência
fonológica (consciência de rimas e sílabas) contribuem para o desenvolvimento dos
estágios iniciais do processo de leitura, as habilidades de leitura contribuem para
o desenvolvimento das habilidades mais complexas de consciência fonológica, tais
como as de manipulação e transposição fonêmicas (p.33). Catts e Kamhi (1986)
apontam que crianças com dificuldade de escrita freqüentemente apresentam
atrasos em consciência fonológica, além de dificuldades para a representação
fonológica de estímulos verbais e recuperação de informações fonológicas
armazenadas na memória.
O papel da consciência fonológica para a aquisição da leitura e escrita
também foi investigado em pesquisa conduzida por Cardoso-Martins (1995) com
crianças de seis anos de idade, falantes do português. A consciência fonológica dos
sujeitos foi avaliada antes do início da instrução formal da leitura e foi correlacionada
com medidas de leitura e escrita em avaliações realizadas no meio e no final do ano
letivo. As habilidades de sensibilidade às similaridades fonêmicas e de segmentação
fonêmica foram as que se correlacionaram de forma mais significativa com as
habilidades de leitura e escrita dos sujeitos nos dois momentos de avaliação. A
sensibilidade à rima desempenhou papel significativamente menor nesses
momentos de aprendizagem. Em outra publicação (CARDOSO-MARTINS, 2008),
essa autora comenta que a consciência de segmentos fonológicos mais amplos
como, por exemplo, a rima e a sílaba, desenvolve-se muito antes de a criança
ingressar na escola, sendo destacado seu papel precursor da consciência fonêmica:
47
evidências de que crianças de 3 a 4 anos de idade são
capazes de detectar e produzir rima. Uma questão importante
diz respeito ao papel desempenhado por essa habilidade no
desenvolvimento da habilidade de detectar fonemas (...); alguns
estudos sugerem que a sensibilidade à rima é um precursor
importante do desenvolvimento da habilidade de detectar
fonema. Por exemplo, no estudo de Bryant e col. (1991) com
crianças inglesas, a habilidade de detectar rima aos 4 anos de
idade correlacionou-se significativamente com a habilidade de
identificar fonemas um ano mais tarde.
Nos resultados dos estudos de Foy e Mann (2001) o desenvolvimento da
consciência da rima também se mostrou relativamente independente da instrução e
fortemente associada com a percepção da fala, ao contrário da consciência
fonêmica.
Em outro estudo desses autores (FOY e MANN, 2003), sobre a consciência
fonológica e o ambiente de leitura de crianças pré-escolares, examinando a
consciência da rima e do fonema, a análise dos dados mostrou maior associação da
consciência de rima com a familiaridade dos pais com a literatura infantil, o que está
mais fortemente ligado com as habilidades de discriminação da fala. a
consciência dos fonemas esteve mais ligada a atitudes de instrução de leitura dos
pais, exposição aos meios de comunicação com interface de leitura (como jogos de
computador e programas infantis especializados), que estão associados ao
desenvolvimento do vocabulário e ao conhecimento de letras. Ainda nas conclusões
desse estudo, observou-se que as crianças cujos pais ofereciam maior
disponibilidade de livros e de leitura compartilhada tinham habilidades superiores de
percepção de fala. Não era a freqüência, mas a variedade de exposição que parecia
fazer a diferença. Constatou-se que um ambiente de acesso à leitura nos anos pré-
escolares tem uma importância e influência multifacetada no desenvolvimento da
consciência fonológica, que se verifica pela contribuição ao desenvolvimento do
vocabulário, conhecimento das letras e habilidades de discriminação da fala.
Maluf e Barrera (1997) salientam que, de um ponto de vista pedagógico, a
consciência fonológica, em seus diversos níveis, léxico, silábico e fonêmico, não é
uma simples habilidade a ser treinada de forma mecânica, mas uma capacidade
cognitiva a ser desenvolvida, que está estreitamente relacionada à própria
compreensão da linguagem oral enquanto sistema de significantes.
48
É comprovado, pelos vários estudos citados, que uma ligação estreita
entre consciência fonológica e as habilidades de leitura e escrita, em especial a
consciência fonêmica a partir da aprendizagem formal da leitura. Porém, como
também foi visto, os aspectos fonológicos e conceituais partilham de processos
cognitivos em comum, onde podemos encontrar níveis de maturidade cognitiva
correlatos; onde um está mais desenvolvido, o outro provavelmente também estará.
Este é o aspecto principal investigado nessa pesquisa.
49
3 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA
3.1 Apresentação dos objetivos
A presente pesquisa trouxe como objetivo geral contribuir para os estudos
sobre as relações entre compreensão de história e consciência fonológica,
considerando crianças de 5 a 6 anos de idade.
A partir desse, teve como objetivos específicos examinar, em relação a esses
sujeitos:
- o desempenho na compreensão de uma história ouvida;
- o nível de desenvolvimento da consciência fonológica;
- se há diferença de desempenho nas tarefas de compreensão da história
ouvida pela variação de idade dos sujeitos;
- as inter-relações entre os aspectos analisados no estudo.
3.2 Formulação das Hipóteses
A partir dos objetivos estabelecidos para esta pesquisa, foram formuladas as
seguintes hipóteses:
1. correlação positiva entre os escores de desempenho nos diferentes
instrumentos utilizados para a avaliação da compreensão nessa pesquisa.
2. correlação positiva entre a idade dos sujeitos e seu desempenho nas
tarefas de compreensão da história ouvida.
3. correlação positiva entre os escores de desempenho em consciência
fonológica e os escores de desempenho na tarefa de compreensão de
história dos sujeitos.
3.3 Discriminação e operacionalização das variáveis
Para a primeira hipótese temos como variáveis os escores de desempenho
nos três instrumentos de avaliação de compreensão de história ouvida utilizados
nessa pesquisa.
50
Para a segunda hipótese temos como variáveis a idade dos sujeitos da
pesquisa e os escores de desempenho nos três instrumentos de avaliação de
compreensão de história ouvida utilizados nessa pesquisa.
Para a terceira hipótese temos como variáveis centrais o desempenho global
no instrumento de consciência fonológica e o escore de desempenho nas tarefas de
compreensão de história ouvida selecionadas para esta pesquisa.
51
4 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS
Esta pesquisa foi realizada em campo e utilizou o método transversal para a
obtenção de dados. Os procedimentos para sua realização são descritos a seguir.
4.1 População e Amostragem
A população investigada foi de crianças na faixa etária de 5 a 6 anos, falantes
nativas do português brasileiro, que freqüentam o nível III do Jardim de Infância em
escola particular de classe média de Porto Alegre, o que possibilitou o
emparelhamento de nível socioeconômico na amostra.
A amostragem foi feita levando em conta os seguintes critérios:
- as crianças foram observadas após autorização sob consentimento informado
sobre o objetivo e os procedimentos da pesquisa (APÊNDICE A) e o preenchimento
de questionário sobre o acesso a materiais escritos e de leitura pelos pais;
- as crianças deviam apresentar desenvolvimento típico, sem alterações cognitivas
e/ou auditivas relatadas e/ou observadas pela família e/ou pela escola, aspecto que
foi observado também durante a entrevista com as mesmas.
Desse processo de amostragem, obteve-se amostra de 27 crianças. A idade
dos sujeitos variou de 5 anos e 3 meses a 6 anos e 4 meses, tendo uma diferença
de 1 ano e 1 mês entre o sujeito mais novo e o mais velho da amostra. Dos 27, treze
são do sexo masculino e quatorze do sexo feminino. A distribuição das crianças nas
duas turmas examinadas se dá de forma independente à idade.
4.2 Etapas da pesquisa
Os procedimentos para a realização da pesquisa de campo seguiram os
seguintes passos:
- contato com a escola para apresentação da proposta de pesquisa e
autorização para a realização da mesma;
- reunião com a coordenadora pedagógica da instituição para a combinação
dos passos da execução da pesquisa;
52
- distribuição de solicitação da autorização dos pais para a pesquisa e entrega
de questionário para conhecimento do desenvolvimento da criança e caracterização
da amostra quanto a hábitos de leitura;
- entrega de questionário para caracterização do ambiente de leitura na
escola;
- aplicação dos instrumentos de pesquisa, que serão descritos na seção 4.4.
4.3 Caracterização da amostra
A partir de questionários preenchidos pela família e pela escola (referidos na
seção 4.2), foi realizado um levantamento das principais características dos sujeitos
no que se refere ao ambiente de leitura, formação escolar da família, materiais
escritos e atividades de leitura que existem em casa e na escola. Esta
caracterização visou identificar se a amostra a ser avaliada compartilhava de forma
homogênea de hábitos de leitura e convívio com materiais escritos, visto sua
importância no desenvolvimento de linguagem, conforme a revisão de literatura
realizada na seção 2.1 deste estudo.
A partir desse levantamento de informações para fins de conhecimento da
amostra, foram obtidos dados objetivos de identificação quanto à data de
nascimento das crianças e sua idade em anos e meses no momento da avaliação (já
descritos na amostragem seção 4.1); sua idade de ingresso em escola; o grau de
instrução do respondente (pai ou e); presença ou não de iros e suas
respectivas idades, bem como informações sobre hábitos de leitura dos pais e dos
filhos, e de materiais de leitura disponíveis em casa.
Assim, a idade média de ingresso em escola entre os sujeitos da amostra foi
de 2 anos e 2 meses, sendo que a menor idade de ingresso foi de 4 meses e a
maior foi de 5 anos de idade.
Quanto ao grau de instrução dos respondentes do questionário (ou pai ou
mãe), 4 deles tinham formação até o Ensino Médio ou Ensino Médio incompleto, e
22 até ensino superior ou pós-graduação, tendo 1 respondente sem identificação
desta informação. Das 27 crianças selecionadas, 11 não tinham irmão(s) até esse
momento; 13 têm irmãos mais velhos; e 3 têm irmãos mais novos.
53
Com relação aos hábitos e materiais de leitura expressos no questionário, de
forma geral, as famílias destacam que as crianças mostram interesse em livros, e
existe o bito de ler para os filhos (a maioria no horário noturno, antes de dormir) e
de contar histórias sem livro, o que é feito na maioria das vezes pela mãe ou pelo
pai.
Os pais citam os nomes de vários livros de contos clássicos lidos e
apreciados pelas crianças, e também títulos variados de histórias preferidas dessas.
materiais escritos e de leitura diversificados nas residências, como livros
de histórias, livros de poesias, livros de receitas, jornais, revistas, revistas em
quadrinhos, entre outros.
A maioria dos pais tem o costume de ler, se não livros, revistas e/ou jornais. A
internet também costuma fazer parte do dia-a-dia de várias dessas famílias.
O questionário preenchido pela Coordenadora Pedagógica do Ensino Infantil
e Séries Iniciais, buscou verificar o incentivo ao contato com tarefas de leitura e
escrita que a escola realiza. As perguntas versaram sobre leitura de histórias em
sala de aula; modos de ler/contar histórias; eventos de leitura promovidos pela
escola; materiais escritos disponíveis; presença de biblioteca e a freqüência de
acesso das crianças a esta.
A partir das respostas de seu preenchimento, foi possível caracterizar a
escola freqüentada pelos sujeitos da pesquisa, pois conforme exposto na seção 2.1
desta dissertação, o ambiente escolar tem um importante papel no desenvolvimento
infantil no sentido de proporcionar experiências de leitura e contato com a escrita,
muitas vezes até compensando a falta de vivências dessa natureza na vida familiar.
A presente escola possui biblioteca e os alunos são incentivados a levarem
livros emprestados para casa desde os três anos de idade. O acervo disponível às
crianças conta com livros de contos de fada, de poesias, de aventuras; revistas em
quadrinhos; revistas em geral; folhetos informativos; enciclopédias; dicionários.
O contato com livros infantis é diário, e ocasionalmente também com revistas
e jornais, tendo livros disponíveis em sala de aula e outros que a professora e/ou as
famílias oferecem.
As professoras também costumam contar histórias sem apoio de livros. Além
da regente, também professores especializados, pessoal das editoras, escritores,
bibliotecária, estagiários da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul), e a professora da Brinquedoteca do colégio também têm atividades de
54
leitura e contação de histórias com as crianças. Nesses momentos também se faz
uso de vários recursos lúdicos, como fantoches, avental, flanelógrafo,
fantasias/adereços de personagens e encenações.
É uma instituição que favorece atividades como Oficinas, Hora do Conto,
Semana Cultural, onde a leitura e a literatura são estimuladas.
4.4 Descrição e aplicação dos instrumentos de pesquisa
Nesta pesquisa foram obtidos dados das crianças quanto: à compreensão da
história ouvida; ao desenvolvimento da consciência fonológica. Cada um desses
aspectos exigiu diferentes instrumentos de avaliação, que são descritos em seu
formato e aplicação a seguir, de acordo com o tópico abordado e a ordem com que
os dados foram coletados.
4.4.1 Compreensão da história
Para acessar a compreensão da história pela criança, foi utilizada a
composição de mais de um instrumento de avaliação, de acordo com o que propõem
alguns autores, devido à complexidade do processo compreensivo (Farr e Carey,
1986; Brandão e Spinillo, 1998). Já que compreensão envolve a construção de
sentido, e não a descoberta passiva de um significado (Prentice e Peterson; 1977),
vários processos cognitivos e lingüísticos são colocados em ação, e cada
instrumento de compreensão acessa diferentes mecanismos envolvidos nesse
processo.
Dessa forma, três tarefas foram propostas às crianças do estudo: responder a
perguntas inferenciais sobre uma história lida pela pesquisadora; selecionar figuras
pertencentes/não-pertencentes à história, justificando as retiradas; e organizar cinco
figuras que compunham as partes principais da história na seqüência em que
aparecem na narrativa, justificando a ordem proposta.
Os três instrumentos foram aplicados à história intitulada “A flor e o
passarinho” (BRANDÃO e SPINILLO, 1998 ANEXO A), que foi lida pela
examinadora, preservando a interação entre examinador e examinado, em sala
destinada para esse fim, de modo individual. As respostas foram gravadas em áudio
55
para posterior transcrição. Foi elaborado protocolo específico para a aplicação
desses instrumentos (APÊNDICE B).
Durante a avaliação, foram registrados aspectos de comportamento,
linguagem e atenção, que podem interferir no processo de compreensão.
4.4.1.1 Tarefa de perguntas inferenciais
Inicialmente a criança era acolhida e os passos da avaliação eram explicados,
sendo solicitada sua maior atenção para a história que era “só de ouvir”. Então, a
pesquisadora lia a história para ela, mantendo padrões de entonação com ênfases
previamente definidas.
Após a leitura, eram realizadas oito perguntas orais, de natureza inferencial,
em ordem fixa, sobre pontos específicos da história, objetivando verificar o grau de
precisão na compreensão da mesma. Este procedimento foi replicado da pesquisa
de Brandão e Spinillo (1998), por permitir a comparação de dados encontrados,
sendo que também já foi utilizado em pesquisa de Fontes e Cardoso-Martins (2004).
No estudo original a história era apresentada em uma gravação, a fim de serem
evitadas interferências de entoação, ritmo e ênfase. Porém, optou-se pela leitura da
história diretamente para a criança por essa ser uma situação mais natural e que
preserva a interação com a mesma.
O texto e as perguntas de compreensão (quadro 1) são apresentados a
seguir:
História: A FLOR E O PASSARINHO
Era uma vez uma flor que morava num quintal cheio de
árvores grandes. A flor vivia muito triste pois não havia ninguém com
quem pudesse conversar. As árvores grandes não gostavam dela e
nunca a convidavam para brincar. Um dia, a flor viu um passarinho e
resolveu conversar com ele. Ela foi logo dizendo que estava muito
triste e sozinha.
- Por que você está tão triste? Perguntou o passarinho.
- Aqui fico muito sozinha, disse a flor. Não tenho amigos.
Você poderia ajudar?
- Não se preocupe, respondeu o passarinho, tenho uma idéia
para acabar com sua tristeza. E se foi ele voando rápido para um
jardim vizinho.
56
Neste jardim o passarinho apanhou com o bico, várias
sementes de flores. À noite, voltou para o quintal onde a florzinha
morava e enquanto ela dormia, plantou as sementes na terra. Naquela
noite, choveu muito. Ao amanhecer, a flor teve uma grande surpresa.
O quintal parecia um lindo jardim!
Desde então, a flor viveu muito feliz, pois agora tinha
muitas amigas para conversar.
(Fonte: Brandão e Spinillo, 1998)
Perguntas
Do que tratam
1. Qual o problema da flor?
Evento inicial e problema central
2. O que ela mais queria?
Objetivo do personagem principal
3. Quem resolveu o problema da flor?
Fecha o Quadro em torno do problema
4. O que foi que o passarinho fez para ajudar
a flor?
Ação do passarinho para ajudar a flor
5. Qual foi a surpresa que a flor teve quando
acordou?
Conseqüência da ação do passarinho
6. Por que o quintal ficou parecendo um lindo
jardim?
Integração entre a expressão as amigas e
as flores plantadas pelo passarinho
7. O que fez as sementes crescerem tão
rápido?
Conhecimento de mundo necessário para
compreender o que fez as sementes
brotarem
8. Por que a flor ficou feliz no final da
história?
Conclusão
Quadro 1 Perguntas inferenciais e sobre o que tratam.
Fonte: Brandão e Spinillo, 1998.
57
Dessa forma, temos as perguntas 1, 2 e 3 versando sobre a situação-
problema, as perguntas 4 e 7 sobre a resolução do problema, e as de mero 5, 6 e
8 sobre a conseqüência/conclusão.
4.4.1.2 Tarefa de retirada das figuras não-pertencentes à história
Após a criança responder as perguntas, eram mostradas a ela sete figuras
(APÊNDICE C); duas delas não faziam parte da história, conforme os fatos narrados,
e cinco delas se relacionavam aos fatos principais, de acordo com os cinco blocos
de conteúdo identificados por Brandão e Spinillo (1998), com base nos estudos de
Marcuschi (1989), citados em sua pesquisa:
Bloco 1 apresentação do problema da flor: flor triste porque o tem
amigos.
Bloco 2 encontro da flor com o passarinho e sua decisão em ajudá-la.
Bloco 3 ação empreendida pelo passarinho para ajudar a flor: passarinho
planta sementes ao lado da flor, enquanto ela dorme.
Bloco 4 resultado da ação empreendida pelo passarinho: chove e as
sementes brotam.
Bloco 5 conclusão, desfecho: flor feliz com suas amigas.
As figuras apresentadas eram as seguintes:
Figuras pertencentes à história: I. Flor triste;
II. Flor e passarinho
III. Passarinho plantando as sementes
IV. Chuva
V. Flor feliz com as florzinhas
Figuras não-pertencentes à história: VI. Flor e sapo
VII. Flor e árvore felizes
Com as figuras espalhadas sobre a mesa, a criança deveria selecionar o que
fazia parte da história e o que não fazia parte, justificando sua escolha das retiradas,
com a pergunta: “por que essa não faz parte da história?”. As respostas eram
gravadas e o número das figuras mantidas e retiradas era anotado, bem como a
justificativa das exclusões.
58
Esta tarefa foi criada com o intuito de verificar como as crianças recuperavam
o conteúdo da história com a presença das figuras, e sua capacidade de reconhecer
as que não faziam parte desta. É importante observar que um grau de dificuldade
diferente entre retirar a figura VI (flor e sapo) e a figura VII (flor e árvore felizes), pois
na primeira é exigida uma informação explícita, que se refere às personagens da
história, e na segunda uma informação implícita, onde se infere que se as árvores
não eram amigas da flor, e ela era triste por causa disso, elas não apareceriam lado
a lado sorrindo, felizes.
4.4.1.3 Tarefa de ordenação das figuras da história e justificativa
Após a tarefa de identificação das figuras, devolvia-se para a criança apenas
as cinco figuras pertencentes à história, fora de ordem. Então era solicitado a ela
que as ordenasse em seqüência, de acordo com a história ouvida: “qual figura vinha
antes, qual figura vinha depois, e assim por diante”. Assim que a criança ordenava
as figuras, era pedido que explicasse porque as colocou nessa determinada ordem.
Esta tarefa visava verificar o esquema global da história desenvolvido pelo
sujeito, com a facilitação da presença das figuras referente à narrativa.
A ordem, as alterações que a criança fazia e seus comentários eram
anotados, e as justificativas eram registradas em áudio, para serem transcritas
fielmente à linguagem do entrevistado.
4.4.2 Consciência fonológica
Para avaliar o desenvolvimento da consciência fonológica da criança foi
elaborada uma adaptação do CONFIAS (Consciência Fonológica Instrumento de
Avaliação Seqüencial, 2003).
Como o Confias era o último instrumento a ser aplicado, com todas as
crianças, buscou-se a redução de seu tempo de aplicação, para evitar a fadiga dos
sujeitos, e a possibilidade de se obter um perfil de desenvolvimento da consciência
fonológica de cada criança. Para isso, partiu-se do critério de gradual aumento da
59
complexidade das tarefas propostas no instrumento, que apresenta dois blocos, de
consciência silábica e fonêmica. Foram selecionadas algumas tarefas do mesmo
que fornecessem dados suficientes para estabelecer um perfil de consciência
fonológica para a investigação dessa faixa etária. Para isso, se destacaram àquelas
que normalmente são exeqüíveis dentro dessa faixa etária, segundo estudos citados
na seção 2.2.3 desta dissertação. No estudo de Cielo (2001), por exemplo,
encontrou-se um “divisor de águas” entre as faixas etárias de 4, 5 e 6 e as faixas de
7 e 8 anos, especialmente no que diz respeito às habilidades fonêmicas, que
evidenciam a inter-influência entre a aquisição do código escrito, em torno dos 7
anos, e a emergência dessas habilidades mais complexas. Na pesquisa dessa
autora, as crianças de 5 anos de idade demonstraram êxito nas seguintes tarefas
comuns ao Confias: detecção de rimas; síntese e segmentação silábica; detecção
de sílaba inicial, final e medial; detecção de fonemas iniciais, sendo que aos 6 anos,
acrescenta-se a essas a detecção de fonema final.
Portanto, nesta avaliação, a proposta foi situar-se dentro dos limites do que é
mais fácil e mais difícil dentro das tarefas exeqüíveis nessa faixa etária. Assim,
escolheram-se duas tarefas de cada nível de consciência fonológica (silábico, intra-
silábico, fonêmico), sendo sempre uma de identificação (recepção) e outra de
produção; dessas, usou-se o primeiro e o terceiro item de cada, para manter-se
regular o critério de aumento de complexidade das tarefas. Mantiveram-se os
desenhos de apoio como no teste original nas 4 das 6 tarefas propostas (S3; S4; S7;
F2), apresentadas nas “janelinhas”, uma de cada vez. As atividades propostas
sempre foram precedidas por um exemplo; caso a criança não identificasse a
resposta correta nesse treino, esta era fornecida pela pesquisadora.
A fim de reduzir possíveis fatores de ansiedade da criança, o teste era
apresentado como uma brincadeira com sons e palavras.
Foi preparado protocolo de respostas específico para esta avaliação
(APÊNDICE D). O horário de início e término foi registrado, bem como todas as
respostas e comentários das crianças, explorando-se a reflexão a respeito do
desafio que era proposto.
A avaliação foi composta, então, pelas seguintes atividades, que mantêm a
sigla original do Confias, referindo-se à atividade silábica: S, ou fonêmica: F,
associada ao número do item:
60
S3 IDENTIFICAÇÃO DA SÍLABA INICIAL (apoio de desenho)
Ex.: cobra > copo time loja
Alternativas: faca > fada vaso lata
Cabide > bandeira palito carroça
S4 IDENTIFICAÇÃO DE RIMA (apoio de desenho)
Ex.: mão > sal cão luz
Alternativas: flor > pão dor trem
abelha > relógio orelha vestido
S5 PRODUÇÃO DE PALAVRA COM A SÍLABA DADA
Ex.: Pa = papai, pacote
Sílabas-alvo: Ca
Pi
S7 PRODUÇÃO DE RIMA (apoio de desenho)
Ex.: chapéu = céu, véu
Desenhos-estímulo: balão
Rato
F1 PRODUÇÃO DE PALAVRA QUE INICIA COM O SOM DADO
Ex.: [a] = amigo, agulha
Sons-alvo: [ž]
[š]
F2 IDENTIFICAÇÃO DE FONEMA INICIAL (desenho)
Ex.: sino > sede chuva gema
Alternativas: urso > ovo bolo unha
Macaco > menino presente salada
Também foram coletadas amostras de produção de escrita de duas palavras
que faziam parte da história lida para a criança na avaliação: FLOR e
PASSARINHO. Ela era incentivada a tentar escrever, e todo seu processo reflexivo
expresso verbalmente foi registrado, como as produções de sons, hipóteses de
letras, colocação e retirada de letras, frases ditas durante a escritura. Essa amostra
foi coletada como recurso comparativo aos níveis de consciência fonológica, não
consistindo no objetivo principal desta pesquisa.
Duas palavras escritas também foram apresentadas à criança para que ela
tentasse ler: BICO e SEMENTE. Assim como as coletas de escrita, esta atividade foi
61
registrada em detalhes, consistindo em informação suplementar, não sendo o
objetivo principal desta pesquisa.
4.5 Levantamento de dados
A fim de serem obtidos dados objetivos para a verificação das hipóteses,
aliadas aos dados qualitativos, que auxiliam a interpretar os resultados, as respostas
foram qualificadas e quantificadas conforme descrição a seguir, de acordo com cada
instrumento utilizado.
4.5.1 Compreensão de história
4.5.1.1 Tarefa de perguntas inferenciais
Na tarefa de perguntas inferenciais sobre a história as respostas das crianças
foram classificadas em três tipos, conforme o proposto por Brandão e Spinillo
(1998):
TIPO 1 Incongruente: respostas do tipo “não sei” ou que não apresentam
relação com a história ouvida;
TIPO 2 Geral: respostas que embora mantenham relação com a história são
um tanto genéricas e imprecisas;
TIPO 3 respostas específicas e precisas.
As respostas e sua classificação são exemplificadas no quadro 2:
62
Pergunta
Resposta
1. Qual o problema da flor?
Tipo 1 Ela tava com sede
Tipo 2 Tava triste.
Tipo 3 Ela não tinha amigos
2. O que ela mais queria?
Tipo 1 Água
Tipo 2 Ficar alegre
Tipo 3 Ter muitos amigos para brincar e conversar
3. Quem resolveu o problema da
flor?
Tipo 1 Todo mundo
Tipo 3 O passarinho
4. O que foi que o passarinho fez
para ajudar a flor?
Tipo 1 Deu água a ela
Tipo 2 Conversou com ela
Tipo 3 Pegou sementes de flores e plantou
5. Qual foi a surpresa que a flor
teve quando acordou?
Tipo 1 Um bocado de máquina
Tipo 2 Teve os amiguinhos
Tipo 3 Muitas florzinhas no quintal
6. Por que o quintal ficou
parecendo um lindo jardim?
Tipo 1 Porque tava bonito
Tipo 2 Porque o passarinho plantou as sementes
Tipo 3 Porque só tinha uma flor, aí ficou coberto de
flores
7. O que fez as sementes
crescerem tão rápido?
Tipo 1 É porque tinha muita semente
Tipo 2 A água
Tipo 3 Muita chuva, à noite
8. Por que a flor ficou feliz no
final da história?
Tipo 1 Porque viu o sol
Tipo 2 Porque o passarinho ajudou ela
Tipo 3 Porque ela ficou cheia de amigas
Quadro 2 Exemplos dos tipos de respostas às perguntas inferenciais
Fonte: Brandão e Spinillo (1998)
63
Para a classificação ser mais precisa, três juízes participaram desse
processo. Todos eram mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Lingüística
Aplicada, e tinham relação com a área educacional voltada ao ensino de crianças.
Foi feito o cálculo das três opiniões mais a da pesquisadora, prevalecendo a da
maioria. Em caso de empate em dois a dois, prevaleceu a análise da pesquisadora.
Para fins de tratamento estatístico, as classificações foram analisadas:
- quanto à freqüência com que apareciam nas respostas de cada sujeito;
- quanto à freqüência com que apareciam em relação aos tipos de perguntas (1, 2 e
3: sobre a situação-problema; 4 e 7: sobre a resolução do problema; 6 e 8: sobre a
conseqüência/conclusão);
- quantitativamente com relação a cada sujeito, atribuindo-se uma escala de valor de
0, 10, 20 respectivamente aos tipos I, II, III de resposta. Desta forma, a maior
pontuação possível era de 160 pontos e a menor de 0.
Com este tipo de escala numérica foi possível compor um escore de
compreensão em cada uma das três tarefas propostas e efetuar sua correlação
entre si e com relação ao escore no instrumento de consciência fonológica.
4.5.1.2 Tarefa de escolha das figuras pertencentes à história
Na seleção de figuras, foi utilizado como critério de melhor desempenho na
atividade a retirada das duas figuras que não correspondiam a eventos da história
lida e a preservação das cinco figuras que correspondiam aos 5 eventos principais
da história.
Para fins quantitativos, elaborou-se uma escala de pontuação que considera
a retirada das duas figuras não-pertencentes à história um peso de 50%, divididos
em 30% para a figura VII, de maior grau de dificuldade, e 20% para a figura VI, de
menor grau de dificuldade. As demais figuras compunham outro total de 50%, sendo
considerado o peso de 10% referentes a cada figura pertencente à história que a
criança mantivesse. No total temos um valor de 100%, valor esperado para os
sujeitos com melhor desempenho.
As justificativas foram utilizadas para análise qualitativa.
64
4.5.1.3.Tarefa de ordenação das figuras da história e justificativa
A ordenação de figuras da história e a justificativa da seqüência feita
permitiram verificar como a criança recordou e encadeou os principais fatos da
narrativa ouvida no aspecto espaço-temporal, e sua justificativa auxiliou a entender
como ela realizou esse encadeamento, se de forma precisa, ou parcial, ou se teve a
necessidade de incluir fatos externos à narrativa para dar-lhe seqüência, se excluiu
eventos da história, se considerou mais a descrição das figuras e menos a narrativa,
ou se não conseguiu justificar a seqüência pelos eventos da narrativa ouvida.
O processo de classificação partiu da análise das respostas dos sujeitos.
Desta resultou dois índices, um que se refere à ordenação das figuras em si, e outro
que se refere à explicação dada para a ordenação. Os dois índices se compõem
para a identificação do desempenho de cada sujeito.
Os índices de classificação foram assim estabelecidos:
ORDEM DA SEQÜÊNCIA
1- utiliza todas as figuras e coloca-as na ordem dos eventos da história;
2 utiliza todas as figuras, porém com inversão na ordem dos eventos da história;
3 retira X (número) figuras, mas preserva a ordem dos eventos restantes da história;
4 retira X (número) figuras e altera a ordem dos eventos da história.
JUSTIFICATIVA
A explica a ordem com a narração de pelo menos 5 eventos principais da história;
B explica a ordem descrevendo a imagem e intercalando com a narração de alguns
eventos da história (pelo menos com 3 fatos);
C explica a ordem com a narração de pelo menos 3 eventos da história, mas inclui/exclui
evento(s);
D explica a ordem descrevendo a imagem;
E explica a ordem com o uso predominante de eventos que não são da história (com 3 ou
mais);
F não consegue explicar a ordem.
Os números correspondentes à ordem dada receberam pesos conforme o
quadro abaixo (quadro 3), assim como as letras, que foram transformadas em
valores numéricos. O somatório dos valores nos dá um número que pode ser
comparado com os valores das outras tarefas de avaliação utilizadas.
65
1
2
3
4
A
B
C
D
E
F
30
20
10
0
50
40
30
20
10
0
Quadro 3: descrição do peso atribuído às figuras ordenadas e às justificativas
Para determinar a quantidade de eventos narrados na história, conforme a
classificação estabelecida, foi realizado um levantamento das respostas das
crianças, por figura, que foram analisadas de acordo com o texto original. A partir
desta análise foi feita uma lista de eventos, que pôde ser identificada e contabilizada
na resposta de cada criança:
Figura I:
- a flor/ela tava triste; a flor/ela não tinha ninguém pra conversar; as árvores não
gostavam dela; as árvores não conversavam com ela; as árvores não brincavam
com ela; ela não tinha ninguém pra brincar; a flor/ela tava sozinha; a flor/ela não
tinha amigos.
Figura II:
- o passarinho veio ajudar ela; o passarinho veio conversar; ela viu/encontrou o
passarinho; descrição do diálogo; o passarinho veio (seguido da ação dele, de
plantar).
Figura III:
- o passarinho/ele plantou; o passarinho/ele plantou as sementes; o passarinho/ele
botou as sementes; o passarinho/ele jogou as sementes; o passarinho/ele largou as
sementes; o passarinho/ele enterrou a semente; o passarinho/ele buscou as
sementes e deixou ali; o passarinho/ele buscou sementes no outro quintal.
Figura IV:
- aí/daí choveu (seguido da ação de crescer flores); choveu e as flores cresceram;
choveu e a água podia molhar as flores; choveu muito/bastante; enquanto ela
dormia, choveu; depois que ele plantou, choveu.
Figura V:
- a flor/ela ficou feliz; ficou um quintal de flores; ficou cheia de amigas flores; a
flor/ela teve amigas; a flor/ela teve amiguinhas para conversar; tinha outras flores no
jardim; tem um monte de flor amigas dela; quando ela acordou, tinha um monte de
flores; virou um lindo jardim; nasceu um monte de amigas.
66
Para exemplificar a análise da tarefa, são citados alguns exemplos das
respostas dos sujeitos com a respectiva classificação:
Tarefa
Desempenho do sujeito
Classificação
Ordem dada
I, II, III, IV, V
1
Justificativa
para a ordem
I Começou que a florzinha tava bem triste.
II E daí ela encontrou um passarinho;
III e daí, enquanto ela dormia, o passarinho botava
um monte de sementes.
IV E enquanto ela dormia daí choveu.
V E ela teve um monte de amiguinhas pra conversar!
A
Quadro 4: Exemplo da classificação A para a justificativa da ordem dada às figuras
Tarefa
Desempenho do sujeito
Classificação
Ordem dada
I, II, III, IV, V
1
Justificativa
para a ordem
I Porque essa é a primeira parte da história.
Ela tava triste;
II que ela tava triste e o passarinho conversando,
III caiu a sementinha do bico dele,
IV e daí choveu,
V E depois teve amiguinhas pra conversar
B
Quadro 5: Exemplo da classificação B para a justificativa da ordem dada às figuras
Tarefa
Desempenho do sujeito
Classificação
Ordem dada
II, III, IV, V (exclui a figura I)
3
Justificativa
para a ordem
II Porque ele chega, convida ela prum quintal;
III ele ta colocando as sementinhas; convida ela pra dormir,
né, ele chega e convida ela pra dormir, coloca as sementinhas,
IV e aí chove,
V e aí cresce um monte de flor.
C
Quadro 6: Exemplo da classificação C para a justificativa da ordem dada às figuras
67
Tarefa
Desempenho do sujeito
Classificação
Ordem dada
I, II, III, IV, V
1
Justificativa
para a ordem
I Porque ela tava triste;
II porque o passarinho tava conversando com ela,
III porque o passarinho ta voando,
IV porque ta chovendo.
V porque ta com as flores.
D
Quadro 7: Exemplo da classificação D para a justificativa da ordem dada às figuras
Tarefa
Desempenho do sujeito
Classificação
Ordem dada
I, II, V, IV, III
2
Justificativa
para a ordem
I Porque elas, ela, ah... ela só vai voando com o
passarinho..
II porque o passarinho é dessa floresta.
V Porque ela é de outra floresta.
IV Porque tava noite.
III Porque a lua ficou noite e dava pro passarinho voou
e daí ele pegou sementinha. (e o que ele fez com a
sementinha? “Comeu!”)
E
Quadro 8: Exemplo da classificação E para a justificativa da ordem dada às figuras
Tarefa
Desempenho do sujeito
Classificação
Ordem dada
I, III, II, V
4
Justificativa
para a ordem
I Porque começa primeiro (pq?) Porque eu ouvi bem.
III Não sei... (mas o q o passarinho ta fazendo aí?)
Plantando pro jardim da flor.
II Não me lembro.
V Não me lembro (como é que acaba a história?)
Feliz.
F
Quadro 9: Exemplo da classificação F para a justificativa da ordem dada às figuras
68
4.5.2 Consciência fonológica
Na aplicação do Confias adaptado, a pontuação foi estabelecida da seguinte
forma: as respostas corretas contavam um (1) ponto, e as incorretas zero (0),
totalizando no máximo 2 pontos para cada habilidade testada, e um total de 12
pontos nas 6 tarefas.
Pelos escores totais de pontuação era definido o desempenho das crianças
no teste. Pelos escores parciais podiam ser detectadas diferenças de
desenvolvimento entre as habilidades de consciência fonológica avaliadas.
Para fins qualitativos da pesquisa, foram considerados registros de
observações, comentários e respostas a questões que exploravam o processo de
elaboração de resposta da criança, a fim de enriquecer-se o conhecimento do
processo de reflexão infantil referente aos sons da fala.
69
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
A partir das avaliações aplicadas, são apresentados os dados obtidos para a
análise das hipóteses desta pesquisa.
O procedimento estatístico utilizado partiu de uma análise gráfica e descritiva
dos dados, com o cálculo de algumas medidas de associação, também descritivas,
entre as quais o coeficiente de correlação linear de Pearson (r), que mede o grau de
relacionamento linear entre duas variáveis, e o coeficiente de determinação (R
2
), que
mede o quanto as variações de uma variável explicam as variações de outra
variável. Os dados foram apresentados em tabelas e gráficos, de forma uni e
bivariada.
A tabela 1 mostra a classificação geral das respostas dos sujeitos na tarefa de
perguntas inferenciais sobre a história ouvida, o número total de cada tipo de
respostas, e os escores totais correspondentes.
70
Tabela 1 Classificação das respostas às questões e escore total da tarefa de perguntas
inferenciais
suj.
1
2
3
4
5
6
7
8
I
II
III
9
ESCORE
S1
III
III
III
III
III
III
III
III
0
0
8
0
160
S2
III
III
III
III
III
III
II
III
0
1
7
0
150
S3
III
III
III
III
III
II
II
III
0
2
6
0
140
S4
II
III
III
I
III
III
I
III
2
1
5
0
110
S5
III
III
III
III
I
9*
II
III
1
1
5
1
130
S6
III
III
III
III
III
III
III
III
0
0
8
0
160
S7
III
III
III
I
II
II
III
III
1
2
5
0
120
S8
III
III
III
I
I
II
I
II
3
2
3
0
80
S9
I
I
III
I
II
II
I
II
4
3
1
0
50
S10
III
III
III
III
II
III
III
III
0
1
7
0
150
S11
III
III
9
9
9
9
9
9
0
0
2
6
40
S12
III
III
III
III
III
III
II
III
0
1
7
0
150
S13
III
III
III
III
III
III
III
III
0
0
8
0
160
S14
III
III
III
III
III
I
II
III
1
1
6
0
130
S15
I
I
III
I
I
II
III
I
5
1
2
0
50
S16
III
III
III
II
I
I
I
II
3
2
3
0
80
S17
III
III
III
III
III
III
II
III
0
1
7
0
150
S18
III
III
III
III
III
III
III
III
0
0
8
0
160
S19
I
I
I
I
I
I
I
I
8
0
0
0
0
S20
III
III
III
III
III
II
III
III
0
1
7
0
150
S21
III
III
III
III
III
III
III
III
0
0
8
0
160
S22
II
III
III
III
II
III
III
II
0
3
5
0
130
S23
III
III
III
II
III
II
III
III
0
2
6
0
140
S24
II
I
III
I
I
II
II
I
4
3
1
0
50
S25
III
III
III
II
III
II
II
II
0
4
4
0
120
S26
III
III
III
II
I
I
II
I
3
2
3
0
80
S27
I
I
III
I
I
I
III
I
6
0
2
0
40
- cálculo do escore: I = 0; II = 10; III = 20
*Onde 9 se refere a perguntas não realizadas; S5 teve apenas uma pergunta não realizada, e, por
probabilidade, atribuiu-se a classificação III nesta resposta. S11 foi eliminado do cálculo do escore de
compreensão em função do alto número de perguntas não-realizadas, por problemas técnicos na
gravação.
Foi verificado que cinco dos 26 sujeitos considerados alcançaram o escore
máximo de 160 (sujeitos:1, 6, 13, 18, 21), cinco alcançaram o escore de 150
(sujeitos: 2, 10, 12, 17, 20), e dois o escore de 140 (S3 e S23), totalizando 12
sujeitos da amostra com alto grau de desempenho nessa tarefa. Numa faixa de
médio grau de desempenho, entre 110 e 130, ficaram 6 sujeitos (S4, com 110; S7 e
S25, com 120; S5, S14 e S22, com 130); e 8 tiveram escores que podem ser
71
considerados de baixo grau de desempenho, de 80 a 0 (S8, S16 e S26, com 80; S9,
S15 e S24, com 50; S27 e S11, com 40). Um sujeito obteve o escore zero, devido ao
grande número de respostas não sei/não lembro. O escore médio dos 26 sujeitos foi
115.
Foi realizado levantamento da freqüência das classificações das respostas de
acordo com as perguntas realizadas, que se referiam a diferentes partes do texto,
conforme explicado na seção 4.4.1.1.
tipos
resp.
1
2
3
4
5
6
7
8
total
I
4
5
1
8
8
5
5
5
41
II
3
0
0
4
4
9
9
5
34
III
20
22
25
14
14
11
12
16
134
9
0
0
1
1
1
2
1
1
7
total
27
27
27
27
27
27
27
27
216
Quadro 10 Classificação das respostas por perguntas
Perguntas: 1, 2 e 3: situação-problema; 4 e 7: resolução do problema; 5, 6 e 8: conseqüência/conclusão.
9 indica pergunta não realizada.
De acordo com o quadro 10, pode ser observado que as respostas
classificadas como tipo III, predominaram nas questões 1, 2 e 3, que se referiam à
situação-problema; de um total de 134 respostas do tipo III, 67 foram dadas nessas
questões. Nas demais questões, houve uma distribuição regular.
As respostas do tipo II se distribuíram nas questões 4, 5, 6, 7 e 8, que se
referiam à resolução do problema e à conseqüência e conclusão; das 34 respostas
do tipo II, 31 foram dadas nessas questões, sendo que 18 delas nas questões 6 e 7.
As respostas do tipo I se distribuíram de forma proporcional entre as
questões, com exceção da número três, a qual 25 dos 26 sujeitos respondentes o
fizeram de forma precisa.
Num panorama geral, predominaram respostas do tipo III, com 134 das 216
respostas, o equivalente a 62,04% das respostas. As respostas do tipo I foram mais
freqüentes do que as do tipo II, com 18,98% e 15,74%, respectivamente.
A partir da tarefa de figuras retiradas, foi elaborada a tabela 2, onde o
destacadas as figuras retiradas por cada sujeito, e os escores totais, de acordo com
a escala utilizada, referida na seção 5.3 desta dissertação.
72
Tabela 2 Figuras retiradas e escore total por sujeito
,
suj.
1
2
3
4
5
6
7
TOTAL
S1
1
1
1
90
S2
1
1
100
S3
1
1
60
S4
1
70
S5
1
1
100
S6
1
1
30
S7
1
1
100
S8
1
1
100
S9
1
1
1
90
S10
1
70
S11
1
1
60
S12
1
70
S13
1
1
100
S14
1
1
1
90
S15
1
1
100
S16
1
1
1
90
S17
1
1
100
S18
1
1
100
S19
1
70
S20
1
1
100
S21
1
1
1
90
S22
1
1
100
S23
1
1
60
S24
1
1
1
90
S25
1
1
100
S26
1
1
1
1
40
S27
1
1
100
Constatou-se o escore máximo de 100, e o mínimo de 30 nesta tarefa. Das 27
crianças testadas, 12 alcançaram o escore máximo (44,44%), o que equivale à
retirada das duas figuras excedentes e a permanência das cinco representativas dos
fatos principais da história.
A figura VI foi retirada por 26 das 27 crianças, e a VII por 18, mostrando
diferença no grau de dificuldade de execução da tarefa. Outras variações nos
escores ocorreram devido à conjugação entre a retirada das figuras esperadas e das
não esperadas. Como no caso dos sujeitos com escore 90 (sujeitos: 1, 9, 14, 16, 21,
24), que pode ser considerado de alto desempenho, que sempre retiraram as duas
figuras esperadas, mas excluíram mais uma que pertencia à história. Nenhum dos 9
73
sujeitos com escore de 70 para baixo retirou a figura VII, que possuía um grau de
dificuldade maior para ser identificada (sujeitos: 3, 4, 6, 10, 11, 12, 19, 23, 26).
A tarefa de ordenação das figuras e justificativas tem suas respostas
apresentadas na tabela 3, juntamente com a ponderação da justificativa, e o escore
total encontrado na escala de compreensão proposta para essa tarefa, conforme
referido na seção 4.5.1.3 desta dissertação.
74
Tabela 3 Ordenação das figuras por sujeito, classificação da justificativa e cálculo do escore total na
tarefa.
Suj.
ordem dada
ordem
Justificativa
Pon_Exp
Total
S1
II III IV V
3
B
2
50
S2
I II III IV V
1
A
1
80
S3
I II III V IV
2
B
2
60
S4
I II III IV V
1
D
4
50
S5
I II III V IV
2
E
5
30
S6
II IV III V
4
D
4
20
S7
I II III IV V
1
D
4
50
S8
I II V IV III
2
E
5
30
S9
III II I V IV
2
E
5
30
S10
I II III IV V
1
A
1
80
S11
I II III IV V
1
A
1
80
S12
I II III IV V
1
A
1
80
S13
I II III IV V
1
A
1
80
S14
I II III V
3
B
2
50
S15
I II III IV V
1
D
4
50
S16
I II III IV V
1
B
2
70
S17
I II III IV V
1
A
1
80
S18
I II III IV V
1
A
1
80
S19
I II V IV III
2
F
6
20
S20
I II III IV V
1
A
1
80
S21
I II IV III V
2
B
2
60
S22
I II III IV V
1
A
1
80
S23
I II IV - V
3
B
2
50
S24
I III - II V
4
F
6
0
S25
I II III IV V
1
A
1
80
S26
I II
3
C
3
40
S27
I II III IV V
1
D
4
50
Sendo: ORDEM:
1 utiliza todas as figuras e coloca-as na ordem dos eventos da história
2 utiliza todas as figuras, porém com inversão na ordem dos eventos da história
3 retira figuras, mas preserva a ordem dos eventos restantes da história
4 retira figuras e altera a ordem dos eventos da história
JUSTIFICATIVA:
A explica a ordem com a narração de pelo menos 5 eventos principais da história;
B explica a ordem descrevendo a imagem e intercalando com a narração de alguns eventos da história
(pelo menos com 3 fatos);
C explica a ordem com a narração de pelo menos 3 eventos da história, mas inclui/exclui evento(s);
D explica a ordem descrevendo a imagem;
E explica a ordem com o uso predominante de eventos que não são da história (com 3 ou mais);
F não consegue explicar a ordem.
75
Observou-se uma pontuação máxima de 80 e mínima de 0 nessa tarefa. A
média dos escores foi de 55,92. Dez das 27 crianças alcançaram escore máximo na
tarefa (sujeitos: 2, 10, 11, 12, 13, 17, 18, 20, 22, 25), demonstrando que mantiveram
o esquema de ordem temporal e causal dos eventos e o expressaram em suas
explicações com a narração das principais partes da história. Seis sujeitos
mantiveram a descrição da imagem como apoio à sua justificativa, intercalando-os
com pelo menos três fatos da história; cinco apenas descreveram as imagens para
explicar a ordem, totalizando 11 sujeitos que ainda fizeram uso desse apoio para
explicar a ordem da história.
O sujeito 24 não conseguiu ordenar todas as figuras e nem dar uma ordem
explicativa à narração, obtendo o escore zero nessa tarefa; o sujeito 19 obteve
escore zero na tarefa de perguntas inferenciais (muitas respostas do tipo não me
lembro); esses escores muito baixos, em uma amostra considerada pequena,
podem influir com maior peso nas correlações, sendo considerados valores atípicos
(outliers). Por essa razão, por orientação estatística, foram eliminados dos lculos
de correlação, mas serão considerados nas análises qualitativas dos resultados e
quantitativas por tarefa.
Os escores totais de todas as tarefas de compreensão são apresentados na
tabela 4 conforme o desempenho de cada sujeito. Em seguida, na tabela 5, são
apresentados os cálculos de correlação entre as três tarefas, a idade e o sexo dos
sujeitos da amostra.
76
Tabela 4 Idades dos sujeitos (meses) e escores dos instrumentos utilizados para verificar a
compreensão da leitura.
Turmas
sujeitos
idade
Perguntas
Retiradas
Ordem
I
S1
72
160
90
50
I
S2
76
150
100
80
I
S3
72
140
60
60
I
S4
70
110
70
50
I
S5
65
130
100
30
I
S6
68
160
30
20
I
S7
64
120
100
50
I
S8
65
80
100
30
I
S9
63
50
90
30
I
S10
72
150
70
80
I
S12
74
150
70
80
I
S13
73
160
100
80
II
S14
75
130
90
50
II
S15
64
50
100
50
II
S16
72
80
90
70
II
S17
71
150
100
80
II
S18
68
160
100
80
II
S20
67
150
100
80
II
S21
67
160
90
60
II
S22
70
130
100
80
II
S23
71
140
60
50
II
S25
70
120
100
80
II
S26
70
80
40
40
II
S27
64
40
100
50
Obs.: O sujeito 11 foi excluído da amostra pela insuficiente quantidade de respostas na tarefa de perguntas,
devido a falhas técnicas de gravação; e os de número 19 e 24 em função de resultados negativos muito
discrepantes, que em uma amostra reduzida podem afetar a correlação.
Tabela 5 Correlação entre sexo, idade e as três tarefas de compreensão leitora.
Sexo
idade
Perguntas
Retiradas
Ordem
sexo
1,00
idade
-0,07
1,00
Perguntas
-0,27
0,54
1,00
Retiradas
0,18
-0,22
-0,12
1,00
Ordem
-0,06
0,52
0,42
0,36
1,00
Obs.: os valores em negrito indicam correlações significativas ou razoavelmente significativas.
77
Os índices da tabela 5 mostram pouca ou nenhuma correlação entre o sexo e
as tarefas de compreensão, com valores próximos de zero. Ao contrário do fator
sexo, a idade foi significativa na correlação com as tarefas de perguntas (0,54) e
ordenação de figuras (0,52). Crianças mais velhas tendem a ter melhores escores
de desempenho nessas tarefas. com a tarefa de retirada de figuras, a correlação
com a idade foi negativa (-0,22). Isto significa que houve alguns sujeitos mais novos
que obtiveram escores altos e alguns sujeitos mais velhos que obtiveram escores
baixos. As tarefas de perguntas e de ordenação de figuras tiveram correlação
positiva significativa entre si (0,42). Ou seja, quando o desempenho nas perguntas é
superior, tende a ser superior também o desempenho na ordenação de figuras. A
tarefa de retirada de figuras apresentou correlação razoavelmente positiva com a de
ordenação de figuras (0,36), mas próxima de zero com a tarefa de perguntas (-0,12),
o que mostra que o desempenho nessas tarefas pode variar entre si, ou seja,
alguém ter alto desempenho nas perguntas mas baixo na tarefa de figuras retiradas,
e vice-versa. A tarefa de ordenação de figuras foi a que apresentou correlação
positiva com as demais.
O quadro 11 mostra o Diagrama de Dispersão, que ilustra a correlação
linear das variáveis de desempenho nas tarefas de compreensão e de idades dos
sujeitos da amostra.
78
Quadro 11 Diagrama de dispersão: correlação entre idades (meses) e as três tarefas de
compreensão.
Os escores das tarefas de consciência fonológica são apresentados por
idades dos sujeitos (anos e meses) e sexo (f feminino; m masculino), na tabela 6
a seguir, com as pontuações parciais e totais do instrumento.
79
Tabela 6 índices de consciência fonológica por idade, sexo e por tarefa realizada.
Idade/sexo
S3
S4
S5
S7
F1
F2
Total
5:3 /f
1
0
1
1
1
1
5
5:3 /f
1
1
2
0
1
0
5
5:4 /m
1
2
1
1
2
2
9
5:4 /m
2
0
1
0
1
0
4
5:4 /m
2
2
2
2
0
1
9
5:5 /m
2
1
2
1
2
2
10
5:5 /f
1
0
2
0
1
0
04
5:7 /m
2
1
1
0
1
2
7
5:7 /m
1
2
2
2
2
2
11
5:8 /f
1
0
2
1
1
1
06
5:8 /f
2
2
2
1
2
1
10
5:8 /f
1
2
2
1
2
1
09
5:10 /m
0
1
2
1
1
0
5
5:10 /f
2
0
2
1
1
2
8
5:10 /f
1
0
2
1
2
1
7
5:10 /f
2
1
2
2
2
2
11
5:11 /f
2
1
1
0
1
2
7
5:11 /f
2
1
2
0
2
2
9
6:0 /m
2
2
2
2
1
2
11
6:0 /m
2
2
2
2
2
2
12
6:0 /m
2
2
2
1
1
2
10
6:0 /f
1
0
2
1
2
2
8
6:1 /m
2
2
2
0
2
1
9
6:1 /f
1
2
2
1
2
2
10
6:2 /f
2
2
2
2
2
2
12
6:3 /m
2
2
2
1
2
2
11
6:4 /m
2
2
2
0
2
2
9
Legenda: S3 identificação de sílaba inicial; S4 identificação de rima; S5 produção de palavra com
a sílaba dada; S7 produção de rima; F1 produção de palavra que inicia com o som dado; F2
identificação de fonema inicial.
A pontuação das atividades de cada tarefa variava de 0 a 2; e o total máximo
das 6 tarefas era de 12 pontos. A média geral foi de 8,44 pontos.
80
Apenas 2 dos 27 sujeitos, um de 6 anos, do sexo masculino (S10), e um de 6
anos 2 meses, do sexo feminino (S12), alcançaram o escore total máximo; 4
alcançaram 11 pontos (sujeitos: 1, 14, 21, 25); e 4 alcançaram 10 pontos (sujeitos: 8,
13, 16, 18). Ou seja, 10 dos 27 sujeitos (37,04%) obtiveram escores que podem ser
considerados altos nesta atividade. Desses, três se encontravam até a idade de 5
anos 10 meses, e sete deles de 5 anos e 10 meses em diante.
Dos 27 sujeitos, 11 alcançaram escores de 7 a 9 pontos, que podem ser
considerados de médio desempenho (sujeitos: 2, 3, 4, 7, 9, 17, 20, 22, 23, 24, 27).
Dos 27 sujeitos, 6 alcançaram escores entre 4 e 6 pontos, que podem ser
considerados de baixo desempenho (sujeitos: 5, 6, 11, 15, 19, 26).Os escores mais
baixos, de 4 pontos, se concentraram na faixa etária até 5 anos 5 meses de idade
(S5 e S15); um escore de 5 pontos ocorreu na faixa etária de 5 anos 10 meses,
sendo que a partir dessa idade o mínimo de pontuação foi de 7 pontos.
A tabela 7 mostra o quadro geral dos sujeitos com seus totais parciais e totais
das tarefas de consciência fonológica, reunidos com os totais das tarefas de
compreensão de história.
81
Tabela 7 Totais parciais e totais (TG) do instrumento de consciência fonológica e escores
dos instrumentos de compreensão.
Turma
sujeito
Idade
S3
S4
S5
S7
F1
F2
TG
Perguntas
Retiradas
Ordem
I
S1
72
2
2
2
2
1
2
11
160
90
50
I
S2
76
2
2
2
0
2
1
9
150
100
80
I
S3
72
1
0
2
1
2
2
8
140
60
60
I
S4
70
2
0
2
1
1
2
8
110
70
50
I
S5
65
1
0
2
0
1
0
4
130
100
30
I
S6
68
1
0
2
1
1
1
6
160
30
20
I
S7
64
1
2
1
1
2
2
9
120
100
50
I
S8
65
2
1
2
1
2
2
10
80
100
30
I
S9
63
1
0
1
1
1
1
5
50
90
30
I
S10
72
2
2
2
2
2
2
12
150
70
80
I
S12
74
2
2
2
2
2
2
12
150
70
80
I
S13
73
1
2
2
1
2
2
10
160
100
80
II
S14
75
2
2
2
1
2
2
11
130
90
50
II
S15
64
2
0
1
0
1
0
4
50
100
50
II
S16
72
2
2
2
1
1
2
10
80
90
70
II
S17
71
2
1
1
0
1
2
7
150
100
80
II
S18
68
2
2
2
1
2
1
10
160
100
80
II
S20
67
2
1
1
0
1
2
7
150
100
80
II
S21
67
1
2
2
2
2
2
11
160
90
60
II
S22
70
1
0
2
1
2
1
7
130
100
80
II
S23
71
2
1
2
1
2
2
9
140
60
50
II
S25
70
2
1
2
2
2
2
11
120
100
80
II
S26
70
0
1
2
1
1
0
5
80
40
40
II
S27
64
2
2
2
2
0
1
9
40
100
50
A partir desses dados, foi feito o cálculo de correlação entre as tarefas de
consciência fonológica, de compreensão, e idade dos sujeitos, como mostrado na
tabela 8.
82
Tabela 8 Correlações entre os totais parciais e gerais do instrumento de consciência
fonológica, escores dos instrumentos de compreensão e idade dos sujeitos.
Idade
S3
S4
S5
S7
F1
F2
TG
Perg
Ret
S3
0,22
S4
0,37
0,31
S5
0,49
-0,01
0,22
S7
0,11
0,04
0,42
0,49
F1
0,42
0,00
0,25
0,27
0,16
F2
0,39
0,41
0,42
0,07
0,39
0,41
TG
0,51
Perg
0,55
0,03
0,26
0,26
0,04
0,52
0,40
0,40
Ret
-0,22
0,37
0,26
-0,30
-0,20
0,05
0,10
0,13
-0,10
Ord
0,53
0,36
0,44
0,02
0,07
0,39
0,40
0,48
0,43
0,36
Legenda: S3 identificação de sílaba inicial; S4 identificação de rima; S5 produção de
palavra com a sílaba dada; S7 produção de rima; F1 produção de palavra que inicia com
o som dado; F2 identificação de fonema inicial.
Obs.: Os índices marcados em rosa indicam valores significativos de correlação com os totais
gerais de consciência fonológica.
Como pode ser observado a partir da tabela apresentada, os escores da
tarefa de consciência fonológica correlacionaram-se significativamente com a idade
dos sujeitos (0,51), com a tarefa de perguntas (0,40), e com a tarefa de ordenação
de figuras (0,48). Com a tarefa de retirada de figuras a correlação foi pouco
significativa (0,13).
A tarefa S5, de produção de palavra a partir da sílaba dada, foi a que mais se
correlacionou com a idade dos sujeitos (0,49), seguida pela F1, produção de palavra
que inicia com o som dado (0,42). A tarefa S7, produção de rima, foi a que menor
correlação apresentou com a idade (0,11).
Na relação interna entre os escores das tarefas solicitadas foi encontrada
correlação significativa entre S7 e as tarefas S4 (0,42) e S5 (0,49). Isso significa que
quanto maior a habilidade em produzir rimas, maior também é a habilidade de
identificar as rimas e produzir uma palavra a partir de uma sílaba dada. Também foi
significativa a correlação entre a tarefa F2 com S3 (0,41), S4 (0,42) e F1 (0,41).
Dessa forma, uma maior habilidade em identificar o som inicial de uma palavra,
corresponde a um melhor desempenho nas habilidades de identificar a sílaba inicial
de uma palavra, identificar rimas, e produzir palavras a partir de um dado som da
fala.
83
A correlação entre as tarefas específicas de consciência fonológica e às de
compreensão também pode ser verificada. A tarefa de identificação de rima (S7) foi
a que apresentou maior correlação com a tarefa de ordenar figuras (0,44), seguida
da tarefa F2 de identificação de fonema inicial (0,40) e da produção de palavra que
inicia com o som dado, F1(0,39). Essa mesma tarefa, F1, foi a que melhor se
correlacionou com a tarefa de perguntas (0,52), seguida de F2 (0,40). Ou seja, os
sujeitos que apresentaram melhores escores de compreensão de perguntas
inferenciais tinham também a melhor habilidade nos níveis de consciência fonêmica.
A tarefa de identificação de sílaba inicial (S3) foi a de melhor correlação com a de
retirada de figuras (0,37), sendo as demais pouco significativas em seus valores de
correlação.
O quadro 12, apresentado a seguir, mostra o diagrama de dispersão com a
correlação linear de Pearson, com as setas identificando a tendência de crescimento
de escores em cada tarefa de compreensão com a variação da pontuação da tarefa
de consciência fonológica.
Quadro 12 Diagrama de dispersão: correlação linear de Pearson consciência fonológica
e tarefas de compreensão.
84
O quadro 13 mostra o diagrama de dispersão com a correlação linear entre as
idades dos sujeitos e seus escores de desempenho na avaliação de consciência
fonológica.
Quadro 13 Diagrama de dispersão: correlação linear entre idade (meses) e escores de
consciência fonológica.
A linha de tendência desse diagrama mostra aumento dos índices de
consciência fonológica à medida que aumenta a idade dos sujeitos. O cálculo do
coeficiente de explicação R² indica que a variação de idade explica cerca de ¼ da
variação total geral do desempenho em CF.
5.1 Avaliação das hipóteses
A partir dos dados obtidos e apresentados nas tabelas e quadros da seção
4.6, foi possível avaliar as hipóteses propostas para esta pesquisa:
1. correlação positiva entre os escores de desempenho nos diferentes
instrumentos utilizados para a avaliação da compreensão nessa pesquisa.
Para esta hipótese foi verificado que os escores de desempenho entre as
tarefas de perguntas e de ordenação de figuras tiveram correlação positiva
significativa (0,42). Ou seja, quando o desempenho nas perguntas é superior, tende
85
a ser superior também o desempenho na ordenação de figuras. Os resultados da
tarefa de retirada de figuras apresentaram correlação razoavelmente positiva com os
da tarefa de ordenação de figuras (0,36), mas próxima de zero com os da tarefa de
perguntas (-0,12), o que mostra que o desempenho nessas tarefas pode variar entre
si, ou seja, alguém ter bom desempenho nas perguntas, mas ruim na tarefa de
figuras retiradas, e vice-versa. Os resultados da tarefa de ordenação de figuras
foram os que apresentaram correlação positiva com os resultados das demais. Em
vista destes dados pode ser avaliado que a hipótese foi parcialmente confirmada,
havendo correlação positiva entre os resultados de duas das tarefas propostas,
perguntas e ordenação com justificativa, mas parcial da ordenação de figuras com a
retirada das figuras.
2. correlação positiva entre a idade dos sujeitos e seu desempenho nas
tarefas de compreensão da história ouvida.
Em duas tarefas de compreensão de história ouvida, a de perguntas
inferenciais e a de ordenação de figuras com justificativa, houve correlação positiva,
com valores de 0,54 e 0,52, respectivamente. A tarefa de retirada de figuras não-
pertencentes à história não apresentou correlação positiva com a idade; ao
contrário, houve uma pequena correlação negativa (-0,22), mostrando que alguns
sujeitos mais jovens tiveram bom desempenho nessa tarefa, e outros mais velhos
não. Dessa forma, essa hipótese foi parcialmente confirmada.
3. correlação positiva entre os escores de desempenho em consciência
fonológica e os escores de desempenho nas tarefas de compreensão de
história dos sujeitos.
Para esta hipótese foi verificado que os escores de desempenho em
consciência fonológica correlacionaram-se positivamente com a tarefa de perguntas
(0,40), e com a tarefa de ordenação de figuras (0,48). Com a tarefa de retirada de
figuras a correlação foi pouco significativa (0,13). Em vista destes dados pode ser
avaliado que a hipótese foi confirmada.
86
6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A partir da avaliação das hipóteses foi possível aprofundar alguns aspectos
mais específicos e também qualitativos encontrados na pesquisa, junto aos
referenciais teóricos desenvolvidos.
6.1 Correlação entre os escores de desempenho das tarefas de avaliação e
características dos instrumentos utilizados
A correlação positiva encontrada entre os escores de desempenho das
tarefas de avaliação da compreensão da história leva a algumas reflexões. As
tarefas apresentadas exigem diferentes vias de processamento cognitivo. A de
perguntas inferenciais parte da seleção verbal de determinadas partes do texto pelo
avaliador, sendo mais pontual e específica, conforme Brandão e Spinillo (1998); a de
ordenação das figuras e justificativa parte de um estímulo visual manipulado pelo
avaliado, exigindo a recordação da história ouvida: a criança é que precisa
selecionar na história o que estava por trás da imagem apresentada e encontrar a
ordem de causalidade dos fatos, necessitando acessar seu esquema global da
história. Na primeira, concordando com Poersch e Rossa (2007), o sujeito pode não
ter compreendido um evento num primeiro momento, mas a pergunta pode levar o
leitor/ouvinte a „ver‟ e aprender informações. A segunda tarefa, que dependia da
associação da imagem com o esquema cognitivo global da história desenvolvido
pelo sujeito, parece ter oferecido mais possibilidades ao sujeito para inserir ou
excluir elementos da história, a fim de ligar os fatos lembrados, aproximando-se mais
de uma tarefa de reprodução, que também considera o texto como um todo. Ao
reproduzir, é preciso selecionar os aspectos relevantes do texto original e as
relações essenciais entre esses (Brandão e Spinillo, 1998). Esse desafio pode
mobilizar maior interação de conhecimentos prévios ao conteúdo da história para o
desenvolvimento de uma justificativa coerente e que possa „resolver‟ as falhas de
recordação.
O apoio visual das figuras pode se mostrar um facilitador por possibilitar a
recordação de fatos da história, como um fragmento que permite a recordação do
fato original (CASTRO, 2007), como ocorreu no exemplo de S15. Nas perguntas
87
inferenciais esse sujeito, de 5:4, respondeu não se lembro em 5 das 8 perguntas;
porém, com as figuras conseguiu alto desempenho na tarefa de retirada (100),
justificando que a árvore estava sorrindo (caráter inferencial) e mostrou dominar o
esquema temporal da narrativa ao colocar todas as figuras na ordem adequada, mas
com uma justificativa com base na descrição das figuras. O apoio visual é ao mesmo
tempo um desafio quando exige a explanação causal entre as figuras com fatos da
narrativa ouvida, que necessita do esquema cognitivo global da história, com as
relações entre os eventos. Alguns sujeitos mostraram a tendência apenas à
descrição das figuras, como o exemplo de S15, preservando a recordação de ordem
dos fatos, a partir de um esquema temporal, mas o conteúdo do que fazia a ligação
entre os fatos não foi expresso, principalmente com relação às partes da história
referentes à resolução do problema e à conclusão, que nas perguntas também se
mostraram mais difíceis para as crianças dessa faixa etária, especialmente antes
dos seis anos de idade, confirmando o estudo de Brandão e Spinillo (1998). Essa
dificuldade em explicitar os meios que conduzem à resolução e desfecho do
problema central das histórias de modo coerente também foi encontrada em
atividades de elaboração de história, em estudo de Spinillo e Martins (1997). É um
aspecto que merece ser mais investigado em suas implicações cognitivas.
A tarefa de retirada de figuras mostrou-se sensível à discriminação entre os
fatos explícitos e implícitos, e às falhas na recordação de eventos. Foi clara a
distinção entre as crianças que alcançaram um nível e outro de diferenciação,
considerando a associação das figuras VI e VII. Vinte e seis das vinte e sete
crianças identificaram a VI (do sapo com a flor), dezoito identificaram a VII (da árvore
e da flor felizes), mas apenas doze sujeitos identificaram as duas e preservaram as
demais. Porém, a ausência de correlação com a tarefa de perguntas possivelmente
se pelas diferentes habilidades exigidas, mais específicas nas perguntas e mais
globais na retirada de figuras. Assim, algumas crianças também retiraram outras
figuras que pertenciam à história, além das figuras-alvo. Pode ser especulado a
partir das respostas dos sujeitos, entre várias possibilidades, que haja influência da
interpretação da figura, que pode não corresponder à imagem criada pela criança ao
ouvir a história, por motivações mais concretas ou mais ligadas ao esquema
narrativo; ou pela maior liberdade na associação de fatos às figuras apresentadas, já
que não perguntas que direcionem a atenção para determinadas relações entre
os fatos da história. Por exemplo: S1 retirou a figura I, da flor sozinha e triste, por
88
julgar que o passarinho chegava quando ela tava muito triste; ou seja, justifica pelo
esquema narrativo. Já S6 considerou a personagem do passarinho, que é uma
recordação mais concreta e imediata da história, para retirar a figura I, pois justificou
que aqui não tem o passarinho. Para S6 o passarinho deveria estar sempre presente
nos eventos da história.
Uma criança que realiza bem essa tarefa tende a demonstrar boa capacidade
de recordação e de análise-síntese da história, mas para ser mais precisa na
graduação dos níveis de compreensão essa necessita ser aperfeiçoada em seu
formato, acrescentando maior profundidade de análise a partir de um maior estudo
sobre as justificativas dadas pelas crianças para a retirada de determinada figura da
história. Nessas justificativas parece residir sua maior riqueza de acesso ao percurso
cognitivo feito pela criança.
Alguns exemplos nesse sentido merecem ser comentados, a fim de
aprofundar o conhecimento dos diferentes percursos cognitivos das crianças ao
optarem por determinada figura. No caso da figura VII (árvore e flor felizes), serão
citadas algumas justificativas, com diferentes fundamentações no nível de
pensamento: S9, de 5:3, oferece a justificativa de que a retirou porque gosto da
árvore assim sorrindo, e da flor também, expressando um raciocínio com base
afetiva. Esse sujeito retirou outras figuras, que pertenciam à narrativa, e no final da
tarefa desistiu das retiradas, deixando de fora da história apenas a VI, do sapo, que
é uma recordação bem concreta. No resultado final, seu escore refletiu um nível de
pensamento mais afetivo/concreto, mas se esse sujeito tivesse permanecido com
sua escolha inicial poderia ter acertado a tarefa por outro motivo que não o
inferencial. S13 justificou a retirada de forma bem objetiva, porque tem uma árvore,
mas não expressou o fato da árvore estar ali, feliz, com a problemática da flor, que
tornaria essa imagem impossível. Talvez se fosse mais desafiada na sua argüição
pudesse ter respondido com mais profundidade, pois verificou-se que na associação
com as demais tarefas de compreensão, foi um sujeito que teve alto desempenho
em todas. S1 justificou a retirada de forma mais aprofundada, de acordo com os
fatos da história, porque ela ta feliz com a árvore; a árvore convidou ela pra brincar,
expressando seu raciocínio inferencial de forma mais completa. Porém, isto não
quer dizer que o outro sujeito citado, S13, não pudesse -lo feito; talvez não o
tenha expressado por o julgar necessário, pressupondo o entendimento do
interlocutor.
89
Esses são apenas alguns exemplos retirados da vastidão de respostas das
crianças nessa tarefa, que tem essa virtude de possibilitar uma aproximação mais
qualitativa do pensamento da criança, que pode ser mais explorada em outros
estudos sobre o assunto.
A tarefa de retirada de figuras, por outro lado, apresentou correlação razoável
(0,36) de seus resultados com os da tarefa de ordenação e justificativa de figuras.
As duas se assemelham por serem realizadas a partir do estímulo visual, por
exigirem uma recordação eficiente e também um esquema mais global da história.
Porém, a tarefa de ordenação de figuras com justificativa parece exigir um esforço
cognitivo maior, que existe a necessidade de relacionar os eventos representados
nas figuras de forma coerente com a história.
Nessa tarefa, alguns sujeitos resgataram elementos da história ou se deram
conta de algum evento que havia ficado esquecido, pela reflexão exigida para
executar a tarefa. Conforme Goodman (1991), o sujeito pode mudar o que ele
entendeu com base nas questões sobre o texto, que parecem dirigir a atenção para
visões específicas.
Esse tipo de atividade de ordenação também se mostrou bastante eficaz para
desencadear o processo reflexivo das crianças. No caso, a necessidade de
relacionar as figuras uma com a outra mobilizou a comparação com o esquema
narrativo prévio, e quando não havia a recordação da relação de algum evento as
crianças até o criavam, inserindo fatos na história, a fim de buscar coerência.
Também se observou que algumas crianças permaneciam com questões
sobre a história, motivadas pelas questões propostas, e a aparição das figuras dava
oportunidade para resgatá-las, como expresso por S16, quando no final dessa última
tarefa expressou: ah! Eu sei como cresceu a semente: com a chuva! Esse tipo de
fato mostra a importância da interlocução da criança com um adulto em seu
ambiente ou mesmo seus pares, pois o fato de terem sido realizadas perguntas e
propostas de reflexão sobre a história desencadeou um processo interno de busca
de respostas às questões feitas, que continuaram mesmo após a criança ter
realizado a tarefa em si. Isso confirma que, nessa faixa etária, é de fundamental
importância a interação social e a leitura compartilhada, que convoca a criança para
a reflexão, com a tripla função apresentada por Morais (1996): cognitiva, lingüística e
afetiva. Não basta falar à volta da criança, como bem coloca Golbert (1988), mas é a
fala dirigida a ela que a leva a construir significados. Colocar a criança em situação
90
de busca de conhecimentos e de tratamento da informação é papel que precisa ser
desempenhado pelas famílias e em especial pelas escolas.
6.2 Finalidades dos instrumentos, critérios e classificações
A proposta do uso desses instrumentos de avaliação com crianças em
desenvolvimento é conhecer a evolução de sua capacidade de compreensão, e não
avaliá-las em termos de acerto/erro. No caso de uma pesquisa, isso se torna uma
necessidade estatística, que por outro lado oferece a oportunidade de buscarem-se
referenciais para possibilitar conhecer um aspecto específico e situar em que
momento dessa evolução a criança está. Por isso a importância de um critério ao
avaliar as respostas dadas. No caso desta pesquisa seguiu-se o critério adotado por
Brandão e Spinillo (1998), que foi a precisão das respostas com relação ao texto
apresentado.
É importante ressaltar, porém, que essa precisão não se refere a levar em
conta apenas informações explícitas. Ao contrário, pois isto seria uma redução da
visão da compreensão. Muitas vezes a atitude das escolas em geral é considerar
apenas o que os alunos reproduzem literalmente como demonstração de
compreensão, reduzindo-a a recordação. E como pode ser observado, os processos
de generalização e reflexão estão ocorrendo na faixa pré-escolar, em diversos
níveis de desenvolvimento (LURIA, 1987; ROSSA, 2007), e as crianças precisam ter
seu processo reflexivo estimulado dentro de seus ambientes de afeto.
As análises quantitativas e qualitativas realizadas a partir da correlação das
tarefas também reforçam a validade e necessidade da utilização de diferentes tipos
de avaliações quanto à compreensão. Cada recurso acessa um processo cognitivo
com mais especificidade e profundidade do que outro. É na conjugação dos
resultados que podem ser entendidos esses comportamentos infantis, como um
processo em desenvolvimento pertinente a cada indivíduo pelas questões que cada
um se propõe ao texto, e não como uma quantidade de alguma coisa (SMITH,
1989). E, acrescenta-se, nenhuma avaliação infantil de compreensão parecerá
completa se não permitir que a riqueza das respostas infantis venha à tona, nas
suas diferentes formas.
91
Apesar da classificação de tipos de respostas às perguntas inferenciais
revelar-se uma abordagem mais rica do que a do tipo acerto/erro (BRANDÃO E
SPINILLO,1998), ainda assim mostrou-se ampla, pois não discriminava
suficientemente a graduação das respostas dadas pelas crianças; o limite entre uma
e outra não era preciso, tanto que houve muitas disparidades entre os próprios
juízes. Especialmente entre o grau II e III, geral e preciso, respectivamente, onde
surgiram divergências em função de termos usados pelas crianças, ligados à
constituição da história e seu sentido nessa. Por exemplo: na questão 5 (qual foi a
surpresa que a flor teve quando acordou?), o modelo de resposta considerada „geral‟
é „teve os amiguinhos‟, e o preciso „muitas florzinhas no quintal‟; porém, as flores
são as amigas na história, e era o que a flor mais queria. Não deixa de ter
especificidade dizer que a surpresa foi ter amiguinhos, por essa inferência
flor=amigo. Na questão 8 (por que a flor ficou feliz no final da história?), o modelo de
resposta „precisa‟ era „porque ela ficou cheia de amigas‟, onde novamente a questão
flores=amigas não fica clara para o avaliador. Respostas como Porque tinha um
monte de flores!, foram consideradas como precisas (III) nessa pesquisa, em função
desse raciocínio. Com o instrumento de avaliação sendo aplicado com diferentes
amostras será possível aperfeiçoá-lo para que se possam encontrar outras
graduações no processo de classificação da compreensão inferencial.
6.3 Tarefas de compreensão e idade dos sujeitos
Os testes de correlação entre as idades e as tarefas de compreensão
mostraram que uma tendência significativa de as crianças mais velhas, no caso
próximas de seis anos de idade, apresentarem melhor desempenho em tarefas de
compreensão de história ouvida do que as menores, próximas de cinco anos, nas
tarefas de perguntas inferenciais e na ordenação de figuras com justificativa. Esses
resultados se aproximam dos estudos de Brandão e Spinillo (1998), com a diferença
de que naquele estudo foram avaliadas crianças de 4 e 6 anos de idade, que
estavam em momentos de desenvolvimento mais discrepantes. No caso dos sujeitos
de 5:3 a 6:4 dessa pesquisa, com variação de 1:1, a diferença de idade é menor
entre os sujeitos e convívio de todos em sala de aula, o que significa que eles
passam pelos mesmos desafios cognitivos diariamente. Parece se confirmar que há,
92
então, um aspecto de maturidade da cognição ligado à idade presente nessa
gradação (POERSCH, 1991).
6.4 Nível de dificuldade com as diferentes partes do texto
Quanto ao levantamento das dificuldades com relação a determinadas partes
do texto, os dados encontrados corroboraram os estudos de Brandão e Spinillo
(1998).
A parte do texto referente à situação-problema foi compreendida com maior
facilidade pelos sujeitos; havendo maior dificuldade com a parte da resolução do
problema e conseqüência/conclusão. Duas questões particularmente tiveram um
menor número de respostas precisas, a 6 e a 7, com maior número de respostas de
caráter qualificado como geral (9 dos 26 sujeitos considerados).
Na questão 6, por que o quintal ficou parecendo um lindo jardim?, a maioria
das crianças que não tiveram respostas consideradas precisas, no padrão proposto
porque só tinha uma flor, aí ficou coberto de flores, se detiveram na ação do
passarinho (ex.: porque o passarinho fez ficar; só por causa do passarinho; porque o
passarinho ajudou ela; porque o passarinho pegou um monte de semente e plantou),
que é causal ao fato de terem crescido muitas flores.
Observou-se que na questão 7, o que fez as flores crescerem o rápido?,
muitos sujeitos trouxeram uma resposta mais geral, “água”, do que específica,
“chuva”. Por esse mesmo motivo, alguns desses mesmos sujeitos não consideraram
a figura da chuva na tarefa de ordenar e justificar. Podem-se aventar possibilidades
referentes a esse fato. Se fixar na água ao invés de chuva talvez reflita o
conhecimento prévio, de que água faz as plantas crescerem; ou um esquema
simplificado de recordação da história, onde a chuva em si não foi relevante, mas o
que ela trouxe. Este aspecto está de acordo com o proposto por Slobin (1980) de
que “o que fica na memória é uma versão abreviada e esquematizada do que foi
ouvido”; as frases são integradas, e uma estrutura semântica global é formada a
partir dos níveis de experiência do sujeito.
As perguntas 4 (o que foi que o passarinho fez para ajudar a flor?) e 5 (qual
foi a surpresa que a flor teve quando acordou?) foram as que tiveram maior número
de respostas inconsistentes (8 dos 26 sujeitos considerados em cada pergunta). Na
93
pergunta 4, a maioria dos sujeitos que tiveram respostas do tipo inconsistente
referiram não lembrar e todos tinham entre 5:3 e 5:10. Este aspecto é referido por
Hage e Zorzi (2004), que descrevem que crianças na faixa de cinco anos tendem a
não inserir fatos não verdadeiros e preferem dizer que não lembram daquilo que
aconteceu. Também ocorreram duas respostas com tentativas do tipo ele bateu com
o bico na árvore (S7) e Limpou o quintal?! (S8). Aparentemente, essas crianças se
detiveram na idéia do passarinho como a personagem que ajudou a flor, mas não
recordaram propriamente sua ação para isso; o como ele ajudou. Na pergunta 5,
novamente a maioria das respostas do tipo I, inconsistentes, foi decorrente da
ausência de resposta ou por a criança referir não lembrar, havendo duas respostas
do tipo o passarinho (S24) e limpado o quintal (S8).
É interessante observar que na pergunta 8 (por que a flor ficou feliz no final da
história?) houve novo aumento de respostas precisas (16 dos 26 sujeitos
considerados). Parece que as crianças nessa fase tendem a dominar mais
fortemente a situação inicial e a conclusão, fazendo uma ligação sobre como a
história começa e termina, como evolução de um padrão de entendimento
esquemático. Esses aspectos merecem estudos para aprofundamento, com
objetivos específicos para a verificação desses aspectos levantados e também com
amostras maiores para confirmar ou não as tendências apontadas.
6.5 Correlação entre os escores de desempenho das tarefas de consciência
fonológica e de compreensão de história ouvida
A correlação positiva entre desempenho em tarefas de consciência fonológica
e desempenho em compreensão de história ouvida foi um aspecto original e
pertinente nessa linha de estudos, pois a relação da consciência fonológica com as
hipóteses de escrita, com as variações de idade, e na relação com a leitura em fase
escolar são bastante documentadas na literatura e continuam sendo pesquisadas
em suas especificidades.
O fato de a seleção de tarefas de consciência fonológica partir de um
instrumento padronizado e de uso reconhecido, e de serem as que costumam ter
maior possibilidade de ser executadas dentro dessa faixa etária, com variações no
94
grau de dificuldade, foi um aspecto que contribuiu para a aplicação e obtenção de
resultados confiáveis do instrumento.
No formato utilizado, com 12 itens, o tempo médio de aplicação foi em torno
de 12 minutos, o que colaborou para que as crianças o entrassem em fadiga e
com isso não se desanimassem para responder, o que poderia afetar a qualidade do
seu desempenho. Também foi um período de tempo adequado para que as crianças
saíssem da sala de aula sem prejuízo nas suas atividades, sobretudo em escola
privada, onde há um planejamento diário de atividades variadas, com aulas
especializadas, ensaios para apresentações, entre outras propostas.
A média de acertos entre os sujeitos foi de 8,44 em 12 pontos. Esta
corresponde à faixa dia de desempenho dos sujeitos, tendo o instrumento se
mostrado sensível à discriminação dos diferentes níveis de desenvolvimento, com
variações de resultados que foram divididos em três faixas de desempenho, alto,
médio e baixo. Apenas dois sujeitos obtiveram o escore máximo de 12 pontos.
Nenhum dos sujeitos obteve escore abaixo de 4 pontos.
A correlação positiva com a variação de idade (0,51) é coerente com estudos
anteriores (CIELO, 2001; ANTHONY e FRANCIS, 2005; entre outros), sendo que na
presente pesquisa essa variação mostrou ser responsável por cerca de ¼ da
variação total geral do desempenho em consciência fonológica. Sobram os outros ¾
da variação, que pertencem ao contato com a escrita e práticas de leitura, e
aspectos do ambiente que favoreçam a reflexão da oralidade. A tarefa de produção
de rima, por exemplo, foi a que apresentou menor correlação com a idade, o que
sugere estar mais dependente da estimulação ambiental que envolve músicas,
parlendas e literatura. O contato com a escrita e leitura tem grande influência
especialmente na habilidade da consciência fonêmica, que não constitui uma
aquisição automática (LIBERMAN et al., 1980; MORAIS, 1996; MENEZES, 1999;
ÁVILA, 2004; MANN, 2005; entre outros). Mesmo assim, o fator de maturidade
cognitiva determinado pela idade cronológica também mostra ter uma pequena
parcela de influência na evolução da consciência fonológica.
aspectos interessantes a serem considerados na correlação com os
desempenhos em compreensão. Houve correlação positiva com as tarefas de
perguntas inferenciais (0,55) e de ordenação de figuras com justificativa (0,53), que
por sua vez também tiveram correlação positiva entre si. Não houve correlação
apenas com a tarefa de retirada de figuras nãopertencentes à história, que, como
95
foi abordado anteriormente nessa discussão, mostrou que ainda precisa ter seu
formato mais aprimorado para avaliar com maior precisão a graduação entre os
níveis de compreensão.
Parece haver por trás desse resultado certo nível de capacidade de reflexão
comum a esses processos, como também Golbert (1989) apontou em sua pesquisa
de audibilização, conceituação e memória, onde essa autora refere haver uma
integração funcional e evolutiva dos sistemas de linguagem. Maluf e Barrera (1997)
também destacam esse fato ao afirmarem que a consciência fonológica é uma
capacidade cognitiva a ser desenvolvida e o uma mera habilidade treinável, por
estar estreitamente relacionada com a própria compreensão da linguagem oral
enquanto sistema de significantes. Como referido por Slobin (1980), a tarefa do
ouvinte é formar significados partindo dos sons. Pode-se pensar que quanto mais
experiência e reflexão com os sons da língua o sujeito tiver, mais diferenciação e
profundidade semântica ele terá também, e vice-versa. De fato, é uma correlação, e
não uma relação causal, pois na medida em que o desempenho de uma avança, a
outra tende a avançar também.
Os dois tipos de atividades, refletir sobre a estrutura sonora da palavra e
refletir sobre o conteúdo de uma história, que envolve sua forma, têm em comum o
reconhecimento das seqüências de sons, sua retenção e manipulação realizadas
cognitivamente. A consciência fonológica constitui uma das habilidades do
processamento fonológico, que envolve as operações de processamento de
informação (CAPOVILLA e CAPOVILLA, 2004; ANTHONY E FRANCIS, 2005). Este
processamento está integrado com a memória fonológica e o acesso à memória
lexical. Formas fonológicas e significações de palavras estão associadas no sistema
de linguagem infantil (MORAIS, 1996, p.113). Como essas habilidades são
altamente inter-relacionadas no seu desenvolvimento, e como o acesso lexical é
fundamental no processo de compreensão da leitura, existe um ponto de
intersecção claro entre essas atividades.
Também a memória de trabalho, que permite a manutenção temporária do
conteúdo que está sendo processado tem um papel comum a essas tarefas. Mann
(2005) aponta que as habilidades de linguagem oral implicadas no vocabulário,
consciência fonológica, consciência morfológica e memória de trabalho são chaves
particularmente importantes para se compreender o quebra-cabeça de como a
96
linguagem funciona e de como a linguagem oral funciona como uma ponte à
aprendizagem da leitura e da escrita.
Entre as tarefas específicas avaliadas, a tarefa de identificação de rima (S4)
foi a que apresentou maior correlação com a tarefa de ordenar figuras, seguida da
tarefa de identificação do fonema inicial (F2) e da produção de palavra que inicia
com o som dado (F1), essas últimas com valores bem próximos. As tarefas de
fonemas (F1 e F2) também foram as que melhor se correlacionaram com a tarefa de
perguntas inferenciais. Ou seja, os sujeitos que tiveram melhor desempenho nas
tarefas de compreensão também tinham melhor habilidade nas tarefas fonêmicas,
que são de nível mais complexo na escala de desenvolvimento de consciência
fonológica. A tarefa de identificação de rima (S4), por sua vez, foi altamente
correlacionada com as de fonemas.
Esses resultados mostram o quanto a consciência fonológica, e em especial a
fonêmica, mesmo em seus níveis menos complexos, está integrada com a
compreensão de histórias antes mesmo da alfabetização, quando sefundamental
no processo de decodificação e velocidade de leitura, fatores que interferem
diretamente na compreensão, conforme explicitado por vários autores
(CARDOSO-MARTINS, 1995; MORAIS, 1996; FOY E MANN, 2001; COSTA, 2002;
FOY E MANN, 2003; CAPOVILLA E CAPOVILLA, 2004; FREITAS, 2004; MANN,
2005).
97
7 CONCLUSÃO
Neste estudo visou-se explicitar se uma correlação entre os níveis de
compreensão de um texto lido para a criança e o desenvolvimento de suas
habilidades de consciência fonológica. Os sujeitos foram vinte e sete crianças pré-
escolares na faixa etária de cinco a seis anos que freqüentam escola da rede
privada de Porto Alegre.
Entre os objetivos desta pesquisa, buscou-se também conhecer os
desempenhos de compreensão com relação à história ouvida, através da
composição de três instrumentos de avaliação, e verificar se diferença de
desempenho nas tarefas de compreensão da história ouvida pela variação de idade
dos sujeitos.
Verificou-se que houve correlação positiva significativa entre os resultados de
duas das três tarefas de compreensão da história ouvida utilizadas. Os escores de
desempenho da tarefa de perguntas inferenciais e os da tarefa de ordenação de
figuras com justificativa se correlacionaram positivamente, mesmo partindo de
desafios cognitivos diferentes. A de perguntas inferenciais parte da seleção verbal
de determinadas partes do texto, sendo mais pontual e específica. A de ordenação
de figuras com justificativa parte da associação da imagem com o esquema
cognitivo global da história desenvolvido pelo sujeito, considerando o texto como um
todo.
A tarefa de retirada de figuras não-pertencentes à história mostrou-se
sensível à discriminação entre os fatos explícitos e implícitos, e às falhas de
recordação de eventos, mas verificou-se a necessidade de aperfeiçoar seu formato
para maior precisão em verificar os níveis de compreensão. A análise das
justificativas dadas pelos sujeitos, que permite acessar seu percurso cognitivo, é
uma proposta para esta reformulação.
Esta pesquisa confirmou os estudos de Brandão e Spinillo (1998) quanto aos
níveis de dificuldade com relação às partes de um texto narrativo. Nessa faixa etária,
em especial próximo aos cinco anos, as partes do texto referentes à situação-
problema são compreendidas com maior facilidade do que aquelas referentes à
resolução do problema e à conseqüência/conclusão. Um padrão compreensivo que
98
integra o início e o final da história, sem explicitar as relações causais entre os fatos
que levam à resolução e à conclusão, é identificado na presente pesquisa.
Também houve correlação positiva entre a idade e o desempenho em tarefas
de compreensão de história ouvida, considerando a faixa etária avaliada, entre 5:3 a
6:4. uma tendência de as crianças próximas dos seis anos de idade apresentar
melhor desempenho nas tarefas de compreensão de história ouvida, com o critério
de precisão de respostas em comparação ao texto original apresentado, do que
aquelas próximas dos cinco anos, nas tarefas de perguntas inferenciais e na
ordenação de figuras com justificativa. Esses resultados corroboram os estudos de
Brandão e Spinillo (1998), que investigaram crianças de 4 e 6 anos de idade com o
mesmo instrumento de perguntas inferenciais.
Cabe ressaltar nesta conclusão que a composição de diferentes instrumentos
de avaliação da compreensão, recomendada por outros autores (FARR E CAREY,
1986; BRANDÃO E SPINILLO, 1998), mostrou-se importante, pois cada recurso
acessa um processo cognitivo e lingüístico com mais especificidade e profundidade
do que outro.
A hipótese de correlação positiva entre os desempenhos nas tarefas de
consciência fonológica e de compreensão de história ouvida na amostra estudada foi
confirmada. Ou seja, na medida em que o desempenho de uma avança, a outra
tende a avançar também. Em função disso pode-se concluir que quanto mais
experiência e reflexão com sons dangua o sujeito tiver, mais diferenciação e
profundidade semântica ele terá também, e vice-versa. Destacou-se especialmente
a correlação significativa entre as tarefas fonêmicas de identificação e produção de
palavras a partir do som inicial com as tarefas de compreensão de perguntas
inferenciais e de ordenação das figuras com justificativa, mostrando que essas
habilidades estão integradas com a compreensão de histórias antes mesmo da
alfabetização.
Este estudo trouxe contribuições para as pesquisas na área de conhecimento
da compreensão, com informações sobre as variações no desempenho de
compreensão de história ouvida de crianças de 5 a 6 anos e na busca de um perfil
de desenvolvimento da compreensão segundo o critério de precisão com relação à
história ouvida. Também trouxe mais dados para contribuir com o aprimoramento
dos testes utilizados nessa área, visto que esta temática de estudo é recente em
nosso meio.
99
Quanto às contribuições na área educacional, um dos aspectos que essa
pesquisa beneficia é trazer um maior embasamento aos pais e professores,
principalmente, para que conheçam os processos envolvidos na compreensão, e as
possibilidades de seu desenvolvimento na criança, que necessita ser incentivada em
seu processo reflexivo. Também contribui para a visão de que a consciência
fonológica é um processo cognitivo e não uma simples atividade mecânica a ser
treinada, que essa capacidade está integrada a outras que interferem nos
processos da aprendizagem infantil. É importante que seja estimulada também na
fase pré-escolar, sendo que o ambiente de incentivo à leitura parece favorecer o
desenvolvimento dessas potencialidades estudadas, que as integra no
processamento da informação.
Por fim, este trabalho trouxe um enfoque diferenciado dos estudos de
consciência fonológica ao correlacioná-la com a compreensão de histórias ouvidas
de pré-escolares, visto que normalmente as pesquisas dessa área se voltam à
escrita e à compreensão leitora após a alfabetização.
Sugere-se para futuros trabalhos de pesquisa a investigação aprofundada das
variáveis ambientais, em especial às ligadas ao acesso a materiais escritos e de
leitura no ambiente familiar, com informações detalhadas sobre a freqüência de
leitura aos filhos, ao modo como se a contação de histórias e a participação da
criança nesse processo, entre outras, e sua interferência no desempenho da
compreensão de histórias ouvidas. A pesquisa com amostras ampliadas, de crianças
na faixa etária de 4 a 6 anos, com critérios de classificação mais precisos no
instrumento de perguntas inferenciais, também se mostra importante para a
definição de referenciais de desempenho mais claros, associados a outros
instrumentos de avaliação de compreensão, como o reconto ou a ordenação de
figuras com justificativa. Também se sugere um estudo sobre as justificativas de
retirada de figuras não-pertencentes à história ouvida, a fim de ampliar as
possibilidades de análise da compreensão fornecidas por esse instrumento. Uma
última sugestão inclui ampliar as tarefas fonêmicas na avaliação da consciência
fonológica correlacionada com o desempenho de compreensão de história ouvida, já
que os níveis menos complexos dessa habilidade mostraram-se correlacionados
positivamente neste estudo.
100
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ÁVILA, Clara Regina Brandão de. Consciência Fonológica. In: FERREIRA, Léslie P.,
BEFI-LOPES, Debora, LIMONGI, Suelly C. O. Tratado de Fonoaudiologia. o
Paulo: Roca, p. 815-824, 2004.
ANTHONY, Jason L., LONIGAN, Christopher J., DRISCOLL, Kimberly, PHILLIPS,
Beth M., BURGESS, Stephen. Phonological Sensitivity: a quasi-parallel progression
of word structure units and cognitive operations. Reading Research Quarterly, n.38,
p.470-487, 2003.
ANTHONY, Jason L., FRANCIS, David J. Development of phonological awareness.
American Psychological Society, v.14, n.5, p. 255-259, 2005.
BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi e SPINILLO, Alina Galvão. Aspectos gerais e
específicos na compreensão de textos. Psicologia: Reflexão e Crítica, v.11, n.2,
Porto Alegre, 1998.
BRANDÃO, Ana Carolina Perusi, SPINILLO, Alina Galvão. Produção e compreensão
de textos em uma perspectiva de desenvolvimento. Estudos de Psicologia, v. 6,
n.1, p. 51-62, 2001.
BRYANT, P. E., McLEAN, M., BRADLEY, L., CROSSLAND, J. Rhyme, alliteration,
phoneme detection and learning to read. Developmental Psychology, n.26, p. 429-
438, 1991.
BUARQUE, Lair et al. Avaliação do desempenho da rede pública escolar do Estado
de Pernambuco na área de linguagem. Estudos em Avaliação Educacional. São
Paulo: Fundação Carlos Chagas, n.5, p. 95-106, 1992.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Como alfabetizar: 20 anos em busca de soluções. In:
Lamprecht, Regina Ritter e Menuzzi, Sergio (org). Anais do Encontro Nacional
sobre Aquisição da Linguagem e do 1º Encontro Internacional sobre Aquisição
da Linguagem Letras de Hoje. Porto Alegre, v.36, nº3, p.47-66, setembro, 2001.
CAPOVILLA, Alessandra Gotuzo S.; CAPOVILLA, Fernando César. Problemas de
leitura e escrita: como identificar, prevenir e remediar numa abordagem fônica. 4 ed.
São Paulo: Memnon, 2004.
101
CARVALHO, Isabel Albuquerque M. de, ALVAREZ, Ana Maria Maaz Acosta,
CAETANO, Aparecida Liberato. Perfil de Habilidades Fonológicas. São Paulo: Via
Lettera, 1998.
CARDOSO-MARTINS, Cláudia. A sensibilidade fonológica e a aprendizagem da
leitura e da escrita. Cadernos de pesquisa, v.76, p. 41-49, 1991.
CARDOSO-MARTINS, Cláudia. Sensitivity to rhymes, syllables and phonemes in
literacy acquisition in Portuguese. Reading Research Quarterly, v.30, n.4, 1995.
CARDOSO-MARTINS, Cláudia. O desenvolvimento da consciência fonológica
nos anos pré-escolares. Disponível em: <http://www.cidadedoconhecimento.org.br/
cidadedoconhecimento/sep/arquivo/101.pdf >. Acesso em 16 jun. 2008.
CASTRO, Joselaine Sebem de. A influência do conteúdo emocional na recordação
de textos: uma abordagem conexionista. In: POERSCH, José Marcelino e ROSSA,
Adriana Angelim (org.) Processamento de Linguagem e Conexionismo. Santa
Cruz do Sul: EDUNISC, 2007.
CATTS, Hugh W.; KAMHI, Alan G. The linguistic basis of reading disorders:
implications for the speech-language pathologist. Language, Speech and Hearing
Services in Schools, 17, p.329-341, 1986.
CIELO, Carla Aparecida. Relação entre a sensibilidade fonológica e a fase
inicial da aprendizagem da leitura. Dissertação (Mestrado em Lingüística Aplicada)
Curso de Pós-Graduação em Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, 1996. 148f.
CIELO, Carla Aparecida. A sensibilidade fonológica e o início da aprendizagem da
leitura. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 33, n. 4, p. 21-59, dez. 1998.
CIELO, Carla Aparecida. Habilidades em consciência fonológica em crianças de
4 a 8 anos de idade. Tese (Doutorado em Lingüística Aplicada) Curso de Pós-
Graduação em Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2001.
144f.
COLOMER, Teresa; CAMPS, Anna. Ensinar a ler, ensinar a compreender. 2ed.
Porto Alegre: Artmed, 2008.
102
COSTA, Adriana Corrêa. Consciência fonológica: relação entre
desenvolvimento e escrita. Dissertação (Mestrado em Lingüística Aplicada)
Curso de s-Graduação em Letras, Pontifícia Universidade Católica do rio Grande
do Sul, 2002.
FARR, Roger; CAREY, Robert. Reading: What can be measured? 2ed. Newark:
IRA, 1986.
FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1991.
FLÔRES, Onici Claro. Ação-reflexão lingüística e consciência. Letras de Hoje, Porto
Alegre, v. 33, n. 4, p. 109-140, dez. 1998.
FONTES, Maria José de Oliveira; CARDOSO-MARTINS, Cláudia. Efeitos da leitura
de histórias no desenvolvimento da linguagem de crianças de nível sócio-econômico
baixo. Psicologia: Reflexão e Crítica, 17(1), p.83-94, 2004.
FOY, Judith G. and MANN, Virginia. Does strength of phonological representations
predict phonological awareness in preschool children? Applied Psycolinguistics,
22, p.301-325, 2001.
FOY, Judith G. and MANN, Virginia. Home literacy environment and phonological
awareness in preschool children: differential effects for rhyme and phoneme
awareness. Applied Psycolinguistics, 24, p. 59-88, 2003.
FREITAS, Gabriela Castro Menezes de. Sobre a consciência fonológica. In:
LAMPRECHT, Regina Ritter et al. Aquisição Fonológica do Português perfil de
desenvolvimento e subsídios para terapia. Porto Alegre, Artmed, 2004a. P.179-
192.
FREITAS, Gabriela Castro Menezes de. Consciência Fonológica e Aquisição da
Escrita: um Estudo Longitudinal. Tese (Doutorado em Lingüística Aplicada)
Curso de Pós-Graduação em Letras, Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul,
2004b. 133f.
GATHERCOLE, Susan and BADDELEY, Alan. Working Memory and Language.
Hillsdale: Lawrence Erlbaum Associates, 1993.
103
GOLBERT, Clarissa S. A evolução psicolingüística e suas implicações na
alfabetização: teoria avaliação reflexões. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.
GOMBERT, Jean Émile. Metalinguistic development. Chicago: University of
Chicago Press, 1992. P. 15-37.
GOODMAN, Kenneth. Reading: a psycholinguistic guessing game. In: SINGER,
Harry, RUDDELL, Robert. Theoretical models and process of reading. Newark,
DE: International Reading Association, 1976.
GOODMAN, Kenneth. Unidade na leitura um modelo psicolingüístico transactional.
Letras de Hoje. Porto Alegre, v.26, p.9-43, dez/1991.
GOSWAMI, Usha; BRYANT, Peter. Phonological skills and learning to read.
Hillsdale: Herlbraum, 1990.
IZQUIERDO, Iván. Memória. Porto Alegre: Artmed, 2002.
JERUSALINSKY, Alfredo e col. Psicanálise e desenvolvimento infantil. um
enfoque transdisciplinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988. 205f.
KATO, Mary. O aprendizado da leitura. 6 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
LEYBAERT, Jacqueline, ALÉGRIA, Jésus, DELTOUR, Jean-Jacques e SKINKEL,
Raymond. Aprender a ler: o papel da linguagem, da consciência fonológica e da
escola. In: GRÉGOIRE, Jacques e PIÉRART, Bernadette. Avaliação dos
problemas de leitura: os novos modelos teóricos e suas implicações
diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
LIBERMAN, I.Y, LIBERMAN, A. M., MATTINGLY, I. G.; SHANKWEILER, D.
Orthography and the beginning reader. In: KAVANAUGH, J. e VENEZSKY, R. (Eds.)
Orthography, reading and dyslexia. Baltimore: University Park Press, 1980.
LURIA, Alexandr Romanovich. Pensamento e linguagem as últimas
conferências de Luria. Trad. Diana Myriam Lichstenstein e Mário Corso. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1987. (251 f.)
MAGNUSSON, Eva. Consciência metalingüística em crianças com desvios
fonológicos. In: Yavas, Mehmet. S. (org.). Desvios fonológicos em crianças
teoria, pesquisa e tratamento. Porto Alegre: Mercado Aberto, p.109-148, 1990.
104
MALUF, Maria Regina; BARRERA, Sylvia D. Consciência Fonológica e linguagem
escrita em pré-escolares. Psicologia: Reflexão e Crítica, v.10, p.125-145, 1997.
MANN, Virginia. Celebrating challenges of the future, learning from the past: how
language is a key to the reading puzzle. Monograph: Women Administrators
Conference, 2005.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. O processo inferencial na compreensão de textos.
Relatório Técnico-Científico (CNPq), 1989.
MATZENAUER, Carmem cia Barreto. Bases para o entendimento da aquisição
fonológica. In: LAMPRECHT, Regina Ritter et al. Aquisição Fonológica do
Português: perfil de desenvolvimento e subsídios para a terapia. Porto Alegre:
Artmed, 2004.
MAYER, R El futuro de e psicologia cognitiva. Madrid: Alianza Editorial, 1985.
MENEZES, Gabriela Ribeiro Castro de. A consciência fonológica na relação fala-
escrita em crianças com desvios fonológicos evolutivos. Dissertação (Mestrado
em Lingüística Aplicada) Curso de Pós-Graduação em Letras, Pontifícia
Universidade Católica do rio Grande do Sul, 1999. 139f.
MENN, Lise, STOEL-GAMMON, Carol. Desenvolvimento fonológico. In: FLETCHER,
Paul, MACWHINNEY, Brian. Compêndio da linguagem da criança. Porto Alegre:
Artes Médicas, p. 277-295, 1997.
MOOJEN, Sônia, SANTOS, Rosângela Marostega. Avaliação metafonológica:
resultados de uma pesquisa. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 36, n. 3, p. 751-758,
set/2001.
MOOJEN, Sônia e col. CONFIAS: consciência fonológica instrumento de
avaliação seqüencial. Porto Alegre: Casa do Psicólogo, 2003.
MORAIS, José, KOLINSKY, Régine, ALEGRIA, Jesus e SCLIAR-CABRAL.
Alphabetic literacy and psychological structure. Letras de Hoje. Porto Alegre, v.33
(4), p.61-79, dez/1998.
MORAIS, José. A arte de ler. Trad. Por: Álvaro Lorenciani. São Paulo: Editora
Unesp, 1996.
105
PEREIRA, Vera Wannmacher. Alfabetização: a leitura no fio da história. In:
PEREIRA, Vera Wannmacher (org.). Aprendizado da leitura: ciências e literatura
no fio da história. Porto Alegre: Edipucrs, 2002.
POERSCH, José Marcelino. Por um nível metaplícito na construção do sentido
textual. Letras de Hoje. Porto Alegre, v.86 (4), p.127-143, dez/1991.
POERSCH, José Marcelino. Uma questão terminológica: consciência,
metalinguagem e metacognição. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 33, n. 4, p. 7-12,
dez. 1998.
POERSCH, José Marcelino; ROSSA, Adriana (org.) Processamento de Linguagem
e Conexionismo. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2007.
PRENTICE, W. C.; PETERSON, J. Beyond passage dependency: a closer look at
what reading comprehension tests measure. Paper presented at the annual
convention of the National Reading Conference, New Orleans, dez. 1977.
RAMOS, Ana Paula Fadanelli. A interface entre oralidade e escrita: reflexões
fonoaudiológicas. In: Berberian, Ana Paula; Massi, Giselle de Athayde; Guarinello,
Ana Cristina. Linguagem escrita referenciais para a clínica fonoaudiológica.
São Paulo: Plexus Editora, 2003.
ROSSA, Adriana Angelim. Uma abordagem cognitiva do aprendizado da leitura. In:
PEREIRA, Vera Wannmacher (org.). Aprendizado da leitura: ciências e literatura
no fio da história. Porto Alegre: Edipucrs, 2002.
RUEDA, Mercedes I. Adquisición el conocimiento fonológico. In: RUEDA,
Mercedes I. La lectura: adquisición, dificultades e intervención. Salamanca:
Amaurú Ediciones, 1995.
SALGADO, Cíntia, CAPELLINI, Simone Aparecida. Desempenho em leitura e escrita
de escolares com transtorno fonológico. Psicologia Escolar e Educacional, v.8, n.
2, p. 179-188, 2004.
SCLIAR-CABRAL, Leonor. Guia prático de alfabetização, baseado em princípios
do sistema alfabético do português do Brasil. São Paulo: Contexto, 2003.
106
SELKIRK, E. The syllable. In: HULST, H., SMITH, N. The structure of phonological
representations. Dordrecht: Foris, 1982.
SLOBIN, Dan Isaac. Psicolingüística. São Paulo: Nacional, 1980.
SMITH, Frank. Compreendendo a Leitura. 4ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.
SPINILLO, Alina Galvão; MARTINS, Raul Aragão. Uma análise da produção de
histórias coerentes por crianças. Psicologia: Reflexão e Crítica, v.10, p. 219-248,
1997.
SOROKA, Jaqueline G. Conexões entre produção textual e consciência lingüística.
Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 33, n. 4, p. 141-163, dez. 1998.
TAKAHASHI, N. Developmental changes of young children’s story
comprehension. Trabalho apresentado no 25
th
International Congress of
Psychology, Bruxelas, Bélgica, 1992.
WHITEHURST, G.J., FALCO, F. L., LONIGAN, C. L., FISCHEL, J. E., DEBARYSHE,
B. D., VALDEZ-MENCHACA, M. C., CAUFIELD, M. Accelerating language
development through picture book reading. Developmental Psychology, n.24, p.
552-559, 1988.
ZIMMER, Márcia Cristina. A Transferência do Conhecimento Grafema-Fonema
do Português Brasileiro (L1) para o Inglês (L2) na Recodificação Leitora: uma
Abordagem Conexionista. Tese (Doutorado em Letras, área de concentração de
Lingüística Aplicada). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,
out/2003. P.4-27.
ZORZI, Jaime Luiz; HAGE, Simone Rocha de Vasconcellos. PROC Protocolo de
observação comportamental. São José dos Campos: Pulso, 2004.
107
APÊNDICE A - CONSENTIMENTO INFORMADO PARA PARTICIPAÇÃO EM PESQUISA
Prezados Pais de alunos do nível 3 Colégio Champagnat
O Colégio Champagnat está oportunizando que crianças de 5 a 6 anos participem da
pesquisa de mestrado desenvolvida pela fonoaudióloga Clarice Lehnen Wolff, do Programa
de Pós-Graduação em Letras, Lingüística Aplicada, na PUCRS, que investigará a
compreensão de histórias e a consciência fonológica nessa faixa etária. A consciência
fonológica é o reconhecimento de que a fala é formada por pedacinhos menores, os sons, e
a habilidade em lidar com eles, importante no desenvolvimento da linguagem oral e escrita.
Levará em conta, também, informações fornecidas pela família quanto a vivência de leitura
em casa, através do preenchimento de questionários.
Esta observação das crianças se dará de forma lúdica. Após a pesquisadora participar de
atividade em sala de aula para que as crianças a conheçam, haverá entrevista individual
com cada aluno autorizado a participar, dentro da própria escola, verificando a consciência
fonológica e a compreensão de história pela criança.
Com este trabalho, esperamos contribuir para o desenvolvimento da linguagem das crianças
e promover a prevenção a dificuldades de aprendizagem, pois no ambiente escolar
podemos acompanhar o dia-a-dia das crianças e promover seu desenvolvimento mais
saudável.
A partir desta observação se pretende fornecer um retorno aos pais, em grupo, e
individualmente, quando houver necessidade e interesse, para orientações que possam
contribuir para o bom desenvolvimento da linguagem da criança .
Desde agradecemos sua colaboração e nos colocamos à disposição para quaisquer
esclarecimentos.
Atenciosamente,
Clarice Lehnen Wolff
Prof. Dr.Vera Wannmacher Pereira orientadora
Eu, __________________________________, autorizo meu filho(a)
_____________________
a participar da pesquisa sobre “Compreensão de histórias e consciência fonológica em
crianças de 5 a 6 anos” , acima descrita, em ____/____/2008.
108
APÊNDICE B Protocolo de compreensão de história lida para a criança.
Nome: Data:
1. Comportamento da criança durante a leitura:
( ) atento
( ) inicialmente atento e depois menos atento
( ) inicialmente desatento e depois mais atento
( ) desatento
Obs: ___________________________________________________________
2. Questões:
Perguntas
Classificação - tipo
1 Qual o problema da flor?
I II III
2 O que ela mais queria?
I II III
3 Quem resolveu o problema da flor?
I II III
4 O que foi que o passarinho fez para ajudar a flor?
I II III
5 Qual foi a surpresa que a flor teve quando acordou?
I II III
6 Por que o quintal ficou parecendo um lindo jardim?
I II III
7 O que fez as sementes crescerem tão rápido?
I II III
8 Por que a flor ficou feliz no final da história?
I II III
Respostas
1
2
3
4
5
6
7
8
3. Figuras:
3.1 Quais figuras são da história?
I II III IV V VI VII
Obs:__________________________________________________________________
109
Anotar o nº das retiradas: Porque foram retiradas (justificativa)
____________ ________________________________________
____________ ________________________________________
____________ ________________________________________
____________ ________________________________________
____________ ________________________________________
____________ ________________________________________
3.2 Qual a ordem que elas aparecem na história? Qual vem primeiro? Qual vem depois?
Anotar a ordem dada pela criança: _________________________________________
Porque é esta a ordem? (justificativa) _______________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
________________
Classificação da ordem e da justificativa da criança:
Tipo:_________________
Obs: _________________________________________________________________
110
APÊNDICE C figuras da história para as tarefas de retirada de figuras não-
pertencentes à história e ordenação de figuras com justificativa
(Figuras criadas por Clarice L. Wolff, Queiti Carvalho e Jonas Rodrigues Saraiva).
Figuras pertencentes à história (I, II, III, IV e V):
111
Figuras não-pertencentes à história (VI e VII):
112
APÊNDICE D - Consciência Fonológica - PROTOCOLO DE RESPOSTAS
Nome: Data: / / 2008 idade:
Hora - início: h min / término: h min
S3
0
1
observações
Exemplo:
cobra
faca
cabide
S4
0
1
observações
Exemplo:
mão
flor
abelha
S5
0
1
observações
Exemplo:
PA
CA
PI
S7
0
1
observações
Exemplo:
chapéu
balão
rato
F1
0
1
observações
Exemplo:
A
ž
š
113
F2
0
1
observações
Exemplo:
sino
Urso
macaco
114
ANEXO A Texto e perguntas
História: A FLOR E O PASSARINHO
Era uma vez uma flor que morava num quintal cheio de árvores grandes. A flor
vivia muito triste pois não havia ninguém com quem pudesse conversar. As árvores
grandes não gostavam dela e nunca a convidavam para brincar. Um dia, a flor viu um
passarinho e resolveu conversar com ele. Ela foi logo dizendo que estava muito triste
e sozinha.
- Por que você está tão triste? Perguntou o passarinho.
- Aqui fico muito sozinha, disse a flor. Não tenho amigos. Você poderia ajudar?
- Não se preocupe, respondeu o passarinho, tenho uma idéia para acabar com
sua tristeza. E lá se foi ele voando rápido para um jardim vizinho.
Neste jardim o passarinho apanhou com o bico, várias sementes de flores. À
noite, voltou para o quintal onde a florzinha morava e enquanto ela dormia, plantou as
sementes na terra. Naquela noite, choveu muito. Ao amanhecer, a flor teve uma
grande surpresa. O quintal parecia um lindo jardim!
Desde então, a flor viveu muito feliz, pois agora tinha muitas amigas para
conversar.
PERGUNTAS:
1 Qual o problema da flor?
2 O que ela mais queria?
3 Quem resolveu o problema da flor?
4 O que foi que o passarinho fez para ajudar a flor?
5 Qual foi a surpresa que a flor teve quando acordou?
6 Por que o quintal ficou parecendo um lindo jardim?
7 O que fez as sementes crescerem tão rápido?
8 Por que a flor ficou feliz no final da história?
115
116
Clarice Lehnen Wolff
Curriculum Vitae
Dezembro/2008
117
Clarice Lehnen Wolff
Curriculum Vitae
_________________________________________________________________________________
_____
Dados Pessoais
Nome Clarice Lehnen Wolff
Nome em citações bibliográficas WOLFF, C. Lehnen
Sexo feminino
Filiação Antônio Gilberto Lehnen e Cléris Maria Staub Lehnen
Nascimento 19/08/1968 - Porto Alegre/RS - Brasil
Carteira de Identidade 9013433488 sjs - RS - 05/01/1996
CPF 52884520082
Endereço eletrônico
e-mail para contato : clw@via-rs.net
e-mail alternativo : clw@via-rs.net
_________________________________________________________________________________
_____
Formação Acadêmica/Titulação
1986 - 1990 Graduação em Publicidade/Propaganda.
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUC RS, Porto Alegre,
Brasil
Título: O Tráfego Questionado nas Agências de Publicidade
Orientador: Marino Boeira
1990 - 1994 Graduação em Fonoaudiologia.
Instituto Metodista de Educacao e Cultura, IMEC, Porto Alegre, Brasil
_________________________________________________________________________________
_____
Formação complementar
1990 - 1990 Curso de curta duração em Distúrbios de aprendizagem e alternativas educacio.
Fundação de Atendimento ao Deficiente e ao Super Dotado do RS, FADERS,
Porto Alegre, Brasil
Palavras-chave: aprendizagem, linguagem, TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO
1991 - 1991 Curso de curta duração em Atualização em Pediatria.
Hospital de Clínicas de Porto Alegre, HCPA, Porto Alegre, Brasil
Palavras-chave: pediatria, desenvolvimento infantil
1991 - 1991 Extensão universitária em Atualização em Metodologia da Pesquisa.
Instituto Metodista de Educacao e Cultura, IMEC, Porto Alegre, Brasil
Palavras-chave: pesquisa
1991 - 1991 Curso de curta duração em A linguagem na clínica infantil.
Fundação de Atendimento ao Deficiente e ao Super Dotado do RS, FADERS,
Porto Alegre, Brasil
Palavras-chave: desenvolvimento infantil, linguagem, TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO
1992 - 1992 Curso de curta duração em Distúrbios da Voz - atualização em diagnóstico e t.
Hospital de Clínicas de Porto Alegre, HCPA, Porto Alegre, Brasil
Palavras-chave: voz, fonoterapia da voz, fonoterapia
1993 - 1993 Curso de curta duração em Básico em Avaliação e Tratamento das Disfonias.
Centro de Estudos da Voz, CEV, Sao Paulo, Brasil
118
Palavras-chave: voz, fonoterapia da voz
1994 - 1994 Curso de curta duração em Neuropsicologia da Memória.
Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil, ABENEPI, Fortaleza,
Brasil
Palavras-chave: memória, linguagem, aprendizagem
1994 - 1994 Curso de curta duração em Atualização em Técnicas de Reabilitação Vocal.
Centro de Estudos da Voz, CEV, Sao Paulo, Brasil
Palavras-chave: saúde vocal, voz
1995 - 1995 Curso de curta duração em Atualização em Voz.
Centro de Estudos Fonoaudiológicos, CEF, Brasil
Palavras-chave: voz, fonoterapia da voz
1997 - 1998 Aperfeiçoamento em Voz.
Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica, CEFAC, Brasil
Palavras-chave: fonoterapia da voz, saúde vocal, voz
2000 - 2000 Curso de curta duração em Ouvindo, falando e aprendendo.
Centro de Estudos Fonoaudiológicos, CEF, Brasil
Palavras-chave: aprendizagem, processamento auditivo, linguagem
2002 - 2002 Curso de curta duração em Dislexia, do Processo Diagnóstico a Intervenção.
Associação de Dislexia do RS, AD-RS, Brasil
Palavras-chave: aprendizagem, linguagem
2003 - 2003 Curso de curta duração em Atualização em Linguagem escrita.
Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica, CEFAC, Brasil
Palavras-chave: aprendizagem, linguagem
2005 - 2005 Curso de curta duração em III Seminário do Núcleo de Pesquisa da FADERS-
Pesq.
Fundação de Atendimento ao Deficiente e ao Super Dotado do RS, FADERS,
Porto Alegre, Brasil
Palavras-chave: pesquisa
2004 - 2005 Diagnóstico e tratamento dos transtornos do desenv.
Centro Lydia Coriat, CLC, Porto Alegre, Brasil
Palavras-chave: desenvolvimento infantil, linguagem, TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO
2006 - 2006 Curso de curta duração em Atualização na abordagem das Disfagias Orofaríngea.
Hospital Mãe de Deus, HMD, Porto Alegre, Brasil
Palavras-chave: terapia de disfagia, fonoterapia
2008 - 2008 Curso de curta duração em Entoações: Fonética e Fonologia.
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUC RS, Porto Alegre,
Brasil
Bolsista do(a): Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Palavras-chave: Fonologia
______________________________________________________________________________________
Atuação profissional
1. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS
_______________________________________________________________________
Vínculo institucional
2007 - 2008 Vínculo: Colaborador , Enquadramento funcional: Voluntária
119
Atividades
2007 - 2008 Projetos de pesquisa, CELIN
Participação em projetos:
Poesia e Alfabetização aos 6 anos
2. Fundação de Atendimento ao Deficiente e ao Super Dotado do RS - FADERS
_______________________________________________________________________
Vínculo institucional
2005 - 2005 Vínculo: Celetista , Enquadramento funcional: fonoaudióloga , Carga
horária: 40, Regime: Integral
Outras informações:
Atuação como fonoaudióloga em equipe interdisciplinar de Estimulação Precoce e Atendimentos a Portadores
de Deficiência Mental, desenvolvendo projeto de grupos operativos facilitadores da
inclusão.
3. Instituto Metodista de Educacao e Cultura - IMEC
_______________________________________________________________________
Vínculo institucional
1996 - 1996 Vínculo: Celetista , Enquadramento funcional: professora, Regime:
Parcial
Outras informações:
Professora da disciplina Fonoterapia da Voz I
4. Colégio Farroupilha - CF
_______________________________________________________________________
Vínculo institucional
1993 - 2003 Vínculo: empregado , Enquadramento funcional: fonoaudióloga,
Regime: Parcial
Outras informações:
Implantação e desenvolvimento do serviço de Fonoaudiologia da escola, de forma pioneira no estado, iniciando
as atividades em período de estágio e seguindo como funcionária da escola.
______________________________________________________________________________________
Projetos
2007 - 2008 Poesia e Alfabetização aos 6 anos
Descrição: O projeto baseia-se em um trabalho lúdico de poesia com
ênfase nos planos lingüísticos (fônico, semântico, sintático e
pragmático) amalgamados nesse tipo de texto. A proposta de
trabalho baseia-se na articulação da Teoria da Literatura, da
Lingüística e da Educação e tem como fundo teórico especialmente
Gardner (1994), Guedes (1995), Papalia e Olds (1981), Eisner (1995),
Poersch (1990), Ketzer (1997 e 2003) e Menezes (1999), conforme
bibliografia apresentada ao final. O projeto tem por objetivos: construir
uma proposta de trabalho de desenvolvimento de potencialidades
lingüísticas e aprendizado da leitura e da escrita de crianças com
ingresso aos 6 anos na série do Ensino Fundamental;capacitar
professores alfabetizadores para o trabalho com poesia; capacitar
acadêmicos de Letras para monitorarem as oficinas com os
professores; e investigar a contribuição do trabalho para a
alfabetização de crianças aos 6 anos na série. Constituem-se em
questões básicas de pesquisa: em que medida o trabalho com poesia
contribui
120
para o desenvolvimento das potencialidades lingüísticas e o aprendizado da leitura e da escrita de
alunos em classe de alfabetização com ingresso aos 6 anos? qual a percepção dos participantes
(professores, acadêmicos e crianças) sobre o trabalho desenvolvido ao longo do Projeto, no que se
refere à contribuição para o aprendizado da leitura e da escrita de crianças com 6 anos na 1ª série.
Situação: Concluído Natureza: Pesquisa
Alunos envolvidos: Graduação (3); Mestrado acadêmico (2); Doutorado (1);
Integrantes: Clarice Lehnen WolffGracielle Tamiosso Nazari; solange medina ketzer (Responsável);
Vera Wannmacher Pereira; jonas rodrigues Saraiva; Sandra Leal Alves
Financiador(es): Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul-FAPERGS
_________________________________________________________________________________
_____
Áreas de atuação
1. fonoaudiologia clínica
2. fonoaudiologia educacional
_________________________________________________________________________________
_____
Idiomas
Inglês Compreende Razoavelmente , Fala Razoavelmente, Escreve Razoavelmente,
Bem
Espanhol Compreende Bem , Fala Pouco, Escreve Pouco, Lê Bem
Produção em C, T& A
_________________________________________________________________________________
_____
Produção bibliográfica
Artigos completos publicados em periódicos
1. FRANCA, M. P., WOLFF, C. Lehnen, MOOJEN, S., ROTTA, N. T.
Aquisição da Linguagem Oral: Relação e Risco para a Linguagem Escrita.. Arquivos de Neuro-
Psiquiatria. , v.62, p.469 - 472, 2004.
Trabalhos publicados em anais de eventos (completo)
1. WOLFF, C. Lehnen, NAZARI, Gracielle Tamiosso
Relação entre as habilidades de consciência fonológica e o nível de compreensão leitora em alunos
da quinta e sexta séries do ensino fundamental In: CELSUL, 2008, PortoAlegre.
Anais do 8 Encontro do CELSUL. , 2008.
Palavras-chave: aprendizagem, compreensão leitora, consciência fonológica, educação
Áreas do conhecimento : Educação,Lingüística,Fonoaudiologia
Setores de atividade : Educação
Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Meio digital
Trabalhos publicados em anais de eventos (resumo)
1. WOLFF, C. Lehnen, NAZARI, Gracielle Tamiosso
A importância da oralidade no processo de alfabetização In: Congresso Internacional de Leitura e
Literatura Infantil e Juvenil, 2008, Porto Alegre.
Anais do Congresso Internacional de Leitura e Literatura Infantil e Juvenil. , 2008.
Palavras-chave: alfabetização, aprendizagem, educação, fonoaudiologia escolar
Áreas do conhecimento : Educação,Lingüística,fonoaudiologia educacional
Setores de atividade : Educação
121
Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Meio digital
2. WOLFF, C. Lehnen, NAZARI, Gracielle Tamiosso
Relação entre as habilidades de consci6encia fonológica e o nível de compreensão leitora em alunos
da quinta e sexta séries do ensino fundamental In: CELSUL, 2008, Porto Alegre.
Programação e resumos. Pelotas: Educat, 2008.
Palavras-chave: aprendizagem, compreensão leitora, consciência fonológica, educação
Áreas do conhecimento : Educação,Lingüística,Fonoaudiologia
Setores de atividade : Educação
Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Impresso
3. PINTO, B. L., WOLFF, C. Lehnen, PAYAO, L. M. C., CARVALHO, Q.
Apraxia Desenvolvimental In: 8º International Congress of ISAPL, 2007, Porto Alegre.
8º International Congress of ISAPL - resumos/abstracts. , 2007. p.137 - 137
Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Impresso
4. WOLFF, C. Lehnen, FRANCA, M. P.
Atuação Orientadora da Fonoaudiologia Escolar no Ensino Infantil do Colégio Farroupilha In: I
Seminário de Integração: Educação, Psicopedagogia e Fonoaudiologia, 2001, Porto Alegre.
I Seminário de Integração: Educação, Psicopedagogia e Fonoaudiologia. , 2001.
Palavras-chave: fonoaudiologia escolar, prevenção, pré-escolares
Áreas do conhecimento : Fonoaudiologia
Setores de atividade : Educação, Cuidado à saúde das pessoas
Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Impresso
5. WOLFF, C. Lehnen, KEIL, D.
Projeto de Vivência de Expressão Vocal para Professores In: 3ºCongresso Brasileiro de Laringologia
e Voz, 1995, Rio de Janeiro.
Congresso Brasileiro de Laringologia e Voz. , 1995. p.48 - 48
Palavras-chave: fonoaudiologia escolar, saúde vocal, prevenção
Áreas do conhecimento : Fonoaudiologia
Setores de atividade : Cuidado à saúde das pessoas
Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Impresso
6. WOLFF, C. Lehnen, KROEFF, A.
Prevenção a Perdas Auditivas - um Caminho que Passa pela Escola In: IX Encontro Internacional de
Audiologia, 1994, Bauru.
Sinopse - IX Encontro Internacional de Audiologia. Bauru: Universidade de São Paulo, 1994. v.1.
p.86 - 86
Palavras-chave: fonoaudiologia escolar, prevenção a perdas auditivas
Áreas do conhecimento : Fonoaudiologia
Setores de atividade : Educação, Cuidado à saúde das pessoas
Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Impresso
7. KROEFF, A., WOLFF, C. Lehnen, SANTOS, J. F.
Triagem Fonoaudiológica em Pré-Escolares In: IX Encontro Internacional de Audiologia, 1994, Bauru.
Sinopse - IX Encontro Internacional de Audiologia. Bauru: Universidade de São Paulo, 1994. v.1.
p.87 - 87
Palavras-chave: fonoaudiologia escolar, levantamento em escolares, prevenção
Áreas do conhecimento : Fonoaudiologia
Setores de atividade : Saúde humana, Cuidado à saúde das pessoas
Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Impresso
Artigos em revistas (Magazine)
1. WOLFF, C. Lehnen, FRANCA, M. P.
Fonoaudiologia completa 10 anos. O Farroupilha. Porto Alegre, p.03 - 03, 2003.
Palavras-chave: fonoaudiologia escolar
Áreas do conhecimento : Fonoaudiologia
Setores de atividade : Educação, Cuidado à saúde das pessoas
Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Meio digital
2. WOLFF, C. Lehnen, FRANCA, M. P.
O que contribui para a saúde vocal?. O Farroupilha. Porto Alegre, p.07 - 07, 2001.
Palavras-chave: saúde vocal, fonoaudiologia escolar
122
Áreas do conhecimento : Fonoaudiologia
Setores de atividade : Cuidado à saúde das pessoas
Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Impresso
3. WOLFF, C. Lehnen, KROEFF, A., KEIL, D., MURATT, C.
Prevenção a Perdas Auditivas - um caminho que passa pela escola. Revista de Atualização Científica
Pró-Fono. São Paulo, p.62 - 65, 1996.
Palavras-chave: fonoaudiologia escolar
Áreas do conhecimento : Fonoaudiologia,fonoaudiologia educacional
Setores de atividade : Cuidado à saúde das pessoas
Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Impresso
Apresentação de Trabalho
1. WOLFF, C. Lehnen, NAZARI, Gracielle Tamiosso
A importância da Oralidade no processo de alfabetização, 2008. (Comunicação,Apresentação de
Trabalho)
Palavras-chave: alfabetização, aprendizagem, linguagem, oralidade
Áreas do conhecimento : Fonoaudiologia,Educação,fonoaudiologia educacional
Setores de atividade : Educação
Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Meio digital; Local: Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul; Cidade: Porto Alegre; Evento: Congresso Internacional de Leitura e Literatura Infantil e Juvenil;
Inst.promotora/financiadora: Pontifícia Unoversidade Católica do Rio Grande do Sul
2. WOLFF, C. Lehnen, NAZARI, Gracielle Tamiosso
Relação entre as habilidades de consci6encia fonológica e o nível de compreensão leitora em
alunos de quinta e sexta séries do ensino fundamental, 2008. (Comunicação,Apresentação de
Trabalho)
Palavras-chave: aprendizagem, educação, linguagem, compreensão leitora, consciência fonológica
Áreas do conhecimento : Educação,Lingüística,Fonoaudiologia
Setores de atividade : Educação
Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Vários; Local: Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
Cidade: Porto Alegre; Evento: CELSUL; Inst.promotora/financiadora: Círculo de Estudos Lingüísticos do Sul
3. PINTO, B. L., WOLFF, C. Lehnen, PAYAO, L. M. C., CARVALHO, Q.
Apraxia Desenvolvimental, 2007. (Comunicação,Apresentação de Trabalho)
Palavras-chave: linguagem, desenvolvimento infantil, TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO
Áreas do conhecimento : Fonoaudiologia
Setores de atividade : Neurociências, Saúde humana
Referências adicionais : Brasil/Português.
Revisão bibliográfica sobre apraxia desenvolvimental; Local: Pontifícia Universidade Católica do RS; Cidade: Porto Alegre - RS;
Evento: International Congress of ISAPL; Inst.promotora/financiadora: ISAPL - International Society of Applied
Psycolinguistics
4. FRANCA, M. P., ROTTA, N. T., WOLFF, C. Lehnen
Prevalência de Alteração na Aquisição Fonológica em Pré-Escolares, 2003.
(Comunicação,Apresentação de Trabalho)
Palavras-chave: fonoaudiologia escolar, levantamento em escolares, aquisição fonológica
Áreas do conhecimento : Fonoaudiologia
Setores de atividade : Educação, Saúde humana
Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Impresso; Local: Brasil; Cidade: Porto Alegre; Evento: 23ª
Semana Científica do HCPA/ 10º Congresso de Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde do Mercosul;
Inst.promotora/financiadora: Hospital de Clínicas de Porto Alegre
5. KEIL, D., WOLFF, C. Lehnen
Projeto de vivência de expressão vocal para professores, 1995. (Comunicação,Apresentação de
Trabalho)
Palavras-chave: fonoaudiologia escolar, voz, saúde vocal, prevenção
Áreas do conhecimento : Fonoaudiologia,Educação,Saúde Coletiva
Setores de atividade : Educação, Cuidado à saúde das pessoas, Saúde humana
Referências adicionais : Brasil/Português; Cidade: Rio de Janeiro - RJ; Evento: Congresso Brasileiro de Laringologia e Voz/1º
Encontro Brasileiro de Canto; Inst.promotora/financiadora: Sociedade Brasileira de Laringologia e Voz
6. WOLFF, C. Lehnen, KROEFF, A.
Prevenção a perdas auditivas: um caminho que passa pela escola., 1994.
(Comunicação,Apresentação de Trabalho)
Palavras-chave: prevenção a perdas auditivas, fonoaudiologia escolar
Áreas do conhecimento : fonoaudiologia educacional
123
Setores de atividade : Educação, Cuidado à saúde das pessoas
Referências adicionais : Brasil/Português.
Relato de atividades de prevenção a perdas auditivas realizado com alunos de 5ª série.; Local: HPRLLP - USP; Cidade: Bauru
- SP; Evento: IX Encontro Internacional de Audiologia; Inst.promotora/financiadora: Hospital de Pesquisa e Reabilitação de
Lesões Lábio-Palatais da Universidade de São Paulo e Programa de Estudos`Pós-Graduados em Distúrbios da Comunicação
Humana da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
7. KROEFF, A., WOLFF, C. Lehnen, SANTOS, J. F.
Triagem fonoaudiológica em pré-escolares, 1994. (Comunicação,Apresentação de Trabalho)
Palavras-chave: pré-escolares, prevenção, triagem fonoaudiológica
Áreas do conhecimento : fonoaudiologia educacional
Setores de atividade : Cuidado à saúde das pessoas, Educação
Referências adicionais : Brasil/Português; Local: HPRLLP - USP; Cidade: Bauru - SP; Evento: IX Encontro Internacional de
Audiologia; Inst.promotora/financiadora: Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-palatais da Universidade de São
Paulo e Programa de Estudos Pós-Graduados em Distúrbios da Comunicação Humana da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo
8. STEFFEN, N., MOSCHETTI, M., DOSSIN, L., MOUSSALLE, M., WOLFF, C. Lehnen, KEIL, D.
Freqüência Fundamental de Crianças Estudantes de Porto Alegre e sua Correlação com Sexo,
Peso, Altura e Superfície Corporal, 1997. (Outra,Apresentação de Trabalho)
Palavras-chave: voz, levantamento em escolares
Áreas do conhecimento : Fonoaudiologia,Otorrinolaringologia
Setores de atividade : Saúde humana, Cuidado à saúde das populações humanas
Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Impresso; Local: Brasil; Cidade: Gramado;
Inst.promotora/financiadora: Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço
9. STEFFEN, N., MOSCHETTI, M., MOUSSALLE, M., DOSSIN, L., WOLFF, C. Lehnen, KEIL, D.
Freqüência fundamental de crianças estudantes de Porto Alegre e sua correlação com sexo,
peso, altura e superfície corporal., 1997. (Outra,Apresentação de Trabalho)
Palavras-chave: voz, levantamento em escolares
Áreas do conhecimento : Fonoaudiologia,Otorrinolaringologia,Saúde Coletiva
Setores de atividade : Educação, Cuidado à saúde das populações humanas
Referências adicionais : Brasil/Português; Local: Hotel Continental; Cidade: Canela - RS; Evento: VIII Jornada Sul-Brasileira de
Otorrinolaringologia/ I Painel de Integração com a Sociedade Sul-Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço;
Inst.promotora/financiadora: SOGOT - Sociedade Gaúcha de Otorrinolaringologia
Produção Técnica
Demais produções técnicas
1. WOLFF, C. Lehnen, NAZARI, Gracielle Tamiosso
O desenvolvimento da linguagem: do gu-gu-da-dá ao b-abá, 2008. (Outro, Curso de curta
duração ministrado)
Palavras-chave: aprendizagem, desenvolvimento infantil, fonoaudiologia escolar, alfabetização, linguagem, oralidade
Áreas do conhecimento : fonoaudiologia educacional,Lingüística,Educação
Setores de atividade : Educação
Referências adicionais : Brasil/Português. 6 horas.
2. PRANDO, M., FRANCA, M. P., WOLFF, C. Lehnen, KROEFF, A.
Fonoaudiologia Escolar: construção de uma proposta de atuação, 2006. (Outro, Curso de curta
duração ministrado)
Palavras-chave: fonoaudiologia escolar, prevenção, desenvolvimento infantil
Áreas do conhecimento : fonoaudiologia educacional,Educação
Setores de atividade : Educação, Cuidado à saúde das populações humanas
Referências adicionais : Brasil/Português. 20 horas.
Eventos
Participação em eventos
1. Apresentação Oral no(a) Congresso Internacional de Leitura e Literatura Infantil e Juvenil,
2008. (Congresso)
A importância da Oralidade no processo de alfabetização.
2. Conferencista no(a) Projeto o que é, 2008. (Outra)
Compreensão Leitora.
124
3. Conferencista no(a) VIII Semana de Letras 2008, 2008. (Oficina)
Consciência Fonológica e Alfabetização.
4. Conferencista no(a) 3 Jornadade Alfabetização, 2008. (Outra)
Leitura, escrita e alfabetização -reflexões.
5. Moderador no(a) Disciplina Oficinas de Integração, 2008. (Outra)
Oficina de Integração profissional (Fonoaudiologia).
6. Conferencista no(a) 3 Jornada de Alfabetização, 2008. (Oficina)
Oralidade e Alfabetização.
7. Conferencista no(a) 4 Jornada de Alfabetização, 2008. (Outra)
Poesias: uma riqueza de possibilidades para a alfabetização.
8. Apresentação Oral no(a) CELSUL, 2008. (Encontro)
Relações entre as habilidades de consciência fonológica e o nível de compreensão leitora em alunos
da quinta e sexta séries do ensino fundamental.
9. Congress Internacional de Leitura e Literatura Infantil e Juvenil, 2008. (Congresso)
.
10. Intersecções entre o orgânico e o quico hoje: novas contribuições para detecção de
problemas psíquicos e do desenvolvimento na primeira infância, 2008. (Encontro)
.
11. CELSUL, 2008. (Encontro)
.
12. Apresentação Oral no(a) 8º International Congress of ISAPL, 2007. (Congresso)
Apraxia Desenvolvimental.
13. Conferencista no(a) Oficina para os professores da creche Werner Schwuchow da Assoc.
HMV, 2007. (Oficina)
O papel do educador no desenvolvimento da linguagem.
14. Palestra: Language Acquisition Research within a Generative Framework - Suzanne Flynn
(MIT), 2007. (Outra)
.
15. Jornada de Qualificação de Segunda Área, área de concentração em Lingüística Aplicada -
PPGL -PUCRS, 2007. (Outra)
.
16. Palestra: A imagem da língua portuguesa no discurso literário - PUCRS - Dr. José Luiz
Fiorin (USP), 2007. (Outra)
.
17. Jornada Gaúcha de Neuropsicologia, 2007. (Outra)
.
18. Conferencista no(a) V Seminário de Educação Infantil da Creche Werner Schwuchow da
Associação Hospitalar Moinhos de Vento, 2006. (Seminário)
O papel do educador no desenvolvimento da linguagem.
19. 7º Encontro Nacional sobre Aquisição de Linguagem, 2006. (Encontro).
125
20. Conferencista no(a) IV Seminário de Educação Infantil da creche Werner Schwuchow da
Associação Hospitalar Moinhos de Vento, 2005. (Seminário)
Do da-da ao be-a-- a comunicação da criança pré-escolar.
21. Conferencista no(a) Oficinas Práticas em Fonoaudiologia - 2ª edição, 2003. (Oficina)
Caminhos para a Fonoaudiologia Escolar.
22. Conferencista no(a) Palestra para os acadêmicos do curso de Pós-Graduação em
Fonoaudiologia Escolar - Rede Metodista de Educação IPA, 2003. (Outra)
Uma visão Prática da Fonoaudiologia Escolar.
23. Conferencista no(a) Educação Infantil: Desafios e Perspectivas - 30 anos do Jardim de
Infância do Colégio Farroupilha, 2002. (Oficina)
A Linguagem da Criança em Desenvolvimento.
24. Conferencista no(a) VI Semana de Estudos Fonoaudiológicos, 2002. (Outra)
Fonoaudiologia Escolar.
25. Conferencista no(a) Semana Nacional da Voz no Colégio Farroupilha, 2002. (Outra)
Saúde Vocal.
26. Oficina: A música na Educação Infantil: vivências, 2002. (Seminário)
.
27. Oficina: Trabalhando com Artes na Educação Infantil - relatos de experiência, 2002.
(Seminário)
.
28. II Jornada de Psicologia Escolar, 2002. (Outra)
.
29. Oficina: Adaptação - uma experiência de conhecer-se na escola, 2002. (Seminário)
.
30. Apresentação Oral no(a) I Seminário de Integração: Educação, Psicopedagogia e
Fonoaudiologia, 2001. (Seminário)
Atuação Orientadora da Fonoaudiologia Escolar no Ensino Infantil do Colégio Farroupilha.
31. I Seminário Interno sobre Inclusão - A Criança com Necessidades Especiais e sua Inclusão
na Escola Regular, 2001. (Seminário)
.
32. I Encontro Internacinal sobre Dislexia, 2000. (Encontro)
.
33. I Jornada sobre Desenvolvimento do Bebê do Instituto Zero a Três / II Jornada sobre
Desenvolvimento Infantil do centro Brazelton do Brasil, 2000. (Outra)
.
34. curso: as trocas surdas sonoras no contexto das alterações ortográficas, 1997. (Encontro)
.
35. XI Encontro Nacional de Fonoaudiologia, 1997. (Encontro)
.
36. curso: estudo espectográfico do traço de sonoridade nas alterações da escrita/as análises
psicolingüística e acústica no diagnóstico de fala: complementaridade de enfoques na análise
da fala de criança com desvios fonológicos evolutivos, 1997. (Encontro).
126
37. curso: hábitos parafuncionais - a continuidade e suas interferências, 1997. (Encontro)
.
38. Encontro sobre Laringologia e Voz, 1997. (Encontro)
.
39. Conferencista no(a) Palestra para acadêmicos do 4º semestre do Curso de Educação Física -
disciplina Psicologia Especial - ESEF/IPA, 1995. (Outra)
Problemas de Fala.
40. Apresentação Oral no(a) 3ºCongresso Brasileiro de Laringologia e Voz, 1995. (Congresso)
Projeto de Vivência de Expressão Vocal para Professores.
41. Apresentação Oral no(a) IX Encontro Internacional de Audiologia, 1994. (Encontro)
Prevenção a Perdas Auditivas - um Caminho que Passa pela Escola.
42. Apresentação Oral no(a) IX Encontro Internacional de Audiologia, 1994. (Encontro)
Triagem Fonoaudiológica em Pré-Escolares.
43. III Encontro Nacional sobre Aquisição da Linguagem, 1994. (Encontro)
.
44. IV Encontro Nacional dos Estudantes de Fonoaudiologia, 1993. (Encontro)
.
45. Conferencista no(a) I Seminário dos Cursos de Graduação em Fonoaudiologia do RS, 1992.
(Seminário)
A estética da Voz.
46. Curso: Transtornos da Aprendizagem, 1992. (Congresso)
.
47. Curso: Disfonia Infantil, 1992. (Congresso)
.
48. II Encontro de Estudos Fonoaudiológicos, 1992. (Encontro)
.
49. I Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia Pediátrica/ VI Jornada Gaúcha de
Otorrinolaringologia Padiátrica/ I Congresso Porto-Alegrense de Fonoaudiologia em Pediatria,
1992. (Congresso)
.
50. curso: Terapia da Linguagem no Deficiente Auditivo - diferentes abordagens, 1991.
(Congresso)
.
51. Curso: Paralisia Cerebral, 1991. (Congresso)
.
52. Curso: Avaliação e Recuperação Cognitiva em Crianças com Dificuldades de
Aprendizagem, 1991. (Congresso)
.
53. IV Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, 1991. (Congresso)
.
54. Seminário sobre Prática Fonoaudiológica e Conduta Ética - Faculdade de Nutrição e
127
Fonoaudiologia - IMEC, 1990. (Seminário)
.
55. IX Jornada Sulbrasileira da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil -
ABENEPI, 1990. (Outra)
.
56. Conferência: Distúrbios da Comunicação - Dr. Don E. Hagness (Indiana - EEUU), 1990.
(Outra)
.
Organização de evento
1. ALETRA/RS, WOLFF, C. Lehnen
3 Jornada de Alfabetização, 2008. (Outro, Organização de evento)
Palavras-chave: alfabetização, aprendizagem
Áreas do conhecimento : Educação,Lingüística
Setores de atividade : Educação
Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Meio digital
2. ALETRA/RS, WOLFF, C. Lehnen
4 Jornada deAlfabetização, 2008. (Outro, Organização de evento)
Palavras-chave: alfabetização, aprendizagem, educação
Áreas do conhecimento : Educação,Lingüística,fonoaudiologia educacional
Setores de atividade : Educação
Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Meio digital
3. WOLFF, C. Lehnen, ALETRA/RS
2ªJornada de Alfabetização, 2007. (Outro, Organização de evento)
Palavras-chave: aprendizagem, linguagem, alfabetização
Áreas do conhecimento : Educação,fonoaudiologia educacional,Lingüística
Setores de atividade : Educação
Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Vários
Bancas
Participação em banca de trabalhos de conclusão
Graduação
1. MOTTA, L., WOLFF, C. Lehnen, ZWETSCH, I.
Participação em banca de Alexandra Lopes da Silva. A importância da fonoterapia vocal na
terceira idade, 1996
(Fonoaudiologia) Instituto Metodista de Educacao e Cultura
Referências adicionais : Brasil/Português.
2. MOTTA, L., ZWETSCH, I., WOLFF, C. Lehnen
Participação em banca de Jacqueline Zucchetti. A influência do diagnóstico otorrinolaringológico
na fonoterapia vocal, 1996
(Fonoaudiologia) Instituto Metodista de Educacao e Cultura
Referências adicionais : Brasil/Português.
128
______________________________________________________________________________________
Totais de produção
Produção bibliográfica
Artigos completos publicado em
periódico.................................................. 1
Revistas
(Magazines)...................................................................... 3
Trabalhos publicados em anais de
eventos.................................................. 8
Apresentações de Trabalhos
(Comunicação).................................................. 7
Apresentações de Trabalhos
(Outra)........................................................ 2
Produção Técnica
Curso de curta duração ministrado
(outro)................................................. 2
Eventos
Participações em eventos
(congresso)...................................................... 11
Participações em eventos
(seminário)...................................................... 9
Participações em eventos
(oficina)........................................................ 5
Participações em eventos
(encontro)....................................................... 15
Participações em eventos
(outra).......................................................... 16
Organização de evento
(outro)............................................................. 3
Participação em banca de trabalhos de conclusão
(graduação)............................... 2
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo