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Quando questionados sobre as dificuldades e obstáculos da implantação dos
Conselhos Escolares em Cascavel e de seu funcionamento, esses aspectos são vistos como algo
exterior à própria estrutura do Conselho, sendo colocadas questões gerais que dizem respeito a
problemas sociais mais abrangentes, como a pobreza, a alta taxa de natalidade e o êxodo rural.
Não são analisados os aspectos intrínsecos dos Conselhos, como a estrutura administrativa da
escola, o papel de cada Conselheiro neste processo, as relações postas entre estes e a direção da
escola e toda a comunidade escolar e outros fatores:
Bom, primeiro existem escolas que estão se extinguindo, tá certo. Por quê? Porque
existe o controle de natalidade na região, né? A questão do êxodo rural também.
Então aquela comunidade começa a migrar e a escola começa a se desestruturar.
Tem escolas até que estão fechadas, certo. Há então esse é um problema. E o outro
é a questão dos recursos. É uma escola basicamente cinqüenta alunos, só vem R$
600,00 na prática isso não dá para manter essa escola com R$ 600,00. Apesar de
que as escolas são mantidas com esse PDDE, ta legal? E com 40% do FUNDEF. O
prefeito, o ministério executivo ele deve gastar também com a manutenção das
escolas que serão dos recursos dos 40%. Centralizado nele, no prefeito e esse
PDDE faz parte da descentralização e são as escolas que aplicam os recursos. O
primeiro problema é que a escola, a comunidade ta acabando. O segundo problema:
poucos recursos. Aí basicamente esses são os dois mais fortes. (Técnico da
Secretaria Municipal de Educação de Cascavel).
Os questionamentos atrelados aos problemas existentes para o real funcionamento
dos Conselhos são situados apenas na escola e na comunidade, como ausentes do processo de
discussão e de debate sobre os seus problemas. As afirmações são centradas no repasse de
verbas e na diminuição destes recursos. Não é expressa a constatação de que a própria
comunidade é co-gestora e que essa participação de caráter representativo é essencial na
construção de uma gestão com vistas à participação de todos na escola e de que existem outros
determinantes além do financeiro, capazes de legitimar a atuação do Conselho Escolar na
comunidade:
É a necessidade de envolver na gestão todos os que trabalham na escola, exige
normas e práticas que promovam uma gestão participativa e uma cultura
democrática, quer pela valorização de formas de participação representativa, quer,
principalmente pelo exercício indiferenciado e coletivo de funções de gestão,
através de mecanismos de participação direta. (BARROSO, 2001, p.29).
Nessa perspectiva, “a participação constitui uma forma significativa ao promover
maior aproximação entre os membros da escola e reduzir desigualdades entre eles. Portanto, a
participação está centrada na busca de formas mais democráticas de administrar uma unidade
escolar”. (PELEGRINI, 2001, p.17). No caso de Cascavel, no processo de implantação dos
Conselhos Escolares no município, essa se restringiu à participação de diretores das escolas e de