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repercussões sobre a saúde humana sentidas até hoje; acidente químico no Rio
Reno
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(Alemanha), com danos imensos sobre a fauna e a flora.
No Brasil, farto noticiário sobre problemas ambientais gerados por acidentes ou
negligência tem sido veiculado: acidente radioativo em Goiânia
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, considerado o maior
acidente desta natureza já ocorrido no mundo, falhas em sistema de tratamento de resíduos em
empresa de celulose e papel em Cataguazes-MG
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, resultando na contaminação de recursos
hídricos, com 1,2 bilhões de litros de resíduos, em 14 municípios dos estados de Minas Gerais
e do Rio de Janeiro, só para mencionar dois dos mais impactantes episódios que
representaram danos significativos e com importantes efeitos sócio-econômico-ambientais.
Sobre a atuação do TCU, neste episódio, Altounian et al (2004, p.89) apresentam informações
que demonstram ações necessárias à prevenção de outras ocorrências similares, com
repercussão sobre os órgãos de fiscalização ambiental.
Inúmeros outros acidentes que têm causas em falhas de sistemas de gestão ambiental,
ou mesmo na inexistência deles, podem ser encontrados no trabalho produzido por Valle &
Lage (2003), onde se poderá avaliar se a “auditorias” prévias ou um bom plano ambiental
poderia ou não ter poupado vidas e recursos.
Outra fonte importante foi o “Seminário Nacional sobre Desastres Ambientais”,
realizado em Brasília, pelo Conselho Federal de Engenharia, Agronomia e Arquitetura
(CONFEA, 2001), que tornou de acesso público uma série de dados e informações relevantes,
antes restritas aos meios técnicos envolvidos diretamente com as empresas ou entes de
controle e fiscalização.
Acima destas ocorrências pontuais, Valle e Lage (2003) defendem a tese de que mais
importantes do que as agressões “pontuais”, seriam as agressões ambientais permanentes, em
geral decorrentes do modelo de desenvolvimento vigente na maioria das nossas sociedades,
freqüentemente imperceptíveis, mas cotidianas, podendo-se inferir, daí, a importância da ação
dos TCs na análise da eficácia e da eficiência das políticas públicas, dos programas
atribuíveis ao acidente. Mais de 60 povoações tiveram de ser abandonadas e 400.000 habitantes deslocados e
perderam as terras e o sustento (VALLE & LAGE, 2003).
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Dois acidentes sucessivos, na Basiléia, Suíça,ocasionaram a contaminação do rio com pesticidas e mercúrio.
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Considerado o maior acidente radioativo, de origem radiológica, do mundo, ocorrido em 1987, com a
contaminação de 249 pessoas (CONFEA, 2001). O custo das operações foram estimados em US$ 20 milhões do
governo estadual e de US$ 6 milhões para a Comissão Nacional de Energia Nuclear -CNEN.
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Este acidente gerou a ação do TCU, em que, dentre outras medidas, gerou uma audiência com os servidores do
IBAMA , para explicar a não adoção de providências adequadas. Segundo o ministro Humberto Souto, relator do
processo, “a análise da atuação das entidades que envolveram a prevenção do desastre revelou fortes
evidências de negligência da FEAM, do IEF e do IBAMA” fonte: www.e-
commerce.cultura.com.br/shopping/mostra_noticia.asp?txtEntidade=6168, acesso em 26/08/03.