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[...] a gente tá desenvolvendo junto com os professores os projetos de pesquisa dentro
das disciplinas deles todos. A gente monta no 1º semestre um projeto de pesquisa que
tem dois anos, um projeto de pesquisa que estou construindo com todos os professores
de todo o segundo grau. Nós trabalhamos com todas as salas e com todas as
disciplinas. Então a gente fecha o que vai ser dado em cada disciplina, separa o material
e depois eles têm um momento para vir à biblioteca. Então o que consiste este momento
de vir à biblioteca? Eles vêm pra cá, nós explicamos o que é um roteiro de pesquisa, eles
voltam pra sala e montam com suas professoras dentro de cada disciplina – todos os
professores vão ter essa aula com eles de roteiro de pesquisa. Montam dentro de cada
disciplina, dentro de cada conteúdo a ser trabalhado. Depois têm os fichamentos, eles
voltam pra biblioteca, a gente explica como usa – porque eles têm dificuldade, às vezes
não prestam muita atenção quando a gente explica – de usar uma enciclopédia, um
dicionário, um almanaque, o que é um livro didático, um livro paradidático, a usar a
internet. Então, a gente vai explicando passo a passo cada etapa, como eles vão usar,
como devem consultar. Então a gente faz umas brincadeiras, uma mini-gincana, com
cada sala na hora, pra fixar mesmo, com o objetivo de fixar, como eles estão
consultando todo esse acervo. Nós damos essa orientação por turma, depois eles
aprendem a fazer um fichamento, aprendem a fazer o resumo, aprendem a montar o
trabalho, aprendem a fazer as referências bibliográficas, depois eles têm que apresentar
um trabalho escrito e depois um trabalho oral. Aí, com esse oral a gente faz uma mostra
cultural, cada sala apresenta esses projetos dentro da área... Então a gente vai fazer um
trabalho de conscientização com eles, de como é uma pesquisa, tem que ler, tem que
escrever com suas próprias palavras. Então vai todo esse processo, parte a parte: o
roteiro, o fichamento, o resumo e cada professor fica responsável por uma parte, de
desenvolver o texto em sala e dentro dos conteúdos. Nós damos as duas primeiras
partes. Aqui dentro da biblioteca eu venho, converso com todas as turmas, dou aula pra
eles, aula entre aspas, explico todos os procedimentos e eles vão pra sala. E assim eles
ficam durante seis meses vindo à biblioteca (E 4/1,2,3).
Percebe-se nessa experiência a busca de colaboração com os professores, a
preocupação de construir um trabalho integrado com a sala de aula, procurando
desenvolver não só a capacidade de pesquisa dos estudantes, mas também a
conscientização dos professores para a importância de trabalhar com essa metodologia de
pesquisa.
Outro entrevistado que detalhou seu trabalho de orientação de pesquisa utilizava
estratégia de atendimento individual. Ele mostrou sua preocupação com os problemas
associados à essa metodologia.
[...] todos os trabalhos que as professoras passam para as crianças, elas já vêm aqui na
biblioteca, elas conversam comigo, pra tentar melhorar na questão da qualidade deles
pesquisarem. Porque antigamente era só xerox, e quando eu cheguei me angustiava,
aqui era só xerox, xerox, xerox, e isso não é pesquisa... Quando eu cheguei aqui era só
xerox, xerox, xerox. Deles pegar o xerox e fazer um cartaz e colar. E eu disse: ‘Olha, se
eu fosse a professora, eu ia mandar vocês refazerem’ (E 3/1,6).
A partir dessa preocupação foram estruturadas as ações para um trabalho
formalizado, assim descritas:
Então, a gente tem o projeto da metodologia da pesquisa que é feito com as crianças da
4ª série, que tem as apostilas que ensinam como vir à biblioteca, como deve ser essa
leitura, como deve ser esse resgate da informação, como ele deve fazer para entregar
para a professora... A professora vem com os alunos e a gente explica pra eles o que é a
metodologia, que amanhã eles vão ter uma disciplina chamada metodologia, realmente
para eles melhorarem a qualidade do trabalho, alguma pesquisa que o professor pede
ou então até pro seu conhecimento. Então tem a maneira realmente de pesquisar, como