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registrada (COSTA LIMA, 1953; IPERTI, 1999; MARINONI et al., 2001; MILLÉO et al.,
2007). De acordo com Hagen (1962), há certo nível de especificidade para grupos de presas
entre as tribos de Coccinellidae. Entre as tribos de Chilocorinae, 79% das espécies de
Chilocorini alimentam-se de coccicídeos, principalmente Diaspidinae. Em Coccidulinae,
praticamente todos os Coccidulini alimentam-se de coccídeos, 51% dos Rhizobiini consomem
Diaspidinae, 35% de Coccinae e 14% de Lecaniinae. Exoplectrini e Noviini são reportados
alimentarem-se principalmente de Icerya spp. e espécies relativas. Entre os Coccinellinae, a
maioria se alimenta de pulgão (afidófagos), particularmente as tribos Hippodamiini e
Coccinellini, onde respectivamente 76% e 85% das espécies são afidófagas, enquanto a
minoria (1% em cada tribo) é fitófaga e o restante alimenta-se de Coleoptera, Hemiptera e
também Acarina. Em Scymninae, Stethorini alimenta-se exclusivamente de ácaros fitófagos,
62% dos Scymnini alimentam-se de cochonilhas e 23% de pulgões e Hyperaspini alimentam-
se de cochonilhas. Entre os Sticholotinae, as tribos Sukunahikonini, Pharini e Microweisini
alimentam-se principalmente de Coccidae, particularmente Diaspidinae, enquanto que a tribo
Serangini ataca aleirodídeos (IPERTI, 1999).
Geralmente as espécies predadoras se alimentam de presas de hábito sedentário (como
os pulgões) a séssil (como as cochonilhas), variando de monófagas a polífagas, sendo que as
primeiras são relativamente poucas, dentre elas cita-se Rodolia cardinalis (Mulsant)
(Coccidulinae, Noviini) (HAGEN, 1962; IPERTI, 1999; MARINONI et al., 2001).
Geralmente, os adultos de espécies coloridas (por exemplo, vermelhas, amarelas, laranjas com
ou sem manchas) e brilhantes alimentam-se de pulgões (afidófagas), enquanto que as espécies
menores e escuras, geralmente pretas brilhantes, alimentam-se de cochonilhas (coccidófagas),
moscas brancas e ácaros. Coccinelídeos micófagos são geralmente marrom claro a brancos
ou, às vezes, amarelo claro (IPERTI, 1999). As larvas alimentam-se de pulgões, ingerindo o
líquido de seus corpos, deixando seus tegumentos como resíduo, enquanto o adulto devora
totalmente os pulgões, sem deixar vestígios, embora a larva de último instar também possa
apresentar comportamento semelhante (HAGEN, 1962; OLIVEIRA et al., 2004).
Os alimentos dos coccinelídeos predadores podem ser classificados em “alimento
essencial” e “alimento alternativo” (IPERTI et al. 1972; IPERTI & TREPANIER-BLAIS,
1972; HODEK, 1973; PANIZZI & PARRA, 1991). O primeiro assegura o desenvolvimento, a
formação de pupas e adultos normais e a oviposição; o segundo, apenas prolonga a
sobrevivência, e constitui uma fonte substituta de energia (HODEK, 1973; KATO, 1996). Há
gradações entre os alimentos e, dependendo do tipo, podem influenciar diversos aspectos
biológicos do inseto, tais como fecundidade, fertilidade, sobrevivência e longevidade
(SMITH, 1966; HODEK, 1973).
Muitos coccinelídeos completam seu desenvolvimento larval e produzem uma
progênie viável somente quando consomem sua presa preferencial, a qual estimula e mantém
a produção de ovos (IPERTI, 1999). Fêmeas de R. cardinalis, um coccinelídeo altamente
específico de certos coccídeos, depositam aproximadamente 16 ovos por dia quando se
alimentam de I. purchasi, 4,3 ovos por dia quando se alimentam apenas de sacarose e 3,8
ovos por dia com uma dieta quimicamente definida (HAGEN, 1987).
Quando sua presa preferida está escassa, as joaninhas alimentam-se de recursos
alimentares alternativos, tais como fezes açucaradas de pulgões e cochonilhas (“honeydew”),
néctar floral ou extrafloral, pólen etc., garantindo sua sobrevivência. O pólen (fonte de
proteína) e o néctar (fonte de carboidratos) sustentam o metabolismo e o desenvolvimento
gamético de certas espécies de Coccinellidae, representando um suplemento de uma presa de
qualidade inferior (SMITH, 1960; 1961; 1965; 1966). Por exemplo, de acordo com Hoffmann
& Fordsham (1993), o pólen pode constituir até 50% da dieta do coccinelídeo C. maculata,
um importante predador de pulgões. Porém, certas espécies apresentam ovogênese normal
somente quando sua presa preferencial está disponível, como em Hippodamia spp.,