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SOBRE A NECESSÁRIA INUTILIDADE DA ARTE
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METÁLOGO
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REFLEXIVO EM ASCENSÃO NO ELEVADOR DO INSTITUTO DE
ARTES DA UFRGS
Encontro-me na fila do elevador
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do Instituto de Artes
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da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul
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e, distraidamente, acompanho a movimentação da
comunidade acadêmica. Aos poucos vou percebendo os alunos, professores e
funcionários que entram e saem do prédio em diferentes ritmos, e penso que, quase
sem querer, esta diversidade explicita, de certo modo, também a multiplicidade de
funções, que, articuladas, constituem o Instituto como Instituição de Ensino.
Aparentemente, o movimento de cada segmento se expõe, como a confirmar sua
efetiva participação num cotidiano, que, reiteradamente, é legitimado como espaço
de formação artística.
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Este Metálogo faz parte do conjunto de diálogos docente/discente em referência aos quatro anos de formação superior em
Artes Visuais. O primeiro traz como foco a questão do ensino da arte, levantando alguns mitos próprios da área artística, o
segundo trata do processo de criação e a inutilidade da arte, enfocando o desempenho individual do aluno-criador, o terceiro
versa sobre as transformações da área, expandida exponencialmente num desdobramento da técnica à tecnologia, aliada à
dificuldade de compreensão da implicação do conceito de jogo presente nesse processo, e o quarto traz o caráter específico de
exposição inerente à obra de arte, fechando um ciclo que se refere à formação superior em Artes Visuais. Os Metálogos
docente/discente são realizados com três discentes do sexo feminino, à semelhança de minha própria condição feminina, e
com um discente do sexo masculino, se contrapondo aos anteriores pela relação de diferença de gênero que estabelece na
interlocução.
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Metálogo ou Metadiálogo é o nome dado por Gregory Bateson, em 1972, a um diálogo construído para discutir um
problema envolvendo a estrutura da conversa como relevante para o problema. Os metálogos que constituem a tese não estão
sendo desenvolvidos como reproduções da realidade, são ficções, embora utilizem contextos com situações acadêmicas
possíveis, onde os referenciais comportam as questões-problema tratadas. As situações enfocadas, entre uma professora e um
discente do curso superior de Artes Visuais da UFRGS, utilizam como substrato minha própria experiência de ensino na
Instituição, e fazem referência ao padrão de interação docente/discente em situação informal de aprendizagem, tomando
como base o currículo do curso ao percorrer quatro anos de formação através de um diálogo temático correspondente a cada
ano.
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O elevador do Instituto de Artes da UFRGS guarda resquícios da história do prédio, o qual foi construído em 1941, numa
primeira etapa, e complementado em 1952, com a construção do segundo bloco correspondente aos atelieres de artes
plásticas. Este prédio continua até hoje a história do Instituto de Artes, foi fundado Instituto Livre de Belas Artes em 2008,
passou a Instituto de Belas Artes, participando da Universidade de Porto Alegre, e, finalmente, como Instituto de Artes vem a
fazer parte da UFRGS desde 1962. Construído em duas etapas, foi ampliado com a aquisição do prédio contíguo, e,
atualmente, ainda apresenta essas duas construções lado a lado, as quais têm certa independência, embora possuam um único
acesso da rua, a primeira com oito andares, e a outra, anexada posteriormente, com cinco andares. A primeira construção é
considerada o corpo do Instituto propriamente dito e está estruturada em oito andares, dispondo de dois elevadores que dão
acesso aos andares num movimento que abrange o térreo até o sétimo andar.
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Instituto de Artes da UFRGS foi fundado como Instituto Livre de Belas Artes em 22 de abril de 1908, somente com o
Conservatório de Música, e foi ampliado em 1910, com a criação da Escola de Artes – Desenho, Pintura e Artes de Aplicação
e Desenho Industrial, passando a fazer parte da UFRGS somente em 1962. Tornou-se um dos Institutos Centrais da UFRGS
com a reforma da Universidade Brasileira de 1968, denominado Instituto de Artes, sendo ampliado com o Departamento de
Arte Dramática, o qual fazia parte da Faculdade de Filosofia antes da instauração da ditadura militar no Estado Brasileiro.
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A Universidade Federal do Rio Grande do Sul foi instituída em 1934 e federalizada em 1950, está sediada em Porto
Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul.