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Campus de Ilha Solteira
PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
Representação Modal Alternativa de Linhas de Transmissão
Trifásicas Simétricas não Idealmente Transpostas
RODRIGO SERRA DALTIN
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Kurokawa
Dissertação apresentada à Faculdade
de Engenharia, UNESP – Campus de
Ilha Solteira, para obtenção do título
de Mestre em Engenharia Elétrica –
Área de Conhecimento: Sistemas
Elétricos de Potência.
Ilha Solteira – SP
outubro/2006
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4
Dedico esse trabalho aos meus pais, Francisco Carlos
Daltin e Suely Serra Daltin, aos meus avós maternos
Antenor Serra (in memoriam) e Olinda Itália Serra e
aos meus avós paternos José Maria Daltin (in memori-
am) e Thomazia Fontes Daltin (in memoriam) e à Sr.
ta
Onicea Serra. Sou-lhes grato por seu apoio, carinho e
dedicação extremados.
5
AGRADECIMENTOS
Este trabalho se deve em muito a algumas pessoas e instituições, por diversas razões, e eu gostaria de agradecer
especialmente:
Aos meus pais, Francisco Carlos Daltin e Suely Serra Daltin pela sólida formação dada até minha ju-
ventude, que me proporcionou a continuidade nos estudos até a chegada a esse mestrado.
Ao meu orientador, Prof. Sérgio Kurowaka, alguém sempre disposto a oferecer estímulos e, principal-
mente, a percorrer novos caminhos, ouvindo com interesse e ânimo todos os meus questionamentos. Por
ser um interlocutor paciente e generoso e pela coragem de ousar trabalhar com novos conceitos e novas
idéias, correndo os riscos inerentes a tal atitude. Por sua amizade principalmente. Pela compreensão si-
lenciosa nos momentos difíceis, permitindo que meu tempo interno fluísse, respeitosamente. Pela alegria
de trabalharmos juntos.
Ao amigo e Prof. Dalgerti Lelis Milanese por ter despertado meu interesse por questões filosóficas e pe-
las excelentes sugestões oferecidas durante o exame de qualificação, mesmo se algumas delas não pu-
deram (ou souberam) ser aproveitadas devidamente.
Aos Professores Afonso José do Prado e Luiz Fernando Bovolato, meus agradecimentos pela disposição
para participar da banca, bem como por seus questionamentos e contribuições na etapa da defasa.
A todos os docentes, funcionários e estagiários do Departamento de Engenharia Elétrica, e em especial
ao Deoclécio Mitsuiti Kosaka, Maria Cristina de Sales e Luzinete Maria de Oliveira.
Aos meus colegas de trabalho Mara Lopes, Andréa Protto, Alfredo Bonini, Célia Regina, Alessandra
Bonato Altran, Carlos Alberto Febres Tapia, Flavio Faria, Ápio Carniello, Jorge Medeiros, Jaine Hen-
rique Canossa, Fábio Yamanaka, Eduardo Caixeta Sedano, Denise Janini Charantola e ao casal de a-
migos Edilton Goulart e Giselly.
À querida amiga Marinez Stringheta pela sua amizade, alegria e uma irmandade toda especial com que
sempre partilhamos.
Aos meus amigos Geovane, Roberta Stroppa, Ana Paula Righetto, Roberta Ferreira, Emerson Carva-
lho, Carolina Tucunduva, Gustavo Batalha e minhas primas Mirella e Graziella Cesaro.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) pelo auxilio financeiro da-
do à pesquisa.
A todos agradeço profundamente e dedico o resultado do trabalho.
6
Todo o sentimento que eleva o homem acima da natureza
animal, anuncia a predominância do Espírito sobre a ma-
téria e o aproxima da perfeição (Emmanuel).
7
RESUMO
Esta dissertação descreve um processo alternativo para decompor uma linha de transmis-
são trifásica, simétrica e não transposta nos seus modos exatos por meio da utilização de
duas matrizes de transformação. A primeira é a matriz de Clarke que desacopla a linha em
suas componentes α, β e zero. A componente β é um modo exato enquanto que as com-
ponentes α e zero são acopladas. Em seguida, as componentes α e zero são representadas
por uma linha bifásica que pode ser decomposta em seus modos exatos por meio de uma
matriz de transformação adequada, cujos elementos podem ser sintetizados, no domínio
do tempo, por técnicas de aproximações por curvas. O método pretende unir as vantagens
da matriz de transformação exata (que produz modos exatos) com as vantagens da matriz
de Clarke, que é real, independente da freqüência e facilmente representável em progra-
mas que realizam simulações de transitórios, como é o caso do EMTP. Assim, o método
pode ser utilizado em situações em que o acoplamento entre as componentes
α
e zero não
possa ser desconsiderado. O processo foi utilizado para simular a energização de uma
linha trifásica, sem transposição, com um plano de simetria vertical, 440 kV e comprimen-
to de 500 km que foi representada no domínio modal por meio do método proposto e tam-
bém por meio do uso da matriz de autovetores (como sendo a matriz de decomposição
modal). O método é coerente, pois foram obtidos resultados semelhantes com os dois mé-
todos de decomposição modal, enquanto que com o uso somente da matriz de Clarke, ve-
rificou-se certa diferença em relação aos valores esperados.
Palavras-chave: Transitórios eletromagnéticos, análise no domínio da freqüência, análise
no domínio do tempo, modos exatos, quase-modos.
8
ABSTRACT
This dissertation describes an alternative procedure to decompose a non-transposed three-
phase transmission line into exact modes, by using two transformation matrices. The first one
is Clarke’s matrix, which separates the line into quasi-modes
α
,
β
e zero. The
β
component is
an exact mode while
α
and zero are coupled. After that, the coupled components are repre-
sented by using a two-phase transmission line without a vertical symmetry plane that can be
decomposed with a modal transformation matrix whose elements can be achieved, in time-
domain, through standard curve-fitting techniques. The method intends to join the Clarke’s
matrix advantages which crucial aspect is being real, frequency-independent and easily repre-
sented in computational transient programs (EMTP) with eigenvector’s matrix used in situa-
tions where the coupling between
α
and zero components cannot be disconsidered. The proc-
ess was used to energize a three-phase transmission line with a vertical symmetry plane,
which nominal voltage is 440kV and its length, 500km. It was represented in the modal do-
main by considered method and, on the other hand, by using eigenvector’s matrix (as being
the decomposition matrix). In fact, the obtained results had shown that the method is coherent,
because it is obtained similar results with the application of the two mentioned modal decom-
position methods, whereas with the use of Clarke’s matrix, a perceptible difference in relation
to the expected values was verified.
Keywords
: Electromagnetic transient, modal decomposition, frequency domain, time
domain, transmission line, exact-modes.
9
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................10
1.1
ASPECTOS GERAIS DO SISTEMA DE TRANSMISSÃO BRASILEIRO
............................................................ 10
1.2
MODELOS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
...........................................
E
RRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
2
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO ......................................19
2.1
INTRODUÇÃO
....................................................................................................................................... 19
2.2
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE UMA LINHA DE TRANSMISSÃO MONOFÁSICA
.......................................... 19
2.3
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE UMA LINHA DE TRANSMISSÃO POLIFÁSICA
............................................. 24
2.4
CONCLUSÕES
....................................................................................................................................... 25
3
SOLUÇÃO DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE UMA LINHA DE TRANSMISSÃO
MONOFÁSICA NO DOMÍNIO DO TEMPO............................................................................26
3.1
INTRODUÇÃO
....................................................................................................................................... 26
3.2
SOLUÇÃO DIRETAMENTE NO DOMÍNIO DO TEMPO PARA LINHAS SEM PERDAS
...................................... 27
3.3 SOLUÇÃO DIRETAMENTE NO DOMÍNIO DO TEMPO PARA LINHAS COM PERDAS ..................................... 28
3.4
SOLUÇÃO NO DOMÍNIO DO TEMPO POR MEIO DE INTEGRAIS DE CONVOLUÇÃO
..................................... 31
3.5
CONCLUSÃO
........................................................................................................................................ 34
4
REPRESENTAÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO NO DOMÍNIO MODAL...............35
4.1
INTRODUÇÃO
....................................................................................................................................... 35
4.2 DECOMPOSIÇÃO MODAL DE LINHAS DE TRANSMISSÃO......................................................................... 36
4.2.1 Matrizes de impedâncias e de admitâncias modais exatas............................................................40
4.2.2 Relação entre as matrizes [T
V
] e [T
I
]............................................................................................41
4.2.3 Relação entre as matrizes [
λ
m
], [Z
m
] e [Y
m
]..................................................................................43
4.3
OBTENÇÃO DA MATRIZ DE TRANSFORMAÇÃO MODAL UTLIZANDO O MÉTODO DE NEWTON
-
RAPHSON
.44
4.4
CONCLUSÃO
........................................................................................................................................ 48
5 REPRESENTAÇÃO MODAL DE LINHAS DE TRANSMISSÃO TRIFÁSICAS POR MEIO
DO USO DE DUAS MATRIZES DE TRANSFORMAÇÃO....................................................50
5.1
INTRODUÇÃO
....................................................................................................................................... 50
5.2
REPRESENTAÇÃO MODAL DE LINHAS TRIFÁSICAS
................................................................................ 51
5.3
REPRESENTAÇÃO MODAL DE LINHAS TRIFÁSICAS QUE POSSUEM UM PLANO DE SIMETRIA VERTICAL
... 52
5.4
DECOMPOSIÇÃO MODAL DE LINHAS TRIFÁSICAS UTILIZANDO DUAS MATRIZES DE TRANSFORMAÇÃO
.55
5.5
APLICAÇÃO DO MÉTODO DESENVOLVIDO
............................................................................................ 59
5.5.1 Decomposição modal da linha utilizando a matriz de Clarke.......................................................62
5.5.2 Análise do acoplamento entre as componentes
α
e zero...............................................................67
5.5.3
Decomposição modal da linha bifásica que representa os quase-modos
α
e zero........................68
5.5.4 Resposta em freqüência da linha...................................................................................................70
5.6
CONCLUSÃO
........................................................................................................................................ 76
6
CONCLUSÕES.............................................................................................................................77
REFERÊNCIAS......................................................................................................................................80
10
1 INTRODUÇÃO
1.1 ASPECTOS GERAIS DO SISTEMA DE TRANSMISSÃO BRASILEIRO
A primeira linha de transmissão de que se tem registro no Brasil foi construída por
volta de 1883, na cidade de Diamantina, Minas Gerais. Essa linha transportava energia gerada
em uma usina hidroelétrica, constituída de duas rodas d’água e dois dínamos Gramme, a uma
distância de 2 km, aproximadamente. A energia transmitida por meio dessa linha acionava
bombas hidráulicas em uma mina de diamantes. Consta que era a linha mais longa do mundo,
na época. Em 1901, com a entrada em serviço da central Hidroelétrica de Santana do Parnaí-
ba, a então The San Paulo Tramway Light and Power Co. Ltd. construiu as primeiras linhas
de seus sistemas de 40 kV. Em 1914, com a entrada em serviço da Usina Hidroelétrica de
Utupararanga, a mesma empresa introduziu o padrão 88 kV. Esse padrão de tensão foi, em
seguida, adotado pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, Estrada de Ferro Sorocabana
e, por meio desta, pela USELPA, que futuramente viria a integrar o sistema CESP. Entre 1945
e 1947, construiu-se a primeira linha de 230 kV no Brasil, com um comprimento aproximado
de 330 km. Essa linha, destinada a interligar os sistemas Rio Light e São Paulo Light, operava
inicialmente em 170 kV, passando, em 1950, a operar com 230 kV. Foi também a primeira
interligação de dois importantes sistemas realizada no Brasil. Vieram, a partir daí, em rápida
sucessão, linhas de 230 kV do sistema da Cia. Hidroelétrica de São Francisco, 161 e 345 kV
11
da CEMIG e FURNAS, 460 kV da CESP, as linhas de 500 kV de FURNAS e 800 kV do sis-
tema Itaipu (FUCHS, 1977).
Atualmente, de acordo com (ONS, 2006), a rede básica de transmissão compreen-
de tensões entre 230 kV a 750 kV, atinge uma extensão de 80.022 km, engloba 815 circuitos
de transmissão, contando com uma capacidade de transformação de 178.447 MVA, em 321
subestações distribuídas. A Figura 1.1 mostra um esquema do sistema de transmissão brasilei-
ro (CTEEP, 2006).
Figura 1.1 – Mapa do SIN – Sistema de Transmissão
O sistema elétrico brasileiro, esquematizado na Figura 1.1, apresenta como parti-
cularidade grandes extensões de linhas de transmissão e um parque produtor de geração pre-
12
dominantemente hidráulico. O mercado consumidor (47,2 milhões de unidades) concentra-se
nas regiões Sul e Sudesse, as mais industrializadas. A região Norte é atendida de forma inten-
siva por pequenas centrais geradoras, a maioria termelétricas, movidas a óleo diesel (ONS,
2006).
Verifica-se que, no Brasil, grande parte das linhas que constituem o Sistema Inter-
ligado Nacional são linhas de 440 kV, 345 kV, 230 kV, 138 kV (circuito duplo) e 88 kV (cir-
cuito duplo) (CETEEP, 2006) cujas silhuetas são mostradas a seguir.
Figura 1.2 – Silhueta de uma linha de transmissão de circuito duplo a 88kV e 138kV.
Verifica-se nas estruturas mostradas nas Figuras de 1.2 até 1.6 que estas possuem
um plano de simetria vertical. Tal característica geométrica dessas estruturas possibilita que,
em estudos de transitórios eletromagnéticos, a decomposição modal das linhas seja feita a
partir do uso de matrizes reais e constantes, dentre as quais destaca-se a matriz de Clarke
(TAVARES, 1999).
13
Figura 1.3 – Silhueta de uma linha de transmissão de circuito simples a 230kV e de circuito
duplo a 230 kV.
Figura 1.4 – Silhueta de uma linha de transmissão de circuito duplo a 345kV e de circuito
simples a 440 kV.
14
Figura 1.5 – Silhueta de uma linha de transmissão de circuito simples a 440kV e de circuito
duplo triangular a 440 kV.
Figura 1.6 – Silhueta de uma linha de transmissão de circuito duplo vertical a 440kV e de
circuito simples a 440 kV.
O uso de matrizes reais e constantes permite que uma linha trifásica (de circuito
simples ou duplo) seja representada por meio de cascatas de circuitos π que podem ser im-
15
plementadas em softwares do tipo EMTP. Desse modo, o uso de tais matrizes permite a simu-
lação de transitórios eletromagnéticos em linhas de transmissão diretamente no domínio do
tempo (TAVARES, 1999).
O uso da matriz de Clarke como sendo a matriz de transformação modal de linhas
que possuem um plano de simetria vertical resulta em um erro que, em algumas situações, tais
como análise de transitórios resultantes de operações de manobras e chaveamento, pode ser
desconsiderado.
No entanto, o erro resultante da matriz de Clarke ainda hoje é motivo de discórdia
entre diversos pesquisadores que atuam no desenvolvimento de modelos de linhas e na análise
de transitórios eletromagnéticos em sistemas de energia elétrica. Até o presente momento ain-
da não existe um consenso entre esses pesquisadores.
Desse modo, sem entrar no mérito da validade ou não do uso de matrizes constan-
tes como sendo matrizes de transformações modais, nesse trabalho, desenvolveu-se um méto-
do de decomposição modal que utiliza duas matrizes de transformações. Sendo a primeira
matriz utilizada a matriz de Clarke. Em seguida utiliza-se uma matriz de transformação modal
exata.
Percebe-se que após a primeira decomposição de uma linha trifásica de 440 kV,
que é feita com a matriz de Clarke, a mesma pode ser representada por uma linha monofásica
e por uma linha bifásica, sem plano de simetria vertical, sendo que não existe acoplamento
entre estas duas linhas. Em seguida, pôde-se decompor a linha bifásica com o uso de uma
matriz de transformação modal adequada (WEDEPHOL et al., 1996).
De maneira geral, pode-se dizer que a matriz de decomposição modal de uma li-
nha trifásica de 440
kV possui 9 elementos complexos e variáveis em relação à freqüência,
que são de difícil implementação em programas do tipo EMTP. No entanto, quando se utiliza
16
o processo de representação modal proposto nesse trabalho, somente a linha bifásica passa a
ter uma matriz de decomposição modal cujos elementos são variáveis em relação à freqüência
e esta matriz possui somente 4 elementos.
A redução da quantidade de elementos variáveis em relação à freqüência prova-
velmente reduzirá o erro inerente ao modelo, pois quando um modelo de linha é inserido em
um programa que realiza simulações diretamente no domínio do tempo, os elementos das ma-
trizes de transformação modal devem ser aproximados por meio de funções racionais (SAR-
TO, 2002) e esse processo de conversão freqüência-tempo sempre resultará em um erro.
Desse modo, pode-se dizer que devido ao fato do método de representação modal
proposto ser exato, o mesmo é mais eficiente que o método de decomposição que utiliza so-
mente a matriz de Clarke e possui ainda a vantagem de que somente 4 elementos serão apro-
ximados por meio de funções racionais. Provavelmente a redução do número de aproximações
realizadas no modelo resultará na diminuição do erro.
1.2 MODELOS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
Devido às suas peculiaridades, as linhas de transmissão podem ser modeladas de
diferentes formas, de acordo com a precisão e eficiência necessárias.
Na literatura, existem diversas representações para as linhas de transmissão.
Quanto à técnica de simulação utilizada, os modelos podem ser classificados em dois grandes
grupos que são os modelos descritos no domínio do tempo e os modelos descritos no domínio
da freqüência (FARIA et al., 2002).
17
Nos modelos do primeiro grupo, a solução é obtida diretamente em função do
tempo sem o uso de transformadas inversas (de Fourier ou de Laplace), enquanto que, no se-
gundo grupo, a solução é primeiramente obtida no domínio da freqüência para em seguida ser
convertida para o domínio do tempo por meio de transformadas inversas.
Os modelos escritos no domínio da freqüência são limitados quanto à sua capaci-
dade de representar corretamente alterações na configuração do sistema (tais como faltas e
manobras) e apresentam dificuldades quanto à representação de elementos não lineares.
Os modelos de linhas de transmissão também podem ser classificados quanto à
natureza de seus parâmetros em modelos a parâmetros constantes e modelos a parâmetros
variáveis em relação à freqüência. Os modelos a parâmetros constantes são de fácil utilização,
mas não podem representar adequadamente a linha em toda a faixa de freqüências nas quais
estão presentes os fenômenos de natureza transitória. Na maior parte dos casos esses modelos
aumentam a amplitude das harmônicas de ordem elevada, distorcendo as formas de onda e
produzindo picos exagerados (FARIA et al., 2002).
Os modelos com parâmetros variáveis em relação à freqüência são considerados
mais precisos quando comparados aos modelos que consideram os parâmetros constantes. A
variação está na dependência da freqüência, podendo esta ser representada por meio da asso-
ciação série e paralela de elementos R e L (TAVARES, 1999).
As linhas de transmissão polifásicas podem ainda ser representadas no domínio
modal ou no domínio das fases (FARIA et al., 2002). Os modelos que representam linhas po-
lifásicas no domínio modal fazem uso da técnica de transformação modal. Nesse caso, a partir
do cálculo dos autovalores do produto matricial envolvendo as matrizes de impedâncias longi-
tudinais e admitâncias transversais, pode-se representar uma linha polifásica com n fases por
meio de em n linhas monofásicas independentes e matematicamente equivalentes ao sistema
polifásico original.
18
Na representação modal, todos os cálculos são realizados no sistema de n linhas
monofásicas que representa o sistema original. Em seguida, utilizando uma matriz de trans-
formação modal adequada, obtém-se os resultados para a linha polifásica. A vantagem da re-
presentação da linha por meio de seus modos é que no domínio modal o acoplamento entre as
fases é eliminado, facilitando os cálculos das correntes e tensões. A Figura 1.7 mostra um
diagrama de blocos onde se representa uma linha no domínio modal.
Figura 1.7 – Representação em diagrama de blocos de uma linha no domínio modal.
Quando a linha é representada no domínio das fases, todos os cálculos são reali-
zados diretamente nas fases da linha, evitando a transição para o domínio modal (FARIA et
al., 2002).
linha polifásica
de n fases
transformação
modal
n linhas
monofásicas
cálculo das correntes
e temsões nas n linhas
monofásicas
linha polifásica
de n fases
transformação
modal inversa
domínio das fases
domínio das fases
domínio modal
19
2 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO
2.1 INTRODUÇÃO
As linhas de transmissão são caracterizadas por sua capacidade de conduzir ener-
gia eletromagnética. Uma análise rigorosa desse problema exigiria uma aplicação das equa-
ções de Maxwell nos problemas de campo. Entretanto, um exame das equações de Maxwell
pode demonstrar que, em certas condições, pode-se usar uma aproximação muito mais sim-
ples, que será mostrada nesse capítulo.
2.2 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE UMA LINHA DE TRANSMISSÃO MONO-
FÁSICA
Denomina-se linha de transmissão ao sistema constituído de dois condutores me-
tálicos, retilíneos e completamente isolados. Em algumas situações um dos condutores pode
ser substituído pelo solo.
A Figura 2.1 mostra uma representação de uma linha de transmissão monofásica,
de comprimento d, onde o retorno da corrente se dá por meio do solo.
20
Figura 2.1 – Linha de transmissão monofásica de comprimento d.
Sabendo-se que os parâmetros elétricos longitudinais e transversais de uma linha
de transmissão, do tipo mostrada na Figura 2.1, são uniformemente distribuídos ao longo do
comprimento da mesma, pode-se representar um elemento infinitesimal desta linha conforme
a Figura 2.2 (CHIPMAN, 1972); (GREENWOOD, 1977).
Figura 2.2 – Circuito equivalente para um elemento infinitesimal da linha.
No circuito mostrado na Figura 2.2, R e L são, respectivamente, a resistência e a
indutância longitudinais da linha, por unidade de comprimento e os elementos G e C são, res-
pectivamente, a condutância e a capacitância transversais da linha por unidade de comprimen-
to.
B
A
i
A
t
V
A
(
t
)
V
B
(
t
)
d
(
km
)
solo
i
B
t
i(x,t)
v(x,t)
Gx
X
1
i(x+
x,t)
C
x
X
2
L
x
R
x
v(x+
x,t)
21
As equações de corrente e de tensão para o circuito da Figura 2.2 são:
v(x,t)
i(x x,t) i(x,t) G x v(x,t) C x
t
+∆ =
2.1
i(x x,t)
v(x x,t) v(x,t) L x R x i(x x,t)
t
∂+
+∆ = +∆
2.2
A corrente e a tensão, bem como suas respectivas derivadas parciais podem ser
expandidas por séries de Taylor (SWOKOWSKI, 1995):
i(x, t)
i(x x,t) i(x,t) x
x
+∆ + +
2.3
v(x, t)
v(x x,t) v(x,t) x
x
+∆ + +
2.4
2
i(x x,t) i(x,t) i(x,t)
x
ttxt
∂+
≈+ +
∂∂
2.5
2
v(x x,t) v(x,t) v(x,t)
x ...
ttxt
∂+
≈+ +
∂∂
2.6
Considerando-se apenas os dois primeiros termos, substituindo-se as séries nas
equações 2.1 e 2.2, obtém-se:
i(x x,t) i(x,t)+∆ =
2
22
v(x x,t) v(x,t) v(x,t)
Cx Gxv(x x,t) Cx Gx
txtx
∂+
−∆ + + +
∂∂
2.7
22
v(x x,t) v(x, t)+∆ =
2
22
i(x,t) i(x,t) i(x,t)
Lx Rxi(x,t) Lx Rx
txtx
∂∂
−∆
∂∂
2.8
A partir da definição de derivada, (SWOKOWSKI, 1995), obtêm-se:
x0
i(x x,t) i(x,t) i(x,t)
lim
xx
∆→
+∆
=
∆∂
2.9
x0
v(x x,t) v(x,t) v(x,t)
lim
xx
∆→
+∆
=
∆∂
2.10
Logo:
i(x,t) v(x,t)
Gv(x,t) C
xt
∂∂
−= +
∂∂
2.11
v(x,t) i(x,t)
Ri(x,t) L
xt
∂∂
−=+
∂∂
2.12
As equações 2.11 e 2.12 são as equações diferencias de primeira ordem e descre-
vem o comportamento das correntes e tensões na linha monofásica no domínio do tempo.
No domínio da freqüência, as equações 2.11 e 2.12, conforme (CHIPMAN, 1972)
tornam-se:
dI(x, )
Y( ) V(x, )
dx
ω
−=ωω
2.13
dV(x, )
Z( ) I(x, )
dx
ω
−=ωω
2.14
onde:
23
Z( ) R( ) j Lω= ω
2.15
Y( ) G j Cω=
2.16
Nas expressões 2.13 e 2.14, I(x,
ω
) e V(x,
ω
) são, respectivamente, a corrente e a
tensão em uma posição x da linha no domínio da freqüência. Os termos Z(
ω) e Y(ω) são,
respectivamente, a impedância longitudinal e a admitância transversal da linha por unidade de
comprimento.
Nas equações 2.15 e 2.16, o termo
ω
corresponde à freqüência angular. Os parâ-
metros R, L, Z e Y são variáveis em relação à freqüência.
Derivando as equações 2.13 e 2.14 em relação a x, obtêm-se:
2
2
dI(x, ) dV(x, )
Y( )
dx dx
ωω
−=ω
2.17
2
2
d V(x, ) dI(x, )
Z( )
dx dx
ωω
−=ω
2.18
Substituindo-se as equações 2.14 e 2.13 nas equações 2.17 e 2.18, respectivamen-
te, e fazendo-se as devidas manipulações, obtêm-se:
2
2
dI(x, )
Y( ) Z( ) I(x, )
dx
ω
ω ω
2.19
2
2
dV(x, )
Z( ) Y( ) V(x, )
dx
ω
ω ω
2.20
As equações 2.19 e 2.20 são as equações diferenciais de segunda ordem de uma
linha de transmissão monofásica, escritas no domínio da freqüência.
24
2.3 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE UMA LINHA DE TRANSMISSÃO POLIFÁ-
SICA
Para uma linha polifásica, no domínio da freqüência a impedância longitudinal e a
admitância transversal, por unidade de comprimento, podem ser escritas na forma:
[]
11 12 13 1n
21 22 23 2n
n1 n2 n3 nn
zzz z
zzz z
Ζ()
zzz z
⎡⎤
⎢⎥
⎢⎥
ω=
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦

2.21
[]
11 12 13 1n
21 22 23 2n
n1 n2 n3 nn
yyy y
yyy y
Y( )
yyy y
⎡⎤
⎢⎥
⎢⎥
ω=
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦

2.22
Nas expressões 2.21 e 2.22, têm-se:
ii ii ii
z() R() jL()ω= ω+ ω ω
2.23
ij ij ij
z() R() jL()ω= ω+ ω ω
2.24
ii ii ii
y( ) G j Cω= + ω
2.25
ij ij ij
y( ) G j Cω= + ω
2.26
sendo:
z
ii —
impedância própria da fase i;
z
ij —
impedância mútua entre as fases i e j;
y
ii —
admitância da fase i;
y
ij —
admitância entre as fases i e j.
25
Nas equações 2.19 e 2.20, as matrizes [Z
()
ω
] e [Y
()
ω
] são, respectivamente, as
matrizes de impedância longitudinal e de admitância transversal da linha, por unidade de
comprimento.
Desse modo, as equações 2.21 e 2.22 tornam-se:
2
2
d[I( )]
[Y( )][Z( )][I( )]
dx
ω
ωω
2.27
2
2
d[V( )]
[Z( )][Y( )][V( )]
dx
ω
ω ω
2.28
Nas equações 2.27 e 2.28, [I(
ω
)] e [V(
ω
)] são, respectivamente, os vetores com as
correntes e as tensões de fase da linha, escritas no domínio da freqüência.
2.4 CONCLUSÕES
Nesse capítulo, foram mostradas as equações diferencias que representam uma li-
nha de transmissão polifásica genérica cujos parâmetros são uniformemente distribuídos ao
longo da linha. Foram mostradas as equações diferencias da linha no domínio do tempo e no
domínio da freqüência.
26
3 SOLUÇÃO DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE UMA LINHA DE TRANS-
MISSÃO MONOFÁSICA NO DOMÍNIO DO TEMPO
3.1 INTRODUÇÃO
A obtenção da solução das equações diferenciais de uma linha de transmissão
monofásica diretamente no domínio do tempo é bastante complicada. Porém, pode ser facil-
mente obtida para o caso de linhas sem perdas, cujos parâmetros são invariáveis em relação à
freqüência.
Uma opção para se obter a solução das equações diferenciais da linha no domínio
do tempo consiste em, inicialmente, escrever estas equações no domínio da freqüência, obten-
do-se, as soluções dessas equações no domínio da freqüência. Em uma próxima etapa, utiliza-
se as transformadas inversas de Laplace ou Fourier para se obter a resposta no domínio do
tempo. No entanto, esse procedimento exige o uso de integrais de convoluções cujas soluções
não são encontradas com facilidade.
Esse procedimento para a obtenção da resposta da linha no domínio do tempo
permite que seja levado em consideração o efeito da freqüência sobre os parâmetros longitu-
dinais da linha. Porém, para se fazer a conversão do domínio da freqüência para o domínio do
tempo faz-se necessário o emprego de integrais de convolução, que não possuem uma solução
analítica. Desse modo, a resposta da linha somente pode ser conseguida de forma numérica.
27
Convém destacar que existem outros modelos que permitem obter a resposta da
linha diretamente no domínio do tempo, sem o uso de integrais de convolução. Nesses mode-
los, a linha é representada por meio de uma grande quantidade de circuitos
π
conectados em
cascata e o efeito da freqüência sobre os parâmetros longitudinais pode ser sintetizado por
meio da associação série e paralela de resistores e indutores.
3.2 SOLUÇÃO DIRETAMENTE NO DOMÍNIO DO TEMPO PARA LINHAS SEM
PERDAS
Conforme mostrado no capítulo 2, uma linha de transmissão monofásica pode ser
descrita pelas seguintes equações diferenciais:
()
vx,t
i(x, t)
Ri(x,t) L
xt
−=+
∂∂
3.1
i(x,t) v(x,t)
Gv(x,t) C
xt
∂∂
−= +
∂∂
3.2
Para o caso de uma linha sem perdas, R e G são nulos. Desse modo, as equações
3.1 e 3.2 tornam-se:
v(x, t) i(x,t)
L
xt
∂∂
−=
∂∂
3.3
i(x, t) v(x, t)
C
xt
∂∂
−=
∂∂
3.4
A solução das equações diferenciais mostradas anteriormente são bem conhecidas
(NAIDU, 1985).
Esse modelo não representa adequadamente uma linha real, pois não leva em con-
sideração as perdas de energia, além da variação dos parâmetros em relação à freqüência.
28
3.3 SOLUÇÃO DIRETAMENTE NO DOMÍNIO DO TEMPO PARA LINHAS COM
PERDAS
Uma linha de transmissão, cujos parâmetros possam ser considerados independen-
tes da freqüência pode ser representada, de maneira aproximada e obedecendo a uma série de
restrições, como sendo uma cascata de circuitos
π
(NELMS, 1989).
A Figura 3.1 mostra uma linha de transmissão monofásica representada por meio
de uma cascata de
n circuitos
π
.
Figura 3.1 – Linha representada por meio de uma cascata de Circuitos π.
A Figura 3.1 mostra uma linha representada por meio de
n circuitos π conectados
em cascata. R e L são, respectivamente, a resistência e a indutância longitudinais da linha e os
parâmetros G e C são, respectivamente, a condutância e a capacitância transversais. Esses
parâmetros são escritos como sendo:
dd
RR';LL'
nn
==
3.5
dd
GG' ;CC'
nn
== 3.6
Em 3.5 e 3.6, os termos
R', L', C' e G'
são os parâmetros totais da linha, por
unidade de comprimento e
d é o comprimento da linha.
G/2 C/2 G C G C G C G/2 C/2
R L R L R L
29
O efeito da freqüência sobre os parâmetros longitudinais pode ser sintetizado por
meio de uma associação série e paralela de resistores e indutores que substituirão a associação
RL série em cada um dos circuitos
π
mostrados na Figura 3.1 (SARTO, 2002).
A Figura 3.2 mostra um circuito π de uma cascata que representa uma linha cuja
influência da freqüência é levada em consideração (TAVARES, 1999).
Figura 3.2 – Circuito π com o efeito da freqüência.
Na Figura 3.2, as associações RL paralelas são tantas quantas forem necessárias
para representar a variação dos parâmetros em cada década de freqüência que será considera-
da.
A cascata de circuitos
π
, em que a influência da freqüência sobre os parâmetros
longitudinais é considerada, pode então ser implementada em programas do tipo EMTP que
calculam as correntes e tensões ao longo da cascata. Esse modelo de linha geralmente é utili-
zado para simular transitórios oriundos de operações de manobras e chaveamento (TAVA-
RES, 1999).
Uma linha que é representada por meio de uma cascata de circuitos π, conforme
mostrado na Figura 3.1, pode ser descrita também por meio de variáveis de estado (NELMS et
al. 1989); (MAMIS, 2002) e (MAMIS, 2003). No entanto, esse modelo somente foi utilizado
pelos autores anteriormente mencionados para representar linhas de transmissão monofásicas
em que a influência da freqüência sobre os parâmetros possa ser desconsiderada.
R
1
L
1
R
2
L
2
R
m
L
m
R
0
L
0
G
2
C
2
G
2
C
2
30
Em um trabalho recente, (KUROKAWA et al., 2006a) inseriu a influência da fre-
qüência nas matrizes de estado que descrevem uma linha de transmissão monofásica. Desse
modo, se uma cascata de
n circuitos
π
do tipo mostrado na Figura 3.2 é utilizada para repre-
sentar uma linha monofásica de comprimento
d e se são utilizadas m associações paralela de
resistores e indutores para sintetizar a influência da freqüência sobre os parâmetros longitudi-
nais da linha, (KUROKAWA et al., 2006a) mostra que esta linha pode ser descrita na forma
de variáveis de estado, ou seja:
[X] [A] [X] [B] u(t)=+
3.7
Em 3.7, [X] é o vetor de estados, [A] é uma matriz quadrada e [B] é uma matriz
coluna. A função u(t) é a entrada que será aplicada no sistema. O vetor [X] é denominado
vetor de estado, enquanto que as matrizes [A] e [B] são denominadas matrizes de estado. O
vetor
]X[ é a derivada do vetor ]X[ em relação ao tempo.
(KUROKAWA et al., 2006a) mostra que, se forem adotadas como variáveis de
estado as correntes em cada um dos indutores e as tensões sobre os capacitores da cascata de
circuitos
π
, o vetor
]X[
possui n(m+2) elementos e a matriz [A] é uma matriz de ordem
n(m+2).
31
3.4 SOLUÇÃO NO DOMÍNIO DO TEMPO POR MEIO DE INTEGRAIS DE CON-
VOLUÇÃO
Considere uma linha de transmissão monofásica de comprimento d, conforme
mostra a Figura 3.3.
Figura 3.3 – Linha de transmissão monofásica de comprimento
d.
Na Figura 3.3, I
A
(
ω
) e I
B
(
ω
) são as correntes longitudinais da linha nos terminais
A e B, respectivamente, enquanto que V
A
(ω) e V
B
(ω) são as tensões nesses terminais. As cor-
rentes I
A
(ω) e I
B
(ω) e as tensões V
A
(ω) e V
B
(ω) estão no domínio da freqüência.
No capítulo 2 foi mostrado que as equações diferenciais que descrevem as corren-
tes e tensões no domínio da freqüência em uma linha monofásica são escritas como sendo:
I(x)
Y( ) V(x, )
x
−=ωω
3.8
V(x)
Z( ) I(x, )
x
−=ωω
3.9
Mostra-se que as soluções para as equações 3.8 e 3.9, quando aplicadas na linha
da Figura 3.3, conforme (BUDNER, 1970) são:
B
A
I
A
(
ω
)
V
A
(
ω
)
V
B
(
ω
)
solo
I
B
(
ω
)
32
AB BC
V ( ) V ( ) cosh ( d) I ( ) Z senh ( d)ω= ω γ ω γ
3.10
()
B
AB
c
V( )
I ( ) I cosh ( d) senh ( d)
z
ω
ω= ω γ + γ
3.11
Nas equações 3.10 e 3.11, os termos γ e Z
C
são, respectivamente, a constante de
propagação e a impedância característica da linha, escritos conforme (CHIPMAN, 1972):
() Z()Y()γω = ω ω 3.12
C
Z( )
Z( )
Y( )
ω
ω=
ω
3.13
Nas equações 3.12 e 3.13, Z e Y são, respectivamente, a impedância longitudinal
e a admitância transversal da linha por unidade de comprimento.
Das equações 3.10 e 3.11 obtêm-se:
AAB
cc
11
I() coth( d)V V
ZZsenh(d)
ω= γ
γ
3.14
BBA
cc
11
I ( ) coth( d)V V
ZZsenh(d)
ω= γ
γ
3.15
As expressões 3.14 e 3.15 podem ser escritas de maneira simplificada como sen-
do:
AAAA ABB
V( ) y ( )V( ) y ( )V( )ω= ω ω + ω ω
3.16
BBAA BBB
V() y ()V() y ()V()ω= ω ω + ω ω
3.17
Nas equações 3.16 e 3.17, os termos
y
AA
(
ω
), y
BB
(
ω
),y
AB
(
ω
) e y
BA
(
ω
) são:
33
AA BB
c
1
y()y() coth(d)
Z
ω= ω= γ
3.18
AB BA
c
1
y()y()
Zsenh( d)
ω= ω=
γ
3.19
Para se obter as correntes e tensões nos terminais A e B da linha a partir das equa-
ções 3.10 e 3.11 é necessário o uso de integrais de convolução (KREYSZIG, 1992); (BUD-
NER, 1970).
Desse modo, utilizando o conceito de integrais de convolução, obtêm-se:
+=
t
0
BAB
t
0
AAAA
)λ(d)λ(V)λt(yλd)λ(V)λt(y)t(i
3.20
+=
t
0
BBB
t
0
ABAB
)λ(d)λ(V)λt(yλd)λ(V)λt(y)t(i
3.21
Nas equações 3.20 e 3.21 os termos
y
AA
(t-
λ
), y
BB
(t-
λ
), y
AB
(t-
λ
) e y
BA
(t-
λ
) são
respectivamente, as transformadas inversas de Laplace das funções
y
AA
(
ω
), y
BB
(
ω
), y
AB
(
ω
) e
y
BA
(
ω
) (SPIEGEL, 1971).
As funções V
A
(λ) e V
B
(λ) são as tensões no domínio do tempo nos terminais A e
B da linha, respectivamente e são as transformadas inversas de Laplace de V
A
(ω) e V
B
(ω).
A obtenção das correntes e tensões nos terminais da linha por meio de integrais de
convolução é um processo bastante complexo, pois as funções
y
AA
(t-λ), y
BB
(t-λ), y
AB
(t-λ) e
y
BA
(t-λ) dificilmente podem ser expressas na forma analítica.
34
3.5 CONCLUSÃO
Esse capítulo explorou a solução das equações diferenciais de uma linha de trans-
missão monofásica no domínio do tempo.
O caso mais simples é uma linha sem perdas cujos parâmetros sejam independen-
tes da freqüência sendo, provavelmente, a única situação em que as equações diferenciais pos-
suem uma solução analítica simples.
Foram mostradas as soluções diretamente no domínio do tempo para linhas com
perdas, considerando ou não a influência da freqüência sobre seus parâmetros longitudinais.
Foi mostrado também o processo de obtenção da solução da linha no domínio do
tempo por meio do uso de integrais de convolução.
35
4 REPRESENTAÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO NO DOMÍNIO MODAL
4.1 INTRODUÇÃO
As equações diferenciais de segunda ordem que descrevem uma linha de trans-
missão polifásica são de difícil solução devido ao acoplamento entre as fases. Uma importante
ferramenta de análise de sistemas polifásicos é a técnica que desacopla as fases dos mesmos.
Desta maneira, um sistema que possui
n fases acopladas pode ser representado por n sistemas
monofásicos que são matematicamente idênticos ao sistema original.
Para um sistema polifásico genérico, a matriz com os autovetores do produto
matricial [Z][Y] desacopla as fases da linha. Existem, para um único produto [Z][Y], diversos
conjuntos de autovetores que desacoplam a linha. A definição de um conjunto específico de
autovetores é feita por meio da imposição de uma restrição adicional, a de que cada um dos
autovetores do conjunto possua módulo unitário.
36
4.2 DECOMPOSIÇÃO MODAL DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
As equações diferenciais de primeira ordem para uma linha de transmissão com n
fases são:
[V(x, )]
[Z( )][I(x, )]
x
∂ω
=− ω ω
4.1
[I(x, )]
[Y( )][V(x, )]
x
∂ω
=− ω ω
4.2
As equações diferenciais de segunda ordem para uma linha de transmissão com
n
fases, escritas no domínio da freqüência são:
2
2
[V(x, )]
[Z( )][Y( )][V(x, )]
x
∂ω
ω ω
4.3
2
2
[I(x, )]
[Y ( )][Z( )][I(x, )]
x
∂ω
ω ω
4.4
As matrizes [Z
()ω
] e [Y
()
ω
] são, respectivamente, as matrizes de impedância lon-
gitudinal e de admitância transversal por unidade de comprimento da linha. Os vetores
[V
(x, )ω ] e [I (x, )ω ] são, respectivamente, os vetores com as tensões e correntes de fase.
Nas equações de 4.1 até 4.4, o termo ω corresponde à freqüência angular. As ma-
trizes de impedância longitudinal e de admitância transversal por unidade de comprimento da
linha, assim como os vetores de corrente e tensão, são variáveis em relação à freqüência. Por
questões de simplificação, o termo
ω
será omitido dessas grandezas no restante desse capítu-
lo.
37
A matriz [Z] leva em consideração o efeito do solo e o efeito pelicular (DOM-
MEL, 1996); (MARTI, 1983). Os vetores [V] e [I] são os vetores de tensões e correntes de
fase, respectivamente.
As equações de 4.1 a 4.4 estão no domínio das fases e são de difícil resolução,
uma vez que os produtos matriciais [Z][Y] e [Y][Z] são, de maneira genérica, distintos (as
matrizes [Z] e [Y] não são matrizes diagonais).
Tais produtos podem ser transformados em matrizes diagonais a partir da utiliza-
ção de uma transformação de similaridade (CHEN, 1984). Nesse caso, os produtos matriciais
[Z][Y] e [Y][Z] resultarão em matrizes diagonais cujos elementos são os autovalores dos pro-
dutos matriciais.
A matriz [
λ
V
], que é a matriz com os autovalores de [Z][Y] é calculada por meio
da seguinte relação:
1
VV V
[][T][Z][Y][T]
λ=
4.5
Os autovalores [
λ
I
] do produto matricial [Y][Z] são:
1
II I
[][T][Y][Z][T]
λ=
4.6
Nas equações 4.5 e 4.6, as matrizes [T
V
] e [T
I
] são, respectivamente, as matrizes
cujas colunas são os autovetores das matrizes [Z][Y] e [Y][Z]. As matrizes [T
V
], [T
I
],
I
[]λ
e
V
[]λ
são complexas e variáveis em relação à freqüência.
Os produtos matriciais [Z][Y] e [Y][Z], de maneira genérica são distintos e por-
tanto, as matrizes [T
V
] e [T
I
] são diferentes.
No entanto, mesmo sendo [Z][Y] e [Y][Z] matrizes distintas, seus determinantes e
conseqüentemente seus autovalores [
λ
V
] e [
λ
I
] são iguais:
38
VI
[][]λ=λ
4.7
Denominando-se os autovalores dos produtos [Z][Y] e [Y][Z] de [
λ
m
], obtêm-se:
mV
[][]λ=λ
4.8
mI
[][]λ=λ
4.9
Substituindo-se as equações 4.8 e 4.9 nas equações 4.5 e 4.6, respectivamente,
têm-se:
1
mV V
[][T][Z][Y][T]
λ=
4.10
1
mI I
[][T][Y][Z][T]
λ=
4.11
Fazendo-se a pré-multiplicação das equações 4.10 e 4.11 por [T
V
] e [T
I
],
respectivamente, obtêm-se:
Vm V
[T ][ ] [Z][Y][T ]λ=
4.12
Im I
[T ][ ] [Y][Z][T ]λ=
4.13
Fazendo-se a pós-multiplicação das equações 4.12 e 4.13 por [T
V
]
-1
e [T
I
]
-1
, res-
pectivamente, obtêm-se:
1
VmV
[Z][Y] [T ][ ][T ]
4.14
1
ImI
[Y][Z] [T ][ ][T ]
4.15
Substituindo-se as equações 4.14 e 4.15 nas equações 4.2 e 4.3, respectivamente:
2
1
VmV
2
[V]
[T ][ ][T ] [V]
x
4.16
39
2
1
ImI
2
[I]
[T ] [ ][T ] [I]
x
4.17
Pré-multiplicando as equações 4.16 e 4.17 por [T
V
]
-1
e [T
I
]
-1
, respectivamente, ob-
têm-se:
21
1
V
mV
2
[T ] [V]
[][T][V]
x
4.18
21
1
I
mI
2
[T ] [I]
[][T][I]
x
4.19
Nas equações 4.18 e 4.19, pode-se definir as correntes e tensões modais como
sendo:
1
mV
[V ] [T ] [V]
=
4.20
1
mI
[I ] [T ] [I]
=
4.21
Manipulando-se as equações 4.20 e 4.21, obtêm-se:
Vm
[V] [T ][V ]=
4.22
Im
[I] [T ][I ]=
4.23
Neste caso, [V
m
] e [I
m
] são os vetores com as tensões e as correntes modais da li-
nha, respectivamente. Substituindo-se [V] e [I] das equações 4.22 e 4.23 nas equações 4.18 e
4.19, respectivamente, obtêm-se:
2
m
mm
2
[V ]
[][V]
x
4.24
2
m
mm
2
[I ]
[][I]
x
4.25
As expressões 4.24 e 4.25 são as equações diferenciais dos modos exatos da linha.
Devido ao fato de [λ
m
] ser uma matriz diagonal, as mesmas são idênticas às equações diferen-
40
ciais de
n linhas monofásicas independentes, cujas possíveis técnicas de resolução já foram
mostradas em capítulos anteriores.
4.2.1 Matrizes de impedâncias e de admitâncias modais exatas
Substituindo-se os vetores [V] e [I] das equações 4.22 e 4.23 nas equações 4.1 e
4.2, têm-se:
Vm
Im
[T ][V ]
[Z][T ][I ]
x
=−
4.26
Im
Vm
[T ][I ]
[Y][T ][V ]
x
=−
4.27
Pré-multiplicando-se as equações 4.26 e 4.27 por [T
V
]
-1
e [T
I
]
-1
, respectivamente,
obtêm-se:
1
m
VIm
[V ]
[T ] [Z][T ][I ]
x
=−
4.28
1
m
IVm
[I ]
[T ] [Y][T ][V ]
x
=−
4.29
As equações 4.28 e 4.29 podem ser escritas como sendo:
m
mm
[V ]
[Z ][I ]
x
=−
4.30
m
mm
[I ]
[Y ][V ]
x
=−
4.31
41
Nas equações 4.30 e 4.31, [Z
m
] e [Y
m
] são respectivamente, as matrizes de impe-
dâncias longitudinais e de admitâncias transversais modais exatas da linha. Estas matrizes são
escritas como sendo:
1
mV I
[Z ] [T ] [Z][T ]
=
4.32
1
mI V
[Y ] [T ] [Y][T ]
=
4.33
As matrizes [Z
m
] e [Y
m
] são matrizes diagonais, como mostrados nos próximos i-
tens.
4.2.2 Relação entre as matrizes [T
V
] e [T
I
]
Considerando-se a impedância mútua entre as fases i e j idêntica à impedância
mútua entre as fases
j e i, pode-se afirmar que:
T
[Z] [Z]=
4.34
T
[Y] [Y ]=
4.35
Nas equações 4.34 e 4.35, as matrizes [Z]
T
e [Y]
T
são as matrizes transpostas de
[Z] e [Y], respectivamente. Substituindo as equações 4.34 e 4.35 na equação 4.10, obtém-se:
1T T
mV V
[][T][Z][Y][T]
λ=
4.36
Utilizando-se propriedades matriciais, pode-se escrever:
TT T
[Z] [Y] ([Y][Z])=
4.37
Substituindo-se a equação 4.37 na equação 4.36, fica:
42
1T
mV V
[ ] [T ] ([Y][Z]) [T ]
λ=
4.38
Transpondo-se os dois lados da equação 4.11, obtém-se:
T1 T
mI I
[] ([T][Y][Z][T])
λ=
4.39
Reagrupando-se o lado direito da equação 4.39:
T1T T
mI I
[ ] ([T ] [Y]) ([Z][T ])
λ=
4.40
A equação 4.40 pode ser reescrita como sendo:
TT1T
mII
[ ] ([Z][T ]) ([T ] [Y])
λ=
4.41
Desenvolvendo-se o lado direito de 4.41 a partir do mesmo desenvolvimento feito
na equação 4.40, obtém-se:
TTTT1T
mI I
[ ] (([T ] [Z] ) [Y] [T ] )
λ=
4.42
Considerando-se que [
λ
m
] é uma matriz diagonal, pode-se afirmar que:
T
mm
[][]λ=λ
4.43
Com base na equação 4.43, pode-se afirmar que as equações 4.38 e 4.42 são idên-
ticas. Portanto tem-se:
1T TTT1T
IVII
[T ] ([Y][Z]) [T ] [T ] [Z] [Y] ([T ] )
−−
=
4.44
Desenvolvendo-se o termo ([Y][Z])
T
no lado esquerdo da equação 4.44:
1T T TT T 1T
IVI I
[T] [Z][Y][T] [T][Z][Y]([T] )
−−
=
4.45
43
Da expressão 4.45 pode-se concluir que:
1T
VI
[T ] [T ]
=
4.46
A expressão 4.46 mostra que existe uma relação entre as matrizes [T
V
] e [T
I
]. Por-
tanto, basta calcular uma das matrizes e, a partir de 4.46 obter a outra matriz.
4.2.3 Relação entre as matrizes [λ
m
], [Z
m
] e [Y
m
]
Fazendo-se o produto das equações 4.32 e 4.33:
11
mm V II V
[Z ][Y ] [T ] [Z] [T ] [T ] [Y][T ]
−−
=
4.47
Desenvolvendo-se a equação 4.47:
1
mm V V
[Z ][Y ] [T ] [Z][Y][T ]
=
4.48
Comparando as equações 4.10 e 4.48, pode-se afirmar que a matriz [λ
m
] pode ser
escrita como sendo:
mmm
[][Z][Y]λ=
4.49
Fazendo-se o produto das equações 4.33 e 4.32:
11
mm I VV I
[Y ][Z ] [T ] [Y][T ][T ] [Z][T ]
−−
=
4.50
Desenvolvendo-se a equação 4.50:
1
mm I I
[Y ][Z ] [T ] [Y][Z][T ]
=
4.51
Comparando-se as equações 3.11 e 3.51:
44
mmm
[][Y][Z]λ=
4.52
As equações 4.49 e 4.52 mostram que os produtos [Z
m
][Y
m
] e [Y
m
][M
m
] são idên-
ticos. Portanto, as matrizes [Z
m
] e [Y
m
] são matrizes diagonais.
Substituindo-se as equações 4.49 e 4.52 nas equações 4.24 e 4.25, obtêm-se:
2
m
mmm
2
[V ]
[Z ][Y ][V ]
x
=
4.53
2
m
mmm
2
[I ]
[Y ][Z ][I ]
x
=
4.54
As equações 4.53 e 4.54 são as equações diferenciais modais da linha. Uma vez
que as matrizes [Z
m
] e [Y
m
] são diagonais, as equações 4.53 e 4.54 estão desacopladas e suas
soluções são conhecidas (BUDNER, 1970).
4.3 OBTENÇÃO DA MATRIZ DE TRANSFORMAÇÃO MODAL UTLIZANDO O
MÉTODO DE NEWTON-RAPHSON
Uma maneira de se obter a matriz de transformação modal de uma linha de trans-
missão consiste em utilizar-se o método de Newton-Raphson que possibilita a obtenção de
autovetores que não variam bruscamente em relação à freqüência (WEDEPOHL et al., 1996):
Considere uma linha polifásica de
n fases. Para esta linha, pode-se escrever con-
forme (WEDEPOHL et al., 1996):
II
[Z] [Y] [T ] [T ] [ ]
4.55
A equação 4.55 pode ser escrita como sendo:
kk kk
([S] [U])T [0]−λ = 4.56
45
Na equação 4.56, a matriz [S] corresponde ao produto matricial [Y][Z], T
kk
é a k-
ésima
coluna da matriz [T
I
], λ
kk
é o autovalor associado ao autovetor T
kk
e [U] é a matriz i-
dentidade de ordem
n. A equação 4.56 representa um sistema homogêneo com n equações e
(n+1) incógnitas. Para que o sistema possua uma única solução deve-se definir mais uma ou-
tra equação. Uma condição muito utilizada é a que define que o módulo de qualquer um dos
autovetores associado a um autovalor específico é unitário (WEDEPHOL, 1963). Desta for-
ma, obtém-se um sistema de (
n+1) equações com (n+1) incógnitas que pode ser resolvido,
por exemplo, por meio do método de Newton-Raphson.
Para o caso específico de uma linha de
n fases, as matrizes [S]; [T
I
] e [
λ
] são do
tipo:
[]
11 12 13 1n
21 22 23 2n
n1 n2 n3 nn
sss s
sss s
S
sss s
⎡⎤
⎢⎥
⎢⎥
=
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦

4.57
[]
11
22
nn
00 0
000
000
λ
⎡⎤
⎢⎥
λ
⎢⎥
λ=
⎢⎥
⎢⎥
λ
⎢⎥
⎣⎦

4.58
[]
11 12 13 1n
21 22 23 2n
I
n1 n2 n3 nn
TTT T
TTT T
T
TTT T
⎡⎤
⎢⎥
⎢⎥
=
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦

4.59
A matriz mostrada na equação 4.57 é conhecida, enquanto que as matrizes mos-
tradas nas equações 4.58 e 4.59 devem ser determinadas para cada valor de freqüência.
46
Para se obter o primeiro autovalor, e um correspondente conjunto de autovetores,
a equação 4.56, torna-se:
11 11
([S] [U])T [0]−λ =
4.60
Na equação 4.60, λ
11
é o primeiro autovalor enquanto que T
11
é a primeira coluna
da matriz [T
I
], que corresponde a um autovetor de λ
11
. Portanto, da equação 4.60, obtém-se:
11 12 13 1n
11 11
21 22 23 2n 11 21
n1 n 2 n3 nn 11 n1
sss s
00 0 T
0
sss s 0 0 0 T
0
.
sss s 000 T
0
⎛⎞
λ
⎡⎤
⎡⎤
⎜⎟
⎢⎥
⎢⎥
λ
⎜⎟
⎢⎥
⎢⎥
−=
⎜⎟
⎢⎥
⎢⎥
⎜⎟
⎢⎥
⎢⎥
⎜⎟
λ
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦
⎣⎦
⎝⎠
……

……
4.61
Desenvolvendo-se a equação 4.61, obtêm-se:
11 11 11 12 21 1n n1
(S ) T S T ... ... S T 0−λ + + + =
4.62a
21 11 22 11 21 2n n1
S T (S ) T ... ... S T 0+−λ + + =
4.62b
n1 11 n2 21 n n 11 n1
S T S T ... ... (S ) T 0+++λ=
4.62c
Utilizando-se a hipótese de que o módulo do autovetor deve ser unitário, tem-se:
22 2
11 21 n1
T T ... ... T 1 0++ + = 4.63
O Jacobiano das equações 4.62 e 4.63 é escrito como sendo (SWOKOWSKI,
1995):
47
11 11 12 1n 11
21 22 11 2n 21
n1 n2 1n 11 n1
11 21 n1
(s ) s s T
s(s) s T
[J]
ss (s)T
2T 2T 2T 0
−λ
⎡⎤
⎢⎥
−λ
⎢⎥
⎢⎥
=
⎢⎥
−λ
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦

4.64
Pode-se ainda escrever as equações de 4.62a até 4.62c e 4.63 como sendo um sis-
tema cujo número de equações é igual ao número de incógnitas. Agrupando-as novamente,
obtêm-se:
11111111221 1nn1
F (S )T S T ... ... S T=−λ + + +
4.65a
22111 221121 2nn1
F S T (S ) T ... ... S T=+λ++
4.65b
nn111 n221 nn11n1
F S T S T ... ... (S ) T=+ ++λ
4.65c
22 2
n 1 11 21 n1
FTT......T1
+
=++ +
4.65d
sendo:
[]
1nn21
T
FFFF]F[
+
= 4.66
Define-se o vetor [x] como sendo:
[
]
11 21 n1 11
[x] T T ... T 4.67
A solução para o vetor [x], do sistema de equações definido por meio das equa-
ções 4.65a até 4.65d, é obtido por meio do método de Newton-Raphson. Desse modo, a ené-
sima iteração do método de Newton-Raphson é escrita sob a forma (WEDEPOHL, 1996):
(n) (n 1) (n 1) 1 (n 1)
[x] [x] (J(F[x] ) [F([x] )]
−−
=− 4.68
48
Na equação 4.68, [x]
(n)
é o vetor [x] na enésima iteração. Os termos (J[x]
(n-1)
) e
[F[x]]
(n-1)
são, respectivamente o Jacobiano de [F[x]] e [F[x]] calculados na iteração anterior.
O método de Newton-Raphson geralmente converge rapidamente desde que os valores de x e
1
)x(J
sejam conhecidos.
Admitindo-se um erro, o algoritmo de Newton-Raphson se repetirá até a convergência
e o processo será encerrado quando o erro for menor do que o admitido, obtendo-se desta
forma, o primeiro autovetor λ
11
e a primeira coluna da matriz [T
I
]. Isto é: T
11
, T
21
... T
n1.
O
procedimento mostrado deve ser repetido para determinar-se λ
22
e a segunda coluna da matriz
[T
I
], assim por diante.
Uma vez que os autovetores são obtidos, é possível determinar as matrizes de impe-
dâncias e de admitâncias modais da linha a partir das equações 4.32, 4.33 e 4.46.
4.4 CONCLUSÃO
Nesse capítulo, mostrou-se o processo de decomposição modal de linhas de
transmissão. A representação modal de linhas permite que uma linha de transmissão de
n fa-
ses seja decomposta em seus
n modos de propagação.
A vantagem de se representar a linha por meio de seus modos de propagação está
no fato de que cada um dos modos comporta-se como uma linha monofásica. Desse modo,
uma linha polifásica de
n fases pode ser representada como sendo n linhas monofásicas inde-
pendentes, cujas equações de correntes e tensões são conhecidas e cujas soluções foram mos-
tradas em capítulos anteriores.
49
A decomposição da linha em seus modos de propagação é feita por meio de uma
transformação de similaridade, onde a matriz de transformação é uma matriz cujas colunas
correspondem a um conjunto de autovetores do produto matricial [Z][Y].
Uma vez que as matrizes [Z] e [Y] da linha são variáveis em função da freqüên-
cia, deve-se obter um conjunto de autovetores para cada freqüência.
É desejável que os autovetores obtidos sejam funções que não variem abrupta-
mente em função da freqüência.
Geralmente os autovetores do produto [Z][Y] são obtidos por meio de métodos
numéricos de solução de equações algébricas. Dentre os métodos numéricos existentes, optou-
se pelo método de Newton-Raphson, pois o mesmo, de acordo com a literatura, permite a ob-
tenção de autovetores que não variam bruscamente em função da freqüência.
50
5 REPRESENTAÇÃO MODAL DE LINHAS DE TRANSMISSÃO TRIFÁSICAS
POR MEIO DO USO DE DUAS MATRIZES DE TRANSFORMAÇÃO
5.1 INTRODUÇÃO
Nesse capítulo, será mostrado o desenvolvimento de um método de decomposição
modal de linhas trifásicas não transpostas que possuem um plano de simetria vertical (KU-
ROKAWA et al., 2006b); (KUROKAWA et al., 2006c); (KUROKAWA et al., 2007); (DAL-
TIN et al., 2005); (DALTIN et al., 2006).
O método utiliza duas matrizes de transformação, sendo que a primeira é a matriz
de Clarke que separa a linha em suas componentes α, β e zero. As componentes α e zero são
acopladas e são então representadas como uma linha bifásica sem plano de simetria vertical.
Esta linha bifásica é então decomposta em seus dois modos de propagação por
meio de uma matriz de transformação modal adequada.
51
Fase 3
Fase 1
Fase 2
Fase 3
Fase 1
[T
I
]
modo 1
modo 2
modo 3
Fase 2
[T
I
]
5.2 REPRESENTAÇÃO MODAL DE LINHAS TRIFÁSICAS
Conforme mostrado no capítulo anterior, sabe-se que uma linha trifásica pode ser
representada, no domínio modal, como sendo três linhas monofásicas cujos modelos já foram
estudados em capítulos anteriores. Desse modo, pode-se obter as correntes e tensões da linha
no domínio modal e em seguida, converter estas grandezas novamente para o domínio das
fases.
A Figura 5.1 mostra uma representação esquemática de uma linha trifásica, quan-
do a mesma é representada no domínio modal.
Figura 5.1 – Representação modal de uma linha trifásica
Na Figura 5.1, as grandezas de fase são convertidas para grandezas modais por
meio da matriz de transformação modal [T
I
]. Em seguida, realizam-se as simulações em cada
modo da linha, levando-se em consideração que cada um desses modos comporta-se como
uma linha monofásica sem nenhum acoplamento com os demais modos. Uma vez obtidas as
correntes e tensões no domínio modal, pode-se converter tais grandezas para o domínio das
fases. Cada um dos modos da linha se comporta como uma linha monofásica em que as cor-
rentes e tensões podem ser obtidas por algum dos métodos mostrados no capítulo 3.
A matriz de transformação modal é obtida pelo método de Newton-Raphson, mos-
trado no capítulo 4, e geralmente, os elementos desta matriz de transformação modal são
grandezas que variam em função da freqüência, sendo de difícil representação no domínio do
tempo. Desse modo, a representação de linhas no domínio modal deve ser feita, de preferên-
52
cia, por meio de matrizes de transformação modais que sejam reais e invariáveis em relação à
freqüência. No entanto, na maioria dos casos não é possível obter matrizes com tais caracte-
rísticas.
5.3 REPRESENTAÇÃO MODAL DE LINHAS TRIFÁSICAS QUE POSSUEM UM
PLANO DE SIMETRIA VERTICAL
Considere uma linha de transmissão trifásica não idealmente transposta, mas que
possua um plano de simetria vertical, conforme mostra a Figura 5.2.
Figura 5.2 – Representação de uma linha trifásica não idealmente transposta
Devido ao fato de que a linha mostrada na Figura 5.2 possui um plano de simetria
vertical, a matriz de impedância longitudinal [Z] da mesma pode ser escrita como sendo:
=
BFD
FBD
DDA
[Z]
5.1
A matriz [Y] da linha da Figura 5.2 possui a estrutura idêntica à da matriz [Z].
Fase
1
Fase 3
Fase
2
Plano de simetria vertical
solo
53
De acordo com as equações 4.32 e 4.46, pode-se escrever as matriz de impedância
longitudinal modal e de admitância transversal modal [Z
m
] e [Y
m
], respectivamente, da linha
mostrada na Figura 5.2 como sendo:
T
mI I
[Z ] [T ] [Z][T ]= 5.2
1T
mI I
[Y ] [T ] [Y][T ]
−−
=
5.3
Nas equações 5.2 e 5.3
T
I
]T[
corresponde à transposta da matriz [T
I
] e
T
I
]T[
, na ex-
pressão 5.3, é a inversa da matriz
T
I
]T[ . Os termos [Z
m
] e [Y
m
] são, respectivamente, as ma-
trizes de impedâncias longitudinais e de admitâncias transversais da linha , escritas no domí-
nio modal.
As matrizes [Z
m
] e [Y
m
] são escritas como sendo:
=
3m
2m
1m
m
z00
0z0
00z
][Z
5.4
=
3m
2m
1m
m
y00
0y0
00y
][Y
5.5
Da equação 4.49, que a função de propagação [
λ
m
] dos modos da linha pode ser escri-
ta como sendo:
]Y[]Z[]Z[]Y[]λ[
mmmmm
==
5.6
Substituindo as equações 5.4 e 5.5 na equação 5.6, obtém-se:
54
=
3m3m
2m2m
1m1m
m
yz00
0yz0
00yz
]λ[
5.7
A equação 5.7 pode ser escrita como sendo:
=
3m
2m
1m
m
λ00
0λ0
00λ
]λ[
5.8
Os elementos da matriz [T
I
] são complexos e variáveis em relação à freqüência, o que
dificulta a implementação dos mesmo em programas que realizam simulações diretamente no
domínio do tempo. Para evitar o uso de matrizes de transformação variáveis em relação à fre-
qüência, substitui-se a matriz [T
I
] pela matriz de Clarke cujos elementos são reais e constan-
tes, sendo de fácil implementação em programas do tipo EMTP (TAVARES et al., 1999).
Substituindo nas equações 5.2 e 5.3, a matriz [T
I
] pela matriz de Clarke, obtêm-se
(TAVARES et al., 1999):
T
Clarke Clarke
[Z][T][Z][T]
αβο
=
5.9
-1
Clarke Clarke
-T
[Y ]=[T ] [Y][T ]
αβο
5.10
Sendo:
=
3
1
2
1
6
1
3
1
2
1
6
1
3
1
0
6
2
]T[
Clarke
5.11
55
=
00α
β
0αα
0αβ
z0z
0z0
z0z
][Z
5.12
=
00α
β
0αα
0αβ
y0y
0y0
y0y
]Y[
5.13
Em 5.12 e 5.13, a componente
β
não tem acoplamento com as demais componen-
tes, sendo então um modo exato da linha. As componentes
α
e zero, no entanto, são acopladas
e são denominadas quase-modos da linha (TAVARES et al., 1999).
Os termos mútuos
z
α0
e y
α0
, para a linha analisada nesse trabalho, são praticamen-
te nulos para freqüências inferiores a 10 kHz (conforme será mostrado no capítulo 6). A
mesma afirmação não pode ser feita para freqüências superiores a 10 kHz. Portanto, nesse
trabalho, está sendo proposto a consideração desses elementos mesmo quando a matriz de
Clarke é utilizada como matriz de transformação modal. Nesse caso, as componentes
α
e zero
serão representadas como sendo as fases de uma linha bifásica.
O próximo item mostra uma análise do procedimento proposto anteriormente.
5.4 DECOMPOSIÇÃO MODAL DE LINHAS TRIFÁSICAS UTILIZANDO DUAS
MATRIZES DE TRANSFORMAÇÃO
Considere novamente uma linha trifásica, não idealmente transposta, mas que
possui um plano de simetria vertical conforme mostra a Figura 5.3.
Figura 5.3 – Representação de uma linha trifásica não idealmente transposta
56
Se a matriz de Clarke for utilizada como a matriz de transformação modal da linha
mostrada na Figura 5.3, obtêm-se de acordo com as equações 5.9 e 5.10, as seguintes matrizes
de impedâncias e admitâncias:
=
00α
β
0αα
0αβ
z0z
0z0
z0z
][Z
5.14
=
00α
β
0αα
0αβ
y0y
0y0
y0y
]Y[
5.15
A partir das matrizes de impedâncias e admitâncias mostradas nas equações 5.14 e
5.15, observa-se que a linha mostrada na Figura 5.3 pode ser representada como sendo uma
linha monofásica, (que corresponde à componente β) e uma linha bifásica, que corresponde às
componentes α e zero. Verifica-se também que a linha monofásica não possui acoplamento
com a linha bifásica.
Considerando-se a representação proposta para a linha mostrada na Figura 5.3,
pode-se obter as matrizes de impedância e de admitâncias da linha bifásica eliminando-se a
componente β das equações 5.14 e 5.15. Desse modo obtém-se:
=
00α
0αα
0α
zz
zz
][Z
5.16
Fase
1
Fase
3
Fase
2
Plano de simetria vertical
so
lo
57
=
00α
0αα
0α
yy
yy
]Y[
5.17
Observa-se que as equações 5.16 e 5.17 são as matrizes de impedâncias longitudinais e
de admitâncias transversais de uma linha bifásica sem um plano de simetria vertical, do tipo
mostrado na Figura 5.4.
Figura 5.4 – Representação de uma bifásica sem plano de simetria vertical
Na Figura 5.4, os condutores 1 e 2 são as fases da linha bifásica que representam
as componentes
α
e zero. O acoplamento entre as componentes
α
e zero é representado pelo
acoplamento entre os condutores 1 e 2.
O condutor 1 encontra-se a uma altura genérica h. Na mesma figura, d
12
é a dis-
tância genérica entre os condutores 1 e 2 e
θ
12
pode assumir quaisquer valores desde que
θ
12
0 e
θ
12
π
.
Considerando-se que [T
αo
] seja uma matriz cujas colunas são os autovetores do
produto [Z
αo
][Y
αo
], as matrizes de impedância longitudinal
[Z']
e de admitância transversal
[Y']
, no domínio modal, da linha mostrada na Figura 5.4 são escritas como sendo:
d
12
θ
12
h
condutor
1
condutor
2
solo
58
Fase 1
[T
Clarke
]
[T
Clarke
]
modo
β
modo a
modo b
[T
α0
]
[T
α0
]
Fase 2
Fase 3
Fase 3
Fase 2
Fase 1
T
000
[Z'] [T ] [Z ] [T ]
ααα
=
5.18
-1 -T
000
[Y'] [T ] [Y ][T ]
ααα
=
5.19
As matrizes
[Z']
e
[Y']
obtidas em 5.18 e 5.19 são matrizes diagonais que podem
ser escritas na forma:
z0
a
[Z']
0z
b
⎡⎤
=
⎢⎥
⎣⎦
5.20
y0
a
[Y ']
0y
b
⎡⎤
=
⎢⎥
⎣⎦
5.21
Portanto, se as componentes
α
e
β
da linha mostrada na Figura 5.4 forem repre-
sentadas como sendo uma linha bifásica, a linha trifásica pode ser desacoplada em seus modos
exatos a partir do uso de duas matrizes de transformação. A primeira matriz é a matriz de
Clarke que separa a linha nas componentes α, β e zero e a segunda matriz é uma matriz que
desacopla as componentes α e zero. A Figura 5.5 mostra uma representação esquemática do
processo de decomposição modal utilizando duas matrizes de transformação.
Figura 5.5 – Representação modal utilizando duas matrizes de transformação
59
Na Figura 5.5, [T
αo
] é a matriz que decompõe a linha bifásica que representa os
quase-modos α e zero nos seus modos exatos. Esta matriz será obtida com a utilização do
método de Newton-Raphson, que foi mostrado no capítulo 4.
Observa-se que o uso de duas matrizes para decompor a linha em seus modos exa-
tos reduz a dimensão da matriz que diagonaliza o produto matricial [Z][Y]. Esta matriz de
desacoplamento geralmente é constituída de elementos variáveis em relação à freqüência que
são de difícil representação no domínio do tempo. Para o caso da linha trifásica a sua matriz
de decomposição modal geralmente possui 9 elementos variáveis em relação à freqüência,
enquanto que utilizando o método proposto pode-se separar a linha em seus modos exatos
utilizando a matriz de Clarke, que é real e de fácil implementação no domínio do tempo, e
uma outra matriz variável com a freqüência mas que é de ordem 2.
Observa-se então que o método proposto reduz a quantidade de elementos variá-
veis em relação à freqüência que devem ser representados no domínio do tempo.
5.5 APLICAÇÃO DO MÉTODO DESENVOLVIDO
Para verificar se o método proposto é coerente, o mesmo foi aplicado em uma li-
nha trifásica de 440 kV, cuja silhueta é mostrada na Figura 5.6.
60
Figura 5.6 –Silhueta da linha de transmissão trifásica 440 kV.
Na linha mostrada na Figura 5.6, cada uma das fases é constituída de condutores
múltiplos cujos subcondutores são do tipo Grosbeak. A linha possui dois cabos pára-raios do
tipo EHSW-3/8”. Considerou-se a resistividade do solo igual a 1000 .m.
Os parâmetros longitudinais e transversais da linha foram calculados por (KU-
ROKAWA et al., 2003) levando em consideração os efeitos do solo e pelicular (PORTELA;
TAVARES, 2002); (DOMMEL, 1986); (MARTI, 1983).
Considerou-se também que os cabos pára-raios foram rebatidos nas fases da linha
(GUSTAVSEN; SEMLYEN, 1998b). Desse modo, a linha mostrada na Figura 5.6 pode ser
representada conforme mostra a Figura 5.7.
61
Figura 5.7 – Linha trifásica equivalente sem pára-raios.
A linha mostrada na Figura 5.7 será separada em seus modos exatos a partir do
uso de uma matriz de transformação modal exata de ordem 3. A decomposição também será
feita por meio do procedimento que está sendo proposto. Também serão mostrados os resulta-
dos de simulações da linha mostrada na Figura 5.6 utilizando os métodos de decomposição
modal mencionados anteriormente. As simulações serão desenvolvidas no domínio da fre-
qüência.
Fase 1
Fase 3
Fase
2
Plano de simetria vertical
solo
62
5.5.1 Decomposição modal da linha utilizando a matriz de Clarke
Inicialmente a linha foi decomposta em seus modos exatos por meio do uso de
uma matriz de decomposição modal de ordem 3 (que doravante será denominada
matriz clás-
sica
), obtida a partir do método de Newton-Raphson mostrado no capítulo 3, e também por
meio do uso da matriz de Clarke como sendo a matriz de transformação modal.
As Figuras de 5.8 até 5.15 mostram as resistências e reatâncias modais da linha,
para cada um dos modos, obtidas a partir da matriz clássica (modos exatos) e também a partir
da matriz de Clarke.
A Figuras de 5.8 até 5.9 e 5.10 até 5.11 mostram, respectivamente, a resistência e
reatância longitudinais do modo 1, obtidas a partir da matriz clássica e também a partir da
matriz de Clarke.
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
10
-2
10
-1
10
0
10
1
10
2
10
3
Freqüência (Hz)
Resistência (ohms/km)
modo exato 1
quase modo alfa
Figura 5.8 – Resistência longitudinal do modo 1, utilizando a matriz clássica (modo exato 1) e
utilizando a matriz de Clarke (quase-modo alfa)
63
10
3
10
4
10
0
10
1
10
2
Freqüência (Hz)
Resistência (ohms/km)
modo exato 1
quase modo alfa
Figura 5.9 – Detalhamento, enfatizando a faixa de freqüências em que fica evidente a pequena
diferença existente entre o modo 1 e a componente alfa.
Nas Figuras 5.8 e 5.10 nota-se a existência de uma pequena diferença entre o mo-
do 1 e a componente
α
, o que se torna mais evidente em determinada faixa de freqüência,
conforme pode ser visto nas Figuras 5.9 e 5.11.
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
10
-1
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0
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
Freqüência (Hz)
Reatância longitudinal (ohms/km)
modo exato 1
quase modo alfa
Figura 5.10 – Reatância longitudinal do modo 1, utilizando a matriz clássica (modo exato 1) e
utilizando a matriz de Clarke (quase-modo alfa).
64
10
5
10
6
10
3
10
4
10
5
Freqüência (Hz)
Reatância longitudinal (ohms/km)
modo exato 1
quase modo alfa
Figura 5.11 – Detalhamento, enfatizando a faixa de freqüências em que fica evidente a
pequena diferença existente entre o modo 1 e a componente alfa.
As Figuras 5.12 e 5.13 mostram, respectivamente, a resistência e reatância longi-
tudinais do modo 2, obtidas a partir da matriz clássica e também a partir da matriz de Clarke.
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
10
-2
10
-1
10
0
10
1
10
2
Freqüência (Hz)
Resistência longitudinal (ohms/km)
modo exato 2
quase modo beta
Figura 5.12 – Resistência longitudinal do modo 2, utilizando a matriz clássica (modo exato 2)
e utilizando a matriz de Clarke (quase-modo beta).
65
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
10
-2
10
-1
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
Freqüência (Hz)
Reatância longitudinal (ohms/km)
modo exato 2
quase modo beta
Figura 5.13 – Reatância longitudinal do modo 2, utilizando a matriz clássica (modo exato 2) e
utilizando a matriz de Clarke (quase-modo beta).
A Figuras 5.14 e 5.15 mostram, respectivamente, a resistência e reatância longitu-
dinais do modo 3, obtidas a partir da matriz clássica e também a partir da matriz de Clarke.
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
Freqüência (Hz)
Resistência longitudinal (ohms/km)
modo exato 3
quase modo zero
Figura 5.14 – Resistência longitudinal do modo 3, utilizando a matriz clássica (modo exato 3)
e utilizando a matriz de Clarke (quase-modo zero).
66
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Freqüência
Reatância longitudinal (ohms/km)
modo exato 3
quase modo zero
Figura 5.15 – Reatância longitudinal do modo 3, utilizando a matriz clássica (modo exato 3) e
utilizando a matriz de Clarke (quase-modo zero).
Mostrou-se que existe uma pequena diferença entre o modo 1 e a componente α.
Conclui-se ainda que o modo β é exato.
A componente zero possui grande diferença em relação ao modo exato 3. Esta si-
tuação se evidencia na Figura 5.15.
67
5.5.2 Análise do acoplamento entre as componentes α e zero
A Figuras 5.16 e 5.17 mostram, respectivamente, o módulo e o argumento do a-
coplamento entre as componentes modais α e zero (
z
α0
).
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
0
50
100
150
200
250
Freqüência (Hz)
dulo da impedância (ohms/km)
Figura 5.16 – Acoplamento entre as componentes
α
e zero (
z
α0
).
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
50
60
70
80
90
100
110
Freqüência (Hz)
Argumento (deg)
Figura 5.17– Argumento do acoplamento entre as componentes α e zero (
z
α0
).
68
A figura 5.16 mostra que para baixas freqüências (até 10 kHz), o acoplamento é
praticamente nulo e a partir dessa faixa de freqüência, observa-se um crescimento praticamen-
te exponencial dessa impedância.
5.5.3 Decomposição modal da linha bifásica que representa os quase-modos α e zero
A linha bifásica, mostrada na Figura 5.4, foi decomposta em seus modos exatos
por meio de uma matriz de transformação modal adequada. Esta matriz de transformação foi
obtida por meio do método de Newton-Raphson mostrado no capítulo 4.
A Figura 5.18 mostra a componente real do conjunto de autovetores utilizados pa-
ra desacoplar a linha bifásica que representa os quase-modos α e zero, enquanto a Figura 5.19
mostra a componente imaginária desses autovetores.
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
2
freqüência (Hz)
componente real dos autovetores
elemento (1,1)
elemento (1,2)
elemento (2,1)
elemento (2,2)
Figura 5.18 – Componente real dos autovetores que desacoplam a linha bifásica que represen-
ta os quase-modos
α
e zero.
69
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
-0.06
-0.04
-0.02
0
0.02
0.04
0.06
0.08
freqüencia (Hz)
componente imaginária dos autovetores
elemento (1,1)
elemento (2,1)
elemento (2,2)
elemento (1,2)
Figura 5.19 – componente imaginária dos autovetores que desacoplam a linha bifásica que
representa os quase-modos α e zero.
Para os autovetores, a parte real é praticamente constante, enquanto as compo-
nentes imaginárias são relativamente pequenas. Observa-se que a maior variação das compo-
nentes imaginárias ocorrem entre 100 Hz e 100 kHz.
70
5.5.4 Resposta em freqüência da linha
Para verificar a validade do processo de decomposição proposto, foi feita a res-
posta em freqüência da linha mostrada na figura 5.4, considerando cada um dos modos repre-
sentados por suas equações de correntes e tensões no domínio da freqüência (BUDNER,
1970).
A linha foi decomposta em seus modos exatos por meio do processo proposto
nesse trabalho. Os resultados obtidos foram então comparados com os resultados obtidos em
uma outra situação em que a linha foi decomposta em seus modos exatos por meio de uma
matriz de transformação modal de ordem 3, conforme mostrada na Figura 5.1. Esse método
será doravante denominado método clássico de decomposição modal.
Considerou-se uma situação em que o terminal emissor de uma das fases da linha
é energizada com um degrau de tensão de 1 p.u., enquanto que o emissor das fases restantes
estão aterrados, conforme mostra a Figura 5.20.
I
MPEDÂNCIA
C
ARACTERÍSTICA
Fase 1
CH
1 p.u.
d = 100 Km
solo
Fase 2
Fase 3
Figura 5.20 – Diagrama de energização da linha.
71
Esta situação da linha, mostrada na Figura 5.7, foi escolhida devido ao fato de a
mesma ser utilizada em dois artigos consultados (GUSTAVSEN; SEMLYEN, 1998a) e
(GUSTAVSEN; SEMLYEN, 1998b).
Para evitar reflexões das correntes e tensões nos terminais da linha, e conseqüen-
temente, uma dificuldade de visualização das mesmas, optou-se pela conexão de uma carga de
valor idêntico ao da impedância característica da linha no receptor da mesma. Desse modo,
evita-se a reflexão das ondas de correntes e tensões nos terminais da linha (MINEGISHI,
1994). Em seguida, conforme (BUDNER, 1970), cada modo foi representado por meio de
suas equações hiperbólicas.
A Figura 5.21 mostra a corrente no início da fase 1 da linha, considerando a linha
decomposta em seus modos exatos por meio do método proposto, por meio do método clássi-
co de decomposição modal e a partir do uso da matriz de Clarke.
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
10
-10
10
-9
10
-8
10
-7
10
-6
10
-5
10
-4
Freqüência (Hz)
Corrente no início da fase 1 (p.u)
1
2
3
Figura 5.20 – Corrente no início da fase 1 da linha, obtida pelo método clássico (curva 1),
pelo método proposto (curva 2) e utilizando a matriz de Clarke (curva 3).
72
A Figura 5.21 mostra com detalhamento a corrente no início da fase 1 da linha,
enfatizando a faixa de freqüências em que fica evidente a diferença existente entre as curvas
obtidas pelo método clássico (curva 1) ou pelo método proposto (curva 2) e utilizando a ma-
triz de Clarke (curva 3).
10
5
10
6
0
1
2
3
4
5
6
x 10
-9
Freqüência (Hz)
Corrente no icio da fase 1 (p.u)
1
2
3
Figura 5.21 – Detalhamento,
enfatizando a faixa de freqüências em que fica evidente a dife-
rença existente entre as curvas obtidas pelo método clássico (curva 1) ou pelo método propos-
to (curva 2) e utilizando a matriz de Clarke (curva 3).
A Figura 5.22 mostra a corrente no início da fase 2 da linha, considerando a linha
decomposta em seus modos exatos por meio do método proposto, por meio do método clássi-
co de decomposição modal e a partir do uso da matriz de Clarke.
73
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
10
-12
10
-10
10
-8
10
-6
10
-4
Freqüência (Hz)
Corrente no início da fase 2 (p.u.)
1
2
3
Figura 5.22 – Corrente no início da fase 2 da linha, obtida pelo método clássico (curva 1),
pelo método proposto ( curva 2) e utilizando a matriz de Clarke (curva 3).
A Figura 5.23 mostra com detalhamento a corrente no início da fase 2 da linha,
enfatizando a faixa de freqüências em que fica evidente a diferença existente entre as curvas
obtidas pelo método clássico (curva 1) ou pelo método proposto (curva 2) e utilizando a ma-
triz de Clarke (curva 3).
10
5
10
6
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
x 10
-9
Freqüência (Hz)
Corrente no início da fase 2 (p.u.)
1
2
3
Figura 5.23 – Detalhamento, enfatizando a faixa de freqüências em que fica evidente a dife-
rença existente entre as curvas obtidas pelo método clássico (curva 1) ou pelo método propos-
to (curva 2) e utilizando a matriz de Clarke (curva 3).
74
A Figura 5.24 mostra a tensão terminal da fase 1 da linha, considerando a linha
decomposta em seus modos exatos por meio do método proposto, por meio do método clássi-
co de decomposição modal e a partir do uso da matriz de Clarke.
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
10
-8
10
-6
10
-4
10
-2
10
0
Freqüência (Hz)
Módulo da tensão no terminal da fase 1 (p.u)
1
2
3
Figura 5.24 – Tensão terminal da fase 1 da linha, obtida pelo método clássico (curva 1), pelo
método proposto (curva 2) e utilizando a matriz de Clarke (curva 3).
10
3
10
4
10
5
10
6
10
-8
10
-7
10
-6
10
-5
10
-4
10
-3
Freqüência (Hz)
Módulo da tensão no terminal da fase 1 (p.u)
1
2
3
Figura 5.25 – Detalhamento, enfatizando a faixa de freqüências em que fica evidente a dife-
rença existente entre as curva obtidas pelo método clássico (curva 1) ou pelo método proposto
(curva 2) e utilizando a matriz de Clarke (curva 3).
75
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
0
2
4
6
8
x 10
-5
Freqüência (Hz)
Módulo da tensão no terminal da fase 2 (p.u)
1
2
3
Figura 5.26 – Tensão terminal da fase 2 da linha, obtida pelo método clássico (curva 1), pelo
método proposto (curva 2) e utilizando a matriz de Clarke (curva 3).
A figura 5.26 expressa a tensão terminal da fase 2 da linha, obtida pelo método
clássico (curva 1), pelo método proposto (curva 2) e utilizando a matriz de Clarke (curva 3).
Nesta figura, fica claramente explícita a diferença entre as curvas obtidas pelo mé-
todo clássico (curva 1) ou pelo método proposto (curva 2) e pelo uso da matriz de Clarke
(curva3).
A simulação da resposta em freqüência da Linha de transmissão utilizando o mé-
todo de decomposição modal proposto e o método clássico são idênticos. Tal fato demonstra
que o método proposto é coerente e pode ser utilizado para decompor a linha da figura 5.6 nos
seus modos exatos.
76
5.6 CONCLUSÃO
Quando a matriz de Clarke não pode ser considerada como sendo a matriz de
transformação modal de uma linha trifásica não transposta que possui um plano de simetria
vertical, pode-se fazer uso de duas matrizes de transformação para obter os modos exatos da
linha. Inicialmente a matriz de Clarke é utilizada para a obtenção das componentes α, β e ze-
ro. As componentes α e zero, que possuem um acoplamento mútuo, são então considerados
como sendo uma linha bifásica sem plano de simetria vertical. Esta linha então é decomposta
em seus modos exatos por meio de uma matriz de transformação modal adequada.
Os resultados da simulação da energização da linha, no domínio modal, utilizando
o procedimento proposto e o método clássico, que consiste em desacoplar a linha trifásica a
partir do uso dos autovetores da mesma, apresentaram o mesmo resultado mostrando, portan-
to, que o método proposto é eficiente. No entanto, as vantagens desse método de decomposi-
ção modal, em relação ao método clássico de decomposição modal, necessita de uma avalia-
ção mais profunda.
77
6 CONCLUSÕES
Nesse trabalho foi mostrado um processo alternativo de decomposição modal de
linhas trifásicas não idealmente transpostas e que possuam um plano de simetria vertical.
No capítulo 1 é feito um breve relato da evolução do sistema de transmissão brasi-
leiro.
No capítulo 2 são mostradas as equações diferenciais que representam uma li-
nha de transmissão poifásica genérica cujos parâmetros são uniformemente distribuídos ao
longo da linha. Foram mostradas as equações diferencias da linha no domínio do tempo e no
domínio da freqüência.
No capítulo 3 foram mostradas as soluções das equações diferenciais de uma
linha de transmissão monofásica no domínio do tempo. O caso mais simples é para uma linha
sem perdas cujos parâmetros sejam independentes da freqüência sendo esse, provavelmente, a
única situação em que as equações diferenciais possuem uma solução analítica simples. São
mostradas também as soluções, diretamente no domínio do tempo, para linhas com perdas,
considerando ou não o efeito da freqüência sobre os parâmetros longitudinais da linha. Foi
mostrado também o processo de obtenção da solução da linha no domínio do tempo por meio
do uso de integrais de convolução.
No capítulo 4 mostrou-se o processo de decomposição modal de linhas de
transmissão. A representação modal de linhas permite que uma linha de transmissão de
n fa-
78
ses seja decomposta em seus
n modos de propagação. A vantagem de se representar a linha
por meio de seus modos de propagação está no fato de que cada um dos modos se comporta
como se fosse uma linha monofásica. Desse modo, uma linha polifásica de
n fases pode ser
representada como sendo
n linhas monofásicas independentes cujas equações de correntes e
tensões são conhecidas e já foram mostradas em capítulos anteriores. A decomposição da li-
nha em seus modos de propagação é feita por meio de uma transformação de similaridade,
onde a matriz de transformação é uma matriz cujas colunas correspondem a um conjunto de
autovetores do produto matricial [Z][Y]. Uma vez que as matrizes [Z] e [Y] da linha são vari-
áveis em função da freqüência, deve-se obter um conjunto de autovetores para cada freqüên-
cia. É desejável que os autovetores obtidos sejam funções que não variem abruptamente em
função da freqüência, pois funções desse tipo são relativamente mais simples de serem im-
plementadas no domínio do tempo. Geralmente os autovetores do produto [Z][Y] são obtidos
por meio de métodos numéricos de solução de equações algébricas. Dentre os métodos numé-
ricos existentes, optou-se pelo método de Newton-Raphson, pois o mesmo de acordo com a
literatura, permite a obtenção de autovetores que não variam bruscamente em função da fre-
qüência.
No capítulo 5, mostra-se que quando a matriz de Clarke não pode ser considerada
como sendo a matriz de transformação modal de uma linha trifásica não transposta que possui
um plano de simetria vertical, pode-se fazer uso de duas matrizes de transformação para ob-
ter-se os modos exatos da linha. Inicialmente, a matriz de Clarke é utilizada para a obtenção
das componentes
α
,
β
e zero. As componentes
α
e zero, que possuem um acoplamento mútuo,
são então considerados como sendo uma linha bifásica sem plano de simetria vertical. Essa
linha então é decomposta em seus modos exatos por meio de uma matriz de transformação
modal adequada. Os resultados da simulação da energização da linha, no domínio modal, uti-
lizando-se do procedimento proposto e do método clássico (que consiste em se desacoplar a
linha trifásica a partir do uso dos autovetores da mesma) apresentaram o mesmo resultado
79
mostrando, portanto, que o método proposto é coerente.
Para trabalhos futuros sugere-se que o desempenho do método seja avaliado no
domínio da freqüência, uma vez que nesse trabalho verificou-se a resposta da linha no domí-
nio da freqüência. Também se sugere a aplicação do método em linhas com silhuetas distintas
da linha que foi utilizada nesse trabalho. Pode-se também fazer uma análise do uso de outras
matrizes reais e constantes diferentes da matriz de Clarke.
80
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