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Econômicas (Escola de Frederico) e na Escola Baiana de Medicina. O elemento propulsor
desse crescimento, segundo Antônio do Carmo, foi o Comitê Estudantil, formado em 1977 ou
1978, e inicialmente integrado por ele próprio, Olival Freire e José Reinaldo de Carvalho.
Foi com entusiasmo que Antônio narrou o processo de formação desse comitê e
principalmente o convite que recebeu para ser um dos seus integrantes.
Um dia, depois de uma greve, José Reinaldo
“vem, me chama, com toda uma história e tal, que tinha uma coisa muito importante para falar
comigo, não sei o que. Que eu tinha sido escolhido pela direção do partido pra ser um dos
membros do Comitê Estudantil, aí falou que eu ia ver a composição, que... Aí, eu disse: mas,
eu? Comecei a gaguejar. Ele disse que eram três pessoas: ele, eu e uma outra pessoa. Eu disse:
sim, mas que três pessoas, eu, com tantas pessoas é..., mil vezes mais capazes, que falam
melhor e tal, eu te listo um bocado. Aí, tal, não sei o quê, eu falei algumas pessoas e ele deu
risada, e disse: espere e tal. Aí, foi pra reunião. Ele só disse que era o camarada Gonzaga; que
era eu, ele e o camarada Gonzaga. E, aí, quem era o camarada Gonzaga? - Você vai ver no dia
da reunião. Eu disse: mas, rapaz, vocês estão tomando a decisão certa? Não tá vendo que esse
negócio não tá certo. Como é que eu, novo, você, eu que entrei tem pouco tempo, você me
botar no Comitê Estudantil e tal? Aí, não, mas é isso e tal. (...) Aí, nós fizemos a primeira
reunião do Comitê Estudantil. Quando eu chego lá o camarada Gonzaga era Olival. Aí, eu
fiquei extremamente orgulhoso, contente, eu, um cara novo. Não era Tinoco. Como é que
Tinoco não era do Comitê Estudantil? Como é que Sinval não era do Comitê Estudantil? Elza
(Kraychete), de Economia, não era do Comitê Estudantil? Olavo, de Engenharia, não era do
Comitê Estudantil? Manoel José, não, já se formou. Manoel José deve ser da direção. A
mulher de Sinval, Oh! meu Deus, Telma, Telma, não era do Comitê Estudantil. É... Augusto,
da Baiana, não era do Comitê Estudantil. Julieta, da Baiana, não era do Comitê Estudantil. Aí,
aí, ele deu risada, calma, calma. Aí começou a reunião, vamos ver, Comitê Estudantil, ta, ta,
tal, para dirigir, a principal tarefa é construir o partido no movimento estudantil, logo, assim
na lata de acabar a greve”.
O espanto de Antônio viria se dissipar ao saber que algumas daquelas pessoas ainda
não eram militantes partidários e que, outras, não tinham as características consideradas
necessárias para acelerar o processo de recrutamento de novos membros e dar curso à
organização efetiva da militância, que se iniciara com a estruturação do Comitê Estudantil.
Antônio continua, dizendo que José Reinaldo
“fez um relato que existiam várias pessoas que, em tese, seriam do partido. Algumas eram do
partido, mas que eram extremamente recuadas pra fazer recrutamento, né? Apesar de... tará,
tará. O recuo no fazer recrutamento era da direção regional, mas também era dessas pessoas,
tipo Sinval, e que, aquelas pessoas ali, que vieram, as duas, olhe só, vieram duas do comitê
regional, que eram Zé Reinaldo e Olival, e me escolheram. E não Tinoco, e não Valdélio, e
não sei quem, não sei quem. Então, aí, pronto. Então, vamos embora, vamos embora. Eu disse,
mas não é possível, mas não é possível. Não sei quem não é (do partido), não sei quem não é.
Aí passamos a limpo toda a relação que nós tínhamos.(...) A maioria das pessoas eram nossas.
Nas..., nos confrontos que tinham nas assembléias com um pouquinho de pessoal da AP que
tinha em Medicina, com um porra-louca que tinha em Geologia, que foi o porra-louca que