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LEDA MARQUES DE OLIVEIRA-BARROS
Avaliação histológica e imunoistoquímica da inervação
intestinal em cães portadores de intussuscepção
submetidos a enterectomia
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica
Veterinária da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de
São Paulo para obtenção do título de Mestre
em Medicina Veterinária
Departamento:
Cirurgia
Área de concentração:
Clínica Cirúrgica Veterinária
Orientador:
Prof
a
. Dr
a
. Julia Maria Matera
São Paulo
2008
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome: OLIVEIRA-BARROS, Leda Marques de
Título: Avaliação histológica e imunoistoquímica da inervação intestinal em
cães portadores de intussuscepção submetidos à enterectomia
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica
Veterinária da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de
São Paulo para obtenção do título de Mestre
em Medicina Veterinária
Data:____/____/____
Banca Examinadora
Prof. Dr. _________________________ Instituição: __________________
Assinatura: _________________________ Julgamento: _________________
Prof. Dr. _________________________ Instituição: __________________
Assinatura: _________________________ Julgamento: _________________
Prof. Dr. _________________________ Instituição: __________________
Assinatura: _________________________ Julgamento: _________________
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Ao Luiz Felipe, porque o amo mais que tudo. Por tanto companheirismo, apoio,
incentivo, dedicação, paciência e amor.
Aos meus pais Roberto e Silvia, por serem tão especiais e terem dedicado suas
vidas à minha formação.
A toda minha família, meu porto-seguro, por serem o alicerce da minha vida e
sempre acreditarem na minha capacidade.
Aos meus sogros Silvia e Paulo Sérgio, pelo incentivo e exemplo.
À Thais Andrade Costa Casagrande, por ter sido muito mais do que uma amiga e
muito mais do que uma companheira.
Ao Thunder, amigo fiel e leal.
Nenhum caminho é longo demais quando estamos com quem amamos
(provérbio chinês)
AGRADECIMENTOS
À Profª. Drª. Julia Maria Matera, pela orientação, confiança e por ser um exemplo de
integridade moral e ética. Tenho muito orgulho de ser sua orientada.
Aos amigos de pós-graduação Ayne, Sam, Carol, Kelly, Leandro e Marcos, pela
companhia valiosa e por dividirem momentos tão especiais.
Ao Bruno Cogliatti, pelos “ensinamentos imunoistoquímicos” e por tanta paciência e
disponibilidade.
Ao Heidge Fukumasu, pela amizade e por tantas ajudas valiosas.
À Profª. Drª. Maria Lucia Zaidan Dagli por disponibilizar a infra-estrutura para a
execução do trabalho e à Marguite pela suporte durante as imunoistoquímicas.
Ao Prof. Dr. José Luiz Catão-Dias por ser um amigo tão especial e presente.
À Profª. Drª. Silvia Renata Gaido Cortopassi e seus pós-graduandos, por cuidarem
sempre tão bem dos animais na UTI.
Às médicas veterinárias do Serviço de Cirurgia e aos médicos veterinários do
Serviço de Anestesia, pelo convívio prazeroso e pelos conhecimentos transmitidos.
Aos enfermeiros Lélis, Jesus, Otavio e Miron, com os quais sempre pude contar.
Ao Ney e a Alessandra, pelas inúmeras ajudas e favores.
Às bibliotecárias, em especial a Elza, pela formatação da tese.
À Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo
pela minha formação acadêmica e profissional.
À CAPES e à FAPESP pelo suporte financeiro durante o período do mestrado.
Aos proprietários e aos animais que contribuíram com este estudo, meus sinceros
agradecimentos e respeito.
A todas as outras pessoas que de alguma forma contribuíram para o
desenvolvimento do meu trabalho.
RESUMO
OLIVEIRA-BARROS, L. M. Avaliação histológica e imunoistoquímica da
inervação intestinal em cães portadores de intussuscepção submetidos à
enterectomia. [Histologic and immunohistochemical evaluation of intestinal
innervation in dogs with intussusceptions submitted to enterectomy]. 2008. 114 f.
Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar a preservação da inervação de porções
intestinais macroscopicamente viáveis em cães portadores de intussuscepções.
Para tanto, realizou-se comparação entre segmento intestinal proveniente deste
grupo de animais (G1) e segmentos intestinais de animais sem qualquer distúrbio do
aparelho digestório (G2). Avaliações histológicas e imunoistoquímicas foram
realizadas em sistema computadorizado (Image Pro-Plus®) além da avaliação tardia
da qualidade de vida e função digestiva. As variáveis analisadas foram: densidade
média das camadas musculares circular e longitudinal, relação entre as camadas
musculares, número média de plexos mioentéricos, densidade celular média dos
plexos mioentéricos, grau de degeneração neuronal nos plexos mioentéricos,
imunoreatividade à sinaptofisina e ao NSE além de existência de distúrbios de
defecação. Com exceção da densidade celular média da camada longitudinal,
relação entre as camadas musculares e imunoreatividade à sinatpofisina, todos os
demais parâmetros apresentaram diferença estatisticamente significativas entre os
grupos testados. Foram observadas correlações entre densidade celular média dos
plexos mioentéricos e densidade celular média da camada muscular circular; grau de
vacuolização dos plexos mioentéricos e imunoreatividade ao NSE; além de grau de
vacuolização dos plexos mioentéricos e densidade celular média dos plexos
mioentéricos. Quanto aos anticorpos utilizados, o NSE apresentou melhor padrão de
marcação quando comparado à sinaptofisina. Dos 13 cães pertencentes ao G1, três
foram a óbito no pós-operatório inicial. No período pós-operatório tardio, três cães
apresentaram alterações de consistência e freqüência de defecação, além de
episódios diarréicos agudos intermitentes. O tempo de segmento foi de 6 meses
após intervenção cirúrgica. Os achados deste estudo sugerem que porções
intestinais macroscopicamente viáveis podem apresentar lesões de inervação
eventualmente traduzidas em sintomatologia clínica futura. Assim sendo, deve-se
avaliar de maneira cuidadosa a margem cirúrgica preservada durante o
procedimento de enterectomia/enteroanastomose bem como realizar
acompanhamento da função digestória tardia.
Palavras-chave: Intussuscepção. Cães. Histologia (avaliação). Imunoistoquímica
(avaliação). Viabilidade da inervação intestinal.
ABSTRACT
OLIVEIRA-BARROS, L. M. Histologic and immunohistochemical evaluation of
intestinal innervation in dogs with intussusceptions submitted to enterectomy
[Avaliação histológica e imunoistoquímica da inervação intestinal em cães
portadores de intussuscepção submetidos à enterectomia]. 2008. 114 f. Dissertação
(Mestrado em Medicina Veterinária) Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
The purpose of this study was to evaluate the preservation of the innervation of
macroscopically viable bowel segments of dogs with intussusceptions. This group
(G1) was compared to bowel segment of normal dogs (G2). Histological and
immunohistochemical analysis were performed using computed system (Image Pro-
Plus®). Late assessment of the quality of life and digestive function were also
evaluated. Analyzed variables included: mean density of circular and longitudinal
muscular layers cells, ratio between muscular layers, mean of myenteric plexuses,
mean density of myenteric cells, neuronal degeneration degree in myenteric plexus,
synaptophysin and NSE immunoreactivity and defecatory disorders. All tested
parameters, except mean density of longitudinal muscular layers cells, ratio between
muscular layers and synaptophysin immunoreactivity, showed statistical differences
when group G1 was compared with group G2. Correlations between mean density of
myenteric cells and mean density of circular muscular layers cells; neuronal
degeneration degree in myenteric plexus and NSE immunoreactivity; neuronal
degeneration degree in myenteric plexus and mean density of myenteric cells were
observed. Regarding the immunohistochemical antibodies, NSE showed better
staining pattern than synaptophysin. Three animals of G1 (n=13) died during the
initial post-operative period. During the late post-operative period, three animals
presented disorders in fecal consistency, frequency of defecation and acute
intermittent diarrheal episodes. The follow-up time was 6 months. These findings
showed that macroscopically viable bowel segments can present innervation damage
eventually translated in clinical symptoms in the future. So, a careful evaluation of the
preserved surgical margin during enterectomy and enteroanastomosis must be
carried out as well as monitoring of the late digestive function.
Keywords: Intussusception. Dogs. Histology (evaluation). Immunohistochemical
(evaluation). Intestinal innervation viability.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
eNOS óxido nítrico sintetase endotelial
FMVZ/USP Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo
G1 grupo um
G1A grupo de animais portadores de intussuscepções e localização
anterior à obstrução
G1P grupo de animais portadores de intussuscepções e localização
posterior à obstrução
G1D animais do grupo um com alterações no período pós-operatório
tardio
G1O animais do grupo um não avaliados no período pós-operatório
tardio
G1S animais do grupo um sem alterações no período pós-operatório
tardio
G2 grupo dois
GFAP proteína glial fibrilar ácida
GIST tumor estromal do aparelho gastrointestinal
GNDF fator neurotrófico derivado da glia
H
2
O2 água oxigenada
IC intervalo de confiança
IL-6 interleucina tipo 6
iNOS óxido nítrico sintetase indutível
mg miligramas
mm milímetro
mm
2
milímetro quadrado
MMC complexo motor migratório
MSE enolase músculo-específico
n número de amostras
NGF fator de crescimento de neurônios
NNE enolase não-neuronal
nNOS óxido nítrico sintetase neuronal
NO óxido nítrico
NOS óxido nítrico sintetase
NSE enolase neurônio-específica
PBS tampão fosfato salino
pCO
2
pressão parcial de CO
2
pH potencial hidrogeniônico
RNA ácido ribonucléico
SMT S-methylisothiourea
TNF- α fator de necrose tumoral alfa
VIP peptídeo intestinal vasoativo
µl mililitro
µm micrômetro
µm
2
micrômetro quadrado
LISTA DE SÍMBOLOS
% porcentagem
x vezes
α alfa
β beta
γ gama
°C graus Celsius
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 – Descrição dos parâmetros clínicos e cirúrgicos dos animais
acometidos por intussuscepção - FMVZ/USP. São Paulo, 2008 ...........68
Gráfico 1 – Representação gráfica da média e desvio-padrão da densidade
celular da camada muscular circular - FMVZ/USP. São Paulo,
2008.......................................................................................................70
Gráfico 2 – Representação gráfica da média e desvio-padrão da densidade
celular da camada muscular circular por subgrupo (quanto à
localização) – FMVZ/USP. São Paulo, 2008 .........................................71
Gráfico 3 – Representação gráfica da média e desvio-padrão da densidade
celular da camada muscular longitudinal - FMVZ/USP. São Paulo,
2008.......................................................................................................72
Gráfico 4 – Representação gráfica da média e desvio-padrão da camada
muscular longitudinal por subgrupo (quanto à localização) -
FMVZ/USP. São Paulo – 2008 ..............................................................72
Gráfico 5 – Representação gráfica da relação média entre as camadas
musculares - FMVZ/USP. São Paulo – 2008.........................................74
Gráfico 6 – Representação gráfica da relação média entre as camadas
musculares por subgrupo - FMVZ/USP. São Paulo – 2008...................74
Gráfico 7 – Representação gráfica da média e desvio-padrão do número
médio de plexos mioentéricos - FMVZ/USP. São Paulo – 2008............75
Gráfico 8 – Representação gráfica da média e desvio-padrão da densidade
celular dos plexos miontéricos (mm
2
) - FMVZ/USP. São Paulo
2008.......................................................................................................77
Gráfico 9 – Representação gráfica da distribuição do grau de vacuolização
dos plexos mioentéricos - FMVZ/USP. São Paulo – 2008.................... 78
Gráfico 10 – Representação gráfica da distribuição de escores de
quantificação de imunoreatividade à sinaptofisina nos plexos
mioentéricos - FMVZ/USP. São Paulo – 2008.......................................80
Gráfico 11 – Representação gráfica da distribuição de escores de
quantificação de plexos mioentéricos imunoreativos à
sinaptofisina - FMVZ/USP. São Paulo – 2008 .......................................80
Gráfico 12 – Representação gráfica da distribuição de escores de
quantificação de imunoreatividade ao NSE nos plexos
mioentéricos - FMVZ/USP. São Paulo – 2008.......................................83
Gráfico 13 – Representação gráfica da distribuição de escores de
quantificação de plexos mioentéricos imunoreativos ao NSE -
FMVZ/USP. São Paulo – 2008 ..............................................................83
Gráfico 14 – Representação gráfica da densidade celular da camada muscular
longitudinal nos subgrupos quanto à avaliação tardia -
FMVZ/USP. São Paulo – 2008 ..............................................................87
Gráfico 15 – Representação gráfica da ausência de correlação linear entre o
número de plexos mioentéricos e densidade celular dos plexos
mioentéricos - FMVZ/USP. São Paulo – 2008.......................................88
Gráfico 16 – Representação gráfica da ausência de correlação linear entre
número de plexos mioentéricos e escore de imunoreatividade ao
NSE nos plexos mioentéricos - FMVZ/USP. São Paulo – 2008............ 88
Gráfico 17 – Representação gráfica da correlação linear entre densidade
celular dos plexos mioentéricos e densidade celular da camada
muscular circular - FMVZ/USP. São Paulo – 2008 ................................89
Gráfico 18 – Representação gráfica da correlação linear entre grau de
vacuolização dos plexos mioentéricos e escore de
imunoreatividade ao NSE nos plexos mioentéricos - FMVZ/USP.
São Paulo – 2008 ..................................................................................89
Gráfico 19 – Representação gráfica da correlação linear entre grau de
vacuolização dos plexos mioentéricos e densidade celular dos
plexos mioentéricos - FMVZ/USP. São Paulo – 2008............................90
Figura 1 – Fotomicrografia obtida por meio de microscópio de luz de plexos
mioentéricos - FMVZ/USP. São Paulo – 2008.......................................76
Figura 2 – Fotomicrografia obtida por meio de microscópio de luz, de plexos
mioentéricos imunoreativos à sinaptofisina de acordo com escore
estabelecido - FMVZ/USP. São Paulo – 2008 .......................................81
Figura 3 – Fotomicrografia obtida por meio de microscópio de luz, de plexos
mioentéricos imunoreativos ao NSE de acordo com escore
estabelecido - FMVZ/USP. São Paulo – 2008 .......................................84
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Média, desvio-padrão, intervalo de confiança, valores mínimo e
máximo da densidade celular da camada muscular circular -
FMVZ/USP. São Paulo, 2008 ................................................................70
Tabela 2 – Média, desvio-padrão, intervalo de confiança, valores mínimo e
máximo da densidade celular da camada muscular circular por
subgrupo (quanto a localização) – FMVZ/USP. São Paulo, 2008..........70
Tabela 3 – Média, desvio-padrão, intervalo de confiança, valores mínimo e
máximo da densidade celular da camada muscular longitudinal -
FMVZ/USP. São Paulo, 2008 ................................................................71
Tabela 4 – Média, desvio-padrão, intervalo de confiança, valores mínimo e
máximo da densidade celular da camada muscular longitudinal
por subgrupo (quanto a localização) - FMVZ/USP. São Paulo
2008.......................................................................................................71
Tabela 5 – Média, desvio-padrão, intervalo de confiança, valores mínimo e
máximo da relação média entre camadas musculares -
FMVZ/USP. São Paulo – 2008 ..............................................................73
Tabela 6 – Média, desvio-padrão, intervalo de confiança, valores mínimo e
máximo da relação média entre camadas musculares por
subgrupo - FMVZ/USP. São Paulo – 2008 ............................................73
Tabela 7 – Média, desvio-padrão, intervalo de confiança, valores mínimo e
máximo do número médio de plexos mioentéricos - FMVZ/USP.
São Paulo – 2008 ..................................................................................75
Tabela 8 – Média, desvio-padrão, intervalo de confiança, valores mínimo e
máximo da densidade celular dos plexos miontéricos (mm
2
) -
FMVZ/USP. São Paulo – 2008 ..............................................................77
Tabela 9 – Distribuição do grau de vacuolização dos plexos mioentéricos -
FMVZ/USP. São Paulo – 2008 ..............................................................78
Tabela 10 – Distribuição de escores de quantificação de imunoreatividade à
sinaptofisina nos plexos mioentéricos - FMVZ/USP. São Paulo
2008.......................................................................................................79
Tabela 11 – Distribuição de escores de quantificação de plexos mioentéricos
imunoreativos à sinaptofisina - FMVZ/USP. São Paulo – 2008 .............80
Tabela 12 – Distribuição de escores de quantificação de imunoreatividade ao
NSE nos plexos mioentéricos - FMVZ/USP. São Paulo – 2008.............82
Tabela 13 – Distribuição de escores de quantificação de plexos mioentéricos
imunoreativos ao NSE - FMVZ/USP. São Paulo – 2008........................83
Tabela 14 – dia e desvio-padrão de variáveis por subgrupo quanto à
avaliação tardia - FMVZ/USP. São Paulo – 2008 ..................................86
Tabela 15 – Distribuição das porcentagens de imunoreatividade ao NSE e
sinaptofisina nos subgrupos quanto à avaliação tardia -
FMVZ/USP. São Paulo – 2008 ..............................................................86
Tabela 16 – Distribuição das porcentagens dos escores de vacuolização nos
subgrupos quanto à avaliação tardia - FMVZ/USP. São Paulo
2008.......................................................................................................86
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................22
2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................25
2.1 Anatomia do aparelho digestório ............................................................26
2.2 Histologia do aparelho digestório ...........................................................26
2.2.1 Intestino Delgado ........................................................................................28
2.2.2 Intestino Grosso ..........................................................................................29
2.3 Inervação Intestinal...................................................................................29
2.4 Motilidade Intestinal..................................................................................30
2.5 Doenças Obstrutivas em cães .................................................................35
2.6 Intussuscepção .........................................................................................37
2.7 Avaliação da viabilidade intestinal ..........................................................44
2.8 Avaliação da viabilidade da inervação intestinal ...................................45
2.9 Imunoistoquímica......................................................................................51
2.9.1 Sinaptofisina................................................................................................52
2.9.2 Enolase Neurônio-Específica..................................................................... 53
3 OBJETIVO ..................................................................................................56
4 MATERIAL E MÉTODO..............................................................................58
4.1 Seleção dos animais.................................................................................59
4.2 Critério de exclusão..................................................................................59
4.3 Delineamento experimental......................................................................60
4.4 Coleta de material .....................................................................................60
4.5 Processamento do material .....................................................................61
4.5.1 Processamento histológico .........................................................................61
4.5.2 Processamento imunoistoquímico...............................................................61
4.6 Avaliação do material ...............................................................................62
4.6.1 Avaliação histológica...................................................................................62
4.6.1.1 Mensuração das camadas musculares .......................................................62
4.6.1.2 Quantificação do número de plexos mioentéricos...................................... 63
4.6.1.3 Mensuração da densidade celular dos plexos mioentéricos .......................63
4.6.1.4 Determinação do grau de degeneração neuronal nos plexos
mioentéricos................................................................................................63
4.6.2 Avaliação imunoistoquímica........................................................................64
4.7 Avaliação s-operatória tardia dos animais submetidos a
enterectomia e enteroanastomose ..........................................................64
4.8 Análise estatística.....................................................................................65
5 RESULTADOS............................................................................................66
5.1 Resultados histológico.............................................................................69
5.1.1 Mensuração das camadas musculares.......................................................69
5.1.1.1 Densidade celular das camadas musculares ..............................................69
5.1.1.2 Relação entre as camadas musculares ......................................................73
5.1.2 Quantificação do número de plexos mioentéricos...................................... 75
5.1.3 Mensuração da densidade celular dos plexos mioentéricos .......................77
5.1.4 Determinação do grau de degeneração neuronal nos plexos
mioentéricos................................................................................................78
5.2 Resultados imunoistoquímicos................................................................79
5.2.1 Imunoreatividade à Sinaptofisina ................................................................79
5.2.2 Imunoreatividade à Enolase Neurônio-Específica...................................... 82
5.3 Avaliação pós-operatória tardia dos animais submetidos
enterectomia e enteroanastomose ..........................................................85
5.4 Correlação entre as variáveis analisadas ...............................................87
6 DISCUSSÃO...............................................................................................91
7 CONCLUSÃO ...........................................................................................101
REFERÊNCIAS........................................................................................ 103
INTRODUÇÃO
23
INTRODUÇÃO
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
1 INTRODUÇÃO
As afecções gastrointestinais são bastante freqüentes na clínica de pequenos
animais. Dentre estas, os quadros obstrutivos são considerados emergências
cirúrgicas e são responsáveis por altos índices de morbidade e mortalidade. A
intussuscepção é uma afecção importante no que diz respeito ao número de
pacientes afetados e ao risco inerente de morte. Além disso, busca-se não apenas
sua correção como também a completa recuperação da função intestinal.
A avaliação da viabilidade intestinal é ainda hoje um grande desafio para a
medicina humana e veterinária. Sua sub ou superestimação podem levar a
conseqüências desastrosas em um paciente, e devem ser cautelosamente
analisadas (ORLAND et al., 1993; BEILER et al., 2004). Embora existam diversos
métodos disponíveis para estimar a extensão de lesão tecidual, a análise trans-
cirúrgica ainda é discutida. A avaliação da inervação é ainda mais complexa e
eventualmente resulta em distúrbios motores pós-operatórios. Estudos sobre a
motilidade gastrointestinal iniciaram-se em 1833 por Beaumont que observou,
através de fistula gastrocutânea secundária a ferimentos, efeitos sobre o aparelho
digestivo de um militar ferido em combate. Em 1899, Bayliss e Starling descreveram
pela primeira vez a existência de movimentos peristálticos no intestino delgado. Na
medicina veterinária, este movimento foi observado em gatos apenas no ano de
1911 por Canon, com auxílio de fluoroscópio. em 1922 foi reportada a existência
de atividade elétrica digestiva (LOPASSO, 2004). Desde então, a contínua
observação deste aparelho tem mostrado seu comportamento fisiológico e permitido
a identificação de alterações patológicas, o que cresceu geometricamente com a
neurofisiologia, bioquímica celular e descoberta de neuro-hormônios (VIEBIG, 2006).
Atualmente, a comunidade científica tem pleno conhecimento da atividade
neuromotora intestinal, através da identificação de atividade elétrica e mensuração
de contrações intestinais. Porém, estas não são técnicas de simples execução e
ficam limitadas em algumas situações. O registro mioelétrico da função intestinal é
possível através de eletrodos implantados via laparotomia ou laparoscopia e não
necessitam de nova operação para sua retirada. Entretanto, necessitam de um
conjunto de medidas complexas além de serem demasiadamente onerosos,
24
INTRODUÇÃO
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
principalmente para a medicina veterinária. O mesmo ocorre com a utilização de
eletrodos via sondas nasoentéricas longas. Exatamente por apresentarem baixa
aplicabilidade, estes métodos não apresentam padronização e estão sujeitos a
interpretações controversas (ORLAND et al., 1993; LOPASSO, 2004).
O único método que permanecer clinicamente operacional é a observação de
motilidade intestinal por meio da progressão de coluna baritada. Entretanto, este
exame fornece apenas dados qualitativos e fragmentários. Mesmo os marcadores
radioisótopos, de tecnologia avançada, apresentam limitações quanto à imprecisão
na identificação do segmento intestinal em que ele se encontra (LOPASSO, 2004).
A busca por métodos alternativos inclui a utilização de avaliação histológica e
imunoistoquímica, com a finalidade de alcançar métodos mais quantitativos e desta
forma, evitar o aparecimento de alterações de motilidade intestinal.
REVISÃO DE LITERATURA
26
REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Anatomia do aparelho digestório
O aparelho digestório dos cães é composto por um aparelho segmentado em
cavidade oral, esôfago, estômago, intestino delgado e grosso, reto e ânus, e por
glândulas anexas: salivares, fígado e pâncreas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004).
Relativamente longo, o intestino delgado se estende do piloro até o orifício
íleo-cólico. Engloba duodeno (porção relativamente fixa e curta), jejuno (porção
longa e móvel) e íleo (porção curta e terminal) (OLIVEIRA, 1995).
O intestino grosso por sua vez é subdividido em ceco, cólon e reto. Inicia-se
na porção ileocecal, estende-se até o ânus e apresenta diâmetro superior ao
delgado em toda a sua extensão. O ceco é um segmento intestinal curto de fundo
cego, com conexão apenas ao cólon imediatamente além da junção ileo-cólica. O
cólon pode ser dividido em três porções, de acordo com seu posicionamento
anatômico: cólon ascendente, transverso e descendente.
A principal função do aparelho digestório é obter moléculas necessárias para
o crescimento, manutenção e demais capacidades energéticas do organismo
através dos alimentos ingeridos. Para tal, o necessários processos como a
digestão, absorção e secreção de substâncias. Além disso, o aparelho
gastrointestinal tem relevante função imunológica, uma vez que constitui importante
barreira protetora entre meio externo (lúmen intestinal) e meio interno (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2004).
2.2 Histologia do aparelho digestório
Todo o aparelho digestório apresenta características estruturais comuns.
Trata-se de um tubo oco composto por luz ou lúmen de diâmetro variável,
circundado por parede composta por quatro camadas distintas: mucosa, submucosa,
27
REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
muscular e serosa (COOLMAN; EHRHART; MARRETTA, 2000; JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2004; PATRICIO; LANZONI, 2004).
A camada mucosa, mais interna, pode ser subdividida em revestimento
epitelial, lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo, rico em vasos sanguíneos,
linfáticos e lulas musculares lisas, além da muscular da mucosa. Esta tem como
função promover a movimentação da mucosa independentemente de outros
movimentos do trato, aumentando assim o contato do órgão com o alimento
(COOLMAN; EHRHART; MARRETTA, 2000; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004).
Na submucosa, encontra-se o plexo nervoso submucoso ou plexo de
Meissner além de vasos sanguíneos, linfáticos, glândulas e tecido linfóide
(COOLMAN; EHRHART; MARRETTA, 2000; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004).
A camada muscular é composta por células musculares lisas orientadas em
espiral divididas em subcamada interna circular e externa longitudinal. A camada
circular propicia a segmentação e mistura da ingesta, enquanto a longitudinal, a
propulsão do conteúdo luminal (COOLMAN; EHRHART; MARRETTA, 2000). Entre
as camadas musculares encontra-se o plexo nervoso mioentérico ou plexo de
Auerbach além de tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e linfáticos. Este plexo é
formado por agregados de células nervosas formadoras de gânglios e extensa rede
de fibras neuronais que possibilitam a comunicação interganglionar. Esta
composição nervosa é responsável pela geração e coordenação de impulsos
elétricos que controlam a contração muscular. Ao longo do aparelho digestório,
existe variação do numero de gânglios, sendo mais numerosos em regiões com
maior motilidade. A deficiência ou inexistência de controle nervoso acaba por gerar
perturbações da motilidade intestinal (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004).
A camada mais externa do aparelho digestório é chamada de serosa e é
constituída por tecido conjuntivo frouxo, tecido adiposo, vasos sanguíneos e grande
quantidade de vasos linfáticos. É revestida por epitélio pavimentoso simples,
denominado mesotélio.
A renovação intestinal por descamação é constante e baseia-se na divisão de
células-tronco presentes em varias porções intestinais. No intestino delgado, as
células morrem por apoptose no topo das vilosidades, de onde são descamadas
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004).
28
REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
2.2.1 Intestino Delgado
Com a finalidade de aumentar a superfície de contato e conseqüentemente, o
poder de absorção, o intestino apresenta projeções alongadas de mucosa
(compostas por epitélio e lâmina própria) em direção ao lúmen, denominadas de
vilosidades intestinais. No duodeno, apresentam forma de folha e gradualmente
assumem forma de dedos em direção ao íleo. Entre os vilos, existem aberturas de
glândulas intestinais ou Glândulas de Lieberkühn denominadas criptas. As glândulas
intestinais possuem células-tronco, células enteroendócrinas, células absortivas,
células caliciformes (produtoras de muco protetor), lulas de Paneth. Estas últimas
apresentam ação antibacteriana, uma vez que são capazes de digerir lisozima,
constituinte da parede de microorganismos (PATRICIO; LANZONI, 2004). No jejuno,
porém não exclusivamente nesta porção, encontram-se as plicaes circularis ou
válvulas de Kerckring, pregas permanentes de mucosa e submucosa com funções
semelhantes às vilosidades (PATRICIO; LANZONI, 2004). A movimentação da
camada muscular da mucosa, em comunicação com a da lâmina própria de todos os
vilos, é responsável pela movimentação tmica das vilosidades, importante no
processo de absorção de nutrientes (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004).
A camada submucosa da porção inicial do duodeno apresenta um grupo de
glândulas tubulares enoveladas que se abrem em glândulas intestinais,
denominadas glândulas de Brünner ou glândulas duodenais. O produto de sua
secreção é alcalino (pH 8,1-9,3), o que propicia proteção da mucosa duodenal
contra os efeitos do suco gástrico e neutraliza o quimo para a ação de enzimas
pancreáticas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004).
Importantes componentes do tecido linfóide, as Placas de Peyer são nódulos
linfáticos agregados, presentes na lâmina própria e submucosa do delgado. Nesta
porção intestinal, a camada muscular é bem desenvolvida.
29
REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
2.2.2 Intestino Grosso
O intestino grosso apresenta camada mucosa sem vilosidades e sem pregas,
com exceção do reto. As glândulas intestinais são longas e apresentam grande
número de células caliciformes e absortivas, além de pequeno grupo de células
enteroendócrinas. Em virtude da abundância da população bacteriana nesta região,
a lâmina própria está repleta de células e nódulos linfóides. Semelhante ao intestino
delgado, a camada muscular é formada por porção circular interna e longitudinal
externa. Porém, as fibras da camada longitudinal externa se unem para formar três
bandas longitudinais espessas, denominadas tênias do cólon (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2004).
Na região anal é possível a identificação de colunas retais ou de Morgagni,
definidas como uma série de dobras longitudinais formadas a partir da mucosa.
Próxima à abertura anal, a mucosa intestinal é substituída por epitélio pavimentoso
estratificado e a lâmina própria contém plexo de veias de grande calibre
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004).
2.3 Inervação Intestinal
A inervação intestinal é formada por um componente intrínseco e um
extrínseco. A inervação intrínseca, também denominada Sistema Nervoso Entérico,
é composta pelo Plexo Nervoso Mioentérico ou Plexo de Auerbach e pelo Plexo
Submucoso ou de Meissner. O primeiro e mais importante está localizado entre as
camadas musculares externas (ou longitudinais) e internas (ou circulares), enquanto
o segundo, na camada submucosa. A regulação da motilidade intestinal é atribuída
principalmente ao plexo de Auerbach, enquanto o de Meissner assegura o controle
de secreções e absorções do órgão (KHEN et al., 2004). Estes plexos contêm
neurônios efetores e neurônios sensoriais que recebem informações de terminações
nervosas quanto ao conteúdo (quimiorreceptores) e distensão da parede intestinal
(mecanorreceptores). A inervação extrínseca, pertencente ao sistema nervoso
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REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
autônomo, é formada por fibras colinérgicas parassimpáticas que estimulam a
musculatura lisa intestinal e por fibras adrenérgicas simpáticas, atenuantes da
atividade desta musculatura (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004).
O sistema intrínseco é responsável pela contração intestinal independente do
sistema extrínseco (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). As funções motoras dos
segmentos intestinais são executadas pelas camadas musculares. O quimo é
impulsionado poucos centímetros à frente por movimentos segmentares e pequenas
contrações peristálticas. Raramente uma onda percorre toda a extensão intestinal
(LOPASSO, 2004). Estas contrações rítmicas sincronizadas das camadas
musculares caracterizam o peristaltismo, impelindo o conteúdo intestinal para a
porção distal.
As células de Cajal são um grupo de células de origem mesenquimal do
aparelho gastrointestinal, inicialmente descritas por Santiago Ramón e Cajal em
meados do século XX. Estas células encontram-se em importante associação com
as camadas musculares e demais células nervosas. Elas são consideradas os
marcapassos intestinais através da geração de impulsos rítmicos, traduzidos em
ondas lentas. Funções adicionais incluem mediação de neurotransmissores e
participação na propagação ativa de eventos elétricos intestinais (HUDSON et al.,
1999; FINTL et al., 2004; KUBOTA et al., 2005). São identificadas em diferentes
espécies e em diferentes tios histológicos, como plexo mioentérico, camada
muscular circular e submucosa (HUDSON et al., 1999; FINTL et al., 2004).
Alterações neste grupo celular podem levar ao desenvolvimento de tumores
estromais do aparelho gastrointestinal, conhecidos como GIST (JAIN et al., 2003)
2.4 Motilidade intestinal
O padrão de motilidade observado no intestino delgado é formado em
movimentos segmentais de mistura do conteúdo luminal e movimentos peristálticos
responsáveis pela propulsão do bolo. Ambos favorecem o contato do conteúdo com
secreções intestinais e a superfície de absorção (KOHN, 1992; OLIVEIRA, 1995). As
ondas peristálticas consistem da contração longitudinal da musculatura circular ao
31
REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
longo do intestino, determinando anéis de constrição que propulsionam o conteúdo
alimentar para segmentos distais. Os movimentos de segmentação são
representados por contrações concêntricas do lúmen espaçadas por poucos
centímetros, simultâneas e de curta duração, fazendo com que o bolo alimentar
misture-se com secreções do aparelho digestório. Finalmente, os movimentos
pendulares consistem de contração e relaxamento da musculatura longitudinal do
intestino. Os movimentos pendulares são de difícil avaliação, ao contrário dos dois
primeiros, passíveis de estudo por eletromiografia (OLIVEIRA, 1995; RASSLAN,
2007a).
Associados às contrações, observam-se dois tipos de atividades elétricas.
Originadas dos marcapassos intestinais localizados na camada longitudinal da
musculatura intestinal do duodeno proximal, as ondas lentas “slow waves” são
propagadas aboral ao longo da musculatura, porém não são responsáveis por
contrações propriamente ditas. Estas contrações dependem da despolarização
muscular decorrente das ondas lentas, mas são na eletromiografia associadas a
descargas de pico spike bursts”, sobrepostas às primeiras. Desta forma, as ondas
lentas são responsáveis pela sincronização das contrações, enquanto as descargas
de pico o efetivamente as causadoras de contrações. O duodeno é responsável
pela descarga de aproximadamente 15 ondas lentas por minuto, número
ligeiramente reduzido no íleo (KOHN, 1992; LIN et al., 2002; BROWN, 2003;
GARCIA-CASADO; MARTINEZ-DE-JUAN; PONCE, 2005). As ondas lentas
chamadas “ondas marcapassos” e o ritmo básico determinam o tempo e a
freqüência máxima de contrações, que diminuem gradualmente do duodeno para o
íleo terminal (RASSLAN, 2007a).
Normalmente, o intestino delgado exibe uma alternância cíclica entre períodos
de atividade spike burstse quiescência. Durante o jejum, o intestino encontra-se
relativamente quiescente, embora ocorram contrações para mover secreções, debrís
celulares e bactérias. Estas contrações, chamadas de Complexos Mioelétricos
Migratórios (MMC) o propagadas por todo o intestino delgado, automaticamente,
no período “interdigestivos” (LOPASSO, 2004). Desta forma, a continuidade
intestinal é fundamental para a propagação das MMCs. Em locais de anastomoses,
observa-se uma interrupção da propagação da MMC e reinício de complexos na
porção posterior à afetada. Após a alimentação, observam-se atividades de pico
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REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
sobrepondo o estado de quiescência, o que está associado ao aumento da
motilidade e subseqüente digestão e transporte de ingestas (KOHN, 1992). Code e
Marlett (1975) realizaram a divisão do complexo motor migratório do aparelho
digestório em quatro fases. Na fase I, dita quiescência, observam-se ondas lentas
com potenciais de ação ocasional. Durante a fase II, os potenciais de ação
apresentam-se irregulares em freqüência e intensidade. A fase III é caracterizada
por potenciais de ação de alta amplitude superposta na sua quase totalidade por
ondas lentas. Na fase IV, a freqüência e a intensidade das potenciais de ação
diminuem rapidamente até iniciar-se um novo ciclo (RASSLAN, 2007a).
no intestino grosso, vêem-se dois padrões básicos de atividade elétrica
intestinal: pequenas descargas em pico com durações menores que 5 segundos e
usualmente localizadas, além de longas descargas em pico, com durações entre 10
e 20 segundos e que se propagam tanto oral quanto aboral. A proporção entre
longas e pequenas descargas em pico são responsáveis pelo tempo médio de
retenção da ingesta no intestino grosso, influenciando de forma considerável a
absorção de nutrientes e eliminação de fezes (RUCKEBUSCH, 1981).
Os marcapassos intestinais o essenciais para a perfeita motilidade
intestinal. É atribuído a este grupo celular a geração de atividade de ondas lentas,
fundamental para a coordenação do movimento. Acredita-se que a deficiência em
número ou função destas células acabem por gerar desordens motoras ou disritmias
digestivas (HUDSON et al., 1999; KUBOTA et al., 2005) e que esta disritmia na
geração de ondas lentas cause disfunção peristáltica e aumento no tempo de
trânsito alimentar (HUDSON et al., 1999). Este fato pode ser observado tanto em
doenças congênitas como adquiridas, entre elas aganglionoses intestinais, doença
de Hirschsprung, megacólon, doença de Crohn, constipações, estenose pilórica
hipertrófica, colite ulcerativa e pseudo-obstrução intestinal idiopática crônica
(HUDSON et al., 1999; WANG et al., 2000; KUBOTA et al., 2005; MATSUDA et al.,
2006; NEUNLIST et al., 2007). Alem disso, doenças sistêmicas como disautonomias
e miopatias além da administração de determinadas drogas também podem
ocasionar disfunções entéricas por alterações nas células de Cajal (AROCH et al.,
1997; KUBOTA et al., 2005).
O estudo do envolvimento das células de Cajal na motilidade intestinal sofreu
grande avanço após a descoberta de que estas células expressam proto-oncogenes
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REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
c-kit codificadores do receptor transmembrânico tirosina-quinase. O uso de
anticorpos anti c-kit passou a representar uma das formas mais objetivas de
avaliação dos marcapassos intestinais (HUDSON et al., 1999; FINTL et al., 2004).
Acredita-se que a musculatura intestinal apresente tônus inerente e atividade
rítmica espontânea sem participação da inervação intrínseca e extrínseca (NEELY;
CATCHPOLE, 1967). Além disso, as ondas lentas e MMCs são geradas
independentemente da inervação extrínseca e mesmo na ausência desta inervação,
pode-se observar peristaltismo. O único pré-requisito para a motilidade organizada é
a integridade de plexos nervosos mioentéricos de Auerbach e Meissner
(RUCKEBUSCH, 1981).
A motilidade intestinal depende da preservação da função de músculos,
junções neuromusculares, controle endócrino e neural. Disfunções de um ou mais
destes componentes pode levar a perda do controle, diminuição ou atividade
aberrante (AROCH et al., 1997).
Diversos são os fatores moduladores da atividade mioelétrica intestinal,
incluíndo presença de alimento, atividade hormonal, ativação simpática e
parassimpática além de lesões ou destruições das células envolvidas, tanto
musculares quanto nervosas.
Sabe-se que após alimentação, a distensão intestinal com quimo estimula
receptores miontéricos locais que estimulam a motilidade proximal ao quimo e
inibem motilidade distal a ele, resultando em peristaltismo.
A inervação extrínseca, composta pelo sistema nervoso simpático e
parassimpático, modula os plexos nervosos mioentéricos através de efeitos
inibitórios e excitatórios, interferindo desta forma na motilidade intestinal. Os efeitos
inibitórios simpáticos são mediados por nervos esplâncnicos, gânglios
paravertebrais, cordão espinal ou combinações entre eles. Quanto ao reflexo
parassimpático excitatório, as vias aferentes incluem receptores de tensão na
musculatura sensíveis a estímulos mecânicos como distensão moderada e
contração, e receptores da mucosa que respondem a estímulos táteis e químicos. A
via parassimpática eferente utiliza os nervos vago e pélvico (KOHN, 1992).
Deve-se ainda contar com a interferência de substâncias endógenas que
contribuem na manutenção da homeostase da motilidade intestinal. Dentre as
substâncias que aumentam a motilidade intestinal, tem-se a gastrina, a
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REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
colecistoquinina e o glucagon, sendo que este último age apenas na musculatura
colônica. A secretina, o peptídeo gástrico inibitório e o peptídeo intestinal vasoativo
(VIP) contribuem para a diminuição da movimentação do intestino. A motilina
peptídica intestinal estimula a motilidade de porções anteriores do intestino delgado
e cólon, além de deflagrar MMCs observados no período entre digestões. Esta
substância aumenta a atividade mioelétrica e miomecânica do jejuno e íleo, além de
reduzir o tempo de trânsito de fluídos entre estômago e ceco de pôneis (KOHN,
1992). Drogas como a eritromicina atuam de forma semelhante a motilina,
aumentando o esvaziamento gástrico (AROCH et al., 1997).
Outra substância envolvida é a dopamina, um importante neurotransmissor
inibitório de musculatura lisa. Desta forma, a utilização de drogas
antidopaminérgicas (parassimpatomiméticas) pode contribuir na restituição ou
manutenção da motilidade intestinal. Um destes exemplos é a metoclopramida, que
estimula e coordena atividade motora gástrica, pilórica e duodenal além de acelerar
o esvaziamento gástrico e diminuir o tempo de trânsito do intestino delgado. A
neostigmina também é classificada como droga parassimpatomimética inibidora de
acetilcolinesterase (AROCH et al., 1997). Em cães, pode ser utilizada na dose de
0,5mg pela via intramuscular, com previsão de defecação após 20 minutos de sua
administração (AROCH et al., 1997).
As prostaglandinas não têm sua via de ação totalmente elucidada, porém
sabe-se que sua liberação está relacionada à contração muscular e que está
presente tanto em intestino delgado quanto grosso. Em geral, prostaglandinas E e F
contraem a porção muscular longitudinal, enquanto o subtipo E relaxa e o F contrai a
porção circular. Esta droga despertou a atenção de diversos pesquisadores quanto à
possibilidade de reverter ou minimizar o íleo paralítico. Entretanto, existe uma
variação tecidual da ação das prostaglandinas em musculatura lisa ainda pouco
definida (WILSON; KAYMAKCALAN, 1981). Acredita-se que o subtipo PGE
1
possa
diminuir a motilidade de intestino delgado em cães (SHEHADEH; PRICE;
JACOBSON, 1969).
A substância P é um peptídeo encontrado não somente em cérebro, mas
também em outros tecidos como o intestino, agindo como biotransmissor neste
órgão (CUMMINGS; SELLERS; LOWE, 1984).
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REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
O óxido nítrico (NO), inicialmente identificado como um fator relaxante
derivado do endotélio tem sido reconhecido como importante neurotransmissor
inibitório não adrenérgico, o colinérgico no intestino, interferindo na motilidade e
contração muscular (WANG et al., 2000; SUNG et al., 2006). A enzima óxido nítrico
sintetase (NOS), responsável pela síntese de NO, apresentam três isoformas:
indutível (iNOS), endotelial (eNOS) e neuronal (nNOS). As nNOS, expressas
constitutivamente em baixos níveis, são encontradas nos plexos mioentéricos. As
indutíveis, usualmente ausentes, podem ser expressas em situações de inflamações
e endotoxemia bacteriana (WANG et al., 2000). Acredita-se que o NO participe em
diversas enteropatias que cursem com alterações motoras, uma vez que neurônios
inibitórios não adrenérgicos não colinérgicos são reguladores da fase de
relaxamento do peristaltismo (WANG et al., 2000; SUNG et al., 2006). Na vigência
de processos inflamatórios, tem-se a elevação sistêmica de NO e NOS associado ao
aumento de demais mediadores inflamatórios, podendo resultar em alteração do
padrão de motilidade e maior incidência de intussuscepções. A administração de
inibidores da cicloxigenase podem contribuir para a normalização da motilidade
intestinal, bem como a utilização de inibidores específicos da enzima óxido nítrico
sintetase (WANG et al., 2000; TÜRKYILMAZ et al., 2004; SUNG et al., 2006).
2.5 Doenças obstrutivas em cães
Haymond (1935) define a gravidade dos quadros obstrutivos e suas
possibilidades terapêuticas como
[...] Frente a um doente portador de necrose intestinal
extensa, tem o cirurgião duas opções: deixar o doente morrer ou
tentar salvá-lo em esforço heróico, praticando a ressecção... Criando
um grande “enterectomizado” com todas as suas conseqüências
metabólicas e nutricionais.
36
REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
As afecções do aparelho gastrointestinal m ocorrência freqüente na clinica
de pequenos animais. Dentre as enfermidades que acometem o intestino delgado ou
grosso, tem-se especial relevância as classificadas como obstrutivas, nas quais
existe uma impossibilidade total ou parcial de progressão do conteúdo intestinal. São
mais freqüentes e preocupantes quando no intestino delgado pelo seu diâmetro
diminuto quando comparado com o grosso (KOHN, 1992).
As obstruções intestinais podem decorrer de diversas causas, classificadas
como mecânicas ou funcionais. Nas primeiras, existe uma barreira física
comprometendo a manutenção do aparelho digestório e incluem-se corpos
estranhos, presença de massas intraluminais ou intramurais, compressões
extramurais abdominais e as intussuscepções, com importância pela sua urgência
em resolução, uma vez que ameaça a vida do paciente (KOHN, 1992; PASSOS;
VALLE; NETTO, 2001).
As alterações de motilidade, distúrbios funcionais da força propulsora da
musculatura do intestino ou lesões da inervação intestinal compreendem as
alterações obstrutivas funcionais. O íleo paralítico pode se apresentar de três
formas: íleo adinâmico, em que a ineficiência é resultante do relaxamento da
musculatura; íleo dinâmico, em que se observa espasmo desta musculatura e íleo
da oclusão vascular, caracterizado pela incapacidade de coordenação motora em
conseqüência de morte celular resultante de isquemia. O íleo adinâmico é o mais
comum e freqüentemente ocorre após cirurgias abdominais. Em todos os casos, a
luz intestinal encontra-se pérvia, porém não existem ondas peristálticas e a
auscultação revela silêncio abdominal (KOHN, 1992; PASSOS; VALLE; NETTO,
2001; POGGETTI; PORTA; FONTES, 2004).
Além da classificação etiológica, ainda podemos definir a obstrução quanto ao
comprometimento da vascularização do segmento intestinal envolvido, sendo
simples, sem comprometimento vascular, ou com estrangulamento (KOHN, 1992;
PASSOS; VALLE; NETTO, 2001).
Outra classificação importante, principalmente para a terapêutica do paciente,
é quanto à localização do intestino envolvido: obstrução alta de intestino delgado,
baixa de intestino delgado e de intestino grosso. A determinação da porção
envolvida é fundamental para a instituição do tratamento e prognóstico do animal,
37
REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
porém o diagnóstico definitivo se alcançado com a visualização da alça
envolvida e grau de comprometimento (PASSOS; VALLE; NETTO, 2001).
A causa da obstrução o deve ser o alvo da investigação inicial. O
diagnóstico da obstrução é mais importante que o diagnóstico de sua causa. Este é
sempre clínico, porem deve contar com a ajuda de exames de imagem e/ou
laboratoriais para o seu sucesso. A atenção para o diagnostico precoce e instituição
do tratamento adequado reduz os índices de mortalidade e morbidade dos animais
acometidos. Hérnias, aderências, massas abdominais, corpos estranhos e
intussuscepções são causas freqüentes de obstrução. Porém, estes dados podem
variar com relação à localização geográfica, raça, idade e manejo do animal
(PASSOS; VALLE; NETTO, 2001).
2.6 Intussuscepção
Intussuscepção é definida como a invaginação de uma porção do aparelho
gastrointestinal, chamada de intussusceptum, sobre o lúmen da porção adjacente,
denominada intussuscepiens (LAMB; MANTIS,1998; HEDLUNG, 2002; MACPHAIL,
2002). Freqüentemente e observada na porção normógrada, ou seja, no sentido
peristáltico, porem existem relatos na direção retrograda ou também denominada de
oral. (LEWIS; ELLISON,1987; APPLEWHITE; HAWTHORNE; CORNELL, 2001;
PATSIKAS et al., 2005). Outra classificação passível de ser utilizada é quanto ao
numero de intussuscepções, podendo estas serem únicas, múltiplas ou compostas
(LEWIS; ELLISON, 1987).
Sua fisiopatologia ainda não esta totalmente elucidada, porém sugere-se
estar relacionada a alterações da atividade motora nos segmentos acometidos, o
que resultaria na descontinuidade intestinal, com porções apresentando maior
flacidez ou rigidez em comparação às adjacentes. As maiores conseqüências
citadas da intussuscepção são obstrução parcial ou total, isquemia, necrose e
ruptura intestinal (LEVITT; BAUER, 1992). Normalmente assume forma curva e de
extensão limitada pela tensão exercida pelo mesentério da porção internalizada.
38
REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
Segundo Barker, Van Dreumal e Palmer (1993) o tamanho limite observado em cães
é de aproximadamente 12 centímetros.
Eventos desencadeados pelo processo de invaginação intestinal podem ser
classificados quanto ao curso da doença. Inicialmente ocorre estrangulamento do
retorno venoso com dilatação e congestão. Estágios mais avançados apresentam
exsudação de fibrina da superfície serosa, responsável pela aderência intestinal. A
obstrução permanente dos vasos esta relacionada com isquemia e necrose, fatores
determinantes para o desenvolvimento de perfurações e rupturas intestinais tardias
(PATSIKAS et al., 2005).
Todas as porções de intestino podem ser acometidas, entretanto, observa-se
maior incidência no segmento ileo-cólico tanto em animais quanto em humanos
(LEVITT; BAUER, 1992; LAMB; MANTIS, 1998; APPLEWHITE; HAWTHORNE;
CORNELL, 2001; MACPHAIL, 2002). Não existe predisposição sexual e racial
descritas na literatura. Quanto à distribuição etária, parece haver um maior
acometimento de animais jovens (até um ano de idade), provavelmente relacionado
a grande incidência de gastroenterites/enterites infecciosas. Guilford e Strombeck
(1996) sugerem que cerca de 80% dos casos sejam representados por esta faixa
etária. A ocorrência em animais idosos geralmente esta relacionada a processos
neoplásicos, o que também é relatado na literatura medica (BILELLO; PETERSON,
2005; DRASKOVIC et al., 2005; JAREMKO; RAWAT, 2005; KAMO et al., 2005).
Dentre os fatores predisponentes deve-se ressaltar as alterações de dieta,
presença de corpos estranhos, granulomas ou massas gastrointestinais,
gastroenterites/enterites infecciosas ou não, parasitismo intestinal e cirurgias
previas, alem da forma idiopática, freqüente nos cães (GUILFORD; STROMBECK,
1996; MEYER, 1996; APPLEWHITE; HAWTHORNE; CORNELL, 2001; MACPHAIL,
2002). Relatos verificam ocorrência de intussuscepções após cirurgias abdominais
como transplantes renais (DU TOIT et al., 1981). A indução de mediadores
inflamatórios como prostaglandinas e óxido nítrico são relacionados com quadros de
intussuscepções, uma vez que apresentam importância na manutenção da
motilidade intestinal (TÜRKYILMAZ et al., 2004). As intussuscepções após quadros
de intoxicação por carbamatos são pouco relatadas na literatura, porém passível de
ocorrência. Corfield et al. (2008) descrevem a ocorrência em três cães com intervalo
de 24 horas a 18 dias da ingestão da substância. Estes autores descrevem
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REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
fisiopatologia relacionada a hipermotilidade gastrointestinal decorrente da maior
estimulação de receptores muscarínicos parassimpáticos.
Diversos são os sinais clínicos que cursam com esta enfermidade, desde
alterações inespecíficas como anorexia, disorexia, depressão, letargia, perda de
peso, êmese, diarréia por vezes hemorrágica, sensibilidade e distensão abdominal.
Estes últimos resultantes da obstrução intestinal, supercrescimento bacteriano,
isquemia e infarto da porção acometida além de peritonite focal ou difusa
(GUILFORD; STROMBECK, 1996; MEYER, 1996; LAMB; MANTIS, 1998;
ARONSON; BROCKMAN; BROWN, 2000; MACPHAIL, 2002).
Muitos dos quadros de intussuscepção podem ser diagnosticados através da
palpação abdominal, localizando e delimitando estrutura tubular firme, que deve ser
diferenciada de conteúdo fecal ou corpos estranhos (GUILFORD; STROMBECK,
1996). Em estudo realizado com nove gatos e 36 cães, 53% dos animais
apresentaram palpação abdominal compatível com o quadro (LEVITT; BAUER,
1992). Para o diagnóstico definitivo, pode-se valer do uso de técnicas de imagem,
das quais o ultra-som apresenta maior acurácia, sensibilidade e especificidade. O
raio-X simples e contrastado, endoscopia e colonoscopia também apresentam
utilidade. Dos exames radiográficos contrastados, utiliza-se com maior freqüência o
enema de bário pela localização preferencial das porções acometidas. O trânsito
gastrointestinal pode fornecer o mesmo resultado necessitando de maior tempo de
exame.
Na avaliação radiográfica, freqüentemente encontra-se anormalidade da
distribuição de alças no abdômen, dilatação intestinal, presença de variável
quantidade de líquido e gás em região cranial a obstrução até a observação de
estrutura de radiopacidade água (intussuscepção propriamente dita). No exame
contrastado, podem-se observar dilatações intestinais além da dificuldade ou
impossibilidade da progressão do marcador. As características ultra-sonográficas
normalmente ressaltadas são múltiplas linhas paralelas em cortes longitudinais e
múltiplos anéis concêntricos hiperecóicos e hipoecóicos ao redor de centro
hiperecóico em cortes transversais, comumente correlacionados as imagens de
alvos ou olhos de bois (LAMB; MANTIS, 1998; PATSIKAS et al., 2003; PATSIKAS et
al., 2004; PATSIKAS et al., 2005). São citadas como vantagens da técnica ultra-
sonográfica em relação à radiográfica a ausência de exposição à radiação, menor
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REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
tempo de exame, avaliação de estruturas adjacentes como linfonodos e, de forma
mais importante, avaliação da viabilidade intestinal e redutibilidade da
intussuscepção com o auxilio do modo Doppler (LAMB; MANTIS, 1998; PATSIKAS
et al., 2005). Seu uso tem sido extensamente descrito em humanos, nos quais são
utilizadas com muita freqüência técnicas de redução pneumática ou hidrostática,
sem a necessidade de submeter o paciente à intervenção cirúrgica. Para os animais,
esta contribuição mostra-se de grande valia para o planejamento cirúrgico e
prognostico. A ausência de fluxo sanguíneo ao exame esta intimamente relacionada
com impossibilidade na redução da intussuscepção e presença de aderências,
desvitalização de tecido e perfurações. Patsikas et al. (2005) avaliaram pelo modo
Doppler, 15 animais jovens da espécie canina com quadro de intussuscepção. Três
animais não apresentavam fluxo sanguíneo nas intussuscepções que, ao
procedimento cirúrgico, mostraram-se irredutíveis. Dos animais com fluxo
preservado, 75% tiveram suas lesões reduzidas manualmente e apenas três
necessitaram de enterectomias.
Na medicina veterinária, o tratamento de escolha ainda é o cirúrgico, no qual
podem ser realizadas técnicas de redução manual, ressecção da porção acometida
associada a enteroanastomose e uso de enteroplicações (HEDLUNG, 2002;
MACPHAIL, 2002; BROWN, 2003). A escolha da técnica depende da viabilidade e
grau de lesão intestinal (MACPHAIL, 2002). Os quadros recentes podem ser
reduzidos mecanicamente, através de uma leve tração das porções adjacentes às
acometidas (ARONSON; BROCKMAN; BROWN, 2000). Em contra partida,
intussuscepções crônicas freqüentemente necessitam de enterectomias devido a
lesões irreversíveis do tecido ou irredutibilidade da intussuscepção. Applewhite,
Hawthorne e Cornell (2001) relataram necessidade de ressecção e
enteroanastomose em 27 dos 35 casos avaliados (77%). O emprego de técnicas
fechadas de redução, como a pneumática ou a hidrostática, fica limitado na
veterinária pela maior incidência de casos crônicos. Abasiyanik et al. (1997)
realizaram a técnica de redução pneumática com auxílio de laparoscopia em 27
cães, obtendo sucesso em 96% e taxas de recorrência e perfuração intestinal após
procedimento de 4% cada. O intervalo de tempo entre o desenvolvimento da
intussuscepção até a intervenção variou apenas de três a cinco dias.
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REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
As complicações mais observadas no pós-operatório são recorrência do
quadro, íleo paralítico, deiscência da anastomose, obstrução intestinal, peritonite e
síndrome do intestino curto, sendo as duas primeiras as mais freqüentes
(APPLEWHITE; HAWTHORNE; CORNELL, 2001; MACPHAIL, 2002). A literatura
cita cerca de 11 a 20 % de recorrência, sendo maior a recidiva em casos tratados
com a redução manual (25%) quando comparado com animais que sofreram
enterectomia da porção acometida (19%).
Estudos relacionam diminuição de reincidências em animais tratados com
derivados de opióides, durante o trans ou pós-operatório. O mecanismo não está
totalmente esclarecido, porém discute-se um possível aumento do tônus muscular
intestinal (APPLEWHITE; HAWTHORNE; CORNELL, 2001). McAnulty, Southhard e
Belzer (1989) descrevem redução de 17% para 3% de intussuscepções em animais
previamente submetidos à transplantação renal experimental com o uso de morfina,
o que esta de acordo com o resultado encontrado por Klinger, Cooper e McCabe
(1990) com o uso de butorfanol. Por outro lado, o largo emprego de opióides pode
contribuir para o retardo do trânsito gastrointestinal e para o desenvolvimento ou
agravamento do íleo paralítico.
Procedimentos cirúrgicos recomendados para a prevenção de recidivas
baseiam-se na criação de aderências permanentes entre as curvas intestinais,
chamadas de enteroplicações (NASH; BELLENGER, 1998; ARONSON;
BROCKMAN; BROWN, 2000). A literatura é controversa com relação à eficácia
destas técnicas. Alguns autores citam benefícios enquanto outros mostram não
haver diferença estatisticamente significativa entre os grupos testados (LEWIS;
ELLISON,1987; LEVITT; BAUER, 1992; KYLES; SCHNEIDER; CLARE, 1998;
ARONSON; BROCKMAN; BROWN, 2000; APPLEWHITE; HAWTHORNE;
CORNELL, 2001; MACPHAIL, 2002). Alem disto, complicações decorrentes desta
técnica como estrangulamento e obstrução intestinal torna necessária nova
intervenção cirúrgica para correção da afecção desenvolvida (KYLES; SCHNEIDER;
CLARE, 1998; APPLEWHITE; HAWTHORNE; CORNELL, 2001; MACPHAIL, 2002).
Diversos estudos apresentam o íleo paralítico pós-operatório como condição
relativamente comum em cirurgias abdominais, principalmente nas intestinais. Trata-
se de uma alteração transitória e reversível, na qual ocorre disfunção ou inibição da
motilidade intestinal. Esta anormalidade da motilidade pode predispor ao
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REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
supercrescimento bacteriano, que exacerba os sinais clínicos observados
(WASHABAU, 2003). Pode acometer tanto estômago, intestino delgado quanto
grosso (WASHABAU, 2003). Clinicamente, observa-se anorexia, êmese, distensão
abdominal e sensibilidade dolorosa difusa relacionada ao acúmulo de gases pela
hipomotilidade intestinal além de alterações do trânsito intestinal como aquesia ou
episódios diarréicos. Quando afetados de forma crônica, os animais podem
apresentar mudanças da condição corpórea, como perda de peso. Sua patogenia
ainda é discutida, porém estudos revelam possível dissociação eletromecânica
influenciada por fatores humorais, neurais e metabólicos ainda não claramente
definidos. Isto parece ser resultante da ativação de um reflexo neural inibitório por
inervação simpática e ativação de processos inflamatórios, nos quais o óxido nítrico
está fortemente envolvido, porém sem via de ação totalmente esclarecida
(TÜRKYILMAZ et al., 2004). A severidade da injúria é diretamente proporcional à
magnitude da resposta inflamatória e ao grau de acometimento clínico (KALFF et al.,
1998). O grau de lesão tecidual e a manipulação cirúrgica podem ser relacionados à
intensidade da estimulação simpática e conseqüentemente, à estase intestinal pós-
operatória (BROWN, 2003).
A resolução do quadro de íleo paralítico ocorre com a restauração da função
intestinal, o que pode ser alcançado apenas com a eliminação da injúria intestinal.
Em alguns casos, faz-se necessário o uso de agentes procinéticos e reguladores
intestinais sintéticos ou naturais.
Semelhantemente as apresentações clínicas do íleo paralítico, as disfunções
motoras decorrentes de lesões nervosas são relatadas, porém de maneira
permanente. O funcionamento errôneo do aparelho gastrointestinal acaba por
prejudicar processos de digestão, absorção e eliminação. É relatada a ocorrência de
acúmulo de conteúdo fecal resultando em processos obstrutivos e alterações na
absorção de nutrientes, influenciando na condição corporal e qualidade de vida do
paciente.
Estudos recentes buscam utilizar inibidores de NO como bloqueadores desta
cascata inflamatória e evitando o desenvolvimento do íleo paralítico. Uenoyama et
al. (2004) utilizaram sulfato de S-methylisothiourea (SMT), inibidor do óxido nítrico
sintetase, em animais com injúrias intestinais iatrogênicas e encontraram alterações
compatíveis com a literatura no aumento do tempo de trânsito intestinal, quantidade
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REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
de nitrito e nitrato produzidos e expressão de RNAs de NO quando comparado com
grupo controle.
Outra complicação passível de ocorrer após tratamento de intussuscepção é
a síndrome do intestino curto, distúrbio relacionado às extensas ressecções
intestinais, principalmente na região referente ao cólon. Sabe-se que o cão é capaz
de manter funções digestivas normais com cerca de 30 a 40 centímetros de intestino
delgado (BARKER; VAN DREUMAL; PALMER, 1993). Entretanto, nem sempre estas
adaptações são suficientes para a homeostase intestinal, o que resulta em má
digestão, má absorção, perda de peso e diarréias intermitentes ou contínuas. Nestes
casos, os animais necessitam de suporte nutricional agressivo, inclusive na forma
parenteral durante a fase inicial. O uso de fibras e medicamentos que retardam o
esvaziamento gastrointestinal pode ser associado a alimentos de alta digestibilidade.
Opções cirúrgicas têm sido utilizadas em medicina humana como a criação de
válvulas intestinais e esfíncteres artificiais, alongamento e afilamento intestinal ou o
transplante de porções intestinais (GUILFORD; STROMBECK, 1996; RASSLAN,
2007a, b, c).
Rasslan (2007b) descreve a ocorrência de inúmeras alterações
gastrointestinais após ressecções intestinais extensas, com o intuído de adaptar o
organismo ao novo comprimento do órgão. Sabe-se que o encurtamento do intestino
acaba por gerar menor tempo de trânsito alimentar, principalmente se o
envolvimento da lvula íleo-ceco-colica. Além de alterações microscópicas, como a
hiperplasia e hipertrofia de segmentos intestinais remanescentes e “delgadização”
do intestino grosso, ocorrem alterações do comportamento do trânsito alimentar com
estase gástrica e retardo na eliminação de ingestas através de alterações de
motilidade. Esta alteração de motilidade tem por finalidade propiciar maior tempo de
contato entre intestino e conteúdo luminal, a fim de permitir absorção adequada de
nutrientes e evitar o desenvolvimento de síndromes de absorção, espoliação
metabólica, desnutrição, anemia e perda de massa muscular e gordurosa. Presume-
se que o retardo no esvaziamento gástrico ocorra por ação dos freios intestinais,
acionados mais precoce e intensamente em decorrência do intestino reduzido e da
concentração aumentada de nutrientes no íleo. Quanto ao trânsito intestinal, o
tempo é mais curto porque o segmento remanescente é menor, mas os movimentos
44
REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
peristálticos são mais lentos, estabelecendo um mecanismo compensatório
(RASSLAN, 2007a, b).
2.7 Avaliação da viabilidade intestinal
A determinação da viabilidade intestinal é ainda hoje estudada, tanto na
medicina humana quanto na veterinária (DENOBILE; GUZZETTA; PATTERSON,
1990; ORLAND, 1993; TOLLEFSON et al., 1995; TURKYILMAZ et al., 1997; LA HEI;
SHUN, 2001; BROWN, 2003; ERIKOGLU et al., 2005). Isto porque apresenta
elevada importância no alcance do sucesso cirúrgico e por se tratar de um evento de
grande complexidade, pois normalmente utilizam-se critérios clínicos convencionais
considerados subjetivos e pouco confiáveis. Estes critérios subjetivos podem levar a
super ou subestimação, ou seja, ressecar um segmento viável ou preservar uma
alça isquêmica cuja permanência pode ser responsável por complicações (LEWIS;
ELLISON, 1987; BROWN, 2003; ROCHA; DINIZ; CLEMENTE, 2004). Dentre os
métodos consagrados, utiliza-se à observação da coloração do segmento intestinal,
presença de pulsação vascular dos vasos mesentéricos e sangramento à secção da
alça, além da presença de peristaltismo na porção envolvida (ORLAND, 1993;
BROWN, 2003). Em casos duvidosos, estes critérios costumam falhar em
porcentagem considerável, razão pela qual muito se pesquisa métodos auxiliares de
determinação de viabilidade (ROCHA; DINIZ; CLEMENTE, 2004). A presença de
peristaltismo não é uma medida segura de avaliação, visto que podem ser
observadas contrações em tecidos desvitalizados, conhecidas como espasmo
anóxico (ROCHA; DINIZ; CLEMENTE, 2004).
A observação de aspectos normais dos tecidos analisados não garante
adequada cicatrização nem tampouco adequada atividade intestinal pós-operatória.
Em modelos experimentais em cães, não foram observadas correlações entre estes
critérios, o comprometimento histológico intestinal nem à sobrevida animal (BROLIN
et al.,1989). Estes métodos não permitem a avaliação de edema e hemorragia
intramural, péssimos fatores preditivos para a viabilidade (BROWN, 2003).
45
REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
Outras técnicas têm sido estudadas para uma avaliação mais precisa,
incluindo oximetria, mensuração de pH e de pCO
2
, eletromiografia, ultra-som
Doppler, termometria das margens intestinais, microesferas radioativas, sondas de
microtemperatura e aplicação de contrastes como o azul de Tripan, azul patente e a
fluoresceína, porém se mostram demasiadamente caras e trabalhosas, dificultando
seu uso clínico (BROWN, 2003; ROCHA; DINIZ; CLEMENTE, 2004). A literatura é
controversa na caracterização de testes eficientes para avaliar porções intestinais.
Orland et al. (1993) compararam métodos de análise pós enteroanastomoses em
cães, incluindo presença de peristaltismo, graduação da coloração, ultra-som
Doppler, densitometria de reflexão e eletromiografia intestinal, sendo que apenas
este último mostrou-se estatisticamente capaz de correlacionar a viabilidade
intestinal à taxa de sobrevivência dos animais. Erikoglu et al. (2005); La Hei e Shun
(2001); Tollefson et al. (1995); Turkyilmaz et al. (1997) e DeNobile, Guzzetta e
Patterson (1990), recomendam a oximetria de pulso do segmento intestinal como
indicador de alterações histopatológicas do tecido, sendo eficaz na determinação
trans-operatória da viabilidade intestinal. Outros autores recomendam a utilização de
corantes como a fluoresceína para avaliar a perfusão intestinal (LEWIS;
ELLISON,1987; DYESS et al.,1991; HOLMES et al.,1993). Para cães, a dose de 10
a 20 mg/kg parece ser segura e a distribuição periférica é observada após alguns
minutos da injeção intravenosa. Em segmentos desvascularizados, observam-se
áreas com ausência de fluorescência maior que 3mm (LEWIS; ELLISON,1987;
BROWN, 2003).
A avaliação do intestino grosso é ainda mais complexa, pois além das
limitações quanto à escassez de atividade peristáltica, quando isquemiado, este
órgão apresenta alterações tardias de coloração (ROCHA; DINIZ; CLEMENTE,
2004).
2.8 Avaliação da viabilidade da inervação intestinal
A determinação da viabilidade de um tecido intestinal não pode se resumir
exclusivamente à preservação da vascularização. O perfeito funcionamento da
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REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
porção neuromuscular é importante tanto para o pós-operatório imediato quanto
tardio. Isto porque, alterações de motilidade podem ser compatíveis com a vida,
porém, causar quadros crônicos e diminuição da qualidade de vida.
Tendo em vista a complexidade do intestino quanto à sua inervação,
excitabilidade e musculatura, o conhecimento dos mecanismos que atuam e
interagem na motilidade não é perfeitamente claro (RASSLAN, 2007 a,b).
Conforme citados anteriormente, diversos são os fatores moduladores da
atividade mioelétrica intestinal, incluindo presença de alimento, atividade hormonal,
ativação simpática e parassimpática além de lesões de células musculares e
nervosas. Isto se mostra fundamental quando se quantifica o grau de manipulação
trans-operatória e lesões teciduais conseqüentes da enfermidade ou do
procedimento cirúrgico. A existência de alterações da inervação acaba por
desenvolver distúrbios de motilidade e comprometer todo o processo de digestão e
absorção.
A literatura relacionada à avaliação da inervação intestinal é vasta. Grande
quantidade de trabalhos está relacionada a quadros de disganglionoses ou
aganglionoses. São exemplos as pseudo-obstruções adquiridas ou os diversos tipos
de aganglionoses congênitas, como a Síndrome da Doença de Hischsprung descrita
em humanos (YAMATAKA et al., 1998; WANG et al., 2000; JAIN et al., 2003;
MATSUDA et al., 2006; NEUNLIST et al., 2007). Em quadros de motilidade alterada,
os pacientes podem apresentar considerável perda de peso, náuseas crônicas,
êmese, severa constipação e diarréias.
Entretanto, alterações agudas como processos obstrutivos eou isquêmicos
também podem causar alterações neuromotoras (MOORE et al., 1993;
SCHOENBERG; KLUTH, 2002; SUNG et al., 2006). Outras causas incluem trauma
cirúrgico, interrupções de peristaltismo e inervação após ressecção intestinal
(YANAGIDA et al., 2004; SHIMIZU et al., 2006). Chang et al. (2001) descrevem
hipertrofia da camada muscular, diminuição do número de células de Cajal e
desenvolvimento de disfunções elétricas em resposta a quadros obstrutivos. Estas
alterações estavam presentes apenas na porção oral à obstrução. Estes autores
utilizaram camundongos e observaram o remodelamento destas alterações após 30
dias da resolução do quadro.
47
REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
Em estudo publicado por Abo et al. (2000) alterações na atividade mioelétrica
intestinal devem ser denominadas disritmias intestinais. Na ocorrência de obstruções
intestinais, observa-se aumento acentuado de atividade motora proximal e
diminuição distal à obstrução. A mensuração eletromiográfica através de eletrodos
na serosa intestinal mostrou aumento da quantidade de descargas de pico proximal
à obstrução, diminuição de descargas de pico distal à obstrução, além de redução
da quantidade de ondas lentas. Porém, observou-se alterações dos marcapassos,
que aumentaram a quantidade de ondas lentas em resposta ao quadro. Rutgers,
Kuiper e Van Der Velden (1988) observaram desde desorganização abrupta de
complexos migratórios mioelétricos a contrações peristálticas retrógradas
conseqüentes à distensão duodenal distal. Acredita-se que “dismotilidades”
intestinais estejam relacionadas a alterações do sistema nervoso entérico e que
possam resultar em sinais clínicos. Isto pôde ser observado por Schoenberg e Kluth
(2002) após quadros de obstrução e conseqüente dilatação intestinal. Achados
semelhantes foram observados por Collure e Hammer (1996) e contribuem para
explicar o freqüente desenvolvimento de alterações neuromusculares após cirurgias
para correção de obstruções (SCHOENBERG; KLUTH, 2002).
Wom et al. (2006) criaram um modelo de obstrução em ratos para investigar
alterações da contratilidade intestinal associadas à ativação imunológica na túnica
muscular. Embora não foram observados sinais típicos de inflamação na análise
histoquímica como infiltração leucocitária, encontrou-se aumento do número de
macrófagos intestinais residentes, maior expressão de fator de necrose tumoral
(TNF-α) e receptores de lipopolissacarideos (CD14), além de acentuada diminuição
da forca de contração das camadas musculares, número de contrações rítmicas
espontâneas e número de células de Cajal. Dentre as diversas alterações
morfológicas e funcionais decorrentes do processo obstrutivo, a hipertrofia da
camada muscular gera menor força muscular quando comparada a animais normais.
Entretanto, as conseqüências patofisiológicas destas alterações ainda não estão
totalmente elucidadas (GABELLA, 1990).
Alterações histológicas, morfológicas e biomecânicas decorrentes de
obstruções crônicas parciais foram analisadas por Storkholm et al. (2007, 2008) em
intestinos de cobaias. Hipertrofia da parede muscular, especialmente da camada
circular foi observada apenas na porção cranial a obstrução, além do aumento da
48
REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
quantidade de colágeno neste segmento. Para estes autores, o conhecimento deste
remodelamento intestinal é importante para entender as conseqüências clinicas
freqüentemente observada nestes casos, bem como as adaptações fisiológicas
necessárias para a manutenção da homeostase.
Desordens do sistema nervoso entérico decorrente de obstruções o
freqüente em paciente com atresia anal, doença congênita que acomete crianças.
Acredita-se que estas alterações iniciem-se ainda durante a fase pré-natal (KHEN et
al., 2004).
Não apenas distensões do órgão geram alterações das características
habituais de motilidade intestinal. Os processos de isquemia e reperfusão também
parecem ter importância no desenvolvimento destas disfunções. Silva, De Meirelles
e Bustoff-Silva (2007) observaram, tardiamente, alterações nos plexos mioentéricos
em ratos submetidos a situações de isquemia vascular. O grau de modificação
observada foi proporcional ao período de isquemia. Estes autores acreditam que a
lesão neuronal possa ser decorrente de um processo degenerativo progressivo e
que alterações do transito intestinal no período pós-operatório precoce possa estar
envolvido com inflamação aguda pós laparotomia. Entretanto, esta motilidade
aberrante pode se manter assintomática, uma vez que o aumento do trânsito
intestinal pode ser compensado pela diminuição na produção fecal. Embora estes
autores não tenham relatado anormalidades no ganho de peso destes animais, o
acompanhamento foi considerado pequeno e não foram realizadas enterectomias.
Moore et al. (1993) acreditam que a obstrução intestinal pode causar alterações no
sistema nervoso entérico e conseqüente motilidade desorganizada apenas se estiver
associado quadro de isquemia.
As denervações decorrentes de manipulação cirúrgica e enterectomia
também são indicadas como causas de “dismotilidades” intestinais pós-operatórias
(BALSIGER et al., 2003; YANAGIDA et al., 2004; SHIMIZU et al., 2006).
Normalmente envolvem segmentos caudais ao abordado cirurgicamente (SHIMIZU
et al., 2006). São descritas tanto hipomotilidade como também hipermotilidade
compensatória a lesão de inervação (BALSIGER et al., 2003; SHIMIZU et al., 2006).
Dentre as alterações histológicas, encontram-se diminuição de neurônios e fibras
nervosas principalmente nas camadas musculares e diminuição de vilosidades
(BALSIGER et al., 2003; BEILER et al., 2004; SHIMIZU et al., 2006). Isto se deve ao
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REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
fato de que existem variações entre diferentes espécies e pontos intestinais
acometidos (BALSIGER et al., 2003). Diversos autores preocupam-se com estas
perdas de padrão motor por denervação, pois impedem o sucesso de transplantes
intestinais. Esta talvez possa ser uma das únicas barreiras para esta modalidade de
transplantes visto que o conhecimento da técnica cirúrgica e habilidade
imunossupressora já foram vencidos (BALSIGER et al., 2003).
Para Yanagida et al. (2004), a manipulação cirúrgica leva ao incremento de
processos inflamatórios teciduais, com participação de mediadores como o óxido
nítrico e algumas prostaglandinas, inibitórios para o sistema nervoso entérico. A
ruptura aguda da rede nervosa de células de Cajal e de contrações intestinais acaba
por gerar perda de ritmo intestinal. O seu restabelecimento pode ocorrer a partir de
24 horas do procedimento ou tornar-se irrecuperável (YANAGIDA et al., 2004).
Doenças sistêmicas e a administração de alguns medicamentos também
podem levar a alterações nas células de Cajal. Kubota et al. (2005) relatam a
associação entre diminuição do número de células de Cajal e motilidade
gastrointestinal anormal severa em paciente com miopatia congênita. Esta alteração
quanto ao número de células positivas para anticorpo c-Kit em reações de
imunoistoquímica foi observado tanto no intestino delgado quanto no grosso.
Disautonomias também são doenças sistêmicas relacionadas a hipomotilidade
intestinal (AROCH et al., 1997). Aroch et al. (1997) relatam desordem motora
intestinal associada a doenças sistêmicas inflamatórias e o-inflamatórias;
desbalanços hidroeletrolíticos como hipocalemia e hiponatremia são descritos.
Diversos métodos podem ser utilizados para mensuração da inervação
intestinal. A eletromiografia e a mensuração de forças intestinais in vivo, por meio de
sondas fixadas ao intestino o métodos objetivos e fidedignos, porém cursam com
entraves éticos. Isto pode ser minimizado pela avaliação limitada ao período trans-
operatório, afetada por alterações fisiológicas decorrentes da anestesia. Ainda,
modelos experimentais de obstrução intestinal nem sempre mimetizam corretamente
o que ocorre in vivo, principalmente no que diz respeito à temporalidade do
processo.
Outras formas de avaliação incluem o uso de amostras intestinais, como
biópsias ou materiais oriundos de enterectomias. Análises histopatológicas e
50
REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
imunoistoquímicas buscam avaliar e quantificar neurônios bem como a expressão de
suas atividades.
A avaliação da inervação intestinal pode ser realizada através da morfologia
de neurônios, plexos mioentéricos, gânglios nervosos e camadas musculares.
Schusser e White (1997) utilizaram estas mensurações para comparar intestinos
sadios e intestinos de eqüinos acometidos por doenças colônicas. A análise
microscópica do intestino não se limita apenas a avaliar a porção neuromotora e sim
todas as camadas intestinais, contribuindo de forma mais abrangente. Mesmo os
estudos que realizam métodos imunoistoquímicos incluem a avaliação histológica
dos segmentos analisados.
No que se refere à metodologia utilizada para a quantificação da inervação
intestinal, a contagem do número de plexos mioentéricos e número de células
neuronais por plexo foi realizada por diversos autores. Além destes índices, a
mensuração das espessuras de camadas musculares também apresenta relevância,
uma vez que afecções do sistema nervoso autonômico podem levar a hipertrofia
destas camadas (MOORE et al., 1993; MÉIER-RUGE; BRUNNER, 2001).
A investigação morfométrica realizada por Méier-Ruge e Brunner (2001) para
quantificar hipoganglionose em crianças acometidas pela doença de Hischsprung
baseou-se na contagem de número de células e gânglios nervosos por mm de cólon,
comprimento e área de gânglio por µm
2
e mm
2
de cólon além da distância entre os
gânglios em mm.
Em estudos publicados por Rocha, Martins e Patricio (2002) e Rocha et al.
(2003), avaliou-se a preservação de segmento de jejuno após enterectomias
associadas a omentopexia. Para tanto, foram realizadas três mensurações
randomizadas de espessura das camadas musculares total, circular e longitudinal,
além da contagem do número de células neurais por gânglio em 10 gânglios
consecutivos. Beiler et al. (2004) mensurou o número de nglios submucosos em
campos retangulares de 800x600µm. Boleken et al. (2007) utilizou cinco campos
com magnificação de 200 vezes para contar o numero de células ganglionares e
plexos enquanto Balsiger et al. (2003) utilizou quatro campos consecutivos. Neunlist
et al. (2007) analisou 20 gânglios mioentéricos randomizados para determinar
número de células em cada gânglio. Furlan, Molinari e Mirande Neto (2002)
quantificaram neurônios nas camadas musculares e região intermuscular
51
REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
estabelecendo analise de 17,68mm
2
, referente a oito campos aleatórios e dispersos
por todo o segmento intestinal.
Estas mensurações podem ser realizadas tanto em cortes histológicos
corados por hematoxilina-eosina, como também em lâminas de imunoistoquímica.
Neste caso, a marcação dos anticorpos específicos pode auxiliar na identificação de
determinados tipos celulares ou da região dos plexos (YAMATAKA et al.,1998;
FURLAN; MOLINARI; MIRANDA NETO, 2002; ROCHA; MARTINS; PATRICIO,
2002; ROCHA et al., 2003; BEILER et al., 2004; BOLEKEN et al., 2007).
Fintl et al. (2004) avaliou a preservação da inervação em segmentos
intestinais oriundos de eqüinos portadores de doenças obstrutivas através da técnica
de imunoistoquímica. Foi possível a identificação de significativa diminuição da
densidade de células de Cajal intersticiais em cólons, fato o observado em
segmentos de intestino delgado. Para esta avaliação, foram coletadas amostras de
tecido não isquêmico junto à borda da enterectomia. O método semi-quantitativo de
densidade quanto a imunoreatividade ao c-kit aplicou escala variando entre 0
(ausente) e 3 (abundante), semelhante ao utilizado em estudos prévios. A análise
histológica dos mesmos tecidos buscou descartar amostras com algum grau de
autólise.
2.9 Imunoistoquímica
O crescente interesse pelo uso de métodos imunoistoquímicos está
relacionado ao fato de que muitos autores acreditam que se trata de um método
mais objetivo de análise quando comparado com outras técnicas, dentre eles a
avaliação histológica simples (YAMATAKA et al.,1998; FURLAN; MOLINARI;
MIRANDA NETO, 2002; ROCHA; MARTINS; PATRICIO, 2002; ; ROCHA et al., 2003
BEILER et al., 2004; BOLEKEN et al., 2007). Além disso, a utilização de marcadores
específicos pode proporcionar a observação e mensuração de tipos celulares
específicos ou de produtos de reações normalmente não perceptíveis.
52
REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
2.9.1 Sinaptofisina
Sinaptofisina (SY) é uma glicoproteína de membrana, homo-oligomérica,
ácida, componente de vesículas sinápticas que estão presentes em praticamente
todos os neurônios. É considerada uma organela neurônio-específica, pois não se
encontra equivalente em células não neuronais. O anticorpo anti-sinaptofisina reage
com vesículas sinápticas em vários tipos de neurônios, demonstrando assim suas
sinapses. Além disso, pode ser aplicada à identificação de grande quantidade de
tumores neuronais e neuroendócrinos (VENTO; SOINILA, 1999; DAKO
CYTOMATION, 2003b).
Dzienis-Koronkiewicz, Debek e Chyczewski (2005) relacionaram alterações da
motilidade intestinal através de imunoreatividade a sinaptofisina, uma proteína de
membrana específica de vesículas sinápticas de sistema nervoso central e
periférico. Os autores acreditam que esta seja uma técnica indireta adequada para a
análise da inervação intestinal. Este mesmo marcador foi utilizado por Munakata,
Tomita e Kurosu (1997) em plexos miontéricos de pacientes com displasia neuronal
intestinal tipo B e por Kobayashi et al. (1997) durante o trans-operatório de cirurgias
intestinais. Para estes autores, o uso desta modalidade acaba por levar a melhor
avaliação do órgão e ressecção mais efetiva, pois se evita preservar segmentos
lesados e excluir segmentos sadios em excesso. Além disso, acreditam que a
avaliação da inervação intestinal através da identificação de células ganglionares
seja prejudicada quando não se utilizam marcadores imunoistoquímicos por sua
localização ser mais difícil apenas na coloração por hematoxilina-eosina. Neste
estudo, gânglios mioentéricos apresentaram acentuada imunoreatividade à
sinaptofisina. Pacientes acometidos por doença de Hirschsprung e displasia
intestinal neuronal apresentaram diminuição do número de sinapses positivas à
sinaptofisina nas camadas muscular circular e longitudinal. A distribuição anormal de
sinapses em portadores destas afecções pode levar a padrões alterados de
motilidade, mesmo na presença de gânglios mioentéricos e recomenda-se à
ressecção destas porções (KOBAYASHI et al., 1997). Wiedenmann et at. (1998)
também utilizaram sinaptofisina para localizar maior quantidade de vesículas
sinápticas colinérgicas em pacientes com doença de Hirschsprung. Para estes
53
REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
autores, esta afecção também cursa com armazenamento de altas quantidades de
acetilcolina.
Boleken et al. (2007) utilizaram este mesmo marcador para avaliar disfunção
motora esofagianas conseqüentes a procedimentos de correção de atresia esofágica
com fístula traqueo-esofágica distal. Em esôfagos normais, a imunoreatividade
esteve distribuída principalmente nos plexos mioentéricos e camada muscular. Nos
pacientes acometidos, a densidade de marcações anti-sinaptofisina esteve
dramaticamente diminuída. Estes autores também se valeram da histologia para
avaliar a inervação do esôfago, incluindo espessura de camadas histológicas,
quantificação de plexos mioentéricos, além de densidade e maturidade celular
nestes plexos. Imunoistoquímica com anticorpos anti-sinaptofisina também serviram
como método de avaliação do sistema nervoso entérico por Khen et al (2004) em
estudo com atresia intestinal humana.
Em cães, Eastwood et al. (2005) utilizaram reações de imunoistoquímica para
sinaptofisina como método de avaliar inervação intestinal, além de outros anticorpos
como citado anteriormente, contribuindo para o diagnóstico definitivo de pseudo-
obstrução em um cão.
2.9.2 Enolase Neurônio-Específica (NSE)
Enolases são isoenzimas glicolíticas homo ou heterodiméricas que catalisam
a interconversão de 2-fosfoglicerato e fosfoenolpiruvato. Foram identificadas três
subunidades (α, β e γ) e 5 formas (αα, αβ, ββ, γγ, αγ). As enolases são divididas em
três grupos principais, de acordo com a localização: não-neuronal (NNE ou α),
músculo específica (MSE ou β) e neurônio-específica (NSE ou γ). A subunidade α é
expressa na maioria dos tecidos. Anticorpos anti-NSE pode ser utilizado em reações
de imunoistoquímica para a marcação de células normais ou neoplásicas de origem
neuronal ou neuroendócrina, neuroblastomas, retinoblastomas, melanoma maligno
desmoplástico, câncer pulmonar de células pequenas além da identificação de
nervos periféricos (DAKO CYTOMATION, 2003a).
54
REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
Neunlist et al. (2007) utilizaram NSE para a avaliação de alterações no
sistema nervoso entérico em pacientes com colite ulcerativa. Para tanto,
compararam cólons de portadores desta afecção com espécimes normais quanto à
marcação de neurônios após imunoistoquímica com anticorpos para NSE, colina
acetiltransferase, peptídeo intestinal vasoativo e substância P. Entretanto, estes
autores não observaram diferença significativa entre os dois grupos testados quanto
à quantidade de neurônios marcados com anti-NSE. Neste trabalho, o NSE foi
utilizado como marcador neuronal geral para determinar o número total de corpos
celulares no plexo mioentérico.
Outra utilização do NSE na inervação intestinal foi descrita por Rocha et al.
(2003) após a realização de transplantes intestinais. Estes autores buscavam avaliar
a preservação do segmento transplantado não só quanto à inervação, mas quanto a
vascularização. Além deste anticorpo, foram feitas análises imunoistoquímicas para
proteína S-100 e histológicas em coloração por hematoxilina-eosina. Nesta última,
foram mensuradas espessuras totais da camada muscular, espessura de cada
camada muscular (longitudinal e circular), mensuração de vilos, criptas e número de
neurônios por nglios. Os métodos imunoistoquímicos podem ser considerados
fundamentais para a correta identificação de células ganglionares, uma vez que a
histologia pode não ser apropriada para este fim.
Outros autores buscaram mapear os neurônios mioentéricos de diferentes
espécies, importante para o completo conhecimento deste sistema. Lin et al. (2002)
utilizaram NSE entre outros marcadores com esta finalidade em intestino de cobaias.
O conhecimento de marcadores neuronais específicos é determinante para
quantificação e classificação quanto à distribuição, morfologia, comportamento
químico e funcional (LIN et al., 2002).
Em cães, o uso de imunoistoquímica com NSE para a avaliação da inervação
intestinal foi descrito por Eastwood et al. (2005). Neste caso, a imunoistoquímica
associada à avaliação histológica de segmentos intestinais possibilitou o diagnóstico
e primo-relato de pseudo-obstrução intestinal associada a impactação cecal em um
cão com histórico de vômito e diarréia crônica intermitente.
Outra utilização do NSE para avaliação da inervação intestinal na espécie
canina foi realizada por Aroch et al. (1997). A ausência de marcação nos plexos
mioentéricos contribuiu para o diagnóstico de degeneração neural associada a
55
REVISÃO DE LITERATURA
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
defeito neuronal localizado e congênito em animal com quadro crônico de
hipomotilidade funcional intestinal.
OBJETIVOS
57
OBJETIVOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
3 OBJETIVOS
O presente estudo clínico teve como objetivo avaliar a preservação da
inervação intestinal em animais portadores de quadros de intussuscepção
submetidos a enterectomias e enteroanastomoses, bem como correlacionar o grau
de preservação da inervação intestinal e função digestória tardia dos animais.
MATERIAL E MÉTODO
59
MATERIAL E METODO
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
4 MATERIAL E MÉTODO
O presente estudo foi aprovado pela Comissão de Bioética da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP),
protocolo 915/2006. Os proprietários dos animais selecionados foram previamente
informados da inclusão no estudo e autorizaram a utilização de segmento intestinal
ressecado para posterior análise.
4.1 Seleção dos Animais
Foram estudados animais da espécie canina, encaminhados ao Serviço de
Cirurgia de Pequenos Animais do Hospital Veterinário da FMVZ/USP durante o
período de Julho de 2006 a Janeiro de 2008 com diagnóstico de intussuscepção. A
seleção dos animais foi independente de idade, raça, porte físico, sexo e porção
intestinal acometida.
Grupo 1 - cães com diagnóstico de intussuscepção, submetidos a enterectomia;
Grupo 2 - controle, cães eutanasiados por motivos não relacionadas ao aparelho
gastrointestinal.
4.2 Critérios de exclusão
Foram critérios de exclusão para a composição do grupo1:
Possibilidade de redução manual da intussuscepção
60
MATERIAL E METODO
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
4.3 Delineamento experimental
Todos os animais foram submetidos a laparotomia mediana para realização
de enterectomia da porção intestinal desvitalizada seguida de enteroanastomose do
tipo término-terminal com fio de náilon 4-0, monofilamento, não absorvível, com
agulha atraumática
1
. Os procedimentos anestésicos foram instituídos pelo Serviço
de Anestesia baseando-se em escolha individual do protocolo.
A determinação da viabilidade intestinal trans-operatória baseou-se em
critérios subjetivos consagrados como: presença satisfatória de adequada coloração
tecidual, pulso em vasos mesentéricos e ramificações, além de peristaltismo
presente e adequado.
Todos os animais receberam antibioticoterapia e analgesia durante período
pós-operatório e foram acompanhados no Serviço de Cirurgia de Pequenos Animais
até o estabelecimento de alta médica. Optou-se pelo uso da associação de
ceftriaxona sódica e metronidazol além de opióides e/ou dipirona sódica + brometo
de N-butilescopolamina. A escolha do protocolo analgésico considerou a avaliação
trans-operatória da motilidade intestinal.
Nos animais controle, realizou-se laparotomia mediana imediatamente após
eutanásia e coleta de amostras de todos os segmentos intestinais excetuando-se o
reto.
4.4 Coleta do material
Para a avaliação da inervação intestinal, foram selecionados segmentos
circulares de cerca de 1cm de comprimento, tanto da borda cranial quanto caudal da
porção ressecada. No grupo controle, realizou-se coleta padronizada de todas as
porções intestinais.
Os segmentos intestinais foram fixados em solução de formol a 10% por
período mínimo de 48 horas.
1
Mononylon Ethico
61
MATERIAL E METODO
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
4.5 Processamento do material
4.5.1 Processamento histológico
As amostras foram encaminhadas para confecção de lâminas de 5µm de
espessura e coloração por hematoxilina-eosina no Laboratório de Histologia do
Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo.
4.5.2 Processamento imunoistoquímico
Foram confeccionadas lâminas silanizadas com cortes de m de espessura
do tecido.
Para as reações de imunoistoquímica, seguiu-se a técnica da Estreptavidina-
Biotina-Imunoperoxidase, utilizando anticorpos anti-sinaptofisina
2
e anti-NSE
3
.
Na seleção dos anticorpos, buscou-se um anticorpo com marcação geral de
neurônios (NSE) e um marcador de sinapses neuronais (sinaptofisina), englobando
diferentes maneiras de avaliar a inervação intestinal.
Após completa desparafinização com passagens em soluções decrescentes
de xilol e álcool, realizou-se recuperação antigênica com tampão citrato durante 15
minutos em forno de microondas, seguido pelo bloqueio da atividade da peroxidase
endógena com solução de H
2
O
2
em metanol. O bloqueio das reações inespecíficas
foi realizado com solução de leite desnatado 5% e a incubação com os anticorpos
primários ocorreu durante a noite, em câmara úmida, a C e volume de
150µl/lâminas.
No dia subseqüente, realizou-se incubação com anticorpo secundário
biotinilado, incubação com complexo Estreptavidina-Biotina e revelação pela
2
Monoclonal Mouse Anti-Synaptophysin, 1:100, Dako
3
Monoclonal Mouse Anti-Human Neuron-Specific Enolase, 1:100, Dako
62
MATERIAL E METODO
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
Diaminobenzidina (DAB) no volume de 100µl/lâminas. Entre cada etapa, os cortes
foram lavados com solução de PBS1x. O processamento ainda incluiu coloração por
hematoxilina, diafanização e montagem da lâmina com lamínula e bálsamo do
Canadá.
4.6 Avaliação do material
A análise das lâminas confeccionadas buscou a avaliação da inervação
intestinal e comparação entre os diferentes grupos. Para tanto, realizaram-se
mensurações morfométricas em cortes corados por hematoxilina-eosina e
quantificação da imunoreatividade aos anticorpos previamente definidos.
4.6.1 Avaliação histológica
Mensurações morfométricas dos plexos mioentéricos foram realizadas com o
auxilio de sistema de imagem
4
, sem o conhecimento a qual grupo cada animal
pertencia.
4.6.1.1 Mensuração das camadas musculares
Foram capturados três campos randomizados das camadas musculares em
objetiva de quatro vezes, em microscópio de luz
5
. Uma área retangular de 1392 x
1040 pixels foi padronizada e um grid de 100 x 100 linhas foi aplicado à imagem
para a contagem de intersecções de pontos em cada camada muscular. O número
de pontos em cada camada foi posteriormente utilizado na obtenção da relação
4
Image ProPlus versão 4.5
5
Microscópio Nikon Eclipse E 800 equipado com câmera Cool SNAP-Pro Media Cybernetics.
63
MATERIAL E METODO
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
entre camada muscular circular e camada muscular longitudinal. Esta relação foi
comparada entre os grupos estudados a fim de se analisar possível hipertrofia
muscular.
4.6.1.2 Quantificação do número de plexos mioentéricos
O número de plexos mioentéricos foi estabelecido através da análise de 10
campos consecutivos em microscópio de luz em objetiva de 10 vezes. A escolha do
campo inicial foi aleatória.
4.6.1.3 Mensuração da densidade celular dos plexos mioentéricos
Para a mensuração de área e número de lulas dos plexos mioentéricos
foram capturados 10 gânglios consecutivos em microscópio de luz, em objetiva de
20 vezes. A escolha do gânglio inicial foi aleatória. A densidade celular dos plexos
mioentéricos foi estabelecida através do quociente entre número de células e área
do plexo mioentérico.
4.6.1.4 Determinação do grau de degeneração neuronal nos plexos mioentéricos
Para a determinação do grau de degeneração neuronal, todos os plexos
mioentéricos do segmento intestinal foram analisados. O grau de vacuolização
ganglionar foi classificado: 0 = ausência de vacuolização; 1 = rara vacuolização de
plexos; 2 = discreta vacuolização de plexos e 3 = vacuolização intensa. A ordem da
análise das lâminas foi randomizada, sem o conhecimento a qual grupo cada animal
pertencia.
64
MATERIAL E METODO
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
4.6.2 Avaliação imunoistoquímica
A avaliação imunoistoquímica baseou-se na quantificação de
imunoreatividade aos anticorpos selecionados. Para tanto, utilizou-se método
semiquantitativo com criação de escore semelhante aos utilizados por Khen et al.
(2004) e Fintl et al. (2004). Este escore classificou a quantidade de marcação dos
plexos mioentéricos, sendo observados quatro estágios: 0 = ausência de marcação;
1 = marcação leve; 2 = marcação moderada e 3 = marcação abundante do plexo. A
ordem da análise das lâminas foi randomizada, sem o conhecimento a qual grupo
cada animal pertencia.
Além da quantificação de imunoreatividade nos plexos mioentéricos, também
foi estabelecido escore de quantidade de plexos marcados, independente dos
escores de imunoreatividade que cada amostra recebeu. Foram observados quatro
estágios: 0 = ausência de plexos marcados; 1 = pequena quantidade de plexos
marcados; 2 = quantidade moderada de plexos marcados e 3 = quantidade
importante de plexos marcados.
4.7 Avaliação pós-operatória tardia dos animais submetidos a enterectomia e
enteroanastomose
A avaliação pós-operatória tardia ocorreu após o período de 180 dias do
procedimento cirúrgico, através de contato telefônico com o proprietário. Foram
coletadas informações a respeito da qualidade de vida do animal e manutenção da
função digestiva. Os parâmetros avaliados incluíram estado geral do animal,
alteração corpórea após procedimento, modificação da alimentação e alterações do
regime de defecação como consistência e número de defecações diárias além de
episódios diarréicos agudos intermitentes. Os dados foram posteriormente tabulados
e analisados.
65
MATERIAL E METODO
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
4.8 Análise estatística
Os parâmetros clínicos e cirúrgicos foram analisados descritivamente, com
apresentação em forma de freqüência absoluta (n), freqüência relativa (%) e/ou
média e desvio-padrão.
Quanto aos parâmetros histológicos e imunoistoquímicos, as variáveis
classificatórias foram descritivamente apresentadas em tabelas de contingência
contendo freqüências absolutas (n) e relativas (%). A associação entre elas foi
avaliada com o teste da razão de verossimilhança.
As variáveis quantitativas seguem distribuição normal e foram avaliadas com
análise de variância com um fator de classificação; quando significante utilizou-se o
teste de Tukey para discriminar as diferenças entre os grupos.
As correlações entre as variáveis foram avaliadas segundo coeficiente de
correlação Spearman.
Os valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos.
RESULTADOS
67
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
5 RESULTADOS
Foram atendidos 13 cães com diagnóstico de intussuscepção intestinal e
submetidos a enterectomia e enteroanastomose, sendo nove machos (69,23%) e
quatro fêmeas (30,77%). Destes animais, quatro o apresentavam raça definida
(30,77%). Os demais foram das raças Boxer (n=1), Bassethound (n=1), Dog Alemão
(n=1), Rottweiler (n=1), Lhasa Apso (n=1), Border Collie (n=1), Labrador (n=1),
Poodle (n=1) e Yorkshire (n=2). A idade média foi de 26,53 ± 31,11 meses, com
valores entre quatro e 84 meses. O valor médio isolado não representa corretamente
o universo atendido, isto porque apenas quatro animais apresentaram idade superior
a um ano. A mediana da idade dos animais atendidos foi oito meses. Dois animais
apresentaram intussuscepções prolapsadas e, dos 11 restantes, a palpação
abdominal identificou massa compatível com a afecção em oito casos (72,72%).
Foram identificados fatores predisponentes em 11 dos 13 animais, sendo eles:
enterite (2/11), parasitismo (2/11), gastroenterite (2/11), intoxicação prévia por
carbamato (2/11), alteração do manejo alimentar (1/11) e ingestão de corpos
estranhos (1/11).
Quanto à porção intestinal envolvida na intussuscepção, o jejuno esteve
presente em 50% dos casos, seguido por íleo (35,71%), cólon (7,14%) e ceco
(7,14%). Quanto às lesões associadas a invaginação intestinal, foram observadas
aderências (7/13), presença de necrose (6/13), ponto de ruptura (2/13), fibrina (1/13),
aumento de linfonodos (4/13) e espessamento de parede intestinal (2/13). Três cães
vieram a óbito em até 12 horas do procedimento. Os demais apresentaram intervalo
médio de tempo entre a cirurgia e a primeira defecação de 1,7± 1,06 dias, variando
de um a quatro dias e intervalo de tempo entre procedimento cirúrgico e alta médica
de 13,3 ± 1,88 (Quadro 1).
Para facilitar a compreensão dos resultados, estes foram divididos quanto às
variáveis utilizadas.
68
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
Quadro 1 – Descrição dos parâmetros clínicos e cirúrgicos dos animais acometidos por intussuscepção - FMVZ/USP – São Paulo – 2008
ANIMAL
RAÇA
SEXO
IDADE
(MESES)
FATORES
PREDISPONENTES
PORÇÃO
INTESTINAIS
RESSECCIONADAS
LESOES
ASSOCIADAS
EVOLUÇÃO
DEFECAÇÃO
NO P.O.
INICIAL
INTUSSUSCEPÇÃO
PROLAPSADA
PALPAÇÃO
ABDOMINAL
Jaber Boxer M 58 Enterite (1mês) Íleo, ceco, cólon AD, ESP, LINF 17d 1 Não Sim
Lino Bassethound
M 8 Enterite (1mês) Ceco - 11d 3 Não Sim
Diana Dog Alemão
F 6 Parasitismo Jejuno AD, NE Óbito Óbito Não Sim
Spaikue SRD M 4 GE (2dias) Jejuno, íleo NE 13d 2 Sim Prolapsada
Spok
Junior
SRD M 10 Intoxicação (15 dias) Jejuno, íleo
AD, NE, FB,
LINF
11d 1 Não Sim
Willy Yorkshire M 79 GE há 3 dias Jejuno NE, ESP Óbito Óbito Não Sim
Diamante
SRD M 5 Parasitismo Jejuno, íleo - 15d 1 Sim Prolapsada
Snoopy Lhasa Apso M 60 Intoxicação (3 dias) Jejuno, íleo - 14d 1 Não Sim
Vicky Border Collie
F 5 GE (45 dias) Íleo AD, NE, LINF 14d 1 Não Não
Fred Yorkshire M 12 Troca Ração Jejuno AD, PR, 14d 4 Não Sim
lara Kiara
Labrador F 8 Ausente Jejuno, íleo AD, NE, PR Óbito Óbito Não Não
Cacá SRD F 6 Ausente Jejuno, íleo LINF, AD 12d 2 o Sim
Heros Rottweiler M 84 Corpo Estranho Íleo, cólon - 12d 1 o Não
M: macho, F:fêmea, GE: gastroenterite, AD: aderências, ESP: espessamento da parede intestinal, LINF: aumento de linfonodos satélites, NE: necrose,
FB: fibrina, PR: ponto de ruptura, d: dias, PO: pós-operatório
69
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
5.1 Resultados histológicos
5.1.1 Mensuração das camadas musculares
5.1.1.1 Densidade celular das camadas musculares
A análise da densidade celular média na camada circular observou valores
inferiores do G1 quando comparados ao G2, sendo que o primeiro obteve densidade
média de 1184,82 ± 506,99 células/mm e o último, 1631,27 ± 488,23 células/mm². A
diferença entre estes grupos foi estatisticamente significativa com p=0,001. (Tabela
1 e Gráfico 1).
O G1 foi dividido segundo a localização das amostras em relação ao ponto de
obstrução, ou seja, anterior e posterior e comparados ao G2 isoladamente. A
comparação entre todos os grupos (G1A, G1P e G2) mostrou diferença significativa,
com p=0,001. Quando cotejados os subgrupos pareados, G1A e G1P apresentam
diferença em relação ao G2 (p=0,011 e p=0,002, respectivamente), entretanto, sem
significância entre eles, com p=0,908 (Tabela 2 e Gráfico 2).
Quanto à camada longitudinal, os valores obtidos de densidade celular média
no G1 (3833,73 ± 1526,58 células/mm²) foram discretamente menores ao observado
no G2 (4137,58 ± 941,15 lulas/mm²), porém sem apresentar diferença
estatisticamente significativa (p=0,368). Da mesma forma, a análise entre todos os
subgrupos (G1A, G1P e G2) não foi diferente estatisticamente (p= 0,54), embora
mostre valores inferiores ambos os subgrupos afetados em relação ao controle.
(Tabelas 3 e 4, Gráficos 3 e 4).
70
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
Tabela 1 Média, desvio-padrão, intervalo de confiança, valor mínimo e máximo da
densidade celular da camada muscular circular - FMVZ/USP São
Paulo – 2008
Grupo n Média
Desvio
Padrão
IC 95% Mínimo
Máximo
G1 28 1184,82
a
506,99 988,23 1381,41
503,00 2432,88
G2 31 1631,27 370,80 1495,26
1767,28
1013,70
2620,22
G1: grupo de animais portadores de intussuscepção; G2: grupo controle. n: mero de amostras; IC:
intervalo de confiança
a:estatisticamente significativa quando comparado a G2 (p=0,001)
Tabela 2 Média, desvio-padrão, intervalo de confiança, valor mínimo e máximo da
densidade celular da camada muscular circular por subgrupo (quanto à
localização) – FMVZ/USP – São Paulo – 2008
Grupo n Média
Desvio
Padrão
IC 95% Mínimo
Máximo
G1A 13
1196,90
a,b
402,45
953,70 1440,09
698,04 2050,50
G1P 14
1126,25
c
588,81
786,28 1466,22
503,00 2432,88
G2 31
1631,27 370,80
1495,26
1767,28
1013,70
2620,22
G1A: grupo de animais portadores de intussuscepção e localização anterior à obstrução; G1P: grupo
de animais portadores de intussuscepção e localização posterior à obstrução; G2: grupo controle. n:
número de amostras; IC: intervalo de confiança
a:estatisticamente significativo para G1A, G1P E G2 (p=0,001);
b:estatisticamente significativo para G1A e G2 (p=0,011);
c:estatisticamente significativo para G1P e G2 (p=0,002).
0
500
1000
1500
2000
2500
G1 G2
Grupo
Densidade Celular da camada
muscular circular
Gráfico 1 – Representação gráfica da média e desvio-padrão da densidade celular
da camada muscular circular - FMVZ/USP – São Paulo – 2008
71
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
0
500
1000
1500
2000
2500
G1A G1P G2
Grupo
Densidade celular da camada
muscular circular
Gráfico 2 Representação gráfica da média e desvio-padrão da densidade celular
da camada muscular circular por subgrupo (quanto à localização)
FMVZ/USP – São Paulo – 2008
Tabela 3 Média, desvio-padrão, intervalo de confiança, valor mínimo e máximo da
densidade celular da camada muscular longitudinal - FMVZ/USP São
Paulo – 2008
Grupo n Média
Desvio
Padrão
IC 95% Mínimo
Máximo
G1 28 3833,73
1526,58
3241,78
4425,67
1570,59
6395,29
G2 31 4137,58
941,15 3792,37
4482,80
2176,25
6805,90
G1: grupo de animais portadores de intussuscepção; G2: grupo controle; n: mero de amostras; IC:
intervalo de confiança.
Tabela 4 Média, desvio-padrão, intervalo de confiança, valor mínimo e máximo da
densidade celular da camada muscular longitudinal por subgrupo
(quanto à localização) - FMVZ/USP – São Paulo – 2008
Grupo n Média
Desvio
Padrão
IC 95% Mínimo
Máximo
G1A 14 3685,25
1594,50
2764,61
4605,88
1570,59
6313,16
G1P 14 3982,21
1500,09
3116,08
4848,33
2361,02
6395,29
G2 31 4137,58
941,15 3792,37
4482,80
2176,25
6805,90
G1A: grupo de animais portadores de intussuscepção e localização anterior à obstrução; G1P: grupo
de animais portadores de intussuscepção e localização posterior à obstrução; G2: grupo controle. n:
número de amostras; IC: intervalo de confiança.
72
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
G1 G2
Grupo
Densidade celular da camada
muscular longitudinal
Gráfico 3 Representação gráfica da média e desvio-padrão da densidade celular
da camada muscular longitudinal - FMVZ/USP. São Paulo, 2008
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
G1A G1P G2
Grupo
Densidade celular da camada
muscular longitudinal
Gráfico 4 Representação gráfica da média e desvio-padrão da camada muscular
longitudinal por subgrupo (quanto à localização) - FMVZ/USP – São
Paulo – 2008
73
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
5.1.1.2 Relação entre as camadas musculares
A relação média entre número de pontos da camada circular e longitudinal foi
homogênea entre os dois grupos, com valores de 2,69 ± 0,79 para o G1, e 2,46 ±
0,89 para o G2 (Tabela 5 e Gráfico 5). Embora não tenham apresentado diferença
estatisticamente significativa (p=0,293), o valor observado para o G1 foi
discretamente superior ao observado no G2, mostrando uma tendência a hipertrofia
muscular nos casos de obstrução.
Quando se analisam os dados referentes aos subgrupos, as médias
encontradas foram: 2,49 ± 0,73 para G1A, 2,89 ± 0,83 para G1P e 2,46 ± 0,89 para
G2. Embora o G2 tenha apresentado média inferior aos subgrupos, não foi
estatisticamente significativa (p=0,264). O G1P apresentou média superior ao G1A.
(Tabela 6 e Gráfico 6).
Tabela 5 – Média, desvio-padrão, intervalo de confiança, valor mínimo e máximo da
relação média entre as camadas musculares - FMVZ/USP. São Paulo –
2008
Grupo n Média
Desvio
Padrão
IC 95% Mínimo
Máximo
G1 28 2,69 0,79 2,39 3,00 1,62 4,46
G2 31 2,46 0,89 2,14 2,79 1,09 4,94
G1: grupo de animais portadores de intussuscepção; G2: grupo controle. n: mero de amostras; IC:
intervalo de confiança.
Tabela 6 - Média, desvio-padrão, intervalo de confiança, valor mínimo e máximo da
relação média entre as camadas musculares por subgrupo - FMVZ/USP.
São Paulo – 2008
Grupo n Média
Desvio
Padrão
IC 95% Mínimo
Máximo
G1A 14 2,49 0,73 2,07 2,92 1,62 3,81
G1P 14 2,89 0,83 2,42 3,37 1,70 4,46
G2 31 2,46 0,89 2,14 2,79 1,09 4,94
G1A: grupo de animais portadores de intussuscepção e localização anterior à obstrução; G1P: grupo
de animais portadores de intussuscepção e localização posterior à obstrução; G2: grupo controle; n:
número de amostras; IC: intervalo de confiança
74
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
G1 G2
Grupo
Relação média das camadas
musculares
Gráfico 5 – Representação gráfica da relação média entre as camadas musculares -
FMVZ/USP. São Paulo – 2008
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
G1A G1P G2
Grupo
Relão média das camadas
musculares
Gráfico 6 - Representação gráfica da relação média entre as camadas musculares
por subgrupo - FMVZ/USP. São Paulo – 2008
75
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
5.1.2 Quantificação do número de plexos mioentéricos
O número médio de plexos mioentéricos dos grupos G1 e G2 foi 8,89 ± 2,06 e
10,19 ± 2,33, respectivamente. A diferença observada foi estatisticamente
significativa para p=0,028. Os dados podem ser observados na tabela 7 e gráfico 7.
Os plexos mioentéricos e as camadas musculares circular e longitudinal foram
representados na figura 1.
Tabela 7 Média, desvio-padrão, intervalo de confiança, valor mínimo e máximo do
número médio de plexos mioentéricos - FMVZ/USP – São Paulo – 2008
Grupo n Média
Desvio
Padrão
IC 95% Mínimo
Máximo
G1 28 8,89
a
2,06 8,09 9,69 5,00 13,00
G2 31 10,19 2,33 9,34 11,05 7,00 17,00
G1: grupo de animais portadores de intussuscepção; G2: grupo controle; n: mero de amostras; IC:
intervalo de confiança.
a:estatisticamente significativo (p=0,028)
0
2
4
6
8
10
12
14
G1 G2
Grupo
Número de plexos mioentéricos
Gráfico 7 Representação gráfica da média e desvio-padrão do número médio de
plexos mioentéricos - FMVZ/USP – São Paulo – 2008
76
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
Figura 1 Fotomicrografias da localização de plexos mioentéricos (pm) entre as
camadas musculares circular (cmc) e longitudinal (cml). Coloração por
H&E
(A), (C) e (E) x20, barra de escala de 10µm
(B), (D) e (F) x40, barra de escala de 5µm
pm
pm
pm
pm
cmc
cml
cmc
cml
cml
cml
pm
cmc
cmc
cmc
cmc
cml
cml
pm
77
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
5.1.3 Mensuração da densidade celular dos plexos mioentéricos
A densidade celular média encontrada nos grupos G1 e G2 foram de 5418,97
± 1196,99 células/mm² e 6054,09 ± 1153,65 células/mm², respectivamente (Tabela 8
e Gráfico 8), esta diferença é estatisticamente significativa (p=0,043).
Tabela 8 Média, desvio-padrão, intervalo de confiança, valor mínimo e máximo da
densidade celular dos plexos miontéricos (mm
2
) - FMVZ/USP – São
Paulo – 2008
Grupo n Média
Desvio
Padrão
IC 95% Mínimo
Máximo
G1 28 5418,97
a
1196,99
4954,82
5883,11
3181,58
8764,17
G2 31 6054,09
1153,65
5630,93
6477,25
4050,92
8788,27
G1: grupo de animais portadores de intussuscepção; G2: grupo controle; n: mero de amostras; IC:
intervalo de confiança.
a:estatisticamente significativo (p=0,043)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
G1 G2
Grupo
Densidade celular dos plexos
miontéricos (células/mm²)
Gráfico 8 Representação gráfica da média e desvio-padrão da densidade celular
dos plexos miontéricos (mm
2
) - FMVZ/USP. São Paulo – 2008
78
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
5.1.4 Determinação do grau de degeneração neuronal nos plexos mioentéricos
A distribuição dos escores quanto ao grau de vacuolização neuronal não
manteve o mesmo padrão entre os grupos analisados (Gráfico 9). No G1,
constatou-se prevalência de casos apresentando considerável alteração (grau 2 e
3), enquanto que no G2, observou-se o inverso. Ou seja, 67,74% dos animais do
grupo controle não apresentavam qualquer alteração em plexos mioentéricos e
apenas 25,81% apresentavam alterações raras. Desta forma, a análise estatística
revelou diferença significativa entre os grupos, com p=0,001. Os demais valores
encontram-se na tabela 9 e podem ser visualizados no gráfico 9.
Tabela 9 Distribuição do grau de vacuolização dos plexos mioentéricos -
FMVZ/USP – São Paulo – 2008
Vacuolização G1
a
G2 Total
NDN 8 28,57% 21 67,74% 29 49,15%
Rara 4 14,29% 8 25,81% 12 20,34%
Discreta 6 21,43% 2 6,45% 8 13,56%
Intensa 10 35,71% 0 0,00% 10 16,95%
Total 28 100,00% 31 100,00% 59 100,00%
G1: grupo de animais portadores de intussuscepção; G2: grupo controle.
0 = ausência de vacuolização; 1 = rara vacuolização de plexos; 2 = discreta vacuolização de plexos e
3 = vacuolização intensa. a:estatisticamente significativo (p=0,001)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
NDN Rara Discreta Intensa
Grau de vacuolização em plexos mioentéricos
Porcentagem (%)
Grupo=1 Grupo=2
Gráfico 9 – Representação gráfica da distribuição do grau de vacuolização dos
plexos mioentéricos - FMVZ/USP. São Paulo – 2008
79
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
5.2 Resultados imunoistoquímicos
5.2.1 Imunoreatividade à sinaptofisina
A análise dos escores obtidos segundo a imunoreatividade dos plexos
mioentéricos à sinaptofisina entre os diferentes grupos o demonstrou diferença
significativa (p=0,592). Nenhum grupo estudado apresentou escore 0 ou 1. A
freqüência de amostras com escore 2 e 3 foi bastante homogênea entre animais
acometidos e animais sadios (Tabela 10). Isto também pode ser observado no
gráfico 10, que apresenta distribuição de freqüência muito semelhante entre os dois
grupos. Os escores de classificação dos plexos quanto a imunoreatividade à
sinaptofisina estão representados na figura 2.
Quanto à avaliação de quantidade de plexos imunoreativos, embora ocorra
uma prevalência de escores 2, a distribuição de freqüência não se mantém
homogênea nos dois grupos (Gráfico 11). Esta variável apresentou diferença
estatística (p=0,014) entre os grupos analisados (Tabela 11).
Tabela 10 Distribuição de escores de quantificação de imunoreatividade à
sinaptofisina nos plexos mioentéricos - FMVZ/USP São Paulo
2008
Escore G1 G2 Total
0 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00%
1 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00%
2 9 32,14% 8 25,81% 17 28,81%
3 19 67,86% 23 74,19% 42 71,19%
Total 28 100,00% 31 100,00% 59 100,00%
G1: grupo de animais portadores de intussuscepção; G2: grupo controle.
0 = ausência de marcação; 1 = marcação leve; 2 = marcação moderada e 3 = marcação abundante
do plexo.
80
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
Tabela 11 Distribuição de escores de quantificação de plexos mioentéricos
imunoreativos à sinaptofisina - FMVZ/USP – São Paulo – 2008
Escore G1
a
G2 Total
0 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00%
1 1 3,57% 6 19,35% 7 11,86%
2 27
96,43% 22
70,97% 49
83,05%
3 0 0,00% 3 9,68% 3 5,08%
Total 28
100,00% 31
100,00% 59
100,00%
G1: grupo de animais portadores de intussuscepção; G2: grupo controle.
0 = ausência de plexos marcados; 1 = pequena quantidade de plexos marcados; 2 = quantidade
moderada de plexos marcados e 3 = quantidade importante de plexos marcados.
a:estatisticamente significativo (p=0,014)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
0 1 2 3
Escore de imunoreatividade à sinaptofisina nos plexos mioentéricos
Porcentagem (%)
Grupo=1 Grupo=2
Gráfico 10 Representação gráfica da distribuição de escores de quantificação de
imunoreatividade à sinaptofisina nos plexos mioentéricos - FMVZ/USP
– São Paulo – 2008
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
0 1 2 3
Escore de quantidade de plexos mioentéricos imunoreativos a sinaptofisina
Porcentagem (%)
Grupo=1 Grupo=2
Gráfico 11 – Representação gráfica da distribuição de escores de quantificação de
plexos mioentéricos imunoreativos à sinaptofisina - FMVZ/USP – São
Paulo – 2008
81
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
Figura 2: Fotomicrografia de plexos mioentéricos quanto à imunoreatividade a
sinaptofisina.(A) Escore 0, (B) Escore 1, (C) Escore 2, (D) Escore 3
(x40; barra de escala de 5µm)
82
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
5.2.2 Imunoreatividade à Enolase Neurônio-Específica
Em relação à imunoreatividade ao NSE, a análise da distribuição de escores
em cada grupo mostrou maior predomínio de amostras grau 2 no grupo afetado em
relação ao grupo controle. Por sua vez, o G2 apresentou importante predomínio de
escores 3, sendo observada diferença estatística entre os grupos (p=0,001). O
gráfico 12 mostra a diferença de distribuição entre os dois grupos (Tabela 12 e
Gráfico 12). Os escores de classificação dos plexos quanto a imunoreatividade ao
NSE estão representados na figura 3.
No que diz respeito à quantidade de plexos imunoreativos ao NSE, 58,06%
das amostras do G2 demonstraram quantidades importantes de plexos reagentes,
enquanto que no G1, apenas 3,57% foram classificados com escore 3 (Tabela 13).
O escore mais presente entre as amostras do G1 foi o relacionado a quantidades
moderadas de marcação (85,71%). Existe diferença estatística (p=0,001) entre os
grupos, elucidada no gráfico 13, em que G1 apresenta distribuição notadamente
diferente em relação ao G2.
Tabela 12 Distribuição de escores de quantificação de imunoreatividade ao NSE
nos plexos mioentéricos - FMVZ/USP – São Paulo – 2008
Escore G1
a
G2 Total
0 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00%
1 3 10,71% 0 0,00% 3 5,08%
2 15 53,57% 4 12,90% 19 32,20%
3 10 35,71% 27 87,10% 37 62,71%
Total 28 100,00% 31 100,00% 59 100,00%
G1: grupo de animais portadores de intussuscepção; G2: grupo controle.
0 = ausência de plexos marcados; 1 = pequena quantidade de plexos marcados; 2 = quantidade
moderada de plexos marcados e 3 = quantidade importante de plexos marcados.
a:estatisticamente significativo (p=0,001)
83
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
Tabela 13 Distribuição de escores de quantificação de plexos mioentéricos
imunoreativos ao NSE - FMVZ/USP – São Paulo – 2008
Escore G1
a
G2 Total
0 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00%
1 3 10,71% 0 0,00% 3 5,08%
2 24
85,71% 13
41,94% 37
62,71%
3 1 3,57% 18
58,06% 19
32,20%
Total 28
100,00% 31
100,00% 59
100,00%
G1: grupo de animais portadores de intussuscepção; G2: grupo controle. 0 = ausência de plexos
marcados; 1 = pequena quantidade de plexos marcados; 2 = quantidade moderada de plexos
marcados e 3 = quantidade importante de plexos marcados.a:estatisticamente significativo (p=0,001)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0 1 2 3
Escore de imunoreatividade ao NSE nos plexos mioentéricos
Porcentagem (%)
Grupo=1 Grupo=2
Gráfico 12 Representação gráfica da distribuição de escores de quantificação de
imunoreatividade ao NSE nos plexos mioentéricos - FMVZ/USP São
Paulo – 2008
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
0 1 2 3
Escore de quantidade de plexos mioentéricos imunoreativos ao NSE
Porcentagem (%)
Grupo=1 Grupo=2
Gráfico 13 Representação gráfica da distribuição de escores de quantificação de
plexos mioentéricos imunoreativos ao NSE - FMVZ/USP –São Paulo
2008
84
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
Figura 3 Fotomicrografias de plexos mioentéricos quanto à imunoreatividade ao
NSE.(A) Escore 0, (B) Escore 1, (C) Escore 2, (D) Escore 3 (x40;
barra de escala de 5µm)
85
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
5.3 Avaliação pós-operatória tardia dos animais submetidos a enterectomia e
anastomose
Dos 13 animais pertencentes ao grupo afetado, apenas 10 puderam ser
avaliados no período pós-operatório tardio, uma vez que ocorreram três óbitos no
pós-operatório inicial. Destes 10 cães, três apresentaram alterações como maior
freqüência de defecação, consistência de fezes mais pastosas quando comparadas
com o período anterior à afecção além de episódios diarréicos agudos intermitentes.
O grupo G1 foi dividido quanto ao resultado da avaliação tardia, sendo G1S
para animais sem alterações no período pós-operatório tardio, G1D para animais
que cursaram com alterações e G1O para animais que não foram avaliados no
período tardio.
Quando as variáveis densidade celular da camada muscular circular,
densidade celular dos plexos mioentéricos, relação entre as camadas musculares,
número médio de plexos mioentéricos, grau de vacuolização, imunoreatividade ao
NSE e imunoreatividade à sinaptofisina foram avaliadas, não foi detectada diferença
estatisticamente significativa entre os subgrupos G1S, G1D e G1O. Na análise da
densidade celular da camada muscular longitudinal, os valores médios dos
subgrupos foram 3707,36 para G1S, 2903,62 para G1D e 4852,92 para G1O, sem
diferença estatisticamente significativa (p=0,037). Na análise pareada desta variável
apenas a comparação entre G1D e G1O foi estatisticamente significativa para
p=0,031 (Tabelas 14, 15 e 16 e Gráfico 14).
86
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
Tabela 14 Média e desvio-padrão de variáveis por subgrupo quanto à avaliação
tardia - FMVZ/USP – São Paulo – 2008
Grupo
Número
médio de
plexos
mioentéricos
Densidade
celular plexo
mioentéricos
Densidade
celular da
camada
circular
Densidade
celular da
camada
longitudinal
a
Relação
entre
camadas
musculares
G1S 8,85 ± 2,03
5083,26 ±
932,24
1080,03 ±
425,37
3707,36 ±
1356,55
2,50 ± 0,63
G1D 8,29 ± 2,14
5541,69 ±
1044,41
1077,12 ±
502,81
2903,62 ±
1304,88
b
2,87 ± 0,88
G1O 9,50 ± 2,14
5857,10 ±
1630,30
1449,33 ±
593,79
4852,92 ±
1514,21
2,86 ± 0,97
G1S: animais do grupo 1 sem alterações no período pós-operatório tardio, G1D: animais do grupo 1
com alterações no pós-operatório tardio, G1O: animais não avaliados no pós-operatório tardio
a: estatisticamente significativo para p=0,037; b: estatisticamente significativo para p=0,031 quando
comparado ao subgrupo G1O.
Tabela 15 Distribuição das porcentagens de imunoreatividade ao NSE e
sinaptofisina nos subgrupos quanto à avaliação tardia - FMVZ/USP
São Paulo – 2008
Grupo
NSE Sinaptofisina
0 1 2 3 0 1 2 3
G1S 0,00%
7,69% 53,85%
28,46%
0,00%
0,00%
38,46% 61,54%
G1D 0,00%
14,28%
85,72%
0,00% 0,00%
0,00%
42,86% 57,14%
G1O 0,00%
12,50%
25,00%
62,50%
0,00%
0,00%
12,50% 87,50%
G1S: animais do grupo 1 sem alterações no período pós-operatório tardio, G1D: animais do grupo 1
com alterações no pós-operatório tardio, G1O: animais não avaliados no pós-operatório tardio
Tabela 16 Distribuição das porcentagens dos escores de vacuolização nos
subgrupos quanto à avaliação tardia - FMVZ/USP São Paulo
2008
G1S: animais do grupo 1 sem alterações no período pós-operatório tardio, G1D: animais do grupo 1
com alterações no pós-operatório tardio, G1O: animais não avaliados no pós-operatório tardio
Grupo
Vacuolização
0 1 2 3
G1S 23,08% 23,08% 23,08% 30,76%
G1D 14,28% 0,00% 14,28% 71,44%
G1O 50,00% 12,50% 25,00% 12,50%
87
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
G1D G1O G1S
Avaliação tardia dos subgrupos
Densidade celular da camada
muscular longitudinal
Gráfico 14– Representação gráfica da densidade celular da camada muscular
longitudinal nos subgrupos quanto à avaliação tardia - FMVZ/USP
São Paulo – 2008
5.4 Correlação entre as variáveis analisadas
As variáveis densidade celular de plexos e número de plexos mioentéricos
não apresentaram grau de correlação entre elas (coeficiente de correlação de
Spearman= -0,056 e p=0,676), bem como as variáveis número de plexos
mioentéricos e escore de imunoreatividade ao NSE (coeficiente de correlação de
Spearman= 0,234 e p=0,074). Estes resultados estão ilustrados nos gráficos 15 e
16.
Entretanto, observou-se correlação entre as variáveis: densidade celular dos
plexos e densidade celular da camada muscular circular (coeficiente de correlação
de Spearman= 0,578 e p=0), grau de vacuolização e escore de imunoreatividade ao
NSE nos plexos mioentéricos (coeficiente de correlação de Spearman= -0,465 e
p=0) e entre grau de vacuolização e densidade celular dos plexos (coeficiente de
correlação de Spearman= -0,29 e p=0,026). Estas correlações podem ser analisadas
nos gráficos 17,18 e19.
88
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
Densidade celular dos plexos mioentéricos (células/mm²)
Número de plexos mioentéricos
Coeficiente de correlação Spearman=-0,056 p=0,676
Gráfico 15: Representação gráfica da ausência de correlação linear entre o número
de plexos mioentéricos e densidade celular dos plexos mioentéricos -
FMVZ/USP – São Paulo – 2008
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 1 2 3 4
Escore de imunoreatividade ao NSE nos plexos mioentéricos
Número de plexos mioentéricos
Coeficiente de correlação Spearman=0,234 p=0,074
Gráfico 16: Representação gráfica da ausência de correlação linear entre número de
plexos mioentéricos e escore de imunoreatividade ao NSE nos plexos
mioentéricos - FMVZ/USP – São Paulo – 2008
89
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Densidade celular da camada muscular circular
Densidade celular dos plexos
mioentéricos
Coeficiente de correlação Spearman=0,578 p=0
Gráfico 17: Representação gráfica da correlação linear entre densidade celular dos
plexos mioentéricos e densidade celular da camada muscular circular -
FMVZ/USP – São Paulo – 2008
Gráfico 18: Representação gráfica da correlação linear entre grau de vacuolização
dos plexos mioentéricos e escore de imunoreatividade ao NSE nos
plexos mioentéricos - FMVZ/USP – São Paulo – 2008
0
1
2
3
4
0 1 2 3 4
Escore de imunoreatividade ao NSE nos plexos mioentéricos
Grau de vacuolização dos plexos
mioentéricos
Coeficiente de correlação Spearman=-0,465 p=0
90
RESULTADOS
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
0
1
2
3
4
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
Densidade celular dos plexos mioentéricos
Grau de vacuolização dos plexos
mioentéricos
Coeficiente de correlação Spearman=-0,29 p=0,026
Gráfico 19: Representação gráfica da correlação linear entre grau de vacuolização
dos plexos mioentéricos e densidade celular dos plexos mioentéricos -
FMVZ/USP – São Paulo – 2008
DISCUSSÃO
92
DISCUSSÃO
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
6 DISCUSSÃO
Dentre as alterações obstrutivas do trato gastrointestinal de pequenos
animais, a intussuscepção merece especial atenção uma vez que apresenta
ocorrência elevada e necessidade de tratamento urgente. Não são estabelecidas
predisposições raciais e sexuais, porém existe maior acometimento de animais
jovens, o que também foi observado em nosso estudo (LEVITT; BAUER, 1992;
LAMB; MANTIS, 1998; APPLEWHITE; HAWTHORNE; CORNELL, 2001). Embora a
média de idade tenha sido de aproximadamente dois anos, este dado não reflete a
real distribuição etária dos animais acometidos. Nestes animais, a mediana
encontrada foi de oito meses.
A identificação de fatores predisponentes foi possível em 11 dos 13 casos. A
intoxicação prévia por carbamatos não é considerada freqüente, embora existam
relatos na literatura. Acredita-se que a ocorrência de intussuscepção após ingestão
de carbamato esteja relacionada a hipermotilidade gastrointestinal decorrente da
maior estimulação de receptores muscarínicos parassimpáticos (CORFIELD et al.,
2008). As demais causas foram representadas similarmente às observações de
Lewis e Ellison (1987), Lamb e Mantis (1998) e Applewhite et al. (2001). A palpação
abdominal se mostrou útil para o diagnostico da mesma forma que relatos de Lewis
e Ellison (1987); Levitt; Bauer (1992) e Patsikas, Papazoglou e Adamama-Moraitou,
(2008).
Quanto às porções resseccionadas, embora tenha ocorrido maior número de
intussuscepções íleo-ceco-cólicas, as porções de intestino delgado foram as mais
ressecciodas, pois freqüentemente encontraram-se no interior da invaginação,
sofrendo assim maior lesão tecidual.
Aderências, necrose, ponto de ruptura, fibrina, espessamento da parede
intestinal e aumento de linfonodos satélites foram identificados durante o período
trans-operatório, porém devem ser analisados cautelosamente, pois este estudo
utilizou apenas animais nos quais a enterectomia e enteroanastomose foi
necessária. Desta forma, selecionou-se animais com quadros de maior dano tecidual
e conseqüentemente, maior número de lesões associadas. O número de dias
necessários para o restabelecimento de defecações foi mensurado a fim de se
93
DISCUSSÃO
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
atentar para possíveis quadros de íleo paralítico pós-operatório. Apenas em dois
animais observaram-se valores superiores há dois dias. É importante ressaltar que o
uso de opióides seguiu rigoroso controle para evitarmos maior retardo no retorno à
defecação. A evolução e prognóstico observados também estão de acordo com a
literatura pertinente (LEWIS; ELLISON, 1987; LAMB; MANTIS, 1998; APPLEWHITE
et al., 2001)
A escolha da intussuscepção no presente estudo é justificada não apenas por
se tratar de uma afecção freqüente como pela importância de uma correta avaliação
da viabilidade intestinal.
A avaliação trans-operatória da viabilidade intestinal ainda é considerada o
maior desafio ao cirurgião (ORLAND et al., 1993) A rotina cirúrgica baseia-se em
critérios subjetivos como presença de pulso, coloração do tecido e qualidade de
peristaltismo para a determinação da viabilidade. A manutenção de segmentos
lesados pode ocasionar deiscência anastomótica além de disfunções intestinais
futuras, comprometendo a qualidade de vida do paciente. A ressecção massiva de
tecido, incluindo porções viáveis, pode ocasionar insuficiência intestinal e
impossibilidade de manutenção da homeostase gastrointestinal. Diversos métodos
alternativos vêm sendo estudados, porém apresentam aplicações clínicas limitadas.
A avaliação da inervação é ainda mais limitada quando comparada à vascular. O uso
de técnicas intra-operatórias como as utilizadas por Kobayashi et al. (1997) é
bastante conveniente, porém necessita de infra-estrutura nem sempre compatível
com a rotina clínica.
No que diz respeito ao uso de técnicas histológicas e imunoistoquímicas, a
literatura é controversa em apontar qual o melhor método de avaliação. São
consideradas técnicas de fácil execução e seguras para o paciente, porém são
classificadas como técnicas indiretas, pois utilizam segmentos resseccionados e não
porções intestinais in vivo. As informações obtidas dizem respeito à condição
daquele tecido em determinado momento e não consideram possíveis regenerações
ou adaptações tardias. As análises histopatológicas são de fácil execução e menos
dispendiosas que as imunoistoquímicas, porém teoricamente menos específicas. Lin
et al. (2002) e Wiedenmann et al. (1998) utilizaram imunoistoquímica para localizar
de forma mais precisa neurônios mioentéricos, axônios e junções neuromusculares
enquanto que Schusser e White (1997) buscaram padronizar avaliação histológica
94
DISCUSSÃO
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
de inervação intestinal para facilitar sua execução. Kobayashi et al. (1997) acreditam
que a análise de inervação intestinal seja prejudicada quando se utiliza apenas a
avaliação histopatológica. De acordo com nossos resultados, sugerimos a
combinação de técnicas histológicas e imunoistoquímicas para a quantificação de
inervação intestinal.
Em processos obstrutivos, ocorre um represamento de conteúdo intestinal no
segmento anterior à obstrução e conseqüente distensão intraluminal. Em resposta a
este estímulo, pode ocorrer aumento da espessura intestinal e hipertrofia da camada
muscular, especialmente da circular (GABELLA et al., 1990; WON et al., 2006;
BOLEKEN et al., 2007; STORKHOLM et al., 2007, 2008). Alguns estudos também
descrevem a ocorrência de hiperplasia desta camada (STORKHOLM et al., 2007,
2008). Esta hipertrofia esta relacionada à perda de células intersticiais e desordens
motoras, como também à diminuição da força por unidade de área muscular (WON
et al., 2006; STORKHOLM et al., 2007, 2008). Em nosso estudo, utilizamos duas
variáveis para a avaliação da hipertrofia muscular. O primeiro parâmetro foi a
densidade celular média das camadas circular e longitudinal. O grupo afetado
apresentou densidade celular média inferior ao grupo controle, tanto da camada
muscular circular quanto da longitudinal, porém apenas os valores de densidade da
camada circular mostraram-se estatisticamente significativos. Isto corrobora os
relatos de Storkholm et al. (2007, 2008); Won et al. (2006) e Boleken et al. (2007)
quanto ao predomínio de hipertrofia nesta camada muscular. Estes resultados foram
mantidos quando se compararam os subgrupos G1A, G1P ao G2. Embora exista
uma tendência à hipertrofia da camada longitudinal, a diferença entre as médias não
se mostrou significativa. É descrita na literatura a relação entre hipertrofia muscular
e grau de cronicidade da afecção. (SCHUSSER; WHITE, 1997; CHANG et al., 2001).
Os resultados desta pesquisa não estão de acordo com Chang et al. (2001),
Storkholm et al. (2007, 2008), Won et al. (2006), Boleken et al. (2007) que afirmam
ocorrência de hipertrofia apenas na porção anterior a obstrução. O cotejo entre as
médias das densidades das camadas musculares nos subgrupos G1A e G1P não
apresentou diferença significativa sendo que G1P mostrou densidade inferior. Estas
alterações observadas na porção posterior podem não estar exclusivamente
relacionadas ao processo de obstrução-distensão intestinal, mas também a
95
DISCUSSÃO
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
isquemia-reperfusão e liberação de radicais livres, como citado por Belkind-Gerson,
Graeme-Cook e Winter (2006).
A relação média entre camadas musculares não foi significante entre os
grupos testados, porém, de forma semelhante ao notado na comparação das
densidades médias, existe tendência à hipertrofia muscular. Valores superiores de
G1 em relação ao G2 devem ser entendidos como alteração da relação entre as
camadas, na qual há um aumento da circular em relação a longitudinal.
O número de plexos mioentéricos encontrados em G1 mostrou-se
estatisticamente inferior em relação à G2. Tal achado também foi verificado por
Moore et al. (1993) em intestinos de ratos submetidos experimentalmente a
processos obstrutivos. Embora os valores encontrados por Méier-Ruge e Brunner
(2001) não tenham sido significativos, também observaram menor número de
gânglios em crianças acometidas por disganglionoses em comparação com
intestinos saudáveis. Beiler et al. (2004) utilizaram a quantificação do número de
plexos como método de avaliação da inervação intestinal em cães submetidos a
transplante autólogo de mucosa intestinal, porém em plexos submucosos. Estes
autores descrevem redução no número de plexos nas porções transplantadas em
comparação aos segmentos preservados.
Schusser e White (1997) acreditam que a determinação do número de plexos
mioentéricos bem como sua densidade celular média sejam métodos adequados de
mensuração da inervação intestinal. Além disso, relatam haver relação entre estes
dados histológicos e o quadro clínico. Schoenberg e Kluth (2002) descrevem a
ausência de plexos submucosos tanto em segmento anterior quanto posterior à
obstrução e a diminuição de plexos mioentéricos apenas na porção anterior ao local
obstruído. Neste mesmo estudo, embora o número de plexos mioentéricos no
segmento posterior estivesse preservado, estes apresentavam distribuição alterada.
Para a análise do número de células por gânglio nervoso, optou-se pelo
cálculo da densidade celular. Isto porque, diferentes cortes histológicos de um
mesmo gânglio podem fornecer áreas muito diferentes, visto esta ser uma estrutura
tridimensionalmente irregular. Tal metodologia não foi utilizada por Rocha, Martins e
Patrício (2002) e Rocha et al. (2003), que realizaram apenas a mensuração do
número de células por gânglio. Semelhante à mensuração do número de plexos,
96
DISCUSSÃO
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
este parâmetro foi recomendado por Schusser e White (1997) para a mensuração de
inervação intestinal.
Em nosso estudo, a densidade celular média do grupo afetado (G1) foi inferior
ao grupo controle (G2), diferença esta estatisticamente significativa. A mesma
observação foi descrita por Schusser e White (1997) em eqüinos com alterações
colônicas como estrangulamento, impactação e obstrução. Em todas estas afecções
ocorre impossibilidade de progressão do conteúdo luminal e severa dilatação
intestinal, semelhante ao observado em quadros de intussuscepção. Estes autores
não observaram diferença no número de plexo e densidade neuronal em animais
sadios anestesiados e eutanasiados, o que contribui com a validação da
metodologia utilizada por nós, na qual os animais do grupo controle foram
eutanasiados no momento da coleta dos fragmentos intestinais. Segundo os
mesmos autores, a densidade celular foi afetada negativamente pela cronicidade da
obstrução e pelo prognóstico. Nossos resultados não estão de acordo com esta
afirmação, uma vez que o G1S apresentou densidade celular nos plexos
mioentéricos inferior à observada nos animais nos quais foram detectadas
alterações tardias (G1S= 5083,26±932,24 e G1D= 5541,69±1044,41).
Belkind-Gerson, Graeme-Cook e Winter (2006) descrevem a ocorrência de
hipertrofia de nervos nos plexos mioentéricos e submucosos em processos
intestinais crônicos que cursem com inflamação, nos quais se espera encontrar
diminuição da densidade celular. A comparação entre a densidade celular média dos
plexos mioentéricos do G1 e G2 está em concordância com a literatura.
Diversas alterações histológicas dos plexos mioentéricos podem estar
presentes em processos degenerativos, entre eles a ausência total de neurônio,
presença de neurônios amorfos hipereosinofílicos, perda de núcleo, retração e
vacuolização neuronal. Optou-se por utilizar o grau de vacuolização como método
indireto da degeneração neuronal. A diferença do grau de vacuolização entre grupos
G1 e G2 foi estatisticamente significativa. O grupo controle apresentou predomínio
marcante de escores 0 e 1, que representam ausência ou raras lesões vacuolares,
respectivamente. Enquanto isso, 57,14% dos animais do grupo afetado apresentou
lesões consideradas importantes. Aroch et al. (1997) também utilizaram estas
alterações no diagnóstico de defeito neuronal congênito intestinal em um cão. Silva;
Meirelles e Bustorff-Silva (2007) analisaram camundongos submetidos à isquemia
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DISCUSSÃO
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
intestinal quanto ao grau de vacuolização citoplasmática dos plexos mioentéricos e
outros indícios de degeneração celular. Estes autores afirmam que o processo de
isquemia-reperfusão gera danos nervosos tardios, o que pode ser traduzido em
alterações de motilidade intestinal.
No que se refere à avaliação imunoistoquímica, embora ambos anticorpos
sejam descritos como marcadores citoplasmáticos, observou-se melhor padrão de
marcação com o NSE, tanto em intensidade quanto em definição das estruturas.
Mesmo assim, não foi possível a perfeita delimitação celular com a marcação obtida.
Desta forma, realizou-se avaliação semiquantitativa semelhante à descrita por Fintl
et al. (2004) e Khen et al. (2004). Esta diferença na qualidade de marcação entre
estes dois anticorpos pode ser explicada pela maior quantidade de enolase
neurônio-específica em relação a sinaptofisina (proteína p38) tanto em corpo celular
quanto em prolongamentos axonais. Desta forma, Vento e Soinila (1999) não
recomendam a utilização de sinaptofisina isoladamente para a avaliação da
inervação intestinal.
Quanto à quantidade de imunoreatividade, a diferença entre os grupos
testados foi significativa para o NSE e não significativa para a sinaptofisina. É
possível que este resultado tenha sido influenciado pela característica de marcação
da sinaptofisina.
Na avaliação de quantidade de plexos imunoreativos, independente do escore
alcançado, ambos anticorpos mostraram-se adequados na diferenciação dos dois
grupos. Os valores encontrados tanto para NSE quanto para sinaptofisina foram
estatisticamente inferiores no G1.
Semelhante ao proposto em nosso estudo, Khen et al. (2004) utilizaram painel
imunoistoquímico para avaliar o sistema nervoso entérico de pacientes acometidos
por atresia intestinal e mensurar a inervação em segmentos próximos à anastomose
cirúrgica. Estes autores também optaram pelo uso de escores semiquantitativos para
definir a marcação obtida. Para o diagnóstico de pseudo-obstrução intestinal crônica
em um cão, Eastwood et al. (2005) avaliaram plexos mioentéricos
imunohistologicamente para NSE, sinaptofisina, GFAP e S100 além de observar
hipertrofia muscular importante. Neste estudo, recomendam a realização de biópsia
completa na vigência de desordens motoras intestinais.
98
DISCUSSÃO
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
No que concerne ao período pós-operatório, apenas três animais vieram a
óbito no período de até 12 horas após o procedimento cirúrgico. O intervalo de
tempo associado à evolução do quadro clínico do paciente nos faz acreditar que a
septicemia tenha sido a causa comum. Dos 10 animais avaliados no período pós-
operatório tardio, todos possuem qualidade de vida satisfatória, porém, três
apresentam aumento no número de defecações, alteração da consistência de fezes
e períodos intermitentes de episódios diarréicos agudos.
Não é possível inferirmos a respeito do sucesso cirúrgico apenas com os
dados da avaliação tardia. Isto porque, embora estas alterações possam ser
conseqüências do procedimento, eventos como doença intestinal de base, manejo
alimentar e sanitário podem estar envolvidos. Nesta pesquisa, foi diagnosticada
enterite linfoplasmocítica eosinofílica em um dos animais que permaneceu com
disfunção digestiva no pós-operatório e enterite neutrofílica nos outros dois. A
manutenção de segmento intestinal com lesão de inervação pode levar a quadros de
disfunção motora, porém a porção e extensão resseccionada também influenciam na
homeostase intestinal. Em dois casos, houve a perda da válvula íleo-ceco-cólica,
enquanto que no outro animal, retirou-se porção do segmento jejuno-íleo.
Na análise das variáveis quanto os resultados da avaliação tardia, apenas a
densidade celular na camada muscular longitudinal mostrou diferença
estatisticamente significativa entre os subgrupos G1S, G1D e G1O. Entretanto, a
densidade celular da camada muscular circular do subgrupo G1D foi inferior e a
relação média entre as camadas musculares foi superior ao grupo G1S, sugerindo
uma maior hipertrofia do grupo com alterações tardias. Da mesma forma, o número
médio de plexos mioentéricos do G1S foi superior ao observado no G1D. Ainda em
relação a esta tendência de diferença entre os grupos G1S e G1D, notou-se que
nenhum animal do grupo G1D apresentou imunoreatividade ao NSE grau 3, sendo a
maioria dos segmentos analisados grau 2 (85,71%). Já no G1S, 38,46% dos animais
tiveram escore 3. Comparando-se as amostras do grupo G1O e G1S, percebe-se
que existe uma proximidade entre os valores médios das variáveis analisadas, o que
contribui para a exclusão de óbitos relacionados à viabilidade intestinal.
As correlações entre as variáveis analisadas nos grupos G1 e G2 merecem
destaque, pois estas análises nos permitem identificar parâmetros que predigam
outros parâmetros. Neste caso, é possível selecionarmos métodos diagnósticos mais
99
DISCUSSÃO
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
simples ou menos onerosos que possam inferir a respeito de métodos considerados
mais complexos. A mensuração da densidade celular dos plexos mioentéricos pode
indicar uma possível hipertrofia da camada muscular circular do segmento afetado.
Assim, detectou-se correlação do tipo positiva, ou seja, quanto maior a densidade
celular dos plexos, maior a densidade celular da camada muscular e,
conseqüentemente, menor o grau de hipertrofia.
A correlação observada entre densidade celular dos plexos e grau de
vacuolização foi do tipo negativa ou inversa. Ou seja, existe um grau de associação
entre elas, porém à medida que diminui o grau de vacuolização, aumenta a
densidade dos plexos. Desta forma, notamos que animais com maior grau de
vacuolização (maior lesão tecidual) apresentam menor densidade celular nos plexos.
A correlação negativa observada entre grau de vacuolização e
imunoreatividade ao NSE é fundamental para caracterizar a importância do uso de
técnicas histológicas para a análise da inervação intestinal. É possível inferir a
respeito da imunoreatividade ao NSE a partir da quantificação de vacuolização dos
plexos, técnica mais simples, menos onerosa e que necessita de menor infra-
estrutura laboratorial quando comparada a imunoistoquímica. Embora alguns
autores acreditem que apenas as técnicas imunoistoquímicas apresentem validade,
os resultados histológicos demonstraram correlação com achados
imunoistoquímicos e da mesma forma podem contribuir de maneira significativa para
a avaliação da inervação intestinal.
A análise crítica comparativa do painel de variáveis analisadas sugere que os
segmentos intestinais macroscopicamente viáveis do G1 apresentam qualidade de
inervação inferior a animais sem distúrbio gastrointestinal. Entretanto, deve-se
atentar para a aparente ausência de tradução em alterações clínicas importantes. É
possível que, embora existam alterações no momento do procedimento, estas não
sejam suficientes para ocasionar manifestações clínicas graves. Além disso, deve-se
ressaltar a possibilidade de adaptação intestinal tardia ao segmento lesado ou a
ocorrência de regeneração nervosa. Belkind-Gerson, Graeme-Cook e Winter (2006)
descrevem a ocorrência de plasticidade e regeneração em tecidos intestinais com
disfunções do sistema nervoso entérico resultante de insulto genético ou ambiental,
sendo plasticidade a capacidade celular ou tecidual de transformação morfológica
em resposta a estímulo externo e regeneração, a habilidade de células ou
100
DISCUSSÃO
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
organismos de formar novas células em resposta a estas injúrias. Ambas são
utilizadas pelos organismos para recuperar a homeostase. A adaptação nervosa
intestinal é comandada por proteínas neurotróficas como o fator de crescimento de
neurônios (NGF), interleucina IL-6 e fator neurotrófico derivado da glia (GNDF).
Chang et al. (2001) também descrevem o fenômeno de plasticidade e
regeneração intestinal em camundongos submetidos experimentalmente à
obstrução. Após a remoção do segmento obstruído, uma nova rede nervosa
relacionada às células de Cajal foi desenvolvida e a atividade de ondas lentas
restabelecida.
Outra explicação plausível para a relação entre os resultados histológicos e
imunoistoquímicas e os achados clínicos deste estudo pode ser a existência de
alteração prévia individual que contribua para a ocorrência de intussuscepção. Isto
explicaria o desenvolvimento desta afecção em apenas alguns animais dentre
muitos portadores de quadros de alteração de motilidade intestinal. Entretanto, não
se encontra na literatura dados sobre possível predisposição individual à ocorrência
de intussuscepções.
O presente trabalho teve por objetivo chamar a atenção no que diz respeito à
margem cirúrgica preservada e avaliação tardia da função intestinal dos pacientes.
Ele servirá de base para futuros estudos que contribuam com a caracterização da
avaliação da inervação intestinal.
CONCLUSÕES
102
CONCLUSÕES
OLIVEIRA-BARROS, L.M.
7 CONCLUSÕES
Com base nos resultados apresentados, podemos concluir que:
A intussuscepção é uma afecção obstrutiva que pode cursar com
alterações de motilidade intestinal no período pós-operatório tardio.
A intussuscepção mostrou-se um modelo adequado para a análise de
alterações de inervação intestinal decorrentes de processos de distensão
e isquemia.
A avaliação da viabilidade intestinal trans-operatória por métodos
consagrados pode promover a manutenção de segmentos lesados quanto
à inervação.
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OLIVEIRA-BARROS, L.M.
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